gabriela de rezende fernandez...metodologia de gerenciamento de projetos que tenha como foco a...

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE ESCOLA DE ENGENHARIA DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA, GESTÃO DE NEGÓCIOS E MEIO AMBIENTE MESTRADO PROFISSIONAL EM SISTEMAS DE GESTÃO GABRIELA DE REZENDE FERNANDEZ DIRETRIZES PARA CONSTRUÇÃO DE UMA METODOLOGIA DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE PESQUISA, DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA CASO DO ESCRITÓRIO DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS DO INT NA EMBRAPII. Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em Sistemas de Gestão da Universidade Federal Fluminense como requisito parcial para obtenção do grau de Mestre em Sistemas de Gestão Área de concentração: Gestão pela Qualidade Total. Linha de Pesquisa: Gerência de Projetos. Orientador: Jose Rodrigues de Farias Filho, D. Sc. Niterói 2016

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Page 1: GABRIELA DE REZENDE FERNANDEZ...metodologia de gerenciamento de projetos que tenha como foco a execução no ambiente de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação Tecnológica, e que

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UNIVERSIDADE FEDERAL FLUMINENSE

ESCOLA DE ENGENHARIA

DEPARTAMENTO DE ENGENHARIA DE PRODUÇÃO

LABORATÓRIO DE TECNOLOGIA, GESTÃO DE NEGÓCIOS E MEIO AMBIENTE

MESTRADO PROFISSIONAL EM SISTEMAS DE GESTÃO

GABRIELA DE REZENDE FERNANDEZ

DIRETRIZES PARA CONSTRUÇÃO DE UMA METODOLOGIA DE

GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE PESQUISA, DESENVOLVIMENTO E

INOVAÇÃO TECNOLÓGICA – CASO DO ESCRITÓRIO DE GERENCIAMENTO

DE PROJETOS DO INT NA EMBRAPII.

Dissertação apresentada ao Curso de Mestrado em

Sistemas de Gestão da Universidade Federal

Fluminense como requisito parcial para obtenção do

grau de Mestre em Sistemas de Gestão Área de

concentração: Gestão pela Qualidade Total. Linha de

Pesquisa: Gerência de Projetos.

Orientador:

Jose Rodrigues de Farias Filho, D. Sc.

Niterói

2016

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Ficha Catalográfica

F 363 Fernandez, Gabriela de Rezende.

Diretrizes para a construção de uma metodologia de gerenciamento de

projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação tecnológica – caso do

escritório de gerenciamento de projetos do INT na EMBRAPII / Gabriela de

Rezende Fernandez. – Niterói, RJ, 2016.

143 f.

Orientador: José Rodrigues de Farias Filho.

Dissertação (Mestrado em Sistemas de Gestão) – Universidade Federal

Fluminense. Escola de Engenharia, 2016.

Bibliografia: f. 132-143.

1. Gerenciamento de projeto. 2. Inovação tecnológica. 3. Pesquisa e

desenvolvimento. I. Título.

CDD 658.404

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Ao meu filho Antônio, com amor.

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AGRADECIMENTOS

Ao meu orientador Jose Rodrigues de Farias Filho, pelo apoio e direcionamento dado ao

longo da construção desta dissertação, pela paciência e confiança que depositou em mim

quando eu mesma não acreditava que seria possível vencer mais essa batalha.

Ao meu chefe Carlos Alberto Marques Teixeira, pelo carinho, apoio, compreensão e presteza

que sempre teve em todos os momentos ao longo desses anos.

À equipe de trabalho, Dennys Barreto e Márcia Chaves pela compreensão e apoio.

Às colegas de trabalho Cristina Zamberlan e Gleyce Costa pelo estímulo e contribuição para

que esta dissertação fosse realizada.

Aos pesquisadores do Instituto Nacional de Tecnologia que me apresentaram o maravilhoso

mundo da pesquisa e do desenvolvimento tecnológico.

Aos meus pais, pela minha sólida formação técnica e moral.

Ao meu marido Francisco por tudo que construímos pelo que não construímos e pelo que

ainda vamos construir juntos.

Um agradecimento sincero também aos funcionários da secretaria do Laboratório de

Tecnologia, Gestão de Negócios e Meio Ambiente - LATEC, principalmente ao Felipe Ramos

pela solidariedade e persistência.

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Projetos são a força motriz de inovação e mudanças.

Eles fazem com que as organizações sejam melhores, mais fortes e mais eficientes.

Aaron J. Shenhar

São as pessoas e não as metodologias que gerenciam projetos.

Uma metodologia não é mais que um pedaço de papel com instruções.

O que transforma esse pedaço de papel em metodologia de sucesso

é a forma como a Organização aceita e aplica a metodologia.

Kerzner

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RESUMO

O presente trabalho tem como objetivo definir diretrizes para a construção de uma

metodologia de gerenciamento de projetos que tenha como foco a execução no ambiente de

Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação Tecnológica, e que auxilie os pesquisadores na

condução dos projetos pertencentes ao programa da Empresa Brasileira de Pesquisa e

Inovação Tecnológica (EMBRAPII). Para isso, foram selecionas 11 características do modelo

de negócio da EMBRAPII que foram confrontadas com as características dos projetos de

Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I) a fim de verificar o alinhamento do modelo de

negócio da EMBRAPII com a natureza da PD&I. Paralelamente, foram analisadas as formas

de gerenciamento de projetos padrão PMBOK® Guide, as metodologias de desenvolvimento

de produto Scrum e Front End Loading (FEL) e a metodologia de gerenciamento de projetos

PRINCE2™, com o objetivo de extrair elementos que poderão contribuir na construção da

metodologia de gerenciamento de projetos das Instituições Científicas e Tecnológicas (ICTs)

credenciadas na EMBRAPII. Para tanto, foi utilizada a experiência da investigante na

construção e implantação da metodologia de gerenciamento de projetos no Instituto Nacional

de Tecnologia. O presente estudo teve como resultado um conjunto de 11 diretrizes

relacionadas às 11 características da EMBRAPII, que podem influenciar a metodologia em

questão.

Palavras-chave: Metodologia de Gerenciamento de Projetos. Gestão de Projetos. Projetos de

PD&I. EMBRAPII.

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ABSTRACT

The goal of this study is to define guidelines to design a project management methodology

that focuses on the execution of Research, Development & Innovation’s projects, and to assist

researchers in conducting the projects included on the Brazilian’s National Program of

Research and Technological Innovation, using EMBRAPII. With that objective in mind and

in order to check the alignment with EMBRAPII´s business model, 11 EMBRAPII’s features

were selected and compared with the characteristics of Research, Development and

Innovation´s projects (RD & I). In parallel, the study also analyzed the world standard

methodologies for project management such as the PMBOK® Guide, the product

development methodologies Scrum, Front End Loading (FEL) and PRINCE2 ™, with the

objective of selecting elements that may contribute to the construction of the project

management methodology for Scientific and Technological Institutions (ICT's) accredited by

EMBRAPII. Additionally, it was applied also the researcher experience in the construction

and implementation of project management methodology at the National Institute of

Technology. This study resulted in a set of 11 guidelines related to 11 characteristics of

EMBRAPII, which can positively influence the methodology in question.

Keywords: Project Management Methodology. Project Management. R, D&I Projects.

EMBRAPII.

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SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO: O GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE PESQUISA,

DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA, p. 17

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS, p. 17

1.2 FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA, p. 20

1.3 OBJETIVOS, p. 23

1.3.1 Gerais, p. 23

1.3.2 Específicos, p. 24

1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA, p. 24

1.5 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO E JUSTIFICATIVA, p. 26

1.6 QUESTÕES, p. 27

1.7 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO, p. 28

2 REVISÃO DA LITERATURA: ENTENDENDO O AMBIENTE E O

GERENCIAMENTO DE PROJETOS, p. 31

2.1 O AMBIENTE, p. 31

2.1.1 Caracterização do Modelo EMBRAPII, p. 31

2.1.1.1 Escala TRL, p. 34

2.1.1.2 Tecnologia Química Industrial, p. 36

2.1.2 Pesquisa e Desenvolvimento (P&D), p. 39

2.1.3 Inovação, p. 41

2.1.4 Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I), p. 44

2.2 EVOLUÇÃO DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS, p. 46

2.3 FORMAS DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS, p. 53

2.3.1 PMBOK, p. 53

2.3.2 Scrum – Gerenciamento Ágil, p. 61

2.3.3 PRINCE2™, p. 72

2.3.4 Front End Loading (FEL), p. 80

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2.4 CRÍTICA AO MODELO ÚNICO – ESTUDO E CLASSIFICAÇÃO DO

PROJETO, p. 85

2.4.1 Complexidade do Escopo, p. 86

2.4.2 Incertezas Tecnológicas - Conteúdo Inovativo, p. 88

2.4.3 A interação entre Complexidade e Incerteza, p. 90

3 METODOLOGIA DA PESQUISA, p. 91

3.1 ESTRUTURA METODOLÓGICA DA DISSERTAÇÃO, p. 93

3.2 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA, p. 97

4 DESCRIÇÃO DO CASO – O ESCRITÓRIO DE GERENCIAMENTO DE

PROJETOS DO INT, p. 100

5 ANÁLISE DOS DOCUMENTOS , p. 109

5.1 CARACTERÍSTICAS DA EMBRAPII - PRÉ-PROJETO, P. 110

5.1.1 Característica 1 - As unidades credenciadas devem possuir capacidade própria

para execução dos projetos, p. 110

5.1.2 Característica 2 – As unidades devem atuar na área de competência

credenciada, p. 111

5.1.3 Característica 3 - Projetos devem pertencer à etapa pré-competitiva do esforço

de inovação, p. 112

5.1.4 Característica 4 - Projeto deve pertencer ao nível de maturidade tecnológica

de 3 a 6 da escala TRL, p. 113

5.2 CARACTERÍSTICAS DA EMBRAPII – PROJETO, p. 114

5.2.1 Característica 5 - Projetos devem ter foco na demanda empresarial, p. 114

5.2.2 Característica 6 - Agilidade na busca dos resultados para as empresas

parceiras, p. 117

5.2.3 Característica 7 - Utilização de boas práticas de gestão de projetos na condução

das atividades e PD&I, p. 118

5.2.4 Característica 8 - Projetos devem ter compromisso com a obtenção de

resultados, p. 120

5.2.5 Característica 9 - Os projetos devem ser estruturados por macro-entregas

que são balizadoras da execução física e financeira, p. 123

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5.2.6 Característica 10 - As macro-entregas deverão ser aceitas formalmente

por parte da empresa, p. 124

5.2.7 Característica 11 – O projeto possui regras específicas de financiamento

e de execução financeira, p. 126

5.3 RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS, p. 127

6 CONCLUSÃO E SUGESTÃO DE NOVAS PESQUISAS, p. 128

7 REFERÊNCIAS, p. 132

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LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1 - Estrutura da Importância do Estudo, p. 27

FIGURA 2 - Technology Readiness Level (TRL), p. 35

FIGURA 3 - Fluxo dos processos de gerenciamento de projetos do PMBOK® Guide,

5ª edição e suas interações, p. 57

FIGURA 4 - Ciclo da Sprint, p. 66

FIGURA 5 - Distribuição de processos ao longo das fases do ciclo de vida do projeto,

Ciclo de Vida do PMBOK® Guide e seus processos, p. 69

FIGURA 6 - Ciclo de Vida do Scrum, p. 70

FIGURA 7 - Ciclo de Vida do Scrum, p. 70

FIGURA 8 - The Structure of PRINCE2™, p. 73

FIGURA 9 - Princípios PRINCE2™, p.74

FIGURA 10 - Temas PRINCE2™, p. 75

FIGURA 11 - Processos PRINCE2™, p. 77

FIGURA 12 - Use of the PRINCE2™ processes through the project lifecycle, p. 77

FIGURA 13 - Relação de objetivos relacionada a cada portão do processo Front-End

Loading, p. 84

FIGURA 14 - O modelo bidimensional e a distribuição dos projetos: cada projeto / todos

os projetos estudados, p. 90

FIGURA 15 - Diagrama 1: Representação em quatro fases do ciclo básico da

investigação-ação, p. 91

FIGURA 16 - Desdobramento da Linha de Pesquisa, p. 94

FIGURA 17 - Diagrama 2: Fases da investigação-ação, p. 95

FIGURA 18 - Fluxo da Classificação da Pesquisa, p. 100

FIGURA 19 - Fluxo resumido dos processos de gerenciamento dos projetos pertencentes

ao programa EMBRAPII, p. 102

FIGURA 20 - Interações do Escritório de Projetos do INT, p. 107

FIGURA 21 - Estrutura da análise dos resultados 108

FIGURA 22 - Resumo das diretrizes para construção de uma metodologia de gerenciamento

de projetos de PD&I do programa EMBRAPII, p. 126

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LISTA DE QUADROS

QUADRO 1 - Manual de Operações das Unidades EMBRAPII, p. 36

QUADRO 2 - Histórico dos Acontecimentos que Influenciaram a Gestão de Projetos, p. 51

QUADRO 3 - Lista dos processos de gerenciamento de projetos por áreas do

conhecimento do PMBOK® Guide, 5ª edição, p. 55

QUADRO 4 - Alternativas de Gerenciamento de Projetos para diminuir a influência

negativa das características específicas de inovações, p. 57

QUADRO 5 - Relação de critérios para aprovação de cada portão do processo Front-End

Loading, p. 82

QUADRO 6 - Definição dos diferentes tipos de projeto, p. 89

QUADRO 7 - Formas de classificação da pesquisa, p. 96

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LISTA DE TABELA

TABELA 1 - Relação de componentes relacionados aos projetos de Front-End Loading, p. 85

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LISTA DE SIGLAS

AACE Association for the Advancement of Cost Engineering

ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas

ASD Adaptive Software Development

BSC Balanced Scorecard

CCPM Corrente Crítica de Gerenciamento de Projetos

CCTA Agência Central de Computação e Telecomunicações

CII Construction Industry Institute

CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas

CNI Confederação Nacional das Indústrias

CPM Critical Parth Method

C/SCSC Cost/Schedule Control System Criteria

C&T Ciência e Tecnologia

DoD Department of Defense

DSDM Método de Desenvolvimento de Sistemas Dinâmicos

EC European Commission

EGP Escritório de Gerenciamento de Projetos

EMBRAPII Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial

EMR Registro Médico Eletrônico

ESA European Space Agency

EVM Earned Value Management

FDD Feature Driven Development

FEED Front End Engineering Design

FEL Front End Loading

FINEP Financiadora de Estudos e Projetos

FORTEC Fórum Nacional de Gestores de Inovação e Transferência de Tecnologia

ICT Instituição Científica Tecnológica

INT Instituto Nacional de Tecnologia

IPA Independent Project Analysis

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IPMA International Project Management Association

ISO International Organization for Standardization

MCTIC Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovação e Comunicações

MPT Modern Portfolio Theory

MRP Manufacturing Resources Planning

NASA National Aeronautics and Space Administration

NBR Norma Brasileira

NIT Núcleo de Inovação Tecnológica

OCDE Manual de Oslo

OGC Office of Government Commerce

PC Personal Computer

PD&I Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação

P&D Pesquisa e Desenvolvimento

PDCA Plan Do Check Access

PDRI Project Definition Rating Index

PERT Program Evaluation and Review Technique

PMBOK Project Management Body of Knowledge

PMI Project Management Institute

PMO Project Management Office

PMP Project Management Professional

PPM Project Portfolio Management

PPP Planejamento Pré-Projeto

PRINCE Project In a Controlled Environment

PROMPT Project Resourse Organization Management Planning Technique

R&D Research and Development

R, D&I Research, Development and Inovation

RFDS Royal Flying Doctor Service

TCM Total Cost Management

TIC Tecnologias de Informação e Comunicação

TOC Teoria das Restrições

TQM Total Quality Management

TRL Technology Readiness Levels

UE Unidades EMBRAPII

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1 INTRODUÇÃO: O GERENCIAMENTO DE PROJETOS DE PESQUISA, DESENVOLVIMENTO

E INOVAÇÃO TECNOLÓGICA

1.1 CONSIDERAÇÕES INICIAIS

O Instituto Nacional de Tecnologia (INT) é um órgão público federal, vinculado ao

Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC).

A missão do Instituto é “Participar do desenvolvimento sustentável do Brasil, por

meio da pesquisa tecnológica, da transferência do conhecimento e da promoção da inovação.”

Esta missão é apoiada por dois objetivos estratégicos. O primeiro refere-se à perspectiva do

cliente-empresa “Ser parceiro preferencial da indústria nacional na busca da

competitividade.” O segundo refere-se à perspectiva do cliente-governo “Ser referência na

elaboração e na execução de políticas públicas para o desenvolvimento tecnológico.”

O INT atua em todo território nacional junto às empresas, oferecendo soluções

tecnológicas inovadoras e serviços técnicos especializados. As bases desta atuação são as

áreas técnicas de catálise e processos químicos, corrosão e degradação, desenho industrial,

energia, engenharia de avaliações e de produção, ensaio em materiais e produtos, inovação e

prospecção tecnológicas, processamento e caracterização de materiais e química analítica.

Ao longo dos últimos anos, o INT tem enfrentado situações que exigem reflexões

mais aprofundadas acerca de como se organizar para atender às expectativas das partes

interessadas em toda a cadeia produtiva dos projetos de inovação que conduz. Observamos

este fato ao analisarmos as demandas por projetos de Pesquisa e Desenvolvimento com foco

em inovação tecnológica, que têm tido um crescimento exponencial, tanto em termos de

quantidade de projetos a serem conduzidos, quanto de partes interessadas, entre elas as

empresas privadas, demandantes desses projetos. Além disso, nos últimos anos o INT vem

sofrendo com as políticas de contenção dos gastos, como em diversas áreas do Setor Público,

o que acarretou a diminuição da força de trabalho disponível para a condução dos projetos a

serem executados.

Em 2012 o INT viu aumentar ainda mais o número dos seus projetos de P&D

executados em parceria com empresas, aumentar a quantidade de atores envolvidos e os

esforços no alcance da inovação, devido ao credenciamento na Empresa Brasileira de

Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII).

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O Instituto é uma das três primeiras instituições que foram credenciadas para atuar na

EMBRAPII, uma instituição privada sem fins lucrativos, qualificada como Organização

Social pelo Poder Público Federal, que apoia a inovação nas empresas. Esta ação conjunta do

MCTIC e da Confederação Nacional das Indústrias (CNI) com apoio da Financiadora de

Estudos e Projetos (FINEP), posicionou o Instituto de forma estratégica para oferecer apoio

tecnológico à indústria brasileira.

O modelo de negócio da EMBRAPII foi idealizado para promover a colaboração

entre Instituições Científicas e Tecnológicas (ICT) e empresas com atividades industriais

objetivando o desenvolvimento tecnológico com agilidade.

A estratégia de atuação da EMBRAPII está voltada para fortalecer a capacidade de

resposta da base de pesquisa nacional às demandas tecnológicas empresariais, tendo como

alvo o compartilhamento de custos e de riscos na fase pré-competitiva da inovação. O modelo

de funcionamento da EMBRAPII é baseado na flexibilidade de atuação das Instituições

Científicas Tecnológicas (ICT) credenciadas, que deverão continuamente prospectar novos

negócios e executar projetos de PD&I em parceria com empresas. Isto permite que as

empresas incorporem mais tecnologia em seus produtos, serviços e processos.

De fato, o modelo de negócio da EMBRAPII é evidenciado na literatura por autores

que afirmam existir o aumento das cooperações e ressaltam a importância dos diversos atores

para o alcance da inovação.

A OCDE (2013), por exemplo, afirma que vem crescendo a cooperação entre

empresas e universidades ou outras unidades de pesquisas em matéria de P&D por meio de

organizações internacionais ou de acordos multilaterais ou bilaterais informais.

O modelo de negócio da EMBRAPII também é traduzido nas afirmações da OCDE

(2005):

As atividades inovadoras de uma empresa dependem em parte da variedade e da

estrutura de suas interações com as fontes de informação, conhecimentos,

tecnologias, práticas e recursos humanos e financeiros. As interações atuam como

fontes de conhecimento e de tecnologia para a atividade de inovação de uma

empresa, abarcando desde fontes passivas de informação ate fornecedores de

conhecimento e de tecnologia de forma incorporada ou não, e parcerias cooperativas

(OCDE, 2005 – Manual de Oslo: Diretrizes para coleta e interpretação de dados

sobre inovação, 2005, p. 87).

Cada interação conecta a empresa inovadora a outros atores no sistema de inovação:

laboratórios governamentais, universidades, departamentos de políticas, reguladores,

concorrentes, fornecedores e consumidores (OCDE, 2005 - Manual de Oslo:

Diretrizes para coleta e interpretação de dados sobre inovação, 2013, p. 87).

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A inovação cooperativa envolve a participação ativa em projetos de inovação com a

participação de outras organizações, que podem ser outras empresas ou instituições

não comerciais. Os parceiros não precisam obter benefícios comerciais imediatos do

empreendimento. (OCDE, 2005 - Manual de Oslo: Diretrizes para coleta e

interpretação de dados sobre inovação, 2013, p. 91)

Outro aspecto importante da EMBRAPII é que o produto do projeto deve ser

implementado no mercado. De acordo com a OCDE (2005), é comum o entendimento de que

uma inovação deve ser implementada, e implementar significa introduzir no mercado.

Neste contexto, aumenta a necessidade do INT organizar seus processos de gestão de

forma a atender a nova perspectiva de atuação que aproxima o Instituto das empresas e

aumenta sua participação na cadeia produtiva da inovação.

Uma das ações adotadas pelo INT para organizar seus processos foi a criação de uma

área institucional denominada Escritório de Gerenciamento de Projetos responsável por

estabelecer práticas de gerenciamento de projetos adaptadas a essa nova conjuntura.

Esta ação foi transformada na Iniciativa Estratégica “Implantação do Escritório de

Gerenciamento de Projetos do INT (EGP)”, em conformidade com o Plano Estratégico

Institucional e foi classificada no ano de 2012 como iniciativa estratégica prioritária.

O objetivo da Iniciativa é fornecer diretrizes para um gerenciamento de projetos

eficiente e eficaz além das funções de promover o Gerenciamento de Projetos dentro da

Instituição e prover informações gerenciais com presteza e qualidade.

A padronização e organização das informações também é um fator importante para a

gestão dos ativos intelectuais e o alcance dos objetivos estratégicos do INT no programa

EMBRAPII.

Importante relatar que esta Iniciativa Estratégica pertence ao Projeto Gestão da

Estratégia – que alinha a organização em torno de objetivos comuns, conseguindo, desta

forma, cumprir com as responsabilidades expressas na missão do INT. Foi utilizada a

consagrada metodologia de gestão da estratégia chamada Balanced Scorecard (BSC),

desenvolvida por dois renomados professores da Harvard Business School, Robert Kaplan e

David Norton.

Um dos objetivos iniciais do projeto foi o alinhamento dos grandes resultados que

deverão ser gerados pelo INT, no médio e longo prazo, que atendam às expectativas das

partes interessadas. A estratégia do INT é traduzida em: Objetivos, Indicadores, Metas e

Iniciativas Estratégicas.

Segundo relatado em “A Estrategia em Ação” de Kaplan e Norton, os investimentos

e o gerenciamento dos ativos intelectuais são fundamentais para o sucesso das Instituições,

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considerando a integração da especialização funcional com os processos de negócio. A

inovação nas instituições e a melhoria dos produtos, serviços e processos são frutos da

atualização do quadro de pessoal, da utilização de tecnologias de informação e de diretivas

organizacionais estrategicamente alinhadas.

O principal desafio do Escritório de Gerenciamento de Projetos do INT (EGP) é criar

procedimentos para gerenciar Projetos de Pesquisa, Desenvolvimento com foco em Inovação

Tecnológica (PD&I), visando reduzir o grau de incertezas intrínsecas à natureza desses

projetos, que dificultam o planejamento, o monitoramento e o controle dos objetivos, sem

tornar este processo vagaroso, burocrático e impeditivo da criatividade e da inovação.

O aumento da demanda, a busca do INT aos projetos de cunho inovativo e o

atendimento das exigências de controle da EMBRAPII confirmam a necessidade da criação

de um processo de Gerenciamento de Projetos que tenha uma metodologia capaz de dar

visibilidade das informações dos projetos e auxiliar os gerentes e equipes no planejamento e

na execução.

1.2 FORMULAÇÃO DA SITUAÇÃO PROBLEMA

Via de regra, os pesquisadores que atuam nos projetos de pesquisa, desenvolvimento

e inovação do INT, bem como dos demais institutos científicos e tecnológicos credenciados

como Unidade EMBRAPII, possuem formação técnica e experiência em suas áreas especifica,

sendo em sua maioria, mestres e doutores.

Os pesquisadores, de acordo com o modelo de Aenor (2002), iniciam os projetos de

PD&I baseando-se nos conhecimentos técnicos e científicos existentes. A ideia para uma

pesquisa aparece no acompanhamento de tecnologias existentes, bem como na analise de

previsão de novas tecnologias, em conjunto com a criatividade interna e avaliação dos

recursos internos e externos do ambiente no qual o pesquisador está inserido. Por outro lado, a

ideia precisa ser compatível com o mercado potencial e ter viabilidade técnica e econômica

para ser transformada em projetos.

Esses pesquisadores desenvolveram habilidades para conduzir suas ideias, mas são

sistematicamente confrontados por questões gerenciais, tais como, escassez de recursos e

limitação de prazos e custos, dentre outros aspectos que são elementos determinantes para o

sucesso dos projetos.

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A dificuldade dos pesquisadores em tratar as questões gerenciais é devido ao fato dos

projetos de P&D com foco em inovação tecnológica se caracterizarem pelo alto grau de

incerteza quanto ao trabalho a ser executado e complexidade de integrar os diversos atores

envolvidos geralmente no desenvolvimento de tecnologias. Outro aspecto agravante, é que os

traços de complexidade e incerteza em gestão de projetos refletidos por Baccarini (1996),

Morin (2006), Shenhar e Dvir (2007), Maximiano (2008), Whitty e Maylor (2009), Hertogh e

Westerveld (2010), apontam que os métodos tradicionais de gerenciamento de projetos são

em diversas situações, inapropriados para projetos complexos e incertos.

Zamberlan (1999) em seus estudos da complexidade em projetos ergonômicos

interpreta as afirmações de Woods (1988) sobre a complexidade e afirma que é comum os

pesquisadores adotarem uma estratégia clássica para tratar as questões complexas, redefinirem

o sistema que lhes interessam eliminando por opção, a complexidade.

Segundo Zamberlan (1999), Woods (1988) afirma que hoje os métodos de estudo dos

processos de tomada de decisão e resolução de problemas estão divididos em dois cenários.

Cenários reais de pesquisa, com aspectos diversos e complexos e cenários de laboratório,

simplificados, que estudam separadamente cada fator envolvido na cognição. A estratégia

dominante do pesquisador para lidar com a complexidade ainda é delimitar a situação, dando

foco a um aspecto isolado, separando cada aspecto do funcionamento simultâneo dos outros

com os quais ele está normalmente integrado.

Essa abordagem do pesquisador é insuficiente para tratar determinadas questões de

gestão, inerentes a um projeto de PD&I do programa EMBRAPII e inerentes à inovação

completa que a indústria Brasileira necessita.

Não apenas como, mas também, a dificuldade por parte dos pesquisadores em tratar

as questões gerenciais está no modelo de negócio enraizado nos institutos tecnológicos no

Brasil, modelo este, onde os pesquisadores muitas vezes, mantém relações informais com as

empresas no que se refere às definições de prazos, custos e até dos produtos a serem

desenvolvidos nos projetos e não utilizam uma metodologia de gerenciamento onde os

processos e a sistematização sejam claros e objetivos e que contribua para o processo criativo.

Esta prática dificulta a mudança de cultura fundamental para um novo processo de gestão

necessário ao INT.

De acordo com a OCDE (2005), os países em desenvolvimento praticam a

informalidade em suas relações econômicas, o que dificulta um ambiente de inovação.

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22

Apesar de nos últimos anos as empresas terem percebido que o sucesso de um

projeto de PD&I não deve ser medido apenas pela dimensão financeira e terem incorporado

em suas medições aspectos relacionados aos consumidores, ao ambiente interno e aqueles

relacionados à inovação e aprendizado, as medições tradicionais como custo e tempo ainda

permanecem importantes para competitividade (SHENHAR; DVIR, 2007).

Não apenas do ponto de vista do projeto, mas também observando o sucesso das

organizações, as instituições voltadas à pesquisa e ao desenvolvimento tecnológico, com

vistas a aprimorar seus serviços e serem mais competitivas, de acordo com Earto (2000),

devem apresentar, entre muitos fatores de competitividade, mecanismos para gestão de

projetos.

De forma mais especifica, a ABNT (2000) atribui a competitividade dessas

instituições às atividades de gestão dos projetos. Os principais aspectos da gestão do projeto

que são responsáveis pelo padrão mínimo de qualidade das instituições voltadas à pesquisa e

ao desenvolvimento tecnológico e que atendem aos requisitos da norma internacional – ISO

9001 são: planejamento criterioso do projeto incluindo recursos e infraestrutura para sua

realização, definição de resultados esperados, monitoramento e controle sistêmico e critico da

execução, mecanismos de controle integrado de mudanças, definição de cronograma além da

conferência e validação dos resultados.

Se um cientista, por exemplo, usar a criatividade, técnica e inteligência para

encontrar uma solução para a epidemia de Zika vírus, e supondo que esta solução viesse em

um curto espaço de tempo, em que as pessoas infectadas fossem beneficiadas rapidamente,

poderíamos afirmar que estaríamos diante de uma boa solução.

Porém, se esta solução do ponto de vista técnico, for excelente, mas alcançada

tardiamente ou ainda com o custo muito acima do esperado, mesmo sendo comprovadamente

uma boa solução, os benefícios que poderia trazer seriam provavelmente menores, em relação

a uma solução alcançada através de um planejamento melhor elaborado.

Do ponto de vista técnico a solução pode ser boa e inteligente, porém, a condução do

projeto desta solução torna-se importante para o sucesso de seus objetivos.

O sucesso de um projeto deve ser visto de forma multidimensional e estratégica.

Deve-se observar mais de uma dimensão para avaliar o sucesso e essas dimensões podem

variar em importância e significância dependendo do projeto. (SHENHAR; DVIR, 2007)

O projeto é observado sob dois aspectos, que são o produto e o processo gerencial

para se chegar a este produto. O pesquisador tende a voltar sua atenção e aplicar sua

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capacidade com vistas a alcançar o produto, e não em qual o caminho gerencial percorrer para

se chegar a este resultado. O elemento imprescindível no gerenciamento de projetos é adotar

instrumentos eficazes para acompanhar a evolução de ambos.

Se você conseguiu chegar ao produto, mas precisou utilizar todos os recursos

disponíveis, podemos considerar que o projeto obteve sucesso?

