glaucileide nunes de melo : a perspectiva docente em uma ... · medeiros. sua problematização...

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UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAÍBA - UFPB CENTRO DE EDUCAÇÃO CE DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO DO CAMPO - DEC CURSO DE PEDAGOGIA - ÁREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCAÇÃO DO CAMPO GLAUCILEIDE NUNES DE MELO PRECONCEITO RACIAL NA ESCOLA: a perspectiva docente em uma escola municipal do ensino fundamental na cidade de Pedras de Fogo - PB JOÃO PESSOA 2018

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Page 1: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO ndash CE

DEPARTAMENTO DE EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO - DEC

CURSO DE PEDAGOGIA - AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM

EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

GLAUCILEIDE NUNES DE MELO

PRECONCEITO RACIAL NA ESCOLA a perspectiva docente em uma escola

municipal do ensino fundamental na cidade de Pedras de Fogo - PB

JOAtildeO PESSOA

2018

GLAUCILEIDE NUNES DE MELO

PRECONCEITO RACIAL NA ESCOLA a perspectiva docente em uma escola

municipal do ensino fundamental na cidade de Pedras de Fogo - PB

Monografia apresentada ao Curso de Pedagogia com aacuterea de aprofundamento em Educaccedilatildeo do Campo ministrado pela Universidade Federal da Paraiacuteba (UFPB) Campus I - Joatildeo PessoaPB como exigecircncia para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Licenciatura plena em Pedagogia Orientadora Profa Dra Ana Paula Romatildeo de Souza Ferreira

JOAtildeO PESSOA

2018

Dedico este trabalho primeiramente a

Deus pela forccedila e coragem durante toda

essa caminhada A Jailson Batista Dos

Santos pelo apoio diaacuterio A professora

Ana Paula Romatildeo pela paciecircncia na

orientaccedilatildeo e incentivo que tornaram

possiacutevel a conclusatildeo deste TCC

ldquoA uacutenica arma para melhorar o planeta eacute a Educaccedilatildeo com eacutetica Ningueacutem nasce odiando outra pessoa pela cor da pele por sua origem ou ainda por sua religiatildeo Para odiar as pessoas precisam aprender e se podem aprender a odiar podem ser ensinadas a amarrdquo

Nelson Mandela

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo primeiro a Deus que me deu forccedila e boa sauacutede mental para

concluir o curso de Pedagogia Educaccedilatildeo do Campo realizando assim esse objetivo

por mim traccedilado

Aos meus pais Marilene Silva de Melo Ediglaucio Nunes de Melo que

mesmo distante sempre acreditaram nos meus sonhos bem como incentivavam a

sua realizaccedilatildeo

Agrave Universidade Federal da Paraiacuteba pela concretizaccedilatildeo deste sonho ser

professora

Agrave minha orientadora professora Dra Ana Paula Romatildeo de Souza Ferreira

que aleacutem de me oferecer tudo o que deveria para uma boa construccedilatildeo deste

trabalho deu-me a confianccedila de que seria capaz de concluir este trabalho de

conclusatildeo de curso

Agrave professora Dra Eunice Simotildees Lins a professora da disciplina por seu

incentivo diaacuterio

Aos demais professores do curso que contribuiacuteram cada um a sua maneira

para que eu conseguisse realizar essa etapa em minha vida

Agraves minhas queridas amigas Ana Claudia Bulhotildees de Vasconcelos Djulya

Franciele do Rego Oliveira Micaela Dayse Cruz do Nascimento Aline Lorena que

sempre dividiram comigo os momentos bons e ruins que foram fundamentais para

que eu pudesse realizar este sonho Tambeacutem agradeccedilo ao amigo Adriano Garcia

dos Santos pelo apoio de sempre durante nosso curso

Aos meus amigos Antocircnio Laurentino da Silva Jailson Batista dos Santos

pelo apoio durante esses anos na minha graduaccedilatildeo

Agraves amizades conquistadas aos longos dos anos pessoas que conheci na sala

de aula e que os levarei para minha vida

Aos meus amigos de trabalho Roacutemulo Eloacutei Deodato Alves pela compreensatildeo

e incentivo nessa conquista E os demais amigos de trabalho que contribuiacuteram para

essa conquista

RESUMO

O presente estudo aborda a temaacutetica do preconceito racial na escola puacuteblica com o tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal do ensino fundamental de Pedras de Fogo-PB Seu objetivo geral consiste em analisar o preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais do ensino fundamental da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros Sua problematizaccedilatildeo emerge da tentativa de identificar e compreender quais os possiacuteveis fatores de preconceito presentes no ensino fundamental anos iniciais na perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido problema o trabalho parte dos seguintes objetivos especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola a partir da visatildeo docente discutir o papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola Discutir o racismo a partir dos fatores de preconceito Para tanto o referido trabalho apoia-se na metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefica e pesquisa de campo utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo temaacutetico No tocante o trabalho fundamenta-se na legislaccedilatildeo e em autores que abordam a temaacutetica racial em espaccedilos escolares tais como Lopes (2005) Santos (2010) e Munanga (2005) dentre outros Em relaccedilatildeo aos resultados podemos inferir que o espaccedilo escolar deve caracterizar-se indiscutivelmente privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial eacute feito atraveacutes de praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autonomia e ressignificaccedilatildeo de sua histoacuteria Temos o entendimento que somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do que constitui a histoacuteria e a formaccedilatildeo do nosso povo possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural em respeito agrave diversidade eacutetnica racial

Palavras chave Preconceito Racial Perspectiva Docente Ensino Fundamental

ABSTRACT

The present study addresses the theme of racial prejudice in the public school with the title Racial Prejudice in School the teaching perspective in a municipal elementary school in Pedras de Fogo-PB Its general objective is to analyze the racial prejudice under the eyes of the teachers of the initial years of elementary school at the Municipal School of Elementary School Dulcinete Nunes de Medeiros Its problematization emerges from the attempt to identify and understand what possible factors of prejudice present in elementary school early years from the educational perspective To find answers to this problem the work has the following specific objectives to identify possible factors of racial prejudice in the school from the perspective of teachers discuss the role of teachers in relation to socialization processes in relation to possible factors of racial prejudice in the school Discuss racism based on the factors of prejudice Therefore this work is based on the qualitative methodology exploratory bibliographic and field research using a questionnaire and analysis of thematic content In this respect the work is based on legislation and on authors who approach the theme of race in school spaces such as Lopes (2005) Santos (2010) and Munanga (2005) among others Regarding the results we can infer that the school space must be unquestionably privileged where the distancing of racism and racial prejudice is done through inclusive pedagogical practices that allow the autonomy and resignification of its history We have the understanding that we are a multiracial nation and that the valorization of what constitutes the history and the formation of our people makes possible the construction and permanence of a plural memory in respect to ethnic racial diversity

Keywords Racial Prejudice Teaching Perspective Elementary School

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola26

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola28

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos etnicorraciais e sobre preconceito racial30

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula31

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos31

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola32

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola33

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra33

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 - Etnia das Docentes Entrevistadas29

LISTA DE SIGLAS

AEE - Atendimento Educacional Especializado

CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo

CNBB - Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil

ENERA - Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria

IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada

LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional

OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental

PCN - Paracircmetros Curriculares Nacionais

MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

PNAIC - Pacto Nacional na Idade Certa

PPP - Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico

PROFA - Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados

SECAD - Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade

UFPB - Universidade Federal da Paraiacuteba

UNICEF - Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia

UnB - Universidade de Brasiacutelia

UNESCO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO13

CAPIacuteTULO I 15

CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A

EDUCACcedilAtildeO 15

11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico15

12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 639200317

13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees19

14 O Preconceito Racial no contexto escolar21

15 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo24

CAPIacuteTULO II 27

ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA27

21 Caracterizaccedilatildeo da escola27

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola 28

212 A relaccedilatildeo escola comunidade 30

22 A perspectiva docente sobre o Preconceito Racial31

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37

REFEREcircNCIAS39

APEcircNDICE 41

ANEXO 43

14

INTRODUCcedilAtildeO

O presente estudo aborda o tema preconceito racial na escola puacuteblica com

tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal

do ensino fundamental anos iniciais Tem como principal objetivo analisar o

preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais da Escola

Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros do municiacutepio de

Pedras de Fogo Paraiacuteba

O interesse por esta temaacutetica surge do contato com disciplina de Educaccedilatildeo

Eacutetnico Racial e Ensino da Cultura Afro-Brasileira da disciplina de estaacutegios ocorridos

durante o Curso de Pedagogia ndash Educaccedilatildeo do Campo e das experiecircncias

observadas no ambiente escolar A abordagem acerca do preconceito racial na

escola implica no debate sobre sua dimensatildeo excludente configurando-se como um

grave problema que assola os espaccedilos escolares Cabe uma exposiccedilatildeo dos

pressupostos legais propostos em diretrizes medidas de precauccedilatildeo contra esse

problema existente na escola

Nesse sentido os professores tecircm um papel importante para que o curriacuteculo

as diretrizes e meacutetodos sejam efetivados Eacute preciso trabalhar em sala de aula a

cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira Por

isso devemos reconhecer e valorizar os constituintes da formaccedilatildeo da cultura

(muacutesica culinaacuteria danccedila crenccedilas e valores) de matriz africana na origem e

formaccedilatildeo do povo brasileiro

Diante do exposto a problemaacutetica surge do interesse de entender quais as

causas que levam a existecircncia do preconceito racial no ensino fundamental dos

anos iniciais sob a perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido

problema e atender o objetivo principal o trabalho parte dos seguintes objetivos

especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola discutir o

papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis

fatores de preconceito racial na escola discutir o racismo na escola investigada e

identificada a partir de preconceitos existentes no espaccedilo escolar

No tocante aos aspectos metodoloacutegicos o referido trabalho apoia-se na

metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefico e pesquisa de campo

utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo A escolha por esse meacutetodo

justifica-se pela possibilidade de uma aproximaccedilatildeo mais eficaz agrave compreensatildeo da

15

complexa realidade desse problema na escola bem como objetiva promover uma

educaccedilatildeo que reconheccedila e valorize a diversidade racial e cultura do nosso povo

com tambeacutem valorizar a formaccedilatildeo de sua origem

Em relaccedilatildeo aos aspectos teoacutericos a pesquisa fundamenta-se na legislaccedilatildeo e

em autores que abordam essa temaacutetica em espaccedilos escolares tais como Lopes

(2005) que discute a existecircncia do racismo na escola velado ou escancarado

Almeida e Sanchez (2017) que discutem sobre a implantaccedilatildeo da Lei sobre o ensino

da histoacuteria afro-brasileira na escola ressaltando sua importacircncia no combate ao

preconceito racial nesse espaccedilo Munanga (2005) que fala a respeito do deacuteficit de

capacitaccedilatildeo dos professores despreparados em relaccedilatildeo ao preconceito racial na

escola

Quanto ao seu aspecto estrutural o presente trabalho compotildee dois capiacutetulos

No primeiro capiacutetulo seraacute apresentada uma concepccedilatildeo teoacuterica sobre o Racismo e

sua relaccedilatildeo com a educaccedilatildeo considerando sua discussatildeo e importacircncia no espaccedilo

escolar e no segundo teremos uma anaacutelise de dados da pesquisa que mostra o

resultado da nossa pesquisa

16

CAPIacuteTULO I

CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A

EDUCACcedilAtildeO

11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico

De acordo com Queiroacutez (1998) a escravidatildeo no Brasil iniciou com a chegada

dos portugueses em meados do seacuteculo XVI Os negros foram trazidos em navios

negreiros em condiccedilotildees sub-humanas alguns morriam antes de chegarem a seus

destinos e eram lanccedilados ao mar Os sobreviventes eram vendidos pelos

portugueses como mercadorias Aqueles que apresentavam melhor condiccedilatildeo e

disposiccedilatildeo para o trabalho eram vendidos por um preccedilo melhor

Devido agrave expansatildeo da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar no territoacuterio brasileiro os

negros foram obrigados a trabalhar nas zonas rurais as condiccedilotildees de trabalho eram

precaacuterias e desumanas a alimentaccedilatildeo era regrada qualquer distraccedilatildeo era motivo

para ser chicoteados Durante a noite viviam presos em senzalas e quando

tentavam fugir eram impedidos e castigados

A populaccedilatildeo negra foi obrigada a abandonar suas tradiccedilotildees e costumes ateacute

mesmo foram proibidos de viver e praticar a proacutepria religiatildeo por essas razotildees se

revoltaram Desde entatildeo se organizaram para fugir em grandes grupos foi a partir

daiacute que surgiram os quilombos que satildeo considerados os locais de refuacutegio dos

escravos Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE

2010) o Brasil foi o uacuteltimo paiacutes do mundo a abolir o trabalho escravo

Para Lopes (2005)

Um olhar atento sobre a realidade do povo brasileiro mostra uma sociedade multirracional e plurieacutetnica que faz de conta que o racismo o preconceito e a discriminaccedilatildeo natildeo existem No entanto afloram a todo o momento ora de modo velado ora escancarado e estatildeo presentes na vida diaacuteria (LOPES 2005 p186)

A autora afirma que ainda eacute possiacutevel que grande parte dos brasileiros continue

fomentando suas ideias e atitudes preconceituosas pois estaacute enraizado em seu

cotidiano reproduzidos ao longo do tempo presente e problemaacutetico em diferentes

17

contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente

escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente

A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo

utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-

brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento

promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos

preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas

Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento

da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo

De acordo com Silva (2007 p 43)

Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes

Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de

transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra

conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo

racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma

escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa

sociedade

A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola

um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater

esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo

podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal

realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta

curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar

18

12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003

A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639

que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de

incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os

niacuteveis da escolaridade brasileira

Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as

instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta

dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram

para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como

Dia Nacional da Consciecircncia Negra

A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram

oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana

Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de

desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da

necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela

poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-

brasileira

Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer

parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua

contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo

respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A

Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)

sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias

Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa

temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para

abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os

professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique

apenas no papel e passe a ser concretizada

Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)

19

Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra

O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola

como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas

sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de

nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a

educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as

diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia

amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de

conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas

Segundo Verccedilosa (2012 p42)

[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos

Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o

professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e

assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos

sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele

tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o

papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se

faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o

preconceito racial

20

13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees

Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino

ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo

julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter

os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior

ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute

aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo

Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de

valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos

preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de

valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social

Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na

convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos

nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que

surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos

Para Gomes (2005 p 54)

O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro

O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo

agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade

sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica

fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo

que se estaacute relacionada ao outro

O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo

escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288

de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de

21

oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o

combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim

muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o

preconceito racial

Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e

desigualdade racial

I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)

A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro

cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que

na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um

papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo

deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute

um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo

de preconceito especialmente o racial

Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)

O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma

escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos

22

professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos

diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das

praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da

origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se

usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural

banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e

socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel

ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas

Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)

Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da

sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas

racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o

respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em

meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como

instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de

desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no

rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse

sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos

conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e

etnia (liacutengua e cultura)

14 O Preconceito Racial no contexto escolar

A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e

adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico

do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior

23

diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave

discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres

de boa e maacute qualidade respectivamente

Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o

professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo

agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento

da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem

transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for

detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de

mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente

Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute

plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de

suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram

que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua

cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo

As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no

seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um

curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura

A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um

conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos

histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas

pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua

docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula

Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua

dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais

didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica

a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno

branco

O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB

24

alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)

O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente

problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e

responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia

da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo

cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo

corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses

alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo

escolar

Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante

Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)

A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na

promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no

cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de

trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus

estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar

e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos

na escola

Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de

convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de

poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses

alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela

natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que

ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na

relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos

25

25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo

Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave

exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem

como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da

educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de

identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai

determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu

aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o

papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e

sua funccedilatildeo social

Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo

do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e

aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas

concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar

social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional

No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina

(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma

da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de

paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos

paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico

de accedilatildeo e poder

Conforme explicam os autores

O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)

As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo

eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do

Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o

26

agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do

aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo

A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de

Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada

e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo

multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a

reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo

Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo

Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que

A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)

Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos

trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo

do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do

campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do

Campo e da Escola do Campo

Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade

de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo

de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona

com sua vida no campo

Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus

sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em

que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do

campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo

reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de

Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na

valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos

27

Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa

temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que

contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-

brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo

isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os

professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos

problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola

A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a

igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de

reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e

ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional

Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada

com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de

Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser

trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica

28

CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA

21 Caracterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo

prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-

PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um

lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio

Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

Fonte Acervo pessoal 2018

Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal

nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural

desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio

municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em

Pedras de Fogo

29

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola

Infraestrutura

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados

A escola possui banheiro

Sim

Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais

A escola possui sala multifuncional

Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui biblioteca

Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola

A escola possui cozinha

Sim

A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees

A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica

Sim

O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores

A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias

Natildeo

A escola possui sala de leitura

Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula

A escola possui quadra de esportes

Natildeo

Fonte Proacutepria autora 2018

Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia

corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais

profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees

segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e

sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao

espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a

escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola

A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases

que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas

prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo

coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes

do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os

resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas

considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo

30

A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu

objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo

e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo

escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e

pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias

cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua

proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o

todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se

ao longo do crescimento e formaccedilatildeo

Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos

desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo

satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios

A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma

diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16

professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute

formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua

maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)

e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola

Aspectos Administrativos

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos

relacionados

A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar

Sim

Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola fornece materiais didaacuteticos aos

alunos

Sim

Eacute fornecido atraveacutes do MEC

A Escola possui associaccedilatildeo de alunos

Natildeo

A escola possui conselho escolar

Sim

Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade

A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar

Natildeo

Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola possui sala multifuncional

Sim

A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar

31

atendimento para alunos com dificuldades de

aprendizagem

A escola possui proposta de atendimento para

alunos com deficiecircncias

Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional

Fonte Proacutepria autora 2018

A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e

discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como

questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano

escolar

212 A relaccedilatildeo escola e comunidade

A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma

educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde

todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e

respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das

normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque

a comunidade existe

A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso

educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e

participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela

relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na

comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que

se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades

A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da

participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E

a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a

escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e

planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola

Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a

gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como

desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A

participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 2: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

GLAUCILEIDE NUNES DE MELO

PRECONCEITO RACIAL NA ESCOLA a perspectiva docente em uma escola

municipal do ensino fundamental na cidade de Pedras de Fogo - PB

Monografia apresentada ao Curso de Pedagogia com aacuterea de aprofundamento em Educaccedilatildeo do Campo ministrado pela Universidade Federal da Paraiacuteba (UFPB) Campus I - Joatildeo PessoaPB como exigecircncia para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de Licenciatura plena em Pedagogia Orientadora Profa Dra Ana Paula Romatildeo de Souza Ferreira

JOAtildeO PESSOA

2018

Dedico este trabalho primeiramente a

Deus pela forccedila e coragem durante toda

essa caminhada A Jailson Batista Dos

Santos pelo apoio diaacuterio A professora

Ana Paula Romatildeo pela paciecircncia na

orientaccedilatildeo e incentivo que tornaram

possiacutevel a conclusatildeo deste TCC

ldquoA uacutenica arma para melhorar o planeta eacute a Educaccedilatildeo com eacutetica Ningueacutem nasce odiando outra pessoa pela cor da pele por sua origem ou ainda por sua religiatildeo Para odiar as pessoas precisam aprender e se podem aprender a odiar podem ser ensinadas a amarrdquo

Nelson Mandela

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo primeiro a Deus que me deu forccedila e boa sauacutede mental para

concluir o curso de Pedagogia Educaccedilatildeo do Campo realizando assim esse objetivo

por mim traccedilado

Aos meus pais Marilene Silva de Melo Ediglaucio Nunes de Melo que

mesmo distante sempre acreditaram nos meus sonhos bem como incentivavam a

sua realizaccedilatildeo

Agrave Universidade Federal da Paraiacuteba pela concretizaccedilatildeo deste sonho ser

professora

Agrave minha orientadora professora Dra Ana Paula Romatildeo de Souza Ferreira

que aleacutem de me oferecer tudo o que deveria para uma boa construccedilatildeo deste

trabalho deu-me a confianccedila de que seria capaz de concluir este trabalho de

conclusatildeo de curso

Agrave professora Dra Eunice Simotildees Lins a professora da disciplina por seu

incentivo diaacuterio

Aos demais professores do curso que contribuiacuteram cada um a sua maneira

para que eu conseguisse realizar essa etapa em minha vida

Agraves minhas queridas amigas Ana Claudia Bulhotildees de Vasconcelos Djulya

Franciele do Rego Oliveira Micaela Dayse Cruz do Nascimento Aline Lorena que

sempre dividiram comigo os momentos bons e ruins que foram fundamentais para

que eu pudesse realizar este sonho Tambeacutem agradeccedilo ao amigo Adriano Garcia

dos Santos pelo apoio de sempre durante nosso curso

Aos meus amigos Antocircnio Laurentino da Silva Jailson Batista dos Santos

pelo apoio durante esses anos na minha graduaccedilatildeo

Agraves amizades conquistadas aos longos dos anos pessoas que conheci na sala

de aula e que os levarei para minha vida

Aos meus amigos de trabalho Roacutemulo Eloacutei Deodato Alves pela compreensatildeo

e incentivo nessa conquista E os demais amigos de trabalho que contribuiacuteram para

essa conquista

RESUMO

O presente estudo aborda a temaacutetica do preconceito racial na escola puacuteblica com o tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal do ensino fundamental de Pedras de Fogo-PB Seu objetivo geral consiste em analisar o preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais do ensino fundamental da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros Sua problematizaccedilatildeo emerge da tentativa de identificar e compreender quais os possiacuteveis fatores de preconceito presentes no ensino fundamental anos iniciais na perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido problema o trabalho parte dos seguintes objetivos especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola a partir da visatildeo docente discutir o papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola Discutir o racismo a partir dos fatores de preconceito Para tanto o referido trabalho apoia-se na metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefica e pesquisa de campo utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo temaacutetico No tocante o trabalho fundamenta-se na legislaccedilatildeo e em autores que abordam a temaacutetica racial em espaccedilos escolares tais como Lopes (2005) Santos (2010) e Munanga (2005) dentre outros Em relaccedilatildeo aos resultados podemos inferir que o espaccedilo escolar deve caracterizar-se indiscutivelmente privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial eacute feito atraveacutes de praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autonomia e ressignificaccedilatildeo de sua histoacuteria Temos o entendimento que somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do que constitui a histoacuteria e a formaccedilatildeo do nosso povo possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural em respeito agrave diversidade eacutetnica racial

Palavras chave Preconceito Racial Perspectiva Docente Ensino Fundamental

ABSTRACT

The present study addresses the theme of racial prejudice in the public school with the title Racial Prejudice in School the teaching perspective in a municipal elementary school in Pedras de Fogo-PB Its general objective is to analyze the racial prejudice under the eyes of the teachers of the initial years of elementary school at the Municipal School of Elementary School Dulcinete Nunes de Medeiros Its problematization emerges from the attempt to identify and understand what possible factors of prejudice present in elementary school early years from the educational perspective To find answers to this problem the work has the following specific objectives to identify possible factors of racial prejudice in the school from the perspective of teachers discuss the role of teachers in relation to socialization processes in relation to possible factors of racial prejudice in the school Discuss racism based on the factors of prejudice Therefore this work is based on the qualitative methodology exploratory bibliographic and field research using a questionnaire and analysis of thematic content In this respect the work is based on legislation and on authors who approach the theme of race in school spaces such as Lopes (2005) Santos (2010) and Munanga (2005) among others Regarding the results we can infer that the school space must be unquestionably privileged where the distancing of racism and racial prejudice is done through inclusive pedagogical practices that allow the autonomy and resignification of its history We have the understanding that we are a multiracial nation and that the valorization of what constitutes the history and the formation of our people makes possible the construction and permanence of a plural memory in respect to ethnic racial diversity

Keywords Racial Prejudice Teaching Perspective Elementary School

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola26

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola28

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos etnicorraciais e sobre preconceito racial30

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula31

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos31

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola32

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola33

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra33

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 - Etnia das Docentes Entrevistadas29

LISTA DE SIGLAS

AEE - Atendimento Educacional Especializado

CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo

CNBB - Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil

ENERA - Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria

IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada

LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional

OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental

PCN - Paracircmetros Curriculares Nacionais

MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

PNAIC - Pacto Nacional na Idade Certa

PPP - Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico

PROFA - Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados

SECAD - Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade

UFPB - Universidade Federal da Paraiacuteba

UNICEF - Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia

UnB - Universidade de Brasiacutelia

UNESCO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO13

CAPIacuteTULO I 15

CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A

EDUCACcedilAtildeO 15

11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico15

12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 639200317

13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees19

14 O Preconceito Racial no contexto escolar21

15 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo24

CAPIacuteTULO II 27

ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA27

21 Caracterizaccedilatildeo da escola27

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola 28

212 A relaccedilatildeo escola comunidade 30

22 A perspectiva docente sobre o Preconceito Racial31

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37

REFEREcircNCIAS39

APEcircNDICE 41

ANEXO 43

14

INTRODUCcedilAtildeO

O presente estudo aborda o tema preconceito racial na escola puacuteblica com

tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal

do ensino fundamental anos iniciais Tem como principal objetivo analisar o

preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais da Escola

Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros do municiacutepio de

Pedras de Fogo Paraiacuteba

O interesse por esta temaacutetica surge do contato com disciplina de Educaccedilatildeo

Eacutetnico Racial e Ensino da Cultura Afro-Brasileira da disciplina de estaacutegios ocorridos

durante o Curso de Pedagogia ndash Educaccedilatildeo do Campo e das experiecircncias

observadas no ambiente escolar A abordagem acerca do preconceito racial na

escola implica no debate sobre sua dimensatildeo excludente configurando-se como um

grave problema que assola os espaccedilos escolares Cabe uma exposiccedilatildeo dos

pressupostos legais propostos em diretrizes medidas de precauccedilatildeo contra esse

problema existente na escola

Nesse sentido os professores tecircm um papel importante para que o curriacuteculo

as diretrizes e meacutetodos sejam efetivados Eacute preciso trabalhar em sala de aula a

cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira Por

isso devemos reconhecer e valorizar os constituintes da formaccedilatildeo da cultura

(muacutesica culinaacuteria danccedila crenccedilas e valores) de matriz africana na origem e

formaccedilatildeo do povo brasileiro

Diante do exposto a problemaacutetica surge do interesse de entender quais as

causas que levam a existecircncia do preconceito racial no ensino fundamental dos

anos iniciais sob a perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido

problema e atender o objetivo principal o trabalho parte dos seguintes objetivos

especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola discutir o

papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis

fatores de preconceito racial na escola discutir o racismo na escola investigada e

identificada a partir de preconceitos existentes no espaccedilo escolar

No tocante aos aspectos metodoloacutegicos o referido trabalho apoia-se na

metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefico e pesquisa de campo

utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo A escolha por esse meacutetodo

justifica-se pela possibilidade de uma aproximaccedilatildeo mais eficaz agrave compreensatildeo da

15

complexa realidade desse problema na escola bem como objetiva promover uma

educaccedilatildeo que reconheccedila e valorize a diversidade racial e cultura do nosso povo

com tambeacutem valorizar a formaccedilatildeo de sua origem

Em relaccedilatildeo aos aspectos teoacutericos a pesquisa fundamenta-se na legislaccedilatildeo e

em autores que abordam essa temaacutetica em espaccedilos escolares tais como Lopes

(2005) que discute a existecircncia do racismo na escola velado ou escancarado

Almeida e Sanchez (2017) que discutem sobre a implantaccedilatildeo da Lei sobre o ensino

da histoacuteria afro-brasileira na escola ressaltando sua importacircncia no combate ao

preconceito racial nesse espaccedilo Munanga (2005) que fala a respeito do deacuteficit de

capacitaccedilatildeo dos professores despreparados em relaccedilatildeo ao preconceito racial na

escola

Quanto ao seu aspecto estrutural o presente trabalho compotildee dois capiacutetulos

No primeiro capiacutetulo seraacute apresentada uma concepccedilatildeo teoacuterica sobre o Racismo e

sua relaccedilatildeo com a educaccedilatildeo considerando sua discussatildeo e importacircncia no espaccedilo

escolar e no segundo teremos uma anaacutelise de dados da pesquisa que mostra o

resultado da nossa pesquisa

16

CAPIacuteTULO I

CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A

EDUCACcedilAtildeO

11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico

De acordo com Queiroacutez (1998) a escravidatildeo no Brasil iniciou com a chegada

dos portugueses em meados do seacuteculo XVI Os negros foram trazidos em navios

negreiros em condiccedilotildees sub-humanas alguns morriam antes de chegarem a seus

destinos e eram lanccedilados ao mar Os sobreviventes eram vendidos pelos

portugueses como mercadorias Aqueles que apresentavam melhor condiccedilatildeo e

disposiccedilatildeo para o trabalho eram vendidos por um preccedilo melhor

Devido agrave expansatildeo da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar no territoacuterio brasileiro os

negros foram obrigados a trabalhar nas zonas rurais as condiccedilotildees de trabalho eram

precaacuterias e desumanas a alimentaccedilatildeo era regrada qualquer distraccedilatildeo era motivo

para ser chicoteados Durante a noite viviam presos em senzalas e quando

tentavam fugir eram impedidos e castigados

A populaccedilatildeo negra foi obrigada a abandonar suas tradiccedilotildees e costumes ateacute

mesmo foram proibidos de viver e praticar a proacutepria religiatildeo por essas razotildees se

revoltaram Desde entatildeo se organizaram para fugir em grandes grupos foi a partir

daiacute que surgiram os quilombos que satildeo considerados os locais de refuacutegio dos

escravos Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE

2010) o Brasil foi o uacuteltimo paiacutes do mundo a abolir o trabalho escravo

Para Lopes (2005)

Um olhar atento sobre a realidade do povo brasileiro mostra uma sociedade multirracional e plurieacutetnica que faz de conta que o racismo o preconceito e a discriminaccedilatildeo natildeo existem No entanto afloram a todo o momento ora de modo velado ora escancarado e estatildeo presentes na vida diaacuteria (LOPES 2005 p186)

A autora afirma que ainda eacute possiacutevel que grande parte dos brasileiros continue

fomentando suas ideias e atitudes preconceituosas pois estaacute enraizado em seu

cotidiano reproduzidos ao longo do tempo presente e problemaacutetico em diferentes

17

contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente

escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente

A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo

utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-

brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento

promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos

preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas

Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento

da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo

De acordo com Silva (2007 p 43)

Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes

Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de

transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra

conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo

racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma

escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa

sociedade

A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola

um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater

esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo

podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal

realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta

curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar

18

12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003

A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639

que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de

incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os

niacuteveis da escolaridade brasileira

Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as

instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta

dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram

para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como

Dia Nacional da Consciecircncia Negra

A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram

oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana

Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de

desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da

necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela

poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-

brasileira

Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer

parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua

contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo

respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A

Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)

sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias

Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa

temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para

abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os

professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique

apenas no papel e passe a ser concretizada

Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)

19

Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra

O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola

como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas

sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de

nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a

educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as

diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia

amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de

conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas

Segundo Verccedilosa (2012 p42)

[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos

Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o

professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e

assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos

sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele

tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o

papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se

faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o

preconceito racial

20

13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees

Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino

ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo

julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter

os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior

ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute

aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo

Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de

valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos

preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de

valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social

Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na

convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos

nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que

surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos

Para Gomes (2005 p 54)

O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro

O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo

agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade

sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica

fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo

que se estaacute relacionada ao outro

O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo

escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288

de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de

21

oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o

combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim

muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o

preconceito racial

Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e

desigualdade racial

I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)

A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro

cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que

na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um

papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo

deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute

um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo

de preconceito especialmente o racial

Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)

O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma

escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos

22

professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos

diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das

praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da

origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se

usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural

banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e

socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel

ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas

Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)

Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da

sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas

racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o

respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em

meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como

instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de

desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no

rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse

sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos

conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e

etnia (liacutengua e cultura)

14 O Preconceito Racial no contexto escolar

A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e

adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico

do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior

23

diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave

discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres

de boa e maacute qualidade respectivamente

Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o

professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo

agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento

da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem

transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for

detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de

mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente

Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute

plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de

suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram

que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua

cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo

As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no

seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um

curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura

A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um

conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos

histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas

pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua

docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula

Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua

dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais

didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica

a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno

branco

O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB

24

alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)

O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente

problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e

responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia

da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo

cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo

corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses

alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo

escolar

Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante

Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)

A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na

promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no

cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de

trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus

estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar

e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos

na escola

Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de

convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de

poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses

alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela

natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que

ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na

relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos

25

25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo

Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave

exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem

como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da

educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de

identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai

determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu

aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o

papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e

sua funccedilatildeo social

Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo

do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e

aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas

concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar

social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional

No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina

(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma

da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de

paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos

paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico

de accedilatildeo e poder

Conforme explicam os autores

O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)

As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo

eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do

Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o

26

agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do

aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo

A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de

Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada

e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo

multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a

reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo

Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo

Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que

A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)

Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos

trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo

do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do

campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do

Campo e da Escola do Campo

Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade

de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo

de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona

com sua vida no campo

Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus

sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em

que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do

campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo

reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de

Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na

valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos

27

Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa

temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que

contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-

brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo

isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os

professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos

problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola

A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a

igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de

reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e

ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional

Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada

com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de

Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser

trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica

28

CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA

21 Caracterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo

prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-

PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um

lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio

Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

Fonte Acervo pessoal 2018

Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal

nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural

desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio

municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em

Pedras de Fogo

29

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola

Infraestrutura

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados

A escola possui banheiro

Sim

Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais

A escola possui sala multifuncional

Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui biblioteca

Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola

A escola possui cozinha

Sim

A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees

A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica

Sim

O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores

A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias

Natildeo

A escola possui sala de leitura

Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula

A escola possui quadra de esportes

Natildeo

Fonte Proacutepria autora 2018

Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia

corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais

profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees

segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e

sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao

espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a

escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola

A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases

que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas

prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo

coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes

do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os

resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas

considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo

30

A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu

objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo

e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo

escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e

pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias

cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua

proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o

todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se

ao longo do crescimento e formaccedilatildeo

Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos

desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo

satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios

A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma

diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16

professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute

formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua

maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)

e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola

Aspectos Administrativos

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos

relacionados

A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar

Sim

Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola fornece materiais didaacuteticos aos

alunos

Sim

Eacute fornecido atraveacutes do MEC

A Escola possui associaccedilatildeo de alunos

Natildeo

A escola possui conselho escolar

Sim

Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade

A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar

Natildeo

Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola possui sala multifuncional

Sim

A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar

31

atendimento para alunos com dificuldades de

aprendizagem

A escola possui proposta de atendimento para

alunos com deficiecircncias

Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional

Fonte Proacutepria autora 2018

A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e

discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como

questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano

escolar

212 A relaccedilatildeo escola e comunidade

A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma

educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde

todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e

respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das

normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque

a comunidade existe

A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso

educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e

participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela

relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na

comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que

se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades

A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da

participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E

a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a

escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e

planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola

Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a

gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como

desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A

participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 3: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

