gestÃo da imagem organizacional da biblioteca

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UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA FACULDADE DE CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO GESTÃO DA IMAGEM ORGANIZACIONAL DA BIBLIOTECA PÚBLICA NA SOCIEDADE DA INFORMAÇÃO: as bibliotecas polos do Estado do Ceará Maria Cleide Rodrigues Bernardino BRASÍLIA 2013

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  • UNIVERSIDADE DE BRASLIA

    FACULDADE DE CINCIA DA INFORMAO

    PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM CINCIA DA INFORMAO

    GESTO DA IMAGEM ORGANIZACIONAL DA

    BIBLIOTECA PBLICA NA SOCIEDADE DA

    INFORMAO: as bibliotecas polos do Estado do

    Cear

    Maria Cleide Rodrigues Bernardino

    BRASLIA

    2013

  • 2

    MARIA CLEIDE RODRIGUES BERNARDINO

    GESTO DA IMAGEM ORGANIZACIONAL DA

    BIBLIOTECA PBLICA NA SOCIEDADE DA

    INFORMAO: as bibliotecas polos do Estado do

    Cear

    Tese de Doutorado apresentada ao Programa de Ps-Graduao em Cincia

    da Informao - PPGCI, da Faculdade de Cincia da Informao - FCI, da

    Universidade de Braslia, UnB, como requisito parcial para obteno do

    ttulo de Doutor em Cincia da Informao.

    Orientador: Prof. Dr. Emir Jos Suaiden.

    BRASLIA

    2013

  • 3

    Dados Internacionais de Catalogao na Publicao

    Universidade de Braslia - UnB

    B523g Bernardino, Maria Cleide Rodrigues

    Gesto da imagem organizacional da biblioteca pblica na sociedade da informao: as

    bibliotecas polos do Estado do Cear / Maria Cleide Rodrigues. _ 2013.

    314f. : il. ; 30 cm.

    Orientador: Prof. Dr. Emir Jos Suaiden.

    Tese (Doutorado) - Universidade de Braslia - UnB, Faculdade de Cincia da Informao - FCI.

    1. Biblioteca Pblica. 2. Gesto da Imagem Organizacional - Biblioteca Pblica. 3. Imagem

    Organizacional - Biblioteca Pblica. II. Suaiden, Emir Jos (Orient.). II. Ttulo.

    CDD 027

  • 4

  • 5

    Dedico este trabalho a minha querida av Joana Rodrigues (in

    memorian) que embora analfabeta de formao, foi uma das criaturas

    mais sbias que conheci que me contou as primeiras histrias de

    trancoso e me fez amar a leitura e a biblioteca. Para a minha

    av/me que me ensinou a amar e que por volta dos meus dezoito

    anos, ainda sem saber o que era realmente a palavra Doutora, mas

    tendo a certeza que no seria mdica lhe disse: sua neta ainda ser

    doutora vov.

    Dedico tambm as minhas filhas amadas Aline Rodrigues e Carine

    Rodrigues, continuao da minha alma e razo de todo esse caminhar.

    Filhas, quero ser sempre motivo de orgulho para vocs.

    E por ltimo e no menos especial, para a grande companheira de

    todos os dias e todas as horas Cleide Pereira, que trouxe aos meus

    dias a calma e a serenidade que julgava no ter e me fez querer ser a

    cada dia, uma pessoa melhor de esprito e de corao.

  • 6

    AGRADECIMENTOS

    Agradecer um ato de reconhecimento e neste percurso so muitos os agradecimentos, assim,

    agradeo em primeiro lugar ao nosso Deus Todo Poderoso e Onipotente pela graa da

    existncia;

    Ao meu orientador Prof. Dr. Emir Suaiden que acreditou no projeto e aceitou a empreitada de

    falar da biblioteca pblica comeando a orientao antes mesmo do processo seletivo, quando

    me ouviu falar do projeto no CBBD de 2009, em Bonito e me encorajou a participar da

    seleo para 2010;

    banca examinadora composta pela Prof Dr Walda de Andrade Antunes, Prof Dr Lidia

    Eugnia Cavalcante, Prof Dr Sofia Galvo Baptista, Prof Dr Elmira Luiza Melo Soares

    Simeo e Prof. Dr. Antnio Lisboa Carvalho de Miranda pelas preciosas contribuies e olhar

    investigativo sobre as bibliotecas pblicas;

    Prof Dr Aurora Cuevas-Cerver (UCM) pela generosidade no compartilhamento de

    saberes por ocasio do Estgio Sanduiche, em Madrid, Espanha;

    Capes Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior pela concesso das

    bolsas PRODOUTORAL (2010-2013) e PDSE (2012) que foi de apoio incontestvel para a

    pesquisa;

    amiga Maria Aparecida de Lavor, coordenadora do SEBP/CE que se colocou disposio

    desde o incio, facilitando o acesso aos documentos das Polos e BPMs;

    amiga Sarah Nascimento coordenadora da Polo de Maranguape pela disponibilizao dos

    documentos;

    bibliotecria Gicelly Silva da Biblioteca Pblica de Limoeiro do Norte por me receber em

    sua casa;

    Aos demais bibliotecrios, bibliotecrias e gestores das bibliotecas pblicas pesquisadas pela

    disponibilidade e gentileza em participar da investigao;

    s bibliotecrias das Bibliotecas Pblicas de Madrid pela participao na pesquisa durante o

    estgio doutoral na UCM;

    s secretrias do PPGCINF Jucilene Gomes e Marta Arajo pela competncia, gentileza e

    ateno com todos os discentes do programa e a estagiria Elaine Cristina da Cunha pela

    grande disposio em ajudar sempre;

    s secretrias do IBICT Valria Vieira e Joelma Martins Mendanha que foram

    fantasticamente maravilhosas sempre que precisei;

    minha famlia, minha me Alzira Bernardino, filhas Aline Rodrigues e Carine Rodrigues

    pela compreenso das ausncias e correo de portugus e ingls e meus genros Getlio

    Holanda e Yuri Bezerra;

  • 7

    famlia Lavor Miranda em Braslia: Aureni, Miranda, Emanuel Vinicius, Joo Victor,

    Elisabeth Cisa e Paulo Andr, por me acolher em sua residncia e permitir que eu

    compartilhasse de suas vidas;

    Ao meu querido companheiro de doutorado e amigo Eduardo Alentejo que me ensina a

    encarar a vida com mais humor todos os dias;

    Lus Pereira e Gigliola Dantas que me acompanharam em algumas viagens pelo interior do

    Cear;

    amiga Carolina Custdio por me receber na cidade de Catarina;

    minha querida amiga Joselina da Silva pelo primeiro olhar no projeto, apoio e incentivo

    constante;

    Aos meus companheiros do Curso de Biblioteconomia da antiga UFC no Cariri e a partir de

    2013 a nova Universidade Federal do Cariri (UFCA): Ariluci Goes Elliott, Gracy Martins,

    Irma Gracielly, Deise Santos e demais professores pela amizade e companheirismo de

    sempre;

    Ao querido amigo Dafn Didier que no mediu esforos para ajudar nesse processo;

    Ao amigo David Vernon e Ana Cristina pela acolhida em Madrid e amizade;

    s amigas de Braslia Edileuza Penha de Souza, Elo Ktia Coelho e Alline Polliana por me

    receberem em suas casas;

    Terezinha Vieira pessoa fantstica;

    Fanka Santos e Ria Lemaire pelos dias de recolhida maravilhosa na medieval Chateau

    Larcher, Frana, e boas conversas acadmicas regadas vinho;

    Ana Maria S de Carvalho incentivadora pioneira da minha trajetria;

    Rubens Pereira que deu um olhar historiogrfico ao projeto; e

    todos os pesquisadores e amantes da biblioteca pblica.

  • 8

    RESUMO

    Investiga a imagem organizacional da biblioteca pblica a partir das variveis propostas por

    Justo Villafae, autoimagem (imagem que a organizao tem de si mesma), imagem

    intencional (imagem que a instituio projeta para o pblico) e imagem funcional (estrutura

    tecnolgica e comercial da instituio). A pesquisa se d nas bibliotecas pblicas do Estado

    do Cear, especificamente nas bibliotecas polos, que um projeto de descentralizao da

    coordenao do Sistema Estadual de Bibliotecas Pblicas do Estado do Cear - SEBP/CE.

    Tem o objetivo de identificar a imagem organizacional da biblioteca pblica no Cear,

    revelando sua imagem pblica na sociedade da informao. Tendo como pressuposto a

    hiptese que esta deve atuar significativamente na sociedade da informao, entretanto,

    construiu uma imagem de descaso e abandono, amparada pelos questionamentos: qual a

    imagem da biblioteca pblica do Estado do Cear na sociedade da informao? Qual a

    mudana operacional na imagem da biblioteca pblica do Estado do Cear, a partir da criao

    das bibliotecas polos? Como as bibliotecas pblicas do Estado do Cear se veem? Como

    essas bibliotecas se projetam para a comunidade usuria? Como essas bibliotecas esto

    estruturadas tecnologicamente e comercialmente? E como se relacionam com a comunidade

    usuria? O modelo conceitual se baseia nas Teorias da Gestalt (Psicologia) e Institucional

    (Administrao), para a construo do campo organizacional da biblioteca pblica. A

    metodologia alicerada no mtodo dialtico e nos mtodos de procedimento comparativo a

    partir do isomorfismo mimtico (teoria estruturalista) , e mtodo monogrfico e funcionalista

    (representao imagtica da biblioteca pblica). O delineamento foi a partir de uma pesquisa

    quali-quantitativa em quatro etapas e a mensurao dos dados coletados por meio da Escala

    de Likert, do modelo de quantificao adaptado de Villafae e pela anlise de contedo. Por

    fim, a investigao revelou uma imagem negativa da biblioteca pblica na sociedade da

    informao no Estado do Cear e as bibliotecas polos no representou nenhuma mudana

    organizacional para o SEBP/CE.

    Palavras-Chave: Biblioteca Pblica. Gesto da Imagem Organizacional Biblioteca Pblica.

    Biblioteca Pblica Cear. Imagem da Biblioteca Pblica.

  • 9

    ABSTRACT

    It examines the organizational image of the public library starting from the variables proposed

    by Justo Villafae, self-image (the image the institution has about itself), intentional image

    (the image the institution projects to the public) and functional image (technological and

    commercial structure of the institution). This research is based on the public libraries of the

    Ceara State, specifically on the pole libraries, which is a decentralization project of the

    coordination of the Public Libraries State System of the Ceara State- SEBP/CE. It has the goal

    of identifying the organizational image of the public library in Ceara, revealing its public

    image in the information society. It has as an assumption the hypothesis that public library

    must act meaningfully in the information society, however, it built an image of contempt and

    desertion, supported by the questionings: what is the public library image of Ceara State in the

    information society? What is the operational change in the image of the public library of

    Ceara State, starting with the creation of the pole libraries? How do the public libraries of

    Ceara State see themselves? How do these libraries project themselves to the user

    community? How are these libraries technologically and commercially structured? And how

    do they relate to the user community? The conceptual model is based on the Gestalt theories

    (Psychology) and Institutional (Business Management), to the construction of the

    organizational field of the public library. The methodology is grounded on the dialectical

    method and comparative procedure methods -, as from the mimetic isomorphism (structuralist

    theory) -, and monographic and functionalist method (a public library imagistic

    representation). The delineation will start from a qualitative-quantitative research in four

    stages and the collected data measurement will be done via Likert Scale, as from a

    quantification model adapted from Villafae and through a content analysis. In this sense, the

    investigation reveals a negative image of the public library in the information society in Ceara

    State and that the pole libraries did not represent any organizational change for the SEBP/CE.

    Key-Words: Public Library. Organizational Image Management Public Library. Public

    Library Ceara. Public Library Image.

