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Educação Ambiental em Jardins Botânicos Educação Ambiental em Jardins Botânicos

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Educação Ambiental em Jardins BotânicosEducação Ambiental em Jardins Botânicos

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Educação Ambiental em Jardins Botânicos

Diretrizes para Desenvolvimento de Estratégias Individuais

Rio de JaneiroRio de Janeiro

20032003

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Botanic Gardens Conservation InternationalBotanic Gardens Conservation InternationalDescanso House, 199 Kew Road, Richmond, SurreyTW9 3BW, Reino UnidoCopyright © 1994 BGCI. Todos os direitos reservados.

Gerente de projeto, editora e autora: Gerente de projeto, editora e autora: Julia WillisonEditora e autora consultora:Editora e autora consultora: Jane GreeneAssistente de projeto:Assistente de projeto: Ailene IsafDesign:Design: Watermark Communications Group Ltd.

Nossos agradecimentos especiais a: Adam Adamou,Ally Ashwell, Constanza Ceballos, Malcolm Cox, IanEdwards, Nieves Gonzalez-Henriquez, Bill Graham,Valerie Humprey, Lucy Jones, Barrie Low, EdelmiraLinares, Nouhou Ndam, Monique Paternoster,Ângela Royal, Andrew Smith, Francisco Villamandos,Peter Wyse Jackson, Sergio Zalba.

Coordenadora da versão em português: Coordenadora da versão em português: TâniaSampaio PereiraTradução: Tradução: Teresa CunhaRevisão de texto: Revisão de texto: Liana FortesDiagramação e editoração eletrônica: Diagramação e editoração eletrônica: Alice Fortes

Willison, JuliaEducação Ambiental em Jardins Botânicos: Diretrizes para Desenvolvimento de Estratégias

Individuais/ por Julia Willison. Ed. cons. Jane Willison. Ed. cons. Jane Greene. Rio de Janeiro:Rede Brasileira de Jardins Botânicos, 2003.

Algumas experiências do JBRJ no fim do volume.

1. Educação ambiental. 2. Jardins Botânicos. I. Título.

Esta publicação tem apoio do projeto

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Educação Ambiental em Jardins Botânicos

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Educação Ambiental em Jardins Botânicos

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Índice

ApresentaçãoApresentação 88ResumoResumo 1010

1.1. IntroduçãoIntrodução 12121.1 A respeito destas diretrizes 121.2 Por que publicar diretrizes? 121.3 Metas a serem alcançadas 131.4 Os usuários 13

2.2. Educação ambiental – o papel dos jardinsEducação ambiental – o papel dos jardinsbotânicosbotânicos 1414

2.1 Contexto internacional 142.2 Educação ambiental em jardins botânicos 15

3. 3. Como desenvolver uma estratégia de educa-Como desenvolver uma estratégia de educa-ção ambiental para o seu jardim botânico 17ção ambiental para o seu jardim botânico 17

3.1 Elementos vitais de uma estratégia educativa 17

3.1.1 Definição da mensagem 183.1.2 Identificação dos grupos-alvos 193.1.3 Recursos e instalações 203.1.4 Conhecimento prévio 213.1.5 Atitudes e comportamento 223.1.6 Habilidades 223.1.7 Desenvolvimento de programas 22

4.4. Abordagens educacionaisAbordagens educacionais 23234.1 Como determinar a abordagem 234.2 Como transmitir sua mensagem 234.3 Igualdade de oportunidades na educação 244.4 Motivação – uma abordagem centrada

no aluno 244.5 Aprendizagem através da experiência 25

5. 5. Como implementar um projeto educativo 26Como implementar um projeto educativo 265.1 Planejamento do projeto 265.2 Disponibilização de recursos educacionais 265.3 Projetos externos 265.4 Avaliação de projetos educacionais 275.5 Treinamento e suporte para instrutores 27

6. 6. Marketing, levantamento de recursos Marketing, levantamento de recursos financeiros e publicidadefinanceiros e publicidade 3030

6.1 Marketing 306.1.1 Pesquisa de mercado 306.2 Levantamento de recursos financeiros 316.2.1 Elaboração de propostas para

levantamento de recursos financeiros 316.3 Publicidade eficaz 326.3.1 Informações regulares e boas relações

públicas 326.3.2 Avaliação e reapreciação 33

7. Desenvolvimento de redes7. Desenvolvimento de redes 3434

8. Conclusão8. Conclusão 3535

Estudos de CasoEstudos de Caso 36361. Projeto Bronx Green-up 362. Apreciação da natureza através do ensino

da horticultura 383. Como projetar jardins para a educação 404. Treinamento de professores 425. Trabalho com voluntários 446. Atendimento a pessoas com necessidades

especiais 467. Para encurtar distâncias na Terra 488. Implementação de uma biblioteca educativa 509. Maletas portáteis para ensino de botânica

no México 5210. Placas de sinalização econômicas 5411. Soluções modelo 5612. A necessidade de explicar 5813. Visita orientada para educadores 6 114. Educação em ciência para a comunidade 6415. Oficina de alimentação alternativa 6616. Educação ambiental agrícola 6917. O tropeirismo e a educação ambiental 7218. Programa Coletivo de Trabalho Projeto Ilha

Grande dos Marinheiros 7419. Laboratório didático: práticas de educa-

ção ambiental 7620. Parceiro da educação 78

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O contato com o mundo natural tem sidocada vez menor, em vista do crescente pro-cesso de urbanização. No Brasil, por exem-plo, aproximadamente 80% da populaçãovive em cidades, longe das áreas naturais.Como é possível despertar em pessoas quepoderiam ser guardiães de um dos maisricos patrimônios naturais do mundo, oamor por algo distante e desconhecido? Tra-var um contato direto com a beleza e a diver-sidade encontradas na natureza pode ser ummeio eficaz de aumentar o conhecimento ede sensibilizar as pessoas de modo que amagia de uma re-ligação do ser humanocom seu meio natural, ao qual é intrinseca-mente ligado, possa ocorrer de fato.

Talvez o exemplo mais ilustrativo de umprocesso de transmutação dessa naturezaseja o descrito na obra clássica de FrancesHodgson Burnett, conhecida como O JardimSecreto. As mudanças ocasionadas pelaobservação minuciosa que ocorriam com achegada da primavera inglesa repercutiamcom efeitos mágicos nas crianças e posteri-ormente nos adultos, personagens do livro.Toda uma transformação de um ambientedoente e sombrio em encantamentos, mis-térios e esperanças foram possíveis com umcontato íntimo com o jardim secreto.

Os jardins botânicos têm um potencial sin-gular no processo de educar, principalmenteo público que vive em centros urbanos,repassando conhecimentos e dando oportu-nidades de se ter experiências diretas com omundo natural. Ao servir de palco para umaprendizado diferenciado, os jardins botâni-cos podem conscientizar melhor o serhumano, despertando nele o interesse porquestões que levem a questionamentos e,em última análise, estimulem posturas maiséticas. Só assim poderá haver uma mudançano modelo dominante de efeitos nefastosque agora precisam ser evitados. Quantomaior o número de pessoas afetadas poresse novo pensar e agir, maior serão as

chances de se chegar a um equilíbrio entrebem-estar social e integridade ambiental.Somente quando os tomadores de decisãoestiverem imbuídos de tal espírito, podere-mos contar com mais proteção às áreasnaturais e maior compaixão e priorizaçãoàs questões sociais. A reverência à vida écertamente um dos componentes indispen-sáveis em programas de educação ambien-tal para jardins botânicos.

Esses princípios fazem parte das DiretrizesEducacionais – Educação Ambiental emJardins Botânicos, que trata a educaçãoambiental com os fundamentos aceitosnacional e internacionalmente. O documen-to descreve meios de aumentar conheci-mentos, estimular valores, desenvolver ati-tudes, habilidades e comportamentos maisharmônicos que enriqueçam a capacitaçãode indivíduos, de modo que possam solu-cionar ou evitar problemas socioambientais.A apresentação de estudos de casos ajuda ailustrar claramente para o leitor o que épossível atingir quando se planeja ade -quadamente programas de educaçãoambiental para jardins botânicos. A riquezade experiências, a criatividade e os resulta-dos obtidos dão ânimo e inspiração paraeducadores interessados em desenvolverprogramas similares. Trata-se, portanto, deuma publicação que certamente estará con-tribuindo para um campo que tem grandeimportância, mas para o qual os materiaisdisponíveis nem sempre estão à altura.Quem sabe os programas desenvolvidos apartir dessa publicação não estimulemtransformações dentro de cada um nós, demodo a que sejamos capazes de nos mara-vilhar com as belezas e os milagres dascomplexidades encontradas nos jardinsbotânicos e em outras áreas naturais, aju-dando a fortalecer nosso comprometimentocom a proteção das riquezas socioambien-tais ainda existentes em nosso lindo país.

Suzana Machado Padua

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Educação Ambiental em Jardins Botânicos

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É um enorme prazer apresentar as Diretrizes Educacio-nais – Educação Ambiental em Jardins Botânicos, umaobra de 'como fazer' em um campo tão importante comoa educação ambiental. O 'como fazer' se torna impres-cindível nessa era em que se percebe as necessidades demudanças, mas que nem sempre se sabe como chegar aum convívio mais harmônico entre os seres humanos eentre estes e as demais espécies vivas do planeta.

A desarmonia constatada atualmente é fruto de um pro-cesso histórico do qual a humanidade tem sido protago-nista. No início de nosso processo evolutivo vivíamos emconstante contato com a natureza, mas nossa sobre-vivência dependia de instintos apurados que nos permi-tissem enfrentar as adversidades constantes. Coragem eforça eram necessárias para que pudéssemos sobreviver,e a natureza era comumente encarada como um grandeinimigo.

Com o tempo, a mente desenvolveu artifícios quetornaram a vida humana mais fácil e confortável. O pre-domínio da razão resultou em grandes conquistas tec-nológicas, mas também em grandes problemassocioambientais. O modelo de desenvolvimento no qualo racional predomina levou a desigualdades sociais semprecedentes na história da humanidade e, com a volúpiadas conquistas materiais, houve um distanciamento cadavez maior de nossa essência natural.

Nas últimas décadas os desafios têm sido tão aparentesque há uma urgência de se encontrar opções que trans-formem a vida competitiva e as aspirações gananciosas emalternativas que priorizem a vida. Ameaças de contami-nações, de poluições e de perdas de diversidades culturaise ambientais são hoje largamente observadas, nos levandoà busca de caminhos que visem a integridade do ser, doambiente em geral e das relações que podem beneficiar aproteção da riqueza socioambiental ainda existente.

Apresentação

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Educação Ambiental em Jardins Botânicos

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Há mais de 1.600 jardins botânicos no mundo. Eles con-stituem centros educativos importantes e, juntos, mantêm amaior coleção de espécies vegetais fora da natureza. Emseus habitats, cerca de 60.000 dessas espécies podemestar ameaçadas de empobrecimento genético ou até deextinção nos próximos 30 ou 40 anos. Dentre as ameaças,estão fatores como perda e fragmentação de habitats,introdução de espécies, superpopulação de espécies ani-mais e vegetais, poluição do solo, da água e do ar,mudança climática global, desenvolvimento industrial,agrícola e reflorestamento para a indústria.

Os jardins botânicos desempenham um papel óbvio evital na conservação vegetal, mas ela não pode ser bem-sucedida sem a ajuda da educação. Os jardins botânicossão criados exclusivamente com o objetivo de ensinar aimportância das plantas para nossas vidas e o ecossis-tema global. Ao chamar a atenção para as ameaças queos vegetais e os habitats enfrentam, os jardins botânicospodem ajudar a sociedade a pensar em formas de pro-teção da biodiversidade.

Este documento foi elaborado para complementar a pu-blicação impressa em 1989, intitulada Estratégia deConservação em Jardins Botânicos (The Botanic GardensConservation Strategy) pela WWF, The World ConservationUnion (IUCN) e Botanic Gardens Conservation Secretariat.Os objetivos destas diretrizes são:

• ressaltar o papel dos jardins botânicos na implementaçãode estratégias internacionais importantes para conservaçãoda biodiversidade

• delinear formas de instituir e implementar projetos deeducação ambiental pelos jardins botânicos

• fornecer diretrizes aos educadores de jardins botânicosquanto a marketing, levantamento de fundos e publicidade

Educação Ambiental em Jardins Botânicos

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• dar sugestões e fornecer diretrizes parainstalação de redes educacionais locais,nacionais e internacionais

O documento identifica os elementos princi-pais para o estabelecimento de um projetode educação ambiental, recomendando queos jardins botânicos:

• identifiquem as principais mensagens deconservação

• tracem metas e avaliem seus projetoscuidadosamente

• façam o melhor uso de seus recursos einstalações

• dêem à equipe treinamento e apoio ade-quados

• adotem abordagens educacionais apro-priadas

• colaborem com organizações locais,nacionais e internacionais que busquemalcançar os mesmos objetivos.

Todas as principais estratégias internacionaispara conservação da biodiversidade e dodesenvolvimento sustentável (Caring forEarth, Global Diversity Strategy, Conventionon Biological Diversity, Agenda 21) vêmenfatizando a importância da educação naluta para deter a perda da biodiversidade.Os jardins botânicos desempenham umpapel importante na implementação dessasestratégias. Estas diretrizes foram elaboradaspara ajudar a assegurar que cumpram essepapel.

Resumo

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oportunidade única de estar perto danatureza e aprender mais sobre as plantas.

As plantas têm importância fundamentalpara a vida na Terra, pois interagem com ani-mais, microorganismos e outros compo-nentes do planeta, nos oceanos, na atmos-fera, em fontes de água doce, pedras e solos,para formar um sistema independente, doqual somos parte integrante. A existência deuma grande variedade de espécies nos per-mite usar os vegetais em todos os aspectos denossas vidas, possibilitando a nossa adap-tação a diversas circunstâncias e às transfor-mações do meio ambiente.

Não obstante, dezenas de milhares de espé-cies vegetais correm risco de empobrecimen-to genético. Estimativas sugerem que aproxi-madamente 60.000 estão ameaçadas deextinção local e até mesmo total nos próxi-mos 30 ou 40 anos, a menos que sejamtomadas providências para conservá-las.

Os jardins botânicos desempenham umpapel vital na preservação das espécies ve-getais. Em 1987, foi lançada pela WorldConservation Union (IUCN) uma rede globalde jardins botânicos (BGCI), que trabalhaem conjunto, em prol da conservação. Em1989, foi publicado o documento Estratégiade Conservação em Jardins Botânicos, queesboça formas de trabalho conjunto e indi-vidual dessas instituições para conservarplantas ameaçadas. Um de seus objetivos é:

Estas diretrizes foram elaboradas como partedo compromisso do BGCI com essa meta eem resposta a uma necessidade clara dosjardins botânicos de instituir e desenvolverprojetos de educação ambiental.

1.3 Metas a serem alcançadasOs objetivos deste documento são:

• fornecer ajuda e orientação para que osjardins botânicos instituam projetos deeducação ambiental

• enfatizar o papel educacional essencial queos jardins botânicos têm a desempenharna conservação de plantas e seus habitats

• ressaltar o papel educacional significativodos jardins botânicos na implementaçãode estratégias internacionais importantespara a conservação da biodiversidade(Caring for the Earth, Global BiodiversityStrategy, Convention on BiologicalDiversity, Agenda 21)

• fornecer aos jardins botânicos um docu-mento que possa ser usado para ajudar alevantar recursos financeiros para progra-mas de educação ambiental

1.4 Os usuáriosEste documento é destinado principalmente a:

• atuais ou futuros responsáveis por proje -tos educativos em jardins botânicos

Também pode ser de interesse para:

• responsáveis por jardins botânicos: cri-adores de políticas governamentais e seusconsultores, funcionários públicos estadu-ais, autoridades municipais, diretores deuniversidades e membros de órgãos go-vernamentais

• quem usa os jardins botânicos com obje -tivos educacionais: escolas, universida-des, grupos em geral, etc.

Educação Ambiental em Jardins Botânicos

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Educação Ambiental em Jardins Botânicos

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1.1 A respeito destas diretrizesEste documento surgiu da necessidade patente de osjardins botânicos serem orientados quanto ao estabeleci-mento e ao desenvolvimento de projetos de educaçãoambiental. Com esse intuito, fornece aos jardins botânicosuma estrutura para desenvolvimento de seus programas.

Estas diretrizes levaram dois anos para serem concluídase foram elaboradas para complementar a publicaçãoEstratégia de Conservação em Jardins Botânicos. Aprimeira versão destas diretrizes foi discutida no SegundoCongresso Internacional sobre Educação em JardinsBotânicos, realizado em 1993, em Las Palmas, naEspanha. Todos os membros do Botanic GardensConservation International (BGCI) e várias organizaçõesnão-governamentais foram convidados para debater aversão do documento, finalizado com a ajuda dosresponsáveis pelos workshops do Congresso de LasPalmas. A impressão e a distribuição foram generosa-mente patrocinadas pela UK Darwin Initiative for theSurvival of Species.

Estas diretrizes incluem exemplos de programas educa-tivos que estão sendo desenvolvidos em jardins botânicosde todo o mundo, servindo para ilustrar os vários méto-dos e abordagens usados por essas instituições paratransmitir sua mensagem.

O BGCI considera esse documento muito relevante,podendo ser usado para fazer avançar o desenvolvimen-to da educação ambiental nos jardins botânicos domundo inteiro.

1.2 Por que publicar diretrizes?Os jardins botânicos e hortos oferecem uma janelainigualável para contemplação das maravilhas do ReinoVegetal. Os 1.600 jardins botânicos do mundo recebem,em conjunto, mais de 150 milhões de visitantes por ano.Para algumas dessas pessoas, eles representam uma

Introdução

“chamar a atenção do público para... aconservação através de programas eexposições educativas apropriadas...”

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1980 – O documento Estratégia Global para aConservação publicado pela WWF, UnitedNations Envrionment Programme (UNEP) eIUCN reforça a necessidade de uma abor-dagem holística para a educação ambiental.

1985 – Conferência Internacional sobre Jar-dins Botânicos e Estratégia Global para aConservação realizadas em Las Palmas, naEspanha. A conferência reconheceu a impor-tância vital de a comunidade compreender ese conscientizar da necessidade da conserva-ção dos recursos biológicos. Com este objeti-vo, apelou a governos, organizações para aconservação, escolas e universidades, setor in-dustrial e interessados em apoiar projetos edu-cativos em jardins botânicos através de finan-ciamento, apoio moral e envolvimento direto.

1989 – Segundo Congresso Internacional deConservação de Jardins Botânicos, realizadona Ilha da Reunião. O Congresso recomendouque todos os jardins botânicos se esforçassempara divulgar, para um público o maisabrangente possível, os importantes aspectosde suas pesquisas em conservação.

1991 – O documento Cuidando da Terra,uma Estratégia para o DesenvolvimentoSustentável, publicado em complementaçãoà Estratégia Global para a Conservação peloWWF, UNEP e IUCN, reiterou a necessidadede a comunidade mundial mudar políticas,reduzir o consumo excessivo, conservar avida do planeta e viver dentro da capacidadede sustentação da Terra.

