gestÃo ambiental: rumo ao desenvolvimento sustentável · ideais da ordem social, dedicando-lhe um...

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1 LUÍS HENRIQUE DA SILVA GESTÃO AMBIENTAL: Rumo ao Desenvolvimento Sustentável Monografia apresentada ao Departamento de Economia, Administração, Contabilidade e Secretariado Executivo da Universidade de Taubaté, como parte dos requisitos para obtenção do Certificado de Especialização pelo Curso de Pós – Graduação em MBA - Gerência de Produção e Tecnologia. Orientador: Prof. Dr. Francisco Cristóvão Lourenço de Melo Coordenador: Prof. Dr. Edson Ap. de Araújo Querido Oliveira TAUBATÉ – SP 2003

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Page 1: GESTÃO AMBIENTAL: Rumo ao Desenvolvimento Sustentável · ideais da ordem social, dedicando-lhe um capítulo que institucionaliza o direito ao ambiente sadio como um direito fundamental

1

LUÍS HENRIQUE DA SILVA

GESTÃO AMBIENTAL: Rumo ao Desenvolvimento

Sustentável

Monografia apresentada ao Departamento de

Economia, Administração, Contabilidade e Secretariado

Executivo da Universidade de Taubaté, como parte

dos requisitos para obtenção do Certificado de

Especialização pelo Curso de Pós – Graduação em

MBA - Gerência de Produção e Tecnologia.

Orientador: Prof. Dr. Francisco Cristóvão Lourenço de

Melo

Coordenador: Prof. Dr. Edson Ap. de Araújo Querido

Oliveira

TAUBATÉ – SP 2003

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LUÍS HENRIQUE DA SILVA

GESTÃO AMBIENTAL: Rumo ao Desenvolvimento Sustentável

UNIVERSIDADE DE TAUBATÉ, TAUBATÉ, SP

Data:____/____/_____

Resultado:_________________________

COMISSÃO JULGADORA

Prof. Dr.___________________________________

Assinatura_________________________________

Prof. Dr.___________________________________

Assinatura_________________________________

Prof. Dr.___________________________________

Assinatura_________________________________

Prof. Dr.___________________________________

Assinatura_________________________________

Prof. Dr.___________________________________

Assinatura_________________________________

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Dedico este trabalho à minha esposa, Berenice e filhas, Stefanie e Brenda

pelo incentivo e tolerância nos momentos em que estive ausente, incentivo este que

propiciou à realização do MBA.

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AGRADECIMENTOS

Ao Prof. Dr. Francisco Cristóvão Lourenço de Melo, que mostrou-se um

orientador dedicado e profundo conhecedor do assunto estudado, com o qual

compartilho a autoria deste trabalho.

Aos amigos do MBA, pela convivência ao longo do curso.

A todos que, contribuíram de forma direta ou indireta na elaboração deste

trabalho.

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SILVA, Luís Henrique. GESTÃO AMBIENTAL: Rumo ao Desenvolvimento Sustentável. 2003.

50 f. Monografia (MBA, Gerência de Produção e Tecnologia) - apresentada ao

Departamento de Economia, Administração, Contabilidade e Secretariado Executivo,

UNITAU.

RESUMO

O trabalho enfoca a necessidade e compreensão das questões ecológicas

dentro das empresas/organizações através da Gestão Ambiental como diferencial

estratégico. A compatibilidade entre produção, consumo e comércio, seja, nacional ou

internacional e questões ambientais devem ser permanentemente buscada, pois já é

tempo de se pensar nas questões ecológicas para melhorar suas performances rumo

ao Desenvolvimento Sustentável. Devemos entender alguns dos princípios básicos da

ecologia, tais como: interdependência, reciclagem, parceria, flexibilidade, diversidade e

como conseqüência de todos, sustentabilidade, especialmente no mundo globalizado

em que vivemos.

Foi utilizado um método misto, com ênfase no conceito de Gestão Ambiental,

necessidades do mercado e políticas públicas, tomando-se como base as tendências

desde 1968 até os dias atuais. O resultado foi a proposta de implementação de um

Sistema de Gestão modelo para empresas/organizações, respeitando suas

particularidades mas que hoje se faz necessário, sendo um compromisso sério com o

futuro da sociedade e das empresas/organizações. Apresenta-se também um estudo

de caso aplicado numa organização da região.

Palavras Chaves – Sustentabilidade, ISO 14000, Desenvolvimento Sustentável.

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Silva, Luís Henrique. ENVIRONMENTAL ADMINISTRATION: Direction for the Maintainable Development. 2003.

50 f. Monograph (MBA, Manager of Production and Technology) – presented to the

Department of Economy, Administration, Accounting and Executive Secretariat,

UNITAU.

ABSTRACT

The work focuses the need and understanding of the ecological subjects

inside of the companies/organization’s through the Environmental Administration as

strategic differentiating. The compatibility among production, consumption and trade,

be, national or international and environmental subjects should be looked for

permanently, therefore it is already time of thinking in the ecological subjects to

improve its performance heading for the Maintainable Development. We should

understand some of the basic beginnings of the ecology, such as: interdependence,

recycling, partnership, flexibility, diversity and as a consequence of everybody,

supporting, especially in the world globally in that lived.

A mixed method was used, with emphasis in the concept of Environmental

Administration, needs of the market and public politics, being taken as base the

tendencies since 1968 to the current days. The result went to proposal of

implementation of a System of Administration model to companies/organization’s,

respecting its particularities but that today does her necessary, being a serious

commitment with the future of the society and of the companies/organization’s. They

also comes a case study applied in an organization of the area.

Key Words – Maintainable, ISO 14000, Maintainable Development.

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SUMÁRIO

Resumo-----------------------------------------------------------------------------------------------------05

Abstract-----------------------------------------------------------------------------------------------------06

1 Introdução------------------------------------------------------------------------------------------------08

2 Teoria e Revisão Bibliográfica----------------------------------------------------------------------12

2.1 Evolução da Questão Ambiental----------------------------------------------------------------12

2.2 A Origem e a Função da ISO 14000-----------------------------------------------------------14

2.2.1 Atuação da ISO 14000 no Meio Ambiente-------------------------------------------------16

2.2.2 Surgimento das Normas Ambientais---------------------------------------------------------17

2.2.3 Função e Influência das Normas nos Negócios------------------------------------------19

2.3 Organizações Atuando de Modo Ambientalmente Correto-------------------------------19

2.4 Prevendo um Futuro--------------------------------------------------------------------------------20

2.5 Desenvolvimento Ambiental no Brasil----------------------------------------------------------21

2.6 Oportunidade de Negócios na Área Ambiental----------------------------------------------22

2.7 A Administração Ambiental-----------------------------------------------------------------------23

2.8 Enfoque Sistêmico----------------------------------------------------------------------------------24

2.9 Sistema de Gestão Ambiental – Modelo------------------------------------------------------26

3 Estratégia de Implementação e Monitoração---------------------------------------------------35

3.1 Controle Estratégico e Operacional-------------------------------------------------------------37

4 Estudo de Caso: General Motors do Brasil-----------------------------------------------------39

4.1 Áreas das Fábricas da GMB----------------------------------------------------------------------40

4.2 Visão Ambiental GMB------------------------------------------------------------------------------40

4.2.1 GMB e a ISO 14001------------------------------------------------------------------------------41

4.2.2 GMB e a Preservação---------------------------------------------------------------------------42

4.2.3 GMB e os Filtros nas Fábricas----------------------------------------------------------------43

4.2.4 GMB e o Tratamento de Efluentes e a Economia de Água----------------------------43

4.2.5 GMB e o Programa de Preservação Ambiental-------------------------------------------44

5 Conclusão------------------------------------------------------------------------------------------------47

Referências Bibliográficas------------------------------------------------------------------------------48

Referências Bibliográficas Complementares------------------------------------------------------49

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1 – INTRODUÇÃO

O desenvolvimento sustentável hoje se faz necessário, sendo um

comprometimento sério com relação ao futuro da sociedade e das organizações.

O planejamento para o desenvolvimento sustentável inclui o ordenamento da

atividade industrial, com base na “ Carta Empresarial para o Desenvolvimento

Sustentável “, criada a partir da Segunda Conferência Mundial da Indústria sobre o

Gerenciamento Ambiental, em Roterdã, Holanda, em 1991.

Quando dos preparativos para a Conferência, a CNUMAD (Conferência das

Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e o Desenvolvimento), solicitou à “

International Standards Organization “ (ISO). Organização Internacional de

Normalização, sediada em Genebra, Suíça que desenvolvesse normas internacionais

de Gestão Ambiental. Assim, em 1993 surgiu o chamado TC 207 (Technical Commitee

207) que conduziu os trabalhos de elaboração do conjunto de normas ambientais,

denominado ISO 14000, que faz parte dos documentos de orientação para ação rumo

ao Desenvolvimento Sustentável. Devemos entender e lidar com isso, especialmente

no mundo globalizado em que vivemos.

A Constituição brasileira de 1988 é considerada como a mais avançada do

mundo em matéria ambiental por erigir o meio ambiente à categoria de um dos valores

ideais da ordem social, dedicando-lhe um capítulo que institucionaliza o direito ao

ambiente sadio como um direito fundamental do indivíduo. A dimensão concedida ao

meio ambiente pode ser avaliada pelo fato de as disposições relativas à matéria

estarem concentradas especialmente no Capítulo VI do Título VIII, dirigido à Ordem

Social.

Para se ter uma idéia do alcance da evolução no direito social ao meio

ambiente podemos analisar o programa do atual governo a ser implementado. O

programa refere-se a um novo padrão de desenvolvimento, com crescimento

econômico, inclusão social e justiça ambiental, de modo que resguardando o direito

das gerações futuras, todos tenham acesso justo e eqüitativo aos recursos naturais. A

expressão justiça ambiental emerge de sua universalização no contexto social, em

especial o urbano, tornando equivalentes, sob a ótica dos valores, a exclusão social e

a exclusão ambiental.

A melhoria da qualidade ambiental é assumida pelo programa do atual

governo como geradora de novas oportunidades de inclusão social, através de três

estratégias:

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1- adoção de critérios socioambientais de sustentabilidade para as políticas públicas,

fortalecendo os sistemas nacionais de meio ambiente, recursos hídricos e defesa

do consumidor;

2- estabelecimento de metas de melhoria dos indicadores socioambientais –

desmatamento, focos de calor, emissão de CO2 (Dióxido de Carbôno) e CFC

(Clorofluorcarbono), esgotamento e tratamento sanitário, abastecimento de água,

controle de vetores, resíduos sólidos, qualidade do ar, acesso aos bens naturais,

consumo de energia, tecnologias limpas;

3- controle social por meio da participação popular, da educação e da informação

ambiental, e da valorização das iniciativas da população e da sociedade civil

organizada.

A atribuição pelo programa do atual governo da propriedade de equivalência

à justiça social e à justiça ambiental insere-se na agenda das políticas públicas

brasileiras como resposta a uma exigência conceitual, metodológica e política de

superar a fragmentação das ações no âmbito das políticas ambientais e sociais. Uma

das razões que podem ser invocadas para explicar a fragmentação refere-se à

questão de o ambiente ser tratado atualmente pelo Estado como formado de distintos

e separados recursos, meios e sistemas – ar, água, energia, solos, plantas etc.