  • 10

    LISTA DE ILUSTRAES

    Figura 1 Macrorregio RMF e Macio de Baturit e Municpios Pesquisados 30

    Figura 2 Macrorregio Litoral Oeste e Municpios Pesquisados 31

    Figura 3 Macrorregio Litoral Leste e Jaguaribe e Municpios Pesquisados 32

    Figura 4 Macrorregio Sobral e Ibiapaba e Municpios Pesquisados 33

    Figura 5 Macrorregio Serto dos Inhamuns e Municpios Pesquisados 34

    Figura 6 Macrorregio Serto Central e Municpios Pesquisados 35

    Figura 7 Macrorregio Cariri e Municpios Pesquisados 36

    Figura 8 Macrorregio Centro Sul e Municpios Pesquisados 37

    Figura 9 Evoluo da Sociedade da Informao 57

    Figura 10 Linhas de Ao do Livro Verde no Brasil 61

    Figura 11 Meio Ambiente Organizacional 92

    Figura 12 Relaes da Biblioteca com o Meio Ambiente Organizacional 94

    Figura 13 Modelizao Icnica da Realidade 104

    Figura 14 Exemplos de Nivelao e Exacerbao (levelling and shaperning) 109

    Figura 15 Tipos e Abstrao (processos) 116

    Figura 16 A Circunferncia que no 118

    Figura 17 Imagem da Organizao 120

    Figura 18 Autoimagem da Organizao 123

    Figura 19 Imagem Intencional da Organizao 126

    Figura 20 Imagem Funcional da Organizao 127

    Figura 21 Processo de Institucionalizao de Hasselbladh e Kallinikos 133

    Figura 22 Fases da Anlise de Contedo / Desenvolvimento de uma Anlise 140

    Figura 23 Bibliometro de Madrid 147

    Figura 24 Home Page das Bibliotecas da Comunidade de Madrid 149

    Figura 25 Home Page da Rede de Bibliotecas Pblicas na web 150

    Figura 26 Macrorregio RMF e seus Municpios 155

    Figura 27 Macrorregio Macio de Baturit e seus Municpios 156

    Figura 28 Macrorregies Cariri e Centro Sul e seus Municpios 172

    Figura 29 Macrorregio Litoral Leste e Jaguaribe e seus Municpios 186

    Figura 30 Macrorregio Serto Central e seus Municpios 195

    Figura 31 Macrorregio Sobral e Ibiapaba e seus municpios 201

  • 11

    Figura 32 Macrorregio Litoral Oeste e seus municpios 208

    Figura 33 Nova Biblioteca Pblica Municipal de Itapipoca 209

    Figura 34 Macrorregio Serto dos Inhamuns e seus Municpios 216

    Foto 1 Biblioteca Polo de Maranguape 267

    Foto 2 Biblioteca Polo de Russas 267

    Foto 3 Biblioteca Polo de Quixeramobim 268

    Foto 4 Biblioteca Polo de Tiangu 268

    Foto 5 Biblioteca Polo de Itapipoca 269

    Foto 6 Biblioteca Polo de Acara 269

    Foto 7 Biblioteca Polo de Crates 270

    Foto 8 Biblioteca Polo de Juazeiro do Norte 270

    Foto 9 Biblioteca Polo de Iguatu 271

    Foto 10 Biblioteca Pblica Municipal de Pindoretama 272

    Foto 11 Biblioteca Pblica Municipal de Cascavel 272

    Foto 12 Biblioteca Pblica Municipal de Limoeiro do Norte 273

    Foto 13 Biblioteca Pblica Municipal de Tabuleiro do Norte 273

    Foto 14 Biblioteca Pblica Municipal de Jaguaribe 274

    Foto 15 Biblioteca Pblica Municipal de Caucaia 275

    Foto 16 Biblioteca Pblica Municipal de Redeno 275

    Foto 17 Biblioteca Pblica Municipal de Guaiba 276

    Foto 18 Biblioteca Pblica Municipal de Pacatuba 276

    Foto 19 Biblioteca Pblica Municipal de Fortaleza 277

    Foto 20 Biblioteca Pblica Municipal de Catarina 278

    Foto 21 Biblioteca Pblica Municipal de Acopiara 278

    Foto 22 Biblioteca Pblica Municipal de Vrzea Alegre 278

    Foto 23 Biblioteca Pblica Municipal de Misso Velha 279

    Foto 24 Biblioteca Pblica Municipal de Barbalha 279

    Foto 25 Biblioteca Pblica Municipal de Farias Brito 279

    Foto 26 Biblioteca Pblica Municipal de Barro 280

    Foto 27 Biblioteca Pblica Municipal de Brejo Santo 280

    Foto 28 Biblioteca Pblica Municipal de Crato 280

    Foto 29 Biblioteca Pblica Municipal de Quixad 281

    Foto 30 Biblioteca Pblica Municipal de Mombaa 281

    Foto 31 Biblioteca Pblica Municipal de Chor 282

  • 12

    Foto 32 Biblioteca Pblica Municipal de Senador Pompeu 282

    Foto 33 Biblioteca Pblica Municipal de Varjota 283

    Foto 34 Biblioteca Pblica Municipal de Carir 283

    Foto 35 Biblioteca Pblica Municipal de Reriutaba 284

    Foto 36 Biblioteca Pblica Municipal de Forquilha 284

    Foto 37 Biblioteca Pblica Municipal de Sobral 285

    Foto 38 Biblioteca Pblica Municipal de Viosa do Cear 285

    Foto 39 Biblioteca Pblica Municipal de Tau 286

    Foto 40 Biblioteca Pblica Municipal de Arneiroz 286

    Foto 41 Biblioteca Pblica Municipal de Novo Oriente 287

    Foto 42 Biblioteca Pblica Municipal de Independncia 287

    Foto 43 Biblioteca Pblica Municipal de Amontada 288

    Foto 44 Biblioteca Pblica Municipal de Mirama 288

    Foto 45 Biblioteca Pblica Municipal de Tururu 288

    Foto 46 Biblioteca Pblica Municipal de Marco 289

    Foto 47 Biblioteca Pblica Municipal de Cruz 289

    Foto 48 Biblioteca Pblica Municipal de Bela Cruz 289

    Foto 49 Livros em Braille sem local apropriado 290

    Foto 50 Problemas de umidade e desorganizao 290

    Foto 51 Problemas de umidade e desorganizao 2 291

    Foto 52 Livros jogados pelo cho 291

    Foto 53 Livros empilhados pelas cadeiras e mesas 292

    Foto 54 Identificao da biblioteca 292

    Foto 55 Sem iluminao e local apropriado para acervo 293

    Foto 56 Livros empilhados 293

    Foto 57 Livros encaixotados 294

    Foto 58 Goteiras 294

    Foto 59 Estante amarrada 295

    Foto 60 Infiltraes e mofo 295

    Foto 61 Fachada da Biblioteca Pblica do Retiro 300

    Foto 62 Interior da Biblioteca Pblica do Retiro 300

    Foto 63 Fachada da Biblioteca Pblica Jos Acua 301

    Foto 64 Interior da Biblioteca Pblica Jos Acua 301

  • 13

    Foto 65 Exterior da Biblioteca Pblica de Villa de Vallecas 301

    Foto 66 Interior da Biblioteca Pblica de Villa de Vallecas 302

    Foto 67 Exterior da Biblioteca Pblica Centro Pedro Salinas 302

    Foto 68 Interior da Biblioteca Pblica Centro Pedro Salinas 303

    Foto 69 Exterior da Biblioteca Pblica Villaverde Maria Molner 303

    Foto 70 Interior da Biblioteca Pblica Villaverde Maria Molner 303

  • 14

    LISTA DE QUADROS

    Quadro 1 A Percepo Como Processo Cognitivo 111

    Quadro 2 Anlise Comparativa Entre os Mecanismos Mentais e Perceptivos 115

    Quadro 3 Modelo de Quantificao da Imagem Organizacional 136

    Quadro 4 Distribuio das Bibliotecas Polos 137

    Quadro 5 Categorizaes da Macrorregio RMF e Macio de Baturit 159

    Quadro 6 Categorizao da imagem da biblioteca pblica pelos usurios 163

    Quadro 7 Categorizao das Atividades (Cariri/Centro Sul) 173

    Quadro 8 Categorizao da Imagem pelos usurios (Cariri/Centro Sul) 176

    Quadro 9 Meio de Comunicao e Publicidade (Cariri /Centro Sul) 180

    Quadro 10 Categorizao das Atividades (Litoral Leste e Jaguaribe) 187

    Quadro 11 Categorizao das Atividades (Serto Central) 196

    Quadro 12 Categorizao das Atividades (Sobral/Ibiapaba) 203

    Quadro 13 Categorizao da Imagem pelos usurios (Sobral/Ibiapaba) 203

    Quadro 14 Categorizao das Atividades (Litoral Oeste) 210

    Quadro 15 Categorizao das Atividades (Serto dos Inhamuns) 218

    Quadro 16 Imagem das BPMs (Serto dos Inhamuns) 218

    Quadro 17 Mensurao da Autoimagem 226

    Quadro 18 Mensurao da Imagem Intencional 228

    Quadro 19 Mensurao da Imagem Funcional 229

    Quadro 20 Imagem Corporativa da Biblioteca Pblica Cearense 231

    Quadro 21 Proposta para Novas Bibliotecas Polos como Bibliotecas Regionais 234

  • 15

    LISTA DE GRFICOS

    Grfico 1 Autoimagem das Bibliotecas Pblicas Espanholas 147

    Grfico 2 Relacionamento Comercial 151

    Grfico 3 Autoimagem da Macrorregio da RMF e Macio de Baturit 157

    Grfico 4 Autoimagem da Macrorregio Pelos Usurios 158

    Grfico 5 Autoimagem das BPMs da Macrorregio 158

    Grfico 6 Meio de Divulgao Usados pela Macrorregio 160

    Grfico 7 Recepo da Divulgao dos Servios Pelos Usurios 161

    Grfico 8 Avaliao da Divulgao 162

    Grfico 9 Avaliao do Layout da Biblioteca 162

    Grfico 10 Avaliao da Biblioteca Pblica Pelos Usurios 163

    Grfico 11 Avaliao da Comunicao da Macrorregio 165

    Grfico 12 Equipamentos Tecnolgicos por Macrorregio 166

    Grfico 13 Satisfao de uso dos Equipamentos Tecnolgicos Pelos Usurios 166

    Grfico 14 Desempenho dos Funcionrios com as Tecnologias 167

    Grfico 15 Satisfao em Relao ao Acervo 168

    Grfico 16 Situao do Acervo 169

    Grfico 17 Relacionamento Interno e Externo da Macrorregio 169

    Grfico 18 Avaliao do Relacionamento Interno e Externo 170

    Grfico 19 Desenvolvimento de Projetos Especiais 171

    Grfico 20 Autoimagem das Macrorregies Cariri e Centro Sul 173

    Grfico 21 Imagem das BPMs da Macrorregio Pelos Usurios 175

    Grfico 22 Divulgao das BPMs da Macrorregio (Cariri/Centro Sul) 177

    Grfico 23 Avaliao da Divulgao das BPMs da Macrorregio 178

    Grfico 24 Avaliao do Layout das BPMs da Macrorregio 179

    Grfico 25 Equipamentos Tecnolgicos da Macrorregio 180

    Grfico 26 Satisfao dos Usurios da Macrorregio com as Tecnologias 181

    Grfico 27 Habilidade dos Funcionrios com as Tecnologias 182

    Grfico 28 Situao do Acervo (Cariri/Centro Sul) 182

    Grfico 29 Avaliao do Acervo Pelos Usurios 183

    Grfico 30 Avaliao do Layout da Biblioteca Pelos Usurios 184

    Grfico 31 Avaliao da Comunicao (Cariri/Centro Sul) 185

    Grfico 32 Autoimagem da Macrorregio do Litoral Leste e Jaguaribe 187

  • 16

    Grfico 33 Autoimagem da Macrorregio Pelos Usurios 188

    Grfico 34 Comunicao da Macrorregio com os Funcionrios e Clientela 190

    Grfico 35 Publicidade das BPMs da Macrorregio 190

    Grfico 36 Equipamentos Tecnolgicos da Macrorregio 191

    Grfico 37 Comunicao da Macrorregio 193

    Grfico 38 Avaliao da Comunicao das BPMs pelos Usurios 193

    Grfico 39 Autoimagem da Macrorregio do Serto Central 196

