fundos de pensão

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Estudos

A Demografia dos Fundos de PensoRicardo Pena Pinheiro

Ministrio da Previdncia Social Secretaria de Polticas de Previdncia Social

A Demograa dos Fundos de Penso

Ricardo Pena Pinheiro

Coleo Previdncia Social Volume 24

2007 Ministrio da Previdncia Social Presidente da Repblica: Luiz Incio Lula da Silva Ministro da Previdncia Social: Luiz Marinho Secretrio Executivo: Carlos Eduardo Gabas Secretrio de Polticas de Previdncia Social: Helmut Schwarzer Diretor do Depto. do Regime Geral de Previdncia Social: Joo Donadon Diretor do Depto. dos Reg. de Prev. no Servio Pblico: Delbio Gomes Pereira da Silva Coordenador-Geral de Estudos Previdencirios: Rafael Liberal Ferreira de Santana

A Coleo Previdncia Social uma publicao do Ministrio da Previdncia Social, de responsabilidade da Secretaria de Polticas de Previdncia Social e organizada pela Coordenao-Geral de Estudos Previdencirios. Edio e Distribuio: Ministrio da Previdncia Social Secretaria de Polticas de Previdncia Social Esplanada dos Ministrios, Bloco F 70059-900 Braslia-DF Tel.: (61) 3433-5690/5264 Fax: (61) 3433-5195/5045 Tambm disponvel no endereo: www.previdencia.gov.br Tiragem: 4.000 exemplares Impresso no Brasil / Printed in Brazil Coronrio Editora Grca Ltda. As opinies e propostas porventura contidas nesta publicao so de responsabilidade do(s) autor(es), no reetindo, necessariamente, o ponto de vista do Ministrio da Previdncia Social. permitida a reproduo total ou parcial desta obra, desde que citada a fonte.

Pinheiro, Ricardo Pena. A demograa dos fundos de penso. / Ricardo Pena Pinheiro. Braslia: Ministrio da Previdncia Social. Secretaria de Polticas de Previdncia Social, 2007. 292 p. (Coleo Previdncia Social. Srie estudos; v. 24)

ISBN 85-88219-32-8 978-85-88219-32-8

1. Demograa. 2. Fundos de penso. 3. Previdncia complementar. 4. Tcnicas Atuariais. 5. Capitalizao. I. Brasil. Ministrio da Previdncia Social. Secretaria de Polticas de Previdncia Social. II. Ttulo. III. Srie.

RESUMO

A proposta central deste trabalho avaliar os riscos demogrcos e atuariais envolvidos na constituio da reserva matemtica dos benefcios programados de aposentadoria dentro dos planos de benefcio denido e de contribuio denida administrados por um fundo de penso brasileiro. Trata-se, portanto, de uma aplicao micro-demogrca da anlise dos efeitos da mudana nas variveis demogrcas, como mortalidade, entrada em invalidez, rotatividade e entrada de participantes nos planos previdencirios, sobre as reservas matemticas de benefcios a conceder e j concedidos, necessrias para suportar o pagamento dos benefcios programados de aposentadoria de uma entidade fechada de previdncia complementar. Uma outra dimenso investigada no trabalho diz respeito s implicaes demogrcas e econmicas do processo de mudana de preferncia dos planos de benefcio denido para os planos de contribuio denida no mbito dos fundos de penso, focalizando os riscos envolvidos e as escolhas dos participantes e patrocinadores. A partir das metodologias da tbua de decremento simples e de mltiplos decrementos, o trabalho examinou os impactos das modicaes das suposies das variveis demogrcas sobre a reserva matemtica dos benefcios de aposentadoria e penso. No exame dos resultados, a probabilidade de permanncia anual do participante no plano de benefcios do fundo de penso reete, pela tbua de mltiplos decrementos, a exposio aos riscos de sada por vrios decrementos que operam conjuntamente e competem entre si, representando custos dos benefcios programados de aposentadorias dos planos previdencirios para os fundos de penso, em bases inferiores tbua de decremento simples na qual os decrementos atuam de forma isolada. Por m, o trabalho apresenta o uxo atuarial para os planos de benefcio denido e de contribuio denida administrados pelo fundo de penso em anlise nesta tese a partir das projees populacionais e nanceiras num horizonte de trinta anos, de modo a orientar as decises de aplicao dos recursos, com vistas reduo dos riscos, para os participantes e a empresa patrocinadora, de eventuais dcits atuariais relativos aos descasamentos nos estoques e uxos de recursos dos planos previdencirios.

ABSTRACT

This work focuses on the assessment of actuarial and demographic risks involved in the mathematical reserve of programmed retirement benets offered in dened benet and dened contribution plans administrated by a Brazilian pension fund. Therefore, it is a micro-demographic analysis of the changing effects in demographic variables such as mortality rate, disability, withdrawal and participant entry in the retirement plans in relation to the mathematical reserves of benets yet to be paid and already paid, which are necessary to support the payment of programmed retirement benets offered by a closed entity of a complementary scheme. Another dimension assessed in this work is concerned with the demographic and economic implications in relation to the process of preference change from dened benet plans to dened contribution plans in the pension fund environment, focusing on the risks involved and the choices made by participants and sponsors. Based on the methodology of the simple and multiple decrement tables, this work examined the impacts of the modications of assumptions regarding demographic variables on the mathematical reserve of retirement benets and pensions. The results indicated that the probability of annual permanence of the participant in the benet plan of the pension fund reects, according to the multiple decrement table, the exposure to exit risks due to various decrements that operate together and compete against each other, imposing costs of the programmed retirement benets on the retirement plans of the pension funds, with lower levels when compared to the simple decrement table in which the decrements act in an isolated way. Finally, this work presents the actuarial ow for dened benet and dened contribution plans administrated by the pension fund under analysis, based on the population and nancial projections on a thirty-year span so as to guide the decisions concerning resource allocation, aiming at the risk reduction of eventual actuarial decits related to stock mismatches and cash ow in retirement plans, for participants and the sponsoring company.

SumrioAPRESENTAO ...................................................................................................................... 17 PREFCIO ................................................................................................................................... 19 1 CONSIDERAES INICIAIS 1.1 Introduo ....................................................................................................................... 21 2 A PREVIDNCIA PRIVADA NO BRASIL ................................................................ 27 2.1 Breve histrico ................................................................................................................. 27 2.2 Evoluo recente ............................................................................................................. 32 2.3 Situao atual .................................................................................................................... 34 2.4 Concluso ....................................................................................................................... 38 3 ASPECTOS GERAIS DA PREVIDNCIA PRIVADA FECHADA ................... 39 3.1 Regimes previdencirios ................................................................................................. 39 3.2 Organizao e funcionamento de um fundo de penso............................................ 40 3.3 Razes para o estabelecimento dos fundos de penso .............................................. 44 3.4 Mtodos de nanciamento dos fundos de penso ..................................................... 48 3.4.1 Mtodos de acumulao do regime de capitalizao ..................................... 51 3.5 Aspectos populacionais dos fundos de penso .......................................................... 59 3.6 Variveis utilizadas pelos fundos de penso ................................................................ 63 3.6.1 Taxa de Juros ........................................................................................................ 64 3.6.2 Rentabilidade dos investimentos ....................................................................... 66 3.6.3 Salrio .................................................................................................................... 69 3.6.4 Benefcio da previdncia social ......................................................................... 69 3.6.5 Inao ................................................................................................................. 71 3.6.6 Mortalidade .......................................................................................................... 73 3.6.7 Entrada em invalidez .......................................................................................... 74 3.6.8 Gerao futura de novos entrados.................................................................... 75 3.6.9 Rotatividade .......................................................................................................... 75 3.6.10 Composio familiar ......................................................................................... 77 3.6.11 Idade de aposentadoria..................................................................................... 78 3.6.12 Idade de entrada no emprego ......................................................................... 78 3.6.13 Taxa de contribuio......................................................................................... 79 3.7 Concluso ....................................................................................................................... 79 4 BENEFCIOS E PLANOS PREVIDENCIRIOS DE UM FUNDO DE PENSO: MODALIDADES, MIGRAO ENTRE PLANOS E RISCOS ENVOLVIDOS .............................................................................................................................. 81 4.1 Modalidades de benefcios ............................................................................................. 81 4.2 Tipos de planos previdencirios .................................................................................... 82 4.2.1 Planos de Benefcio Denido ............................................................................ 83 4.2.2 Planos de Contribuio Denida ...................................................................... 85

4.2.3 Planos Mistos ....................................................................................................... 89 4.3 Migrao do plano de benefcio denido para o plano de contribuio denida..... 90 4.3.1 Explicao para mudana de preferncia entre planos de benefcios ......... 90 4.3.2 Efeitos demogrcos e econmicos, produtividade e riscos envolvidos ... 95 4.4 Concluso ..................................................................................................................... 102 5 BASE DE DADOS ............................................................................................................ 103 5.1 Caractersticas gerais dos planos de benefcios ......................................................... 103 5.2 Registros administrativos .............................................................................................. 104 5.2.1 Perl dos participantes ..................................................................................... 106 5.2.1.A Idade ................................................................................................... 106 5.2.1.B Remunerao .................................................................................... 110 5.2.1.B.1 Escala de remunerao .................................................................. 114 5.3 Decrementos e incrementos nos planos de benefcios............................................ 115 5.4 Concluso ..................................................................................................................... 118 6 ADERNCIA DAS HIPTESES DEMOGRFICAS NOS PLANOS DE BENEFCIOS..............................................................................................................................121 6.1 Metodologia do teste de aderncia.............................................................................. 121 6.2. Aderncia das hipteses demogrcas para participantes ativos .......................... 124 6.2.1 Mortalidade ........................................................................................................ 124 6.2.2 Entrada em invalidez ........................................................................................ 131 6.2.3 Rotatividade ........................................................................................................ 134 6.2.4 Gerao futura de novos entrados.................................................................. 138 6.3. Aderncia das hipteses demogrcas para participantes assistidos .................... 140 6.4 Concluso ..................................................................................................................... 142 7 EFEITOS SOBRE A RESERVA MATEMTICA DOS PLANOS DE BENEFCIOS DA APLICAO DA TBUA DE DECREMENTO SIMPLES ........ 145 7.1 Aspectos metodolgicos............................................................................................... 145 7.1.1 Reserva matemtica ........................................................................................... 147 7.1.1.1 Reserva matemtica para plano de benefcio denido .................... 147 7.1.1.2 Reserva matemtica para plano de contribuio denida ............... 148 7.1.2 Funes atuariais ............................................................................................... 149 7.1.2.1 Funo de sobrevivncia ...................................................................... 150 7.1.2.2 Funo de taxa de juros ....................................................................... 150 7.1.2.3 Funo de anuidade .............................................................................. 151 7.1.2.4 Funo de salrio................................................................................... 153 7.1.2.5 Funo de benefcio.............................................................................. 153 7.1.3 Tbuas decrementais ......................................................................................... 154 7.1.4 Anlise de esttica comparativa ....................................................................... 156 7.1.5 Elasticidade......................................................................................................... 157 7.2 Situao de referncia dos planos de benefcios ....................................................... 158 7.3 Tbua de decremento simples: simulao dos efeitos sobre a reserva matemtica .......... ................................................................................................................. 163

