gomes, arthur - a repetição do ponto de vista estética - uma análise a partir de kierkegaard
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8/17/2019 GOMES, Arthur - A Repetição Do Ponto de Vista Estética - Uma Análise a Partir de Kierkegaard
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Arthur Bartholo Gomes
A REPETIÇÃO DO PONTO DE VISTA ESTÉTICO: UMA
ANÁLISE A PARTIR DE KIERKEGAARD
Brasília
2013
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Arthur Bartholo Gomes
A REPETIÇÃO DO PONTO DE VISTA ESTÉTICO: UMAANÁLISE A PARTIR DE KIERKEGAARD
Dissertação de Mestrado apresentada ao programa de pós-graduaçãodo departamento de Filosoia da !ni"ersidade de Brasília# so$orientação do proessor Dr% Mar&io Gimenes De 'aula# para o$tençãodo título de Mestre em ilosoia%
ÁREA DE CONCENTRAÇÃO( Filosoia da )eligião
ORIENTAÇÂO( 'ro% Dr% Mar&io Gimenes de 'aula%
*nstituto de +i,n&ias umanas
Departamento de Filosoia'rograma de pós-graduação em Filosoia
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Brasília2013
Arthur Bartholo Gomes
A REPETIÇÃO DO PONTO DE VISTA ESTÉTICO: UMAANÁLISE A PARTIR DE KIERKEGAARD
Dissertação deendida no programa de pós-graduação do departamento de ilosoia da!ni"ersidade de Brasília para o$tenção do título de Mestre em Filosoia# e a"aliada em 3 de maio de2013# pela Ban&a ./aminadora &onstituída pelos proessores(
Dr% Mar&io Gimenes de 'aula'residente da Ban&a
Dr% Andr ui4 Muni4 Gar&ia./aminador *nterno
Dr5% 6il"ia 6a"iano 6ampaio 7 '!+ - 6'./aminadora ./terna
Dr5%% 'ris&ila )ossinetti )uinoni6uplente
*nstituto de +i,n&ias umanas
Departamento de Filosoia'rograma de pós-graduação em ilosoia
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Resumo:
.sta dissertação trata do pro$lema da repetição em 8ier9egaard do ponto de "ista da:uilo
:ue ele &on&e$e &omo sendo o estti&o% ;anto as arti&ulaç<es do signii&ado deste &on&eito dentro
da o$ra A Repetição, :uanto o signii&ado do estti&o nesta e em outras o$ras# serão tra$alhados nosentido de apro/imar a:uilo :ue# no te/to# apare&e asso&iado de maneira apenas indireta% A tarea#
portanto# e/ige uma e/posição detalhada da ideia de repetição em toda a sua a$rang,n&ia tal &omo
8ier9egaard apresentou# $em &omo o signii&ado do estti&o e &omo a repetição a$re seus limites
para o religioso en:uanto uma postura e/isten&ial :ue a ultrapassa% A &olisão entre o estti&o e o
religioso# a partir da :ual o poti&o apare&e &omo uma orma de reali4ação da repetição# &onsiste#
portanto# na ideia &entral deste tra$alho e no tema &ha"e# em :ue seus elementos de"erão ser
desen"ol"idos tanto em seus aspe&tos di"ergentes :uanto &on"ergentes%
'ala"ras-&ha"e( )epetição# .stti&a# )eligião# 'oti&a%
Abst!"t:
;his dissertation intents to see the pro$lem o repetition in 8ier9egaard rom that point o"ie= =hi&h he &on&ei"es to $e aestheti&al% Both the meaning o this &on&ept inside the $oo9
Repetition# as =ell as the meaning o the aestheti& on this matter in this te/t and in other =ritings#
=ill $e de"eloped in order to $ring together =hat appears lin9ed in the te/t onl> in an indire&t
manner% ;he tas9 altogether re:uires a detailed e/position o the idea o repetition in all its
&omple/it> as =as sho=n $> 8ier9egaard# as =ell as the meaning o the aestheti&al and the limits
opened $> repetition to=ards the religious as an e/istential posture that surpasses it% ;he &ollision
$et=een the aestheti&al end the religious# rom =hi&h the poeti&al appears as a =a> o reali4ingrepetition# &onsists# or that matter# in the main idea o this =or9 and its 9e>-theme# in =hi&h its
elements shall $e de"eloped in $oth its di"ergents and &on"ergent aspe&ts%
8e>=ords( )epetition# Aestheti&s# )eligion# 'oeti&s%
?
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Sum#$o
*ntrodução%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%@1% A )epetição &omo psi&ologia e/perimental do ponto de "ista estti&o%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%10
1%1% ponto de "ista do o$ser"ador# ou uem +onstantin +onstantius%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%1?1%2% Delineamento psi&ológi&o da melan&olia( o Co"em da )epetição%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%1
1%3% &arEter demonía&o do e/perimento psi&ológi&o%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%21%?% As ormas da repetição do ponto de "ista estti&o-psi&ológi&o%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%321%% )esultados do e/perimento estti&o-psi&ológi&o%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%3
2% *nteresse# *ronia e )epetição%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%?12%1% A negati"idade da repetição do ponto de "ista da ironia%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%?22%2% As arti&ulaç<es irHni&as do te/to%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%?I2%3% A repetição &omo &ategoria te/tual( o interessante%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%2%?% A superação da &ontemplação( o su$lime%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%@32%% *ronia e repetição &omo parado/o%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%@I
3% Metaísi&a e )epetição%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%I03%1% )e&ordação# Mediação e )epetição%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%I13%2% A origem da mediação%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%I3%3% A &ondição de possi$ilidade para a repetição do ponto de "ista estti&o%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%@3%?% ./&eção e alteridade( a dialti&a da repetição%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%101
?% )epetição e ;emporalidade%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%10?%1% A repetição &omo ;rans&end,n&ia%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%110?%2% )epetição# temporalidade e mo"imento%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%11?%3% )epetição &omo tarea da li$erdade%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%12??%?% instante &omo a temporalidade do mo"imento para a rente%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%131?%% .ternidade e repetição%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%13
% imiar da )epetição%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%1??%1% 6eriedade e &omi&idade &om relação J Kti&a%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%1?%2% A$raão# Ló e a in&ompreensão demonía&a%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%13%3% limiar entre o ti&o e o religioso%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%1@0%?% limiar entre o estti&o e o religioso%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%1@I%% A estti&a da repetição &omo arsa%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%1@
@% +on&lusão%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%11Bi$liograia%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%%1?
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Introdução
.m 1I?3 oram pu$li&ados simultaneamente os li"ros Temor e Tremor e Repetição#
Cuntamente &om os Três Discursos Edificantes% A tradição ilosói&a posterior pautou# a&er&a da
gradação de importn&ia na o$ra de 8ier9egaard# em geral pela pre"al,n&ia do primeiroN em$ora a
pertin,n&ia da o$ra so$re a repetição não tenha sido de todo des&artada# pois &ostuma-se re&onhe&er
:ue ali a pergunta so$re a repetição oi &olo&ada da maneira :ue tornou-se &orrente na ilosoia
&ontempornea% *sso por:ue a o$ra# :ue o próprio 8ier9egaard &hama alhures de Oesse pe:ueno e
estranho li"roP1# não &onstitui um tratado nem uma e/posição analíti&a do &on&eito# mas se dE na
orma de uma narrati"a psi&ológi&a# um ormato espe&íi&o :ue poderia in&lusi"e "ir a &onstituir-se
en:uanto g,nero literErio% .ntrementes# a leitura do li"ro Repetição pode sus&itar as mais "ariadas
impress<es# desde a &onusão &ausada pela aus,n&ia e/plí&ita de uma estrutura ilosoi&amente&on&isa :ue se desenrole numa &onstrução &on&eitual deinida e sistemEti&a# at ao deleite de um
entretenimento des&ompromissado# de uma narrati"a :ue em Qltima instn&ia os&ila na inde&isão
entre a prepondern&ia de seu teor melan&óli&o e intempesti"o ou de seu &arEter des&ompromissado
do lQdi&o e Co&oso%
6egundo &onsta no a&-símile da &apa do li"ro Gjentagelsen2 apresentado na edição norte-
ameri&ana dos ong# o título original em dinamar:u,s não &onsta do artigo deinido pre&edente% A
edição portuguesa passou por &ima disso e intitulou-se O A RepetiçãoP# pro"a"elmente reprodu4indo
o título da edição ran&esa Oa )ptitionP% Dessa maneira i&a dado a entender :ue o li"ro de"e ser
&on&e$ido &omo um tratado de e/posição &on&eitual# :ue erige uma &on&epção lógi&a ou
sistemEti&a do &on&eito da repetição# &omo se a repetição relatada no li"ro osse OAP repetição no
sentido mais estrito e &ientíi&o do termo% ra# a intenção do autor era presumi"elmente a oposta a
esta( ao retirar o artigo deinido# o termo "aga num plano mais a$strato e indeinido# o :ue relete
$em o &arEter de in&erte4a :ue o próprio te/to nos mostra a respeito das proposiç<es mais
&ategóri&as a&er&a da repetição# em :ue a pergunta so$re a repetição enati4ada antes de :ual:uerresposta( não hE nele nenhuma deinição peremptória &omo tampou&o :ual:uer dedução :ue se
arrogue um &arEter o$Ceti"o ou &ientíi&o# alm de serem ausentes :uais:uer elementos :ue possam
delimitar a repetição de facto J:uilo :ue se passa no li"ro en:uanto e/peri,n&ia indi"idual dos
personagens :ue ali se en&ontram% A remissão do termo sem o artigo não a repetição &omo um
1 Ruma anotação de ras&unho da &arta de +onstantin +onstantius ao leitor# em :ue se l,( O Repetition =asinsignii&ant# =ithout an> philosophi&al pretension# a droll little $oo9# dashed o as an oddit>P% +% Journal and Papers# *S B 120 nd, 1I?3# op% &it% !ear and Trem"ling# Repetition# p% 32?% .sta edição norte-ameri&ana tra4
numerosos adendos e suplementos :ue serão utili4ados a:ui de maneira &omplementar ao &orpo do te/to prin&ipalda Repetição# o :ual# toda"ia# serE tra$alhado a:ui por meio da edição em portugu,s%
2 título do li"ro em dinamar:u,s# no original%
@
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&on&eito prontoN a aus,n&ia do artigo redire&iona a repetição a um mo"imento mesmo &uCa e/e&ução
de"e ser $us&ada não só na leitura do te/to mas na e/peri,n&ia "i"a de &ada um :ue o l,% K
ne&essErio :ue se dei/e a$erta a possi$ilidade para :ue o leitor en&ontre a repetição en:uanto
OensaioP ou Oe/perimentoP não apenas &om relação aos &aminhos e des&aminhos dos personagens
do te/to# mas tam$m &om relação a si próprio e J:uilo :ue ele "i"e en:uanto indi"íduoN e a
deinição tra4ida pelo título da tradução es&amoteia essa possi$ilidade ao restringir# &om a
determinação tra4ida pelo artigo# as possi$ilidades da repetição J:uilo :ue apresentado no li"ro%
Resse sentido# os ong a&ertadamente tradu4iram o título do li"ro em ingl,s puramente por
Repetition# e não OT$eP Repetition% 6uperar esse tipo de leitura e:ui"o&ada # no entanto# uma das
maiores dii&uldades propor&ionadas pelo próprio te/to# pois a orma em :ue oi es&rito dE
propositadamente margem para mal-entendidos na sua leitura# &omo hE de ser detalhado em
pormenores ao longo desta e/posição%
utra dii&uldade &om respeito J tradução se dE na própria pala"ra Gjentagelsen# &uCo
signii&ado radi&al dado na Cunção entre Gjen# :ue signii&a no"amente# e a su$stanti"ação do
"er$o at tage# :ue signii&a tomar% !ma $oa maneira de se tradu4ir# se se atm ao sentido literal da
pala"ra# seria retomada% +om eeito# a ideia de uma retomada a de uma re&uperação atual e eeti"a
do :ue CE oi# e :ue pelo ato de "ir-a-ser no"amente torna-se ele próprio no"o% K o tema do "elho
tornado no"o# do no"o &omeço# :ue enati4ado em termos religiosos &omo uma re%ligação na
interioridade# &omo um renas&imento espiritual e uma reno"ação sem pre&edentes de si mesmo no
tempo% K disso :ue o li"ro trata% termo latino OrepetiçãoP# por sua "e4# remete J re%petitio# :ue#
por &onotar indiretamente algo &omo Opedir no"amenteP# indi&a uma inten&ionalidade 7 o &uerer a
repetição# :ue um tema undamental arti&ulado na e/pressão da repetição# &onsiste numa tradução
a&urada# porm não e/ataN pois tra4 tam$m# no seu &o semnti&o# o a&ento na identidade :ue
se airma &omo tal no mo"imento da repetição# de um mesmo :ue se airma &omo mesmo no seu
pHr-se a si mesmo% A tradição psi&analíti&a se apropriou do termo e apli&ou-a no sentido patológi&o#
rela&ionada aos transtornos &ompulsi"os# OJ similitude na reprodução da pala"ra ou do gesto# a
es&lerose do hE$itoP3% A retomada# pre&isamente por enati4ar um a$andono no tempo seguido dum
re&o$rar o a$andonado# uma inten&ionalidade negati"a :ue superada na própria e/ist,n&ia
temporal# tra4 portanto a insígnia do no"o# para alm do sentido me&ni&o da repetição# :ue o
"elho :ue "em a ser no"amente en:uanto "elho% A retomada tra4 uma diferença# :ue Custamente a
mar&a do no"oN tal &ompreensão deu enseCo para :ue a repetição osse posteriormente &on&e$ida na
tradição ilosói&a sempre ao lado da insígnia da dierença%
Desse modo# :uando se ala repetidamente em repetição# ainda :ue &om a intenção de
3 S*AAR.*T , Rell>N 'a Reprise# op% &it% AM.*DA# eonardo '% DeN (otas so"re o Gjentagelsen )ier*egaardiano
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e isso o :ue dE a ele a sua ri:ue4a% A &ara&terísti&a da prosa 9ier9egaardiana# no :ue di4 respeito J
&omuni&ação indireta# se a4 presente no te/to atra"s de numerosos artií&ios :ue serão le"ados em
&onta na anElise do seu &onteQdoN este serE $asi&amente o mote dos dois primeiros &apítulos# os
:uais# portanto# possuem entre si uma unidade "in&ulante# prin&ipalmente no :ue di4 respeito ao
traçamento da &on&epção de uma a$ordagem estti&a da temEti&a% +omo serE mostrado ali# a própria
orma de e/posição do te/to esta$ele&e esse "ín&ulo &om o estti&o# :ue mantm-se a todo o tempo
&omo uma orma metódi&a de apresentação do pro$lema# e &uCos elementos são gradati"amente
mostrados &omo &entrais e indispensE"eis%
A temEti&a dos dois &apítulos seguintes# :ue tam$m esta$ele&em uma &erta pro/imidade
dialógi&a entre si 7 nos temas da temporalidade e da trans&end,n&ia 7 CE a$ordam a repetição do
ponto de "ista em :ue ela poderia se instituir &omo &on&eito# e na:uilo em :ue ele próprio se mostra
insui&iente en:uanto tal% tema do aundamento da metaísi&a um dos estamentos mais
&ontundentes :ue a ideia 9ier9egaardiana de repetição &olo&a# e portanto# o &apítulo so$re a
repetição en:uanto mediação e so$re a repetição en:uanto temporalidade mostram-na apenas
na:uilo em :ue tais &on&epç<es são insui&ientes para a$ar&ar a ideia de repetição# e pro&uram
remeter a ideia no"amente J arti&ulação estti&a 7 ou# mais propriamente# &omo 8ier9egaard gosta
de &hamar no te/to# po+tica# termos estes :ue deiniti"amente guardam uma pro/imidade mas não
designam o mesmo 7 :ue ha"ia sido posta nos primeiros dois &apítulos% &arEter metaísi&o da
dis&ussão se ramii&a nos temas da mediação e da temporalidade# :ue se tangem na &on&epção da
repetição &omo uma &ategoria de mo"imentoN essa tang,n&ia# por sua "e4# tem a unção de
&ir&uns&re"er a ideia do religioso rente a :ual serE posta a ideia do estti&o em seguida% Qltimo
&apítulo# por sua "e4# e/pli&ita as ormas estti&as so$ as :uais a repetição se maniesta# e mostra
em :ue sentido ela pode ser &on&e$ida dentro desses termos# e tam$m &omo a repetição pode ser
&on&e$ida na relação espe&íi&a entre o estti&o e o religioso# no :ual ela tem seu sentido mais
estrito%
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0 A Repetição como psicologia e1perimental do ponto de -ista est+tico
.ste primeiro &apítulo da dissertação tem o intuito de situar o pro$lema da repetição em
unção do estti&o por meio de um desen"ol"imento dos &on&eitos desta nature4a presentes de
maneira in&ipiente nessa o$ra% Sale ressaltar :ue não se trata de# &om isso# reali4ar a:ui um panegíri&o da &on&epção 9ier9egaardiana do estti&o em :ue este se so$reponha Js outras OeserasP
da e/ist,n&ia# no sentido de &on&e$er uma leitura unilateral pan-esteti&ista em :ue ele seCa &apa4 de
dar &onta de tudoN dado :ue uma &ríti&a ero4 ao estti&o le"ada a &a$o por 8ier9egaard
pre&isamente nessa sua ase de produção em :ue oram produ4idos Eit$er# r, Temor e Tremor e
Repetição# em meio a di"ersos dis&ursos edii&antes# e Custamente por meio desta a$rem-se as "ias
para sua &on&epção do ti&o# &omo o &aso em Eit$er# r % As &one/<es de"em ser eitas não &om
$ase nas relaç<es positi"as# :ue são muito restritas# mas prin&ipalmente nas &one/<es negati"as#
parado/ais e muitas "e4es am$íguas# da maneira :ue a orma da &omuni&ação indireta
9ier9egaardiana se imp<e &omo modo de leitura%
De antemão de"e ser dado :ue o &on&eito de repetição ultrapassa a possi$ilidade de uma
&on&epção puramente estti&aN e o eno:ue a ser traçado# :ue &onstitui o ponto de "ista da e/posição
&omo um todo# a:uele &on&ernente ao próprio limite% Rão se trata propriamente de uma tarea
&ríti&a# no entantoN pois a ultrapassagem desse limite não impli&a# so$ :ual:uer ponto de "ista# num
a$andono sem pre&edentes do ponto de "ista anteriorN em se tratando de uma relação dialti&a# oestti&o sempre reapare&erE so$ uma orma distinta e reela$orada nas eseras mais altas do ti&o e
do religioso% .m$ora a repetição seCa um mo"imento religioso em sentido estrito# ela &onstitui
tam$m um mo"imento ti&o em :ue a instauração da seriedade "em a ser na superação do estti&o
en:uanto imediato% ti&o # portanto ele próprio um pressuposto# muito em$ora toda a
&omposição do li"ro seCa# de uma maneira muito ri&a# &al&ada predominantemente em elementos
estti&os% +aptar estes mo"imentos e rela&ionE-los &om os :uesitos da repetição# &larii&ando em
alguma medida a linguagem Oanti-herti&aP@ em :ue o li"ro oi es&rito# um dos intentos deste
&apítulo# $em &omo do pró/imo# o primeiro so$ o aspe&to da orma de e/posição narrati"a do te/to#
e o segundo so$ o aspe&to do &onteQdo te/tual e da maneira em :ue ele esteti&amente apresentado%
Alguns elementos do te/to da Repetição# se pensados de maneira independente do &onteQdo
do seu respe&ti"o su$título# o de Oensaio de psi&ologia e/perimentalP# &orro$oram para :ue essa
designação ela mesma não se torne um mal-entendido# e um deles o &arEter reratErio a :ual:uer
ponto de "ista &ientíi&o do :ue poderia ser essa psi&ologia :ue ali se desdo$ra( o signii&ado da
psi&ologia e/perimental de"e ser tratado# antes de tudo# num aastamento de :ual:uer sentido :ue se
@ Repetição# p% 13%
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possa rela&ionar a um pensamento o$Ceti"o# em :ue as determinaç<es psi&ológi&as poderiam "ir a
&onstituir uma doutrina do sa$er% .la se &onstitui# ao &ontrErio# de maneira e/perimental e
ensaísti&a# e &omo tal repousa so$re a aus,n&ia da &erte4a de uma resposta positi"a J pergunta so$re
a repetição# e tam$m tem &omo orma de apresentação o ensaio# ou seCa# mesmo a &on&epção da
e/peri,n&ia en:uanto tal minada de suas pretens<es J generalidade%
!ma &on&epção "ulgar de e/peri,n&ia não &apa4 de a$ranger a:ui a espe&ii&idade do
signii&ado da psi&ologia e/perimental a:ui empregado% termo utili4ado por 8ier9egaard no título
E1perimenterende Ps2c$ologie# em$ora no dinamar:u,s &orrente o "er$o utili4ado para
e/peri,n&ia seCa gj3re Erfaring similar ao alemão erfa$ren4 A ,nase na e/pressão deri"ada do
Oe/perimentarP latino pode ser "ista &omo uma pre&aução :ue enati4a o &arEter su$Ceti"o da
e/peri,n&ia# :ue# alm de se mostrar no seu desen"ol"imento &omo um ra&asso tanto
epistemológi&o :uanto e/isten&ial# se dirige muito mais a um &arEter singular de um proCeto
despretensioso :ue se dieren&ia O&ategori&amente da ar:uitetHni&a &orrespondente ao V6istemaVPI%
Dessa maneira# &arEter e/perimental do te/to não &on&erne somente ao :ue di4 respeito ao
&onteQdo# mas tam$m J orma ensaísti&a em :ue o te/to se apresenta% e1perimentar na
pro$lemEti&a da repetição não se resume a uma di"agação a&er&a do :ue pode signii&ar o
traçamento de uma personalidade psi&ológi&a tipii&ada# &omo uma tentati"a de responder J
One&essidade de e/perimentar uma e/ist,n&ia assinalada &omo e/emplarP# mas se en&ontra
presente na própria aparição enigmEti&a dos elementos mais &entrais do te/to# sugeridos pela orma
&irada em :ue# por e/emplo# se insinuam as intenç<es "a&ilantes do Co"em melan&óli&o ou dos
ra&assos e/perimentais e de"aneios deli$erati"os do autor +onstantin +onstantius# :ue ele
próprio a um só tempo e/perimentador# o$ser"ador# personagem e autor da o$ra% Assim não se pode
di4er :ue se trata de uma o$ra &uCo g,nero # do ponto de "ista literErio# uniormeN ela alterna entre
um e/&urso psi&ológi&o# uma narrati"a de e/peri,n&ia# uma srie de &artas de teor líri&o-religioso e
uma digressão estti&o-ilosói&a% A pseudonímia# re&urso :ue 8ier9egaard toma &omo anElogo ao
O:ue$ra-&a$eça das &ai/inhas &hinesasP10# mais um ponto de "ista :ue impede uma apreensão
uniorme da o$raN para Guiomar de Grammont# seria um rele/o do suCeito atirado J &onting,n&ia
e/trema# Oum teatro de su$Ceti"idades mQltiplas# um Cogo de mEs&aras &uCa inalidade não o&ultar
um rosto "erdadeiro# mas re"elar o drama de uma e/ist,n&ia ragmentadaP11%
s dierentes traços psi&ológi&os de &ada uma das personii&aç<es da tentati"a de eeti"ação
psi&ológi&a da repetição na e/ist,n&ia ogem# portanto# do sentido empíri&o tradi&ional de
Ro sentido hegeliano do termo# o de uma identidade entre lógi&a e metaísi&a% Detalhes em .G.# Enciclop+diadas .iências !ilos5ficas, .iência da '5gica# W2?# p% %
I GRXA.X# DarioN 'a Repetici5n 2 su E1periencia# p% I3%
GRXA.X# DarioN 'a Repetici5n 2 su E1periencia# p% I3%10 Eit$er#r # p% 32%11 G)AMMR;# G%N Don Juan, !austo e o Judeu Errante em )ier*egaard # p% 13%
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e/peri,n&iaN e o &arEter e/perimental da psi&ologia da repetição se mostra# nesse sentido# nessa
i&&ionalidade teatral das personagens# a :ue ong alude &omo construção imaginati-a ou
imagin6ria12# de tal modo :ue as &ara&terísti&as das possí"eis interpretaç<es da repetição apare&em
e/perimentalmente en&arnadas# por assim di4er# nestas iguras% Rão o$stante# nenhuma delas pode
ser lida &omo igurando o &on&eito de repetição em uma identidade a$soluta# pois a Qni&a :ue a
representa de modo paradigmEti&o no li"ro Ló% As iguras são ne&essErias pre&isamente para
espe&ii&ar a distn&ia a :ue &ada uma delas se en&ontra dessa identidade paradigmEti&a% ;al
&oniguração na estrutura do li"ro não &onstitui senão uma estratgia para &ir&uns&re"er a repetição
en:uanto &on&eito13# o :ue# por outro lado# pare&e ser uma tarea &om uma dii&uldade anEloga a
Omatar um homem e dei/E-lo "i"oP1?# dado :ue a repetição não &onstitui um &on&eito :ue se possa
dedu4ir ou so$re o :ual se possa espe&ular%
signii&ado do e/perimento# de a&ordo &om R% R% .ri9sen# pode ser &ompreendido em
dois ní"eis% primeiro deles a:uele :ue se dE na Orepresentação de uma srie de indi"idualidades
e situaç<es nas :uais o signii&ado psi&ológi&o da repetição "em J tonaP 1% 6ua delimitação se
restringe J relação entre personagens e situaç<es imanentes ao próprio &enErio igurati"o do te/toN
di4 respeito J:uilo :ue apare&e# por e/emplo# &omo o mal-entendido &on&ernente ao signii&ado da
repetição entre um personagem e outro# &omo no &aso da relação de +onstantius en:uanto
e/perimentador e o Co"em apai/onado &om o :ual lida de dierentes maneiras em di"ersos tre&hos
do te/to# e tam$m o des&ompasso :ue hE entre a e/pe&tati"a da repetição no &aso do Co"em e a sua
eeti"ação plena em Ló% A e/peri,n&ia então delimitada na:uilo :ue &on&erne Js su&essi"as
tentati"as de reali4ação desta# seguidas su&essi"amente da:uilo :ue 8ier9egaard gosta de designar
&omo o"ser-aç7es psicol5gicas# :ue teriam a:ui o seu anElogo no resultado da e/peri,n&ia mesma%
6e tal ní"el de &ompreensão do signii&ado desta resume portanto toda a estrutura interna
imanente do li"ro# o segundo ní"el# mais proundo e o$s&uro# de"e reerir-se J maneira &omo a
totalidade do li"ro# :ue "ai alm do seu signii&ado imanente# apreendida pelo leitor atra"s da
&omuni&ação indireta% Rão &onsta no li"ro uma &on&lusão de&isi"a nem a&er&a da história do Co"em
nem do &on&eito de repetição# e tanto um &omo o outro são apresentados mais &omo um enigma do
12 RG# %# !ear and Trem"ling# RepetitionN in 8istorical Introduction# p% TT*S% ong tam$m demonstra o modo&omo os termos Ypsi&ologiaY e Ypsi&ológi&oY :ualii&am essa &onstrução imaginati"a de uma orma po+tica por meioda in&orporação de uma ideia ou &on&eito em um personagem# p% TT*T%
13 Ra edição portuguesa do li"ro A Repetição# &onsta uma nota na &ontra&apa :ue trata da relação do uso da noção de psi&ologia e/perimental por 8ier9egaard &om as &on&epç<es históri&as tanto do &on&eito de psi&ologia :uanto dae/peri,n&ia% Airma-se :ue a psi&ologia tem# antes de tudo# Oum sentido meramente etimológi&oP# no sentido de umadoutrina da alma# em analogia &om a psi&ologia ra&ional &lEssi&a% A noção de e/peri,n&ia a mesma reerida a:ui#distintamente de um empirismo &ientíi&o# por e/emplo( a de uma estratgia i&&ional de delineamento &on&eitual darepetição# &uCo &arEter est+tico permane&e mais desta&ado do :ue o metódi&o% ;ais deiniç<es# no entanto# não
esgotam o sentido mais proundo da intenção do su$título do li"ro%1? A Repetição# 13%1 )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition : A Reconstruction# p% 1%
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:ue propriamente uma representação eeti"aN muito em$ora isso seCa o :ue &onstitui o ponto de
transição# em :ue a inten&ionalidade da e/peri,n&ia psi&ológi&a ultrapassa os limites do li"ro e
remete-se ao leitor mesmo( Oem apresentando sua &ategoria na orma de uma &harada# da :ual o
signii&ado não pode ser dedu4ido do te/to mas apenas preigurado por meio de um ato de
apropriação# +onstantius entra numa relação de e/perimentação &om o leitorP1@% *sso possi$ilita :ue
o te/to mesmo tra&e alguns padr<es de leitura do próprio leitorN &omo se mostra na &arta :ue
apare&e ao inal do li"ro1% Ali o leitor torna-se o interlo&utor# e as possi$ilidades de &ompreensão do
li"ro são Cogadas inteiramente para a responsa$ilidade deste# na medida em :ue o próprio
e/perimentador se interp<e ao retirar-se de toda a responsa$ilidade :ue lhe poderia ser imputada%
;al de&orre não somente do ato de :ue o autor de&lara-se Oum personagem sem importn&iaP# &uCa
Opersonalidade um pressuposto de &ons&i,n&iaP1I :ue se retira para :ue o interesse &aia so$re o
o$Ceto da e/perimentação# ou seCa# a personagem do Co"em# &omo tam$m do ato do li"ro Oter sido
es&rito de tal maneira :ue os herti&os o não entendamP1# o :ue# independentemente da maneira
&omo se o l,# a responsa$ilidade se en&ontra sempre no leitor# pois a este li"ro alta o
Ogenuinamente espe&ulati"oP20 :ue di4 a realidade do pensar por meio de um tipo :ual:uer de
autoridade# seCa esta a ra4ão argumentati"a ou a igura do ilósoo en:uanto a:uele :ue sa$e%
A e/pressão da psi&ologia da repetição en:uanto teatro de su$Ceti"idades &onstitui um
ponto-&ha"e para a &ompreensão do estti&o no te/to e na delimitação deste% Rela &on&e$e-se :ue as
mQltiplas a&etas de &ada personagem estão dadas não somente na interação entre eles# mas em
&onstante relação &om o espe&tador# o :ual entra em Cogo en:uanto indi"íduo não somente
&ontemplador passi"o# mas &omo um agente produti"o :ue "em a &onstituir ati"amente a si mesmo#
na medida em :ue a relação mais a$rangente de si para si% *sso $em reiterado por +onstantius
:uando ele trata do O&onte/to tão le"e e passageiro &omo o são as ormasP 21 em :ue Oo indi"íduo
:uer apenas "er e ou"ir pateti&amente# mas 7 note-se $em 7 "er e ou"ir-se a si mesmoP 22# e airma
:ue Otal &onte/to dado pelo pal&o# e por isso :ue este se ade:ua pre&isamente ao ;c$attenspiel
do indi"íduo &rípti&oP23% .ssa relação da repetição &om o teatro apare&e ao longo do te/to muitas
"e4es na orma de uma alusão ou metEora poti&a $re"e# ou em orma de digress<es longas a
respeito do espe&tador do &Hmi&o $urles&o :ue +onstantius ", &omo &omponente essen&ial da
1@ *dem# p% 1%1 A:ui o autor elu&u$ra e/perimentalmente so$re os dierentes modos de &ompreensão possí"eis do li"ro# seCa este
lido por um Og,nio temporErioP# para :uem o assunto seria tomado Odemasiado a srioP# um OCo"ial amigo da &asaP# para :uem tudo se tri"iali4a demais# Oum "igoroso deensor da realidadeP# para :uem Otodo o li"ro gira em torno denadaP# et&% A Repetição# p% 13@%
1I A Repetição# p% 1?0%1 *dem# p% 13%20 *dem# p% 13@%
21 A Repetição# p% %22 *dem# p% %23 *dem# p% @0% ;c$attenspiel ( Cogo de som$ras# em alemão no original%
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relação do arses&o &om a repetição2?%
Dessa orma# o teatro pode ser "isto &omo um domínio onde o desen"ol"imento psi&ológi&o
da personalidade se dE por meio de uma imitação na :ual o OCo"em &om um pou&o de imaginaçãoP2
Oarre$atado para dentro dessa realidade artii&ial de modo a poder# &omo um duplo# "er-se e ou"ir-
se a si próprio# ragmentar-se em todas as possí"eis "ariaç<es de si mesmo# e# &ontudo de talmaneira :ue &ada "ariação &ontinua a ser ele mesmoP 2@% A personalidade se desen"ol"e de maneira
dupli&ada# pois ela passa a o$ser"ar-se e &ondu4ir-se a si própria por meio desse duplo sem :ue#
&om isso# dei/e de ser ela mesma( a:ui tem-se o undamento para :ue a repetição possa ser deinida
não somente en:uanto algo pelo :ue se a&ometido# mas &omo uma "erdadeira performance# em
:ue o teatro "em a ser o espelho ou a metEora para a &riação de si mesmo% &on&eito de repetição
depende# &omo mostra Gon4ale4# de uma Oe/ist,n&ia :ue toma a si mesma &omo &o de uma
&erta e/perimentaçãoP# e# em$ora o&orra :ue essa e/perimentação se manieste momentaneamente
&om uma le"e4a irHni&a negati"a# em :ue Oa possi$ilidade do indi"íduo "agueia sem rumo na
própria possi$ilidadeP2# ela aí não de"e se deter-se :uer eeti"ar-se &omo algo &on&reto( Oela
tam$m gestaltend e portanto :uer ao mesmo tempo ser "istaP2I% Dessa orma# +onstantius pare&e
pretender elu&idar uma possí"el saída para o desespero estti&o de uma personalidade e"anes&ente
moldada por uma ironia indomada# em :ue tudo "olatili4ado pelo negati"o a$strato2# por meio da
instauração de um Cogo em :ue a autonomia da personalidade se unda na o$ser"ação de si mesma%
Desse modo ela i&a e/imida da responsa$ilidade so$re si mesma# e a&a$a por ser sal"a
esteti&amente30% Desta&a-se assim o &arEter undamentalmente estti&o da psi&ologia da repetição
en:uanto perorman&e# sem :ue &ontudo se atinCa o seu undamento no farsescoN o :ue serE
desen"ol"ido em outro &apítulo31% +a$e agora pormenori4ar as &ara&terísti&as prin&ipais dos
Opersonagens-atoresP do li"ro%
00 ponto de -ista do o"ser-ador # ou <uem + .onstantin .onstantius
'osto o &arEter e/perimental da psi&ologia da repetição# tem-se &omo dada tam$m a
ne&essidade de :ue se esta$eleçam os papis distintos do o$ser"ador e e/perimentador# e a:uele :ue
2? .ste tema mere&e um tratamento espe&ial# :ue dar-se-E no &apítulo desta e/posição%2 Repetição# p% I%2@ *dem# p% I%2 *dem# p% %2I *dem# p% %2 Ser .onceito de Ironia# p% @%
30 $"iamente# este intento representa mais uma e/peri,n&ia ra&assada de repetição# por ser &ompletamente &al&adana autonomia a$strata do indi"íduo% .ste ra&asso em espe&íi&o serE ade:uadamente detalhado adiante%
31 Ser &apítulo %
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&onstitui o :ue 8ier9egaard &hama alhures de <uidam da e/peri,n&ia32# o seu pa&ienteN am$os
&onstituem iguras psi&ológi&as :ue se determinam numa arti&ulação &on&eitual-e/isten&ial da
repetição% primeiro +onstantin +onstantius# o autor do li"roN e o segundo o Co"em sem nome%
e/perimentador a:uele :ue não somente relata &omo &ondu4 a Oe/peri,n&iaP# mas o a4 em
"irtude de sua própria tentati"a de reali4E-la# e desse modo e/perimenta a si próprio &omo algum
:ue se su$mete na e/ist,n&ia J possi$ilidade da repetição% &onteQdo do e/perimento a :ue o li"ro
se reere a todo instante a tentati"a de reali4ação da repetição na e/ist,n&ia# :ue# in a"stracto# se
tradu4 na pergunta so$re esta possi$ilidade mesma% +a$e in"estigar :ual o sentido da e/peri,n&ia
en:uanto não somente uma em :ue se &on&e$e um o$ser"ador e/terno e desinteressado :ue adu4
o$ser"aç<es do e/perimento# mas tam$m &omo tendo sua eeti"idade numa estrutura de
personagens pseudoními&os# os :uais representam indi"idualmente iguras :ue &ondensam em si
uma srie de arti&ulaç<es de pro&essos &ara&teri4ados &omo psi&ológi&os# mas :ue são# em seu
mago# &on&eituais# no sentido de :ue os personagens são &on&e$idos em unção destas arti&ulaç<es
mesmas% o$ser"ador# nesse sentido# não pode ser somente um regulador alheio e impassí"el de
ser aetado pelo mo"imento do te/to# e isso :ue enri:ue&e a igura de +onstantin +onstantius
en:uanto personagem%
nome +onstantin +onstantius &arrega ele próprio uma espirituosidade in&omum# pois
uma repetição 7 &ategoria :ue para ele designa mo"imento 7 de um nome :ue designa &onstn&iaN
de ato# o :ue se torna para ele as&inante na ideia da repetição &orporii&ada no Co"em a presença
da ideia em mo-imento33# uma e/pressão re&orrente :ue pode designar tanto uma disposição
psi&ológi&a :uanto uma tonalidade religiosa em sua personalidade# e :ue +onstantius airma ser
in&apa4 de al&ançar% *sso se enati4a na digressão so$re o eleatismo logo no iní&io do te/to# pois ele
próprio en:uanto personagem pode ser des&rito &omo Oo imo$ili4ado# a:uele suspenso na
&onstn&ia eleEti&aP3?% Ro entanto# +onstantius não ne&essariamente se &on&reti4a nessa suspensão
da possi$ilidade do mo"imento# pois a sua $us&a pela repetição &onstitui ela própria uma $us&a por
uma esta$ilidade# :ue ele em Qltima instn&ia não &onsegue al&ançar 7 a &ontrapartida do Co"em :ue
se en&ontra no estado de suspenso gradu3 demonstra :ue este apenas mais "olEtil do :ue ele# o
:ue# toda"ia# o sui&iente# na medida em :ue esse o seu papel( pare&er irme diante da
"aria$ilidade melan&óli&a do Co"em intempesti"o%
A $us&a de +onstantius em :ue para ele se &olo&a a pergunta so$re a repetição a sua
"iagem a Berlim% A proposta moti"ada a partir do enseCo dado por Diógenes na sua reutação aos
32 Ser YGuilt2=#=(ot Guilt2= # in ;tages on t$e 'ife9s >a2N p% 1I e ??@% +uriosamente# esta orma de &onstrução serepete neste ensaio# &uCo su$título Y&onstrução psi&ológi&a imaginEriaY%
33 Repetição# p% 12%3? +A'!;# L%N Radical 8ermeneutics# p% 11%3 Repetição# p% 12%
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eleatas( se hE de ato repetição# então Opodes ainal ir a Berlim# CE lE esti"este uma "e4# e agora
pro"a a ti mesmo se uma repetição possí"el e o :ue signii&aP3@% Mais &Hmi&o do :ue a própria
tentati"a em si pressupor :ue não somente se e/perimentarE uma repetição dessa maneira# mas
tam$m se &ompreenderE dela o signii&adoN ou# de outro modo# a pro"a do mo"imento# ou da
repetição# dar-se ia numa eeti"ação material( o ra&asso ine"itE"el# e a des&rição dos su&essi"os
desarranCos no esperado geram um eeito :ue &oaduna &om os e/tensos &omentErios de +onstantius
so$re a arsa# o :ue le"a a &rer :ue tal Oe/peri,n&iaP seria antes uma uga real do pro$lema# &om um
propósito no undo $em esta$ele&ido pela ingenuidade meramente superi&ial do autor( Oesta
imediata alta de seriedade 7 so$ a :ual a "iagem mesma ad:uire a isionomia de uma uga# uma
orma de Odi"ersãoP e não a &on&retude meditada de um proCeto 7 a4 do desentendimento a "ia
mais segura para a reutaçãoP3# em analogia &om Diógenes% .ntrementes# a analogia &essa na
ressal"a de :ue toda a mo"imentação de +onstantius no li"ro pare&e resultar em :ue ele não saia do
lugar# na medida em :ue o resultado de toda e/peri,n&ia sempre o mesmo( a impossi$ilidade ou
ine/ist,n&ia da repetição% pro"a :uando di4( Oha"ia des&o$erto :ue simplesmente não e/iste
repetição e tinha-me &on"en&ido disso a &usta de o "er repetido de todas as maneiras possí"eisP3I% A
ormulação do pro$lema por si mesma parado/al# pois ela &olo&a a si mesma na medida em :ue a
resposta se p<e &omo o negati"o 7 ela não &essa a pergunta# mas re&olo&a a ne&essidade da própria
ormulação% +onstantius portanto não pode parar aí( ele se depara no"amente &om a OesperançaP do
ad"ento da repetição# &ondição esta ela própria da rustração da impossi$ilidade% A dQ$ia a&eta do
lirismo e do de$o&he denota a aparente superi&ialidade do modo &om :ue a personagem se depara
&om o pro$lema# mas :ue não es&onde um &erto &arEter de mera apar,n&ia( OMas a "iagem não "ale
a penaN pois não pre&iso me/ermo-nos do lugar para nos &on"en&ermos de :ue não hE repetição
alguma% Rão# permaneçamos tran:uilamente sentados no :uartoN :uando tudo "aidade e tudo
passa# "iaCa-se mais depressa do :ue num &om$oioP3%
6e a analogia da reutação eleEti&a pro&ede# da mesma orma :ue não hE mo"imento# não hE
repetição# e a $us&a por uma repetição na regularidade termina por sa&rii&ar in&lusi"e o uni"erso
dos sentidos e das a&uldades# negados da mesma orma :ue ha"ia sido a possi$ilidade mesma
da:uela( Oapesar de ter me &on"en&ido de :ue não e/iste repetição# &ontinua a ser sempre "erdade e
&oisa &erta :ue# &om inle/i$ilidade e tam$m em$otando as nossas a&uldades de o$ser"ação# se
&onsegue o$ter uma uniormidadeP?0% +omo não hE de ato repetição# então seria ne&essErio erigir
uma Ometodologia psi&ológi&aP para :ue se esta$eleça :ual:uer tipo de i/ide4# ainda :ue seu
3@ *dem# p% 31% 8ier9egaard ele mesmo ha"ia ido para Berlim pela segunda "e4 da po&a da redação do li"ro# o :uemostra :ue a &itação não depropositada%
3 GRXA.X# D%N 'a Repetici5n 2 su E1periencia# p% I1%
3I Repetição# p% @%3 *dem# p% I1%?0 *dem# p% I3%
1@
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undamento seCa algo inessen&ial ou meramente a&identalN o :ue designa então o &onteQdo dos
Oprin&ípios &onser"adoresP?1 :ue o guiam na sua personalidade# :ue &onstituem uma &on&epção de
eli&idade estEti&a# &uCo mago &omporta uma atara1ia determinada antes por uma imo$ilidade
negati"a do :ue pela plenitude# e :ue teria sua &ulminn&ia no :ue $em des&rito do en/adrista nos
Diapsalmata?2% repetido ad"ento da impossi$ilidade da repetição mostra o ponto de "ista de
+onstantius no registro do :ue ele &hama de Orepetição in"ertidaP ?3 7 :ue &onstitui nada menos o
mo"imento da re&ordação??# a Oer"a daninhaP :ue Osuo&a"a &ada pensamento J nas&ençaP?N &omo
mostra Dalton( O.sta uma &on&epção de eli&idade &omo stasis# &omo a manutenção de um pr"io
7 agora passado 7 estado de eli&idade# o :ual desem$o&a todo ele numa teoria da eli&idade &omo
re&ordaçãoP?@% :ue &ulmina em Qltima instn&ia# numa insatisação perene# pois a atualidade
nun&a de ato al&ançada 7 a eeti"idade Cogada ao passado# e# para :ue este seCa preser"ado#
+onstantius passa a a$ominar :ual:uer mudança# o :ue indi&a no"amente a materialidade da sua
&on&epção de repetição# :ue &omi&amente não se eeti"a nun&a da maneira esperada% Daí a sua
des&rença &om a possi$ilidade de :ual:uer satisação perene( Odesde essa altura a$andonei :ual:uer
esperança de alguma "e4 me a&har satiseito em a$soluto e de todas as maneiras Z não de&erto de
estar a$solutamente satiseito em todos os momentos# mas ao menos em &ertos instantesP?%
ponto de "ista de +onstantius pode a&ilmente le"ar a pensar :ue a plenitude da repetição
da :ual ele se sente in&apa4 de parti&ipar &arente de sentido# na medida em :ue se &onstata em sua
personalidade o :ue Moone> &hama de Ocomplacência e/isten&ialP?I% .ssa &on&epção estEti&a de
eli&idade# no entanto# não su$siste se não se su$s&re"e o pressuposto su$Ca&ente de uma &on&epção
da repetição &omo plenitude em algum sentido# em relação J :ual +onstantius situa a si mesmo
conscientemente a:um% Resse sentido# não se pode di4er :ue a e/peri,n&ia de +onstantius se
&ara&teri4e &omo desinteressada desde o prin&ípio# em$ora ainda resida nela a rugalidade estti&a
do o$ser"ador% +onstantius sem dQ"ida um $rin&alhão# mas :ue se en&ontra em alguma medida
&ons&iente da seriedade do seu di"ertimentoN mesmo por:ue se isso não osse "erdade# a
possi$ilidade de atri$uir :ual:uer positi"idade J:uilo :ue ele mesmo a4 apare&er por meio do
re&olhimento de si próprio# ou seCa# o Co"em &omo protagonista da repetição# seria em algum sentido
o$s&ure&ida# pois ele próprio seria so$reposto J:uele em termos de importn&ia eeti"a ?% seu
?1 *dem# p% @%?2 O* eel as a &hessman must =hen the opponent sa>s o it( that pie&e &annot $e mo"edP% Ser Eit$er# r # p% ??%?3 Repetição# p% ?%?? )e&orde-se :ue Yrepetição uma e/pressão de&isi"a para a:uilo :ue era Yre&ordaçãoY entre os gregosYN Repetição#
p% 31% .ssa relação serE $em detalhada no &apítulo 3%? *dem# p% %?@ DA;R# 6tuartN )ier*egaard9s Repetition as a .omed2 in T?o Acts# p% 11%? Repetição# p% %?I MR.[# .d=ard F%N Repetition@ Getting t$e >orld ac* # p% 2I%
? Rote-se :ue +onstantius ele mesmo# na &arta a ei$erg# alega :ue a segunda parte do li"ro Repetição a :ue di4 o:ue de"e ser dito# e todo o resto 7 onde en&ontram-se as airmaç<es :ue ele a4 a&er&a de si mesmo 7 Y$uonariaou "erdade relati"aY% .ste tópi&o serE melhor tratado no &apítulo seguinte% Ser !ear an Trem"ling# Repetition# p%
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interesse na repetição de ato estti&o# aparente# mas nem por isso superi&ialN uma curiosidade
desinteressada não ne&essariamente torna a $us&a ortuita# e por isso des&artE"el &omo um
O&apri&ho inantilP0# mas pode &onstituir uma orma de ocasião para :ue algo mais proundo seCa
"islum$rado% A Opsi&ologia enomenológi&aP1 de +onstantius # segundo .ri9sen# de ato um
ra&assoN não o$stante# este ra&asso não de"e ser entendido &omo uma pro"a da ineeti"idade ou
ine/ist,n&ia do &on&eito# mas &omo uma O-ia negati-aP2 para sua apreensão%
A igura do o$ser"ador en&ontra-se# outrossim# apartada do &uid dessa des&o$erta# pois a
apreensão de um elemento e/isten&ial de tal nature4a o tornaria algum :ue a&ometido da
e/peri,n&ia# e não :ue apenas &onstitui o e/perimentador% o$ser"ador# nesse sentido# possui mais
um en&argo maiêutico do :ue ati"amente pro&edente# &omo ele mesmo &onirma( Otudo arranCado
maieuti&amente por mim de maneira própria para o Co"em :ue de"e supostamente des&o$rir Z a
repetiçãoP3% A tarea mai,uti&a se mostra tam$m na Oarte do o$ser"adorP &uCo intuito Oe/por o
:ue estE es&ondidoP# o :ue ine"ita"elmente arE &om :ue ele seCa Oen&arado &omo um espião da
polí&ia :ue presta altos ser"içosP?% De ato# a e/terioridade do ponto de "ista do o$ser"ador# o
interesse Oo$Ceti"o e ideal pelos homensP# engendra nele a &apa&idade mesma de uma
&ontemplação nostElgi&a# :ue "em a ser no deparar-se &om a posse do sentimento alheio( Otodas as
emoç<es proundas desarmam no homem o o$ser"ador :ue possa ha"erP@N o :ue resulta numa
melan&olia :ue anseia por essa posse da :ual ele en&ontra-se e/&luídoN daí ele di4er :ue Omuitas
"e4es $astante triste ser-se o$ser"ador# algo :ue nos torna melan&óli&os &om se Hssemos
poli&iaisP% ra# trata-se a:ui de uma relação :ue se assemelha J do &ontemplador estti&o# a:uele
:ue não se en&ontra de posse da ideia# mas por isso mesmo mantm &om ela uma relação e/terior#
:ue possi$ilita ao mesmo tempo uma relação de des&o$erta &om ela en:uanto totalidade# &omo se
osse &onstituída uma relação em :ue o o$ser"ador e&undado no seu interesse# e a ideia apare&e
em "islum$re( Oen:uanto assim empalide&e# a ideia e&undou-o# e a partir daí ele estE em relação de
des&o$erta &om a realidade% Z a:uele :ue não des&o$re a totalidade não des&o$re propriamente
nadaPI%
;al O&isãoP enom,ni&a do o$ser"ador le"a +onstantius# &omo ele próprio &hega a admitir #
30%0 MR.[# .d=ard F%N Repetition@ Getting t$e >orld ac* # p% 2I%1 6egundo a &ara&teri4ação de .ri9sen% +% .)*86.R# R% R%N )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition# p% 22%2 *dem# p% 22%3 O* maieuti&all> arrange e"er>thing properl> or the >oung man =ho is supposed to dis&o"er Z repetitionP% !ear
and Trem"ling# Repetition# p% 303%? Repetição# p% 3% *dem# p% I%@ *dem# p% 3% *dem# p% 3%
I *dem# p% ?I% O%%% the latter part o the $oo9# =here repetition is propounded or the irst time# =hereas e"er>thing earlier is onl>
Cest or rellati"e statements# Z \=hi&h] are true onl> &ompletel> in a"stracto and thereore# =ith respe&t to
1I
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ao desespero# pois seu registro de &on&epção da repetição in a"stracto% Mas a sua personalidade
inten&ionalmente posta nessa &ondição# na medida em :ue ela &onstitui Oum pressuposto de
&ons&i,n&iaP# :ue Onun&a poderE &hegar onde \o Co"em] &hegaP@0% 6eu desespero se de"e ao deparar-
se &om asserti"a undamental da repetição do ponto de "ista estti&o( a sua impossi$ilidadeN a
&ondição# toda"ia# de :ue# por meio do próprio desespero# seCa "islum$rada a possi$ilidade de um
ponto de "ista distinto% De"e-se enati4ar no"amente :ue isso se maniesta na re&orrente rustração
e/perimentada por +onstantius ad"inda dos repetidos ra&assos da própria repetição# em :ue ele
termina por ser le"ado ao estado de suspenso gradu e/perimentado pelo Co"em um momento antes
do arre$atamento da repetição@1% Daí ele &hegar a esta$ele&er :ue o seu ponto de "ista o de um
Opsi&ólogoP :ue Ose utili4a de &ategorias religiosasP@2# no sentido de :ue este aponta para algo alm
de si mesmo% Resse sentido# tal des&rição aglutina em si uma estrutura :ue representa a um só golpe
tanto a relação do estti&o &om a repetição# &omo tam$m a relação do o$ser"ador &om o
o$ser"ado# no &aso# o Co"emN o :ue permite :ue seCa desen"ol"ido por meio dela um ponto rutíero
de analogias e &omparaç<es mQtuas%
0B Delineamento psicol5gico da melancolia@ o jo-em da Repetição
.n:uanto :ue +onstantius poderia ser denominado# em termos da teatralidade &ara&terísti&a
da persona por ele representada na:uilo :ue .ri9sen &hama de psi&ologia enomenológi&a# um
agente regulati"o# no sentido de :ue toda a &oniguração da pro$lemEti&a do li"ro se en&ontra so$
sua gide# ao mesmo tempo# ele inten&ionalmente p<e a si mesmo num patamar de e"id,n&ia menor
do :ue a do suCeito ipso facto da repetição# o Co"em sem nome% Co"em # pois# uma &riação
poti&a sua@3N e os &ontornos Opuramente estti&os e psi&ológi&osP@? apli&am-se restritamente ao seu
ponto de "ista en:uanto &riador( O&ada mo"imento :ue i4 apenas destinado a lançar lu4 so$re
eleP@N en:uanto :ue a sua suposta indierença se se &ara&teri4a de ato &omo um artií&io proposital
para :ue a sua &riação se desen"ol"a li"re de interer,n&ias alheias@@% 6e a negati"idade da personalidade de +onstantius &onstituída nessa sua retirada :ue ao mesmo tempo esta$ele&e seu
reali4ation# ha"e to $e retra&ted# =hi&h is illustrated $> m> despairP# !ear and Trem"ling# Repetition# p% 30@%@0 Repetição# p% 1?0%@1 O+omo me senti humilhado 7 eu# :ue ha"ia sido tão $rus&o &om a:uele Co"em 7 por ser agora le"ado ao mesmo
ponto em :ue ele se en&ontra"aN de ato sentia-me &omo se eu próprio osse esse Co"emP# Repetição# p% %@2 !ear and Trem"ling# RepetitionN p% 2II%@3 Repetição# p% 13I@? *dem# p% 13I%
@ *dem# p% 13I%@@ O%%% i&o muito longe de ser a:uilo :ue o Co"em temia# ou seCa# ser indierente J sua pessoa% .sse oi um erro :ue eu
próprio pro"o:uei para tam$m dessa maneira o engendrarPN *dem# p%N 13I%
1
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domínio# na sua posição de O"entrílo:uoP@# o negati"o da personagem do Co"em se dE em ele
próprio ser igurati"amente indeterminado# em ele não ter nome% .sse elemento pode possuir
muitos signii&adosN um deles :ue# de &erta orma# em se tratando de um pro$lema estti&o-
psi&ológi&o# a &ondição para seu surgimento # &omo um ator estti&o# &aso ortuitoN a pro$lemEti&a
em :uestão poderia# então# "ir a a&ometer a :ual:uer um# e ao mesmo tempo# a ningum em
determinado% Risso# ele se mostra &omo a in&ógnita do li"ro# mas ao mesmo tempo so$re :uem
re&ai o interesse do leitor% A aus,n&ia de nome# :ue relete a sua pro/imidade maior &om o &on&eito
da repetição Custamente na:uilo :ue o &ara&teri4a &omo poeta em :ue +onstantius se torna apenas
o enseCo imaginati"o 7 ele próprio não se arroga a posse do &riador poti&o( Oo Co"em :ue &riei
poeta% Mais não posso a4er# por:ue no mE/imo posso imaginar um poeta e engendrE-lo &om o meu
pensamentoN pessoalmente não sou &apa4 de me transormar em poetaP@IN em outras pala"ras# ele
deine a si mesmo esteti&amente &omo um mero OprosadorP @# mas se mostra &apa4 de reali4ar uma
&riação poti&a# mostra reletida no Co"em en:uanto personagem a "a&uidade da própria repetição
&on&e$ida en:uanto &on&eito( ao mesmo tempo em :ue J sua personalidade dado o maior
enri:ue&imento líri&o# esse &onteQdo eeti"o sinteti4ado num indeterminado sem nome# en:uanto
:ue no &on&eito de repetição nada do :ue dele des&rito ou :ue a ele se reere ou a partir dele se
desen"ol"e pare&e estar J altura da sua eeti"ação e/isten&ial%
Co"em representado por +onstantius a todo momento atra"s de diagnósti&os
psi&ológi&osN sua disposição de o$ser"ador impli&a nesse tipo de e/posição# em :ue os mais sutis
mo"imentos aními&os de"em "ir J tona para :ue não alte nada J des&o$erta da ideia em mo"imento
na sua totalidade% As dierentes maneiras &omo o Co"em retratado portanto impli&am numa
&ompreensão su$stan&ial# em$ora inita# da ideiaN o :ue mostra :ue# em se tratando de um
o$ser"ador estti&o# não hE nada :ue possa garantir :ue todo o seu diagnósti&o &onstitui de ato a
&ompreensão ade:uada do signii&ado da repetição no Co"em% ponto de partida hipostEti&o dessa
&apa&idade :uase &líni&a do personagem # &ontudo# o próprio su$strato teóri&o da:uilo :ue ele
intenta pro"ar &omo sendo a repetiçãoN prin&ipalmente na:uilo em :ue ele a deine &om relação J
re&ordação0%
ogo no iní&io do relato so$re o desenrolar dos en&ontros entre o melindroso Co"em e
+onstantius# &onsta :ue a:uele pade&e de uma pai/ão arre$atadora &uCa tonalidade melan&óli&a
@ *dem# p% 13I
@I *dem# p% 13I%
@ *dem# p% 12%0 .ssa relação serE $em detalhada no &apítulo seguinte# pois trata-se de uma &on&epção metaísi&a :ue# em$ora
&ondi&ione o :ue hE de ser pro"ado pelo e/perimento# en&ontra-se de &erta orma em relação &om ele &omo um
pressuposto a priori% 6em dQ"ida um elemento de ironia de"e ser apontado a:ui( a pro"a desse su$strato teóri&o&ondi&iona a e/peri,n&ia e a le"a ao ra&asso# o :ue mostra de :ue maneira a seriedade de +onstantius redunda emQltima instn&ia em $uonaria%
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impediu a sua &onsumação# designada &omo Oamor-re&ordaçãoP1% .ste se op<e ao Oamor-
repetiçãoP# na:uilo em :ue &apa4 de tornar um homem eli4 ou ineli4% Ao mesmo tempo :ue
maniestam-se arrou$os de nimo líri&os e uma elo:u,n&ia ardente da sua disposição2# +onstantius
nota :ue o Co"em pare&e ter saltado a$ruptamente por &ima da eeti"idade da sua pai/ão(
Oele esta"a prounda e sin&eramente apai/onado# isso era &laro# e &ontudo# logo num dos primeiros dias# esta"a em &ondiç<es de re&ordar do seu amor% Ro undo# CE tinha &hegado ao im
da:uela relação% Ao &omeçar# ha"ia dado um passo tão terrí"el :ue saltara por &ima da "ida% Z Ro
undo de tudo isto tinha de ha"er um e:uí"o&o%P3
Ao mesmo tempo em :ue a pai/ão do Co"em &onstituía um &omeço 7 pois ela não dei/a de ser uma
disposição er5tica?# &ara&terísti&a de todo &omeço 7 ele mantinha-se no im# o :ue# do ponto de
"ista estti&o de +onstantius# &onsiste num erro undamental e insanE"el @% .ssa disposição eróti&a
torna"a-se su$limada por sua melan&olia de tal orma :ue o mante"e numa imo$ilidade eeti"a# mas
:ue poten&iali4ou o eróti&o na ideia# ou seCa# transormou-o em poeta% +onstantius &on&e$e essa
ideia do amor eeti"o porm ideal &omo uma Ore&ordação poten&iadaP# :ue a insígnia do amor
eeti"o# porm ideal% A idealidade dessa disposição tornou-se para ele tão estimada :ue a própria
moça :ue a sus&itou tornou-se diante dela Oum moti"o o&asional :ue nele desperta"a o poti&o e
:ue a4ia dele poetaPI% 6o$ este ponto de "ista# a moça de :uem ele se enamora nada mais :ue um
su$strato inerte# mas :ue ha"ia ser"ido no :ue Oele &res&era aastando-se dela# :ue CE não pre&isa"a
da es&ada &om :ue su$iraPN situando-se ineriormente em importn&ia &om relação J própria
disposição eróti&a# por meio da :ual ele "i"e%
.ssa "ida poti&a# no entanto# tem# ao menos na situação do Co"em em :uestão# algo de
insui&ienteN ela situa-se no &omeço e nele permane&e# pois# de a&ordo &om a e/pli&ação de
+onstantius# o Co"em &are&eria de uma Oelasti&idade irHni&aPI0 para poder utili4ar-se da Ore&ordação
poten&iadaP &ara&terísti&a do amor em seu iní&io% .sse elemento asso&ia-se imediatamente J igura
do sedutor Lohannes de Eit$er#r ( ele preigura o indi"íduo :ue# por meio dessa elasti&idade#
1 *dem# p% 32%
2 *dem# p% 3@%3 *dem# p% 3%? Lan olmgaard mostra de maneira pro"eitosa em :ue sentido uma leitura estti&a do li"ro A Repetição de"e passar
no seu primeiro momento pelo eróti&o en:uanto disposição# passando pela suspensão estEti&a para :ue &ulmine noEpi&e da Oterrí"el e/plosãoP da repetição# :ue segundo sua leitura# se dE no &on&eito do su$lime 7 em$ora ele
próprio esteCa &iente do tratamento inCusto dado ao te/to de 8ier9egaard dessa maneira% Ser MGAA)D# L%O;he Aestheti&s o )epetitionP# p% ?# %
+onstantius airma num tom magistralmente irHni&o( Oa disposição dele era uma disposição eróti&a# e :uem no seuamor não a ti"er "i"ido pre&isamente no prin&ípio# esse nun&a amouPN a tonalidade indi&a# no entanto# :ue mesmoum o$ser"ador melan&óli&o CE possui essa etapa eróti&a &omo uma re&ordação# &omo algo a se deseCarnostalgi&amente%
@ *dem# p% 3I% *dem# p% 3I%
I *dem# p% 3% *dem# p% 3%I0 *dem# p% 3I%
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no sope^ não seiN só sei :ue estou e :ue estou suspenso gradu# a4 CE um m,s inteiro Z .spero por
uma tempestade 7 e pela repetiçãoP0% 'ortanto# a resolução da disposição poti&a so$ a :ual o
Co"em se dei/a &aptar se dE na melan&olia# mas &om ares de uma religiosidade :ue situa-se no
por"ir# no limiar do estti&o &om o religiosoN a melan&olia seria nesse sentido o prenQn&io do mais
ele"ado da personalidade :ue se resol"e no en&ontro do Oponto de unidadeP 1 do indi"íduo% A sua
designação &omo um poeta líri&o de"e ser entendida dessa maneira# o :ue +onstantius dei/a &laro
ao di4er :ue Omesmo :uando tudo a&a$a em melan&olia hE um sinal :ue aponta para ele# :ue aponta
para um estado nele% K esse o undamento para :ue todos os mo"imentos se pro&essem de maneira
puramente líri&aP2% ra# se o Co"em reali4ou algum tipo de repetição# na medida em :ue a sua
personalidade de ato oi &apa4 de romper a inr&ia do suspenso gradu em :ue se en&ontra"a#
dado &on&e$er de alguma orma nele uma repetição ao menos delineada pelo estti&o# em :ue a sua
personalidade permane&e &on&e$ida numa &aptação líri&a de um &onteQdo da repetição no seu
&arEter ineE"el%
.ssa &on&epção# &ontudo# limita-se uni&amente pelo ato de sua origem situar-se no ponto de
"ista do o$ser"ador psi&ológi&oN a auto-reer,n&ia das disposiç<es melan&óli&as nesse mo"imento
em direção J personalidade do Co"em não institui por si só um mo"imento religioso na medida em
:ue delimitada pelo poti&o% Dessa maneira# torna-se possí"el apenas dete&tar indí&ios remotos de
algo :ue ultrapasse o estti&o# :ue permane&e para esse ponto de "ista apenas um hori4onte por
demais indeinido% A postura de +onstantius &om relação ao &aso do Co"em se unda Onum interesse
o$Ceti"o e ideal pelos homens# mas tam$m no sentido de o ter# tanto :uanto possí"el# por todos
a:ueles :ue a ideia estE em mo"imentoP3% mo"imento da ideia redu4ido ao estti&o pois ele se
resol"e em algo &uCa e/pressão se dE apenas na orma $ela do poti&o# &uCo undamento não pode
ser per&e$ido por ele &omo religioso# mas apenas &omo psi&ológi&o% &aso da moça :ue enseCa a
disposição melan&óli&a do Co"em em$lemEti&o( ela per&e$ida pelo o$ser"ador &omo tendo Ouma
importn&ia enorme# Z porm ela não tem importn&ia por si mesma mas sim por "ia da relação
&om eleP# e mais J rente( Oela por assim di4er a ronteira para o ser dele# mas essa relação não
eróti&aP?% A insui&i,n&ia do ponto de "ista do o$ser"ador nesse aspe&to "em a ser por im
ressaltada pelo próprio +onstantius( OMas tal"e4 eu não o &ompreenda inteiramente# tal"e4 ele
es&onda alguma &oisa# tal"e4 apesar de tudo ele ame "erdadeiramenteP# e ele termina por admitir
:ue Ouma outra e/pli&açãoP ha"eria de ser en&ontrada para sua insui&iente teoria da repetição &aso
0 *dem# p% 12%1 A proposta de +onstantius alude ao ponto de unidade na medida em :ue a resolução da personalidade do Co"em
&omo sedutor determinE-lo-ia &omo indi"íduo# ainda :ue um indi-Cduo est+tico% *sso de"erE ser melhor detalhadoadiante%
2 *dem# p% 13I%
3 *dem# p% I%? *dem# p% 0% *dem# p% 1%
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O\o Co"em] metesse na &a$eça :ue ela tinha &asadoP@%
Do ponto de "ista de +onstantius# a igura do Co"em representa a insui&i,n&ia da melan&olia
rente J tarea da ironia# :ue se &onigura na sua in&apa&idade de mostrar a elasti&idade irHni&a para
por em termos o seu amor pela Co"em# elasti&idade esta :ue seria o ne&essErio para &on&reti4ar uma
"ida poti&a% ;oda"ia# por relati"i4ar a importn&ia da Custii&ação de si perante o mais alto# ela temseu eeito de es"a4iamento da positi"idade do "alor dessa Custii&ação na pro"aN o Co"em :uer
permane&er# &omo Ló# na airmação de :ue tem ra4ão% K nesse sentido :ue# en:uanto o$Ceto de um
e/perimento# a personalidade do Co"em não pode nem de"e &onstituir uma resposta deiniti"a J
pergunta so$re a repetição( a possi$ilidade da sua su$Ceti"idade Custii&ada de"e ser sempre um ator
determinante no :ue di4 respeito J manutenção da irme4a do seu ponto de "ista% re&ordar do
Co"em anseia por um Oinstante ideali4adoPI :ue se en&ontra perdido# e a sua disposição de"e passar
pela melan&olia da distn&ia e pela angQstia da impossi$ilidade# para :ue daí surCa e1%ni$ilo uma
no"a possi$ilidade de restauração de si mesmo% *sso não signii&a :ue o Co"em não seCa um poeta
por en&ontrar-se na situação em suspenso gradu# mas :ue a impossi$ilidade da e/pressão do
religioso &onstitui# por si só nesse anseio# um momento anterior ao poti&o :ue se &on&reti4a nesse
:uerer pro"ar-se &erto diante de Deus% A alha do e/perimento de +onstantius se de"e J irme4a do
Co"em em não dei/ar su&um$ir o sentimento J negati"idade da ironia%
A história# &omo +onstantius $em aponta# poderia ter tido um outro rumo( o da
transormação do Co"em em um sedutor
100
N o :ue teria sido o &aso# se a sua proposta ao Co"emti"esse o$tido ,/ito% .ssa tensão entre o de&orrido de ato no e/perimento &om a e/pe&tati"a de
+onstantius de"e e/pli&ar at :ue ponto o &arEter do Co"em se &onigura esteti&amente na
melan&olia# e at :ue ponto a própria melan&olia em ra4ão de uma proundidade religiosa% Dito de
outro modo# p<e-se em &onronto na igura do Co"em o estti&o# por meio da disposição eróti&a de
um amor-re&ordação :ue &ulmina na sua melan&olia estEti&a# e o religioso 7 no :ue &on&erne J sua
relação &om Ló# a espera pela tempestade e o suposto ad"ento da repetição% A al,n&ia da proposta
de +onstantius mostra-se então undamental no determinar o :ue di4 respeito ao :ue "ai alm dos
limites da melan&olia# mas :ue &ondu4 ao limiar do religioso%
@ *dem# p% 1% A presença positi"a da moça na idealidade poti&a do Co"em aria &om :ue a "ida dele Oi&asse in pausaP# de tal maneira :ue a própria aus,n&ia dela en:uanto uma igura personii&ada na generalidade do te/to dE aentender :ue o seu mo"imento 7 o de se ausentar-se ainda mais ao &asar-se 7 de"a ser &ompreendido &omo umes"a4iamento da idealidade estti&a :ue a$re "a4ão J idealidade religiosa%
*dem# p% 11%I GRXA.6# DarioN 'a Repetici5n 2 su E1periencia# p% I?% :ue +onstantius atri$ui a uma in&apa&idade pode muito $em ser redeinido &omo um posi&ionamento
"oluntariamente aguerrido% olmgaard airma :ue o Co"em não pode ser deinido &omo poeta no sentido irHni&o dotermo# en:uanto um "i"er poti&o% Mas o Osu&um$ir J disposição aeti"aP pode# por outro lado# ser atri$uído ao
Co"em na medida em :ue sua personalidade se resol"e na melan&olia# mas :ue depois da repetição "em a ser
redupli&ada na orma da produti"idade poti&a% u seCa# o Co"em de ato um poeta# mas não no sentido dali$erdade poti&a ininita e negati"a da ironia% Ser MGAA)D# LanN T$e Aest$etics of Repetition, p% %
100 !ear and Trem"ling# Repetition# p% 32# 32@%
2?