1992 – O documento Estratégia Global deBiodiversidade publicado pelo WorldResources Institute (WRI), IUCN e UNEP,enfatizou a importância da educação nodesenvolvimento de recursos humanos paraa conservação da biodiversidade.

1992 – Conferência sobre Meio Ambiente eDesenvolvimento das Nações Unidas(UNCED), ou a Cúpula da Terra, realizada noRio de Janeiro, Brasil. Dois documentos resul-tantes da Conferência – Agenda 21 e Con-venção sobre Diversidade Biológica – enfati-zaram a necessidade de haver mais edu-cação, conscientização pública e treinamento.

1993 – Em 29 de dezembro, a Convençãosobre Diversidade Biológica entrou em vigor.

Atualmente, os mais altos escalões mundiaisreconhecem que a biodiversidade estáameaçada. Os órgãos governamentais e asNações Unidas admitem que, para lidarcom essa questão, precisam se comprome-ter com a educação.

O compromisso de instituições como aONU deixa os jardins botânicos fortalecidospara pressionar pela implementação deprojetos de educação ambiental e obterapoio para desenvolvê-los.

2.2 Educação ambiental emjardins botânicos

Há muito tempo os jardins botânicos têmsua imagem associada à educação. Muitosforam fundados primordialmente para ensi-nar botânica. Algumas instituições européi-as têm uma tradição de treinamento embiologia e medicina que remonta a cente-nas de anos. Os jardins botânicos tambémtiveram um papel relevante no ensino etreinamento em horticultura. Muitos profis-sionais que hoje são responsáveis pelaadministração de parques e jardins em to-do o mundo foram treinados em jardinsbotânicos.

Educação Ambiental em Jardins Botânicos

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Educação Ambiental em Jardins Botânicos

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2.1 Contexto internacionalApesar de a educação ambiental ser uma disciplina re-lativamente nova, sua importância vem crescendo namesma proporção em que aumenta a percepção dopúblico quanto à gravidade da perda da biodiversidade.A educação ambiental está incorporada a todas as prin-cipais estratégias internacionais para conservação dabiodiversidade e desenvolvimento sustentável (videReferências na página 83). Para que sejam tomadasdecisões mais adequadas em relação ao uso dos recur-sos naturais é preciso que haja uma melhor compreen-são dos sistemas ecológicos.

Os jardins botânicos desempenham um papel chave naimplementação dessas estratégias. Eles não trabalhamisolados, mas participam de um movimento, que cresceno mundo inteiro, para tornar a educação ambientalacessível a todos.

As estratégias e conferências internacionais citadasabaixo marcam o crescente reconhecimento daimportância da educação ambiental:

1977 – A Conferência Intergovernamental das NaçõesUnidas em Tbilisi, na Geórgia, preconizava uma abor -dagem holística e biopolítica para a educação ambiental.

Educação ambiental – o papel dos jardins botânicos

Metas da educação ambiental segundo Tbilisi:

• fomentar a consciência da existência de uma inter-dependência econômica, social, política e ecológicaem áreas urbanas e rurais;• dar a todos oportunidade de adquirir conhecimento,valores, atitudes, comprometimento e capacidadenecessários para proteger e melhorar o meio ambiente;• criar novos padrões de comportamento nos indiví-duos, grupos e na sociedade como um todo emrelação ao meio ambiente.

"... as pessoas devem reexaminar seusvalores e mudar seu comportamento...As informações devem ser disseminadasatravés de sistemas educacionais for-mais e informais para que as políticas eações necessárias para a sobrevivênciae o bem-estar das sociedades no mundopossam ser explicadas e entendidas".

Cuidando da Terra, 1991

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Educação Ambiental em Jardins Botânicos

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Como desenvolver uma estraté-gia de educação ambiental para

o seu jardim botânico

3.1 Elementos vitais de uma estratégiaeducativa

Para desenvolver um projeto de educação ambiental efi-caz, o jardim botânico deve decidir que tipos de projetosrealizará, quem deseja atingir e em que aspectos especí-ficos da conservação e da consciência ambiental pre-tende se concentrar.

Para fazê-lo, cada jardim botânico deve preparar umplano escrito de educação e conscientização, identifican-do e priorizando:• as mensagens de conservação a serem veiculadas pelo

jardim botânico• os grupos-alvos• as instalações necessárias• as instalações disponíveis• o conhecimento necessário para que cada grupo en-

tenda as mensagens de conservação• as habilidades que cada grupo necessita ter• as atitudes e os comportamentos a serem encorajados• os projetos a serem desenvolvidos.

Os educadores devem levar em consideração nãosomente a situação atual do jardim botânico, mas tam-bém a capacidade de desenvolvimento de projetos educa-tivos durante os próximos 2, 5 e até 10 anos. As idéiasconsideradas não-prioritárias devem ser postas de lado.

Cada jardim botânico é único e, assim sendo, está maisapto a ensinar os aspectos específicos da educação ambi-ental e conservacionista que conhece. Por essa razão, e jáque o desenvolvimento e a realização do projeto educati-vo afetarão a todos, é preferível que a equipe inteira con-tribua para a formação do plano.

As instalações e os recursos que os jardinsbotânicos dispõem mostram que os visitantespodem:• aprender sobre o trabalho que está sendo

realizado pelos jardins botânicos e ajudara salvar e conservar a flora mundial

• apreciar a natureza como um todo• adquirir habilidades práticas e conceitos

teóricos para conservação, reprodução deplantas e paisagismo

• desenvolver atitudes, comportamentos ehabilidades necessários para solucionarproblemas ambientais.

Educação Ambiental em Jardins Botânicos

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Fora estes projetos educativos mais tradi-cionais, os jardins botânicos voltam cadavez mais sua atenção para o público emgeral. O objetivo é aumentar o conheci-mento e a consciência ambiental e informaras pessoas a respeito da necessidadeurgente de conservar as plantas.

Todos os jardins botânicos detêm grandescoleções de plantas vivas e se prestam per-feitamente para o ensino:• da incrível diversidade do Reino Vegetal• das relações complexas que as plantas

desenvolvem com o meio ambiente• da importância das plantas em nossas

vidas, em termos econômicos, culturais eestéticos

• das ligações entre as plantas e a popu-lação local e nativa

• do meio ambiente local e seu contextoglobal

• das principais ameaças que a floramundial enfrenta e das conseqüências da

, extinção das plantas

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Em termos internacionaisEm termos internacionais• Alguns cientistas estimam que até um quar-

to de todas as espécies vegetais superiores(250.000) estarão ameaçadas de extinçãoou severa erosão genética nos próximos 30ou 40 anos. Que efeito isso tem sobre omeio ambiente e sobre a população local?

• O país sofre os efeitos da poluição deoutro país? Que efeito isso tem sobre omeio ambiente, os habitats e as plantas dopaís?

• Quais são as prováveis conseqüências damudança de padrões climáticos para oshabitats e as plantas do país?

• Quais são as implicações da agricultura e docomércio para a conservação das plantas?

• Qual a relevância do desmatamento emseu país/sua região?

• Que papel o seu jardim botânico desem-penha/pode desempenhar na cooperaçãointernacional?

• Qual é o papel do seu jardim botânico naproteção da biodiversidade das plantas?

Algumas dessas questões têm alcance muitoamplo. Um jardim botânico, sozinho, podenão ser capaz de lidar com todas elas. Omais importante é que os educadores este-jam conscientes dessas questões e asanalisem ao elaborar o projeto educativo,embora nem todas sejam apropriadas atodos os grupos. As crianças pequenasprovavelmente precisarão de aulas práticas,enquanto as mais velhas e os adultos podemachar interessante discutir temas mais am-plos e filosóficas. Os professores podemestar bem informados sobre assuntos cientí-ficos e menos conscientes em relação àsatividades práticas que podem ser realizadasem suas turmas. E vice-versa.

3.1.2 Identificação de grupos-alvos

Um passo importante para a formação deum plano educativo é definir exatamentequal será o público-alvo dos projetos. Umjardim botânico poderá decidir que seu

público-alvo serão as pessoas que já visitamo lugar ou almejar atingir aqueles queainda não o visitaram. A realização de umlevantamento dos visitantes pode ajudar adecidir que tipo de pessoas fará parte dopúblico-alvo. Mas, para a maioria dosjardins, os grupos-alvos principais com -preenderão pelo menos alguns dosseguintes grupos:

• Escolas – Pré-escola, 1º e 2º Graus• Professores – Tanto profissionais quanto

estagiários (treinando 30 professores, ojardim poderá atingir 30 vezes o númerode crianças de cada série)

• Faculdades e universidades – As ciênciasvegetais, a botânica, em especial, sãocada vez menos oferecidas como disci-plina em instituições universitárias demuitos países. Os jardins botânicos estãocada vez mais sendo chamados a desem-penhar esse papel

• Clubes jovens – A maioria dos países temum órgão coordenador de clubes jovens

• Pais – Muitos pais fazem serviço voluntárioem escolas e clubes. Os jardins botânicoscomeçam a reconhecer o potencial dessegrupo na disseminação da mensagem deconservação

• Fazendeiros e horticultores – Os jardinsbotânicos poderiam trabalhar em conjun-to com eles, a fim de desenvolver formasmais sustentáveis de cultivo da terra

• Empresas – As economias da maior partedos países estão baseadas, em grau subs-tancial, na exploração de plantas. Osjardins botânicos desempenham umpapel importante no esclarecimento dacomunidade empresarial e no desenvolvi-mento de parcerias com empresários

• Público em geral – Inclui (a) visitantes e (b)não-visitantes do jardim botânico

• Patrocinadores em potencial – Abrangeempresas, Secretaria de Educação, gover-nos municipais e federais, instituições decaridade e organizações não-governamen-tais (ONGs)

Educação Ambiental em Jardins Botânicos

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3.1.1 Definição da mensagemO processo de decisão a respeito dos proje-tos específicos a serem realizados requer adefinição da mensagem conservacionista aser transmitida a cada grupo. Os jardinsbotânicos podem optar por apresentardiferentes aspectos da conservação dasplantas a diversos grupos-alvos. Cada jar-dim também precisa levar em consideraçãoas instalações disponíveis.

Abordagem globalÉ importante relacionar as metas e objetivosdos projetos educativos com as metas geraisdo jardim botânico. Cada jardim deveria teruma declaração de missão (vide Estratégiade Conservação para Jardins Botânicos, Ca-pítulo 8), redigida com a participação dosinstrutores. Ao idealizar o projeto educativo,a equipe do jardim deve estar familiarizadacom ela. O projeto educativo será mais bem-sucedido se a instituição como um todo ado-tar uma abordagem coordenada e centrada.Para definir a mensagem, algumas perguntasprecisam ser respondidas, como por exemplo:

Em termos locaisEm termos locais• Que coleções de plantas o jardim botâni-

co possui?• As plantas locais estão ameaçadas? Pelo

quê?• Seus habitats são típicos da região?

Muitos deles estão ameaçados?• Há empreendimentos no local que possam

pôr em risco a biodiversidade das plantas?• As pessoas conhecem as plantas do local?• Existem áreas no local que precisam de

reflorestamento ou replantio?• Existem áreas de vegetação natural dentro

do jardim botânico ou associadas a ele?• Existem plantas que o jardim botânico

pode disponibilizar para a comunidadelocal, como, por exemplo, para a revitali-zação de áreas de recreação de escolas?

• Os produtores cultivam plantas para usolocal ou elas se destinam principalmenteà exportação?

• Onde o jardim botânico está situado geo-graficamente? Na área rural ou urbana?

• De que recursos o jardim botânico dispõepara fins educativos dentro e fora do jardim?

• Que tipo de contato os moradores têmcom a terra?

• Há outras organizações locais que pos-suam uma mensagem de comunicaçãosemelhante?

• Que ação ambiental local eficaz o jardimbotânico inspira?

Em termos nacionaisEm termos nacionais• Existe uma estratégia ou plano de conser-

vação nacional?• Está sendo planejada, publicada ou posta

em prática uma resposta em âmbitonacional para a implementação da Con-venção sobre Diversidade Biológica?

• Existe uma estratégia ambiental nacional?Como isso afetará seu plano educativo nojardim botânico?

• Existe uma estratégia nacional de conser-vação genética vegetal?

• O quanto a biodiversidade vegetal do paísestá ameaçada?

• Que habitats e/ou espécies vegetais estãosob ameaça e de que forma?

• Que plantas são importantes para a eco-nomia nacional e quais são as implicaçõesde sua conservação?

• Existe comércio interno de plantas ame-açadas? Quais são as implicações parasua conservação?

• De que maneira o turismo afeta a conser-vação?

• Quais são as implicações paa a conser-vação do crescimento da população e dosseus deslocamentos (imigração e emi-gração)?

• De que forma o país polui o seu meioambiente e em que proporção?

• Que outros jardins botânicos estão empe-nhados, em âmbito nacional e regional, naconservação das plantas? Em que proporçãocolaboram entre si e compartilham recursos?

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sam ser destinados ao ensino no jardim. Épossível projetar uma área especifica-mente para fins educativos, seja para jar-dinagem, escalada em árvores ou contatofísico com as plantas. Existem utensílioscomo ferramentas, plantas, terra, baldes,etc., que possam ser usados? Instalaçõesadicionais como espaços fechados, centrospara visitantes, lojas, cafés e banheiros,dão apoio considerável ao projeto educa-tivo, mas não são necessariamente essen-ciais para o desenvolvimento de um bomtrabalho de ensino.

• Material pedagógico Material pedagógico – É importante lem-brar que o material disponibilizado deveestar de acordo com as necessidades decada jardim. Uma avaliação adequadagarantirá que qualquer material produzidoapóie as metas e os objetivos do projetoeducativo. Os livros, apostilas, slides evídeos pedagógicos dos jardins botânicospoderiam ser catalogados e tornadosdisponíveis aos interessados em usar oespaço do jardim para desenvolver pro-postas de cunho educativo.

3.1.4 Conhecimento prévioOs educadores precisam estar conscientesda necessidade de as pessoas terem algumconhecimento prévio para que entendam o

que está sendo ensinado. Ou seja, é impor -tante conhecer o nível de instrução e aexperiência de cada grupo. Por exemplo,para ensinar às crianças a importância dasplantas na prevenção da erosão do solo, épreciso primeiro que os educadores se cer-tifiquem de que elas compreendem por queisso acontece e por que precisamos deter aerosão. A seguir, relacionamos algumasconcepções populares errôneas com asquais os instrutores de jardins botânicos sedeparam:• as plantas se alimentam do solo• as árvores não são organismos vivos• os jardins botânicos são somente áreas de

lazerUm questionário cuidadosamente elabora-do poderia ser usado para coletar dados debase sobre o conhecimento atual, valores econcepções errôneas do grupo-alvo. Essasinformações podem ser usadas depois paradar forma aos projetos.

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• Botânicos e conservacionistas de jardinsbotânicos e de outras instituições – Acolaboração deles é freqüentemente vitalpara o sucesso dos projetos educativos

• Equipe do jardim botânico – É importanteenvolver toda a equipe do jardim, o queexigirá treinamento educacional dos profis-sionais.

• Paisagistas – Os jardins podem trabalharcom esses profissionais para projetarjardins que incluam várias espécies deplantas ameaçadas na natureza

• Jardineiros amadores ou domésticos – Osjardins podem encorajar a jardinagemresponsável em termos ambientais, envol-vendo métodos orgânicos, adubaçãoorgânica, etc.

• Os jardins podem informar os turistas arespeito do comércio de plantas e daConvenção sobre Comércio Internacionalde Espécies Ameaçadas da Fauna e daFlora Silvestres (CITES)

• Amigos do jardim – Eles são embaixa-dores importantes de muitos jardinsbotânicos

• Grupos comunitários – Os jardins botâni-cos podem trabalhar com grupos comuni-tários para o incremento de áreas verdes

Restrições financeiras normalmente inviabi-lizam atingir todos esses grupos. Cadajardim botânico deve estabelecer priori-dades de acordo com a mensagem quequer passar e as instalações disponíveis.

3.1.3 Recursos e instalaçõesO modo como um projeto educativo sedesenvolverá dependerá de:• Equipe de instrução Equipe de instrução – Um projeto bem-

sucedido precisa de uma equipe designa-da especialmente para ensinar, apesarde outras equipes, como de horticultores,por exemplo, poderem também dar umacontribuição valiosa para o trabalho. Onúmero exigido dependerá do quanto ojardim pretende fazer e do tamanho enúmero dos grupos-alvos.

• Voluntários Voluntários – Muitas pessoas estão ávidaspara oferecer uma parte de seu tempolivre para prestação de serviço em jardinsbotânicos. Muitas dessas instituições jáusam voluntários para ajudar nos projetoseducativos. Eles trazem todo tipo de co-nhecimento, que pode ser usado em bene-fício do jardim botânico. No entanto, paraque um projeto desse tipo seja bem-suce-dido, é preciso investir tempo na seleção,treinamento e organização dos volun-tários. É preciso analisar o que se esperadeles, talvez redigir um contrato com essasespecificações e detalhar o que será ofere-cido em troca. Pode vir a ser necessáriofazer seguro para os voluntários que tra-balharem nas instalações do jardim.

• Tempo Tempo – É preciso destinar um tempo es-pecífico para o desenvolvimento e o fun-cionamento do projeto educativo. O perío-do de tempo dependerá do número depessoas disponíveis.

• Apoio Apoio – É importante que os outros mem-bros da equipe apóiem os instrutorescomo puderem. Deve ficar claro para aequipe do jardim o papel que cada umpode representar no projeto.

• Orçamento Orçamento – O jardim botânico deve des-tinar um orçamento, mesmo que pequeno,para a educação, e uma pessoa para seresponsabilizar pelo seu gerenciamento. Aequipe de instrução não poderá tomardecisões e fazer planos sobre o tipo deprojeto a adotar se não tiver idéia daverba disponível. Cabe ao jardim botânicodecidir se vai promover atividades paralevantamento de fundos adicionais, com oobjetivo de financiar o projeto educativo.

• Coleções botânicas Coleções botânicas – Para que o projetoeducativo seja eficaz e relevante, os planoseducativos devem estar relacionados àaquisição de plantas para o jardim e àpolítica de coleções. (vide Estratégia deConservação para Jardins Botânicos,Capítulo 8).

• Instalações Instalações – Os educadores precisam veri-ficar a disponibilidade de locais que pos-

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Abordagens educacionais

4.1 Como determinar a abordagemAlém de analisar os projetos específicos que pretendemimplementar, os educadores precisam levar em conside-ração o tipo de abordagem educacional que queremadotar. Este enfoque vai variar de um jardim para outroe dependerá da mensagem a ser comunicada, do públi-co a ser atingido, das atividades a serem realizadas e devários outros fatores.

Os educadores precisam estar conscientes de que a per-cepção do que seja instrução varia conforme a pessoa,grupo social e cultura. A introdução de métodos de ensi-no desconhecidos, assim como de conceitos e infor-mações novos, pode causar confusão. Um projeto deensino cuidadoso deve levar em consideração as expec-tativas dos alunos e sua experiência acadêmica.

