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Global Sourcing Evidência empírica na Indústria Portuguesa Sofia Monteiro [email protected] Dissertação de Mestrado em Economia e Gestão Internacional Orientada por Maria do Rosário Moreira Setembro 2011

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Page 1: Global Sourcing Evidência empírica na Indústria Portuguesa · debruçam sobre outro tipo de empresas. Todavia, os estudos existentes são para países ... sendo chamadas a actuar

Global Sourcing – Evidência empírica na Indústria

Portuguesa

Sofia Monteiro [email protected]

Dissertação de Mestrado em Economia e Gestão

Internacional

Orientada por

Maria do Rosário Moreira

Setembro 2011

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Breve nota biográfica sobre a autora

Sofia Manuela Gonçalves Monteiro nasceu a 7 de Abril de 1974, em Santo Tirso.

Iniciou os seus estudos superiores no ano lectivo de 1991/1992, na Faculdade de

Economia da Universidade do Porto, tendo concluído a licenciatura em Economia em

1996. No âmbito do programa InPME, realizou formação de Formadores / Consultores

na Associação Industrial Portuguesa/COPRAI, em 1997. Realizou em 2005, na ANJE, o

Programa Avançado em Contabilidade e Finanças.

No ano lectivo 2009/2010 ingressou no Mestrado em Economia e Gestão Internacional

da Faculdade de Economia do Porto, encontrando-se me fase de conclusão com a

dissertação intitulada “Global Sourcing – Evidência Empírica na Indústria Portuguesa”

Em termos profissionais, foi Consultora da Associação Industrial do Minho, de 1997 a

2003, ao nível de projectos comunitários e nacionais; Responsável Administrativa e

Financeira das empresas, do ramo automóvel e do grupo Seat – Sociedade Hispânica de

Automóveis em Portugal, Garagem Victória (Porto), Lda., e Ibérica-Soc.Automóveis,

Lda. 1999/2000.

Desde 2001, trabalha como profissional liberal prestando serviços de consultoria e

contabilidade em várias empresas e ministra formação nas mais diversas áreas, em

entidades públicas e privadas.

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Agradecimentos

À Profª Mª Rosário Moreira, minha orientadora, pelas suas ideias, sugestões e apoio,

motivando-me ao longo de todo o processo de elaboração da tese.

À minha família pela paciência e apoio.

A todas as empresas que colaboraram através da sua disponibilidade na resposta ao

inquérito, que suportou a componente empírica deste trabalho.

Finalmente a todas as pessoas que de uma forma directa ou indirecta me apoiaram neste

trabalho.

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Resumo

A globalização trouxe mais competição aos mercados de todo o mundo e as empresas

tiveram de se adaptar à nova realidade, para dar resposta às solicitações de mercado. O

recurso ao fornecimento internacional garante as condições competitivas derivadas da

globalização. Apesar da vasta produção científica para global sourcing (GS), não

existem, pelo nosso melhor conhecimento, estudos que se debrucem sobre Portugal. A

literatura refere-se a estudos em multinacionais e só com algumas excepções se

debruçam sobre outro tipo de empresas. Todavia, os estudos existentes são para países

desenvolvidos. Daí a pertinência de realização de estudos noutros países por forma a

aferir se o GS, observado em regiões mais desenvolvidas, se verifica nos países com um

índice de desenvolvimento diferente, como Portugal. Este trabalho tem como objectivo

investigar a dimensão da utilização do global sourcing na indústria portuguesa, aferindo

as principais motivações bem como os obstáculos mais sentidos aquando do seu

recurso. Para tal, utilizamos a análise quantitativa baseada em dados primários

recolhidos por intermédio de inquérito junto de um grupo de empresas.

Concluímos que, os maiores determinantes e obstáculos apercebidos pelas empresas

portuguesas seguem a tendência verificada em países mais desenvolvidos. O preço é o

determinante mais importante na decisão de recorrer ao mercado internacional.

Contudo, o grau de GS na indústria portuguesa é explicado também pela importância

dada à qualidade do produto, pela percepção sobre as políticas favoráveis nos países

fornecedores e a baixa importância atribuída às questões relacionadas com a logística

adicional. A análise multivariada utilizada permitiu concluir, que a dimensão da

empresa é determinante para que a empresa compre mais a nível internacional. Os

principais obstáculos sentidos pelas empresas portuguesas ao global sourcing são a

falha no prazo de entrega, dificuldade na gestão logística e diferença nas formalidades

alfandegárias.

Palavras-chave: Compras internacionais, Fornecimento internacional, Global sourcing,

International purchasing

JEL-Codes: F14, L69, M16

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Abstract

Globalization has brought more competition to markets around the world and

companies had to adapt to the new reality, to meet the demands of the market. The use

of international supply guarantees competitive conditions arising from globalization.

Despite the vast scientific production to global sourcing (GS), do not exist at our best

knowledge, studies to look into Portugal. The literature refers to studies in multinational

companies and only, with some exceptions, over other companies. However, existing

studies are for developed countries.

Hence the relevance of studies in other countries so as to whether the GS, observed in

more developed regions, there is an index in countries with different development, such

as Portugal. This work aims to investigate the extent of use of global sourcing in

Portuguese industry, assessing the main motivations and the obstacles more senses

when your appeal. To this end, we use quantitative analysis based on primary data

collected through survey of a group of companies.

We conclude that the major determinants and obstacles perceived by Portuguese

companies follow the trend in most developed countries. The price is the most

important determinant in the decision to appeal to the international market. However,

the degree of GS in the Portuguese industry is also explained by the importance given to

product quality, the perception of favorable policies in supplier countries and the low

importance attached to issues related to additional logistic. Multivariate analysis

allowed us to conclude that company size is crucial for the company to buy more

internationally. The main obstacles experienced by Portuguese companies to global

sourcing is the failure in delivery, difficulty in managing in logistics and difference

customs formalities.

Keywords: Global sourcing, International purchasing

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Índice

Breve nota biográfica sobre a autora .............................................................................. i

Agradecimentos ........................................................................................................... ii

Abstract ....................................................................................................................... iv

Índice ............................................................................................................................v

Índice de Quadros....................................................................................................... vii

Índice de Figuras ....................................................................................................... viii

Índice de Figuras ....................................................................................................... viii

Lista de abreviaturas .................................................................................................... ix

Introdução .....................................................................................................................1

Capítulo 1. Global Sourcing : uma revisão de literatura .................................................3

1.1. Definição de Global Sourcing...............................................................3

1.2 Determinantes do Global Sourcing ........................................................6

1.3. Estratégias de Global Sourcing .............................................................9

1.4. Os níveis de Sourcing ......................................................................... 10

Capítulo 2. Global Sourcing, seus determinantes na indústria portuguesa: aspectos

metodológicos ............................................................................................................. 12

2.1. Síntese das metodologias e respectiva selecção ................................... 12

2.2. Formulação das hipóteses de investigação .......................................... 14

2.3. Especificação dos determinantes e modelo ‘teórico’ ........................... 16

2.4. Detalhe do inquérito ........................................................................... 21

2.5. Recolha dos dados e amostra .............................................................. 23

Capítulo 3. Global Sourcing, seus determinantes na indústria portuguesa: resultados

empíricos..................................................................................................................... 25

3.1. Análise descritiva ............................................................................... 25

3.2. Validação empírica das hipóteses de investigação levantadas ............. 35

3.2.1 Grupo de hipóteses relativas aos determinantes do Global Sourcing . 35

3.3. Diferenças de médias, correlações entre variáveis e implicações para o

modelo ........................................................................................................................ 43

3.4. Resultados da análise multivariada e discussão de resultados .............. 48

Conclusões .................................................................................................................. 54

Referências.................................................................................................................. 56

Anexo 1: Inquérito ...................................................................................................... 61

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Anexo 2: Outputs do SPSS, por hipótese de investigação ............................................ 64

Anexo 3: Matriz de correlações (SPSS) ....................................................................... 68

Anexo 4: Outputs do SPSS da regressão binária logística ............................................ 69

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Índice de Quadros

Quadro 1: Termos e definições de Fornecimento Internacional

Quadro 2: Determinantes e obstáculos de GS

Quadro 3: Os diferentes níveis de sourcing

Quadro 4: Caracterização dos níveis de sourcing

Quadro 5: Síntese bibliográfica da metodologia

Quadro 6: Hipóteses e a sua correspondência na literatura

Quadro 7: Determinantes do modelo ‘teórico’

Quadro 8: Correspondência das hipóteses a testar com as questões do inquérito

Quadro 9: Teste de McNemar e decisão (Hipótese 1)

Quadro 10: Ordenação, por importância, dos factores determinantes do GS (Teste de

Friedman e Wilcoxon ranked sign test) (Hipótese 2)

Quadro 11: Nº de empresas que assinalaram cada factor (Hipótese 3)

Quadro 12: Nº de empresas que assinalaram cada obstáculo (Hipótese 4)

Quadro 13: Ordenação, por importância, dos obstáculos do GS (Teste de Friedman e

Wilcoxon ranked sign test)

Quadro 14: Teste de Mann-Whitney e decisão (Hipótese 5)

Quadro 15: Diferenças de médias

Quadro 16: Resultados empíricos dos determinantes da compra a nível internacional

baseados na regressão logística

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Índice de Figuras

Figura 1: Percentagem de empresas que seleccionam cada factor-determinante (questão

#2)

Figura 2: Ordenação por ordem de importância dos factores Preço/custo, Acesso a

tecnologia e Procura de melhor qualidade (questão #3)

Figura 3: Factores considerados como mais importantes para as empresas, na decisão de

efectuarem compras internacionais (questão #3)

Figura 4: Percentagem de empresas que seleccionam cada obstáculo do GS (questão #4)

Figura 5: Percentagem de empresas que seleccionam a importância máxima, por

obstáculos (questão #5)

Figura 6: Média da classificação da importância dada pelas empresas, por obstáculos

(questão #5)

Figura 7: Nível II de global sourcing (questão#6)

Figura 8: Nível III de global sourcing (questão#6)

Figura 9: Nível IV de global sourcing (questão#6)

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Lista de abreviaturas

EUA Estados Unidos da América

GS Global Sourcing

IS International Sourcing

PME’s Pequenas e Médias Empresas

RH Recursos Humanos

RU Reino Unido

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Introdução

A abertura de fronteiras e o surgimento do mercado global resultou numa competição

mais feroz pela sobrevivência e sucesso das empresas (Bartlett et al., 2003). As

empresas tiveram de se adaptar a uma nova realidade e para garantirem o sucesso da sua

actuação, tendo que acompanhar a evolução (cada vez mais) rápida da tecnologia,

mantendo os custos baixos mas com uma qualidade cada vez mais elevada (Petersen et

al., 2000; Kotabe e Mudambi, 2009; Holweg et al., 2010). Os mercados têm elevadas

expectativas relativamente às empresas que neles actuam e os níveis de exigência são

cada vez maiores (Petersen et al., 2000; Nassimbeni e Sartor, 2007). Por seu turno, as

empresas são cada vez mais internacionais, sendo chamadas a actuar no mercado global

(Samli et al.,1998; Nassimbeni, 2006).

A razão pela qual inúmeros autores (e.g., Nassimbeni e Sartor, 2007; Kotabe e

Mudambi, 2009; Murray et al., 2009; Pagano, 2009; Jin e Farr, 2010; Hyun, 2010;

Kamann e Van Nieulande, 2010; Platts e Song, 2010) se têm debruçado sobre o estudo

do global sourcing (GS) é a sua crescente importância, bem como a sua relevância para

o sucesso das empresas (Samli e Browning, 2003). De facto, a função compras de uma

empresa é, nos dias de hoje, uma arma estratégica muito importante ao dispor da

empresa (Quintens et al., 2005).

Não há, no entanto, pelo nosso melhor conhecimento, estudos publicados que se

debrucem sobre a realidade portuguesa no que se refere ao fornecimento além-fronteiras

e sobre o impacto que tem tido nas empresas industriais. Verificamos que os estudos

existentes se referem, na sua grande maioria, a países de desenvolvimento acentuado

como os EUA, o Japão, o Reino Unido, a Suécia ou a Itália. Como Potugal se insere no

grupo de países com um desenvolvimento moderado (OCDE, 2010), pretendemos

analisar se as conclusões encontradas para realidades diferentes se verificam também

para Portugal, e por conseguinte para países com níveis de desenvolvimento diferentes.

Efectivamente, Nassimbeni (2006), Quintens et al. (2006) e Babbar e Prasad (1998)

constataram que a maior parte da literatura se refere a estudos em empresas

multinacionais e só com algumas excepções se debruçam sobre outro tipo de empresas.

O estudo dessas empresas poderá levar à validação da teoria mas também poderá ajudar

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a encontrar novos contributos para o GS (Quintens et al., 2006). Embora em termos

académicos se tenham verificado progressos nas últimas décadas, o GS ainda não ocupa

a posição apropriada merecida, no mainstream da literatura académica (Quintens et al.,

2006). Por outro lado, Quintens et al. (2006) verificaram que existe um número limitado

de estudos empíricos que se debruçam sobre os impactos do GS. No que se refere aos

benefícios, Cho e Kang (2001) identificam três tipos: vantagem competitiva, qualidade

do produto e aperfeiçoamento do serviço. Mas referem igualmente que a literatura é

ainda escassa no que se refere ao estudo das consequências do GS, pelo que o debate

continua em aberto.

O presente trabalho procura investigar a dimensão da utilização do global sourcing nas

empresas da indústria portuguesa, procurando aferir os principais determinantes e

vantagens percebidas pelas empresas, assim como os obstáculos mais sentidos aquando

do recurso ao global sourcing. Pretendemos, ainda, quantificar o peso das compras

internacionais nas compras totais das empresas que forneceram essa informação.

Para tal, recorremos à análise quantitativa de inquéritos efectuados a empresas da

indústria transformadora e a técnicas multivariáveis envolvendo um conjunto alargado

de empresas de vários sectores de actividade, pertencentes à indústria transformadora

portuguesa, avaliando quais os factores mais determinantes na decisão de efectuar

aquisições a nível internacional, assim como as vantagens e principais obstáculos.

O trabalho encontra-se estruturado da seguinte forma: começaremos por efectuar uma

revisão de literatura relativa ao GS (Capítulo 1.), apresentando os diversos termos

utilizados para significar esta mesma realidade (explorando as diferenças e semelhanças

entre eles), os seus principais determinantes, as várias estratégias e os diferentes níveis

de GS. As considerações de natureza metodológica são detalhadas no Capítulo 2,

começando por sintetizar as metodologias utilizadas pela literatura em estudos

semelhantes, especificando-se o modelo teórico, e as respectivas fontes de dados e

efectuando-se uma análise descritiva sobre as variáveis do modelo. No Capítulo 3 são

apresentados os resultados empíricos do modelo. Por fim, nas Conclusões,

sistematizam-se os principais resultados do estudo, respectivas limitações e pistas para

investigação futura.

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Capítulo 1. Global Sourcing: uma revisão de literatura

No presente capítulo analisam-se as diversas vertentes do global sourcing que ao longo

dos anos têm vindo a ser realçadas na literatura para mostrar a importância desta área da

gestão das empresas. Começamos por, na Secção 1.1., apresentar os diversos termos

utilizados para significar esta mesma realidade, explorando as diferenças e semelhanças

entre esses conceitos. Na Secção 1.2., identificam-se os principais determinantes que

influenciam a decisão, por parte das empresas industriais, de optar por comprar

internacionalmente. A Secção 1.3. caracteriza as várias estratégias de utilização do

global sourcing. Por fim, na Secção 1.3. apresentamos os diferentes níveis de GS, desde

o fornecimento doméstico até ao totalmente global.

1.1. Definição de Global Sourcing

A necessidade de definir Global sourcing aparece com o próprio fenómeno. Na

realidade, a partir dos anos 1970, começam a ser apercebidas vantagens de efectuar

compras no estrangeiro (Matthyssens et al., 2006). Observamos que os diversos autores,

como Alguire et al. (1994), Samli et al. (1998), Petersen et al. (2000), ao estudar o

tema, começam a usar uma diversidade de termos, como international sourcing, global

purchasing, international purchasing, global sourcing, de forma indiferenciada, mas

com significados semelhantes.

Nassimbeni (2006) utiliza o termo International Sourcing (IS) e define-o como sendo a

compra de materiais, por parte de uma empresa, a fornecedores que se encontram fora

das fronteiras nacionais. Esta tipologia pode assumir, segundo o mesmo autor, variadas

formas, de acordo com a extensão geográfica dos fornecedores, a distribuição

internacional da produção das empresas fornecedoras ou, ainda, de acordo com a

presença de uma estratégia integrada em todo o processo de produção e de distribuição

das empresas que recorrem a IS. Esta multiplicidade de factores leva-nos a outros

conceitos que estão associados ao IS como, import sourcing, global purchasing,

offshore sourcing, global sourcing ou, até, worldwide sourcing.