Para autores como Liyanage, Greenfield e Don (1999), Danneels e Kleinschmidt

(2001), MacCormack, Verganti e Iansiti (2001), Nellore e Balachandra (2001) e Sethi e

Nicholson (2001) o pesquisador que gerencia P & D com foco em inovação tecnológica lida

com diversos objetivos e variáveis do ambiente os quais o projeto esta inserido. Esta

diversidade influencia na forma da gestão da pesquisa incluindo o planejamento, metas e os

objetivos. A complexidade se dá em função dos vários atores e conhecimentos aportados que

deverão ser acompanhados. O pesquisador lida não apenas com a gestão da pesquisa, mas

com suas conexões e contextos externos e internos a pesquisa.

Este trabalho visa encontrar procedimentos de gerenciamento de projetos na

experiência de diversos setores e verificar como esses procedimentos podem ser acoplados na

gestão de um projeto de PD&I, para que o processo de gerenciamento se adeque ao produto e

se tenha sucesso na solução.

Ou seja, integrar os conceitos de gestão às características de produção de

conhecimento e desenvolvimento que o pesquisador possui, para que ele otimize o

gerenciamento dos recursos do projeto e consiga alcançar o resultado pretendido, da melhor

forma possível. A falta de conhecimento em gestão do pesquisador pode levá-lo a perder

oportunidades.

O problema é que esta suposta otimização de recursos do ponto de vista gerencial,

muitas vezes é esquecida, uma vez que a parte a técnica, em geral, prepondera.

A proposta é que o aspecto técnico não prepondere à gestão, nem a gestão

prepondere ao técnico, mas que haja um equilíbrio entre ambos.

1.3 OBJETIVOS

1.3.1 Gerais

Objetivando a busca das respostas à problemática descrita acima, o trabalho propõe

como objetivo geral desta pesquisa, utilizando a experiência do Instituto Nacional de

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Tecnologia, definir diretrizes para a construção de uma metodologia de gerenciamento de

projetos que tenha como foco a execução de projetos no ambiente de Pesquisa,

Desenvolvimento & Inovação Tecnológica e que auxilie os pesquisadores na condução dos

projetos pertencentes ao programa da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Tecnológica

(EMBRAPII).

1.3.2 Específicos

Identificar as características dos Projetos de Pesquisa, Desenvolvimento com

foco em Inovação Tecnológica (PD&I).

Confrontar as características da EMBRAPII com as características da PD&I, a

fim de verificar o alinhamento do modelo de negócio da EMBRAPII com a

natureza da PD&I.

Identificar as características do modelo de negócio da EMBRAPII que podem

influenciar na construção de uma metodologia de gerenciamento de projetos de

PD&I.

Identificar as características existentes no padrão PMBOK® Guide, nas

metodologias de desenvolvimento de produto Scrum e Front End Loading (FEL)

e na metodologia de gerenciamento de projetos PRINCE2™, que podem

contribuir na construção de uma metodologia de gerenciamento de projetos de

PD&I para projetos pertencentes ao programa EMBRAPII.

1.4 DELIMITAÇÃO DA PESQUISA

O presente estudo de caso baseia-se nos projetos de pesquisa, desenvolvimento

experimental e inovação tecnológica desenvolvidos pelo Instituto Nacional de Tecnologia

(INT) em cooperação com empresas do setor industrial, no programa da Empresa Brasileira

de Pesquisa e Inovação Industrial (EMBRAPII).

A pesquisa e o desenvolvimento experimental (P&D) incluem o trabalho criativo

empregado de forma sistemática, com o objetivo de aumentar o conhecimento,

abrangendo o conhecimento do homem, da cultura e da sociedade, bem como a

utilização desses conhecimentos para novas aplicações (OCDE, Manual de Frascati:

Metodologia proposta para levantamento sobre pesquisa e desenvolvimento

experimental, 2013, p. 38).

O desenvolvimento experimental consiste em trabalhos sistemáticos com base em

conhecimentos existentes obtidos pela pesquisa ou experiência prática, para lançar a

fabricação de novos materiais, produtos ou dispositivos, para estabelecer novos

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procedimentos, sistemas e serviços ou para melhorar os já existentes em P&D

(OCDE, Manual de Frascati: Metodologia proposta para levantamento sobre

pesquisa e desenvolvimento experimental, 2013, p. 38.).

De acordo com OCDE (2013), a Pesquisa e Desenvolvimento Experimental (P&D) e

Inovação são fenômenos correlatos.

OCDE (2005) afirma que existem quatro tipos de inovação que compõem um amplo

conjunto de mudanças a serem incorporadas nas empresas: inovaçoes de produto, inovaçoes

de processo, inovaçoes organizacionais e inovaçoes de marketing.

Uma inovação e a implementação de um produto (bem ou serviço) novo ou

significativamente melhorado, ou um processo, ou um novo metodo de marketing,

ou um novo metodo organizacional nas práticas de negócios, na organização do

local de trabalho ou nas relaçoes externas (OCDE, 2005, p. 55).

Os projetos estudados atuam na inovação ou aprimoramento de produtos, em que

“Inovação de Produto”, incluídos aqui tanto bens quanto serviços, referem-se aos resultados

cujas características fundamentais diferem dos previamente produzidos pela empresa;

enquanto que “Aprimoramento de Produtos” consiste no incremento considerável do

desempenho e aperfeiçoamento de características funcionais de produtos existentes.

Os projetos estudados atuam também na inovação ou aprimoramento de processos,

onde “Processo Novo” é aquele derivado de esforço tecnológico da empresa para a adoção de

novas técnicas a serem aplicadas ao processo de produção de bens ou oferta de serviços; e

“Processo Aperfeiçoado” é a adoção de novas técnicas ou métodos de produção que envolvam

mudanças significativas.

Serão abordados projetos essencialmente de pesquisa aplicada, ou seja, trabalhos

executados com a finalidade de aquisição de novos conhecimentos, porém orientados para o

desenvolvimento de produtos e processos inovadores.

“Pesquisa aplicada: os conhecimentos adquiridos são utilizados para aplicação

prática voltados para a solução de problemas concretos da vida moderna.” (ANDRADE,

2001).

Não serão abordados projetos essencialmente de pesquisa básica, trabalhos teóricos

ou experimentais, cuja finalidade principal seja a aquisição de novos conhecimentos sobre os

fundamentos de fenômenos e fatos observáveis, sem objetivo particular de aplicação ou

utilização.

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“Pesquisa Básica é aquela em que se acumulam informações e conhecimentos que

podem eventualmente levar a resultados acadêmicos ou aplicados importantes, mas sem fazê-

lo diretamente (SCHWARTZMAN, 1979).”

Sobre o estudo das formas de gerenciamento de projetos o trabalho está limitado ao

padrão PMBOK® Guide, as metodologias de desenvolvimento de produto Scrum e Front end

Loadin (FEL) e a metodologia de gerenciamento de projetos PRINCE2™.

Neste sentido foram pesquisados autores que estudaram a utilização das formas de

gerenciamento de projetos selecionadas, para gerenciar projetos de PD&I e projetos de

natureza diversificada.

Não serão abordados os aspectos comportamentais dos pesquisadores.

1.5 IMPORTÂNCIA DO ESTUDO E JUSTIFICATIVA

A OCDE (2005) ressalta a importância de procedimentos formais para a criatividade.

A criatividade ocasional empenhada na solução de problemas sem a sistematização da

inovação tende a resultar em ações isoladas que não ajudam a estabelecer um caminho de

progresso baseado na inovação.

A importância da criatividade para a inovação é exposta por Silva, Bet e Ulbricht

(2002), que dizem que para solução de problemas desafiadores é necessária a utilização da

criatividade, processo inerente à condição humana que torna as pessoas capazes de buscar

soluções para os problemas desafiantes. A inovação carece de uma trilha de descobertas,

precisa da introdução do processo criativo e, por outro lado, da sua potencialização nas etapas

cruciais do PD&I.

A importância da inovação para a competitividade da indústria e do país é

demonstrada pelos estudos realizados por Calmanovici (2011), onde é ressaltado que a

capacidade das empresas e do país em inovar é decisiva para a competitividade. Para o

alcance de inovações que gerem riquezas e competitividade para o país torna-se fundamental

a integração de diversos atores, como os institutos de ciência e tecnologia públicos e privados

e as empresas inovadoras, fundamental também a busca de novos modelos, instrumentos e

arranjos organizacionais para assegurar as ações existentes e garantir o progresso de uma

liderança brasileira em inovação. Clark e Fujimoto (1991) sustentam que a forma como as

empresas realizam o desenvolvimento de um produto, considerando a velocidade, eficiência e

qualidade do trabalho, possibilita a definição de sua capacidade competitiva.

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27

Considerando que uma metodologia possui processos formais e que procedimentos

formais ajudam a sistematizar a criatividade, sendo a criatividade fundamental para a

inovação e inovação fundamental para a competitividade da indústria. Conclui-se que, uma

metodologia de gerenciamento de projetos é fundamental para o sucesso de um projeto de

PD&I e para competitividade da Industria Nacional.

Figura 1 - Estrutura da Importância do Estudo

Fonte: Elaborado pela autora.

Neste contexto, espera-se que os resultados obtidos neste trabalho possam contribuir

para que os Institutos de Pesquisa Tecnológica reflitam sobre seu modelo de gerenciamento

de projetos ou a ausência dele e melhorem a gestão de seus projetos por meio de

procedimentos estruturados e formais que contribuam para o processo criativo, para a

inovação e, consequentemente, para o aumento da competitividade da indústria brasileira.

1.6 QUESTÕES

Os pesquisadores possuem habilidades para conduzir suas ideias, porém, tem

dificuldade de lidar com questões gerenciais como escassez de recursos e limitação de prazos

e custos, dentre outros aspectos que são elementos determinantes para o sucesso dos projetos.

A dificuldade está no fato dos projetos de PD&I se caracterizarem pelo alto grau de incertezas

quanto ao trabalho a ser executado e complexidade de integrar os diversos atores envolvidos

Desenvolvimento de produto com

velocidade, eficiência e qualidade do

trabalho define a capacidade

competitiva da empresa (CLARK;

FUJIMOTO 1991).

Procedimentos formais ajudam a

criatividade (OCDE, 2005).

Criatividade é fundamental para a

inovação (SILVA, 2002).

Inovação é fundamental para o

desenvolvimento da Industria

Nacional. (CALMANOVICI, 2011).

Criatividade

Inovação

Desenvolvim

ento

Metodologia

Metodologia

de GP

Metodologia de gerenciamento de

projetos reduz o tempo do projeto e

melhora a qualidade (LARUCCIA,

2012).

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geralmente no desenvolvimento de tecnologias. Além disso, as práticas de gestão raizadas

neste ambiente dificultam a mudança de cultura necessária para a parceria entre ICTs e

Empresas. Por fim, o fato dos métodos tradicionais de gerenciamento de projetos serem em

diversas situações, inapropriados para projetos complexos e incertos. No contexto da

EMBRAPII, a dificuldade está no fato do modelo de negócio possuir características que não

estão alinhadas com as características da pesquisa, do desenvolvimento tecnológico e da

inovação, dificultando o desenvolvimento da PD&I.

Quais os elementos existentes nas formas de gerenciamento de projetos PMBOK®

Guide, Scrum, FEL e PRINCE2™, podem contribuir para a construção de uma metodologia

de gerenciamento e projetos de PD&I que se adeque ao modelo de negócio da EMBRAPII e

que contribua para a habilidade de produção de conhecimento e desenvolvimento que o

pesquisador possui a fim de alcançar os resultados da melhor forma possível?

1.7 ORGANIZAÇÃO DO ESTUDO

O presente estudo está estruturado em 6 capítulos contendo seus respectivos aspectos

principais:

O capítulo 1, “Introdução - O Gerenciamento de Projetos de Pesquisa,

Desenvolvimento e Inovação Tecnológica”, é composto pelos seguintes itens:

O Item 1.1, “Consideraçoes Iniciais”, tem o objetivo de contextualizar o

gerenciamento de projetos no ambiente do Instituto Nacional de Tecnologia no que concerne

os projetos financiados pela EMBRAPII, bem como o contexto da inovação no Brasil e sua

influência no INT.

O Item 1.2, “Formulação da Situação Problema”, expõe a dificuldade dos

pesquisadores em lidar com questões gerenciais como escassez de recursos, prazos curtos

entre outros aspectos importantes para o sucesso da PD&I, além da dificuldade de construir e

implantar uma metodologia de Gerenciamento de Projetos para projetos com alto grau de

incertezas.

O Item 1.3, “Objetivos da Pesquisa”, demonstra a intenção da pesquisa e os

resultados que se pretende alcançar.

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O item 1.4, “Delimitação da Pesquisa”, estabelece as divisas do conteúdo do estudo,

qualifica os projetos a serem abordados e evidencia os pontos que não fazem parte da

pesquisa.

O item 1.5, “Importância do Estudo e Justificativa”, tem como objetivo apresentar o

motivo da escolha do assunto e o valor do estudo para a sociedade.

O item 1.6, “Questoes”, apresenta as verdades a serem comprovadas e os

pressupostos a serem confrontados.

O Item 1.7, “Organização do Estudo”, sintetiza a organização do estudo por meio da

descrição breve dos itens e seus respectivos capítulos.

O Capítulo 2, “Revisão da Literatura”, Entendendo o Ambiente e o Gerenciamento

de Projetos.

O Item 2.1, “O Ambiente” apresenta as características dos projetos estudados e do

ambiente onde estes projetos são desenvolvidos. O Item 2.1 está dividido nos seguintes

subitens:

2.1.1 Caracterização do Modelo EMBRAPII;

2.1.2 Pesquisa e Desenvolvimento (P&D);

2.1.3 Inovação;

2.1.4 Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I).

O Item 2.2, “Evolução do Gerenciamento de Projetos”, faz um panorama dos fatos

históricos desde os primeiros registros de ações de Gerenciamento de Projetos e breve

histórico do desenvolvimento dos diversos métodos existentes.

O Item 2.3, “Formas de Gerenciamento de Projetos”, apresenta um estudo das formas

de gerenciamento de projetos selecionadas pela investigante para a base do trabalho e autores

que utilizaram tais formas para gerenciar projetos. O item 2.3. está dividido nos seguintes

subitens:

2.3.1 PMBOK® GUIDE;

2.3.2 Scrum – Gerenciamento Ágil;

2.3.3 PRINCE2™;

2.3.4 Front End Loading (FEL).

O item 2.4. “Crítica ao Modelo Único – Estudo e Classificação do Projeto” apresenta

estudos de autores bem como suas críticas a um modelo único de gerenciamento de projetos.

O item 2.4. está dividido nos seguintes subitens:

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2.4.1. Complexidade do Escopo;

2.4.2. Incertezas Tecnológicas - Conteúdo Inovativo;

2.4.3. A interação entre Complexidade e Incerteza.

O Capítulo 3, “Metodologia da Pesquisa”, esclarece como o estudo de caso e a

pesquisa-ação foram conduzidos. O Capitulo 3 está dividido nos seguintes subitens:

3.1 ESTRUTURA METODOLÓGICA DA DISSERTAÇÃO;

3.2 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA;

O Capítulo 4, “Descrição Do Caso – O Escritório de Gerenciamento de Projetos do

INT”, descreve o modelo, atribuiçoes e a forma como o EGP do INT trabalha.

O Capítulo 5, “Análise dos Resultados”, mostra os resultados das características da

EMBRAPII confrontadas com as características da PD&I e os resultados das características

da EMBRAPII confrontadas com os elementos extraídos das formas de gerenciamento de

projetos. E por fim, mostra as diretrizes propostas para cada característica da EMBRAPII que

poderão ser utilizadas para a construção da metodologia de gerenciamento de projetos. O

Capitulo 5 está dividido nos seguintes subitens:

5.1 CARACTERÍSTICAS DA EMBRAPII - PRÉ-PROJETO;

5.2 CARACTERÍSTICAS DA EMBRAPII – PROJETO;

5.3 RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS.

O Capítulo 6, “Conclusão e Sugestão de Novas Pesquisas.”, busca responder às

questões levantadas no item 1.2., bem como verificar se os objetivos apresentados no item

1.3. foram realmente alcançados.

Nas Referências listam-se as principais fontes de pesquisa e referencial teórico para

elaboração do presente trabalho.

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31

2 REVISÃO DA LITERATURA: ENTENDENDO O AMBIENTE E O GERENCIAMENTO DE

PROJETOS

2.1 O AMBIENTE

2.1.1 Caracterização do Modelo EMBRAPII

O presente estudo busca identificar, no Manual de Operação das Unidades

EMBRAPII, os elementos que poderão influenciar na construção de uma metodologia de

gerenciamento de projetos.

Diversos institutos de pesquisa cientifica e tecnológica, os chamados ICTs, vêm

tentando se credenciar no programa EMBRAPII uma vez que é um grande atrativo na

captação de projetos junto às empresas, o fato de a EMBRAPII financiar até um terço do

projeto.

Os projetos de PD&I pertencentes ao Programa EMBRAPII devem possuir uma série

de características predeterminadas que são auditadas ao longo do desenvolvimento dos

projetos.

Sendo assim, torna-se necessário que as Unidades EMBRAPII, ICTs executores dos

projetos, possuam um critério rigoroso de avaliação do conteúdo para determinar ou não o

enquadramento desses projetos no programa EMBRAPII.

O Manual de Operação das Unidades EMBRAPII1 elenca premissas de atuação dos

ICTs que determinam o contexto dos projetos e podem influenciar o modelo de gestão de

projetos.

A premissa “(i) autonomia para firmar e executar projetos de PD&I em parceria com

empresas industriais, desde que na área de competência contratada com a EMBRAPII;” induz

a ICT a criar uma avaliação prévia do projeto com o objetivo de identificar sua natureza e

garantir que ele esteja em consonância com a área de competência da ICT acordada com a

EMBRAPII. O INT está apto a desenvolver projetos na área de Tecnologia Química

Industrial, área esta que será abordada no item 2.1.1.2 deste estudo.

1 Site: <http://EMBRAPII.org.br>. Manual de Operação das Unidades EMBRAPII – Versão 4, p. 5, item 4.

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A premissa “(ii) foco na demanda empresarial;” sinaliza a necessidade de estruturar

os projetos por entregas, para que a equipe que desenvolverá o projeto tenha foco no alcance

dos objetivos definidos em parceria com a empresa.

A premissa “(iii) compromisso com a obtenção de resultados para as empresas

parceiras;” reforça a necessidade de criar critérios de aceitação do produto para um

comprometimento da equipe com os resultados esperados pela empresa, mesmo que estes

resultados possuam riscos devido à natureza dos projetos de PD&I, riscos estes que devem ser

tratados em uma análise de riscos.

A premissa “(iv) utilização de boas práticas na condução das atividades de PD&I, o

que inclui processos de prospecção, negociação, gestão de projetos e de propriedade

intelectual, comunicação e gestão administrativa e financeira, buscando excelência

operacional;” explicita a exigência da EMBRAPII de que a ICT deva utilizar boas práticas na

condução das atividades de PD&I, o que inclui um sistema estruturado de gestão de projetos e

uma metodologia.

A premissa “(v) capacidade própria para a execução de projetos, incluindo recursos

humanos e infraestrutura.” Induz a uma avaliação prévia se a ICT possui infraestrutura e

pessoas adequadas para o desenvolvimento do projeto.

O Manual de Operação das Unidades EMBRAPII coloca ainda uma série de

condições para a existência da parceria entre a Unidade EMBRAPII e empresas que devem

ser consideradas na avaliação antes do início do ciclo de vida do projeto e na construção de

uma metodologia de gerenciamento de projetos.

A condição “(i) o projeto atenda aos requisitos para a caracterização de projeto

EMBRAPII (item 6);” reúne uma série de características que o projeto EMBRAPII deve

possuir. São elas:

Os projetos devem traduzir sua área de competência e deve permitir um

entendimento claro de sua base de atuação para o desenvolvimento de PD&I.

Os projetos devem pertencer à etapa pré-competitiva do empenho de inovação,

não sendo permitida a prestação de serviço como objetivo do projeto.

Os projetos EMBRAPII devem pertencer ao nível de maturidade tecnológica de

3 a 6 da escala TRL que será abordada neste estudo em seguida no item 2.1.1.1.

As despesas envolvidas no projeto devem ser basicamente de custeio incluindo

pessoal.

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Não é permitida a compra de equipamentos.

A estrutura analítica do projeto deve possuir de três a cinco macroentregas que

são balizadoras da execução física e financeira.

Cada macroentrega apenas será considerada concluída após o aceite formal por

parte da empresa.

A condição “(ii) o projeto seja cofinanciado por empresa, nos termos do item 7.2

deste Manual;” refere-se às regras de financiamento do projeto e definem o percentual de

aporte da EMBRAPII, o aporte da empresa e a contrapartida financeira ou não financeira da

ICT. Tais regras consideram fatores como risco envolvido no desenvolvimento, desafio

tecnológico e potencial de aplicação da tecnologia. São elas:

“(i) EMBRAPII

O aporte financeiro da EMBRAPII não pode ser inferior a 10% do valor do

projeto.

(ii) EMPRESA(S)

O aporte financeiro da(s) empresa(s) parceira(s) também não pode ser inferior

a 10% do valor do projeto,

Nos casos em que os recursos aportados pela empresa decorrerem de obrigação

de investimento em P&D, sua participação não pode ser inferior a 50% do

valor do projeto.

Em qualquer caso, a empresa não pode financiar sua participação no projeto

com recursos de subvenção econômica.

(iii) UNIDADE EMBRAPII

A contrapartida da UE pode ser financeira ou não financeira.

A contrapartida não financeira refere-se a recursos existentes na instituição,

empregados na execução do projeto.

A contrapartida financeira da UE não pode ser proveniente de recursos não

reembolsáveis de origem pública, a não ser que haja acordo entre a EMBRAPII

e a agência de fomento. (Manual de Operação das Unidades EMBRAPII –

Versão 4, p. 7- 8, item 7.2.)

Além disso, o Manual explicita ainda, na página oito, as regras de execução

financeira de itens financiáveis do projeto, regras de utilização dos recursos financeiros,

regras de utilização da contrapartida não financeira da unidade EMBRAPII no projeto, regras

de aquisições e contratação no âmbito dos projetos EMBRAPII e sistemática de liberação de

recursos da EMBRAPII.

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As condições (iii), (iv) e (v) referem-se à atividade econômica da empresa, ao local

de produção do produto do projeto e à formação do capital social da empresa. Sendo assim,

torna-se necessário que a unidade executora (ICTs) possua um critério rigoroso de avaliação

detalhada do perfil da empresa antes do início do ciclo de vida do projeto. São elas:

(iii) a empresa parceira pertença ao setor industrial (segundo a Classificação

Nacional de Atividades Econômicas – CNAE) e tenha produção no País.

Alternativamente, o contrato deve estipular a participação financeira e/ou técnica no

projeto de empresa do setor industrial com produção no País, quando a demanda do

projeto for originada por uma empresa não pertencente ao setor industrial;

(iv) a instituição à qual está vinculada a UE não detenha participação majoritária no

capital social de empresa parceira no projeto;

(v) o objetivo do projeto entre a UE e a(s) empresa(s) parceira(s) esteja voltado à

produção no País. A instituição credenciada assume perante a EMBRAPII

responsabilidade exclusiva pela execução do projeto, assim como pela aplicação dos

recursos financeiros e pela prestação de contas (item 9) (Manual de Operação das

Unidades EMBRAPII – Versão 4, p. 5, item 5).

2.1.1.1 Escala TRL

Outro aspecto importante a ser estudado para entendimento dos projetos de P&D

com foco em inovação do INT pertencentes ao Programa EMBRAPII é o nível de maturidade

da tecnologia envolvida nos projetos.

A avaliação sugerida no Manual de Operações das Unidades EMBRAPII utiliza

como referência um padrão de mensuração extensivamente empregado para avaliar a

maturidade tecnológica de projetos: a escala Technology Readiness Levels (TRL) com base na

norma ISO 16290:2013.

O Technology Readiness Level (TRL) é um método de avaliação do nível de

maturidade de tecnologia desenvolvido e aplicável, principalmente, para hardware do sistema

espacial da NASA durante o processo de aquisição, porém, promove uma substancial

discussão sobre a maturidade técnica em diferentes tipos de tecnologia.

É utilizado para caracterizar a maturidade de tecnologia em função de padrões

atribuídos ao projeto, podendo conter novas ideias, conceitos ou descobertas científicas,

constituir produto inteiramente inovador, processo ou incremento de um sistema já

desenvolvido e inovador. O TRL mais alto, ou seja 9, corresponde à Tecnologia mais madura,

o TRL mais baixo, ou seja 1, corresponde a Tecnologia mais baixa (ISO/FDIS 16290:2013).

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35

Figura 2 - Technology Readiness Level (TRL)

Fonte: Last Updated: July 31, 2015, Editor: Thuy Mai

<http://www.nasa.gov/directorates/heo/scan/engineering/technology/txt_accordion1.html>

Diversas instituições adaptaram o modelo às características dos projetos referentes

aos seus negócios considerando os 9 níveis de maturidade da escala TRL. Como exemplo o

Departamento Americano de Defesa (U.S. Department of Defense - DoD), Agência Espacial

Europeia (European Space Agency - ESA), Comissão Europeia da Indústria de Óleo e Gás

(European Commission (EC), Oil & Gas Industry (API 17N)).

De acordo com o Manual, no contexto da EMBRAPII, os resultados previstos dos

projetos de PD&I devem relacionar aos níveis de maturidade tecnológica de 3 a 6,

compreendendo prova de conceito, validação de tecnologias em laboratório, validação de

tecnologias em ambiente relevante ou demonstração de tecnologia, modelo,

sistema/subsistema em escala de produção.

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Quadro 1 - Manual de Operações das Unidades EMBRAPII

TRL Definicao do Nivel de Maturidade

1 Princípios básicos observados e reportados

2 Formulação de conceitos tecnológico e/ou de aplicação

3 Estabelecimento de função crítica de forma analítica ou experimental e ou prova de

conceito

4 Validação funcional dos componentes em ambiente de laboratório

5 Validação das funçoes críticas dos componentes em ambiente relevante

6 Demonstração de funçoes críticas do protótipo em ambiente relevante

7 Demonstração de protótipo do sistema em ambiente operacional

8 Sistema qualificado e finalizado

9 Sistema operando e comprovado em todos os aspectos de sua missão operacional

Fonte: Revisão 4, Julho de 2015, Anexo 1- Nível de Maturidade Tecnológica,.p .26.

2.1.1.2 Tecnologia Química Industrial

As Unidades Executoras (ICTs) são avaliadas e credenciadas na EMBRAPII em

áreas específicas de atuação; os projetos de PD&I patrocinados pela EMBRAPII devem

pertencer de forma consistente à área de competência pré-definida para cada unidade

executora. O estudo da área de atuação torna-se fundamental para complementar o

entendimento das características do ambiente para a construção da metodologia de

gerenciamento de projetos.

O INT foi credenciado pela EMBRAPII na área de Tecnologia Química Industrial

por sua forte atuação na área de química aplicada ao desenvolvimento e melhoria de produtos

e processos industriais desenvolvendo tecnologias novas e incrementos às tecnologias

existentes.

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O termo abrange conceitos de Química Industrial, Química Tecnológica e

Tecnologia que definem os projetos do INT pertencentes à OS EMBRAPII e está descrito no

site da EMBRAPII. “Tecnologia Química Industrial refere-se à transformação da matéria-

prima em produtos industrializados, à padronização de sua qualidade e ao desenvolvimento de

pesquisas para obtenção de novas tecnologias com o objetivo de criar novos produtos em

benefício da sociedade.”

Diversos autores definiram os conceitos de Química Industrial, Química Tecnológica

e Tecnologia.

Química industrial abrange muitas disciplinas diferentes e é caracterizada pela

própria natureza ampla do assunto. Além da química, ela inclui tópicos como organização e

gerenciamento de empresas, economia, engenharia química e controle da poluição ambiental,

e não está completa sem um estudo profundo de vários setores particulares da química

industrial (HEATON, 1991).

Química industrial é a ligação entre a pesquisa e o escalonamento industrial para a

engenharia química. Os químicos industriais associam conhecimentos de química e

sustentabilidade ambiental para serem aplicados em empresas farmacêuticas, fabricação de

polímeros, processamento petroquímico, ciência dos alimentos e indústrias de manufatura

(UNIVERSITY OF NEW SOUTH WALES).

Química Industrial envolve o desenvolvimento de pesquisas e aplicação dos

conhecimentos científicos nas operações industriais (transformações físicas e processos

químicos) para a obtenção de produtos industrializados com qualidade (UNIVERSIDADE

FEDERAL DE UBERLÂNDIA, 2009).

Química Industrial compreende as áreas da indústria química, que incluem química

inorgânica e orgânica, materiais avançados, produtos farmacêuticos, polímeros e plásticos,

metais e ligas, biotecnologia e produtos biotecnológicos (ULLMANN'S Encyclopedia of

Industrial Chemistry, 2015).

Química tecnológica abrange a aplicação de técnicas básicas de utilização de

laboratórios e equipamentos em indústrias químicas, farmacêuticas e do agronegócio, bem

como o desenvolvimento de novas aplicações e tecnologias, evitando possíveis impactos

ambientais ou de saúde pública relacionada à implantação de processos químicos.

(UNIVERSIDADE DE BRASÍLIA, 2008).

Química Tecnológica abrange estudos, investigações, experiências e análises de

caráter prático relacionados com a composição, as propriedades e as possíveis transformações

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das substâncias; aplicação de leis, princípios e métodos conhecidos para descobrir e criar

novos produtos químicos, para encontrar novos usos para os produtos já existentes e novos

métodos de produção; resolução de problemas industriais específicos, tais como: ensaios e

pesquisas em geral, pesquisa e desenvolvimento de métodos e produtos, análise química,

físico-química, químico-biológica, bromatológica, toxicológica e legal, padronização e

controle de qualidade.

A química tecnológica também abrange a produção, tratamentos prévios e

complementares de produtos químicos e resíduos; operação, manutenção, condução e controle

de equipamentos, instalações e processos industriais; estudos técnicos e técnico-econômicos,

pesquisas, desenvolvimento e execução de operações, processos e processamentos na

indústria química. (UNICAMP, 2011).

O vocábulo “tecnologia” é formado pela junção de techné (técnica), que é o saber

fazer, e logos (razão), a razão do saber fazer. Não consiste exclusivamente na aplicação pura e

simples do conhecimento científico, mas sim de vários desses conhecimentos reunidos com

vista à realização de uma finalidade prática (RODRIGUES, 2001).

Tecnologia é a extensão das capacidades humanas a fim de satisfazer nossas

necessidades e desejos (UNESCO, 2003).