Outro motivo de fragmentação, no contexto da tomada de decisão, diz

respeito à prevalência da racionalidade funcional sobre uma outra forma, assumida

pelo governo atual como mais adequada, de se abordar a problemática da

complexidade, ou seja, a gestão ambiental integrada.

Na área do Estado administrativo, a fragmentação expressa-se pela criação

de diferentes agências e instituições responsáveis por diferentes áreas e setores, de

forma a tornar “gerenciável” por cissiparidade e dispersão a sua administração. A

equivalência, agora estabelecida programaticamente, poderá contribuir para atenuar o

vezo funcionalista prevalecente na formulação das políticas públicas, responsável pela

divisão e criação de áreas estanques de racionalidade e de responsabilidade.

Devemos buscar em qualquer que seja a organização o melhor resultado

sócio-econômico, com menor impacto ambiental possível. A compatibilidade entre

produção, consumo e comércio, seja, nacional ou internacional e questões ambientais

deve ser permanentemente procurada. A clareza e a ligação entre todos os

parâmetros que podem afetar ou não a uniformidade é um dos maiores desafios de

nossos tempos; tamanho é o desafio, estimulante sem dúvida, que não basta

simplesmente procurar diminuir a poluição industrial ou economizar energia elétrica, é

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otimizar qualquer atividade em qualquer organização. Contemplando assim um menor

impacto ambiental.

O objetivo é mostrar a gestão ambiental como diferencial estratégico e

valorizar os benefícios de um Sistema de Gestão Ambiental através de estudo de

caso. Procurar-se-a enfatizar aspectos inerentes às decisões estratégicas e a

superação de desafios.

Sendo assim, estudamos modelos desenvolvidos por vários autores, os mais

focados :

Andrade, 2000 e d’Avignon, 1995 e ainda o Sistema de Gestão Ambiental proposto

será baseado na norma internacional ISO 14000.

Sendo considerado como parte inerente do modelo proposto a questão do

gerenciamento ambiental e seus reflexos nas organizações. Parte-se do pressuposto

que as organizações que tomam decisões estratégicas integradas à questão ambiental

conseguem obter significativas vantagens competitivas, quando não redução de

custos e incrementos nos lucros a médio e longo prazo.

A transformação cultural e as relações entre o meio ambiente e as atividades

industriais e de comércio vêm aumentando sua importância de forma bastante intensa

nos últimos dez anos, afetando de maneira decisiva a vida das organizações. As

questões ambientais transcendem as fronteiras nacionais, tornando-se ponto vital nas

relações de comércio internacional, como mostram os desdobramentos da Rodada

Uruguaia do GATT, hoje Organização Mundial do Comércio (OMC). Estas novas

entidades internacionais, dizem alguns, tendem a ter mais poder que a própria

Organização das Nações Unidas (ONU), na exata medida que regulam o comércio

internacional neste mundo globalizado.

Essa alteração das relações comerciais tem forçado as organizações

empresariais a se adaptarem aos novos padrões globais de comércio, passando a

considerar o novo contexto político, o comportamento de um consumidor mais

consciente e a nova realidade de proteção ambiental.

As necessidades ambientais são fundamentalmente estabelecidas pelo

público, tanto diretamente, pelos consumidores e partes interessadas, quanto

indiretamente, por decisões políticas tomadas por meio de acordos regionais ou

mesmo internacionais e, ainda, pelo estabelecimento de novas legislações. Tais

necessidades estão baseadas, por um lado, no atual estágio do conhecimento

científico e, por outro, nas percepções dos assuntos ambientais. Em alguns casos,

eventos que já tenham efetivamente ocorrido (como o derramento de óleos nos

oceanos) ou até mesmo previsões de eventos (como as mudanças climáticas e suas

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conseqüências) geram um aumento de pressão pela defesa do meio ambiente, que

acaba se tornando uma área prioritária para o estabelecimento de ações.

Além dessas ponderações, não se deve esquecer que o conceito de

desenvolvimento sustentável envolve uma reflexão a respeito do uso dos recursos

naturais no presente, sem comprometer o uso dos recursos e necessidades das

futuras gerações.

Para ser possível a concretização do que chamamos por desenvolvimento

sustentável, as grandes organizações empresariais, ou mesmo as empresas

individuais, deverão se estruturar por meio de processos que demostrem a

necessidade de planos de curto prazo no sentido de reduzir as pressões ambientais

negativas de seus produtos e processos.

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2 – TEORIA E REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

2.1 – EVOLUÇÃO DA QUESTÃO AMBIENTAL

A conferência sobre Biosfera em Paris, em 1968, mesmo sendo uma reunião

de especialistas em ciências, marcou o início de uma conscientização ambiental

mundial, assim como a primeira Conferência das Nações Unidas sobre Meio

Ambiente, realizada em Estocolmo em junho de 1972, colocou a questão ambiental

nas agendas oficiais internacionais, sendo a primeira vez que representantes de

governos se uniram para discutir a necessidade de tomadas de decisão quanto a

medidas efetivas de controle dos fatores que causam degradação ambiental.

Na Conferência de Estocolmo, ficou popularizado então a frase da primeira

ministra da Índia, Indira Gandhi: “ A pobreza é a maior das poluições ”. Foi nesse

contexto que os países do Sul afirmaram que a solução da poluição não era inibir o

desenvolvimento para preservar o meio ambiente e os recursos não-renováveis.

A comissão Mundial de Meio Ambiente e Desenvolvimento (Comissão

Brundland), em seu histórico relatório de 1987, intitulado Nosso Futuro Comum,

realçou a importância da proteção do ambiente na realização do desenvolvimento

sustentável, ou seja, utilizar os recursos naturais disponíveis hoje de forma racional

sem prejuízos as gerações futuras. As recomendações da Conferência sobre Biosfera

(1968, Paris), serviram de base para a conferência sobre Meio Ambiente e

Desenvolvimento realizada no Rio de Janeiro, em junho de 1992 (Rio 92), pela

ocasião do 20º aniversário da Conferência de Estocolmo. Os documentos resultantes

da Rio 92 foram a Carta da Terra (rebatizada de Declaração do Rio) e a Agenda 21.

A Agenda 21 constitui um plano de ação, que tem por objetivo colocar em

prática programas para frear o processo de degradação ambiental e transformar em

realidade os princípios da Declaração do Rio. Esses programas estão subdivididos em

capítulos que tratam dos seguintes problemas: atmosfera, recursos da terra,

agricultura sustentável, desertificação, floresta, biotecnologia, mudança climática,

oceanos, meio ambiente marinho, água potável, resíduos tóxicos, rejeitos perigosos,

entre outros.

Segundo a Carta Empresarial para o Desenvolvimento Sustentável a

preservação do meio ambiente nos dias de hoje é considerada uma das prioridades de

qualquer organização. Esse documento, preparado por uma comissão de

representantes de empresas de classe mundial, foi desenvolvido no âmbito da Câmara

de Comércio Internacional (1991), entidade esta instituída com o objetivo de ajudar

organizações em todo o mundo a melhorar os resultados das suas ações sobre o meio

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ambiente. Coerente a este movimento, a Carta Empresarial para o Desenvolvimento

Sustentável foi criada com 16 princípios relativos à gestão do meio ambiente, que é,

para as organizações, aspecto de importância vital do desenvolvimento sustentável.

Tal carta auxiliará as empresas a cumprir, de forma abrangente, as suas obrigações

em matéria de gestão ambiental. Ela foi oficialmente divulgada em 1991 por ocasião

da Segunda Conferência Mundial da Indústria sobre Gestão do Meio Ambiente

(WICEM II). Referida Carta considera que as organizações versáteis, dinâmicas, ágeis

e lucrativas devem ser a força propulsora do desenvolvimento econômico sustentável,

assim como a fonte da capacidade de gestão e dos recursos técnicos e financeiros

indispensáveis à resolução dos desafios ambientais. As economias de mercado,

caracterizadas pelas iniciativas empresariais, são essenciais à obtenção desses

resultados.

A Carta Empresarial considera que as organizações precisam ter consciência

de que deve existir um objetivo comum, não um conflito, entre desenvolvimento

econômico e proteção ambiental, tanto para o momento presente como para as

gerações futuras.

Tratando-se de meio ambiente, as pressões sobre as indústrias de classe mundial são

maiores e envolvem diversos setores sociais, conforme Figura 2.1.

Variáveis Econômica

Variáveis Legais

Variáveis Tecnológicas

Organização Insumos

Mercados

Variáveis Físicas

Variáveis Demográficas

Produtos

Variáveis Sociais

FornecedoresResíduos

Fornecedor

Figura 2.1 – Enfoque na Organização

Fonte: Andrade, p. 3

Quando as condições ambientais se tornam inadequadas devido à poluição

causada pelas atividades produtivas as pressões aumentam. O meio ambiente é

modificado, alterando a relação do meio com o homem. Assim a sociedade civil,

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através de suas organizações, exerce pressão sobre as organizações para que elas

diminuam os efeitos ambientais de suas atividades.

Tamanho é o desafio, estimulante sem dúvida, que se poderia dizer que a

medida de avaliação do desempenho das organizações na questão ambiental será

dada pela sua capacidade de gerenciar e fazer avançar o processo de Avaliação

Ambiental Estratégica compartilhada com a presença da sociedade desde as fases

iniciais do Estudo de Impacto Ambiental.

Os acidentes de Bophal, na Índia, de Chernobil, na ex-URSS, e o de Three

Miles Island, nos EUA, da Petrobrás, no Brasil mostram a necessidade de maiores

cuidados com o meio ambiente. Além deles, os noticiários estão repletos de outras

situações danosas ao meio ambiente, muitas delas vinculadas às atividades

produtivas. As pressões se tornam mais fortes no mundo globalizado, onde

manifestações de movimentos sociais, de ONGs, presença dos meios de

comunicação, veiculação de aquisições científicas e tecnológicas exigindo das

organizações medidas mais eficazes frente ao controle e preservação do meio

ambiente.

Algumas organizações preocupadas com tamanho desafio já assumiram o

senso de responsabilidade preocupando-se com a proteção da saúde e do meio

ambiente. Essa preocupação vai além dos limites mínimos estabelecidos pela lei a fim

de envolver eficientes práticas ambientais em suas decisões de negócios.

Um dos maiores desafios que as organizações enfrentarão na próxima

década será transformar as forças de mercado em forças que protejam e melhorem a

qualidade do meio ambiente, com a ajuda de padrões baseados no desempenho e no

uso criterioso de instrumentos econômicos, num contexto harmonioso de

regulamentação.

Essa melhoria da qualidade depende da atuação de cada organização em

face das pressões destas forças de mercado representadas pelas variáveis

ambientais: econômicas, tecnológicas, sociais, legais, demográficas e físicas.

