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    A SANTA CASA DA MISERICRDIA DO RIO DE JANEIRO

    A Santa Casa da Misericrdia doRio de Janeiro nos sculos XVI a XIX

    Rio de Janei ros Holy House of Mercy fr omthe 16thto the 19thcen tur ies

    Luciana Mendes Gandelman

    Mestre em histria pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp)com dissertao sobre o recolhimento das rfs da Santa Casa da Misericrdia

    do Rio de Janeiro e a caridade para com as mulheres (1739-1830)Rua Belisrio Tvora, 181/102

    22245-070 Rio de Janeiro [email protected]

    ...Foi a primeira rua do Rio. Dela partimos todos ns; nela passaram os vice-reis, os malandros, osgananciosos, os escravos nus, os senhores em redes; nela viajou a imundcie, nela desabotoou aflor da influncia jesutica. ... Dela brotou a cidade no antigo esplendor do largo do Pao, deladecorrem, como de um corpo que sangra, os becos humildes e os coalhos de sangue, que so aspraas ribeirinhas do mar. Mas soluo de espancado, primeiro esforo de uma poro de infelizes,ela continuou pelos sculos afora, sempre lamentvel e to angustiosa, franca e verdadeira na suador, que os patriotas lisonjeiros e os governos, ningum, ningum, se lembrou de lhe tirar dasesquinas aquela muda prece aquele grito de mendiga velha Misericrdia!

    Paulo Barreto1

    Este artigo tem como objetivo apontar as principais transformaes ocorridas no espao e nos prdios da irmandadeda Santa Casa da Misericrdia do Rio de Janeiro da sua fundao at o sculo XIX, relacionando-as a alguns dospossveis significados sociais dessas mudanas.

    PALAVRAS-CHAVE: caridade e assistncia social, irmandade leiga, Santa Casa da Misericrdia, Rio de Janeiro,transformaes sociais e instituies.

    The presen t arti cle aims at showi ng the main chan ges taken place in the bui ldi ngs an d the sur roundi ng ar eas of Riode Janeiros Holy House of Mercy from i ts foun dati on to the 19thcentu ry, r elati ng them to some of the possibl e socia lmean in gs of such chan ges.

    KEYWORDS: cha ri ty an d social assistance, lay brotherhood, Holy H ouse of Mercy, Rio de Janeiro, social chan gesand institu tions.

    1 Citao a Paulo Barreto, sem referncia, utilizada por Noronha Santos (1981, p. 87), na introduo s memrias dopadre Perereca.

    I M A G E N S

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    LUCIANA MENDES GANDELMAN

    As belas palavras de Joo do Rio escolhidas para descrever a rua da Misericrdiabembem poderiam ser utilizadas para descrever a prpria Santa Casa da Misericrdiaque, de sua ermida ao sop do morro do Castelo, fez parte da histria da cidade do Rio deJaneiro desde o seu primeiro sculo. Atualmente, olhando para os prdios e enfermariasda Santa Casa, e seus corredores, tomados na movimentao apressado dos mdicospreocupados com a vida dos corpos, muito facilmente nos esquecemos de que a Misericrdiacomeou como irmandade de devoo a Nossa Senhora da Misericrdia, construda aoredor de uma igreja, e que os corpos eram curados no vai-e-vem de devotos e seuspedidos Me e Advogada dos homens, os coraes apreensivos com a vida da alma.

    A irmandade de Nossa Senhora da Misericrdia foi criada em Portugal, no ano de 1498,por dona Leonor, irm de d. Manuel, sob a influncia do frei trinitrio Miguel de Contreiras.A irmandade organizava-se em torno das chamadas 14 obras de caridade, sete espirituais esete corporais, inspiradas pelo Evangelho consignados segundo so Mateus, e no primeiroCompromisso de 1516, a saber: ensinar os ignorantes, dar bom conselho, punir os

