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JULIANA PINHEIRO GONÇALVES GESTÃO DO CONHECIMENTO EM EMPRESA CONSTRUTORA São Paulo 2017

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  • JULIANA PINHEIRO GONÇALVES

    GESTÃO DO CONHECIMENTO EM EMPRESA CONSTRUTORA

    São Paulo

    2017

  • 1

    JULIANA PINHEIRO GONÇALVES

    GESTÃO DO CONHECIMENTO EM EMPRESA CONSTRUTORA

    Dissertação apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências Orientador: Profª. Dra. Mercia Maria Semensato Bottura de Barros

    São Paulo

    2017

  • 2

    JULIANAPINHEIROGONÇALVES

    GESTÃO DO CONHECIMENTO EM EMPRESA CONSTRUTORA

    Dissertação apresentada à Escola Politécnica da Universidade de São Paulo para obtenção do título de Mestre em Ciências Área de Concentração: Inovação na Construção Civil Orientador: Profª. Dra. Mercia Maria Semensato Bottura de Barros

    São Paulo

    2017

  • Este exemplar foi revisado e corrigido em relação à versão original, sob responsabilidade única do autor e com a anuência de seu orientador.

    São Paulo, ______ de ____________________ de __________

    Assinatura do autor: ________________________

    Assinatura do orientador: ________________________

    Catalogação-na-publicação

    Gonçalves, Juliana Pinheiro Gestão do Conhecimento em Empresa Construtora / J. P. Gonçalves --versão corr. -- São Paulo, 2017. 222 p.

    Dissertação (Mestrado) - Escola Politécnica da Universidade de SãoPaulo. Departamento de Engenharia de Construção Civil.

    1.Gestão do Conhecimento 2.Construção Civil 3.Empresas I.Universidadede São Paulo. Escola Politécnica. Departamento de Engenharia de ConstruçãoCivil II.t.

  • 4

    ÀCarmenHabibGonçalves

  • 5

    AGRADECIMENTOS

    ÀminhamãeLuzineteeaosmeustiosArieCaco,peloincentivoairsemprealém.

    Àminhaorientadora,Profa.Dra.MerciaMariaSemensatoBotturadeBarros,pelaconfiança

    epelosensinamentosdentroeforadaUniversidade.

    AoProf.Dr.FranciscoFerreiraCardosoeàconsultoraDra.MariaAngélicaCoveloSilva,pelas

    críticasmaisqueconstrutivasnabancadequalificação.ARicardoOviedo,pelasconversas

    incentivadorasquetraziammaislevezaparacontinuaracaminhada.

    A todososcolegasdoProgramadeMestradoConstruInova,pelas trocaseaprendizado.A

    Thomas,pelocompartilhamentodeestudossobreotema.AosamigosMariaLetícia,Lígia,

    RafaeleAna,pormeincentivaremapersistir.

    AMaurícioeFabio,pelaoportunidadeconcedidadevoltaraomundoacadêmico.ARomeoe

    Gustavo,porincentivaremaconclusãodestajornada.

    A todos os colegas de trabalho, pelas trocas ao longo de meus 8 anos de experiência

    profissional.

    AMairaeJoséEduardo,pelotempoeatençãoquedispuseramparaastrocasde

    experiências.

    ADanieleEduardo,pelasconversasquemuitoagregaramàpesquisa.

    ALeandro,porsempreacreditarquemeudesejopudessesetransformaremrealidade,

    sempremeincentivandoaseguiremfrente.AIvi,pelocompartilhamentodesuas

    experiênciasprofissionaisepelosabraçosamorososeacalentadores.ALuana,pelos

    “cafés-desabafo”.

    APriscyla,Marília,AndreaeOscar,peloamordeamigostraduzidoemcoloeajuda.

    Omeumuitoobrigadapelaconfiança,carinhoeapoiodetodosvocês.

  • 6

    RESUMO

    AconstruçãodeedifíciosnoBrasilsempreapresentagrandesdesafios.Nãodiferentedisso,

    os últimos anos foram marcados por altos índices de desemprego no setor e;

    consequentemente,partedoconhecimentoexistente,ouseja,partedoativointangível,foi

    embora junto com as pessoas que saíram das empresas. O aproveitamento dos

    conhecimentos existentes na organização é fundamental para que os colaboradores

    procurem, encontreme possamutilizar emelhorar práticas e processos empregados pela

    empresa, ao invés de se tentar recriar o que fora criado em momentos anteriores,

    estagnandooumesmodificultandooprocessodemelhoriaeinovaçãonaconstrução.Para

    que isso ocorra, a Gestão do Conhecimento (GC) é primordial para auxiliar as empresas

    construtorasamantersuacompetitividadeecapacidadedeinovar.Estetrabalhoabordao

    conceito de GC para empresas construtoras, propondo soluções para uma empresa

    construtora (EC). Para tanto, foi realizada uma pesquisa sobre os principais conceitos do

    termo.Depoisanalisaram-sealgunsmodelosdeGCpropostosporteóricoseconsultores.Em

    seguida foram avaliadas algumas ferramentas para mensuração do ativo intangível

    “conhecimento”. Também foram levantadas as principais barreiras e oportunidades para

    implantação na GC em empresas construtoras. Após o levantamento bibliográfico, foram

    analisadasduasempresasdedesenvolvimentodeprodutoscomplexosparacompreenderna

    práticacomoaGCdefatoacontecenestaindústriaedequemaneiraaspráticaspoderiam

    serreplicadasnaconstrução.Porfim,foramidentificadasaçõesparaimplantaçãodaGCem

    empresaconstrutora.Comesteestudo,espera-semitigarosriscosenvolvidosnonegócioda

    empresaconstrutora,bemcomoestimularumprocessode inovaçãoestruturadocapazde

    aumentar a competitividade da empresa e a perenidade de seus negócios. Apesar da

    proposiçãosedarespecificamenteparaumaempresa,acredita-sequeamesmapossaser

    utilizadaparaoutrasempresascomcaracterísticassimilares.

    Palavras-Chave: Gestão do Conhecimento. Construção Civil. Empresas Construtoras.

    Edificações.

  • 7

    ABSTRACT

    TheconstructionofbuildingsinBrazilalwayspresentsgreatchallenges.Notunlikethis,the

    lastyearsweremarkedbyhighunemploymentratesinthesectorand,consequently,partof

    theexistingknowledge,thatispartoftheintangibleasset,wentawaytogetherwithpeople

    who left thecompanies.Theuseofexistingknowledge in theorganization is fundamental

    foremployeestoseek,findanduseandimprovepracticesandprocessesemployedbythe

    company,ratherthantryingtorecreatewhathadbeencreatedinprevioustimes,stagnating

    or even hampering the improvement process and innovation in construction. For this to

    occur,KnowledgeManagement(KM)isparamounttohelpconstructioncompaniesmaintain

    theircompetitivenessandabilityto innovate.ThisworkapproachestheconceptofKMfor

    constructioncompanies,proposingsolutions foraconstructionenterprise (CE).For that,a

    research was carried out on the main concepts of the term. Then, some KM models

    proposed by theorists and consultants were analyzed. Some tools for measuring the

    intangibleasset"knowledge"werethenevaluated.Themainbarriersandopportunitiesfor

    implementation in the KM in construction companies were also raised. After the

    bibliographicsurvey,twostudieswerecarriedouttounderstandinpracticehowKMactually

    happens in the serial industry and in what way the practices could be replicated in the

    construction.Finally,actionswereidentifiedfortheimplantationoftheKMinaconstruction

    company.With this study, it ishoped tomitigate the risks involved in thebusinessof the

    construction company, as well as stimulate a structured innovation process capable of

    increasingthecompany'scompetitivenessandtheperennialityofitsbusiness.Althoughthe

    proposition is specifically for a company, it is believed that it can be used for other

    companieswithsimilarcharacteristics.

    Keywords:KnowledgeManagement.Construction.ConstructionCompanies.Buildings.

  • 8

    LISTADEFIGURAS

    Figura1-Evoluçãodosdadosaoconhecimento....................................................................17

    Figura2-Síntesedasatividadesdoconhecimento................................................................18

    Figura3-Síntesedosmétodosdapesquisa...........................................................................22

    Figura4-ModelodeBoisot....................................................................................................25

    Figura5-Modosdeconversãodeconhecimento..................................................................27

    Figura6-ModeloSkandia......................................................................................................29

    Figura7-ModelodeDemarest..............................................................................................30

    Figura8-ModelodeChoo.....................................................................................................31

    Figura9-OitocritériosMAKE.................................................................................................32

    Figura10-ModelodeTerra...................................................................................................35

    Figura11-ModelodeStankoskyeBaldanza.........................................................................37

    Figura12-OsquatropilaresdaGestãodoConhecimento....................................................38

    Figura13-Dezquestõesestratégicasdeconhecimento........................................................39

    Figura14-AsoitoáreaschavesdeGC...................................................................................40

    Figura15-OscinconíveisdeMaturidadedaGC...................................................................40

    Figura16–ModeloEKMF.......................................................................................................44

    Figura17-ModelodeFrid......................................................................................................45

    Figura18-ModelodoInstitutoFraunhofer...........................................................................47

    Figura19-ModelodoGuiaEuropeudeBoasPráticasemGC...............................................49

    Figura20-ModelodeMaier..................................................................................................50

    Figura21-ModelodeGCparaconstruçãocivil.....................................................................51

    Figura22-ModeloPawlowskieBick......................................................................................54

    Figura23-AssociaçãodosindicadoresobtidosaomodelodoInstitutoFraunhofer.............67

    Figura24-AssociaçãodosindicadoresobtidosaomodeloSECI............................................68

    Figura25-Cadeiadevalordaconstruçãodeedifíciosresidenciais.......................................75

    Figura26-Aprendizagemnosempreendimentos..................................................................80

    Figura27-Tiposdetransferênciadeconhecimentoentreempreendimentos.....................81

    Figura28-GeraçõesdeconhecimentosdaGCnaconstruçãodeedifícios...........................82

    Figura29-BarreirasparaimplantaçãodeGC........................................................................86

  • 9

    Figura30-FaseseetapasdoprocessodeimplantaçãodeTCR’snoprocessodeproduçãode

    edifícios...................................................................................................................................90

    Figura31–Principaisáreasdeconhecimentoeserviçosdeapoioaodesenvolvimentode

    empreendimentosdeconstruçãodeedifícios.......................................................................92

    Figura32-Lacunasnosserviçosaolongodociclodevidadoempreendimento..................93

    Figura33-ProcessodeGCnosetordaconstruçãocomenfoquenasatividadesde

    assistênciatécnicadeedifícios...............................................................................................96

    Figura34-Empreendimentosrealizadosporempresaconstrutoraeinteraçãoentreagentes

    ................................................................................................................................................97

    Figura35-Fluxosdetransferênciadoconhecimento:entreprojetos(empreendimentos),

    entrefasesdociclodevidadoprojeto,entreempresaseagentes.......................................98

    Figura36-ProcessodeaprendizagemeGCemempresaconstrutoradeedifícios...............99

    Figura37-Aspectosfundamentaisparaaeficáciadatransferênciadeconhecimentoem

    empresaconstrutora............................................................................................................100

