fundaÇÃo oswaldo cruz centro de pesquisas … · figura 1 – distribuição dos casos atendidos...

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FUNDAÇÃO OSWALDO CRUZ CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHÃES DEPARTAMENTO DE SAÚDE COLETIVA Residência Multiprofissional em Saúde Coletiva SUELY RUTH SILVA ANÁLISE DOS ATENDIMENTOS ANTIRRÁBICO HUMANO PÓS-EXPOSIÇÃO ÀS AGRESSÕES POR ANIMAIS SILVESTRES, EM PERNAMBUCO RECIFE 2011

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FUNDACcedilAtildeO OSWALDO CRUZ

CENTRO DE PESQUISAS AGGEU MAGALHAtildeES

DEPARTAMENTO DE SAUacuteDE COLETIVA

Residecircncia Multiprofissional em Sauacutede Coletiva

SUELY RUTH SILVA

ANAacuteLISE DOS ATENDIMENTOS ANTIRRAacuteBICO HUMANO POacuteS-EXPOSICcedilAtildeO AgraveS

AGRESSOtildeES POR ANIMAIS SILVESTRES EM PERNAMBUCO

RECIFE

2011

1

SUELY RUTH SILVA

ANAacuteLISE DOS ATENDIMENTOS ANTIRRAacuteBICO HUMANO POacuteS-EXPOSICcedilAtildeO AgraveS

AGRESSOtildeES POR ANIMAIS SILVESTRES EM PERNAMBUCO

Monografia apresentada ao Programa de

Residecircncia Multiprofissional em Sauacutede Coletiva

do Departamento de Sauacutede Coletiva Centro de

Pesquisas Aggeu Magalhatildees Fundaccedilatildeo Oswaldo

Cruz para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de especialista em

sauacutede coletiva

Orientador Domiacutecio Aureacutelio de Saacute

Recife

2011

2

Catalogaccedilatildeo na fonte Biblioteca do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhatildees

S586a

Silva Suely Ruth

Anaacutelise dos atendimentos antirraacutebico humano poacutes-

exposiccedilatildeo agraves agressotildees por animais silvestres em

Pernambuco Suely Ruth Silva mdash Recife sn 2011

47 p ilus tab

Monografia (Residecircncia Multiprofissional em

Sauacutede Coletiva) ndash Centro de Pesquisas Aggeu Magalhatildees Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz Recife 2011

Orientador Domiacutecio Aureacutelio de Saacute

1 Raiva 2 Quiroacutepteros 3 Primatas 4 Raposas I

Saacute Domiacutecio Aureacutelio de II Tiacutetulo

CDU 61698821

3

SUELY RUH SILVA

ANAacuteLISE DOS ATENDIMENTOS ANTIRRAacuteBICO HUMANO POacuteS-EXPOSICcedilAtildeO AgraveS

AGRESSOtildeES POR ANIMAIS SILVESTRES EM PERNAMBUCO

Monografia apresentada ao Programa de

Residecircncia Multiprofissional em Sauacutede Coletiva

do Departamento de Sauacutede Coletiva Centro de

Pesquisas Aggeu Magalhatildees Fundaccedilatildeo Oswaldo

Cruz para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de especialista em

sauacutede coletiva

Aprovado em ____ ____ ____

BANCA EXAMINADORA

_______________________________

Ms Domiacutecio Aureacutelio de Saacute

Centro de Pesquisas Aggeu MagalhatildeesFiocruz

_______________________________

Ms Wellinton Tavares de Melo

Secretaria Estadual de Sauacutede de Pernambuco

4

AGRADECIMENTOS

Agrave Deus por guiar e iluminar meus caminhos

Aos meus pais e familiares pelo apoio em minha jornada

Agrave minha irmatilde e cunhada pelas correccedilotildees e lidas de uacuteltima hora

Agrave Cloacutevis e Fernando Oliveira por terem me auxiliado em todos os entraves

computacionais

Agrave Francisco Duarte por ter me dado o privileacutegio de trabalhar com a temaacutetica exposta

neste trabalho aleacutem de todo apoio teoacuterico-praacutetico para a construccedilatildeo dele

Agrave Domiacutecio de Saacute por ter aceitado me orientar e por ter confiado em meu crescimento

Minha gratidatildeo a todos os colegas da Secretaria Estadual de Sauacutede e aos amigos que

contribuiacuteram direta ou indiretamente na conquista dessa vitoacuteria

5

SILVA Suely Ruth Anaacutelise dos atendimentos antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo agraves

agressotildees por animais silvestres em Pernambuco 2011 Monografia (Residecircncia

Multiprofissional em Sauacutede Coletiva) ndash Centro de Pesquisas Aggeu Magalhatildees Fundaccedilatildeo

Oswaldo Cruz Recife 2011

RESUMO

A raiva representa um importante problema de sauacutede puacuteblica devido a sua alta letalidade por

isso deve estar sempre sob vigilacircncia e controle O objetivo desse trabalho foi descrever e

analisar as caracteriacutesticas dos atendimentos antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo por animais

silvestres em Pernambuco no periacuteodo de 2001 a 2010 Para isso foram utilizados os dados de

4852 fichas de atendimento antirraacutebico humano disponiacuteveis no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo Foram analisadas variaacuteveis relativas agrave pessoa agrave agressatildeo ao animal

e ao tratamento A raposa foi a principal espeacutecie agressora com 409 dos casos observando-

se um maior nuacutemero de atendimentos em indiviacuteduos do sexo masculino procedentes de zonas

rurais com ferimentos uacutenicos e muacuteltiplos profundos em membros inferiores e peacutes

provocados por mordeduras Em morcegos e macacos ocorreu a homogeneidade entre os

sexos e a zona mais acometida foi a urbana Os ferimentos predominantes foram uacutenicos

divididos entre superficiais e profundos localizados nas matildeos e gerados por mordeduras Na

meacutedia geral a faixa etaacuteria mais acometida foi dos 20 aos 49 anos Na condiccedilatildeo final do animal

301 dos casos registrados nesse item foram fechados clinicamente e 511 observaram-se

como ignorados ou natildeo preenchidos Houve indicaccedilatildeo de tratamento para 886 dos casos

poreacutem na indicaccedilatildeo do soro 284 casos de agressotildees por morcegos natildeo receberam infiltraccedilatildeo

do soro e a taxa de abandonos de tratamento foi de 48 O tratamento foi o item que

apresentou maiores problemas principalmente nas recomendaccedilotildees para espeacutecie quiroacuteptera

Portanto para otimizaccedilatildeo das accedilotildees das equipes de vigilacircncia epidemioloacutegica indica-se

comprometimento com o preenchimento das fichas e acompanhamento dos pacientes para que

haja o controle efetivo da raiva humana

Palavras chaves Raiva Quiroacutepteros Primatas Raposas

6

SILVA Suely Ruth Analysis of human rabies anti care post exposure to attacks by wild

animals in Pernambuco 2011 Monograph (Multidisciplinary Residency in Public Health) ndash

Aggeu Magalhatildees Research Center Oswaldo Cruz Foundation Recife 2011

SUMMARY

Rabies is a major public health problem due to its high lethality so it must be under

surveillance and control The objective of this study was to describe and analyze the

characteristics of visits anti human rabies post exposure by wild animals in Pernambuco in

the period 2001 to 2010 For this we used data from 4852 medical records available anti

human rabies in the Information System of Notification of Injuries Variables were analyzed

relative to the person assault animal and treatment The fox was the main aggressor species

with 409 of cases observing a larger number of patients in males coming from rural areas

with single and multiples injuries deep on his legs and feet caused by bites Bats and

monkeys occurred in the homogeneity between the sexes and the area most affected was the

city Predominant injuries were unique divided into superficial and deep located on the

hands produced by bites Media in general the most affected age group was 20 to 49 years

The final condition of the animal 301 of reported cases were closed this item clinically and

511 observed as unknown or not filled Was indication of treatment for 886 of cases

but in an indication of serum 284 cases of aggression by bats did not receive the serum

infiltration and rate of treatment dropouts was 48 The treatment was the item that

presented the greatest problem mainly in the recommendation of chiropteran species

Therefore for the optimization of the shares of epidemiological surveillance teams it is stated

commitment to filling in the forms and follow-up of patients so that there is effective control

of rabies

Keywords Rabies Chiropteran Primates Fox

7

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Quadro 1 ndash Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do

tratamento antirraacutebico humano

26

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

espeacutecie agressora e ano Pernambuco 2001 a 2010

28

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por

municiacutepio segundo espeacutecie agressora Pernambuco 2001 a 2010

33

8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas agrave pessoa Pernambuco 2001 a 2010

29

Tabela 2 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas agrave agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

30

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

31

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas ao tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

31

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas agrave continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco

2001 a 2010

32

9

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 ASPECTOS HISTOacuteRICOS 11

12 ASPECTOS EPIDEMIOLOacuteGICOS 12

121 Distribuiccedilatildeo da Doenccedila 12

122 Cadeia Epidemioloacutegica 13

123 Raiva no Brasil 14

124 Raiva em Pernambuco 15

125 Raiva em Morcegos 16

126 Raiva em Animais Silvestres 17

127 Tratamento 18

1271 Profilaxia Preacute-exposiccedilatildeo 18

1272 Profilaxia Poacutes-exposiccedilatildeo 19

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina 19

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro 20

1275 Consideraccedilotildees sobre o Ferimento 21

128 Consideraccedilotildees sobre o Animal 22

2 JUSTIFICATIVA 23

21 PERGUNTA CONDUTORA 23

3 OBJETIVOS 24

31 OBJETIVO GERAL 24

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 24

4 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS 25

41 AacuteREA DE ESTUDO 25

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA 25

43 DESENHO DO ESTUDO 25

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS 25

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS 26

46 ANAacuteLISE DOS DADOS 26

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS 26

5 RESULTADOS 28

10

6 DISCUSSAtildeO 34

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 39

REFEREcircNCIAS 40

Anexo A - Ficha de atendimento antirraacutebico humano 44

Anexo B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a

vacina de cultivo celular

46

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

A raiva eacute uma encefalite aguda causada por viacuterus Todos os mamiacuteferos satildeo

susceptiacuteveis agrave infecccedilatildeo que se daacute pela penetraccedilatildeo do viacuterus contido na saliva do animal

infectado atraveacutes da mordedura arranhadura ou lambedura Possui grande importacircncia

epidemioloacutegica por apresentar letalidade de quase 100 (BRASIL 2005) Soacute tendo ocorrido

a cura em poucos casos sendo um deles nos Estados Unidos em 2004 e outro em um

adolescente de 15 anos do municiacutepio de Floresta estado de Pernambuco em 2008 apoacutes ter

sido mordido por morcego hematoacutefago (KOTAIT et al 2009)

O periacuteodo de incubaccedilatildeo da doenccedila eacute bastante variaacutevel indo de dias a anos e estaacute

relacionado a localizaccedilatildeo extensatildeo e profundidade da lesatildeo agrave distacircncia do ferimento ao

ceacuterebro e agrave concentraccedilatildeo de partiacuteculas virais (BRASIL 2005) A raiva possui muitas

interfaces entre o mundo humano e animal de modo que o surgimento da doenccedila guarda

estreita ligaccedilatildeo entre o tratamento de pessoas expostas as atividades de vigilacircncia

epidemioloacutegica e o controle da raiva animal

A doenccedila tem ocorrecircncia quase universal Em alguns paiacuteses desenvolvidos a raiva

humana estaacute erradicada e a raiva nos animais domeacutesticos estaacute controlada mas ainda eacute

efetuada vigilacircncia epidemioloacutegica em funccedilatildeo dos animais silvestres Atualmente soacute existe

um uacutenico continente livre da doenccedila que eacute a Oceania (BRASIL 2005)

11 ASPECTOS HISTOacuteRICOS

A raiva eacute uma doenccedila muito temida desde a Antiguidade devido agrave transmissatildeo ao

quadro cliacutenico e agrave evoluccedilatildeo Era referida como uma doenccedila que tornava ldquoloucosrdquo homens e

catildees (KOTAIT et al 2009)

Os egiacutepcios entendiam que a alteraccedilatildeo de comportamento de catildees devia-se a influecircncia

maligna da Siacuterius (constelaccedilatildeo Catildeo Maior) Jaacute os romanos descobriram a capacidade

infecciosa da saliva dos catildees raivosos chamando este material de veneno foi de onde surgiu a

palavra latina viacuterus Na Greacutecia foram descritas praacuteticas de cauterizaccedilatildeo das feridas

provocadas pelo animal raivoso ateacute o final do seacuteculo XIX quando foi desenvolvida a vacina

(KOTAIT et al 2009)

Em 1880 Louis Pasteur iniciou seus estudos sobre a raiva e no ano seguinte

conseguiu isolar o viacuterus e produzir uma vacina Em 1884 esta foi utilizada

experimentalmente em animais e em 1885 nos humanos em um menino de 9 anos chamado

12

Joseph Meister O sucesso com a vacina teve enorme impacto nas medidas de tratamento

contra essa enfermidade sendo utilizada em todo o mundo Foi tambeacutem determinante para a

criaccedilatildeo de instituiccedilotildees de pesquisa para produccedilatildeo e aplicaccedilatildeo da vacina surgindo assim o

Instituto Pasteur em 1888 (COSTA et al 2000)

No Brasil o primeiro serviccedilo antirraacutebico foi instituiacutedo com a inauguraccedilatildeo em 1888

do Instituto Pasteur no Rio de Janeiro Em 1899 foi criado o Instituto Pasteur de Pernambuco

(LIMA GUIMARAtildeES OLIVEIRA 2000) e soacute em 1903 foi fundado o Instituto Pasteur de

Satildeo Paulo (COSTA et al 2000)

Antonio Carini entatildeo diretor do Instituto Pasteur de Satildeo Paulo levantou a hipoacutetese

em 1911 dos morcegos hematoacutefagos serem os transmissores da raiva dos herbiacutevoros Anos

apoacutes foi confirmada a raiva tambeacutem em morcegos frugiacutevoros e insetiacutevoros mas este tipo de

transmissor soacute foi levado em consideraccedilatildeo quando um menino foi atacado por um morcego

insetiacutevoro na Floacuterida em 1953 Apoacutes esta data inuacutemeros casos humanos foram confirmados

nos Estados Unidos e satildeo notificados ateacute os dias de hoje (COSTA et al 2000)

12 ASPECTOS EPIDEMIOLOacuteGICOS

Os dados epidemioloacutegicos satildeo essenciais para definiccedilatildeo dos fatores condicionantes e

determinantes de uma doenccedila Na vigilacircncia da raiva estes dados auxiliam na tomada de

decisatildeo do tratamento poacutes-exposiccedilatildeo e na conduta com o animal envolvido aleacutem disso casos

de raiva humana representam falecircncia do sistema de sauacutede local e servem como indicador

para avaliaccedilatildeo da qualidade dos serviccedilos

121 Distribuiccedilatildeo da Doenccedila

A raiva eacute conhecida desde a antiguidade mas ateacute hoje representa um problema de

sauacutede puacuteblica nos paiacuteses em desenvolvimento (BRASIL 2005) Nos Estados Unidos o

nuacutemero de casos de raiva humana a partir de 1940 foi superior a 30 devido a morcegos

insetiacutevoros (KOTAIT et al 2009)

Na Ameacuterica do Norte (Estados Unidos e Canadaacute) e alguns paiacuteses da Europa (Franccedila e

Inglaterra) o maior peso da raiva estaacute nas espeacutecies silvestres (BRASIL 2005) Poreacutem na

Venezuela a raiva canina prevalece como o principal foco transmissor da doenccedila devido ao

baixo percentual de cobertura vacinal sendo este de apenas 33 no periacuteodo de 1996 a 2006

13

Aleacutem disso grande parcela da populaccedilatildeo encontra-se mais vulneraacutevel por causa do baixo

niacutevel socioeconocircmico e educativo (FUENTES et al 2008)

Os paiacuteses da Ameacuterica que mais registram casos de raiva satildeo o Brasil Colocircmbia e

Peru devido ao grande nuacutemero de agressotildees por morcegos hematoacutefagos Neste continente no

ano de 2004 os animais silvestres contribuiacuteram com 599 dos casos e os animais

domeacutesticos com 401 sendo a raiva humana presente em quase todos os paiacuteses exceto o

Caribe (ORGANIZACcedilAtildeO PAN-AMERICANA DE SAUacuteDE 2006)

Nos uacuteltimos anos alguns paiacuteses como China Tailacircndia Sri- Lanka e Tuniacutesia

conseguiram progressos importantes nos programas de controle da raiva combinando a

vacinaccedilatildeo de catildees com a melhoria do tratamento antirraacutebico possibilitando assim a reduccedilatildeo

dos casos da doenccedila em humanos (SILVA et al 2009)

No continente asiaacutetico ocorrem cerca de 35000 a 55000 casos de raiva humana por

ano e aproximadamente 7 milhotildees de tratamentos com vacinaccedilatildeo Na Aacutefrica estima-se em

5000 a 15000 o nuacutemero de mortes humanas por ano e a vacinaccedilatildeo em cerca de 500000

pessoas Na Ameacuterica Latina os casos em humanos satildeo menores que 100 por ano e o

tratamento fica em torno de 500000 pessoas Na Ameacuterica do Norte e Europa o nuacutemero de

casos de raiva humana reduz a menos de 50 e o tratamento antirraacutebico eacute conferido a

aproximadamente 100000 pessoas (SILVA et al 2009)

O nuacutemero de casos de raiva transmitidos por morcegos tem crescido muito nos uacuteltimos

tempos Na atualidade o grande desafio corresponde agrave detecccedilatildeo precoce da circulaccedilatildeo do

viacuterus em animais silvestres aleacutem da manutenccedilatildeo do controle via imunizaccedilatildeo em animais

domeacutesticos

122 Cadeia Epidemioloacutegica

O viacuterus da raiva adaptou-se a vaacuterias espeacutecies que atuam como reservatoacuterios garantindo

a perpetuaccedilatildeo do viacuterus na natureza Estas adaptaccedilotildees originam as variantes que por vezes

apresentam alteraccedilotildees as quais satildeo utilizadas como marcadores epidemioloacutegicos que tem o

objetivo de identificar as interaccedilotildees do viacuterus com suas espeacutecies hospedeiras e o meio

ambiente e com a biologia da infecccedilatildeo (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

As intervenccedilotildees do homem no ecossistema tecircm gerado mudanccedilas de comportamento

de animais silvestres que passaram a procurar abrigos e fontes de alimentos nos centros

urbanos (SILVA LANGONI 2011) Estes fatos modificaram a epidemiologia das zoonoses

trazendo a raiva silvestre para a populaccedilatildeo humana (CARRIERI et al 2006)

14

A cadeia epidemioloacutegica da raiva estaacute dividida em dois principais ciclos de

transmissatildeo terrestre e aeacutereo (CALDAS et al 2007) O ciclo terrestre eacute constituiacutedo por catildees

e gatos agressores destes 823 satildeo domiciliados e a maior parte deles satildeo machos ateacute um

ano de idade (BUSO NUNES QUEIROZ 2009) No periacuteodo de transmissibilidade da

doenccedila esses animais se afastam do domiciacutelio andando quilocircmetros fazendo inuacutemeras

viacutetimas ou infectando novos hospedeiros (CARRIERI et al 2006)

Os outros mamiacuteferos que fazem parte do ciclo terrestre satildeo os herbiacutevoros A estimativa

eacute que haja no Brasil mortes de 842688 cabeccedilas por ano Na Paraiacuteba entre 2002 a 2004 houve

um surto de raiva nesses animais apresentando morbidade meacutedia de 75 e letalidade de

100 Estima-se que 1875 das mortes de bovinos no estado ocorrem por raiva Todos os

surtos exceto um aconteceram em animais natildeo vacinados (LIMA et al 2005)

As mudanccedilas na natureza ocasionadas pelo homem implicam em condiccedilotildees favoraacuteveis

para expansatildeo de morcegos e consequente aumento de casos de raiva bovina (MENEZES

2008) No Nordeste aleacutem dos morcegos hematoacutefagos a raposa tambeacutem se apresenta como um

importante transmissor e reservatoacuterio para o viacuterus da raiva (LIMA et al 2005)

O ciclo aeacutereo eacute caracterizado pela transmissatildeo do viacuterus raacutebico entre morcegos

hematoacutefagos ou natildeo Na Ameacuterica Latina haacute com frequumlecircncia casos de raiva humana por

agressotildees de morcegos hematoacutefagos pela ausecircncia de outras fontes alimentares e pelas

alteraccedilotildees ambientais (KOTAIT et al 2009)

Em morcegos a presenccedila do viacuterus raacutebico eacute detectada em diversos oacutergatildeos reforccedilando a

transmissatildeo de outros animais e seres humanos atraveacutes do contato com secreccedilotildees e com

morcegos vivos ou mortos O aparecimento do viacuterus nos pulmotildees ratifica a transmissatildeo por

aerossoacuteis entre todas as espeacutecies de morcegos que povoam uma mesma aacuterea (SCHEFFER et

al 2007 SILVA et al 2007) Portanto deve-se evitar contato com estes animais

principalmente quando apresentarem sinais da doenccedila como alteraccedilatildeo de comportamento

(voos diurnos) dificuldade de locomoccedilatildeo e agressividade (QUEIROZ et al 2009)

123 Raiva no Brasil

Os casos de raiva humana no Brasil demonstra uma reduccedilatildeo bastante significativa

diminuiu de 168 casos em 1980 (SCHENEIDER 1990) para 73 em 1990 26 em 2000

(PERNAMBUCO 2010) 3 em 2008 sendo dois por morcegos e um por primatas natildeo

humano (BRASIL 2009) e 2 em 2010 na regiatildeo Nordeste (BRASIL 2010a)

15

No Sul natildeo haacute registros de casos humanos desde 1988 Mas haacute uma emergecircncia do

ciclo silvestre no paiacutes onde se destaca uma maior detecccedilatildeo de casos de raiva em morcegos e

outras espeacutecies silvestres (BATISTA FRANCO ROEHE 2007 CALDAS et al 2007

PERNAMBUCO 2010) As agressotildees por morcegos aumentaram de 12 nos anos de 1990 a

1999 para 46 nos anos de 2000 a 2010 (PERNAMBUCO 2010)

A doenccedila eacute endecircmica no paiacutes e apresenta grau diferenciado de acordo com a regiatildeo

geopoliacutetica Na Regiatildeo Nordeste de 1986 a 2001 foram registrados 5880 dos casos

humanos jaacute a Norte 2085 a Sudeste registrou 1080 a Centro-Oeste 940 e a Sul

015 Em 1987 ocorreu um caso no Paranaacute sendo o uacuteltimo caso de registro de raiva nos

estados do Sul cuja fonte de infecccedilatildeo foi um morcego hematoacutefago A transmissatildeo da doenccedila

a humanos no periacuteodo de 1991 a 2001 foi de 8052 por catildees e gatos 1013 por morcegos

e 494 por outros animais raposas saguis gato selvagem bovinos equinos caititus

gambaacutes suiacutenos e caprinos (BRASIL 2005)

Nos anos de 1997 ateacute 2003 os catildees foram os principais transmissores da doenccedila no

Paiacutes sendo implicados em 84 das transmissotildees em humanos De 2004 a 2006 houve um

decreacutescimo significativo de casos em catildees estes representando 15 e um aumento das

infecccedilotildees por animais silvestres principalmente por morcegos hematoacutefagos que passaram a

ser responsaacuteveis por 825 dos casos Aleacutem disso as infecccedilotildees em morcegos natildeo

hematoacutefagos tecircm evoluiacutedo trazendo grande preocupaccedilatildeo para vigilacircncia epidemioloacutegica jaacute

que a raacutepida adaptaccedilatildeo desses animais ao meio urbano pode dar margem a infecccedilotildees em

animais domeacutesticos e humanos (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

124 Raiva em Pernambuco

Em Pernambuco a doenccedila ainda natildeo estaacute sob controle principalmente por haver uma

grande expansatildeo das aacutereas de ocorrecircncia de casos em bovinos causados por morcegos

hematoacutefagos (Desmodus rotundus) Constituindo assim um problema emergente de sauacutede

puacuteblica para o Estado (PERNAMBUCO 2009)