2.2 – A ORIGEM E A FUNÇÃO DA ISO 14000

A ISO (International Standards Organization) é uma federação mundial,

fundada em Genebra, na Suíça, para promover o desenvolvimento de normas

internacionais na indústria, comércio e serviços. Ela é constituída por órgãos membros

de mais de 110 países, tem o Instituto Nacional de Metrologia, Normalização e

Qualidade Industrial (INMETRO), como a maior autoridade da ISO no Brasil. A

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Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) é a distribuidora das normas no

país.

A ISO recebe recomendações do governo, indústria e outras partes

interessadas, antes de desenvolver uma norma. As normas desenvolvidas pela ISO

são voluntárias: não há nenhuma legislação que obrigue as empresas a atuar de

acordo com as diretrizes estabelecidas. Entretanto, o que se percebe em todo mundo

é que, gradualmente as organizações começam a demonstrar preocupação com

influência danosa de sua atividade em relação ao meio ambiente e a ISO 14000

aparece como um importante instrumento de ação, desenvolvendo normas para todas

as indústrias, exceto aquelas com a engenharia elétrica e eletrônica.

A ISO 14000 foi desenvolvida a partir do Grupo de Aconselhamento

Estratégico sobre meio ambiente, “ Strategic Advisory Group on the Environment ’’

(SAGE), estabelecido em 1991 para fazer recomendações. Foram estudadas por mais

de um ano a BS 7750 (British Standards) e outras SGA (Sistema de Gerenciamento

Ambiental) nacionais como um ponto de partida possível para versão ISO. No ano de

1993, o SAGE (Strategic Advisory Goup on the Environment), recomendou a formação

do “ Technical Commitee’’ (TC 207), dedicado ao desenvolvimento de uma norma

SGA internacional uniforme.

Na primeira reunião do TC 207 (Technical Commitee), aproximadamente 200

delegados representando cerca de 30 países, demonstraram o desejo de caminhar o

mais rápido possível para concluir um primeiro projeto sobre a Norma Internacional. O

TC 207 (Technical Commitee), foi encarregado do desenvolvimento de uma norma

ambiental global, que servirá para promover:

- Um enfoque comum a Gerenciamento Ambiental.

- Melhoria da medição do desempenho ambiental.

- Facilitação do comércio internacional.

A primeira Sessão Primária do TC 207 (Technical Commitee), foi em Toronto,

Canadá, no mês de junho de 1993 e anualmente reúne-se para revisar o andamento

de seus subcomitês (SC), no desenvolvimento de normas da série ISO 14000.

Seis subcomitês técnicos foram criados, dentro do TC 207 (Technical

Commitee) e estão sendo coordenados pelos Institutos de Normalização dos países

que sediam, assim, divididas em dois blocos de informação:

1 – Processo Produtivo (empresa)

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- SC1 – Sistemas de Gestão Ambiental, estudado pela Inglaterra;

- SC2 – Auditorias Ambientais, estudado pela Holanda;

- SC3 – Rótulos Ambientais – Selos Verdes, estudados pela Austrália.

2 – Produto

- SC4 – Avaliação do Desempenho Ambiental, estudado pelos EUA;

- SC5 – Análise do Ciclo de Vida, estudado pela França;

- SC6 – Termos e Definições, estudados pela Noruega.

E mais uma área estudada em um grupo de trabalho (Work Group)

- WG – Aspectos Ambientais em Normas e Produtos, estudados pela Alemanha.

O potencial de impacto das questões ambientais sobre as relações de

comércio exterior do Brasil, motivou setores expressivos da economia a se unirem à

ABNT (Associação Brasileira de Normas Técnicas), para participação ativa do

processo de elaboração das Normas ISO 14000, tendo sido criado o Grupo de Apoio à

Normalização Ambiental (GANA), em setembro de 1994.

A ABNT/GANA, além de apreciar as normas em elaboração no TC 207

(Technical Commitee), vem participando ativamente dos trabalhos de criação da série

ISO 14000, apresentando e defendendo proposições alternativas, previamente

discutidas em sintonia com os interesses da sociedade e com a realidade ambiental e

econômica do país.

2.2.1 – ATUAÇÃO DA ISO 14000 NO MEIO AMBIENTE

A necessidade de maiores cuidados com o meio ambiente é mostrada através

de grandes acidentes ambientais ocorridos no mundo, como:

- Bophal, na Índia, com de gás da fábrica da Union Carbide e morte de mais de 3000

pessoas da comunidade;

- Chernobyl, na ex – URSS, demonstrando que os impactos ambientais devem ser

analisados em nível global;

- Excon Valdez, no Alasca.

A sociedade moderna, mais conscientizada, sabe que o maior patrimônio da

humanidade, hoje, é o Meio Ambiente, porque dele dependem as condições básicas

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para a manutenção da vida. As pressões sobre as indústrias, são cada vez maiores na

área ambiental, pois, muitas vezes, as ocorrências danosas ao meio ambiente estão

associadas às atividades produtivas.

Com a implementação de uma política ambiental, as empresas estarão

obtendo benefícios ambientais, econômicos e de marketing:

- Benefícios Ambientais: O tratamento de efluentes, instalação de filtros anti-

poluentes, redução e envio à reciclagem dos resíduos oriundos da coleta seletiva,

trazem uma série de benefícios ao meio ambiente.

- Benefícios Econômicos: Políticas ambientais “ Forçam’’ as empresas a diminuírem

drasticamente seus resíduos e com isso, seus níveis de poluição o que significa

evitar desperdícios , reduzindo custos.

- Marketing: Implantando-se uma política ambiental, mostra-se à sociedade que a

empresa está em sinergia com o mundo, preocupada com as questões ambientais.

Atualmente com o desenvolvimento de modernas técnicas de produção e

reciclagem, quanto mais detritos e poluentes forem emitidos, mais serão os níveis de

desperdício e maior será a perda de competitividade.

2.2.2 – SURGIMENTO DAS NORMAS AMBIENTAIS

As Normas de Sistema de Gestão Ambiental, surgiram para tentar

estabelecer um conjunto de procedimentos e requisitos que relacionem o meio

ambiente com o sistema produtivo nacional, abrangendo todos os setores.

Com a introdução dos sistemas de gestão ambiental, as atenções se voltam

para o permanente acompanhamento do processo produtivo e seus impactos no meio

ambiente, gerando integração dos esforços. Os órgãos ambientais passam a ter uma

função de orientação e estímulo, deixando de lado uma postura só de controle.

Os parâmetros relacionados ao Meio Ambiente passam a ser levados em

conta no planejamento estratégico, no processo produtivo, na distribuição e disposição

final do produto, conforme Figura 2.2.

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Planejamento Estratégico

Melhoria Contínua

ParâmetrosAmbientais

Uso Racional dos Recursos Naturais

( matéria prima ) Desenvolvimento do Produto

Conservação de Energia Monitoramento e Controle dos

Efluentes e Resíduos gerados noProcesso

Embalagem e Armazenamento ( toxidade e riscos )

Transporte e Instalação ( riscos )

Avaliação da vida útil do ProdutoDisposição final

Reaproveitamento de Resíduos Reciclagem

Imagem da Empresa

Figura 2.2 – Planejamento Estratégico

Fonte: Normas Ambientais ISO 14000

Quando se atua no processo produtivo, com parâmetro ambientais, contribui-

se para a diminuição dos efeitos ambientais adversos ou desfavoráveis.

As Normas de Sistemas de Gestão Ambiental podem ser aplicadas em

qualquer atividade econômica, fabril ou prestadora de serviços, em especial, naquelas

cujo funcionamento oferece risco ou gere efeitos danosos ao Meio Ambiente.

Esta necessidade surge, geralmente devido a alguns fatores:

- Pressões legais e normativas;

- Barreiras técnicas de mercado;

- Pressões dos consumidores;

- Atuação dos órgãos ambientais;

- Modernização do sistema de qualidade;

- Sofisticação do processo produtivo;

- Restrições de financiamento;

- Exigências de seguradoras;

- Aumento da conscientização ambiental;

- Preocupação com as gerações futuras.

Há uma tendência mundial para a Certificação de Sistemas de Gestão

Ambiental nas organizações. Um exemplo é a União Européia, onde existem fortes

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indicadores de que a implantação de Sistemas de Gestão Ambiental será fundamental

a concretização de negócios.

2.2.3 – FUNÇÃO E INFLUÊNCIA DAS NORMAS AMBIENTAIS NOS NEGÓCIOS

As Normas Ambientais servem para garantir que os serviços ou processos

produtivos de uma organização sejam compatíveis com o Meio Ambiente. Isto se dá

através da implantação de procedimentos ou instruções de trabalho, visando o

acompanhamento e controle. Deve haver um monitoramento da matéria-prima,

insumos, efluentes e resíduos gerados no processo produtivo.

As Normas de Sistema de Gestão Ambiental (SGA), indicarão os meios para

que o produto ou processo seja ambientalmente sustentável, que não agrida ou altere

o Meio Ambiente.

Nos negócios, as normas ambientais fazem com que as relações comerciais

sejam facilitadas e os clientes passam a exigir comprovação de seus fornecedores de

que o meio ambiente não está sendo agredido ou degradado por suas operações.

Com a globalização da economia mundial e a criação de grandes blocos,

como a União Européia, NAFTA (North American Free Trade Agreement), Tigres

Asiáticos, Mercosul e ALCA, mostra que o cuidado com o Meio Ambiente passa a ser

fator estratégico para a sobrevivência das organizações.

2.3 – ORGANIZAÇÕES ATUANDO DE MODO AMBIENTALMENTE CORRETO

É crescente o número de organizações que têm adotado conduta respeitosa

para questões ambientais, visando conduzir suas atividades de modo ambientalmente

seguro.

Essas organizações reconhecem a gestão ambiental como uma das

principais prioridades e como fator determinante do desenvolvimento sustentável.

Desta forma, há movimentos empresariais que buscam modelos de gestão ambiental

adequado, sendo a Atuação Responsável e as Normas da série ISO 14000 as mais

praticadas.

Os Sistemas de Gestão Ambiental ISO 14001 compreendem, basicamente as

seguintes etapas:

- Estabelecimento da política ambiental.

- Planejamento, implementação e operação.

- Ações de verificação e correção.

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- Revisão gerencial.

Espera-se que a transição do modelo atual de crescimento para o

Desenvolvimento Sustentável se concretize em 20 anos. Entre outros, são esperados

os seguintes resultados:

- Nova sociedade global com países desenvolvidos e em desenvolvimento

trabalhando com base em interesses e necessidades mútuas.

- Reversão no processo de destruição das florestas.

- Redução para níveis seguros da emissão de “ gases estufas “ ou que

comprometam a camada de ozônio.

- Substituição de combustíveis fósseis, utilização de tecnologias limpas e aceitação

pela população de padrões de consumo que não agridam o meio ambiente.

2.4 – PREVENDO UM FUTURO

A compreensão das questões ecológicas impõe a necessidade de um

pensamento sistêmico e por conseguinte, a capacidade de pensar no conjunto e na

interdependência das ciências e dos fenômenos naturais. A visão e o conhecimento

segmentado são insuficientes para dar soluções aos problemas ambientais que hoje

vivemos. O mundo têm se conscientizado dessa realidade e o assunto vem sendo

discutido em praticamente todas as áreas de atividades e grupamentos humanos. As

necessidades humanas são claramente priorizadas para a qualidade de vida, ao invés

de apenas o desenvolvimento.