    Figura38-Atividadesdeempresasconstrutorasnafasededesenvolvimentodeprojetos101

    Figura39–AçõesparaosucessodaGCemempresasdeconstruçãodeedifícios..............102

    Figura40–NovepassosparaimplementaçãodeGCemempresasdeengenharia............104

    Figura41–DesafiosparaimplantaçãodaGCemempresasconstrutorasdeedifícios........105

    Figura42-OportunidadesparaimplantaçãodeGCemempresasdeconstruçãodeedifícios

    ..............................................................................................................................................106

    Figura43-ModelodeGCEmpresaA...................................................................................110

    Figura44-PráticasdeGCnaEmpresaA..............................................................................111

    Figura45-OrganogramageraldaEC..................................................................................121

    Figura46-OrganogramaDiretoriadeMarketingdaEC.......................................................122

    Figura47-OrganogramaDiretoriaTécnicadaEC................................................................122

    Figura48-OrganogramaDiretoriadeNegóciosdaEC........................................................123

    Figura49-OrganogramaDiretoriaFinanceiraedeRelaçõescomInvestidores(RI)daEC..123

    Figura50-OrganogramaDiretoriaAdministrativadaEC.....................................................124

    Figura51-OrganogramaDiretoriaControladoriadaEC......................................................124

    Figura52-OrganogramaDiretoriaComercialdaEC............................................................125

    Figura53–OrganogramaDiretoriaJurídicadaEC...............................................................125

    Figura54–Fluxopararealizaçãodoempreendimento.......................................................132

  • 10

    Figura55–FluxogramadoprocedimentodeavaliaçãodetecnologiasconstrutivasdaEC 134

    Figura56–SetediretrizesgeraisparaimplantaçãodeGC,segundoTerra(2000)..............148

    Figura57–Ativistasdoconhecimento.................................................................................149

    Figura58–SeisdiretrizesparaimplantaçãodeGC,segundoNonakaeIchijo(1997).........150

    Figura59–SetepontosdeatençãoparaacorretaimplantaçãodeGC,segundoPawlowskie

    Bick(2002)............................................................................................................................151

    Figura60-15diretrizesparaimplementaçãodeGCnaEC.................................................152

    Figura61-Maturidade/Etapasdeimplementaçãodomodelo.........................................154

    Figura62–EstruturadomodelodeGCparaEC...................................................................155

    Figura63-Principaiselementosdomodelo........................................................................156

    Figura64-ModelodeGCparaaEC–NíveldeMaturidadeum..........................................158

    Figura65–ModelodeGCparaaEC–NíveldeMaturidadedois........................................161

    Figura66–ModelodeGCparaaEC–NíveldeMaturidadetrês.........................................165

    Figura67–ModelodeGCparaaEC–NíveldeMaturidadequatro....................................168

  • 11

    LISTADEQUADROS

    Quadro1–Atribuiçãodenotasparacadasubcritério...........................................................32

    Quadro2–ModelosavaliadosapartirdosseiscritériosdeKuriakoseetal.(2010).............56

    Quadro3-OrigemdomodelodeGCdeacordocomregiãoetipodeinstituição.................57

    Quadro4–ModelosdeGCavaliadosporatividadesdeconhecimentoefatorescríticos....58

    Quadro5-ModelosdeGCavaliadosportipos,trocasematuridadedeconhecimento......59

    Quadro6-ExemplosdeindicadoresquantitativosequalitativosemGC..............................62

    Quadro7–Indicadoresrelacionadosàsatividadesdeconhecimento..................................62

    Quadro8-ExemplosdeindicadoresdeesforçoederesultadosemGC...............................63

    Quadro9-ExemplosdeindicadoresbásicosdosprocessosdeGestãodoConhecimento,

    seguindoadefiniçãodeNonakaeTakeuchi(2008)...............................................................63

    Quadro10-IndicadoresparaasdimensõesdaGC,sugeridosapartirdasdefiniçõesdeTerra

    (1999)......................................................................................................................................64

    Quadro11-Exemplosdeindicadoresparaoscapitaisdoconhecimento.............................65

    Quadro12-ExemplosdeindicadoresdosprocessosdeGC,seguindoavisãodeDavenporte

    Prusak(1998)..........................................................................................................................65

    Quadro13-AtivosmedidospeloSkandiaNavigator.............................................................69

    Quadro14-ResumodasferramentasdemediçãodeGC......................................................72

    Quadro15–ConhecimentonecessárioparaGestãodaQualidade(GQ)segundoatividades

    deGestãodoConhecimento(GC)........................................................................................103

    Quadro16–PráticaseferramentasdeGCjáutilizadaspelaECesituaçãoatualdouso....127

    Quadro17–NotasatribuídasàECnosoitocritériosMAKE................................................137

    Quadro18–Critério1–Diagnóstico2011eanálisedocenárioatual.................................137

    Quadro19–Critério2–Diagnóstico2011eanálisedocenárioatual.................................138

    Quadro20–Critério3–Diagnóstico2011eanálisedocenárioatual.................................138

    Quadro21–Critério4–Diagnóstico2011eanálisedocenárioatual.................................139

    Quadro22–Critério5–Diagnóstico2011eanálisedocenárioatual.................................140

    Quadro23–Critério6–Diagnóstico2011eanálisedocenárioatual.................................141

    Quadro24–Critério7–Diagnóstico2011eanálisedocenárioatual.................................142

    Quadro25–Critério8–Diagnóstico2011eanálisedocenárioatual.................................142

  • 12

    Quadro26–CritériosMAKErelacionadosaosprojetoslistadospelasliderançasnaEC.....143

    Quadro27-SíntesedaGCnasempresasA,BeCapartirdasquestõescentrais................146

    Quadro28–SugestãodeacréscimonadescriçãodacompetênciaConhecimentotécnicoe

    funcionalapartirdoscargosdaEC.......................................................................................157

    Quadro29–PráticasdeGCnonívelumdematuridadedomodelo...................................159

    Quadro30–PráticasdeGCacrescentadasnoníveldoisdematuridadedomodelo..........162

    Quadro31–PráticasdeGCacrescentadasnoníveltrêsdematuridadedomodelo...........164

    Quadro32–PráticasdeGCacrescentadasnonívelquatrodematuridadedomodelo......169

    Quadro33–ComposiçãodoModelodeGCpropostoparaaEC.........................................170

    Quadro34–PráticasdeGCpropostasparaECemtodososníveisdematuridade.............172

    Quadro35–SubcritériosprêmioMAKEcomboaevidêncianaEC......................................212

  • 13

    SUMÁRIO

    1. INTRODUÇÃO............................................................................................................151.1. JUSTIFICATIVA...........................................................................................................151.2. OBJETIVO..................................................................................................................211.3. MÉTODOSDEPESQUISA...........................................................................................211.4. ESTRUTURADOTRABALHO......................................................................................23

    2. MODELOSDEGESTÃODOCONHECIMENTO...............................................................242.1. MODELODEBOISOT.................................................................................................242.2. MODELODENONAKAETAKEUCHI...........................................................................262.3. MODELOSKANDIA....................................................................................................282.4. MODELODEDEMAREST...........................................................................................292.5. MODELODECHOO...................................................................................................302.6. MODELOMAKE.........................................................................................................312.7. MODELODETERRA...................................................................................................342.8. MODELODESTANKOSKYEBALDANZA.....................................................................372.9. MODELODESVEIBY;LINARDEDVORSKY.................................................................382.10. MODELOKMMM....................................................................................................392.11. MODELODOEKMF.................................................................................................432.12. MODELODEFRID....................................................................................................442.13. MODELODOINSTITUTOFRAUNHOFER..................................................................462.14. MODELODOGUIAEUROPEUDEBOASPRÁTICASEMGC......................................472.15. MODELODEMAIER.................................................................................................492.16. MODELODETUPENAITE,KANAPECKIENEENAIMAVICIENE..................................502.17. MODELODEPAWLOWSKIEBICK............................................................................522.18. ANÁLISEDOSMODELOSDEGC...............................................................................54

    3. INDICADORESEFERRAMENTASPARAMÉTRICASDEGESTÃODOCONHECIMENTO....613.1. INDICADORESDEGC.................................................................................................613.2. MODELOSDEMÉTRICASPARADESEMPENHODENEGÓCIOS..................................683.3. FERRAMENTASPARAMEDIÇÃODEATIVOSINTANGÍVEISVOLTADOSPARAGC......693.4. ANÁLISEDOSINDICADORESEFERRAMENTASDEMEDIÇÃODEGC.........................72

  • 14

    4. GESTÃODOCONHECIMENTONACONSTRUÇÃODEEDIFÍCIOS...................................744.1. ASPECTOSGERAISDAGCNACONSTRUÇÃODEEDIFÍCIOS.......................................744.2. AGCNOCENÁRIOATUALDACONSTRUÇÃODEEDIFÍCIOSNOBRASIL....................874.3. CONSIDERAÇÕESPARAIMPLEMENTAÇÃODAGCEMEMPRESACONSTRUTORA..104

    5. GESTÃODOCONHECIMENTOEMEMPRESASDEDESENVOLVIMENTODEPRODUTOSCOMPLEXOS...................................................................................................................1075.1. GCNAEMPRESAA..................................................................................................1085.2. GCNAEMPRESAB..................................................................................................1165.3. GCNAEMPRESAC..................................................................................................1195.3.1. AnálisedaGCnaECapartirdosmodelosapresentados.....................................1365.4. COMPARAÇÃOENTREASEMPRESASDEDESENVOLVIMENTODEPRODUTOSCOMPLEXOS......................................................................................................................144

    6. PROPOSIÇÃODEDIRETRIZESDEGCPARAEMPRESACONSTRUTORA.......................1486.1. DIRETRIZESGERAISDEGCPARAEMPRESACONSTRUTORA...................................1526.2. MODELODEGCPARAEMPRESACONSTRUTORA...................................................1536.2.1. NíveldematuridadeumdomodelodeGCparaEC............................................1566.2.2. NíveldematuridadedoisdomodelodeGCparaEC...........................................1606.2.3. NíveldematuridadetrêsdomodelodeGCparaEC...........................................1636.2.4. NíveldematuridadequatrodomodelodeGCparaEC.......................................1666.3. CONSIDERAÇÕESPARAIMPLANTAÇÃO..................................................................176

    7. CONSIDERAÇÕESFINAIS..........................................................................................1777.1. ANÁLISEDAPESQUISA............................................................................................1777.2. CONTRIBUIÇÕESETRABALHOSFUTUROS..............................................................178

    REFERÊNCIAS..................................................................................................................180

    APÊNDICEA–PRÁTICASEFERRAMENTASDEGCCONSULTADAS...................................188

    APÊNDICEB–COMPETÊNCIASEXIGIDASNAEC..............................................................202

    APÊNDICEC–AVALIAÇÃOPRÊMIOMAKEPARAECEM2011..........................................209

    APÊNDICED–PROPOSTADEPROCEDIMENTODEGCPARAEC.......................................214

    ANEXOA–CRITÉRIOSDOPRÊMIONACIONALDEQUALIDADE.......................................222

  • 15

    1. INTRODUÇÃO

    1.1. JUSTIFICATIVA

    AconstruçãodeedifíciosnoBrasilapresentagrandesdesafiosparaospróximosanos.Desde

    2014, o país enfrenta uma crise econômica, que provocou diminuição nos investimentos,

    recessãoedesemprego.OProdutoInternoBruto(PIB)dacadeiadaconstruçãoencerrouo

    anode2016comquedaacumuladadequase16%nosdoisúltimosanosefechamentode

    maisde1milhãodepostosdetrabalhocomcarteiraassinada(FIESP,2016).

