geomag - edição 21

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1 JUNHO 2016 - EDIÇÃO 21 Junho 2016 - EDIÇÃo 21 E AINDA... – Cruzilhadas – Geocoin Victoria Amazonica – Mini Super Liga 2016 – Ponto Zero – E muito mais... ALÉM FRONTEIRAS Uma viagem até ao outro lado do mundo, a Austrália À DESCOBERTA DE Douro Sublime Explorando o vale do Douro e toda a beleza natural deste lugar único. MANTUNES Ex Charter Member, empreendedor, fundador, geocacher dedicado às raizes da actividade. Manuel Antunes em antologia.

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Revista sobre geocaching nacional e internacional, incluindo desportos aventura. Nesta edição trazemo-vos um "dinossauro" do geocaching nacional, o senhor MAntunes! Sim, um senhor, porque a sua história é rica, cheia de aventuras e desventuras, histórias e muitas caches à antiga! Convidamos-vos, então, a conhecer um pouco da história do Manuel no geocaching nacional, o primeiro (e único) Charter Member português, criador de caches icónicas como a Linha do Douro e o Pulo do Lobo. Não percam!

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1Junho 2016 - EDIÇÃo 21

J u n h o 2 0 1 6 - E D I Ç Ã o 2 1

E AINDA...

– Cruzilhadas

– Geocoin Victoria Amazonica

– Mini Super Liga 2016

– Ponto Zero

– E muito mais...

ALÉM FRONTEIRAS

Uma viagem até ao outro lado do

mundo, a Austrália

À DESCOBERTA DE

Douro SublimeExplorando o vale do Douro e toda a beleza natural deste lugar único.

MANTUNESEx Charter Member, empreendedor, fundador, geocacher dedicado às raizes da actividade. Manuel Antunes em antologia.

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2 Junho 2016 - EDIÇÃo 21

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3Junho 2016 - EDIÇÃo 21

Editorial............................................................. 04..

Cruzilhadas....................................................... 06

Mandamentos.-.Não.Ofendas.................... 10

Além.Fronteiras.-.Austrália........................ 12

O.que.levo.na.minha.mochila...................... 18

À.Descoberta.-.Douro.Sublime.................. 24

Frente.a.Frente............................................... 28

3.Toneladas.de.Ouro....So.Close!............... 36

Entrevista.de.Carreira.-.MAntunes.......... 43

Mini.Super.Liga.GeoPT.2016...................... 70

Geotour.Açores.-.Grupo.Ocidental.......... 76

Geocoins.-.Victoria.Amazonica................. 82

Gadgets.n’.Gizmos.-.C:Geo.......................... 86

Cache.em.Destaque....................................... 88

From.Geocaching.HQ.with.Love................ 90.

O.meu.Waymark-.Graffiti............................ 92

Ponto.Zero.-.Caches.Challenge................. 94.

Nota sobre Acordo Ortográfico:Foi deixado ao critério dos autores dos textos a escolha de escrever de acordo (ou não) com o AO90.

Annie Love

António Cruz

Bruno Gomes

Bruno Rodrigues

Filipe Sena

Filipe Nobre

Luís Machado

Nuno Gil

Pedro Almeida

Rita Monarca

Rui de Almeida

Rui Duarte

Sónia Fernandes

Tiago Borralho

Tiago Veloso

Vítor Sérgio

Com o apoio :

Créditos

Índice

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4 Junho 2016 - EDIÇÃo 21

Se há coisa que abraçar o cargo de Editor da GeoMag me deu foi a opor-tunidade de “viver” as aventuras e desventuras dos entrevistados (mui-to à semelhança com o que se passa quando leio um bom livro). As horas passadas em torno da investigação, as perguntas mais ou menos certei-ras, as respostas muitas vezes acom-panhadas de um “Ei! Não fazia ideia de que isso tinha acontecido, e muito menos assim!” e os sorrisos, certa-mente partilhados, a respeito de uma ou outra situação mais curiosa.No entanto, o ideal seria sempre con-seguir complementar todo o trabalho envolvido na realização da entrevista com, pelo menos, um dia bem pas-sado na companhia do/a/s ilustre/s visados, coisa que raramente é pos-sível. Seria certamente enriquecedor poder ver o K!nder a abordar uma T5, o Sup3rFM a recambiar um geo-cacher para o “opencoiso”, passear pelas Levadas com o Luisftas ou ver o AJSA a estrumar uma fileira de Al-faces (será que se estruma o terreno onde se plantam as alfaces?!)… mas, o

orçamento (e o tempo disponível) não o permite e por isso faço (fazemos) questão de agarrar qualquer oportu-nidade que se afigure viável. Foi o que se passou com o CLCortez numa visita ao Castelo de Leiria, com o Bargão_Henriques num belíssimo dia por Ri-bamar e agora com o MAntunes pela Fórnea e arredores.Anos a fio a ler sobre “abordagens à MAntunes” e outras “características“ que de uma forma ou de outra o fo-ram tornando únicos levaram a que durante a entrevista fosse ponto as-sente o facto de que a mesma não se-ria publicada sem uma enriquecedora “visita de campo”.Os Astros alinharam-se o suficiente para que a saída se proporcionasse no final de Maio, num dia a que nem a chuva quis faltar, e ao final da manhã a GeoMag registava ao vivo e com be-líssimas cores a tour “um dia inteiro, três caches” by MAntunes e GeoMag.O plano visava fundamentalmente efectuar a manutenção na Soft Water over Hard Stone [Porto de Mós], ca-che originalmente do pcardoso e pas-

sava (passou) por: - Observar a Fórnea lá do topoooo, usando como desculpa a caçada à TF-05 Alto da “Cova da Velha” do trifais-ca e servindo como aperitivo para o que aí vinha, não só relacionado com a paisagem soberba que rodeia toda a zona como também como comple-mento à entrevista propriamente dita, pormenores mais obscuros e/ou es-quecidos pelo tempo… a “cachada” em si resultou num fabuloso DNF e só nos faltou mesmo gritar “Busca Ma-nel” para enquadrar a coisa no espíri-to. HeheheMas não foi por falta de esforço que a cache ficou por encontrar. Eu já a tinha encontrado noutra altura, o Fotografo não é propriamente Geocacher mas o Manuel bem tentou! Provavelmente os últimos founds serão daqueles que levam tudo a eito a bordo do/s PT/s e fomos ao engano, julgando que a ca-che estaria no GZ.- Despachado o DNF, o melhor e mais saboroso “Found it” do dia… foi found na Chouriça assada, na Morcela de Ar-roz, no Entrecosto e Lentrisca grelha-

EDITORIALpor Rui Duarte

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5Junho 2016 - EDIÇÃo 21

dos, nos famosos Queijinhos, Azeito-nas e Broa de Milho... tudo muito bem regado com o tinto da casa! Resumin-do, encontramos a Tasquinha da D.ª Maria, vulgarmente conhecida como “Ti Maria dos Queijinhos”! Tudo tem-perado com muita, muita conversa… o meu filho é que tem razão, Geoca-ching sem almoço (grelhados) não é Geocaching!!- Era altura de testar o Sorento e de fazer aquilo a que nos tínhamos real-mente proposto, dar uns miminhos à Velha, ou melhor, à Cova da Velha, desta feita bem mais húmida do que da primeira vez que a visitei… o pas-seio pedestre, mais curto pois leva-mos o jipe até à cascata, fez-se sob a ameaça dos céus, que, felizmente, nos desabou na cabeça quando nos já encontrávamos quase nas entra-nhas da terra. Realmente, estas coi-sas quando se está acompanhado por quem sabe tem outro sabor… não é que o que pensei que fosse uma pe-quena lapa na encosta da Fórnea, é afinal apenas a entrada de uma gruta com lago e tudo? E com uma segun-

da camara bastante acessível, a qual visitámos com pouquíssimo esforço e onde deu para ver um primeiro lago. Isso e o Manuel a molhar o pé até ao joelho.A manutenção da cache… como tan-tas outras. O container, em perfeito estado, terá sido deixado mal fechado e estava tudo ensopado. A regra que confirma o que o entrevistado já tinha referido, que a maior parte dos arqui-vamentos das suas caches se deveu à falta de cuidado de terceiros. - Para o final estava reservada ou-tra “técnica” descrita na entrevista do Manuel. Fomos em busca de uma cache nas imediações, a terceira e úl-tima do programa, Penas do Castelo [Porto de Mós], e fruto de termos en-veredado pelo caminho obviamente mais difícil tive direito a ver in loco o que raio é a “aproximação à MAntu-nes”… umas vezes por cima da vege-tação, outras por debaixo, com mais ou menos dificuldade e “azimutando” pelo morro errado lá encontrámos um caminho mais “normal” e fomos dar com o local recomendado (na listing)

onde deveríamos ter deixado o TT. O standart portanto… o pessoal é novo nisto. O local escolhido para esconder a cache é definitivamente um daque-les que dificilmente se encontrará por acaso e onde se aplica o cliché “se não fosse o geocaching nunca aqui teria vindo”.Por tudo o acima confirmo, o ideal era mesmo poder passar um EXCELENTE dia como este, com todos os que de uma forma ou de outra vão enrique-cendo a GeoMag, em especial com os que são alvo de entrevistas (mais ou menos exaustivas), como foi o caso do Manuel aqui.Não quero deixar de destacar também aqui o nosso passatempo de Junho, em linha com o novo souvenir dos nossos amigos da GS, o “National Get Outdoors Day”. O desafio era manifes-tamente simples, registar em fotogra-fia um momento passado a “cachar” durante o dia 11 de Junho e partilha--lo connosco. Algumas dezenas de simpatizantes e amigos responderam ao desafio e o resultado está aí… no interior da vossa revista!

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Por Valente Cruz

para lá do geocaching

C R U Z I L H A D A S

Junho 2016 - EDIÇÃo 21

.LAGOA.DOS.CÂNTAROS

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7Junho 2016 - EDIÇÃo 21

Os clichés são comummente aplicados nos mais variados contextos e sujei-tos. Aos poucos, estas atribuições vão conquistando a comunicação e faci-litando o exagero. Por vezes lá se es-cuta que «O geocaching é mais do que um passatempo, é uma forma de estar na vida». Sinto alguma desconfiança sempre que escuto clichés, em parti-cular os que terminam desta maneira. O geocaching é apenas um passatem-po; quanto às formas de estar na vida, quaisquer que sejam, todas o são de forma intrínseca. Não obstante, atra-vés do geocaching e nos mais varia-dos contextos, é possível vivenciar um conjunto de outras atividades que aca-bam por complementar o passatempo e enriquecer as experiências.

O geocaching não se reduz à desco-berta de locais; muitas vezes acaba-mos por nos redescobrir, ou pelo me-nos aprendemos a gostar que coisas que não imaginávamos e redefinimos os nossos limites. Depois da curiosi-dade inicial na procura de recipientes, quais Indianas de um tempo perdido, o êxtase vai acalmando lentamente e somos introduzidos em outras ativida-des, mais ou menos relacionadas, que de outra forma poderíamos não expe-rienciar. No princípio é a cache; depois, a imaginação é o limite.

Por exemplo, sempre torci o nariz a an-dar pendurado em cordas, mas lá che-gou o momento em que para encontrar uma cache foi necessário fazer rapel. Apesar da expetativa e nervosismo iniciais, a experiência revelou-se fan-tástica! Experimentei a escalada atra-vés do geocaching e desde então ficou a vontade de repetir. O mesmo acon-teceu com o canyoning; já sentia um apelo natural por fazer progressão em

rio, mas sempre o realizei sem material e com os condicionalismos associados. Por todas as razões, e em particular pelo facto de não me sentir muito à-vontade na água, nunca sonhei que um dia haveria de fazer canyoning. Depois de experimentar fiquei fascinado com o quão próximo poderemos sentir a aventura em segurança.

De todas as atividades descobertas, a que mais me marcou foi o monta-nhismo. Sempre senti um apelo na-tural pelas montanhas e por espaços de elevada solidão. Gosto de reencon-trar-me pelas veredas e subir ao alto de quem gostaria de ser. O geocaching veio exponenciar e concretizar essa paixão. Bastou uma primeira experiên-cia de geocaching na montanha para perceber que este era o meu ambien-te preferido para praticar o passatem-po. Depois, com ou sem geocaching, a montanha passou a ser o princípio e o fim de muitas aventuras. Travessias e pernoitas deixaram de ser sonhos adiados e tornaram-se repositórios de grandes memórias!

Tendo como contexto o geocaching e partindo do fascínio pelas montanhas descobri o trail running. Quando surgiu o primeiro vislumbre desta modalidade estava ainda longe de imaginar o quão esta descoberta seria interessante e me levaria a quebrar mais algumas barreiras. Há cerca de quinze quilos atrás esticava-me no sofá e limitava-me a exercitar os dedos com o coman-do da televisão, vagamente desinte-ressado no que se estendia para lá da janela e do conforto da casa. Depois, é difícil transcrever por palavras o quan-to me satisfaz e realiza todo o proces-so de vencer um desafio de ultra trail, desde a escolha da prova, a prepara-

ção, as dúvidas, as dificuldades, as es-peranças, a prova propriamente dita, o sofrimento e o momento final, em que todas estas vivências se transformam num sorriso intemporal de felicidade pura.

À medida que o geocaching foi propor-cionando a descoberta de locais fan-tásticos e insuspeitos, um novo passa-tempo emergiu da sombra: a fotografia. Face ao manancial de oportunidades, começou a parecer-me que as fotogra-fias não revelavam verdadeiramente a beleza dos locais ou dos momentos, o que me levou a querer aprender mais sobre a arte e o sobre o equipamento. Até então, a fotografia nunca tinha sido um fim. Depois, e também à boleia do geocaching, passei a acordar a horas improváveis ou a pernoitar em locais insuspeitos para assistir e fotografar o nascer do sol, em momentos que an-tes apenas existiam no meu imaginá-rio, mas que entretanto se tornaram obrigatórios e fundamentais, ano após ano.

Para lá dos locais e atividades que o geocaching permitiu descobrir, falta enunciar o melhor de tudo: os amigos. Este é um dos aspetos mais marcantes do passatempo, pela facilidade com que se conhecem pessoas e se criam amizades. Tendo em conta o interes-se comum, parece haver um elo natu-ral entre geocachers. No final, vivência atrás de vivência, ficarão sempre os amigos e a certeza de que, se não for por mais nada, só por isso já valeu a pena!

Texto / Fotos: António Valente

(Valente Cruz)

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8 Junho 2016 - EDIÇÃo 21

SERRA.DO.MARÃO

CASTRO.DE.ROMARIZ

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9Junho 2016 - EDIÇÃo 21

VALE.DO.VOUGA

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10 Junho 2016 - EDIÇÃo 21Junho 2016 - EDIÇÃo 21

NÃO OFENDAS!M A N D A M E N T O S

p O r T i A g O S g D

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11Junho 2016 - EDIÇÃo 21

Andamos há vários meses a refletir acerca do estilo de vida que um geo-cacher deve aplicar para escapar aos tormentos eternos, onde nem o sinal GPS consegue entrar.

Sim, caros brothers e sisters, também hoje falaremos de um Mandamento, um dos últimos da lista! Mas, poder-nos-ia passar ao lado o “não ofen-das”?

Vivemos tempos complicados. A mal-ta está sedenta de sangue. Vejam só o facebook! Aquilo é ataques, contra--ataques e autênticas explosões de ódio! Por tudo e por nada! Por nada e por tudo! Escreve-se só “porque sim”. É chamar o PR de £@€@ de uma [§£”£» € e o presidente do clube da terra de ^£@£{?%!. Assim, sem mais nem menos. Atacam-se celebridades que riem e vips que foram de férias para o outro lado do mundo. Alguém fala bem? Poucos, muito poucos. Al-guém elogia?

A sede de uma guerra é tanta que se ofende a toda a hora! Prometem-se joelhadas e lambadas. E sangue. Mui-to sangue.

Ok, é certo que, por vezes, podemos estar a ferver por dentro, que nem chaleiras prontas para o chá (imagem tão estranha!), mas, neste exemplo tão parvo, posso diminuir o lume, não? Claro que posso deixar ferver e verter tudo. Posso irritar-me e dar um pon-tapé na cache. Contudo, o mais co-mum é ver reações parvas e ofensivas tanto nos logs como em posteriores comentários públicos no facebook/fóruns. Quem escreve, sabe, com cer-teza, que o seu texto será lido e pode ofender outra pessoa… que fazer?

De facto, caros irmãos, há pessoas que não sabem/não conseguem/não que-rem construir dias felizes, mesmo nos períodos de tristeza, de DNF’s e de ira. Há pessoas que se deixam dominar pelo ódio, pela raiva, pela fúria, pela

cólera e por tantos outros sentimen-tos que tais. Sentem-se bem assim. Não podemos ignorar que há pessoas que inventam problemas quando tudo está bem, tal é a sua criatividade…

Quem está do outro lado, o owner ou o leitor, pode reagir com a mesma moeda, pode deixar-se ficar ofendido e até perder o sono. Mas pode pensar que o escritor teve um dia mau; que é um geocachers frustrado porque foi um DNF no meio de centenas de Fou-nds; ao ver o ódio dos outros, o leitor pode reconhecer que não há geoca-chers perfeitos, nem mesmo na lua. O melhor é passar à frente. Afinal, quem está mal é o que deixa explodir a raiva.

Seria bom que não existissem ofen-sas. Infelizmente, sempre existirão porque há sempre alguém que não consegue controlar-se a si mesmo. Esse precisa crescer. E muito.

Texto: Tiago Veloso (tiagosgd)

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12 Junho 2016 - EDIÇÃo 21

POR LARANJA & TMOBA L É M F R O N T E I R A S

Junho 2016 - EDIÇÃo 21

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13Junho 2016 - EDIÇÃo 21

Do tamanho de um continente, a Aus-trália é um país com uma admirável variedade de paisagens, culturas e muitos outros pontos de interesse. De ambientes desérticos de cor ver-melha, a grande barreira de coral, ani-mais exóticos, belas praias, até cida-des multiculturais como Sydney ou Melbourne (frequentemente entre as cidades do mundo com melhor quali-dade de vida), fazem da Austrália um cenário com amplas escolhas e um destino de eleição para muitos viajan-tes, embora longínquo para o viajante Português.

Relativamente perto de Melbour-ne fica aquela que é conhecida como Great Ocean Road. Uma estrada cos-teira, muito cénica, que serpenteia a costa por cerca de 250km, ligando as cidades de Torquay e Allansford. Os planos para o seu desenvolvimen-to surgiram após a Primeira Guerra Mundial, e na verdade foram os sol-dados Australianos regressados da guerra que iniciaram a sua constru-ção, como forma de homenagem aos soldados perdidos, tornando a estra-da num memorial de guerra de di-mensões muito consideráveis. O de-senvolvimento desta via teve então uma importância a tanto nível turís-tico, como comercial, uma vez que as pequenas povoações da época eram na sua maioria acessíveis apenas por mar, permitindo o transporte, princi-palmente de madeira.

O percurso completo, a partir de Mel-bourne, serão cerca de 600 km, por isso ainda que seja possível fazer todo o percurso num único dia, o ideal será

dedicar-lhe pelo menos dois.

Quais são então os atractivos da Great ocean road?

Trata-se de uma estrada costeira, construída numa costa irregular, para os entusiastas da condução este sim-ples facto poderá garantir uma visita, mas na verdade há muito mais para oferecer. As vistas são excelentes e ao longo do percurso existem vários mi-radouros onde é possível parar por al-guns minutos para desfrutar do local e tirar algumas fotografias. No caso de uma visita com bastante tempo, é possível fazer várias caminhadas que partem da estrada em si e se es-tendem até pontos de interesse es-pecíficos. Embora o percurso seja na sua maioria costeiro, uma boa parte da estrada cruza o Parque Nacional Great Otway , onde é possível fazer caminhadas através da floresta húmi-da e visitar algumas cascatas. Segun-do nos disseram é também possível avistar cangurus e coalas, mas nós não tivémos essa sorte. Esta é região produtora de vinho por isso, nas pro-ximidades, é possível visitar algumas vinhas e adegas.

Ao longo do caminho, e nas suas proxi-midades, existem centenas de caches, de vários tipos e níveis de dificuldade, no entanto com tantos quilómetros pela frente é preciso ser minimamen-te selecto sobre onde parar. Uma vez que as grandes atracções desta rota são os monumentos naturais, fruto da erosão que ao longo de milhares anos tem desenhado a costa, crian-do o cenário ideal para earthcaches, e boa parte das caches que visitámos

foram deste tipo.

A nossa primeira paragem foi já um pouco depois de Torquay, quando co-meçámos realmente a avistar a costa, na cache Point Roadknight [(GC1T-NW4]), uma cache tradicional, sim-ples, e que potenciou umas belas vis-tas. Alguns quilómetros mais à frente deixámos o carro e ccaminhámos até ao Split Point Lighthouse, onde bem perto se situa-se a earthcache The Aireys Inlet Volcano ([GC53CZA]). Não muito longe fica a The Gateway [(GCGTGT]), uma cache bem antiga (de 2003), que assinala um ponto de paragem obrigatória. Um pórtico co-memorativo, um monumento e várias placas de homenagem à Great Ocean Road, e àqueles que a construíram.

As várias vilas que vão sendo atra-vessadas são na sua essência, anti-gas vilas piscatórias, hoje com uma grande industria ligada ao turismo, com oferta hoteleira e de restauração. Em Lorne fizemos mais uma paragem junto ao pontão onde encontrámos as duas caches mais próximas (GC69J0Z e GC25GHV).

A paragem seguinte foi na W.B God-frey Shipwreck [(GC536B0]), não en-contrámos a cache, mas a sua história é bem interessante. Trata-se de uma sepultura, na beira da estrada, per-to do local onde o navio W.B Godfrey terá naufragado; ninguém morreu no naufrágio propriamente dito, mas cin-co homens ter-se-ão afogado durante as operações de salvamento. As suas campas terão sido descobertas du-rante a construção da estrada, mas os seus restos mortais não foram remo-vidos, sendo a a estrada construída por cima. Como memorial ao acidente,

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14 Junho 2016 - EDIÇÃo 21

foi erigida esta sepultura na berma.

Apollo Bay é um dos pontos de para-gem obrigatória, uma bonita baía, com um extenso areal; a cache Bay Cache Alpha ([GC21DRD)] permite umas vis-tas bem simpáticas.

Nos quilómetros seguintes a estrada afasta-se um pouco da costa e o ce-nário muda bastante., Qquando volta-mos a ver o mar surgem alguns dos monumentos naturais mais icónicos do percurso. A earthcache But the-re’s not twelve! [(GC3QDN1]) assinala “os doze apóstolos”, provavelmente o ponto mais turístico deste percurso, estamos a falar de um total de oito rochedos, isolados da costa, e criados pela erosão. Sim, actualmente são oito, em tempos terão sido doze, mas foram desaparecendo graças à acção do mar. A beleza natural continua, e a próxima paragem fez-se na ear-thcache An Evolving Coastline [(GC-26G0P)].