    transgressores, consolar os infelizes, perdoar as injrias recebidas, suportar as deficincias doprximo, orar a Deus pelos vivos e mortos, resgatar cativos e visitar prisioneiros, tratar osdoentes, vestir os nus, alimentar os famintos, dar de beber aos sedentos, abrigar os viajantese os pobres, sepultar os mortos(Russell-Wood, 1981, pp. 14-5). Seu mbito de atuao,portanto, correspondia a esferas bem mais amplas do que o que hoje entendemos comosendo as de um hospital. Contando com patrocnio rgio, a Santa Casa espalhou-se rapidamentepelo imprio portugus, tornando-se a irmandade leiga de maior poder e expresso no queconcerne s obras de caridade. Tornou-se uma marca da colonizao portuguesa. SegundoIsabel dos Guimares S (1995, p. 100), antes de 1750 j havia, alm das inmeras Misericrdiasem Portugal, 11 nas ilhas de Aores e Madeira, 3 em Angola, 29 por toda a sia e 16 somenteno Brasil. As Misericrdias de maior poderio em terras braslicas foram as do Rio de Janeiroe da Bahia, centros vitais do projeto colonizador portugus.

    A criao da irmandade na cidade do Rio de Janeiro uma incgnita para historiadorese memorialistas. Segundo o relato de frei Agostinho de Santa Maria impresso em 1723, em umdos volumes do San turi o Mar iano,a irmandade teria sido criada por iniciativa do jesuta

    Jos de Anchieta aps a chegada cidade, pelos anos de 1582, de uma armada de Castelacomposta por 16 naus e trs mil homens. Enfrentara muitas intempries na viagem e por issochegou ao porto repleta de doentes. Segundo o padre Simo de Vasconcellos (1906, p. 7),aquela visita repentina provocou grande pnico na populao, que tratou de pr a salvo seuspertences. Quando as naus ancoraram na baa, achava-se na cidade, em visita ao Colgio dos

    Jesutas, o padre Jos de Anchieta que levado da caridade tomou muito por sua conta a cura,e o remdio daqueles enfermos, destinando-lhes uma casa para seu tratamento, com a ajudade alguns religiosos, assistindo tambm ele ao mais as medicinas, mdico e cirurgio(Santa Maria, 1723, pp. 9-10).

    Assim teria surgido o hospital da cidade, assumindo os irmos da Santa Casa a tarefa decuidar dos doentes,

    o que fizeram com grande caridade, e o foram aumentando no material com tanta grandeza, eto perfeitas enfermarias, como hoje se vem, aonde se curam todos os enfermos de um e outrosexo com exmia caridade. ... Desde este tempo continuaram os provedor e irmos no servio eadministrao do hospital, assistindo com suas esmolas, e dos mais fiis, que em seus testamentosas deixaram, assim para o culto divino, como para o aumento da Casa e cura dos pobres enfermose desamparados.

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    2Sobre a importncia da boa morte e o significado dos rituais de enterramento, ver Reis (1999) e Rodrigues (1997).

    A irmandade receberia proviso da Misericrdia concedida por Felipe II no ano de1605, contando a partir de ento com todos os privilgios e graas, honras e liberdades

    que tm e gozam as casas (Ferreira, 1894-98, p. 89) de Lisboa e Setbal. Na petio,enviada ao rei, os irmos requerentes descreviam a instituio que h sessenta anos temfeito casa com seu hospital para enfermos, sacristia e parlatrio. A Misericrdia era entouma Casa na qual se articulavam as aes de caridade guiadas pelos preceitos cristos epelas relaes de Antigo Regime. O conjunto arquitetnico da Misericrdia foi sendoconstrudo e reconstrudo aos poucos, sempre circundante igreja, em cujo consistrio osirmos faziam suas reunies. De l partiam grande parte dos servios e dos recursosoferecidos pela irmandade. Era seu cerne simblico. Segundo a descrio de frei Agostinho,a igreja era formosa, ricamente ornamentada e servida com muito mais grandeza e autoridade(Santa Maria, 1723, p. 11) que a catedral. Para a capela de Nossa Senhora do Bom Sucesso,que se tornaria a padroeira da irmandade somente em 1713, acorriam, segundo o frei,todos os moradores daquela cidade em seus trabalhos e tribulaes, nas suas doenas

    perigosas sempre acham em tudo alvio, socorro, o remdio, e em muito bom sucesso.O passo das construes seguia lento medida que se angariavam recursos entrehomens vidos por garantir a salvao de suas almas, por investir parte de seu capital noprestgio social da instituio e de si prprios. A Casa da Santa Misericrdia, comotambm era conhecida, situava-se no tempo de frei Agostinho muros adentro daquelacidade, na base do morro do Castelo, justamente onde se iniciara o povoamento do Riode Janeiro. Dali a Misericrdia observaria a cidade crescer e modificar-se, transformandoas necessidades mdicas e sociais que seria chamada a satisfazer.