7.3.1 Mortalidade ........................................................................................................ 164 7.3.1.A Mortalidade de vlidos ........................................................................ 164 7.3.2.B Mortalidade de invlidos ..................................................................... 172 7.3.2 Entrada em invalidez ........................................................................................ 174 7.3.3 Rotatividade ........................................................................................................ 177 7.3.4 Gerao futura de novos entrados.................................................................. 180 7.4 Concluso ..................................................................................................................... 182 8 TBUA DE MLTIPLOS DECREMENTOS: UMA METODOLOGIA APLICVEL AOS FUNDOS DE PENSO .................................................................... 185 8.1 Aspectos metodolgicos............................................................................................... 186 8.2 Associao com a tbua de decremento simples ...................................................... 187 8.3 Construindo a tbua de mltiplos decrementos ....................................................... 190 8.3.1 Tbua de Servio ............................................................................................... 191 8.4 Tbua de mltiplos decrementos: simulao dos efeitos sobre a reserva matemtica ........ ................................................................................................................... 194 8.4.1 Riscos competitivos .......................................................................................... 199 8.5 Concluso ..................................................................................................................... 205 9 PROJEO POPULACIONAL E FLUXO ATUARIAL NOS PLANOS DE BENEFCIOS DOS FUNDOS DE PENSO .................................................................. 207 9.1 Consideraes gerais ..................................................................................................... 207 9.2 Metodologia de projeo .............................................................................................. 207 9.3 Projees para o plano de benefcio denido ........................................................... 209 9.4 Projees para o plano de contribuio denida...................................................... 215 9.5 Concluso ..................................................................................................................... 222 10 CONSIDERAES FINAIS ....................................................................................... 225 11 REFERNCIAS BIBLIOGRAFICAS ...................................................................... 229 12 ANEXOS ............................................................................................................................ 239 Anexo 1 Tabelas do captulo 5 ....................................................................................... 240 Anexo 2 Tabelas do captulo 6 ....................................................................................... 241 Anexo 3 Tabelas do captulo 8 ....................................................................................... 243 Anexo 4 Tabelas do captulo 9 ....................................................................................... 244 Anexo 5 Metodologia do clculo atuarial aplicado aos fundos de penso .............. 249 Anexo 6 Formulao terica da tbua de mltiplos decrementos ............................ 262 Anexo 7 Tbuas de mortalidade, entrada em invalidez, composio da famlia e rotatividade utilizada pelos fundos de penso no Brasil ................................................ 270 13 COLEO PREVIDNCIA SOCIAL: TTULOS PUBLICADOS ................ 289

LISTA DE FIGURAS, GRFICOS, QUADROS E TABELASI FIGURAS Figura 3.1 - Esquema geral de funcionamento de um fundo de penso ............................ 43 Figura 3.2 - Regime de capitalizao pelo mtodo unidade de crdito (UC) ..................... 55 Figura 3.3 - Diagrama de Lexis ................................................................................................. 61 Figura 7.1A - Populao (lx) de um plano de benefcios, considerando a evoluo temporal e os decrementos de invalidez (ix) e morte (dx)............................. 254 Figura 8.1 - Entradas e sadas nos planos de benefcios previdencirios de um fundo de penso............................................................................................................... 185

II GRFICOS Grco 2.1 - Evoluo da populao participante das entidades fechadas de previdncia complementar, no perodo de 1996 a 2004 ....................................................... 37 Grco 3.1 - Fases do ciclo de vida econmico de uma pessoa ............................................ 45 Grco 3.2 - Heritor (Hx) ou encargo mdio de herdeiros de um participante ativo de idade x e aposentadoria mensal unitria ............................................................. 77 Grco 4.1 - Plano de benefcio denido: valor($) presente dos benefcios em funo da idade de aposentadoria .......................................................................................... 85 Grco 4.2 - Plano de contribuio denida: valor($) presente dos benefcios em funo da idade de aposentadoria..................................................................................... 88 Grco 4.3 - Distribuio percentual dos tipos de planos de benefcios no Brasil, em 1989 .......................................................................................................................... 94 Grco 4.4 - Distribuio percentual dos tipos de planos de benefcios no Brasil, em 1998 .......................................................................................................................... 94 Grco 4.5 - Distribuio percentual dos tipos de planos de benefcios no Brasil, em 2003 .......................................................................................................................... 94 Grco 4.6 - Evoluo do salrio e produtividade em funo da idade ............................... 98 Grco 5.1 - Distribuio etria dos participantes da entidade fechada de previdncia complementar em 1998, 2001 e 2003 ............................................................... 107 Grco 5.2 - Distribuio etria dos participantes do plano de benefcio denido do fundo de penso em 1998, 2001 e 2003 ........................................................... 109 Grco 5.3 - Distribuio etria dos participantes do plano de contribuio denida do fundo de penso em 1998, 2001 e 2003 ..................................................... 109 Grco 5.4 - Distribuio da remunerao dos participantes dos planos de benefcios da entidade fechada de previdncia complementar em 1998, 2001 e 2003 ...... 111 Grco 5.5 - Distribuio da remunerao dos participantes ativos dos planos de benefcios do fundo de penso em 1998, 2001 e 2003 .................................. 111 Grco 5.6 - Distribuio da remunerao dos participantes assistidos dos planos de benefcios do fundo de penso em 1998, 2001 e 2003 .................................. 112

Grco 5.7 - Distribuio da remunerao dos participantes ativos do plano de benefcio denido do fundo de penso em 1998, 2001 e 2003 .................... 112 Grco 5.8 - Distribuio da remunerao dos participantes assistidos do plano de benefcio denido do fundo de penso em 1998, 2001 e 2003 .................... 113 Grco 5.9 - Distribuio da remunerao dos participantes ativos do plano de contribuio denida do fundo de penso em 1998, 2001 e 2003............... 113 Grco 5.10 - Distribuio da remunerao dos participantes assistidos do plano de contribuio denida do fundo de penso em 1998, 2001 e 2003............... 114 Grco 5.11 - Escala de remunerao dos empregados do setor administrativo/ participante do fundo de penso em 2003 ....................................................... 114 Grco 5.12 - Escala de remunerao dos empregados do setor operacional/ participante do fundo de penso em 2003 ....................................................... 115 Grco 5.13 - Escala de remunerao dos empregados prossionais/participante do fundo de penso em 2003................................................................................... 115 Grco 6.1 - Hiptese de rotatividade (qrx) dos participantes ativos dos planos de benefcios do fundo de penso, baseado na experincia de sada da empresa patrocinadora em 1993 ........................................................................ 135 Grco 6.2 - Programas de desligamento voluntrio na empresa patrocinadora dos planos de benefcios da entidade fechada de previdncia complementar entre 1993 e 2003 ................................................................................................. 138 Grco 7.1 - Probabilidade de morte pelas tbuas de mortalidade de vlidos utilizadas nos fundos de penso, para as idades de participantes ativos de 18 a 30 anos ..........166 Grco 7.2 - Probabilidade de morte pelas tbuas de mortalidade de vlidos utilizadas nos fundos de penso, para as idades de participantes ativos de 31 a 50 anos ..........167 Grco 7.3 - Probabilidade de morte pelas tbuas de mortalidade de vlidos utilizadas nos fundos de penso, para as idades de participantes ativos acima de 50 anos ................................................................................................................... 167 Grco 7.4 - Probabilidade de morte pelas tbuas de mortalidade de vlidos utilizadas nos fundos de penso, para as idades de participantes assistidos acima de 60 anos ................................................................................................................... 167 Grco 7.5 - Probabilidade de morte pelas tbuas de mortalidade AT-49 e IBGE-2003, para participantes ativos de idades entre 18 e 30 anos ................................... 170 Grco 7.6 - Probabilidade de morte pelas tbuas de mortalidade AT-49 e IBGE-2003, para participantes ativos de idades entre 31 e 50 anos ................................... 170 Grco 7.7 - Probabilidade de morte pelas tbuas de mortalidade AT-49 e IBGE-2003, para participantes ativos de idades acima de 50 anos ..................................... 170 Grco 7.8 - Probabilidade de morte pelas tbuas de mortalidade AT-49 e IBGE-2003, para participantes assistidos acima de 60 anos ................................................ 171 Grco 7.9 - Probabilidade de morte pelas tbuas de mortalidade de invlidos utilizadas nos fundos de penso, para as idades de participantes ativos de 18 a 30 anos ................................................................................................................... 173 Grco 7.10 - Probabilidade de morte pelas tbuas de mortalidade de invlidos utilizadas nos fundos de penso, para as idades de participantes ativos de 31 a 50 anos ................................................................................................................... 173