O papel mais importante que um educador pode desem-penhar num jardim botânico é o de abrir espaço para odebate e a troca de experiências. Uma boa educaçãoambiental deve permitir que os indivíduos questionem,estabeleçam metas e decidam a respeito de seus própriosvalores e práticas.

4.2 Como transmitir sua mensagemUma comunicação eficaz entre professor e aluno é essen-cial para o sucesso do ensino. Todo professor às vezesenfrenta problemas, mas boas práticas relativas aogerenciamento do aprendizado podem ser de grandevalia para evitá-los.

A importância da percepção dos alunos e a confiançadeles em sua capacidade de aprender não podem sersubestimadas. Eles podem ser confrontados com umaampla gama de situações de aprendizado e, ainda assim,saírem sem apresentar quase mudança alguma em seucomportamento ou ter melhorado seu nível de conheci-mento. É provável que eles não prestem atenção aquestões que parecem não fazer sentido em suas visões de

3.1.5 Atitudes e comportamentoEducação ambiental não é simplesmenteinformar. Se os jardins botânicos sepropõem a passar uma mensagem conser-vacionista, precisam estimular umamudança nas atitudes e comportamentos.Todos interpretam o mundo a partir de umaestrutura particular de percepção e pensa-mento: idade, classe, credo, cultura, etnia,sexo, contexto geográfico, ideologia, língua,nacionalidade e raça. Estes elementos influ-enciam nossas opiniões e maneira deencarar a vida. Os projetos educativospodem dar oportunidade aos alunos paraque avaliem suas atitudes e comportamen-tos, a partir de uma nova perspectiva.

3.1.6 HabilidadesPara participar de projetos educativos, osalunos podem precisar adquirir novas habi-lidades como, por exemplo, habilidadesbotânicas específicas sobre reprodução,plantio ou identificação. Mas os projetoseducativos podem também ajudar criançase adultos a desenvolver aptidões sociais, taiscomo colaboração e comunicação. Os edu-cadores precisam definir quais habilidadesespecíficas desejam estimular e desenvolver,sobretudo ao trabalhar com crianças.

3.1.7 Desenvolvimento de projetosUma enorme variedade de projetos educa-tivos pode ser desenvolvida dentro e fora deum jardim botânico, como por exemplo:• exposições interativas• jogos de simulação• passeios• teatro• trilhas• artesanato• exposições de coleções• cursos de botânica• excursões de campo• paisagismo conservacionista• horticultura e arboricultura práticas• placas explicativas

É sempre uma boa idéia começar compequenos projetos-pilotos, que podem seravaliados com a ajuda dos envolvidos antesde partir para projetos mais amplos.

É também importante envolver professoresno desenvolvimento de projetos e materiais,que darão a eles uma idéia das prioridadese necessidades. Como muitas das atividadesdesenvolvidas estarão relacionadas ao cur-rículo escolar ou universitário, é fundamentalenvolver ou informar as instituições respon-sáveis pelo desenvolvimento de currículos.

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cientes das relações entre os objetivospedagógicos imediatos e a meta geral deensino e também dos benefícios que obterãoa longo prazo.

Os professores podem estabelecer níveis emetas a serem alcançados, de modo que osalunos saibam o que é esperado deles. Des-sa forma, terão ferramentas que permitirãoque eles mesmos avaliem seu desempenho ese responsabilizem por seu aprendizado.

4.5 Aprendizagem através daexperiência

Todos nós provavelmente aprendemos me-lhor através da experiência. Quando forapropriado, os educadores poderiam criarprojetos que estimulem os alunos a ver, ouvir,tocar, sentir o gosto ou o cheiro dos objetosestudados. Aprende-se mais sobre a estrutu-ra de uma flor dissecando-a do quecopiando um desenho de um livro e dando-lhe um nome.

Uma criança pode se lembrar do aroma deuma planta e para que serve, mesmo quenão se recorde do seu nome. Se as criançaspuderem tocar nas árvores, poderão sentirde forma mais premente a importância deproteger o meio ambiente no qual vivem. Asplacas informativas não serviriam somentepara serem lidas, mas também para convi-dar os visitantes a cheirar e tocar as plantas.

Aprendemos por tentativa e erro. Quandoum problema é apresentado aos alunos, elesnão chegam necessariamente à solução cor-reta na primeira tentativa. Isso é bom. Osalunos precisam ser estimulados a debaterseus resultados, verificar o que erraram epensar o que fariam da próxima vez. É umaboa idéia reservar um tempo nas aulas paraque os estudantes repitam a tarefa e criemsuas próprias experiências. Eles precisam deespaço para serem criativos e para explorarsoluções sem medo de errar.

Os jardins botânicos devem servir de exem-plo e estar conscientes de que são um mo-delo para o público. Os materiais que uti-lizam devem respeitar o meio ambiente. Ouso de papel reciclado e de fertilizantesorgânicos, a implementação de um controlede pragas que não agrida o meio ambientee a utilização do lixo do jardim para fa-bricar adubo são algumas idéias quepodem ser adotadas.

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mundo ou que considerem irrelevantes parasuas vidas. Por isso é tão importante dire-cionar os projetos educativos de forma eficaz.

4.3 Igualdade de oportunidadesna educação

Mesmo com um bom direcionamento, épreciso ficar atento para perceber que de-terminados grupos estão sendo esquecidosou, de alguma forma, excluídos. Ao analisarmateriais pedagógicos, algumas perguntasprecisam ser feitas: Os dois sexos estão re-presentados de forma justa? As mulheresestão engajadas em tarefas importantes enão somente representadas como ajudantese observadoras? Estão incluídas pessoas devárias formações étnicas? Há um viés reli-gioso ou cultural no ensino – por exemplo,há sempre projetos desenvolvidos em torno

de festividades religiosas como o Natal ou oRamadã, enquanto outras são ignoradas?

4.4 Motivação – uma abordagemcentrada no aluno

O aluno deve querer aprender, ser exposto aum ambiente de aprendizagem apropriado eestar interessado no material pedagógicopara manter a atenção. Motivação, interesse eatenção estão intimamente inter-relacionados.

A percepção dos alunos sobre o que lhesestá sendo ensinado é afetada e alteradapela motivação. É importante que o profes-sor proporcione um ambiente de aprendiza-gem que atraia a atenção deles e estimuleseu interesse. Os alunos precisam se sentirconfiantes para fazer perguntas e explorarsituações. Além disso, devem estar cons-

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5.4 Avaliação de projetos educacionais

Projetos educativos precisam ser avaliados.Esta oportunidade deveria ser oferecida atodos os envolvidos, dos participantes aosorganizadores. Vários métodos de avaliaçãopodem ser usados, incluindo:• questionários de avaliação escrita preen-

chidos pelos visitantes• entrevistas com os visitantes• observações a respeito dos alunos, se con-

cluíram as tarefas e se, ao executá-las,aplicaram as habilidades e o conhecimen-to adquiridos de forma satisfatória

• avaliação após a visita. Por exemplo, po-de-se pedir ao professor que envie amostrasdo trabalho dos alunos relativas à visita

Uma boa avaliação fornecerá informaçõessobre o alcande do projeto em relação aopúblico-alvo e se ele é eficaz. Ela é essencialpara o desenvolvimento do projeto.

5.5 Treinamento e suporte para instrutores

Os próprios educadores precisam de treina-mento regular. O tipo de treinamento de -penderá do público com o qual trabalham edas mensagens que pretendem passar.

Os instrutores podem se beneficiar detreinamento em:• abordagens e métodos educacionais• novas técnicas de conservação e sua apli-

cação em jardins botânicos• práticas de manejo

Nem todo jardim será capaz de custearpara seu educadores cursos de treinamentoformal ministrados por faculdades, escolase universidades. Vale a pena considerarmétodos menos formais de treinamentocomo, por exemplo, o estabelecimento deintercâmbio com outros jardins botânicos, ainscrição da equipe de instrutores em con-gressos nacionais e internacionais de edu-

cação e o estímulo à troca de idéias eexperiências com educadores de ou-tros jardins.

Um educador que trabalha sozinhonum jardim botânico pode se sentirisolado. Os instrutores precisam seintegrar totalmente à estrutura daequipe do jardim e desempenhar umpapel central nos processos de toma-da de decisão. É vital que o jardimapoie e endosse plenamente osesforços e as ações de sua equipe deinstrutores, como parte de umaestratégia global centrada nas metasdo jardim.

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5.1 Planejamento do projetoO sucesso de qualquer abordagem educacional dependede um bom planejamento, mas isso não significa que osinstrutores devem seguir o projeto de forma rígida. Eledeve ser flexível o bastante para permitir que os alunossejam criativos. Lembre-se de que aprender é divertido!

O modelo das págs. 28 e 29 dá uma diretriz para o plane-jamento, promoção, organização e avaliação do projeto.

5.2 Disponibilização de recursos educacionais

Dentre os recursos educacionais que podem ser disponi-bilizados aos grupos e às escolas visitantes estão:• espaço de sala de aula• coleções de livros, slides ou vídeos• equipamento científico e de jardinagem• apostilas e materiais pedagógicos (por exemplo, pan-

fletos, placas explicativas)• uma equipe capaz de prestar ajuda ou guiar os visitantes.

As instalações que podem ser disponibilizadas não pre-cisam depender totalmente de recursos financeiros.Mesmo pequenas áreas reservadas para aulas de esco-las podem ser de grande valia.

5.3 Projetos externosDistância, limitações financeiras e vários outros fatorespodem representar um impedimento à visita de determi-nadas escolas e organizações ao jardim botânico. Sejaou não este o caso, o jardim botânico pode desenvolverum projeto externo adequado ao plano educativo global.Para sua implementação deve ser levado em conside-ração o número de membros da equipe necessário equanto tempo o projeto demandará. Pode haver outrasmaneiras igualmente eficazes de atingir uma comunidademais ampla, por exemplo, com uma maior publicidade ouum programa de treinamento de professores.

Como implementar um projeto educativo5

Planejar

treinam.

proj. 1 proj.2

recursos

desenv.projetarr

avaliar.

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Planejamento do projeto

metas e objetivos do projeto

avaliação do projeto

resultado final do projeto

organização do projeto

promoção do projeto

desenvolvimento do projeto

grupo-alvo

• metas e objetivos atingidos• a sua experiência exige que você modi-

fique seus objetivos originais?• o que os alunos gostaram/não gostaram

ou aproveitaram/não aproveitaram• o que poderia ser mudado ou melhorado?• você ficou dentro do orçamento?• opiniões da equipe

• habilidades a serem aprendidas• atitudes a serem estimuladas• conceitos a serem desenvolvidos• conhecimento a ser adquirido• comportamento a ser encorajado

• adultos• crianças• professores• pais• público em geral• patrocinadores em potencial• políticos e tomadores de decisão• equipe do jardim botânico

• folhetos• mala-direta• cartaz• mídia (por exemplo, rádio)

• escolha do tema• o tema está adequado à mensagem do

jardim botânico?• conhecimento prévio exigido do aluno• relevância para a vida dos alunos• ligação com um projeto escolar mais

amplo• parte de um projeto curricular ou projeto

isolado• relevância para o currículo escolar ou

nacional• o tema pode ser ligado a outros projetos

da organização?

• prática• desempenho de papéis• placas explicativas• recursos (orçamento, material, equipe

disponível, plantas, área do jardim)• trabalho individual ou de grupo• planilhas de trabalho• exposições

• acompanhamento do trabalho a ser con-tinuado nas escolas ou em casa

• trabalho de artes• trabalho escrito• medidas a serem tomadas• exposições no jardim• debate

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Antes de escrever uma proposta, quer setrate de uma empresa ou órgão patroci-nador que faça doações, os seguintes pon-tos precisam ser levantados:• qual é exatamente a destinação do finan-

ciamento (projeto educativo, publicaçãode informativo, custos com pessoal,equipamento de escritório)?

• o orçamento e sua discriminação comple -ta estão prontos e aprovados?

• os benefícios para o doador são claros(logotipo da empresa numa publicação,convite para uma recepção, visitas ajardins botânicos)?

Ao se dirigir a uma empresa ou órgão sub-vencionador, é útil saber quais são suasáreas de interesse. Muitos catálogos benefi-centes e guias de patrocinadores/doadoresdeclaram especificamente que tipo dedoação (educação, artes, meio ambiente,etc.) a empresa ou o órgão patrocinadorpode fazer.

Ao abordar uma empresa, é importante sercriativo e verificar se há uma relação natu-ral do projeto com ela. Jardins botânicospodem ser relacionados, por exemplo, acentros de jardinagem, fabricantes desementes, hortos, fabricantes de porcelana(padrões florais), etc.

As propostas enviadas a empresas ouórgãos patrocinadores devem ser breves ediretas. Se a empresa tiver apresentadodiretrizes, elas devem ser seguidas à risca.Se não for o caso, as propostas precisamconter:• breve histórico• descrição do projeto• estimativa de custo

Se a empresa/órgão subvencionador estiverinteressada(o) em receber outras infor-mações, deve ser enviada uma propostamais detalhada, incluindo um orçamentocom todas as especificações.

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Marketing, levantamento de recursos financeiros epublicidade

6.1 MarketingA equipe de instrutores provavelmente precisará de ajudae orientação, se tiver que comercializar seus projetosprofissionalmente. Pode ser possível fazer uma relaçãocom a estratégia global de marketing do jardim ou, pelomenos, obter consultoria do responsável pelo marketing.Se não houver departamento de marketing nem recursos aserem alocados com este objetivo no jardim, os edu-cadores talvez precisem procurar ajuda e orientação exter-na. Em nível mais simples, isso pode significar entrar emcontato com outras organizações que trabalham com opúblico, como zoológicos, reservas naturais, galerias dearte e museus, e visitá-las.

Os educadores podem se fazer as seguintes perguntas:• quem é o público-alvo?• o que o público-alvo acha que precisa?• o que nós achamos que o público-alvo precisa?• quais são as limitações do público-alvo (por exemplo,

instrução fundamental, isolamento geográfico, recur-sos financeiros, etc.)?

• como faremos para divulgar o projeto?• eles conseguem perceber como se beneficiarão do pro-

jeto que está sendo oferecido?• se não conseguem, será que deixamos de explicar

claramente os benefícios em potencial?

6.1.1 Pesquisa de mercadoÉ necessário fazer uma pesquisa minuciosa para esta-belecer qual(is) seria(m) a(s) meta(s) principal(ais) e o queo público-alvo acha que precisa. O quão consciente eleestá dos problemas ambientais e botânicos? Qual é oseu nível de interesse? Ele está envolvido em projetoscom os quais o projeto educativo pode se relacionar?Como espera se beneficiar dele? Quão ativo deseja ser?

As respostas às perguntas acima determinarão a abor -dagem e o teor do projeto, como serão apresentados acampanha e o material publicitário e seu conteúdo. A

magnitude do orçamento disponível tambémserá um fator crucial. É preciso estar atentopara não empreender um projeto ambiciosodemais se o orçamento é restrito, pois nãohaverá recursos disponíveis para concluí-lo etodos os investimentos podem ser desper-diçados.

Cada jardim botânico precisa formular umbom plano educacional de curto e longoprazo, projetar seu dispêndio provável emrelação à receita confirmada (lembrando delevar em conta o tempo de trabalho da equipe,as instalações exigidas, etc.). É perigoso quererfazer muito em pouco tempo. É necessáriofazer uma verificação cuidadosa do dispêndioprojetado e do que será efetivamente gastopara não extrapolar o orçamento.

6.2 Levantamento de recursosfinanceiros

Devido a limitações financeiras, os edu-cadores de jardins botânicos precisam cadavez mais procurar maneiras de financiar seusprojetos educativos. Levantar recursos é umahabilidade que precisa ser aprendida. Existeuma enorme concorrência por fundos edoações beneficentes.

Se os educadores quiserem fazer seu traba-lho com sucesso, precisam:• reservar um tempo somente para esse fim• ter acesso a material específico, tais como

catálogos de patrocinadores e recursossociais

• ter acesso a algum tipo de treinamentonessa área

• ter acesso a consultoria especializada

As organizações e empresas que não pu-derem dar dinheiro podem fornecerpatrocínio em forma de equipamentos,serviços, tempo e material.

6.2.1 Elaboração de propostas para levantamento de recursos financeiros

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fundos e garantir patrocínio. O informativonão precisa tratar dos assuntos em profundi-dade nem ser caro e pode ser desenvolvidojunto com o projeto educativo, tornando-seuma ferramenta educacional e de comuni-cação importante por si só, servindo desuporte ao trabalho de prestação de serviçoseducativos.

6.3.2 Avaliação e reapreciaçãoÉ essencial que sejam feitas avaliações e rea-preciações regulares do projeto de marke-ting do jardim botânico, o que só será pos-sível se as metas mensuráveis de curto elongo prazos tiverem sido estabelecidas. Osseguintes itens precisam ser levados em con-sideração:• Como o sucesso do projeto de marketing

será avaliado:* através do aumento do financiamento do

projeto educativo?* através do aumento do número de pes-

soas que freqüentam as atividades doprojeto educativo?

• Como o jardim botânico reagirá à avaliaçãose os resultados indicarem que o projeto:* é um sucesso?* não é um sucesso?

• Como o jardim botânico atrairá financia-mentos para apoiar o projeto em curso?

Duas situações nunca serão idênticas e assugestões acima não constituem uma listacompleta. Elas pretendem ser indicações eidéias para que cada jardim botânico reflitaà luz de sua própria realidade. A importân-cia de se fazer planejamento minucioso,publicidade apropriada, monitoramentocuidadoso, avaliação e reapreciação nãopode ser superdimensionada.

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Esforços bem planejados para levantamen-to de fundos podem não somente gerarreceita para o jardim botânico, mas tam-bém promover e divulgar os objetivos dojardim, criando uma boa reputação, mesmoque os recursos não sejam disponibilizadosde imediato. Os índices de sucesso em le-vantamento de recursos financeiros nemsempre são altos, mas esforços contínuosinvariavelmente gerarão lucros.

6.3 Publicidade eficazUma campanha de publicidade bem-suce-dida de um projeto educativo não precisaser necessariamente complicada ou dispen-diosa. A divulgação pode ser feita atravésdos canais mais adequados para o público-alvo. A equipe de instrutores dos jardinsdeveria, por exemplo:• fazer contato com estruturas formais e

organizações abrangentes como associa-ções de professores, autoridades de edu-cação, associações botânicas/científicas,etc.

• dialogar com a comunidade e gruposjovens e usar quaisquer estruturas formaisque existam

• enviar para escolas, pelo correio, um fo-lheto sobre o lançamento do projeto edepois, regularmente, folhetos com infor-mações de interesse. Esse material podeser em preto e branco e bem conciso

• tentar publicar, gratuitamente, notas emjornais e revistas

• procurar obter cobertura gratuita em pro-gramas de rádio e televisão locais ou criarum enfoque interessante o bastante paraatrair a atenção da mídia, em noticiáriosou programas de variedades

• enviar folhetos publicitários ou infor-mações detalhadas, com uma carta per-sonalizada, a uma relação selecionadade indivíduos e organizações chave queprovavelmente estariam aptos ou dese-josos de fazer uma boa publicidade parao projeto educativo

O ideal seria que o jardim botânico já dis-pusesse de uma boa lista de contatos paraformar a base de uma mala direta. Poderiamtambém ser usadas listas de outras organi-zações locais. No entanto, a lista final seráespecífica para os requisitos de cada jardime será necessário obter informações devárias fontes.