Esta é uma das zonas do percurso mais bonitas, e recheada de pontos de interesse criados pela natural erosão da costa; fizémos várias paragens, nem todas com direito a cache. A ear-thcache London Bridge ([GC1HNP1])

assinala o local conhecido pelo mes-mo nome, devido aos seus dois arcos. Actualmente apenas um dos arcos de mantém, agora já isolado da costa. O primeiro arco colapsou em 1990, e deixou duas pessoas isoladas na “ilha” recém criada; apesar de não ter havido feridos, estas tiveram de ser resgatadas de helicóptero. Também a destacar The grotto ([GC1V530]), é um algar ao qual é possível descer por um passadiço de madeira, e durante a maré baixa caminhar através do seu arco e chegar ao mar.

No final ficou a memória de um ex-celente passeio, recheado de belas paisagens com muita diversidade, e que gostaríamos de ter mais tempo para explorar. A, afinal o percurso é bastante extenso. Ainda que a cos-ta portuguesa esconda recantos tão ou mais belos, a grande diferença é a inexistência de uma estrada costeira que permita percorrê-los a todos de seguida…, e muito provavelmente - ainda bem.

Texto / Fotos:

Rita Monarca /

Tiago Borralho (Laranja / Tmob)

“No final ficou a memória de um excelente passeio, recheado de belas paisagens com muita diversidade, e que

gostaríamos de ter mais tempo para explorar.”

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15Junho 2016 - EDIÇÃo 21

GC1HNP1

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16 Junho 2016 - EDIÇÃo 21Junho 2016 - EDIÇÃo 21

GC536B0

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17Junho 2016 - EDIÇÃo 21

GC3QDN1

GC69J0Z

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18 Junho 2016 - EDIÇÃo 21

por BTRODRIGUES

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19Junho 2016 - EDIÇÃo 21

“O que levo na minha mochila” é uma rúbrica da geomag, que pre-tende partilhar com todos os nos-sos leitores um pouco do que os nossos convidados levam consigo nas suas cachadas mais organiza-das. Não deixem de partilhar con-nosco as vossas mochilas, através do nosso facebook em http://fb.me/geomagpt

A CASA ÀS COSTAS

Caminhar durante 10 dias, ao longo de mais de 250Km, impli-ca levar tudo o que possamos precisar durante esse período de tempo sempre connosco. Há que fazer sacrifícios. O primeiro factor a ter em conta é a própria mochila.Os critérios a ter em conta na aquisição de um item destes passam não só pela capacida-de da mesma mas também pelo apoio e suporte que oferecem, a resistência à chuva e a quan-tidade de compartimentos que detém, já que o conforto ao lon-go de várias horas de uso e o acesso fácil ao que temos den-tro dela é muito importante.

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20 Junho 2016 - EDIÇÃo 21

Já tinha há algum tempo uma mochila bastante prática, com uma capacidade de 30 litros mas que não oferecia qual-quer tipo de suporte lombar. Encaixar tudo o que tinha lá dentro seria outro desafio, portanto acabei por comprar uma Decathlon Forclaz 50 com uma capacidade superior (50 litros), com múltiplas regulações, que me oferecia maior apoio lombar e conforto. Como único ponto negativo, saliento a não resistência à chuva – facto que levou à aquisição de uma capa externa de pro-tecção.Para as deslocações mais pequenas (dentro das localidades onde pernoi-taríamos), optei por uma mochila de 10 litros (Decathlon Quechua Arpenaz 10) que pode ser facilmente fecha-da sobre si e facilmente transportável num bolso das calças. Esta permite o transporte de uma peça ou duas de roupa adicionais, o poncho, a máquina fotográfica, o GPS, o telefone e os do-cumentos. QUILÓMETROS A DAR COM UM PAUCaminhar com o auxílio de um bastão (ou mais) ajuda a aliviar a pressão so-bre os membros inferiores e as suas articulações, transmitindo algum do esforço para os membros superiores. O bastão é útil também para auxiliar nas subidas e descidas, como apoio adi-cional, ou para a transposição de pisos mais lamacentos (ou inundados) para avaliar para onde dar o próximo pas-so. Um bom bastão servirá também de estendal ou de ferramenta de defe-sa. Para esta caminhada, optei por um bastão de madeira Brazos Backpacker Oak Walking Stick, que é composto de 3 peças e que é facilmente transportá-vel dentro da mochila. É consideravel-mente mais pesado que os bastões de

alumínio, mas oferece maior amorteci-mento no impacto.

UMA NOITE DE SONHO

A totalidade dos albergues em que fi-quei alojado “oferecia” um colchão onde dormir e uma almofada (em Es-panha, um forro descartável para o colchão e para a almofada fazem parte do kit de boas vindas a cada albergue). Nem sempre haviam mantas disponí-veis. Por uma questão de conforto, o saco cama é recomendável a todos, já que um bom sono possibilita uma me-lhor recuperação do esforço e do can-saço. Optei com um saco cama para temperaturas de conforto de 15° com cerca de 700 gramas de peso (Forclaz 15° light) com uma grande capacida-de de compressão e que consegue ser armazenado num volume muito redu-zido. A almofada de viagem que me acompanhou (que pode ser comprimi-da numa pequena bola e ocupa um vo-lume muito reduzido) serviu essencial-mente para apoio cervical nas viagens de comboio.

APRECIAR O SILÊNCIO

Diz-se que parte do encanto do cami-nho são os longos silêncios e a intros-pecção que nos permitem. Mas o des-canso nocturno também serve para isso. Os tampões para os ouvidos per-mitem lutar contra uma das maiores pragas que existem para quem dorme em albergues: os terroristas notur-nos (ou o nome carinhoso como todos aqueles que ressonam durante o sono são tratados). Servem para nós pró-prios e (no meu caso) para oferecer aos

outros desgraçados. SEJAMOS FRONTAIS EM RELAÇÃO À ILUMINAÇÃONos albergues, depois do horário de recolher e quando as luzes gerais são apagadas, ter uma pequena lanter-na ajuda imenso quando é necessário procurar alguma coisa na mochila ou mesmo movimentarmo-nos por entre as camas. Para os mais madrugadores, a organização da mochila para o dia de caminhada tem que ser feita em silên-cio e às escuras – convém ter as mãos livres, daí a escolha de um frontal. UMA LIMPEZAO mínimo possível do kit de higiene pessoal consistirá de uma escova de dentes, um pequeno tubo de dentífri-co, um desodorizante, um gel de ba-nho e um shampoo. Eu optei por levar miniaturas (podem-se adquirir nos supermercados, são cada vez mais habituais devido às restrições de volu-mes de líquidos no transporte aéreo) e adicionei ainda um rolo de fio dental e um alicate corta unhas, tudo dentro de uma bolsa estanque e hermética, para evitar acidentes e para poder trans-portar à vontade onde quer que fosse. Uma pequena bolsa de papel higiénico humedecido complementava a minha lista de material para esta categoria. Para o duche, incluí também uns chi-nelos e uma toalha de micro-fibras (ou toalha de natação) que seca muito rapidamente e tem um poder de ab-sorção elevado, ocupando um volume muito reduzido. PEREGRINO PREVENIDO VALE POR DOISÉ sempre boa ideia transportar uma bolsa de primeiros socorros neste tipo

Page 21: Geomag - Edição 21

21Junho 2016 - EDIÇÃo 21

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22 Junho 2016 - EDIÇÃo 21

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de actividade. O seu conteúdo permite fazer pequenos curativos, desinfectar pequenas feridas e lidar com pequenos acidentes no caminho. Nesta peque-na bolsa adicionei ainda um protector solar, um pequeno boião de vaselina (para amaciar a pele mais seca e evitar a formação de bolhas), um rolo de fita de protecção contra bolhas (que pro-tege a pele da fricção, minimizando o desconforto e a evolução das bolhas) uma manta de sobrevivência (uma pe-lícula de plástico metalizado que serve para manter a temperatura do corpo e proteger dos elementos) e um canivete multifunções. I’VE GOT THE POWERA dependência dos aparelhos electró-nicos tem destas coisas. Embora exis-tam tomadas em todos os albergues e seja cada vez mais socialmente bem aceite pedir para deixar um telefone a carregar enquanto se toma uma pe-quena refeição num estabelecimento qualquer, é sempre bom estarmos pre-parados para os restantes momentos. É por isso que, para além dos carre-gadores e dos respectivos cabos, levo este power bank, que depois de total-mente carregado, permite 3 ou 4 car-

gas completas ao meu smartphone. SEM METER ÁGUAFace às previsões de aguaceiros, tive que considerar um conjunto adicio-nal de peças de roupa para me prote-ger. Aprendi da pior forma possível (há uns anos) que existe um compromisso grande entre o peso e o volume de um impermeável e a capacidade do mes-mo de resistir a algumas chuvadas mais violentas. Casacos acolchoados e impermeáveis podem ser confortáveis e oferecem protecção em temperatu-ras mais frias, mas ocupam um volume considerável. Uma capa plástica pode facilmente ser transportada num bol-so mas não oferece a impermeabilida-de necessária e nem sempre joga bem com uma enorme mochila às costas. Optei naturalmente por um poncho su-ficientemente grande para ser vestido por cima da mochila e que podia facil-mente ser dobrado em si e transporta-do na mochila nos dias mais secos. LAST BUT NOT LEAST, LAVAR A ROU-PA SUJAA escolha da indumentária variará ao gosto de cada um e ao espaço dispo-nível. Optei por uma camisola de ma-

lha polar (para proteger do frio), três t-shirts técnicas (dissipam a transpi-ração facilmente), três pares de cal-ções de lycra (podem ser usados como roupa interior e protegem eficazmente da fricção entre as coxas enquanto se caminha), quatro pares de meias (con-vém ter sempre os pés secos ao longo do dia para evitar complicações), uns calções (ou cargo pants) com bolsos com fartura e um chapéu com abas largas. Há quem goste de levar roupa e calçado mais confortável para vestir nos intervalos das caminhadas e ao fim do dia. Optei por arriscar e suprimir essa componente. Limitar o número de peças de roupa transportadas não significa sacrificar o conforto e a higie-ne: todos os albergues tem sítios onde lavar (e secar) a roupa gratuitamente – não esquecer meia dúzia de molas e uma pequena barra de sabão, nesse caso. Felizmente, na maior parte dos albergues, e por um punhado de moe-das, pode-se partilhar uma máquina de lavar e secar com os companheiros de caminho.

Texto / Fotos:

Bruno Rodrigues (btrodrigues)

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p O r V A l E N T E C r u z

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Nem sempre a magia está nos olhos de quem vê; existem locais que são mági-cos por si e não dependem de perspe-tivas ou ambiguidades. As encostas do rio Douro encerram uma magia qua-se inefável e esta é uma viagem por este reino maravilhoso. É encantador deambular esquecido do mundo pe-las encostas engrandecidas do Dou-ro, onde a paisagem foi transformada pela vontade indomável do Homem. Um mundo de acidentes naturais ver-gados por instintos primevos ao longo de infindas gerações. A dureza da vida enraizada nas unhas das suas gentes e concretizada em paisagens domesti-cadas pela arte.

Nem sempre é fácil definir o que re-presenta a identidade portuguesa. No Douro, essa definição torna-se ime-diata e intuitiva. Não precisamos de a tentar explicar ou compreender; ape-nas basta abrir os olhos e contemplar esta essência secular que nos vai mol-dando a alma, mesmo que nem sem-pre o saibamos merecer.

Esta viagem começa na Régua e se-gue a montante da vida. As pontes antigas (GC3BHRR) que ligam as mar-gens emolduram também quadros e enfeitam cenários. Prosseguindo por estradas inventadas em vertentes ín-gremes, torneando o tempo, chega-se à primeira paragem, São Leonardo de Galafura (GC4YTJJ). Miguel Torga, o poeta que melhor soube descrever estas encostas sublimes, recebe-nos com palavras de inspiração e confor-to. A paisagem é de facto um abuso da Natureza e ler aqueles versos fantás-ticos é um assombro de beleza. A cada olhar, em cada perspetiva, tenta-se perpetuar as imagens na memória. E, ainda assim, cada revisita é diferente e

especial.

Lá em baixo, acompanhando fielmente a margem do rio, segue aquela que al-guns consideram a melhor estrada do mundo (GC5T7J6). Opiniões e algorit-mos à parte, é indubitável que será uma das mais bonitas. Descendo a encosta e cruzando a ponte, encontram-se inú-meras quintas engalanadas que mere-cem uma visita demorada (GC5HEXH). Depois, contemplação após vislumbre, chega-se ao Pinhão (GC1X76Q). Na es-tação, enquanto se aguarda pelo com-boio, é possível revisitar a história do Douro pela arte dos azulejos. Ali tudo parece parado num tempo bucólico e despreocupado.

O rio é como a própria vida. Nem sempre é calmo, cristalino e fácil; muitas vezes torna-se colérico e inesperado. Apesar de domado por sucessivas barragens, ocasionalmente sobe às arribas e con-some as margens. As águas arrastam tudo, adquirindo uma tonalidade terra-tumultuosa. Longe vão os dias em que os barcos rabelos deslizavam a vida pelo rio em viagens imprevisíveis; ago-ra, do conforto dos passeios turísticos, tudo parece mais simples e controlado.

Deixando para trás outros miradouros, seguindo por estradas e atalhos mean-drosos, encontra-se o Tua. A barragem (GC37Q9X) surge como uma crosta na paisagem, que supostamente deveria ser protegida. Como uma ferida aberta, continua-se a escarafunchar as encos-tas do rio para construir algo que meio mundo julga desnecessário. Mesmo em termos objetivos, considerando o impacto negativo provocado pelo de-saproveitamento turístico, presente e futuro, são muito discutíveis os bene-fícios desta construção. Algumas bar-ragens, ainda que nos tragam energia,

levam-nos a alma.

Em cada instante surgem motivos para parar e contemplar. A paisagem vai-se tornando mais selvagem e me-nos geométrica. A mistura dos espa-ços domesticados em vinhas e olivais com áreas de natureza conferem às encostas do Douro um equilíbrio inspi-rador (GC4XK93). Nada parece impos-to ou falso. Ao longe, São Salvador do Mundo é um gigante adormecido, em-prestado a este mundo para deleite de quem o alcança (GC1284Q). A encosta escarpada desce em penedia e arvo-redo até encontrar o rio. Apetece ficar por ali indefinidamente.

O Douro é paisagem e vinho. Ambos fermentados ao longo de séculos pelo lavor das suas gentes. A paisagem fica, mas o vinho parte. Todo este trabalho de arte e tradição segue a jusante do rio até à foz. Lá chegado, delonga-se algum tempo por Gaia, que o vai en-velhecendo nas caves. O Porto mete-lhe depois um rótulo e envia-o para o mundo. Não querendo discutir a impor-tância das etapas, parece injusto ne-gligenciar pelo nome a terra-mãe em favor do local de batismo. Este vinho deveria ser do Douro, e não do Porto.

As viagens pelo Douro despertam fre-quentemente uma vontade instinti-va: procura-se em cada encosta o sí-tio perfeito para morar. Aos poucos, e quase sem o notarmos, vamos cons-truindo de facto uma morada imaginá-ria de memórias no Douro, sempre dis-ponível para nos albergar de qualquer despejo fortuito do mundo.

Texto e fotos:

António Cruz (Valente Cruz)25

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BARCO.RABELO

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FOZ.DO.TEDO

RÉGUA

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Existem vários tipos de geocache: as tradicionais, as multicaches, as ear-thcaches, entre muitas outras… Mas a verdade é que embora todas estas possam ser procuradas e encontra-das em grupo, existe um tipo de ca-ches cuja experiência só faz sentido vivida com outros geocachers: refiro-me aos eventos. Como nos descreve a própria Groundspeak, “um Evento é uma reunião de geocachers locais ou de organizações de geocaching”. Ora, uma definição tão lata permite múltiplas interpretações: uma reunião de geo-cachers pode ir de um simples café, a uma demonstração de colecções de geocoins, uma recolha de lixo, um acampamento, ou a um acontecimen-to de vários dias onde se vivem diver-sas actividades com outros colegas geocachers. Mesmo em termos de nú-mero de participantes, tanto pode ser uma reunião entre 4 ou 5 geocachers, como uma actividade em que partici-pem várias dezenas ou mesmo cente-nas de participantes. Qualquer razão é boa para estar com outro geocacher e trocar dois dedos de conversa.

Esta edição do Frente a Frente irá ter como tema central um tipo de even-to muito especial: os Mega-Eventos, eventos definidos pela Groundspeak como eventos em que participam mais de 500 pessoas. Em Portugal, o primeiro aconteceu já em 2010, na Malveira, e este ano temos o prazer de ter dois Mega-Eventos programa-dos a nível nacional, ambos de 3 dias, que acontecerão no Verão mas com mais de um mês e 250 quilómetros de distância entre si.

Sabendo que a próxima GeoMag só sairá em Agosto, após a realização dos mesmos, fez-nos todo o sentido

colocar frente a frente, nesta edição de Junho, os organizadores de tão au-daciosos acontecimentos no panora-ma do geocaching nacional.

Assim, de um lado estarão os 100es-pinhos, organizadores dos eventos Love, Love, que já vão na sua terceira odisseia, todas elas Mega-Eventos, sendo que desta feita o Love viaja até Braga, e irá acontecer entre os dias 12 e 15 de Agosto.

Do outro, estará o Geo-Cadaval, como rosto da equipa organizadora do Cam-ping Party Montejunto, que este ano, na sua terceira edição, ganha tam-bém o selo de Mega-Evento, e que irá acontecer nos primeiros três dias do mês de Julho.

Dois Mega-eventos, dois programas diferentes, duas zonas diferentes. Como terá surgido a ideia de criar es-tes Mega-Eventos? E será que nasce-ram já com a intenção de se tornarem Mega-Eventos? Que surpresas terão os organizadores para nós? Conhe-çam as respostas a estas e outras per-guntas, pelas palavras dos próprios Mega-organizadores, aqui, Frente a Frente!

1. Como surgiu a ideia de criar este evento?

100espinhos: Este Mega Evento é o terceiro da trilogia “Love Love”.

Tudo começou há 4 anos… regressa-mos ao dia 28 de abril de 2013, em plena cidade de Santa Maria da Feira, a cerca de 50 metros da atual GC5B-B8G.

Nesse dia, nesse local, um geocacher de Lisboa desafiou um geocacher da Feira a criar um Mega Evento Medie-val. E esse geocacher da Feira tentou

convencer a Groundspeak. Sem suces-so. Havia muita ligação com o Even-to Medieval organizado pela Câmara Municipal.

Avançamos até ao dia 27 de outubro de 2013, agora para Carregal do Sal. Três geocachers desafiam o primei-ro a relançar a ideia do Mega Evento a norte de Portugal. Garantem que conseguem um espaço em Espinho com capacidade de acolher um Evento nunca visto.

6 de novembro de 2013, num café próximo do futuro local do “Love Love… Espinho”, a Equipa reúne-se. Há necessidade de criar uma Team… nascem os “100espinhos” depois de uma brincadeira de um dos elemen-tos. Nasce a conta de email e nasce a conta no Geocaching.com. Nasce um primeiro esboço do que poderia ser o programa, o site… começam a lançar-se ideias para chegar a Mega Evento. Começam os contactos com a Grou-ndspeak. A missão não será nada fácil. As guidelines são muito apertadas.

Lançam-se filmes mistério. Organi-zam-se eventos simultâneos em to-dos os distritos de Portugal e vários espalhados pelos continentes deste planeta. A Groundspeak está atenta e acompanha tudo com interesse. Os 100espinhos recebem contactos de podcasts americanos. Começam a sair notícias em jornais portugueses. Va-mos à rádio nacional e temos 1 hora de programa dedicado ao Mega Even-to.

Por fim, a Groundspeak dá luz verde e o “Love Love… Espinho” torna-se num Mega Evento. O primeiro do norte.

Após o Evento, temos consciência que criámos algo nunca visto em Portugal,

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por puro “Love Love”. Tornamo-nos o maior Mega de sempre.

Não conseguimos parar. Avançamos para Aveiro. Outro Mega, superando todas as expetativas. A TSF e o Públi-co dedicam-nos reportagens.

Nesse Mega, com um público fantás-tico e internacional, anunciamos Bra-ga como próximo destino.

Estes Mega Eventos apenas preten-dem levar o Geocaching mais longe, sem fins lucrativos, com muito “Love Love”. Só isso nos move, apesar das dificuldades económicas e logísticas que enfrentamos ao longo da “cons-trução” de cada Mega.

GeoCadaval: A ideia deste evento surgiu quando fui pela primeira vez a um evento MEGA, onde achei que se conseguia fazer algo diferente. Algo onde todos estivessem sempre em convívio e se conhecessem melhor.

2. No momento em que idealizaram dar forma a este evento, alguma vez vos passou pela cabeça que este evento se pudesse tornar um mega evento?

100espinhos: Criámos o “Love Love… Espinho” com intenções de chegar a Mega. Sabíamos que era complica-do. Arregaçámos as mangas e espa-lhámo-nos por todo o mundo para divulgar o Evento. Contactámos or-ganizadores de eventos de vários paí-

ses, criámos eventos em todo o país e estrangeiro, lançámos caches em vá-rios locais e o boca-a-boca funcionou bem. A Groundspeak viu que tinha uma equipa sem segundas intenções e ra-zoavelmente bem organizada para le-var os Mega mais longe.

GeoCadaval: Sim... desde o início que foi um sonho conseguir um MEGA aqui no Montejunto, por isso come-çámos logo a trabalhar nesse sentido. Não foi fácil... mas conseguimos.

3. Organizar um evento para mais de 500 pessoas não é claramente o mesmo que organizar um evento para algumas dezenas de pessoas. Existem várias fases ao longo de todo o processo: planeamento, angariação de recursos, montagem física do pró-prio evento. Conseguem dar-nos uma ideia de todo o trabalho que existe desde o primeiro momento em que a ideia ganha forma até à abertura de portas de um Love, Love… ou de uma Camping Party?

100espinhos: O primeiro passo é de-cidir o local. Aceitamos sugestões!

Depois, contactamos geocachers lo-cais, que farão parte do “staff”. Eles terão a missão de encontrar patro-cinadores locais, estabelecer con-tactos com empresas que poderão trazer mais-valias ao Mega Evento, dedicam-se à “plantação” organiza-

da/com sentido de caches, colaboram na divulgação e montagem do espaço do Mega Evento, etc. No fundo, sem o staff local o Mega seria impossível. A Equipa “base” começou sediada nos arredores de Espinho. Atualmente, em Espinho estão 2 elementos. Ou-tro está em Braga e outro no Barreiro (será lá o próximo Mega?!).