O iacutendice de positividade para a raiva canina no ano de 2000 no Estado foi de 65

aumentando para 10 em 2001 e apresentando decreacutescimo a partir de 2002 passando de

86 para 05 em 2008 No periacuteodo de 2000 a 2007 a cobertura vacinal superou a meta de

80 preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (PERNAMBUCO 2009)

Os casos de raiva humana em Pernambuco apresentam grande decreacutescimo no ano de

1992 quando houve o maior nuacutemero de casos (10 casos) No periacuteodo de 2000 a 2008

16

ocorreram quatro casos positivos dentre eles as espeacutecies agressoras foram catildeo e morcego

sendo este uacuteltimo o primeiro caso de cura no Brasil (PERNAMBUCO 2009)

125 Raiva em morcegos

Haacute no Brasil cerca de 140 espeacutecies de morcegos desse total o viacuterus da raiva jaacute foi

isolado de 31 espeacutecies Este nuacutemero eacute considerado pequeno quando comparado ao

encontrado nos Estados Unidos de 39 espeacutecies identificadas o viacuterus da raiva foi isolado de

30 Todas as espeacutecies de morcego podem transmitir a raiva independente de seu haacutebito

alimentar (KOTAIT et al 2009)

Em Presidente Prudente-SP haacute um iacutendice de positividade muito alto em quiroacutepteros

Esta regiatildeo era zona silenciosa para a raiva ateacute 2001 quando ocorreu um caso de morte em

mulher atacada por um gato poreacutem a variante encontrada foi de morcego hematoacutefago Aleacutem

disso ocorreu tambeacutem em 2002 um surto de raiva em bovinos tambeacutem decorrente de

agressotildees por morcegos hematoacutefagos (ALBAS et al 2005)

Em Satildeo Paulo estudos sobre variantes antigecircnicas demonstram vaacuterias amostras com

morcegos insetiacutevoros no Brasil Isso se deve a coabitaccedilatildeo de morcegos hematoacutefagos e natildeo

hematoacutefagos disseminando o viacuterus entre eles (ALBAS et al 2010)

Na Colocircmbia em 2009 notificou-se o primeiro caso de raiva humana na aacuterea urbana

transmitida por morcego Aleacutem disso o paciente veio a oacutebito pois o tratamento inicial natildeo foi

conferido mostrando a vulnerabilidade de todos os niacuteveis de atenccedilatildeo envolvidos Como o

periacuteodo de incubaccedilatildeo do viacuterus raacutebico eacute variaacutevel e mais prolongado em morcegos deve-se

implementar estudos que caracterizem os aspectos fundamentais desta doenccedila nesta espeacutecie

animal (BADILLO MANTILLA PRADILLA 2009)

Em 2004 e 2005 ocorreram surtos de raiva no Paraacute provenientes de variante de

morcegos hematoacutefagos presentes em vaacuterias espeacutecies dentre elas bovinos equinos suiacutenos

humanos felinos e morcegos Apoacutes um ano do surto de 2004 ainda detectou-se a variante em

circulaccedilatildeo no municiacutepio de Viseu isolado em amostras humana e bovina (BARBOSA et al

2007) Em Araccedilatuba-SP a espeacutecie quiroacuteptera eacute a terceira mais agressora com 81 (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009) Em estudos na mesma regiatildeo 12 dos morcegos diagnosticados

positivos agrediram pessoas e animais (QUEIROZ et al 2009)

Em trabalhos publicados no Brasil observou-se maior presenccedila de positividade em

morcegos insetiacutevoros (SCHEFFER et al 2007 QUEIROZ et al 2009) o que torna a

situaccedilatildeo mais alarmante jaacute que a interaccedilatildeo de morcegos natildeo hematoacutefagos com pessoas e seus

17

animais aumenta a cada dia devido a devastaccedilatildeo do habitat destes e a adaptaccedilatildeo a abrigos

urbanos (ALBAS et al 2009 TIRIBA SHMAL 2010)

No Paraacute a taxa de ataque por morcegos eacute muito alta Aleacutem disso do total de

agredidos 100 relataram natildeo conhecerem a necessidade de tratamento profilaacutetico Portanto

a adoccedilatildeo de medidas de esclarecimento agrave populaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel (WADA et al 2004) Jaacute

que uma vez mordido por morcegos o homem deve passar por tratamento imediato (soro e

vacina) sem interrupccedilatildeo pois o periacuteodo de incubaccedilatildeo eacute muito raacutepido levando o paciente natildeo

tratado ao oacutebito (SCHEFFER et al 2007 TIRIBA SHMAL 2010)

126 Raiva em animais silvestres

A raiva em animais silvestres vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia

epidemioloacutegica desse agravo no Brasil devido agrave presenccedila de morcegos natildeo hematoacutefagos em

aacutereas urbanas caniacutedeos silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais

(BRASIL 2009) Em 2009 foram notificados com raiva confirmada 158 morcegos natildeo

hematoacutefagos 16 morcegos hematoacutefagos 22 caniacutedeos silvestres 3 primatas natildeo humanos e

um gato do mato (BRASIL 2010b)

A raiva nos animais domeacutesticos eacute controlada com a vacinaccedilatildeo anual Poreacutem os

animais silvestres natildeo satildeo imunizados ficando assim mais expostos aos riscos de

contaminaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

A aplicaccedilatildeo de vacina de cultivo celular apresenta-se como uma alternativa para

imunizaccedilatildeo de animais silvestres Em estudos feitos com saguis esse tipo de vacinaccedilatildeo

mostrou-se eficaz apoacutes 45 dias aplicando-se apenas uma uacutenica dose Outra boa alternativa

seria a realizaccedilatildeo de estudos no uso de vacina oral para animais silvestres a fim de facilitar a

vacinaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

Em Pernambuco a criaccedilatildeo de macacos principalmente saguis como animal de

estimaccedilatildeo eacute bastante comum Em estudo realizado em Satildeo Paulo no periacuteodo de 1996 a 1999

observou-se uma diminuiccedilatildeo das agressotildees por macacos indicando um decreacutescimo na criaccedilatildeo

clandestina destes animais e na alimentaccedilatildeo deles em parques puacuteblicos Aleacutem disso a

indicaccedilatildeo de tratamento foi de 85 indicando uma maior conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao perigo desses acidentes (RAMOS RAMOS 2002)

18

127 Tratamento

O desenvolvimento da raiva estaacute relacionado a diversos fatores desde a gravidade da

mordedura e agrave proximidade do SNC ateacute o estado de sauacutede do paciente e sua resposta imune

(CARRIERI et al 2006) Por isso cada caso deve ser avaliado para que seja instalada a

profilaxia adequada a fim de se evitar a doenccedila

O Ministeacuterio da Sauacutede criou em 1973 o Programa Nacional de Controle da Raiva ndash

PNCR com o objetivo de eliminar a raiva humana transmitida por catildees e gatos O controle da

raiva canina foi realizado a partir das accedilotildees de vacinaccedilatildeo de catildees e gatos tratamento

profilaacutetico de pessoas expostas vigilacircncia epidemioloacutegica diagnoacutestico laboratorial controle

de populaccedilatildeo animal e educaccedilatildeo em sauacutede (SCHNEIDER et al 1996)

Devido ao tratamento de raiva humana realizado nos Estados Unidos (2004) e em

Pernambuco (2008) que decorreu na cura dos pacientes o Ministeacuterio da Sauacutede publicou e

divulgou para as Secretarias Municipais e Estaduais de Sauacutede o Protocolo de Tratamento de

Raiva Humana denominado Protocolo Recife (BRASIL 2009 BRASIL 2010b) Apesar

disso a profilaxia continua sendo a melhor maneira de prevenccedilatildeo pois a chance de cura ainda

eacute pequena e natildeo se tem conhecimento suficiente sobre as sequelas que o paciente pode

apresentar

A populaccedilatildeo ainda desconhece a gravidade da doenccedila Ateacute os dias atuais satildeo relatados

abandonos de tratamento e procura ao serviccedilo de sauacutede apenas para tratamento do ferimento

Em estudo realizado 245 dos atendidos consideraram desnecessaacuterio o tratamento completo

e 138 natildeo obtiveram orientaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao tratamento demonstrando a falta de

informaccedilatildeo e o descompromisso dos profissionais de sauacutede (VELOSO et al 2011)

1271 Profilaxia preacute-exposiccedilatildeo

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute indicada para pessoas expostas permanentemente ao risco

de infecccedilatildeo pelo viacuterus da raiva tais como meacutedicos veterinaacuterios bioacutelogos profissionais e

auxiliares de laboratoacuterio para diagnoacutestico da raiva estudantes dessas aacutereas e pessoas que

atuam na vacinaccedilatildeo captura e em zooloacutegicos (COSTA et al 2000 BRASIL 2005)

O esquema de tratamento eacute de trecircs doses aplicadas nos dias 0 7 e 28 Deve-se fazer o

controle soroloacutegico a partir do 14ordm dia apoacutes a uacuteltima dose do esquema e repeti-lo anualmente

Eacute importante destacar que eacute necessaacuterio administrar uma dose de reforccedilo sempre que os tiacutetulos

forem inferiores a 05 UIml (BRASIL 2005)

19

Em dados recentes observou-se que a aplicaccedilatildeo do esquema preacute-exposiccedilatildeo em

profissionais de sauacutede e viajantes que podem facilmente buscar atendimento no caso de uma

nova exposiccedilatildeo pode ser efetuada atraveacutes da via intradeacutermica trazendo um custo bem menor

ao paiacutes (CUNHA et al 2010)

Jaacute em populaccedilotildees de difiacutecil acompanhamento como da regiatildeo ribeirinha da Amazocircnia

recomenda-se o esquema por via intramuscular que confere uma imunidade mais duradoura

Tambeacutem foi identificado que apoacutes a terceira dose em ambas as vias de administraccedilatildeo eacute

desnecessaacuteria a sorologia em indiviacuteduos sob controle uma vez que todos os voluntaacuterios do

experimento apresentaram niacuteveis de anticorpos satisfatoacuterios ge05 UImL (CUNHA et al

2010)

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute considerada pelo serviccedilo como de pouca importacircncia jaacute

que apenas 377 dessa informaccedilatildeo eacute registrada Esse fato evidencia as falhas no sistema de

vigilacircncia e a necessidade de adequaccedilatildeo das prescriccedilotildees para que se atinjam niacuteveis ideais de

tratamento e seguranccedila para populaccedilatildeo atendida (RIGO HONER 2005)

1272 Profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo

O paciente apoacutes a agressatildeo por mamiacutefero deve ser avaliado para indicaccedilatildeo ou natildeo da

profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo que quando indicada deve ter iniacutecio o mais precocemente possiacutevel

pois quando o viacuterus atinge o SNC o paciente geralmente evolui para o oacutebito (KOTAIT et al

2009)

O tratamento poacutes-exposiccedilatildeo prescrito depende principalmente da espeacutecie do animal

agressor do tipo da lesatildeo e no caso de catildees e gatos da possibilidade da observaccedilatildeo (Anexo

B) (GARCIA et al 1999 BRASIL 2005)

Haacute no Brasil um nuacutemero bastante elevado de tratamentos profilaacuteticos humanos que

poderiam ser reduzidos pela educaccedilatildeo em sauacutede atraveacutes de orientaccedilotildees sobre os animais

agressores e os fatores que desencadeiam a agressividade os cuidados com o ferimento a

posse responsaacutevel dos animais aleacutem da observaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo cliacutenica dos catildees e gatos

domiciliados (GARCIA et al 1999 FRIAS 2008)

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina

Em 2009 na Regiatildeo Nordeste e a partir de 2010 no restante do paiacutes a campanha de

vacinaccedilatildeo nacional substituiu a vacina Fuenzalida amp Palaacutecios modificada pela vacina de

20

cultivo celular canina (BRASIL 2009) Essa modificaccedilatildeo deve-se ao fato dessa vacina

apresentar maior imunogenicidade e seguranccedila aleacutem de ser recomendada pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede (BRASIL 2010a)

A vacina de cultivo celular foi utilizada em Pernambuco em 2009 sem apresentar altos

iacutendices de reaccedilotildees adversas Entretanto a vacina introduzida em junho de 2010 em todo paiacutes

(BRASIL 2010a) teve sua aplicaccedilatildeo suspensa em outubro do mesmo ano pelo Ministeacuterio da

Sauacutede que determinou a interrupccedilatildeo da campanha vacinal ateacute a conclusatildeo dos estudos sobre o

aumento das mortes e reaccedilotildees adversas apresentadas em catildees e gatos vacinados (BRASIL

2010c)

Em humanos a vacina utilizada para tratamento profilaacutetico tambeacutem eacute a vacina de

cultivo celular esta eacute produzida em cultura de ceacutelulas (diploacuteides humanas ceacutelulas Vero

ceacutelulas de embriatildeo de galinha e pato etc) com viacuterus inativados por betapropiolactona e com

potecircncia miacutenima de 25 UIdose A vacina eacute apresentada de forma liofilizada devendo ser

conservada na temperatura entre + 2ordmC a + 8ordmC ateacute o momento de sua aplicaccedilatildeo Seu esquema

vacinal completo eacute de 5 doses aplicadas nos dias 0 3 7 14 e 28 (BRASIL 2005)

Natildeo haacute contra indicaccedilatildeo (gravidez mulheres lactantes doenccedila intercorrente ou outros

tratamentos) Sempre que possiacutevel recomenda-se a interrupccedilatildeo do tratamento com corticoacuteides

eou imunossupressores As manifestaccedilotildees adversas relatadas com maior frequumlecircncia satildeo

reaccedilatildeo local febre mal estar naacuteuseas e cefaleacuteia Natildeo haacute relato de ocorrecircncia de oacutebito

associado ao uso da vacina de cultivo celular (BRASIL 2005)

A frequumlecircncia de reaccedilotildees neuroloacutegicas associadas a esta vacina citada na literatura

cientiacutefica eacute baixa De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede ateacute junho de 1996

haviam sido relatados seis casos de reaccedilotildees neuroloacutegicas temporalmente associadas a vacina

A incidecircncia de manifestaccedilotildees neuroloacutegicas considerando-se todos estes casos como

realmente provocados pela vacina eacute de cerca de 1 para cada 500000 pacientes tratados A

incidecircncia de reaccedilotildees aleacutergicas notificadas nos EUA agrave vacina de ceacutelulas diploacuteides foi de 11

casos por 10000 pacientes tratados (011) As reaccedilotildees variam de urticaacuteria a anafilaxia e

ocorrem principalmente apoacutes as doses de reforccedilo a maioria dos pacientes natildeo necessita de

internaccedilatildeo hospitalar (COSTA et al 2000)

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro

O soro heteroacutelogo eacute uma soluccedilatildeo concentrada e purificada de anticorpos preparada em

equiacutedeos imunizados contra o viacuterus da raiva A temperatura de conservaccedilatildeo eacute entre +2ordm a

21

+8ordmC A dose indicada eacute de 40 UIkg de peso Deve-se infiltrar nas lesotildees a maior quantidade

possiacutevel da dose do soro caso natildeo seja possiacutevel aplicar a miacutenima quantidade possiacutevel na

regiatildeo gluacutetea O uso do soro natildeo eacute recomendado para pacientes imunizados anteriormente Em

pacientes com histoacuterico de reaccedilotildees aleacutergicas e reaccedilatildeo anafilaacutetica ao soro heteroacutelogo

recomenda-se o uso do soro homoacutelogo (imunoglobulina humana hiperimune antirraacutebica) na

dose de 20UIKg de peso (BRASIL 2005)

1275 Consideraccedilotildees sobre o ferimento

A limpeza do ferimento com aacutegua corrente e sabatildeo eacute imprescindiacutevel em qualquer

caso de mordedura arranhadura ou lambedura que possa haver contaminado a viacutetima com o

viacuterus da raiva Esta deve eliminar todas as sujidades e em seguida devem ser utilizados

antisseacutepticos que inativem o viacuterus da raiva (iodo povidine clorexidine e aacutelcool iodado) a

mucosa ocular deve ser lavada com aacutegua corrente ou soluccedilatildeo fisioloacutegica (COSTA et al 2000

BRASIL 2005)

A utilizaccedilatildeo de antisseacutepticos ou mesmo o uso de aacutegua e sabatildeo para lavagem dos

ferimentos eacute relatada em 831 dos casos analisados em estudos indicando a

conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo para essa conduta importante de prevenccedilatildeo de doenccedilas

(GARCIA et al 1999)

A sutura do ferimento natildeo eacute recomendada mas caso seja necessaacuterio aproximar as

bordas com pontos isolados e infiltrar soro antirraacutebico humano uma hora antes da sutura

Dependendo da necessidade do paciente outras condutas podem ser realizadas como a

administraccedilatildeo de antibioacuteticos e a profilaxia antitetacircnica (COSTA et al 2000 BRASIL

2005)

128 Consideraccedilotildees sobre o animal

O Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (BRASIL 2005) traz algumas consideraccedilotildees em

relaccedilatildeo aos animais agressores dentre eles

bull O periacuteodo de observaccedilatildeo de dez dias eacute restrito aos catildees e gatos

bull A agressatildeo por outros animais domeacutesticos (bovinos ovinos caprinos equiacutedeos e suiacutenos)

deveraacute ser avaliada e se necessaacuterio deveraacute ser indicado o tratamento profilaacutetico

bull Estaacute indicado tratamento sistematicamente para todos os casos de agressatildeo por animais

silvestres mesmo quando domiciliados e domesticados

22

bull Natildeo eacute indicado tratamento nas agressotildees causadas por ratos ratazanas cobaias e lagomorfos

(urbanos ou de criaccedilatildeo)

bull Nas agressotildees por morcegos deve-se proceder a soro-vacinaccedilatildeo independentemente do tipo

de morcego agressor do tempo decorrido e da gravidade da lesatildeo

23

2 JUSTIFICATIVA

A raiva constitui um importante problema de sauacutede puacuteblica devido ao seu prognoacutestico

quase sempre fatal No entanto essa alta letalidade pode ser reduzida a partir da prevenccedilatildeo da

doenccedila atraveacutes do adequado atendimento e tratamento profilaacutetico Estes uacuteltimos ocorrem

desde a avaliaccedilatildeo do caso e conduta cliacutenica ateacute questotildees estruturais e organizacionais dos

serviccedilos de sauacutede

Esta pesquisa justifica-se pela carecircncia de estudos neste sentido em Pernambuco e pela

mudanccedila no perfil epidemioloacutegico da raiva com diminuiccedilatildeo dos casos em caninos e felinos e

aumento dos casos em morcegos herbiacutevoros e outros animais silvestres

Com este trabalho pretende-se analisar o atendimento antirraacutebico humano nos

indiviacuteduos agredidos por animais silvestres no estado de Pernambuco Dessa forma busca-se

melhorar o conhecimento de alguns aspectos relacionados agrave profilaxia da raiva por animais

silvestres melhoria da vigilacircncia epidemioloacutegica planejamento e adoccedilatildeo de variadas accedilotildees de

sauacutede puacuteblica

21 PERGUNTA CONDUTORA

Como estaacute sendo efetuado o atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo nas

agressotildees por animais silvestres

24

3 OBJETIVOS

31 GERAL

Caracterizar o perfil epidemioloacutegico do atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em agressotildees por animais silvestres e analisar a adequaccedilatildeo de sua indicaccedilatildeo em Pernambuco

no periacuteodo de 2001 a 2010

32 ESPECIacuteFICOS

a) Caracterizar o perfil epidemioloacutegico segundo variaacuteveis de pessoa lugar e tempo

relativas agraves condiccedilotildees da agressatildeo e do animal agressor

b) Analisar o tratamento recomendado a cada espeacutecie agressora

25

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

41 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de abrangecircncia do estudo corresponde ao estado de Pernambuco composto por

184 municiacutepios e o territoacuterio de Fernando de Noronha

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA

O periacuteodo avaliado foi de 2001 a 2010 com o objetivo de demonstrar com melhor

precisatildeo o aumento das agressotildees por animais silvestres no estado

43 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal Esse estudo eacute apropriado para o

registro de frequumlecircncia de eventos observando sua variaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo Sua maior

vantagem eacute que natildeo haacute necessidade de grupos de comparaccedilatildeo possui alto potencial descritivo

e baixo custo operacional

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS

O evento estudado foi a profilaxia da raiva humana a partir de agressotildees por animais

silvestres analisada atraveacutes dos procedimentos registrados no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo (SINAN) sendo construiacutedos diversos tipos de agrupamentos

Desse modo foram analisados os atendimentos por espeacutecie animal atraveacutes da ficha

individual de atendimento antirraacutebico e este atendimento subdivido em grupos de variaacuteveis

Assim foram analisados os dados referentes as notificaccedilotildees individuais faixa etaacuteria e sexo

aos dados de residecircncia municiacutepio de residecircncia aos antecedentes epidemioloacutegicos

caracteriacutesticas da agressatildeo caracteriacutesticas do animal agressor e tratamento recomendado

(tratamento indicado indicaccedilatildeo do soro interrupccedilatildeo do tratamento motivo da interrupccedilatildeo e se

a unidade de sauacutede procurou o paciente que abandonou o tratamento) (Quadro 1)

Assim sendo em cada toacutepico especiacutefico de anaacutelise procurou-se verificar as principais

caracteriacutesticas das espeacutecies agressoras e o tratamento aplicado a partir das especificidades de

cada espeacutecie sendo executadas da seguinte forma observaram-se inicialmente o perfil das

26

agressotildees entre os anos de 2001 e 2010 em seguida realizaram-se observaccedilotildees no tratamento

realizado para posteriormente analisar a distribuiccedilatildeo das agressotildees no estado de Pernambuco

Os grupos foram compostos pelas variaacuteveis encontradas no proacuteprio banco de dados e

para a definiccedilatildeo dos atosprocedimentos que melhor caracterizassem as variaacuteveis utilizou-se

como referecircncia a Norma Teacutecnica do Ministeacuterio da Sauacutede (Anexo B)

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS

Os dados utilizados neste estudo foram secundaacuterios coletados na Secretaria Estadual

de Sauacutede e processados pelo SINAN atraveacutes da ficha individual de investigaccedilatildeo para

atendimento antirraacutebico humano (Anexo A) A exploraccedilatildeo do banco de dados foi realizada

atraveacutes dos programas Tabwin 36 e planilhas eletrocircnicas

46 ANAacuteLISE DOS DADOS

Foram calculadas frequumlecircncias absolutas e relativas aleacutem das meacutedias

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS

O estudo foi realizado dentro dos padrotildees da eacutetica cientiacutefica tendo sido aprovado pela

Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa sob o nordm 0511 da instituiccedilatildeo agrave qual se subordina A pesquisa

foi realizada com dados secundaacuterios da Secretaria Estadual de Sauacutede Nenhum dado de

identificaccedilatildeo dos pacientes fez parte do estudo

Quadro 1 - Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do tratamento antirraacutebico humano

VARIAacuteVEL CATEGORIZACcedilAtildeO

Relativas agraves caracteriacutesticas

da agressatildeo

Tipo de Exposiccedilatildeo Contato Indireto Arranhadura Lambedura e Mordedura

Localizaccedilatildeo Mucosa CabeccedilaPescoccedilo MatildeosPeacutes Tronco

Membros Superiores e Membros Inferiores

Ferimento Uacutenico Muacuteltiplo Ignorado e Sem Ferimento

Tipo de Ferimento Profundo Superficial Dilacerante

Relativas agraves caracteriacutesticas

do animal agressor

Espeacutecie Animal Quiroacuteptera (Morcego) Primata (Macaco) e Raposa

Condiccedilatildeo Final do Animal Positivo Cliacutenico Negativo Cliacutenico Positivo Laboratorial e Negativo Laboratorial

27

Relativas ao tratamento antirraacutebico humano

Tratamento Indicado Preacute-exposiccedilatildeo Exposiccedilatildeo Re-exposiccedilatildeo

