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GILMAR JOSÉ DO VALLE
A AUDITORIA INTERNA AMBIENTAL COMO MARKETING EMPRESARIAL NAS INDÚSTRIAS QUÍMICAS
Monografia apresentada ao Centro de Pós-Graduação Oswaldo Cruz como parte dos requisitos exigidos para conclusão do Curso de Gestão Ambiental
Orientador: Prof. Dr. Nelson César Fernando Bonetto
São Paulo - SP 2006
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SUMÁRIO
RESUMO ............................................................................................................... 6 1 INTRODUÇÃO E OBJETIVO ........................................................................ 7 2 FUNDAMENTOS DE AUDITORIAS INTERNAS DE SISTEMA
DE GESTÃO AMBIENTAL ............................................................................. 14 2.1 CAUSAS DE INSUCESSOS EM AUDITORIAS INTERNAS ....................... 16 2.1.1 Falta de conhecimento dos objetivos ........................................................... 18 2.1.2 Comunicação não clara do processo ........................................................... 18 2.1.3 Não conhecimento dos processos da organização ...................................... 19 2.1.4 Auditorias não baseadas em resultados e melhorias ................................. 20 2.1.5 Falta de competência para as novas funções e/ou desafios ....................... 22 2.1.6 Sucesso versus insucesso ............................................................................... 25 2.1.7 Enfoque no Marketing ................................................................................... 25
3 AUDITORIAS INTERNAS DE SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL .... 29 3.1 PLANEJAMENTO DE UMA AUDITORIA AMBIENTAL INTERNA .......... 31 3.1.1 Competência dos Auditores Internos ........................................................... 35 3.1.2 Avaliação da competência dos Auditores Internos ..................................... 39 3.1.3 Plano de Auditoria Ambiental ...................................................................... 40 3.2 REALIZAÇÃO DA AUDITORIA ..................................................................... 42 3.2.1 Reunião de Abertura ..................................................................................... 42 3.2.2 Execução da auditoria ................................................................................... 44 3.2.3 Análise dos Dados .......................................................................................... 50 3.2.4 Reunião de Encerramento ............................................................................ 51 4 CONCLUSÃO ..................................................................................................... 52 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .................................................................. 54
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À Maria, minha esposa querida e amiga, aos meus filhos, Rodrigo e Ricardo, à
mamãe Hilda, por sua sempre dedicação, à memória de papai João, por seu exemplo
de vida e pelo caráter que me proporcionou e a Deus, que tudo permitiu acontecer.
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LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABIQUIM Associação Brasileira das Indústrias Químicas
IAF International Accreditation Fórum
INMETRO Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial
ISO International Organization for Standardization
NBR Norma Brasileira
OCS Organismo de Certificação Ambiental
SGA Sistema de Gestão Ambiental
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RESUMO A auditoria ambiental, especificamente a interna, que é um processo sistemático,
independente e documentado para obter evidência e avaliá-la objetivamente para determinar a
extensão na qual os critérios de auditoria do sistema da gestão ambiental estabelecidos pela
organização são atendidos, tem sido bastante discutida como um processo que não agrega
valor e, contrariamente ao que dela se espera, tem sido encarada como um fator de custo e
perda de tempo nas organizações. Paralelamente a isso, tem sido causa de conflitos internos
entre os profissionais das organizações, que a associam como uma avaliação do desempenho
pessoal e do setor onde trabalham. O auditor interno ao se confrontar com essa realidade, ou
prefere simular que audita, enquanto que o auditado simula que é auditado, ou começa a
enfocar as não-conformidades triviais que absolutamente não trazem resultados, ou
permanece inflexível nas suas observações e decisões. Causas diversas podem ser atribuídas a
essa postura tanto do auditado quanto do auditor, entre as quais podemos destacar: falta de
conhecimento dos objetivos, dos processos da organização e da auditoria, falta de
competência para novas funções e/ou desafios, não enfoque na melhoria contínua e no
aprendizado. Entre as organizações, as indústrias químicas cresceram muito nas últimas
décadas. Utilizaram recursos naturais de forma indiscriminada e geraram grande quantidade
de passivos ambientais; isso, somado aos acidentes ambientais que protagonizaram, acarretou
uma imagem negativa perante a sociedade. O trabalho propõe uma forma diferenciada de
abordagem paras as auditorias internas ambientais do que tem sido realizado até então, que
agregue realmente valor a essas organizações. Além de ser mostrada a necessidade de
mudança na postura dos auditores e auditados, são elaboradas e apresentadas cem perguntas
de caráter fundamentalmente estratégico para serem utilizadas durante as auditorias, a fim de
que as organizações químicas possam obter um retrato significativo do estágio de seus
processos e quanto e como podem impactar sua imagem. Assim, elas podem tomar decisões
baseadas em fatos e consequentemente ações que possam conduzi-las ao seu verdadeiro papel
dentro do cenário onde estão inseridas e coerentes com suas responsabilidades sócio-
econômicas.
Palavras-chave: gestão ambiental; auditoria interna; auditor interno; auditado.
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ABSTRACT Environmental Auditing, specifically the internal one, that is a systematic, independent and documented process for obtaining audit evidence and evaluating it objectively to determine the extent to which audit criteria of Environmental Management System defined are fulfilled, has been quite complained as a process that does not add value to organizations and contrarily the expectation it has been considered both: as a cost and as well a waste of time. Besides this, it has been responsible for internal conflicts among professionals in organizations, who associate auditing as an evaluation of their performance as well of their working area. Internal auditor when finds this situation or he pretends that audits, while the audited person pretends who is audited, or starting to see only trivial non-conformities which absolutely do not present good results, or then he starts becoming inflexible about his notifications and his decisions. Several causes can be responsible for this kind of acting from both auditor and audited, among them can be noticed: unknowing of objectives, organizations and auditing process, non-competence for new functions and/or challenges, non-focus on continuous improvement and learning. Among organizations, chemical industries have increased a lot last decades. They used indiscriminately natural resources and as a consequence of this it was generated a great quantity about environmental liabilities; this together to the environmental accidents caused by this kind of industry, it projected a bad image before society. This project considers a differentiated kind of way for environmental internal auditing on contrary than it has been performed until then, in order to add value to chemical organizations in fact. Besides being showed needs of changes in attitude of auditors and audited, they are elaborated and presented a hundred questions of character fundamentally strategic to be performed during the auditing process, in order to the chemical organizations can be have a relevant picture about stage of their processes and how much and how they are be able to impact their image. So they can take decisions based on facts and consequently actions that can conduct them to their real paper inside the scenery where they are inserted and according to their social-economic responsibilities. Key words: environmental management; internal auditing; internal auditor; audited.
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1 INTRODUÇÃO E OBJETIVO
A Química tem, continuamente, feito parte do cotidiano da humanidade desde
o surgimento do universo, que é constituído basicamente de elementos químicos isolados ou
combinados. Os organismos dos animais e, conseqüentemente, do próprio homem, também é
formado de elementos químicos e a vida é assegurada por uma sucessão de reações químicas
que transformam os alimentos em energia.
Há muitos séculos, o homem aprendeu a combinar substâncias químicas,
mudar a forma de outras, que transformadas formaram novas substâncias. Os egípcios, por
exemplo, há dois mil anos antes de Cristo já fundiam estanho e cobre juntos e, assim,
formavam o bronze. Provavelmente, não sabiam como as reações ocorriam, mas se utilizavam
delas para benefício da sociedade em que viviam. (CIÊNCIA ABRIL, 1979).
As cores são utilizadas pelo homem há mais de vinte mil anos. O negro-de-
fumo conhecido, também, como carbon black foi o primeiro corante a ser conhecido pela
humanidade. Já por volta de três mil anos antes de Cristo foram produzidos alguns corantes
inorgânicos sintéticos, como o Azul Egípcio (ABIQUIM, 2006).
De certa forma, as indústrias químicas remontam dos artesãos do Oriente
Médio, que refinavam álcalis e calcário para a fabricação de vidro por volta de sete mil anos
antes de Cristo, passando pelos fenícios que fabricavam sabão por volta do século seis antes
de Cristo e pelos chineses que desenvolveram a pólvora como primeiro explosivo conhecido
no século 10 d.C. (CHEMICAL INDUSTRY, 2006).
No século XVII, em 1635, surgiu a primeira indústria química, em Boston, na
América do Norte, fundada por John Winthrop, cujo negócio era produzir salitre para a
fabricação de pólvora e alúmen para curtir couros. Por volta de 1900, o cenário industrial já
apresentava um crescimento desse tipo de indústria, sendo que na Alemanha, França e
Inglaterra eram fabricados medicamentos e corantes.
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Ao mesmo tempo, novas descobertas importantes aconteciam, como a da resina
sintética baquelita, pelo belga-americano Leo Baekeland, e da amônia sintética, pelo alemão
Fritz Haber (CIÊNCIA ABRIL, 1979).
As indústrias químicas continuaram, ao longo dos anos, contribuindo muito
com o desenvolvimento econômico dos diversos países onde estão instaladas. Vários produtos
têm sido desenvolvidos, com aplicações nos mais diferentes segmentos, como derivados do
petróleo, fertilizantes, plásticos, reagentes, agrotóxicos, borracha sintética, ligas metálicas,
propelentes para foguetes, fluidos sintéticos, fibras sintéticas, medicamentos e outros.
No Brasil, nas décadas de 60 a 90 houve um grande boom dessas indústrias,
onde se procurou produzir tudo em maior quantidade possível, utilizando-se dos recursos
naturais de forma indiscriminada, como matérias-primas ou como meios para se atingir o
desenvolvimento, sem, entretanto, que houvesse qualquer preocupação com o impacto ao
Meio Ambiente que isso poderia acarretar.
A utilização desses bens naturais em nível mundial, se por um lado fez e tem
feito com que a economia usufruísse de seus benefícios, por outro descarregou e tem
descarregado na natureza os resíduos e refugos, sem que houvesse tratamento adequado,
configurando-se uma agressão ao Meio Ambiente (SILVA, 2001).
Nesse sentido, houve a geração de um grande passivo ambiental, com
conseqüências sentidas atualmente e que são objetos de atenção mundial.
Esse quadro fez com que a sociedade passasse a considerar as indústrias
químicas como grandes poluidoras e passíveis de serem enquadradas nos chamados crimes
ambientais. Considera-se que a forma de administração por boa parte de empresários
contribuiu para a formação dessa imagem desfavorável.
