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Geografia Fascículo 01 Fernanda Cantizani Zuquim Guilherme A. de Benedictis

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Page 1: Geografia - Fascículo 01 - A Produção do Espaço Global

GeografiaFascículo 01

Fernanda Cantizani ZuquimGuilherme A. de Benedictis

Page 2: Geografia - Fascículo 01 - A Produção do Espaço Global

Índice

A Produção do Espaço Global

Resumo Teórico..................................................................................................................................1

Exercícios............................................................................................................................................4

Gabarito.............................................................................................................................................7

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A Produção do Espaço Global

Resumo Teórico

O espaço mundial do final de milênio é caracterizado pela globalização da economia, querelaciona a abertura das fronteiras nacionais para a livre circulação de mercadorias e investimentoscom o estabelecimento de alianças comerciais regionais, os chamados blocos econômicos.

A participação nesse mercado global reflete o grau de desenvolvimento das atividadesurbanas que, de maneira geral, oferecem maiores atrativos para um novo tipo de capital que,usufruindo do avanço dos meios de comunicação, desloca-se com maior rapidez em busca dosmelhores ganhos. O mundo contemporâneo apresenta países cuja a produção está apoiada ematividades agrícolas voltadas para o auto-consumo, onde as relações capitalistas são poucodesenvolvidas; países que desenvolveram atividades industriais e comerciais mas, apresentamproblemas econômicos e populações pobres; e, liderando o processo, um conjunto de países onde aeconomia é plenamente desenvolvida e a produção está apoiada na utilização de tecnologiassofisticadas, com a população gozando de um excelente padrão de conforto. Nesse contexto, ospaíses agrários, com baixa qualificação profissional da população e diminuto mercado consumidorficam marginalizados no mercado global; os países dependentes com destacado desenvolvimentocapitalista tornam-se pólos de atração de investimentos – os chamados países emergentes – e ospaíses capitalistas avançados comandam a globalização em seu conjunto, liderados pelos EstadosUnidos da América.

É importante lembrar que a Globalização dos anos 90 vincula-se à difusão de idéiasneoliberais – valorizadas desde 1979, no Reino Unido e nos EUA – que pregam o chamado “Estadomínimo”, com a redução da participação do Estado na economia e a abertura da economia para oexterior, facilitando a circulação de investimentos e de produtos.

Os Acordos Regionais de Livre Comércio

O processo de globalização apresenta dois movimentos contraditórios. Por um ladotemos um amplo processo de abertura da economia e desenvolvimento do comércio multilateral, cujofórum internacional é a Organização Mundial do Comércio ( OMC ), criada em 1995, substituindo oantigo GATT ( Acordo Geral de Tarifas e Comércio ). Por outro lado temos a constituição de aliançaseconômicas regionais, mais conhecidas como blocos econômicos.

A essa nova realidade se dá o nome de Mundo Multipolar que compreende os pólos demaior poder econômico, representados pela União Européia, o Acordo de Livre Comércio da Américado Norte ( NAFTA ), o Mercado Comum do Sul ( Mercosul ) e o chamado Bloco do Pacífico, que reúnede maneira informal os parceiros asiáticos do Japão e dos Estados Unidos da América.

Os principais dados referentes à economia internacional demonstram que, apesar dascaracterísticas de multipolaridade da economia globalizada, existem três grandes pólos de poder, quedestacam os EUA na liderança de todo o processo.

Os chamados blocos Americano, Europeu e Asiático controlam aproximadamente 81%dos investimentos diretos realizados em escala mundial; cada um desses blocos atua numa áreadiferente do globo e, se considerados os principais pontos de concentração de seus investimentos,observa-se que a principal área de influência do “Bloco Americano” corresponde à América Latinaonde os Estados Unidos realizam 61% de seus negócios; o Japão investe predominantemente no lestee no sudeste da Ásia onde se encontram 52% de seus negócios; o Leste Europeu é o espaço queoferece as maiores vantagens às potências da União Européia que investe 64% dos capitais destinadosao exterior.