    Apesar dos últimos anos apresentarem queda dos investimentos no setor de construção

    civil,representandoumadiminuiçãonaparticipaçãodoPIBdopaís,aprojeçãoaté2022éde

    que a média desta participação aumente, chegando em 9,7%. E a participação das

    construtorasnestepercentualéde51,1%(FIESP,2015).

    Assoluçõespropostasno11oCongressodaConstruçãoCivil-ConstruBusiness(FIESP,2015)

    ressaltam a importância de programas amplos de qualificação profissional. Dentre eles, a

    criaçãode linhasde fomentoparaaçõesdecapacitação; incentivo fiscalàsempresaspara

    capacitar e certificar seu quadro de funcionários; estímulo ao planejamento de recursos

    humanos, antecipando as ações de capacitação do capital humano; estímulo a parcerias,

    estágios e pesquisas compartilhadas entre o meio empresarial e a academia. Entende-se

    então que também será dever das empresas construtoras auxiliar na capacitação de seus

    funcionários,criandoparceriascomoutrosagentesdacadeiaafimdeelevarospatamares

    dequalidadedosetorepromoverpossíveisinovaçõesqueagreguemvaloraomercado.

    Sveiby (1996) já afirmava que a capacitação tem como foco a disseminação, troca e

    assimilaçãodoconhecimento,ativo intangível fundamentalparaasempresas.Essemesmo

    autor,aocompararaabordagemdasempresasnaeraindustrialenaeradoconhecimento,

    destaca que o aprendizado das pessoas em uma organização assume outra dimensão ao

    evoluir da perspectiva operacional para uma perspectiva estratégica de criação de novos

    ativos.Paraele,ovalordeumaempresaédeterminadoemgrandemedidapelosseusativos

    intangíveis,dentreeles,ocapitalintelectual.AsideiasdeSveiby(1996)remontama20anos;

  • 16

    entretanto, continuamatuais, emespecial para a indústria da construçãode edifícios que

    aindaapresentaconhecimentobastanteheterogêneo.

    BarroseCardoso(2011)provocamumareflexãoparaomercadodaconstruçãocivilsobreos

    avançosdoconhecimentorumoàinovação.Seráqueseviveemum“carrosselouespiraldo

    conhecimento”? Os autores lembram que esquecer dos ensinamentos do passado e

    reproduzir asmesmas ações é estar no carrossel. Para que o conhecimento caminhe por

    meiodeumaespiralcrescentee;consequentemente,asinovaçõessejambemsucedidas,é

    necessário um desenvolvimento tecnológico em que sucessos e insucessos sejam

    registrados,disseminadose,defato,inseridosnosistemaprodutivodasempresas.

    Oaproveitamentodosconhecimentosexistentesnaorganizaçãoéfundamentalparaqueos

    colaboradoresprocurem,encontremeutilizemosprocessosempregadospelaempresa,ao

    invésdesetentarrecriaroqueforacriadoemmomentosanteriores,estagnandooumesmo

    dificultando o processo de melhoria e inovação na construção. Para que isso ocorra, a

    GestãodoConhecimento(GC)éprimordialparaauxiliarasempresasconstrutorasamanter

    suacompetitividadeecapacidadedeinovar.

    OtermoGCsurgiunasempresasdeconsultorianadécadade1990edelasseusprincípios

    espalharam-sepelasorganizações.Consultoresperceberamrapidamenteopotencialdesta

    disciplina em organizações baseadas no conhecimento e geograficamente dispersas. Uma

    vez tendo experiência para conectar as organizações e para compartilhar e gerenciar

    informaçãoeconhecimento,asempresasdeconsultoriacomeçaramareplicarsuaspráticas

    paraasempresasaquemprestavamserviços(KOENIG,2012).

    ParaDavenportePrusak(1998),aúnicavantagemcompetitivaqueumaempresapossuié

    aquiloqueelacoletivamentetemdomínio,aeficiênciacomqueelausaoqueconheceea

    prontidãocomqueelaadquireeusanovosconhecimentos.

    Ichijo e Nonaka (2007) levantam alguns motivos para a dificuldade em desenvolver

    programasdeGCnasempresas.Paraosautores,asdisciplinasdegestãoquelidamcomas

    noçõesdeestratégia,recursoshumanos,finançasemarketingdeveriamserrepensadascom

    o objetivo de aumentar a vantagem competitiva através de criatividade e inovação. AGC

    envolveprocessoshumanos,quesãodifíceisdemensuraregerenciaratravésdasdisciplinas

  • 17

    existentes.Sendoassim,oimpactonosnegóciospermanecevagoeentãoosprogramasde

    GCperdemsuaforçaeapoio.

    Éimportantediferenciarnestetrabalhoostermosinformaçãoeconhecimento,quemuitas

    vezes são tratados como se fossem sinônimos. Além destes termos é preciso entender o

    conceito de dados. ParaDavenport (1998), dados são elementos facilmente estruturados,

    frequentementequantificadose facilmente armazenadose transferidos. Informaçãoéum

    dadotrabalhado;ouseja,requeranálise,consensoemrelaçãoaoseusignificadoemediação

    humana.Conhecimentoéumacapacidadehumanaqueincluireflexão,síntese,contextoeé

    dedifícilestruturação,capturaetransferência.Tarapanoff(2006)propõeumesquemaque

    indicaarelaçãoentreostermoseémostradonaFigura1.

    Figura1-Evoluçãodosdadosaoconhecimento

    Fonte:Tarapanoff(2006)

    ParaDrucker(1999),aessênciadaGCétransformaroconhecimentodisponíveledisperso

    pela empresa em algo produtivo. E pode-se dizer que este é um grande desafio para as

    organizações.

    Terra (2001)afirmaqueaGCestádiretamenterelacionadaàcapacidadedasempresasde

    utilizarecombinarosdiversostiposdeconhecimentoafimdedesenvolveremcompetências

    específicase inovadoras,quesãoresponsáveispelodesenvolvimentodenovosprodutose

    processoscapazesdesubsidiaraliderançademercadodaempresa.

    ASociedadeBrasileiraparaGestãodoConhecimento-SBGC(2007)defineotermoGCcomo

    “oconjuntodeprocessosemeiosparacriar,utilizaredisseminaroconhecimentodentroda

    organizaçãocomafinalidadedeatingirmetaseobjetivostraçadospelamesma”.

    TransformaçãoInformação ConhecimentoDados

    Realidad

    e

    Observado

    r

    Transformação

  • 18

    Souza(2016)apontadiversasatividadesdoconhecimento,quesãomostradasnaFigura2.

    Segundo a autora, estas atividades podem ser resumidas em criação; organização;

    distribuiçãoeaplicaçãodeconhecimento.

    Figura2-Síntesedasatividadesdoconhecimento

    Fonte:Souza(2016)

    Segundo Zhang (2007), o desafio da GC é gerar e aproveitar o conhecimento coletivo da

    empresademaneiraacriarvalorevantagemcompetitivaparaamesma.

    NonakaeTakeuchi(2008)afirmamqueparaumaempresaconseguirvantagemcompetitiva,

    énecessáriaacriaçãodeconhecimentovisandoàgeraçãodeinovaçãocontínua.

    Essesmesmosautoresafirmamquequandoasorganizaçõesinovam,elasnãosóprocessam

    informaçõesdeforaparadentro,comointuitoderesolverosproblemasexistentesedese

    adaptar ao ambiente em transformação, como também criam novos conhecimentos e

    informaçõesdedentroparafora,afimderedefinirtantoosproblemasquantoassoluções.

    Para os autores, GC não se limita a simples transferência de informação. Para eles, a

    comunicaçãoefetivadoconhecimentoadquiridonaorganizaçãoé,defato,umaferramenta

    HolznereMarx(1979)

    Pentland(1995)

    NonakaeTakeuchi(1995)

    Demarest(1997)

    Dall,HasseWeggman(1998)

    Davenport,LongeBeers(1998)

    Leibowitz(1999)

    Consenso Extensão Transformação Implementação

    Construção Organização Estoque Distribuição

    Criação Acesso Disseminação Aplicação

    Construção Consolicação Disseminação Uso

    Construção Estruturação Disseminação Avaliar

    Criação Tranferência Acesso

    Capturar Estocar ComparTlhar

    Aplicação

    Aplicar

    IdenTficar DivulgarAplicar

    Criação Organização Distribuição Aplicação

    VisãoEstratégica

  • 19

    chaveparaoaprimoramentodasoperaçõesdeumaempresa.Osmesmosautoresvêema

    criaçãodeconhecimentocomoumprocessoquepermeiaoracionaleoemocional,amente

    e o corpo, a análise e a experiência e o implícito e o explícito. Destacam; portanto, a

    importância do conhecimento tácito, que envolve duas dimensões: técnica e cognitiva. A

    últimaécompostapormodelosmentais,crenças,vivênciasepercepções.Dessamaneira,a

    noção de conhecimento está também relacionada a intuições, ideais, valores, emoções,

    imagensesímbolos,ouseja,fatoressubjetivos.

    Definirquaisconhecimentossãoessenciaisparaumaorganizaçãonãoétarefafácil,porém

    imprescindível para que a GC ocorra de maneira efetiva. A importância deste tema é

    destacadanarevisãodanormadeSistemasdeGestãodaQualidade-ABNTNBRISO9001-

    publicada em setembro de 2015, que traz um novo item, 7.1.6 Conhecimento

    organizacional,assimdescrito:

    A organização deve determinar o conhecimento necessário para a operação deseus processos e para alcançar a conformidade de produtos e serviços. Esseconhecimento deve ser mantido e estar disponível na extensão necessária. Aoabordar necessidades e tendências demudanças, a organização deve considerarseu conhecimentonomomentoedeterminar comoadquirirouacessarqualquerconhecimento adicional necessário e atualizações requeridas (ABNT NBR ISO9001:2015).

    Emsuasnotascompletaque:

    Oconhecimentoorganizacionaléconhecimentoespecíficoparaaorganização;eéobtido por experiência. Ele é informação que é usada e compartilhada paraalcançarosobjetivosdaorganização.Podeserbaseadoem:a)fontesinternas(porexemplo, propriedade intelectual; conhecimento obtido de experiência; liçõesaprendidasdefalhasedeprojetosbem-sucedidos;capturaecompartilhamentodeconhecimento e experiência não documentados; os resultados de melhorias emprocessos, produtos e serviços); b) fontes externas (por exemplo, normas;academia; conferências; compilação de conhecimento de clientes ou provedoresexternos(ABNTNBRISO9001:2015).

    Outro documento importante sobre gestão, o PMBOK (guia de gestão de projetos), foi

    analisadoporGasik (2015) sobaóticadaGC.A5aediçãodoguianãoabordao temade

    maneiraclara,masressaltaaimportânciadoconhecimentoparaagestãodeprojetos.Para

    oautor,énecessáriofazerumcapítuloexclusivoparaGCnapróximaediçãodoPMBOKcom

    umadefiniçãoprecisadoconceito,tamanhaaimportânciadotemanaatualidade.