Todo o staff é “100espinhos”. Todos somos importantes e todos comuni-camos para que o Mega seja de facto de todos nós, e não de um grupo de 4 cromos. Aliás, nós os 4 nunca conse-guiríamos aguentar com um Mega em cima. Há, de facto, muita coisa para gerir simultaneamente.

GeoCadaval: O trabalho é imenso, bem como as coisas a pensar e a delinear. Mas com a ajuda de grandes AMIGOS tudo se torna mais fácil e no final so-mos recompensados com a satisfação de todos os que nos têm visitado

4.Várias actividades, caches novas, mais um icone diferente no perfil... Para vocês, quais são as razões que trazem tanta gente a eventos deste género? A oferta de actividades para além do geocaching é um atractivo para a maioria dos participantes?

100espinhos: Os Mega Evento “Love Love” são exclusivos para pessoas que amem realmente o Geocaching e os eventos. Por isso, criamos programas

“o “Love Love… Espinho” torna-se num Mega Evento. O primeiro do norte.

Após o Evento, temos consciência que criámos algo nunca visto em Portugal”

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LOVE.LOVE...

CAMPING.PARTY.MONTEJUNTO

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com várias atividades diferentes, para agradar ao maior número possível de pessoas. Sentimos que a adesão às diversas atividades do Mega está a aumentar. É certo que ainda encon-tramos pessoas que procuram subir nas estatísticas. Mas, o número dos que vão pelo convívio e atividades é muito significativo.

Para agradar ao maior número pos-sível de pessoas, lançamos caches relacionadas com o Mega (já é “tra-dicional” o coração criado com caches ou a palavra Love Love). Tentamos que essas caches tenham qualidade e uma listing completa, com sentido, com história, com curiosidades, com bons enigmas. Evitamos “plantar” por plantar. Queremos chegar a todos os geocachers e famílias.

Acreditamos que as pessoas movem-se centenas de quilómetros para (re-)descobrir uma nova cidade, conhecer caras por trás dos nicks e divertirem-se.

GeoCadaval: Nós trabalhamos com muita dedicação para que todos saiam daqui satisfeitos e com vontade de voltar no ano seguinte. Esse tem sido o nosso sucesso.

Relativamente a actividades, temos algumas onde os não-geocachers po-dem participar, mas sendo este um evento de geocaching: porque não co-meçarem também eles a fazer geoca-ching? :)

5.Olhando para os vossos eventos, uma das coisas que saltam à vista é que os mesmos não acontecem ape-nas durante um dia. Consideram que o facto de um evento ter a duração de vários dias é também um factor pro-

motor para transformar um evento em mega evento?

100espinhos: Os locais onde os “Love Love” são realizados têm segredos fantásticos para serem descobertos. Em Espinho havia a arte xávega, o surf, as ruas paralelas… Em Aveiro os ovos moles, a beleza da ria, da praia… Em Braga…….. quantos mais dias, melhor. Mais oportunidade para descobrir as ruas todas e seus segredos. Pensam que 4 dias chegam para Bracara Au-gusta? Nem pensar!

Com mais dias, conseguimos incluir mais atividades, para todos os gostos.

Por outro lado, ao termos vários dias, conseguimos chegar a um maior nú-mero de pessoas. Vamos imaginar que o Mega era somente no sábado. Quantos ficariam de fora? Ora porque trabalham, ora porque nem compen-saria as horas de viagem (vir dos EUA para 12 horas de Evento? Quem se aventuraria nisso?). Com vários dias de Mega Evento, possibilitamos a vin-da de mais gente.

Para quem aproveita o maior número de dias, permitimos que as pessoas possam disfrutar mais da cidade aco-lhedora, criar laços de amizade

Isto não significa que não possamos criar um “Love Love… 1 day”… para o ano? Quem sabe!?

GeoCadaval: Sim... só com vários dias se conseguem cativar muitos partici-pantes, não faltando as caches e mui-tas outras surpresas.

6. Analisando os vários Mega Even-tos que já ocorreram em Portugal, é fácil fazer uma análise geográfica da sua distribuição. Todos eles ocorre-ram junto a Lisboa ou Porto, no lito-

ral do país... Porque é que acham que isto acontece? Na vossa opinião, se-ria possível organizar um Mega Even-to no interior do nosso país?

100espinhos: Começámos em Es-pinho. Essa bela cidade não é uma “mega” cidade. É pequena. Não tem aeroporto. Tem pouca opção hote-leira. Corremos o risco. E acertámos! Vieram centenas de pessoas de Por-tugal e estrangeiro!

Aveiro era diferente. É mais conheci-da. Melhores vias de acesso. Também longe de um aeroporto para os es-trangeiros. Acertámos, novamente.

Sim, de facto sempre no litoral.

Quanto a Braga… reparem que já esta-mos a caminhar para o interior. É certo que as vias de acesso continuam a ser impecáveis! Está a 1 hora do Porto. Para não falar dos comboios que ligam a cidade a Lisboa em poucas horas. Já agora, sabiam que há descontos para quem vier de comboio, na CP? Está próxima de Espanha. Mas, é a cami-nhar para o interior! Encontramos Mega Eventos em interiores profun-dos, no estrangeiro. Podemos tentar, no futuro, um “Love Love… Guarda”?... “Love Love… Vila Real”?... “Love Love… Lamego”? claro que podemos! Apa-reça o staff, apareça um local xpto e avançamos sem hesitar!

GeoCadaval: O nosso evento, mes-mo sendo no litoral, é distanciado dos grandes centros urbanos, o que nos tem dificultado um pouco. Por isso andamos pelos distritos do país a fa-zer a promoção do Camping Party.

Penso que a organização de um Me-ga-Evento é possível noutras zonas do país, mas com muito trabalho de divulgação.

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LOVE.LOVE...

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7. Temos estado a falar dos vossos Mega Eventos, mas já tivemos vários no nosso país… Pensemos agora ain-da em algo ainda maior! Consideram possível a ideia da concretização de um Giga Evento em Portugal?

100espinhos: Ainda estamos “longe” da Europa. Teríamos de convencer muito geocacher a vir até cá. E alcan-çar uns bons milhares de attends num Mega Evento para, no ano seguir, po-dermos tentar o estatuto de Giga. Ou, então, conseguir convencer a Grou-ndspeak.

GeoCadaval: Não será fácil fazer um GIGA em Portugal, porque o número de jogadores não é suficientemen-te grande para tal... Mas se todos os amantes do geocaching se unissem nesse projecto, talvez fosse possível... quem sabe um dia…

8. Podem desvendar alguma surpre-sa acerca das edições deste ano dos vossos eventos?

100espinhos: Foi com surpresa que recebemos um mail da Groundspeak a informar-nos que viria uma simpática

Lackey visitar o Mega. Se formos bons (entenda-se, se oferecermos boa comida e bom acolhimento), talvez consigamos o Giga no futuro eheheh (brincadeira).

Esta é uma boa surpresa.

Também podemos anunciar que o Mega terá piscina gratuita. É uma grande novidade em relação aos anos anteriores.

O Signal The Frog também estará en-tre nós.

Mas, a maior novidade será, realmen-te, a presença de mais de 1 milhar de pessoas sorridentes numa cidade verdadeiramente extraordinária e his-tórica. E isso é o mais importante para nós.

GeoCadaval: Temos várias surpresas mas isso fica guardado para os que nos visitarem!

9. Para terminar o nosso frente a frente não poderia deixar de vos per-guntar. Qual o melhor conselho que poderão deixar para quem queira criar um evento com expectativa de

se tornar num mega evento?

100espinhos: Não vale a pena enviar cheques em branco para a Grounds-peak. Eles não se deixam vender por cunhas.

O melhor conselho é que se dediquem a criar um bom “Evento”, com o obje-tivo que os geocachers passem boas horas de convívio e amizade. Utilizem o boca-a-boca. Se o “Evento” parece bom e a malta adere, torna-se Mega. Se não for este ano, é no próximo.

O Mega, se tiver de acontecer, aconte-cerá. Lembrem-se, o mais importan-te é que seja um ótimo Evento. Seja “Mega” Evento, “Giga” Evento ou “Nor-mal”.

Como resumo de todo este terrível “frente a frente”, desafiamos os leito-res a darem um pulinho a Braga. Sem esquecer o protetor solar. Nunca se sabe…

GeoCadaval: Muito amor, trabalho e dedicação ao que fazem.

Texto:Bruno Gomes (Team Marretas)

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3 toneladas de Ouro...So Close!

p O r M y S T i q u E *

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3 toneladas de Ouro

Num vale da margem esquerda do Tejo, a jusante das Portas de Ródão encontra-se a Mina de Ouro Romana do Conhal do Arneiro, uma extensa escombreira formada por gigantescos amontoados de seixos, testemunhos da extração de ouro que terá decorri-do nas épocas romana e medieval.

Esta gigantesca mina a céu aberto terá resultado do desmonte gravítico dos depósitos sedimentares do Vale do Tejo por ação hidráulica. A água utilizada na lavagem dos sedimentos seria transportada desde a Serra de S. Miguel e da Ribeira de Nisa até ao local da exploração, através de canais escavados para o efeito (a “Vala dos Mouros”). Os seixos maiores eram retirados dos canais de evacuação de sedimentos por triagem manual e empilhados ao longo das margens do canal, em amontoados cónicos ou rectilíneos que particularizam a paisa-gem desta região.

Subsiste ainda, próximo do extremo norte do conhal, o Castelejo, um re-levo de quinze metros de altura que ocuparia uma posição central entre os canais de evacuação.

Calcula-se que se tenham removido 10.000.000m2 de seixos para extrair cerca de 3 toneladas de ouro.

A realização do percurso pedestre PR4 – Trilhos do Conhal, ajuda-nos a compreender o contexto paisagístico e a magnitude do esforço humano na transformação do espaço natural, há quase dois mil anos.

Diz a história que para provar a qua-lidade do minério alentejano, D.João III terá mandado fazer um ceptro em ouro extraído deste rio, e Vasco da

Gama uma cruz, mostrando aos vene-zianos que em Portugal havia metal mais precioso que o do Oriente.

A área arqueológica do Conhal do Ar-neiro é um dos geossítios do Geopar-que Naturtejo da Meseta Meridional.

E é neste cenário cheio de história que vive a cache “3 Toneladas de Ouro / 3 Tons of Gold (Nisa)” GC12TRR.

Com uma listing muito apelativa, cheia de informação sobre toda a história do Conhal do Arneiro, ficou a curiosidade de visitar este local, do qual nunca ti-nha ouvido falar.

Existem várias formas de lá chegar.

Uma delas, e na minha opinião será a mais interessante, é iniciar o PR4 – Trilhos do Conhal (9,8 Km, percurso circular) na povoação do Arneiro, saí-da na N18, que liga Nisa a Vila Velha de Rodão.

Durante este percurso, temos a opor-tunidade de passar pelo Buraco da Faiopa, local conhecido pela lenda onde uma tal D. Urraca se perdeu de amores por um mouro. Este, para se encontrar com a amada, atravessava o rio por debaixo do seu leito através de um imenso túnel que ligava a Faio-pa ao Castelo. O marido de D. Urraca, quando descobriu a traição da esposa, atou-lhe uma mó ao pescoço e atirou--a a um poço ou ao Tejo.

A existência de fraturas preenchidas com limonite e a abundância de fratu-ras no interior deste túnel leva a pen-sar que o mesmo terá sido uma mina de ferro. No local existe a cache “Bu-raco da Faiopa” GC3WV5H.

Caso o tempo seja escasso, ou não gostem mesmo de andar a pé, existe a possibilidade de levar a viatura mui-to perto do Conhal do Arneiro. Entre

muitas estradas de terra batida (um rasteirinho atrevido vai até lá) basta seguir as indicações de Tejo/Pego das Portas (cais fluvial). Junto à entrada da mina existe um placard informativo.

O local… é diferente. Milhares de sei-xos rolados em montinhos rodeiam-nos. Dá-nos a sensação que durante muito tempo, andou por ali alguém a fazer montinhos de pedras. Para onde quer que olhemos, elas estão ali. Por isso é importante perceber o contex-to, do porquê de aquilo ali estar.

Olhando para a seta do GPS, percebe-mos que ainda temos que andar um pouco. O objetivo é o Castelejo, o tal pedaço de terreno intocado, com cer-ca de 15 metros de altura em rela-ção à área envolvente. Do topo desta elevação podemos ter a perceção do volume de terras explorado. A sua po-sição central é estratégica e, por esse motivo, serviria provavelmente para controlar a mina e tráfego fluvial. Do local tem-se um panorama fantásti-co para as Portas de Rodão. Vale sem dúvida uma visita.

Far away, so close

E por falar em Portas de Rodão… devo dizer que é um dos locais mais fan-tásticos onde já estive, embora tenha sido na versão azimute, o que levou a sangue, suor e lágrimas ☺ Mas um bom geocacher gosta é de desafios. Aliás, descoberto o trilho certo, é afi-nal um passeio na avenida.

Portas de Rodão é uma imponente crista quartzítica que irrompe entre dois imensos blocos de pedra e que resulta do atravessamento da Serra

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das Talhadas pelo rio.

Há milhares de anos as águas do Tejo cobriam uma vasta região. A sua ação erosiva deu origem a esta gargan-ta, onde o rio atinge uma das suas maiores profundidades. Este estrei-tamento marcava o anterior limite de navegabilidade do Tejo, quando este era um canal de comunicação entre o interior e o litoral do país. Aqui o Tejo corre entre duas paredes escarpadas, que atingem cerca de 170 m de altura, fazendo lembrar duas “portas”, uma a norte no distrito de Castelo Branco, e outra a sul no concelho de Nisa, distri-to de Portalegre.

No topo da “porta” norte, que é facil-mente acessível por estrada, situa-se o pequeno castelo do Rei Wamba. Deste local vislumbra-se um vasto panorama sobre o vale do Tejo a ju-sante das Portas, com o Conhal do

Arneiro na margem esquerda, e o po-voado paleolítico de Vilas Ruivas na margem direita.

Os amantes de observação de avifau-na poderão deliciar-se com este local privilegiado de observação da maior colónia de grifos de Portugal, assim como da cegonha-preta ou o milha-fre-real.

As Portas são também um dos geos-sítios do Geoparque Naturtejo da Me-seta Meridional, tendo sido classifica-das como Monumento Natural, a 20 de Maio de 2009.

Na Porta do lado Norte, poderemos encontrar a mítica cache “Far Away, So Close” dos GreenShades, GCF508 e a “Castelo de Rodão, Castelo do rei Wamba”, GC1NRAR.

Na Porta do lado Sul a não menos importante “Just Get There” do MAn-

tunes, GC27FGF, que só se encontra

disponível entre Agosto e Novembro,

devido à nidificação da colónia de gri-

fos. Por esse motivo, ainda não tive a

possibilidade de a visitar, mas está na

lista ☺

“Far Away, So Close”… é uma expe-

riência inigualável. O GZ deixa-nos à

beira daquele brutal penhasco, com a

outra porta pela frente, e onde sobre-

voam sob as nossas cabeças dezenas

de grifos.

São estes “grandes” tesouros, que

fazem com que acredite que o nosso

geocaching sempre nos trará lugares

fantásticos de arregalar os olhos.

Texto e fotos:

Sónia Fernandes (Mystique*)

CONHAL

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39Junho 2016 - EDIÇÃo 21

ARNEIRO

PORTAS.DE.RODÃO

39

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Junho 2016 - EDIÇÃo 21

“Se pensas que a aventura é perigosa, sugi-ro que experimentes a rotina… É mortal!!”

Paulo Coelho

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41Junho 2016 - EDIÇÃo 21

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Junho 2016 - EDIÇÃo 2142

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Junho 2016 - EDIÇÃo 21

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44 Junho 2016 - EDIÇÃo 214444

Bem-vindo Manuel, ao papel princi-pal deste número da GeoMag! Sem dúvida o mesmo papel que assu-miste durante muito tempo perante “todo” o Geocaching, na minha mo-desta opinião e certamente na de um grande leque de outros companhei-ros. É com grande prazer que assumo a responsabilidade de te trazer, a ti e às tuas estórias, (mais uma vez) para as páginas da revista.GeoMag - Foste um dos grandes im-pulsionadores do geocaching cá no burgo, ou não estivesses registado no Geocaching.com desde Abril de 2002. O que te trouxe afinal para este nosso hobbie? Como deste com isto? Em 2002 não deveriam haver assim muitas formas de se “trope-çar” no geocaching.Manuel Antunes - Não haveria muitas formas de “tropeçar” no Geocaching mas existiu uma que foi determi-nante: a revista “Semana Informática” apresentou, algures em Fev/2002, um quadrado na última página a falar de Geocaching. Eu li, achei interes-sante, investiguei na net, li todas as FAQs (literalmente) do Geocaching.com na altura, li os fóruns deles e co-mecei a melgar o “pregalla” (que era o que tinha mais caches colocadas na altura e, por isso, pareceu-me o mais experiente) com algumas perguntas e, essencialmente, com a escolha do GPSr. Foi muito importante para mim a ajuda dele, porque não exis-

tia qualquer método dos geocachers se contactarem como existem hoje os fóruns ou a mailing list do Yahoo. Por isso sempre o considerei o meu mentor (ou, o meu adoptante, porque ele praticamente me adoptou e res-pondeu aos variados emails que lhe enviei a esclarecer dúvidas).GM - Eia! Uma revista portuguesa já saber o que era (ou que existia) o geocaching em 2002?! Estou deve-ras surpreendido! Também o estou com alguém ter “mais caches coloca-das”... [risos] Consegues quantificar esse número? Acaba por ser muito complicado obter esse tipo de dados passado tanto tempo. Basta dar uma cache para adopção para se ter meio caminho andado para “desaparecer” qualquer registo do owner original (eu próprio acabei por ficar com uma do Pedro Regalla à minha guarda).MA - Se fores a http://geostats.geo-caching-pt.net/ no menu lateral, tens a listing das caches (sai em Excel) e ordenares por HiddenDate, tens vi-sível a coluna do owner onde se lê o autor original e quem a adoptou.Eu comecei no dia 11/4/2002 e já an-dava a visitar o site há um mês, mas mesmo assim, o Pedro Regalla tinha a maioria, 7 em 19 (ignora as das li-nhas 2,3, 4 e 7 porque não existiam no terreno quando comecei, embora tenham data de colocação da altura): GM - Sempre tive os “primeiros geo-cachers” como geeks da informática

que já teriam acesso a GPSr, por mo-tivos profissionais... não terá sido portanto o teu caso. Acabaste por seguir a orientação dele? Que mode-los haviam disponíveis em 2002?! Já era aquela rivalidade, Garmin vs Ma-gellan?MA - Sim, segui todas as indicações dele (comprei o Magellan Meridien Platinum). Não havia rivalidade por-que não havia comunicação de todos com todos - apenas havia comunica-ção individual, por email. A listing do Yahoo só apareceu em Setembro e só aí começamos a “falar” todos juntos.Na altura a Magellan tinha a linha SporTrack e os Meridien. A Garmin ainda não estava a usar os satélites de correcção de sinal e, por isso, a Magellan tinha vantagem. Uns anos mais tarde, a Garmin apostou mais no Software e nas funcionalidades enquanto a Magellan continuou a apostar no hardware e perdeu cota de mercado, tal como aconteceu en-tre a IBM e a Microsoft. Mas isto já é off-topic. :)GM – Portanto, um mês a recolher informação antes de te inscreveres, e depois mais um mês antes de te lançares efectivamente à aventura? Confirmas a Pela Pré-História do Alentejo [GC25BB] como a tua pri-meira busca? Conta-nos tudo!MA - Sim, documentei-me bem an-tes de começar a praticar geocaching de forma efectiva. Desconfiava que

Desconfiava que fosse algum “andar aos gambuzinos” e agi com desconfiança e cuidado. Era algo completamente novo!