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Esses dados nos permitem concluir que existe na verdade um Mundo Tripolar, onde averdadeira influência econômica está nas mãos dos países que possuem as seis maiores economiasmundiais: Estados Unidos da América, Japão, Alemanha, França, Itália e Reino Unido.

A União Européia

Esse bloco foi criado em 1957 com objetivo de promover um crescimento mais aceleradodos países da Europa Ocidental, através do estabelecimento de mecanismos de cooperação econômicae da criação do que, na época, caracterizou-se como uma zona de livre comércio.

Até o ano de 1993 essa organização conseguiu chegar ao estágio da união aduaneira e,a partir da entrada em vigor dos Tratados de Maastricht, os países da U.E. partiram para a constituiçãosimultânea de uma união política e de uma união econômica, concretizada em 1999 quando a suamoeda única , o Euro, começou a ser introduzido de forma gradativa nos 15 países membros.

A União Européia foi fundada por um grupo de seis países e atualmente conta comquinze participantes como você pode observar no quadro abaixo, que apresenta a evolução dessaorganização:

O Ingresso na União Européia

1957: França, Itália, Alemanha, Bélgica, Holanda e Luxemburgo ( membros fundadores )

1973: Reino Unido, Irlanda e Dinamarca.

1981: Grécia.

1986: Portugal e Espanha.

1995: Áustria, Suécia e Finlândia

Você pôde observar que uma das maiores potências européias não participou dafundação da Comunidade Econômica Européia. O Reino Unido, que só ingressou em 1973, o mesmoano do ingresso da Dinamarca e da Irlanda .

Esse país teve dificuldades em superar as rivalidades e o passado de guerras que envolviaos países mais ricos da Europa, responsáveis pela constituição dessa aliança econômica e acreditavaque a aliança estabelecida com suas antigas colônias , através da Comunidade Britânica de Nações,seria suficiente para promover um grande crescimento . Somente quando constatou que as economiasdos países pertencentes à Comunidade Européia apresentaram um crescimento muito superior ao desua própria economia é que o Reino Unido se viu estimulado a esquecer o passado e tambémparticipar desse bom negócio.

Segundo o artigo zero dos Tratados de Maastricht, qualquer país europeu pode se tornarum membro da União Européia, contanto que preencha os requisitos fundamentais para a plenaadesão.

Desde 1957 os países membros alcançaram uma situação invejável de estabilidadepolítica e de bem-estar social; isso faz com que não aceitem parceiros que apresentem problemaseconômicos ou que admitam o estabelecimento de regimes políticos autoritários. Para que um paíspossa ser aceito na União Européia ele deve apresentar uma economia estável e um sistema políticodemocrático.

O Acordo de Livre Comércio da América do Norte ( NAFTA )

O Acordo de Livre Comércio da América do Norte é uma associação que pretendepromover a integração econômica entre os Estados Unidos da América, o Canadá e o México .

Essa idéia surgiu da preocupação norte-americana diante do fortalecimento europeu em1986, quando teve início o projeto de unificação política e econômica da atual União Européia.

Isso levou os Estados Unidos a intensificar seus laços de comércio regional,

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aproximando-se de seus vizinhos mais próximos, a fim de garantir o acesso aos seus mercados e aosrecursos que podem contribuir para o sucesso de sua economia .

O NAFTA é uma aliança desigual, pois reúne países que apresentam característicaspopulacionais e econômicas muito diferentes .

O Canadá é um país desenvolvido que apresenta uma população de 31 milhões dehabitantes, uma produção econômica de US$ 607 bilhões, uma sociedade onde o padrão de vida émuito elevado e uma pauta de exportações que se destaca pelos produtos de tecnologia sofisticada e,principalmente, produtos da indústria pesada, como o papel e o alumínio.

O México é um país subdesenvolvido que possui uma população de 98 milhões dehabitantes , uma produção econômica de US$ 403 bilhões, uma sociedade desigual com elevadaporcentagem de pobres e o petróleo como o principal produto de exportação.

