gestão ambiental de centros náuticos

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Manual para gestão ambiental de Centros Náuticos.

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Guia para a gestão ambiental de centros náuticos

INVESTINDO NO NOSSO FUTURO COMUM!

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1 edifícios ❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱ P041.1. Construção, Reabilitação ou Expansão ❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱ P061.2. O isolamento e os materiais ❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱ P081.3. Aquecimento e AQS ❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱ P101.4. Electricidade e Minigeração ❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱ P121.5. Gestão de Resíduos Sólidos ❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱ P141.6. Águas Pluviais ❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱ P161.7. Envolvente natural da base náutica ❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱ P182 AcTiVidAdes ❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱ P202.1 Combustíveis e lubrificantes ❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱ P222.2 Motores ❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱ P242.3 Área de manutenção ❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱ P262.4 Tintas, resinas e solventes ❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱ P282.5 Ancoragem e molhes fixos ❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱ P302.6 Águas residuais ❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱ P322.7 Resíduos perigosos ❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱ P343 coMUNicAÇÃo ❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱ P363.1 Acolhimento de estagiários e colaboradores temporários ❱❱❱❱❱❱❱❱ P383.2 A qualificação dos profissionais da náutica de recreio ❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱ P403.3 Educação e sensibilização de praticantes e visitantes ❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱ P443.4 Organização de eventos e manifestações desportivas ❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱ P463.5 Exemplos de uma actuação global no Espaço Atlântico ❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱ P48 ficHA TÉcNicA ❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱❱ P52

Índice

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objecTo do docUMeNToO Guia Técnico pretende, no essencial, ser uma ferramenta à disposição de técnicos e empreen-dedores de actividades náuticas, para que estes possam ponderar opções técnicas enquadradas na perspectiva de uma gestão eficiente das infra-estruturas náuticas e da prevenção da contami-nação.

bAses NáUTicAs e operAÇões de repArAÇÃoAs bases náuticas devem contribuir implementando medidas que resultem não apenas na dimi-nuição do consumo de matérias primas, energia e água, mas também na redução da contamina-ção gerada, através da utilização criteriosa das matérias primas, e da reutilização, sempre que tec-nicamente viável, dos fluxos de desperdícios gerados, em alternativa à deposição final dos resíduos.

forMAÇÃo e seNsibilizAÇÃo Além das evidentes vantagens económicas e ambientais das medidas preconizadas, as activida-des náuticas são uma verdadeira oportunidade para desenvolver uma consciência ecológica, en-sinando a interpretar as dinâmicas marinhas e fluviais. Em virtude do vasto leque de modalidades disponíveis, as actividades náuticas podem atingir uma ampla camada da população, indepen-dentemente da idade, sexo ou cultura.

legislAÇÃoNo entanto, e apesar de, actualmente, ser consensual o desafio de preservar e proteger o meio ambiente marinho e zonas lacustres, a quantidade e a complexidade dos diplomas legais, regu-lamentos e programas de acção, que, por vezes, se sobrepõem ou se encontram desajustados à realidade, são um obstáculo “permanente” e uma fonte de desmotivação para os profissionais do sector.

TrAbAlHo eM cooperAÇÃoDe forma a evitar que os vários esforços se tornem demasiado fragmentados e garantir que as diversas iniciativas são consistentes e transversais, urge que actores públicos e privados do sector náutico e turístico trabalhem em sinergia e cooperação, considerando os desafios de quem está activamente envolvido no desenvolvimento da região, do turismo e da gestão do litoral e interior.

IntroduçãoA necessidade de gerir a faixa costeira de forma integrada e coordenada, conciliando as actividades humanas, a pre-servação do meio ambiente e a valorização dos recursos marinhos, obriga, numa óptica de desenvolvimento sus-tentado, a incorporar as bases náuticas nas políticas e es-tratégias turísticas de desenvolvimento regional, em águas costeiras e interiores.

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1.1. Construção, reabilitação ou expansão1.2. O isolamento e os materiais1.3. Aquecimento e AQS1.4. Electricidade e minigeração1.5. Gestão de resíduos sólidos1.6. Águas pluviais1.7. Envolvente natural da base náutica

EDIFÍCIOS

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Construção,reabilitação ou expansãoAs bases náuticas são instalações indispensáveis à prática de actividades náuticas desportivas, recreativas e turísti-cas. Dada a localização privilegiada destes espaços, limí-trofes a águas marinhas ou interiores, é importante res-peitar e preservar a dimensão natural da envolvente, com a qual passam a interagir permanentemente.

bAse NáUTicAO conceito integra a agregação/concentração de vários serviços destinados às actividades de recreio e desporto náutico e activi-dade marítimo-turística, designadamente áreas de apoio de terra, estaleiros, parqueamentos a seco, actividades de ensino e lúdico/desportivas, e afins.

1.1.

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AproVeiTAr os recUrsos NATUrAisA qualidade da construção está intrinsecamenterelacionada com a sensação ou ausência de conforto por parte dos utilizadores. É impor-tante seleccionar criteriosamente os materiais de construção a utilizar e integrar, tanto quanto possível, em fase de projecto, critérios que be-neficiem o usufruto dos recursos naturais, tais como, a exposição solar, a orientação das facha-das envidraçadas, os sombreamentos, a ilumi-nação ou a ventilação natural.

áreA de MANUTeNÇÃo A existência de uma zona impermeável e prote-gida da chuva, definitiva ou temporária, permite dispor de um espaço para a realização de alguns trabalhos de reparação e manutenção, indepen-dentemente das condições meteorológicas.

Além de rentabilizar o espaço, facilita a recolha dos resíduos perigosos e evita o escoa-mento ou infiltração de águas pluviais potencial-mente contaminadas.

esTAcioNAMeNTo de eMbArcAÇõesA expansão da capacidade de armazenamento a seco deve ser privilegiada, por oposição ao au-mento do número de lugares de amarração flu-tuantes. Na área de "hibernagem" é recomenda-do dar prioridade à estadia de embarcações com pouco uso, prolongando o estado de conserva-ção das embarcações, com evidentes benefícios para o cliente e o meio ambiente.

eNVolVeNTe NATUrAlOs espaços verdes devem prever a utilização de vegetação autóctone, melhor adaptada às con-dições locais e menos exigente em manutenção.A observação e contemplação da vegetação pos-sibilita a percepção da sequência das estações e de outros ciclos biológicos, bem como o conhe-cimento da fauna e flora espontânea e cultivada.

serViÇos poTeNciAlMeNTe dispoNíVeis eM iNfrA-esTrUTUrAs de Apoio à NáUTicA de recreio

Lavagem e pintura de casco

Estacionamento de reboques e atrelados

Serviços de reboque

Armazéns — Palamenta / Motores

Balneários / Instalações sanitárias

Posto de Primeiros Socorros

Instalação de escolas e clubes náuticos

Cafetaria / Snack-bar

Loja de artigos náuticos

Parque de estacionamento automóvel

Estacionamento em terra de embarcações

Estacionamento de embarcações em flutuação

Grua fixa / Pórtico

Rampa de alagem

Abastecimento de combustível

Oficinas de reparação / manutenção

Remoção e colocação de motores e mastros

Bombagem de águas negras

Recolha de resíduos

Cais de acostagem

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Os materiais naturais tendem a ser bem mais complexos do que produtos altamente processados, e quando utilizados correctamente podem melhorar consideravelmente a per-formance ambiental de uma base náutica.

O isolamento e os materiais

Uma selecção cuidadosa dos materiais de construção é a forma mais fácil de incorporar os princípios de concepção sustentável em edifícios. Os materiais submetidos a me-nos etapas de processamento e fabrico, que preservam o usufruto dos recursos naturais e o conforto interior, são um dos pilares da construção sustentável.

Todavia o preço contínua tradicionalmente a ser o factor decisivo quando comparados materiais com funções si-milares. É preciso não ignorar que o preço de um material de construção reflete normalmente os custos de produ-ção e transporte, e não os custos com “externalidades”, como sejam os custos sociais ou ambientais.

O ciclo de vida de um material pode ser organizado em três fases: preconcepção, edificação e pós-construção. A avaliação do impacto ambiental em cada uma das etapas permite uma análise custo-benefício durante a vida útil de um edifício, em vez da simples contabilidade resultante dos custos de construção inicial.

Uma análise ao ciclo de vida dos materiais de constru-ção, desde a extracção das matérias primas à sua dis-posição final, proporciona uma melhor compreensão, a longo termo, do custo dos materiais.

ciclo de VidA de UM MATeriAl

pl AN e AM eNTo

E x TR ACç ãO

PROCESSAMENTO

EMBAL AMENTO

TR ANSPORTE

coNsTrUÇ Ão

UTIL IZ Aç ãO

INSTAL Aç ãO

OPER Aç ãO

MANUTENç ãO

pÓs-coNsTrUÇ Ão

DISPOSIç ãO

RECICL AGEM

EMBAL AMENTO

TR ANSPORTE

l iXo

reUTil iz AÇ Ão

recicl AgeM

1.2.

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eNVidrAÇAdosCerca de 25% a 30% das necessidades de aquecimento resultamde perdas de calor que ocorrem pelas janelas.

O isolamento térmico de uma janela depende da qualidade do vidro e do seu caixilho, sendo que os sistemas de vidro du-plo reduzem praticamente para metade as perdas de calor face ao vidro normal, para além de diminuírem as correntes de ar, a condensação de água e a formação de gelo. O tipo de moldura é igualmente determinante, destacando-se as caixilharias denomi-nadas com corte térmico, as quais contem material isolante entre a parte interna e externa.

† Instale janelas com vidro duplo e caixilharias com corte térmico.

A MAdeirAA madeira é um material nobre e apresenta uma série de atributos — resistência, dureza e elasticidade — que a qualificam como sendo um produto de excelência na construção actual. Proveniente de re-cursos naturais e renováveis, é extraída e trabalhada por processos de baixa intensidade energética, o que associado ao seu potencial de reutilização e biodegradabilidade, lhe atribui um estatuto singu-lar num futuro premente de sustentabilidade.

† Aconselha-se a utilização de madeiras locais, extraídas de for-ma sustentável, com garantias de que o impacte ambiental da sua produção é socialmente aceite. Para este efeito é necessário que a biomassa consumida seja reposta através de programas de reflo-restação, replantação ou actividades similares, preservando o ciclo do carbono em equilíbrio.