    Grfico 40 Avaliao da Comunicao da Macrorregio do Serto Central 198

    Grfico 41 Habilidades dos Funcionrios com as Tecnologias 199

    Grfico 42 Relacionamento Interno e Externo da Macrorregio 200

    Grfico 43 Autoimagem da Macrorregio (Sobral/Ibiapaba) 202

    Grfico 44 Avaliao da Comunicao da Macrorregio (Sobral/Ibiapaba) 204

    Grfico 45 Equipamentos Tecnolgicos da Macrorregio (Sobral/Ibiapaba) 205

    Grfico 46 Habilidades dos Funcionrios com as Tecnologias 206

    Grfico 47 Avaliao da Comunicao Interna e Externa 206

    Grfico 48 Autoimagem das BPMs do Litoral Oeste 210

    Grfico 49 Avaliao da Autoimagem da Macrorregio Pelos Usurios 211

    Grfico 50 Avaliao da Divulgao das BPMs (Litoral Oeste) 212

    Grfico 51 Avaliao da Comunicao das BPMs (Litoral Oeste) 212

    Grfico 52 Tecnologias da Macrorregio (Litoral Oeste) 213

    Grfico 53 Meios de Comunicao da Macrorregio (Litoral Oeste) 214

    Grfico 54 Avaliao da Comunicao interna e externa das BPMs 215

    Grfico 55 Autoimagem das BPMs da Macrorregio do Serto dos Inhamuns 217

    Grfico 56 Avaliao da Divulgao da Macrorregio 219

    Grfico 57 Avaliao da Comunicao da Macrorregio 219

    Grfico 58 Uso dos Equipamentos Tecnolgicos da Macrorregio 220

    Grfico 59 Habilidade dos Funcionrios da Macrorregio com as Tecnologias 221

    Grfico 60 Meios de Comunicao das BPMs da Macrorregio 221

  • 17

    LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

    ABDF - Associao dos Bibliotecrios do Distrito Federal

    ALA - Amrican Library Association

    ALFIN - Alfabetizao Informacional

    ASIS - American Society for Information Sciense

    BN - Biblioteca Nacional

    BNP - Biblioteca Nacional do Per

    BPM - Biblioteca Pblica Municipal

    CAPES - Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior

    CBBD - Congresso Brasileiro de Biblioteconomia, Documentao e Cincia da

    Informao

    CCT - Conselho Nacional de Cincia e Tecnologia

    CETIC - Centro de Estudos sobre as Tecnologias da Informao e da Comunicao

    CMSI - Cpula Mundial Sobre a Sociedade da Informao

    CNPq - Conselho Nacional de Desenvolvimento Cientfico e Tecnolgico

    CONABIP - Comisso Nacional Protetora das Bibliotecas Pblicas

    CPICI - Comisso de Prospectiva, Informao e Cooperao Internacional

    C&T - Cincia e Tecnologia

    DASP - Departamento Administrativo do Servio Pblico

    DIBAM - Direo de Bibliotecas, Arquivos e Museus

    FBN - Fundao Biblioteca Nacional

    FUST - Fundo de Universalizao dos Servios de Telecomunicaes

    IBBD - Instituto Brasileiro de Bibliografia e Documentao

    IBERSID - Encuentros Internacionales sobre Sistemas de Informacin

    IBICT - Instituto Brasileiro de Informaao em Cincia e Tecnologia

    IBGE - Instituto Brasileiro de Geografia e Estatstica

    IBOPE - Instituto Brasileiro de Opinio Pblica e Estatstica

    IFLA - International Federation of Library Association

    INL - Instituto Nacional do Livro

    IPECE - Instituto de Pesquisa e Estratgia Ecnonmica do Cear

    IPHAN - Instituto do Patrimnio Histrico e Artstico Nacional

    MCT - Ministrio da Cincia e Tecnologia

    MEC - Ministrio da Educao

  • 18

    MinC - Ministrio da Cultura

    NII - National Information Infrastructure

    OCDE - Organizao para a Cooperao e Desenvolvimento Econmico

    ONG - Organizao No-Governamental

    PDSE - Programa de Doutorado Sanduiche no Exterior (CAPES)

    PIB - Produto Interno Bruto

    P&D - Pesquisa e Desenvolvimento

    RMF - Regio Metropolina de Fortaleza

    SABI - Sociedade de Amigos da Biblioteca

    SECULT - Secretaria da Cultura

    SEPB/CE - Sistema Estadual de Bibliotecas Pblicas do Cear

    SINABI - Sistema Nacional de Bibliotecas da Costa Rica

    SNBP - Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas

    TGI - Teoria Geral da Imagem

    UCM - Universidad Complutense de Madrid

    UNESCO - Organizao das Naes Unidas para a Educao, a Cincia e a Cultura

  • 19

    SUMRIO

    1 INTRODUO 23

    1.1 PROBLEMA 25

    1.2 OBJETIVOS 26

    1.2.1 Objetivo Geral 26

    1.2.2 Objetivos Especficos 27

    1.3 DELIMITAO E UNIVERSO DA PESQUISA 27

    1.3.1 Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas 27

    1.3.1.1 Coordenao Estadual do Sistema de Bibliotecas Pblicas do Cear 28

    1.3.1.2 Bibliotecas Polos 29

    1.4 JUSTIFICATIVA 37

    2 EVOLUO HISTRICA E TENDNCIAS DA BIBLIOTECA

    PBLICA NA SOCIEDADE DA INFORMAO

    40

    2.1 EVOLUO HISTRICA DA BIBLIOTECA PBLICA 43

    2.1.1 A Biblioteca Pblica na Amrica Latina 45

    2.1.2 A Biblioteca Pblica no Brasil 49

    2.2 ORIGEM DA SOCIEDADE DA INFORMAO 55

    2.2.1 Programa Sociedade da Informao no Brasil 59

    2.3 MISSO E FUNES DA BIBLIOTECA PBLICA NO MBITO

    DA SOCIEDADE DA INFORMAO

    62

    2.3.1 Biblioteca Pblica: Porta Aberta Para o Conhecimento 64

    2.3.2 Diretrizes Para a Biblioteca Pblica na Sociedade da Informao 66

    2.4 A BIBLIOTECA PBLICA E A FUNO EDUCATIVA NA

    SOCIEDADE

    68

    2.4.1 A Sociedade da Informao e as Competncias Informacionais em

    Bibliotecas Pblicas

    71

    2.4.1.1 Alfabetizao Informacional: Documentos Fundamentais 73

    2.4.1.2 Aspectos de Alfabetizao Informacional em Bibliotecas Pblicas 75

    2.4.1.3 As Bibliotecas Pblicas e o Desafio da Incluso Digital 76

    2.5 CINCIA DA INFORMAO, BIBLIOTECA PBLICA E

    IMAGEM ORGANIZACIONAL NA SOCIEDADE DA

    INFORMAO

    78

    2.5.1 Evoluo da Imagem da Biblioteca Pblica Brasileira 82

  • 20

    2.5.2 Imagem Corporativa da Biblioteca Pblica 89

    2.6 GESTO DA IMAGEM PBLICA DA BIBLIOTECA PBLICA 94

    3 BASES EPISTEMOLGICAS PARA A CONSTRUO DO

    CONCEITO DE IMAGEM NA ERA DA INFORMAO

    98

    3.1 NATUREZA ICNICA DA IMAGEM 102

    3.1.1 Modelizao Icnica da Realidade 104

    3.2 DEFINIO DA IMAGEM 106

    3.3 PROCESSOS COGNITIVOS DE PERCEPO DA IMAGEM 111

    3.3.1 Memria Visual 112

    3.3.2 Pensamento Visual 114

    3.4 MODELO CONCEITUAL DA PESQUISA 117

    3.4.1 Teoria da Gestalt 117

    3.4.2 Aproximao Gestltica ao Conceito de Imagem 121

    3.4.2.1 Autoimagem 123

    3.4.2.2 Imagem Intencional 125

    3.4.2.3 Imagem Funcional 127

    3.4.3 Teoria Institucional 128

    3.4.3.1 Isomorfismo Institucional 130

    3.4.3.2 Campo Organizacional da Biblioteca Pblica 132

    4 PROCEDIMENTOS METODOLGICOS 134

    4.1 UNIVERSO DA PESQUISA E AMOSTRAGEM 137

    4.2 DELINEAMENTO DA PESQUISA 138

    4.3 ANLISE DOS DADOS 138

    4.4 PR-TESTE 141

    4.4.1 Anlise do Instrumento de Coleta de Dados 142

    4.4.2 Anlise e Interpretao dos Dados do Pr-Teste 142

    4.4.2.1 Anlise da Autoimagem no Pr-Teste 143

    4.4.2.2 Anlise da Imagem Intencional no Pr-Teste 143

    4.4.2.3 Anlise da Imagem Funcional no Pr-Teste 144

    5 IMAGENS DAS BIBLIOTECAS PBLICAS ESPANHOLAS:

    RELATO DO PERODO DO ESTGIO SANDUCHE

    146

    5.1 ANLISE DA AUTOIMAGEM NAS BIBLIOTECAS PBLICAS

    ESPANHOLAS

    146

    5.2 ANLISE DA IMAGEM INTENCIONAL NAS BIBLIOTECAS 148

  • 21

    PBLICAS ESPANHOLAS

    5.3 ANLISE DA IMAGEM FUNCIONAL NAS BIBLIOTECAS

    PBLICAS ESPANHOLAS

    151

    5.4 ANLISE DA IMAGEM ORGANIZACIONAL DAS

    BIBLIOTECAS PBLICAS ESPANHOLAS

    152

    6 MIL PALAVRAS VALEM UMA IMAGEM 154

    6.1 BIBLIOTECAS PBLICAS CEARENSES 154

    6.1.1 Macrorregio da RMF e Macio de Baturit 155

    6.1.1.1 Autoimagem da Macrorregio da RMF e Macio de Baturit 157

    6.1.1.2 Imagem Intencional da Macrorregio da RMF e Macio de Baturit 159

    6.1.1.3 Imagem Funcional da Macrorregio da RMF e Macio de Baturit 165

    6.1.2 Macrorregio do Cariri e Centro Sul 171

    6.1.2.1 Autoimagem da Macrorregio do Cariri e Centro Sul 172

    6.1.2.2 Imagem Intencional da Macrorregio do Cariri e Centro Sul 177

    6.1.2.3 Imagem Funcional da Macrorregio do Cariri e Centro Sul 180

    6.1.3 Macrorregio do Litoral Leste e Jaguaribe 185

    6.1.3.1 Autoimagem da Macrorregio do Litoral Leste e Jaguaribe 186

    6.1.3.2 Imagem Intencional da Macrorregio do Litoral Leste e Jaguaribe 189

    6.1.3.3 Imagem Funcional da Macrorregio do Litoral Leste e Jaguaribe 191

    6.1.4 Macrorregio do Serto Central 194

    6.1.4.1 Autoimagem da Macrorregio do Serto Central 195

    6.1.4.2 Imagem Intencional da Macrorregio do Serto Central 197

    6.1.4.3 Imagem Funcional da Macrorregio do Serto Central 198

    6.1.5 Macrorregio de Sobral e Ibiapaba 201

    6.1.5.1 Autoimagem da Macrorregio de Sobral e Ibiapaba 202

    6.1.5.2 Imagem Intencional da Macrorregio de Sobral e Ibiapaba 203

    6.1.5.3 Imagem Funcional da Macrorregio de Sobral e Ibiapaba 205

    6.1.6 Macrorregio do Litoral Oeste 207

    6.1.6.1 Autoimagem da Macrorregio do Litoral Oeste 209

    6.1.6.2 Imagem Intencional da Macrorregio do Litoral Oeste 211

    6.1.6.3 Imagem Funcional da Macrorregio do Litoral Oeste 213

    6.1.7 Macrorregio do Serto dos Inhamuns 215

    6.1.7.1 Autoimagem Macrorregio do Serto dos Inhamuns 216

    6.1.7.2 Imagem Intencional Macrorregio do Serto dos Inhamuns 218

  • 22

    6.1.7.3 Imagem Funcional Macrorregio do Serto dos Inhamuns 220

    6.2 RETRATO DAS BIBLIOTECAS PBLICAS CEARENSES 222

    6.2.1 Revelando a Autoimagem Organizacional 225

    6.2.2 Revelando a Imagem Intencional 227

    6.2.3 Revelando a Imagem Funcional 229

    6.2.4 Revelando a Imagem Pblica Organizacional 231

    7 CONSIDERAES FINAIS 233

    7.1 RECOMENDAES PARA ESTUDOS FUTUROS 237

    REFERNCIAS 239

    APNDICES 255

    ANEXOS 296

  • 23

    1 INTRODUO

    A internet no destri as bibliotecas, mas pode

    reforar o interesse nas informaes da vida

    cotidiana da cidade - o que um dos objetivos

    das bibliotecas pblicas as do presente e,

    certamente, as do futuro.