Os Estados Unidos são a grande potência desse conjunto apresentando uma populaçãode 276 milhões de habitantes, uma produção econômica de US$ 7,8 trilhões, o maior mercadoconsumidor do mundo, um elevado padrão de vida, numa sociedade desigual onde o número depobres já chega a casa dos 30 milhões; uma economia poderosa e diversificada capaz de exportardesde os produtos agrícolas fundamentais para a dieta dos povos de todo o mundo até os produtoselaborados com a tecnologia de ponta.

Para que o N.A.F.T.A. consiga ser aperfeiçoado como aliança regional, os países membrosprecisam superar alguns importantes obstáculos que impedem a livre circulação de pessoas e serviços.Isto é dificultado pelo temor da sociedade dos Estados Unidos diante de uma grande imigração deorigem latino-americana, a partir do México, que poderia gerar um disputa acirrada por empregos nosEUA e comprometer o padrão de vida do povo norte-americano.

O Poder Asiático

O “Bloco Asiático” não corresponde exatamente a um aliança econômica, pois não existeum acordo formal definindo as regras para o seu funcionamento.

O que costuma ser chamada por esse nome é uma região onde se observa a influênciaeconômica e os investimentos realizados pelo Japão, que iniciou sua expansão econômica e financeiraem direção aos seus vizinhos do leste e sudeste da Ásia em 1959.

A aliança estabelecida com os Estados Unidos – a partir da década de 1950 – com oobjetivo de dificultar a expansão socialista no extremo oriente contribuiu para transformar o Japão nasegunda maior economia do mundo. Seus investimentos estimularam a industrialização e ocrescimento dos países conhecidos como “Tigres Asiáticos”, que apresentam uma excelenteperformance econômica internacional desde os anos 80 e aparecem atualmente como importantesexportadores de automóveis, de produtos eletrônicos e até de produtos de tecnologia de ponta, comomicro-computadores. A destacada industrialização do sudeste da China, que levou este país a alcançaros incomparáveis índices de 12% de crescimento econômico no início dos anos 90, e a industrializaçãodos “Novos Tigres”( Malaísia, Tailândia, Vietnã e Filipinas ) também compõem o quadro que retrata aconstituição do “Bloco Asiático”.

Essa associação com os Estados Unidos é responsável por 90% dos capitais estrangeirospresentes nessa região e contribuiu para um grande aumento do comércio através do Oceano Pacíficoque, desde 1975, destituiu o Oceano Atlântico da condição de principal via de interligação econômicainternacional e criou condições para a criação da APEC uma aliança econômica muito ampla quereúne países da América, da Ásia e da Oceania na constituição de uma grande Zona de Livre Comérciona região do Pacífico.

Em 1997, esses países do Bloco do Pacífico foram atingidos por uma grave crisefinanceira, que colocou em xeque os rumos da globalização. Nesse momento, a Coréia do Sul, aIndonésia e a Tailândia, receberam o socorro do Fundo Monetário Internacional, que organizou umpacote de empréstimos de emergência, com a condição de que esses países reorganizassem as suaseconomias. O período posterior à crise foi muito difícil, com acentuado declínio da produção; depoisdisso observou-se a gradativa recuperação, principalmente na Coréia do Sul que, hoje, brilhanovamente no grupo dos países emergentes.

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O Mercosul

O Mercosul é um exemplo de bloco regional estruturado fora dos principais pólos dedecisão. O Mercado Comum do Sul, definido com a assinatura do Tratado de Assunção, em 1991,reúne os dois países mais industrializados da América do Sul, Brasil e Argentina, ao Paraguai eUruguai. O Chile e a Bolívia também participam do Mercosul, atualmente como membros associados.

A participação nesse bloco amplia o mercado para as empresas localizadas nos paísesmembros, que podem ampliar sua escala produtiva, obtendo maiores lucros. Isso contribui para aatração de investimentos internacionais, que tem no Brasil a localização mais atraente para ainstalação de novas indústrias, que exportam seus produtos com facilidade e para os parceiros doMercosul.

Exercícios

01. (Fuvest/97 - 1.a fase)

Considere, no mapa anterior, o conjunto I, formado pelos países dos três pólos de decisão e osconjuntos II e III, formados, respectivamente, pelos países da América Latina e da África. A tabelaabaixo indica, em bilhões de dólares (1992), o total das exportações de mercadorias oriundas dospaíses constituintes de cada um dos três conjuntos e tendo como destino países dos mesmos trêsconjuntos.