A corTiÇAA cortiça é um material que tem acompanhado a Humanidade desde tempos imemoriais e que bem cedo se distinguiu em apli-cações ligadas à construção, nomeadamente nos países mediter-rânicos. O aglomerado negro de cortiça expandida é um material natural, renovável, biodegradável, com excelentes propriedades isolantes, térmicas e acústicas. A sua aplicação é fácil, prática e traduz-se numa poupança energética a longo prazo, com o custo do investimento a ser amortizado ao longo da vida útil do edifício.

† Caso pretenda construir ou reconstruir invista nos isolamen-tos de todos os acabamentos exteriores. Além do conforto que os materiais naturais proporcionam, existe uma redução dos consu-mos energéticos que resulta numa poupança económica.

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Aquecimento e AQSA água quente e o aquecimento constituem tipicamente cerca de 2/3 do consumo energético em edifícios. A inte-gração de fontes de energia renovável pode satisfazer uma fracção significativa das necessidades energéticas de uma base náutica, particularmente para o aquecimento de águas sanitárias e garantia do conforto térmico interior.

Os sistemas para aquecimento de águas sanitárias e de climatização, aquecimento e arrefecimento, devem estar devidamente dimensionados para o controlo das con-dições ambientais no interior da base náutica e devem apresentar as condições necessárias para um desempe-nho eficiente.

São inúmeros os factores que contribuem para uma uti-lização racional e eficiente da energia, desde logo, a ope-ração do equipamento e das instalações, as tecnologias utilizadas, o estado estrutural dos edifícios e o compor-tamento dos ocupantes. Compreender o perfil energético dos utilizadores é da maior importância.

A definição concreta de um ponto de partida permitirá estabelecer a prazo os objectivos a alcançar e seguir o caminho mais adequado para a sua concretização. Esta abordagem permite um correto planeamento das acções a desenvolver, evitando esforços e a ineficácia de acções individuais e não coordenadas.

colecTores solAres TÉrMicosEstes sistemas permitem poupar até 70% da energia ne-cessária para o aquecimento de água. Os edifícios novos com condições de exposição solar adequada são obriga-dos a instalar colectores solares para a produção de água quente, sempre que tecnicamente viável.

Os sistemas com acumulação de água quente são mais eficientes que os sistemas de produção instantânea.

1.3.

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A biomassa é uma excelente opção para combi-nar com a energia solar térmica na produção de água quente e aquecimento. Adicionalmente, a biomassa é um recurso mais económico e eco-lógico que os combustíveis convencionais, per-mitindo ainda gerar emprego nas zonas rurais, prevenir incêndios e manter os ecossistemas em equilíbrio.

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biocoMbUsTíVeis sÓlidosA evolução tecnológica dos equipamentos a bio-massa permitiu que estes atingissem rendimen-tos equivalentes aos sistemas convencionais a energias fósseis. Por outro lado, o aparecimento de combustíveis derivados da biomassa (ex. pel-lets, briquetes, estilhas), com maior poder calo-rífico, contribuiu também para o incremento da qualidade e rentabilidade deste tipo de soluções, cujas aplicações térmicas, se dividem essencial-mente na produção de calor e águas quentes sanitárias.

† Não espere que os aparelhos se degradem. Uma manutenção regular da caldeira poupar-

-lhe-á até 15% em energia.

A TeMperATUrA de coNforTo No iNVerNoA temperatura a que se programa o aqueci-mento/arrefecimento condiciona o consumo de energia do próprio sistema. Cada grau de tempe-ratura que aumentar, implica um acréscimo do consumo de energia em aproximadamente 7%. Ainda que a sensação de conforto seja subjec-tiva, pode assumir que uma temperatura entre os 19ºC e os 21ºC é suficiente para a maioria das pessoas se sentir confortável.

† As válvulas termostáticas em radiadores e os termóstatos programáveis são soluções práticas, fáceis de instalar e podem amortizar rapidamen-te o investimento realizado através de importan-tes poupanças de energia (entre 8% e 13%).

boMbA de cAlor geoTÉrMicAEsta tecnologia prima pela elevada eficiência, comprovada por um coeficiente de performan-ce (COP) entre 3—6, e embora inicialmente mais dispendiosa que outros sistemas convencionais, apresenta menores custos de operação e ma-nutenção, que proporcionam poupanças anuais entre 30% e os 60%.

† É importante que os acumuladores e as tu-bagens de distribuição de água quente estejam bem isolados, a não ser que transfiram calor útil para o conforto ambiente.

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Electricidade e minigeraçãoA monitorização dos consumos de electricidade por sector permite racionalizar a sua utilização e avaliar a contrata-ção de um tarifário mais favorável. Investir num sistema de minigeração e apostar na sensibilização de técnicos e utili-zadores, fecha um ciclo estratégico rumo à eficiência ener-gética na base náutica.

iluminação exterior: Em acessos, zonas de estacionamento, jardim, anco-radouro, cais, molhes, etc.

iluminação interior: Edifício e infra-estruturas, escritórios, cafés, restau-rantes e suas dependências, salas, corredores, esca-das, casas de banho, etc.

o consumo de energia na manutenção ou reparação No caso de dispôr de docas, oficinas ou outras instala-ções de manutenção, irá utilizar diversos equipamen-tos e ferramentas com diferentes potências de con-sumo, como compressores, ferramentas eléctricas, gruas, carregadores de bateria, etc.

o consumo de energia: Pontos ou tomadas de electricidade disponíveis para os utilizadores de embarcações no cais.

o consumo de energia nas dependências em terra:Pela existência de equipamento de climatização a frio, câmaras frigoríficas, equipamentos de restauração, computadores em escritórios, etc., a electricidade consumida nas instalações em terra pode incluir es-critórios, refeitório, etc.

No caso de adquirir novos equipamentos (gruas, frigoríficos, equipamentos de reparação em doca seca, compressores, refrigeração/ar condicionado, etc.) ou expandir/modificar as instalações, deverá sempre ter em conta a eficiência e o consumo de electricidade associado aos novos equipamentos, e garantir que a instalação minimiza o desperdício de energia.

Os principais consumos de electricidade numa base náutica provém da iluminação, equipamentos e ins-talações:

1.4.

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TArifAs fleXíVeisActualmente os fornecedores de energia eléc-tricadisponibilizam tarifas que diferenciam os con-sumos mediante as horas do dia — tarifas bi--horárias ou tri-horárias. Neste modelo existem as chamadas horas do vazio — normalmente horários nocturnos e fins de semana — onde a electricidade é facturada a quase 50% do seu valor, sendo o preço nas horas normais igual ao da tarifa simples.

† É importante conhecer o perfil de consumos das instalações de forma a adoptar a tarifa mais vantajosa, uma vez que os custos da disponibi-lidade de serviço variam para a mesma potência contratada.

eTiqUeTAgeM de eqUipAMeNTos A etiqueta energética fornece informação so-bre a eficiência dos equipamentos, o consumo de energia, o rendimento, a capacidade, o ruí-do, entre outras. Existem 7 classes de eficiência, sendo a classe A a mais eficiente, e a classe G a menos eficiente. Nos equipamentos de frio, existem ainda duas classes suplementares (A++ e A+), correspondentes a um nível de eficiência energética mais elevado.

† A etiqueta energética é uma ferramenta útil que permite comparar equipamentos seme-lhantes, auxiliando na selecção dos equipamen-tos mais eficientes.

MiNigerAÇÃoO regime da Miniprodução ou Minigeração de ener-gia permite a instalação de unidades de potência até 250 kW para produção e venda de energia à rede pública. Está previsto para instalações com um consumo efectivo de energia eléctrica, per-mitindo a produção descentralizada de tecnologia solar fotovoltaica, eólica entre outras, para venda à rede, com vista à redução da factura energética e aumento da sustentabilidade e competitividade.

† Para garantir que as entidades que insta-lam sistemas de miniprodução são energeti-camente eficientes enquanto consumidores de energia, estas estão sujeitas a auditorias ener-géticas e à implementação de medidas de efici-ência energética.

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A correcta gestão dos resíduos urbanos, tanto no mar como em terra, é fundamental para a redução dos macrodetritos. Uma abordagem ousada permite considerar cada resíduo, não apenas como uma fonte de poluição a reduzir, mas es-pecialmente como um potencial recurso a explorar.

A gestão dos resíduos sólidos é actualmente composta por um conjunto de operações ou processos integrados, que compreendem a redução da produção na fonte, a reutilização e a reciclagem de resíduos, ou caso não seja viável, na transformação dos resíduos (através de inci-neração energética e compostagem) ou deposição em aterros (energéticos e de resíduos).

Em praticamente todas as dependências são produzidos resíduos. As instalações devem portanto prever a exis-tência de contentores selectivos para a recolha de re-síduos recicláveis, como garrafas, latas, papel, plástico, material orgânico, etc; em número e volume adequados ao normal funcionamento das actividades.

É importante não descurar a existência de receptáculos funcionais e esteticamente agradáveis, localizados em zonas estratégicas e devidamente sinalizados.

Gestão de resíduos sólidos1.5.

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GUIA PARA A GESTÃO AMBIENTAL DE CENTROS NÁUTICOS

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recoMeNdAÇões

† Exibir um painel informativo, em local apro-priado, com indicação do tempo de vida que os resíduos persistem no meio ambiente, cons-ciencializando visitantes e praticantes sobre as consequências de um encaminhamento indevi-do dos seus resíduos.

† A reciclagem selectiva de resíduos apresen-ta vantagens do ponto de vista ambiental, pois reduz a acumulação progressiva de resíduos. No plano económico contribui para o uso mais racional dos recursos naturais através da re-posição daqueles recursos que são passíveis de reaproveitamento, enquanto no âmbito social proporciona melhor qualidade de vida às pesso-as e providencia postos de trabalho e rendimen-to aos profissionais do sector.

redUzir A redução pode ser aplicada à quantida-de de resíduos produzidos e à diminuição da toxi-cidade dos materiais gerados. Uma das formas é aumentar o tempo de vida útil dos materiais.reUTilizAr Consiste em aproveitar todo o po-tencial que os materiais nos podem oferecer, ou, no caso em que tal não seja possível, devolvê-los ao circuito comercial.reciclAr Consiste em colocar os materiais re-cicláveis nos respectivos ecopontos para que depois de tratamento adequado, possam ser novamente incorporados no processo de fabrico. Deste modo, consegue-se não só evitar a dete-rioração do meio ambiente, como uma poupan-ça significativa de matérias-primas e energia.