  • 20

    Para Zhang; Mao e Abourizk (2009), a GC seria particularmente importante para a

    construçãocivil,porqueéumsetorcaracterizadoporgrandecompetiçãoentreasempresas,

    comprocessosdeproduçãocomplexos,projetosespecíficosenãopadronizados.

    Outros autores reforçama importânciadaGCnosnegócios imobiliários.MiozzoeDewick

    (2002), por exemplo, ao discutirem o processo de desenvolvimento tecnológico na

    construção civil européia, ressaltaram a estrutura disponibilizada pelas empresas para

    disseminarconhecimento.NaSuíça,porexemplo,destacaramaefetividadedosmecanismos

    internosdeempresasparacoordenar,avaliar,financiaredisseminaratividadesdeinovação.

    Situação parecida de estruturação do processo de desenvolvimento tecnológico foi

    encontrada no Reino Unido, com empresas promovendo fóruns de discussão sobre o

    assunto,bibliotecastécnicasebancosdedadosreferentesaotema.

    Para Zegarra et al. (1999), um dos principais problemas que a indústria da construção

    enfrentae,emparticularosetordeedificações,éseualtograudefragmentação.Emuma

    empresa construtora, por exemplo, existe grande desarticulação interna. Seus diferentes

    departamentos ou áreas normalmente atuam de forma independente. Nessas empresas,

    apesar demuitas vezes existirem conhecimentos úteis para diferentes departamentos, os

    fluxos acontecem de maneira pouco eficiente e a transferência e o intercâmbio de

    conhecimentosãomuitoincipientes,devidoàfaltadeintegraçãoentredepartamentos.Essa

    situaçãotemcomoconsequênciaaduplicidadedeações,ruídoseperdade informaçõese

    conhecimentos e; principalmente, não se consolida um processo eficiente que sirva para

    tomadasdedecisõesrápidaseeficazes.

    ParaCintraeDuarte (2008),aGCvoltadaàconstruçãocivilnãoéumassuntotrivial.Para

    Yamauchi (2004), as empresas estão convencidas de que a qualidade em serviços ou

    produtosnãodependeapenasdastécnicas,mastambémdaformacomoostrabalhossão

    coordenadospelaequipeenvolvida.Apesardestaafirmaçãonãopodersergeneralizadapor

    todooBrasil,queapresentacaracterísticasbastanteheterogêneasparaosetor,entende-se

    queoquedefatointeressanãoémaisogerenciamentodaspessoasesimogerenciamento

    do conhecimento dessas pessoas. Alémdisso, a forma como a troca e a interaçãodesses

    conhecimentos podem trazer sucesso para a empresa pode contribuir decisivamente no

    desenvolvimentodosetordaconstruçãocivil.

  • 21

    Aempresaconstrutoraondeaautoratrabalhoupormaisde8anos,queseráchamadanesta

    dissertaçãodeECeapresentadanocapítulo5,apresentadesde2007algumaspráticasde

    GC,acreditandoqueotemacolaboraparaaperenidadedeseusnegócios.Contudo,muitas

    destaspráticas foramdescontinuadaseoutrasnãosãomais incentivadas,sendoutilizadas

    porpoucoscolaboradoresatualmente.

    Afaltadediretrizesqueauxiliemaempresaaorganizarosconhecimentosnecessárioséum

    grandegargaloparaqueaGCdefatoocorranaEC.Édeinteressedacompanhiaretomara

    GCafimdemelhorarosprocessosdaáreadeengenharia,bemcomodosistemadegestão

    daqualidade,sendoestadissertaçãofundamentalparaqueissodefatoocorra.

    1.2. OBJETIVO

    Esta dissertação objetiva propor diretrizes de GC para a EC a partir de um modelo

    desenhadoparaamesma.

    1.3. MÉTODOSDEPESQUISA

    Comrelaçãoaosmétodos,aFigura3 indica,demaneira resumida,as seisetapasa serem

    seguidasparaoalcancedoobjetivoproposto.

  • 22

    Figura3-Síntesedosmétodosdapesquisa

    Fonte:elaboradopelaautora

    A etapa 1 refere-se ao estudo de referências sobre os conceitos gerais deGC a partir de

    referênciasbibliográficas.Aetapa2analisamodelosdeGCexistentesbemcomoformasde

    mediraGCafimdemostrarseuvaloreseusresultadosparaonegóciodascompanhias.A

    etapa 3 trata do estudo de referências da GC na construção de edifícios, avaliando

    oportunidadesparaaimplementaçãodamesmanaEC.

    A etapa 4 refere-se aos estudos da GC nas empresas A, B e C, classificadas aqui como

    empresas de desenvolvimento de produtos complexos (EDPC). As empresas A e B foram

    escolhidas pelo acesso à informação e às pessoas, que semostraram disponíveis para as

    conversas.Aprimeira possuiumaáreadedicadaexclusivamenteàGCeem2011 foiuma

    das finalistas do Prêmio MAKE - Most Admired Knowledge Enterprise, realizado pela

    organização mundial TKN - The Knowledge Network (YAMADA, 2011). A segunda é

    reconhecidamundialmentepelosseusativosintangíveisecriouseuprópriomodelodeGC,o

    KMMM (Knowledge Management Maturity Model). A empresa C trata-se da empresa

    construtoraondeaautoratrabalhoueapresentapráticasdeGCqueserãoanalisadasafim

    desepropordiretrizesqueasestruturem.

    5.AnálisedeinformaçõesqueresultaránomodelodeGCparaEC

    6.ProposiçãodasdiretrizesdeGCparaEC

    1.Estudodereferênciassobre

    osconceitosgeraisdeGC

    3.EstudodereferênciassobreGCnaconstrução

    deediDcios

    4.EstudosdeGCemempresasdedesenvolvimento

    deprodutoscomplexos

    2.Análisedemodelose

    métricasdeGC

  • 23

    Esta etapa baseia-se em algumas diretrizes propostas por Yin (2015) e também na

    experiência da autora, que trabalhou como temaGCna EC. O entendimento daGCnas

    empresasAeBfoiestruturadoapartirdabibliografiaexistenteedeconversasorientadasa

    partirdequestõescentraiscomosresponsáveispelaGCemcadaumadasempresas,bem

    comocomcolaboradoresdasempresas.JáoentendimentodaGCnaECfoiavaliadoapartir

    de conversas com colaboradores da empresa, bem como coma experiência da autora ao

    longodosmaisde8anos.

    Na etapa 5 realiza-se uma análise das informações colhidas nas etapas anteriores e que

    servirãodebaseparaaproposiçãodeummodelodeGCparaaEC.Porfim,naetapa6,são

    propostasdiretrizesdeGCapartirdomodelodeGCdesenhadoparaaEC.

    1.4. ESTRUTURADOTRABALHO

    Otrabalhoestádivididoemsetecapítulos,sendoesteoprimeiro,decaráter introdutório.

    No segundo abordam-semodelos teóricos existentes de GC. No terceiro, indicadores e

    ferramentasparamediçãodeGC.

    OquartocapítuloabordaaGCnaconstruçãodeedifícios.Noquintocapítuloregistram-se

    os resultados dos estudos em três empresas de desenvolvimento de produtos complexos

    (EDPC).

    NosextocapítuloépropostoummodelodeGCediretrizesdeGCparaaEC,comalgumas

    considerações para que a implementação seja bem sucedida. O sétimo capítulo avalia

    criticamenteascontribuiçõesqueestapesquisatemparaosetoresugestõesparatrabalhos

    futuros. Por fim, são indicadas as referências pesquisadas para este trabalho, além de

    apêndiceseumanexoquecomplementamoconteúdodapesquisa.

  • 24

    2. MODELOSDEGESTÃODOCONHECIMENTO

    EstecapítulotrazalgunsmodelosdeGCqueserãoanalisadosafimdeseestabelecerpontos

    emcomumeespecificidadesdosmesmosqueservirãoparaaproposiçãodeummodeloe

    dediretrizesdeGC.

    Desde a criação do termoGC,muitosmodelos já foram apresentados por pesquisadores,

    consultores e organizações. Modelos ajudam na síntese de algo complexo. Auxiliam na

    simplificaçãoeexplicaçãodeumateoria.Nestesentido,modelosauxiliamnavisualizaçãoe

    no entendimento de alguns fenômenos que seriam difíceis de compreender devido à

    magnitudeeàcomplexidade(MALAVSKI;LIMA;COSTA,2010).

    Para Heisig (2009), o objetivo principal da GC é auxiliar uma organização a melhorar os

    processos relativos ao conhecimento existente e potencial. Para tanto, o tratamento

    sistemático do conhecimento no nível operacional de uma organização é um elemento

    centraldaGCequeésintetizadoemalgunsmodelosapresentados.

    ParaquesepossacompreenderosprincipaiselementosqueconstituemosmodelosdeGC

    propostos,aseguirosmesmossãoapresentados.

    2.1. MODELODEBOISOT

    Acredita-sequeBoisotsejaumdosprimeirosautoresafazerumapropostademodelopara

    GC (BOISOT, 1987 apudMCADAM;MCCREEDY, 1999)1. Seu trabalho proposto em 1987 é

    analisadoporMcAdameMcCreedy(1999),apartirdosquadrantesdaFigura4.

    O termo“codificado” refere-seaoconhecimentoqueestápreparadopara ser transmitido

    (porexemplo,dados financeiros).O termo“nãocodificado” relaciona-seaoconhecimento

    que não está preparado para transmissão (por exemplo, experiência). O termo “difuso”

    refere-seaoconhecimentoqueéfacilmentepartilhado,enquantoo“nãodifuso”refere-se

    aoconhecimentoquenãoéprontamentepartilhado;istoé,oconhecimentoestápreparado

    1Boisot,M.InformationandOrganisations.TheManagerasAnthropologist,Fontana/Collins,Londres,1987

  • 25

    paratransmissão,masérestritoaumapequenapopulaçãoquedeveteracessoaele(por

    exemplo,lucrosevalordeação).

    O quadrante inferior esquerdo abrange o conhecimento “não codificado” e “não difuso”,

    chamado também de conhecimento pessoal (por exemplo, percepções e experiências). O

    quadrante superior direito abrange o conhecimento que é tanto “codificado”, quanto

    “difuso”; ou seja, conhecimento público (por exemplo, jornais, livros, bibliotecas). O

    quadrante superior esquerdo refere-se ao conhecimento “codificado”,porémnão-difuso”,

    também conhecido como conhecimento de propriedade (por exemplo, planejamento

    estratégico). Finalmente,oquadrante inferiordireito refere-seao conhecimentodo senso

    comumque é “difuso”,mas “não codificado”. SegundoMcAdam eMcCreedy (1999), tal

    conhecimento é considerado como sendo construído lentamente por um processo de

    socialização,abrigandocostumeseintuição.

    Figura4-ModelodeBoisot

    Fonte:McAdameMcCreedy(1999)

    Virkus (2014) tambémanalisaestemodeloeafirmaqueomesmoébaseadonoconceito-

    chavedeuma"boainformação"quediferedeumativofísico.Ouseja,omodelodistingue

    os termos informaçõesedados,enfatizandoquea informaçãoéoqueumobservador irá

    extrairapartirdedados,emfunçãodesuasexpectativasouconhecimentoprévio.