Dedico este trabalho primeiramente a

Deus pela forccedila e coragem durante toda

essa caminhada A Jailson Batista Dos

Santos pelo apoio diaacuterio A professora

Ana Paula Romatildeo pela paciecircncia na

orientaccedilatildeo e incentivo que tornaram

possiacutevel a conclusatildeo deste TCC

ldquoA uacutenica arma para melhorar o planeta eacute a Educaccedilatildeo com eacutetica Ningueacutem nasce odiando outra pessoa pela cor da pele por sua origem ou ainda por sua religiatildeo Para odiar as pessoas precisam aprender e se podem aprender a odiar podem ser ensinadas a amarrdquo

Nelson Mandela

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo primeiro a Deus que me deu forccedila e boa sauacutede mental para

concluir o curso de Pedagogia Educaccedilatildeo do Campo realizando assim esse objetivo

por mim traccedilado

Aos meus pais Marilene Silva de Melo Ediglaucio Nunes de Melo que

mesmo distante sempre acreditaram nos meus sonhos bem como incentivavam a

sua realizaccedilatildeo

Agrave Universidade Federal da Paraiacuteba pela concretizaccedilatildeo deste sonho ser

professora

Agrave minha orientadora professora Dra Ana Paula Romatildeo de Souza Ferreira

que aleacutem de me oferecer tudo o que deveria para uma boa construccedilatildeo deste

trabalho deu-me a confianccedila de que seria capaz de concluir este trabalho de

conclusatildeo de curso

Agrave professora Dra Eunice Simotildees Lins a professora da disciplina por seu

incentivo diaacuterio

Aos demais professores do curso que contribuiacuteram cada um a sua maneira

para que eu conseguisse realizar essa etapa em minha vida

Agraves minhas queridas amigas Ana Claudia Bulhotildees de Vasconcelos Djulya

Franciele do Rego Oliveira Micaela Dayse Cruz do Nascimento Aline Lorena que

sempre dividiram comigo os momentos bons e ruins que foram fundamentais para

que eu pudesse realizar este sonho Tambeacutem agradeccedilo ao amigo Adriano Garcia

dos Santos pelo apoio de sempre durante nosso curso

Aos meus amigos Antocircnio Laurentino da Silva Jailson Batista dos Santos

pelo apoio durante esses anos na minha graduaccedilatildeo

Agraves amizades conquistadas aos longos dos anos pessoas que conheci na sala

de aula e que os levarei para minha vida

Aos meus amigos de trabalho Roacutemulo Eloacutei Deodato Alves pela compreensatildeo

e incentivo nessa conquista E os demais amigos de trabalho que contribuiacuteram para

essa conquista

RESUMO

O presente estudo aborda a temaacutetica do preconceito racial na escola puacuteblica com o tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal do ensino fundamental de Pedras de Fogo-PB Seu objetivo geral consiste em analisar o preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais do ensino fundamental da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros Sua problematizaccedilatildeo emerge da tentativa de identificar e compreender quais os possiacuteveis fatores de preconceito presentes no ensino fundamental anos iniciais na perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido problema o trabalho parte dos seguintes objetivos especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola a partir da visatildeo docente discutir o papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola Discutir o racismo a partir dos fatores de preconceito Para tanto o referido trabalho apoia-se na metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefica e pesquisa de campo utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo temaacutetico No tocante o trabalho fundamenta-se na legislaccedilatildeo e em autores que abordam a temaacutetica racial em espaccedilos escolares tais como Lopes (2005) Santos (2010) e Munanga (2005) dentre outros Em relaccedilatildeo aos resultados podemos inferir que o espaccedilo escolar deve caracterizar-se indiscutivelmente privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial eacute feito atraveacutes de praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autonomia e ressignificaccedilatildeo de sua histoacuteria Temos o entendimento que somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do que constitui a histoacuteria e a formaccedilatildeo do nosso povo possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural em respeito agrave diversidade eacutetnica racial

Palavras chave Preconceito Racial Perspectiva Docente Ensino Fundamental

ABSTRACT

The present study addresses the theme of racial prejudice in the public school with the title Racial Prejudice in School the teaching perspective in a municipal elementary school in Pedras de Fogo-PB Its general objective is to analyze the racial prejudice under the eyes of the teachers of the initial years of elementary school at the Municipal School of Elementary School Dulcinete Nunes de Medeiros Its problematization emerges from the attempt to identify and understand what possible factors of prejudice present in elementary school early years from the educational perspective To find answers to this problem the work has the following specific objectives to identify possible factors of racial prejudice in the school from the perspective of teachers discuss the role of teachers in relation to socialization processes in relation to possible factors of racial prejudice in the school Discuss racism based on the factors of prejudice Therefore this work is based on the qualitative methodology exploratory bibliographic and field research using a questionnaire and analysis of thematic content In this respect the work is based on legislation and on authors who approach the theme of race in school spaces such as Lopes (2005) Santos (2010) and Munanga (2005) among others Regarding the results we can infer that the school space must be unquestionably privileged where the distancing of racism and racial prejudice is done through inclusive pedagogical practices that allow the autonomy and resignification of its history We have the understanding that we are a multiracial nation and that the valorization of what constitutes the history and the formation of our people makes possible the construction and permanence of a plural memory in respect to ethnic racial diversity

Keywords Racial Prejudice Teaching Perspective Elementary School

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola26

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola28

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos etnicorraciais e sobre preconceito racial30

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula31

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos31

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola32

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola33

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra33

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 - Etnia das Docentes Entrevistadas29

LISTA DE SIGLAS

AEE - Atendimento Educacional Especializado

CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo

CNBB - Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil

ENERA - Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria

IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada

LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional

OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental

PCN - Paracircmetros Curriculares Nacionais

MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

PNAIC - Pacto Nacional na Idade Certa

PPP - Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico

PROFA - Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados

SECAD - Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade

UFPB - Universidade Federal da Paraiacuteba

UNICEF - Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia

UnB - Universidade de Brasiacutelia

UNESCO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO13

CAPIacuteTULO I 15

CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A

EDUCACcedilAtildeO 15

11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico15

12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 639200317

13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees19

14 O Preconceito Racial no contexto escolar21

15 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo24

CAPIacuteTULO II 27

ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA27

21 Caracterizaccedilatildeo da escola27

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola 28

212 A relaccedilatildeo escola comunidade 30

22 A perspectiva docente sobre o Preconceito Racial31

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37

REFEREcircNCIAS39

APEcircNDICE 41

ANEXO 43

14

INTRODUCcedilAtildeO

O presente estudo aborda o tema preconceito racial na escola puacuteblica com

tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal

do ensino fundamental anos iniciais Tem como principal objetivo analisar o

preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais da Escola

Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros do municiacutepio de

Pedras de Fogo Paraiacuteba

O interesse por esta temaacutetica surge do contato com disciplina de Educaccedilatildeo

Eacutetnico Racial e Ensino da Cultura Afro-Brasileira da disciplina de estaacutegios ocorridos

durante o Curso de Pedagogia ndash Educaccedilatildeo do Campo e das experiecircncias

observadas no ambiente escolar A abordagem acerca do preconceito racial na

escola implica no debate sobre sua dimensatildeo excludente configurando-se como um

grave problema que assola os espaccedilos escolares Cabe uma exposiccedilatildeo dos

pressupostos legais propostos em diretrizes medidas de precauccedilatildeo contra esse

problema existente na escola

Nesse sentido os professores tecircm um papel importante para que o curriacuteculo

as diretrizes e meacutetodos sejam efetivados Eacute preciso trabalhar em sala de aula a

cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira Por

isso devemos reconhecer e valorizar os constituintes da formaccedilatildeo da cultura

(muacutesica culinaacuteria danccedila crenccedilas e valores) de matriz africana na origem e

formaccedilatildeo do povo brasileiro

Diante do exposto a problemaacutetica surge do interesse de entender quais as

causas que levam a existecircncia do preconceito racial no ensino fundamental dos

anos iniciais sob a perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido

problema e atender o objetivo principal o trabalho parte dos seguintes objetivos

especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola discutir o

papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis

fatores de preconceito racial na escola discutir o racismo na escola investigada e

identificada a partir de preconceitos existentes no espaccedilo escolar

No tocante aos aspectos metodoloacutegicos o referido trabalho apoia-se na

metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefico e pesquisa de campo

utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo A escolha por esse meacutetodo

justifica-se pela possibilidade de uma aproximaccedilatildeo mais eficaz agrave compreensatildeo da

15

complexa realidade desse problema na escola bem como objetiva promover uma

educaccedilatildeo que reconheccedila e valorize a diversidade racial e cultura do nosso povo

com tambeacutem valorizar a formaccedilatildeo de sua origem

Em relaccedilatildeo aos aspectos teoacutericos a pesquisa fundamenta-se na legislaccedilatildeo e

em autores que abordam essa temaacutetica em espaccedilos escolares tais como Lopes

(2005) que discute a existecircncia do racismo na escola velado ou escancarado

Almeida e Sanchez (2017) que discutem sobre a implantaccedilatildeo da Lei sobre o ensino

da histoacuteria afro-brasileira na escola ressaltando sua importacircncia no combate ao

preconceito racial nesse espaccedilo Munanga (2005) que fala a respeito do deacuteficit de

capacitaccedilatildeo dos professores despreparados em relaccedilatildeo ao preconceito racial na

escola

Quanto ao seu aspecto estrutural o presente trabalho compotildee dois capiacutetulos

No primeiro capiacutetulo seraacute apresentada uma concepccedilatildeo teoacuterica sobre o Racismo e

sua relaccedilatildeo com a educaccedilatildeo considerando sua discussatildeo e importacircncia no espaccedilo

escolar e no segundo teremos uma anaacutelise de dados da pesquisa que mostra o

resultado da nossa pesquisa

16

CAPIacuteTULO I

CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A

EDUCACcedilAtildeO

11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico

De acordo com Queiroacutez (1998) a escravidatildeo no Brasil iniciou com a chegada

dos portugueses em meados do seacuteculo XVI Os negros foram trazidos em navios

negreiros em condiccedilotildees sub-humanas alguns morriam antes de chegarem a seus

destinos e eram lanccedilados ao mar Os sobreviventes eram vendidos pelos

portugueses como mercadorias Aqueles que apresentavam melhor condiccedilatildeo e

disposiccedilatildeo para o trabalho eram vendidos por um preccedilo melhor

Devido agrave expansatildeo da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar no territoacuterio brasileiro os

negros foram obrigados a trabalhar nas zonas rurais as condiccedilotildees de trabalho eram

precaacuterias e desumanas a alimentaccedilatildeo era regrada qualquer distraccedilatildeo era motivo

para ser chicoteados Durante a noite viviam presos em senzalas e quando

tentavam fugir eram impedidos e castigados

A populaccedilatildeo negra foi obrigada a abandonar suas tradiccedilotildees e costumes ateacute

mesmo foram proibidos de viver e praticar a proacutepria religiatildeo por essas razotildees se

revoltaram Desde entatildeo se organizaram para fugir em grandes grupos foi a partir

daiacute que surgiram os quilombos que satildeo considerados os locais de refuacutegio dos

escravos Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE

2010) o Brasil foi o uacuteltimo paiacutes do mundo a abolir o trabalho escravo

Para Lopes (2005)

Um olhar atento sobre a realidade do povo brasileiro mostra uma sociedade multirracional e plurieacutetnica que faz de conta que o racismo o preconceito e a discriminaccedilatildeo natildeo existem No entanto afloram a todo o momento ora de modo velado ora escancarado e estatildeo presentes na vida diaacuteria (LOPES 2005 p186)

A autora afirma que ainda eacute possiacutevel que grande parte dos brasileiros continue

fomentando suas ideias e atitudes preconceituosas pois estaacute enraizado em seu

cotidiano reproduzidos ao longo do tempo presente e problemaacutetico em diferentes

17

contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente

escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente

A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo

utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-

brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento

promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos

preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas

Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento

da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo

De acordo com Silva (2007 p 43)

Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes

Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de

transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra

conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo

racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma

escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa

sociedade

A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola

um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater

esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo

podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal

realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta

curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar

18

12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003

A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639

que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de

incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os

niacuteveis da escolaridade brasileira

Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as

instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta

dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram

para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como

Dia Nacional da Consciecircncia Negra

A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram

oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana

Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de

desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da

necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela

poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-

brasileira

Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer

parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua

contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo

respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A

Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)

sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias

Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa

temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para

abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os

professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique

apenas no papel e passe a ser concretizada

Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)

19

Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra

O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola

como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas

sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de

nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a

educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as

diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia

amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de

conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas

Segundo Verccedilosa (2012 p42)

[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos

Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o

professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e

assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos

sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele

tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o

papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se

faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o

preconceito racial

20

13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees

Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino

ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo

julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter

os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior

ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute

aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo

Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de

valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos

preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de

valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social

Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na

convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos

nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que

surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos

Para Gomes (2005 p 54)

O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro

O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo

agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade

sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica

fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo

que se estaacute relacionada ao outro

O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo

escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288

de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de

21

oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o

combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim

muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o

preconceito racial

Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e

desigualdade racial

I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)

A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro

cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que

na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um

papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo

deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute

um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo

de preconceito especialmente o racial

Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)

O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma

escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos

22

professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos

diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das

praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da

origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se

usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural

banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e

socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel

ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas

Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)

Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da

sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas

racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o

respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em

meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como

instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de

desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no

rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse

sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos

conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e

etnia (liacutengua e cultura)

14 O Preconceito Racial no contexto escolar

A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e

adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico

do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior

23

diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave

discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres

de boa e maacute qualidade respectivamente

Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o

professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo

agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento

da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem

transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for

detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de

mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente

Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute

plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de

suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram

que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua

cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo

As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no

seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um

curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura

A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um

conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos

histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas

pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua

docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula

Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua

dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais

didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica

a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno

branco

O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB

24

alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)

O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente

problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e

responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia

da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo

cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo

corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses

alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo

escolar

Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante

Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)

A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na

promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no

cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de

trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus

estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar

e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos

na escola

Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de

convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de

poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses

alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela

natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que

ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na

relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos

25

25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo

Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave

exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem

como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da

educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de

identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai

determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu

aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o

papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e

sua funccedilatildeo social

Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo

do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e

aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas

concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar

social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional

No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina

(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma

da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de

paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos

paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico

de accedilatildeo e poder

Conforme explicam os autores

O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)

As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo

eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do

Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o

26

agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do

aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo

A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de

Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada

e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo

multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a

reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo

Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo

Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que

A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)

Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos

trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo

do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do

campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do

Campo e da Escola do Campo

Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade

de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo

de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona

com sua vida no campo

Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus

sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em

que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do

campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo

reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de

Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na

valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos

27

Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa

temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que

contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-

brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo

isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os

professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos

problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola

A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a

igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de

reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e

ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional

Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada

com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de

Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser

trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica

28

CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA

21 Caracterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo

prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-

PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um

lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio

Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

Fonte Acervo pessoal 2018

Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal

nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural

desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio

municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em

Pedras de Fogo

29

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola

Infraestrutura

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados

A escola possui banheiro

Sim

Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais

A escola possui sala multifuncional

Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui biblioteca

Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola

A escola possui cozinha

Sim

A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees

A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica

Sim

O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores

A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias

Natildeo

A escola possui sala de leitura

Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula

A escola possui quadra de esportes

Natildeo

Fonte Proacutepria autora 2018

Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia

corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais

profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees

segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e

sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao

espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a

escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola

A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases

que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas

prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo

coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes

do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os

resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas

considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo

30

A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu

objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo

e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo

escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e

pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias

cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua

proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o

todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se

ao longo do crescimento e formaccedilatildeo

Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos

desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo

satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios

A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma

diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16

professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute

formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua

maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)

e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola

Aspectos Administrativos

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos

relacionados

A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar

Sim

Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola fornece materiais didaacuteticos aos

alunos

Sim

Eacute fornecido atraveacutes do MEC

A Escola possui associaccedilatildeo de alunos

Natildeo

A escola possui conselho escolar

Sim

Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade

A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar

Natildeo

Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola possui sala multifuncional

Sim

A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar

31

atendimento para alunos com dificuldades de

aprendizagem

A escola possui proposta de atendimento para

alunos com deficiecircncias

Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional

Fonte Proacutepria autora 2018

A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e

discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como

questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano

escolar

212 A relaccedilatildeo escola e comunidade

A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma

educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde

todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e

respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das

normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque

a comunidade existe

A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso

educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e

participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela

relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na

comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que

se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades

A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da

participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E

a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a

escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e

planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola

Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a

gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como

desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A

participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 4: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

ldquoA uacutenica arma para melhorar o planeta eacute a Educaccedilatildeo com eacutetica Ningueacutem nasce odiando outra pessoa pela cor da pele por sua origem ou ainda por sua religiatildeo Para odiar as pessoas precisam aprender e se podem aprender a odiar podem ser ensinadas a amarrdquo

Nelson Mandela

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo primeiro a Deus que me deu forccedila e boa sauacutede mental para

concluir o curso de Pedagogia Educaccedilatildeo do Campo realizando assim esse objetivo

por mim traccedilado

Aos meus pais Marilene Silva de Melo Ediglaucio Nunes de Melo que

mesmo distante sempre acreditaram nos meus sonhos bem como incentivavam a

sua realizaccedilatildeo

Agrave Universidade Federal da Paraiacuteba pela concretizaccedilatildeo deste sonho ser

professora

Agrave minha orientadora professora Dra Ana Paula Romatildeo de Souza Ferreira

que aleacutem de me oferecer tudo o que deveria para uma boa construccedilatildeo deste

trabalho deu-me a confianccedila de que seria capaz de concluir este trabalho de

conclusatildeo de curso

Agrave professora Dra Eunice Simotildees Lins a professora da disciplina por seu

incentivo diaacuterio

Aos demais professores do curso que contribuiacuteram cada um a sua maneira

para que eu conseguisse realizar essa etapa em minha vida

Agraves minhas queridas amigas Ana Claudia Bulhotildees de Vasconcelos Djulya

Franciele do Rego Oliveira Micaela Dayse Cruz do Nascimento Aline Lorena que

sempre dividiram comigo os momentos bons e ruins que foram fundamentais para

que eu pudesse realizar este sonho Tambeacutem agradeccedilo ao amigo Adriano Garcia

dos Santos pelo apoio de sempre durante nosso curso

Aos meus amigos Antocircnio Laurentino da Silva Jailson Batista dos Santos

pelo apoio durante esses anos na minha graduaccedilatildeo

Agraves amizades conquistadas aos longos dos anos pessoas que conheci na sala

de aula e que os levarei para minha vida

Aos meus amigos de trabalho Roacutemulo Eloacutei Deodato Alves pela compreensatildeo

e incentivo nessa conquista E os demais amigos de trabalho que contribuiacuteram para

essa conquista

RESUMO

O presente estudo aborda a temaacutetica do preconceito racial na escola puacuteblica com o tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal do ensino fundamental de Pedras de Fogo-PB Seu objetivo geral consiste em analisar o preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais do ensino fundamental da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros Sua problematizaccedilatildeo emerge da tentativa de identificar e compreender quais os possiacuteveis fatores de preconceito presentes no ensino fundamental anos iniciais na perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido problema o trabalho parte dos seguintes objetivos especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola a partir da visatildeo docente discutir o papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola Discutir o racismo a partir dos fatores de preconceito Para tanto o referido trabalho apoia-se na metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefica e pesquisa de campo utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo temaacutetico No tocante o trabalho fundamenta-se na legislaccedilatildeo e em autores que abordam a temaacutetica racial em espaccedilos escolares tais como Lopes (2005) Santos (2010) e Munanga (2005) dentre outros Em relaccedilatildeo aos resultados podemos inferir que o espaccedilo escolar deve caracterizar-se indiscutivelmente privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial eacute feito atraveacutes de praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autonomia e ressignificaccedilatildeo de sua histoacuteria Temos o entendimento que somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do que constitui a histoacuteria e a formaccedilatildeo do nosso povo possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural em respeito agrave diversidade eacutetnica racial

Palavras chave Preconceito Racial Perspectiva Docente Ensino Fundamental

ABSTRACT

The present study addresses the theme of racial prejudice in the public school with the title Racial Prejudice in School the teaching perspective in a municipal elementary school in Pedras de Fogo-PB Its general objective is to analyze the racial prejudice under the eyes of the teachers of the initial years of elementary school at the Municipal School of Elementary School Dulcinete Nunes de Medeiros Its problematization emerges from the attempt to identify and understand what possible factors of prejudice present in elementary school early years from the educational perspective To find answers to this problem the work has the following specific objectives to identify possible factors of racial prejudice in the school from the perspective of teachers discuss the role of teachers in relation to socialization processes in relation to possible factors of racial prejudice in the school Discuss racism based on the factors of prejudice Therefore this work is based on the qualitative methodology exploratory bibliographic and field research using a questionnaire and analysis of thematic content In this respect the work is based on legislation and on authors who approach the theme of race in school spaces such as Lopes (2005) Santos (2010) and Munanga (2005) among others Regarding the results we can infer that the school space must be unquestionably privileged where the distancing of racism and racial prejudice is done through inclusive pedagogical practices that allow the autonomy and resignification of its history We have the understanding that we are a multiracial nation and that the valorization of what constitutes the history and the formation of our people makes possible the construction and permanence of a plural memory in respect to ethnic racial diversity

Keywords Racial Prejudice Teaching Perspective Elementary School

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola26

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola28

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos etnicorraciais e sobre preconceito racial30

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula31

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos31

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola32

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola33

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra33

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 - Etnia das Docentes Entrevistadas29

LISTA DE SIGLAS

AEE - Atendimento Educacional Especializado

CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo

CNBB - Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil

ENERA - Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria

IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada

LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional

OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental

PCN - Paracircmetros Curriculares Nacionais

MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

PNAIC - Pacto Nacional na Idade Certa

PPP - Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico

PROFA - Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados

SECAD - Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade

UFPB - Universidade Federal da Paraiacuteba

UNICEF - Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia

UnB - Universidade de Brasiacutelia

UNESCO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO13

CAPIacuteTULO I 15

CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A

EDUCACcedilAtildeO 15

11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico15

12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 639200317

13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees19

14 O Preconceito Racial no contexto escolar21

15 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo24

CAPIacuteTULO II 27

ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA27

21 Caracterizaccedilatildeo da escola27

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola 28

212 A relaccedilatildeo escola comunidade 30

22 A perspectiva docente sobre o Preconceito Racial31

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37

REFEREcircNCIAS39

APEcircNDICE 41

ANEXO 43

14

INTRODUCcedilAtildeO

O presente estudo aborda o tema preconceito racial na escola puacuteblica com

tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal

do ensino fundamental anos iniciais Tem como principal objetivo analisar o

preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais da Escola

Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros do municiacutepio de

Pedras de Fogo Paraiacuteba

O interesse por esta temaacutetica surge do contato com disciplina de Educaccedilatildeo

Eacutetnico Racial e Ensino da Cultura Afro-Brasileira da disciplina de estaacutegios ocorridos

durante o Curso de Pedagogia ndash Educaccedilatildeo do Campo e das experiecircncias

observadas no ambiente escolar A abordagem acerca do preconceito racial na

escola implica no debate sobre sua dimensatildeo excludente configurando-se como um

grave problema que assola os espaccedilos escolares Cabe uma exposiccedilatildeo dos

pressupostos legais propostos em diretrizes medidas de precauccedilatildeo contra esse

problema existente na escola

Nesse sentido os professores tecircm um papel importante para que o curriacuteculo

as diretrizes e meacutetodos sejam efetivados Eacute preciso trabalhar em sala de aula a

cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira Por

isso devemos reconhecer e valorizar os constituintes da formaccedilatildeo da cultura

(muacutesica culinaacuteria danccedila crenccedilas e valores) de matriz africana na origem e

formaccedilatildeo do povo brasileiro

Diante do exposto a problemaacutetica surge do interesse de entender quais as

causas que levam a existecircncia do preconceito racial no ensino fundamental dos

anos iniciais sob a perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido

problema e atender o objetivo principal o trabalho parte dos seguintes objetivos

especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola discutir o

papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis

fatores de preconceito racial na escola discutir o racismo na escola investigada e

identificada a partir de preconceitos existentes no espaccedilo escolar

No tocante aos aspectos metodoloacutegicos o referido trabalho apoia-se na

metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefico e pesquisa de campo

utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo A escolha por esse meacutetodo

justifica-se pela possibilidade de uma aproximaccedilatildeo mais eficaz agrave compreensatildeo da

15

complexa realidade desse problema na escola bem como objetiva promover uma

educaccedilatildeo que reconheccedila e valorize a diversidade racial e cultura do nosso povo

com tambeacutem valorizar a formaccedilatildeo de sua origem

Em relaccedilatildeo aos aspectos teoacutericos a pesquisa fundamenta-se na legislaccedilatildeo e

em autores que abordam essa temaacutetica em espaccedilos escolares tais como Lopes

(2005) que discute a existecircncia do racismo na escola velado ou escancarado

Almeida e Sanchez (2017) que discutem sobre a implantaccedilatildeo da Lei sobre o ensino

da histoacuteria afro-brasileira na escola ressaltando sua importacircncia no combate ao

preconceito racial nesse espaccedilo Munanga (2005) que fala a respeito do deacuteficit de

capacitaccedilatildeo dos professores despreparados em relaccedilatildeo ao preconceito racial na

escola

Quanto ao seu aspecto estrutural o presente trabalho compotildee dois capiacutetulos

No primeiro capiacutetulo seraacute apresentada uma concepccedilatildeo teoacuterica sobre o Racismo e

sua relaccedilatildeo com a educaccedilatildeo considerando sua discussatildeo e importacircncia no espaccedilo

escolar e no segundo teremos uma anaacutelise de dados da pesquisa que mostra o

resultado da nossa pesquisa

16

CAPIacuteTULO I

CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A

EDUCACcedilAtildeO

11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico

De acordo com Queiroacutez (1998) a escravidatildeo no Brasil iniciou com a chegada

dos portugueses em meados do seacuteculo XVI Os negros foram trazidos em navios

negreiros em condiccedilotildees sub-humanas alguns morriam antes de chegarem a seus

destinos e eram lanccedilados ao mar Os sobreviventes eram vendidos pelos

portugueses como mercadorias Aqueles que apresentavam melhor condiccedilatildeo e

disposiccedilatildeo para o trabalho eram vendidos por um preccedilo melhor

Devido agrave expansatildeo da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar no territoacuterio brasileiro os

negros foram obrigados a trabalhar nas zonas rurais as condiccedilotildees de trabalho eram

precaacuterias e desumanas a alimentaccedilatildeo era regrada qualquer distraccedilatildeo era motivo

para ser chicoteados Durante a noite viviam presos em senzalas e quando

tentavam fugir eram impedidos e castigados

A populaccedilatildeo negra foi obrigada a abandonar suas tradiccedilotildees e costumes ateacute

mesmo foram proibidos de viver e praticar a proacutepria religiatildeo por essas razotildees se

revoltaram Desde entatildeo se organizaram para fugir em grandes grupos foi a partir

daiacute que surgiram os quilombos que satildeo considerados os locais de refuacutegio dos

escravos Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE

2010) o Brasil foi o uacuteltimo paiacutes do mundo a abolir o trabalho escravo

Para Lopes (2005)

Um olhar atento sobre a realidade do povo brasileiro mostra uma sociedade multirracional e plurieacutetnica que faz de conta que o racismo o preconceito e a discriminaccedilatildeo natildeo existem No entanto afloram a todo o momento ora de modo velado ora escancarado e estatildeo presentes na vida diaacuteria (LOPES 2005 p186)

A autora afirma que ainda eacute possiacutevel que grande parte dos brasileiros continue

fomentando suas ideias e atitudes preconceituosas pois estaacute enraizado em seu

cotidiano reproduzidos ao longo do tempo presente e problemaacutetico em diferentes

17

contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente

escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente

A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo

utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-

brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento

promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos

preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas

Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento

da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo

De acordo com Silva (2007 p 43)

Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes

Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de

transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra

conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo

racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma

escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa

sociedade

A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola

um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater

esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo

podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal

realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta

curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar

18

12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003

A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639

que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de

incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os

niacuteveis da escolaridade brasileira

Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as

instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta

dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram

para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como

Dia Nacional da Consciecircncia Negra

A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram

oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana

Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de

desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da

necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela

poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-

brasileira

Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer

parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua

contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo

respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A

Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)

sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias

Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa

temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para

abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os

professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique

apenas no papel e passe a ser concretizada

Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)

19

Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra

O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola

como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas

sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de

nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a

educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as

diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia

amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de

conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas

Segundo Verccedilosa (2012 p42)

[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos

Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o

professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e

assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos

sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele

tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o

papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se

faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o

preconceito racial

20

13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees

Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino

ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo

julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter

os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior

ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute

aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo

Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de

valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos

preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de

valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social

Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na

convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos

nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que

surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos

Para Gomes (2005 p 54)

O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro

O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo

agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade

sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica

fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo

que se estaacute relacionada ao outro

O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo

escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288

de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de

21

oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o

combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim

muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o

preconceito racial

Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e

desigualdade racial

I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)

A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro

cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que

na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um

papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo

deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute

um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo

de preconceito especialmente o racial

Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)

O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma

escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos

22

professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos

diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das

praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da

origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se

usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural

banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e

socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel

ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas

Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)

Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da

sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas

racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o

respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em

meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como

instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de

desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no

rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse

sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos

conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e

etnia (liacutengua e cultura)

14 O Preconceito Racial no contexto escolar

A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e

adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico

do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior

23

diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave

discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres

de boa e maacute qualidade respectivamente

Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o

professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo

agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento

da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem

transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for

detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de

mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente

Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute

plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de

suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram

que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua

cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo

As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no

seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um

curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura

A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um

conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos

histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas

pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua

docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula

Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua

dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais

didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica

a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno

branco

O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB

24

alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)

O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente

problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e

responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia

da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo

cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo

corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses

alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo

escolar

Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante

Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)

A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na

promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no

cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de

trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus

estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar

e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos

na escola

Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de

convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de

poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses

alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela

natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que

ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na

relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos

25

25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo

Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave

exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem

como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da

educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de

identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai

determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu

aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o

papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e

sua funccedilatildeo social

Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo

do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e

aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas

concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar

social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional

No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina

(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma

da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de

paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos

paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico

de accedilatildeo e poder

Conforme explicam os autores

O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)

As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo

eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do

Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o

26

agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do

aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo

A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de

Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada

e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo

multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a

reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo

Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo

Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que

A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)

Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos

trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo

do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do

campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do

Campo e da Escola do Campo

Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade

de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo

de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona

com sua vida no campo

Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus

sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em

que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do

campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo

reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de

Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na

valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos

27

Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa

temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que

contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-

brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo

isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os

professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos

problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola

A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a

igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de

reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e

ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional

Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada

com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de

Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser

trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica

28

CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA

21 Caracterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo

prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-

PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um

lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio

Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

Fonte Acervo pessoal 2018

Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal

nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural

desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio

municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em

Pedras de Fogo

29

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola

Infraestrutura

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados

A escola possui banheiro

Sim

Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais

A escola possui sala multifuncional

Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui biblioteca

Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola

A escola possui cozinha

Sim

A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees

A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica

Sim

O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores

A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias

Natildeo

A escola possui sala de leitura

Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula

A escola possui quadra de esportes

Natildeo

Fonte Proacutepria autora 2018

Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia

corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais

profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees

segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e

sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao

espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a

escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola

A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases

que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas

prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo

coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes

do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os

resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas

considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo

30

A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu

objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo

e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo

escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e

pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias

cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua

proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o

todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se

ao longo do crescimento e formaccedilatildeo

Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos

desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo

satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios

A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma

diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16

professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute

formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua

maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)

e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola

Aspectos Administrativos

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos

relacionados

A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar

Sim

Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola fornece materiais didaacuteticos aos

alunos

Sim

Eacute fornecido atraveacutes do MEC

A Escola possui associaccedilatildeo de alunos

Natildeo

A escola possui conselho escolar

Sim

Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade

A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar

Natildeo

Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola possui sala multifuncional

Sim

A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar

31

atendimento para alunos com dificuldades de

aprendizagem

A escola possui proposta de atendimento para

alunos com deficiecircncias

Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional

Fonte Proacutepria autora 2018

A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e

discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como

questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano

escolar

212 A relaccedilatildeo escola e comunidade

A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma

educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde

todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e

respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das

normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque

a comunidade existe

A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso

educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e

participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela

relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na

comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que

se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades

A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da

participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E

a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a

escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e

planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola

Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a

gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como

desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A

participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 5: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

AGRADECIMENTOS

Agradeccedilo primeiro a Deus que me deu forccedila e boa sauacutede mental para

concluir o curso de Pedagogia Educaccedilatildeo do Campo realizando assim esse objetivo

por mim traccedilado

Aos meus pais Marilene Silva de Melo Ediglaucio Nunes de Melo que

mesmo distante sempre acreditaram nos meus sonhos bem como incentivavam a

sua realizaccedilatildeo

Agrave Universidade Federal da Paraiacuteba pela concretizaccedilatildeo deste sonho ser

professora

Agrave minha orientadora professora Dra Ana Paula Romatildeo de Souza Ferreira

que aleacutem de me oferecer tudo o que deveria para uma boa construccedilatildeo deste

trabalho deu-me a confianccedila de que seria capaz de concluir este trabalho de

conclusatildeo de curso

Agrave professora Dra Eunice Simotildees Lins a professora da disciplina por seu

incentivo diaacuterio

Aos demais professores do curso que contribuiacuteram cada um a sua maneira

para que eu conseguisse realizar essa etapa em minha vida

Agraves minhas queridas amigas Ana Claudia Bulhotildees de Vasconcelos Djulya

Franciele do Rego Oliveira Micaela Dayse Cruz do Nascimento Aline Lorena que

sempre dividiram comigo os momentos bons e ruins que foram fundamentais para

que eu pudesse realizar este sonho Tambeacutem agradeccedilo ao amigo Adriano Garcia

dos Santos pelo apoio de sempre durante nosso curso

Aos meus amigos Antocircnio Laurentino da Silva Jailson Batista dos Santos

pelo apoio durante esses anos na minha graduaccedilatildeo

Agraves amizades conquistadas aos longos dos anos pessoas que conheci na sala

de aula e que os levarei para minha vida

Aos meus amigos de trabalho Roacutemulo Eloacutei Deodato Alves pela compreensatildeo

e incentivo nessa conquista E os demais amigos de trabalho que contribuiacuteram para

essa conquista

RESUMO

O presente estudo aborda a temaacutetica do preconceito racial na escola puacuteblica com o tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal do ensino fundamental de Pedras de Fogo-PB Seu objetivo geral consiste em analisar o preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais do ensino fundamental da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros Sua problematizaccedilatildeo emerge da tentativa de identificar e compreender quais os possiacuteveis fatores de preconceito presentes no ensino fundamental anos iniciais na perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido problema o trabalho parte dos seguintes objetivos especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola a partir da visatildeo docente discutir o papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola Discutir o racismo a partir dos fatores de preconceito Para tanto o referido trabalho apoia-se na metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefica e pesquisa de campo utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo temaacutetico No tocante o trabalho fundamenta-se na legislaccedilatildeo e em autores que abordam a temaacutetica racial em espaccedilos escolares tais como Lopes (2005) Santos (2010) e Munanga (2005) dentre outros Em relaccedilatildeo aos resultados podemos inferir que o espaccedilo escolar deve caracterizar-se indiscutivelmente privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial eacute feito atraveacutes de praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autonomia e ressignificaccedilatildeo de sua histoacuteria Temos o entendimento que somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do que constitui a histoacuteria e a formaccedilatildeo do nosso povo possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural em respeito agrave diversidade eacutetnica racial

