gestão qualidade de energia

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Gestão Qualidade de Energia

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  • Evoluo da Gesto da Qualidade de Servio de Energia

    Eltrica no Brasil

    Natlia Bernardo

    Rio de Janeiro

    Abril de 2013

    Projeto de Graduao apresentado ao curso de

    Engenharia Eltrica da Escola Politcnica,

    Universidade Federal do Rio de Janeiro, como parte

    dos requisitos necessrios obteno de grau de

    Engenheiro Eletricista.

    Orientadora: Tatiana Mariano Lessa de Assis, D. Sc.

  • Evoluo da Gesto da Qualidade de Servio de Energia

    Eltrica no Brasil

    Natlia Bernardo

    PROJETO SUBMETIDO AO CORPO DOCENTE DO DEPARTAMENTO DE

    ENGENHARIA ELTRICA DA ESCOLA POLITCNICA DA UNIVERSIDADE FEDERAL

    DO RIO DE JANEIRO COMO PARTE DOS REQUISITOS NECESSRIOS PARA A

    OBTENO DO GRAU DE ENGENHEIRO ELETRICISTA.

    Examinada por:

    _____________________________________

    Prof. Tatiana Mariano Lessa de Assis, D.Sc.

    (Orientadora)

    _____________________________________

    Prof. Marcos Vicente de Brito Moreira, D.Sc.

    _____________________________________

    Prof. Robson Francisco da Silva Dias, D.Sc.

    RIO DE JANEIRO, RJ - BRASIL

    ABRIL DE 2013

  • Bernardo, Natlia

    Evoluo da Gesto da Qualidade de Servio de

    Energia Eltrica no Brasil / Rio de Janeiro: UFRJ / Escola

    Politcnica/ Departamento de Engenharia Eltrica, 2013.

    VIII, 55 p.: il. 29,7 cm.

    Orientadora: Tatiana Mariano Lessa de Assis

    Projeto de Graduao UFRJ / Escola Politcnica /

    Departamento de Engenharia Eltrica, 2012.

    Referncias Bibliogrficas: p. 53-55

    1. Continuidade de fornecimento de energia, 2.

    Indicadores de qualidade 3. Qualidade de servio de energia

    eltrica.

    I. de Assis, Tatiana Mariano Lessa. II. Universidade Federal do

    Rio de Janeiro. III. Escola Politcnica. IV. Departamento de

    Engenharia Eltrica. V. Ttulo

  • iii

    AGRADECIMENTOS

    minha orientadora, Professora Tatiana Mariano Lessa de Assis, pela confiana em

    mim depositada, pela sua pacincia e incentivos que foram fundamentais para a

    realizao do projeto.

    minha famlia, pelo apoio emocional, pelo carinho e torcida pelo sucesso do

    trabalho.

    A todos que de alguma maneira contriburam com o enriquecimento da minha

    formao.

  • iv

    Resumo do Projeto de Graduao apresentado Escola Politcnica / UFRJ como parte

    dos requisitos para a obteno do grau de Engenheiro Eletricista.

    Evoluo da Gesto da Qualidade de Servio de Energia Eltrica no Brasil

    Natlia Bernardo

    Abril / 2013

    Orientadora: Tatiana Mariano Lessa de Assis

    Curso: Engenharia Eltrica

    de suma importncia para o desenvolvimento econmico de uma regio e o bem-

    estar social o fornecimento contnuo de energia eltrica. Cabe ao rgo regulador

    estabelecer medidas de modo a assegurar nveis aceitveis da qualidade no servio

    prestado pelas distribuidoras de energia eltrica

    Com este objetivo, a Agncia Nacional de Energia Eltrica (ANEEL) regula a

    qualidade de fornecimento de energia eltrica das concessionrias de distribuio com

    base em indicadores de continuidade de durao e frequncia de interrupes,

    estabelecendo nveis mximos admissveis para esses indicadores e penalizao pelo

    no cumprimento destes.

    A regulao da continuidade do fornecimento de energia no Brasil teve trs marcos

    histricos: a Portaria DNAEE (Departamento Nacional de guas e Energia Eltrica) n

    46/1978, responsvel por inaugurar a regulao da continuidade no Sistema Eltrico

    Brasileiro (SEB), a Resoluo ANEEL n 24/2000, responsvel pela adequao da

    regulao da continuidade a um novo contexto institucional do SEB, e a Audincia

    Pblica n 46/2010, que instaurou uma srie de mudanas nas etapas de definio de

    limites para os indicadores de qualidade, visando aperfeioar a metodologia como um

    todo.

    Esse trabalho visa apresentar os resultados e as anlises dos impactos das recentes

    alteraes da regulamentao do controle da qualidade da continuidade do servio

    prestado pelas distribuidoras atuantes no mercado nacional. Ao final, com base nos

    resultados analisados, sero propostas alternativas em alguns pontos da regulamentao

    a fim de minimizar os impactos negativos para as distribuidoras, os clientes e a sociedade

    como um todo.

    Palavras-Chave: Continuidade de fornecimento de energia, indicadores de qualidade,

    qualidade de servio de energia eltrica.

  • v

    Abstract of Undergraduate Project presented to Poli / UFRJ as a partial fulfillment of

    requirements for the Degree of Electrical Engineer.

    Evolution of Quality Management of Power Supply in Brazil

    Natlia Bernardo

    April / 2013

    Advisor: Tatiana Mariano Lessa de Assis

    Course: Electrical Engineering

    It is of paramount importance to the economic development of a region and the social

    wellbeing the continuous supply of electricity. The regulatory agency shall establish

    measures to ensure acceptable levels of quality of service provided by electricity

    distributors

    The National Agency of Electric Energy (ANEEL) regulates the quality of supply from

    distribution companies based on duration and frequency of interruptions indicators, setting

    maximum levels for these indicators and penalty for non-compliance of them.

    The regulation of continuity in Brazil had three landmarks: the DNAEE (Water and

    Electric Energy National Department) Ordinance No. 46/1978, responsible for

    inaugurating the regulation of continuity in Brazilian Electrical System (SEB), ANEEL

    Resolution No. 24/2000, responsible for the suitability of regulation of continuity to a new

    context SEB's institutional and Public Hearing No. 46/2010, which introduced a lot of

    changes in the steps of the definition of limits for the quality indicators, aiming to improve

    the methodology as a whole.

    This work presents the results and analysis of the impacts of recent changes in the

    regulatory control of the quality of service continuity by distributors operating in the

    Brazilian market. Based on the analyzed data, enhancements at some specific regulations

    topics are proposed, aiming at minimizing the negative impacts on distributors, customers

    and the society as a whole.

    Keywords: Continuity of power supply, quality indicators, quality of electricity service

  • vi

    SUMRIO

    1 Introduo ................................................................................................................... 1

    1.1 Objetivos ............................................................................................................... 2

    1.2 Estrutura do Trabalho ............................................................................................ 3

    2 Conceitos Bsicos ..................................................................................................... 4

    2.1 Reviso Tarifria Peridica ................................................................................... 4

    2.2 Unidade Consumidora ........................................................................................... 4

    2.3 Conjunto de Unidades Consumidoras ................................................................... 4

    2.4 Indicadores de Continuidade ................................................................................. 4

    2.5 ndice ANEEL de Satisfao do Consumidor (IASC) ............................................ 9

    3 Histrico dos Indicadores de Continuidade no Brasil .......................................... 11

    4 Mudanas Metodolgicas na Regulamentao da Qualidade de Servio .......... 18

    4.1 Definio dos Conjuntos Consumidores ............................................................. 19

    4.1.1 Metodologia Antiga ...................................................................................... 19

    4.1.2 Metodologia Vigente .................................................................................... 20

    4.2 Definio dos Atributos Descritores dos Conjuntos Consumidores .................... 21

    4.2.1 Metodologia Antiga ...................................................................................... 21

    4.2.2 Metodologia Vigente .................................................................................... 22

    4.3 Determinao dos Conjuntos Semelhantes ........................................................ 24

    4.3.1 Metodologia Antiga ...................................................................................... 24

    4.3.2 Metodologia Vigente .................................................................................... 26

    4.4 Definio dos Limites Coletivos de Continuidade (DEC e FEC) ......................... 28

    4.4.1 Metodologia Antiga ...................................................................................... 29

    4.4.2 Metodologia Vigente .................................................................................... 30

    4.5 Definio dos Limites Individuais de Continuidade (DIC, FIC e DMIC) .............. 31

    4.5.1 Metodologia Antiga ...................................................................................... 31

    4.5.2 Metodologia Vigente .................................................................................... 32

    4.6 Sistemtica de Penalizao por Transgresso dos Limites ................................ 33

    4.6.1 Metodologia Antiga ...................................................................................... 35

    4.6.2 Metodologia Vigente .................................................................................... 36

    5 Simulao e Anlises Crticas ................................................................................. 37

    5.1 Metodologia de Definio de Limites de Continuidade ....................................... 37

    5.2 Sistemtica de Penalizao por Transgresso dos Limites ................................ 43

    5.3 Proposta Alternativa ............................................................................................ 47

    6 Concluses e Trabalhos Futuros ............................................................................ 51

    7 Referncias Bibliogrficas ...................................................................................... 53

  • vii

    LISTA DE FIGURAS

    Figura 1 Evoluo da qualidade do servio no Brasil ..................................................... 15

    Figura 2 Evoluo do IASC no Brasil ............................................................................. 16

    Figura 3 Indicadores de Qualidade Percebida ............................................................... 17

    Figura 4 Evoluo da penalizao por transgresso dos limites .................................... 17

    Figura 5 Macroprocesso de avaliao da qualidade do servio ..................................... 19

    Figura 6 Conjuntos Agrupados pelo mtodo k-means ................................................... 25

    Figura 7 Elementos mais prximos a um conjunto localizado na fronteira de um

    agrupamento ...................................................................................................................... 26

    Figura 8 Aplicao do Mtodo Dinmico para os conjuntos 16, 26 e 46 do exemplo da

    Figura 6.............................................................................................................................. 27

    Figura 9 Metodologia antiga de determinao dos limites de DEC e FEC ..................... 29

    Figura 10 Histograma de quantidade de unidades consumidoras por conjunto ............. 38

    Figura 11 Histograma de quantidade de unidades consumidoras por conjunto ............. 38

    Figura 12 Evoluo dos limites DIC, FIC e DMIC ........................................................... 42

    Figura 13 Evoluo da compensao por transgresso dos indicadores DIC, FIC e

    DMIC e da multa por violao dos limites de DEC e FEC para o perodo de 2007 a 2010

    ........................................................................................................................................... 43

    Figura 14 Valor anual total de penalizao para a amostra simulada: Metodologia 2

    CRTP x 3 CRTP ............................................................................................................... 46

    Figura 15 Valor anual total de penalizao por DIC, FIC e DMIC: Metodologia 2 CRTP

    x 3 CRTP .......................................................................................................................... 47

    Figura 16 Modelo utilizado pelo IASC ............................................................................ 48