6.3.1 Informações regulares eboas relações públicas

Depois que o projeto for lançado e estabele-cido, pode ser benéfico elaborar um informa-tivo regular mensal ou semestral, com infor-mações sobre o que já foi feito e o que estápara ser realizado. A publicação deve lem-brar o público-alvo sobre a existência do pro-jeto, seu funcionamento e eficácia. Esta éuma excelente forma de relações públicas epode mostrar-se muito benéfica para levantar

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Conclusão

Os jardins botânicos desempenham um papel exclusivoe vital na educação ambiental. A conservação das plan-tas é essencial, mas não terá sucesso sem a educação.

O ensino em jardins botânicos pode criar oportunidadespara que as pessoas aprendam mais sobre plantas, seushabitats e as ameaças que elas enfrentam. Além disso,pode ajudá-las a compreender o papel dessas institu-ições na conservação das plantas e desempenhar umpapel importante no desenvolvimento de atitudes, com-portamentos e habilidades necessários para resolverproblemas ambientais. Através do ensino em jardinsbotânicos, as pessoas podem conhecer o seu lugar noecossistema e explorar maneiras de reduzir o seuimpacto sobre o meio ambiente.

Este documento apresenta os jardins botânicos comoinseridos numa estrutura dentro da qual podem serdesenvolvidas estratégias educativas significativas e efi-cazes. Ao fazer parte da rede internacional, eles podemajudar a acelerar uma mudança global na atitude dasociedade em geral que vise a conservação das plantas.

“O reflorestamento da mente humana deve necessaria-mente preceder o reflorestamento da Terra.Uma mente verde é aquela que se preocupa, poupa ecompartilha.Essas são qualidades essenciais para a conservaçãobiológica, agora e sempre.”

M.S. Swaminathan, Estratégia Global de Biodiversidade,1992.

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Desenvolvimento de redes7

Os instrutores dos jardins botânicos podem se beneficiardo contato com outros educadores. Compartilhar idéiaspode ajudar a desenvolver o ensino em jardins botânicose estender o conhecimento sobre os jardins a outras insti-tuições. Pode-se estabelecer ligações com:• outros jardins botânicos (por exemplo, membros do BGCI)• centros de pesquisa de campo• escolas• centros educativos de pesquisa e desenvolvimento• centros de recursos genéticos• estabelecimentos de treinamento de professores• organizações de campanhas• parques nacionais e outras áreas de proteção ambiental• departamentos de silvicultura e agricultura• museus• galerias de arte

Os educadores de todas essas instituições estarãopesquisando assuntos em comum, especialmente em ter-mos de métodos e abordagens. Uma boa rede de inter-câmbio permite a troca de experiências e evita a dupli-cação desnecessária de trabalhos, o que acontece comfreqüência quando se atua de forma isolada.

Através do esta-belecimento de redes, os jar-dins botânicos podem desen-volver estraté-gias comparti-lhadas para garantir que o ensino e o treinamento sejam acessíveis e estejam disponíveis a todos. E, ainda, envolver nessa proposta desde segmen-tos da sociedade em geral até os res-ponsáveis pelo estabelecimento de políticas públicas.

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tura e ecologia, como possibilitou queaprendessem sobre política municipal, me-lhorassem sua capacidade de solucionarproblemas e tivessem uma percepção maisampla a respeito das relações humanas.

Os jardins botânicos estão melhorando asáreas vizinhas e oferecendo aos moradoresáreas comuns modernas, em que elespodem se reunir para plantar e cultivar, nãosomente sementes de plantas ornamentais elegumes frescos, mas também as sementesda compreensão e da amizade. Trabalhandojuntos, os moradores estão se responsabi-lizando pelo meio ambiente, fortalecendo aauto-estima e o orgulho de sua comunidade.

Para que o trabalho possa continuar, os vo-luntários da comunidade aprendem horticul-tura e jardinagem básicas, para que, emtroca, possam prestar assistência aos jar-dineiros comunitários. Dessa forma, o proje-to Bronx Green-Up ajuda a formar umareserva de especialistas que prestará serviçosà comunidade no futuro.

Talvez o benefício maior e mais duradouroseja para as crianças do Bronx. Agora, alémde terem jardins e parques onde brincar e sedivertir, elas têm também a oportunidade deaprender suas primeiras lições de cidadaniaambiental e desenvolver o gosto pela con-templação do mundo natural.

Terry Keller, diretor do Bronx Green-Up. Jardim Botânico de Nova York, Bronx, NovaYork 10458-5126, EUA.

Educação Ambiental em Jardins Botânicos

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Prédios abandonados, pátios estragados por atos devandalismo, uma série de terrenos baldios e cheios delixo. Essas são as imagens que o mundo se acostumou aassociar ao Bronx, bairro da cidade de Nova York que setornou símbolo do pior colapso urbano, onde vivem pes-soas de várias culturas e etnias, com predominância deafro-americanos e latinos.

Nesse ambiente, o ensino de ecologia e conservação nãoé normalmente uma prioridade, mas o Jardim Botânico deNova York está tentando mudar essa situação. Localizadono coração do Bronx, o Jardim Botânico pôs em funcio-namento um projeto externo inovador, que está ajudandoa transformar alguns dos 10.000 terrenos baldios emjardins e parques comunitários. O processo de transfor-mação de um terreno cheio de lixo num oásis verde não éfácil. O Bronx Green-Up (Reflorestamento do Bronx) estácomprometido com uma abordagem comunitária, que dáajuda e assistência a grupos da comunidade que queiramrecuperar o meio ambiente ao seu redor.

O primeiro passo, uma vez feita a identificação do ter-reno, é tentar obter permissão da prefeitura paraarrendá-lo ou usá-lo. O Bronx Green-Up [BGU] podeajudar os grupos comunitários a diminuir a burocraciapara obtenção dos documentos necessários. Dada a per-missão, são providenciadas aulas de ecologia, horticul-tura e conservação; ferramentas, suprimentos, plantas,sementes, transporte; e assistência técnica ao trabalhofísico de limpeza dos terrenos e criação de áreas verdes.

No momento, mais de 1.000 famílias fazem parte daequipe do BGU, tendo criado 170 jardins no bairro. Entreos grupos que colaboraram com o BGU estão centros deidosos, escolas, serviços sociais, instituições para reabili-tação de dependentes químicos e centros de ensino deeducação especial. Na opinião de muitas pessoas quetrabalham no projeto, ele não só permitiu que desen-volvessem suas habilidades e conhecimentos de horticul-

Projeto Bronx Green-Up

Estudo de Caso 1

Moradores do Bronx compartilham sua produção

No Bronx, terrenos baldios são aproveitados

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nativas ameaçadas de extinção são identifi-cadas e reintroduzidas e as espécies exóticassão retiradas.

Para ajudar a natureza a restaurar a com-posição da floresta, são recrutados alunosvoluntários entre os escoteiros e através doConselho Nacional de Progresso Juvenil. OConselho incentiva os jovens a se apresen-tarem como voluntários para atividades queestimularão o crescimento pessoal, o aumen-to da autoconfiança, a perseverança e aresponsabilidade. Os alunos são orientadosem suas tarefas de retirada de espécies exóti-cas, como o inhame africano (Dioscorea san-sibarensis) e o cipó-imbé (Dieffenbachiaspp.). Eles estudam a biologia dessas plantasdaninhas para determinar o melhor métodode controle. Os alunos também recolhemsementes de espécies nativas para repro-dução e para aprender a produzir mudaspara projetos de restauração.

Desde abril de 1991, cerca de 250 alunosvoluntários participaram do projeto de "res-gate" para aceleração de uma nova vidapara a floresta. Outros 200 estudantes de 61instituições foram convidados a participar doprojeto nas férias de março e junho de 1993.Os participantes acompanham um projetoestruturado, que compreende trabalho decampo na floresta, palestras sobre conser-vação, excursões a campo e treinamento deliderança. A meta é desenvolver um núcleode líderes bem informados e dedicados, queapoiará o projeto de conservação daComissão de Parques Nacionais.

O projeto inicial encerrou-se em dezembrode 1993. A preservação da floresta conti-nuará com o esclarecimento e o apoio dopúblico.

Jennifer Ng, chefe do Departamento deParques e Recreação, Jardim Botânico, ClunyRoad, Singapura 1025.

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Em 1972, com a fundação da Escola de Horticultura, foiinstituído um projeto de ensino de horticultura nos JardinsBotânicos de Singapura. Sua missão principal é pôr à dis-posição horticultores treinados em todos os níveis paradesenvolver e manter o Jardim Botânico de Singapura.Atualmente, a Escola de Horticultura, que é o braço educa-cional da Comissão de Parques Nacionais, estendeu suasfunções à promoção da consciência ambiental e da con-templação da natureza entre os habitantes de Singapura.

Uma parte original da floresta tropical equatorial pode serencontrada no coração do Jardim Botânico de Singapura.A floresta de quatro hectares, com no mínimo 200 espé-cies de plantas nativas, proporciona aos visitantes umaexperiência única e enriquecedora de descoberta e en-cantamento. Para administrar essa herança valiosa, foiobtido patrocínio para custear um projeto de refloresta-mento de três anos. O projeto tem três fases:• levantamento de espécies de plantas na floresta do

Jardim• semeadura e reflorestamento• fornecimento de placas explicativas e materiais pe -

dagógicos.

O levantamento está sendo realizado por um taxono-mista e um ecologista da Universidade Nacional deSingapura. Com base nas informações obtidas, espécies

Apreciação da natureza atravésdo ensino da horticultura

Estudo de Caso 2

Horticultura no Jardim Botânico de Singapura

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comparação com a fonte da planta viva,que os visitantes podem manusear eobservar

* estimulação permanente de turmas deescolas e faculdades para o plantio e amanutenção de culturas e coleções

* disponibilização de placas informativascontendo outra informações úteis, alémdos nomes e da distribuição das plantas

• Como tornar a visita ao jardim agradávele divertida, além de educativa, por exem-plo, através da:* incorporação de espaços para exposi-

ções ou orientações simples dirigidas agrupos pequenos (como trechos mais lar-gos das aléias ou nos seus cruzamentos)

* folhetos trazendo resumos explicativossobre algumas plantas, em vez da pu-blicação de longas listas ou da apresen-tação de várias etiquetas extensas emcada planta.

• Como tornar este jardim em particularespecial ou inovador, por exemplo,através de:* apresentações e explicações sobre plan-

tas relevantes para a cultura ou ahistória local

* reformas no jardim para permitir que ascrianças brinquem, façam exploraçõese descobertas.

É raro os educadores terem a oportunidadede começar do zero e projetar um jardimnovo, de um ponto de vista puramente edu-cacional. No entanto, mesmo quando setrabalha com o que já existe e é precisoadaptar o espaço, o que é freqüente, comoeducadores, precisamos manter em menteesses princípios básicos.

Malcolm Cox, Departamento de Educação,Mt Coot-tha Botanic Gardens, G.P.O. Box1434, Brisbane, Austrália 4001.

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Se os jardins botânicos destinam-se à educação, devem serprojetados com o intuito de ensinar e aprender. Um jardimque tem propostas educativas pode ser uma exposiçãointerativa viva. Para ser um recurso valioso de ensino, eledeve ser idealizado com base em conceitos educacionaisclaros. Isso é válido tanto para um jardim inteiro como paraparte dele. O sucesso do projeto final dependerá do cuida-do tomado no estágio de planejamento.

Ao criar um jardim com fins educativos, precisamosdefinir:• O conhecimento ou os "fatos" que desejamos que ele

ensine, isto é:* o que o jardim mostra, por exemplo, práticas de per-

macultura, taxonomia vegetal* que tipo de planta o jardim produz, por exemplo,

espécies das quais se pode extrair tinturas ou fibras * o que pode ser comparado e contrastado dentro do

jardim, por exemplo, flora de diferentes países/zo-nas climáticas

* que plantas exibidas no jardim são significativas parauma dada cultura, por exemplo, em termos históri-cos, literários e folclóricos

• Os conceitos que queremos que o jardim ensine, comopor exemplo:* organizar as plantas sistematicamente por famílias* arrumar em separado as plantas que são usadas por

suas fibras, sejam do caule ou das folhas, de acordocom sua preparação ou uso

* dispor as plantas em seqüência, de forma a contaruma "história"

• De que maneira queremos que as crianças e os alunosinterajam com o jardim, como por exemplo:* caracterização das plantas locais comuns para jardins,

com as quais os visitantes já estão familiarizados* fornecimento de amostras de fibras preparadas, em

Como projetar jardins botânicos para a educação

Estudo de Caso 3

Adaptação da área escolhida às necessidades do projeto educacional: algu-mas implicações para o seu planejamento e gerenciamento

mudança de grande

importância

(o projeto envolve orçamentoespecífico, gerentes do jardim +gerentes/consultores de educação)

mudança de menor

importância

(projeto para curto a médio pra-zos; os educadores/gerentes de-vem se certificar de que toda aequipe está ciente do objetivo doprojeto)

(projeto para mudanças de baixocusto a curto prazo; os educa-dores relacionam-se diretamentecom a equipe operacional ou dãoconsultoria à gerência)

(o projeto exige planejamentoestratégico de jardins + os edu-cadores são envolvidos no plane-jamento e gerenciamento desdeos estágios iniciais)

mudança em um jardim oumudança em um jardim oupequena parte de um jardimpequena parte de um jardim mudança em todo um mudança em todo um

complexo de jardinscomplexo de jardins

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cada vez e faz 20 reuniões após a escolacom uma média de 25 professores poretapa, totalizando 575 professores. NaTasmânia, o tamanho médio das turmas é de20 alunos, o que significa que o projetopode atingir 11.500 crianças a cada ano,enquanto o professor ensina 4.000 alunosdiretamente.

Os professores recebem uma nova turma acada ano. Ao longo de sua vida profissional,a experiência que adquirem nos jardinsbotânicos beneficia muitas crianças. NoJardim Botânico Real da Tasmânia, descobri-mos que o treinamento de professores é umaforma eficaz e eficiente de atingir um públi-co mais amplo.

Andrew Smith, instrutor, Jardim BotânicoReal da Tasmânia, Domain, HobArt 7000,Austrália.

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O treinamento de professores no Jardim Botânico Realda Tasmânia, na Austrália, concentra-se na primeirainfância. Treinamos professores da pré-escola à 3ª Série,e da 4ª à 6ª Séries. Escolhemos essas faixas etáriasporque, nessas séries, o programa escolar na Tasmâniadá grande ênfase à educação ambiental. Trabalhamostanto com professores totalmente habilitados quanto comestagiários de Educação. Nossas metas principais paraos programas de treinamento de professores são:• ressaltar o potencial educacional do jardim botânico• dar aos professores o conhecimento, a capacidade e a

confiança para desenvolver projetos educativos emjardins botânicos

• mostrar como a educação para conservação emjardins botânicos se relaciona com outras áreas doprograma escolar

• motivar estagiários de Educação a incluir a educaçãoambiental em sua prática de ensino.

A maior parte do trabalho é feita pelos professoresdurante seminários de dias inteiros nos jardins botânicosou depois da escola, em reuniões com a equipe. As pa-lestras e aulas práticas, no jardim botânico, versam sobreo tema amplo da educação ambiental e oferecem infor -mações, recursos, técnicas e exemplos.

Nos jardins botânicos, só há um instrutor em regime detempo integral e, assim sendo, a ênfase de nosso treina-mento de professores é estimular os professores a desen-volver seus próprios projetos de ensino. Temos várias tri-lhas temáticas disponíveis como ferramenta de ensino e,nos seminários de treinamento, demonstramos algumasdelas para que os professores possam guiar seuspróprios grupos.

O valor efetivo do treinamento de professores pode servisto a partir do número de crianças alcançadas empotencial. A cada ano, nosso instrutor dá 5 seminários deum dia inteiro, para uma média de 15 professores de

Treinamento de professores

Estudo de Caso 4

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• participação de professores do projeto emtrês oficinas de trabalho realizadas pelocoordenador para os professores partici-pantes

• uma seqüência de experiências de ensinosupervisionadas em sala de aula e emcampo.

Sob a supervisão do coordenador, cada vo-luntário gradualmente assume total respon-sabilidade pelo ensino do projeto. Aocumprir as exigências do primeiro ano, osvoluntários acumulam pontos que levam aum dos três níveis de certificação. Com aaprovação de uma comissão, a certificaçãoos capacita a ensinar no projeto como facili-tadores assistentes ou plenos, começando nosegundo ano da prestação de serviços.

Nos anos seguintes, o treinamento continuapara estimular os voluntários a entendercada vez mais o teor do projeto e a aper-feiçoar sua aptidão para o ensino.

Através do treinamento e do trabalho comvoluntários, os jardins botânicos podemestender o alcance de seus esforços em edu-cação ambiental para mais salas de aula doque o fariam de outra maneira.

Alan Rossman, diretor pedagógico, JardimBotânico de Chicago, P.O. Box 400, Glence,Illinois 60022-0400, EUA.

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No Jardim Botânico de Chicago, nos EUA, desenvolve-mos um projeto abrangente de treinamento de volun-tários para realizar nosso Projeto de Conscientização emEducação Ambiental. A Liga Juvenil de Evanston/NorthShore (JNLE/NS), uma organização de prestação deserviços dedicada ao desenvolvimento comunitárioatravés do voluntariado ativo, participou da conceitua-lização inicial do programa de treinamento. A JNLE/NScontinua a dar assistência à implementação e ao finan-ciamento do projeto.

Não há qualquer procedimento de seleção formal.Qualquer pessoa interessada e motivada é convidada aparticipar. O treinamento é rigoroso e exige um alto nívelde comprometimento e entusiasmo por parte dos volun-tários. Dois membros da equipe permanente são envolvi-dos no treinamento de voluntários, o que exige de 10 a25% de seu tempo de trabalho, dependendo das respon-sabilidades específicas em questão. O programa detreinamento compreende:• descrição do trabalho para os voluntários• reuniões mensais para discussão do teor, dos conceitos

e atividades do projeto• oficinas de trabalho de instrução e prática de ensino,

que estimulam os voluntários a aperfeiçoar suasaptidões pedagógicas

Trabalho com voluntários

Estudo de Caso 5

Voluntário trabalha com grupo escolar

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sam tocar e sentir as plantas, fornecer pan-fletos e material educativo em braile, fazervisitas e projetos em língua de sinais.

Existem regulamentos que os jardins botâni-cos poderiam seguir? Em alguns países,estão disponíveis recomendações e diretrizessobre como dar acesso a deficientes. Hátambém diretrizes criadas por organizaçõese grupos de apoio que trabalham com defi-cientes. Outros jardins botânicos que bus-caram soluções para atender a esse públicotambém podem ser fontes úteis de infor-mação.