Para Quitens et al. (2006), a literatura existente não é consistente relativamente ao

conceito de global purchasing, uma vez que para o mesmo fenómeno se apresentam

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terminologias distintas, tais como as indicadas por Nassimbeni (2006). O Quadro 1

sintetiza os diferentes termos utilizados nos vários estudos e a definição que cada um

deles lhe atribui.

Quadro 1: Termos e definições de Fornecimento Internacional

Termo Definição Estudos

Global

sourcing

Compras internacionais como uma estratégia chave no

planeamento de uma empresa

Alguire et al. (1994)

Samli et al. (1998)

Petersen et al. (2000)

International

sourcing

Compra de materiais e componentes a fornecedores

localizados fora das fronteiras nacionais

Cho e Kang (2001)

Nassimbeni (2006)

Global

purchasing

Actividade de procura e obtenção de bens, serviços e outros

recursos, a uma possível escala mundial, para satisfazer as

necessidades de uma empresa, com a visão de continuar a melhorar a posição competitiva dessa mesma empresa

Bozarth et al. (1998)

Matthyssens et al.

(2006) Quintens et al.

(2006)

International

purchasing Compras internacionais numa perspectiva estratégica

Birou e Fawcett (1993)

Babbar e Prasad (1998)

Global purchasing

strategy

Perspectiva baseada em recursos contingentes da empresa.

Operacionaliza o conceito como multidimensional latente,

com quatro dimensões: a configuração do processo de compra global, a padronização do processo de compra global, a

padronização das características dos produtos relacionados e a

padronização de características organizacionais.

Quintens et al. (2006)

Fonte: Elaboração própria

Autores como Alguire et al. (1994), Samli et al. (1998), Petersen et al. (2000), Alarde et

al. (2007) e Kotabe e Mudambi (2009) utilizam o termo global sourcing sem, contudo,

o definirem. Por seu turno, Cho e Kang (2001) e Nassimbeni (2006) utilizam o termo

international sourcing como sendo a compra de materiais e componentes a fornecedores

localizados fora do país. Matthyssens et al. (2006) e Quintens et al. (2006) utilizam o

termo global purchasing. Babbar e Prasad (1998) utilizam o termo international

purchasing bem como Birou e Fawcett (1993).

O trabalho de Quintens et al. (2006) que faz uma conceptualização de global

purchasing strategy, não apresenta uma definição de global purchasing, apenas refere

que é distinto de global purchasing strategy. Contudo, nesta investigação onde os

autores fazem a revisão da literatura do estado actual do tema (state-of-the-art), já

podemos encontrar uma definição de global purchasing:

Global purchasing é a actividade de procura e obtenção de bens, serviços e outros recursos, a uma possível escala mundial, para satisfazer as necessidades de uma empresa, com a visão de

continuar a melhorar a posição competitiva dessa mesma empresa. (Quintens et al., 2006: 171).

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Esta definição teve várias ideias na sua base. Primeiro, global purchasing é mais do que

o abastecimento físico, dado que inclui também a responsabilidade estratégica de

desenvolver o lado do fornecedor bem como o de poder gerar sinergias (Quintens et al.

2006). Adiantam ainda os mesmos autores que global purchasing deve ser o resultado

de uma reactiva e oportunista decisão de diminuir os custos das compras mas também

deve ser uma estratégia proactiva para ganhar competitividade. Ou seja, essa estratégia

deverá estar presente em todas as fases do processo de compra, sendo que os objectivos

das empresas, para prosseguirem com essa estratégia, é alcançar vantagens

competitivas. O estudo de Quintens et al. (2006) não apresenta, contudo, uma distinção

entre global e international sourcing utilizando indiferenciadamente os termos sourcing

e purchasing.

Trent e Monczka (2003) fazem uma distinção, através de um estudo empírico, entre

international e global sourcing, contudo não avançam com uma teoria conceptual.

Ainda assim, estes autores são os mais referidos nas definições e distinções de global

sourcing (Hong e Holweg, 2005). Birou e Fawcett (1993) definem international

sourcing e foreign sourcing como sendo a compra no exterior do país, de materiais mas

de uma forma não coordenada ou estratégica. Trent e Moncza (2002) definem

international purchasing como sendo apenas trocas comerciais entre compradores e

vendedores localizados em países diferentes. Contudo, Monczka e Trent (1991) já

haviam avançado com a distinção de global sourcing, dado que este se refere a uma

procura de materiais, no exterior do país de origem, com atenção para os itens como

preço, qualidade, mas também para os processos, tecnologias e fornecedores. Os

sistemas de informação são apontados como requisitos necessários, por Bozart et al.

(1998), para que se faça um acompanhamento do global sourcing pelas empresas. Na

realidade, global sourcing distingue-se de international sourcing pelo facto de envolver

proactivamente não só o acto operacional de compras internacionais, mas também todos

os processos, tecnologias com ele relacionados (Trent e Moncza, 2002).

Para Hong e Holweg (2005), global sourcing é um processo onde os produtos são

produzidos com materiais de proveniência estrangeira, fazendo parte integrante de uma

estratégia global de compras, para satisfação da procura local ou externa. A produção

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pode estar localizada no país ou no estrangeiro, sendo esta a diferença essencial para

international purchasing, onde a produção está apenas no próprio país.

Após verificarem estas diferenças, Monczka e Trent (1991) constatam que o processo

de internacionalização de compras passa por uma evolução que se verifica com a

experiência; passando de forma gradual das compras internas para o mercado externo.

Esta progressão é também confirmada por Rajogopal e Bernard (1993), pois as

empresas à medida que ganham experiência envolvem-se em processos de compras

mais complexos partindo para a internacionalização. Este processo acontece de forma

gradual e lenta (Kohn, 1993). O sucesso na implementação de global sourcing verifica-

se se as empresas passarem pela ordem respectiva dos diferentes níveis (Fagan, 1991).

Para o nosso estudo vamos adoptar o conceito de global sourcing como sendo

“Compras internacionais como uma estratégia chave no planeamento de uma empresa”

referido pelos autores Alguire et al. (1994), Samli et al. (1998) e Petersen et al. (2000).

1.2 Determinantes do Global Sourcing

Os determinantes do GS são identificados por autores como Fagan (1991), Birou e

Fawcett (1993), Cavusgil et al. (1993), Bozarth et al. (1998) e Quintens et al. (2006)

que categorizaram-nos em três classes:

favorecedores (drivers) – elementos que propiciam ou aceleram a decisão de GS;

facilitadores – condições que podem não levar a mais GS mas que tornam mais

fácil a sua implementação;

barreiras – factores que impossibilitam ou tornam mais difícil o GS.

Dentro destas três categorias, cinco níveis de análise foram observados: produto,

empresa, network, indústria e envolvente. Os autores acima referidos constataram que

os principais factores que suscitam a procura de fornecimento no exterior são: 1. Os

requisitos de qualidade; 2. A pressão nos custos; 3. A necessidade de uma entrega

dentro do prazo e 4. As falhas no mercado doméstico.

Verificaram, ainda, que a qualidade do produto é o maior determinante para o GS,

embora também a maior barreira. A falta de garantia da qualidade do produto, bem

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como o controlo de qualidade são vistos por diversos autores, como Scully e Fawcett

(1994), como o maior obstáculo para o GS. Contudo, Quintens et al. (2006) apontam

para a necessidade de mais estudos para corroborar as suas constatações, dado que não

ficou esclarecido se a qualidade do produto é um determinante meramente apercebido

ou com existência real. Todavia, Cho e Kang (2001) dizem que actualmente os

consumidores estão mais conscientes da qualidade dos produtos e, por isso, estão

dispostos a pagar mais pelos produtos de melhor qualidade. Referem ainda que a

qualidade do serviço, que acompanha os produtos, é também ela importante, mas que

funciona muitas das vezes como obstáculo ao GS.

O custo do GS ou a procura de produtos cada vez mais baratos, é considerado(a) um(a)

das maiores motivações para atravessar fronteiras (Monczka e Trent, 1991; Cho e Kang,

2001; Nassimbeni, 2006; Quintens et al.,2006). Contudo, o próprio conceito de custo

não está bem definido na literatura. Avanços nesse sentido foram listados em Cho e

Kang (2001) e Quintens et al. (2006) com a desagregação do custo em várias

componentes: custos de transacção (custos de transporte, custos de stockagem, custos de

alfândega, custos de handling, custos de embalagem) e custos directos de procurement.

A entrega dentro do prazo, embora fosse apontada na literatura, por diversas vezes,

como um importante determinante do GS (Quintens et al,. 2006), não ficou claro se

deverá ser considerada um favorecedor (driver), um facilitador ou uma barreira. Cho e

Kang (2001) verificaram que este determinante é muitas vezes considerado um

obstáculo, mas a resolução dos problemas quando ocorrem atrasos na entrega

(utilizando as vantagens da internet) tem contribuído para o melhoramento da eficiência

da gestão da cadeia de fornecimento (Cho e Kang, 2001).

As falhas no mercado doméstico são apontadas por Quintens et al. (2006) como um

determinante relevante para procurar no exterior produtos que no mercado interno as

empresas não encontram, para satisfazer a sua procura ou a sua produção. Cho e Kang

(2001) atribuem idêntica importância ao factor inexistência/escassez do produto no

mercado doméstico. As falhas de mercado dizem respeito à qualidade, tecnologia e

diferenciação dos produtos.

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O Quadro 2 resume e sistematiza os principais determinantes (favorecedores e

facilitadores) e os obstáculos mais frequentemente apontados ao GS.

Quadro 2: Determinantes e obstáculos de GS

Níveis de

análise Determinantes Obstáculos

Produto

Preço/custo

Qualidade Tecnologia

Entrega

Diferenciação

Valor acrescentado

Qualidade

Volume de produção limitado Diferenças entre produtos standards

Mudanças frequentes no design

Atrasos na entrega

Empresa

Experiência, atitude, orientação

Integração em actividades

internacionais

Situação financeira

Natureza do negócio

Flexibilidade da organização

Obtenção de tecnologia

Falta de recursos para GS

Custos de comunicação e deslocação

Aumento de burocracia

Comportamentos nacionalistas

Dificuldades de prever a procura

Gestão logística

Network

Diversificação da rede de fornecimento

Ganhar vantagem na cadeia logística

Imagem dos fornecedores externos

Procura de fornecedores qualificados

Indústria

Posição competitiva

Dimensão do mercado

Entrada em novos mercados

Práticas de negócio diferentes

Intensidade competitiva

Comissões a agentes

Informação limitada

Envolvente Vantagens legais e económicas Política externa

Custos de mão-de-obra mais baixos

Quotas de importação

Diferenças culturais e linguagem

Distância geográfica Clima económico e político adverso

Diferenças alfandegárias

Tarifas

Flutuações cambiais

Fonte: Elaboração própria com base em Holweg et al . (2010), Quintens et al. (2006), Nassimbeni (2006), Samli et al. (2003), Cho e

Kang (2001), Babbar e Prasad (1998), Samli et al. (1998), Birou e Fawcett (1993), Cavusgil et al. (1993), Monczka e Trent (1991).

No nosso estudo de questionar as empresas da indústria portuguesa, iremos procurar

observar quais os determinantes e obstáculos do global sourcing, com o objectivo de

aferir se os determinantes e obstáculos verificados para Portugal são idênticos aos

apontados por estudos realizados para outros países de desenvolvimento mais avançado.

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9

1.3. Estratégias de Global Sourcing

Dois factores têm levado as empresas a recorrem a GS de forma sistemática: a estratégia

dos factores de produção e a estratégia de acesso a mercado (Wood et al., 2002).

A estratégia dos factores de produção leva-nos à procura de uma vantagem competitiva,

através da busca do mais baixo preço com a melhor qualidade possível (Wood et al.,

2002; Jin e Farr, 2010). Esta ideia vem de Adam Smith (1776) quando refere que a

especialização do trabalho e o desenvolvimento da tecnologia conduzem a economias

de escala. A estratégia dos factores de produção reconhece as vantagens da

especialização mas contrapõe que as empresas deverão procurar além-fronteiras

empresas especializadas nos inputs que necessitam, em vez de elas próprias produzirem

esses mesmos inputs (Wood et al., 2002).

A estratégia de acesso a mercados leva a que as empresas se concentrem no reforço da

sua posição nos mercados onde actuam ou na entrada em novos mercados (Bozarth et

al., 1998). Através desta estratégia, as empresas ganham ou mantêm o acesso a

mercados, em vez de criar uma vantagem económica, como na estratégia dos factores de

produção (Wood et al., 2002).

Com a globalização dos mercados e com o aumento da concorrência internacional nos

anos 80, as compras internacionais são apontadas por Monczka e Trent (1991) como

forma de manter a competitividade das empresas. À medida que as empresas ganham

experiência, vão passando da estratégia reactiva de compras internacionais para

sobreviver no mercado, para uma estratégia proactiva para obtenção de vantagens

competitivas (Monczka e Trent, 1991). Autores como Steinle e Schiele (2008), afirmam

que a função compras numa empresa é uma função estratégica, mas apenas se contribuir

para uma vantagem competitiva. Através de uma actuação eficaz e eficiente de global

sourcing, constatam Monczka e Trent (1992), as empresas conseguem alcançar uma

vantagem relativamente à sua concorrência. De forma crescente, as empresas usam o

global sourcing como ferramenta estratégica para ganhar e manter vantagens

competitivas (Cavusgil et al., 1993; Hefler, 1981).

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10

Através do estudo do global sourcing nas empresas da indústria portuguesa, tentaremos

observar, pela análise descritiva dos determinantes e obstáculos ao global sourcing, qual

o tipo de estratégia adoptada pelas empresas estudadas.

1.4. Os níveis de Sourcing

A melhor e a mais completa classificação para global sourcing está associada aos

diferentes níveis de sourcing (Bozarth et al., 1998). São reconhecidos (Monczka e

Trent, 1991, 1992; Trent e Monczka, 2002) cinco níveis de sourcing (cf. Quadro 3).

Quadro 3: Os diferentes níveis de sourcing

Domestic sourcing Nível I Compras no mercado doméstico apenas

International purchasing Nível II Compras no mercado externo sempre que

necessário

International purchasing

Global sourcing Nível III

Compras internacionais como parte da estratégia de

compras

Global sourcing Nível IV Coordenação regional e global da estratégia de

compras internacionais

Global sourcing Nível V

Integração e coordenação das estratégias de global

purchasing com outros processos e grupos

funcionais

Fonte: Elaboração própria com base em Trent e Monczka (2002)

A progressão pelos cinco níveis foi definida tendo em conta a investigação e a

experiência empírica conduzida em diferentes empresas industriais (Monczka e Trent,

1991, 1992). Não obstante, nem todas as empresas seguem a progressão dos níveis de

global sourcing, pela ordem apontada por Monczka e Trent (1992).

Monczka e Trent (1992) reconhecem que nem todas as indústrias precisam de se

posicionar no mesmo nível, relativamente à sua concorrência, para alcançarem

vantagens competitivas. Contudo, os autores constataram que diferentes estratégias

correspondem a diferentes níveis de global sourcing, mas também requerem diferentes

capacidades para a sua execução com sucesso. No Quadro 4 são caracterizados os níveis

de global sourcing acima identificados.

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11

Quadro 4: Caracterização dos níveis de sourcing

Nível I

Compras no mercado doméstico apenas

As empresas não se envolvem no mercado externo

As empresas não têm iniciativa, nem pessoal, nem estrutura, nem necessidade de realizarem

compras no mercado externo

Os fornecedores nacionais possuem os requisitos pretendidos. As empresas abastecem-se em

fornecedores ou distribuidores nacionais que realizam compras internacionais

Nível II

Compras no mercado externo sempre que necessário

As empresas progridem para este nível reactivamente

As empresas são confrontadas com falhas no mercado interno ou os seus concorrentes estão

a ganhar vantagens através de compras internacionais

Verifica-se quando se observa um declínio da procura doméstica, o aparecimento de novos

concorrentes, a interrupção do fornecimento ou rápidas variações de taxas de câmbio

Nível III

Compras internacionais como parte da estratégia de compras

As empresas que se encontram neste nível, têm consciência que uma estratégia de compras

internacionais bem executada pode levar a uma melhor performance

Muitas vezes existe a preferência por mercados emergentes para obtenção de preço mais

baixos

As empresas começam um processo de evolução que as leva ao global sourcing

Nível IV

Coordenação regional e global da estratégia de compras internacionais

Atribuir, projectar e construir unidades de negócio específicas, em alguma parte do mundo

Representa uma estratégia altamente sofisticada

Exige sistemas de informação em todo o mundo, pessoal com conhecimentos avançados,

coordenação mundial, estrutura organizacional com controlo das actividades

Nível V

Integração e coordenação das estratégias de global purchasing com outros processos e

grupos funcionais

Integração e coordenação internacional da estratégia de global sourcing

As empresas apresentam um comportamento proactivo

As empresas ajustam os seus requisitos de compra com a informação, as estratégias,

tecnologia e fornecedores para que a performance das suas compras seja maximizada

A estratégia de global sourcing liga-se horizontalmente a todos os departamentos de uma empresa

Fonte: Elaboração própria com base em Monczka e Trent (1991, 1992) e Trent e Monczka (2002)

Nas empresas que iremos analisar da indústria portuguesa, pretendemos verificar em

que nível de global sourcing se situa as empresas e que determinantes e obstáculos são

observados também nesses mesmos níveis.