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0 car6ter demonCaco do e1perimento psicol5gico
A e/perimentação da repetição # na narrati"a do li"ro# mar&ada por alguns momentos-&ha"e
em :ue ela posta em mo"imento de modo mais enEti&o# tal :ue por meio destes elementos se
poderia preigurar algum tipo de &on&epção eeti"a do &on&eito% Ro entanto# nenhum desses
momentos se mostra &on&lusi"o para essa intençãoN a repetição permane&e# &omo para +onstantius#
Odemasiado trans&endenteP101# o :ue &onstatado OJ &usta de o "er repetido de todas as maneiras
possí"eisP102% .ntre os mais mar&antes &onstam a "iagem de +onstantius a Berlim# e a proposta
e/perimental Opedagógi&aP de +onstantius ao Co"em# no sentido de ele Oromper# se possí"el# &om
sua e/ist,n&ia de poetaP103 para superar a melan&olia :ue impede a &onsumação do seu amor e :ue#
por &onstituir a tentati"a de a4er o Co"em derontar-se &om a ironia# poderia ser tida do mesmo
modo &omo a tentati"a de a4,-lo tornar-se um esteta entre outros episódios menores em :ue a
repetição se mostra pre&isamente na sua impossi$ilidade# &omo o en&ontro de +onstantius &om uma
$ela Co"em na "iagem10?# ou a in&onstn&ia do droguista :ue deendia a pereição do estado de
solteiro e após &asar-se deendia a pereição do seu no"o estado10% ;anto a "iagem de +onstantius
:uanto seu e/perimento &om o Co"em podem# entrementes# ser esteti&amente delimitados# em$ora o
e/perimento &om o Co"em em espe&íi&o não possa ser a$rangido na sua totalidade do ponto de "ista
estti&o# em "irtude da sua &onsumação religiosa% *sso signii&a :ue uma leitura estti&a da "iagemde +onstantius esgota a&ilmente o seu es&opo# na medida em :ue não hE outra resolução para ela
senão na &ategoria do humor ou do arses&oN mas no :ue &on&erne J história do Co"em# em$ora a
leitura estti&a de"a permane&er todo o tempo en:uanto uma possi$ilidade# ela não o sui&iente
para a$ar&ar todos os elementos :ue o te/to mostra%
A melan&olia do Co"em no seu amor-re&ordação torna-se# ao "er de +onstantius# um ator
:ue de&orreria numa situação de sorimento tanto para o Co"em :uanto para a moça# &aso osse a ela
re"elada o &arEter poti&o do seu sorimento% *sso signii&aria# no seu &on&e$er# uma O$rilhantíssimaretirada# despa&hando-a &om a e/pli&ação de :ue ela não era o ideal e &onsolando-a di4endo :ue ela
era sua musaP10@# &om a ressal"a de :ue dessa maneira o preCuí4o para a moça seria muito maior do
:ue se a&aso ela se sentisse $urlada( Oela i&a na "erdade mais proundamente magoada do :ue uma
:ue se sou"esse enganadaP10% A proposta de +onstantius ao Co"em de :ue ele de"eria# nessas
101*dem# p% 1%102*dem# p% @%103*dem# p% ?@%10?*dem# p% ?%
10*dem# p% %10@*dem# p% ?3%10*dem# p% ?3%
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&ondiç<es# assumir para si o papel de $urladorN se# de uma maneira ou de outra# o seu amor
irreali4E"el# &om o intuito de minimi4ar o sorimento para am$as as partes# +onstantius o a&onselha(
Odestrua tudo# transorme-se num homem despre4í"el :ue só en&ontra pra4er em mistii&ar e
enganar% 6e o or &apa4 de a4er# gerar-se-E um e:uilí$rioP 10I% .sse e:uilí$rio proposto a:ui se
&oniguraria num mo"imento estti&o# em :ue o Co"em tornar-se-ia para ela algum Odestituído de
toda interioridadeP10% *sso signii&a a:ui :ue não de"eria maniestar-se por trEs dessa proposta um
su$strato ti&o em :ue ele eetuaria um &El&ulo :ual:uer# &omo# por e/emplo# o do menor dos
malesN e tampou&o o do registro do religioso# em :ue o ato do a$andono se transiguraria num de
sa&rií&ioN signii&a de ato :ue a sua pai/ão de"eria passar por uma nadii&ação# de"endo ser
Otransmutada em ato ormalP110N o :ue a destituiria e1teriormente de sentido sem no entanto
ani:uilE-la111%
'ara isso# +onstantius lança mão de um artií&io &uCa tri"ialidade só pode ser entendida
&omo &Hmi&a( o Co"em de"eria dei/ar-se ser "isto na &ompanhia de uma outra moça# de modo a
Oespalhar-se o rumor de :ue tem um no"o &aso amoroso# et &uidem de um g,nero muito pou&o
poti&oP112% Desse modo# por meio do &ontraste# preser"ar-se-ia a idealidade da Co"em# pois ela
ha"eria de permane&er iel ao Co"em# e ele terminaria &omo um sedutor par e1cellence de"e
terminar% eeito esperado o :ue mostrado no Don Gio-anni( o dese&ho trEgi&o de Ouma .l"ira
:ue arran&a $ra"os no seu papel# &horada pelos amiliares# Z :ue pode alar &om energia e "igor
da inidelidade dos homens# inidelidade :ue# &omo e"idente# lhe &ustarE a "idaP 113# mas por outro
lado in&apa4 de dar ao Co"em a Qni&a &oisa O:ue ele pre&isa"a e :ue ela lhe podia oere&er 7 a
li$erdade# :ue pre&isamente o sal"aria se osse ela a dar-lhaP11?% poti&o su$siste a toda a situação
nesse &aso( desse modo legitima-se o ato de am$os estarem errados e &ertos ao mesmo tempo#
muito em$ora o homem saia Custii&adamente perdendo por ser o mais orte( Oa "ingança# supondo
:ue o Co"em esteCa em &ondiç<es de le"ar a &a$o meu plano# a atingirE de modo terrí"el# ainda :ue
somente &om legitimidade poti&aP11% em$re-se no"amente :ue o plano de +onstantius # de&erto#
&ondi&ionado ao seu ponto de "ista de o$ser"ador estti&o# mas o mal-entendido tem seu eeito na
medida em :ue ele pressup<e Custamente o Co"em de posse de uma le"iandade :ue para ele a:ui
uma orça# um atri$uto mas&ulino11@ da :ual ele simplesmente não dE pro"as% Ao &ontrErio# o seu
10I*dem# p% ?3%10*dem# p% ?3%110*dem# p% ?3%111.sse pro&esso# na medida em :ue se trata de uma e/peri,n&ia de es"a4iamento de sentido# de"e ter a ironia &omo um
pressuposto% A psi&ologia de 8ier9egaard# nesse sentido# &omeça &om o nada do sa$er gerado pela ironia% *sso serEmais detalhado no &apítulo seguinte% Ser G)AMMR;# G%N Don Juan, !austo e o Judeu Errante em )ier*egaard %
p% 11-11IN112 Repetição# p% ??%113*dem# p% ?%
11?*dem# p% ??%11*dem# p% ?%11@G)AMMR;# G%N Don Juan, !austo e o Judeu Errante em )ier*egaard # p% 31%
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pade&er tem traços eminis# e a sua aus,n&ia de orças engendra o seu desapare&imento e atesta ao
mesmo tempo a al,n&ia do plano%
Co"em# por sua "e4# re&onhe&e a magnitude e a engenhosidade do plano :ue não oi &apa4
de le"ar a termo( Oseu plano era e/&elente# mesmo inigualE"el% Z esse era o meu uturo# a igura
heroi&a :ue teria eito de mim um herói# &aso eu ti"esse tido a orça ne&essEria para a en"ergarP11
%A asso&iação &om o heroísmo indi&a o limiar do ti&o :ue seria atingido ao inal do plano# distinto
da humilhação sorida &om a ra:ue4a tornada patente &om a Qni&a saída pelo religioso% .m$ora a
estti&a da sedução osse a:ui o mote do dese&ho# o resultado terminaria no ti&o# pois ainda assim
maniestar-se-ia nele alguma grande4a# Onão aos olhos do mundo# mas em si mesmoP11I% 'ara ele#
tornar-se um impostor não impli&aria num sa&rií&io da honra# mas sim a preser"aria ao mostrar o
"alor depositado na própria moça( Opor:ue por algo de insignii&ante não se sa&rii&a a honra_P 11%
plano de +onstantius# segundo ele próprio# Otinha por &ritrio a ideiaP :ue# a seu "er# Oesta"a em
mo"imento no amor desse Co"emP120% ideal seria O&onser"ar-se saudE"el e de $om humor# se
possí"el# e &ontudo sal"ar seu sentimentoP121N o :ue se tradu4iria numa esp&ie de idelidade a um
sentimento ideal# um O:uerer ser"ir J ideiaP122% .sta ideia a :ue ele se reere # propriamente# a
idealidade da disposição do Co"em perante a moça% Mas ao mesmo tempo +onstantius ", a
ne&essidade de :ue se imponha so$re a moça a e/ig,n&ia a$surda de :ue ela seCa &apa4 de "i"er
pela ideia# da mesma orma :ue o Co"em melan&óli&o# :ue ela suportasse e manti"esse "i"a a
Oidealidade do próprio enamoramentoP123% *roni&amente# essa possi$ilidade posta no te/to
imediatamente antes da epístola em :ue a moça de&larada &omo &asadaN o :ue atesta sua inaptidão
J interioridade ne&essEria para "i"er pela ideia da mesma orma :ue o Co"em%
Diante de uma disposição original de espírito de tal no$re4a# pode-se &onsiderar :ue o plano
de +onstantius &onsiste numa esp&ie :ual:uer de en"enenamentoN a melan&olia do Co"em# a
O&onstante &ontradição &onsigo mesmoP12? em :ue ele se en&ontra# tornaria impossí"el :ue :ual:uer
ma:uinação dessa esp&ie osse &on&e$ida em seu espírito# muito em$ora esse mesmo ator o
impulsione J ne&essidade de se apro/imar de +onstantius e ter nele um &onidente% Assim# da
mesma maneira :ue Meistóeles nun&a a$andona a &ons&i,n&ia de Fausto# permane&endo ali a todo
instante &omo um Opressuposto de &ons&i,n&iaP12# ou mesmo &omo um d6imon em sentido
11 Repetição# p% ?%11I*dem# p% %11*dem# p% %120*dem# p% 12%121*dem# p% 12I%122*dem# p% ?1%
123*dem# p% 130%12?*dem# p% I?%12*dem# p% 1?0%
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so&rEti&o12@# o "eneno da proposta de +onstantius tem o seu eeito na &ons&i,n&ia do Co"em# e o :ue
ele semeia na sua alma se enraí4a proundamente# de modo :ue a &ulminn&ia do desenrolar da
história ruto dessa Oe/peri,n&iaP% A relação &oniden&ial entre os dois personagens pode nesse
sentido ser designada &omo demonCacaN isso se e/pressa de maneira indireta na possi$ilidade de
alusão dos termos da proposta &om uma esp&ie tentação em &ue se -ende a alma( Onão &ome&e#
porm# se não ti"er orça para le"ar tudo at o im# &aso &ontrErio o Cogo estarE perdidoP12% Co"em
mesmo sente-se tentado a esta proposta# ele em alguma medida se engaCa nesse Cogo demonía&o# ao
e/&lamar para +onstantius( O"o&,# $astando :ue ite uma pessoa# tem um poder demonía&o &apa4 de
tentE-la a :uerer arroCar-se a tudo# a :uerer ter orças :ue em outras &ir&unstn&ias não teriaP 12I% K
nesse sentido :ue a personalidade de +onstantius sore uma re"ira"olta após o en&ontro &om o
Co"emN este passa a depositar nele sua ne&essidade de um &onidente# Ona presença de :uem pudesse
alar em "o4 alta &onsigo próprioP12# o :ue# &ontudo# não minimi4a a am$iguidade da sua posição
de o$ser"ador# e tampou&o se interp<e &ontra a e/terioridade da sua posição de psi&ólogo# na :ual
ele se arroga a posição de Oser e não ser simultaneamente o ser e o nadaP 130# e em :ue os mistrios
em :ue ele ini&iado pelo Co"em des&ansam so$ a ru$ri&a do sil,n&io% *sso desen&adeia a srie de
reaç<es aními&as do Co"em &olri&o# :ue# des&aminhado na sua O&ontradição &onsigo mesmoP131
em :ue +onstantius &onstata :ue ele OdeseCa :ue eu seCa seu &onidente# e &ontudo não o deseCa#
aliEs# atormenta-o :ue eu o seCaP132# se dei/a le"ar pelo Cogo am$íguo e sutil da proposta demonía&a
de seu &onidente%
A relação de &onid,n&ia :ue se esta$ele&e entre os dois pode ser &ara&teri4ada &omo uma
orma de &omuni&ação indireta% A e/ig,n&ia por parte do Co"em# diante de sua in&apa&idade de
reali4ação da proposta da e/peri,n&ia# :ue +onstantius dei/e de ser um &onselheiro e passe J
unção de mero re&eptor# um interlo&utor silen&ioso 7 haCa "isto o repetido "o&ati"o meu
silencioso confidenteF# por meio do :ual ele possa Odar "a4ão a si mesmoP 133% Daí :ue a srie de
&artas :ue ele en"ia ao &onidente serem sem endereço ou :ual:uer elemento :ue d, pistas so$re
seu desapare&imento% Mas o sil,n&io do interlo&utor # ao mesmo tempo :ue um sil,n&io passi"o da
es&uta# um pelo :ual o elo&utor atraído de maneira irresistí"el# a ponto de enure&,-lo( Oe/ige-me
sil,n&io# sil,n&io in:ue$rantE"el Opor tudo o :ue hE de sagradoP# e &ontudo i&a &omo :ue urioso
12@Muito em$ora o demHnio so&rEti&o tenha para 8ier9egaard um sentido puramente negati"o# muito maisdesa&onselhador do :ue &onselheiroN o :ue mostra em :ue medida ele se torna tam$m distinto da posição doe/perimentador# na medida em :ue este a&onselha e distingue% .sse tópi&o entremostra a relação :ue a posição de+onstantius mantm &om a ironia# tema &entral do &apítulo seguinte% Ser% .onceito de Ironia# p% 12%
12 Repetição# p% ?3%12I*dem# p% ?%12*dem# p% 3@%130*dem# p% I%
131*dem# p% I?%132*dem# p% I?%133*dem# p% I?%
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&om a ideia de :ue eu tenha esse poder de permane&er silen&iosoP13?% sil,n&io e/igido se
&orporii&a numa negati"idade tão e/trema :ue a &ondição de &onidente prati&amente anula a si
mesma( O:ue eu sou seu &onidente# ningum pode sa$er# nem uma Qni&a alma# &onse:uentemente
nem ele próprio o :uer sa$er# nem eu posso sa$,-loP13% .sse "órti&e o$sessi"o de negação por parte
do Co"em indi&a :ue no undo da sua Qria diante do Ore&onhe&imento indiretoP 13@# em :ue at o
próprio sil,n&io moti"o de in:uietação13# Ca4 um &onlito :ue poderia ser &ara&teri4ado &omo uma
dH-ida f6ustica :ue o Coga no interstí&io entre o estti&o proposto por +onstantius 7 a tentação do
engodo 7 e o religioso 7 o autosa&rií&io em nome da ideia% *sso tam$m dE indí&ios de em :ue
medida# ainda :ue apenas negati"amente# o Co"em sentiu-se eeti"amente tentado a engaCar-se na
proposta de seu &onselheiro# ou em :ue medida a pala"ra lançada te"e seu eeitoN &omo e/pli&a
Grammont( Oa pro/imidade entre o esteta e o &a"aleiro da # ou# em outras pala"ras# entre o estEdio
estti&o e o religioso# reside no sil,n&ioP13I% A a&usação de :ue +onstantius seria um pertur$ado
mental tem sua origem na in&apa&idade do Co"em em reali4ar a proposta% Depois de passar pela
e/peri,n&ia da sua própria insui&i,n&ia# o Co"em &apa4 de "er a :ue ponto se pre&isaria &hegar
para le"E-la a &a$o(
Ou não serE uma esp&ie de pertur$ação mental ter a tal ponto su$Cugado so$ o rio
regimento da rele/ão todas as pai/<es# todas as emoç<es# todas as disposiç<es de espírito_
Rão serE pertur$ação mental ser normal dessa maneira# somente ideia# nada de ser humano#
nada de igual Js outras pessoas# le/í"eis e intransigentes# perdidas e perdendo-se_P13
.ssa dialti&a entre as duas posiç<es na personalidade do Co"em# :ue ora se mostra ora
OdespertoP e O&ons&ienteP# ora Ona o$s&uridade ou a$sortoP1?0# mostra mais uma "e4 a medida em
:ue ele se en&ontra em mo-imento# en:uanto +onstantius permane&e constante &omo &entro de
gra"idade da situação# na sua rie4a nadii&ada e silen&iosa de o$ser"ador# o :ue não signii&a de
modo algum :ue sua posição &areça de :ual:uer interesse% o&o# toda"ia# de"e permane&er no
Co"em# este Odesditoso &a"aleiro do amor ineli4P1?1# pois ele a:uele para :uem a repetição apare&e
&omo pro"lema interior # ou seCa# ele :uem estE de posse da ideia% 6ua in&apa&idade de amar a
moça en&ontra-se arraigada na sua melan&olia poti&a( Opara amE-la realmente pre&isaria primeiro
de ser li$ertado da &onusão poti&a em :ue tinha entradoP1?2% A ruptura momentnea entre ele e
13?*dem# p% I?%13*dem# p% I?%13@*dem# p% I%13OFi&a in&lusi"e 4angado :uando aço a:uilo :ue insistentemente de mim e/ige 7 i&o em sil,n&ioPN R%# p% I%13IG)AMMR;# G%N Don Juan, !austo e o Judeu Errante em )ier*egaard # p% ?I% A relação de Fausto &om o geral#
pelo :ual ele moralmente &ondenado por &ausa da própria dQ"ida# ha"erE de ser detalhada no &apítulo % 'or ora#&a$e apenas elu&idar a relação do sil,n&io Eusti&o &om o demonía&o da tentação da proposta da e/peri,n&ia%
13 Repetição# p% ?%
1?0*dem# p% ?%1?1*dem# p% ?%1?2*dem# p% ?%
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+onstantius# :ue se dE &om o seu desapare&imento# parte da disparidade entre a proposição mesma
dada por +onstantius# :ue de &arEter estti&o# e a sua $us&a# :ue# ao mesmo tempo em :ue ele se
de&lara insui&ientemente Oartista :ue ti"esse orça sui&iente para uma tal prestação# ou a
ne&essEria perse"erançaP1?3# aponta# na proundidade de sua melan&olia# para ora dele% ato da
ideia estar nele em mo"imento apare&e &ons&ientemente para ele no momento em :ue ele $eira uma
&atarse de admiração do &onidente ao mesmo tempo em :ue o tem &omo um pertur$ado mentalN ele
angustia-se da Osuperioridade :ue a4 parte de um sa$er so$re todas as &oisas tão grande :ue nada
no"o ou des&onhe&idoP1??# Custamente por não se "er &apa4 de a4er uso dessa sa$edoria sem t,-lo
&omo um g,nio# um d6imon lutuante na sua &ons&i,n&ia a &ada momentoN ele angustia-se pelo
sil,n&io do &onidente# pois# en:uanto tal# não mais &onselheiro% A sa$edoria e/perimental de
+onstantius &onstituiu para o Co"em Ouma des&o$erta no m$ito do eróti&oP 1?# mas do :ual ele
ha"ia inad"ertidamente sido e/&luído% +onstantius diagnosti&a por im tal e/&lusão na
&ara&teri4ação da pro/imidade do rapa4 &om a Co"em &omo determinada pelo arrependimento, ou
seja, uma categoria +ticaN :uer di4er# a melan&olia en:uanto o Qltimo lastro do real na interioridade
do Co"em tem o seu undamento no arrependimento% *sso di4 muito a&er&a da possi$ilidade mesma
da reali4ação da repetição religiosa nele( o ato de ele se en&ontrar a ser"iço de uma ideia em
mo"imento &ondi&iona a possi$ilidade da repetição eeti"a%
Dessa orma# a proposta de transormar o Co"em num sedutor indu4 a uma identii&ação da
tentação estti&a &om o demonía&o# o :ue não impli&a# entrementes# :ue o estti&o torne-se eo ipso
in&on&iliE"el &om a repetição% sedutor# a:uele :ue assume a tarea de "i"er poeti&amente#
tam$m o paradigma repetição no estti&oN ele a:uele :ue O"i"e so$ o imprio de dois go4os( o
go4o da realidade# e o go4o de si mesmo nesta realidade e do :ue ele próprio a4ia &om elaP1?@% A
repetição estti&a des&rita &omo este segundo go4o# em :ue sua personalidade esteti&amente
sa$oreada por meio de uma refle1i-idade po+tica(
O poti&o era o elemento adi&ional :ue ele mesmo ha"ia tra4ido &onsigo% .ste adi&ional era
o elemento poti&o :ue ele desruta"a na situação poti&a propor&ionada pela realidadeN este
elemento oi por ele re&uperado na orma da rele/ão poti&a% .ste era o segundo go4o Z%
Ro primeiro &aso# ele sa$orea"a o elemento estti&o pessoalmente# no segundo ele sa$orea"a
a si mesmo esteti&amente Z% Ro primeiro &aso# ele possuía uma ne&essidade &onstante da
realidade &omo o&asião# &omo um elementoN no segundo &aso# a realidade se aunda"a no
poti&oP1?
1?3*dem# p% %1??*dem# p% ?%1?*dem# p% %1?@G)AMMR;# G%N Don Juan, !austo e o Judeu Errante em )ier*egaard p% 23%
1?O;he poeti& =as the e/tra element he himsel $rought =ith him% ;his e/tra =as the poeti&al element he enCo>ed inthe poeti& situation pro"ided $> realit>N this element he too9 $a&9 in the orm o poeti& rele&tion% ;hat =as these&ond enCo>ment Z% *n the irst &ase# he sa"oured the aestheti& element personall># in the se&ond he sa"oured his
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Resse mo"imento# não se pode negar :ue o&orre de ato um redo$ramento da &ons&i,n&ia# em :ue
ela# por meio dessa rele/i"idade# passa a o$ser"ar a si própria a partir de si própria% Designa#
portanto# de ato uma esp&ie de repetição# :ue se maniesta esteti&amente num tornar-se mito de si
próprio1?I# muito em$ora# Custamente por isso# alte a ela a seriedade :ue mantm o "ín&ulo &om a
realidadeN a &ons&i,n&ia não pode se satisa4er &om essa realidade em$e$ida do poti&o# pois nela o
próprio real se perde na distinção%
Resse sentido# não se pode di4er :ue a repetição estti&a se redu4 ao e/perimento de
+onstantius# muito em$ora esta seCa adada ao ra&asso &omo e/perimento# e a:uela# &omo orma
primEria da repetição# le"a a indi"idualidade a desesperar-se% *sso se dE por:ue# da maneira &omo
+onstantius &olo&a :uando se pergunta Ose uma &oisa ganha ou perde em repetir-seP1?#
aparentemente :ual:uer &oisa pode ser repetida# desde :ue para isso se en&ontre o e/perimento
ade:uado10% uando o Co"em desespera da ilosoia moderna11# sua asserti"a "ai na mesma
direção# pois se tudo pode ser repetido# então da mesma orma nada o podeN e a repetição torna-se
impossí"el% próprio +onstantius o re&onhe&e# na &arta a ei$erg# :uando assume :ue sua "iagem
a Berlim ora uma par5dia do pro$lema do Co"em# :ue &onsiste na possi$ilidade da repetição(
O pro$lema do Co"em se a repetição possí"el% .n:uanto isso# eu parodiei isto de
antemão para ele ao empreender uma "iagem a Berlim para "er se a repetição possí"el% A
&onusão &onsiste nisso( o pro$lema mais interior da possi$ilidade da repetição e/presso
e/ternamente &omo se a repetição# se osse possí"el# de"esse ser en&ontrada ora do
indi"íduo :uando de ato de"e ser en&ontrada dentro deleP12%
A paródia de +onstantius Coga para o e/terior um pro$lema interiorN ao passo :ue a Odes&o$ertaP 13
do Co"em mostra :ue a repetição &omo mo"imento só pode eeti"ar-se-se no reino do espírito# no
indi"íduo em :ue a ideia posta em mo"imento( Onão se trata da repetição de algo e/terno# mas da
repetição de sua própria li$erdadeP1?% K nesse sentido :ue a repetição estti&a ultrapassa a
&on&epção demonía&a do e/perimento de +onstantius# em :ue o destino do Co"em posto em
e/peri,n&ia at o ra&asso# pois ela aponta para um mo"imento :ue# ainda :ue redunde no
desespero# &onsiste num "ir-a-ser em :ue se pode tratar de um primeiro e um segundo go4o da
o=n person aestheti&all> Z% *n the irst &ase he =as in &onstant need o realit> as the o&&asion# as an elementN inthe se&ond &ase realit> =as dro=ned in the poeti&P% Eit$er# r # p% 2?%
1?IG)AMMR;# G%N p% 2?%1? Repetição# p% 31%10Arne Gr`n mostra isso :uando indaga so$re a "alidade da repetição na "iagem de +onstantius a Berlim% Ser G)R#
A%N Repetition and t$e concept of Repetition# p% 1?@%11 Repetição# p% 2%12O;he >oung manVs pro$lem is =hether repetition is possi$le% Mean=hile * parodied this or him in ad"an&e $>
underta9ing a Courne> to Berlin to see i repetition is possi$le% ;he &onusion &onsists in this( the most interior pro$lem o the possi$ilit> o repetition is e/pressed e/ternall> as i repetition# i it =ere possi$le# =ere to $e ound
outside the indi"idual =hen in a&t it must $e ound =ithin the indi"idualP% !ear and Trem"ling# Repetition# p% 30?%13*dem# p% 30?%1?O*t is not a :uestion o the repetition o something e/ternal $ut o the repetition o his reedomP% *dem# p% 30?%
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personalidade e da situação poti&a% olmgaard se pergunta se Oseria esta a &on&epção de repetição
:ue +onstantius tinha em mente^ +ertamente :ue não# mas um mo"imento :ue aponta para &omo
o indi"íduo pode repetir a si mesmo esteti&amente de modo ininitoP1%
A igura do Co"em poeta# em oposição J:uela :ue ele não &onseguiu reali4ar# a do sedutor
rele/i"o# tam$m pode &onstituir uma igura estti&a &uCa relação &om a repetição sustenta umamElgama# ou ainda# um ponto de tang,n&ia# entre o religioso 7 a repetição interior da li$erdade
indi"idual 7 e a indi"idualidade poti&a por ele &on&reti4ada% Mas esse &ontato# &omo serE agora
mostrado# apare&e num pro&esso de eeti"ação dessa li$erdade# em :ue ela "em a tornar-se id,nti&a
J repetição%
0 As formas da repetição do ponto de -ista est+tico%psicol5gico
ra# se o li"ro atesta :ue a repetição o Qni&o mo"imento eeti"o# então de"e ser mostrado
tam$m em :ue sentido a repetição se identii&a &om a Oideia em mo"imentoP na e/peri,n&ia# :ue
pode ser traçado numa relação undamental &om o supra&itado auto-engendramento perormEti&o da
personalidade# do :ual o Co"em "em a ser o e/emplo% Ro li"ro# isso i&a apenas su$entendidoN mas
pode-se en&ontrar detalhada essa relação na anElise eita por .ri9sen a&er&a da psi&ologia
enomenológi&a de +onstantius% As atitudes &om relação J repetição são igurati"amente ilustradas#
toda"ia# em Eit$er# r # prin&ipalmente# no :ue di4 respeito J &on&epção de psi&ologia e/perimental
rela&ionada a &ategorias estti&as% .ri9sen as enumera da seguinte orma( a primeira delas a:uela
na :ual a li$erdade na repetição identii&ada &om o deseCo# tal &omo na enomenologia hegeliana#
onde o deseCo o imediato da &ons&i,n&ia-de-si# e &uCa en&arnação igurati"a o Don Luan &omo o
estEgio eróti&o imediato ou o eróti&o musi&al% A segunda# a:uela &uCa orma a do desespero na
li$erdade# :ue# assumindo a orma da prud,n&ia# tenta ganhar na repetição uma "aria$ilidade tal :ue
não seCa a&ometida pelo tdio# a :ual $em ilustrada pelo te/to Rotação de .ulti-os% Ra Qltima
etapa# a li$erdade passa a ser id,nti&a J repetiçãoN esta# no entanto# na tentati"a de reali4ar-se#
termina por degringolar no poti&o# ao in"s de &on&reti4ar-se &omo repetição religiosa eeti"a( a:ui
onde o Co"em situa-se% A &ulminação dessa gradação portanto negati"aN de a&ordo &om .ri9sen#
o e/perimento psi&ológi&o do tipo reali4ado por +onstantius na "erdade des&a$ido# pois todos os
tr,s momentos da sua psi&ologia enomenológi&a ra&assam no :ue di4 respeito a uma reali4ação
eeti"a da repetição# ao passo :ue ele se en&ontra de posse da &ons&i,n&ia de :ue ela Odemasiado
trans&endenteP1@ para ele( Osou &apa4 de me &ir&una"egar# mas não sou &apa4 de ele"ar-me a&ima
1MGAA)D# L%N T$e Aest$etics of Repetition# p% %1@ A Repetição# p% 1%
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de mim mesmoP1% +ada momento serE analisado detalhadamente adiante%
A primeira igura# :ue na !enomenologia do EspCrito se identii&a &om o deseCo &omo o
imediato da &ons&i,n&ia-de-si# a do Don Luan mo4artiano :ue apare&e em Eit$er# r % .ste estEgio
&hamado de erotismo musi&al# pois na sua eeti"idade ainda não se a4 presente a rele/i"idade
&omo mediação &om a repetiçãoN por isso a determinidade musi&al do Don Gio-anni o puramentesensual# a:uilo# :ue de a&ordo &om o esteta A# o autor de Eit$er# r # se en&ontra e/&luído da esera
do espírito1I% A rele/i"idade não se en&ontra presente# pois ela tem seu eeito na negação do
imediato( Oa rele/ão mata o imediato e por isso :ue impossí"el e/pressar o musi&al na
linguagemP1% A totalidade da "ida se en&ontra para ele no imediato( não hE "ida alm do momento#
de tal orma :ue ele in&apa4 de :ual:uer relação positi"a &om o próprio passado ou &om o uturoN
donde se deri"a o &arEter sensual da musi&alidade( pelo ato do seu amor e da sua sedução
&are&erem de rele/i"idade# ele in&apa4 de atingir o amor espiritual pois este re:uer alguma
duração temporal( Oas repetiç<es do amor sensual de Don Luan são opostas Js do amor psí:ui&oP1@0#
e a sua OmE-ininitudeP no m$ito da sedução dE-se Opre&isamente para e"itar o senso de
&ontinuidade :ue segue de uma relação :ue resiste atra"s do tempoP1@1% A sua repetição apare&e#
pois# &omo uma uga in&ons&iente da relação &om a temporalidade( não hE nenhum sentido no seu
passado# e sua orça# :ue o sustenta nessa in&onstn&ia# na "erdade não lhe perten&e# mas su$siste
somente &omo uma negação da realidade espiritual1@2% 'or isso ine"itE"el :ue ele su&um$a :uando
o passado se interp<e diante dele# personii&ado pelo antasma da estEtua do &omendadorN a
introdução da temporalidade signii&a o suplantar do erotismo imediato de Don Gio"anni% A sua
repetição &ara&teri4ada por .ri9sen &omo uma repetição compulsi-a# Oprodu4ida pre&isamente
pela sua uga in&ons&iente da repetição desses momentos na &ons&i,n&ia re&ordação ou na
atualidade repetição ti&aP1@3%
su&um$ir de Don Gio"anni J temporalidade se &onigura tam$m no seu assumir-se
&ulpado pelo seu próprio passado# ponto em :ue ele dei/a de ser ele mesmo en:uanto sedutor% A:ui
a repetição a&eita en:uanto O&ondição da "idaP1@?N sendo ela ines&apE"el# para um esteta o maior
perigo se torna então a monotonia dentro da:uilo :ue sempre repete# e apare&e a prudência social
so$ a orma da di"ersão en:uanto mtodo para e"itar o tdio na repetição( tal o su$título do te/to
1*dem# p% 1%1I Eit$er#r # p% I1%1O)ele&tion 9ills the immediate and that is =h> it is impossi$le to e/press the musi&al in languageP% *dem# p% I0%1@0.)*86.R# R%R%N )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition : A Reconstruction# p% 2?%1@1*dem# p% 2?%1@2A relação &om a temporalidade tratada no li"ro de .ri9sen so$ a ru$ri&a do &on&eito de $istoricalidade# :ue
designa a relação em dierentes ní"eis de gradação do indi"íduo &om o próprio passado e &om o uturo% .sse
&on&eito serE a$ordado em proundidade no &apítulo ?%1@3*dem# p% 2%1@?*dem# p% 2@%
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O)otação de +ulti"os( uma ensaio so$re ;eoria da 'rud,n&ia 6o&ialP% s tr,s prin&ípios $Esi&os de
:ue o esteta OAP parte# a sa$er# de :ue todas as pessoas são entediantes# de :ue o tdio a rai4 de
todo o mal# e de :ue a ess,n&ia do tdio um sentido do nada :ue hE em todas as &oisas1@# denotam
um tipo de relação &om a repetição em :ue ela tomada &omo um pressuposto# mas não le"ada a
srio o sui&iente a ponto de eeti"ar-se &omo uma onte de sentido# ela um pressuposto :ue
pretende ser superado na &ontemplação o&iosa da "ida( Oa "ida o&iosa não de maneira alguma a
rai4 do malN mas# pelo &ontrErio# um modo de "ida "erdadeiramente di"ino# desde :ue não se
esteCa entediadoP1@@% A airmação de todas as pessoas &omo entediantes gera a su$di"isão entre os
ple$eus# :ue são a:ueles :ue entediam os outros e são di"ertidos para si próprios# e os aristo&ratas#
:ue entediam a si mesmo mas geralmente são di"ersão para os outros% Ra de"ida proporção#
O:uanto mais proundamente eles se entediam# mais poderoso o meio de di"ersão :ue oere&em
aos outrosP1@% 'ara um ple$eu# o destino da sua "ida o tra$alho# e a o&iosidade não pode para ele
ter um sentido positi"o% 6omente um aristo&rata do espírito tem &ondiç<es# portanto# de reali4ar o
mtodo proposto para anular o tdioN o próprio tdio# en:uanto rai4 de todo o mal# se &onstitui &omo
a totalidade do :ue de"e ser superado( Oo tdio o panteísmo demonía&o% 6e permane&ermos nele
&omo tal ele se torna malignoN por outro lado# assim :ue ele anulado ele "erdadeiro% Mas só se o
anula se se di"erte 7 ergo o indi"íduo de"e di"ertir-seP1@I% panteísmo a:ui &hamado de
demonía&o prin&ipalmente por:ue ele se identii&a &om um niilismo a :ualidade de panteísmo do
tdio entra em &onormidade na relação &om o todo na medida em :ue este negati"o( Opanteísmo#
em geral# &ontm a :ualidade da &ompletudeN &om o tdio se dE o oposto# ele se $aseia na
"a&uidade# mas# por esta mesma ra4ão# uma &ategoria panteísti&aP1@% .ssa negati"idade resulta na
$us&a &onstante por di"ertimento não &omo uma uga da alta de realidade# &omo no &aso do
primeiro estEgioN a repetição se dE a:ui numa in"enti"idade su$Ceti"a# numa ingenuidade indu4ida
pela &ons&i,n&ia &om o Qni&o o$Ceti"o de suspender o negati"o :ue sempre se repete# retornando
sempre so$ a orma do tdio% Rão pode ha"er# pois# um di"ertimento a$soluto# pois o negati"o
permane&e o a$solutoN ele permane&e# pois# sempre J espreita# &omo um pano de undo ao
di"ertimento :ue se so$rep<e mas em seguida so$repuCado%
segredo da rotação de &ulti"os a "aria$ilidade ininita do inito% sentido undante do
termo retirado da agri&ultura# &onsiste numa tro&a de &ulti"o dentro do mesmo solo( Odepende da
1@*dem# p% 2%1@@O*dleness as su&h is $> no means a root o e"ilN :uite the &ontrar># it is a trul> di"ine =a> o lie so long as one is not
$oredP% Eit$er#r # p% 230%1@ O;he more prooundl> the> $ore them sel"es# the more po=erul a means o di"ersion the> oer othersP% *dem# p%
230%1@I OBoredom is demoni& pantheism% * =e remais in it as su&h it $e&omes e"ilN on the other hand# as soon as it is
annuled it is true% But one annuls it onl> $> amusing onesel 7 ergo one ought to amuse oneselP% *dem# p% 231%1@ O'antheism# in general# &ontains the :ualit> o ullnessN =ith $oredom it is the opposite# it is $ased on emptiness#
$ut is or that "er> reason a pantheisti& &ategor>P% *dem# p% 232%
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ilimitada ininitude da mudança# na sua dimensão e/tensi"aP10% 6ua mudança se dE num limite $em
deinido# e o :ue "aria propriamente o mtodo de &ulti"o e o tipo de &olheitaN pro&ura-se Oalí"io
na intensidade antes da e/tensãoP11% Ao &ontrErio do mtodo "ulgar e inartísti&o12# no :ual o tdio
"en&ido por meio do mo"imento dentro da e/tensão# seCa atra"s da "ariação espa&ial o deseCo
ininito de "iaCar# ou da material O:ueimar metade de )oma para ter uma ideia da &onlagração em
;roiaP13% .sse mtodo &onsiste# segundo OAP# na mE-ininitude% A "erdadeira rotação de &ulti"os
depende antes de tudo da limitação( ne&essErio limitar-se para :ue a in"enti"idade tenha seu lugarN
o ininito se dE de maneira imanente ao inito( O:uanto mais tu limitas a ti mesmo# mais engenhoso
tu te tornasP1?% Desse modo# possí"el a4er &om :ue o se&undErio apareça &omo essen&ial# e o
essen&ial i:ue em segundo planoN mas tal in"enti"idade &ondi&ionada a uma regra geral da
relação entre a recordação e o es&uecimento1% es:ue&imento para ele uma arte passí"el de ser
dominadaN :uem a domina &onsegue "i"er artisti&amente# no sentido de ter um domínio so$re a
inten&ionalidade da "ista do o$Ceto de tdio não mais &omo um negati"o# mas &omo uma o&asião
para a in"enti"idade% A arte do es:ue&imento &onsiste numa maneira pe&uliar de re&ordar# pois
a:uilo :ue es:ue&ido não suprimido# mas apenas so$reposto por a:uilo :ue se lem$ra%
elemento in"oluntErio não desapare&e nessa inten&ionalidade do es:ue&imento# mas pode ser
&ondi&ionado pela própria maneira &omo essa inten&ionalidade tem o seu enseCo na &ons&i,n&ia(
Oser &apa4 de es:ue&er depende sempre do modo &omo se re&orda# mas o modo &omo se re&orda
depende por sua "e4 em &omo se e/perimenta a realidadeP1@% A:ui apare&e a prud,n&ia# na orma
do nil admirar i1# &omo sa$edoria de "ida( a introCeção da re&ordação no momento presente eeti"a
a suspensão do imediato da di"ersão# e insere o elemento da temporalidade( O:uando &omeçares a
notar :ue tu estEs sendo le"ado pelo &ontentamento ou por uma situação de "ida de maneira
demasiado orte# para por um momento e re&ordaP1I% A repetição CE se mostra de alum modo nessa
asserti"a# na medida em :ue a re&ordação CE "ista a:ui &omo algo :ue de"e ser &ontraposto# muito
em$ora a insui&i,n&ia desse modo de &ontraposição se mostre en:uanto ela permane&e em relação
dialti&a &om o es:ue&imento( Oo suCeito es:ue&e em unção de re&ordarP 1% :ue alta a esta
atitude para &om a repetição Custamente o mo"imento :ue dE e/tensão ao temporal# apontando para o uturo# para alm da atualidade# o mo"imento da &ons&i,n&iaN pois a di"ersão propor&ionada
10 ODepends on the unlimited ininit> o &hange# on its e/tensi"e dimensionP% *dem# p% 232%11.)*86.R# R%R%N )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition : A Reconstruction# p% 2%12 Eit$er#r # p% 233%13OBurn hal o )ome to get an idea o the &onlagration at ;ro>P% *dem# p% 233%1?Othe more >ou limit >oursel# the more resour&eul >ou $e&omeP% *dem# p% 233%1*dem# p% 233%1@ OBeing a$le to orget depends al=a>s on ho= one remem$ers# $ut ho= one remem$ers depends in turn on ho= one
e/periments realit>P% *dem# p% 23?%1*dem# p% 23?%
1I Obhen >ou $egin to noti&e that >ou are $eing &arried a=a> $> enCo>ment or a lie-situation too strongl># stop or amoment and remem$erP% *dem# p% 23?%
1 One orgets in order to remem$erP% *dem# p% 23%
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por este mtodo tem sua reer,n&ia apenas a atualidade presente%
A &ondição psi&ológi&a para ati"ar a relação dialti&a entre a re&ordação e o es:ue&imento
&ara&teri4ada &omo o a$andono da esperançaN a temporalidade :ue se a4 presente no mo"imento
&ru&ial da dialti&a da re&ordação e do es:ue&imento por meio da introCeção da re&ordação no
momento apenas psi&ológi&a# poeti&amente des"ane&ida# em :ue nenhuma relação positi"a &om oindi"íduo esta$ele&ida( Opara um suCeito "erdadeiramente artísti&o# no entanto# :ual:uer momento
na "ida insignii&ante o sui&iente para ser es:ue&idoP1I0% a$andono da esperança irma-se &omo
o pressuposto na medida em :ue &onstitui o ato inten&ional da instauração da negati"idade &omo
pano de undo ontológi&oN ela &onstitui a garantia de :ue nenhum momento na "ida su$siste
en:uanto norte de sentido para o uturo# pois en:uanto a esperança su$siste# o a&onte&imento se
en&ontra na possi$ilidade# su$siste en:uanto uma promessa de preen&himento positi"o% momento
estti&o de"e $astar-se a si mesmo# de tal orma :ue seCa possí"el uma rele/i"idade psi&ológi&a em
:ue ele "i"ido &on&omitantemente &omo atualidade e &omo re&ordação% !m detalhe :ue pare&e
de&isi"o o ato de o &onselho dado para o apereiçoamento do OmtodoP pelo esteta OAP
&onstituir-se na suspensão da atualidade por meio da eeti"idade inten&ional da re&ordação% De ato#
ela por si só &onstitui a $arreira imposta pela "ontade ao puro ruir da situaçãoN &onstitui# pois# um
elemento da rele/ão% Mas ao mesmo tempo ela &onstitui a mediação por meio da :ual se instaura a
dialti&a da re&ordação e do es:ue&imento# CE :ue este Qltimo # por si só# o negati"o# e &omo tal não
se en&ontra su" judice &om relação J &ons&i,n&ia% .le só "em a &onstituir-se &omo positi"o na
medida em :ue a dialti&a CE se en&ontra em mo"imento# mas o fiat primordial :ue instaura esse
mo"imento "em a ser somente ora do seu domínio% 'ortanto# a relação temporal genuína
permane&e negada ao indi"íduo# na medida em :ue este só a &onstitui so$ a instn&ia da re&ordação#
e na temporalidade passada &omo plataormaN esta ainda não "ista &omo algo &onstituído por ele
próprio en:uanto parte &onstituinte da totalidade da e/ist,n&ia%
A ter&eira etapa# de a&ordo &om .ri9sen# identii&a-se &om a repetição na orma de
reprodução poti&a# &uCa igura seria o próprio Co"em do li"ro% Ao mesmo tempo em :ue o Co"em
a&redita ter sido li$ertado pela Co"em :uando ela se &asa# no :ue ela torna-se para ele o inessen&ial#
a o&asião para o poti&o# e ele re&e$e de "olta a si mesmo e torna-se li"re para o Omundo do
poeti4arP1I1# +onstantius pensa :ue sua eeti"idade poti&a não &onigura uma transiguração
religiosa no sentido mais estritoN mas sim :ue ele o$te"e apenas Ouma produti"idade poti&a :ue
&ondu4ida por um humor religioso% Ra sua ess,n&ia a e/ist,n&ia poti&a religiosidade
ra&assadaP1I2% .ssa &oniguração de posiç<es distintas entre os personagens &onstitui o resultado do
1I0.)*86.R# R%R%N )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition : A Reconstruction# p% 2I%1I1*dem# p% 32%1I2*dem# p% 33%
3@
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e/perimento psi&ológi&o# :ue serE detalhado a seguir%
0K Resultados do e1perimento est+tico%psicol5gico
:ue se pode depreender dessa relação# prin&ipalmente no :ue &on&erne a +onstantius e ao
Co"em# :ue# na medida em :ue o estti&o &onstitui uma determinação da personalidade para
am$os# &ada :ual J sua maneira# ele assume a orma de uma determinação psicol5gica# no sentido
de esta$ele&er-se &omo a orma :ue a$range o &onteQdo da e/peri,n&ia% Dessa maneira# poder-se-ia
di4er :ue não &onstituiria um a$uso terminológi&o a su$stituição da:uilo :ue designado &omo
e/perimento psi&ológi&o por uma e/pressão tal &omo e/perimento estti&o-literErio# na medida em
:ue am$os os personagens re&onhe&em :ue# em primeiro lugar# o estti&o se deine em unção do
religioso &omo o negati"oN em segundo# :ue am$os os personagens prin&ipais# +onstantius e o
Co"em# se en&ontram por ele determinado# e portanto aastados do &uid da repetição na medida em
:ue esta se deine na sua relação &om a eternidade1I3%
&onteQdo parti&ular do elemento da ideia em mo"imento na personagem do Co"em
permane&e um tanto o$s&uro tanto para o leitor :uanto para o próprio e/perimentadorN só se
&onhe&e-o por meio de uma dialti&a :ue os&ila entre o estti&o e o religioso# em :ue am$os
apare&em um para o outro atra"s de um mal-entendido na &omuni&ação indireta% E# nesse sentido#
no e/perimento proposto por +onstantius# um profundo mal%entendido entre ele próprio e o Co"em(
a sua Oe/peri,n&iaP não te"e o eeito deseCado pois ele não le"ou sui&ientemente a srio a
proundidade do amor do rapa4# e esse mal entendido :ue gera o eeito &Hmi&o :ue o li"ro
pretende tra4er de maneira su$Ca&ente% )ealmente# +onstantius só passa a des&oniar :ue o Co"em
ama"a a moça &om tanta intensidade depois :ue de&larado &omo um Opertur$ado mentalP# sem
:ue &om isso a relação por si só seCa rompida( O:uando na &arta &heguei J:uela e/pli&ação não
propriamente ineli4 segundo a :ual eu era um pertur$ado mental# prontamente me o&orreu( agora
tem de&erto um segredoP1I?% ato de depois disso ele persistir na &rença de :ue a situação por
isso mais re&onortante# pois agora o Co"em não manteria mais nenhuma reser"a en:uanto
&onidente# pode ser "isto &omo# no mínimo# irHni&o% Mas desse mal-entendido de&orre :ue a
proundidade insondE"el do Co"em &onstitui agora um enseCo para :ue este possa se en"eredar pelo
m$ito da repetição religiosa# &oisa para :ual desde o iní&io o o$ser"ador se mostrou inapto%
signii&ado da ideia em mo"imento se dE :uando ela &orretamente &on&e$ida &omo
onte de sentido para o amor do Co"emN a ela tudo se su$mete# pois ela &onere unidade Js mQltiplas
1I3*dem# p% 132%1I?*dem# p% I%
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atualidade transormada ela própria num sonho# e dessa maneira o Co"em passa a "i"er para trEs%
'ara +onstantius# esse o erro do Co"em( ele se en&ontra# no seu rela&ionamento &om a moça# no
im de algo :ue de"eria estar apenas &omeçando% uando ela se &asa &om outro# o Co"em sente-se#
pois# li$ertadoN pois agora se en&ontra li"re do ardo do passado e das amarras da responsa$ilidade#
e reali4a um retorno ao poti&o# iludido &om a &rença de :ue atingiu a repetição% +onstantius no
entanto permane&e &on"en&ido de :ue ele situa-se na re&ordação( ele permane&e preso ao poti&o#
no :ue a repetição &onstituiria Oum retorno J atualidadeP 1@N o Co"em alha em eeti"ar este retorno
ao romper &om a segunda pot,n&ia do sonho# e a esperada transiguração religiosa da atualidade se
tradu4 numa produti"idade poti&a apenas &ondu4ida por um humor religioso1% ;al o &onlito em
:ue o li"ro se en&erra( a repetição religiosa permane&e apartada da eeti"idade poti&a na medida
em :ue esta se dE no registro da re&ordação% Mas a &one/ão# o momento de identidade# apare&e na
medida em :ue o indi"íduo "em a ser para si mesmo um sa&rií&io em nome da ideia% Ro poti&o#
tal determinação se a4 presente de maneira in&ons&iente( Oa e/ist,n&ia poti&a na sua
generalidade um sa&rií&io humanoP1IN pois# na medida em :ue o mo"imento da poesia ele"ar a
realidade J ideia# su$stituindo-a pela idealidade# o religioso eeti"a o mo"imento &ontrErio# tra4endo
a idealidade ao "ir-a-ser do real% Resse sentido# a totalidade do sentido dada no religioso em
unção da eeti"idade desse sa&rií&io na &ons&i,n&ia# pois essa totalidade apare&e somente em
unção do &on&eito ti&o de arrependimento%
A e/ist,n&ia so$ a insígnia do poti&o mostra-se então &omo o negati"o do religioso# &uCa
mediação o redire&ionamento do mo"imento :ue de"eria ser &ara&teri4ado &omo repetição rumo J
re&ordação poti&a% ;al o signii&ado da Oreligiosidade ra&assadaP1( não hE uma
transu$stan&iação da realidade :ue a re&on&ilie &om o indi"íduo# mas ele permane&e apartado desta
e mantm &om ela uma relação demasiado e/terior# &ontemplati"a# indierente# tendo &omo Qni&o
reQgio o estti&o% A dor do inortQnio do poeta de"e ser transigurada no $eloN mas isso &om relação
ao religioso tradu4-se na impossi$ilidade de reali4ação deste mesmo% 'ara superar esse tormento#
ele de"e a$andonE-lo ao humilhar-se ao próprio tormento na % uando o poeti4ar su$stitui o ser# o
indi"íduo se torna um sa&rií&io humanoN no entanto# Oo sentido deste sa&rií&io permane&e o$s&uro
para ele próprioP200# na medida em :ue o poeta a$re mão de si mesmo em nome da o$ra# mas a o$ra
permane&e diante dele &omo uma &iraN muito em$ora ainda seCa o Qni&o mundo ha$itE"el para ele
en:uanto poeta%
Desse modo# não in&orreto :ue# ainda :ue em lugar algum seCa airmado :ue o Co"em
8ier9egaard# e a ele oi dedi&ado o li"ro .onceito de AngHstia%1@ )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition : A Reconstruction# p% 32%1*dem# p% 32%
1I Journal and Papers, *** A @2 n%d%# 1I?0%1 )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition : A Reconstruction# p% 33%200*dem# p% 3?%
3
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atingiu a repetição em sentido pleno ele próprio o re&onhe&e( Oa:ui só possí"el a repetição do
espírito# em$ora nun&a seCa tão pereita na temporalidade &omo na eternidade# :ue a "erdadeira
repetiçãoP201# e ainda :ue +onstantius não o re&onheça# se possa di4er :ue o Co"em atingiu de
alguma maneira o resultado# isto # algum ní"el de repetição# o :ue &ara&teri4a de alguma orma a
legitimidade do poti&o &omo uma repetição "iE"el# e &omo uma relação &om o religioso# ainda :ue
meramente negati"a% !ma pro"a disso :ue a repetição# ao longo de todo o li"ro# só de&larada
&omo e/istente pelo Co"em e apenas duas "e4es202% ato de a moça ter se &asado impli&ou numa
li$eração da responsa$ilidade :ue ele sentia perante ela# o :ue oi re&e$ido por ele &omo uma
generosidade% +omo ;sa9iri atesta( Oem$ora o Co"em não tenha ele"ado sua &ons&i,n&ia ao ní"el
religioso# ele não o$stante ele"ou-a J segunda pot,n&iaP203%
.sse sentido negati"o :ue &onstitui o poti&o asso&ia-se &om o próprio resultado ra&assado
da e/peri,n&ia e da &on&epção do &on&eito de repetiçãoN tanto :ue .ri9sen# ao &omparar a
enomenologia de egel &om a e/peri,n&ia da repetição em 8ier9egaard# &on&lui(
O+ontrariamente J enomenologia de egel# entretanto# o &on&eito nun&a ",m J tona nas
indi"idualidades retratadas na Repetição% Resse ní"el# o proCeto de +onstantius de ato um
ra&asso% ;oda"ia# num ní"el mais proundo essa alha &onstitui uma -ia negati-a para o
signii&ado da repetiçãoN o ra&asso do seu proCeto se torna mais um enigma do :ue uma
resposta% Mas a reali4ação desse segundo ní"el do proCeto de +onstantius depende do seu
leitorP20?%
.sse ponto de "ista da -ia negati-a pode ser interpretado de mQltiplas maneiras# por meio dos
aparatos orne&idos pela ilosoia de 8ier9egaard e de &on&eitos presentes no próprio li"ro da
Repetição# e &onstitui o tema :ue serE &onrontado no &apítulo :ue se segue%
201 R%# p% 132%202+omo atesta o próprio +onstantius na &arta a ei$erg( Oonl> t=i&e is repetition de&lared to e/ist# $oth times $> the
>oung man =hom * ha"e made the su$Ce&t o m> dis&ussionP% +% !ear and Trem"ling# Repetition# p% 2?%203;6A8*)*# S%N )ier*egaard@ An1iet2, Repetition, .ontemporaneit2# p% 131%20?*dem# p% 3I%
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B Interesse, Ironia e Repetição
A ironia &onstitui# Cuntamente &om a ideia do interessante e o &on&eito de re&ordação# o ei/o
a partir do :ual se pode &onstituir o &arEter estti&o do te/to da Repetição% A re&ordação# no entanto#apare&e igurada no te/to numa orma tal :ue poderia# &om alguma reser"a# denominar-se &omo
uma arti&ulação metaísi&o-&on&eitual da repetição# na medida em :ue ela "em J tona para deinir a
repetição na in"ersão de seu mo"imentoN este tipo de e/posição # &ontudo# &ondi&ionada pela
inCunção da ideia do interessante &om a ironia# na :ual a:uela en&ontra-se enrai4ada 7 o :ue
&orro$orado pelo ato de a repetição &onstituir o OinteresseP da metaísi&a# e a:uilo em :ue ela
nauraga20% .ssa arti&ulação mais anterior de"e ser# portanto# detalhada para :ue i:ue &lara a
relação do inter%esse undado na ironia :ue possi$ilita :ual:uer &on&epção metaísi&a ou &on&eitualde repetição%
termo Oestti&aP &arrega na o$ra de 8ier9egaard a dupla im$ri&ação de uma teoria da o$ra
de arte :ue se tradu4 na eeti"idade da e/ist,n&ia num modo de "idaN ela se &ara&teri4a &omo uma
teoria :ue "em a ser algo mais :ue uma teoria% estti&o# nesse sentido# signii&a mais do :ue uma
teoria do $elo( ele aponta para uma proposta de realiLar o "elo na eeti"idade# ou# de outro modo#
um modo de "i"er em :ue a e/ist,n&ia torna-se $ela# no &hamado -i-er poeticamente% A igura do
artista # nesse sentido# &entralN e o &on&eito propriamente do artísti&o &ontemplati"o i&a emsegundo plano( a:ui# a produção torna-se mais importante :ue o produto# e 8ier9egaard tornar-se-ia
Oum artista :ue# seguindo uma tend,n&ia de seu tempo# preere dedi&ar-se J rele/ão so$re a arte a
produ4í-laP20@% Ra o$ra de 8ier9egaard# o pro$lema do $elo en:uanto aCui4amento estti&o de uma
o$ra superado na medida em :ue o artista se desta&a na sua produti"idade e por meio dela# de
maneira :ue ele "em a ser Oum personagem :ue ha$ita a maior parte dos te/tos de 8ier9egaard# sem
:ue o pensador dinamar:u,s se detenha propriamente so$re o pro$lema da arteP 20% :ue não
signii&a :ue o pro$lema dei/e de su$sistir# mas dessa orma ele apare&e &ondi&ionado por um
pro$lema de e/peri,n&ia estti&o-e/isten&ial% .ssa espe&ii&idade tem uma &onse:u,n&ia ormal na
&onstituição da própria autoria 9ier9egaardiana# ou seCa# a produção dita estti&a assume ela própria
um ormato &ondi4ente a essa denominação%
'ara pre&isar &om detalhes essa unção estti&a do te/to e assim rela&ionE-la J repetição e ao
papel :ue ela representa &om a arte e o artista# o te/to da Repetição de"e ser tomado de tal modo
:ue nele se e/pli&item as &ategorias estti&as :ue determinam essas relaç<es# e :ue nem sempre se
20Ser Repetição, p% 1%20@G)AMMR; , p% 11%20*dem# p% 11%
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e"iden&iam de maneira te/tual% *sso serE eito em seguida no trato :ue &on&erne Js &ategorias da
ironia e do interessante# :ue são as duas arti&ulaç<es prin&ipais dentre outras mais se&undErias% De
ato# a estrutura do te/to não uní"o&a# o :ue torna seu &arEter estti&o dií&il de determinarN seus
elementos se alternam em epístolas# narrati"as# alus<es $í$li&as e o$ser"aç<es psi&ológi&as# e em
&ada orma não só o &arEter te/tual e a disposição de nimo &ara&terísti&a de &ada iguração muda#
mas tam$m o modus operandi da &omuni&ação indireta 9ier9egaardiana se transorma% Ro entanto#
o elemento irHni&o :ue apare&e simultaneamente &omo o pano de undo &omum a todas essas
maniestaç<es# $em &omo ator &ondi&ionante desse Cogo multia&etado# # pelo seu &arEter
undamentalmente estti&o# o :ue possi$ilita :ue a repetição seCa &on&e$ida simultaneamente
en:uanto &on&eito e en:uanto te/to# e assim &ompreendamos a autoironia &om relação J tentati"a
mesma de se esta$ele&er :ual:uer Cuí4o estti&o so$re o li"ro# im$uída na ala de um +onstantin
+onstantius &onormado :ue# ainda :ue o li"ro tenha :ual:uer leitor# mesmo assim ele não se presta
a :ual:uer &ompreensão a não ser &omo um rele/o negati-o da:uele mesmo :ue o l,20I%
o$Ceti"o deste &apítulo mostrar de :ue modo a noção de interesse tem sua origem na
ironia e &omo a ironia ela própria não pode &onstituir um undamento para a repetição 7 o :ue le"a
J possi$ilidade de :ue# sendo o interessante a prin&ipal relação da repetição &om a metaísi&a# seCa
mostrado em seguida20 em :ue sentido esta &onstitui o seu maior interesse e ao mesmo tempo seu
o&aso%
B0 A negati-idade da repetição do ponto de -ista da ironia
Dentre as "Erias mudanças no dire&ionamento interlo&utório presentes na o$ra Repetição#
a:uela :ue poderia ser desta&ada# se se $us&a uma &ha"e espe&íi&a para a leitura irHni&a do te/to#
a &arta &on&lusi"a de +onstantius# a:uela :ue su&ede a srie epigrEi&a de autoria do Co"em no Epi&e
da sua e/peri,n&ia da repetição# na :ual a elo&ução retomada por +onstantius e o o&o
redire&ionado para o Oleitor realP da o$ra# o OhonorE"el senhor R% R%P 210% Ali logo de iní&io são
dadas &omo des&artadas todas as possi$ilidades listadasN nenhum registro de leitura ali e/pli&itado 7a leitora &uriosa# o pai de amília# 6ua )e"er,n&ia# et&% 7 &onstitui a &ha"e ade:uada para a
&ompreensão da o$ra% Atra"s desse mo"imento# +onstantius intenta a&entuar o mote do unter uns
por meio do :ual ele posto numa relação pessoal &om o leitorN tipo de &omuni&ação este :ue
enati4a o sentido $idire&ional indi"íduo para indi"íduo% .m se tratando de uma &omuni&ação
20I Repetição# p% 13@( OMeu &aro leitor_ Ainal podemos &on"ersar assim so$re estas &oisas a:ui unter uns# pois :ue tu $em &ompreendes :ue não minha opinião :ue na realidade "enham a ser ormulados todos estes Cuí4os# uma "e4:ue o li"ro não terE muitos leitoresP% .stes Cuí4os# &omo relatado pou&o antes# seriam reerentes J:uilo :ue# nogeral# &onstitui a personalidade do próprio leitor no negati"o da:uilo :ue ele espera en&ontrar no li"ro e não o
en&ontra 7 daí a desesperança da sua popularidade editorial%20Ro pró/imo &apítulo da presente dissertação# isso serE mostrado%210 Repetição, p% 13?% Ra edição inglesa# o nome desse leitor OrealP &onsta &omo OMr% TP%
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&irada# a ideia :ue se &rie um registro pri"ilegiado em :ue o a&esso da lógi&a dialti&a torne-se
restrito# em :ue se dE o Cuí4o Ode a&har indes&ulpE"el o ato de de$alde se pro&urar maneira de
di4er( primeiro# segundo e ter&eiroP211% ;rata-se# portanto# de um mal-entendido inten&ional# em :ue
os interlo&utores são postos numa relação tal :ue somente sua su$Ceti"idade indi"idual en&ontra-se
em mo"imento# e :ue# tendo em "ista :ue a asserti"a tem &omo o$Ceto o li"ro &omo um todo# se
estende a toda a mensagem te/tual da o$ra%
A pergunta so$re onde se situa esta ruptura interlo&utória# esse des&ompasso na
&omuni&ação da repetição# se identii&a &om a :uestão undamental da ironia# :ue o mal-
entendido% 8ier9egaard mesmo a deine &omo Oa igura do dis&urso retóri&o &uCa &ara&terísti&a estE
em se di4er o &ontrErio do :ue se pensaP212# o :ue se tradu4 na per&epção da sua deinição &omo o
Omomento em :ue o enHmeno se mostra &omo sendo &ontrErio J ess,n&iaP 213# e no enHmeno :ue
não mostra a ess,n&ia# mas a o&ulta21?% .n:uanto a ironia su$siste# essa ruptura permane&e eeti"aN
no entanto# a própria ironia permite uma arti&ulação am$ígua no :ue di4 respeito J sua &ontinuidade
em termos de su$sist,n&ia% !m dos pro$lemas da ironia não ser possí"el determinar onde ela
termina# uma "e4 identii&ada# muito em$ora ela per&a algo de seu# por assim di4er# eeito
Omistii&adorP no ato mesmo de sua identii&ação &omo tal# sintoma este do "ir J tona da perda do
sentido uní"o&o da realidade% K essa operação :ue +onstantius se prop<e a impingir no leitor &om
a:uelas asserti"as a&er&a do signii&ado do unter uns% 'ode-se# dessa maneira# di4er :ue a ironia
&onstitui o undamento ormal deste# em$ora seu o$Ceti"o seCa a instauração de um diElogo
interpessoal determinado pela &omuni&ação indireta# na medida em :ue a adoção de um modo
irHni&o do dis&urso pode Oengatilhar o mo"imento da interioridadeP21# sendo esta Qltima a
&ara&terísti&a undamental do indi"íduo da interlo&ução su$Ceti"a em :uestão% *sso $em mostrado
na &on&epção :ue +onstantius dei/a entre"er do OleitorP :uando di4( Oapesar de seres uma
personagem poti&a# para mim não s de modo algum uma pluralidade# antes apenas um# e assim
somos apenas tu e euP21@%
A airmação de +onstantius no te/to endereçado a ei$erg pode# &ontudo# ser "ista ao
menos em algum sentido &omo uma &ontraditória% .le airma ali :ue Osomente na Qltima seção domeu pe:ueno li"ro 7 :ue mar&ada &omo uma seção por ter o título O)epetiçãoP no"amente 7
somente ali hE airmaç<es aut,nti&as so$re a repetiçãoP21% A seção a :ue se reere pre&isamente
211*dem# p% 13@% K esse sentido :ue tem o desen"ol"imento imediatamente ulterior da:uilo :ue se poderia &hamar onQ&leo dialti&o da repetição# &onstituído pela dialti&a da e/&eção e do uni"ersal# uni&amente o de delinear o &ode "alidade dessa &omuni&ação pri"ilegiada%
2128*.)8.GAA)D% Journal ME1traits4 S# 1I?-1I# 1@1# p% 1IN op% &it% G)AMMR; , p% 11%213G)AMMR;# p% 11%21?.onceito de Ironia# p% 20?%21;6A8*)*# p% 2?%
21@ Repetição# p% 13%21Onl> in the latter se&tion o m> little $oo9 7 =hi&h is mar9ed as a se&tion $> ha"ing the heading O)epetitionP again
7 onl> there is the authenti& statement a$out repetitionP% !ear an Trem"ling # RepetitionN p% 2%
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esta em :ue a asserti"a do unter uns posta &omo mote# e :ue ele su$mete ao signo da seriedade%
6o$ este prisma# a ironia apare&e a:ui &omo um momento ultrapassado ou dominado# e# &omo tal#
ne&essErio para a &onstituição do su$Ceti"o no dis&urso% 6e esta airmação não pudesse ela própria
ser "ista &omo irHni&a# então a parte do li"ro em :uestão de"eria ser tomada &omo um dis&urso
estritamente dogmEti&o# e seria in&orreto esta$ele&er :ual:uer arti&ulação irHni&a nela mesma# e a
ironia de"eria ser toda ela relegada Js partes anteriores do te/to% ato de +onstantius reiterar
repetidas "e4es a rele"n&ia da parte inal so$re as anteriores não pode ser "isto &omo algo muito
signii&ante# pois ele mesmo nun&a airma peremptoriamente se Oalguma &oisa ganha ou perde ao
repetir-seP21IN e dado :ue a Qni&a &one/ão esta$ele&ida entre o nQ&leo deste en&erramento# a
dialti&a do poeta &omo e/&eção21# e o resto do te/to pre&isamente para esta$ele&er o &arEter do
Co"em &omo poeta# tem-se :ue não se pode pres&indir da ironia na interpretação dessa passagem#
dada a ligação ne&essEria entre a &on&epção do poti&o en:uanto orma de "ida e a ironia en:uanto
determinação espiritual%
próprio +onstantius airma não ser &apa4 de apreender a posição do Co"em# o :ue resulta
no ato de ele Odesesperar da possi$ilidadeP220 e de ele airmar-se Oin&apa4 de reali4ar o mo"imento
religiosoN &ontrErio J minha nature4aP221# em$ora não negue a possi$ilidade de algo :ue
trans&ende o seu próprio ponto de "ista# :ue# segundo ele próprio# o da iman,n&ia222( Oainda assim
não nego a realidade \ Realiteten] de tal &oisa# ou :ue se pode aprender muito atra"s do Co"emP223%
*sso torna possí"el airmar :ue +onstantius # parti&ularmente en:uanto o$ser"ador# um o"ser-ador
irNnico# mas dessa "e4 no sentido maiêuticoN de ato# ele se esta$ele&e apenas &omo &ondição de
maniestação da ideia :ue se &orporii&a no Co"em# em$ora ele tenha aí a sua limitação( Oo Co"em
:ue &riei poeta% Mais não posso a4erN por:ue no mE/imo posso imaginar um poeta e engendrE-lo
&om o meu pensamentoN pessoalmente não sou &apa4 de me transormar em poetaP 22?% .le de ato
&hega a &omparar-se &om uma parteira( Yeu sou uma personagem sem importn&ia# &omo uma
parteira em relação J &riança :ue aCudou a dar J lu4P22% K nesse sentido :ue o ra&asso da repetição
no estti&o pode ser interpretado do ponto de "ista mai,uti&o na:uilo :ue .ri9sen designa &omo
uma -ia negati-a para o signii&ado da repetiçãoN nesse mo"imento# o mo"imento da repetição transerido para a responsa$ilidade do leitor# e ele se torna assim um &o-autor da eeti"ação do
signii&ado do &on&eito( Oesse ra&asso &onstitui uma -ia negati-a para o signii&ado da repetiçãoN o
ra&asso de seu proCeto torna-se mais um enigma do :ue uma resposta% Mas a reali4ação desse
21I Repetição, p% 31%21A temEti&a da dialti&a da e/&eção serE a$ordada no pró/imo &apítulo%220 !ear an Trem"ling # RepetitionN p% 30%221*dem# p% 30%222*dem# p% 31# 31I%223O[et * do not thereore den> the realit> \ Realiteten] o su&h a thing# or that one &an learn "er> mu&h rom the >oung
manP% *dem# p% 30%22? Repetição# p% 13I%22*dem# p% 1?0%
??
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segundo ní"el do proCeto de +onstantius depende do seu leitorP22@% De outro lado# a própria
des&rição da repetição &omo o trans&endente22 designa de antemão a ina&essi$ilidade do religioso
num,ni&o pelo o$ser"ador psi&ológi&o% .ste inal&ançE"el de :ue +onstantius se aparta para ele
des&rito ora &omo o religioso# ora &omo o poti&o# se $em :ue am$os se im$ri&am mutuamente na
igura do Co"em &om o :ual ele p<e a si mesmo nessa relação e/terior% A ironia se mostra dessa
maneira &omo a &ondição para :ue se dei/e entre"er a &one/ão do poti&o &om o religioso# e nisso
desde CE o est+tico como uma forma po+tica do su"strato indiLC-el do religiosoBBO%
.sse su$strato &onstitui a orma Qltima :ue determina a realidade e &ondi&iona o indi"íduo a
ela# mas &uCa orma de re&onstrução em sentido e/terior não pode ser esta$ele&ida de outro modo a
não ser esteti&amente% A e/pli&ação psi&ológi&a do Co"em &omo poeta dE indí&ios de tal asserti"a(
Oele &onser"a uma disposição religiosa &omo se osse um segredo :ue não &onsegue e/pli&ar#
en:uanto este segredo aCuda a e/pli&ar poeti&amente a realidadeP22% A:ui torna-se e"idente :ue a
distinção :ue se apli&a tanto ao esteti&ismo 9ier9egaardiano em relação J estti&a en:uanto teoria da
arte# &omo tam$m J distinção entre o po+tico e a proposta de -i-er poeticamente propriamente a
mesma distinçãoN pois o esteti&ismo :ue se tradu4 num &on&eito da e/ist,n&ia se distingue do
poti&o na medida em :ue este su$siste &omo modo undamental de e/pressão da repetição% Resse
sentido# &a$e tomar &omo "Elida uma dupla asserção da unção estti&a no te/to :ue se &onigura na
orma da &omuni&ação indireta# &irada# determinada pela li$erdade poti&a de um lado e pela
inten&ionalidade &on&isa da o$ser"ação psi&ológi&a de outro% A &omuni&ação indireta# nesse sentido#
se im$ui da tarea de tra4er para o dis&urso algo :ue trans&ende a sua própria possi$ilidade# e :ue
O"isa J e/pressão da e/ist,n&ia &omo interioridade% Assim a orma mais ri&a# mais prounda# de
e/pressar sua tese &entral &riar personagens :ue são o testemunho "i"o delas e Z ganham "ida
própriaP230N ora# os personagens 7 ou# mais propriamente# os pseudHnimos 7 a:ui &riados não são
eles mesmos senão e/press<es poti&as da interioridade# são &orporii&aç<es imaginati"as 231 de
&on&eitos postos numa eeti"idade estti&o-psi&ológi&a%
A trans&end,n&ia do dis&urso por si só CE &onstitui um alm &om relação J ironia# no sentido
de :ue na ironia a su$Ceti"idade# por &onstituir-se na ininitude da li$erdade negati"a &ondi&ionada pela &riação poti&a# não pode ter nenhum undamento ontológi&o em-si% Mas dessa orma o
22@.)*86.R# R% R%N )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition# p% 3I%22O)epetition is trans&endent# a religious mo"ement $> "irtue o the a$surd 7 =hen the $orderline o the =ondrous is
rea&hedP% A passagem de autoria de +onstantius# mas impli&itamente OemprestadaP de Lohannes de 6ilentio# nasua des&rição do salto para o religioso% !ear an Trem"ling # RepetitionN p% 30%
22I religioso# nesse sentido# &onstituir-se-ia na sua relação &om o poti&o &omo uma maneira de determinar ou mesmodisciplinar a li$erdade negati"a da ironia :ue# na orma da possi$ilidade# se &on"erte em angQstia# &omo umamaneira de a"enturar-se aora dos limites estreitos Oonde a ra4ão pretende en&errar a "erdadeP% 6o$re este tema# "erS.)G;.# %B%N ;ens et r+p+tition# p% ?2# op% &it% G)AMMR; p% 11%
22 Repetição# p% 13%230G)AMMR;# p% 10I%231u# &omo :uiser# e/perimentos imaginErios# no sentido psi&ológi&o do su$título do li"ro%
?
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dis&urso se en&ontra de antemão &ondi&ionado a um tipo de limitação imanente# pois a sua initude#
o seu limite# independe da positi"idade ou da negati"idade ontológi&a do an sic$ do suCeito irHni&o%
Bem entendido# a partir da ironia o dis&urso li$ertado# pois o suCeito torna-se ininitamente li"re
para a &riação poti&a( a ironia Oa negati-idade infinita a"solutaP232# uma Odem,n&ia di"ina#
uriosa &omo um ;amerlão :ue não dei/a pedra so$re pedraP233N Oo irHni&o não tem an sic$# por:ue
sua li$erdade uma li$erdade negati"a# ele &ria a si mesmo e ao mundo poeti&amenteP 23?% De"e-se
notar :ue# nesse &aso# a su$Ceti"idade# seCa ela so&rEti&a ou &ristã# positi"a ou negati"a# passí"el de
assumir a ironia e empregE-la &omo mtodo% 6e a ironia a negati"idade a$soluta# no &aso do
indi"íduo religioso ela ad:uire a orma de um dis&urso negati"o :ue &ondi&ionado em Qltima
instn&ia pelo sil,n&io oriundo do ineE"el da repetição em "irtude do a$surdoN não o$stante# o :ue
sal"a o sil,n&io religioso do mutismo sua arti&ulação &om uma ironia :ue origina um poti&o#
em$ora num registro &ompletamente distinto em :ue ela se torna dominada e dei/a de ser Oa
"erdade# o resultado# mas o &aminhoP23# a:uele em :ue a e/ist,n&ia poti&a Digter : Til-aerelse
entra em sintonia &om a realidade# ou seCa# O:uando a ess,n&ia se &olo&a em a&ordo &om o
enHmeno e o enHmeno &om a ess,n&iaP23@% Dessa maneira# se se pode &on&e$er a pseudonímia
9ier9egaardiana &omo o mtodo indispensE"el de domínio da ironia# então# em Qltima instn&ia#
en:uanto um meio de distan&iamento antes de mistii&ação 23# ela se identii&a &om o mtodo
irHni&o per se# na medida em :ue o papel a ser &umprido o de es"a4iamento da positi"idade
autoral do dis&urso e distan&iamento do elo&utor &om relação J li$erdade da sua &riação poti&a#
dei/ando# por assim di4er# Oo leitor a sós &om as ideiasP23I%
Desse modo# a ideia dis&ursi"a undamental de :ue o leitor esta$ele&e en:uanto leitor uma
relação &om o autor ou emissor da mensagem não su$siste# pois o o&ultamento da OautoridadeP dE
lugar a um registro em :ue o leitor posto# antes# numa relação &onsigo mesmo% Daí a airmação de
ong# na sua Introdução 8ist5rica J edição norte-ameri&ana da Repetição# em :ue se l, Oum leitor
não pre&isa sa$er a$solutamente nada so$re o es&ritor e as parti&ularidades pessoais de &hum$o :ue
oram transmutadas no ouro do tra$alho pseudoními&o imaginati"amente moldadoP 23% A orma de
es&rita de +onstantius uma &onse:u,n&ia direta desse es"a4iamento autoral( a sua insistentea"ersão ao dis&urso didEti&o-&ientíi&o# auto-pro&lamado de posse do sa$er# O.m momento algum
eu es&re"i de tal modo :ue o leitor sentisse um traço do didEti&oP2?0# e :ue &onse:uentemente
&ulmina numa mai,uti&a em :ue a responsa$ilidade do :ue pensado transerida para o leitor#
232 .onceito de Ironia# p% 22@%233*dem# p% 22%23?G)AMMR;# p% 11%23*dem# p% 11%23@*dem# p% 11%23MA+8.[# %N )ier*egaard@ a *ind of poet p% &it% !ear an Trem"ling # RepetitionN p% T*%
23I !ear an Trem"ling # RepetitionN p% T%23*dem# p% T%2?0*dem# p% 31%
?@
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pois em Qltima instn&ia ele mesmo termina por nada di4er# permite :ue nesse re&urso dis&ursi"o
seCa identii&ada a determinação da ironia% A importn&ia da mensagem# por sua "e4# não se torna
dessa orma diminuída ou menospre4adaN a in"ersão irHni&a da e/posição impli&a na "erdade num
mo"imento de apropriação interior da mensagem por parte da:uele :ue a re&e$e# e não somente um
deronte e/teriori4adoN de tal orma :ue a eeti"idade mo"ente do pensar ad:uire uma ,nase
&orrespondente J noção re&orrente da ideia em mo-imento# por meio da :ual ela se distingue do ato
me&ni&o do simples elen&o de ormulaç<es a$stratas% Dito de outro modo# a aus,n&ia de uma
positi"idade de auctoritas impli&a# na dinmi&a da &omuni&ação &irada a:ui presente# não num
es"a4iamento do &onteQdo# mas num redire&ionamento do nQ&leo de importn&ia# de tal orma :ue o
leitor posto numa relação dialti&a# mo"ente# &om a ideia%
Ra Repetição# a:uele pensado so$re o :ual &ai a responsa$ilidade do leitor a repetição
en:uanto &on&eito% tratamento multidire&ional :ue ele re&e$e na o$ra de"e reger a orma &om :ue
o leitor se rela&iona &om ele( ali o &on&eito e/perimentado# pensado# reormulado# representado#
"i"ido# et&%N o :ue mostra :ue a disposição da :ual de"e-se partir no lidar &om a repetição a de :ue
ela &onsiste# &omo mostra Lean bahl# numa O&ategoria da:uilo :ue estE por &ima de toda
&ategoriaP2?1# o :ue poderia ser deinido tam$m &omo um &aso limite da impossi$ilidade de
redução J deinição% Resse sentido# &onstatado por meio da própria e/peri,n&ia posta em
eeti"idade a initude inerente ao pensamento representati"o# e a repetição então apresentada
&omo um &on&eito negati"o% +om eeito# nada do :ue o li"ro tra4 J tona de ato a repetiçãoN
se:uer a repetição do Co"em# a sua retomada de si mesmo na OtempestadeP aguardada# &onstitui a
repetição sensu eminentiori% As dierentes tentati"as de tra4,-la J tona são repetidamente alidas#
pois en:uanto tentati"as inten&ionais elas &onstituem uma mediação &om a linguagem dis&ursi"a% K
nesse sentido :ue Gr`n airma :ue Oo li"ro mostra o :ue a "erdadeira repetição não % A tentati"a de
+onstantius de repetição ser"e somente para pHr a "erdadeira repetição em e"id,n&iaP2?2%
6o$ &erto aspe&to# a possi$ilidade da &on&epção do &on&eito de repetição &omo negati"idade
en:uadrar-se-ia pro"a"elmente na:uilo :ue +onstantius &hama de leitura alida do li"ro no ponto de
"ista do O"igoroso deensor da realidadeP# :ue opinaria :ue Oo li"ro gira em torno de nadaP 2?3% Rãose pode# de ato# identii&ar a negati"idade da repetição &om a negati"idade da ironiaN por:uanto a
ironia &onsiste num ponto de "ista# &omo o &aso em 6ó&rates# en:uanto a repetição &onstitui um
mo"imento# e &omo tal pode muito $em possuir um momento ou um aspecto negati-o% &on&eito
negati"o apenas na sua orma de apresentação# mas a sua eeti"idade trans&endente# a repetição :ue
O a realidade# e a seriedade da e/ist,n&iaP 2??# paira na sua não-&on&reti4ação no li"ro a todo
2?1bA# L%N Etudes )ier*egaardienesN 'aris# '%!%F%# 1?N p% ?0?N op% &it% GRXA.X# DarioN 'a repetici5n 2 sue1periencia# p% I0%
2?2G)R# ArneN Repetition and t$e .oncept of RepetitionN p% 1??%2?3 Repetição# p% 13@%2?? Repetição# p% 33%
?
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momento &omo um nHmeno# um postulado :ue# em$ora ininitamente "elado no te/to# dii&ilmente
poderia ser dado &omo um prin&ípio meramente regulati"o# pois antes de"e ser tomado &omo uma
&ategoria te/tual passí"el de &aptação e de desco"erta Ono "igor e/pressi"o :ue tem o seu
&on&eitoP2?% Sigilius auniensis dei/a entre"er essa arti&ulação :uando alega :ue o :ue
+onstantius Odes&o$riu# porm# "oltou a es&ond,-lo# disarçando o &on&eito so$ os gra&eCos da
representação &orrespondente Z ele só :uis se o&upar do assunto estti&a e psi&ologi&amenteP 2?@%
Mas a unção dessa &aptação te/tual# desse des"elar do &on&eito seguido de um "elamento na &ira
Oanti-herti&aP2? do te/to# só pode ser e/pli&ada por meio desse aspe&to negati"o da repetição# o
:ue i&a &laro :uando +onstantius airma t,-la interpretado no li"ro Oiluminando-a no &ontraste
entre a $uonaria e o desesperoP2?I% .stas duas &ategorias &onstituiriam o anteposto dialti&o por
meio do :ual a repetição oi &on&e$ida# donde se depreende# segundo Gr`n# as determinaç<es
&orrespondentes &omo a melan&olia e a o$ser"ação# um na igura do Co"em e outro na igura de
+onstantius( O6e a Repetição não somente para atestar# mas para demonstrar o :ue a repetição#
ela o a4 negati"amente# na orma de uma antítese# a antítese do desesperoP 2?% +ontudo# esse
negati"o se maniesta não somente na &onstituição da anElise dialti&o-psi&ológi&a do &on&eito# mas
tam$m na &omposição igurati"a do te/to na orma da Oatmosera negati"a :ue a pai/ão do
a$surdo a :ual &orresponde o &on&eito de VrepetiçãoVP20# se $em :ue esta seCa apresentada de
maneira oposta J Oatmosera positi"a do Oeis :ue tudo no"oP 21% .stE portanto indi&ada a nature4a
dialti&a da repetição# a :ual atinge sua maniestação mais a&urada na relação da repetição &om a
mediação# a :ual serE detalhada no &apítulo seguinte%
;em-se &om isso delineadas as primeiras relaç<es undamentais da ironia &om a repetição#
no sentido de uma anElise estti&o-&on&eitual da ironia e do modo de elo&ução dis&ursi"a de am$as%
+a$e agora aproundar essa relação por meio de uma anElise mais detalhada da orma te/tual em
:ue a ironia e o estti&o em geral se maniestam em elementos &on&retos do te/to%
BB As articulaç7es irNnicas do te1to
!m dos motes mais importantes do &on&eito# a relação deste &om a undamentação
metaísi&a do mo"imento# desen"ol"ido &on&retamente no te/to de ato# porm ora do registro de
uma arti&ulação lógi&o-argumentati"a# ou ora do ra&asso dialti&o em :ue se tenta em "ão instituir
2? .onceito de AngHstia# p% 20% .ssa asserti"a de auniensis tra4 no seu mago a &on&epção da repetição em unçãodo seu mero poder e/pressi"o# ou seCa# &omo uma &ategoria estti&a%
2?@*dem# p% 20%2? Repetição# p% 13%2?I O*lluminating it in the &ontrast o Cest and despairP% !ear an Trem"ling # RepetitionN p% 31?%2?G)R# ArneN Repetition and t$e .oncept of RepetitionN p% 1% .sse tema# toda"ia# e/trapola os limites dessa
a$ordagem# e serE desen"ol"ido em outra oportunidade%20 .onceito de AngHstia# p% 1%21*dem# p% 1%
?I
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Oo primeiro# o segundo e o ter&eiroP22% A :uestão do mo"imento apare&e de orma estrutural na
relação interna de elementos nem sempre e/pli&itados# ou# dito de outro modo# se maniesta
espe&ii&amente na relação# no seu mo"imento interno% A analogia da a$ertura do te/to di4 tudo(
Diógenes não reuta a negação eleEti&a do mo"imento# apenas p<e-se Oa andar algumas "e4es para a
rente e para atrEs# &om o :ue a&ha"a sui&ientemente t,-los reutadoP# em$ora &om isso tam$m se
"alide a airmação de :ue ele Oa"ançou na :ualidade de opositorN a"ançou realmente# pois não disse
pala"ra algumaP23% .ssa alusão ao episódio do &íni&o grego uma metonímia do mo"imento do
próprio te/to% .m Qltima instn&ia# a tentati"a de apreensão do te/to e uma arti&ulação &om seu
&onteQdo per se in"Elida# pois seu &onteQdo latente inapreensí"el por esse meio argumentati"o%
Mais ainda# pre&iso pro&urar um argumento no seu mo"imento# muito em$ora seCa &erto :ue sua
argumentação não pode tomar outra orma :ue não a do &Hmi&o%
6em di4er pala"ra alguma# Diógenes reali4a o salto do plano lógi&o para o plano da
realidade eeti"a% A repetição nesse sentido se deine &omo atualidade# e# &omo ato# ela de"e ser
performada# antes mesmo de ser &on&e$ida por um pensamento espe&ulati"o% te/to reali4a o
mesmo mo"imento de Diógenes no sentido de mo"er-se para trEs e para renteN a pro"a disso a
ala de +onstantius ao inal do li"ro :ue insinua :ue os &aminhos do li"ro são in"ertidos# o :ue
re&ondu4 o leitor no"amente para o iní&io( O%%% um re&enseador "ulgar Z a&harE dií&il
&ompreender o &aminho :ue o li"ro segue# uma "e4 :ue o in"ersoP2?% E a:ui um Cogo :ue remete
J di&otomia entre a repetição e a re&ordação# em :ue uma se mo"imenta para trEs e outra para
rente% De ato# não se recorda ao inal do li"ro &om e/atidão o :ue se per&orreu ao longo da leitura
7 da mesma maneira :ue# ao diagnosti&ar o estado de espírito do leitor na &on&lusão de Eit$er# r #
Si&tor .remita adi"inha :ue o leitor pro"a"elmente se es:ue&eu de tudo o :ue ha"ia lido at ali#
pro"a"elmente o &on"o&ando a uma no"a leitura( Otal"e4 tu ti"este a mesma e/peri,n&ia &om a
minha &arta anterior :ue eu ti"eN tu te es:ue&este da maior parte do :ue ha"ia nelasP 2% A tentati"a
de re&ordar o te/to para re&onstruí-lo e assim atingir a &ulminn&ia teóri&a suprema# o &uod erat
demonstrandum# a:ui inQtilN e o leitor Cogado no"amente ao indeterminado# o imediato# e
orçado a repetir o mo"imento%A parte inal do li"ro# segundo +onstantius# a Qni&a passí"el de leitura sria# mas ela
mesma in&on&lusi"a so$re a repetição do ponto de "ista &on&eitualN o :ue signii&a :ue o &on&eito
não en&ontra uma estEti&a# mas mantm-se em mo"imento% +onstantius &hama isso de repetição
poten&iada( uma em :ue algum grau de repetição atingido e no :ual se desespera da sua própria
possi$ilidadeN a Qltima parte do li"ro# segundo ele# não &on&reti4a# mas e/emplii&a o e/emplo da
22 Repetição# p% 13@%23*dem# p% 31%
2?*dem# p% 13@%2O'erhaps >ou ha"e the same e/perien&e =ith m> pre"ious letters as * ha"eN >ou ha"e orgotten most o =hat =as in
themP% Eit$er#r # p% 3%
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seria a:ui um pressuposto do indi"íduo :ue "i"e poeti&amente( Oo Co"em de"eria ingir seu amor a
outra moça 7 o :ue signii&a :ue +onstantius :ueria :ue o Co"em dissesse uma &oisa :uerendo di4er
de ato outra# ou seCa# se tornasse um irHni&oP2@0% Co"em não o teria &onseguido pois# &omo poeta#
isso e:ui"aleria a estar de posse de duas linguagem# e O+onstantius de"e admitir :ue o Co"em
en:uanto poeta só possui uma linguagem# en:uanto o ironista tem duasP 2@1% .ntrementes# a &itação
em :ue +onstantius a4 suas as pala"ras de amann( Oe/primo-me em di"ersas línguas e alo a
língua dos soistas# dos Cogos de pala"ras# dos &retenses e dos Era$es %%%P 2@2 mostra em :ue medida
+onstantius pode ser de ato tomado &omo um autor irHni&oN o :ue# de &erta orma# o impede por
outro lado de atingir a proundidade da linguagem poti&a :ue "ista por ele numa uni"o&idade%
ato de o Co"em pre&isar de um &onidente mostra :ue ele não possuía uma aptidão para o sil,n&io
:ue o propor&ionaria um a&esso a Oum ala$eto :ue tem tantas letras &omo o :ue se usa em geral#
de modo :ue &onseguirE e/pressar tudo na sua linguagem &odii&adaP 2@3# o :ue o le"a J direção
oposta# a da $us&a por uma orma ade:uada de e/pressão poti&a &uCa pulsão essen&ial osse tal"e4
a re&ordação# na medida em :ue esta aponta para uma unidade originEria :ue "eio a perder-se na
temporalidade%
A:ui se entremostra uma dierença sutil entre o esteta e o irHni&oN en:uanto o esteta possui
uma determinação na medida em :ue determinado pelo poti&o# ainda :ue se trate da
determinação negati"a do $elo :ue se eeti"a na e/ist,n&ia e :ue para isso re:uer uma
personalidade "olEtil o sui&iente :ue suporte uma redupli&ação na &ontemplação# o irHni&o não
pode determinar-se de maneira alguma# pois ele de"e &onstituir-se da pura negati"idade% A ess,n&ia
do esteta &am$iE"el# mas em algum momento ela de"e mostrar-se temporariamente positi"a( Oa
indi"idualidade tem portanto um fim :ue seu im a$soluto# e sua ati"idade $us&a pre&isamente
reali4ar esse im# sa$orear a si mesma em e durante esta reali4ação# :uer di4er# sua ati"idade
&onsiste em tornar fr sic$ para si o :ue ela an sic$ em siP2@?% Ao &ontrErio# Opara $em poder
"i"er poeti&amente e para $em poder &riar a si mesmo# o irHni&o não pode ter nenhum an sic$P2@%
.ssa dupla unção in&ide na Olacuna entre o pensado e o e/primidoP2@@ &ara&terísti&a da ironia
apontada por enri-Bernard Sergote# :ue instaura-se na medida em :ue o elo&utor irHni&o eetuauma :ue$ra no e:uilí$rio da &omuni&ação em "irtude da sua própria "olatili4ação en:uanto
enun&iador &arente de positi"idade dis&ursi"a%
Daí ser ne&essErio re&onhe&er na postura de +onstantius uma tend,n&ia J e"asão das
determinaç<es impostas por :ual:uer elemento positi"o :ue "enha J tona ao longo de todo o te/to%
[email protected].)G# Arne# Repetition Min t$e *ier*egaardian sense of t$e term4 p% 2%2@1*dem# p% 2%2@2 Repetição# p% 2%2@3 R%# p% ?@%
2@? .onceito de Ironia# p% 2?3%2@*dem# p% 2?3%2@@S.)G;.# % B%N ;ens et Repetiti5n# "ol% *# p% 1%
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.le mesmo mostra isso :uando e/pli&a sua postura de o$ser"ador não &om relação ao e/perimento#
mas &om relação ao teatro durante sua "iagem( Onão se oi ao teatro na :ualidade de turista# nem de
esteta ou de &ríti&o# mas sim# se possí"el# na :ualidade de &oisa nenhuma# e i&a-se satiseito por se
estar $em sentado# &onorta"elmente# :uase tão $em :uanto na sala de estarP 2@% *sso não somente
&orro$ora &om uma &on&epção de espe&tador irHni&o# &omo tam$m mostra em :ue medida ele se
en&ontra a&ometido de ato &om a sua e/peri,n&ia% +om eeito# por mais :ue se ateste a
possi$ilidade da repetição para ele# ele pare&e sempre mostrar-se &ti&o# não tal"e4 indierente J
repetição mesma# mas indierente de ato J sua possi$ilidade% Resse sentido# a ironia em :ue
e/&lama( OMas a "iagem não "ale a penaN pois :ue não pre&iso me/ermo-nos do lugar para nos
&on"en&ermos de :ue não hE repetição alguma% Rão# permaneçamos tran:uilamente sentados no
:uartoN :uando tudo "aidade e tudo passa# "iaCa-se mais depressa :ue num &om$oioP 2@I &onstitui
tam$m um en"aide&imento no :ual a su$Ceti"idade irHni&a mantm-se ele"ada(
Ona ironia# :uando tudo se torna "aidade# a su$Ceti"idade se li$erta% uanto mais tudo se
torna "ão "aidade# "a&uidade# :uanto mais "a4io de &onteQdo# tanto mais "olEtil se torna a
su$Ceti"idade% . en:uanto tudo se torna "aidade# o suCeito irHni&o não se torna "aidade para
si mesmo# mas sim li$erta sua própria "aidade% 'ara a ironia# tudo se torna nada# mas o nada
pode ser tomado de "Erias maneirasP2@
.sse li$ertar-se da su$Ceti"idade distingue-se da:uele Onimo de"otoP :ue# O:uando di4 :ue tudo
"aidade# não a4 e/&eção J própria pessoa Z# mas pelo &ontrErio ela tam$m tem de ser posta de
lado para :ue o di"ino não seCa aastado por sua resist,n&iaP
20
% Mas esta mesma "aidade 7 o "a4io:ue se transigura seCa no nada espe&ulati"o# no nada místi&o ou no nada da morte# Ona :ual a ironia
apare&e &omo antasmaP21# este mesmo niilismo &uCo undamento o nada esteti&amente
transigurado# :ue &onstitui a possi$ilidade do impulso &riador poti&o# :ue permite a +onstantius
esta$ele&er demiurgi&amente o seu papel de o$ser"ador e de Opressuposto de &ons&i,n&iaP#
e"adindo-se da situação e dando lugar J sua &riação poti&a% Resse sentido# e"iden&ia-se no seu
&arEter uma &erta am$iguidade :ue os&ila o$stinadamente entre uma de"oção# &uCo dire&ionamento
o &riado# e a pura e simples "aidade de uma su$Ceti"idade a$soluta( ao mesmo tempo :ue ele p<e a
si mesmo &omo &riador# ele torna-se apto a manter um "ín&ulo &om o uni"erso da sua &riação#
su$sistindo apenas# toda"ia# &omo um pressuposto negati"o%
.ssa am$iguidade engendra na leitura do li"ro a ne&essidade de uma dQ"ida pr"ia :ue de"e
ser admitida# de &erta orma# &omo uma atitude metodológi&a &om relação Js alas de +onstantius%
.le próprio nos le"a a isso# mas sem ugir J premissa da &omuni&ação indireta :ue se engendra a
2@ Repetição# p% 0%2@I Repetição# p% I1%
2@ .onceito de Ironia# p% 22?%20*dem# p% 22?%21*dem# p% 22?%
2
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partir de uma am$iguidade( Oele e/pli&a o uni"ersal en:uanto repetição# e &ontudo entende a própria
repetição de outra maneiraN Z "i"eu um amor# ato :ue se ade:ua essen&ialmente a um poetaN mas
este amor totalmente am$íguoN eli4# ineli4# &Hmi&o# trEgi&oP22% 6e o amor :ue sustenta sua
personalidade poti&a essen&ialmente am$íguo# então ele "em a &on&reti4ar-se na orma de um
Oato de &ons&i,n&iaP# :ue se tradu4 Onuma elasti&idade dialti&a :ue o tornarE produti"o no plano
da disposiçãoP23% Resse sentido# a &ha"e de leitura :ue se adota &om o personagem +onstantius
de"e ser distinta da :ue se adota &om relação ao Co"em% seu impulso de produti"idade poti&a#
em$ora Osustentado por algo de indi4i"elmente religiosoP# de"e ser &onsiderado de tal orma :ue
mesmo esse su$strato seCa "isto nele &omo uma determinação da su$Ceti"idadeN daí +onstantius
retirar-se para :ue a su$Ceti"idade do Co"em se mostre na sua plenitude(
OMesmo :uando a a&&ia e a e/u$ern&ia pare&em &a$riolar sem moti"o aparente por
&ausa dele :ue tal a&onte&e# mesmo :uando tudo a&a$a em melan&olia hE um sinal :ue
aponta para ele# :ue aponta para um estado nele% K esse o undamento para :ue todos os
mo"imentos se pro&essem de maneira puramente líri&aP2?