A regrA dos TrÊs r’sredUzir, reUTilizAr, reciclAr

HIERARQUIA DOS RESÍDUOS

2 a 4 semanas menos de 1 ano 1 ano 1 a 4 anos 2 a 5 anos 100 anos 450 anos

Tempo de decomposição dos materiais

200 a 400 anos

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A água é um recurso limitado. Segundo a ONU, dentro de 20 anos, cerca de 2/3 da população mundial deve enfrentar escassez de água. A instalação de um sistema para a cap-tação e armazenamento de águas pluviais, permite reuti-lizar o recurso para outros fins, reduzindo a fatura mensal.

Os sistemas de drenagem de águas pluviais são consti-tuídos por um conjunto de redes de colectores e órgãos acessórios, que asseguram o transporte dos caudais plu-viais afluentes, desde os dispositivos de intercepção a um reservatório de água, natural ou construído.

O correto funcionamento dos colectores duma rede de drenagem depende do adequado dimensionamento dos dispositivos de captação. Estes dispositivos devem ser concebidos e localizados de modo a que o sistema de drenagem seja o mais económico possível, salvaguar-dando-se, no entanto, o cumprimento dos critérios es-tabelecidos para o escoamento superficial.

De forma a reduzir os caudais de ponta pluviais deve ser respeitada a integração de áreas permeáveis em zonas impermeáveis, através de soluções de descontinuidade. A interdependência entre os caudais pluviais, a bacia dre-nante e o tipo de ocupação do solo, aconselha a conceber as infra-estruturas de drenagem na fase inicial do plane-amento urbanístico.

Águas pluviais1.6.

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GUIA PARA A GESTÃO AMBIENTAL DE CENTROS NÁUTICOS

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MoNiTorizAÇÃo dos coNsUMos de ágUAÉ importante dispôr de contadores que monitorizem o consumo individual das principais dependências da base náutica. Desde logo, é conveniente diferenciar o consumo parcial de:1. Entrada de água para os pontões ou por ponto de amarração;2. Área de manutenção ou zona para lavagem de embarcações;3. Escritórios e balneários;4. Comércio, se existente, bar, restaurante, loja;5. Dependendo da dimensão, rega de áreas ajardinadas.

† Para tornar evidente qualquer esforço no sentido de utilizar a água de forma eficiente, deve manter registos actualizados sobre o consumo nas instalações náuticas.

AproVeiTAMeNTo de ágUAs plUViAisActualmente é possível poupar uma quantidade significa-tiva de água potável, previamente tratada e com custos acrescidos, instalando um sistema de aproveitamento de águas pluviais. É apenas necessário realizar o dimensio-namento do reservatório que receberá as águas pluviais da cobertura do(s) edifício(s), em função da área, exposi-ção de captação e das necessidades diárias.

† A água é armazenada para uso posterior, tal como a lavagem de viaturas, embarcações ou irrigação de zonas verdes.

reUTilizAÇÃo dAs ágUAs de lAVAgeMA optimização no consumo de água pode passar pela reutilização das águas de lavagem através da sua rege-neração por meios físicos. O tratamento pode passar por uma simples operação de remoção de sólidos mediante um sistema de crivagem, ou pela utilização de um siste-ma compacto que permita decantar e filtrar sólidos, óleos e gorduras.

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beNefícios dA eNVolVeNTe NATUrAl

Envolvente natural da base náuticaAs barreiras de vegetação entre as áreas impermeáveis e o plano de água, marinho ou interior, permitem filtrar e re-duzir o fluxo de águas superficiais, estabilizar os leitos e li-nhas de costa, diversificar a beleza natural do local e ofere-cer novos refúgios para a avifauna.

Como tal, a selecção, plantação e manutenção de árvores, arbustos e herbáceas são tarefas que exigem um planeamento cuidado e crite-rioso, de forma a permitir que cada espaço cumpra com o objectivo para o qual foi pensado.

As espécies autóctones estão mais adaptadas às condições de solo e cli-ma do local, sendo mais resistentes a pragas, doenças e a períodos longos de seca e chuvas intensas, em com-paração com as espécies não nativas ou introduzidas.

AM bi eNTA is

Conforto ambiental e qualidade do ar

Conservação do solo e da água

Atenuação de ruído

Incremento da biodiversidade

sociA is

Gera condições para o relaxamento

e bem estar-humano

Favorece contacto interpessoal

e coesão social

Reforça a identidade

e o significado do local

ecoNÓM icos

Valoriza economicamente o edifício

A atractividade aumenta

o potencial comercial

1.7.

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deseNVolViMeNTo dA VegeTAÇÃoNa escolha de espécies e do local de plantação, deve aten-der-se ao desenvolvimento que a vegetação pode registar, quer em termos aéreos quer radiculares, evitando-se as situações em que a vegetação possa entrar em conflito com as estruturas na sua envolvente (no subsolo — ex. infra-estruturas ou fundações, no exterior — ex. cabos de telecomunicações ou electricidade, edifícios, etc.).

objecTiVos fUNcioNAis, esTÉTicos e didácTicosA selecção da flora e vegetação depende da satisfação de objectivos directamente relacionados com as várias fun-cionalidades do espaço. Podem identificar-se diferentes tipos de objectivos tais como:

† objectivos funcionais — proteger dos raios solares, reduzir a temperatura ambiental no verão, filtrar a luz, aumentar a humidade;

† objectivos estéticos — contemplação e usufruto da diversidade de formas, volumes e cor das copas e folha-gens, ao longo do dia, das estações do ano e da vida de cada espécie, bem como das silhuetas proporcionadas pelas ramagens despidas das arvores caducifolias du-rante o inverno ou a exuberância e fragrância de folhas, flores e frutos;

† objectivos didácticos — os que garantem o contac-to quotidiano dos cidadãos, em particular das crianças, com a natureza, a fauna e flora e principalmente com as árvores.

VegeTAÇÃo AUTÓcToNeUm desenho sustentável deve privilegiar a utilização de vegetação autóctone, melhor adaptada às condições ecológicas e menos exigente em manutenção.

As plantas com maiores exigências de manutenção (rega, poda, fertilização, cortes, tratamentos fitossanitá-rios), devem ser agrupadas em áreas onde se maximize o seu benefício, nomeadamente em áreas onde é necessá-ria uma elevada capacidade de carga.

Exemplares harmoniosos, bem conformados e sem mutilações fazem sobressair o porte e as características de cada espécie, enobrecem os espaços verdes e o am-biente urbano e desempenham um papel didáctico es-tabelecendo e fomentando a relação entre o Homem, os seres vivos e a paisagem natural.

espÉcies A eViTArEspécies arbóreas e arbustivas com inconvenientes do ponto de vista da saúde pública ou do usufruto, apesar do seu interesse ornamental, não devem ser aplicadas em zonas de lazer com elevada presença de crianças, jovens e pessoas da terceira idade. Estão neste caso, os teixos (Taxus spp.) e os loendros (Nerium oleander) com folhas e frutos venenosos, as amoreiras (Morus spp.) e as ginkgo (Ginkgo biloba) com frutos que mancham, as oli-veiras (Olea europaea), azinheiras (Quercus rotundifolia) e choupos (Populus nigra), cuja floração e sementes são responsáveis por reacções alérgicas.

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2.1. Combustíveis e lubrificantes2.2. Motores 2.3. Área de manutenção2.4. Tintas, resinas e solventes2.5. Ancoragem e molhes fixos2.6. Águas residuais2.7. Resíduos perigosos

ACTIVIDADES

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Combustíveis e lubrificantesOs produtos derivados de petróleo, como a gasolina, o ga-sóleo e os óleos de motor, são extremamente prejudiciais à qualidade de águas superficiais e podem ser fatais para a vida aquática. Basta imaginar que uma gota de óleo é sufi-ciente para contaminar cerca de 600l de água!!

O serviço de abastecimento de combustíveis é um dos locais mais controver-sos no interior das instalações de uma base náutica, pelo facto de constituir um potencial foco de contaminação por hidrocarbonetos. No entanto, o pe-rigo não se resume às operações de fornecimento de combustível, podendo também resultar de operações, como a manutenção de motores, a remoção de água das cavernas, a limpeza de reservatórios de óleo, entre outros.

Apesar de o ecossistema local se encontrar afectado, em maior ou menor medida, devido à ocupação de um espaço natural e às reduzidas condições de regeneração (renovação de água condicionada), um derrame de hidrocarbo-netos pode provocar efeitos extremamente negativos sobre a fauna marinha e a vida bentônica em contacto com o substrato.

Os hidrocarbonetos expandem-se rapidamente devido à existência de uma diferença significativa na densidade entre os dois líquidos, ocupando extensas áreas na lâmina de água. Embora, aparentemente, combustíveis e lubrifican-tes permaneçam à superfície, também precipitam no fundo, evaporam para o ar ambiente e permanecem suspensos na coluna de água, o que dificulta notavelmente a sua remoção.

A fina camada que separa o ecossistema marinho da atmosfera é suficiente para impedir a interacção entre a fauna e a flora, quebrando assim o ciclo natural da vida marinha. Os compostos de produtos petrolíferos são tóxicos para plantas e animais, dentro e próximo da água. A vegetação em terra pode ser afectada pelos poluentes absorvidos pelos seus sistemas radiculares e os predadores da vida aquática estão também em perigo, uma vez que conso-mem vegetais e organismos.

2.1.

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sigoU — sisTeMA iNTegrAdo de gesTÃo de Óleos UsAdosA Sogilub, entidade gestora do SIGOU — Sistema Integrado de Gestão de Óleos Usados, assegura através de um grupo de empresas licenciadas, a recolha e tratamento de óleos usados a nível nacional — regeneração, reciclagem e valori-zação energética.