Tecnologia é o domínio do conhecimento sistemático de alguma coisa e sua

respectiva aplicação ao processo industrial; relaciona-se intimamente à engenharia e ciência.

(JONES, [entre 1997 e 2007]).

Tecnologia é um processo que, através de uma fase implícita ou explícita de pesquisa

e desenvolvimento (aplicação do conhecimento científico), permite a produção comercial de

bens e serviços (FERNANDES, 1998).

A tecnologia faz referência a uma atividade de concepção e de produção

frequentemente industrial, mas também de serviço, em resposta às necessidades do mercado.

A tecnologia combina práticas, técnicas e conhecimentos científicos, a serviço de finalidades

econômicas explícitas (MINISTÈRE DE L’ÉCONOMIE DES FINANCES ET DE

L’INDUSTRIE, 2000).

A tecnologia tem dois componentes principais: um componente físico que

compreende itens tais como produtos, ferramentas, equipamentos, plantas, técnicas e

processos; e um componente informacional que consiste de know-how em gerenciamento,

marketing, produção, controle de qualidade, confiabilidade, mão de obra qualificada e áreas

funcionais (KUMAR; KUMAR, 1999).

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Compreende a tecnologia como um conhecimento prático derivado direta e

exclusivamente do desenvolvimento do conhecimento teórico científico através de processos

progressivos e acumulativos, onde teorias cada vez mais amplas substituem as anteriores

(VERASZTO et al., 2008).

2.1.2 Pesquisa e Desenvolvimento (P&D)

No intuito de aprofundar o estudo do ambiente dos projetos desenvolvidos pelo INT

de acordo com o modelo de negócio da EMBRAPII, procurou-se na bibliografia existente

sobre o assunto o sentido de pesquisa e desenvolvimento neste item 2.1.2 e inovação no item

2.1.3 para compreender no item 2.1.4 a sigla PD&I indicada no Manual de Operações das

Unidades EMBRAPII.

Dessa forma, entende-se que a compreensão do tipo de projeto PD&I contribui para

as diretrizes de construção de uma metodologia de gerenciamento de projetos coerente com o

ambiente onde esses projetos são desenvolvidos.

Pesquisa e Desenvolvimento Experimental (P&D), também conhecidos como

Investigação e Desenvolvimento Experimental (I&D), são componentes de um conjunto de

Atividades de Inovação, que são etapas científicas, tecnológicas, organizacionais, financeiras

e comerciais que levam ou que têm como objetivo levar, à introdução das inovações (OCDE,

2005).

A OCDE (2013) afirma que P&D tem um papel considerável no processo de

inovação e compreende a pesquisa básica, pesquisa aplicada e desenvolvimento experimental.

A OCDE (2013) define ainda as três atividades de P&D, explicadas a seguir.

A pesquisa básica resume-se às tarefas experimentais ou teóricas elaboradas

particularmente com o objetivo de adquirir novos entendimentos sobre os princípios de

fenômenos e fatos perceptíveis, não considerando uma aplicação ou uso específico.

A pesquisa básica estuda as propriedades, as estruturas e as relações, com o propósito

de elaborar e testar hipóteses, teorias ou leis. A principal premissa da pesquisa básica é que o

autor não conhece no momento da pesquisa as aplicações do resultado da investigação.

A pesquisa aplicada possui um objetivo empírico geralmente associado a um

determinado problema prático que a pesquisa visa a solucionar. São trabalhos originais

desenvolvidos a fim de adquirir novos conhecimentos.

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A pesquisa aplicada utiliza os resultados da pesquisa básica como alicerce do

conhecimento para resolver um problema de ordem prática, como estabelecer métodos ou

novas formas de alcançar os objetivos determinados, suspensos pela falta de conhecimento.

No âmbito empresarial, a pesquisa aplicada se manifesta muitas vezes por meio de

projetos que exploram os resultados de um programa de pesquisa básica.

A pesquisa aplicada é patenteável e resulta em produtos, operações, métodos ou

sistemas que permitem a operacionalização de ideias.

O desenvolvimento experimental consiste em tarefas contínuas e sistêmicas

baseando-se nos conhecimentos existentes nas pesquisas ou na experiência prática para

desenvolvimento de novos materiais, produtos ou dispositivos, constituir novos

procedimentos, sistemas e serviços ou para melhorar os já existentes.

Questões importantes devem ser consideradas na compreensão da P&D, como o

tênue limite entre a pesquisa básica, a pesquisa aplicada e o desenvolvimento experimental.

A forma teórica da relação das três categorias que compõem a P&D é apresentada na

OCDE (2013) sugerindo uma sequência lógica dos acontecimentos que, na prática, não é

possível delimitar e perceber com clareza.

Quando um projeto chega à fase de pesquisa básica ou desenvolvimento

experimental, o pesquisador vê-se obrigado muitas vezes a investigar ou procurar autores que

já tenham feito experimentações ou pesquisa teórica para complementar a compreensão dos

mecanismos da base dos fenômenos estudados.

Tais incertezas sobre a lógica das categorias e o processo cíclico entre elas parecem

reafirmar a P&D como uma Atividade de Inovação importante para o processo de inovação

nas empresas e com grandes desafios de planejamento e monitoramento e controle dos

projetos de P&D.

Diversos autores e instituições definem P&D, porém observa-se que tais definições

são baseadas nos conceitos da OCDE (2013).

A atividade de Pesquisa e Desenvolvimento Tecnológico (P&D) consiste de trabalho

criativo, empreendido de forma sistemática, com o objetivo de aumentar o acervo de

conhecimentos e o uso desses conhecimentos para desenvolver novas aplicações,

tais como produtos ou processos novos ou tecnologicamente aprimorados.

Tal atividade torna-se primordial para empresas que buscam atualização constante

do seu negócio, a excelência na execução do seu trabalho e no seu produto, o

estímulo ao seu crescimento e benefícios para toda a sociedade.

As atividades de P&D são estruturadas por meio de projetos, cujos resultados e

produtos são concebidos para atender as necessidades estabelecidas (COMPANHIA

ENERGÉTICA DE PERNAMBUCO, 2015).

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Segundo Carvalho, Beneli e Furtado (2015): “P&D representa um esforço

sistemático e organizado para o avanço do conhecimento, é uma atividade que está ligada a

um conjunto de outras atividades fundamentadas na ciência e na tecnologia.”

2.1.3 Inovação

A Inovação é o terceiro item da sigla PD&I indicada no Manual de Operações das

Unidades EMBRAPII. A OCDE (2005), terceira edição, fala da dependência das atividades de

inovação de uma empresa de suas relações com fontes de informação, conhecimento,

tecnologias, práticas e recursos humanos e financeiros. Surgem interações entre a empresa

inovadora e atores importantes do processo de inovação, como universidades, laboratórios e

instituições de pesquisa público e privados, órgãos reguladores, concorrentes, clientes e

fornecedores.

A OCDE (2005), terceira edição, tipifica os três tipos de interações que as empresas

podem ter: “As fontes de informações abertas”, de livre acesso e sem nenhum tipo de

restrição ao uso das informações; a “Aquisição de conhecimento e tecnologia”, sendo a

compra do conhecimento de terceiros, de máquinas, equipamentos, software e de serviços

inseridos no novo conhecimento ou tecnologia sem relação com a origem; e, por fim, a

“Inovação Cooperativa”, que define uma cooperação profunda entre a empresa e instituições

de pesquisa tecnológica ou mesmo com outras empresas, podendo ainda existir a compra de

conhecimentos e tecnologias.

A interação tipo “Inovação Cooperativa” está presente no modelo de negócio do INT

como objetivo do programa EMBRAPII.

Dos quatro tipos de inovação mapeados pela OCDE (2005), terceira edição, inovação

de produto, processo, marketing e organização, o Instituto Nacional de Tecnologia atua em

dois deles: produto e processo.

Existe uma relação extremamente estreita de inovação de produto e processo com

inovação tecnológica de produto e processo. Ou seja, produto ou processo novo pode requerer

a inserção de novas tecnologias ou aprimoramento das existentes (OCDE, 2005).

Uma inovação de produto é a introdução de um bem ou serviço novo ou

significativamente melhorado no que concerne a suas características ou usos

previstos. Incluem-se melhoramentos significativos em especificações técnicas,

componentes e materiais, softwares incorporados, facilidade de uso ou outras

características funcionais (OCDE, 2005, p. 57).

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A OCDE (2005) especifica ainda três formas de inovação de produto: a primeira é o

desenvolvimento de um produto substancialmente novo que difere nas características ou uso

antevisto dos demais produtos produzidos pela empresa; a segunda forma é a alteração de uso

de um produto já existente, mesmo que sejam introduzidas pequenas modificações em suas

especificações técnicas; e a terceira forma de inovação de produto é o aprimoramento

relevante de um produto existente, como mudanças de materiais, partes e características que

melhoram o desempenho, a eficiência ou a velocidade.

Segundo a OCDE (2005): “Uma inovação de processo e a implementação de um

método de produção ou distribuição novo ou significativamente melhorado. Inclui-se

mudanças significativas em técnicas, equipamentos e/ou softwares.

Os métodos de produção englobam métodos, equipamentos e softwares novos ou

significativamente aperfeiçoados para produzir bens e serviços e referem-se à gerência da

empresa e seus equipamentos, software e técnicas para dar insumos, colocar suprimentos ou

entregar produtos finais.

Os métodos de criação e o fornecimento de serviços novos ou substancialmente

melhorados igualmente são considerados inovação de processo pela OCDE (2005), como

também, mudanças importantes em equipamentos e em software usados por empresas focadas

em serviços ou métodos e técnicas utilizados em serviços de distribuição.

A diferença de inovação de produto e de processo é que o produto deve possuir

características novas ou que tenham sido significativamente melhoradas. Já o processo deve

possuir desempenhos novos ou significativamente melhorados de métodos, equipamentos

e/ou habilidades.

O Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT) do INT vem praticando a análise de

conteúdo inovativo com a finalidade de atender aos procedimentos, elaborados pela

Instituição, a respeito dos incentivos à inovação e à pesquisa científica e tecnológica dispostos

na Lei nº 10.973/04, também chamada de Lei da Inovação, e regulamentados pelo Decreto nº

5563/05.

Um dos requisitos verificados pelo NIT do INT é o enquadramento no conceito de

Inovação/Inovação tecnológica, que pode ser utilizado no processo de enquadramento dos

projetos no programa EMBRAPII quanto ao conteúdo inovativo.

De acordo com o NIT do INT, o conceito de Inovação tecnológica, segundo a Lei da

Inovação, é: “introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo ou social

que resulte em novos produtos, processos ou serviços”.

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O NIT adota ainda os conceitos da OCDE (2005) por considerá-los mais precisos

para caracterização de inovação de produto e processo e também porque o Ministério de

Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações o adota como referência de coleta e

interpretação de dados sobre inovação.

Além da OCDE (2005), diversos outros autores e instituições definiram inovação e

foram estudados como forma de complementar os conceitos da OCDE (2005) e entender o

ambiente dos projetos EMBRAPII do INT, a saber:

“Introdução de novidade ou aperfeiçoamento no ambiente produtivo ou social que

resulte em novos produtos, processos ou serviços (BRASIL, 2004).”

Segundo Vidossich e Furlan (1996): “Inovação e a aplicação de ideias novas ou,

ainda, uma mudança na ordem existente (combinação diferente dos fatores), associando-se ao

termo o conceito de gradualidade.”

Para Drucker:

A inovação é o instrumento específico dos empreendedores, o meio pelo qual eles

exploram a mudança como uma oportunidade para um negócio diferente ou serviço

diferente. [...] Os empreendedores precisam buscar, com propósito deliberado, as

fontes de inovação, as mudanças e seus sintomas que indicam oportunidades para

que uma inovação tenha êxito (DRUCKER, 2011, p.25-39).

É o ato que contempla os recursos com a nova capacidade de criar riqueza. A

inovação, de fato, cria um “recurso”. Não existe algo chamado de “recurso” ate que

o homem encontre um uso para alguma coisa na natureza e assim o dote de valor

econômico (DRUCKER, 2011, p.25-39).

Inovação é a função específica do empreendedorismo, seja em uma empresa já

existente, uma instituição do serviço público ou um novo empreendimento criado, na

cozinha da família, por um único indivíduo. É o modo pelo qual o empresário ou

gera novos recursos produtores de riqueza ou dota com os recursos existentes um

maior potencial de produção de riqueza (DRUCKER, 1998, p.149) (Traduzido).

Para Freeman e Soete (2008, p. 22): “Inovação e a introdução e difusão de novos e

avançados produtos e processos na economia.”

Segundo 3M (2015):

Inovação é quando uma ideia atende às necessidades e expectativas do mercado, é

viável do ponto de vista econômico e sustentável e oferece retorno financeiro às

empresas. Ou seja, toda inovação precisa gerar resultados.

Inovação não é invenção, nem descoberta. Ela pode requerer estes conceitos, e

frequentemente isso acontece. Mas o seu foco não é o conhecimento, e sim o

desempenho econômico. A primeira aplicação de uma inovação deve ser a

estratégia, aproximando-se ao máximo do seu ideal. Mas, para que uma invenção

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seja considerada uma inovação, seus clientes precisam reconhecer o valor de todo o

seu investimento.

Para O’Sullivan e Dooley (2009, p. 5):

Inovação é o processo de execução de mudança, grande ou pequena, radical ou

incremental para produtos, métodos e serviços que resulta na introdução de algo

novo para organização e, com valor agregado, para o cliente, contribuindo para o

armazenamento do conhecimento na organização. (traduzido)

Figueiredo (2009, p. 42) ressalta que:

As inovações são o resultado do processo de inovação, que pode ser definido como

as atividades combinadas que conduzem a novos produtos e serviços negociáveis

e/ou a novos sistemas de produção e entrega. Há inovações que adquirem respeitável

longevidade no mercado, como, por exemplo, a aspirina. Mas há inovações que não

duram mais do que um ano no mercado e são rejeitadas por consumidores.

Swann (2009, p. 25-27) destaca:

Quando uma nova ideia é utilizada no mercado nós temos uma inovação. Inovação é

a aplicação comercial da invenção. Muitas invenções não são inovações e para que

as mesmas se tornem existe uma complexa e extensa série de acontecimentos entre

as mesmas.

[...] inovação é um conceito mais amplo do que mudança tecnológica. No entanto, a

mudança tecnológica é um subconjunto da inovação. Todas as mudanças

tecnológicas são inovações, mas nem toda inovação implica em uma mudança

tecnológica. Algumas inovações podem implicar em um novo desenho e produto,

sem realmente conter qualquer nova tecnologia. (tradução)

2.1.4 Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação (PD&I)

O termo PD&I recentemente encontrado na literatura é citado no Manual de

Operação das Unidades EMBRAPII como a principal característica de um projeto para a

adequação ao modelo EMBRAPII.

A ABNT 2011 no documento NBR 16501 fornece diretrizes para sistemas de gestão

da pesquisa, do desenvolvimento e da inovação e define no contexto da PD&I os

componentes do termo como:

“Pesquisa [no contexto da PD&I]: Indagação original e planejada que objetiva

descobrir novos conhecimentos ou aprimorar o conhecimento existente em produtos,

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processos, métodos, ou sistemas, visando maior compreensão dos fenômenos e suas

aplicaçoes.”

“Desenvolvimento [no contexto da PD&I]: Trabalho sistemático realizado com a

utilização do conhecimento gerado na pesquisa e na experiência, com o propósito de criar

produtos, processos, metodos ou sistemas novos ou significativamente aprimorados.”

“Inovação [no contexto da PD&I]: Introdução no mercado de produtos, processos

[inclui marketing, gestão de recursos humanos e modelos de negócios], métodos ou sistemas

que não existiam anteriormente, ou que contenham alguma característica nova e diferente da

em vigor ate então.”

Desta forma, a inserção da “Inovação” ao termo P & D vem caracterizar um tipo de

projeto que objetiva a introdução do produto, método ou sistema resultado do projeto, no

mercado.

A ABNT 2011 considera ainda no documento NBR 16501, que existem inovações

que não são resultados de P&D e acontecem independentemente, como a P & D também não

necessita obrigatoriamente resultar em uma inovação. A P & D pode ser desenvolvida por

algumas organizações e a inovação por outras, as organizações podem gerar conhecimento e

tecnologia internamente, de maneira compartilhada ou por meio de aquisição externa.

As principais características específicas da PD&I também são descritas na NBR

16501 como sendo o uso regular de dados, informações e conhecimento, bem como seu

tratamento e gerenciamento; utilização da vigilância e prospecção tecnológica na

identificação de oportunidades de PD&I; gestão de risco para reduzir as incertezas dos

resultados; gestão da propriedade intelectual e a proteção dos resultados da PD&I.

Outras características importantes da PD&I são descritas pelo FORTEC (2010), no

“Manual básico de acordos de parceria de PD&I: aspectos jurídicos” como: PD&I

obrigatoriamente consiste no cumprimento de uma agenda, de um plano de trabalho, possui

um orçamento, uma equipe de pesquisadores e, por visar à inovação, logicamente, exige um

contrato de confidencialidade.

Portanto, de acordo com FORTEC (2010), a novidade e a resolução de uma incerteza

no universo da ciência e da tecnologia como resultados de uma atividade empresarial, são os

elementos-chave do conceito de PD&I.

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2.2 EVOLUÇÃO DO GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Muito antes de existirem organizações especializadas em gerenciamento de projetos,

como o Project Management Institute (PMI) e livros sobre o assunto, antepassados

concluíram com êxito projetos complexos e incertos, tais como as Pirâmides de Gizé, Grande

Muralha da China e o Coliseu.

Seymour e Hussein (2014) afirmam que o gerenciamento de projetos tem a intenção

de criar um meio onde pessoas trabalhem em grupo, a fim de atingir um objetivo comum para

entregar projetos de sucesso no tempo e no orçamento previsto.

Kozak-Holland (2011) discorre em “The History of Project Management” sobre a

secular disciplina de gerenciamento de projetos que, sem sombra de dúvida, não é privilégio

do século 20. Ao contrário do que muitos autores argumentam, a história está repleta de

projetos que tiveram patrocinadores e equipes de projetos que praticaram os processos e a

compreensão intuitiva das nove áreas de conhecimento do PMBOK. O autor argumenta ainda

que, sem a compreensão dos princípios de gerenciamento de projetos que conhecemos hoje,

os projetos históricos não teriam conseguido chegar ao fim.

Poucos registros foram encontrados sobre o gerenciamento dos projetos históricos.

Seymour e Hussein (2014) atribuem tal fato a uma combinação de fatores, onde o primeiro

deles refere-se ao fato dos patrocinadores dos projetos estarem mais preocupados com o

resultado final e não com a metodologia de criação. Outro fator é o baixo grau de escolaridade

dos artesãos que executavam os projetos dificultando os registros.

Para Karma (2008), ao contrário de Seymour e Hussein, o não registro se refere ao

fato de os detalhes de execução dos projetos antigos em muitos casos terem sido mantidos em

sigilo entre tribos ou famílias passando de gerações para gerações.

Chiu (2010) afirma que a falta de documentação sobre gerenciamento de projetos

antigos atribui-se ao fato das profissões, como arquitetura, medicina, economia, matemática e

ciências teóricas, serem mais bem documentadas do que a disciplina de gerenciamento de

projetos.

Muitos autores concordam que Henri Fayol e Henry Gantt fizeram contribuições

importantes para a era moderna de gestão de projetos.

Chiu (2010), em seu livro “Uma introdução à História de Gestão de Projetos”, afirma

que Henri Foyal e Henry Gantt são os antecessores do gerenciamento de projetos como

entendemos hoje.

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Witzel (2003) conta que Fayol era um engenheiro francês que conduziu com grande

sucesso uma poderosa empresa de ferro e aço antes da primeira guerra mundial, identificou,

de acordo com suas observações, cinco funções universais de gestão: planejamento,

organização, comando, coordenação e controle, além de 14 princípios orientativos para os

gerentes executarem tais funções com êxito.

Apesar de o reconhecimento das cinco funções permitir uma visão estruturada da

gestão do projeto, alguns autores como Fells (2000), criticam Fayol por sua teoria não refletir

a complexidade dos problemas encontrados pelos gerentes de projetos na prática do dia a dia.

Chiu (2010) conta que Henry Gantt era um engenheiro americano e consultor em

gestão que criou o conceito de dividir os grandes projetos em partes menores e mais fáceis de

gerenciar, além do conceito de interdependência das tarefas do projeto. Tais conceitos foram

vastamente documentados por meio de cartas e foram utilizados em larga escala também na

Primeira Guerra Mundial e são refletidos na importante ferramenta utilizada pelos gerentes da

atualidade chamada Gráfico de Gantt.

Kwak (2003) afirma que o gerenciamento de projeto moderno teve início em 1958

com a criação de CPM e PERT, desenvolvidos em paralelo para duas linhas distintas de

projetos: PERT para projeto dos primeiros mísseis balísticos lançados por submarinos da

Marinha Americana e CPM para construção de uma Indústria Química.

Para Kwak (2003), Program Evaluation and Review Technique (PERT) era muito

adequado para visualizar diferentes cenários do projeto em diversas situações distintas em

função da alta complexidade e incerteza do calendário do projeto da Marinha Americana. A

Critical Parth Method (CPM) foi criada concomitantemente com o PERT para auxiliar a

empresa na estimativa precisa do custo e do tempo do projeto.

De acordo com Seymour e Hussein (2014) em 1965, deu-se o início do processo de

profissionalização do gerenciamento de projetos com a criação do International Project

Management Association (IPMA), uma associação internacional que promoveu o

gerenciamento de projetos também nos países europeus, asiáticos e árabes.

Em 1969 foi fundado o Project Management Institute (PMI) nos EUA, amplamente

conhecido pelo desenvolvimento do The Management Body of Knowledge Project (PMBOK).

Em 1983, na tentativa de documentar e padronizar as práticas normalmente aceitas

na gerência de projetos, foi publicado o artigo "Ethics, Standards, and Accreditation

Committee Final Report". A primeira edição do "A Guide to the Project Management Body of

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Knowledge (PMBOK Guide)" foi publicada pelo Project Management Institute (PMI) em

1996, seguida pela segunda edição em 2000.

Em 2004, o PMBOK® Guide — Terceira Edição — foi publicado com maiores

mudanças, considerando as edições anteriores. A quarta edição (lançada em 2008) é

normatizada pelas normas ANSI/PMI 99-001-2008 e IEEE 1490-2011.

Hollman (2006) considera o método Total Cost Management (TCM) um avanço

significativo para a área de gerenciamento de projetos que influenciou o PMBOK® Guide. O

TCM foi desenvolvido pela Association for the Advancement of Cost Engineering (AACE

International) como uma abordagem sistemática à gestão de custo ao longo do ciclo de vida

de uma empresa, programa, facility, projeto, produto ou serviço. No universo de projetos, o

TCM é um conjunto de práticas e processos de uma organização para gerenciar o custo ao

longo do ciclo de vida do projeto. O TCM é baseado no Plan Do Check Access (PDCA), que

utiliza uma abordagem interativa entre os processos claramente definidos. Na terceira edição,

o PMBOK® Guide adota o método PDMA.

Entre 1980 e 1994, a tecnologia dos personal computers (PCs) difundida em larga

escala teve grande impacto no trabalho e nos negócios, inclusive no gerenciamento de

projetos.

Seymour e Hussein (2014) contam que, na década de 80, os programas de

gerenciamento de projetos foram baseados no Project Resourse Organization Management

Planning Technique II (PROMPT II), uma metodologia desenvolvida pelo governo britânico

para gerenciar os projetos de Tecnologia da Informação. Em 1989 a Agência Central de

Computação e Telecomunicações (CCTA) aprovou uma versão de PROMPT II passando a ser

o padrão do governo do Reino Unido para gerenciar os projetos de sistemas de informação

(TI). O PROMPT foi rebatizado para PRINCE e destinado aos "Projetos em Ambientes

Controlados". No entanto, ele logo tornou-se comumente utilizado fora do ambiente de TI,

tanto no governo do Reino Unido e no setor privado quanto em todo o mundo. PRINCE II foi

lançado em 1996 como um método de gerenciamento de projeto genérico e abrangente.

Seymour e Hussein (2014) expõem ainda que em 2009 uma revisão importante foi

feita no PRINCE II, embora seu nome tenha sido mantido uma vez que os conceitos básicos

foram mantidos. Porém, uma revisão fundamental para adaptação aos novos modelos de

negócio tornou o método mais simples e leve. Esta revisão também foi fundamental para

corrigir as deficiências e para integrá-lo aos métodos de melhores práticas, como ITIL, P3O,

P3M3, MSP, M_o_R etc.

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Goldratt (1997) afirma que, em 1997, o Corrente Crítica de Gerenciamento de

Projetos (CCPM), um método alternativo de gerenciar projetos, foi desenvolvido. CCPM é

um método de planejamento e gestão desenvolvido por Eliyahu M. Goldratt, baseado na

Teoria das Restrições (TOC) e, ao contrário de Critical Parth Method (CPM) e Program

Evaluation and Review Technique (PERT), prioriza os recursos para concluir o projeto, em

vez de tarefas específicas.

Cox e Goldratt (1986) afirmam que a Teoria das Restrições (TOC) é uma teoria de

gestão idealizada por Eliyahu M. Goldrat no romance “A Meta”, para auxiliar as organizaçoes

a alcançarem seus objetivos continuamente. A teoria fundamenta-se no conceito de que a taxa

de realização do objetivo por um sistema orientado à meta é limitada por pelo menos uma

restrição.

Métodos de desenvolvimento de software incrementais iniciaram-se em 1957. Em

1974, a EA Edmonds escreveu um artigo que introduziu um processo de desenvolvimento de

software adaptável. Ao mesmo tempo e de forma independente, os mesmos métodos foram

desenvolvidos e implantados pelo New York Telephone Company's Systems Development

Center, sob a direção de Dan Gielan. No início de 1970, Tom Gilb começou a publicar os

conceitos de gerenciamento de projetos evolutivo (EVO). Durante a segunda metade da

década de 1970, Gielan ministrou aulas extensivamente em todo o território dos EUA nesta

metodologia, suas práticas, e seus benefícios.

Em fevereiro de 2001, 17 desenvolvedores de software reuniram-se no Resort

Snowbird, em Utah, para discutir métodos de desenvolvimento simplificados. Eles publicaram

o Manifesto para Desenvolvimento Ágil de Software, que tinha o seguinte lema: "descobrindo

maneiras melhores de desenvolvimento de software por fazê-lo e ajudar os outros a fazê-lo".

Os conceitos principais são valorizar os indivíduos e interações dos processos e ferramentas,

documentação abrangente e menos detalhada, a colaboração do cliente e permitir mudanças

ao longo da sequência do planejamento.

Uma coleção de métodos ágeis de desenvolvimento de software evoluiu em meados

dos anos 1990, em relação aos métodos orientados à decomposição hierárquica, que os

críticos definiram como regulamentados, arregimentados, e gerenciados no detalhe, embora

alguns proponentes desses métodos simplificados alegassem que eles simplesmente voltaram

às práticas anteriores do software.

Awad (2005) em “A Comparison between Agile and Traditional Software

Development Methodologies” descreve estes metodos simplificados que incluíam a partir de

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1994, processo unificado e método de desenvolvimento de sistemas dinâmicos (DSDM)

desenvolvido no Reino Unido. A partir de 1995, Scrum desenvolveu um conjunto de

ferramentas de desenvolvimento ágil, iterativo e incremental utilizado no gerenciamento de

projetos de desenvolvimento de software. A partir de 1996, Extreme Programming (XP)

evoluiu dos problemas causados pelos longos ciclos de desenvolvimento dos modelos

tradicionais de desenvolvimento. Em 1997, o desenvolvimento de Driven Development

(FDD) foi utilizado pela primeira vez no desenvolvimento de um projeto de aplicação

bancária grande e complexo. Também em 1997, Adaptive Software Development (ASD),

desenvolvido por James A. Highsmith oferece uma abordagem ágil e adaptativa para projetos

de software.

Embora estes tenham sido originados antes da publicação do Manifesto Ágil, em

2001, eles são agora denominados métodos ágeis, muitas vezes abreviados livremente como

“Agile”.

O Quadro 2, a seguir, mostra um panorama histórico do gerenciamento de projetos e

foi adaptado de Motta (2003), em seu estudo de práticas para gestão de megaprojetos, com o

acréscimo de outros eventos relevantes encontrados na literatura citada acima.

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Quadro 2 - Histórico dos Acontecimentos que Influenciaram a Gestão de Projetos

Período Acontecimento

Década de

50

Criação do Método CPM (Critical Path Method).

Adoção do CPM pela Marinha americana.

Criação do Método PERT (Program Evaluation and Review Technique).

Criação da Teoria Moderna de Portfólio ou Modern Portfolio Theory (MPT) no

âmbito de negócios.

Surgimento do conceito de Escritórios de Gerenciamento de Projetos (EGPs) ou

Project Management Offices (PMOs).

Década de

60

Apresentação do critério C/SCSC (Cost/Schedule Control System Criteria) pelo DoD

(Department of Defense) americano.

Fundação do Project Management Institute (PMI) em 1969.

Criação do Processo de Revisão de Fases ou Phased Review Process pela NASA

(The National Aeronautics and Space Administration) com foco em projetos de

produto.

Década de

70 Criação e Consolidação do MRP (Material Requirement Planning).

Década de

80

Criação do MRP II (Manufacturing Resources Planning).

Primeira certificação PMP (Project Management Professional).

Criação do TQM (Total Quality Management).

Surgimento dos Modelos de Portfólio de Projetos ou Project Portfolio Management

(PPM) predominantemente nas áreas de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e

desenvolvimento de novos produtos.

Surgimento do Processo Estágio-Ponto de Decisão ou Stage-Gate Process

predominantemente nas áreas de Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) e

desenvolvimento de novos produtos.

Project Resourse Organization Management Planning Technique II (PROMPT II)

passou a ser o padrão do governo do Reino Unido para gerenciar os projetos de

sistemas de informação.

Publicação do romance “A Meta” de Eliyahu M. Goldrat com a Teoria das Restriçoes

(TOC).

Década de

90

Disseminação do ERP (Enterprise Resource Planning) nos EUA.

Introdução dos conceitos de Engenharia Simultânea.

AACE introduziu o conceito do método de Total Cost Management (TCM).

Introdução do Gerenciamento de Portfólio no âmbito de Projetos: Project Portfolio

Management (PPM).

Criação dos Modelos de Maturidade em Gerenciamento de Projetos.

1991

Consagração do TQM (Total Quality Management).

Início da pesquisa realizada pelo CII (Construction Industry Institute) sobre o Pré-

Planejamento de Projetos ou Preproject Planning.

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Período Acontecimento

1993

Utilização do EVM (Earned Value Management), uma variação do C/SCSC, pelo

DoD americano.

Introdução dos conceitos de Reengenharia.

Criação do modelo precursor de Alinhamento Estratégico na indústria de Tecnologia

da Informação (TI).