A leitura do te/to so$ a óti&a do líri&o # &om eeito# alm da &ha"e inal orne&ida por +onstantius
no seu &on"ite J uma releitura da personagem do Co"em# tam$m a:uela em :ue ele se mostra da
maneira ade&uada : em :ue a Odisposição singularP do Co"em apare&e de modo eeti"o# a :ual
ha"ia sido impedida ao longo de toda a e/posição por sua am$iguidade de o$ser"ador e &riador
poti&o simultaneamente% A partir do líri&o# :ue en&ontra sua e/pressão na mudança da e/posição
do estilo mais analíti&o de +onstantius para o estilo epistolar do Co"em angustiado# o Co"em podeser delineado en:uanto personagem a partir da poti&o em sua personalidade% .ntretanto# mesmo
essa no"a &ha"e de leitura se mostra trun&ada diante da am$iguidade do seu próprio enun&iante#
em$ora tenha sua "alidade &omo um alento meramente insinuado%
A dii&uldade em en&ontrar um apoio irme# um Oponto de Ar:uimedesP2 :ue propor&ione
essa uni"o&idade te/tual e"ita a ormulação de um sa$er eeti"o so$re a repetiçãoN &omo di4
Gon4ale4( Oa su&essão de elementos heterog,neos in&identalmente em$renhados no te/to
Custamente o :ue permite o deslo&amento e a &ir&ulação indeinida do lugar presumi"elmente
legado ao Vsa$erV da repetiçãoP2@% A negati"idade da ironia destrói a possi$ilidade dessa alo&ação
e/terior e inaut,nti&a pre&isamente para tornar "iE"el a possi$ilidade da su$Ceti"idade indi"idual#
para um &omeço de uma e/ist,n&ia eeti"aN a :ual se e/emplii&a no ser possC-el do Co"em :ue se
e/pressa na sua &ondição de &riatura poti&a( Orenun&iar J proli/idade de uma e/posição metódi&a
signii&arE ao mesmo tempo guardar plena idelidade ao ser meramente possí"el dos mo"imentos
22 Repetição# p% 13%23 R%# p% 13%
2? R%# p% 13I%2 R%# p% 2%[email protected]# DarioN 'a repetici5n 2 su e1periencia# p% I3%
3
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do Co"em# re"elar o undo "a4io de sua su$Ceti"idadeP2% ato de esta possi$ilidade undamental
para a &ompreensão do signii&ado do Co"em en:uanto personagem mostrar-se &omo tal somente ao
inal do li"ro um sinal da orma temporal da e/peri,n&ia em :ue a &ons&i,n&ia dessa possi$ilidade
se mostra para +onstantius# o :ue e/pli&a a ne&essidade de :ue o li"ro seCa es&rito na orma
de&orrente de uma e/peri,n&ia "i"ida e O&onstruída passo a passoP2I# e não na orma de uma
retrospe&ti"a em :ue se a o$ser"a &omo algo a&a$ado%
A ironia tra4 no seu mago o dilema de :ue nela nenhum signii&ado pode instaurar-se numa
interpretação em detrimento de outro# ela torna hori4ontal a relação entre os dierentes sentidos
da:uilo em :ue in&ide# e torna impossí"el :ue se esta$eleça :ual:uer so$reposição hierEr:ui&a ou
mesmo :ual:uer "aloração o$Ceti"a% A &onse:u,n&ia disso :ue a ironia su$Ceti"a não a$re espaço
para :ue seCa tomada uma es&olha de&isi"a# em :ue o suCeito :ue se prop<e a uma "ida poti&a
perde-se ininitamente em am$iguidades% De&erto os signii&ados deri"ados desta são internamente
rela&ionados entre si# o :ue# &ontudo# a&entua ainda mais a du$iedade diante do Cogo de dupla a&e
do signii&ado do o$Ceto da ironia% +omo atesta olmgaard( O*ronia não nos di4 :ue não hE
signii&ado# mas ela nos ensina :ue um signii&ado não pode ter prioridade so$re outro% 6empre hE a
possi$ilidade de se di4er algo :uerendo signii&ar outroP2% ;al dilema atinge por &erto a
&onstituição estti&a do poti&o# na medida em :ue esta ne&essita partir de algum tipo de norte
estti&o-"alorati"o o$Ceti"o# :ue não senão a ideia de $ele4a% De"e ha"er# nesse sentido# uma
prioridade e uma hierar:uia o$Ceti"as( algo serE ou não serE de $om gosto e de a&ordo &om uma
O"isão artísti&a da "idaP2I0 se se aCusta a essas e/ig,n&ias2I1%
A:ui a ironia por si só CE não pode &ir&uns&re"er o estti&oN o :ue le"ou 8ier9egaard a4er a
distinção entre a ironia su$Ceti"a e a ironia o$Ceti"a# :ue ele &hama de ironia dominada% A ironia
meramente su$Ceti"a# :ue rotulada &omo romnti&a# a ininitude da su$Ceti"idade negati"a# ela
não possui seus limites &laramente deinidosN nun&a se sa$e :uando ela termina% Resse sentido# ao
dominar-se a ironia# ela não perde a sua ininitude negati"a &ara&terísti&a# mas passa a ser orientada
no Oespírito a ser"iço do poetaP2I2# e Oe/e&uta um mo"imento :ue o oposto da:uele em :ue ela
maniesta sua "ida indomada% A ironia limita, finitiLa, restringe, e com isso confere -erdade,realidade, conteHdoN ela disciplina e pune, e &om isso dE sustentação e consistênciaBO% .la se
&onstitui &omo uma &ondição pr"ia J Orelação &ons&iente e internaP entre o poeta e sua o$ra# :ue
2*dem# p% I?%2I*dem# p% I?%2MGAA)D# LanN T$e Aest$etics of Repetition# p% @%2I0 Repetição# p% 12I%2I1.ssa dis&ussão remete ao &lEssi&o de$ate entre 8ant e 6&hiller# em :ue posta em Cogo a possi$ilidade de uma
o$Ceti"idade do Cuí4o de gosto# e# portanto# do &on&eito de $ele4aN 8ant resol"e# na ter&eira +ríti&a# uma noção desu$Ceti"idade uni"ersal em :ue in&idem os Cuí4os de gosto em geral# en:uanto 6&hiller ormula# na o$ra epistolar
)allias# a &on&epção de $ele4a &omo li$erdade na o$Ceti"idade 7 a heautonomia do Cuí4o de gosto%2I2 .onceito de Ironia# p% 2@#2I3*dem# p% 2%
?
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por sua "e4 engendra de modo undamental Oa:uela ininitude interior :ue uma &ondição a$soluta
para "i"er poeti&amenteP2I?% A:ui a ironia se distingue portanto da ironia meramente su$Ceti"a# na
medida em :ue nela se &onstitui uma orientação positi"a &om a realidade# em :ue O\o poeta] só "i"e
poeti&amente :uando ele mesmo estE orientado e assim integrado no tempo em :ue "i"e# estE
positi"amente li"re na realidade a :ual perten&eP2I% De modo um tanto parado/al# a relação
ade:uada &om a ironia# ao mesmo tempo em :ue Oli$erta a poesia e o poetaP# tam$m &onstitui o
OinCcio a"soluto da -ida pessoal P2I@# no :ual ela dei/a de ser um im em :ue a totalidade se
arredonda em si mesma# e passa a ser apenas Oum guia para o camin$oP2I% .ntão# ao O&olo&ar a
,nase ade:uada na realidadeP# a :ual "em a ad:uirir Oa sua "alidade na açãoP# a ironia passa a
restringir-se para :ue &om ela possa se dar uma es&olha a$soluta sem :ue ela "enha por isso mesmo
a ser anulada% Dessa maneira a sua am$iguidade undamental preser"ada# e no entanto passa a ser
dotada de um sentido autoengendrado# :ue impede :ue a mesma ação aut,nti&a de Odegenerar em
uma &erta insist,n&ia estQpidaP# na Oorma medrosa e eeminada de ugir do mundoP 2II :ue
&ara&teri4a a su$Ceti"idade romnti&a%
.ssa unidade do su$strato religioso :ue se ele"a para alm das am$iguidades da ironia
su$Ceti"a e :ue dE o &aminho para a e/ist,n&ia poti&a # &omo di4 +onstantius# indi4í"el# mas ele
de"e de ato possuir esta disciplina irHni&a :ue se tradu4 num dire&ionamento eeti"o# este Oapriori
em si# :ue impeça de perder-se numa ininidade sem &onteQdoP 2I# para :ue possa ao menos
insinuar-se por meio da &omuni&ação e dessa orma dotE-la da proundidade ne&essEria para :ue o
poti&o "enha a ser o$Ceti"amente% &on&eito estti&o :ue se dE no a$soluto :ue origina-se a partir
da am$iguidade da ironia o interessante# :ue apare&e na o$ra da Repetição &omo um &on&eito
undamental para rela&ionar o poti&o &om o religioso# $em &omo a relação da repetição &om a
metaísi&a% A:ui serE desen"ol"ida a relação do interessante &om o poti&o do ponto de "ista da
&onstrução estti&a do te/to# sendo :ue as suas determinaç<es metaísi&as serão melhor a$ordadas
no &apítulo seguinte%
B A repetição como categoria te1tual@ o interessante
A &ategoria do interessante se e/pli&a de iní&io pela relação undamental &om a dualidadeN a
sua própria rai4 etimológi&a o denota( inter%esse# o :ue estE-entre% 6e a ironia tem o papel de
tra$alhar a orma e/pressi"a do am$íguo# no sentido de :ue ela designa a sua maniestação por si# o
2I?*dem# p% 2%2I*dem# p% 2%2I@*dem# p% 2%
2I*dem# p% 2I%2II*dem# p% 2%2I*dem# p% 2%
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sentido J a&epção do recon$ecimento do o&ulto en:uanto tal no sentido de uma re"elação# de um
des"elamento do seu &onteQdo# mas de tal orma :ue# para o estti&o# este des"endamento do
interessante se eeti"a numa initude esgotE"el# &uCa &onsumação se dE sempre no seu oposto# o
indierenteN por outro lado# a seriedade :ue a ti&a e/ige do indi"íduo só pode dar-se no interessante
na medida em :ue este &on&e$ido &omo uma ininitudeN ou seCa# a seriedade# :ue o seu
undamento# de"e tornar sua determinação mar&ada pelo infinitamente interessante% Resse sentido#
a &ategoria do interessante não pode ser deinida &omo uma &ategoria pura e e/&lusi"amente do
domínio da estti&a# pois uma &ategoria limite2N para Lohannes De 6ilentio# &om eeito# o
e/emplo paradigmEti&o do interessante 6ó&rates( O6ó&rates oi o mais interessante dos homens
:ue "i"eram# e a sua "ida a mais interessante das "idas "i"idasN mas esta e/ist,n&ia oi-lhe ads&rita
pela di"indadeP2I%
'ara :ue se possa eeti"ar algo da nature4a do ininitamente interessante# orçoso :ue se
&on&e$a a possi$ilidade de :ue o &onteQdo dessa ininitude "enha a entrar em mo"imento no
indi"íduo% Dito de outro modo# não se pode &on&e$er algo dessa nature4a sem :ue ele "enha a
retornar para o indi"íduo &omo algo positi"o e digno de &ompromissoN nesse sentido# CE se
ultrapassou a:uele limite# o limiar do estti&o e do ti&o# e CE se mo"e dentro deste segundo m$ito%
Mas esse mo"imento de retorno a própria repetição# :ue se ", na história do Co"em e :ue se
eeti"a na ideia do poti&oN a repetição :ue "em para ele nessa orma eeti"a-se por meio de uma
seriedade assumida por ele &om a ideia# e :ue de"e retornar &om uma seriedade eeti"a a todo
instante na orma da produção poti&a% signii&ado o&ulto# o Osu$strato indi4í"elP do Co"em# :ue
em 6ó&rates era o nada puro e simples# ao mesmo tempo o &onteQdo da sua repetição# :ue se
re"ela para ele na determinação do seu amor na ideia% A sua produti"idade poti&a # ao im das
&ontas# engendrada pela elasti&idade dialti&a &uCa origem a am$iguidade do interessante# &uCa
maniestação propi&iada pela ironia do seu Opressuposto de &ons&i,n&iaP7 o próprio +onstantiusN
daí ele airmar :ue o interesse de toda a e/posição re&aia so$re o Co"em2%
A:ui se ", :ue o pressuposto em si uma &ategoria finita de mo"imento# o :ue pode ser
adu4ido do :ue ele designa &omo mo-imento pendular ( OApesar de hE muito ter renun&iado aomundo e a$di&ado de toda a teori4ação# não posso &ontudo negar :ue o Co"em me su$traiu
no"amente um pou&o ao meu mo"imento pendular# por interesse por eleP 300% ;al mo"imento
2+omo pensa Grammont( Yo interessante# a &ategoria estti&a por e/&el,n&iaY# &% G)AMMR;# G%N Don Juan, !austo e o Judeu Errante em )ier*egaard # p% 30%
2ITemor e Tremor # p% 1@0%2YMeu &aro leitor_ entenderEs agora :ue o interesse re&aia so$re o Co"em# en:uanto eu sou uma personagem sem
importn&ia# &omo uma em relação J &riança :ue aCudou a dar J lu4Y% Repetição# p% 1?0%300 Repetição# p% 12% *sso signii&a :ue +onstantius só pode ser &on&e$ido &omo atingindo alguma orma eeti"a de
mo"imento na medida em :ue a$sor"ido pela ideia do interessante &uCo Yo&o gra"ita&ionalY o$Ceti"o o Co"em#
mas ainda assim &omo mero pressuposto de &ons&i,n&ia# ou seCa# seu mo"imento eeti"o de ato por emmo-imento o jo-em no plano da o$Ceti"idade da e/pressãoN o :ue não signii&a :ue ele atinCa a repetição em sentido
pleno% De outra orma# só se o pode &on&e$er no imediato da indierença%
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pressup<e uma inr&ia :ue tende ao estEti&o# :ue seria o inter-esse da os&ilação# o :ue em
+onstantius tradu4-se numa pol,mi&a alida &om o interessante( Oa repetição e permane&e uma
&ategoria religiosa% Desse modo# +onstantin +onstantius não pode prosseguir adiante% .le esperto#
um ironista# $atalha &om o interessante 7 mas não &iente de :ue ele próprio estE preso neleP 301
+onstantius en&ontra-se# segundo 8ier9egaard ele mesmo# preso ao :ue ele &hama de segunda
orma do interessante# :ue :uerer a repetição numa autossui&i,n&ia# num interesse ainda não
a$soluto# sem no entanto pre&isar de algo :ue ultrapasse seu próprio domínio( Oa primeira orma do
interessante amar a mudançaN a segunda :uerer a repetição# mas ainda em ;el"stgenugsam*eit
\autossui&i,n&ia]# sem sorimento 7 assim +onstantin en&ontra-se en&alhado na:uilo :ue ele
mesmo des&o$riu# e o Co"em "ai adianteP302% Dessa orma# o interesse de +onstantius na repetição
mostra-se &omo um interesse destituído da seriedade :ue ele mesmo apregoa &omo sendo a própria
repetição# :ue separa-se por um a$ismo da ne&essidade "ital da repetição :ue permeia a
personalidade dos seus ar:utipos A$raão e Ló# &omo tam$m do sorimento pelo :ual passa o
Co"em303%
A am$iguidade do interessante# :ue dE origem ao mo"imento dialti&o da ideia no Co"em# se
maniesta $asi&amente de duas ormas( a orma e:uí"o&a &omo o Co"em &ompreende a repetição# e
a dualidade da possi$ilidade de &ompreensão da nature4a do seu amor ideal% A primeira orma da
am$iguidade remete J des&rição dQ$ia :ue por"entura poderia degenerar numa in&ompreensão
irHni&a# em :ue o Co"em e/pli&a e &ompreende a repetição de maneiras distintasN e a segunda na
am$iguidade essen&ial do seu amor poti&o30?% e/perimento de +onstantius tem sua ra4ão em :ue
ele# ao tornar o Co"em um irHni&o# poria um im Js am$iguidades e o re&on&iliaria &om o uni"ersal
atra"s do :ual ele e/pli&a a repetição# porm# nesse &aso# a ele seria pri"ado o a&esso J Osegunda
pot,n&iaP da sua &ons&i,n&ia% Mas aí reside o interesse :ue mo"e +onstantius em direção ao Co"em#
pois a sua des&rição da in&apa&idade do Co"em em amar a moça# e por outro lado o de ter sido
in&apa4 de tornar-se um sedutor irHni&o# degringola na sua airmação de :ue o Co"em tal"e4 não a
amasse realmente# mas a ti"esse apenas &omo uma ocasião para sua produção poti&a% Ainda :ue tal
ponto de "ista seCa para o Co"em uma in&ompreensão# ele &onstitui para +onstantius e# diga-se de passagem# tam$m para :ual:uer leitor# pois tal mote nun&a "em a tornar-se plenamente &laro a não
ser em termos religiosos o oculto :ue engendra o mo"imento do interessante%
8arsten arries mostra :ue a &on&epção da noção de interessante do ponto de "ista estti&o
301 O)epetition is and remains a religious &ategor>% +onstantin +onstantius thereore &annot pro&eed urther% e is&le"er# an ironist# $attles the interesting 7 $ut is not a=are that he himsel is &aught in it% P Journal and Papers# ***3? Pap% *S A 1@ nd, 1I??N op% &it% !ear and Trem"ling # p% 32@%
302O;he irst orm o the interesting is to lo"e &hangeN the se&ond is to =ant repetition# $ut still in ;el"stgenugsam*eit\sel-sui&ien&>]# =ith no suering 7 thereore +onstantin is =re&9ed on =hat he himsel has dis&o"ered# and the
>oung man goes urtherP% *dem# p% 32@%303+omo $em o mostra MR.[# .%N Repetition@ Getting t$e ?orld "ac* # p% 2I%30? Repetição# p% 13%
I
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depende de tr,s noç<es undamentais( a de ocasião# a do primeiro e o t+dio .stas diretri4es oram
adu4idas de Eit$er# r # parti&ularmente nos ensaios estti&os O 'rimeiro AmorP e O)otação de
+ulti"osP30# em :ue a &ategoria do interessante en&ontra sua resolução &omo a &ha"e para o
entendimento da "ida estti&a J maneira do personagem OAP% A o&asião deinida por este mesmo
personagem &omo o "ín&ulo da interioridade inspirada do poeta &om o mundo e/terior em :ue ele
situa-se de&isi"amente( Oum elemento adi&ional para :ue uma de&isão interior se torne uma de&isão
e/terior Z a o&asião o :ue liga a inspiração J realidadeP30@% A o&asião tem &on&retamente
:ual:uer &oisa de insignii&ante e ortuito# mas :ue ser"e ao poeta &omo matria-prima para a
&riação e ponto de partida para a &onstrução do poti&o na idealidadeN ela # pois# uma mera
transição# :ue e/pli&itamente deinida por A &omo um parado/o em :ue se unem a a$soluta
ne&essidade e &onting,n&ia( o o&asional para o poti&o indispensE"el ao mesmo tempo :ue o
inessen&ialN Oa o&asião simultaneamente o mais signii&ante e o mais insignii&ante# o mais alto e
o mais $ai/o# o mais importante e o menos importanteP 30# Oa o&asião sempre o a&idental# e o
parado/o prodigioso :ue o a&idental a$solutamente tão ne&essErio :uanto o ne&essErioP30I% Rão
o$stante# Custamente da &onting,n&ia :ue depende a própria espontaneidade do artísti&oN a ideia# o
mais ele"ado e ne&essErio# tem a sua maniestação na:uilo :ue a ela diametralmente oposto# o
momento ortuito e a&identalN o :ue mostra :ue a o&asião indispensE"el para :ue se &on&e$a o
artísti&o &on&reto na produção# e portanto para :ual:uer &on&eituação da $ele4a%
Ra esera do estti&o# a o&asião "em a ser &on&e$ida na pretensão de uma &ategoria de
transição e mo"imento( Oa o&asião a &ategoria inal# a &ategoria essen&ial de transição da esera da
ideia para a atualidadeP30# em$ora não possa resultar em mo"imento eeti"o a não ser so$ a
determinação da produção poti&a% Daí :ue se pode depreender :ue o Co"em da Repetição
en&ontra-se determinado pela &ategoria do interessante apenas na medida em :ue en&ontra-se in
suspenso gradu# no estado de imo$ilidade anterior J repetição e ao momento em :ue a Co"em se
&asa% Resse sentido# pode-se $em di4er :ue a moça era o :ue o impedia de atingir uma "erdadeira
moção espiritual por &onstituir para ele apenas uma o&asiãoN ele não oi de ato &apa4 de re&onhe&er
o amor :ue ele nutria por ela &omo eeti"o a não ser a partir do momento em :ue se "iu li$erto dele próprio atra"s da produti"idade% *sso permite :ue +onstantius airme :ue a repetição atingida por
ele deu-se no m$ito do poti&o# mas &arregada por um humor religioso(
O.n:uanto esta produti"idade se torna o lado e/terior dele# ele sustentado por algo
30O;he First o"eP e O)otation o +ropsP# respe&ti"amente%30@OAn e/tra element or an inner de&ision to $e&ome an outer de&ision Z ;he o&&asion is =hat ties inspiration to
realit>P% Eit$er# r # p% 233N op% &it% A))*.6# 8%N (i$ilism and !ait$@ )ier*egaard9s Eit$er# r # p% %30O;he o&&asion is simultaneousl> the most signii&ant and the most insignii&ant# the highest and the lo=est# the most
important and the most unimportantP% *dem# p% I%30IO;he o&&asion is al=a>s the a&&idental# and the prodigious parado/ is that the a&&idental is a$solutel> Cust as
ne&essar> as the ne&essar>P% *dem# p% I0%30O;he o&&asion is the inal &ategor># the essential &ategor> o transition rom the sphere o the idea to a&tualit>P%
*dem# p% I%
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indi4i"elmente religioso% K assim :ue nas primeiras &artas \onde ele situa-se in suspenso
gradu]# so$retudo em algumas delas# o mo"imento esta"a muito mais pró/imo de uma
solução propriamente religiosa# porm# no instante em :ue &essa a suspensão temporEria# ele
re&e$e-se a si mesmo de no"o# mas E-lo-E en:uanto poeta# e o religioso aunda-se# i%e%#
torna-se uma esp&ie de su$strato indi4í"elP310
*sso signii&a :ue# no estado de suspensão# o amor pode apenas apare&er determinado &omointeressante# e# nesse sentido# dotado de uma idealidade ineeti"a% ;al amor o :ue se &ara&teri4a na
"ida estti&a &omo o primeiro amor # o Qni&o &apa4 de ser &ara&teri4ado &omo interessante311%
A noção do OprimeiroP de&isi"a na &on&epção do esteti&ismo romnti&o prin&ipalmente no
:ue se reere ao amor% OprimeiroP# segundo arries# se apro/ima da ideia goetheana de eleiçãoN
entrementes# amar signii&a a:ui Osituar o amado alm de :ual:uer &omparação% Da mesma orma
:ue algum disse a&er&a da o$ra de arte( a &omparação se torna odiosaP312N o pro$lema :ue o outro
a:ui não mais :ue uma o&asião para :ue se possa ruir esteti&amente a idealidade do próprio amor#:ue nun&a &hega a tangen&iar a alteridade do outro% 6egundo arries# no entanto# esse $lo:ueio da
possi$ilidade de &omparação CE ultrapassa de alguma orma o terreno do mero interessante# pois
a:ui o amado posto Oa&ima ou a$ai/o da moralidade% parti&ular mais alto ou mais $ai/o
:ue o uni"ersalP313% Resse sentido# o interessante &onirmado no"amente &omo uma &ategoria-
limite# em :ue en&ontram-se parado/almente en:uanto possi$ilidade elementos estti&os e
elementos :ue o ultrapassamN isso tam$m e"iden&iado pela semelhança desta deinição &om a
deinição propriamente da en:uanto parado/o( Oa Custamente a:uele parado/o segundo o:ual o *ndi"íduo se en&ontra &omo tal a&ima do geralP31?% Mas :uando o interessante ainda situa-se
na mera ideali4ação# o parado/o do amor não atinge a sua plenitude# e Oem tais &asos sempre tem-se
um indi"íduo :ue se re&usa a tornar-se si mesmo% .le ou ela transere a responsa$ilidade de ter de
tornar-se algo para a outra pessoaP31%
A "ida estti&a into/i&ada pela igura do primeiro amor# pre&isamente por:ue o &arEter
Qni&o da:uilo :ue primeiro impli&a em ele não poder ser repetido% interessante na sua orma de
Oamor J mudançaP# a "aria$ilidade ininita do estti&o :ue &onstitui nesse sentido a OmE
ininitudeP# se &on&reti4a Custamente atra"s dessa i/ação no ideal a$strato do e"adir-se da
repetição% OprimeiroP# nesse sentido# não pode ser :ualii&ado em termos temporais ou históri&os#
pois ele nun&a de ato &hega a se eeti"arN31@ nesse sentido :ue +onstantius parado/almente
310 Repetição# p% 13%311A))*.6# 8%N (i$ilism and !ait$@ )ier*egaard9s Eit$er# r # p% I2%312*dem# p% I?%313*dem#p% I?%31?Temor e Tremor # p% 1?2%31A))*.6# 8%N (i$ilism and !ait$@ )ier*egaard9s Eit$er# r # p% I?%
31@ +omo di4 +aputo# Y\o esteta] não pode imaginar o amor sem :ue ele seCa Co"em e no"oY% +%% Radical 8ermeneutics# p% 2% Resse sentido# o amor-re&ordação instaura a própria repetição em estti&o na medida em :ueela não pode su$sistir sem :ue alguma relação &om a repetição seCa instaurada na sua própria &on&epção% 6hlomith
@0
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&on&orda &om o OautorP :ue ha"ia dito :ue Oo amor da re&ordação o Qni&o eli4P# mas ad"erte :ue#
apesar deste ter Otam$m inteira ra4ãoP# de"emos nos re&ordar :ue Oprimeiro a4 um homem
ineli4P31% amor re&ordação a resolução a&a$ada do OprimeiroP# na sua iman,n&ia ideal
autoCustii&ada# e a airmação de :ue ele um amor eli4# :ue no undo Oa e/pressão da mais
prounda melan&oliaP# apenas reairma a distn&ia da:uele :ue o ", de longe pre&isamente por :ue
dele não permitido parti&ipar% .sta relação designa pre&isamente a estti&a do OprimeiroP &omo
uma estti&a do $elo asso&iada J pereição ideal imanenteN Gon4ale4 mostra a orça dessa idealidade
ao mostrE-la na Co"em &omo o negati-o :ue se repete para o Co"em( Oo Co"em ama tão
proundamente a moça# e tal a sua idelidade J pure4a da primeira maniestação desse amor# :ue a
presença da:uela &hega a ser um o$stE&ulo ou mesmo uma ameaça J VidentidadeV do sentimento :ue
ela mesma sus&itaP31I% Dito de outro modo# o OprimeiroP o per%feito# a:uele :ue se en&erra na sua
própria &ompletude e autossui&i,n&ia31% A ineli&idade :ue ad"m do amor re&ordação unda-se
ipso facto numa &ontemplação estti&a e/terior# mas nem por isso +onstantius nega :ue ela
&onstitua algum tipo de felicidade% A distn&ia :ue impede a mete1is do suCeito &ontemplati"o &om a
ideia originEria do primeiro algo inerente J própria &ontemplação% . se# de algum modo#
permitido pensar uma estti&a em :ue a parti&ipação "enha a ser possí"el# então a ideia mesma de
&ontemplação de"e ser re:uestionada% A temEti&a da &ontemplação serE retomada adiante%
'or im# o t+dio apare&e em relação &om o interessante# analogamente# J maneira negati"a
em relação &om a repetição( a repetição mata o interessante# e por isso# entediaN daí a tese estti&a da
"aria$ilidade ininita do inito# :ue deri"a do :ue o esteta A &hama de panteCsmo demonCacoBQ% 'ara
arries# Oo interessante melhor entendido &omo uma resposta para o tdioP321# e o OmtodoP para o
&ulti"o do interessante a rotação de &ulti"os% pro$lema apare&e :uando esse &ulti"o do
interessante se tradu4 numa $us&a inerte e indis&riminada pelo no"oN pois a:ui a resolução inal das
noç<es de reno"ação históri&a e originalidade artísti&a se dE no"amente num es"a4iamento niilista
:ue# no im das &ontas# tam$m entediante% arries &ita F% 6&hlegel# :ue &hegou a tratar so$re o
)immon-8enan tradu4 essa asserti"a no seu ter&eiro parado/o da repetição( Ya primeira "e4 CE uma repetição# e a
repetição a própria primeira "e4Y% A:ui# e"iden&ia-se a ne&essidade de :ue# na medida em :ue a repetição areali4ação de algo uma outra "e4# ela mantm uma relação undamental e $idire&ional &om o primeiro# no sentido de:ue uma primeira "e4 só pode ser atuali4ada# e portanto &on&e$ida# por meio da repetição% +% )*MMR-8.RAR#6%N T$e parado1ical status of repetition# p% 1%
31 Repetição# p% 32%31IGRXA.X# DarioN 'a Repetici5n 2 su E1periencia# p% I2%31K nesse sentido :ue# no .onceito de AngHstia# ao tratar do &on&eito de repetição# Sigilius auniensis designa &omo
uma trans&end,n&ia a:uilo :ue Ysepara da primeira e/ist,n&ia a repetição por um a$ismoY# e somente umaYlinguagem iguradaY :ue esta$ele&e entre elas a mediaçãoN mas essa linguagem igurada pode &on&reti4ar-se nalínguagem anti-herti&a da Repetição# em :ue a relação mQtua entre o primeiro e a repetição se dE# &omoauniensis mesmo di4# em :ue Ya:uela totalidade# na sua impereição# de"a preigurar praeformere
prototipi&amente tudo o :ue a outra re"elaY% A relação &om o ideal trans&endente :ue a noção de YprimeiroY preigura a:ui não a de negação# mas Custamente a partir dele emana a positi"idade da repetição% *sso serE melhor
tratado no inal desta e/posição% S% .onceito de AngHstia# p% 1-20%320 Eit$er# r # p% 2IN op% &it% A))*.6# 8%N (i$ilism and !ait$@ )ier*egaard9s Eit$er# r # p% 0%321A))*.6# 8%N (i$ilism and !ait$@ )ier*egaard9s Eit$er# r # p% I%
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&on&eito de interesse do ponto de "ista &ríti&o322# para :uem a lei do desen"ol"imento da estti&a da
literatura moderna a no"idade(
Oo artista :uer ser original# ainda :ue tal esorço para a originalidade le"e a&ilmente ao
a$surdo Z o pQ$li&o :uer :ue o artista não seCa nada mais mais :ue um mero
entretenimento Z interessante se torna o &ho&ante# o o$s&eno# at o ponto :ue Z
termina em mero alatório% Ro inal# o interessante de"e retornar então ao entedianteP323%
;ornar algo interessante nesse sentido &onerir positi"idade J:uilo :ue dela &are&e# o :ue signii&a
por outro lado :uerer dar sentido J:uilo :ue no undo não pode t,-lo% K# nesse sentido# uma
Opromessa de resposta J :uestão do niilismoP32?% .sse o propósito da rotação de &ulti"os no :ue
di4 respeito ao seu m+todo intensi-o# :ue não &onsiste na simples "ariação ininita# mas na "ariação
ininita &er&eada por um limite inito% Mas nesse sentido# o indi"íduo ne&essita no"amente de uma
distn&ia para poder esta$ele&er esse limite e deini-lo &omo interessante% .sse Omo"imento de
rele/ão :ue permite :ue o indi"íduo desta:ue-se do seu ser engaCado no mundo para desrutE-loP32
ne&essita de uma orma# ainda :ue primiti"a# de repetição &omo redupli&ação da &ons&i,n&ia# :ue de
alguma maneira se dE na orma do Oruir a si mesmoP# onde o suCeito ao mesmo tempo ele próprio
e o$Ceto dele mesmo%
+a$e a&res&entar# por im# :ue a &ategoria do interessante &onstitui a ligação undamental da
repetição &om a metaísi&aN para +onstantius# Oa repetição o interesse da metaísi&a# e ao mesmo
tempo# o interesse a&e ao :ual a metaísi&a ra&assaP32@% A relação :ue se esta$ele&e a:ui entre a
repetição e a metaísi&a de &erta orma preigurada pela historieta :ue +onstantius &onta algumas pEginas antes32 so$re uma Co"em des&onhe&ida &om :uem ele ha"ia "iaCado% .la per&orreu oito mil
milhas &om ele so4inha na estrada# o :ue para ele &onstituiu uma situação :ualii&ada &omo
OinteressantePN não o$stante a tentação de t,-la em seu poder# Oa &oniança &om :ue se entregou nas
minhas mãos era uma deesa melhor do :ue toda a prud,n&ia e ha$ilidade emininasP 32I% 'ara ele# a
segurança e a sal"ação da moça &onstituíram sua entrega sem reser"as# e# dessa Omaneira dis&retaP
&om :ue se dispHs# e4 &om :ue o narrador Operdesse de "ista o lado interessante e pi&ante da
situaçãoP# o :ue resultou em :ue ela Onão poderia ter "iaCado mais segura do :ue &om um irmão ou
&om um paiP32% A disposição &a"alheires&a de a&olhimento te"e sua &ontrapartida na &oniança
desinteressadaN o :ue o le"a a &on&luir :ue Ouma rapariga :ue :uer o interessante torna-se uma
322Ao &ontrErio da:uilo :ue :uer a4er &rer Grammont# para :uem o interessante Yuma &ategoria estti&a pore/&el,n&ia# &riada por 8ier9egaardY# am$as as asserti"as# &omo CE se "iu# errHneas% Ser G)AMMR;# G%N Don Juan, !austo e o Judeu Errante em )ier*egaard # p% 30%
323A))*.6# 8%N (i$ilism and !ait$@ )ier*egaard9s Eit$er# r # p% %32?*dem# p% @%32*dem# p% %32@ Repetição# p% 1%
32*dem# p% ?%32I*dem# p% ?%32*dem# p% ?%
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armadilha na :ual ela mesma apanhada% !ma rapariga :ue não :uer o interessante a&redita na
repetiçãoP330% +om esta historieta pode-se traçar o mo"imento dialti&o :ue a metaísi&a esta$ele&e
&om a &ategoria do interessanteN ironi&amente# en:uanto a repetição posta &omo uma meta
interessada# ela própria nun&a atingida# pois dessa maneira não permitida nela uma &rença
genuína# pois a repetição não oi em momento algum e1perimentada% A metaísi&a o ruto
negati"o da aus,n&ia da:uilo :ue se $us&a# o :ue só possí"el na medida em :ue não se o tem% 6e o
interessante # toda"ia# suspenso# aí :ue &omeça a sua possi$ilidade eeti"a% +om isso "em J tona
a relação parado/al :ue o interessante esta$ele&e &om a metaísi&a da repetição# e a preiguração na
anedota de +onstantius toma a orma da ironia na sua e/pressão por meio da asso&iação do :uerer a
repetição no interessante &omo uma orma garantida de não o$t,-la# &omo uma Oarmadilha em :ue
ela mesma apanhadaP# o ra&asso da metaísi&a331%
B A superação da contemplação@ o su"lime
6e a asserti"a de +onstantius de :ue o interessante e a repetição são in&ompatí"eis em seu
todo "erdadeira# então não se pode alar dele &omo uma &ategoria limite ou &omo uma &ategoria :ue
aponte para o domínio da ti&a ou mesmo o interpenetre% Ro entanto# &omo CE oi mostrado# a ala
de +onstantius a&er&a do interessante en&ontra-se na primeira parte do li"ro# e segundo ele próprio
tudo o :ue dito ali ou $uonaria ou uma meia "erdade% .sta asserti"a a$re a possi$ilidade para
:ue a &ategoria do interessante seCa &on&e$ida do ponto de "ista da ininitude da idealidade ti&a# de
tal modo :ue ela se &oniguraria no ideal &omo o ininitamente interessante# :ue CE se distingue da
orma simples e imediata do interessante :ue Oamar a mudançaP 332% A ;el"stgenugsam*eit de
+onstantius# o :uerer a repetição sem sorimento# mais um indí&io da ironia dessa sua ala# o :ue
a4 &om :ue ele aunde na sua própria des&o$erta% A primeira asserti"a# o amor J mudança# e a
segunda# o :uerer insui&ientemente a repetição# &onsistem na primeira e na segunda orma do
interessante% A ter&eira# e/emplii&ada pelo Co"em da repetição# indi&a um mo"imento a mais# &uCo
signii&ado# en&ontra sua e/pli&ação para alm do interessanteN e para &ompreend,-lo pre&iso pensar não o interesse &omo uma &onormidade a ins# mas agora transigurado no inter%esse# num
estar entre duas ininitudes# e num &onronto parado/al &om a própria noção de ininito% A retóri&a
tra$alhada no te/to da Repetição# $em &omo nas notas :ue remetem a ele# mostra :ue essa a$ertura
para a ininitude tra4 a possi$ilidade de uma interpretação estti&a# em$ora num sentido espe&íi&o%
ra&asso em se atingir a repetição le"a +onstantius a uma des&rença na sua possi$ilidadeN
no entanto# ele a&onselha o Co"em a seguir em sua $us&a# ainda :ue não a&redite mais nela%
330*dem# p% 0%331*dem# p% 0% A relação da repetição &om a metaísi&a serE melhor detalhada no &apítulo seguinte%332 !ear and Trem"ling# Repetition# p% 32@%
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Co"em# por sua "e4# mesmo :uando tudo pare&e perdido# &ontinua a &rer# e por im a repetição
apare&e para ele# em$ora numa orma não plenamente ade:uada% Mas para o próprio Co"em isso não
importa( O:ue a repetição de $ens terrenos# :ue são indierentes no :ue respeita J determinação do
espírito# :uando &omparada a uma repetição &omo esta^ Z 6ó possí"el a repetição do espírito#
em$ora nun&a seCa tão pereita na temporalidade &omo na eternidade# :ue a "erdadeira
repetiçãoP333% seu estado de nimo # nessa o&asião# de rego4iCos ine/pli&E"eis# &uCa des&rição só
pode ser dada em :ue ele di4( Osou de no"o eu mesmoP33?% A sua repetição oi a re&uperação e a
retomada de si próprio# li"re da Oórmula mEgi&aP33 :ue o aprisiona"a%
+hama a atenção# no entanto# o modo &omo ele des&re"e o OCQ$ilo esti"oP :ue o arre$ata na
Qltima sentença de sua Qltima &arta( O:ue "i"a a dança do tur$ilhão do ininito# :ue "i"a o
mo"imento das ondas :ue me es&onde no a$ismo# :ue "i"a o mo"imento das ondas :ue me lança
pra lE das estrelasP33@% sentimento ineE"el :ue o Co"em e/perimenta a:ui o da sua interioridade
em mo"imento# Oonde a &ada instante se arris&a a "ida# onde a &ada instante se perde a "ida e se
"olta a ganhE-laP33# mas um mo"imento :ue os&ila no interstí&io entre o a$ismo e as estrelas% .sse
estar%entre a:ui no"amente a igura do inter%esse# mas num sentido distinto# não mais teleológi&o
e &onormado J generalidade do uni"ersal% S,-se portanto em :ue medida o interessante ultrapassa#
nesse sentido# o meramente estti&o des&rito en:uanto esera da e/ist,n&ia# &ontudo preser"ando
parado/almente um elemento undamentalmente estti&o :ue remete J :uestão do su$lime% A:uilo
:ue olmgaard &hama de est+tica da repetição se &onirma no su$lime por meio da noção &om :ue
o Co"em aguarda a resolução o seu &onlito( a tempestade# :ue a superação do seu estado de
suspensão( Oa segurança de :ue ele oi harmoniosamente Vunii&adoV &onsigo mesmo no"amente
a&ompanhada do ato estranho de :ue o mo"imento de sua alma tão assustador :uanto ele"ado#
transormando a própria ideia de unidade e identidade em uma luta interior &om o ininitoP33I%
A &on&epção do Osu$stratoP religioso :ue a&ompanha o nimo de poeta do Co"em so$ a
ru$ri&a do su$lime indi&a :ue o seu mo"imento religioso en&ontra de algum modo uma e/pressão
e/terior no poti&o# so$ a determinação da &omuni&ação indireta# &uCas iguras determinantes entre
elas a pseudonímia e a ironia são elementos indispensE"eis% Mas isso não o sui&iente# pois em8ier9egaard os elementos estti&os se mostram o tempo todo &omo artií&ios :ue# na maniestação
e/plí&ita de sua artii&ialidade# só podem ser &on&e$idos no seu &arEter estti&o &omo não estando J
altura do religioso# e portanto não podem e/pressE-lo nun&a de maneira ade:uadaN o :ue os le"a#
dessa maneira# em todo momento a &onlagrar-se &om seus próprios limites e &om o sa$er de sua
333 Repetição# p% 132%33?*dem# p% 132%33*dem# p% 132%
33@*dem# p% 133%33*dem# p% 132%33IMGAA)D# L%N T$e Aest$etics of Repetition# p% I-%
@?
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própria superi&ialidade% ;al o sentido negati"o do poti&o :ue designa esse su$strato religioso do
Co"emN e &omo sa$ido# tal negati"idade poti&a# ou &omo se &hama no .onceito de Ironia# a
su$Ceti"idade negati"a a$soluta33# a própria igura da ironia%
Resse sentido# &a$e apontar no"amente :ue a origem da própria noção de interessante a
mesma da ironia% solo &omum entre as duas # pois# a &isão undamental entre o dito e o
signii&ado einung # ou seCa# a am"iguidade infinita3?0( en:uanto a ironia a tem &omo undamento
de sua maniestação# o interessante designa propriamente o locus onde a ideia se determina 7 ou
ainda# onde ela se esorça por se determinar# pois o interesse &omo am$iguidade a:ui a mar&a do
seu esorço por determinação# no :ual ele ainda não se pre&ipita no a$ismo do nada# nem se
&onsuma no ser-si-mesmo% A ironia# &om relação ao sa$er de si mesma em "alidade positi"a#
en&ontra-se num Oest6dio intermedi6rio# :ue não o no"o prin&ípio e &ontudo o P 3?1% Desse modo#
no :ue se reere ao poti&o :ue determina o espírito do Co"em da Repetição# tanto o interessante
&omo a ironia en&ontram sua su$sist,n&ia# sem :ue no entanto se tornem nele o traço predominante%
&arEter undamental da sua disposição poti&a unda-se# $em entendido# no su$strato proundo do
religioso# no O"oo do pensamentoP e no Operigo da "ida a ser"iço da ideiaP3?2# a :uem o poti&o se
torna# pelo $em da própria possi$ilidade de &omuni&ação# um elemento su$Cugado% ;al relação
assemelha-se J &hamada ironia dominada# na:uilo em :ue ela dei/a de &ir&uns&re"er uma
disposição meramente estti&a# e passa a su$sistir a ser"iço da ideia &omo um pressuposto de
consciência# em :ue Onão en&ontra-se presente em algum ponto parti&ular da poesia# mas sim
onipresente# de tal modo :ue a ironia "isí"el na poesia por sua "e4 dominada ironi&amenteP3?3%
.ssa relação assume em A Repetição a orma da relação de +onstantius# o prosador irHni&o
por e/&el,n&ia# &om o Co"em poeta :ue "i"e pela ideia# e a :uem# portanto# a ironia en&ontra-se
su$ordinada% Resse sentido# a ironia tam$m permeia a relação autor-o$ra# no sentido de :ue nela
Oa realidade dada impereita Z assim pare&e tornar-se ne&essErio mais uma "e4 rela&ionar-se
ironi&amente &om toda e :ual:uer produção poti&a indi"idual# CE :ue &ada produto indi"idual
mera apro/imaçãoP3??N e# &omo a realidade mais alta se &orporii&a no eeti"o apenas de modo
impereito# a ideia não en&ontra-se na poesia# mas Oem permanente "ir-a-serP 3?% .ri9sen nota :ueessa relação designa na "erdade o positi"o do ponto de "ista so&rEti&o# na medida em :ue o sa$er de
6ó&rates en&ontra o seu momento positi"o no sa$er de sua negati"idade( Oa ignorn&ia so&rEti&a não
somente uma alta de sa$edoria# mas o sa$er da alta de sa$edoria# e portanto uma relação &om o
33S% .onceito de Ironia# p% 22@%3?0.onceito de Ironia# p% 1@I%3?1.ssa a designação :ue 8ier9egaard pretende dar J "alidade históri&o-uni"ersal do prin&ípio so&rEti&o# em :ue aos
olhos do geral ele torna-se um herói% 'or isso sua "ida pode ser designada Ya mais interessante de todasY% +%.onceito de Ironia# p% 1@?%
3?2 Repetição# p% 133%
3?3.onceito de Ironia# p% 2%3??*dem# p% 22%3?*dem# p% 22%
@
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des&onhe&ido en:uanto des&onhe&idoP3?@%
ra# essa relação irHni&a &om o eeti"o de"e# se se a :uer posta ade:uadamente em prEti&a#
ter &omo um pressuposto a negação da &ompletude ao próprio eeti"oN dito de outro modo# o
resultado de"e ele próprio ser "isto &omo algo ina&a$ado e em permanente "ir-a-ser de si mesmo%
resultado disso :ue a determinação estti&a da contemplação posta em /e:ue# na medida em :ue
ela possí"el somente numa totalidade plenamente atuali4ada# o :ue permane&e de ato impossí"el#
a não ser na ideia% *sso indi&a por :ue ra4ão uma repetição do ponto de "ista do poti&o sempre
inade:uada &om relação J sua pereição na eternidadeN mas mostra tam$m# por outro lado# :ue a
atitude do indi"íduo perante a repetição# para :ue se preser"e a sua designação undamental de
&ategoria de mo"imento# de"e se esta$ele&er na medida em :ue a própria li"erdade indi-idual +
posta em mo-imento3?% +onstantius# na &arta a ei$erg# desen"ol"e em "Erios momentos uma
&ríti&a J atitude &ontemplati"a do indi"íduo &om a repetição# em :ue o indi"íduo estaria
supostamente num locus pri"ilegiado em :ue tanto ele :uanto a repetição seriam &on&e$idos em
pleno ato% .le &omeça a opor a &ontemplação J li$erdade(
O%%% :ual o signii&ado :ue a repetição possui no domínio do espírito# pois de ato todo
indi"íduo# apenas ao s,-lo# :ualii&ado &omo espírito# e seu espírito possui uma história%
A:ui o pro$lema emerge no"amente# e a :uestão se torna( :ual signii&ado a repetição possui
a:ui Z% A:ui o indi"íduo não se rela&iona &ontemplati"amente &om a repetição# pois os
enHmenos em :ue ela apare&e são enHmenos do espírito# mas ele se rela&iona &om eles na
li$erdadeP 3?I
A &ríti&a de +onstantius a ei$erg temo &omo mote o ato de :ue este Qltimo ", a repetição
&omo um pro$lema estti&o% 'ara ele# o ideal da repetição a da lei do enHmeno natural# en:uanto
:ue no mundo do espírito ha"eria somente progresso% Mas dessa orma# a repetição e/terna ao
indi"íduo# e &a$e a ele rente J repetição apenas uma atitude &ontemplati"a# pois ele não pode dessa
orma ser &on&e$ido &omo &apa4 de uma ação li"re :ue interira no &urso do mundo3?% Assim# p<e-
se &omo essen&ial na pergunta so$re a repetição a :uestão da indi"idualidade históri&a na relação
&om a repetição# :ue se tradu4 na pergunta so$re se no indi"íduo por pressuposto situa-se na
&ontinuidade &om o passado indi"idual e históri&o e &om o desen"ol"imento espiritual do mundo(
OA :uestão &on&erne J relação da li$erdade &om os enHmenos do espírito# no &onte/to no
:ual o indi"íduo "i"e# en:uanto a sua história a"ança em &ontinuidade &om o seu próprio
passado e &om o pe:ueno mundo :ue o rodeia% A:ui a :uestão se torna a:uela da repetição
3?@.)*86.R# R% R%N )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition@ a reconstruction# p% 1@3%3?.sse tema desen"ol"er-se-E no &ap% ? dessa e/posição%3?IO%%% =hat meaning does repetition ha"e in the domain o the spirit# or indeed# e"er> indi"idual# Cust in $eing an
indi"idual# is :ualiied as spirit# and his spirit has a histor>% ere the issue arises again# and the :uestion $e&omes(bhat meaning does repetition ha"e here %%%% ere the indi"idual does not relate &ontemplati"el> to the repetition#
or the phenomena in =hi&h it appears are phenomena o the spirit# $ut he relates to them in reedomP% !ear andTrem"ling# Repetition# p% 2I%
3?*dem# &% 2I2# 2I@# 2I%
@@
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nas ronteiras da sua "ida# da repetição dentro da sua "idaP30
indi"íduo &ontemplati"o permite a si mesmo o pri"ilgio de assistir a sua própria e/ist,n&ia pois
ele pressup<e inad"ertidamente essa &ontinuidade históri&a &om o presente &omo algo dado de
antemão# e não &hega a perguntar-se so$re a possi$ilidade mesma de uma distonia em algum pontoN
o :ue se tradu4 na :uestão so$re a possi$ilidade ou não da repetição no espírito% ei$erg# segundo
+onstantius# &on&e$e a repetição na nature4a# pois a ha"ia dado &omo pressuposta na
indi"idualidade :ualii&ada &omo espírito li"re# o :ue mostra :ue o primeiro pro"lema da
li"erdade@ se $6 ou não repetição, se:uer &hega a ser posto em :uestão(
Ouando se ala so$re indi"idualidade# sempre se a &on&e$e &omo &ontemplati"a ou &omo
esteti&amente am$ígua% ue hE uma repetição sempre &erto# e o :ue te preo&upa aCudar o
indi"íduo a ganhar um sentido para a repetição% Mas a primeira tarea da li$erdade 7 se hE ou
não repetição 7 não posta de maneira nenhumaP31
A pergunta pela repetição "in&ula-se J :uestão da &ontemplação espe&ialmente atra"s da:uestão temporal do iní&io# em :ue a indi"idualidade li"re "em a tornar-se eeti"a% A :uestão
&on&erne espe&ii&amente J possi$ilidade de o indi"íduo perder-se a si mesmo no seu iní&io e
portanto ter de re&omeçarN se tal iní&io possí"el e se possí"el re&uperar repetir a:uilo :ue se
perde nesse iní&io% ponto :ue a:ui o indi"íduo# pelo simples ato de en&ontrar-se em Cogo na
situação temporal# o tempo todo arris&ando perder-se e re&uperar-se a si mesmo# não pode ser
situado esteti&amente &omo um indi"íduo &ontemplati"o( este Qltimo CE per&orreu o &aminho# CE
atingiu a plenitude do a$solutoN # no di4er de egel# o ponto de "ista do a&a$amento% .le # para simesmo e para o mundo eeti"o# &omo uma di"indade% A lamentosa interpelação de +onstantius
so$re a "aidade# em :ue o tempo dei/a de a4er :ual:uer sentido# di4 respeito a este ponto de "ista
estti&o &ontemplati"o em :ue a repetição não oi posta en:uanto :uestão pertinente( Y:uando tudo
"aidade e tudo passa# "iaCa-se mais depressa :ue num &om$oio %%% +ontinua# tu# drama da "idaN
:ue ningum lhe &hame uma &omdia# ningum uma tragdia# pois :ue ningum lhe "iu o im_Y32%
dis&urso de ei$erg ", a repetição &om relação ao estti&o apenas no domínio da
metodologia analíti&a( a repetição seria um modo de deparar-se no"amente &om o pra4er de
desrutar uma o$ra de arte &omo tam$m um meio de aproundar-se nela% +onstantius re$ate
airmando :ue a sua e/peri,n&ia da repetição &om a "iagem a Berlim tam$m pode ser lida desse
modoN pois uma $ela &idade# assim &omo uma o$ra tam$m $ela% Mas nesse sentido :ual:uer
&oisa pode ser su$metida a esta operação esteti4ante# e tudo pode tornar-se $elo de alguma maneira%
30O;he :uestion &on&erns the relation o reedom to the phenomena o the spirit# in the &onte/t o =hi&h the indi"idualli"es# inasmu&h as his histor> ad"an&es in &ontinuit> =ith his o=n past and =ith the little =orld surrounding him%ere the :uestion $e&omes that o repetition =ithin the $oundaries o his lie# o repetition in his lieP% *dem# p% 2II%
31Obhen >ou spea9 a$out the indi"idualit># >ou al=a>s &on&ei"e o him onl> as &ontemplating or as estheti&all>am$iguous% ;hat there is repetition al=a>s remains &ertain# and =hat preo&&upies >ou is assisting the indi"idual to
gain a eeling or repetition% But the irst issue o reedom=hether there is repetitionis not tou&hed on at allP%*dem# p% 2I%
32 Repetição# p% I1%
@
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Resse sentido# tomar algo &omo $elo passa ser o mesmo :ue tomE-lo &omo di"ertido# algo :ue não
de"e ser le"ado a srio# um mero entretenimento# &oisa a :ue +onstantius não estE disposto( Oeste
o aspe&to di"ertido da repetição# :ue Camais de"e-se le"ar a srioP33% A &on&epção da repetição
nesse sentido termina por ani:uilar a própria possi$ilidade do estti&o% A e/&lusão da repetição do
domínio do t$eor+in &ontemplati"o termina# assim# por sal"ar o mesmo# na medida em :ue ele
pre&isa de uma neutralidade e/terior :ue não pode ser &on&edida pelo &on&eito de repetição# :ue
reere-se somente J interioridade do indi"íduo na li$erdade% A repetição de"e ser &on&e$ida &omo
seriedade# mas a seriedade na &ontemplação totalmente distinta do ponto de "ista &ontemplati"o
em :ue tudo passa a ser regido pelo espe&tro do entretenimento e da distração% ponto :ue a ideia
em sua totalidade# o :ue in&lui tam$m o aspe&to do $elo# não se eeti"a por esta "iaN tudo o :ue
perten&e a este m$ito de"e engaCar-se na positi"idade do espírito na repetição em sentido pleno( a
repetição da pr5pria indi-idualidade ele-ada a uma no-a potênciaK% A ideia não somente
preser"a-se neste mo"imento# mas ele"a a si própria# no mo"imento :ue &onstitui a repetição sensu
eminentiori e o interesse mais proundo da li$erdade3%
Mas na medida em :ue &onstitui um interesse# tem-se no"amente nessa no"a pot,n&ia uma
designação de &unho estti&oN de tal orma :ue se a4 ne&essEria uma &ategoria :ue d, &onta da
"ertigem da su$Ceti"idade na li$erdade dentro de seu próprio mo"imento% ;al a unção do su$limeN
mas no sentido de :ue o &arEter estti&o :ue permeia seu &on&eito CE não se determina mais pelas
&ara&terísti&as do esteti&ismo romnti&o "ulgar# em :ue o interessante se degenera numa $us&a
ar$itrEria pelo no"o em si e por si# e em :ue o &on&eito de $ele4a redu4ido ao entretenimento
superi&ial% Ao &ontrErio# estes &on&eitos transiguram-se na &ondição undamental do artísti&o em
sentido ele"ado e ao mesmo tempo proundo# mas de uma orma tal :ue o sentido do estti&o
ultrapassa a si próprio na instauração de seu sentido Qltimo# apontando para um su$strato :ue em
8ier9egaard se designa &omo o religioso# mas ao :ual ela permane&e su$ordinada# dominada 7 o
:ue se dE no &aso do Co"em &om o poti&o# na transiguração da melan&olia na produção poti&a por
meio da dialti&a da e/&eção# :ue instaura# do mesmo modo :ue em A$raão# a Ypresença de um
parado/o :ue es&apa a todas as mediaç<esY3@%
BK Ironia e repetição como parado1o
6e tal &on&epção "iE"el# tem-se :ue tanto o interessante :uanto a ironia su$sistem de
orma su$ordinada J repetiçãoN mas se a repetição a Yseriedade da e/ist,n&iaY# e o :uerer a
33O;hat is the amusing aspe&t o repetition# =hi&h one should ne"er ta9e seriousl>P% !ear and Trem"ling# Repetition# p% 2?%
3?*dem# p% 2?%3*dem# p% 2?%3@Temor e Tremor # p% 1?%
@I
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repetição signii&a ao mesmo tempo Yamadure&er em seriedadeY3# então de alguma maneira os dois
&on&eitos de"em ser arti&ulados em unção dessa seriedade% ;rata-se# portanto# de &on&e$er uma
ironia sria ou uma seriedade na ironia# o :ue se tradu4 em en&ontrar no negati"o do ponto de "ista
irHni&o algo de positi"o por ele propi&iado% A arti&ulação da ironia :ue permite esse dire&ionamento
a ironia dominada# em :ue ela# Y&ompleta em si mesmaY# aponta para algo alm dela na medida
em :ue re&onhe&e seu limite% 'or outro lado# &on&e$,-la &omo sria aria &om :ue ela dei/asse de
ser ela mesmaN o :ue não "em a se &on&reti4ar# pois ela tam$m de"e &ontinuar a ser ela mesma%
Assim# orçoso :ue se d, uma a$ertura para o parado/o da eeti"idade da ironia dominadaN o
a&a$amento# a síntese suprema do positi"o# se dE somente na orma do parado/o% 8ier9egaard
e/pli&a essa arti&ulação :uando ala da seriedade da ignorn&ia no ponto de "ista so&rEti&o( Yneste
ponto# sria sua ignorn&ia ao mesmo tempo em :ue tam$m não sria# e neste ponto e/tremo
temos :ue manter 6ó&ratesY3I% . ainda(
Y&om eeito# :uando a ironia de"e ormular um enun&iado supremo# a&onte&e aí &omo para
todos os pontos de "ista negati"os# ela pronun&ia algo de positi"o# ela le"a a srio a:uilo :ue
di4% 'ara a ironia nada estE esta$ele&ido# ela "ira e me/e &om tudo ad li"itumN mas se ela
:uer enun&iar isto# di4 algo de positi"o# &om o :ue então a sua so$erania neste ponto
a&a$aY3
A seriedade não-sria de 6ó&rates indi&a em :ue sentido 8ier9egaard &on&e$e sua a ironia
&omo um enHmeno en&arnado num ponto de "ista a$soluto# &omo a:uele &uCa e/ist,n&ia a mais
interessante possí"el e por Qltimo &omo a:uele :ue introdu4iu a su$Ceti"idade na orma da ironia
3@0
%uando 8ier9egaard :ualii&a a ne&essidade de &on&e$er 6ó&rates num Ye/tremoY# ele aponta :ue a
posição so&rEti&a indi&a um limite# &uCa linha di"isória o próprio parado/oN e o re&onhe&imento
desse parado/o &omo limite delineia o &arEter &ríti&o da proposta 9ier9egaardiana :ue )i&oeur
&hama de crCtica da e1istência# :ue tem o parado/o &omo ei/o &entral para seu esta$ele&imento e
&uCa &ondição de possi$ilidade o próprio limite da linguagem rente ao parado/o3@1% s re&ursos
estti&os dominados no dis&urso 9ier9egaardiano dire&ionam-se na &omuni&ação indireta o tempo
todo a esse ponto ul&ral do limite do parado/o# e o indi4í"el "em J tona a todo instante# para
retrair-se em seguida so$ o manto do &olorido soísti&o do dis&urso% As &ontradiç<es não resol"idas
maniestam-se sem nenhuma reser"a e J re"elia# de tal orma :ue a sugestão do :ue no te/to pode
ha"er de positi"o ou negati"o in"ertida no momento da repetição% uando +onstantius airma :ue
o &aminho do te/to o in"erso3@2# a repetição transorma o mo"imento do te/to numa alegoria do
3 Repetição# p% 33%3I.onceito de Ironia# p% 233%3*dem# p% 233%3@0Muito em$ora não a tenha dominadoN ele Ya"istou a idealidade J distn&ia# mas não a dominouY# e a su$Ceti"idade
negati"a da ironia &onstitui na "erdade Ya orma mais le"e e mais e/ígua da su$Ceti"idadeY% +% .onceito de Ironia#
p% 1%3@1p% &it% ;6A8*)*# S%N An1iet2, Repetition and .ontemporaneit2# p% 2%3@2 Repetição# p% 13@%
@
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mo"imento eeti"o# em :ue a repetição "em a ser uma in"ersão :ue propi&ia a sua ele"ação
poten&iada% De a&ordo &om Mel$erg# a ordo in-ersus a :ue nos o$riga a repetição não pode
des"in&ular-se dela própria en:uanto mo"imento( Ya ordem re"ersa-repetida :uer di4er &olo&ar as
&oisas de &a$eça para $ai/o( &olo&E-las no lugar &ertoYN o :ual se dE na pro/imidade da in"ersão
&om o su$lime# em "irtude do pat$os :ue a a&ompanha indisso&ia"elmenteN &itando 'aul +elan#
Y:uem :uer :ue ande de &a$eça para $ai/o# senhoras e senhores 7 :uem :uer :ue ande de &a$eça
para $ai/o# este tem os &us &omo a$ismo a$ai/o de siY3@3%
A impossi$ilidade de a&esso ao nHmeno mais íntimo da "erdade a$re &aminho para o
di"ór&io deiniti"o entre a linguagem e o real eeti"oN de tal modo :ue a relação entre este Qltimo e
o dito pode esta$ele&er-se apenas no registro do parado/o% Mas a possi$ilidade de e/pressão de tal
registro não pode pres&indir de &ategorias estti&as &omo a ironia e o interessante# ainda :ue do
ponto de "ista do dis&urso logi&amente arti&ulado resulte em aporia% mo"imento de in"ersão do
li"ro do e/terior 7 a "iagem para Berlim 7 para o interior 7 a repetição da &ons&i,n&ia 7 mostra a
primeira &omo uma paródia da segunda# mas &uCo &arEter de paródia de"e maniestar-se &omo tal
para :ue o sentido mais proundo apareça% 'ortanto# o estti&o de"e mostrar-se# na sua resolução#
limitado por a:uilo :ue propriamente o trans&endeN mas a pretensa seriedade :ue se instaura nessa
mudança do Ydis&urso irHni&o para o patti&o e &onessional mesmo :ue não se es&ape do :uadro
irHni&o do li"ro# e do passado para o presenteY3@?# &uCo undamento não senão o próprio lirismo
poti&o do dis&urso do Co"em# mantm-se limitada do ponto de "ista e/terior pela mar&a indel"el
do patti&o# no sentido mais negati"o do termo3@%
A repetição en:uanto e/peri,n&ia tem a sua maniestação no te/to atra"s do parado/o :ue
e/pressa a sua impossi$ilidade( a pro-a da impossi"ilidade da repetição se d6 pela pr5pria
repetição% A:ui# toda"ia# não se pode a$strair do ponto de "ista estti&o dire&ionado a partir do
e/terior# pois a "ia de maniestação da repetição en:uanto &on&eito se undamenta apenas &omo
uma -ia negati-a% A e/peri,n&ia do ra&asso o$Ceti"o da pro"a# :ue tam$m a pro"a &ríti&a da "ida
estti&a &omo tal# "i"ida prin&ipalmente por +onstantius# e pelo Co"em apenas na medida em :ue
este "isto por +onstantius &omo um poeta 7 de modo :ue a auto&ontradição em :ue o Co"em entra:uando o &arEter patti&o do seu dis&urso líri&o predomina e impede :ue a repetição se eeti"e na
Yelasti&idade irHni&aY de um "i"er poti&o li"re das amarras da ironia indomada3@@% A &isão
undamental entre e/terior e interior torna-se e/plí&ita na enun&iação desse parado/o# pois nele toda
3@3Ober aus dem 8op geht# meine Damen und erren#7 =er aus dem 8op geht# der hat den immel als A$grundunter si&hP% Der eridian und andere prosa K0# p% &it% M.B.)G# A%N Repetition Min t$e *ier*egaardian sense oft$e term4# p% I1%
3@?MGAA)D# L%N T$e Aest$etics of Repetition# p% %3@ dis&urso do Co"em pare&e# nessa perspe&ti"a# in&omensurE"el &om a magnitude da interioridade religiosa atingida
por Ló( esse o undamento do humorísti&o :ue auniensis enati4a no te/to da Repetição# e :ue esteti&amente
delineado no te/to por +onstantius no dis&urso so$re a arsa% .sse tema serE tratado e/tensamente no &apítulo %3@@K assim :ue olmgaard des&re"e o estado de suspenso gradu no poti&o do Co"em# :ue pre&ede a repetição e a
eeti"ação do su$lime% +% MGAA)D# L%N T$e Aest$etics of Repetition# p%%
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a possi$ilidade da positi"idade da e/peri,n&ia Cogada para o interior# e a e/peri,n&ia da repetição
desta orma posta na sua possi$ilidade eeti"a apenas &omo e/peri,n&ia su$Ceti"a% .ntretanto# não
se e/tingue &om isso a possi$ilidade de +onstantius# ainda :ue do ponto de "ista meramente
e/terior# aça asserç<es de &unho metaísi&o ou &on&eitual a&er&a da repetição# na medida em :ue a
possi$ilidade da pro"a metaísi&o-&on&eitual o$struída por este parado/oN o :ue não impli&a :ue#
so$ este ponto de "ista# ele en&ontre uma resolução e/terior &on&retaN ao &ontrErio# passa a um
mo"imento de desdo$ramento3@ em :ue no"as aporias são poeti&amente postas em Cogo# mas desta
"e4 inseridas na interioridade su$Ceti"a e mar&adas pela insígnia do poti&o%
Assim# o tratamento &on&eitual da repetição mantm um "ín&ulo &om o estti&o na medida
em :ue ele se eeti"a# em "irtude do parado/o e do ponto de "ista da e/terioridade da:uele :ue a
o$ser"a de ora# &omo o poti&o so$ a determinação do líri&o# e# do ponto de "ista interior# &omo a
redupli&ação da &ons&i,n&iaN portanto não mais se arredondando num modo de "ida em si mesmo#
mas su$Cugado 7 do mesmo modo :ue a ironia 7 ao ser"iço J ideia% A sua "in&ulação uni&amente ao
modo e/terior da representação negati"a limita a possi$ilidade da própria &omuni&ação# :ue passa a
instituir-se so$ a própria determinação do poti&o3@I# :ue se eeti"a por meio da linguagem &irada%
Resse sentido# hE no &arEter arses&o da paródia de +onstantius# em sua "iagem# um elemento :ue
possi$ilita uma a$ertura para a própria seriedade# em :ue ela apare&e somente &omo uma pot,n&ia
do dis&urso# ou seCa# &omo possi$ilidadeN de ato# &omo mostra .ri9sen3@# ela &onstitui um interesse
da própria intenção irHni&a da paródia# pois ela &onstitui um ser :ue ainda não "eio-a-ser na sua
plenitude% .la situa-se no interstí&io do "ir-J-e/ist,n&ia# sem no entanto &onstituir um não-ser
a$soluto nem um ser eeti"o pleno% A ironia # nessa relação &om a seriedade# a porta-"o4 de mais
uma a&eta do parado/o da repetição( a ironia a forma e1terior de uma seriedade não%s+ria# na
:ual su$siste o elemento determinante do mal-entendido# a la&una entre o dito e o signii&ado
men&ionada por Sergote30% uando a realidade da ironia pura possi$ilidade# :uando ela ainda não
oi dominada# o indi"íduo se ", li"re da Ysua tarea de reali4ar a realidade eeti"a# %%% de sentir a
seriedade da responsa$ilidadeY31% Mas ao passo em :ue ela dominada# a seriedade posta nela
&omo um ator em mo"imento# em :ue a possi$ilidade se pre&ipita no sair de si mesma%
3@A proposta de 6hlomith )immon-8enan por uma po+tica da repetição tem portanto &orretamente a suaundamentação a partir do &arEter aporti&o e parado/al da repetição do ponto de "ista estti&o# &uCa primeiramaniestação o parado/o da pro"a supra&itado% A repetição maniesta# para ele# tr,s modos undamentais da unção
poti&a do parado/o( 1 a repetição se a4 presente em todo lugar e em nenhum lugarN 2 a repetição &onstruti"aenati4a a dierença e a repetição destruti"a enati4a a identidadeN ou seCa# repetir &om su&esso não repetirN 3 a
primeira "e4 CE uma repetição e a repetição a própria primeira "e4% +%( )*MMR-8.RAR# 6%N T$e parado1ical status of repetition# p% 11-1%
3@IDaí a identii&ação :ue Grammont a4 entre estti&a# pseudonímia e ironia( estas designaç<es são modos da&omuni&ação em :ue o irHni&o ou o esteta "i"em poeti&amente% Ser G)AMMR;# G%N Don Juan, !austo e o Judeu Errante em )ier*egaard # p% 11%
3@.)*86.R# R% R%N )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition# p% 12%30+% S.)G;.# %B%N ;ens et Repetition# "% *# p% 1%31 .onceito de Ironia# p% 2?1%
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6e a pergunta so$re a possi$ilidade da repetição de"e ser le"ada a srio# &omo +onstantius
:uer a4er &rer :ue seCa possí"el# torna-se impossí"el pensE-la# na medida em :ue a própria
seriedade estE &omo dada nesse registro# pois a repetição# a seriedade da e/ist,n&ia# então apare&e
a:ui &omo mais uma a&eta do parado/o# pois a pergunta so$re a repetição passa a pressupor a
própria repetição% Do mesmo modo# se a ironia dominada # &omo di4 ;sa9iri# Yum gatilho para a
interioridadeY32# então :uando o indi"íduo se pergunta onde ele de"e tornar-se srio# da mesma
orma :ue a pergunta so$re a repetição CE a pressup<e &omo dada# então aí a seriedade tam$m
en&ontra-se posta% K nesse sentido a seríssima ad"ert,n&ia de 8ier9egaard numa nota :ue di4( Ouma
pessoa de"e ter &uidado na:uilo so$re o :ue ela se torna sriaP33( essa &autela# repetidamente
in"o&ada pelo sedutor na a$ertura do Di6rio do ;edutor representa o próprio interesse da ironia &om
relação J realidade eeti"a :ue mantm o negati"o &omo uma possi$ilidade sempre J espreita# &omo
a Y"elo&idadeY3? :ue A pressup<e :ue o esteta de"e possuir para e"adir-se da atualidade%
Ra Repetição# esse indi"íduo :ue "em a ser por meio desta relação interessante &om a
possi$ilidade &hamado indi-Cduo crCptico% Ao mesmo tempo em :ue ele disp<e-se ironi&amente
&om relação J possi$ilidade# nele en&ontra-se in&ipiente uma disposição J e/teriori4ação :ue# no
entanto# não sa&rii&a a própria interioridade nesse mo"imentoN +onstantius o des&re"e a partir de
uma metEora sonora# os&ilando entre o murmQrio do "ento e a melodia da disposição aeti"a# não
&om outra intenção senão remeter J primeira etapa do esteti&ismo# a do deseCo :ue en&ontra
e/pressi"idade musi&al(
YZ a possi$ilidade do indi"íduo "agueia sem rumo na sua própria possi$ilidade# des&o$rindo ora
uma# ora outra% Mas a possi$ilidade do indi"íduo não :uer meramente ser ou"idaN não apenas
algo :ue passa %%%# ela tam$m gestaltend # e portanto :uer ao mesmo tempo ser "ista% Daí :ue
&ada possi$ilidade do indi"íduo seCa uma som$ra sonora% indi"íduo &rípti&o %%% :uer apenas "er
e ou"ir pateti&amente# mas 7 note-se $em 7 "er-se e ou"ir-se a si mesmoY3
Mas para o indi"íduo &rípti&o# a seriedade ainda o demonía&o :ue# toda"ia# se a4 presente &omo
uma orça repressora# a Y"igiln&ia angustiante da responsa$ilidade( aí estamos no domínio do
demonía&oY3@% Ro domínio da paródia# :ue des&rito a:ui &omo o am$iente ideal do indi"íduo
&rípti&o# a repetição o&orre na redupli&ação :ue dada Ypela realidade artii&ialY em :ue ele pode
Y&omo um duplo# "er-se e ou"ir-se a si mesmoY 3% A redupli&ação o&orreu na e/terioridade# e não