Dispensa de tratamento Observaccedilatildeo do

animal (se catildeo ou gato) e Ignorado

Indicaccedilatildeo do Soro Sim Natildeo e Ignorado

Relativas agrave continuidade do

tratamento antirraacutebico humano

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim Natildeo e Ignorado

Motivo da Interrupccedilatildeo Unidade Indicou Abandono e Transferecircncia

Unidade de sauacutede

procurou o paciente que

abandonou o tratamento

Sim e Natildeo

28

5 RESULTADOS

Nas agressotildees por ano foram observadas tendecircncias de crescimentos com oscilaccedilotildees

principalmente em raposas sendo observados picos nos anos de 2002 (267) 2005(292) 2006

(305) e 2009 (235) Em morcegos haacute um crescimento anual ateacute um pico em 2006 (182)

posteriormente ocorre uma ligeira queda e um novo pico em 2009 (207) No que diz respeito a

macacos o nuacutemero de casos se manteacutem proacuteximo durante os anos exceto em 2003 (272) e

2007 (250) onde ocorreram elevaccedilotildees das agressotildees (Figura 1)

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo espeacutecie agressora e ano

Pernambuco 2001 a 2010

1

52

104 113138

182

117 124

207

155

0

134

272

171186

153

250

182 185

141

6

267

221

174

292305

168147

235

170

0

50

100

150

200

250

300

350

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Morcego

Macaco

Raposa

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

No periacuteodo estudado 295704 pessoas receberam tratamento antirraacutebico humano

destas 4852 (16) foram atendidas apoacutes agressotildees por animais silvestres Dentre os animais

silvestres a raposa foi a espeacutecie mais agressora representando 1985 (409) casos em

seguida encontrou-se a primata com 1674 (345) e depois a quiroacuteptera com 1193 (246)

A zona urbana foi a localidade de residecircncia com maior nuacutemero de casos em macacos

79 e morcegos 78 jaacute em raposas prevaleceu a zona rural com 745 das agressotildees

(Tabela 1)

Em relaccedilatildeo a faixa etaacuteria o grupo mais atingido foi de 20 a 49 anos (385) Em

morcegos essa faixa representa 444 das agressotildees em macacos 342 e em raposas 386

Em seguida se encontra a faixa de 50 anos e mais exceto em macacos onde prevaleceu os lt9

anos (Tabela 1)

No que diz respeito ao sexo o masculino apresentou-se mais prevalente com 2764

(57) dos casos Dentre as agressotildees por sexo e espeacutecie a raposa apresentou a maior

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

REFEREcircNCIAS

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

1

SUELY RUTH SILVA

ANAacuteLISE DOS ATENDIMENTOS ANTIRRAacuteBICO HUMANO POacuteS-EXPOSICcedilAtildeO AgraveS

AGRESSOtildeES POR ANIMAIS SILVESTRES EM PERNAMBUCO

Monografia apresentada ao Programa de

Residecircncia Multiprofissional em Sauacutede Coletiva

do Departamento de Sauacutede Coletiva Centro de

Pesquisas Aggeu Magalhatildees Fundaccedilatildeo Oswaldo

Cruz para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de especialista em

sauacutede coletiva

Orientador Domiacutecio Aureacutelio de Saacute

Recife

2011

2

Catalogaccedilatildeo na fonte Biblioteca do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhatildees

S586a

Silva Suely Ruth

Anaacutelise dos atendimentos antirraacutebico humano poacutes-

exposiccedilatildeo agraves agressotildees por animais silvestres em

Pernambuco Suely Ruth Silva mdash Recife sn 2011

47 p ilus tab

Monografia (Residecircncia Multiprofissional em

Sauacutede Coletiva) ndash Centro de Pesquisas Aggeu Magalhatildees Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz Recife 2011

Orientador Domiacutecio Aureacutelio de Saacute

1 Raiva 2 Quiroacutepteros 3 Primatas 4 Raposas I

Saacute Domiacutecio Aureacutelio de II Tiacutetulo

CDU 61698821

3

SUELY RUH SILVA

ANAacuteLISE DOS ATENDIMENTOS ANTIRRAacuteBICO HUMANO POacuteS-EXPOSICcedilAtildeO AgraveS

AGRESSOtildeES POR ANIMAIS SILVESTRES EM PERNAMBUCO

Monografia apresentada ao Programa de

Residecircncia Multiprofissional em Sauacutede Coletiva

do Departamento de Sauacutede Coletiva Centro de

Pesquisas Aggeu Magalhatildees Fundaccedilatildeo Oswaldo

Cruz para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de especialista em

sauacutede coletiva

Aprovado em ____ ____ ____

BANCA EXAMINADORA

_______________________________

Ms Domiacutecio Aureacutelio de Saacute

Centro de Pesquisas Aggeu MagalhatildeesFiocruz

_______________________________

Ms Wellinton Tavares de Melo

Secretaria Estadual de Sauacutede de Pernambuco

4

AGRADECIMENTOS

Agrave Deus por guiar e iluminar meus caminhos

Aos meus pais e familiares pelo apoio em minha jornada

Agrave minha irmatilde e cunhada pelas correccedilotildees e lidas de uacuteltima hora

Agrave Cloacutevis e Fernando Oliveira por terem me auxiliado em todos os entraves

computacionais

Agrave Francisco Duarte por ter me dado o privileacutegio de trabalhar com a temaacutetica exposta

neste trabalho aleacutem de todo apoio teoacuterico-praacutetico para a construccedilatildeo dele

Agrave Domiacutecio de Saacute por ter aceitado me orientar e por ter confiado em meu crescimento

Minha gratidatildeo a todos os colegas da Secretaria Estadual de Sauacutede e aos amigos que

contribuiacuteram direta ou indiretamente na conquista dessa vitoacuteria

5

SILVA Suely Ruth Anaacutelise dos atendimentos antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo agraves

agressotildees por animais silvestres em Pernambuco 2011 Monografia (Residecircncia

Multiprofissional em Sauacutede Coletiva) ndash Centro de Pesquisas Aggeu Magalhatildees Fundaccedilatildeo

Oswaldo Cruz Recife 2011

RESUMO

A raiva representa um importante problema de sauacutede puacuteblica devido a sua alta letalidade por

isso deve estar sempre sob vigilacircncia e controle O objetivo desse trabalho foi descrever e

analisar as caracteriacutesticas dos atendimentos antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo por animais

silvestres em Pernambuco no periacuteodo de 2001 a 2010 Para isso foram utilizados os dados de

4852 fichas de atendimento antirraacutebico humano disponiacuteveis no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo Foram analisadas variaacuteveis relativas agrave pessoa agrave agressatildeo ao animal

e ao tratamento A raposa foi a principal espeacutecie agressora com 409 dos casos observando-

se um maior nuacutemero de atendimentos em indiviacuteduos do sexo masculino procedentes de zonas

rurais com ferimentos uacutenicos e muacuteltiplos profundos em membros inferiores e peacutes

provocados por mordeduras Em morcegos e macacos ocorreu a homogeneidade entre os

sexos e a zona mais acometida foi a urbana Os ferimentos predominantes foram uacutenicos

divididos entre superficiais e profundos localizados nas matildeos e gerados por mordeduras Na

meacutedia geral a faixa etaacuteria mais acometida foi dos 20 aos 49 anos Na condiccedilatildeo final do animal

301 dos casos registrados nesse item foram fechados clinicamente e 511 observaram-se

como ignorados ou natildeo preenchidos Houve indicaccedilatildeo de tratamento para 886 dos casos

poreacutem na indicaccedilatildeo do soro 284 casos de agressotildees por morcegos natildeo receberam infiltraccedilatildeo

do soro e a taxa de abandonos de tratamento foi de 48 O tratamento foi o item que

apresentou maiores problemas principalmente nas recomendaccedilotildees para espeacutecie quiroacuteptera

Portanto para otimizaccedilatildeo das accedilotildees das equipes de vigilacircncia epidemioloacutegica indica-se

comprometimento com o preenchimento das fichas e acompanhamento dos pacientes para que

haja o controle efetivo da raiva humana

Palavras chaves Raiva Quiroacutepteros Primatas Raposas

6

SILVA Suely Ruth Analysis of human rabies anti care post exposure to attacks by wild

animals in Pernambuco 2011 Monograph (Multidisciplinary Residency in Public Health) ndash

Aggeu Magalhatildees Research Center Oswaldo Cruz Foundation Recife 2011

SUMMARY

Rabies is a major public health problem due to its high lethality so it must be under

surveillance and control The objective of this study was to describe and analyze the

characteristics of visits anti human rabies post exposure by wild animals in Pernambuco in

the period 2001 to 2010 For this we used data from 4852 medical records available anti

human rabies in the Information System of Notification of Injuries Variables were analyzed

relative to the person assault animal and treatment The fox was the main aggressor species

with 409 of cases observing a larger number of patients in males coming from rural areas

with single and multiples injuries deep on his legs and feet caused by bites Bats and

monkeys occurred in the homogeneity between the sexes and the area most affected was the

city Predominant injuries were unique divided into superficial and deep located on the

hands produced by bites Media in general the most affected age group was 20 to 49 years

The final condition of the animal 301 of reported cases were closed this item clinically and

511 observed as unknown or not filled Was indication of treatment for 886 of cases

but in an indication of serum 284 cases of aggression by bats did not receive the serum

infiltration and rate of treatment dropouts was 48 The treatment was the item that

presented the greatest problem mainly in the recommendation of chiropteran species

Therefore for the optimization of the shares of epidemiological surveillance teams it is stated

commitment to filling in the forms and follow-up of patients so that there is effective control

of rabies

Keywords Rabies Chiropteran Primates Fox

7

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Quadro 1 ndash Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do

tratamento antirraacutebico humano

26

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

espeacutecie agressora e ano Pernambuco 2001 a 2010

28

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por

municiacutepio segundo espeacutecie agressora Pernambuco 2001 a 2010

33

8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas agrave pessoa Pernambuco 2001 a 2010

29

Tabela 2 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas agrave agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

30

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

31

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas ao tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

31

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas agrave continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco

2001 a 2010

32

9

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 ASPECTOS HISTOacuteRICOS 11

12 ASPECTOS EPIDEMIOLOacuteGICOS 12

121 Distribuiccedilatildeo da Doenccedila 12

122 Cadeia Epidemioloacutegica 13

123 Raiva no Brasil 14

124 Raiva em Pernambuco 15

125 Raiva em Morcegos 16

126 Raiva em Animais Silvestres 17

127 Tratamento 18

1271 Profilaxia Preacute-exposiccedilatildeo 18

1272 Profilaxia Poacutes-exposiccedilatildeo 19

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina 19

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro 20

1275 Consideraccedilotildees sobre o Ferimento 21

128 Consideraccedilotildees sobre o Animal 22

2 JUSTIFICATIVA 23

21 PERGUNTA CONDUTORA 23

3 OBJETIVOS 24

31 OBJETIVO GERAL 24

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 24

4 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS 25

41 AacuteREA DE ESTUDO 25

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA 25

43 DESENHO DO ESTUDO 25

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS 25

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS 26

46 ANAacuteLISE DOS DADOS 26

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS 26

5 RESULTADOS 28

10

6 DISCUSSAtildeO 34

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 39

REFEREcircNCIAS 40

Anexo A - Ficha de atendimento antirraacutebico humano 44

Anexo B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a

vacina de cultivo celular

46

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

A raiva eacute uma encefalite aguda causada por viacuterus Todos os mamiacuteferos satildeo

susceptiacuteveis agrave infecccedilatildeo que se daacute pela penetraccedilatildeo do viacuterus contido na saliva do animal

infectado atraveacutes da mordedura arranhadura ou lambedura Possui grande importacircncia

epidemioloacutegica por apresentar letalidade de quase 100 (BRASIL 2005) Soacute tendo ocorrido

a cura em poucos casos sendo um deles nos Estados Unidos em 2004 e outro em um

adolescente de 15 anos do municiacutepio de Floresta estado de Pernambuco em 2008 apoacutes ter

sido mordido por morcego hematoacutefago (KOTAIT et al 2009)

O periacuteodo de incubaccedilatildeo da doenccedila eacute bastante variaacutevel indo de dias a anos e estaacute

relacionado a localizaccedilatildeo extensatildeo e profundidade da lesatildeo agrave distacircncia do ferimento ao

ceacuterebro e agrave concentraccedilatildeo de partiacuteculas virais (BRASIL 2005) A raiva possui muitas

interfaces entre o mundo humano e animal de modo que o surgimento da doenccedila guarda

estreita ligaccedilatildeo entre o tratamento de pessoas expostas as atividades de vigilacircncia

epidemioloacutegica e o controle da raiva animal

A doenccedila tem ocorrecircncia quase universal Em alguns paiacuteses desenvolvidos a raiva

humana estaacute erradicada e a raiva nos animais domeacutesticos estaacute controlada mas ainda eacute

efetuada vigilacircncia epidemioloacutegica em funccedilatildeo dos animais silvestres Atualmente soacute existe

um uacutenico continente livre da doenccedila que eacute a Oceania (BRASIL 2005)

11 ASPECTOS HISTOacuteRICOS

A raiva eacute uma doenccedila muito temida desde a Antiguidade devido agrave transmissatildeo ao

quadro cliacutenico e agrave evoluccedilatildeo Era referida como uma doenccedila que tornava ldquoloucosrdquo homens e

catildees (KOTAIT et al 2009)

Os egiacutepcios entendiam que a alteraccedilatildeo de comportamento de catildees devia-se a influecircncia

maligna da Siacuterius (constelaccedilatildeo Catildeo Maior) Jaacute os romanos descobriram a capacidade

infecciosa da saliva dos catildees raivosos chamando este material de veneno foi de onde surgiu a

palavra latina viacuterus Na Greacutecia foram descritas praacuteticas de cauterizaccedilatildeo das feridas

provocadas pelo animal raivoso ateacute o final do seacuteculo XIX quando foi desenvolvida a vacina

(KOTAIT et al 2009)

Em 1880 Louis Pasteur iniciou seus estudos sobre a raiva e no ano seguinte

conseguiu isolar o viacuterus e produzir uma vacina Em 1884 esta foi utilizada

experimentalmente em animais e em 1885 nos humanos em um menino de 9 anos chamado

12

Joseph Meister O sucesso com a vacina teve enorme impacto nas medidas de tratamento

contra essa enfermidade sendo utilizada em todo o mundo Foi tambeacutem determinante para a

criaccedilatildeo de instituiccedilotildees de pesquisa para produccedilatildeo e aplicaccedilatildeo da vacina surgindo assim o

Instituto Pasteur em 1888 (COSTA et al 2000)

No Brasil o primeiro serviccedilo antirraacutebico foi instituiacutedo com a inauguraccedilatildeo em 1888

do Instituto Pasteur no Rio de Janeiro Em 1899 foi criado o Instituto Pasteur de Pernambuco

(LIMA GUIMARAtildeES OLIVEIRA 2000) e soacute em 1903 foi fundado o Instituto Pasteur de

Satildeo Paulo (COSTA et al 2000)

Antonio Carini entatildeo diretor do Instituto Pasteur de Satildeo Paulo levantou a hipoacutetese

em 1911 dos morcegos hematoacutefagos serem os transmissores da raiva dos herbiacutevoros Anos

apoacutes foi confirmada a raiva tambeacutem em morcegos frugiacutevoros e insetiacutevoros mas este tipo de

transmissor soacute foi levado em consideraccedilatildeo quando um menino foi atacado por um morcego

insetiacutevoro na Floacuterida em 1953 Apoacutes esta data inuacutemeros casos humanos foram confirmados

nos Estados Unidos e satildeo notificados ateacute os dias de hoje (COSTA et al 2000)

12 ASPECTOS EPIDEMIOLOacuteGICOS

Os dados epidemioloacutegicos satildeo essenciais para definiccedilatildeo dos fatores condicionantes e

determinantes de uma doenccedila Na vigilacircncia da raiva estes dados auxiliam na tomada de

decisatildeo do tratamento poacutes-exposiccedilatildeo e na conduta com o animal envolvido aleacutem disso casos

de raiva humana representam falecircncia do sistema de sauacutede local e servem como indicador

para avaliaccedilatildeo da qualidade dos serviccedilos

121 Distribuiccedilatildeo da Doenccedila

A raiva eacute conhecida desde a antiguidade mas ateacute hoje representa um problema de

sauacutede puacuteblica nos paiacuteses em desenvolvimento (BRASIL 2005) Nos Estados Unidos o

nuacutemero de casos de raiva humana a partir de 1940 foi superior a 30 devido a morcegos

insetiacutevoros (KOTAIT et al 2009)

Na Ameacuterica do Norte (Estados Unidos e Canadaacute) e alguns paiacuteses da Europa (Franccedila e

Inglaterra) o maior peso da raiva estaacute nas espeacutecies silvestres (BRASIL 2005) Poreacutem na

Venezuela a raiva canina prevalece como o principal foco transmissor da doenccedila devido ao

baixo percentual de cobertura vacinal sendo este de apenas 33 no periacuteodo de 1996 a 2006

13

Aleacutem disso grande parcela da populaccedilatildeo encontra-se mais vulneraacutevel por causa do baixo

niacutevel socioeconocircmico e educativo (FUENTES et al 2008)

Os paiacuteses da Ameacuterica que mais registram casos de raiva satildeo o Brasil Colocircmbia e

Peru devido ao grande nuacutemero de agressotildees por morcegos hematoacutefagos Neste continente no

ano de 2004 os animais silvestres contribuiacuteram com 599 dos casos e os animais

domeacutesticos com 401 sendo a raiva humana presente em quase todos os paiacuteses exceto o

Caribe (ORGANIZACcedilAtildeO PAN-AMERICANA DE SAUacuteDE 2006)

Nos uacuteltimos anos alguns paiacuteses como China Tailacircndia Sri- Lanka e Tuniacutesia

conseguiram progressos importantes nos programas de controle da raiva combinando a

vacinaccedilatildeo de catildees com a melhoria do tratamento antirraacutebico possibilitando assim a reduccedilatildeo

dos casos da doenccedila em humanos (SILVA et al 2009)

No continente asiaacutetico ocorrem cerca de 35000 a 55000 casos de raiva humana por

ano e aproximadamente 7 milhotildees de tratamentos com vacinaccedilatildeo Na Aacutefrica estima-se em

5000 a 15000 o nuacutemero de mortes humanas por ano e a vacinaccedilatildeo em cerca de 500000

pessoas Na Ameacuterica Latina os casos em humanos satildeo menores que 100 por ano e o

tratamento fica em torno de 500000 pessoas Na Ameacuterica do Norte e Europa o nuacutemero de

casos de raiva humana reduz a menos de 50 e o tratamento antirraacutebico eacute conferido a

aproximadamente 100000 pessoas (SILVA et al 2009)

O nuacutemero de casos de raiva transmitidos por morcegos tem crescido muito nos uacuteltimos

tempos Na atualidade o grande desafio corresponde agrave detecccedilatildeo precoce da circulaccedilatildeo do

viacuterus em animais silvestres aleacutem da manutenccedilatildeo do controle via imunizaccedilatildeo em animais

domeacutesticos

122 Cadeia Epidemioloacutegica

O viacuterus da raiva adaptou-se a vaacuterias espeacutecies que atuam como reservatoacuterios garantindo

a perpetuaccedilatildeo do viacuterus na natureza Estas adaptaccedilotildees originam as variantes que por vezes

apresentam alteraccedilotildees as quais satildeo utilizadas como marcadores epidemioloacutegicos que tem o

objetivo de identificar as interaccedilotildees do viacuterus com suas espeacutecies hospedeiras e o meio

ambiente e com a biologia da infecccedilatildeo (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

As intervenccedilotildees do homem no ecossistema tecircm gerado mudanccedilas de comportamento

de animais silvestres que passaram a procurar abrigos e fontes de alimentos nos centros

urbanos (SILVA LANGONI 2011) Estes fatos modificaram a epidemiologia das zoonoses

trazendo a raiva silvestre para a populaccedilatildeo humana (CARRIERI et al 2006)

14

A cadeia epidemioloacutegica da raiva estaacute dividida em dois principais ciclos de

transmissatildeo terrestre e aeacutereo (CALDAS et al 2007) O ciclo terrestre eacute constituiacutedo por catildees

e gatos agressores destes 823 satildeo domiciliados e a maior parte deles satildeo machos ateacute um

ano de idade (BUSO NUNES QUEIROZ 2009) No periacuteodo de transmissibilidade da

doenccedila esses animais se afastam do domiciacutelio andando quilocircmetros fazendo inuacutemeras

viacutetimas ou infectando novos hospedeiros (CARRIERI et al 2006)

Os outros mamiacuteferos que fazem parte do ciclo terrestre satildeo os herbiacutevoros A estimativa

eacute que haja no Brasil mortes de 842688 cabeccedilas por ano Na Paraiacuteba entre 2002 a 2004 houve

um surto de raiva nesses animais apresentando morbidade meacutedia de 75 e letalidade de

100 Estima-se que 1875 das mortes de bovinos no estado ocorrem por raiva Todos os

surtos exceto um aconteceram em animais natildeo vacinados (LIMA et al 2005)

As mudanccedilas na natureza ocasionadas pelo homem implicam em condiccedilotildees favoraacuteveis

para expansatildeo de morcegos e consequente aumento de casos de raiva bovina (MENEZES

2008) No Nordeste aleacutem dos morcegos hematoacutefagos a raposa tambeacutem se apresenta como um

importante transmissor e reservatoacuterio para o viacuterus da raiva (LIMA et al 2005)

O ciclo aeacutereo eacute caracterizado pela transmissatildeo do viacuterus raacutebico entre morcegos

hematoacutefagos ou natildeo Na Ameacuterica Latina haacute com frequumlecircncia casos de raiva humana por

agressotildees de morcegos hematoacutefagos pela ausecircncia de outras fontes alimentares e pelas

alteraccedilotildees ambientais (KOTAIT et al 2009)

Em morcegos a presenccedila do viacuterus raacutebico eacute detectada em diversos oacutergatildeos reforccedilando a

transmissatildeo de outros animais e seres humanos atraveacutes do contato com secreccedilotildees e com

morcegos vivos ou mortos O aparecimento do viacuterus nos pulmotildees ratifica a transmissatildeo por

aerossoacuteis entre todas as espeacutecies de morcegos que povoam uma mesma aacuterea (SCHEFFER et

al 2007 SILVA et al 2007) Portanto deve-se evitar contato com estes animais

principalmente quando apresentarem sinais da doenccedila como alteraccedilatildeo de comportamento

(voos diurnos) dificuldade de locomoccedilatildeo e agressividade (QUEIROZ et al 2009)

123 Raiva no Brasil

Os casos de raiva humana no Brasil demonstra uma reduccedilatildeo bastante significativa

diminuiu de 168 casos em 1980 (SCHENEIDER 1990) para 73 em 1990 26 em 2000

(PERNAMBUCO 2010) 3 em 2008 sendo dois por morcegos e um por primatas natildeo

humano (BRASIL 2009) e 2 em 2010 na regiatildeo Nordeste (BRASIL 2010a)

15

No Sul natildeo haacute registros de casos humanos desde 1988 Mas haacute uma emergecircncia do

ciclo silvestre no paiacutes onde se destaca uma maior detecccedilatildeo de casos de raiva em morcegos e

outras espeacutecies silvestres (BATISTA FRANCO ROEHE 2007 CALDAS et al 2007

PERNAMBUCO 2010) As agressotildees por morcegos aumentaram de 12 nos anos de 1990 a

1999 para 46 nos anos de 2000 a 2010 (PERNAMBUCO 2010)

A doenccedila eacute endecircmica no paiacutes e apresenta grau diferenciado de acordo com a regiatildeo

geopoliacutetica Na Regiatildeo Nordeste de 1986 a 2001 foram registrados 5880 dos casos

humanos jaacute a Norte 2085 a Sudeste registrou 1080 a Centro-Oeste 940 e a Sul

015 Em 1987 ocorreu um caso no Paranaacute sendo o uacuteltimo caso de registro de raiva nos

estados do Sul cuja fonte de infecccedilatildeo foi um morcego hematoacutefago A transmissatildeo da doenccedila

a humanos no periacuteodo de 1991 a 2001 foi de 8052 por catildees e gatos 1013 por morcegos

e 494 por outros animais raposas saguis gato selvagem bovinos equinos caititus

gambaacutes suiacutenos e caprinos (BRASIL 2005)