Grco 7.11 - Probabilidade de morte pelas tbuas de mortalidade de invlidos utilizadas nos fundos de penso, para as idades de participantes ativos acima de 50 anos ................................................................................................................... 173 Grco 7.12 - Probabilidade de entrada em invalidez pelas tbuas selecionadas utilizadas nos fundos de penso, para as idades de participantes ativos de 18 a 30 anos ................................................................................................................... 176 Grco 7.13 - Probabilidade de entrada em invalidez pelas tbuas selecionadas utilizadas nos fundos de penso, para as idades de participantes ativos de 31 a 50 anos ................................................................................................................... 176 Grco 7.14 - Probabilidade de entrada em invalidez pelas tbuas selecionadas utilizadas nos fundos de penso, para as idades de participantes ativos acima de 50 anos ................................................................................................................... 176 Grco 7.15 - Probabilidade de sada (rotatividade) dos participantes ativos com idade de 18 a 30 anos dos planos de benefcios do fundo de penso, por tbuas e percentuais selecionados ..................................................................................... 178 Grco 7.16 - Probabilidade de sada (rotatividade) dos participantes ativos com idade de 31 a 50 anos dos planos de benefcios do fundo de penso, por tbuas e percentuais selecionados .................................................................................. 178 Grco 7.17 - Probabilidade de sada (rotatividade) dos participantes ativos com idade acima de 50 anos dos planos de benefcios do fundo de penso, por tbuas e percentuais selecionados .................................................................................. 179 Grco 8.1 - Probabilidade de permanncia de um participante com idade x do plano de benefcio denido num fundo de penso, em ambiente de decremento simples e de mltiplos decrementos, considerando quatro causas (morte, invalidez, rotatividade e aposentadoria) ............................................................ 196 Grco 8.2 - Probabilidade de permanncia de um participante com idade x do plano de benefcio denido num fundo de penso, em ambiente de decremento simples e de mltiplos decrementos, considerando trs causas (morte, rotatividade e aposentadoria) ............................................................................. 198 Grco 8.3 - Probabilidade de permanncia de um participante com idade x do plano de benefcio denido num fundo de penso, em ambiente de decremento simples e de mltiplos decrementos, considerando trs causas (morte, invalidez e aposentadoria) ................................................................................... 198 Grco 8.4 - Ganho proporcional no tempo de permanncia do participante com idade x, ao se eliminar, isoladamente, os decrementos de invalidez e de rotatividade do conjunto de hipteses assumidas pelos planos previdencirios do fundo de penso............204 Grco 9.1 - Distribuio etria dos participantes ativos e assistidos do plano de benefcio denido no ano de 2003 ..................................................................................... 210 Grco 9.2 - Evoluo do nmero de participantes ativos e assistidos por benefcios programados de aposentadoria do plano de benefcio denido no fundo de penso entre o perodo de 2003 e 2033 ...................................................... 212 Grco 9.3 - Fluxo de compromissos lquidos (benefcios programados de aposentadoria menos contribuies do empregado e da empresa) do plano de benefcio denido no fundo de penso entre 2003 e 2033............................................. 213

Grco 9.4 - Reserva matemtica dos benefcios concedidos de aposentadoria programada do plano de benefcio denido no fundo de penso entre 2003 e 2033 ........................................................................................................... 214 Grco 9.5 - Reserva matemtica dos benefcios a conceder de aposentadoria programada do plano de benefcio denido no fundo de penso entre 2003 e 2033 ........................................................................................................... 214 Grco 9.6 - Distribuio etria dos participantes ativos e assistidos do plano de contribuio denida no ano de 2003 .............................................................. 216 Grco 9.7 - Nmero de participantes ativos do plano de contribuio denida no fundo de penso entre 2003 e 2033 .................................................................. 218 Grco 9.8 - Nmero de participantes assistidos por benefcio programado de aposentadoria do plano de contribuio denida no fundo de penso entre 2003 e 2033 ................................................................................................. 218 Grco 9.9 - Fluxo de compromissos lquidos (benefcios programados de aposentadoria menos contribuies do empregado e da empresa) do plano de contribuio denida no fundo de penso entre 2003 e 2033 ..... 220 Grco 9.10 - Reserva matemtica dos benefcios concedidos de aposentadoria programada do plano de contribuio denida no fundo de penso entre 2003 e 2033 ...... 221 Grco 9.11 - Reserva matemtica dos benefcios a conceder de aposentadoria programada do plano de contribuio denida no fundo de penso entre 2003 e 2033 .......221 III QUADROS Quadros 3.1 - Custo normal e passivo atuarial dos planos de benefcios .............................. 53 Quadros 4.1 - Planos de benefcios previdencirios como contratos de emprego de longo prazo ........................................................................................................................ 98

IV TABELAS Tabela 2.1 - Nmero de entidades de previdncia complementar no Brasil entre 1996 e 2004 ....................................................................................................................... 35 Tabela 3.1 - Parmetros tcnico-atuariais para estruturao dos planos de benefcios das entidades fechadas de previdncia complementar ..................................... 65 Tabela 3.2 - Efeito da capitalizao em planos de previdncia complementar, considerando o nmero de anos e a taxa de juros real praticada ................... 67 Tabela 3.3 - Distribuio dos investimentos dos planos de benefcios dos fundos de penso entre os segmentos de aplicao ............................................................ 68 Tabela 4.1 - Quantidade e recursos nanceiros administrados por modalidades de planos de benefcios em 2003 .............................................................................. 95 Tabela 5.1 - Caractersticas gerais dos planos de benefcios (PBD-Plano de Benefcio Denido e PCD-Plano de Contribuio Denida) oferecidos pela entidade fechada de previdncia complementar em 31/12/2003 ................................ 103 Tabela 5.2 - Informaes disponveis dos PBD e PCD, por tipo de benefcio e participantes, no perodo de 1998 a 2003 ........................................................ 104

Tabela 5.3 - Resumo das informaes dos participantes ativos e assistidos do PBD entre 1998 e 2003 ................................................................................................. 105 Tabela 5.4 - Resumo das informaes dos participantes ativos e assistidos do PCD entre 1998 e 2003 ................................................................................................. 105 Tabela 5.5 - Distribuio dos participantes do fundo de penso por faixa etria entre 1998 e 2003 ........................................................................................................... 106 Tabela 5.6 - Nmero mdio de empregados da empresa patrocinadora, por categoria funcional, entre 1998 e 2003 .............................................................................. 107 Tabela 5.7 - Distribuio dos participantes do plano de benefcio denido por faixa etria entre 1998 e 2003 ...................................................................................... 108 Tabela 5.8 - Distribuio dos participantes do plano de contribuio denida por faixa etria entre 1998 e 2003 ...................................................................................... 110 Tabela 5.9 - Decrementos do plano de benefcio denido entre 1998 e 2003................. 116 Tabela 5.10 - Decrementos do plano de contribuio denida entre 1998 e 2003 ........... 117 Tabela 5.11 - Incrementos dos planos de benefcio denido e de contribuio denida no fundo de penso por faixa etria dos participantes entre 1999 e 2003 ........................................................................................................................ 118 Tabela 5.12A - Escala de remunerao dos participantes do fundo de penso em 2003 ........................................................................................................................ 240 Tabela 6.1 - Esperana de vida das tbuas de mortalidade selecionadas por idade e pas de origem............................................................................................................... 126 Tabela 6.2 - Vericao da hiptese de mortalidade de vlidos para planos de benefcio denido e de contribuio denida no fundo de penso entre 1998 a 2003 ........................................................................................................... 128 Tabela 6.3 - Desvio relativo quadrtico mdio (DQM) da hiptese de mortalidade de vlidos dos planos de benefcio denido e de contribuio denida no fundo de penso, por tbuas selecionadas, entre 1998 e 2003 ...................... 128 Tabela 6.4 - Vericao da hiptese de mortalidade de invlidos para planos de benefcio denido e de contribuio denida no fundo de penso entre 1998 e 2003 ........................................................................................................... 130 Tabela 6.5 - Desvio relativo quadrtico mdio (DQM) da hiptese de mortalidade de invlidos dos planos de benefcio denido e de contribuio denida no fundo de penso, por tbuas selecionadas, entre 1998 e 2003 ...................... 131 Tabela 6.6 - Vericao da hiptese de entrada em invalidez para planos de benefcio denido e de contribuio denida no fundo de penso entre 1998 e 2003 ........................................................................................................................ 132 Tabela 6.7 - Desvio relativo quadrtico mdio (DQM) da hiptese de entrada em invalidez dos planos de benefcio denido e de contribuio denida no fundo de penso, por tbuas selecionadas, entre 1998 e 2003 ...................... 133 Tabela 6.8 - Vericao da hiptese de rotatividade para os planos de benefcio denido e de contribuio denida no fundo de penso entre 1998 e 2003 ........................................................................................................................ 136