Porém, a sociedade, de um modo geral, não se dá conta de que essas indústrias
podem promover o bem social, por meio dos seus mais diversos milhares de produtos,
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presentes no cotidiano, em todos os segmentos, conforme já citado anteriormente. Além disso,
são geradoras de muitos empregos, o que as torna muito importantes dentro do cenário sócio-
econômico nacional e mundial.
Se for considerada a indústria farmacêutica, não no intuito da polêmica, mas
tão somente da comparação, que é pertencente ao ramo químico, ela é tão poluidora quanto a
indústria química. Entretanto, sua imagem é bem positiva perante a sociedade leiga, que a
considera benéfica.
Desde a Conferência de Estocolmo, em 1972, em que as questões ambientais
foram inseridas de forma definitiva e prioritária na agenda internacional, os problemas
ambientais tiveram uma mudança de significado e importância, passando a fazer parte das
decisões estratégicas empresariais. A partir da década de 80, com o surgimento de novos
conceitos, tais como: Desenvolvimento Sustentável, Ecodesenvolvimento, Produção Mais
Limpa e Gerenciamento Ambiental, houve um reposicionamento estratégico, em que
crescimento econômico, preservação ambiental e atividade empresarial devem estar
absolutamente alinhados (SOUZA, 2006).
Também as leis ambientais internacionais e nacionais tiveram papel
preponderante nesse reposicionamento, tornando-se mais rígidas e criando uma cadeia
mercadológica seletiva, impondo restrições àquelas organizações cujo desempenho ambiental
não atendia aos padrões estabelecidos, embora ainda prevalecessem os interesses econômicos
mais imediatos.
Adicionalmente, outros fatores tiveram forte influência nessa mudança de
estratégia, como parte dos consumidores que começaram a buscar produtos alternativos,
especificamente aqueles que tivessem uma imagem bem caracterizada ligada à preservação do
Meio Ambiente. Também, contribuíram as novas descobertas e publicidade sobre as causas e
conseqüências ambientais (SOUZA, 2006).
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A realidade do ambientalismo dentro dos negócios das organizações tem se
mostrado mais complexa do que o simples cumprimento das leis e da responsabilidade social.
Se antes a pressão era exercida de fora do mundo dos negócios, atualmente é exercida no
âmbito interno, motivada por interesses político, social, econômico e mercadológico.
As estratégias ambientais das organizações têm sido fortemente influenciadas
por acionistas, bancos, que associam um desempenho ambiental a um menor risco financeiro,
consumidores, fornecedores e até mesmo por concorrentes (SOUZA, 2006).
Para mudar o quadro adverso perante a sociedade moderna, ao tempo em que
foi identificada a necessidade de realinhamento frente às questões ambientais, as indústrias
químicas começaram a se preocupar em ter um Sistema de Gestão Ambiental (SGA), em
conformidade com a norma NBR ISO 14001 (ABNT, 2004), que o define como parte de um
sistema da gestão de uma organização utilizada para desenvolver e implementar sua política
ambiental e para gerenciar seus aspectos ambientais, que por sua vez é definido por esta
norma como o elemento das atividades ou produtos ou serviços de uma organização que pode
interagir com o Meio Ambiente.
O Sistema de Gestão Ambiental de uma organização pode ser certificado por
organismos de certificação; entretanto, esse processo é uma decisão da organização, de forma
voluntária. A implantação independe da certificação, entretanto, o reconhecimento formal
pelas comunidades empresarial e pública se dá através dessa última.
O processo de certificação do Sistema de Gestão Ambiental é conduzido com
base em auditorias externas ambientais, também chamadas de auditorias de terceira parte,
realizadas por organismos de certificação independentes.
Para que a credibilidade seja assegurada, esse processo de certificação ocorre
sob regras definidas pelo International Accreditation Fórum (IAF), que dá reconhecimento ao
organismo representativo de cada país para acreditar organismos certificadores para esse fim.
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O Sistema Brasileiro de Acreditação (SBA) é conduzido pelo INMETRO
(Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e Qualidade Industrial), que é um organismo
do Ministério da Indústria, Comércio e Desenvolvimento. A Figura 1 abaixo ilustra esse
processo:
Figura 1 – Processo de Acreditação e Certificação Ambiental
Antes da contratação de um organismo de certificação, a organização deve
implantar o SGA e avaliar sua implantação, isto é, verificar e analisar se os requisitos
definidos na NBR ISO 14001, revisão 2004, bem como outros requisitos estabelecidos na
legislação ambiental, nas normas do segmento de atuação, nos contratos com os clientes ou
aqueles provenientes de acordos internacionais ou nacionais, com a comunidade, com
organismos públicos, ou adotados pela própria organização.
A avaliação é realizada, em caráter mandatório pela NBR ISO 14001, revisão
2004, por auditorias internas, também denominadas de auditorias de primeira parte.
INTERNATIONAL ACCREDITATION FORUM (IAF)
Auditorias Externas para Acreditação
INMETRO
Auditorias Externas para Acreditação
ORGANISMO DE CERTIFICAÇÃO AMBIENTAL (OCS)
Auditorias Externas para Certificação
ORGANIZAÇÃO
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Uma auditoria interna ambiental é um processo sistemático, independente e
documentado para obter evidência e avaliá-la objetivamente para determinar a extensão na
qual os critérios de auditoria do Sistema de Gestão Ambiental estabelecidos pela organização
são atendidos, conforme definido pela NBR ISO 14001 em vigor.
Esta norma define evidência de auditoria como apresentação de um fato que
seja verificável, o que se dá por meio de registros, entrevistas, informações e observações.
Define, ainda, critérios de auditoria como referências contra as quais devem ser
comparadas as evidências de auditoria. São representados, por exemplo, pela norma de
referência, documentação do sistema de gestão e requisitos legais aplicáveis e outros
estabelecidos pela organização.
Conforme preconizam as Práticas de Auditoria da International Organization
for Standardization (ISO) e do International Accreditation Forum (IAF), uma auditoria deve
agregar valor, mas na prática nem sempre isso ocorre. Na verdade, é o que se tem observado
nas organizações de um modo geral, especialmente quando o enfoque é em auditorias
internas.
No caso das auditorias internas ambientais, estas têm sido consideradas, na
maioria das vezes, como custos dentro das organizações e geradoras de conflitos internos pela
forma como são conduzidas, em que os profissionais as encaram mais como uma análise
crítica pessoal do que dos processos envolvidos.
Segundo SILVA (2001), trata-se de um importante instrumento de avaliação
permanente das práticas ambientais que possibilita o acompanhamento do desempenho
ambiental dessas indústrias.
De acordo com SOUZA (2006), a gestão ambiental das organizações químicas
está mais direcionada ao atendimento da legislação, que é fortemente regulatória para esse
segmento, devido ao grande potencial de impactos ambientais inerentes às suas atividades.
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Associado a isso, segundo o mesmo autor, outro fator com que as organizações
químicas se preocupam é o da reputação, uma vez que multas, acidentes ambientais e ações
judiciais comprometem sua imagem ainda mais perante a opinião pública, órgãos
governamentais e outras organizações congêneres ou não.
Assim, um Sistema de Gestão Ambiental eficaz, que efetivamente apresente
resultados significativos em termos de redução de consumo de recursos naturais, reutilização
e reciclagem matérias-primas, materiais e produtos, minimização de impacto ao Meio
Ambiente, pode ser utilizado como marketing positivo para, justamente, assegurar uma
reputação condigna para as organizações químicas e mostrar os esforços e preocupação dessas
organizações coerentes com sua responsabilidade sócio-ambiental.
Nesse sentido, o objetivo deste trabalho é propor uma técnica de abordagem de
auditoria interna que agregue valor às organizações químicas e contribua para uma efetiva
análise do estágio da implementação de suas estratégias ambientais, de modo que influenciem
seu marketing positivamente e levem resultados concretos para essas organizações, a fim de
que sua imagem seja considerada no seu verdadeiro papel dentro do cenário onde está inserida
e coerente com suas responsabilidades sócio-econômicas.
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2 FUNDAMENTOS DE AUDITORIAS INTERNAS DE SISTEMA DE GESTÃO
AMBIENTAL
As auditorias de sistema de gestão, sejam elas ambiental, da qualidade, de
segurança e saúde ocupacional entre outros, assim como, na verdade, o próprio sistema de
gestão, devem agregar valor aos negócios da organização, o que nem sempre ocorre.
Da mesma forma que tem ocorrido com a ISO 9001, onde os gestores fazem
críticas bastante acentuadas em relação ao sistema de gestão (O’HANLON, 2003), tem-se
visto, na prática, que em relação à ISO 14001, Sistema de Gestão Ambiental (SGA), os
diversos gestores não acreditando verdadeiramente nesse sistema, não o implementam
seriamente e buscam atender aos requisitos de forma básica, a fim de passar na auditoria de
certificação.
Assim, as auditorias internas não são bem recebidas como um processo de
avaliar se o SGA está implementado, se é realmente eficaz. Enquanto os auditados, de
maneira geral, procuram utilizar-se de subterfúgios para desviar a atenção dos auditores
durante as avaliações, os mesmos procuram não avaliar de forma mais profunda, a fim de não
criar conflitos com os gestores, ao tempo em que buscam simular que estão, de fato,
auditando (VALLE, 2005).
Segundo o pensamento desses gestores, os procedimentos documentados
engessam o sistema, causando dificuldades, atrasos nas atividades, impactando no resultado
da organização. O que se tem observado é que ao lado de algumas organizações, cujos
procedimentos são, de fato, extremamente detalhados e burocráticos, há outras em que os
procedimentos são tão simplificados sob o argumento de serem mais objetivos, que deixam
margem a interpretações variadas e à subjetividade daqueles que devem usar tais
procedimentos.
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Para se ter uma documentação na medida mais ajustada para as reais
necessidades da organização, tanto os gestores, quanto os responsáveis pelo SGA, e com
participação representativa dos envolvidos nos processos, deve ser feita uma análise criteriosa
com enfoque na melhoria contínua.
Conforme a NBR ISO 14001 (ABNT, 2004), a extensão da documentação do
Sistema de Gestão Ambiental pode ser adaptada às organizações, dependendo do seu porte, do
tipo de cada organização, das suas atividades, produtos e serviços, da complexidade dos
processos e das suas interações, e da competência do pessoal.
Essa norma recomenda que a decisão de se documentar um procedimento seja
baseada em avaliações das conseqüências, incluindo as relativas ao Meio Ambiente, de não o
fazer, da necessidade de se demonstrar o atendimento a requisitos legais e outros, da
facilidade da implementação do SGA e dos treinamentos; recomenda, ainda, que sejam
avaliados os desvios e conseqüências ao Meio Ambiente que possam ocorrer na ausência de
um procedimento documentado.