  • viii

    LISTA DE TABELAS

    Tabela 1 Limites de DICRI conforme regio e nveis de tenso ...................................... 8

    Tabela 2 Quantidade de Entrevistas .............................................................................. 10

    Tabela 3 Portaria DNAEE n 46/1978 padres coletivos ............................................ 12

    Tabela 4 Portaria DNAEE n 46/1978 padres individuais .......................................... 12

    Tabela 5 Atributos Avaliados pela ANEEL ..................................................................... 23

    Tabela 6 Atributos Selecionados para Anlise Comparativa entre os Conjuntos .......... 24

    Tabela 7 Limites de Indicadores Individuais Metodologia antiga ................................ 31

    Tabela 8 Exemplo da tabela dos limites para os indicadores individuais ....................... 32

    Tabela 9 Nmero de conjuntos comparados com o conjunto Autonomistas .................. 39

    Tabela 10 Variveis de entrada para o Mtodo k-means ............................................... 40

    Tabela 11 Variveis de entrada para o Mtodo Dinmico .............................................. 40

    Tabela 12 Coeficiente de Variao ................................................................................. 41

    Tabela 13 Percentual de conjuntos por reas regionais ................................................ 41

    Tabela 14 Caractersticas dos cenrios simulados ........................................................ 44

    Tabela 15 Percentual de participao dos consumidores por classe de consumo ........ 45

    Tabela 16 Percentual de falhas por nvel de tenso e localizao ................................. 45

    Tabela 17 EUSD mdio por nvel de tenso e localizao ............................................. 46

  • ix

    LISTA DAS PRINCIPAIS SIGLAS

    ANEEL Agncia Nacional de Energia Eltrica

    AT Alta tenso

    BT Baixa Tenso

    CP Consulta Pblica

    CRTP Ciclo de Revises Tarifrias Peridicas

    CV Coeficiente de variao

    DEC Durao equivalente de interrupo por unidade consumidora

    DIC Durao de interrupo individual por unidade consumidora ou por ponto de

    conexo

    DMIC Durao mxima de interrupo continua por unidade consumidora ou por ponto

    de conexo

    DNAEE Departamento Nacional de guas e Energia Eltrica

    FEC Frequncia equivalente de interrupo por unidade consumidora

    FIC Frequncia de interrupo individual por unidade consumidora ou por ponto de

    conexo

    IASC ndice ANEEL de Satisfao do Consumidor

    MT Mdia Tenso

    NT Nota Tcnica

    ONS Operador Nacional do Sistema

    PRODIST Procedimentos de Distribuio de Energia Eltrica

    RN Resoluo Normativa

    RTP Reviso Tarifria Peridica

    SE Subestao

    SEB Sistema Eltrica Brasileiro

    SED Subestao de Distribuio

    SIN Sistema Interligado Nacional

    SRD Superintendncia de Regulao da Distribuio

    TAC Termos de Ajustamento de Conduta

    UC Unidade Consumidora

  • 1

    1 Introduo

    A busca constante pela melhoria na qualidade da energia eltrica distribuda aos

    consumidores vem sendo elemento motivador para uma srie de modificaes tanto dos

    instrumentos legais e regulatrios, como para a prpria organizao das empresas no

    direcionamento e focalizao de suas estratgias.

    Conceitualmente, o mercado de distribuio de energia eltrica pode ser

    caracterizado como um monoplio natural. Por esse motivo, uma eficincia contnua e

    com nveis aceitveis no alcanada de maneira natural, sendo necessria a atuao

    de um rgo regulador. Esse papel atribudo ao estado, que por meio da ANEEL

    Agncia Nacional de Energia Eltrica estabelece regras e padres mnimos de

    qualidade para o fornecimento de energia eltrica.

    De acordo com a ANEEL, uma medida de quo bem a energia eltrica pode ser

    utilizada pelos consumidores. Essa medida inclui caractersticas de continuidade de

    suprimento e de conformidade com certos parmetros considerados desejveis para a

    operao segura, tanto do sistema supridor como das cargas eltricas. Neste contexto, a

    qualidade composta por trs frentes: produto, servio e comercial.

    A qualidade comercial, aprovada pela Resoluo 373/2009 [1], que entrou em vigor

    no ano de 2012, regula a qualidade e o prazo mdio de soluo das reclamaes.

    A qualidade do produto, segundo a ANEEL, estabelece os parmetros e valores de

    referncia relativos conformidade de tenso em regime permanente e s perturbaes

    na forma de onda de tenso. Os aspectos considerados da qualidade do produto, em

    regime permanente ou transitrio, so:

    a) Tenso em regime permanente;

    b) Fator de potncia;

    c) Harmnicos;

    d) Desequilbrio de tenso;

    e) Flutuao de tenso;

    f) Variaes de tenso de curta durao;

    g) Variao de frequncia.

    A qualidade de servio, que ser o objeto do estudo no presente trabalho, inclui a

    continuidade do fornecimento aos consumidores finais (quantidade de interrupes e

    tempo de retorno do fornecimento).

    Uma das formas para se mensurar a continuidade do fornecimento ,

    qualitativamente, atravs de pesquisas de satisfao, que resultam no ndice ANEEL de

  • 2

    Satisfao do Consumidor (IASC). Porm, devido sua caracterstica subjetiva,

    recomendado que no seja a nica forma a ser aplicada.

    Uma outra forma de mensurao quantitativamente, atravs de indicadores. Para a

    mensurao da qualidade no fornecimento de energia eltrica so utilizados indicadores

    coletivos Durao Equivalente de Interrupo por Unidade Consumidora (DEC) e

    Frequncia Equivalente de Interrupo por Unidade Consumidora (FEC) e individuais,

    quais sejam, Durao de Interrupo Individual por Unidade Consumidora ou por Ponto

    de Conexo (DIC), Frequncia de Interrupo Individual por Unidade Consumidora ou por

    Ponto de Conexo (FIC) e Durao Mxima de Interrupo Contnua por Unidade

    Consumidora ou por Ponto de Conexo (DMIC).

    Em 2009, a ANEEL iniciou o processo de discusso para aprimoramento da

    regulamentao da qualidade de servio no Brasil, entre as mudanas realizadas pode-

    se destacar as abaixo:

    Critrios para formao dos conjuntos de unidades consumidoras, que so

    utilizados para o clculo dos ndices equivalentes DEC e FEC;

    Atributos descritores dos conjuntos de unidades consumidoras, tais como a

    rea observada e a mdia mensal de consumo;

    Limites de DEC e FEC;

    Limites de DIC, FIC e DMIC;

    Sistemtica de penalizao por transgresso dos limites.

    Como consequncia, essas mudanas na regulamentao da qualidade de servio

    foram homologadas dentro do Mdulo 8 Qualidade da Energia Eltrica dos

    Procedimentos de Distribuio de Energia Eltrica (PRODIST) da ANEEL.

    1.1 Objetivos

    O objetivo do presente trabalho expor os principais aspectos que foram propostos

    ao longo da reviso metodolgica para avaliao da qualidade do servio de distribuio

    de energia eltrica (iniciada em junho de 2009) e que corroboraram para definio da

    metodologia que est em vigor.

    Num segundo passo, sero abordadas as implicaes das mudanas metodolgicas

    incorridas para as empresas de distribuio de energia eltrica levantando as principais

    consequncias, sejam no sentido de anlise das metas propostas pelo Regulador at o

    exame do comportamento esperado dos nveis de penalidades das empresas de

    distribuio de energia.

  • 3

    1.2 Estrutura do Trabalho

    O trabalho est dividido em 5 captulos. No Captulo 2 sero apresentados conceitos

    bsicos relacionados regulamentao da qualidade do servio, incluindo a definio

    dos diversos indicadores utilizados.

    O Captulo 3 apresenta o histrico da gesto da qualidade do fornecimento de

    energia eltrica no Brasil, bem como os motivadores para a criao e aperfeioamento

    dos indicadores, desde a inexistncia de fiscalizao at o presente momento de

    discusses que primam pela melhoria da qualidade do servio prestado pelas

    distribuidoras de energia eltrica.

    No Captulo 4 sero abordadas as mudanas na definio e metodologia de clculo

    dos indicadores de qualidade, objeto de estudo deste trabalho. Para cada etapa do

    mtodo utilizado pela ANEEL para definio do padro de qualidade, sero mostradas as

    formas de clculo na metodologia anterior e na vigente.

    No Captulo 5 so apresentadas anlises comparativas dos resultados oriundos da

    aplicao de ambas as metodologias, e sero apresentados os impactos para os

    consumidores e para as concessionrias de energia.

    Finalmente, o Captulo 6 apresenta as concluses do trabalho e propostas para

    futuros desenvolvimentos.

  • 4

    2 Conceitos Bsicos

    Este captulo apresentar os principais conceitos relacionados qualidade de

    servio, necessrios para o entendimento deste trabalho.

    2.1 Reviso Tarifria Peridica

    A Reviso Tarifria Peridica um processo que ocorre periodicamente para garantir

    o equilbrio econmico-financeiro da distribuidora.

    Cada concessionria possui, em seu contrato de concesso, um prazo estabelecido

    para passar pelo processo de reviso. Em mdia esse procedimento realizado a cada

    quatro anos, porm, para algumas concessionrias esse tempo pode ser maior ou menor.

    Durante o processo de reviso so abertas audincias pblicas para discusso e

    definio, entre as distribuidoras e o Agente Regulador, dos limites de continuidade de

    energia eltrica para cada ano do ciclo de revises tarifrias.

    2.2 Unidade Consumidora

    De acordo com a Resoluo Normativa n 24/2000, uma unidade consumidora um

    conjunto de instalaes e equipamentos eltricos caracterizado pelo recebimento de

    energia eltrica em um s ponto de entrega, com medio individualizada e

    correspondente a um nico consumidor.

    2.3 Conjunto de Unidades Consumidoras

    Conforme a Resoluo 24/2000, um conjunto de unidades consumidoras qualquer

    agrupamento de unidades consumidoras, global ou parcial, de uma mesma rea de

    concesso de distribuio, definido pela concessionria ou permissionria e aprovado

    pela ANEEL.

    Em outras palavras, os conjuntos de unidades consumidoras so subdivises da

    rea de concesso da distribuidora, sendo definidos padres de qualidade (indicadores e

    metas) para cada conjunto.

    2.4 Indicadores de Continuidade

    O indicador de continuidade definido como a representao quantificvel do

    desempenho de um sistema eltrico. Seu objetivo assegurar nveis desejveis de

    continuidade do fornecimento de energia eltrica e comparar o desempenho das

    concessionrias com valores definidos durante os ciclos de reviso tarifria.

  • 5

    So mensuradas interrupes oriundas de descontinuidades do neutro ou da tenso

    em qualquer uma das fases de um circuito eltrico, superiores a 3 minutos. As

    interrupes de curta durao (menor que 3 minutos), apesar de tambm ser prejudiciais

    ao consumidor, so desconsideradas da apurao dos indicadores de continuidade.