Tabela 6.9 - Desvio relativo quadrtico mdio (DQM) da hiptese de rotatividade dos planos de benefcio denido e de contribuio denida no fundo de penso, por tbuas e percentuais selecionados, entre 1998 e 2003 .............. 137 Tabela 6.10 - Vericao da hiptese de gerao futura de novos entrados (GFNE) para os planos de benefcio denido e de contribuio denida no fundo de penso entre 1999 e 2003 .............................................................................. 139 Tabela 6.11 - Benefcios previdencirios oferecidos pelos planos de benefcio denido e de contribuio denida no fundo de penso em 1998 e 2003 ................. 140 Tabela 6.12 - ndice de aderncia (Adt) dos benefcios programados de aposentadoria para os planos de benefcio denido (PBD) e de contribuio denida (PCD) num fundo de penso entre 1998 e 2003 ............................................ 141 Tabela 6.13A - Tbua de vida construda a partir das probabilidades de morte da tbua de mortalidade AT-49.......................................................................................... 241 Tabela 7.1 - Classicao das anuidades, segundo o tipo de renda, durao, periodicidade, valores, carncia e vencimento dos pagamento/ recebimentos ......................................................................................................... 152 Tabela 7.2 - Hipteses atuariais assumidas nos planos de benefcios do fundo de penso em 31/dez/2003 .................................................................................................. 154 Tabela 7.3 - Tbuas selecionadas de mortalidade, entrada em invalidez, rotatividade e taxas (%) de novos entrados como variveis demogrcas a serem testadas nos planos de benefcio denido e de contribuio denida no fundo de penso .................................................................................................................... 155 Tabela 7.4 - Informaes necessrias para o clculo da reserva matemtica do plano de benefcio denido no fundo de penso em 31 de dezembro de 2003 ........................................................................................................................ 160 Tabela 7.5 - Informaes necessrias para o clculo da reserva matemtica do plano de contribuio denida no fundo de penso em 31 de dezembro de 2003 ........................................................................................................................ 162 Tabela 7.6 - Balano nanceiro e atuarial dos planos previdencirios do fundo de penso em 31/dez/2003 ..................................................................................... 163 Tabela 7.7 - Efeitos sobre a reserva matemtica da aposentadoria programada nos planos de benefcio denido e de contribuio denida, pela variao relativa (%) e pela elasticidade, a partir de tbuas selecionadas de mortalidade ........................................................................................................... 164 Tabela 7.8 - Efeito esperado sobre a reserva matemtica de benefcios programados a conceder e j concedidos no plano de benefcio denido e a reserva matemtica de benefcio concedido no plano de contribuio denida, de acordo com a estrutura de mortalidade de vlidos, por tbuas selecionadas e por faixa etria dos participantes .................................................................... 168 Tabela 7.9 - Efeitos sobre a reserva matemtica de benefcio programado de aposentadoria a conceder nos planos de benefcio denido e de contribuio denida, pela variao relativa (%) e pela elasticidade, a partir de tbuas selecionadas de mortalidade de invlidos ............................ 172

Tabela 7.10 - Efeito esperado sobre a reserva matemtica de benefcios programados a conceder e j concedidos no plano de benefcio denido, de acordo com a estrutura de mortalidade de invlidos, por tbuas selecionadas e por faixa etria dos participantes ........................................................................................ 174 Tabela 7.11 - Efeitos sobre a reserva matemtica de benefcio programado de aposentadoria a conceder nos planos de benefcio denido e de contribuio denida, pela variao relativa (%) e pela elasticidade, a partir de tbuas selecionadas de entrada em invalidez .............................................. 175 Tabela 7.12 - Efeito esperado sobre a reserva matemtica de benefcios programados a conceder e j concedidos no plano de benefcio denido, de acordo com a estrutura de entrada em invalidez, por tbuas selecionadas e por faixa etria dos participantes .............................................................................. 177 Tabela 7.13 - Efeitos sobre a reserva matemtica de benefcio programado de aposentadoria a conceder nos planos de benefcio denido e de contribuio denida, pela variao relativa (%) e pela elasticidade, a partir de percentual ou tbuas selecionadas de rotatividade de participantes ....... 177 Tabela 7.14 - Efeito esperado sobre a reserva matemtica de benefcios programados a conceder e j concedidos no plano de benefcio denido, de acordo com a estrutura de sada (rotatividade), por faixa etria dos participantes e tbuas/percentuais selecionados ....................................................................... 179 Tabela 7.15 - Efeitos sobre a reserva matemtica de benefcio programado de aposentadoria a conceder nos planos de benefcio denido e de contribuio denida, pela variao relativa (%) e pela elasticidade, a partir da hiptese de gerao futura de novos entrados ........................................... 180 Tabela 7.16A - Benefcios previdencirios oferecidos pelos planos de benefcio denido e de contribuio denida no fundo de penso em 31/dez/2003 ............... 250 Tabela 7.17A - Valores da anuidade de pagamento por idade, utilizada no clculo atuarial dos planos de benefcios do fundo de penso ................................................ 258 Tabela 8.1 - Tbua de servio dos decrementos totais e por causa individual e probabilidade total de sada em ambientes de decremento simples e de mltiplos decrementos no plano de benefcio denido, construda a partir das hipteses demogrcas assumidas pelo fundo de penso ...................... 193 Tabela 8.2 - Reserva matemtica dos benefcios programados de aposentadoria em ambientes de decremento simples e de mltiplos decrementos, para quatro causas (morte, invalidez, rotatividade e aposentadoria), nos planos de benefcio denido e de contribuio denida do fundo de penso em 31/ dez/2003 ..................................................................................................................... 196 Tabela 8.3 - Reserva matemtica dos benefcios programados de aposentadoria em ambientes de decremento simples (DS) e de mltiplos decrementos (MD), para trs causas, nos planos de benefcio denido e de contribuio denida num fundo de penso em 31/dez/2003 ........................................... 197 Tabela 8.4 - Tbua de vida do fundo de penso construda a partir das taxas de decrementos especcas por idade para todas as causas combinadas ......... 200

Tabela 8.5 - Probabilidade condicional de sada do plano de benefcios do fundo de penso, por determinado decremento e por participante com idade x ....... 201 Tabela 8.6 - Efeito da eliminao da hiptese de invalidez e rotatividade como causa de decremento dos participantes expostos ao risco de receber benefcios previdencirios no plano de aposentadoria do fundo de penso ................. 203 Tabela 8.7A - Tbua de servio da probabilidade de permanncia dos participantes do plano de benefcio denido, construda a partir das hipteses demogrcas assumidas pelo fundo de penso ....................................................................... 243 Tabela 8.8A - Valores da anuidade de pagamento por idade, num ambiente de mltiplos decrementos, utilizada no clculo atuarial dos planos de benefcios do fundo de penso ................................................................................................... 268 Tabela 9.1 - Fluxo de participantes ativos e assistidos por aposentadoria programada do plano de benefcio denido no fundo de penso, considerando os benefcios mantidos e concedidos entre o perodo de 2003 e 2033 ............ 211 Tabela 9.2 - Fluxo de participantes ativos e assistidos por aposentadoria programada do plano de contribuio denida no fundo de penso, considerando os benefcios mantidos e concedidos entre o perodo de 2003 e 2033 ............ 217 Tabela 9.3 - Desligamentos voluntrios dos participantes ativos da empresa patrocinadora, a partir de programas de demisso incentivada pela empresa patrocinadora, no perodo de 1993 a 2003 ...................................................... 219 Tabela 9.4A - Nmero de participantes ativos e assistidos do plano de benefcio denido e de contribuio denida do fundo de penso no perodo de 2003 a 2033 ..................................................................................................................... 244 Tabela 9.5A - Fluxo nanceiro (em R$) com receitas e despesas previdencirias com pagamento de benefcios de aposentadoria programado do plano de benefcio denido no fundo de penso para o perodo entre 2003 e 2033 .................... 245 Tabela 9.6A - Reserva matemtica dos benefcios a conceder e concedidos de aposentadoria programada do plano de benefcio denido no fundo de penso entre o perodo de 2003 e 2033............................................................ 246 Tabela 9.7A - Fluxo nanceiro (em R$) com receitas e despesas previdencirias com pagamento de benefcios de aposentadoria programada do plano de contribuio denida no fundo de penso para o perodo entre 2003 e 2033 ........................................................................................................................ 247 Tabela 9.8A - Reserva matemtica dos benefcios a conceder e concedidos de aposentadoria programada do plano de contribuio denida no fundo de penso entre o perodo de 2003 e 2033 ...................................................... 248

Apresentao

Um dos maiores desaos, em termos governamentais, colocados atualmente diante dos administradores pblicos a questo previdenciria, foco de intenso debate nos ltimos anos. E uma das principais metas, xadas desde o incio do Governo do Presidente Luiz Incio Lula da Silva, tem sido a democratizao e a incluso, no sistema de Previdncia Social, do maior nmero possvel de trabalhadores. Nesse sentido, o Governo Federal vem empreendendo grandes esforos para aperfeioar o sistema previdencirio brasileiro, a comear pela Emenda Constitucional n 41, de 2003, em relao previdncia dos servidores pblicos, passando pelo regime geral da previdncia social, operado pelo Instituto Nacional do Seguro Social, que tem atuado na melhoria do atendimento ao segurado, no combate s fraudes e desperdcios, e na modernizao da administrao desse regime, e nalizando com avanos regulatrios e na superviso, por meio da Secretaria de Previdncia Complementar do Ministrio da Previdncia Social, do regime fechado de previdncia complementar, que estimulou o controle social exercido pelos participantes e assistidos. Assim, considerando as caractersticas da previdncia complementar, organizada por entidades privadas, de forma facultativa e complementar ao regime geral da previdncia social, a melhora na compreenso dos aspectos demogrcos que impactam o funcionamento dos planos de benefcios estruturados pelos fundos de penso bem vinda por este volume da Coleo Previdncia Social, na medida em que se discutem as tcnicas atuariais do regime nanceiro de capitalizao operado pelos planos de benefcios administrados por essas entidades de previdncia. Do ponto de vista populacional, os ganhos de longevidade dos participantes e assistidos reetidos nas tbuas biomtricas utilizadas pelos fundos de penso, como por exemplo as tbuas AT-83 e AT-2000, tm efeitos nanceiros signicativos, a mdio e longo prazo, sobre as reservas matemticas acumuladas para pagamento de aposentadorias e penses vitalcias, e portanto, a mitigao desse risco deve ser realizada com a atualizao constante da hiptese demogrca da mortalidade e com as projees dinmicas do uxo nanceiro de pagamentos e recebimentos, e da estrutura etria e de rendimentos dos participantes dos planos de benefcios.17

nesse contexto que a publicao deste livro, mais uma iniciativa do Ministrio da Previdncia Social, almeja oferecer um contedo terico para aprofundar os estudos e pesquisas sobre a previdncia complementar, servindo de referncia para todos os prossionais que trabalham com a previdncia, seja pblica ou privada, no Pas. Boa leitura! Braslia, maio de 2007.