Baseado nessas premissas, o que se percebe são auditores emitindo não-
conformidades na ausência de procedimentos documentados, por acreditar que sua ausência
poderia acarretar desvios ao SGA, com conseqüências ambientais, sem que disponham de
nenhuma evidência que poderia levar a esses desvios.
O auditor deve buscar evidências e avaliá-las de forma eficaz e objetiva para
poder concluir sobre as constatações. Qualquer conclusão que seja baseada em suposições não
é aceita no processo de auditoria. Por isso, o auditor deve buscar mais informações e
evidências, tais como: se o processo de treinamento é consistente para aqueles que executam
as atividades em avaliação; se há maneiras de prevenção claramente divulgadas e
implementadas; se houve ocorrências anteriores; se há sinalizações preventivas e informativas
no local das atividades, com instruções de como devem ser executadas as atividades.
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Isso requer que o auditor tenha um enfoque diferente em relação à auditoria,
com a mente mais aberta, não para sua segurança e facilidades, mas para a segurança desse
processo avaliado e do estágio evolutivo em que se encontra a organização em relação ao
SGA.
Há auditores internos que, à medida que evitam identificar as grandes não-
conformidades para evitar conflitos com as instâncias superiores, com os próprios gestores e
colegas, apresentam não-conformidades irrelevantes, triviais, que em nada somam ao SGA,
enquanto outros têm seu enfoque nas não-conformidades em si (O’HANLON, 2003).
2.1 CAUSAS DE INSUCESSOS EM AUDITORIAS INTERNAS
O SGA deve ser mantido pela organização, isto é, atualizado, revisado para que
sua integridade e aplicabilidade sejam asseguradas. O que ocorre, em muitas organizações, é
que no período entre uma auditoria externa e outra, pouco ou nada se faz para manter esse
sistema consistente. Com isso, parece que o objetivo da organização é obter e manter a
certificação, e não ter um SGA eficaz, que efetivamente agregue valor à organização.
Assim, quando é agendada a auditoria, nos dias que a antecedem há uma
grande movimentação para verificar como está a documentação, sua aplicação pela
organização e se houve alguma melhoria implementada.
Nem este tipo de preocupação, muitas vezes, não ocorre nas auditorias internas
realizadas por auditores internos. Em algumas organizações, o que se observa é até certo
descaso, sem que haja qualquer preparação para a auditoria interna, que deveria ser mais
importante do que a própria auditoria externa.
Sabe-se que comumente nas organizações é cultivada a crença de que os
auditores vêm, apenas, para descobrir erros, irregularidades, desvios. Em auditorias internas
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realizadas pelos seus próprios auditores, há, ainda, componentes extremamente importantes: o
fato de auditados e auditores se conhecerem e conviverem no dia-a-dia dentro do ambiente
interno empresarial; relacionamentos mal administrados, que embora não devessem interferir
no processo da auditoria, mesmo que veladamente, podem aparecer nesses momentos e influir
negativamente no resultado e gerar um clima de desconfiança mútua entre auditado e auditor.
Outro fator relevante, nem sempre levado em consideração em auditorias
internas, é a quebra da confidencialidade, afetando duramente as inter-relações em um
processo de auditoria.
Em muitas ocasiões, o auditor interno ao sair de uma atividade por ele auditada
se depara com interlocutores externos àquela atividade, que buscam saber o resultado da
auditoria. Por vezes, com o intuito apenas de ter a informação, mas por outras com objetivos
de usar a informação de forma a denegrir a área auditada.
O auditor nunca deve passar esse tipo de informação a terceiros ou a pessoas
não autorizadas pelo responsável do processo de auditoria, pois estaria ferindo o princípio da
ética, perdendo a confiança nele depositada e provocando os auditados a agirem mais
defensivamente em próximos eventos similares, deixando de contribuir ativamente para o
sucesso do processo.
Tem o dever, ainda, de relatar as constatações da auditoria com veracidade,
com profissionalismo, seja nas entrevistas, documentação e relatórios, refletindo exatamente o
que foi observado, não deixando se influenciar positiva ou negativamente pelo seu
relacionamento com o auditado.
Vários problemas, tais como os relatados acima, têm suas causas identificadas:
Falta de conhecimento dos objetivos;
Comunicação não clara do processo;
Não conhecimento dos processos da organização;
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Auditorias não baseadas em resultados e melhorias;
Falta de competência para as novas funções e/ou desafios;
Sucesso versus insucesso;
Enfoque no Marketing.
2.1.1 Falta de conhecimento dos objetivos
Não há definição clara dos objetivos da auditoria. Os colaboradores da
organização não conhecem o que se pretende com o processo da auditoria. Muitas das vezes,
nem a organização conhece, realmente, os objetivos.
É necessário que os objetivos da auditoria sejam claros. Não está se referindo
ao objetivo da auditoria especificamente, que deve ser também definido como um dos
requisitos. O objetivo de uma auditoria é o que deve ser feito pela equipe auditora e fornece
suporte para que sejam direcionados o planejamento e a própria realização da auditoria,
conforme a NBR ISO 19011 (ABNT, 2002).
Os objetivos a que se refere é o que se pretende com o processo. Enquanto que
o objetivo da auditoria poderia ser, por exemplo, verificar o atendimento do SGA aos
requisitos da norma de referência, o objetivo do processo poderia ser analisar o status do SGA
em relação aos resultados estratégicos esperados pela organização, e não o simples
atendimento aos requisitos.
2.1.2 Comunicação não clara do processo
Muitas organizações questionam se um processo sem prévio aviso não seria
mais eficaz, uma vez que poderia ser verificada a real situação, sem nenhum preparativo
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prévio. Segundo estas organizações seria um retrato mais fiel do status do sistema
implantado.
A auditoria é um processo acordado entre as partes envolvidas, isto é, a equipe
de auditores e o auditado ou a organização solicitante, que define o objetivo enquanto que as
partes conjuntamente definem o escopo do processo. A proposição de se fazer o processo sem
esse acordo, acabaria por descaracterizá-lo, ou seja, não se enquadraria mais no conceito de
auditoria, e, sim, dentro dos conceitos de inspeção ou fiscalização.
O que precisa ser claramente definido é o processo de comunicação para a
auditoria a ser realizada. Deve-se realçar que os auditores estarão com enfoque nos processos
auditados, em como eles estão acontecendo e como os resultados da organização são
gerenciados; a importância da auditoria para a organização e quais são os seus reais objetivos.
Atualmente, a palavra conscientização é muito usada, devendo-se destacar,
entretanto, que deve ser precedida da educação. Ninguém pode estar consciente daquilo que
não conhece. Quando isso for difundido e estiver bem assimilado pelas pessoas, as
organizações passarão a ter auditores voluntários, independentemente das funções que
exercem. Os colaboradores buscarão analisar criticamente seus processos em busca de
melhorias e aceitarão o processo de auditoria como algo inerente às atividades da
organização.
2.1.3 Não conhecimento dos processos da organização
O conhecimento dos processos da organização é um fator que pode contribuir
muito para o sucesso da auditoria interna. Segundo o princípio da independência definido na
NBR ISO 19011 (ABNT, 2002), os auditores devem ser independentes das atividades a serem
auditadas. Com isso, os auditores, que não estão ligados às atividades realizadas, são os
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candidatos naturais a realizar a auditoria. Por outro lado, eles podem não deter o
conhecimento dos processos ali realizados, o que pode tornar a auditoria superficial, com
enfoque em documentação e não nos processos.
Para corrigir isso, as organizações que objetivam agregar valor ao seu negócio,
devem qualificar seus auditores de modo que possam ter acesso aos seus processos, mediante
treinamentos específicos pelos gestores da área ou pelo gestor de sistemas de gestão, suprindo
os auditores com conhecimentos apropriados para um desempenho eficaz na condução das
auditorias.
As organizações, compreensivelmente, querem resguardar a confidencialidade
de seus processos e dificultam o acesso a informações consideradas privilegiadas. Vale
lembrar que, pelo primeiro princípio citado na norma referenciada, o da conduta ética, deve
ser respeitada por parte dos auditores a confidencialidade, a confiança depositada, a
integridade e a discrição.
Assim, se o auditor estiver devidamente preparado e qualificado, tanto técnica,
quanto qualitativamente, saberá o seu verdadeiro papel. Estará consciente de suas reais
responsabilidades no processo de auditoria, buscará estar informado, atualizado, para que sua
contribuição seja efetiva. Certamente, respeitará as regras definidas, fazendo que o resultado
final seja de sucesso para todos os envolvidos.
2.1.4 Auditorias não baseadas em resultados e melhorias
Embora este assunto tenha sido indiretamente discutido nos itens anteriores,
uma auditoria que seja realizada com enfoque nas não-conformidades, nas trivialidades, não
acrescenta absolutamente nada ao processo e à organização. É uma ilusão, criando desgaste
tanto para auditores quanto para auditados.
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É preciso preparação, planejamento das auditorias, organização, coordenação,
não devendo ser uma atividade cuja preocupação somente ocorra às vésperas do evento. Para
isso, faz-se necessário conhecer os processos da organização, conforme exposto no item
anterior, analisar onde tem havido ocorrências sistemáticas, quais atividades carecem de
intervalos mais curtos de auditorias.
Quando se planeja linearmente, muitas vezes as auditorias são repetitivas e
desgastantes para atividades e processos que historicamente têm apresentado um desempenho
bem aceitável, enquanto que para atividades e processos que têm apresentado resultados
abaixo do esperado são planejadas da mesma forma, quando deveriam ser realizadas com uma
freqüência maior, com um olhar mais profundo para que a melhoria realmente ocorra.
Isso denota a falta de análise crítica dos processos, das auditorias anteriormente
realizadas e dos respectivos resultados associados. Um processo de melhoria passa pela
constatação da situação atual, da sua comparação com os objetivos do processo, onde se inclui
por que, para que e o que se espera dele, bem como das necessidades identificadas para atingir
resultados esperados. O auditor deve ter uma abordagem sistemática para avaliar se a análise é
realizada, de como se processa essa análise e se ela tem levado a melhorias do desempenho
ambiental da organização.
O próprio programa de auditorias, a execução da auditoria, os resultados
apresentados, o relatório de auditoria, assim como o desempenho das equipes de auditores
internos também devem ser analisados criticamente, de modo que sejam identificadas
oportunidades de melhorias e, de fato, implementadas considerando-se realisticamente a
disponibilidade de recursos necessários.
A melhoria deve ser um objetivo contínuo tanto dos processos da organização,
quanto do Sistema de Gestão Ambiental, dos profissionais e dos auditores internos.