    Como podemos observar pela petio de 1605, na qual os irmos pediam a Felipe II cartade Misericrdia, as atividades iniciais da irmandade giravam em torno da manuteno dohospital para enfermos, do casamento de rfs, da distribuio de esmolas e de ordinrias,estas aos sbados. Proporcionavam alvio aos doentes nas enfermarias e capelas, num tempo

    em que os perigos mais graves do corpo deveriam ser enfrentados com a cura das almas. AMisericrdia cuidava tambm dos sepultamentos. Apesar de no serem mencionadosexplicitamente no documento, tornar-se-iam uma das funes mais importantes da instituio,uma vez que as cerimnias de enterro assim como o local de sepultura eram meiosimportantssimos de garantir uma boa morte, ou seja a vida da alma.2

    Nas primeiras dcadas do Setecentos as atividades da irmandade passaram pormodificaes que acarretaram mudanas em seu espao. Deixou de ser a irmandade dacidade-fortificao, encarregada principalmente dos contingentes flutuantes vindos nasnaus e fragatas, para voltar-se para os habitantes de uma aglomerao urbana em rpidodesenvolvimento, com problemas sociais diversos. No sculo XVIII, o escoamento doouro fortaleceu a praa do Rio de Janeiro, aumentando o fluxo de recursos e a densidadepopulacional da cidade. A presso por auxlio social tornou-se mais forte. Por outro lado,

    aumentaram os recursos disponibilizados pelos mercadores, uma parcela da populaosedenta de afirmao social. Dois provedores foram de grande importncia para astransformaes sofridas pela irmandade, por conseguirem aglutinar membros dessa camadasocial e atrair suas doaes. Foram eles o dr. Manuel Corra Vasques, provedor de 1732at 1741, e Antnio Telles de Menezes, que ocupou o cargo apenas no perodo de 1735-36.

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    Durante a provedoria destes dois homens bons, envolvidos na governana da cidade, ogrupo de irmos que lideravam se disps a financiar obras e vrios empreendimentos

    caritativos inexistentes at ento.Graas aos recursos desse grupo, que Vieira Fazenda (1960, p. 97) denomina milicianosda caridade, vrias obras foram feitas na irmandade. Por exemplo, a reforma do altar deNossa Senhora do Bonsucesso, um segundo andar no hospital e, principalmente, a criao doRecolhimento das rfs e a Casa dos Expostos. Em 1738, Romo de Mattos Duarte deixou 32mil cruzados para a compra de casas e sustentao permanente dos expostos com seusrendimentos.3No mesmo ano, Incio da Silva Medella doou 15 moradas de casas e 1:600$000ris em dinheiro para a instituio de um lava-ps toda Quinta-Feira Santa, com fardamentodos pobres, e de um dote perptuo anual para meninas rfs. Finalmente, em 31 de junho de1739, o capito Francisco dos Santos e Maral Magalhes Lima doaram cinqenta e dois milris para a construo de um Recolhimento para donzelas rfs e sustento das mesmas. Asobras levaram cinco anos, e as primeiras rfs foram recolhidas em 1743. O prdio ento

    incorporado ao conjunto arquitetnico da Misericrdia foi construdo esquerda da Igreja daMisericrdia no largo de mesmo nome. Por sua vez, a Casa dos Expostos funcionou dentro doprdio das enfermarias do hospital at 1821, quando ganhou casa prpria no largo daMisericrdia, em frente aos prdios mais antigos da irmandade.

    O surgimento dessas novas reparties testemunha uma mudana de atuao da irmandade,que passa a se preocupar mais diretamente com a preservao das relaes sociais e com ofuturo do povoamento da cidade atravs do auxlio infncia e de maior ateno s instalaesdestinadas aos presos. Isso no significa que a irmandade tenha abandonado sua preocupaoanterior com o hospital ou com as missas. Grande parte dos recursos da irmandade noperodo continuaram a ter sua origem na angstia dos homens e mulheres que, tementes porsuas almas, investiam parte do patrimnio angariado durante a vida no cuidado com suapartida para o dia do Julgamento. Por conta disso, rezavam-se numerosas missas na igreja da

    Misericrdia, em favor de homens e mulheres, parentes e compadres, irmos da Misericrdiae almas do purgatrio.