LUIZ MARINHO Ministro de Estado da Previdncia Social

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Prefcio

Recebi com imensa satisfao o convite para prefaciar esse novo ttulo da Coleo Previdncia Social, publicado pelo Ministrio da Previdncia Social, que rene trabalhos de grande relevncia para a compreenso da previdncia brasileira, tanto pblica quanto privada. Neste caso, trata-se de um texto de autoria de Ricardo Pena Pinheiro estudioso das questes previdencirias que combina, de forma magistral, slidos conhecimentos tericos e grande experincia prtica elaborado a partir de tese apresentada Faculdade de Cincias Econmicas da Universidade Federal de Minas Gerais, com a qual o autor conquistou com brilhantismo o ttulo de Doutor em Demograa. O estudo bastante oportuno, em funo das transformaes que vm ocorrendo no perl populacional brasileiro. Desde a dcada de 1970, o Brasil vive um processo de transio demogrca que aumentou a expectativa de vida ao nascer e em vida da populao. Alm disso, ocorreu signicativa mudana no padro reprodutivo da sociedade brasileira, aproximando a taxa de crescimento populacional taxa de reposio natural, o que implica alterao da estrutura etria da populao. Esse envelhecimento populacional repercute em toda a sociedade, mas na Previdncia Social seus resultados so mais visveis, principalmente no regime geral da previdncia social, baseado no regime nanceiro de repartio simples, em que o pacto geracional faz com que o custeio das aposentadorias e penses dos aposentados e pensionistas dependa da contribuio dos trabalhadores ativos. Contudo, o impacto do envelhecimento populacional tambm relevante no mbito da previdncia complementar privada, fundamentada no regime de capitalizao, em que no se admite a existncia de transferncias monetrias intergeracionais. Os fundos de penso, pelos expressivos recursos garantidores acumulados, que ultrapassam os R$ 350 bilhes, so normalmente estudados sob a tica de seus ativos. Mas o acompanhamento do passivo atuarial dos planos de benefcios to relevante para a segurana dos participantes quanto o montante de recursos acumulados. O presente trabalho trata do funcionamento dos fundos de penso, principalmente no que se refere melhor compreenso das premissas atuariais que dimensionam os compromissos presentes e futuros dos planos de benefcios com seus participantes e assistidos. Aborda aspectos fundamentais como a aderncia das19

hipteses demogrcas nos planos de benefcios, os efeitos da aplicao de tbua de decremento simples sobre a reserva matemtica dos planos de benefcios e a utilizao de tbua de mltiplos decrementos. O estudo desenvolvido por Ricardo Pena Pinheiro traz relevante contribuio para os que lidam com as questes previdencirias, seja na rbita privada, seja no poder pblico. No campo estatal, acompanhar o desenvolvimento da estrutura etria da populao coberta pela previdncia complementar operada pelos fundos de penso, que atualmente corresponde a 2,6% da PEA-Populao Economicamente Ativa, requer do rgo de superviso e scalizao uma atuao rme no sentido de exigir a permanente aderncia dos parmetros demogrcos e do mercado de trabalho utilizados no clculo dos compromissos dos fundos de penso ao perl da massa de participantes. A correta utilizao de parmetros como a mortalidade, a invalidez e a rotatividade , tal como prope o presente trabalho fundamental para mitigar os riscos atuariais e manter o equilbrio nanceiro dos planos de benefcios. Embora o tema possa ser considerado um tanto rido, acredito que o livro A Demograa dos Fundos de Penso, de Ricardo Pena Pinheiro, justamente por discorrer com clareza e competncia sobre questes to relevantes para a sade dos planos de previdncia complementar, construindo uma anlise profunda e indita sobre o assunto, certamente contribuir para ampliar o conhecimento de toda a comunidade que milita e se interessa pelo sistema previdencirio do Pas. Braslia, maio de 2007.

LEONARDO ANDR PAIXO Secretrio de Previdncia Complementar Ministrio da Previdncia Social

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Consideraes iniciais

1.1 Introduo

O presente trabalho pretende analisar as implicaes das alteraes demogrcas ocorridas no pas sob o regime de previdncia complementar estruturado pelos fundos de penso. Desse modo, o processo de transio demogrca, que se iniciou no pas na dcada de 40 do sculo passado com o declnio da mortalidade, seguido de uma rpida queda da fecundidade no nal dos anos 60, e seus impactos presentes e futuros sobre a estrutura etria da populao constitui uma das principais razes apontadas para o desequilbrio oramentrio da previdncia social brasileira. A presso demogrca sobrevinda do processo de envelhecimento da populao brasileira tem exercido inuncia sobre o equilbrio oramentrio dos sistemas de transferncias pblicas. Esse processo gradual possui a seu favor o tempo necessrio e oportuno (CARVALHO & WONG, 1995) para proceder a acomodao do novo padro de desenvolvimento econmico e da legislao previdenciria nova realidade populacional que o pas enfrentar nas prximas dcadas. Muitos so os desaos sociais trazidos pela transio demogrca, diante da irreversibilidade da queda da fecundidade e seus lentos efeitos sobre a estrutura etria da populao, cedendo lugar, a seguir, aos efeitos do declnio da mortalidade e ampliando, assim, as demandas por transferncias de recursos para grupos etrios mais velhos. No Brasil, a previdncia social est organizada a mais de 80 anos, mas, somente nos ltimos anos, tm-se evidenciado os efeitos das mudanas na estrutura populacional sobre a previdncia social, principalmente a partir da reforma constitucional de 1998, que instituiu o chamado fator previdencirio e incorporou conceitos demogrcos, como a expectativa de sobrevida, no clculo dos benefcios de aposentadoria. Apesar disso, as atuais restries oramentrias da previdncia social no esto relacionadas aos riscos inerentes ao processo de transio demogrca, imposta pelos efeitos do declnio da fecundidade. Neste momento, encontram-se ligadas aos problemas de informalidade e precarizao do mercado de trabalho, alm das regras de aquisio do direito previdencirio, o que cria distores muitas vezes inaceitveis para a gesto pblica da previdncia social.21

Nesse quadro de crescente preocupao social com a situao nanceira e atuarial do regime geral da previdncia social, ressaltam-se os arranjos securitrios da previdncia privada, organizados nas entidades fechadas de previdncia complementar. Numa abordagem demogrca (PRESTON, 1982 e KEYFITZ, 1988), para os sistemas previdencirios fundamentados na repartio simples, a varivel central de equilbrio oramentrio a estrutura etria da populao, determinada pela experincia populacional passada da fecundidade, enquanto que, para os sistemas previdencirios baseados na capitalizao, a varivel importante para esse equilbrio nanceiro a mortalidade da populao participante dos planos de benefcios. Desde a constituio regulamentar da previdncia complementar, em 1978, o foco principal da atuao dos fundos de penso no pas tem sido a capacidade de proviso de recursos de longo prazo necessrios para elevar a poupana nacional, com vistas a canalizar investimentos na economia brasileira. Entretanto, essas entidades tm carter complementar e esto organizadas de forma autnoma em relao previdncia social, com base na constituio de reservas que garantam o pagamento dos benefcios de aposentadorias e penses. Atualmente, esse esquema privado de previdncia possui 359 entidades fechadas de previdncia complementar em funcionamento, com um total de 2.067 entes patrocinadores e 35 entes instituidores, que administram 953 planos de benefcios para um universo de mais de dois milhes de pessoas, e j se prov o pagamento de aposentadorias e penses para mais de 600 mil benecirios. Por isso a importncia do equilbrio nanceiro e atuarial, que deve estar assentado em parmetros demogrcos e econmicos realistas, com as caractersticas do conjunto de participantes dos planos de benefcios administrados pelos fundos de penso. Nesse contexto, ca evidente a signicncia da investigao de questes ligadas previdncia complementar, tanto pelos seus aspectos de natureza mais geral, ligados s polticas pblicas de carter social no pas, como pelos seus aspectos associados ao indivduo, sob a perspectiva da busca da segurana econmica ligada longevidade, o que implica esquemas securitrios que ofeream benefcios alm do piso de proteo social, com vistas manuteno do padro de vida na fase pslaborativa. Diante disso, as causas que explicam essa insegurana econmica podem ser divididas em dois grupos: econmicas e demogrcas. Do ponto de vista econmico, as mudanas estruturais advm da heterogeneidade e segmentao do mercado de trabalho no Brasil, com a predominncia de baixos e dspares patamares salariais, elevado grau de informalizao dos contratos de trabalho e exibilidade das relaes22

Consideraes iniciais

de trabalho expressa nas altas taxas de rotatividade da fora de trabalho. No tocante s causas demogrcas, a questo est diretamente relacionada ao progressivo envelhecimento populacional, decorrente, como j comentado, do processo de modicao na estrutura etria da populao, explicada pelo aumento da expectativa de vida e pela reduo da taxa de fecundidade. O resultado desses fatores promove grande valor previdncia complementar, no sentido de possibilitar a eliminao ou reduo dos riscos de cessao das rendas das pessoas nas diversas fases da vida ativa e inativa. Assim, a importncia scio-econmica que tm os fundos de penso junto aos esquemas de seguridade social incentiva o estudo e a pesquisa da gesto previdenciria e dos riscos envolvidos, num contexto de mudanas demogrcas e transformaes no mercado de trabalho, que podem provocar desequilbrios sobre os arranjos de proteo social. Por essas razes, o trabalho prope, como objetivo principal, avaliar os impactos das mudanas nas hipteses demogrcas utilizadas nos planos de benefcios dessas entidades sobre os benefcios das aposentadorias programadas, tais como a aposentadoria por tempo de contribuio, por idade e aposentadoria especial, exclusivamente no que se refere reserva matemtica dos benefcios a conceder e dos j concedidos dentro dos planos previdencirios de uma entidade fechada de previdncia complementar. Como objetivos mais especcos, tm-se: (i) a anlise conceitual da tendncia de migrao dos planos de benefcios denidos para os planos de contribuio denida, como forma de mitigao dos riscos demogrcos associados oferta de benefcios de aposentadorias e penses nas entidades de previdncia complementar; (ii) a apresentao de um teste de aderncia para as premissas demogrcas, tais como mortalidade, morbidade (entrada em invalidez), rotatividade e gerao futura de novos entrados nos planos de benefcio denido e de contribuio denida administrados por um fundo de penso; (iii) o exame dos efeitos nas alteraes das hipteses demogrcas sobre a reserva matemtica dos benefcios de aposentadoria e penso a partir das metodologias da tbua de decremento simples e da tbua de mltiplos decrementos; e (iv) a realizao de estudos de uxo atuarial e projeo populacional dentro dos planos de benefcios, de modo a balizar decises de alocao de recursos nanceiros dos fundos de penso. O problema central do trabalho consiste em examinar os riscos demogrcos e atuariais dos benefcios programados de aposentadoria oferecidos pelos planos de benefcio denido e de contribuio denida que permeiam a gesto previdenciria e nanceira de um fundo de penso no Brasil.23