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45Junho 2016 - EDIÇÃo 21

fosse algum “andar aos gambuzinos” e agi com desconfiança e cuidado. Era algo completamente novo! Mas, conforme ia lendo e ia absorvendo os princípios básicos do geocaching, ia ganhando confiança, e a certa altura o foco estava no fazer bem as coisas e por isso demorei ainda mais umas semanas antes de procurar a primei-ra cache depois de ter criado conta. E sim, foi a “Pela Pré-História do Alentejo - I “, porque: a) era uma cache que levava à aven-tura ao longo de vários locais. Por-tanto, prometia um primeiro orgas-mo duradouro. :)b) era uma forma de agradecimento ao “pregalla”, começar com uma ca-che dele, por me ter ajudado.c) era uma cache física longe de Lis-boa mas não demasiado longe. Quanto à procura, convidei o meu colega de trabalho, com o qual tinha comentado a descoberta do novo hobbie, e o mesmo que, depois, de-senhou o primeiro logotipo de Geo-caching-pt, e lá fomos com as nos-

sas mulheres e o meu filho procurar a cache. Imprimi o mapa MapQuest (que era o único disponível na altura e apenas nos dava o ponto inicial com a sua posição relativa às estradas na-cionais e ao Norte mas sem curvas de nível ou estradas secundárias e de terra batida, nada).Nesta primeira procura, dei duas “barracas”: 1) fiz o percurso ao contrário (come-cei pela cache final e pelos pontos de referência a visitar e só no fim fui pro-curar o ponto inicial - na altura ainda não era multicache como é hoje).2) a outra “barraca” foi meter-se-me na cabeça que tinha de conseguir ter no ecrã do GPSr as exactas coorde-nadas publicadas! Então ali andei eu a dançar com o GPSr na mão, a ten-tar que os dígitos no ecrã fossem os mesmos que estavam publicados. Estás a ver a dificuldade? Agora sa-bemos que 2 GPSrs podem não che-gar exactamente às mesmas coor-denadas no mesmo exacto ponto, por causa do factor de erro dos dois

aparelhos (o que “esconde” a cache e o que “procura” a cache) e pelas con-dições meteorológicas que afectem a “visibilidade” dos satélites. Então... foi confrangedor e ainda hoje me rio de mim mesmo por causa desta cena. GM – Depois desse primeiro “Fou-nd it”, e pelo que se pode ver pelo teu perfil, o Geocaching como que passou a ser a tua ocupação de fim de semana, certo? Mesmo com tão poucas caches disponíveis como nos disseste, no primeiro mês deste conta logo de mais meia dúzia delas. O facto de ser praticamente verão, e de serem todas relativamente perto de Lisboa, também deve ter ajuda-do, aposto. Alguma história que re-cordes como verdadeiramente espe-cial dessas primeiras semanas? Tens como segunda descoberta a Last Home of Gertrude [Mafra], uma ca-che que eu gostei bastante (e onde já regressei um par de vezes).MA - Certo, o geocaching, depois de toda aquela preparação teórica, passou a ser o meu hobbie principal

PEDRA.DE.ALVIDRAR

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porque se ligava a várias facetas da minha personalidade e experiência de vida - basta dizer que nasci em Lisboa mas aprendi a falar e a andar em Castelo Novo, na Serra da Gardu-nha, a guardar rebanhos de ovelhas e cabras. Por isso o meu desembaraço fora das cidades, no meio rural. A segunda cache, foi realmente a Last Home of Gertrudes (meu log), porque já com a certeza de que isto não era uma “caça aos gambuzinos” lá me arrisquei a levar mais membros da família, especialmente os jovens. Adoraram, como era de esperar. :)Depois continuei a procurar as caches que existiam na altura mas, entre-tanto, dei mais uma barraca no geo-caching: não reparei que a “A Great View of Lisbon” (log) era virtual, en-contrei um lápis partido, pensei que a cache tinha desaparecido e loguei um “DNF”... Mas o “orebelo” enviou-me um email a dizer que era virtual e voltei lá para obter os dados que per-mitissem validar o “Found it” da cache - eu tinha lido sobre caches virtuais

mas na altura não me apercebi.As outras caches que fui procurando, todas elas foram desafiantes, espe-cialmente a “Pequena Gruta” e assim fui ganhando experiência e ficando cada vez mais aficionado do Geoca-ching.GM – [risos] Essas “pézadas” são sempre engraçadas de recordar! De vez em quando leio sobre pessoal que procura imenso tempo pelos containers das EarthCaches! Numa altura em que se fala sobre a longe-vidade vs efemeridade das caches é com genuíno prazer que vejo que a maior parte das tuas primeiras en-contradas estão bem e recomen-dam-se (algumas com a tua mão, outras com a minha, com a do BTro-drigues, Felinos, etc.). Olhando para a primeira página dos teus “Founds”, que apresenta oito caches, só a Cabo da Roca [GC7A2D] é que foi arquiva-da por ter sido vandalizada. As outras duas arquivadas foram-no devidos a questões com os locais onde foram colocadas. A Visit to Frei Agostinho

da Cruz [Setúbal] [GC45D6] foi mes-mo resgatada pelo Joaquim Safara em 2013 (relato publicado no Nº8 da Geomagazine) e a da A Pequena Gruta [Mafra] [GC26C3] salva em 2011 por alguns ilustres membros do Gang da Pata Negra. E é sobre esta última que recai a próxima pergunta já que tu próprio a destacas como “espe-cialmente desafiante”! Para nós ou-tros, que não tivemos o prazer de a procurar, com que podíamos contar?MA - A “A Pequena Gruta” era a mi-nha segunda cache de eleição para procurar na altura - aquela que, da análise inicial da oferta mais desafia-va a minha procura - mas optei por algumas outras caches antes para ganhar confiança e experiência e só depois enfrentar esta. O motivo era a descrição da cache, o facto de se ir entrar numa gruta, a entrada/acesso pelo “túnel” que parecia complicada... tudo pormenores que desenvolviam um “Adamastor” no meu íntimo. Quando lá fui, mais uma “barraca-da”... Chegámos a andar com os pés

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no topo do monte por cima da Pe-quena Gruta. Enfim, era uma festa, cada caçada, cada aventura nem que eu tivesse que inventar a aventura. :)O que devia esperar quem lá não foi? O log do Fonsecada-Portucalense ilustra bem o local da gruta, e por onde eu andei. Além do acesso a de-safiar a aventura, dava-se de caras com um local onde havia uma gale-ria de pequenas grutas interligadas e com “janelas” naturais para o exterior e para o Rio Lisandro que desenha, na zona, um serpentear engraçado. Nos mais recônditos recantos, teste-munhavam-se formações geológicas em bom estado, frágeis estalactites e estalagmites como se pode tes-temunhar no log do “MCA”, a quem acompanhei mais ao “PH”, numa al-tura em que fui lá fazer manutenção.Já agora, e em jeito de estória lateral, esta visita em conjunto talvez tenha sido a primeira em que geocachers, que se conheceram apenas no geo-caching, se juntaram para ir procu-rar uma cache sozinhos, sem ser em passeio de familiares e/ou amigos. Foi nesta caçada conjunta que nas-ceu aquilo que viria a ser “Os Expedi-cionários”. :)GM – “Os Expedicionários”… já lá iremos! Muito mais difícil do que in-vestigar as tuas primeiras aventuras “com sucesso” é rastrear os malo-grados DNFs! Que recordações guar-

das do(s) teu(s) primeiro(s)? Não daquele no Castelo de Lisboa, claro, mas de um DNF a sério!MA - O 1º DNF foi na “Cold Spring” e foi devido à dificuldade de obtenção de um sinal GPS de jeito porque an-dei a procurar muito longe da cache (soube depois quando a encontrei mais tarde).A recordação mais traumatizante foi a “Uma Aventura Na Lagoa II” (a ori-ginal, do “pregalla”). Como era lon-ge... uma hora a procurar e nada. Depois desta, mais alguns DNFs se seguiram mas o mais complicado de digerir, a seguir, por ser muito longe e por o local ser muito especial, foi a “Fraga da Pena”. Aqui o problema fo-ram as coordenadas publicadas que estava mal e foram corrigidas mais tarde.Sempre loguei os DNFs e em várias chegava a procura de forma muito insistente no início (agora já não pro-curo uma cache durante 1 hora como então). Enfim, nada de especial com os DNFs para além do tempo extra a procurar porque, o passeio, as vistas e a des-coberta do local esses ficam.GM - Aproveito este momento para te agradecer! Obrigado! Confuso?! [risos] Não devias estar... isto é o que se pode encontrar no site Geo-caching.com quando se pesquisa por “Charter Member”. É lá pedido

que lhes agradeçamos visto ser res-ponsabilidade deles o facto de o site existir. Durante muito tempo foste o “nosso” Charter Member... O que te levou a apostar/apoiar o geocaching logo no seu início? Houve algum tipo de “apelo” ao registo como membro pagante? Como se processou a coi-sa? E não menos importante, porque é que deixaste de o ser? Foi algo re-cente, se não me engano.MA - Os Charters Members são os Pre-mium Member que surgiram no início e que constituíram o primeiro dinhei-ro que o Jeremy conseguiu para co-meçar a evoluir o Geocaching.com. O titulo de “Charter” foi uma distinção honorífica prometida a quem aderis-se. Houve um apelo feito por email que recebi algures entre junho e se-tembro de 2002, altura em que de-cidi contribuir com 30$usd anuais. Inicialmente, estava previsto que se-riam Charter os primeiros 1000 que aderissem (fiquei entre os primeiros 850) mas a iniciativa teve tanto su-cesso que alargaram aos que aderi-ram durante o primeiro ano e che-gou-se a um número a rondar os 3000. Todos estes números circula-ram nos fóruns da Groundspeak, que eu acompanhava diariamente.Deixei de ser Premium Member em 2014 por não concordar com a di-ferença de tratamento entre os que pagam em $usd e os que pagam em €uros, no preço pela subscrição de

“Deixei de ser Premium Member em 2014 por não concordar com a diferença de tratamento entre os que pagam em $usd e os que

pagam em €uros, no preço pela subscrição de Premium Member”

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49Junho 2016 - EDIÇÃo 21

1808.-.Batalha.de.Roliça.[Bombarral]

Uma.Aventura.Na.Lagoa.

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50 Junho 2016 - EDIÇÃo 21

Premium Member. GM – É um tema mais ou menos re-corrente esse da diferença cambial entre as duas moedas… de vez em quando leio num dos fóruns que al-guém tem de renovar a assinatura e que não faz sentido esse tratamento diferenciado. De qualquer modo di-go-te que fiquei com pena de perder o “nosso” CM! O que nem sequer faz muito sentido, o de perderes o es-tatuto de Charter Member, se esse “titulo” foi atribuído aos primeiros que contribuíram. A única diferença é que agora seria CM Basic Member e não CM Premium Member. Debrucemo-nos agora um pouco so-bre a tua faceta de Owner! Setembro de 2002 é a data que consta naquela que é a tua primeira (excelente, di-ga-se) cache! Castelo dos Mouros [GC88D3]… como na altura não havia “log” de publicação, confirmas essa como a data real de colocação? É que a primeira tentativa para a encontrar foi feita apenas em Janeiro de 2003. Porque ali? Era(é) um daqueles lo-cais que tem mesmo de ter uma cache? Não faço esta pergunta ten-do em conta o panorama actual das coisas… faço mesmo no contexto em que a colocaste, meados de 2002.MA - Sim, confirmo a data de coloca-ção da “Castelo dos Mouros”. Ao fim de várias caches encontradas, sen-ti que estava pronto para colocar a minha primeira. Já tinha visto vários tipos de container e de esconderijo e comecei a planear a minha contribui-ção. O local? Simples. Estava-se na época em que o herói dos filmes era o Indiana Jones e eu tinha, na família, 2 “Lobitos” (iniciantes nos Escuteiros) e então desafiei-os a irem comigo, para as redondezas do Castelo dos Mouros procurar um local para es-

conder uma cache. A zona e o tema escolhi eu, o local exacto da cache escolheram eles! Mas... há uma história secreta por trás desta cache. Ou quase secreta. Como já havia uma cache na Serra de Sintra (a “O Lugar dos Mortos”) eu senti certo desconforto em colocar lá outra cache porque a que lá esta-va, considerando a densidade e dis-tribuição de caches em Portugal, já ‘mostrava’ Sintra. Então, enviei um email ao “pregalla” a perguntar se ele não se importava que eu colocasse outra cache... na outra ponta da Ser-ra de Sintra (a mais de 500m). Argu-mentei, algo comprometido e sem à vontade, que a cache estava longe da dele e tinha outro tema e, do que co-nhecia, aquele era o local certo para o meu tema, aventura tipo “indiana Jo-nes”, pela floresta densa e tenebrosa (na altura não havia limpeza de ma-tas como vai havendo agora).GM – Não era (é) uma cache “fácil”! Tem já 185 DNFs! Eu próprio demo-rei bastante tempo até me decidir a ir procurá-la e no dia demorei bas-tante tempo a dar com ela. Estáva-mos já em finais de Maio quando o Pedro(OCoyote) lá deu com ela. Che-garam mesmo a dizer que a cache se arriscava a ter mais visitas tuas do que de outros geocachers. [risos] Ti-veste essa percepção? É(era) mesmo um “found” que cobra(va) o esforço? Provavelmente, a cache mais difícil de encontrar do seu tempo?MA - Na página da cache escrevi: “Procurei este local com o meu filho (Filipe, 10 anos) e o meu sobrinho (João, 8 anos) e eles adoraram andar a fazer de “Indiana Jones”.”Eles foram terrivelmente sádicos... Como disse, eu escolhi a zona e o tema e eles escolheram o local exac-

to (spot). Dei-lhes corda e eles só pa-raram quando viram que não podiam subir a muralha. :)

Penso que era a cache mais difícil na altura, embora eu não tenha visitado todas as que existiam mas pelos co-mentários que fui recebendo... ficava com as “orelhas quentes”. :)

785 found, 185 dnfs e 10 visitas de manutenção. Acho que o saldo é po-sitivo e nem todas as caches têm que ser fáceis e rápidas de encontrar. Quem se desiludiu com esta cache é porque não leu bem a descrição e/ou não viu bem os atributos da mesma.

GM – Agradece-lhes lá por mim!!! A mim deu-me muito trabalho [risos]… A tua segunda colocação encontra-se arquivada e lembro-me de (mais ou menos) recentemente ter lido al-gumas coisas sobre ela, pela escrita do Joaquim Safara. Temos no registo dele sobre a Lisbon’s Monsanto - A Paleovolcano? [Lisboa] [GC9ACE] uma boa história para ler mas o que me chamou mais a atenção foi o teu registo com a indicação dos pedidos de colocação de caches em Monsan-to aos responsáveis pelo espaço... Fala-nos um pouco dessa “Semi--Earthcache” e desses contactos. Já agora, sabes quantas caches por lá existem hoje em dia?

MA - A segunda cache foi ainda mais pensada e planeada do que a primei-ra. Num dos semáforos da Praça de Espanha, recebi uma publicação da “Cais” das mãos de uma das pessoas que são ajudadas por essa institui-ção. O tema era os vestígios paleo-volcânicos da Serra de Monsanto. Interessei-me pelo assunto e decidi colocar uma multicache que levasse a visitar os pontos assinalados nessa

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52 Junho 2016 - EDIÇÃo 2152

revista.No meu planeamento, fiquei a sa-ber, pela minha irmã, que trabalhava nas Estufas de Monsanto, que havia um Dr. Paulo Lopes no EPEM que era muito acessível, aberto e focado em novidades. Telefonei-lhe e marcámos uma reunião. Eu tinha a noção de que Monsanto não era um terreno baldio, abandonado, e sabia que tem insti-tuições a tratar dele. No dia marca-do, lá fui falar com o Dr. Paulo Lopes, expliquei-lhe o Geocaching, levei o portátil já com paginas html e mapas abertas (não tinha internet fora do escritório/casa) e, pedi-lhe autoriza-ção para colocar uma cache dedicada aos vestígios vulcânicos de Monsan-to. Ele autorizou e até fez mais; pu-blicou um banner publicitário na pá-gina da CML do EPEM sobre a minha cache e pediu aos guardas/vigilantes de Monsanto que verificassem de vez em quando se estava tudo bem. O Dr. Paulo Lopes, a quem eu apre-sentei o Geocaching em Setembro de 2002, é hoje o geocacher “plnauta”. Depois desta cache, ele ainda auto-rizou uma outra “The (Imprisioned)

Squirrel” [GCGD9A] que também não resistiu aos maus tratos e vandalis-mos.Quantas caches existem em Mon-santo? Bem, com a “Mistérios...” de-vem totalizar algumas 300...Ainda sobre o pedido de autorização para colocar a cache em Monsanto, aqui está o que fui partilhando com a comunidade geocacher da altura - sim, a partir de Agosto/Setembro de 2002 já começou a constituir-se uma comunidade por iniciativa do Ricardo Bordeira Silva ao criar o grupo geoca-ching_portugal no YahooGroups:(se não tiveres acesso a estes links, diz que eu envio copy&paste ou crias conta no YahooGroups e aderes ao geocaching_portugal)(repara nos avisos À Brisa e aos Guardas Florestais sobre a presença da minha cache :) )https://groups.yahoo.com/neo/groups/geocaching_portugal/con-versations/messages/167e o resultado da reunião com o pl-nauta, perdão, Dr. Paulo Lopes :)https://groups.yahoo.com/neo/groups/geocaching_portugal/con-

versations/messages/172e foi pena não ter feito um prints-creen desta página web porque es-tava lá a referencia ao geocaching e à minha cache (agora a página já não existe...) https://groups.yahoo.com/neo/groups/geocaching_portugal/conversations/messages/178GM – Eia! O que se descobre ao per-guntar as coisas às pessoas certas! Tenho pena por ele andar algo afas-tado do geocaching por estes dias (anos)… passei bons momentos a procurar as caches dele cá pelo dis-trito de Lisboa. Colocaste mais meia dúzia de caches durante o ano de 2002, três delas arquivadas e três activas (presente-mente). As três que subsistem so-mam perto de 240 favoritos, o que demonstra o apreço que a restan-te comunidade vai tendo para com elas… mas a minha curiosidade vai para a Ancient Aqueduts [GCA9CE] visto que és a primeira pessoa que entrevisto que teve uma Geocache Locationless (reverse). Explicas-me um pouco do que era esse tipo de cache, hoje “grandfathered” e a his-

PORTO.FURADO

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tória por detrás da tua?MA - As LocationLess caches eram um tipo de caches vir-tuais, sem contentor físico e sem os aspectos negativos de uma procura física (degrada-ção do meio, perigo para a ca-che, etc.) mas com os aspectos nega-tivos de uma cache virtual (tentativa de batota).Como funcionavam? Alguém criava uma cache virtual em algum local, de-dicada a um tema, e depois desafiava os outros geocachers a procurar um local/tema semelhante em qualquer parte do Mundo. Para logar esse tipo de cache virtual, o criador especifica-va um conjunto de regras que, nor-malmente, incluía um foto do local/tema “logado” a validar a sua seme-lhança com o original.No meu caso escolhi o tema do Aque-dutos Antigos, ou da antiguidade, e recebi logs de aquedutos espanto-sos, antiquíssimos (Incas, por exem-plo) e remotos, por todo o planeta (inclusive, Austrália). Deliciei-me a ler muitos dos registos que ia recebendo. O Orlando Rebelo criou uma sobre Pontes Romanas e o Ricardo Bordeira Silva, sobre Monu-mentos ao Vasco da Gama - impres-sionante a diversidade de locais onde foram erigidos monumentos a esta figura da nossa História!Depois, mais tarde, quando as Loca-tionLess caches foram transformadas em Waymarks Categories, abri a pos-sibilidade aos canais de irrigação, a coisa abandalhou-se e desisti.GM – Conhecendo a tua “reputa-ção”, não duvido que cada uma das tuas outras colocações que referi (de 2002) tenham muitos motivos de interesse por detrás das mesmas…

algum em especial que queiras des-tacar?MA - Sobre as caches que coloquei na fase inicial, tentei focar-me em temas - os vestígios vulcânicos da Serra de Monsanto, os vestígios e di-nossauros na zona do Cabo Espichel, os aquedutos antigos - e em locais especiais - a Gruta de Santa Marga-rida na Arrábida, o Pulo do Lobo no Rio Guadiana ou a Furna que Sopra em Peniche com o seu curioso so-pro do Mar. Talvez que me deu mais prazer a colocar, dessa primeira meia dúzia, tenha sido mesmo a dos vestí-gios vulcânicos de Monsanto e a dos vestígios de dinossauros no Cabo Es-pichel. Foram duas caches que me le-varam a bastante investigação e pre-paração. Também gostei da maneira como “encontrei” a Gruta de Santa Margarida: comecei a vasculhar os livros todos que tinha cá em casa e encontrei o “Viagens na Minha Ter-ra” de Almeida Garrett que falava da Gruta de Santa Margarida. :)GM – Sobre os primeiros arquiva-mentos, queres desvendar os mo-tivos por detrás deles? Falo da The Aqueduct [GCA3E6] e da Centro Geodésico de Portugal [Vila de Rei] [GCA6CC].MA - Os arquivamentos... a grande maioria deles foram, e serão, devi-do a falta de cuidado e/ou desleixo dos visitantes das caches e que as deixam em risco, seja de serem des-cobertas por não geocachers, seja o risco de sofrerem os efeitos das in-

tempéries. As caches virtuais e a multicache mais elabora-da que criei [GCVYJQ] foi por constante tentativa, e em al-guns casos prática mesmo, de batota de chico-espertos. Não fora isso, e praticamente ainda estariam todas activas

hoje. É só consultar os logs de arqui-vamento para confirmar isso mesmo.GM – A minha intenção não é fazer uma retrospectiva total e exausti-va das tuas aventuras/caches/etc. mas a verdade é que foste um dos primeiros (se não o primeiro) numa série de iniciativas e “inovações”! Interrompe-me sempre que achares necessário para falares de assuntos pertinente e interessantes que es-teja inadvertidamente a ignorar [ri-sos]. Chegamos a maio de 2003 e ao teu primeiro evento como organiza-dor (a meias com o Lobo Astuto), o 2nd Geocacher’s Meeting in Por-tugal [Lisboa]. No rescaldo do pri-meiro meeting (seis meses antes) podemos encontrar esta curiosa re-ferencia na listing “Somos os únicos malucos por aqui”! Era o que acha-vam? Apareceram tão poucos no 1º meeting (três attends feitos)… neste vosso quase que quadruplicaram os presentes.MA - Deixa lá, por esta altura já de-ves ter perdido metade dos leitores! [gargalhada] Lembra-te que eu, o clcortez, o zoom_bee, etc.... somos “corpos estranhos” no Geocaching vigente. Somos assim, uma espécie de “homens das cavernas” que são muito giros para ver numa montra, num museu mas nada mais do que isso. ;) Continuando, porque tenho prazer e orgulho no nosso percurso no Geocaching. Porque, para mim,

“Lembra-te que eu, o clcortez, o zoom_bee, etc....

somos “corpos estranhos” no Geocaching vigente”

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esta entrevista é como criar uma cache; respondo com o prazer que criei as caches. Se depois as pessoas apreciam a entrevista ou as minhas caches, não é relevante. Eu fiz o me-lhor que podia. E há sempre gostos para tudo…“Somos os únicos malucos por aqui?”. Repara que se tratava de uma per-gunta e significava que queríamos saber se, além dos que já se tinham apresentado no Geocaching_Portu-gal, havia mais. Mas, por outro lado, agora existem dezenas de milhares de Geocachers. Na altura conheciam-se, entre os que criaram caches e os que as pro-curaram, uns 20 ou 30. Mesmo que fossem o dobro (e não soubéssemos por não terem criado caches ou fei-to logs nas que existiam) seriam uns 60 ou, vá lá, uns 100 Geocachers em Portugal. Por isso, sim, na altura sen-tíamo-nos algo únicos, especiais. O 2º encontro de Geocachers foi um impulso e uma necessidade natural, até devido à meia desilusão que tinha sido o primeiro encontro, por terem ido tão poucos e até o organizador não pode ir.Assim, para a organização deste se-gundo encontro nacional, esmerá-mo-nos e, além do local muito bem escolhido (tínhamos a percepção que Lisboa era a zona com mais geoca-chers e Monsanto é um local natural-mente atractivo para um picnic com a família), criámos um programa bem composto que incluía jogos (com pré-mio), distribuição de t-shirts, troca de prendas, actividades acessórias (a subida da parede de escalada que ali existe e que depois motivou caches, acompanhada por monitores do Parque de Monsanto e que eram os ajudantes do Dr. Paulo Lopes) e pre-

leções por especialistas em GPS (O Afonso Loureiro, recentemente for-mado e o js-sms, Professor na Facul-dade de Ciências) que nos ensinaram os conceitos por detrás do sistema GPS, com a ajuda de equipamento profissional.GM - Um Evento com “E” grande portanto! Monsanto é deveras um local TOP para a prática deste nos-so hobbie, especialmente em família (já o fiz algumas vezes). Entretanto e pelo que se depreende pelos es-cassos dias que mediaram entre o meeting e a tua seguinte publica-ção, andavas bem activo! Um even-to bem organizado seguido de uma interessantíssimo “projecto”, onde foste, novamente, pioneiríssimo! Falo, obviamente das famosas IMCs, European IMC No.1 P - P - Castelo de Bode e European IMC No.1 S - P - Tide Mills [Almada]. Qual a génese da coisa? Como surgiu esta ideia?MA - As IMCs foi ideia do Hendrik Woelper, um geocacher alemão. Está tudo contado aqui http://fo-rum.geocaching-pt.net/viewtopic.php?p=9495#p9495 e a página ini-cial do projecto é esta http://www.woelper.net/gc/imc-ec-no1.phpUm conjunto de multicaches, cons-tituído pela cache primária e pela cache secundária em cada país em que, para se encontrar a secundá-ria era necessário visitar a primária e depois trocar dicas com os outros geocachers estrangeiros. O projec-to evoluiu até à versão 4, tendo eu representado Portugal nas versões 1 (água) e 2 (vento), o lynxpardinus (Ricardo Silva) na versão 3(terra) e o mtrevas (Miguel Trevas) na versão 4 (fogo).GM – Uma pesquisa rápida revela 14 destas primeiras IMCs ainda activas,

sendo que apenas três delas são tra-dicionais. Parece-me que apenas na Hungria subsistem ainda as duas, Tradicional e Multi. Parece-te que faz sentido existir a Multi sem a ou-tra? No teu caso, uma dependia em parte da outra… é(era) assim para todas?MA - Foi um conjunto de projectos interessante mas foi-se degradando e quando começa a falhar em vários países, todo o conjunto vem abaixo.GM – É uma pena. São estas coisas que dão (ainda) mais interesse ao Geocaching. Lembro-me de ter en-contrado uma tua, na Serra de Sin-tra… agora chama-se apenas Feel The Wind [GCKJ9A] mas quando a encontrei julgo que faria parte da versão 2 (até pelo nome).MA - Sim, a “Feel The Wind” era an-teriormente a “IMC No. 2 P - PT - Feel the Wind”.GM- Outra das coisas que (me) dá bastante gozo é procurar caches an-tigas (como quase todas as tuas) e caches “descontinuadas”… não há como ignorar as três Virtuais no teu perfil, todas arquivadas. Referiste há pouco que o fizeste por causa dos Chico-espertos e Batoteiros mas, nem sei bem como colocar a pergun-ta, o que se sente ao arquivar uma cache de um género que não voltará a ter novos exemplares? A fazer fé na nota do Joaquim Safara, colocada na Memories of Stone and Water [Lis-boa] [GL448JCB], esta tua terá sido mesmo a última virtual publicada.MA - O que senti quando arquivava as minhas caches... Uma grande sen-sação de perda e revolta mas eu não sou de “dar a outra face” ou de “dei-xar andar”. Se não respeitam alguma das minhas caches, então é porque já