† Para solicitar a recolha de óleos usados, contacte o operador de gestão de óleos usados responsável pela área onde se situam as insta-lações da sua empresa.

lUbrificANTes biodegrAdáVeisOs lubrificantes biodegradáveis, produzidos a partir de óleos vegetais e gorduras animais, combinados com aditivos especiais, assegu-ram a sua decomposição natural em caso de derrame, persistindo menos tempo no meio aquático e mantendo um elevado índice de desempenho nos equipamentos onde são uti-lizados.

† Forneça um serviço profissional e seguro de mudança de óleo aos seus clientes

ágUAs dAs cAVerNAsUm sistema de bombagem, fixo ou móvel, per-mite transferir os produtos oleosos para um sistema de separação de hidrocarbonetos ou tanques volantes, que posteriormente são transportados por empresas licenciadas no tratamento de produtos oleosos. A aspiração em local seguro de águas das cavernas previne a descarga de águas oleosas borda fora.

† Informar sobre a localização e horário de serviço para a aspiração de águas de cavernas, distribuição mais próxima de material absor-vente e respectivos locais de recolha.

TrANsferÊNciA de coMbUsTíVelLimitar a transferência de combustível através recipientes ou reservatórios portáteis e exigir a utilização de um funil durante os procedimen-tos de transferência. Afixar sinalética informa-tiva sobre boas práticas no local de abasteci-mento.

† Disponibilizar material absorvente na zona de abastecimento. Os materiais absorventes que contenham vestígios de gasolina ou de-rivados devem ser tratados como materiais perigosos.

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Os motoresO ruído e os odores libertados pelos motores de combustão interna levam os consumidores a focar a atenção em novos sistemas de propulsão, mais económicos e amigos do am-biente. Independentemente da solução, a manutenção do motor em bom estado de conservação deve ser uma priorida-de, pois permite reduzir o consumo de combustível e mitigar as consequências de eventuais derrames ou fugas de óleo.

Os pequenos motores, particularmente motores conven-cionais a dois tempos, utilizados em aplicações fora de borda ou motos de água têm emissões relativamente al-tas para a dimensão e tipo de utilização. Estes pequenos motores têm como grande desvantagem o facto de emi-tirem gases poluentes (COV's, NOx, CO) e tóxicos, como o benzeno, contribuindo para a formação de ozono, soma-do a algum desconforto sonoro.

Entre os motores a gasolina (fora de borda, mistos e in-teriores), existem três tipos distintos de entrada do com-bustível: injecção directa, injecção electrónica e carbu-rador.

Os carburadores de dois tempos e os motores com pré--câmara de injecção de combustível são, em geral, mais poluentes do que os outros três tipos. Isto é devido à sua incapacidade para separar completamente os gases de admissão dos gases de escape, resultando em perdas de até 30% de combustível consumido não queimado, mais a necessidade de adicionar óleo ao combustível para lu-brificar o motor.

No entanto, um carburador a dois tempos é mais leve que um motor a quatro tempos com a mesma potência, o que os torna mais atractivos para pequenas embarcações de recreio. Normalmente têm menos componentes, são mais económicos e tem menores custos de manutenção quando comparados com os motores a quatro tempos.

2.2.

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MANUTeNÇÃo dos MoToresÉ importante a acção da base náutica, quer disponibilizando serviços profis-sionais de manutenção e mudança de óleos e filtros, armazenando e enca-minhando correctamente os resíduos perigosos, quer tentando informar os clientes sobre as boas práticas de manutenção, afixando ou distribuindo in-formação sobre procedimentos exemplares e assinalando os locais previstos para a deposição de resíduos.

† A melhor regra para realizar as operações de manutenção de motores é seguir escrupulosamente as indicações do construtor, contidas no manual de operações.

bArco de propUlsÃo elÉcTrico — UM iNVesTiMeNTo sUsTeNTáVel!O que era considerada uma desvantagem dos motores eléctricos no passado, o armazenamento de energia, é actualmente uma vantagem, uma vez que a energia eléctrica pode ser produzida a partir de diferentes fontes, inclusive renováveis, o que permite facilmente adaptar o sistema para as mais recentes tecnologias, como painéis solares, baterias de lítio ou geradores mais eficien-tes.

† Os motores eléctricos são altamente eficientes, leves, limpos, seguros e praticamente isentos de manutenção.

MoTores A gplA reconversão de motores a gasóleo para GPL contribui para uma redução significativa de emissões de escape, de motores térmicos, pelo facto de o GPL ter somente como produtos directos de combustão o dióxido de carbono (CO2) e água (H2O), ambos no estado gasoso.

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A área de manutenção As operações de limpeza, reparação e manutenção, devem ser efectuadas em áreas técnicas designadas para o efeito, evitando o escoamento de resíduos perigosos e produtos tóxicos para o ambiente circundante.

Área com sargeta periférica Área em ponta de diamante

criTÉrios de locAlizAÇÃo † qualidade do solo (estudo geotécnico); † facilidade de acesso e possíveis constrangimentos de barcos de recreio; † eventual restrição para fornecimento de água e electricidade; † exposição aos ventos predominantes que intervém no transporte aéreo de poluentes.

Geralmente os sistemas de tratamento da água colectada na área de manutenção utilizam, pelo menos, uma decantação primária para reter os resíduos de tinta e metais pesados, e um separador de hidrocarbonetos para remoção de óleos e resíduos de combus-tível. Em função do tratamento desejado ou necessário, poderá ainda sofrer uma decantação secundária, para recolha de areia e partículas mais finas, e passar por um reactor biológico, filtrando e depurando hidrocarbonetos e detergentes.

O bom funcionamento de uma área de manutenção requer, acima de tudo, a formação adequada dos funcionários da base náutica e a consciência dos utilizadores. O Regulamento da base náutica deve definir com precisão as regras para a ocupação destes es-paços, incluindo as áreas reservadas a operações com produtos tóxicos e perigosos, os tipos de actividades permitidas e proíbidas, e respectivas regras de segurança.

2.3.

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GUIA PARA A GESTÃO AMBIENTAL DE CENTROS NÁUTICOS

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TrATAMeNTo bAse de reTeNÇÃo

recoMeNdAÇões

† Designar uma área especifica para realizar determi-nadas operações de reparação e manutenção, como decapagem abrasiva, lavagem sob pressão, raspagem, polimento ou pintura do casco, entre outras;

† A área de manutenção deve situar-se sobre superfí-cie rígida e impermeável, permitindo dirigir as águas de lavagem para tratamento adequado ou rede de sanea-mento pública;

† Utilizar preferencialmente detergentes biodegradá-veis. Em determinadas ocasiões é apenas necessário aplicar jacto de água com pressão para remover a suji-dade incrustada, outras haverá em que a primeira limpe-za deverá ser efectuada a seco, raspando;

† Usar máquinas de lixar a vácuo com retenção de po-eiras. Exigir a sua utilização na área de manutenção e disponibilizar equipamento, mediante aluguer, a veleja-dores e profissionais sub-contratados;

† Recolher diariamente os resíduos produzidos na área de manutenção, tais como restos de lubrificantes e com-bustíveis, partículas de tinta, fibra de vidro, resinas, e descartando-os convenientemente.

Laje impermeabilizada com declive em direcção às sargetas periféricas

Unidade de ultrafiltração

Filtro oleófiloFiltro coalescente

Rejeição ao meio natural ou a uma rede

de saneamento

Unidade de carvão activo

Poço de bombagemSeparador de lamasDecantador lamelar

Separador de hidrocarbonetos

Grelha amovível

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Tintas, resinas e solventesAs tintas e os revestimentos tem uma tripla função: contri-buir para prolongar o tempo de vida útil das embarcações, reduzir o consumo de combustível e participar na decora-ção. Entre aspectos técnicos e estéticos, as pinturas e os revestimentos são elementos essenciais de um barco.

As superfícies imersas das embarcações são rapidamen-te colonizadas por organismos vivos. Esta acumulação de microrganismos (bactérias, larvas, esporos…), de macro-

-algas, de moluscos ou crustáceos depende da qualidade das águas navegadas, da época do ano e tempo de per-manência no porto de recreio. Há mais de 4000 espécies envolvidas na colonização das partes submersas dos cas-cos de embarcações.

As consequências da acumulação de incrustações, ve-getais ou animais, nas partes submersas são numerosas:

k A rápida deterioração de materiais, incluindo o casco (corrosão);

k Embarcações mais pesadas; k Redução da dirigibilidade e estabilidade; k Redução no desempenho e velocidade; k Maior consumo de combustível; k Impacto sobre os ecossistemas com a introdução de

espécies invasoras.

A escolha apropriada do sistema de pintura a aplicar nas embarcações é um factor essencial na construção e na reparação de embarcações, uma vez que a corrosão e a deteorização associadas ao ambiente marinho têm efeitos determinantes sobre o tempo de vida das embarcações.

As características da tinta a aplicar depende do meio ao qual ela vai estar exposta, podendo variar de tintas à base de água até tintas epóxi de elevado desempenho. Além das condições de exposição, outros dos factores influen-ciam a escolha do sistema de pintura: o grau de agressão ao meio ambiente, o tempo de secagem, o equipamento e o procedimento de aplicação da tinta.

Regra geral existem 6 áreas distintas da embarcação que necessitam de uma protecção à base de tinta:

† Subaquática (casco); † Linha de água; † Estruturas exteriores acima do nível da água; † Interior da embarcação e tanques; † Hélice e ancora.

A tinta tipicamente utilizada nas embarcações é uma tin-ta anticorrosiva e antivegetativa. A antivegetativa é uti-lizada para prevenir que os organismos marinhos (fauna e flora) se agarrem aos cascos, através da libertação de pequenas quantidades de toxinas que inibem o cresci-mento da vida marinha. As tintas anticorrosivas são à base de vinil, laca, uretano, ou mais recentemente à base de sistemas epóxi.

2.4.