Para tornar mais eficaz o acesso de defi-cientes à educação ambiental em jardinsbotânicos no mundo todo, precisamos:• realizar pesquisas sobre as experiências de

deficientes em jardins botânicos• preparar uma lista de verificação de

padrões e medidas mínimos a seremseguidos

• formar um banco de dados e especialistassobre o tema

• procurar jardins bem-sucedidos no atendi-mento a deficientes e que possam de servirde modelo

• criar um serviço de relações públicas edisponibilizar informações para pessoascom necessidades especiais.

O acesso de deficientes à educação ambien-tal dentro de jardins botânicos é uma ques-tão importante e ampla, que precisa ser ana-lisada com cuidado, caso os jardins botâ-nicos se disponham a alcançar esse objetivo.

Herman H. Berteler, Bureau AangepastGroen, Postbus 29 - 6560 AA Groesbeek,Haydnstr. 44 6561 EG, Alemanha.

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Os deficientes têm tanto direito de aproveitar nossosjardins botânicos quanto as pessoas fisicamente aptas.Cada um de nossos grupos-alvos inclui deficientes, mastalvez devamos direcionar nosso trabalho para atingirpessoas com necessidades especiais como um grupo emseparado.

Precisamos pensar em duas questões principais:• Em primeiro lugar, como faremos para que os defi-

cientes visitem o jardim?• Como poderemos adaptar os jardins e nosso projeto

educativo para atender às suas necessidades?

Normalmente, malas diretas não-direcionadas e esforçosde relações públicas não atingem escolas e organizaçõesespeciais para crianças e adultos deficientes. Precisamosfazer um esforço extra para que esse tipo de organizaçãoreceba nossa atenção e informações sobre as atividadespertinentes.

Tornando os jardins mais acessíveisOs jardins botânicos precisam fazer uma pesquisa arespeito dos problemas de acesso que os deficientesenfrentam. É necessário construir rampas, certificar-se deque as placas direcionais e explicativas não estão posi-cionadas muito no alto, oferecer visitas guiadas usandofones individuais, criar projetos em que os visitantes pos-

Atendimento a pessoas com necessidades especiais

Estudo de Caso 6

Crianças com necessidades especiais participam dos programas

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Como na maioria dos jardins botânicos, háum grande número de plantas para explo-ração comercial, o que inspirou uma outraencenação de aventura bem-sucedida –"Perdidos na selva". Esse teatro ficou tãofamoso que as crianças que retornam aojardim botânico pedem para participar delede novo. Na dramatização, elas passeiampela Floresta Amazônica e dispõem depouco tempo para encontrar os elementosindispensáveis à sua sobrevivência – água,comida e abrigo para passar a noite. As cri-anças participam, lendo as informaçõesfornecidas nas etiquetas e usando suaprópria intuição para resolver problemas,como, por exemplo, coletar, filtrar e ferverágua do rio ou pescar utilizando os materiaisnaturais em torno.

Uma outra encenação é baseada numa visi-ta escolar à China. Na história, quando ascrianças ficam doentes, visitam umherbanário chinês. Queixam-se através demímica a um herborista, que não entendeinglês, e lhes dá um remédio em forma deervas frescas, secas ou processadas. Além defazer a relação entre plantas e saúde, essaencenação mostrou-se tremendamentedivertida e uma maneira excelente de trazerum pouco de humor ao projeto.

Uma característica comum a todas as ence-nações é a visita da turma a algum lugarexótico. As crianças nunca perdem sua

própria identidade de alunos escocesesmas, usando a imaginação, são trans-portadas a outros lugares. O realismo ficapor conta das plantas vivas e dos artefatosgenuínos, embora o mais importante seja aparticipação do líder na encenação, vestidoa caráter o tempo todo. O professor e ospais que estiverem ajudando devem serresponsáveis pela disciplina, o que precisaser explicado ao professor antes da visita.

Apesar de esse tipo de teatro funcionar me-lhor com crianças do 1º Grau (na Escócia,de 5 a 12 anos), o Jardim Botânico deEdimburgo já fez encenações com gruposde alunos do 2º Grau, com algum sucesso.Um exercício baseado numa proposta dedesenvolvimento de uma auto-estrada fictí-cia numa área de floresta tropical naAmérica do Sul foi primeiro usado com ado-lescentes de 16 a 18 anos em Edimburgo edepois incluído no projeto de Ciências rela-tivo a plantas para sobrevivência e florestastropicais (A. Cade, Richmond PublishingCo. Ltd., WWF-UK, 1988, pág. 225). Esseexercício se mostrou uma ótima forma degerar um debate animado a respeito deproblemas como desmatamento e direitosdos índios. A encenação proporciona aosadolescentes, normalmente inibidos, aoportunidade de usar uma máscara para seesconder. Eles ficam animados e até mesmoextrovertidos ao apresentar alguns argu-mentos de peso.

Ian Darwin Edwards, instrutor de 2º Grau,Jardim Botânico Real, Edimburgo, EH3 5LR,Reino Unido.

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Teatro e encenação com alunos no JardimBotânico Real de Edimburgo

Muito poucos alunos que participam dos projetosEncurtando distâncias na Terra no Jardim Botânico Realterão algum dia a oportunidade de visitar Bornéu ou aAmazônia. Contudo, a vida deles pode mudar através docontato com o cotidiano de pessoas que moram nessasregiões. Os projetos ajudam as crianças a viajarem naimaginação para outras partes do globo e a sentir comoé viver um tipo de vida totalmente diferente.

Num projeto recente relativo à vida na floresta tropical deBornéu, ao descer do ônibus, as crianças eram recep-cionadas com uma faixa onde se lia: "Bem-vindos à flo-resta tropical, espero que tenham feito uma ótimaviagem". Depois eram levadas a uma habitação ao esti-lo de Bornéu para iniciar um dia de atividades centradasna maneira como os habitantes da floresta tropical usamos recursos naturais.

Na parede da casa, imagens de tamanho natural dafamília que normalmente habita esse tipo de casa ilus-travam o seu dia-a-dia. Os visitantes eram informadosde que a família tinha saído para caçar, mas que deixaracomida para eles. Em seguida, as crianças eram convi-dadas a dar uma olhada nos vários utensílios domésticosespalhados pela casa. Depois de saciada a curiosidade,elas partiam para sua expedição à floresta tropical.

Nas grandes estufas de Edimburgo foram criadas lindaspaisagens para recriar uma atmosfera bem realista. Nafloresta tropical, os troncos das árvores são cobertos deepífitas e trepadeiras formando uma cobertura verde. Háágua em abundância e vários cantos escuros e escondi-dos – ingredientes essenciais para estimular a imagi-nação infantil.

Para encurtar distâncias na Terra

Estudo de Caso 7

Contando uma história através da música

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nidade em termos amplos, por meio de pro-jetos externos. Idéias para este tipo de proje-to são tão variadas quanto os leitores quevenham a usar a biblioteca. Basta haver umcomprometimento com o serviço, boa von-tade para ouvir as necessidades dos usuáriose para adequar os recursos existentes a essasnecessidades. Com a possibilidade de ligareletronicamente os catálogos das bibliote-cas, não existem limites para a sua bibliote-ca educativa.

Como se começa uma biblioteca educativa?Como se começa uma biblioteca educativa?• faça o levantamento dos recursos exis-

tentes• organize esses recursos de acordo com as

práticas aceitas de biblioteconomia• defina o que torna a sua biblioteca única• construa essa individualidade para atrair

usuários e mostrar a eles que você temalgo que vale a pena ser usado

• construa uma clientela satisfeita com umserviço de primeira linha. Ela divulgará asua biblioteca educativa de forma muitomais eficiente do que qualquer folheto

• procure sempre multiplicar, desenvolver epôr em prática idéias novas e criativas,que mostrem aos usuários como podem sebeneficiar de seus recursos

• concentre-se em usar bem o que dispõe

Lembre-se de que você vive na era da infor-mação e que as informações que comparti-lha podem servir para salvar a vida na Terra.

Pamela Pirio, coordenadora, Centro deRecursos Pedagógicos Stupp, Jardim Botâ-nico do Missouri, Saint Louis, Missouri, EUA.

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As funções educacionais dos jardins botânicos precisamestar apoiadas em bibliotecas educativas, que podemfornecer informações sobre botânica, agricultura, ecolo-gia, conservação, história natural, princípios e prática deensino e ensino ao ar livre. Apesar de normalmentesomente a equipe e os voluntários usarem essas bibliote-cas especializadas, é válido pensar que outros grupos depessoas, como professores da comunidade, poderiam sebeneficiar dessas informações.

As bibliotecas educativas têm em seu acervo livros e pu-blicações comuns, mas também podem dar assistência àequipe de instrutores, professores e outros usuários,fornecendo coleções de currículos, materiais audiovi-suais, jogos para manuseio, idéias de projetos e atémesmo equipamentos que possibilitarão que eles me-lhorem o ensino em sala de aula. Se o jardim botânico éconhecido por realizar trabalhos especiais num determi-nado campo, podem ser desenvolvidas coleções demateriais a respeito desse assunto para informar o públi-co. Geralmente essas coleções atraem pessoas que deoutra forma não viriam ao jardim botânico, devido àconveniência e ao volume de informações que oferecem.Um bom exemplo é o de uma coleção especial sobre flo-restas tropicais.

Quando são angariados recursos para uso da equipe edo público, é aconselhável organizar centros de recursosem bibliotecas adequadas. As bibliotecas têm sistemas declassificação universal, entendidos pelas pessoas nomundo inteiro, experimentam e testam métodos paraaquisição, organização, circulação e manutenção decoleções de materiais. Conforme as coleções e os gruposde usuários crescem, esses métodos tornam-se úteis paratratar materiais novos.

Uma biblioteca educativa pode ligar o jardim botânicoque a mantém a outros jardins botânicos, bibliotecaseducativas, museus, professores comunitários e à comu-

Implementação de uma biblioteca educativa

Estudo de Caso 8

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É dada ênfase especial a informaçõesbotânicas relativas à história cultural doMéxico, a fim de mostrar às crianças aimportância da sua herança cultural rica emuito antiga, bem como a necessidade depreservação dos recursos biológicos varia-dos do país. É nossa obrigação desenvolvernas crianças mexicanas uma consciênciafuncional de sua dependência em relação ànatureza.

As maletas são projetadas para serem auto-suficientes e facilmente transportáveis. Paraatender aos professores do ensino funda-mental, o uso da maleta e de seus conteúdosdispensa explicações. O material impressoinclui manual, conjunto de blocos, glossáriode termos científicos, lista de atividades, con-junto de slides e bibliografia recomendada.Além dos cartões de demonstração padrão,cada aluno recebe folhas individuais eamostras para seu uso pessoal. Esse sistematem sido usado tanto em centros urbanosquanto em áreas rurais. Acreditamos queesta é uma técnica muito útil para estimularos professores a despertar nos alunos, demaneira informal, a importância da botânica.

Edelmira Linares, Carmen C. Hernández eTeodolinda Balcázar, Departamento deEducação, Jardín Botánico de UNAM,Apartado Postal 70614, 04510 México, DF,Del Coyoacan, México.

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No Jardim Botânico da Universidade Nacional do México(UNAM), os pedidos de visitas guiadas aumentaram aponto de termos que criar novas abordagens para aten-der às necessidades do público. Uma solução para esseproblema foi trabalhar com professores, de modo queeles pudessem guiar suas turmas sozinhos. Infelizmente,os professores mexicanos trabalham demais e recebembaixos salários, impossibilitando o investimento emtreinamento especial, o que exigiria disponibilidade detempo. Para responder ao desafio de oferecer às criançasmexicanas projetos educativos referentes a plantas e àcultura mexicana sem sobrecarregar os professores, cri-amos uma série de maletas educativas portáteis.

ObjetivoCada maleta educativa serve para ajudar o instrutor aexplicar e mostrar a importância das plantas na vidaquotidiana.

As maletasCada maleta educativa inclui materiais de plantas origi-nais e produtos processados. Esses materiais vêm acom -panhados de textos e ilustrações (por exemplo, slides edesenhos), baseados em bibliografia acadêmica e emnossa pesquisa original. Os tópicos normalmente cober-tos são flores, sementes, frutos, doces, plantas medici-nais, temperos e condimentos.

Maletas portáteis para ensino de botânica no México

Estudo de Caso 9

Professora usa a maleta portáti l

Crianças examinam material da maleta portátil

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Depois trate a chapa de ferro com tinta debase para metal. Fure a chapa com umprego grande na borda (é difícil penetrá-lacom pregos pequenos) e depois pregue-acom pregos pequenos na moldura demadeira. Faça quatro furos na chapa e namoldura, como na Fig. 2, e depois pinte aestrutura toda. Achamos mais econômicomontar as placas empés de ferro, pois oclima e os cupins dete-rioram rapidamente osde madeira. Placasmédias também podemser presas em troncosou galhos horizontaisde árvores.

Placas ou etiquetas explicativaspequenasMaterial necessário:• folha-de-flandres• pregos ou rebites de alumínio• tinta de base para metal• tinta• ferramentas: tesourão, martelo, pincel

Corte a folha-de-flandres(0,3mm de espessura) notamanho desejado e fure-a com um prego grande(Fig. 3). Como é precisoque fique firme, é melhorfazer a parte "b" com umachapa de ferro. Junte a parte "b" com a parte"a", usando um rebite. Normalmente usamospregos de alumínio, que são cortados curtos,enfiados nos orifícios e depois achatadosnum bloco de ferro (Fig. 4). Trate as placascom tinta de base para metal e pinte com

tinta. As placas podemser simplesmente enfi-adas no chão ou presasna madeira ou nasparedes.

Ambos os tipos de placas são duráveis,mesmo em lugares de clima tropical.Usamos placas do primeiro tipo há quase10 anos, sem deterioração. As placas dosegundo tipo duram de 4 a 6 anos.

Quanto ao desenho das placas explicativas,tivemos a idéia de convidar visitantes regu-lares de faculdades ou clubes naturalistaspara escrever sobre as placas ou ilustrá-las.Um grupo de observadores de pássaros, porexemplo, foi convidado a preparar placas deespécies de pássaros associadas à flora e aotipo de floresta que habitam. Esse recursotraz o benefício extra de envolver os artistase atrair seu interesse para assuntos rela-cionados à conservação da natureza e aomundo vegetal.

W.D. Theuerkauf, Santuário Botânico deNarayama Gurukula, Alattil P.O., NorthWaynard, Kerala, Índia.

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Os jardins botânicos de países em desenvolvimento nor -malmente sofrem de escassez crônica de fundos. Nessascircunstâncias, itens básicos como placas ou etiquetasfreqüentemente se tornam um luxo. Há duas maneiras deproduzir placas de forma econômica e sem muita habili-dade especial.

Os três componentes básicos para a produção são:material, mão-de-obra e ferramentas. Apesar do materi-al precisar ser o mais barato possível, pode valer a penagastar um pouco mais, para que durem mais. A necessi-dade de mão-de-obra pode ser minimizada com o usode técnicas de produção simples, que também reduzema necessidade de ferramentas.

Placas explicativas médias ou grandesMaterial necessário:• chapa de ferro (0,6mm de espessura)• tábuas de madeira (6cm x 2cm - 10cm x 4cm de largu-

ra e espessura de acordo com o tamanho da placa)• pregos e parafusos • tinta de base para metal e madeira• tinta• ferramentas: fita métrica, martelo, serrote, cinzel, te-

sourão, furadeira (uma furadeira manual servirá),chave inglesa, pincel.

O primeiro passo é fazer a moldura de madeira,que sustentará a chapa de ferro. Corte as tábuasno comprimento desejado. Junte-as como na Fig.1 e prenda com pregos. Para placas de tamanhomaior do que 1,5m x 1m, basta uma molduraretangular simples; para tamanhos

maiores essas peças adicionais podem serpresas para dar estabilidade e fixadas com omesmo tipo de junção (Fig. 1a).

Antes de prender a chapa de ferro, pinte amoldura com tinta de base para madeira.

Placas de sinalização econômicas

Estudo de Caso 10

Fig.1

Fig.1a

Fig.2

Fig.3

Fig.4

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rotação de culturas, cultivo cruzado, adubaçãoorgânica (adubo de terreiro de fazenda,adubo composto, palha para recobrimento deraízes), adubação verde, fertilizantes naturais,cultivo mínimo e replantio agrícola.

Essas práticas proporcionam uma grandediversidade de produtos aos fazendeiros,garantindo uma certa segurança contra que-bra de safra, ao mesmo tempo que amorte-cem os "altos e baixos" do ciclo da mão-de-obra e aumentam os lucros.

Projeto Ambiental EscolarEsse projeto foi criado em 1991 como proje-to externo. Seu objetivo é passar uma men-sagem de conservação ambiental a umnúmero maior de alunos do que aquele queefetivamente visita o jardim. Dele participamcinco escolas, tanto de 1º quanto de 2ºGrau, que desenvolveram atividades sobre otema da conservação: competições escolaresde planejamento de paisagismo, formaçãode clube naturalista, criação de pomar esementeira nas escolas e organização devárias apresentações de slides e vídeos.

A equipe do jardim também trabalhou com aONG local, o Cameroon EnvironmentalEducation Programme [Projeto de EducaçãoAmbiental de Camarões] ou CEEP, especial-izado em educação ambiental nas escolas ecomunidades da província do sudoeste. OCEEP vem realizando oficinas de trabalhopara professores nos jardins, além de con-tribuir com outros recursos, consultoria gerale específica.

Achamos que trabalhar com uma ONGespecializada como o CEEP, que entende deeducação, conhece as escolas locais e seusfuncionários e já negociou contratos ade-quados com o Ministério, foi uma maneiraeficaz de desenvolver projetos educativosexternos.

Coleção histórica genética de banana (Musa spp)

Seu objetivo é informar o público sobre ahistória da espécie Musa e sua evolução. Osprincipais cultivos do mundo tropical são debanana-prata e banana-da-terra, tãocomuns em nossa sociedade que é difícilconvencer as pessoas de que são espéciesexóticas. No mostrador, vários níveis deevolução da planta foram distribuídos apartir de um tronco, num diagrama que seassemelha a uma árvore. Uma placaexplicativa com um mapa do plantio per-manece em exposição.

O.T. Bannavit, Instrutor, Jardim Botânico deLimbe e Conservação Genética da FlorestaTropical, P.O. 437, Limbe, Camarões.

CEEP/Living Earth, Warrick Avenue, 106Harrow Road, Londres, Reino Unido.

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Projetos educativos no Jardim Botânico de Limbe

• Fazenda modelo• Programa Ambiental Escolar• Coleção Histórica Genética de Banana (Musa spp)

Fazenda modeloA área de Limbe enfrenta limitações quanto a terrenosdisponíveis, com restrições impostas à comunidade pelasplantações e reservas. Devido a essas restrições, osfazendeiros precisam conhecer e usar técnicas intensivasde produção. Criamos a Fazenda Modelo (voltada parao cultivo de alimentos), como forma de informar o públi-co a respeito de algumas dessas técnicas.