    Outro ponto importante do modelo é que ele considera organizações como organismos

    vivos.Ou seja, o processodedesenvolvimentodo conhecimentodentrodas organizações

    Conhecimentodepropriedade Conhecimentopúblico

    Conhecimentopessoal Sensocomum

    Codificado

    Não-codificadoNão-difuso Difuso

  • 26

    estásempremudando.IstosignificaqueasempresasprecisamadotarumaestratégiadeGC

    queacomodeadinamicidadedociclodeaprendizagemorganizacional.Virkus(2014)chama

    issodemodeloadaptativo.

    2.2. MODELODENONAKAETAKEUCHI

    Omodelosugeridoem1995consideraqueoconhecimentoéumprocessodecriaçãoeestá

    divididoentreconhecimentostácitoeexplícito2.Oconhecimentotrazidopelosindivíduose

    que faz parte da organização deve ser disseminado coletivamente. Tomando como

    referência os conhecimentos tácito e explícito, Nonaka e Takeuchi (2008) retomam os

    conceitos que propuseram em 1995 3 sobre os quatro modos de conversão de

    conhecimento:socialização(S),externalização(E),combinação(C)einternalização(I)–SECI

    -(Figura5),osquaisforamadotadosporempresasjaponesasparacriaçãoemanutençãode

    suasculturasorganizacionaisvisandoàGC.

    Socialização é criar e compartilhar conhecimento tácito, a partir de experiência direta de

    indivíduopara indivíduo.Naprática, ocorreriapormeiode atividades comodinâmicasno

    localdetrabalho,sessõesinformaisebrainstorms4,interaçõescomosclientesetc.

    Externalização é articular conhecimento tácito por meio do diálogo e da reflexão, de

    indivíduo para grupo. Este seria o modo de conversão mais importante, por permitir a

    criaçãodenovosconceitos.

    2ParaNonakaeTakeuchi(2008),conhecimentotácitoéaqueledifícildesercodificado,ouseja,expressoporpalavras, fruto das experiências pessoais. Já o conhecimento explícito é objetivo e mais simples de sercodificado, ou seja, formalizado compalavras, números e fórmulas, para ser transmitido rapidamente e emgrande escala. Geralmente, é percebido como teórico e sua transmissão pode ser realizada muitoformalmente.

    3NONAKA,I;TAKEUCHI,H.TheKnowledge-CreatingCompany:HowJapaneseCompaniesCreatetheDynamicsofInnovation.OxfordUniversityPress.NovaIorque,1995.

    4 Brainstormings são encontros que estimulam a geração de ideias. Tudo pode, menos dizer não. Éespecialmenteusadonoiníciodeumareuniãoouoficinaparaobterumavisãogeraldaexperiênciadisponívelouideiasaseremconstruídas(BOLLIGER,HARTMANN,etal.,2012).

  • 27

    Combinaçãoésistematizareaplicaroconhecimentoexplícitoeainformação,degrupopara

    organização. É neste ponto do processo de criação de conhecimento que surgiriam os

    primeirosprotótiposemodelosreais.

    Internalização é aprender e adquirir novo conhecimento tácito, de organização para

    indivíduo. Aqui as organizações passariam a vivenciar o resultado prático do novo

    conhecimento;ouseja,desenvolveriamumconhecimentooperacional.

    Figura5-Modosdeconversãodeconhecimento

    Fonte:NonakaeTakeuchi(2008)

    CONHECIMENTOTÁCITO

    CONHECIMENTOEXPLÍCITO

    CONHECIM

    ENTO

    EXPLÍCITO

    CONHE

    CIMEN

    TOTÁC

    ITO

    i:indivíduog:grupoo:organização

    i i i

    i

    i

    i

    g

    i

    og

    g

    g

    gg o

    SOCIALIZAÇÃO EXTERNALIZAÇÃO

    COMBINAÇÃOINTERNALIZAÇÃO

  • 28

    Osmesmosautoresafirmamqueoconhecimentoécriadoapenaspor indivíduos;ouseja,

    umaorganizaçãonãopodecriarconhecimentoporsi.Comisso,é importantequeapóiee

    estimuleatividadesoucontextosgeradoresdeconhecimento.

    A criação de conhecimento organizacional deve ser entendida como um processo que

    aculture conhecimento dos indivíduos no nível do grupo pormeio do diálogo, discussão,

    compartilhamentodeexperiências,comunidadesdeprática(CoP’s)5ougruposdeinovação.

    2.3. MODELOSKANDIA

    NaclassificaçãodeMcAdameMcCreedy(1999),esteéummodelodecapitalintelectual;ou

    seja, assumem que o conhecimento pode ser tratado como um ativo similar a outros. O

    modelo Skandia, apresentado em 1997 e representado na Figura 6, dá grande ênfase à

    mediçãoassociadaacadaativo.

    EstemodelofoidesenvolvidopelaempresafinanceiraSkandiaAFSeserveparamensuraro

    valordaempresaatravésdoscapitaisfinanceiroeintelectual.Esteúltimoécompostopelos

    capitaishumanoeestrutural.

    O capital humano está relacionado às competências e habilidades dos colaboradores. O

    capital estrutural engloba os sistemas, bancos de dados, processos, marcas, manuais e

    outrosrecursos(GONÇALO;JUNGES;BORGES,2010).

    5Oconceitodecomunidadedeprática(CoP)foicriadoporEtienneWengerepodeserentendidocomoumgrupodeindivíduosquesereúnemperiodicamenteporpossuíremuminteressecomumnoaprendizadoenaaplicaçãodealgoasermelhoradoouinventado(TAKIMOTO,2012).

  • 29

    Figura6-ModeloSkandia

    Fonte:McAdameMcCreedy(1999)

    2.4. MODELODEDEMAREST

    OmodelodeGCdeDemarestdesenhadoem1997éumaadaptaçãodomodelodeClarke

    Staunton(MCADAM;MCCREEDY,1999).Emprimeirolugar,omodeloenfatizaaconstrução

    do conhecimento dentro da organização. Esta construção não é limitada a entradas

    científicas, mas é visto como incluindo a construção social do conhecimento. O modelo

    assumequeoconhecimentoconstruídoéentãoenraizadonaorganizaçãonãoapenaspor

    programasexplícitos,maspormeiodeumprocessodeintercâmbiosocial.

    AssetasescurasnaFigura7mostramadireçãodofluxoprincipal,enquantoassetasclaras

    mostramosfluxossecundários.

    SegundoMcAdameMcCreedy(1999),omodeloéatraentevistoquenãoassumequalquer

    Valordemercado

    Capitalintelectual

    Capitalfinanceiro

    CapitalestruturalCapitalhumano

    CapitalorganizacionalCapitaldecliente

    Relaçõesdocliente

    Basedocliente

    Potencialdocliente

    Capitaldeprocesso

    Capitaldeinovação

  • 30

    definição de conhecimento, mas sim apresenta uma abordagem mais holística para a

    construção do conhecimento. Para os mesmos autores, setas de fluxo principal são uma

    limitação na medida em que implica que os fluxos secundários são menos importantes.

    Também implica uma abordagem processual simplista; enquanto que, na realidade, os

    fluxos de transferência de conhecimento podem ser extremamente rápidos (MCADAM;

    MCCREEDY,1999).

    SegundoHaslindaeSarinah(2009),omodelodeGCdeDemarestenfatizaaconstruçãodo

    conhecimento dentro de uma organização. Esta construção não é limitada apenas às

    entradascientíficas,mastambémàssociais.

    Figura7-ModelodeDemarest

    Fonte:McAdameMcCreedy(1999)

    2.5. MODELODECHOO

    ParaVirkus(2014),estemodelocriadoem1998,apresentadonaFigura8,salientaacriação

    designificado,acriaçãodeconhecimentoeatomadadedecisão.

    Oseuobjetivoalongoprazoéagarantiadequeasorganizaçõesvãoseadaptarecontinuar

    aprosperaremumambientedinâmicoecomplexopormeiodeatividadesdeprospecçãoe

    Construçãodoconhecimento

    Disseminaçãodoconhecimento

    Uso

    Incorporaçãodoconhecimento

  • 31

    interpretação de informação relevantes que lhes permitam compreender as mudanças,

    tendências e cenários sobre clientes, fornecedores, concorrentes e outros agentes do

    ambienteexterno.

    Figura8-ModelodeChoo

    Fonte:Choo(2016)

    2.6. MODELOMAKE

    O prêmioMAKE –Most Admired Knowledge Enterprise – foi criado pela Teleos, empresa

    britânicadepesquisaindependenteemáreasdegerenciamentodeconhecimentoecapital

    intelectual, em 1998 (TKN, 2015). Ele busca reconhecer organizações que gerem valor ao

    acionista, transformemo conhecimento tácito emexplícito eutilizemo capital intelectual

    para desenvolvimento de produtos, serviços e melhores soluções. O prêmio utiliza-se de

    umametodologiaqueavaliacomnotasde1a10amaturidadedaorganizaçãoapartirde

    oitocritérios,compostosporsubcritérios.OsoitocritériossãoapresentadosnaFigura9.

    Preferências

    Ro.nasRegras

    CRIAÇÃODOSIGNIFICADO

    Crenças

    RepresentaçõesInterpretações

    ConhecimentoCultural

    Conhecimentotácito

    ConhecimentoExplícito

    CONSTRUÇÃODOCONHECIMENTO TOMADADEDECISÕES

    ConhecimentoExterno

    Significadosepropósitoscomuns

    Significadosepropósitoscomuns

    Sinaisdoambiente

    Novascapacidadeseinovações

  • 32

    Figura9-OitocritériosMAKE

    Fonte:adaptadodeTNKBrasil(2011)

    Oauditorescredenciadospeloprêmioatribuemnotasapartirdaclassificaçãoapresentada

    noQuadro1.

    Quadro1–Atribuiçãodenotasparacadasubcritério

    Conceito Significado Escala

    Excelente|Completo Atendeamaisde80%dositensdadimensão 9a10

    Bom|Evidência Atendeamaisde60%dositensdadimensão 7a8

    Regular|MédiaEvidência Atendeapelomenos50%dositensdadimensão 5a6

    Fraco|Poucaevidência Atendeamenosde40%dositensdadimensão 3a4

    Inexistente|Rarasevidências Atendeamenosque20%dositensdadimensão 1a2

    Fonte:TNKBrasil(2011)

    O critério um - Cultura Organizacional - é definido pela capacidade da organização em

    estabelecer uma cultura corporativa baseada no conhecimento. A cultura organizacional

    representa as normas informais e não escritas que orientam o comportamento dos

    membrosdeumaorganizaçãonoseudia-a-diaequedirecionasuasaçõesparaoalcancede

    Culturabaseadano

    conhecimento

    Liderançaesuporte

    Produtoseserviços(inovação)

    Capitalintelectual

    Compar:lhamentodeconhecimento

    Aprendizadoorganizacional

    Criaçãodevalorparaclientes

    Criaçãodevalorparaacionistas

  • 33

    seus objetivos. Em outras palavras, a cultura organizacional é um conjunto de hábitos e

    crenças,estabelecidospormeiodenormas,valores,atitudeseexpectativascompartilhadas

    portodososmembrosdaorganização(TKNBrasil,2011).

    Ocritériodois -Liderança–déacapacidadedaorganizaçãoemorientarsuas liderançasa

    fimdequeasmesmas forneçam suportepara a estratégiadeGC. Procura-sedescrevero

    novolídercomoummentor,desenvolvedor,facilitadoradequadoaodesenhodeumnovo

    modelo de organização e que influencie positivamente as iniciativas de GC (TKN Brasil,

    2011).