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recoMeNdAÇões

† Proibir as pinturas por pulverização perto da linha de água;

† Mantenha-se informado sobre os produ-tos anti-incrustantes, como Teflon, silicone, poliuretano, e a cera. Passar as informações para seus clientes;

† Usar preferencialmente pincéis e rolos em detrimento da pintura por pulverização;

† Garantir a formação do pessoal que opera o equipamento de pintura por pulverização;

† Formar pessoal para operar o equipamen-to de pulverização de pintura a fim de limitar o excesso de pulverização e reduzir a quanti-dade de tinta por trabalho;

† Misturar tintas, solventes e resinas apenas em áreas interiores ou cobertas, designadas para o efeito;

† Seleccionar as anti-incrustrantes ade-quadas às necessidades, com baixos níveis de biocidas e cobre.

os NoVos biocidAsEstão a ser desenvolvidos novos biocidas, que perdem a toxicidade na água após algumas ho-ras mas mantêm uma elevada eficácia de neu-tralização na camada de tinta.

silicoNesO método baseia-se na tecnologia de elastóme-ro de silicone e funciona através da obtenção de uma superfície lisa e elástica na qual os orga-nismos têm grande dificuldade em aderir, (sem a adição de biocidas ou compostos activos). No entanto, este revestimento tem uma baixa re-sistência à abrasão pelo que a sua limpeza deve ser realizada com precaução.

TiNTAs de bAse AqUosAEm pinturas de protecção (anti-incrustantes) ou decorativas, as tintas de base aquosa são prefe-ríveis às de base solvente, devido ao nível sig-nificativamente inferior de compostos orgânicos voláteis na sua composição.

bioresiNAsO eco epóxi é elaborado a partir de óleo de linha-ça e produtos alimentares. O endurecedor não contém COV ou bisfenol. A resina, excelente para a laminação, é feita com 96% de produtos na-turais e renováveis e curas entre 5 e 15 minutos com a luz UV.

O tributilestanho (TBT) foi o biocida mais utiliza-do no universo marinho mas a degradação das suas moléculas e metabólitos foram considera-dos poluentes, pelo que a sua utilização se en-contra proibida.

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Ancoragem e molhes fixosOs locais mais belos da costa e zonas insulares são uma atracção para a maioria dos velejadores. No entanto, as consequências de uma elevada concentração de embar-cações pode constituir um enorme revés em certos ecos-sistemas locais.

Os prejuízos podem surgir em áreas onde o leito supor-ta espécies ou habitats sensíveis. Uma âncora, quando arrastada por todo o leito do mar, perturba as camadas superiores de sedimento e causa a suspensão localizada de partículas. O arraste também pode causar danos aos habitats e espécies existentes no fundo do mar, cortando plantas ou perturbando crustáceos e bivalves.

O grau de perturbação da ancoragem depende sobretudo da frequência, magnitude e localização das actividades, do tipo de sedimentos e das comunidades bentônicas lo-cais. Obviamente, uma ancoragem isolada não tem um impacto irreversível sobre os fundos, é a multiplicação no mesmo local ou durante tempo prolongado que provoca danos permanentes.

A gestão activa de ancoradouros e a colocação de bóias de amarração fixas em locais estratégicos, pode desem-penhar um papel relevante na limitação da capacidade para barcos de recreio numa determinada área, impondo uma ancoragem apropriada e garantindo vitalidade dos fundos marinhos.

A ancoragem desordenada — âncoras, fateixas, cabos e correntes de amarração a roçar nos fundos — arranca a vegetação marinha e provoca a destruição das comuni-dades que crescem em rochas e recifes.

2.5.

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MAriNefloor É um sistema de cubos modulares em polietile-no de alta densidade, leves mas de elevadíssima resistência, que servem de estacionamento ou atracação de embarcações a seco ou na água. Modificações na configuração ou na localização do sistema são de fácil execução dando ao sis-tema a possibilidade de utilizações e aplicações ilimitadas. O sistema Marinefloor pode ser utili-zado em água salgada ou doce e pode ser man-tido na água durante o inverno, pois encontra-

-se preparado para sobreviver a estados do mar com agitação marítima.

AMArrAÇÃo por bÓiAsA amarração local e permanente permite os ve-lejadores fixarem a sua posição sem deixar cair a âncora. Uma medida eficaz inclui a instalação de pontos de amarração adequados ao fundo mari-nho local, obrigando as embarcações a estacio-nar utilizando o dispositivo de amarração.

† Em áreas sensíveis usar bóias de amarração para visitantes.

bioMAres, UM projecTo life pArA recUperAÇÃo e gesTÃo dA biodiVersidAde MAriNHAA iniciativa Biomares decorre no Parque naturalda Arrábida e alerta para a necessidade de pre-servarmos as pradarias de ervas marinhas. Umadas intervenções mais importantes é a renova-ção dos recursos marinhos, por transplante de plantas colhidas em locais dadores — o Estuário do Sado, o Rio Mira e a Ria Formosa; assim como instalação de amarrações e de uma doca flutu-ante para um acesso seguro das embarcações, que não prejudica a vida marinha no Parque Ma-rinho Professor Luiz Saldanha.

recoMeNdAÇões

† Ao ancorar em fundo de lama ou lodo, manter um pouco de resistência no cabo quando a an-cora tocar no chão, de forma a cravar na posição correcta;

† Evitar agitar o fundo indevidamente ou per-turbar a vegetação e vida selvagem;

† Ao fundear ou atracar manter o ruído no mí-nimo e escolher criteriosamente o local de atra-cagem;

† Ao deixar a zona de ancoragem, lavar a âncora e a corrente;

† Evitar a propagação de espécies aquáticas in-vasoras.

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Águas residuaisA descarga directa de águas residuais em ambientes cos-teiros, provenientes de sanitários portáteis ou tanques de retenção das embarcações, contribui para a degradação da qualidade da água e introduz agentes patogénicos que cons-tituem um perigo para a saúde pública e vida subaquática.

Esta situação é especialmente grave quando as embarca-ções ancoradas servem de residência aos seus proprie-tários. A população flutuante encontra-se normalmente em águas protegidas, onde a renovação da água é limita-da por uma série de constrangimentos hidrodinâmicos, que agravam o tempo de permanência das substâncias poluentes em meio aquático.

A contaminação por descarga directa de águas re-siduais é orgânica, bacteriana e visual.

As instalações náuticas com capacidade de esta-cionamento para embarcações, devem prever a neces-

sidade de disponibilizar um serviço de bombagem para o correto encaminhamento ou tratamento de águas residuais, sejam dispositivos conectados à rede de sa-neamento municipal ou, na sua ausência, a dispositivos de tratamento que cumpram as normas regulamentares vigentes.

O equipamento para a transfega de águas residu-ais e cinzentas pode ser constituído por uma estação de bombagem fixa, uma instalação de bombagem móvel ou uma carrinha equipada para remoção e transporte de la-mas.

boMbA MÓVel

criTÉrios de escolHA k Número de embarcações residentes, de porte, que não se podem mover;

k Custo demasiado elevado para ligação à rede de saneamento.

k Numerosas escalas; k Acesso difícil à bomba móvel (pontões

pouco saudáveis).

coNsTrANgiMeNTos k A bomba e o reservatório devem ser transportados, em reboque/trailer ou barco;

k Intervenção de pessoal qualificado; k Limitação de peso sobre os pontões

flutuantes; k Esvaziamento do reservatório na rede de

águas residuais.

k Risco de filas de espera; k Definir bem o local da instalação:

acessível e estratégico.

boMbA fiXA

2.6.

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A utilização dos sanitários em terra, é sem duvida, o melhor método de gerir as águas residuais das embarcações estacionadas, sendo sempre útil encorajar visitantes e “re-sidentes” a utilizarem, sempre que possível, as instalações sanitárias da base náutica.

As águas residuais diminuem a quantidade de oxigénio disponível para a vida aquática e introduzem um excesso de nutrientes que provoca a proliferação de algas. Além de limi-tarem a quantidade de luz solar que penetra a superfície da água, as algas, quando morrem, são decompostas por bactérias que reduzem ainda mais a quantidade de oxigénio existen-te. As águas residuais brutas podem também introduzir bactérias e vírus que, se ingeridas, podem causar doenças como a febre tifóide, a hepatite, a cólera e gastroenterites.

ágUAs ciNzeNTAsAlém das águas negras, a descarga directa de águas cinzentas provenientes de chuveiros e lavatórios, representa ainda que em menor escala, uma contribuição para o empobre-cimento da qualidade da água e dos ecos-sistemas locais. No entanto, os velejadores que pretendem preservar o ambiente podem encontrar no mercado produtos de limpeza 100% biodegradáveis em 28 dias, e que são fabricados com base em agentes naturais, vegetais ou minerais.

UTilizAr prodUTos de liMpezA biodegrAdáVeisO impacto negativo da descarga de águas cinzentas directamente na água pode ser re-duzido em grande medida, usando produtos de limpeza e higiene pessoal, praticamente 100% biodegradáveis num período relativa-mente curto de tempo.

recoMeNdAÇões

† Escolher um local acessível para a estação de bombagem e recolha de resíduos;

† Manter e fiscalizar regularmente o siste-ma de bombagem para o conservar em boas condições de funcionamento;

† Disponibilizar instalações sanitárias con-fortáveis com chuveiros;

† Afixar sinaléctica que identifique a esta-ção de bombagem, sua localização e horário de funcionamento;

† Fornecer o serviço em horários conve-nientes e com um custo razoável;

† Implementar um sistema de inspecção regular, com cronograma de manutenção para a bomba de serviço;

† Aplicar os regulamentos nacionais, regio-nais ou locais existentes relativos aos dispo-sitivos de saneamento e às descargas ilegais de águas residuais a partir de embarcações;

† Disponibillizar aos velejadores uma lista de estações de bombagem locais.

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Resíduos perigososUma base náutica com capacidade para receber, estacionar e reparar embarcações deve preparar um plano de gestão de resíduos e disponibilizar instalações para o acondicio-namento de resíduos perigosos, em segurança. Os resíduos inflamáveis, corrosivos, reactivos ou tóxicos podem causar impactos ambientais graves se descartados de forma ina-dequada.

Se a base náutica estiver localizada dentro de uma área com jurisdição portuária, a principal responsabilidade recai sobre esta autoridade. No entanto, como operador indivi-dual, deverá cooperar na elaboração de um plano integrado para o encaminhamento dos seus resíduos. Se a instalação se situar fora de uma autoridade portuária, então terá a responsabilidade individual de produzir um plano e subme-tê-lo às autoridades competentes para aprovação.