    Os indicadores de continuidade consideram padres individuais e coletivos,

    conforme apresentado a seguir:

    a) DEC e FEC - Durao e Frequncia Equivalente de Interrupo por unidade

    consumidora.

    DEC o intervalo de tempo que, em mdia, no perodo de observao, em

    cada unidade consumidora do conjunto considerado ocorreu descontinuidade da

    distribuio de energia eltrica.

    A durao das interrupes est relacionada logstica de atendimento

    (veculos, comunicao, qualificao do pessoal) e tecnologia utilizada para o

    reestabelecimento e reparo da rede, bem como dificuldade de acesso ao local

    da falha (qualidade das estradas, trnsito, etc).

    FEC o nmero de interrupes ocorridas, em mdia, no perodo de

    observao, em cada unidade consumidora do conjunto considerado.

    A frequncia das interrupes caracteriza a suscetibilidade do sistema frente

    s causas externas (vegetao, eventos climticos, etc) e s causas internas

    (degradao do sistema por envelhecimento e/ou falta de manuteno).

    Para suas apuraes utilizam-se as seguintes frmulas:

    DEC a i t i Ni

    t (h/consumidor) (1)

    FEC = a i Ni

    t (interrupes/consumidor) (2)

    Sendo:

    Ca(i) o nmero de consumidores do universo considerado, atingidos pela

    interrupo (i).

    t(i) o tempo de durao, em horas e centsimos de hora, da interrupo (i).

  • 6

    i o nmero da interrupo considerada, variando de 1 a N, sendo N o nmero

    de interrupes ocorridas durante o perodo de apurao.

    Ct o nmero total de consumidores do universo considerado, entendido como

    sendo o nmero de consumidores existentes no ltimo dia de cada ms de

    apurao no caso de apurao mensal e mdia aritmtica dos nmeros de

    consumidores existentes nos ltimos dias de cada ms do perodo, no caso

    de apurao trimestral ou anual.

    b) DI e FI Durao e Frequncia de Interrupo Individual por onsumidor

    DIC o intervalo de tempo, contnuo ou no, em que um determinado

    consumidor ficou privado do fornecimento de energia eltrica, no perodo de

    apurao.

    FIC o nmero de interrupes que um determinado consumidor sofreu no

    perodo de apurao.

    Para suas apuraes utilizam-se as seguintes frmulas:

    DI t i Nt (3)

    FI N (4)

    Em que:

    t(i) o tempo de durao, em horas e centsimos de hora, da interrupo (i).

    i o ndice de cada interrupo variando de 1 a N.

    N o nmero de interrupes do consumidor considerado, no perodo de

    apurao

    c) DMI Durao Mxima de Interrupo ontnua por Unidade onsumidora

    DMIC o tempo mximo de interrupo contnua, da distribuio de energia

    eltrica, para uma unidade consumidora qualquer, isto :

    DMI t i max (5)

    Em que:

    t(i) max o valor correspondente ao tempo da mxima durao de

    interrupo contnua (i).

  • 7

    Os limites de DIC, FIC e DMIC tm o objetivo de garantir um padro mnimo de

    continuidade para o consumidor. Tais limites foram atualizados na primeira reviso do

    PRODIST, aprovada pela Resoluo Normativa N 395 [2], de 15 de dezembro de 2009.

    Os limites e a apurao dos indicadores individuais so informados na fatura do

    consumidor.

    Os limites de DEC e FEC podem ser considerados como referncia, dadas as

    caractersticas do conjunto, para uma continuidade mdia a ser fornecida pela

    distribuidora aos consumidores pertencentes ao conjunto.

    A ANEEL estabelece para cada uma das distribuidoras metas anuais para os

    indicadores de continuidade, que so redefinidas no ano da reviso peridica das tarifas.

    A seguir sero apresentados os recm-criados indicadores de continuidade, que

    entraram em vigor no ano de 2012.

    d) DICRI Durao da Interrupo ocorrida em dia crtico por unidade consumidora

    ou ponto de conexo

    Em 2012 passou a ser utilizado o indicador DICRI, que estabelece o tempo

    mximo de uma interrupo ocorrida em um dia crtico.

    Conforme a ANEEL define, Dia Crtico o dia em que a quantidade de

    ocorrncias emergenciais, em um determinado conjunto de unidades

    consumidoras, supera a mdia acrescida de trs desvios padres dos valores

    dirios. A mdia e o desvio padro a serem usados sero os relativos aos 24

    meses anteriores ao ano em curso, incluindo os dias crticos j identificados. Ou

    seja, so dias em que o nmero de ocorrncias muito superior media diria.

    A proposta de criao deste ndice, colocada na Audincia Pblica n

    064/2011 [3], teve como objetivo incentivar as distribuidoras a atuarem de forma

    clere em dias crticos, uma vez que os indicadores no eram contabilizados

    nesses dias por se considerar que as distribuidoras no possuem capacidade

    logstica para o atendimento a todas as ocorrncias nesses dias.

    A Tabela 1 apresenta os limites de DICRI conforme regio e nveis de tenso.

  • 8

    Tabela 1 Limites de DICRI conforme regio e nveis de tenso

    Localidade

    Nvel de Tenso

    AT ( 69 kV)

    MT (> 1kV e < 69 kV)

    BT ( 1 kV)

    Urbana (horas) 9,77 9,77 12,22

    No Urbana (horas) 9,77 12,71 16,60

    Por exemplo, se a falta de energia perdurar por mais de 9,77 horas em um dia

    considerado crtico, o consumidor de alta tenso dever receber uma

    compensao referente ocorrncia, independente da compensao mensal

    pelos outros indicadores.

    Cabe ressaltar que o DICRI individual e representa o tempo mximo de

    cada interrupo ocorrida em um dia crtico que afetou uma unidade

    consumidora especfica. Assim, esse indicador apurado por dia crtico, e no

    por ms, trimestre e ano, como so os indicadores DIC, FIC e DMIC.

    e) DGC Indicador de Desempenho Global de Continuidade

    Como forma de complementar os atuais indicadores de continuidade, a

    ANEEL passou a publicar anualmente o ranking das distribuidoras de energia do

    pas em relao qualidade do servio prestado.

    O ranking elaborado pela ordenao dos DGCs das empresas, formados a

    partir da comparao dos valores apurados de DEC e FEC de cada distribuidora

    em relao aos limites estabelecidos pela ANEEL, conforme mostrado em 6.

    D

    D puradoD imite

    F puradoF imite

    (6)

    Conforme cita a Nota Tcnica n 0054/2012 [4], a publicao pela ANEEL do

    indicador DGC ter um impacto na imagem das distribuidoras perante opinio

    pblica, com influncia na percepo de consumidores, acionistas, imprensa e

    sociedade em geral. Portanto, espera-se que as distribuidoras nas piores

    colocaes reajam a tal diagnstico, procurando uma melhor posio na prxima

    avaliao. Por outro lado, aquelas bem posicionadas devem se esforar ainda

    mais para manterem ou melhorarem as posies no ranking. Dessa forma,

    haver uma competio saudvel, contribuindo para a melhoria da prestao

    dos servios de distribuio de energia eltrica no Brasil.

  • 9

    2.5 ndice ANEEL de Satisfao do Consumidor (IASC)

    O ndice Aneel de Satisfao do Consumidor - IASC o resultado da pesquisa junto

    ao consumidor residencial que a Agncia realiza todo ano, desde o ano 2000, para

    avaliar o grau de satisfao dos consumidores residenciais com os servios prestados

    pelas distribuidoras de energia eltrica. Este ndice tem por finalidade mensurar a

    qualidade do servio a partir da viso e satisfao do consumidor residencial e,

    consequentemente, incentivar a melhoria da prestao dos servios de energia eltrica.

    A metodologia utilizada para a apurao do IASC composta pelos seguintes itens e

    subitens de avaliao:

    Qualidade Percebida

    Informaes ao cliente.

    Acesso empresa.

    Confiabilidade nos servios.

    Valor Percebido

    Tarifa paga em relao aos benefcios.

    Tarifa paga em relao ao fornecimento.

    Tarifa Geral em relao ao atendimento.

    Confiana

    Confiana geral.

    Preocupao com o cliente.

    Competncia.

    Integridade.

    Fidelidade

    Troca de fornecedor em funo da tarifa.

    Troca de fornecedor em funo do fornecimento.

    Troca de fornecedor em funo do atendimento.

    Satisfao

    Satisfao global.

    Desconformidade.

    Distncia do Ideal.

    A pesquisa abrange a rea de concesso das 63 distribuidoras no Pas, sendo

    realizadas em torno de 19.470 entrevistas por empresas especializadas em servios de

  • 10

    pesquisa, contratadas pela ANEEL por meio de licitao. O tamanho da amostra para

    cada concessionria, de acordo com o seu porte, est exposto na Tabela 2.

    Tabela 2 Quantidade de Entrevistas

    Mercado Atendido pela Concessionria Quantidade de

    Entrevistas

    At 30 mil consumidores residenciais 200

    Acima de 30 mil e at 400 mil consumidores 250

    Acima de 400 mil e at 1 milho de consumidores 320

    Acima de 1 milho de consumidores 450

    Fonte: Relatrio IASC http:\\www.aneel.gov.br

    abe salientar que o item onfiabilidade nos Servios a parcela da pesquisa que

    representa a satisfao do cliente sobre a continuidade do fornecimento de energia,

    englobando os seguintes ndices:

    Fornecimento de energia sem interrupo;

    Fornecimento de energia sem variao na tenso;

    Avisos antecipados sobre o corte de energia falta de pagamento;

    Confiabilidade das solues dadas;

    Rapidez na volta da energia quando h interrupo; e

    Avisos antecipados sobre o desligamento da energia para manuteno.

    De forma a estimular a melhoria da prestao de servios de energia eltrica

    orientada para a satisfao dos consumidores, as distribuidoras melhor avaliadas pelos

    consumidores concorrem anualmente ao Prmio IASC.

  • 11

    3 Histrico dos Indicadores de Continuidade no Brasil

    At a dcada de 70, no eram observadas grandes exigncias em um controle sobre

    a qualidade do fornecimento de energia eltrica que resultasse na implementao de

    uma regulamentao. At esse perodo, as concessionrias utilizavam apenas dados

    histricos que serviam como base para as projees de melhorias de sua qualidade, nas

    medidas de interrupes e na quantidade de horas sem fornecimento de energia. Ainda

    no existia um instrumento unificado legal para o controle da qualidade do fornecimento

    de energia e, por isso, muitos desses indicadores no eram nem mesmo acompanhados

    pelas distribuidoras em algumas regies.

    Durante a dcada de 70, o Brasil passou por um perodo de grande desenvolvimento

    econmico interno, conhecido como milagre brasileiro. Tal fato acarretou na

    necessidade de diversas melhorias e uma delas pode-se dizer que foi a necessidade de

    um melhor controle na qualidade do fornecimento de energia eltrica. Para isso, foram

    criadas as primeiras regulamentaes das condies tcnicas e da qualidade do servio

    de energia eltrica.