Palavras chave Preconceito Racial Perspectiva Docente Ensino Fundamental

ABSTRACT

The present study addresses the theme of racial prejudice in the public school with the title Racial Prejudice in School the teaching perspective in a municipal elementary school in Pedras de Fogo-PB Its general objective is to analyze the racial prejudice under the eyes of the teachers of the initial years of elementary school at the Municipal School of Elementary School Dulcinete Nunes de Medeiros Its problematization emerges from the attempt to identify and understand what possible factors of prejudice present in elementary school early years from the educational perspective To find answers to this problem the work has the following specific objectives to identify possible factors of racial prejudice in the school from the perspective of teachers discuss the role of teachers in relation to socialization processes in relation to possible factors of racial prejudice in the school Discuss racism based on the factors of prejudice Therefore this work is based on the qualitative methodology exploratory bibliographic and field research using a questionnaire and analysis of thematic content In this respect the work is based on legislation and on authors who approach the theme of race in school spaces such as Lopes (2005) Santos (2010) and Munanga (2005) among others Regarding the results we can infer that the school space must be unquestionably privileged where the distancing of racism and racial prejudice is done through inclusive pedagogical practices that allow the autonomy and resignification of its history We have the understanding that we are a multiracial nation and that the valorization of what constitutes the history and the formation of our people makes possible the construction and permanence of a plural memory in respect to ethnic racial diversity

Keywords Racial Prejudice Teaching Perspective Elementary School

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola26

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola28

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos etnicorraciais e sobre preconceito racial30

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula31

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos31

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola32

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola33

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra33

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 - Etnia das Docentes Entrevistadas29

LISTA DE SIGLAS

AEE - Atendimento Educacional Especializado

CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo

CNBB - Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil

ENERA - Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria

IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada

LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional

OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental

PCN - Paracircmetros Curriculares Nacionais

MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

PNAIC - Pacto Nacional na Idade Certa

PPP - Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico

PROFA - Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados

SECAD - Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade

UFPB - Universidade Federal da Paraiacuteba

UNICEF - Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia

UnB - Universidade de Brasiacutelia

UNESCO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO13

CAPIacuteTULO I 15

CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A

EDUCACcedilAtildeO 15

11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico15

12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 639200317

13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees19

14 O Preconceito Racial no contexto escolar21

15 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo24

CAPIacuteTULO II 27

ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA27

21 Caracterizaccedilatildeo da escola27

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola 28

212 A relaccedilatildeo escola comunidade 30

22 A perspectiva docente sobre o Preconceito Racial31

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37

REFEREcircNCIAS39

APEcircNDICE 41

ANEXO 43

14

INTRODUCcedilAtildeO

O presente estudo aborda o tema preconceito racial na escola puacuteblica com

tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal

do ensino fundamental anos iniciais Tem como principal objetivo analisar o

preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais da Escola

Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros do municiacutepio de

Pedras de Fogo Paraiacuteba

O interesse por esta temaacutetica surge do contato com disciplina de Educaccedilatildeo

Eacutetnico Racial e Ensino da Cultura Afro-Brasileira da disciplina de estaacutegios ocorridos

durante o Curso de Pedagogia ndash Educaccedilatildeo do Campo e das experiecircncias

observadas no ambiente escolar A abordagem acerca do preconceito racial na

escola implica no debate sobre sua dimensatildeo excludente configurando-se como um

grave problema que assola os espaccedilos escolares Cabe uma exposiccedilatildeo dos

pressupostos legais propostos em diretrizes medidas de precauccedilatildeo contra esse

problema existente na escola

Nesse sentido os professores tecircm um papel importante para que o curriacuteculo

as diretrizes e meacutetodos sejam efetivados Eacute preciso trabalhar em sala de aula a

cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira Por

isso devemos reconhecer e valorizar os constituintes da formaccedilatildeo da cultura

(muacutesica culinaacuteria danccedila crenccedilas e valores) de matriz africana na origem e

formaccedilatildeo do povo brasileiro

Diante do exposto a problemaacutetica surge do interesse de entender quais as

causas que levam a existecircncia do preconceito racial no ensino fundamental dos

anos iniciais sob a perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido

problema e atender o objetivo principal o trabalho parte dos seguintes objetivos

especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola discutir o

papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis

fatores de preconceito racial na escola discutir o racismo na escola investigada e

identificada a partir de preconceitos existentes no espaccedilo escolar

No tocante aos aspectos metodoloacutegicos o referido trabalho apoia-se na

metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefico e pesquisa de campo

utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo A escolha por esse meacutetodo

justifica-se pela possibilidade de uma aproximaccedilatildeo mais eficaz agrave compreensatildeo da

15

complexa realidade desse problema na escola bem como objetiva promover uma

educaccedilatildeo que reconheccedila e valorize a diversidade racial e cultura do nosso povo

com tambeacutem valorizar a formaccedilatildeo de sua origem

Em relaccedilatildeo aos aspectos teoacutericos a pesquisa fundamenta-se na legislaccedilatildeo e

em autores que abordam essa temaacutetica em espaccedilos escolares tais como Lopes

(2005) que discute a existecircncia do racismo na escola velado ou escancarado

Almeida e Sanchez (2017) que discutem sobre a implantaccedilatildeo da Lei sobre o ensino

da histoacuteria afro-brasileira na escola ressaltando sua importacircncia no combate ao

preconceito racial nesse espaccedilo Munanga (2005) que fala a respeito do deacuteficit de

capacitaccedilatildeo dos professores despreparados em relaccedilatildeo ao preconceito racial na

escola

Quanto ao seu aspecto estrutural o presente trabalho compotildee dois capiacutetulos

No primeiro capiacutetulo seraacute apresentada uma concepccedilatildeo teoacuterica sobre o Racismo e

sua relaccedilatildeo com a educaccedilatildeo considerando sua discussatildeo e importacircncia no espaccedilo

escolar e no segundo teremos uma anaacutelise de dados da pesquisa que mostra o

resultado da nossa pesquisa

16

CAPIacuteTULO I

CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A

EDUCACcedilAtildeO

11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico

De acordo com Queiroacutez (1998) a escravidatildeo no Brasil iniciou com a chegada

dos portugueses em meados do seacuteculo XVI Os negros foram trazidos em navios

negreiros em condiccedilotildees sub-humanas alguns morriam antes de chegarem a seus

destinos e eram lanccedilados ao mar Os sobreviventes eram vendidos pelos

portugueses como mercadorias Aqueles que apresentavam melhor condiccedilatildeo e

disposiccedilatildeo para o trabalho eram vendidos por um preccedilo melhor

Devido agrave expansatildeo da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar no territoacuterio brasileiro os

negros foram obrigados a trabalhar nas zonas rurais as condiccedilotildees de trabalho eram

precaacuterias e desumanas a alimentaccedilatildeo era regrada qualquer distraccedilatildeo era motivo

para ser chicoteados Durante a noite viviam presos em senzalas e quando

tentavam fugir eram impedidos e castigados

A populaccedilatildeo negra foi obrigada a abandonar suas tradiccedilotildees e costumes ateacute

mesmo foram proibidos de viver e praticar a proacutepria religiatildeo por essas razotildees se

revoltaram Desde entatildeo se organizaram para fugir em grandes grupos foi a partir

daiacute que surgiram os quilombos que satildeo considerados os locais de refuacutegio dos

escravos Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE

2010) o Brasil foi o uacuteltimo paiacutes do mundo a abolir o trabalho escravo

Para Lopes (2005)

Um olhar atento sobre a realidade do povo brasileiro mostra uma sociedade multirracional e plurieacutetnica que faz de conta que o racismo o preconceito e a discriminaccedilatildeo natildeo existem No entanto afloram a todo o momento ora de modo velado ora escancarado e estatildeo presentes na vida diaacuteria (LOPES 2005 p186)

A autora afirma que ainda eacute possiacutevel que grande parte dos brasileiros continue

fomentando suas ideias e atitudes preconceituosas pois estaacute enraizado em seu

cotidiano reproduzidos ao longo do tempo presente e problemaacutetico em diferentes

17

contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente

escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente

A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo

utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-

brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento

promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos

preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas

Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento

da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo

De acordo com Silva (2007 p 43)

Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes

Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de

transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra

conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo

racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma

escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa

sociedade

A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola

um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater

esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo

podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal

realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta

curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar

18

12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003

A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639

que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de

incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os

niacuteveis da escolaridade brasileira

Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as

instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta

dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram

para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como

Dia Nacional da Consciecircncia Negra

A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram

oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana

Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de

desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da

necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela

poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-

brasileira

Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer

parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua

contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo

respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A

Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)

sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias

Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa

temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para

abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os

professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique

apenas no papel e passe a ser concretizada

Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)

19

Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra

O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola

como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas

sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de

nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a

educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as

diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia

amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de

conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas

Segundo Verccedilosa (2012 p42)

[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos

Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o

professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e

assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos

sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele

tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o

papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se

faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o

preconceito racial

20

13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees

Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino

ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo

julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter

os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior

ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute

aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo

Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de

valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos

preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de

valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social

Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na

convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos

nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que

surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos

Para Gomes (2005 p 54)

O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro

O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo

agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade

sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica

fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo

que se estaacute relacionada ao outro

O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo

escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288

de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de

21

oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o

combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim

muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o

preconceito racial

Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e

desigualdade racial

I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)

A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro

cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que

na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um

papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo

deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute

um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo

de preconceito especialmente o racial

Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)

O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma

escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos

22

professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos

diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das

praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da

origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se

usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural

banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e

socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel

ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas

Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)

Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da

sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas

racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o

respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em

meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como

instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de

desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no

rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse

sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos

conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e

etnia (liacutengua e cultura)

14 O Preconceito Racial no contexto escolar

A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e

adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico

do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior

23

diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave

discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres

de boa e maacute qualidade respectivamente

Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o

professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo

agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento

da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem

transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for

detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de

mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente

Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute

plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de

suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram

que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua

cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo

As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no

seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um

curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura

A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um

conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos

histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas

pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua

docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula

Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua

dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais

didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica

a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno

branco

O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB

24

alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)

O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente

problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e

responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia

da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo

cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo

corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses

alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo

escolar

Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante

Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)

A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na

promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no

cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de

trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus

estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar

e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos

na escola

Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de

convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de

poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses

alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela

natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que

ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na

relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos

25

25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo

Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave

exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem

como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da

educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de

identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai

determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu

aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o

papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e

sua funccedilatildeo social

Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo

do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e

aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas

concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar

social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional

No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina

(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma

da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de

paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos

paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico

de accedilatildeo e poder

Conforme explicam os autores

O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)

As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo

eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do

Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o

26

agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do

aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo

A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de

Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada

e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo

multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a

reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo

Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo

Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que

A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)

Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos

trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo

do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do

campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do

Campo e da Escola do Campo

Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade

de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo

de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona

com sua vida no campo

Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus

sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em

que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do

campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo

reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de

Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na

valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos

27

Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa

temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que

contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-

brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo

isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os

professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos

problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola

A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a

igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de

reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e

ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional

Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada

com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de

Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser

trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica

28

CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA

21 Caracterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo

prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-

PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um

lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio

Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

Fonte Acervo pessoal 2018

Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal

nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural

desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio

municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em

Pedras de Fogo

29

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola

Infraestrutura

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados

A escola possui banheiro

Sim

Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais

A escola possui sala multifuncional

Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui biblioteca

Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola

A escola possui cozinha

Sim

A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees

A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica

Sim

O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores

A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias

Natildeo

A escola possui sala de leitura

Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula

A escola possui quadra de esportes

Natildeo

Fonte Proacutepria autora 2018

Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia

corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais

profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees

segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e

sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao

espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a

escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola

A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases

que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas

prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo

coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes

do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os

resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas

considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo

30

A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu

objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo

e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo

escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e

pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias

cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua

proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o

todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se

ao longo do crescimento e formaccedilatildeo

Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos

desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo

satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios

A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma

diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16

professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute

formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua

maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)

e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola

Aspectos Administrativos

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos

relacionados

A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar

Sim

Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola fornece materiais didaacuteticos aos

alunos

Sim

Eacute fornecido atraveacutes do MEC

A Escola possui associaccedilatildeo de alunos

Natildeo

A escola possui conselho escolar

Sim

Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade

A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar

Natildeo

Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola possui sala multifuncional

Sim

A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar

31

atendimento para alunos com dificuldades de

aprendizagem

A escola possui proposta de atendimento para

alunos com deficiecircncias

Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional

Fonte Proacutepria autora 2018

A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e

discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como

questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano

escolar

212 A relaccedilatildeo escola e comunidade

A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma

educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde

todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e

respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das

normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque

a comunidade existe

A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso

educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e

participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela

relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na

comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que

se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades

A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da

participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E

a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a

escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e

planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola

Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a

gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como

desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A

participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 6: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

RESUMO

O presente estudo aborda a temaacutetica do preconceito racial na escola puacuteblica com o tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal do ensino fundamental de Pedras de Fogo-PB Seu objetivo geral consiste em analisar o preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais do ensino fundamental da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros Sua problematizaccedilatildeo emerge da tentativa de identificar e compreender quais os possiacuteveis fatores de preconceito presentes no ensino fundamental anos iniciais na perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido problema o trabalho parte dos seguintes objetivos especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola a partir da visatildeo docente discutir o papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola Discutir o racismo a partir dos fatores de preconceito Para tanto o referido trabalho apoia-se na metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefica e pesquisa de campo utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo temaacutetico No tocante o trabalho fundamenta-se na legislaccedilatildeo e em autores que abordam a temaacutetica racial em espaccedilos escolares tais como Lopes (2005) Santos (2010) e Munanga (2005) dentre outros Em relaccedilatildeo aos resultados podemos inferir que o espaccedilo escolar deve caracterizar-se indiscutivelmente privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial eacute feito atraveacutes de praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autonomia e ressignificaccedilatildeo de sua histoacuteria Temos o entendimento que somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do que constitui a histoacuteria e a formaccedilatildeo do nosso povo possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural em respeito agrave diversidade eacutetnica racial

Palavras chave Preconceito Racial Perspectiva Docente Ensino Fundamental

ABSTRACT

The present study addresses the theme of racial prejudice in the public school with the title Racial Prejudice in School the teaching perspective in a municipal elementary school in Pedras de Fogo-PB Its general objective is to analyze the racial prejudice under the eyes of the teachers of the initial years of elementary school at the Municipal School of Elementary School Dulcinete Nunes de Medeiros Its problematization emerges from the attempt to identify and understand what possible factors of prejudice present in elementary school early years from the educational perspective To find answers to this problem the work has the following specific objectives to identify possible factors of racial prejudice in the school from the perspective of teachers discuss the role of teachers in relation to socialization processes in relation to possible factors of racial prejudice in the school Discuss racism based on the factors of prejudice Therefore this work is based on the qualitative methodology exploratory bibliographic and field research using a questionnaire and analysis of thematic content In this respect the work is based on legislation and on authors who approach the theme of race in school spaces such as Lopes (2005) Santos (2010) and Munanga (2005) among others Regarding the results we can infer that the school space must be unquestionably privileged where the distancing of racism and racial prejudice is done through inclusive pedagogical practices that allow the autonomy and resignification of its history We have the understanding that we are a multiracial nation and that the valorization of what constitutes the history and the formation of our people makes possible the construction and permanence of a plural memory in respect to ethnic racial diversity

Keywords Racial Prejudice Teaching Perspective Elementary School

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola26

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola28

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos etnicorraciais e sobre preconceito racial30

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula31

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos31

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola32

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola33

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra33

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 - Etnia das Docentes Entrevistadas29

LISTA DE SIGLAS

AEE - Atendimento Educacional Especializado

CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo

CNBB - Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil

ENERA - Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria

IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada

LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional

OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental

PCN - Paracircmetros Curriculares Nacionais

MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

PNAIC - Pacto Nacional na Idade Certa

PPP - Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico

PROFA - Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados

SECAD - Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade

UFPB - Universidade Federal da Paraiacuteba

UNICEF - Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia

UnB - Universidade de Brasiacutelia

UNESCO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO13

CAPIacuteTULO I 15

CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A

EDUCACcedilAtildeO 15

11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico15

12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 639200317

13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees19

14 O Preconceito Racial no contexto escolar21

15 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo24

CAPIacuteTULO II 27

ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA27

21 Caracterizaccedilatildeo da escola27

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola 28

212 A relaccedilatildeo escola comunidade 30

22 A perspectiva docente sobre o Preconceito Racial31

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37

REFEREcircNCIAS39

APEcircNDICE 41

ANEXO 43

14

INTRODUCcedilAtildeO

O presente estudo aborda o tema preconceito racial na escola puacuteblica com

tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal

do ensino fundamental anos iniciais Tem como principal objetivo analisar o

preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais da Escola

Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros do municiacutepio de

Pedras de Fogo Paraiacuteba

O interesse por esta temaacutetica surge do contato com disciplina de Educaccedilatildeo

Eacutetnico Racial e Ensino da Cultura Afro-Brasileira da disciplina de estaacutegios ocorridos

durante o Curso de Pedagogia ndash Educaccedilatildeo do Campo e das experiecircncias

observadas no ambiente escolar A abordagem acerca do preconceito racial na

escola implica no debate sobre sua dimensatildeo excludente configurando-se como um

grave problema que assola os espaccedilos escolares Cabe uma exposiccedilatildeo dos

pressupostos legais propostos em diretrizes medidas de precauccedilatildeo contra esse

problema existente na escola

Nesse sentido os professores tecircm um papel importante para que o curriacuteculo

as diretrizes e meacutetodos sejam efetivados Eacute preciso trabalhar em sala de aula a

cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira Por

isso devemos reconhecer e valorizar os constituintes da formaccedilatildeo da cultura

(muacutesica culinaacuteria danccedila crenccedilas e valores) de matriz africana na origem e

formaccedilatildeo do povo brasileiro

Diante do exposto a problemaacutetica surge do interesse de entender quais as

causas que levam a existecircncia do preconceito racial no ensino fundamental dos

anos iniciais sob a perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido

problema e atender o objetivo principal o trabalho parte dos seguintes objetivos

especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola discutir o

papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis

fatores de preconceito racial na escola discutir o racismo na escola investigada e

identificada a partir de preconceitos existentes no espaccedilo escolar

No tocante aos aspectos metodoloacutegicos o referido trabalho apoia-se na

metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefico e pesquisa de campo

utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo A escolha por esse meacutetodo

justifica-se pela possibilidade de uma aproximaccedilatildeo mais eficaz agrave compreensatildeo da

15

complexa realidade desse problema na escola bem como objetiva promover uma

educaccedilatildeo que reconheccedila e valorize a diversidade racial e cultura do nosso povo

com tambeacutem valorizar a formaccedilatildeo de sua origem

Em relaccedilatildeo aos aspectos teoacutericos a pesquisa fundamenta-se na legislaccedilatildeo e

em autores que abordam essa temaacutetica em espaccedilos escolares tais como Lopes

(2005) que discute a existecircncia do racismo na escola velado ou escancarado

Almeida e Sanchez (2017) que discutem sobre a implantaccedilatildeo da Lei sobre o ensino

da histoacuteria afro-brasileira na escola ressaltando sua importacircncia no combate ao

preconceito racial nesse espaccedilo Munanga (2005) que fala a respeito do deacuteficit de

capacitaccedilatildeo dos professores despreparados em relaccedilatildeo ao preconceito racial na

escola

Quanto ao seu aspecto estrutural o presente trabalho compotildee dois capiacutetulos

No primeiro capiacutetulo seraacute apresentada uma concepccedilatildeo teoacuterica sobre o Racismo e

sua relaccedilatildeo com a educaccedilatildeo considerando sua discussatildeo e importacircncia no espaccedilo

escolar e no segundo teremos uma anaacutelise de dados da pesquisa que mostra o

resultado da nossa pesquisa

16

CAPIacuteTULO I

CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A

EDUCACcedilAtildeO

11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico

De acordo com Queiroacutez (1998) a escravidatildeo no Brasil iniciou com a chegada

dos portugueses em meados do seacuteculo XVI Os negros foram trazidos em navios

negreiros em condiccedilotildees sub-humanas alguns morriam antes de chegarem a seus

destinos e eram lanccedilados ao mar Os sobreviventes eram vendidos pelos

portugueses como mercadorias Aqueles que apresentavam melhor condiccedilatildeo e

disposiccedilatildeo para o trabalho eram vendidos por um preccedilo melhor

Devido agrave expansatildeo da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar no territoacuterio brasileiro os

negros foram obrigados a trabalhar nas zonas rurais as condiccedilotildees de trabalho eram

precaacuterias e desumanas a alimentaccedilatildeo era regrada qualquer distraccedilatildeo era motivo

para ser chicoteados Durante a noite viviam presos em senzalas e quando

tentavam fugir eram impedidos e castigados

A populaccedilatildeo negra foi obrigada a abandonar suas tradiccedilotildees e costumes ateacute

mesmo foram proibidos de viver e praticar a proacutepria religiatildeo por essas razotildees se

revoltaram Desde entatildeo se organizaram para fugir em grandes grupos foi a partir

daiacute que surgiram os quilombos que satildeo considerados os locais de refuacutegio dos

escravos Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE

2010) o Brasil foi o uacuteltimo paiacutes do mundo a abolir o trabalho escravo

Para Lopes (2005)

Um olhar atento sobre a realidade do povo brasileiro mostra uma sociedade multirracional e plurieacutetnica que faz de conta que o racismo o preconceito e a discriminaccedilatildeo natildeo existem No entanto afloram a todo o momento ora de modo velado ora escancarado e estatildeo presentes na vida diaacuteria (LOPES 2005 p186)

A autora afirma que ainda eacute possiacutevel que grande parte dos brasileiros continue

fomentando suas ideias e atitudes preconceituosas pois estaacute enraizado em seu

cotidiano reproduzidos ao longo do tempo presente e problemaacutetico em diferentes

17

contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente

escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente

A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo

utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-

brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento

promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos

preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas

Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento

da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo

De acordo com Silva (2007 p 43)

Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes

Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de

transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra

conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo

racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma

escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa

sociedade

A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola

um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater

esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo

podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal

realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta

curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar

18

12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003

A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639

que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de

incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os

niacuteveis da escolaridade brasileira

Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as

instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta

dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram

para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como

Dia Nacional da Consciecircncia Negra

A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram

oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana

Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de

desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da

necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela

poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-

brasileira

Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer

parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua

contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo

respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A

Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)

sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias

Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa

temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para

abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os

professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique

apenas no papel e passe a ser concretizada

Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)

19

Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra

O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola

como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas

sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de

nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a

educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as

diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia

amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de

conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas

Segundo Verccedilosa (2012 p42)

[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos

Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o

professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e

assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos

sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele

tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o

papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se

faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o

preconceito racial

20

13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees

Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino

ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo

julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter

os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior

ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute

aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo

Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de

valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos

preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de

valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social

Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na

convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos

nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que

surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos

Para Gomes (2005 p 54)

O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro

O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo

agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade

sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica

fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo

que se estaacute relacionada ao outro

O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo

escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288

de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de

21

oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o

combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim

muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o

preconceito racial

Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e

desigualdade racial

I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)

A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro

cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que

na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um

papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo

deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute

um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo

de preconceito especialmente o racial

Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)

O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma

escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos

22

professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos

diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das

praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da

origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se

usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural

banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e

socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel

ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas

Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)

Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da

sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas

racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o

respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em

meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como

instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de

desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no

rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse

sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos

conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e

etnia (liacutengua e cultura)

14 O Preconceito Racial no contexto escolar

A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e

adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico

do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior

23

diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave

discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres

de boa e maacute qualidade respectivamente

Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o

professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo

agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento

da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem

transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for

detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de

mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente

Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute

plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de

suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram

que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua

cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo

As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no

seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um

curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura

A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um

conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos

histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas

pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua

docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula

Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua

dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais

didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica

a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno

branco

O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB

24

alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)

O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente

problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e

responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia

da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo

cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo

corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses

alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo

escolar

Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante

Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)

A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na

promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no

cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de

trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus

estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar

e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos

na escola

Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de

convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de

poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses

alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela

natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que

ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na

relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos

25

25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo

Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave

exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem

como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da

educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de

identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai

determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu

aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o

papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e

sua funccedilatildeo social

Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo

do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e

aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas

concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar

social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional

No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina

(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma

da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de

paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos

paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico

de accedilatildeo e poder

Conforme explicam os autores

O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)

As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo

eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do

Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o

26

agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do

aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo

A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de

Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada

e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo

multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a

reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo

Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo

Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que

A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)

Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos

trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo

do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do

campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do

Campo e da Escola do Campo

Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade

de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo

de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona

com sua vida no campo

Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus

sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em

que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do

campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo

reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de

Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na

valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos

27

Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa

temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que

contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-

brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo

isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os

professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos

problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola

A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a

igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de

reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e

ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional

Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada

com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de

Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser

trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica

28

CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA

21 Caracterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo

prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-

PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um

lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio

Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

Fonte Acervo pessoal 2018

Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal

nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural

desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio

municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em

Pedras de Fogo

29

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola

Infraestrutura

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados

A escola possui banheiro

Sim

Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais

A escola possui sala multifuncional

Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui biblioteca

Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola

A escola possui cozinha

Sim

A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees

A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica

Sim

O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores

A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias

Natildeo

A escola possui sala de leitura

Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula

A escola possui quadra de esportes

Natildeo

Fonte Proacutepria autora 2018

Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia

corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais

profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees

segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e

sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao

espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a

escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola

A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases

que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas

prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo

coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes

do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os

resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas

considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo

30

A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu

objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo

e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo

escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e

pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias

cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua

proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o

todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se

ao longo do crescimento e formaccedilatildeo

Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos

desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo

satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios

A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma

diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16

professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute

formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua

maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)

e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola

Aspectos Administrativos

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos

relacionados

A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar

Sim

Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola fornece materiais didaacuteticos aos

alunos

Sim

Eacute fornecido atraveacutes do MEC

A Escola possui associaccedilatildeo de alunos

Natildeo

A escola possui conselho escolar

Sim

Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade

A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar

Natildeo

Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola possui sala multifuncional

Sim

A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar

31

atendimento para alunos com dificuldades de

aprendizagem

A escola possui proposta de atendimento para

alunos com deficiecircncias

Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional

Fonte Proacutepria autora 2018

A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e

discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como

questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano

escolar

212 A relaccedilatildeo escola e comunidade

A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma

educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde

todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e

respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das

normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque

a comunidade existe

A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso

educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e

participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela

relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na

comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que

se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades

A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da

participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E

a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a

escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e

planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola

Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a

gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como

desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A

participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 7: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

ABSTRACT

The present study addresses the theme of racial prejudice in the public school with the title Racial Prejudice in School the teaching perspective in a municipal elementary school in Pedras de Fogo-PB Its general objective is to analyze the racial prejudice under the eyes of the teachers of the initial years of elementary school at the Municipal School of Elementary School Dulcinete Nunes de Medeiros Its problematization emerges from the attempt to identify and understand what possible factors of prejudice present in elementary school early years from the educational perspective To find answers to this problem the work has the following specific objectives to identify possible factors of racial prejudice in the school from the perspective of teachers discuss the role of teachers in relation to socialization processes in relation to possible factors of racial prejudice in the school Discuss racism based on the factors of prejudice Therefore this work is based on the qualitative methodology exploratory bibliographic and field research using a questionnaire and analysis of thematic content In this respect the work is based on legislation and on authors who approach the theme of race in school spaces such as Lopes (2005) Santos (2010) and Munanga (2005) among others Regarding the results we can infer that the school space must be unquestionably privileged where the distancing of racism and racial prejudice is done through inclusive pedagogical practices that allow the autonomy and resignification of its history We have the understanding that we are a multiracial nation and that the valorization of what constitutes the history and the formation of our people makes possible the construction and permanence of a plural memory in respect to ethnic racial diversity

Keywords Racial Prejudice Teaching Perspective Elementary School

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola26

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola28

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos etnicorraciais e sobre preconceito racial30

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula31

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos31

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola32

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola33

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra33

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 - Etnia das Docentes Entrevistadas29

LISTA DE SIGLAS

AEE - Atendimento Educacional Especializado

CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo

CNBB - Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil

ENERA - Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria

IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada

LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional

OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental

PCN - Paracircmetros Curriculares Nacionais

MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

PNAIC - Pacto Nacional na Idade Certa

PPP - Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico

PROFA - Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados

SECAD - Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade

UFPB - Universidade Federal da Paraiacuteba

UNICEF - Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia

UnB - Universidade de Brasiacutelia

UNESCO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO13

CAPIacuteTULO I 15

CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A

EDUCACcedilAtildeO 15

11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico15

12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 639200317

13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees19

14 O Preconceito Racial no contexto escolar21

15 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo24

CAPIacuteTULO II 27

ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA27

21 Caracterizaccedilatildeo da escola27

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola 28

212 A relaccedilatildeo escola comunidade 30

22 A perspectiva docente sobre o Preconceito Racial31

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37

REFEREcircNCIAS39

APEcircNDICE 41

ANEXO 43

14

INTRODUCcedilAtildeO

O presente estudo aborda o tema preconceito racial na escola puacuteblica com

tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal

do ensino fundamental anos iniciais Tem como principal objetivo analisar o

preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais da Escola

Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros do municiacutepio de

Pedras de Fogo Paraiacuteba

O interesse por esta temaacutetica surge do contato com disciplina de Educaccedilatildeo

Eacutetnico Racial e Ensino da Cultura Afro-Brasileira da disciplina de estaacutegios ocorridos

durante o Curso de Pedagogia ndash Educaccedilatildeo do Campo e das experiecircncias

observadas no ambiente escolar A abordagem acerca do preconceito racial na

escola implica no debate sobre sua dimensatildeo excludente configurando-se como um

grave problema que assola os espaccedilos escolares Cabe uma exposiccedilatildeo dos

pressupostos legais propostos em diretrizes medidas de precauccedilatildeo contra esse

problema existente na escola

Nesse sentido os professores tecircm um papel importante para que o curriacuteculo

as diretrizes e meacutetodos sejam efetivados Eacute preciso trabalhar em sala de aula a

cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira Por

isso devemos reconhecer e valorizar os constituintes da formaccedilatildeo da cultura

(muacutesica culinaacuteria danccedila crenccedilas e valores) de matriz africana na origem e

formaccedilatildeo do povo brasileiro

Diante do exposto a problemaacutetica surge do interesse de entender quais as

causas que levam a existecircncia do preconceito racial no ensino fundamental dos

anos iniciais sob a perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido

problema e atender o objetivo principal o trabalho parte dos seguintes objetivos

especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola discutir o

papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis

fatores de preconceito racial na escola discutir o racismo na escola investigada e

identificada a partir de preconceitos existentes no espaccedilo escolar

No tocante aos aspectos metodoloacutegicos o referido trabalho apoia-se na

metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefico e pesquisa de campo

utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo A escolha por esse meacutetodo

justifica-se pela possibilidade de uma aproximaccedilatildeo mais eficaz agrave compreensatildeo da

15

complexa realidade desse problema na escola bem como objetiva promover uma

educaccedilatildeo que reconheccedila e valorize a diversidade racial e cultura do nosso povo

com tambeacutem valorizar a formaccedilatildeo de sua origem

Em relaccedilatildeo aos aspectos teoacutericos a pesquisa fundamenta-se na legislaccedilatildeo e

em autores que abordam essa temaacutetica em espaccedilos escolares tais como Lopes

(2005) que discute a existecircncia do racismo na escola velado ou escancarado

Almeida e Sanchez (2017) que discutem sobre a implantaccedilatildeo da Lei sobre o ensino

da histoacuteria afro-brasileira na escola ressaltando sua importacircncia no combate ao

preconceito racial nesse espaccedilo Munanga (2005) que fala a respeito do deacuteficit de

capacitaccedilatildeo dos professores despreparados em relaccedilatildeo ao preconceito racial na

escola

Quanto ao seu aspecto estrutural o presente trabalho compotildee dois capiacutetulos

No primeiro capiacutetulo seraacute apresentada uma concepccedilatildeo teoacuterica sobre o Racismo e

sua relaccedilatildeo com a educaccedilatildeo considerando sua discussatildeo e importacircncia no espaccedilo

escolar e no segundo teremos uma anaacutelise de dados da pesquisa que mostra o

resultado da nossa pesquisa

16

CAPIacuteTULO I

CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A

EDUCACcedilAtildeO

11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico

De acordo com Queiroacutez (1998) a escravidatildeo no Brasil iniciou com a chegada

dos portugueses em meados do seacuteculo XVI Os negros foram trazidos em navios

negreiros em condiccedilotildees sub-humanas alguns morriam antes de chegarem a seus

destinos e eram lanccedilados ao mar Os sobreviventes eram vendidos pelos

portugueses como mercadorias Aqueles que apresentavam melhor condiccedilatildeo e

disposiccedilatildeo para o trabalho eram vendidos por um preccedilo melhor

Devido agrave expansatildeo da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar no territoacuterio brasileiro os

negros foram obrigados a trabalhar nas zonas rurais as condiccedilotildees de trabalho eram

precaacuterias e desumanas a alimentaccedilatildeo era regrada qualquer distraccedilatildeo era motivo

para ser chicoteados Durante a noite viviam presos em senzalas e quando

tentavam fugir eram impedidos e castigados

A populaccedilatildeo negra foi obrigada a abandonar suas tradiccedilotildees e costumes ateacute

mesmo foram proibidos de viver e praticar a proacutepria religiatildeo por essas razotildees se

revoltaram Desde entatildeo se organizaram para fugir em grandes grupos foi a partir

daiacute que surgiram os quilombos que satildeo considerados os locais de refuacutegio dos

escravos Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE

2010) o Brasil foi o uacuteltimo paiacutes do mundo a abolir o trabalho escravo

Para Lopes (2005)

Um olhar atento sobre a realidade do povo brasileiro mostra uma sociedade multirracional e plurieacutetnica que faz de conta que o racismo o preconceito e a discriminaccedilatildeo natildeo existem No entanto afloram a todo o momento ora de modo velado ora escancarado e estatildeo presentes na vida diaacuteria (LOPES 2005 p186)