Nos anos de 1997 ateacute 2003 os catildees foram os principais transmissores da doenccedila no

Paiacutes sendo implicados em 84 das transmissotildees em humanos De 2004 a 2006 houve um

decreacutescimo significativo de casos em catildees estes representando 15 e um aumento das

infecccedilotildees por animais silvestres principalmente por morcegos hematoacutefagos que passaram a

ser responsaacuteveis por 825 dos casos Aleacutem disso as infecccedilotildees em morcegos natildeo

hematoacutefagos tecircm evoluiacutedo trazendo grande preocupaccedilatildeo para vigilacircncia epidemioloacutegica jaacute

que a raacutepida adaptaccedilatildeo desses animais ao meio urbano pode dar margem a infecccedilotildees em

animais domeacutesticos e humanos (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

124 Raiva em Pernambuco

Em Pernambuco a doenccedila ainda natildeo estaacute sob controle principalmente por haver uma

grande expansatildeo das aacutereas de ocorrecircncia de casos em bovinos causados por morcegos

hematoacutefagos (Desmodus rotundus) Constituindo assim um problema emergente de sauacutede

puacuteblica para o Estado (PERNAMBUCO 2009)

O iacutendice de positividade para a raiva canina no ano de 2000 no Estado foi de 65

aumentando para 10 em 2001 e apresentando decreacutescimo a partir de 2002 passando de

86 para 05 em 2008 No periacuteodo de 2000 a 2007 a cobertura vacinal superou a meta de

80 preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (PERNAMBUCO 2009)

Os casos de raiva humana em Pernambuco apresentam grande decreacutescimo no ano de

1992 quando houve o maior nuacutemero de casos (10 casos) No periacuteodo de 2000 a 2008

16

ocorreram quatro casos positivos dentre eles as espeacutecies agressoras foram catildeo e morcego

sendo este uacuteltimo o primeiro caso de cura no Brasil (PERNAMBUCO 2009)

125 Raiva em morcegos

Haacute no Brasil cerca de 140 espeacutecies de morcegos desse total o viacuterus da raiva jaacute foi

isolado de 31 espeacutecies Este nuacutemero eacute considerado pequeno quando comparado ao

encontrado nos Estados Unidos de 39 espeacutecies identificadas o viacuterus da raiva foi isolado de

30 Todas as espeacutecies de morcego podem transmitir a raiva independente de seu haacutebito

alimentar (KOTAIT et al 2009)

Em Presidente Prudente-SP haacute um iacutendice de positividade muito alto em quiroacutepteros

Esta regiatildeo era zona silenciosa para a raiva ateacute 2001 quando ocorreu um caso de morte em

mulher atacada por um gato poreacutem a variante encontrada foi de morcego hematoacutefago Aleacutem

disso ocorreu tambeacutem em 2002 um surto de raiva em bovinos tambeacutem decorrente de

agressotildees por morcegos hematoacutefagos (ALBAS et al 2005)

Em Satildeo Paulo estudos sobre variantes antigecircnicas demonstram vaacuterias amostras com

morcegos insetiacutevoros no Brasil Isso se deve a coabitaccedilatildeo de morcegos hematoacutefagos e natildeo

hematoacutefagos disseminando o viacuterus entre eles (ALBAS et al 2010)

Na Colocircmbia em 2009 notificou-se o primeiro caso de raiva humana na aacuterea urbana

transmitida por morcego Aleacutem disso o paciente veio a oacutebito pois o tratamento inicial natildeo foi

conferido mostrando a vulnerabilidade de todos os niacuteveis de atenccedilatildeo envolvidos Como o

periacuteodo de incubaccedilatildeo do viacuterus raacutebico eacute variaacutevel e mais prolongado em morcegos deve-se

implementar estudos que caracterizem os aspectos fundamentais desta doenccedila nesta espeacutecie

animal (BADILLO MANTILLA PRADILLA 2009)

Em 2004 e 2005 ocorreram surtos de raiva no Paraacute provenientes de variante de

morcegos hematoacutefagos presentes em vaacuterias espeacutecies dentre elas bovinos equinos suiacutenos

humanos felinos e morcegos Apoacutes um ano do surto de 2004 ainda detectou-se a variante em

circulaccedilatildeo no municiacutepio de Viseu isolado em amostras humana e bovina (BARBOSA et al

2007) Em Araccedilatuba-SP a espeacutecie quiroacuteptera eacute a terceira mais agressora com 81 (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009) Em estudos na mesma regiatildeo 12 dos morcegos diagnosticados

positivos agrediram pessoas e animais (QUEIROZ et al 2009)

Em trabalhos publicados no Brasil observou-se maior presenccedila de positividade em

morcegos insetiacutevoros (SCHEFFER et al 2007 QUEIROZ et al 2009) o que torna a

situaccedilatildeo mais alarmante jaacute que a interaccedilatildeo de morcegos natildeo hematoacutefagos com pessoas e seus

17

animais aumenta a cada dia devido a devastaccedilatildeo do habitat destes e a adaptaccedilatildeo a abrigos

urbanos (ALBAS et al 2009 TIRIBA SHMAL 2010)

No Paraacute a taxa de ataque por morcegos eacute muito alta Aleacutem disso do total de

agredidos 100 relataram natildeo conhecerem a necessidade de tratamento profilaacutetico Portanto

a adoccedilatildeo de medidas de esclarecimento agrave populaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel (WADA et al 2004) Jaacute

que uma vez mordido por morcegos o homem deve passar por tratamento imediato (soro e

vacina) sem interrupccedilatildeo pois o periacuteodo de incubaccedilatildeo eacute muito raacutepido levando o paciente natildeo

tratado ao oacutebito (SCHEFFER et al 2007 TIRIBA SHMAL 2010)

126 Raiva em animais silvestres

A raiva em animais silvestres vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia

epidemioloacutegica desse agravo no Brasil devido agrave presenccedila de morcegos natildeo hematoacutefagos em

aacutereas urbanas caniacutedeos silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais

(BRASIL 2009) Em 2009 foram notificados com raiva confirmada 158 morcegos natildeo

hematoacutefagos 16 morcegos hematoacutefagos 22 caniacutedeos silvestres 3 primatas natildeo humanos e

um gato do mato (BRASIL 2010b)

A raiva nos animais domeacutesticos eacute controlada com a vacinaccedilatildeo anual Poreacutem os

animais silvestres natildeo satildeo imunizados ficando assim mais expostos aos riscos de

contaminaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

A aplicaccedilatildeo de vacina de cultivo celular apresenta-se como uma alternativa para

imunizaccedilatildeo de animais silvestres Em estudos feitos com saguis esse tipo de vacinaccedilatildeo

mostrou-se eficaz apoacutes 45 dias aplicando-se apenas uma uacutenica dose Outra boa alternativa

seria a realizaccedilatildeo de estudos no uso de vacina oral para animais silvestres a fim de facilitar a

vacinaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

Em Pernambuco a criaccedilatildeo de macacos principalmente saguis como animal de

estimaccedilatildeo eacute bastante comum Em estudo realizado em Satildeo Paulo no periacuteodo de 1996 a 1999

observou-se uma diminuiccedilatildeo das agressotildees por macacos indicando um decreacutescimo na criaccedilatildeo

clandestina destes animais e na alimentaccedilatildeo deles em parques puacuteblicos Aleacutem disso a

indicaccedilatildeo de tratamento foi de 85 indicando uma maior conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao perigo desses acidentes (RAMOS RAMOS 2002)

18

127 Tratamento

O desenvolvimento da raiva estaacute relacionado a diversos fatores desde a gravidade da

mordedura e agrave proximidade do SNC ateacute o estado de sauacutede do paciente e sua resposta imune

(CARRIERI et al 2006) Por isso cada caso deve ser avaliado para que seja instalada a

profilaxia adequada a fim de se evitar a doenccedila

O Ministeacuterio da Sauacutede criou em 1973 o Programa Nacional de Controle da Raiva ndash

PNCR com o objetivo de eliminar a raiva humana transmitida por catildees e gatos O controle da

raiva canina foi realizado a partir das accedilotildees de vacinaccedilatildeo de catildees e gatos tratamento

profilaacutetico de pessoas expostas vigilacircncia epidemioloacutegica diagnoacutestico laboratorial controle

de populaccedilatildeo animal e educaccedilatildeo em sauacutede (SCHNEIDER et al 1996)

Devido ao tratamento de raiva humana realizado nos Estados Unidos (2004) e em

Pernambuco (2008) que decorreu na cura dos pacientes o Ministeacuterio da Sauacutede publicou e

divulgou para as Secretarias Municipais e Estaduais de Sauacutede o Protocolo de Tratamento de

Raiva Humana denominado Protocolo Recife (BRASIL 2009 BRASIL 2010b) Apesar

disso a profilaxia continua sendo a melhor maneira de prevenccedilatildeo pois a chance de cura ainda

eacute pequena e natildeo se tem conhecimento suficiente sobre as sequelas que o paciente pode

apresentar

A populaccedilatildeo ainda desconhece a gravidade da doenccedila Ateacute os dias atuais satildeo relatados

abandonos de tratamento e procura ao serviccedilo de sauacutede apenas para tratamento do ferimento

Em estudo realizado 245 dos atendidos consideraram desnecessaacuterio o tratamento completo

e 138 natildeo obtiveram orientaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao tratamento demonstrando a falta de

informaccedilatildeo e o descompromisso dos profissionais de sauacutede (VELOSO et al 2011)

1271 Profilaxia preacute-exposiccedilatildeo

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute indicada para pessoas expostas permanentemente ao risco

de infecccedilatildeo pelo viacuterus da raiva tais como meacutedicos veterinaacuterios bioacutelogos profissionais e

auxiliares de laboratoacuterio para diagnoacutestico da raiva estudantes dessas aacutereas e pessoas que

atuam na vacinaccedilatildeo captura e em zooloacutegicos (COSTA et al 2000 BRASIL 2005)

O esquema de tratamento eacute de trecircs doses aplicadas nos dias 0 7 e 28 Deve-se fazer o

controle soroloacutegico a partir do 14ordm dia apoacutes a uacuteltima dose do esquema e repeti-lo anualmente

Eacute importante destacar que eacute necessaacuterio administrar uma dose de reforccedilo sempre que os tiacutetulos

forem inferiores a 05 UIml (BRASIL 2005)

19

Em dados recentes observou-se que a aplicaccedilatildeo do esquema preacute-exposiccedilatildeo em

profissionais de sauacutede e viajantes que podem facilmente buscar atendimento no caso de uma

nova exposiccedilatildeo pode ser efetuada atraveacutes da via intradeacutermica trazendo um custo bem menor

ao paiacutes (CUNHA et al 2010)

Jaacute em populaccedilotildees de difiacutecil acompanhamento como da regiatildeo ribeirinha da Amazocircnia

recomenda-se o esquema por via intramuscular que confere uma imunidade mais duradoura

Tambeacutem foi identificado que apoacutes a terceira dose em ambas as vias de administraccedilatildeo eacute

desnecessaacuteria a sorologia em indiviacuteduos sob controle uma vez que todos os voluntaacuterios do

experimento apresentaram niacuteveis de anticorpos satisfatoacuterios ge05 UImL (CUNHA et al

2010)

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute considerada pelo serviccedilo como de pouca importacircncia jaacute

que apenas 377 dessa informaccedilatildeo eacute registrada Esse fato evidencia as falhas no sistema de

vigilacircncia e a necessidade de adequaccedilatildeo das prescriccedilotildees para que se atinjam niacuteveis ideais de

tratamento e seguranccedila para populaccedilatildeo atendida (RIGO HONER 2005)

1272 Profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo

O paciente apoacutes a agressatildeo por mamiacutefero deve ser avaliado para indicaccedilatildeo ou natildeo da

profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo que quando indicada deve ter iniacutecio o mais precocemente possiacutevel

pois quando o viacuterus atinge o SNC o paciente geralmente evolui para o oacutebito (KOTAIT et al

2009)

O tratamento poacutes-exposiccedilatildeo prescrito depende principalmente da espeacutecie do animal

agressor do tipo da lesatildeo e no caso de catildees e gatos da possibilidade da observaccedilatildeo (Anexo

B) (GARCIA et al 1999 BRASIL 2005)

Haacute no Brasil um nuacutemero bastante elevado de tratamentos profilaacuteticos humanos que

poderiam ser reduzidos pela educaccedilatildeo em sauacutede atraveacutes de orientaccedilotildees sobre os animais

agressores e os fatores que desencadeiam a agressividade os cuidados com o ferimento a

posse responsaacutevel dos animais aleacutem da observaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo cliacutenica dos catildees e gatos

domiciliados (GARCIA et al 1999 FRIAS 2008)

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina

Em 2009 na Regiatildeo Nordeste e a partir de 2010 no restante do paiacutes a campanha de

vacinaccedilatildeo nacional substituiu a vacina Fuenzalida amp Palaacutecios modificada pela vacina de

20

cultivo celular canina (BRASIL 2009) Essa modificaccedilatildeo deve-se ao fato dessa vacina

apresentar maior imunogenicidade e seguranccedila aleacutem de ser recomendada pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede (BRASIL 2010a)

A vacina de cultivo celular foi utilizada em Pernambuco em 2009 sem apresentar altos

iacutendices de reaccedilotildees adversas Entretanto a vacina introduzida em junho de 2010 em todo paiacutes

(BRASIL 2010a) teve sua aplicaccedilatildeo suspensa em outubro do mesmo ano pelo Ministeacuterio da

Sauacutede que determinou a interrupccedilatildeo da campanha vacinal ateacute a conclusatildeo dos estudos sobre o

aumento das mortes e reaccedilotildees adversas apresentadas em catildees e gatos vacinados (BRASIL

2010c)

Em humanos a vacina utilizada para tratamento profilaacutetico tambeacutem eacute a vacina de

cultivo celular esta eacute produzida em cultura de ceacutelulas (diploacuteides humanas ceacutelulas Vero

ceacutelulas de embriatildeo de galinha e pato etc) com viacuterus inativados por betapropiolactona e com

potecircncia miacutenima de 25 UIdose A vacina eacute apresentada de forma liofilizada devendo ser

conservada na temperatura entre + 2ordmC a + 8ordmC ateacute o momento de sua aplicaccedilatildeo Seu esquema

vacinal completo eacute de 5 doses aplicadas nos dias 0 3 7 14 e 28 (BRASIL 2005)

Natildeo haacute contra indicaccedilatildeo (gravidez mulheres lactantes doenccedila intercorrente ou outros

tratamentos) Sempre que possiacutevel recomenda-se a interrupccedilatildeo do tratamento com corticoacuteides

eou imunossupressores As manifestaccedilotildees adversas relatadas com maior frequumlecircncia satildeo

reaccedilatildeo local febre mal estar naacuteuseas e cefaleacuteia Natildeo haacute relato de ocorrecircncia de oacutebito

associado ao uso da vacina de cultivo celular (BRASIL 2005)

A frequumlecircncia de reaccedilotildees neuroloacutegicas associadas a esta vacina citada na literatura

cientiacutefica eacute baixa De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede ateacute junho de 1996

haviam sido relatados seis casos de reaccedilotildees neuroloacutegicas temporalmente associadas a vacina

A incidecircncia de manifestaccedilotildees neuroloacutegicas considerando-se todos estes casos como

realmente provocados pela vacina eacute de cerca de 1 para cada 500000 pacientes tratados A

incidecircncia de reaccedilotildees aleacutergicas notificadas nos EUA agrave vacina de ceacutelulas diploacuteides foi de 11

casos por 10000 pacientes tratados (011) As reaccedilotildees variam de urticaacuteria a anafilaxia e

ocorrem principalmente apoacutes as doses de reforccedilo a maioria dos pacientes natildeo necessita de

internaccedilatildeo hospitalar (COSTA et al 2000)

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro

O soro heteroacutelogo eacute uma soluccedilatildeo concentrada e purificada de anticorpos preparada em

equiacutedeos imunizados contra o viacuterus da raiva A temperatura de conservaccedilatildeo eacute entre +2ordm a

21

+8ordmC A dose indicada eacute de 40 UIkg de peso Deve-se infiltrar nas lesotildees a maior quantidade

possiacutevel da dose do soro caso natildeo seja possiacutevel aplicar a miacutenima quantidade possiacutevel na

regiatildeo gluacutetea O uso do soro natildeo eacute recomendado para pacientes imunizados anteriormente Em

pacientes com histoacuterico de reaccedilotildees aleacutergicas e reaccedilatildeo anafilaacutetica ao soro heteroacutelogo

recomenda-se o uso do soro homoacutelogo (imunoglobulina humana hiperimune antirraacutebica) na

dose de 20UIKg de peso (BRASIL 2005)

1275 Consideraccedilotildees sobre o ferimento

A limpeza do ferimento com aacutegua corrente e sabatildeo eacute imprescindiacutevel em qualquer

caso de mordedura arranhadura ou lambedura que possa haver contaminado a viacutetima com o

viacuterus da raiva Esta deve eliminar todas as sujidades e em seguida devem ser utilizados

antisseacutepticos que inativem o viacuterus da raiva (iodo povidine clorexidine e aacutelcool iodado) a

mucosa ocular deve ser lavada com aacutegua corrente ou soluccedilatildeo fisioloacutegica (COSTA et al 2000

BRASIL 2005)

A utilizaccedilatildeo de antisseacutepticos ou mesmo o uso de aacutegua e sabatildeo para lavagem dos

ferimentos eacute relatada em 831 dos casos analisados em estudos indicando a

conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo para essa conduta importante de prevenccedilatildeo de doenccedilas

(GARCIA et al 1999)

A sutura do ferimento natildeo eacute recomendada mas caso seja necessaacuterio aproximar as

bordas com pontos isolados e infiltrar soro antirraacutebico humano uma hora antes da sutura

Dependendo da necessidade do paciente outras condutas podem ser realizadas como a

administraccedilatildeo de antibioacuteticos e a profilaxia antitetacircnica (COSTA et al 2000 BRASIL

2005)

128 Consideraccedilotildees sobre o animal

O Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (BRASIL 2005) traz algumas consideraccedilotildees em

relaccedilatildeo aos animais agressores dentre eles

bull O periacuteodo de observaccedilatildeo de dez dias eacute restrito aos catildees e gatos

bull A agressatildeo por outros animais domeacutesticos (bovinos ovinos caprinos equiacutedeos e suiacutenos)

deveraacute ser avaliada e se necessaacuterio deveraacute ser indicado o tratamento profilaacutetico

bull Estaacute indicado tratamento sistematicamente para todos os casos de agressatildeo por animais

silvestres mesmo quando domiciliados e domesticados

22

bull Natildeo eacute indicado tratamento nas agressotildees causadas por ratos ratazanas cobaias e lagomorfos

(urbanos ou de criaccedilatildeo)

bull Nas agressotildees por morcegos deve-se proceder a soro-vacinaccedilatildeo independentemente do tipo

de morcego agressor do tempo decorrido e da gravidade da lesatildeo

23

2 JUSTIFICATIVA

A raiva constitui um importante problema de sauacutede puacuteblica devido ao seu prognoacutestico

quase sempre fatal No entanto essa alta letalidade pode ser reduzida a partir da prevenccedilatildeo da

doenccedila atraveacutes do adequado atendimento e tratamento profilaacutetico Estes uacuteltimos ocorrem

desde a avaliaccedilatildeo do caso e conduta cliacutenica ateacute questotildees estruturais e organizacionais dos

serviccedilos de sauacutede

Esta pesquisa justifica-se pela carecircncia de estudos neste sentido em Pernambuco e pela

mudanccedila no perfil epidemioloacutegico da raiva com diminuiccedilatildeo dos casos em caninos e felinos e

aumento dos casos em morcegos herbiacutevoros e outros animais silvestres

Com este trabalho pretende-se analisar o atendimento antirraacutebico humano nos

indiviacuteduos agredidos por animais silvestres no estado de Pernambuco Dessa forma busca-se

melhorar o conhecimento de alguns aspectos relacionados agrave profilaxia da raiva por animais

silvestres melhoria da vigilacircncia epidemioloacutegica planejamento e adoccedilatildeo de variadas accedilotildees de

sauacutede puacuteblica

21 PERGUNTA CONDUTORA

Como estaacute sendo efetuado o atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo nas

agressotildees por animais silvestres

24

3 OBJETIVOS

31 GERAL

Caracterizar o perfil epidemioloacutegico do atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em agressotildees por animais silvestres e analisar a adequaccedilatildeo de sua indicaccedilatildeo em Pernambuco

no periacuteodo de 2001 a 2010

32 ESPECIacuteFICOS

a) Caracterizar o perfil epidemioloacutegico segundo variaacuteveis de pessoa lugar e tempo

relativas agraves condiccedilotildees da agressatildeo e do animal agressor

b) Analisar o tratamento recomendado a cada espeacutecie agressora

25

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

41 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de abrangecircncia do estudo corresponde ao estado de Pernambuco composto por

184 municiacutepios e o territoacuterio de Fernando de Noronha

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA

O periacuteodo avaliado foi de 2001 a 2010 com o objetivo de demonstrar com melhor

precisatildeo o aumento das agressotildees por animais silvestres no estado

43 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal Esse estudo eacute apropriado para o

registro de frequumlecircncia de eventos observando sua variaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo Sua maior

vantagem eacute que natildeo haacute necessidade de grupos de comparaccedilatildeo possui alto potencial descritivo

e baixo custo operacional

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS

O evento estudado foi a profilaxia da raiva humana a partir de agressotildees por animais

silvestres analisada atraveacutes dos procedimentos registrados no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo (SINAN) sendo construiacutedos diversos tipos de agrupamentos

Desse modo foram analisados os atendimentos por espeacutecie animal atraveacutes da ficha

individual de atendimento antirraacutebico e este atendimento subdivido em grupos de variaacuteveis

Assim foram analisados os dados referentes as notificaccedilotildees individuais faixa etaacuteria e sexo

aos dados de residecircncia municiacutepio de residecircncia aos antecedentes epidemioloacutegicos

caracteriacutesticas da agressatildeo caracteriacutesticas do animal agressor e tratamento recomendado

(tratamento indicado indicaccedilatildeo do soro interrupccedilatildeo do tratamento motivo da interrupccedilatildeo e se

a unidade de sauacutede procurou o paciente que abandonou o tratamento) (Quadro 1)

Assim sendo em cada toacutepico especiacutefico de anaacutelise procurou-se verificar as principais

caracteriacutesticas das espeacutecies agressoras e o tratamento aplicado a partir das especificidades de

cada espeacutecie sendo executadas da seguinte forma observaram-se inicialmente o perfil das

26

agressotildees entre os anos de 2001 e 2010 em seguida realizaram-se observaccedilotildees no tratamento

realizado para posteriormente analisar a distribuiccedilatildeo das agressotildees no estado de Pernambuco

Os grupos foram compostos pelas variaacuteveis encontradas no proacuteprio banco de dados e

para a definiccedilatildeo dos atosprocedimentos que melhor caracterizassem as variaacuteveis utilizou-se

como referecircncia a Norma Teacutecnica do Ministeacuterio da Sauacutede (Anexo B)

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS

Os dados utilizados neste estudo foram secundaacuterios coletados na Secretaria Estadual

de Sauacutede e processados pelo SINAN atraveacutes da ficha individual de investigaccedilatildeo para

atendimento antirraacutebico humano (Anexo A) A exploraccedilatildeo do banco de dados foi realizada

atraveacutes dos programas Tabwin 36 e planilhas eletrocircnicas

46 ANAacuteLISE DOS DADOS

Foram calculadas frequumlecircncias absolutas e relativas aleacutem das meacutedias

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS

O estudo foi realizado dentro dos padrotildees da eacutetica cientiacutefica tendo sido aprovado pela

Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa sob o nordm 0511 da instituiccedilatildeo agrave qual se subordina A pesquisa

foi realizada com dados secundaacuterios da Secretaria Estadual de Sauacutede Nenhum dado de

identificaccedilatildeo dos pacientes fez parte do estudo

Quadro 1 - Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do tratamento antirraacutebico humano

VARIAacuteVEL CATEGORIZACcedilAtildeO

Relativas agraves caracteriacutesticas

da agressatildeo

Tipo de Exposiccedilatildeo Contato Indireto Arranhadura Lambedura e Mordedura

Localizaccedilatildeo Mucosa CabeccedilaPescoccedilo MatildeosPeacutes Tronco

Membros Superiores e Membros Inferiores

Ferimento Uacutenico Muacuteltiplo Ignorado e Sem Ferimento

Tipo de Ferimento Profundo Superficial Dilacerante

Relativas agraves caracteriacutesticas

do animal agressor

Espeacutecie Animal Quiroacuteptera (Morcego) Primata (Macaco) e Raposa

Condiccedilatildeo Final do Animal Positivo Cliacutenico Negativo Cliacutenico Positivo Laboratorial e Negativo Laboratorial

27

Relativas ao tratamento antirraacutebico humano

Tratamento Indicado Preacute-exposiccedilatildeo Exposiccedilatildeo Re-exposiccedilatildeo

Dispensa de tratamento Observaccedilatildeo do

animal (se catildeo ou gato) e Ignorado

Indicaccedilatildeo do Soro Sim Natildeo e Ignorado

Relativas agrave continuidade do

tratamento antirraacutebico humano

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim Natildeo e Ignorado

Motivo da Interrupccedilatildeo Unidade Indicou Abandono e Transferecircncia

Unidade de sauacutede

procurou o paciente que

abandonou o tratamento

Sim e Natildeo

28

5 RESULTADOS

Nas agressotildees por ano foram observadas tendecircncias de crescimentos com oscilaccedilotildees

principalmente em raposas sendo observados picos nos anos de 2002 (267) 2005(292) 2006

(305) e 2009 (235) Em morcegos haacute um crescimento anual ateacute um pico em 2006 (182)

posteriormente ocorre uma ligeira queda e um novo pico em 2009 (207) No que diz respeito a

macacos o nuacutemero de casos se manteacutem proacuteximo durante os anos exceto em 2003 (272) e

2007 (250) onde ocorreram elevaccedilotildees das agressotildees (Figura 1)

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo espeacutecie agressora e ano

Pernambuco 2001 a 2010

1

52

104 113138

182

117 124

207

155

0

134

272

171186

153

250

182 185

141

6

267

221

174

292305

168147

235

170

0

50

100

150

200

250

300

350

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Morcego

Macaco

Raposa

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

No periacuteodo estudado 295704 pessoas receberam tratamento antirraacutebico humano

destas 4852 (16) foram atendidas apoacutes agressotildees por animais silvestres Dentre os animais

silvestres a raposa foi a espeacutecie mais agressora representando 1985 (409) casos em

seguida encontrou-se a primata com 1674 (345) e depois a quiroacuteptera com 1193 (246)

A zona urbana foi a localidade de residecircncia com maior nuacutemero de casos em macacos

79 e morcegos 78 jaacute em raposas prevaleceu a zona rural com 745 das agressotildees

(Tabela 1)

Em relaccedilatildeo a faixa etaacuteria o grupo mais atingido foi de 20 a 49 anos (385) Em

morcegos essa faixa representa 444 das agressotildees em macacos 342 e em raposas 386

Em seguida se encontra a faixa de 50 anos e mais exceto em macacos onde prevaleceu os lt9

anos (Tabela 1)

No que diz respeito ao sexo o masculino apresentou-se mais prevalente com 2764

(57) dos casos Dentre as agressotildees por sexo e espeacutecie a raposa apresentou a maior

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

2

Catalogaccedilatildeo na fonte Biblioteca do Centro de Pesquisas Aggeu Magalhatildees

S586a

Silva Suely Ruth

Anaacutelise dos atendimentos antirraacutebico humano poacutes-

exposiccedilatildeo agraves agressotildees por animais silvestres em

Pernambuco Suely Ruth Silva mdash Recife sn 2011

47 p ilus tab

Monografia (Residecircncia Multiprofissional em

Sauacutede Coletiva) ndash Centro de Pesquisas Aggeu Magalhatildees Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz Recife 2011

Orientador Domiacutecio Aureacutelio de Saacute

1 Raiva 2 Quiroacutepteros 3 Primatas 4 Raposas I

Saacute Domiacutecio Aureacutelio de II Tiacutetulo

CDU 61698821

3

SUELY RUH SILVA

ANAacuteLISE DOS ATENDIMENTOS ANTIRRAacuteBICO HUMANO POacuteS-EXPOSICcedilAtildeO AgraveS

AGRESSOtildeES POR ANIMAIS SILVESTRES EM PERNAMBUCO

Monografia apresentada ao Programa de

Residecircncia Multiprofissional em Sauacutede Coletiva

do Departamento de Sauacutede Coletiva Centro de

Pesquisas Aggeu Magalhatildees Fundaccedilatildeo Oswaldo

Cruz para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de especialista em

sauacutede coletiva

Aprovado em ____ ____ ____

BANCA EXAMINADORA

_______________________________

Ms Domiacutecio Aureacutelio de Saacute

Centro de Pesquisas Aggeu MagalhatildeesFiocruz

_______________________________

Ms Wellinton Tavares de Melo

Secretaria Estadual de Sauacutede de Pernambuco

4

AGRADECIMENTOS

Agrave Deus por guiar e iluminar meus caminhos

Aos meus pais e familiares pelo apoio em minha jornada

Agrave minha irmatilde e cunhada pelas correccedilotildees e lidas de uacuteltima hora

Agrave Cloacutevis e Fernando Oliveira por terem me auxiliado em todos os entraves

computacionais

Agrave Francisco Duarte por ter me dado o privileacutegio de trabalhar com a temaacutetica exposta

neste trabalho aleacutem de todo apoio teoacuterico-praacutetico para a construccedilatildeo dele

Agrave Domiacutecio de Saacute por ter aceitado me orientar e por ter confiado em meu crescimento

Minha gratidatildeo a todos os colegas da Secretaria Estadual de Sauacutede e aos amigos que

contribuiacuteram direta ou indiretamente na conquista dessa vitoacuteria

5

SILVA Suely Ruth Anaacutelise dos atendimentos antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo agraves

agressotildees por animais silvestres em Pernambuco 2011 Monografia (Residecircncia

Multiprofissional em Sauacutede Coletiva) ndash Centro de Pesquisas Aggeu Magalhatildees Fundaccedilatildeo

Oswaldo Cruz Recife 2011

RESUMO

A raiva representa um importante problema de sauacutede puacuteblica devido a sua alta letalidade por

isso deve estar sempre sob vigilacircncia e controle O objetivo desse trabalho foi descrever e

analisar as caracteriacutesticas dos atendimentos antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo por animais

silvestres em Pernambuco no periacuteodo de 2001 a 2010 Para isso foram utilizados os dados de

4852 fichas de atendimento antirraacutebico humano disponiacuteveis no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo Foram analisadas variaacuteveis relativas agrave pessoa agrave agressatildeo ao animal

e ao tratamento A raposa foi a principal espeacutecie agressora com 409 dos casos observando-

se um maior nuacutemero de atendimentos em indiviacuteduos do sexo masculino procedentes de zonas

rurais com ferimentos uacutenicos e muacuteltiplos profundos em membros inferiores e peacutes

provocados por mordeduras Em morcegos e macacos ocorreu a homogeneidade entre os

sexos e a zona mais acometida foi a urbana Os ferimentos predominantes foram uacutenicos

divididos entre superficiais e profundos localizados nas matildeos e gerados por mordeduras Na

meacutedia geral a faixa etaacuteria mais acometida foi dos 20 aos 49 anos Na condiccedilatildeo final do animal

301 dos casos registrados nesse item foram fechados clinicamente e 511 observaram-se

como ignorados ou natildeo preenchidos Houve indicaccedilatildeo de tratamento para 886 dos casos

poreacutem na indicaccedilatildeo do soro 284 casos de agressotildees por morcegos natildeo receberam infiltraccedilatildeo

do soro e a taxa de abandonos de tratamento foi de 48 O tratamento foi o item que

apresentou maiores problemas principalmente nas recomendaccedilotildees para espeacutecie quiroacuteptera

Portanto para otimizaccedilatildeo das accedilotildees das equipes de vigilacircncia epidemioloacutegica indica-se

comprometimento com o preenchimento das fichas e acompanhamento dos pacientes para que

haja o controle efetivo da raiva humana

Palavras chaves Raiva Quiroacutepteros Primatas Raposas

6

SILVA Suely Ruth Analysis of human rabies anti care post exposure to attacks by wild

animals in Pernambuco 2011 Monograph (Multidisciplinary Residency in Public Health) ndash

Aggeu Magalhatildees Research Center Oswaldo Cruz Foundation Recife 2011

SUMMARY

Rabies is a major public health problem due to its high lethality so it must be under

surveillance and control The objective of this study was to describe and analyze the

characteristics of visits anti human rabies post exposure by wild animals in Pernambuco in

the period 2001 to 2010 For this we used data from 4852 medical records available anti

human rabies in the Information System of Notification of Injuries Variables were analyzed

relative to the person assault animal and treatment The fox was the main aggressor species

with 409 of cases observing a larger number of patients in males coming from rural areas

with single and multiples injuries deep on his legs and feet caused by bites Bats and

monkeys occurred in the homogeneity between the sexes and the area most affected was the

city Predominant injuries were unique divided into superficial and deep located on the

hands produced by bites Media in general the most affected age group was 20 to 49 years

The final condition of the animal 301 of reported cases were closed this item clinically and

511 observed as unknown or not filled Was indication of treatment for 886 of cases

but in an indication of serum 284 cases of aggression by bats did not receive the serum

infiltration and rate of treatment dropouts was 48 The treatment was the item that

presented the greatest problem mainly in the recommendation of chiropteran species

Therefore for the optimization of the shares of epidemiological surveillance teams it is stated

commitment to filling in the forms and follow-up of patients so that there is effective control

of rabies

Keywords Rabies Chiropteran Primates Fox

7

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Quadro 1 ndash Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do

tratamento antirraacutebico humano

26

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

espeacutecie agressora e ano Pernambuco 2001 a 2010

28

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por

municiacutepio segundo espeacutecie agressora Pernambuco 2001 a 2010

33

8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas agrave pessoa Pernambuco 2001 a 2010

29

Tabela 2 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas agrave agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

30

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

31

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas ao tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

31

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas agrave continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco

2001 a 2010

32

9

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 ASPECTOS HISTOacuteRICOS 11

12 ASPECTOS EPIDEMIOLOacuteGICOS 12

121 Distribuiccedilatildeo da Doenccedila 12

122 Cadeia Epidemioloacutegica 13

123 Raiva no Brasil 14

124 Raiva em Pernambuco 15

125 Raiva em Morcegos 16

126 Raiva em Animais Silvestres 17

127 Tratamento 18

1271 Profilaxia Preacute-exposiccedilatildeo 18

1272 Profilaxia Poacutes-exposiccedilatildeo 19

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina 19

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro 20

1275 Consideraccedilotildees sobre o Ferimento 21

128 Consideraccedilotildees sobre o Animal 22

2 JUSTIFICATIVA 23

21 PERGUNTA CONDUTORA 23

3 OBJETIVOS 24

31 OBJETIVO GERAL 24

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 24

4 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS 25

41 AacuteREA DE ESTUDO 25

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA 25

43 DESENHO DO ESTUDO 25

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS 25

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS 26

46 ANAacuteLISE DOS DADOS 26

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS 26

5 RESULTADOS 28

10

6 DISCUSSAtildeO 34

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 39

REFEREcircNCIAS 40

Anexo A - Ficha de atendimento antirraacutebico humano 44

Anexo B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a

vacina de cultivo celular

46

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

A raiva eacute uma encefalite aguda causada por viacuterus Todos os mamiacuteferos satildeo

susceptiacuteveis agrave infecccedilatildeo que se daacute pela penetraccedilatildeo do viacuterus contido na saliva do animal

infectado atraveacutes da mordedura arranhadura ou lambedura Possui grande importacircncia

epidemioloacutegica por apresentar letalidade de quase 100 (BRASIL 2005) Soacute tendo ocorrido

a cura em poucos casos sendo um deles nos Estados Unidos em 2004 e outro em um

adolescente de 15 anos do municiacutepio de Floresta estado de Pernambuco em 2008 apoacutes ter

sido mordido por morcego hematoacutefago (KOTAIT et al 2009)

O periacuteodo de incubaccedilatildeo da doenccedila eacute bastante variaacutevel indo de dias a anos e estaacute

relacionado a localizaccedilatildeo extensatildeo e profundidade da lesatildeo agrave distacircncia do ferimento ao

ceacuterebro e agrave concentraccedilatildeo de partiacuteculas virais (BRASIL 2005) A raiva possui muitas

interfaces entre o mundo humano e animal de modo que o surgimento da doenccedila guarda

estreita ligaccedilatildeo entre o tratamento de pessoas expostas as atividades de vigilacircncia

epidemioloacutegica e o controle da raiva animal

A doenccedila tem ocorrecircncia quase universal Em alguns paiacuteses desenvolvidos a raiva

humana estaacute erradicada e a raiva nos animais domeacutesticos estaacute controlada mas ainda eacute

efetuada vigilacircncia epidemioloacutegica em funccedilatildeo dos animais silvestres Atualmente soacute existe

um uacutenico continente livre da doenccedila que eacute a Oceania (BRASIL 2005)

11 ASPECTOS HISTOacuteRICOS

A raiva eacute uma doenccedila muito temida desde a Antiguidade devido agrave transmissatildeo ao

quadro cliacutenico e agrave evoluccedilatildeo Era referida como uma doenccedila que tornava ldquoloucosrdquo homens e

catildees (KOTAIT et al 2009)

Os egiacutepcios entendiam que a alteraccedilatildeo de comportamento de catildees devia-se a influecircncia

maligna da Siacuterius (constelaccedilatildeo Catildeo Maior) Jaacute os romanos descobriram a capacidade

infecciosa da saliva dos catildees raivosos chamando este material de veneno foi de onde surgiu a

palavra latina viacuterus Na Greacutecia foram descritas praacuteticas de cauterizaccedilatildeo das feridas

provocadas pelo animal raivoso ateacute o final do seacuteculo XIX quando foi desenvolvida a vacina

(KOTAIT et al 2009)

Em 1880 Louis Pasteur iniciou seus estudos sobre a raiva e no ano seguinte

conseguiu isolar o viacuterus e produzir uma vacina Em 1884 esta foi utilizada

experimentalmente em animais e em 1885 nos humanos em um menino de 9 anos chamado

12

Joseph Meister O sucesso com a vacina teve enorme impacto nas medidas de tratamento

contra essa enfermidade sendo utilizada em todo o mundo Foi tambeacutem determinante para a

criaccedilatildeo de instituiccedilotildees de pesquisa para produccedilatildeo e aplicaccedilatildeo da vacina surgindo assim o

Instituto Pasteur em 1888 (COSTA et al 2000)

No Brasil o primeiro serviccedilo antirraacutebico foi instituiacutedo com a inauguraccedilatildeo em 1888

do Instituto Pasteur no Rio de Janeiro Em 1899 foi criado o Instituto Pasteur de Pernambuco

(LIMA GUIMARAtildeES OLIVEIRA 2000) e soacute em 1903 foi fundado o Instituto Pasteur de

Satildeo Paulo (COSTA et al 2000)

Antonio Carini entatildeo diretor do Instituto Pasteur de Satildeo Paulo levantou a hipoacutetese

em 1911 dos morcegos hematoacutefagos serem os transmissores da raiva dos herbiacutevoros Anos

apoacutes foi confirmada a raiva tambeacutem em morcegos frugiacutevoros e insetiacutevoros mas este tipo de

transmissor soacute foi levado em consideraccedilatildeo quando um menino foi atacado por um morcego

insetiacutevoro na Floacuterida em 1953 Apoacutes esta data inuacutemeros casos humanos foram confirmados

nos Estados Unidos e satildeo notificados ateacute os dias de hoje (COSTA et al 2000)

12 ASPECTOS EPIDEMIOLOacuteGICOS

Os dados epidemioloacutegicos satildeo essenciais para definiccedilatildeo dos fatores condicionantes e

determinantes de uma doenccedila Na vigilacircncia da raiva estes dados auxiliam na tomada de

decisatildeo do tratamento poacutes-exposiccedilatildeo e na conduta com o animal envolvido aleacutem disso casos

de raiva humana representam falecircncia do sistema de sauacutede local e servem como indicador

para avaliaccedilatildeo da qualidade dos serviccedilos

121 Distribuiccedilatildeo da Doenccedila

A raiva eacute conhecida desde a antiguidade mas ateacute hoje representa um problema de

sauacutede puacuteblica nos paiacuteses em desenvolvimento (BRASIL 2005) Nos Estados Unidos o

nuacutemero de casos de raiva humana a partir de 1940 foi superior a 30 devido a morcegos

insetiacutevoros (KOTAIT et al 2009)

Na Ameacuterica do Norte (Estados Unidos e Canadaacute) e alguns paiacuteses da Europa (Franccedila e

Inglaterra) o maior peso da raiva estaacute nas espeacutecies silvestres (BRASIL 2005) Poreacutem na

Venezuela a raiva canina prevalece como o principal foco transmissor da doenccedila devido ao

baixo percentual de cobertura vacinal sendo este de apenas 33 no periacuteodo de 1996 a 2006

13

Aleacutem disso grande parcela da populaccedilatildeo encontra-se mais vulneraacutevel por causa do baixo

niacutevel socioeconocircmico e educativo (FUENTES et al 2008)

Os paiacuteses da Ameacuterica que mais registram casos de raiva satildeo o Brasil Colocircmbia e

Peru devido ao grande nuacutemero de agressotildees por morcegos hematoacutefagos Neste continente no

ano de 2004 os animais silvestres contribuiacuteram com 599 dos casos e os animais

domeacutesticos com 401 sendo a raiva humana presente em quase todos os paiacuteses exceto o

Caribe (ORGANIZACcedilAtildeO PAN-AMERICANA DE SAUacuteDE 2006)

Nos uacuteltimos anos alguns paiacuteses como China Tailacircndia Sri- Lanka e Tuniacutesia

conseguiram progressos importantes nos programas de controle da raiva combinando a

vacinaccedilatildeo de catildees com a melhoria do tratamento antirraacutebico possibilitando assim a reduccedilatildeo

dos casos da doenccedila em humanos (SILVA et al 2009)

No continente asiaacutetico ocorrem cerca de 35000 a 55000 casos de raiva humana por

ano e aproximadamente 7 milhotildees de tratamentos com vacinaccedilatildeo Na Aacutefrica estima-se em

5000 a 15000 o nuacutemero de mortes humanas por ano e a vacinaccedilatildeo em cerca de 500000

pessoas Na Ameacuterica Latina os casos em humanos satildeo menores que 100 por ano e o

tratamento fica em torno de 500000 pessoas Na Ameacuterica do Norte e Europa o nuacutemero de

casos de raiva humana reduz a menos de 50 e o tratamento antirraacutebico eacute conferido a

aproximadamente 100000 pessoas (SILVA et al 2009)

O nuacutemero de casos de raiva transmitidos por morcegos tem crescido muito nos uacuteltimos

tempos Na atualidade o grande desafio corresponde agrave detecccedilatildeo precoce da circulaccedilatildeo do

viacuterus em animais silvestres aleacutem da manutenccedilatildeo do controle via imunizaccedilatildeo em animais

domeacutesticos

122 Cadeia Epidemioloacutegica

O viacuterus da raiva adaptou-se a vaacuterias espeacutecies que atuam como reservatoacuterios garantindo

a perpetuaccedilatildeo do viacuterus na natureza Estas adaptaccedilotildees originam as variantes que por vezes

apresentam alteraccedilotildees as quais satildeo utilizadas como marcadores epidemioloacutegicos que tem o

objetivo de identificar as interaccedilotildees do viacuterus com suas espeacutecies hospedeiras e o meio

ambiente e com a biologia da infecccedilatildeo (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

As intervenccedilotildees do homem no ecossistema tecircm gerado mudanccedilas de comportamento

de animais silvestres que passaram a procurar abrigos e fontes de alimentos nos centros

urbanos (SILVA LANGONI 2011) Estes fatos modificaram a epidemiologia das zoonoses

trazendo a raiva silvestre para a populaccedilatildeo humana (CARRIERI et al 2006)

14

A cadeia epidemioloacutegica da raiva estaacute dividida em dois principais ciclos de

transmissatildeo terrestre e aeacutereo (CALDAS et al 2007) O ciclo terrestre eacute constituiacutedo por catildees

e gatos agressores destes 823 satildeo domiciliados e a maior parte deles satildeo machos ateacute um

ano de idade (BUSO NUNES QUEIROZ 2009) No periacuteodo de transmissibilidade da

doenccedila esses animais se afastam do domiciacutelio andando quilocircmetros fazendo inuacutemeras

viacutetimas ou infectando novos hospedeiros (CARRIERI et al 2006)

Os outros mamiacuteferos que fazem parte do ciclo terrestre satildeo os herbiacutevoros A estimativa

eacute que haja no Brasil mortes de 842688 cabeccedilas por ano Na Paraiacuteba entre 2002 a 2004 houve

um surto de raiva nesses animais apresentando morbidade meacutedia de 75 e letalidade de

100 Estima-se que 1875 das mortes de bovinos no estado ocorrem por raiva Todos os

surtos exceto um aconteceram em animais natildeo vacinados (LIMA et al 2005)

As mudanccedilas na natureza ocasionadas pelo homem implicam em condiccedilotildees favoraacuteveis

para expansatildeo de morcegos e consequente aumento de casos de raiva bovina (MENEZES

2008) No Nordeste aleacutem dos morcegos hematoacutefagos a raposa tambeacutem se apresenta como um

importante transmissor e reservatoacuterio para o viacuterus da raiva (LIMA et al 2005)

O ciclo aeacutereo eacute caracterizado pela transmissatildeo do viacuterus raacutebico entre morcegos

hematoacutefagos ou natildeo Na Ameacuterica Latina haacute com frequumlecircncia casos de raiva humana por

agressotildees de morcegos hematoacutefagos pela ausecircncia de outras fontes alimentares e pelas

alteraccedilotildees ambientais (KOTAIT et al 2009)

Em morcegos a presenccedila do viacuterus raacutebico eacute detectada em diversos oacutergatildeos reforccedilando a

transmissatildeo de outros animais e seres humanos atraveacutes do contato com secreccedilotildees e com

morcegos vivos ou mortos O aparecimento do viacuterus nos pulmotildees ratifica a transmissatildeo por

aerossoacuteis entre todas as espeacutecies de morcegos que povoam uma mesma aacuterea (SCHEFFER et

al 2007 SILVA et al 2007) Portanto deve-se evitar contato com estes animais

principalmente quando apresentarem sinais da doenccedila como alteraccedilatildeo de comportamento

(voos diurnos) dificuldade de locomoccedilatildeo e agressividade (QUEIROZ et al 2009)

123 Raiva no Brasil

Os casos de raiva humana no Brasil demonstra uma reduccedilatildeo bastante significativa

diminuiu de 168 casos em 1980 (SCHENEIDER 1990) para 73 em 1990 26 em 2000

(PERNAMBUCO 2010) 3 em 2008 sendo dois por morcegos e um por primatas natildeo

humano (BRASIL 2009) e 2 em 2010 na regiatildeo Nordeste (BRASIL 2010a)

15

No Sul natildeo haacute registros de casos humanos desde 1988 Mas haacute uma emergecircncia do

ciclo silvestre no paiacutes onde se destaca uma maior detecccedilatildeo de casos de raiva em morcegos e

outras espeacutecies silvestres (BATISTA FRANCO ROEHE 2007 CALDAS et al 2007

PERNAMBUCO 2010) As agressotildees por morcegos aumentaram de 12 nos anos de 1990 a