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Capítulo 2. Global Sourcing, seus determinantes na indústria

portuguesa: aspectos metodológicos

O presente estudo pretende analisar os determinantes do global sourcing no caso

português, estudando os factores que se revelam ser facilitadores e os que são

obstáculos às compras internacionais. Neste contexto, analisou-se um conjunto alargado

de empresas de vários sectores de actividade, pertencentes à indústria transformadora

portuguesa, avaliando os factores considerados mais determinantes na decisão de

efectuar compras além fronteiras e quantificando o peso das compras internacionais nas

compras totais das empresas e a sua evolução mais recente.

Neste capítulo especifica-se a metodologia seguida para a obtenção da resposta à nossa

questão de investigação, a forma como se mediram as respostas ao questionário e as

fontes de dados a que se recorreu para construir as variáveis. Começamos por, na

Secção 2.1., efectuar um levantamento das metodologias utilizadas pelos estudos

semelhantes e selecção da metodologia a seguir. A Secção 2.2. descreve a formulação

das hipóteses de investigação, para na Secção 2.3 especificarmos os determinantes e o

modelo ‘teórico’, com a explicação sobre a construção das proxies utilizadas na

medição das variáveis. De seguida, fazemos uma descrição do inquérito (Secção 2.4),

descrevemos a população (empresas), a amostra e o processo de recolha de dados,

encerrando-se o capítulo (Secção 2.5.)

2.1. Síntese das metodologias e respectiva selecção

Para dar resposta à nossa questão de investigação, debruçámo-nos sobre as

metodologias utilizadas por diversos autores (sintetizadas no Quadro 5) de forma a

optarmos pela metodologia mais apropriada ao nosso estudo.

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Quadro 5: Síntese bibliográfica da metodologia

Metodologia País Nº empresas Respondente Estudos

(autor/ano)

Questionário/análise

descritiva

EUA

148 Responsável de compras

internacionais Cho e Kang (2001)

97

Responsável de compras

Bozarth et al. (1998)

268 Samli e Browning

(2003)

Itália 78 Nassimbeni (2006)

Suécia 116 Akesson et al.(2007)

Bélgica 151 Quintens et al.

(2006)

Diversos

países / EUA

maioritário

162 Vice-presidente / Gerente Trent e Monczka

(2003)

Estudo de caso Itália 10 Responsável compras - 2

Gestores/directores - 8

Nassimbeni e Sartor

(2007)

Revisão de

literatura

Diversos

países

Babbar e Prasad

(1998)

Fonte: Elaboração própria

No sentido de aferir o que determina e quais são as estratégias de GS e a sua ligação

com a estrutura das empresas que recorrem ao global sourcing em empresas industriais

na Suécia, Akesson et al. (2007), recorrem a questionários por carta. Por outro lado,

Nassimbeni (2006) e Nassimbeni e Sartor (2007) utilizam os inquéritos estruturados,

enviados por email, para apreender quais as motivações e obstáculos ao GS, de

empresas industriais italianas. Trent e Monczka (2003) para concluir acerca do GS e dos

seus factores de sucesso, benefícios e riscos/obstáculos, efectuaram, no seu estudo,

inquéritos a empresas de diversos países, no entanto, a maioria das respostas foram

obtidas de empresas americanas.

Analisando o quadro acima apresentado, podemos observar que o questionário e a

análise descritiva são os métodos mais utilizados pelos investigadores para estudar esta

temática. O estudo de caso apontado é utilizado para empresas industriais de grandes

dimensões. Podemos, ainda, constatar que os estudos incidem sobre países de

desenvolvimento acentuado, sendo os EUA o país com um maior número de estudos

realizados. Na realidade, como se trata de trabalhos que investigam a extensão de

utilização (seus determinantes e obstáculos) do global sourcing, as empresas que serão

mais frequentemente objecto de estudo são as empresas multinacionais. Contudo os

estudos mais recentes mostram análises feitas para outros países, como a Suécia, a

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Bélgica e a Itália, e para outro tipo de empresas que não multinacionais. Para a questão

que colocámos, na linha dos estudos sistematizados no Quadro 5, a recolha de

informação primária via questionário directo ao responsável de compras da empresa e a

análise descritiva dos dados, constitui a metodologia considerada por nós como a mais

apropriada.

2.2. Formulação das hipóteses de investigação

O inquérito, desenhado para analisar o nível de global sourcing na indústria portuguesa,

foi elaborado de acordo com a literatura (ver Capítulo 1) e foi estruturado com o

objectivo de obter resposta a várias hipóteses de investigação que foram levantadas

durante o processo de revisão dos estudos existentes. As hipóteses de investigação em

análise podem ser organizadas em três grandes grupos, correspondendo cada grupo a

uma preocupação de análise do Global sourcing. São eles: 1) Determinantes de GS, 2)

Obstáculos do GS e 3) Extensão do GS. O Quadro 6 sintetiza as hipóteses em estudo

indicando os trabalhos onde essas hipóteses são analisadas.

As hipóteses H3 e H4 resumem um conjunto de hipótese que serão desdobradas para

testar cada um dos factores em análise (determinantes e obstáculos, respectivamente).

Decidimos fundi-las em duas hipóteses apenas, por existir semelhança entre as

hipóteses que constituem cada uma delas. O detalhe de cada uma feita no Quadro 6

deve-se ao facto de existirem estudos diferentes para factores (determinantes ou

obstáculos) distintos. Posteriormente, aquando da descrição do questionário,

estabeleceremos a correspondência entre cada hipótese de investigação formulada e as

questões do inquérito.

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Quadro 6: Hipóteses e a sua correspondência na literatura

Hipótese Autores

Grupo de hipóteses relativas aos determinantes de Global sourcing

H1 O preço/custo é o determinante mais

importante do Global sourcing

Monczka e Giunipero (1984); Monczka e Trent (1991);

Birou e Fawcett (1993); Babbar e Prasad (1998); Cho e

Kang (2001); Nassimbeni (2006); Holweg et al. (2010)

H2

O preço, o acesso a materiais ou tecnologia não

disponíveis no mercado nacional e a

possibilidade de entrar em novos mercados são

os determinantes de GS mais importantes.

Nassimbeni (2006)

H3 Os seguintes factores são determinantes do GS:

Preço de compra mais baixo, melhor qualidade, entregas dentro do prazo e acesso

a tecnologia não existente no mercado

interno

Monczka e Giunipero (1984); Babbar e Prasad (1998); Monczka e Trent (1991); Birou e Fawcett (1993); Cho e

Kang (2001); Nassimbeni (2006); Quintens et al. (2006);

Holweg et al. (2010)

Acesso a produtos de melhor qualidade não

existentes no mercado interno

Birou e Fawcett (1993); Nassimbeni, (2006); Holweg et al.

(2010)

Possibilidade de aumentar a competitividade

da empresa

Birou e Fawcett (1993); Quintens et al. (2006); Nassimbeni

(2006)

Possibilidade de conhecer (e entrar em)

novos mercados

Monczka e Giunipero (1984); Monczka e Trent

(1991);Birou e Fawcett (1993); Cho e Kang (2001);

Nassimbeni (2006); Holweg et al. (2010);

Acesso a materiais/tecnologia não

disponíveis no mercado nacional

Monczka e Giunipero (1984); Monczka e Trent (1991, 1992); Birou e Fawcett (1993); Cavusgil et al. (1993); Cho

e Kang (2001); Nassimbeni (2006)

Diversificação de fornecedores Monczka e Trent (1991); Birou e Fawcett (1993); Babbar e

Prasad (1998); Quintens et al. (2006);

Melhor serviço ao cliente Birou e Fawcett (1993); Babbar e Prasad (1998); Cho e

Kang (2001)

Aproveitar as políticas externas dos países

fornecedores

Birou e Fawcett (1993); Quintens et al. (2006)

Grupo de hipóteses relativas aos obstáculos de Global sourcing

H4 Os seguintes factores são obstáculos do GS:

Baixa qualidade dos materiais

Monczka e Giunipero (1984); Monczka e Trent (1991);

Birou e Fawcett (1993); Scully e Fawcett (1994); Babbar e

Prasad (1998); Cho e Kang (2001); Quintens et al. (2006);

Nassimbeni (2006); Holweg et al. (2010)

Possibilidade de falha no prazo de entrega

Monczka e Giunipero (1984); Monczka e Trent (1991);

Birou e Fawcett (1993); Babbar e Prasad (1998); Cho e

Kang (2001); Nassimbeni (2006); Quintens et al. (2006);

Falta de recursos humanos e financeiros

necessários à compra ao exterior

Monczka e Giunipero (1984); Monczka e Trent (1991); Birou e Fawcett (1993); Cho e Kang (2001); Quintens et al.

(2006); Nassimbeni (2006); Holweg et al. (2010)

Custos com comunicações e deslocações

necessárias

Monczka e Giunipero (1984); Handfield (1994); Babbar e

Prasad (1998); Cho e Kang (2001); Quintens et al. (2006);

Nassimbeni (2006); Holweg et al. (2010)

Aumento da burocracia

Monczka e Giunipero (1984); Monczka e Trent (1991);

Birou e Fawcett (1993); Babbar e Prasad (1998); Cho e

Kang (2001); Nassimbeni (2006); Quintens et al. (2006);

Holweg et al. (2010)

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16

Dificuldade na gestão logística Birou e Fawcett (1993); Babbar e Prasad (1998); Cho e

Kang (2001); Nassimbeni (2006)

Dificuldade na obtenção de informação acerca

dos fornecedores

Monczka e Giunipero (1984); Monczka e Trent (1991);

Birou e Fawcett (1993);Scully e Fawcett (1994); Babbar e

Prasad (1998); Cho e Kang (2001); Nassimbeni (2006);

Quintens et al. (2006); Holweg et al. (2010)

Dificuldade em encontrar fornecedores

qualificados

Birou e Fawcett (1993); Babbar e Prasad (1998);

Nassimbeni (2006); Quintens et al. (2006)

Hábitos diferentes de realizar negócios Birou e Fawcett (1993); Babbar e Prasad (1998); Cho e Kang (2001); Nassimbeni (2006); Quintens et al. (2006)

As diferenças culturais e de linguagem

Birou e Fawcett (1993); Handfield (1994); Babbar e Prasad

(1998); Cho e Kang (2001); Nassimbeni (2006); Quintens

et al. (2006)

Clima económico e político adverso dos países

fornecedores Nassimbeni (2006); Quintens et al. (2006)

Diferenças nas formalidades alfandegárias Birou e Fawcett (1993); Handfield (1994); Cho e Kang

(2001); Nassimbeni (2006); Quintens et al. (2006)

Taxas e tarifas praticadas Cho e Kang (2001); Nassimbeni (2006); Quintens et al.

(2006)

Possibilidade de haver flutuações cambiais

Birou e Fawcett (1993); Handfield (1994); Babbar e

Prasad (1998); Cho and Kang (2001); Nassimbeni (2006);

Quintens et al. (2006)

Grupo de hipóteses relativas à dimensão e níveis de sourcing

H5 As empresas maiores estão mais disponíveis

para o GS Nassimbeni (2006)

H6 O Global sourcing tem vindo a aumentar nos

últimos anos Nassimbeni (2006)

Fonte: Elaboração própria

2.3. Especificação dos determinantes e modelo ‘teórico’

De acordo com as abordagens teóricas relevantes, expostas nas Secção 1.2., existem

vários elementos susceptíveis de explicar o maior ou menor recurso ao exterior para

efectuar as compras (Grau_GS). São eles:

a dimensão da empresa (Nassimbeni, 2006). Quanto maior a empresa (medida, p.ex.

pelo volume de negócios, ou pelo número de trabalhadores ou, ainda, por um rácio

vol. de negócios/trabalhador), maior a propensão para comprar internacionalmente.

a percepção (por parte da empresa) de obtenção de impactos positivos com essa

decisão (p.ex. Monczka e Giunipero, 1984; Birou e Fawcett, 1993; Babbar e Prasad,

1998; Nassimbeni, 2006; Quintens et al., 2006 e Holweg et al., 2010). Quanto maior

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o número de factores relevantes indicados para efectuar o global sourcing, maior a

propensão para comprar internacionalmente.

a importância atribuída ao factor preço (compra mais baixo) (Monczka e Trent,

1991; Birou e Fawcett, 1993; Cho e Kang, 2001; Holweg et al., 2010). Quanto

maior o grau de importância atribuída ao preço, mais as empresas recorrerão ao

global sourcing.

a percepção (por parte das empresas) sobre a escassez (ou inexistência) do material

ou tecnologia necessária à sua actividade (Monczka e Giunipero, 1984; Monczka e

Trent, 1991, 1992; Birou e Fawcett, 1993; Cho e Kang, 2001; Nassimbeni, 2006).

O recurso ao internacional sourcing é tanto maior quanto maior a percepção de

inexistência de material ou tecnologia (ou seja, quanto maior é a importância

atribuída a este factor).

a importância atribuída ao factor qualidade (Cho e Kang, 2001; Nassimbeni, 2006;

Quintens et al., 2006; Holweg et al., 2010). Quanto mais elevado for o grau de

importância atribuída à qualidade, maior a propensão para a empresa decidir

comprar internacionalmente.

a importância atribuída à diversificação de fornecedores (Monczka e Trent, 1991;

Birou e Fawcett, 1993; Babbar e Prasad, 1998). Quanto mais elevado for o grau de

importância atribuída à diversificação de fornecedores, mais as empresas recorrerão

ao global sourcing.

a importância atribuída às políticas favoráveis oferecidas pelos países estrangeiros

(Birou e Fawcett, 1993; Quintens et al., 2006). Quanto mais importante for para a

empresa as políticas favoráveis desenvolvidas pelos outros países, mais as empresas

decidirão comprar ao exterior.

a percepção da necessidade de aumentar a competitividade conhecendo novos

mercados (Monczka e Giunipero, 1984; Monczka e Trent, 1991;Cho e Kang, 2001).

Quanto maior a pressão interna para aumentar a competitividade (porque, p.ex., o

mercado se encontra saturado), mais as empresas irão efectuar compras ao exterior

(para permitir aumentar a competitividade interna).

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a percepção dos obstáculos associados à internacionalização (p.ex. Monczka e

Giunipero, 1984; Birou e Fawcett, 1993; Babbar e Prasad, 1998; Nassimbeni, 2006;

Quintens et al., 2006 e Holweg et al., 2010). Quanto maior o número de obstáculos

indicados relativos ao global sourcing, menor a propensão para comprar

internacionalmente.

a importância atribuída ao aumento da burocracia, às formalidades alfandegárias, à

dificuldade de gestão da logística associada e à dificuldade na obtenção de

informações acerca dos fornecedores (Birou e Fawcett, 1993; Babbar e Prasad,

1998; Cho e Kang, 2001). Quanto mais importante e penalizante for para a empresa,

os aspectos administrativos do GS (formalidades associadas à compra internacional,

contratação de serviços de transporte, recolha de informações, etc.), menos as

empresas decidirão comprar ao exterior.

a percepção relativa aos custos associados à compra internacional (Handfield,1994,

Quintens et al., 2006). Quanto maiores os custos que a empresa percepciona virem a

ocorrer (custos adicionais com tarifas e taxas, custos com comunicações e

deslocações, risco de flutuações cambiais, etc.), menor o recurso ao global sourcing.

a importância atribuída às diferenças culturais (incluindo hábitos de conduzir o

negócio) e de língua (Handfield, 1994; Nassimbeni, 2006; Quintens et al., 2006). O

recurso ao global sourcing aumenta à medida que aquelas diferenças têm menor

significado para a empresa.

o grau com que a empresa planeia (de forma estratégica) as compras (Trent e

Monczka, 2002). O grau de internacional sourcing é tanto maior quanto mais a

empresa possuir estratégias de compras.

o grau de existência, na empresa, de pessoal especializado em compras

internacionais (Monczka e Trent, 1991, 1992). Quanto maior o número de recursos

humanos com formação na área internacional, maior a propensão para a empresa

efectuar global sourcing.

Podemos, no entanto, classificar estes elementos em três grandes grupos:

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1) Características das empresas, que inclui a dimensão da empresa (Dim), a percepção

(por parte da empresa) de obtenção de impactos positivos com o GS (Vant_GS); o grau

com que a empresa planeia as compras (Plan_Compras), o grau de existência de pessoal

especializado em compras internacionais (RH_Compras), a importância atribuída à

diversificação de fornecedores (Imp_Fornec) e a percepção dos obstáculos associados à

internacionalização (Obst_GS).

2) Características associadas ao produto, que abrange a importância atribuída ao factor

‘preço mais baixo’ (Imp_Preço), a importância atribuída ao factor qualidade

(Imp_Qualidade) e a percepção (por parte das empresas) sobre a escassez (ou

inexistência) do material/tecnologia necessária à sua actividade (Inexist_Tecnol).