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TRILHOS.&&.CARVÃO.-.TV01

SOFT.WATER.OVER.HARD.STONE.[PORTO.DE.MÓS]

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estão a mais. As caches que criei, os projectos em que me envolvi custa-ram-me tempo, dedicação, dinheiro, privações... Foram feitas de acordo com as guidelines da GroundSpeak, foram aprovadas pelos Revisores e eram para ser visitadas ou logadas da forma como foram idealizadas. Quem não concordasse, passasse à frente e fosse procurar outra cache.No início, este conceito era perfeita-mente aceite a respeitado. Por exem-plo, existe um Geocacher que não procura caches onde não consegue chegar fisicamente devido à sua pe-quena estatura e está no seu direito. Ele acha que o Geocaching não deve ser uma prova ou mostra de aptidão física. Está no seu direito, ele ignora essas caches e procura outras.Nas minhas caches virtuais e na mul-ticache mais elaborada que criei, apareceram demasiados casos de contornar a cache na forma como foi elaborada e decidi acabar com elas. Quem as procurou e encontrou de acordo com o idealizado para a ca-che, não perdeu nada. A história das caches também não se perdeu - pelo menos enquanto ainda for relevante em termos de tempo histórico, quem não as encontrou por já não existi-rem... parece evidente que tem mui-to por onde procurar e os spots fica-ram livres para outras criações iguais ou melhores que as minhas. Só fica mesmo irremediavelmente perdido as badges e as GC6... agradeçam aos batoteiros. Eu, pelo meu lado, nunca perdi a capacidade e dedicação para ir mantendo as minhas caches. Por outro lado, se elas não tivessem sido arquivadas pelos motivos que foram, será que ainda existiam tal como eu as criei? Não tenho a cer-teza. A GroundSpeak parece que está

apostada em mudar tudo o que foi o seu início e o seu espírito inicial em favor de uma cada vez maior moneti-zação do Geocaching...

GM – “(…) a capacidade e dedicação para ir mantendo as minhas caches”. Aqui está o mote para introduzir umas questões sobre as caches que adoptaste. As duas mais antigas do teu perfil, dos idos anos de 2001, vieram da pena do Pedro Regalla. O que aconteceu? Como se proporcio-nou a continuidade destas caches, pelas tuas mãos?MA - O Pedro estava a desligar-se do Geocaching “no terreno” porque ia para Paris (onde terá estado uns tempos) e procurou adoptantes para as sua caches.

As três caches que aceitei diziam-me algo; uma porque foi a minha primei-ra (Pela Pré-história do Alentejo), as outras duas porque era um tema que me agradava (aventura na Lagoa) e estavam perto de locais onde eu ti-nha ligações, seja porque tinha ou-tras caches na região (Mértola), seja porque passava frequentemente na zona e tinha sentimentos fortes por aquela cache, pelo que provocou nas minhas procuras.

Senti também que eu, na altura, era o que tinha mais capacidade para adoptar caches distantes da zona de residência e, por isso, quando o Pedro colocou as suas caches para adopção, não me candidatei às ca-ches mais perto, porque sabia que haveria candidatos para elas, como aconteceu.

GM – Se falarmos no Regalla, não podemos deixar de fora outro “di-naussauro”, o Pedro Cardoso. O que disseste para o outro Pedro aplica-

se também ao pcardoso?MA - Aplica-se tudo relativamente à consideração por ser mais antigo e experiente que eu e ser uma pessoal muito afável e acessível. Existiram diversos episódios que nos puseram em contacto (as caches dele na zona de Mértola) e que nos levou a ir visi-tá-los na Ilha Terceira, fazer uma ca-minhada guiada por ele e jantar com ele e família e fazer a manutenção da “Atlantis” [GCK1JY].GM – No seguimento destas per-guntas, destas caches adoptadas, impõe-se um pequeno interlúdio so-bre os teus “planos de manutenção”! [risos] Não tenho dúvidas de que a tua postura no que refere este ponto (ter as caches em excelentes condi-ções) é UMA das razões pelas quais és um dos chamados “Geocachers de Referência”. O que te apraz dizer so-bre este assunto? MA - Eu aprendi o Geocaching em 2002. Com as virtudes e defeitos que tinha. No espírito do Geocaching original estava implícita a manuten-ção das caches, o não colocar caches que não se pudessem manter, etc... Eu mantive-me fiel a esse espírito. É só. Para mim, é uma coisa natural e é pena que eu me distinga por isso. Eu devia ser apenas um na multidão dos geocachers conscienciosos e que medem bem as consequências de colocar caches. O facto de eu ser de “referência” por esse motivo, só me preocupa em vez de me agradar.GM - Julgo que haverão mais (muitos mais, espero) “geocachers conscien-ciosos” como referes. [Risos] Agora, conseguir manter essa “postura” ao longo de 15 anos não é para todos, disso não tenho dúvidas. Mas como disse, essa é apenas UMA das coisas em que te distingues! Tenho aqui

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uma pequena lista delas [Risos]Ora vejamos, “aproximação à MAn-tunes”! É uma expressão muito ouvi-da por esses montes e vales... haha, uma pesquisa no Google por essa frase (+geocaching) devolve mesmo um “quer dizer que dá para fazer a aproximação à MAntunes?” vindo do baú do @PT. Desvenda lá esta estó-ria, s.f.f.! MA - A estória da “aproximação à MAntunes” nasceu neste log e nesta foto. Depois de um CITO em Monsanto/Estádio Nacional, fomos separada-mente a esta cache (não me lembro se combinámos ou se calhou porque na altura havia muito poucas caches para procurar).Como abordámos a cache de maneira diferente, ele chegou primeiro e ficou ali a observar aqui o artista e a rir-se enquanto me tirava fotos. A par-tir daqui, pegou a expressão e como eu sou mesmo assim, directo e sim-ples, tanto na abordagem das caches como na abordagem das pessoas, a fama ficou. :)GM – O bom do Cortez… tem o con-dão de lançar “essas modas”! [Risos]Para terminar este périplo pelas “coisas que distinguem sobremanei-ra o Geocacher MAntunes” [Garga-lhada], falemos um pouco daquela, para muitos, digamos, mais “estra-nha”. Parece-me que serás mesmo o único “adepto” desta. Falo obvia-mente do “Found It” como o enten-des e aplicas. Diz-se, e lê-se, que, para ti, o “found” só conta se fores mesmo tu a encontrar a cache. En-quadra-nos lá essa tua faceta s.f.f..MA - É muito fácil. Tem duas origens: - uma, o tempo em que eu aderi e a prática/espírito que se evidenciava

na altura.- outra, a minha maneira de ser.Quanto ao tempo, estava-se no iní-cio e a maioria das pessoas “bebia” os conceitos dos Geocaching directa-mente da fonte oficial. Não havia in-termediários e a informação era sim-ples e directa. Encontrou = “Found”, não encontrou = “Not found”, outras situações = “Note”. Não havia outros tipos de logs.Eu comecei a praticar Geocaching com amigos, e família e depois con-tinuei sozinho. Habituei-me a que o mérito ou demérito era meu (e/ou da minha equipa, família, que eu levei a passear) e esse hábito ficou assimi-lado desde o início.A outra razão, porque não sou o úni-co Geocacher ainda activo que apren-deu a actividade naquela altura, tem a ver com a minha personalidade. Se é verdade que sou simples e directo com as pessoas e não me coibo de ir directamente falar com elas - seja para o bem, seja para o... menos bem, também é verdade que sou algo res-tritivo e marco fronteiras que não ul-trapasso. Eu não acho bem estar a registar como encontrada uma cache que eu não encontrei e assim proce-do. Para mim é simples e óbvio mas aceito perfeitamente que os outros encarem esse aspecto de forma mais aberta e descontraída.GM – Então e quando essas duas formas de encararem os “founds” se cruzam?! Nunca ouviste um “Ei! Onde para o Manuel?” ou “Então? Não vens?”? Lembro-me de ler algu-ma coisa sobre um “episódio” des-ses numa excelente cache na zona da Maceira, salvo erro. Por episódio refiro-me a teres ido procurar uma cache a solo enquanto o pessoal se

dedicava a “rapellar” para dentro de uma gruta, claro.

MA - Sim, evito que a minha maneira de procurar caches provoque cons-trangimentos aos outros compa-nheiros de caçadas. Normalmente, coordena-se as coisa de forma a que: ou vou antes deles ou vou depois. Depende da situação. Era comum a expressão “Busca Manel!” entre os Expedicionários, para me dizerem que já podia ir procurar a cache. :). Nessa situação que relatas, como o pessoal estava entretido a enfiar-se no buraco, e o tempo de espera na fila era alargado, aproveitei e fui pro-curar a cache.

O buraco onde nos metemos numa iniciativa do BTC , foi A Fenda e a vi-zinha foi a Lapa da Columbeira.

GM – Columbeira!!! Era isso! Esta-va a embirrar com Maceira e nunca mais chegava aí… bem podia procu-rar. Isto é mesmo como as cerejas [risos]… fui ver o meu registo e es-crevi um brilhante “log later”, ainda em 2013, o que me fez lembrar de algumas questões relacionadas com SmartPhones. A mim, pessoalmen-te, dá-me muito jeito a possibilidade de criar e mandar para o site “field notes” (ainda no gz) principalmen-te porque ficam em “hold” no nos-so perfil, evitando registo do tipo que referi atrás. Mas, parece-me, é das poucas vantagens que também beneficiam os Owners das caches. O que te parece? Julgo que também serás algo crítico da utilização dos ditos telefones inteligentes no Geo-caching.

MA - De modo nenhum! Como in-formático que sou, adoro gadgets e brinquedos electrónicos que nos fa-

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cilitem a vida.Fui um dos primeiros a ter uma so-lução PocketPC + gpsr + cartas ca-libradas a funcionar e, uma vez, no Geocaching-pt, sonhei com um apa-relho que combinasse gpsr + gsm + mapas e caches online. Ainda só ha-via pocket pc sem GPS integrado (era adicionado com um adaptador CF ou via bluetooth) nem gsm. Hoje em dia, depois do meu velhinho GPSr Magellan Platinum ter morrido de vez, uso apenas um smartphone com c:geo. Não costumo fazer “field notes” ou “logs de off-line”. Quando encontro uma cache faço imediatamente o registo resumido e depois, em casa, completo e coloco fotos. O que me parece? Acho que é uma solução mais equilibrada porque dá a informação básica e essencial ao dono/autor da cache (encontrei/não encontrei e as impressões mais for-tes da visita). GM – Hum… estava a referir-me a aspectos como os de se poder regis-tar a visita sem na realidade se es-tar sequer registado no site oficial e por conseguinte não se ter maneira

de contactar o geocacher, caso ne-cessário. Julgo que tiveste alguns problemas relacionados, há alguns meses.MA - Ah, esse tema... sim, infeliz-mente a GroundSpeak tem vindo, gra-dualmente, a afastar-se do espirito inicial do Geocaching, que ela pró-pria criou, e tem alterado as regras e guidelines de forma a beneficiar os “procuradores das caches”/Visitan-tes em prejuízo dos “colocadores das caches”/Responsáveis. As ferramen-tas dos primeiros têm aumentado e as obrigações dos segundos têm-se mantido, o que está correcto, mas as ferramentas que tinham à sua dispo-sição para exercerem o seu papel de responsáveis têm vindo a diminuir.Existem vários exemplos que, ao longo dos tempos, me levaram aos foruns oficiais da GroundSpeak argu-mentar, sem resultado, pela defesa do papel do Responsável pela cache.A sensação que tenho, já há vários anos, é a de que uma cache é um Ser-viço ou Produto disponibilizado pela GroundSpeak ao Visitante que tem o direito de a registar como encontra-da a seu belo prazer, e o Responsável

pela cache, é o apenas o encarregado da manutenção da mesma que tem a obrigação de manter esse produto em boas condições para os Visitan-tes.Como disse, há vários episódios que se espalham ao longo dos anos e co-meçou, para mim, com a possibilida-de de os visitantes básicos poderem logar caches Premium (pmoc) se ace-derem ao formulário do log pelo link directo (um porta deixada proposita-damente aberta?) porque de modo próprio, pela listing, com a sua conta, não o podiam fazer porque as pmoc eram só para Premium Members, tal como foi noticiado quando foi anun-ciado o aparecimento das pmoc, a que eu assisti. Depois, foi a proibição indiscrimina-da das ALR (Aditional Logging Require-ments) facilitando a bandalheira em que se tornou o registar como en-contradas as caches, no caso mais usual, virtuais.Esse último(?) aspecto da aplicação oficial do Geocaching para dispositi-vos móveis, foi outra machadada no ânimo de quem tem que manter as caches de forma a respeitar as Gui-

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delines, na parte da manutenção. É que, ao disponibilizar a BD das ca-ches em dispositivos móveis sem os obrigar a criar conta com email vali-dado, provoca que, caso necessário, o responsável pela cache não possa contactar o visitante para esclarecer alguma dúvida, pedir a eliminação de um log duplicado ou indevido, etc... Eu, depois de várias tentativas frus-tradas de contacto e de ter lutado nos foruns da GroundSpeak, outra vez sem sucesso, passei a apagar os logs de visitantes sem email valida-do, quando esses logs tenham algu-ma característica que os invalidem (duplicado, sem correspondência no logbook).GM – Esse é outro aspecto em que me parece que te destacas de gran-de parte da comunidade… sempre tive a “impressão” de que és um dos mais atentos dos “nossos” geoca-chers ao que se vai passando com a GS e sobre os assuntos discutidos nos fóruns deles. Dizes mesmo que tens argumentado por lá, invariavel-mente sem grandes resultados, cer-to? Parecem-te discussões em que pura e simplesmente são ignoradas as opiniões dos “jogadores” porque as decisões estão tomadas? Julgo que até a forma como isto se pro-cessa se tem vindo a alterar, certo? O Fórum em si não é uma coisa até recente?MA - Sim, sempre estive atento aos fóruns da GroundSpeak, especial-mente nos primeiros 10 anos da mi-nha actividade. Mais uma vez, por razões históricas; no início não ha-via fóruns em Portugal (a mailing list do Yahoo aparece mais de 6 meses depois de eu saber da existência do Geocaching) e eu estava ávido de in-

formação.

Após a ajuda inicial dada pelo Pedro, eu precisa de saber mais. Os fóruns da GS eram a minha única fonte de informação. Acompanhava quase tudo que se passava lá.

Os fóruns da GS, algures entre 2006 e 2008 mudaram de plataforma e de orientação. Até aí, era usual ver-se o Jeremy contribuir ou responder nos fóruns ou, em resultado dos fóruns, responder directamente por email.Sentíamos o Jeremy como um de nós. Depois dessa mudança tecnológica e de gestão, os fóruns tornaram-se maiores, mais organizados, mais for-mais e... mais distantes.

Durante alguns tempos, o conteú-do dos antigos fóruns ainda esteve disponível para consulta na secção arquivo - tópico bloqueados a novos posts mas consultáveis. Agora já não estão acedíveis da primeira pági-na (cheguei ao link acima através da lista dos meus posts). Praticamente deixámos de sentir a presença do Je-remy e passou a haver um conjunto de pessoas a servir de tampão entre a comunidade e a estrutura dirigente do Geocaching mundial.

Os foruns da GS, actualmente são uma ferramenta que, acredito, os “TPTB” (“The Power That Be”, ex-pressão usada lá) consultam mas já não lhe dá a importância que lhes da-vam nos primeiros anos. Basicamen-te, são uma válvula de escape da co-munidade que eles tentam ignorar e apenas em casos mais importantes, intervêm e lá aparece um dirigente a responder - não estou a falar dos moderadores, esses são o tal tampão que foi colocado entre a comunidade e a GS, para além do papel principal

de moderação. Mais uma vez o “Torgut” teve razão neste caso ao dizer que não valia a pena argumentar nos fóruns da GS, quando eu ia lá tentar lutar por cau-sas em que acredito. O outro assun-to foi quando disse que eu fazia mal em promover a divulgação do Geoca-ching.GM – Estes assuntos, mais do “foro informático”, mais do “backoffice” do que actividade maioritariamente de ar livre que é o Geocaching, cha-mam pelo teu lado profissional? Re-feriste há pouco que és informático. Há uma relação directa entre a tua actividade profissional e a lúdica? MA - Descobri o Geocaching através de uma publicação relacionada com a minha profissão e, no início, era necessário, não digo bagagem mas predisposição para entrar na tecno-logia e nos gadgets. Sem essa for-ça e curiosidade interior, as pessoas não entravam neste jogo de “malu-quinhos da informática” - não havia mapas online, os GPSrs nem todos tinham mapas base e era mais difícil do que agora, em que um único apa-relho faz tudo e actualiza-se quase automaticamente com as caches.Devido à minha profissão, que me deu um certo à vontade na parte tecnoló-gica e o facto de ter aprendido a falar e andar na província - apesar de ter nascido em Lisboa -, consegui entrar bem, tanto na parte técnica como na parte lúdica e tenho mantido a minha capacidade e postura em ambas.GM – Pois foi… descobriste o geo-caching num meio de comunicação e depois foste estrela em pelo me-nos um outro! Lembro-me de ter vis-to uma pequena peça de telejornal onde promovias o Geocaching, julgo

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que de 2005. Era a isso que o Torgut se referia? Como te viste envolvido em mais essa aventura?MA - Sim, era a essa entrevista na RPT2, programa Magazine 2010, que ele se devia referir mas também a outras entrevistas que dei a jornais e revistas. Acreditava eu, na altura, que o Geocaching devia ser mais divulga-do e partilhado por um maior público. Magazine 2010 - 13/Ago/05 // Pú-blica (Revista semanal do Jornal o Público, nº 457, 27/2/2005)Depois, ainda houve outra em que eu e o Cláudio fomos cachar de bicicleta em volta do Rio Trancão e combiná-mos encontro com umas jornalistas para nos entrevistarem em calças de lycra (nós). Mas não tenho o link da reportagem publicada. Como me envolvi nessas aventuras? Basicamente era contactado por al-guém a pedir uma entrevista ou re-portagem. Penso que os jornalistas me encontravam pela minha activi-dade, tanto no Geocaching.com como no Geocachig-pt e me contactava. Foi isso.GM – Há que agradecer aos céus por não teres dado com esse link!!! [risos] Se bem que teria ferramentas para gozar com o Cortez durante muito tempo! Aproveitemos esta nova re-ferência ao Cláudio para falarmos então de amigos e d“Os Expedicio-

nários”. Começaram por seres Tu, o MCA e o BH, certo, como disseste no início da nossa conversa? Quando é que aparece a “designação”?MA - “Há que agradecer aos céus por não teres dado com esse link!!! [risos]” Não encontrei a reportagem mas en-contrei o log da ganda bosta de ca-che que encontrámos após a entre-vista. ;)Designação dos “Expedicionários”? Acho que foi durante a primeira saí-da, em 2004, ao Gerês onde fomos só os primeiros três. :)GM - Primeira saída a três no Gerês... Conta! Não é bem a mesma coisa que combinar ir ali à Ericeira procurar uma cache! Quero(mos) saber tudo!MA - Depois da caçada à “A Peque-na Gruta” ficou a vontade de repetir a experiência e o Gerês desafiava a nossa imaginação e espírito de aven-tura. Então, passámos uns tempos a tentar conciliar agendas familiares até que decidimos ir só os três. Con-tactámos o Roberto “rob300_tdi” e combinámos encontro na Portela do Homem, onde ele nos esperaria para depois nos acompanhar na caçada à cache dele, “A fronteira de Baixo” aproveitando para ir à frente fazer manutenção. Até lá procurámos a “Fenda da Calcedónia”, baseados na história do meu DNF encharcado. A história engraçada, foi quando nos

encontrámos com o Roberto e o MCA viu que ele conduzia o LR serie II, de 1900 e troca o passo”... caíu de quei-xos no chão e fez logo por continuar a viagem no LR descapotável, mesmo com vento e frio nas estradas gale-gas, por onde fomos para ligar Por-tela do Homem com a zona do Rio Laboreiro.No fim, foi 1 (um) dia com saída e regresso a Lisboa em que fomos ao Gerês, atravessámos um niquinho da Galiza, fomos a Castro Laboreiro, algumas pontes romanas, e terminá-mos numa cache na zona de Arcos de Valdevez, a 56411m de altura. “Os Geocachers deve estar doidos!”, pen-sei eu na altura. :) GM – Essa foi a primeira de muitas! Já vi algumas fotos com bem mais de três aventureiros… foi a evolução natural do grupo? Crescer e adicio-nar mais e mais amigos? Se não me engano, numa das minhas viagens com o Cláudio, ele ter-me-á dito que o objectivo nunca foi ser uma verda-deira “excursão”…MA - O objectivo dos Expedicioná-rios... inicialmente era apenas fazer umas caçadas em locais longe da ro-tina e da área de residência. Gerês era o local que primeiro aparecia nas nossas intenções. Depois, foram-se criando hábitos, pequenos pormeno-res que davam sabor único às nossas