Nesse início de século é possível observar movimentos ecológicos

respeitosos para com todos os seres vivos e o planeta, como legítimos e necessários

para a felicidade do homem.

A casa humana, hoje não é mais o Estado-nação, mas a Terra como pátria

comum da humanidade. Estamos todos inclusos nos processos cíclicos da natureza,

enquanto indivíduo e sociedade. Enquanto membros de uma comunidade ecológica,

estamos interligados numa vasta e intrincada rede de relações, a Teia da Vida. Uma

comunidade humana sustentável tem de estar ciente das multiplas relações entre seus

membros.

Para manter a competitividade, administradores e empresários precisarão

tornar-se ecologicamente alfabetizados, incluindo em seus paradigmas alguns dos

princípios básicos da ecologia, tais como: interdependência, reciclagem, parceria,

flexibilidade, diversidade e como conseqüência de todos, sustentabilidade.

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Ao adentrarmos nesse novo milênio, todos sem exceção, precisamos estar

cada vez mais conscientes de que a sobrevivência da humanidade dependerá da

nossa capacidade para entender os princípios da ecologia e viver em conformidade

com eles. Tecnologia, educação, holismo, cooperação, respeito à natureza e ao ser

humano são expressões que devem dirigir as nações de uma sociedade sustentável.

2.5 – DESENVOLVIMENTO AMBIENTAL NO BRASIL

A partir da segunda metade do século passado, o Brasil vem sofrendo grandes transformações em função do crescimento demográfico (sua população aumentou 2,7 vezes entre 1950 e 1970, migrando para os centros urbanos cerca de 74,3%) e da modernização de suas bases de desenvolvimento. De um estágio econômico predominantemente agrícola passando para um processo de industrialização considerável (crescimento de 9,3% a. a. , no período de 1970 a 1990), com predominância de produtos manufaturados em sua pauta de exportações, (VIANNA & VERONESE, 1992).

O acelerado ritmo industrial e a concentração de contigentes populacionais

nas regiões urbanas, principalmente a partir de 1960, deu inicio a profundos impactos

no meio ambiente, tanto físicos, como econômicos e sociais, levando como fator

determinante dessas transformações a atividade industrial.

O agravamento na questão ambiental teve inicio nas regiões com maior

industrialização, tais como: Cubatão, Volta Redonda, ABC Paulista e nas grandes

metrópoles brasileiras, entre outras, decorrentes do fenômeno de concentração de

atividades urbanas e industriais.

Como principal conseqüência da participação do Brasil na Conferência de

Estocolmo, que ressaltou a estreita vinculação entre desenvolvimento e seus efeitos

sobre o meio ambiente, o governo brasileiro percebeu a necessidade vendo

oportunidades de institucionalizar autoridades em nível federal, orientada para a

preservação ambiental nacional. Em 30 de outubro de 1973 foi criada a Secretaria

Especial de Meio Ambiente (SEMA).

Essa iniciativa foi precedida pela criação da Companhia de Tecnologia de

Saneamento Ambiental (CETESB) (Lei n° 118, de 29 de junho de 1973), sendo logo

em seguida instituído o Conselho Estadual de Proteção Ambiental (CEPRAM), na

Bahia, em 4 de outubro de 1973.

A partir de 1975, órgãos ambientais foram criados nos diversos Estados, e

começaram a surgir legislações e regulamentações específicas de controle ambiental

nos níveis federal, estadual e posteriormente municipal.

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A organização ambiental das empresas no Brasil varia em função do tamanho

e do tipo de indústria. Normalmente indústrias multinacionais, seguidas de empresas

nacionais de maior porte, possuem departamentos ambientais em suas fábricas e

também em nível corporativo, com funções específicas (Vianna & Veronese, 1992).

Estudos sobre impacto ambiental se tornaram exigência legal para

implementação de unidades industriais e de outros empreendimentos, a partir da

Resolução Conama 001, de 28 de fevereiro de 1986.

As exigências da sociedade e organizações de um posicionamento mais

adequado e responsável, no sentido de minimizar a diferença entre resultados

econômicos e sociais, bem como da preocupação com o meio ambiente, que tem

ganho destaque significativo e em face de sua relevância para a qualidade de vida das

populações, tem-se exigido das empresas um novo posicionamento na interação com

o meio ambiente. Nos anos 80, os gastos com proteção ambiental começaram a ser

vistos, pelas empresas líderes não como investimentos no futuro e, paradoxalmente,

como vantagem competitiva. Essa atitude transformou-se de defensiva e reativa em

ativa e criativa.

A Carta de Princípios sobre o Desenvolvimento Sustentável, elaborada pela

Câmara de Comércio Internacional e lançada no dia 10 de abril de 1991, representa

grande avanço no gerenciamento ambiental na indústria desde os primórdios da

industrialização.

2.6 – OPORTUNIDADE DE NEGÓCIOS NA ÁREA AMBIENTAL

A nova visão ambientalista, surgida a partir das transformações culturais que

ocorreram nas décadas de 60 e 70, ganhou dimensão situando o meio ambiente como

um dos princípios mais fundamentais ao homem moderno. Nessa nova cultura, a

fumaça passou a ser vista como anomalia e não mais como um sinal de progresso.

Nos Estados Unidos, os consumidores ambientalistas (pessoas que possuem

postura ambiental preservando a qualidade de vida das futuras gerações e que pagam

pelo valor ambiental agregado ao produto), representam 37% da população, enquanto

em países europeus como Suíça, Alemanha e Inglaterra 50% já possuem essa

postura ambiental. Na Inglaterra dois de cada cinco cidadãos dirigem-se aos

supermercados com uma lista de produtos ambientalmente saudáveis à mão.

As estratégias de marketing adotadas pelas empresas/organizações estão

sendo moldadas visando melhorar a imagem, por meio da criação de produtos e

serviços que possuam o chamado ‘selo verde‘ (produtos que durante todo seu ciclo de

vida apresentam diferencial positivo aos impactos ambientais causados por ele), e de

ações voltadas para a proteção ambiental.

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O marketing ambiental passou a ser um diferencial competitivo e mais que

isso, compromisso e obrigação para com a qualidade de vida das gerações futuras.

A consciência da proteção do meio ambiente por parte das

empresas/organizações resultou também na proliferação do conceito de qualidade do

produto, que agora precisa ser ambientalmente viável. Recente estudo americano

concluiu que, no primeiro semestre de 1990, 9,2% dos produtos industrializados no

mercado eram anunciados como tendo ‘selo verde‘, enquanto em 1989 estes

constituíam apenas 0,5%.

Nos Estados Unidos, os selos ecológicos Green Cross e Green Seal são

endossados por duas organizações privadas, e os critérios utilizados na análise dos

produtos são: a embalagem; a biodegradabilidade; a eficiência energética e o uso de

recursos naturais sustentáveis. Já o Green Seal visa avaliar os aspectos do ciclo de

vida dos produtos e utiliza os mesmos critérios do Green Gross. Ambos os programas

possuem grande credibilidade no mercado americano. Alguns empresários e agências

de propaganda fazem uso do apelo ambiental na publicidade de forma inadequada e

para inibir tal situação foram criadas, em alguns países, leis e entidades que regulam a

publicidade com o objetivo de evitar a vinculação de alguns produtos tido como

ambientalmente correto sem que a empresa tenha verdadeira preocupação ambiental.

A preservação do meio ambiente transformou-se em um dos fatores de maior

influência da década de 90, sendo assim, as empresas de classe mundial começam a

apresentar soluções para alcançar o desenvolvimento sustentável e ao mesmo tempo

aumentar a lucratividade de seus negócios.

2.7 – A ADMINISTRAÇÃO AMBIENTAL

A proteção ambiental está evoluindo cada vez mais, deixando de ser uma

função exclusiva de proteção para tornar-se também uma função da administração.

Contida na estrutura organizacional e interferindo no planejamento estratégico, passou

a ser uma atividade importante na empresa/organização, seja no desenvolvimento de

atividades de rotina, seja na discussão dos cenários alternativos, e a análise de sua

evolução acabou gerando políticas, metas e planos de ação. Essa atividade dentro da

organização passou a despertar interesse de presidentes e diretores e também a

exigir uma nova função administrativa na estrutura, que pudesse sustentar um corpo

técnico específico e um sistema gerencial especializado, com a finalidade de propiciar

à empresa/organização uma integração articulada e bem conduzida de todos os seus

setores e a realização de um trabalho de comunicação social moderno e consciente.

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A inclusão da proteção do ambiente entre os objetivos da administração

amplia substancialmente todo o conceito de administração.

Administradores e empresários, independentemente, introduziram em suas

empresas/organizações programas de reciclagem, medidas para poupar energia e

outras inovações ambientais. Essas práticas difundiram-se rapidamente e logo vários

pioneiros do negócio desenvolveram sistemas abrangentes de administração de

caráter ambiental.

O gerenciamento ambiental não se limita à ciência da administração pública

ou privada, reúne também questões ligadas à Sociologia, Economia, Finanças,

Engenharia, Teoria do Estado, Teoria das Organizações, Psicologia, Direito e

Planejamento. Portanto os problemas de gestão ambiental não são meramente

administrativos.

Portanto a administração deve estar preparada para tal desafio que no mundo

globalizado exige uma rápida adequação, a fim de garantir a sobrevivência e a

perpetuidade da empresa/organização.

2.8 – ENFOQUE SISTÊMICO

Um dos grandes problemas das organizações é o fato de se ter uma visão

extremamente segmentada, setorizada ou atomística. Isso leva a conflitos e

divergências operacionais que minimizam a resultante dos esforços. O que se deve

procurar adotar em uma organização é uma visão sistêmica, global, abrangente e

holística, que possibilite visualizar as relações de causa e efeito, ou seja, as inter-

relações entre recursos captados e valores por ela obtidos.

A adoção do enfoque sistêmico permite que a organização analise o meio

ambiente, definindo o cenário provável, de longo prazo, a partir do qual objetivos

institucionais e respectivas estratégias para atingi-los são delineados. Posteriormente,

processos sistêmicos fundamentais, necessários para dar suporte a tal delineamento

estratégico, são identificados. Com tais processos identificados, criam-se condições

para estabelecer e revisar a configuração organizacional, os recursos humanos e

demais recursos necessários ao alcance dos objetivos estratégicos e na seqüência,

identificam-se as tecnologias da informação e sistemas/software que darão suporte à

infra-estrutura organizacional estabelecida (processos-chave, configuração

organizacional, estrutura de recursos humanos e programas de alocação dos demais

recursos).

Na abordagem sistêmica, o foco da atenção se transfere da análise da

interação das partes para o todo, contrariamente ao pensamento pré-sistêmico, no

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qual o método analítico procurava chegar à compreensão do todo a partir do estudo

independente das partes.