A Fazenda Modelo está localizada num terreno na subi-da de uma estreita planície às margens do Rio Limbe,continuando em inclinação íngreme até a elevação aleste do jardim. Nosso objetivo é começar uma horta naestação seca. Na planície, cultivamos banana-da-terra.Próximo dali, na parte mais baixa do declive adjacente,plantamos milho, legumes, batata doce, mandioca einhame.

Nessa parte mais baixa, construímos faixas de contornoe praticamos o cultivo plano. Na área, são plantadassebes, enquanto árvores fixadoras de nitrogênio sãoplantadas nas faixas. Mais para cima, cultivamos aba-caxis. Como formam uma plantação de cobertura, operigo de erosão fica reduzido.

Na parte mais alta do declive, a inclinação impede o cul-tivo. Nesse local, fizemos um pomar. Acreditamos queesta é uma solução adequada para a região, pois amaioria das fazendas nos arredores de Limbe fica emáreas escarpadas.

Demonstramos e usamos práticas que mantêm a terra fér-til, incluindo aproveitamento dos resíduos das colheitas,

Soluções modelo

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Vários métodos de interpretaçãoHá várias maneiras de explicar o trabalho deum jardim botânico. Explicamos nossascoleções usando os seguintes métodos:

Explicação ao vivoExplicação ao vivo – Oferecemos visitas gui-adas ao público. Nossos guias são voluntá-rios, treinados em Kew e Wakehurst Place, ojardim satélite de Kew no Sul de Londres.Essas visitas ensejam exemplos fascinantes arespeito do trabalho, da história e dascoleções dos jardins. Também interpretamoso trabalho dos jardins através de teatro, ofi-cinas e eventos especiais.

Material impressoMaterial impresso – Produzimos vários fo-lhetos explicativos para visitantes que dese-jam saber mais sobre determinados prédios

e plantas. Trilhas auto-guiadas que sugeremuma rota específica pelo jardim estão tam -bém disponíveis em forma de publicaçõescomo guias, folhetos e mapas.

ExposiçõesExposições – Usamos exposições para ex-plicar conceitos biológicos mais complexos,o que não seria possível num painelpequeno, e também para chamar atençãopara outras explicações no jardim. NoEdifício Sir Joseph Banks, por exemplo, aexibição enfoca a maneira como as plantassão usadas pelas pessoas em geral e comoo trabalho em Kew pode beneficiar ahumanidade.

Etiquetas em plantasEtiquetas em plantas – Em algumas áreas,temos etiquetas de identificação básica de

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O papel da explicação, como parte do nosso projetoeducativo nos Jardins Botânicos Reais de Kew, é aumen-tar o conhecimento do público, a compreensão do valordas plantas, o reconhecimento do trabalho realizado emKew e apoiá-lo.

A explicação é essencial. Sem ela, um jardim botânicoparece um pouco mais do que um parque agradável.Placas, desenhos, cartazes, exposições, mapas, tudo issoajuda os visitantes a compreender a ligação vital entre otrabalho desenvolvido por um jardim botânico e sua mis-são. A explicação está ligada à comunicação. É umamaneira importante de informar o público e aumentar aconscientização sobre a importância das plantas.

O desenvolvimento de material explicativo exige tempoda equipe em termos de:• pesquisa• debate• elaboração de versões• testagem de idéias – A informação pode ser entendida?

É acessível? É interessante? Faz pensar?• textos de verificação e esclarecimento• pesquisa de boas fotografias e ilustrações• projeto de alta qualidade• especificação de produtos• coordenação de produção• instalação• avaliação• monitoramento• manutenção

Antes que qualquer proposta seja considerada e desen-volvida em Kew, analisamos cuidadosamente nossosobjetivos e o público-alvo. Decidimos o que queremosinterpretar, os métodos de explicação que queremos usare a estimativa de custos.

A necessidade de explicar

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Visita orientada para educadores

O mundo está passando por profundas transformaçõesculturais, sociais, econômicas e científicas e as escolastêm sido cobradas quanto à sua função diante dessastransformações. O ensino não pode se limitar a quatroparedes e, diante da demanda da sociedade, o professorprecisa utilizar outros meios para atingir seus objetivospedagógicos. Insere-se aí a responsabilidade dasequipes de instituições extra-escolares, como jardinsbotânicos, no reforço e ampliação do processo de ensi-no-aprendizagem de temas referentes à botânica e àconservação de ambientes.

No entanto, durante a formação dos educadores, poucoou nenhum enfoque tem sido dado de maneira consis-tente sobre práticas de ensino fora da sala de aula.Nossa preocupação é como os educadores têm sepreparado para tal e como as mensagens educativas deconservação chegam de forma eficaz ao aluno. Nos pre-ocupa também a questão de quem auxilia o educador aformar seus alunos para trabalhar questões sobre botâni-ca em espaços extra-escolares. Que habilidades, estraté-gias e técnicas o educador pode utilizar para seduzir,cativar seus alunos de modo a sensibilizá-los e assimaumentar as possibilidades de compreensão do mundoque os cerca, para então respeitá-lo mais?

Aliado a esses questionamentos, consideramos que ensi-nar botânica é um grande desafio para educadores detodos os níveis de escolarização. Assim, surgem osseguintes questionamentos: qual o papel de um jardimbotânico para a eficácia do ensino e aprendizagem? Osprofessores estão aptos a aproveitar o potencial educati-vo desses espaços para promover o ensino e aprendiza-gem de seus alunos? Como a equipe de educação dosjardins botânicos poderia auxiliar o educador a aproveitarmelhor o potencial educativo dos jardins botânicos?

Para resolver, em parte, essas questões, principalmenteno que se refere à lacuna deixada pelos cursos de licen-

Estudo de Caso 13plantas usando código de cores e/ou símbo-los adequados para ressaltar áreas de inte-resse. Essas etiquetas são usadas, por exem-plo, na área paisagística em torno doEdifício Sir Joseph Banks, para categorizar ouso comercial das plantas. E poderiam servirde base para as trilhas no jardim.

Etiquetas informativasEtiquetas informativas – Trazem informaçõessobre habitats, problemas de conservação eoutros itens de interesse. São criadas emformato padrão e espalhadas pelos jardinse estufas, ressaltando plantas específicas eseus usos.

Explicações específicas sobre o localExplicações específicas sobre o local – Podemser vistos exemplos de explicações específi-cas sobre o local em Kew, nos canteiros e nojardim de pedras, e em Wakehurst Place noUrzal Asiático Tony Schilling. A etiquetageme outros elementos foram projetados edesenvolvidos especificamente para se ade-quarem ao assunto e ao local em questão.

Antes que quaisquer etiquetas e painéissejam instalados, sempre consideramos ascaracterísticas e restrições dos locais sele-cionados e discutimos a adequação dasáreas em potencial com toda a equipe per-tinente. Queremos criar nossos painéis deforma adequada ao ambiente e colocá-losperto dos caminhos, para facilitar a consul-ta. Eles são posicionados de forma a facili-tar o funcionamento geral do jardim botâni-co. Colocando-os em locais conhecidos, asinformações podem ser disseminadas aomáximo possível de visitantes, estimulando-os a explorar partes menos visitadas dojardim.

O material que usamos nos painéis e placasexternos é duralite, uma forma de GRP(vidro reforçado com poliéster). A resinapermeia completamente a imagem impres-sa, criando uma folha rígida que não racha,quebra ou entorta. A imagem fica comple-tamente coberta e protegida contra deterio-

ração. Esse material vem sendo testado eusado em Kew há aproximadamente 10anos. Apesar de ser caro, a manutenção épraticamente desnecessária e os painéis eplacas ficam protegidos contra atos de van-dalismo.

Em suma, queremos nos comunicar e esco-lher a maneira mais eficaz e prática de fazê-lo. A explicação é essencial para comunicara mensagem de que toda a forma de vidadepende das plantas.

Compilado por Laura Giuffrida, Gerente deComunicações, Royal Botanic Gardens, Kew,Richmond, Surrey TW9 3AB, Reino Unido.

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Placa explicativa em Kew Gardens

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fico quanto à eficácia de atividades educativasrelacionadas ao Jardim Botânico, sendo queos resultados de uma delas nos sugerem que,ao fazer a VOE, os educadores buscam apoiopara: ensinar sobre plantas; esclarecer curiosi-dades; encontrar profissionais que expliquemos assuntos botânicos; obter materiais infor-mativos; buscar um local para contemplação;educar para a preservação.

Entende-se que pesquisas sobre a importân-cia dos jardins botânicos no processo ensinoe aprendizagem devem ser práticas cons-tantes para o aperfeiçoamento educativodesses espaços e dos profissionais em edu-cação que neles atuam.

É complexa a mensuração da influência daVOE na prática pedagógica dos educadores,pois a mudança de atitude ocorre de formagradativa. No entanto, avaliações nosmostram que os participantes demonstramempatia diante da oportunidade de relatar erepensar suas ações docentes em espaçosnão-formais de educação. Isso pode refletirpositivamente na qualidade das excursões eno processo ensino-aprendizagem in loco.

A linha filosófica adotada pela FundaçãoZoobotânica de BH baseia-se na idéia deque o Jardim Botânico não se constitui, nemse assemelha a uma sala de aula: é muitomais do que isso. A partir desta idéia, susci-tam-se discussões e reflexões com e entre oseducadores, que podem contribuir paraaumentar as potencialidades educativasdeste espaço para a conservação de ecos-sistemas mineiros e brasileiros.

Cristiane Speziali Menegazzi, bióloga eeducadora, chefe do Serviço de EducaçãoAmbiental e Angela Alves Lutterbach, biólogae educadora, Serviço de Educação AmbientalJardim Botânico da Fundação Zoobotânicade Belo Horizonte, Av. Otacílio Negrão deLima, 8000, Belo Horizonte, MG, Brasil

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ciatura para a formação de educadores, foicriada a VOE – Visita Orientada para oEducador. Essa atividade já era desenvolvi-da na Fundação Zoobotânica desde 1997,para temas relativos à fauna e para visitasao antigo viveiro de produção de mudas.Após a abertura do Jardim Botânico aopúblico, em junho de 2001, a atividade foiadaptada para esse novo contexto. Odesafio passou a ser, desde então, a con-tribuição do Jardim Botânico para o ensinoA VOE tornou-se também um ampliadorcultural, já que trata temas sobre a relaçãodo ser humano com a natureza nos contex-tos social e histórico.

Destacamos os principais objetivos da VOE-Jardim Botânico: • encorajar educadores a desenvolver seus

próprios programas de educação noJardim Botânico, segundo suas necessi-dades e as de seus alunos

• estimular a reflexão sobre sua práticapedagógica dentro e fora da escola

• estimular e orientar o desenvolvimento demetodologias para ensino em espaços deeducação não-formal

A atividade ocorre quinzenalmente, comuma duração mínima de duas horas. É divi-dida em dois momentos: no primeiro, háum bate-papo da equipe de educação daZoobotânica com os educadores. Todosapresentam-se e expõem suas experiênciasem visitas a espaços extra-escolares. Sãodestacadas experiências positivas. A partirdaí a equipe de educação tenta destacar ati-tudes a serem desenvolvidas pelos edu-cadores, como, por exemplo, aproveitar oambiente diferente da escola para estimularos alunos a se interessarem por temas liga-dos à botânica e à conservação danatureza. Em seguida, a equipe realiza umavisita com os educadores pela área doJardim Botânico, onde eles são instigados adespertar nos educandos a curiosidade,estimular a observação e o respeito às

demais formas de vida. Os educadores sãoconvidados a explorar o ambiente, comênfase na estética, na diversidade botânica enos aspectos culturais das espécies medici-nais. Consideramos como elementos essen-ciais para esta atividade: a valorização dosconhecimentos dos professores; o estímuloao prazer em ensinar em jardins botânicos;o incentivo para que os alunos conheçammais sobre as plantas; o encorajamento aoconvívio social com os alunos e entre eles ea contribuição para formar profissionaismais prático-reflexivos.

Toda e qualquer instituição ambiental quepossibilite a visita de grupos e que possuaequipe de educação ambiental pode repro-duzir esta atividade. No entanto, é essencialque a equipe educativa do jardim botânicoenvolvida com o projeto tenha um nível decompreensão mais complexo e detalhadosobre o processo educativo e acesso a publi-cações e teorias que tratam da formação deprofessores, educação não-formal e o papeleducativo de jardins botânicos. Portanto,deve-se fazer um investimento na formaçãodesses profissionais, através de cursos de pós-graduação, produção científica e participaçãoem grupos de discussão sobre o assunto.

Em um ano de atividade, foram atendidos naVOE do Jardim Botânico cerca de 200 edu-cadores de diversas instituições e níveis deensino, a maioria pertencente a escolaspúblicas de Belo Horizonte e sua região me-tropolitana. Apesar de a atividade atenderdiretamente a um número relativamentepequeno de educadores, ela atinge indireta-mente uma gama maior de pessoas (edu-candos). Isso porque, além de formadoresde opinião, consideramos nosso público-alvo multiplicador de ações para a melhoriada qualidade de vida.

A equipe do Serviço de Educação Ambientaltem desenvolvido pesquisas em educação como intuito de oferecer maior fundamento cientí-

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sárias para que seja entendida a importân-cia da utilização de cascas, folhas e talos dosalimentos. Entre as iniciativas do Museupodem ser citadas também: I e II Semináriosde Apoio à Educação e Saúde doMPEG/Centros Comunitários; implantaçãode horta comunitária no Centro Comunitá-rio da Paz; distribuição de ingressos paravisitação gratuita ao Museu para todos oscentros comunitários cadastrados; realizaçãode várias oficinas; criação de bibliotecacomunitária na comunidade São Franciscode Assis e Centro Comunitário Bom Jesus,além de inúmeras outras atividades.

As atividades do Museu, em geral elabo-radas pelo Museu em conjunto com ascomunidades envolvidas (foto), já atingiramum grau de amadurecimento na instituição,sendo alvo de destaque em algumas publi-cações, como por exemplo o jornal daAssessoria de Comunicação Social – SCS/Museu Goeldi Destaque Amazônia, queentrevistou as lideranças comunitárias no iní-cio do projeto. O periódico Ciências emMuseus, volume 4 (outubro/1992), desta-

cou: “...este projeto foi o resultado mais evi-dente da preocupação do Museu Goeldicom a comunidade que o circunda". ONúcleo do Meio Ambiente – NUMA/UFPAlançou, em 1993, o livro O Museu Goeldi ea comunidade do bairro da Terra Firme: aeducação ambiental mostrando novosrumos, que narra toda a trajetória desteprojeto no Museu Goeldi.

A partir de 1985, como política de boa vizi-nhança, seu objetivo amadureceu e passoua ser despertar nas comunidades organi-zadas (centros comunitários, associaçõescomunitárias, comissão de bairros deBelém, etc.) a importância de ações depreservação do meio ambiente. Do projetopiloto, com três centros comunitários nosbairros da Terra Firme, Santa Cruz, Da Paze Bom Jesus, passou a abranger um univer-so maior, atendendo a 23 centros comu-nitários de vários bairros da grande Belém.

Helena Alves Quadros, pedagogaMuseu Paraense Emílio Goeldi e ParqueZoobotânico, Av. Magalhães Barata, 376,Belém, PA, Brasil

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O Serviço de Educação e Extensão Cultural – SEC daCoordenação de Museologia do Museu Paraense EmílioGoeldi – MPEG, instituição de pesquisa vinculada aoMinistério da Ciência e Tecnologia, é responsável pelos pro-jetos e atividades de educação em ciências e meio ambi-ente que atingem um público diversificado, entre eles edu-cadores, educandos, líderes comunitários e a comunidadeem geral.

O SEC operacionaliza a Biblioteca de Ciências ClaraMaria Galvão e a Coleção Didática Emília Snethlage.Dentre as atividades de difusão científica do SEC estãoincluídas as Visitas Escolares ao Parque Zoobotânico e oprojeto O Museu Goeldi Leva Educação em Ciências àComunidade. Este projeto visa desenvolver atividadesvoltadas às comunidades organizadas (centros comu-nitários, associações comunitárias, etc.). Sua primeira ini-ciativa foi fazer o levantamento do perfil sócio-econômi-co do bairro da Terra Firme (onde está localizado oCampus de Pesquisa do MPEG) com a finalidade de cole -tar dados sobre as características gerais da área, aspec-tos sociais e culturais, segurança, justiça, saúde e edu-cação, entre outras.

Esta atividade foi decisiva para se implantar a ação queo Museu Goeldi vem desenvolvendo no local desde1985. Desde então realizaram-se várias visitas de inte-grantes da comunidade e de alunos das escolas manti-das pelos centros comunitários Da Paz, Bom Jesus eSanta Cruz ao Parque Zoobotânico e ao Campus dePesquisa do Museu.

Os membros dos centros comunitários já participaram decursos sobre diversos assuntos, sendo que o que maislhes interessou foi o de alimentação alternativa. O Museufoi uma das primeiras instituições a oferecer este curso.Os formandos hoje atuam como agentes multiplicadoresem vários municípios de Belém, enquanto os pesquisa-dores do Museu dão as informações científicas neces-

Educação em ciência para a comunidade

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Centro Comunitário Bom Jesus (Terra Firme) Belém/PA.

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Os alunos recebem noções básicas de higienepessoal e higiene dos alimentos, com ênfasena sua importância para a saúde. Após aexplanação sobre as características dos pro-dutos que serão utilizados, segue-se a parteprática, com o preparo das receitas. Para quese evidencie a importância das matérias-pri-mas usadas na Oficina de AlimentaçãoAlternativa, listamos abaixo a riqueza alimen-tar de alguns dos principais frutos típicos doecossistema Cerrado.

A população da região do Cerrado dispõe degrande potencial de plantas nativas. AOficina de Alimentação Alternativa do JBBprocura resgatar e repassar esse conhecimen-to para alunos e merendeiras das escolas, jáque atualmente grande parte dos moradoresdas cidades desconhece essa riqueza.

Além das qualidades alimentícias, deve-seconsiderar as várias alternativas de prepa-ro, por exemplo, em bolos, geléias, licores etemperos, que também atraem pelo sabor.

Todo esse esforço tem um sentido estratégi-co de valorização da biodiversidade doCerrado, promovendo sua conservação euso sustentável e até mesmo incentivando ocultivo de algumas plantas nos jardins dasresidências. Sendo a maioria dos estudantesde origem urbana, as oficinas têm impor -tância destacada na geração e resgate deuma cultura que busca harmonia e intera-ção entre a sociedade e seu ecossistema.

Sônia Pereira RomanoJardim Botânico de Brasília, SMDB conj. 12,Brasília, DF, Brasil

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Em maio de 1994 o Jardim Botânico de Brasília iniciou,com o apoio da UNICEF, o Projeto Cerrado – Casa Nos-sa, buscando cumprir a sua função social em prol dasensibilização sobre a importância da preservação e dasustentabilidade no uso do bioma Cerrado, principal-mente para os estudantes menos favorecidos, residentesno entorno da cidade. O projeto estimulou atividadesque contribuíssem com ações de preservação do ambi-ente natural, oferecendo também meios alternativos deutilização das espécies nativas, através de oficinas didáti-cas na área de alimentação, papel artesanal e recicla-gem de materiais.