3) Envolvente externa, que contempla a importância atribuída às políticas favoráveis

dos países estrangeiros (Imp_PoliticasExt), a percepção da necessidade de aumentar a

competitividade e de conhecer novos mercados (Imp_Competitiv), a importância

atribuída os aspectos administrativos do GS (Exigencias_Administrativas), a percepção

relativa aos custos associados ao GS (Custos_GS), a importância atribuída às diferenças

culturais/língua/hábitos (Dif_Cult).

No presente estudo, recorreu-se a técnicas de estimação multivariáveis para aferir em

que medida variáveis como a dimensão da empresa, o grau de existência de pessoal

qualificado ou a importância da diversificação de mercados afecta o nível de global

sourcing. A equação seguinte traduz o modelo ‘teórico’ adoptado:

(

)

O quadro seguinte (Quadro 7) sintetiza os determinantes considerados no modelo

‘teórico’ assim como as fontes de informação e o efeito esperado no grau de global

sourcing realizado pelas empresas.

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Quadro 7: Determinantes do modelo ‘teórico’

Grupo Determinante Medida da

variável

Fonte de

informação

Efeito

esperado

Grau de international sourcing (Grau_GS)

Percentagem de

compras efectuadas

ao exterior

1,se %>60% e

0, se %<=60%

Questionário

Car

acte

ríst

icas

das

em

pre

sas Dimensão (Dim)

Volume de

negócios (2009) SABI +

Nº trabalhadores

(2009) SABI +

Rácio

Volneg/NoTrab cálculo +

Impactos positivos do GS Nº de factores (de

10 possíveis)

Questionário

+

Grau de planeamento estratégico Escala de

importância (5 pontos)

+

Grau de existência de pessoal especializado +

Importância da diversificação de fornecedores +

Obstáculos associados ao GS Nº de obstáculos

(de 15 possíveis) -

Car

acte

ríst

ic

as d

o

pro

du

to Importância do factor preço

Escala de

importância

(5 pontos)

+

Importância do factor qualidade +

Percepção sobre inexistência de material/tecnologia

+

Envolv

ente

ex

tern

a

Importância dos incentivos dos países

estrangeiros

Escala de

importância

(5 pontos)

+

Percepção da necessidade de aumentar a

competitividade +

Importância de conhecer novos mercados +

Importância atribuída ao aumento da burocracia -

Importância atribuída às formalidades

alfandegárias -

Importância atribuída as dificuldades logísticas -

Importância da dificuldade de obter informação

fornec. -

Percepção relativa aos custos com comunicações e deslocações

-

Percepção relativa aos custos com tarifas e taxas -

Percepção relativa ao risco de flutuações

cambiais -

Importância das diferenças culturais -

Importância das diferenças de língua -

Importância dos hábitos diferentes de fazer negócio

-

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21

2.4. Detalhe do inquérito

Na linha dos estudos existentes, o questionário a implementar foca os seguintes

elementos:

Extensão de empresas que compram internacionalmente (Trent e Monczka, 2002;

Nassimbeni, 2006);

Factores relevantes para a decisão de comprar ao mercado externo (Monczka e

Giunipero, 1984; Monczka e Trent, 1991; Birou e Fawcett, 1993; Babbar e Prasad

1998; Cho e Kang, 2001; Nassimbeni, 2006; Holweg et al., 2010);

Obstáculos à compra ao mercado externo (Monczka e Giunipero, 1984; Monczka e

Trent, 1991; Birou e Fawcett, 1993; Scully e Fawcett, 1994; Babbar e Prasad, 1998;

Cho e Kang, 2001; Quintens et al., 2006; Nassimbeni, 2006; Holweg et al., 2010);

Nível de sourcing (Monczka e Trent, 1991, 1992 e Trent e Monczka, 2002) e

evolução do global sourcing (Nassimbeni, 2006).

O inquérito desenhado para analisar o GS das empresas portuguesas foi elaborado de

acordo com a literatura sendo constituído por oito perguntas. A forma final do

questionário pode ser consultada no Anexo 1.

Realizámos uma versão online do inquérito, que enviámos por email com um link de

acesso rápido, de forma que a resposta fosse mais cómoda, fácil e célere para os

interlocutores.

A extensão de empresas que compram internacionalmente (primeiro elemento) foi

abordada na questão #1 do inquérito ao perguntar se a empresa efectuava compras a

fornecedores estrangeiros.

Para caracterizar o segundo elemento referido, incluímos perguntas que incidem sobre

os factores relevantes para a decisão de comprar ao mercado externo – uma das questões

(#2) permitia às empresas seleccionar os factores considerados importantes para o GS

sendo solicitado, de seguida, a respectiva ordenação dos (factores) indicados, por ordem

de importância numa escala de 5 pontos (#3), de forma a identificarmos quais os

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22

determinantes mais importantes para as empresas da indústria portuguesa tomarem a

decisão de comprar ao exterior.

De seguida, as questões #4 e #5 inquiriram as empresas sobre os factores que elas

poderiam identificar como obstáculos às compras a fornecedores estrangeiros.

Caracterizamos, assim, o terceiro elemento referido como relevante de acordo com a

literatura, através da indicação dos obstáculos e também da respectiva hierarquização

por ordem de importância (numa escala de 5 pontos). O último elemento que o

questionário focou dizia respeito ao nível de sourcing e evolução recente do global

sourcing e englobou três questões (#6, #7 e #8). Com a questão #6, pretendemos aferir

em que nível de sourcing as empresas se encontravam. Nesse sentido solicitámos a sua

concordância com algumas questões-chave referentes aos níveis de sourcing definidos

anteriormente com base na literatura. Nas questões sete e oito, procurámos aferir se

existiu ou não evolução no volume de global sourcing solicitando às empresas o valor

das compras totais e das compras ao exterior, em euros, nos anos de 2009, 2007, 2005,

de forma a observar o peso das compras internacionais no total de compras, ao longo

dos últimos anos.

Antes de dar por finalizado o inquérito, fizemos o seu pré-teste, enviando por email para

três empresas, de forma a avaliar a sua compreensibilidade bem como a relevância das

questões. As empresas revelaram-nos que o inquérito foi de fácil compreensão e rápida

execução, não sentindo dificuldades na interpretação das questões. Consideraram, ainda,

que as questões eram relevantes para o assunto em questão. Prosseguimos, deste modo

para a aplicação do inquérito à generalidade da nossa amostra.

O inquérito foi estruturado com o objectivo de obter resposta a várias hipóteses de

investigação que foram levantadas durante o processo de revisão da literatura. O quadro

seguinte contém a correspondência entre as hipóteses a testar e as questões do inquérito.

Page 33: Global Sourcing Evidência empírica na Indústria Portuguesa · debruçam sobre outro tipo de empresas. Todavia, os estudos existentes são para países ... sendo chamadas a actuar

23

Quadro 8: Correspondência das hipóteses a testar com as questões do inquérito

Hipótese Questão do

inquérito

Grupo de hipóteses relativas aos determinantes de Global

sourcing

H1 O preço/custo é o determinante mais importante do Global

sourcing

#2 e “3

H2 O preço, o acesso a materiais ou tecnologia não disponíveis no mercado nacional e a possibilidade de entrar em novos

mercados são os determinantes de GS mais importantes.

#2 e #3

H3 Os seguintes factores são determinantes do GS: #2

Vários factores (Detalhe no Quadro 6)

Grupo de hipóteses relativas aos obstáculos de Global sourcing

H4 Os seguintes factores são obstáculos do GS: #4 e #5

Vários factores (Detalhe no Quadro 6)

Grupo de hipóteses relativas à dimensão e níveis de sourcing

H5 As empresas maiores estão mais disponíveis para o GS #7 e #8

H6 O Global sourcing tem vindo a aumentar nos últimos anos #7 e #8

2.5. Recolha dos dados e amostra

A nossa amostra foi retirada da base de dados SABI (Sistema de Análise de Balanços

Ibéricos) que é uma base de dados que contém informação económico-financeira de um

conjunto de mais de 20.000 empresas portuguesas, num período de 10 anos. Um dos

critérios utilizados pelos estudos abordados no Quadro 5 é a dimensão da empresa. Na

linha dos estudos de Trent e Monczka (2003) e Nassimbeni e Sartor (2007)

seleccionámos um número significativo e representativo das maiores empresas

nacionais pertencentes à indústria transformadora, com CAE 2, 500 empresas, em

termos de volume de negócios, do último ano disponível. Depois de seleccionadas, as

empresas foram contactadas no sentido de se obter a informação relativa ao nome do

responsável pelas compras e o contacto mais directo, para o posterior envio do

questionário em formato electrónico.

A amostra é composta por 500 empresas, contudo 34 destas empresas encontram-se já

dissolvidas ou em processo de insolvência, pelo que considerámos 466 empresas

válidas.

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24

Iniciámos o contacto telefónico com as empresas e verificámos que existiam várias

empresas que faziam parte de um grupo de empresas, onde determinadas

responsabilidades e tarefas eram centralizadas apenas numa, como é o caso das

compras, logística, recursos humanos entre outros departamentos. Identificámos esses

grupos de empresas o que nos levou a retirar da amostra 22 empresas, de forma a não

comprometer os resultados. A nossa amostra final cifrou-se nas 444 empresas.

Comparativamente aos estudos efectuados, podemos observar no Quadro 5 (Síntese

bibliográfica da metodologia) que temos uma amostra representativa.

O inquérito foi enviado por email, tendo sido necessárias várias insistências para

alcançarmos 64 respostas válidas, o que representa 14,41% de taxa de respostas válidas.

Esta está em linha com os estudos de global sourcing realizados noutros países que

registaram taxas de respostas válidas como é o caso de Nassimbeni (2006) com 7,9%,

Trent e Monczka (2003) com 9%, Birou e Fawcett (1993) com 14,9%, Quintens et al.

(2006) com 17,8%, Cho e Kang (2001) com 18,6% e Bozarth et al. (1998) com 19,4%.

É de realçar que as empresas respondentes representam 3 % do PIB, a preços de

mercado de 2010.

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25

Capítulo 3. Global Sourcing, seus determinantes na indústria

portuguesa: resultados empíricos

Neste capítulo descrevem-se e avaliam-se os resultados obtidos através dos inquéritos

realizados às empresas da indústria portuguesa. Começamos por fazer uma análise

descritiva das respostas ao questionário na Secção 3.1.. Na secção seguinte (Secção

3.2.) procedemos à validação empírica das hipóteses de investigação levantadas. As

análises baseadas na estatística descritiva das diferenças de médias recorrendo ao teste

não paramétrico de Mann-Whitney são descritas na Secção 3.3., sendo também tecidas

nesta secção, algumas considerações sobre as diferenças de médias, as correlações entre

as variáveis e suas implicações no modelo. Terminamos o capítulo com a Secção 3.4.,

onde são apresentados os resultados da análise multivariada e discutidos os principais

resultados.

3.1. Análise descritiva

As empresas que responderam a este inquérito têm, em média, 325 funcionários e um

volume de facturação de cerca de 79 milhões de euros, dados do último ano disponível.

Estamos, deste modo, perante empresas de grande dimensão, em termos médios.

De todas as empresas inquiridas, apenas uma respondeu que não efectuava compras

internacionais, o que demonstra só por si que as empresas com uma certa dimensão não

se limitam ao mercado interno para se fornecer, recorrendo também a outros países.

Adiante, tentaremos saber o porquê deste facto.

Relativamente aos determinantes de global sourcing, observámos que o preço é o factor

que mais empresas consideram decisivo no global sourcing. Na realidade, 81% dos

inquiridos afirmam que o preço mais baixo na compra de materiais no mercado

internacional é um dos factores que os leva a recorrer ao exterior. Observámos também

que o acesso a tecnologia/materiais não existentes em Portugal é, em 78% das empresas

inquiridas, uma das razões para comprar ao estrangeiro. Estes dois factores são os que

mais se destacam (a vermelho no gráfico) dos demais determinantes. Duas outras razões

para as empresas realizarem compras internacionais, são o facto de já actuarem no

mercado internacional e a vontade de aumentar a competitividade da própria empresa,

com 48% cada uma (no gráfico a amarelo). Concomitantemente, estes são os quatro

Page 36: Global Sourcing Evidência empírica na Indústria Portuguesa · debruçam sobre outro tipo de empresas. Todavia, os estudos existentes são para países ... sendo chamadas a actuar

26

factores mais escolhidos pelas empresas para justificarem as suas compras

internacionais. Há, ainda, dois outros factores que tendo cerca de 40% de empresas que

a consideram um determinante do GS, decidimos realçar: ir em busca de produtos de

melhor qualidade e procurando diversificar os fornecedores. A Figura 1 mostra

claramente estes 3 grupos de factores, por importância.

Figura 1: Percentagem de empresas que seleccionam cada factor-determinante (questão #2)

Estes resultados estão em linha com os encontrados por Monczka e Giunipero (1984),

Monczka e Trent (1991), Birou e Fawcett (1993), Babbar e Prasad (1998), Cho e Kang

(2001), Nassimbeni (2006) e Holweg et al. (2010) dado que também eles verificaram

que o preço/custo mais baixo é o determinante mais importante para as empresas

recorrerem ao global sourcing. Na secção seguinte iremos testar a hipótese de

investigação relacionada com este resultado.

Por outro lado, Nassimbeni (2006) constatou, no seu estudo às empresas italianas, que

os principais determinantes ao global sourcing, para além do preço/custo são também o

acesso a materiais/tecnologias não existentes no mercado nacional e o aumento da

competitividade das empresas. Mais uma vez o nosso estudo, às empresas portuguesas,

está em linha com o verificado noutros países (o factor mais importante, o preço/custo,

seguido de acesso a materiais/tecnologias não existentes em Portugal e do desejo de

aumento de competitividade da sua empresa).

De realçar ainda que, de todos os factores que apontamos como determinantes, foram

todos, sem excepção, validados como tal pelas empresas inquiridas. O determinante

menos indicado pelas empresas atinge o valor de quase 8% (7,8%).

81%

38%

78%

19%

14%

8%

48%

48%

36%

8%

Preço mais baixo

Produtos de melhor qualidade

Acesso a materiais/tecnologia não existente

Entregas dentro do prazo

Melhor serviço ao cliente

Conhecer novos mercados

Aumentar competitividade

Já estar no mercado internacional

Diversificar fornecedores

Aproveitar políticas favoráveis países

Determinantes de Global Sourcing

Page 37: Global Sourcing Evidência empírica na Indústria Portuguesa · debruçam sobre outro tipo de empresas. Todavia, os estudos existentes são para países ... sendo chamadas a actuar

27

No seguimento do inquérito aplicado, pedimos aos inquiridos que classificassem cada

determinante, por grau de importância. A Figura 2 contém os gráficos com os factores

considerados, pelas empresas, mais importantes para enveredar pelo global sourcing.

Verificámos que o preço mais baixo é, sem dúvida, o factor mais importante para as

empresas decidirem comprar ao exterior, com 55% da preferência de nível máximo

(“Muito importante”), ascendendo esta percentagem a 73% quando o grau de

importância é bastante e muito importante. Contudo, o acesso a materiais/tecnologias

não existentes no nosso país são apontados como um determinante com muita

importância também (76% das empresas atribui a este factor a classificação de “muito”

ou “bastante” importante). Podemos assim aferir que as empresas industriais

portuguesas, recorrem ao mercado internacional, principalmente em busca de custos

mais baixos mas também devido à falta de materiais/tecnologias que necessitam e o

nosso país não oferece no mercado interno. A procura de melhor qualidade dos

materiais é apontada também como um factor determinante para recorrer ao global

sourcing sendo classificado de “Muito importante” por 30% dos inquiridos.

Figura 2 : Ordenação por ordem de importância dos factores Preço/custo, Acesso a tecnologia e

Procura de melhor qualidade (questão #3)

Não

responde 8%

Muito importante

55%

Bastante Importante

18%

Importante 3%

Pouco importante

10%

Nada importante

6%

Preço mais baixo

Não responde

5%

Muito Importante

49%

Bastante Importante

27%

Importante 6%

Pouco Importante

3%

Nada Importante

10%

Acesso a materiais/tecnologia não existentes no mercado nacional

Não responde

17%

Muito Importante

30% Bastante Importante

13%

Importante 19%

Pouco Importante

10%

Nada Importante

11%

Produtos de melhor qualidade

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28

Todos os outros determinantes têm importância na decisão de comprar

internacionalmente, como as entregas dentro do prazo, o melhor serviço ao cliente e

conhecer novos mercados. Todavia, a expectativa de aumentar a competitividade é

também apontada como muito importante para 35% das empresas. O facto das empresas

já actuarem no mercado internacional é um determinante que 24% das empresas

considera muito importante para o global sourcing, o factor experiência é assim um

facilitador, estando o nosso estudo em linha com os estudos de Birou e Fawcett (1993) e

Quintens et al.(2006).