1994 Processo Unificado e Metodologia de desenvolvimento de sistemas dinâmicos

(DSDM).

1995

Estabelecimento do Department of Transportation Performance Measurement

Council nos EUA para medir desempenho de projetos.

SCRUM – desenvolvimento ágil de projetos de Software.

1996

Criação do PMBOK (Project Management Body of Knowledge) pelo PMI.

Inclusão do Gerenciamento de Riscos no planejamento e controle de projetos.

Lançamento do PRINCE II como um método de gerenciamento de projeto genérico e

abrangente.

Extreme Programming (XP)

1997

Criação da norma NBR ISO 10006 - Gestão da Qualidade - Diretrizes para a

qualidade no gerenciamento de Projetos ou Quality Management - Guidelines to

quality in project management.

Desenvolvimento do método Corrente Crítica de Gerenciamento de Projetos

(CCPM), método de planejamento e gestão alternativo.

Driven Development (FDD).

Adaptive Software Development (ASD).

2000

Publicação da 2ª versão do PMBOK, contendo 39 processos distribuídos pelos cinco

grupos de processo e nove áreas do conhecimento.

Aprovação do PMBOK como padrão nacional americano pelo Instituto Americano

de Padrões Nacionais ou American National Standards Institute (ANSI), norma

ANSI/PMI 99-001-2000.

2001 Publicação do Manifesto para Desenvolvimento Ágil de Software.

2004 Publicação da 3ª versão do PMBOK, contendo 44 processos distribuídos pelos cinco

grupos de processo e nove áreas do conhecimento.

2006

Publicada a apresentação completa do processo (TCM) no "Total Cost Management

Framework" em 2006.

Publicação da 1ª Edição do Guia de Gerenciamento de Portfólio ou The Standard for

Portfolio Management pelo PMI.

2008 Publicação da 4ª versão do PMBOK, contendo 42 processos distribuídos pelos cinco

grupos de processo e nove áreas do conhecimento.

2009 Revisão do Prince

2013 Publicação da 5ª versão do PMBOK, contendo 47 processos distribuídos pelos cinco

grupos de processo e nove áreas do conhecimento

Fonte: Adaptado de Motta (2013).

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2.3 FORMAS DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS

Tendo em vista o contexto acima, foram selecionadas para estudo neste trabalho,

quatro formas existentes, em larga escala, na literatura, para gerenciar projetos de naturezas

distintas, o padrão PMBOK® Guide, as metodologias de desenvolvimento de produto Scrum

e FEL e a metodologia de gerenciamento de projetos PRINCE2™.

Antes de aprofundar o estudo de cada uma dessas formas, é imprescindível entender

a diferença de padrão, metodologia de desenvolvimento de produto e metodologia de

gerenciamento de projetos.

Carlos Magno da Silva Xavier em seus estudos sobre a diferença entre padrões e

metodologias de gerenciamento de projetos utiliza a definição de padrões existentes nas áreas

de administração e qualidade, ou seja, documento aprovado por um organismo reconhecido

que provê, pelo uso comum e repetitivo, regras, diretrizes ou características de produtos,

processos ou serviços cuja obediência não é obrigatória, e ainda exemplifica padrão como os

documentos produzidos pela International Standards for Organization (ISO) e Associação

Brasileira de Normas Técnicas (ABNT).

Xavier define ainda que, de acordo com o Dicionário Houaiss, metodologia “e o

ramo da lógica que se ocupa dos metodos de diferentes ciências” e metodo “e um

procedimento, tecnica ou meio de fazer alguma coisa”, como tambem “uma ordem, lógica ou

sistema que regula determinada atividade”.

Xavier afirma existir diferença entre metodologia de desenvolvimento de um produto

ou serviço e metodologia para o gerenciamento do projeto que irá, de fato, efetuar esse

desenvolvimento. A metodologia referente ao produto contempla o ciclo de vida para gerar o

produto ou serviço (escopo do produto) e a metodologia referente ao gerenciamento do

projeto é encarregada de iniciar, planejar, executar, monitorar, controlar e encerrar esse

projeto, considerando o escopo (do projeto), tempo, custo, risco etc.

2.3.1 PMBOK

O PMBOK® Guide, é um padrão utilizado como base pelo Project Management

Institute (PMI), que predomina ainda na literatura atual de gerenciamento de projetos,

identifica um conjunto de conhecimentos em gerenciamento de projetos, amplamente

reconhecido como boa prática. A construção do PMBOK, bem como suas atualizações, se dá

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por intermédio da contribuição de gerentes experientes de projetos de diversas áreas em todo

o mundo, o que caracteriza o PMBOK® Guide como um Guia de Boas Práticas generalista.

Mesmo que não signifique que o conhecimento e as práticas devam ser aplicadas

uniformemente a todos os projetos, sem considerar se são ou não apropriados, o PMBOK®

Guide contém um complexo conjunto de Boas Práticas que devem ser interpretadas e

selecionadas para cada tipo de projeto, sem a necessidade de ser utilizado em sua totalidade.

O Guia do Conhecimento em Gerenciamento de projetos (PMBOK® Guide), em sua

5ª edição, é um conjunto de ferramentas e técnicas de gerenciamento de projetos organizado

pelo Project Management Institute (PMI). O PMBOK® Guide foi elaborado após o consenso

de profissionais que atuam em projetos de diversas partes do mundo através de um processo

específico que reúne voluntários e/ou procura opiniões de especialistas nos tópicos da

publicação do PMBOK® Guide recente. (PMBOK® Guide, Aviso e p.1, 2013)

O PMBOK® Guide fornece diretrizes para o gerenciamento de projetos individuais e

define os conceitos relacionados com gerenciamento de projetos. Ele também descreve o ciclo

de vida do gerenciamento de projetos e seus respectivos processos, assim como o ciclo de

vida do projeto. (PMBOK® Guide, 2013, p. 1).

O PMBOK® Guide fornece um grupo de conhecimento em gerenciamento de

projetos, extensamente reconhecido como boas práticas. De acordo com o PMBOK® Guide,

“boas práticas” significam que há um entendimento comum de que o emprego do

conhecimento, habilidades, ferramentas e técnicas descritas no Guia elevam as chances de

sucesso do projeto. Porém, boas práticas não significam que este conhecimento deva ser

sempre aplicado em sua totalidade em todos os projetos da mesma forma; a organização ou a

equipe de gerenciamento do projeto deve selecionar o que é conveniente para cada projeto.

Sendo assim, o PMBOK® Guide é um guia e não uma metodologia específica pronta para ser

aplicada. É possível utilizar metodologias e ferramentas distintas associadas às boas práticas

para implementar uma estrutura de gerenciamento de projetos (PMBOK® Guide, 2013, p. 1).

O PMBOK® Guide possui 47 (quarenta e sete) processos de gerenciamento de

projetos pertencentes a 10 áreas do conhecimento conforme Quadro 3 a seguir:

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Quadro 3 - Lista dos processos de gerenciamento de projetos por áreas do conhecimento do

PMBOK® Guide, 5ª edição.

Áreas do Conhecimento Processos de Gerenciamento de Projetos

Integração

1. Desenvolver o termo de abertura do projeto;

2. Desenvolver o plano de gerenciamento do projeto;

3. Orientar e gerenciar a execução projeto;

4. Monitorar e controlar o trabalho do projeto;

5. Realizar o controle integrado de mudanças;

6. Encerrar o projeto ou fase.

Escopo

1. Planejar o gerenciamento do escopo;

2. Coletar requisitos;

3. Definir o escopo;

4. Criar a Estrutura Analítica de Processo (EAP);

5. Verificar o escopo;

6. Controlar o escopo.

Tempo

1. Planejar o gerenciamento do cronograma;

2. Definir atividades;

2. Sequenciar atividades;

3. Estimar os recursos das atividades;

4. Estimar as durações das atividades;

5. Desenvolver o cronograma;

6. Controlar do cronograma.

Custos

1. Planejar o gerenciamento de custo;

2. Estimar os custos;

3. Determinar o orçamento;

4. Controlar custos.

Qualidade

1. Planejar o gerenciamento da qualidade;

2. Realizar a garantia da qualidade;

3. Controlar a qualidade;

Recursos Humanos

1. Planejar o gerenciamento dos recursos humanos;

2. Mobilizar a equipe do projeto;

3. Desenvolver a equipe de projeto;

4. Gerenciar a equipe de projeto.

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Áreas do Conhecimento Processos de Gerenciamento de Projetos

Comunicações

2. 1. Planejar o gerenciamento das comunicações;

2. Gerenciar as comunicações;

3. Controlar as comunicações.

Riscos

1. Planejar o gerenciamento de riscos;

2. Identificar os riscos;

3. Realizar a análise qualitativa dos riscos;

4. Realizar a análise quantitativa de riscos;

5. Controlar riscos.

Aquisições

1. Planejar gerenciamento de aquisições;

2. Conduzir aquisições;

3. Controlar aquisições;

4. Encerrar aquisições.

Partes Interessadas

1. Identificar as partes interessadas;

2. Planejar gerenciamento das partes interessadas;

3. Gerenciar o envolvimento das partes interessadas;

4. Controlar o envolvimento das partes interessadas. Fonte: Elaborado pela autora.

Os processos de gerenciamento de projetos do PMBOK também são divididos em

cinco grandes grupos: Processos de Iniciação, Processos de Planejamento, Processos de

Execução, Processos de Monitoramento e Controle e Processos de Encerramento.

Os cinco grupos de processos possuem grande dependência um dos outros e possuem

grande integração entre si.

Tanto os processos quanto os grupos de processos são frequentemente iterados

durante o ciclo de vida do projeto e antes do fim conforme figura abaixo. As iterações podem

variar de acordo com o a natureza especifica de cada projeto.

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Figura 3 - Fluxo dos processos de gerenciamento de projetos do PMBOK® Guide, 5ª edição e suas interações.

Fonte: Elaborado pela autora.

No ambiente dos projetos de P&D, a utilização do PMBOK vem sendo cada vez

mais frequente como norteador das metodologias de Gerenciamento de Projetos.

Kolesnik (2013), em seus estudos sobre utilização do Gerenciamento de Projetos

como base de mecanismo eficaz de desenvolvimento de inovação na Rússia, consagra o

PMBOK como a metodologia mais reconhecida dentre as mais de 40 metodologias de Gestão

de Projetos existentes. Reconhece os benefícios de utilizar o PMBOK para inovação, mas

critica as limitações de tempo e orçamento impostas e a pouca importância dada aos riscos e

incertezas inerentes à inovação.

Para Kolesnik (2013), apesar de diferentes entendimentos sobre a definição de um

projeto, qualquer projeto implica um foco no cumprimento dos objetivos finais e resultados

específicos sob restrições de tempo, custos e recursos. Além disso, uma vez que qualquer

projeto é temporário e possui um grau de exclusividade (novidade) referente ao produto ou

serviço produzido, ele também sempre carrega uma dimensão inovadora.

Kolesnik fornece no Quadro 4 uma justificativa objetiva dos benefícios da utilização

do gerenciamento de projeto na iniciação e na implementação da inovação, além de reduzir o

impacto negativo de algumas peculiaridades da inovação.

Quadro 4 - Alternativas de Gerenciamento de Projetos para diminuir a influencia negativa

das características específicas de inovações

CARACTERÍSTICAS ESPECÍFICAS

DE INOVAÇÕES

GERENCIAMENTO DE PROJETOS

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As inovações tem um objetivo bem claro,

são definidas pelo conteúdo, limitadas pelo

espaço de tempo da sua realização e são

direcionadas para as mudanças.

Como o projeto tem a mesma estrutura da

inovação, isso possibilita realizar os projetos

inovadores organicamente.

Orçamento das inovações é sempre limitado. Assim como as inovações, qualquer projeto

tem seu orçamento limitado e por isso que o

gerenciamento de projetos sempre considera

o gerenciamento de custos.

As inovações representam novidade, e por

isso há incertezas e irregularidades.

Projeto é um evento temporário e exclusivo.

Por causa disso, existe uma pratica bem

ampla em criação das matrizes e escritórios

de projetos.

Além disso, há um conjunto de medidas e

padrões de gerenciamento de projetos, que

são bases para qualquer novo projeto.

As inovações são complexas e tem uma

estrutura frágil.

Gerenciamento de projetos prevê a

formalização, gerenciamento dos processos e

gerenciamento detalhado dos recursos do

projeto.

O processo inovador pode ser dividido em

fases com objetivos e alvos intermediários.

É possível no gerenciamento de projetos

fazer uma divisão nos processos e trabalhos

intermediários, onde eles têm seus objetivos

e alvos, mas são subordinados aos objetivos

e alvos do projeto como um todo.

As inovações representam riscos.

Por exemplo, riscos técnicos, temporários ( o

projeto inovador não realizado a tempo: o

resultado "tardio" pode levar a inovação

desatualizada), econômicos (que podem

surgir quando o gasto real de recursos supera

o planejado), financeiros (o produto se torna

muito caro e sem êxito, que poderá levar à

perda de liquidez).

No gerenciamento de projetos há uma grande

variedade de instrumentos de previsão e de

gerenciamento de riscos.

Fonte: Adaptado de Kolesnik (2013) – Tradução de Vita Zubkova.

Além disso, Kolesnik (2013) cita outros benefícios na utilização da gestão de

projetos em projetos inovadores como o aumento do controle devido ao fato de que o ciclo de

vida do projeto é dividido em fases. Cada fase do projeto termina com o resultado necessário

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para atingir os objetivos, e funciona como objeto de acompanhamento e avaliação (aceitação).

O Gerenciamento de Projetos sugerido pelo PMBOK® Guide é feito usando a aplicação e a

integração lógica de processos agrupados em 5 grupos: iniciação, planejamento, execução,

monitoramento e controle, encerramento. Os erros identificados na conclusão das fases

individuais, e não no projeto como um todo, reduzem os riscos de não atingir as metas do

projeto dentro dos prazos estabelecidos.

Em outras palavras, Kolesnik fala do uso de uma abordagem de processo e métodos

formalizados em gerenciamento de projetos inovadores que permite determinar metas precisas

e um plano de trabalho coerente com a inovação, controlar a execução complexa do plano de

trabalho de inovação, analisar o desempenho real e fazer ajustes na execução. Também

permite que leve-se em consideração os riscos do projeto detalhadamente, otimize o uso dos

recursos disponíveis, bem como acumular, analisar e utilizar, no futuro, a experiência de

projetos implementados com sucesso.

Kolesnik (2013) conclui que as diretrizes principais de otimização de programas de

gestão da inovação se encontram na capacidade de a metodologia de gestão de projeto se

adaptar às condições específicas de desenvolvimento de inovações, incluindo as de caráter

social. Em condições modernas também é essencial lembrar que a inovação não é um fim em

si, mas um meio para melhorar a administração pública para com o desenvolvimento

socioeconômico da sociedade. Por esta razão, o autor tentou justificar a ideia de usar o

gerenciamento de projetos como um mecanismo eficaz para o desenvolvimento da inovação

da Rússia.

Kolesnik cita ainda outros autores, como V. V. Bykovsky e E.V. Bykovskaya, que

comprovaram a eficácia de metodologias de gerenciamento de projetos para gerenciar

projetos de Inovação.

Não apenas no campo da inovação, Perminova, Gustafsson e Wikstrom (2008)

discutem o fenômeno da incerteza em projetos e tentam integrá-lo ao gerenciamento de

projetos. Apesar de ter tomado grande proporção nos últimos anos, a disciplina de gestão de

risco ainda tem grande potencial de crescimento, mas é dificultado pela falta de entendimento

dos estudiosos acerca do termo incerteza.

Laruccia et al., em “Project management in research and development”, estudaram a

gestão de projetos na área de pesquisa e desenvolvimento onde os avanços da tecnologia

apresentam-se em diversas áreas do conhecimento humano. Concluíram que a metodologia de

gerenciamento de projetos reduz o tempo do projeto e melhora a qualidade. Verificou-se que

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o gerenciamento de projetos tem evoluído nos projetos de P&D com a presença de diversas

disciplinas nos modelos de gestão praticados. O PMBOK é citado em mais de 185 relatórios

de pesquisa.

Pinto e Covin (1989), em seus estudos sobre as práticas de gestão de projetos de

P&D nos Estados Unidos, comentam sobre o aumento do número de empresas que utilizam o

gerenciamento de projetos em projetos de P&D. Pinto e Covin atribuem o fato a um conjunto

de cinco fatores do ambiente econômico moderno:

1. Menores ciclos de vida dos produtos – produtos tornam-se obsoletos cada vez

mais rápido, exigindo que as empresas invistam cada vez mais em P&D de

novos produtos.

2. Prazos curtos para lançamento do produto – um atraso de meses ou mesmo

semanas pode custar a uma empresa sua vantagem competitiva; novos produtos

são frequentemente cronometrados para lançamento dentro de um pequeno

espaço de tempo.

3. Grande fluxo de mercado global – novas oportunidades globais requerem novos

desafios, como a dificuldade crescente de ser primeiro do mercado e com

produtos superiores.

4. Produtos cada vez mais complexos e com tecnologia elaborada – como avanços

técnicos são difundidos em organizações e crescente de complexidade técnica, o

desafio do P&D torna-se cada vez maior.

5. Baixa inflação – rentabilidade corporativa atualmente é mais eficiente por vir

menos do aumento de preços por ano e mais por racionalizar as operações

internas.

Harris (2007), em “Collaborative research and development projects – A Practical

Guide”, demonstra uma dependência crucial da Gestão de Projetos, não apenas no núcleo de

R&D, mas também do núcleo das atividades comerciais. Faz uma crítica às cooperações de

P&D com financiamento externo que concentram esforços nas reuniões, nos prazos e entregas

em vez de concentrar esforços também no retorno sobre o investimento feito nos projetos.

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2.3.2 Scrum – Gerenciamento Ágil

A metodologia Scrum, para o desenvolvimento de um produto ou serviço, foi

concebida inicialmente, para gerenciamento de projetos no ambiente de empresas automotivas

e de produtos de consumo.

Takeuchi e Nonaka (1986) perceberam que os projetos que utilizavam equipes

menores e pluridisciplinares obtinham melhores resultados e relacionaram essas equipes

altamente produtivas à formação Scrum, uma das jogadas mais conhecidas do esporte Rugby.

“O Scrum (pron. [skrʌm]) é um método de reinício de jogada no rugby, onde os

jogadores dos dois times se juntam com a cabeça abaixada e se empurram com o objetivo de

ganhar a posse de bola, [1] o termo deriva da palavra inglesa scrimmage que significa

escaramuça.”2

Cruz (2013) afirma que, na jogada Scrum do Rugby, os jogadores disputam a

reposição da bola sendo necessária a participação de todos os jogadores do time atuando em

conjunto em torno do mesmo objetivo onde a falha de um jogador significa a falha de todos.

Do mesmo modo que no jogo, o trabalho em equipe é caracterizado na estrutura do Scrum

para gestão de projetos.

Além do estudo de Takeuchi e Nonaka (1986) a metodologia Scrum também integra

os conceitos de Lean no que concerne o desenvolvimento iterativo, flexível e aberto a

mudanças.

Lean manufacturing é uma filosofia de gestão desenvolvida pelo executivo da

Toyota, Taiichi Ohno, durante o período de reconstrução do Japão após a Segunda Guerra

Mundial. Ela tem como foco a redução de sete tipos de desperdícios como superprodução,

tempo de espera, transporte, excesso de processamento, inventário, movimento e defeitos.

Taiichi Ohno acreditava que, ao eliminar estes desperdícios, também, haveria uma melhora na

qualidade, bem como, haveria uma diminuição do tempo e do custo de produção.

Poppendieck e Cusumano (2012) afirmam que o conjunto de princípios de Lean está

baseado na otimização do todo, na eliminação do desperdício, na construção da qualidade, no

processo de contínuo do aprendizado, na rapidez da entrega, no envolvimento de todas as

partes interessadas e na melhora contínua.

2 <https://pt.wikipedia.org/wiki/Framework. Acesso em: 28 out. 2016.

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Para Poppendieck e Cusumano (2012) o conceito de Lean auxilia as organizações a

identificar os valores e sequenciar as ações necessárias para esses valores, conduzir essas

ações sem pausas mesmo e executá-las com melhor efetividade. O modo de operação de Lean

é constante, utilizando apenas pequenas unidades de trabalho. Dessa forma a produção não

gera estoque e sim pequenas quantidades a todo momento. Além disso, Lean consegue

identificar com rapidez os erros, os motivos desses erros e ajudar nas mudanças necessárias

para melhoria da infraestrutura organizacional do processo de produção.

Em 1993 Jeff Sutherland, John Scumniotales e Jeff McKenna idealizaram,

registraram e colocaram o Scrum em prática na empresa Easel Corporation. Em 1995, Ken

Schwaber oficializou a definição de Scrum e contribuiu para a implantação no

desenvolvimento de softwares, se tornando uma das técnicas de Gerenciamento Ágil mais

difundida em todo o mundo.

Cruz (2013) afirma que o Scrum é uma estrutura que vem sendo utilizada desde

1990, para gerenciar o desenvolvimento de produtos complexos e possibilita tratar e resolver

problemas de adaptação, ao mesmo tempo de forma produtiva e criativa gerando produtos

com maior valor concebível.

Atualmente a função básica do Scrum é o gerenciamento de projetos de

desenvolvimento de software. Porém, teoricamente pode ser aplicado a qualquer tipo de

projeto, até mesmo projetos de pesquisa científica.

De acordo com o Guia do Scrum, de Schwaber e Sutherland (2013), seu propósito é

ser um framework para desenvolvimento e sustentação de produtos complexos.

Em administração, um framework é uma estrutura conceitual básica que permite o

manuseio homogêneo de diferentes objetos de negócio. Serve para incrementar a

disciplina de gestão e predefinir entregáveis comuns para cada objeto de negócio.

Pode ser visto também como uma tática bem definida para manipular com destreza

ambientes organizacionais complexos. Um framework deve prover sugestões de

solução para uma família de problemas semelhantes.

Exemplos de frameworks para gestão: ISO 9000, ISO 14000, OHSAS 18000, ITIL,

COBIT, CMM, HACCP, SCRUM (WIKIPEDIA3, 2016).

Cruz (2013) afirma que o Scrum não e um processo ou uma tecnica para construir

produtos e sim um framework dentro do qual é possível empregar diversos processos ou

3< https://pt.wikipedia.org/wiki/Framework>. Acesso em: 28 out. 2016

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tecnicas. No Scrum e explicitada a eficácia relativa das práticas de gerenciamento e

desenvolvimento de produtos, permitindo intervençoes para melhorá-las.

Schwaber e Sutherland (2013) esclarecem ainda que as estrategias específicas para o

uso do framework Scrum podem variar.

O método Scrum e fundamentado nas experiências vividas de controle de processo,

entendendo-se que o conhecimento vem da experiência e da tomada de decisões baseadas no

conhecimento existente. O Scrum emprega uma abordagem iterativa e incremental para

melhorar a previsibilidade e o controle de riscos.

De acordo com Cruz (2013), a implementação do controle de processo empírico e

apoiada por três pilares: clareza, inspeção e adaptação.

Clareza - Questões significativas do processo devem ser expostas aos

responsáveis pelos resultados do projeto, definidos por um padrão comum,

demonstrando o objetivo e o alinhamento dos entendimentos dos observadores

em relação ao que está sendo visto.

Inspeção – Os artefatos do Scrum e os desvios devem ser verificados com

frequência pelos usuários do Scrum. Porém, esta verificação não deve ser muito

frequente a ponto de atrapalhar a execução das tarefas. Além disso, são mais

proveitosas e ágeis, quando realizadas por especialista no assunto da tarefa.

Adaptação - Quando um inspetor identifica que algum aspecto de um processo

desviou-se dos limites admissíveis e que o produto resultante está incorreto, o

processo ou o material que está sendo produzido deve ser reparado o mais breve

possível.

Segundo Cruz (2013), a estrutura é composta por um Time Scrum, pequenos grupos

de pessoas que possuem papéis e responsabilidades específicas predeterminadas. O Time

Scrum é composto por três papéis: Time de Desenvolvimento, Product Owner e Scrum

Master.

O Time de Desenvolvimento é composto de profissionais que realizam o trabalho e

entrega parte do produto, um incremento que acrescenta valor ao produto “Pronto” ao final de

cada ciclo iterativo.

O Time de Desenvolvimento é auto-organizável, ou seja, determina qual a melhor

forma de desenvolver e terminar o próprio trabalho, em vez de serem comandados por outras

pessoas de fora do Time. Ele também é multifuncional, possui todas as competências

necessárias para completar o trabalho sem depender de outros que não fazem parte dele.

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O formato de Time de Desenvolvimento no Scrum e delineado para aprimorar a

flexibilidade, criatividade e produtividade dos componentes do Time.

O Product Owner, de acordo com Cruz (2013) é dono do produto, o responsável por

compreender o negócio do produto e potencializar seu valor para o cliente além de garantir o

entendimento por parte do Time de Desenvolvimento daquilo que deve ser entregue em todos

os ciclos iterativos.

O Scrum Master e encarregado de garantir que o estrutura do Scrum seja entendido e

aplicado. O objetivo e garantir que o Time Scrum esteja aderente à teoria, práticas e regras do

Scrum.

Para que exista a qualquer tempo uma versão usável do produto, o Time Scrum

trabalha de forma interativa e incremental, maximizando as oportunidades de realimentação.

O Scrum Master trabalha com o Product Owner, Time de Desenvolvimento e demais

partes envolvidas para entender se os artefatos estão completamente claros, identifica a falta

de clareza através da inspeção dos artefatos e detecta diferenças entre o esperado e o resultado

efetivo.

O Scrum Master ajuda todos a aplicar a mais apropriada prática na falta da clareza. O

Scrum Master pode detectar clareza incompleta atraves da inspeção dos artefatos, percebendo

padroes, ouvindo atentamente o que está sendo dito e detectando diferenças entre o esperado e

o resultado real.

O Time Scrum realiza eventos de duração fixa, os chamados ciclos iterativos e utiliza

como apoio alguns artefatos. O Time Scrum aplica regras que unem os eventos, os papéis e os

artefatos. Cada componente dentro deste framework serve a um propósito específico e e

essencial para o uso e sucesso do Scrum.

Todos os eventos possuem uma duração máxima. Esta duração e fixada e não pode

ser reduzida ou dilatada. Os eventos subsequentes podem terminar sempre que o propósito do

evento anterior e alcançado, garantindo que apenas o tempo adequado seja gasto, sem perdas

para o processo.

Cada evento no Scrum e uma oportunidade de conferir e ajustar o que for necessário.

Os eventos são planejados para permitir a clareza e a inspeção cautelosa. O esquecimento de

qualquer um dos eventos pode resultar na diminuição da clareza e da perda da oportunidade

para conferir e fazer os ajustes necessários.

Eventos passados são aplicados no Scrum, com a finalidade de criar o hábito e

diminuir a necessidade de reunioes não planejadas no Scrum.

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No Scrum, os projetos são divididos em ciclos geralmente mensais, denominados

Sprints, dentro dos quais um conjunto de atividades deve ser executado. A metodologia

Scrum é uma metodologia iterativa, na qual o trabalho é dividido em iterações chamadas de

Sprints.

A ação central do Scrum e a Sprint, que possui a duração máxima de um mês.

Durante a Sprint, uma versão incremental potencialmente utilizável do produto e

desenvolvida. Em regra, uma Sprint inicia de imediato após a conclusão da anterior.

No Guia Scrum é definido que as Sprints são compostas por uma reunião de

planejamento, reunioes diárias, o trabalho de desenvolvimento, uma revisão e a retrospectiva

da Sprint.

O site © 2013/2014 DesenvolvimentoÁgil.com.br, apoiado pela empresa HE-labs,

resume a Sprint:

As funcionalidades a serem implementadas em um projeto são mantidas em uma

lista que é conhecida como Product Backlog. No início de cada Sprint, faz-se um

Sprint Planning Meeting, ou seja, uma reunião de planejamento na qual o Product

Owner prioriza os itens do Product Backlog e a equipe seleciona as atividades que

ela será capaz de implementar durante o Sprint que se inicia. As tarefas alocadas em

um Sprint são transferidas do Product Backlog para o Sprint Backlog.

A cada dia de uma Sprint, a equipe faz uma breve reunião (normalmente de manhã),

chamada Daily Scrum. O objetivo é disseminar conhecimento sobre o que foi feito

no dia anterior, identificar impedimentos e priorizar o trabalho do dia que se inicia.

Ao final de um Sprint, a equipe apresenta as funcionalidades implementadas em

uma Sprint Review Meeting. Finalmente, faz-se uma Sprint Retrospective e a equipe

parte para o planejamento do próximo Sprint. Assim reinicia-se o ciclo. Veja a

ilustração a seguir

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Figura 4 - Ciclo da Sprint

Fonte: Adaptado de Desenvolvimento Ágil - http://www.desenvolvimentoagil.com.br/scrum/

O Scrum prima pela clareza. Quando a clareza e total, as decisoes têm uma base

forte. Na medida em que os artefatos não são claros, as decisões podem ser falhas, valores

podem diminuir e riscos podem aumentar.

A percepção do estado dos artefatos é a base do controle de riscos e das decisões de

otimização do valor.

O Time Scrum utiliza os artefatos específicos e aplica regras que unem os eventos, os

papéis e os artefatos para realizarem os eventos.

O Backlog é um dos artefatos mais importantes do Scrum, é uma lista com todas as

características, funções, tecnologias, melhorias e correções que compreende a versão final do

produto a ser entregue ao final do projeto. Compreende ainda todo o entendimento

indispensável para atender os requisitos, produzir as funcionalidades ou produtos e, ao final,

entregar um produto.

O Backlog do Produto, lista priorizada de todos os requisitos necessários para o

desenvolvimento e entrega final do produto, é gerenciado exclusivamente pelo Product

Owner.

Fabio Cruz (2013), em seu livro “Scrum e PMBOK, unidos no Gerenciamento de

Projetos”, expõe que o Backlog é o único artefato descrito oficialmente no Guia Scrum.

Porém, existem outros artefatos que são bastante utilizados e que muito contribuem para os

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padrões ágeis. Fabio Cruz (2013) cita ainda os artefatos não oficiais como o Quadro de

Tarefas (Taskboard) e o Burndown.

O Taskboard é descrito por Kniberg e Skarin (2009) como sendo um quadro das

tarefas, atualizado pelos membros da equipe continuamente durante o Sprint. O Taskboard é

composto por:

História – descrição de como os usuários querem a tarefa.

Para Fazer – todas as tarefas que não foram concluídas e estão em execução no

Sprint atual.

Tarefa em Execução – todas as tarefas que estão sendo desenvolvidas naquele

momento.

Para verificar – todas as tarefas que possuem interdependência de outras,

informando quais são as interdependências.

Finalizado – tarefas terminadas.