“Geocaching, sim, sempre, mas de uma forma moderada e não ao ritmo e

envolvimento que tinha antes”

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caminhadas; o chouriço do “PH”, os textos de Torga, os nomes mais ou menos pomposos de cada Expedição, inventados em resultado de ocorrên-cias das mesmas... e sempre o con-vívio e a enorme satisfação pelas ca-minhadas em locais de eleição.Em 2006, em resultado de conversas e/ou comentários, surgiu a possibi-lidade de dois geocachers do Norte se juntarem a nós e aí começou a ex-pansão do grupo, que tinha começa-do com 3 em 2004, passou a 4 em 2005 com a junção do “clcortez” e, depois, evoluiu gradualmente até um ponto em que se tornou difícil faze-rem-se caminhadas com todos pre-sentes porque, quanto mais pessoas, mais realidades de vida, calendários, compromissos, etc... se misturavam tornando impossível o pleno, regra que nos primeiros 3 anos foi nossa pedra angular - só íamos quando to-dos pudessem ir.Quanto à expansão, nunca houve uma estratégia definida. As situa-ções evoluíram ao sabor do acaso. Algum dos membros sugeria outro geocacher e era aceite. Só se come-çou a fechar a porta a partir dos 20 e poucos membros.GM – Este ano já houve alguma saí-da? Para onde foi a última passeata? Regra geral tentam organizar a coisa em torno da(s) cache(s) ou já é mais ao contrário? Primeiro o Destino e depois logo se vê a(s) cache(s) que se enquadram?MA - Este ano (considerando os últi-mos 12 meses) não houve qualquer saída. A última saída foi a Montesi-nho e é assim que funciona(va): Pri-meiro, o destino e depois as caches que poderão haver sendo que tínha-mos sempre cuidado em haver algu-mas caches para procurar durante a

caminhada - somos geocachers, cer-to?GM – Como participante activo dos dois principais fóruns, e em diver-sas redes sociais, acabei por trope-çar várias vezes em posts onde re-ferias a pouca disponibilidade para o Geocaching devido aos estudos… Foi também por causa dessa valorização pessoal que, pelo menos até ver, não voltou a haver “excursão”? E agora? Julgo saber que a “escolinha” já ter-minou… voltaste “em força” a estas lides? [sorriso]MA - É verdade que a Licenciatura me tirou disponibilidade para o Geo-caching em geral mas os programas especiais sempre foram sendo rea-lizados e as Expedições mais con-corridas, em que eu participei, até decorreram quando eu já estava a frequentar o curso.Eu não voltei às “lides”, pelo menos por agora, de certa maneira porque perdi um pouco elã que tinha de pu-xar pelos outros e de organizar coi-sas. Estou disponível para participar no que for aparecendo (recentemen-te participei num evento de CITO, em Tomar) mas já não sinto aquele vício que tinha de colocar todas as “moe-das” (do meu tempo disponível) no mesmo “pote” (Geocaching), e vou distraindo-me com outros hobbies - passeios TT e comecei a correr regu-larmente em Agosto e estou a correr semanalmente, >15km por corrida, o que para mim, com a idade que tenho e tendo começado a correr há cer-ca de 8 meses, é muito estimulante e tenho como objectivo fazer uma meia maratona oficial, antes do final deste ano. Por isso, Geocaching, sim, sempre, mas de uma forma moderada e não ao ritmo e envolvimento que tinha

antes do meu Curso ter entrado na fase decisiva, porque existem outros hobbies para aplicar o meu tempo li-vre.GM – Consigo relacionar-me com isso. No meu caso tentei sempre in-cluir um ou mais dos meus hobbies quando me dedicava(co) ao geoca-ching. Primeiro a bicicleta, depois as caminhadas maiores, agora a foto-grafia de aves. A massificação e pro-liferação de caches em tudo o que é sítio também ajuda na perda desse elã de que falas. Parto desse teu envolvimento para o próximo lote de questões… come-ço pelo 1º Geomeetup, organizado por ti, certo? Consegui dar com a ata (http://geocaching-pt.net/64) mas queria saber como nasceu a ideia e qual a tua impressão de mais uma “barraca” das tuas (ser pioneiro dá muitas vezes nestas coisas, ao “des-bravar” o terreno para os seguintes).MA - O GeoMeetup nasceu do espírito de que estávamos imbuídos, nós, os pioneiros, de procura do convívio, da partilha de algo de que gostávamos e do espírito de divulgação da activi-dade e entreajuda dos novos que iam aparecendo. Era o espírito da altura.A ideia surgiu do site Meetup.com que de destina a organizar convívios entre praticantes de hobbies / activi-dades. Eu inscrevi o Geocaching em Portugal, lá no Meetup.com e tentei, por três vezes, organizar um Mee-tup. Era necessário um mínimo de 5 confirmações (will attends) para o Meetup ter aceitação e ser publica-do no site Meetup.com. À terceira vez foi possível (conseguiu-se os 5 WAs) e o evento ou publicado no Meetup.com. O local escolhido, pelo site, foi a Livraria Barata e a “barraca” ocor-reu porque a Barata não tinha mesas

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para um café nem serviço de cafeta-ria. Então, recorrendo ao “cartaz” que o site me aconselhou a imprimir, no local e rapidamente, encontrou-se um local opcional para onde o pes-soal foi e eu fiquei à porta da Barata com o “cartaz” à mostra para o pes-soal vir ter comigo e eu indicar-lhes o novo local de encontro do Meetup. A minha impressão sobre o aconte-cimento? Foi engraçado. O pessoal andou a rir-se de mim durante uns tempos mas eu sei que foi a melhor opção a tomar naquele momento, visto que estávamos a encontrar-nos pessoalmente pela primeira vez e só assim era possível estabelecer o en-contro/diálogo. GM – Até eu estou a sorrir só de te imaginar de cartaz na mão, à porta da Livraria! Só me consigo lembrar de publicidades tipicamente ame-ricanas, com tipos a segurar setas,

vestidos a rigor, de galinha e afins. [Risos] “Thumbs Up” mais uma vez pelo espirito empreendedor! A próxima questão sublinha, mais uma vez, esta tua faceta. Refiro-me ao 1º CITO em solo nacional, a meias com o Paulo Henriques, certo? Como se proporcionou este miminho à Natureza (que cada vez necessita mais)? MA - Tal como a Groundspeak con-tinua a fazer anualmente, eles de-cidiram dar um passo em frente no espírito do CITO e incitaram a comu-nidade a organizar eventos destina-dos a esta actividade de preservação da Natureza. E nós decidimos aceitar o desafio em Portugal.Até àquela data, o CITO era sugerido e promovido como uma actividade que se fazia durante a procura das caches, depois, passou a ser também uma actividade com eventos especí-

ficos e periódicos.Nota-se que, agora, os CITOS se re-sumem apenas aos praticados nos eventos “logáveis” mas que ao menos continuem assim. A prática do CITO durante a procura de caches descon-fio que se foi perdendo e muita gente imaginaria que os CITOS nasceram da actividade paralela à procura de ca-ches. Faz-me lembrar aquelas pes-soas que pensam que o leite vem do supermercado. ;)GM – Sinceramente acho que o grande problema e a mudança de mentalidades se deve muito ao fac-to de que por estes dias há caches em todo o lado… no meio do lixo in-clusive. Quem rege o seu geocaching numa vertente mais natural, fora das zonas urbanas manterá mais fa-cilmente o hábito de praticar CITO do que aqueles que se vão acostu-mando a ver lixarada no dia-a-dia. E

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por mim falo. É-me mais frequente arrastar um saco cheio durante meia dúzia de km no meio de uma serra, em que vim pelos trilhos a apanhar alguns plásticos e afins, do que fazer o mesmo quando ando por Lisboa, apesar de haver muitos mais locais onde o depositar e não ter de andar com os sacos horas a fio.Esta última pergunta, relacionada com o teu envolvimento e dedicação à causa geocachiana, prende-se com uma iniciativa, da GS e depois migra-da para o seio do GeoPt, sobre aquilo que acabou por se chamar de “Geo-cacher da Década”. Julgo saber que não foi uma inicia-tiva que te agradasse por aí além, tal como se pode ler neste link onde referes que “sinto-me honrado que alguém tenha sugerido o meu nome para os nomeados mas peço a essas pessoas que não me levem a mal por não me sentir especialmente entusias-mado com tal votação, que prefiro ig-norar.” por não dares valor a este gé-nero de iniciativas (que destaquem desta forma o “indivíduo”).Não obstante a tua opinião (e passa-res a bola para o campo do Cortez ;) ), a verdade é que muita gente acha efectivamente que tiveste (e tens) um papel incontornável no desenvol-vimento do Geocaching (com “Guê” grande) em Portugal e acabaste na-turalmente para ficar no lote dos 10 “finalistas” (ao lado dos GreenSha-des, rifkindsss, btrodrigues, clcor-tez, danieloliveira, hulkman, prodri-ve, eterlusitano e OverdoseNesquik).Olhando hoje para tuuudoooo isto que escrevi, o que te apraz dizer? MA - Não muito. Sempre fui apolo-gista de que o importante é a Obra e não o obreiro. Até porque, os feitos

importantes, os que realmente mar-cam, são, normalmente, obra de um conjunto de pessoas. Por isso, nessa fase da pessoalização e individualiza-ção, não liguei muito. Prefiro receber logs agradáveis nas minhas caches e sentir que elas trouxeram alguma experiência nova a este ou aquele Geocacher do que ser, eu, distingui-do por as ter colocado. Distingam as minhas caches com visitas em que apreciem mais o tema e a cache do que os números e com respeito pela manutenção da mesma e esqueçam-me a mim. A não ser que me queriam convidar para uma jantarada, ou um passeio TT, com missões fotográficas pelo meio, etc... isso, sim aprecio. ;)GM – Olha, fizeste-me lembrar de mais uma coisa em que foste o im-pulsionador e que, de certo modo, é um pouco antagónico com esta últi-ma resposta e até com a postura da grande maioria (se não com todos) o que participaram no debate na al-tura. Foste tu o primeiro a sugerir o aparecimento de estatísticas (no @pt.net em 2004) relacionadas com geocaching cá no nosso cantinho. De onde te veio a ideia, e porquê?Hoje em dia, as estatísticas estão muito conotadas com [estatísticas] = [concorrência e luta pelos “pó-dios”]… tens esta percepção? Não foi certamente com esta ideia em men-te que te lembraste deste assunto.MA - Essa é fácil de responder. Não, não tinha a competição em mente mas uma coisa que se chama Estatis-tica Descritiva com o intuito de saber factos e realidades sobre o Geoca-ching em Portugal. Quantos somos, quantas caches, como se distribuem as caches pelo País, as caches mais visitadas, os geocachers mais acti-

vos, etc...Repara que na altura não havia nada que nos dissesse isso, além do site da GroundSpeak e do Buxleys. Se vi-res o tópico “Stats?” no Geocaching--pt, verás o historial de crescimento da ideia das Stats em Portugal.GM – Sim. Foi exatamente aí que fui dar uma olhadela. Como geocacher histórico-curioso que sou mantenho atento a este tipo de coisas, em es-pecial aquelas que o Joaquim Safara vai “desenterrando” com grande ha-bilidade… algures no tempo lembro-me de ler alguma coisa escrita por ele sobre o assunto, provavelmente relacionada com a tua nomeação de que falámos há pouco.Estamos a chegar ao final deste pé-riplo sobre a tua visão, aventuras e desventuras, neste nosso hobbie mas ainda quero saber mais algumas coisas sobre as tuas colocações, no-meadamente sobre a Just get there! [GC27FGF], em que a minha curiosi-dade recai, claro, sobre o facto de ser a única que eu conheço com o Atri-buto “Seasonal Access”. Houve uma altura em que julgava que esse atri-buto não era possível em Portugal… tens noção de ser assim? Tiveste al-gum problema com isso, ao subme-ter a dita para revisão ou o atributo apareceu mais tarde?MA - O Atributo veio depois. Quando a cache foi colocada, era para estar sempre disponível como esteve nos primeiros anos. Depois, quando lá fui fazer uma manutenção, conheci um dos barqueiros dos passeios no Tejo, que é também o representante ou contacto da Quercus e, ainda, é tam-bém Geocacher e ele disse-me que era conveniente a cache ficar desac-tivada durante vários meses no ano por causa dos ninhos de abutres que

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precisam de muito sossego - em al-ternativa, seria melhor remover a ca-che. Expliquei-lhe que tinha tido essa preocupação ao preparar a colocação da cache mas não tinha encontrado uma posição oficial da Quercus so-bre aquele local. De qualquer manei-ra, ambos achámos que seria melhor começar por desactivar a cache sa-zonalmente e ver se era suficiente. Entrei em contacto com um dos Re-visores e obtive o acordo para a man-ter desactivada durante oito meses por ano. O atributo veio depois.GM – A outra colocação, a meias com o clcortez… uma das caches realmen-te míticas portuguesas, colocada a par com a sua irmã, as Na Linha do Douro [GC1BRPH] e La Ruta de Los Túneles - Barca d’Alva [GC1C1W9]. Vocês fizerem este passeio de uma assentada! Tens noção de mais al-guém o ter feito como vocês? Algu-ma vez olhaste com atenção para as vossas duas listings e viste o quão diferentes acabam por ser? A tua, mais concisa e com “gaitinhas” e a dele, com citações de Eça de Queirós e com vários containers. Isto estava pensado? Parecidas mas nem tanto?MA - Foram pensadas assim. Os per-cursos são diferentes e as caches embora parecidas, porque o tema é o mesmo, não precisavam de ser có-pias uma da outra. Na Linha do Dou-ro, era para ter apenas 2 pontos mas a colocação inicial não correu tão bem como esperávamos e então decidi-mos alterar um pouco a multicache. Fui lá sozinho fazer a manutenção, partindo do Pocinho pelas 18h00 e pernoitando numa das estações abandonadas, numa das mais inte-ressantes aventuras que tive - Está aqui a estória toda dessa manuten-

ção (inclui link para a reportagem fotográfica). Houve muitos grupos que fizeram os dois percursos, Pocinho <-> Barca d’Alva <-> La Fregeneda, num fim de semana. Inclusive, os “Expedicioná-rios” foram lá algumas vezes. Aqui, a primeira delas (também com repor-tagem fotográfica).GM – Estamos a entrar na recta fi-nal desta nossa belíssima conversa. Mas ainda tenho umas pequenas curiosidades para ver satisfeitas… É impressão minha ou no decorrer da entrevista alteraste o teu nome de utilizador no Geocaching.com?MA - Mudei mas não teve a ver com a entrevista - espero que não tenha causado transtorno. A mudança que notaste foi o repor do meu nick ori-ginal. Tinha-o mudado para experi-mentar o efeito na mudança do códi-go de formatação dos logs.GM – Ahaa, Ok, primeira não dava com o teu username, MAntunes… depois deixei de encontrar o _Man-tunes_. Pensei que era para me ba-ralhares. Depois, há outra “marca MAntunes”, a do “aviador” no topo dos VGs! De onde nasceu esta? MA - Foto no VG, em posição de “voa-dor” que tenho no meu perfil? Foi ti-rada nesta caçada, “TT Grande Rio do Sul”, na companhia destes compa-nheiros. Quem tirou a foto foi o “Alie-ri”, com a minha máquina fotográfica. Não dava para fazer selfie. ;)GM – Hehe. Era mais difícil! Vamos então encerrar as hostilidades! Para terminar peço-te “apenas” que nos deixes um par de sugestões geoca-chianas. Um par de caches e/ou pas-seios que, enchendo-te as medidas,

queiras recomendar aos nossos lei-tores para este Verão.MA - Sobre o par de sugestões de passeios/caches a recomendar... Felizmente, apesar de ter ‘apenas’ <800 caches encontradas, a maior parte foram caches escolhidas a dedo e todas elas me trouxeram ex-periências únicas e rara, ou quase nenhuma, terá sido... mais uma para os números. Assim, a minha tarefa nesta resposta é mais difícil porque são tantas as memórias que detenho que não consigo decidir-me por ‘um par de caches’. Arrisco-me então, a sugerir uma região onde, procurando as caches Natura que lá existem, o retorno em termos de aventura, ca-minhada, passeio... são garantidos. A zona é o Gerês e, tendo em atenção a questão das autorizações, as zonas interiores do Gerês propiciaram-me passeios inesquecíveis. Caminhadas de várias horas que passem pelas caches mais interiores do Gerês são o máximo para mim. Apenas como exemplo, aponto “Rocalva”, “Heart of Darkness”, “Aos grupos expedicioná-rios”...GM – Obrigado mais uma vez Ma-nuel, pela tua simpatia e disponibili-dade em partilhares connosco estes teus, já longos, anos dedicados ao Geocaching. Foi uma belíssima via-gem! Espero sinceramente que con-tinues a manter as tuas excelentes caches nas condições a que nos tens habituado, e com a dedicação que todos te reconhecemos (até porque ainda me faltam encontrar algumas).

Texto:Rui Duarte (RuiJSDuarte)

Fotografia: Filipe Sena // MAntunes // Ar-

quivo Geocaching.com

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Realizou-se no passado dia 28 de Maio a 5ª edição do torneio de fute-bol conhecido como “Mini Super Liga GeoPt” que se destinou a descobrir qual a melhor equipa de futsal de en-tre a comunidade geocachiana nacio-nal, este ano em moldes um pouco diferentes dos anteriores e que talvez por isso tenha levado a que menos equipas conseguissem participar.

A GeoMag veio trocar uns dedos de conversa com o Nuno Gil, geocacher que acabou por ser a cara mais visível da organização do Evento [GC6FNCD].

GM - Boa tarde Nuno, obrigado pela tua disponibilidade! Parece que esta edição foi tirada a ferros! Os mais atentos notaram com certeza que a coisa terá estado muito perto de não se realizar este ano, fazes ideia por-quê? Falta de disponibilidade de lo-cal? De datas?

NG - A última Mini Super Liga Geopt realizou-se em 2014, não haven-

do nenhuma edição no ano de 2015.

Felizmente foi possível voltar a esta

“competição” que tantos gostam.

Penso que a não realização no ano

passado e a dificuldade em continuar

com esta iniciativa prende-se mais

com a disponibilidade dos meios hu-

manos do que outros factores.

GM - E tu? Como apareces como figu-

ra central neste(s) evento(s)?

NG - O futebol entrou na vida desde

que me lembro e o geocaching há uma

mão cheia de anos. Desta forma a pos-

sibilidade de juntar estas duas coisas

é um prazer e privilégio para mim. Não

queria que esta “iniciativa” morresse

e decidi abordar o Geopt para a possi-

bilidade de me “movimentar” e tentar

ir avante. Através de um contacto do

Peter! conseguimos que fosse possí-

vel a integração desta Mini Super Liga

num fim-de-semana saloio.

GM - Agora, no rescaldo dos jogos, o que achas? A participação ficou aquém das tuas espectativas (quatro equipas) ou calculavas que com tão pouco tempo não seria fácil juntar um grande número de equipas?

NG - Estava, confesso, à espera de mais participações e ficou decepcio-nado com o facto de haver apenas quatro equipas em competição. Espe-remos que para a próxima haja uma maior mobilização dos interessados em participar.

GM - O torneio acabou por realizar-se no Pavilhão Desportivo Liga dos ami-gos de Covas de Ferro... Que tal a ex-periência? Um local apropriado a que se repita a experiência?

NG - A malta da Liga dos Amigos de Covas de Ferro desde cedo se mos-trou empenhada e orgulhosa de nos ter por lá. A oportunidade de nos jun-

G..D..Fractura.Exposta

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tarmos a este local num fim-de-se-mana recheado de outras actividades tornou-se ainda mais apetitoso. Não conhecia Covas de Ferro e fiquei com a certeza de que voltarei várias vezes.

GM - Um torneio a quatro que aca-bou ao fim da manhã com a vitória da equipa de Leiria, os GC Leiria Fu-tebol Clube, sobre a de Setúbal, os GeoMoscatel, depois da marcação de grandes penalidades (desempate). Tendo tu feito parte de uma das ou-tras duas equipas (Team Drive In), a outra eram os G. D. Fractura Exposta, achas que foram uns justos vencedo-res? A taça ficou bem entregue?

NG - Penso que foi a Liga mais equi-librada de sempre em que todas as equipas mostraram as suas armas. Para se ter uma noção do equilíbrio nos 7 jogos disputados houve 3 em-

pates e 3 vitórias pela margem míni-ma (diferença de um golo). A equipa de Leiria esteve bem e teve a sorte na lotaria das grandes penalidades, mas todas as equipas merecem o louvor pelos dotes futebolísticos, pelo fair--play e pela boa disposição demons-trada durante toda a manhã.

GM - Olhando essa manhã... algo a repetir? Podemos esperar encontrar-te novamente à frente da Mini Liga em 2017?

NG - Foi uma experiência agradável em que se juntaram este pessoal com dois hobbies em comum e onde, aci-ma de tudo, nos divertimos. Estarei, claro, disponível para qualquer outra iniciativa mas penso que seria positivo haver um grupo de outra zona do país a chegar-se à frente e propôr a pró-xima edição da Mini Super Liga (que

não tem que ser necessariamente em 2017 - Edição de Outono de 2016?) - fica o desafio ;)

Obrigado mais uma vez Nuno, por es-tes minutos dedicados ao rescaldo do Torneio!

Nota do editor - A Mini Super Liga foi um dos quatro eventos Geopt.org realizados por “Por Terras Saloias de Sintra” no fim de semana de 28/29 de Maio. Os outros foram “Convívio Sa-loio”, “Caminhada Saloia” e o “CITO por terras saloias” (onde a GeoMag esteve discretamente presente, a limpar e a preparar o recinto da escola primária para futuras actividades).

Texto / Fotos:

Nuno Gil (NunoGil) / GeoMag

GEOMOSCATEL

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73Junho 2016 - EDIÇÃo 21

Os.campeões.GC.Leiria.Futebol.Clube

Team.Drive.In

73

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Junho 2016 - EDIÇÃo 21Junho 2016 - EDIÇÃo 21

CAMINHADA.POR.TERRAS.SALOIAS

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75Junho 2016 - EDIÇÃo 21

CITO.POR.TERRAS.SALOIAS

CAMINHADA.POR.TERRAS.SALOIAS

75

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76 Junho 2016 - EDIÇÃo 21Junho 2016 - EDIÇÃo 20

Grupo Ocidentalg E O T O u r A Ç O r E S

p O r p A l h O C O S M A C h A D O & p E D r O . B . A l M E i D A

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77Junho 2016 - EDIÇÃo 21

A GeoTour Azores, a maior geotour do

mundo e a única existente atualmente

em Portugal, começou a funcionar no

dia 7 de Abril de 2016, e conta com 170

caches (com o prefixo AZGT ou AZGTJ

no nome, das quais 20 são caches “Jo-

ker” (com o prefixo AZGTJ) e com perto

de 900 favoritos no total das caches.