1999 para 46 nos anos de 2000 a 2010 (PERNAMBUCO 2010)

A doenccedila eacute endecircmica no paiacutes e apresenta grau diferenciado de acordo com a regiatildeo

geopoliacutetica Na Regiatildeo Nordeste de 1986 a 2001 foram registrados 5880 dos casos

humanos jaacute a Norte 2085 a Sudeste registrou 1080 a Centro-Oeste 940 e a Sul

015 Em 1987 ocorreu um caso no Paranaacute sendo o uacuteltimo caso de registro de raiva nos

estados do Sul cuja fonte de infecccedilatildeo foi um morcego hematoacutefago A transmissatildeo da doenccedila

a humanos no periacuteodo de 1991 a 2001 foi de 8052 por catildees e gatos 1013 por morcegos

e 494 por outros animais raposas saguis gato selvagem bovinos equinos caititus

gambaacutes suiacutenos e caprinos (BRASIL 2005)

Nos anos de 1997 ateacute 2003 os catildees foram os principais transmissores da doenccedila no

Paiacutes sendo implicados em 84 das transmissotildees em humanos De 2004 a 2006 houve um

decreacutescimo significativo de casos em catildees estes representando 15 e um aumento das

infecccedilotildees por animais silvestres principalmente por morcegos hematoacutefagos que passaram a

ser responsaacuteveis por 825 dos casos Aleacutem disso as infecccedilotildees em morcegos natildeo

hematoacutefagos tecircm evoluiacutedo trazendo grande preocupaccedilatildeo para vigilacircncia epidemioloacutegica jaacute

que a raacutepida adaptaccedilatildeo desses animais ao meio urbano pode dar margem a infecccedilotildees em

animais domeacutesticos e humanos (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

124 Raiva em Pernambuco

Em Pernambuco a doenccedila ainda natildeo estaacute sob controle principalmente por haver uma

grande expansatildeo das aacutereas de ocorrecircncia de casos em bovinos causados por morcegos

hematoacutefagos (Desmodus rotundus) Constituindo assim um problema emergente de sauacutede

puacuteblica para o Estado (PERNAMBUCO 2009)

O iacutendice de positividade para a raiva canina no ano de 2000 no Estado foi de 65

aumentando para 10 em 2001 e apresentando decreacutescimo a partir de 2002 passando de

86 para 05 em 2008 No periacuteodo de 2000 a 2007 a cobertura vacinal superou a meta de

80 preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (PERNAMBUCO 2009)

Os casos de raiva humana em Pernambuco apresentam grande decreacutescimo no ano de

1992 quando houve o maior nuacutemero de casos (10 casos) No periacuteodo de 2000 a 2008

16

ocorreram quatro casos positivos dentre eles as espeacutecies agressoras foram catildeo e morcego

sendo este uacuteltimo o primeiro caso de cura no Brasil (PERNAMBUCO 2009)

125 Raiva em morcegos

Haacute no Brasil cerca de 140 espeacutecies de morcegos desse total o viacuterus da raiva jaacute foi

isolado de 31 espeacutecies Este nuacutemero eacute considerado pequeno quando comparado ao

encontrado nos Estados Unidos de 39 espeacutecies identificadas o viacuterus da raiva foi isolado de

30 Todas as espeacutecies de morcego podem transmitir a raiva independente de seu haacutebito

alimentar (KOTAIT et al 2009)

Em Presidente Prudente-SP haacute um iacutendice de positividade muito alto em quiroacutepteros

Esta regiatildeo era zona silenciosa para a raiva ateacute 2001 quando ocorreu um caso de morte em

mulher atacada por um gato poreacutem a variante encontrada foi de morcego hematoacutefago Aleacutem

disso ocorreu tambeacutem em 2002 um surto de raiva em bovinos tambeacutem decorrente de

agressotildees por morcegos hematoacutefagos (ALBAS et al 2005)

Em Satildeo Paulo estudos sobre variantes antigecircnicas demonstram vaacuterias amostras com

morcegos insetiacutevoros no Brasil Isso se deve a coabitaccedilatildeo de morcegos hematoacutefagos e natildeo

hematoacutefagos disseminando o viacuterus entre eles (ALBAS et al 2010)

Na Colocircmbia em 2009 notificou-se o primeiro caso de raiva humana na aacuterea urbana

transmitida por morcego Aleacutem disso o paciente veio a oacutebito pois o tratamento inicial natildeo foi

conferido mostrando a vulnerabilidade de todos os niacuteveis de atenccedilatildeo envolvidos Como o

periacuteodo de incubaccedilatildeo do viacuterus raacutebico eacute variaacutevel e mais prolongado em morcegos deve-se

implementar estudos que caracterizem os aspectos fundamentais desta doenccedila nesta espeacutecie

animal (BADILLO MANTILLA PRADILLA 2009)

Em 2004 e 2005 ocorreram surtos de raiva no Paraacute provenientes de variante de

morcegos hematoacutefagos presentes em vaacuterias espeacutecies dentre elas bovinos equinos suiacutenos

humanos felinos e morcegos Apoacutes um ano do surto de 2004 ainda detectou-se a variante em

circulaccedilatildeo no municiacutepio de Viseu isolado em amostras humana e bovina (BARBOSA et al

2007) Em Araccedilatuba-SP a espeacutecie quiroacuteptera eacute a terceira mais agressora com 81 (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009) Em estudos na mesma regiatildeo 12 dos morcegos diagnosticados

positivos agrediram pessoas e animais (QUEIROZ et al 2009)

Em trabalhos publicados no Brasil observou-se maior presenccedila de positividade em

morcegos insetiacutevoros (SCHEFFER et al 2007 QUEIROZ et al 2009) o que torna a

situaccedilatildeo mais alarmante jaacute que a interaccedilatildeo de morcegos natildeo hematoacutefagos com pessoas e seus

17

animais aumenta a cada dia devido a devastaccedilatildeo do habitat destes e a adaptaccedilatildeo a abrigos

urbanos (ALBAS et al 2009 TIRIBA SHMAL 2010)

No Paraacute a taxa de ataque por morcegos eacute muito alta Aleacutem disso do total de

agredidos 100 relataram natildeo conhecerem a necessidade de tratamento profilaacutetico Portanto

a adoccedilatildeo de medidas de esclarecimento agrave populaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel (WADA et al 2004) Jaacute

que uma vez mordido por morcegos o homem deve passar por tratamento imediato (soro e

vacina) sem interrupccedilatildeo pois o periacuteodo de incubaccedilatildeo eacute muito raacutepido levando o paciente natildeo

tratado ao oacutebito (SCHEFFER et al 2007 TIRIBA SHMAL 2010)

126 Raiva em animais silvestres

A raiva em animais silvestres vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia

epidemioloacutegica desse agravo no Brasil devido agrave presenccedila de morcegos natildeo hematoacutefagos em

aacutereas urbanas caniacutedeos silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais

(BRASIL 2009) Em 2009 foram notificados com raiva confirmada 158 morcegos natildeo

hematoacutefagos 16 morcegos hematoacutefagos 22 caniacutedeos silvestres 3 primatas natildeo humanos e

um gato do mato (BRASIL 2010b)

A raiva nos animais domeacutesticos eacute controlada com a vacinaccedilatildeo anual Poreacutem os

animais silvestres natildeo satildeo imunizados ficando assim mais expostos aos riscos de

contaminaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

A aplicaccedilatildeo de vacina de cultivo celular apresenta-se como uma alternativa para

imunizaccedilatildeo de animais silvestres Em estudos feitos com saguis esse tipo de vacinaccedilatildeo

mostrou-se eficaz apoacutes 45 dias aplicando-se apenas uma uacutenica dose Outra boa alternativa

seria a realizaccedilatildeo de estudos no uso de vacina oral para animais silvestres a fim de facilitar a

vacinaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

Em Pernambuco a criaccedilatildeo de macacos principalmente saguis como animal de

estimaccedilatildeo eacute bastante comum Em estudo realizado em Satildeo Paulo no periacuteodo de 1996 a 1999

observou-se uma diminuiccedilatildeo das agressotildees por macacos indicando um decreacutescimo na criaccedilatildeo

clandestina destes animais e na alimentaccedilatildeo deles em parques puacuteblicos Aleacutem disso a

indicaccedilatildeo de tratamento foi de 85 indicando uma maior conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao perigo desses acidentes (RAMOS RAMOS 2002)

18

127 Tratamento

O desenvolvimento da raiva estaacute relacionado a diversos fatores desde a gravidade da

mordedura e agrave proximidade do SNC ateacute o estado de sauacutede do paciente e sua resposta imune

(CARRIERI et al 2006) Por isso cada caso deve ser avaliado para que seja instalada a

profilaxia adequada a fim de se evitar a doenccedila

O Ministeacuterio da Sauacutede criou em 1973 o Programa Nacional de Controle da Raiva ndash

PNCR com o objetivo de eliminar a raiva humana transmitida por catildees e gatos O controle da

raiva canina foi realizado a partir das accedilotildees de vacinaccedilatildeo de catildees e gatos tratamento

profilaacutetico de pessoas expostas vigilacircncia epidemioloacutegica diagnoacutestico laboratorial controle

de populaccedilatildeo animal e educaccedilatildeo em sauacutede (SCHNEIDER et al 1996)

Devido ao tratamento de raiva humana realizado nos Estados Unidos (2004) e em

Pernambuco (2008) que decorreu na cura dos pacientes o Ministeacuterio da Sauacutede publicou e

divulgou para as Secretarias Municipais e Estaduais de Sauacutede o Protocolo de Tratamento de

Raiva Humana denominado Protocolo Recife (BRASIL 2009 BRASIL 2010b) Apesar

disso a profilaxia continua sendo a melhor maneira de prevenccedilatildeo pois a chance de cura ainda

eacute pequena e natildeo se tem conhecimento suficiente sobre as sequelas que o paciente pode

apresentar

A populaccedilatildeo ainda desconhece a gravidade da doenccedila Ateacute os dias atuais satildeo relatados

abandonos de tratamento e procura ao serviccedilo de sauacutede apenas para tratamento do ferimento

Em estudo realizado 245 dos atendidos consideraram desnecessaacuterio o tratamento completo

e 138 natildeo obtiveram orientaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao tratamento demonstrando a falta de

informaccedilatildeo e o descompromisso dos profissionais de sauacutede (VELOSO et al 2011)

1271 Profilaxia preacute-exposiccedilatildeo

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute indicada para pessoas expostas permanentemente ao risco

de infecccedilatildeo pelo viacuterus da raiva tais como meacutedicos veterinaacuterios bioacutelogos profissionais e

auxiliares de laboratoacuterio para diagnoacutestico da raiva estudantes dessas aacutereas e pessoas que

atuam na vacinaccedilatildeo captura e em zooloacutegicos (COSTA et al 2000 BRASIL 2005)

O esquema de tratamento eacute de trecircs doses aplicadas nos dias 0 7 e 28 Deve-se fazer o

controle soroloacutegico a partir do 14ordm dia apoacutes a uacuteltima dose do esquema e repeti-lo anualmente

Eacute importante destacar que eacute necessaacuterio administrar uma dose de reforccedilo sempre que os tiacutetulos

forem inferiores a 05 UIml (BRASIL 2005)

19

Em dados recentes observou-se que a aplicaccedilatildeo do esquema preacute-exposiccedilatildeo em

profissionais de sauacutede e viajantes que podem facilmente buscar atendimento no caso de uma

nova exposiccedilatildeo pode ser efetuada atraveacutes da via intradeacutermica trazendo um custo bem menor

ao paiacutes (CUNHA et al 2010)

Jaacute em populaccedilotildees de difiacutecil acompanhamento como da regiatildeo ribeirinha da Amazocircnia

recomenda-se o esquema por via intramuscular que confere uma imunidade mais duradoura

Tambeacutem foi identificado que apoacutes a terceira dose em ambas as vias de administraccedilatildeo eacute

desnecessaacuteria a sorologia em indiviacuteduos sob controle uma vez que todos os voluntaacuterios do

experimento apresentaram niacuteveis de anticorpos satisfatoacuterios ge05 UImL (CUNHA et al

2010)

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute considerada pelo serviccedilo como de pouca importacircncia jaacute

que apenas 377 dessa informaccedilatildeo eacute registrada Esse fato evidencia as falhas no sistema de

vigilacircncia e a necessidade de adequaccedilatildeo das prescriccedilotildees para que se atinjam niacuteveis ideais de

tratamento e seguranccedila para populaccedilatildeo atendida (RIGO HONER 2005)

1272 Profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo

O paciente apoacutes a agressatildeo por mamiacutefero deve ser avaliado para indicaccedilatildeo ou natildeo da

profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo que quando indicada deve ter iniacutecio o mais precocemente possiacutevel

pois quando o viacuterus atinge o SNC o paciente geralmente evolui para o oacutebito (KOTAIT et al

2009)

O tratamento poacutes-exposiccedilatildeo prescrito depende principalmente da espeacutecie do animal

agressor do tipo da lesatildeo e no caso de catildees e gatos da possibilidade da observaccedilatildeo (Anexo

B) (GARCIA et al 1999 BRASIL 2005)

Haacute no Brasil um nuacutemero bastante elevado de tratamentos profilaacuteticos humanos que

poderiam ser reduzidos pela educaccedilatildeo em sauacutede atraveacutes de orientaccedilotildees sobre os animais

agressores e os fatores que desencadeiam a agressividade os cuidados com o ferimento a

posse responsaacutevel dos animais aleacutem da observaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo cliacutenica dos catildees e gatos

domiciliados (GARCIA et al 1999 FRIAS 2008)

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina

Em 2009 na Regiatildeo Nordeste e a partir de 2010 no restante do paiacutes a campanha de

vacinaccedilatildeo nacional substituiu a vacina Fuenzalida amp Palaacutecios modificada pela vacina de

20

cultivo celular canina (BRASIL 2009) Essa modificaccedilatildeo deve-se ao fato dessa vacina

apresentar maior imunogenicidade e seguranccedila aleacutem de ser recomendada pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede (BRASIL 2010a)

A vacina de cultivo celular foi utilizada em Pernambuco em 2009 sem apresentar altos

iacutendices de reaccedilotildees adversas Entretanto a vacina introduzida em junho de 2010 em todo paiacutes

(BRASIL 2010a) teve sua aplicaccedilatildeo suspensa em outubro do mesmo ano pelo Ministeacuterio da

Sauacutede que determinou a interrupccedilatildeo da campanha vacinal ateacute a conclusatildeo dos estudos sobre o

aumento das mortes e reaccedilotildees adversas apresentadas em catildees e gatos vacinados (BRASIL

2010c)

Em humanos a vacina utilizada para tratamento profilaacutetico tambeacutem eacute a vacina de

cultivo celular esta eacute produzida em cultura de ceacutelulas (diploacuteides humanas ceacutelulas Vero

ceacutelulas de embriatildeo de galinha e pato etc) com viacuterus inativados por betapropiolactona e com

potecircncia miacutenima de 25 UIdose A vacina eacute apresentada de forma liofilizada devendo ser

conservada na temperatura entre + 2ordmC a + 8ordmC ateacute o momento de sua aplicaccedilatildeo Seu esquema

vacinal completo eacute de 5 doses aplicadas nos dias 0 3 7 14 e 28 (BRASIL 2005)

Natildeo haacute contra indicaccedilatildeo (gravidez mulheres lactantes doenccedila intercorrente ou outros

tratamentos) Sempre que possiacutevel recomenda-se a interrupccedilatildeo do tratamento com corticoacuteides

eou imunossupressores As manifestaccedilotildees adversas relatadas com maior frequumlecircncia satildeo

reaccedilatildeo local febre mal estar naacuteuseas e cefaleacuteia Natildeo haacute relato de ocorrecircncia de oacutebito

associado ao uso da vacina de cultivo celular (BRASIL 2005)

A frequumlecircncia de reaccedilotildees neuroloacutegicas associadas a esta vacina citada na literatura

cientiacutefica eacute baixa De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede ateacute junho de 1996

haviam sido relatados seis casos de reaccedilotildees neuroloacutegicas temporalmente associadas a vacina

A incidecircncia de manifestaccedilotildees neuroloacutegicas considerando-se todos estes casos como

realmente provocados pela vacina eacute de cerca de 1 para cada 500000 pacientes tratados A

incidecircncia de reaccedilotildees aleacutergicas notificadas nos EUA agrave vacina de ceacutelulas diploacuteides foi de 11

casos por 10000 pacientes tratados (011) As reaccedilotildees variam de urticaacuteria a anafilaxia e

ocorrem principalmente apoacutes as doses de reforccedilo a maioria dos pacientes natildeo necessita de

internaccedilatildeo hospitalar (COSTA et al 2000)

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro

O soro heteroacutelogo eacute uma soluccedilatildeo concentrada e purificada de anticorpos preparada em

equiacutedeos imunizados contra o viacuterus da raiva A temperatura de conservaccedilatildeo eacute entre +2ordm a

21

+8ordmC A dose indicada eacute de 40 UIkg de peso Deve-se infiltrar nas lesotildees a maior quantidade

possiacutevel da dose do soro caso natildeo seja possiacutevel aplicar a miacutenima quantidade possiacutevel na

regiatildeo gluacutetea O uso do soro natildeo eacute recomendado para pacientes imunizados anteriormente Em

pacientes com histoacuterico de reaccedilotildees aleacutergicas e reaccedilatildeo anafilaacutetica ao soro heteroacutelogo

recomenda-se o uso do soro homoacutelogo (imunoglobulina humana hiperimune antirraacutebica) na

dose de 20UIKg de peso (BRASIL 2005)

1275 Consideraccedilotildees sobre o ferimento

A limpeza do ferimento com aacutegua corrente e sabatildeo eacute imprescindiacutevel em qualquer

caso de mordedura arranhadura ou lambedura que possa haver contaminado a viacutetima com o

viacuterus da raiva Esta deve eliminar todas as sujidades e em seguida devem ser utilizados

antisseacutepticos que inativem o viacuterus da raiva (iodo povidine clorexidine e aacutelcool iodado) a

mucosa ocular deve ser lavada com aacutegua corrente ou soluccedilatildeo fisioloacutegica (COSTA et al 2000

BRASIL 2005)

A utilizaccedilatildeo de antisseacutepticos ou mesmo o uso de aacutegua e sabatildeo para lavagem dos

ferimentos eacute relatada em 831 dos casos analisados em estudos indicando a

conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo para essa conduta importante de prevenccedilatildeo de doenccedilas

(GARCIA et al 1999)

A sutura do ferimento natildeo eacute recomendada mas caso seja necessaacuterio aproximar as

bordas com pontos isolados e infiltrar soro antirraacutebico humano uma hora antes da sutura

Dependendo da necessidade do paciente outras condutas podem ser realizadas como a

administraccedilatildeo de antibioacuteticos e a profilaxia antitetacircnica (COSTA et al 2000 BRASIL

2005)

128 Consideraccedilotildees sobre o animal

O Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (BRASIL 2005) traz algumas consideraccedilotildees em

relaccedilatildeo aos animais agressores dentre eles

bull O periacuteodo de observaccedilatildeo de dez dias eacute restrito aos catildees e gatos

bull A agressatildeo por outros animais domeacutesticos (bovinos ovinos caprinos equiacutedeos e suiacutenos)

deveraacute ser avaliada e se necessaacuterio deveraacute ser indicado o tratamento profilaacutetico

bull Estaacute indicado tratamento sistematicamente para todos os casos de agressatildeo por animais

silvestres mesmo quando domiciliados e domesticados

22

bull Natildeo eacute indicado tratamento nas agressotildees causadas por ratos ratazanas cobaias e lagomorfos

(urbanos ou de criaccedilatildeo)

bull Nas agressotildees por morcegos deve-se proceder a soro-vacinaccedilatildeo independentemente do tipo

de morcego agressor do tempo decorrido e da gravidade da lesatildeo

23

2 JUSTIFICATIVA

A raiva constitui um importante problema de sauacutede puacuteblica devido ao seu prognoacutestico

quase sempre fatal No entanto essa alta letalidade pode ser reduzida a partir da prevenccedilatildeo da

doenccedila atraveacutes do adequado atendimento e tratamento profilaacutetico Estes uacuteltimos ocorrem

desde a avaliaccedilatildeo do caso e conduta cliacutenica ateacute questotildees estruturais e organizacionais dos

serviccedilos de sauacutede

Esta pesquisa justifica-se pela carecircncia de estudos neste sentido em Pernambuco e pela

mudanccedila no perfil epidemioloacutegico da raiva com diminuiccedilatildeo dos casos em caninos e felinos e

aumento dos casos em morcegos herbiacutevoros e outros animais silvestres

Com este trabalho pretende-se analisar o atendimento antirraacutebico humano nos

indiviacuteduos agredidos por animais silvestres no estado de Pernambuco Dessa forma busca-se

melhorar o conhecimento de alguns aspectos relacionados agrave profilaxia da raiva por animais

silvestres melhoria da vigilacircncia epidemioloacutegica planejamento e adoccedilatildeo de variadas accedilotildees de

sauacutede puacuteblica

21 PERGUNTA CONDUTORA

Como estaacute sendo efetuado o atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo nas

agressotildees por animais silvestres

24

3 OBJETIVOS

31 GERAL

Caracterizar o perfil epidemioloacutegico do atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em agressotildees por animais silvestres e analisar a adequaccedilatildeo de sua indicaccedilatildeo em Pernambuco

no periacuteodo de 2001 a 2010

32 ESPECIacuteFICOS

a) Caracterizar o perfil epidemioloacutegico segundo variaacuteveis de pessoa lugar e tempo

relativas agraves condiccedilotildees da agressatildeo e do animal agressor

b) Analisar o tratamento recomendado a cada espeacutecie agressora

25

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

41 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de abrangecircncia do estudo corresponde ao estado de Pernambuco composto por

184 municiacutepios e o territoacuterio de Fernando de Noronha

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA

O periacuteodo avaliado foi de 2001 a 2010 com o objetivo de demonstrar com melhor

precisatildeo o aumento das agressotildees por animais silvestres no estado

43 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal Esse estudo eacute apropriado para o

registro de frequumlecircncia de eventos observando sua variaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo Sua maior

vantagem eacute que natildeo haacute necessidade de grupos de comparaccedilatildeo possui alto potencial descritivo

e baixo custo operacional

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS

O evento estudado foi a profilaxia da raiva humana a partir de agressotildees por animais

silvestres analisada atraveacutes dos procedimentos registrados no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo (SINAN) sendo construiacutedos diversos tipos de agrupamentos

Desse modo foram analisados os atendimentos por espeacutecie animal atraveacutes da ficha

individual de atendimento antirraacutebico e este atendimento subdivido em grupos de variaacuteveis

Assim foram analisados os dados referentes as notificaccedilotildees individuais faixa etaacuteria e sexo

aos dados de residecircncia municiacutepio de residecircncia aos antecedentes epidemioloacutegicos

caracteriacutesticas da agressatildeo caracteriacutesticas do animal agressor e tratamento recomendado

(tratamento indicado indicaccedilatildeo do soro interrupccedilatildeo do tratamento motivo da interrupccedilatildeo e se

a unidade de sauacutede procurou o paciente que abandonou o tratamento) (Quadro 1)

Assim sendo em cada toacutepico especiacutefico de anaacutelise procurou-se verificar as principais

caracteriacutesticas das espeacutecies agressoras e o tratamento aplicado a partir das especificidades de

cada espeacutecie sendo executadas da seguinte forma observaram-se inicialmente o perfil das

26

agressotildees entre os anos de 2001 e 2010 em seguida realizaram-se observaccedilotildees no tratamento

realizado para posteriormente analisar a distribuiccedilatildeo das agressotildees no estado de Pernambuco

Os grupos foram compostos pelas variaacuteveis encontradas no proacuteprio banco de dados e

para a definiccedilatildeo dos atosprocedimentos que melhor caracterizassem as variaacuteveis utilizou-se

como referecircncia a Norma Teacutecnica do Ministeacuterio da Sauacutede (Anexo B)