Trata-se, portanto, de uma aplicao micro-demogrca da anlise dos efeitos da mudana nas variveis demogrcas, tais como mortalidade, entrada em invalidez, sada e entrada de participantes nos planos previdencirios, sobre as reservas matemticas de benefcios a conceder e j concedidos, necessrias para suportar o pagamento dos benefcios programados de aposentadoria de uma entidade fechada de previdncia complementar. Para responder pergunta estabelecida, o trabalho apresenta, alm desse captulo introdutrio, mais nove captulos. O captulo dois aborda a evoluo histrica e a situao atual da previdncia privada no Brasil.O captulo trs mostra uma discusso conceitual mais ampla e envolve a dinmica de funcionamento das entidades fechadas de previdncia complementar, os mtodos de nanciamento dos benefcios previdencirios, as variveis demogrcas e econmicas empregadas como premissas atuariais para aferio das reservas matemticas necessrias para arcar com as aposentadorias presentes e futuras nos planos de benefcios e os aspectos populacionais relacionados determinao do custo e do passivo atuarial dos fundos de penso. O quarto captulo traz uma descrio das modalidades de benefcios e das caractersticas dos tipos de planos previdencirios e examina tambm as implicaes demogrcas e econmicas do processo de mudana de preferncia dos planos de benefcio denido para os planos de contribuio denida no mbito dos fundos de penso, focalizando os riscos envolvidos e as escolhas dos participantes e patrocinadores. No captulo cinco, o trabalho exibe, de forma descritiva, a base de dados utilizada no desenvolvimento do trabalho, cujo conjunto de informaes foi obtido junto a um fundo de penso brasileiro. O captulo seis procede a um teste de aderncia das hipteses demogrcas assumidas, tais como mortalidade, invalidez, rotatividade e gerao futura de novos entrados para os planos de benefcio denido e de contribuio denida, e contempla os participantes ativos e assistidos existentes na entidade fechada de previdncia complementar. O stimo captulo analisa, a partir de variaes nas hipteses demogrcas assumidas para os planos de benefcios, o efeito sobre as provises matemticas necessrias para suportar o pagamento presente e futuro do benefcio programado de aposentadoria nos planos de benefcio denido e de contribuio denida. Inicialmente, apresenta as tcnicas empregadas para o clculo das reservas matemticas nas duas modalidades de planos previdencirios do fundo de penso, incluindo as funes atuariais utilizadas. Em seguida, o captulo descreve a metodologia de24

Consideraes iniciais

trabalho que possibilita a investigao das alteraes nas hipteses demogrcas, com o conseqente impacto nanceiro sobre as reservas matemticas dos planos de benefcios. A partir da metodologia da tbua de mltiplos decrementos, o captulo oito examina o resultado nas modicaes das suposies das variveis demogrcas, de mortalidade, invalidez e rotatividade, sobre a reserva matemtica dos benefcios de aposentadoria e penso. Por essa tbua, a probabilidade de permanncia anual do participante no plano de benefcios do fundo de penso reete a exposio aos riscos de sada por vrios decrementos, tais como aposentadoria, morte, trmino do contrato de trabalho e invalidez, que operam conjuntamente e competem entre si, representando os custos, em bases inferiores tbua de decremento simples, dos benefcios de aposentadorias dos planos previdencirios para os fundos de penso. O captulo nove aduz o uxo atuarial para os planos de benefcio denido e de contribuio denida, administrados pelo fundo de penso em anlise nesta tese a partir das projees populacionais e nanceiras, de modo a orientar as decises de aplicao dos recursos, com vistas reduo dos riscos, para os participantes e a empresa patrocinadora, de eventuais dcits atuariais relativos aos descasamentos nos estoques e uxos de recursos dos planos previdencirios. Por m, no captulo dez, intenta-se cumprir o rduo exerccio de sintetizar as descobertas mais importantes do trabalho, percorrendo cada aspecto investigado, porm com nfase nos riscos demogrcos que envolvem a oferta de benefcios programados de aposentadoria para os planos de benefcio denido e de contribuio denida administrados pelos fundos de penso no pas. Alm da bibliograa, h uma srie de anexos com tabelas e grcos que amparam as anlises desenvolvidas, alm de um anexo metodolgico que contm maior detalhamento sobre alguns conceitos, tcnicas e outros elementos utilizados neste livro.

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Captulo 2 A previdncia privada no Brasil

Captulo 2 A previdncia privada no Brasil

A previdncia privada foi a precursora da previdncia social no Brasil, mas a criao regulamentar da previdncia privada no pas, apesar de secular, somente se deu na dcada de 70, quando ocorreu a expanso das grandes empresas estatais e, por conseguinte, a instituio dos fundos de penso. Para investigar essa origem e extenso da previdncia no pas, analisaremos, inicialmente, o surgimento da previdncia privada a partir das evidncias mais antigas, acompanhadas da implantao da previdncia social, que ofereceu, num primeiro momento, cobertura previdenciria somente para algumas categorias prossionais; em seguida, examinaremos o desenvolvimento da previdncia complementar at os dias de hoje.

2.1 Breve histricoNo Brasil, segundo SOUSA (2002), a primeira manifestao de previdncia foi em 1543, quando Brs Cubas fundou a Santa Casa de Misericrdia de Santos, criando um fundo de penso para amparar os empregados daquela instituio. Desse modo, preservando a tradio securitria herdada de Portugal, proliferaram ento as sociedades de montepio, organizadas por iniciativa popular sob a forma de Irmandades (Santas Casas de Salvador e Rio de Janeiro) ou Ordens Terceiras da Igreja Catlica. Na poca do imprio, por Decreto do Prncipe Regente, foi organizado, em 1795, o Montepio dos Ociais da Marinha da Corte e, em 1o de outubro de 1821, por Decreto da Corte Portuguesa, foi concedido o direito aposentadoria aos professores e mestres rgios de primeiras letras, gramtica latina e grega, retrica e losoa com 30 anos de servio. Em 1835, foi criado o Montepio Obrigatrio dos Empregados do Ministrio da Economia (MONGERAL), que posteriormente abrangeu todo o pessoal do Estado. No nal do sculo XIX, vrias instituies privadas de previdncia foram criadas, dentre as quais podemos destacar: a Sociedade Caxiense de Mtuo Socorro, para um grupo de imigrantes italianos jogadores de bocha no Rio Grande do Sul (1887); a Caixa de Socorros em cada uma das Estradas de Ferro do Imprio e o Fundo dos Empregados dos Correios (1889); o Fundo Especial de27

Penses do Pessoal das Ocinas da Imprensa Rgia (1889); o Fundo de Aposentadoria dos Trabalhadores da Estrada de Ferro Central do Brasil (1890); e, no incio do sculo XX, a Caixa de Montepio dos Funcionrios do Banco da Repblica do Brasil (1904). Entretanto, o marco inicial da previdncia social no Brasil foi o Decreto n 4.682, de 24 de janeiro de 1923, mais conhecido como a Lei Eli Chaves1 referncia ao nome do deputado federal pelo estado de So Paulo, proponente da lei e ligado classe ferroviria , que criou as Caixas de Aposentadorias e Penses (CAP), por categoria prossional ou de empresa, primeiramente para os empregados em empresas de estradas de ferro. A partir dessa lei, a proteo social no Brasil passou a contar com instituies que cobriam os riscos de invalidez, velhice e morte, oferecendo os benefcios de penso por morte, aposentadoria, assistncia mdica e auxlio farmacutico at 1923, as instituies de previdncia e assistncia somente concediam um ou outro benefcio, quando no apenas a assistncia mdica ou algum tipo de peclio. No ano seguinte instituio da previdncia social, j estavam em funcionamento 26 Caixas de Aposentadoria e Penses. Em 1926, o Decreto n 5.109, de 20 de dezembro, estendeu o regime da Lei Eli Chaves a outras empresas ferrovirias a cargo da Unio, dos Estados, dos Municpios ou de particulares, e os efeitos da lei tornaram-se extensivos a todas as empresas de navegao martima ou uvial e s de explorao de portos pertencentes ao Estado e a particulares, cujo segmento prossional poderia ser considerado como penoso, insalubre ou perigoso. Esse decreto tambm introduziu a possibilidade de existirem Caixas multipatrocinadas, ou seja, uma s Caixa para atender aos empregados de duas ou mais empresas. Em 1928, foi criada a Caixa para os trabalhadores dos servios telegrcos e radiotelegrcos. Em 1930, o regime das Caixas de Aposentadoria e Penso foi estendido aos empregados das empresas de fora, luz e bondes. Em 1931, prolongou-se aos demais empregados dos servios pblicos explorados ou concedidos pelo poder pblico, como as empresas de telefones. Entre 1932 e 1934, foi a vez dos trabalhadores das empresas de minerao e das nascentes empresas de transporte areo. Em 1937, havia 183 Caixas de Aposentadorias e Penses instaladas no pas, e sua caracterstica principal era a oferta de benefcios previdencirios e assistenciais aos trabalhadores de uma empresa ou grupo de empresas de uma mesma rea1. Seguindo as idias de Otto Von Bismark, chefe do governo da antiga Prssia, depois Alemanha, de pagar, ao longo da dcada de 1860, benefcios aos empregados das indstrias que chegavam, com 65 anos, ao nal de sua carreira prossional.