    MILANESI (2002)

    A investigao se debrua sob a temtica da biblioteca pblica, mais especificamente a

    biblioteca pblica do Estado do Cear, a partir da criao das Bibliotecas Polos em 2001, que

    permitiu a descentralizao da coordenao da Biblioteca Pblica Governador Menezes

    Pimentel em Fortaleza, do Sistema Estadual de Bibliotecas Pblicas (SEBP/CE).

    A proposta das bibliotecas polos no Estado do Cear surgiu da necessidade de

    dinamizar as aes do SEBP/CE e foi dividida inicialmente em dez bibliotecas distribudas

    nas oito macrorregies do Estado1. Essas macrorregies administrativas exerceriam

    coordenaes regionais do SEBP/CE nos municpios de suas respectivas jurisdies. Essa

    iniciativa permitiu o fortalecimento do Sistema, a implantao de um sistema de comunicao

    em rede entre as bibliotecas, a elaborao de uma poltica de atendimento s comunidades e a

    atuao da Biblioteca Estadual Governador Menezes Pimentel como rgo coordenador.

    O projeto de criao das bibliotecas polos de autoria da coordenadora do SEBP no

    Estado do Cear, poca Maria Helena Costa Pereira de Lyra, se orientou na inexistncia de

    um rgo centralizador de apoio, coordenao e orientao s atividades das bibliotecas

    pblicas nos municpios cearenses e na falta de ateno por parte da maioria dos

    administradores municipais, para implementao uma rede de bibliotecas que oferecesse um

    servio capaz de levar s bibliotecas do interior um atendimento bibliotecrio de qualidade

    (LYRA, 2001, p. 4).

    O objetivo identificar a imagem organizacional das bibliotecas pblicas cearenses a

    partir das bibliotecas polos, municpios atendidos e usurios dentro das variveis: autoimagem

    (como a instituio se v); imagem intencional (como a instituio se projeta para o pblico);

    e imagem funcional (como a instituio se estrutura), que constituem os objetivos especficos.

    1 A proposta inicial do projeto eram dez bibliotecas polos em oito macrorregies, sendo a dcima biblioteca polo

    a Biblioteca Pblica Municipal de Sobral, que dividiria a macrorregio Sobral e Ibiapaba com o municpio de

    Tiangu, porm, por questes polticas, no se efetivou.

  • 24

    Neste sentido, a construo da investigao est estruturada em sete captulos,

    incluindo a introduo no captulo primeiro. O segundo captulo, Evoluo Histrica e

    Tendncia da Biblioteca Pblica na Sociedade da Informao, traz a reviso de literatura

    desde a historicidade da biblioteca pblica na Antiguidade, na Amrica Latina e Brasil, a

    compreenso do construto sociedade da informao, o Programa Sociedade da Informao no

    Brasil e o entendimento da biblioteca pblica como organizao no contexto da Cincia da

    Informao, at a evoluo do conceito de imagem organizacional para a biblioteca pblica e

    a gesto pblica da imagem para a biblioteca pblica. Este captulo traz tambm uma breve

    descrio da imagem das bibliotecas pblicas espanholas, em virtude do Estgio Sanduche na

    Universidad Complutense de Madrid (UCM).

    O terceiro captulo, Bases Epistemolgicas para a Construo do Conceito de Imagem

    na era da Informao, se constitui no marco terico da pesquisa e vai desde a compreenso da

    natureza icnica da imagem e sua definio at os processos cognitivos de percepo da

    imagem. Este captulo tambm traz a construo do modelo conceitual da pesquisa baseado

    nas Teorias da Gestalt, da Psicologia e Institucional, da Administrao, convergindo assim

    para a construo do campo organizacional da biblioteca pblica.

    A metodologia delimitada no quarto captulo com a descrio dos processos e

    instrumentos da pesquisa e seu delineamento. O captulo traz a descrio da realizao do pr-

    teste que se deu junto aos Sistemas Estaduais de Bibliotecas Pblicas do Brasil, por ocasio

    do projeto de qualificao em maro de 2012. Apresenta os resultados da investigao que foi

    realizada com o auxlio de questionrio enviado por correio eletrnico.

    O quinto captulo, Imagens das Bibliotecas Pblicas Espanholas: relato do perodo do

    estgio sanduche, traz as anlises da aplicao do instrumento de pesquisa adaptado junto a

    cinco bibliotecas pblicas municipais da Comunidade de Madrid, a fim de revelar uma

    imagem organizacional dessas bibliotecas.

    No sexto captulo, Mil Palavras Valem uma Imagem, apresentamos a anlise e

    discusso dos dados coletados nas nove bibliotecas polos e trinta e nove bibliotecas pblicas

    municipais do Cear, distribudas pelas oito macrorregies. Os resultados so apresentados

    por macrorregio respeitando as variveis e por fim apresenta um retrato das bibliotecas

    pblicas cearenses. O stimo e ltimo captulo traz as consideraes finais da pesquisa e as

    recomendaes para estudos futuros.

  • 25

    1.1 PROBLEMA

    Na era da informao, cada vez mais a imagem se configura em um relevante

    instrumento de competitividade. A imagem, assim como a informao, comporta elementos

    de sentido e percepo. A informao na sociedade da informao usada pelas

    organizaes como recurso econmico para aumentar a eficincia e efetividade, para

    estimular inovao e posicionamento competitivo, atravs da melhoria na qualidade dos seus

    produtos e servios (VARELA, 2007, p. 31). Neste sentido, esta investigao tem amparo na

    Cincia da Informao como um campo dedicado s questes cientficas e prtica

    profissional voltadas para os problemas da comunicao e do conhecimento e,

    consequentemente, dos registros da informao pelas organizaes, seu fluxo informacional e

    as questes das tecnologias inerentes informao. Saracevic (1974) afirma que o problema

    da informao de mbito mundial e de natureza complexa que encontra auxlio nos sistemas

    de informaes com apoio de tecnologias especficas.

    Sobre as origens do conceito de informao, Logan (2012) afirma que as primeiras

    definies aparecem em 1386, na Inglaterra, como derivao do latim para informar, dar a

    conhecer e posteriormente em 1450, como noo de comunicao do conhecimento. O autor

    afirma que o sentido de informao como algo que pode ser armazenado s veio tona por

    volta do sculo XX. Foi Shannon, em 1948, quem definiu informao como uma mensagem

    enviada por um emissor para um receptor, para ele a informao era o padro ou sinal e no

    o significado, esse conceito deu o ponta p para o desenvolvimento da Cincia da Informao

    (LOGAN, 2012, p. 27). Esse conceito de informao dissociado do seu significado separa

    tambm a informao do conhecimento, que seria a informao assimilada na mente das

    pessoas. A informao , portanto, a matria prima da Cincia da Informao. Saracevic

    (1996) postula que a recuperao da informao como uma disciplina da Cincia da

    Informao a soluo para os problemas derivados da exploso informacional.

    As bibliotecas, sobretudo, as pblicas, matria deste estudo, tem como ponto de

    convergncia a informao e o conhecimento. A informao est registrada, processada e

    armazenada para que seja assimilada e conferida em conhecimento por aqueles que a usam.

    Compreendendo melhor, a informao objetiva e o conhecimento subjetivo. A gesto da

    informao nas organizaes compactua para a organizao da informao e a disseminao

    do conhecimento. Para que a biblioteca possa fazer a gesto da informao adequadamente

    como um sistema, preciso que se estruture como organizao, principalmente no mbito da

    sociedade da informao.

  • 26

    As bibliotecas pblicas so organizaes que pela sua estrutura e natureza, atuam ou

    deveriam atuar de forma ativa na sociedade da informao. Entretanto, a hiptese levantada

    por esta Tese que ao longo dos anos a biblioteca pblica construiu uma imagem de

    abandono e descaso, que foi perpetuada pelos governos nas esferas federal, estadual e

    municipal, sem distino; e amparada na seguinte questo: qual a imagem da biblioteca

    pblica do Estado do Cear na sociedade da informao?

    A partir da criao das polos no Estado do Cear e os objetivos das mesmas, as

    hipteses secundrias se estruturam na implantao do Sistema Estadual de Bibliotecas

    Pblicas, na criao das redes de bibliotecas polos, que suscitam novos questionamentos: qual

    a mudana operacional na imagem da biblioteca pblica do Estado do Cear a partir da

    criao das bibliotecas polos? Como as bibliotecas pblicas do Estado do Cear se veem?

    Como essas bibliotecas se projetam para a comunidade usuria? Como essas bibliotecas esto

    estruturadas tecnologicamente e comercialmente? E como se relacionam com a comunidade

    usuria?

    Essas hipteses se estruturam por sua vez nas variveis: autoimagem: que trata da

    imagem que a organizao tem de si a partir de sua orientao estratgica, cultura corporativa,

    poltica de recursos humanos e clima interno; imagem intencional: que composta pela

    identidade visual da instituio, sua comunicao interna, de marketing e institucional; e

    imagem funcional: que evidenciada pela competncia tecnolgica e comercial e

    relacionamento direto e indireto coma comunidade onde est inserida.

    1.2 OBJETIVOS

    Os objetivos de uma pesquisa se constituem na definio e delimitao da natureza da

    investigao, o que se pretende, o seu propsito. Neste sentido, o intuito deste trabalho est

    dividido em objetivo geral e objetivos especficos.

    1.2.1 Objetivo Geral

    Identificar a imagem organizacional da biblioteca pblica do Estado do Cear, a partir

    do modelo de gesto das bibliotecas polos e revelar a imagem pblica da biblioteca pblica na

    sociedade da informao.

  • 27

    1.2.2 Objetivos Especficos

    Investigar o propsito da coordenao do SEBP/CE ao criar as bibliotecas polos,

    atravs dos documentos de criao, legislao e relatrios;

    Identificar a imagem organizacional da biblioteca pblica a partir das bibliotecas polos

    do Estado do Cear e seu raio de atuao, com um olhar para sua autoimagem, imagem

    intencional e imagem funcional;

    Analisar as possveis mudanas operacionais da organizao atravs da criao das

    bibliotecas polos;

    Constatar a eficincia do modelo de bibliotecas polos no sentido de contribuir para

    uma imagem positiva das bibliotecas pblicas cearenses.

    1.3 DELIMITAO E UNIVERSO DA PESQUISA

    Esta investigao tem como cenrio as bibliotecas pblicas do SEBP/CE,

    especificamente, as nove bibliotecas polos do Estado. importante salientar que esse olhar

    tambm ser direcionado para as bibliotecas dos municpios atendidos pelas polos, sua

    clientela e a coordenao geral em Fortaleza. Dessa forma, a pesquisa fica distribuda em todo

    territrio cearense, atravs da representatividade das bibliotecas polos.

    Para compreender a dinmica dessa organizao sistmica, ser mostrado a seguir

    como esta funciona, comeando pela coordenao geral do SNBP/RJ e chegando a

    coordenao do SEBP/CE e as demais bibliotecas polos do Estado.

    1.3.1 Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas

    O Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas (SNBP) foi criado pelo Decreto

    Presidencial n 520, de 13 de maio de 19922, com o objetivo de contribuir para o

    fortalecimento das Bibliotecas Pblicas do pas.