na &ons&i,n&ia# pois a:ui Ya personalidade não estE ainda des&o$erta# a sua energia limita-se a
anun&iar-se na pai/ão da possi$ilidadeY3I% :ue de"e ser ressaltado :ue o indi"íduo &rípti&o tem
32;6A8*)*# S%N An1iet2, Repetition and .ontemporaneit2# p% 2?%33OA person must $e &areul a$out =here he $e&omes earnestP% !ear and Trem"ling# Repetition# p% 321%3? Eit$er# r # p% 23?%3 Repetição# p% %
3@*dem# p% %3*dem# p% I%3I*dem# p% I%
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reali4adaY3I# a reer,n&ia J segunda pot,n&ia da su$Ceti"idade CE estE posta% A similitude &om o
dis&urso &ristão não e"idente por a&aso# pois# no :ue di4 respeito J :uestão da ironia &omo uma
orientação e/isten&ial# tem-se :ue ela# de modo am$íguo# a$re a possi$ilidade para as arti&ulaç<es
de Y&riar poeti&amente a si mesmoY e por outro lado o de Yse dei/ar &riarYN essa segunda asserti"a
&orresponde ao posi&ionamento &ristãoN em :ue Yo &ristão se dei/a &riar# e neste sentido um &ristão
$em simples "i"e muito mais poeti&amente do :ue uma porção de &a$eças talentosasY30% !ma
airmação deste tipo torna in:uestionE"el não somente a "ig,n&ia da possi$ilidade de o indi"íduo
manter-se irHni&o na seriedade re:uerida pelo religioso# &omo tam$m a "alidade estti&a do ponto
de "ista da redupli&ação# em :ue o sentido do "i"er poti&o ad:uire um no"o signii&ado mais
ele"ado mesmo atra"essando a idealidade e/igida pela responsa$ilidade ti&a% Ainda :ue a
imediate4 da idealidade estti&a não possa su$sistir J repetição# esta Qltima permane&e sendo a
Y$ele4a da "idaY31# na medida em :ue a própria "ida uma repetição% 6e a su$Ceti"idade# nesse
sentido# posi&iona-se na idealidade da realidade efeti-a :ue surge a partir do &ho:ue entre a
Yidealidade deseCada pela .stti&aY e a Yidealidade e/igida pela Kti&aY32# a ciência e1istencial :ue
se desen"ol"e a partir dela de"e undar-se no interesse &onstituti"o dessa su$Ceti"idade apartada
entre o ser e o não-ser% Resse sentido# a seriedade da responsa$ilidade não ela própria o a$soluto
em :ue o indi"íduo se sustenta# pois mesmo Ya indi"idualidade mais amadure&ida# :ue se sa&ia &om
o orte alimento da realidade# não propriamente inluen&iada por um :uadro $em pintadoY 3?N ela
termina por redu4ir-se a uma idealidade :ue não propriamente uma idealidade plena# mas :ue se
&ontenta &om a superi&ialidade do prosaísmo%
A su$Ceti"idade orientada nesse sentido "i"e# pois# a ser"iço da ideiaN &a$e# na medida em
:ue nela se estE em mo"imento# &ondu4ir a e/ist,n&ia so$ a sua unidade# o :ue preser"a ao mesmo
tempo Yo indi"íduo saudE"el e de $om humorY# sal"a o sentimento e dE a ele a auto&ertii&ação da
resolução da "ida so$ a ru$ri&a do artísti&o% 'or isso# +onstantius ad"erte so$re a grande4a de ato
:ue de&orre do Co"em não ter desposado outra moçaN isso &onstituiria Yuma ra:ue4a# um
"irtuosismo simplistaY :ue inade:uado a :uem :uer :ue possua Yuma "isão artísti&a da "idaY 3%
;am$m por isso# so$ outro ponto de "ista# o poeta Yum par"o &om as moçasY 3@N se a sua "idade"e dei/ar-se &aptar por uma &ategoria# tarea esta :ue não nem um pou&o E&il se não le"ada a
srio# a sua reali4ação ininitamente dii&ultada pela própria presença do emininoN +onstantius
3I*dem# p% 2?1%30*dem# p% 2?2%31 Repetição# p% 33%32.onceito de AngHstia# p% 1%33+uCo undamento o Inter%esse# en:uanto o esse o undamento da ontologia e da matemEti&a% +% Journal and
Papers# *S + 100 n%d%# 1I?2-?3%
3? Repetição# p% @1%3*dem# p% 12I%3@*dem# p% 12I%
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atesta :ue Ysó muito raramente "i uma moça &uCa "ida se dei/asse &aptar so$ uma dada
&ategoriaY3% Ro entanto# ele re&onhe&e :ue se isso osse por"entura possí"el# ou seCa# se a moça
osse dotada de interioridade# a dor do Co"em intensii&ar-se-ia de ato# mas a Yalegria de admirar a
amadaY teria a &onse:u,n&ia de :ue Ysua "ida pararia &omo a dela# mas pararia &omo as Eguas :ue
parassem eneitiçadas pelo poder da mQsi&aY3I%
.ssa &onstituição ideal do poeta de"e ser tomada so$ a ru$ri&a da ironia Custamente por :ue
seu porta-"o4 o próprio +onstantiusN ela tem &omo re&urso para es&apar J ne&essidade eeti"a do
mo"imento a uga no estado de suspenso gradu% .ntretanto# este mote permite &ontrastar &om
&lare4a a distinção entre esse "i"er poti&o estagnado e o "i"er poti&o em :ue se possui a ideia em
mo-imento( Yo poeta não "i"e poeti&amente pelo ato de &riar uma o$ra poti&a# %%% ele só "i"e
poeti&amente :uando ele mesmo estE orientado e assim integrado no tempo em :ue "i"e# estE
positi"amente li"re na realidade J :ual perten&eY3% A Yininitude interiorY :ue ne&essEria para :ue
o indi"íduo se torne assim positi"amente li"re &onstitui portanto a ironia dominada# e a orientação
de :ue se ala a:ui dada pela própria ideia% 'or isso# na medida em :ue todo indi"íduo
supostamente &apa4 da redupli&ação de si próprio na &ons&i,n&ia# o :ue "ale para a e/ist,n&ia de
poeta "ale para :ual:uer outro indi"íduo :ue não seCa propriamente um poeta# na medida em :ue
este não sa$eria dar a este &onteQdo uma orma e/pressi"a &on&reta# Yuma &oniguração poti&a ao
:ue oi "i"en&iado poeti&amenteY?00# o :ue &onsiste num dom raro Odigno de in"eCaP?01% A suspensão
:ue o irHni&o de"e eetuar não # nesse sentido# de uma realidade espe&íi&a# mas a própria realidade
em sua totalidade# na medida em :ue ele en&ontra-se em &onstante &ho:ue &om elaN por isso
Yimportante suspender a:uilo :ue o &onstituinte da realidade eeti"a# a:uilo :ue a ordena e
sustenta# isto # a moral e a -ida +ticaY?02% Apare&e então a ne&essidade da operação undamental da
ironia no mo"imento para o ininito :ue &ara&teri4a a repetição( o irHni&o torna-se a:ui Ya:uele .u
eterno# para o :ual nenhuma realidade ade:uadaY?03% Resse sentido# o &ristão# :ue Y"i"e muito
mais poeti&amente do :ue uma porção de &a$eças talentosasY?0?# en&ontra seu lugar uma "e4 :ue
tam$m a estti&a# da mesma orma :ue a ti&a# ou a generalidade# de"e retornar depois da
instauração da ininitude interior por meio da redupli&ação%Dessa maneira# a:uele :ue a&eita a tarea de &riar a si mesmo poeti&amente não só entra no
mo"imento por meio do :ual ele se torna o :ue ele # mas &om isso transigura toda a realidade J
sua "olta# :ue "em-a-ser Cuntamente &om ele numa no"a pot,n&ia% ong mostra :ue 8ier9egaard
3*dem# p% 12%3I*dem# p% 130%3.onceito de Ironia# p% 2@-2%?00*dem# p% 2%?01*dem# p% 2%
?02*dem# p% 2?%?03*dem# p% 2?%?0?*dem# p% 2?2%
@
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&on&e$e# &omo Aristóteles# o poi+in &omo um faLer ( Yo poeta # &omo a pala"ra mostra# um a4edor#
mas um a4edor no reino do possí"elP?0% Desse modo# a poesia rela&iona-se &om a realidade por
meio da realidade poti&a# e de ato O uma esp&ie de re&on&iliação# mas não a "erdadeira
re&on&iliaçãoP# pois ela re&on&ilia &om o ideal# mas não eeti"a uma transu"stanciação da
realidade% 'or meio da realidade superior# a poesia redime a "ida ao e/pli&E-la# iluminE-la e
desen"ol",-laN ela# nesse sentido# mais ilosói&a :ue a história% Mas o seu operar se dE por meio
desta suspensão do impereito# em :ue ele posto de lado para :ue o ideal apareça sem :ue &ontudo
dei/e de s,-lo in acto% 6o$ este aspe&to# o "i"er poti&o permite :ue se &hegue apenas J orma do
su$lime :ue ante&ede a repetição em sentido pleno%
A orientação temporal dada pelo irHni&o não atinge a eeti"idade da história# na medida em
:ue poeti&amente determinada# entretanto# não &onsiste tam$m numa imo$ilidade &onstanteN por
isso ela de"e passar por esse momento de suspensão# :ue rompe &om a &ontinuidade ne&essEria J
história?0@% A situação temporal do poeta nessa suspensão se dE na medida em :ue ela se mostra
&omo um interesse entre a disposição imediata do estti&o# :ue olmgaard &hama de disposição
eróti&a# e a &onsumação da repetição# :ue ele designa &omo o su$lime% A di"isão assim eetuada
elu&ida de maneira $astante satisatória o por:u, da orma &omo a repetição ser introdu4ida no te/to
por meio de alus<es eróti&asN toda a história do Co"em &ondi&ionada J sua pai/ão ardente pela
moça# e o próprio +onstantius torna-se interessado no Co"em pela orça do seu deseCo% A própria
melan&olia do Co"em# :ue no undo uma Odisposição eróti&aP# da :ual ele di4 :ue O:uem no seu
amor nun&a a ti"er "i"ido pre&isamente no prin&ípio# este nun&a amouP?0# designada por ele &omo
uma Ore&ordação poten&iadaP :ue Oe/pressão eterna do amor em seu iní&ioP ?0I% A disposição
eróti&a # por sua "e4# desen"ol"ida por meio da ironia# ou ainda# da elasticidade irNnica# para :ue
manieste-se a Oorça "ital para matar a morte e a transormar em "idaP ?0 e para :ue a re&ordação
poten&iada seCa atingida( assim eeti"ar-se-ia o amor na atualidade# e o amor-repetição tornaria o
Co"em um pai de amília# o :ue o aria dei/ar de ser um poeta% Mas# &omo oi "isto# o Co"em não oi
&apa4 disso# e a sua repetição apenas su"limou a sua disposição eróti&a atra"s da poesia%
A estti&a da repetição di"ide-se# portanto# de a&ordo &om olmgaard# entre disposiçãoer5tica# suspensão e resol"e-se no su"lime% .ssa di"isão satisatória na medida em :ue nela tanto
a ironia :uanto o interessante su$sistem &on&eitualmente na medida em :ue em &ada momento elas
se eeti"am &omo arti&ulaç<es :ue ligam a repetição &om o estti&o% Ro entanto# a repetição não
pode resol"er-se aí simplesmenteN ne&essErio :ue a própria ironia mostre a &on&epção estti&a da
?0 !ear and Trem"ling# Repetition# p TT***%[email protected] des&ontinuidade o :ue undamenta a repetição &omo um &on&eito :ue tra4 J realidade eeti"a o :ue a
mediação ha"ia pretendido sem &ondição nenhuma de eetuar% .sse assunto serE tratado ade:uadamente no &apítuloseguinte%
?0 Repetição# p% 3I%?0I*dem# p% 3I%?0*dem# p% 3I%
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repetição &omo um mero interesse# para :ue nela apareça a orça undamental :ue impulsiona o
Co"em em direção J ideia# o su"strato indiLC-el do religioso% 'ara isso a estti&a só pode ser
sui&iente &omo &omuni&ação indiretaN mas de"e ha"er nela um elemento de &arEter estti&o :ue
aponte para esse su$strato sem no entanto atingi-lo% .sse elemento dado no li"ro pelo $umor # e
pela in&omensura$ilidade do deseCo do Co"em &om a seriedade e/igida pela Oatmosera negati"a :ue
a pai/ão do a$surdo a :ue &orresponde o &on&eito de repetiçãoP?10% Mas o "ín&ulo &om o estti&o
mantm-se nessa atmosera negati"a na medida em :ue o negati"o# o nada :ue se maniesta
en:uanto um estado aními&o de "ertigem no a$ismo do su$lime# determina toda a atualidade
e/terior# ao passo :ue Oo su$lime um mo"imento interior# e ainda um mo"imento :ue o tempo
todo pare&e in&essantemente apontar para a ininitude inimaginE"el e indi4í"el da alma do
Co"emP?11% su$lime mostra o indi"íduo na sua Custa medida# uma "e4 :ue a sua situação
determinada no estar-entre o ininito do &u estrelado e o a$ismo sem-undo% +omo não hE o limite
:ue possi$ilite a mensuração# i&a impossí"el esta$ele&er um &ritrio de reer,n&ia a$soluta :ue
sir"a &omo um uni"ersal( nesse sentido# o indi"íduo # na relação &om ele# uma e1ceção :ue se dE
na orma do poti&o( o su$lime O essen&ialmente uma disposição estti&a alm do tempo e da
atualidade# Cogando o suCeito numa "isão &ósmi&a de &ontínua os&ilação entre VtudoV e VnadaV# entre Vo
a$ismoV e Vas estrelasV% +ertamente# hE um tom religioso su$Ca&ente a tudo issoP?12% .# no entanto# o
Co"em permane&e poeta% A relação entre o estti&o e o religioso pare&e não poder ser &ompreendida
a:ui de outra maneira# &omo um interesse na ininitude do indi4í"el religioso :ue se tradu4 na
disposição do su$lime%
mo"imento da repetição nesse sentido se mostra &omo um interesse &uCa atuali4ação se
tradu4 na undação da própria metaísi&a# mas tam$m no seu a&a$amento# &onsumação e
aundamento% A Oautossui&i,n&iaP da metaísi&a em :ue +onstantius en&alha# a segunda orma do
interessante?13# rompida para dar lugar J ininitude da interioridade no interesse do su$lime% K
nesse sentido :ue o Co"em eetuou um mo"imento religioso en:uanto mante"e-se poetaN ele de ato
Ooi adianteP?1? pois ele oi &apa4 de sacrificar a sua autossui&i,n&iaN esta a ter&eira orma do
interessante# para alm do amor J mudança e do :uerer a repetição sem sorimento( o interesseininito na e/ist,n&ia não pode dar-se na iman,n&ia de um .u :ue engendra a si mesmo% Ra
repetição &omo interesse da metaísi&a# ela en&ontra sua &onsumação pois seu pretenso desinteresse
desmas&aradoN &omo di4 auniensis( Otão logo apare&e o interesse# a metaísi&a se es:ui"a% Z
Ra realidade eeti"a# todo o interesse da su$Ceti"idade "em J tona# e então a metaísi&a en&alhaP?1%
?10.onceito de AngHstia# p% 1%?11MGAA)D# L%N T$e Aest$etics of Repetition# p% %?12*dem# p% %
?13 !ear and Trem"ling# Repetition# p% 32@%?1?*dem# p% 32@%?1.onceito de AngHstia# p% 20%
I
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auniensis asso&ia o estti&o em sentido 9antiano &om a metaísi&a# no sentido de :ue am$os
de"eriam ser desinteressados# o :ue não pode su$sistir &om a repetição% Resse sentido# tanto o
estti&o :uanto a metaísi&a Oen&alhamP% 'ara dar &ontinuidade ao mo"imento# de"e-se a$andonar
estes registros e inserir-se no lu/o por meio do próprio parado/o :ue este representaN &omo e/pli&a
+aputo( Oassim :ue a metaísi&a torna-se interessada# assim :ue ela inserida no lu/o e perde sua
$arreira protetora# ele orçada a dar-se &onta do Cogo sem undo# o a$ismo# a aus,n&ia :ue ha$ita
interiormente toda a rei"indi&ação de presençaP?1@% .sse o momento da repetição :ue &oin&ide &om
o su$lime( a:uele em :ue o indi"íduo perde a si mesmo em meio a ininitude a$ismal# mas a &ada
momento "olta a ganhar-seN a repetição identii&a-se a:ui &om o próprio lu/o e &om o próprio
de"ir# :ue não pode ser pleno se não or um tornar-se si-mesmo% A &ompreensão da repetição &omo
um &on&eito de mo"imento *inesis de"e ser undamentada a partir de dois momentos( o da sua
relação &om a mediação# e portanto &om a metaísi&a em geral# e o da sua &ompreensão &omo um
&on&eito da inserção do indi"íduo na realidade# ou seCa# &omo um &on&eito históri&o temporal% .sse
serE o tema dos &apítulos :ue se seguem%
?1@+A'!;# L%N Radical 8ermeneutics# p% 3%
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etafCsica e Repetição
intento prin&ipal deste &apítulo serE o de delimitar uma &on&epção metaísi&a da repetição#
em toda a a$rang,n&ia dos pro$lemas e dii&uldades em :ue tanto direta :uanto indiretamente tal
tentati"a impli&a% 6erE a$ordada a:ui a relação entre repetição e mediação# mais espe&ii&amente
dentro do pro$lema da repetição &omo o :ue +onstantius denomina Oa no"a &ategoria :ue pre&iso
des&o$rirP?1 e o erro históri&o :ue# segundo ele# &onsistiu em se &hamE-la de mediação%
Desen"ol"er-se-E tam$m a relação negati"a :ue os &on&eitos de re&ordação e mediação# em$ora
em sentidos distintos# mantm &om a repetição# le"ando em &onta as determinaç<es estti&o-
psi&ológi&as deste ponto de "ista# &omo as e/postas nos &apítulos anterioresN $em &omo o
delineamento do pro$lema do est+tico referido U repetição en&uanto categoria metafCsico%
conceitual % ;al arti&ulação tem o intuito de e"itar :ue o dis&urso se per&a na:uele alarido a$strato
:ue +onstantius a$omina &omo Oina&reditE"el agitaçãoP e O&on"ersa idiotaP?1I a respeito da
mediação% A a$ordagem metaísi&a# portanto# teria a intenção de mostrar os mo"imentos da própria
noção de mo"imento na e/ist,n&ia# nomeadamente na orma do &onsagrado torna%te &uem tu +s( as
:uest<es CE reeridas do "elho :ue se torna no"o e da repetição en:uanto retomada serão
aproundadas nessa o&asião% A :uestão do mo"imento# por sua "e4# de"erE ser detalhada no &apítulo
seguinte%
uando se trata da relação :ue a repetição mantm &om a metaísi&a# ne&essErio antes de
tudo uma distinção undamental entre os hori4ontes de sentido de uma e de outra% Rão se pode de
imediato alar de uma metaísi&a da repetição ou da repetição &omo uma &ategoria metaísi&a sem
:ue antes se resol"a o pro$lema de se a repetição# na medida em :ue &on&e$ida &omo uma
&ategoria ti&o-e/isten&ial# se presta propriamente a :ual:uer &ategori4ação sistemEti&a# ou se ela
própria e/trapola esse intento dogmEti&o e a$re o &aminho para uma no"a &on&epção do :ue seCa a
metaísi&a% ;al não impli&a di4er :ue a repetição não pode# so$ :ual:uer &ir&unstn&ia# ser a$ordada
por meio de um "is &on&eitual ou mesmo metaísi&oN mas# na medida em :ue tal empreitada
le"ada a &a$o# a prerrogati"a de :ue tal ponto de "ista se erige apenas en:uanto uma possi$ilidade#
:uer di4er# en:uanto um es&opo dentre outros :ue imediatamente o ultrapassam 7 Custamente por ser
o mais a$strato# o mais imediato do ponto de "ista do entendimento 7 e# por assim di4er# não o
esgota# mas apenas p<e em e"id,n&ia a a$rang,n&ia do pro$lema e a radi&alidade da de&isão so$re
sua resolução%
?1 A Repetição# p% 0%?1I*dem# p% 0%
I0
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*sso se dE por:ue a própria repetição# se pensada &omo uma etapa ou um estEgio no
desen"ol"imento da &ons&i,n&ia &uCa pre&ed,n&ia e su&essão são &on&e$í"eis numa relação
ne&essEria e determinada &om ela# resulta numa instn&ia :ue &on&e$e o indi"íduo apenas &omo
generalidade# e daí temos somente mediação e alatório% .sse dis&urso não &apta o :ue Lohannes
+lima&us &hama de Opai/ão ininitamente interessadaP?1 pela e/ist,n&ia# :ue &ara&teri4a o modo de
e/ist,n&ia do indi"íduo e tam$m a mar&a undamental do religioso% De maneira &ontrEria J
ilosoia hegeliana# o mote das &ríti&as de 8ier9egaard a seus &ontemporneos# :ue di4 respeito J
generalidade uni"ersal do .spírito e aos mo"imentos imanentes da &ons&i,n&ia históri&a# indi&a :ue
essa &on&epção de indi"idualidade &ria uma issura na totalidade da &on&epção do a$soluto
hegeliano e institui uma relação de pol,mi&a entre o uni"ersal e o poti&o :ue dele se e/&lui &omo
e1ceção .ssa pol,mi&a possui uma dinmi&a dialti&a própria :ue tam$m serE tratada neste
&apítulo# paralelamente ao :ue di4 respeito ao aproundamento do sentido da relação entre
re&ordação e repetição# agora não mais numa a$ordagem estritamente estti&o-psi&ológi&a &omo
a:uela pre"iamente dada anteriormente# para :ue então "enha J tona o sentido mais pre&iso dessa
dialti&a e se mostre em :ue medida ela su$siste para alm dos limites do estti&o% A relação entre
re&ordação e repetição en:uanto mo-imento de&isi"a para :ue se &ompreenda tam$m a in&ógnita
inal do segundo &apítulo# a sa$er# a repetição en:uanto uma &ategoria &apa4 de tradu4ir o
mo"imento &on&reto da e/ist,n&ia# a partir da :ual dada a perspe&ti"a em :ue se &on&e$e os tr,s
&on&eitos ali &olo&ados# histori&idade# trans&end,n&ia e de"ir% ;odos eles re&e$em# &om a
instauração da repetição# um signii&ado distinto e espe&íi&o# &uCo detalhamento essen&ial não
somente para &ompreender o mo"imento religioso# mas tam$m para :ue este# e por &onseguinte a
própria repetição# esta$eleça sua relação espe&íi&a &om o estti&o%
0 Recordação, ediação e Repetição
A &on&epção da repetição en:uanto &ategoria e/isten&ial depende de sua &omparaçãonegati"a rente aos &on&eitos &om os :uais ela se rela&iona e a partir dos :uais ela deinida% Dito
de outro modo# a repetição na sua deinição em geral determinada apenas de maneira negati"a#
dado :ue uma deinição geral da repetição um mal-entendido% Di4-se dela o :ue ela não # para a
partir daí e por meio de mtodos indiretos poder-se &hegar a "islum$rE-la# em$ora sua eeti"idade e
&ompletude na totalidade da ideia só se deem en:uanto e/peri,n&ia indi"idual# e ainda assim na sua
&omuni&ação um res:uí&io de inea$ilidade seCa em Qltima instn&ia ines&apE"el% s &on&eitos
prin&ipais &om os :uais ela se rela&iona negati"amente são# pois# a re&ordação e a mediação% .ssas
?1 Postscriptum# p% 31%
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relaç<es serão a$ordadas em &ontínuo &onronto uma &om a outra# não o$stante o ponto-&ha"e para
a &ompreensão da repetição en&ontre-se aí# mas propriamente em nenhuma das duasN ora#
&onsiderando :ue a determinação da generalidade da repetição negati"a e os &on&eitos &om os
:uais ela se rela&iona negati"amente são eles próprios insui&ientes para e/pli&E-la# :ual:uer
relação dialti&a# por mais :ue se aça presente em "Erios momentos do te/to e se mostre de&isi"a
para um delineamento da repetição &om respeito ao estti&o# não esgota o sentido proundamente
trans&endente desta# muito em$ora i:ue &laro :ue :ual:uer possi$ilidade de mensuração dessa
proundidade mesma depende intrinse&amente de uma &larii&ação a respeito da dialti&a%
A dialti&a da re&ordação em relação J repetição pode ter o seu iní&io a partir da mera
relação de oposição entre dois pontos undamentais( o primeiro a ser &itado no li"ro o da repetição
&omo um mo"imento anElogo porm oposto ao da re&ordação( Orepetição e re&ordação são o mesmo
mo"imento# apenas em direção oposta# pois a:uilo :ue se re&orda# oi# repete-se para trEsN en:uanto
a repetição propriamente dita re&ordada para dianteP ?20% 'elo próprio modo de e/pli&ação# da
repetição em unção da re&ordação e "i&e-"ersa# i&a a:ui e"idente :ue a relação de oposição
mantm-se en:uanto dialti&a na medida em :ue su$siste entre elas uma identidade em seu &arEter
:ualitati"o no :ue di4 respeito ao mo-imentoN em$ora nada alm disso i:ue patente# a e/pli&ação
tautológi&a e &ir&ular% )e&ordar( repetir para trEsN repetir( re&ordar para a rente% .sta relação
ultrapassada somente na medida em :ue posta a relação da repetição e da re&ordação &om a
eli&idade temporal do indi"íduo# o :ue &onstitui a ponte para o desenrolar da história do Co"em :ue#
ao menos do ponto de "ista de +onstantius# a en&arnação do Odesditoso &a"aleiro do amor eli4# o
da re&ordaçãoP?21# mas &uCa eli&idade apenas aparente# uma mEs&ara meramente e/terior para sua
melan&olia%
segundo ponto undamental e/presso# portanto# na relação de oposição dos mo"imentos
para-trEs ou para-rente &om a &lEssi&a di&otomia con$ecimento : -ida( Orepetição uma e/pressão
de&isi"a para a:uilo :ue era Vre&ordaçãoV entre os gregos% ;al &omo estes ensina"am :ue todo
&onhe&er um re&ordar# tam$m a no"a ilosoia ensinarE :ue a "ida toda ela uma repetiçãoP ?22N e
logo em seguida( Odeste modo# se \a repetição] possí"el# a4 o homem eli4# ao passo :ue a
re&ordação o a4 ineli4P?23% A $em-a"enturança reali4a-se na eeti"idade &on&reta do amor-
repetição# no"amente em oposição ao amor-re&ordação# tal :ue a:uele emprega a &onstn&ia ti&a
do :uerer &ontínuo na seriedade# en:uanto o outro se re&olhe num lnguido aastamento# numa
Osaudade melan&óli&a e nostElgi&a de um paraíso perdidoP?2?% ;oda a pro$lemEti&a apare&e a:ui em
?20 Repetição# p% 32%?21*dem# p% ?%
?22*dem# p% 31# 32%?23 *dem# p% 32%?2? +A'!;# L%N Radical 8ermeneutics# p% 1%
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:uatro registros( a da relação imediata entre re&ordação e &onhe&imento e entre repetição e "ida?2# e
as respe&ti"as relaç<es opostas da repetição-re&ordação e de &onhe&imento-"ida% A:ui elas se
mostram numa oposição irre&on&iliE"el# em$ora ainda apareçam &omo deiniç<es do mo"imento
en:uanto tal% .stas relaç<es tra4em J tona "Erios elementos em Cogo na ilosoia grega# :ue seriam
&ortados O&om o dois de espadasP?2@ pela doutrina da repetição?2% aastamento do mundo :ue o
&onhe&imento pressup<e na doutrina da anamnese :ue se en&ontra em Cogo na doutrina da
re&ordação &omo o proton pseudos do indi"íduo na e/ist,n&ia# :ue resulta na melan&olia e no amor
ineli4N e o melan&óli&o# &uCa determinação aními&a se so$rep<e a :ual:uer outra determinação 7
não $asta a alegria de uma pai/ão para &urE-lo# pois# Ose se trata realmente de um melan&óli&o#
&omo ha"eria de ser possí"el :ue a sua alma não se o&upasse melan&oli&amente da:uilo :ue para
ele se tornou a mais importante de todas as &oisasP?2I% .sta representação "em a ser ela própria o
retrato in"ertido do :ue seria o indi"íduo ar:uetipi&amente eli4 na repetição% A:uele :ue "i"e na
re&ordação meramente &ontempla a "ida de ora# situando a si mesmo na alteridade da esera da
"idaN por meio da re&ordação# o Co"em Osaltara por &ima da "idaP e e/perien&ia o amor de maneira
poti&a# :ue &omeça a partir do negati"o irHni&o da própria perda# o :ue# não o$stante# &onstitui a
"antagem e a segurança da re&ordação( Oa re&ordação tem a grande "antagem de &omeçar &om a
perdaN por isso mais segura# CE :ue nada se tem a perderP?2%
A nostalgia de :ue se trata a:ui se deine# no ponto de "ista de olmgaard# &omo um proCeto
de interpretação da su$stn&ia originEria% A deinição romnti&a da própria ilosoia &omo
nostalgia?30 um anElogo do :ue +onstantius deine &omo re&ordação# &uCa reali4ação seria Ouma
$us&a tradi&ional pela "erdade do ser em termos de origem e onte# e tam$m a4er da tarea da
ilosoia retornar o homem ao seu ser original# então não permitindo ao suCeito outra opção senão
tomar a su$stn&ia &omo parte de um proCeto nostElgi&oP ?31% Ra repetição# portanto# não pode ha"er
nenhuma nostalgiaN em$ora# nesse sentido# a Osal"ação do sentimentoP ?32 pela :ual o Co"em#
?2 Mais espe&ii&amente# a e/pressão da repetição da "ida se dE na totalidade( Oa "ida toda ela uma repetiçãoP% signii&ado dessa e/pressão tra4 J tona os temas não só de uma a$ertura na repetição para a eternidade e para atrans&end,n&ia# mas o signii&ado do mo"imento en:uanto de"ir% .ste o tema &entral do pró/imo &apítulo%
?2@ A Repetição# p% 0% ./pressão de um Cogo de &artas espanhol :ue se assemelha a um /e:ue-mate%?2 s prin&ipais seriam a doutrina platHni&a da anamnese : :ue depende# por sua "e4# da doutrina da transmigração
das almas e/posta no !+don# e tam$m a doutrina aristotli&a da "ida &ontemplati"a# :ue se tradu4 na etafCsica na&ondição undamental do t$eor+in e do olhar &ientíi&o por e/&el,n&ia# $em &omo na Po+tica# em :ue se desen"ol"ea :uestão da &atarse &ontemplati"a e da mimesis representati"a# na :ual :ue a arte# seguindo os passos da doutrina
platHni&a# "em a ser uma imitação poten&iada do eidos &on&reto%?2I *dem# p% 3%?2 *dem# p% 3%?30Ro"alis tra4 uma &le$re deinição da ilosoia &omo nostalgia( Yphilosoph> is a&tuall> nostalgia( the urge to $e
e"er>=here at homeY% .m alemão# a pala"ra ;en$suc$t N a rai4 "em do "er$o se$nen# :ue denota nsia ou deseCoardente# ou# ainda# saudadeN en:uanto 6uc$te signii&a o$sessão ou "í&io% Ra "erdade# di4-se :ue a ormaOnostalgiaP# :ue e/iste "Erias línguas# de"m de uma Cunção de duas partí&ulas gregas n5stos 7 "oltar J &asa# e6lgos : sorimentoN daí a sintomEti&a deri"ação em ingl,s do $omesic*ness% +% RSA*6# P$ilosop$ical >ritings,
I# ?N p% 13%?31MGAA)D# L%N T$e Aest$etics of Repetition# p% 2%?32 Repetição# p% 12I%
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segundo +onstantius# de"eria passar# osse assim identii&ada em seu mago &omo parado/al# pois o
sentimento de"e ser sal"o Js e/pensas da atualidade da re&ordação e portanto da melan&olia# sem
:ue &ontudo seCa ani:uilada na repetição a sua disposição aeti"a% A opção entre a sal"ação do
sentimento# &om a &ontrapartida da melan&olia e da nostalgia# e a repetição# &om a :ual todo o "elho
se torna no"o# pare&e ser radi&al# pois nesta a disposição aními&a só poderia ser mantida por meio
de um parado/o trans&endente%
Resse sentido# a nature4a melan&óli&o-poti&a ilustrada pelo Co"em ultrapassa# no :ue di4
respeito a esta relação dialti&a &om a repetição# a mera determinação psi&ológi&a de uma
disposição aeti"a ou de um Gemt # e aponta para um su$strato metaísi&o :ue se tradu4 numa
eeti"idade e/isten&ial em :ue apare&e patente a relação da ideia &om o indi"íduo% ;rata-se a:ui de
uma relação dialti&a eeti"a do mo"imento de su$sunção de toda a personalidade pade&ente J
unidade da melan&oliaN a suprema&ia irrestrita dessa &ara&terísti&a so$re todas as outras% K isso o
:ue 8ier9egaard &hama de Oestar a ser"iço da ideiaPN e as nuan&es deste ser"iço podem ser
per&e$idas em "Erias instn&ias pelas :uais o te/to &aminha% .sse um dos elementos no te/to :ue
permitem &on&e$er a leitura do Co"em# a:uele em :uem a ideia se en&ontra em mo"imento# &omo
um apai/onado er"oroso de ato# mas &uCas atitudes dQ$ias ganham &arEter poti&o na medida em
:ue não &orrespondem J e/terioridade de um apai/onado# &omo se nele não hou"esse nenhuma
seriedade da &on&epção dessa ideia# enim# &omo se ele osse um esteta% Mas# se de ato se pode
&on&e$er algum traço de seriedade# esta se mostraria somente por um &aminho indireto e :uase
insondE"elN pois# se se &on&e$e a ideia &omo o a$strato da orma da interioridade# então não se pode
determinar :uantas mediaç<es são tra4idas para a atualidade eeti"a do personagem# pois ha"erE
sempre o des&ompasso entre a interioridade e o e/terior% De ato# no iní&io do relato# :uando o
Co"em ainda não se mostrou atingido pelo dilema de&isi"o da pro"ação# a &onstatação de
+onstantius so$re o Co"em# de :ue Ono seu amor a ideia esta"a em mo"imentoP?33# mostra :ue hE
ainda um &erto &ompasso entre o "ir-a-ser do indi"íduo e a relação &om a ideia(
O%%% :uem não esti"er &on"en&ido de :ue# no amor# a ideia o prin&ípio da "ida e de :ue por
ela# se ne&essErio# pre&iso sa&rii&ar a "ida ou# o :ue mais # sa&rii&ar o próprio amor por
muito :ue a realidade o a"oreça# esse estE e/&luído da poesia% nde# pelo &ontrErio# o amor
esti"er na ideia# a &ada mo"imento# mesmo a mais ugidia emoção# nun&a serE sem
signii&ado %%%P?3?
.stas asserti"as# note-se $em# demonstram apenas o ponto de "ista de +onstantius so$re o
Co"em# e não ne&essariamente mostram nem a maneira &omo o Co"em de"e por si só ser
&ompreendido nem &omo ele &ompreende a si mesmo% A ideia em mo"imento instaura uma relação
?33 *dem# p% ?1%?3? *dem# p% ?1%
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do indi"íduo &om o real a partir de uma ideia :ue "i"ida na eeti"idadeN dito de outro modo#
esta$ele&e-se uma dialti&a &uCo undamento uma &isão entre real e ideal% Mas o pro&eder do
Co"em não atinge a repetição# pois ele se &ara&teri4a pela reer,n&ia &onstante J ideia# :ue
permane&e sempre# &ontudo# &omo um idealN sem :ue nessa dualidade o Co"em o re&onheça &omo
tal% u seCa# ele termina por não ser &apa4 de ir alm do ato romnti&o da re&ordação# ainda :ue seu
ser"iço J ideia &onstitua por si mesmo uma relação dialti&a entre um e outro# na :ual# toda"ia e por
&onse:u,n&ia desse mo"imento ser demasiado $rando# a repetição não tem &ondiç<es de surgir(
O:uerer ser"ir J ideia Z tam$m um ser"iço atiganteN por:ue nenhuma $eldade pode ser tão
e/igente &omo a ideia# nem o desagrado de nenhuma rapariga pode ser tão pesado &omo a &ólera da
idea# :ue a&ima de tudo impossí"el de es:ue&er%P?3
6e não se :uer a repetição# se não hE a seriedade e a persist,n&ia diante da pro"ação &omo
pressupostos da &ons&i,n&ia# a repetição não pode surgir% K isso :ue torna o amor do Co"em ineli4N
Lon 6te=art enumera $em as ra4<es(
OA re&ordação no amor não pode ser realmente eli4 por duas ra4<es% 'rimeiro# re&ordar um
amor impli&a :ue ele CE não e/iste mais Z% 6egundo# a re&ordação de um amor antes da
sua &onsumação dolorosa CE :ue &onsiste num estado de in&erte4a e errn&ia de :uando o
resultado posto em dQ"ida% .m &ontraste# a repetição a Oa$ençoada segurança do
momentoP?3@% uando o amor tomado &omo um estado e não um pro&esso# então ele pode
ser &on&e$ido &omo a repetição ha$itual de aç<es espe&íi&as na "ida &otidianaP ?3%
De ato# a re&ordação designa sempre um mo"imentoN mas o mo"er-se da re&ordação para
trEs# sempre no sentido de resgatar algo :ue se perdeu# e para isso a insui&i,n&ia do ponto de "ista
do indi"íduo :ue re&orda 7 no sentido de :ue ele en&ontra-se sempre apartado do &onteQdo dessa
re&ordação 7 sempre enati4ada% *sso era algo patente na ilosoia so&rEti&a( a ignorn&ia so&rEti&a
mantm# na relação &om a re&ordação# a orma intele&tual mais undamental do :ue era para ele o
&onhe&imento# na medida em :ue todo ele dependia de uma re&onstituição da totalidade do passado%
.ssa re&onstituição o :ue apare&e no .onceito de Ironia &omo o &riar poeti&amente a si mesmo#
em oposição ao e:ui"alente religioso do dei1ar%se criar # :ue nem por isso dei/a de ser
esteti&amente determinado% ;al pro&edimento independe# nesse sentido# da segurança dada pela
identidade do suCeito &onsigo próprio# pois a re&onstituição do passado se dE no plano da pura
a$stração% .ri9sen o mostra da seguinte maneira(
Oo entendimento da relação de um ser humano &om a "erdade impli&ada pela tese de :ue
todo sa$er re&ordação de"e ser :ualii&ada por esta e/peri,n&ia de ignorn&ia e in&erte4a% K
?3 *dem# p% ?1%
?3@ A partir da tradução inglesa% .sse tre&ho &orresponde na edição portuguesa ao dito da repetição &omo a posse daOditosa &erte4a do instanteP% +% Repetição# p% 32%
?3 6;.bA);# LonN )ier*egaard9s Relation to 8egel Reconsidered # p% 20%
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de pou&o pro"eito sa$er :ue a "erdade repousa dentro de si próprio# se o suCeito mesmo
e"apora numa inspeção mais a&uradaP?3I
Fa4 parte portanto da orma undamental da re&ordação essa negati"idade :ue termina por
assolar o próprio suCeito e :ue &onstitui o elemento undamental da disposição melan&óli&a# :uando
se ultrapassa o &onte/to so&rEti&o do mero plano intele&tual a$stratoN não tanto pelo suCeito :ue se
sa$e eternamente apartado da:uilo :ue ele re&orda pelo próprio tempo# mas prin&ipalmente por:ue
ele se ", perdido nesse "E&uo em :ue &onsiste o próprio passado a partir do :ual ele &onstitui a si
mesmo% presente es"a4iado de sentido# e &omo tal não pode esta$ele&er nenhuma relação
positi"a &om o passado ou &om o uturoN essa relação de aus,n&ia tradu4ida na relação do suCeito
irHni&o# :ue se:uer &hega a &onstituir uma su$Ceti"idade e/primí"el# pois a aus,n&ia de :ual:uer
determinação su$Ceti"a ou o$Ceti"a o :ue &onstitui a orma undamental de toda relação% K isso
:ue# em parte# 8ier9egaard pare&e :uerer apontar :uando &olo&a :ue esse ponto a$strato do nada
o Oponto de &oin&id,n&ia para as duas &on&epç<es :ue pro&edem seCa da místi&a su$Ceti"a# seCa da
ironiaP?3N &omo as Oaspiraç<es e nostalgiasP são sempre dire&ionadas para Oum tornar-se sempre
mais le"e# para um &on&entrar-se num su$limado sempre mais "olEtilP??0# a própria su$Ceti"idade
termina por se en&errar no nada ineE"el do misti&ismo su$Ceti"o% A negati"idade a$soluta da ironia
apare&e a:ui na sua mais determinante relação &om a re&ordação atra"s da própria repetição( o :ue
não pode ser es:ue&ido o por:ue nun&a oi re&ordado# mas tam$m nun&a este"e presente na
&ons&i,n&ia% 'or isso pode-se di4er# &om )immon-8enan# :ue a Orepetição não # assim# uma
reprodução de uma presença ante&edente mas uma produção &omo uma Vpeça de e/peri,n&ia realV% .
o :ue esta e/peri,n&ia presente repete no"amente a aus,n&iaP ??1% A maniestação mesma da
aus,n&ia a4 &om :ue ela própria se torne presente en:uanto aus,n&ia# ou seCa# a:uilo :ue oi
re&ordado não oi em momento algum es:ue&ido% 'ortanto# a insui&i,n&ia da re&ordação a:ui se dE
pois o seu &arEter negati"o só "em J tona para ela própria atra"s do mo"imento da repetição# em
:ue ela própria posta de maneira in"ertida%
K &urioso notar :ue tudo o :ue +onstantius airma so$re a insui&i,n&ia da re&ordação
apli&a-se tam$m J esperança# en:uanto instn&ia temporal anEloga J re&ordação% Rão se pode di4er
:ue esta &onstituiria um re&ordar para rente# pois esta a designação dada J própria repetição%
uando +onstantius a4 a &omparação do amor repetição &om a re&ordação# ele simultaneamente
introdu4 a esperança &omo uma orma similar J re&ordação( Oo amor da repetição o Qni&o eli4%
;al &omo o da re&ordação# não tem a in:uietação da esperança# não tem a alarmante a"entura da
?3I.)*86.R , R% R%N )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition@ a Reconstruction# p% I?%
?3.onceito de Ironia# p% @%??0*dem# p% @%??1)*MMR-8.RAR# 6%N T$e Parado1ical ;tatus of Repetition# p% 1@%
I@
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des&o$erta# mas tam$m não tem a melan&olia da re&ordação# tem sim a ditosa &erte4a do
instanteP??2% 6e se in&orre na tentati"a# de&erto um tanto inade:uada# de situar a repetição em
&ategorias temporais lineares 7 passado# presente e uturo &omo su&essão 7 então a repetição situa-
se pre&isamente no instante# no presente e"anes&ente# em$ora &onstitua um mo"imento de
so$rele"ação do próprio presente# o :ue impli&a numa no"a &on&epção de temporalidade ??3% A
esperança não um re&ordar para rente# mas uma proCeção da própria re&ordação para o uturo#
pois o &onteQdo da esperança ele próprio uma re&onstituição de elementos a partir do passadoN sua
pulsão en"ol"e mais propriamente um deseCo de restituição &uCo mo"imento enati4a# &omo na
re&ordação# o ato de :ue algo se perdeu eeti"amenteN a e/pressão da esperança apenas a de um
deseCo :ue no undo não :uer realmente uma restituição# não tem orças para airmar a atualidade
do próprio :uerer( Oa:uele :ue :uer apenas ter esperança &o"arde# a:uele :ue apenas :uer
re&ordar "oluptuoso# mas a:uele :ue :uer a repetição um homem# e :uanto mais energi&amente
or &apa4 de a tornar &lara para si próprio# tanto maior serE a sua proundidade &omo &riatura
humanaP???%
A re&ordação &onstitui um ponto de "ista da &ons&i,n&ia :ue tem em +onstantius a plenitude
do sa$er de si mesma en:uanto tal% Resse sentido# :uando +onstantius di4 :ue o Co"em uma
&riação poti&a dele próprio# se permitido pensar :ue pro"a"elmente a in&ompreensão do Co"em
pelo seu &onidente se dE Custamente pela ininita pro/imidade entre os dois% A relação assemelha-se
a uma dialti&a entre dois opostos( +onstantius a:uele :ue não se mo"e# en:uanto no Co"em a
ideia estE em mo"imentoN a "isão do Co"em da:uele :ue sore passionalmente todos os re"eses da
"ida# en:uanto +onstantius# em$ora apai/onado pela "ida num outro sentido# permane&e &om
relação a ela num ponto de "ista e/teriorN dialti&a esta :ue# em "irtude da ininitude da
interioridade do Co"em e do des&ompasso a$soluto entre as &ategorias do repouso e do mo"imento#
não pode atingir um termo a$soluto% ;al pro/imidade se e/emplii&a ainda mais no ponto de "ista
de +onstantius so$re a melan&olia do Co"em( Oalgum &om esta nature4a não pre&isa de amor
eminino# algo :ue &uido de e/pli&ar a mim mesmo pela ideia de :ue numa e/ist,n&ia anterior o
indi"íduo oi uma mulher# e de :ue# agora :ue se tornou homem# &onser"a a re&ordação dissoP??%
6em muita dii&uldade pode-se notar o Cogo de rele/os presente nesse tre&ho( ao mesmo
tempo :ue +onstantius repro"a o Co"em por ha"er sido demasiado apegado J ideia ao aerrar-se ao
poti&o# ele próprio pro&ura e/pli&aç<es no m$ito da re&ordação# na medida em :ue ela &onstitui-
se em ainidade &om a doutrina da alma reen&arnada :ue remete aos gregos% A disposição aními&a
eminina do Co"em e/pli&a a sua alta de orças para eeti"ar o plano &al&ulista do e/perimento e a
??2 A Repetição# p% 32%
??3 *sso serE tratado mais detalhadamente no &apítulo seguinte%??? *dem# p% 32%?? *dem# p% I%
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sua &ontenção no estado de suspensão% Mas o tremor :ue o Co"em espera se tradu4 num estado
eeti"o de superação em :ue# &ontudo# hE uma preser"ação do todo do passado en:uanto
re&ordação( Opor mais :ue ela me transorme# espero porm :ue a respe&ti"a re&ordação permaneça
&omigo &omo uma &onsolação inesgotE"el# :ue permaneça depois de me ter a&onte&ido a:uilo :ue
em &erto sentido temo mais :ue o sui&ídio# pois me a$alarE numa proporção dierenteP ??@% Rote-se
:ue o estado de suspensão anterior J repetição am$íguo tanto no :ue &on&erne J &on&epção da
re&ordação tanto :uanto J nature4a da:uilo :ue se e/ige da:uele :ue deseCa ardentemente a
repetição( a re&ordação tornar-se-E na própria repetição uma re&ordação# mas por outro lado a
repetição "iria a ser uma transu$stan&iação a$soluta# uma graça di"ina na :ual o Co"em airma :ue
ela OdestruirE por inteiro a minha personalidade# Z tornar-me-E prati&amente irre&onhe&í"el
perante mim mesmoP??% Co"em deseCa uma ruptura tão radi&al :uanto a repetição# mas ao mesmo
tempo :uer :ue algo do passado seCa preser"ado# ainda :ue &omo um mero alento da in&isão do
sorimento# &omo um parmetro "ago para :ue essa transiguração seCa em alguma medida
mensurE"el% +ontudo# na medida em :ue su$siste a re&ordação de ato# ela &onstitui um elo da sua
personalidade &om o passado# pois este &onstituti"o da &ons&i,n&ia# e não pode nessas &ondiç<es
"ir a ser repetido%
pressuposto a:ui o de :ue o es:ue&imento de ato o remdio &ontra o sorimento
gerado pela &ulpa imposta pela &ons&i,n&ia do passado e de :ue ele serE uma dEdi"a dada pela
repetiçãoN mas# por outro lado# não se pode &on&e$er :ue esta tenha sua eeti"idade sem :ue se
esteCa disposto a dei/ar a &arga do passado para trEs% +a$e perguntar se# em algum sentido# a
repetição :ue ele atinge oi em alguma medida es:ue&imento% .ri9sen mostra :ue# alm da orma
estti&a de es:ue&imento mostrada na Rotação de .ulti-os# em :ue ele um Oato de &ons&i,n&iaP#
pode-se &on&e$er outra orma em :ue ele seria Ouma dEdi"a para a &ons&i,n&iaP# o :ue representaria
uma esp&ie de Oredenção do si na &onissão do pe&adoP# em :ue o indi"íduo e/purgado
a$ençoado &om Oum no"o &omeçoP% .sta seria a orma do es:ue&imento &omo repetição( Oo
signii&ado da repetição &omo a dEdi"a do es:ue&imento rela&ionada a esta redenção de si mesmo
na &ons&i,n&ia do pe&ado e na &erte4a do perdãoP??I% Mas o es:ue&imento &omo redenção não pode
a:ui ser &on&e$ido sem a &ategoria ti&a do arrependimento# na :ual a repetição torna-se de ato Oo
lema em :ual:uer intuição ti&aP# e a Oconditio sine &ua non para todo e :ual:uer pro$lema
dogmEti&oP??% 'orm# o Co"em en&ontra-se a ser"iço da ideia# e +onstantius o$rigado a notar :ue
um Oser"iço atiganteP de tal nature4a re:uer uma seriedade de sa&rií&io at do próprio amor na
realidade# se ne&essErio# para sal"ar a idealidade poti&a e es&apar OJ &ólera da ideia# :ue a&ima de
??@ *dem# p% 12%
?? *dem# p% 12%??I.)*86.R , R% R%N )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition@ a Reconstruction# p% 1@%?? Repetição# p% 1-2%
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tudo impossí"el de es:ue&erP?0% es:ue&imento em ser"iço de algo mais ele"ado não pode# por
&onse:u,n&ia# senão tradu4ir-se no es&uecimento de si pr5prioN e# nesse sentido# o es:ue&imento
dei/a de &ondi&ionar-se ao suCeito :ue :uer &riar-se a si mesmo# e o &ondi&iona a dei/ar-se ser
&riado# por meio do :ue ele re&e$e a si mesmo de "olta &omo uma dEdi"a# da mesma orma :ue
o&orre &om o Co"em% 'ortanto# Oes:ue&er a si mesmo a e/pressão "erdadeira do amorP ?1# mas
tam$m a &ondição para :ue o si mesmo seCa re&uperado pela repetição%
;udo isso mostra# ademais# :ue o :uerer do Co"em se &onstitui em alguma medida ainda no
registro da mediação# ao menos nessa etapa da narrati"a em :ue ele se en&ontra in suspenso graduN
sua personalidade remete nesse momento a uma esp&ie de Lohannes +lima&us :ue no entanto não
se mo"e# &omo este Qltimo# no plano da espe&ulação intele&tual mas sim no plano da sensi$ilidade
aními&a# da passionalidade de um apai/onado# não pela ideia# mas por uma moça% .le :uer de ato a
repetição# mas não se en&ontra preparado para ela# e# so$ esse prisma# +onstantius estE &erto em
di4er dele o :ue se di4 do Co"em do poema de erder( O:ueria de"eras a repetição# por isso te"e-a# e
a repetição matou-oP?2% 'or outro lado# o ato de a re&ordação dei/ar de ser uma penQria e passar a
ser um &onsolo demonstra# por sua "e4# :ue o próprio signii&ado do re&ordar tam$m
transigurado &om a repetição% K tam$m nesse sentido :ue ;sa9iri nota :ue Oem$ora 8ier9egaard
indi:ue o &urto al&an&e da noção de re&ordação# ele toda"ia a &onsidera &omo um mo"imento
indispensE"el :ue ante&ede a repetiçãoP?3% A re&ordação a:ui o :ue pro", a &ondição da
consciência eterna# e assim O&ondi&iona o ser humano a eetuar o mo"imento do arrependimento e
então a resignar-se na ininitudeP??% A própria possi$ilidade do es:ue&imento tam$m
transmutada radi&almente# na medida em :ue ele dei/a de ser uma uga e passa a ser uma redenção%
'or isso de"e ser lem$rado a:ui :ue essa &oniguração do poti&o en:uanto mera re&ordação
est+tica não resume a totalidade da personalidade do Co"em# mas &orresponde apenas J:uele
momento da espera imó"el pela repetição% .ssa # pois# a in&ongru,n&ia do mo"imento deseCado
&om a imo$ilidade eeti"a na mediaçãoN a dialti&a a:ui não posta na eeti"idade# mas "em a
&onstituir-se apenas en:uanto um mo"imento interrompido# não &onsumado# o$struído pela própria
&ontradição no :uerer%
B A origem da mediação
?0*dem# p% ?1?1.)*86.R , R% R%N )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition@ a Reconstruction# p% I%?2 Repetição# p% I0% A:ui i&a &laro tam$m :ue o mo"imento da ideia :ue se en&arna na personagem do Co"em
pre&isamente essa tensão entre o :uerer superar e o :uerer preser"ar# :ue tipi&o da Auf$e"ung # :ue suspende mas
ao mesmo tempo &onser"a# :ue ultrapassa mas remete J:uilo :ue oi ultrapassado# :ue supera mas re&orda%?3;6A8*)*# S%N )ier*egaard@ An1iet2, Repetition and .ontemporaneit2# p% 1?0%??*dem# p% 1?0%
I
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Dierentemente da relação da repetição &om a re&ordação# &uCa identidade se dE na instn&ia
do mo"imento e da oposição en:uanto dial+tica# na medida em :ue nessa relação su$siste a
identidade e a dierença 7 am$as são mo"imentos# mas em direç<es opostas ? 7 a :uestão da
repetição# em relação &om a mediação# apare&e no te/to &omo uma mera suspensão e negação%
+omo +onstantius airma# Oa repetição propriamente a:uilo a :ue por erro se &hamou a
mediaçãoP?@% Dierentemente da primeira relação# em :ue o ponto de identidade o próprio
mo"imento 7 na medida em :ue tanto repetição :uanto re&ordação são mo"imento 7 e a dierença
se dE apenas no dire&ionamento do mo"imento# no :ue di4 respeito J relação da repetição &om a
mediação# não hE propriamente nenhuma instn&ia de identidade# a não ser mera semelhança
aparente# no sentido de :ue am$as &onstituem-se &omo resposta ao pro$lema do mo"imento# ou
"isam a es&lare&er Oa relação entre os .leatas e erE&litoP?% f primeira "ista# portanto# a mediação
se mostra apenas &omo uma alsa resposta a essa :uestão# num mo"imento meramente aparente# na
medida em :ue a &ar,n&ia de elu&idação do &on&eito pe&a ao permane&er sem Oe/pli&ar de onde
"em a mediação# se resulta do mo"imento de am$os os momentos en"ol"idos e em :ue sentido CE
estE &ontida neles# ou se algo no"o :ue "em a&res&entar-se# e# nesse sentido# &omoP?I%
A ideia da mediação apare&e na Repetição &omo um OalaridoP?# uma O&on"ersa idiotaP?@0#
em :ue o :ue su$siste a alsa impressão de mo"imentoN o mo"imento eeti"o# a repetição# dar-se-
ia numa arti&ulação dialti&o-rele/i"a# :ue no entanto teria uma eeti"idade negati"a# de tal modo
:ue a:uilo :ue se repete mantm-se sal"aguardado &omo uma interioridade determinada apenas
para o suCeito% A órmula &ondensada no simples estamento( Oa dialti&a da repetição E&ilN
por:ue a:uilo :ue se repete oi# &aso &ontrErio não podia repetir-se# mas pre&isamente o ato de ter
sido a4 &om :ue a repetição seCa algo de no"oP ?@1% +om eeito# a repetição a &ategoria :ue
e/pressa um mo"imento eeti"o para a rente# en:uanto a re&ordação para trEs% A :uestão &olo&ada
por 8ier9egaard numa de suas anotaç<es mais &ontundentes(
OA ilosoia estE pereitamente &erta em airmar :ue a "ida de"e ser entendida para trEs% Mas
então se es:ue&e da outra &lEusula 7 :ue ela de"e ser "i"ida para a rente% uanto mais se
pensa por meio desta &lEusula# mais se &on&lui :ue a "ida na temporalidade nun&a se torna
propriamente &ompreensí"el# simplesmente por:ue nun&a# em tempo algum# se tem repouso
pereito para se tomar a atitude( para trEs%P?@2
mo"imento de O"i"er para a renteP e a repetição podem ser lidos &omo :uerendo di4er o mesmo#
?.ste tema serE a$ordado em detalhes no item seguinte%?@ *dem# p% 0%? *dem# p% 0%?I *dem# p% 0-1%? *dem# p% 1%
?@0 *dem# p% 0%?@1 *dem# p% 1%?@2 Journal and Papers# *S A 1@? n%d%# 1I?3# p% 33%
0
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ao menos no :ue di4 respeito J oposição rente J re&ordação% Mas o mo"imento do entendimento
ainda um mo"imentoN a re&ordação# no sentido grego# ainda um mo"imento# dierentemente da
mediação# :ue poderia ser &onstituída &omo a tentati"a moderna de re&onstruir as mediaç<es do
passado na atualidade presente# ou seCa# uma tentati"a de pHr em mo"imento o momento presente
a partir de uma tomada de &ons&i,n&ia da totalidade de determinaç<es :ue o &onstituem% Resse
sentido# a mediação depende da re&ordação# mas da re&ordação em sentido a$soluto# :uer di4er# na
&on&epção do passado &omo resol"ido numa unidadeN pois o &onhe&imento a$soluto depende da
unii&ação do &onhe&imento dessas determinaç<es numa totalidade%
Ra re&ordação# a *inesis interpretada apenas logi&amente# o :ue torna o "ir-a-ser na
atualidade de todo o passado impossí"el# pois o passado &omo &ategoria temporal não pode por si só
ser tomado &omo o a$solutoN a re&ordação sempre uma orma limitada# inita# de o$tenção de
&onhe&imento# e o a$soluto# &on&e$ido em unção da initude da re&ordação# "em a ser ele próprio
&arente de uma positi"idade J altura da &ompletude por ele e/igida% 'orm# uma maneira distinta de
interpretação da *inesis aristotli&a# so$ a &ha"e não da lógi&a# mas da e/ist,n&ia# na:uilo :ue
O&orresponde J &ategoria moderna de VtransiçãoVP?@3 e a :ual +onstantius di4 :ue Omere&e ser
espe&ialmente le"ada em &ontaP?@?# pode ser esta$ele&ida para &ompreender o seu signii&ado na
repetição% .ssa a &ompreensão de .ri9sen(
O%%% 8ier9egaard interpreta essa deinição mais e/isten&ialmente :ue logi&amente% )inesis
então "em a denotar uma transição e/isten&ial em :ue o indi"íduo passa de um estado de
possi$ilidade ou não-ser para um estado de atualidade ou ser% 6e esta uma interpretação
&on"in&ente de Aristóteles# tal"e4 não seCa uma :uestão importante nesse &onte/to% ponto
para +onstantius pare&e ter sido :ue essa noção mostra :ue a :uestão do signii&ado do de"ir
não ha"ia sido resol"ido de maneira e/isten&ialmente &on"in&ente &om a &ategoria da
re&ordação% A &ategoria grega da *inesis en&ontra-se em desa&ordo &om a re&ordação ZP?@
A &ríti&a de +onstantius J OmediaçãoP a4 reer,n&ia ao seu uso &onstante por egel na
.iência da '5gica% Mediação# no entanto# apenas uma designação a$strata para o tipo de
mo"imento :ue se dE no sistema hegeliano# em :ue a transição ela mesma designada &omo
Auf$e"ung # tradu4ida &omo suprassunção# mas tam$m por "e4es rele"ação ou superação%
mo"imento &onsiste# &omo sa$ido# numa dupla a&epção de ultrapassagem e negação# mas ao
mesmo tempo uma so$rele"ação e &onser"ação# a um só tempo% A dialti&a da Auf$e"ung se dE na
medida em :ue a negação de um positi"o passa a ser per&e$ida &omo determinadaN a oposição passa
a ser "ista então &omo uma unidade sintti&a# na medida em :ue o elemento pensado produL na
eeti"idade espe&ulati"a o seu &ontrErio# e a oposição assim superada na medida em :ue ela
?@3 *dem# p% 1%?@? *dem# p% 1%?@ .)*86.R# R% R%N )ier*egaard9s .oncept of Repetition@ a reconstruction# p% 11 7 11I%
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própria passa a &onstituir um elemento em mo"imento# :ue produ4 no"amente o seu &ontrErio e
então suprassumido su&essi"amente% .ssa &adeia de superaç<es su&essi"as re&onstruída pela
&ons&i,n&ia-de-si da e/peri,n&ia enomenológi&a# :ue erige &ada etapa# &ada passagem de momento
da &ons&i,n&ia para outro# &omo uma mediação eeti"a da &ons&i,n&ia históri&a% u# dito de outro
modo# O&on&eitos indi"iduais geram seus opostos# e então esses pares de &ategorias são mediadas#
produ4indo assim no"os &on&eitosP?@@%
A &ríti&a de +onstantius 7 Ode onde "em a mediaçãoP?@ 7 se en&aminha de &erta maneira ao
modo &omo esta mediação passí"el de eeti"idade na medida em :ue a produção dos &ontrErios se
dE a partir do mo"imento eeti"o pressuposto no próprio &on&e$er espe&ulati"o# portanto# lógi&o e
a$strato# do elemento positi"o do :ual se parte?@I% A &ompreensão de egel a:ui seria a do
mo"imento &omo algo :ue parte da ess,n&ia pensada a partir do o$Ceto e/istente# e portanto &omo
algo concreto# presente ele próprio na ess,n&ia das &oisas# portanto# imanente J totalidade do
pensamento% 'orm# essa geração de &ontrErios não algo :ue possa ser dete&tado na realidade
eeti"a# mas se dE apenas na a$stração do &on&eito# e :ue tomado ar$itrariamente &omo se osse o
mo"imento reali4ado na:uela% Ademais# a &onusão eludida por +onstantius entre os &on&eitos de
repetição e mediação se dE :uando se &on&e$e :ue o mo"imento da Auf$e"ung ele próprio de
negação# mas tam$m de &onser"ação# em :ue# ao longo do pro&esso de ele"ação e enri:ue&imento
disposto no sistema# :ue instaura inad"ertidamente a repetição na própria dialti&a espe&ulati"a(
ORa dialti&a de egel# hE um sentido da repetição em :ue os "Erios &on&eitos e &ategorias
repetem-se nos "Erios ní"eis do sistema% Z +onstantius airma :ue# sendo o mo"imento na
ógi&a somente um mo"imento de &ategorias a$stratas# então esse mo"imento imanente ao
pensamento mesmo% .le não mantm nenhuma relação &om nada ora do pensamentoP?@%
A repetição desses elementos não re"oga a totalidade da iman,n&ia# mas "ista apenas &omo a
mediação de um mais ele"ado rumo J totalidade% Mas essa totalidade mesma não ultrapassada# ela
o pressuposto de toda rele"ação &uCo mo"imento se dE de si para si mesma# mantendo-se#
portanto# imó"el na sua identidade a$strata% Daí di4er-se :ue o mo"imento de uma &ategoria
a$strata para outra um mo"imento inaut,nti&o# e :ue Oa repetição a sugestão para um &on&eito
anElogo J mediação mas na esera da li$erdade Z A repetição o &on&eito apropriado para a
esera da li$erdade pois ela representa uma relação de trans&end,n&iaP?0# e não mais do pensamento
imanente% Daí poder-se alar de um mutismo no &erne da doutrina da Auf$e"ung # pois este signii&a
?@@6;.bA);# L% )ier*egaard9s Relation to 8egel Reconsidered # p% 23%?@ Repetição# p% 0%?@I+omo e/emplo# pode-se tomar a dialti&a do ser e do nada :ue engendram o de"ir% ser o ser por:ue não o
nada# mas nessa deinição de ser o nada CE estE &ontido 7 portanto ser e nada são o mesmo# e :uando postos nessa
dialti&a se o$tm assim o de"ir( o ser :ue se torna nada e o nada :ue "em a ser%?@6;.bA);# L%N )ier*egaard9s Relation to 8egel Reconsidered # p% 2?%?0*dem# p% 2?%
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um alerta entre Oos partidErios do lu/o :ue a4em muito $arulho so$re o de"ir# :uando o :ue eles
t,m &omo truno na manga apenas a :uietude silen&iosa da Auf$e"ung P?1% A lógi&a &onstitui assim
um mero desdo$ramento da ne&essidade# e o seu mo"imento &on&eitual não produ4 :ual:uer
mudança eeti"aN hE dessa orma muito alatório so$re mo"imento# mas não se ", mo"imento
algum% 6e o mo"imento ele mesmo uma ne&essidade imanente# alha-se em ",-lo &omo uma
tarefa da e/ist,n&ia( OCE :ue egel entende o de"ir &omo a ess,n&ia mesma da e/ist,n&ia# ele alha
em ",-lo &omo uma tarea :ue :ualii&a a e/ist,n&iaP ?2% 6e# por outro lado# se en&ara o mo"imento
&omo tarea# as determinaç<es ne&essErias podem elas mesmas serem trans&endidas# o :ue instaura
a repetição# desse modo# &omo a &ondição primeira da li$erdade%
A possi$ilidade de se instaurar um ponto de "ista a$soluto a partir do :ual a totalidade possa
ser "islum$rada a possi$ilidade mesma do espe&ulati"o &onstruído por meio da mediação# &ontra
o :ual a repetição se &olo&a &omo &on&eito% . isso se &onigura atra"s da repetição &omo O&ríti&a
eeti"a J espe&ulação a$strataP# e &omo O&ríti&a ao pensamento representati"o imposta pela
apli&ação negati"a do &on&eitoP?3( diante da &ons&i,n&ia da initude da e/ist,n&ia e da tentati"a da
&onstituição espe&ulati"a do a$soluto# a repetição en:uanto interesse da metaísi&a a4 &om :ue esta
naurague na medida em :ue ela mesma se torna limitada pela initude da e/ist,n&ia% Resse sentido
metaísi&o# o interesse a:ui se reere J &ondição de pro/imidade do ser# &on&e$ida distintamente da
identidade ontológi&a entre ser e pensar% interesse da metaísi&a &onstituído pela repetição a
instauração de um &o distinto do a$soluto pensado nessa relação% A repetição apare&e na
trans&end,n&ia :ue depende# na sua própria &on&epção# do esta$ele&imento de um limite% Mas esse
mo"imento de limitação &onstitui tam$m o mesmo mo"imento de instauração da repetição &omo
interesse da metaísi&a# em$ora não se en&ontre mais restrito a ela# dado :ue a metaísi&a ela mesma
nauraga pois depende não somente da totalidade do a$soluto# &omo tam$m da própria e/ist,n&ia#
pois agora a possi$ilidade da totalidade CE apare&e so$ a determinação do negati"o% K nesse sentido
:ue a repetição opera &omo uma &ríti&a ao espe&ulati"o( o ra&asso da metaísi&a dire&iona o
interesse para a totalidade da initude da própria e/ist,n&ia# e uma mediação espe&ulati"a &om o
a$soluto não representa diante desse interesse nada de eeti"o% 'ode-se alar nesse sentido de um ir-
alm &om relação ao ponto de "ista espe&ulati"o na medida em :ue a metaísi&a ra&assa# mas esse
ra&asso aponta ele mesmo para uma e/peri,n&ia da:uilo :ue situa-se para alm dela própria e nos
limites de toda possi$ilidade de &ategori4ação%
.ssa a mesma separação :ue se ", entre as eseras da ne&essidade# em :ue situada a
mediação# e a esera da li$erdade# em :ue propriamente se situa a repetição% +omo mostra 6te=art#
?1+A'!;# L%N Radical 8ermeneutics# p% @%?2.)*86.R# R% R%N )ier*egaard9s .oncept of Repetition@ a reconstruction# p% 120%?36egundo GRXA.X# D%N 'a Repetici5n 2 su E1periencia# p% I0%
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a '5gica hegeliana ainda tem a:ui sua "alidade# e a &ríti&a 9ier9egaardiana a egel não totalmente
e/&ludente por ainda preser"ar &ertos elementos do pensamento hegeliano( Onão o$stante# ele
\8ier9egaard] &on&ede :ue a doutrina da mediação de egel ou da Auf$e"ung da lei do ter&eiro
e/&luído &orreta :uando limitada J Vesera da ne&essidadeVP??% A esera da li$erdade ne&essitaria#
portanto# de uma &on&epção de temporalidade radi&almente distinta da:uela &on&ernente J da esera
da ne&essidadeN esta Qltima re:uer uma re&onstrução da linearidade se:uen&ial dos elementos
temporais# ao passo :ue a repetição airma nesse &onte/to uma simultaneidade não se:uen&ial dos
elementos do tempo# &onstituindo assim uma Osuspensão da ordem temporal do antes-depois no ou
pelo :ue o agora oi &hamado de instanteP?% A mediação re&onstitui essas &ategorias temporais e
intenta reatuali4E-las no presente# mas nisso termina por des&onsiderar a esera da li$erdade# e por
&onseguinte o próprio instaurar-se da plenitude do sentido no presente# pois a re&onstituição da
totalidade das mediaç<es parte da pressuposição assumida sem mais de uma totalidade plenamente
eeti"ada :ue as &onstitui% A aus,n&ia dessa mediação :ue d, sentido J repetição na e/ist,n&ia o
:ue possi$ilita a &on&epção da eeti"idade da repetição &omo uma pro-ação(
OA &i,n&ia estuda e e/pli&a a e/ist,n&ia e a relação do homem &om Deus no m$ito da
e/ist,n&ia% ra# :ue &i,n&ia estE &onstituída de tal modo :ue nela haCa lugar para uma relação
:ue se deine &omo uma pro"ação# a :ual# pensada em termos ininitos# não e/iste# antes
apenas e/iste para o indi"íduo^ !ma tal &i,n&ia não e/iste e não pode e/istir% A&res&e ainda(
&omo &hega o indi"íduo a sa$er :ue se trata de uma pro"ação^P?@
A repetição trans&endente# pois a pro"ação não apare&e &omo uma &erte4a o$Ceti"a# mas
plenamente interior# na :ual o indi"íduo se sustenta pela orça do a$surdo( Oa &ategoria da pro"ação
a$solutamente trans&endente e &olo&a o indi"íduo numa relação puramente pessoal de oposição a
DeusP?% ;al &ondição indi"idual não pode ser simplesmente elu&idada ou de&omposta
analiti&amente por um Cuí4o e/teriorN a &omuni&ação desse tipo de relação es&apa a :ual:uer
dis&urso no :ual se pretenda uma relação direta entre o o$Ceto e o di4er# ou seCa# entre as &oisas e o
'ogos# uma identidade entre ser e pensar ?I%
A posição de Ló se esta$ele&e para ele próprio# segundo o Co"em# &omo uma pro"ação# mas
para :ue ela su$sista para ele en:uanto tal# ele não pode esta$ele&er &om ela nenhuma relação
??6;.bA);# L%N )ier*egaard9s Relation to 8egel Reconsidered # p% 302%?M.B.)G# A%N Repetition MIn T$e )ier*egaardian ;ense f T$e Term4# p% 3% sentido temporal do instante na
relação &om a repetição serE melhor detalhado nos &apítulos seguintes%?@ Repetição# p% 11# 120%?*dem# p% 121%?IResse sentido# o próprio impulso por uma $us&a desta mesma relação in&ide no mo"imento su$Ceti"o de
+onstantius# para :uem o mo"imento da ininitude se tradu4 num mo"imento pendular# e só "em a ser suspenso namedida em :ue para ele o interesse se &onigura na personalidade do Co"em# em "irtude do :ual ele passa a se&onstituir en:uanto o$ser"ador% .sse interesse se imis&ui do ato de :ue o amor ineli4 do Co"em "em a ser uma
preiguração e/isten&ial da &isão metaísi&a undamental# de modo :ue a &isão epistemológi&a entre suCeito e o$Cetodo &onhe&imento poderia ser poeti&amente tradu4ida numa Orelação de amor ineli4P% 'ara maiores detalhes# &%.)*86.R# R% R%N )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition# p% 1I%
?