A adoção do enfoque sistêmico, encarando a instituição como um macro-

sistema aberto que interage com o meio ambiente, pode ser entendida como um

processo que procura converter recursos em produtos, bens e serviços, em

consonância com seu modelo de gestão, missão, crenças e valores corporativos.

A visão sistêmica ou visão horizontal de uma organização permite visualizar:

- O cliente, o produto e o fluxo de atividade da cadeia produtiva;

- Como o trabalho é realmente feito pelos processos que atravessam as fronteiras

funcionais;

- Os relacionamentos internos entre cliente-fornecedor, por meio dos quais são

produzidos os produtos e serviços.

O enfoque sistêmico possibilita uma visão macroscópica da organização, que

é o ponto de partida para concepção do modelo de gestão ambiental, o qual permitirá

à organização responder eficazmente à nova realidade da concorrência acirrada e de

expectativas do clientes em mutação. Essa macrovisão permite visualizar a

organização como um macro-sistema que converte diversas entradas de recursos em

saídas de produtos e serviços que ela fornece para sistemas receptores ou mercados.

A organização é guiada por seus próprios critérios e ‘feedback’ internos, mas

é em última instância, conduzido pelo ‘feedback’ de seu mercado. A concorrência

também está recorrendo àqueles recursos e fornecendo produtos e serviços ao

mesmo mercado. Todo este cenário organizacional ocorre no ambiente social,

econômico e político. Visualizando internamente as organizações, podem-se identificar

funções que, interligadas na forma de processos sistêmicos, existem para converter as

diversas entradas em produtos ou serviços. A organização como um todo possui

mecanismo de controle, que é seu processo de gestão, que interpreta e reage ao

‘feedback’ interno e externo, de modo que a organização fique equilibrada quanto ao

meio externo.

Com a aplicação do enfoque sistêmico, cada organização tende a se

constituir em um conglomerado de unidades ou centros para cada negócio (ou

programa), os quais atuam como empresas independentes dentro do todo maior da

organização.

Através dessa abordagem, fica visível a influência da filosofia institucional

calcada nas missões, crenças e valores, de que, quanto mais arraigada e

compartilhada for no ambiente organizacional, menor será a exigência de formalização

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das regras de gestão ou de explicitação de normas, políticas e/ou procedimentos.

Inversamente, quanto maior for o grau de oficialização de normas e procedimentos,

maior a probabilidade de a organização estar adotando estrutura conservadora e

inflexível.

O enfoque sistêmico pode ser aplicado à análise global das atividades da

organização, que em permanente interação com o meio ambiente possibilita a

compreensão da importância que tem a interpretação da realidade organizacional

como um fator para a sobrevivência da organização. Dessa constatação infere-se que

o ambiente externo ou mercado é um fator contingencial que estabelece parâmetros,

limites, propostas e desafios que têm de ser interpretados afim de torná-los

significativos de acordo com a escala de valores na organização.

Através da construção dessa realidade, por parte da organização que os

parâmetros e desafios do mercado adquirem significados e estruturam decisões e

ações, que serão favoráveis ou não, recompensadoras ou prejudiciais, conforme o

nível de ajustamento dessa construção aos limites e à ação seletiva do meio ambiente.

A abordagem sistêmica, presente em todos os elementos do modelo de

gestão ambiental, favorece a visualização da organização sobre vários ângulos

permitindo maior clareza tanto internamente quanto externamente.

O enfoque sistêmico, combinado com o conceito global de gestão da

qualidade, permite que a organização analise o meio ambiente definindo o cenário

provável, de longo prazo, a partir do qual objetivos institucionais e sistêmicos

fundamentais, necessários para dar suporte a tal delineamento estratégico, são

identificados.

As organizações tomam decisões estratégicas integradas à questão

ambiental conforme preceitos da legislação ambiental aplicável e das normas

regulamentadoras como a série ISO 14000, por exemplo e conseguem significativas

vantagens competitivas, quando não redução de custos e incremento no lucro a médio

e longo prazo.

2.9 – SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL – MODELO

Um sistema de gestão ambiental pode ser definido como um conjunto de

procedimentos para gerir ou administrar uma empresa/organização de forma que

obtenha um melhor relacionamento com o meio ambiente.

O modelo de gestão ambiental deve estabelecer os elos de ligação entre a

missão da empresa/organização e o efetivo atendimento das expectativas dos

clientes.

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O modelo de gestão ambiental incorpora em seus princípios de qualidade os

requisitos determinados pelas normas NBR série ISO 14000 instituídas pela

Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). Tais instrumentos legais se

baseiam em normas internacionais de gestão ambiental que têm por objetivo prover as

organizações com elementos de um sistema ambiental eficaz, passível de integração

com outros requisitos de gestão, de forma a auxilia-las a alcançar seus objetivos

ambientais e econômicos. As normas da série ISO 14000 que tratam dos sistemas de

gestão ambiental compartilham dos princípios comuns estabelecidos para sistema da

qualidade da série de Normas NBR ISO 9000. Enquanto os sistema de gestão da

qualidade tratam das necessidades dos clientes, os sistemas de gestão ambiental

atendem às necessidades de um vasto conjunto de partes interessada (órgãos

públicos, sindicatos, ONG’s, empregados, acionistas, comissão de bairros, etc.) e as

crescentes necessidades da sociedade sobre proteção ambiental.

O Sistema de Gestão Ambiental deve ser entendido como um conjunto de

decisões assumidas a fim de obter um equilíbrio dinâmico entre missão, objetivos,

meios e atividades-fim.

Uma das normas da ISO Série 14000, estabelece as especificações e os

elementos de como se deve implementar um sistema de gestão ambiental. A Figura

2.3 ilustra o modelo de implementação que é similar na maioria dos sistemas de

gestão ambiental:

Política

Análise Crítica

Verificação e Ação Corretiva

Implementação

Planejamento

Figura 2.3 – Sistema de Gestão Ambiental

Fonte: D’Avignon, p. 26

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Segundo a ABNT (1996), tais normas especificam os requisitos relativos a um

sistema de gestão ambiental, permitindo a uma organização formular políticas e

objetivos que levam em conta os requisitos legais e as informações referentes aos

impactos ambientais significativos. Elas se aplicam aos aspectos ambientais que

possam ser controlados pela organização e sobre os quais se presume que elas

tenham influência. Em si, elas não prescrevem critérios específicos de desempenho

ambiental.

No sistema de gestão ambiental a alta administração da

empresa/organização define o seu compromisso com as questões ambientais.

Outro passo importante é a avaliação ou revisão do relacionamento da

empresa/organização com o meio ambiente, onde se faz um levantamento das

ocorrências e das condições de funcionamento da atividade produtiva, incluindo-se

análise da legislação pertinente, além de outras informações que possam auxiliar no

planejamento do sistema de gestão ambiental.

Para implementar um sistema de gestão ambiental numa

empresa/organização é necessário seguir um roteiro que é a norma ISO 14001. De

maneira geral as normas de sistemas de gestão ambiental se assemelham. As

diferenças normalmente na abrangência ou no detalhamento.

As normas da série ISO 14000, segundo a ABNT, se aplicam a qualquer

empresa/organização que deseje:

- Implementar, manter e aprimorar um sistema de gestão ambiental;

- Se assegurar de sua conformidade com sua política ambiental definida;

- Demonstrar tal conformidade a terceiros;

- Buscar certificações e registro do seu sistema de gestão ambiental por uma

organização externa;

- Realizar uma auto-avaliação e emitir auto-declaração de conformidade com essas

normas.

O grau de aplicação dessas normas dependerá de fatores como política

ambiental da empresa/organização, a natureza de suas atividades e as condições em

que se opera.

Após o comprometimento com as questões ambientais e a avaliação inicial

começa-se a implementar os outros requisitos especificados pela norma. Abaixo eles

aparecem em ordem de implementação, o que não impede que certas etapas sejam

executadas paralelamente:

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a) Estabelecimento da política ambiental da empresa/organização;

b) Planejamento para implantação;

- Levantamento dos Aspectos Ambientais.

- Requisitos Legais e outros.

- Objetivos e Metas.

- Programas de Gerenciamento Ambiental.

c) Implantação e Operação;

- Estrutura e Responsabilidade.

- Treinamento e Conscientização.

- Comunicação.

- Documentação Ambiental.

- Controle de Documento.

- Controle Operacional.

- Plano de Emergência.

d) Verificação e Ação Corretiva;

- Monitoração e Medição.

- Não-Conformidade e Ações Corretivas e Preventivas.

- Registros.

- Auditorias.

e) Análise Crítica da Alta Administração.

Todas estas etapas buscam o conceito de melhoria contínua, ou seja, um

ciclo dinâmico no qual se está reavaliando permanentemente o sistema de gestão e

procurando a melhor relação possível com o meio ambiente.

Etapa 1 : Política Ambiental

A política ambiental é uma declaração dos princípios e compromissos da

empresa/organização, contendo os objetivos e metas assumidos, em relação ao meio

ambiente. O princípio da melhoria contínua da performance ambiental da

empresa/organização deverá estar presente em sua política ambiental. Estabelecida a

política ambiental a empresa/organização deverá divulgá-la para seus acionistas,

empregados, fornecedores, clientes e comunidade em geral.

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Como etapa preparatória, que antecede ao planejamento para implementação

do sistema de gestão ambiental, a empresa/organização deverá proceder uma

avaliação inicial, na qual:

- Avaliam-se os efeitos ambientais da atividade sobre o meio ambiente;

- Identificam-se a legislação e os regulamentos e avalia-se como estão sendo

cumpridos;

- Estabelecem-se os meios para atingir as metas e objetivos;

- Formula-se o programa de gestão ambiental.

A alta administração, deve definir a política ambiental da organização a

assegurar que ela:

- Apropriada a natureza, escala e impactos ambientais de suas atividades, produtos

e serviços;

- Inclua o comprometimento com melhoria contínua e com a prevenção de poluição;

- Inclua o comprometimento com o atendimento à legislação e as normas ambientais

aplicáveis, e com os demais requisitos subscritos pela organização;

- Forneça a estrutura para o estabelecimento e a revisão dos objetivos e metas

ambientais;

- Seja documentada, implementada, mantida e comunicada a todos os empregados;

- Esteja disponível para o público.

Etapa 2 : Planejamento

A organização, coerente com o modelo de gestão ambiental adotado e com

as normas da série ISO 14000, deve estabelecer um processo de planejamento para

identificar os aspectos ambientais significativos de suas atividades, produtos e

serviços que possam por ela ser controlados e sobre os quais se presume que ela

tenha influência, a fim de determinar aqueles que tenham ou passam ter impacto

significativo sobre o meio ambiente.

Nesse sentido objetivos e metas ambientais devem ser fixados, sendo estes

compatíveis com a política ambiental, em cada nível e função pertinentes da

organização. A organização deve estabelecer e preservar,

ainda, programas para atingir seus objetivos e metas em termos de:

- Atribuição de responsabilidades em cada função e nível pertinente da organização;

- Meios e Prazos no qual eles devem ser atingidos.

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Elabora-se então um conjunto de procedimentos que serão importantes para

a implementação e operação do sistema de gestão ambiental e que complementam

sua política ambiental.