    A ateno com as almas e curas passou ento a ser partilhada com as duas referidasinstituies, o Recolhimento das rfs e a Casa dos Expostos. A primeira tinha por objetivo,segundo seus estatutos, abrigar meninas que fossem rfs de pai e me, ou somente de pai,filhas legtimas, crists velhas, brancas, de bom procedimento, donzelas e desamparadas,com idades entre nove e 11 anos. Ainda segundo seus estatutos, o principal fim desteRecolhimento, ... o servio de Deus, ... o aproveitamento espiritual e temporal das mesmasrfs (Algranti, 1997). O aproveitamento das moas significava conseguir-lhes um estado,preferencialmente o de matrimnio, que tanto apetecia Igreja, sempre em busca de maiorrebanho, e ao Estado portugus, preocupado em consolidar as populaes de sditos emultramar. A repartio organizava-se para oferecer, no sem grandes percalos e resistncias,

    a doutrina espiritual e temporal das rfs, a vigilncia sobre suas honras e desordens, aconcesso de dotes, o julgamento e a atribuio de pretendentes. As rfs deveriam permanecerna instituio por tempo limitado, fixado em seis anos. Embora isso nem sempre acontecesse,a regra demonstra que a instituio se colocava como agenciadora da reinsero das

    3Arquivo da Santa Casa da Misericrdia do Rio de Janeiro, escritura de doao e instituio que faz Romo de Mattos Duarte Santa Casa da Misericrdia para criao dos enjeitados, documentao avulsa, lata 35c.

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    meninas na sociedade local, como mulheres preparadas para formarem unidades domsticascrists.

    J a chamada Casa dos Expostos possua funo bastante distinta. Eram consideradasexpostas as crianas que no tinham filiao reconhecida. Em geral, eram abandonas nasigrejas, nas residncias de pessoas de prestgio, na casas de parentes ou simplesmente deixadasnas ruas. Ao longo do sculo XVIII, a questo dos expostos tornou-se uma grande preocupaopara os Estados modernos e, especificamente, para as elites que governavam aquela colniaportuguesa. A preocupao era sobretudo com que os contingentes de expostos fossemmelhor aproveitados pelo Estado seno diretamente, nos exrcitos por exemplo, ao menos nopovoamento dos reinos. Por isso, a legislao, os hospitais e outras instituies se voltaramcada vez mais para solues conjuntas que evitassem a mortandade dos expostos epromovessem sua insero na sociedade. De acordo com a legislao, a responsabilidadepelo sustento dos expostos at completarem sete anos era das cmaras. O que elas em geralfaziam era pagar amas-de-leite e amas secas para criarem as crianas em suas casas, e s vezes

    as amas as incorporavam como agregados a seus ncleos familiares. Aps completarem seteanos, os expostos passavam jurisdio dos juzes dos rfos, que deveriam encontrarfamlias que os abrigassem, tomando-os como agregados ou aprendizes de algum ofcio; nocaso das meninas, encarregar-se-iam de sua tutela e, posteriormente, de seu casamento.

    Instituies de caridade, como hospitais e irmandades, acabaram por auxiliar na criaodos expostos, algumas vezes trabalhando em conjunto com as cmaras e os juzes, outrasvezes tendo de assumir integralmente a criao das crianas. A Casa dos Expostos da SantaCasa da Misericrdia do Rio de Janeiro pode ser includa nesse contexto, tendo atuado comfreqncia, sem os recursos da cmara, que demoravam a chegar. A Casa dos Expostos daMisericrdia adotou regime misto de acolhimento e distribuio das crianas por amas-de-leite. Mantinha amas que deveriam dar socorro s crianas, assim que chegassem, e tambmsustentava amas de leite que cuidavam das crianas em suas casas. As que sobreviviam aos

    primeiros anos, e que no eram reclamadas pelos pais, acabavam sendo auxiliadas pelairmandade no acolhimento como agregadas em alguma famlia.