    O critério três - Inovação - é descrito como a capacidade da organização emmensurar o

    valor agregado pela inovação e criação do conhecimento organizacional. O processo de

    gestão da inovação, por ser dinâmico, requer acompanhamento, avaliação, atualização e

    redirecionamento constantes, aprendendo com o sucesso e com o fracasso, sendo

    necessário estabelecer e monitorar um sistema de indicadores que considere, além da

    relação custo/benefício (tangíveis e intangíveis), os 4 pilares do processo: pessoas

    (adequação e capacitação de equipes), estratégia (clareza de foco e desdobramentos),

    processos (efetividade e eficácia) e recursos - disponibilidades e adequação aos objetivos

    empresariais(TKNBrasil,2011).

    Ocritérioquatro-CapitalIntelectual-éacapacidadedaorganizaçãoempromoveraçõesde

    identificação, reconhecimento, estímulo e desenvolvimento do capital intelectual da

    organização. Para a metodologia, o capital intelectual é formado por: capital humano,

    capital estrutural e capital do cliente. Capital humano são as qualificações, habilidades,

    conhecimento e a criatividade das pessoas. É; portanto, composto pelo conhecimento,

    poderde inovaçãoehabilidadedosempregados,alémdosvalores,culturaea filosofiada

    empresa.Capitalestruturaléapartequepertenceàempresacomoosbancosdedadoseos

    manuaisdeprocedimentos.Incluiequipamentosdeinformática,bancodedados,patentes,

    marcasregistradasetudoqueapoiaaprodutividadedoscolaboradores.Capitaldosclientes

    éovalordorelacionamentocomosclientes,alealdadedelesàmarcadaempresa,oquanto

    elaconheceasnecessidadesdeseusclienteseantecipadamenteresolveseusproblemas.De

    formaresumida;paraoprêmio,capital intelectualévalordemercado(VM)menosovalor

    patrimonial(VP);ouseja,CI=VM–VP(TKNBrasil,2011).

  • 34

    O critério cinco – Compartilhamento - é definido como a capacidade da organização em

    sensibilizarseuscolaboradoresnocompartilhamentodoseuconhecimentoestratégico.Um

    aspectodosignificadodocompartilharéodeparticipar,utilizar,experimentaroudesfrutar

    comosoutrossemnenhumaimplicaçãoparticulardepropriedade(TKNBrasil,2011).

    Ocritérioseis–Aprendizado-éacapacidadedaorganizaçãodefacilitarodesenvolvimento

    de estratégias de aquisição,manutenção e transferência de aprendizagementre todos os

    níveis, auxiliando ou potencializando o desenvolvimento das competências individuais e

    organizacionais. A aprendizagem é uma ação educativa, tem como finalidade ajudar a

    desenvolver nos indivíduos as capacidades que os tornem capazes de estabelecer uma

    relaçãopessoal comomeio emque vivem,utilizando-sedas suas capacidades cognitivas,

    afetivas e linguísticas. Em outras palavras, é o modo como as pessoas adquirem novos

    conhecimentos, desenvolvem competências e mudam o seu comportamento (TKN Brasil,

    2011).

    Ocritériosete-RelacionamentocomoCliente-refere-seàcapacidadedaorganizaçãodese

    valerdoconhecimentodeseusclientes(oudetodaasuacadeiadevalor)paraagregarvalor

    aosseusprodutos,serviçoseprocessos.Orelacionamentocomoclientevisabasicamente

    mapear os clientes mais rentáveis (em nível financeiro e de valor agregado) e gerir o

    relacionamentocomelesvisandoanteciparsuasnecessidades(atuaisepotenciais)juntoao

    serviço,produtoouprocessodaorganização(TKNBrasil,2011).

    Porfim,ocritériooito-GeraçãodeValorparaosAcionistas-éacapacidadedaorganização

    em utilizar o conhecimento para gerar valor à cadeia de valor. Isso significa observar a

    estratégia organizacional a partir do conhecimento existente. Avalia principalmente a

    condiçãodaorganizaçãoemsevalerdoconhecimentoquepossuie implementarprojetos

    quetragamretornoclaroparaacadeia(TKNBrasil,2011).

    2.7. MODELODETERRA

    Omodelo dematuridade proposto por Terra (2000) divide as empresas em três grupos:

    empresasqueaprendem,empresas tradicionaiseempresasatrasadas.Estesgrupos foram

    criados a partir de uma pesquisa com 587 gerentes e diretores de empresas levando em

  • 35

    consideração sete dimensões: alta administração, cultura organizacional, estrutura

    organizacional, recursos humanos, sistemas de informação, práticas de mensuração e

    divulgaçãode resultados eosprocessosde aprendizadopormeiode alianças comoutras

    empresas. Estasdimensões, segundooautor, relacionam-se comonívelestratégico,nível

    organizacionaleinfraestrutura,comoilustraaFigura10.

    Figura10-ModelodeTerra

    Fonte:Terra(2000)

    A dimensão alta administração (1) define os campos de conhecimento que deverão ser

    prioridade no aprendizado dos funcionários, a partir da estratégia organizacional e das

    metascorporativas.Jáaculturaorganizacional(2)avaliaseaempresaévoltadaàinovaçãoe

    àaprendizagemcontínua.Aestruturaorganizacional(3)avaliadequeformaaspessoasse

    organizamparagerarnovosconhecimentosequalograudeautonomiadentrodaempresa.

    As políticas de recursos humanos (4) estão associadas à análise de aquisição do

    conhecimentotantointernoquantoexternoàempresaetambémcomoesteconhecimento

    é gerado, difundido e armazenado. A dimensão que avalia os sistemas de informação (5)

    foca no uso de tecnologias da informação que auxiliam na captação, difusão e

    armazenamento do conhecimento. A mensuração de resultados (6) avalia os ganhos

    empresariaisapartirdaGC.E,porfim,oaprendizadocomoambiente(7)analisaainteração

    Clientes

    VisãoeEstratégia–Altaadministração

    Polí8caderecursoshumanos

    Culturaorganizacional

    Estruturaorganizacional

    SistemasdeInformação

    Mensuraçãoderesultados

    Concorrência

    Governo

    Fornecedores

    Parceiros

    Universidades

    Ambienteexterno

    Empresa

    Nívelestratégico

    Infraestrutura

    Nívelorganizacional

    7

    1

    2 34

    5 6

  • 36

    comoutrasempresaseoaprendizadocomosclientes.

    Empresas que aprendem são as que utilizam práticas de GC na rotina do trabalho e

    apresentamdesempenhoempresarial superior,queéavaliadoatravésdesuaparticipação

    no mercado. Em pesquisa realizada por Terra (1999), constatou-se que este grupo é

    composto em sua maioria por empresas estrangeiras, de grande porte, com atividade

    exportadoraequeatuamemsetoresdeponta.

    Osegundogrupo,compostopelasempresastradicionais,apresentampráticasdeGC,porém

    estasnãofazempartedarotinaempresarial,sendoapenaspráticaspontuais.Asempresas

    deste grupo apresentam um desempenho empresarial menos favorável que o primeiro

    grupo,poucaatividadedeexportaçãoecapitalpredominantementenacional(TERRA,1999).

    O último grupo, classificado como pequenas atrasadas, é formado pelas empresas que

    possuem poucas práticas de GC e possuem capital predominantemente nacional, com

    pequenaparticipaçãonomercadoesematividadeexportadora(TERRA,1999).

    O autor afirma como uma das conclusões da tese que as práticas gerenciais que foram

    relacionadas à GC estão associadas aos melhores desempenhos empresariais. São elas:

    liderançaeculturavoltadaparaaexperimentação(épermitidoerrar),paraainovação

    e para a busca de grandes desafios; trabalho com equipes multidisciplinares e

    interdepartamentais; criação de diferentes oportunidades para o estabelecimento de

    contatospessoais como forma de desenvolver, difundir e assimilar o conhecimento

    tácitodosfuncionários;acessoàinformaçãoeaoconhecimentoorganizacional;incentivo

    à diversidade e ao desenvolvimento pessoal e profissional; inserção individual e

    organizacionalnoambienteexternoàorganização(TERRA,1999).

    Utilizandoametodologiaproposta, Crema (2003) realizou testes estatísticos comobjetivo

    de classificar empresas construtoras em um dos três grupos. Verificou-se que as

    construtorasavaliadasenquadravam-senasempresastradicionais.

  • 37

    2.8. MODELODESTANKOSKYEBALDANZA

    Este modelo surgiu em 2001 e aborda fatores favoráveis como a aprendizagem, cultura,

    liderança,organizaçãoetecnologia.AFigura11abrangeumaamplagamadedisciplinasde

    suportequeincluemciênciacognitiva,comunicaçãoindividualecomportamento,psicologia,

    finanças,economia,recursoshumanoseorganizacionais,gestão,planejamentoestratégico,

    sistema, reengenharia deprocessos, engenharia de sistemas, tecnologias de informaçãoe

    biblioteconomia(HASLINDA;SARINAH,2009).

    Figura11-ModelodeStankoskyeBaldanza

    Fonte:HaslindaeSarinah(2009)

    Neste modelo é sugerido que os quatro principais pilares (fatores a favor) de uma

    organização são liderança, estrutura organizacional, infraestrutura de tecnologia e

    aprendizagem,conformemostraaFigura12.

    Fatoresafavor:§  Aprendizagem§  Liderança§  Organização,

    estruturaecultura§  Tecnologia

    Gestãodoconhecimento

    Disciplinas:§  CiênciacogniBva§  Comunicação§  Comportamentoindivduale

    organizacional§  Psicologia§  Finanças§  Economia§  Recursoshumanos§  Gestão§  Planejamentoestratégico§  Pensamentosistêmico§  Processodereengenharia§  Sistemasdeengenharia§  TecnologiadaInformação§  SoJwareebiblioteconomia

  • 38

    Figura12-OsquatropilaresdaGestãodoConhecimento

    Fonte:StankoskyeBaldanza(2001)

    2.9. MODELODESVEIBY;LINARDEDVORSKY

    Facilitar e incentivar a transferência de conhecimento é etapa fundamental para que a

    inovaçãoaconteça. Sveiby; LinardeDvorsky (2002)destacama importânciadas trocasde

    conhecimentoparaqueaGCtragaosretornosesperadospelasempresas.

    Essesautoresdestacamaquiloquechamamdedezquestõesestratégicasdeconhecimento

    quepermeiamdesdeoindivíduoatéagentesexternosdaorganização(Figura13).

    A competência individual está relacionada com o indivíduo e sua experiência, habilidade,

    conhecimentoeatitude. Jáaestrutura internacomaorganização;ou seja,apessoasque

    fazem parte de cada área. Por fim, a estrutura externa relaciona clientes, fornecedores,

    concorrentesetc.