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2.1.5 Falta de competência para as novas funções e/ou desafios
Segundo a NBR ISO 19011 ( ABNT, 2002), a competência de um auditor é
definida como atributos pessoais demonstrados e capacidade demonstrada para aplicar
conhecimento e habilidades.
No caso de atributos pessoais, a referida norma cita que o auditor deve somar
qualidades que atendam aos princípios de auditoria, tais como mostra o Quadro 1:
Quadro 1 - Atributos pessoais para um auditor
Atributos Definição
Ético É justo, verdadeiro, sincero, honesto e discreto.
Mente aberta Está disposto a considerar idéias ou pontos de vista alternativos.
Diplomático Tem tato para lidar com pessoas.
Observador Está ativamente atento à circunvizinhança e às atividades físicas.
Perceptivo É instintivamente atento e capaz de entender situações.
Versátil É capaz de se ajustar prontamente a diferentes situações.
Tenaz É persistente, com enfoque em alcançar resultados.
Decisivo É capaz de chegar a conclusões oportunas com base em razões lógicas e
análise.
Autoconfiante É capaz de atuar de forma independente, enquanto interage eficazmente
com outros.
Fonte: ABNT NBR ISO 19011, 2002
O conhecimento é alcançado pela soma da graduação escolar, experiência
profissional relacionada à vivência nos processos em que atua, curso de formação de auditores
internos, treinamento prático através da realização de auditoria por meio de estágio,
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acompanhamento, observação, execução supervisionada e experiência em auditoria, adquirida
pela participação contínua em auditorias.
As habilidades estão na capacidade de realizar de maneira eficaz e eficiente as
atividades previstas e podem ser comportamentais, tais como: liderança, planejamento,
organização, versatilidade, tenacidade, diplomacia e outras; podem ser habilidades técnicas,
tais como: saber aplicar técnicas de auditoria, estatística e outras.
A NBR ISO 19011 (ABNT, 2002) faz uma separação entre conhecimento e
habilidades genéricas e conhecimento e habilidades específicas. No primeiro caso, refere-se
aos princípios, procedimentos e técnicas de auditoria, sistema de gestão e documentos de
referência, situações organizacionais, leis, regulamentos e outros requisitos pertinentes à
gestão ambiental. No segundo caso, refere-se aos métodos e técnicas de gestão ambiental,
ciência e tecnologia ambientais, aspectos técnicos e ambientais de operações.
O que se observa, de maneira geral, que os auditores são indicados pela
organização, especificamente pelos gestores de áreas, sem nenhuma avaliação criteriosa do
perfil do candidato a auditor. São indicados por mera obrigação.
Muitas vezes, a organização não esboçou o perfil que pretende do auditor, bem
como quais os requisitos mínimos para sua aceitação como candidato. Após sua aceitação,
deve ser avaliada sua competência dentro dos critérios preestabelecidos. Em seguida, deve ser
efetuado um plano para suprir as lacunas de competências que foram identificadas, com
posterior avaliação da eficácia das ações tomadas, além da avaliação contínua de sua
performance. Deve, também, ser considerada pela organização como uma função essencial
para a melhoria de seus processos e da eficácia e da eficiência do seu Sistema de Gestão
Ambiental implantado.
Em um de seus requisitos, a norma citada refere-se ao processo de avaliação de
um auditor. Os critérios de avaliação podem ser:
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a) quantitativo, tais como: anos de experiência profissional e educação; horas
de treinamento em auditorias; número de auditorias realizadas;
b) qualitativo, tais como: observação e acompanhamento do auditor;
realimentação dos auditados; qualidade das observações e do relatório;
entrevistas; conhecimento e habilidades demonstrados; demonstração de
atributos pessoais; treinamentos no local de trabalho.
Um reconhecimento de qualquer natureza para os auditores internos atrelados
ao seu desempenho pode despertar sua motivação para o processo. É sabido que a motivação
é intrínseca ao indivíduo, mas que pode ser provocada por situações externas, como
necessidades, sonhos, estímulos. Não há dúvidas de que um corpo de auditores internos
motivados, com conhecimento dos processos da sua organização, treinados, qualificados,
pode contribuir eficazmente para a auditoria agregue realmente valor à organização.
É fundamental que a competência do auditor ambiental inclua conhecimento
sobre a legislação ambiental aplicável, não somente ao que se refere aos processos da
organização, mas, também, de forma genérica. A lei 9605 de Crimes Ambientais, no seu
capítulo I, Disposições gerais, diz no seu artigo 2º:
“Quem, de qualquer forma, concorre para a prática dos crimes previstos nesta
Lei, incide nas penas a estes cominadas, na medida da sua culpabilidade, bem como o diretor,
o administrador, o membro de conselho e de órgão técnico, o auditor, o gerente, o preposto ou
mandatário de pessoa jurídica, que, sabendo da conduta criminosa de outrem, deixar de
impedir a sua prática, quando podia agir para evitá-la”.
Fica explícito que se o auditor agir de forma omissa poderá ser co-
responsabilizado sobre qualquer ocorrência que cause impacto ao Meio Ambiente, podendo
sofrer sanções tanto civis quanto penais.
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2.1.6 Sucesso versus insucesso
A organização, assim como as pessoas que dela fazem parte ao tempo que a
constituem, usualmente mostra somente os cases de sucesso, fazendo parecer que esse é o
único resultado para se construir um verdadeiro vencedor. As pessoas que não se enquadram
neste perfil podem se sentir incapazes e desmotivadas para essas atividades, podendo
desperdiçar oportunidades de crescimento.
Tanto o sucesso, quanto o insucesso convivem na história das organizações e
das pessoas, formando os seus diversos cases, sendo muito importante, dentro do processo de
aprendizagem, que a organização os apresente, realçando como e o que aprendeu com eles.
Dessa forma, mostra que é passível de erros e acertos, pois as decisões são tomadas por
pessoas que pensam, que agem, que decidem, que acertam e que erram, e que nem por isso
deixa de estar no rol das organizações tidas como vencedoras.
O importante é que a empresa aprenda e busque o desenvolvimento, a melhoria
contínua, um dos requisitos da norma NBR ISO 14001. Se houvesse a única opção de
perfeição, então a melhoria contínua não seria nem citada na norma em referência, ou em
outras relacionadas a sistema de gestão, como da qualidade e segurança e saúde ocupacional.
2.1.7 Enfoque no Marketing
Em diversas organizações, especificamente as químicas, tem-se visto a enorme
preocupação com a realização do marketing em cima da certificação obtida. É compreensível
que essas organizações se utilizem desse meio para divulgar a certificação. Afinal, elas
investiram na concepção e implantação de um Sistema de Gestão Ambiental, investiram em
recursos diversos, representados por pessoas, tempo, dinheiro, tecnologia, treinamentos,
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equipamentos, instalações e outros. Portanto, é justo e oportuno que divulguem a certificação
obtida para seu Sistema de Gestão Ambiental.
O que se questiona é o fato de várias organizações terem na certificação
propósitos quase que unicamente mercantilistas, em que a sua conquista pode passar a ser o
fim. Todavia, há organizações que realmente objetivam e projetam um Sistema de Gestão
Ambiental eficaz, que leve a resultados concretos, preocupando-se com a melhoria real do
desempenho ambiental de suas atividades e vêem a certificação como uma conseqüência de
suas práticas.
O SGA deve ser parte integrante do Planejamento Estratégico das indústrias,
notadamente as da área da Química, que apresentam uma imagem desfavorável perante a
sociedade em geral, devendo ser integrante do negócio dessas organizações.
Uma organização desse segmento que se utiliza do planejamento e fundamenta
suas decisões em medições, em fatos, em tendências do mercado em que está inserida,
certamente ampliará seu campo visual e poderá projetar o seu futuro dentro da sua visão, da
sua vocação com maior probabilidade de acerto.
O Planejamento Estratégico permite que a indústria química conheça o
mercado de atuação, analise as oportunidades e atente para as ameaças que a rondam. As
oportunidades devem ser aproveitadas para o desenvolvimento da organização, enquanto que
as ameaças devem ser eliminadas ou, mais comumente, neutralizadas.
Para isso, a organização deve conhecer claramente o seu ambiente interno,
onde estão os seus pontos fortes e seus pontos fracos. Se o mercado oferece oportunidades e
estas se casarem com os pontos fortes da organização, a probabilidade de sucesso é
extremamente aumentada. Por outro lado, se o mercado oferece oportunidades e estas colidem
com os pontos fracos da organização, há grande chance de serem desperdiçadas. Ainda, se o
mercado oferece ameaças para a organização e estas fazerem frente aos pontos fortes, é
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grande a probabilidade de serem neutralizadas. Entretanto, se as ameaças casarem com os
pontos fracos, são grandes as chances de um colapso na organização, podendo levá-la a sérias
dificuldades, inclusive à sua desativação ou incorporação por uma concorrente.
Na área ambiental, com o constante enrijecimento da legislação pertinente e
com a contínua preocupação mundial, qualquer acidente pode representar sérias complicações
para as indústrias químicas. Os riscos, ou pontos fracos, inerentes de suas atividades devem
ser bem dimensionados para que possam ser controlados e minimizados, uma vez que
dificilmente podem ser eliminados, para que as ameaças externas representadas pelos
mercados interno e externo, pelos clientes, pela comunidade, pela justiça, sejam igualmente
controladas e neutralizadas.
Não há dúvidas de que a auditoria interna ambiental é uma ferramenta
fundamental dentro do Planejamento Estratégico Ambiental para as indústrias do ramo
químico.
Por meio de auditorias internas bem conduzidas, é possível se identificar os
processos que representam potencialmente maiores riscos ambientais, identificar como estão
sendo controlados e gerenciados, para que não se concretizem e venham a causar impactos ao
Meio Ambiente. A conscientização de que as auditorias internas podem e devem agregar
valor a essas organizações deve ser alcançada, e que se forme auditores internos cientes e
conscientes de seu papel estratégico nesse processo.
Um Sistema de Gestão Ambiental, segundo ROVERE et al. (2001), constitui a
estratégia da organização para que dentro do processo de melhoria contínua sejam
identificadas as oportunidades de melhorias que possam reduzir o impacto de suas atividades
no Meio Ambiente.