    O SNBP nasceu atravs de um projeto de implantao encaminhado por um Grupo de

    Trabalho da Associao dos Bibliotecrios do Distrito Federal (ABDF) coordenado pelo

    Professor Antnio Agenor Briquet de Lemos. O projeto visava implementao de recursos

    necessrios prestao de assistncia tcnica especializada s bibliotecas estaduais, com o

    2 VER: http://www.bn.br/snbp/historico.html

    http://www.bn.br/snbp/historico.html

  • 28

    objetivo de melhorar os servios oferecidos e o estabelecimento de uma rede de colaborao

    mtua.

    O projeto foi aprovado e sua implantao se deu ainda em 1977, inclusive no Estado

    do Cear, com o apoio do Instituto Nacional do Livro (INL), do Ministrio da Educao

    (MEC) e do governo do Estado. Entretanto, o SEBP/CE s foi efetivado legalmente em 1980,

    atravs do Decreto n 14.152, de 24 de novembro de 1980 (Anexo 3), que garantia o

    fortalecimento das bibliotecas pblicas no Estado do Cear, com a colaborao entre as

    bibliotecas e a Biblioteca Nacional. A partir desse momento comeou a trajetria para que

    todo o Estado contasse com uma biblioteca pblica.

    Neste sentido, o SNBP, com sede na Fundao Biblioteca Nacional (FBN), assume

    como pressuposto bsico para o desenvolvimento de suas aes a funo social da biblioteca

    pblica como organizao, entretanto, sem esquecer a sua funo cultural e educadora. Sua

    atuao perante as demais bibliotecas pblicas do pas possvel pelo entendimento da

    biblioteca pblica como sistema informacional, como uma unidade de informao sistmica,

    voltada para as demandas informacionais da comunidade usuria e baseada em aes voltadas

    para a interao e integrao dessas bibliotecas pblicas em mbito nacional.

    A gesto atravs do compartilhamento de informaes e conhecimento que

    exercido pelos sistemas estaduais que, por sua vez, deve articular, coordenar e apoiar as

    Bibliotecas Pblicas Municipais dos seus Estados. A seguir delimitaremos o SEBP/CE e

    consequentemente o universo de nossa pesquisa.

    1.3.1.1 Coordenao do Sistema Estadual de Biblioteca Pblicas do Cear

    A Biblioteca Pblica Governador Menezes Pimentel que abriga a coordenao do

    SEBP/CE foi criada primeiramente como Biblioteca Provincial em 1867 e na dcada de 1990

    foi integrada arquitetonicamente ao Centro Cultural Drago do Mar. Atualmente coordena o

    SEBP/CE, composto por 190 bibliotecas pblicas em 184 municpios (BERNARDINO;

    LAVOR, 2011).

    Em fevereiro de 2009, a Secretaria da Cultura do Estado do Cear foi contemplada

    com a Biblioteca de Referncia do programa Mais Cultura do MinC3. O recurso para o

    projeto foi de aproximadamente R$ 2.500.000,00, sendo que a primeira parte foi investida na

    3 VER: http://www.secult.ce.gov.br/equipamentos-culturais/biblioteca-publica/biblioteca-publica

    http://www.secult.ce.gov.br/equipamentos-culturais/biblioteca-publica/biblioteca-publica

  • 29

    compra de equipamentos e materiais da biblioteca estadual e a segunda parte foi destinada

    aquisio de 29 mil livros (CEAR, 2011).

    Com o objetivo de compartilhar esforos e servios em prol de uma biblioteca pblica

    mais participativa e presente na vida da sociedade, foi criado e implantado em 2002 o projeto

    Bibliotecas Polos, que distribua responsabilidades de coordenao regional a inicialmente

    dez municpios e posteriormente a nove, a fim de no somente fortalecer as polticas de

    interiorizao da cultura e de desenvolvimento, mas tambm de garantir a efetiva atuao de

    uma biblioteca pblica devidamente bem planejada e estruturada na sociedade, que caminha

    para uma constante e urgente necessidade de informao cada vez mais especializada e

    rpida.

    1.3.1.2 Bibliotecas Polos

    O projeto das bibliotecas polos foi implantado atravs do Decreto n 26.658, de 11 de

    julho de 2002 (Anexo 2) e previa que sua estrutura deveria contar com pelo menos um

    profissional bibliotecrio ou de nvel superior com conhecimentos em administrao de

    biblioteca, alm de trs auxiliares, de preferncia com 2 grau (LYRA, 2001, p. 31). Neste

    sentido, Lyra (2001, p. 41) conclui que,

    A estrutura bsica do sistema estadual de bibliotecas pblicas deve contar

    com dois tipos de unidades operacionais distintos. Uma unidade de

    planejamento e fomentos das atividades (Coordenao Geral), e unidades de

    execuo programtica (Bibliotecas Polos), alm de um rgo de assessoria.

    Pensando em um sistema que atuasse de forma eficaz e eficiente, o projeto das

    Bibliotecas Polos foi implantado no Estado, distribuindo em oito macrorregies (Anexo 1),

    distribudas em nove municpios cearenses, a fim de permitir a descentralizao do sistema e

    uma atuao mais forte e efetiva das bibliotecas pblicas municipais no Cear. A distribuio

    das bibliotecas polos pelas macrorregies se deu da seguinte forma:

    a) Regio Metropolitana de Fortaleza e Macio de Baturit: sob a responsabilidade

    da Biblioteca Polo do Municpio de Maranguape e congrega 27 municpios:

    Acarape, Aquirz, Aracoiaba, Aratuba, Barreira, Baturit, Capistrano, Caucaia,

    Chorozinho, Euzbio, Fortaleza (capital do Estado), Guaiba, Guaramiranga,

    Horizonte, Itaitinga, Itapina, Maracana, Mulung, Ocara, Pacajs, Pacatuba,

  • 30

    Pacoti, Palmcia, Redeno e So Gonalo do Amarante. Essa distribuio pode

    ser visualizada melhor na Figura 1, com destaque para os municpios pesquisados.

    Figura 1 - Macrorregio RMF e Macio de Baturit e municpios pesquisados.

    Fonte: A autora baseado em IPECE (2007)

    A Biblioteca Pblica Capistrano de Abreu, da cidade de Maranguape, atende as

    bibliotecas municipais da macrorregio do Macio de Baturit e Regio Metropolitana de

    Fortaleza (RMF).

    b) Litoral Oeste: est sob a responsabilidade das bibliotecas polos dos municpios de

    Itapipoca, composta pelos municpios: Amontada, Apuiars, Itapaj, Mirama,

    Paracuru, Paraipaba, Pentecoste, So Luiz do Curu, Tejuuoca, Trairi, Tururu,

    Umirim e Uruburetama; Acara com: Barroquinha, Bela Cruz, Camocim, Chaval,

    Cruz, Granja, Itarema, Jijoca de Jericoacoara, Marco, Martinpole, Morrinhos e

    Uruoca, totalizando 27 municpios, visualizados na Figura 2 com os municpios

    pesquisados em destaque.

    POLO

    S

  • 31

    Figura 2 - Macrorregio Litoral Oeste e municpios pesquisados.

    Fonte: A autora baseado em IPECE (2007).

    A Biblioteca Pblica Rita Aguiar Barbosa, do municpio de Itapipoca, a biblioteca

    polo da macrorregio, com quatorze municpios sob a sua coordenao e a Biblioteca Pblica

    Poeta Manoel Nicodemos de Arajo, na cidade de Acara, que divide a coordenao da

    macrorregio Litoral Oeste, com treze municpios sob a sua coordenao.

    c) Litoral Leste e Jaguaribe: so 24 municpios que compem esta macrorregio,

    cuja coordenao da biblioteca pblica municipal de Russas. So eles: Alto

    Santo, Aracati, Beberibe, Cascavel, Erer, Fortim, Icapu, Iracema, Itaiaba,

    Jaguaretama, Jaguaribara, Jaguaribe, Jaguaruana, Limoeiro do Norte, Morada

    Nova, Palhano, Pereiro, Pindoretama, Potiretama, Quixer, So Joo do Jaguaribe

    e Tabuleiro do Norte, conforme Figura 3.

    POLOS

  • 32

    Figura 3 - Macrorregio Litoral Leste e Jaguaribe e municpios pesquisados.

    Fonte: A autora baseado em IPECE (2007).

    A Biblioteca Pedro Maia Rocha, do municpio de Russas, a biblioteca polo da

    macrorregio do Litoral Leste e Jaguaribe.

    d) Sobral e Ibiapaba: conta com 29 municpios que so: Alcntaras, Carir,

    Carnaubal, Corea, Croat, Forquilha, Frecheirinha, Graa, Groaras, Guaraciaba

    do Norte, Hidrolndia, Ibiapina, Ip, Irauuba, Massap, Morajo, Meruoca,

    Mucambo, Pacuj, Pires Ferreira, Reiriutaba, Santana do Acara, So Benedito,

    Senador S, Sobral, Ubajara, Varjota e Viosa do Cear, sendo a polo no

    municpio de Tiangu. Na Figura 4 possvel visualizar no destaque os

    municpios pesquisados.

    PLO

  • 33

    Figura 4 - Macrorregio Sobral e Ibiapaba e municpios pesquisados.

    Fonte: A autora baseado em IPECE (2007).

    A biblioteca polo da macrorregio a Biblioteca Pblica Municipal Deputado Lencio

    Vasconcelos de Aguiar, no municpio de Tiangu.

    e) Serto dos Inhamuns: conta com 16 bibliotecas pblicas municipais e est sob a

    coordenao da biblioteca pblica municipal de Crates. Os municpios que

    compem a macrorregio so: Aiuaba, Ararend, Arneiroz, Catunda,

    Independncia, Ipaporanga, Ipueiras, Monsenhor Tabosa, Nova Russas, Novo

    Oriente, Paramb, Poranga, Quiterianpolis, Tamboril e Tau, visualizados na

    Figura 5.

    PLO

  • 34

    Figura 5 - Macrorregio Serto dos Inhamuns e municpios pesquisados.

    Fonte: A autora baseado em IPECE (2007).

    A Biblioteca Pblica Municipal Norberto Ferreira Filho, da cidade de Crates, a

    Polo da macrorregio.

    f) Serto Central: congrega 21 municpios: Banabui, Boa Viagem, Canind,

    Caridade, Chor, Deputado Irapuan Pinheiro, General Sampaio, Ibaretama,

    Ibicuitinga, Itatira, Madalena, Milh, Mombaa, Paramoti, Pedra Branca, Piquet

    Carneiro, Quixad, Santa Quitria, Senador Pompeu e Solonpole sob a

    responsabilidade da biblioteca polo de Quixeramobim (Figura 6).

    POLO

  • 35

    Figura 6 - Macrorregio Serto Central e municpios pesquisados.

    Fonte: A autora baseado em IPECE (2007).

    A Biblioteca Pblica Municipal Ismael Pordeus a Polo da macrorregio.

    g) Cariri: sob a responsabilidade do municpio de Juazeiro do Norte ficam 28

    municpios, que so: Abaiara, Altaneira, Antonina do Norte, Araripe, Assar,

    Aurora, Barbalha, Barro, Brejo Santo, Campos Sales, Caririau, Crato, Farias

    Brito, Grangeiro, Jardim, Jati, Mauriti, Milagres, Misso Velha, Nova Olinda,

    Penaforte, Porteiras, Potengi, Saboeiro, Salitre, Santana do Cariri e Tarrafas

    (Figura 7).

    POLO

  • 36

    Figura 7 - Macrorregio Cariri e municpios pesquisados.

    Fonte: A autora baseado em IPECE (2007).

    A Biblioteca Pblica Municipal Dr. Possidnio da Silva Bem a Polo da macrorregio

    do Cariri.

    h) Centro Sul: composta por 14 municpios: Acopiara, Baixio, Caris, Catarina,

    Cedro, Ic, Ipaumirim, Jucs, Lavras da Mangabeira, Ors, Quixel, Umari e

    Varzea Alegre, tendo como biblioteca polo o municpio de Iguatu (Figura 8).

    P

    L

    O

    POLO

  • 37

    Figura 8 - Macrorregio Centro Sul e municpios pesquisados.