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positi"a# em :ue ele possa sa"er a si mesmo &omo a:uele :ue estE sendo posto em pro"a% A &i,n&ia
O:ue estuda e e/pli&a a e/ist,n&ia e a relação do homem &om Deus no m$ito da e/ist,n&iaP
dependeria# en:uanto &i,n&ia# de um pro&esso representati"o direto :ue não poderia pres&indir de
uma mediação &om o geral# e por isso Ouma tal &i,n&ia não e/iste e não pode e/istirP ?% Mesmo o
sa$er da pro"ação so$ os auspí&ios da dogmEti&a# a :ual "em a ser desen"ol"ida no .onceito de
AngHstia &omo essa O&i,n&iaP# mas CE em outro sentido# tem para o Co"em um eeito anElogo( Ologo
:ue um tal sa$er entra em Cogo# a elasti&idade da pro"ação ",-se enra:ue&ida e a &ategoria passa a
ser eeti"amente outraP?I0% !ma airmação desta nature4a não pode ser lida senão &omo irHni&a# na
medida em :ue a própria pro"ação de alguma maneira aludida no dis&urso% A própria
possi$ilidade de en/ergar a pro"ação &omo uma &ategoria passí"el de uma Yelasti&idadeY CE mostra
em :ue sentido a trans&end,n&ia# em$ora não se preste a um sa$er eeti"o# pode ser su$metida a um
pro&esso dialti&o negati"o em :ue ela "enha J tona de maneira indireta% :ue mostra no"amente o
elemento estti&o a ser-iço do trans&endente ineE"el do :ual se pretende alar sem :ue no entanto
se &aia na "a&uidade do dis&urso mediati"o%
K nesse sentido :ue o sa"er filos5fico propriamente dito mantm &om a repetição uma
relação negati"a( na medida em :ue o sa$er introdu4ido# a &ategoria da repetição se retrai por sua
própria nature4a% 'orm# &omo olmgaard ad"erte# Oisso não signii&a :ue a ilosoia não mantenha
nenhuma relação &om a repetição# mas meramente :ue esta relação de"e ser de&isi"amente
negati"aP?I1% A:ui tam$m se insere a relação undamental da repetição &om a metaísi&a &omo
interesse( na mesma medida em :ue a metaísi&a de"e ser desinteressada# a repetição ainda não oi
posta# pois todo o mo"imento eeti"ado o da re&onstituição dos elementos do passado por meio de
&adeias de mediação# &uCo Oimpulso se&reto e inesgotE"elP # segundo Gon4ale4# Ouma reparação da
"erdade perdidaP?I2% Mas o interesse posto impli&a em uma indi"idualidade &omprometida &om a
sua e/ist,n&ia# e portanto &om o seu uturoN a e/ig,n&ia então de um mo"imento para rente# o :ue
a metaísi&a undamentada na mediação não &apa4 de &omportar% 'or isso a repetição e/ige Ouma
a$ertura e1 ni$ilo de possi$ilidades sempre reno"adasP?I3% .m "irtude desse e1 ni$ilo &omo ponto
de partida , a repetição# nesse sentido# não ne&essariamente de"e manter uma relação positi"a &om a
metaísi&a# pois ela pressup<e um mo"imento de suspensão em :ue todo o &onteQdo do passado# da
mesma orma :ue todo o &onteQdo do geral 7 am$os determinados por meio da mediação dialti&a 7
posto a$ai/o da possi$ilidade da li$erdade do indi"íduo( nesse sentido :ue olmgaard airma
:ue Oa ilosoia deseita pelo o$Ceto da sua rele/ãoP ?I?N a repetição # desse modo# indierente Js
?*dem# p% 120%?I0*dem# p% 120%?I1MGAA)D# L%N T$e Aest$etics of Repetition# p% 3%
?I2GRXA.X# D%N 'a Repetici5n 2 su E1periencia# p% I?%?I3GRXA.X# D%N 'a Repetici5n 2 su E1periencia# p% I?%?I?MGAA)D# L%N T$e Aest$etics of Repetition# p% 3%
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&on:uistas do sa$er o$Ceti"o# pois ela unda a possi$ilidade da su$Ceti"idade por meio de uma
e/&lusão do geral# e portanto da mediação%
'ortanto# a oposição da mediação J repetição signii&a# do ponto de "ista metaísi&o# a
instauração da repetição &omo o paradigma para uma ilosoia da &ons&i,n&ia :ue# dierentemente
dos moldes enomenológi&os em :ue a &ons&i,n&ia re&onstruída olhando para trEs# o indi"íduo "isto &omo algo a ser de&idido a todo instante# ou ainda# dito de outro modo# &omo um projeto para
o futuro?I%
A condição de possi"ilidade para a repetição do ponto de -ista est+tico
+omo oi "isto anteriormente# o &on&eito de repetição dialeti&amente determinado a partirdo &on&eito de re&ordação# em :ue a repetição "em a ser deinida en:uanto mo"imento 7 no :ue ela
se identii&a &om a re&ordação# em$ora dieren&ie-se no seu dire&ionamento% )e&ordar mo"er-se
para trEs# e a repetição um mo"er-se para rente% mo"imento # no entanto# &ompreendido a:ui
em dois sentidos distintos# analogamente J distinção entre &onhe&imento e "ida( mo"er-se para trEs
&ompreender ou &onhe&er# e o mo"er-se para rente propriamente "i"er% A própria órmula da
Odialti&a da repetiçãoP atesta essa interdepend,n&ia entre repetição e re&ordação(Opor:ue a:uilo
:ue se repete oi# &aso &ontrErio não podia repetir-se# mas pre&isamente o ato de ter sido a4 &om
:ue a repetição seCa algo de no"oP?I@N a possi$ilidade mesma da repetição depende de alguma orma
de :ue a:uilo :ue oi seCa de alguma orma resgatado# tra4ido J tona para :ue seCa ini&ialmente
&onstatado &omo algo perdido% .sta &onstatação depende inten&ionalmente da re&ordação# pois
nesta torna-se eeti"a a idealidade da retomada% A:uilo :ue oi só passa a ser "isto &omo tal por
meio da re&ordaçãoN e a possi$ilidade da dQ"ida só apare&e :uando a ideia# na sua identidade
&onsigo própria 7 ou seCa# na idealidade 7 ultrapassa nesse sentido a si própria na eeti"idade# do
ponto de "ista da &ons&i,n&ia( a ideia passa a maniestar o em$rião de sua eeti"idade%
Mas a:ui o mo"imento eeti"o da repetição tem apenas a disponi$ilidade de suas &ondiç<es%
?I pro$lema do papel da &ons&i,n&ia indi"idual &om relação J repetição $em &olo&ado no es$oço de 8ier9egaardso$re Lohannes +lima&us# o De mni"us Du"itandum Est # em :ue a &ons&i,n&ia apare&e &om a instn&ia em :uea:uela separação entre &onhe&imento e "ida en&ontra o seu ponto de tang,n&ia% Ali en&ontra-se muito $em des&rita amaneira &omo a &ons&i,n&ia se instaura a partir do O&ho:ueP da idealidade e realidade# no :ue ela "em a se &onstituir&omo algo e/istente e não mais uma a$stração espe&ulati"a% A relação undamental des&rita ali entre o real e oideal# entre o mundo e a linguagemN e &uCa &ontradição tem &omo lugar de &ho:ue a &ons&i,n&ia# :ue permane&e umsu$strato alheio J própria di&otomia% A:ui "em a ser enati4ado o &arEter tricotNmico desta relação# em :ue a&ontradição produ4ida pela dupli&idade do ideal e do real na &ons&i,n&ia( ela a relação entre as duas% .ssadialti&a um outro registro em :ue a repetição# en:uanto uma :uestão e/pli&itamente posta# se torna de&isi"a%
Ademais# essa relação transposta para o te/to da repetição so$ a orma da dialti&a da e/&eção# a partir da :ual oindi"íduo surge na orma do poti&o%
?I@ *dem# p% 1%
@
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A re&ordação di4 respeito J:uilo :ue oi% Rão se pode di4er :ue a órmula impli:ue dialeti&amente
na asserti"a de :ue a re&ordação ante&ede temporalmente a repetiçãoN o ato de a repetição tra4er
algo de no"o so$ a mesma determinação da:uilo :ue ha"ia sido sustenta de alguma orma :ue na
repetição hE ainda um distan&iamento do :ue "em a repetir-se da eeti"idade da &ons&i,n&ia% Mas
:uando a repetição &on&erne J própria ele"ação da &ons&i,n&ia a uma pot,n&ia superior# &omo di4
+onstantius# Ona esera da li$erdadeP?I então nesta ele"ação ela de"e manter a si mesma so$ a
própria determinação da ele"ação% *sso signii&a :ue de"e permane&er a possi$ilidade de :ue ela
seCa &apa4 de "er a si própria não só &omo agente da própria ele"ação# mas tam$m de tomar
&ons&i,n&ia da dierença de ní"el :ue ela mantm nesse no"o patamar &om relação ao estado
anterior% Dito de outro modo( a repetição de"e ser para a &ons&i,n&ia algo passí"el de aper&epção
auto&ertii&adaN ela de"e &onter a mar&a do in&onundí"el# em$ora não seCa ne&essariamente
passí"el de e/pressão% Assim o para o Co"em( a ele não es&apa a &erte4a da eeti"idade em$ora o
es&ape a +onstantius da repetição :uando ele e/&lama de todo o &oração( O"oltei a ser eu mesmoN
eis :ue tenho a repetiçãoN entendo tudo e a e/ist,n&ia surge-me agora mais $ela do :ue alguma
"e4P?II% imediato de ato superado em :ue o "elho se airma &omo talN aí pre&isamente situa-se o
interesse da &ons&i,n&ia# na:uilo em :ue o :ue CE oi apare&e na sua &ompletude 7 inter-esse pois
não se trata mais do imediato em :ue ela estE de posse do elemento em :uestão# nem tampou&o da
resolução em :ue ela "eio a re&uperE-lo%
'ara :ue o o$Ceto da repetição seCa dado &omo "elho# ne&essErio em alguma medida um
mo"imento de distan&iamento# em :ue seCa dada a própria ne&essidade da repetição# e se eeti"e
assim a &ons&i,n&ia interessada% Mas este mo"imento de distan&iamento ele próprio imanente J
totalidade da ideiaN ele &onstitui por assim di4er o momento negati"o da re&ordação 7 # portanto# o
es:ue&imento% Mas o es:ue&imento &on&e$ido# desse modo# &omo uma mediação negati"a# p<e a
ne&essidade de esta$ele&er as &ondiç<es de possi$ilidade do es:ue&imento% *sso eito pelo esteta A
na Rotaç7es de .ulti-os% Ro entanto# :uando o esteta se dE &onta de :ue# no simples enun&iar :ue se
es:ue&eu de algo# de alguma maneira CE re&orda-o# ele introdu4 o elemento do nil admirari%
*nstaura-se desta maneira o distan&iamento da prud,n&ia &omo orma de "ida e o
des&omprometimento :ue &ara&teri4a a indeterminação do "i"ente estti&o% Resse &onte/to#
:ual:uer repetição meramente negati"a# e a repetição eeti"a da &ons&i,n&ia apare&e en:uanto
impossi$ilidade% Ro entanto# este ponto de "ista pare&e não se dar &onta de :ue o negati"o do
es:ue&imento ele próprio ines&rutE"elN e# ao se airmar :ue o es:ue&imento não pode ser um
&on&eito imediato por:ue depende do &onteQdo da re&ordação para esta$ele&er-se &omo negati"o#
de"e-se &on&eder :ue não possí"el separar um do outro% ;odo re&ordar tem &omo determinação
?I !ear and Trem"ling# Repetition# p% 30%?II Repetição# p% 131%
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essen&ial um tornar-se &ons&iente do es:ue&imentoN somente nesse sentido pode-se designar o
&onteQdo positi"o do primeiro originErio# muito em$ora apenas por meio da idealidade%
Determinar o :uanto de es:ue&imento hE na re&ordação uma :uestão :ue de"e
ne&essariamente pHr o interesse da &ons&i,n&ia# na medida em :ue ela depende da determinação do
primeiro &omo algo perdido# ou seCa# da instauração do "elho en:uanto tal% *sso não pode dar-se deoutro modo# pois todo &onteQdo de re&ordação em &erto sentido uma determinação da idealidade
na &ons&i,n&ia% Ra medida em :ue se re&orda algo# CE se o perdeuN e nesse sentido :ue o amor-
re&ordação do Co"em Oha"ia dado um passo tão terrí"el :ue saltara por &ima da "idaP ?I e &omeçado
a relação &omo se esta CE esti"esse terminada% A &olisão :ue se dE na &ons&i,n&ia do Co"em a da
realidade sendo progressi"amente esgotada de todas as possi$ilidades# &om a idealidade &ada "e4
mais ideal da ideia perdida por meio da re&ordação% ato da re&ordação e do es:ue&imento serem
&on&eitualmente tão apro/imados tende# no entanto# a a4er &om :ue a reatuali4ação da tonalidade
aeti"a# o &onteQdo do primeiro originErio# se d, para a &ons&i,n&ia de maneira &ada "e4 mais tur"a
e distanteN por isso a re&ordação não Osal"a o sentimentoP ?0# &omo a repetição de"e a4er% A
repetição# ao &ontrErio# se &ara&teri4a &omo a ideia em mo"imentoN por essa e/pressão pode-se
entender não somente :ue essa insui&i,n&ia da re&ordação oi superada# de modo :ue a ideia agora
tenha sempre a possi$ilidade de tomar seu espírito em toda a sua plenitude# &omo tam$m :ue ela
se torna &onstituti"a da própria &ons&i,n&ia# na medida em :ue esta tem a sua determinação
undamental no poti&o engendrado por essa ideia%
Desse modo# a repetição &apa4 de reali4ar o :ue na re&ordação não possí"el# a sa$er( a
atuali4ação eeti"a da ideia na e/ist,n&ia% A:uilo :ue &om ela se restaura mantm para ela
parado/almente ao mesmo tempo a sua &onstituição do "elho# do primeiro originErio# e tam$m a
insígnia do no"o# so$ um mesmo aspe&to# de orma :ue toda a negati"idade 7 :ue# &om relação J
re&ordação# apare&ia dialeti&amente so$ a orma do es:ue&imento 7 assim dominada e su$metida
aos moldes estti&os do poti&o% A Oe/altada &rença na mulherP?1 :ue a4 parte da personalidade do
Co"em o :ue dE a ele essa irme4a de determinação# em$ora ele de"a# &om relação a ela# tornar-se
poeti&amente li"re para :ue a repetição se d, desta maneira% 'ara isso ne&essEria# no"amente# :ue
a ideia se d, &omo uma totalidade% ;orna-se então "isí"el a eeti"idade da dialti&a da repetição &om
relação J re&ordação( se a repetição uma reapropriação# uma retomada# ela indi&a a originariedade
do primeiro não mais &omo uma tonalidade aeti"a a ser ruída esteti&amente# mas &omo uma
e/peri,n&ia em si resol"ida# &uCa tonalidade torna-se a &ondição para uma no"a eeti"ação do
mo"imento# em :ue o estti&o apare&e so$ a insígnia da produção poti&a%
?I*dem# p% 3%?0*dem# p% 12I%?1*dem# p% 12%
I
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A asso&iação :ue se a4 deste domínio e/er&ido pela negati"idade e:ui"ale J igura da ironia
dominada% A ironia por si só designada &omo o ponto de "ista negati"amente determinadoN o :ue
em 6ó&rates se tradu4 no limite da ironia pela ideia?2% K nesse sentido :ue 8ier9egaard airma
tam$m :ue O6ó&rates &hegou J ideia de dialti&a# mas não possuía de Ceito nenhum a dialti&a da
ideiaP?3N ele não a4ia &om :ue a ideia de dialti&a em sua negati"idade atingisse a Opositi"idade
prounda e ri&a de &onteQdoP atra"s do pro&esso em O:ue ela &hegue a &ons&ienti4ar-se de si
mesmaP# pois Oa mantinha &onstantemente apenas &omo possi$ilidade :ue Camais se torna"a em
realidadeP??% As aporias so&rEti&as são um indí&io da:uela &ontradição da &ons&i,n&ia &uCa
ininitude# ao sustentar-se na possi$ilidade ininita# torna"a o sa$er :ue tem o negati"o &omo ponto
de partida uma tarea ininita% +omo mostra ;sa9iri( O!ma tal tarea tal"e4 nun&a seCa &ompletada#
mas isso dii&ilmente redu4 a sua dinmi&a CE :ue# &omo um mo"imento aporti&o# ela a$re para
ininitas possi$ilidadesP?% Ro :ue di4 respeito J ideia de dialti&a# de"e-se assinalar :ue sua
e/pressão e/terior se dE sempre no negati"oN porm# a dialti&a da ideia# :ue designa pre&isamente
a ideia da ironia dominada# pressup<e uma positi"idade na ideia :ue# se se torna determinante na
sua e/teriori4ação# termina por limitar esta a$ertura para a possi$ilidade# instaurando assim a
seriedade do próprio &ompromisso &om a ideia% :ue a&onte&e &om o Co"em da repetição# no
entanto# des&re"e-se da seguinte maneira( a ideia por assim di4er o$struída na sua menor tentati"a
de e/pressão assinalada e direta# de tal modo :ue ela se tradu4 na eeti"idade por meio do poti&oN
ou seCa# da mesma orma :ue o&orre &om a repetição en:uanto &on&eito# a ideia religiosa do Co"em
en&ontra-se para alm de :ual:uer mediação positi"a# e resta apenas o mtodo indireto de alusão
negati"a# :ue resulta ao im de tudo em aporia%
+ontudo# a aporia não a$solutaN o Co"em de ato atingiu alguma gradação da repetição# e
isso CE permite :ue algo a&er&a dela seCa dito% A possi$ilidade não mais uma ininitude
indeterminadaN o :ue le"a a &on&luir :ue pode-se atri$uir J repetição uma Odialti&a da ideiaP
apropriada% s ras&unhos de 8ier9egaard :ue pre&ederam a es&rita do De mni"us Du"itandum Est
tra4em algumas rele/<es enri:ue&edoras nesse sentido% Ruma das primeiras &onsta( Oa:ui a dQ"ida
poderia ser suspensa 7 se assume :ue não hE repetição% Mas isto não pode ser eito sem :ue se
ponha uma repetiçãoP?@% .sta airmação de"e ser tida &omo uma das mais signii&ati"as &om
respeito ao un&ionamento da dialti&a :ue en"ol"e a &olo&ação da pergunta so$re a repetição :ue#
&omo o li"ro mostra# não se dE na orma da pergunta so$re a essência da repetição# mas sim so$re o
?28ier9egaard airma :ue O6ó&rates tinha a ideia &omo limiteP% +% .onceito de Ironia# p% 13%
?3*dem# p% 13%??*dem# p% 13%
?;6A8*)*# S%N )ier*egaard@ An1iet2, Repetition and .ontemporaneit2# p% 2%?@Oere $ou$t &ould $e $ro9en o 7 one assumes that there is no repetition% But it &annot $e done =ithout positing a
repetitionP% +% JP *** 32 Pap% *S B 10(3# ?# I# n%d %# 1I?2-?3# op% &it% !ear and Trem"ling# Repetition# p% 2?%
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seu signii&ado e possi$ilidade% A nature4a dessa pergunta undamental não pode ser disso&iada da
dQ"ida# CE :ue# ao mesmo tempo :ue a dQ"ida in&ide so$re a eeti"idade da repetição na medida em
:ue ela mera possi$ilidade# ela su$siste mesmo :uando uma resposta negati"a "em J tonaN o :ue
le"a a pressupor :ue# em Qltima instn&ia# a possi"ilidade da pergunta so"re a repetição j6
pressup7e a repetição como posta% ponto de "ista estti&o so$re a repetição en&ontra aí a sua
condição fundamental de possi"ilidade( se a repetição oi dada por +onstantius &omo impossí"el do
ponto de "ista estti&o# tal &onstatação estE atrelada em seu mago J própria eeti"idade da
repetiçãoN &omo ele mesmo di4( Oha"ia des&o$erto :ue simplesmente não e/iste repetição e tinha-
me &on"en&ido disso J &usta de o "er repetido de todas as maneiras possí"eisP?%
uando# pois# a pergunta so$re a repetição estE posta# CE se saiu do imediato# a &ons&i,n&ia CE
soreu a &olisão entre o real e o ideal% 8ier9egaard o &onirma :uando di4( OA primeira e/pressão da
relação entre o imediato e a mediação repetiçãoP?I% A repetição a e/pressão mesma da saída do
imediato# pois tam$m a emerg,n&ia da &ons&i,n&ia# a partir do :ue a :uestão da repetição estE
posta% .m seguida( ORo imediato não hE repetiçãoN isto pode ser pensado &omo dependente da
dissimilaridade das &oisasN de maneira alguma# mesmo se tudo no mundo osse a$solutamente
id,nti&o# ainda assim não ha"eria repetiçãoP?% A identidade ou a dierença de todos os elementos
do mundo são atores independentes da repetição# pois são &on&ernentes J esera do realN não hE
ainda a &olisão &om o ideal% +lima&us di4 o mesmo( Yse tudo no mundo osse a$solutamente igual#
não ha"eria nenhuma repetição na realidade# pois ela só no momentoY00# ao passo :ue na
idealidade# a ideia permane&e a mesma% 'or isso ele termina por di4er( OMas :uando a possi$ilidade
da repetição posta# então surge a :uestão da sua atualidade( isto de ato uma repetiçãoP 01N a:ui
se ", :ue a pergunta so$re a possi$ilidade da repetição se identii&a# na medida em :ue "em J tona#
&om a pergunta so$re a atualidade da repetição# pois na medida em :ue a própria pergunta se
&olo&a# a repetição CE estE dada en:uanto possi$ilidade%
A esera da li$erdade# o locus da repetição em sentido estrito# a esera onde o mo"imento
dialti&o da repetição posto na atualidade% *nteressa notar :ue essa pressuposição de si mesma :ue
o &aso &om a pergunta da repetição "ale de orma anEloga para a li$erdade# em :ue ela própria se
torna o negati"o para o seu próprio eeti"ar-se% .sse elemento indi&a no"amente :ue a repetição
en:uanto um mo"imento sensu eminentiori se &onigura &omo uma so$rele"ação parado/al# :ue
? Repetição# p% @%?IO;he irst e/pression or the relationship $et=een immedia&> and media&> is RepetitionP% +% JP *** 32 Pap% *S
B 10(3# ?# I# n%d %# 1I?2-?3# op% &it% !ear and Trem"ling# Repetition# p% 2?%?O*n immedia&> there is no repetitionN it ma> $e thought to depend on the dissimilarit> o thingsN not at all# i
e"er>thing in the =orld =ere a$solutel> identi&al there still =ould $e no repetitionP% *dem# p% 2?%
00 V Preciso Du-idar de Tudo# p% 11%01 OBut =hen the possi$ilit> o repetition is posited# then the :uestion o its a&tualit> arises( is it a&tuall> a repetitionP%
+% JP *** 32 Pap% *S B 10(3# ?# I# n%d %# 1I?2-?3# op% &it% !ear and Trem"ling# Repetition# p% 2?%
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elemento da ideia em mo"imento no espírito do Co"em da Repetição ad:uire &ontornos
dialti&os na medida em :ue se ", a repetição &omo a:uilo :ue ocasiona esse mo"imento# de tal
orma :ue para ele a própria ideia :ue se repete en:uanto tal% .la ad:uire na sua idealidade# por
assim di4er# a Yorça "ital# o segredo# a ideiaY# em :ue Ya sua perse"erança e a sua orça e"iden&iamautoridade e autori4açãoY0# mas ao mesmo tempo em :ue atra"s dela dada J própria realidade o
enseCo para desdo$rar-se no seu desen"ol"imento% A &olisão dialti&a na &ons&i,n&ia 7 ou seCa# a
repetição 7 se tradu4 na história do Co"em no pro&esso dele tornar%se poeta# o :ue +onstantius
deine tam$m &omo um tornar-se e1ceção A "ida do poeta designada por ele &omo e/&eção pois
Ya "ida de um poeta &omeça na disputa &om a e/ist,n&ia# toda elaN trata-se de en&ontrar um meio de
tran:uilidade ou de Custii&açãoN por:ue na primeira disputa ele terE sempre de perder# e se :uer
"en&er imediatamente# então não estE Custii&adoY0I% A totalidade da ideia para o Co"em o :ue o
&olo&a em &ontradição &om a e/ist,n&ia# e em "irtude desse &onlito ele pade&e na tentati"a de
Custii&ação em$ora seu espírito esteCa seguro de si próprio% Da mesma orma &omo ele des&re"e Ló(
YestE em $om entendimento &om o 6enhor# sa$e-se ino&ente e puro no mais íntimo do seu &oração#
sa$endo ao mesmo tempo tudo isto Cuntamente &om o senhor# e &ontudo a e/ist,n&ia# toda ela#
&ontradi-loY0% A &ontradição engendra o mo"imentoN e diante dela o Co"em en&ontra orças para
manter-se na airmação de :ue tem ra4ão somente pela seguridade e pela seriedade do ser"iço J
ideia%
.sta &oniguração designa o &onlito :ue se origina no momento em :ue Ya e/&eção irrompe
no meio do uni"ersal det AlmeneY10% A partir daí se desenrola o &onlito# o &ho:ue :ue resulta na
repetição# :ue +onstantius &hama de Ypro&esso durante o :ual a e/&eção luta at se impor e se
Custii&a en:uanto talN por:ue a e/&eção não Custii&ada re&onhe&e-se pre&isamente pelo ato de
:uerer &ontornar o uni"ersalY11% 6e trata# pois# de uma luta por Custii&ação# e não propriamente de
uma luta de "ida e morte# de ani:uilação mQtuaN isto tornaria tudo E&il demais para o lado mais
orte# e este sempre o uni"ersal% Ro de&orrer da luta# o martírio da e/&eção não a ani:uila# mas
ortale&eN e não por um des&uido# mas por uma $ene"ol,n&ia por parte do uni"ersal(
Yno seu &onCunto trata-se de uma luta &orpo a &orpo em :ue o uni"ersal rompe &om a
e/&eção# dila&era-a no &om$ate e ortale&e-a por intermdio desta luta% 6e a e/&eção não
&onsegue suportar a &ar,n&ia :ue sore# o uni"ersal não a so&orre %%%% A e/&eção enrgi&a e
determinada :ue# apesar do &om$ate &om o uni"ersal# &ontudo um re$ento nas&ido da sua
0 Repetição# p% 11%0I*dem# p% 13I-13%
0*dem# p% 11%10*dem# p% 13@%11*dem# p% 13%
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rai4# essa &onser"a-seY12
momento em :ue a e/&eção apare&e &onstitui o primeiro momento deste &om$ate
Ye/tremamente dialti&o e ininitamente mati4adoY13# &uCo desen"ol"imento torna-se Ytão dií&il
:uanto matar um homem e dei/E-lo "i"oY1?% A:ui não hE possi$ilidade de entendimento mQtuo
entre as partes# prin&ipalmente por:ue# para alm desse &onlito a$soluto# &ada parte pare&e ter seudesen"ol"imento dialti&o próprio# em :ue rela&iona-se &om a outra apenas de maneira negati-aN
por isso +onstantius reitera :ue o seu a&ompanhamento re:uer Y&omo &ondição uma prontidão
a$soluta na dialti&a do uni"ersalY1# $em &omo &olo&a :ue Ydo outro lado# &om$atem o :ue hE de
insu$ordinado e o :ue hE de o$stinado na e/&eção# a respe&ti"a ra:ue4a e mor$ide4Y 1@% .sse
elemento negati"o mostra no"amente em :ue se e/trapolam as possi$ilidades da mediaçãoN o
"ín&ulo positi"o mantm-se apenas na medida em :ue# apesar dessa e/trapolação# a e/&eção # &om
relação ao uni"ersal# Yum re$ento nas&ido de sua rai4Y1# ou seCa# o "ín&ulo positi"o di4 respeito
apenas J origem :ue# no entanto# se perde pelo próprio próprio aastamento 7 a originariedade#
nesse sentido# poderia ser re&onstituída somente por meio da re&ordaçãoN mas não poderia ser# nesse
sentido# repetida( a:ui apare&e deiniti"amente situada a &olo&ação da pergunta so$re a atualidade
da repetição# em :ue a própria repetição CE en&ontra-se posta &omo tarea% A e/&eção# pois# deinida
&omo tal# tem &omo determinação de si o a$andono dessa relação originEria# em :ue ela possa por
im "ir a Custii&ar-se a si própria e atra"s de si própriaN mas# nesse sentido# ela mantm-se
"in&ulada a esse impulso :ue nun&a se atuali4a plenamente# e no im das &ontas ela &apa4 de
&onser"ar-se apenas na medida em :ue re&onhe&e a si mesma &omo tendo aí a sua origem% Daí a
airmação de :ue
Ya e/&eção enrgi&a e determinada :ue# apesar do &om$ate &om o uni"ersal# &ontudo um
re$ento nas&ido de sua rai4# essa &onser"a-se% A relação a seguinte% A e/&eção# ao
e/aminar-se a si mesma# pensa tam$m o uni"ersal# ao tra$alhar-se a si própria# tra$alha em
a"or do uni"ersal% 'ortanto# a e/&eção e/pli&a o uni"ersal e e/pli&a-se a si mesmaY 1I
.ste tra$alho da e/&eção se dE em unção do seu outro apenas indiretamente# em :ue se
maniesta Ya &ólera e a impa&i,n&ia do uni"ersal so$re a $arulheira :ue a e/&eção &ausaY1% Rão hE
a:ui re&onhe&imento# mas desentendimentoN a mediação # no seu mago# negati"a% De a&ordo &om
.ri9sen# esta relação negati"a de alteridade entre uni"ersal e e/&eção mostra de :ue modo no
mesmo instante Wie"li**et am$os os termos en"ol"idos sustentam parado/almente a mesma
12*dem# p% 13%13*dem# p% 13%1?*dem# p% 13%1 Repetição# p% 13%1@*dem# p% 13%
1*dem# p% 13%1I*dem# p% 13%1*dem# p% 13%
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"alidade# e não "alidades alternadas 7 não um &omo positi"o e outro &omo negati"o# mas am$os em
sua "alidade eterna mutuamente im$ri&ada% A negati"idade# a aus,n&ia do outro :ue tam$m
&onstituti"a da própria alteridade# o :ue instaura o outro en:uanto presença negati"a( Ya inelutE"el
aus,n&ia do outro 7 a alteridade do outro 7 pre&isamente a presença do outro en:uanto outroY 20%
outro só se torna outro :uando estE perdido &omo para-siN e a partir de então a aus,n&ia# a
negati"idade &onstituti"a da alteridade# passa a tornar-se eeti"a &omo uma instn&ia doadora de
sentido# &omo um modo de e/ist,n&ia%
.ste o segundo momento do &om$ate# :ue se &onigura nessa reduplicação dos termos em
:ue a alteridade &onsumada no negati"o% A:ui "em a maniestar-se a Ypredileção apai/onada :ue
o uni"ersal tem pela e/&eçãoY21# $em &omo o ato de :ue Ya e/&eção pensa o uni"ersal &om uma
pai/ão enrgi&aY22% A dialti&a então não ani:uila a alteridade numa instn&ia a$soluta positi"a( Ya
e/&eção Custii&ada re&on&ilia-se no uni"ersalY23 pre&isamente nessa negati"idade &onstituti"a# pois
a:ui am"os# o uni"ersal e a e/&eção# en&ontram-se Custii&ados% A dupla Custii&ação# # pois# a
repetiçãoN :ue# não o$stante a reairmação positi"a de &ada parte# mantm o negati"o &omo
&onstituti"o da própria relação% A e/&eção e/pli&a o uni"ersal e a si mesma# mas o uni"ersal não
pode ser &ondes&endenteN ele # ao &ontrErio# Yradi&almente pol,mi&o &ontra a e/&eçãoN pois não
:uer :ue note sua predileção antes :ue a e/&eção o o$rigue# por assim di4er# a &onessE-loY 2?% Daí
se inere :ue a luta não # de ato# por re&onhe&imento# pois a determinação undamental da e/&eção
a própria e1clusão da esera do uni"ersalN e nesta e/&lusão ela p<e a si mesma &omo positi"a
somente por meio de uma luta por Custii&ação# a :ual se tradu4# num di4er religioso# numa
pro-ação eeti"aN e por im Yo +u reCu$ila mais &om um pe&ador :ue se arrepende do :ue &om
no"enta e no"e CustosY2# muito em$ora isso seCa "elado para o ponto de "ista do pe&adorN de tal
maneira se e/pli&a o ato de a &ólera di"ina maniestar-se anteriormente ao amor e J miseri&órdia(
elas só t,m sentido no pro&esso de Custii&ação da e/&eção :ue os &ontrap<em% uni"ersal# por seu
lado# perde todo o sentido &aso não seCa &on&e$ido em unção dessa pro"açãoN o uni"ersal se
e/pli&a somente se se e/pli&a a e/&eção%
A repetição se &onstitui nesse sentido &omo o paradigma undamental da alteridade a$soluta#
portanto# da dierença% A :uestão da alteridade &onstitui# de a&ordo &om .ri9sen# o undamento da
noção temporal do "i"er para rente# portanto# da temporalidade aut,nti&a% .sta relação só pode ser
undada :uando Ya "erdade do suCeito &onsiste na sua relação &om o utro a$soluto# no estar-diante-
20.)*86.R# R% R%N )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition@ a reconstruction# p% 1%21 Repetição# p% 13%22*dem# p% 13I%
23*dem# p% 13%2?*dem# p% 13%2*dem# p% 13%
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de-DeusY2@% Ra re&ordação# por e/emplo# o outro en&ontra-se de alguma orma presente# na medida
em :ue pode ser e"o&ado de alguma orma pela &ons&i,n&ia# pode ser re-&oletado# re-mediadoN a
re&ordação# di4 .ri9sen# Yuma repetição na &ons&i,n&ia# de modo :ue o outro en&ontra-se
integrado no si# e a repetição uma repetição da &ons&i,n&ia# a transiguração do si por meio de
uma relação &om o outroY2% Ra repetição não hE mediação nem remdio# a transiguração só pode
ter seu ad"ento :uando tudo estE perdido para a e/&eçãoN sem esta asserti"a a dierença
simplesmente não "em J tona# e por isso ela de"e ser testada at o seu mE/imo desgaste% Resta
pai/ão :ue ela demonstra pelo uni"ersal# portanto# a e/&eção# :ue ha"ia renun&iado anteriormente
ao uni"ersal# termina por Custii&ar-se apenas no momento em :ue ela renun&ia a si própria em
nome da:ueleN no :ue# toda"ia# ela não "em a ani:uilar-se a si própria# mas ela re&e$e a si mesma
de "olta &omo uma dEdi"a# em :ue o uni"ersal maniesta por ela a sua predileção%
A dialti&a da repetição# # desse modo# a dialti&a parado/al da e/&eção reorçando a regra#
em :ue a orça de uma se mede pela orça da outra% +omo di4 Domini& Desro&hes# ela &onstitui
uma Y:ue$ra em :ue os dois termos suportam um ao outroY 2I# uma ruptura na iman,n&ia do
mo"imento# pois a Auf$e"ung a:ui interrompida na medida em :ue não hE mais positi"o nem
negati"o# mas duas instn&ias igualmente "Elidas e Custii&adas% .sta :ue$ra da iman,n&ia
designada por .ri9sen &omo Yas noç<es de totalidade e sentidoY :ue de"em ser rompidas para :ue
YseCa ou"ida a "o4 do outroY2% A e/&eção# &omo atesta Desro&hes# Ynão deinida em oposição ao
geral# ou o uni"ersal# mas somente des&o$erta atra"s de um pro&esso &ontrErio Js &ara&terísti&as
do período# dialti&a hegelianaY30# e se &ontrap<e a ele em unção do seu próprio pro&esso de
Custii&ação# o :ue não poderia dar-se sem :ue ela apare&esse &omo tal% A "alidade eeti"a da
e/&eção se dE pela simples &onstatação da sua e/ist,n&ia# &omo di4 +onstantius( YE e/&eç<es% 6e
não se &onsegue e/pli&E-las# tampou&o se &onsegue e/pli&ar o uni"ersalY 31% 'ortanto# a relação de
in-ersão 7 e não de simples oposição 7 da dialti&a da repetição &om a dialti&a hegeliana aludida
por +onstantius :uando ele ad"erte :ue seria em "ão a tentati"a de Ypro&urar maneira de di4er(
primeiro# segundo# ter&eiroY# $em &omo serE Ydií&il &ompreender o &aminho :ue o li"ro segue# uma
"e4 :ue o in"ersoY32% +onstantius tam$m a&usa a in&ompreensão do Yre&enseador "ulgarY em
e/pli&ar Ya e/ist,n&ia de tal maneira :ue tanto o uni"ersal &omo o parti&ular são ani:uiladosY 33% 6e
o singular ou o indi"idual# &omo na dialti&a da mediação# apare&em &omo o negati"o do uni"ersal#
não só o singular &omo o próprio uni"ersal não &apa4 de se sustentar% *sso mostra# &ontrariamente#
2@.)*86.R# R% R%N )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition@ a reconstruction# p% @3%2.)*86.R# R% R%N )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition@ a reconstruction# p% 1@%2ID.6)+.6# D%N T$e E1ception as Reinforcement of t$e Et$ical (orm# p% 32%2.)*86.R# R% R%N )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition@ a reconstruction# p% 10%30D.6)+.6# D%N T$e E1ception as Reinforcement of t$e Et$ical (orm# p% 31%
31 Repetição# p% 13I%32*dem# p% 13@%33*dem# p% 13@%
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:ue na dialti&a da repetição os dois termos su$sistem# suportando um ao outro sem ani:uilar-seN e
da e/&eção &a$e simplesmente &onstatar-lhe a e/ist,n&ia% +omo e/pli&a Desro&hes# Yse não
podemos e/pli&E-las \as e/&eç<es] &omo e/&eç<es a um uni"ersal# tampou&o podemos e/pli&ar o
uni"ersal% Ro"amente# apare&e uma dialti&a sem sCntese% +ompreender um termo sem o outro
impossí"el% .m suma# o segundo termo &onirma o primeiroY3?%
A determinação da e/&eção # portanto# a simples e/ist,n&ia% Mas na medida em :ue ela não
determinada pelo uni"ersal# ou seCa# não pode ser mediada# ela se torna o singular indi"idual% Mas
o &onlito irre&on&iliE"el &om o uni"ersal a4 &om :ue# nesta airmação de si en:uanto e/&eção# não
só a repetição apareça de no"o na sua impossi$ilidade3 &omo tam$m :ue o uni"ersal en:uanto tal
"enha a ser suspenso# ao passo :ue# :uando a e/&eção renun&ia a si mesma 7 :ue se tradu4# em
termos religiosos# num ato de sa&rií&io# o uni"ersal dei/a de ser suspenso e posto no"amente em
eeti"idade# mas agora &oe/istente en:uanto uni"ersal lado a lado &om a e/&eção en:uanto
indi-Cduo# no :ue ele passa a ser designado# então# &omo o +tico( o mo"imento de suspensão do
uni"ersal # portanto# o :ue Lohannes de 6ilentio &hama de suspensão teleol5gica do +tico3@# para
:ue o religioso apareça na orma do sa&rií&io% Mas o uni"ersal tam$m a:ui a linguagem# e a sua
suspensão tam$m a maniestação do sil,n&io do religiosoN e a Yintradu4i$ilidade da singularidade
J uni"ersalidadeY3 um indí&io do moti"o de a orma geral da repetição ser e/pressa somente
atra"s da sua impossi$ilidade% Ysil,n&io :ue es&onde em si todos os horrores# &omo um segredo
:ue ningum ousa nomearY3I# &om eeito# um elemento da su$Ceti"idade em :ue a relação &om o
uni"ersal ultrapassada na medida em :ue este "em a ser suspensoN ele designa# no di4er de
Desro&hes# Yuma relação &om o a$soluto :ue a linguagem não &apa4 de e/pressarY 3% estado
parado/al de suspensão do Co"em não e/primí"el 7 a:ui ele adota a orma epistolar líri&a :ue
redundam numa lamentação patti&a# mas :ue não designa uma e/pressão essen&ial da:uilo :ue ele
espera na orma de uma tempestade%
ti&o# portanto# oi suspenso na orma do uni"ersal% Mas a suspensão ela própria o
estado em :ue o ti&o não mais eeti"o# mas em :ue o religioso sensu eminentiori ainda não
apare&eu na orma da repetição% .le ad:uire portanto a e/pressão na orma do líri&o não por a&asoN
pois o líri&o indi&a a:ui a apoteose da melan&olia do Co"em# e o reairma assim &omo a:uele :ue# na
sua e/pe&tati"a pela tempestade# demonstra uma ati"idade espiritual :ue# em$ora não possa ser
&ara&teri4ada &omo um mo"imento em sentido estrito# tampou&o se redu4 J:uela imo$ilidade
3?D.6)+.6# D%N T$e E1ception as Reinforcement of t$e Et$ical (orm# p% 32%3+onstantius nota a in&ompati$ilidade na &aptação do singular eeti"o pelo uni"ersal na orma da sua melan&olia pela
Co"em do &asa&o "erde :ue espera"a reen&ontrar# mas :ue se perde na re&uperação arses&a pelo Yhumano-uni"ersalYdo tom do &asa&o do to&ador de harpa% +% Repetição# p% @%
3@Temor e Tremor # p% 1?1%
3;6A8*)*# S%N )ier*egaard@ An1iet2, Repetition and .ontemporaneit2# p% 1??%3I Repetição# p% 11%3D.6)+.6# D%N T$e E1ception as Reinforcement of t$e Et$ical (orm# p% 2?%
10@
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ineeti"a da re&ordação &ontemplati"a do esteta imediato% Co"em situa-se a:ui no interesse entre a
imo$ilidade aeterno modo e o mo"imento trans&endente da repetiçãoN a re&ordação en&ontra-se
presente# mas não mais &omo uma &ontemplação idíli&a do passado# mas &omo um ati"idade interior
:ue o impulsiona para alm dela própria# numa imin,n&ia do mo"er# no limiar da repetição% s
meandros desse limite de"erão ser tratados &om maior &uidado no &apítulo % :ue importa agora
:ue se tenha em mente a atualidade da re&ordação nesse momento% .m$ora a possi$ilidade de se
espe&ular so$re a repetição apare&e sempre "in&ulada J sua impossi$ilidade# tem-se por outro lado
:ue a igura da impossi$ilidade da repetição não # na eeti"idade# outra :ue não a re&ordação% A
repetição propriamente nun&a apare&e maniestadamente# pois a linguagem en&ontra-se sempre
a:um da sua eeti"idadeN mas desse modo# CE :ue o religioso en&ontra-se ainda em imin,n&ia# e o
ti&o# por sua "e4# oi teleologi&amente suspenso# então resta ao Co"em apenas o est+tico en:uanto
m$ito do Qni&o mo"imento líri&o-poti&o :ue lhe dado e/e&utar# e :ue se distingue# Custamente
por ter o mo"imento eeti"o en:uanto possi$ilidade na e1ortação do religioso# do esteti&ismo
&ontemplati"o e romnti&o do esteta A# por e/emplo# :ue aunda desesperançosamente num
niilismo superi&ial%
A impossi$ilidade estti&a da repetição en&ontra-se duplamente "in&ulada ao re&urso
dis&ursi"o da linguagem lógi&a por um lado 7 :ue# na medida em :ue instaura-se a ne&essidade
parado/al de pensar o impensE"el# retrai-se no sil,n&io 7 e J re&ordação &omo um re&urso
engendrador de mo"imento :ue possi$ilita uma positi"idade do &uid da própria repetição na própria
&ons&i,n&ia# mas apenas &omo um mo"imento para trEs# da :ual não pode surgir o no"o%
mo"imento da repetição# em :ue o "elho "em a se tornar no"o e tam$m um tornar-se si próprio#
depende de :ue se &on&e$a a ligação originEria &om o outro &omo dada anteriormenteN &omo
e/pli&a .ri9sen# Ypara :ue o si rela&ione-se &onsigo próprio ele de"e primeiro ser separado de si
próprioN esta separação só pode ter lugar numa relação &om o outro :uando o si ", a si mesmo &omo
outro &ue o outroY?0% A identidade na dierença# a dupli&ação do tornar-se si mesmo# &onigura-se
nesse sentido &omo uma dupla negação da alteridade imediataN e a tarea da redupli&ação se torna na
"erdade uma $us&a ati"a de Yseparar-se a si próprio de relaç<es inaut,nti&as &om o outroY?1% Resse
sentido# ainda :ue o mo"imento da repetição seCa para rente# ele não pode suplantar a &one/ão &om
esta originariedade :ue indi&a o lugar autêntico do si-mesmo do :ual a &ons&i,n&ia en&ontra-se
apartada% 6e na repetição Ya:uilo :ue e/istiu "olta a e/istirY# a e/ist,n&ia primordial apontada por
meio desse olhar retroati"o para o próprio passadoN e o aut,nti&o re&uperar-se a si próprio
inten&ionalmente "oltado para o uturo# mas ele de"e por em termos as determinaç<es de alteridades
inaut,nti&as de um passado &indido% +ontudo# esse olhar inten&ional de"e despir-se de :ual:uer
?0.)*86.R# R% R%N )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition@ a reconstruction# p% 10I%?1*dem# p% 10%
10
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melindre &ontemplati"oN o indi"íduo de"e estar portanto J altura de seu próprio passado# e não se
su$meter a ele &omo se ele osse a história temporal do irre&uperE"el?2%
E# &om isso# :ue se &on&e$er uma estti&a :ue suplante a noção de &ontemplação e :ue
nem por isso per&a de "ista o &arEter poti&o do pade&er na e1pectati-a% A noção de e/pe&tati"a #
no ponto de "ista de .ri9sen# Yundada na relação &om o utro a$solutoY?3
% .la &onsiste numainserção primeira da &ons&i,n&ia numa relação temporal aut,nti&a# em :ue o aguarde não se torna
mais algo no"o em adição ao antigo# mas se tradu4 numa Yredenção do passado por meio do uturoY
e da Yno"idade do "elhoY??% .ste # por assim di4er# o trampolim ne&essErio para :ue o salto da
repetição possa ser "isto do ponto de "ista estti&o% 6omente nesse sentido a re&ordação digna de
re&e$er um estatuto anElogo J repetição no :ue di4 respeito ao mo"imento# e# da mesma maneira em
:ue uma situa-se dialeti&amente &om a outra# su$sistir ao lado dela en:uanto possi$ilidadeN tra4endo
então# &omo di4 Sergote# Yem si a mar&a da eternidadeY?% A espera pela tempestade# a e/pressão
mE/ima do &uerer a repetição# nesse sentido# &omo nota olmgaard# # alm de uma YmetEora do
su$limeY?@# tam$m deinida por uma relação simultnea &om o uturo do ad"ento# e tam$m &om
o passado re&ordado :ue se mantm no interstí&io do interesse do in suspenso na &ons&i,n&ia e do
&ompleto a$andono na repetição# pois a:uilo :ue era # por meio da própria e/pe&tati"a#
anunciado &omo algo a ad"ir# &omo algo a ser repetido% Resse sentido# ele se a4 presente atra"s da
aus,n&ia# e se mostra então &omo uma "erdadeira alteridade# pois a sua própria determinação de
re&ordado &omo passado oi suspensa% A:ui não possí"el mais determinar o &onteQdo da
re&ordação &omo sendo &on&ernente ao passado# pois ele passa a instaurar-se &omo uma
possi$ilidade eeti"a no instante da e/pe&tati"a%
?2 ponto de "ista temporal da repetição so$ esta determinação serE o tema do pró/imo &apítulo%?3.)*86.R# R% R%N )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition@ a reconstruction# p% @3%
??*dem# p% @3%?S.)G;.# % B%N ;ens et Repetition# S% *# p% 202%?@MGAA)D L%N T$e Aest$etics of Repetition# p% %
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Repetição e Temporalidade
Reste &apítulo serE a$ordada# &omo uma e/tensão do &apítulo anterior# a :uestão da
repetição do ponto de "ista metaísi&o# agora no :ue &on&erne a ela &omo uma &ategoria positi"a em
sentido temporal% +omo oi mostrado no &apítulo anterior# a disso&iação da repetição do &on&eito de
mediação le"a J sua instauração &omo &ategoria undante da dogmEti&a 9ier9egaardiana# em :ue ela
"em a instaurar o parado/o undamental :ue norteia as noç<es de temporalidade# li$erdade e
indi"íduo% A:ui a repetição serE primeiramente mostrada &omo um &on&eito da trans&end,n&ia# e de
:ue maneira essa determinação lança as $ases para uma temporalidade em :ue o indi"íduo se situa
histori&amente# $em &omo a partir disto seCam dadas as &ondiç<es para :ue este situar-se
histori&amente seCa &on&e$ido &omo li$erdade% A partir da noção de li$erdade# apare&e tam$m a
noção de pe&ado :ue undamenta a O&i,n&ia dogmEti&aP desen"ol"ida em .onceito de AngHstia# a:ual# entretanto# de"erE limitar-se a apare&er apenas em suas relaç<es mais imediatas &om a o$ra
so$re a RepetiçãoKX %
A primeira noção a ser tratada a:ui a de trans&end,n&ia# no sentido de :ue esta instaura a
"erdadeira designação da repetição &omo um mo"imento no Oreino do espíritoP?I# &omo
+onstantius gosta de insistir% A tentati"a de ei$erg de &on&e$er uma repetição na esera da
nature4a imanente ou &omo lei do enHmeno natural repudiada na medida em :ue não ", o
mo-imento ascendente :ue a redupli&ação eetuada na repetição representa na esera do espírito# em
:ue a repetição dei/a de ser um retorno indeinido ao imediato# e passa a representar um mo"imento
poten&iado de desen"ol"imento progressi"o% A pro$lemEti&a da repetição do ponto de "ista estti&o
&onstitui# no ponto de "ista de ei$erg# na &on&epção da repetição &omo uma alternn&ia ininita#
em :ue o mo"imento do &osmo torna-se passí"el apenas de uma &ontemplação desinteressada e de
uma des&rição e/terior o$Ceti"a% A repetição no reino do espírito algo distintoN ela &onstitui-se# na
"erdade# da maneira diametralmente oposta a estes termos( ela se torna portanto a e/pressão de uma
ati"idade interessada no m$ito do suCeito 7 ela se torna para ele um o$Ceto de "ontade# do &uerer arepetição 7 :ue# no entanto# &on&reti4a-se apenas en:uanto um mo"imento interior da &ons&i,n&ia#
na sua dinmi&a eeti"a% Ainda :ue possa en&ontrar alguma e/pressão e/terior# este mo"imento serE
sempre uma orma de &omuni&ação tam$m dupli&ada# duplamente reletida# :ue se reali4a na
orma do te/to em :ue# &omo des&re"e Arne Grcn# Oo leitor literalmente pu/ado para dentro do
te/to# mas mais ou menos para :ue seCa Cogado para ora dele outra "e4% te/to se endereça
?Alguns aorismos importantes de 8ier9egaard so$re a repetição en&ontrados em suas anotaç<es a4em estes
"ín&ulos de modo mais enEti&os# o :ue os torna dignos de serem men&ionados# ainda :ue estas noç<es não "enhama ser ade:uadamente desen"ol"idas a:ui%
?I !ear and Trem"ling# Repetition# p% 30%
10
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diretamente a seus leitores e orne&e uma des&rição de :uem este leitorP?%
'ortanto# o estti&o &ontemplati"o posto de lado &omo possi$ilidade de &ompreensão da
repetição en:uanto mo"imento na esera do espírito# na medida em :ue designaria um mo"imento
meramente os&ilatório &arente de progressão eeti"aN e a pergunta so$re a repetição perde a
possi$ilidade de ser &olo&ada de um ponto de "ista estti&o% sentido deste mo"imento# portanto#de"erE ser a:ui detalhado# $em &omo o signii&ado das &ategorias temporais de instante e eternidade
por meio das :uais o indi"íduo histori&amente &on&e$ido na relação &om a repetiçãoN a relação do
indi"íduo &onsigo mesmo e &om a história apare&erão nestes meandros# na medida em :ue a
repetição or &on&e$ida &omo uma tarefa da li"erdade# ou um pro&esso &ontínuo de instauração da
trans&end,n&ia% sentido de eeti"ação históri&a da repetição o :ue undamenta a &ompreensão
de todo o seu signii&ado religioso# a partir do :ual pode ser traçado este limite &om o estti&o# no
:ual se delineia o confinium entre o estti&o e o religioso0# :ue propriamente o locus da
repetição% Resse sentido# o signii&ado da repetição &omo a &ategoria propriamente moderna1
de"erE "ir J tona nesse desen"ol"imento# e em :ue sentido ela se op<e OJ "isão tni&a da "idaP 2# o
:ue &orresponderia J "isão &ristã em oposição ao paganismo% A im$ri&ação mQtua entre o sentido
históri&o-temporal da repetição e a signii&ação plena da sua &on&epção religiosa portanto o ponto
&entral deste &apítulo# e de"e ser mostrado sui&ientemente nas suas &one/<es e &onse:u,n&ias para
:ue a repetição possa ser &on&e$ida ade:uadamente &omo uma &ategoria de mo-imento# mas
prin&ipalmente para :ue se mostre &laro em :ue sentido este mo"imento e/&lui o estti&o# e em :ue
sentido ele poderia su$sistir ao &ho:ue no confinium &om o religioso%
0 A repetição como Transcendência
Ro te/to da Repetição# a airmação da repetição &omo um mo"imento trans&endente tem# de
maneira sintomEti&a# seu lugar numa passagem em :ue +onstantius# desiludido &om o seu ra&asso
insistente na sua reali4ação &ontemplati"a da repetição# $em &omo tam$m &om sua in&ompreensão
do signii&ado da ideia em mo-imento do Co"em# termina por airmar não só :ue Otam$m para mim
a repetição demasiado trans&endenteP# &omo tam$m :ue# na sua relação &om a ilosoia moderna#
:ue Oem geral a4 apenas muito alarido# a4 rele"ação# e se por a&aso a4 algum mo"imento# este
permane&e sempre na iman,n&iaP# termina por &olo&ar :ue# dessa "e4# :ue não só para ele# mas
?G)R# ArneN =Repetition= and t$e .oncept of Repetition# p% 1%
0 Repetição# p% 11?%1*dem# p% 1%2*dem# p% 1%
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sempre Oa repetição e permane&erE trans&end,n&iaP3% 6e a ideia em mo"imento do Co"em# para
+onstantius# &onigura-se de ato &omo um mo"imento eeti"o# então tam$m para ele ela de"e
&onsistir numa trans&end,n&ia% .sta asserti"a# em$ora +onstantius seCa &apa4 de &onstatE-la# ele não
se arroga na posição de &ompreend,-la% Ra &arta a ei$erg# ele dei/a &laro :ue a rai4 do seu
desespero &om a teoria da repetição se dE Custamente nessa in&ompreensão# em :ue ele se depara
&om a des&o$erta do seu próprio ponto de "ista &omo imanente?% sentido trans&endente da ideia
em mo"imento se dE na medida em :ue sua determinação a dialti&a da e/&eçãoN :uer di4er# o
mo"imento eeti"o da repetição dialeti&amente e/presso por meio da relação entre e/&eção e
uni"ersal# :ue se dE na &oe/ist,n&ia simultnea de uma atração apai/onada e uma repulsão
dis&iplinadora# em :ue a irrupção da e/&eção se transorma num mo"imento de antagonismo &uCa
re&on&iliação mantm-se na Custii&ação mQtua de am$as as partes% K isso :ue +onstantius preigura
:uando o$ser"a :ue Oonde Z o amor esti"er na ideia# aí &ada mo"imento# mesmo a mais ugidia
emoção# nun&a serE sem signii&ado por:ue a &oisa mais importante estarE sempre presente# a
&olisão poti&a# a :ual# tanto :uanto sei# pode ser muito mais terrí"el do :ue a :ue a:ui des&re"oP%
sentido desta &olisão poti&a remete Custamente ao :ue ele des&re"erE mais tarde &omo a irrupção
da e/&eção no seio do uni"ersal# e &uCo adCeti"o Oterrí"elP &ondi4 ao &arEter &ríti&o :ue dE a
tonalidade desse em$ate# mas :ue # por assim di4er# inerente J própria dialti&a% Mas se esta
dialti&a # por im# a dialti&a da repetição# então a ideia em mo"imento a sua própria &ondição%
sentido desta asserti"a mostra em :ue medida a iman,n&ia &apa4# em si e por si só a# de
suportar a Oruptura terrí"elP e a &olisão de&isi"as no ad"ento da repetição% Rão J toa :ue
+onstantius relega J &rise na iman,n&ia o &arEter de ilusóriaN na iman,n&ia não hE nenhuma &rise
su$stan&ial# pois a:ui tanto a &ons&i,n&ia :uanto a realidade são indiferentes( O6e se ala so$re a
li$erdade nas :ualii&aç<es da iman,n&ia# então toda &rise e tudo a ela rela&ionado são somente
ilusórios# moti"o pelo :ual tão E&il anulE-los% Mas logo :ue isto apreendido &om o interesse da
atualidade# então a distinção prontamente apare&e %%%P@% mo"imento em :ue a &ons&i,n&ia
posta &omo o ponto de &olisão entre a realidade eeti"a e a idealidade eeti"a não pode ser imanente#
pois nesse &aso não hE uma distinção &lara entre uma instn&ia e outra# o :ue a4 &om :ue# nessa
&onusão# elas dei/em de ser# &ada um por si só# eeti"as# e desse modo não pode ha"er &olisão% A
trans&end,n&ia de"e estar pressuposta nesse c$o&ue crCtico# em :ue a &ons&i,n&ia posta em ris&o#
em :ue# Yse ne&essErio# pre&iso sa&rii&ar a "ida ou# o :ue mais # sa&rii&ar o próprio amor por
3*dem# p% 121%?Y*# ho=e"er# in despair ha"e relin:uished m> theor> o repetition# $e&ause m> position also lies =ithin immanen&eY%
+% !ear and Trem"ling# Repetition# p% 31-31I% Repetição# p% ?1%
@O* one spea9s o reedom in the :ualii&ations o immanen&e# then &risis and e"er>thing related are onl> illusor>#=hi&h is =h> it is also so eas> to get them annulled% But as soon as this is grasped =ith the interest o a&tualit># thenthe distin&tion =ill readil> appear %%%P% !ear and Trem"ling# Repetition# p% 31I%
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muito :ue a realidade o a"oreçaY%
&arEter trans&endente do mo"imento eeti"o de"e ser &ompreendido no seu &arEter &ríti&o
na medida em :ue ele imp7e um limite tanto J idealidade :uanto J realidade eeti"as# por meio do
próprio &ho:ue em :ue uma se p<e &omo limite da outraN da mesma orma &omo a&onte&e :ue a
e/&eção e o uni"ersal são postos &omo pólos antagHni&os de uma dialti&a de uma pol,mi&a $rutalsem :ue# no inal# um termine por ani:uilar ao outro# e# ao &ontrErio# a4 &om :ue am$os en&ontrem
no outro a sua Custii&ação% Ro &aso da &ons&i,n&ia# &uCa determinação # por assim di4er# o Yponto
de Ar:uimedesY# em :ue se dE a &olisão do real e do ideal# a pressão o&asionada por esta
Custamente a orça :ue a impulsiona para frente# numa e/pressão de&isi"a da Yin:uietude da
li$erdadeY# :ue +onstantius des&re"e &omo Y&olisão espiritualYI% Daí a metEora da &ir&una"egação
de si( o ponto de "ista imanente de +onstantius o permite &hegar apenas ao ponto de desesperar-se
da repetição na medida em :ue ele ", a possi$ilidade de ir alm deste autodiagnósti&o# em :ue ele
di4( Ysou &apa4 de me &ir&una"egar# mas não sou &apa4 de ele"ar-me a&ima de mim mesmo# este
ponto de Ar:uimedes# não o &onsigo des&o$rirY%
+onstantius &ons&iente so$re a insui&i,n&ia da iman,n&ia en:uanto um ponto de "ista seu%
A sua Cornada a Berlim# as repetidas tentati"as alhas e o ato de ele di4er de si mesmo( Ynão
&onsigo e/e&utar um mo"imento religiosoN algo de &ontrErio J minha nature4a% Mas nem por isso
nego a realidade de tal &oisa ou o ato de se poder aprender muito &om um Co"emY@0# permitem# por
outro lado# di4er :ue a &ons&i,n&ia da iman,n&ia CE aponta para alm dela# da mesma orma :ueimpor um limite J totalidade # de &erta orma# ultrapassE-lo% +onstantius não pode negar a realidade
da trans&end,n&ia Custamente por :ue ele sa$e de si mesmo &omo imanente# ou# por:ue# em outras
pala"ras# a repetição para ele se deu &omo impossí"elN não o$stante# nessa mesma pergunta pela
repetição# a própria repetição CE en&ontra-se posta de alguma orma% A pergunta pela repetição a
mesma pergunta pela trans&end,n&ia# :ue tam$m pode ser tradu4ida na pergunta undamental pelo
di"ino% uando +onstantius airma :ue Yse Deus não ti"esse :uerido a repetição# o mundo nun&a
teria surgidoY@1# ele não e4 mais do :ue airmar :ue a repetição se dE tam$m na pergunta so$re
DeusN se se pergunta so$re a possi$ilidade de pensE-o# a sua e/ist,n&ia CE en&ontra-se dada de
antemão# e nesse sentido a pergunta so$re a repetição apenas repete no seu mago o argumento
ontológi&o da pro"a de Deus%
A asserti"a &ontrEria# no entanto# digna de nota( YDeus teria seguido os planos superi&iais
da esperança# ou teria "oltado a retirar todas as &oisas e t,-las-ia preser"ado na re&ordação% Rão o
Repetição# p% ?1%I !ear and Trem"ling# Repetition# p% 31I%
Repetição# p% 1-2%@0*dem# p% 2%@1*dem# p% 33%
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e4# por isso &ontinua a ha"er mundo# e &ontinua a ha"er pelo ato de ser repetiçãoY @2% A esperança
superi&ial# &uCa e/pressão não senão a própria re&ordação# pode ser &onstatada &omo a prin&ipal
determinação de personalidade de +onstantius na medida em :ue este tenta repetidas "e4es reali4ar
a repetição sem &onsegui-lo# o :ue termina por transormE-lo num o$ser"ador &ontemplati"o
&indido da realidade eeti"a# para :uem o mundo simultaneamente uma no"idade entediante# uma
Yardósia na :ual o tempo ins&re"e a &ada instante um no"o te/toY e um YmemorialY @3# uma
esperança &arente de &onteQdo e um museu de re&ordaç<es em$alsamadas% mundo# portanto#
ad:uire uma "alidade ontológi&a positi"a na medida em :ue # ele próprio# repetiçãoN e não apenas o
mundo# mas tam$m Ya "ida toda ela uma repetiçãoY @?# o :ue signii&a :ue o indi"íduo
temporalmente orientado no mundo possui# por assim di4er# o mesmo estatuto ontológi&o positi"o
:ue a totalidade% Mas esse estamento signii&a tam$m uma designação do próprio mo"imento :ue
se eeti"a tanto na história do mundo &omo na e/ist,n&ia indi"idual do suCeito# em :ue# de alguma
orma# uma se torna a repetição da outra%
6e esta repetição designa um mo"imento eeti"o# então o suCeito :ue apare&e no pro&esso da
história do mundo ele mesmo o indi-Cduo singular # em pro&esso de tornar%se si mesmoN pois ele
pode ser tido &omo um no"o elemento na &onstituição do mundoN o esta$ele&er-se en:uanto
indi"íduo o próprio indi"íduo &onstituindo-se a si próprio na e/ist,n&ia# de tal modo :ue nessa
repetição temporal de si mesmo ele termina por so$rele"ar-se ao mundo e a si mesmo% &orre o
mesmo a:ui :ue 8ier9egaard des&re"e no &on&eito de ironia so$re a (
Ya "erdadeira realidade "em a ser o :ue ela %%% a uma "itória so$re o mundo# e
&ontudo ela CE um &om$ate# e :uando &om$ateu CE "en&eu o mundoN e no entanto ela CE
tinha "en&ido o mundo antes de ter &om$atido% Assim a i&a o :ue ela %%% ela um
"itória :ue &om$ate% %%% a:uela realidade superior do espírito não mero de"ir# mas ela
presente# em$ora ao mesmo tempo "enha a serY@%
A "erdadeira realidade só se eeti"a na medida em :ue pressup<e a si própria# e o seu eeti"ar-se
um pro&esso digno de ser &hamado de Yrealidade superior do espíritoY na medida em :ue#
Custamente# &onsiste num mo"imento de repetição% indi"íduo# nesse sentido# en&ontra-se a&ima do
mundo desde o iní&io# mas a pro"ação :ue o ele"a a esta ele"ação trans&endente se eeti"a a todo
momento num Ypermanente "ir-a-serY@@% Assim# na repetição o -el$o torna%se no-o# e tudo :ue
su$siste a essa ele"ação torna-se transiguradoN esta passagem signii&a para +onstantius um
"erdadeiro desen"ol"imento# em :ue se dE uma dierença :ualitati"a entre os dois momentos# e o
@2*dem# p% 33%@3*dem# p% 33%
@?*dem# p% 32%@.onceito de Ironia# p% 22%@@*dem# p% 22%
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no"o ad:uire uma signii&ação a$soluta para a:uele :ue a eetua( Oa &ons&i,n&ia ele"ada a sua
segunda pot,n&ia não de ato nenhuma repetição sem signii&ado# mas uma repetição de tal
nature4a :ue o no"o possui signii&n&ia a$soluta em relação ao :ue oi anteriormente# algo
:ualitati"amente dierente da:uelaP@%
A dierença :ualitati"a o :ue :ualii&a a &ons&i,n&ia na eeti"idade% .ntretanto# na medidaem :ue se trata de uma transição :ualitati"a em :ue a possi$ilidade da metaísi&a posta em
&he:ue# esta dierença pode somente apare&er &omo tal numa alteridade a$soluta# &arente de
:ual:uer mediação &om a realidade imediata% Resse sentido# a repetição instaura um dualismo
trans&endente# em :ue a impossi$ilidade de esta$ele&er uma mediação &om o outro pre&isamente
o elemento negati"o# em :ue a alteridade se esta$ele&e &omo a$soluta% Dito de outro modo# não hE
uma resolução para este dualismo# nem pode ha"er para este m$ito suprassunçãoN apenas a
de&laração :ue# ainda :ue todo dualismo seCa mediado# &omo pretende a ilosoia espe&ulati"a#
sempre ha"erE na alteridade um su$strato Qltimo :ue lhe es&apa da apreensão% .ri9sen aponta :ue a
ignorn&ia so&rEti&a um e/emplo em :ue a repetição do negati"o esta$ele&e uma relação positi"a
&om o des&onhe&ido en:uanto tal( Ya ignorn&ia so&rEti&a não meramente a aus,n&ia de sa$edoria#
mas a sa$edoria da aus,n&ia de sa$edoria# :ue uma relação &om o des&onhe&ido en:uanto tal# esta
determinação positi"a da ignorn&ia &omo uma relação com o outro a"solutoY@I% De a&ordo &om
.ri9sen# a transição :ue ainda não atingiu a trans&end,n&ia :ualitati"a uma transição dialti&a
meramente &on&ernente J ess,n&ia# em detrimento da e/ist,n&ia% 'ara designar a transição
:ualitati"a em oposição J transição dialti&a# 8ier9egaard se utili4a da e/pressão Ytransição plena
de pat$osY@# uma transição &uCo undamento dado antes por uma &on"i&ção do :ue por uma
ra4ão sui&iente(
O6e realmente possuo uma &on"i&ção e isto uma determinação do espírito em direção ao
espírito então para mim minha &on"i&ção mais alta :ue ra4<esN na "erdade a &on"i&ção
:ue sustenta a ra4ão# não a ra4ão :ue sustenta a &on"i&ção%%% V)a4<esV podem por o"os tanto
:uanto um galo o pode Z !ma &on"i&ção emerge em outro lugar% *sto oi o :ue :uis di4er
&om o pro$lema( Vda distinção entre uma transição plena de pathos e uma transição
dialti&aP0
A transição plena de pat$os designa# portanto# um mo"imento &uCa origem se dE no m$ito
@O+ons&iousness raised to its se&ond po=er is indeed no meaningless repetition# $ut a repetition o su&h a nature thatthe ne= has a$solute signii&an&e in relation to =hat has gone $eore# is :ualitati"el> dierent rom itP% !ear andTrem"ling# Repetition# p% 30%
@I.)*86.R# R% R%N )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition# p% I@%@ Journal and Papers# 'ap% T#1 A ?I1# p% 3@0IN op% &it% .)*86.R# R% R%N )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition# p%
123%0O* * reall> ha"e a &on"i&tion and this is a determination o spirit in the dire&tion o spirit then to me m> &on"i&tion
is higher than reasonsN it is a&tuall> the &on"i&tion =hi&h sustains reason# not the reasons =hi&h sustains the&on"i&tion%%% V)easonsV &an la> an egg no more than a rooster &an %%% A &on"i&tion arises else=here% ;his is =hat *ha"e meant =ith the pro$lem( Von the distin&tion $et=een a pathos-illed and a diale&ti&al transa&tionP% *dem# p% 123%
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oposto ao da ra4ão# e :ue a &on"i&ção se dE para alm delaN e por isso ela &arregada de pai/ão( ela
designa um mo"imento &on&ernente J atualidade da e/ist,n&ia# em :ue o indi"íduo ele próprio
posto em relação &om o mundo% 6egundo .ri9sen# Yse a transição dialti&a le"a de uma
possi$ilidade a outra# uma transição plena de pat$os le"a da possi$ilidade J atualidadeY1% ra# esta
distinção &on&erne Custamente J distinção entre repetição e re&ordação% 6e na re&ordação a
Ye/ist,n&ia :ue e/iste e/istiuY2# a atualidade nesse sentido repetida no"amente J sua
possi$ilidade na ideiaN en:uanto :ue na repetição o mo"imento se dE ao &ontrErio( Ya e/ist,n&ia :ue
e/istiu passa agora a e/istirY3 graças a uma passagem da possi$ilidade para a atualidade% A
transição dialti&a se mostra &omo meramente lógi&a# imanente ao pensamento# na medida em :ue
nela a passagem da possi$ilidade para a atualidade resulta apenas numa Ypertur$ação do sil,n&io
autoen&errado do pro&esso lógi&o por meio de alar so$re mo"imento e transiçãoY ?% Mas a
possi$ilidade ela mesma não se esgota no pro&esso de atuali4açãoN na esera da li$erdade# a
possi$ilidade permane&e Cunto J atualidade% +onstantius airma isso &laramente( Ona esera da
li$erdade# no entanto# a possi$ilidade permane&e e a atualidade emerge &omo uma
trans&end,n&iaP% .ssa &oe/ist,n&ia um rele/o de&orrente da dupli&ação Custii&ada :ue o&orre
na dialti&a da repetiçãoN o :ue mostra :ue a lógi&a não em si ani:uilada pela repetição# mas ela
simplesmente não dE &onta de atingir a eeti"idade do seu mo"imento%
&arEter trans&endente da repetição se &onigura# do ponto de "ista metaísi&o# &omo a:uilo
a :ue a ra4ão aspira# a Custii&ação da &on"i&ção# mas J :ual nun&a dado su$stituir o &arEter
de&isi"o desta na e/ist,n&iaN esta des&rição &oaduna $em &om a noção de &on&eito limite# a:uilo
pelo :ue se $us&a in&essantemente 7 a repetição &omo tarefa da li"erdade 7 mas &uCa presença
eeti"a sempre na orma do negati"o# em :ue ele se mostra na sua trans&end,n&ia% Resse sentido
:ue Moone> indaga :ue Otal"e4 a repetição seCa algum tipo de &on&eito limitante ou totali4ante :ue
podemos aspirar possuir e mirar na sua direção# mas apesar disso nun&a podemos esperar &apturar
&ompletamenteP@% Ro mesmo sentido :ue o nHmeno trans&endental 9antiano a$re para o suCeito a
ne&essidade da ti&a &omo autonomia na li$erdade# pode-se interpretar o sentido da airmação de
:ue Oa repetição o lema \ '3snet ] em :ual:uer intuição ti&aP# &omo apontando a
trans&endentalidade da repetição &omo um elemento :ue dire&iona a própria tarea da li$erdade na
e/ist,n&ia mundana% 'or outro lado# o mo"imento religioso da repetição ainda não oi atingido
1*dem# p% 123%2 Repetição# p% 1%3*dem# p% 1%?Y;hus# in logi&# =hen possi$ilit># $> means o the immanen&e o thought# has determined itsel as a&tualit># one onl>
distur$s the silent sel-in&losure o the logi&al pro&ess $> tal9ing a$out mo"ement and transitionY% +% !ear andTrem"ling# Repetition# p% 30%
O*n the sphere o reedom# ho=e"er# possi$ilit> remains and a&tualit> emerges as a trans&enden&eP% *dem# p% 310%@MR.[# .%N Repetition@ Getting t$e >orld ac* # p% 2@% Repetição# p% 1%
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nesse ínterim# pois na medida em :ue ela permane&e inatingí"el para a su$Ceti"idade# ela tam$m
não pode ainda ser designada &omo mo"imento eeti"o% Daí de&orre# portanto# :ue# em$ora a
repetição seCa um mo"imento inteiramente trans&endente# a sua eeti"ação tem alguma rein&id,n&ia
na iman,n&ia do mundoN em$ora CE nessa altura a iman,n&ia metaísi&a seCa dada portanto &omo
nauragada# pois a su$Ceti"idade posta &omo interessadaI% Mas o mo"imento do aundamento da
metaísi&a Custamente o ad"ento do no-o ou da diferença &ualitati-a# em :ue a lógi&a se depara
&om um o$stE&ulo :ue seu mo"imento imanente não &apa4 de a$ar&ar%
A trans&end,n&ia :ue p<e a li$erdade &omo elemento positi"o diante da lógi&a mostra :ue a
tarea de reali4ar um mo"imento :ue trans&ende a própria possi$ilidade só se eeti"a# para o
indi"íduo :ue se situa &omo uma e/&eção a ser Custii&ada rente a uma alteridade a$soluta# na
orma de uma relação temporal do indi"íduo &onsigo próprio( o "ir-a-ser de si próprio% A Ono"a
hierar:uiaP :ue surge a partir dessa autoCustii&ação da e/&eção Custamente a:uela dierença
:ualitati"a# a pro-a do seu "alor positi"o diante do uni"ersal% 6e num primeiro momento# a:uele em
:ue o ti&o se eeti"a# ele su$mete a si mesmo ao poder trans&endente do a$soluto e se Custii&a
su$ordinadamente apenas por meio dele e por &ausa dele# num segundo momento a &ons&i,n&ia se
poten&iali4a e ele"a a si mesma J altura do uni"ersal ao designar-se &omo e/&eção# o :ue instaura a
dialti&a da repetição% 6endo esta# portanto# deinida &omo pro"ação# ela tem# desse modo# a
prima4ia so$re o ti&o na medida em :ue ela a insígnia da auto"aloração do indi"íduo diante do
a$solutoN e a no"a hierar:uia# Oa honra e &onsideraçãoPI0 :ue a e/&eção "olta a desrutar tem agora
&omo undamento Qltimo o "alor :ue ela mesma lutou para arrogar-se a si mesma%
6e esta pro"ação não pode ser &on&e$ida senão &omo um pro&esso# no de&orrer do :ual a
indi"idualidade de"e tam$m por a termo a resolução do seu passado# então a repetição não pode
instaurar-se &omo um mo"er-se para rente# &omo uma disposição temporalmente decidida a partir
do indi"íduo :ue p<e a si mesmo &omo e/&eção( tal ato só pode ser eeti"ado na temporalidade%
Desse modo# a dialti&a :ue media"a re&ordação e es:ue&imento superada numa dialti&a em :ue
a temporalidade do indi"íduo posta em &onlito &om a eternidade# &om a dierença :ue a:ui a
mediação não o&orre# e tanto uma :uanto a outra su$sistem na sua atualidade% A:ui# o no"o ad"ento
do :ue CE oi o :ue sustenta# do ponto de "ista do eterno# o interesse ininito do indi"íduo pela
e/ist,n&ia temporalN se essa reno"ação não oi ainda atingida# não se pode alar :ue a metaísi&a
aundou no interesse da repetição% Ro entanto# no ponto de &ontato entre o temporal e o eterno
de"em sustentar-se tanto o interesse pelo ad"ento por si só 7 :ue uma determinação estti&a#
:uanto a "alidade a$soluta do :ue 7 :ue a determinação ti&a% ;al tarea só pode ser eeti"ada de
I.sse por-se a si mesma da su$Ceti"idade interessada deinida pelo Cui4 bilhelm &omo a escol$a a"soluta do ti&o#
:ue não se &onigura na prEti&a senão &omo a es&olha de si mesmo% +% Eit$er# r # p% ?0# ?1% Repetição# p% 13I%I0*dem# p% 13I%
11@
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repetem tanto em si mesmo :uando uma em outra# uma geração possa &omeçar a partir de onde uma
outra parou# e tam$m em :ue medida um indi"íduo pode re&omeçar algo di"ersas "e4es# ou se
possí"el re&uperar algo perdido nesse pro&essoI% .sses pro$lemas só se le"antam :uando a
repetição posta no domínio do espírito# ou seCa# o indi"íduo CE não mantm &om ela nenhuma
relação &ontemplati"aI@% K ne&essErio :ue os &on&eitos de mo"imento a :ue se reerem a repetição
seCam "istos não &omo representaç<es alheias ao indi"íduo na eeti"idadeN ao &ontrErio# isto de"e
ser eito J maneira :ue +onstantius a4# de um Ypsi&ólogo :ue se utili4a de &ategorias religiosasY IN
&aso &ontrErio# elas se redu4iriam a &ategorias meramente lógi&as em :ue se perderia esta dialti&a
parado/al o :ue torna a repetição um Ymo"imento em "irtude do a$surdoYII :ue o mo"imento
mantm &om a noção espiritual de temporalidadeI%
A repetição só pode manter-se &omo solução para o pro$lema do mo"imento se se sustenta o
parado/o em :ue a realidade eeti"a# a atualidade presente# or &onstantemente tra4ida J tona &omo
uma reairmação do :ue CE e estE sendo% .sse pro&esso pode ser designado &omo um pro&esso de
produção# na medida em :ue a repetição sempre pressup<e a si mesma no ato de repetir-se% A:uilo
:ue repetido CE # portanto# dado de antemão# ou ainda# a repetição ante&ede a:uilo :ue se repeteN e
a identidade :ue apare&e repetida na atualidade # portanto# sempre a&ompanhada da dierença%
+omo airma +aputo(
Ya repetição &omeça do prin&ípio# não do inal% .la intenta produ4ir algo# e não reprodu4ir
uma sentença anterior% %%% temporalidade signii&a uma tarea urgente# um tra$alho a ser
eito% A metaísi&a :uer pensar seu &aminho ora do tempo# en:uanto %%% \na repetição] todo
momento literalmente instantneo# uma o&asião para a es&olha no instanteY0
A depend,n&ia ontológi&a desses &on&eitos &om a repetição mostrada por +onstantius :uando ele
airma :ue Yse se não disp<e nem da &ategoria da re&ordação nem da de repetição# a "ida dissol"e-
se toda ela num ruído "a4io e sem sentidoY1% .ste pro&esso produti"o da realidade # no entanto#
mar&ado por uma des&ontinuidade temporal# em :ue a repetição# o momento da YtempestadeY#
&onstituiria um momento pri-ilegiadoN a:ui CE não se pode mais atrelar a atemporalidade do
&on&eito ao mo"imento :ue a repetição instauraN ela um &on&eito temporal :ue se atrela# por assim
di4er# J mo$ilidade do lu/o# e em &ada instante :ue o&orre essa &olisão a própria -erdade apare&e
no seu &arEter eterno% Mas esse agora pri"ilegiado orçosamente de"e sempre su$sistir en:uanto
I*dem# p% 2II%I@+% *dem# p% 2II%I*dem# p% 2II%II*dem# p% 321%IY\)epetition] is trans&endent# religious# a mo"ement $> "irtue o the a$surd% Moreo"er# or the "er> reason that
mo"ement is diale&ti&al =ith respe&t to the &ategor> o time# it has $een assigned a pla&e in the philosoph> o spiritin $oth an&ienta nd modern philosoph># $ut# please note# has $een mista9enl> applied to logi& onl> $> egelY% S%
!ear and Trem"ling# Repetition# p% 321-322%0+A'!;# L%N Radical 8ermeneutics# p% 1%1 Repetição# p% 1%
11I
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possi$ilidadeN ele tanto sempre oi &omo pode sempre ad"irN ele só se torna pri"ilegiado na sua
eeti"idade# em$ora seCa sempre tam$m possi$ilidade# o :ue um parado/o% +omo e/pli&a
Mel$erg# Y\a repetição] tenta &om a presença de um agora pri"ilegiado en:uanto e1clui esta mesma
presençaY2%
+onstantius &olo&a a pergunta so$re o mo"imento so$ a arti&ulação em :ue se le"a Yem&onta a &onsideração grega do &on&eito de *inesis# :ue &orresponde J &ategoria moderna de
VtransiçãoV \-ergang ]Y3% A *inesis aristotli&a para +onstantius o paradigma da &on&epção grega
do mo"imento# pois nela se preser"a a dualidade pot,n&ia-ato sem :ue se negue o mo"imento#
&omo a4iam os eleatas# nem :ue se airme o puro lu/o# &omo em erE&lito% A airmação da *inesis
em termos de poten&ialidade e atualidade # no entanto# meramente des&riti"aN a realidade
mo"imento em si não se resume a uma síntese &on&eitual dos dois# mas e/iste pre&isamente no
interstí&io entre pot,n&ia e ato# na passagem entre um e outro% paradigma se deine a:ui &omo
repetição na medida em :ue a atualidade se eeti"a &omo uma repetição da:uilo :ue en&ontra"a-se
na pot,n&ia# em :ue se esta$ele&e uma relação ne&essEria de anterioridade# pois a repetição
ne&essita da noção do YprimeiroY originErio% ;am$m por isso# :uando +onstantius ormula a
repetição &omo Ya no"a &ategoria :ue pre&iso des&o$rirY ?# ele "in&ula esta des&ontinuidade a
uma poten&ialidade eeti"a &uCa determinação a utura eeti"açãoN a possi$ilidade sempre presente
da es&olha e da des&o$erta da repetição &ontinuamente reatuali4ada no tempo# e :uando essa
pot,n&ia se atuali4a# a "erdade posta então em mo"imento% A repetição um &on&eito do uturo# e
&omo tal e/ige para sua eeti"ação :ue nela tudo se ponha em ris&o e tudo se per&a# para :ue possa
ser de no"o repetido% .ri9sen &onirma essa asserti"a :uando airma( Ya &ategoria da repetição de"e
ha$ilitar uma ilosoia do uturo para airmar este mundo temporal &omo lugar de nas&imento do
eternoY%
Da mesma orma :ue a dialti&a entre tempo e espaço rompida &om a prima4ia da:uele
so$re este# na medida em :ue o indi"íduo :ue apare&e situado no interesse entre o ser e o não-ser#
tam$m rompida a identidade metaísi&a entre ser e pensar% .ri9sen e/pli&a da seguinte orma( Oa
metaísi&a se &onsuma :uando o estar-entre \inter%esse] da su$Ceti"idade apare&e# isto # :uando
apare&e :ue o 6i não estE unido &om o ser# mas os&ila entre o ser e o não-serP@% A re&ordação &omo
mo"imento se daria na remissão da atualidade para o &o das possi$ilidades e na e/pli&ação do
eeti"o por meio de uma remissão a um passado &onsumado% Desse modo# se a mediação intenta
reatuali4ar uma noção de &ons&i,n&ia temporal por meio de uma re&onstrução da totalidade desse
2M.B.)G# A%N Repetition Min t$e )ier*egaardian sense of t$e term4# p% %3 Repetição# p% 1%
?*dem# p% 0%.)*86.R# R% R%N )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition@ a reconstruction# p% 120%@.)*86.R# R% R%N )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition@ a reconstruction# p% 11%
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passado# ainda :ue o$tenha ,/ito tal intento não &onstitui ainda um "i"er aut,nti&o no sentido da
O&i,n&ia e/isten&ialP :ue 8ier9egaard pretende es$oçar % *sso se dE por:ue# da mesma maneira :ue
na re&ordação# o passado dado &omo consumado# e &omo tal não passí"el de uma reatuali4ação
:ue o redima% A:uela ideia :ue guia a realidade não su$siste mais &omo diretri4# e o&orre então do
Oindi"íduo não e/istir graças J orça do pensamentoP I% pensamento# nesse sentido# dei/a de
apoiar-se nas arti&ulaç<es positi"amente mediadas a partir da re&onstrução ideal do passado# e passa
a reali4ar-se numa e/pe&tati"a atenta# em :ue &ada mo"imento de si próprio na atualidade temporal
torna-se signii&ati"o# Custamente pelo ato dele não estar mais histori&amente orientado pelo
próprio passadoN portanto# ele posto na arti&ulação temporal do "ir-a-ser de si mesmo# em :ue ele
se ani:uila e se re&onstitui a &ada momento%
.ri9sen mostra :ue o &on&eito de "ir-a-ser de"e Ypressupor tanto &ue haCa algo i/o :uanto
:ue haCa o lu/o# tanto identidade :uanto mudançaY% 6e am$as as determinaç<es são sustentadas
na repetição# então# na medida em :ue ela se &onstitui &omo uma ilosoia do uturo# então ela a$re
espaço para a &onting,n&ia en:uanto possi$ilidade eeti"a# o :ue# so$ os olhos da lógi&a# não era
possí"el# CE :ue ela sempre se en&ontraria su$metida J mediação% De a&ordo &om ;sa9iri( Y
impossí"el a4er Custiça J atualidade dentro dos limites da lógi&a# pois a atualidade tem a
&onting,n&ia &omo uma parte essen&ial e a Qltima não pode ser admitida dentro do m$ito da
lógi&aY@00% 6e na re&ordação a re&onstituição da totalidade a pressup<e ela própria en:uanto ser# a
repetição# na medida em atua em outro registro :ue não o da mediação re&onstruti"a# mas o da
produção ati-a de atualidade# não pode pressupor o ser da totalidade# mas o próprio "ir-a-ser
en:uanto totalidade( Yna re&ordação o ser \Til-aerelse] pre&ede o de"ir \Til"li-else]# na repetição o
de"ir pre&ede o serY@01% de"ir &omo &ondição undamental para a repetição e/pli&a tam$m
por:ue +onstantius# na medida em :ue um o$ser"ador imó"el# não &apa4 de airmar a repetição#
:uando di4 :ue Ynão pre&iso me/ermo-nos do lugar para nos &on"en&ermos de :ue não hE
repetição algumaY@02N essa prima4ia do mo"imento so$re o ser se esta$ele&e# &omo di4 .ri9sen#
tam$m &om relação ao tempo so$re o espaço(
Yo mo"imento dialti&o tanto &om relação ao espaço o meio da nature4a :uanto ao tempo
o meio da &ons&i,n&ia ou do espírito% Ros pr-so&rEti&os a :uestão era a&er&a da transição
de um o$Ceto de um lo&al para outro# mas a :uestão de"eria antes ser reormulada em relação
ao tempo% .m "e4 de "er o mo"imento em termos do mo"imento de um o$Ceto no espaço# ele
de"e ser &onsiderado e/isten&ialmente &omo a transição da possi$ilidade para a
Journal and Papers# *S + 100 n%d%# 1I?2-?3# p% I%I Repetição# p% 120%*dem# p% 112%
@00;6A8*)*# S%N )ier*egaard@ An1iet2, Repetition and .ontemporaneit2# p% 20%@01.)*86.R# R% R%N )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition# p% 121%@02 Repetição# p% I1%
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atualidadeY@03
A "erdade mo"ente do Co"em não &oaduna &om a ideia ria e estEti&a de +onstantiusN a
metEora espa&ial :ue este Qltimo se utili4a designa muito $em esta oposição entre tempo e espaço e
a prima4ia do primeiro so$re a repetição% A igura do Co"em# no entanto# não &orporii&a a
atualidade do mo"imento antes da eeti"ação plena da repetiçãoN a sua progressão espiritual passaantes pelos estados da disposição eróti&a e da suspensãoN mas na medida em :ue essa passagem
&onstitui uma progressão# apare&e a:ui no"amente o &arEter descontCnuo desta%
&arEter de &ontinuidade do tempo &omo sucessão infinita tam$m &riti&ado por
auniensis &omo uma espacialiLação do tempo em .onceito de AngHstia% Ali# &onsta :ue a
deinição do tempo &omo su&essão ininita impli&aria na di"isão estan:ue entre presente# passado e
uturoN mas# &omo em Agostinho# nem o passado nem o uturo propriamente são# na medida em :ue
não se dão na atualidadeN nem tampou&o o presente# pois segundo eleOCustamente por:ue todo e :ual:uer momento# assim &omo o a soma dos momentos#
pro&esso um desilar# então nenhum momento um presente e# neste sentido# não hE no
tempo nenhum presente# nem um passado# nem um uturo% 6e a&reditamos :ue somos
&apa4es de sustentar esta di"isão# isto o&orre por:ue espa&iali4amos um momento 7 mas &om
isso paralisamos a su&essão ininita 7 isto o&orre por:ue introdu4imos a representação#
i4emos do tempo algo para a representação# em "e4 de o pensarmosP@0?