Ainda, segundo o autor, a Gestão Ambiental está fundamentada em cinco
princípios básicos, os quais são tomados como base para defini-los no Quadro 2, que passam
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a ser denominados neste trabalho como Princípios do Conhecimento, da Ação, dos Objetivos,
da Avaliação e da Melhoria (CAOAM):
Quadro 2 - Princípios da Gestão Ambiental - CAOAM
Princípios Definição
do Conhecimento O que é um Sistema de Gestão Ambiental e o que deve ser feito, assegurando
o comprometimento com o Sistema e definindo a Política Ambiental
da Ação Elaboração de um Plano de Ação para atendimento dos requisitos da Política
Ambiental
dos Objetivos Estabelecimento dos objetivos e metas ambientais e assegurando meios para
realizá-los e sustentá-los através de programas definidos
da Avaliação Realização de avaliações quali-quantitativas periódicas da conformidade
ambiental da organização
da Melhoria Garantia da melhoria contínua do desempenho ambiental através da análise
Crítica periódica da Política Ambiental, dos objetivos e metas e da
implementação de ações oriundas da análise crítica
Fonte: ROVERE et al., 2001
Assim, os fundamentos da auditoria de Sistema de Gestão Ambiental passam
por todos estes princípios, culminando no processo de avaliação para posteriores
recomendações de melhorias na empresa.
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3 AUDITORIAS INTERNAS DE SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL
A auditoria interna de SGA, como já citado anteriormente, é um requisito da
NBR ISO 14001 (ABNT, 2004). Entretanto, ela também traz em um outro requisito de que
seja realizada periodicamente a avaliação do atendimento aos requisitos legais e outros
requisitos subscritos pela organização.
O cuidado que se deve ter é que essa avaliação, que pode ser através de uma
auditoria interna, não seja confundida com fiscalização, segundo alerta ROVERE et al.
(2001). Enquanto que o auditor verifica o cumprimento dos critérios de auditoria e informa o
resultado à organização, o fiscal verifica o atendimento aos requisitos legais aplicáveis e
informa o resultado ao organismo responsável pela fiscalização, que poderá advertir ou autuar
a organização, dependendo evidentemente das constatações.
A auditoria ambiental é um processo relativamente recente dentro do campo da
auditoria. O fato da própria gestão ambiental ser um tema que tem se tornado uma
preocupação mais acentuada dentro das organizações, especialmente químicas, a partir da
última década, muito contribuiu para que a auditoria ambiental fosse relevada até então a um
segundo plano, não sendo dada a importância devida.
É importante ressaltar que auditoria de Sistema de Gestão Ambiental e
auditoria de desempenho ambiental são assuntos diversos, mas que podem estar muito
interligados. A própria NBR 14001 (ABNT, 2004) não estabelece um desempenho ambiental
mínimo, ficando a critério da organização o estabelecimento e a abrangência de suas metas
ambientais, dependendo entre outros de seus recursos, interesses e requisitos de partes
interessadas.
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Um fato que deve ser salientado é que a auditoria ambiental congrega vários
tipos de auditorias que conforme os seus respectivos objetivos podem ter características
diversas uma das outras, sendo direcionadas para o alcance de resultados diferentes.
Conforme ROVERE et al. (2001), o objetivo da auditoria ambiental
determinará a sua classificação e conseqüente categoria, como demonstrado no Quadro 3:
Quadro 3 - Categorias de Auditoria Ambiental
Tipos de Auditoria Definição
Conformidade Legal Também conhecida como compliance, avalia a adequação da unidade
auditada em relação aos requisitos legais aplicáveis.
Desempenho Ambiental Seu enfoque é na avaliação da unidade auditada em relação ao
atendimento aos requisitos legais aplicáveis e outros requisitos, além
dos Indicadores de Desempenho Ambiental (IDA).
SGA Avalia o grau de atendimento aos requisitos estabelecidos no Sistema
Gestão Ambiental, sua adequação e eficácia.
Certificação Realizada por Organismo de Certificação Ambiental independente, é
muito similar à de SGA. A equipe de auditoria recomenda ou não a
certificação em função da avaliação realizada e dos resultados obtidos.
Descomissionamento No caso de uma desativação (paralisação definitiva das atividades) de
uma organização, são avaliados os danos ao ecossistema e à população
do entorno da unidade , Também conhecida como decommissioning.
Responsabilidade Usualmente chamada de due diligence, seu enfoque é na avaliação do
passivo ambiental. Atualmente, muito aplicada, especialmente, no
caso de fusões, incorporações, compras de organizações.
Sítios Aplicada quando o objetivo é avaliar o grau de contaminação de um
determinado local.
Pontual O objetivo, nesse caso, é avaliar as oportunidades de melhorias do
processo produtivo, a otimização da gestão dos recursos.
Fonte: ROVERE et al., 2001
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A auditoria interna do Sistema de Gestão Ambiental é o enfoque deste
trabalho. Por ser um instrumento de avaliação, que pode dar subsídios para uma gestão eficaz
da organização química e sua conseqüente tomada de decisão suportada por fatos, a auditoria
ambiental requer planejamento para sua realização, disponibilidade de documentos, apoio da
direção, recursos e pessoal competente e independente.
3.1 PLANEJAMENTO DE UMA AUDITORIA AMBIENTAL INTERNA
Toda atividade para que apresente resultados satisfatórios deve ser planejada.
A auditoria, portanto, deve ser uma atividade igualmente planejada com profissionalismo,
interesse e por profissionais competentes.
Inicialmente, deve-se elaborar um procedimento para que os auditores possam
ser orientados e treinados para a execução da auditoria. Esse procedimento permitirá que se
estabeleça uma linha de auditoria que seja seguida pelos auditores selecionados. O
procedimento não deve ser limitante para o auditor, mas orientador.
O planejador deve pensar em todos os documentos associados que necessitará
para a condução de auditorias: formulários para registros, programas e planos de uma
auditoria, modelo para o relatório e relato das constatações, observações, ações corretivas e
análise crítica das auditorias.
O programa de auditoria é definido pela NBR ISO 14001 (ABNT, 2004) como
o conjunto de uma ou mais auditorias, planejado para um período de tempo específico e
direcionado a um propósito específico.
O plano de auditoria é definido por essa norma como descrição das atividades e
arranjos para uma auditoria. Um programa de auditorias pode congregar um ou mais planos
de auditoria, conforme ilustra a Figura 2:
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Figura 2 – Ilustração de um programa de auditoria com três planos de auditoria
A Figura 3 mostra as fases gerais do planejamento para auditoria ambiental
interna, que serão discutidas em seguida.
Figura 3 – Fases gerais de auditorias ambientais
PROGRAMA DE AUDITORIA
PLANO 1 DE AUDITORIA AMBIENTAL
PLANO 2 DE AUDITORIA AMBIENTAL
PLANO 3 DE AUDITORIA AMBIENTAL
DEFINIÇÃO DO ESCOPO
PROGRAMA DE AUDITORIA
DEFINIÇÃO DO OBJETIVO
DEFINIÇÃO DO(S) PLANO(S)
COMPETÊNCIA DOS AUDITORES
SELEÇÃO DO AUDITOR LÍDER
SELEÇÃO DA EQUIPE DE AUDITORIA
DEFINIÇÃO DOS DOCUMENTOS
DEFINIÇÃO DOS RECURSOS
FINANCEIROS, PESSOAL,
TRANSPORTE
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Para definir um programa de auditoria é necessário que seja definido o objetivo
da auditoria, isto é, o que deve ser feito, conforme os seguintes exemplos:
avaliar o atendimento aos requisitos do Sistema de Gestão Ambiental.
avaliar a melhoria da eficácia do Sistema de Gestão Ambiental.
Após a definição do objetivo deve ser definido o escopo da auditoria, isto é, a
abrangência da auditoria, os processos que serão alvos da auditoria ou as atividades. Em geral,
o gestor do programa de auditoria define tanto o objetivo da auditoria quanto o escopo. Em
auditorias externas, o gestor do programa juntamente com a organização define o objetivo da
auditoria enquanto o auditor líder define o escopo em conjunto com o gestor.
Devem ser estabelecidos os planos de auditoria que comporão o programa. É
muito importante que seja definido o escopo de cada plano. Há várias formas de estabelecer o
plano. Cada plano pode prever auditorias completas, em que todas as atividades e todos os
requisitos do SGA são auditados; cada plano pode determinar que sejam feitas auditorias
parciais, isto é, ou todos os requisitos são auditados em parte das atividades, ou parte dos
requisitos são auditados em todas as atividades, ou ainda parte dos requisitos são auditados
em parte das atividades. O importante é que um ciclo completo se complete em pelo menos
um ano.
Com a definição dos planos, o gestor do programa relaciona, então, os
auditores líderes e os auditores que formam a equipe da organização. Deve manter um
cadastro da competência de cada um, com suas experiências profissionais e em auditorias,
bem como das atividades que executam.
Com o registro de auditorias internas e/ou externas, se disponíveis, ou pelo
conhecimento dos processos, o gestor do programa verifica as atividades mais críticas, ou
aquelas que têm sido mais críticas, a fim de que seja direcionada uma atenção maior para
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identificar melhorias ou necessidade de ações corretivas, ou mesmo a possibilidade de serem
implantadas ações preventivas.
Para essas atividades a organização deve ter identificados fatores críticos de
sucesso relacionados ao Meio Ambiente, isto é, aqueles fatores que se não forem realizados
impactam diretamente nos resultados. São os fatores que podem agregar valor ao negócio da
organização, e podem levar a um marketing favorável, se for controlada e levar a resultados
planejados com otimização dos recursos investidos.
A Figura 4 mostra um fluxograma operacional do processo do planejamento:
Figura 4 – Fluxograma Operacional do Planejamento
PROGRAMA DE AUDITORIA
INÍCIO
DEFINIÇÃO DOS DOCUMENTOS
DEFINIDOS
N
S DEFINIÇÃO DO
OBJETIVO
S
DEFINIDO
AVALIAÇÃO DAS ATIVIDADES
IDENTIFICAÇÃO DAS ATIVIDADES CRÍTICAS
IDENTIFICADAS
S
N
N
DEFINIÇÃO DO ESCOPO
DEFINIDO
N
S
DEFINIDO (S)
RELAÇÃO DOS AUDITORES
COMPETÊNCIA DOS AUDITORES
SELEÇÃO DO AUDITOR LÍDER
SELEÇÃO DA EQUIPE DE AUDITORIA
FIM
N
S
DEFINIÇÃO DOS RECURSOS
DEFINIÇÃO DO(S) PLANO(S)
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3.1.1 Competência dos Auditores Internos
A competência dos auditores deve ser registrada e mantida pelo gestor do
programa de auditoria, para assegurar independência do processo e que a auditoria seja
realizada com foco em resultados.
O gestor do programa deve elaborar um perfil do auditor interno que servirá de
parâmetro para que os candidatos a auditor ou mesmo os auditores internos sejam avaliados.