Campos (2012) descreve o Burndow chart ou gráfico de Burndown, como o gráfico

utilizado pelas equipes Scrum para representar diariamente, o progresso do trabalho em

desenvolvimento. Ou seja, após cada dia de trabalho, o gráfico apresenta a porção de trabalho

finalizada em comparação com o trabalho total planejado.

Schwaber e Sutherland (2013) concluem no Guia do Scrum:

O Scrum e livre e oferecido neste guia. Papeis, artefatos, eventos e regras do Scrum

são imutáveis e, embora seja possível implementar somente partes do Scrum, o

resultado não e Scrum. Scrum existe somente na sua totalidade, funcionando bem

como um container para outras tecnicas, metodologias e práticas.

Cruz (2013), em seu livro ‘Scrum e PMBOK, unidos no Gerenciamento de Projetos’,

descreve o ciclo de vida do Scrum, do PMBOK e propõe uma interseção entre Scrum e

PMBOK.

Cruz (2013) relembra que o PMBOK® Guide possui uma grande quantidade de

processos que representam o ciclo de vida completo de um projeto e que esses processos

podem ser aplicados em vários níveis de profundidade, em etapas distintas e em sequências

alternadas, de acordo com a necessidade de cada projeto. Porém, o PMBOK® Guide não

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orienta como executar parcialmente ou por completo e qual o melhor momento para realizar

cada processo.

Para Cruz (2013), o PMBOK® Guide pode ser absoluto na sua amplitude na

proposta de conteúdo de gestão, mas não se compromete a definir uma metodologia de

aplicação de suas particulares boas práticas. Por outro lado, o Scrum é menos abrangente, mas

possui regras, rituais e sequenciamento bastante definidos.

A proposta de Cruz (2013), a partir do ciclo de vida do Scrum – que possui um

formato mais simples, menor e compacto, é compreender o processo como um todo, para

melhor acompanhar as boas práticas sugeridas pelo PMBOK. Ao percorrer o Scrum, é

possível perceber precisamente onde os processos do PMBOK® Guide podem ser inseridos.

O objetivo é utilizar uma metodologia única, que possibilite três formas de utilização

dos processos do PMBOK® Guide, internamente ao ciclo do Scrum, externamente ao ciclo do

Scrum e, por fim, paralelamente ao ciclo do Scrum.

A proposta de Cruz (2013) é representada nas Figuras 5, 6 e 7 a seguir.

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Figura 5 - Distribuição de processos ao longo das fases do ciclo de vida do projeto, Ciclo de Vida do PMBOK®

Guide e seus processos

Fonte: Adaptado de Cruz (2013, p. 28).

Figura 6 - Ciclo de Vida do Scrum

Fonte: Adaptado de CRUZ (2013, p. 38).

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Figura 7 - Ciclo de Vida do Scrum

Fonte: Adaptado de CRUZ (2013, p. 65).

O Scrum é largamente utilizado para gerenciar projetos de desenvolvimento de

Softwares, porém encontra-se, na literatura, registros da utilização do Scrum no

gerenciamento de projetos de desenvolvimento de novos produtos inovadores em diversas

áreas de aplicação, além de softwares.

Para Pichler e Schulze (2004), gerenciamento ágil de projeto tem representado

mudanças profundas na forma de gerenciar desenvolvimento de produto. Empresas lidam com

ciclos de inovações cada vez menores e necessitam introduzir, com rapidez, novos produtos

no mercado.

Highsmith (2004), no capítulo 1 de seu livro ”Agile Project Management – Creating

Innovative Products”, argumenta que o desafio de desenvolver produtos novos com alto grau

de incertezas, em menores espaços de tempo e necessidade de baixo custo, requer um

gerenciamento de projetos adaptável em vez de antecipatório, conforme explicitado no

Manifesto Ágil4.

4 www.agilemanifesto.org

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Highsmith (2004) apresenta seis princípios norteadores da gestão ágil de projetos,

incluindo a entrega de valor, a entrega de características interativas e construção de equipes

flexíveis.

Para Highsmith (2004) os seis princípios estabelecem a cultura necessária para ter

sucesso e forma um sistema sólido de crenças positivas, que são a base do gerenciamento ágil

de projetos.

Ainda para Highsmith (2004), a visão geral do Framework de gerenciamento ágil de

projetos é composta por cinco fases: A Fase Visionar estabelece a visão do produto, escopo

do projeto e características da equipe; na Fase Especular, é criado um plano de trabalho de

alto nível demonstrando as interações e marcos principais; na Fase Explorar, são criadas as

versões do produto intermediário testado usando as interações; A Fase Adaptar baseia-se nos

resultados obtidos na fase anterior, a fase Explorar de forma interativa traz o produto para

mais perto da conclusão do mesmo, e por fim, a Fase Finalizar que conclui o projeto.

Schuwaber (2004) reforça, em seu livro Agile Project Management with Scrum, que

a utilização do Scrum não se limita ao desenvolvimento de Sofware, mas que é facilmente

utilizável no desenvolvimento de outros tipos de produtos. Schuwaber faz tal afirmação

devido ao fato da Honda, Canon e Fuji utilizarem a prática pioneira do Scrum para gerenciar o

desenvolvimento de novos produtos.

Schuwaber reforça ainda, no capítulo 6 de seu livro, que as adaptáveis técnicas de

planejamento do Scrum permitem reagir rapidamente às mudanças e permitem envolver a

equipe com alto grau de comprometimento.

Sommer et al., em Research Technology Management, janeiro de 2015, fazem uma

crítica ao processo linear de desenvolvimento de produtos, bem como ao tradicional processo

Stage-Gate, por não apoiarem os ciclos interativos e a gestão dos diversos colaboradores

externos, que caracterizam os esforços de desenvolvimento do produto da atualidade. Os

autores fizeram um estudo comparativo entre sete empresas de tecnologia intensiva e

sugeriram uma combinação do Stage-Gate em nível estratégico com o Scrum em nível de

execução, um processo híbrido e genérico, que combine elementos do Agile e do Stage-Gate,

oferecendo uma alternativa mais flexível aos modelos convencionais.

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2.3.3 PRINCE2™

A metodologia de gerenciamento de projeto Project IN Controlled Enviroment

(PRINCE2™) foi originalmente desenvolvida no Reino Unido pela Central Computer and

Telecommunications Agency (CCTA), que hoje faz parte do Office of Government Commerce

(OGC)5, uma organização do governo do Reino Unido responsável por iniciativas que

aumentam a eficiência e efetividade de processos de negócio do governo.

De acordo com Ribeiro (2011), em “Gerenciando Projetos com PRINCE2™”, o

Prince foi desenvolvido a partir do PROMPT II, que também é um método estruturado para

gerenciamento de projetos, criado em 1975 pela Simpact Systems Ltd. Em 1979 o CCTA

adotou o PROMPT II como padrão para o gerenciamento de todos os projetos de sistema de

informação do governo britânico e deu continuidade ao desenvolvimento do método. Em

1996 o PRINCE2™ foi lançado em resposta às solicitações de melhorias dos usuários e

passou a ser utilizado não apenas na gestão de projetos de sistemas de informação, mas

também para o gerenciamento de qualquer tipo de projeto.

Desde 1989 tem sido utilizado como metodologia de gerenciamento de projetos,

especialmente no Reino Unido. Este método foi desenvolvido inicialmente apenas para os

projetos de Novas Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC), tecnologias e métodos

para comunicar surgidas no contexto da Revolução Informacional, "Revolução Telemática"

ou Terceira Revolução Industrial, desenvolvida gradativamente desde a segunda metade da

década de 1970 e, principalmente, nos anos 1990.

O PRINCE2™ é um padrão genérico de melhores práticas estabelecido e

amplamente utilizado em gerenciamento de projetos. É um método de gerenciamento de

projeto estruturado com base na experiência adquirida de projeto, contribuições de

patrocinadores, gerentes de projeto, equipes de projeto, acadêmicos, especialistas e

consultores.

PRINCE2™ isola os aspectos da gestão do trabalho das contribuições especializadas,

tais como a concepção e construção. Os aspectos especializados dos projetos específicos

podem ser facilmente integrados ao método PRINCE2™ com o objetivo de fornecer um

quadro geral para o trabalho do projeto.

A partir de Agosto/2013, o PRINCE2™ passou a ser de propriedade da empresa

AXELOS Limited, porém, a utilização do PRINCE2™ nas organizações é livre.

5 https://www.gov.uk/government/publications/best-management-practice-portfolio/about-the-office-of-

government-commerce

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De acordo com a Axelos (2009) em “Gerenciamento de Projetos de Sucesso com

PRINCE2™” o gerenciamento de projeto atraves desta metodologia conta com quatro

elementos integrados: princípios, temas, processos e ambiente do projeto. Além disso, foca-se

no controle de seis objetivos principais do projeto: escopo, tempo, custo, qualidade, riscos e

benefícios.

Ribeiro (2011) em “Gerenciando Projetos com PRINCE2™” afirma que o metodo

tem como característica o direcionamento do projeto para um “Business Case”, incorporado a

uma estrutura organizacional de projeto utilizando duas técnicas, Product-based Planning

(Planejamento baseado em Produto) e Qualit Review (Revisão da Qualidade).

Para Ribeiro (2011), apesar do PRINCE2™ descrever apenas duas técnicas, não há

impedimento, pelo contrário, de que outras técnicas e ferramentas sejam utilizadas em

conjunto, como apoio ao gerenciamento de projetos e cita o PMBOK como um complemento

ao método PRINCE2™.

O documento “Benefits Of PRINCE2™® – The World’s Most Practiced Project

Management Methodology” disponibilizado no site da Axelos demonstra a estrutura do

PRINCE2™ através do diagrama abaixo:

Figura 8 - The Structure of PRINCE2™

Fonte: <https://www.axelos.com/Corporate/media/Files/Brochures/PRINCE2™_Product_Brochure_Conference_Version_v1.pdf>

Os princípios descritos por Axelos (2009) são orientações obrigatórias e boas

práticas que determinam se o projeto está sendo genuinamente gerenciado de acordo com o

método PRINCE2™, através da aplicação de sete princípios:

1. Justificativa contínua do Negócio (Business Case) – Deve existir uma razão

consistente para a existência do projeto até o final do mesmo.

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2. Aprender com a experiência - Equipes de projetos que utilizam o PRINCE2™

devem tirar as lições aprendidas com o trabalho anterior de forma continua.

3. Papéis e responsabilidades definidos - Equipes de projeto que utilizam o

PRINCE2™ devem ter uma estrutura organizacional clara e envolver as pessoas

certas nas funções certas.

4. Gerenciamento por estágios - Projetos que utilizam PRINCE2™ devem ser

planejados, monitorados e controlados por etapas.

5. Gerenciamento por exceção - Definir limites de tolerância para cada objetivo do

projeto para estabelecer limites de autoridade delegada.

6. Foco no produto – Focar na definição dos requisitos do produto, nas entregas e

na qualidade.

7. Adequação ao ambiente do projeto - A metodologia PRINCE2™ permite a

adequação ao ambiente, tamanho, complexidade, importância, capacidade e

riscos do projeto.

Axelos (2009) expõe ainda que sem a aplicação de qualquer dos princípios, o projeto

não estará utilizando o PRINCE2™, e, portanto, trata-se de um rol compulsório de aplicação

dos conceitos.

A Figura 9, a seguir, demonstra os sete princípios.

Figura 9 - Princípios PRINCE2™

Fonte: Adaptado de Ribeiro (2011, p. 13).

Os temas descrevem aspectos do gerenciamento que devem ser tratados contínua e

paralelamente ao longo de toda a duração do projeto. Os sete temas explicam o tratamento

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específico exigido pelo PRINCE2™ para várias disciplinas de gerenciamento de projeto e por

que eles são necessários, assim interpretados:

1. Business Case – Que valor o projeto entrega para a organização?

2. Organização - Como os papéis e as responsabilidades individuais de cada

membro da equipe do projeto podem ser definidos visando uma gestão eficaz o

projeto?

3. Qualidade - Quais os requisitos de qualidade e como serão medidos?

4. Planos – Qual o planejamento dos passos e técnicas?

5. Risco - Como serão abordadas as incertezas no ambiente do projeto?

6. Mudança - Como serão avaliadas e abordadas as mudanças imprevistas?

7. Progresso – Como avaliar continuamente a viabilidade do projeto, dos planos e

se o projeto deve prosseguir?

A Figura10, a seguir, demonstra os sete Temas.

Figura 10 - Temas PRINCE2™

Fonte: Adaptado de Ribeiro (2011, p. 14).

Os sete processos descritos por Axelos (2009) são percorridos de acordo com as

etapas ao longo do ciclo de vida do projeto. São eles:

1. Starting Up a Project (SU) – Trata-se do processo de verificação da viabilidade

do projeto.

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2. Directing a Project (DP) – Resume-se pelas atividades necessárias para dar

direcionamento ao projeto. Este processo é de responsabilidade do Project

Board, um comitê composto por representantes da área de negócio do fornecedor

e do usuário. De acordo com Ribeiro (2011), o manual Directing Success

Projects whith PRINCE2™ resume as atribuições do Project Board como

assegurar a boa comunicação, apoiar o gerente do projeto, tomar as decisões,

comprometer recursos, ser responsável pelo projeto, dar direção ao projeto,

delegar autoridades e facilitar a integração das diversas funções no projeto.

3. Initiating a Project (IP) – Neste processo são elaborados os planos, as definições

estratégicas e demais questões que compõem a documentação de iniciação do

projeto. São produzidas todas as informações necessárias para o Project Board,

no âmbito do processo Directing a Project, autorizar o início do projeto;

4. Managing a Stage Boundary (SB) – Este processo visa gerenciar a passagem

entre um estágio e outro, a fim de garantir que todas as informações sejam claras

e suficientes para o Project Board tomar as decisões necessárias em relação ao

projeto. É baseado nessas informações que o Project Board, no processo

Directing a Project, aprova tanto o estágio vigente quanto o plano de trabalho do

estágio subsequente.

5. Controlling a Stage (CS) - O objetivo deste processo é atribuir e monitorar os

trabalhos, tratar as questões que interferem no projeto, produzir relatórios de

acompanhamento, analisar riscos, controlar as mudanças do projeto, dentre

outros. Neste processo, o gerente do projeto controla e monitora seus estágios.

6. Managing Product Delivery (MP) – Este processo tem por objetivo estabelecer

os requisitos de execução e entrega dos produtos, além dos requisitos de

aceitação. Deve-se garantir que o Gerente do Time ou o Gerente do Projeto,

tenha entendido os produtos planejados, para construção dentro do planejado e

entregues de acordo com o especificado;

7. Closing a Project (CP) – O objetivo deste processo é confirmar a aceitação dos

produtos entregues, conferir se os objetivos iniciais do projeto foram cumpridos

e recomendar ações para sanar eventuais problemas que possam ocorrer nos

produtos, após o término do projeto.

Cada um dos processos acima mencionados fornece listas de verificação de

atividades, com recomendações de processos de gerenciamento de projetos, tais como,

business case, descrição de produtos, relatórios, registros, notas de lição e responsabilidades

relacionadas.

A Figura 11 abaixo demonstra os sete processos.

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Figura 11 - Processos PRINCE2™

Fonte: Adaptado de Ribeiro (2011, p. 16).

A Figura 12, a seguir, de Axelos (2009), descreve as etapas do ciclo de vida do

projeto, do início do planejamento até o encerramento.

Figura 12 - Use of the PRINCE2™ processes through the project lifecycle

Fonte: Adaptado de Axelos (<https://www.axelos.com/best-practice-solutions/PRINCE2/what-is-PRINCE2>).

A Figura 12 refere-se à adequação do PRINCE2™ ao contexto particular do projeto.

O PRINCE2™ não é uma solução de tamanho único, mas, sim, uma estrutura flexível de

gerenciamento de projetos, que pode ser adequada a qualquer tipo e tamanho de projeto.

De acordo com o site6 da Axelos, os benefícios do PRINCE2™ são:

Incorpora práticas e governança estabelecidas e comprovadas como melhores

práticas;

6 Disponível em: <https://www.axelos.com/best-practice-solutions/PRINCE2/what-is-PRINCE2>. Acesso em: 10 abr. 2016.

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Pode ser aplicado a qualquer tipo de projeto e a qualquer tipo de organização;

É amplamente reconhecido e entendido;

Promove linguagem comum, possibilitando um vocabulário comum a todos os

participantes do projeto, possibilitando a comunicação efetiva;

Promove o reconhecimento explícito de Papéis e Responsabilidades, dessa

forma os participantes compreendem os papéis e necessidades de cada um,

permitindo a existência de uma estrutura definida para responsabilização,

delegação, autoridade e comunicação;

Dá foco no Produto (entregas), que clarifica (para todas as partes) o que o

projeto irá entregar, por quê, quando, por quem e como. Com esse foco é que os

planos são desenhados para satisfazer os diferentes níveis da equipe,

melhorando a comunicação e o controle;

Tem planos baseados nas necessidades das equipes;

É baseado na Gestão por Exceção, que possibilita a eficiência e eficácia na

utilização do uso e suporte da gestão executiva;

Tem foco na viabilidade/desejo de forma baseada no Business Case. Mais que

concluir o projeto, este tem que trazer benefícios;

Tem estrutura de relatórios definida com foco econômico do projeto;

Os Stakeholders são representados em diversos níveis. As partes interessadas

(stakeholders) são representados no planejamento e na tomada de decisão;

Possibilita o aprendizado e a melhoria contínua, promovendo o aumento da

Maturidade no Gerenciamento dos Projetos;

Promove uma abordagem consistente para o trabalho que possibilita a

reutilização dos ativos; também promove a mobilidade dos recursos e reduz o

impacto das mudanças na equipe;

É uma valiosa e poderosa ferramenta de diagnóstico, facilitando a avaliação,

garantia e auditoria do trabalho do projeto.

Neste ponto, interessante trazer ao tema a afirmativa de Ribeiro:

A integração de Princípios, Temas, Processos e Customizações direcionam o

gerenciamento dos projetos no método PRINCE2™, cujo objetivo é orientar e

obrigar quanto ao uso de boas práticas para gerenciamento de projetos. Seguir os

princípios da obrigação, pois se não forem aplicados, o projeto não estará sendo

gerenciado com o uso do Método PRINCE2 (RIBEIRO, 2011, p. 12).

Durante a evolução da presente pesquisa, foram encontrados poucos exemplos da

utilização da metodologia PRINCE2™ em projetos de P&D.

Em “Application of standard project management tools to research--a case study

from a multi-national clinical trial”, Gist e Langley (2007) relatam a aplicação do

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PRINCE2™ na gestão de grandes ensaios clínicos, especificamente, traz o exemplo de um

ensaio de fase III de um microbicida candidato para prevenir a infecção de HIV vaginal

adquirida.

Gist e Langley (2007) revisam o desafio de garantir que as ferramentas de

gerenciamento de projeto adicionem valor para um projeto global, de modo que não sejam

percebidas como um fardo excessivamente administrativo.

Gist e Langley (2007) apontam os relatórios resumidos dos projetos que são exigidos

pelo Comitê Executivo responsável pelo projeto e órgãos de financiamento americano como

razões para adotar a abordagem do PRINCE2™, não só para gerenciar o desenvolvimento

experimental, mas, também, para ligar os gastos com atividades desenvolvidas em diversos

locais diferentes, permitir indicadores-chave de desempenho, fornecer ferramentas para

monitoramento de riscos, permitir realinhamento de orçamentos e refletir as mudanças em

geral e de colaboradores.

Wilkins (2009), em “Royal Flying Doctor Service flies to new heights: the journey of

health information management” define a visão de um sistema de informação de saúde

projetado para atender as exigências dos Royal Flying Doctor Service (RFDS) da Austrália,

que fornece serviços de saúde para os habitantes do Outback australiano.

Wilkins (2009) descreve o desenvolvimento do sistema de informação usando a

metodologia de gerenciamento de projeto de PRINCE2™ que contribuiu para a introdução de

um ”registro medico eletrônico” (EMR), necessário devido à complexidade, à natureza

multidisciplinar das equipes e à falta de tecnologia de comunicação nas comunidades

visitadas pelos RFDS.

Kittelsen et al. (2014), em seus estudos sobre as melhores técnicas para gerenciar

projetos de desenvolvimento de Software, se aprofundam no entendimento e aplicação do

Scrum e do PRINCE2™ e propõem uma análise comparativa das duas técnicas.

Para eles não existe uma resposta definitiva a respeito de qual é o método ideal para

gerenciar um projeto de desenvolvimento de Software, sendo necessário avaliar a

especificidade de cada projeto. No estudo, o PRINCE2™ demonstrou ser bastante eficiente

em grandes grupos de desenvolvimento, ao passo que, o Scrum e suas técnicas permitem aos

desenvolvedores maior flexibilidade para trabalhar de forma eficiente quando em grupos

menores.

Pekka Kess et al. (2010), em “Critical factors for an effective business value chain”,

identificam fatores críticos para cadeias de valor de negócio eficaz nas indústrias elétricas e

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80

eletrônicas. Eles concluem que uma cadeia de valor de negócio eficaz nas indústrias elétricas

e eletrônicas depende essencialmente de bons sistemas operacionais e de gestão e vínculos de

informação e comunicação (TIC) com fornecedores e clientes. O estudo aponta a utilização do

PRINCE2™ (ambientes controlados) para projetos de desenvolvimento de software e

compartilhamento de dados como facilitador de auditorias nestes projetos, sustentando

adequadamente a cadeia de valor do negócio.

2.3.4 Front End Loading (FEL)

A metodologia de desenvolvimento de um produto ou serviço Front End Loading

(FEL) foi desenvolvida pelo Independent Project Analysis (IPA), que fornece orientação de

pesquisa voltada para a análise de viabilidade do projeto, utilizando um banco de dados

detalhado, de forma parametrizada, englobando os dados do ciclo de vida do projeto.

A Independent Project Analysis (IPA), fundada em 1987, é uma empresa americana

cujo objetivo de seu trabalho e comparar e analisar “Projetos” (Empreendimentos) realizados

em diversas partes do mundo. De acordo com Barbosa, Pinheiro e Santos Junior (2013), a IPA

produz um relatório onde compara parâmetros antevistos do projeto como prazo, segurança,

custo e outros, com os resultados de outros projetos do seu acervo. Em seguida a empresa

analisa as práticas adotadas por um cliente específico e compara com as práticas dos outros

clientes, principalmente, com aqueles que tiveram melhores resultados.

De acordo com a definição encontrada no site do IPA, trata-se de uma organização

que se dedica à análise quantitativa da eficiência de projetos de capital (adquirir ou melhorar

os bens físicos de uma empresa).

De acordo com Brooks & Klerian (2003), o IPA dispõe e desenvolve bancos de

dados minuciosos e com parâmetros, contendo dados do ciclo de vida completo do projeto, da

concepção até a operação. Os dados são utilizados para criar ferramentas de análise estatística

para comparar o desempenho de projetos no que concerne ao custo, integração, efetividade de

equipe, entre outras.

Romero & Andery (2008) definem a atuação do IPA como preferencialmente uma

atuação na gestão do processo de projeto, ou seja, no conjunto de atividades coordenadas para

dirigir e controlar o processo de projeto. Na gestão do processo de projeto o IPA aplica a

metodologia Front End Loading (FEL).

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81

A metodologia FEL tem como finalidade assegurar um planejamento excelente do

projeto. O processo FEL e utilizado principalmente em projetos de indústrias de

transformação, petroquímica e refino. (PRADO, 2004; BARBOSA, PINHEIRO, SANTOS

JUNIOR, 2013)

A metodologia FEL tem como premissa o aperfeiçoamento das atividades de

definição do projeto para reduzir o número de “claims”, ou seja, reduzir o número de

problemas que podem ocorrer na execução, quando os custos para alterações no projeto são

maiores. Além disso, a metodologia FEL possui processos de identificação e determinação do

escopo que permitem o alinhamento do projeto com a necessidade do negócio (BARSHOP,

2004).

A metodologia FEL também é conhecida como Planejamento Pré-Projeto (PPP),

projeto de engenharia front-end (FEED), análise de viabilidade, planejamento conceitual,

programação / design, esquema e planejamento do projeto inicial.

É um processo de desenvolvimento sequencial de projetos em indústrias de

transformação, petroquímica e refino. Observa-se também a utilização da metodologia FEL

em projetos da indústria farmacêutica, e ainda, em projetos detalhados ou de engenharia

detalhada.

Este processo envolve a produção de informação estratégica, para que os

responsáveis possam enfrentar riscos e tomar decisões de alocação de recursos, objetivando

maximizar o potencial de sucesso do projeto.

Os esforços concentram-se em um planejamento robusto no início do ciclo de vida

do projeto, no momento em que a capacidade de influenciar mudanças é relativamente alta e o

custo para fazer essas mudanças é relativamente baixo. A metodologia FEL é geralmente

aplicada a projetos de longo ciclo de vida e com alto investimento de capital. Apesar de ser

adicionada uma pequena quantidade de tempo e custo no início do projeto, são inferiores em

comparação aos custos e esforços necessários para fazer alterações nas fases posteriores do

projeto.

A FEL utiliza, ainda, o processo “stage-gate” (portais de decisão), que obriga o

projeto a passar por avaliações formais antes de receber o financiamento da etapa posterior e

permite, ainda, que a qualidade do planejamento seja melhorada a cada portal através da

utilização do PDRI (Avaliação do Índice de Definição do Projeto), como parte do processo de

stage gate.

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82

Prado (2004) define a metodologia FEL como sendo uma coleção de métodos,

técnicas e ferramentas que apontam o que fazer, como fazer e em qual momento fazer.

Caracteriza-se por utilizar documentos de engenharia que constituem o “Gerenciamento do

Tecnico”, documentos que garantem que o produto do projeto está de acordo com as

especificações técnicas previstas.

O projeto complexo é analisado a partir de três estágios básicos de aprovação,

chamados de FEL1, FEL2, FEL3. Em cada portão, são apresentadas as questões críticas que

podem causar algum impacto em relação ao objetivo daquela fase.

Para Barbosa, Pinheiro e Santos Junior (2013), a maior vantagem para a empresa na

aplicação da FEL é a garantia de que os investimentos sejam dirigidos de forma organizada e

que somente os negócios lucrativos economicamente e viáveis do ponto de vista ambiental

sejam concretizados.

Ramos (2006) e Romero & Andery (2008) explicam que no FEL 1 são detalhados os

objetivos do negócio (projeto), mantendo o alinhamento com a estratégia empresarial. No

FEL 2 é escolhida a melhor alternativa apresentada na etapa anterior para planejamento das

instalações, melhor definição do escopo e maior detalhamento do projeto. No FEL 3, as

premissas são refinadas e relacionadas aos fatores estruturais das alternativas de engenharia.

Nesta etapa acontece a preparação do projeto para aprovação do escopo, do cronograma de

custos e de prazos.

Rutkowski (2009) afirma que apesar de ser comum no campo industrial a divisão das

atividades relativas ao processo Front-End Loading em 3 (três) estágios, alguns segmentos

que desenvolvem projetos com montante de US$ 1B (um bilhão de dólares), é comum a

utilização de até 8 portões com ações e entregáveis específicos em cada etapa.

Rutkowski (2009) demonstra no Quadro 5 os principais critérios de aprovação para

cada portão para projetos que utilizam três portões.

Quadro 5 - Relação de critérios para aprovação de cada portão do processo Front-End

Loading

FEL 1 FEL 2 FEL 3

Visualização Conceituação Definição

Objetivos do Negócio

alinhados com o

Empreendimento

Planejamento Preliminar

Programação de Implantação

‘LayOut’ Preliminar

Plano de Execução do

Projeto

Declaração de Escopo do

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83

Definição da Tecnologia

Termo de Abertura

Oportunidades e Cenários

Identificados

Estimativa Preliminar de

Investimento

Balanço de Massa

Balanço Energético

‘Portfólio’ Definido

Estimativa de Custo Preliminar

Projeto Preliminar dos

Equipamentos

Classificação dos Riscos e

Esforços

Projeto

Estimativa de Custo

Engenharia Básica

Propostas Comerciais dos

Equipamentos

Especificação dos Principais

Equipamentos

Planos de Risco e

Contratação

Modelamento Tridimensional

(3D) Preliminar

Lista de Equipamentos

Elétricos

Lista de Tubulações

Lista de Instrumentos

Fonte: Rutkowski (2009)

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84

Rutkowski (2009) demonstra na Figura 13 que as etapas deste processo são

denominadas conforme seu objetivo e se relacionam com cada parte do projeto:

Figura 13 - Relação de objetivos relacionada a cada portão do processo Front-End Loading

Fonte: Rutkowski (2009).

Rutkowski (2009) afirma ainda que:

análises recentes mostraram que, aproximadamente, 70% dos projetos, nos últimos 5

(cinco) anos não eram completados dentro do prazo ou dentro do orçamento. Com a

utilização do processo “Front-End Loading” uma melhora nestes valores ocorreu. A

importância de utilização deste processo pode ser observada na tabela II, que

apresenta uma estimativa referente ao percentual de descontinuidade (abandono) dos

projetos para cada portão e qual o percentual médio a ser gasto em cada etapa.

Na Tabela 1, a seguir, apresenta-se a relação de componentes relacionados aos

projetos de Front-End Loading.

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Tabela 1 - Relação de componentes relacionados aos projetos de Front-End Loading

Portão Projetos Abandonados¹ Investimento Gasto²

%

FEL 1 75 0,5

FEL 2 50 1,5

FEL 3 1 4,5

Notas: (1) % de projetos abandonados em cada portão

(2) % estimado de gasto em cada fase Fonte: Rutkowski (2009) .

Não foram encontrados neste trabalho autores que estudaram a utilização da

metodologia FEL em projetos específicos de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação.

2.4 CRÍTICA AO MODELO ÚNICO – ESTUDO E CLASSIFICAÇÃO DO PROJETO

A grande maioria das obras bibliográficas sobre Gerenciamento de Projetos é

relativamente jovem, e poucos autores tentaram classificar projetos por tipologias específicas

que oferecessem vasta base teórica e conceitos, como por exemplo, a classificação de tipos de

inovação radical e incremental, que criou a essência de diversos estudos clássicos de

contingência. Para Shenhar (2001), este fato é a justificativa pela qual a maioria da literatura

de Gerenciamento de Projetos ainda assume que todos os projetos são basicamente similares.

Além disso, na atualidade, os projetos apresentam uma grande variação de tipologias

dificilmente identificadas em uma oposição simplista como resultado inovador radical x

incremental.

A literatura disponível acerca de Gerenciamento de Projetos apresenta ainda, um

conjunto de características gerenciais padronizadas e vem ignorando o grau de

imprevisibilidade dos projetos (PINTO, COVIN, 1989; SHENHAR, 1993; YAP, SOUDER

1994).