    Fonte: A autora baseado em IPECE (2007).

    A Biblioteca Pblica Municipal Dr. Matos Peixoto, do municpio de Iguatu, a Polo

    da macrorregio.

    1.4 JUSTIFICATIVA

    A necessidade de conhecer a realidade das bibliotecas pblicas do Cear surgiu,

    primeiramente, da identificao com a temtica e da inquietao quanto ao traado de uma

    imagem que se revelava pouco atraente, mas que no refletia um pensamento resultado de

    pesquisa cientfica. A investigao tem amparo na Cincia da Informao, enquanto uma

    disciplina que investiga as propriedades e o comportamento da informao, as foras que

    regem o fluxo informacional e os meios de processamento da informao para a otimizao

    do acesso e do uso (BORKO, 1968), e ainda no seu entendimento como cincia social que

    visa atender s suas demandas sociais da informao.

    Entendemos por Cincia da Informao, a cincia que estuda a informao desde a

    sua gnese at o processo de transformao de dados em conhecimento, alm de estudar a

    aplicao da informao nas organizaes, o seu uso, ela tambm estuda as interaes entre as

    pessoas e sistemas de informao, a prpria logstica da informao, seu planejamento,

    modelagem de dados e anlise.

    PLO

  • 38

    A escolha desse tema Biblioteca Pblica decorreu de uma experincia de oito anos

    como bibliotecria da Biblioteca Pblica Municipal de Juazeiro do Norte, Biblioteca Polo da

    macrorregio Cariri. Advm ao mesmo tempo, do trabalho de criao dessas bibliotecas polos

    juntamente com a coordenao estadual em Fortaleza, das visitas tcnicas realizadas no

    perodo de 2001 a 2005, dos treinamentos e capacitaes oriundos da funo, do Sistema

    Nacional4 e Estadual de Bibliotecas Pblicas, e principalmente do interesse a respeito da

    misso da Biblioteca Pblica como centro de formao de leitores e promoo da leitura para

    a comunidade.

    Vale salientar que o SEBP/CE verificou alguns problemas em visitas tcnicas aos

    municpios em se tratando do Estado do Cear. O acervo das bibliotecas criadas era composto

    por livros didticos ou por colees de campanhas de leitura do governo, para doao aos

    alunos, e em algumas cidades nem existiam5. Outro problema observado foi a ingerncia de

    verbas para implantao e modernizao de bibliotecas. Como por exemplo, o projeto Uma

    Biblioteca em Cada Municpio (TAKAHASHI, 2000, p. 64), lanado em 1996 durante o

    governo do Presidente Fernando Henrique Cardoso, onde as Prefeituras recebiam verbas para

    dotar o seu municpio de uma biblioteca pblica. Atravs das visitas da coordenao do

    SEBP/CE e da Biblioteca Polo de Juazeiro do Norte, ficou comprovado que em algumas

    ocasies a implantao ou modernizao das bibliotecas no ocorria verdadeiramente. Aps

    alguns anos, esse projeto foi modificado para distribuio de mveis, equipamentos e acervo

    para a criao de bibliotecas.

    Desse modo, esta investigao pautada pelo carter interdisciplinar da Cincia da

    Informao, que fornece os subsdios necessrios para aprofundarmos como uma pesquisa

    social, no mbito da biblioteca pblica e da gesto dos servios das bibliotecas denominadas

    de Bibliotecas Polos. Portanto, investigar e compreender as bibliotecas pblicas como um

    todo, sua cultura organizacional a partir do modelo de bibliotecas polos, sua estruturao e

    imagem uma pesquisa vlida e inovadora para a Cincia da Informao. Barreto (2005)

    escreveu um ensaio para o Jornal Brasileiro de Cincias da Comunicao, no qual fala que o

    futuro da Cincia da Informao hoje seu olhar para a interatividade, a facilidade do acesso

    em rede, dizendo que: o usurio de informao no aceita mais percorrer os caminhos

    ocultos dos universos particulares da linguagem nem jogar tempo com as intrincadas regras

    4 VER: http://www.bn.br/snbp/historico.html 5 De acordo com visita tcnica realizada pela coordenao da Polo de Juazeiro do Norte no perodo de 2001 a

    2005.

    http://www.bn.br/snbp/historico.html

  • 39

    das taxonomias voltadas para os processos de almoxarifagem de acervos convencionais ou

    eletrnicos.

    A criao das bibliotecas polos no Estado do Cear veio a contribuir para uma maior

    articulao das bibliotecas, facilitando a comunicao e promovendo a interatividade de seu

    processo de gesto, inaugurando assim, uma nova cultura organizacional. Assim, pretende-se

    investigar se a implementao do projeto das bibliotecas polos contribuiu para a concepo de

    uma imagem positiva para a biblioteca pblica no Estado do Cear. Entendendo por imagem

    da organizao o somatrio das percepes da organizao sobre as variveis: sua

    autoimagem, sua imagem intencional e sua imagem funcional. Uma varivel um conceito

    que contm valores ou propriedades mensurveis e que podem ser qualidades, caractersticas,

    quantidades etc (MARCONI; LAKATOS, 2010). As variveis propostas para o estudo

    carregam as caractersticas metodolgicas e cada uma envolve elementos subjetivos como

    experincias, valores, sentimentos, preconceitos, atitudes, observaes, crenas e informaes

    (GALVO, 2004) aliados a uma poltica de comunicao visual e fidelizao de clientes.

    Por fim, no se pretende encontrar solues precisas, mas apontar a atual situao das

    Bibliotecas Pblicas do Estado do Cear, aqui representadas pelas nove Bibliotecas que fazem

    parte do Projeto de Bibliotecas Polos e suas jurisdies, descrever a atuao destas frente s

    problemticas das Bibliotecas Pblicas do pas e descrever as propostas existentes de forma a

    minimizar ou sanar problemas, contribuindo para a mudana do quadro geral da Biblioteca

    Pblica no Estado.

  • 40

    2 EVOLUO HISTRICA E TENDNCIAS DA BIBLIOTECA PBLICA NA

    SOCIEDADE DA INFORMAO

    Conhecer a origem das bibliotecas implica em abordar

    a produo de conhecimentos e dos registros do

    conhecimento, pois, desde sua origem na Antiguidade

    Clssica, a biblioteca um espao de preservao

    dos conhecimentos gerados pela humanidade

    a partir de diferentes sociedades.

    (ARAJO; OLIVEIRA, 2011)

    Ao fazer uma retrospectiva da evoluo da biblioteca, Milanesi (1985) assinala que

    sua histria a prpria histria do registro da informao e do homem, o que significa que

    difcil separar o registro e o acesso informao da histria e conceito de biblioteca. Martins,

    (2002, p. 72) afirma que a histria da biblioteca antecede a histria do livro. Isto porque

    antes mesmo do surgimento do livro como suporte da informao as bibliotecas j existiam,

    como apontam os registros histricos. o caso das bibliotecas minerais formadas por tabletes

    de argila, as vegetais compostas de rolos de papiro e as animais constitudas de pergaminho

    (MARTINS, 2002). Traz-se tona a interessante a afirmao de Mey (2004, p. 74) ao

    contrapor a etimologia da palavra biblioteca originria do grego bibliotheke atravs do latim e

    formada pelos termos biblion, que significa livro e teke, caixa, importante pontuar que a

    terminologia se refere biblioteca como depsito e no como organismo dinmico:

    [...] a palavra grega "biblion" no se poderia referir a livros, uma vez que

    eles eram inexistentes para os gregos antigos: havia apenas rolos de papiro.

    O papiro, este sim, vinha da cidade fencia de Biblios (hoje no Lbano), o

    que nominou o tipo do suporte grego.

    Neste sentido, o registro do conhecimento e a formao de acervo so anteriores ao

    livro e a prpria biblioteca que se conhece hoje. Da Idade Mdia at a Renascena as

    bibliotecas eram fechadas e tidas como sagradas. Eram as bibliotecas monacais ou

    monsticas, que poderiam ser as bibliotecas dos mosteiros, das catedrais ou capitulares. Vale

    ressaltar que as chamadas bibliotecas capitulares nasciam de uma imposio material da

    necessidade do livro para o ensino e tinham sempre um professor entre os seus designatrios.

    As bibliotecas medievais eram organismos sagrados e as instituies religiosas da

    poca eram arquitetonicamente preparadas para conter em suas paredes estantes embutidas e

  • 41

    as mesas e estantes de leitura traziam os livros acorrentados (MARTINS, 2002). O conceito

    de biblioteca na Antiguidade e na Idade Mdia era ligado ao resguardo da memria e no

    tinha o carter de disseminao da informao. Como ilustra muito bem o filme O Nome da

    Rosa, de Jean Jacques Annaud6, baseado na obra homnima de Umberto Eco. Sobre isto,

    Battles (2003, p.122) conclui que a biblioteca era uma espcie de mosteiro, no qual uma

    pequena elite de textos marcava o ritmo das oraes, balanava os turbulos e entoava no

    cantocho, o grande dilogo dos sculos.

    Das grandes bibliotecas da Antiguidade, a mais famosa de todas sem dvida a

    biblioteca de Alexandria, que segundo relatos histricos possua mais de setecentos mil

    volumes. A biblioteca de Alexandria foi fundada por Ptolomeu I Soter, em 280a.C., e

    ampliada por seu filho Ptolomeu Filadelfo a.C. A biblioteca era dividida em duas partes, uma

    principal que ficava na cidade de Bruchium e uma suplementar em Serpio (MARTINS,

    2002). a mais famosa por algumas singularidades na formao de seu acervo e pelos

    incndios que sofreu, sendo o terceiro o mais terrvel e definitivo (BEZ, 2006). Sobre a

    biblioteca de Alexandria e as suas obras clebres Cnfora (1989, p. 19) pontua que l se

    encontravam preciosas colees de livros de propriedade do Rei, os livros rgios. E Martins

    (2002, p. 75) afirma que a biblioteca de Alexandria ostentava a singularidade de possuir

    manuscritos nicos de grande nmero de obras da Antiguidade que com ela desapareceram.

    O acervo da biblioteca de Alexandria merece destaque pela singularidade de sua

    formao que inclua alm da contribuio de vrios autores e pessoas diversas, a

    particularidade da ampliao do acervo por Ptolomeu II Filadelfo, atravs da compra de rolos,

    papiros ou mesmo bibliotecas inteiras, sem se preocupar com o alto valor. Seu sucessor

    Ptolomeu III Evrgeta enviava cartas aos soberanos da Antiguidade solicitando o envio de

    obras dos mais variados tipos para que fossem incorporados ao acervo da Biblioteca de

    Alexandria. Depois ordenou que qualquer navio que fizesse escala no porto da cidade tivesse

    seus originais copiados, retirados e que fosse entregue aos proprietrios uma cpia, j que o

    original permaneceria na biblioteca, alm disso, era pago uma quantia especfica,

    correspondente a 15 talentos, por isso o fundo oramentrio passou a ser chamado de fundo

    dos navios (CNFORA, 1989).

    6 O NOME da Rosa. Direo: Jean Jacques Annaud. Produo: Bernd Eichinger. Intrpretes: Sean Connery;

    Christian Slater; Helmut Qualfinger; Elya Barkin e outros. Roteiro: Andrew Birkin, Grard Brach, Howard

    Franklin e Alain Godard. Msica: James Horner. Alemanha: 20th Century Fox Film Corporation, 1986. 1 DVD

    (130 min), widescreen, color. Baseado na obra O Nome da Rosa, de Umberto Eco.

  • 42

    Ptolomeu II Evrgeta, segundo Cnfora (1989), usou de diversos mtodos para obter

    as obras, como, por exemplo, solicitar emprestado a Atenas seus manuscritos originais de

    squilo, Sfocles e Eurpedes, que eram considerados como patrimnio cultural de valor

    incalculvel pelos atenienses e que s foram liberados mediante um depsito em dinheiro,

    entretanto, Ptolomeu III preferiu perder o dinheiro do depsito a devolver os originais,

    enviando uma cpia aos atenienses.