Diversificar fornecedores, de forma a combater a dependência das compras a um

número restrito de fornecedores, bem como aproveitar políticas favoráveis dos

diferentes países são factores apontados como muito importantes e bastante importantes

para 31% e 19% das empresas, respectivamente, corroborando os estudos de Monczka e

Trent (1991), Birou e Fawcett (1993) Babbar e Prasad (1998) e Quintens et al. (2006).

Na figura seguinte podemos observar, de forma condensada, a classificação de factor

muito importante para as empresas, para realizarem compras internacionais. Mais uma

vez, vemos em destaque o preço, o acesso a materiais/tecnologias não existentes no

mercado interno, o aumento da competitividade e a melhor qualidade, como

determinantes muito importantes.

Figura 3: Factores considerados como mais importantes para as empresas, na decisão de

efectuarem compras internacionais (questão #3)

55%

30%

49%

16%

6%

8%

35%

25%

13%

5%

Preço mais baixo

Produtos de melhor qualidade

Acesso a materiais/tecnologia não existente

Entregas dentro do prazo

Melhor serviço ao cliente

Conhecer novos mercados

Aumentar competitividade

Já estar no mercado internacional

Diversificar fornecedores

Aproveitar políticas favoráveis dos países

Determinantes classificação de Muito Importante

Page 39: Global Sourcing Evidência empírica na Indústria Portuguesa · debruçam sobre outro tipo de empresas. Todavia, os estudos existentes são para países ... sendo chamadas a actuar

29

Na secção seguinte iremos testar a hipótese de investigação relacionada com estes

resultados (a importância máxima atribuída aos factores preço/custo, acesso a

materiais/tecnologias e aumento da competitividade).

Depois de analisar os determinantes passamos à análise dos obstáculos, apercebidos

pelas empresas da indústria portuguesa, ao global sourcing.

Desde logo se destacam, acima de 40% de respostas, a falha no prazo de entrega, com

51%, a dificuldade na gestão logística com 43% e com 40%, as diferenças nas

formalidades alfandegárias, como os três maiores obstáculos às compras internacionais

pelas empresas portuguesas. Para os autores Nassimbeni (2006), Birou e Fawcett

(1993), Babbar e Prasad (1998), Cho e Kang (2001), a gestão logística é o maior

obstáculo ao global sourcing, para o caso das empresas portuguesas é o segundo maior

obstáculo.

Figura 4: Percentagem de empresas que seleccionam cada obstáculo do GS (questão #4)

De notar que, todos os factores apresentados foram validados como obstáculos ao global

sourcing, o que está em linha como os estudos de Monczka e Giunipero (1984),

Monczka e Trent (1991), Birou e Fawcett (1993), Scully e Fawcett (1994), Babbar e

Prasad (1998), Cho e Kang (2001), Nassimbeni (2006), Quintens et al. (2006),Holweg

et al. (2010).

25%

51%

11%

12%

26%

43%

20%

12%

6%

5%

11%

18%

40%

35%

32%

Baixa qualidade

Falha prazo entrega

Falta de rec.humanos e financeiros

Custos com comunicações e deslocações

Aumento burocracia

Dificuldade na gestão logistica

Dificuldade obter informacao sobre fornecedor

Dificuldade encontrar fornecedores qualificados

Hábitos de realizar negócios

Diferenças na cultura

Diferente língua

Clima político e económico desfavorável

Diferença nas formalidades alfandegárias

Taxas e tarifas praticadas

Flutuações cambiais

Page 40: Global Sourcing Evidência empírica na Indústria Portuguesa · debruçam sobre outro tipo de empresas. Todavia, os estudos existentes são para países ... sendo chamadas a actuar

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Solicitando aos inquiridos uma gradação dos obstáculos ao comércio internacional,

verificámos que novamente a falha no prazo de entrega, a baixa qualidade bem como a

dificuldade na gestão logística aparecem como os maiores obstáculos apercebidos pelos

intervenientes. Cerca de 28% das empresas atribuem ao obstáculo “falha no prazo de

entrega”, a maior importância em relação aos outros factores. No caso dos factores

baixa qualidade e dificuldade na gestão logística, essas percentagens são de 27% e 17%,

respectivamente.

Figura 5: Percentagem de empresas que seleccionam a importância máxima, por obstáculos

(questão #5)

Factores como os as flutuações cambiais e as taxas e tarifas são considerados obstáculos

com importância, mas com um peso inferior aos referidos acima.

De notar ainda que, a falta de recursos humanos e financeiros é dos menores obstáculo

referidos pelas empresas, o que se justifica pela dimensão das empresas em termos de

volume de negócios. No entanto, as diferenças culturais, a língua diferente e os hábitos

diferentes de negócio são os obstáculos considerados pelo menor número de empresas

como os mais importantes – 3,2%, 4,8% e 3,2% das empresas atribui, respectivamente,

a cada obstáculo, a classificação de “Muito importante”.

29%

30%

8%

6%

6%

19%

6%

10%

3%

3%

5%

6%

10%

14%

16%

Baixa qualidade

Falha prazo entrega

Falta de rec.humanos e financeiros

Custos com comunicações e deslocações

Aumento da burocracia

Dificuldade na gestão logistica

Dificuldade obter informação sobre fornecedores

Dificuldade encontrar fornecedores qualificados

Hábitos diferentes de negócio

Diferenças na cultura

Diferente língua

Clima político e económico desfavorável

Diferença nas formalidades alfandegárias

Taxas e tarifas praticadas

Flutuações cambiais

Maior obstáculo ao Global Sourcing

Page 41: Global Sourcing Evidência empírica na Indústria Portuguesa · debruçam sobre outro tipo de empresas. Todavia, os estudos existentes são para países ... sendo chamadas a actuar

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Esta constatação está em linha como os estudos de Nassimbeni (2006), Handfield

(1994), Quintens et al. (2006), Birou e Fawcett (1993), Babbar e Prasad (1998), Cho e

Kang (2001) dado que aferiram que as barreiras culturais não são obstáculos relevantes

ao comércio internacional.

Já factores como o clima político-económico, e as diferenças nas formalidades

alfandegárias, são considerados obstáculos com um certo grau de relevância, nas

decisões de global sourcing nas empresas portuguesas (respectivamente 6,3% e 9,5%

das empresas atribui, respectivamente, a cada obstáculo, a classificação de “Muito

importante) juntamente com as taxas e tarifas e as flutuações cambiais (que,

constatamos acima, eram obstáculos considerados mais importantes que estes), tal como

verificaram Nassimbeni (2006), Birou e Fawcett (1993), Babbar e Prasad (1998), Cho e

Kang (2001), para estudos realizados para outros países.

Figura 6: Média da classificação da importância dada pelas empresas, por obstáculos (questão#5)

Tendo as empresas actuação no mercado internacional, precisam de se organizar no

sentido de possuirem uma actuação mais efectiva e eficiente. Para aferirmos acerca

dessa mesma organização, tentamos encontrar o nível de global sourcing com que as

empresas portuguesas mais se identificam. Os estudos sobre global sourcing não

0 1 2 3 4 5

Baixa qualidade

Falha prazo entrega

Falta de rec.humanos e financeiros

Custos com comunicações e deslocações

Aumento burocracia

Dificuldade na gestão logistica

Dificuldade obter informacao sobre fornecedor

Dificuldade encontrar fornecedores qualificados

Habitos de realizar negocio

Diferenças na cultura

Diferente língua

Clima político e economico desfavorável

Diferença ndas formalidades alfandegárias

Taxas e tarifas praticadas

Flutuações cambiais

Page 42: Global Sourcing Evidência empírica na Indústria Portuguesa · debruçam sobre outro tipo de empresas. Todavia, os estudos existentes são para países ... sendo chamadas a actuar

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identificam de uma forma directa o posicionamento nos níveis de sourcing, pelo que

nos será difícil uma comparação.

Conforme já tinhamos referido no início desde capítulo, apenas uma das empresas não

efectua compras internacionais, pelo que aferimos, que cerca de 1,5% das empresas se

encontram no nível I de Global sourcing apenas actuando no mercado interno, em

termos de compras. Os fornecedores nacionais possuem os atributos pretendidos e estes

podem-se ou não abastecer no mercado internacional.

Constatámos também que 6% das empresas realizam compras internacionais apenas

quando há falhas no mercado interno, daí aferírmos que cerca de 6% das empresas se

encontram no nível II de global sourcing. Apenas 5% das empresas recorre a

intermediários externos à empresa para realizar compras internacionais. Estas empresas

têm um comportamento reactivo dado que apenas quando são confrontadas com falhas

de mercado ou avanços da concorrência, procuram melhores soluções no mercado

internacional. Nassimbeni (2006) identificou no seu estudo que 14,5% das empresas da

indústria italiana têm também intermediários externos, para as compras internacionais,

valor este situado acima do registado para o caso português. Estes resultados sugerem-

nos, que as empresas portuguesas se situam em níveis mais avançados de sourcing, uma

vez que não recorrem apenas ao mercado externo quando têm necessidade, mas sim de

uma forma mais estratégica e pensada.

Figura 7: Nível II de global sourcing (questão#6)

A progressão nos níveis de sourcing definidos por Monczka e Trent (1991, 1992) e

Trent e Monczka (2002) faz-se tendo em conta a investigação e a experiência conduzida

pelas diferentes empresas. Não obstante, nem todas as empresas seguem a progressão

Não responde

6%

Nunca 26%

Por vezes 25%

Às vezes 27%

Muitas vezes 10%

Sempre 6%

A empresa compra no mercado externo devido apenas a falhas de fornecimento no mercado

interno Não

responde 5%

Nunca 46%

Por vezes 19%

Às vezes 16%

Muitas vezes

9%

Sempre 5%

A empresa tem um ou vários intermediários externos para todas as compras a outros

países

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dos níveis de global sourcing pela ordem sequencial. Contudo, os autores constataram

que diferentes estratégias correspondem a diferentes níveis de global sourcing, mas

também requerem diferentes capacidades para a sua execução com sucesso. No caso das

empresas analisadas, constatámos que as decisões de comprar ao exterior já fazem parte

da estratégia da empresa. Não poderemos aferir acerca da progressão pelos diferentes

níveis, mas aferimos que as empresas portuguesas se encontram nos níveis mais

avançados.

Verificamos que 51% das empresas têm uma estratégia de compras internacionais e

56% das empresas tem pessoal especializado para a realização das transacções

internacionais, o que indicia o posicionamento no nível III de sourcing. Neste nível as

empresas já têm consciência das vantagens da estratégia de compras para a performance

da empresa.

Figura 8: Nível III de global sourcing (questão#6)

Nassimbeni (2006) identificou no seu estudo que 36% das empresas da indústria italiana

têm também pessoal especializado para as compras internacionais. No nosso estudo,

49% das empresas possui unidades de negócio noutros países, o que revela mais do que

uma estratégia de compras, mas uma organização de recursos já instalados para além de

Portugal, daí que se situarão no nível IV de sourcing. Neste nível existe uma

coordenação à escala mundial de uma estratégia altamente sofisticada.

2% 10% 10%

3%

21%

56%

Nãoresponde

Nunca Por vezes Às vezes Muitasvezes

Sempre

A empresa possui pessoal especializado em transações comerciais com outros

países

3% 0%

10% 5%

32%

51%

Nãoresponde

Nunca Por vezes Às vezes Muitasvezes

Sempre

A empresa tem uma estratégia de compras internacionais

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34

Figura 9: Nível IV de global sourcing (questão#6)

Figura 10: Nível V de global sourcing (questão#6)

No nível V de sourcing as empresas apresentam um comportamento totalmente

proactivo ajustando os seus próprios requisitos de compra com a informação, a

estratégia, tecnologia e fornecedores de forma a maximizar a performance das

compras.Verificámos que 38% das empresas se identifica com o nível V, contudo

apenas 16% possui um departamento exclusivo para as compras internacionais.

Nassimbeni (2006) identificou no seu estudo que 16,9% das empresas da indústria

5%

27%

8%

0%

11%

49%

Não responde

Nunca

Por vezes

Às vezes

Muitas vezes

Sempre

A empresa possui unidades de negócio no estrangeiro

5% 11% 13%

5%

29% 38%

Nãoresponde

Nunca Por vezes Às vezes Muitasvezes

Sempre

A empresa adapta os requisitos de compras internacionais das suas filiais estrangeiras para

maximizar performance

Não responde 6%

Nunca 48%

Por vezes 8%

Às vezes 11%

Muitas vezes 11%

Sempre 16%

A empresa tem um departamento de compras dedicado apenas à aquisição a outros países

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italiana têm um departamento de compras dedicado ao exterior, o que mais uma vez está

em linha com os resultados obtidos para as empresas portuguesas.

Embora tenham respondido ao nosso inquérito 64 empresas, quando questionámos o

volume de compras totais e internacionais, mais de metade das empresas não

responderam. Contudo podemos observar que, das empresas que responderam à

questão, as compras internacionais acompanham a evolução das compras totais.

No sentido de analisarmos a evolução do peso das compras ao exterior no total de

compras, contactámos telefonicamente as empresas que não tinham respondido a estas

questões. Constatámos que o peso das compras internacionais nas compras totais é, em

média 60% e 73% das empresas tem aumentado esse peso.

3.2. Validação empírica das hipóteses de investigação levantadas

A Secção 2.2. descreve as hipóteses de investigação que foram levantadas durante o

processo de revisão de literatura. Vamos agora testar com os dados recolhidos através

dos inquéritos nas empresas, essas mesmas hipóteses, recorrendo ao software IBM

SPSS Statistics (versão 19.0). Os outputs do SPSS referentes a cada uma das hipóteses

de investigação encontram-se no Anexo 2.

3.2.1 Grupo de hipóteses relativas aos determinantes do Global Sourcing

O primeiro conjunto de hipóteses engloba as que dizem respeito ao que a literatura

sugere que está na base da decisão de recorrer ao exterior para o aprovisionamento da

empresa.

Hipótese 1: As empresas consideram o preço/custo mais determinador na decisão de

GS do que o factor i, i= acesso a produtos de melhor qualidade, acesso a

materiais/tecnologia não existente, entregas dentro do prazo, melhor serviço ao cliente,

conhecer novos mercados, aumentar a competitividade da empresa, actuar no cenário

internacional, diversificar fornecedores, aproveitar incentivos dos outros países.

Para testar esta hipótese, primeiro temos que verificar se existem diferenças

significativas entre as percentagens de respostas obtidas em cada uma das 10

possibilidades da questão correspondente (#2), e para isso recorreu-se ao teste Q de

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36

Cochran1 que, de acordo com Maroco (2010), é o teste adequado para o estudo

pretendido. Consideram-se estatisticamente significativos os testes com p-value ≤

=0,05.

Tendo-se obtido para a estatística Cochran’s Q o valor de 188,957 e um p-value de

0,000 (para N = 63), podemos rejeitar a hipótese nula associada; por conseguinte, as

diferenças observadas entre as proporções dos determinantes são estatisticamente

significativas.

Temos, então, condições para verificar estatisticamente se a hipótese apresentada por

Monczka e Giunipero (1984); Monczka e Trent (1991); Birou e Fawcett (1993); Babbar

e Prasad (1998); Cho e Kang (2001); Nassimbeni (2006) e Holweg et al. (2010) se

verifica no caso em estudo. Tal é feito recorrendo-se ao teste de McNemar2, um teste de

sinal aplicado a variáveis dicotómicas, para apenas duas amostras emparelhadas. O

emparelhamento é feito, no caso da questão #2, entre a opção de resposta ‘preço de

compra mais baixo’ e cada uma das outras opções (‘acesso a produtos de melhor

qualidade’, ‘acesso a materiais/tecnologia não existente’, ‘entregas dentro do prazo’,

‘melhor serviço ao cliente’, ‘conhecer novos mercados’, ‘aumentar a competitividade da

empresa’, ‘actuar no cenário internacional’, ‘diversificar fornecedores’ e ‘aproveitar

incentivos dos outros países’).O Quadro 9 contém as estatísticas do teste de McNemar

(para N=63 e =0,05):

Quadro 9: Teste de McNemar e decisão (Hipótese 1)

Preço de compra mais baixo

versus

Qui-

quadradoa

p-value

(Asymp. Sig.)

p-value

(Exact Sig.)b Decisão

Acesso a produtos de melhor qualidade 22,781 0,000 Rejeita H0

Acesso a materiais/ tecn. não existente 0,832 Não rejeita H0

Entregas dentro do prazo 36,214 0,000 Rejeita H0

Melhor serviço ao cliente 41,023 0,000 Rejeita H0

Conhecer novos mercados 45,021 0,000 Rejeita H0

Aumentar a competitividade da empresa 14,815 0,000 Rejeita H0

1 O teste Q de Cochran testa a hipótese nula de que a proporção p é igual em todas (k) amostras

emparelhadas. 2 O teste McNemar testa a hipótese nula de que há igualdade entre a proporção de 2 amostras

emparelhadas.