    INFLUÊNCIASDOAMBIENTE

    Governamental

    Econômica

    Polí@ca

    Social

    Liderança Organização Tecnologia Aprendizagem

    GESTÃODOCONHECIMENTOAArquiteturadaEngenharia

    Empresarial

    Liderança Organização Tecnologia Aprendizagem

    DISCIPLINASMÚLTIPLASEngenhariade

    SistemasDesenvolvimento

    OperacionalGestãodeSistemas Comportamento

  • 39

    Figura13-Dezquestõesestratégicasdeconhecimento

    Fonte:adaptadodeSveiby;LinardeDvorsky(2002)

    2.10. MODELOKMMM

    Omodelo apresentadopela empresa Siemens, segundo Ehmse Langen (2002), apresenta

    dados de saída tanto qualitativos quanto quantitativos sobre o estado da GC em uma

    organização.OKMMM(KnowledgeManagementMaturityModel)consisteemummodelo

    de análise do estágio de maturidade da GC dentro de uma organização. O diagnóstico

    resultante deste modelo revela quais as principais áreas e temas que devem ser

    desenvolvidos para que avancem de nível dematuridade e com isso atinjam um grau de

    excelênciamaiornofuturo,conformeapresentadonaFigura14.

    O modelo de desenvolvimento apresenta cinco níveis de maturidade de GC, conforme a

    Figura15.Estaideiabaseia-senosníveisdoCMM(CapabilityMaturityModel)doSoftware

    Engineering InstitutedaUniversidadeCarnegieMellon.Noentanto,a transferênciaparao

    domínio da GC representa um desenvolvimento completamente novo (EHMS; LANGEN,

    2002).

    2trocasdeindivíduosparaestruturaexterna

    1trocasentreindivíduos

    3trocasdeestruturaexternaparaindivíduos

    4trocasdeindivíduosparaestruturainterna

    5trocasdeestruturainternaparaindivíduos

    6trocasdentrodaestruturaexterna

    7trocasdeestruturaexternaparainterna

    8trocasdeestruturainternaparaexterna

    9trocasdentrodeestruturainterna

    10maximizaracriaçãodevalor– vertodooprocesso

    EstruturaInterna

    CompetênciaIndividual

    EstruturaExterna $

    $

    B A

    CC

    BA

  • 40

    Figura14-AsoitoáreaschavesdeGC

    Fonte:EhmseLangen(2002)

    Figura15-OscinconíveisdeMaturidadedaGC

    Fonte:EhmseLangen(2002)

    Estratégia,Metasdo

    Conhecimento

    Ambiente,Parcerias

    Pessoas,Competências

    Colaboração,Cultura

    Liderança,Suporte

    EstruturaeFormasde

    Conhecimento

    Tecnologia,Infraestrutura

    Processos,Escopos

    Organizacionais

    ProcessosdoConhecimento

    SistemasHolísGcosdeGCProjetosdeGC

    O"mizado

    Gerenciado

    Definido

    Replicável

    Inicial

  • 41

    • Nível de Maturidade Inicial: em todas as organizações o conhecimento existente

    estápresente,masnemsempredemaneiraorganizada.Asorganizaçõesqueestão

    neste nível possuem processos de trocas, criação e uso não consciente; ou seja,

    atividades de sucesso relacionadas ao conhecimento são vistas comoumgolpe de

    sorteenãocomoresultadodemetaseplanejamento.Nãohánenhumalinguagem

    para descrever fenômenos ou problemas a partir de uma perspectiva do

    conhecimento,tudoqueacontececomrelaçãoaissoéaleatórioeconsequênciada

    sorte.

    • Nível de Maturidade Replicável: no nível 2 organizações já reconhecem a

    importância das atividades de GC para os seus negócios. Os processos

    organizacionais são parcialmente descritos como tarefas de GC e, em virtude das

    ideias de iniciativas pioneiras individuais em GC, projetos-piloto sobre GC

    normalmente existem. O sucesso ou fracasso desses projetos é um tópico de

    discussão dentro da organização. Se as condições são favoráveis, essas atividades

    individuaispodemservirdeexemplospositivosparaoutrasatividadesdeGC.

    • NíveldeMaturidadeDefinido:nonível3háatividadesestáveisequesãopraticadas

    dentrodaorganização;ouseja,háatividadesqueefetivamentesuportamaGCdos

    indivíduos.Estasatividadessãointegradasnosprocessosdetrabalhododia-a-diae

    nossistemasdeTI.OsescoposindividuaisdeGCjáestãobemdefinidos.

    • NíveldeMaturidadeGerenciado:quandoasatividadesdonível3passamporuma

    padronizaçãoemaioruso,englobandotodasasáreasdaorganização,passa-separa

    onível4dematuridadedeGC.Issoquerdizerqueassoluçõesencontradasnonível3

    fluíram bem e foram explicitadas em normas e procedimentos para toda a

    organização. Indicadores relativos à eficácia destas atividades de GC são

    regularmente medidos. As atividades são garantidas a longo prazo por toda a

    organizaçãoeossistemasdeapoiodeGCtambémjáestãomaisrobustos.

    • Nível de Maturidade Otimizado: no nível 5 a organização já desenvolveu a

    capacidadedeseadaptarcomflexibilidadeafimdeatenderaosnovosrequisitosde

    GC,semdeixarcairumníveldematuridade.Estesdesafiossãosuperados,mesmono

    caso de alterações externas ou internas maiores. Os instrumentos de medição já

    introduzidosnonível4sãousadosemcombinaçãocomoutrosinstrumentosparao

    controle estratégico. Não há desafios que não podem ser resolvidos com as

  • 42

    ferramentasdeGCestabelecidas.

    O modelo KMMM não permite que uma organização pule um nível, uma vez que é

    altamente improvável que o nível alcançado serámantido pormuito tempo desta forma.

    Sendo assim, omodelo propõe oito áreas-chave de GC que auxiliarão na consistência da

    maturidadedasorganizações.

    Os níveis de maturidade foram definidos independentemente de atividades e condições

    específicas da GC. As áreas-chave são baseadas nos facilitadores da EFQM (Fundação

    EuropeiaparaaGestãodaQualidade),queforamestendidosparaaGC.Arepresentaçãodas

    áreas-chave em um octógono expressa relações conceituais através de um arranjo que

    indicaasrelaçõesentrecadafacilitador.Ossetoresadjacentesestãopróximosemtermosde

    conteúdo,enquantoossetoresopostosapresentamconteúdosdistintos.Sãoeles:

    • EstratégiaeMetasdoconhecimento:sãoavaliadosaspectosdavisãocorporativae

    definição de metas no que diz respeito à GC. O comportamento da alta

    administraçãoeoapoiofinanceirosãoanalisados.

    • Ambiente e Parcerias: avaliam-seosagentesde foradaorganizaçãoquepossuem

    relaçãocomamesma,comoclientes,parceiroseconcorrentes,porexemplo.Apartir

    daísãoavaliadososproblemasdecorrentesdautilizaçãodeconhecimentoexterno.

    • Pessoas e Competências: Estão incluídos tópicos como seleção de pessoal,

    desenvolvimento e suporte, bem como temas relacionados com a gestão de

    responsabilidadeeauto-gestão.

    • Colaboração e Cultura: este tópico inclue a cultura corporativa, comunicação da

    equipeouredederelacionamento.

    • Liderança e Apoio: esta área-chave abrange questões de liderança, tais como

    modelosdegestãoe acordo sobremetas.Analisaospapéisdesempenhadospelos

    gestores, mas também outros participantes, em relação ao pessoal de apoio nas

    atividadesdeGC.

    • EstruturasdeconhecimentoeFormasdeconhecimento:ostemasdestaárea-chave

    descrevemaspectos da estruturaçãodabasedo conhecimentoorganizacional. São

    avaliadososdocumentosdisponíveisparaclassificaçãodoconhecimentodisponível.

    • Tecnologia e Infraestrutura:este tópico lida comosaspectosdeTIe suagestãoa

  • 43

    partirdosuportedesistemas.

    • Processos, Funções e Organização: esta área-chave descreve as questões

    relacionadascomaestruturaorganizacionaleaatribuiçãodepapéisdaGC.Aênfase

    é dada aos aspectos de organização do processo no contexto de umaorganização

    baseadaemprocessos.OobjetivoédescobrircomoasatividadesdeGCpodemser

    adicionadasaestesprocessosdenegóciosespecíficos.

    Paracadaumdestestemas,requisitosespeciaisforamformulados.Destaformaépossível

    avaliar como foram cumpridos. Seria ingênuo acreditar que o desenvolvimento

    organizacionalemdireçãodaGCpodeserconduzidocomsucessocomapenasumchecklist

    sobre o assunto. Omais importante é que omodelo seja utilizado a partir de uma visão

    holística.

    2.11. MODELODOEKMF

    OmodelodoEKMF(EuropeanKnowledgeManagementForum)apresentadoem2002no

    FórumEuropeudeGC(2002)divideaGCem8módulosparaimplementação:

    1. EstratégiasdeGC:nestemóduloosobjetivosdevemserestabelecidos,adireçãoea

    maneiraparaalcançarestesobjetivostambém.

    2. HumanoeSocial:definiçãodospapéisparacadaenvolvidonoprocesso.

    3. AspectosorganizacionaisdeGC:estruturaorganizacionalalinhadacomaGC.

    4. ProcessosdeGC:definiçãodosprocessosaseremadotadosparaGCnaempresa.

    5. TecnologiasdeGC:indicaçãodetecnologiaparacadaproposição.

    6. Liderança:introduçãodeumlíderdeGCdentrodaorganizaçãoedefiniçãodoseu

    escopo.

    7. PerformanceemétricasdeGC:indicadoresematuridadedaGC.

    8. CasosdeGC:aspectospráticosparaimplementaçãonasorganizações.

  • 44

    Apartirdestesoitomódulos,entende-sequeépossívelgerenciaroconhecimentode

    maneiraareutilizá-loeainovar.AFigura16ilustraomodeloproposto.

    Figura16–ModeloEKMF

    Fonte:AdaptadodePawlowskieBick(2012)

    2.12. MODELODEFRID

    Estemodelode2003apresentacinconíveisdeavaliaçãodematuridadeeimplementaçãode

    GC, conformemostra a Figura 17. Os níveis são de conhecimento caótico, conhecimento

    consciente, conhecimento focado, conhecimento gerenciado e conhecimento no centro

    (HASLINDA;SARINAH,2009)

    Oprimeironível, conhecimentocaótico, sugerequeasorganizaçõesqueestãonestenível

    estãoemprocessodecompreensãoeimplementaçãodaGC.Ouseja,possuemumavisãode

    GC,comalgunsobjetivos.

    Osegundonível,conhecimentoconsciente,sugerequeasorganizaçõesestãoemumdegrau

    acima daquelas com conhecimentos caótico. A organização neste momento deve

    concentrar-se no desenvolvimento de um mapa de conhecimentos e trabalhar

    colaborativamente.

    GC-Estratégias

    GC– FatoresHimanos+Sociais

    GC– Performancee

    Medição

    GC– EstudosdeCasos

    Inovação

    Reu>lizaçãodoConhecimento

    GC-Organização

    GC-Processos

    GC-Tecnologias

    Liderança

  • 45

    Noterceironível,oconhecimentofocado,indicaqueasorganizaçõesjápassaramdafasede

    implantação.OrganizaçõesnestemomentodevemincorporaraGCemprocessos;fornecer

    infraestrutura deGC, serviços e treinamentos; apoio aos recém contratados e incentivo à

    comunidadedeconhecimento.Devemtambémmonitorare informarsobre indicadoresde

    GCeincluirGCemorçamentos.