O nível de cada componente da competência deve ser decidido pelo gestor tendo em mente as
reais necessidades e objetivos da organização, a evolução esperada e os recursos disponíveis.
No Quadro 3 abaixo, é apresentado um modelo proposto de formulário para
registro do perfil da competência necessária para auditores internos:
Quadro 3: Modelo de Perfil de Auditores Internos (PAI)
1. EDUCAÇÃO A 2. EXPERIÊNCIA PROFISSIONAL E EM
AUDITORIAS
A 3. HABILIDADES/ ATRIBUTOS PESSOAIS
A
4. CONHECIMENTOS GENÉRICOS
A 5. CONHECIMENTOS ESPECÍFICOS
A 6. TREINAMENTOS A
LEGENDAS: A = Avaliação C = Cumpre N = Não Cumpre P = Planejado E = Em andamento
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No campo 1, Educação, ou Formação Escolar, deve ser preenchido o nível de
graduação básico que o candidato a auditor deve ter, segundo as necessidades da organização.
Pode ser colocado um requisito adicional, dentro do próprio campo, como desejável, uma
graduação acima da básica estabelecida.
No campo 2, Experiência Profissional e em Auditorias, devem ser preenchidas
as experiências mínimas necessárias para o auditor, no que se refere à área profissional e de
Sistema de Gestão Ambiental. Também, deve ser definida a experiência em auditorias como
auditor e/ou como auditor líder, podendo ser em número de horas ou número de dias.
No campo 3, Habilidades e Atributos Pessoais, que já foram tratados em itens
anteriores, estes devem ser identificados dentro dos padrões necessários para atender aos
requisitos da organização, dos riscos de seu negócio e do SGA.
No que se refere aos campos 4 quanto o 5, são atributos já vistos anteriormente.
A organização, através de seu gestor, deve, então, definir o nível desses conhecimentos que o
auditor deve ter para atuar no processo de auditoria, de modo que possa realmente agregar
valor ao negócio da organização. Os conhecimentos devem possibilitar o auditor identificar,
entre outros:
situações de riscos nos processos químicos;
potenciais não-conformidades;
como são tratadas as ações corretivas;
nível de ações corretivas em relação às ações preventivas;
nível de entendimento dos funcionários;
nível de aplicação da política ambiental nos processos;
entendimento e atendimento aos objetivos e metas;
a compatibilidade dos programas com os objetivos e metas;
a pertinência dos Indicadores de Desempenho Ambiental (IDA);
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a atuação dos fornecedores;
o atendimento aos requisitos legais;
o atendimento a outros requisitos subscritos pela organização;
os recursos assegurados pela Alta-Administração;
o processo de análise crítica pela Alta-Administração;
os planos de ações e a eficácia desses planos;
os resultados obtidos;
a melhoria do desempenho ambiental;
como a organização é vista pela comunidade local;
como a organização é reconhecida no mercado consumidor;
como a organização é vista pelas partes interessadas.
Pode ser facilmente percebida a relevância do papel do auditor interno para as
organizações químicas.
Quanto ao campo 6, Treinamento, devem ser definidos os treinamentos
mínimos necessários para exercer a função de auditor. Geralmente, um curso de 16 horas é
necessário para a Formação de Auditores Internos Ambientais. Já para auditor líder um curso
de 40 horas de Formação de Auditor Líder Ambiental é requerido. O auditor líder pode ser o
multiplicador dentro da organização, formando auditores internos. Outros treinamentos
podem ser requeridos, a critério da organização, tais como: liderança, documentação do SGA
da organização e outros.
Treinamentos são todas as atividades realizadas para fornecer conhecimento,
conforme define a NBR ISO 10015 (ABNT, 2001). Esta norma cita, ainda, que os
treinamentos podem ser ministrados de formas diversas, tais como: cursos, auto-treinamento,
seminários, workshops, feiras técnicas, on the job, ou seja no próprio trabalho, visitas
técnicas, e-learning.
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A eficácia dos treinamentos aplicados deve ser avaliada. Sendo a eficácia
definida como o alcance dos resultados planejados, somente se poderá medir, avaliar aquilo
que foi planejado.
Em muitas circunstâncias, os treinamentos não são bem definidos pelas
organizações, pois não são identificados claramente os objetivos para eles. Quando um
treinamento é solicitado por um gestor responsável, o que se vê em muitas organizações é a
citação de um curso, tendo como objetivo o aumento da competência do treinando. Sempre
que se há um aprendizado, a competência é aumentada, mas não necessariamente aplicável ao
negócio da organização.
Segundo a NBR ISO 10015 (ABNT, 2001), o objetivo do treinamento deve ser
conectado aos objetivos da organização e os resultados aos indicadores de desempenho,
sempre que possível, para uma avaliação objetiva. Dessa forma, a solicitação do treinamento
poderia ser semelhante ao modelo que é mostrado no Quadro 4:
Quadro 4: Modelo de Solicitação de Treinamento para Auditor Interno
Treinamento Formação de Auditor Interno Ambiental
Objetivo Capacitar tecnicamente o participante a realizar auditorias internas
ambientais
Resultados esperados Preparação de auditoria interna;
Habilidade na execução do plano de auditoria interna;
Identificação de situações de riscos potenciais;
Avaliação das atividades quanto o atendimento aos requisitos do SGA;
Atender aos requisitos de competência estabelecidos no Perfil de
Auditor Interno (PAI) no quesito Treinamento.
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A avaliação da eficácia do treinamento pode ser obtida por observação e
acompanhamento das auditorias pelo gestor ou por um auditor líder experiente, por entrevistas
com o auditor e com os auditados, pela realimentação dos auditados, pela avaliação do
relatório de auditoria, pela consistência das constatações, pela habilidade de trabalhar em
equipe e interagir com o auditado, ou outros métodos definidos pela organização.
3.1.2 Avaliação da competência dos Auditores Internos
Deve ser emitido um formulário do Perfil de Auditores Internos (PAI) para
cada candidato ou já auditor interno. O gestor do programa deve avaliar o grau de
atendimento dos requisitos de competência para cada auditor, no espaço apropriado, conforme
o estágio mostrado na legenda, no momento da avaliação. Trata-se de uma fotografia do perfil
do auditor.
Dessa forma, podem ser identificadas as possíveis lacunas de competência e
elaborado um plano de ação para que sejam supridas através de treinamentos ou outras ações,
sendo estas últimas representadas por contratação de pessoal competente externo,
terceirização do processo ou mudança de procedimentos.
Da mesma maneira que aplicado para treinamentos, as ações tomadas devem
ser analisadas criticamente quanto à sua eficácia, isto é, quanto ao alcance dos resultados
planejados. Se esses resultados não foram atingidos, novas ações devem ser consideradas e
colocadas em prática.
A auditoria interna ambiental nas organizações químicas deve ser realmente
capaz de agregar valor e possibilitar a identificação de oportunidades de melhoria, para que a
imagem dessas organizações, tanto no meio empresarial quanto perante a sociedade, sejam
passíveis de serem trabalhadas positivamente pelas ferramentas do Marketing.
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3.1.3 Plano de Auditoria Ambiental
Conforme foi citado anteriormente, o programa de auditoria é composto por
um ou mais planos de auditoria, que devem ser acordados entre a equipe de auditoria e os
responsáveis dos processos auditados.
Cada plano de auditoria requer a inclusão de maior nível de detalhamento do
que um programa. A Figura 5 mostra esse detalhamento:
Figura 5 – Fluxograma Operacional do Plano de Auditoria
PLANO DE AUDITORIA
DEFINIÇÃO DO OBJETIVO
DEFINIÇÃO DO ESCOPO
RECURSOS PARA AUDITORIA
AGENDA DA AUDITORIA
PROCESSOS
DATA
HORÁRIOS
REUNIÕES
AUDITADOS
AUDITOR REALIZAÇÃO DA AUDITORIA
RELATÓRIO DA AUDITORIA
PRAZOS PARA AÇÕES
ACOMPANHAMENTO DAS AÇÕES
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O objetivo pode definir que um ou ambos os tipos de auditorias devam ser
realizadas:
Adequação: deve ser feita a verificação se a documentação do SGA está
adequada aos requisitos da NBR ISO 14001. Nesse caso, são verificados os
procedimentos, identificação dos aspectos e impactos ambientais,
identificação dos requisitos legais e outros subscritos pela organização,
Manual do SGA, se houver, uma vez que, embora seja disponibilizado
usualmente, não é um documento obrigatório.
Conformidade: deve ser feita a verificação se os requisitos da NBR ISO
14001 e os requisitos do SGA são de fato praticados, de acordo com os
documentos aprovados. Nesse caso, deve ser buscada evidências do
atendimento aos requisitos; portanto, os registros são fundamentais para
comprovar esse atendimento.
A auditoria de adequação pode ser realizada na própria base dos auditores,
onde recebem a documentação e a analisam criticamente, evitando movimentação e
deslocamento para as diversas áreas da organização onde as atividades são executadas. É
muito comum sua realização principalmente na auditoria inicial. Se for constatada qualquer
não-conformidade na documentação, esta é relatada e o gestor deve corrigi-la.
A auditoria de conformidade deve ser realizada onde as atividades ocorrem e
com quem as executa. É realizada para verificar o grau de atendimento aos requisitos dos
critérios de auditoria, devendo-se considerar o objetivo definido. É a mais comumente
realizada, após a aprovação da documentação. Entretanto, os dois tipos podem ser realizados
simultaneamente.
A equipe de auditores deve se reunir para estabelecer, sob o comando do
auditor líder, as funções de cada auditor, os processos que cada um deverá auditar e quaisquer
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outros pontos referentes ao plano de auditoria. Com isso, pode ser elaborada a agenda para
que seja acordada com o gestor do programa e os responsáveis pelas atividades a serem
auditadas.
3.2 REALIZAÇÃO DA AUDITORIA
A auditoria deve ser realizada conforme o plano acordado entre as partes. De
um modo geral, este processo segue as fases conforme mostra a Figura 6:
Figura 6 – Fluxograma Operacional da Realização da Auditoria
3.2.1 Reunião de Abertura
A pauta da reunião de abertura é descrita na NBR ISO 19011 (ABNT, 2002)
em um dos seus requisitos. De uma maneira geral, é apresentada a equipe auditora, são
confirmados o objetivo, escopo, critérios e a agenda da auditoria, que pode ser alterada em
REUNIÃO DE ABERTURA
EXECUÇÃO DA AUDITORIA
ANÁLISE DOS DADOS
REUNIÃO DE ENCERRAMENTO
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função de alguma necessidade identificada, além dos arranjos acordados, o processo de
amostragem e a classificação das constatações, que geralmente segue como descrito a seguir:
Não-conformidade (NC): não atendimento a um requisito dos critérios de
auditoria;
Oportunidade de Melhoria (OM): qualquer recomendação por parte da
equipe auditora que pode agregar valor à organização, melhorar um
procedimento ou atividade realizada, sem, entretanto, caracterizar um
processo de consultoria.