    Podemos dizer que a atuao da irmandade no sculo XVIII era determinada pelasnecessidades de uma cidade que enfrentava os problemas sociais de uma povoao urbanade Antigo Regime em plena consolidao. Alm da questo da cura dos corpos e das almas,havia a preocupao com a pobreza, uma pobreza prpria das sociedades do Antigo Regime:aquela ligada ao problema da privao dos laos comunitrios, de parentesco, patronagem eclientela que permitissem a insero dos indivduos em ncleos familiares, corporaes deofcio e irmandades e sua manuteno atravs deles. Por isso, os alvos da irmandade eram osrfos, os expostos, os presos, as vivas e outros deserdados. Para alm da expresso pblicade caridade crist, o auxlio era um investimento na continuidade das relaes desiguais enas hierarquias sociais constituintes do Antigo Regime, assim como uma amortizao das

    tenses sociais provocadas por tais relaes. No caso do Recolhimento de rfs, oinvestimento no dote e casamento de meninas brancas e pobres liga-se ao esforo demanuteno da ordem social e a modos de pensar em que noes de cor, condio,estado e religio eram fundamentais constituio do mundo catlico luso-brasileiro.

    Todas as atividades cabiam no espao daquele conjunto arquitetnico que unia igreja,hospital, Recolhimento e cemitrio. As fronteiras fsicas eram tnues, as necessidadesestavam interligadas como estavam corpo e alma, todos sob o manto largo de NossaSenhora da Misericrdia.

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    O sculo XIX trouxe intenso questionamento do espao e do perfil da Santa Casa. Em1823, no primeiro ano do recm-criado Imprio do Brasil, por sugesto aparentemente da

    Assemblia Geral Constituinte, foi formada uma comisso composta por bacharis, mdicose autoridades para informar Secretaria de Estado dos Negcios do Imprio e prpriaAssemblia em que estado se encontravam as diversas reparties da Santa Casa. As discusses,as tentativas de interveno e as disputas de poder entre a comisso, os rgos do governoe os irmos administradores da Misericrdia se desenrolariam pelas dcadas de 1820 e 1830.

    Nas correspondncias e relatrios ento produzidos podemos notar que os prdios daSanta Casa passaram a ser vistos como incmodas inadequaes s novas noes de higienee planejamento. As mltiplas funes daquele amplo conjunto arquitetnico centralizadopela igreja da irmandade passam a ser consideradas o veculo de inmeras contaminaesfsicas e morais. Em um relatrio de 1824, podemos observar como os homens da Comissose queixavam da intrincada configurao do espao da irmandade.4Em sua opinio, ohospital necessitava de novas enfermarias que possibilitassem tanto a convalescncia dos

    doentes quanto o isolamento de doenas contagiosas. A cozinha no poderia permanecer nomesmo lugar porque a fumaa empesteava as enfermarias. A dos loucos no poderia maisficar onde se encontrava, pois ali, no trreo, incomodavam os doentes que convalesciam nosandares superiores, e eram provocados por aqueles que transitavam nas ruas e nas passagenspblicas que recortavam o espao. A casa do Recolhimento das rfs era pequena e inadequada,sem espao para que as meninas arejassem seus corpos, com a desvantagem ainda de queficavam moralmente ameaadas pela vizinhana dos quartis.

    Era preciso, portanto, fragmentar o espao, fazer com que a arquitetura da Misericrdiafosse especializada para cada uma de suas funes. Aos loucos a companhia dos loucos, sdonzelas a das donzelas e aos achacados disso ou daquilo. A cura e proteo dos corposrequeriam paredes, canos, ventilaes e jardins internos, e no mais tanta proximidade comsantos e rezas. Em 1835, a comisso apresentou Secretaria de Estado dos Negcios do

    Imprio outro relatrio avaliando as trs principais reparties da irmandade: hospital,Recolhimento, Casa dos Expostos. Suas concluses reiteravam a necessidade de espaosespecializados.

    Apesar dessas discusses, o espao da Santa Casa sofreu poucas modificaes at achegada provedoria de Jos Clemente Pereira. Advogado formado em Coimbra, um dosarticuladores da independncia, Clemente Pereira viria a participar no perodo imperial delegislaturas e da elaborao dos cdigos criminal (1830) e comercial (1850). Seria ministro doImprio. Tornou-se provedor da Santa Casa no ano de 1838, aps ter sido conselheiro emordomo dos presos. Durante sua provedoria, que se estendeu at 1854, foram feitasmudanas nas finanas da irmandade que redundaram em aumento da receita. A gua foiintroduzida nas trs reparties da Santa Casa, criou-se um novo cemitrio, um novohospital, um hospcio para os loucos e foram discutidas reformas nos regulamentos das

    reparties. Na gesto de Clemente Pereira, a configurao espacial da irmandadetransformou-se definitivamente, iniciando-se a especializao dos espaos.