    Atravs da Portaria 46/1978 [5] editada pelo extinto Departamento Nacional de

    guas e Energia Eltrica (DNAEE), em 17 de Abril de 1978, a qualidade de energia

    eltrica ganha definio legal de nvel nacional, com o estabelecimento de indicadores de

    continuidade do fornecimento de energia eltrica a serem observados pelas

    concessionrias de servios pblicos. Foi nessa Portaria que surgiram os ndices

    relativos continuidade de servio para todo o Brasil, bem como a diviso em conjuntos

    de consumidores formada por reas contguas.

    A Portaria determinava que os indicadores DEC e FEC deveriam ser apurados para

    cada conjunto de unidades consumidoras, considerando somente as interrupes do

    fornecimento de energia eltrica com durao superior a 3 minutos, ocorridas em

    qualquer parte do sistema eltrico e independentemente da sua natureza. No eram

    consideradas na apurao interrupes dentro da instalao de uma unidade

    consumidora e em situaes de racionamento.

    Alm disso, os valores das metas de DEC e FEC foram estipulados de acordo com o

    padro de rede (isolado ou conectado ao SIN Sistema Interligado Nacional), a tenso

    de atendimento e a classificao da rea em urbana ou rural, conforme as tabelas 3 e 4.

  • 12

    Tabela 3 Portaria DNAEE n 46/1978 padres coletivos

    Caractersticas dos conjuntos de unidades consumidoras atendidas em tenso inferior a 69 kV

    DEC (horas)

    FEC (ocorrncias)

    Atendido por sistema subterrneo com secundrio reticulado 15 20

    Atendido por sistema subterrneo com secundrio radial 20 25

    Atendido por sistema areo, com mais de 50.000 consumidores 30 45

    Atendido por sistema areo, com nmero de consumidores entre 15.000 e 50.000

    40 50

    Atendido por sistema areo, com nmero de consumidores entre 5.000 e 15.000

    50 60

    Atendido por sistema areo, com nmero de consumidores entre 1.000 e 5.000

    70 70

    Atendido por sistema areo, com menos de 1.000 consumidores 120 90

    Quanto s unidades consumidoras atendidas em tenso superior a 69 kV, foram

    estabelecidos valores mximos anuais para os indicadores de continuidade de 15 horas

    para o DEC e 25 ocorrncias para o FEC.

    A Portaria 46/1978 tambm definiu valores mximos anuais de indicadores de

    continuidade para cada unidade consumidora, conforme a Tabela 4.

    Tabela 4 Portaria DNAEE n 46/1978 padres individuais

    Caractersticas das unidades consumidoras Durao (horas)

    Frequncia (ocorrncias)

    Consumidor atendido por sistema subterrneo 30 35

    Consumidor atendido em tenso superior a 69 kV 30 40

    Consumidor atendido em tenso de transmisso ou subtrans-misso inferior a 69 kV ou em tenso primria de distribuio, cuja unidade de consumo no se situe em zona rural

    80 70

    Consumidor atendido em tenso secundria de distribuio e pertencente a conjunto com mais de 1.000 consumidores, cuja unidade de consumo no se situe em zona rural

    100 80

    Consumidor localizado em zona rural atendido por sistema areo de distribuio, ou pertencente a qualquer conjunto com menos de 1.000 consumidores

    150 120

    Alm das metas anuais, tambm foram fixados limites trimestrais, sendo estes 40%

    das metas anuais.

    Os valores trimestrais e anuais definidos, no entanto, se mostraram inadequados,

    pois no consideravam as caractersticas das regies atendidas, de forma que conjuntos

    com caractersticas muito distintas poderiam ter a mesma meta de continuidade.

    Acompanhando a instabilidade econmica vivida pelo pas na dcada seguinte,

    principalmente devido ao salto inflacionrio ocorrido com a crise mundial do petrleo e as

  • 13

    polticas monetrias internas adotadas durante o perodo, o setor de energia eltrica

    apresentou uma forte queda de desenvolvimento devido a uma restrio de

    investimentos.

    J a dcada de 90 foi marcada pelo avano do neoliberalismo e dos processos de

    privatizaes dos servios pblicos. A maioria dos servios fornecidos pelo governo

    estava com uma qualidade muito baixa e o nvel de desconfiana da populao estava

    cada vez mais alto. Por essa razo, muitas empresas estatais foram vendidas para a

    iniciativa privada, inclusive setores monopolistas como o de distribuio de energia. Isso

    permitiu que rgos Reguladores e Fiscalizadores comeassem a aplicar novas formas

    avanadas de regulao para otimizao de sistemas, melhor atendimento sociedade e

    uma maior padronizao, tudo buscando uma maior qualidade dos servios prestados.

    Como consequncia desse novo desenvolvimento, em 1992, segundo Hassin [6],

    com o impulso dado pelo Programa Brasileiro de Qualidade e Produtividade, o DNAEE

    iniciou um estudo cujo objetivo era realizar um levantamento sobre a qualidade de

    energia eltrica. Por intermdio da Portaria DNAEE n 293/92 [7], instituiu-se um grupo de

    trabalho com o objetivo de realizar uma reviso dos indicadores DEC e FEC. Ao se

    concluir esse estudo, percebeu-se que apenas tais indicadores no seriam suficientes e

    que seriam necessrios outros instrumentos para poder tratar melhor a questo.

    Para suprir essa necessidade, foi emitida a Portaria n 163/93 [8], criando um Grupo

    de Trabalho com o objetivo de ampliar o escopo dos indicadores utilizados at aquele

    momento afim de que pudessem refletir melhor as expectativas da sociedade quanto

    qualidade do servio de fornecimento de energia eltrica. Pesquisou-se, ento, novos

    atributos de qualidade e estabeleceu-se que 4 atributos deveriam ser considerados:

    disponibilidade, conformidade, restaurabilidade e flexibilidade. A disponibilidade indica o

    quanto a energia est disponvel para o consumidor. A conformidade se relaciona forma

    de onda de tenso. A restaurabilidade e flexibilidade so atributos que dizem respeito

    rede de distribuio, sendo a restaurabilidade a capacidade associada ao sistema eltrico

    de restaurar rapidamente o fornecimento de energia eltrica, minimizando o tempo de

    interrupo, e a flexibilidade representa a capacidade que o sistema eltrico tem de

    assimilar mudanas em sua estrutura ou configurao (HASSIN, et al., 1999) [6].

    Todavia, segundo Thomas et al. [9], devido ao rpido processo de reestruturao

    ocorrido com o Setor Eltrico Brasileiro, quando as privatizaes na poca j atingiam

    mais de 70% do mercado de distribuio, ficaram incompatveis os prazos de

    implantao previstos pelo Grupo de Trabalho. Assim, a Portaria n 163/93 no

    incorporou nenhum indicador para apurar o tempo mximo de restabelecimento da

    energia quando um consumidor genrico desligado fortuitamente, que um aspecto de

    suma importncia na tica do consumidor (HASSIN, et al., 1999) [6].

  • 14

    Com o objetivo de suprir as lacunas existentes e tomar aes de melhoria do

    controle da qualidade de forma imediata, a ANEEL, sucessora legal do DNAEE,

    aproveitando o momento de alta de privatizaes, iniciou um maior controle dos padres

    mnimos de qualidade tcnica e de atendimento atravs de contratos de concesso feitos

    para cada concessionria privatizada.

    Inicialmente, esses contratos previam apenas a manuteno da qualidade frente

    regulao vigente, porm, posteriormente, foram incorporados novos indicadores, planos

    de melhorias contnuas e rotinas de aplicao de penalizaes.

    No ano 2000, atravs da Resoluo Normativa n 024 [10], a Agncia utilizou para a

    definio dos limites dos indicadores de continuidade, a anlise comparativa de

    desempenho, tambm denominada yardstick competition [11]. Neste mtodo, primeiro

    so formados agrupamentos de conjuntos com caractersticas fsicas e tcnicas

    semelhantes entre si e em seguida, em cada agrupamento, definem-se as metas para os

    indicadores DEC e FEC, comuns aos conjuntos classificados no agrupamento. Isso

    implicou na comparao dos desempenhos de cerca de 6.000 conjuntos existentes

    naquele momento das mais de 60 concessionrias de distribuio de energia eltrica

    do SEB.

    A Resoluo n 024 tambm inovou ao introduzir penalidades pelo no cumprimento

    dos limites de DEC e FEC e ao estabelecer a reviso das metas a cada reviso tarifria,

    criando um mecanismo que incentiva a melhoria contnua da qualidade do fornecimento

    de energia eltrica.

    Segundo Barbosa [12], 26 concessionrias foram multadas no ano de 2003 por

    terem violado as metas de DEC e FEC em 2002, quando foram registradas violaes das

    metas em 2.050 conjuntos que abrangiam aproximadamente 16.837.000 de unidades

    consumidoras (33% dos consumidores do SEB em 2002). As multas aplicadas

    totalizaram o montante de R$ 35,3 milhes.

    Uma nova reviso da regulamentao de qualidade de servio se iniciou no ano de

    2009. Com a instaurao da Audincia Pblica (AP), que resultou em alteraes na

    definio dos atributos dos conjuntos de unidades consumidoras, no redimensionamento

    dos limites dos indicadores individuais (DIC, FIC e DMIC) e na sistemtica de aplicao

    de penalidades para casos de violao dos limites. Tambm foi definido um novo critrio

    de formao dos conjuntos que passaram a ter como base a rea de atendimento das

    subestaes AT/MT (alta e mdia tenso), que antes eram divididos de acordo com

    critrios geogrficos.

    Por fim, em outubro de 2010, atravs da AP 046/2010 [13], a ANEEL aprimorou a

    metodologia para definio dos limites dos indicadores coletivos (DEC e FEC).

  • 15

    Os grficos a seguir apresentam o histrico dos indicadores apurados mdios no

    Brasil, tanto qualitativos quanto quantitativos.

    (Fonte: ANEEL)

    Figura 1 Evoluo da qualidade do servio no Brasil

    Os grficos apresentados na Figura 1 mostram uma piora na durao mdia das

    interrupes. So vrios os fatores que influenciam na piora dos indicadores, dentre os

    quais pode-se mencionar a demanda crescente de energia eltrica. Ao mesmo tempo, se

    observa metas (limites) cada vez mais exigentes.

    16,8

    7

    16,1

    1

    18

    ,01

    16,3

    7

    15,8

    1

    16,7

    5

    16,0

    4

    16,1

    4

    16,6

    5

    18,7

    7

    18,3

    6

    18,4

    0

    18,6

    5

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    40

    2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

    DE

    C (

    Ho

    ras

    )

    Ano

    Brasil DEC Anual

    DEC Apurado DEC Limite

    14,8

    2

    14,2

    0

    14,7

    7

    12,8

    9

    12,1

    2

    12,5

    3

    11,5

    3

    11,8

    1

    11,3

    7

    11,7

    3

    11,3

    0

    11,1

    5

    11,1

    0

    0

    5

    10

    15

    20

    25

    30

    35

    40

    2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012

    FE

    C (

    inte

    rru

    p

    es)

    Ano

    Brasil FEC Anual

    FEC Apurado FEC Limite

  • 16

    Aliado a isso, segundo levantamento do ndice Aneel de Satisfao do Consumidor

    (IASC), houve uma ligeira piora na satisfao dos clientes entre 2009 e 2012, vide Figura

    2.