Observação (Obs.): qualquer apontamento por parte da equipe auditora de
uma situação potencialmente não-conforme, que merece atenção por parte
do responsável dessa atividade.
Deve ser destacado que em casos onde não houver concordância em relação à
constatação de não-conformidade durante a auditoria entre a equipe auditora e o auditado,
nem durante a reunião de encerramento, devem constar no relatório tanto a conclusão da
equipe quanto a discordância do auditado, para uma análise posterior pelo gestor do programa
e/ou Responsável da Administração (RA) nomeado segundo o estabelecido pela NBR ISO
14001 (ABNT, 2004).
A reunião de abertura em auditorias externas tem caráter obrigatório, enquanto
que nas auditorias internas é fortemente recomendável. Deve, em qualquer situação, ser curta
e objetiva, com enfoque no plano de auditoria.
Após as confirmações e os esclarecimentos devidos aos presentes na reunião de
abertura, a execução da auditoria propriamente dita deve ser iniciada, sempre com enfoque
nos resultados, na melhoria contínua dos processos, com os auditores se dirigindo, através de
guias nomeados pela organização, para as atividades constantes do plano e conforme os
horários previamente agendados.
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3.2.2 Execução da auditoria
Evidentemente, essa fase é a mais importante de todo o processo. O auditor
deve buscar informações, evidências, dados que comprovem a realização das atividades
conforme estabelecido no SGA. Deve examinar registros, fazer entrevistas e analisar
documentos, sempre em busca de conformidades e, principalmente, da eficácia e melhoria
contínua. Deve-se lembrar que não-conformidade deve ser a exceção e não pode ser objetivo.
As entrevistas devem ser realizadas com enfoque no objetivo da auditoria. As
perguntas que o auditor deve fazer precisam ter um propósito definido a fim de que esse
objetivo seja alcançado, com respeito ao interlocutor, independentemente do nível hierárquico
que o mesmo ocupa dentro da organização. O estabelecimento de uma relação de empatia é
extremamente fundamental para que o processo seja conduzido de forma eficaz.
As entrevistas podem ser conduzidas através de questões fechadas ou abertas.
As questões fechadas são aquelas do tipo que levam a respostas diretas, tais como: sim ou
não. As abertas permitem que seja mantido um diálogo com o auditado, o que enriquece o
processo em execução, por isso mesmo devendo ser as preferencialmente utilizadas. O
Quadro 5 mostra exemplos de questões fechadas e abertas:
Quadro 5: Perguntas Fechadas e Perguntas Abertas
Fechadas Você tem procedimento para este processo?
Há registros que mostram os resultados deste processo?
Abertas Como é feito este processo?
O que acontece quando ocorre um vazamento de gás?
Por que este processo foi estabelecido?
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Para a execução da auditoria, é recomendável a elaboração de um check-list, ou
lista de verificação. Entretanto, para que não se caia no lugar-comum, devem ser elaboradas
perguntas estratégicas, com mais enfoque em por que as coisas são feitas e como estão
integradas aos outros processos e não em como elas são feitas (O’HANLON, 2003).
As questões relativas ao como os processos são feitos, evidentemente não
devem ser esquecidas ou desprezadas. Elas podem levar a uma compreensão de como a
organização trabalha. O que se quer dizer é que não se deve investir, como costumeiramente é
feito nas auditorias internas ou externas, um tempo maior nessa análise. Conforme cita
HUNTER (2006), as pessoas esperam resultados diferentes, mas fazem o mesmo que sempre
fizeram. Como podem ser esperados resultados diferentes, se sempre é feito a mesma coisa,
da mesma forma, se não é adicionado um ingrediente de mudança.
O estágio de evolução do SGA de uma organização também deve ser levado
em consideração. Em muitas empresas, inclusive as do ramo químico, há uma acentuada
tendência para ações corretivas, isto é, para ações decorrentes de uma ocorrência, o que
mostra sua característica mais reativa. Quanto mais ações corretivas na organização, em
detrimento de ações preventivas e melhorias, mais pobre é o seu SGA.
Entretanto, mesmo com essa tendência, não significa que a empresa não tenha
uma preocupação pelo seu desempenho ambiental. Mas, é preciso que a Alta-Administração
tenha uma participação mais presente e trabalhe com maior ênfase nas questões estratégicas.
Enquanto as ações preventivas, por serem pró-ativas, previnem a ocorrência de situações de
não-conformidades, as ações corretivas, por serem reativas, de um modo geral, representam
maior custo, maiores perdas, podendo provocar sérios danos à imagem da organização,
notadamente a do ramo químico.
No Quadro 6, é mostrado um check-list, ou lista de verificação, que mostra
uma abordagem com questões que podem agregar maior valor às organizações:
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Quadro 6: Check-List com 100 Perguntas Estratégicas
Política Ambiental
1. Por que a organização estabeleceu sua Política Ambiental?
2. O que ela pretende ao estabelecer uma Política Ambiental?
3. Com que base foi estabelecida a Política Ambiental?
4. Como a Política Ambiental assegura sua aplicação em todos os processos?
5. Como a Política Ambiental está integrada e integra os processos da organização?
6. Como é assegurada a comunicação dessa política às partes interessadas?
7. Por que a organização comunica sua Política Ambiental?
8. Por que a organização deve assegurar o entendimento da Política Ambiental pelos
colaboradores?
Planejamento
9. Por que a organização estabeleceu um SGA?
10. Como o SGA foi planejado?
11. Por que o SGA foi planejado desta forma?
12. Como as partes interessadas foram envolvidas na obtenção das informações para estabelecer o
SGA?
13. Como o SGA é considerado dentro do Planejamento Estratégico da organização?
14. Como foram e são consideradas as visões das partes interessadas no estabelecimento do SGA?
15. O SGA considera o cenário sócio-ambental concernente às indústrias do ramo químico?
16. A organização identificou os seus pontos fortes e fracos no estabelecimento do SGA? Como?
17. Por que os requisitos legais foram e são considerados?
18. Por que os aspectos e impactos ambientais foram identificados?
19. Qual a importância para a organização do levantamento dos aspectos e impactos ambientais?
20. Como e por que os aspectos e impactos ambientais foram identificados e classificados?
21. Como a organização considerou no seu SGA o Meio Ambiente onde está inserida?
22. O que representa para a organização os requisitos legais aplicáveis?
23. Como a organização considera os seus passivos ambientais no SGA?
24. Por que os passivos ambientais devem ser identificados e considerados?
25. Como são estabelecidos os objetivos ambientais?
26. Com que base os objetivos ambientais foram e são estabelecidos?
27. Como a Política Ambiental é considerada na definição dos objetivos e metas? Por quê?
28. Como a organização assegura o estabelecimento de metas ambientais em suas atividades?
29. Por que as metas são estabelecidas?
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Quadro 6: Check-List com 100 Perguntas Estratégicas (continuação)
30. Como estas metas são difundidas na organização?
31. Qual a importância dos programas ambientais estabelecidos?
32. Como a organização assegura recursos para a realização dos objetivos e metas?
Implementação e Operação
33. Como são identificados e assegurados os recursos necessários para manutenção e melhoria do
SGA?
34. Como as funções, responsabilidades e autoridades são definidas no SGA?
35. Como é o processo da definição de um ou mais representantes da direção?
36. Qual a importância do(s) Representante(s) da Direção para a organização?
37. Como o(s) Representante(s) da Direção participa(m) efetivamente do SGA?
38. Qual tem sido a contribuição do(s) Representante(s) da Direção no processo de melhoria
contínua do SGA?
39. Como a organização define as competências necessárias para a realização das atividades que
possam causar impacto ambiental significativo?
40. Como a organização define e assegura as competências daqueles que trabalham em seu nome
em atividades que possam causar impactos ambientais significativos?
41. Qual a importância de serem estabelecidas competências mínimas necessárias para as funções
internas ou externas que possam causar impactos ambientais significativos?
42. Como a organização identifica as necessidades de treinamentos ou outras ações para assegurar
a competência dos seus colaboradores?
43. Qual é a importância dos treinamentos dentro do SGA?
44. Como as lideranças são envolvidas no planejamento dos treinamentos? Por quê?
45. Como a organização assegura a eficácia dos treinamentos ou outras ações executados?
46. Como e por que a organização assegura que os seus colaboradores ou aqueles que trabalham
em seu nome estão conscientes quanto:
à importância de se estar em conformidade com a Política Ambiental e com os requisitos
do SGA?
aos aspectos e impactos ambientais potenciais e reais significativos relativos às suas
atividades?
aos benefícios ambientais provenientes da melhoria do seu desempenho pessoal?
às suas funções e responsabilidades em atingir a conformidade com os requisitos do SGA?
às conseqüências de não seguir os procedimentos determinados?
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Quadro 6: Check-List com 100 Perguntas Estratégicas (continuação)
47. Como é entendida a Política Ambiental pelo colaborador?
48. Como o colaborador aplica a Política Ambiental na realização de suas atividades?
49. Como a Política Ambiental é implementada em toda a organização? Por quê?
50. Como o colaborador faz para que as metas definidas para suas atividades sejam realizadas?
51. Qual é a importância do alcance das metas ambientais estabelecidas?
52. Como a organização realiza a comunicação dos seus aspectos ambientais e do SGA
internamente?
53. Por que a organização realiza essa comunicação?
54. Como a organização incentiva a comunicação de seus colaboradores para com a própria
organização, incluindo sugestões e reclamações?
55. Como a organização analisa e trata as comunicações recebidas de partes interessadas externas?
56. Qual é a importância das comunicações recebidas de partes externas interessadas?
57. Por que e com que base a organização decidiu comunicar ou não seus aspectos ambientais às
partes externas?
58. Para quais atividades a organização decidiu documentar os procedimentos?
59. Com que base a organização decidiu documentar ou não os procedimentos relativos às suas
atividades?
60. Como é assegurada a execução das atividades de forma sistemática?
61. Como a organização assegura que a ausência de um procedimento documentado não acarrete
desvios ao SGA, relacionados à Política Ambiental, objetivos e metas?
62. Como a organização define e estabelece os critérios operacionais nos procedimentos relativos
à execução de suas atividades?