A autora afirma que ainda eacute possiacutevel que grande parte dos brasileiros continue

fomentando suas ideias e atitudes preconceituosas pois estaacute enraizado em seu

cotidiano reproduzidos ao longo do tempo presente e problemaacutetico em diferentes

17

contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente

escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente

A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo

utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-

brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento

promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos

preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas

Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento

da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo

De acordo com Silva (2007 p 43)

Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes

Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de

transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra

conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo

racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma

escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa

sociedade

A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola

um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater

esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo

podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal

realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta

curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar

18

12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003

A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639

que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de

incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os

niacuteveis da escolaridade brasileira

Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as

instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta

dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram

para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como

Dia Nacional da Consciecircncia Negra

A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram

oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana

Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de

desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da

necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela

poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-

brasileira

Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer

parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua

contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo

respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A

Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)

sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias

Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa

temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para

abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os

professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique

apenas no papel e passe a ser concretizada

Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)

19

Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra

O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola

como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas

sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de

nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a

educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as

diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia

amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de

conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas

Segundo Verccedilosa (2012 p42)

[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos

Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o

professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e

assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos

sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele

tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o

papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se

faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o

preconceito racial

20

13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees

Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino

ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo

julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter

os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior

ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute

aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo

Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de

valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos

preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de

valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social

Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na

convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos

nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que

surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos

Para Gomes (2005 p 54)

O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro

O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo

agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade

sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica

fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo

que se estaacute relacionada ao outro

O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo

escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288

de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de

21

oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o

combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim

muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o

preconceito racial

Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e

desigualdade racial

I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)

A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro

cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que

na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um

papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo

deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute

um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo

de preconceito especialmente o racial

Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)

O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma

escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos

22

professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos

diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das

praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da

origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se

usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural

banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e

socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel

ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas

Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)

Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da

sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas

racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o

respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em

meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como

instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de

desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no

rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse

sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos

conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e

etnia (liacutengua e cultura)

14 O Preconceito Racial no contexto escolar

A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e

adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico

do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior

23

diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave

discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres

de boa e maacute qualidade respectivamente

Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o

professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo

agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento

da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem

transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for

detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de

mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente

Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute

plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de

suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram

que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua

cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo

As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no

seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um

curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura

A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um

conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos

histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas

pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua

docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula

Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua

dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais

didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica

a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno

branco

O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB

24

alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)

O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente

problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e

responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia

da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo

cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo

corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses

alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo

escolar

Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante

Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)

A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na

promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no

cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de

trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus

estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar

e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos

na escola

Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de

convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de

poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses

alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela

natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que

ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na

relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos

25

25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo

Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave

exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem

como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da

educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de

identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai

determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu

aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o

papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e

sua funccedilatildeo social

Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo

do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e

aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas

concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar

social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional

No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina

(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma

da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de

paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos

paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico

de accedilatildeo e poder

Conforme explicam os autores

O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)

As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo

eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do

Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o

26

agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do

aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo

A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de

Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada

e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo

multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a

reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo

Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo

Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que

A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)

Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos

trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo

do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do

campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do

Campo e da Escola do Campo

Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade

de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo

de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona

com sua vida no campo

Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus

sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em

que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do

campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo

reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de

Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na

valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos

27

Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa

temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que

contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-

brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo

isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os

professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos

problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola

A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a

igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de

reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e

ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional

Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada

com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de

Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser

trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica

28

CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA

21 Caracterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo

prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-

PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um

lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio

Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

Fonte Acervo pessoal 2018

Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal

nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural

desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio

municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em

Pedras de Fogo

29

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola

Infraestrutura

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados

A escola possui banheiro

Sim

Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais

A escola possui sala multifuncional

Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui biblioteca

Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola

A escola possui cozinha

Sim

A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees

A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica

Sim

O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores

A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias

Natildeo

A escola possui sala de leitura

Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula

A escola possui quadra de esportes

Natildeo

Fonte Proacutepria autora 2018

Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia

corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais

profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees

segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e

sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao

espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a

escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola

A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases

que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas

prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo

coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes

do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os

resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas

considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo

30

A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu

objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo

e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo

escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e

pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias

cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua

proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o

todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se

ao longo do crescimento e formaccedilatildeo

Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos

desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo

satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios

A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma

diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16

professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute

formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua

maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)

e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola

Aspectos Administrativos

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos

relacionados

A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar

Sim

Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola fornece materiais didaacuteticos aos

alunos

Sim

Eacute fornecido atraveacutes do MEC

A Escola possui associaccedilatildeo de alunos

Natildeo

A escola possui conselho escolar

Sim

Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade

A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar

Natildeo

Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola possui sala multifuncional

Sim

A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar

31

atendimento para alunos com dificuldades de

aprendizagem

A escola possui proposta de atendimento para

alunos com deficiecircncias

Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional

Fonte Proacutepria autora 2018

A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e

discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como

questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano

escolar

212 A relaccedilatildeo escola e comunidade

A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma

educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde

todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e

respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das

normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque

a comunidade existe

A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso

educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e

participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela

relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na

comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que

se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades

A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da

participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E

a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a

escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e

planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola

Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a

gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como

desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A

participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 8: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

LISTA DE QUADROS

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola26

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola28

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos etnicorraciais e sobre preconceito racial30

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula31

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos31

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola32

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola33

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra33

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 - Etnia das Docentes Entrevistadas29

LISTA DE SIGLAS

AEE - Atendimento Educacional Especializado

CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo

CNBB - Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil

ENERA - Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria

IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada

LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional

OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental

PCN - Paracircmetros Curriculares Nacionais

MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

PNAIC - Pacto Nacional na Idade Certa

PPP - Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico

PROFA - Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados

SECAD - Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade

UFPB - Universidade Federal da Paraiacuteba

UNICEF - Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia

UnB - Universidade de Brasiacutelia

UNESCO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO13

CAPIacuteTULO I 15

CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A

EDUCACcedilAtildeO 15

11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico15

12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 639200317

13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees19

14 O Preconceito Racial no contexto escolar21

15 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo24

CAPIacuteTULO II 27

ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA27

21 Caracterizaccedilatildeo da escola27

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola 28

212 A relaccedilatildeo escola comunidade 30

22 A perspectiva docente sobre o Preconceito Racial31

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37

REFEREcircNCIAS39

APEcircNDICE 41

ANEXO 43

14

INTRODUCcedilAtildeO

O presente estudo aborda o tema preconceito racial na escola puacuteblica com

tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal

do ensino fundamental anos iniciais Tem como principal objetivo analisar o

preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais da Escola

Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros do municiacutepio de

Pedras de Fogo Paraiacuteba

O interesse por esta temaacutetica surge do contato com disciplina de Educaccedilatildeo

Eacutetnico Racial e Ensino da Cultura Afro-Brasileira da disciplina de estaacutegios ocorridos

durante o Curso de Pedagogia ndash Educaccedilatildeo do Campo e das experiecircncias

observadas no ambiente escolar A abordagem acerca do preconceito racial na

escola implica no debate sobre sua dimensatildeo excludente configurando-se como um

grave problema que assola os espaccedilos escolares Cabe uma exposiccedilatildeo dos

pressupostos legais propostos em diretrizes medidas de precauccedilatildeo contra esse

problema existente na escola

Nesse sentido os professores tecircm um papel importante para que o curriacuteculo

as diretrizes e meacutetodos sejam efetivados Eacute preciso trabalhar em sala de aula a

cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira Por

isso devemos reconhecer e valorizar os constituintes da formaccedilatildeo da cultura

(muacutesica culinaacuteria danccedila crenccedilas e valores) de matriz africana na origem e

formaccedilatildeo do povo brasileiro

Diante do exposto a problemaacutetica surge do interesse de entender quais as

causas que levam a existecircncia do preconceito racial no ensino fundamental dos

anos iniciais sob a perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido

problema e atender o objetivo principal o trabalho parte dos seguintes objetivos

especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola discutir o

papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis

fatores de preconceito racial na escola discutir o racismo na escola investigada e

identificada a partir de preconceitos existentes no espaccedilo escolar

No tocante aos aspectos metodoloacutegicos o referido trabalho apoia-se na

metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefico e pesquisa de campo

utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo A escolha por esse meacutetodo

justifica-se pela possibilidade de uma aproximaccedilatildeo mais eficaz agrave compreensatildeo da

15

complexa realidade desse problema na escola bem como objetiva promover uma

educaccedilatildeo que reconheccedila e valorize a diversidade racial e cultura do nosso povo

com tambeacutem valorizar a formaccedilatildeo de sua origem

Em relaccedilatildeo aos aspectos teoacutericos a pesquisa fundamenta-se na legislaccedilatildeo e

em autores que abordam essa temaacutetica em espaccedilos escolares tais como Lopes

(2005) que discute a existecircncia do racismo na escola velado ou escancarado

Almeida e Sanchez (2017) que discutem sobre a implantaccedilatildeo da Lei sobre o ensino

da histoacuteria afro-brasileira na escola ressaltando sua importacircncia no combate ao

preconceito racial nesse espaccedilo Munanga (2005) que fala a respeito do deacuteficit de

capacitaccedilatildeo dos professores despreparados em relaccedilatildeo ao preconceito racial na

escola

Quanto ao seu aspecto estrutural o presente trabalho compotildee dois capiacutetulos

No primeiro capiacutetulo seraacute apresentada uma concepccedilatildeo teoacuterica sobre o Racismo e

sua relaccedilatildeo com a educaccedilatildeo considerando sua discussatildeo e importacircncia no espaccedilo

escolar e no segundo teremos uma anaacutelise de dados da pesquisa que mostra o

resultado da nossa pesquisa

16

CAPIacuteTULO I

CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A

EDUCACcedilAtildeO

11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico

De acordo com Queiroacutez (1998) a escravidatildeo no Brasil iniciou com a chegada

dos portugueses em meados do seacuteculo XVI Os negros foram trazidos em navios

negreiros em condiccedilotildees sub-humanas alguns morriam antes de chegarem a seus

destinos e eram lanccedilados ao mar Os sobreviventes eram vendidos pelos

portugueses como mercadorias Aqueles que apresentavam melhor condiccedilatildeo e

disposiccedilatildeo para o trabalho eram vendidos por um preccedilo melhor

Devido agrave expansatildeo da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar no territoacuterio brasileiro os

negros foram obrigados a trabalhar nas zonas rurais as condiccedilotildees de trabalho eram

precaacuterias e desumanas a alimentaccedilatildeo era regrada qualquer distraccedilatildeo era motivo

para ser chicoteados Durante a noite viviam presos em senzalas e quando

tentavam fugir eram impedidos e castigados

A populaccedilatildeo negra foi obrigada a abandonar suas tradiccedilotildees e costumes ateacute

mesmo foram proibidos de viver e praticar a proacutepria religiatildeo por essas razotildees se

revoltaram Desde entatildeo se organizaram para fugir em grandes grupos foi a partir

daiacute que surgiram os quilombos que satildeo considerados os locais de refuacutegio dos

escravos Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE

2010) o Brasil foi o uacuteltimo paiacutes do mundo a abolir o trabalho escravo

Para Lopes (2005)

Um olhar atento sobre a realidade do povo brasileiro mostra uma sociedade multirracional e plurieacutetnica que faz de conta que o racismo o preconceito e a discriminaccedilatildeo natildeo existem No entanto afloram a todo o momento ora de modo velado ora escancarado e estatildeo presentes na vida diaacuteria (LOPES 2005 p186)

A autora afirma que ainda eacute possiacutevel que grande parte dos brasileiros continue

fomentando suas ideias e atitudes preconceituosas pois estaacute enraizado em seu

cotidiano reproduzidos ao longo do tempo presente e problemaacutetico em diferentes

17

contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente

escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente

A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo

utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-

brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento

promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos

preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas

Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento

da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo

De acordo com Silva (2007 p 43)

Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes

Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de

transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra

conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo

racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma

escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa

sociedade

A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola

um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater

esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo

podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal

realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta

curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar

18

12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003

A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639

que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de

incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os

niacuteveis da escolaridade brasileira

Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as

instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta

dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram

para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como

Dia Nacional da Consciecircncia Negra

A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram

oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana

Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de

desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da

necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela

poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-

brasileira

Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer

parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua

contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo

respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A

Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)

sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias

Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa

temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para

abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os

professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique

apenas no papel e passe a ser concretizada

Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)

19

Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra

O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola

como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas

sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de

nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a

educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as

diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia

amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de

conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas

Segundo Verccedilosa (2012 p42)

[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos

Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o

professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e

assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos

sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele

tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o

papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se

faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o

preconceito racial

20

13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees

Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino

ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo

julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter

os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior

ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute

aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo

Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de

valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos

preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de

valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social

Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na

convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos

nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que

surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos

Para Gomes (2005 p 54)

O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro

O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo

agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade

sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica

fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo

que se estaacute relacionada ao outro

O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo

escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288

de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de

21

oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o

combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim

muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o

preconceito racial

Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e

desigualdade racial

I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)

A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro

cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que

na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um

papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo

deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute

um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo

de preconceito especialmente o racial

Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)

O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma

escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos

22

professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos

diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das

praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da

origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se

usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural

banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e

socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel

ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas

Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)

Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da

sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas

racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o

respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em

meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como

instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de

desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no

rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse

sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos

conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e

etnia (liacutengua e cultura)

14 O Preconceito Racial no contexto escolar

A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e

adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico

do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior

23

diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave

discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres

de boa e maacute qualidade respectivamente

Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o

professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo

agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento

da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem

transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for

detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de

mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente

Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute

plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de

suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram

que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua

cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo

As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no

seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um

curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura

A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um

conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos

histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas

pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua

docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula

Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua

dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais

didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica

a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno

branco

O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB

24

alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)

O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente

problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e

responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia

da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo

cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo

corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses

alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo

escolar

Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante

Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)

A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na

promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no

cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de

trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus

estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar

e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos

na escola

Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de

convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de

poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses

alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela

natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que

ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na

relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos

25

25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo

Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave

exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem

como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da

educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de

identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai

determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu

aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o

papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e

sua funccedilatildeo social

Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo

do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e

aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas

concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar

social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional

No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina

(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma

da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de

paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos

paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico

de accedilatildeo e poder

Conforme explicam os autores

O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)

As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo

eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do

Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o

26

agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do

aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo

A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de

Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada

e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo

multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a

reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo

Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo

Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que

A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)

Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos

trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo

do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do

campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do

Campo e da Escola do Campo

Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade

de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo

de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona

com sua vida no campo

Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus

sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em

que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do

campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo

reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de

Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na

valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos

27

Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa

temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que

contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-

brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo

isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os

professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos

problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola

A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a

igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de

reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e

ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional

Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada

com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de

Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser

trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica

28

CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA

21 Caracterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo

prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-

PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um

lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio

Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

Fonte Acervo pessoal 2018

Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal

nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural

desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio

municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em

Pedras de Fogo

29

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola

Infraestrutura

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados

A escola possui banheiro

Sim

Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais

A escola possui sala multifuncional

Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui biblioteca

Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola

A escola possui cozinha

Sim

A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees

A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica

Sim

O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores

A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias

Natildeo

A escola possui sala de leitura

Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula

A escola possui quadra de esportes

Natildeo

Fonte Proacutepria autora 2018

Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia

corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais

profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees

segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e

sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao

espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a

escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola

A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases

que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas

prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo

coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes

do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os

resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas

considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo

30

A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu

objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo

e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo

escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e

pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias

cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua

proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o

todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se

ao longo do crescimento e formaccedilatildeo

Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos

desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo

satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios

A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma

diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16

professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute

formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua

maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)

e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola

Aspectos Administrativos

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos

relacionados

A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar

Sim

Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola fornece materiais didaacuteticos aos

alunos

Sim

Eacute fornecido atraveacutes do MEC

A Escola possui associaccedilatildeo de alunos

Natildeo

A escola possui conselho escolar

Sim

Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade

A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar

Natildeo

Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola possui sala multifuncional

Sim

A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar

31

atendimento para alunos com dificuldades de

aprendizagem

A escola possui proposta de atendimento para

alunos com deficiecircncias

Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional

Fonte Proacutepria autora 2018

A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e

discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como

questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano

escolar

212 A relaccedilatildeo escola e comunidade

A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma

educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde

todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e

respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das

normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque

a comunidade existe

A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso

educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e

participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela

relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na

comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que

se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades

A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da

participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E

a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a

escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e

planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola

Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a

gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como

desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A

participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 9: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

LISTA DE GRAacuteFICOS

Graacutefico 01 - Etnia das Docentes Entrevistadas29

LISTA DE SIGLAS

AEE - Atendimento Educacional Especializado

CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo

CNBB - Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil

ENERA - Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria

IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada

LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional

OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental

PCN - Paracircmetros Curriculares Nacionais

MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

PNAIC - Pacto Nacional na Idade Certa

PPP - Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico

PROFA - Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados

SECAD - Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade

UFPB - Universidade Federal da Paraiacuteba

UNICEF - Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia

UnB - Universidade de Brasiacutelia

UNESCO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO13

CAPIacuteTULO I 15

CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A

EDUCACcedilAtildeO 15

11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico15

12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 639200317

13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees19

14 O Preconceito Racial no contexto escolar21

15 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo24

CAPIacuteTULO II 27

ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA27

21 Caracterizaccedilatildeo da escola27

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola 28

212 A relaccedilatildeo escola comunidade 30

22 A perspectiva docente sobre o Preconceito Racial31

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37

REFEREcircNCIAS39

APEcircNDICE 41

ANEXO 43

14

INTRODUCcedilAtildeO

O presente estudo aborda o tema preconceito racial na escola puacuteblica com

tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal

do ensino fundamental anos iniciais Tem como principal objetivo analisar o

preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais da Escola

Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros do municiacutepio de

Pedras de Fogo Paraiacuteba

O interesse por esta temaacutetica surge do contato com disciplina de Educaccedilatildeo

Eacutetnico Racial e Ensino da Cultura Afro-Brasileira da disciplina de estaacutegios ocorridos

durante o Curso de Pedagogia ndash Educaccedilatildeo do Campo e das experiecircncias

observadas no ambiente escolar A abordagem acerca do preconceito racial na

escola implica no debate sobre sua dimensatildeo excludente configurando-se como um

grave problema que assola os espaccedilos escolares Cabe uma exposiccedilatildeo dos

pressupostos legais propostos em diretrizes medidas de precauccedilatildeo contra esse

problema existente na escola

Nesse sentido os professores tecircm um papel importante para que o curriacuteculo

as diretrizes e meacutetodos sejam efetivados Eacute preciso trabalhar em sala de aula a

cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira Por

isso devemos reconhecer e valorizar os constituintes da formaccedilatildeo da cultura

(muacutesica culinaacuteria danccedila crenccedilas e valores) de matriz africana na origem e

formaccedilatildeo do povo brasileiro

Diante do exposto a problemaacutetica surge do interesse de entender quais as

causas que levam a existecircncia do preconceito racial no ensino fundamental dos

anos iniciais sob a perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido

problema e atender o objetivo principal o trabalho parte dos seguintes objetivos

especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola discutir o

papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis

fatores de preconceito racial na escola discutir o racismo na escola investigada e

identificada a partir de preconceitos existentes no espaccedilo escolar

No tocante aos aspectos metodoloacutegicos o referido trabalho apoia-se na

metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefico e pesquisa de campo

utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo A escolha por esse meacutetodo

justifica-se pela possibilidade de uma aproximaccedilatildeo mais eficaz agrave compreensatildeo da

15

complexa realidade desse problema na escola bem como objetiva promover uma

educaccedilatildeo que reconheccedila e valorize a diversidade racial e cultura do nosso povo

com tambeacutem valorizar a formaccedilatildeo de sua origem

Em relaccedilatildeo aos aspectos teoacutericos a pesquisa fundamenta-se na legislaccedilatildeo e

em autores que abordam essa temaacutetica em espaccedilos escolares tais como Lopes

(2005) que discute a existecircncia do racismo na escola velado ou escancarado

Almeida e Sanchez (2017) que discutem sobre a implantaccedilatildeo da Lei sobre o ensino

da histoacuteria afro-brasileira na escola ressaltando sua importacircncia no combate ao

preconceito racial nesse espaccedilo Munanga (2005) que fala a respeito do deacuteficit de

capacitaccedilatildeo dos professores despreparados em relaccedilatildeo ao preconceito racial na

escola

Quanto ao seu aspecto estrutural o presente trabalho compotildee dois capiacutetulos

No primeiro capiacutetulo seraacute apresentada uma concepccedilatildeo teoacuterica sobre o Racismo e

sua relaccedilatildeo com a educaccedilatildeo considerando sua discussatildeo e importacircncia no espaccedilo

escolar e no segundo teremos uma anaacutelise de dados da pesquisa que mostra o

resultado da nossa pesquisa

16

CAPIacuteTULO I

CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A

EDUCACcedilAtildeO

11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico

De acordo com Queiroacutez (1998) a escravidatildeo no Brasil iniciou com a chegada

dos portugueses em meados do seacuteculo XVI Os negros foram trazidos em navios

negreiros em condiccedilotildees sub-humanas alguns morriam antes de chegarem a seus

destinos e eram lanccedilados ao mar Os sobreviventes eram vendidos pelos

portugueses como mercadorias Aqueles que apresentavam melhor condiccedilatildeo e

disposiccedilatildeo para o trabalho eram vendidos por um preccedilo melhor

Devido agrave expansatildeo da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar no territoacuterio brasileiro os

negros foram obrigados a trabalhar nas zonas rurais as condiccedilotildees de trabalho eram

precaacuterias e desumanas a alimentaccedilatildeo era regrada qualquer distraccedilatildeo era motivo

para ser chicoteados Durante a noite viviam presos em senzalas e quando

tentavam fugir eram impedidos e castigados

A populaccedilatildeo negra foi obrigada a abandonar suas tradiccedilotildees e costumes ateacute

mesmo foram proibidos de viver e praticar a proacutepria religiatildeo por essas razotildees se

revoltaram Desde entatildeo se organizaram para fugir em grandes grupos foi a partir

daiacute que surgiram os quilombos que satildeo considerados os locais de refuacutegio dos

escravos Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE

2010) o Brasil foi o uacuteltimo paiacutes do mundo a abolir o trabalho escravo

Para Lopes (2005)

Um olhar atento sobre a realidade do povo brasileiro mostra uma sociedade multirracional e plurieacutetnica que faz de conta que o racismo o preconceito e a discriminaccedilatildeo natildeo existem No entanto afloram a todo o momento ora de modo velado ora escancarado e estatildeo presentes na vida diaacuteria (LOPES 2005 p186)

A autora afirma que ainda eacute possiacutevel que grande parte dos brasileiros continue

fomentando suas ideias e atitudes preconceituosas pois estaacute enraizado em seu

cotidiano reproduzidos ao longo do tempo presente e problemaacutetico em diferentes

17

contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente

escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente

A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo

utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-

brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento

promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos

preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas

Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento

da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo

De acordo com Silva (2007 p 43)

Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes

Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de

transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra

conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo

racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma

escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa

sociedade

A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola

um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater

esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo

podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal

realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta

curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar

18

12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003

A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639

que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de

incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os

niacuteveis da escolaridade brasileira

Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as

instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta

dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram

para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como

Dia Nacional da Consciecircncia Negra

A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram

oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana

Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de

desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da

necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela

poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-

brasileira

Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer

parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua

contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo

respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A

Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)

sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias

Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa

temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para

abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os

professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique

apenas no papel e passe a ser concretizada

Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)

19

Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra

O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola

como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas

sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de

nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a

educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as

diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia

amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de

conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas

Segundo Verccedilosa (2012 p42)

[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos

Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o

professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e

assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos

sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele

tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o

papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se

faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o

preconceito racial

20

13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees

Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino

ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo

julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter

os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior

ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute

aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo

Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de

valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos

preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de

valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social

Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na

convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos

nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que

surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos

Para Gomes (2005 p 54)

O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro

O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo

agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade

sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica

fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo

que se estaacute relacionada ao outro

O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo

escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288

de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de

21

oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o

combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim

muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o

preconceito racial

Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e

desigualdade racial

I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)

A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro

cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que

na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um

papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo

deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute

um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo

de preconceito especialmente o racial

Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)

O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma

escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos

22

professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos

diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das

praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da

origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se

usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural

banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e

socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel

ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas

Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)

Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da

sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas

racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o

respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em

meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como

instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de

desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no

rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse

sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos

conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e

etnia (liacutengua e cultura)

14 O Preconceito Racial no contexto escolar

A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e

adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico

do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior

23

diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave

discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres

de boa e maacute qualidade respectivamente

Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o

professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo

agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento

da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem

transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for

detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de

mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente

Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute

plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de

suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram

que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua

cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo

As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no

seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um

curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura

A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um

conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos

histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas

pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua

docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula

Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua

dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais

didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica

a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno

branco

O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB

24

alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)

O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente

problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e

responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia

da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo

cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo

corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses

alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo

escolar

Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante

Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)

A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na

promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no

cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de

trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus

estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar

e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos

na escola

Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de

convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de

poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses

alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela

natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que

ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na

relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos

25

25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo

Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave

exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem

como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da

educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de

identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai

determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu

aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o

papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e

sua funccedilatildeo social

Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo

do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e

aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas

concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar

social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional

No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina

(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma

da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de

paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos

paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico

de accedilatildeo e poder

Conforme explicam os autores

O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)

As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo

eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do

Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o

26

agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do

aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo

A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de

Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada

e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo

multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a

reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo

Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo

Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que

A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)

Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos

trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo

do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do

campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do

Campo e da Escola do Campo

Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade

de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo

de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona

com sua vida no campo

Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus

sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em

que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do

campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo

reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de

Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na

valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos

27

Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa

temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que

contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-

brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo

isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os

professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos

problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola

A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a

igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de

reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e

ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional

Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada

com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de

Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser

trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica

28

CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA

21 Caracterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo

prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-

PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um

lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio

Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

Fonte Acervo pessoal 2018

Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal

nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural

desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio

municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em

Pedras de Fogo

29

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola

Infraestrutura

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados

A escola possui banheiro

Sim

Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais

A escola possui sala multifuncional

Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui biblioteca

Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola

A escola possui cozinha

Sim

A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees

A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica

Sim

O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores

A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias

Natildeo

A escola possui sala de leitura

Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula

A escola possui quadra de esportes

Natildeo

Fonte Proacutepria autora 2018

Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia

corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais

profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees

segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e

sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao

espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a

escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola

A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases

que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas

prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo

coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes

do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os

resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas

considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo

30

A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu

objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo

e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo

escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e

pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias

cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua

proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o

todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se

ao longo do crescimento e formaccedilatildeo

Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos

desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo

satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios

A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma

diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16

professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute

formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua

maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)

e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola

Aspectos Administrativos

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos

relacionados

A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar

Sim

Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola fornece materiais didaacuteticos aos

alunos

Sim

Eacute fornecido atraveacutes do MEC

A Escola possui associaccedilatildeo de alunos

Natildeo

A escola possui conselho escolar

Sim

Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade

A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar

Natildeo

Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola possui sala multifuncional

Sim

A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar

31

atendimento para alunos com dificuldades de

aprendizagem

A escola possui proposta de atendimento para

alunos com deficiecircncias

Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional

Fonte Proacutepria autora 2018

A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e

discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como

questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano

escolar

212 A relaccedilatildeo escola e comunidade

A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma

educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde

todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e

respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das

normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque

a comunidade existe

A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso

educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e

participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela

relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na

comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que

se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades

A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da

participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E

a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a

escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e

planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola

Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a

gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como

desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A

participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 10: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

LISTA DE SIGLAS

AEE - Atendimento Educacional Especializado

CNE - Conselho Nacional de Educaccedilatildeo

CNBB - Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil

ENERA - Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria

IPEA - Instituto de Pesquisa Econocircmica Aplicada

LDBEN - Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional

OIT - Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho

ONG - Organizaccedilatildeo Natildeo Governamental

PCN - Paracircmetros Curriculares Nacionais

MEC - Ministeacuterio da Educaccedilatildeo

PNAIC - Pacto Nacional na Idade Certa

PPP - Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico

PROFA - Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados

SECAD - Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade

UFPB - Universidade Federal da Paraiacuteba

UNICEF - Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia

UnB - Universidade de Brasiacutelia

UNESCO - Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO13

CAPIacuteTULO I 15

CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A

EDUCACcedilAtildeO 15

11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico15

12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 639200317

13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees19

14 O Preconceito Racial no contexto escolar21

15 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo24

CAPIacuteTULO II 27

ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA27

21 Caracterizaccedilatildeo da escola27

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola 28

212 A relaccedilatildeo escola comunidade 30

22 A perspectiva docente sobre o Preconceito Racial31

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37

REFEREcircNCIAS39

APEcircNDICE 41

ANEXO 43

14

INTRODUCcedilAtildeO

O presente estudo aborda o tema preconceito racial na escola puacuteblica com

tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal

do ensino fundamental anos iniciais Tem como principal objetivo analisar o

preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais da Escola

Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros do municiacutepio de

Pedras de Fogo Paraiacuteba

O interesse por esta temaacutetica surge do contato com disciplina de Educaccedilatildeo

Eacutetnico Racial e Ensino da Cultura Afro-Brasileira da disciplina de estaacutegios ocorridos

durante o Curso de Pedagogia ndash Educaccedilatildeo do Campo e das experiecircncias

observadas no ambiente escolar A abordagem acerca do preconceito racial na

escola implica no debate sobre sua dimensatildeo excludente configurando-se como um

grave problema que assola os espaccedilos escolares Cabe uma exposiccedilatildeo dos

pressupostos legais propostos em diretrizes medidas de precauccedilatildeo contra esse

problema existente na escola

Nesse sentido os professores tecircm um papel importante para que o curriacuteculo

as diretrizes e meacutetodos sejam efetivados Eacute preciso trabalhar em sala de aula a

cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira Por

isso devemos reconhecer e valorizar os constituintes da formaccedilatildeo da cultura

(muacutesica culinaacuteria danccedila crenccedilas e valores) de matriz africana na origem e

formaccedilatildeo do povo brasileiro

Diante do exposto a problemaacutetica surge do interesse de entender quais as

causas que levam a existecircncia do preconceito racial no ensino fundamental dos

anos iniciais sob a perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido

problema e atender o objetivo principal o trabalho parte dos seguintes objetivos

especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola discutir o

papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis

fatores de preconceito racial na escola discutir o racismo na escola investigada e

identificada a partir de preconceitos existentes no espaccedilo escolar

No tocante aos aspectos metodoloacutegicos o referido trabalho apoia-se na

metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefico e pesquisa de campo

utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo A escolha por esse meacutetodo

justifica-se pela possibilidade de uma aproximaccedilatildeo mais eficaz agrave compreensatildeo da

15

complexa realidade desse problema na escola bem como objetiva promover uma

educaccedilatildeo que reconheccedila e valorize a diversidade racial e cultura do nosso povo

com tambeacutem valorizar a formaccedilatildeo de sua origem

Em relaccedilatildeo aos aspectos teoacutericos a pesquisa fundamenta-se na legislaccedilatildeo e

em autores que abordam essa temaacutetica em espaccedilos escolares tais como Lopes

(2005) que discute a existecircncia do racismo na escola velado ou escancarado

Almeida e Sanchez (2017) que discutem sobre a implantaccedilatildeo da Lei sobre o ensino

da histoacuteria afro-brasileira na escola ressaltando sua importacircncia no combate ao

preconceito racial nesse espaccedilo Munanga (2005) que fala a respeito do deacuteficit de

capacitaccedilatildeo dos professores despreparados em relaccedilatildeo ao preconceito racial na

escola

Quanto ao seu aspecto estrutural o presente trabalho compotildee dois capiacutetulos

No primeiro capiacutetulo seraacute apresentada uma concepccedilatildeo teoacuterica sobre o Racismo e

sua relaccedilatildeo com a educaccedilatildeo considerando sua discussatildeo e importacircncia no espaccedilo

escolar e no segundo teremos uma anaacutelise de dados da pesquisa que mostra o

resultado da nossa pesquisa

16

CAPIacuteTULO I

CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A

EDUCACcedilAtildeO

11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico

De acordo com Queiroacutez (1998) a escravidatildeo no Brasil iniciou com a chegada

dos portugueses em meados do seacuteculo XVI Os negros foram trazidos em navios

negreiros em condiccedilotildees sub-humanas alguns morriam antes de chegarem a seus

destinos e eram lanccedilados ao mar Os sobreviventes eram vendidos pelos

portugueses como mercadorias Aqueles que apresentavam melhor condiccedilatildeo e

disposiccedilatildeo para o trabalho eram vendidos por um preccedilo melhor

Devido agrave expansatildeo da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar no territoacuterio brasileiro os

negros foram obrigados a trabalhar nas zonas rurais as condiccedilotildees de trabalho eram

precaacuterias e desumanas a alimentaccedilatildeo era regrada qualquer distraccedilatildeo era motivo

para ser chicoteados Durante a noite viviam presos em senzalas e quando

tentavam fugir eram impedidos e castigados

A populaccedilatildeo negra foi obrigada a abandonar suas tradiccedilotildees e costumes ateacute

mesmo foram proibidos de viver e praticar a proacutepria religiatildeo por essas razotildees se

revoltaram Desde entatildeo se organizaram para fugir em grandes grupos foi a partir

daiacute que surgiram os quilombos que satildeo considerados os locais de refuacutegio dos

escravos Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE

2010) o Brasil foi o uacuteltimo paiacutes do mundo a abolir o trabalho escravo

Para Lopes (2005)

Um olhar atento sobre a realidade do povo brasileiro mostra uma sociedade multirracional e plurieacutetnica que faz de conta que o racismo o preconceito e a discriminaccedilatildeo natildeo existem No entanto afloram a todo o momento ora de modo velado ora escancarado e estatildeo presentes na vida diaacuteria (LOPES 2005 p186)

A autora afirma que ainda eacute possiacutevel que grande parte dos brasileiros continue

fomentando suas ideias e atitudes preconceituosas pois estaacute enraizado em seu

cotidiano reproduzidos ao longo do tempo presente e problemaacutetico em diferentes

17

contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente

escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente

A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo

utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-

brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento

promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos

preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas

Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento

da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo

De acordo com Silva (2007 p 43)

Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes

Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de

transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra

conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo

racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma

escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa

sociedade

A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola

um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater

esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo

podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal

realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta

curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar

18

12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003

A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639

que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de

incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os

niacuteveis da escolaridade brasileira

Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as

instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta

dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram

para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como

Dia Nacional da Consciecircncia Negra

A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram

oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana

Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de

desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da

necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela

poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-

brasileira

Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer

parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua

contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo

respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A

Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)

sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias

Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa

temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para

abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os

professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique

apenas no papel e passe a ser concretizada

Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)

19

Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra

O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola

como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas

sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de

nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a

educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as

diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia

amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de

conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas

Segundo Verccedilosa (2012 p42)

[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos

Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o

professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e

assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos

sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele

tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o

papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se

faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o

preconceito racial

20

13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees

Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino

ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo

julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter

os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior

ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute

aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo

Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de

valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos

preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de

valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social

Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na

convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos

nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que

surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos

Para Gomes (2005 p 54)

O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro

O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo

agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade

sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica

fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo

que se estaacute relacionada ao outro

O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo

escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288

de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de

21

oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o

combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim

muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o

preconceito racial

Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e

desigualdade racial

I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)

A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro

cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que

na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um

papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo

deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute

um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo

de preconceito especialmente o racial

Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)

O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma

escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos

22

professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos

diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das

praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da

origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se

usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural

banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e

socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel

ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas

Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)

Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da

sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas

racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o

respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em

meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como

instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de

desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no

rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse

sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos

conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e

etnia (liacutengua e cultura)

14 O Preconceito Racial no contexto escolar

A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e

adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico

do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior

23

diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave

discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres

de boa e maacute qualidade respectivamente

Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o

professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo

agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento

da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem

transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for

detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de

mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente

Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute

plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de

suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram

que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua

cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo

As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no

seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um

curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura

A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um

conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos

histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas

pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua

docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula

Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua

dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais

didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica

a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno

branco

O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB

24

alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)

O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente

problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e

responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia

da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo

cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo

corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses

alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo

escolar

Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante

Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)

A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na

promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no

cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de

trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus

estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar

e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos

na escola

Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de

convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de

poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses

alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela

natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que

ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na

relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos

25

25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo

Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave

exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem

como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da

educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de

identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai

determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu

aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o

papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e

sua funccedilatildeo social

Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo

do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e

aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas

concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar

social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional

No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina

(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma

da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de

paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos

paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico

de accedilatildeo e poder

Conforme explicam os autores

O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)

As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo

eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do

Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o

26

agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do

aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo

A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de

Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada

e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo

multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a

reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo

Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo

Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que

A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)

Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos

trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo

do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do

campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do

Campo e da Escola do Campo

Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade

de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo

de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona

com sua vida no campo

Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus

sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em

que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do

campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo

reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de

Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na

valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos

27

Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa

temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que

contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-

brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo

isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os

professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos

problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola

A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a

igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de

reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e

ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional

Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada

com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de

Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser

trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica

28

CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA

21 Caracterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo

prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-

PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um

lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio

Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

Fonte Acervo pessoal 2018

Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal

nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural

desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio

municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em

Pedras de Fogo

29

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola

Infraestrutura

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados

A escola possui banheiro

Sim

Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais

A escola possui sala multifuncional

Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui biblioteca

Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola

A escola possui cozinha

Sim

A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees

A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica

Sim

O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores

A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias

Natildeo

A escola possui sala de leitura

Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula

A escola possui quadra de esportes

Natildeo

Fonte Proacutepria autora 2018

Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia

corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais

profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees

segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e

sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao

espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a

escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola

A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases

que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas

prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo

coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes

do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os

resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas

considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo

30

A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu

objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo

e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo

escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e

pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias

cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua

proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o

todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se

ao longo do crescimento e formaccedilatildeo

Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos

desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo

satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios

A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma

diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16

professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute

formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua

maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)

e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola

Aspectos Administrativos

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos

relacionados

A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar

Sim

Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola fornece materiais didaacuteticos aos

alunos

Sim

Eacute fornecido atraveacutes do MEC

A Escola possui associaccedilatildeo de alunos

Natildeo

A escola possui conselho escolar

Sim

Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade

A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar

Natildeo

Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola possui sala multifuncional

Sim

A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar

31

atendimento para alunos com dificuldades de

aprendizagem

A escola possui proposta de atendimento para

alunos com deficiecircncias

Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional

Fonte Proacutepria autora 2018

A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e

discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como

questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano

escolar

212 A relaccedilatildeo escola e comunidade

A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma

educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde

todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e

respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das

normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque

a comunidade existe

A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso

educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e

participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela

relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na

comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que

se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades

A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da

participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E

a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a

escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e

planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola

Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a

gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como

desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A

participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 11: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

SUMAacuteRIO

INTRODUCcedilAtildeO13

CAPIacuteTULO I 15

CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A

EDUCACcedilAtildeO 15

11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico15

12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 639200317

13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees19

14 O Preconceito Racial no contexto escolar21

15 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo24

CAPIacuteTULO II 27

ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA27

21 Caracterizaccedilatildeo da escola27

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola 28

212 A relaccedilatildeo escola comunidade 30

22 A perspectiva docente sobre o Preconceito Racial31

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS37

REFEREcircNCIAS39

APEcircNDICE 41

ANEXO 43

14

INTRODUCcedilAtildeO

O presente estudo aborda o tema preconceito racial na escola puacuteblica com

tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal

do ensino fundamental anos iniciais Tem como principal objetivo analisar o

preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais da Escola

Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros do municiacutepio de

Pedras de Fogo Paraiacuteba

O interesse por esta temaacutetica surge do contato com disciplina de Educaccedilatildeo

Eacutetnico Racial e Ensino da Cultura Afro-Brasileira da disciplina de estaacutegios ocorridos

durante o Curso de Pedagogia ndash Educaccedilatildeo do Campo e das experiecircncias

observadas no ambiente escolar A abordagem acerca do preconceito racial na

escola implica no debate sobre sua dimensatildeo excludente configurando-se como um

grave problema que assola os espaccedilos escolares Cabe uma exposiccedilatildeo dos

pressupostos legais propostos em diretrizes medidas de precauccedilatildeo contra esse

problema existente na escola

Nesse sentido os professores tecircm um papel importante para que o curriacuteculo

as diretrizes e meacutetodos sejam efetivados Eacute preciso trabalhar em sala de aula a

cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira Por

isso devemos reconhecer e valorizar os constituintes da formaccedilatildeo da cultura

(muacutesica culinaacuteria danccedila crenccedilas e valores) de matriz africana na origem e

formaccedilatildeo do povo brasileiro

Diante do exposto a problemaacutetica surge do interesse de entender quais as

causas que levam a existecircncia do preconceito racial no ensino fundamental dos

anos iniciais sob a perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido

problema e atender o objetivo principal o trabalho parte dos seguintes objetivos

especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola discutir o

papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis

fatores de preconceito racial na escola discutir o racismo na escola investigada e

identificada a partir de preconceitos existentes no espaccedilo escolar

No tocante aos aspectos metodoloacutegicos o referido trabalho apoia-se na

metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefico e pesquisa de campo

utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo A escolha por esse meacutetodo

justifica-se pela possibilidade de uma aproximaccedilatildeo mais eficaz agrave compreensatildeo da

15

complexa realidade desse problema na escola bem como objetiva promover uma

educaccedilatildeo que reconheccedila e valorize a diversidade racial e cultura do nosso povo

com tambeacutem valorizar a formaccedilatildeo de sua origem

Em relaccedilatildeo aos aspectos teoacutericos a pesquisa fundamenta-se na legislaccedilatildeo e

em autores que abordam essa temaacutetica em espaccedilos escolares tais como Lopes

(2005) que discute a existecircncia do racismo na escola velado ou escancarado

Almeida e Sanchez (2017) que discutem sobre a implantaccedilatildeo da Lei sobre o ensino

da histoacuteria afro-brasileira na escola ressaltando sua importacircncia no combate ao

preconceito racial nesse espaccedilo Munanga (2005) que fala a respeito do deacuteficit de

capacitaccedilatildeo dos professores despreparados em relaccedilatildeo ao preconceito racial na

escola

Quanto ao seu aspecto estrutural o presente trabalho compotildee dois capiacutetulos

No primeiro capiacutetulo seraacute apresentada uma concepccedilatildeo teoacuterica sobre o Racismo e

sua relaccedilatildeo com a educaccedilatildeo considerando sua discussatildeo e importacircncia no espaccedilo

escolar e no segundo teremos uma anaacutelise de dados da pesquisa que mostra o

resultado da nossa pesquisa

16

CAPIacuteTULO I

CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A

EDUCACcedilAtildeO

11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico

De acordo com Queiroacutez (1998) a escravidatildeo no Brasil iniciou com a chegada

dos portugueses em meados do seacuteculo XVI Os negros foram trazidos em navios

negreiros em condiccedilotildees sub-humanas alguns morriam antes de chegarem a seus

destinos e eram lanccedilados ao mar Os sobreviventes eram vendidos pelos

portugueses como mercadorias Aqueles que apresentavam melhor condiccedilatildeo e

disposiccedilatildeo para o trabalho eram vendidos por um preccedilo melhor

Devido agrave expansatildeo da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar no territoacuterio brasileiro os

negros foram obrigados a trabalhar nas zonas rurais as condiccedilotildees de trabalho eram

precaacuterias e desumanas a alimentaccedilatildeo era regrada qualquer distraccedilatildeo era motivo

para ser chicoteados Durante a noite viviam presos em senzalas e quando

tentavam fugir eram impedidos e castigados

A populaccedilatildeo negra foi obrigada a abandonar suas tradiccedilotildees e costumes ateacute

mesmo foram proibidos de viver e praticar a proacutepria religiatildeo por essas razotildees se

revoltaram Desde entatildeo se organizaram para fugir em grandes grupos foi a partir

daiacute que surgiram os quilombos que satildeo considerados os locais de refuacutegio dos

escravos Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE

2010) o Brasil foi o uacuteltimo paiacutes do mundo a abolir o trabalho escravo

Para Lopes (2005)

Um olhar atento sobre a realidade do povo brasileiro mostra uma sociedade multirracional e plurieacutetnica que faz de conta que o racismo o preconceito e a discriminaccedilatildeo natildeo existem No entanto afloram a todo o momento ora de modo velado ora escancarado e estatildeo presentes na vida diaacuteria (LOPES 2005 p186)

A autora afirma que ainda eacute possiacutevel que grande parte dos brasileiros continue

fomentando suas ideias e atitudes preconceituosas pois estaacute enraizado em seu

cotidiano reproduzidos ao longo do tempo presente e problemaacutetico em diferentes

17

contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente

escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente

A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo

utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-

brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento

promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos

preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas

Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento

da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo

De acordo com Silva (2007 p 43)

Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes

Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de

transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra

conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo

racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma

escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa

sociedade

A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola

um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater

esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo

podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal

realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta

curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar

18

12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003

A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639

que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de

incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os

niacuteveis da escolaridade brasileira

Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as

instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta

dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram

para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como

Dia Nacional da Consciecircncia Negra

A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram

oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana

Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de

desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da

necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela

poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-

brasileira

Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer

parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua

contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo

respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A

Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)

sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias

Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa

temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para

abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os

professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique

apenas no papel e passe a ser concretizada

Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)

19

Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra

O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola

como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas

sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de

nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a

educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as

diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia

amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de

conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas

Segundo Verccedilosa (2012 p42)

[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos

Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o

professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e

assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos

sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele

tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o

papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se

faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o

preconceito racial

20

13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees

Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino

ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo

julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter

os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior

ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute

aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo

Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de

valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos

preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de

valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social

Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na

convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos

nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que

surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos

Para Gomes (2005 p 54)

O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro

O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo

agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade

sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica

fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo

que se estaacute relacionada ao outro

O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo

escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288

de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de

21

oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o

combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim

muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o

preconceito racial

Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e

desigualdade racial

I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)

A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro

cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que

na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um

papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo

deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute

um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo

de preconceito especialmente o racial

Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)

O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma

escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos

22

professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos

diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das

praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da

origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se

usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural

banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e

socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel

ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas

Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)

Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da

sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas

racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o

respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em

meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como

instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de

desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no

rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse

sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos

conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e

etnia (liacutengua e cultura)

14 O Preconceito Racial no contexto escolar

A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e

adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico

do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior

23

diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave

discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres

de boa e maacute qualidade respectivamente

Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o

professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo

agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento

da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem

transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for

detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de

mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente

Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute

plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de

suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram

que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua

cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo

As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no

seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um

curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura

A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um

conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos

histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas

pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua

docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula

Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua

dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais

didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica

a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno

branco

O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB

24

alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)

O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente

problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e

responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia

da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo

cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo

corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses

alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo

escolar

Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante

Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)

A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na

promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no

cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de

trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus

estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar

e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos

na escola

Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de

convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de

poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses

alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela

natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que

ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na

relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos

25

25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo

Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave

exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem

como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da

educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de

identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai

determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu

aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o

papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e

sua funccedilatildeo social

Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo

do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e

aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas

concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar

social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional

No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina

(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma

da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de

paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos

paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico

de accedilatildeo e poder

Conforme explicam os autores

O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)

As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo

eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do

Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o

26

agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do

aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo

A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de

Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada

e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo

multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a

reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo

Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo

Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que

A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)

Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos

trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo

do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do

campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do

Campo e da Escola do Campo

Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade

de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo

de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona

com sua vida no campo

Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus

sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em

que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do

campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo

reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de

Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na

valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos

27

Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa

temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que

contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-

brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo

isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os

professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos

problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola

A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a

igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de

reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e

ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional

Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada

com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de

Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser

trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica

28

CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA

21 Caracterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo

prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-

PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um

lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio

Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

Fonte Acervo pessoal 2018

Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal

nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural

desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio

municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em

Pedras de Fogo

29

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola

Infraestrutura

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados

A escola possui banheiro

Sim

Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais

A escola possui sala multifuncional

Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui biblioteca

Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola

A escola possui cozinha

Sim

A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees

A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica

Sim

O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores

A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias

Natildeo

A escola possui sala de leitura

Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula

A escola possui quadra de esportes

Natildeo

Fonte Proacutepria autora 2018

Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia

corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais

profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees

segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e

sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao

espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a

escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola

A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases

que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas

prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo

coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes

do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os

resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas

considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo

30

A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu

objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo

e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo

escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e

pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias

cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua

proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o

todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se

ao longo do crescimento e formaccedilatildeo

Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos

desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo

satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios

A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma

diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16

professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute

formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua

maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)

e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola

Aspectos Administrativos

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos

relacionados

A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar

Sim

Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola fornece materiais didaacuteticos aos

alunos

Sim

Eacute fornecido atraveacutes do MEC

A Escola possui associaccedilatildeo de alunos

Natildeo

A escola possui conselho escolar

Sim

Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade

A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar

Natildeo

Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola possui sala multifuncional

Sim

A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar

31

atendimento para alunos com dificuldades de

aprendizagem

A escola possui proposta de atendimento para

alunos com deficiecircncias

Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional

Fonte Proacutepria autora 2018

A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e

discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como

questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano

escolar

212 A relaccedilatildeo escola e comunidade

A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma

educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde

todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e

respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das

normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque

a comunidade existe

A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso

educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e

participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela

relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na

comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que

se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades

A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da

participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E

a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a

escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e

planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola

Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a

gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como

desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A

participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

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CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

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42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 12: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

14

INTRODUCcedilAtildeO

O presente estudo aborda o tema preconceito racial na escola puacuteblica com

tiacutetulo Preconceito Racial na Escola a perspectiva docente em uma escola municipal

do ensino fundamental anos iniciais Tem como principal objetivo analisar o

preconceito racial sob o olhar dos professores dos anos iniciais da Escola

Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros do municiacutepio de

Pedras de Fogo Paraiacuteba

O interesse por esta temaacutetica surge do contato com disciplina de Educaccedilatildeo

Eacutetnico Racial e Ensino da Cultura Afro-Brasileira da disciplina de estaacutegios ocorridos

durante o Curso de Pedagogia ndash Educaccedilatildeo do Campo e das experiecircncias

observadas no ambiente escolar A abordagem acerca do preconceito racial na

escola implica no debate sobre sua dimensatildeo excludente configurando-se como um

grave problema que assola os espaccedilos escolares Cabe uma exposiccedilatildeo dos

pressupostos legais propostos em diretrizes medidas de precauccedilatildeo contra esse

problema existente na escola

Nesse sentido os professores tecircm um papel importante para que o curriacuteculo

as diretrizes e meacutetodos sejam efetivados Eacute preciso trabalhar em sala de aula a

cultura afro-brasileira como constituinte e formadora da sociedade brasileira Por

isso devemos reconhecer e valorizar os constituintes da formaccedilatildeo da cultura

(muacutesica culinaacuteria danccedila crenccedilas e valores) de matriz africana na origem e

formaccedilatildeo do povo brasileiro

Diante do exposto a problemaacutetica surge do interesse de entender quais as

causas que levam a existecircncia do preconceito racial no ensino fundamental dos

anos iniciais sob a perspectiva docente Para encontrar respostas ao referido

problema e atender o objetivo principal o trabalho parte dos seguintes objetivos

especiacuteficos identificar possiacuteveis fatores de preconceito racial na escola discutir o

papel docente frente aos processos de socializaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos possiacuteveis

fatores de preconceito racial na escola discutir o racismo na escola investigada e

identificada a partir de preconceitos existentes no espaccedilo escolar

No tocante aos aspectos metodoloacutegicos o referido trabalho apoia-se na

metodologia qualitativa de caraacuteter exploratoacuterio bibliograacutefico e pesquisa de campo

utilizando-se de questionaacuterio e anaacutelise de conteuacutedo A escolha por esse meacutetodo

justifica-se pela possibilidade de uma aproximaccedilatildeo mais eficaz agrave compreensatildeo da

15

complexa realidade desse problema na escola bem como objetiva promover uma

educaccedilatildeo que reconheccedila e valorize a diversidade racial e cultura do nosso povo

com tambeacutem valorizar a formaccedilatildeo de sua origem

Em relaccedilatildeo aos aspectos teoacutericos a pesquisa fundamenta-se na legislaccedilatildeo e

em autores que abordam essa temaacutetica em espaccedilos escolares tais como Lopes

(2005) que discute a existecircncia do racismo na escola velado ou escancarado

Almeida e Sanchez (2017) que discutem sobre a implantaccedilatildeo da Lei sobre o ensino

da histoacuteria afro-brasileira na escola ressaltando sua importacircncia no combate ao

preconceito racial nesse espaccedilo Munanga (2005) que fala a respeito do deacuteficit de

capacitaccedilatildeo dos professores despreparados em relaccedilatildeo ao preconceito racial na

escola

Quanto ao seu aspecto estrutural o presente trabalho compotildee dois capiacutetulos

No primeiro capiacutetulo seraacute apresentada uma concepccedilatildeo teoacuterica sobre o Racismo e

sua relaccedilatildeo com a educaccedilatildeo considerando sua discussatildeo e importacircncia no espaccedilo

escolar e no segundo teremos uma anaacutelise de dados da pesquisa que mostra o

resultado da nossa pesquisa

16

CAPIacuteTULO I

CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A

EDUCACcedilAtildeO

11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico

De acordo com Queiroacutez (1998) a escravidatildeo no Brasil iniciou com a chegada

dos portugueses em meados do seacuteculo XVI Os negros foram trazidos em navios

negreiros em condiccedilotildees sub-humanas alguns morriam antes de chegarem a seus

destinos e eram lanccedilados ao mar Os sobreviventes eram vendidos pelos

portugueses como mercadorias Aqueles que apresentavam melhor condiccedilatildeo e

disposiccedilatildeo para o trabalho eram vendidos por um preccedilo melhor

Devido agrave expansatildeo da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar no territoacuterio brasileiro os

negros foram obrigados a trabalhar nas zonas rurais as condiccedilotildees de trabalho eram

precaacuterias e desumanas a alimentaccedilatildeo era regrada qualquer distraccedilatildeo era motivo

para ser chicoteados Durante a noite viviam presos em senzalas e quando

tentavam fugir eram impedidos e castigados

A populaccedilatildeo negra foi obrigada a abandonar suas tradiccedilotildees e costumes ateacute

mesmo foram proibidos de viver e praticar a proacutepria religiatildeo por essas razotildees se

revoltaram Desde entatildeo se organizaram para fugir em grandes grupos foi a partir

daiacute que surgiram os quilombos que satildeo considerados os locais de refuacutegio dos

escravos Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE

2010) o Brasil foi o uacuteltimo paiacutes do mundo a abolir o trabalho escravo

Para Lopes (2005)

Um olhar atento sobre a realidade do povo brasileiro mostra uma sociedade multirracional e plurieacutetnica que faz de conta que o racismo o preconceito e a discriminaccedilatildeo natildeo existem No entanto afloram a todo o momento ora de modo velado ora escancarado e estatildeo presentes na vida diaacuteria (LOPES 2005 p186)

A autora afirma que ainda eacute possiacutevel que grande parte dos brasileiros continue

fomentando suas ideias e atitudes preconceituosas pois estaacute enraizado em seu

cotidiano reproduzidos ao longo do tempo presente e problemaacutetico em diferentes

17

contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente

escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente

A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo

utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-

brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento

promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos

preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas

Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento

da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo

De acordo com Silva (2007 p 43)

Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes

Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de

transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra

conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo

racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma

escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa

sociedade

A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola

um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater

esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo

podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal

realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta

curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar

18

12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003

A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639

que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de

incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os

niacuteveis da escolaridade brasileira

Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as

instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta

dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram

para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como

Dia Nacional da Consciecircncia Negra

A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram

oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana

Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de

desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da

necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela

poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-

brasileira

Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer

parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua

contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo

respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A

Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)

sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias

Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa

temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para

abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os

professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique

apenas no papel e passe a ser concretizada

Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)

19

Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra

O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola

como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas

sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de

nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a

educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as

diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia

amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de

conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas

Segundo Verccedilosa (2012 p42)

[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos

Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o

professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e

assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos

sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele

tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o

papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se

faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o

preconceito racial

20

13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees

Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino

ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo

julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter

os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior

ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute

aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo

Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de

valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos

preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de

valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social

Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na

convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos

nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que

surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos

Para Gomes (2005 p 54)

O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro

O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo

agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade

sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica

fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo

que se estaacute relacionada ao outro

O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo

escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288

de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de

21

oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o

combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim

muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o

preconceito racial

Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e

desigualdade racial

I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)

A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro

cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que

na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um

papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo

deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute

um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo

de preconceito especialmente o racial

Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)

O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma

escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos

22

professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos

diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das

praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da

origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se

usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural

banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e

socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel

ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas

Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)

Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da

sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas

racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o

respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em

meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como

instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de

desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no

rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse

sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos

conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e

etnia (liacutengua e cultura)

14 O Preconceito Racial no contexto escolar

A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e

adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico

do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior

23

diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave

discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres

de boa e maacute qualidade respectivamente

Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o

professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo

agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento

da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem

transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for

detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de

mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente

Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute

plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de

suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram

que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua

cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo

As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no

seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um

curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura

A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um

conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos

histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas

pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua

docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula

Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua

dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais

didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica

a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno

branco

O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB

24

alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)

O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente

problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e

responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia

da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo

cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo

corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses

alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo

escolar

Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante

Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)

A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na

promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no

cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de

trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus

estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar

e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos

na escola

Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de

convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de

poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses

alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela

natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que

ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na

relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos

25

25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo

Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave

exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem

como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da

educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de

identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai

determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu

aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o

papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e

sua funccedilatildeo social

Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo

do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e

aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas

concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar

social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional

No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina

(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma

da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de

paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos

paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico

de accedilatildeo e poder

Conforme explicam os autores

O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)

As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo

eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do

Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o

26

agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do

aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo

A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de

Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada

e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo

multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a

reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo

Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo

Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que

A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)

Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos

trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo

do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do

campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do

Campo e da Escola do Campo

Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade

de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo

de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona

com sua vida no campo

Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus

sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em

que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do

campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo

reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de

Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na

valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos

27

Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa

temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que

contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-

brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo

isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os

professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos

problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola

A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a

igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de

reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e

ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional

Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada

com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de

Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser

trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica

28

CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA

21 Caracterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo

prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-

PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um

lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio

Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

Fonte Acervo pessoal 2018

Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal

nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural

desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio

municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em

Pedras de Fogo

29

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola

Infraestrutura

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados

A escola possui banheiro

Sim

Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais

A escola possui sala multifuncional

Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui biblioteca

Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola

A escola possui cozinha

Sim

A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees

A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica

Sim

O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores

A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias

Natildeo

A escola possui sala de leitura

Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula

A escola possui quadra de esportes

Natildeo

Fonte Proacutepria autora 2018

Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia

corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais

profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees

segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e

sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao

espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a

escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola

A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases

que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas

prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo

coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes

do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os

resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas

considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo

30

A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu

objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo

e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo

escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e

pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias

cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua

proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o

todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se

ao longo do crescimento e formaccedilatildeo

Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos

desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo

satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios

A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma

diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16

professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute

formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua

maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)

e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola

Aspectos Administrativos

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos

relacionados

A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar

Sim

Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola fornece materiais didaacuteticos aos

alunos

Sim

Eacute fornecido atraveacutes do MEC

A Escola possui associaccedilatildeo de alunos

Natildeo

A escola possui conselho escolar

Sim

Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade

A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar

Natildeo

Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola possui sala multifuncional

Sim

A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar

31

atendimento para alunos com dificuldades de

aprendizagem

A escola possui proposta de atendimento para

alunos com deficiecircncias

Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional

Fonte Proacutepria autora 2018

A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e

discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como

questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano

escolar

212 A relaccedilatildeo escola e comunidade

A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma

educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde

todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e

respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das

normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque

a comunidade existe

A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso

educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e

participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela

relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na

comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que

se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades

A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da

participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E

a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a

escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e

planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola

Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a

gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como

desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A

participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 13: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

15

complexa realidade desse problema na escola bem como objetiva promover uma

educaccedilatildeo que reconheccedila e valorize a diversidade racial e cultura do nosso povo

com tambeacutem valorizar a formaccedilatildeo de sua origem

Em relaccedilatildeo aos aspectos teoacutericos a pesquisa fundamenta-se na legislaccedilatildeo e

em autores que abordam essa temaacutetica em espaccedilos escolares tais como Lopes

(2005) que discute a existecircncia do racismo na escola velado ou escancarado

Almeida e Sanchez (2017) que discutem sobre a implantaccedilatildeo da Lei sobre o ensino

da histoacuteria afro-brasileira na escola ressaltando sua importacircncia no combate ao

preconceito racial nesse espaccedilo Munanga (2005) que fala a respeito do deacuteficit de

capacitaccedilatildeo dos professores despreparados em relaccedilatildeo ao preconceito racial na

escola

Quanto ao seu aspecto estrutural o presente trabalho compotildee dois capiacutetulos

No primeiro capiacutetulo seraacute apresentada uma concepccedilatildeo teoacuterica sobre o Racismo e

sua relaccedilatildeo com a educaccedilatildeo considerando sua discussatildeo e importacircncia no espaccedilo

escolar e no segundo teremos uma anaacutelise de dados da pesquisa que mostra o

resultado da nossa pesquisa

16

CAPIacuteTULO I

CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A

EDUCACcedilAtildeO

11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico

De acordo com Queiroacutez (1998) a escravidatildeo no Brasil iniciou com a chegada

dos portugueses em meados do seacuteculo XVI Os negros foram trazidos em navios

negreiros em condiccedilotildees sub-humanas alguns morriam antes de chegarem a seus

destinos e eram lanccedilados ao mar Os sobreviventes eram vendidos pelos

portugueses como mercadorias Aqueles que apresentavam melhor condiccedilatildeo e

disposiccedilatildeo para o trabalho eram vendidos por um preccedilo melhor

Devido agrave expansatildeo da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar no territoacuterio brasileiro os

negros foram obrigados a trabalhar nas zonas rurais as condiccedilotildees de trabalho eram

precaacuterias e desumanas a alimentaccedilatildeo era regrada qualquer distraccedilatildeo era motivo

para ser chicoteados Durante a noite viviam presos em senzalas e quando

tentavam fugir eram impedidos e castigados

A populaccedilatildeo negra foi obrigada a abandonar suas tradiccedilotildees e costumes ateacute

mesmo foram proibidos de viver e praticar a proacutepria religiatildeo por essas razotildees se

revoltaram Desde entatildeo se organizaram para fugir em grandes grupos foi a partir

daiacute que surgiram os quilombos que satildeo considerados os locais de refuacutegio dos

escravos Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE

2010) o Brasil foi o uacuteltimo paiacutes do mundo a abolir o trabalho escravo

Para Lopes (2005)

Um olhar atento sobre a realidade do povo brasileiro mostra uma sociedade multirracional e plurieacutetnica que faz de conta que o racismo o preconceito e a discriminaccedilatildeo natildeo existem No entanto afloram a todo o momento ora de modo velado ora escancarado e estatildeo presentes na vida diaacuteria (LOPES 2005 p186)

A autora afirma que ainda eacute possiacutevel que grande parte dos brasileiros continue

fomentando suas ideias e atitudes preconceituosas pois estaacute enraizado em seu

cotidiano reproduzidos ao longo do tempo presente e problemaacutetico em diferentes

17

contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente

escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente

A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo

utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-

brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento

promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos

preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas

Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento

da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo

De acordo com Silva (2007 p 43)

Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes

Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de

transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra

conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo

racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma

escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa

sociedade

A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola

um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater

esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo

podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal

realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta

curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar

18

12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003

A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639

que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de

incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os

niacuteveis da escolaridade brasileira

Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as

instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta

dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram

para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como

Dia Nacional da Consciecircncia Negra

A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram

oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana

Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de

desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da

necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela

poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-

brasileira

Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer

parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua

contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo

respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A

Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)

sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias

Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa

temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para

abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os

professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique

apenas no papel e passe a ser concretizada

Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)

19

Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra

O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola

como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas

sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de

nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a

educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as

diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia

amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de

conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas

Segundo Verccedilosa (2012 p42)

[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos

Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o

professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e

assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos

sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele

tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o

papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se

faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o

preconceito racial

20

13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees

Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino

ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo

julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter

os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior

ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute

aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo

Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de

valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos

preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de

valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social

Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na

convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos

nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que

surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos

Para Gomes (2005 p 54)

O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro

O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo

agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade

sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica

fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo

que se estaacute relacionada ao outro

O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo

escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288

de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de

21

oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o

combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim

muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o

preconceito racial

Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e

desigualdade racial

I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)

A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro

cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que

na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um

papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo

deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute

um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo

de preconceito especialmente o racial

Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)

O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma

escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos

22

professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos

diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das

praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da

origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se

usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural

banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e

socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel

ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas

Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)

Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da

sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas

racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o

respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em

meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como

instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de

desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no

rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse

sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos

conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e

etnia (liacutengua e cultura)

14 O Preconceito Racial no contexto escolar

A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e

adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico

do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior

23

diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave

discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres

de boa e maacute qualidade respectivamente

Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o

professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo

agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento

da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem

transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for

detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de

mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente

Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute

plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de

suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram

que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua

cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo

As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no

seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um

curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura

A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um

conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos

histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas

pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua

docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula

Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua

dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais

didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica

a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno

branco

O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB

24

alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)

O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente

problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e

responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia

da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo

cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo

corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses

alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo

escolar

Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante

Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)

A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na

promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no

cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de

trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus

estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar

e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos

na escola

Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de

convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de

poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses

alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela

natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que

ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na

relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos

25

25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo

Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave

exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem

como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da

educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de

identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai

determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu

aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o

papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e

sua funccedilatildeo social

Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo

do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e

aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas

concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar

social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional

No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina

(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma

da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de

paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos

paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico

de accedilatildeo e poder

Conforme explicam os autores

O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)

As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo

eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do

Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o

26

agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do

aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo

A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de

Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada

e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo

multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a

reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo

Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo

Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que

A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)

Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos

trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo

do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do

campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do

Campo e da Escola do Campo

Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade

de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo

de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona

com sua vida no campo

Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus

sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em

que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do

campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo

reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de

Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na

valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos

27

Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa

temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que

contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-

brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo

isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os

professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos

problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola

A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a

igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de

reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e

ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional

Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada

com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de

Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser

trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica

28

CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA

21 Caracterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo

prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-

PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um

lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio

Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

Fonte Acervo pessoal 2018

Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal

nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural

desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio

municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em

Pedras de Fogo

29

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola

Infraestrutura

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados

A escola possui banheiro

Sim

Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais

A escola possui sala multifuncional

Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui biblioteca

Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola

A escola possui cozinha

Sim

A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees

A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica

Sim

O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores

A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias

Natildeo

A escola possui sala de leitura

Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula

A escola possui quadra de esportes

Natildeo

Fonte Proacutepria autora 2018

Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia

corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais

profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees

segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e

sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao

espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a

escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola

A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases

que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas

prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo

coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes

do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os

resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas

considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo

30

A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu

objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo

e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo

escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e

pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias

cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua

proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o

todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se

ao longo do crescimento e formaccedilatildeo

Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos

desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo

satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios

A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma

diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16

professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute

formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua

maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)

e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola

Aspectos Administrativos

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos

relacionados

A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar

Sim

Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola fornece materiais didaacuteticos aos

alunos

Sim

Eacute fornecido atraveacutes do MEC

A Escola possui associaccedilatildeo de alunos

Natildeo

A escola possui conselho escolar

Sim

Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade

A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar

Natildeo

Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola possui sala multifuncional

Sim

A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar

31

atendimento para alunos com dificuldades de

aprendizagem

A escola possui proposta de atendimento para

alunos com deficiecircncias

Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional

Fonte Proacutepria autora 2018

A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e

discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como

questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano

escolar

212 A relaccedilatildeo escola e comunidade

A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma

educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde

todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e

respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das

normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque

a comunidade existe

A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso

educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e

participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela

relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na

comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que

se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades

A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da

participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E

a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a

escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e

planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola

Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a

gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como

desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A

participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 14: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