Neste contexto, diversos autores vêm expressando descontentamento com a

abordagem de “Tamanho Único” na área de Gestão de Projetos e, por isso, propoem uma

abordagem relativa adaptando projetos às características específicas do negócio e de suas

organizações (YAP, SOUDER, 1994; EISENHARDT, TABRIZI, 1995; BROWN,

EISENHARDT, 1997).

Os traços de complexidade e incertezas dos projetos estudados por Morin (2006),

Whitty e Maylor (2009), Shenhar e Dvir (2007), Hertogh e Westerveld (2010), Baccarini

(1996), Maximiano (2008), entre outros, reafirmam a necessidade da avaliação específica do

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86

projeto para traçar a sua estratégia de gerenciamento.

Shenhar (2001) critica, em ”One size does not fit all projects: exploring classical

contingency domains”, a não utilização em projetos da Teoria da Contingência, que enfatiza

que não há nada de absoluto nas organizações, tudo é relativo, tudo depende. E conclui que

gestão e organização em geral devem ser adaptadas para cada projeto. Em primeiro lugar,

deve-se introduzir uma etapa formal de classificação do projeto que antecede ao

planejamento, e em segundo, planejar a organização do projeto e dos processos de forma

customizada, avaliando o grau de complexidade do escopo e identificando as incertezas

tecnológicas.

Para Baccarini, (1996), entender a complexidade auxilia na determinação do

planejamento, coordenação e controle do projeto. A complexidade do projeto prejudica a

identificação das metas e dos objetivos, e além de ser um critério importante na escolha de

uma forma apropriada de organização do projeto, influencia a seleção das entradas, requisitos

de competências e experiência da equipe de gestão. E, por fim, a complexidade determina o

tempo, o custo e a qualidade do projeto: quanto maior o grau de complexidade, maior o tempo

e o custo.

Os processos e práticas de gestão, mesmo que executados dentro dos padrões

estabelecidos na literatura de Gerenciamento de Projetos, têm se mostrado ineficazes para o

sucesso dos projetos. Shenhar e Dvir (2007) atribuem ao baixo nível conceitual inicial a

responsabilidade pelo fracasso de projetos.

O sucesso do projeto está diretamente relacionado à capacidade do gerente em

aplicar uma visão holística e integrada de todas as partes do projeto. Para os gerentes de

projetos de PD&I, isto significa uma investigação multidisciplinar, o desafio de compreender

não apenas uma única disciplina, mas explorar um ponto de vista integrado.

2.4.1 Complexidade do Escopo

A dimensão complexidade caracteriza-se pelas diferentes hierarquias que um produto

ou sistema pode ter e o resultado do projeto depende de diferentes níveis de questões

gerenciais. Shenhar optou por conceituar a complexidade através de uma estrutura hierárquica

dos sistemas e subsistemas (apud BOULDING, 1956; LEWIS, SAMUEL, 1989; RECHTIN,

1991) e define três níveis: Montagem, Sistema e Matriz, conforme Quadro 6.

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A Complexidade do Escopo está principalmente vinculada à grandeza das questões

administrativas e ao nível de formalidade dos processos gerenciais que permeiam o projeto,

geralmente com diferentes disciplinas envolvidas, subcontratados externos, diversas

exigências legais e burocráticas. Quanto maior o Escopo maior a atenção ao panejamento,

controle e gerência.

Outros autores também perceberam a importância em identificar a complexidade dos

projetos para traçar uma estratégia de gestão:

Compreender as Partes, Compreender o Todo, Compreender as Relações entre o

Todo e as Partes (Morin, Edgar, 2006).

Avaliar a complexidade organizacional vertical, ou seja, número de níveis

hierárquicos da organização, e horizontal, número de unidades organizacionais

formais, ou seja, departamentos (divisões) e grupos (BACCARINI, 1996).

Avaliar a complexidade tecnológica, meios materiais, técnicas, conhecimento e

habilidade (BACCARINI, 1996).

2.4.1 Incertezas Tecnológicas - Conteúdo Inovativo

A classificação da incerteza proposta por Shenhar é baseada no ponto de incerteza

tecnológica existente no projeto, no momento inicial antes de sua execução. Trata-se de uma

comparação do grau da utilização do novo para a empresa e a maturidade da tecnologia dentro

do produto ou processo produzido. Tal comparação baseia-se em estudos antecedentes que

comparam o high-tech com a vasta utilização de novas tecnologias e maturidade tecnológica

com baixa incerteza (SHANKLIN, RYANS, 1984; ROUSSEL, SAAD, ERICKSON, 1991,

EISENHARDT, TABRIZI, 1995).

A classificação dos projetos quanto ao grau de incertezas tecnológicas, observado o

Quadro 6, está relacionada ao compartilhamento de novas tecnologias dentro do produto ou

processo e está dividida em quatro níveis: Baixa Tecnologia, Média Tecnologia, Alta

Tecnologia e Elevada Alta Tecnologia.

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Quadro 6 - Definição dos diferentes tipos de projeto

Definição de Diferentes Tipos de Projeto

(a) Quatro níveis de incerteza tecnológica

Tipo de

Projeto

A B C D

Nome Baixa

Tecnologia

Média

Tecnologia

Alta Tecnologia Super Alta

Tecnologia

Definição Uso de

tecnologias

existentes.

Adaptação de

tecnologias

existentes,

alguma nova

tecnologia ou

nova

característica.

Integração de

diversas novas

tecnologias

existentes.

Integração de

tecnologias

essenciais que

não existiam no

início do projeto.

Projetos

Típicos e

Exemplos

Construção de

edifícios,

pavimentação de

estradas,

construção de

acordo com a

planta

Derivados de

aprimoramento de

produtos

existentes ou

novos modelos

em setores

estabelecidos, por

ex, setores

automobilístico e

de bens de

consumo.

Novos sistemas

em indústrias de

alto

desenvolvimento,

como computação

e sistemas de

segurança militar.

Novos conceitos

não testados,

além do estado

da arte, por ex,

Apollo, Projeto

de aterrissagem

na lua.

(b) Níveis de escopo do sistema

Nível do

Escopo

1 2 3

Nome Montagem Sistema Matriz

Definição Construir ou o desenvolver um

conjunto de componentes e

módulos combinados numa

única unidade, quer como um

subsistema de um sistema

maior, ou um produto autónomo

que executa uma função única.

Construir ou

desenvolver um

conjunto de

subsistemas e

elementos interativos

que executam uma

ampla gama de

funções ou

atividades.

Construir,

desenvolver ou

adicionar uma

coleção difundida

de sistemas que

funcionam em

conjunto para

alcançar um

objetivo comum.

Exemplos Uma fonte de alimentação, uma

antena, aparelhos domésticos

tais como leitores de CD ou

máquina de lavar roupa.

Computadores,

radares, prédios,

aeronaves.

Sistema de defesa

aérea nacional,

construção de uma

cidade ou bairro,

sistema de

transporte público. Fonte: Adaptado de Shenhar (2001)

Page 89: GABRIELA DE REZENDE FERNANDEZ...metodologia de gerenciamento de projetos que tenha como foco a execução no ambiente de Pesquisa, Desenvolvimento & Inovação Tecnológica, e que

89

2.4.3 A interação entre Complexidade e Incerteza

O modelo bidimensional e a diferenciação entre quatro níveis de incerteza

tecnológica e três níveis de escopo proposto por Shenhar (2001) mostrados na Figura 14

abaixo fornecem uma importante diretriz para elaboração de um processo consciente e formal

de estilo de gestão, com identificação clara do tipo de projeto antes da iniciação.

Figura 14 - O modelo bidimensional e a distribuição dos projetos: cada projeto / todos os projetos estudados

Fonte: Adaptado de Shenhar (2001).

Shenhar conclui que cada quadrante do modelo bidimensional possui diretrizes

diferenciadas para gestão. O tipo de projeto específico deve influenciar a seleção de líderes e

membros da equipe e as habilidades técnicas e gerenciais a serem desenvolvidas. Influencia

também a organização do projeto e processos e, por fim, influencia a seleção dos projetos,

uma vez que, também, é possível perceber os riscos envolvidos em cada quadrante.

A

Baixa

Tecn

ologia

Complexi

dade do

Escopo

Incertez

a

Tecnológ

ica

1 -

Montage

m

2 -

Sistema

3 -

Matriz

9 10 11 12

5 6 7 8

1 2 3 4

B

Médi

a

Tecn

ologia

C

Alta

Tecn

ologia

D

Super

Alta

Tecn

ologia

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90

3 METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia aplicada neste trabalho será desenvolvida sob uma dupla perspectiva:

pesquisa-ação e estudo de caso.

A primeira perspectiva é a pesquisa-ação e refere-se à experiência da investigante na

construção de uma metodologia de gerenciamento de projetos de pesquisa, desenvolvimento e

inovação tecnológica do INT.

No que concerne à pesquisa-ação, tomou-se como referência autores como Barbier

(2002), Thiolent (1986) e Tripp (2005).

Para Barbier (2002, p. 54), “a pesquisa-ação reconhece que o problema nasce, num

contexto preciso, de um grupo em crise. O pesquisador não o provoca, mas constata-o, e seu

papel consiste em ajudar a coletividade a determinar todos os detalhes mais cruciais ligados

ao problema, por uma tomada de consciência dos atores do problema numa ação coletiva.”

Portanto, detectou-se pela investigante, através da participação na gestão dos projetos, as

dificuldades enfrentadas pelo pesquisador do INT em gerenciar seus projetos de

desenvolvimento tecnológico, em função da cultura de informalidade nas relações, do

aumento de parcerias com empresas, das exigências da EMBRAPII e da natureza incerta dos

projetos de inovação. A partir daí começou-se a trabalhar a possibilidade de fazer uma

intervenção, através de uma pesquisa-ação, por meio da qual foram exploradas as diversas

metodologias e padrões de gerenciamento de projetos existentes na literatura, além de

explorar a experiência de autores que estudaram a gestão de projetos de PD&I, a fim de

identificar diretrizes para a construção de uma metodologia de gestão de projetos que

agregasse valor aos trabalhos desses pesquisadores.

Barbier (2002, p. 70-71) complementa que “nada se pode conhecer do que nos

interessa (o mundo afetivo) sem que sejamos parte integrante ‘actantes’ na pesquisa, sem que

estejamos verdadeiramente envolvidos pessoalmente pela experiência, na integralidade de

nossa vida emocional, sensorial, imaginativa, racional.” Logo, era necessário conhecer a

realidade desses pesquisadores e não somente implantar uma metodologia. A vivência da na

negociação, no acompanhamento do planejamento, na execução e na finalização de um grupo

de projetos possibilitou detectar o problema e estruturar uma pesquisa que contribua para uma

solução.

De acordo com Tripp (2005) e conforme demonstrado no Diagrama 1, a pesquisa-

ação é um processo em ciclos que aprimora a prática através da variação sistêmica entre agir

na prática e pesquisar a respeito dela.

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Neste ponto, importante mencionar que a Pesquisa-ação tem como objetivo principal

planejar, implantar, descrever e avaliar uma mudança para o aprimoramento de sua prática

aumentando a curva de aprendizagem a respeito da prática e da própria investigação no

decorrer do processo.

Figura 15 - Diagrama 1: Representação em quatro fases do ciclo básico da investigação-ação

Fonte: Tripp (2005).

O planejamento da melhora da prática e a ação para implementá-la se deram através

do estudo de caso do ambiente do Escritório de Gerenciamento de Projetos (EGP) do Instituto

Nacional de Tecnologia, de acordo com a experiência da na construção e implantação da

metodologia de gerenciamento de projetos (GP) de pesquisa, desenvolvimento e inovação

para um conjunto de projetos pertencentes ao programa piloto da EMBRAPII.

O estudo de caso é a segunda perspectiva desta pesquisa e de acordo com Yin (2005)

significa “um estudo empírico que investiga um fenômeno contemporâneo dentro do seu

contexto da vida real, especialmente quando os limites entre o fenômeno e o contexto não

estão claramente definidos.”

A base da pesquisa é a unidade-caso EGP e metodologia de GP para a EMBRAPII.

De acordo com Gil (2002), unidade-caso é entendida como “um indivíduo num contexto

definido, uma família, um grupo social uma organização, um conjunto de relações, um papel

social, um processo social, uma comunidade, uma nação ou mesmo toda uma cultura.”

Para o estudo da relação entre a unidade-caso e o contexto em que está inserida, é

necessário ir além da definição do problema e do planejamento da pesquisa. O procedimento

de estudo de caso é baseado na investigação empírica que se divide entre a coleta e análise de

evidências referente ao fenômeno a ser estudado. Para Yin (2005) este processo é difícil

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devido às diferentes fontes de evidências em que os dados podem ser coletados, bem como as

diversas possibilidades de análise e interpretação das evidências mapeadas.

Neste contexto esta pesquisa tem duas vertentes complementares, uma teórica e outra

empírica. De acordo com Araujo (2011) a pesquisa teórica tem o objetivo de identificar

teorias e conceitos enquanto a pesquisa empírica tem como objetivo uma realidade

determinada.

3.1 ESTRUTURA METODOLÓGICA DA DISSERTAÇÃO

Como ponto de partida foi escolhido o tema macrogerenciamento de projetos como

linha de interesse da pesquisa. O tema macro foi desmembrado no tema específico

“gerenciamento de projetos de pesquisa e desenvolvimento com foco em inovação

tecnológica (PD&I)”. A relevância e a problemática do tema específico, descritas no capitulo

de introdução deste trabalho, foi percebida através dos resultados do projeto de gestão da

estratégia do INT, que identificou e priorizou a iniciativa Implantação do Escritório de

Gerenciamento de Projetos. Importante ressaltar que a investigante participou ativamente

deste projeto e foi o responsável pela iniciativa em questão.

O tema específico refere-se ao estudo de caso dos projetos desenvolvidos pelo

Instituto Nacional de Tecnologia (INT) no ambiente da Empresa Brasileira de Pesquisa e

Inovação Industrial (EMBRAPII), onde os resultados deste trabalho poderão contribuir na

construção da metodologia de gerenciamento de projetos dos Institutos Científicos e

Tecnológicos (ICTs) credenciados na EMBRAPII.

As características dos projetos de PD&I e o modelo de negócio da EMBRAPII

influenciam na metodologia de gerenciamento de projetos das ICTs.

Objetivando entender o gerenciamento de projetos de PD&I, buscou-se identificar

em uma pesquisa exploratória da literatura os conceitos existentes de Pesquisa e

Desenvolvimento (P&D) e os conceitos de Inovação a fim de entender o conceito de Pesquisa,

Desenvolvimento e Inovação (PD&I).

Em complemento a este entendimento, buscou-se ainda abranger o modelo de

negocio da EMBRAPII, através de uma pesquisa documental do Manual de Operações das

Unidades EMBRAPII e da observação por parte do investigador, dos projetos executados pelo

INT neste ambiente.

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93

Em seguida, após o entendimento da evolução do gerenciamento de projetos de

acordo com Motta (2013) no item 2.2 deste trabalho, foram selecionadas pelo investigador,

quatro formas de gerenciamento de projetos largamente encontradas na literatura de gestão de

projetos de diversas naturezas, sendo elas: o Padrão PMBOK® Guide, as metodologias de

desenvolvimento de produto Scrum e Front end Loading (FEL) e a metodologia de

gerenciamento de projetos PRINCE2™.

Também através de uma pesquisa documental, buscou-se entender os conceitos do

PMBOK® Guide, Scrum, FEL e PRINCE2™. Em complemento a este entendimento, foi

desenvolvida uma pesquisa exploratória da literatura sobre autores que pesquisaram a

utilização dessas metodologias e padrão para gerenciar projetos de PD&I e projetos de

naturezas diversas.

Além disso, no item 2.4 deste trabalho foram estudados autores como Yap e Souder

(1994), Eisenhardt e Tabrizi (1995), Brown e Eisenhardt (1997), que criticaram a utilização

de um modelo único de gestão de projetos e autores como Shenhar (2001), Baccarini (1996),

Morin (2006), Boulding (1956), Lewis e Samuel (1989), Rechtin (1991), que propuseram o

estudo da complexidade e da incerteza tecnológica do projeto para traçar a estratégia de

gerenciamento, antes do início do mesmo.

Por isso, definiu-se como foco deste trabalho a investigação dos conceitos existentes

no PMBOK® Guide, Scrum, FEL e PRINCE2™ e não a utilização de um modelo único para

gerenciar os projetos de PD&I. Desta forma chegou-se às diretrizes para construção de uma

metodologia de gerenciamento de projetos de PD&I como produto final deste estudo.

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94

Figura 16 - Desdobramento da Linha de Pesquisa

Fonte: Elaborado pela autora.

Por fim, o desdobramento da linha de pesquisa se deu ao longo da pesquisa-ação,

conforme diagrama 2.

A necessidade de melhora da gestão das pesquisas desenvolvidas pelo INT foi

identificada através do projeto de Gestão da Estratégia e originou o planejamento do escritório

de gerenciamento de projetos.

Dando sequência à pesquisa-ação, uma metodologia baseada nas boas práticas de

gerenciamento de projetos do PMBOK e no modelo de negócio inicial do piloto EMBRAPII

foi construída e implantada.

Ao longo do processo de implantação foi possível por parte do investigador,

monitorar e descrever os efeitos da metodologia, gerando um conjunto de diretrizes para

construção de metodologia específica para projetos de PD&I.

Dando sequência à melhora da gestão dos projetos seguindo o ciclo básico da

pesquisa-ação proposto por Tripp, (2005), avaliou-se os resultados da metodologia através de

uma pesquisa bibliográfica e documental conforme Diagrama 2.

Linha de pesquisa de mérito.

Tema relevante no ambiente dos projetos do

INT - Projeto de Gestão da Estratégia.

Evidencia – introdução - considerações

iniciais. Importância de procedimentos formais para

a P, D&I

Evidencia – introdução - relevância do tema.

Padrões e metodologias encontrados em

larga escala na literatura - PMBOK®

Guide, Scrum, FEL e PRINCE2™.

Evidencia – revisão da literatura -

evolução do gerenciamento de projetos.

Avaliação da complexidade e a

incerteza tecnológica para traçar a

estratégia de gestão do projeto.

Evidencia – revisão da literatura –

critica ao modelo único

Experiência da utilização do PMBOK®

Guide, Scrum, FEL e PRINCE2™ na

gestão de projetos de P, D & I.

Evidencia – revisão da literatura –

formas de gerenciamento de projetos.

Gerenciame

nto de

Projetos

Gerenciame

nto de

Projetos de

P,D&I Metodologia

Padrões e

Metodologia

s de GP

Critica ao

modelo

único de GP

Autores que

estudaram a

gestão de

projetos de

P,D&I

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95

Figura 17 - Diagrama 2: Fases da investigação-ação

Fonte: Adaptado de Tripp (2005).

INVESTIG

AÇÃO

ÃO

Pesqui

sa

Biblio

gráfica

P, D & I

Autores que

estudaram a

gestão de

projetos de

P, D & I

Crítica ao

modelo

único de

Gerenciame

nto de

Projetos

AVALIAR os

resultados da

metodologia.

Pesqui

sa

Docu

mental

Modelo de

Negocio

EMBRAPII

Padrões e

Metodologi

as de

Gerenciame

nto de

Projetos

AGIR para

implantar a

melhora da

gestão dos

projetos.

Construção de

uma

Metodologia de

Gerenciamento

de Projetos

PLANEJAR a

melhora da

gestão dos

projetos.

Gestão da

Estratégia -

Implantação

do Escritório

de

Gerenciament

o de Projetos

do INT (EGP)

Monitorar e

DESCEVER

os efeitos da

Metodologia

de GP.

Diretrizes

para

Metodologi

a de GP de

P,D&I

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96

3.2 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

No Quadro 7, a seguir, apresentam-se as formas de classificação da pesquisa.

Quadro 7 - Formas de classificação da pesquisa

Natureza

Básica

Objetiva gerar conhecimentos novos úteis para o avanço

da ciência sem aplicação prática prevista (GIL, 2008).

Aplicada

Objetiva gerar conhecimentos para aplicação práticos

dirigidos à solução de problemas específicos (GIL,

2008).

Abordagem

Quantitativa

Considera que tudo pode ser quantificável, o que

significa traduzir em números opiniões e informações

para classificá-las e analisá-las. Requer o uso de recursos

e de técnicas estatísticas (SILVA e MENEZES, 2011).

Qualitativa

Baseada na interpretação dos fenômenos e a atribuição

de significados. Considera que a subjetividade do sujeito

não pode ser traduzida em números (SILVA e

MENEZES, 2001).

Objetivo

Exploratória

Visa proporcionar maior familiaridade com o problema

com vistas a torná-lo explícito ou a construir hipóteses

(GIL, 2008).

Descritiva

Visa descrever as características de determinada

população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações

entre variáveis (GIL, 2008).

Explicativa

Visa identificar os fatores que determinam ou

contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Aprofunda

o conhecimento da realidade porque explica a razão, o

“porquê” das coisas (GIL, 2008).

Procedimento

Técnico

Pesquisa

Bibliográfica

É desenvolvida com base em material já elaborado,

constituído principalmente de livros e artigos científicos

(GIL, 1991).

Pesquisa

Documental

É desenvolvida com base em materiais que não

receberam ainda um tratamento analítico (GIL, 2008).

Pesquisa

Experimental

Quando se determina um objeto de estudo, selecionam-se

as variáveis que seriam capazes de influenciá-lo,

definem-se as formas de controle e de observação dos

efeitos que a variável produz no objeto (GIL, 2008).

Pesquisa Ex-

post-facto:

Quando o experimento se realiza depois dos fatos. O

pesquisador não tem controle sobre as variáveis. (GIL,

1991). É um tipo de pesquisa experimental, mas difere da

experimental propriamente dita pelo fato de o fenômeno

ocorrer naturalmente sem que o investigador tenha

controle sobre ele, ou seja, nesse caso, o pesquisador

passa a ser um mero observador do acontecimento.

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97

Procedimento

Técnico

Levantamento

ou Survey

Quando envolve a interrogação direta das pessoas cujo

comportamento se deseja conhecer (GIL, 2008).

Estudo de caso

Quando envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou

poucos objetos de maneira que se permita o seu amplo e

detalhado conhecimento (GIL, 2008).

Estudo de

campo

Procura o aprofundamento de uma realidade específica

(GIL, 2008).

Pesquisa-Ação

É um tipo de pesquisa com base empírica que é

concebida e realizada em estreita associação com uma

ação ou com a resolução de um problema coletivo e no

qual os pesquisadores e participantes representativos da

situação ou do problema estão envolvidos de modo

cooperativo ou participativo (THIOLLENT, 1986).

Pesquisa

participante

Quando se desenvolve a partir da interação entre

pesquisadores e membros das situações investigadas

(GIL, 2008).

Pesquisa

Operacional

Uso de ferramentas estatísticas e modelos matemáticas

de otimização para a seleção do meio mais adequado

para se obter o melhor resultado (JUNG, 2009).

Instrumento

de coleta de

dados

Grupos focados

São fóruns de um pequeno grupo de indivíduos que se

reúnem para conversar sobre algum tópico de interesse

(BEYEA; NICOLL, 2000)

Entrevistas

Essa técnica é utilizada sempre que os dados não são

encontrados em registros e fontes documentais, podendo

ser facilmente obtidos por meio de contatos pessoais

(CERVO; BERVIAN, 1996).

Questionário

Compreende uma série de perguntas ordenadas, que

devem ser respondidas por escrito e sem a presença do

pesquisador (CERVO; BERVIAN, 1996).

Formulário

E uma coleção de questões e anotadas por um

entrevistador numa situação face a face com a outra

pessoa (SILVA; MENEZES, 2001).

Observação

Tem como o principal objetivo a obtenção de

informações por meio dos órgãos dos sentidos do

investigador durante sua permanência in loco ao ensejo

da ocorrência de determinados aspectos da realidade

(JUNG, 2009).

Experimentação

Forma de aquisição do conhecimento em que o

pesquisador fixa, manipula e introduz variáveis no objeto

do estudo (JUNG, 2009). Fonte: Motta (2013).

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98

Neste contexto, pode-se considerar que a natureza da pesquisa é aplicada, uma vez

que objetiva a produção do conhecimento através do estudo do ambiente de projetos de

PD&I e de formas de gerenciamento de projetos, para traçar diretrizes para construção de uma

metodologia de gerenciamento de projetos que agregue valor ao trabalho dos pesquisadores,

gerentes dos projetos desenvolvidos de acordo com o modelo de negócio da EMBRAPII.

Quanto à abordagem, é classificada como qualitativa, pois objetiva interpretar as

formas de gerenciamento existentes e o ambiente dos projetos para alcançar os objetivos.

Quanto ao objetivo, a pesquisa é classificada como exploratória, pois pretende

aprimorar, estruturar e disseminar o tema gerenciamento de projetos de Pesquisa,

Desenvolvimento e Inovação Tecnológica.

Quanto ao procedimento técnico, a pesquisa é classificada por dupla perspectiva:

pesquisa-ação e estudo de caso, onde a pesquisa-ação refere-se à experiência da investigante

na construção de uma metodologia de gerenciamento de projetos de pesquisa,

desenvolvimento e inovação tecnológica e o estudo de caso refere-se ao conjunto de projetos

executados pelo INT no programa EMBRAPII, que serviram com base para a implantação

desta metodologia.

Quanto ao instrumento de coleta de dados, a pesquisa também é classificada por

dupla perspectiva: experimentação e observação.

A experimentação refere-se às variáveis que a investigante fixou, manipulou e

introduziu na metodologia de gerenciamento de projetos no momento da pesquisa-ação. A

segunda perspectiva refere-se às informações obtidas pelo investigador por meio da

observação durante o estudo de caso, o qual participou da gestão dos projetos executados pelo

INT no programa EMBRAPII.

Em resumo, o fluxo de classificação do método científico deste trabalho é

demonstrado na Figura 18.

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99

Figura 18 - Fluxo da Classificação da Pesquisa

Fonte - Adaptado de Pinto (2012).

Aplica

da

Natu

reza

Organi

zação

de

Projeto Explor

atória

Obje

tivo

Pesquisa-

ação

Procedi

mento Estudo de

Caso

Procedi

mento

Qualit

ativa

Aborda

gem

Experime

ntação

Coleta de

Dados Observaç

ão

Coleta de

Dados

Lista de

Diretrizes

para

construção

de

metodologia

de gestão de

projetos de

P,D&I

Resultad

o Final Comparativ

o das

característic

as da P,D&I

com

conceitos dos

padrões e

metodologia

s de GP.

Resultado

Parcial

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100

4 DESCRIÇÃO DO CASO – O ESCRITÓRIO DE GERENCIAMENTO DE PROJETOS DO INT

O Escritório de Gerenciamento de Projetos (EGP) do INT foi estruturado no ano de

2013, através do projeto de Gestão da Estratégia, conforme descrito no capítulo 1, na seção

intitulada “Consideraçoes Iniciais”.

Trata-se de uma entidade organizacional à qual são atribuídas responsabilidades

relacionadas ao gerenciamento centralizado e coordenado dos projetos. É o centro de

excelência do INT em ferramentas, técnicas e conhecimento em gestão de projetos. O objetivo

desta entidade é fornecer as diretrizes para um gerenciamento de projetos centralizado,

coordenado, eficiente e eficaz no âmbito do INT.

A implantação se deu em quatro fases. A fase “0” foi onde efetivamente houve a

tomada de decisão quanto à criação de um EGP, baseando-se em um estudo de viabilidade.

Na fase 1, foi desenvolvido o projeto de implantação, realizada a aquisição do sistema de

informações, a captação de colaboradores, a elaboração da metodologia, o plano de

capacitação e o plano de marketing. Na fase 3 foi implantada a metodologia, os planos e o

sistema. Por fim, na fase 4 foram feitas as medições da efetividade da metodologia e do EGP

propriamente dito.

Optou-se inicialmente por um modelo de Escritório de Gerenciamento de Projetos

híbrido, que mesclasse atribuiçoes de tipos de EGP “Corporativo” e “Departamental”. Após o

período de implantação, com a maturidade do processo, a intenção passou a ser que o

escritório desenvolva apenas o papel “Corporativo”, ou seja, tenha função estrategica, atuação

em todos os projetos da organização e seja destinado à gestão do portfólio, à sinalização e à

indicação dos projetos para a alta administração.

Esta decisão ocorreu em função da necessidade de maior intervenção por parte do

EGP nos primeiros projetos abordados, devido à falta de conhecimento dos pesquisadores de

técnicas e ferramentas de gestão. Inicialmente considerou-se o tipo “Departamental”, porque a

assessoria abrangeu apenas apoio a projetos simultâneos da unidade EMBRAPII. Além disso,

o EGP forneceu metodologias, modelos de documentos de gestão, infraestrutura de software e

capacitação, ações que não são típicas no modelo de EGP “Corporativo”.

De forma mais específica foi selecionado – baseando-se nos estudos de Hobbes e

Aubry (2007) sobre as 27 funções mais comuns em Escritórios de Projetos – um conjunto de

serviços que o EGP do INT se propõe a prestar:

1. Informar o status dos projetos para a alta gerência;

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101

2. Desenvolver e implementar a metodologia padrão;

4. Desenvolver as competências dos profissionais, incluindo treinamento;

5. Implementar e operar sistemas de informação dos projetos;

9. Promover o gerenciamento de projetos dentro da organização.

Optou-se ainda por manter uma estrutura enxuta composta por três consultores

especialistas em áreas estratégicas: um consultor especialista em Gestão de Projetos, para

coordenar todo o trabalho de integração, implantação e operação; um consultor de Tecnologia

da Informação, para selecionar, auxiliar a aquisição e implementar um sistema de

informações; e, por último, um consultor especialista em planejamento no software MS

Project, para implementar a estrutura de cronogramas.

As primeiras ações do grupo foram voltadas para o entendimento acerca dos projetos

desenvolvidos pelo INT neste contexto e identificar as normas e procedimentos da

EMBRAPII, que serviram de base para o desenho da metodologia que melhor se adequasse ao

ambiente.

Apesar de todo projeto desenvolvido pelo INT possuir documentos oficiais de

contratação, observou-se um alto grau de informalidade nas relações entre os pesquisadores e

o contratante no que concerne ao planejamento, monitoramento e controle dos projetos.

Significa dizer que o planejamento era pouco detalhado, muitas vezes sem definição clara das

etapas e seus produtos, prejudicando o acompanhamento dos gastos, do tempo e

principalmente dos resultados.

Sendo assim, o grande desafio do EGP não permeava apenas a introdução de

ferramentas e técnicas de gestão de projetos, mas também a mudança de cultura de uma

instituição centenária como o INT, a introdução de um novo modelo como o da EMBRAPII –

que está se estabelecendo e se consolidando– e, por fim, os interesses voltados para a

produção de inovação nacional, com base nas necessidades de empresas que precisam inovar

e desenvolver soluções tecnológicas. Como lidar com esta tipologia de projetos, entre três

instituições – a saber, INT, EMBRAPII e empresa - que muitas vezes possuem interesses

difusos?