63. Como os critérios operacionais estabelecidos contribuem para a eficácia do SGA?
64. Como a organização assegura que os que trabalham em seu nome, incluindo fornecedores e
prestadores de serviços, atendam aos requisitos estabelecidos no SGA?
65. Qual é a importância para a organização de que os requisitos operacionais do SGA sejam
atendidos pelos colaboradores, fornecedores e prestadores de serviços?
66. Como e por que a imagem da organização pode ser afetada se os critérios operacionais não
forem apropriadamente definidos?
67. Como e por que a imagem da organização pode ser afetada se os procedimentos estabelecidos
não forem apropriadamente seguidos pelos colaboradores, fornecedores e prestadores de
serviços?
68. Como o pessoal operacional é preparado para a execução de suas atividades?
69. Como o pessoal operacional é incentivado a melhorar seu desempenho pessoal?
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Quadro 6: Check-List com 100 Perguntas Estratégicas (continuação)
70. Qual é a importância estratégica da documentação do SGA para a organização?
71. Qual é o critério estabelecido pela organização para decidir se um procedimento deve ou não
ser documentado?
Verificação
72. Com que base a organização estabelece seu plano de preparação e resposta a emergências?
73. Como a organização considera o seu plano de preparação e resposta a emergências dentro do
seu Planejamento Estratégico?
74. Como e por que a organização considera emergências anteriores no seu plano de atendimento
a emergências?
75. Como e por que os acidentes ambientais externos são considerados no seu plano de
atendimento a emergências?
76. Como é o processo de aprendizado no caso de identificação de potenciais ou reais acidentes
ambientais?
77. Como a comunidade é envolvida no estabelecimento do seu plano de emergência?
78. Qual é a importância do estabelecimento de um plano de emergência?
79. Como e por que são realizados simulados de emergência?
80. Como é o processo de avaliação do resultado de simulados?
81. A avaliação do resultado de simulados tem levado a melhorias do SGA? Como?
82. Como a organização controla, mede e monitora as características de suas operações que
podem acarretar impactos ambientais significativos?
83. Por que a organização controla, mede e monitora as características de suas operações que
podem acarretar desvios ao seu SGA?
84. Como é o processo de identificação e classificação dos equipamentos e instrumentos que
necessitam de calibração e/ou ajuste?
85. Qual é a importância da calibração e/ou ajuste e ajuste para equipamentos e instrumentos
relevantes nas operações da organização?
86. Como a organização conscientiza seu pessoal operacional da sua responsabilidade em
assegurar que o status de validade da calibração e/ou ajuste dos equipamentos e instrumentos
relevantes seja mantido?
87. Por que é feita a monitoração do atendimento dos requisitos legais e outros subscritos pela
organização?
88. Qual é a importância da auditoria interna para a organização?
89. Como a organização tem analisado as auditorias internas?
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Quadro 6: Check-List com 100 Perguntas Estratégicas (continuação)
90. Como as auditorias internas têm contribuído para o desempenho do SGA e com os resultados
da organização?
91. Como o processo de auditoria interna tem sido conduzido na organização?
92. Como é o processo de seleção e avaliação de auditores internos?
93. Como e por que é feita a análise crítica do processo de auditoria da organização?
Análise Crítica pela Administração
94. Qual é a importância da análise crítica pela Alta-Administração do SGA para a organização?
95. Como é conduzida a análise crítica pela Alta-Administração?
96. Qual é o papel dos indicadores de desempenho para o SGA?
97. Como a organização tem usado o resultado das análises críticas do SGA?
98. Como a organização tem usado o benchmarking em relação aos seus próprios resultados?
99. Como a organização demonstra a melhoria contínua do seu SGA e do seu desempenho
ambiental em função da análise crítica pela Alta-Administração?
100. Como é projetada e planejada em termos de marketing a imagem da organização em função do
seu desempenho ambiental?
3.2.3 Análise dos Dados
A equipe auditora, sob o comando do auditor líder, deve se reunir para analisar
todas as constatações da auditoria e decidir sobre sua natureza, dentro dos critérios definidos:
conformidade, não-conformidade, oportunidade de melhoria ou observação. Recomenda-se
que essa reunião seja feita ao final de cada período de auditoria.
A análise deve ser realizada de maneira clara e objetiva, de maneira que os
resultados sejam definidos com base nas evidências, devendo traduzir a realidade e fornecer
subsídios para que a organização química possa melhorar continuamente, de forma
consistente, seu Sistema de Gestão Ambiental.
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A equipe auditora, então, documenta as constatações conforme foram
classificadas. No caso de auditorias internas, usualmente há formulários apropriados para os
registros. As não-conformidades identificadas devem ser registradas segundo a estrutura:
O que foi constatado;
Onde foi constatado;
Contra qual requisito foi comparado.
Um relatório preliminar deve ser elaborado, com base nas constatações e sua
análise, para ser apresentado na reunião de encerramento. Se houver qualquer discordância
com relação à alguma não-conformidade identificada, esta deve ser também registrada para
que possa ser discutida a fim de que seja obtido o consenso entre a equipe auditora e o
auditado.
3.2.4 Reunião de Encerramento
A reunião de encerramento deve ser organizada de modo que os processos
auditados estejam representados, juntamente com a equipe auditora, o gestor do programa de
auditoria, a Direção e/ou seus representantes.
A pauta dessa reunião é mostrada em um dos requisitos da NBR ISO 19011
(ABNT, 2002), sendo muito parecida com a reunião de abertura. Nas auditorias internas, a
reunião pode ser menos formal e mais objetiva, com o simples apontamento das constatações
e suas respectivas classificações.
Após a apresentação sob coordenação do auditor líder, sendo assegurado o
entendimento das constatações pelos presentes, deve ser elaborado o relatório final, que pode
ser entregue dentro de um prazo acordado ou no próprio encerramento da auditoria.
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4 CONCLUSÃO
Conforme foi apresentado neste trabalho, a auditoria ambiental interna se
reveste de um caráter fundamental para o processo de melhoria contínua dentro de uma
organização, especialmente a do segmento químico, onde a exposição aos riscos ambientais é
bastante acentuada. Esses riscos sendo identificados e gerenciados farão com que a
organização química possa monitorar suas atividades e permitir que sua imagem seja
trabalhada de forma positiva pelo Marketing.
Não se quer afirmar que a auditoria ambiental interna seja a solução para todos
os problemas das organizações químicas. Mas, indubitavelmente, é uma ferramenta
importante no processo de transformação desse tipo de empresa, que requer
comprometimento da Alta-Administração, das altas e médias gerências, das lideranças de um
modo geral, de todos os colaboradores internos e dos externos, estes representados por todos
aqueles que trabalham em nome da organização-alvo.
Isto, também, requer uma mudança sistemática da conduta dos auditores. Uma
postura mais atuante que, certamente, despertará no auditado novas formas de pensamento. O
auditor deve encarar seu papel de agente de mudanças. Para isso, deve, primeiramente, se
certificar de que quer mudar. A melhoria contínua é um processo que deve começar por todos
aqueles que convivem na organização. Assim, o auditor deve procurar fazer cada vez melhor
seu papel, buscando qualificações que sejam necessárias, abrindo-se para o aprendizado,
mostrando interesse no que faz. Somente as pessoas podem mudar a si mesmas.
Mudança, inovação podem despertar medo, pois significa sair da zona de
conforto, sair da zona de conhecimento, de certo domínio, para uma zona desconhecida.
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Segundo HUNTER (2006), a liderança servidora é capaz de levar a resultados
significativos, conscientes e consistentes, mesmo que em um prazo maior. O auditor deve ter
esse pensamento: servir. Ao menos, durante o processo de auditoria, ele está no papel de líder
e de servidor. Sua conduta e a crença na atividade que executa ditarão o real valor do
processo.
Assim, sustentado no planejamento adequado, em uma abordagem com
questões estruturadas e estratégicas, uma conduta apropriada por parte da equipe auditora e a
compreensão e colaboração de todas as partes envolvidas, o processo de auditoria interna
ambiental poderá se transformar em uma importante ferramenta de marketing empresarial nas
indústrias químicas, agregando verdadeiramente valor aos processos e à imagem dessas
organizações.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABNT NBR ISO 14001, 2004. Sistemas da Gestão Ambiental: Requisitos com orientação para uso. 27p. ABNT NBR ISO 19011, 2002. Diretrizes para auditorias de Sistema de Gestão da Qualidade e/ou Ambiental . 25p. ABNT NBR ISO 10015, 2001. Gestão da Qualidade: Diretrizes para Treinamento . 12p. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DAS INDÚSTRIAS QUÍMICAS – ABIQUIM. História. Disponível em http://www.abiquim.org.br/corantes/cor_historia.asp. Acesso em: 6 de agosto de 2006. CIÊNCIA ABRIL: Química, Indústria. São Paulo. V.7, p. 1520-1521, 1979. CIÊNCIA ABRIL: Química, História. São Paulo. V.7, p. 1515, 1979. CHEMICAL INDUSTRY: History. Disponível em: http://www.encyclopedia.com/html/c/ chem-ind.asp. Acesso em 6 de agosto de 2006. HUNTER, J. Como se tornar um líder servidor . 2 ed. Rio de Janeiro: Sextante, 2006. 136 p. ISO 9001 AUDITING PRACTICES GROUP: How to add value during the audit process . ISO: International Organization for Standardization; IAF: International Accreditation Forum. 2004, October. 6p. O’HANLON, T. As auditorias devem agregar valor aos negócios. QSP News informe Reservado. n. 17. 2003, junho. ROVERE, E. et al . Manual de Auditoria Ambiental . 2 ed. Rio de Janeiro: Qualitymark, 2001. 152 p.
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SILVA, A. Gestão Ambiental na Indústria: Uma avaliação dos setores químico e petroquímico com relação aos passivos ambientais e os problemas causados em torno da Baía da Guanabara. 118p. Tese de Mestrado em Ciências na área de Saúde Pública – Escola Nacional de Saúde Pública da Fundação Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, 2001. Disponível em: http://thesisfiocruz.bvs.br/pdf/FIOCRUZ/2001/silvaabm/capa. pdf . Acesso em: 25 de junho de 2006. SOUZA, R. Evolução e condicionantes da gestão ambiental nas empresas . 23p. Disponível em: http://professores.faccat.br/marcelo/Gestão Ambiental . 01.pdf. Acesso em: 25 de junho de 2006. VALLE, G. Auditorias de Sistema de Gestão : como agregar valor aos negócios da organização. In: CONGRESSO NACIONAL DE EMPRESAS CERTIFICADAS, 8., 2005, São Paulo: QSP. 16p.
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