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37

Actuar no cenário internacional 12,121 0,000 Rejeita H0

Diversificar fornecedores 20,103 0,000 Rejeita H0

Aproveitar incentivos dos outros países 43,184 0,000 Rejeita H0

a continuidade corrigida

b utilizada a distribuição binomial

Podemos concluir que, apenas no caso do determinante acesso a materiais ou

tecnologias não existentes em Portugal não se rejeita a hipótese de haver igualdade de

escolha entre estas e a o factor preço de compra mais baixo. Portanto, apenas neste

determinante, nada se pode concluir. Em relação a todos os outros, não há igualdade na

proporção de escolha entre o factor preço e cada um desses factores. Como a hipótese

alternativa à hipótese nula (H1) é a de que a proporção de empresas que indicam o

factor preço de custo mais baixo é superior à proporção de empresas que escolhem um

dos outros determinantes, podemos concluir que a percentagem de empresas que

recorrem ao GS para obterem preços mais baixos é significativamente superior à

percentagem de empresas que compram ao exterior por outro motivo. Tal vai de

encontro aos estudos de Monczka e Giunipero (1984); Monczka e Trent (1991); Birou e

Fawcett (1993); Babbar e Prasad (1998); Cho e Kang (2001); Nassimbeni (2006) e

Holweg et al. (2010) que, nos países analisados, EUA, RU, Itália, verificaram a

importância superior atribuída à procura por um preço de compra mais baixo quando

decidem comprar a países terceiros (face a outras razões).

Hipótese 2: As empresas consideram o preço/custo, conjuntamente com acesso a

materiais/tecnologia não existente e a possibilidade em entrar em novos mercados mais

importantes na decisão de GS do que os restantes factores (acesso a produtos de

melhor qualidade, entregas dentro do prazo, melhor serviço ao cliente, aumentar a

competitividade da empresa, actuar no cenário internacional, diversificar fornecedores,

aproveitar incentivos dos outros países).

Dado se tratar de variáveis onde as empresas têm que expressar a sua opinião numa

escala de importância de 5 pontos (variável ordinal) e se pretende testar se existem

diferenças nas escolhas dos factores, o teste adequado, de acordo com Maroco (2010) é

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o teste de Friedman3. Consideram-se estatisticamente significativos os testes com p-

value ≤ =0,05.

Para o caso em estudo, a estatística Qui-quadrado assume o valor de 81,126 e um p-

value de 0,000 (para N=45), podendo, assim, rejeitar a hipótese nula associada, sendo

que as diferenças observadas no rank de importância dos vários factores, são

estatisticamente significativas. O SPSS fornece, ainda, juntamente com a estatística do

teste, uma tabela com a ordenação dos factores por ordem importância (atribuídas,

conjuntamente pelas empresas). O Quadro 10 apresentado seguidamente, contém essa

ordenação (do mais importante para o menos importante) dos determinantes do GS.

Quadro 10: Ordenação, por importância, dos factores determinantes do GS (Teste de Friedman e

Wilcoxon ranked sign test) (Hipótese 2)

Factor determinante do GS Ordem de

importância

Preço mais baixo 1º

Acesso a materiais/tecnologia não existente 2º

Aumentar competitividade 3º

Produtos de melhor qualidade 4º

Já estar no mercado internacional 5º

Entregas dentro do prazo 6º

Diversificar fornecedores 7º

Melhor serviço ao cliente 8º

Conhecer novos mercados 9º

Aproveitar políticas favoráveis países 10º

A hipótese em estudo refere que os três factores mais determinantes para a decisão de

comprar ao exterior são o preço/custo, o acesso a materiais/tecnologia não existente e a

possibilidade em entrar em novos mercados. Pela análise do rank obtido, verificamos

que, no caso português, a hipótese de Nassimbeni (2006) não se verifica no factor

conhecer novos mercados. Já no que se refere ao preço de compra e à procura de

materiais e/ou tecnologias não existentes em Portugal, o nosso estudo está em linha com

o de Nassimbeni (2006).

3 O teste de Friedman testa a hipótese nula de que não há preferência entre k escolhas possíveis, quando

essas escolhas são assinaladas numa escala ordinal.

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Hipótese 3: Os factores preço/custo, acesso a produtos de melhor qualidade, acesso a

materiais/tecnologia não existente, entregas dentro do prazo, melhor serviço ao cliente,

conhecer novos mercados, aumentar a competitividade da empresa, actuar no cenário

internacional, diversificar fornecedores, aproveitar incentivos dos outros países são

determinantes do GS.

Esta hipótese, apresentada por vários autores (p.ex. Monczka e Giunipero, 1984;

Monczka e Trent, 1991; Birou e Fawcett, 1993; Babbar e Prasad, 1998; Cho e Kang,

2001; Nassimbeni, 2006; Quintens et al., 2006; Holweg et al. 2010), poderá ser

verificada analisando, apenas, as respostas obtidas no questionário. Na realidade, basta

apenas uma empresa ter seleccionado cada um daqueles elementos (mesmo que

empresas diferentes) para que se possa dizer que é um determinante do GS. Na verdade,

todo o elemento da amostra é-o também da população. Logo, havendo pelo menos um

elemento na amostra que assinala aquele factor, fica automaticamente demonstrado que

na população existe pelo menos um elemento que responde o considera relevante. Não

é, por isso, necessário fazer nenhum teste estatístico. No caso das empresas portuguesas,

há evidência empírica que os factores acima indicados são determinantes do GS (o

Quadro 11 mostra o número de empresas que seleccionaram cada um dos factores

considerados determinantes do GS).

Quadro 11: Nº de empresas que assinalaram cada factor (Hipótese 3)

Preço

mais

baixo

Produtos

de melhor

qualidade

Acesso a

materiais/

tecnologi

a não

existente

Entrega

s dentro

do prazo

Melhor

serviço

ao

cliente

Conhece

r novos

mercado

s

Aumentar

competitiv

.

Já estar

no

mercad

o intern.

Diversificar

fornecedore

s

Aproveita

r políticas

favorávei

s países

52 24 50 12 9 5 31 31 23 5

Hipótese 4: Os factores baixa qualidade dos materiais, possibilidade de falha no prazo

de entrega, falta de recursos humanos e financeiros necessários à compra, custos com

comunicações e deslocações necessárias, aumento da burocracia, dificuldade na gestão

logística, dificuldade na obtenção de informação acerca dos fornecedores, dificuldade

em encontrar fornecedores qualificados, hábitos diferentes de realizar negócios,

diferenças culturais e de linguagem, clima económico e político adverso dos países

Page 50: Global Sourcing Evidência empírica na Indústria Portuguesa · debruçam sobre outro tipo de empresas. Todavia, os estudos existentes são para países ... sendo chamadas a actuar

40

fornecedores, diferenças nas formalidades alfandegárias, taxas e tarifas praticadas e

possibilidade de haver flutuações cambiais países são obstáculos do GS.

Esta hipótese, em termos de análise estatística, é idêntica à anterior. Os resultados

apurados por Monczka e Giunipero (1984), Monczka e Trent (1991), Birou e Fawcett

(1993), Scully e Fawcett (1994), Babbar e Prasad (1998), Cho e Kang (2001),

Nassimbeni (2006), Quintens et al. (2006), Nassimbeni (2006) e Holweg et al. (2010)

podem ser verificados, analisando, apenas, as respostas obtidas no questionário, na

pergunta relativa aos obstáculos sentidos (ou esperados) aquando do GS. Na realidade,

basta apenas uma empresa ter seleccionado cada um daqueles obstáculos (mesmo que

empresas diferentes) para que se possa dizer que é um obstáculo do GS, sem

necessidade de efectuar qualquer teste estatístico no sentido de validar a hipótese

colocada. No caso das empresas portuguesas, há evidência empírica que os factores

acima indicados são obstáculos do GS (todos os obstáculos têm mais de uma empresa a

referi-los – Quadro 12).

Quadro 12: Nº de empresas que assinalaram cada obstáculo (Hipótese 4)

Baixa qualidade Falha prazo

entrega

Falta de

rec.humanos e

financeiros

Custos com

comunicações e

deslocações

Aumento

burocracia

15 33 7 8 15

Dificuldade na

gestão logística

Dificuldade obter

informação sobre

fornecedor

Dificuldade

encontrar

fornecedores

qualificados

Hábitos de realizar

negócio

Diferenças na

cultura

28 13 8 4 3

Diferente língua

Clima político e

económico

desfavorável

Diferença nas

formalidades

alfandegárias

Taxas e tarifas

praticadas

Flutuações

cambiais

7 12 26 23 21

Para conseguirmos determinar a ordem de importância destes obstáculos, atribuída pelas

empresas portuguesas, e como se trata de variáveis ordinais que expressam opinião o

teste adequado, de acordo com Maroco (2010) é o teste de Friedman. Vamos considerar

estatisticamente significativos os testes com p-value ≤ =0,05.

A análise estatística inferencial indica que devemos rejeitar a hipótese de os obstáculos

do GS terem a mesma importância, dado obtermos um p-value de 0,000, para N=37,

onde a estatística qui-quadrado assume o valor de 78,066. Podemos concluir que as

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41

diferenças observadas no rank de importância dos vários obstáculos, são

estatisticamente significativas. O SPSS fornece, ainda, juntamente com a estatística do

teste, uma tabela com a ordenação dos obstáculos por ordem importância. O Quadro 13

apresentado seguidamente, contém essa ordenação (do mais importante para o menos

importante) dos obstáculos do GS.

Quadro 13: Ordenação, por importância, dos obstáculos do GS (Teste de Friedman e Wilcoxon

ranked sign test)

Obstáculo do GS Ordem de

importância

Falha no prazo de entrega 1º

Flutuações cambiais 2º

Taxas e tarifas praticadas 3º

Baixa qualidade 4º

Diferença nas formalidades alfandegárias 5º

Dificuldade em encontrar fornecedores qualificados 6º

Dificuldade na gestão logística 7º

Clima político e económico desfavorável 8º

Custos com comunicações e deslocações 9º

Dificuldade obter informação sobre fornecedor 10º

Aumento burocracia 11º

Hábitos de realizar negócio 12º

Diferenças na cultura 13º

Diferente na língua 14º

Falta de rec. humanos e financeiros 15º

Com um nível de significância de 5%, podemos concluir que as empresas portuguesas

consideram que a falha no prazo de entrega, as flutuações cambiais e as taxas e tarifas

praticadas quando se compra ao exterior, são os 3 principais obstáculos do GS.

Hipótese 5: As empresas maiores estão mais disponíveis para o GS.

Para analisarmos e testarmos este resultado da literatura (Nassimbeni, 2006), utilizamos

o teste não paramétrico de Wilcoxon-Mann-Whitney ou, como habitualmente

designado, teste de Mann-Whitney4 , que permite aferir se existe evidência de

4 O teste de Mann-Whitney testa a hipótese nula de que as médias associadas da população são as mesmas

para os dois grupos.

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diferenças estatisticamente significativas entre as médias das empresas de cada um dos

grupos (as que recorrem mais ao GS e as recorrem menos ao GS. Esta variável é medida

pela percentagem de compras ao exterior, no total das compras da empresa. De acordo

com Maroco (2010) é este o teste adequado para a análise pretendida.

Com base no teste de Mann-Whitney para as diferenças de médias entre as empresas

que efectuam mais compras ao exterior (compram mais do que a média das empresas

analisadas, ao que corresponde uma percentagem de 60%) e as que compram,

internacionalmente, menos de 60% do total, encontramos diferenças significativas para

um nível de significância de 5%. O Quadro 14 contém as estatísticas do teste de Mann-

Whitney (para N=63 e =0,05):

Quadro 14: Teste de Mann-Whitney e decisão (Hipótese 5)

Determinante

Média

Todas as

empresas

Empresas que

compram

exterior <=

60% do total

Empresas que

compram

exterior >

60% do total

p-value

(M-W)

Decisão

Dimensão

(Volume de

negócios, 2009,

Mil Euros)

51.112,5 39.558,8 58.588,4 0,027 Rejeita H0

Podemos rejeitar a hipótese de a dimensão média (medida pelo volume de negócios) dos

dois grupos em análise ser igual. Tal constatação vai de encontro ao resultado de

Nassimbeni (2006). No caso das empresas portuguesas, as que têm maior volume de

negócios são as que estão mais disponíveis e propensas ao GS.

Hipótese 6: O Global sourcing tem vindo a aumentar nos últimos anos

De acordo com o estudo de Nassimbeni (2006), a tendência das empresas é a de irem,

cada vez mais, efectuando compras além fronteiras. Por forma a testarmos esta hipótese,

começamos por agregar as empresas que responderam que o nível de GS tem-se

mantido ou tem vindo a diminuir. Para avaliar a significância estatística referente à

evolução do GS nos últimos anos, recorreu-se ao teste Binomial5 que, de acordo com

Maroco (2010), é o teste adequado para o estudo pretendido. Consideram-se

estatisticamente significativos os testes com p-value ≤ =0,05.

5 O teste Binomial testa a hipótese nula de que as 2 categorias são igualmente possíveis de ocorrer

(proporção p igual a 50%)

Page 53: Global Sourcing Evidência empírica na Indústria Portuguesa · debruçam sobre outro tipo de empresas. Todavia, os estudos existentes são para países ... sendo chamadas a actuar

43

No presente estudo, a percentagem de empresas que têm aumentado as compras ao

exterior é de 73% e as que têm mantido ou diminuído, 27%. A análise estatística

inferencial indica que a proporção de empresas têm aumentado o GS é

significativamente diferente de 50% (p-value = 0,002, N=51). Portanto, a decisão é de

‘Rejeitar H0’. No caso das empresas portuguesas, à semelhança de Nassimbeni (2006)

há evidência de que a procura de fornecedores externos, tem vindo a aumentar.

A análise das hipóteses levantadas permitiu-nos conhecer o comportamento das

empresas portuguesas relativamente ao global sourcing. Podemos assim destacar que a

percentagem de empresas portuguesas que recorrem ao GS para obterem preços mais

baixos é significativamente superior à percentagem de empresas que compram ao

exterior por outro motivo. É, de facto, o principal factor que pesa na decisão de fazer

GS. Outro dos resultados encontrados é que os factores assinalados pelas empresas

portuguesas como sendo determinantes do GS estão em linha com os determinantes

apurados em diversos estudos internacionais (Monczka e Giunipero (1984), Monczka e

Trent (1991), Birou e Fawcett (1993), Scully e Fawcett (1994), Babbar e Prasad (1998),

Cho e Kang (2001), Nassimbeni (2006), Quintens et al. (2006), Nassimbeni (2006) e

Holweg et al. (2010). Quanto aos obstáculos assinalados pelas empresas como sendo

inibidores de recurso ao GS, todos os apurados na literatura foram mencionados pelas

empresas em estudo.

Por fim, pudemos apurar que a dimensão da empresa é importante na decisão de

comprar ao exterior e que a tendência recente de procura de novos mercados além-

fronteiras é crescente.

3.3. Diferenças de médias, correlações entre variáveis e implicações para o modelo

Nesta secção pretendemos fazer uma análise exploratória dos dados e das relações

existentes entre as variáveis do ‘modelo teórico’.

As empresas foram divididas em dois grupos consoante o grau de compras ao exterior

(questão #7 e #8): 1) empresas com uma percentagem de compras ao exterior superior a

60% do total das suas compras (60% é a percentagem média de compras ao exterior,

entre as empresas analisadas); 2) empresas com uma percentagem de compras ao

exterior inferior ou igual a 60% do total das suas compras.

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44

Para concretizar esta análise descritiva foi utilizado o teste não paramétrico de Mann-

Whitney6, que permite aferir se existe evidência de diferenças estatisticamente

significativas entre as médias das empresas de cada um dos grupos, nas diferentes

dimensões das variáveis em análise, sendo este o teste adequado, de acordo com

Maroco (2010).

Com base no teste de Mann-Whitney para as diferenças de médias entre as empresas

que compram ao exterior, menos ou mais de 60% do seu total de compras, encontramos

diferenças significativas nos três grupos de determinantes no qual classificamos as

variáveis, nos elementos ‘Dimensão da empresa’, ‘Impactos positivos do GS’ e

‘Importância do factor qualidade’ para um nível de significância de 5%, e nos

elementos ‘Grau de existência de pessoal especializado’, ‘Percepção sobre inexistência

de material/tecnologia’, ‘Percepção relativa aos custos com comunicações e

deslocações’. e ‘Importância das diferenças linguísticas’ para =10%. O quadro 15,

sintetiza a informação relativa às diferenças de médias entre as empresas que compram

acima da média (medida em % de compras ao exterior no total de compras) e as que

compram abaixo da média.

No que se refere ao volume de negócios, a média das empresas cuja percentagem de

compras é mais baixa, assume o valor de 39.558,8 mil euros enquanto que nas restantes

empresas se situa nos 58.588,4 mil euros, o que sugere que este factor poderá ser

relevante na decisão de enveredar pelo international sourcing.

A análise sugere, também, um papel potencialmente relevante da importância que a

empresa atribui ao factor qualidade, uma vez que o primeiro grupo de empresas

(compras internacionais mais baixas) apresenta uma importância média de 2,83 contra

3,83 do segundo grupo.