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS

Os dados utilizados neste estudo foram secundaacuterios coletados na Secretaria Estadual

de Sauacutede e processados pelo SINAN atraveacutes da ficha individual de investigaccedilatildeo para

atendimento antirraacutebico humano (Anexo A) A exploraccedilatildeo do banco de dados foi realizada

atraveacutes dos programas Tabwin 36 e planilhas eletrocircnicas

46 ANAacuteLISE DOS DADOS

Foram calculadas frequumlecircncias absolutas e relativas aleacutem das meacutedias

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS

O estudo foi realizado dentro dos padrotildees da eacutetica cientiacutefica tendo sido aprovado pela

Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa sob o nordm 0511 da instituiccedilatildeo agrave qual se subordina A pesquisa

foi realizada com dados secundaacuterios da Secretaria Estadual de Sauacutede Nenhum dado de

identificaccedilatildeo dos pacientes fez parte do estudo

Quadro 1 - Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do tratamento antirraacutebico humano

VARIAacuteVEL CATEGORIZACcedilAtildeO

Relativas agraves caracteriacutesticas

da agressatildeo

Tipo de Exposiccedilatildeo Contato Indireto Arranhadura Lambedura e Mordedura

Localizaccedilatildeo Mucosa CabeccedilaPescoccedilo MatildeosPeacutes Tronco

Membros Superiores e Membros Inferiores

Ferimento Uacutenico Muacuteltiplo Ignorado e Sem Ferimento

Tipo de Ferimento Profundo Superficial Dilacerante

Relativas agraves caracteriacutesticas

do animal agressor

Espeacutecie Animal Quiroacuteptera (Morcego) Primata (Macaco) e Raposa

Condiccedilatildeo Final do Animal Positivo Cliacutenico Negativo Cliacutenico Positivo Laboratorial e Negativo Laboratorial

27

Relativas ao tratamento antirraacutebico humano

Tratamento Indicado Preacute-exposiccedilatildeo Exposiccedilatildeo Re-exposiccedilatildeo

Dispensa de tratamento Observaccedilatildeo do

animal (se catildeo ou gato) e Ignorado

Indicaccedilatildeo do Soro Sim Natildeo e Ignorado

Relativas agrave continuidade do

tratamento antirraacutebico humano

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim Natildeo e Ignorado

Motivo da Interrupccedilatildeo Unidade Indicou Abandono e Transferecircncia

Unidade de sauacutede

procurou o paciente que

abandonou o tratamento

Sim e Natildeo

28

5 RESULTADOS

Nas agressotildees por ano foram observadas tendecircncias de crescimentos com oscilaccedilotildees

principalmente em raposas sendo observados picos nos anos de 2002 (267) 2005(292) 2006

(305) e 2009 (235) Em morcegos haacute um crescimento anual ateacute um pico em 2006 (182)

posteriormente ocorre uma ligeira queda e um novo pico em 2009 (207) No que diz respeito a

macacos o nuacutemero de casos se manteacutem proacuteximo durante os anos exceto em 2003 (272) e

2007 (250) onde ocorreram elevaccedilotildees das agressotildees (Figura 1)

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo espeacutecie agressora e ano

Pernambuco 2001 a 2010

1

52

104 113138

182

117 124

207

155

0

134

272

171186

153

250

182 185

141

6

267

221

174

292305

168147

235

170

0

50

100

150

200

250

300

350

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Morcego

Macaco

Raposa

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

No periacuteodo estudado 295704 pessoas receberam tratamento antirraacutebico humano

destas 4852 (16) foram atendidas apoacutes agressotildees por animais silvestres Dentre os animais

silvestres a raposa foi a espeacutecie mais agressora representando 1985 (409) casos em

seguida encontrou-se a primata com 1674 (345) e depois a quiroacuteptera com 1193 (246)

A zona urbana foi a localidade de residecircncia com maior nuacutemero de casos em macacos

79 e morcegos 78 jaacute em raposas prevaleceu a zona rural com 745 das agressotildees

(Tabela 1)

Em relaccedilatildeo a faixa etaacuteria o grupo mais atingido foi de 20 a 49 anos (385) Em

morcegos essa faixa representa 444 das agressotildees em macacos 342 e em raposas 386

Em seguida se encontra a faixa de 50 anos e mais exceto em macacos onde prevaleceu os lt9

anos (Tabela 1)

No que diz respeito ao sexo o masculino apresentou-se mais prevalente com 2764

(57) dos casos Dentre as agressotildees por sexo e espeacutecie a raposa apresentou a maior

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

3

SUELY RUH SILVA

ANAacuteLISE DOS ATENDIMENTOS ANTIRRAacuteBICO HUMANO POacuteS-EXPOSICcedilAtildeO AgraveS

AGRESSOtildeES POR ANIMAIS SILVESTRES EM PERNAMBUCO

Monografia apresentada ao Programa de

Residecircncia Multiprofissional em Sauacutede Coletiva

do Departamento de Sauacutede Coletiva Centro de

Pesquisas Aggeu Magalhatildees Fundaccedilatildeo Oswaldo

Cruz para a obtenccedilatildeo do tiacutetulo de especialista em

sauacutede coletiva

Aprovado em ____ ____ ____

BANCA EXAMINADORA

_______________________________

Ms Domiacutecio Aureacutelio de Saacute

Centro de Pesquisas Aggeu MagalhatildeesFiocruz

_______________________________

Ms Wellinton Tavares de Melo

Secretaria Estadual de Sauacutede de Pernambuco

4

AGRADECIMENTOS

Agrave Deus por guiar e iluminar meus caminhos

Aos meus pais e familiares pelo apoio em minha jornada

Agrave minha irmatilde e cunhada pelas correccedilotildees e lidas de uacuteltima hora

Agrave Cloacutevis e Fernando Oliveira por terem me auxiliado em todos os entraves

computacionais

Agrave Francisco Duarte por ter me dado o privileacutegio de trabalhar com a temaacutetica exposta

neste trabalho aleacutem de todo apoio teoacuterico-praacutetico para a construccedilatildeo dele

Agrave Domiacutecio de Saacute por ter aceitado me orientar e por ter confiado em meu crescimento

Minha gratidatildeo a todos os colegas da Secretaria Estadual de Sauacutede e aos amigos que

contribuiacuteram direta ou indiretamente na conquista dessa vitoacuteria

5

SILVA Suely Ruth Anaacutelise dos atendimentos antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo agraves

agressotildees por animais silvestres em Pernambuco 2011 Monografia (Residecircncia

Multiprofissional em Sauacutede Coletiva) ndash Centro de Pesquisas Aggeu Magalhatildees Fundaccedilatildeo

Oswaldo Cruz Recife 2011

RESUMO

A raiva representa um importante problema de sauacutede puacuteblica devido a sua alta letalidade por

isso deve estar sempre sob vigilacircncia e controle O objetivo desse trabalho foi descrever e

analisar as caracteriacutesticas dos atendimentos antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo por animais

silvestres em Pernambuco no periacuteodo de 2001 a 2010 Para isso foram utilizados os dados de

4852 fichas de atendimento antirraacutebico humano disponiacuteveis no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo Foram analisadas variaacuteveis relativas agrave pessoa agrave agressatildeo ao animal

e ao tratamento A raposa foi a principal espeacutecie agressora com 409 dos casos observando-

se um maior nuacutemero de atendimentos em indiviacuteduos do sexo masculino procedentes de zonas

rurais com ferimentos uacutenicos e muacuteltiplos profundos em membros inferiores e peacutes

provocados por mordeduras Em morcegos e macacos ocorreu a homogeneidade entre os

sexos e a zona mais acometida foi a urbana Os ferimentos predominantes foram uacutenicos

divididos entre superficiais e profundos localizados nas matildeos e gerados por mordeduras Na

meacutedia geral a faixa etaacuteria mais acometida foi dos 20 aos 49 anos Na condiccedilatildeo final do animal

301 dos casos registrados nesse item foram fechados clinicamente e 511 observaram-se

como ignorados ou natildeo preenchidos Houve indicaccedilatildeo de tratamento para 886 dos casos

poreacutem na indicaccedilatildeo do soro 284 casos de agressotildees por morcegos natildeo receberam infiltraccedilatildeo

do soro e a taxa de abandonos de tratamento foi de 48 O tratamento foi o item que

apresentou maiores problemas principalmente nas recomendaccedilotildees para espeacutecie quiroacuteptera

Portanto para otimizaccedilatildeo das accedilotildees das equipes de vigilacircncia epidemioloacutegica indica-se

comprometimento com o preenchimento das fichas e acompanhamento dos pacientes para que

haja o controle efetivo da raiva humana

Palavras chaves Raiva Quiroacutepteros Primatas Raposas

6

SILVA Suely Ruth Analysis of human rabies anti care post exposure to attacks by wild

animals in Pernambuco 2011 Monograph (Multidisciplinary Residency in Public Health) ndash

Aggeu Magalhatildees Research Center Oswaldo Cruz Foundation Recife 2011

SUMMARY

Rabies is a major public health problem due to its high lethality so it must be under

surveillance and control The objective of this study was to describe and analyze the

characteristics of visits anti human rabies post exposure by wild animals in Pernambuco in

the period 2001 to 2010 For this we used data from 4852 medical records available anti

human rabies in the Information System of Notification of Injuries Variables were analyzed

relative to the person assault animal and treatment The fox was the main aggressor species

with 409 of cases observing a larger number of patients in males coming from rural areas

with single and multiples injuries deep on his legs and feet caused by bites Bats and

monkeys occurred in the homogeneity between the sexes and the area most affected was the

city Predominant injuries were unique divided into superficial and deep located on the

hands produced by bites Media in general the most affected age group was 20 to 49 years

The final condition of the animal 301 of reported cases were closed this item clinically and

511 observed as unknown or not filled Was indication of treatment for 886 of cases

but in an indication of serum 284 cases of aggression by bats did not receive the serum

infiltration and rate of treatment dropouts was 48 The treatment was the item that

presented the greatest problem mainly in the recommendation of chiropteran species

Therefore for the optimization of the shares of epidemiological surveillance teams it is stated

commitment to filling in the forms and follow-up of patients so that there is effective control

of rabies

Keywords Rabies Chiropteran Primates Fox

7

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Quadro 1 ndash Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do

tratamento antirraacutebico humano

26

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

espeacutecie agressora e ano Pernambuco 2001 a 2010

28

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por

municiacutepio segundo espeacutecie agressora Pernambuco 2001 a 2010

33

8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas agrave pessoa Pernambuco 2001 a 2010

29

Tabela 2 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas agrave agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

30

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

31

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas ao tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

31

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas agrave continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco

2001 a 2010

32

9

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 ASPECTOS HISTOacuteRICOS 11

12 ASPECTOS EPIDEMIOLOacuteGICOS 12

121 Distribuiccedilatildeo da Doenccedila 12

122 Cadeia Epidemioloacutegica 13

123 Raiva no Brasil 14

124 Raiva em Pernambuco 15

125 Raiva em Morcegos 16

126 Raiva em Animais Silvestres 17

127 Tratamento 18

1271 Profilaxia Preacute-exposiccedilatildeo 18

1272 Profilaxia Poacutes-exposiccedilatildeo 19

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina 19

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro 20

1275 Consideraccedilotildees sobre o Ferimento 21

128 Consideraccedilotildees sobre o Animal 22

2 JUSTIFICATIVA 23

21 PERGUNTA CONDUTORA 23

3 OBJETIVOS 24

31 OBJETIVO GERAL 24

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 24

4 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS 25

41 AacuteREA DE ESTUDO 25

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA 25

43 DESENHO DO ESTUDO 25

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS 25

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS 26

46 ANAacuteLISE DOS DADOS 26

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS 26

5 RESULTADOS 28

10

6 DISCUSSAtildeO 34

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 39

REFEREcircNCIAS 40

Anexo A - Ficha de atendimento antirraacutebico humano 44

Anexo B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a

vacina de cultivo celular

46

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

A raiva eacute uma encefalite aguda causada por viacuterus Todos os mamiacuteferos satildeo

susceptiacuteveis agrave infecccedilatildeo que se daacute pela penetraccedilatildeo do viacuterus contido na saliva do animal

infectado atraveacutes da mordedura arranhadura ou lambedura Possui grande importacircncia

epidemioloacutegica por apresentar letalidade de quase 100 (BRASIL 2005) Soacute tendo ocorrido

a cura em poucos casos sendo um deles nos Estados Unidos em 2004 e outro em um

adolescente de 15 anos do municiacutepio de Floresta estado de Pernambuco em 2008 apoacutes ter

sido mordido por morcego hematoacutefago (KOTAIT et al 2009)

O periacuteodo de incubaccedilatildeo da doenccedila eacute bastante variaacutevel indo de dias a anos e estaacute

relacionado a localizaccedilatildeo extensatildeo e profundidade da lesatildeo agrave distacircncia do ferimento ao

ceacuterebro e agrave concentraccedilatildeo de partiacuteculas virais (BRASIL 2005) A raiva possui muitas

interfaces entre o mundo humano e animal de modo que o surgimento da doenccedila guarda

estreita ligaccedilatildeo entre o tratamento de pessoas expostas as atividades de vigilacircncia

epidemioloacutegica e o controle da raiva animal

A doenccedila tem ocorrecircncia quase universal Em alguns paiacuteses desenvolvidos a raiva

humana estaacute erradicada e a raiva nos animais domeacutesticos estaacute controlada mas ainda eacute

efetuada vigilacircncia epidemioloacutegica em funccedilatildeo dos animais silvestres Atualmente soacute existe

um uacutenico continente livre da doenccedila que eacute a Oceania (BRASIL 2005)

11 ASPECTOS HISTOacuteRICOS

A raiva eacute uma doenccedila muito temida desde a Antiguidade devido agrave transmissatildeo ao

quadro cliacutenico e agrave evoluccedilatildeo Era referida como uma doenccedila que tornava ldquoloucosrdquo homens e

catildees (KOTAIT et al 2009)

Os egiacutepcios entendiam que a alteraccedilatildeo de comportamento de catildees devia-se a influecircncia

maligna da Siacuterius (constelaccedilatildeo Catildeo Maior) Jaacute os romanos descobriram a capacidade

infecciosa da saliva dos catildees raivosos chamando este material de veneno foi de onde surgiu a

palavra latina viacuterus Na Greacutecia foram descritas praacuteticas de cauterizaccedilatildeo das feridas

provocadas pelo animal raivoso ateacute o final do seacuteculo XIX quando foi desenvolvida a vacina

(KOTAIT et al 2009)

Em 1880 Louis Pasteur iniciou seus estudos sobre a raiva e no ano seguinte

conseguiu isolar o viacuterus e produzir uma vacina Em 1884 esta foi utilizada

experimentalmente em animais e em 1885 nos humanos em um menino de 9 anos chamado

12

Joseph Meister O sucesso com a vacina teve enorme impacto nas medidas de tratamento

contra essa enfermidade sendo utilizada em todo o mundo Foi tambeacutem determinante para a

criaccedilatildeo de instituiccedilotildees de pesquisa para produccedilatildeo e aplicaccedilatildeo da vacina surgindo assim o

Instituto Pasteur em 1888 (COSTA et al 2000)

No Brasil o primeiro serviccedilo antirraacutebico foi instituiacutedo com a inauguraccedilatildeo em 1888

do Instituto Pasteur no Rio de Janeiro Em 1899 foi criado o Instituto Pasteur de Pernambuco

(LIMA GUIMARAtildeES OLIVEIRA 2000) e soacute em 1903 foi fundado o Instituto Pasteur de

Satildeo Paulo (COSTA et al 2000)

Antonio Carini entatildeo diretor do Instituto Pasteur de Satildeo Paulo levantou a hipoacutetese

em 1911 dos morcegos hematoacutefagos serem os transmissores da raiva dos herbiacutevoros Anos

apoacutes foi confirmada a raiva tambeacutem em morcegos frugiacutevoros e insetiacutevoros mas este tipo de

transmissor soacute foi levado em consideraccedilatildeo quando um menino foi atacado por um morcego

insetiacutevoro na Floacuterida em 1953 Apoacutes esta data inuacutemeros casos humanos foram confirmados

nos Estados Unidos e satildeo notificados ateacute os dias de hoje (COSTA et al 2000)

12 ASPECTOS EPIDEMIOLOacuteGICOS

Os dados epidemioloacutegicos satildeo essenciais para definiccedilatildeo dos fatores condicionantes e

determinantes de uma doenccedila Na vigilacircncia da raiva estes dados auxiliam na tomada de

decisatildeo do tratamento poacutes-exposiccedilatildeo e na conduta com o animal envolvido aleacutem disso casos

de raiva humana representam falecircncia do sistema de sauacutede local e servem como indicador

para avaliaccedilatildeo da qualidade dos serviccedilos

121 Distribuiccedilatildeo da Doenccedila

A raiva eacute conhecida desde a antiguidade mas ateacute hoje representa um problema de

sauacutede puacuteblica nos paiacuteses em desenvolvimento (BRASIL 2005) Nos Estados Unidos o

nuacutemero de casos de raiva humana a partir de 1940 foi superior a 30 devido a morcegos

insetiacutevoros (KOTAIT et al 2009)

Na Ameacuterica do Norte (Estados Unidos e Canadaacute) e alguns paiacuteses da Europa (Franccedila e

Inglaterra) o maior peso da raiva estaacute nas espeacutecies silvestres (BRASIL 2005) Poreacutem na

Venezuela a raiva canina prevalece como o principal foco transmissor da doenccedila devido ao

baixo percentual de cobertura vacinal sendo este de apenas 33 no periacuteodo de 1996 a 2006

13

Aleacutem disso grande parcela da populaccedilatildeo encontra-se mais vulneraacutevel por causa do baixo

niacutevel socioeconocircmico e educativo (FUENTES et al 2008)

Os paiacuteses da Ameacuterica que mais registram casos de raiva satildeo o Brasil Colocircmbia e

Peru devido ao grande nuacutemero de agressotildees por morcegos hematoacutefagos Neste continente no

ano de 2004 os animais silvestres contribuiacuteram com 599 dos casos e os animais

domeacutesticos com 401 sendo a raiva humana presente em quase todos os paiacuteses exceto o

Caribe (ORGANIZACcedilAtildeO PAN-AMERICANA DE SAUacuteDE 2006)

Nos uacuteltimos anos alguns paiacuteses como China Tailacircndia Sri- Lanka e Tuniacutesia

conseguiram progressos importantes nos programas de controle da raiva combinando a

vacinaccedilatildeo de catildees com a melhoria do tratamento antirraacutebico possibilitando assim a reduccedilatildeo

dos casos da doenccedila em humanos (SILVA et al 2009)

No continente asiaacutetico ocorrem cerca de 35000 a 55000 casos de raiva humana por

ano e aproximadamente 7 milhotildees de tratamentos com vacinaccedilatildeo Na Aacutefrica estima-se em

5000 a 15000 o nuacutemero de mortes humanas por ano e a vacinaccedilatildeo em cerca de 500000

pessoas Na Ameacuterica Latina os casos em humanos satildeo menores que 100 por ano e o

tratamento fica em torno de 500000 pessoas Na Ameacuterica do Norte e Europa o nuacutemero de

casos de raiva humana reduz a menos de 50 e o tratamento antirraacutebico eacute conferido a

aproximadamente 100000 pessoas (SILVA et al 2009)

O nuacutemero de casos de raiva transmitidos por morcegos tem crescido muito nos uacuteltimos

tempos Na atualidade o grande desafio corresponde agrave detecccedilatildeo precoce da circulaccedilatildeo do

viacuterus em animais silvestres aleacutem da manutenccedilatildeo do controle via imunizaccedilatildeo em animais

domeacutesticos

122 Cadeia Epidemioloacutegica

O viacuterus da raiva adaptou-se a vaacuterias espeacutecies que atuam como reservatoacuterios garantindo

a perpetuaccedilatildeo do viacuterus na natureza Estas adaptaccedilotildees originam as variantes que por vezes

apresentam alteraccedilotildees as quais satildeo utilizadas como marcadores epidemioloacutegicos que tem o

objetivo de identificar as interaccedilotildees do viacuterus com suas espeacutecies hospedeiras e o meio

ambiente e com a biologia da infecccedilatildeo (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

As intervenccedilotildees do homem no ecossistema tecircm gerado mudanccedilas de comportamento

de animais silvestres que passaram a procurar abrigos e fontes de alimentos nos centros

urbanos (SILVA LANGONI 2011) Estes fatos modificaram a epidemiologia das zoonoses

trazendo a raiva silvestre para a populaccedilatildeo humana (CARRIERI et al 2006)

14

A cadeia epidemioloacutegica da raiva estaacute dividida em dois principais ciclos de

transmissatildeo terrestre e aeacutereo (CALDAS et al 2007) O ciclo terrestre eacute constituiacutedo por catildees

e gatos agressores destes 823 satildeo domiciliados e a maior parte deles satildeo machos ateacute um

ano de idade (BUSO NUNES QUEIROZ 2009) No periacuteodo de transmissibilidade da

doenccedila esses animais se afastam do domiciacutelio andando quilocircmetros fazendo inuacutemeras

viacutetimas ou infectando novos hospedeiros (CARRIERI et al 2006)

Os outros mamiacuteferos que fazem parte do ciclo terrestre satildeo os herbiacutevoros A estimativa

eacute que haja no Brasil mortes de 842688 cabeccedilas por ano Na Paraiacuteba entre 2002 a 2004 houve

um surto de raiva nesses animais apresentando morbidade meacutedia de 75 e letalidade de

100 Estima-se que 1875 das mortes de bovinos no estado ocorrem por raiva Todos os

surtos exceto um aconteceram em animais natildeo vacinados (LIMA et al 2005)

As mudanccedilas na natureza ocasionadas pelo homem implicam em condiccedilotildees favoraacuteveis

para expansatildeo de morcegos e consequente aumento de casos de raiva bovina (MENEZES

2008) No Nordeste aleacutem dos morcegos hematoacutefagos a raposa tambeacutem se apresenta como um

importante transmissor e reservatoacuterio para o viacuterus da raiva (LIMA et al 2005)

O ciclo aeacutereo eacute caracterizado pela transmissatildeo do viacuterus raacutebico entre morcegos

hematoacutefagos ou natildeo Na Ameacuterica Latina haacute com frequumlecircncia casos de raiva humana por

agressotildees de morcegos hematoacutefagos pela ausecircncia de outras fontes alimentares e pelas

alteraccedilotildees ambientais (KOTAIT et al 2009)

Em morcegos a presenccedila do viacuterus raacutebico eacute detectada em diversos oacutergatildeos reforccedilando a

transmissatildeo de outros animais e seres humanos atraveacutes do contato com secreccedilotildees e com

morcegos vivos ou mortos O aparecimento do viacuterus nos pulmotildees ratifica a transmissatildeo por

aerossoacuteis entre todas as espeacutecies de morcegos que povoam uma mesma aacuterea (SCHEFFER et

al 2007 SILVA et al 2007) Portanto deve-se evitar contato com estes animais

principalmente quando apresentarem sinais da doenccedila como alteraccedilatildeo de comportamento

(voos diurnos) dificuldade de locomoccedilatildeo e agressividade (QUEIROZ et al 2009)

123 Raiva no Brasil

Os casos de raiva humana no Brasil demonstra uma reduccedilatildeo bastante significativa

diminuiu de 168 casos em 1980 (SCHENEIDER 1990) para 73 em 1990 26 em 2000

(PERNAMBUCO 2010) 3 em 2008 sendo dois por morcegos e um por primatas natildeo

humano (BRASIL 2009) e 2 em 2010 na regiatildeo Nordeste (BRASIL 2010a)

15

No Sul natildeo haacute registros de casos humanos desde 1988 Mas haacute uma emergecircncia do

ciclo silvestre no paiacutes onde se destaca uma maior detecccedilatildeo de casos de raiva em morcegos e

outras espeacutecies silvestres (BATISTA FRANCO ROEHE 2007 CALDAS et al 2007

PERNAMBUCO 2010) As agressotildees por morcegos aumentaram de 12 nos anos de 1990 a

1999 para 46 nos anos de 2000 a 2010 (PERNAMBUCO 2010)