    (Fonte: ANEEL)

    Figura 2 Evoluo do IASC no Brasil

    Vale citar tambm os ndices ACSI (American Consumer Satisfaction Index) e o

    NCSI-UK (National Consumer Satistaction Index) que representam a os resultados do

    ndice de satisfao dos consumidores de acordo com o modelo americano e britnico.

    De acordo com esses ndices, a qualidade percebida pelos consumidores brasileiros

    satisfatria.

    No que diz respeito satisfao dos clientes sobre a continuidade do fornecimento

    por regio do pas, os ndices que representam a qualidade percebida sobre a frequncia

    e durao de interrupes reduziram significativamente no ltimo ano, conforme mostra a

    Figura 3.

    64

    ,51

    63

    ,63

    58

    ,88

    61

    ,38

    60

    ,49

    65

    ,39

    62

    ,62

    66

    ,74

    64

    ,41

    61

    ,51

    76

    ,7

    69

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2012 ACSI 2011

    NCSI-UK 2012

    IASC Brasil e os benchmarks internacionais

    Excelente

    Bom

    Regular

    Ruim

    Pssimo

    * O resultado do IASC 2011 no foi divulgado pela ANEEL pois a pesquisa realizada pela empresa que venceu a licitao em 2011 no foi validada.

  • 17

    (Fonte: ANEEL)

    Figura 3 Indicadores de Qualidade Percebida

    O resultado dessa piora na qualidade, aliada alterao na sistemtica de

    penalizao, a crescente multa por transgresso dos limites, como mostra a Figura 4.

    (Fonte: ANEEL)

    Figura 4 Evoluo da penalizao por transgresso dos limites

    No captulo a seguir sero apresentadas as alteraes na metodologia da

    regulamentao sobre a continuidade do fornecimento de energia que colaboraram para

    o aumento do patamar do valor total pago em penalizaes por no cumprimento dos

    nveis de qualidade de servio exigidos.

    68,5

    68,2

    63,4

    66,1

    63,3

    69,1

    66,8

    67,4

    69,3

    61,3

    66,2

    65,9

    62,0

    63,1

    62,0

    64,6

    64,0

    64,6

    65

    ,7

    59,5

    0

    20

    40

    60

    80

    100

    2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2012

    Indicadores de Qualidade Percebida

    Fornecimento de energia sem interrupo

    Rapidez na volta da energia quando h interrupo.

    R$ 89 mi R$ 102 mi

    R$ 194 mi

    R$ 360 mi R$ 397 mi

    R$ 423 mi

    2007 2008 2009 2010 2011 2012

  • 18

    4 Mudanas Metodolgicas na Regulamentao da

    Qualidade de Servio

    Para estabelecer as metas de continuidade com base no modelo conceitual tem-se

    que quantificar a relao entre os custos e a confiabilidade e avaliar os benefcios do

    nvel de confiabilidade para os consumidores, entretanto, pouco provvel que o

    regulador tenha todas estas informaes (AJODHIA 2002) [14]. Diante da enorme

    dificuldade do regulador ter as informaes necessrias ao modelo conceitual, AJODHIA

    (2002) [14] e TANURE (2000) [15] sugerem a utilizao da regulao por comparao de

    desempenho (yardstick competition), um modelo de regulao onde o padro de

    desempenho a ser perseguido pelos agentes regulados definido por meio de uma

    comparao dos respectivos desempenhos. Haja vista que o setor de distribuio de

    energia eltrica monopolista, torna-se necessrio que o rgo regulador crie

    mecanismos que emulem um ambiente competitivo entre as concessionrias de energia

    eltrica.

    O mtodo utilizado consiste em criar agrupamentos (clusters) de conjuntos com

    caractersticas aproximadas. E, assumindo a premissa de que conjuntos semelhantes

    devem apresentar desempenhos equivalentes, para cada conjunto definido um

    agrupamento de conjuntos semelhantes a este. Desta forma, dentro de cada

    agrupamento formado (cluster), identificado o conjunto de melhor desempenho,

    tomando-o como referncia. Uma vez definidos os limites para os indicadores coletivos, a

    distribuidora dever trabalhar para a melhoria da mdia da continuidade do fornecimento

    em cada conjunto.

    Durante a Audincia Pblica n 046/2010, o mtodo de agrupamento foi amplamente

    discutido e, aps inmeras contribuies de distribuidoras de energia de todo o pas, a

    ANEEL emitiu a Nota Tcnica 021/2011 [16], com uma proposta de aprimoramento do

    processo de definio dos limites DEC e FEC.

    Sob a tica regulatria, no basta definir a metodologia de avaliao da qualidade do

    servio prestado. H tambm que se preocupar com as sanes cabveis s

    concessionrias devido s deficincias do servio prestado.

    A Figura 5 ilustra os macroprocessos de avaliao da qualidade do servio de

    distribuio de energia eltrica.

  • 19

    Figura 5 Macroprocesso de avaliao da qualidade do servio

    As prximas sees detalharo cada uma dessas etapas de forma a elucidar os

    principais aprimoramentos da metodologia atual face metodologia utilizada no Ciclo de

    Revises Tarifrias Peridicas (CRTP) anterior.

    4.1 Definio dos Conjuntos Consumidores

    4.1.1 Metodologia Antiga

    Entre os anos de 2000 e 2009, perodo de vigncia da Resoluo Normativa n

    024/2000 [10], as concessionrias tinham liberdade para formao de seus conjuntos

    denominados conjuntos ANEEL respeitando os seguintes critrios para a formao dos

    conjuntos de unidades consumidoras:

    Definio dos Conjuntos de Unidades Consumidoras

    Definio dos Atributos Descritores

    Agrupamento dos Conjuntos Semelhantes

    Clculo dos Limites DEC/FEC

    Definio dos Limites DIC/FIC/DMIC

    Clculo das Penalidades

    SIM

    H transgresso dos indicadores?

    NO FIM

  • 20

    A definio de conjunto dever permitir a identificao geogrfica das unidades

    consumidoras;

    Unidades consumidoras localizadas em reas no contguas no podero ser

    agrupadas num mesmo conjunto;

    Para o estabelecimento dos padres dos indicadores de continuidade, para cada

    conjunto, devero ser considerados os seguintes atributos: a rea do conjunto (em

    km2), extenso da rede primria (em km), mdia mensal da energia consumida nos

    ltimos 12 meses (em kWh), total de unidades consumidoras atendidas, potncia

    instalada (em kVA) e se o conjunto pertence ao SIN ou se isolado.

    Esta liberdade na formao dos conjuntos resultou em algumas distores para a

    metodologia de anlise comparativa de desempenho. Com diferentes critrios, os

    conjuntos tornaram-se muito distintos em termos de atributos, o que dificultava a

    comparao entre eles e consequentemente, o agrupamento dos mesmos que so

    utilizados como base para a determinao de ndices de qualidade.

    Como exemplo da discrepncia entre os critrios de formao de conjuntos, pode ser

    citado uma concessionria da regio sudeste, com 58 conjuntos e 5.753.105 unidades

    consumidoras; j outra distribuidora na regio nordeste possua 340 conjuntos e 994.972

    unidades consumidoras. (Fonte: Nota Tcnica n 0094/2009-SRD/ANEEL [17]).

    4.1.2 Metodologia Vigente

    Em 2009 foi realizado um estudo para o estabelecimento de um critrio para

    formao dos conjuntos buscando homogeneizar os mesmos e melhorar os resultados do

    mtodo de anlise comparativa de desempenho. Esse esforo culminou na definio de

    conjuntos por subestaes, ou seja, pela natureza eltrica e no mais somente pela

    natureza geogrfica. Desta forma, passaram a ser denominados conjuntos eltricos.

    De acordo com o PRODIST [18], a formao dos conjuntos de unidades

    consumidoras segue os seguintes critrios:

    A abrangncia do conjunto deve ser as redes MT jusante da subestao de

    distribuio (SED) e de propriedade da distribuidora;

    SED que possuam nmero de unidades consumidoras igual ou inferior a 1.000

    devem ser agregadas a outras, formando um nico conjunto;

    SED com nmero de unidades consumidoras superior a 1.000 e igual ou inferior a

    10.000 podem ser agregadas a outras, formando um nico conjunto;

  • 21

    A agregao de SEDs deve obedecer ao critrio de contiguidade das reas;

    vedada a agregao de duas ou mais SEDs cujos nmeros de unidades

    consumidoras sejam superiores a 10.000;

    Mediante aprovao da ANEEL, podero formar diferentes conjuntos SEDs que

    atendam a reas no contguas, ou que atendam a subestaes MT/MT cujas

    caractersticas de atendimento sejam muito distintas da subestao supridora, desde

    que nenhum dos conjuntos resultantes possua nmero de unidades consumidoras

    igual ou inferior a 1.000. Na segunda hiptese, a fronteira dos conjuntos dever

    corresponder entrada da subestao MT/MT;

    Podero ser divididas, mediante aprovao da ANEEL, SEDs com redes

    subterrneas e areas, devendo os conjuntos resultantes possuir um nmero de

    unidades consumidoras superior a 1.000.

    Em suma, os conjuntos consumidores podem ser entendidos como as subestaes

    de distribuio cujo primrio seja em alta tenso e o secundrio em mdia tenso.

    4.2 Definio dos Atributos Descritores dos Conjuntos Consumidores

    4.2.1 Metodologia Antiga

    Para que o mtodo de anlise comparativa de desempenho entre os conjuntos seja

    eficiente, fundamental que os conjuntos sejam comparados com base em atributos que

    representem bem as caractersticas de suas redes e de seu mercado consumidor.

    Tambm fundamental que tais atributos sejam auditveis e facilmente obtidos pelas

    distribuidoras e/ou o rgo regulador.

    Visando atender esses dois pressupostos, a ANEEL utilizava-se de 5 atributos

    quantitativos e 1 qualitativo, quais sejam:

    1. rea em quilmetros quadrados (km2);

    2. Extenso da rede primria em quilmetros (km);

    3. Mdia mensal da energia consumida nos ltimos 12 meses, em megawatt-

    hora (MWh);

    4. Total de unidades consumidoras atendidas;

    5. Potncia instalada em kilovolt-ampre (kVA);

    6. Localizao do conjunto (sistema isolado ou conectado ao SIN).

  • 22

    Com esses atributos a Agncia reguladora realizava a comparao dos conjuntos

    consumidores para, em etapas posteriores, propr as metas dos indicadores coletivos de

    qualidade, sempre visando o desempenho do conjunto mais eficiente do agrupamento.