+om isso# o &on&eito de presente "isto a partir da su&essão se torna Oum nada ininitamente
"a4ioP@0# :ue só pode ser pensado positi"amente na medida em :ue espa&ialmente representado%
Ro entanto# auniensis ad"erte :ue esta di"isão tripartídi&a do tempo possí"el somente se se
pressup<e um ponto de "ista e/terno ao próprio tempo a partir do :ual esta di"isão se eeti"e
inten&ionalmenteN a distinção# pois# Oapenas surge em "irtude da relação do tempo &om a
eternidadeP@0@% Mas este ponto de "ista e/terior não pode ser &on&e$ido se não a partir de uma
redupli&ação eeti"ada da &ons&i,n&ia# em :ue ela # por assim di4er# &apa4 de "er a si própria &omo
temporalmente determinada% A partir desta relação do tempo &om a eternidade# surge a noção de
instante Wie"li**et &omo Oum presente :ue não tem pretrito nem uturoP@0# Oum Etomo de
eternidadeP e uma Osíntese do temporal e do eternoP@0I% A a$olição da su&essão temporal # em
Qltima instn&ia# impingida por um mo"imento de repetição# em :ue a a$ertura para a eternidade
tem &omo &onse:u,n&ia anterior a instauração da própria possi$ilidade de :ue a temporalidade seCa
&on&e$ida nessa di"isão entre passado# presente e uturo% A eeti"idade da dialti&a da repetição
@03.)*86.R# R% R%N )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition# p% 122%@0? .onceito de AngHstia# p% 3%@0*dem# p% 3%
@0@*dem# p% 3%@0*dem# p% ?%@0I*dem# p% @% A :uestão do instante serE melhor tratada logo em seguida%
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a:ui e"identeN o próprio auniensis atesta :ue a síntese entre o temporal e o eterno não &onstitui de
ato uma síntese# mas am$os se Custii&am sem :ue resulte disso um ter&eiro(
OA segunda síntese tem apenas dois momentos( o temporal e o eterno% nde se a&ha a:ui o
ter&eiro^ .# não ha"endo ter&eiro# não hE a rigor nenhuma síntese# pois uma síntese# :ue
uma &ontradição# não se pode &ompletar &omo síntese sem um ter&eiroN pois# o ato de uma
síntese ser uma &ontradição# enun&ia ainal Custamente :ue não hE sínteseP@0%
Dito de outro modo# a eternidade en&ontra-se posta na própria &on&epção do tempo linear @10#
e a repetição eeti"ada em sua plenitude permite :ue então ela se reali4e no próprio de&orrer da
su&essão por meio do instante( O&om isso estE posto o &on&eito de temporalidade# em :ue o tempo
in&essantemente &orta a eternidade e a eternidade &onstantemente impregna o tempo% 6ó agora
ad:uire sentido a men&ionada di"isão( o tempo presente# o tempo passado # o tempo uturoP@11% .ste
sentido da eternidade :ue in&ide no tempo des&rito de maneira enigmEti&a por ;sa9iri na relação
:ue mantm &om o indi"íduo# &omo uma Oimagem da eternidade :ue mo"e o indi"íduo em uma
e/peri,n&ia da "ida utura# em :ue este dia irE repetir-se eternamenteP@12% mo"imento da repetição
não anula o passado nem o presente e nem o uturoN ao &ontrErio# a4 &om :ue eles seCam postos em
relação &om a eternidade em :ue hE uma im$ri&ação mQtua# em :ue o indi"íduo não só ",
impregnados de eternidade o passado e o uturo# mas tam$m o próprio presente atra"s do instante%
'or isso ;sa9iri airma :ue Oo passado eterno# o presente eterno e o uturo eterno são aeons
paralelos# :ue ne&essariamente e/istem de maneira simultneaP@13( pois na relação do indi"íduo &om
a eternidade# a des&ontinuidade do luir temporal a4 &om :ue &ada instn&ia ad:uira para ele uma
"alidade eternaN o :ue signii&a :ue hE nesta relação um "alor in&omensurE"el :ue não apare&e na
per&epção "ulgar do tempo &omo passagem%
Resse sentido# a própria &omi&idade um indí&io de :ue o eterno en&ontra-se posto# e# nesse
sentido# o humor um pre&edente do religioso% *sto &onstitui de ato um indí&io do moti"o de
+onstantius es&re"er um longo relato a&er&a de moti"os do teatro arses&o para tratar da repetição# e
tam$m mostra em :ue sentido o "ín&ulo de"e ser eito% 'ara olmgaard# um indí&io deste "ín&ulo
estti&o em parti&ular &om a repetição se de"e ao &arEter da repetição &omo força produti-a# em :ue
@0 .onceito de AngHstia# p% 2-3%@10*sso mostra no"amente em :ue sentido a repetição apenas instaura a dualidade entre tempo e eternidade e as p<e em
&ontato dialti&o# sem :ue# toda"ia# tudo resulte numa representação &omo a espiral hegeliana# :ue em &erto sentido preser"a uma &on&epção temporal circular :ue a &ara&terísti&a prin&ipal do paganismo% 6e a repetição restaurassede ato uma &on&epção de tempo &ir&ular# 8ier9egaard não ugiria J:uilo :ue ele mesmo &riti&a :uando di4 :ue Yare&ordação a "isão tni&a pagã# a repetição a "isão modernaY% .m 8ier9egaard# ao &ontrErio# apare&e a&entuadaa des&ontinuidade &omo mar&a prin&ipal da temporalidadeN e a orma temporal da repetição apenas a&entua o saltode&isi"o :ue instaura um instante pri"ilegiado# o :ue não &oaduna &om o simplismo de uma &on&epção linear nemtampou&o &om uma &on&epção &ir&ular% Ser Repetição# p% 1N ;6A8*)*# S%N )ier*egaard@ An1iet2, Repetition and.ontemporaneit2# p% ?%
@11*dem# p% @%@12;6A8*)*# S%N )ier*egaard@ An1iet2, Repetition and .ontemporaneit2# p% @3%@13*dem# p% 102%
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ele ", Ouma orte tend,n&ia de tornar a atualidade e o tempo passado# presente e uturo em
&ategorias parado/ais ou mesmo irHni&asP@1?% A "alidade positi"a do temporal tam$m não su$siste
J negati"idade da ironia# :uando ela prop<e a si mesma de Oin"entar um mundoPN esta ironia não
pode# então# ser
Oum momento da realidade dada :ue de"ia ser negado e desaloCado por um no"o momentoNmas toda realidade $ist5rica era negada# para a$rir lugar a uma realidade autoprodu4ida% Rão
era a su$Ceti"idade o :ue de"ia surgir a:ui# pois a su$Ceti"idade CE esta"a presente nas
relaç<es do mundo mas era uma su$Ceti"idade e/altada# uma segunda potência da
su$Ceti"idade% ogo se ", :ue esta ironia era &ompletamente inCustii&adaP@1
A &ríti&a ao romantismo :ue 8ier9egaard pretende le"ar a &a$o a:ui in&ide na:uilo em :ue o mundo
a ser in"entado pela poesia romnti&a mantm a mesma relação de par5dia &om a realidade eeti"a
:ue a temporalidade da realidade eeti"a mantm &om o eterno@1@% A autoprodução da realidade de"e
&hegar# na repetição# ao momento da dupla Custii&ação da e/&eção rente ao uni"ersal# em :ue o
poeta en&ontra-se Custii&ado en:uanto poeta% Mas na medida em :ue# em "irtude da
indisso&ia$ilidade da ironia deste pro&esso de autoprodução# a negação da realidade históri&a não
pode ser tam$m suspensa# ainda :ue do ponto de "ista da realidade o$Ceti"a da história o produto
da repetição não seCa senão uma paródia# de"e ha"er# portanto# uma so$reposição ne&essEria do
pro&esso produti"o &ara&terísti&o da repetição# &uCa nature4a se eeti"a por meio do po+tico# por
so$re a atualidade do real históri&o% ;al o sentido de sua Custii&ação perante o real en:uanto
e/&eção( a re&on&iliação não pode o&orrer &omo uma ani:uilação da sua oposição# mas ela se
eeti"a# por assim di4er# um a&ordo momentneo em :ue o &ontraponto não &hega a ser suspenso%
artista &Hmi&o retratado na Repetição &omo um indi"íduo em mo"imentoN o artista
&Hmi&o de talento ele"a a disposição do in&omensurE"el at o ponto em :ue ela se so$rep<e a ele
próprioN ele Onão se distingue pela deinição da personagem# mas sim pelo trans$ordar da
disposição% Rão grandioso na:uilo :ue artisti&amente mensurE"el# mas digno de admiração
na:uilo :ue indi"idual e in&omensurE"elP@1% ra# esse elemento Oindi"idual e in&omensurE"elP
pre&isamente o :ue deine a interioridade religiosa do indi"íduo :ue se dei/a guiar pela ideia#
a:uilo pelo :ual ela mesma en&ontra-se em mo"imento% 'or isso tam$m +onstantius reere-se ao
@1?MGAA)D# L%N T$e Aest$etics of Repetition# p% ?%@1 .onceito de Ironia# p% 23I% +urioso# ainda# a:ui o Co"em 8ier9egaard Custii&ar a atitude de egel diante dessa
inCustii&ação romnti&a reerida a 6&hlegel e a ;ie&9# &uCa semelhança &om a repetição poti&a eeti"ada pelo Co"emda Repetição# muito em$ora ali ela seCa sustentada pelo ineE"el su$strato religioso 7 o :ue tal"e4 a torne Custii&E"el
perante o uni"ersal# muito em$ora não menos &Hmi&a 7 de um modo ou de outro# salta aos olhos% 6e o &on&eito derepetição# ainda :ue na sua e/terioridade negati"a# na sua impossi$ilidade estti&a# seCa indisso&iE"el do poti&o#então esta atitude de 8ier9egaard para &om o romantismo em geral de"e tam$m ela própria ser "ista &omo irHni&a%
@1@ Daí auniensis airmar :ue a su&essão ininita do tempo# :ue para ele um Opresente ininitamente "a4ioP# umaOparódia do eternoP( a paródia surge a partir desse sentimento de in&omensura$ilidade# em :ue a alta de sentido :ue
um ad:uire nesse &onronto &om o outro# por eeito do a$ismo ininito :ue os separam# não &ausa senão um eeito&Hmi&o% +% .onceito de AngHstia# p% 3%
@1 Repetição# p% @%
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artista &Hmi&o &omo a:uele :ue Onão só sa$e andar# mas sa$e -ir andando% .ste "ir andando algo
de &ompletamente dierenteP@1I# no sentido de :ue não somente algo :ue # mas algo :ue &onstitui
um mo-imento de algo :ue # um "ir-a-ser do :ue % A indi"idualidade in&omensurE"el algo :ue o
&Hmi&o guarda para si na medida em :ue a sua "erdade se &ontrap<e &onlituosamente &om a
"erdade uni"ersal# em "irtude da :ual# Custamente por ser indi"idual e interior# ela não pode ser
ani:uilada# muito em$ora diante dela Camais "enha a ser le-ada a s+rio% ;al"e4 isso tam$m seCa ao
:ue +onstantius alude :uando di4 Oo meu Co"em amigo# esse pensa"a( dei/a andarN e desse modo
i&a"a melhor do :ue se ti"esse &omeçado &om a repetiçãoP @1N a reer,n&ia ao Co"em a:ui ao
momento em :ue ele en&ontra-se na suspensãoN ele di4 Odei/a andarP# mas ele mesmo não se p<e a
a4,-lo# &omo Diógenes o aria% Resse &aso e por isso mesmo# a repetição o ani:uilaria# assim &omo
a&onte&eu &om a:uele Oamante da &anção popularP do poema de erder# o :ual O:ueria de"eras a
repetição# por isso te"e-a# e a repetição matou-oP@20% 'ode-se &om isso airmar :ue a
in&omensura$ilidade :ue a repetição &ausa ao inringir o uni"ersal não ne&essariamente mata# mas
destrói a e/&eção por meio do humor# diante do :ual ela en&ontra a sua pro"ação@21%
A repetição no seu &arEter produti"o pode ser "ista tam$m &omo um ato &riador# na medida
em :ue o ad"ento do no"o se dE por meio dela# muito em$ora este no"o seCa a:ui uma repetição do
:ue sempre oi% .ri9sen e/pli&a( Ono undamento da deinição da repetição &omo o momento em
:ue nada mudou e# no entanto# tudo se tornou no"o# pode-se "er :ue a repetição pre&isamente a
transição do não-ser para o serP@22% Mas se este ato &riador depende de ato indi"idual de auto-
Custii&ação# ele tam$m se le"ado a ser &on&e$ido en:uanto li$erdade# o :ue passarE a ser
analisado agora%
Repetição como tarefa da li"erdade
A repetição# posta &omo uma Otarea da li$erdadeP# mas tam$m &omo Oo interesse mais
proundo da li$erdadeP@23# signii&a não só o ad"ento do no"o ou um mo"imento de produção deste#
mas tam$m# na medida em :ue ela &olo&a ade:uadamente a temporalidade# signii&a tam$m um
no"o &omeço% A e/&eção pode somente apartar-se do uni"ersal na medida em :ue ela# na sua
li$erdade# li"ra-se das determinaç<es :ue ele lhe impingia# e passa portanto a se auto-determinar%
@1I*dem# p% @I%@1*dem# p% I0%@20*dem# p% I0%
@21 .sta temEti&a serE ade:uadamente a$ordada no &apítulo %
@22 Repetição# p% I0%@23 !ear and Trem"ling# Repetition# p% 2?%
12?
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.sta gradação CE oi de &erta orma a$ordada anteriormente# no primeiro &apítulo% Ro
entanto# a relação dos estEgios da &ons&i,n&ia indi"idual &om a li$erdade apare&em agora &omo
apontando para o seu próprio emergir# na medida em :ue a:ui apare&e o modo de "ir-a-ser da
repetição en:uanto um interesse# algo :ue o indi"íduo de"e :uerer% utra dierença &ru&ial a
iluminação da repetição na li$erdade so$ a determinação Yda $uonaria e do desesperoY@2% A
$uonaria o elemento &Hmi&o :ue a&ompanha a e/posição de +onstantius so$re a repetição% Mas o
desespero apare&e a:ui &omo uma orma de al,n&ia das primeiras ormas da li$erdade rente J
possi$ilidade da repetição% A primeira orma# a li$erdade &omo deseCo# :ue des&rita em Eit$er# r
&omo a musi&alidade de Don Gio"anni# "em a desesperar-se na medida em :ue o imediato da
"aria$ilidade ininita ameaçado pela repetição% A segunda# :ue des&rita na )otação de +ulti"os#
a orma da prud,n&ia saga&it># :ue desespera-se :uando a repetição apare&e para ela &omo não
atingida pelo seu mtodo% A Qltima relação a in"ersão da primeira( a repetição passa a ser
ameaçada pela "aria$ilidade# e a li$erdade passa então a ser "ista &omo a determinação em :ue o
seu mo"imento# o "ir-a-ser de si mesma# teme ser interrompido pelo $ur$urinho da realidade "ulgar%
.ste desespero &onstitui uma orma de transição em :ue o parado/o &olo&ado pelo
apare&imento da repetição # na Yelasti&idadeY da li$erdade# orçado at o seu limiteN a partir de
então# a própria li$erdade não pode mais su$sistir# entrando num &olapso rente J repetição# o :ue
a4 &om :ue ela seCa o$rigada a retomar a si mesma do &omeço# mas agora ele"ada a um no"o
patamar% Ro estEgio mais ele"ado# a repetição apare&e &omo o religioso# na orma da li$erdade
ele"ando a si própria# o :ue# &ontudo# pode ser eito apenas na medida em :ue ela p<e a si mesma
&omo seu próprio o"st6culo% .ste interpor-se &ontra si mesma &onstitui o pecado% +omo e/pli&a
8ier9egaard(
O6e a li$erdade a:ui \na repetição &omo um mo"imento religioso] agora des&o$re um
o$stE&ulo \Anstcd]# então ele de"e estar na própria li$erdade% A li$erdade agora mostra-se
não em sua pereição no homem mas de estar pertur$ada% .sse distQr$io# no entanto# de"e ser
atri$uído J própria li$erdade# &aso &ontrErio não ha"eria li$erdade em a$soluto# ou a
pertur$ação seria uma :uestão de &onting,n&ia de :ue a li$erdade poderia remo"er% A
pertur$ação :ue atri$uída J própria li$erdade o pe&adoP@2@%
namel># repetition o the tri&9er> $> =hi&h saga&it> =ants to ool repetition and ma9e it into something else%6aga&it> despairs% & Ro= reedom $rea9s orth in its highest orm# in =hi&h it is :ualiied in relation to itsel% eree"er>thing is re"ersed# and the "er> opposite o the irst standpoint appears% Ro= reedomVs supreme interest is
pre&isel> to $ring a$out repetition# and its onl> ear is that "ariation =ould ha"e the po=er to distur$ its eternalnature% ere emerges the issue( Is repetition possi"leY Freedom itsel is no= the repetitionP% !ear and Trem"ling# Repetition# p% 301-302%
@2YLest and despairY# +% !ear and Trem"ling# Repetition# p% 31?%@2@O* reedom here \in repetition as a religious mo"ement] no= dis&o"ers an o$sta&le \Anstcd]# then it must lie in
reedom itsel% Freedom no= sho=s itsel not to $e in its pere&tion in man $ut to $e distur$ed% ;his distur$an&e#
ho=e"er# must $e attri$uted to reedom itsel# or other=ise there =ould $e no reedom at all# or the distur$an&e=ould $e a matter o &han&e that reedom &ould remo"e% ;he distur$an&e that is attri$uted to reedom itsel is sinP% !ear and Trem"ling# Repetition# p% 320%
12@
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8ier9egaard alando de si mesmo &omo um est5ico# a mais alta orma de $ adCa&ente a & @30# em
:ue a li$erdade ainda não oi a$solutamente redimida na repetiçãoN so$ este ponto de "ista# em :ue
o o$ser"ador &apa4 de airmar a e/ist,n&ia do salto# mas não de reali4E-lo# o próprio salto CE
en&ontra-se posto# mas a sua reali4ação nesse sentido &on&erne a um mo"imento religioso :ue
permane&e indi4í"el% Malants&hu9 indi&a :ue os primeiros estEgios da li$erdade repousam no
estti&o# em :ue hE somente a luta pela eli&idade mundana# em :ue Yo deseCo e a a"ersão são orças
motoras simpatti&as e antipatti&as na "ida humana% As pessoas ",em pontos i/os no :ue
transitório e e"itam o &ontato &om o duradouro e eternoY@31% Do ponto de "ista de auniensis# no
entanto# a relação :ue se esta$ele&e entre as &ari&aturas e a repetição na li$erdade eeti"a# em$ora se
apenas se d, na possi$ilidade de uma Ylinguagem iguradaY# pode ser interpretada &omo uma
Ypreiguração prototípi&aY# impereita# da:uilo Y:ue a outra re"elaY@32% 'ortanto# esta relação pode
ser designada &omo a determinação do est+tico com relação U li"erdade na repetição( uma
preiguração prototípi&a# impereita# &ari&atural# da transiguração da li$erdade no eterno# mas &uCa
&ontri$uição &om o mal-entendido a&entuam o próprio &arEter trans&endente da repetição% 'or isso
o&orre tam$m :ue# na:uilo em :ue a repetição a4 a li$erdade desesperar-se# a repetição "em a
tornar-se para ela um interesse em :ue ela ao mesmo tempo en&ontra a:uele o$stE&ulo em :ue se dE
a interposição do pe&adoN mas a ligação em :ue a li$erdade desespera da repetição ainda um
mo"imento de re&ordação( no seu desespero# a li$erdade in&apa4 de es:ue&er a repetição%
A repetição &omo o "ir-a-ser de si mesma na li$erdade deine-a &omo um mo"imento Yno
reino do espíritoY@33# em :ue o estti&o apare&e &omo insui&iente na medida em :ue este mo"imento
não pode dar-se na &ontemplação% signii&ado do &on&eito de espírito# &omo mostra Grcn#
pre&isamente Y"oltar a si mesmo em re&uperar-se a si mesmoY@3?% reino do espírito &onstituído#
na medida em :ue o reino da li$erdade# pelo indi"íduo@3# :ue a li$erdade na atualidade% Mas na
&ontemplação a inten&ionalidade do :uerer "er a repetição # para +onstantius# meramente
ar$itrEria( O# antes# uma e/pressão da o$ser"ação indi"idual na sua ar$itrariedade# uma e/pressão
do indi"idual :ualii&ada esteti&amente somente de maneira am$ígua &om relação ao seu o$CetoP@3@%
indi"íduo &ontemplati"o# nesse sentido# apenas o$ser"a a sua reali4ação e/terior# e não se &olo&a
a pergunta so$re a possi$ilidade dela ser reali4ada no espírito# e não pode# nesse sentido# ser
:ualii&ado &omo um indi"íduo li"re% espírito &ontemplati"o# ou# nos di4eres de auniensis# o
Oespírito initoP :ue se desespera rente J repetição# mantm apenas uma relação e/terior &om a
@30*dem# p% 320%@31MAAR;6+!8# G%N )ier*egaard9s .oncept of E1istence# p% @%@32 .onceito de AngHstia# p% 1%@33 !ear and Trem"ling# Repetition# p% 311%@3?G)R# A%N Repetition and t$e .oncept of Repetition# p% 1%
@3 !ear and Trem"ling# Repetition# p% 312%@3@O*t is rather an e/pression o indi"idual o$ser"ation in its ar$itrariness# an e/pression o the indi"idual onl>
estheti&all> am$iguousl> :ualiied in his relation to the o$Ce&tP% *dem# p% 312%
12I
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repetição do espírito# em :ue para ele O$em e mal alternariam &omo "erão e in"ernoP @3# e sua
disposição deine-se apenas &omo esteti&amente desinteressada% A repetição da li$erdade# ao
&ontrErio# tem a tarea de O&on"erter a repetição em algo de interior# na tarea própria da li$erdade#
no seu supremo interesse# se ela realmente pode# en:uanto tudo J "olta se modii&a# reali4ar a
repetição% A:ui desespera o espírito initoP@3I% A dierença da repetição &omo uma reali4ação interior
:ue ela se torna uma tarea suprema# por meio da :ual se atinge uma infinitude do espCrito% A
repetição posta &omo tarea de"e então ser &ompreendida &omo uma ininitude# e &omo tal &onsiste
num mo"imento :ue nun&a se en&erra na sua dinmi&aN &omo mostra ;sa9iri( Otal tarea tal"e4 não
possa nun&a ser &ompletada# mas isso dii&ilmente redu4 a sua dinmi&a# CE :ue# &omo um
mo"imento aporti&o# ela a$re para ininitas possi$ilidadesP@3%
De ato# a repetição# en/ergada do ponto de "ista da e/terioridade# nada a&res&entaN no
espírito# a repetição engendra um a&rs&imo positi"o# e a:uilo :ue en&ontra-se posto transigurado
pelo simples ato de repetir-se% .sta dierença radi&al no m$ito interior ou e/terior em :ue a
repetição apare&e mostra tam$m uma &ara&terísti&a pe&uliar J temporalidade própria J esera do
espíritoN somente nela apare&e o signii&ado mais a$rangente de di4er :ue o primeiro dado antes
da repetição# pois nela ele dei/a de s,-lo na mesma medida em :ue ele se reairma en:uanto tal%
Grcn e/pli&a( Ouma repetição posterior J:uilo :ue se repete% Ro reino do espírito# esta dierença
temporal tam$m uma dierença de signii&ado% A repetição a&onte&e em outro lugar e &om outra
&ons&i,n&ia% A repetição transorma o :ue se repete pre&isamente ao repeti-loP@?0% Risto instaura-se
uma a&epção de temporalidade distinta da temporalidade dos primeiros estEgios da li$erdade# da
mesma orma :ue a temporalidade históri&a dada a partir da noção de pe&ado% Assim# o tempo
anterior ao pe&ado a-históri&o# ou seCa# de &erta orma# atemporalN e somente o tempo depois da
:ueda propriamente onde a li$erdade se eeti"a histori&amente%
A orma da temporalidade anterior ao pe&ado &onstitui# portanto# a temporalidade
propriamente estti&a# e# na medida em :ue anterior J :ueda# tam$m a &on&epção pagã de
temporalidade% auniensis deine a noção de destino da seguinte orma( Odestino uma relação
&om o espírito &omo relação e/teriorN Z Destino pode signii&ar &oisas e/atamente opostas# dado
:ue ele unidade de ne&essidade e &onting,n&iaP@?1% Ro destino# hE a &oe/ist,n&ia simultnea de
ne&essidade e &onting,n&ia# sem :ue# no entanto# &om isso esteCa posta a li$erdade do indi"íduo%
uando +onstantius des&re"e a repetição &omo a tarea da li$erdade em sal"ar a personalidade do
indi"íduo da "olatili4ação e de :ue ela se torne um mero marionete do destino# ele a asso&ia
@3 .onceito de AngHstia# p% 20%@3I*dem# p% 20%
@3;6A8*)*# S%N )ier*egaard@ An1iet2, Repetition and .ontemporaneit2# p% 2%@?0G)R# A%N Repetition and t$e .oncept of Repetition# p% 1?%@?1 .onceito de AngHstia# p% 10?%
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Custamente J um a$andono da Oindol,n&ia aristo&rEti&a da &ontemplaçãoP( Oa repetição apare&e
&omo uma tarea da li$erdade# em :ue a :uestão se torna a de sal"ar a personalidade indi"idual de
ser "olatili4ada e# por assim di4er# um peão dos e"entosP @?2% Ra relação &om o espírito &omo o
e/terior# a repetição &omo tarea da li$erdade não pode apare&er# pois nesta relação o espírito
limitado pela própria li$erdade# no :ue# re&ipro&amente# ela tam$m apare&e &omo limitada pelo
desen"ol"imento do espírito do :ual ela não parti&ipa%
uando a li$erdade se eeti"a interiormente ao reino do espírito# no entanto# o seu o$stE&ulo
passa a ser ela própria no pe&ado# em :ue o espírito en&ontra-se# então# posto# e a relação da
repetição &om a li$erdade apare&e &omo uma tarea a ser &umpridaN muito em$ora a insui&i,n&ia da
própria li$erdade apareça nesta tarea &omo o pe&ado do espírito# em :ue a redenção a própria
tarea de ele"ação% A tarea # pois# tornar-se si mesmoN mas# da mesma orma :ue# antes :ue o
mo"imento de tornar-se seCa posto em eeti"idade# o si mesmo do indi"íduo de"e en&ontrar-se de
alguma orma dado como ponto de partida# pois :ue sem isso ele não poderia "ir-a-ser# esse
mo"imento de"e ter &omo pressuposto a &ons&i,n&ia do pe&ado# ou seCa# da li$erdade interposta a si
mesma% Mas# segundo auniensis# Yo pe&ado entrou no mundo por meio de um pe&adoY@?3# ou seCa#
o pe&ado pressup<e a si mesmo# na medida em :ue o seu mo"imento de "ir-a-ser # na sua
psi&ologia# um salto :ualitati"o# em :ue tudo retomado do iní&io% A "isão do pe&ado insere a
li$erdade &omo tarea pois ela &olo&a a ra4ão do indi"íduo na redenção :ue ainda terE ad"ento# o
:ue pressiona a li$erdade para rente# e a eternidade dei/a de ser um passado a ser re&ordado e
torna-se um ad"ento uturo% *sso e/pli&a a arti&ulação undamental da &on&epção da repetição &omo
um "ir-a-ser( algo posto em mo"imento de"e tomar o algo &omo uma realidade eeti"a# &omo uma
e/ist,n&ia inserida no tempo% uando se di4 :ue# na repetição# o indi"íduo pressup<e a si próprio#
não se estE senão a enun&iar a &ondição de possi$ilidade do próprio mo"imento espiritual# em :ue a
eeti"idade do mo"imento dada na medida em :ue ele p<e a si próprio na atualidade# portanto#
repetindo a si próprioN em :ue apare&e o essen&ial da dierença :ue &ara&teri4a o mo"imento( tudo
torna-se no"o na medida em :ue ele próprio posto no"amente a&ima de si próprio%
A temEti&a do pe&ado &om relação J repetição ser"e apenas para elu&idar a sua ormulação
&omo tarea da li$erdade# em :ue o "ir-a-ser de si mesma na orma de li$erdade se dE no pe&ado
&omo interposição da li$erdade a si mesma &omo um o$stE&ulo J sua eeti"ação% As relaç<es do
pe&ado &om a angQstia# &uCa arti&ulação a deinição da angQstia em unção da li$erdade &omo Ya
realidade da li$erdade &omo possi$ilidade antes da possi$ilidadeY@??# re:ueririam uma anElise mais
prounda da noção de possi$ilidade em unção da repetição 7 a possi$ilidade da possi$ilidade 7 a
@?2O)epetition appears as a tas9 or reedom# in =hi&h the :uestion $e&omes that o sa"ing oneVs personalit> rom
$eing "olatili4ed and# so to spea9# in pa=n to e"entsP% !ear and Trem"ling# Repetition# p% 31%@?3 .onceito de AngHstia# p% 3?%@??*dem# p% ?%
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:ual não # a:ui# oportuna% A ,nase a ser dada a:ui apenas a da repetição &omo um &on&eito da
li$erdade# em :ue ela se torna Yrealmente possí"el apenas :uando a li$erdade al&ança um ní"el num
indi"íduo em :ue se pode alar da repetição no sentido próprioY@?# ou seCa# ela ultrapassou os
estEgios ini&iais do deseCo e da prud,n&ia para :ue possa enim por-se a si própria &omo eeti"a#
para :ue a repetição de si própria seCa então possí"el% *sso o sui&iente para :ue seCa &ara&teri4ada
a eeti"idade temporal da li$erdade a partir da &ategoria da repetição &omo um mo"imento
religioso# em :ue a história da li$erdade se torna uma &onstante ele"ação dela a&ima de si própria%
instante como a temporalidade do mo-imento para frente
A repetição# deinida paradigmati&amente &omo um mo"imento para rente# op<e-se J
re&ordação apenas &om relação ao dire&ionamento deste mo"imento# ela &omo um re&ordar para
rente% A re&ordação &onstituía o paradigma da antiguidade# e a repetição instaura o paradigma dos
tempos modernos# &uCa determinação Custamente o ad"ento do no"o% A &olo&ação da repetição
&omo um mo"imento atual# real# # nesse sentido# uma airmação peremptória de :ue a Qni&a
&on&epção "Elida de mo"imento do mo"imento dire&ionado para rente# em :ue a indeterminação
do uturo ganha prepondern&ia de&isi"a rente J imuta$ilidade do passado# :ue en&errado em
suas determinaç<es% A a$ertura da possi$ilidade presente na li$erdade eeti"ada Custamente por
esta não-atualidade do uturo# em :ue a repetição en&ontra sentido pela simples representação
indeterminada da mudança# :ue a rai4 do interesse :ue situa o indi"íduo na atualidadeN o :ue
tam$m# por outro lado# deine a atualidade presente para o indi"íduo &omo um tempo de &rise% Daí
+onstantius airmar(
O6e se ala de li$erdade nas :ualii&aç<es da iman,n&ia# então a &rise e tudo a ela rela&ionado são
apenas ilusórios# e por isso tam$m tão E&il anulE-los% Mas logo :ue este apreendida &om o
interesse da atualidade# então a distinção prontamente apare&er entre a re&ordação grega e a
repetição# :ue entra depois de todo o mo"imento da &rise ter &omeçado# mas entra pre&isamente pressionando para a renteP@?@%
A &rise ilusória no ponto de "ista da re&ordação Custamente por a:uilo :ue +onstantius &riti&a no
Co"em :uando di4 :ue ele &omeça no imN a re&ordação depende em si mesma da totalidade do
a&a$ado# e não pode dar-se &aso haCa uma ruptura da iman,n&ia% :ue permite o Co"em airmar de
@?MAAR;6+!8# G%N )ier*egaard9s .oncept of E1istence# p% %@?@O* one spea9s o reedom in the :ualii&ations o immanen&e# then &risis and e"er>thing related are onl> illusor>#
=hi&h is =h> it is also so eas> to get them annulled% But as soon as this is grasped =ith the interest o a&tualit># then
the distin&tion =ill readil> appear $et=een the Gree9 re&olle&ting and repetition# =hi&h enters in ater the =holemo"ement o the &risis has started# $ut enters in pre&isel> $> pressing or=ardP% !ear and Trem"ling# Repetition# p%31I%
131
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si mesmo a &erta altura( Y&omeço do prin&ípio# e depois do &omeço do im para o prin&ípioY @?# CE
designa um mo"imento a mais :ue# alm de pre&eder a re&ordação ela mesma# torna-se tam$m
anterior J re&ordação% A modernidade# o tempo da li$erdade# o momento em :ue o&orre uma
ele"ação da &ons&i,n&ia históri&a a&ima de si própria# em :ue a ingenuidade grega não pode mais
su$sistir# e a &rise apare&e &omo um instante decisi-o em :ue tudo de"e ser &omeçado no"amente%
tempo do instante # portanto# o presenteN mas a proCeção da repetição &omo mo"imento
para adiante determina :ue o tempo presente da repetição se &ondi&ione a este uturo en:uanto
indeterminado de maneira intrínse&a# o :ue undamenta o seu &arEter &ríti&o( daí Mel$erg airmar
:ue Yo agora da VrepetiçãoV sempre um depoisY@?I% Ro entanto# ao Co"em permitido &omeçar do
prin&ípio para em seguida &omeçar do im para o prin&ípio# a repetição pre&edendo a re&ordaçãoN
nesse sentido# o antes :ue a re&ordação representa apare&e de ato somente depois da repetição#
portanto# um antes :ue "em depois% paradigma da repetição# na medida em :ue nele prepondera
uma so$erania do momento presente so$re todos os outros# Custamente por ele ser o Qni&o em :ue a
de&isão undamental pode ser tomada# reali4a então uma suspensão da se:u,n&ia temporal ha$itual(
Yo agora :ue sempre um depois "em na "erdade antes 7 o agora do VinstanteV# a inter"enção
sQ$ita na ordem do tempo se:uen&ial# a &esura :ue deine o :ue CE oi e prepara o :ue estE por
"irY@?% interesse da e/ist,n&ia posto a:ui :uando o sentido do negati"o atuali4ado no instanteN
na medida em :ue este um depois# o instante en&ontra-se sempre para alm de si mesmo# e sua
plenitude sempre a sua reatuali4ação# a sua repetição% Mas isso de"e pressupor uma aus,n&ia no
presente# um ser :ue em algum sentido não # um inter-esse :ue tende sempre ao a$soluto eterno#
&uCa eeti"ação se dE no uturo% A plenitude da atualidade do instante apare&e# na segunda parte do
te/to# "in&ulada ao :ue o Co"em &hama de Ytro"oadaY@0# :ue designa o instante :ue separa o "elho
do no"oN segundo olmgaard este o m$ito da interioridade# :ue Yo estado mental não-arti&ulado#
a dimensão alm da linguagemY@1 "em a ser a &ondição para o ad"ento da repetição( este o agora
em :ue ela se torna uma eeti"idade no tempo%
instante # portanto# uma ruptura na iman,n&ia do tempo% .sta ruptura não só in"alida as
&on&epç<es linear e &ir&ular de temporalidade 7 am$as são possí"eis apenas imanentemente 7 &omo
tam$m a &on&epção do tempo &omo su&essão *ronos &omprometida% Ra &on&epção linear# não
pode ha"er o instante# pois o presente o ininitesimal entre dois nadas# o passado e o uturoN e na
&on&epção &ir&ular# todos os momentos são redu4idos J &ir&ularidade :ue os iguala# de modo :ue
não pode ha"er um momento de&isi"o% Ra repetição# não pode su$sistir o atalismo inerente a estas
@? Repetição# p% %@?IM.B.)G# A%N Repetition Min t$e *ier*egaardian sense of t$e term4# p% ?%
@?*dem# p% ?%@0 Repetição# p% 123%@1MGAA)D# L%N T$e Aest$etics of Repetition# p% %
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duas posiç<esN ela de"e tra4er &onsigo o ad"ento do no"o# e para isso mesmo a &ompletude do
passado e a ine/ora$ilidade do uturo de"em ser su$metidos ao &ri"o da es&olha a$soluta no
instante# a partir do :ual tudo então transigurado% Reste pro&esso# a própria &on&epção de tempo
se &ontrap<e &omo relati"a# na medida em :ue a &on&epção do eterno surge a partir desta &on&epção
de tempo# em :ue# &omo di4 George Bedell# a su&essão de momentos indierentes anulada Yna
soma de toda a temporalidade no &uidado pro"iden&ial# pr-"isional# inten&ional# "etorialmente
orientado de DeusY@2% f parte das &on&epç<es linear e &ir&ular de tempo# a repetição instaura# de
a&ordo &om ele# uma &on&epção -etorial de tempo *a2ros# em :ue tudo se dire&iona para o ininito
trans&endente da eternidade# :ue en&ontra-se para alm do próprio tempo% Mas o eterno tem uma
in&id,n&ia de&isi"a na própria temporalidade su&essi"a# em :ue "em J tona o &on&eito de
en&arnação(
Ya en&arnação a interseção da mera su&essi"idade e a su&essão anulada e o mais srio
desta soma pro"iden&ial% A eternidade :ue estE presente uma soma ainda pareada &om a
su&essão %%%% +on&e$ido assim# &ada momento tem um "alor# mas &ada momento tem seu
"alor próprio e Qni&o %%%% 'ode ha"er instantes por :ue hE o *nstanteY@3%
A própria su&essão só possí"el em unção da eternidade# :ue esta$ele&e &om o presente
uma relação de interse&ção% 6em a eternidade# o presente redu4ido a nada# da mesma orma &omo#
para o pensamento a$strato# o tempo dei/a de e/istir na medida em :ue não hE nenhuma instn&ia
temporal positi"a% instante# nesse ínterim# ad:uire o "alor de um Etomo indi"isí"el :ue aponta
para o eterno# pre&isamente em termos "alorati"os% 'or isso o estti&o# :ue &on&e$e o tempo &omo
puro luir# &omo momento atrEs de momento# não esta$ele&e nenhuma relação &om o eterno# e não
&apa4 de &ir&uns&re"er uma totalidade de sentido QltimoN o seu presente e"anes&ente# e portanto
não pode possuir um "alor positi"o Qltimo% tempo no estti&o ininitamente di"isí"el# e dessa
orma nenhuma instn&ia temporal pode "ir a ad:uirir uma "alidade eterna% A "etorialidade do
tempo# por sua "e4# torna o presente de&isi"o para o ad"ento do uturo# em :ue tanto o presente
&omo o passado ",m-a-ser em unção dele# ad:uirindo então o estatuto do no"o% A:ui# a ruptura
&om as noç<es da temporalidade &omo su&essão impli&a num preCuí4o na relação do indi"íduo &om
o tempo :ue transpare&e na atualidade &omo &riseN mas pelo parado/o da repetição tam$m a
restauração do sentido temporal :ue se perde na ragmentação dos sentidos lineares e &ir&ulares
tam$m re&uperada# em :ue elas reapare&em &ondi&ionadas J relação do tempo &om o eterno% *sso
signii&a :ue a mudança da &on&epção do tempo na repetição a$andona deiniti"amente o registro
da relação entre o passado e o presente# :ue termina por se transigurar# no di4er de olmgaard#
num Omo"imento ininito perda e renas&imentoP@?%
@2B.D.# G% +%N )ier*egaard9s conception of Time# p% 2@%@3*dem# p% 2@%@?MGAA)D# L%N T$e Aest$etics of Repetition# p% -@0%
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A instauração do tempo "etorial tem# no seu mago# um signii&ado religioso espe&íi&oN ele
alude# prin&ipalmente# J transiguração do tempo :ue se instaurou &om o ad"ento da es&atologia
&ristã% uando +onstantius airma :ue o mundo repetição# ele airma :ue# antes de tudo# ele se
atrela &omo repetição ao ato primeiro :ue deu origem ao seu mo"imento# ou seCa# o sentido
históri&o da li$erdade no pe&ado 7 o :ue depende# portanto# da noção de &uedaN mas esse ato
"isto por ele mesmo &omo uma determinação di"ina do &uerer a repetição# segundo o :ual Deus
deu ao mundo uma no"a &han&e de &ontinuar e/istindo% ;sa9iri mostra isso muito $em :uando di4
:ue o termo Opode não reerir-se J primeira &riação do &osmo in&luindo os seres humanos# mas ao
:ue poderia ser &on&e$ido &omo uma re&riação do mundo após a :uedaP @% instante tem &omo
reer,n&ia para a totalidade um uturo ad"ento# pre&isamente no sentido de :ue o ato de o mundo
"ir a e/istir no mo"imento do instante se de"e a ele ser repetição% mo"imento &omo mudança
a$soluta# do ser para o não-ser# só &on&e$í"el sem interesse# nos dois e/tremos# no plano do
pensamento a$stratoN mas se assim osse no mundo e/istente# ele seria imediatamente ani:uilado ao
mo"er-se# e Deus Oteria "oltado a retirar todas as &oisas e t,-las-ia preser"ado na re&ordaçãoP @@%
salto :ualitati"o 7 :ue uma &ara&terísti&a da :ueda# em :ue se dE a introdução do pe&ado por meio
de uma repetição 7 se unda portanto &omo um e"ento paradigmEti&o# &omo Oo primeiroP pe&ado#
:ue se repete &omo tal em todas as geraç<es posteriores# e se proCeta para o uturo por:ue para ele
determinante# na medida em :ue este repetição%
A repetição da :ueda não signii&a uma ne&essidade# mas pre&isamente o ad"ento da
li$erdade% logos &ósmi&o do mundo grego de&orria numa ne&essidade eeti"a no tempo# em :ue o
mo"imento ou eleati&amente negado ou &on&e$ido em termos de atuali4ação de pot,n&ias na
*inesisN no &ristianismo# a li$erdade instaura-se não por:ue Deus aastou-se do mundo e dei/ou :ue
ele &orresse por &onta própria sem :ue hou"esse :ual:uer interer,n&ia# mas# pelo &ontrErio# sendo o
ser do mundo algo &ontingente# o ato da &riação di"ina# a airmação positi"a do ser do mundo na
li$erdade# de"e ser repetido a todo instante# para :ue a e/ist,n&ia do mundo seCa mantida% Resse
sentido# +aputo es&lare&e( O8ier9egaard tem uma &on&epção proundamente protestante e
"oluntarista das &oisas% próprio ser do mundo &ontingente ao passo :ue se origina do ato li"re
da &riação di"ina# e tudo :ue a&onte&e no mundo a&onte&e &ontingentementeP @% K nesse sentido
:ue a repetição de"e ser &ompreendida tam$m &omo uma tarefa# pois assim deinida ela passa a
ser algo &uCa totalidade &on&reta sempre um proCeto para o uturo# mas :ue urge ao mesmo tempo
:ue se aça Cus J ação instantnea :ue ela e/igeN tal proCeção temporal apare&e sempre esteti&amente
para o indi"íduo &omo uma impossi$ilidade# mas# na medida em :ue assumida indi"idualmente
en:uanto tarea# a impossi$ilidade torna-se não o$stante uma e/ig,n&ia errenha% A:ui a própria
@;6A8*)*# S%N )ier*egaard@ An1iet2, Repetition and .ontemporaneit2# p% 133%@@ Repetição# p% 33%@+A'!;# L%N Radical 8ermeneutics# p% 1I%
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noção de repetição na temporalidade torna-se insui&iente# pois o anseio undamental do espírito o
eterno( Oa:ui só possí"el a repetição do espírito# em$ora nun&a seCa tão pereita na temporalidade
&omo na eternidade# :ue a "erdadeira repetiçãoP@I%
uturo # na medida em :ue nele se &on&reti4a a proCeção da repetição &omo tarea# o
eterno# em :ue a repetição "em a se eeti"ar na sua plenitude% .ssa "isão &ontrasta# pois# tanto &oma "isão grega# em :ue a totalidade se &onigura"a no passado a ser re&ordado# mas tam$m &om a
"isão metaísi&a# :ue tende a pensar o eterno &omo uma instn&ia cindida do tempo# na medida em
:ue o eterno &on&eitualmente deinido em oposição ao temporal# em$ora admita :ue o temporal
su$siste apenas em unção da:uela% Ra medida em :ue apenas tende J plenitude# o passado então
deinido &omo uma representação impereita# uma imitação do eterno% Resse sentido# portanto#
tam$m não se pode &on&e$er a eternidade &omo tarea% +omo mostra +aputo( Oo &ristão ", o
tempo em termos de uturidade e de&idi$ilidade% Mas na metaísi&a# o tempo e o mo"imento são
impereiç<es# imitaç<es% Rada de&idido no tempoP@% A &on&epção do instante &omo um momento
pri"ilegiado no tempo de"e un&ionar# so$ este aspe&to# &omo uma arti&ulação de legitimação do
tempo em unção do eterno# mas atra"s do próprio tangen&iamento do instn&ia do eterno no
temporalN por isso auniensis persiste na disso&iação do nQ&leo do instante &om o tempo e em
asso&iE-lo &om o eterno( Oentendido dessa orma# o instante não # propriamente# um Etomo do
tempo# mas um Etomo da eternidade% K o primeiro rele/o da eternidade no tempo# sua primeira
tentati"a de# poderíamos di4er# a4er parar o tempoP@@0%
Ro instante# na medida em :ue o ponto de tang,n&ia entre o temporal e o eterno# instaura-
se a partir desta possi$ilidade a &ondição para o parado/o a$soluto# em :ue o Deus trans&endente se
a4 &arne% A aparição temporal do di"ino # em Qltima instn&ia# a &ondição undamental para :ue se
eeti"e a possi$ilidade do históri&oN e a sua aparição &onstitui o instante primeiro# :ue# &omo di4
l"aro Salls# O o :ue dE a :ualidadeP @@1# o :ue pree/iste J singularidade do indi"íduo sem :ue#
parado/almente# ela dei/e de ser Qni&a% :ue impulsiona a en&arnação de Deus na e/ist,n&ia
Custamente o seu amor pela "alidade eterna do instante# o amor-repetição :ue se distingue da
melan&olia da re&ordação# &uCa languide4 e:ui"ale# na atualidade# a uma desist,n&ia do "ir-a-ser
eeti"o% .ri9sen &hama a temporalidade eeti"ada para alm da mera possi$ilidade de $istoricidade
Gesc$ic$tlic$*eit :ue &onstitui# para ele# ao lado das :uest<es da alteridade e do de"ir# uma das
:uest<es-guia para se entender a ideia de repetição% A :uestão da histori&idade $em &olo&ada
:uando parte de um posi&ionamento históri&o do indi"íduo na atualidade# pensando-o
simultaneamente &omo algum determinado pelo passado# e# de outro lado# O&ontinuamente
@I Repetição# p% 132%
@+A'!;# L%N Radical 8ermeneutics# p% 1%@@0 .onceito de AngHstia# p% @%@@1 .onceito de AngHstia# p% 1%
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trans&endendo esta determinação ao entrar em relação &om ela e proCetar a si mesmo no uturoP @@2%
A histori&idade# segundo ele# a instn&ia em :ue de&orre o pro$lema da dualidade entre
&ompreender e "i"er# em :ue entram em Cogo as &ategorias de mo"imento da re&ordação e da
repetição% A al,n&ia da metaísi&a e a insui&i,n&ia da re&ordação apare&em em sua plenitude
:uando le"ada a termo a determinação undamental da modernidade# ou seCa# a ruptura da unidade
entre ser e pensar% Resse momento# a repetição torna-se de&isi"a no sentido de ir alm da
re&ordação# pois# se nesta Oa "ida suprassumida no entendimento# na repetição o entendimento
suprassumido no "i"erP@@3%
Dessa maneira# a histori&idade :ue se unda a partir da re&ordação 7 &uCo elemento undante
o entendimento :ue re&onstrói na &ons&i,n&ia-de-si a totalidade do passado 7 se distingue
radi&almente da histori&idade so$ o paradigma da repetição( nesta# não se pode mais atri$uir ao
entendimento o papel de re&onstituição da totalidade# Custamente pois ele se unda na re&ordação e
se remete ao passado% uando se "i"e para rente# a instn&ia temporal :ue &onstitui a totalidade
passa a ser o uturo# e o Qni&o elemento :ue pode se arrogar um papel de &onstituição do uturo a
% 'or meio dela# o pro$lema da histori&idade passa a ser &omo Oreali4ar uma a$ertura genuína para
o uturoP@@?% .ri9sen e/pli&a esta arti&ulação por meio da noção de transiguração# :ue de&orre da
repetição% A transiguração o momento da repetição em :ue o "elho se torna no"o# e a suspensão
do &onlito entre o homem e Deus resol"ida por meio de uma de&isão indi"idual :ue se tradu4
numa apropriação interior # em :ue nada mais inlui a não ser a relação pessoal do indi"íduo &om
Deus% A perorman&e mais importante de +onstantius no te/to o seu mo"imento de retração# o seu
retirar-se de &enaN pre&isamente por:ue isto a$re espaço para :ue o leitor entre ele próprio &om a
sua perorman&e aut,nti&a# em :ue a repetição se eeti"a no real% .ri9sen e/pli&a( Oo proCeto de
+onstantius na Repetição se desintegra# en:uanto# num outro ní"el# um no"o proCeto impli&ado
Custamente por esta desintegração% .m resignar-se do proCeto# +onstantius não o le"a a um termo#
mas o entrega a seu leitorP@@% .sta arti&ulação des&re"e uma apropriação Custamente na:uilo em :ue
o te/to permite ser reletido de si mesmo para o leitorN este não pode manter-se na mera
&ontemplação# mas de"e ad:uirir um interesse srio Custamente na:uilo em :ue o te/to alha na
&omuni&ação# mas :ue tam$m permite :ue se esta$eleça uma re&ipro&idade interior# uma
interpenetração mQtua entre o te/to e o leitor( Oa:ui a relação entre es&ritor e leitor tal :ue o leitor
não Vreprodu4 diretamenteV o :ue oi dito &omo um Ve&oV de seu próprio pensamento# mas o Vrepete
interiormenteV de modo :ue isto VressoaV neleP@@@%
@@2.)*86.R# R% R%N )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition@ a Reconstruction# p% 11%@@3*dem# p% 12%
@@?*dem# p% ?1%@@*dem# p% %@@@*dem# p% %
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.ste no"o registro de &omuni&ação mostra em :ue medida estes re&ursos estti&o-
dis&ursi"os en&ontram-se tam$m atrelados J repetição na a&epção temporal do termo% A
transposição do mo"imento para a interioridade re:uer :ue a repetição dei/e na sua &on&epção um
"a4io não resol"ido Custamente para :ue nele apareça a possi$ilidade de :ue a:uele :ue a pensa
ele"e-se a&ima de si próprio# indo alm# portanto# do próprio te/to e das arti&ulaç<es so$re a
repetição ali &ontidas# Oe/perimentandoP de ato o mo"imento da repetição% olmgaard ", na
des&rição deste mo"imento uma metEora do su$limeN mas a transiguração :ue dE &onta do
pro$lema da histori&idade pre&isamente um ele"ar-se a&ima da noção de temporalidade# e repetir a
si mesmo na ininitude ele"ada da eternidade% A resolução do entendimento na "ida :ue o&orre na
repetição apare&e representada pelo salto entre o modo de di4er duas sentenças so$re a repetição
:ue# ainda :ue radi&almente distintas# di4em o mesmoN esta a passagem apontada por olmgaard
entre Oa e/ist,n&ia :ue e/istiu# passa agora a e/istirP# e Oonde a &ada instante se arris&a a "ida# onde
a &ada instante se perde a "ida e se "olta a ganhE-laP @@N uma sentença então Opoeti&amente
transormadaP@@I na outra# num Omo"imento :ue aponta &omo o indi"íduo pode repetir-se
esteti&amente de maneira ininitaP@@% .ste modo de repetição &onsistiria então numa no"a "ia para
al&ançar a eternidade# em :ue o instante torna-se por im um instante su"lime# num Omo"imento
:ue aponta repetida e impla&a"elmente em direção J inimaginE"el e indi4í"el ininitude da almaP@0%
K Eternidade e repetição
Antes de uma passagem &uriosa em :ue +onstantius des&re"e o seu en&ontro &asual &om
uma Co"em no teatro# :ue lhe &ausara Omais alegria do :ue 6e/ta-eira a )o$insonP @1# ele emprega
algumas &opiosas linhas em respeito a uma nina re&onortadora# a &uCa Oino&ente pure4aP ele
atri$ui o $ena4eCo a&aso :ue o le"ara a este en&ontro ortuitoN ali# ele a &on"o&a pela sua Cu"entude
perene :ue mostra a ele o &ontraste &om ele próprio na:uilo em :ue ele ha"ia CE se tornado# então#
"elho# a ponto de ansiar pelo des&anso eterno e ali"iar-se do ardo da humanidade(
O;u# minha iel re&onortadora# tu :ue ao longo dos anos preser"aste a tua ino&ente pure4aN
:ue não en"elhe&este# en:uanto eu ui i&ando "elhoN tu# nina tran:uila perto de :uem "oltei
a reugiar-me# &ansado dos homens# &ansado de mim mesmo# tão &ansado :ue pre&isa"a de
uma eternidade para des&ansar# tão triste :ue pre&isa"a de uma eternidade para es:ue&er% Rão
me negaste a:uilo :ue os homens me :uerem negar ao a4erem da eternidade algo de tão
@@ Repetição# pgs% 1# 132%@@IMGAA)D# L%N T$e Aest$etics of Repetition# p% %
@@*dem# p% %@0*dem# p% %@1 Repetição# p% 1%
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atareado e de mais atro4 ainda :ue o tempo% Deitei-me então ao teu lado e desapare&i de
mim mesmo no espaço imenso do &u so$re a minha &a$eça# e es:ue&i-me de mim mesmo
no em$alo do teu murmurar_P@2
Da mesma maneira :ue o Co"em $us&a a repetição na orma de uma tempestade :ue a tudo
re&on&ilia# a sede de eternidade :ue +onstantius maniesta a:ui maniesta tam$m a &ons&i,n&ia de
:ue a eternidade a própria repetição% A nsia por um situar ade:uado do suCeito na temporalidade#
no entanto# maniesta-se para +onstantius &omo um &ansaço# uma ra:ue4a# uma esp&ie de pat$os
:ue se re&onorta apenas num es:ue&er-se de si mesmo na &ontemplação passi"a da &anção míti&a
das ninas# a&ompanhado da presença indierente da Co"em espe&tadora do teatro% niilismo de
+onstantius na sua posição a$solutamente passi"a de o$ser"ador se origina# &om relação a este
anseio pela eternidade# na e/ig,n&ia mundana de uma ade:uação a um geral em :ue o indi"íduo não
se re&onhe&eN o uni"ersal# ou ainda# o ti&o# para ele uma instn&ia de e/ig,n&ias ininitas :ue
simplesmente não oere&em nenhum &onorto a não ser a promessa a$strata de uma eternidade
"indoura# &uCo ad"ento# apesar de tudo# hE de a&onte&er no inter"alo de tempo imensurE"el# eterno%
A Qni&a eternidade # para ele# o tempo :ue se le"a para atingir a plenitude da eternidade% seu
reQgio# o seu &onsolo mundano# :ue de orma alguma tra4 uma plenitude da alma# a
&ontemplação irHni&a do murmQrio lamentoso :ue des&re"e a sua própria misria% A des&rição do
Odesapare&er de si mesmo no imenso do &u so$re a minha &a$eçaP uma alusão ao su$lime#
en:uanto um sentimento re&onortante# mas ao mesmo tempo inó&uoN apenas um ragmento de
eternidade# um Etomo da plenitude do eterno% eeito :ue a:ui se tem a de&orr,n&ia do instante
su$lime( a sal"ação e a li$ertação no Omelan&óli&o murmQrioP@3%
lamentoso &lamor de +onstantius # para ele# uma de&orr,n&ia da sua in&apa&idade de
reali4ar a repetição% Ro entanto# ela en&ontra-se su$-repti&iamente presente% es:ue&er-se de si
mesmo só pode re&onortar na medida em :ue ele reere a si mesmo# e ele re&e$e a si mesmo de
"olta na orma de uma &ontemplação estti&a de si mesmo na a$ertura para a ininitude do Oespaço
imenso do &uP# em :ue ele atinge a a$soluta aus,n&ia de determinação e se perde no puro
&ontemplar% A impossi$ilidade da repetição :ue apare&e para ele apenas o impede de li$ertar-se do
puro &ontemplar :ue o mantm distante do o$Ceto% 'or isso a repetição "in&ula-se J &ontemplação
e/terior da Co"em do teatro# de :uem des&re"e( O)apariga eli4_ 6e alguma "e4 um homem ganhar o
teu amor# :ue possas# sendo tudo para ele# a4,-lo tão eli4 &omo a mim me a4es ao nada por mim
a4eresP@?% A &omi&idade do relato apare&e não numa alsidade de sua disposição niilista# mas sim
pelo ato de ele pro&urar a repetição na ruição do reen&ontro &om a moça uma segunda "e4 no
teatro# o :ue termina por não o&orrer% ;al"e4 ti"esse inad"ertidamente se deparado &om ela não na
@2*dem# p% 1%@3*dem# p% 1%@?*dem# p% 3%
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ele atinCa o mesmo patamar do mo"imento do Co"em Custamente o :ue OdestruirE por inteiroP a sua
personalidade e o tornarE Oprati&amente irre&onhe&í"elP diante dele mesmo@N a personalidade de
+onstantius# por sua "e4# apenas suspensa na temporalidade# para depois ser retomada &omo
re&ordação# en:uanto :ue na repetição a retomada de"e ser pre&edida de uma destruição total em
:ue ela "em a tornar-se irre&onhe&í"el%
A personalidade na repetição# portanto# de"e ser &onsiderada portanto &omo presente no
instante# em :ue o presente mantm# para :ue não se torne apenas um momento e"anes&ente# uma
relação undamental &om o eternoN nesse sentido :ue Bedell di4(
Oo ato de :ue Vo presente &omo o eternoV tam"+m não possui passado ou uturo e/atamente
o :ue &onstitui sua pereição% .ntão# :uando se di4 de algum :ue possui ou transpare&e
presença# não se di4 senão :ue ele não nem &arregado pelo lu/o da instantaneidade# nem
tampou&o a$straído na VatemporalidadeVP@I0
uando o presente ad:uire# atra"s dessa determinação# uma atualidade na sua relação &om o
eterno# ele se torna passí"el de es&olha ao mesmo tempo em :ue não se perde o "ín&ulo nem &om o
passado e nem &om o uturo# pois am$os en&ontram-se Oem uma no"a dimensão de &ompletudeP@I1%
Dessa orma# o eterno# ao in&idir so$re a temporalidade# dE ao presente o &arEter de eternidade# e a
recordação para frente :ue a repetição representa tem o eeito de restituir o &onteQdo poten&ial da
ideia na realidade eeti"a% K nesse sentido :ue +onstantius airma :ue na ideia aut,nti&a &omo o a
do primeiro amor Oo presente e o uturo &om$atem entre si para en&ontrarem uma e/pressão eterna#
e este re&ordar pre&isamente o relu/o da eternidade para o presente# supondo :ue este re&ordar
seCa sãoP@I2% A saQde da re&ordação a saQde :ue dire&iona o indi"íduo para o uturoN trata-se a:ui
não propriamente da re&ordação# mas da repetição% inlu/o da eternidade no presente ruto de
um &onronto deste &om o uturo# &uCo resultado o re&ordar para rente% A relação undamental
entre o eterno e o presente e/pressa no seu mago por auniensis( Oo eterno o presente &omo
su&essão a$olida Z% +ompreende-se então por instante a a$stração do eterno# ou se :uisermos
tomar &omo presente# uma paródia dele% presente o eterno# ou# mais &orretamente# o eterno o
presente# e o presente o plenoP@I3%
Ra medida em :ue a temporalidade mundana resol"ida no instante &omo o presente em
&ontato &om o eterno# então# &omo di4 .ri9sen# Oa &ategoria da repetição de"e permitir :ue uma
ilosoia do uturo airme este mundo temporal &omo o lugar de nas&imento do eternoP@I?% Resse
@ Repetição# p% 12%@I0B.D.# G% +%N )ier*egaard9s .onception of Time# p% 2@I%@I1*dem# p% 2@I%
@I2 Repetição# p% 3I%@I3 .onceito de AngHstia, p% ?%@I?.)*86.R# R% R%N )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition@ a reconstruction# p% 120%
1?0
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sentido# a Oorça "italP :ue mata a morte e a transorma em "ida @I de"e ter a sua origem na
ininitude da plenitude inaugurada pela inusão da eternidade no tempo# :ue instaura Cunto &om ela
o "elho# o amiliar# mas agora pleno de um "alor eterno e ininito% K nesse sentido :ue o mo"imento
pode ser designado &omo su"lime( a ininitude do "alor :ue se inunde de maneira trans&endente na
realidade imanente a&ompanhado de uma "ertigem em :ue o indi"íduo tomado por um
mara"ilhamento( O:uando o limiar do mara"ilhoso al&ançado# a eternidade a "erdadeira
repetiçãoP@I@% A eternidade a onte ininita do "alor supremo da realidade# a :ual# no entanto#
su$siste somente na medida em :ue esta en&ontra-se impregnada por ela% parado/o da união entre
o eterno e o históri&o dado primeiramente pela "inda de Deus J e/ist,n&ia no mistrio da
en&arnação# em :ue o históri&o se eternali4a e o eterno se histori&i4a@I%
A anElise de 6te=art so$re o &on&eito de repetição desde o ponto de "ista religioso mostra-o
so$ tr,s aspe&tos distintos( a nature4a trans&endente da repetição# a repetição &omo a$surdo# e a
repetição &omo eternidade# os :uais segundo ele# são assim elu&idados por auniensis% A:ui ele se
reere a uma nota em :ue 8ier9egaard enun&ia(
O)epetição apare&e de no"o em toda parte% 1 uando eu "ou agir# minha ação e/istiu em
minha &ons&i,n&ia na &on&epção e em pensamento 7 de outro modo# eu agi sem pensar 7 ou
seCa# eu não agi% 2 Ra medida em :ue eu "ou agir# eu pressuponho :ue eu estou em um
estado original integral% Agora "em o pro$lema do pe&ado# :ue a segunda repetição# pois
agora tenho de retornar a mim mesmo no"amente% 3 "erdadeiro parado/o pelo :ual eu
me torno o indi"íduo singular# pois# se eu permane&er no pe&ado# entendido &omo o
uni"ersal# hE apenas a repetição n% 2P @II%
.stas tr,s designaç<es reerem-se não J enumeração triEdi&a desta gradação eita por
8ier9egaard# mas &on&erne a possi$ilidade de "er esta mesma gradação de tr,s maneiras distintas% A
repetição &omo o trans&endente reere-se espe&ii&amente# para ele# a esta segunda aparição da
repetição# ou seCa# a segunda repetição como pecado% .ste &onstitui na sua entrada no mundo um
@I Repetição# p% 3I%@I@Obhen the $orderline o the =oundrous is rea&hed# eternit> is the true repetitionP% !ear and Trem"ling# Repetition#
p% 30%@IResse ponto# pre&iso ao menos apontar a eeti"idade da transiguração :ue o&orre :uando o indi"íduo situa-se na
tarea de tornar%se contemporZneo &om o homem-deus# em :ue propriamente se dE a &olisão do instante% Roentanto# este tema traria a ne&essidade de :ue ossem tratados outros e/tensos# &omo a psi&ologia dogmEti&a de8ier9egaard e um aproundamento da noção de pe&ado# tal"e4 ainda a :uestão do es&ndalo e do desespero% Diantedessa e/ig,n&ia# &a$e apenas airmar :ue# do ponto de "ista estti&o# a &ontemporaneidade pode ser tratada domesmo modo &omo o salto para o ininito o para o indi"íduo# ou seCa# tal &omo uma perorman&e em :ue oindi"íduo li"re para por a si mesmo so$ o Cugo do &Hmi&o# do ponto de "ista do geral% A ne&essidade destaarti&ulação da perorman&e &om o &Hmi&o serE tratada em seguida no pró/imo &apítulo%
@IIO)epetition &omes again e"er>=here% 1 bhen * am going to a&t# m> a&tion has e/isted in m> &ons&iousness in&on&eption and thoughtother=ise * a&t thoughtlessl>that is# * do not a&t% 2 *nasmu&h as * am going to a&t# *
presuppose that * am in an original integral state% Ro= &omes the pro$lem o sin# =hi&h is the se&ond repetition# orno= * must return to m>sel again% 3 ;he real parado/ $> =hi&h * $e&ome the single indi"idual# or i * remain insin# understood as the uni"ersal# there is onl> repetition no% 2P% !ear and Trem"ling# Repetition# p% 30%
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salto :ualitati"o( Ooriginalmente os homens "i"iam num estado de harmonia paradisía&a# e então
"eio o pe&ado original# :ue signii&ou uma ruptura radi&al deste estadoP @I% Reste estado# toda ação
do indi"íduo "in&ulada J pe&a$ilidade# sem :ue haCa a possi$ilidade de uma redençãoN o indi"íduo
en&ontra-se apartado de si mesmo 7 não portanto indi"íduo# mas uma su$Ceti"idade &indida# :ue
anseia em re&on&iliar-se no"amente &onsigo própria% 6te=art airma :ue a morte de +risto signii&a
a ultrapassagem desse estado# a redenção entre homem e Deus# em$ora para ele Oeste estEgio inal
num &erto sentido represente uma repetição do primeiro estEgioP@0% Resta ter&eira repetição# o
pe&ado original dei/a de ser algo de&isi"o para a es&olha do homem# mesmo por:ue a es&olha
suplantada pela es&olha undamental :ue en"ol"e a repetição no salto para o ininito% A graça di"ina
permite :ue o pe&ado seCa ultrapassado# e esta ter&eira orma a :ue indi&a a orma mais alta da
repetição% A des&ontinuidade :ue &ara&teri4a a passagem para o pe&ado e do pe&ado para a graça
di"ina o :ue deine o &arEter trans&endental da repetição%
A segunda orma# :ue parte da airmação da repetição &omo um mo"imento em "irtude do
a$surdo# re&orrente nas anotaç<es de 8ier9egaard# mas não &onsta propriamente no li"ro% De
a&ordo &om 6te=art# o a$surdo designa nessa relação o :ue +lima&us &hama de &ontradição da
&ons&i,n&ia# a sa$er# Oa undamental e irre&on&iliE"el in&omensura$ilidade entre atualidade e
idealidade ou parti&ularidade e uni"ersalidade# Deus e o homem# em dianteP@1% Mas essa
in&omensura$ilidade tam$m o :ue designa a arti&ulação undamental do parado/oN o mo"imento
em "irtude do a$surdo seria# nesse sentido# o mo"imento do OsaltoP :ue torna eeti"o o parado/o% A
in&omensura$ilidade entre as duas instn&ias a4 &om :ue elas possam ser postas em relação
somente por meio de uma arti&ulação parado/al :ue não permite uma mediação lógi&o-dialti&a# o
:ue tem &omo &onse:u,n&ia a aus,n&ia de síntese &ara&terísti&a da dialti&a da e/&eção# &uCo
e/emplo o Co"em poeta% *sso permite &on&luir :ue# Cunto ao su$strato parado/al do religioso :ue
dE enseCo ao salto# o poti&o apare&e &omo a determinação e/terior# aparente# do a$surdo intrínse&o
a este mo"imento# e torna-se# portanto# a sua Qni&a orma de e/pressão%
Mas o parado/o espe&íi&o :ue se desta&a no :ue di4 respeito J determinação da
temporalidade a inusão do eterno no tempo# :ue designa portanto a ter&eira orma :ue 6te=art ",
&omo possi$ilidade de interpretação desta passagem% .m rela&ionando a ter&eira repetição# em :ue
se dE o parado/o do tornar-se indi"íduo# &om a designação da repetição &omo eternidade# a
des&rição do indi"íduo eita por auniensis do indi"íduo &omo uma Osíntese do temporal e do
eternoP@2 torna-se essen&ial para :ue se &ompreenda :ue a in&omensura$ilidade dos dois termos
impli&a :ue esta em :ue síntese seCa de natureLa parado1al # da mesma orma :ue o no &aso da
@I6;.bA);# L%N )ier*egaard9s Relation to 8egel Reconsidered # p% 2I%
@0*dem# p% 2%@1*dem# p% 300%@2 .onceito de AngHstia# p% @%
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K 'imiar da Repetição
;endo sido e/pli&adas as a&etas metaísi&o-&on&eituais da repetição# so$ a sua dupla
determinação en:uanto uma &ategoria negati"a &om relação ao pro&edimento metaísi&o de
&on&eituali4ação# e en:uanto uma &ategoria positi"a de mo"imento em relação J temporalidade# a
tarea agora tra4er estas arti&ulaç<es para um m$ito em :ue elas possam ser "islum$radas do
ponto de "ista estti&o% 'ara :ue isto seCa possí"el ne&essErio :ue apareça &laramente o ponto de
infle1ão em :ue a repetição a&onte&e en:uanto mo"imento# em :ue por meio dela designada uma
atualidade em :ue a li$erdade posta numa eeti"idade temporal aut,nti&a% Reste es&opo# a
repetição de"e apare&er so$ a determinação do modo de &omuni&ação em :ue se situa o estti&o
&omo uma forma po+tica de e1posiçãoN de maneira :ue sua delimitação depende# por sua "e4# da
deinição da repetição &omo um &on&eito da li$erdade no &arEter uni"ersal do +tico# $em &omo da
orma est+tica da e/posição da repetição &omo parado/o# em :ue se &olo&a ao mesmo tempo a
:uestão da in&omensura$ilidade# :ue resulta# portanto# na :uestão da orma humorísti&a da
repetição# :ue se determina no te/to de maneira espe&íi&a por meio do farsesco%
tema geral deste &apítulo &on&erne# portanto# ao em$ate entre# de um lado# o ti&o# para o
:ual a repetição &onstitui a sen$a 7 a temporalidade ti&a tem na repetição a sua conditio sine &ua
non : e# de outro# o estti&o# :ue# para a repetição# &onsiste na:uilo :ue de"e em si ser resol"idoN na
medida em :ue &onstitui a orma imediata e não ela$orada da li$erdade# para o :ual a :uestão da
repetição de"e ser posta de maneira ade:uada% A insui&i,n&ia do estti&o rente J tarea da
repetição# em$ora CE tenha sido tratada nos &apítulos anteriores# serE re&uperada a:ui na sua relação
&om os limites do ti&o# na medida em :ue ele designado# ao mesmo tempo# &omo uma esera
transitória# em :ue# apesar da tarea da li$erdade CE estar posta# a repetição ainda não &ulminou na
redenção do indi"íduo% Resse sentido# a ti&a de"erE ser posta na medida em :ue a tarea da
li$erdade "ista não &omo uma meta posta pelo indi"íduo para si próprio na medida em :ue ele se
ele"a a&ima de si próprio# mas &omo uma e/ig,n&ia e/terior# :ue permane&e ausente do mo"imento parado/al :ue o torna# ele próprio# indi"íduo e/istente% A e/ig,n&ia ormal do ti&o tem seu lugar no
uni"ersal a$strato# e a sua generalidade rente J li$erdade do indi"íduo gera uma
in&omensura$ilidade na medida em :ue este# CE :ue ela de"e su$sistir nesse sentido &omo e/ig,n&ia#
não nun&a &apa4 de &umprir &om os seus ditames a$solutos% uando estE posta a
in&omensura$ilidade# surge a :uestão do &Hmi&o &omo um elemento undamental para :ue se
&ompreenda não só os limites do ti&o# mas tam$m em :ue medida o estti&o reapare&e &omo um
elemento no"amente "Elido ao passo em :ue posto este limite%A &ompreensão da relação dos limites &ríti&os em :ue o ti&o e o estti&o são postos na
1??
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repetição dependem de um mo"imento religioso# :ue e/emplii&ado no te/to da Repetição por
meio da igura de Ló# :ue ao mesmo tempo uma igura e/emplar da repetição# e tam$m um
personagem perormEti&o tipii&ado% A representação :ue Ló ad:uire no te/to des&rita &omo um
confinium &om a poesia# em :ue posto em :uestão o ponto ininitesimal da ronteira da repetição
&om o estti&o% De outro lado# a igura de A$raão tipii&a# por assim di4er# o limiar da repetição &om
relação ao ti&o# em :ue posta em :uestão a suspensão do ti&o no mo"imento religioso do
sa&rií&io de *saa&% Da mesma orma :ue Ló re&e$e tudo em do$ro após a sua pro"ação# A$raão
re&e$e de "olta o seu ilho atra"s do salto religioso no parado/o da N A$raão pode ser "isto &omo
um personagem da repetição tam$m neste sentido# em :ue ele re&e$e a *saa& de "olta# e Cunto a
isso# a Custii&ação da sua diante de Deus% 'or meio destes dois personagens# a repetição apare&e
portanto no seu limiar &om o estti&o e &om o ti&oN mas a delimitação de Ló rente ao religioso em
espe&íi&o tem tam$m a unção de determinar o al&an&e e a proundidade da sua pro"ação em
ra4ão da pro"ação pela :ual passa o Co"em da RepetiçãoN esta serE mostrada a prin&ípio num
des&ompasso &om relação J:uela# em :ue uma se torna diante da outra &on&e$í"el apenas de
maneira &Hmi&a# tal :ue o &arEter arses&o do li"ro seCa posto em e"id,n&ia para :ue seCa possí"el
"in&ulE-lo ao estti&o% Ro entanto# o in&omensurE"el de"e permane&er a:ui &omo um pressuposto
meramente possí"el# dado :ue ele se eeti"a somente a partir do ponto de "ista do geral# o Qni&o a
partir do :ual pode surgir o humorísti&o%
K0 ;eriedade e comicidade com relação U Vtica
uando Sigilius auniensis airma da Repetição :ue O um li"ro engraçado# &omo# aliEs# o
deseCou o autorP@# logo em seguida ele airma :ue seu autor +onstantin +onstantius teria sido Oo
primeiro# :ue eu sai$a# a ha"er &aptado &om energia Oa repetiçãoP e a t,-la des&o$erto no "igor
e/pressi"o :ue tem o seu &on&eitoP@@% E nesta airmação uma &erta am$iguidade insidiosa( ao
mesmo tempo :ue o li"ro oi es&rito propositadamente para ser engraçado# ele ao mesmo tempo
&apa4 de &aptar o O"igor e/pressi"oP da repetição# no :ual nada se perde pelo ato de o tratamentointen&ional do li"ro ser &al&ado no humor% +om isso# auniensis pare&e airmar# ao &ontrErio# :ue#
na medida em :ue a intenção de +onstantius ora mesmo esta# o ato do &Hmi&o ser determinante na
&ompreensão da repetição torna-a de &erta orma &ondi&ionada ao seu apare&imentoN uma leitura
&orreta do li"ro# :ue seCa em alguma medida &apa4 de des"endar a sen$a da repetição na linguagem
cifrada# anti%$er+tica em :ue o li"ro oi es&rito# de"e passar então pelo &Hmi&o :ue oi ali inundido
propositadamente% .sta unção do te/to# no entanto# apare&e no mínimo &omo um mal-entendido#
@.onceito de AngHstia# p% 20%@@*dem# p% 20%
1?
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pois a &hega a ser dito na primeira parte do te/to :ue Oa:uele :ue :uer a repetição amadure&eu em
seriedadeP@# e a própria repetição deinida &omo Oa seriedade da e/ist,n&iaP @I% 6e se le"a em
&onta a airmação de +onstantius de :ue tudo o :ue dito nesta mesma parte do te/to $uonaria
ou meia "erdade# o pro$lema se torna ainda mais srio# pois a própria noção de repetição apare&e
mais "a4ia na medida em :ue a airmação mais &ategori&amente sria so$re a relação da repetição
&om a seriedade e maturidade na e/ist,n&ia tornar-se-ia ela mesma algo digno de gargalhadas% A
própria airmação de +onstantius de :ue a primeira parte do te/to não de"e ser le"ada a srio
tam$m digna da dQ"ida de se ela mesma de"e ser le"ada a srio% Ainda :ue a ,nase dada por ele
de :ue a seriedade da repetição a sua Ode&laração de "otoP@ seCa le"ada em &onsideração# o
pro$lema não se resol"e# pois a sua airmação pre&ede apenas o ra&asso perormEti&o da repetição
por parte da:uele mesmo :ue enun&ia a sua realidade e seriedade%
A "iagem rustrada de +onstantius apenas um dos elementos# em$ora seCa o :ue mais salta
aos olhos# em :ue o humorísti&o "em J tona no li"ro% 'ode-se apontar inQmeros outros pre&isamente
onde apare&e o mal-entendido no in&omensurE"elN dentre eles# poder-se-ia &itar a pretensão
inundada da re&ordação em mo"er-se para a rente# a da pretensão da Auf$e"ung em ser um
dis&urso eeti"o de mo"imento# a tentati"a do Co"em em e:uiparar-se a Ló# e em meio a tudo isso as
inumerE"eis anedotas menores :ue +onstantius insiste em tra4er para a narrati"a# &uCas relaç<es
&om o tema prin&ipal são em grande parte pou&o e"identes# &ausando uma :ue$ra no ritmo :ue por
"e4es le"a o leitor a perder-se na impa&i,n&ia &ausada por tantas digress<es aparentemente
inessen&iais% A elasticidade : ou tal"e4 a alta de um rigor mais propriamente &on&eitual 7 :ue o
&on&eito de repetição ad:uire no tratamento humorísti&o a ele dado por +onstantius mais um ator
de &omi&idade# a :ual não passa desper&e$ida para auniensis(
O+omo ele só :uis o&upar-se do assunto estti&a e psi&ologi&amente# tudo pre&isa"a ser
disposto humoristi&amente# e o eeito al&ançado a4endo-se :ue esta pala"ra ora signii:ue
tudo# ora a &oisa mais insignii&ante de todas# e a passagem ou# mais &orretamente# o
&onstante &air das nu"ens# moti"ado pela sua &ontrapartida $urles&aP00
E um ator &omum a todos estes elementos :ue e"iden&ia-se na medida em :ue se os ",
&ada um deles &omo uma pretensão rustrada# &omo um O&onstante &air das nu"ensPN a dis&repn&ia
em :ue uma intenção ideal se dissol"e na rigide4 aterradora de um real :ue se imp<e% A
in&omensura$ilidade surge na &ontrapartida de um ideal :ue não pode possuir nenhuma
determinação eeti"a a não ser a própria pretensão# no :ue ele se mostra tão trans&endente para o
indi"íduo :ue tenta reali4E-la &omo a repetição se mostra para +onstantius% A impossi$ilidade da
idealidade o :ue "em a ser para auniensis a determinação undamental do ti&o% A idealidade da
@ Repetição# p% 33%
@I*dem# p% 33%@*dem# p% 33%00.onceito de AngHstia# p% 20%
1?@
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ti&a por si só # para a &ons&i,n&ia en:uanto locus da repetição &omo o &ho:ue entre real e ideal#
apenas um Opoder :ue o$rigaP# uma normati"idade e/terior J :ual a &ons&i,n&ia não tem outra
opção senão &ontrapor-se# pois a ti&a i&a a:ui redu4ida J mera idealidade% .la só ganha a
determinação eeti"a &om a repetição# &omo mostra auniensis( Ose a repetição não posta# a Kti&a
transorma-se num poder :ue o$riga e por isso# pro"a"elmente# :ue ele di4 :ue a repetição a
senha solução na &on&epção ti&aP01% A solução :ue a repetição impli&a# no &aso do ti&o# a
própria possi$ilidade da dogmEti&a religiosa# na medida em :ue esta signii&a a repetição da
li$erdade &omo pecado# em :ue# pela própria noção da pe&a$ilidade do homem# atesta a própria
impossi$ilidade da ti&a en:uanto pura idealidade% A a"or disso# auniensis e/plí&ito(
O:uanto mais ideal a Kti&a# tanto melhor% .la não de"e dei/ar-se transormar pela &on"ersa
o&a dos :ue airmam :ue de nada adianta e/igir o impossí"elN pois dar ou"idos a tais
&on"ersas CE não ti&o# algo para o :ue a Kti&a não tem tempo nem oportunidade Z %
pe&ado então só perten&e J Kti&a na medida em :ue nesse &on&eito em :ue ela en&alhaP02
Ro entanto# a possi$ilidade da dogmEti&a dada pela repetição não impli&a :ue a ti&a# na
medida em :ue en&ontra-se a:ui disso&iada do real eeti"o# seCa então a$andonada# da mesma orma
:ue a idealidade estti&a# :ue não atrai o indi"íduo &omo uma e1igência# &omo no &aso da ti&a#
mas sim &omo uma idealidade desej6-el # mas :ue Custamente por isso tam$m se torna uma
idealidade diante da :ual a li$erdade se desespera% .sta distinção dada tam$m por auniensis#
ao &omentar o intento do autor de Temor e Tremor (
OAí# o autor le"a "Erias "e4es a idealidade deseCada pela .stti&a a en&alhar na idealidadee/igida pela Kti&a# a im de a4er surgir desses em$ates a idealidade religiosa &omo a:uela
:ue Custamente a idealidade da realidade eeti"a# e por isso tão deseCE"el :uanto a da
.stti&a e não impossí"el &omo a da Kti&a# mas de tal maneira :ue esta idealidade irrompe no
salto dialti&o e na atmosera positi"a do Veis :ue tudo no"o_VP03
.sta designação dialti&a :ue a Kti&a esta$ele&e &om o religioso da repetição na orma do -el$o &ue
se torna no-o o :ue permite situE-la na Otopologia e/isten&ialP de 8ier9egaard# &omo mostra
Desro&hes# &omo uma Oesera de transiçãoP0?# na medida em :ue seria a esera intermediEria entre o
estti&o e o religioso% s limites do ti&o# ou seCa# a maniestação da sua idealidade &omo
impossí"el# se dão ao mesmo tempo em :ue se eeti"a o &on&eito de pe&ado# mas a redenção :ue
propi&iada no religioso &orresponde a esta Oirrupção da idealidadeP :ue se dE na repetição# em :ue
parado/almente a eeti"idade do ideal ti&o su"siste ao lado de sua eeti"idade%
pe&ado# a ideia de :ue o homem en&ontra-se a:um da &ondição de possi$ilidade do ideal
ti&o# onde a ti&a en&ontra# portanto# o seu limite( O6e a ti&a a&olher o pe&ado# a&a$ou-se a
01*dem# p% 20%
02*dem# p% 1%03*dem# p% 1%0?D.6)+.6# D%N T$e e1ception as Reinforcement of t$e Et$ical (orm# p% 23%
1?