A forma mais “fácil e rápida” de con-

cluir esta geotour, será, para quem

não tiver já caches encontradas deste

projecto, viajar até ao Grupo Ociden-

tal do arquipélago açoriano e conhe-

cer as maravilhosas ilhas das Flores e

do Corvo. Nas Flores localizam-se 10

caches desta geotour, mais 2 caches

“Joker”. Por sua vez, o Corvo conta com

5 geocaches, mais 2 caches “Joker”.

Nesta edição da geomagazine vamos

apresentar duas caches de cada uma

das ilhas, sendo as duas caches das

Flores, ambas caches nomeadas para

os prémios GPS 2015.

A ILHA DAS FLORES

De forma quase elíptica e orientada

segundo a direção N-S a Ilha das Flo-

res mede, aproximadamente, 16.5km

por 11,5km e a sua área é de cerca de

143km2.

O Morro Alto, com 915m, é a maior al-

titude da ilha.

“Morfologicamente, a ilha das Flores, é

marcada pela existência de uma zona

central (Planalto Central) aplanada que

se desenvolve entre as cotas dos 500

e 915m. As fajãs são aspetos bastante

marcantes na geomorfologia da ilha que

ocorrem na base das escarpas interio-

res. Neste contexto podemos considerar

dois domínios geomorfológicos distintos

na ilha das Flores: O maciço central, que

engloba o planalto central e as zonas

periféricas adjacentes e a orla periférica

que abrange as escarpas e as platafor-

mas de sopé adjacentes”.

AZGT HISTÓRIA DA BALEAÇÃO NAS

FLORES – GC54EXC

“A mais antiga Armação Baleeira que

sabemos ter existido na Região dos Aço-

res e em Portugal, foi na Ilha das Flores

e remonta ao ano de 1857”.

Esta é uma cache letter-box híbri-

da construída “por encomenda” pela

Câmara Municipal de Santa Cruz das

Flores propositadamente para esta

geotour, pelos geocachers Palhocos-

machado e Pedro.b.almeida e que

contou com a colaboração de várias

entidades: Museu/Fábrica Baleeira

do Boqueirão, Museu de Santa Cruz

das Flores e Centro Interpretativo do

Boqueirão/Parque Natural de Ilha das

Flores. Para encontrar esta geocache

o geocacher deverá visitar, na Vila de

Santa Cruz, a Fábrica da Baleia, o Cen-

tro Interpretativo do Boqueirão, bem

como a Zona dos Fornos da Fábrica no

Boqueirão. Depois de recolhidas as in-

formações pedidas, o geocacher des-

cobrirá que esta cache encontra-se

em …, enfim: noutro local emblemá-

tico desta vila, tendo o container final

“tudo que ver com o tema da cache”!

A propósito do tema desta cache, o

amigo historiador José Vieira Gomes

escreve na sua obra “In Cadernos de

Sociomuseologia – A Baleação e a

identidade cultural de uma ilha”:

“A mais antiga Armação baleeira que sa-

bemos ter existido na Região dos Açores,

foi na Ilha das Flores e remonta ao ano

de 1857. Ao que se julga só teria entra-

do em atividade dois ou três anos mais

tarde. Importa referir que a partir dos

finais do séc XVIII, navios das frotas ba-

leeiras de Nova Inglaterra, começaram a

procurar os fundeadouros da Ilha para

fazerem aguada, refrescarem e recruta-

rem elementos para as suas tripulações.

No início da década de 30, o Armador

Maurício António de Fraga, da costa sul

da Ilha das Flores, construiu no Porto

das Lages das Flores, uma instalação

designada por Casa da Baleia, que con-

sistia num espaço coberto, em que fo-

ram montados dois “pots” de derreter,

uma “cooler”, tanque de arrefecimento

e decantação do azeite e no subsolo, foi

construída uma enorme cisterna com ca-

pacidade de armazenagem da produção

da campanha anual. Ao que sabemos,

foi a única construção existente em todo

o Arquipélago, neste género. É nitida-

mente uma tentativa pré-industrial, que

uma década mais tarde, veio a aconte-

cer na própria Ilha, e em mais três ilhas

da Região. O marmoto que aconteceu no

dia 25 de Setembro de 1940, destruiu

as instalações artesanais de três Ar-

mações Baleeiras da Ilha, bem como de

todo o equipamento de transformação e

ainda toda a produção de azeite daque-

la campanha. O que estava armazenado

em cisternas, junto à orla marítima, bem

como o de duas outras Companhias ba-

leeiras, que estavam em cascos sobre o

cais, para exportação aguardando em-

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78 Junho 2016 - EDIÇÃo 21

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79Junho 2016 - EDIÇÃo 21

barque para Lisboa. Foi uma cruel perda

da justa retribuição dum ano de duras

canseiras, duma penosa tarefa de riscos

e de arrepiantes emoções, em que por

vezes pagavam com a vida a coragem

de desafiarem o mais poderoso e gigan-

tesco animal do Reino de Neptuno. Este

acontecimento funesto, foi um rude gol-

pe no principal sector da economia, da

Ilha, naquela época. Fez mudar a orien-

tação económica da baleação. Abreviou,

e certamente acelerou o surgimento da

fase industrial.

Foi projetada a construção duma grande

fábrica contemplando a especificidade

da ilha do seu isolamento e da sua voca-

ção baleeira. A área coberta é de 1850

m2. Concebida nos moldes da arquite-

tura Industrial dos anos 30, é um belo

exemplar desse período de construção e

de incontestável beleza, no que toca a li-

nhas, volumetria e implantação, magni-

ficamente enquadrado com a paisagem.

O afastamento geográfico das Ilhas do

Grupo Ocidental, que é a maior distân-

cia constatada entre qualquer Ilha do

Arquipélago, cerca de 140 milhas náu-

ticas dificultava as comunicações com

centros de abastecimentos. Assim, todo

o empreendimento visava a maior auto-

nomia e independência na laboração de

todos os sectores de apoio à indústria.

Uma espécie de navio fábrica que enca-

lhasse junto à costa da Ilha. Com a crise

da II Guerra Mundial a procura de óleos

de cetáceos foi enorme, resultando no

aumento do preço deste produto, que

disparou em flecha, atingindo valores

da ordem dos 5$00 por kg. Esta fábrica,

que era de grande modernidade na épo-

ca, pela sua organização, é um exemplar

único na Região certamente no País. Di-

vidindo-se essencialmente em dois gran-

des sectores: Serviços de transformação

e serviços de reparação e manutenção

da frota de caça, equipamentos de labo-

ração, incluindo o guincho a vapor, peça

de grande raridade.

Assim, em Julho de 1943, entrou em la-

boração a Fábrica Baleeira do Boquei-

rão, pertença da Sociedade Reis e Flores

Lda., que laborou até ao final de 1981,

data em que foi interrompida a caça à

baleia na ilha. Em 1983 foi adquirida

pela Câmara Municipal de Stª Cruz das

Flores, que pretendia utilizar uma parte

do seu espaço e a restante ser aprovei-

tada para fins culturais, e como pólo de

atração turística”.

Por sua vez e sobre o Centro Interpre-

tativo do Boqueirão, a técnica e geoca-

cher Marlene Noía (aka Marés), diz que:

“O Centro de Interpretação Ambiental do

Boqueirão inaugurado em Novembro de

2009, foi concebido nos tanques onde

se armazenava o óleo de baleia que era

derretido na fábrica. Este centro ocupa

o espaço dos três tanques que perten-

ciam à fábrica “moderna” e que deixou

de laborar em 1981. Neste Centro exis-

te uma sala dedicada aos Cetáceos.... A

proximidade de uma paisagem associa-

da à memória da baleação na Ilha das

Flores, de um porto de recreio e também

de várias piscinas naturais, ainda sem

qualquer intervenção humana são fato-

res que integram um turismo ambiental

e de natureza como também um turismo

de cultura e de ciência...”.

AZGT - SUSPENSO NO TEMPO... |

SUSPENDED IN TIME... - GC61DB5

Este é um dos locais mais espectacu-

lares (e são tantos…) da ilha das Flo-

res. A earthcache, que tem o inovador

tema “dos vales suspensos”, foi cons-

truída propositadamente para esta

geotour, pelos geocachers Pedro.b.al-

meida e Palhocosmachado. Localiza-

se no Poço da Ribeira do Ferreiro, local

este que no passado já foi conhecido

por vários outros nomes, como por

exemplo Alagoínha.

Para esta cache se encontrar situada

num local mágico, o geocacher deve

ter em atenção que o percurso/trilho

“calcetado à moda antiga”, pode estar

bastante escorregadio (em particular

no inverno) e que se tem que ter al-

gum cuidado na progressão do terre-

no.

O tema desta earthcache relaciona-se

com os “vales” em geologia. Explora

os vários “tipos de vale”, a saber: gla-

cial, fluvial, suspenso…

Um vale é uma depressão topográfica

alongada, aberta, inclinada em uma

determinada direção em toda a sua

extensão. Pode ser ou não ocupada

por água. O tamanho deste acidente

geográfico pode variar de uns poucos

quilómetros quadrados a centenas ou

mesmo milhares de quilómetros qua-

drados de área. Entende-se por vale

suspenso, um pequeno vale que foi

deixado “pendurado” acima do vale

principal em forma de U. O fundo en-

contra-se situado num nível superior

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80 Junho 2016 - EDIÇÃo 21

a uma depressão adjacente, que pode

ser outro vale, um lago, ou até mesmo

o próprio mar. A queda acentuada a

partir do vale suspenso relativamente

ao piso principal geralmente cria cas-

catas.

A ILHA DO CORVO

(a Ilha mais isolada da Europa)

A Ilha do Corvo tem uma área de cer-

ca de 17 km2 (cerca de 6 km de com-

primento e 4 km de largura). É a mais

pequena ilha e também a que se situa

mais a norte do arquipélago dos Aço-

res. É formada por um único vulcão,

que esteve activo, pela última vez, há

aproximadamente dois milhões de

anos. Dista da sua ilha vizinha Flores

(a sul) cerca de 24 km (menos de uma

hora no barco que efectua a ligação).

Em 1993, o seu pequeno aeropor-

to foi construído, com uma pista que

apenas mede cerca de 850 metros,

permitindo o tráfico aéreo entre ilhas.

AZGT - LAGOA DO CALDEIRÃO – COR-

VO - GC1YNZE

Esta cache tradicional foi construí-

da em 2009, pelo geocacher chico.

costa, e mais tarde foi adoptada por

discoverer man (geocaher Rui Pimen-

tel, responsável pela GeoTour Azores

na ilha mais pequena do arquipélago

açoriano). Esta geocache localiza-se,

sem dúvida, no local mais emblemáti-

co (e mais visitado!) desta ilha.

LAGOA DO CALDEIRÃO

(Lagoa criada na cratera do vulcão que

originou a ilha do Corvo)

“A Lagoa do Caldeirão está formada

no interior da cratera do vulcão que

deu origem à ilha do Corvo, cratera

essa que tem 3400 metros de perí-

metro e 300 metros de profundidade,

contados desde o bordo até ao nível

de água. A lagoa encontra-se ocupada

por pequenas ilhas que praticamente

a conseguem dividir em lagoas mais

pequenas, dependendo da pluviosi-

dade. Encontra-se na Zona de Protec-

ção Especial da Costa e Caldeirão da

Ilha do Corvo que pretende preservar

toda a área envolvente, que é extre-

mamente rica em biodiversidade”.

AZGT- MOINHOS DO CORVO -

GC1YG35

Esta cache tradicional também foi

construída em 2009, pelo geocacher

chico.costa e mais tarde foi adoptada

por discoverer man. Localiza-se na in-

teressante Vila do Corvo.

Moinhos do Corvo

“Traçado de inspiração muçulmana e

construção entre os séculos XIX e XX,

fazem parte do Inventário do Patri-

mónio Histórico e Religioso da ilha do

Corvo.

Apresentam-se como um conjunto

de três moinhos fixos, cujo corpo de

construção se apresenta tronco-có-

nico e em alvenaria de pedra. Dois

dos moinhos são rebocados e caiados

a cal de cor branca. Estes moinhos

apresentam-se com uma cobertura

de forma cónica e giratória, feita de

madeira. Desta cobertura emerge o

mastro das varas que dá suporte ao

velame de formato triangular e muito

raro do seu género nos Açores.

Estes moinhos encontram-se assen-

tes sobre uma base elevada e de for-

ma circular, sendo acessíveis através

de escadas de lances simétricos e di-

vergentes.

O único vão que se apresenta nestes

moinhos é a porta de entrada, que se

encontra elevada em relação à base.

Tem-se acesso a esta porta através

de escadas de lances simétricos con-

vergentes encostadas ao corpo tron-

co-cónico. Apresentam-se com um

estado de conservação considerado

bom”.

Texto / Fotos:

Luís Machado (PalhocosMachado) e

Pedro Almeida (pedro.b.almeida)

Page 81: Geomag - Edição 21

81Junho 2016 - EDIÇÃo 21

Page 82: Geomag - Edição 21

82 Junho 2016 - EDIÇÃo 21

VICTORIA AMAZONICAp O r K E l u x

G E O C O I N S

Quando comecei a pensar na minha 3ª geocoin dedicada ao Brasil, achei que não havia necessidade de me restrin-gir a temática animal, podendo per-feitamente explorar a riquíssima flora brasileira, e em futuros projetos, até mesmo algumas tradições, como as festas juninas, por exemplo.

Foi com esta nova abordagem e com o vastíssimo campo de inspiração que ela proporciona que me lembrei de uma visita à margem sul do Rio Negro, onde fiquei fascinado com al-gumas lagoas perenes em Iranduba, repletas de victoria amazonica, ao ponto de quase não se ver a superfí-cie da água, mas sim um imenso ta-pete verde. À época fiquei um pouco receoso de me aproximar demasiado, pois o experiente Seu Zé logo lembrou que aquele é o ecossistema preferido da anaconda, que se desloca por bai-xo da folhagem, completamente em “modo-ninja”. Ainda assim, perdi (ou ganhei) um bom bocado a fotografar

as lagoas.Assim, a victoria amazonica, tornou-se a eleita perfeita para uma geocoin dedicada ao mundo vegetal da Améri-ca do Sul. Não sendo uma exclusivida-de brasileira, tanto que o seu anterior nome, victoria regia, se refere a uma antiga monarca britânica, soberana da Guiana. Ora, tendo em consideração a pequenez da Guiana, comparada com os outros países que partilham a ba-cia amazónica, faz muito mais sentido que o nome da planta tenha perdido o “sangue azul”.É uma planta da família Nymphaea-ceae, cujas folhas podem atingir os 3 metros de diâmetro e a flor (chama-da lírio-de-água) chega aos 40cm. As raízes e demais ramagem submersa, alcançam os 7 a 8 metros de com-primento. Normalmente de cor ver-de-alface na folha, o lírio é branco na primeira noite de floração, passando depois a rosa.Tendo algumas das minhas fotos para iniciar a pesquisa, comecei os primei-

ros esboços em setembro de 2015 para fazer uma geocoin tradicional, basicamente uma rodela circular com os detalhes pintados. Com o decor-rer do projeto, fui acolhendo algumas boas sugestões de amigos e colabo-radores e surgiu a ideia de ter um re-bordo elevado, mais alto que a base da geocoin.Desde esse ponto comecei a desen-volver duas versões base. Além da anteriormente descrita, pensei em criar uma geocoin em 3D e 4D no caso do lírio, que assim perderia a cor bran-ca ou rosa.Foi quase “amor à primeira vista” para todos aqueles a quem mostrei os esboços. O problema foi ter rece-bido uma negativa da fábrica, que não conseguiria produzir o que eu queria e com a qualidade que queria. Mais de um mês após o início do processo esta resposta era um balde de água gelada. “Just got news from the team that your design is in 4D style. So we cannot make it. Maybe this time only

Page 83: Geomag - Edição 21

83Junho 2016 - EDIÇÃo 21

focus on 2D version?”

Costumo ter alguns problemas em

conseguir passar para os outros a ima-

gem mental que idealizo, bem concre-

ta do aspeto final de uma geocoin... e

esta era muito forte para mim. Depois

de ter encontrado uma solução que,

para além de ser um objeto de troca e

de coleção no geocaching, tinha tudo

para ser uma peça bela por si mesma,

ser obrigado a contentar-me com a

versão inicial, soube-me a pouco.

A partir daí, voltei ao Illustrator e de-

senhei o lírio detalhadamente, visto

de cima, de baixo e de lado, de modo

a facilitar o trabalho da fábrica. Tudo o

que podia fazer estava feito, restava-

me esperar que a intensa troca de cor-

respondência entre Manaus e Hong

Kong gerasse frutos. Após alguma

pressão no sentido de que este pro-

jeto bem concluído seria uma mais-

valia para o catálogo do produtor e a

minha sugestão de que se contratas-

se um escultor externo à fábrica, re-

cebi a tão desejada luz verde. “Hello!

Good news. I have tried to discuss with

our team. Now we want to try to make

your 4D Lily coin.” Foi um dia feliz. ☺

Com toda a dificuldade técnica envol-

vida, apenas no final de novembro tive

as samples prontas… e não me satis-

faziam. As nervuras da folha estavam

erradas, afundadas no fundo da geo-

coin, em vez de ligeiramente erguidas

como acontece na planta real. Como

se não bastasse, isso provocava que

o esmalte não ficasse uniforme por

não ter áreas contidas para ser ver-

tido. O aspeto das manchas em tons

de verde era insuportável, para mim.

Recusei as samples e expliquei o que

teria de ser alterado. Infelizmente, tal

alteração obrigou a novos moldes. ☹

Aqueles que já lidaram com fabrican-

tes chineses, talvez saibam o quanto

é difícil que eles reconheçam um erro,

qualquer que seja, por isso há que

usar a máxima diplomacia nas trocas

de correspondência, no sentido de

que haja um final feliz para o projeto.

Assim foi e apenas na véspera de Na-

tal, pude ter novas samples, bem mais

próximas daquilo que havia mental-

mente visualizado, meses antes.

Mas, ainda nem tudo eram rosas. A

opção encontrada pela fábrica para

prender o lírio na folha não se mos-

trou eficaz e a delicada peça soltava-

se com facilidade. Inaceitável!

Nova troca de emails, que não, a cola

usada era da melhor qualidade e não

sabiam como era possível tal aconte-

cer. Pedi que se usasse algo magné-

tico, mas tal não seria possível sem

novos moldes. Entrámos em novo im-

passe e a minha saúde mental come-

çava a querer abortar o projeto, para

evitar males maiores. Até que suge-

ri um parafuso em vez de um rebite,

para segurar o lírio na base da folha.

Mas queria novas samples para tes-

tar antes da produção final... e seria

a fábrica a suportar os custos da tei-

mosia em manter o rebite que já se

tinha concluído não funcionar. No fi-

nal de janeiro veio a resposta. “Hello!

We have asked factory to send out

the sample. In order to have good bu-

siness relationship, this time we will

bear the courier cost.” YES!!!

Após estas últimas samples aprova-

das, foi pedido que cada geocoin fos-

se acondicionada em caixas de cartão

com molde de EVA, em vez das habi-

tuais saquetas de plástico. A produ-

ção ficou concluída na segunda quin-

zena de março e a encomenda chegou

finalmente à loja encarregue de a co-

mercializar, na Escócia.

Podem imaginar o meu suspiro de alí-

vio.

A seguir, o tal “amor à primeira vis-

ta” consumou-se e a geocoin teve

uma receção fantástica, ao ponto de

todos os packs terem esgotado no

primeiro dia, sobrando apenas algu-

mas geocoins das edições regulares.

O feedback recebido de quem com-

prou qualquer versão desta geocoin,

tem sido muito gratificante para mim.

OBRIGADO!

FICHA TÉCNICA

Design: Kelux Geocoin Design

Produção: Kelux Geocoin Design

Patrocínio: Geocache Land

Vendas: http://geocacheland.com/

products/victoria-amazonica

Com ícone e código de rastreamento

em www.geocaching.com

Dimensões: +/- 52mm diâmetro x

12mm altura

Peso: 39g

Texto / Fotos:

Rui de Almeida (Kelux)

Page 84: Geomag - Edição 21

84 Junho 2016 - EDIÇÃo 21

Foram produzidas um total de 385 geocoins, em onze modelos diferen-tes. Pondera-se a possibilidade de cunhar mais exemplares apenas das edições regulares.

· Edição Regular 1 Folha e lírio em Antique Gold (40 unidades)

· Edição Regular 2 Folha e lírio em Antique Silver (40 unida-des)

· Edição Regular 3 Folha e lírio em Antique Copper (40 unida-des)

· Edição Regular 4 Folha e lírio em Antique Bronze (40 unida-

des)

· Edição Limitada 1 Folha em Antique Copper e lírio em Satin Silver (35 unidades)

· Edição Limitada 2 Folha em Antique Copper e lírio em Satin Bronze (35 unidades)

· Edição Limitada 3 Folha em Antique Copper e lírio em Satin Gold (35 unidades)

· Edição Limitada 4 Folha em Antique Copper e lírio em Satin Nickel (35 unidades)

· Edição Extra Limitada 1 Folha em Antique Copper e lírio em Antique Gold (30 unidades)

· Edição Extra Limitada 2 Folha em Antique Copper e lírio em

Antique Silver (30 unidades)

· Edição de Artista Folha em Antique Gold e lírio em Black

Nickel (25 unidades)

As vendas são feitas por lotes ou por

unidade, Conjunto de Colecionador

(11 peças diferentes), Conjunto Espe-

cial e Conjunto Regular; finalmente as

RE e as LE podem ser adquiridas iso-

ladamente.

A próxima geocoin desta série, volta

a focar-se na fauna brasileira. Fiquem

atentos!

Page 85: Geomag - Edição 21

85Junho 2016 - EDIÇÃo 21

Page 86: Geomag - Edição 21

86 Junho 2016 - EDIÇÃo 21

GADGETS & GIZMOSp O r r u i J S D u A r T E

Ahhaaleluuuiiiaaa Ahhaaleaaaaaluuuii-

iaaa Aaaaaahhaaleluuuiiiaaa (ler

este artigo ao som de Hallelujah de Jeff

Buckley)

Depois de um ano na posse de um Lu-

mia/Windows Phone (e dos seus mui-

to limitados recursos no que ao Geoca-

ching diz respeito) foi com um enorme

sorriso que voltei a colocar as mãos

num aparelho com Andoid! E, por con-

seguinte, com permissão para reinsta-

lar o nosso amigo C:Geo!

Também tenho a nova aplicação oficial

Groundspeak® mas por enquanto pa-

rece-me estar tão atrás do G:Geo como

o Lumia está deste novo Samsung… é

da noite para o dia. Neste Gadgets n

Gizmos vamo-nos debruçar um pouco

sobre como criar uma base de dados

offline no nosso smartphone (no meu),

o vulgarmente conhecido como “Im-

portar GPX”.