    Outra biblioteca merecedora de destaque a de Prgamo que, segundo Cnfora

    (1989), tinha certa rivalidade com a biblioteca de Alexandria. Isso instaurava uma verdadeira

    multido de falsificadores que ofereciam textos antigos falsificados e remendados, os quais

    uma hesitava recusar em virtude da possibilidade da outra aceitar. Localizava-se na cidade de

    Prgamo, na sia Menor, e conforme Martins (2002) foi fundada pelo Rei Eumnio, no

    Sculo II a.C. A biblioteca reunia cerca de trezentos mil volumes copiados em pergaminho.

    Bez (2006) afirma que foram descobertas muitas falsificaes por causa, ao que tudo indica,

    da pressa em possuir a maior e mais valiosa coleo do mundo, sendo que o caso mais grave

    foi o falso discurso desconhecido de Demstenes.

    Dentre as bibliotecas da Antiguidade, pode-se destacar ainda a Biblioteca de Nnive,

    descoberta por Layard7, em 1854, no palcio do Rei Assurbanipal II (MARTINS, 2002),

    composta por aproximadamente 25 mil placas de argila e que considerada por alguns

    autores como a primeira biblioteca da histria, pois foram encontrados manuscritos da

    Armnia do Sculo II a.C., os quais haviam sido roubados por Alexandre no momento das

    invases e conquistas (BEZERRA, 2011). Entretanto, conforme afirma Martins (2002, p. 76),

    a primeira biblioteca foi estabelecida por Pisstrato8 (560-527 a.C.) na Grcia. Essa

    biblioteca, segundo Albert Cim, tinha o carter de biblioteca pblica e a pretenso de reunir

    todas as obras de Homero e outros autores importantes da poca.

    Martins (2002, p. 323) destaca que a histria da biblioteca, dos fins do sculo XVI,

    [...] at os dias atuais, um processo gradativo, ininterrupto e simultneo de transformao,

    marcado pela laicizao, democratizao, especializao e socializao. A laicizao foi

    observada a partir da Renascena, com a perda gradativa da caracterstica religiosa cunhada

    pela natureza dos seus mantenedores e administradores, geralmente mosteiros e monges. A

    democratizao se d em consequncia da laicizao, com a perda do carter sagrado do livro,

    7 Sir Austen Henry Layard (1817-1894) foi um dos principais arquelogos britnicos do sculo XIX. Suas escavaes forneceram evidncias importantes sobre a antiga Mesopotmia (atual Iraque), principalmente sobre

    a civilizao assria. 8 Governador e tirano grego que governou entre 560 a.C. e 527 a.C.

  • 43

    deixando a biblioteca cada vez mais leiga e civil e, em consequncia disso, pblica e aberta, o

    que gera assim, o terceiro processo simultneo e gradativo que a especializao. E por

    fim, o processo de socializao, este para Martins (2002, p. 324) o mais significativo dentre

    os que em nossos dias distinguem a biblioteca. Ao mesmo tempo em que depende dos

    processos anteriores, depende tambm da conscincia da sociedade. A biblioteca, neste

    sentido, no mais apenas um mero depsito de livros, mas um espao dinmico de

    construo de saberes e socializao do conhecimento.

    2.1 A EVOLUO HISTRICA DA BIBLIOTECA PBLICA

    Para Arajo (2002) as bibliotecas pblicas nasceram da necessidade de organizao e

    disseminao dos registros grficos, visuais e sonoros, oriundos do aumento acelerado da

    produo cultural e intelectual. A histria registra que seu surgimento se deu na Inglaterra

    fabril do sculo XIX, em decorrncia das transformaes provocadas pela revoluo

    industrial, as quais exigiram fora de trabalho qualificado (ARAJO, 2002, p. 11). Alm de

    Arajo (2002), autores como Mueller (1984) e Nogueira (1986) defendem o seu surgimento a

    partir da segunda metade do sculo XIX concomitantemente nos Estados Unidos e Inglaterra.

    Sobre isto Bezerra (2011, p. 22) completa que o conceito de biblioteca pblica como servio

    do Estado est sedimentado nos princpios de liberdade e igualdade fundamentados pelas

    ideias revolucionrias da Frana no sculo XVIII. Entretanto, as razes do seu surgimento

    no tem uma preciso histrica, pois alguns afirmam ter nascido em virtude das necessidades

    e exigncias da revoluo industrial (ARAJO, 2002; ALMEIDA JNIOR, 2003), outros,

    como Wada (1985), afirmam que a biblioteca surgiu a partir de uma atitude filantrpica para

    minimizar os problemas sociais da poca.

    Com o surgimento do papel e tambm da imprensa, a produo em massa de livros se

    expandia e consequentemente as bibliotecas cresciam. Conforme Battles (2003), a Biblioteca

    do Museu Britnico um exemplo desse fenmeno, pois, juntamente com outras Bibliotecas

    Nacionais na Europa e na Amrica, viu-se subitamente com um acervo de centenas de

    milhares de livros. A biblioteca do Museu Britnico tinha como responsvel o advogado

    Anthony Pannizzi9, que comeou sua carreira como revolucionrio italiano no exlio. Ainda

    de acordo com Battles (2003, p. 133), com o seu trabalho de organizao dos livros, catlogos

    e marcao das estantes, Pannizzi pretendia fazer com que a biblioteca ficasse mais

    9 Bibliotecrio ingls (1787-1879) que redigiu as 91 regras publicadas em 1839 para o Museu Britnico.

  • 44

    transparente para seus leitores, substituindo os mistrios de seu funcionamento por uma

    sofisticao que contribuiria para a independncia do leitor.

    A biblioteca pblica at ento tinha um perfil elitista e, por conseguinte, excludente

    enquanto que a sociedade inglesa encontrava-se em srio declnio econmico em virtude do

    perodo napolenico. Sobre isto Battles (2003, p. 137) afirma que:

    Foi nesses anos de conflito de classes e de terror econmico que o

    movimento pela biblioteca pblica tomou conta da Inglaterra, com a elite

    progressista da nao reconhecendo que as luzes da energia intelectual e

    cultural faziam falta na vida do homem do povo.

    Nesse perodo, Pannizi dedicava-se a criao de uma biblioteca para a nao e essa

    luta pela biblioteca pblica se espalhava para toda a populao. Neste momento se tem a

    criao do primeiro projeto de uma biblioteca pblica, entretanto, este enfrentou dificuldades

    de aceitao pelas autoridades britnicas. Em 1838, liderado por William Lovett10, teve incio

    o movimento cartista e por toda a Inglaterra no final do sculo XIX disseminavam-se os

    sales de leitura cartista, baseados na Carta do Povo de Lovett. Tratavam-se na realidade de

    bibliotecas cooperativas que emprestavam livros aos membros de organizaes polticas

    radicais (BATLLES, 2003).

    Difundiu-se ento essa ideia para a populao e, enquanto no surgia de fato uma

    biblioteca pblica, iniciativas de socializao da informao se espalharam por toda a

    Inglaterra. Como ressalta Battles (2003, p.138), esses sales se tornaram extremamente

    populares, e logo estavam competindo com as bibliotecas comerciais, que funcionavam por

    subscries e ofereciam a seus membros um cardpio sempre renovado de livros por uma

    pequena taxa.

    Apesar da iniciativa popular para a criao da biblioteca pblica, alguns filsofos eram

    contrrios ideia pautados pelo pensamento de que, quando as camadas mais pobres

    adquirissem conhecimento, este seria utiliz-lo para a runa da nao. Entretanto, outros

    pensadores acreditavam que a democratizao do acesso informao seria benfica para

    todos. Em 1850 aprovada a Lei de Bibliotecas Pblicas da Inglaterra com 118 votos a favor

    e 101 contra; em 1919 a lei finalmente aprovada por unanimidade (SANTOS, 2012). Assim,

    os sales cartistas de leitura foram imediatamente suplantados pelas bibliotecas pblicas, um

    10 William Lovett (1800-1897), ativista britnico, lder do movimento poltico radical cartista. Escreveu o

    documento: Cartismo, uma nova organizao do povo, que deu origem ao Projeto: Carta do Povo, que

    reivindicava a melhoria poltica e social do povo atravs da educao e da cultura.

  • 45

    exemplo disso, a Biblioteca Pblica de Manchester, inaugurada em 1852, no local onde

    antes era ocupado por um salo de leitura (BATTLES, 2003).

    A biblioteca pblica surge, portanto, na Inglaterra como uma oportunidade de

    democratizao da educao e da cultura para as classes que at ento no tinham acesso

    informao por meio da biblioteca, visto que a mesma no era disponvel a todos (ARAJO,

    2002). Alm disso, embora alguns no concordassem com esse plano, ela surge num contexto

    de dificuldades econmicas, como uma ferramenta de incluso social, confirmando o que diz

    Battles (2003, p. 137) acerca de Anthony Panizzi, que honrou o bom senso do povo que o

    adotou criando no apenas para os ricos intelectuais, mas para os estudantes pobres, para o

    povo uma das maiores bibliotecas do mundo.

    Sobre isto, Almeida Jnior (1997 apud ALMEIDA JNIOR, 2003, p. 67) afirma que,

    A biblioteca pblica surge, no isoladamente, deslocada dos acontecimentos

    e da situao da sociedade daquela poca. Ao contrrio, ela est imersa nas

    transformaes, nas mudanas e alteraes daquela poca e, assim, deveria

    continuar participando de cada cenrio histrico, cenrios no estanques,

    mas dinmicos e em constante mutao.

    Nos Estados Unidos foram os filantropos capitalistas que fundaram bibliotecas

    pblicas por volta dos sculos XIX e XX (LEMOS, 2008). Moraes (2006, p. 97) destaca a

    relevncia da contribuio das bibliotecas pblicas norte-americanas ao afirmar que: a

    biblioteca pblica aberta, no sentido que hoje se tem, desenvolveu-se com as ideias

    democrticas norte-americanas. das contribuies mais relevantes dos Estados Unidos

    cultura universal.

    2.1.1 A Biblioteca Pblica na Amrica Latina

    As bibliotecas pblicas assumem na era da informao uma gama de desafios que,

    conforme Betancur Betancur (2007), no era uma realidade em outras pocas e as razes so

    as mais variadas possveis. Pode ser pelo desenvolvimento dos sistemas de informao, pelas

    demandas da sociedade da informao ou pela prpria evoluo do conceito de biblioteca

    pblica.

    Na Amrica Latina as bibliotecas pblicas tem sido alvo de reflexes nos ltimos anos

    tanto no que diz respeito a sua atuao na sociedade da informao, como sobre a sua misso

    e conceito, que refora imagens de uma instituio viva e dinmica, marcadamente social.

    Refletindo sobre as bibliotecas pblicas da Amrica Latina, Suaiden (1993) afirma que a

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    maioria dessas bibliotecas so consideradas como bibliotecas escolares, sendo poucas as que

    podem realmente ser consideradas como referncia para a comunidade. O autor afirma ainda

    que o desenvolvimento dessas bibliotecas s foi possvel devido dedicao e criatividade

    dos bibliotecrios que acreditam em sua instituio como agente de transformao social

    (SUIDEN, 1993, p. 20).

    O pesquisador venezuelano Iraser Pez Urdaneta (1952-1994) trouxe uma interessante

    reflexo sobre a misso da biblioteca pblica como uma definio da estratgia de

    capitalizao, de inteligncia e de cidadania. A capitalizao o investimento para o

    melhoramento dos recursos humanos, financeiros, tecnolgicos e de infraestrutura para a

    biblioteca pblica. A estratgia de inteligncia se constitui em um investimento em aes

    culturais de desenvolvimento do conhecimento no ambiente social da biblioteca em sua

    comunidade e seu entorno. Para a estratgia de cidadania, o foco a formao do cidado,

    incentivando a aquisio e consumo de cultura em ambiente socializador da biblioteca

    (YEPES OSRIO, 2007). Entender a biblioteca pblica como um sistema trplice de

    capitalizao, de inteligncia e de cidadania requer sensibilidade e, sobretudo, vontade

    poltica.