O plano deve identificar os tipos e volumes de resíduos produzidos para eliminação ou reciclagem. Um número significativo de diferentes tipos de resíduos são produzi-dos, tanto por velejadores como trabalhadores, pelo que resulta obrigatório designar uma zona contígua ou próxi-ma à zona de manutenção das embarcações e acessível aos usuários, para a sua disposição adequada, isto é, uma zona coberta e protegida das intempéries, devidamente impermeabilizada de forma a reter eventuais derrames ou fugas acidentais.

No parque de resíduos, os contentores devem estar iden-tificados e preparados para a recolha segregada de resí-duos perigosos — tintas, solventes, restos de tinta ras-pada, produtos anti-incrustrantes, baterias, óleo usado e sinais pirotécnicos. O correto acondicionamento dos resíduos deve ser efectuado através de contentores ou outras embalagens de elevada resistência, atendendo ao estado de conservação, capacidade de contenção e aos eventuais problemas associados ao empilhamento das embalagens.

eMbAlAgeNs e resídUos de eMbAlAgeNsOs óleos usados, filtros de óleo, solventes, tintas, emba-lagens contaminadas com substâncias perigosas e outros resíduos perigosos passíveis de derrame são colocados em recipientes próprios sobre paletes de retenção. Deste modo previne-se a contaminação do solo.

A actividade de recolha/transporte de óleos usados só pode ser realizada por operadores com número de re-gisto atribuído pelo Instituto de Resíduos.

ANTicoNgelANTe: propileNo e eTileNo glicol O anticongelante é um composto orgânico (água + mo-no-etilenoglicol) que contém diversos metais pesados, entre eles o chumbo, o que torna um resíduo tóxico e perigoso.

O fluído deve ser mudado segundo os intervalos in-dicados no livrete de manutenção do motor, e o liquido utilizado armazenado em embalagem estanque identifi-cada no parque de resíduos. A recolha deve ser realizada por entidade autorizada e a sua regeneração e/ ou inci-neração efectuar-se em instalações autorizadas.

Os resíduos deverão ser transportados por pessoal de fir-ma licenciada e depositados em instalações certificadas para tratamento ou reciclagem de resíduos perigosos. Caso os resíduos não sejam encaminhados, tratados ou eliminados correctamente, poderão afectar águas super-ficiais, solo e lençóis freáticos, com graves consequências na vida de plantas, peixes, crustáceos e aves, e em ultima instância mas não menos importante, na saúde publica.

2.7.

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GUIA PARA A GESTÃO AMBIENTAL DE CENTROS NÁUTICOS

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resiNAs epÓXi e poliÉsTerCatalisar e eliminar como resíduo sólido, desde que seco, duro e sem libertação de líquido.

bATeriAs e AcUMUlAdores Disponibilizar pilhões para a recolha de pilhas e acumuladores usados (baterias de telemóvel, por exemplo) ou entregue nos locais de venda. Os retalhistas têm de aceitar, sem en-cargos adicionais, as baterias e acu-muladores usados dos consumidores que lhes comprem produtos idênti-cos.

lâMpAdAs: flUoresceNTes e VApor de MercúrioNão podem ser depositadas no con-tentor do lixo indiferenciado, mui-to menos no vidrão, pois contêm substâncias perigosas que devem ser recolhidas separadamente. Entre-gue sem qualquer custo no estabe-lecimento onde vai comprar a nova. Também pode depositá-la nos cen-tros de recolha de resíduos de equi-pamento eléctrico e electrónico, ou nos ecocentros que as aceitam.

TiNTeiros e ToNersTem como base a recolha destes consumíveis informáticos vazios — tinteiros e toners de impressoras e faxes.

recoMeNdAÇões

† Elaborar um plano de gestão de materiais perigosos e manter os re-gistos de armazenamento durante um período mínimo de 3 anos;

† Armazenar materiais perigosos em superfícies cobertas e imperme-áveis;

† Limpar quaisquer derrames ou fugas rápida e correctamente;

† Disponibilizar material para o controle de derrames;

† Contratar empresa credenciada para remoção periódica de resíduos perigosos;

† Separar os resíduos garantindo que apenas materiais perigosos são tratados como tal;

† Designar um responsável para gerir situações de emergência e pro-videnciar formação ao pessoal que trabalha com materiais e resíduos perigosos;

† Seguir os procedimentos de emergência em caso de derrame ou incêndio.

perigosidAde dos resídUosAs embalagens vazias destes pro-dutos devem ser separadas de acordo com o seu material e en-tregues a um operador de gestão de resíduos devidamente licen-ciado para a gestão deste tipo de resíduos.

Os resíduos destas emba-lagens podem ser geridos atra-vés de um sistema de consigna-ção devidamente licenciado ou, a partir de 1 de Janeiro de 2010, através do Sistema Integrado.

CORROSIVO

INFLAMÁVEL

ExPLOSIVO

PERIGOSO PARA O AMBIENTE

MUTAGÉNICOOU TÓxICO PARA A REPRODUçãO

COMBURENTE

GASES SOB PRESSãO

NOCIVO

TÓxICO

ANTIGO NOVO

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3.1. Acolhimento de estagiários e colaboradores temporários3.2. A qualificação dos profissionais da náutica de recreio 3.3. Educação e sensibilização de praticantes e visitantes3.4. Organização de eventos e manifestações desportivas3.5. Exemplos de uma actuação global no Espaço Atlântico

COMUNICAÇÃO

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Acolher estagiários e colaboradores sazonaisA decisão de acolher um estagiário ou criar um emprego temporário requer uma fase de planeamento, caso pretenda encontrar a pessoa com as competências adequadas às fun-ções a desempenhar. Antes de mais, faça com que se sintam bem vindos, explique-lhes a política da organização e apre-sente-os aos restantes elementos da equipa de trabalho.

A entidade de acolhimento deve definir um perfil de co-laborador remunerado ou voluntário, adequado a cada função. Na selecção importa ter em conta as suas condi-ções físicas e psíquicas, características de personalidade, percurso anterior, habilitações e vocação. Como tal, é indispensável uma entrevista pessoal.

O nosso comportamento ao comunicar influencia o do interlocutor, e vice-versa. A postura física, o tipo de dis-curso, a atenção que prestamos, a empatia que transmi-timos, são factores que vão determinar a informação que conseguimos obter e fazer passar, podendo estimular o estagiário ou colaborador a exprimir-se ou, pelo contrá-rio, intimidá-lo e desmotivá-lo.

Mais do que vigiar e corrigir, pretende-se promover a formação, o desenvolvimento pessoal e a permanente actualização de todos os colaboradores, remunerados e voluntários. O resultado final é uma melhor gestão dos recursos humanos e um serviço de maior qualidade, centrado no objectivo de satisfazer as necessidades e expectativas dos nossos clientes e tendo em conta que esse objectivo só é possível com a adesão, a preparação, empenho e sentido de responsabilidade de todos os co-laboradores.

Arquivar uma cópia da avaliação sobre o programa de estágio (e porque não para um colaborador temporário) é especialmente útil no momento em que é necessário elaborar procedimentos idênticos no futuro, seja alte-rando ou actualizando o programa de forma a proteger e privilegiar as necessidades da instituição de acolhimento. Mesmo que não exista um real interesse em oferecer um emprego ao estagiário/colaborador, é importante que eles tenham uma experiência positiva, para que fora do universo da sua organização ecoe um opinião positiva so-bre a sua empresa.

3.1.

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os estagiários ou colaboradores podem trabalhar numa variedade de funções no seio de uma organização. exem-plos de responsabilidades e áreas onde podem aprender e colaborar:

coNsTrUÇÃo e repArAÇÃo k Participar em tarefas de construção, reparação e ma-

nutenção de pranchas de surf e embarcações de fibra de vidro ou madeira;

k Assistir em tarefas de carácter técnico relacionadas com a manutenção, reparação e adaptação de equipa-mentos diversos, nas áreas de electricidade, electrónica e mecânica;

k Assegurar o regular funcionamento dos motores e equipamentos eléctricos presentes a bordo das embar-cações;

k Projectar um plano de pintura e escolher os materiais mais adequados de acordo com as características espe-cíficas da embarcação.

gesTÃo de projecTos k Aplicar um sistema de planificação e operacionaliza-

ção de qualquer tipo de evento de carácter marítimo--turístico;

k Criar e aplicar planos, programas, projectos e activi-dades de organização de eventos em turismo náutico;

k Conceber actividades de animação e de interpretação ambiental em contexto marítimo;

k Conhecer e interpretar contextos naturais e culturais na linha de costa ao nível do património histórico-cultu-ral e património de fauna/flora.

coMUNicAÇÃo e MArKeTiNg k Organizar listas de contactos (fornecedores, clientes, en-

tidades associadas); k Desenvolver uma estratégia criativa e um plano de media.

Desenvolvimento e promoção de produtos turísticos ligados à Náutica de Recreio e Turismo Náutico;

k Incluir informação sobre boas praticas nas suas newslet-ters, promovendo a dedicação dos seus clientes;

k Analisar os resultados de campanhas publicitárias rea-lizadas.

áreA coMerciAl k Vendas e atendimento ao cliente; k Preparar tabelas de preços e orçamentos; k Assistir na elaboração de apresentações e contratos

comerciais. Certifique-se de incluir o seu estagiário em sessões informativas;

k Contactar o cliente após venda para aferir a sua satis-fação. Resolução de conflitos.

edUcAÇÃo e forMAÇÃo k Participar na actividade de recrutamento de pratican-

tes da modalidade; k Adquirir e praticar competências básicas do treinador.

Assistir treinadores mais qualificados na condução de sessões de treino;

k Registar a actividade de treino e de competição rela-cionada com os praticantes;

k Auxiliar na preparação e participação dos desportistas em competições. É capaz de aplicar técnicas elementares de primeiros socorros e de suporte básico de vida e de identificar os estados traumáticos que justificam o re-curso a agentes especializados em turismo de produtos náutico;

k Acolhimento e comunicação com estrangeiros.