    Logo ao assumir a provedoria, fez junto com os demais mesrios uma visita de inspeoaos prdios. Bem ao estilo das comisses que vinham tentando intervir na irmandade, a

    4Arquivo Nacional, IS3-1 1824, documentao avulsa, Santa Casa da Misericrdia, ofcios da comisso de conser-vao e melhoramentos da Santa Casa de Misericrdia do Rio de Janeiro.

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    inspeo deu origem a um relatrio com propostas de reforma do espao. Relatrio esugestes foram apresentados em reunio da Mesa de irmos.5Como primeira medida,

    era preciso revogar os sepultamentos que se faziam no interior ou no adro da igreja dairmandade, e que deveriam passar a ser feitos em local mais afastado do hospital. Em1853, em relatrio Mesa da irmandade, Clemente Pereira (1994, p. 35) recordaria astransformaes do cemitrio, deixando claro as preocupaes higinicas que tinhamnorteado as discusses desde a dcada de 1830:

    A existncia do cemitrio dentro do hospital era uma verdadeira calamidade pblica: aestatstica dos corpos ali sepultados nos ltimos oito anos apresenta o nmero de 22.279,correspondente, termo mdio, a 2.784 por ano; no ano findo, de 1 de julho de 1838 a 30de junho de 1839, enterraram-se nele 3.194 corpos. E como fora possvel que to avultadonmero de cadveres, amontoados em mal cobertas valas, deixassem de prejudicar,consideravelmente, no s a salubridade do hospital, mas mesmo a da cidade, achando-se o cemitrio fronteiro barra, por onde entram ventos fortes e, com especialidade, avirao que antes de ir refrigerar a povoao, se embebia necessariamente nos miasmasptridos daquele lugar?

    Com a aprovao da Imperial Academia de Medicina da Corte, o campo santo da irmandadefoi transferido para a chamada Ponta do Calafate, no Caju, e comeou a funcionar em julhode 1839. Recomendava-se que os sepultamentos fossem executados com todo cuidado, e ascovas elaboradas com a devida profundidade para que os corpos no revolvessem a terra.

    O hospital, segundo Clemente Pereira, havia sido construdo aos pedaos, conforme asnecessidades do aumento da populao e dos recursos, sem ateno s condies recomendadaspelas regras de higiene.6As enfermarias, principalmente as do andar de baixo, eram midase sem circulao de ar. O provedor props a reforma do hospital seguindo um planejamentoque seria aprovado pela Mesa, ficando, no entanto, a elaborao dos projetos e plantas acargo da Academia Imperial de Medicina e da comisso de engenheiros escolhida pelairmandade.

    Teve incio nesta Mesa o projeto de construo do novo hospital da Misericrdia, obedecendos regras de higiene. Na gesta da Mesa seguinte, foi escolhido o irmo marechal Cordeiropara levantar uma planta para o hospital com a ajuda dos engenheiros de sua confiana.Contando com a participao da Academia, a planta inicial foi elaborada pelo tenente-coronel Domingos Monteiro e a primeira pedra lanada em 1840. Enquanto se aguardava aconstruo do novo hospital, inovaes eram feitas no velho e nas reparties da Casa dosExpostos e do Recolhimento das rfs. No velho hospital, a principal medida foi acriao de enfermarias separadas para doenas contagiosas.

    Na Casa dos Expostos foram separados os internos sos dos doentes, trocadas as roupas

    e demais utenslios utilizados nos cuidados das crianas, introduzida a amamentao artificiale criado um regimento interno para a administrao do estabelecimento. Ele permaneceujunto ao Hospital Geral at 1821, quando foi adquirida uma casa prpria no prprio largo da

    5Livr o de a tas e termos das sesses e deliberaes da admi n istrao da Santa Casa da Mi sericrd ia do Rio de Jan eir o nosann os de 1830-1840 (Rio de Janeiro, Typ. do Jornal do Commercio, de Rodrigues & C., p. 327, 1914).6Livr o de a tas e termos das sesses e deliberaes da admi n istrao da San ta Casa da Mi sericrd ia do Rio de Jan eir o nosann os de 1830-1840 (Rio de Janeiro, Typ. do Jornal do Commercio, de Rodrigues & C., p. 327, 1914).