    O surgimento e o desenvolvimento da biblioteca pblica na Amrica Latina para

    Jaramillo, Montoya Ros e Uribe-Tirado (2008, p. 40) se devem [...] fundamentalmente, a

    fenmenos urbanos que correspondem aos processos de imigrao e de industrializao e que,

    de alguma maneira, correspondem s condies sociais, econmicas e polticas de cada pas.

    Dentre os aspectos histricos que marcaram a biblioteca pblica na Amrica Latina, destaca-

    se a criao da Biblioteca Nacional da Colmbia, em 1777, que foi a primeira BN na regio e

    que mais tarde impulsionaria os servios bibliotecrios e criaria a Rede Nacional de

    Bibliotecas Pblicas em 1972.

    Notadamente, a Colmbia o pas que mais investiu e desenvolveu suas bibliotecas

    pblicas. O destaque em um esforo conjunto com a UNESCO a criao da Biblioteca

    Piloto de Medelln em 195211, que se deu a partir da necessidade de uma biblioteca pblica

    que contribusse para o desenvolvimento cultural da sociedade. A Biblioteca Piloto de

    Medelln foi planejada e executada com o intuito de ser a maior e mais completa biblioteca

    pblica da Amrica Latina. A biblioteca piloto de Medelln a segunda no mundo, a primeira

    encontra-se em Nova Delhi, na ndia.

    11 VER: http://www.bibliotecapiloto.gov.co/index.php

    http://www.bibliotecapiloto.gov.co/index.php

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    A Escola de Biblioteconomia da Universidade de Antioquia, criada em 1956, uma

    importante instituio para o desenvolvimento da biblioteca pblica na Colmbia. Alm de

    formar profissionais para as bibliotecas, tambm mantm o Grupo de Investigao em

    Biblioteca Pblica, do Centro de Investigaes em Cincia da Informao da Escola

    Interamericana de Biblioteconomia. A Rede Colombiana de Bibliotecas Pblicas foi criada a

    partir de 1972 como uma estratgia para a proteo, recuperao, registro e difuso do

    patrimnio cultural (JARAMILLO; MONTOYA ROS; URIBE-TIRADO). A Rede

    Colombiana de Bibliotecas Pblicas coordenada pelo Ministrio da Cultura atravs da

    Biblioteca Nacional, especificamente pelo Grupo de Bibliotecas Pblicas. responsvel por

    vrias aes, dentre elas a realizao de eventos como o Seminrio Nacional de Bibliotecas

    Pblicas em 1985. Em funo do Seminrio surgiu o Comit Nacional de Bibliotecas

    Pblicas, que realizou diagnstico das bibliotecas pblicas colombianas e o encaminhamento

    de propostas para o desenvolvimento do Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas.

    A partir do Plano de Fortalecimento das Bibliotecas Pblicas em 2002, as instituies

    convocadas entregam um Plano Mestre para os servios de bibliotecas na Colmbia e criam

    em 2004 os Parques Bibliotecas. Os Parques Bibliotecas so complexos formados por prdio

    de arquitetura moderna, com amplos espaos de uso pblico, e no eixo central encontra-se

    uma biblioteca com equipamentos de alta tecnologia, internet, acervo e pessoal qualificado.

    Os Parques Bibliotecas foram construdos nos locais de menor ndice de desenvolvimento

    humano e contriburam para a diminuio dos ndices de violncia. Os objetivos da criao

    dos Parques bibliotecas foram contribuir para a melhoria da qualidade de vida e da cidadania,

    criar condies para o desenvolvimento urbano em Medelln, melhorar o acesso informao

    e educao e contribuir para uma convivncia pacfica entre os cidados (DOMINGUZ,

    2009).

    Na Argentina as primeiras bibliotecas pblicas surgiram a partir de 1794 com a

    socializao das livrarias para o pblico local. O pioneiro foi Facundo de Prieto y Pulido que

    doou sua biblioteca particular ao Convento de la Merced para consulta pblica, que foi

    transformada em biblioteca pblica pela Junta de Mayo12 em 1810 e que passou a funcionar

    apenas em 1812 (PARADA, 2002). A Lei n 419 de 1870, Lei de Proteo s Bibliotecas

    Populares, deu origem a Comisso Nacional Protetora das Bibliotecas Populares (CONABIP)

    na Argentina.

    12 Junta Provisional Gubernativa de las Provincias del Ro de la Plata, conhecida como a Junta de Mayo, surgida em Buenos Aires em 25 de maio 1810 e que deu impulso a destituio de Baltasar Hidalgo de Cisneros

    em consequncia Revoluo de Maio.

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    Em 1813, o Chile cria a sua Biblioteca Nacional e em 1873 criada a primeira

    biblioteca pblica no pas, a Biblioteca Santiago Severn, em Valparaso. No perodo de 1978

    a 1993 as bibliotecas pblicas chilenas ficaram subordinadas Direo de Bibliotecas,

    Arquivos e Museus (DIBAM) e a partir de 1993 Coordenao Nacional de Bibliotecas

    Pblicas, que passou a chamar-se no mesmo ano de Subdireo de Bibliotecas Pblicas13.

    A Biblioteca Nacional do Per (BNP) foi criada por decreto em 28 de agosto de 1821

    pelo General Dom Jos de San Martn, entretanto, s foi inaugurada mais de um ano depois,

    em 17 de setembro de 1822. apenas em 1962 que a Biblioteca Nacional assume a funo de

    promover o desenvolvimento das bibliotecas pblicas do pas. Em 1922 criada a Lei n 4506

    que dispe sobe a obrigatoriedade dos municpios provinciais a criar e prover bibliotecas

    pblicas e em 1983 cria-se, a partir de Lei Orgnica, a mesma obrigatoriedade para os

    Distritos. O Sistema Nacional de Bibliotecas do Per firmou convnios com as bibliotecas

    pblicas e a Biblioteca Nacional para o desenvolvimento das bibliotecas pblicas do pas. No

    convnio, a BNP deve capacitar as bibliotecas pblicas municipais, prestar assessoramento

    tcnico e bibliogrfico e suprir os primeiros gastos de funcionamento (BONINI, 2003).

    A Venezuela criou sua Biblioteca Nacional em 1833 atravs de Decreto Presidencial e

    sua funo promover, planejar e coordenar o Sistema Nacional de Bibliotecas Pblicas, que

    subordinado ao Instituto Autnomo Biblioteca Nacional, que funciona em redes estatais e de

    servios bibliotecrios. O Instituto abriga as 727 bibliotecas pblicas venezuelanas, inclusive

    a Biblioteca Nacional, e tem a responsabilidade de administrar as bibliotecas pblicas e

    prove-las para a participao social14.

    A primeira biblioteca de Cuba foi criada em 1793. A biblioteca da Sociedade

    Econmica de Amigos de Cuba surgiu com o objetivo de apoiar a educao e a cultura no

    pas. A Biblioteca Nacional de Cuba foi criada em 1901 e o Sistema Nacional de Bibliotecas

    Pblicas em 1963 (JARAMILO; MONTOYA ROS; URIBE-TIRADO).

    Na Costa Rica, a Biblioteca Nacional foi fundada em 1888 e em 1890 iniciou-se um

    programa de desenvolvimento para as bibliotecas pblicas atravs do estabelecimento da

    Direo Geral de Bibliotecas, subordinada Secretaria de Instruo Pblica. O Sistema

    Nacional de Bibliotecas de Costa Rica (SINABI) comeou a funcionar a partir de 2000 e tem

    sob a sua coordenao 56 bibliotecas pblicas, sendo 31 oficiais e 25 semioficiais. As oficiais

    so mantidas diretamente pelo SINABI atravs do Ministrio da Cultura e Juventude; as

    13 VER: http://www.bibliotecaspublicas.cl 14 VER: http://www.bnv.gob.ve/contenido_bibliotecas.php?sw=3

    http://www.bibliotecaspublicas.cl/http://www.bnv.gob.ve/contenido_bibliotecas.php?sw=3

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    semioficiais so as que foram criadas pelo Decreto n 11.987C, de 17 de maro de 1981, e so

    administradas a partir de convnios entre o SINABI/Ministrio da Cultura e Juventude, os

    governos municipais, ONGs, Fundaes e outras instituies de interesse. O SINABI

    coordena ainda o Bibliobs que presta servios de extenso bibliotecria para as comunidades

    que no dispem de bibliotecas pblicas15.

    A primeira biblioteca pblica mexicana foi criada em 1946 por Jos Vasconcelos, que

    foi o primeiro diretor. A partir de 1983 se estabelece o Plano Nacional de Bibliotecas

    Pblicas, que abriu mais de quatro mil bibliotecas em todo o pas. No mesmo ano se cria a

    Rede Nacional de Bibliotecas Pblicas e, com isto, as bibliotecas pblicas passaram a ser

    consideradas como um elemento chave para a educao e cultura, tornando-se mais vivas,

    dinmicas e abertas a todos (FERNNDEZ DE ZAMORA, 1994).

    Em 1972 fundada a Biblioteca Nacional do Equador Eugenio Espejo que

    desempenha funes essenciais para as bibliotecas pblicas. O Sistema Nacional de

    Bibliotecas, um rgo descentralizado do Ministrio da educao e Cultura, coordena as

    bibliotecas pblicas do pas16.

    A Biblioteca Nacional da Bolvia foi criada a partir da Biblioteca Pblica de

    Chuqusaca, em 23 de julho de 1825, quando o General Andrs Santa Cruz, presidente na

    ocasio, solicitou ao Marechal de Ayacucho, Antnio Jos de Sucre, sua organizao. Depois

    do ano de 1883 a Biblioteca Nacional da Bolvia passou a ter autonomia e a servir como

    difusora da cultura letrada do pas.

    2.1.2 A Biblioteca Pblica no Brasil

    Suiaden (2000) afirma que a histria dos livros e das bibliotecas registra uma

    interligao entre o acesso informao e o poder aquisitivo, de forma muito intensa. O

    acesso escrita sempre foi marcado por esforos isolados, sem, no entanto, se tornar uma

    prioridade dos governos, daqueles que dominavam o poder. A leitura e a escrita eram

    sinnimas de poder e de status e a biblioteca era o smbolo dessa imagem. Em virtude do

    acesso restrito e segmentado, a biblioteca tinha um perfil diferente do que possui hoje. Desse

    modo, pensar no usurio ou mesmo na informao no era uma prioridade, o que prevalecia

    15 VER: http://www.sinabi.go.cr/ 16 VER: http://www.sinab.gov.ec

    http://www.sinabi.go.cr/http://www.sinab.gov.ec/

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    era a preservao da memria. A criao e manuteno de bibliotecas era a ltima coisa a ser

    pensada.

    Pode-se afirmar que essa realidade mudou um pouco com a chegada da famlia Real

    ao Brasil, trazendo a Biblioteca Real e a Imprensa Real. Entretanto, no foi uma mudana

    significativa no que diz respeito a novos pensamentos e paradigmas em se tratando de

    bibliotecas, como afirma Suaiden (2000, p. 52), a vinda da Biblioteca e da Imprensa Real

    tambm no representou indicadores efetivos do acesso e da disponibilidade de informao

    para toda a sociedade. No entanto, essa Biblioteca representou uma significativa evoluo

    nos costumes da comunidade leitora da poca. De acordo com Schwarcz (2002), embora no

    tendo as mesmas funes de uma Biblioteca Pblica e contando com outras, a maioria das

    pessoas que precisava de informao a procurava.

    Suaiden salienta (1980) que a primeira biblioteca pblica brasileira foi a da Bahia,

    fundada em 4 de agosto de 1811. Sendo uma iniciativa de Pedro Gomes Ferro Castelo

    Branco atravs de um projeto encaminhado ao Conde dos Arcos, ento governador da

    Capitnia da Bahia, tornando-se, como aponta Lemos (2008), o primeiro grande mecenas do

    Brasil a advogar para a causa das bibliotecas pblicas.

    Mesmo com a restrio do emprstimo e da disponibilidade de informaes, a Real

    Biblioteca veio a facilitar e abrir caminhos para o que viria a seguir: a criao da primeira

    Biblioteca Pblica do Brasil, na Capitania da Bahia. O projeto de implantao dessa biblioteca

    foi o primeiro da histria com