    Todavia, observou-se que somente esses 6 atributos no eram suficientes para

    realizar uma comparao detalhada entre os conjuntos, visto que no captavam

    caractersticas peculiares das regies.

    4.2.2 Metodologia Vigente

    Durante o aprimoramento da metodologia, a principal dificuldade encontrada pela

    ANEEL e pelos agentes foi prover atributos que fossem descritores efetivos do

    desempenho dos indicadores de continuidade. A priori, se os atributos no forem

    efetivamente explicativos do desempenho dos indicadores de continuidade, por mais que

    o mtodo seja capaz de estabelecer a similaridade entre os conjuntos, a comparao de

    desempenho ser prejudicada e no ir condizer com a realidade.

    A ANEEL sugeriu por intermdio dos resultados da Consulta Pblica n 0048/2010

    [19], que fossem adotados para comparao dos conjuntos 7 atributos (5 quantitativos e

    2 qualitativos) conforme listagem a seguir:

    1. rea em quilmetros quadrados (km);

    2. Extenso da rede MT, segregada em urbana e rural, em quilmetros (km);

    3. Energia consumida nos ltimos 12 meses, segregada pelas classes residencial,

    industrial, comercial, rural e outras classes, em megawatt-hora (MWh);

    4. Total de unidades consumidoras atendidas, segregada pelas classes residencial,

    industrial, comercial, rural e outras classes;

    5. Potncia instalada em kilovolt-ampre (kVA);

    6. Padro construtivo da rede (areo ou subterrneo);

    7. Localizao do conjunto (sistema isolado ou conectado ao SIN).

    Conforme se pode observar, a gama de atributos quantitativos descritores dos

    conjuntos consumidores so semelhantes aos propostos na metodologia anterior.

    Contudo, houve uma intensa segregao dos mesmos. Alm disso, tentando testar o

    mximo de variveis descritoras dos conjuntos, foram extradas relaes que expressam

    densidades e percentuais, resultando em 38 atributos para avaliao da aplicabilidade,

    conforme se pode observar na Tabela 5.

  • 23

    Tabela 5 Atributos Avaliados pela ANEEL

    Atributo Unidade

    rea do Conjunto km

    Extenso de Rede MT Urbana km

    Extenso de Rede MT Rural km

    Extenso de Rede MT Total km

    Potncia Instalada kVA

    Energia Consumida Classe Residencial MWh

    Energia Consumida Classe Industrial MWh

    Energia Consumida Classe Comercial MWh

    Energia Consumida Classe Rural MWh

    Energia Consumida Total MWh

    Nmero de Unidades Consumidoras Classe Residencial

    Nmero de Unidades Consumidoras Classe Industrial

    Nmero de Unidades Consumidoras Classe Comercial

    Nmero de Unidades Consumidoras Classe Rural

    Nmero de Unidades Consumidoras Total

    Extenso de Rede MT por rea km/km

    Percentual de Rede MT Rural %

    Potncia Instalada por rea kVA/km

    Potncia Instalada por Extenso de Rede MT kVA/km

    Potncia Instalada por Unidade Consumidora kVA

    Energia Consumida por rea MWh/km

    Energia Consumida por Extenso de Rede MT MWh/km

    Percentual de Energia Consumida Classe Residencial %

    Percentual de Energia Consumida Classe Industrial %

    Percentual de Energia Consumida Classe Comercial %

    Percentual de Energia Consumida Classe Rural %

    Consumo Mdio Classe Residencial MWh

    Consumo Mdio Classe Industrial MWh

    Consumo Mdio Classe Comercial MWh

    Consumo Mdio Classe Rural MWh

    Consumo Mdio Total MWh

    Energia Consumida por Potncia Instalada MWh/kVA

    Nmero de Unidades Consumidoras por rea km-2

    Nmero de Unidades Consumidoras por Extenso de Rede MT km-1

    Percentual de Unidades Consumidoras Classe Residencial %

    Percentual de Unidades Consumidoras Classe Industrial %

    Percentual de Unidades Consumidoras Classe Comercial %

    Percentual de Unidades Consumidoras Classe Rural %

    Como o nmero de variveis avaliadas (38) demasiadamente elevado, foi

    realizada uma anlise estatstica que visa excluir as redundncias e auto-correlaes

  • 24

    existentes no conjunto de atributos. Aps as anlises, treze atributos quantitativos foram

    selecionados para efetuar a comparao de desempenho entre os conjuntos

    consumidores, conforme mostra a Tabela 6.

    Tabela 6 Atributos Selecionados para Anlise Comparativa entre os Conjuntos

    Atributo Unidade

    rea do Conjunto km

    Extenso de Rede MT Urbana km

    Extenso de Rede MT Rural km

    Nmero de Unidades Consumidoras Total

    Consumo Mdio Classe Residencial MWh

    Consumo Mdio Classe Industrial MWh

    Consumo Mdio Classe Comercial MWh

    Consumo Mdio Classe Rural MWh

    Energia Consumida por Potncia Instalada MWh/kVA

    Nmero de Unidades Consumidoras por rea km-2

    Percentual de Unidades Consumidoras Classe Residencial %

    Percentual de Unidades Consumidoras Classe Industrial %

    Percentual de Unidades Consumidoras Classe Comercial %

    4.3 Determinao dos Conjuntos Semelhantes

    Definidos os atributos, busca-se agrupar os conjuntos semelhantes atravs de

    tcnicas estatsticas de agrupamento que permitam identificar reas geogrficas com

    caractersticas tcnicas, fsicas e econmicas homogneas, que, no entanto, podem

    apresentar padres de desempenho distintos. A anlise de agrupamentos (clusters),

    tambm conhecida como anlise de clusterizao, tem como objetivo subdividir os

    elementos semelhantes entre si de uma amostra de forma que possam ser identificados

    melhores padres praticados pelos conjuntos agrupados em um mesmo cluster e

    tomando-o como referncia de desempenho a ser adotado.

    4.3.1 Metodologia Antiga

    O mtodo anteriormente utilizado para agrupamento baseia-se no trabalho de Tanure

    (2000) [15] que utiliza o algoritmo K-Means para estabelecer clusters de conjuntos de

    unidades consumidoras semelhantes entre si.

    Neste mtodo era necessrio definir a priori a quantidade de agrupamentos (Kc).

    Pessanha et al. (2004) [20] recomenda testar diferentes valores de Kc e observar os

    valores da disperso intra-cluster e da disperso inter-cluster. A melhor soluo para a

  • 25

    seleo de conjuntos semelhantes quando cada elemento corresponde a um nico

    cluster, o que corresponde mxima disperso inter-cluster (TANURE, 2000) [15], ou

    seja, os elementos so homogneos dentro do agrupamento ao qual pertencem e

    diferentes dos elementos dos demais agrupamentos. Tanure avaliou a razo da

    disperso intra-cluster sobre a disperso total dos dados com o aumento do nmero de

    cluster e, por fim, estabeleceu 30 parties para a metodologia de agrupamento de

    conjuntos semelhantes de distribuidoras de energia eltrica no Brasil.

    Para a formao dos agrupamentos (Kc=30 agrupamentos fixos), cada conjunto era

    caracterizado por um vetor contendo os 5 atributos quantitativos que caracterizavam os

    conjuntos na poca.

    Para cada um dos 30 clusters definidos, era estabelecido um conjunto modelo que

    servia como padro de desempenho que todos os conjuntos classificados no mesmo

    agrupamento deveriam atingir. Ou seja, eram estabelecidos os padres de referncia dos

    indicadores de continuidade DEC e FEC e, a partir destes, as metas anuais dos

    indicadores de continuidade para cada um dos conjuntos pertencentes a um mesmo

    cluster.

    Para melhor visualizao, a NT 048/2010 [19] apresentou um exemplo de aplicao

    de um mtodo de agrupamento. Neste exemplo foram considerados 48 conjuntos com

    apenas 2 atributos extenso de rede (ERAP) e nmero de unidades consumidoras

    (NUC) e foram divididos em 3 agrupamentos (Kc=3). O resultado da aplicao deste

    mtodo de agrupamento apresentado na Figura 6, onde os valores dos atributos esto

    normalizados e cada agrupamento representado por uma cor.

    (Fonte: Nota Tcnica no 0048/2010-SRD/ANEEL)

    Figura 6 Conjuntos Agrupados pelo mtodo k-means

  • 26

    De acordo com a Nota Tcnica 048/2010, para o estabelecimento dos limites de DEC

    e FEC de um conjunto, seu grau de semelhana com os demais conjuntos do

    agrupamento passa a ser fundamental no mtodo comparativo. Os mtodos de

    agrupamento procuram agrupar os elementos considerando alguma referncia, seja dos

    elementos mais distantes, mais prximos ou do centride dos agrupamentos.

    Independentemente do critrio escolhido, para um elemento prximo do centride o

    agrupamento formado pelos elementos mais prximos a ele.

    Porm, tal mtodo apresentava como desvantagem o fato de que para um elemento

    localizado na fronteira do agrupamento, os elementos mais semelhantes podem ter sido

    alocados em outros agrupamentos. Tomando como exemplo o conjunto 40 da Figura 6,

    dos seis elementos mais prximos do conjunto 40, quatro (conjuntos 2, 45, 47 e 48)

    fazem parte de outros agrupamentos, conforme pode ser identificado na Figura 7.

    (Fonte: Nota Tcnica no 0048/2010-SRD/ANEEL)

    Figura 7 Elementos mais prximos a um conjunto localizado na fronteira de um agrupamento

    4.3.2 Metodologia Vigente

    Duarante os anos de 2010 e 2011, foi proposto um mtodo para determinao de

    conjuntos semelhantes desenvolvido por Tanure (2004) [21], denominado de Mtodo

    Dinmico, que visou contornar problemas verificados na aplicao do mtodo K-Means

    nos conjuntos localizados na fronteira dos agrupamentos.

    O mtodo dinmico tem como objetivo determinar os conjuntos mais semelhantes a

    cada conjunto de unidades consumidoras do pas. Desta forma, para cada conjunto

  • 27

    formado um agrupamento de conjuntos que possuem caractersticas mais prximas ao

    de referncia. Neste mtodo, no h a formao de agrupamentos fixos; na verdade, so

    formados agrupamentos distintos para cada um dos conjuntos de todas as distribuidoras

    do pas.

    Tomando como exemplo os conjuntos da Figura 6, aplicando o mtodo dinmico para

    os conjuntos 16, 26 e 46, os seus respectivos conjuntos semelhantes esto apresentados

    na Figura 8.