O programa deve definir:

- As responsabilidades de operação do sistema;

- A conscientização e a competência em relação ao meio ambiente;

- As necessidades de treinamentos;

- As situações de riscos potenciais;

- Os planos de contingência e de emergência.

A prevenção passa a ser o elemento essencial e deverá ser desenvolvida

rotineiramente, visando a reduzir os riscos e as penalizações decorrentes de inspeção

e fiscalização. Os efeitos da atividade sobre o meio ambiente tornam-se perceptíveis

porque há uma definição clara sobre:

- O que fazer?

- Como fazer?

- Para que fazer?

- Quando fazer?

- Onde fazer?

- Quem fazer?

Etapa 3: Implementação e Operação

O modelo de gestão ambiental proposto, em conjunto com os requisitos das

normas ISO 14000, considera também a implantação e operação em termos de

fixação de estrutura e responsabilidade, a fim de facilitar uma gestão ambiental eficaz,

ou seja, a alta administração da organização deve nomear representantes específicos

que independentemente de outras atribuições devem ter funções, responsabilidades e

autoridade definidas para:

- Assegurar que os requisitos do sistema de gestão ambiental sejam estabelecidos,

implementados e mantidos;

- Relatar à alta administração o desempenho do sistema de gestão ambiental para

que se possa obter uma análise crítica dando base para o aprimoramento do

modelo de gestão ambiental.

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Nesse estágio de implementação e operação, a organização deve identificar

as necessidades de treinamento, determinando que todo o pessoal cujas tarefas

possam criar impactos significativos sobre o meio ambiente receba treinamento

apropriado visando conscientizar a todos:

- Da importância da conformidade com a política ambiental, os procedimentos e os

requisitos do sistema de gestão ambiental;

- Dos impactos ambientais significativos, reais ou potenciais de suas atividades e

dos benefícios ao meio ambiente resultante da melhoria do seu desempenho

pessoal;

- De suas funções e responsabilidades em atingir a conformidade com a política

ambiental, os procedimentos e os requisitos do sistema de gestão ambiental

inclusive os requisitos de preparação e atendimento a emergências;

- Das potenciais conseqüências de uma não observação aos procedimentos

operacionais especificados.

Em nível de implementação e operação, ainda, a organização deve

estabelecer e manter procedimentos voltados a:

- Comunicação interna entre os vários níveis e funções da organização;

- Recebimento, documentação e resposta a comunicações pertinentes das partes

externas interessadas.

Como implementação e operação, a organização deve estabelecer

sistemática de controle operacional de forma a assegurar:

- A fixação e a preservação de procedimentos documentados, para abranger

situações em que sua ausência possa acarretar desvios em relação à política

ambiental e aos objetivos e metas;

- O estabelecimento de critérios operacionais nos procedimentos;

- A fixação e a manutenção de procedimentos relativos aos aspectos ambientais

significativos identificáveis de bens e serviços utilizados pela organização e da

comunicação dos procedimentos e dos requisitos pertinentes a serem atendidos

por fornecedores e prestadores de serviços.

A organização deve estabelecer e manter procedimentos para identificar o

potencial de risco e atender a acidentes e situações de emergências bem como para

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prevenir e atenuar os impactos ambientais que possam estar associados a eles. Deve

analisar e revisar seus procedimentos de preparação e atendimento a emergências,

em particular após ocorrências de acidentes, catástrofes e situações de emergências.

A organização deverá capacitar-se e desenvolver mecanismo de apoio

necessários para a efetiva implementação da sua política ambiental e cumprimento

dos seus objetivos e metas. Fazem parte dessa etapa o funcionamento da estrutura

organizacional voltada para o sistema de gestão ambiental, o treinamento de pessoal,

a operação da comunicação e os registros da documentação.

O sistema de gestão ambiental define o controle de todos os documentos e

informações referentes aos requisitos de qualidade ambiental estabelecidos pela

própria norma e pela política adotada pela organização.

- Organiza-se a documentação e sua forma de manutenção;

- Cria-se um manual de qualidade ambiental com diretrizes gerais para o

acompanhamento e controle do processo produtivo;

- Elaboram-se procedimentos e instruções de trabalho que devem ser

documentadas.

Etapa 4: Monitoração e Medição

Nesta etapa são realizadas as medições, monitoração e avaliação da

performance ambiental. A ação preventiva é enfatizada através do contínuo

monitoramento, amenizando assim o número de ações corretivas.

Com a implementação da gestão ambiental minimizam-se os riscos e efeitos

ambientais adversos, reduzido-se assim as inspeções e acidentes.

Os problemas ou anomalias devem ser encontrados e corrigidos na fonte

geradora e não ao final do processo produtivo. Após a ocorrência do dano ou

degradação ambiental, o esforço de recuperação torna-se maior e muito oneroso,

além de que a reparação do dano nem sempre é possível em sua totalidade.

No caso específico do meio ambiente muitas vezes um problema ou acidente

pode acarretar um dano irreparável. Evitar a degradação ambiental é a tarefa

primordial num sistema de gestão ambiental, quanto mais cedo o problema for

identificado, menores serão os custos da solução ou correção evitando assim maiores

danos ao meio ambiente.

A empresa cumpre esta etapa:

- Estabelecendo ações preventivas;

- Realizando ações corretivas, quando necessárias;

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- Controlando as tarefas sob responsabilidade individual;

- Disseminando conceitos e práticas do sistema ambiental;

- Buscando melhoria contínua.

O monitoramento e as ações corretivas passam a ser procedimentos usuais

no sistema de gestão ambiental e dando vida ao sistema. O monitoramento e controle

do processo produtivo são realizados por meio de:

- Medições periódicas em pontos relevantes;

- Identificação das não-conformidades;

- Estímulos as ações preventivas, evitando-se as corretivas;

- Registro de situações anormais de operação;

- Promoção de auditorias periódicas de sistema.

Etapa 5: Análise crítica da alta administração

O modelo de gestão proposto, combinado com os requisitos das normas ISO

14000, adota a análise crítica pela administração para assegurar a conveniência,

adequação e eficácia do modelo de gestão. O processo de análise crítica deve

assegurar que as informações necessárias sejam coletadas de modo a permitir à

administração proceder a esta avaliação, tal análise deve abordar a eventual

necessidade de alterações na política, nos objetivos e em outros elementos do modelo

de gestão ambiental através dos resultados de auditorias, da mudança das

circunstâncias e do comprometimento com a melhoria contínua.

A análise crítica ou revisão permite:

- A realização de uma revisão periódica;

- A avaliação de possíveis ajustes na política, objetivos e metas;

- A verificação do comprometimento com a gestão ambiental;

- A avaliação do desempenho do sistema.

Como estes processos buscam a evolução contínua, a empresa melhora sua

performance ambiental é também necessário que após um período determinado se

revisem todos os níveis anteriormente alcançados para alterar todo o sistema se

necessário.

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As estratégias empresariais devem ser diferenciadas em função do tipo de

organização e de setor no qual se inserem, a influência da gestão ambiental nos

negócios será sentida de maneira crescente e com efeitos econômicos cada vez mais

profundos. Sugere-se que seja levado em conta o fato de que impactos ambientais

diferenciados estarão influenciando as organizações em função da natureza do

negócio, ou seja, do setor econômico no qual se inserem os diferentes tipos de

organização. Dessa forma poderemos no futuro encontrar algumas empresas sendo

gerenciadas sob o princípio da sustentabilidade.

A implementação de um sistema de gestão ambiental baseado na ISO 14001,

da mesma que na gestão pela qualidade, representa um processo de mudança

comportamental e gerencial na organização. A implementação da norma deve ser

conduzida de modo participativo e integrado, através dos seguintes passos:

- Comprometimento da alta administração;

- Sensibilização de todos que compõem a organização;

- Treinamento dos recursos humanos;

- Estabelecimento de novos procedimentos em relação ao meio ambiente;

- Integração da atividade produtiva com o meio ambiente;

- Mudança do comportamento individual;

- Mudança do comportamento de toda a organização.

3 – ESTRATÉGIA DE IMPLEMENTAÇÃO E MONITORAÇÃO

O planejamento estratégico em uma organização pode ser entendido como o

conjunto de decisões programadas previamente, relativas ao que deve ser feito na

organização a longo prazo.

O delineamento estratégico de uma organização tem como subprodutos,

principalmente os programas de vendas de produção, de compras e suprimento e o

orçamento.

O planejamento estratégico e ambiental da organização deve ser entendido

como um processo cujo objetivo final é dotá-lo de um instrumento de gestão

estratégica – Plano Estratégico Ambiental – de longo prazo que, por sua vez,

representa a súmula do conceito estratégico da empresa, servindo de orientação para

a definição e o desenvolvimento dos planos e programas de curto e médio prazos,

bem como permitindo a convergência de ações em torno de objetivos comuns.

O plano Estratégico Ambiental delineado caracteriza a organização em

termos do que será feito e como se pretende delinear os acontecimentos,

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necessitando porém, de comunicação e compartilhamento dessas diretrizes em todos

os níveis organizacionais e funcionais da organização sob estudo.

Sugere-se além do Plano Estratégico Ambiental delineado, que sejam

desenvolvidos, planos operacionais pertinentes a cada área funcional da organização

tais como os seguintes:

- Plano econômico- financeiro;

- Plano do orçamento anual;

- Plano diretor de automação (novos projetos);

- Plano de desenvolvimento de recursos humanos.

O modelo de gestão ambiental enfatiza a ativa participação de todos os

gestores, técnicos e funcionários da organização. A comunicação interna, assim como

a externa é de fundamental importância no processo de gestão ambiental.

Para se tornar um instrumento de gestão efetivo e flexível, o Plano

Estratégico Ambiental deve considerar o delineamento de cenários (mercado,

economia, governo, leis, percepção dos clientes e outros). A criação de cenários

alternativos assegura a eficácia do planejamento e o posterior monitoramento das

ações estratégicas da organização, sendo assim, o gestor pode controlar o alcance

dos objetivos estratégicos e portanto alterar suas ações estratégicas em face do

cenário que estiver predominando, sendo assim, a organização poderá adaptar-se aos

cenários modificando sua estratégia de modo a se beneficiar do novo contexto ou

direcionar suas ações no sentido de minimizar os impactos decorrentes.

O planejamento estratégico em uma organização, qualquer que seja o setor

econômico que pertença, deve ser encarado como um processo permanente e

dinâmico e não como uma fase estanque cujo produto final seja um relatório ou

certificado simplesmente, de fato há estratégias e instrumentos que são comuns a

todas as instituições, no entanto, há estratégias específicas e instrumentos

particulares que variam em função das crenças, dos valores e do estilo de gestão que

são singulares a cada organização. O modelo de gestão foi concebido para uma

organização hipotética, pois para fazê-lo de forma específica a uma determinada

organização, seria preciso incorporar as crenças e os valores dessa instituição, ou

seja, a implementação do modelo de gestão ambiental em cada empresa deve levar

em conta, ainda, os fatores subjetivos presentes em cada organização, tais como:

- Cultura;

- Estilo de gestão do principal dirigente;

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- Crenças;

- Valores e demais fatores subjetivos.