A partir dessas informações e dos seus conhecimentos sobre o comércio mundial, indique a afirmativacorreta a respeito da natureza das mercadorias que dominam, em valor, os fluxos comerciais indicadospor sua origem e destino.

Destino/ Origem I – Pólos de Decisão II – América Latina III – África

I 1736 126 72

II 93 27 3

III 71 2 9

a. No interior de I, manufaturados; de I para II, produtos agrícolas.b. No interior de I, manufaturados; de I para III, produtos agrícolas.c. No interior de I, bem como no interior de II, manufaturados.d. No interior de I, produtos agrícolas; de III para I, produtos minerais.e. No interior de I, bem como de II e III para I, produtos minerais.

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02. (PUC/98) A questão a seguir, aborda as relações entre os Estados modernos e o processo deglobalização.

Leia com bastante atenção o texto abaixo:

“Se os capitalistas se tornam mais sensíveis às qualidades espacialmente diferenciadas de que secompõe a geografia do mundo, é possível que as pessoas e forças que dominam esses espaços osalterem de um modo que os torne mais atraentes para o capital altamente móvel. As elites dirigenteslocais podem, por exemplo, implementar estratégias de controle da mão-de-obra local, de melhoria dehabilidades, de fornecimento de infra-estrutura de política fiscal, de regulamentação estatal etc, a fimde atrair o desenvolvimento para seu espaço particular (...) A produção ativa de lugares dotados dequalidades especiais se torna um importante trunfo na competição espacial entre lugares, cidades,regiões e nações.”

David Harvey, A condição pós-moderna, Ed. Loyola, São Paulo, 1992.

Assinale a alternativa que não corresponde à lógica sobre a competição espacial entre os lugarespresente no texto.

a. Os locais especialmente preparados para atrair investimentos articulam-se aos interesses dasempresas transnacionais, cuja ação geográfica tem alcance mundial.

b. Os conglomerados transnacionais, ao aproveitarem a geografia do mundo para sua localização,criam uma estrutura espacial com pontos articulados entre si, a qual pode ser chamada de redeespacial.

c. Os países querem receber novos investimentos mundiais, mas, para isso, é preciso que astransnacionais submetam-se às condições técnicas, à ordem jurídica e aos traços culturais locais.

d. O enxugamento dos Estados, a redução das leis trabalhistas e a remoção de normas e obstáculos deparcelas dos territórios estão dentro da lógica descrita no texto.

e. Para que a organização em rede espacial seja eficiente para uma empresa transnacional, é precisoque o espaço que ela vai ocupar seja composto por tecnologia adequada de comunicações.

03. (PUC/97) Leia com atenção:

“Criado em 1991 (...) o Mercosul é, na verdade, uma plataforma de inserção competitiva numaeconomia mundial que simultaneamente se globaliza e se regionaliza em blocos (...) Busca aliberalização de entraves aos fatores produtivos para dentro e para fora do espaço econômico comum.Por isso tem a vocação de pólo aberto, não tendo, inclusive pela própria natureza de sua dimensãoeconômica, a possibilidade de ser bloco ensimesmado (...)”

Lafer, C. in Folha de S. Paulo, janeiro de 1994.

A posição do autor, ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil, reflete as políticas desenvolvidaspelos governos dos países do Mercosul, desde os primeiros acordos para a sua instituição.

Assinale a alternativa que contém as afirmações concordantes com essa postura:

1. A formação do Mercosul, como bloco regional, cria saldos econômicos para os países membros,tornando desnecessária e indesejável a adesão à globalização econômica, visto que ela representanovas formas de dominação e exploração.

2. O dinamismo comercial entre Brasil e Argentina - as duas economias mais poderosas do bloco -estimulado pelo Mercosul, não vai excluir a condição de global traders (países que comercializamcom todo o mundo) de ambos.

3. A integração desses países num único bloco possibilita a complementaridade de suas economias,permitindo a livre circulação de bens e serviços, barateando custos de mão-de-obra euniformizando tarifas alfandegárias.