16

CAPIacuteTULO I

CONCEPCcedilAtildeO TEOacuteRICA SOBRE O RACISMO E SUA RELACcedilAtildeO COM A

EDUCACcedilAtildeO

11 Racismo no Brasil um breve histoacuterico

De acordo com Queiroacutez (1998) a escravidatildeo no Brasil iniciou com a chegada

dos portugueses em meados do seacuteculo XVI Os negros foram trazidos em navios

negreiros em condiccedilotildees sub-humanas alguns morriam antes de chegarem a seus

destinos e eram lanccedilados ao mar Os sobreviventes eram vendidos pelos

portugueses como mercadorias Aqueles que apresentavam melhor condiccedilatildeo e

disposiccedilatildeo para o trabalho eram vendidos por um preccedilo melhor

Devido agrave expansatildeo da produccedilatildeo de cana de accediluacutecar no territoacuterio brasileiro os

negros foram obrigados a trabalhar nas zonas rurais as condiccedilotildees de trabalho eram

precaacuterias e desumanas a alimentaccedilatildeo era regrada qualquer distraccedilatildeo era motivo

para ser chicoteados Durante a noite viviam presos em senzalas e quando

tentavam fugir eram impedidos e castigados

A populaccedilatildeo negra foi obrigada a abandonar suas tradiccedilotildees e costumes ateacute

mesmo foram proibidos de viver e praticar a proacutepria religiatildeo por essas razotildees se

revoltaram Desde entatildeo se organizaram para fugir em grandes grupos foi a partir

daiacute que surgiram os quilombos que satildeo considerados os locais de refuacutegio dos

escravos Segundo os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE

2010) o Brasil foi o uacuteltimo paiacutes do mundo a abolir o trabalho escravo

Para Lopes (2005)

Um olhar atento sobre a realidade do povo brasileiro mostra uma sociedade multirracional e plurieacutetnica que faz de conta que o racismo o preconceito e a discriminaccedilatildeo natildeo existem No entanto afloram a todo o momento ora de modo velado ora escancarado e estatildeo presentes na vida diaacuteria (LOPES 2005 p186)

A autora afirma que ainda eacute possiacutevel que grande parte dos brasileiros continue

fomentando suas ideias e atitudes preconceituosas pois estaacute enraizado em seu

cotidiano reproduzidos ao longo do tempo presente e problemaacutetico em diferentes

17

contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente

escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente

A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo

utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-

brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento

promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos

preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas

Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento

da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo

De acordo com Silva (2007 p 43)

Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes

Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de

transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra

conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo

racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma

escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa

sociedade

A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola

um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater

esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo

podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal

realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta

curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar

18

12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003

A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639

que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de

incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os

niacuteveis da escolaridade brasileira

Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as

instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta

dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram

para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como

Dia Nacional da Consciecircncia Negra

A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram

oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana

Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de

desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da

necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela

poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-

brasileira

Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer

parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua

contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo

respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A

Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)

sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias

Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa

temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para

abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os

professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique

apenas no papel e passe a ser concretizada

Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)

19

Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra

O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola

como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas

sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de

nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a

educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as

diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia

amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de

conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas

Segundo Verccedilosa (2012 p42)

[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos

Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o

professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e

assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos

sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele

tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o

papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se

faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o

preconceito racial

20

13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees

Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino

ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo

julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter

os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior

ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute

aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo

Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de

valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos

preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de

valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social

Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na

convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos

nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que

surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos

Para Gomes (2005 p 54)

O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro

O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo

agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade

sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica

fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo

que se estaacute relacionada ao outro

O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo

escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288

de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de

21

oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o

combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim

muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o

preconceito racial

Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e

desigualdade racial

I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)

A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro

cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que

na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um

papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo

deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute

um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo

de preconceito especialmente o racial

Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)

O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma

escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos

22

professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos

diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das

praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da

origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se

usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural

banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e

socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel

ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas

Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)

Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da

sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas

racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o

respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em

meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como

instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de

desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no

rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse

sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos

conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e

etnia (liacutengua e cultura)

14 O Preconceito Racial no contexto escolar

A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e

adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico

do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior

23

diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave

discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres

de boa e maacute qualidade respectivamente

Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o

professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo

agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento

da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem

transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for

detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de

mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente

Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute

plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de

suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram

que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua

cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo

As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no

seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um

curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura

A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um

conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos

histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas

pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua

docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula

Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua

dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais

didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica

a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno

branco

O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB

24

alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)

O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente

problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e

responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia

da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo

cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo

corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses

alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo

escolar

Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante

Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)

A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na

promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no

cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de

trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus

estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar

e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos

na escola

Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de

convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de

poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses

alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela

natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que

ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na

relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos

25

25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo

Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave

exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem

como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da

educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de

identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai

determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu

aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o

papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e

sua funccedilatildeo social

Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo

do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e

aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas

concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar

social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional

No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina

(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma

da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de

paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos

paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico

de accedilatildeo e poder

Conforme explicam os autores

O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)

As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo

eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do

Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o

26

agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do

aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo

A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de

Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada

e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo

multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a

reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo

Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo

Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que

A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)

Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos

trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo

do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do

campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do

Campo e da Escola do Campo

Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade

de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo

de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona

com sua vida no campo

Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus

sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em

que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do

campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo

reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de

Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na

valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos

27

Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa

temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que

contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-

brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo

isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os

professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos

problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola

A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a

igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de

reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e

ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional

Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada

com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de

Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser

trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica

28

CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA

21 Caracterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo

prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-

PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um

lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio

Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

Fonte Acervo pessoal 2018

Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal

nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural

desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio

municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em

Pedras de Fogo

29

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola

Infraestrutura

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados

A escola possui banheiro

Sim

Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais

A escola possui sala multifuncional

Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui biblioteca

Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola

A escola possui cozinha

Sim

A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees

A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica

Sim

O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores

A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias

Natildeo

A escola possui sala de leitura

Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula

A escola possui quadra de esportes

Natildeo

Fonte Proacutepria autora 2018

Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia

corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais

profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees

segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e

sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao

espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a

escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola

A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases

que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas

prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo

coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes

do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os

resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas

considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo

30

A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu

objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo

e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo

escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e

pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias

cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua

proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o

todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se

ao longo do crescimento e formaccedilatildeo

Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos

desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo

satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios

A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma

diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16

professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute

formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua

maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)

e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola

Aspectos Administrativos

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos

relacionados

A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar

Sim

Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola fornece materiais didaacuteticos aos

alunos

Sim

Eacute fornecido atraveacutes do MEC

A Escola possui associaccedilatildeo de alunos

Natildeo

A escola possui conselho escolar

Sim

Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade

A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar

Natildeo

Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola possui sala multifuncional

Sim

A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar

31

atendimento para alunos com dificuldades de

aprendizagem

A escola possui proposta de atendimento para

alunos com deficiecircncias

Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional

Fonte Proacutepria autora 2018

A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e

discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como

questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano

escolar

212 A relaccedilatildeo escola e comunidade

A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma

educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde

todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e

respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das

normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque

a comunidade existe

A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso

educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e

participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela

relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na

comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que

se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades

A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da

participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E

a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a

escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e

planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola

Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a

gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como

desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A

participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 15: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

17

contextos e em diversas situaccedilotildees o racismo tambeacutem estaacute presente no ambiente

escolar independentemente de sua forma expliacutecita ou implicitamente

A escola no processo contiacutenuo de educaccedilatildeo precisa combater o racismo

utilizando praacuteticas pedagoacutegicas de valorizaccedilatildeo e reconhecimento da cultura afro-

brasileira Sua funccedilatildeo social eacute fundamental na socializaccedilatildeo do conhecimento

promovendo uma cultura de respeito agrave diversidade eacutetnica racial em combate aos

preconceitos raciais existentes em nossa sociedade e particularmente nas escolas

Eacute preciso educar para o respeito agrave diversidade e sobretudo para o reconhecimento

da construccedilatildeo da nossa identidade em quanto povo

De acordo com Silva (2007 p 43)

Educar para uma sociedade plurieacutetnica compreende fomentar praticas sociais voltadas para convivecircncia plena dos cidadatildeos incentivar programas de inclusatildeo soacutecio-educacional desenvolver poliacuteticas de reparaccedilatildeo por meio de accedilotildees afirmativas diversas valorizar o patrimocircnio histoacuterico-cultural das etnias marginalizadas enfim implementar accedilotildees que superando os preconceitos historicamente forjados d as discriminaccedilotildees tradicionalmente toleradas resgatem a autoestima o universo simboacutelico a cidadania e a identidade racial das comunidades que compotildeem a sociedade brasileira particularmente os afrodescendentes

Segundo a autora eacute preciso pensar a educaccedilatildeo como instrumento de

transformaccedilatildeo social a fim de promover uma interaccedilatildeo dos sujeitos que a integra

conscientizando contra qualquer forma de racismo preconceito e discriminaccedilatildeo

racial e mostrando a riqueza que essa diversidade nos traz Podemos construir uma

escola menos desigual e que respeite a diversidade racial existente em nossa

sociedade

A existecircncia de leis que visam reconhecer essa sua importacircncia cria na escola

um ambiente de valorizaccedilatildeo da cultura afro-brasileira Isso torna possiacutevel combater

esse problema social existente na sociedade em especial nas escolas Natildeo

podemos ignorar sua existecircncia O toacutepico a seguir contempla seu aspecto legal

realizado pela lei de nordm 10 6392003 que fundamenta seu valor como proposta

curricular no ensino e aprendizado no espaccedilo escolar

18

12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003

A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639

que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de

incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os

niacuteveis da escolaridade brasileira

Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as

instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta

dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram

para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como

Dia Nacional da Consciecircncia Negra

A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram

oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana

Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de

desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da

necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela

poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-

brasileira

Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer

parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua

contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo

respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A

Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)

sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias

Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa

temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para

abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os

professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique

apenas no papel e passe a ser concretizada

Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)

19

Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra

O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola

como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas

sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de

nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a

educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as

diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia

amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de

conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas

Segundo Verccedilosa (2012 p42)

[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos

Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o

professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e

assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos

sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele

tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o

papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se

faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o

preconceito racial

20

13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees

Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino

ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo

julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter

os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior

ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute

aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo

Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de

valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos

preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de

valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social

Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na

convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos

nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que

surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos

Para Gomes (2005 p 54)

O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro

O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo

agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade

sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica

fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo

que se estaacute relacionada ao outro

O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo

escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288

de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de

21

oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o

combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim

muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o

preconceito racial

Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e

desigualdade racial

I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)

A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro

cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que

na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um

papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo

deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute

um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo

de preconceito especialmente o racial

Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)

O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma

escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos

22

professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos

diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das

praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da

origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se

usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural

banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e

socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel

ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas

Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)

Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da

sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas

racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o

respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em

meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como

instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de

desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no

rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse

sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos

conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e

etnia (liacutengua e cultura)

14 O Preconceito Racial no contexto escolar

A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e

adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico

do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior

23

diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave

discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres

de boa e maacute qualidade respectivamente

Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o

professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo

agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento

da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem

transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for

detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de

mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente

Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute

plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de

suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram

que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua

cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo

As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no

seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um

curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura

A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um

conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos

histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas

pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua

docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula

Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua

dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais

didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica

a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno

branco

O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB

24

alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)

O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente

problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e

responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia

da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo

cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo

corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses

alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo

escolar

Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante

Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)

A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na

promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no

cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de

trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus

estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar

e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos

na escola

Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de

convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de

poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses

alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela

natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que

ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na

relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos

25

25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo

Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave

exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem

como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da

educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de

identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai

determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu

aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o

papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e

sua funccedilatildeo social

Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo

do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e

aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas

concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar

social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional

No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina

(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma

da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de

paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos

paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico

de accedilatildeo e poder

Conforme explicam os autores

O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)

As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo

eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do

Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o

26

agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do

aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo

A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de

Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada

e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo

multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a

reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo

Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo

Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que

A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)

Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos

trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo

do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do

campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do

Campo e da Escola do Campo

Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade

de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo

de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona

com sua vida no campo

Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus

sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em

que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do

campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo

reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de

Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na

valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos

27

Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa

temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que

contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-

brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo

isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os

professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos

problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola

A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a

igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de

reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e

ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional

Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada

com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de

Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser

trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica

28

CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA

21 Caracterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo

prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-

PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um

lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio

Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

Fonte Acervo pessoal 2018

Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal

nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural

desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio

municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em

Pedras de Fogo

29

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola

Infraestrutura

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados

A escola possui banheiro

Sim

Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais

A escola possui sala multifuncional

Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui biblioteca

Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola

A escola possui cozinha

Sim

A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees

A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica

Sim

O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores

A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias

Natildeo

A escola possui sala de leitura

Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula

A escola possui quadra de esportes

Natildeo

Fonte Proacutepria autora 2018

Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia

corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais

profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees

segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e

sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao

espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a

escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola

A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases

que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas

prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo

coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes

do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os

resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas

considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo

30

A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu

objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo

e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo

escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e

pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias

cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua

proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o

todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se

ao longo do crescimento e formaccedilatildeo

Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos

desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo

satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios

A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma

diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16

professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute

formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua

maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)

e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola

Aspectos Administrativos

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos

relacionados

A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar

Sim

Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola fornece materiais didaacuteticos aos

alunos

Sim

Eacute fornecido atraveacutes do MEC

A Escola possui associaccedilatildeo de alunos

Natildeo

A escola possui conselho escolar

Sim

Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade

A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar

Natildeo

Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola possui sala multifuncional

Sim

A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar

31

atendimento para alunos com dificuldades de

aprendizagem

A escola possui proposta de atendimento para

alunos com deficiecircncias

Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional

Fonte Proacutepria autora 2018

A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e

discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como

questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano

escolar

212 A relaccedilatildeo escola e comunidade

A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma

educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde

todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e

respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das

normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque

a comunidade existe

A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso

educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e

participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela

relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na

comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que

se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades

A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da

participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E

a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a

escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e

planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola

Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a

gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como

desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A

participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

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41

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PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 16: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

18

12 A implementaccedilatildeo da Lei nordm 10 6392003

A partir de 2003 foi instituiacuteda pelo Presidente da Repuacuteblica a Lei ndeg 10639

que alterou a lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo ndeg 939496 com finalidade de

incorporar estudos sobre a Histoacuteria e a Cultura Africana e Afro-brasileira em todos os

niacuteveis da escolaridade brasileira

Segundo Almeida e Sanchez (2017) com a implantaccedilatildeo desta Lei as

instituiccedilotildees de ensino passaram a abordar conteuacutedos relacionados agrave Histoacuteria de luta

dos negros no Brasil suas origens seus costumes e as contribuiccedilotildees que trouxeram

para o paiacutes Aleacutem de inserir no calendaacuterio letivo oficial o dia 20 de novembro como

Dia Nacional da Consciecircncia Negra

A partir da implementaccedilatildeo dessa legislaccedilatildeo os educandos tiveram

oportunidades de entender e conhecer melhor a cultura afro-brasileira e africana

Nessa perspectiva a lei mencionada tende a ser entendida como uma forma de

desmitificar a imagem negativa contra a populaccedilatildeo negra Essa lei surge da

necessidade de mudanccedila de mentalidade dentro e fora da escola Com ela

poderemos obter um olhar diferente e de reconhecimento para a cultura afro-

brasileira

Assim a implementaccedilatildeo da Lei referida possibilitou-nos conhecer

parcialmente um pouco mais da Histoacuteria da Aacutefrica e dos Africanos e de sua

contribuiccedilatildeo cultura para a formaccedilatildeo do povo brasileiro e assim reconhecendo

respeitando e valorizando seu valor na formaccedilatildeo da nossa identidade e histoacuteria A

Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo Nacional afirma (BRASIL 2004 p11)

sect 2ordm O Ensino de Histoacuteria e Cultura Afro-Brasileira e Africana tem por objetivo o reconhecimento e valorizaccedilatildeo da identidade histoacuteria e cultura dos afro-brasileiros bem como a garantia de reconhecimento e igualdade de valorizaccedilatildeo das raiacutezes africanas indiacutegenas e europeias

Portanto algumas escolas ainda natildeo se adaptaram para trabalhar essa

temaacutetica particularmente porque alguns professores natildeo estatildeo preparados para

abordarem essa questatildeo Eacute importante que haja uma capacitaccedilatildeo para os

professores trabalharem esse tema em sala de aula a fim de que essa Lei natildeo fique

apenas no papel e passe a ser concretizada

Como salienta a Lei de Diretrizes e Bases da Educaccedilatildeo (BRASIL 2004 p 4)

19

Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra

O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola

como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas

sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de

nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a

educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as

diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia

amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de

conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas

Segundo Verccedilosa (2012 p42)

[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos

Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o

professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e

assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos

sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele

tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o

papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se

faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o

preconceito racial

20

13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees

Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino

ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo

julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter

os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior

ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute

aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo

Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de

valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos

preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de

valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social

Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na

convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos

nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que

surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos

Para Gomes (2005 p 54)

O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro

O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo

agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade

sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica

fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo

que se estaacute relacionada ao outro

O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo

escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288

de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de

21

oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o

combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim

muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o

preconceito racial

Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e

desigualdade racial

I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)

A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro

cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que

na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um

papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo

deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute

um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo

de preconceito especialmente o racial

Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)

O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma

escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos

22

professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos

diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das

praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da

origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se

usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural

banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e

socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel

ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas

Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)

Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da

sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas

racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o

respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em

meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como

instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de

desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no

rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse

sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos

conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e

etnia (liacutengua e cultura)

14 O Preconceito Racial no contexto escolar

A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e

adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico

do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior

23

diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave

discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres

de boa e maacute qualidade respectivamente

Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o

professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo

agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento

da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem

transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for

detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de

mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente

Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute

plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de

suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram

que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua

cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo

As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no

seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um

curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura

A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um

conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos

histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas

pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua

docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula

Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua

dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais

didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica

a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno

branco

O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB

24

alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)

O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente

problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e

responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia

da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo

cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo

corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses

alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo

escolar

Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante

Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)

A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na

promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no

cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de

trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus

estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar

e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos

na escola

Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de

convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de

poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses

alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela

natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que

ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na

relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos

25

25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo

Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave

exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem

como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da

educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de

identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai

determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu

aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o

papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e

sua funccedilatildeo social

Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo

do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e

aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas

concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar

social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional

No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina

(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma

da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de

paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos

paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico

de accedilatildeo e poder

Conforme explicam os autores

O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)

As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo

eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do

Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o

26

agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do

aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo

A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de

Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada

e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo

multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a

reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo

Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo

Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que

A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)

Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos

trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo

do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do

campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do

Campo e da Escola do Campo

Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade

de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo

de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona

com sua vida no campo

Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus

sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em

que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do

campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo

reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de

Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na

valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos

27

Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa

temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que

contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-

brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo

isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os

professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos

problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola

A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a

igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de

reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e

ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional

Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada

com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de

Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser

trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica

28

CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA

21 Caracterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo

prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-

PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um

lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio

Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

Fonte Acervo pessoal 2018

Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal

nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural

desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio

municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em

Pedras de Fogo

29

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola

Infraestrutura

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados

A escola possui banheiro

Sim

Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais

A escola possui sala multifuncional

Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui biblioteca

Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola

A escola possui cozinha

Sim

A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees

A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica

Sim

O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores

A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias

Natildeo

A escola possui sala de leitura

Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula

A escola possui quadra de esportes

Natildeo

Fonte Proacutepria autora 2018

Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia

corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais

profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees

segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e

sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao

espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a

escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola

A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases

que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas

prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo

coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes

do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os

resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas

considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo

30

A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu

objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo

e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo

escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e

pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias

cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua

proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o

todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se

ao longo do crescimento e formaccedilatildeo

Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos

desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo

satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios

A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma

diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16

professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute

formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua

maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)

e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola

Aspectos Administrativos

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos

relacionados

A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar

Sim

Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola fornece materiais didaacuteticos aos

alunos

Sim

Eacute fornecido atraveacutes do MEC

A Escola possui associaccedilatildeo de alunos

Natildeo

A escola possui conselho escolar

Sim

Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade

A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar

Natildeo

Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola possui sala multifuncional

Sim

A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar

31

atendimento para alunos com dificuldades de

aprendizagem

A escola possui proposta de atendimento para

alunos com deficiecircncias

Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional

Fonte Proacutepria autora 2018

A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e

discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como

questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano

escolar

212 A relaccedilatildeo escola e comunidade

A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma

educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde

todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e

respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das

normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque

a comunidade existe

A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso

educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e

participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela

relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na

comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que

se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades

A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da

participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E

a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a

escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e

planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola

Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a

gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como

desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A

participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 17: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

19

Reconhecer exige a valorizaccedilatildeo e respeito agraves pessoas negras agrave sua descendecircncia africana sua cultura e histoacuteria Significa buscar compreender seus valores e lutas ser sensiacutevel ao sofrimento causado por tantas formas de desqualificaccedilatildeo [] implica criar condiccedilotildees para que os estudantes negros natildeo sejam rejeitados em virtude da cor da sua pele menosprezados em virtude de seus antepassados terem sido explorados como escravos e natildeo sejam desencorajados de prosseguir nos estudos de estudar questotildees que respeitem agrave comunidade negra

O estudo de matrizes africanas natildeo apenas deve ser conhecido na escola

como tambeacutem valorizado em reparaccedilatildeo ao sofrimento lhes causados mas

sobretudo como reconhecimento do seu papel na formaccedilatildeo histoacuterica e cultural de

nossa identidade e da importacircncia e do respeito agrave cultura africana Deste modo a

educaccedilatildeo pode transformar a realidade do sujeito preparando para conviver com as

diferenccedilas respeitando a diversidade e despertando para uma nova consciecircncia

amenizando o preconceito racial por meio de praacuteticas educacionais de

conscientizaccedilatildeo e respeito agraves diferenccedilas

Segundo Verccedilosa (2012 p42)

[] a escola precisa proporcionar momentos de discussatildeo estudo que envolva professores alunos e toda comunidade escolar dessa maneira ampliar os conhecimentos sobre a histoacuteria do negro sua contribuiccedilatildeo para a evoluccedilatildeo da humanidade principalmente como forma de obter informaccedilotildees mais aprofundadas dos afrodescendentes e das relaccedilotildees estabelecidas entre os outros povos

Prontamente essa temaacutetica deve ser abordada na escola de modo que o

professor possa reconhecer a histoacuteria do negro e sua luta de forma consciente e

assim posso combater o preconceito existente na escola fazendo com que todos

sejam respeitados pelo que trazem em sua essecircncia humana e natildeo pela cor da pele

tipo de cabelo ou outro atributo eacutetnico racial A escola exerce fundamentalmente o

papel de transformar o indiviacuteduo e para isso eacute preciso entender que educaccedilatildeo se

faz com respeito toleracircncia e conhecimento com a finalidade combater o

preconceito racial

20

13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees

Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino

ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo

julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter

os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior

ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute

aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo

Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de

valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos

preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de

valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social

Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na

convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos

nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que

surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos

Para Gomes (2005 p 54)

O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro

O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo

agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade

sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica

fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo

que se estaacute relacionada ao outro

O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo

escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288

de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de

21

oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o

combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim

muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o

preconceito racial

Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e

desigualdade racial

I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)

A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro

cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que

na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um

papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo

deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute

um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo

de preconceito especialmente o racial

Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)

O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma

escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos

22

professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos

diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das

praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da

origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se

usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural

banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e

socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel

ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas

Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)

Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da

sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas

racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o

respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em

meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como

instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de

desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no

rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse

sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos

conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e

etnia (liacutengua e cultura)

14 O Preconceito Racial no contexto escolar

A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e

adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico

do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior

23

diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave

discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres

de boa e maacute qualidade respectivamente

Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o

professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo

agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento

da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem

transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for

detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de

mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente

Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute

plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de

suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram

que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua

cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo

As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no

seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um

curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura

A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um

conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos

histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas

pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua

docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula

Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua

dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais

didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica

a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno

branco

O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB

24

alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)

O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente

problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e

responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia

da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo

cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo

corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses

alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo

escolar

Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante

Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)

A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na

promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no

cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de

trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus

estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar

e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos

na escola

Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de

convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de

poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses

alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela

natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que

ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na

relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos

25

25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo

Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave

exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem

como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da

educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de

identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai

determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu

aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o

papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e

sua funccedilatildeo social

Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo

do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e

aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas

concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar

social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional

No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina

(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma

da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de

paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos

paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico

de accedilatildeo e poder

Conforme explicam os autores

O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)

As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo

eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do

Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o

26

agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do

aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo

A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de

Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada

e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo

multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a

reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo

Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo

Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que

A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)

Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos

trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo

do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do

campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do

Campo e da Escola do Campo

Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade

de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo

de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona

com sua vida no campo

Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus

sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em

que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do

campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo

reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de

Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na

valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos

27

Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa

temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que

contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-

brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo

isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os

professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos

problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola

A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a

igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de

reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e

ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional

Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada

com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de

Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser

trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica

28

CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA

21 Caracterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo

prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-

PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um

lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio

Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

Fonte Acervo pessoal 2018

Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal

nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural

desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio

municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em

Pedras de Fogo

29

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola

Infraestrutura

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados

A escola possui banheiro

Sim

Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais

A escola possui sala multifuncional

Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui biblioteca

Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola

A escola possui cozinha

Sim

A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees

A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica

Sim

O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores

A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias

Natildeo

A escola possui sala de leitura

Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula

A escola possui quadra de esportes

Natildeo

Fonte Proacutepria autora 2018

Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia

corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais

profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees

segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e

sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao

espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a

escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola

A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases

que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas

prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo

coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes

do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os

resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas

considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo

30

A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu

objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo

e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo

escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e

pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias

cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua

proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o

todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se

ao longo do crescimento e formaccedilatildeo

Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos

desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo

satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios

A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma

diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16

professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute

formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua

maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)

e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola

Aspectos Administrativos

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos

relacionados

A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar

Sim

Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola fornece materiais didaacuteticos aos

alunos

Sim

Eacute fornecido atraveacutes do MEC

A Escola possui associaccedilatildeo de alunos

Natildeo

A escola possui conselho escolar

Sim

Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade

A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar

Natildeo

Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola possui sala multifuncional

Sim

A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar

31

atendimento para alunos com dificuldades de

aprendizagem

A escola possui proposta de atendimento para

alunos com deficiecircncias

Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional

Fonte Proacutepria autora 2018

A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e

discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como

questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano

escolar

212 A relaccedilatildeo escola e comunidade

A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma

educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde

todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e

respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das

normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque

a comunidade existe

A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso

educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e

participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela

relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na

comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que

se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades

A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da

participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E

a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a

escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e

planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola

Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a

gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como

desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A

participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 18: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

20

13 Preconceito Racial concepccedilotildees e relaccedilotildees

Segundo Mendes (2010) a palavra preconceito eacute formada pelo prefixo latino

ldquopreacuterdquo (anterioridade antecedecircncia) mais o substantivo ldquoconceitordquo (opiniatildeo reputaccedilatildeo

julgamento avaliaccedilatildeo) O preconceito eacute portanto o conceito formado antes de ter

os conhecimentos necessaacuterios eacute a opiniatildeo formada antecipadamente sem maior

ponderaccedilatildeo Preconceito eacute um conceito de algo que natildeo conhecemos ainda Eacute

aquilo que concebemos antes mesmo de sua definiccedilatildeo

Os julgamentos que fazemos em sua maioria satildeo formulados dos juiacutezos de

valores concebidos previamente Muitas das vezes fazemos julgamentos

preconceituosos Definimos algo sem conhecer e logo combatemos dizendo ser de

valor ou natildeo ou seja os preconceitos nascem da nossa convivecircncia social

Ningueacutem nasce preconceituoso pelo contraacuterio a pessoa torna-se preconceituoso na

convivecircncia em sociedade Eacute pelo contato com o indiviacuteduo que estabelecemos

nossa hierarquia de valores e marginalizando aquilo que natildeo aceitamos Eacute daiacute que

surgem nossos preconceitos Anulamos o que natildeo aceitamos

Para Gomes (2005 p 54)

O preconceito racial eacute um julgamento negativo e preacutevio dos membros de um grupo racial de pertenccedila de uma etnia ou religiatildeo de pessoas que ocupam outro papel significativo Esse julgamento preacutevio apresenta como caracteriacutestica principal a inflexibilidade pois tende a ser mantido sem levar em conta os fatos que o contestam Trata-se do conceito ou opiniatildeo formados antecipadamente sem maior ponderaccedilatildeo ou conhecimentos dos fatos O preconceito inclui a relaccedilatildeo entre pessoas e grupos humanos Ele inclui a concepccedilatildeo que o indiviacuteduo tem de si mesmo e tambeacutem do outro

O preconceito racial sustenta a ideia de superioridade de uma raccedila em relaccedilatildeo

agrave outra raccedila eacute algo formado a partir de crenccedilas e juiacutezos de valor que a sociedade

sustenta sobre as diferenccedilas raciais Eacute uma atitude sem reflexatildeo uma pratica

fundada na superioridade racial e consequentemente ignora e tem como inferior tudo

que se estaacute relacionada ao outro

O preconceito eacute tatildeo forte que ainda leva os educandos ao fracasso e a evasatildeo

escolar mesmo com a lei que os ampare de toda intoleracircncia racial A Lei ndeg12288

de julho de 2010 garante agrave populaccedilatildeo negra a efetivaccedilatildeo da igualdade de

21

oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o

combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim

muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o

preconceito racial

Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e

desigualdade racial

I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)

A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro

cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que

na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um

papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo

deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute

um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo

de preconceito especialmente o racial

Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)

O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma

escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos

22

professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos

diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das

praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da

origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se

usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural

banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e

socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel

ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas

Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)

Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da

sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas

racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o

respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em

meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como

instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de

desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no

rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse

sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos

conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e

etnia (liacutengua e cultura)

14 O Preconceito Racial no contexto escolar

A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e

adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico

do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior

23

diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave

discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres

de boa e maacute qualidade respectivamente

Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o

professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo

agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento

da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem

transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for

detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de

mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente

Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute

plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de

suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram

que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua

cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo

As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no

seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um

curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura

A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um

conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos

histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas

pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua

docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula

Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua

dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais

didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica

a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno

branco

O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB

24

alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)

O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente

problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e

responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia

da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo

cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo

corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses

alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo

escolar

Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante

Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)

A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na

promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no

cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de

trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus

estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar

e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos

na escola

Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de

convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de

poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses

alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela

natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que

ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na

relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos

25

25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo

Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave

exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem

como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da

educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de

identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai

determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu

aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o

papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e

sua funccedilatildeo social

Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo

do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e

aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas

concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar

social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional

No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina

(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma

da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de

paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos

paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico

de accedilatildeo e poder

Conforme explicam os autores

O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)

As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo

eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do

Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o

26

agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do

aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo

A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de

Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada

e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo

multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a

reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo

Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo

Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que

A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)

Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos

trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo

do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do

campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do

Campo e da Escola do Campo

Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade

de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo

de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona

com sua vida no campo

Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus

sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em

que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do

campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo

reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de

Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na

valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos

27

Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa

temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que

contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-

brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo

isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os

professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos

problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola

A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a

igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de

reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e

ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional

Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada

com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de

Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser

trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica

28

CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA

21 Caracterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo

prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-

PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um

lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio

Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

Fonte Acervo pessoal 2018

Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal

nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural

desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio

municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em

Pedras de Fogo

29

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola

Infraestrutura

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados

A escola possui banheiro

Sim

Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais

A escola possui sala multifuncional

Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui biblioteca

Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola

A escola possui cozinha

Sim

A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees

A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica

Sim

O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores

A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias

Natildeo

A escola possui sala de leitura

Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula

A escola possui quadra de esportes

Natildeo

Fonte Proacutepria autora 2018

Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia

corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais

profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees

segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e

sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao

espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a

escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola

A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases

que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas

prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo

coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes

do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os

resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas

considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo

30

A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu

objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo

e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo

escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e

pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias

cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua

proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o

todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se

ao longo do crescimento e formaccedilatildeo

Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos

desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo

satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios

A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma

diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16

professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute

formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua

maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)

e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola

Aspectos Administrativos

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos

relacionados

A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar

Sim

Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola fornece materiais didaacuteticos aos

alunos

Sim

Eacute fornecido atraveacutes do MEC

A Escola possui associaccedilatildeo de alunos

Natildeo

A escola possui conselho escolar

Sim

Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade

A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar

Natildeo

Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola possui sala multifuncional

Sim

A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar

31

atendimento para alunos com dificuldades de

aprendizagem

A escola possui proposta de atendimento para

alunos com deficiecircncias

Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional

Fonte Proacutepria autora 2018

A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e

discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como

questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano

escolar

212 A relaccedilatildeo escola e comunidade

A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma

educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde

todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e

respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das

normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque

a comunidade existe

A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso

educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e

participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela

relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na

comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que

se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades

A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da

participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E

a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a

escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e

planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola

Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a

gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como

desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A

participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 19: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

21

oportunidades a defesa dos direitos eacutetnicos individuais coletivos e difusos e o

combate agrave discriminaccedilatildeo e as demais formas de intoleracircncia eacutetnica Mesmo assim

muitos natildeo suportam a convivecircncia na escola e deixam de estudar devido o

preconceito racial

Vejamos o que diz a lei de igualdade racial sobre a discriminaccedilatildeo e

desigualdade racial

I - discriminaccedilatildeo racial ou eacutetnico-racial toda distinccedilatildeo exclusatildeo restriccedilatildeo ou preferecircncia baseada em raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica que tenha por objeto anular ou restringir o reconhecimento gozo ou exerciacutecio em igualdade de condiccedilotildees de direitos humanos e liberdades fundamentais nos campos poliacutetico econocircmico social cultural ou em qualquer outro campo da vida puacuteblica ou privada II - desigualdade racial toda situaccedilatildeo injustificada de diferenciaccedilatildeo de acesso e fruiccedilatildeo de bens serviccedilos e oportunidades nas esferas puacuteblica e privada em virtude de raccedila cor descendecircncia ou origem nacional ou eacutetnica III - desigualdade de gecircnero e raccedila assimetria existente no acircmbito da sociedade que acentua a distacircncia social entre mulheres negras e os demais segmentos sociais (BRASIL IBGE 2010 p sp)