Desde então, estas oficinas vêm sendo oferecidas àsescolas públicas do DF, dando aos alunos uma visãoholistíca, com conceitos integradores. As sobras de umaoficina alimentam as outras. Os alunos vivenciam a reuti-lização de materiais quando produzem papel com cascade alimentos, que preparam na Oficina de AlimentaçãoAlternativa. Essa atividade mostra, na prática, a possibi-lidade do uso sustentável dos recursos naturais e aimportância de não desperdiçá-los.

A Oficina de Alimentação Alternativa é uma das maisimportantes e procuradas no atendimento agendado daDivisão de Educação Ambiental do Jardim Botânico deBrasília para elaboração de receitas com produtos natu-rais da região do Cerrado, como pequi, jatobá, buriti,serralha e ora-pro-nóbis, bem como, cascas, sementes,farelos e pós de folhas verdes, além do reaproveitamen-to de talos das verduras e legumes normalmente con-sumidos pela população e sempre desprezados, porémcom grande valor nutritivo.

Os participantes das oficinas são divididos em pequenosgrupos para cumprirem funções diferentes. Há rodíziodas tarefas para que todos tenham a oportunidade defazer de tudo um pouco.

Oficina de Alimentação Alternativa

Estudo de Caso 15

NOME VULGAR NOME CIENTIFICOBaru Dipterix odorataPequi Caryocar brasiliensisJatobá Hymenaea corbarylBuriti Mauritia flexuosaCagaita Eugenia dysenterica

As frutas nativas do Cerrado oferecem emsua composição nutrientes importantes, quefuncionam como fontes alternativas de ali-mento, principalmente para as crianças, emfase de desenvolvimento. As polpas desses frutos apresentam alta por-centagem de fibras, pectina, cálcio, caroteno,vitamina C, ferro e fósforo, muitas vezes emíndices superiores àqueles contidos nas frutastradicionalmente consumidas pela populaçãobrasileira como laranja, limão, banana emaçã. As polpas do buriti e do pequi, porexemplo, são riquíssimas em caroteno e vita-

mina C, cálcio, ferro e fósforo. O pequi temalto teor de pectina. A farinha do jatobá tem6 vezes mais cálcio que a de arroz e 10vezes mais que as de trigo e mandioca.

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Educação ambiental agrícola

A programação e a intensidade da visitação na área deeducação ambiental agrícola do Jardim Botânico doInstituto Agronômico varia ao longo do ano, uma vez queo plantio das culturas anuais ocorre no outono e prima-vera. A idade dos visitantes também é variada,abrangendo alunos do ensino fundamental, médio esuperior, além da população em geral. Dependendo dademanda e do perfil do visitante, o roteiro é programa-do e submetido aos interessados. Só depois disso a visi-ta, que ocorre tanto na Fazenda Santa Elisa como nasede do IAC, é finalmente agendada.

O objetivo geral da programação é demonstrar aimportância da manutenção de bancos de germoplasmanos programas de melhoramento, visando manter altavariabilidade genética, de modo a se obter cultivaresmais resistentes aos estresses ambientais, pragas edoenças. Conseqüentemente, há um aumento da pro-dução de alimentos que abastecem diariamente a popu-lação da cidade, do estado, do Brasil e de vários países.No IAC, têm sido realizados inúmeros trabalhos paramelhorar tudo o que a população consome, desde itensdo vestuário até outros que envolvem a geração de tec-nologia para a indústria e mecanização agrícola, taiscomo lubrificante para avião, produzido a partir damamona melhorada, ou borracha de pneu. Não poracaso, a produção de alimentos e de tecnologia comqualidade ambiental é a principal missão do IAC.

Normalmente, a visitação à Fazenda se inicia com a cul-tura da seringueira, na Estação 1. O visitante aprende ahistória da borracha no Brasil, assim como a importânciadessa cultura na economia estadual e nacional, os pro-dutos principais e secundários derivados da borracha.Por último, assiste à extração do látex.

A Estação 2 compreende a cultura do cafeeiro. Nela seaprende a evolução da cultura do café, desde a fun-dação do IAC até os cultivares atuais disponíveis para os

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RECEITINHAS DO CERRADO

JATOBÁ

Bolo de jatobáBolo de jatobáIngredientes:Ingredientes:2 xícaras de chá de farinha de trigo1 xícara de chá de farinha de jatobá1½ xícara de chá de leite morno½ xícara de manteiga1 ½ xícara de açúcar1 colher de chá de fermento em pó3 ovosuma pitada de sal

Modo de fazer:Modo de fazer:Bater as claras em neve, juntar as gemas, o açúcar e amanteiga, batendo bem. Peneirar juntos a farinha de trigo,a farinha de jatobá, o fermento e o sal, acrescentando aospoucos os ovos, o açúcar e a manteiga. Por último, juntaro leite morno, mexendo devagar. Colocar em fôrma unta-da com manteiga ou margarina. Assar em forno quente.

PEQUILicor de pequiLicor de pequiColocar um litro de pequi em um vidro de boca larga ecobrir com cachaça de alambique. Tampar o vidro edeixar em infusão por oito a dez dias. Fazer uma caldade açúcar e deixar esfriar. Coar a cachaça, misturar àcalda, filtrar e engarrafar.

CAGAITAGeléia de cagaitaGeléia de cagaitaIngredientes:Ingredientes:½ quilo de frutos de cagaita1 litro de águaaçúcar, a mesma quantidade de polpa da cagaita

Modo de fazer:Modo de fazer:Esmagar os frutos e cozinhar em água. Deixar esfriar ecoar em peneira fina. Medir o volume obtido e juntar àmesma quantidade de açúcar. Levar ao fogo até adquiriro ponto de geléia.

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anual, solo desnudo), tipo de solo e quanti-dade de chuva.

Na Estação Central de Informações Agro-meteorológicas, os visitantes aprendemcomo esses dados são obtidos, registrados etabulados, resultando em suporte ao calen-dário agrícola, preparo do solo, aplicaçãode produtos químicos agrícolas, monitora-mento de irrigação, datas de maturação ecolheita, controle e manejo de pragas edoenças vegetais, transporte de produtosagrícolas, operações florestais no manejo deincêndios, geadas e outros fenômenosadversos, práticas agrícolas e outras ativi-dades correlatas.

O Jardim Botânico do IAC apresenta, tam-bém, Estações de Vegetação Nativa como aMata da Santa Elisa, que é um remanescentede Mata Atlântica, a Estação de Várzea, aEstação de Cerradão e de Campo Cerrado.

A visitação na sede ocorre nos Jardins doParque Central, onde há uma coleção de ár-vores, arbustos e plantas herbáceas. Depen-dendo do público-alvo são visitados os labo-ratórios dos Centros de Solos e Recursos Am-bientais, tais como o de microbiologia do so-lo e de fertilidade do solo. Outra possibilida-

de são os laboratórios de anatomia vegetale taxonomia vegetal e o Herbário IAC. Nes-ses casos, geralmente o público-alvo são asturmas de graduação da disciplina de Bo-tânica Econômica ou especialistas na área.

Nos programas de visitas pode ser incluídaa projeção de filmes sobre diversos temasde educação ambiental e também o filmesobre os trabalhos realizados pelo IAC, demelhoramento vegetal, conservação dosolo, fertilidade do solo, entre outros.

Ressalte-se, finalmente, que os membros doJBIAC estão preparando novas trilhas agrí-colas e diversas outras atividades pedagó-gicas e culturais em educação ambientalque devem ser incorporadas, brevemente, àrotina daquelas milhares de pessoas quevisitam o IAC anualmente.

Rachel Benetti Queiroz Voltan, diretora doNúcleo de Pesquisa e Desenvolvimento doJardim Botânico do Instituto Agronômico deCampinas, Av. Barão de Itapura, 1481,Campinas, SP, Brasil

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agricultores. Em seguida, os visitantes co-nhecem o viveiro de produção de mudas edepois se dirigem ao campo, onde acom-panham as etapas da cultura do café. Aolongo do percurso, são mostradas diferentesespécies do banco de germoplasma, vindasda África e de outros países. É possívelobservar a diversidade morfológica das es-pécies e de fontes de resistência utilizadasno programa de melhoramento do IAC. Emseguida são visitados os terreiros, onde osgrãos passam pelo processo de secagem.Os visitantes mirins podem passar o rodo erevolver os grãos de café. Os participantespodem também assistir à torrefação emoagem do café, caso elas estejam sendofeitas durante a visita.

Nos meses de março a maio, na Estação 3,dedicada à cultura do algodoeiro, pode serfeita a colheita do algodão. Fora desse perío-do, pode-se visitar o banco de germoplasma.Nesse local, os visitantes podem conferir oscultivares com características de fios coloridosou conhecer a tecnologia de fibras e ver oprocesso de fiação e controle de qualidadedos fios dos diferentes tipos de algodão.

Nas demais estações, que apresentam asculturas do feijão, da mandioca, da soja, do

trigo, da mamona, da aveia e do arroz, den-tre outras, também é explanado todo o cicloda cultura, do plantio à colheita. São mostra-dos ainda os cultivares utilizados pelosagricultores e suas vantagens.

A Alameda do Bambu é um dos pontospitorescos do nosso Jardim Botânico. Osbambuzeiros foram plantados pelo barãoGeraldo de Rezende com o objetivo de som-brear a travessia de trotes que transportavamsua filha, que era albina, quando se dirigiaao Centro da cidade. No final dessa Alame-da encontra-se o campo de futebol da fazen-da, onde há um refúgio coberto para lan-ches e outras facilidades para os visitantes.Nesse local são dadas, também, as explica-ções sobre tipos de flores, folhas e frutos e asdiferenças entre os grandes grupos de plan-tas, a partir dos vegetais coletados ao longodo percurso, trabalhados nesse espaço.

Outras estações podem ser citadas, como acoleção de plantas aromáticas e medicinais,a Coleção Monjolinho, de espécies arbóreas,nativas e exóticas; a Conservação do Solo,onde talhões coletores de erosão demons-tram que existem diferenças no efeito daerosão, dependendo do tipo de vegetação(matas, campo, cultura perene, cultura

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Estação seringueira: sangria do látex

Estufa de hidroponia: cultura de alface

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do país, além da bela paisagem, ameaçada,mas ainda possível de ser preservada.

O tropeirismo tem suas origens na movi-mentação das tropas e tropeiros, no Centro-Sul do país, a partir do século XVII. Dentresuas influências está a integração de dife-rentes regiões do país.

O sucesso desta atividade é atribuído àrelação estabelecida entre as atividadeshumanas e o período histórico em que elasse inserem, com ênfase em sociedades pri-mitivas como as tribos dos índios Guaranis,Kaigang, Carijós e Tinguis, que habitavamas regiões do Paraná e tinham um modopeculiar de interação com o ambiente. Elesextraíam somente o necessário para sobre-viver, consumiam pouco e portanto geravammenos resíduos, causando o menor impactopossível ao meio ambiente.

A influência dos tropeiros na economia, nãosó da região, mas também do Brasil, ocorreuatravés do transporte de alimentos, gado decorte, mulas para o Nordeste, além de ou-tros produtos. Dessa forma, os tropeirosfomentaram o comércio da época,enfrentando dificuldades, em viagens queduravam meses no lombo de burros.

Todo este trabalho é realizado para abordaro atual nível de emissão de poluentes emiti-dos pela enorme frota automobilística atual.

A contaminação das águas é discutida uti-lizando-se um exemplo local, o rio Iguaçu,que na época da colonização ofereciaágua de boa qualidade para o consumo eabundância de peixes. Atualmente, ele sofrecom os efeitos antrópicos como liberaçãode esgotos, diminuição das matas ciliares,causadores de assoreamento, além deeventuais acidentes com produtos químicos.

Para vivenciar hábitos e costumes de formaagradável os participantes têm a oportu-nidade de acompanhar a montagem de umacampamento, saborear um delicioso arroztropeiro (preparado com arroz e charque) eexperimentar o chimarrão, bebida típica uti-lizada pelos povos indígenas e muito apre-ciada na região Sul do Brasil.

Ely de Moraes Cunha, assistente de admi-nistração Jardim Botânico Municipal “Francisca MariaGarfunkel Rischbieter”, R. Senador SalgadoFilho, 1050, Curitiba, PR, Brasil

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Desde abril de 2001 o Jardim Botânico e Museu BotânicoMunicipal de Curitiba vêm oferecendo aos alunos das esco-las municipais, estaduais e particulares, a primeira atividadetemática dentro do Programa de Educação Ambiental. Estanova forma de trabalhar a educação ambiental, OTropeirismo e a Educação Ambiental veio complementar asdemais atividades, desenvolvidas no Jardim Botânico desde1992 pela equipe de educadores.

O idealizador deste enfoque inovador é o ProfessorVelocino B. Fernandes, formado em Ciências Exatas pelaUniversidade de São Paulo (USP), Professor da redepública de ensino durante 24 anos, aposentado, criadordo Projeto Tropeiros do Brasil, que desenvolve atividadesde educação ambiental no Jardim e Museu BotânicoMunicipal de Curitiba.

A temática regional tem se mostrado uma estratégia efi-ciente para a abordagem da educação ambiental.Promove-se, através desta experiência, a interação entreo regionalismo e a educação ambiental, além de des-pertar o interesse dos escolares pelo tema.

Durante esta atividade é exibido o filme Tropeiros doBrasil, que mostra as cavalgadas por caminhos históricos

O tropeirismo e a educação ambiental

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de sensibilização, formação de identidadede grupo e inserção social. Foram aborda-dos temas como: geração de renda, edu-cação ambiental, saúde, legislação e dire-itos sociais. Foram organizadas visitas ori-entadas ao Jardim Botânico (foto 1), àsunidades de triagem de resíduos sólidos eao Departamento Municipal de Águas eEsgotos. Também foram realizadas pales-tras e oficinas sobre fauna e flora doParque Estadual Delta do Jacuí e sobre aimportância da conservação da biodiversi-dade.

• Segunda etapa –Segunda etapa – Foram realizadas ativida-des operacionais identificadas na primeiraetapa do Projeto. Com a participação dosmoradores da Ilha foi feito um levanta-mento botânico das espécies que ocorremna área, limpeza de locais (em parceriacom o Departamento Municipal deLimpeza Urbana) e plantio de mudas deespécies vegetais nativas daquele ecossis-tema (foto 2).

• Terceira etapa –Terceira etapa – Realização de Cursos deQualificação para o Trabalho com temasescolhidos pelos participantes. O JardimBotânico participou através dos cursos de

jardinagem, técnicas de viveiro e plantasmedicinais. A partir desses cursos dequalificação foi criada a Cooperativa deTrabalho Flor da Ilha, formada por jar -dineiros e viveiristas.

Os resultados alcançados com este trabalhoenvolveram questões ambientais e sociais.Além da tomada de consciência ambientalatravés da demonstração da relação exis-tente entre conservação da biodiversidade equalidade de vida, houve o resgate dacidadania de pessoas que, estimuladas eorientadas, sentiram-se capazes de organi-zarem-se e buscarem alternativas de gera-ção de renda. Para o Jardim Botânico foiuma oportunidade de intervenção em edu-cação ambiental, levando até comunidadescarentes o conhecimento e a experiênciatrabalhados nessa instituição.

MSc Shirlei Ines Mendes da Silva, socióloga& MSc Gerson Buss, biólogoJardim Botânico da Fundação Zoobotânicado Rio Grande do Sul, R. Salvador França,1427, Porto Alegre, RS, Brasil

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O Jardim Botânico de Porto Alegre é um dos órgãosexecutivos da Fundação Zoobotânica do Rio Grande doSul. Foi aberto ao público em 1958 e, desde então, temparticipado ativamente da conservação da biodiversi-dade da flora gaúcha. Além das atividades de conser-vação e pesquisa, o Jardim Botânico desenvolve váriasações na área de educação ambiental.

Ao planejar as atividades que realiza para cumprir suamissão institucional, o Jardim Botânico leva em conta oconceito de conservação integrada. As práticas de con-servação ambiental não estão separadas das ações coma comunidade. O Jardim norteia seu trabalho no con-ceito ampliado de meio ambiente, estabelecido naConferência Internacional de Educação Ambiental(Conferência de Tiblis, 1976) que, em suas recomen-dações aos países signatários, estabelece que o meioambiente não é somente o meio físico biótico, mas tam -bém o meio social e cultural. A Conferência relacionatambém os problemas ambientais com os modelos dedesenvolvimento.

Em 2001 o Jardim Botânico participou, junto com outrasentidades, do projeto Ilha Grande dos Marinheiros. Esteprojeto integra o Programa Coletivo de Trabalho, daSecretaria do Trabalho, Cidadania e Assistência Social doEstado do Rio Grande do Sul e tem por objetivos princi-pais a geração de renda e a preservação ambiental deuma das ilhas que compõem o Parque Estadual Delta doJacuí, situado na região metropolitana da cidade dePorto Alegre. Esse projeto envolveu, aproximadamente,400 moradores da Ilha Grande dos Marinheiros, cujasatividades de trabalho ligavam-se à criação de porcos eà coleta de lixo.

O Projeto Ilha Grande dos Marinheiros foi executado emtrês etapas:• Primeira etapa – Primeira etapa – Curso de Educação para o Trabalho

de Cidadania, voltado principalmente para questões

Programa Coletivo de Trabalho Projeto Ilha Grande dos Marinheiros

Estudo de Caso 18

Visita orientada ao Jardim Botânico Plantio de espécies vegetais nativas

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boratório Didático, associada a uma ambien-tação adequada, em que são desenvolvidasatividades utilizando-se recursos didáticos taiscomo: narração de histórias; observação dematerial botânico, inclusive em microscópios elupas; atividades artísticas; jogos didáticos epráticas sensibilizadoras e criativas ao ar livre.

A programação adotada é dirigida a gruposescolares a partir de 4 anos e alunos dosensinos fundamental e médio, com lin-guagem e atividades ajustadas às diferentesfaixas de escolaridade. Cada atendimento éfeito com turmas de até 30 alunos.

Todos os temas selecionados iniciam-se comum sucinto relato abordando aspectos geraissobre o assunto, conceitos e termos associa-dos, seguidos de práticas dirigidas e ade-quadas às diversas faixas etárias.

A avaliação qualitativa das atividades é feitaatravés de um questionário objetivo dirigidoaos professores. Nele, são levantadas infor-mações quanto à validade do projeto, propo-sição dos temas e seus conteúdos, correla-cionando-os com a linguagem e as dinâmicasadotadas, a adequação da duração das ativi-dades ao seu público-alvo e das instalaçõesoferecidas para o seu desenvolvimento.

Desde sua inauguração até2001, o Laboratório Didáticojá levou a debate nove temas,tendo atendido a 615 gruposescolares, totalizando 17.627alunos participantes.

Ao longo desses quatro anos,observou-se que o LaboratórioDidático desperta e atrai nosprofessores um interesseainda maior na visitação esco-lar ao Jardim Botânico do Riode Janeiro, por oferecer aoportunidade de um atendi-mento dirigido com fins lúdi-

co-didáticos, em consonância com as dire-trizes da educação ambiental e enriquecen-do sobremaneira a visita dos alunos a estainstituição.