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    Misericrdia, de frente para a igreja da irmandade. A elevada mortalidade e morbidadeentre as crianas, a busca por espaos que correspondessem aos ideais da higiene e os

    recursos muitas vezes escassos fizeram com que a repartio sasse em jornada pelacidade. Deixando a casa do Largo da Misericrdia, os expostos foram transferidos para arua de Santa Teresa em 1850; para uma casa na rua da Lapa, no cais da Glria, no ano de1860; em seguida, para a rua dos Barbonos, at 1906; da para duas casas no Flamengoat 1911; por fim, neste mesmo ano, para o prdio na rua Marqus de Abrantes, que setransformou na sede definitiva da Casa dos Expostos, desde ento denominada EducandrioRomo de Mattos Duarte, em homenagem a seu fundador setecentista.

    No Recolhimento das rfs tambm foram feitas obras, aumentando seu espao interiore diminuindo sua comunicao com as vielas pblicas. Os estatutos foram reformulados e osvalores dos dotes, elevados. O Recolhimento permaneceria junto ao hospital somente at oano de 1842, quando teve incio igual peregrinao pela cidade, passando da instituio porvrios prdios, algumas vezes separando-se as rfs ss das enfermas, em Laranjeiras, Botafogo,

    So Cristvo e por fim, em 1866, de volta a Botafogo, na rua General Severiano, comoveremos mais adiante.Paralelamente, comeou a ser discutida a possibilidade de se criar um hospital prprio

    para os alienados a ser administrado pela Santa Casa. Em reunio no dia 24 de agosto de1841, foi lido decreto de Pedro II, em resposta a uma representao de Clemente Pereira, noqual autorizava a criao de um hospcio para alienados que levaria seu nome, em celebraoa sua coroao como imperador. Naquela reunio, os irmos deliberaram criar umaadministrao especfica para o hospcio, que seria edificado numa chcara pertencente irmandade, na Praia Vermelha, onde j funcionava uma enfermaria para mulheres. A construodo prdio ficaria por conta de contribuio do imperador e de subscries voluntrias decidados,7que, segundo nos conta Vieira Fazenda (1960, p. 178), seriam recompensados comttulos e condecoraes conhecidas como impostos vaidade. O expediente parece ter sido

    eficaz, pois viabilizou em parte a construo do prdio do hospcio. Tendo sido colocada aprimeira pedra em 1842, foi inaugurado em 1852, ficando definitivamente concludas as obrasem 1855.

    Em 1852, foi inaugurado em espaoso terreno na rua de Santa Luzia o novo Hospital Geralda Misericrdia, afastado do cemitrio e da convivncia com os loucos. A inaugurao foicelebrada no dia de santa Isabel, mas o prdio dava agora as costas para a igreja de NossaSenhora do Bonsucesso.

    Os hospitais da Misericrdia passariam a contar, naquele mesmo ano, com novocontingente de pessoas em seus corredores: as irms de caridade. Foi mais um dos atostransformadores da provedoria de Clemente Pereira, que negociou com a Ordem de SoVicente de Paula de Paris o envio das religiosas para auxiliar os mdicos nas funes deenfermaria e farmcia. Segundo Zarur (1996, p. 17), o primeiro grupo de irms chegou

    cidade do Rio de Janeiro em setembro de 1852, portanto em meio s grandes epidemiasque nela grassaram desde fins da dcada de 1840, especificamente a febre amarela(1849-50) e o clera (1855). A presena das irms de caridade viabilizava economicamenteo atendimento a grande nmero de pessoas infectadas, auxiliava a concretizao do

    7Livr o de a tas e termos das sesses e deliberaes da admi n istrao da San ta Casa da Mi sericrd ia do Rio de Jan eir o nosann os de 1830-1840 (Rio de Janeiro, Typ. do Jornal do Commercio, de Rodrigues & C., p. 54, 1915).

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    Prdio do Recolhimento das rfs de Santa Tereza, que abrigou milhares de meninas(acervo do Museu da Imagem e do Som MIS).

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    DormitriodoReco

    lhimentodas

    rfsdeSantaTereza(acerv

    oMIS).

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    Fachada do prdio do Recolhimento das rfs de Santa Tereza (acervo MIS).

    Enfermaria do Hospcio d. Pedro II (acervo Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro AGCRJ).

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    Fachada doprdio doHospciod. Pedro II(acervo AGCRJ).