A referida Lei daacute ao negro todos os direitos e deveres como qualquer outro

cidadatildeo Ele eacute trata de forma igual e por isso deve ser respeitado O problema eacute que

na maioria das vezes natildeo eacute cumprida Eacute nesse sentido que a educaccedilatildeo exerce um

papel fundamental na formaccedilatildeo do cidadatildeo em respeito agrave diversidade A educaccedilatildeo

deve preparar os educandos de forma epistemoloacutegica tendo em vista que a escola eacute

um espaccedilo social privilegiado de construccedilatildeo do conhecimento e luta contra todo tipo

de preconceito especialmente o racial

Mudar mentalidades superar o preconceito e combater atitudes discriminatoacuterias satildeo finalidades que envolvem lidar com valores de reconhecimento e respeito muacutetuo o que eacute tarefa para a sociedade como um todo A escola tem um papel crucial a desempenhar nesse processo Por que eacute o espaccedilo em que pode se dar a convivecircncia entre crianccedilas de origens e niacutevel socioeconocircmico diferente com costumes e dogmas religiosos diferentes daqueles que cada uma conhece com visotildees de mundo diversas daquela que compartilha em famiacutelia Eacute um dos lugares onde satildeo ensinadas as regras do espaccedilo puacuteblico para o conviacutevio democraacutetico com a diferenccedila (BRASIL PCN 1998 p 21)

O grande desafio natildeo estaacute na questatildeo legislativa mas na criaccedilatildeo de uma

escola que mude a mentalidade das pessoas jaacute que nela convivem alunos

22

professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos

diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das

praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da

origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se

usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural

banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e

socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel

ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas

Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)

Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da

sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas

racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o

respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em

meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como

instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de

desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no

rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse

sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos

conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e

etnia (liacutengua e cultura)

14 O Preconceito Racial no contexto escolar

A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e

adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico

do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior

23

diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave

discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres

de boa e maacute qualidade respectivamente

Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o

professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo

agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento

da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem

transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for

detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de

mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente

Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute

plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de

suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram

que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua

cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo

As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no

seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um

curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura

A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um

conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos

histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas

pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua

docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula

Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua

dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais

didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica

a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno

branco

O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB

24

alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)

O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente

problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e

responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia

da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo

cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo

corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses

alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo

escolar

Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante

Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)

A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na

promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no

cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de

trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus

estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar

e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos

na escola

Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de

convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de

poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses

alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela

natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que

ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na

relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos

25

25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo

Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave

exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem

como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da

educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de

identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai

determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu

aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o

papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e

sua funccedilatildeo social

Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo

do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e

aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas

concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar

social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional

No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina

(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma

da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de

paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos

paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico

de accedilatildeo e poder

Conforme explicam os autores

O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)

As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo

eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do

Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o

26

agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do

aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo

A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de

Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada

e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo

multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a

reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo

Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo

Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que

A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)

Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos

trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo

do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do

campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do

Campo e da Escola do Campo

Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade

de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo

de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona

com sua vida no campo

Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus

sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em

que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do

campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo

reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de

Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na

valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos

27

Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa

temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que

contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-

brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo

isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os

professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos

problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola

A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a

igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de

reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e

ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional

Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada

com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de

Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser

trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica

28

CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA

21 Caracterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo

prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-

PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um

lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio

Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

Fonte Acervo pessoal 2018

Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal

nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural

desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio

municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em

Pedras de Fogo

29

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola

Infraestrutura

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados

A escola possui banheiro

Sim

Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais

A escola possui sala multifuncional

Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui biblioteca

Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola

A escola possui cozinha

Sim

A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees

A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica

Sim

O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores

A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias

Natildeo

A escola possui sala de leitura

Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula

A escola possui quadra de esportes

Natildeo

Fonte Proacutepria autora 2018

Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia

corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais

profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees

segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e

sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao

espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a

escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola

A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases

que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas

prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo

coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes

do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os

resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas

considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo

30

A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu

objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo

e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo

escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e

pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias

cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua

proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o

todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se

ao longo do crescimento e formaccedilatildeo

Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos

desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo

satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios

A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma

diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16

professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute

formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua

maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)

e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola

Aspectos Administrativos

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos

relacionados

A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar

Sim

Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola fornece materiais didaacuteticos aos

alunos

Sim

Eacute fornecido atraveacutes do MEC

A Escola possui associaccedilatildeo de alunos

Natildeo

A escola possui conselho escolar

Sim

Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade

A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar

Natildeo

Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola possui sala multifuncional

Sim

A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar

31

atendimento para alunos com dificuldades de

aprendizagem

A escola possui proposta de atendimento para

alunos com deficiecircncias

Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional

Fonte Proacutepria autora 2018

A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e

discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como

questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano

escolar

212 A relaccedilatildeo escola e comunidade

A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma

educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde

todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e

respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das

normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque

a comunidade existe

A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso

educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e

participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela

relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na

comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que

se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades

A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da

participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E

a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a

escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e

planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola

Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a

gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como

desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A

participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 20: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

22

professores e funcionaacuterios de origens crenccedilas culturas e niacuteveis econocircmicos

diferentes Ao que se refere agraves praacuteticas pedagoacutegicas deve-se frisar o repuacutedio das

praacuteticas racistas e inconstitucionais a ampliaccedilatildeo dos conhecimentos acerca da

origem dos povos valorizando-as e utilizando como meio de aprendizagem Deve-se

usar a pluralidade como mecanismo de aprendizagem e enriquecimento cultural

banindo os estereoacutetipos e preconceitos para uma convivecircncia democraacutetica e

socialmente agradaacutevel A escola deve desenvolver um espaccedilo socialmente favoraacutevel

ao respeito e a toleracircncia agraves diferenccedilas

Alguns professores por deacuteficit de capacitaccedilatildeo ou ateacute mesmo por preconceitos neles intrometidos natildeo sabem identificar situaccedilotildees de preconceito no ambiente escolar e especialmente na sala momento pedagoacutegico privilegiado para discutir a diversidade e sensibilizar seus alunos sobre a relevacircncia e a riqueza que ela traz agrave cultura e identidade nacional Logo o professor precisa ajudar o aluno discriminado para que ele possa assumir com orgulho e dignidade os atributos de sua diferenccedila sobretudo quando esta foi negativamente imposta em detrimento de sua proacutepria natureza humana (MUNANGA 2005 p 15)

Segundo o autor embora se trate de uma tarefa difiacutecil eacute responsabilidade da

sociedade de uma forma geral transformar as pessoas diminuir as praacuteticas

racistas superar o preconceito construir e preservar os valores que envolvem o

respeito entre as pessoas Eacute necessaacuterios estabelecer as possiacuteveis relaccedilotildees em

meio agraves diferenccedilas e todo esse processo tambeacutem passa pela escola pois como

instituiccedilatildeo que faz parte da sociedade ela vive as praacuteticas de discriminaccedilatildeo e de

desigualdade que promovem a exclusatildeo das pessoas Ela tem papel fundamental no

rompimento dessas praacuteticas na sociedade preconceituosa em que vivemos Nesse

sentido eacute necessaacuterio construir uma escola sem desigualdades e formar os alunos

conscientes de natildeo ofender a dignidade do outro em relaccedilatildeo agrave raccedila (cor de pele) e

etnia (liacutengua e cultura)

14 O Preconceito Racial no contexto escolar

A educaccedilatildeo escolar ainda eacute um espaccedilo privilegiado para crianccedilas jovens e

adultos das camadas populares em ter acesso ao conhecimento cientiacutefico e artiacutestico

do saber sistematizado e elaborado A escola eacute o espaccedilo onde se encontra a maior

23

diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave

discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres

de boa e maacute qualidade respectivamente

Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o

professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo

agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento

da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem

transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for

detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de

mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente

Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute

plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de

suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram

que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua

cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo

As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no

seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um

curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura

A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um

conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos

histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas

pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua

docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula

Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua

dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais

didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica

a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno

branco

O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB

24

alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)

O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente

problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e

responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia

da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo

cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo

corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses

alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo

escolar

Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante

Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)

A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na

promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no

cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de

trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus

estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar

e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos

na escola

Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de

convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de

poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses

alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela

natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que

ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na

relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos

25

25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo

Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave

exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem

como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da

educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de

identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai

determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu

aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o

papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e

sua funccedilatildeo social

Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo

do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e

aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas

concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar

social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional

No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina

(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma

da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de

paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos

paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico

de accedilatildeo e poder

Conforme explicam os autores

O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)

As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo

eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do

Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o

26

agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do

aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo

A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de

Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada

e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo

multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a

reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo

Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo

Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que

A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)

Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos

trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo

do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do

campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do

Campo e da Escola do Campo

Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade

de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo

de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona

com sua vida no campo

Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus

sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em

que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do

campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo

reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de

Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na

valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos

27

Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa

temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que

contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-

brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo

isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os

professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos

problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola

A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a

igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de

reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e

ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional

Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada

com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de

Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser

trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica

28

CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA

21 Caracterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo

prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-

PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um

lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio

Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

Fonte Acervo pessoal 2018

Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal

nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural

desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio

municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em

Pedras de Fogo

29

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola

Infraestrutura

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados

A escola possui banheiro

Sim

Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais

A escola possui sala multifuncional

Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui biblioteca

Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola

A escola possui cozinha

Sim

A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees

A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica

Sim

O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores

A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias

Natildeo

A escola possui sala de leitura

Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula

A escola possui quadra de esportes

Natildeo

Fonte Proacutepria autora 2018

Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia

corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais

profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees

segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e

sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao

espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a

escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola

A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases

que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas

prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo

coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes

do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os

resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas

considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo

30

A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu

objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo

e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo

escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e

pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias

cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua

proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o

todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se

ao longo do crescimento e formaccedilatildeo

Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos

desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo

satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios

A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma

diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16

professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute

formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua

maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)

e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola

Aspectos Administrativos

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos

relacionados

A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar

Sim

Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola fornece materiais didaacuteticos aos

alunos

Sim

Eacute fornecido atraveacutes do MEC

A Escola possui associaccedilatildeo de alunos

Natildeo

A escola possui conselho escolar

Sim

Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade

A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar

Natildeo

Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola possui sala multifuncional

Sim

A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar

31

atendimento para alunos com dificuldades de

aprendizagem

A escola possui proposta de atendimento para

alunos com deficiecircncias

Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional

Fonte Proacutepria autora 2018

A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e

discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como

questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano

escolar

212 A relaccedilatildeo escola e comunidade

A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma

educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde

todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e

respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das

normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque

a comunidade existe

A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso

educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e

participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela

relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na

comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que

se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades

A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da

participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E

a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a

escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e

planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola

Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a

gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como

desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A

participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 21: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

23

diversidade cultural e muitas vezes tambeacutem eacute um local que mais acontece agrave

discriminaccedilatildeo Tanto eacute assim que existem escolas para ricos e escolas para pobres

de boa e maacute qualidade respectivamente

Por isso trabalhar as diferenccedilas eacute um desafio para o professor Eacute com o

professor que surge a provocaccedilatildeo e mudanccedila de mentalidade da escola em relaccedilatildeo

agrave temaacutetica Infelizmente a escola em que trabalha eacute reprodutora do conhecimento

da classe dominante classe esta que estabelece as regras os conteuacutedos a serem

transmitidos e os meacutetodos a serem aplicados na escola Mas se o professor for

detentor de um saber criacutetico poderaacute questionaacute-los e provocar a mudanccedila de

mentalidade dos alunos e da proacutepria praacutetica docente

Na maioria dos casos os professores nem se datildeo conta de que o paiacutes eacute

plurieacutetnico e que a escola eacute o lugar ideal para discutir as diferentes culturas e de

suas contribuiccedilotildees na formaccedilatildeo do nosso povo Eles muitas das vezes ignoram

que as dificuldades do aluno advecircm do processo com que estaacute relacionado agrave sua

cultura tatildeo desrespeitada ou ateacute ignorada por todos que fazem a educaccedilatildeo

As escolas ainda natildeo estatildeo adequadas para eliminar o racismo que ocorre no

seu interior Em sua maioria por falta de capacitaccedilatildeo dos profissionais e por um

curricular escolar que natildeo contempla a igualdade e o respeito agrave diversidade cultura

A respeito dessa realidade eacute a existente de um curriacuteculo escolar que contempla um

conhecimento basicamente de formaccedilatildeo europeia e seus aspectos poliacuteticos

histoacutericos e sociais Como combater o racismo senatildeo transformando nossas praacuteticas

pedagoacutegicas O professor eacute parte essencial nesse processo Egrave preciso repensar sua

docecircncia em sua formaccedilatildeo e atuaccedilatildeo em sala de aula

Segundo Munanga (2015) o preconceito compenetrado no professor e sua

dificuldade em lidar com a diversidade encontra-se agregada em livros e materiais

didaacuteticos desestimula o aluno negro e prejudicando seu aprendizado O que explica

a repetecircncia e o alto iacutendice de evasatildeo escolar do aluno negro em relaccedilatildeo ao aluno

branco

O iacutendice alto de evasatildeo desse puacuteblico pode ser explicado parcialmente por um sistema educativo que natildeo contempla a cultura e a identidade dos estudantes negros ldquoEssa escola natildeo atrativa ao estudante em termos de conteuacutedo de recreaccedilatildeo e de profissionais que natildeo dialogam com a realidade precisa mudarrdquo considera a presidente da Conanda ao destacar por exemplo a necessidade de pais alunos e sociedade cobrar o trabalho do conteuacutedo da LDB

24

alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)

O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente

problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e

responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia

da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo

cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo

corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses

alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo

escolar

Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante

Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)

A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na

promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no

cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de

trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus

estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar

e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos

na escola

Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de

convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de

poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses

alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela

natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que

ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na

relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos

25

25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo

Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave

exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem

como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da

educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de

identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai

determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu

aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o

papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e

sua funccedilatildeo social

Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo

do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e

aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas

concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar

social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional

No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina

(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma

da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de

paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos

paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico

de accedilatildeo e poder

Conforme explicam os autores

O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)

As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo

eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do

Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o

26

agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do

aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo

A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de

Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada

e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo

multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a

reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo

Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo

Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que

A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)

Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos

trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo

do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do

campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do

Campo e da Escola do Campo

Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade

de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo

de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona

com sua vida no campo

Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus

sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em

que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do

campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo

reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de

Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na

valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos

27

Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa

temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que

contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-

brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo

isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os

professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos

problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola

A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a

igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de

reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e

ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional

Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada

com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de

Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser

trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica

28

CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA

21 Caracterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo

prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-

PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um

lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio

Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

Fonte Acervo pessoal 2018

Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal

nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural

desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio

municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em

Pedras de Fogo

29

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola

Infraestrutura

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados

A escola possui banheiro

Sim

Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais

A escola possui sala multifuncional

Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui biblioteca

Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola

A escola possui cozinha

Sim

A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees

A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica

Sim

O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores

A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias

Natildeo

A escola possui sala de leitura

Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula

A escola possui quadra de esportes

Natildeo

Fonte Proacutepria autora 2018

Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia

corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais

profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees

segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e

sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao

espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a

escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola

A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases

que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas

prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo

coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes

do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os

resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas

considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo

30

A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu

objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo

e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo

escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e

pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias

cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua

proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o

todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se

ao longo do crescimento e formaccedilatildeo

Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos

desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo

satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios

A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma

diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16

professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute

formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua

maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)

e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola

Aspectos Administrativos

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos

relacionados

A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar

Sim

Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola fornece materiais didaacuteticos aos

alunos

Sim

Eacute fornecido atraveacutes do MEC

A Escola possui associaccedilatildeo de alunos

Natildeo

A escola possui conselho escolar

Sim

Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade

A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar

Natildeo

Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola possui sala multifuncional

Sim

A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar

31

atendimento para alunos com dificuldades de

aprendizagem

A escola possui proposta de atendimento para

alunos com deficiecircncias

Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional

Fonte Proacutepria autora 2018

A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e

discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como

questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano

escolar

212 A relaccedilatildeo escola e comunidade

A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma

educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde

todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e

respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das

normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque

a comunidade existe

A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso

educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e

participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela

relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na

comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que

se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades

A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da

participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E

a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a

escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e

planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola

Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a

gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como

desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A

participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 22: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

24

alterada pela Lei 1063903 que versa sobre a inclusatildeo da histoacuteria e cultura negra dentro da sala de aula (GONCcedilALVES 2014 p1)

O discurso de Gonccedilalves (2014) natildeo soacute eacute uma alerta para existente

problemaacutetica da evasatildeo escolar como tambeacutem para uma chamar de consciecircncia e

responsabilidade social de todos para efetivaccedilatildeo da lei que reconhece a importacircncia

da histoacuteria e da cultura negra na escola A autora deixa claro que a escola natildeo

cumpre seu papel social de manter os alunos negros na escola porque natildeo

corresponde ao reconhecimento da cultura afro-brasileira Pelo contraacuterio esses

alunos sofrem preconceitos e em sua maioria satildeo marginalizados no espaccedilo

escolar

Vejamos o que ainda diz a seu respeito apontando outro dado preocupante

Apontam que mais de um milhatildeo de crianccedilas e adolescentes entre 06 e 14 anos encontram-se trabalhando no Brasil dessas 3460 satildeo brancas e 6478 negras Nesse periacuteodo de vida o trabalho infantil eacute uma das principais causas do abandono escolar As meninas negras ainda hoje satildeo conduzidas a repetir um padratildeo que tem base no sistema escravocrata do passado Cedo comeccedilam a trabalhar como faxineiras nas casas de terceiros De acordo com dados de 2013 divulgados da Organizaccedilatildeo Internacional do Trabalho (OIT) mais de 93 das crianccedilas e dos adolescentes envolvidos em trabalho domeacutestico no Brasil satildeo meninas negras (GONCcedilALVES 2014 p1)

A estatista citada reforccedila o que na praacutetica demostra a ineficiente do ensino na

promoccedilatildeo ao respeito e toleracircncia agrave diversidade eacutetnica racial principalmente no

cumprimento da funccedilatildeo social da escola em preparar o aluno para o mercado de

trabalho e o exerciacutecio da cidadania O aluno que sai da escola sem terminar seus

estudos demostra que toda conjuntura em torno da educaccedilatildeo precisa ser repensar

e reformulada para contemplar poliacuteticas de inclusatildeo e permanecircncia desses alunos

na escola

Nota-se que o problema da evasatildeo escolar aleacutem de ser o problema de

convivecircncia e reconhecimento do negro na escola eacute tambeacutem uma questatildeo de

poliacuteticas que natildeo combate exploraccedilatildeo do trabalho infantil A escola para esses

alunos estaacute longe de ser o espaccedilo para a construccedilatildeo e o exerciacutecio da cidadania Ela

natildeo adota praacuteticas pedagoacutegicas atrativas pelo contraacuterio reproduzem praacuteticas que

ainda mais acentuam a desigualdade e as diferenccedilas existentes na escola na

relaccedilatildeo entre os alunos negros e brancos

25

25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo

Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave

exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem

como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da

educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de

identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai

determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu

aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o

papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e

sua funccedilatildeo social

Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo

do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e

aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas

concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar

social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional

No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina

(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma

da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de

paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos

paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico

de accedilatildeo e poder

Conforme explicam os autores

O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)

As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo

eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do

Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o

26

agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do

aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo

A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de

Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada

e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo

multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a

reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo

Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo

Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que

A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)

Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos

trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo

do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do

campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do

Campo e da Escola do Campo

Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade

de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo

de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona

com sua vida no campo

Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus

sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em

que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do

campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo

reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de

Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na

valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos

27

Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa

temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que

contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-

brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo

isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os

professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos

problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola

A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a

igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de

reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e

ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional

Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada

com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de

Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser

trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica

28

CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA

21 Caracterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo

prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-

PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um

lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio

Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

Fonte Acervo pessoal 2018

Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal

nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural

desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio

municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em

Pedras de Fogo

29

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola

Infraestrutura

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados

A escola possui banheiro

Sim

Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais

A escola possui sala multifuncional

Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui biblioteca

Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola

A escola possui cozinha

Sim

A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees

A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica

Sim

O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores

A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias

Natildeo

A escola possui sala de leitura

Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula

A escola possui quadra de esportes

Natildeo

Fonte Proacutepria autora 2018

Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia

corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais

profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees

segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e

sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao

espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a

escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola

A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases

que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas

prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo

coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes

do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os

resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas

considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo

30

A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu

objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo

e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo

escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e

pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias

cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua

proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o

todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se

ao longo do crescimento e formaccedilatildeo

Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos

desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo

satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios

A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma

diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16

professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute

formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua

maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)

e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola

Aspectos Administrativos

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos

relacionados

A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar

Sim

Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola fornece materiais didaacuteticos aos

alunos

Sim

Eacute fornecido atraveacutes do MEC

A Escola possui associaccedilatildeo de alunos

Natildeo

A escola possui conselho escolar

Sim

Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade

A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar

Natildeo

Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola possui sala multifuncional

Sim

A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar

31

atendimento para alunos com dificuldades de

aprendizagem

A escola possui proposta de atendimento para

alunos com deficiecircncias

Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional

Fonte Proacutepria autora 2018

A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e

discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como

questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano

escolar

212 A relaccedilatildeo escola e comunidade

A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma

educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde

todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e

respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das

normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque

a comunidade existe

A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso

educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e

participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela

relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na

comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que

se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades

A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da

participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E

a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a

escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e

planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola

Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a

gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como

desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A

participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 23: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

25

25 A Concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo

Em consonacircncia com a temaacutetica abordada neste estudo faz-se necessaacuterio agrave

exposiccedilatildeo dos aspectos teoacutericos acerca do conceito de Educaccedilatildeo do Campo bem

como seus aspectos histoacutericos para uma melhor compreensatildeo do entendimento da

educaccedilatildeo e a existecircncia do preconceito racial na escola No processo de

identificaccedilatildeo e construccedilatildeo da escola a educaccedilatildeo em aspecto estrutural vai

determinar e esclarecer a sua funccedilatildeo social no entanto soacute apenas nesse seu

aspecto Por isso o reconhecimento do papel pedagoacutegico tambeacutem contribui para o

papel do ensino e aprendizado na dinacircmica entre a vida dos alunos e a escola e

sua funccedilatildeo social

Esse toacutepico por sua vez vai esclarecer a relaccedilatildeo existente entre a Educaccedilatildeo

do Campo e Escola do Campo permeando as orientaccedilotildees que norteiam o ensino e

aprendizado dos alunos assim como orienta o agir docente na escola Suas

concepccedilotildees estatildeo baseadas sobretudo no reconhecimento do aluno do seu lugar

social e do papel da escola em seu processo formativo e educacional

No artigo intitulado O campo da educaccedilatildeo do campo Fernandes e Molina

(2003) trazem algumas contribuiccedilotildees que auxiliam na compreensatildeo do paradigma

da Educaccedilatildeo do Campo Para tanto apresentam uma reflexatildeo sobre o conceito de

paradigma e levantam uma discussatildeo apontando algumas diferenccedilas acerca dos

paradigmas da Educaccedilatildeo Rural e da Educaccedilatildeo do Campo enquanto espaccedilo poliacutetico

de accedilatildeo e poder

Conforme explicam os autores

O campo da Educaccedilatildeo do Campo eacute analisado a partir do conceito de territoacuterio aqui definido como espaccedilo poliacutetico por excelecircncia campo de accedilatildeo e de poder onde se realizam determinadas relaccedilotildees sociais O conceito de territoacuterio eacute fundamental para compreender os enfrentamentos entre a agricultura camponesa e o agronegoacutecio jaacute que ambos projetam distintos territoacuterios (FERNANDES MOLINA 2003 p 1)

As palavras dos autores conceituam a Educaccedilatildeo do Campo como espaccedilo

eminentemente poliacutetico na relaccedilatildeo de accedilatildeo e de poder ou seja a Educaccedilatildeo do

Campo como ocorrecircncia do agir educacional e da relaccedilatildeo de poder que influencia o

26

agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do

aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo

A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de

Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada

e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo

multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a

reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo

Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo

Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que

A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)

Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos

trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo

do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do

campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do

Campo e da Escola do Campo

Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade

de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo

de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona

com sua vida no campo

Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus

sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em

que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do

campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo

reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de

Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na

valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos

27

Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa

temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que

contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-

brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo

isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os

professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos

problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola

A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a

igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de

reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e

ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional

Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada

com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de

Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser

trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica

28

CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA

21 Caracterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo

prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-

PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um

lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio

Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

Fonte Acervo pessoal 2018

Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal

nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural

desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio

municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em

Pedras de Fogo

29

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola

Infraestrutura

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados

A escola possui banheiro

Sim

Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais

A escola possui sala multifuncional

Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui biblioteca

Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola

A escola possui cozinha

Sim

A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees

A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica

Sim

O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores

A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias

Natildeo

A escola possui sala de leitura

Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula

A escola possui quadra de esportes

Natildeo

Fonte Proacutepria autora 2018

Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia

corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais

profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees

segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e

sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao

espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a

escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola

A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases

que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas

prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo

coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes

do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os

resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas

considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo

30

A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu

objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo

e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo

escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e

pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias

cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua

proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o

todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se

ao longo do crescimento e formaccedilatildeo

Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos

desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo

satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios

A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma

diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16

professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute

formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua

maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)

e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola

Aspectos Administrativos

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos

relacionados

A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar

Sim

Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola fornece materiais didaacuteticos aos

alunos

Sim

Eacute fornecido atraveacutes do MEC

A Escola possui associaccedilatildeo de alunos

Natildeo

A escola possui conselho escolar

Sim

Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade

A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar

Natildeo

Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola possui sala multifuncional

Sim

A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar

31

atendimento para alunos com dificuldades de

aprendizagem

A escola possui proposta de atendimento para

alunos com deficiecircncias

Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional

Fonte Proacutepria autora 2018

A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e

discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como

questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano

escolar

212 A relaccedilatildeo escola e comunidade

A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma

educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde

todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e

respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das

normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque

a comunidade existe

A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso

educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e

participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela

relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na

comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que

se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades

A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da

participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E

a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a

escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e

planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola

Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a

gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como

desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A

participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 24: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

26

agir docente e seus constituintes Nesse seu conceito os autores tambeacutem falam do

aspecto territorial para compreender accedilatildeo docente nessa educaccedilatildeo

A Educaccedilatildeo do Campo eacute um conceito recente que veio substituir o conceito de

Educaccedilatildeo Rural que por sua vez era visto como um conceito de educaccedilatildeo atrasada

e que natildeo correspondia agrave realidade da educaccedilatildeo do campo em sua dimensatildeo

multidisciplinar Ainda que trouxesse uma contribuiccedilatildeo bastante significativa para a

reflexatildeo da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo o conceito de Educaccedilatildeo

Rural foi restrito comparando a dimensatildeo da Educaccedilatildeo do Campo

Sobre seu aspecto histoacuterico Molina e Fernandes (2003) explicam que

A ideia de Educaccedilatildeo do Campo nasceu em julho de 1997 quando da realizaccedilatildeo do Encontro Nacional de Educadoras e Educadores da Reforma Agraacuteria ndash ENERA no campus da Universidade de Brasiacutelia - UnB promovido pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra ndash MST em parceria com a proacutepria UnB o Fundo das Naccedilotildees Unidas para a Infacircncia ndash UNICEF a Organizaccedilatildeo das Naccedilotildees Unidas para Educaccedilatildeo Ciecircncia e Cultura ndash UNESCO e a Conferecircncia Nacional dos Bispos do Brasil ndash CNBB (FERNANDES MOLINA 2003 p 11)

Portanto as experiecircncias dos movimentos sociais principalmente dos

trabalhadores trouxeram uma nova dimensatildeo para a ideia e o conceito de Educaccedilatildeo

do Campo estabelecendo uma interaccedilatildeo com as outras dimensotildees da vida do

campo O envolvimento de movimentos fez surgir agrave concepccedilatildeo de Educaccedilatildeo do

Campo e da Escola do Campo

Tanto a Educaccedilatildeo do Campo como a Escola do Campo surge da necessidade

de refletir sobre todos os constituintes que determinam a vida do homem no campo

de como eles se relacionam com a escola e ela por sua vez com a escola relaciona

com sua vida no campo

Haacute uma relaccedilatildeo profunda e significativa entre Educaccedilatildeo do Campo e seus

sujeitos Natildeo se pode pensar essa educaccedilatildeo do campo sem reconhecer o lugar em

que o sujeito estaacute inserido e do valor epistemoloacutegico que o representa A escola do

campo natildeo pode ser constituiacuteda de saberes baseados em curriacuteculo que natildeo

reconhece o campo como a fonte de conhecimento Por isso a concepccedilatildeo de

Educaccedilatildeo do Campo e Escola do Campo que contemplamos eacute baseada na

valorizaccedilatildeo e reconhecimento da dimensatildeo plural dos sujeitos envolvidos

27

Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa

temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que

contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-

brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo

isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os

professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos

problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola

A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a

igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de

reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e

ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional

Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada

com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de

Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser

trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica

28

CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA

21 Caracterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo

prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-

PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um

lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio

Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

Fonte Acervo pessoal 2018

Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal

nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural

desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio

municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em

Pedras de Fogo

29

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola

Infraestrutura

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados

A escola possui banheiro

Sim

Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais

A escola possui sala multifuncional

Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui biblioteca

Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola

A escola possui cozinha

Sim

A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees

A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica

Sim

O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores

A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias

Natildeo

A escola possui sala de leitura

Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula

A escola possui quadra de esportes

Natildeo

Fonte Proacutepria autora 2018

Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia

corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais

profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees

segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e

sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao

espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a

escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola

A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases

que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas

prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo

coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes

do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os

resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas

considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo

30

A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu

objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo

e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo

escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e

pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias

cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua

proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o

todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se

ao longo do crescimento e formaccedilatildeo

Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos

desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo

satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios

A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma

diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16

professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute

formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua

maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)

e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola

Aspectos Administrativos

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos

relacionados

A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar

Sim

Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola fornece materiais didaacuteticos aos

alunos

Sim

Eacute fornecido atraveacutes do MEC

A Escola possui associaccedilatildeo de alunos

Natildeo

A escola possui conselho escolar

Sim

Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade

A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar

Natildeo

Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola possui sala multifuncional

Sim

A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar

31

atendimento para alunos com dificuldades de

aprendizagem

A escola possui proposta de atendimento para

alunos com deficiecircncias

Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional

Fonte Proacutepria autora 2018

A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e

discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como

questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano

escolar

212 A relaccedilatildeo escola e comunidade

A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma

educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde

todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e

respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das

normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque

a comunidade existe

A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso

educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e

participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela

relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na

comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que

se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades

A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da

participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E

a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a

escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e

planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola

Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a

gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como

desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A

participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

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CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 25: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

27

Eacute sentido que o ensino da cultura afro-brasileira se relaciona com essa

temaacutetica Essa sua dimensatildeo materializa-se na construccedilatildeo de um curriacuteculo que

contemple a proposta epistemoloacutegica e pedagoacutegica de valorizaccedilatildeo da cultura afro-

brasileira Os professores da Educaccedilatildeo do Campo e da Escola do Campo natildeo estatildeo

isentos de sofrer os mesmos problemas em relaccedilatildeo a essa temaacutetica que os

professores das escolas rurais Em sua maioria ambos sofrem os mesmos

problemas Natildeo estatildeo preparados para lhe dar com essa problemaacutetica na escola

A rede de ensino em geral preciso rever essa questatildeo a fim de promover a

igualdade e o respeito agrave diversidade etino-racial Do contraacuterio corremos o risco de

reproduzir os preconceitos que os negros sofrem desde sua chegada ao Brasil e

ainda os ignoramos como senatildeo fosse um problema educacional

Assim seguir seraacute apresentado um capiacutetulo de anaacutelise da dados realizada

com os professores da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de

Medeiros em que demostra em seus resultados o quanto esse temaacutetica precisa ser

trabalho na escola em sua proposta curricular e metodoloacutegica

28

CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA

21 Caracterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo

prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-

PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um

lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio

Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

Fonte Acervo pessoal 2018

Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal

nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural

desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio

municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em

Pedras de Fogo

29

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola

Infraestrutura

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados

A escola possui banheiro

Sim

Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais

A escola possui sala multifuncional

Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui biblioteca

Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola

A escola possui cozinha

Sim

A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees

A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica

Sim

O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores

A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias

Natildeo

A escola possui sala de leitura

Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula

A escola possui quadra de esportes

Natildeo

Fonte Proacutepria autora 2018

Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia

corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais

profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees

segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e

sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao

espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a

escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola

A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases

que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas

prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo

coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes

do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os

resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas

considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo

30

A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu

objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo

e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo

escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e

pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias

cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua

proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o

todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se

ao longo do crescimento e formaccedilatildeo

Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos

desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo

satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios

A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma

diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16

professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute

formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua

maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)

e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola

Aspectos Administrativos

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos

relacionados

A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar

Sim

Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola fornece materiais didaacuteticos aos

alunos

Sim

Eacute fornecido atraveacutes do MEC

A Escola possui associaccedilatildeo de alunos

Natildeo

A escola possui conselho escolar

Sim

Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade

A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar

Natildeo

Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola possui sala multifuncional

Sim

A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar

31

atendimento para alunos com dificuldades de

aprendizagem

A escola possui proposta de atendimento para

alunos com deficiecircncias

Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional

Fonte Proacutepria autora 2018

A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e

discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como

questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano

escolar

212 A relaccedilatildeo escola e comunidade

A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma

educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde

todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e

respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das

normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque

a comunidade existe

A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso

educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e

participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela

relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na

comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que

se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades

A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da

participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E

a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a

escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e

planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola

Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a

gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como

desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A

participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 26: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

28

CAPIacuteTULO II APLICACcedilAtildeO E ANAacuteLISE DOS DADOS DA PESQUISA

21 Caracterizaccedilatildeo da Escola

A Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

situada na rua 1ordm de maio em Pedras De Fogo Fundada no ano de 1985 pelo

prefeito Luiacutes Francisco de Vasconcelos pertence ao municiacutepio de Pedras de Fogo-

PB Abaixo estaacute registrada a imagem da escola que nesse momento estaacute em um

lugar provisoacuterio cedido pelo Instituo Federal da Paraiacuteba ao municiacutepio

Figura 01 - Escola municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros

Fonte Acervo pessoal 2018

Segundo o PPP (2018) a escola foi assim denominada atraveacutes da lei municipal

nordm 43884 em homenagem agrave senhorita Dulcinete Nunes de Medeiros Era natural

desta cidade nascida aos 24 de setembro de 1929 Cursou pedagoacutegico no coleacutegio

municipal de Itambeacute chegando a lecionar na Escola Comercial Joatildeo Uacutersulo em