Este presente trabalho procurou abordar somente os fatores comuns a todas

as organizações, são conceitos pressupostos e princípios estabelecidos a partir da

observação prática, da mesma forma aspectos subjetivos (cultura, intuição, estilo do

gestor principal, crença e valores), inerentes ao processo decisório não foram

abordados. Conclui-se que o papel inerente ao gestor em uma organização seja

determinado pelas tarefas e regras de gestão que lhe competem e não pela

personalidade de quem o desempenha.

3.1 – CONTROLE ESTRATÉGICO E OPERACIONAL

Para a implantação de mudanças é indispensável que seja instalado um

programa permanente de avaliação, a partir do qual se possa elaborar um diagnóstico

institucional e sejam acompanhadas de perto as modificações implantadas no

processo. É preciso levar em conta que qualquer processo de avaliação induz

comportamentos adaptados ao tipo de prioridade que o processo necessita, por isso, é

necessário prever e modificar ao longo do caminho o próprio programa de avaliação

para evitar que ele seja propagador de práticas indesejáveis.

O desempenho da organização pode ser melhorado tendo em vista os

resultados alcançados e/ou a qualidade dos insumos (infra-estrutura) e/ou os

processos, dessa forma, indicadores ambientais de uma organização podem ser

comparados a outras organizações tomadas como modelo, a um conceito abstrato de

como uma organização deveria ser.

Segundo Müller (1995), para definir o impacto de qualquer empreendimento

sobre um ambiente precisa-se conhecer suficientemente tanto a ação impaciente

como o meio que a receberá. Isso implica obter dados, elaborá-los, proceder às

análises e saber interpretar os resultados.

Os componentes que entram em uma análise de impactos ambientais podem

ser classificados em fixos (condições hidrólogas, topográficas, meteorológicas e

outros), que em larga escala não podem ser modificadas pela ação atrófica e variáveis

(localização, escala, ações do homem, época, reações do meio e outros), que pelo

contrário, sofrem alterações segundo nossas decisões ou reagem as pressões

causadas por elas.

Para mensuração dos efeitos da intervenção no meio ambiente, podem ser

adotadas métricas qualitativas e quantitativas.

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Na forma qualitativa se examina o ambiente e revisam-se as características

do projeto relativo ao empreendimento a ser realizado, procurando identificar as áreas

sensíveis e críticas à ação prevista, é quando se qualificam os resultados da ação, tais

como formação de locais de degradação ambiental, perdas de setores primitivos,

alterações nos tipos de ocupações agrícolas, atividades extrativas e mineração,

interferência em sistemas urbanos e outros.

Na forma quantitativa medem-se os valores e os índices dos elementos que

compõem o ambiente. Essas mensurações destinam-se a informar quanto a escala

dos impactos sobre os fatores antes qualificados e, dependendo das disponibilidades

de informações em situações análogas, permitir antecipar em quanto e quais valores

sofrerão alterações devido à implementação do empreendimento pretendido.

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4 – ESTUDO DE CASO: GENERAL MOTORS DO BRASIL

O QUE É A GENERAL MOTORS DO BRASIL

É a maior subsidiária da Corporação GM na América do Sul, e ainda está

crescendo. Produz em média 350 mil veículos ano, 15% exportados para várias partes

do mundo, principalmente para os mercados latino-americanos, países do Oriente

Médio, África do Sul e Rússia. Também exporta motores para os Estados Unidos,

Alemanha e Inglaterra, além de peças, componentes e serviços para vários países.

Representa 18 mil empregos diretos, sem contar com a Rede Chevrolet e GMC, com

550 concessionários em todo o território brasileiro. Detém 22% de participação nas

vendas globais do mercado nacional, de 1,4 milhão de unidades em 2000.

O parque industrial da General Motors do Brasil concentra-se no Estado de

São Paulo, nos municípios de São Caetano do Sul, região do ABC (linhas Astra e

Vectra e parte da produção do Corsa), de São José dos Campos, Vale do Paraíba

(linhas Corsa, pick-ups S10, sport-utility Blazer, Zafira, Meriva, motores, transmissões

e peças fundidas em aço).

A terceira e mais nova fábrica no Estado de São Paulo, em Mogi das Cruzes,

50 km a leste da capital, inaugurada em 1999, é a primeira da indústria automobilística

brasileira dedicada exclusivamente à produção de peças estampadas em aço para

veículos descontinuados, e também de peças que já tenham saído das linhas

regulares de montagem por causa da atualização de modelos ainda em produção.

Poucos fabricantes de veículo no mundo, como a General Motors nos Estados Unidos,

a Toyota e a Honda no Japão, possuem estamparias exclusivas para peças de

veículos fora de linha. Em Mogi opera também um Centro de Distribuição de Peças, de

onde os itens já saem embalados. Mas a companhia expandiu suas atividades

industriais para outras regiões do Brasil e inaugurou em julho de 2000, no Rio Grande

do Sul, o Complexo Industrial Automotivo de Gravataí, uma das fábricas mais

produtivas do mundo, capaz de fabricar um carro a cada dois minutos. Um

empreendimento que exigiu investimento de US$ 550 milhões e conta com a

participação de 17 fornecedores, que formam um condomínio industrial com a GMB

onde é produzido o Chevrolet Celta.

Em Indaiatuba (SP) está o Campo de Provas da Cruz Alta, o mais moderno

centro de engenharia automotiva da América Latina e o terceiro da Corporação. Lá

são desenvolvidos e validados os veículos Chevrolet, em testes como os mais

avançados do mundo. São 40 km de pistas de teste, que reproduzem com exatidão as

estradas brasileiras, espalhadas em 11,272 milhões de m² de área verde. Em seus

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laboratórios equipados com instrumentos de última geração, sem igual na América

Latina, são realizados 7 mil testes por ano de Segurança Veicular, Ruídos, Vibrações

e Emissões, muitos deles acima dos padrões exigidos pela legislação brasileira.

Em Sorocaba (SP) o Centro de Armazenamento e Distribuição de Peças e

Componentes da GMB, o maior e mais moderno centro ditribuidor de peças da

América Latina, que recebe, embala e despacha itens que vão equipar os veículos

Chevrolet, produzidos por 4 mil fornecedores. Uma operação estratégica para garantir

confiabilidade e agilidade no abastecimento. Para oferecer ao consumidor brasileiro

alternativas de aquisição dos seus produtos, a GMB conta com o Banco General

Motors, que cuida das operações financeiras de crédito.

4.1 – ÁREAS DAS FÁBRICAS DA GMB

São Caetano do Sul (inclusa todas as propriedades)

Total – 542.245 m²

Construída – 336.357,6 m²

São José dos Campos

Total – 2.657.773 m²

Construída – 543.0058,99 m²

Campo de Provas Cruz Alta Indaiatuba

Total – 11.273.805 m²

Construída – 20.194,59 m²

CDP (Centro Distribuidor de Peças) Sorocaba

Total – 221.789,41 m²

Construída – 81.015,54 m²

Mogi das Cruzes

Total – 427.442,73 m²

Construída – 47.263,14 m²

Gravataí

Total – 386.275,75 m²

Construída – 93.473,87 m²

4.2 – VISÃO AMBIENTAL GMB

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Preservar a natureza e os recursos naturais são parte da missão da GMB. A

promoção da qualidade de vida faz parte da atividade principal da General Motors do

Brasil. É com o pensamento voltado para esse fim que a companhia desenvolve seus

produtos. Sob essa ótica que dirige seus negócios e expande seu parque industrial,

respeitando a vida em primeiro lugar e preservando a natureza e os recursos naturais.

Tecnologia de ponta, os mais avançados laboratórios de testes veiculares do

mundo, unidades industriais que empregam revolucionários sistemas produtivos. No

CPCA – Campo de Provas da Cruz Alta (Indaiatuba – SP), por exemplo, onde é

realizada a validação e desenvolvimento dos veículos Chevrolet, além de toda

estrutura tecnológica abrigada nos laboratórios de testes espalhados na exuberante

paisagem por onde serpenteiam as pistas de teste, existe uma área agrícola de fazer

inveja a qualquer produtor. Ao lado das culturas de milho e noz macadâmia em plena

produção, vicejam espécies como peroba, pau-brasil, jacarandá, ipês entre outras

espécies de árvores nativas. Desde a aquisição da propriedade, a GMB já plantou

mais de 400 mil árvores. Atualmente, a área agrícola está desenvolvendo um projeto

de plantio de mogno, uma espécie em extinção no Brasil. Já foram plantadas 4 mil

árvores e outras 60 mil estão programadas para plantio nas áreas periféricas da pista

circular. “Além de ser uma espécie ameaçada queremos ajudar a preservar, o mogno

chamou-nos a atenção pela facilidade com que se aclimatou por aqui e pela facilidade

de criarmos as mudas em nosso viveiro, a partir de sementes vindas da amazônia”, diz

o gerente de operações Gerais do CPCA e administração da área agrícola.

O que acontece no CPCA é apenas um exemplo de uma ação orquestrada –

o Sistema de Gestão Ambiental, que abrange todas as unidades da GM do Brasil e

visa a diminuição do impacto de suas atividades no meio ambiente. “O sistema

garante o controle das ações ambientais tomadas nas fábricas e envolve todos os

funcionários”, ressalta o gerente de Engenharia Ambiental da GMB.

A Engenharia Ambiental trata-se de um grupo de engenheiros de

especialização na área de meio ambiente, ao qual cabe a coordenação, planejamento,

atendimento a normas, diretrizes, projetos, auditorias e suporte não apenas às

unidades industriais e comerciais da GMB, mas também às joint ventures GM

Powertrain e a Allison Transmission. “O apoio e o comprometimento da gerência das

fábricas e dos funcionários envolvidos com a área de meio ambiente e dos grupos de

trabalho (CFT) da ISO 14001 tem sido de fundamental importância para o sucesso

dos programas ambientais implantados na GMB”, afirma o gerente de Engenharia

Ambiental da GMB.

4.2.1 – GMB E A ISO 14001

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O esforço da equipe da Engenharia Ambiental e o investimento de R$ 2,5

milhões garantiram recentemente a certificação ISO 14001 conjuntamente para oito

unidades ligadas à GMB – as fábricas de São Caetano do Sul, São José dos Campos,

Mogi das Cruzes, Gravataí, Centro de Distribuição de Peças de Sorocaba, Campo de

Provas, Allison e Powertrain. As atividades desenvolvidas para a obtenção da ISO

14001 incluíram o levantamento de todos os aspectos potenciais de impacto ambiental

em cada área e um programa para a redução dos mesmos, além da conscientização

dos 17 mil funcionários e de um contingente de 9 mil terceiros.