    Berrio da Casa dos Expostos, que recebia crianas abandonadas na roda dos expostos (acervo MIS).

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    Sala de aula daCasa dos Expostos,hoje denominadaFundao RomoDuarte(acervo MIS).

    Porta principal daSanta Casa daMisericrdia(acervo AGCRJ).

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    Santa Casa daMisericrdiaretratada do Morrodo Castelo(acervo AGCRJ).

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    Fachad

    adaCasa

    dosExpostos

    (acervo

    MIS).

    Imagens

    coletadaspor

    Rosane

    R.

    A.

    Montalvo.

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    projeto de separao dos doentes contagiosos assim como o alargamento da atuao dairmandade pelo espao da cidade. Este foi um perodo em que ela adquiriu vrios

    pequenos prdios, transformando-os em enfermarias ou pequenos hospitais. Foi o caso,por exemplo, do Hospital de Nossa Senhora da Sade, na Gamboa, inaugurado em 1853para acolher as vtimas das duas epidemias.

    O sculo XIX presenciou, assim, grandes mudanas na configurao dos espaos destinados caridade e na forma como esta era executada. No ano de 1851, o Ministrio dos Negciosdo Imprio entrou em contato com a irmandade com o intuito de estabelecer, segundo avontade do Imperador d. Pedro II, um asilo para menores desvalidas que no fossem rfs eque, portanto, no poderiam ser admitidas no Recolhimento j existente. Em 1852 foi criadoo Amparo s Meninas Desvalidas, sob administrao da Misericrdia e aos cuidados dasirms de caridade de So Vicente de Paula. Ainda na provedoria de Jos Clemente Pereira,o Amparo e o Recolhimento das rfs da Misericrdia foram unificados. A unio fsica dasinstituies, entretanto, foi conseguida em definitivo no ano de 1866 com a construo do

    prdio na rua General Severiano que recebeu o nome de Recolhimento das rfs e Desvalidasde Santa Teresa. Atualmente chama-se apenas Educandrio de Santa Teresa. Tal reconfiguraoveio acompanhada de mudanas na maneira como se pensava a caridade para com as rfse as chamadas desvalidas, ainda que estas mudanas no tenham sido lineares e efetuadassem conflitos.

    Jos Clemente Pereira faleceu em 1854, ainda no cargo de provedor. Pode-se dizer que suaprovedoria transformou o perfil da irmandade, dando o tom s gesto das provedoriassubseqentes. A caracterstica da gesto de Clemente Pereira foi a fragmentao das repartiesda irmandade e sua distribuio pela cidade, acompanhando sua expanso e urbanizao.Mais do que simples deslocamentos, tais transformaes representaram paulatina concentraoda irmandade em atividades hospitalares, at que essas atividades e seu nome se transformassemem sinnimos, legando s demais reparties denominaes parte. A atuao dos irmos foi

    reduzida a instncias administrativas, e a importncia de sua apario pblica em cerimniase festas religiosas foi reduzida por efeito da racionalidade que punha em primeiro plano acura, os investimentos em medicamentos e na medicalizao dos corpos. O grande conjuntoarquitetnico da rua de Santa Luzia e, portanto, a prpria irmandade passaram a ser dominadospor seu hospital. As demais reparties distribudas por prdios da cidade orbitariam comosatlites distantes, marcados pela especializao de funes. O chamado Campo Santo daMisericrdia foi transferido para stio distante no Caju, e aos poucos se desdobraria em vrioscemitrios de denominaes diferentes.

    Como observou Joo do Rio, a trajetria da irmandade acompanhou a histria da cidade.Pela estreita relao que manteve ao longo de trs sculos, nem sempre pacfica ou subserviente,com os projetos de governo, com governantes e membros da elite, a Santa Casa umprivilegiado campo de observao das polticas dessa elite com relao cidade e seus

    pobres. Mais do que simples resposta ao crescimento da populao, as mudanas sofridas noespao, organizao e atuao da irmandade corresponderam s modificaes de diversasnaturezas ocorridas na sociedade, econmicas e polticas, religiosas e simblicas. medidaque a cidade deixa de correr inteira pela rua da Misericrdia, e de dar em sua igreja, airmandade acompanha as suas frentes de expanso, tornando-se palco ou objeto de candentesdiscusses e de projetos que influenciaram de maneira significativa as transformaes sociaise urbanas ocorridas no sculo XIX.

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