4. A principal finalidade do Mercosul, para as economias dos países membros, é a de se erguerembarreiras contrárias ao processo de globalização econômica (como as tributárias, por exemplo).

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a. Todasb. 1, 2 e 3c. 3 e 4d. 2 e 3e. 1, 2 e 4

04. (PUC/98) Observe com atenção o mapa abaixo.

A partir do mapa, assinale a alternativa que contém as afirmações corretas sobre o conjuntoeconômico assinalado.

1. Organizado sob a liderança do Japão, envolve países como Austrália e Nova Zelândia. Esses doispaíses compõem uma área periférica privilegiada, com melhores condições sociais, desenvolvimentotecnológico promissor, potencial agropecuário e vastos recursos naturais.

2. A devolução de Hong Kong à China ocorreu sem conflitos, em virtude daquela colônia não seconstituir em lugar preparado para a competitividade mundial. Chama a atenção na ex-colôniainglesa o sucateamento dos sistemas educacional e de comunicações.

3. As Zonas Econômicas Especiais (ZEEs), intituídas na China, são espaços preparados comregulamentação particular e tecnologia apropriada para atrair investimentos e capitais mundiais,especialmente os oriundos do Japão.

4. A liderança do Japão na região, após a 2.a guerra, deve-se a fatores como os grandes investimentosdos EUA no país e ao papel de MITI – Ministério da Indústria e Comércio – que destinou recursosexpressivos à educação, ciência e tecnologia, resultando em significativo aumento de produtividade.

5. Os chamados Tigres Asiáticos – Coréia do Sul, Taiwan, Singapura, Hong Kong – destacaram-se pelaênfase no fortalecimento do mercado interno e pelo baixo grau de intervenção do Estado, criandoeconomias fechadas.

a. 1, 2 e 5b. 2, 3 e 4c. 3, 4 e 5d. 2, 4 e 5e. 1, 3 e 4

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05. (PUC/98) Leia o trecho da entrevista abaixo:

Pergunta: A mundialização não é uma ameaça deste lado da África?

Resposta: A mundialização é antes de mais nada uma sorte para as empresas privadas, porque podearrastá-las para o alto. Elas serão obrigadas a melhorar sua produtividade para ganhar mercados e nãoperder os que já têm. Elas terão que fazer tal como as empresas americanas e asiáticas. Nós devemosnos bater para aumentar a competitividade de nossas economias, organizar nossos mercados (...), numquadro de integração regional. As vantagens que tudo isso confere é um mercado regional mais amplopara as empresas (...)

Boni Yayi, presidente do Banco Oeste-Africano de Desenvolvimento, in jornal Le Soleil, 07. jul.96,Senegal.

Como se pode observar, uma visão positiva da globalização (mundialização) está presente em váriaspartes do mundo. Considerando as dificuldades da África para que essa perspectiva se concretize, leiacom atenção as afirmações e assinale a alternativa que contém aquelas que estão corretas.

1. De modo geral, os países africanos possuem Estados herdados do período colonial. Sua estruturanão é adequada para constituir países livres e independentes. Esse fato se complica, pois os Estadosnão possuem técnicos especializados, em número suficiente, na gerência de uma economiamoderna.

2. Os países africanos dispõem, geralmente, de pouca mão-de-obra qualificada para a economia detipo moderna exigida pela globalização. Os sistemas escolares básico e superior são precários e depouco alcance social e territorial.

3. Os Estados-nação africanos são construções estranhas à complexidade étnica, cultural e territorialpreexistentes. Herança da colonização européia, contribuem para um quadro de instabilidadepolítica, conflitos regionais, separatismos e guerras civis.