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idealidade dela% Z Agora tudo estE perdido para a Kti&a# e a Kti&a &ontri$uiu para a perda totalP0%
A &ons&i,n&ia do pe&ado# &ontudo# &onsiste na insui&i,n&ia da lei moral na medida em :ue ela
aunda no seu próprio pressuposto% +omo mostra Moone>( Ouma responsa$ilidade re:uerida por si
e pelos outros :ue ultrapassa o :ue os agentes morais podem dispor por &onta própria% Ra medida
em :ue o ardo do sorimento moral &ausado por esta ine"ita$ilidade aumenta# a ti&a &hega a um
impasseP0@% A Qni&a saída a este impasse # portanto# a :ue$ra da ei :ue indu4 ao pe&ado% Mas se o
pe&ado &onsiste undamentalmente numa transgressão da ei# então# na medida em :ue esta institui
o uni"ersal# a e/&eção só pode ser :ualii&ada &omo uma e/&eção religiosa# na medida em :ue sua
igura undamenta a noção de pe&ado% Mas o uni"ersal# na sua dialti&a &om a e/&eção# só se
Custii&a por meio da:uilo :ue o transgride# da própria e/&eção% Assim# da mesma orma :ue Deus
institui a ei# .le tam$m :uis :ue a ei osse transgredida# pois nesta transgressão .le "em a ser
Custii&ado% K nesse sentido :ue Desro&hes des&re"e a suspensão teleol5gica do Vtico eetuada por
A$raão em Temor e Tremor N o sa&rií&io de A$raão &onstitui uma transgressão do uni"ersal# e
portanto uma irrupção da e/&eção( ODeus prop<e uma no"a lei a A$raão :ue não pode ser uni"ersal#
um no"o modo de interpretar o mundo% .sta lei não pode ser e/pli&ada na ordem da linguagem e
&onse:uentemente não pode tornar-se normaP0% A ordem di"ina :ue se en&ontra a&ima da lei geral
só a&essí"el J:uele :ue ultrapassa o mero entendimento das determinaç<es do geral atra"s de
uma outra instn&ia :ue não o entendimento# ou seCa# a própria f+# na medida em :ue somente nela o
parado/o :ue transgride o geral da lei di"ina possi$ilitadoN daí auniensis airmar :ue Ona
&omeça a repetição# e a o órgão para os pro$lemas dogmEti&osP0I%
A idealidade do ti&o :ue se torna perdida no pe&ado # portanto# re&uperada no parado/o da
# na repetição em :ue se dE o parado/o 0 em :ue o indi"íduo singular "em-a-ser a si mesmo 7
retorna a si mesmo% Ra medida em :ue de"e ser dessa maneira retomada# a idealidade do ti&o por
si só não pode orne&er um aca"amento J e/ist,n&iaN a repetição# nesse sentido# apare&e &omo um
no"o &omeço em :ue a possi$ilidade deste a&a$amento ela própria posta nos termos da
temporalidade utura% +omo mostra auniensis( Oou $em toda a e/ist,n&ia estE a&a$ada na
e/ig,n&ia ti&a# ou então a &ondição en&ontrada# e a "ida e a e/ist,n&ia toda re&omeça doiní&ioP10% A possi$ilidade da suspensão teleológi&a do ti&o se dE a partir do próprio ra&asso dela
em propi&iar este a&a$amento# no :ue "em a ser possí"el uma relação em :ue todo o uni"ersal
suspenso sem :ue# no entanto# o próprio de"er o seCa# CE :ue ele se mantm &om respeito J ordem
0 .onceito de AngHstia# p% 20-21%0@MR.[# .% F%N Repetition@ Getting t$e >orld ac* # p% 2%0D.6)+.6# D%N T$e e1ception as Reinforcement of t$e Et$ical (orm# p% 2@%0I .onceito de AngHstia# p% 20%
0Ser a nota 1?2 do &apítulo anterior# a&er&a dos tr,s momentos em :ue a repetição reapare&e &omo pressuposto% +% !ear and Trem"ling# Repetition# p% 30%
10 .onceito de AngHstia# p% 1%
1?I
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di"ina e somente a ela# no :ue ele se torna o Ode"er a$soluto para &om DeusP 11% A suspensão do
ti&o neste de"er a$soluto não signii&a# pois a a$olição da ti&a# mas sim# &omo e/pli&a De
6ilentio# ela Ore&e$e uma e/pressão muito dierente# a do parado/oP12# :ue tem sua determinação
na e/ig,n&ia di"ina :ue apare&e &omo &ompletamente antagHni&a# ou melhor di4endo# independente
do geral% A relação do indi"íduo duplamente dire&ionada ao geral e ao a$soluto se in"erte :uando o
Oindi"íduo superior ao geralP no parado/o da ( Oo indi"íduo determina sua relação &om o geral
tomando &omo reer,n&ia o a$soluto# e não a relação ao a$soluto em reer,n&ia ao geralP 13% ;em-se#
deste modo# :ue o reorço do ti&o pela e/&eção representada pela indi"idualidade de"e permitir um
mo"imento parado/al da norma ti&a para determinar a e/&eção# pois ainda :ue ela seCa de &arEter
uni"ersal# a determinação da e/&eção não simplesmente negati"a# pois# se uma se Custii&a por
meio da outra# hE uma relação simultaneamente positi"a e antagHni&a# ou seCa# parado/al%
Resse sentido# na medida em :ue a e/ig,n&ia do ti&o imp<e uma escol$a de si mesmo
diante do geral# &uCo pressuposto não senão um :uerer a si mesmo# ela pressup<e# portanto# a
repetição# o "ir-a-ser de si mesmo% no"o :ue a repetição tra4 o :ue CE oi :ue "olta a e/istirN e a
es&olha de si mesmo no ti&o# &omo mostra Grcn# O &ara&teri4ada pelo deseCo de uma pessoa em
permane&er numa &ontinuidade &onsigo própria% *sso e/presso na e/ig,n&ia de es&olher a si
mesmo# e isto &ontm uma repetição( :uerer a si mesmo no"amenteP1?% Do ponto de "ista ti&o da
es&olha a$soluta# portanto# a repetição este assumir-se a si mesmo no"amente por meio de um
:uerer a si próprio :ue se identii&a &om o :uerer a repetição% aundamento do ti&o no seu
en&ontro &om o pe&ado o :ue mostra o desespero de &arEter ti&o do indi"íduo :ue :uer a si
mesmo# mas não o &onsegue a não ser num mo"imento religioso em "irtude do a$surdo% ;al o
&aso do Co"em poetaN ele $us&a uma solução ti&a para o seu impasse 7 uma tempestade :ue o
OtornarE apto a ser esposoP1# e OdestruirE por &ompletoP1@ a sua personalidade# sal"arE a sua honra
e redimirE o seu orgulho% Mas ele se desespera pois# ainda :ue a sua espera seCa dotada da mais
sin&era seriedade# ela só se dE em "irtude do a$surdo% A seriedade# &omo mostra ;sa9iri# Oa
disposição &orrespondente ao pe&adoP1# en:uanto :ue# do ponto de "ista estti&o# o pe&ado
&orresponde J melan&olia1IN o Co"em se aper&e$e do pe&ado somente na repetição# :uando eleapare&e propriamente &omo a repetição da li$erdade# em :ue ele re&e$e a si mesmo de "olta% A:ui
ele não pode mais ser deinido# portanto# &omo um melan&óli&o# e a sua disposição poti&a ad:uire
portanto uma a&eta muito mais religiosa do &ue propriamente est+tica
11Temor e Tremor # p% 10%12*dem# p% 11%13*dem# p% 11%1?G)R# A%N Repetition and t$e .oncept of Repetition# p% 10%1 Repetição# p% 12%
1@*dem# p% 12%1;6A8*)*# S%N )ier*egaard@ An1iet2, Repetition and .ontemporaneit2# p% 22%1I*dem# p% 2%
1?
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pe&ado en:uanto repetição da li$erdade# ou seCa# a instn&ia onde a li$erdade se rela&iona
&om sua tarea# ela própria deinida por +onstantius &omo a instn&ia da seriedade( O6omente na
relação da li$erdade &om a tarea de li$erdade :ue hE seriedadeN onde :uer :ue o espírito se
rela&ione &om seu outro de tal orma :ue este outro não a li$erdade# a o$ser"ação &Hmi&a tão
legítima# e/atamente tão legítima# &omo a sentimentalP1% A relação undamental do espírito a
relação dele &onsigo próprio# o :ue mostra :ue o espírito só posto pelo pe&ado e atra"s dele#
sendo ele a sua &ondição undamental% .m "irtude desta arti&ulação# Grcn se permite airmar :ue
Ono seu sentido pleno# a repetição pressup<e o &on&eito de pe&adoP 20 o :ue signii&a# por outro
lado# :ue a repetição da li$erdade :ue dE origem ao pe&ado não a repetição em sentido pleno%
Mas a relação &onsigo próprio# :ue ormulada no "ir-a-ser da atualidade# a própria repetiçãoN o
indi"íduo então só pode rela&ionar-se &onsigo próprio eeti"amente# no :ue ele posto en:uanto
espírito# na repetição en:uanto pe&ado# no :ue se en&ontra imposta a seriedade% .sta seriedade
&hamada por 8ier9egaard de Ooriginalidade ad:uiridaP# em oposição J noção de hE$ito# :ue Oo
desapare&imento da auto-sens&i,n&iaP21# a partir da :ual ele deine a repetição genuína &omo
seriedade22% A originalidade ad:uirida tem o seu sentido na:uilo em :ue a repetição representa a
eeti"idade do no"oN auniensis e/pli&a esta ligação da seguinte orma( O:uando a originalidade na
seriedade &on:uistada e &onser"ada# aí o&orre uma su&essão e repetiçãoN mas :uando alta
originalidade na repetição# aí temos então o hE$ito% homem srio Custamente srio graças J
originalidade &om :ue ele retorna ao ponto ini&ialP23%
'or outro lado# a a&usação de auniensis de :ue o assunto Opre&isa"a ser disposto
humoristi&amenteP2? retira da seriedade a determinação undamental da maniestação da repetição#
legando a sua eeti"idade apenas J interioridade e ao sil,n&io% Mas se a seriedade osse o sui&iente
para e/pressar a proundidade da repetição em sentido pleno# $asta"a :ue se ela osse disposta de
maneira a en&ontrar no ti&o a sua resolução% A insui&i,n&ia do ti&o# portanto# o :ue a4 &om :ue
o humorísti&o se torne impres&indí"el para a apresentação da repetiçãoN e somente assim a4
sentido a a&usação de auniensis so$re +onstantius( Oo :ue ele des&o$riu# porm# "oltou a
es&ond,-lo# disarçando o &on&eito so$ os gra&eCos da representação &orrespondenteP2% A ligação&om o &Hmi&o retoma# no"amente# a possi$ilidade de :ue a Ode&laração de "otoP de +onstantius
1Onl> in reedomVs relation to the tas9 o reedom is there earnestnessN =here"er else spirit relates to its other insu&h a =a> that this other is not reedom# &omi& o$ser"ation is Cust as legitimate# Cust e/a&tl> as legitimate# as thesentimentalP% !ear and Trem"ling# Repetition# p% 22%
20G)R# A%N Repetition and t$e .oncept of Repetition# p% 11%21 !ear and Trem"ling# Repetition## p% 32%22*sso permite :ue se &on&lua :ue# :uando +onstantius airma :ue a repetição Oa seriedade da e/ist,n&iaP e &onirma
isto &omo uma de&laração de "oto# ele não estE sendo espirituosoN o :ue# por outro lado# mostra a espirituosidade presente na sua airmação de :ue tudo o :ue dito na primeira parte do te/to $uonaria# "isto :ue esta airmação lEse en&ontra% +% Repetição# p% 33%
23 .onceito e AngHstia# p% 1@%2?*dem# p% 20%2*dem# p% 20%
10
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so$re a repetição &omo seriedade seCa ela mesma uma 4om$ariaN e orma de apresentação da
repetição toma a orma de um gra&eCo pois# de alguma orma# a seriedade do ti&o não &apa4 de
des&re"er o CQ$ilo do su$lime :ue atingido na repetição - da mesma orma :ue o Co"em não
&apa4 de airmar se OestE num estado de $eatitude ou de alegria ou aundado num estado de
&ar,n&iaP2@% A seriedade# ao &ontrErio# "em a ser# da mesma orma :ue o humorísti&o# su$ordinada
ao modo da relação a$soluta do indi"íduo &onsigo próprio na sua tarea# mas não des&re"e o mago
desta relação# :ue# pre&isamente por não poder ser des&rita# &onstitui o &arEter trans&endente da
repetição% Desse modo# &omo ha"ia mostrado auniensis# a seriedade "em a esta$ele&er uma
relação &om a repetição :ue poderia# &om alguma impre&isão# ser des&rita &omo regulati"a# na
medida em :ue ela sustenta a repetição na:uilo :ue ela tra4 de no"o e :ue a distingue do hE$itoN
muito em$ora esta unção seCa de ato indispensE"el% auniensis pare&e arti&ulE-la tam$m desta
maneira( O "erdade :ue se di4 :ue um sentimento "i"o e interior &onser"a a originalidade% 'orm a
interioridade do sentimento um ogo :ue pode arree&er sempre :ue a seriedade não &uidar dele# e#
por outra parte# a interioridade do sentimento de nimo instE"elP2%
auniensis &hega a deinir a seriedade &omo Oa personalidade mesma# e só uma
personalidade sria uma personalidade eeti"aP2I% indi"íduo só pode "ir-a-ser en:uanto tal na
seriedadeN no entanto# ela de"e ser posta ade:uadamente em relação ao seu o$Ceto# de modo :ue
uma inade:uação nesse sentido des&o$erta pela inspeção impla&E"el da ironia# e o srio degenera
então no &Hmi&o( O:ue as &oisas o&orrem deste modo# a ironia o des&o$re# e a:ui ela tem muito o
:ue a4erN pois todo a:uele :ue i&a srio no lugar errado eo ipso &Hmi&oP2% o$Ceto ade:uado
da seriedade no indi"íduo # nesse sentido# o próprio indi"íduo na seriedadeN e o o$Ceto da seriedade
por si só a própria seriedade% De ato# se não se srio so$re a própria seriedade# ela se torna
apenas um re&urso retóri&o &om uma inalidade alheia# &uCa des&o$erta um desmas&aramento :ue
redunda no &Hmi&o(
O:uem não se tornou srio em relação a si mesmo# porm# a partir de :ual:uer outra &oisa# de
:ual:uer &oisa grandiosa ou $arulhenta# # apesar de toda a sua seriedade# um $rin&alhão# e
mesmo :ue &onsiga durante algum tempo enganar a ironia# a&a$arE# -olente deo# por setornar &Hmi&o# pois a ironia 4ela pela seriedadeP30
.ssa aparente auto-reer,n&ia &í&li&a da seriedade não signii&a :ue ela no seu &arEter undamental
se esta$eleça &omo um isolamento de todo o resto :ue não lhe di4 respeitoN mas# ao &ontrErio# ela se
torna a perspe&ti"a $asal :ue permite um posi&ionamento a&er&a de :ual:uer outro ponto de "ista#
pois ela tem# ao &ontrErio das Otagareli&esP da:uilo :ue se pretende srio sem passar pela escol$a
2@ Repetição# p% 132%2 .onceito de AngHstia# p% 1@%
2I*dem# p% 1%2*dem# p% 1%30*dem# p% 1%
11
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fundamental do :ue conse&uente na seriedade# uma undamentação rele/i"a em si própria%
A:uilo :ue# portanto# toma a orma do srio# de"e permear em todas as outras instn&ias en:uanto
uma esp&ie Cuí4o a"aliador :ue p<e o alheio em unção dele mesmo# na:uilo em :ue ele "em a se
mostrar atra"s dela &omo digno de ser le"ado em &onta%
.ntretanto# ironi&amente parado/al :ue a própria ironia "enha a ad:uirir na determinação
da seriedade# em relação J:uilo :ue a undamenta# este papel de 4eladora# de disciplinadora31# em
:ue a sua inspeção des"ela a positi"idade da:uilo :ue se arroga srio% Resse sentido# a ironia
en&ontra-se dominada# mas ela só pode s,-lo em "irtude de uma repetição# ou seCa# a repetição da
pr5pria seriedade# na:uilo em :ue ela se positi"a apenas :uando o Onimo instE"elP da
interioridade do sentimento re&uperado# repetido# pelo retorno da seriedade a si mesma# em :ue
esta insta$ilidade ad:uire alguma regularidade &om este mo"imento de retorno dela O&om a mesma
regularidade J mesma &oisaP32% Assim# auniensis deine a repetição da seriedade( Omas# esta
&oisa# sempre a mesma# J :ue a seriedade de"e retornar mais e mais &om a mesma seriedade só
pode ser a própria seriedadeN pois# senão# "em a ser pedantismoP33% o$Ceto supremo da seriedade
# pois# a indi"idualidade# o indi"íduo na relação &om sua li$erdade en:uanto tarea% 6e este não or
o ponto de "ista determinante da seriedade# então ela desmas&arada pela ironia &omo sendo o
&Hmi&o% A es&olha a$soluta do ti&o :ue instaura esta relação a repetição da seriedade tornada
eeti"a# o :ue em Qltima instn&ia a identii&a# então# &om o &uerer a repetição# &om o indi"íduo
:ue se pretende srio &om relação a si próprio% 'retender ser srio e:ui"ale# portanto# a :uerer a
repetição# e a possi$ilidade do ti&o se unda nestas duas arti&ulaç<es :ue# no entanto# "ão alm da
eti&idade &orrespondente ao uni"ersal# pois o indi"íduo só se torna ele próprio na dialti&a da
e/&eção%
ti&o meramente en:uanto uni"ersal # por si só# então# a mera e/terioridade# uma orça
:ue o$rigaN &omo mostra Moone># ao :uestionar a passagem do estti&o ao ti&o( O.s:uemas
pereitamente gerais ou uni"ersais de a"anço moral enterram o ator &ru&ial da es&olha indi"idual#
da de&isão pessoal no progresso moralN a meta de assimilação um su$stituto enganoso para a meta
apropriada de indi"iduação &ontínuaP3?% A seriedade :ue se pretende &al&ada neste e/terior simplesnão tem a li$erdade &omo tarea indi"idual# e a:uele :ue se su$mete J sua lei# na medida em :ue
ainda não possui a si mesmo# &ai portanto no &Hmi&o% 'or isso auniensis di4( Oa interioridade a
&erte4a# seriedadeP3% Mas tam$m# na medida em :ue o indi"íduo en&ontra-se em oposição ao
uni"ersal# na medida em :ue na oposição nenhum deles en&ontra-se Custii&ado a determinação de
am$os a initude% 6e esta initude entendida &omo temporalidade# então apare&e no"amente o
31 .onceito de Ironia# p% 2%32 .onceito de AngHstia# p% 1@%
33*dem# p% 1%3?MR.[# .% F%N Repetition@ Getting t$e >orld ac* # p% 2I@%3 .onceito de AngHstia# p% 1I%
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&Hmi&o# nos termos em :ue 8ier9egaard es&re"e(
O &Hmi&o uma &ategoria :ue perten&e espe&ii&amente ao temporal% &Hmi&o estE sempre
em &ontradição >iederspruc$% Mas na eternidade todas as &ontradiç<es são &an&eladas# e o
&Hmi&o &onse:uentemente e/&luído% A eternidade + de fato a -erdadeira repetição# em :ue
a história &hega ao im e todas as &oisas são e/pli&adasP%3@
A:ui i&a e"idente# portanto# por :ue a eternidade e a seriedade apare&em simultaneamente &omo
deiniç<es &ategóri&as da repetiçãoN se a eternidade o &an&elamento da temporalidade onde se dão
as &ontradiç<es do &Hmi&o# então a seriedade tem a sua eeti"idade indisso&iE"el do eterno# na
medida em :ue o indi"íduo "em a ser &omo tal na repetição% A airmação de auniensis :ue Oa
seriedade a su$Ceti"idade Z% uando alta a interioridade# o espírito redu4ido J initude% 'or
isso# a interioridade a eternidade# ou a determinação do eterno num ser humanoP 3% ti&o
portanto atinge sua ininitude na seriedade :ue "ai alm do uni"ersal# mas para isso a sua suspensão
teleológi&a de"e ser um mo"imento ne&essErio para :ue o indi"íduo "enha a ser posto% salto parado/al do religioso e o mo"imento da repetição ad:uirem a:ui entre si "Erias nuan&es de
pro/imidade# as :uais de"erão ser es&lare&idas a seguir%
KB A"raão, J5 e a incompreensão demonCaca
e/emplo paradigmEti&o do mo"imento em :ue a ti&a suspensa teleologi&amente para
a$rir o pre&edente para o religioso # pois# a história de A$raão% mo"imento de suspensão# :ue porsua "e4 apare&e igurado no mote do suspenso gradu em :ue o Co"em se en&ontra antes da
repetição# ad:uire no &onte/to deste personagem so$ uma a orma estti&a da melan&olia e do
pade&er poti&oN a suspensão pode# portanto# ser pensada não somente &omo um mo"imento a partir
do ti&o# mas tam$m &omo possí"el tendo &omo ponto de partida o estti&o# muito em$ora o
pro$lema ti&o tam$m de"a apare&er# ainda :ue so$ um "is distinto% Desro&hes mostra :ue a
suspensão identii&a-se &om o mo"imento de tornar-se e/&eção# na medida em :ue ela p<e em
e"id,n&ia uma relação antagHni&a &om o geral na medida mesma em :ue ele determinado &omo
talN a pergunta posta nos seguintes termos( O&omo possí"el ir do estti&o ao religioso en:uanto se
&olo&a o ti&o entre par,ntese^P3I% .ste mo"imento a:ui não em sentido estrito o mo"imento de
A$raão# pois para ele o ti&o en&ontra-se $em determinado na positi"idade da sua realidade eeti"a
7 sua amília e seu ilho% Ro &aso do Co"em# o ti&o apare&e apenas en:uanto possi$ilidade de
tornar-se esposo# o :ue para ele # no entanto# sempre negado en:uanto realidade% .sta negação
3@O;he &omi& is a &ategor> that $elongs spe&ii&all> to the temporal% ;he &omi& al=a>s lies in &ontradi&tion>iederspruc$% But in eternit> all &ontradi&tions are &an&eled# and the &omi& is &onse:uentl> e/&luded% Eternit2 isindeed t$e true repetition# in =hi&h histor> &omes to an end and all things are e/plainedP% !ear and Trem"ling#
Repetition# p% 32%3 .onceito de AngHstia# p% 1I%3ID.6)+.6# D%N T$e e1ception as Reinforcement of t$e Et$ical (orm# p% 2%
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"iagem% Mas# nesse &aso# :uando sua &onsumada# ou seCa# dada na realidade eeti"a &omo
"Elida atra"s da pro"a# ele retorna ao geral# e a sua re&on&iliação &al&ada na o :ue torna o
próprio geral Custii&ado% Dito de outro modo# nele o geral se Custii&a na medida em :ue a
Custii&ada# mas a:ui ela termina numa reconciliaçãoN ou seCa# a tra4 de "olta o :ue ele mais
pre4a"a# nada oi &om ela# então# perdido# mas# ao &ontrErio# ganhou-se &om ela o :ue poderia sem
ela perder-se% +omparado &om o &aso do Co"em# tem-se uma situação &ompletamente assimtri&aN o
Co"em perdeu o :ue possuía sem se:uer &hegar a ganhE-lo de ato# e a sua # o su$strato religioso
:ue o sustenta en:uanto um poeta de ato o Qni&o "alor positi"o :ue# na aus,n&ia da re&on&iliação#
su$siste &omo um "alor em si mesma# ou &omo uma orça engendradora :ue possi$ilita a própria
produção% A in&ompati$ilidade da situação do Co"em &om a de A$raão pode le"ar a &on&luir :ue os
mo"imentos de &arEter religioso :ue permeiam o espírito de am$os são ou distintos em seu mago#
ou são mesmo mutuamente e/&ludentes% Mas o ato de o Co"em inspirar-se em Ló signii&a :ue este
representa para ele# mais do :ue A$raão# o modelo de pro"ação :ue mais se apro/ima da:uele a :ue
ele su$metido%
+onstantius des&re"e o mo"imento religioso de Ló &omo uma &ontenda em :ue o mo"imento
da &rise Opressionado adianteP na:uilo em :ue ele mantm a si mesmo &omo &erto diante de Deus%
A &rise de Ló# a perda a partir da :ual ele &olo&a a si mesmo diante de Deus &omo tendo ra4ão na
sua penQria# primeiramente des&rita &omo um mo"imento trans&endente# pois para 8ier9egaard a
&rise imanente ilusóriaN e o Opressionar adianteP :ue &ara&teri4a o mo"imento da repetição
e/emplii&ado em Ló na &rise do &onronto &om Deus( O;al pressionar adiante des&rito em Ló#
parti&ularmente no :ue ele mantm :ue ele estE &erto# pois esta in:uietude apai/onada da li$erdade
um impulso espiritual# e de um impulso ísi&o não hE a dQ"idaP?2% "ir-a-ser de sua li$erdade
des&rito &omo um in&ansE"el em$ate espiritual# em :ue ele Osa$e-se ino&ente e puro no mais íntimo
do seu &oração# sa$endo ao mesmo tempo tudo isto Cuntamente &om o 6enhor# e &ontudo a
e/ist,n&ia# toda ela# &ontradi-loP?3% Ra orça de Ló em airmar-se diante de toda uma e/ist,n&ia :ue
o &ontradi4 en&ontra-se airmada a persist,n&ia :ue sim$oli4a o &uerer a repetição &om todas as
orças# :ue no entanto# apare&e so$ a orma de uma luta aguerrida &ontra o geral% .m A$raão# nota-se pre&isamente o &ontrErioN não hE uma luta e/terior# mas um &onlito a$soluto &al&ado na relação
do indi"íduo &om Deus# &uCa e/pressão apenas interior e apenas sim$oli4ada no sil,n&io% A
irme4a de Ló# no entanto# não se en&ontra em agir# mas em Custii&ar-seN ainda :ue Deus ponha em
teste a sua li$erdade# ele não pode a4er &om :ue Ló a$di:ue da:uilo :ue a ele próprio oi dado( OLó
permane&e irme na airmação de :ue tem ra4ão% Z apesar de ser rEgil e de rapidamente estiolar
?2O6u&h a pressing or=ard is des&ri$ed in Lo$# parti&ularl> in his maintaining that he is right# or this passionate
sleeplessness o reedom is a spiritual thrust# and o a ph>si&al thrust there is no :uestionP% !ear and Trem"ling# Repetition# p% 31I%
?3 Repetição# p% 11%
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8/17/2019 GOMES, Arthur - A Repetição Do Ponto de Vista Estética - Uma Análise a Partir de Kierkegaard
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&omo a "ida da lor# &ontudo# no :ue di4 respeito J li$erdade# algo de grande# um ser :ue tem uma
&ons&i,n&ia da :ual nem Deus o pode pri"ar# apesar de ter sido ele a dar-lhaP??%
A perse"erança da sua # o seu grande eito# estE em não arrepender-se nem tampou&o
resignar-se# en:uanto :ue seus amigos insistentemente &lamam :ue ele de"eria en&arar sua perda
&omo um &astigo e então pedir perdão# ou mesmo :ue amaldiçoe a Deus por uma sina tão &ruel%
ad"ento da repetição# no entanto# pare&e &ondi&ionado J persist,n&ia de en&arar a desdita &omo uma
pro"ação# in&lusi"e a tentação da possi$ilidade dele estar errado% +omo mostra o Co"em# Oa desdita
dele o maior argumento dos amigos# e &om isso para eles tudo estE de&ididoP ?% Resse sentido# a
&oragem de opor-se ao argumento da e/ist,n&ia o indí&io de :ue o undamento da sua relação &om
Deus a:ui plenamente indi"idualN em$ora ele oponha-se a Deus# a oposição não &onstitui uma
aronta J sua mesma# mas ao &ontrErio# &omo na dialti&a da e/&eção# reorça a "alidade positi"a
do a$soluto% mo"imento pol,mi&o de Ló des&rito pelo Co"em &omo a Oideia em mo"imentoP ?@#
mas esta e/pressão ad:uire a:ui o signii&ado da Custii&ação da e/&eção en:uanto tal perante o
uni"ersal( Oo segredo em Ló# a orça "ital# o ner"o# a ideia# :ue Ló# apesar de tudo# tem ra4ãoP ?%
Resse sentido# o mo"imento na ideia des&rito# &omo e/emplo# na disputa dele &om as ad"ert,n&ias
dos amigos# em :ue ela apare&e &omo um Opurgatório onde purii&ado um pensamento# o de :ue
ainal ele tem ra4ãoP?I% Ló de ato mostra situar-se num patamar em :ue suas in"estidas não o
atingem :uando# logo antes do ad"ento milagroso da repetição# apare&e para ele o :ue ;sa9iri
designa &omo a Qltima tarea da sua pro"ação# na :ual ele re4a pela sal"ação dos seus tr,s
&ompanheiros :ue# Oao in"s de &onortE-lo# o tortura"am &om pala"ras de CulgamentoP?%
Desse modo# a deinição de Ló &omo uma e/&eção se dE so$ duas determinaç<es distintas(
primeiro# a relação de in&ompreensão :ue seu patamar religioso engendra &om o geral da e/ist,n&ia
:ue se p<e em oposição a ele# &om seus amigos :ue o repreendem# et&%N e segundo# Oa relação
puramente pessoal de oposição a DeusP0 em :ue ele posto atra"s da pro"ação% Disto depreende-
se :ue Ló en&ontra-se soLin$o &omo indi"íduo em oposição a a$solutamente tudo# e :ue ele de"e
en&ontrar apenas em si mesmo as orças para eetuar a sua Custii&ação positi"aN tam$m por isso ele
Onão pode dar-se por satiseito &om uma e/pli&ação em segunda mãoP 1# pois a ele e somente ele pode ser atri$uído o Culgamento de sua &ulpa ou ino&,n&ia% A pro"ação# o mo"imento de tornar-se
ino&entado diante de Deus# parte do pressuposto de :ue Ló &ulpado 7 ou seCa# o seu inortQnio
de"e ser "isto &omo uma punição pelos seus pe&adosN mas para isso Ló de"e &olo&ar-se &omo
??*dem# p% 11I%?*dem# p% 11%?@*dem# p% 11?%?*dem# p% 11%?I*dem# p% 11I%
?;6A8*)*# S%N )ier*egaard@ An1iet2, Repetition and .ontemporaneit2# p% 1I@%0 Repetição# p% 121%1*dem# p% 121%
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pe&ador# ou seCa# a li$erdade de"e impor-se &omo repetição para :ue surCa a própria &ategoria da
pro"a# na:uele sentido em :ue a repetição pressup<e a si própria% Desse modo# Ló só pode ser
&onsiderado ino&ente a partir do ponto de "ista religioso em :ue ele airma a si próprio na sua
Oresolução na ad"ersidadeP# CE :ue# do ponto de "ista ti&o em :ue o pe&ado ainda eeti"o# a
&ategoria da pro"ação ainda não apare&euN daí tem-se :ue o mo"imento da repetição em Ló se
identii&a portanto &om o do apare&imento da pro"ação en:uanto tal# no :ue ela "em a distinguir-se
da tentação de autode&larar-se &ulpado e re&olher-se na resignação ininita do ti&o# :ue# neste
ponto de "ista# ainda não tem o religioso &omo undamento# o :ue a4 &om :ue ele en&alhe no seu
próprio pressuposto%
Ra medida em :ue sua ino&,n&ia "alidade diante do geral# o mo"imento religioso de Ló#
portanto# de&lara-se &omo &erto e promo"e assim uma re&on&iliação% A:ui portanto se en&erra a
dialti&a da e/&eção em Ló( ele somente pode ser considerado e1ceção nesse mo-imento de
justificar%se% Da mesma orma :ue o poeta deinido &omo uma e/&eção# o Co"em reluta em
en/ergar a Ló &omo uma igura poti&a( O6e Ló uma igura poti&a# se nun&a hou"e homem algum
:ue alasse da:uela maneira# então aço minhas as suas pala"ras e tomo a responsa$ilidade% Mais
não possoN pois :uem terE elo:u,n&ia &omparE"el J de Ló# ou :uem estarE em &ondiç<es de poder
melhorar algo :ue ele tenha dito^P2% K nesse sentido :ue se deine o confinium entre o poti&o e o
religioso em Ló( ter em si a ideia em mo"imento signii&a &olo&ar-se &omo e/&eção diante do
uni"ersal% A re&on&iliação :ue tudo apa4igua# o re&e$er tudo em do$ro# em :ue Ló# O&ensurado pela
humanidadeP3# a$sol"ido :uando Oo 6enhor e Ló &hegaram a entendimento# re&on&iliaram-seP?#
a4 &om :ue se instaure o parado/o em :ue a e/&eção a$sol"ida# ou seCa# reintegre-se na
totalidade# en:uanto :ue# ao mesmo tempo# su$siste na sua indi"idualidade a$soluta &uCo
undamento a relação pessoal &om Deus# :ue su"siste ap5s a resolução da oposição# ainda :ue de
uma outra orma% *sso o pro"a o Co"em :uando airma :ue Oa pro"ação uma &ategoria temporEria#
eo ipso determinada em relação ao tempo e por isso tem de ser rele"ada no tempoP%
Mas esta Orele"açãoP# esta superação# de"e ser entendida &omo a própria repetição# por meio
da :ual a "em a eeti"ar-se no espírito% De ato# a repetição de Ló um mo"imento espiritual e umsalto :ualitati"oN o seu Ore&e$er tudo em do$roP não de"e ser &ompreendido materialmente nem
:uantitati"amente% +omo mostra +onstantius# o :ue &hama a atenção do Co"em em Ló o ato de
este estar &om a ra4ão diante de Deus# e não propriamente o ato de ele ter re&e$ido de "olta o :ue
ha"ia perdido(
O.m sua alição# pare&e-lhe :ue Ló e/perimentou repetição por:ue ele re&e$eu tudo em
do$ro% Mas o :ue realmente agrada a ele em Ló :ue Ló esta"a &erto% Agora tudo gira em
2*dem# p% 11?%
3*dem# p% 123%?*dem# p% 123%*dem# p% 120%
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torno disso% destino pregou uma peça so$re ele e dei/ou-o tornar-se &ulpado% 6e esse o
Ceito :ue # então ele não pode mais tomar a si mesmo de "olta% 6eu ser oi di"idido# e por
isso não uma :uestão de repetição de algo e/terno# mas da repetição de sua li$erdadeP%@
Ló oi impedido de repetir-se a si mesmo pois sua indi"idualidade oi di"idida pela &ulpa% A
repetição da sua li$erdade se &ara&teri4a portanto num pro&esso de retomada &ontínuo e penoso# em
:ue a não &onstituída &om Oa imediatidade de uma &riançaP# mas en&ontra-se &onstantemente
em Cogo no litígio# pois ao longo do pro&esso a sua ino&,n&ia não oi ainda eeti"amente dada%
Co"em des&re"e a importn&ia de Ló na:uilo em :ue Oas disputas de ronteiras a respeito da terem
sido tra"adas dentro de si próprio# em no ser a:ui apresentada a monstruosa su$le"ação das orças
sel"agens e $eli&osas da pai/ãoPI% Daí Ló não ser digno de ter o mesmo estatuto ele"ado de
A$raão# a:uele de $er5i da f+N em$ora Ló ponha a si mesmo numa relação &om Deus em :ue ele
"em a esta$ele&er-se en:uanto indi"íduo# o ato de ele dar OJ lu4 a &ategoria da Vpro"açãoV por entre
terrí"eis dores# pre&isamente por:ue ele tão adulto :ue não a possui &om a imediati&idade de uma&riançaP determinante para :ue ele e/emplii:ue antes o pro&esso em :ue a "em a se
esta$ele&er no indi"íduo# do :ue propriamente o signii&ado mais proundo e parado/al da # &omo
o &aso em A$raão% Ló não &apa4 de apa4iguar# mas sim somente de propor&ionar um Oalí"io
temporErioP@0# pois para ele a ainda uma tarea Erdua e onerosaN por isso# re&e$e o epíteto de
Oproessor da humanidade e não de indi"íduosP@1# pois ele o protótipo de todo homem :ue se
deronta &om uma pro"ação% Ao &ontrErio# A$raão antes uma testemun$a do :ue um e/emplo 7
ele possui a imediatidade da N en:uanto e/emplo# ele ainda &on&erne ao geral# e no geral# toda"ia#o seu ato eti&amente &ondenE"elN Ló# no entanto# pode ainda ser &on&e$ido so$ &ategorias ti&as#
ainda :ue em sua &ontenda ao Custii&ar-se ele se aparte do geral momentaneamente%
A de Ló &on"erte portanto a duras penas a sua &ondenação em sal"ação# em "irtude da sua
perse"erança% impulso espiritual em :ue ele se engaCa o :ue sustenta a transormação da
inCustiça em Custiça eterna( Oentão Ló re&e$eu uma inCustiça^ 6im_ .ternamenteN pois :ue não pode
apresentar-se perante um tri$unal mais alto do :ue a:uele :ue o &ondenou% )e&e$eu Ló Custiça^
6im_ eternamente# pelo ato de ter re&e$ido inCustiça perante DeusP
@2
% esorço em Custii&ar-sea4 &om :ue o indi"íduo ponha-se no mesmo patamar de Deus# em :ue a Custiça di"ina passa a ser
en&ontrada no próprio ato de inCustiça% *sso não signii&a $las,mia# pois o indi"íduo nesse sentido
@O*n his distress# it seems to him that Lo$ e/perien&ed repetition $e&ause he re&ei"ed e"er>thing dou$le% But =hatreall> appeals to him in Lo$ is that Lo$ =as right% Ro= e"er>thing re"ol"es around that% Fate has pla>ed a tri&9 onhim and let him $e&ome guilt>% * that is the =a> it is# then he &an no longer ta9e himsel $a&9 again% is $eing has
$een split# and so it is not a :uestion o the repetition o something e/ternal $ut o the repetition o his reedomP% !ear and Trem"ling# Repetition# p% 30?%
Repetição# p% 121%I*dem# p% 120%*dem# p% 121%
@0*dem# p% 120%@1;6A8*)*# S%N )ier*egaard@ An1iet2, Repetition and .ontemporaneit2# p% 13@%@2 Repetição# p% 12?%
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o predileto# a:uele pelo :ual os &us reCu$ilam pelo ato de ele por a si mesmo so4inho diante do
mais alto% Resse prostrar-se a &ondenação &on"erte-se em sal"ação# e Ló eetua um retorno ao
uni"ersal# mas desta "e4 en:uanto indi"íduo &onstituído% A:ui trata-se de um mo"imento de retorno
em :ue ele passa a ser indi"íduo na e/&eção# mas ao mesmo tempo integrado no uni"ersal# :ue se
diere do mo"imento do Co"em# em :uem a e/&eção o estado inal em :ue ele se esta$ele&e &omo
poeta% A &on&epção indi"idual de Ló e/pressa a importn&ia de sua relação &om o uni"ersal
en:uanto indi"íduo# a :ual não pode# nesse sentido# ser e/pressa senão de maneira parado/alN pois o
indi"íduo só pode permane&,-lo ao re&on&iliar-se no parado/o% A:ui apare&e de :ue modo a pre&e
de Ló# o mote Oo 6enhor deu# o 6enhor tomou# lou"ado seCa o nome do 6enhorP# o :ue se &orro$ora
pelo ato de ele di4,-lo apenas uma "e4# sem mais repeti-lo# não tem tanta importn&ia :uanto a sua
irme4a na # :ue demonstrada atra"s da perse"erança na airmação de :ue ele estE &erto%
A &ondenação em :ue Ló tudo perde # portanto# a &ondição para sua sal"ação% A repetição só
entra em "oga :uando somente a possi$ilidade di"ina su$siste a todo o ani:uilamento# em :ue toda
a possi$ilidade humana posta em /e:ue% K nesse sentido :ue +aputo di4( O a não ser :ue o homem
per&a sua alma ele não pode rea",-la# Z \e a partir] de si mesmo o homem nada pode a4erP @3%
:ue le"a a &rer :ue# ainda :ue A$raão e Ló seCam personagens paradigmEti&os do religioso# a eles
não pode ser atri$uída a inten&ionalidade da repetição en:uanto proCeto% A repetição ad"eio para
eles &omo um milagre# e tudo o :ue eles tinham para &onirmE-la era ou a perse"erança ou a
ina$alE"eis% Moone> o$ser"a :ue# en:uanto o espírito de Ló e A$raão anseiam proundamente pela
repetição# sua determinação &omo tarea pare&e residir em outro lugar :ue não a sua eeti"idade(Onão pelas suas próprias orças ou em se determinando a atingir a meta :ue eles ganham a
repetição% 'arado/almente# eles a ganham :uando seu &oração se situa em outra &oisa% Ló não
demanda ou tra$alha para :ue seu mundo seCa restaurado( ele se pergunta por&ue ele lhe oi
tirado# ele demanda raL7es% A$raão não demanda ou age para re&uperar *saa&# ele apenas
parte para entregE-lo% Am$os $enei&iam-se da repetição# mas nenhum deles a4 da
reali4ação da repetição um proCeto e/plí&itoP@?
A repetição atingida por Ló te"e ainda em alguma medida um &arEter temporal# initoN a "erdadeira
repetição# :ue se identii&a &om o eterno# não pode ser :ualii&ada nem nos termos da re&uperação
da:uilo :ue mais se pre4a# mesmo :ue num patamar puramente espiritual% Resse sentido# ainda :ue
Ló não &hegue a ser designado &omo um herói da resignação# ainda não atinge o patamar do
&a"aleiro da % A eternidade :ue a ele ad"eio se deu na orma da Custiça di"ina e da restauração na
# e não da miseri&órdia na orma do perdão%
*sso se e/pli&a pois a pro"ação de Ló diere da de A$raão no sentido de :ue neste Qltimo# o
&onlito pro"o&ado por uma ordem di"ina# por meio da :ual ela própria se "alida atra"s de uma
@3+A'!;# L%N Radical 8ermeneutics# p% 32%@?MR.[# .%N Repetition@ Getting t$e >orld ac* # p% 300%
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so$rele"ação para a&ima da lei% Ro &aso de Ló# de a&ordo &om o Co"em# a &olisão se dE por um ator
demonía&o# em :ue o negati"o da perda oi lançado de modo e/terior J determinação di"inaN o
mo"imento em Ló # portanto# o de airmação &ontínua do di"ino em oposição J negati"idade
&onstituti"a da perda% +omo o mostra o Co"em( OLó # por assim di4er# toda a su$stan&ial peça de
deesa do homem no grande litígio :ue op<e Deus e o homem# no amplo e terrí"el pro&esso :ue
te"e o seu undamento em 6atanEs ter lançado o mal entre Deus e Ló e :ue a&a$a no ato de tudo ser
uma pro"açãoP@% ato de o Co"em ter &ompreendido a Ló dessa maneira# no entanto# mostra um
&erto des&ompassoN pois para Ló Deus apenas tomou o :ue anteriormente o ha"ia dado# e# so$ este
ponto de "ista# a pro"ação não surge do ato de :ue o mal em si tenha ad"indo de uma instn&ia
independente do poder di"ino# mas sim ad"eio a partir dele próprio# o :ue o &olo&a em posição de
ser :uestionado ele próprio en:uanto um mal% A Custiça di"ina oi eita atra"s da perda# e isso o
:ue torna a pro"ação tão dií&il de ser superadaN e não propriamente uma miseri&órdia di"ina :ue
triuna so$re um mal alheio%
A in&ompreensão se mostra ainda mais palpE"el :uando# apesar de &orro$orar o "is da
pro"ação demonía&a# o Co"em por outro lado airma :ue OLó tam$m não se tornou demonía&o Z
CE :ue Deus não pode a4er o mundo de outra maneira por sua &ausa# o indi"íduo :uer ser
sui&ientemente magnnimo para &ontinuar a amE-loP@@% A:ui# Deus ainda se en&ontra posto so$
determinaç<es ti&as# o :ue para ele signii&a in&orrer numa Opai/ão inteiramente demonía&a :ue
mere&eria um tratamento psi&ológi&o espe&ial# :uer se d, o &aso de ela humoristi&amente suspender
por assim di4er a disputa para não le"antar mais pro$lemas# ou o de &ulminar numa teimosia egoísta
em torno do "igor do seu sentimentoP@N no entanto# isso :ue ele o a4 ao &ompreender a pro"ação
de Ló &omo algo de&orrente da inusão do mal entre ele e Deus por 6atanEs% Co"em &ai na sua
própria armadilha e alha em &ompreender Ló so$ o prisma do puro religioso# pois ainda hE# nesse
sentido# um res:uí&io ti&o na sua interpretação da pro"ação# muito em$ora ele tenha &ons&i,n&ia de
:ue um entendimento pleno dessa &ategoria ultrapasse a estti&a# a ti&a e mesmo a dogmEti&a@I%
.ssa in&ompreensão mais um elemento :ue aponta para o in&omensurE"el da relação de Ló &om o
Co"em da repetição# :ue de"e ser tomada ade:uadamente a partir da ideia do &Hmi&oN no entanto#&omo se trata a:ui de um &onronto entre o ti&o e o religioso em :ue o demonía&o da relação
en&ontra-se J espreita# este limiar de"e ser in"estigado pormenori4adamente antes :ue se a$ra o
espaço para o &Hmi&o%
K limiar entre o +tico e o religioso
@ Repetição# p% 120%
@@*dem# p% 11I%@*dem# p% 11I%@I*dem# p% 120%
1@0
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A digressão de Lohannes de 6ilentio so$re o pro$lema do religioso em A$raão se dE em tr,s
arti&ulaç<es distintas( a suspensão teleológi&a do ti&o# por meio da :ual posta a tarea da
pro"açãoN o de"er a$soluto para &om Deus# :ue possi$ilita a própria suspensão do ti&o# na medida
em :ue p<e a relação pessoal &om o a$soluto &omo a&ima de todas as outras do m$ito do geralN e a
Custii&ação ti&a do sil,n&io# :ue permite :ue se sustente esta relação pessoal &om Deus# e :ue
de&orre desta situar-se para alm dos limites do di4í"el% ;odas as tr,s tem &omo denominador
&omum o pro$lema ti&o inerente ao ato religioso# em :ue o indi"íduo se ele"a a&ima do uni"ersal%
.m Ló# esta ele"ação ad:uire a ru$ri&a da e/&eção# na medida em :ue a relação a$soluta &om o
a$soluto não se dE# &omo em A$raão# na orma do de"er# mas na da oposição em "ias de
Custii&ação% A :uestão do sil,n&io e da linguagem t,m a "er &om a possi$ilidade restrita da
determinação da ordem di"ina no m$ito da indi"idualidade# e da sua impossi$ilidade no geralN ela
não pode ser algo e/primí"el# e o sil,n&io a sua Qni&a e/pressão% Resse sentido# a ordem di"ina#
ao mesmo tempo :ue não poderia ser determinada se não osse &ompreensí"el para o indi"íduo# ela
dei/aria de ser ela mesma &aso osse inteligí"el uni"ersalmente% 'ortanto# a suspensão do ti&o um
pressuposto &ondi&ional J possi$ilidade de se es&utar a ordem di"inaN o :ue impede :ue :ual:uer
diretri4 dis&ursi"a atinCa o seu undamento# o :ual permane&e# nesse sentido# o$s&uro at para o
entendimento do indi"íduo em :uestão% *sso permite :ue ;sa9iri airme(
Oa alta de &erte4a# a no a$surdo# a pedra de to:ue do pensamento de 8ier9egaard% K
somente na e atra-+s da nossa interioridade e su"jeti-idade e independente de todos os"alores esta$ele&idos# independente de todas as ess,n&ias determinadas# :ue de"emos de&idir
:ue o :ue ou"imos a "o4 de DeusP@
undamental no religioso en:uanto relação a$soluta &om Deus portanto passí"el de
de&isãoN tal de&isão# no entanto# não possui propriamente o &arEter ti&o da es&olha# mas ela se dE
Custamente na suspensão do ti&o en:uanto uma determinação geral :ue a undamenta% 'or isso De
6ilentio di4 :ue Osó o *ndi"íduo pode de&idir-se se estE "erdadeiramente em &rise ou se um
&a"aleiro da P0% A &rise# no entanto# a pro"ação espiritual pela :ual passa Ló% 6e nenhuma
&ategoria do uni"ersal pode determinar a de&isão# então este uni"ersal na orma do ti&o en&ontra-se
&indido do singular# de tal orma :ue o telos se torna o trans&endente( Omuito dierente o &aso de
A$raão% 'or meio do seu ato ultrapassou todo o estEdio moralN tem para alm disso um telos perante
o :ual suspende este estEdioP1% Diante disso# De 6ilentio &olo&a-se a pergunta de O&omo se pode
&ondu4ir a sua ação ao geral# e se possí"el des&o$rir# entre a &onduta dele e o geral# uma outra
relação alm da de o ter ultrapassadoP2% .ssa des&o$erta# no entanto# de"eria ter &omo um re:uisito
@;6A8*)*# S%N )ier*egaard@ An1iet2, Repetition and .ontemporaneit2# p% 1?%
0Temor e Tremor # p% 1%1*dem# p% 1??%2*dem# p% 1??%
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o próprio per&orrer da e/peri,n&ia da audição da "o4 di"inaN nesse sentido# o indi"íduo não pode
$us&ar o undamento numa instn&ia do geral :ue agora para ele passado# e o$rigado a en&ontrE-
lo no decorrer da e1periência &ue se d6 no instante% A:ui no"amente apare&e a arti&ulação da
repetição em oposição J re&ordação( a impulsiona o indi"íduo para o uturo# pois somente nele#
&omo mostra Desro&hes# a ti&a pode "ir a ser restaurada( Oa assegura a re&uperação de algo
pre"iamente perdido% *sso &onirma# no"amente# :ue para 8ier9egaard o mo"imento não de"e ser
eito para trEs Z# mas para rente# para pre&isamente onde possí"el restaurar o :ue oi
li"remente suspendido# ou seCa# o ti&oP3%
de"er a$soluto para &om Deus# en:uanto algo :ue no mo"imento religioso inseparE"el
da suspensão do ti&o# impli&a em :ue 6ua relação &om o indi"íduo não possa se &al&ar numa noção
de de"er no sentido ti&o-uni"ersalN o de"er ad:uire portanto uma &onotação a$solutamente distinta
:uando se trata do religioso% Mas nesse sentido não &a$e tomar Deus &omo um undamento para o
ti&o# nem tampou&o o ti&o &omo um &aminho :ue le"a a DeusN e a in&ursão em uma destas
asserti"as le"a ao parado/o em :ue o amor a Deus redu4ido a uma possi$ilidade geral# o :ue
&ondena a ação de A$raão# e# por outro lado# a moralidade do geral passa a intererir da relação
pessoal &om Deus% .ste parado/o oi $em diagnosti&ado por Grammmont( Onem o amor a Deus
pode ser redu4ido J um ato moral por:ue# neste &aso# não seria a$solutoN nem a moral de"e
su$mergir na transitoriedade ao ser reerida J di"indade# em toda a entrega a$soluta :ue o amor a
Deus e/igeP?% uando De 6ilentio di4 :ue Oo herói trEgi&o renun&ia a si mesmo para e/primir o
geralN o &a"aleiro da renun&ia ao geral para se &on"erter em *ndi"íduoP # ele reere-se portanto
duplamente J impossi$ilidade de se e/primir o geral na suspensão do ti&o# e portanto de
esta$ele&er a possi$ilidade de reer,n&ia do religioso a Deus de modo e/primí"el# &omo tam$m ao
inundado da relação pessoal &om Deus em unção do geral% *sso signii&a :ue este tornar-se
indi"íduo &ometer um pe&ado# no :ual a tarea se torna Custamente a redenção deste rente ao
ti&o( O indi"íduo ser o&ulto% A sua tarea moral &onsiste então em se li$ertar do se&reto para se
maniestar no geral% ;odas as "e4es :ue :uer permane&er o&ulto# &omete um pe&ado e entra numa
&rise de onde só pode sair pela maniestaçãoP@% Resse sentido# a relação de Deus &om o geral Custamente a de &olo&ar o indi"íduo &omo tal en:uanto pe&ador# ou seCa# en:uanto algum :ue se
op<e ao geral ao mesmo tempo :ue re&onhe&e sua "alidade%
A representa# portanto# um "alor maior :ue o "alor do ti&o-uni"ersal% ;rata-se# portanto#
de um limite imposto pelo religioso J "alidade da ordem ti&a# :ue possi$ilita a sua própria
suspensão% .ste limite demonstrado na impossi$ilidade de Custii&ação ti&a do sil,n&io de A$raão%
3D.6)+.6# D%N T$e E1ception as Reinforcement of t$e Et$ical (orm# p% 3?%
?G)AMMR;# G%N Don Juan, !austo e o Judeu Errante em )ier*egaard # p% I%Temor e Tremor # p% 1%@*dem# p% 1%
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uando De 6ilentio airma :ue Oa ti&a e/igia a maniestação e punia o o&ultoP # ele enun&ia
Custamente o ra&asso do ti&o na:uilo :ue es&apa ao geral# ou seCa# na repetição en:uanto uma
tarea da li$erdade# uma pro"ação% :ue &om ela se instaura no religioso portanto o telos :ue
ultrapassa a determinação do e&hamento da totalidade ti&aN o mo"imento# a *inesis da repetição
não pode dar-se sem :ue a ti&a seCa portanto trans&endida em nome de um o$Ceti"o mais alto :ue
ela própria% A pro"ação# :ue Desro&hes &hama de Oum esorço &ontra DeusP I# maniestaria nesse
sentido uma relação genuína &om o di"ino pre&isamente na medida em :ue esta ultrapassa a
&on&epção de Deus &omo um prin&ípio instaurador do ti&o-uni"ersal# e passa a ser a instn&ia do
a$soluto :ue possi$ilita :ue o indi"íduo "enha a ser ele mesmo% Mas o mo"imento de
ultrapassagem da ti&a entendido &omo uma suspensão# e não &omo uma transgressão# no sentido
de :ue o &a"aleiro da # ou a e/&eção# não a4em pou&o &aso do geral ou se prop<em a des&onstruí-
lo# mas mantm &om ele uma relação dialti&a em :ue ele mantm a sua "alidade positi"a# ou seCa#
reali4a# &om relação J ti&a# o mo"imento da resignação infinita# :ue pre&ede Custamente a
repetição% De 6ilentio des&re"e :ue o &a"aleiro da O&on"erte em resignação ininita a prounda
melan&olia da "idaN &onhe&e a eli&idade do ininitoN e/perimentou a dor da total renQn&ia J:uilo
:ue mais ama no mundo Z% .# no entanto# toda essa representação do mundo :ue ele igura
no"a &riação do a$surdoP%
A resignação ininita o :ue permite# portanto# a repetição pelo a$surdo# o mo"imento da %
De 6ilentio e/pli&a da seguinte orma( Oa resignação ininita o Qltimo estEdio :ue pre&ede a #
pois ningum a al&ança antes de ter reali4ado pre"iamente esse mo"imentoN por:ue na resignação
ininita :ue# antes de tudo# tomo &ons&i,n&ia do meu "alor eternoP I0% A &ons&i,n&ia do eterno o
:ue dE a su$stn&ia J ideia :ue permane&e# para ele# o a$soluto# a Osu$stn&ia da sua "idaPI1 diante
da :ual# mas tam$m somente em unção da :ual# todo o resto ad:uire signii&ado% A resignação
ininita o :ue p<e a ideia &omo o eterno# e por isso denominada en:uanto um mo"imento
ininitoN &aso ela não se d,# tem lugar então a multipli&idade inorme e o es:ue&imento de siN a
resignação ininita# portanto# depende in&ondi&ionalmente do mo"imento da re&ordação(
Oas nature4as proundas nun&a perdem a re&ordação de si mesmas e nun&a podem &hegar aser outra &oisa :ue o :ue CE oram% &a"aleiro# portanto# re&ordar-se-E de tudo# mas essa
re&ordação serE pre&isamente a onte da sua dorN no entanto# graças J sua ininita resignação#
en&ontra-se re&on&iliado &om a "idaPI2
"ín&ulo da orça representada por este tipo de mo"imento na re&ordação mostra seu &arEter de
repetição :uando De 6ilentio di4( Oo &a"aleiro não a$andona a resignação# o seu amor &onser"a a
*dem# p% 1@2%ID.6)+.6# D%N T$e E1ception as Reinforcement of t$e Et$ical (orm# p% 30%Temor e Tremor # p% 132%
I0*dem# p% 13%I1*dem# p% 132%I2*dem# p% 133-13?%
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res&ura do primeiro momento# não o dei/a nun&a e isso pre&isamente por:ue reali4ou o mo"imento
ininitoPI3% A:ui ela apare&e não &omo um a$andono &onormado da:uilo :ue dE enseCo J ideia#
mas pre&isamente alude J sua eeti"idade reatuali4ada a todo momento# em :ue a originariedade
"irginal do primeiro reatuali4ada não por meio de uma re&ordação ineeti"a# mas por meio de um
parado/o :ue le"a em &onta a impossi$ilidade eeti"a do ato% A re&on&iliação a e/pressão da
resignação nesta impossi$ilidade# e a repetição seria esta &ontradição ele"ada J pot,n&ia do
parado/oN mas por isso mesmo a resignação ininita ainda não o mo"imento eeti"o# a tarea da
li$erdade# mas sim Oo repouso# a pa4 e a &onsolação no seio da dorPI?%
Desse modo# :uando +onstantius e/&lama da disposição do Co"em apai/onado :ue Otanto os
heróis :uanto os &o"ardes# não estarão todos eles de a&ordo :ue a "ida uma torrente% +omo pode
arranCar-se uma tão lou&a ideia e# &oisa# :ue ainda mais lou&a# :uerer a4er dela um prin&ípioP I#
ele próprio termina por arrogar-se a:uela Onature4a ineriorPI@# e se mostra in&apa4 de "er na
impossi$ilidade o a$ismo do parado/o em :ue inalmente se poderia Otradu4ir a idealidade em
realidadePI% De 6ilentio# ao airmar :ue# de um amor de tal nature4a# os Oes&ra"os miserE"eis#
sapos atolados no pntano da "ida# e/&lamarão sem dQ"ida :ue lou&ura# tal amor_PII# tem em mente
Custamente a postura de +onstantius diante do amor do Co"em# :ue# alm de tentar $urlE-lo na
multipli&idade do rugal e su$stituí-lo por outra relação mais prosai&a# ad"erte o Co"em a&er&a dos
perigos en"ol"idos no le"E-lo Js Qltimas &onse:u,n&ias e J repetição# ao &omparE-lo &om o Co"em
do poema de erder# :ue O:ueria de"eras a repetição# por isso te"e-a# e a repetição matou-oP I% A
morte pela repetição não a:ui de ato a repetição plena# mas a resignação ininita# o repouso e o
alento na própria dor% Resse sentido# +onstantius en&alha Custamente na resignação ao &onundi-la
&om a repetição# e permane&e pois Otran:uilamente sentado no :uartoP 0 en:uanto a "ida passa J
rente da sua superioridade &ontemplati"a%
A resignação passa a &onstituir um mo"imento ininito ali onde a todas as possi$ilidades
humanas en&ontram-se esgotadasN nesse sentido# a ideia# &uCo &arEter meramente ideal# ou
&onser"a a possi$ilidade apenas na idealidade# não pode nesse sentido ser mais a&reditada a não ser
em "irtude do a$surdo% mo"imento da de"e &omeçar no deronte do in"idíduo &om aimpossi$ilidade a$soluta# e# para 6ilentio# Odo ponto de "ista do ininito# su$siste a possi$ilidade no
seio da resignaçãoP1% A dor do "alor perdido na initude se &onsola &om o ganho na eternidade#
I3*dem# p% 13?%I?*dem# p% 13%I Repetição# p% I0%I@Temor e Tremor # p% 133%I*dem# p% 132%II*dem# p% 132%
I Repetição# p% I0%0*dem# p% I1%1Temor e Tremor # p% 13@%
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Osem ser entretanto por isso um a$surdo para a ra4ãoP2% A orça :ue sustm a resignação e o
repouso no seio da dor não pode# então# ad"ir da própria resignação# mas do mo"imento ininito :ue
sustenta a impossi$ilidade atra"s do a$surdo# ou seCa# a % Resse sentido# esta Qltima não en&ontra-
se plenamente presente no mo"imento da resignação em si# mas a &ons&i,n&ia eterna nesse sentido
CE a &ondição para :ue o limiar do salto da repetição seCa eetuado% +omo mostra Grammont( Oo
a$surdo &onsiste em :ue# pela lógi&a# o indi"íduo não V&r,V mais em nenhuma alternati"a# mas
&onser"a a possi$ilidade no seio da resignação do ponto de "ista do ininito# ou seCa# atra"s da % A
resignação ainda não a # mas o :ue ad:uiro no meio dela a minha &ons&i,n&ia eternaP3% :ue
o Co"em &hama de e/istir graças J orça do pensamento a orma de "ida em :ue a Oorça do
espíritoP o enseCo para :ue se eeti"e o mo"imento do salto# e a resignação ininita d, lugar J
&ategoria da pro"ação(
Oantes disso e"idente :ue o indi"íduo não e/iste graças J orça do pensamento% ual:uer
e/pli&ação possí"el e o tur$ilhão da pai/ão estE J solta% Reste parti&ular# só os homens :ue
não t,m uma representação ou então :ue t,m uma indigna representação do :ue seCa "i"er na
orça do espírito a&ham ter rapidamente resol"ido o assuntoP?
A resignação# en:uanto um repouso imó"el diante do :ual trans&orre todo o lu/o da "ida#
de"e portanto ser asso&iada ao aeterno modo da e/peri,n&ia estti&a# :ue não pode senão ser
&on&e$ida en:uanto uma &ontemplação passi"a# em :ue a tarea da repetição ainda não oi postaN #
portanto a ineeti"idade do mo"imento na ti&a% Mas# na medida em :ue ela instaura um modo de
"ida em :ue o indi"íduo se &onstitui negati"amente atra"s da perda da possi$ilidade eeti"a# entãoela &onsiste tam$m numa resolução da ti&a no estti&o# em :ue o ti&o na sua insui&i,n&ia a$di&a
do mo"imento e retorna J &ontemplação% A repetição ti&a# :ue# segundo +aputo# O a &onstn&ia e a
&ontinuidade da es&olha pela :ual o indi"íduo se &onstitui &omo talP# de"e ser a:ui a$di&ada# e hE
portanto uma similaridade &om a repetição estti&a# :ue# por não ser auto&onstituti"a# nesse sentido#
signii&a o mesmo :ue a aus,n&ia de mo"imento% .sta insui&i,n&ia tem origem na própria
indi"idualidade ti&a# :ue em Qltima instn&ia não &apa4 de sustentar a si própria a partir de si
prórpia% A e/peri,n&ia do ti&o na resignação ininita portanto a do indi"íduo auto&onstituti"o
&omo uma ilusão(
Ono ti&o# o indi"íduo ne&essita apenas de si mesmo# e isto uma ilusão% Z A
repetição ti&a mantm a ilusão de :ue uma "ontade resoluta &om $oas intenç<es
$asta para &onstituir o indi"íduo# para manter o homem &omo um todo# :ue e:uilí$rio
possí"el entre os atores estti&os e ti&os na personalidadeP@
2*dem# p% 13@%3G)AMMR;# G%N Don Juan, !austo e o Judeu Errante em )ier*egaard # p% 0%? Repetição# p% 120%
+A'!;# L%N Radical 8ermeneutics# p% 30%@ Alusão ao título do segundo &apítulo do segundo "olume de Eit$er# r # :ue es&rito pelo Lui4# o personagem ti&o
por e/&el,n&ia% S% *dem# p% 31%
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Resse sentido# a resignação "in&ula-se ao estado de suspenso gradu em :ue o Co"em se
en&ontra na:uilo em :ue a ti&a en&ontra-se prestes a ser suspensa em nome do parado/o# o :ue
tam$m uma &ondição para :ue seCa posta a espera pela tempestade% Ra resignação# a$andona-se a
tarea da Orepetição &ontínua# :ue tão dií&il :uanto uma primeira apro/imaçãoP% &onteQdo da
su$Ceti"idade no "ir-a-ser do indi"íduo ela própriaI# e por isso o indi"íduo não se &onstitui
:uando dela se a$di&a% Ra suspensão# o indi"íduo ti&o oi perdido# e de"e então ser re&uperado na
repetição% Resse sentido# a repetição a sen$a para o ti&o no sentido de :ue ela o suplementa#
:uando ela ", a si mesma ra&assando no seu próprio pressuposto% .ste ra&asso &onsiste na mesma
arti&ulação :ue a metaísi&a mantm &om a repetição# a de nauragar no seu próprio interesse%
Osorimento ti&o &ausado pela &ons&i,n&ia desta ina$ilidadeP :ue mostra Moone> se dE em
"irtude do prin&ípio ti&o ser# en:uanto e/ig,n&ia de Opura idealidadePI00# &omo o mostra
auniensis# uma determinação alheia ao indi"íduo% Assim# a realidade da e/ist,n&ia ti&a nun&a
en&ontra-se J altura da sua e/ig,n&ia# pois a &isão entre o real e o ideal ela própria um pressuposto
do ti&o &omo e/terioridade alheia ao indi"íduo# no :ue ela en&ontra-se de ato perdida diante do
por a si mesmo deste% A ti&a não &on&ede nada ao indi"íduo# mas tam$m não resiste :uando ele
p<e a si próprio# o :ue não pode dar-se senão &omo e/&eção%
indi"íduo :ue de"m nessas &ir&unstn&ias não &onsiste no eu puro e "a4io so$re a :ual a
lei ormal# tam$m "a4ia# do ti&o en:uanto uni"ersal a$strato se so$rep<e# mas sim a própria
su$stn&ia &uCo "alor supremo de&isi"o diante da própria "alidade uni"ersal do ti&oN mas este
mo"imento não # ele próprio# de &arEter ti&o# mas um mo"imento religioso e parado/al% Atra"s
da resignação# tudo posto in suspenso para :ue o indi"íduo en&ontre-se ao inal de tudo &onsigo
próprio# mas nisso ele próprio a$re mão da sua determinação mais íntima( ele próprio se torna o
negati"o% ;oda"ia# reali4ar a repetição impli&a em :ue ele de"a ser &apa4 tam$m de perder a si
mesmo para ganhar a si próprio no"amenteN a re&ompensa para a:uele :ue reali4a o mo"imento da
o :ue De 6ilentio des&re"e &omo Oeu próprio na &ons&i,n&ia de minha eternidade# mergulhado
em uma $em-a"enturada harmonia &om o meu amor pelo ser eternoPI01% uando De 6ilentio di4 :ue
a resignação Oum mo"imento estritamente ilosói&oPI02# ele reere-se J &apa&idade :ue oselementos do mo"imento ilosói&o# :ue ele e/emplii&a &omo a ironia e o humor I03# t,m de
es"a4iar o &onteQdo positi"o do seu o$Ceto ao reletirem so$re si próprios# no :ue ele "em a
signii&ar do ponto de "ista da e/ist,n&ia uma orma de resignação eeti"a% Mas isso tam$m
!ear and Trem"ling# Repetition# p% 32%I S% *dem# p% 32% MR.[# .%N Repetition@ Getting t$e >orld ac* # p% 2%I00 .onceito de AngHstia# p% 1%
I01 Temor e Tremor # p% 13%I02 *dem# p% 13%I03 *dem# p% 13%
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impli&a em :ue &om ela nada Oalm da minha &ons&i,n&ia eternaPI0? de ato se ganha# e por isso ele
tam$m a resignação não impli&a a # mas a re:uer a resignaçãoN para :ue a repetição a&onteça#
ne&essErio :ue tudo se per&a# para :ue tudo se "olte a ganhar%
Resse sentido# o mo"imento da resignação o mo"imento &ontrErio ao da % ra# se o salto
da des&rito por De 6ilentio pode de algum modo ser des&rito &omo uma repetição# então a
analogia da resignação &omo um mo"imento &ontrErio J repetição se dE Custamente na sua
semelhança &om a recordação% De ato# a:uele :ue se disp<e a re&ordar CE um resignado# algum
:ue &hegou ao im de uma relação# :ue pHs a termo a:uilo :ue para ele mais tinha signii&ado% Disto
pode-se deri"ar não somente :ue a re&ordação seria um mo"imento ne&essariamente anterior#
em$ora &ontrErio# J repetição# da mesma orma :ue a resignação &onstitui um mo"imento anterior
ao da N &omo tam$m :ue a resignação portanto uma orma de mo"imento inaut,nti&o#
dire&ionado para trEs# o :ue a4 &om :ue De 6ilentio# na sua in&apa&idade de reali4ar o Omo"imento
místi&oPI0 em "irtude do a$surdo# assemelhe-se &om o +onstantin +onstantius# :ue &apa4 de
&ir&una"egar-se# mas não de ele"ar-se a&ima de si mesmo% . se o limiar da li$erdade estti&a
atingido &om a insui&i,n&ia :ue a re&ordação representa diante da realidade eeti"a e da
ne&essidade de nela se orientar# no mesmo passo segue o desespero do ti&o em "irtude da
insui&i,n&ia da resignação para &om a e/ig,n&ia da ti&a# a :ual permane&e um poder :ue o$riga#
uma orça tirni&a :ue termina por rea&ender no indi"íduo um deseCo por uma li$erdade a$strata
:ue# não o$stante# pare&e para ele mais atrati"a do :ue a mera e/terioridade da norma% Ra medida
em :ue tal deseCo portanto uma pulsão de uma indi"idualidade negati"a# es"a4iada pela orça do
geral# ele surge &omo uma orça :ue se op<e J determinação do ti&o# mas :ue nisso aponta
no-amente para o est+tico# e &om isso não resol"e o pro$lema# mas &ria a mE-ininitude de um
em$ate interminE"el entre o ti&o e o estti&o# e :ue rompe &om a totalidade do Oe:uilí$rio entre o
ti&o e o estti&oP re:uerido pelo prosaísmo do ideal ti&o%
mo"imento da resignação # portanto# ne&essErio para a eeti"idade do religioso# mas não
o sui&iente% Co"em da Repetição en&ontra-se resignado# pois# na arti&ulação da sua personalidade
melan&óli&o-poti&a &om o seu amor-re&ordação# o :ue permite &onsiderar a sua igura &omo umdelineamento estti&o do signii&ado da resignação ininita em paralelo &om o mo"imento da
re&ordação% 6e# para De 6ilentio# a resignação &onser"a no seio da dor ainda uma possi$ilidade :ue
impede o "ir-J-tona do parado/o# &uCa &ondição Ore&onhe&er a impossi$ilidade de todo o &oração
e &om toda a pai/ão da sua almaPI0@# a re&ordação do Co"em &onsiste para ele numa possi$ilidade#
ainda :ue meramente poti&a# de atuali4ar o seu amor pela moça% A sua repetição# :ue "em para ele
na orma do &asamento desta# &onigura-se então no ad"ento efeti-o da impossi$ilidade# a partir do
I0? *dem# p% 13%I0 *dem# p% 13I%I0@ *dem# p% 13@%
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:ue ele ",-se re&uperado para si próprio% Mas &omo o seu &arEter melan&óli&o e o seu sorimento
poti&o &ara&teri4am a sua personalidade por meio de uma determinação estti&a# então a sua
repetição en&ontra-se muito mais apro/imada do estti&o do :ue a:uela e/emplii&ada por A$raão%
*sso se &ompro"a por meio da rele/ão da persona do Co"em em Ló# em :uem Custamente ele ", o
confinium do po+tico com o religioso% .sta pro/imidade serE posta em "istas em seguida%
K limiar entre o est+tico e o religioso
Do ponto de "ista religioso# a determinação da resignação ininita &omo uma perda
transigurada no seu oposto# e# em "irtude do a$surdo# tudo o :ue se ha"ia perdido resta$ele&ido
&om um duplo ganho de signii&ado% A renQn&ia :ue permeia todo mo"imento religioso transorma#
nesse sentido# o próprio signii&ado a$soluto da:uilo :ue se perde e da:uilo :ue se ganha( um se
transigura no outro a$solutamente# e a perda a$soluta &onstitui-se &omo um ganho a$soluto% Resse
sentido# a possi$ilidade positi"a :ue permane&e no mo"imento da resignação por si só não
suspensa num mo"imento negati"o :ue re"ela a impossi$ilidade# mas esta se re"ela no próprio
ad"ento da % Dito deste modo# a renQn&ia dei/a em a$soluto de ser uma perda# pois a:uilo :ue se
perde a$solutamente &onstitui no religioso um ganho a$soluto% *sso se tradu4 em :ue# do ponto de
"ista do religioso# a realidade eeti"a do -alor ti&o &onstitui-se a partir da sua impossi"ilidade
efeti-a# da mesma orma :ue# na estti&a# &onstitui-se a realidade eeti"a da "eleLa% ;anto a $ele4a
:uanto o "alor são# nesse sentido# superados na:uilo :ue &are&em por si só en:uanto idealidade# ou
seCa# a presença plena de sentido%
A es&olha# en:uanto conditio sine &ua non do ti&o# se &ara&teri4a anteriormente &omo o
momento em :ue a realidade eeti"a en&ontra-se posta parado/almente# o :ue a deine portanto
&omo uma renHncia negati-a# em :ue a dualidade ti&a-estti&a não # em Qltima instn&ia#
resol"idaI0# na medida em :ue interp<em-se uma J outra sem :ue nenhuma en&ontre seu
undamento na sua própria idealidadeN e por isso auniensis di4 :ue a tarea de des&re"er o
mo"imento religioso a de le"ar Oa idealidade deseCada pela estti&a a en&alhar na idalidade e/igida pela Kti&a# a im de a4er surgir desses em$ates a idealidade religiosa &omo a:uela :ue Custamente
a idealidade da realidade eeti"aPI0I% Resse sentido# sem :ue a idealidade seCa posta ade:uadamente
atra"s da renQn&ia# o mo"imento se dE apenas nos liames do ti&o e do estti&o# em :ue am$as
nun&a se &omplementam na nostalgia latente :ue possuem da sua &ontrapartida% Do ponto de "ista
I0 !m dos irHni&os ra&assos de +onstantius em "er a repetição# a:uele em :ue o droguista deende a "alidade estti&ado &asamento após ter-se &asado# sendo Oe/tremamente $em-su&edido# tanto :uanto da Qltima "e4 o ora :uandotratara de pro"ar a pereição do estado de solteiroP# e/pressa $em a relati"i4ação da suprema&ia da "itória do ti&o
so$re o estti&o :ue se deu em Eit$er# r # $em &omo a "a&uidade de um ponto de "ista ti&o :ue termina porredu4ir-se ao estti&o &aso não en&ontre um undamento mais proundo do :ue ele próprio% +% Repetição# p% %
I0I .onceito de AngHstia# p% 1%
1@I
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estti&o# a resignação ininita 7 :ue pre&edida pelo arrependimento da es&olha ti&a 7 &onstitui
uma ação de mau-gosto :ue não &on&ilia uma totalidade harmHni&a% Mas hE# neste tornar i/a a
determinação da es&olha sem :ue# no entanto# se d, um a$andono eeti"o da possi$ilidade# um
&arEter :ue no undo permane&e meramente e/terior# &omo se ainda se tratasse de uma
performance# na medida em :ue ainda Ca4 no mago do ti&o uma nostalgia pelo estti&o% A
idealidade deseCE"el :ue &onstitui o estti&o de"e ser posta de lado por meio do arrependimento# o
:ual no entanto tem &omo &ondição a sua própria e/teriori4ação para :ue seCa "alidado% A "alidação
do arrependimento # &omo no ti&o :ue Culga# tam$m e/terior# e só depende do indi"íduo :ue a
perorma na medida em :ue este não &on&e$ido em sua indi"idualidade%
Desse modo# a aludida &on&ordn&ia entre a e/ist,n&ia e o &on&eito# :ue no te/to da
Repetição representada por Ló e o seu mote Oo 6enhor deu# o 6enhor tomou# lou"ado seCa o nome
do 6enhorP# $em &omo a relação deste &om a ação de lou"or a ele asso&iada# a4 &om :ue o ato
religioso de Ló possa ser "isto &omo uma ação perormEti&a# mas nem por isso menos genuína 7
em$ora tam$m sua autenti&idade não se d, apenas em unção disto% .ri9sen o &onirma :uando
mostra :ue Oa signii&n&ia de Ló não estE no :ue ele disse# mas no :ue e4% Z K o ato de o seu
dito ser um eito :ue e4 dele um genuíno VprotótipoV para a humanidade# antes de seu VproessorVPI0%
A perorman&e poderia# nesse sentido# &onstituir um momento estti&o em :ue o eito &oin&ide &om
o ditoN ainda :ue a perorman&e seCa para o artista o inessen&ial# ela :ue eeti"a o $elo na ação# o
:ue a torna a &ondição para :ue o artista "enha a ser ele próprio% A perorman&e de Ló tem# pois# o
&arEter de uma pre&e# :ue &ondi&iona a própria seriedade do dito diante do perormadoN &omo
mostra .ri9sen# Oo signii&ado das pala"ras de Ló dependem então do seu &arEter perormati"o
en:uanto pre&ePI10% 'ara ele# o signii&ado ad:uire "alor positi"o na medida em :ue Oo momento da
pre&e signii&a a completude# não no sentido de :ue ele realiLa os &lamores do passado# mas no
sentido de :ue ele silen&ia estes &lamores ao tradu4ir ganho para dEdi"aPI11% ato de Ló não ter
repetido seu mote mostra :ue o sil,n&io te"e seu lugar no :ue tudo o :ue ele possuía oi
transigurado para uma dEdi"a di"ina# e &uCa perda portanto seguida de um agrade&imento( Oao
tradu4ir o seu ganho e perda para as &ategorias do dar e tomar de Deus# ele oi &apa4 de "er o seu passado &omo &ompletoPI12%
6e 8ier9egaard deine a pre&e &omo um Oesorço &ontínuo para atingir a "erdadeira
interioridadePI13# então a sua perorman&e# ainda :ue# para :ue seCa pensada ade:uadamente# de"a
ser im$uída do &arEter da seriedade# &arrega um elemento estti&o undamental :ue não pode ser
ignorado% Ainda :ue a apresentação de Ló &omo um Oprotótipo religiosoP tenha sido eita no intuito
I0 .)*86.R# R% R%N )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition@ a Reconstruction# p% ?3%I10 *dem# p% ?3%
I11 *dem# p% ??%I12 *dem# p% ??%I13 O ;o pra> means &ontinual stri"ing t a&hie"e the true in=ardnessPN !ear and Trem"ling# Repetition# p% 32I%
1@
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de aastar uma interpretação mais apai/onada :ue se &oaduna &om o e/perimento psi&ológi&o I1?#
esta Qltima a :ue predomina no te/to# e :ue em Qltima instn&ia permite apro/imar o estti&o do
religioso de maneira a mostrar o confinium% silen&iamento# :ue em A$raão se tradu4 na :uietude
da sua "iagem de tr,s dias at o lo&al do sa&rií&io# ad:uire em Ló o &arEter do :ue .ri9sen &hama
de &uietude no agradecimento% Ro entanto# o elemento do sil,n&io presente na gratidão da de Ló
ele próprio anterior ao ad"ento da plenitude da repetiçãoN o :ue se tradu4 na ala do Co"em# :uando
di4( O:uando tudo para# :uando o pensamento se imo$ili4a# :uando a língua se &ala# :uando a
e/pli&ação regressa desesperada J &asa 7 aí tem :ue a&onte&er uma tro"oadaP I1% sil,n&io do
Co"em neste limiar se relete# por sua "e4# na sua e/ig,n&ia de sil,n&io tam$m por parte de
+onstantius en:uanto seu &onidente# em :ue a sua postura se mostra am$ígua( OA minha posição
en:uanto &onidente ainda mais &ríti&a# por:ue ele ainda mais "irginal em relação aos seus
mistriosN i&a in&lusi"amente 4angado :uando aço a:uilo :ue ele insistentemente de mim e/ige 7
:uando i&o em sil,n&ioPI1@%
ineE"el da repetição aut,nti&a :ue o Co"em eeti"a e :ue a institui &omo uma e/peri,n&ia
religiosa gera essa du$iedade do mal-entendido# em :ue se e/ige tanto o sil,n&io &omo um
a&onselhamento :ue de todo modo nun&a serE sui&iente ou ade:uadoN e :ue transorma o sil,n&io
na sua mar&a positi"a :ue indi&a pre&isamente a sua proundidade# ao in"s de &onotar uma
"a&uidade dis&ursi"a ou uma &ar,n&ia &on&eitual% Resse sentido# o sil,n&io pode ser tratado &omo
uma e1pressão est+tica negati"a do religioso# mas :ue não aponta para uma negati"idade
&onstituti"a de uma e/peri,n&ia &arente de si mesma no seu mo"imento% sil,n&io# nesse sentido#
de"e ser distinguido do mutismo# e a nsia do Co"em em &oniden&iar sua melan&olia para
+onstantius re"ela sua in&apa&idade de &alar-se e e/pressar-se por meio da Olinguagem
&odii&adaPI1 :ue o sil,n&io le"ado a &a$o permite arti&ular# e em :ue ele se torna um indí&io de
uma O&on"ersa pri"adaPI1I# em :ue a idealidade estti&a se desenrola% A interioridade :ue a4 do
Co"em um poeta a instn&ia da ideia em mo"imento no sentido de :ue nela a idealidade en&ontra-
se no seu "ir-a-ser# &uCa e/pressão e/terior# en:uanto mero "ir-a-ser su$Ceti"o# sempre um sil,n&io#
mas :ue em seguida dE lugar a uma e/pressão estti&o-poti&a :ue# &ontudo# não anula a "alidade positi"a da:uilo diante de :ue o sil,n&io ne&essErio%
.sta per&epção do sil,n&io so$ a ru$ri&a do estti&o $em apontada por Mel$erg# :ue
&ara&teri4a o sil,n&io do Co"em &omo um Osil,n&io su$limePI1% A guinada religiosa do Co"em se
mostra na transormação do inal triste de sua história num sentimento ininito de reno"ação# em
I1? +omo admite 8ier9egaard numa nota a"ulsa# em :ue ele e/pli&a a dierença do Ló da Repetição do Ló do dis&ursoedii&ante :ue ele mesmo es&re"era% +% !ear and Trem"ling# Repetition# p% 32I%
I1 Repetição# p% 123%I1@ *dem# p% I%
I1 *dem# p% ?@%I1I +% !ear and Trem"ling# Repetition# p% *T%I1 M.B.)G# A%N Repetition Min t$e )ier*egaardian sense of t$e term4# p% @%
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:ue Oo Co"em pare&e preparado para interpretar o dese&ho ineli4 de maneira eli4# &omo uma
VrepetiçãoV realPI20% Ainda :ue tal mo"imento seCa permeado por uma Oironia pesadaPI21# ele e/pressa
uma e/peri,n&ia &uCo &arEter em Qltima instn&ia poti&oN o :ue não poderia se dar de outra orma#
CE :ue a melan&olia do Co"em pare&e ser undada num segredo :ue apenas se insinua no te/to# e &uCa
aus,n&ia maniestamente presente mostra :ue ele en&ontra-se o tempo todo J espreita% A o&asião em
:ue +onstantius o nota se dE :uando :ualii&ado pelo Co"em de Opertur$ado mentalPN daí ele
entende :ue o Co"em Oagora tem de&erto um segredo# um segredo mais íntimo do :ue o mais íntimo
dos segredos# e esse segredo estE guardado por um &iQme :ue tem mais de &em olhosP I22% seu
segredo se &onirma no sil,n&io# e reletido em Ló no momento em :ue o Co"em airma :ue
Osomente em silhueta aper&e$o-me de Ló# :ue estE sentado Cunto J lareira# e dos seus amigosN mas
ningum di4 pala"raN porm este sil,n&io es&onde em si todos os horrores# &omo um segredo :ue
ningum ousa nomearPI23% ra# se o ineE"el do religioso en&ontra-se agarrado ao sil,n&io en:uanto
Qni&a orma de e/teriori4ação do seu sentido proundo# então este sil,n&io en&ontra-se en&errado no
poti&o &omo seu su$strato Qltimo# da mesma orma :ue o próprio religioso o su$strato da ideia
:ue se mo"e na disposição poti&o-religiosa do Co"em% Resse sentido# o poti&o en&ontra-se
determinado em unção do religioso# sem :ue no entanto a sua e/teriori4ação na orma de
linguagem &onstitua por si um ruído &apa4 de :ue$rar a proundidade do sil,n&io do seu
undamento Qltimo% 'or isso ele &apa4 de atri$uir a Ló uma elo:u,n&ia suprema &apa4 de e/primir
a Opai/ão da dorP :ue Oem parte alguma en&ontrou tal e/pressãoPI2?# ao mesmo tempo em :ue a ele
atri$ui uma interioridade insondE"el pelo dis&urso direto# a não ser pelo poti&o &al&ado no sil,n&io%
A pergunta ruidosa so$re a possi$ilidade da repetição# &uCo $arulho &onsiste nas repetidas
"e4es em :ue ela &olo&ada e nas repetidas "e4es em :ue sua resposta negati"a reiterada no te/to#
e/pressam pre&isamente a instn&ia em :ue a repetição ainda não oi posta &omo uma tarea
assumida pela indi"idualidade# e em :ue o estti&o ainda não en&ontrou a orma poti&a do religioso
en:uanto seu su$strato% Osil,n&io su$limeP# nesse sentido# a e/pressão da atualidade da
repetiçãoN en:uanto su$lime# aponta para esta instn&ia :ue en&ontra-se para alm da linguagem#
mas :ue nesse apontar indi&a tam$m o des&ompasso temporal :ue hE entre a linguagem e a&apa&idade dela e/primir a atualidade presente# :ue e/pressa por meio de metEoras :ue os&ilam
entre o &u e o a$ismo# a Qria e a &almaria prounda(
OA&a$ou# a minha &anoa CE "oga# no minuto seguinte estarei de no"o lE onde esta"a o deseCo
da minha alma# lE onde as ideias espumam &om Qria elementar# onde os pensamentos se
erguem ruidosamente &omo as naç<es nas migraç<es dos po"os# lE onde em outras alturas hE
I20 *dem# p% @%I21 *dem# p% %
I22 Repetição# p% I%I23 *dem# p% 11%I2? *dem# p% 11?%
11
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uma :uietude semelhante ao proundo sil,n&io dos Mares do 6ulPI2
.stas metEoras indi&am não só a aus,n&ia de sentido Oa minha &anoa CE "ogaP do mo"imento
os&ilante entre a altura e a proundidade# entre o sil,n&io e a Qria ruidosa no erguer-se da ideia# e a
tempestade :ue se &oe/iste &om o proundo sil,n&io do mar% su$lime então mostra-se em "oga
&omo uma e/pe&tati"a da presença dupla Otanto do a$ismo :uanto dos &usPI2@# em :ue Oo deseCo do
te/to por um agora pri"ilegiado pode ser reali4ado apenas alm de uma linguagem de sentidoPI2%
A linguagem para alm da linguagem :ue &apa4 de e/pressar o &arEter do sil,n&io de"e
ultrapassar a determinação direta do sentidoN tal a &ara&terísti&a da comunicação indireta do
dis&urso 9ier9egaardiano% 'ortanto# pode-se di4er :ue o poti&o desta meta-linguagem 7 cuja auto%
refle1i-idade indica precisamente uma repetição efeti-a 7 ade:uado ao &arEter estti&o do su$lime
Custamente na medida em :ue seu undamento o trans&endente do sentido :ue &onstitui seu
su$strato religioso% *sso e/pli&a em parte por :ue o amor do Co"em tra4 a dupla determinação de
uma de"oção religiosa de um lado# e de outro a de :ue a moça &onstitui apenas uma o&asião para
:ue o amor en:uanto ideia seCa nele engendradoN dualidade esta :ue em momento nenhum do te/to
dada &omo peremptoriamente resol"ida% *sso se dE por:ue# at o momento da repetição# ele ama
seu o$Ceto apenas atra"s da re&ordação# muito em$ora &om a repetição o o$Ceto deste amor
en&ontre-se de alguma orma morto para ele# &omo a moça :ue se &asa &om outro% uanto a isso#
e/pli&a .ri9sen# Ore&ordE-lo no amor não amE-lo# mas dei/E-lo ser uma o&asião para :ue o amor
desdo$re a si mesmo na:uele :ue o re&ordaP I2I% A transfiguração po+tica :ue se &onstitui en:uanto
elemento da repetição tem um eeito so$re a linguagem :ue pode ser e/pli&ado &omo umaapropriação interior da:uilo :ue perde a sua eeti"idade na realidadeN nele# a linguagem dei/a de
&onstituir uma determinação o$Ceti"a da realidade :ue pretende e/pli&ar# e redire&iona sua
inten&ionalidade para uma re&onstituição poti&a do o$Ceto interiormente en:uanto o&asião# no :ue
8ier9egaard &hama de transfiguração \ !or*larelse]( Oo religioso perten&e ao reino da
transiguração \ !or*larelse] antes do da e/pli&ação% A tarea &omuni&ar o religioso de tal maneira
:ue ele não se redu4a ao reino da e/pli&açãoPI2% Qni&o modo para isso introdu4ir o re&eptor da
linguagem# ou o leitor do dis&urso &omo um elemento ati"o na apropriação do sentido do dis&urso#:ue# pre&isamente pela sua "a&uidade parado/al de sentido# passa a reletir a interioridade da:uele
próprio :uem o l,( Osomente em a4endo a "erdade do dis&urso depender da apropriação do leitor
pode ser mantida a transiguração &omo e/pli&açãoPI30%
Resse sentido# argumenta .ri9sen# a passi"idade do espe&tador estti&o :ue$rada# e ele
I2 *dem# p% 132%I2@ M.B.)G# A%N Repetition Min t$e )ier*egaardian sense of t$e term4# p% @%I2 *dem# p% %
I2I .)*8.6R# R% R%N )ier*egaard9s .ategor2 of Repetition@ a Reconstruction# p% %I2 *dem# p% I%I30 *dem# p% I%
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então posto em eeti"idade en:uanto indi"íduoN disso de"eria de&orrer então :ue o paradigma
estti&o &ompletamente a$andonado e suplantado pelo religioso( Ose# no paradigma do estti&o# o
es&ritor ala com o seu leitor# no paradigma religioso ele ala atra-+s dele em$ora não no sentido
de manipulaçãoPI31% Ro entanto# esta airmação des&onsidera a determinação poti&a :ue oi de ato
atingida pelo Co"em# em :ue o poti&o "em a esta$ele&er-se &omo algo religiosamente determinado#
e do :ual o religioso &onsiste num su$strato Qltimo em :ue su$siste apenas a dialti&a entre a ala
poti&a e o sil,n&io ineE"el% Alm disso# tem-se o mo"imento interior da ideia# em :ue
pre&isamente o religioso esta$ele&e uma relação o&asional &om a e/terioridade% A:ui# o &on&eito de
o&asião re&e$e de"eras um tratamento distinto da:uele da esera estti&a# no :ual a interioridade
rela&iona-se &om a generalidade do e/terior en:uanto e/&eção% Mas nisso o geral "em a ser para ela
Custamente a o&asião para :ue ela assim se determine dialeti&amente# sem :ue# no entanto# a
nenhum dos dois "enha a ser negada a Custii&ação mutuamente im$ri&ada% Resse sentido# não se
pode di4er :ue a indi"idualidade religiosa do Co"em o seCa plenamente em unção da e/&lusão do
estti&o :ue permeia a re&ordaçãoN ao &ontrErio# no mo"imento da repetição# o amor-re&ordação
passa então pela transiguração :ue o transorma num amor-repetição# o :ue ele passa a signii&ar
após a ideia ser posta em mo"imento% A re&ordação :ue aponta"a para trEs# para a temporalidade
perdida# redire&ionada para rente e passa a apontar para a eternidade# :ue a repetição em
sentido pleno% Mas o signii&ado deste amor não perde desta maneira o seu &arEter estti&o# ainda
:ue apenas na medida em &ue pode ser e1pressado poeticamente# em "istas da manutenção da sua
relação &om o religioso en:uanto su$strato%
Desse modo# se no &aso de A$raão o :ue o impulsiona a reali4ar o mo"imento para rente
um ordenamento di"ino# estritamente religioso# o su$strato religioso :ue mantm a ideia em
mo"imento no Co"em p<e a am$iguidade do pro$lema no interstí&io entre o religioso e o eróti&o( o
:ue o impulsiona para rente num mo"imento :ue em alguma medida se "in&ula &om o religioso #
portanto# um sentimento de &arEter estti&o% +onstantius mostra isso na signii&ação dQ$ia :ue a
moça mantm para o Co"em( ela teria Ouma importn&ia enorme# ele nun&a poderE es:ue&,-la#
porm ela não tem importn&ia por si mesma mas sim por "ia da relação &om ele% .la por assimdi4er a ronteira para o ser deleN mas uma tal relação não eróti&aP I32% erotismo en&ontra-se
ele"ado ao Epi&e poten&ial :uando suspenso no ponto em :ue Ohumanamente alando# seu amor
não se dei/a reali4arPI33# e a partir do :ual a moça passa a signii&ar uma Ois&a no an4olP I3? :ue
Deus usa para &apturar a indi"idualidade religiosa do Co"em% Ainda :ue isso possa dar-se somente
no ponto de "ista do o$ser"ador# pois não i&a &laro em :ue medida o limiar a:ui e/&ludente ou do
I31 *dem# p% @0%
I32 Repetição# p% 0%I33 Repetição# p% 0%I3? *dem# p% 0
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estti&o ou do religioso# a &olisão mostrada por +onstantius :uando di4( Oa história de amor do
meu amigo lhe tinha dei/ado uma impressão $astante mais unda do :ue eu ha"ia suposto Z% 'ois
se esta a situação# nada lhe resta a não ser e/e&utar um mo"imento religioso% Deste modo o amor
&ondu4 um homem mais e mais para diantePI3% 6endo :ue a repetição se &onstitui &omo um
mo"imento de restauração# ela só se torna permeada pelo religioso na medida em :ue este &arEter
estti&o se en&erra na sua impossi$ilidade# de modo :ue a eeti"idade do amor :ue o Co"em sente
passa a ser a:uilo :ue de"e ser retomado no mo"imento religioso% Mas este mo"imento impli&a
tam$m em :ue a indi"idualidade &onstituída inteiramente em "irtude desta relação# &uCo Qni&o
undamento a impossi$ilidade so$ a mar&a da eternidade% ;rata-se portanto de uma relação :ue at
&erto ponto eróti&a# mas &uCa impossi$ilidade le"a J su$limação do seu mo"imento na
trans&end,n&ia do eterno%
indi"íduo# portanto# a:uele :ue en&ontra-se de posse da ideia e no eterno e em :uem ela
en&ontra-se em mo"imento em "irtude do eterno# no parado/o da realidade eeti"a em "irtude da
sua própria impossi$ilidade% mo"imento pelo :ual o indi"íduo ganha a si mesmo su&ede a:uele
em :ue ele se perde# mas no instante su$lime da repetição ele tanto en&ontra-se perdido &omo de
posse de si mesmo# em :ue# na sua O:uietude na :ual uma pessoa se ou"e a si mesma alarPI3@# ele
não mais &apa4 de e/pli&ar em :ue patamar de perda ou de ganho ele atualmente se en&ontra% ;al
dialti&a parado/al o :ue engendra o poti&o na repetição# e o :ue permite &hamar a repetição do
Co"em poeta de uma repetição est+tica% Ro entanto# esta repetição distingue-se so$remaneira da
repetição estritamente religiosa# em :ue a re&on&iliação mais prounda e o sentimento de plenitude
prepondera# na medida em :ue ani:uila o dia$óli&o da pai/ão estti&a :ue o prende J o&asião%
Co"em um poeta da repetição# tal"e4 da mesma orma :ue Lohannes De 6ilentio um poeta da (
a relação :ue o poeta mantm &om o seu o$Ceto tem a am$iguidade undamental de uma
pro/imidade aastada# e de um aastamento íntimoN e sustenta o parado/o de :ue a impossi$ilidade
real do mo"imento mais ele"ado tam$m a &ondição de sua possi$ilidade eeti"a%
A &omuni&ação indireta um elemento estti&o ruto da impossi$ilidade da repetição# e
aponta na sua insui&i,n&ia para o místi&o :ue su$Ca4 J "a&uidade do ineE"el da ideia religiosaN oseu &arEter estti&o deri"a Custamente da determinação de mera aparência :ue ad:uire então a
instn&ia :ue a arti&ula( a pseudonímia% .la &onsiste# por assim di4er# na personalidade :ue p<e a si
mesma inten&ionalmente en:uanto um simula&ro# $em &omo no mo"imento &on&eitual :ue
inten&ionalmente p<e a si mesmo en:uanto um e/perimento psi&ológi&o% Mas este &arEter de
aastamento :ue esses elementos ad:uirem no estti&o ad:uirem a nuan&e do mo"imento da
repetição# o do "elho tornando-se no"o# no instante ininitesimal do apontar para a possi$ilidade do
I3 *dem# p% II%I3@ *dem# p% 132%
1?