Para a actualização das minhas bases

de dados utilizo diversas ferramentas

mas desta vez utilizei apenas uma, a

Geopt.org Geocaching Tools, que sim-

plifica, e de que maneira, o processo.

Vamos lá então. Aberta que temos

a aplicação, selecionamos o módulo

“Create GPX (Portugal)” [Fig1] e vamos

parar à página das definições [Fig2],

onde podemos escolher os parâme-

tros que ditarão que caches teremos à

disposição mais tarde.

Neste caso em particular escolhi “Pio-

neiras” (toda a gente sabe o que são as

Pioneiras) como o nome do GPX; de-

sactivei o “Exclude Disabled”, já que o

C:Geo permite que se faça a actualiza-

ção da informação das caches à pos-

teriori e por isso quero tê-las a todas

no aparelho; e aproveitei o facto de a

tool permitir a filtragem pelas badges

do Geopt para não ter de afinar datas e

ir direitinho para as caches que queria,

selecionando então a badge Pioneiras.

Depois basta um simples “Submit Re-

quest” e esperar que nos caia no colo o

e-mail do geocacher GeoPT.org, direc-

tamente da Groundspeak com o link

para o download [Fig3].

Agora entra em acção o Andoid. As saudades que eu tinha disto… basta carregar no link que aparece no e-mail para descarregar o GPX. Os ficheiros GPX são automaticamente reconhe-cidos pelo C:Geo [Fig4] que abre de imediato e pergunta logo em que lis-ta queremos colocar [Fig5] as caches respectivas. No meu caso tinha já uma lista com o nome Pioneiras, para onde seleccionei carregar as caches do gpx.

Passamos então a ter na nossa base de dados uma bela de uma lista, em modo offline, prontinha para o que der e vier, e sempre à mão. [Fig6]

Simples não?! Dá cá um abraço Bug-droid!

PS – as ferramentas poderão ape-nas estar disponíveis para “Premium members”, tanto do Geopt.org como do Geocaching.com.

Texto:

Rui Duarte (RuiJSDuarte)

Page 87: Geomag - Edição 21

87Junho 2016 - EDIÇÃo 21

FIGURA.1

FIGURA2

FIGURA3

FIGURA.4 FIGURA.5 FIGURA.6

Page 88: Geomag - Edição 21

88 Junho 2016 - EDIÇÃo 21Junho 2016 - EDIÇÃo 21

Reserva Natural- Dunas de S. Jacinto

p O r r u i J S D u A r T E

Page 89: Geomag - Edição 21

89Junho 2016 - EDIÇÃo 21

Mais uma vez o Geocaching apresen-ta-se como uma excelente desculpa para que nos lancemos numa cami-nhada (e à descoberta) de mais uma bonita zona do nosso País. Larguem o sofá e sigam connosco as pegadas do j.estrela em busca da Reserva Natural - Dunas de S. Jacinto [GC32XTW], ca-che em destaque neste número.

A zona afigura-se merecedora de uma demorada visita, sem dúvida, tal como nos dizem os Fofinhos RT, “A reserva é muito peculiar...num espaço tão peque-no conseguimos ter floresta densa, uma parte mais ampla composta por dunas... um lugar a visitar! ;) um dos pontos al-tos é sem dúvida ter a possibilidade de observar uma praia virgem! :) um lugar que permanece quase intocável!” e onde apetece mesmo passear, pelo menos a acreditar no Team_S&U, “Numa ida até Aveiro aproveitámos para visitar es-tas bandas e fazer a cache! Grande ca-minhada! Andar por entre a Natureza e ouvir o mar ao fundo e no final culminar com a enorme passadeira e o mar ao longe! Muito bom, belo passeio!”.

A milenajorge destaca a vertente educativa, ecológica e “pacífica”, “Um

percurso bastante educativo, com direi-to a música/sons que a mãe natureza nos ofereceu ao longo desta caminha-da!”, corroborada pela Nini Costa, “O container apareceu facilmente e com uma vista linda sobre o mar, com a praia completamente deserta. Aproveitamos a paz do local para fazermos o nosso piquenique, antes de continuar com o trilho.”.

Mesmo que não possam fazer-se à água, atentem nas palavras do AR^3, “Há muito tempo que estava por fazer mas a oportunidade tardava em apare-cer. Hoje foi o dia e lá seguimos o cami-nho até ao mar… Quando pensávamos que o mar estava perto eis que surge um grande passadiço para percorrer. Mais um pouco e… chegámos ao GZ. O mar, mesmo estando revolto, apazigua-nos a alma. Sentimo-nos revigorados com uma simples contemplação da nature-za.”, e relaxem… passeiem e relaxem!

E como estamos em plena “época bal-near”, atrevam-se a aceitar o desafio! Bons passeios.

A Reserva Natural das Dunas de São Jacinto (RNDSJ) é uma área com cer-

ca de 960 hectares (210 deles corres-pondendo à área marítima) localizada na freguesia com o mesmo nome, no concelho de Aveiro.

A zona foi classificada como Reserva Natural para proteger as formações dunares, zonas extremamente sensí-veis visto serem constituídas maiori-tariamente por… areia.

A sua protecção reveste-se de gran-de importância visto serem a “melhor defesa contra a intensidade dos ventos, das areias e dos avanços do mar.”! Des-ta forma, ao conservarmos as Dunas estaremos a impedir o avanço do mar e a colocar a salvo também as popu-lações.

Fontes:

Reserva natural - Dunas de S. Jacinto - http://coord.info/GC32XTW

ICnF - http://www.icnf.pt/portal/ap/r-nat/rndsj

Texto:

Rui Duarte (RuiJSDuarte)

Fotos:

Daniel Cox (dpainem) / António Can-deias (amfcgeo)

Page 90: Geomag - Edição 21

90 Junho 2016 - EDIÇÃo 21

FROM GEOCACHING HQ

WITH LOVEEm 2007 soube de um trilho de geo-caching existente ao longo de um fa-moso caminho de peregrinação reli-giosa para/em Espanha. Foi a primeira vez que ouvi falar do Camiño de San-tiago, também conhecido em inglês como “Way of Saint James”. Esta via-gem leva-te até à Catedral de Santia-go de Compostela, em Espanha, onde se acredita que repousem os restos mortais de São Tiago. Ao tomar co-nhecimento desta peregrinação, sou-be imediatamente que a queria fazer um dia. Sempre achei que a melhor forma para ver o mundo é a pé, e, por isso, isto adapta-se muito natural-mente a mim. Eu amo em absoluto meu trabalho e sinto-me sortuda por ter a possibili-dade de me sentar na sede do Geoca-ching, a trabalhar com a comunidade geocacher nos aspectos divertidos do jogo. E, embora adore estar aqui

dia após dia, sinto-me afortunada por uma das vantagens deste trabalho ser um período sabático de quatro se-manas. Este período sabático ganha-se ao fim de sete anos na empresa, e tens três anos para o gozar. Assim, como estou a aproximar-me do meu 10º ano na sede do Geocaching, es-tou animada por me afastar para uma aventura única na vida. Daqui a apenas alguns dias vou estar a descolar para Paris, França, e em seguida, a caminho de uma peque-na localidade no sul chamada Sain-t-Jean-Pied-de-Port. A partir daí co-meço a minha viagem pelo Camiño de Santiago, caminhando 790 km desde St. Jean até Santiago, em Espanha. Os meus únicos pertences serão aque-las que conseguir carregar às minhas costas. Irei caminhar com outros pe-regrinos na mesma viagem, vou ficar em albergues onde irei ouvir outras

pessoas ressonar à noite, irei comer um jantar de peregrina enquanto par-tilho histórias com pessoas de todo o mundo. Provavelmente irei sentir do-res e sofrimentos que nunca pensei possíveis. Posso até ficar demasiado familiarizada com percevejos ao lon-go do caminho… Haverão dias difíceis e dias incríveis, mas, no fim, sei que tudo valerá a pena. Então, depois de muita preparação – reservas de viagens, guardando PQ’s, tendo aulas de Espanhol, adquirindo equipamento e caminhando BASTAN-TE – parto para percorrer os 790 km desde o sul de França, pelas monta-nhas dos Pirenéus, e de seguida por toda a Espanha até Santiago. Se o tempo permitir, irei caminhar os dias extra até Finisterra. Embora possa não encontrar todas as geocaches ao longo do caminho, acredito que en-contrar caches, quando possível, irá

Page 91: Geomag - Edição 21

91Junho 2016 - EDIÇÃo 21

tornar a viagem muito mais gratifi-

cante.

Tenho tido muitos bons conselhos e

incentivo de amigos, e desconhecidos,

que já fizeram o Camiño antes. Todos

o experienciaram de forma diferente,

quer tenham feito o Camiño Francês,

o Português ou uma outra rota. Sin-

to que neste momento estou pronta

para enfrentar a mesma viagem.

Estou sempre à procura daquela pró-

xima aventura ou daquele próximo

desafio. Sinto-me sortuda por ter um

hobbie como o geocaching que me

ajuda a encontrar essas aventuras.

Percorrer o Caminho de Santiago irá

ser uma experiência que irá mudar a minha vida.Poderás seguir a minha viagem com-pleta, desde a preparação até ao final, no meu blog pessoal: https://adventu-regirlannie.com/.

Texto: Annie Love / Bruno GomesFotos: Annie Love

Page 92: Geomag - Edição 21

92 Junho 2016 - EDIÇÃo 21

GRAFFITIp O r r u i J S D u A r T E

O M E U WAY M A R K

Provavelmente todos nós já passamos em alguns locais (principalmente aque-les de nós que residem ou se deslocam nas grandes urbes) adornados e abri-lhantados com magníficos graffitis. Não aqueles que se dedicam apenas a sujar e a degradar o nosso vasto património e os muros que o delimitam, mas os ou-tros, as verdadeiras obras de arte, mui-tas vezes escondidas dos olhares, em becos e vielas ou em prédios devolutos.Nesta edição trago-vos um pouco des-ta “StreetArt”. Um waymark meu, numa localização bem turística de Lisboa, onde quis o destino (e o trabalho) que eu fosse parar de forma totalmente insus-peita… foi mesmo um virar de esquina e “UAU!!!!! Masoquéquéisto?!”.Foi o meu primeiro contacto (e até agora único, apesar de já saber onde me diri-gir para ver mais “coisas” destas) com o trabalho de um jovem português que dá pelo nome de “Bordado II” (Bordalo Se-gundo) e que se dedica, com grande su-cesso diga-se, a fazer instalações mui-to para além do graffiti (categoria onde coloquei este wm), e a que dá o nome de “trashart”. Na sua página pessoal

(http://www.bordaloii.com) podemos ler uma famosa citação “one man’s trash is another man’s treasure” que resume de uma forma muito sucinta e objectiva a sua metodologia de trabalho, baseada na utilização de materiais e objectos em fim de vida para criar as suas obras de arte e atiçar a consciência social daque-les que poem os olhos nas suas fabu-losas criações. Recomendo mesmo a passagem pela sua página e pelo seu FaceBook (https://www.facebook.com/BORDALOII). Esta obra que hoje vos trago foi consi-derada uma das 25 mais populares de 2015 pelo site StreetArtNews.net, onde podemos encontrar uma outra obra em Portugal (do polaco Sainer) e uma do nosso famosíssimo Vhils nos Estados Unidos. Portugal e os Portugueses a darem cartas!E o wm referencia o nem mais nem me-nos que o E.X.P.E.C.T.A.C.U.L.A.R. “Rac-con”, localizado/colocado num pequeno edifício junto ao CCB em Lisboa (no lado oposto à Praça do Império). A “coisa”, muito mais que um “simples” graffiti, ocupa uma espécie de dois an-

dares e uma varanda, construída e pin-tada (maioritariamente em tons de cin-za e verde) em três dimensões, o que lhe dá um aspecto muito mais fantástico ao vivo que nas fotografias encontradas pela web. Ainda assim, e na impossibi-lidade de visitar ao vivo o local, aconse-lho uma pesquisa por “raccoon bordalo II” para uma ideia do que estão a perder (desta e de outras obras do artista).Este é presentemente o wm mais re-cente em Portugal, nesta categoria, “Graffiti”, criada no início de 2006 e onde habitam presentemente cerca de 600 exemplos desta forma de arte urbana. Vá, pesquisem na internet pela loca-lização das obras de artes deste (e de outros) genial artista e aproveitem para incluir nas vossas passeatas a desco-berta destes tesouros.

Racoon - Lisbon, Portugal (http://www.waymarking.com/waymarks/WMQB-BB_Racoon_Lisbon_Portugal)

Texto / Fotos:Rui Duarte (RuiJSDuarte)

Page 93: Geomag - Edição 21

93Junho 2016 - EDIÇÃo 21

Page 94: Geomag - Edição 21

94 Junho 2016 - EDIÇÃo 21

CACHES CHALLENGEp O r B í T A r O & M i g h T y r E V

P O N T O Z E R O

Uma cache challenge requer que os

geocachers encontrem a cache física

associada, bem como um conjunto

adicional de geocaches com caracte-

rísticas definidas pelo owner.

As caches challenge encorajam os

geocachers a definirem e atingirem

objectivos interessantes. Exemplos

de caches challenge: encontrar uma

cache em todos os dias do ano, ou

encontrar uma cache para cada com-

binação de Terreno/Dificuldade.

Ora, este tipo de caches vai contra

uma das regras básicas: «Para geo-

caches físicas todos os requisitos

de registo para além de encontrar a

geocache e assinar o log físico são

considerados requisitos adicionais

de registo (RARs) e devem ser opcio-

nais. Os geocachers à procura podem

escolher se querem ou não tentar

cumprir as tarefas.»

Assim, as caches challenge foram alvo de uma excepção a esta regra, pois claramente traziam uma mais valia ao jogo.

E com essa excepção veio a expec-tativa de que os aspectos negativos não superassem os positivos. Mas in-felizmente, uma série de factores ne-gativos levou, a 21 de Abril de 2015, que a publicação destas caches fosse suspensa.

O período de pouco mais de um ano desta suspensão serviu para que se repensassem os moldes com que as caches challenge deveriam existir, tendo então em conta as principais desvantagens que se sobrepuseram aos pontos positivos: a Subjetividade dos critérios dos challenges muitas vezes resultava num processo de re-visão difícil; sobrecarga de processos

de reclamação para a Groundspeak; e os requisitos para registo destas ca-ches eram muitas vezes complicados de perceber.

Deste modo, e com o envolvimento de muitos membros da comunida-de, bem como a discussão pública nos fóruns oficiais da Groundspeak, chegou-se à conclusão que algumas regras para a criação de Challenges tinham de ficar mais claras, simples e de melhor entendimento.

Para além disso, e talvez tinha sido esta a mudança mais notória, foi cria-da a obrigação da existência de um checker online para demonstração da concretização dos desafios propos-tos pelo challenge. Foi aqui que en-trou então a colaboração efectiva do Project-GC com o geocaching.com.

Nos quadros seguintes estão as re-gras atuais, e que entraram em vigor

Page 95: Geomag - Edição 21

95Junho 2016 - EDIÇÃo 21

dia 26 de Maio último, para este tipo

de cache, bem como um conjunto de

pressupostos aceitáveis e não acei-

táveis para a publicação de uma ca-

che challenge.

REQUISITOS DE TODAS AS CACHES

CHALLENGE

1. Tipo e nome: Caches challenge

têm que ser publicadas com o tipo

Mistério e têm que ter no seu nome a

palavra inglesa “challenge”.

2. Challenge Checker: As caches chal-

lenge têm que incluir um link para

um checker online de challenges. Ver

este artigo do Centro de Ajuda para

mais informações acerca dos requisi-

tos do challenge. (novo 2016)

3. Localização do Recipiente Final:

- O recipiente final deve estar coloca-

do nas coordenadas da página publi-

cada ou num Ponto Adicional visível

na página. (novo 2016)

- A cache física deve ser encontrável

sem necessidade de contactar o ow-

ner.

4. Fonte dos critérios

- Critérios de uma cache challenge

• Devem provir de informação

fornecida em Geocaching.com tal

como a página das estatísticas,

datas de colocação de geocaches,

tipos, atributos, souvenirs, etc.

• Têm que ser verificáveis através

de informação disponível em Geo-

caching.com.

- Os owners de caches challenge têm

que demonstrar que existem bastan-

tes caches que cumpram os requisi-

tos à altura da publicação.

5. Requisitos dos critérios

- Os critérios do desafio têm que

ser positivos e exigirem que um ob-

jectivo relacionado com geocaching

seja atingido. Os critérios não podem

ter como base objectivos negativos,

como por exemplo registos de DNF.

- Os requisitos do desafio deverão

ser simples, fáceis de explicar, seguir

e documentar. Extensas listas de re-

gras e requisitos diferenciados, ou

restrições, serão motivo para a não

publicação do challenge.

- Uma cache challenge deverá apelar

e ser alcançável a um número razoá-

vel de geocachers. O revisor poderá

solicitar uma lista de geocachers da

área que se qualifiquem para o chal-

lenge.

6. Verificação

- Os owners do challenge deverão

garantir que os geocachers conse-

guem demonstrar que completam os

requisites da cache sem que compro-

metam a sua privacidade.

- Os owners do challenge deverão

demonstrar que eles próprios conse-

guiram alcançar o objectivo do chal-

lenge. (novo em 2016)

7. Registar fisicamente

- Os geocachers podem assinar o li-

vro de registos físico a qualquer altu-

ra. No entanto, a cache challenge só

poder ser registada online como en-

contrada se o registo físico tiver sido

feito e se o desafio tenha sido cum-

prido e devidamente documentado.

O QUE FAZ COM QUE UMA CACHE CHALLENGE SEJA ACEITÁVEL?

8. Atingível

SIM - As caches challenge têm que ser atingíveis a qualquer altura.

NÃO - Requerer que as caches te-nham sido encontradas em anos transactos, não sendo possível se-rem atingíveis por geocachers mais recentes.

NÃO - Desafios que excluam especi-ficamente algum segmento de geo-cachers.

9. Tempo limitado

SIM - Manter uma série de dias se-guidos com registos de Encontrada, pelo menos um por dia, até 365 dias.

NÃO - Geocaching limitado no tem-po: tal como uma determinada quan-tidade de caches encontradas num dia, numa semana, num mês, ou ano. Exemplo, dia preenchido, 50 encon-tradas, 500 encontradas num mês, etc. (novo em 2016)

NÃO - Manter uma série de dias se-guidos com caches encontradas to-dos os dias, para além de um ano. (novo em 2016)

NÃO - Especificar tipos de caches ou quantidade de Encontradas (acima de uma por dia) necessários durante uma sequência. (novo 2016)

10. Fonte dos critérios

SIM Os critérios das caches chal-lenge deverão estar associados a informação que esteja disponível no site geocaching.com e devem ser ve-rificáveis através da informação do

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96 Junho 2016 - EDIÇÃo 21

mesmo site.

SIM - Os critérios das caches challen-ge devem ser baseados em caches com registos do geocacher: Found it!, Attended, foto tirada em Webcam.

SIM - Os critérios das caches chal-lenge devem ser baseados no tipo de registos, não no conteúdo desses re-gistos.

NÃO - Trackable, Benchmarking, re-gistos em Waymarking, ou especifi-car registos em Lab Cache. (novo em 2016)

NÃO - Nestes elementos das páginas das caches: título da cache, nome do owner, códigos GC, Revisor que pu-blicou ou texto da página. (novo em 2016)

NÃO - Requerer que o geocacher seja owner de alguma cache.

NÃO - Requerer que os geocachers registem caches que estejam desac-tivadas ou arquivadas.

11. Listas específicas

SIM - Uma cache challenge baseada em caches com pelo menos X núme-ro de pontos favoritos pode ser pu-blicada, uma vez que a informação é de origem no Geocaching.com.

NÃO - Uma cache challenge baseada em elementos que podem ser con-trolados pelo dono da cache não é aceitável. Exemplos: os meus favo-ritos, as minhas caches, caches por este owner, ou por um determinado grupo.

12. Todas ou uma percentagem de caches

SIM - Encontrar um número razoável de caches de uma determinada área,

i.e. um número aceitável de Earthca-ches encontradas em Portugal pode ser publicado.

NÃO - Encontrar todas ou uma de-terminada percentagem de caches, ou tipos de cache, rácio de caches, ou outro valor permitido dentro de uma área especificada; i.e. 80% de Earth-Caches em Portugal não é publicável. (novo em 2016)

13. Data de Encontrada

SIM - Geocaches encontradas antes do challenge ter sido publicado po-dem contar para a concretização do desafio.

NÃO - Restrições à data de registos de Encontrada utilizados para o de-safio não são permitidas.

14. Critérios positivos

SIM - Os critérios do challenge devem ser positivos e exigirem que seja al-cançado um objetivo de geocaching.

NÃO - Não encontrar caches: crité-rios que limitem ou punam algum elemento enquanto se procuram ca-ches. Exemplos: challenges que re-queiram rácios de caches encontra-das; tais como 10% de registos de Encontrada devem ser registos de Attended, challenges que requeiram encontrar apenas um tipo particular de caches por um período de tempo, como 100 founds consecutivos em caches Mistério.

NÃO - Competição em vez de con-cretização. Exemplo, um challenge baseado em “First to Finds” é uma competição.

Para além disto, não se deve subme-ter uma cache challenge numa área

onde um challenge muito simillar ou

idêntico já exista.

É recomendado que o nível de dificul-

dade seja baseado no desafío em si,

e que o nível de terreno seja basea-

do na localização da cache challenge.

(novo em 2016)

E das Linhas de Orientação vem ain-

da que:

«Por favor tome em atenção que não

existem precedentes para a publicação

de uma geocache.» e «Por vezes, uma

geocache pode estar de acordo com to-

dos os requisitos para publicação mas

os revisores, como geocachers expe-

rientes, podem ter preocupações adi-

cionais que não se encontrem nestas

linhas de orientação e que você, como

alguém que coloca uma geocache, pode

não ter reparado. O revisor pode trazer

estas preocupações adicionais à sua

atenção e oferecer sugestões para que

a geocache possa ser publicada.»

Nota: Neste momento, caches chal-

lenge publicadas antes de 21 de abril

de 2015 são Tipos de Cache com Di-

reitos Adquiridos. Tal como acontece

com qualquer cache deste género, o

QG do Geocaching pode arquivar ca-

ches que se tornam problemáticas.

Bom geocaching, divertido e positivo.

Texto:

Filipe nobre (MigthyRev)

Vitor Sérgio (Bitaro)

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97Junho 2016 - EDIÇÃo 21

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98 Junho 2016 - EDIÇÃo 21

PASSATEMPO#getoutdoorsday

PARABÉNS!!

VENCEDORPOR ESCOLHA DA REDACÇÃO

txinaCristina Ferreira

Arruda78Andre Filipe Arruda

VENCEDORPOR SORTEIO

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txinaCristina Ferreira

Arruda78Andre Filipe Arruda

+

Junta-te a nós!

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