Neste sentido, a principal estratégia do EGP para aumentar a aderência a este novo

processo e a esta nova forma de gerenciar os projetos, foi trabalhar na conscientização tanto

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102

dos pesquisadores como também dos gestores coorporativos, no sentido de que as ferramentas

e técnicas implantadas não tinham como objetivo principal ser instrumento de controle, mas

sim ser algo que iria ajudá-los a gerenciar os seus projetos, a atingir os resultados da melhor

forma possível, cumprindo prazos, custo e aumentando a possibilidade de atingir o resultado

inovador.

Outra estratégia utilizada para dar sustentabilidade ao processo foi a capacitação de

pessoas com habilidades para gestão e para utilizar o programa de construção de cronogramas

de cada equipe. Assim, as próprias áreas passaram a possuir núcleos de gerenciamento de

projetos diminuindo a dependência do EGP. A intenção é que o EGP, com o passar do tempo,

tivesse um papel cada vez mais consultivo e menos operacional, sendo um regulador e

fiscalizador da metodologia.

A metodologia, bem como os processos, foram desenhados e implementados a fim

de garantir que as etapas do planejamento e de execução seguissem uma ordem já

estabelecida pelas boas práticas de gerenciamento de projetos. O fluxo de trabalho da

metodologia foi dividido em duas grandes fases, o pré-projeto e o projeto, conforme Figura 19

a seguir.

Figura 19 - Fluxo resumido dos processos de gerenciamento dos projetos pertencentes ao programa EMBRAPII

Fonte: Elaborado pela autora.

A fase de pré-projeto, conduzida pela Coordenação de Negócios em parceria com a

equipe e a empresa, tem o objetivo de oficializar um Acordo de Confidencialidade, avaliar os

dados da empresa e, principalmente, conceber a ideia inicial do projeto e aprovar esta ideia no

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103

comitê interno designado “Comitê Gestor EMBRAPII”. Este comitê e composto por

coordenadores técnicos e de negócio, líderes de projetos, Diretor do Instituto e EGP. Nesta

fase é importante que as principais definições, como a problemática e o produto do projeto,

estejam suficientemente compreendidos. É comum que a instituição e a empresa não possuam

a mesma clareza sobre o projeto ou que tenham os mesmos objetivos, o que pode prejudicar

as fases subsequentes de planejamento e execução.

Este Comitê faz uma avaliação das principais exigências da EMBRAPII antes do

início do planejamento detalhado, onde os esforços empregados pelas equipes são maiores,

evitando assim que se descubra posteriormente, que o projeto não poderia ser enquadrado

para execução no âmbito da EMBRAPII. Trata-se de uma avaliação quanto ao conteúdo

inovativo, área de competência, infraestrutura e grau da tecnologia empregada de acordo com

a escala TRL.

Na fase de projeto, conduzida pelo Escritório de Gerenciamento de Projetos e

executada pelas equipes em parceria com as empresas, são detalhados o escopo, os riscos, os

prazos, os custos e é produzido um plano de trabalho. Ao final desta fase, espera-se a

formalização entre as partes do contrato denominado Acordo de Parceria. Nesta fase, também

acontece a execução, o monitoramento e controle do trabalho planejado e são tomadas ações

corretivas e preventivas quando necessário, de modo a aumentar as chances alcançar os

resultados esperados e atingir a inovação.

Os projetos desenvolvidos pelo INT na EMBRAPII são essencialmente na área de

Tecnologia Química Industrial e referem-se à transformação da matéria-prima em produtos

industrializados, à padronização de sua qualidade e ao desenvolvimento de pesquisas para

obtenção de novas tecnologias com o objetivo de criar novos produtos em benefício da

sociedade.

O INT possui pesquisadores com especializações, mestrado e doutorado em

polímeros, catálise, corrosão, química analítica, química inorgânica, química orgânica,

bioquímica, espectroscopia e microscopia eletrônica. Essa associação permite propor soluções

articuladas e complementares às questões relevantes identificadas pela indústria química

nacional em petróleo, gás e petroquímica, química de renováveis, biocombustíveis,

agroindústria, polímeros e na síntese de estruturas orgânicas e inorgânicas, dentre outras.

De forma complementar e transversal, o INT integra o Sistema Nacional de

Nanotecnologia (SISNANO), através de seu Centro de Caracterização em Nanotecnologia

(CENANO). Esta competência permite propor soluções inovadoras em nanoquímica, tendo

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104

por base as subáreas Tecnologia Química Orgânica, Tecnologia Química Inorgânica,

Processos Químicos, Processos Físicos Químicos.

Administrar a multidisciplinaridade e integrar as diversas disciplinas envolvidas para

gerar uma solução completa, no espaço de tempo e com o custo desejado, sem perder a

qualidade que o INT se propõe a ter em seus produtos e resultados é também um grande

desafio para a gestão dos projetos.

A Coordenação de Negócio conduz a fase de pré-projeto, onde é concebida a ideia

inicial através do detalhamento do propósito e justificativa do projeto, objetivos, área de

competência, inovação pretendida, resultados da busca de anterioridade e todas as

informações necessárias para o início do planejamento detalhado.

O EGP inicia a fase de projeto, estudando as características do projeto – baseando-se

no material fornecido pela Coordenação de Negócio – para traçar a estratégia de gestão. São

avaliadas a complexidade do escopo, a maturidade da tecnologia, os atores envolvidos e os

produtos a serem desenvolvidos.

Após um conjunto de reuniões entre pesquisadores e EGP, é produzida uma estrutura

analítica do projeto, onde há definição das grandes fases denominadas macro-entregas e seus

produtos, bem como das entregas pertencentes a cada macro-entrega e os principais pacotes

de trabalho, além dos portais decisórios do projeto. Este momento inicial do planejamento é

de suma importância para as etapas subsequentes. Se a estrutura inicial não estiver correta e

atendendo às exigências da EMBRAPII, corre-se o risco de, ao final do planejamento,

identificar-se a necessidade de retrabalho e principalmente, não entregar a solução que a

empresa necessita.

Em seguida, é produzido um escopo detalhado contendo as características dos

produtos, o trabalho do Projeto, critérios e processos de aceitação dos produtos, descrição do

conteúdo das entregas, restrições, premissas e exclusões do projeto.

Importante ressaltar que a empresa parceira participa da construção do plano de

trabalho, intervindo e sugerindo modificações, exceto nas etapas de levantamentos de custo e

precificação que são desenvolvidas internamente, sendo apresentados para a empresa apenas

os custos fechados da integralidade do projeto.

Dando continuidade ao planejamento, os riscos são detalhados, priorizados e com

base nessas informações, são planejadas respostas aos riscos selecionados, incluindo custo

para uma reserva. Nesta fase, as equipes levantam o que pode dar errado no projeto

ocasionando o não alcance dos resultados esperado. Nos projetos pertencentes ao programa

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105

EMBRAPII, o planejamento de risco tem duas funções principais. A primeira é conscientizar

e oficializar perante a empresa os riscos da pesquisa, do desenvolvimento experimental e da

inovação inerentes ao tipo de projeto. Em geral, quanto maiores os riscos do projeto, mais

inovador e interessante o produto pode ser para a empresa, mas é importante a transparência

das informações para que a própria empresa tome a decisão de executar ou não o projeto. O

segundo objetivo da análise dos riscos é diminuir o impacto de quaisquer contratempos que

poderão ocorrer durante a execução do projeto, tanto do ponto de vista técnico como

gerencial.

Após a finalização da análise de riscos, é desenvolvido o cronograma físico. Nesse

momento, todas as atividades referentes a cada pacote de trabalho identificado na estrutura

analítica são detalhadas, bem como são identificados os marcos de tomada de decisão. São

levantados ainda os prazos de cada atividade, os recursos humanos, máquinas e insumos,

chegando-se assim ao tempo total do projeto. Além disso, é identificado o responsável por

cada entrega, INT ou empresa. Neste ambiente é fundamental o papel do EGP não apenas

para administrar o programa de construção e cronograma, como também para garantir que o

detalhamento seja suficiente para um orçamento assertivo, mas que não seja tão minucioso,

uma vez que não se sabe ao certo, por exemplo, quais e a quantidade dos ensaios a serem

desenvolvidos.

Do cronograma físico não apenas os prazos são fornecidos, como também uma lista

da quantidade de horas de cada recurso, que servirão como base para o cálculo dos custos

financeiros e econômicos do projeto e posteriormente, para a precificação e parcelamento de

aportes.

Em seguida, um plano de pessoas e de comunicação é desenvolvido, contendo

organograma, time do projeto com definição de papéis e responsabilidades, identificação das

informações, responsabilidades da comunicação e eventos de comunicação. Os projetos do

INT na EMBRAPII geralmente possuem uma pequena quantidade de pessoas participando do

desenvolvimento e um ou dois interlocutores por parte da empresa, de modo que o

detalhamento dos planos de pessoas e de comunicação é feito de forma simplificada, exceto

em projetos que possuem grande transversalidade de competências.

Ao final da elaboração do plano de trabalho, a negociação do escopo, prazo e custo é

finalizada, bem como a negociação das cláusulas contratuais e principalmente das cláusulas

relacionadas a Direitos de Propriedade Intelectual. Assim, finalmente, o Acordo de Parceria é

assinado e inicia-se a execução do projeto.

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106

O trabalho do EGP na execução resume-se ao acompanhamento das entregas, seus

aceites por parte da empresa e dos portais decisórios. O objetivo do acompanhamento é

garantir que o projeto esteja sendo desenvolvido conforme o planejado e esperado pela

empresa, para que desvios sejam identificados e as decisões sobre a continuação do projeto

perante os resultados parciais possam ser tomadas. Lembrando que cumprir os experimentos e

as etapas planejadas não necessariamente significa atingir a inovação.

Durante a execução, quando é identificada a necessidade de uma alteração de

qualquer natureza no plano, é acionado o Controle Integrado de Mudança, que se trata de um

processo que descreve, justifica e informa os benefícios da mudança, além de avaliar os

impactos no prazo, no escopo, na qualidade, nos riscos, na equipe, no custo e na área de

competência credenciada na EMBRAPII.

A mudança é avaliada pelo EGP, por um Comitê de Controle de Mudanças e pela

empresa. Caso seja aprovada, elabora-se um aditivo contratual e a mudança é implementada.

Dessa forma, é possível compreender os desvios durante o desenvolvimento e não

apenas ao final do projeto, quando os esforços e custo para alterações são maiores e ainda é

possível aplicar ações corretivas, aumentando as chances de sucesso.

A etapa de finalização dos projetos resume-se ao processo de coleta das lições

aprendidas, assinaturas dos termos de encerramento e algumas ações administrativas. A

concentração de esforços de monitoramento e controle na etapa de execução evita que

surpresas aconteçam na finalização.

O EGP do INT responde diretamente à Coordenação Geral Regional do Rio de

Janeiro e interage com diversas áreas do INT, além dos pesquisadores e suas equipes, e

geralmente não possui interação direta com as empresas conforme a Figura 20 a seguir.

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107

Figura 20 - Interações do Escritório de Projetos do INT

Fonte: Elaborado pela autora.

O EGP do INT atua junto aos pesquisadores e suas equipes através de reuniões para

auxiliá-los na identificação dos problemas e das soluções encontrados no planejamento e no

desenvolvimento.

As reuniões de planejamento com as equipes dos projetos visam não apenas a

construção e o acompanhamento do desenvolvimento, mas também a transferência de

conhecimento de gerenciamento de projetos do EGP para os integrantes da equipe. A cada

etapa, o EGP pretende que as equipes entendam o objetivo, a relevância, a contribuição e os

benefícios do assunto para o sucesso do projeto.

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108

5 ANÁLISE DOS RESULTADOS

Tendo em vista o estudo do ambiente de projetos de Pesquisa, Desenvolvimento e

Inovação da EMBRAPII e das formas de gerenciamento de projetos PMBOK® Guide, Scrum

e Front End Loading (FEL) e PRINCE2™ foram selecionadas 11 principais características

identificadas no ”Manual de Operaçoes das Unidades EMBRAPII” que podem influenciar a

construção de uma metodologia de gerenciamento de projetos das unidades credenciadas na

EMBRAPII e, eventualmente, de outros centros de pesquisa que desenvolvam projetos de

P&D com foco em inovação tecnológica.

As análises das características da EMBRAPII listadas abaixo pretendem responder a

três perguntas:

O que foi encontrado na bibliografia de PD&I que se relaciona com a

característica?

O que foi encontrado na literatura das formas de gerenciamento que se relaciona

com a característica?

Quais as diretrizes podem ser traçadas para a característica?

Após a seleção das características da EMBRAPII, procurou-se confrontar essas

características com os conceitos de PD&I encontrados na literatura, realizando uma análise

crítica do modelo de negócio da EMBRAPII no que concerne ao gerenciamento de projetos.

Em seguida, buscou-se identificar ainda os principais elementos utilizados nos

diversos métodos de gerenciamento de projetos pesquisados neste trabalho, para traçar as

diretrizes referentes a cada característica encontrada.

Figura 2141 - Estrutura da análise dos resultados

Fonte: Elaborado pela autora.

Característi

cas da

EMBRAPI

I

Características

da P, D & I

Elementos do

PMBOK®

Guide, Scrum,

FEL,

PRINCE2™

Diretrizes

para

metodologia

de P, D & I na

EMBRAPII

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109

As características foram apresentadas em dois blocos, divididos em características

que antecedem o ciclo de vida do projeto, chamadas de pré-projeto, e características

relacionadas efetivamente com o ciclo de vida do projeto, ou seja, em sua execução.

É importante ressaltar que as características selecionadas que antecedem o início do

ciclo de vida podem ter interferência direta na metodologia de gerenciamento dos projetos,

uma vez que o planejamento demanda uma série de definições preliminares que, caso não

sejam levantadas a tempo, podem causar uma grande perda de trabalho quando identificadas

tardiamente. Além disso, e principalmente, corre-se o risco de identificar tardiamente que um

determinado projeto não estaria enquadrado no modelo EMBRAPII.

5.1 CARACTERÍSTICAS DA EMBRAPII - PRÉ-PROJETO

5.1.1 Característica 1 - As unidades credenciadas devem possuir capacidade própria

para execução dos projetos

A OCDE (2005) tipifica os três tipos de interações que empresas podem ter, “As

fontes de informaçoes abertas”, de livre acesso e sem nenhum tipo de restrição ao uso das

informaçoes; a “Aquisição de conhecimento e tecnologia”, sendo a compra do conhecimento

de terceiros e a “Inovação Cooperativa”, que define uma cooperação profunda entre a

empresa e instituições de pesquisa tecnológica, ou, mesmo com outras empresas, podendo

ainda existir a compra de conhecimentos e tecnologias.

As formas de interação mencionadas pela OCDE (2005) estão presentes no modelo

de negócio do programa EMBRAPII, principalmente o tipo “Inovação Cooperativa”. Porem, a

EMBRAPII coloca um conjunto de condições que restringem a parceria com outras

instituições, empresas e até mesmo a aquisição de conhecimento e tecnologia fora da unidade

EMBRAPII, desenvolvedora do projeto. Tais condições podem vir a dificultar o completo

desenvolvimento da solução quando os produtos ou os processos novos ou melhorados

requererem inserção de novas tecnologias e competências diversificadas.

A EMBRAPII exige que as unidades credenciadas possuam capacidade para

execução dos trabalhos do projeto internamente, não sendo possível terceirizar as atividades, a

fim de evitar que a unidade perca a governança do processo de desenvolvimento da inovação.

Isto significa que é permitido contratar fora do ambiente, apenas uma pequena parte do

desenvolvimento, sem comprometer o domínio da solução por parte da unidade credenciada.

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110

Por outro lado, é permitido executar projetos compartilhados por duas ou mais

unidades credenciadas na EMBRAPII, hipótese em que haverá também conforme FORTEC

(2010), um acordo de confidencialidade por visar inovação e o compartilhamento de eventuais

direitos de propriedade intelectual resultante do projeto. Porém, cada unidade deverá ser

capaz de desenvolver a parte que lhe é designada sem contratação significativa de atividades

desempenhadas por terceiros.

O ciclo de vida de um projeto EMBRAPII no ambiente do INT se inicia após a

concepção preliminar da ideia do projeto, quando é prospectada uma oportunidade em uma

determinada empresa. Esta concepção preliminar antecede ao planejamento do projeto,

quando os elementos são efetivamente levantados, de forma detalhada.

A incidência da presente “Característica 1” na metodologia de gestão dos projetos e

observada nas hipóteses em que, na fase de planejamento, se detecta que a unidade em

questão não possui capacidade própria de execução, causando grande perda de trabalho.

No sentido de minimizar os impactos da “Característica 1” na metodologia de

gerenciamento de projetos e cumprir as exigências da EMBRAPII, a primeira diretriz

identificada na experiência do INT é a criação de um processo de avaliação prévia quanto à

infraestrutura e recursos humanos existentes na unidade executora do projeto para a entrega

da solução completa demandada pela empresa, antes do inicio do ciclo de vida do projeto. A

segunda diretriz é a assinatura de um acordo de confidencialidade entre empresas e Unidades

EMBRAPII, participantes do projeto.

5.1.2 Característica 2 – As unidades devem atuar na área de competência credenciada

Os Institutos Científicos e Tecnológicos são credenciados como Unidade EMBRAPII

em áreas de competência determinadas após um entendimento prévio entre ambas as partes.

Do mesmo modo que as interações das empresas na busca da inovação expostas pela

OCDE (2005) e limitadas pela EMBRAPII podem dificultar o completo desenvolvimento da

solução, o limite de área de atuação da Unidade EMBRAPII credenciada no programa pode

diminuir o potencial de desenvolvimento de uma solução transversal e completa do produto

ou processo que a empresa necessita, ou até mesmo inviabilizar o projeto por descaracterizar a

áreas de competência credenciada. Esta situação é agravada em instituições multidisciplinares

como o INT que perdem sua vantagem competitiva quando deixam de oferecer para o setor

produtivo uma solução mais completa.

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111

No sentido de maximizar as chances de viabilidade do projeto e aumentar as chances

da obtenção de uma solução completa a primeira diretriz sugerida é a definição dos elementos

que caracterizam a área de competência, para serem utilizados como critérios de avaliação do

conteúdo.

A segunda diretriz que complementa a primeira, identificada na experiência do INT

no que concerne a área de competência, é que exista um processo estruturado de avaliação

prévia quanto ao enquadramento ou não na área de atuação, antes do início do ciclo de vida

do projeto, evitando a perda de trabalho quando este aspecto é identificado tardiamente.

A EMBRAPII utiliza mecanismos de verificação das diversas exigências do seu

Manual de Operações e promove auditorias ao longo da execução dos projetos. Demanda-se

especial atenção quanto à avaliação da área de competência, uma vez que esse aspecto é

detalhadamente identificado pela EMBRAPII apenas ao final do ciclo de vida do projeto,

quando todos os esforços de planejamento e de execução já foram empregados.

5.1.3 Característica 3 - Projetos devem pertencer à etapa pré-competitiva do esforço de

inovação

A EMBRAPII tem como premissa financiar projetos que estejam na fase pré-

competitiva da inovação. Longo e Oliveira (2000) afirmam que a pesquisa pré-competitiva é o

estágio pré-comercial do produto e fornece conhecimento para o estágio comercial. Entende-

se que a fase de pesquisa pré-competitiva é aquela que possui emprego genérico para

melhoria de produtos existentes.

Por outro lado, a ABNT (2011) na NBR 16501, define que inovação no contexto da

PD&I é a introdução no mercado de produtos e processos, métodos ou sistemas que não

existiam anteriormente ou que contenham alguma característica nova e diferente da em vigor

até então.

Para 3M (2015), o foco da inovação não é o conhecimento e sim o desempenho

econômico, para que uma invenção seja considerada uma inovação, seus clientes precisam

reconhecer o valor de todo o seu investimento.

Conclui-se que a efetiva medição da inovação apenas poderá ser feita após o término

do projeto, quando o produto ou processo for introduzido no mercado. Como também,

quando a unidade credenciada não possui mais governança sobre os resultados, podendo vir a

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112

prejudicar o domínio completo da solução por parte da Unidade EMBRAPII, que por via de

regra, não tem acesso ao “feedback” do usuário final do produto ou processo.

Além da exclusão do estágio comercial, projetos essencialmente de pesquisa básica

não podem ser financiados de acordo com o modelo proposto pela EMBRAPII.

Para a OCDE (2013), na pesquisa básica o autor não conhece, desde o momento

inicial da pesquisa, as possíveis aplicações do resultado da investigação. Já a pesquisa

aplicada tenta resolver um problema de ordem prática, como estabelecer métodos ou novas

formas de alcançar os objetivos determinados, suspensos pela falta de conhecimento.

A OCDE (2013), afirma ainda que a P&D pode conter pesquisa básica e pesquisa

aplicada. Na EMBRAPII, a pesquisa básica pode compor uma parte do projeto conforme

definição de P&D da OCDE 2013, porém, a essência do mesmo deve ser uma pesquisa

aplicada ao problema real da empresa parceira, e etapas de produção e ações comerciais como

marketing e outras de natureza similar não podem compor o escopo de um projeto executado

neste âmbito.

Em resumo, projetos essencialmente de pesquisa básica ou ações subsequentes à

pesquisa e ao desenvolvimento experimental não podem ser financiadas de acordo com o

modelo proposto pela EMBRAPII.

Sendo assim, a diretriz sugerida neste estudo para garantir que as atividades do projeto

sejam referentes à etapa do esforço de inovação é que, não apenas exista uma avaliação do

projeto antes do início do ciclo de vida, mas também um detalhamento do escopo, a fim de

identificar se há algum elemento incidente que antecede ou sucede a etapa pré-competitiva da

inovação.

5.1.4 Característica 4 - Projeto deve pertencer ao nível de maturidade tecnológica de 3 a

6 da escala TRL

Além da exigência que os projetos pertençam à etapa pré-competitiva da inovação, a

EMBRAPII exige ainda que a tecnologia a ser desenvolvida no projeto pertença ao nível 3, 4,

5 ou 6 da escala TRL.

A Technology Readiness Level (TRL), descrita no capítulo 2 deste trabalho, é

utilizada para caracterizar a maturidade da tecnologia em função de padrões atribuídos ao

projeto, podendo conter novas ideias, conceitos ou descobertas científicas, constituir produto

inteiramente inovador, processo ou incremento de um sistema já desenvolvido e inovador. O

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nível mais alto da TRL – nível 9 - corresponde à tecnologia mais madura, o mais baixo - nível

1 - corresponde à tecnologia de menor maturidade de desenvolvimento.

A OCDE (2005) descreve a inovação de produto como o desenvolvimento de um

produto substancialmente novo, alteração do uso de um produto já existente, aprimoramento

relevante de um produto já existente. O produto deve possuir características novas ou

substancialmente melhoradas.

Nesta mesma linha, a OCDE (2005) descreve ainda a inovação de processo como o

desenvolvimento de um método de produção ou distribuição, método de criação ou

fornecimento de serviço, novo ou significativamente melhorado. O processo deve possuir

desempenhos novos ou significativamente melhorados.

Da mesma forma que o financiamento apenas da etapa pré-competitiva do esforço de

inovação não permite o domínio da solução completa por parte da Unidade EMBRAPII, a

determinação de financiamento apenas dos estágios de maturidade da tecnologia de 3 a 6 da

escala TRL também impede o domínio, por parte da Unidade, de todo o conteúdo da

tecnologia do produto ou processo que se pretende desenvolver, devido ao fato de que a

Unidade EMBRAPII não participa de etapas importantes do processo de inovação como, por

exemplo, a “Demonstração de protótipo do sistema em ambiente operacional”.

Do ponto de vista da metodologia de gestão do projeto, a diretriz sugerida para

garantir que o projeto refere-se à maturidade tecnológica exigida pela EMBRAPII, é que

sejam levantados, antes do início do ciclo de vida do projeto, elementos que promovam uma

substancial discussão sobre a maturidade técnica considerando diferentes tipos de tecnologia,

e que permitam avaliação prévia se os resultados previstos estão enquadrados nos níveis 3, 4,

5 ou 6 da escala TRL. Sugere-se ainda a criação de uma metodologia para realizar esta

avaliação.

5.2 CARACTERÍSTICAS DA EMBRAPII – PROJETO

5.2.1 Característica 5 - Projetos devem ter foco na demanda empresarial

O foco na demanda empresarial é uma característica importante, pois representa a

finalidade da EMBRAPII de promover o desenvolvimento tecnológico para gerar inovação

industrial no Brasil.

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114

A OCDE (2013) afirma que as atividades de P&D são estruturadas por meio de

projetos, cujos resultados e produtos são concebidos para atender as necessidades

estabelecidas. Afirma ainda, que a atividade de P&D é primordial para atualização dos

negócios da empresa.

Os projetos de PD&I no programa EMBRAPII atuam predominante no campo da

pesquisa aplicada e desenvolvimento experimental, sendo que este último aspecto a OCDE

(2013) define como tarefas sistêmicas baseando-se nos conhecimentos existentes nas

pesquisas ou na experiência prática para desenvolvimento de novos materiais, produtos ou

dispositivos, constituir novos procedimentos, sistemas e serviços ou para melhorar os já

existentes.

Conclui-se que a premissa de foco na demanda empresarial proposta pela

EMBRAPII está alinhada com as definições de pesquisa aplicada e de desenvolvimento

experimental de OCDE (2013), como resolver um problema de ordem prática e desenvolver

novos materiais, produtos ou dispositivos, constituir novos procedimentos, sistemas e serviços

ou para melhorar os já existentes.

Sendo assim, a característica 5 requer que sejam tomadas ações, tanto antes, quanto

durante do ciclo de vida do projeto.

No momento do pré-projeto essas ações têm por objetivo garantir que o projeto tenha

foco na demanda empresarial e devem ser conduzidas por um processo de vigilância e

prospecção tecnológica para identificação de oportunidades de PD&I, tendo por base as

recomendaçoes da ABNT (2011), na NBR 16501 “Diretrizes para Sistemas de Gestão da

Pesquisa, do Desenvolvimento e da Inovação (PD&I)”.

No processo de prospecção, além da captação do cliente deve-se identificar o

problema que a indústria precisa resolver, conceber a ideia inicial do projeto, produzir um

Business Case como norteador da gestão do projeto e verificar se o instituto científico

tecnológico possui as competências internas capazes de resolver este problema.

Durante o ciclo de vida, para garantir o foco na demanda empresarial, é necessário o

direcionamento das ações do projeto de modo a atender os requisitos para a geração do

produto e para o Business Case.

Neste sentido, as formas de gerenciamento de projetos estudadas no presente

trabalho apresentam diretrizes claras sobre o direcionamento dos esforços do projeto,

concentrando as ações para atender a demanda da indústria.

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115

Ribeiro (2011) afirma que a característica fundamental da metodologia PRINCE2™

é o direcionamento do projeto para um Business Case.

No PMBOK® Guide o Business Case também é utilizado como passo inicial do

processo, atraves da ação “Desenvolver o termo de abertura do projeto”. Como consequência,

todos os grupos de processos subsequentes de planejamento, execução e de monitoramento e

controle são direcionados para a demanda empresarial e para o produto claramente definido

no início do ciclo de vida do projeto. O Business Case descreve as informações necessárias

para determinar se o projeto justifica, ou não, o aporte de investimento, observando as

características do negócio e contém informações como demanda do mercado, necessidade

organizacional, solicitações do cliente, avanço tecnológico, requisito legal, para citar algumas.

Barshop (2004), seguindo as premissas da metodologia FEL, orienta que se deve

identificar e determinar o escopo do projeto, objetivando o alinhamento com a necessidade do

negócio. Sendo assim, entende-se garantir que os investimentos sejam dirigidos de forma

organizada e que somente os negócios lucrativos economicamente e viáveis, do ponto de vista

ambiental, sejam concretizados.

Na metodologia Scrum por sua vez, no sentido de manter o foco na demanda

empresarial, o esforço é concentrado no gerenciamento do produto do projeto. Orienta-se a

definição clara do produto utilizando o Backlog, entendido como uma lista de todas as

características, funções, tecnologias, melhorias e correções que compreende a versão final do

produto. Além de todo o entendimento indispensável para atender aos requisitos, é essencial

produzir todas as funcionalidades do produto e, ao final, entregar um produto de acordo com

as expectativas da empresa demandante.

A diretriz sugerida, quanto ao foco na demanda empresarial na concepção do pré-

projeto, é que exista um processo estruturado através de uma metodologia específica de

prospecção tecnológica de oportunidades, que seja capaz de identificar, com a maior exatidão

possível, naquele momento, o produto que o projeto necessita produzir.

No que concerne ao ciclo de vida do projeto, a diretriz é orientar o gerenciamento do

projeto voltado para o produto, garantindo que todo o escopo seja direcionado para a

necessidade do negócio e para o Business Case.

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5.2.2 Característica 6 - Agilidade na busca dos resultados para as empresas parceiras

De acordo com a afirmação da OCDE (2013), a atividade de P&D é primordial para

atualização dos negócios da empresa.

Do ponto de vista da inovação, a ABNT (2011) na NBR 16501 afirma que a PD&I é

a introdução no mercado de produtos e processos novos ou melhorados.

A agilidade para inovar é uma premissa da EMBRAPII, tendo em vista que atualizar

os negócios introduzindo novos produtos ou processos no mercado com agilidade é

fundamental para a competitividade da indústria nacional.

Sobre a gestão dos projetos, tanto a ABNT (2011) na NBR 16501 quanto o FORTEC

(2010) afirmam que a PD&I necessita de gerenciamento, de cumprimento de uma agenda, um

plano de trabalho, um orçamento, uma equipe de pesquisadores, além da gestão de riscos para

reduzir as incertezas dos resultados.

Apesar do alto grau de resistência por parte dos pesquisadores na aplicação de

metodologias de gestão de projetos, podemos considerar que a organização do projeto através

de uma metodologia estruturada contribui para a agilidade, devido ao fato de procedimentos

formais contribuírem para a criatividade conforme afirmação da OCDE (2005).

Neste sentido, foram identificadas algumas ações nas formas de gestão e na

experiência do Escritório de Projetos do INT, que podem contribuir para a metodologia de

gerenciamento de projeto com o intuito de agilizar a busca de resultados para as empresas.

O primeiro refere-se aos estudos de Shenhar (2001), sobre a necessidade de traçar

uma estratégia de gestão do projeto de acordo com o grau de complexidade do escopo e grau

de incerteza tecnológica. O estudo prévio das características do projeto para traçar a melhor

estratégia de gestão pode reduzir o tempo de alcance dos resultados.