    Figura 8 Aplicao do Mtodo Dinmico para os conjuntos 16, 26 e 46 do exemplo da Figura 6

    Para uma aplicao de qualquer mtodo de agrupamento, preciso estabelecer a

    medida de similaridade a ser adotada. A similaridade entre elementos determinada por

    meio de medidas de distncia. Estas medidas se baseiam na proximidade existente entre

    os atributos de um elemento a outro. Para essa metodologia foi adotada uma das mais

    populares, a Distncia Euclidiana:

    Dist a b xaj-xbj

    i (7)

    Em que:

    o valor da varivel j para o conjunto de referncia a;

    o valor da varivel j para conjuntos prximos ao conjunto a;

    Distab o distncia euclidiana do conjunto i para o conjunto j;

    89

    5

    3

    13

    18

    46

    45

    47

    48

    1464

    12

    1110

    1615

    1720

    24

    27

    31

    28

    35

    2122

    1927

    25

    29

    36

    3738

    26 41

    39

    40

    4244

    43

    23

    3334

    3032

    1

    -2-1

    01

    2

    -1 0 1 2

    ERAP

    NU

    C

  • 28

    n o nmero de conjuntos semelhantes ao conjunto i;

    tambm necessrio definir o grau de heterogeneidade percentual permitida entre os

    conjuntos, ou melhor, a disperso mxima entre os atributos dos conjuntos dentro de um

    agrupamento. A Equao 8 descreve a heterogeneidade aceita para cada agrupamento.

    eterogeneidadea

    Max Dist a

    b

    (8)

    Sendo:

    k o nmero de atributos que caracterizam o conjunto a (k=13).

    Conforme estabelecido durante a Audincia Pblica 0046/2010 [13] ANEEL, a

    heterogeneidade almejada de 20%, porm restringe-se o nmero mnimo e mximo de

    conjuntos comparveis, conforme os valores abaixo:

    Mnimo de conjuntos comparveis: 50.

    Mximo de conjuntos comparveis: 100.

    A proposta final foi aplicar o mtodo dinmico para obter os conjuntos areos

    semelhantes. J os conjuntos subterrneos so considerados como semelhantes entre si

    e pertencentes a um mesmo agrupamento. Nesse mtodo, os conjuntos que formam

    agrupamentos com 50 ou menos membros semelhantes so considerados atpicos,

    recebendo um tratamento em separado.

    4.4 Definio dos Limites Coletivos de Continuidade (DEC e FEC)

    Formados os agrupamentos, as metas de qualidade a serem atingidas ao final de

    8 anos (aproximadamente duas Revises Tarifrias Peridicas) so determinadas

    atravs da anlise comparativa entre os desempenhos dos conjuntos.

    A ANEEL estabelece esse perodo de 8 anos, pois entende que a adequao dos

    conjuntos dentro dos limites estabelecidos no deve ser imediata, pois isto poderia exigir

    grandes investimentos em curto perodo de tempo e comprometer o equilbrio econmico-

    financeiro da concesso. Dessa forma, se estabelece uma reduo gradual, desde o

    atual patamar at os limites determinados.

    De acordo com a premissa de que conjuntos pertencentes a um mesmo

    agrupamento tm desempenhos semelhantes, as metas de continuidade so definidas

  • 29

    para cada cluster a partir dos registros histricos de DEC e FEC dos conjuntos

    classificados como de melhores desempenhos (alvo).

    Para isso, primeiramente levantam-se os valores dos indicadores apurados (dos 3

    ltimos anos) para todos os conjuntos pertencentes a um cluster. Em seguida, os

    conjuntos de determinado agrupamento so ordenados de forma crescente tanto do DEC

    quanto do FEC apurados.

    As subsees a seguir apresentam a alterao no critrio de seleo do conjunto

    adotado como referncia de desempenho.

    4.4.1 Metodologia Antiga

    Com base na ordenao crescente da mdia dos 3 ltimos anos dos indicadores

    apurados, eram expurgados os conjuntos com os 5% melhores e 5% piores

    desempenhos. Do universo restante, a meta de qualidade final a ser atingida por todos os

    conjuntos conectados ao SIN, pertencentes ao mesmo cluster, era aquela j conseguida

    por 10% dos conjuntos (desconsideradas as interrupes expurgadas). No caso dos

    conjuntos dos sistemas isolados, devido ao maior grau de limitao tcnica neste tipo de

    sistema, a meta era definida pelo desempenho do conjunto posicionado na mediana do

    cluster. Os conjuntos que j apresentam indicadores iguais ou inferiores aos 10% ou 50%

    tinham suas metas estabilizadas nos valores historicamente j obtidos

    A Figura 9 ilustra a metodologia para o estabelecimento das metas de DEC e

    FEC.

    (Fonte: Nota Tcnica n 0025/2006-SRD/ANEEL)

    Figura 9 Metodologia antiga de determinao dos limites de DEC e FEC

  • 30

    Definidas as metas finais dos agrupamentos, o regulador define as metas

    intermedirias decrescentes anualmente, propiciando uma transio gradual das metas

    definidas no perodo anterior (D e F ) at as metas estabelecidas pela anlise

    comparativa ( imite D e imite F ). As metas intermedirias so definidas pela

    Equao 9 e Equao 10.

    imite D t

    D imite D

    D

    t

    T (9)

    imite F t

    F imite F

    F

    t

    T (10)

    Em que:

    T a durao em anos do perodo de transio (8 anos);

    imite D t e imite F

    t so as metas anuais dos indicadores DEC e FEC para o

    ano t ( t = 1 a T ).

    A ANEEL utilizava, para a identificao dos agrupamentos de conjuntos semelhantes

    e determinao das metas de continuidade, o software ANABENCH desenvolvido pelo

    Centro de Pesquisas de Energia Eltrica Cepel, com a finalidade de agilizar o trabalho

    do rgo Regulador.

    4.4.2 Metodologia Vigente

    Esta etapa da metodologia proposta para 3 RTP (Reviso Tarifria Peridica) sofreu

    nfimas alteraes. A proposta emitida atravs da Nota Tcnica n0048/2010-

    SRD/ANEEL [19] foi de manter a aplicao do percentil, diferenciando tambm para

    conjuntos com padro construtivo de rede areo e subterrneo. Ademais, para obter os

    limites de DEC e FEC considerada a mdia dos valores apurados dos conjuntos nos

    ltimos 3 anos.

    De forma semelhante, os conjuntos similares so ordenados de acordo com a mdia

    do DEC apurado e o limite ser o percentil 20 (2 decil) para os conjuntos pertencentes

    ao SIN e o percentil 50 (mediana) para os conjuntos isolados. O mesmo procedimento

    adotado para estabelecer os limites de FEC.

    A grande alterao da metodologia proposta a considerao de que todos os

    conjuntos subterrneos so semelhantes, sendo definidos como o percentil 50 os limites

    de DEC e FEC para os mesmos.

  • 31

    Cabe ressaltar que a cada reviso tarifria todo o processo de determinao de

    metas de qualidade retomado e as metas anuais das distribuidoras so redefinidas. As

    metas estabelecidas so publicadas em resoluo especfica e, por determinao do

    Mdulo 8 do PRODIST, devem ser impressas mensalmente nas contas de energia

    eltrica dos consumidores.

    4.5 Definio dos Limites Individuais de Continuidade (DIC, FIC e DMIC)

    A superviso da continuidade do servio por meio de limites para os indicadores

    individuais foi estabelecida no ano de 2000, atravs da Resoluo ANEEL n 24/2000

    [10]. Foi estabelecido que para um dado conjunto, os limites dos indicadores individuais

    eram definidos em funo do valor do limite para o seu indicador coletivo.

    A seguir sero apresentadas as alteraes quanto ao estabelecimento de limites de

    durao e frequncia para as unidades consumidoras.

    4.5.1 Metodologia Antiga

    Os limites dos indicadores individuais foram definidos para 5 faixas de limites dos

    indicadores coletivos. Para cada uma das faixas de DEC e FEC, foram estabelecidos

    limites de DIC, FIC e DMIC, de acordo com a seguinte classificao:

    Perodo de apurao (mensal, trimestral ou anual);

    Tenso de conexo (AT, MT ou BT);

    Localizao (urbana ou rural).

    Para exemplificar, a Tabela 7 apresenta os limites de DIC, FIC e DMIC por unidade

    consumidora urbana conectada na baixa tenso para 5 faixas de DEC e FEC.

    Tabela 7 Limites de Indicadores Individuais Metodologia antiga

    Faixa de Variao das Metas Anuais de Indicadores de

    Continuidade dos Conjuntos (DEC ou FEC)

    Padro de Continuidade por Unidade Consumidora

    Unidades Consumidoras com Tenso Nominal 1 kV situadas em reas urbanas

    DIC (horas) FIC (interrupes)

    Anual Trim Mensal Anual Trim Mensal

    0 10 40 20 13 25 13 8

    > 10 20 50 25 17 30 15 10

    > 20 30 55 28 19 35 18 1

    > 30 45 65 32 22 40 20 13

    > 45 72 36 24 58 29 20

    (Fonte: PRODIST 2008 Mdulo 8)

  • 32

    Cabe citar que naquele momento, para algumas concessionrias de distribuio de

    energia eltrica, os limites dos indicadores individuais foram estabelecidos pela ANEEL

    em resolues normativas especificas. Isso significava que para uma mesma faixa de

    DEC e FEC os limites dos indicadores individuais poderiam ser diferentes entre as

    empresas. Esta diferena nos limites individuais era explicada basicamente pelas

    peculiaridades de cada rea de concesso.

    4.5.2 Metodologia Vigente

    No ano de 2009, como resultado da Audincia Pblica n 33/2009 [22], a ANEEL

    redefiniu os limites dos indicadores individuais de continuidade. Em sntese, a ANEEL

    revogou as resolues especificas que definiam limites diferenciados dos indicadores

    individuais para cada rea de concesso e passou a considerar um nico limite para cada

    faixa de limite do indicador DEC e FEC. Outra importante alterao foi que os limites dos

    indicadores individuais foram estabelecidos no mais para 5 faixas de limites dos

    indicadores coletivos e sim para 42 faixas. A ttulo de exemplo, a Tabela 8 apresenta os

    limites individuais para consumidores localizados em reas urbanas atendidos por rede

    de baixa tenso V .