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Captulo 2 A previdncia privada no Brasil

geogrca. Esses benefcios eram nanciados por empregados, empresas, governos e funcionavam em regime de capitalizao. Em meados da dcada de 30, a economia brasileira comea a passar por modicaes estruturais decorrentes da crise no comrcio mundial, o que afeta, excessivamente, o balano de pagamento do pas, principalmente as exportaes de caf. Essa situao aumenta o grau de interveno econmica do Estado e desloca o eixo de desenvolvimento agrrio-exportador para um processo de industrializao interna e d incio ao modelo de substituio de importaes no pas. Assim, por meio do Decreto n 1.954, de novembro de 1930, o governo suspende, por seis meses, o pagamento de todas as aposentadorias em vigor e, em meio crise nanceira e administrativa que atingiu o sistema, reformula a estrutura previdenciria brasileira. Nesse contexto, mantendo as bases corporativas, o sistema das Caixas reestrutura-se a partir de 1933, passando pela anexao, fuso ou incorporao pelos Institutos de Aposentadorias e Penses (IAP) de abrangncia nacional, mas ainda segmentados por diferentes categorias prossionais ou conjunto de prosses correlatas. Entre 1933 e 1945, foram criados seis grandes Institutos: IAPM Instituto de Aposentadoria e Penses dos Martimos, em 1933; IAPC Instituto de Aposentadoria e Penses dos Comercirios, em maio de 1934; IAPB Instituto de Aposentadoria e Penses dos Bancrios, em julho de 1934; IAPI Instituto de Aposentadoria e Penses dos Industririos, em 1936; IAPETC Instituto de Aposentadoria e Penses dos Empregados em Transporte e Cargas, em 1938; e o IAPE Instituto de Aposentadoria e Penso da Estiva, em 1939. Verica-se que, enquanto na dcada de 20 o sistema previdencirio era formado por rgos de direito privado constitudos no mbito das empresas, nos anos 30, os Institutos de Aposentadoria e Penses passaram condio de autarquias centralizadas pelo Estado e supervisionadas pelo Ministrio do Trabalho, Indstria e Comrcio. A criao desses Institutos representou um primeiro passo em direo a um maior nvel de abrangncia do sistema de proteo social no pas. Todavia, ainda no incorporava os trabalhadores rurais, os do setor informal urbano e os autnomos, alm dos assalariados urbanos no assistidos por no exercerem prosso nos ramos de atividade contemplados pelos Institutos. Desse modo, percebe-se que o corporativismo garantia o pacto entre os trabalhadores urbanos e os empresrios nacionais para manter o Estado centralizador, tendo o sistema previdencirio contribudo para o avano da industrializao na29

dcada de 30, na medida em que constitua a poupana necessria para nanciar a interveno estatal na economia nacional. O nanciamento dos Institutos de Aposentadoria e Penses dava-se de forma tripartite, com a contribuio do trabalhador sobre seu salrio, do empregador sobre a folha de pagamento e do governo federal. No tocante ao nanciamento, os Institutos evoluram para um sistema de repartio simples pela presso dos gastos pblicos crescentes, no priorizando, assim, a formao de reservas ou fundos. No nal de 1945, os associados das 31 Caixas ainda existentes e dos cinco Institutos o IAPE foi incorporado pelo IAPETC somavam 2,9 milhes para uma populao economicamente ativa urbana de 5,8 milhes, o que representava 51% de contribuintes. Visando ampliar o universo dos benecirios, em 1951, foi criado o IPASEInstituto de Previdncia e Assistncia dos Servidores do Estado, para atender aos funcionrios pblicos civis da Unio. Como destaca BELOCH et al (2004), a heterogeneidade era uma caracterstica marcante do sistema previdencirio nesse perodo, pois cada Instituto de Aposentadoria e Penso apresentava uma estrutura especca de benefcios e contribuies, o que criava enormes distores entre os nveis de proteo social oferecidos pelos Institutos. Com o objetivo de enfrentar os desequilbrios existentes, foi promulgada, em 1960, a Lei n 3.807, a chamada Lei Orgnica da Previdncia Social (LOPS), que estabeleceu a uniformizao dos planos de benefcios, um esquema geral de funcionamento e um nanciamento nico para os Institutos existentes, lanando as bases para a unicao da previdncia social. Em 1963, foi institudo o Estatuto do Trabalhador Rural (ETR) e, com ele, a previdncia social rural, por meio do FUNRURAL (Fundo de Assistncia ao Trabalhador Rural), institudo pela Lei Complementar n 11 de 25 de maio de 1971, por meio do PRORURAL Programa de Assistncia ao Trabalhador Rural. A unio dos IAPs (Institutos de Aposentadoria e Penses) numa nica organizao previdenciria deu-se em trs etapas: (i) com a Lei Orgnica (LOPS); (ii) com o Decreto-Lei n 72, de 21 de novembro de 1966, que extingui os IAP e fundiu suas antigas estruturas no Instituto Nacional de Previdncia Social (INPS), um rgo de administrao indireta da Unio com personalidade jurdica de natureza autrquica; e (iii) com o SINPAS (Sistema Nacional de Previdncia Social), por meio da Lei n 6.439, de 1o de setembro de 1977, que absorveu o IPASE e tem por funo integrar a concesso e manuteno de benefcios, prestao de servios, custeio de atividade, gesto administrativa, nanceira e patrimonial da previdncia social.30

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Esse sistema era formado pelo INPS; pelo INAMPS (Instituto de Assistncia Mdica de Previdncia Social), que se ocupava da prestao de servios mdicos, ambulatoriais, hospitalares e farmacuticos; pelo IAPAS (Instituto de Administrao Financeira da Previdncia e Assistncia Social), que arrecadava e cobrava os recursos da previdncia social; pela LBA (Fundao Legio Brasileira de Assistncia), que prestava assistncia social populao carente; pela FUNABEM (Fundao Nacional do Bem-Estar do Menor), que se dedicava educao e reabilitao do menor delinqente e abandonado; pela DATAPREV (Empresa de Processamento de Dados da Previdncia Social), que ainda cuida do processamento de dados da previdncia social; e, por m, pela CEME (Central de Medicamentos), que se encarregava da fabricao de remdios essenciais assistncia mdica. O perodo de 1966 ao nal da dcada de 70 foi marcado por uma srie de reformas na legislao previdenciria e pela criao de novos rgos, como a SUSEP (Superintendncia de Seguros Privados) e o Sistema Nacional de Seguros Privados, em 1966, de onde partiram as primeiras regulamentaes das operaes das entidades abertas de previdncia privada. Adicionalmente, pela Lei n 6.062, de 25 de junho de 1974, criado o MPAS (Ministrio da Previdncia e Assistncia Social) e, em 1978, criada a SPC (Secretaria de Previdncia Complementar), pelo Decreto n 81.240, de 20 de janeiro de 1978. A unicao dos Institutos de Aposentadoria e Penses provocou o surgimento de muitas instituies privadas, algumas j existentes, restritas a uma classe prossional que se abriu participao da populao em geral e, com isso, a previdncia privada ganhou outro propsito e passou a complementar os benefcios oferecidos pela previdncia ocial. Quando da promulgao da lei da previdncia privada, existia um quadro mutualista tradicional formado pelos montepios, como Gboex, Aplub, Capemi, Mongeral e Aspe, alguns funcionavam no pas desde o nal do sculo XIX, alm de um nmero indeterminado de esquemas previdencirios criados por empresas privadas sem arranjos securitrios que garantissem o recebimento dos benefcios. Nesse intervalo de tempo, ocorre uma srie de irregularidades nos montepios, sobretudo nas aplicaes dos recursos que estavam baseados em ativos de lastro e solvncia duvidosa ou empreendimentos inviveis. Como lembra AFONSO (1996), nesse mesmo perodo, acompanhando o ciclo de crescimento econmico brasileiro, surgem os fundos de penso2 ligados2. Ainda que consolidado pelo uso corrente, o termo fundo de penso incorreto, uma vez que se refere ao termo pension fund, em que a primeira palavra tem o signicado de aposentadoria e no de penso. Como penso o benefcio pago aos sobreviventes do participante (cnjuge, lhos), a melhor interpretao, em ingls, survivors benet.

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s empresas estatais, tais como PREVI/BB, em 1967 (Banco do Brasil), PETROS (Petrobrs), ELETROS (Eletrobrs), TELOS (Embratel), AERUS (Vasp), FAPES (Bndes), PORTUS (Portobrs), NCLEOS (Nuclebrs) e empresas privadas, como Fundao Caemi (Caemi Minerao e Metalurgia), Instituto Ambev (Brahma), PSSPhillips (Phillips) e Fundao Promon (Promon Engenharia), sob a inuncia de experincias internacionais. Ao governo muito interessava a modalidade de previdncia complementar fechada, na medida em que atendia s necessidades scais de diminuir os gastos com a aposentadoria dos funcionrios pblicos e ao projeto poltico-desenvolvimentista de estimular o mercado de capitais.