Da mesma forma, o PMI (2013) no padrão PMBOK® Guide, sugere que as boas

práticas não devem ser sempre aplicadas em sua totalidade em todos os projetos da mesma

forma, sugerindo que a organização ou a equipe de gerenciamento do projeto deve selecionar

os melhores processos, as ferramentas e técnicas aplicáveis a cada hipótese. A seleção prévia

dos processos de gestão, que realmente são importantes na condução do projeto, previne a

utilização de processos desnecessários, que causam o aumento da burocracia e morosidade na

busca de resultados para a empresa.

Do ponto de vista da estrutura de gestão do projeto, a metodologia Scrum,

tradicionalmente, pertencente ao grupo de metodologias ágeis, utiliza uma estrutura de

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planejamento e gestão por Sprint, conforme sugerido por Schwaber e Sutherland (2013). Ou

seja, divisão do projeto em ciclos iterativos que são planejados e gerenciados de forma

adaptável, ao invés de antecipatória, explicitado por Highsmith (2004).

Por outro lado é importante ressaltar que o modelo de negócio da EMBRAPII, bem

como os controles exigidos, seus indicadores e, muitas vezes por exigência da própria

empresa que deseja saber um custo total assertivo do projeto antes da assinatura de um

contrato, dificultam a utilização de uma metodologia ágil por requererem um planejamento

antecipado.

A diretriz, no que concerne à agilidade, na busca da solução, sugere traçar a

estratégia de gestão antes do início do ciclo de vida, respeitando as características específicas

de cada projeto e buscar o equilíbrio entre o planejamento antecipatório e o adaptável, com o

objetivo de alinhar os interesses da EMBRAPII e Empresa com a natureza dos projetos de

PD&I.

5.2.3 Característica 7 - Utilização de boas práticas de gestão de projetos na condução das

atividades e PD&I

Ao afirmar que as atividades de P&D são estruturadas por meio de projetos, cujos

resultados são concebidos para atender as necessidades estabelecidas e que desenvolvimento

experimental consiste em tarefas sistêmicas, OCDE (2013), vem embasar a premissa da

EMBRAPII de utilização de boas práticas na gestão dos projetos e confirmar ainda a

necessidade de estruturar uma metodologia específica, com determinação de passos gerenciais

a serem seguidos desde a concepção das ideias até a entrega do produto final.

Em complemento às afirmações da OCDE (2013), o FORTEC (2010) afirma que

PD&I necessita de cumprimento de uma agenda, um plano de trabalho, um orçamento, uma

equipe de pesquisadores. A ABNT (2011) na NBR 16501 complementa ainda que a PD&I

necessita de gerenciamento e gestão de riscos para reduzir as incertezas dos resultados.

Além disso, processos novos ou aprimorados podem requerer inserção de novas

tecnologias conforme afirmações da OCDE (2005), ocasionando o aumento da complexidade

do escopo do projeto conforme afirmação de Shenhar (1993) e a Inovação Cooperativa, um

dos tipos de interações que define uma cooperação profunda entre empresas e instituições de

pesquisa tecnológicas ou mesmo com outras empresas, reforçam a necessidade de um

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processo de gestão estruturado que seja capaz de auxiliar na integração dos diversos atores e

tecnologias envolvidas no projeto.

É possível concluir ainda, através do estudo comparativo entre as características da

inovação com as alternativas de gerenciamento de projetos feito por Kolesnik (2013), que é

desejável a utilização de boas práticas de gerenciamento de projetos para gerenciar uma

inovação, pelo fato da estrutura da inovação ser similar à estrutura do projeto. Ou seja, a

inovação, bem como o projeto, possui objetivos claros, definidos pelo conteúdo e limitados

pelo tempo da sua realização. E ainda, inovações representam novidades, e, por isso, há

incertezas e irregularidades como nos projetos, considerados empreendimentos exclusivos.

Por último a premissa da EMBRAPII está embasada nas afirmações de OCDE

(2005) de que procedimentos formais contribuírem para a criatividade.

A utilização de boas práticas na condução dos projetos é um dos critérios de

credenciamento da ICT na EMBRAPII. Não há exigência de utilização de uma metodologia

específica de gerenciamento de projetos, ficando a cargo de cada instituto desenvolver e

aplicar a metodologia que melhor atende suas necessidades, de acordo com a característica de

seus projetos.

Embora a EMBRAPII tenha desenvolvido o Manual de Excelência Operacional que

sugere alguns passos e processos específicos de gerenciamento de projetos, que remetem a

metodologia da ICT ao conjunto de boas práticas contidas no PMBOK® Guide, não há

impedimento que outras técnicas e ferramentas ou até mesmo que outra metodologia

encontrada na literatura seja utilizada em conjunto com o Manual, como apoio ao

gerenciamento de projetos.

Alguns autores estudaram a utilização de duas ou mais metodologias, bem como a

integração com o padrão PMBOK® Guide. Ribeiro (2011) cita o PMBOK® Guide como um

complemento ao método PRINCE2™. Kittelsen, Jaccheri, Letizia, Dingsøyr, Torgeir e

Teknisk por sua vez, estudaram a integração da metodologia PRINCE2™ com a metodologia

Scrum. Além dessas integrações encontramos ainda a utilização do PMBOK® Guide em

parceria com as metodologias FEL e Scrum.

Neste sentido, autores como Yap e Souder (1994), Eisenhardt e Tabrizi (1995),

Brown e Eisenhardt (1997) expressam em sua obra o descontentamento com a abordagem de

“Tamanho Único” na área de Gestão de Projetos e, por isso, propoem uma abordagem relativa

adaptando projetos às características específicas do negócio e de suas organizações.

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Por outro lado, autores como Laruccia et al. (2013) afirmam a importância de existir

uma metodologia estruturada de gestão de projetos na área de pesquisa e desenvolvimento,

como um modelo determinado que reduz o tempo do projeto e melhora a qualidade de sua

execução.

Kolesnik (2013) em seus estudos sobre a utilização do PMBOK® Guide na gestão de

projetos de inovação, orienta sobre a conveniência em se construir e implantar uma

metodologia de gerenciamento de projetos que se adapte às condições específicas de

desenvolvimento da inovação, incluindo as de caráter social.

Kolesnik (2013) afirma ainda que a abordagem de processo e métodos formalizados

em gerenciamento de projetos inovadores permite determinar metas precisas e um plano de

trabalho coerente com a inovação, controlar a execução complexa do plano de trabalho,

analisar o desempenho real e fazer ajustes na execução. Também permite que leve-se em

consideração os riscos do projeto detalhadamente, a fim de otimizar o uso dos recursos

disponíveis, bem como acumular, analisar e utilizar, no futuro, a experiência de projetos

implementados com sucesso.

O PMI (2013) no padrão PMBOK® Guide orienta, de forma geral, iniciar, planejar,

executar, finalizar, além de monitorar e controlar o projeto ao longo de sua execução

utilizando as boas práticas das áreas de conhecimento: integração, escopo, tempo, custo,

qualidade, recursos humanos, comunicação, risco, aquisições e partes interessadas.

Axelos (2009), através da metodologia PRINCE2™, orienta que antes do início do

projeto devem-se elaborar planos, definir estratégias e tratar questões no processo Ïnitiating a

Project. Tratar continuamente os temas Business Case, Organização, Qualidade, Planos,

Risco e Mudanças. Aprender com as lições dos projetos anteriores e aplicar este aprendizado

de forma sistêmica, bem como definir papéis e responsabilidades, conforme princípios do

PRINCE2™.

A metodologia FEL tem como premissa concentrar esforços em um planejamento

robusto no início do ciclo de vida do projeto, no momento em que a capacidade de influenciar

mudanças no projeto é relativamente alta e o custo para fazer essas mudanças é relativamente

baixo. O montante a ser despendido em tempo e custo no início do projeto é inferior, em

comparação aos custos e esforços necessários para fazer alterações nas fases posteriores do

mesmo.

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A ABNT, 2011 na NBR 16501 “Diretrizes para Sistemas de Gestão da Pesquisa, do

Desenvolvimento e da Inovação (PD&I)” orienta que a gestão de projetos inovadores deve ser

direcionada para a gestão de risco, objetivando reduzir as incertezas dos resultados.

A diretriz encontrada para a exigência de utilizar boas práticas na condução das

atividades e PD&I é a construção de uma metodologia de gerenciamento de projetos

específica para a realidade de cada unidade, que seja flexível e capaz de considerar o grau de

incertezas tecnológicas e complexidade do escopo do projeto conforme sugerido por Shenhar

(2001). Além disso, a crítica ao modelo único, feita pelos diversos autores, leva a concluir que

é necessário o estudo de diversas metodologias para a construção de um modelo híbrido de

metodologia de gerenciamento de projetos.

5.2.4 Característica 8 - Projetos devem ter compromisso com a obtenção de resultados

O compromisso com a obtenção de resultados exigidos pela EMBRAPII é um grande

desafio para as Unidades devido ao alto grau de imprevisibilidade implícitos nos projetos de

PD&I. Obter resultados no âmbito da PD&I significa atingir a inovação. Como é possível

aumentar as chances da inovação?

Apesar da pesquisa aplicada tentar resolver um problema de ordem prática e o

desenvolvimento experimental consistir em tarefas sistêmicas baseando-se nos conhecimentos

existentes nas pesquisas ou na experiência prática para desenvolvimento conforme afirma

OCDE (2013), a inovação de produtos e processos permeia o campo do desconhecido, das

características e desempenhos novos ou significativamente melhorados conforme OCDE

(2005). Salienta-se ainda que a inovação no contexto da PD&I é a introdução no mercado de

produtos e processos, métodos ou sistemas que não existiam anteriormente ou que contenham

alguma característica nova e diferente da em vigor até então conforme definição ABNT

(2011) na NBR 16501.

Como garantir o alcance da inovação através das atividades de P&D estruturadas por

meio de projetos, cujos resultados e produtos são concebidos para atender necessidades

estabelecidas jamais vistas até então? (OCDE, 2013)

As afirmações da ABNT (2011) na NBR 16501 e FORTEC (2010), quanto à

necessidade de gerenciamento, cumprimento de uma agenda, um plano de trabalho, um

orçamento e gestão de riscos para reduzir as incertezas dos resultados, reforçam que a gestão

dos projetos é um processo determinante de sucesso da PD&I.

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Para maximizar o compromisso com o resultado exigido pela EMBRAPII, foram

encontrados princípios nas formas de gerenciamento de projetos e elementos na experiência

do Escritório de Projetos do INT, que podem ser utilizados como estratégia de gestão do

projeto.

A metodologia PRINCE2™, por exemplo, de acordo com Axelo (2009), tem como

princípio o foco na definição dos requisitos do produto, nas entregas e na qualidade. No

PRINCE2™, o planejamento é baseado no produto, utilizando a técnica Pruduct-Basead

Planning.

O foco no produto com a descrição detalhada de seus requisitos, envolvendo o

cliente e a utilização de uma estrutura analítica por entregas, aumenta o comprometimento da

equipe com a obtenção dos resultados.

Kolesnik (2013), em seus estudos sobre a utilização do PMBOK® Guide na gestão

de projetos de inovação, reafirma que o ciclo de vida do projeto dividido em fases facilita o

acompanhamento dos objetivos e a aceitação dos resultados. Os erros identificados ao final de

cada fase e não ao final do projeto em si, reduzem os riscos de não atingir as metas de prazo.

É possível concluir ainda, através dos estudos de Kolesnik (2013), que para atingir os

resultados esperados é fundamental a utilização de instrumentos de previsão e de

gerenciamento de riscos. O resultado tardio de um projeto inovador pode levar à inovação

desatualizada ou para atingir o resultado os gastos podem ter sido extrapolados. E mais, o

produto do projeto pode ser caro o suficiente para a perda de liquidez.

A metodologia FEL tem como princípio a divisão do projeto em fases, com portais

decisórios sobre o futuro do projeto, onde são produzidas as informações estratégicas para que

os responsáveis possam enfrentar riscos e tomar decisões de alocação de recursos, objetivando

maximizar o potencial de sucesso do projeto. Este princípio vem reforçar o compromisso com

a obtenção de resultados, quando entendido que o desmembramento do projeto em partes

menores seguidas pela manifestação decisória, facilita o olhar sobre o que está sendo

produzido.

A diretriz proposta neste sentido é a estrutura analítica em partes menores e gestão

por entregas, com procedimentos estruturados de aceite e informações para auxiliar a tomada

de decisão sobre os próximos passos. Além disso, é sistematicamente realizada a análise e

monitoramento dos riscos para aumentar as chances de obtenção dos resultados.

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5.2.5 Característica 9 - Os projetos devem ser estruturados por macro-entregas que são

balizadoras da execução física e financeira

De acordo com o Manual de Operações das Unidade EMBRAPII, os projetos devem

possuir de 3 a 5 macro entregas, que exercem o papel de grandes fases com início, meio e fim

definidos. A decomposição do projeto em macroentregas vem facilitar o planejamento e o

acompanhamento da execução física e financeira. Cada fase deverá possuir pelo menos um

produto e deverá possuir custo referente ao trabalho a ser executado naquela fase.

A decomposição em partes menores, também, facilita o gerenciamento do projeto em

geral, e reduz as incertezas da PD&I através da gestão de risco conforme afirmações da

ABNT (2011) na NBR 16501.

A decomposição em partes menores está inserida ainda no contexto de boas práticas

de gerenciamento de projetos de PD&I sugerido por FORTEC (2010), que afirma a necessita

de cumprimento de uma agenda, um plano de trabalho, um orçamento.

É possível concluir através da comparação da inovação com as boas práticas de

gestão de projetos feita por Kolesnik (2013), a exequibilidade da divisão do projeto de PD&I

em partes menores porque tanto o processo inovador como o projeto podem ser dividido em

fases com objetivos e metas intermediárias subordinadas aos objetivos e metas do projeto

como um todo.

As formas de gerenciamento estudadas neste trabalho utilizam nomenclaturas

diferentes para decomposição do projeto em partes menores, tais como: estágios, fases, stage-

gate e Sprint, porém, são unânimes ao se referir à estratégia de dividir o projeto para facilitar

a gestão.

Axelos (2009), seguindo os princípios da metodologia PRINCE2™, orienta

estruturar o gerenciamento por estágios, ou seja, planejar, monitorar e controlar o projeto por

etapas. Além disso, utiliza o processo chamado Managing a Stage Boundary para gerenciar a

passagem entre um estágio e outro, garantindo, assim, que todas as informações sejam claras e

suficientes para a tomada de decisões em relação ao projeto.

A metodologia FEL, de acordo com Barshop (2004), utiliza o processo stage-gate

(portais de decisão) para aperfeiçoar as atividades de definição do projeto e reduzir o número

de problemas que podem ocorrer na execução, quando os custos para alterações no projeto são

maiores. Entre um stage-gate e outro na metodologia FEL, são utilizados procedimentos de

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avaliação formal antes de receber o financiamento da etapa posterior, permitindo que a

qualidade do planejamento seja aprimorada.

Na metodologia Scrum, de acordo com Henrik Kniberg (2009), os projetos são

divididos em ciclos iterativos, ou seja, ciclos que se repetem, geralmente, a cada mês,

chamados Sprint, dentro dos quais um conjunto de atividades é executado utilizando um

quadro de tarefas denominado Taskboard, atualizado, continuamente, durante o Sprint. O

Scrum possui ainda um processo de controle empírico onde, um dos pilares deste processo, é

a inspeção dos artefatos e dos desvios do produto do projeto.

Já o PMI (2013), devido ao fato de o PMBOK® Guide ser um padrão e não uma

metodologia, permite que as boas práticas de gerenciamento, no que se refere à forma de

estruturar o projeto, seja livre, de acordo com a necessidade de cada projeto. O projeto pode

ser dividido, livremente, em fazes com início, meio e fim e sua estrutura analítica é realizada

por entregas.

A diretriz proposta para que as macroentregas sejam facilmente gerenciadas e que

sejam realmente balizadoras da execução física e financeira é a estruturação de um processo

no início do ciclo de vida, no início do planejamento, para definição da estrutura analítica e

das entregas do projeto antes da finalização do escopo e dos demais itens do planejamento.

A segunda diretriz neste sentido e não menos importante, é a necessidade de uma

gestão estruturada e cautelosa da passagem entre uma macroentrega para a outra. Os projetos

de PD&I possuem um desenvolvimento contínuo, sendo um desafio transformar este

desenvolvimento em fases estanques, de modo que não ocorra interrupção na pesquisa. É

preciso estudar a natureza de cada projeto para identificar no momento certo de seccioná-lo

em fases com produtos e entregas definidas conforme a exigência da EMBRAPII.

5.2.6 Característica 10 - As macro-entregas deverão ser aceitas formalmente por parte

da empresa

Os produtos referentes a cada macro entrega deverão ser aceitos formalmente pela

empresa demandante. Espera-se desta forma, garantir o envolvimento das partes, uma vez que

os projetos EMBRAPII devem ser desenvolvidos em conjunto entre ICTs e Empresa.

A OCDE (2005) fala da profunda interação entre instituições de pesquisa

tecnológicas ou mesmo com outras empresas na busca da inovação, e afirma que a pesquisa

aplicada tenta resolver um problema de ordem prática e que os resultados da P&D são

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concebidos para atender as necessidades estabelecidas. Sendo assim, a exigência da

EMBRAPII de garantir o envolvimento da empresa durante o desenvolvimento do projeto

vem contribuir para que o produto realmente agregue valor ao negócio da empresa.

Por outro lado, a aceitação formal dos produtos parciais, não apenas ao final, mas

durante a execução do projeto, aumenta as chances de sucesso com base na oportunidade de

tomar ações corretivas, caso desvios sejam identificados, facilitando também a gestão de risco

que reduzirá as incertezas dos resultados de projetos de PD&I, conforme afirmação ABNT

(2011) na NBR 16501.

As contribuições das formas de gerenciamento apresentadas neste trabalho para a

construção de uma metodologia de gerenciamento de projetos de PD&I, no que concerne a

característica 10, foram encontradas na metodologia PRINCE2™.

Axelos (2009), no processo Managing Product Delivery da metodologia

PRINCE2™, estabelece os requisitos de execução e das entregas além de requisitos de

aceitação para o perfeito entendimento dos produtos. Acrescentando-se que no processo

Closing a Project é confirmada a aceitação dos produtos entregues, conferindo se os objetivos

iniciais do projeto foram cumpridos e recomendadas as ações para sanar problemas que

possam ocorrer nos produtos após o término do projeto.

O PRINCE2™ tem ainda como um dos princípios o “Gerenciamento por Exceção”

que define os limites de tolerância para cada objetivo do projeto. Os limites de tolerância são

importantes para a criação dos critérios de aceitação das macroentregas exigidas pela

EMBRAPII.

Neste sentido, as diretrizes propostas quanto ao aceite formal das macro-entregas são

o delineamento dos limites aceitáveis dos produtos como critérios de aceitação a criação de

procedimentos de gerenciamento de projetos para manifestação da empresa sobre a satisfação

quanto aos resultados de cada macroentrega. Paralelamente, criar cláusulas contratuais de

compromisso da empresa com a manifestação em tempo hábil, evitando atrasos no

cronograma e gerenciar riscos de atraso e retrabalho em função do não aceite por parte da

empresa.

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5.2.7 Característica 11 – O projeto possui regras específicas de financiamento e de

execução financeira

Os projetos financiados pela EMBRAPII possuem regras de financiamento e de

execução financeira descritas no Manual de Operações das Unidades EMBRAPII, que podem

influenciar na metodologia de gerenciamento de projetos.

As regras de financiamento dos projetos referentes à porcentagem máxima e mínima

de aporte financeiro e não financeiro, tanto da EMBRAPII quanto da empresa e da Unidade

EMBRAPII, requerem um detalhamento dos custos do projeto para serem cumpridas. Da

mesma forma, a exigência de que as despesas dos projetos sejam basicamente de custeio,

incluindo pessoal, também requer o entendimento detalhado dos recursos e insumos utilizados

e financiados pelo projeto.

Igualmente, este levantamento detalhado é necessário para verificar e cumprir as

regras de execução financeira descritas no Manual como:

Regras de utilização dos recursos financeiros;

Regras de utilização da contrapartida não financeira da unidade EMBRAPII no

projeto;

Regras de aquisições e contratação no âmbito dos projetos EMBRAPII.

Sistemática de liberação de recursos da EMBRAPII.

O planejamento e o controle dos recursos para atender as regras de financiamento e

de execução financeira da EMBRAPII, introduzem no cotidiano dos pesquisadores uma série

de questões, muitas vezes esquecidas, que orientam uma mudança de cultura em relação à

preocupação com o custo do projeto e com o custo do produto. Esta preocupação vem

contribuir na ponta da inovação, para um produto mais competitivo no mercado. Neste

sentido, a 3M (2015) conforme citado anteriormente, afirma que o foco da inovação não é o

conhecimento e sim o desempenho econômico e que o cliente precisa reconhecer o valor de

seu investimento.

Além disso, os estudos de Kolesnik (2013) comprovam que o orçamento das

inovações é sempre limitado assim como qualquer projeto tem seu orçamento limitado, e, por

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isso, as boas práticas de gerenciamento de projetos sempre consideram o gerenciamento de

custos.

A diretriz neste sentido é construir processos de levantamento de recursos e custos

financeiros e econômicos baseados no escopo de cada macroentrega, que permitam a

visualização suficientemente detalhada do tipo, do custo individual e do período de utilização

desses recursos.

5.3 RESUMO DAS CARACTERÍSTICAS

Na Figura 22, a seguir, é apresentado o Resumo das diretrizes para construção de

uma metodologia de gerenciamento de projetos de PD&I do programa EMBRAPII.

Figura 22 - Resumo das diretrizes para construção de uma metodologia de gerenciamento de projetos de PD&I

do programa EMBRAPII

Fonte: Elaborado pela autora.

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6 CONCLUSÃO E SUGESTÃO DE NOVAS PESQUISAS

Para o desenvolvimento deste trabalho foi estabelecida como problemática a

dificuldade dos pesquisadores em conduzir suas ideias, quando questões gerenciais como

escassez de recursos e limitação de prazos e custos, dentre outros aspectos incidentes e que

são elementos determinantes para o sucesso dos projetos são inseridos em seu cotidiano.

Duas questões foram estabelecidas referentes à problemática. A primeira é a

atribuição da dificuldade dos pesquisadores ao fato dos projetos de PD&I se caracterizarem

pelo alto grau de incertezas quanto ao trabalho a ser executado e complexidade de integrar os

diversos atores envolvidos, geralmente, no desenvolvimento de tecnologias. Além disso, as

práticas de gestão enraizadas neste ambiente dificultam a mudança de cultura necessária para

a parceria entre ICTs e Empresa. Por fim, o fato dos métodos tradicionais de gerenciamento

de projetos serem, em diversas situações, inapropriados para projetos complexos e incertos.

No contexto da EMBRAPII, a dificuldade está no fato do modelo de negócio possuir

características que, muitas vezes, não estão totalmente alinhadas com as características da

pesquisa, do desenvolvimento tecnológico e da inovação, dificultando o desenvolvimento da

PD&I.

A segunda questão refere-se à pergunta que a investigante pretende responder:

Quais os elementos existentes nas formas de gerenciamento de projetos PMBOK®

Guide, Scrum, FEL e PRINCE2™, podem contribuir para a construção de uma

metodologia de gerenciamento e projetos de PD&I que seja adequada ao modelo de

negócio da EMBRAPII e que contribua para a habilidade de produção de

conhecimento e desenvolvimento que o pesquisador possui, a fim de alcançar os

resultados da melhor forma possível?

A partir da problemática investigada, foi possível atingir o objetivo geral,

estabelecido neste trabalho, através da experiência do Instituto Nacional de Tecnologia, e

definir diretrizes para a construção de uma metodologia de gerenciamento de projetos que

tenha como foco a execução de projetos no ambiente de Pesquisa, Desenvolvimento &

Inovação Tecnológica, e que auxilie os pesquisadores na condução dos projetos pertencentes

ao programa EMBRAPII.

A respeito dos objetivos específicos originados do objetivo geral, foi estudada a

natureza dos Projetos de Pesquisa, Desenvolvimento com foco em Inovação Tecnológica

(PD&I) e o modelo de negócio da EMBRAPII.

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Neste sentido, foram encontradas 11 características no Manual de Operações das

Unidades EMBRAPII que podem influenciar na metodologia de gerenciamento de projetos

das ICTs credenciadas.

Em seguida, as 11 características foram confrontadas com as características da

PD&I a fim de verificar o alinhamento do modelo de negócio da EMBRAPII com a natureza

da PD&I, complementando assim, o entendimento para traçar as diretrizes propostas no

objetivo geral.

Verificou-se na análise dos resultados, através das afirmações de OCDE, ABNT e

FORTEC, que o modelo de negócio da EMBRAPII em grande parte está alinhado com a

natureza dos projetos de PD&I. Porém, este modelo não contempla todas as ações necessárias

para o alcance da inovação nas empresas e que algumas exigências de compromisso de

alcance dos resultados podem dificultar o desenvolvimento do projeto, devido ao alto grau de

incertezas que um projeto de PD&I pode conter.

Ainda a respeito dos objetivos específicos, foi estudada, no Capítulo 2, a evolução

das formas de gerenciamento de projetos escolhidas como base deste estudo e efetivamente o

conteúdo de cada uma delas.

Constatou-se, na análise dos resultados, que as formas de gerenciamento de projetos

padrão PMBOK® Guide, as metodologias de desenvolvimento de produto Scrum e Front end

Loading (FEL) e a metodologia de gerenciamento de projetos PRINCE2™ possuem, cada

uma delas, elementos que podem ser utilizados como base da metodologia de gerenciamento

de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação das ICTs credenciadas na EMBRAPII.

O foco da busca era encontrar elementos que pudessem maximizar o cumprimento das

exigências da EMBRAPII, como também contribuir para a gestão dos pesquisadores.

Neste contexto, foi encontrado no estudo um vasto conjunto de autores como Yap e

Souder (1994), Eisenhardt e Tabrizi 1995), Brown e Eisenhardt (1997), que criticaram a

utilização de um modelo único para a gestão de projetos. Os autores afirmam que os modelos

únicos são inadequados quando utilizados em projetos de natureza diferenciada das quais

foram desenvolvidos. Além disso, os estudos de Shenhar, entre outros autores, reforçaram a

necessidade de avaliar a natureza de cada projeto, principalmente, no que concerne a

complexidade e incerteza, antes de traçar a estratégia de gestão.

Os estudos de Kolesnik (2013) também reforçaram a necessidade de adaptação das

metodologias de gerenciamento de projetos ao contexto e ao ambiente. A capacidade da

metodologia de gestão de projeto em se adaptar às condições específicas de desenvolvimento

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de inovações, incluindo as de caráter social é fundamental para o sucesso dos projetos de P,

D& I.

Desta forma, foi consolidada a opção feita pela investigante da não proposição de um

modelo preexistente na literatura e sim a construção de um modelo híbrido que utilize

elementos do PMBOK® Guide, Scrum, FEL e PRINCE2™ para base das diretrizes de

construção da metodologia de gerenciamento de projetos das ICT’s credenciada na

EMBRAPII.

Conclui-se, ainda, após as afirmações de autores como Kittelsen, Ingrid Jaccheri,

Maria Letizia; Dingsøyr, Torgeir; Norges Teknisk; Ribeiro (2011), que não há impedimento,

pelo contrário, de que técnicas e ferramentas descritas neste trabalho, sejam utilizadas em

conjunto. Verifica-se que este trabalho tem como temática a discussão sobre a gestão de

projetos tecnológicos com alto grau de incertezas e pretende-se contribuir para a gestão da

PD&I de maneira organizada, preocupando-se com indicadores de desempenho, mas também

respeitando as características específicas de projetos desta natureza.

No campo da inovação, um “erro” ou o “não atingir” uma determinada meta pode

não significar um problema, necessariamente. Os resultados e subprodutos de um projeto

neste ambiente, cujas metas não tenham sido alcançadas, podem ser utilizados de outra forma,

em outro contexto. Mesmo em se tratando de projetos essencialmente de pesquisa aplicada,

faz parte da pesquisa tecnológica não atingir os resultados pretendidos.

É compreensível que a empresa desaprove perder dinheiro, tempo, energia das

pessoas envolvidas no processo, mas é preciso reconhecer o acúmulo de conhecimento que

um projeto de PD&I pode trazer.

Por outro lado, conforme estudos de Calmanovici (2012), a capacidade das empresas

em inovar é decisiva para a competitividade. A inovação precisa ser ágil, para manter o grau

de competitividade da indústria, é vital a agilidade no desenvolvimento de novos produtos e

processos.

A pressão empresarial, bem como a pressão da EMBRAPII, atualmente comuns no

âmbito da execução de projetos de pesquisa e desenvolvimento de inovação financiados pelo

Programa se estabelecem como uma novidade para o pesquisador. Especialmente porque, por

via de regra, as demais fontes de financiamento, até então mais disponíveis no Brasil, não

exigem um planejamento do projeto com alto grau de detalhes e uma estrutura por fases, de

modo que, não exercem, sobre esses atores, o mesmo nível de exigência quanto à

demonstração de resultados da inovação. Esta pressão nem sempre é bem recebida pelos

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pesquisadores por eles viverem num ambiente diferente do ambiente empresarial. No entanto,

pode-se também afirmar que esta aversão do pesquisador às questões gerenciais não é um

problema exclusivamente do Brasil, mas sim mundial.

É notório, através da experiência da investigante na condução dos trabalhos do

Escritório de Gerenciamento de Projeto do INT, que a mudança de cultura dos pesquisadores

no sentido de agregar economicidade ao projeto de inovação para aproximar a indústria da

comunidade científica é fundamental e vem sendo alcançada no âmbito da EMBRAPII.

Diante do exposto, verifica-se que este trabalho contribuiu para os Institutos

Científicos e Tecnológicos credenciados na EMBRAPII darem um direcionamento ao

gerenciamento de projetos e desenvolverem uma metodologia de gerenciamento de projetos,

utilizando as diretrizes propostas para o ciclo de vida do projeto, como também para a fase de

concepção inicial da ideia do projeto.

Em decorrência das considerações estabelecidas, sugere-se como trabalho futuro,

entender a psique dos pesquisadores e de que maneira seria possível alterar, modificar ou

incorporar outros aspectos no comportamento do pesquisador, para que, além de ter o

pensamento livre e poder exercitar a criatividade, ele também consiga estabelecer e adotar

métodos e procedimento.

Outra sugestão consiste na inclusão de formas de gerenciamento de projetos não

estudadas neste trabalho, como base da construção de uma metodologia de gerenciamento de

projetos de PD&I.

Sendo assim, o presente trabalho acrescenta uma visão diversificada do

gerenciamento de projetos de pesquisa, desenvolvimento e inovação, enfatizando o uso de

PMBOK® Guide, Scrum, FEL e PRINCE2™ para atender as exigências da EMBRAPII e

contribuir para a gestão do projeto por parte do pesquisador.

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