A implementação da ISO levou a criação de um projeto de melhoria contínua

ambiental com ações previstas até o ano de 2006 e visando o aprimoramento da

performance ambiental das fábricas. O tratamento cuidadoso das questões ambientais

pela GMB começou muito cedo. O primeiro sistema de tratamento de efluentes da

indústria começou a operar na fábrica de São Caetano do Sul na década de 50,

tratando o efluente antes de devolver a água ao rio Tamanduateí. A instalação de

filtros na fundição de ferro precedeu a inauguração do Complexo Industrial de São

José dos Campos, em 58, para reduzir os efeitos dos gases que seriam lançados na

atmosfera. A própria criação do departamento de Engenharia Ambiental, em 74, para o

estabelecimento de uma política mais agressiva e planejada de preservação,

antecedeu a legislação ambiental. Foi um marco para o desenvolvimento de projetos e

programas, alguns deles pioneiros, com o objetivo de produzir veículos de excelente

qualidade, mas sem a agressão ao meio ambiente. Entre estes programas citar a

coleta seletiva de materiais, a reciclagem de resíduos, a codificação de resíduos, a

preservação de áreas com mata nativa, o tratamento de efluentes, equipamentos de

controle de poluição de ar, além de novas tecnologias aplicadas aos veículos

Chevrolet para a redução de emissões de gases e utilização de materiais recicláveis e

reciclados na sua fabricação.

4.2.2 – GMB E A PRESERVAÇÃO

Estudos do ambiente, flora, fauna e a preservação dos valores das

comunidades que cercam as unidades industriais da GMB sempre precederam a

decisão de negócios da companhia. Na terraplanagem da área onde seria erguida a

fábrica de Mogi das Cruzes, a descoberta de um sítio arqueológico adiou as obras por

seis meses, período em que foram resgatados e catalogados os objetos encontrados

pelos arqueólogos.

A área onde hoje existe o Complexo Industrial Automotivo de Grafataí (RS)

antes abrigava centenas de figueiras, árvore considerada um símbolo no Rio Grande

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do Sul. Todas foram preservadas e enfeitam um parque ecológico no mesmo terreno

da fábrica. No Complexo Industrial de São José dos Campos um pomar em plena

produção enfeita as alamedas da fábrica, por onde os funcionários caminham na

pausa para o almoço. Lá, além de aves de várias espécies atraídas pelo aroma das

frutas, outros animais habitam uma área de 100 mil m² de mata nativa intocada, dentro

da propriedade, onde também foram plantadas 250 mudas de espécies nativas – ipês,

jacarandás, cerejeiras e ameixeiras, entre outra. Anexo à reserva, em um lago de

8.600 m² de área, vivem 10 mil peixes de espécies variadas.

Em seus clubes de campo em Rio Grande da Serra (ABC paulista) e

Jambeiro (Vale do Paraíba), pertencentes à Associação Desportiva Classista GM, uma

área de 1 milhão de m², de tamanho equivalente a 250 campos de futebol, abriga um

pedaço da Mata Atlântica. Em Jambeiro o reflorestamento de uma área de 2,8 milhões

de m² é feito com mudas de cedro rosa, ipê roxo e cambará.

4.2.3 – GMB E OS FILTROS NAS FÁBRICAS

Todas as operações industriais da GMB que possam gerar emissões estão

sob o controle de filtros. Nas áreas de pintura, por exemplo, sistemas de retenção de

partículas sólidas de tinta são mantidas no próprio processo, sem liberação para a

atmosfera. As caldeiras que antes utilizavam óleo combustível na queima para a

geração de vapor gerando materiais particulados como poeira e óxidos, hoje operam

com gás natural, um combustível muito mais limpo e eficiente. Nas fábricas de São

Caetano, São José dos Campos, Mogi das Cruzes e Gravataí, todas as caldeiras e os

queimadores das estufas de pintura estão adptados para a queima de gás natural ou

GLP, que promovem uma operação limpa sem a emissão do dióxido de enxofre,

responsável pela chuva ácida.

4.2.4 – GMB E O TRATAMENTO DE EFLUENTES E A ECONOMIA DE ÁGUA

Este é para a GMB um compromisso ecológico que consome mais de R$ 2

milhões anuais apenas na compra de materiais, gastos com energia e mão-de-obra.

Em São José dos Campos e Mogi das Cruzes são tratados os efluentes industriais,

oleosos e sanitários, e na fábrica de São Caetano do Sul esses efluentes são

reciclados para o aproveitamento industrial, com economia substancial no consumo de

água.

Um programa de economia de água, desenvolvido em conjunto com a

Sabesp, que inclui a conscientização de funcionários quanto ao uso racional, já

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conseguiu uma redução de 2 milhões de litros por mês. Para auxiliar nessa batalha

para a preservação do precioso líquido, a GMB trocou as torneiras convencionais por

torneiras temporizadas.

O compromisso de cuidar do meio ambiente e preservar os recursos naturais

são ações planejadas e está firmado na Política Ambiental da GMB, que norteia as

ações da companhia:

A General Motors do Brasil se compromete a preservar o meio ambiente e os recursos naturais, por meio do estabelecimento de objetivos e metas que possibilitem a melhoria contínua do seu desempenho ambiental, visando a redução dos resíduos, o cumprimento das leis e normas, a prevenção da poluição e a boa comunicação com a comunidade.

4.2.5 – GMB E O PROGRAMA DE PRESERVAÇÃO AMBIENTAL

Como uma corporação responsável, a General Motors do Brasil possue uma

política ambiental das mais exigentes que, garante a interação de práticas de

preservação dos recursos naturais e do meio ambiente em suas decisões de negócios.

Os princípios ambientais da General Motors do Brasil representam o esforço

permanente da empresa na preservação do meio ambiente através da conscientização

de seus funcionários na execução de suas atividades profissionais.

São estes os princípios básicos:

- Comprometer-se com ações que visem restaurar e preservar o meio ambiente;

- Comprometer-se com a redução de desperdício, conservando e reciclando

materiais em todos os estágios do ciclo de vida do produto;

- Participar ativamente na educação da população em tudo aquilo que se refere à

conservação do meio ambiente;

- Perseguir com rigor o desenvolvimento e implementação de tecnologias que

minimizem a emissão de poluentes;

- Trabalhar com todas as entidades governamentais para o desenvolvimento de leis

e regulamentos;

- Ambientalistas tecnicamente confiáveis;

- Avaliar o impacto de suas fábricas e produtos no meio ambiente e nas

comunidades onde atua, com o objetivo de contínuo aperfeiçoamento.

A preocupação com a preservação do meio ambiente é explicitada

claramente nos seguintes programas implantados em suas unidades:

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Estação de Tratamento de Efluentes – Todas as unidades da General Motors

do Brasil mantém eficientes estações de tratamentos de efluentes, garantindo o

tratamento de toda água utilizada e lançando-a de volta para os rios, totalmente limpa.

Volume de Efluente Tratado

Instalação Volume

GMB – São José dos Campos 9.000.000 litros/dia

GMB – São Caetano do Sul 2.500.000 litros/dia

GMB – Indaiatuba 100.000 litros/dia

Essas estações também tratam de todo o efluente industrial, oleosos e

sanitário gerado em suas unidades e o quadro abaixo demonstra o volume médio

anual de despejo tratados:

Volume de Despejos Tratados

Efluente Volume Médio

Industrial 1.200.000 m³/ano

Oleoso 120.000 m³/ano

Sanitário 130.000 m³/ano

O tratamento dos efluentes gerados tem absorvido investimentos anuais de

mais de um milhão de dolares, apenas com a compra de materiais, energia e mão de

obra.

Reciclagem de Materiais

Implantado em 1994, em todas as suas unidades, o programa compreende a

reciclagem de todos os materiais não perigosos, nas áreas de fábrica e escritórios,

através da identificação dos materiais, sua separação por categoria e a destinação

final do material.

Nos escritórios é dada ênfase a coleta seletiva de papéis, papelão e plásticos

e posteriormente encaminhamos para empresas de reciclagem.

Nos últimos quatro anos a General Motors do Brasil aumentou consideravelmente os

seus índices de reciclagem de resíduos.

Programa de Gerenciamento Químico

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Visa o gerenciamento de todos os produtos químicos utlizados nas fábricas,

propiciando a substituição de produtos que não afetem o meio ambiente.

Com esse programa estima-se que haverá:

1 – Substituição de aproximadamente 70 toneladas por ano de solventes clorados por

desengraxantes biodegradáveis.

2 – Substituição de 50 toneladas por ano de solventes não-clorados por

desengraxantes biodegradáveis.

Compromissos e Desafios Futuros

A General Motors do Brasil continuará permanentemente empenhada no

desenvolvimento e implementação de programas e processos que visem a otimização

de recursos, minimização de resíduos e principalmente proteção ao meio ambiente.

São estes os programas e processos para os próximos anos:

- ISO em todas as suas unidades;

- Gerenciamento de tanques enterrados;

- Programa de redução da produção de resíduos;

- Reciclagem de areias da fundição;

- Controle de solventes orgânicos.

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5 – CONCLUSÃO

O desenvolvimento sustentável hoje se faz necessário, sendo um

compromisso sério com relação ao futuro da sociedade e das organizações.

Para manter a competitividade, empresas/organizações precisarão tornar-se

ecologicamente alfabetizadas, incluindo em suas administrações alguns dos princípios

básicos da ecologia, tais como: interdependência, reciclagem, parceria, flexibilidade,

diversidade e como conseqüência de todos, sustentabilidade.

A compreenção das questões ecológicas impõe a necessidade de um

pensamento sistêmico e por conseguinte, a capacidade de pensar no conjunto e na

interdependência das ciências e dos fenômenos naturais. A visão e o conhecimento

segmentado são insuficientes para dar soluções aos problemas ambientais que hoje

vivemos.

A proteção ambiental está evoluindo cada vez mais, deixando de ser uma

função exclusiva de proteção para tornar-se também uma função administrativa.

Contida na estrutura organizacional e interferindo no planejamento estratégico, passou

a ser uma atividade importante na empresa/organização, seja no desenvolvimento de

atividades de rotina, seja na discussão dos cenários alternativos, e a análise de sua

evolução acabou gerando políticas, metas e planos de ação.

Essa nova cultura, antes vista somente em países do chamado ‘ primeiro

mundo’, onde a consciência ecológica é forte e tratada como diferencial estratégico

por empresas/organizações, tem-se propagado a uma velocidade muito grande devido

ao fato da globalização dos mercados.

Portanto a adoção de um sistema de Gestão Ambiental eficaz se faz

necessário e exige uma rápida adequação a fim de garantir a sobrevivência e a

perpetuidade da empresa/organização frente a globalização dos mercados.

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

ANDRADE, Rui Otávio Bernardes; Tachizawa, Takeshy; de Carvalho, Ana Barreiro.

Gestão Ambiental: enfoque estratégico aplicado ao desenvolvimento. São Paulo :

MAKRON Books, 2000.

ASSOCIAÇÃO Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14012 – Diretrizes para auditoria ambiental – Critérios de qualificação para auditores ambientais. Rio de

Janeiro, nov. 1996.

ASSOCIAÇÃO Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14004 – Sistemas de Gestão

Ambiental – Diretrizes gerais sobre princípios, sistemas e técnicas de apoio. Rio de

Janeiro, out. 1996.

ASSOCIAÇÃO Brasileira de Normas Técnicas. NBR ISO 14010 – Diretrizes para

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