Pedras de Fogo

29

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola

Infraestrutura

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados

A escola possui banheiro

Sim

Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais

A escola possui sala multifuncional

Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui biblioteca

Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola

A escola possui cozinha

Sim

A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees

A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica

Sim

O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores

A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias

Natildeo

A escola possui sala de leitura

Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula

A escola possui quadra de esportes

Natildeo

Fonte Proacutepria autora 2018

Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia

corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais

profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees

segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e

sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao

espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a

escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola

A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases

que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas

prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo

coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes

do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os

resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas

considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo

30

A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu

objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo

e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo

escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e

pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias

cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua

proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o

todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se

ao longo do crescimento e formaccedilatildeo

Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos

desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo

satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios

A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma

diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16

professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute

formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua

maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)

e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola

Aspectos Administrativos

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos

relacionados

A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar

Sim

Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola fornece materiais didaacuteticos aos

alunos

Sim

Eacute fornecido atraveacutes do MEC

A Escola possui associaccedilatildeo de alunos

Natildeo

A escola possui conselho escolar

Sim

Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade

A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar

Natildeo

Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola possui sala multifuncional

Sim

A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar

31

atendimento para alunos com dificuldades de

aprendizagem

A escola possui proposta de atendimento para

alunos com deficiecircncias

Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional

Fonte Proacutepria autora 2018

A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e

discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como

questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano

escolar

212 A relaccedilatildeo escola e comunidade

A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma

educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde

todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e

respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das

normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque

a comunidade existe

A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso

educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e

participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela

relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na

comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que

se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades

A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da

participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E

a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a

escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e

planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola

Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a

gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como

desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A

participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 27: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

29

Quadro 01 - Aspectos fiacutesicos da Escola

Infraestrutura

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos relacionados

A escola possui banheiro

Sim

Encontra-se em boas condiccedilotildees tecircm 03 funcionaacuterios puacuteblicos 01 masculino 01 feminino 01 para portadores com necessidades especiais

A escola possui sala multifuncional

Sim Adequada para o desenvolvimento das atividades com professora com especializaccedilatildeo na aacuterea que disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui biblioteca

Sim A biblioteca encontra-se em boas condiccedilotildees pois o espaccedilo e dividido com a sala de viacutedeo e sala dos professores devidos falta de sala da escola

A escola possui cozinha

Sim

A cozinha estaacute em boas condiccedilotildees

A escola possui laboratoacuterio de informaacutetica

Sim

O laboratoacuterio de informaacutetica estaacute em boas condiccedilotildees contendo 17 computadores

A escola possui laboratoacuterio de ciecircncias

Natildeo

A escola possui sala de leitura

Natildeo As leituras satildeo feitas dentro da sala de aula

A escola possui quadra de esportes

Natildeo

Fonte Proacutepria autora 2018

Os aspectos particulares dizem respeito ao docente sua experiecircncia

corporeidade formaccedilatildeo condiccedilotildees de trabalho e escolhas profissionais aos demais

profissionais da escola suas experiecircncias e formaccedilatildeo e tambeacutem suas accedilotildees

segundo o posto profissional que ocupam ao discente sua idade corporeidade e

sua condiccedilatildeo sociocultural ao curriacuteculo ao projeto poliacutetico-pedagoacutegico da escola ao

espaccedilo escolar suas condiccedilotildees materiais e organizaccedilatildeo e a comunidade em que a

escola estaacute inserida e agraves condiccedilotildees de localizaccedilatildeo

211 Aspectos pedagoacutegicos da escola

A abordagem pedagoacutegica analisa compreende e aplica os princiacutepios e bases

que norteiam a accedilatildeo pedagoacutegica cotidiana auxiliando a escola a definir suas

prioridades e estrateacutegias convertendo-as em metas educacionais e decidindo

coletivamente os procedimentos para alcanccedilar uma educaccedilatildeo de qualidade atraveacutes

do processo ensino-aprendizagem e de uma avaliaccedilatildeo continuo e eficaz onde os

resultados deveratildeo sempre ser reavaliados e as deficiecircncias retrabalhadas

considerando ainda valores eacuteticos e sociais indispensaacuteveis agrave formaccedilatildeo do cidadatildeo

30

A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu

objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo

e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo

escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e

pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias

cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua

proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o

todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se

ao longo do crescimento e formaccedilatildeo

Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos

desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo

satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios

A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma

diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16

professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute

formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua

maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)

e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola

Aspectos Administrativos

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos

relacionados

A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar

Sim

Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola fornece materiais didaacuteticos aos

alunos

Sim

Eacute fornecido atraveacutes do MEC

A Escola possui associaccedilatildeo de alunos

Natildeo

A escola possui conselho escolar

Sim

Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade

A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar

Natildeo

Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola possui sala multifuncional

Sim

A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar

31

atendimento para alunos com dificuldades de

aprendizagem

A escola possui proposta de atendimento para

alunos com deficiecircncias

Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional

Fonte Proacutepria autora 2018

A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e

discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como

questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano

escolar

212 A relaccedilatildeo escola e comunidade

A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma

educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde

todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e

respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das

normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque

a comunidade existe

A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso

educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e

participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela

relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na

comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que

se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades

A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da

participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E

a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a

escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e

planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola

Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a

gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como

desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A

participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 28: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

30

A proposta metodoloacutegica da escola estaacute baseada na soacutecio-construtivista Seu

objetivo eacute levar a crianccedila a explorar e descobrir todas as possibilidades do seu corpo

e mente na relaccedilatildeo com o ensino e aprendizagem de sua relaccedilatildeo com o espaccedilo

escolar e atraveacutes disso desenvolver sua capacidade de observar descobrir e

pensar As atividades satildeo programadas e organizadas a partir das competecircncias

cognitivas dos alunos e do reconhecimento do que eles conhecem previamente Sua

proposta pedagoacutegica tem como finalidade o desenvolvimento do educando como o

todo desenvolvida a partir das fases cognitivas que a crianccedila vai desenvolvendo-se

ao longo do crescimento e formaccedilatildeo

Os princiacutepios eacutetnico-culturais natildeo estavam explicitados no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico (PPP) poreacutem estatildeo presentes atraveacutes de projetos pedagoacutegicos

desenvolvidos na escola ao longo do ano letivo Quem participa de sua elaboraccedilatildeo

satildeo professores alunos pais de alunos e funcionaacuterios

A escola possui 439 alunos divididos nos turnos manhatilde e tarde possui uma

diretora uma vice-diretora uma digitadora 4 coordenadoras 7 secretaacuterias 16

professoras 11 monitoras 9 auxiliares de serviccedilos gerais O corpo de professores eacute

formado por um grupo de profissionais graduados e especializados e que em sua

maioria cursaram o Programa de Formaccedilatildeo de Professores Alfabetizados (PROFA)

e aqueles que chegam agrave escola sem tecirc-lo cursado eacute estimulado a cursaacute-lo

Quadro 02 - Aspectos Administrativos da Escola

Aspectos Administrativos

SimNatildeo

CondiccedilotildeesObservaccedilotildees e outros aspectos

relacionados

A escola oferece alimentaccedilatildeo escolar

Sim

Eacute fornecida atraveacutes da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola fornece materiais didaacuteticos aos

alunos

Sim

Eacute fornecido atraveacutes do MEC

A Escola possui associaccedilatildeo de alunos

Natildeo

A escola possui conselho escolar

Sim

Satildeo representantes de professores representante de pai representante de aluno e representante da comunidade

A escola possui eleiccedilatildeo para gestor escolar

Natildeo

Por2 que eacute por indicaccedilatildeo da Secretaacuteria de Educaccedilatildeo

A escola possui sala multifuncional

Sim

A sala eacute bem estruturada e a professora tem especializaccedilatildeo na aacuterea e se disponibiliza de uma hora para cada aluno

A escola possui Sim Atraveacutes do reforccedilo escolar

31

atendimento para alunos com dificuldades de

aprendizagem

A escola possui proposta de atendimento para

alunos com deficiecircncias

Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional

Fonte Proacutepria autora 2018

A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e

discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como

questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano

escolar

212 A relaccedilatildeo escola e comunidade

A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma

educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde

todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e

respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das

normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque

a comunidade existe

A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso

educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e

participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela

relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na

comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que

se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades

A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da

participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E

a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a

escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e

planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola

Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a

gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como

desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A

participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 29: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

31

atendimento para alunos com dificuldades de

aprendizagem

A escola possui proposta de atendimento para

alunos com deficiecircncias

Sim Atraveacutes de monitoras na sala de aula e o apoio da sala multifuncional

Fonte Proacutepria autora 2018

A escola proporciona regularmente aos professores estudos dirigidos e

discussotildees temaacuteticas relativas ao processo de ensino- aprendizagem como

questotildees diretamente ligadas as situaccedilotildees-problemas que surgem no cotidiano

escolar

212 A relaccedilatildeo escola e comunidade

A participaccedilatildeo da comunidade eacute fundamental na construccedilatildeo de uma

educaccedilatildeo democraacutetica A escola deve se transformar em um espaccedilo puacuteblico onde

todos tenham possibilidade expor opiniotildees e sobretudo serem acolhidas e

respeitadas em suas diferenccedilas Todos devem estar envolvidos na elaboraccedilatildeo das

normas disciplinares organizaccedilatildeo e planejamento da escola A escola existe porque

a comunidade existe

A participaccedilatildeo da comunidade eacute um componente essencial para o sucesso

educativo porque a educaccedilatildeo natildeo se realiza eficazmente sem a valorizaccedilatildeo e

participaccedilatildeo da comunidade O processo de ensino e aprendizado ocorre pela

relaccedilatildeo da escola com a comunidade Para isso a escola deve reconhecer na

comunidade sua importacircncia e realidade para a vida escolar Eacute na comunidade que

se encontra os alunos e levam para a escola todas suas vivecircncias e realidades

A participaccedilatildeo da populaccedilatildeo na escola soacute surtiraacute efeitos a partir da

participaccedilatildeo de pais e responsaacuteveis pelos alunos oferecendo ocasiotildees de diaacutelogo E

a direccedilatildeo deve estar consciente de que para a abertura dos portotildees e muros a

escola deve estar consciente e predisposta a mudanccedilas no gerenciamento e

planejamento da escola e assim gerar participaccedilatildeo da comunidade na escola

Como forma de efetivaccedilatildeo da participaccedilatildeo da comunidade na escola a

gestatildeo com seu corpo docente realizam reuniotildees com os pais assim como

desenvolvem atividades e eventos que traz a comunidade para dentro da escola A

participaccedilatildeo dos pais na escola eacute bastante assiacutedua e contribui bastante nas accedilotildees

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

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REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

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APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 30: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

32

pedagoacutegica da escola Observa-se que os pais participam das atividades que a

escola desenvolve para eles como tambeacutem contribuem para a construccedilatildeo das

accedilotildees pedagoacutegicas atraveacutes de reuniotildees de pais e mestres

22 A Perspectiva Docente sobre o Preconceito Racial

Esse trabalho sobre a perspectiva docente em relaccedilatildeo aos preconceitos

raciais na escola proporcionou resultados bastante reveladores sobre o tema

apresentado Isso revela o quanto foi importante essa pesquisa e ainda como esse

tema precisa ser trabalho nas escolas de ensino fundamental aos iniciais

Quanto ao perfil docente o puacuteblico alvo foram trecircs professoras e os resultados

demonstraram que essa foi uma amostra satisfatoacuteria uma vez que satildeo 16

professoras que lecionam na escola o que representa 1875 na relaccedilatildeo

populaccedilatildeo-amostra e portanto atende ao proposto na anaacutelise temaacutetica numa

perspectiva de pesquisa qualitativa Quanto ao gecircnero todas se identificaram como

sendo do sexo feminino e de procedecircncia geograacutefica urbana Jaacute com relaccedilatildeo agrave etnia

segue o graacutefico demonstrativo da auto declaraccedilatildeo das entrevistadas

Graacutefico 01 - Etnia Das Docentes Entrevistadas

Fonte Dados coletados pela pesquisadora no periacuteodo de maio de 2018

Como percebemos cada entrevistada afirmou ter um tipo de pertencimento

racial diferenciado Jaacute com relaccedilatildeo ao item da faixa etaacuteria os dados demonstraram

que duas delas (Professora A e professora C) estatildeo na faixa etaacuteria entre 31 e 40

Branca33

Negra33

Parda33

Amarela (asiaacutetica)

0

Indiacutegena0

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

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REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

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MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

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APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 31: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

33

anos e a professora B estaacute na faixa entre 41 e 55 anos Podemos portanto afirmar

que satildeo pessoas adultas em pleno exerciacutecio profissional

Quanto a sua Formaccedilatildeo Superior todas relataram terem curso superior com

especializaccedilatildeo Sendo que a professora A eacute formada em Letras Vernaacuteculas e

Claacutessicas jaacute a professora B natildeo respondeu esse item e a professora C eacute licenciada

em Histoacuteria

Quanto ao estudo dos conteuacutedos eacutetnico-raciais 100 (cem por cento) dos

professores disseram ter estudado e conhecimento sobre a temaacutetica em sua

formaccedilatildeo docente E conforme o quadro 03 observamos suas respostas para

proceder nossas anaacutelises

Quadro 03 - O entendimento sobre os conteuacutedos eacutetnico- racial e sobre preconceito racial

Fonte Proacutepria autora 2018

A fala das professoras A B e C representa uma narrativa sobre um entendimento

apropriado na apreensatildeo do debate sobre o preconceito racial Destaca-se que elas

entendem que o racismo pode decorrer pelo fato de quem sofre o preconceito racial quer

seja pela cor da pele ou outros atributos e ateacute mesmo ldquochingamentosrdquo ldquoagressotildees

psicoloacutegicasrdquo ou ldquojulgamentos antecipadosrdquo

Na proacutexima questatildeo seraacute abordada se as depoentes jaacute haviam presenciado algum

tipo de preconceito racial conforme estaacute apresentado no quadro 04

Quadro 04 - Jaacute presenciou preconceito racial na sala de aula

Professora A

ldquoSatildeo todas as formas de menosprezar o outro por causa da sua etnia seja atraveacutes de chingamentos distanciamentos palavras gestos ou atitudes que desvalorizam uma etnia em seus aspectos fiacutesicos usos costumes etcrdquo

Professora B

ldquoEacute uma forma de agressatildeo emocional e psicoloacutegica ocasionada pelo julgamento da cor cabelo raccedila etcrdquo

Professora C

ldquoEntendo se tratar de uma soma de atitudes impensadas Tais como julgamentos antecipados desconhecimento do assunto e uma falta de vontade de entender e respeitar o outrordquo

Professora A

ldquoUm jovem disse ao outro de forma muito natural que ele gostava de tomar banho para natildeo ficar ldquofedendo a negrordquo Aconteceram outros fatos esse foi um dos que mais marcourdquo

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 32: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

34

Fonte Idem

Reconhecemos em todas as falas (A B e C) que as docentes jaacute presenciaram

cenas de preconceito racial Sendo que a professora A trouxe um fato que o

preconceito jaacute tomava forma de estereoacutetipos pois quem relaciona a expressatildeo

ldquofedendo a negrordquo estaacute internalizando o preconceito que jaacute vem de vaacuterias geraccedilotildees

Jaacute a professora B em seu relato evidenciou um ato de preconceito que poderia

levar a um processo de discriminaccedilatildeo na sala de aula E por fim a professora C cita

que inuacutemeros fatos ocorridos de preconceitos foram identificados o que condiz com

um cotidiano repleto de reproduccedilatildeo do preconceito na sala de aula

Dessa forma uma escola que vivencia o preconceito na perspectiva docente

precisa planejar accedilotildees e envolver-se em uma estrateacutegia para superar o preconceito

na escola E um desses recursos passa pela anaacutelise dos materiais sendo o livro

didaacutetico um dos mais precisos No quadro 05 apresentamos o entendimento das

professoras a seu respeito

Quadro 05 - Preconceito racial em livros didaacuteticos

Fonte Idem

Professora B

ldquoUm adolescente natildeo querendo aceitar uma colega no seu grupo de trabalhordquo

Professora C ldquoPor diversas vezes de alunos que diante dos discursos que houve em seu meio Denegrir e ridicularizar as caracteriacutesticas de outra crianccedila negra como a sua cor seu cabelo atribuindo apelidosrdquo

Professora A

ldquoSempre mais de uma vez por ano costumo trabalhar atraveacutes de debates leitura de historias e demais textos que valorizam principalmente a cultura afro ndash brasileira e indiacutegena filmes produccedilatildeo de cartazes redaccedilotildeesrdquo

Professora B ldquoTextos de linguagem verbal e natildeo ndash verbal onde as personagens de cunho serviccedilal e escravista satildeo sempre negrosrdquo

Professora C ldquoSim diariamente trabalho e convivo com crianccedilas de camadas populares e de um poder aquisitivo maior e percebo que o preconceito esta em todas as esferas da sociedade brasileira Diante desta realidade presencio este preconceito se manifestar como professora estou e estarei de prontidatildeo para combater e barrar estas manifestaccedilotildees negativas como o bullying Anualmente no mecircs de novembro intensifico o trabalho de conscientizaccedilatildeo com trabalhos debates projetos e muitas atividades no mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto voltado para o empoderamento de meninas com cabelos cacheadosrdquo

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 33: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

35

As respostas das professoras A e B foram diretamente ao ponto questionado

Sendo que a professora A recorre haacute vaacuterios recursos para evitar o uso dos livros

didaacuteticos quando trazem em sua organizaccedilatildeo o racista A professora B deixa

evidente que tanto na ldquolinguagem verbalrdquo quanto na ldquolinguagem natildeo-verbalrdquo o

preconceito racial eacute niacutetido nos livros didaacuteticos E a professora C falou de vaacuterias

accedilotildees mas natildeo fez relaccedilatildeo com o livro didaacutetico

Ao indagarmos sobre a existecircncia dessa temaacutetica no Projeto Poliacutetico

Pedagoacutegico da escola elas responderam que haacute a presenccedila de conteuacutedos que

contemple essa temaacutetica e que tambeacutem suas ideias satildeo contempladas no Projeto

Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola

Quadro 06 - A temaacutetica dentro do Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico na Escola

Fonte idem

Considera-se bastante importante que esse tema esteja contemplado no

Projeto Poliacutetico Pedagoacutegico (PPP) da escola Ele representa um importante

documento que articula marcos conceitual e operacional E em se tratando dessa

temaacutetica proporciona um trabalho coletivo que deve ser construiacutedo pela escola em

conjunto com a comunidade como bem frisou a professora C ldquo[] a construccedilatildeo de

uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que

ela se conheccedilardquo

Dessa forma as docentes sentem agrave vontade para dizer da importacircncia desse

tema na escola Para isto tambeacutem deram sua contribuiccedilatildeo como mostraraacute o quadro

a seguir a respeito da importacircncia dessa temaacutetica Vejamos o quadro 07

Professora

A

Sim Tanto ele estaacute presente no PPP quanto no Projeto de Intervenccedilatildeo Pedagoacutegica ldquoA cor da Culturardquo

Professora B

Sim trabalhamos com um projeto de valores humanos no qual enfatizamos o respeito amizade solidariedade uniatildeo humildade etc valores necessaacuterios para formaccedilatildeo de um cidadatildeo justo e responsaacutevel

Professora C

Sim com certeza Nele estaacute contida a implantaccedilatildeo da histoacuteria e cultura afro ndash brasileira a ser vivenciada em suas salas de aula para a construccedilatildeo de uma sociedade que preze pela liberdade civilidade e se respeite ao passo em que ela se conheccedila

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Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

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CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

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REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

41

MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 34: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

36

Quadro 07 - Importacircncia da temaacutetica sobre o preconceito racial na escola

Fonte Idem

A professora A contempla em sua fala o entendimento sobre a formaccedilatildeo do

preconceito racial em suas diferentes formas quer seja explicita ou velada

Destaca-se na fala da professora B sua preocupaccedilatildeo em relaccedilatildeo agrave formaccedilatildeo da

crianccedila partindo de valores humanos e do respeito agraves diversidades culturais E no

prosseguimento a professora C realizou uma siacutentese pedagoacutegica sobre a

importacircncia da temaacutetica nos aspectos dialoacutegicos na formaccedilatildeo docente e a sua

identidade ldquo[]noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal

temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias []rdquo Por isso realizamos um

respeitaacutevel diaacutelogo com essas professoras no qual aprendemos bastante

No quadro 08 sistematizamos as atividades desenvolvidas na Semana da

Consciecircncia Negra nessa perspectiva docente

Quadro 08 - Atividades da Semana da Consciecircncia Negra

Professora A

ldquoSim Pois precisamos divulgar o respeito mutuo e lutarmos contra o preconceito tanto o explicito quanto o velado dando assim a oportunidade agraves pessoas das mais diversas etnias de se aceitarem e se sentirem felizesrdquo

Professora B

ldquoSim muito importante formar na crianccedila os valores humanos como respeito ao proacuteximo e valorizaccedilatildeo pessoal independente de cor raccedila ou religiatildeordquo

Professora C

ldquoEla eacute fundamental Diante da realidade que vivemos de preconceitos intoleracircncias e total desrespeito em relaccedilatildeo ao outro noacutes como educadores temos que abraccedilar e lutar pela causa afinal temos um histoacuterico de descendecircncia nas nossas veias Devemos diariamente valorizar nossos afro ndash descendentes eles fazem parte da maioria da populaccedilatildeo brasileira e todo o nosso passado e presente social e cultural tem o tom do negrordquo

Professora A

ldquoNunca deixo esta semana passar em branco nas escolas em que trabalho sempre procuro mobilizar alunos e equipe de trabalho para realizarmos diversas accedilotildeesrdquo

Professora B ldquoPalestras e apresentaccedilotildees culturais relativas ao temardquo

Professora C ldquoNa verdade eu trabalho o mecircs da consciecircncia negra Tenho um projeto de empoderamento dos cabelos crespos e cacheados das meninas e meninos das escolas que trabalho com palestra debates

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

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MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

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APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 35: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

37

Fonte Idem

Observamos que existem muacuteltiplas formas de realizar uma Semana da

Consciecircncia Negra na escola e que nessa apreensatildeo as educadoras A B e C satildeo

construtoras de praacuteticas educativas para o combate ao preconceito racial e

desenvolvem diferentes atividades culturais mobilizadoras no entorno da

comunidade escolar

Aleacutem dessas respostas em nosso diaacutelogo com as entrevistadas observou-se

que a professora C eacute a mais experiente entre as entrevistadas na interpretaccedilatildeo

sobre o preconceito racial E aleacutem disso as docentes entrevistadas satildeo exemplos

sem exceccedilatildeo de educadoras comprometidas e atuantes no combate ao preconceito

racial

danccedilas musicas desfile dia da beleza etc eacute um mecircs que mim envolvo diretamenterdquo

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

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REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

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MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 36: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

38

CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

Atraveacutes deste estudo realizado como Trabalho de Conclusatildeo de Curso e

vivenciado no campo de estaacutegio destacam-se algumas inferecircncias importantes

apreendidas no seu desenvolvimento dentre elas a ideia de que a formaccedilatildeo cultural

brasileira se caracteriza em uma composiccedilatildeo de diferentes etnias e culturas e que

tal estudo eacute complexo pela sua diversidade

Nesse sentido a escola como uma instituiccedilatildeo plural deve estaacute receptiva e

responsaacutevel pela mudanccedila de paradigmas e de ideias preacute-concebidas vinda das

mais diferentes representaccedilotildees sociais na busca do respeito a essas diversidades

para que seja um espaccedilo inclusivo e isso se configura um grande desafio para

educaccedilatildeo

Esse desafio natildeo eacute faacutecil considerando os valores enraizados de uma

sociedade excludente que costuma ignorar aqueles que satildeo exceccedilatildeo no contexto

educacional Nesse sentido o espaccedilo escolar deve caracteriza-se indiscutivelmente

privilegiado onde o distanciamento do racismo e do preconceito racial soacute eacute possiacutevel

mediante praacuteticas pedagoacutegicas inclusivas que possibilitem a autoria e

ressignificaccedilatildeo da histoacuteria e do seu sujeito atuante Nessa direccedilatildeo entende-se que

somos uma naccedilatildeo multirracial e que a valorizaccedilatildeo do nosso acervo histoacuterico

possibilita a construccedilatildeo e permanecircncia de uma memoacuteria plural

Com efeito as lutas e as accedilotildees auto afirmativas dos afrodescendentes por

liberdade e igualdade de diretos jaacute justificam a abordagem das raiacutezes culturais

africanas que contribuiacuteram para o processo da civilizaccedilatildeo brasileira Conforme visto

na Lei 106392003 que altera a lei 939496 ndash Lei de Diretrizes e Bases da

Educaccedilatildeo Nacional em um de seus artigos eacute obrigatoacuterio o ensino de histoacuteria e

cultura afro-brasileira e africana na Educaccedilatildeo Baacutesica

Em nossa pesquisa de campo pudemos perceber que a perspectiva docente

da Escola Municipal de Ensino Fundamental Dulcinete Nunes de Medeiros estaacute

consciente sensibilizada e possui uma identidade com a temaacutetica mas ainda falta

uma atenccedilatildeo para com este tema no combate ao preconceito e a superaccedilatildeo do

mesmo no cotidiano educacional

Contudo os dados colhidos e analisados viabilizaram o desenvolvimento da

pesquisa de forma satisfatoacuteria identificando na perspectiva docente a existecircncia do

preconceito racial no espaccedilo escolar No entanto tal problema deveria ser

39

trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

40

REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

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MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

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APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 37: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

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trabalhado pelos docentes tanto na sala de aula como em todo espaccedilo escolar natildeo

soacute na semana da consciecircncia negra mas durante o ano todo

Ainda assim percebe-se a existecircncia de avanccedilos ou pelo menos uma

preocupaccedilatildeo com as diversas formas da existecircncia humana em que a perspectiva

docente tem apontado a preocupaccedilatildeo sobre sua praacutetica pedagoacutegica no sentido de

transmitir seus conteuacutedos em sala de forma consciente e em respeito agrave diversidade

eacutetnica e cultural do Brasil visando agrave construccedilatildeo de uma sociedade verdadeiramente

igualitaacuteria

Sem sombra de duacutevida a pesquisa demostra resultado bastante positivo na

docecircncia da escola mencionada em relaccedilatildeo ao desenvolvimento e o trabalho da

proposta temaacutetica na escola bem como tambeacutem haacute uma necessidade urgente de

estender esse trabalho para a rede de ensino do municiacutepio Pois a maneira como lhe

tratamos essa temaacutetica na escola refletem-se os comportamentos dos indiviacuteduos na

escola e possivelmente na sociedade Amplitude dessa temaacutetica natildeo somente

reconhecer seu valor no espaccedilo escolar como tambeacutem possibilita o reconhecimento

dos aspectos poliacuteticos histoacutericos e culturais dos afrodescendentes

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REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

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MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

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APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

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Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 38: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

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REFEREcircNCIAS

ALMEIDA Marco Antonio Bettine de SANCHEZ Livia Pizaur Implementaccedilatildeo da Lei 106392003 ndash competecircncias habilidades e pesquisas para a transformaccedilatildeo social Disponiacutevel em lthttpwwwscielobrpdfppv28n11980-6248-pp-28-01-00055pdfgt Acesso em 0203 2018 BRASIL Lei nordm 939496 de 9 de janeiro de 2003 Altera a Lei nordm 9 394 de 20 de dezembro de 1996 Diaacuterio Oficial da Uniatildeo Poder Executivo Brasiacutelia Disponiacutevel em lthttpwwwplanaltogovbrccivil_03leis2003l10639htmgt Acesso em 03032018 BRASIL Paracircmetros Curriculares Nacionais (PCNs) Ensino Fundamental Brasiacutelia MEC 1998 Disponiacutevel em lthttpportalmecgovbrmerenda-escolar195-secretarias-112877938seb-educacao-basica-200704899712598-publicacoes-sp-265002211gt Acesso em 10042018 BRASIL Instituto Brasileiro de Geografia e Estatiacutestica (IBGE) Conteuacutedo Histoacuterico Brasil ndash 500 anos de povoamento 2010 Disponiacutevel em lthttpwwwibgegovbrbrasil500index2htmlgt Acesso em 04032018 BRASIL Ministeacuterio da Educaccedilatildeo Secretaria da Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizaccedilatildeo e Diversidade Orientaccedilotildees e Accedilotildees para Educaccedilatildeo das Relaccedilotildees Eacutetnico-Raciais Brasiacutelia SECAD 2006 Disponiacutevel em

lthttpportalmecgovbrdmdocumentsorientacoes_etnicoraciaispdfgt Acesso em 10042018 BRASIL Diretrizes Operacionais da Educaccedilatildeo do Campo ________ CNECP Nordm 1 2002 In Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formaccedilatildeo de Professores da Educaccedilatildeo Baacutesica Resoluccedilatildeo CNECP Nordm 1 de 18 de Fevereiro de 2002

CAVALLEIRO Eliane Do silencio do Lar ao Silencio Escolar Racismo Preconceito discriminaccedilatildeo na educaccedilatildeo infantil 2 eds Satildeo Paulo contexto 2003 FERNANDES Bernardo MOLINA Mocircnica Castanho O campo da educaccedilatildeo do campo Disponiacutevel em lthttpwww2fctunespbrnerapublicacoesArtigoMonicaBernardoEC5pdfgt Acesso em 10042018 GOMES Nilma Lino Educaccedilatildeo e Relaccedilotildees Raciais refletindo sobre algumas estrateacutegias de atuaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 03032018 GONCcedilALVES Juliana O que afasta as crianccedilas e adolescentes negros da escola Portal Geledes 2014 Disponiacutevel em lthttpswwwgeledesorgbro-que-afasta-criancas-e-adolescentes-negros-da-escolagt Acesso em 0404 2018 LOPES Vera Neusa Racismo Preconceito e Discriminaccedilatildeo In Superando o racismo na escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso em 0203 2018

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MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

42

APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 39: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

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MENDES Iba A origem do ldquoPreconceitordquo In Portal Etimologista 2010 Disponiacutevel em lthttpetimologiacom2010origem-do-preconceitohtmlgt Acesso em 07032018 MUNANGA Kabengele Superando o Racismo na Escola Secretaria de Educaccedilatildeo Continuada Alfabetizada e Diversidade 2005 Disponiacutevel em lthttpetnicoracialmecgovbr2013-03-06-18-02-36gt Acesso 02032018

PARO Vitor Henrique Pontos criacuteticos da proposta [da Escola em Tempo Integral] In CADEMARTORI Ligia (Org) O desafio da escola baacutesica qualidade e equidade Brasiacutelia IPEA 1991 Disponiacutevel em lthttpswwwpasseidiretocomarquivo20573773alencar-livro-2---gestao-educacional---praticas-reflexivas-e-proposiccedilotildeespdf35gt Acesso em 15042018 VERCcedilOSA Alzenite de Arauacutejo Racimo na escola o silecircncio fala mais alto Ouro Preto 2012 Disponiacutevel em lthttpwwwamdeufopbrtccsXapuriXapuri20-20Alzenite20Vercosapdfgt Acesso em 05032018 QUEIROacuteZ Suely Robles Reis de Escravidatildeo negra em debate In FREITAS Marcos Cezar (Org) Historiografia brasileira em perspectiva Satildeo Paulo Contexto 1998 SILVA Ana Celia Da A desconstruccedilatildeo da discriminaccedilatildeo no livro didaacutetico In MUNANGA Kabengele (orgs) Superando o racismo na escola 2 eds Revisada SILVA FILHO Joseacute Barbosa da Histoacuteria do Negro no Brasil Cadernos Penesb v 7 p 102-134 2006

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APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 40: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

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APEcircNDICE

UNIVERSIDADE FEDERAL DA PARAIacuteBA - UFPB

CENTRO DE EDUCACcedilAtildeO - CAMPUS I

CURSO DE PEDAGOGIA

AacuteREA DE APROFUNDAMENTO EM EDUCACcedilAtildeO DO CAMPO

QUESTIONAacuteRIO

Caro professora este instrumento faz parte de um processo de pesquisa e tem

como objetivo coletar dados e realizar anaacutelise das informaccedilotildees visando contribuir

para construccedilatildeo do nosso Trabalho de Conclusatildeo de Curso (TCC) Desde jaacute

agradecemos a sua colaboraccedilatildeo Salientamos ainda que as informaccedilotildees aqui

prestadas natildeo seratildeo reveladas para outro fim que natildeo seja o da pesquisa

cientiacutefica e que o seu nome natildeo seraacute revelado conforma a norma eacutetica 136 da

legislaccedilatildeo vigente do Conselho de Eacutetica de nossa instituiccedilatildeo

1ordf PARTE ndash PERFIL DO DOCENTE

GEcircNERO

Sexo ( ) Masculino ( ) Feminino

PROCEDEcircNCIA GEOGRAacuteFICA

Origem ( ) Urbana ( ) RuralCamponesa

RACcedilAETNIA

( ) Branca ( ) Negra ( ) Parda ( ) Amarela (asiaacutetica) ( ) Indiacutegena

FAIXA ETAacuteRIA

( ) Menos de 20 anos ( ) Entre 31 e 40 anos

( ) Entre 20 e 30 anos ( ) Entre 41 e 55 anos

( ) Mais de 55 anos

QUAL A SUA FORMACcedilAtildeO ESCOLAR

( ) Meacutedio incompleto ( ) Superior completo com especializaccedilatildeo

( ) Meacutedio completo ( ) Superior completo com mestrado

( ) Superior em andamento ( ) Superior completo com doutorado

( ) Superior completo ( ) Outro

SE ESTAacute CURSANDO OU JAacute CONCLUIU UM CURSO SUPERIOR

RESPONDA QUAL (IS) CURSO(S) TERMINOU OU ESTAacute

TERMINANDO_________________________________________

QUANTO TEMPOEXPERIEcircNCIA EM ANOS DE ATIVIDADE DOCENTE VOCEcirc

POSSUI _________________________________________

2ordf Parte - QUESTOtildeES SOBRE A PESQUISA

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 41: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

43

1 Vocecirc jaacute estudou sobre os conteuacutedos de Educaccedilatildeo eacutetnicos raciais

( ) Sim ( ) Natildeo

2 Se sim o que vocecirc entende por preconceito racial

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

3 Jaacute presenciou algum tipo de preconceito racial na sala de aula

( ) Sim ( ) Natildeo

4 Se sim poderia relatar

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

5 Vocecirc jaacute notou algum conteuacutedo ou figuras contidas nos livros didaacuteticos

de cunho racista ou que sugira preconceito racial

( ) Sim ( ) Natildeo

6 Vocecirc trabalha ou jaacute trabalhou sobre o preconceito racial na sala de aula

Como

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

7 No Projeto Politico Pedagoacutegico da escola vocecirc identifica essa temaacutetica

___________________________________________________________________

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

8 Vocecirc achar importante trabalhar essa temaacutetica na escola Por quecirc

__________________________________________________________________

________________________________________________________________

9 Em relaccedilatildeo agrave Semana da Consciecircncia Negra de que forma vocecirc

participa das atividades

___________________________________________________________________

_________________________________________________________________

Termo de consentimento informado

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante

Page 42: GLAUCILEIDE NUNES DE MELO : a perspectiva docente em uma ... · Medeiros. Sua problematização emerge da tentativa de identificar e compreender, quais os possíveis fatores de preconceito

44

Eu_____________________________________________________________ RG

___________________ concordo em participar da pesquisa intitulada Preconceito

Racial na Escola a perspectiva docente em uma Escola Municipal do Ensino

Fundamental da cidade de Pedras de Fogo - PB parte integrante do Trabalho de

Conclusatildeo de Curso da aluna de PedagogiaEducaccedilatildeo do Campo GLAUCILEIDE

NUNES DE MELO Como depoente autorizo o uso dos dados do questionaacuterio

escrito

___________________________________________________ Assinatura do (a) participante