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A qualificação dos profissionais da náutica de recreioNo mundo actual, fortemente concorrencial e globalizado, os recursos humanos são um dos factores de maior des-taque para o sucesso ou insucesso de uma organização. Para serem competitivas, devem valorizar o processo de formação contínuo e o desenvolvimento profissional dos seus colaboradores, enquanto componente indispensável à evolução organizacional.

A concepção tradicional, segundo a qual a formação profissional se assume como um custo e não como um investimento que resulta em diversos benefícios, cria si-tuações de constrangimento nas empresas, levando-as a desvalorizá-la e, como tal, a não investir na qualificação dos seus trabalhadores, facto que compromete, inevita-velmente, a competitividade.

É fundamental a aposta na aprendizagem ao longo da vida, com a inerente valorização dos recursos humanos e o consequente desenvolvimento das competências, quer a nível individual, quer colectivo, enquanto factor indis-pensável ao sucesso, não só dos trabalhadores, como das próprias empresas.

A formação profissional deverá contemplar jovens e adultos, independentemente dos níveis de qualificação, permitindo a igualdade de oportunidades na melhoria das competências e das condições de trabalho

3.2.

Page 43: Gestão Ambiental de Centros Náuticos

coNsTrUÇÃo e repArAÇÃo NAVAl

cArpiNTAriA NAVAl1.020 horas

Actividades relacionadas com a reparação e manutenção de embarcações de madeira ou fibra de vidro. Permite o ingresso no itinerário de Qualificação Nível 2 como Operador de Construção naval.

operAdor de coNsTrUÇÃo e repArAÇÃo NAVAl925 horasEntre 850 e 1.900 horas3.000 horas

Actividades relacionadas com a construção, reparação ou adaptação de qualquer parte de embarcações de madeira e/ ou fibra de vidro, mediante a interpretação de planos, mapas, moldes, croquis e outros documentos técnicos.

TÉcNico de coNsTrUÇÃo NAVAl4.000 horas

Actividades relacionadas à gestão, planeamento e implementação de obras de construção, reparação ou adaptação de qualquer parte de embarcações de madeira e/ ou fibra de vidro.

cUrso TÉcNicode elecTricidAde NAVAl

O Técnico de Electricidade Naval é o profissional qualificado apto a desempenhar tarefas de carácter técnico relacionadas com a instalação, manutenção e reparação de máquinas e equipamento eléctrico e electrónico nas áreas de electricidade, electrónica e automação, específicas da actividade naval, respeitando as normas de higiene e segurança e regulamentos específicos.

cUrso de TÉcNico de MecâNicA NAVAl

O Técnico de Mecânica Naval é o profissional qualificado apto a regular, conduzir e reparar motores diesel, máquinas alternativas a vapor e outras máquinas, bem como aparelhagem auxiliar a bordo de embarcações, sendo responsável pelo seu bom funcionamento.

cUrso TÉcNicode MecATrÓNicA

O Técnico de Mecatrónica é o profissional qualificado apto a desempenhar tarefas de carácter técnico relacionadas com a manutenção, reparação e adaptação de equipamentos diversos, nas áreas de electricidade, electrónica, controlo automático, robótica e mecânica, respeitando as normas de higiene e segurança e os regulamentos específicos.

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NAVegAÇÃo coM gpsEntre 25 e 75 horas

k Permite a actualização ou aperfeiçoamento em técnicas de sistema de detecção G P S.

áreA MAríTiMA

priMeiros socorros A bordo30 horas

k Permite a actualização, reciclagem ou aperfeiçoamento técnico para ministrar os primeiros socorros a bordo.

coNTrolo de operAÇões decoMbATe A iNcÊNdios30 horas

k Permite a actualização, reciclagem ou aperfeiçoamento técnico para controlar operações de combate a incêndios.

sAúde HigieNe esegUrANÇA No TrAbAlHo50 horas

k Permite a actualização, reciclagem ou aperfeiçoamento em saúde, higiene e segurança no trabalho.

priNcipiANTe15 horas

k Permite dirigir uma embarcação local com um comprimento máximo de 5 metros, em navegação diurna vista da costa, até 1 milha da borda de água, com uma potência máxima de 4,5 kW (cerca de 6,5 CV).

NáUTicA de recreio

MAriNHeiro30 horas

k Permite dirigir uma embarcação com um comprimento máximo de 7 metros, em navegação diurna vista da costa, até 3 milhas desta e até 6 milhas de um porto de abrigo, com uma potência máxima de 45 kW (cerca de 65 CV).

pATrÃo locAl15 horas

k Permite comandar uma embarcação sem limite de comprimento, em navegação vista da costa, até 5 milhas desta e até 10 milhas de um porto de abrigo, sem limite de potência.

pATrÃo de cosTA65 horas

k Permite comandar uma embarcação sem limite de comprimento, em navegação costeira, até 25 milhas da costa, sem limite de potência.

pATrÃo de AlTo MAr125 horas

k Permite comandar uma embarcação sem limite de comprimento, em navegação oceânica, sem limite de afastamento da costa, sem limite de potência.

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FORMAR — Centro de Formação Profissional das Pescas e do MarITN — Instituto de Tecnologias NáuticasFPV — Federação Portuguesa de VelaFPC — Federação Portuguesa de CanoagemFPS — Federação Portuguesa de SurfFPR — Federação Portuguesa de RemoFPAS — Federação Portuguesa de Actividades Subaquáticas

NíVel i80h formação + 552h estágio

k Treinador das etapas elementares de formação desportiva sob supervisão. k Treinador Adjunto de treinadores com qualificação igual ou superior em todas as

etapas de formação desportiva.

cUrsos de TreiNAdor — federAÇões desporTiVAs

NíVel ii120h formação + 828h estágio

k Treinador de todas as etapas da carreira desportiva. k Coordenador da actividade de Treinadores do mesmo grau ou inferior. k Treinador adjunto de treinadores com qualificação igual ou superior em todas as

etapas de formação desportiva, incluindo o mais alto nível da modalidade.

NíVel iii180h formação + 1104h estágio

k Treinador de praticantes do mais alto nível da modalidade, ou de qualquer outro nível de prática e em qualquer etapa de formação.

k Coordenador da actividade de Treinadores do mesmo Grau ou inferior. k Treinador adjunto de treinadores com qualificação igual ou superior.

NíVel iV270h formação + 1535h estágio

k Treinador de praticantes do mais alto nível da modalidade, ou de qualquer outro nível de prática e em qualquer etapa de formação.

k Coordenador da actividade de Treinadores do mesmo Grau ou inferior e coorde-nador de equipas técnicas pluridisciplinares enquanto Director Técnico de Clube, Associação ou Federação, Coordenador Técnico de Selecções Regionais e Nacionais.

k Coordenador de programas de formação em exercício de treinadores desportivos.

eNTidAdes forMAdorAs

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Educação e sensibilização de praticantes e visitantes“A educação ambiental é um processo permanente no qual os indivíduos e as comunidades adquirem consciência do seu meio e adquirem os conhecimentos, os valores, as com-petências, a experiência e também a determinação que os capacita para actuar, individual e colectivamente, na reso-lução dos problemas ambientais presentes e futuros”.

o Atlântico Nordeste é, de facto, um dos mares mais ricos do mundo, mas também um dos mais explorados.

A crescente degradação do ambiente marinho e dos seus ecossistemas ameaçam a terra, seja por acção da pres-são da sobrepesca e do crescente tráfego marítimo, seja devido à extracção ilimitada de recursos ou à continua deposição de resíduos. A preservação das zonas costeiras e a manutenção dos seus recursos só é possível através de uma gestão que integre objectivos de natureza ambiental, económica e social, e da efectiva participação das pessoas e grupos sociais mais directamente implicados, com destaque para as populações locais.

As actividades náuticas, dada a sua relação com a natu-reza, são um instrumento essencial na promoção e valo-rização do património natural. São uma ferramenta efec-tiva que permite um grande número de pessoas aprender a descobrir, apreciar, proteger e preservar a flora e fauna do meio ambiente marinho.

Aprender a amar o ambiente marinho, por vezes requer uma actividade recreativa. A diversidade de actividades náuticas permite chegar a toda a população independen-temente da idade, do sexo ou da cultura. Muitos destes desportos aquáticos são igualmente acessíveis a pessoas com algum tipo de limitações psíquicas ou motoras.

3.3.

Page 47: Gestão Ambiental de Centros Náuticos

AcÇÃo práTicA Direccionada para a aprendizagem, é uma abordagem focada na mudança e na melhoria do meio ambiente. Os participantes agem sobre um determinado problema, concretizando acções concretas com o objectivo de al-cançar um melhor ambiente para todos.

† Um exemplo típico são as campanhas de “Limpeza de Praias”.

eXperiÊNciAs NA NATUrezAAs abordagens experimentais, frequentemente associa-das a actividades de educação ambiental que inspiram os alunos a cuidar do meio ambiente, incentivando o con-tacto e exploração da natureza.

† The Foundation for Environmental Education † + informações em: www.fee-international.org

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seNsibilizAÇÃo AMbieNTAlDespertar a sensibilidade ambiental é o primeiro passo para suscitar a curiosidade e o interesse dos mais novos sobre as questões ambientais. A compreensão da dimen-são e consequências dos principais fenómenos ambien-tais e climáticos é fundamental para o desenvolvimento de consciências que respeitem a natureza e o meio am-biente.

† Mensagens impressas em anúncios e artigos na im-prensa escrita; em mobiliário urbano (ex. MUPI); folhe-tos, autocolantes, postais, sacos de lixo, palas para o sol, camisolas, livros ou brochuras com informações para sensibilizar e informar o público sobre as questões do ambiente.

pesqUisA de iNforMAÇÃo Os participantes são estimulados a fazer perguntas sobre um determinado tema ambiental, reunindo informação ou materiais que permitam ilustrar determinada temá-tica. Esta actividade pode ser realizada com o auxilio a inquéritos, recolha de dados ou materiais, contagem ou medição de diferentes elementos ou partes da praia ou margem, por exemplo.

† Participação no programa “CoastWatch” , organização de ateliers didácticos com experiências lúdicas e pintura, realização de painéis informativos e sinalética, vídeos.