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místi&o Custamente na sua impossi$ilidadeN o :ue torna sal"o o estti&o na medida em :ue este
en&ontra-se a ele su$ordinado%
Do ponto de "ista do uni"ersal# o sil,n&io :ue engendra o poti&o &onsiderado &omo a
e/pressão da e/&eção# o :ue e:ui"ale a di4er :ue o sil,n&io "in&ula-se J e/&eção J norma geral na
medida em :ue esta pura e/terioridade% .ntão# o interstí&io entre interioridade e e/terioridade# em
:ue a:uela se e/pressa apenas de maneira indireta para não terminar &on"ertendo-se na outra#
pre&isamente o poti&o# mas :ue# en:uanto e/&eção# e/&lui-se a si mesmo do geral numa linguagem
&irada# &uCo hermetismo aponta para o &arEter místi&o da interioridade% +omo mostra Desro&hes#
Ono m$ito da repetição &omo uma &ategoria trans&endente# o sil,n&io e/pressa a e/&eção J
ti&aPI3% Do ponto de "ista ti&o# a e/pressão do amor do Co"em para ele impossí"el# pois a
eeti"idade da relação tornaria tudo uma tentação demonía&a( Oo meu amor não se dei/a e/primir
num &asamento% 6e o i4er# a moça i&arE redu4ida a nada% ;al"e4 a possi$ilidade lhe tenha pare&ido
tentadora% uanto a isso# não posso e"itE-loN tam$m para mim o oiP I3I% .sta impossi$ilidade
e/pressa na igura do Co"em o :ue pode ser designado &omo uma ruptura ti&a# uma suspensão
teleológi&a do ti&o% Ro entanto# esta suspensão de"e ad"ir para ele na orma do sacrifCcio da
própria eeti"idade da sua indi"idualidade# a :ual re&uperada por meio da repetição% +om eeito# a
repetição eeti"a-se no sa&rií&io atra"s da reatualiLação do -alor perdido da:uilo :ue ha"ia sido
posto &omo sa&rii&ado% A dialti&a do sa&rií&io &onigura-se &omo uma dialti&a parado/al :ue
"in&ula-se &om a e/&eção# no sentido de :ue a:uilo :ue posto para ser sa&rii&ado não perde seu
"alor na sua ani:uilação# mas# ao &ontrErio# este se ele"a% Resse sentido# o "alor# :ue se determina
no uni"ersal# ainda :ue seCa nele determinado atra"s do ti&o# de"e su$sistir J suspensão deste# a
:ual "em portanto a reinstaurar o "ín&ulo da "aloração &om o estti&o# &omo o&orre na própria
transiguração da indi"idualidade religiosa de 8ier9egaard numa personalidade esteticamente
produti-a(
O.u sou um poeta% Mas# muito antes de me tornar um poeta# eu era destinado J "ida da
indi"idualidade religiosa% . o a&to pelo :ual me tornei um poeta oi uma ruptura ti&a \um
tema em repetição] ou uma suspensão teleológi&a da ti&a \um tema em ;emor e tremor]% .am$as as &oisas me a4em :uerer ser algo mais do :ue Vo poetaVPI3
A indi"idualidade :ue se deronta &om a repetição no limiar do estti&o &om o religioso# na
medida em :ue de"e eetuar a suspensão do ti&o# e &om ele a arti&ulação ti&a de "aloração# de"e
transpor portanto o undamento desta para o estti&o tendo &omo su$strato o religioso% A:ui a
repetição mostra-se no"amente na sua relação &om a re&ordação en:uanto mo"imento( a tentati"a
I3 D.6)+.6# D%N T$e E1ception as Reinforcement of t$e Et$ical (orm# p% 31%I3I Repetição# p% 10%I3 O* am a poet% But long $eore * $e&ame a poet * =as intended or the lie o religious indi"idualit>% And the e"ent
=here$> * $e&ame a poet =as an ethi&al $rea9 \a theme in Repetition] or a teleologi&al suspension o the ethi&al \atheme in !ear and Trem"ling ]% And $oth o these things ma9e me =ant to $e something more than Vthe poetVP% Journals and Papers S* @1I Pap% T3 A I# op% &it% !ear and Trem"ling# Repetition# p% TS**%
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de repetir algo posta na medida em :ue se &al&a no "alor do :ue oi perdido# o :ue só pode ser
&onstatado neste sentido por meio da re&ordação% Resta &onstatação do "alor perdido# a re&ordação
inten&ionalmente retomada# repetida# pois dela ad"m a eeti"idade do "alor perdido e da
idealidade desta mesma retomada# :ue "em-a-ser posteriormente en:uanto atualidade do
mo"imento pleno% &arEter de tal mo"imento repetiti"o ati"o e inten&ional# no :ual su$siste
entretanto um elemento estti&o não-&ontemplati"o# em :ue o Cuí4o de "alor reatuali4ado en:uanto
Cuí4o estti&o-religioso# do :ual o Cuí4o ti&o passa a depender% A ,nase do estti&o no "elho :ue
representa o mesmo transigura-se então na perspe&ti"a religiosa em :ue o "elho su$siste en:uanto
&ondição de possi$ilidade da reno"ação de sentidoN no :ue tam$m a re&ordação mantm a nature4a
de seu mo"imento e redire&iona-o para rente%
sa&rií&io une# portanto# o poti&o &om o religioso no sentido de :ue tanto num &omo
noutro a realidade da indi"idualidade inten&ionalmente entregue J ideia &omo o$lação% Ra
repetição# o Co"em ele mesmo sa&rii&ado em seu nome# "indo a tornar-se dela um iel ser"o(
O'ertenço J ideia% 6e ela me a&ena# sigo-aN se mar&a um en&ontro# espero pelo momento dia e noite
Z% 6e a ideia me &hama# largo tudo# ou# mais rigorosamente# nada tenho a largar# ao ser leal para
&om a ideia não deraudo ningum# não aliCo ningumP I?0% *sso indi&a :ue a resolução da repetição
em ser-ir U ideia &onsiste Custamente no ponto ininitesimal do confinium# da colisão entre o
est+tico e o religioso# na medida em :ue a e/pressão desta relação a produti"idade da
indi"idualidade &omo tal# um &on&eito religioso poeti&amente determinada% Ro entanto# por trEs
disso tudo# resta a e/ig,n&ia ineE"el da idealidade religiosa :ue simplesmente não pode ser
satiseita desta maneiraN a in&omensura$ilidade da eeti"idade poti&o-religiosa do Co"em &om a
seriedade e a proundidade a$ismal do &a"aleiro da su$siste nesta relação &uCa e/pressão ad:uire
uma outra orma estti&a ade:uada a este in&omensurE"el% .sta orma # pois# a do $umorCsticoN o
poti&o :ue &ara&teri4a a e/&eção p<e-se em em$ate &om o uni"ersal apenas na medida em :ue o
sa&rií&io dado humoristi&amente# pois assim# ele não ani:uilado# o :ue &ondição para a
Custii&ação do uni"ersal% resultado deste sa&rií&io não # nesse sentido# a o$lação# mas o riso#
&uCa determinação aponta sempre para o uni"ersal% religioso no seu sentido pleno permane&einatingido pela repetição estti&a# e isto se mostra no te/to da Repetição &omo um elemento
presente atra"s do arses&o# o :ual serE posto em "istas adiante%
KK A est+tica da repetição como farsa
ogo após o relato das penQrias do melan&óli&o Co"em e da proposta da Oe/peri,n&iaP#
+onstantius passa a dis&orrer so$re a sua "iagem a Berlim# e &omo ela representa para ele uma
I?0 Repetição# p% 132%
1@
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O"iagem de in"estigaçãoP &uCo o$Ceti"o seria OpHr J pro"a a possi$ilidade e o resultado da
repetiçãoPI?1% A "iagem ra&assada mais tarde &ompreendida por +onstantius &omo uma paródia da
"erdadeira repetição no :ue di4 respeito J ideia de mo"imentoI?2% A arti&ulação negati"a :ue a
demonstração dos e/emplos ad:uirem &om relação J repetição en:uanto um &on&eito paradigmEti&o
se dE# portanto# so$ a negação atra"s do cNmico# em :ue se maniesta o in&omensurE"el entre a
ideia e a pro"aN e a "iagem de +onstantius presumi"elmente o elemento &ha"e :ue introdu4 essa
ideia( Oa "iagem de +onstantius a Berlim não algo a&idental% .la gera em parti&ular o humor para
a Posse \arsa] e a:ui ela atinge o ponto e/tremo do humorísti&oPI?3% Ro entanto# a ideia do &Hmi&o
apare&e desen"ol"ida outrossim na demorada anElise do arses&o eita por +onstantius logo em
seguida J apresentação da proposta da sua "iagem e/perimental# em :ue i&a patente o
in&omensurE"el por meio da in&ongru,n&ia do autor em ela$orar de uma maneira tão su&inta um
&on&eito ilosói&o &omple/o &omo o da repetição# e dedi&ar uma e/tensão tal"e4 grande demais a
digress<es so$re o teatro da arsa e do &Hmi&oI??% ra# na medida em :ue +onstantius ao inal do
li"ro se de&lara o autor poti&o do pro$lema :ue se mostra $asi&amente em duas instn&ias 7 de um
lado# o ra&asso de sua empreitada em Berlim# e de outro# o Co"em en:uanto suCeito da repetição 7
então o lado negati"o representado por ele próprio en:uanto personagem indi&a somente a sua
retirada e a aus,n&ia de positi"idade do seu ponto de "ista# por meio do :ual ele a$re o espaço para
a Operorman&eP do Co"em%
As representaç<es e/emplares do &on&eito de repetição :ue +onstantius apresenta a todo
momento ao longo da e/peri,n&ia apare&em# portanto# so$ a insígnia do &Hmi&o# em :ue
salientada a in&omensura$ilidade da ele"ação do &on&eito &om a realidade Custamente atra"s dos
su&essi"os ra&assos de sua reali4ação% Daí auniensis tomar a Odes&o$ertaP de +onstantius# a
Oorça e/pressi"aPI? :ue possui o &on&eito de repetição# &omo algo :ue se o&ulta por trEs das
representaç<es a ele &orrespondentes% Resse sentido# :uando +onstantius airma# na &arta de
resposta a ei$erg# :ue ele torna-se &ons&iente da seriedade da repetição pre&isamente atra"s da
&ons&i,n&ia de seu lado &Hmi&o# ele reere-se J &apa&idade :ue o humorista tem de sustentar esse
I?1 *dem# p% 3%I?2 O* also managed to &ast a &omi& light o"er the Courne> * too9 to Berlin# $e&ause mo"ement there$> $e&ame a punPN
&% !ear and Trem"ling# Repetition# p% 30%I?3O+onstantin +onstantiusVs Courne> to Berlin is not something a&&idental% e generates in parti&ular the mood or the
Posse \ar&e] and here rea&hes the e/treme point o the humorousP% *dem# p% 32@%I?? A importn&ia deste ponto de "ista estranhamente des&onsiderada pela maioria dos &omentadores# os :uaistomam a repetiti"a anElise da :uestão &omo um modo do autor de des"iar o leitor do &erne da :uestão# e tendem a o&arsua anElise na :uestão da repetição muito mais &omo uma &ategoria lógi&o-metaísi&a# &uCa seriedade imediata &ontrasta&om tudo a:uilo :ue tal"e4 possa ser sugerido por uma arti&ulação desse tipo% Resse sentido# o &Hmi&o :ue representa arepetição pode ser tomado &omo a &ategoria em :ue a ti&a ra&assa# pois aí ra&assa tam$m a seriedade por elae/igida% +omo mostra 6tuart Dalton# O:uando pressionados a &omentar so$re este estranho momento do te/to# os&omentadores &on&ordam em uma &oisa :uase uni"ersalmente( uma digressão% amor de +onstantin +onstantius pela
arsa e sua longa dis&ussão so$re o modo &omo ela perormada no 8`nigstjdter ;heater essen&ialmente lateral e pode seguramente ser ignoradaP% + DA;R# 6%N )ier*egaard9s Repetition as a .omed2 in T?o Acts# p% 1%I? .onceito de AngHstia# p% 20%
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in&omensurE"el :ue o ilósoo naturalmente despre4a(
Oa leitura repetida de um li"ro ou a apre&iação de uma o$ra de arte não podem de maneira
alguma ser tomadas &omo uma repetição em sentido pleno# pois elas ainda são passí"eis a
uma am$iguidade dialti&a# J $uonaria na repetição# algo a :ue eu esta"a parti&ularmente
atento por:ue eu esta"a atento J seriedadePI?@
+air nessa armadilha para ele redu4ir-se ao estti&o# e a:ui re"ela-se desse modo o sentido da
repetição estti&a no sentido propriamente &on&eitual# apli&E"el J o$Ceti"idade de anElise do
artísti&o( o indi"íduo nessas &ir&unstn&ias tomado &omo "a4io# pois a o$ra passa a não a4er
reer,n&ia a nada e/terior a ela própria# o :ue a es"a4ia tam$m da sua possi$ilidade de sentido%
Assim# a repetição indi&a a eeti"idade da indi"idualidade posta# mas a:ui o estti&o 7 entendido
agora &omo uma pretensão de nature4a ilosói&a 7 ultrapassado% +om eeito# a &on&epção de
8ier9egaard do ilósoo &omo um sistemati4ador &onrontada nessa perspe&ti"a# em :ue o
in&omensurE"el# na medida em :ue a limitação da linguagem por ele e/trapolada atra"s doa$ismo por ele e/pressado# "in&ulado ao ineE"el do religioso(
O humorista ele mesmo tornou-se atento ao in&omensurE"el :ue o ilósoo nun&a pode
des&o$rir e# portanto# de"e despre4ar% .le "i"e na a$undn&ia e # dessa orma# sensí"el ao
:uanto sempre dei/ado de lado# mesmo :ue ele tenha se e/pressado &om toda a eli&idade
daí a a"ersão J es&rita% sistemati4ador a&redita :ue ele pode di4er tudo# e :ue o :ue não
pode ser dito errHneo e se&undErioPI?%
+onstantius# :uando a4 uso do &Hmi&o para e/pressar o seu desespero e retirar-se de &ena
ao desistir da repetição 7 O"i"a a trompa do postilhão_PI?I# mostra-se &omo par&ialmente
determinado no in&omensurE"el na sua &ons&i,n&ia da ele"ação da repetição e da sua in&apa&idade
de al&ançE-laN toda"ia em parte apenas &omo a:uele :ue desiste# sendo :ue na &arta a ei$erg i&a
muito mais e"idente a sua determinação da:uele :ue sa$e a repetição &omo um mo"imento em
"irtude do a$surdo e da sua eeti"ação da ele"ação da &ons&i,n&ia% .sses traços espe&íi&os da
repetição religiosa não são postos e/pli&itamente por ele en:uanto personagem da Repetição# mas
sim pelo Co"emN e# so$ este aspe&to# pode-se di4er :ue o +onstantius da narrati"a se diere
sui&ientemente do +onstantius mais enEti&o# &uCo tom &ríti&o $eira o doutrinErio# do +onstantius
da resposta a ei$erg :ue &hega a apropriar-se e/teriormente da o$ra :ue ele próprio es&re"e-a
reerindo-se a ela &omo um Ope:ueno e estranho li"roPI? para :ue o primeiro seCa salientado mais
I?@O;he repeated reading o a $oo9 or enCo>ment o a =or9 o art &an $> no means $e regarded as a repetition in the pregnant sense# or it is still lia$le to the diale&ti&al am$iguit># to the Cest in repetition# something * =as parti&ularl>a=are o $e&ause * =as a=are o the earnestnessP% !ear and Trem"ling# Repetition# p% 2?%
I? O;he humorist himsel has &ome ali"e to the in&ommensura$le =hi&h the philosopher &an ne"er igure out andthereore must despise% e li"es in the a$undan&e and is thereore sensiti"e to ho= mu&h is al=a>s let o"er# e"en ihe has e/pressed himsel =ith all eli&it> thereore the disin&lination to =rite% ;he s>stemati4er $elie"es that he &ansa> e"er>thing# and that =hate"er &annot $e said is erroneous and se&ondar>P% Journals and Papers# ** A 1?0 n%d%# p%
0I%I?I Repetição# p% I0%I? !ear and Tremp"ling# Repetition# p% 2I3%
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espe&ii&amente &omo a en&arnação deste humorísti&o :ue# pre&isamente pela Odesin&linação a
es&re"erP# pre&isa re&orrer a uma linguagem &odii&adaI0 para se a4er entender de alguma orma%
+omo mostra Grcn# Oo +onstantin :ue lemos nas Anotaç7es não mais o +onstantin :ue tinha
&one/<es &om o Co"em% K o +onstantin :ue toma posse do seu li"ro e assume ser ele próprio seu
autor Z% Ras Anotaç7es# não somente o Co"em# mas o e/perimento 7 e portanto o li"ro OestranhoP
7 são retratadosPI1% A dualidade# no entanto# indi&a uma relação &omplementar# pois a &ons&i,n&ia
do &arEter de $uonaria e tam$m da seriedade da repetição são# em Qltima instn&ia# o mesmo
mo"imentoN o :ue# &ontudo# por si só não a atinge# mas tal"e4 seCa dela uma &ondição undamental%
Resse sentido# :uando +onstantius e/&lama( Oha"eria de ser a e/ist,n&ia ainda mais
enganadora do :ue um $an&arroteiro_ .sse ainda dE 0 por&ento# ou 30N pelo menos dE alguma
&oisa% &Hmi&o ainal o mínimo :ue pode e/igir-seN ha"eria tam$m ele de não poder repetir-
se^PI2# e/pressa-se o &Hmi&o &omo a:uilo a partir do :ual a repetição indi&ada# sem :ue &om ele
tam$m se &onstitua uma garantia da repetiçãoN ele se &onstitui &omo algo e/terior J repetição# mas
:ue nesta e/terioridade a delineia e aponta para a sua nature4a ele"ada Custamente atra"s do
re$ai/amento da:uilo :ue a ela não &on&erne# atra"s do :ue i&a posto o in&omensurE"el# o limite
do inito por meio do :ual se re"ela a ininitude% 'or isso o &Hmi&o ele próprio não se repete# o :ue
le"a +onstantius ao desesperoN mas ele indi&a a repetição por meio da instauração &ontínua da
&olisão entre o finito e o infinito% Ra medida em :ue ele não se repete# ele de"e ser designado &omo
uma &ategoria estti&aI3N mas &omo por meio dele "em a ser posto o in&omensurE"el# então ele
pode ser &on&e$ido &omo a forma geral da maniestação da repetição% A maniestação do
in&omensurE"el posta em outros termos na:uilo em :ue +onstantius des&re"e da proposta do
e/perimento psi&ológi&o &omo uma tentati"a de OiluminE-la no &ontraste entre a $uonaria e o
desesperoPI?# por meio do :ual ela apare&e de maneira negati"a o&asionada pela introdução do
in&omensurE"el% Ao mostrar as insui&i,n&ias da repetição tanto en:uanto e/peri,n&ia :uanto
&ategoria# são instituídas duas ormas de se en/ergar o mo"imento# nas :uais o leitor
primeiramente inserido no de&orrer patti&o do li"ro# em :ue a dor e o desespero do ra&asso
apare&e repetidamente na orma da impossi$ilidade da própria repetição# e# em seguida# e/pelido
I0 *sso se pro"a :uando se nota :ue# nas anotaç<es# as &itaç<es so$re o humorísti&o a4em &onstante reer,n&ia aamman( Oamann is still the greatest and most authenti& humorist# the genuinel> humorous )o$inson +rusoe# noton a desert island $ut in the noise o lieN his humor is not an estheti& &on&ept $ut lie# not a hero in a &ontrolleddramaP# en:uanto :ue a argumentação kVq de amman ela mesma a inspiração para a linguagem anti-herti&a de +onstantius% +% Repetição# p% 2N e Journals and Papers# ** A 13@ August ?# 1I3# p% 0I%
I1 G)R# A%N Repetition and t$e .oncept of Repetition# p% 1@%I2 Repetição# p% ?%I3 A du$iedade da relação do &Hmi&o &omo uma &ategoria estti&a :ue se rela&iona indiretamente &om a repetição se
dE no :ue ele dei/a de ser ele próprio na medida em :ue a repetição se dE a partir dele mesmo 7 uma piada &ontadaduas "e4es# por e/emplo# nun&a tem a mesma graça%
I? Ao &omparar a sua a$ordagem da repetição &om a de ei$erg# +onstantius es&re"e( O;o interpret repetition as *
ha"e $> illuminating it in the &ontrast o Cest and despair ne"er o&&urred to the proessor# $ut to &orre&t m>&on&eption &ertainl> did% As soon as =e thin9 o reedom# all the proessorVs serious 9no=ledge a$out repetition"anishes as a CestP% +% !ear and Trem"ling# Repetition# p% 31?%
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perdeu a amada# e tam$m oi &astigado &om eridas malignas a:uele :ue perdeu a honra e o
orgulho Cuntamente &om a orça e o sentido da "idaPII
utro des&ompasso :ue mar&a a relação do Co"em &om Ló a da repetição &omo li$erdadeN
&omo mostra Dalton# o inortQnio de Ló não o impediu de O&on&e$er a si mesmo &omo uma pessoa
li"re e responsE"el% Co"em# por sua "e4# &onsistentemente re&usa-se a e/er&itar a sua própria
li$erdadePI% Resse sentido# a in&omensura$ilidade de seu sorimento &om relação ao de Ló torna
inCustii&E"el a sua própria tentati"a de Custii&ação perante Deus# e ela dei/a de ser um apelo &om
um enseCo proundamente religioso e torna-se um &horamingo maçante e pueril% A sua o$sessão em
&onsiderar-se &ulpado pelo im$róglio &om a moça e# não o$stante# $us&ar a todo &usto uma
Custii&ati"a# e :ue o impede de arrepender-se e# &om isso# reali4ar o ti&o# pare&e nesse sentido
transormar-se numa apologti&a em :ue o :ue sal"a são somente prete/tos(
Oou a minha re&ompensa serE tornar-me poeta^ )e&uso toda e :ual:uer re&ompensa# e/iCo os
meus direitos# i%e%# a minha honra Z u# se sou &ulpado# então tenho o poder dearrepender-me da minha &ulpa e remediar o mal em $em% ./pli:uem-me &omo% ei-de tal"e4
ainda por &ima arrepender-me de :ue o mundo se permita $rin&ar &omigo &omo uma &riança
$rin&a &om um es&ara"elho^PI@0
ato mesmo de o Co"em não possuir um nome indi&a um anElogo ao sorimento pelo :ual ele se
di4 passar# &uCa indeterminação pode &onsistir ao mesmo tempo numa insignii&n&ia ou numa
signii&n&ia a$soluta# mas tal"e4 apenas para ele próprio( Onão hE ningum :ue me entendaN a
minha dor e o meu sorimento não t,m nome# tal &omo eu mesmo não o tenhoP I@1# o :ue o impede
tam$m de simplesmente a$di&ar da penQria atra"s do es:ue&imento( Oou serE por"entura melhor
es:ue&er tudo isto^ .s:ue&erN na "erdade# se o es:ue&er# dei/o simplesmente de serPI@2%
+onstantius ele próprio &hega a notar uma &omi&idade nessa sua o$sessão em &ulpar-se sem
:ue no undo seCa &apa4 de assumir essa &ulpa Js Qltimas &onse:u,n&iasN no :ue a espera pela
tempestade perde tam$m a sua "alidade# pois a realidade se torna para ele não uma instn&ia de
Custii&ação# mas passa a &onstituir um prete/to para :ue ele próprio en&ontre-se a si mesmo
en:uanto &ulpado( O;al"e4 esteCa in&lusi"amente J espera de uma distorção da sua própria
personalidade# mas isso nada serE# se apenas &onseguir# por assim di4er# "ingar-se da e/ist,n&ia :ue
se riu dele ao a4er dele &ulpado :uando ele esta"a ino&ente# ao tornar sem sentido# neste ponto# a
relação dele &om a realidadePI@3% *sso mostra o :uão implausí"el a ino&,n&ia :ue por meio da :ual
o Co"em tenta instaurar a &ategoria da pro"ação# :ue para ele lhe tão &araN a sua tentati"a de
&onstituir para si mesmo a designação de herói trEgi&o por meio de sua impostura tam$m não pode
II Repetição# p% 10%I DA;R# 6%N Repetition as a .omed2 in T?o Acts# p% 1?%I@0 Repetição# p% 110%
I@1 *dem# p% 111%I@2 *dem# p% 110I@3 *dem# p% 0%
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senão ter um eeito &Hmi&o( Oa4er de si mesmo um patie# um impostor# apenas para mostrar em
:ue alta &onta se tinha a moça Z por essa "ia ser herói# não aos olhos do mundo# mas em si
mesmoPI@?% erro em :ue in&orreu# nesse sentido# seria somente o de ser in&onse:uentemente
am$íguo ao ponto de Omaniestar idelidade &om uma imposturaPI@# terminando por &air no
ridí&ulo# por não ser &apa4 de dar um e&hamento a uma atitude tão inopinada%
A personagem do Co"em atinge o &Hmi&o mais ele"ado no estado de suspensão# em :ue ele
se prostra na espera pela tempestadeN esse momento# segundo Dalton# Oo Epi&e da &omdia :ue
resulta da re&usa do Co"em em assumir a própria li$erdadeP I@@% próprio +onstantius se aper&e$e
desta impertin,n&ia# de&larando :ue O impossí"el manter uma relação &om ele# e nessa medida
uma grande sorte :ue ele não :ueira respostaN por:ue seria ridí&ulo uma pessoa &orresponder-se
&om um indi"íduo :ue tem na mão um truno &omo uma tempestadePI@% estado de suspensão
&hega a maniestar sua &omi&idade# por im# at mesmo para o próprio Co"em# :uando ele# na
tentati"a de edu&ar-se para tornar-se esposo# di4( Otodas as manhãs $ar$eio-me de tudo o :ue em
mim ridí&uloN de nada ser"e# na manhã seguinte a minha $ar$a "olta ao mesmo tamanhoPI@I%
A possi$ilidade do &Hmi&o pare&e estar presente em todas as instn&ias em :ue dois
personagens se rela&ionam uns &om os outrosN a des&oniança :ue +onstantius nutre &om o Co"em e
at &om a própria moça Ose eu próprio não osse tão "elho# trataria de me di"ertir tomando-a para
mim# só para aCudar este homemPI@N Osupondo :ue o arre$atamento dela hou"esse de
posteriormente re"elar-se um e/agero# um pe:ueno impromptu líri&o# um di-ertissement emo&ional#
Z pois $em_ ;al"e4 nesse &apítulo a sua ideia de generosidade o ti"esse tam$m aCudadoP I0# a
relação do Co"em &om +onstantius :ue os&ila entre uma de"oção &oniden&ial e a a&usação de :ue
ele seria um pertur$ado mentalI1# e na própria relação em :ue um # por assim di4er# o &riador
poti&o de outro% Resse sentido# o &Hmi&o apare&e no"amente tam$m na relação de &ada um deles
&om a repetiçãoN ao im de tudo# &omo mostra ong# O+onstantius e o Co"em tornam-se paródias um
do outro( +onstantius desespera da repetição estti&a em "irtude da &onting,n&ia da "ida# e o Co"em#
ao desesperar-se da repetição pessoal em relação ao ti&o# o$tm por a&idente a repetição
estti&aPI2% A repetição religiosa :ue ad:uire &ontornos estti&os "ista# so$ a determinação da&omparação no geral da ele"ação religiosa &om o estti&o# &omo uma idealidade :ue maniesta
no"amente o in&omensurE"el &uCo eeito o &Hmi&o# e &uCa eeti"ação indi&a a impossi$ilidade de
atingir pelos meios do geral a ele"ação do religioso%
I@? *dem# p% %I@ *dem# p% 10I%I@@ DA;R# 6%N Repetition as a .omed2 in T?o Acts# p% 1%I@ Repetição# p% 12%I@I *dem# p% 12@%I@ *dem# p% 12%
I0 *dem# p% 12%I1 *dem# p% ?%I2 !ear and Trem"ling# Repetition# p% TT%
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A maniestação da idealidade &omo tal# em :ue ela se mostra neste des&ompasso &om o :ue
dado ao indi"íduo al&ançar no real# o :ue maniesta o in&omensurE"el diante do :ual o mais
$ai/o se torna &Hmi&o% Desse modo# a parti&ularidade deste Qltimo tem sua Custii&ati"a perante o
geral apenas nela própria# e nun&a em "irtude da sua relação &om o geralN e a &omparação da
idealidade :ue rege o geral &om a realidade do indi"íduo sempre onte do mal-entendido do :ual
parte o humorísti&o% Dalton mostra isso :uando airma( Oa mE apropriação da história de Ló so$re a
repetição da parte do Co"em ressalta o ato de :ue toda história de repetição uma história pessoal
&uCo signii&ado não pode ser separado do &onte/to parti&ular e su$Ceti"o em :ue ela o&orrePI3% *sso
aponta tam$m para a &omi&idade im$uída na proposta de +onstantius em erigir uma teoria da
repetição# o :ue maniesta sua ingenuidade em não assumir a in&oer,n&ia entre a o$Ceti"idade de
uma teoria &ientíi&a e a indi"idualidade da repetiçãoN isto e:ui"ale# para Dalton# a Oassumir :ue a
repetição algo pu$li&amente o$ser"E"el# su$metida J mensuração e anElise o$Ceti"asPI?# e ignorar
a insinuação de :ue tal"e4 o e/agero no olhar teorti&o seCa uma ameaça J autonomia do :ue
o$ser"ado%
Mas se se o$ser"a o próprio &Hmi&o so$ este ponto de "ista# então i&a &laro :ue a orma da
apresentação do te/to 7 seCa ela &ompreendida &omo um instrumento estti&o da &omuni&ação
indireta# ou simplesmente a ormulação superi&ial do &Hmi&o# sem nenhuma pretensão para alm
dele próprio 7 de"e ser arti&ulada dessa maneira a todo momento# o :ue endossa :ue o &Hmi&o
in&ide não só nessa anElise da teoria metaísi&a da repetição# mas na própria e/perimentação poti&a
:ue ali de&orre% *sso se &onirma &om a anElise da orma arses&a eita por +onstantius na anElise do
teatro% A arsa &onsiste# pois# não somente num &aso ortuito em :ue a repetição mais uma "e4 se
apresenta na sua impossi$ilidade# mas tam$m na orma fundamental por meio da :ual a repetição
sempre "em J tona para o geral 7 pois a própria apresentação# en:uanto uma e/teriori4ação# CE
&onsiste numa representação para o geral# o :ue instaura ine"ita"elmente o mal-entendido% Ra
medida em :ue uma teoria metaísi&a não se demonstra eeti"a num teste empíri&o# a tentati"a se
resol"e no arses&o da e/perimentação alida% Resse sentido# o e/perimento psi&ológi&o# ainda :ue
&on&e$ido en:uanto um &onstruto imaginati"o# apresenta-se &omo um teatro psi&ológi&o arses&oem :ue o próprio ideal da repetição religiosa não # em Qltima instn&ia# en&ontrado &omo
&on&reti4ado em lugar nenhumN nem no Co"em# nem em +onstantius# e nem propriamente em LóN
&omo mostra +aputo( Oam$as as partes da Repetição são então um tipo de arsa# um &onstruto
imaginati"o# &uCo resultado inal mostrar :ue a repetição não en&ontrada em lugar nenhum 7
nem em +onstantius# nem no Co"em# nem na ilosoia# nem mesmo# propriamente# em Ló% A
repetição genuína &ontinua sempre deerindo a si mesmaP%I% A pro"ação de Ló designa o confinium
I3 DA;R# 6%N Repetition as a .omed2 in T?o Acts# p% 1%I? *dem# p% 10%I +A'!;# L%N Radical 8ermeneutics# p% 2@%
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do poti&o &om o religioso# mas a repetição em sentido ainda não se eeti"a a:ui &omo um
mo"imento da eternidade% ;odas as instn&ias em :ue ela apare&e de"em ser ade:uadamente
per&e$idas &omo par5dias da repetição "erdadeira# a :ual simplesmente não pode ser e/pressa
senão na eternidade%
K tam$m neste sentido :ue Dalton airma :ue Oo entusiasmo de +onstantius pela arsa
e/tremamente rele"ante para o te/to do :ual ele o autor# por:ue o próprio te/to uma arsaPI@%
Resse sentido# o teatro psi&ológi&o em :ue se desen"ol"e a repetição ele próprio de nature4a
arses&aN e# de outro lado# pode-se &on&e$er o elemento arses&o en&arnado nas personagens
tam$m &omo a:uilo :ue mais os apro/ima da repetição% .ssa relação desen"ol"ida por
+onstantius na sua anElise da arsa :ue ele assiste durante sua "iagem a Berlim% Opal&oP onde se
desen"ol"e o O;c$attenspiel do indi"íduo &rípti&oP o pal&o de uma arsa# &uCo desen"ol"imento
torna-se para o espe&tador 7 relação esta :ue ele mantm &om o desen"ol"imento da história do
Co"em 7 determinado pelo Opra4er soísti&o da imaginaçãoP# :ue tem Oo mundo inteiro numa &as&a
de no4 :ue maior :ue o mundo inteiro# e &ontudo não tão grande :ue o indi"íduo não &onsiga
en&h,-laPI% &onteQdo da arsa posto numa relação &om o indi"íduo em :ue ele# &ontudo# ao
mesmo tempo :ue mantm a posição de espe&tador# ati"amente preen&he suas determinaç<es &om o
&onteQdo rele/i"o de si próprio# o :ue &onigura nesse sentido uma repetição# na medida em :ue
a:ui ele redupli&ado no personagem "a4io :ue protagoni4a a arsa% A:ui nota-se uma
rele/i"idade de &arEter puramente estti&o# em :ue hE a separação do espe&tador indi"idual da:uilo
:ue por ele o$ser"ado# mas# por outro lado# o o$Ceto de sua o$ser"ação &onstituído por ele
próprio% 'ara isso# di4 +onstantius# ne&essErio um amadure&imento do espírito em :ue Oa alma
reuniu suas orças &om seriedadePII% 6eu amor pela arsa se dE pois Oele espelha o pro&esso
e/isten&ial da &riação de uma identidadeP atra"s de uma auto%diferenciação est+tica e
e1perimental ( Oa história da nossa "ida o&ulta 7 a história da &onstrução de si mesmo atra"s da
e/perimentação &onstante &om dierentes papisPI%
A psi&ologia da repetição impli&a portanto num pro&esso de auto-&onstituição da
personalidade :ue passa ne&essariamente por este momento estti&o# :ue# no entanto# &omo
+onstantius enati4a# en"ol"e uma atuação alm da o$ser"ação# sem :ue no entanto o &arEter
artísti&o de am$as seCa suspenso% A mera posição de o$ser"ador não satisa4 a seriedade da
maturidade( Oa indi"idualidade mais amadure&ida# :ue se sa&ia &om o orte alimento da realidade#
não propriamente inluen&iada por um :uadro $em pintadoPII0# e esta pre&isa ir mais alm na:uilo
em :ue ela "em a &onstituir o o$Ceto de sua própria o$ser"ação &om o seu próprio &onteQdo
I@ DA;R# 6%N Repetition as a .omed2 in T?o Acts# p% 1%I *dem# p% @1%
II *dem# p% @1%I DA;R# 6%N Repetition as a .omed2 in T?o Acts# p% 1%II0 Repetição# p% @2%
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redupli&ado% Daí ele di4er :ue o indi"íduo srio não se satisa4 &om uma pintura representati"a# mas
o agrada melhor as gra"uras de Rurem$ergN pois# na sua artisti&idade &arente de si mesma 7 do
mesmo modo :ue a arsa &ontrasta &om o teatro mais ele"ado 7 a a$stração do todo não se dE por
um pro&esse meramente &ontemplati"o# mas um em :ue a indi"idualidade "em a ser &onstituída# no
entanto# atra"s de uma atuação estti&a :ue se &onigura ati-amente( O'ara +onstantius# o
desen"ol"imento da identidade indi"idual re:uer uma atuação% As possi$ilidades pre&isam ser
atuadas no pal&o da imaginação antes :ue elas possam ter :ual:uer signii&ado# antes :ue elas
tornem-se &andidatos srios para uma ação no pal&o da atualidadePII1%
Resse sentido# a orma arses&a se ade:ua &om pereição J proposta Custamente em "irtude
da sua impereição% indi"íduo &rípti&o# :ue O:uer apenas "er e ou"ir pateti&amente# mas 7 note-se
$em 7 "er e ou"ir a si mesmoPII2# não &onsegue "er este interstí&io em :ue ele apare&e reletido
so$re si mesmo na &ompletude da o$ra en&errada em si mesma( O!ma "e4 :ue a tragdia# a &omdia
e a &omdia ligeira não &onseguem agradar-lhe# pre&isamente por &ausa da respe&ti"a pereição#
"ira-se para a arsaPII3% K &urioso notar :ue pre&isamente nesse momento Oda idade mais madura#
:uando a alma reuniu suas orças &om seriedadePII?# :ue o estti&o mostra-se para o indi"íduo &omo
uma instn&ia não sui&ientemente sria para a$ar&ar essa apropriação de si mesmo do indi"íduo# a
partir do :ual ele sente-se impelido a Oa$rir-se ao &Hmi&o e &omportar-se a&e J prestação teatral de
maneira produti"amente &Hmi&aPII% .sta a$ertura para o &Hmi&o &onstitui# nesse sentido# o limiar
do estti&o &om o apare&imento da indi"idualidade# em :ue o indi"íduo posto &omo crCptico# &uCa
representati"idade "em a ser para ele próprio# na medida em :ue ele imerge na atualidade do lu/o
da sua personii&ação no pal&o# uma orma irrefle1i-a de representação% Dalton mostra :ue um ator
arses&o $em-su&edido de"e ser Oundamentalmente irrele/i"oPII@# portador de uma imediatidade
:ue gera uma esp&ie &Hmi&a de ingenuidade :ue instaura na sua impereição uma pretensão
despretensiosa de artisti&idadeN daí +onstantius di4er :ue tal igura Opro"o&a um eeito indes&rití"el#
na medida em :ue não se sa$e se ha"emos de rir ou de &horar e todo o eeito se assenta na
disposição do o$ser"adorP% Resse sentido# a indeterminação da imediate4 irreletida do ator
redire&iona a rele/i"idade do o$ser"ador para si próprio# em :ue ele ne&essariamente suspende a passi"idade inerente a essa posição e passa a assumir a posição do Og,nio produti"oPII &uCa origem
&riati"a a própria indi"idualidade# em :ue Otem de ser o indi"íduo a de&idir por siPIII%
.sse redire&ionamento do e/terior para o interior no o$ser"ador resulta# portanto# da
II1 DA;R# 6%N Repetition as a .omed2 in T?o Acts# p% 2%II2 Repetição# p% %II3 *dem# p% @1%II? *dem# p% @1%II *dem# p% @1%
II@ DA;R# 6%N Repetition as a .omed2 in T?o Acts# p% 2%II Repetição# p% @%III *dem# p% @?%
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imediate4 &ara&terísti&a da arsa# :ue &onsiste numa &oniança ing,nua Osuspende-se o respeito
mQtuo entre teatro e pQ$li&o# :ue nos outros &asos tanta &oniança propor&ionaPII e aparente :ue
gera dialeti&amente uma des&oniança anEloga# em :ue o indi"íduo passa a inserir-se &omo
elemento determinante% +onstantius e/pli&a da seguinte orma(
ORa arsa# nenhum eeito produto da ironia# tudo ingenuidade# de onde resulta :ue o
espe&tador tem de estar ati"o inteiramente &omo indi"íduoN por:ue a ingenuidade da arsa
tão ilusória :ue para uma pessoa &ulti"ada se torna impossí"el &omportar-se ingenuamente
em relação a elaN mas nesse &omportamento a&e J arsa reside em grande medida o
di"ertimento# &oisa :ue o espe&tador tem portanto de arris&arPI0%
A des&oniança gerada da :ue$ra da &umpli&idade entre ator e espe&tador# :ue não o$stante
sustenta dialeti&amente a "alidade da ingenuidade aparente# tradu4ida nesta dialti&a em termos da
determinação a$solutamente interior da eeti"idade do di"ertimento( Oassim sendo# ningum pode
&ontar &om o "i4inho do lado ou da rente para sa$er se se di"ertiu ou nãoPI1
% Mas a :ue$ra dorespeito mQtuo se tradu4 tam$m# &omo mostra Dalton# numa Oalta de &ontrole ra&ional :ue
&ara&teri4a a arsaP e :ue termina por Otra4er esta orma de &omdia a uma pro/imidade perigosa da
oensi"idade# ou mesmo da lou&uraPI2% ris&o :ue o espe&tador de"e &orrer de &eder a esta
OenergiaPI3 ne&essEria para :ue o espírito do indi"íduo se di"irta rente J ingenuidade# na mesma
medida em :ue o ator arses&o de"e in&orrer no ris&o inerente ao poder do impro"iso artísti&o :ue a
situação e/ige na espontaneidade# tendo somente a si mesmo &omo ponto de partida% Resse sentido#
a arti&ulação entre a arsa e a interioridade se dE no :ue uma apare&e &omo o meio pelo :ual esta seinsinua &omo atuante# na medida em :ue o ator :ualii&ado &omo um g,nio produti"o%
Assim# a orma arses&a dei/a de ser uma e/pressão meramente teatral# e passa a permear a
e/ist,n&ia na medida em :ue a repetição apare&e eeti"amente en:uanto impossi$ilidade# diante da
:ual apare&e então a tarea parado/al de tornar-se indi"íduo% A re&ordação algo a:ui superada pelo
indi"íduo e/istente da mesma orma :ue ela o pelo ator arses&oN o :ue Dalton aponta muito $em(
Otanto o ator em &ena &omo o indi"íduo e/istente são in&apa4es de &ompreender inteiramente
o :ue estão a4endo de ato em :ual:uer momento dado# CE :ue a "ida só pode ser entendida
para trEs# mas de"e ser "i"ida para rente% Renhum deles pode $asear sua perorman&e em
&on&eitos rele/i"os # mas em "e4 disso eles de"em agir &omo g,nios produti"os# &riando
su$Ceti"amente de uma maneira :ue tem o poten&ia de surpreender a todosPI?%
A arsa dE J e/ist,n&ia o humor ne&essErio para :ue o indi"íduo "enha J tona &omo um g,nio
produti"o% .sta &ategoria estti&a tra4 em si a possi$ilidade de :ue a repetição seCa &on&e$ida &omo
II *dem# p% @?%I0 *dem# p% @?%I1 *dem# p% @?%
I2 DA;R# 6%N Repetition as a .omed2 in T?o Acts# p% 3%I3 *dem# p% 3%I? *dem# p% 3%
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uma perorman&e ati"a# e :ue es&apa J tentati"a de +onstantius de reali4E-la esteti&amente por meio
de uma &ontemplação de um &onteQdo de re&ordação% :ue ele :ualii&a &omo repetição estti&a
não esgota# portanto# as possi$ilidades por ele mesmo "islum$radas# e :ue de"em em Qltima
instn&ia en&ontrar-se presente na personagem do Co"em% .ste # pois# o e/emplo do g,nio
produti"o :ue reali4a a repetição# :ue# en:uanto tal# &on&e$ida do ponto de "ista estti&o%
poti&o no Co"em então sus&itado na dialti&a da e/&eção em &ontraste Custamente &om o
humorísti&o :ue a &olo&a# :ue se entre", na $re"e alusão de +onstantius so$re o ator arses&o e seu
Oentendimento líri&o &om o risoPI# por meio do :ual ele pres&inde de toda determinação alheia ao
su$Ceti"o(
ORão ne&essita de apoio "indo da representação &onCunta &om os outros ou dos &enErios e
dos adereçosN pre&isamente por:ue se en&ontra na disposição re:uerida# transporta &onsigo
tudo a:uilo :ue pre&isoN ao mesmo tempo :ue trans$orda de graça# "ai pintando ele mesmo
seu &enErio tão $em &omo um &enógraoPI@
A igura do Co"em e/pressa $em esse ponto em :ue o teatro e a e/ist,n&ia se inter&ru4am#
pois a e/ist,n&ia poti&a em :ue o seu g,nio produti"o &ulmina não apenas uma relação e/terior#
ideal# mas sim &ondi&ionada a toda a atualidade% Ro entanto# &omo mostra olmgaard# a espera pela
OtempestadeP tam$m a espera pela a&eitação da atualidade# em :ue ele tornar-se-ia OmaridoP da
repetição# e não pelo desta&amento &ompleto da atualidade &omo o&orre por ele não :uerer a
repetição e por ser poetaN nesse sentido# teria ,/ito a sua ala 7 :ue não dei/a de ser &Hmi&a(
Ore&orto-me a mim mesmo# separo o :ue in&omensurE"el para me tornar &omensurE"elPI
%;ornar-se marido signii&aria Oa&eitar a atualidade e tornar a repetição sua amada esposa% Z Mas
a&onte&e :ue ele não li$erado do estado de suspensão ao a&eitar a atualidade# mas sim o &ontrErio#
ele &ompletamente desta&ado da realidade no :ue um outro algum toma seu lugar &omo
VmaridoVPII% Ro momento de espera em :ue o in&omensurE"el de"eria des"ane&er# ele# ao &ontrErio#
apare&e na sua e/pressão mais a$surda# na :ual o &Hmi&o tem sua origem% Muito em$ora o Co"em
não seCa &apa4 de se "er &omo &ulpado# ele de ato o N a $analidade do seu &omportamento rente
ao seu modelo# o de Ló# não o a$sol"e# dado :ue ele não deu J moça nenhuma e/pli&ação
&on"in&ente# o :ue a magoou ainda mais# e a Osua tri"ialidade apenas enati4a a proundidade da
teimosia do Co"em em re&usar-se a a&eitar a responsa$ilidade pelos seus próprios atosP I% A espera
pela tempestade maniesta-se &omi&amente no :ue ela pro"aria a sua ino&,n&iaN
mo"imento da repetição não # portanto# atingido nessa arti&ulação do seu insistente
ra&asso do :ual resulta o &Hmi&o% Ro entanto# se se &on&e$e o mo"imento do li"ro &omo a tentati"a
I Repetição# p% @%I@ *dem# p% @%
I *dem# p% 12@%II MGAA)D# L%N T$e Aest$etics of Repetition# p% I%I DA;R# 6%N Repetition as a .omed2 in T?o Acts# p% 1%
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de e/teriori4ar o pro$lema do Co"em# :ue# segundo +onstantius# Custamente o de se a repetição
possí"el00 7 deiní-la &omo possí"el CE pressup<e uma e/terioridade &om relação a ela 7 ela
somente pode e/pressar-se so$ este ponto de "ista &omo impossi$ilidade na medida em :ue ela
apenas autenti&amente deinida &omo um mo"imento su$Ceti"o% Co"em# apesar de sa$er a si
mesmo &omo um protagonista do ridí&ulo da situação# a&redita# &ontudo# em seu amor# ainda :ue#
Ohumanamente alando# o seu amor não se dei/a reali4arP01# o :ue o le"a a re&orrer ao mara"ilhoso
e ao a$surdo% Ainda :ue a sua nostalgia de uma re&on&iliação &om o geral seCa posta em termos
a$surdos# ela não &hega a &onigurar uma "aidade# &omo +onstantius insiste em &olo&ar 7 pois para
ele tudo "aidadeN a restauração da sua honra não pode ser deinida por ele mesmo &omo orgulho#
pois# &omo ele des&re"e na repetição# Oas angQstias da simpatia# :ue en&ontra"am apoio e alimento
no meu orgulho# CE não se eguem dentro de mim para desintegrar e separarP 02% Resse sentido# o
Co"em se torna &Hmi&o apenas para :uem o ", so$ a óti&a da "aidade# diante da :ual ele apare&e em
Otudo posto Js a"essasP03N e# :uando +onstantius airma :ue o mo"imento do li"ro O o in"ersoP0?#
ele indi&a pre&isamente a inade:uação entre o mo"imento interior da repetição e a sua
e/teriori4ação na orma da pergunta so$re a possi$ilidade# a :ual# não o$stante re"ele-se &omo
negati"a# de"e# no entanto# pressupH-la &omo eeti"a% Daí mais um moti"o &Hmi&o :ue alise
desen"ol"e( a in"ersão do mo"imento de e/teriori4ação tam$m a in"ersão do próprio &Hmi&o#
&uCo mo"imento a interiori4ação e a repetição eeti"a%
+a$e apontar# por im# os indí&ios de :ue esses elementos são postos por meio do arses&o% A
repetição :ue o Co"em re&e$e# :ue# de"ido Js &ir&unstn&ias# de"eria le"E-lo ao desespero#
transigura-se num estado de ,/tase &uCa alegria ditirm$i&a re"ela a ressonn&ia religiosa de sua
alma# Custamente na:uilo :ue +onstantius des&re"e so$re o ator arses&o# em :ue ele e/pressa o
in&omensurE"el no Oin&ógnito no :ual ha$ita o lou&o demHnio do &Hmi&o :ue depressa se
desem$araça e tudo arre$ata desenreadamenteP0% A atitude do Co"em para &om este &om o
in&ógnito da interioridade religiosa se e:uipara J do ator da arsa :ue# num rompante de estrid,n&ia
&Hmi&a# Oi&a &ompletamente ora de si% A lou&ura do riso CE não &onsegue &a$er nem nas ormas#
nem nas alas# e o :ue lhe resta para dar seguimento J disposição a4er &omo Mn&hhausen#agarrar-se a si mesmo pelos &olarinhos e pHr-se a dar &a$riolas sem tinoP 0@% Agarrar-se a si mesmo
pelo &olarinho pressup<e# por sua "e4# uma genialidade &onstituti"a# uma Oautoridade do g,nio#
&aso &ontrErio resulta algo de e/tremamente repugnanteP0# mas de"e tam$m pressupor a
00 !ear and Trem"ling# Repetition# p% 30?%01 Repetição# p% 0%02 *dem# p% 131%03 *dem# p% 12%0? *dem# p% 13@%
0 *dem# p% @I%0@ *dem# p% @%0 *dem# p% @%
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possi$ilidade de ele"ar-se a&ima de si mesmo# &omo +onstantius en:uanto espe&tador in&apa4 de
a4er# e o Co"em# num &erto sentido# de ato o a4% A insinuação da sua interioridade a ser re"elada
no mo"imento de in"ersão do li"ro o :ue +onstantius des&re"e &omo a "o4 do &Hmi&o $urles&o
O:ue se re&onheça imediatamente :uando ainda estE nos $astidores# para assim poder preparar a sua
entrada em &enaP0I% A alegria des&on&ertante :ue o Co"em e/i$e no dese&ho &onse:u,n&ia#
tam$m# de uma &oe/ist,n&ia dessa &omi&idade da sua perorman&e in"ertida &om o mo"imento
pelo :ual ele se torna poeta# em :ue se dE o :ue +onstantius pre", &omo um Oentendimento líri&o
&om o risoP0% A "eia poti&a do Co"em Custii&a# portanto# a &omi&idade da e/&eção :ue# en:uanto
poeta# ele se torna# sem :ue ele não o$stante se torne por isso mesmo menos &Hmi&o%
A e/&eção poti&a :ue dE origem ao &Hmi&o deinida &omo uma transição para a e/&eção
religiosa% 6e o &Hmi&o então o :ue aponta para o mo"imento de in"ersão do li"ro# então o
humorísti&o "em a ser ele próprio uma &ategoria de transição :ue aponta Custamente para a
proundidade da seriedade religiosa &omo o seu &ontrErio% A in"ersão tem a:ui a &ara&terísti&a de
engendrar uma transiguração da realidade por meio da :ual os papis são redeinidos# e o artista
&Hmi&o passa a representar o modo de e/ist,n&ia mais ele"ado( O6e se i4er assim# surge então uma
no"a hierar:uia# e a po$re e/&eção# se "ale alguma &oisa# "olta a desrutar de honra e &onsideração
Z% !ma destas e/&eç<es um poeta# :ue &onstitui a transição para as e/&eç<es propriamente
aristo&rEti&as# para as e/&eç<es religiosasP10% .sta in"ersão se dE Custamente na tensão ina&a$ada
entre a e/&eção e o uni"ersal# em :ue a síntese a$soluta minada pela tend,n&ia reratEria da
e/&eção a ser a$sor"ida nas determinaç<es do uni"ersal% ra# mas esta tend,n&ia se demonstra
atra"s do mo"imento humorísti&o da in"ersão do te/to( ela indi&a pre&isamente o momento em :ue
a e/&eção deli$eradamente se aasta do uni"ersal# e por meio disso preser"a tanto a si mesma &omo
ao próprio uni"ersal% humor# de ato# não pode ser a:ui uma re&on&iliação# mas um a&ordo
temporErio :ue não suprime a tensão# e :ue re"ela nessa perman,n&ia no 4,nite a força interior da
e/&eção# :ue aponta para uma interioridade de su$strato religioso%
+om isso# as determinaç<es estti&as da repetição en&ontram-se postasN as arti&ulaç<es da
estti&a &om o religioso# :ue são indi&adas na história so$ a orma da teatralidade estti&o- psi&ológi&a# en&ontram no arses&o o &arEter undamental em :ue a repetição apare&e so$ a orma
do estti&o% Resse sentido# a maniestação da repetição so$ a ru$ri&a do &Hmi&o não a redu4 ao
estti&o per seN ao &ontrErio# a am$iguidade do &Hmi&o o :ue permite apontar a insui&i,n&ia do
estti&o :ue a$re para o religioso# e :ue "olta a rein&idir so$re o estti&o na orma do su$lime# em
:ue o &Hmi&o # enim# suspenso# dando lugar J sua "ertigem &ara&terísti&a% indi"íduo
representado pelo ator arses&o somente preigura a determinação da "ertigem do su$lime na
0I *dem# p% @%0 *dem# p% @%10 *dem# p% 13I%
1I
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medida em :ue ele deine-se &omo uma su$Ceti"idade negati"a no seu ele"ar-seN &ontudo# essa
ele"ação de"e ne&essariamente pre&eder a redupli&ação# e o ator arses&o# nesse sentido# a:uele
:ue se en&ontra mais pró/imo da repetição em sentido estti&o# pois nele a poten&ialidade do
su$lime se mes&la J orma e/terior do &Hmi&o :ue# no entanto# se mostra para ele próprio de outra
ormaN e dessa orma o Co"em da Repetição "em a ser o e/emplo pereito desta arti&ulação% K nesse
sentido tam$m :ue o poti&o por ele atingido# ao mesmo tempo :ue se resol"e no estti&o# pode
tam$m ser :ualii&ado &omo uma repetição eeti"a# na medida em :ue tem o religioso &omo uma
esp&ie de Y&hão in"isí"elP a partir do :ual o poti&o se erige &omo produti"idade%
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S .onclusão
+om isso# tem-se delineados os traços da repetição do ponto de "ista estti&o em
8ier9egaard% As &onse:u,n&ias desta relação dire&ionam-se para muitos sentidos# tanto no :ue di4
respeito J uma dogmEti&a religiosa :ue &onsiga lidar de maneira satisatória &om a inCunção da ti&a
&om a estti&a tanto no sentido de &on&e$er uma $oa arte &omo uma $ela ti&a# o :ue só possí"el
na medida em :ue o religioso se en&ontra &omo su$strato &apa4 de unir as duas instn&ias# :uanto
no :ue di4 respeito J instauração uma dis&urso duplamente reletido &uCa relação &om o mo"imento
religioso da repetição o impede de pres&indir de &ategorias estti&as em sua maniestação%
A repetição e permane&e uma &ategoria religiosaN &ontudo# o próprio religioso# na medida
em :ue instaura-se numa interioridade &uCa inea$ilidade imp<e um m+todo de &omuni&ação
e/terior a ele próprio# de"e ser &on&e$ido &omo esta$ele&endo uma relação de &ompletude &om o
estti&o e "i&e-"ersa11% A dimensão religiosa de"e# pois# instituir-se &omo o su$strato para o
desen"ol"imento do estti&o# seCa so$ a orma da melan&olia :ue# em Qltima instn&ia# pressupunha
a repetição desde o iní&io# seCa so$ a orma da produti"idade poti&a :ue se maniesta na repetição
atingida pelo Co"em% Ro :ue &on&erne J repetição# distinção entre o estti&o e o religioso não pode#
portanto# ser :ualii&ada &omo nítida ou peremptória# e de"e-se penetrar nos meandros de uma e de
outra rela&ionando-as de modo &onstante% Mas a insui&i,n&ia da repetição ela própria en:uanto
&on&eito para designar o religioso en:uanto eternidade indi&a :ue o salto para o ininito re:uer# emQltima instn&ia# :ue se a$andone no seu eeti"ar-se a própria noção de repetição en:uanto tal# o
:ue a4 &om :ue ela "enha a se tornar apenas uma no"a representação de algo :ue a ultrapassa#ou
seCa# um elemento estti&o &uCo O"igor e/pressi"oP en&ontra-se a ser"iço de um mo"imento interior
:ue ela in&apa4 de esgotar%
Desse modo# a pergunta so$re a repetição de um ponto de "ista estti&o de"e situar-se so$re
o signii&ado do estti&o dentro da &ara&terísti&a da repetição &omo &ategoria produti-a# ou seCa#
&omo a repetição se dE# do ponto de "ista estti&o# &omo um mo"imento :ue &ir&unda ainterioridade religiosa numa pulsão &onstante em e/primi-lo# sem# &ontudo# Camais esgotE-loN e em
unção dela o poti&o de"e se esta$ele&er% Resses meandros# a pergunta so$re o estti&o de"e
tam$m ser posta so$ "Erios ngulos distintos# mo"imento este a partir do :ual surgirão arti&ulaç<es
&omo o sa&rií&io líri&o-poti&o e a transiguração religiosa no su$lime# :ue sugerem :ue a
apro/imação entre o estti&o e o religioso sustentam# de &erta orma# uma possi$ilidade de
re&on&iliação parado/alN mas &uCo undamento depende não mais de uma &on&epção do estti&o
11+omo Mar&io Gimenes de 'aula airma dos estEdios da e/ist,n&ia# todos eles Yespelham a&etas da e/ist,n&iahumana e# de &erta orma# se &ompletamY% +% 'A!A# M% G%N A Repetição e o Instante em )ier*egaard@ umentrelaçamento de conceitos# p% @?%
11
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&omo a:uele esteti&ismo melan&óli&o do Co"em in suspensu grado# do esteta A de Eit$er# r # ou
mesmo do sedutor Lohannes# mas sim de um outro tipo de &on&epção do estti&o :ue engendrado
pelo próprio mo"imento produti"o &uCo undamento a repetição# num mo"imento de retomada
da:uilo :ue para ela o enseCo undamental apontado no te/to# ou seCa# a &ategoria "i"a e pulsante
do poti&o# &uCo limiar &om o religioso &onsiste na arti&ulação undamental da repetição en:uanto
&ategoria%
A intenção de &on&e$er esta perspe&ti"a em :ue a asso&iação do estti&o &om o religioso# ou#
dito de outro modo# o entrelaçamento entre f+ e poesia0B# se desdo$ra em outros registros# &omo por
e/emplo na &on&epção de uma retomada da ti&a e da estti&a num sentido mais ele"ado a partir da
repetição# serE# não o$stante# apenas sugerida &omo &on&lusão deste tra$alho% A ormulação
parado/al da repetição do ponto de "ista estti&o 7 :ue# ao mesmo tempo em :ue mostra-se &omo
uma impossi$ilidade eeti"a# pressup<e a própria repetição e ele"a o próprio estti&o a um outro
patamar 7 a$re pre&edente para :ue se &on&e$a um esteticismo dominado atra"s do religioso &omo
uma segunda est+tica13# &uCa redupli&ação tem &omo undamento prin&ipal a &ategoria do su$lime%
.sse mo"imento &ara&teri4ar-se-ia &omo uma ele"ação do estti&o a&ima de si próprio# e &uCa
rele/i"idade trans&endente engendraria a produti"idade na su$Ceti"idade% Resse sentido# a noção de
indi"íduo i&a &on&e$ida do ponto de "ista da repetição# en:uanto confinium do estti&o e do
religioso# so$ a determinação do sa&rií&io poti&oN a produti"idade poti&a portanto re"ela a
&on&epção religiosa do indi"íduo na medida em :ue ela en&ontra na:uela a sua Qni&a possi$ilidade
de e/pressão# no :ue o poti&o toma a orma da &omuni&ação indireta%
Dessa orma# o poti&o atinge uma redupli&ação :ue in&ide na linguagem de orma em :ue
ela num só mo"imento ele"a-se a&ima de si mesma# e re"ela a instn&ia do não-dito &omo a:uilo a
partir do :ue ela "em a ser limitada% .sta arti&ulação tem seu eeito na medida em :ue a repetição
&onsiderada um mo"imento :ue engendra uma metaperspecti-aN a:ui# a di"isão da estti&a entre
uma teoria da arte e um modo de "ida ad:uire &ontornos a$solutamente distintos# em :ue se poderia
alar de uma meta-estti&a &uCa perspe&ti"a possi$ilita uma :ualii&ação poti&a :ue# Custamente por
eetuar esse mo"imento de redupli&ação# instaura-se &omo uma modalidade da e/ist,n&ia :ue "ai
alm do mero &ontemplati"o e/igido por uma teoria do $elo% Ro entanto# na medida em :ue a
repetição se deine &omo uma &ategoria do "ir-a-ser# ela aponta para o uturo e re"ela o mo"imento
para a rente &omo um parado/o# &uCa eeti"idade só pode re"elar-se no presente por meio de uma
perspe&ti"a :ue se determina pela initude da:uilo :ue ainda não se reali4ou# e :ue se maniesta
esteti&amente na atualidade por meio do humorísti&o% A importn&ia da arsa para a &ategoria da
12'ara usar uma e/pressão de de 'aula% +% 'A!A# M% G%N Repetição e Instante@ um entrelaçamento de conceitos# p%
@%13.sse esteti&ismo dominado se institui de maneira anEloga J secunda p$ilosop$ia aludida por auniensis# O&uCa
ess,n&ia a trans&end,n&ia ou a repetiçãoP% +% .onceito de AngHstia# p% 23%
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repetição se re"ela então na modalidade estti&a por meio da :ual a repetição se a4 presente para o
poti&o# o :ual# por sua "e4# darE a ela a sua orma de e/pressão por meio de uma &omuni&ação :ue
aponta para o estti&o &omo um meta-dis&urso :ue permite e/pressE-la indiretamente%
Desse orma# hE a ne&essidade in&ontornE"el de uma retomada do estti&o e do ti&o a partir
da transu$stan&iação parado/al eeti"ada pelo mo"imento eeti"o da redupli&ação so$ uma perspe&ti"a tam$m interpenetrada pela alteridade :ue dele resulta% Mas desse modo# a &ondição de
possi$ilidade de uma meta-estti&a a mesma :ue a de uma metati&a# o :ue impli&a :ue am$as só
podem su$sistir uma ao lado da outra# e interpenetrando-se mutuamente numa relação dialti&a
&al&ada na aus,n&ia de síntese espe&íi&a do parado/o gerado pelo indi"íduo en:uanto e/&eção%
Dessa orma# não pode ser dada &omo gratuita a designação da e/&eção &omo uma e/&eção poti&a#
pois o estti&o 7 $em &omo o poeta &omo a:uele :ue "i"e em unção do ser"iço J ideia 7 possui#
nessas &ondiç<es# a tarea de ser"ir ao mais ele"ado# e sua aut,nti&a repetição# em :ue ele "em-a-ser
ele próprio um esteti&ismo mais $elo# de"e dar-se nesse registro%
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1?
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1
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