    Oquartoníveldenominadocomooconhecimentogerencialconseguiuadotarasatividades

    fundamentaissugeridasnonívelum,doisetrêsedevemtentarincorporarGCemavaliações

    dedesempenhoetambémemplanosdenegócios.

    Finalmente, o conhecimento no centro, é o maior de todos os níveis de maturidade. As

    organizaçõesdevem focarem institucionalizar iniciativasde sucesso, valorizandoosativos

    intelectuais. Estas atividades diferenciam os tipos de conhecimento. Além disso, todas as

    atividadesdeGCdevemteramesmaênfasenestenível.

    Figura17-ModelodeFrid

    Fonte:HaslindaeSarinah(2009)

    Conhecimentonocentro

    Conhecimentogerido

    Conhecimentofocado

    Conhecimentoconsciente

    Conhecimentocaó2co

    Nível1

    Nível2

    Nível3

    Nível4

    Nível5

    Compreendereimplementarobje0vos,visãoeoutrosindicadoresdeGC

    AdotaredefendernasáreasavisãoemetasdaGC

    Começarafocarema0vidadesnovasdeGC

    Ins0tucionalizarinicia0vasdeGCeavaliara0vosintelectuais

    IncorporarGCnaperformanceenoplanodenegócios

  • 46

    2.13. MODELODOINSTITUTOFRAUNHOFER

    A pesquisa bibliográfica conduziu a um modelo de referência de GC desenvolvido pelos

    pesquisadores do Instituto Fraunhofer em 2003, cuja aplicação envolveu um estudo de

    campocom160empresas,dasquaismaisdedoisterçosenquadram-secomoempresasde

    alta intensidadetecnológica,deumuniversototalde1200empresaseuropéias (MERTINS;

    HEISIG;VORBECK,2003).

    A Figura 18 apresenta omodelo.Uma das contribuições destemodelo refere-se aos três

    níveis propostos de ação (camadas), que foram especificados a partir da ampla pesquisa

    realizadaentre2002e2003pelopesquisadorPeterHeisig(HEISIG,2009).Astrêscamadas

    são:focononegócio,foconoconhecimentoefoconosfatorescríticos.

    • Focononegócio:aplicaçãoegeraçãodeconhecimentodedomínioespecíficoesuas

    tarefas são o objeto central nesta dimensão. A GC tem que demonstrar seus

    benefíciosparaosprocessos-chavedeumaorganização,nãosósobaperspectivada

    gestão,mastambémsobaperspectivadostrabalhadoresdoconhecimento.

    • Foconoconhecimento:otratamentosistemáticodoconhecimentopodeserdescrito

    apartirdepelomenosquatroatividadesprincipais:criar,armazenar,compartilhare

    aplicar.EssasatividadesdeGCdevemsermescladascomasatividadesexistentese

    integradas ao processo de negócios e ao produto gerado. Este produto pode ser

    reutilizado pelo mesmo ou por outro processo dentro ou fora da organização. O

    conhecimento em si poderia aparecer em diferentes formas. A organização deve

    determinar quais formas contribuem mais para seus objetivos estratégicos e de

    negócios.

    • Foconosfatorescríticos:umaGCbemsucedidaesustentávelnecessitadoapoiodos

    seguintes fatores: cultura; organização; estratégia e liderança; habilidades e

    motivação; controles e medição; TI. Experiências práticas mostraram que uma

    avaliaçãoadequadadeGCrelacionadaaessesfatoresdeveserrealizadanoiníciode

    qualquer iniciativadeGC.A implementaçãodesucessogeralmenterequermedidas

    adequadasrelacionadasaestesfatores.

    Emoutraspalavras,aprimeiracamadaestabelecequeaGCsejafocadapermanentemente

    em valor adicionado aos processos de negócio, isto porque esses definem o campo ou

  • 47

    domínios do conhecimento. A segunda camada refere-se aos processos essenciais de GC

    divididos em quatro atividades: criação de novos conhecimentos; armazenamento dos

    conhecimentos;distribuição(transferência)eaplicaçãodoconhecimento.Porfim,aterceira

    camada,chamadatambémde“ÁreasDefinidasparaaGestãodoConhecimento”oucampos

    definidos para a GC, engloba: cultura organizacional; liderança; recursos humanos; TI;

    organizaçãoenormas;sistemasdecontrole.

    Os cinco itens são derivados dos fatores críticos de sucesso, identificados na pesquisa

    conduzidaporHeisig(2009).Osexto item–sistemasdecontrole–éconsideradoumpré-

    requisitoparamensurarosresultadosobtidoscomasatividadesdeGC.

    Figura18-ModelodoInstitutoFraunhofer

    Fonte:Mertins;HeisigeVorbeck(2003)

    2.14. MODELODOGUIAEUROPEUDEBOASPRÁTICASEMGC

    OmodelodeGCpropostonoGuiaEuropeudeBoasPráticasemGCfoiproduzidoporuma

    equipedeprojetosquetrabalhaemestreitacolaboraçãocomosmembrosdoCEN(Comité

    Européen deNormalisation) na área deGC de setembro de 2002 a setembro de 2003.O

    trabalho incluiunoveencontrosemBruxelas,AmsterdãeBerlim,bemcomocontribuições

    OrganizaçãoeNormas

    CulturaOrganizacional

    Liderança

    Controles

    TecnologiadaInformação

    RecursosHumanos

    ConhecimentoAplicado

    ConhecimentoGerado

    ConhecimentoArmazenado

    ConhecimentoDistribuído

    ValorAdicionado

    ProcessosdoNegócio

  • 48

    por e-mail da rede de pesquisadores em GC, conectados através do endereço eletrônico

    www.knowledgeboard.com(CEN,2004).

    Foramanalisadosmaisde140modelosdetodoomundo,tantopensadosporpesquisadores

    de GC, quanto por profissionais de GC, consultores e associações de GC. Tais modelos,

    seguindo uma metodologia similar a utilizada por Heisig (2009), foram coletados,

    categorizados e analisados para identificar os elementos e aspectos que são amplamente

    utilizados.Tambémfoirealizadaumarevisãoporváriosespecialistasdaáreaepraticantes

    deGCaolongodoprocesso.

    O modelo de GC apresentado na Figura 19 considera, como no modelo do Instituto

    Fraunhofer,trêscamadascomoasmaisimportantesparaaGC:

    • Negócio:deveestarnocentrodequalqueriniciativadeGCerepresentaosprocessos

    de agregação de valor de uma organização, que tipicamente podem incluir

    desenvolvimento estratégico, inovação e desenvolvimento de produtos e/ou

    serviços. Esses processos representam o contexto organizacional no qual o

    conhecimentocrítico, comooconhecimentosobreprodutose serviços, clientesou

    tecnologiaécriadoeaplicado.Alémdisso,essesprocessostornam-secadavezmais

    interorganizacionais, à medida que as organizações operam em rede com

    fornecedores,parceiroseclientes.

    • Atividades do conhecimento: cinco atividades básicas de conhecimento foram

    identificadascomoasmaisutilizadaspelasorganizaçõesnaEuropa:identificar,criar,

    armazenar, compartilhar e usar. Vale destacar que tais atividades foram as

    identificadas por Heisig (2009) entre 2002 e 2003. Elas representam a segunda

    camadadaestruturaformandoumprocessointegradoesãorealizadascomoapoio

    aos processos de negóciosmais amplos. A integração e o desempenho dentro de

    uma organização devem ser suportados pelos métodos e ferramentas de GC

    corretos.

    • Facilitadores:estesrepresentamaterceiracamadaecompreendemduascategorias

    principais,chamadasdeconhecimentopessoaleconhecimentoorganizacional,que

    se complementam. O conhecimento pessoal inclui recursos tais como ambição;

    habilidades;comportamento;métodos,ferramentasetécnicas;gestãodotempo.As

  • 49

    capacidades de conhecimento organizacional são aquelas que os líderes devem

    estabelecer para facilitar o manejo efetivo do conhecimento, tais como: missão,

    visão e estratégia; cultura; processo e organização; medição; tecnologia e

    infraestrutura.

    Figura19-ModelodoGuiaEuropeudeBoasPráticasemGC

    Fonte:adaptadodeCEN(2004)

    2.15. MODELODEMAIER

    O modelo de GC apresentado por Maier (2007) é organizado em diferentes níveis

    (estratégico, design de processos, operacional) e por tipos de conhecimento que estão

    conectadospelasatividadesgenéricasdeconhecimento.Omodeloidentificaaspectos-chave

    de GC, bem como possíveis ferramentas e métodos. Baseia-se em classificações e

    categorizaçõesclaraseidentificafatoresdeinfluênciaesoluçõesparadiferentesfins.

    Iden%ficar

    Criar

    ArmazenarCompar%lhar

    Usar Clientes

    Parceiros

    Clientes

    Fornecedores

    ProcessosdoNegócio

    Negócios

    Redes

    focononegócio

    foconosfacilitadores

    foconasa%vidades

  • 50

    Fica claro neste modelo que as trocas de conhecimento ocorrem no nível operacional.

    Contudo, as camadas anteriores (estratégia e design) são fundamentais para que os

    processosocorramnaterceiracamada.AFigura20apresentaomodelo.

    Figura20-ModelodeMaier

    Fonte:adaptadodePawlowskieBick(2012)

    2.16. MODELODETUPENAITE,KANAPECKIENEENAIMAVICIENE

    OmodeloapresentadonaFigura21propostoporTupenaite;KanapeckieneeNaimaviciene

    (2008) é especifíco para a construção civil, porém pouco divulgado no setor, já que a

    pesquisaaquirealizadanãoidentificouousoefetivodestemodelo.

    O modelo é fruto dos principais problemas encontrados nas fases de construção: a

    experiência de profissionais que é perdida quando os mesmos saem das empresas e os

    muitos conhecimentos que não são devidamente registrados e também se perdem

    (TUPENAITE;KANAPECKIENE;NAIMAVICIENE,2008).

    Iden%ficaçãodelacunasdoconhecimento;desenvolvimentodeobje%voseestratégiasparaoconhecimento;monitoramento

    NívelEstratégico

    NíveldeDesigndeProcessos

    NíveldeGestãoOperacional

    ConhecimentoIndividual

    ConhecimentoSubje%vo

    ConhecimentoemUso

    ConhecimentoIns%tucionalizado

    ProdutoseServiçoscombaseemconhecimento

    FontesdeConhecimento

    Reprodução

    AprendizagemIndividual

    DesenvolvimentoPesquisa

    Ins%tucionalização

    Compar%lhamento

    Feedback

    Aplicação

    AprendizagemOrganizacional

    ComunicaçãoInterna(conhecimentoempurrado)

    1

    2 Iden%ficação 34

    5

    6

    7

    9

    8

    10

    CulturaeAmbienteOrganizacional

    ProcessoseTarefasdeconhecimento;PapéiseResponsabilidades;

    RedeseComunidades

    TiposdeConhecimento;Estruturasdeconhecimento;

    Taxonomia;Ontologia

    FerramentaseSistemasRecrutamentode

    especialistas;InteligênciadeMercado

    GestãodaQualidadeedoConhecimento GestãodeTecnologias OutrasGestões

    GestãodePessoaseProcessos

    ComunicaçãoVendasDisseminação

    NíveldeGestãoOperacional

  • 51

    Paraos autoresdomode