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Organização de eventos e manifestações desportivas O evento é uma forma de comunicar que exerce uma forteinfluência sobre o comportamento de participantes e es-pectadores. Um evento sustentável preserva os recursos naturais, apoia os seus parceiros e agrega valor à economia local, participando na educação dos intervenientes sobre os benefícios da sustentabilidade.

Apesar dos eventos de maior dimensão terem uma res-ponsabilidade acrescida na implementação de práticas sustentáveis, não se deve menosprezar o valor do po-tencial contributo que pequenas organizações e eventos podem agregar à conservação do ambiente.

Devido à natureza sensível do meio onde se realizam estetipo de provas e actividades, devem ser privilegiados os locais normalmente utilizados para a pratica desportiva, com estruturas de apoio funcionais, que excluem a ne-cessidade de instalar estruturas adicionais de grandes di-mensões. Dependendo da abrangência geográfica e pro-jecção do evento, as emissões de CO2 decorrentes das deslocações de/para o local de prova, podem ser outro dos principais problemas para a organização.

A alimentação ou catering é uma área onde mesmo os pequenos eventos podem reduzir significativamente os impactos, e ao mesmo tempo, melhorar a experiência do espectador. A possibilidade de oferecer alimentos de ori-gem local e sazonal, permite limitar os problemas asso-ciados ao transporte, reduzir os resíduos de embalagens e contribuir para a economia local.

Em outro plano, a comunicação deve desempenhar um papel importante na divulgação das medidas e resultados alcançados durante o evento, na ilustração das iniciativas complementares de sensibilização e educação ambiental, e no envolvimento de toda uma comunidade que valoriza a conservação dos seus recursos naturais.

3.4.

Page 49: Gestão Ambiental de Centros Náuticos

coMbUsTíVele lUbrificANTes

k Garantir que o reabastecimento é realizado em áreas seguras; k Quando o reabastecimento é feito na água, deve usar-se funis ou

injectores anti-derrame, por questões de segurança.

AcTiVidAde

AbAsTeciMeNTo

bArcos de Apoio k Assegurar que as embarcações estão equipadas com kits anti-derrame.

deTriTos A bordo k Garantir que nenhum resíduo é arremessado para a água; k Fornecer aos concorrentes um saco / recipiente para guardar a

bordo o lixo em segurança.

bArcos de coMpeTiÇÃoe bArcos de Apoio

opÇões AMbieNTAis

AcTiVidAdes NA ágUA

coNsUMo de ágUA k Utilizar de preferência água da chuva colectada e armazenada; k Encaixar obstrução que permita ligar e desligar automaticamente

o fluxo de água na mangueira.

AcTiVidAde

lAVAgeM de eMbArcAÇões

recoMeNdAÇões

AcTiVidAdes eM TerrA

bAlNeários e Wc's k Usar torneiras e chuveiros com interruptor de fluxo temporizado; k Usar sensores de descarga em urinóis.

gesTÃo de resídUos

k Tentar atender às necessidades dos atletas e da organização, garantindo uma produção de resíduos mínima;

k Evitar o uso de copos e pratos descartáveis; k Usar alimentos produzidos localmente, sempre que possível; k Evitar produtos embalados individualmente.

forNeciMeNTo de AliMeNTos e bebidAs

eMbAlAgeM de bebidAs k Fornecer garrafas de bebidas recarregáveis aos atletas, garantindo a disponibilidade de água corrente e potável no local.

k Garantir a manutenção da embarcação, descarte adequado dos resíduos usando receptáculos para reciclagem ou para resíduos perigosos. Garantir que os mesmos estão devidamente assinalados.

MANUTeNÇÃo de eMbArcAÇÃo

ViAgeNs de idA, dUrANTe e regresso ApÓs o eVeNTo

k Privilegiar o uso de transportes públicos e a partilha de viaturas.eMissões

pUblicAÇõese resUlTAdos

k Utilizar website e email, quando possível, para comunicar antes e após o evento;

k Permitir o registo electrónico dos atletas para o evento.

pApel

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Exemplos de uma actuação global no Espaço AtlânticoO projecto europeu NEA2 visa o desenvolvimento sustentável e coordenado do conjunto da fileira náutica nas regiões da faixa atlântica, através de um reforço de cooperação baseado em três eixos temáticos: desenvolvimento económico, protec-ção do meio ambiente e coesão social. O projecto NEA2 inclui 23 parceiros de cinco países. Visite www.nea2.eu

Surf Bus

pArceiros: NorTH deVoN +

Os surfistas e ciclistas de North Devon têm agora uma alternativa acessível para viajar e transportar o seu material desportivo.

O Surf&Cycle Bus é uma iniciativa da North Devon +, a empresa regeneração económica de North Devon e Exmoor, e tem como objectivo facilitar a acessibilidade dos jovens às praias e à pratica de actividades náuticas, reduzindo o tráfego nas estradas do litoral e incenti-vando o turismo sem viaturas.

O autocarro de dois andares foi convertido para guar-dar pranchas de surf ou bicicletas na parte de baixo, enquanto o piso superior proporciona uma capacidade de até 47 passageiros. Desloca-se de Abril a Outubro, e percorre o seguinte itinerário: Barnstaple, Braunton, Saunton, Croyde, Georgeham Cruz, Woolacombe e Il-fracombe.

3.5.

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pArceiros: NAUTisMe eN breTAgNe

A Fête du Nautisme é uma incontornável celebração à volta do lazer e dos desportos náuticos, que ocorre anualmente no litoral, planos de água interiores e rios de toda a França.

O programa contempla uma série de actividades — baptismos, demonstrações, desfiles de barcos, open days, exposições e concertos, exibições de filmes, workshops e encontros com os campeões, visitas a barcos de património, etc.; e reúne intervenientes do sector náutico e da sociedade civil, num evento de ca-rácter festivo e amigável, que alia diversos desportos náuticos à descoberta do património marítimo e cul-tural.

A festa decorre durante um fim de semana de Maio e conta com a participação de centenas de agentes lo-cais e milhares de voluntários. Para saber mais sobre os locais e a programação da próxima edição, aceda ao website do evento e seleccione o seu departamento ou qualquer actividade náutica.

† + informações em: www.fetedunautisme.com

Fête du Nautisme

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pArceiros: NAUTisMe eN fiNisTère, cg fiNisTère, dipUTAcioN de poNTeVedrA, di-

pUTAcioN de A corUñA, Mid-WesT regioNAl AUTHoriTy, NorTH deVoN+, AssociA-

TioN des porTs de plAisANce de breTAgNe, Ad elo

No âmbito da vertente ambiental do projecto nautisme espace atlan-tique concretizaram-se cerca de 80 auditorias energéticas a bases náuticas e portos de recreio das regiões atlânticas. Embora tendo sido empregues diferentes metodologias, esta acção conjunta permitiu in-ventariar equipamentos, analisar os perfis de consumo das instalações, elaborar planos de acção e instalar equipamentos com vista à redução de consumos e despesas correntes.

pArceiros: dipUTAciÓN de HUelVA

Esta iniciativa reuniu em Ayamonte cerca de 150 profissionais de enti-dades públicas, associativas e privadas, e teve como objectivo central o intercâmbio de experiências entre os vários intervenientes do sector da náutica de recreio nas regiões da Andaluzia e Algarve.

† introduzir as disciplinas náuticas na educação das camadas mais jovens; † estimular a inovação no segmento da náutica de recreio; † promover o desenvolvimento de produtos turísticos integrados.

A posição geoestratégica de Cádiz, Huelva e do Algarve, porta de entrada para o Atlântico e Mediterrâneo, é um argumento suficientemente forte para aproximar as instituições das regiões, no sentido de estabelecer sinergias e dinâmicas de trabalho conjunto que permitam orientar o sector para um crescimento sustentado.

Simpósio Internacional Náutica, Ambiente e Turismo

Melhoria da qualidade ambiental das estruturas náuticas

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pArceiros: iNTercÉlTicA, icU, cg MANcHe, dip. corUNHA, Ad elo, ciM AlTo MiNHo

Esta operação de eco-cidadania conseguiu mobilizar dezenas de es-colas, clubes náuticos, movimentos associativos e populares, para um movimento europeu que culminou na recolha de 15 toneladas de detri-tos por cerca de três mil pessoas que percorreram as costas e margens das regiões aderentes.

Simultaneamente foram proporcionadas aos praticantes diversas ex-periências náuticas (canoagem, kitesurf, remo, surf, vela, etc.), con-tribuindo desta forma para o alargamento da base de praticantes das modalidades náuticas.

NEA2Iniciativa Oceanos

pArceiros: porTos de gAliciA e XUNTA de gAliciA

Os Portos da Galiza organizaram duas jornadas que permitiram reunir cerca de 120 profissionais. As jornadas permitiram apresentar os proce-dimentos e critérios utilizados na atribuição do galardão Bandeira Azul em marinas e portos de recreio e debater uma série de iniciativas com-plementares: informação e educação ambiental, serviços e segurança nas instalações, qualidade da água e gestão ambiental. Esta estratégia resultou em 8 novas bandeiras azuis hasteadas nos portos de recreio da região galega.

A rede NEA2 participa ainda, por intermédio da Associação dos Portos de Recreio da Bretanha (APPB), no grupo de trabalho estabelecido pelo Co-mité Europeu de Normalização (CEN), para o desenvolvimento de uma norma europeia de certificação ambiental para os portos de recreio.

Xornadas da Bandera Azul nas instalacións náutico recreativas de Galicia

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f icHA TÉcNicA

F iNTercÉlTicA — ASSOCIAÇÃO CULTURAL, DESPORTIVA E TURÍSTICA

6 Praça D. Afonso V, nº 120 8 226 166 290 5 [email protected] 4150 — 024 PORTO | PORTUGAL d 226 166 299 7 www.projectonautica.com

Edição: INTERCÉLTICA — Associação Cultural, Desportiva e Turística

Coordenação: Guilherme Guimarães, João Zamith e Rui Dias

Ano: 2012 Tiragem: 500 exemplaresISBN: 978-989-97859-1-5 Impressão: Gráfica Casa dos RapazesDesign: Edgar Afonso

INVESTINDO NO NOSSO FUTURO COMUM!

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