    Tabela 8 Exemplo da tabela dos limites para os indicadores individuais

    Faixa de variao das Limites Anuais de Indicadores de Continuidade dos

    Conjuntos (DEC ou FEC)

    Limite de Continuidade por Unidade Consumidora

    Unidades Consumidoras com Tenso Contratada 1kV situadas em reas urbanas

    DIC (horas) FIC (interrupes) DMIC

    (horas)

    Anual Trim. Mensal Anual Trim. Mensal Mensal

    1 16 8 4 11,2 5,6 2,8 2,09

    2 16,47 8,23 4,11 11,45 5,72 2,86 2,18

    3 16,95 8,47 4,23 11,7 5,85 2,92 2,26

    4 17,43 8,71 4,35 11,95 5,97 2,98 2,35

    5 17,91 8,95 4,47 12,2 6,1 3,05 2,43

    6 18,38 9,19 4,59 12,45 6,22 3,11 2,52

    7 18,86 9,43 4,71 12,7 6,35 3,17 2,6

    8 19,34 9,67 4,83 12,95 6,47 3,23 2,69

    9 19,82 9,91 4,95 13,2 6,6 3,3 2,77

    10 20,3 10,15 5,07 13,45 6,72 3,36 2,86

    11 20,77 10,38 5,19 13,7 6,85 3,42 2,94

    12 21,25 10,62 5,31 13,95 6,97 3,48 3,03

    13 21,73 10,86 5,43 14,2 7,1 3,55 3,11

    14 22,21 11,1 5,55 14,45 7,22 3,61 3,2

    15 22,69 11,34 5,67 14,7 7,35 3,67 3,29

  • 33

    Faixa de variao das Limites Anuais de Indicadores de Continuidade dos

    Conjuntos (DEC ou FEC)

    Limite de Continuidade por Unidade Consumidora

    Unidades Consumidoras com Tenso Contratada 1kV situadas em reas urbanas

    DIC (horas) FIC (interrupes) DMIC

    (horas)

    Anual Trim. Mensal Anual Trim. Mensal Mensal

    16 23,16 11,58 5,79 14,95 7,47 3,73 3,37

    17 23,64 11,82 5,91 15,2 7,6 3,8 3,46

    18 24,12 12,06 6,03 15,45 7,72 3,86 3,54

    19 24,6 12,3 6,15 15,7 7,85 3,92 3,63

    20 25,08 12,54 6,27 15,96 7,98 3,99 3,71

    ! e 25,89 12,94 6,47 16,47 8,23 4,11 3,8

    ! e 4 27,48 13,74 6,87 17,42 8,71 4,35 3,97

    ! 4 e 6 29,06 14,53 7,26 18,37 9,18 4,59 4,14

    ! 6 e 8 30,65 15,32 7,66 19,32 9,66 4,83 4,31

    ! 8 e 32,23 16,11 8,05 20,28 10,14 5,07 4,48

    ! e 33,82 16,91 8,45 21,23 10,61 5,3 4,65

    ! e 4 35,4 17,7 8,85 22,18 11,09 5,54 4,82

    ! 4 e 6 36,99 18,49 9,24 23,13 11,56 5,78 4,99

    ! 6 e 8 38,57 19,28 9,64 24,08 12,04 6,02 5,16

    ! 8 e 4 40,16 20,08 10,04 25,04 12,52 6,26 5,33

    !4 e 45 42,93 21,46 10,73 26,7 13,35 6,67 5,63

    !45 e 5 46,89 23,44 11,72 29,08 14,54 7,27 6,05

    !5 e 55 50,86 25,43 12,71 31,46 15,73 7,86 6,48

    !55 e 6 54,82 27,41 13,7 33,84 16,92 8,46 6,9

    !6 e 65 58,78 29,39 14,69 36,22 18,11 9,05 7,33

    !65 e 7 62,74 31,37 15,68 38,6 19,3 9,65 7,75

    !7 e 8 68,68 34,34 17,17 42,17 21,08 10,54 8,39

    !8 e 9 76,61 38,3 19,15 46,93 23,46 11,73 9,24

    !9 e 84,53 42,26 21,13 51,69 25,84 12,92 10,09

    ! e 92,46 46,23 23,11 56,45 28,22 14,11 10,94

    ! e 100,38 50,19 25,09 61,21 30,6 15,3 11,8

    >120 104,34 52,17 26,08 63,59 31,79 15,89 12,22

    (Fonte: PRODIST 2011 Mdulo 8)

    4.6 Sistemtica de Penalizao por Transgresso dos Limites

    Obtidos os limites para os indicadores de qualidade, faz-se necessrio estimar o

    impacto financeiro decorrente da alterao metodolgica da construo desses limites.

    A frmula de clculo das compensaes por transgresso de limites individuais

    para as unidades consumidoras pode ser descrita pelo quociente do valor apurado em

    relao s metas (percentual de ultrapassagem da meta) multiplicado pelo encargo do

    uso do sistema de distribuio majorado por uma constante que depende do nvel de

  • 34

    tenso em que o consumidor se encontra. A seguir so apresentadas as equaes para

    cada indicador:

    Violao DI DI v

    DI p- DI p

    USDmdio

    7 (11)

    Violao DMI DMI v

    DMI p- DMI p

    USDmdio

    7 (12)

    Violao FI FI v

    FI p- DI p

    USDmdio

    7 (13)

    Em que:

    DICv: DIC apurado no perodo considerado;

    DICp: DIC limite no perodo considerado;

    DMICv: DMIC apurado no perodo considerado;

    DMICp: DIC limite no perodo considerado;

    FICv: FIC apurado no perodo considerado;

    FICp: FIC limite no perodo considerado;

    : mdia aritmtica dos encargos de uso do sistema de distribuio

    correspondentes aos meses do perodo de apurao do indicador;

    730: Nmero mdio de horas no ms;

    kei o coeficiente de majorao definido para cada nvel de tenso.

    Alm disso, as seguintes premissas devem ser respeitadas:

    Caso uma unidade consumidora, em qualquer perodo de apurao, apresente

    valores de violao para mais de um indicador, o valor a ser compensado ser o

    maior entre eles.

    Ainda para perodos trimestrais e anuais, o valor compensado ao consumidor o

    saldo dos valores mensais j pagos.

    Cabe salientar que EUSD o resultado da multiplicao da tarifa de uso (TUSD) pelo

    consumo, conforme a Equao 14:

    EUSD = TUSD1 x Consumo (kWh) (14)

    1 Tarifa de Uso do Sistema de Distribuio em R$/kWh cujos valores so publicados anualmente em Resoluo Homologatria da ANEEL

  • 35

    Como a prpria Agncia cita, em uma conta de R$ 100, por exemplo, se o tempo de

    execuo do servio ultrapassou em duas horas o prazo da resoluo e o Encargo do

    Uso do Sistema de Distribuio (EUSD) foi de R$ 6, o consumidor ter um desconto de

    R$ 1,64. O valor da compensao ser limitado a 10 vezes o valor desse encargo. O

    EUSD pode ser consultado na conta de energia, pois h um campo especfico para isso.

    As prximas sees demonstraro os principais aspectos da metodologia referente

    aos clculos das penalidades/compensaes financeiras segundo a metodologia antiga e

    a vigente, respectivamente.

    4.6.1 Metodologia Antiga

    At o ciclo de revises tarifria anterior, vigoravam duas formas de penalizao:

    a) Transgresso de limites individuais

    A compensao aos consumidores, decorrente de transgresses dos limites

    dos indicadores individuais, realizada por meio de desconto em conta.

    Eram aplicados nas frmulas de compensaes os seguintes coeficientes de

    majorao:

    kei = 17 (dezessete), para unidade consumidora ou ponto de conexo

    atendidos em Baixa Tenso;

    kei = 22 (vinte e dois), para unidade consumidora ou ponto de conexo

    atendidos em Mdia Tenso;

    kei = 30 (trinta), para unidade consumidora ou ponto de conexo atendidos

    em Alta Tenso.

    b) Transgresso de limites coletivos

    No caso de ultrapassagem dos limites de DEC e FEC dos conjuntos, a ANEEL

    aplicava multa s concessionrias. A frmula de clculo dessa penalidade

    apresentada na Equao 15.

    enalidade INDv i

    INDp i - ni INDp i

    N ons. onj i

    N ons. mpresa

    Fat. mpresa

    876 (15)

  • 36

    Sendo:

    INDv(i) o indicador (DEC ou FEC) apurado no perodo do conjunto(i);

    INDp(i) o indicador (DEC ou FEC) limite no perodo do conjunto(i);

    N Cons. Conj (i) o nmero de consumidores do conjunto(i);

    N Cons. Empresa o nmero de Consumidores da Empresa;

    Fat. Empresa o faturamento da empresa;

    n o total de conjuntos da empresa que transgrediu o indicador (DEC ou FEC);

    k1 o coeficiente de majorao (entre 5 e 50);

    k2 o coeficiente de reincidncia de violao do indicador do conjunto (1 ou 1,5);

    k3 o coeficiente de existncia de sano anterior nos ltimos quatro anos;

    4.6.2 Metodologia Vigente

    A ANEEL, em 2009, alterou o dispositivo de penalizao, com objetivo de que todo o

    montante de penalidades fosse convertido para os consumidores. Para isso, eliminou a

    multa por DEC e FEC e ajustou os limites dos indicadores individuais e os parmetros da

    frmula de clculo das compensaes referentes s violaes desses limites. Desta

    forma, a frmula de compensao por violao dos limites individuais foram mantidas,

    porm com novos valores de coeficiente de majorao.

    Segundo essa metodologia os limites de DIC, FIC e DMIC dos consumidores de

    mdia e baixa tenso passam a ser discriminados segundo 42 faixas de DEC e FEC por

    conjunto, tendo o coeficiente de majorao kei das compensaes igual a:

    kei = 15 (quinze), para unidade consumidora ou ponto de conexo atendidos em

    Baixa Tenso;

    kei = 20 (vinte), para unidade consumidora ou ponto de conexo atendidos em

    Mdia Tenso;

    kei = 27 (vinte e sete), para unidade consumidora ou ponto de conexo

    atendidos em Alta Tenso.

    J os consumidores de alta tenso possuem discriminao de DIC, FIC e DMIC

    segundo o ponto do sistema ao qual estejam conectados (sistema isolado ou SIN).

    O capitulo a seguir mostrar no que tais mudanas resultaram para as

    concessionrias de energia no que concerne ao aperfeioamento da metodologia, grau

    de exigncia e custos associados ao no cumprimento das exigncias quanto

    fornecimento de energia eltrica.

  • 37

    5 Simulao e Anlises Crticas

    Neste captulo sero apresentados clculos e simulaes que sustentam os

    argumentos utilizados pelo rgo Regulador para a alterao da metodologia de

    definio de limites de continuidade do fornecimento de energia eltrica, bem como

    simulaes que mostrem o impacto financeiro para as distribuidoras decorrente da

    alterao da sistemtica de penalizao.

    Ao final do captulo, ser apresentada uma proposta alternativa de incentivo

    melhoria da continuidade do fornecimento, complementar atualmente aplicada,

    sugerindo um fator de atenuao que leve em considerao a percepo dos

    consumidores sobre a qualidade dos servios prestados pelas distribuidoras.

    5.1 Metodologia de Definio de Limites de Continuidade

    Conforme j foi citado, os diferentes critrios utilizados pelas distribuidoras para a

    formao dos conjuntos ANEEL resultou em distores na anlise comparativa de

    desempenho, pois estes se tornaram muito distintos em termos de atributos.

    Consequentemente, dificultou o agrupamento dos mesmos que so utilizados como

    base para a determinao de ndices de qualidade. Com o objetivo de tornar os conjuntos

    mais uniformes em termos de caractersticas fsico-eltricas, a ANEEL passou a adotar

    os chamados conjuntos eltricos, que representam as unidades consumidoras U s

    atendidas por uma mesma subestao. Teoricamente, essas U s apresentariam

    caractersticas operacionais e regionais semelhantes entre si.

    Como resultado desta reconfigurao,