Outro dos elementos que distingue, com significância estatística, os dois grupos, é o

número de factores relevantes para o GS. No entanto, este não constitui um factor

potencialmente explicativo do maior grau de GS, pois a média de factores relevantes

indicados foi superior no grupo que compra menos a nível internacional (4,68 versus

3,5).

6 O teste de Mann-Whitney testa a hipótese nula de que as médias associadas da população são as mesmas

para os dois grupos.

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45

Quadro 15: Diferenças de médias

Grupo Determinante Medida da

variável

Todas as

empresas

Que

compram

abaixo de

60%

Que

compram

acima de

60%

p-value

(M-W)

Car

acte

ríst

icas

das

em

pre

sas Dimensão (Dim)

Volume de

negócios (2009) 51.112,5 39.558,8 58.588,4 0,027a

Nº trabalhadores

(2009) 271 226 300 0,860

Rácio

Volneg/NoTrab 301,9 277,7 317,5 0,107

Impactos positivos do GS Nº de factores (de

10 possíveis) 3,96 4,68 3,5 0,031a

Grau de planeamento

estratégico Escala de importância

(5 pontos)

4,16 4,05 4,24 0,342

Grau de existência de pessoal especializado

4,05 3,73 4,26 0,067b

Importância da diversificação

de fornecedores 3,02 3,05 3,0 0,892

Obstáculos associados ao GS Nº de obstáculos

(de 15 possíveis) 3,48 3,91 3,21 0,297

Car

acte

ríst

icas

do

pro

du

to Importância do factor preço

Escala de

importância

(5 pontos)

4,08 3,76 4,29 0,182

Importância do factor

qualidade 3,45 2,83 3,83 0,020a

Percepção sobre inexistência de material/tecnologia

4,09 3,76 4,31 0,095b

Envolv

ente

ex

tern

a

Importância dos incentivos

dos países estrangeiros

Escala de importância

(5 pontos)

2,56 2,41 2,67 0,531

Percepção da necessidade de

aumentar a competitividade 3,8 3,45 4,03 0,165

Importância de conhecer

novos mercados 2,83 2,82 2,84 0,979

Importância atribuída ao

aumento da burocracia 2,68 2,59 2,74 0,812

Importância atribuída às

formalidades alfandegárias 3,27 3,22 3,3 0,646

Importância atribuída as

dificuldades logísticas 3,14 2,89 3,29 0,362

Importância da dificuldade de obter informação fornec.

2,64 2,44 2,77 0,377

Percepção relativa aos custos

com comunicações e

deslocações

2,54 2,13 2,83 0,065b

Percepção relativa aos custos

com tarifas e taxas 3,21 3,17 3,25 0,813

Percepção relativa ao risco de

flutuações cambiais 3,4 3,28 3,48 0,577

Importância das diferenças

culturais 2,26 2,27 2,25 0,881

Importância das diferenças de

língua 2,2 1,73 2,48 0,063b

Importância dos hábitos

diferentes de fazer negócio 2,33 2,13 2,46 0,492

a nível de significância de 5%

b nível de significância de 10%

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46

Podemos realçar ainda (com um nível de significância de 10%) o impacto que a

existência de pessoal especializado em GS na empresa poderá ter na opção por comprar

internacionalmente (grau médio de 3,73 versus 4,26 no primeiro grupo de empresas e no

segundo, respectivamente), assim como a percepção da empresa sobre a necessidade de

ir comprar ao exterior devido à inexistência de material/tecnologia (importância média

de 3,76 versus 4,31). Quanto à percepção relativa aos custos adicionais com

deslocações/comunicações e à importância atribuída à dificuldade em lidar com

diferenças de língua falada, apesar de as diferenças médias entre os 2 grupos de

empresas serem estatisticamente significativas (com um nível de significância de 10%),

uma vez que o grupo que compra mais ao exterior assume um valor médio superior

(1,73 versus 2,48 e 2,13 versus 2,83, respectivamente) ao grupo de empresas que

compra menos, pensamos que estes factores não constituem um elemento

potencialmente explicativo do maior grau de GS.

Depois de efectuado o teste para as diferenças de médias entre as empresas que

compram ao exterior abaixo e acima de 60% das suas compras totais, a análise

multivariada deve ser precedida por uma análise da matriz de correlação entre as

variáveis relevantes por forma a aferir sobre o possível grau de explicação das variáveis

independentes sobre o grau de GS e evitar incluir variáveis (explicativas) que possam

estar muito correlacionadas.

Através das estimativas do coeficiente de Pearson, verifica-se uma correlação

significativa (nível de significância de 5%) da variável dependente (grau de GS) com a

dimensão da empresa (medida através do volume de vendas) (correlação de Pearson de

0,272), o número de factores relevantes referidos (-0,294), a importância atribuída ao

factor qualidade (0,339) e, com nível de significância de 10%, a percepção sobre o

aumento dos custos com deslocações e comunicações (0,279) (ver matriz de correlações

no Anexo 2). Esta análise sugere que, em média e numa perspectiva bivariada, empresas

de maior dimensão e empresas para as quais o factor qualidade é mais importante

tendem a enveredar mais pelo GS, o que vem confirmar os resultados obtidos com o

teste de Mann-Whitney. Por outro lado verificamos que existe uma relação de sinal

contrário entre o número de factores relevantes assinalados e o grau de GS (quanto mais

factores referidos, menor o grau de GS).

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47

Analisando as variáveis independentes, verificou-se que existem diversos casos em que

elas são fortemente correlacionadas entre si, o que poderá acarretar problemas de

multicolinearidade na estimação. Esta questão pode ter dois significados: ou que as

variáveis estão a medir o mesmo determinante, ou que apresentam uma dependência

comum de uma outra variável não medida no modelo (Maroco, 2010). A variável

número de trabalhadores está muito relacionada com o rácio volume de negócios/nº de

trabalhadores (-0,699). Anteriormente, foram utilizadas 3 variáveis como proxy da

dimensão da empresa (volume de negócios, número de trabalhadores e rácio entre o

volume de vendas e o número de trabalhadores). Decidimos manter apenas uma delas (o

volume de negócios, por ser a que tem um nível de significância maior na matriz de

correlações em relação à variável dependente) e resolvemos, simultaneamente o

potencial problema de multicolinearidade associada à elevada correlação entre o nº de

trabalhadores e o rácio.

A variável importância do preço mais baixo revela uma forte correlação com a variável

importância de aumentar a competitividade (coeficiente de Pearson de 0,632), daí irmos

utilizar apenas uma delas, optando por manter a importância do preço mais baixo dado

que pensamos poder ser mais explicativa que a outra. Outra das situações onde existe

forte correlação é entre as variáveis importância do aumento da burocracia e

importância atribuída às taxas e tarifas adicionais (coef. Pearson de 0,637). Decidimos

retirar a variável taxas e tarifas, por considerarmos que actualmente no espaço europeu,

estes custos adicionais já não têm significado. Há ainda, forte correlação entre as

variáveis ‘Dificuldade em obter informações acerca do fornecedor’ e ‘Hábitos diferentes

de realizar negócio’ (0,666), e entre a primeira e ‘Importância das diferenças de cultura’

(0,687). Optamos por retirar a variável Dificuldade em obter informações acerca do

fornecedor. Por estarem igualmente muito correlaccionadas, as variáveis ‘Hábitos

diferentes de realizar negócio’ ‘Importância atribuída às diferenças de cultura’ e

‘Importância atribuída às diferenças na língua’, mantivemos apenas a variável

Importância atribuída às diferenças de cultura por considerarmos ser, das 3 variáveis, a

que mais abrange as outras.

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48

3.4. Resultados da análise multivariada e discussão de resultados

Nesta secção efectuamos uma análise de causalidade recorrendo para tal a técnicas

multivariáveis. Pretendemos analisar qual o grau de explicação das variáveis 1)

dimensão da empresa, 2) número de factores relevantes, 3) importância atribuída ao

preço mais baixo praticado em GS, 4) importância atribuída ao factor qualidade, 5)

percepção sobre a falta de tecnologia/materiais a nível nacional, 6) importância

atribuída à necessidade de conhecimento de novos mercados, 7) importância atribuída à

necessidade de diversificar os fornecedores, 8) importância atribuída às políticas

favoráveis e incentivos que os países fornecedores oferecem, 9) número de obstáculos

do GS, 10) importância de custos adicionais com deslocações e comunicações, 11)

importância atribuída ao aumento da burocracia, 12) importância percepcionada com a

gestão da logística, 13) importância atribuída às diferenças culturais; 14) importância

das diferentes formalidades alfandegárias, 15) percepção sobre as flutuações cambiais,

16) grau com que a empresa planeia as sua compras e 17) grau de detenção de RH

especializados em GS.

De acordo com Maroco (2010), quando a variável dependente é do tipo nominal

(assumindo o valor 0 para as empresas que compram abaixo da média e 1 para as que

compram acima), o método indicado para estimar o modelo teórico é a regressão binária

logística. É esta a técnica indicada para modelar a ocorrência, em termos

probabilísticos, de uma das duas realizações das classes da variável. As variáveis

independentes podem ser qualitativas e/ou quantitativas, e o modelo logístico permite

avaliar também a significância de cada uma das variáveis independentes do modelo.

O quadro seguinte (Quadro 16), apresenta os resultados da estimação logística,

recorrendo a vários métodos de selecção das variáveis independentes. O SPSS permite

optar por um de diferentes métodos: o ‘Enter’ é onde todas as variáveis seleccionadas

são incluídas no modelo. Existem outros métodos de selecção de variáveis – o SPSS vai

seleccionando passo-a-passo (stepwise) as variáveis, consoante o nível de significância

que elas vão tendo no modelo e consoante a qualidade final do modelo. Para além do

método ‘Enter’, o SPSS tem também o método Forward Stepwise que tem 3 variantes

(conditional, LR Likelihood Ratio e Wald), e o método Backward Stepwise, também

com as mesmas variantes (conditional, LR Likelihood Ratio e Wald). O método que

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49

utilizamos foi o Forward Stepwise LR por ser o que permitia a melhor qualidade de

ajustamento, de acordo com o teste de Hosmer e Lemeshow.

Quadro 16: Resultados empíricos dos determinantes da compra a nível internacional baseados na

regressão logística

Grupo Determinante Medida da variável

Modelo utilizando o método Forward

StepwiseLR

Step 1 (Modelo I)

Step 4 (Modelo II)

Final (Modelo III)

Constante -21,683 -109,494 -218,152

Car

acte

ríst

icas

das

em

pre

sas Dimensão (Dim) Log (vol.negócios 2009) 4,853a 21,067a 42,763

Impactos positivos do GS Nº de factores (de 10

possíveis) --- --- 0,993

Grau de planeamento

estratégico

Escala de importância

(5 pontos)

--- --- ---

Grau de existência de pessoal

especializado --- --- ---

Importância da diversificação

de fornecedores --- --- ---

Obstáculos associados ao GS Nº de obstáculos (de 15

possíveis) --- --- ---

Car

acte

ríst

ica

s d

o p

rod

uto

Importância do factor preço

Escala de importância

(5 pontos)

--- 3,338a 4,942

Importância do factor

qualidade --- --- 2,275b

Percepção sobre inexistência

de material/tecnologia --- --- ---

En

vo

lven

te e

xte

rna

Importância dos incentivos

dos países estrangeiros

Escala de importância

(5 pontos)

--- 1,336a 2,602b

Importância de conhecer

novos mercados --- --- ---

Importância atribuída ao

aumento da burocracia --- --- ---

Importância atribuída às

formalidades alfandegárias --- --- ---

Importância atribuída as

dificuldades logísticas --- -1,266b -2,423

Percepção relativa aos custos

com comunicações e deslocações

--- --- ---

Percepção relativa ao risco de

flutuações cambiais --- --- ---

Importância das diferenças

culturais --- --- ---

N 56 56 56

Qualidade do ajustamento

Hosmer and Lemeshow 4,647 2,8 1,732

(p-value) 0,703 0,903 0,973

% correctas 67,6% 86,5% 89,2%

a nível de significância de 5%

b nível de significância de 10%

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50

Os resultados empíricos dos determinantes do GS, baseados na regressão logística, têm

como variável dependente, a variável dummy Nível_GS que assume valor 1 caso a

empresa compre acima de 60% e 0, caso contrário.

Os testes de qualidade de ajustamento (teste de Hosmer e Lemeshow e percentagem de

observações estimadas correctamente) permitem concluir que o modelo usando o

método Forward Stepwise LR apresenta uma boa qualidade de ajustamento. De facto,

no que respeita ao teste de Hosmer e Lemeshow, o p-value acima de 0,10 significa que

se não se rejeita a hipótese nula do teste, ou seja, de que os modelos representam bem a

realidade (e temos p-values de 0,703, 0,903 e 0,973 nos três modelos estudados). Por

outro lado, mais de 70% dos valores estimados da variável dependente são

correctamente previstos pelos modelos (sendo que no modelo final, utilizando o método

forward stepwise LR, essa percentagem é de 89,2%).

Os resultados indicam que, em média, a dimensão da empresa é o determinante chave

na opção por comprar internacionalmente (p-value correspondente de 0,03 e 0,012

(<5%) nos modelos I e II, respectivamente). Há, para além deste, mais quatro factores

que explicam o grau de global sourcing. São a importância do factor preço mais baixo,

a importância da qualidade do produto, a percepção sobre as políticas favoráveis

oferecidas pelos países fornecedores e a baixa importância atribuída aos aspectos

logísticos de efectuar compras internacionais.

O sinal positivo e estatisticamente significativo do coeficiente estimado para a

dimensão, indica que empresas com maior volume de vendas tendem, em média, a

recorrer mais exterior para se abastecer. Esta relação corrobora o estudo de Nassimbeni

(2006). Este resultado poderá ser explicado pelo facto de as empresas de maior

dimensão terem, dado o volume de negócios envolvido, mais necessidade de efectuar

compras em geral. A par desta explicação podemos conjecturar que, dada a sua posição

no mercado, sintam mais necessidade (do que as empresas de menor dimensão), de ir

além fronteiras para garantir que as condições de compra são as mais competitivas para

a sua empresa. Muito provavelmente, a rede de contactos que desenvolvem, dada a sua

dimensão, também propicia a aquisição a nível internacional.

Outro dos factores igualmente significativos na explicação do grau de global sourcing

que determinada empresa possui, é a importância que a empresa atribui ao factor preço

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e ao factor qualidade. Quanto mais relevante for para a empresa o preço de compra,

mais tendência terá para ir consultar fornecedores além fronteiras. Vários autores

referem precisamente a importância central deste factor no nível e apetência para

comprar a nível internacional (Monczka e Trent, 1991; Birou e Fawcett, 1993; Cho e

Kang, 2001; Holweg et al., 2010). A procura por um nível de qualidade superior é,

igualmente, um dos aspectos que estimula as empresas a efectuar GS. Este resultado

para o caso português é apresentado, já em diversos estudos feitos para outros países,

por exemplo, os estudos de Cho e Kang (2001), Nassimbeni (2006), Quintens et al.

(2006) e Holweg et al. (2010).

Para além destes determinantes, os resultados indicam que, em média, a importância

atribuída às políticas dos países estrangeiros (incentivos desenvolvidos pelos países para

captar investimento e dinamização da sua actividade económica) é o determinante

importante na opção por comprar internacionalmente (nos modelos II e III assume um

p-value de 0,033 e 0,07 nos modelos I e II, respectivamente). Já Birou e Fawcett (1993)

e Quintens et al. (2006) referiam, nos seus estudos, que as políticas favoráveis

desenvolvidas pelos outros países, influenciavam as empresas na decisão de comprar a

nível internacional.

O último factor encontrado (nos 3 modelos desenvolvidos) como significativo para o

grau de GS é a importância atribuída à gestão da logística numa compra. Neste caso, a

relação é de sinal contrário. O sinal negativo e estatisticamente significativo do

coeficiente estimado para esta variável, indica que empresas que atribuem menos

importância aos aspectos relacionados com a logística subjacente às compras a nível

internacional tendem, em média, a recorrer mais ao exterior para se abastecer. Esta

relação de sinal negativo vem de encontro ao que Babbar e Prasad (1998) e Cho e Kang

(2001) concluem nos seus estudos.

Por fim, é importante notar que alguns dos elementos considerados na literatura, como

determinantes para a decisão de comprar internacionalmente, não se destacaram na

amostra em análise. É o caso da (ou inexistência) do material ou tecnologia necessária à

actividade da empresa. Esperaríamos, à semelhança de Monczka e Giunipero (1984),

Monczka e Trent (1991, 1992), Birou e Fawcett (1993), Cho e Kang (2001) e

Nassimbeni (2006), que um dos determinantes mais assinalados pelas empresas e com

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mais peso na decisão de comprar fora de Portugal, fosse a inexistência do

material/produto ou tecnologia de que necessitam para levarem a cabo a sua actividade.

Para além deste factor, a procura de diversificação de fornecedores (de modo a

dependerem menos de um número reduzido de abastecedores) era um dos factores por

nós espectável como sendo determinante na decisão de GS e também apresentado na

literatura como o sendo (Monczka e Trent, 1991; Birou e Fawcett, 1993; Babbar e

Prasad, 1998).