Outro fruto do trabalho realizado tem sido odesdobramento dos temas, abordados pelosprofessores na escola. Eles enviam aoNúcleo de Educação Ambiental todo o mate-rial produzido pelos alunos a partir dasexperiências vivenciadas no LaboratórioDidático.

A análise das avaliações qualitativas, gera-das a partir dos questionários preenchidospelos professores ao final de cada atendi-mento às turmas agendadas tem demons-trado plena satisfação quanto à seleção dostemas sugeridos, conteúdos adotados, ade -quação à faixa de escolaridade, dinâmicasdesenvolvidas e instalações oferecidas.

Ana Alfaia, Carmelita Bottino, ManuelaRueda, Maria Teresa Gouveia, MárciaWenzel, Maryane SaísseNúcleo de Educação Ambiental do Institutode Pesquisas Jardim Botânico do Rio deJaneiro. R. Jardim Botânico, 1008. Rio deJaneiro, RJ, Brasil

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Apresentação e históricoO Instituto de Pesquisas Jardim Botânico do Rio deJaneiro é uma instituição científica também freqüentadapor um enorme público infanto-juvenil, atraído por seuparque, área verde de grande beleza e com segurançapermanente, situado em plena malha urbana. Por suascaracterísticas, ele é o palco apropriado para o desen-volvimento de atividades educativas.

O Programa de Educação Ambiental, desenvolvido pelo Nú-cleo de Educação Ambiental da instituição, tem como mis-são desenvolver projetos e atividades que promovam umamudança de comportamento e atitudes diante das questõesambientais, visando à conservação dos seus recursos e àmelhoria da qualidade de vida, a partir da utilização de ele-mentos do arboreto do Jardim Botânico do Rio de Janeiro.

O projeto de instalação do Laboratório Didático foi cria-do a partir da necessidade de dispor de um local adi-cional, abrigado, onde se pudesse efetivamente criar umespaço lúdico, adequado ao desenvolvimento de ativi-dades literárias e que estimulasse a criatividade. Os recur-sos naturais presentes no Jardim Botânico serviriam deestímulo para a discussão de temas ambientais e vivênciade práticas educativas. O Laboratório, inaugurado emmarço de 1977, propiciou as condições adequadas parao desenvolvimento das atividades planejadas.

Os objetivos deste trabalho são levar o aluno a sensibilizar-se diante do ambiente que o cerca; valorizar o contato e acomunhão com a natureza; promover situações que des-pertem uma reflexão crítica diante das questões ambientaise propiciar um conhecimento histórico e técnico-científicodo Jardim Botânico, facilitando a tradução e a internaliza-ção de uma prática conservacionista.

A metodologia baseia-se na escolha de um tema geradoridealizado e selecionado a partir do acervo bibliográficoinfanto-juvenil com temáticas ambientais disponível no La-

Laboratório didático: práticas de educação ambiental

Estudo de Caso 19

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mento de programas que auxiliam na for-mação continuada de professores de ensinofundamental e médio, o que tem levado àmelhoria da qualidade do ensino no que serefere à temática ambiental.

O público visitante, por sua vez, conta comatividades variadas, apropriadas ao perfildos grupos interessados, sejam eles compos-tos por estudantes, profissionais de diferentesáreas, idosos ou portadores de necessidadesespeciais. Dessa forma, a Seção deEducação Ambiental do Jardim Botânico deSão Paulo desenvolve programação diversifi-cada, em atendimento ao público variado,incluindo desde passeios orientados pormonitores treinados até a aplicação de jogoseducativos. Neste contexto, alia-se a contem-plação da paisagem à aquisição de conhe-cimentos sobre a importância dos recursosnaturais de modo geral, as característicasestruturais e funcionais da Mata Atlântica emparticular e o valor das mudanças de atitudeque levem à participação efetiva de cadaindivíduo na preservação do meio ambiente.

Os jogos educativos foram concebidos emconjunto com profissionais de Pedagogia etiveram sua aplicação testada inicialmentecom estudantes. Foram criados quatro jogosdo tipo bingo, abordando os temas: frutas &legumes, animais & habitats; esporte & meioambiente e partes do corpo humano e ambi-ente. À medida em que houve demanda de

outras parcelas do público pelaparticipação nos jogos educa-tivos, estes foram recebendo asdevidas adequações, sobretudoquanto ao grau de dificuldade napercepção de letras, números,cores e outros aspectos.

Os ótimos resultados obtidosquando da aplicação dessesjogos a grupos de portadores denecessidades especiais levaram aequipe de Educação Ambiental

do Jardim Botânico de São Paulo a propornovas atividades lúdicas com o intuito deestimular a relação dos indivíduos com oselementos da natureza que os rodeiam.Para essa parecela especial do público visi-tante, portanto, vêm sendo aplicados comsucesso os seguintes jogos: O MestreMandou, envolvendo objetos do dia-a-dia;O Caldeirão do Jardim Botânico, com otema frutas e legumes; Caça ao Tesouro,com figuras de plantas e animais e o Pólen-Bol, abordando a polinização. As ativi-dades, acompanhadas de avaliações con-tínuas da conexão estímulo-resposta, pro-porcionam a reativação do aprendizado, deacordo com as situações do cotidiano, deforma criativa e divertida.

Dr. Sérgio Romaniuc Neto, Dra. Silvia ChieaJardim Botânico de São Paulo, Av. MiguelStéfano, 3678, São Paulo, SP, Brasil

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O Jardim Botânico de São Paulo, pertencente ao Institutode Botânica, encontra-se inserido no Parque Estadual dasFontes do Ipiranga (PEFI), que possui uma área de 543,3 ha, dos quais 375 ha são ocupados por vege -tação remanescente de Mata Atlântica. A área de visi-tação do Jardim Botânico de São Paulo, onde se desen-volve a conservação in situ e ex situ , ocupa 36,3 ha.

Existem 2 linhas de atividades educacionais no JardimBotânico de São Paulo.Atendimento ao público, cujos objetivos são:• conscientização dos visitantes através das atividades• auxiliar no trabalho extra classe dos professores• disponibilizar as informações sobre a flora

e complementação à educação formal, cujos objetivos são:• educação continuada• melhoria da qualidade de ensino• formação de cidadãos conscientes

Os Jardins Botânicos modernos, enquanto instituiçõeseducacionais, devem prestar serviços à educação for -mal, além de desenvolver atividades para educar o públi-co visitante. A contribuição do Jardim Botânico de SãoPaulo para a educação formal consiste no desenvolvi-

Parceiro da educação

Estudo de Caso 20

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Ian Edwards, Royal Botanic Garden,Edimburgo, Reino Unido

Javier Fonseca Aguilar, Jardín Botánico deCórdoba, Espanha

Julie Foster, Australian National BotanicGardens, Canberra, Austrália

Laura Giuffrida, Royal Botanic Gardens, Kew,Reino Unido

María José Gómez Diaz, Real JardínBotánico, Madri, Espanha

Nieves González, Jardín Botánico Canarío"Viera y Clavijo", Las Palmas, Espanha

Bill Graham, The Birmingham BotanicalGardens & Glasshouses, Reino Unido

Renate Grothe, SchulbiologiezentrumHannover, Alemanha

Maria Eulália Guerra de Paz, Las Palmas,Espanha

Ezequiel Guerra de la Torre, EscuelaUniversitaria de Formación de Profe-sorado, Las Palmas, Espanha

Valerie Humphrey, WWF-UK, Reino UnidoSteinar Handeland, Det Norske Arboret,

Store Milde, NoruegaCarmen Cecilia Hernández, Jardín Botánico

de UNAM, Coyacán, MéxicoVernon Heywood, BGCI, Reino UnidoAilene Isaf, BGCI, Reino UnidoAngeles Mestres Izquierdo, Universidad de

Las Palmas de Gran Canaria, EspanhaIngela Jagne, Gîteborgs Stad Botaniska

Trädgard, SuéciaLucy Jones, Brooklyn Botanical Graden,

Nova York, EUAMary Jowett, The Birmingham Botanical

Gardens & Glasshouses, Reino UnidoJosefa Jurado López, Ayuntamiento de

Córdoba, EspanhaTerry Keller, New York Botanical Garden, EUAMichael Kiehn, Botanical Garden,

Universidade de Viena, AustriaBelalia Laurence, Université Libre de

Bruxelles, BélgicaCaroline Lawes, University Botanic Garden,

Cambridge, Reino UnidoEdelmira Linares, Jardín Botánico de UNAM,

Coyacán, México

Barrie Low, National Botanical Institute,Kirstenbosch, África do Sul

Ana Palácios Martinez, Real Jardín Botánico,Madri, Espanha

Andréa Di Martino, Università Degli Studi diPalermo, Sicília, Itália

José M. Espiño Meilán, C.P. EstebanNavarro Sánchez, Las Palmas, Espanha

Chaouat Meyer, Mount Scopus BotanicGarden, Jerusalém, Israel

Giorgio Milletti, Dipartimento di BiologiaVegetale, Perúgia, Itália

Susan Minter, Chelsea Physic Garden,Londres, Reino Unido

Guad Morel, Arboretum de Chevreloup, LeChesnay, França

Marie Musilová, Prague Botanical GardenPBZ, República Tcheca

Nouhou Ndam, Limbe Botanic Garden,Camarões

Jennifer Ng, Singapore Botanic Gardens,Singapura

Wiert Nieuman, Utrecht Botanic Garden,Países Baixos

María Ignàsia Pérez Pastor, Jardín Botánicde Sóller, Maiorca, Espanha

Monique Paternoster, Conservatoire et JardínBotanique de Mascarin, Ilha da Reunião

Ana Fernández Pérez, Jardín BotánicoCanário "Viera y Clavijo", Las Palmas,Espanha

Pamela Pirio, Missouri Botanical Garden, St.Louis, EUA

P. Pushpangadan, Tropical Botanic Garden& Research Institute, Trivandrum, Itália

Juan Manuel López Ramírez, ICCM (InstitutoCanario de Ciencias Marinas), GranCanaria, Ilhas Canárias, Espanha

Jan Rammeloo, Jardin Botanique Nationalde Belgique, Meise, Bélgica

Aldo Ranfa, Dipartimento de BiologiaVegetale, Perúgia, Itália

Philippe Richard, Jardin Botanique de laVille de Bordeaux, França

Jackie Roberts, Royal Botanic Garden,Edimburgo, Reino Unido

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Os seguintes profissionais participaram de oficinas detrabalho e contribuíram com comentários por escrito, ouajudaram a preparar estas diretrizes:

Eve Almond, Royal Botanic Gardens, Melbourne, AustráliaJosé M. López Alvarez, Real Jardín Botânico, Madri, EspanhaStephen Osei Amakye, Environmental Protection Council

of Ghana, GanaAlly Ashwell, National Botanical Institute, Kirstenbosch,

África do SulTeodolinda Balcázar, Jardín Botánico de UNAM,

Coyacán, MéxicoO.T. Bannavti, Limbe Botanic Garden, CamarõesMaria del Carmen Beltrán, Jardín Botánico Nacional de

Cuba, Havana, CubaMattia Bencivenga, Dipartimento di Biologia Vegetale,

Perúgia, ItáliaRosaura B. Berg Giordano, Prefeitura Municipal de Novo

Hamburgo, Rio Grande do Sul, BrasilHerman Berteler, Bureau Aangepast Groen, Groesbeek,

AlemanhaPaul Berthet, Jardin Botanique de la Ville de Lyon, FrançaKlaus Bosbach, Botanischer Garten, Universität

Osnabrück, AlemanhaDavid Bramwell, Jardín Botánico Canario "Viera y

Clavijo", Las Palmas, EspanhaIlse Breitwieser, Botanischer Garten und Botanischer

Museum, Berlim, AlemanhaGail Bromley, Royal Botanic Gardens, Kew, Reino UnidoMaria José Carrau Mellado, Jardín Botánico de Valéncia,

EspanhaConstanza Ceballos, Jardín Botánico "José Celestino

Mutis", Bogotá, ColombiaMalcolm Cox, Mt Coot-tha Botanic Gardens, Brisbane,

AustráliaLarry DeBuhr, Missouri Botanical Garden, St. Louis, EUAMarta Aleida Díaz, Jardín Botánico Nacional de Cuba,

Havana, Cuba

Colaboradores

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Referências

Abaixo, encontram-se referências chave para o estabe-lecimento e desenvolvimento de projetos de educaçãoambiental, treinamento e conscientização pública, pelosjardins botânicos.

The Botanic Gardens Conservation Strategy. 1989.Botanic Gardens Conservation Secretariat (BGCS) (agoraBotanic Gardens Conservation International), World WideFund for Nature (WWF) e The World Conservation Union(IUCN). IUCN, Gland, Suíça e Richmond, UK. Capítulo 8

Agenda 21. 1992. Nações Unidas. Capítulo 3 (3.7),Capítulo 5 (5.11., 5.12., 5.13., 5.14.), Capítulo 8 (8.10.,8.11., 8.25.), Capítulo 10 (10.9., 10.16.), Capítulo 11(11.20., 11.21., 11.22.), Capítulo 12 (12.14. (b), 12.19.(a), 12.33., 12.55., 12.56., 12.58., 12.62.), Capítulo 13(13.11. (a) e (c), 13.12.), Capítulo 14 (14.17. (a)),Capítulo 15 (15.5. (m), 15.6. (f), 15.10. (b) e (c), 24.2.(e), 24.3. (i), Capítulo 25 (25.9. (g), 25.14. (c) e (d)), Ca-pítulo 26 (26.5. (c)), Capítulo 27 (27.9., 27.10., 27.12.),Capítulo 29 (29.12.), Capítulo 31 (31.3., 31.4. (a), (i) e(e), 31.10. (c)), Capítulo 32 (32.6. (c), 32.8. (a), 32.14.),Capítulo 35 (35.21. (a), (b) e (d), 35.22. (a) e (g)), Capí-tulo 36 (todo), Capítulo 40 (40.24., 40.25.)

Caring for the Earth: A Strategy for Sustainable Living.1991. The World Conservation Union (IUCN), UnitedNations Environment Programme (UNEP), e World WideFund for Nature (WWF). IUCN, Gland, Suíça. Capítulo 2(Item 2.3.), Capítulo 4 (Itens 4.10., 4.11., 4.12.), Capítulo 5(Item 5.1.), Capítulo 8 (Item 8.10.), Capítulo 17 (Item 17.1)

Convention on Biological Diversity. 1992. United NationsEnvironment Programme. Nairobi, Kenya. Artigo 12. eArtigo 13.

Earthrights: Education as if the Planet really mattered.1991. World Wide Fund for Nature (WWF-UK) e KoganPage Ltd. Godalming, Surrey, Reino Unido

Julio D. Rodrigo Pérez, Jardín Botánico Ca-nario "Viera y Clavijo", Las Palmas,Espanha

Didier Roguet, Conservatoire et JardinBotanique de la Ville, Genebra, Suíça

Bruno Romano, Università Degli Studi diPerugia, Itália

Allan Rossman, Chicago Botanic Garden, EUAAngela Royal, WWF-UK, Reino UnidoLourdes Ruiz-Benítcz, Jardín de Aclimatación

de la Orotava, Tenerife, EspanhaChristiane Schultze-Motel, Pädagogische

Beratungsstelle am Botanischer Gartenund Botanischer Museum Berlin-Dahlem,Alemanha

Alistair Scott, WWF-International, SuíçaAndrew Smith, The Royal Tasmanian

Botanical Gardens, Hobart, AustráliaKathy Stewart, Royal Botanic Gardens,

Sydney, AustráliaRuth Taylor, The Natural History Museum,

Londres, Reino UnidoW.D. Theuerkauf, Narayama Gurukula

Botanical Snactuary, North Waynard, ÍndiaSan Van der Molen, Stichting Nederlandse

Plantentuinen, Países BaixosHans Van der Veen, Leiden Botanic Garden,

HolandaFrancisco Villamandos, Jardín Botánico de

Córdoba, EspanhaTimothy Walker, University of Oxford Botanic

Garden, Reino UnidoMartina Weiser, Palmengarten der Stadt

Frankfurt, Grüne Schule, AlemanhaNicholas Wray, University Botanic Garden,

Bristol, Reino UnidoPeter Wyse Jackson, BGCI, Reino UnidoSergio Zalba, Bahia Blanca, ArgentinaPierre Zandonella, Jardín Botanique de la

Ville de Lyon, FrançaCristiane Speziali Menegazzi, Jardim Botâ-

nico da Fundação Zoobotânica de BeloHorizonte, Brasil

Angela Alves Lutterbach, Jardim Botânico daFundação Zoobotânica de Belo Horizonte,Brasil

Helena Quadros, Museu Paraense EmílioGoeldi e Parque Zoobotânico, Belém, Brasil

Sônia Pereira Romano, Jardim Botânico deBrasília, Brasil

Rachel Benetti Queiroz Voltan, JardimBotânico do Instituto Agronômico deCampinas, Brasil

Ely de Moraes Cunha, Jardim BotânicoMunicipal “Francisca Maria GarfunkelRischbieter”, Curitiba, Brasil

MSc Shirlei Ines Mendes da Silva, JardimBotânico da Fundação Zoobotânica do RioGrande do Sul, Porto Alegre, Brasil

MSc Gerson Buss, Jardim Botânico da Fun-dação Zoobotânica do Rio Grande do Sul,Porto Alegre, Brasil

Ana Alfaia, Instituto de Pesquisas JardimBotânico do Rio de Janeiro, Brasil

Carmelita Bottino, Instituto de PesquisasJardim Botânico do Rio de Janeiro, Brasil

Manuela Rueda, Instituto de Pesquisas Jar-dim Botânico do Rio de Janeiro, Brasil

Maria Teresa Gouveia, Instituto de PesquisasJardim Botânico do Rio de Janeiro, Brasil

Márcia Wenzel, Instituto de Pesquisas JardimBotânico do Rio de Janeiro, Brasil

Maryane Saísse, Instituto de Pesquisas Jar-dim Botânico do Rio de Janeiro, Brasil

Dr. Sérgio Romaniuc Neto, Jardim Botânicode São Paulo, Brasil

Dra. Silvia Chiea, Jardim Botânico de SãoPaulo, Brasil

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Global Biodiversity Strategy: Guidelines forAction of Save, Study, and Use Earth´s BioticWealth Sustainably and Equitably. 1992.World Resources Institute (WRI), The WorldConservation Union (IUCN) e UnitedNations Environment Programme (UNEP).Baltimore, EUA. Capítulo 4 (Item 16),Capítulo 7 (Item 46), Capítulo 9 (Item 63),Capítulo 10 (Itens 72, 73, 74, 75, 83).

Rio Declaration on Environment andDevelopment. 1992. Nações Unidas.Principal 10

World Conservation Strategy: LivingResource Conservation for SustainableDevelopment. 1980. The WorldConservation Union (IUCN) e UnitedNations Environment Programme (UNEP) eWorld Wide Fund for Nature (WWF). IUCN,Gland, Suíça.

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