2.2 Evoluo recenteSegundo PVOAS (1985), em consonncia com a promulgao do ERISA (Employee Retirement Income Security Act), a lei americana de 02 de setembro de 1974 sobre a previdncia privada, na necessidade de regulao do crescente mercado nacional de previdncia privada, no fomento s companhias de capital aberto e na experincia de funcionamento de algumas entidades fechadas ligadas ao setor estatal, efetivou-se a regulamentao com a Lei n 6.435, de 15 de julho de 1977, que disps sobre as entidades abertas e fechadas de previdncia privada. Juntamente com essa legislao, o Decreto n 81.240, de 20 de janeiro de 1978, que regulamentou as disposies legais relativas s entidades fechadas, o Decreto n 81.402, de 23 de fevereiro de 1978, que regulamentou os preceitos legais relativos s entidades abertas, e as Resolues do CMN (Conselho Monetrio Nacional) formaram a base legal do regime de previdncia privada no pas. Por esse arcabouo legal, as entidades abertas e fechadas de previdncia privada tinham por objetivo instituir planos privados de concesso de peclios ou de rendas, de benefcios complementares ou assemelhados aos da previdncia social mediante a contribuio de seus participantes, dos respectivos empregadores ou de ambos. Foram organizadas em sociedades annimas, quando tinham fins lucrativos, e sociedades civis ou fundaes, quando sem fins lucrativos. Em princpio, as previdncias aberta e fechada tm o mesmo objetivo e baseiam-se em fundos constitudos pela contribuio dos participantes, os quais, depois de um determinado tempo, com a aposentadoria, devem ser32

Captulo 2 A previdncia privada no Brasil

suficientes para garantir o pagamento de um benefcio, geralmente complementar ao do regime geral da previdncia social. O que diferenciava esses dois grandes grupos de previdncia privada era a forma como cada um estava constitudo. As EAPP (Entidades Abertas de Previdncia Privada) estavam organizadas na forma de sociedades annimas e seguradoras e integravam o Sistema Nacional de Seguros Privados, cujo rgo normativo era o Conselho Nacional de Seguros Privados e cujo rgo executivo e scalizador era a SUSEP (Superintendncia de Seguros Privados), rgos circunscritos rea de competncia do Ministrio da Fazenda. As EAPP eram destinadas a uma clientela de carter individual, sem quaisquer outras exigncias que no a adeso ao plano de benefcios por meio do aporte regular das contribuies requeridas. J as EFPP (Entidades Fechadas de Previdncia Privada) estavam organizadas na forma de fundaes ou sociedades civis, eram equiparadas s entidades assistenciais e integravam o Sistema Ocial de Previdncia Social, cujo rgo normativo era o Conselho de Previdncia Complementar e cujo rgo scalizador era a SPC (Secretaria de Previdncia Complementar), um rgo executivo do Ministrio da Previdncia e Assistncia Social. As EFPP foram, inicialmente, acessveis aos empregados de uma empresa ou ao grupo de empresas, denominadas patrocinadoras. Nota-se que a criao dos montepios e dos seguros privados no Brasil antecedeu a institucionalizao da previdncia social pelo governo e que a previdncia complementar somente se constituiu enquanto sistema organizado a partir do ordenamento jurdico da Lei n 6.435/77. Como o objeto principal deste trabalho estudar as entidades fechadas, podemos aqui identicar, nesses vinte e sete anos de existncia regulamentada, algumas fases do desenvolvimento da previdncia fechada complementar no pas. A primeira fase ocorreu durante a dcada de 70, poca em que se formaram os primeiros fundos de penso vinculados s empresas estatais e foram promulgados a Lei 6435/77 e o Decreto 81.240/78. Na dcada de 80, sucederam-se a criao dos fundos de penso das empresas privadas, principalmente as empresas nacionais, e o perodo de acumulao de recursos, principalmente no segmento de aplicao de renda xa, por conta do processo inacionrio vivenciado pela economia brasileira. Durante a primeira metade dos anos 90, o sistema de previdncia complementar vivenciou um terceiro perodo, marcado pelas privatizaes das empresas33

estatais federais, que acabaram contando com a participao decisiva dos recursos nanceiros dos fundos de penso. Na segunda metade da dcada de 90, passa a acontecer a migrao de planos de benefcios da modalidade de planos de benefcio denido3 para os planos de contribuio denida. Ocorreu tambm a aprovao da Emenda Constitucional n 20, de 15 de dezembro de 1998, que visou adequar atuarialmente os planos previdencirios das entidades fechadas de previdncia privada ligadas s empresas estatais, federais e estaduais. Na presente e atual fase, realizou-se alteraes importantes na legislao da previdncia complementar, com a aprovao das Leis Complementares n 108 e 109, em maio de 2001, que focalizaram os planos de benefcios, ao contrrio da legislao anterior (Lei n 6.435/77), cujo centro era a entidade fechada de previdncia complementar. Em consonncia com a dinmica do mercado de trabalho, essa legislao regulamentou novos institutos4, tais como portabilidade, benefcio proporcional diferido ou vesting, autopatrocnio e resgate da reserva de poupana, alm de viabilizar a formao de planos de benefcios por entidades de carter prossional, classista ou setorial, os chamados Instituidores. A seguir, discutiremos a situao atual da previdncia complementar no Brasil.

2.3 Situao atualPela nova legislao de 2001, que regulamentou o disposto na Constituio Federal de 1988 a Lei Complementar n 109/01 revogou a Lei n 6.435/77 e de3. O plano de benefcio denido proporciona, a partir de denio da frmula de clculo expressa no regulamento, benefcios de aposentadoria e penso aos participantes. O plano de contribuio denida, por sua vez, estipula, em regulamento, a forma de contribuio da empresa patrocinadora e de seus empregados para o plano, cujos valores sero contabilizados, juntamente com o rendimento das aplicaes nanceiras, numa conta individual de aposentadoria de cada participante. 4. Pela Resoluo do Conselho de Gesto da Previdncia Complementar do Ministrio da Previdncia Social n 04/2003, entende-se por portabilidade o instituto que faculta ao participante do plano de benefcios transferir os recursos nanceiros correspondente ao seu direito acumulado para outro plano de benefcios de carter previdencirio operado por entidade de previdncia complementar; por vesting, o instituto que faculta ao participante, em razo da cessao do vnculo empregatcio ou associativo com o patrocinador e ou instituidor antes da aquisio do direito ao benefcio pleno, optar por receber, em tempo futuro, o benefcio decorrente dessa opo; por auto-patrocnio entende-se a faculdade de o participante manter o valor de sua contribuio e a de o patrocinador, dentro do plano de benefcios, no caso de perda parcial ou total da remunerao recebida, assegurar o direito percepo dos benefcios; e por resgate da reserva de poupana, o instituto que faculta ao participante o recebimento dos valores acumulados por ele durante a permanncia no plano de benefcios do fundo de penso.

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Captulo 2 A previdncia privada no Brasil

niu as regras gerais sobre previdncia complementar no Brasil, e a Lei Complementar n 108/01 disps sobre a relao entre as patrocinadoras de empresas pblicas, sociedades de economia mista e o ente federado, e seus respectivos fundos de penso , o regime de previdncia privada tem carter complementar e est organizado de forma autnoma em relao ao regime geral da previdncia social, alm de basear-se na constituio de reservas que garantam o benefcio oferecido por entidades de previdncia complementar, que podem ser entidades abertas ou fechadas. As EAPC (Entidades Abertas de Previdncia Complementar) agora so constitudas unicamente na forma de sociedades annimas com exceo das sociedades seguradoras autorizadas a operar exclusivamente no ramo vida, que instituem planos de benefcios individuais, quando acessveis a quaisquer pessoas fsicas, ou planos de benefcios coletivos, quando garantem benefcios previdencirios a pessoas fsicas vinculadas, direta ou indiretamente, a uma pessoa jurdica contratante. So exemplos dessas entidades, a Bradesco Previdncia, o BrasilPrev e a Ita Previdncia. As funes de rgo regulador das EAPC so exercidas pelo Ministrio da Fazenda, por intermdio do CNSP (Conselho Nacional de Seguros Privados), e as de rgo scalizador das entidades abertas so desempenhadas pela SUSEP (Superintendncia de Seguros Privados).Tabela 2.1 - Nmero de entidades de previdncia complementar no Brasil, entre 1996 e 2004. Entidades de Previdncia 1. EFPC Pblicas Privadas 2. EAPC Com ns lucrativos Sem ns lucrativos Seguradoras TOTAL 1996 354 114 240 78 6 33 39 432 1997 339 101 238 80 5 32 43 419 1998 352 95 257 71 4 31 36 423 1999 360 95 265 67 2 30 35 427 2000 360 87 273 77 1 31 45 437 2001 2002 359 87 272 79 1 31 47 438 361 84 277 72 0 30 42 433 2003 363 84 279 71 0 30 41 434 2004 366 83 283 64 0 29 35 430

Fonte : SPC/MPS e SUSEP/MF. Elaborao do autor. (1) EAPC = Entidade Aberta de Previdncia Complementar (2) EFPC = Entidade Fechada de Previdncia Complementar (3) SPC/MPS = Secretaria de Previdncia Complementar do Ministrio da Previdncia Social (3) SUSEP/MF = Superintendncia de Seguros Privados do Ministrio da Fazenda

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Em dezembro de 2004, segundo informaes da SUSEP/MF, o segmento de previdncia complementar aberta possua 64 entidades de previdncia sendo 29 sem fins lucrativos e 35 seguradoras que operam no ramo vida (ver tabela 2.1) , 2.085 planos coletivos de previdncia e 2,67 milhes de planos individuais (FAPI Fundo de Aposentadoria Programado Individual e PGBL Plano Gerador de Benefcio Livre), um total de R$ 61,4 bilhes de ativos financeiros e 6,24 milhes de participantes, dos quais 257 mil pessoas j recebem benefcios, incluindo planos de penses por morte, aposentadoria por idade e invalidez. As EFPC (Entidades Fechadas de Previdncia Complementar) so organizadas sob a forma de fundao ou sociedade civil e encontram-se agora acessveis aos empregados de uma empresa ou grupo de empresas e aos servidores da Unio, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municpios (patrocinadores) ou aos associados de pessoas jurdicas de carter prossional, classista ou setorial (instituidores). Nesta modalidade de entidade, esto, por exemplo, a Valia, a Faelba, a CxUsiminas e a ForaPrev (instituidor). Atualmente, as funes de rgo regulador das entidades fechadas de previdncia complementar so exercidas pelo Ministrio da Previdncia Social, por intermdio do CGPC (Conselho de Gesto da Previdncia Complementar), e as de rgo scalizador das entidades fechadas so levadas a efeito pela SPC (Secretaria de Previdncia Complementar). Em 20045, de acordo com informaes da SPC/MPS, o pas possua 366 entidades fechadas, sendo 283 entidades p