Já no que diz respeito a aumentar a competitividade em sentido estrito, não tínhamos

uma percepção tão forte em relação a este factor. Na realidade, eram indicados à

empresa (no questionário) factores que entram directamente da determinação da

competitividade – o preço e a qualidade, que, como vimos acima, são determinantes

estatisticamente significativos.

Os factores aumento da burocracia, diferenças nas formalidades alfandegárias (Birou e

Fawcett, 1993; Babbar e Prasad, 1998; Cho e Kang, 2001), custos adicionais com

tarifas e taxas, custos com comunicações e deslocações e risco de flutuações cambiais

(Handfield,1994, Quintens et al., 2006) mostraram-se não determinantes (em todos os

modelos analisados) no grau de compra ao exterior. Este resultado poderá ser explicado

pelo facto de, ao estarmos integrados numa zona económica comum e, provavelmente,

porque as empresas percepciona o internacional sourcing como sendo essencialmente a

nível europeu, os aspectos burocráticos e as questões alfandegárias assumem uma

importância menor e menos decisiva e influente no GS.

Quanto à dificuldade de obter informações acerca dos fornecedores (factor apontado por

Babbar e Prasad, 1998; Cho e Kang, 2001 como determinante), pensamos que este

factor tem vindo a ter cada vez menos peso, dada a existência de inúmeros meios

baratos e de fácil acesso, para obter informações (a internet é um exemplo disso).

Resta analisar os factores diferenças culturais, de língua e de hábitos de negócio, o

factor existência/inexistência de recursos humanos com formação na área de GS e o

elemento forma como as empresas planeiam as suas compras. Nenhum destes factores

se revelou, também, determinante na decisão de GS, apesar de haver evidência na

literatura na sua influência no GS ((Handfield, 1994; Nassimbeni, 2006; Quintens et al.,

2006) ,(Monczka e Trent, 1991, 1992) e (Trent e Monczka, 2002) respectivamente). No

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mundo global as diferenças são cada vez menores e a informação sobre aspectos

culturais e de protocolo nos negócios são de acesso fácil a quem deles necessite. As

diferenças na língua também facilmente são ultrapassadas, embora existam algumas

línguas mais universais na condução dos negócios internacionais. Por isso mesmo

poderão não ser determinantes para as decisões de GS. Os recursos humanos com

formação de GS não serão determinantes para o GS uma vez que pessoal especializado

noutras áreas poderá cumprir com as funções necessárias e inerentes ao GS. Empresas

com a dimensão que observamos na nossa amostra devem possuir recursos humanos

especializados e altamente formados, pelo que estes aspectos podem ser superados sem

dificuldade. Concomitantemente, a gestão e planeamento estratégico terá um elemento

presente nestas empresas pelo que não será um factor decisivo no GS.

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Conclusões

A competição no mercado global obriga as empresas a adaptarem-se a novas realidades,

sendo o âmbito de actuação das empresas não só nacional como cada vez mais

internacional, mesmo que esse não seja o seu desejo. Neste contexto, surgem as

compras internacionais como forma de alcançar vantagens competitivas.

Uma das motivações para o nosso estudo, deve-se ao facto de em Portugal não existirem

estudos sobre o global sourcing, pelo que pensamos dar um contributo válido nesta

temática.

A abordagem às empresas não é fácil, contudo conseguimos obter resultados que

poderão ajudar a compreender o fenómeno do GS no nosso país.

Os principais determinantes ao global sourcing nas empresas da indústria portuguesa

são o preço/custo, o acesso a materiais/tecnologias não existentes no mercado nacional e

o aumento da competitividade das empresas. Todavia, o que leva as empresas a

comprarem mais ou menos no exterior é explicado pela importância dada ao preço mais

baixo, pela importância dada à qualidade do produto, pela percepção sobre políticas

favoráveis nos países fornecedores e a baixa importância atribuída às questões

logísticas. Mas, o factor que mais se destaca é o preço, sendo o principal motivo para as

empresas decidirem pela procura de fornecedores no exterior.

Os principais obstáculos sentidos pelas empresas portuguesas e que condicionam o

global sourcing são a falha no prazo de entrega, a dificuldade na gestão logística e as

diferenças nas formalidade alfandegárias. Todavia, as flutuações cambiais e as taxas e

tarifas são também factores importantes para o maior ou menor grau de compras ao

exterior.

Concluímos que a dimensão da empresa é determinante para o maior recurso à compra

no mercado internacional e que as empresas que apresentam um maior volume de

negócios têm mais propensão, também, para comprarem mais ao exterior. Constatámos

ainda, que a dimensão do GS apresenta uma tendência de crescimento na indústria

portuguesa.

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As conclusões acima referidas, quer para os determinantes quer para os obstáculos,

levantam-nos algumas questões. Desde logo o sector onde as empresas actuam. Existem

indústrias mais intensivas em capital do que outras e por certo as suas motivações para

recorrer ao exterior são muito diferentes. Umas empresas têm como motivação o preço

baixo, não sendo muito relevante a qualidade. Contudo, empresas mais tecnológicas,

preferem materiais de qualidade, em detrimento do preço. Por outro lado, que

características têm os países fornecedores e as suas indústrias para atrairem a si as

compras dos demais.

Podemos concluir que os maiores determinantes e obstáculos apercebidos pelas

empresas portuguesas seguem a tendência que se verificou em países mais

desenvolvidos. Convém referir, no entanto, que o nosso estudo versou sobre as 500

maiores empresas da indústria portuguesa, pelo que a generalização à totalidade da

indústria tem limitações. A estrutura das empresas que serviram de base aos nossos

resultados não reflecte a estrutura das PME’s, por exemplo, para não falar das

microempresas, que existem em grande número em Portugal. Este facto constata-se nos

nossos resultados, uma vez que muitas das empresas se encontram em níveis avançados

de GS, apresentando por isso organizações empresariais complexas que não são

observáveis na maioria das PME’s. Investigação futura poderá estudar o GS em PME’s

de forma a analisar se as conclusões por nós obtidas se aplicam também a esse tipo de

empresas.

As empresas actuam cada vez mais no mercado global e é claro que o crescimento e

desenvolvimento do GS terão um papel também cada vez mais importante nas

estratégias das empresas, pelo que o estudo deste fenómeno também ele será

importante.

Investigação futura poderia fazer uma análise mais extensiva a empresas de dimensão

diferente das analisadas. Também poderia ser interessante analisar o comportamento das

empresas face ao GS, segmentando a análise por tipo de indústria, bem como analisar o

tipo de gestão e estratégias prosseguidas pelas empresas para tornar mais eficiente o GS.

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Trent, R.J. e Monczka, R.M. (2003), “Understanding integrated global sourcing”,

International Journal of Physical Distribution & Logistics Management, Vol.

33, No. 7, pp. 607-629.

Wood, D.F., Barone, A.P., Murphy, P.R. e Wardlow, D.L. (2002), International

Logistics, Amacon, USA, 2nd edition.

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61

Anexo 1: Inquérito

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Anexo 2: Outputs do SPSS, por hipótese de investigação

Hipótese 1

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65

Hipótese 2

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66

Hipótese 4

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67

Hipótese 5

Hipótese 6

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Anexo 3: Matriz de correlações (SPSS)

VarDependen

te GrauGS

ComprasAci

ma60%Total

LogVolVen

das LogNTrab LogRacio

NoFactore

sRelevante

sReferidps

3.

Ordenação

Preço

mais baixo

3.

Ordenação

Produtos

de melhor

qualidade

3.

Ordenação

Acesso

materiais/t

ecn. não

existente

3.

Ordenação

Conhecer

novos

mercados

3.

Ordenação

Aumentar

competitivi

dade

3.

Ordenação

Diversificar

fornecedor

es

3.

Ordenação

Aproveitar

políticas

favoráveis

países

NoObsta

culosRef

eridos

5.

Ordenação

obstáculo:

custos

comunic.

Desloc.

5.

Ordenação

obstáculo:

Aumento

burocracia

5.

Ordenação

obstáculo:

Dificuldade

na gestão

logistica

5.

Ordenação

obstáculo:

Dificuldade

obter

informacao

5.

Ordenação

obstáculo:

Habitos de

realizar

negocio

5.

Ordenação

obstáculo:

Diferenças

na cultura

5.

Ordenação

obstáculo:

Diferente

língua

5.

Ordenação

obstáculo:

Diferença

nas

formalidad

es alf.

5.

Ordenação

obstáculo:

Taxas e

tarifas

praticadas

5.

Ordenação

obstáculo:

Flutuações

cambiais

6. Grau de

concordân

cia: A

empresa

estratégia

de GS

6. Grau de

concordân

cia: A

empresa

possui RH

especializa

do em GS

Pearson Correlation 1 ,272 ,051 ,161 -,294 ,195 ,339 ,216 ,006 ,219 -,018 ,097 -,146 ,279 ,057 ,139 ,133 ,142 -,007 ,310 ,034 ,035 ,084 ,074 ,183

Sig. (2-tailed) ,043 ,707 ,235 ,028 ,165 ,020 ,121 ,968 ,130 ,901 ,544 ,285 ,086 ,727 ,337 ,401 ,382 ,965 ,052 ,824 ,827 ,591 ,587 ,176

Pearson Correlation 1 ,427 ,348 ,056 -,209 -,116 -,018 -,165 -,099 -,202 -,223 ,026 ,023 -,128 ,006 -,116 -,056 -,192 -,070 -,001 -,196 ,157 ,108 ,040

Sig. (2-tailed) ,001 ,009 ,679 ,136 ,436 ,896 ,296 ,500 ,163 ,161 ,848 ,889 ,431 ,968 ,465 ,730 ,241 ,667 ,997 ,212 ,315 ,426 ,770

Pearson Correlation 1 -,699 ,203 -,064 ,007 -,218 -,208 ,041 -,238 -,292 ,123 -,055 -,171 -,145 -,118 -,265 -,196 -,132 -,060 -,157 ,039 ,152 ,083

Sig. (2-tailed) ,000 ,133 ,651 ,965 ,117 ,186 ,780 ,099 ,064 ,367 ,741 ,291 ,314 ,456 ,098 ,233 ,416 ,697 ,321 ,802 ,264 ,545

Pearson Correlation 1 -,166 -,103 -,104 ,212 ,081 -,120 ,061 ,122 -,107 ,082 ,093 ,151 ,032 ,257 ,063 ,080 ,067 -,001 ,077 -,072 -,054

Sig. (2-tailed) ,221 ,468 ,486 ,128 ,612 ,412 ,675 ,448 ,434 ,618 ,570 ,296 ,841 ,109 ,704 ,622 ,660 ,993 ,624 ,599 ,693

Pearson Correlation 1 -,159 -,090 -,122 ,262 -,017 ,174 ,121 ,466 -,439 -,117 -,147 -,304 -,126 -,151 -,331 ,032 -,059 ,008 ,286 ,248

Sig. (2-tailed) ,262 ,548 ,384 ,093 ,907 ,231 ,451 ,000 ,005 ,473 ,308 ,050 ,437 ,358 ,037 ,834 ,709 ,958 ,033 ,065

Pearson Correlation 1 ,355 ,472 -,013 ,632 ,077 -,011 ,249 ,118 ,183 ,314 ,357 ,028 ,112 ,248 ,112 ,095 ,216 -,012 -,004

Sig. (2-tailed) ,017 ,001 ,935 ,000 ,598 ,945 ,075 ,476 ,259 ,031 ,022 ,866 ,496 ,123 ,476 ,551 ,170 ,935 ,977

Pearson Correlation 1 ,485 -,021 ,518 ,261 ,013 ,018 ,076 ,011 ,352 ,153 ,005 ,061 ,199 ,045 -,024 ,108 ,170 ,170

Sig. (2-tailed) ,001 ,898 ,000 ,091 ,934 ,903 ,646 ,945 ,019 ,334 ,976 ,715 ,218 ,779 ,883 ,506 ,253 ,254

Pearson Correlation 1 ,030 ,444 ,256 -,164 ,109 ,192 ,156 ,423 ,139 ,122 ,097 ,284 ,076 -,069 ,152 ,075 ,135

Sig. (2-tailed) ,853 ,002 ,083 ,307 ,438 ,243 ,336 ,003 ,379 ,455 ,555 ,076 ,629 ,663 ,329 ,592 ,334

Pearson Correlation 1 ,182 ,445 ,513 -,004 ,157 ,351 ,109 ,040 ,366 ,407 ,221 ,038 ,029 -,008 ,207 -,069

Sig. (2-tailed) ,254 ,004 ,001 ,981 ,346 ,031 ,502 ,810 ,024 ,012 ,182 ,817 ,863 ,964 ,189 ,665

Pearson Correlation 1 ,377 ,017 ,260 ,148 ,213 ,357 ,243 ,165 ,187 ,381 ,307 ,140 ,239 -,030 -,030

Sig. (2-tailed) ,010 ,917 ,071 ,369 ,187 ,016 ,127 ,316 ,255 ,015 ,048 ,384 ,132 ,839 ,836

Pearson Correlation 1 ,510 ,084 ,072 ,345 ,219 ,140 ,398 ,485 ,256 ,231 -,066 -,029 ,062 ,142

Sig. (2-tailed) ,001 ,566 ,670 ,034 ,149 ,390 ,012 ,002 ,116 ,146 ,686 ,857 ,674 ,331

Pearson Correlation 1 -,035 -,059 ,140 ,119 ,076 ,395 ,405 ,110 ,163 -,051 ,012 ,282 ,230

Sig. (2-tailed) ,827 ,723 ,401 ,470 ,644 ,014 ,013 ,512 ,320 ,763 ,944 ,074 ,147

Pearson Correlation 1 ,016 ,189 ,001 ,178 ,097 ,087 ,040 ,112 ,206 ,260 ,240 ,151

Sig. (2-tailed) ,925 ,244 ,992 ,260 ,550 ,598 ,807 ,464 ,192 ,092 ,075 ,267

Pearson Correlation 1 ,515 ,241 ,133 ,353 ,324 ,554 ,162 ,442 ,231 ,052 -,350

Sig. (2-tailed) ,001 ,139 ,418 ,030 ,047 ,000 ,325 ,006 ,158 ,751 ,029

Pearson Correlation 1 ,426 ,437 ,553 ,489 ,477 ,496 ,637 ,356 -,081 -,141

Sig. (2-tailed) ,007 ,005 ,000 ,002 ,002 ,001 ,000 ,026 ,618 ,386

Pearson Correlation 1 ,256 ,345 ,338 ,215 ,353 ,082 ,307 ,054 ,087

Sig. (2-tailed) ,106 ,032 ,035 ,188 ,020 ,609 ,045 ,709 ,548

Pearson Correlation 1 ,666 ,687 ,563 ,223 ,248 ,323 -,058 ,019

Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,000 ,161 ,128 ,042 ,715 ,903

Pearson Correlation 1 ,924 ,764 ,437 ,297 ,365 -,055 -,147

Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,005 ,066 ,022 ,737 ,366

Pearson Correlation 1 ,713 ,408 ,211 ,237 ,120 -,031

Sig. (2-tailed) ,000 ,011 ,210 ,153 ,466 ,851

Pearson Correlation 1 ,458 ,343 ,433 -,222 -,361

Sig. (2-tailed) ,003 ,035 ,007 ,169 ,022

Pearson Correlation 1 ,525 ,532 -,249 -,051

Sig. (2-tailed) ,000 ,000 ,099 ,740

Pearson Correlation 1 ,493 -,071 -,078

Sig. (2-tailed) ,001 ,654 ,625

Pearson Correlation 1 -,132 ,049

Sig. (2-tailed) ,398 ,754

Pearson Correlation 1 ,594

Sig. (2-tailed) ,000

Pearson Correlation 1

Sig. (2-tailed)

5. Ordenação

obstáculo:

Flutuações 6. Grau: Tem

estratégia de

compras 6. Grau: Possui

RH especializado

em transações

5. Ordenação

obstáculo:

Dificuldade obter

informacao sobre 5. Ordenação

obstáculo:

Habitos de

realizar negocio5. Ordenação

obstáculo:

Diferenças na 5. Ordenação

obstáculo:

Diferente língua5. Ordenação

obstáculo:

Diferença nas

formalidades 5. Ordenação

obstáculo: Taxas

e tarifas

3. Ordenação

Diversificar

fornecedores

3. Ordenação

Aproveitar

políticas NoObstaculosRef

eridos

5. Ordenação

obstáculo: custos

com

comunicações e 5. Ordenação

obstáculo:

Aumento 5. Ordenação

obstáculo:

Dificuldade na

NoFactoresReleva

ntesReferidps

3. Ordenação

Preço mais baixo

3. Ordenação

Produtos de

melhor qualidade3. Ordenação

Acesso a

materiais/tecnolog

ia não existente3. Ordenação

Conhecer novos

mercados3. Ordenação

Aumentar

competitividade

VarDependente

GrauGS

ComprasAcima60

%TotalLogVolVendas

LogNTrab

LogRacio

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Anexo 4: Outputs do SPSS da regressão binária logística

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