4. A África vive assolada por crises de fome, doenças endêmicas e generalização de epidemias,reforçando a baixa expectativa de vida e a alta mortalidade, em especial a infantil. Esse quadro estáassociado à desarticulação dos modos de vida tradicionais e à fragilidade das estruturas modernasimplantadas.

a. 2 e 3b. 1, 3 e 4c. 1, 2, 3 e 4d. 1, 2 e 4e. 2, 3 e 4

Gabarito

01. alternativa c

Os três pólos de decisão estão representados pelos Estados Unidos, União Européia e peloJapão, onde os produtos industrializados respondem pela maior parte dos gastos e dos ganhos com ocomércio exterior. Esses produtos possuem valores agregados maiores e, em função disso, esse tipo demercadoria movimenta somas maiores de dinheiro. Na América Latina apenas Brasil, Argentina eMéxico apresentam exportações significativas de manufaturados; no continente africano, apenas aRepública Sul-Africana se destaca.

02.alternativa c

Para que as empresas transnacionais operem em determinado país é preciso que o Estadocrie a infra-estrutura necessária. O desenvolvimento dos sistemas de transportes, comunicação, einformatização ampliam as possibilidades de investimentos produtivos.

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O avanço tecnológico tornou o processo de produção mais flexível e resultou numaexpansão geográfica da atividade industrial, possibilitando às empresas instalarem filiais em áreas quelhes garantissem lucros maiores e mais imediatos. Em razão desse fenômeno, áreas industriaistradicionais começaram a perder vigor econômico, sendo obrigadas a desenvolver estratégias maisagressivas para manter suas empresas ou atrair outras novas.

De certa forma, esse acirramento da competição promove uma inversão dos fatores:agora, são as elites locais que passam a subordinar-se aos interesses das empresas para mantê-las nasregiões. Como exemplo, podemos citar a adoção de políticas de incentivos fiscais dadas às empresas.

03. alternativa d

Na visão do ex-ministro das relações exteriores, Celso Lafer, o Mercosul tem como obetivoestimular as economias de seus países-membros, seja pela ampliação do comércio intracomunitário,seja pela criação de normas comuns que facilitem a inserção desses países na economia mundial.Entre as medidas, podemos citar a eliminação gradativa das barreiras comerciais existentes entre ospaíses-membros, a implementação de políticas que estimulem a entrada de investimentos externos e acriação de tarifas alfandegárias comuns para produtos importados fabricados em outras regiões domundo.

04. alternativa e

Ao contrário do Mercosul ou da União Européia, o chamado Bloco Oriental não seconfigura como um bloco econômico formalmente criado. Trata-se mais de uma zona de altointercâmbio econômico, que apresenta grande potencial e é liderada pelo Japão. Circulam, entre essespaíses, altas tecnologias produzidas pelo Japão e pelos Tigres Asiáticos; grandes reservas minerais,especialmente na Austrália e, principalmente, um enorme exército de mão-de-obra extremamentebarata, como na China, Tailândia, Malásia, entre outros.

O grande crescimento econômico que se verificou nos anos 70 e 80 nessa região ocorreu,também, pela maior cooperação e interdependência entre esses países. Já, nos anos 90, o “milagreasiático” sofreu considerável abalo: a crise interna japonesa reduziu os investimentos externos nosdemais países e as economias dos Tigres Asiáticos sofreram com a crise financeira, especialmente apartir de julho de 97. A crise recessiva produziu, na região, pelo menos 10 milhões de desempregados.Os últimos dois anos apresentaram uma melhora nesse quadro.

05. alternativa c

Todos os itens podem ser considerados corretos. Em cada um deles, são identificadoselementos que contribuem para tornar a África um espaço marginal do processo de mundializaçãoeconômica. De forma resumida, o enunciado cita como fatores que dificultam a inserção da Áfricanum quadro de economia mundializada:

• o atraso tecnológico, agravado pela carência de mão-de-obra não-qualificada e a falta deinvestimentos;

• a desarticulação dos sistemas produtivos tradicionais, claramente verificada na substituição daagricultura de consumo interno pela agroexportação, principalmente nas regiões onde as condiçõesnaturais são mais adequadas a esse tipo de atividade;

• a existência de grande instabilidade política e numerosos conflitos tribais que, em parte, resultaramou foram agravados pelo colonialismo europeu;

A esses fatores soma-se, também, a longa permanência de governos ditatoriais ecorruptos que desviaram grandes somas de dinheiro que foram empregadas no desenvolvimento deprojetos “faraônicos” e na compra de arsenal bélico.

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