A doenccedila eacute endecircmica no paiacutes e apresenta grau diferenciado de acordo com a regiatildeo

geopoliacutetica Na Regiatildeo Nordeste de 1986 a 2001 foram registrados 5880 dos casos

humanos jaacute a Norte 2085 a Sudeste registrou 1080 a Centro-Oeste 940 e a Sul

015 Em 1987 ocorreu um caso no Paranaacute sendo o uacuteltimo caso de registro de raiva nos

estados do Sul cuja fonte de infecccedilatildeo foi um morcego hematoacutefago A transmissatildeo da doenccedila

a humanos no periacuteodo de 1991 a 2001 foi de 8052 por catildees e gatos 1013 por morcegos

e 494 por outros animais raposas saguis gato selvagem bovinos equinos caititus

gambaacutes suiacutenos e caprinos (BRASIL 2005)

Nos anos de 1997 ateacute 2003 os catildees foram os principais transmissores da doenccedila no

Paiacutes sendo implicados em 84 das transmissotildees em humanos De 2004 a 2006 houve um

decreacutescimo significativo de casos em catildees estes representando 15 e um aumento das

infecccedilotildees por animais silvestres principalmente por morcegos hematoacutefagos que passaram a

ser responsaacuteveis por 825 dos casos Aleacutem disso as infecccedilotildees em morcegos natildeo

hematoacutefagos tecircm evoluiacutedo trazendo grande preocupaccedilatildeo para vigilacircncia epidemioloacutegica jaacute

que a raacutepida adaptaccedilatildeo desses animais ao meio urbano pode dar margem a infecccedilotildees em

animais domeacutesticos e humanos (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

124 Raiva em Pernambuco

Em Pernambuco a doenccedila ainda natildeo estaacute sob controle principalmente por haver uma

grande expansatildeo das aacutereas de ocorrecircncia de casos em bovinos causados por morcegos

hematoacutefagos (Desmodus rotundus) Constituindo assim um problema emergente de sauacutede

puacuteblica para o Estado (PERNAMBUCO 2009)

O iacutendice de positividade para a raiva canina no ano de 2000 no Estado foi de 65

aumentando para 10 em 2001 e apresentando decreacutescimo a partir de 2002 passando de

86 para 05 em 2008 No periacuteodo de 2000 a 2007 a cobertura vacinal superou a meta de

80 preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (PERNAMBUCO 2009)

Os casos de raiva humana em Pernambuco apresentam grande decreacutescimo no ano de

1992 quando houve o maior nuacutemero de casos (10 casos) No periacuteodo de 2000 a 2008

16

ocorreram quatro casos positivos dentre eles as espeacutecies agressoras foram catildeo e morcego

sendo este uacuteltimo o primeiro caso de cura no Brasil (PERNAMBUCO 2009)

125 Raiva em morcegos

Haacute no Brasil cerca de 140 espeacutecies de morcegos desse total o viacuterus da raiva jaacute foi

isolado de 31 espeacutecies Este nuacutemero eacute considerado pequeno quando comparado ao

encontrado nos Estados Unidos de 39 espeacutecies identificadas o viacuterus da raiva foi isolado de

30 Todas as espeacutecies de morcego podem transmitir a raiva independente de seu haacutebito

alimentar (KOTAIT et al 2009)

Em Presidente Prudente-SP haacute um iacutendice de positividade muito alto em quiroacutepteros

Esta regiatildeo era zona silenciosa para a raiva ateacute 2001 quando ocorreu um caso de morte em

mulher atacada por um gato poreacutem a variante encontrada foi de morcego hematoacutefago Aleacutem

disso ocorreu tambeacutem em 2002 um surto de raiva em bovinos tambeacutem decorrente de

agressotildees por morcegos hematoacutefagos (ALBAS et al 2005)

Em Satildeo Paulo estudos sobre variantes antigecircnicas demonstram vaacuterias amostras com

morcegos insetiacutevoros no Brasil Isso se deve a coabitaccedilatildeo de morcegos hematoacutefagos e natildeo

hematoacutefagos disseminando o viacuterus entre eles (ALBAS et al 2010)

Na Colocircmbia em 2009 notificou-se o primeiro caso de raiva humana na aacuterea urbana

transmitida por morcego Aleacutem disso o paciente veio a oacutebito pois o tratamento inicial natildeo foi

conferido mostrando a vulnerabilidade de todos os niacuteveis de atenccedilatildeo envolvidos Como o

periacuteodo de incubaccedilatildeo do viacuterus raacutebico eacute variaacutevel e mais prolongado em morcegos deve-se

implementar estudos que caracterizem os aspectos fundamentais desta doenccedila nesta espeacutecie

animal (BADILLO MANTILLA PRADILLA 2009)

Em 2004 e 2005 ocorreram surtos de raiva no Paraacute provenientes de variante de

morcegos hematoacutefagos presentes em vaacuterias espeacutecies dentre elas bovinos equinos suiacutenos

humanos felinos e morcegos Apoacutes um ano do surto de 2004 ainda detectou-se a variante em

circulaccedilatildeo no municiacutepio de Viseu isolado em amostras humana e bovina (BARBOSA et al

2007) Em Araccedilatuba-SP a espeacutecie quiroacuteptera eacute a terceira mais agressora com 81 (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009) Em estudos na mesma regiatildeo 12 dos morcegos diagnosticados

positivos agrediram pessoas e animais (QUEIROZ et al 2009)

Em trabalhos publicados no Brasil observou-se maior presenccedila de positividade em

morcegos insetiacutevoros (SCHEFFER et al 2007 QUEIROZ et al 2009) o que torna a

situaccedilatildeo mais alarmante jaacute que a interaccedilatildeo de morcegos natildeo hematoacutefagos com pessoas e seus

17

animais aumenta a cada dia devido a devastaccedilatildeo do habitat destes e a adaptaccedilatildeo a abrigos

urbanos (ALBAS et al 2009 TIRIBA SHMAL 2010)

No Paraacute a taxa de ataque por morcegos eacute muito alta Aleacutem disso do total de

agredidos 100 relataram natildeo conhecerem a necessidade de tratamento profilaacutetico Portanto

a adoccedilatildeo de medidas de esclarecimento agrave populaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel (WADA et al 2004) Jaacute

que uma vez mordido por morcegos o homem deve passar por tratamento imediato (soro e

vacina) sem interrupccedilatildeo pois o periacuteodo de incubaccedilatildeo eacute muito raacutepido levando o paciente natildeo

tratado ao oacutebito (SCHEFFER et al 2007 TIRIBA SHMAL 2010)

126 Raiva em animais silvestres

A raiva em animais silvestres vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia

epidemioloacutegica desse agravo no Brasil devido agrave presenccedila de morcegos natildeo hematoacutefagos em

aacutereas urbanas caniacutedeos silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais

(BRASIL 2009) Em 2009 foram notificados com raiva confirmada 158 morcegos natildeo

hematoacutefagos 16 morcegos hematoacutefagos 22 caniacutedeos silvestres 3 primatas natildeo humanos e

um gato do mato (BRASIL 2010b)

A raiva nos animais domeacutesticos eacute controlada com a vacinaccedilatildeo anual Poreacutem os

animais silvestres natildeo satildeo imunizados ficando assim mais expostos aos riscos de

contaminaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

A aplicaccedilatildeo de vacina de cultivo celular apresenta-se como uma alternativa para

imunizaccedilatildeo de animais silvestres Em estudos feitos com saguis esse tipo de vacinaccedilatildeo

mostrou-se eficaz apoacutes 45 dias aplicando-se apenas uma uacutenica dose Outra boa alternativa

seria a realizaccedilatildeo de estudos no uso de vacina oral para animais silvestres a fim de facilitar a

vacinaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

Em Pernambuco a criaccedilatildeo de macacos principalmente saguis como animal de

estimaccedilatildeo eacute bastante comum Em estudo realizado em Satildeo Paulo no periacuteodo de 1996 a 1999

observou-se uma diminuiccedilatildeo das agressotildees por macacos indicando um decreacutescimo na criaccedilatildeo

clandestina destes animais e na alimentaccedilatildeo deles em parques puacuteblicos Aleacutem disso a

indicaccedilatildeo de tratamento foi de 85 indicando uma maior conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao perigo desses acidentes (RAMOS RAMOS 2002)

18

127 Tratamento

O desenvolvimento da raiva estaacute relacionado a diversos fatores desde a gravidade da

mordedura e agrave proximidade do SNC ateacute o estado de sauacutede do paciente e sua resposta imune

(CARRIERI et al 2006) Por isso cada caso deve ser avaliado para que seja instalada a

profilaxia adequada a fim de se evitar a doenccedila

O Ministeacuterio da Sauacutede criou em 1973 o Programa Nacional de Controle da Raiva ndash

PNCR com o objetivo de eliminar a raiva humana transmitida por catildees e gatos O controle da

raiva canina foi realizado a partir das accedilotildees de vacinaccedilatildeo de catildees e gatos tratamento

profilaacutetico de pessoas expostas vigilacircncia epidemioloacutegica diagnoacutestico laboratorial controle

de populaccedilatildeo animal e educaccedilatildeo em sauacutede (SCHNEIDER et al 1996)

Devido ao tratamento de raiva humana realizado nos Estados Unidos (2004) e em

Pernambuco (2008) que decorreu na cura dos pacientes o Ministeacuterio da Sauacutede publicou e

divulgou para as Secretarias Municipais e Estaduais de Sauacutede o Protocolo de Tratamento de

Raiva Humana denominado Protocolo Recife (BRASIL 2009 BRASIL 2010b) Apesar

disso a profilaxia continua sendo a melhor maneira de prevenccedilatildeo pois a chance de cura ainda

eacute pequena e natildeo se tem conhecimento suficiente sobre as sequelas que o paciente pode

apresentar

A populaccedilatildeo ainda desconhece a gravidade da doenccedila Ateacute os dias atuais satildeo relatados

abandonos de tratamento e procura ao serviccedilo de sauacutede apenas para tratamento do ferimento

Em estudo realizado 245 dos atendidos consideraram desnecessaacuterio o tratamento completo

e 138 natildeo obtiveram orientaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao tratamento demonstrando a falta de

informaccedilatildeo e o descompromisso dos profissionais de sauacutede (VELOSO et al 2011)

1271 Profilaxia preacute-exposiccedilatildeo

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute indicada para pessoas expostas permanentemente ao risco

de infecccedilatildeo pelo viacuterus da raiva tais como meacutedicos veterinaacuterios bioacutelogos profissionais e

auxiliares de laboratoacuterio para diagnoacutestico da raiva estudantes dessas aacutereas e pessoas que

atuam na vacinaccedilatildeo captura e em zooloacutegicos (COSTA et al 2000 BRASIL 2005)

O esquema de tratamento eacute de trecircs doses aplicadas nos dias 0 7 e 28 Deve-se fazer o

controle soroloacutegico a partir do 14ordm dia apoacutes a uacuteltima dose do esquema e repeti-lo anualmente

Eacute importante destacar que eacute necessaacuterio administrar uma dose de reforccedilo sempre que os tiacutetulos

forem inferiores a 05 UIml (BRASIL 2005)

19

Em dados recentes observou-se que a aplicaccedilatildeo do esquema preacute-exposiccedilatildeo em

profissionais de sauacutede e viajantes que podem facilmente buscar atendimento no caso de uma

nova exposiccedilatildeo pode ser efetuada atraveacutes da via intradeacutermica trazendo um custo bem menor

ao paiacutes (CUNHA et al 2010)

Jaacute em populaccedilotildees de difiacutecil acompanhamento como da regiatildeo ribeirinha da Amazocircnia

recomenda-se o esquema por via intramuscular que confere uma imunidade mais duradoura

Tambeacutem foi identificado que apoacutes a terceira dose em ambas as vias de administraccedilatildeo eacute

desnecessaacuteria a sorologia em indiviacuteduos sob controle uma vez que todos os voluntaacuterios do

experimento apresentaram niacuteveis de anticorpos satisfatoacuterios ge05 UImL (CUNHA et al

2010)

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute considerada pelo serviccedilo como de pouca importacircncia jaacute

que apenas 377 dessa informaccedilatildeo eacute registrada Esse fato evidencia as falhas no sistema de

vigilacircncia e a necessidade de adequaccedilatildeo das prescriccedilotildees para que se atinjam niacuteveis ideais de

tratamento e seguranccedila para populaccedilatildeo atendida (RIGO HONER 2005)

1272 Profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo

O paciente apoacutes a agressatildeo por mamiacutefero deve ser avaliado para indicaccedilatildeo ou natildeo da

profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo que quando indicada deve ter iniacutecio o mais precocemente possiacutevel

pois quando o viacuterus atinge o SNC o paciente geralmente evolui para o oacutebito (KOTAIT et al

2009)

O tratamento poacutes-exposiccedilatildeo prescrito depende principalmente da espeacutecie do animal

agressor do tipo da lesatildeo e no caso de catildees e gatos da possibilidade da observaccedilatildeo (Anexo

B) (GARCIA et al 1999 BRASIL 2005)

Haacute no Brasil um nuacutemero bastante elevado de tratamentos profilaacuteticos humanos que

poderiam ser reduzidos pela educaccedilatildeo em sauacutede atraveacutes de orientaccedilotildees sobre os animais

agressores e os fatores que desencadeiam a agressividade os cuidados com o ferimento a

posse responsaacutevel dos animais aleacutem da observaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo cliacutenica dos catildees e gatos

domiciliados (GARCIA et al 1999 FRIAS 2008)

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina

Em 2009 na Regiatildeo Nordeste e a partir de 2010 no restante do paiacutes a campanha de

vacinaccedilatildeo nacional substituiu a vacina Fuenzalida amp Palaacutecios modificada pela vacina de

20

cultivo celular canina (BRASIL 2009) Essa modificaccedilatildeo deve-se ao fato dessa vacina

apresentar maior imunogenicidade e seguranccedila aleacutem de ser recomendada pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede (BRASIL 2010a)

A vacina de cultivo celular foi utilizada em Pernambuco em 2009 sem apresentar altos

iacutendices de reaccedilotildees adversas Entretanto a vacina introduzida em junho de 2010 em todo paiacutes

(BRASIL 2010a) teve sua aplicaccedilatildeo suspensa em outubro do mesmo ano pelo Ministeacuterio da

Sauacutede que determinou a interrupccedilatildeo da campanha vacinal ateacute a conclusatildeo dos estudos sobre o

aumento das mortes e reaccedilotildees adversas apresentadas em catildees e gatos vacinados (BRASIL

2010c)

Em humanos a vacina utilizada para tratamento profilaacutetico tambeacutem eacute a vacina de

cultivo celular esta eacute produzida em cultura de ceacutelulas (diploacuteides humanas ceacutelulas Vero

ceacutelulas de embriatildeo de galinha e pato etc) com viacuterus inativados por betapropiolactona e com

potecircncia miacutenima de 25 UIdose A vacina eacute apresentada de forma liofilizada devendo ser

conservada na temperatura entre + 2ordmC a + 8ordmC ateacute o momento de sua aplicaccedilatildeo Seu esquema

vacinal completo eacute de 5 doses aplicadas nos dias 0 3 7 14 e 28 (BRASIL 2005)

Natildeo haacute contra indicaccedilatildeo (gravidez mulheres lactantes doenccedila intercorrente ou outros

tratamentos) Sempre que possiacutevel recomenda-se a interrupccedilatildeo do tratamento com corticoacuteides

eou imunossupressores As manifestaccedilotildees adversas relatadas com maior frequumlecircncia satildeo

reaccedilatildeo local febre mal estar naacuteuseas e cefaleacuteia Natildeo haacute relato de ocorrecircncia de oacutebito

associado ao uso da vacina de cultivo celular (BRASIL 2005)

A frequumlecircncia de reaccedilotildees neuroloacutegicas associadas a esta vacina citada na literatura

cientiacutefica eacute baixa De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede ateacute junho de 1996

haviam sido relatados seis casos de reaccedilotildees neuroloacutegicas temporalmente associadas a vacina

A incidecircncia de manifestaccedilotildees neuroloacutegicas considerando-se todos estes casos como

realmente provocados pela vacina eacute de cerca de 1 para cada 500000 pacientes tratados A

incidecircncia de reaccedilotildees aleacutergicas notificadas nos EUA agrave vacina de ceacutelulas diploacuteides foi de 11

casos por 10000 pacientes tratados (011) As reaccedilotildees variam de urticaacuteria a anafilaxia e

ocorrem principalmente apoacutes as doses de reforccedilo a maioria dos pacientes natildeo necessita de

internaccedilatildeo hospitalar (COSTA et al 2000)

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro

O soro heteroacutelogo eacute uma soluccedilatildeo concentrada e purificada de anticorpos preparada em

equiacutedeos imunizados contra o viacuterus da raiva A temperatura de conservaccedilatildeo eacute entre +2ordm a

21

+8ordmC A dose indicada eacute de 40 UIkg de peso Deve-se infiltrar nas lesotildees a maior quantidade

possiacutevel da dose do soro caso natildeo seja possiacutevel aplicar a miacutenima quantidade possiacutevel na

regiatildeo gluacutetea O uso do soro natildeo eacute recomendado para pacientes imunizados anteriormente Em

pacientes com histoacuterico de reaccedilotildees aleacutergicas e reaccedilatildeo anafilaacutetica ao soro heteroacutelogo

recomenda-se o uso do soro homoacutelogo (imunoglobulina humana hiperimune antirraacutebica) na

dose de 20UIKg de peso (BRASIL 2005)

1275 Consideraccedilotildees sobre o ferimento

A limpeza do ferimento com aacutegua corrente e sabatildeo eacute imprescindiacutevel em qualquer

caso de mordedura arranhadura ou lambedura que possa haver contaminado a viacutetima com o

viacuterus da raiva Esta deve eliminar todas as sujidades e em seguida devem ser utilizados

antisseacutepticos que inativem o viacuterus da raiva (iodo povidine clorexidine e aacutelcool iodado) a

mucosa ocular deve ser lavada com aacutegua corrente ou soluccedilatildeo fisioloacutegica (COSTA et al 2000

BRASIL 2005)

A utilizaccedilatildeo de antisseacutepticos ou mesmo o uso de aacutegua e sabatildeo para lavagem dos

ferimentos eacute relatada em 831 dos casos analisados em estudos indicando a

conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo para essa conduta importante de prevenccedilatildeo de doenccedilas

(GARCIA et al 1999)

A sutura do ferimento natildeo eacute recomendada mas caso seja necessaacuterio aproximar as

bordas com pontos isolados e infiltrar soro antirraacutebico humano uma hora antes da sutura

Dependendo da necessidade do paciente outras condutas podem ser realizadas como a

administraccedilatildeo de antibioacuteticos e a profilaxia antitetacircnica (COSTA et al 2000 BRASIL

2005)

128 Consideraccedilotildees sobre o animal

O Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (BRASIL 2005) traz algumas consideraccedilotildees em

relaccedilatildeo aos animais agressores dentre eles

bull O periacuteodo de observaccedilatildeo de dez dias eacute restrito aos catildees e gatos

bull A agressatildeo por outros animais domeacutesticos (bovinos ovinos caprinos equiacutedeos e suiacutenos)

deveraacute ser avaliada e se necessaacuterio deveraacute ser indicado o tratamento profilaacutetico

bull Estaacute indicado tratamento sistematicamente para todos os casos de agressatildeo por animais

silvestres mesmo quando domiciliados e domesticados

22

bull Natildeo eacute indicado tratamento nas agressotildees causadas por ratos ratazanas cobaias e lagomorfos

(urbanos ou de criaccedilatildeo)

bull Nas agressotildees por morcegos deve-se proceder a soro-vacinaccedilatildeo independentemente do tipo

de morcego agressor do tempo decorrido e da gravidade da lesatildeo

23

2 JUSTIFICATIVA

A raiva constitui um importante problema de sauacutede puacuteblica devido ao seu prognoacutestico

quase sempre fatal No entanto essa alta letalidade pode ser reduzida a partir da prevenccedilatildeo da

doenccedila atraveacutes do adequado atendimento e tratamento profilaacutetico Estes uacuteltimos ocorrem

desde a avaliaccedilatildeo do caso e conduta cliacutenica ateacute questotildees estruturais e organizacionais dos

serviccedilos de sauacutede

Esta pesquisa justifica-se pela carecircncia de estudos neste sentido em Pernambuco e pela

mudanccedila no perfil epidemioloacutegico da raiva com diminuiccedilatildeo dos casos em caninos e felinos e

aumento dos casos em morcegos herbiacutevoros e outros animais silvestres

Com este trabalho pretende-se analisar o atendimento antirraacutebico humano nos

indiviacuteduos agredidos por animais silvestres no estado de Pernambuco Dessa forma busca-se

melhorar o conhecimento de alguns aspectos relacionados agrave profilaxia da raiva por animais

silvestres melhoria da vigilacircncia epidemioloacutegica planejamento e adoccedilatildeo de variadas accedilotildees de

sauacutede puacuteblica

21 PERGUNTA CONDUTORA

Como estaacute sendo efetuado o atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo nas

agressotildees por animais silvestres

24

3 OBJETIVOS

31 GERAL

Caracterizar o perfil epidemioloacutegico do atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em agressotildees por animais silvestres e analisar a adequaccedilatildeo de sua indicaccedilatildeo em Pernambuco

no periacuteodo de 2001 a 2010

32 ESPECIacuteFICOS

a) Caracterizar o perfil epidemioloacutegico segundo variaacuteveis de pessoa lugar e tempo

relativas agraves condiccedilotildees da agressatildeo e do animal agressor

b) Analisar o tratamento recomendado a cada espeacutecie agressora

25

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

41 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de abrangecircncia do estudo corresponde ao estado de Pernambuco composto por

184 municiacutepios e o territoacuterio de Fernando de Noronha

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA

O periacuteodo avaliado foi de 2001 a 2010 com o objetivo de demonstrar com melhor

precisatildeo o aumento das agressotildees por animais silvestres no estado

43 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal Esse estudo eacute apropriado para o

registro de frequumlecircncia de eventos observando sua variaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo Sua maior

vantagem eacute que natildeo haacute necessidade de grupos de comparaccedilatildeo possui alto potencial descritivo

e baixo custo operacional

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS

O evento estudado foi a profilaxia da raiva humana a partir de agressotildees por animais

silvestres analisada atraveacutes dos procedimentos registrados no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo (SINAN) sendo construiacutedos diversos tipos de agrupamentos

Desse modo foram analisados os atendimentos por espeacutecie animal atraveacutes da ficha

individual de atendimento antirraacutebico e este atendimento subdivido em grupos de variaacuteveis

Assim foram analisados os dados referentes as notificaccedilotildees individuais faixa etaacuteria e sexo

aos dados de residecircncia municiacutepio de residecircncia aos antecedentes epidemioloacutegicos

caracteriacutesticas da agressatildeo caracteriacutesticas do animal agressor e tratamento recomendado

(tratamento indicado indicaccedilatildeo do soro interrupccedilatildeo do tratamento motivo da interrupccedilatildeo e se

a unidade de sauacutede procurou o paciente que abandonou o tratamento) (Quadro 1)

Assim sendo em cada toacutepico especiacutefico de anaacutelise procurou-se verificar as principais

caracteriacutesticas das espeacutecies agressoras e o tratamento aplicado a partir das especificidades de

cada espeacutecie sendo executadas da seguinte forma observaram-se inicialmente o perfil das

26

agressotildees entre os anos de 2001 e 2010 em seguida realizaram-se observaccedilotildees no tratamento

realizado para posteriormente analisar a distribuiccedilatildeo das agressotildees no estado de Pernambuco

Os grupos foram compostos pelas variaacuteveis encontradas no proacuteprio banco de dados e

para a definiccedilatildeo dos atosprocedimentos que melhor caracterizassem as variaacuteveis utilizou-se

como referecircncia a Norma Teacutecnica do Ministeacuterio da Sauacutede (Anexo B)

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS

Os dados utilizados neste estudo foram secundaacuterios coletados na Secretaria Estadual

de Sauacutede e processados pelo SINAN atraveacutes da ficha individual de investigaccedilatildeo para

atendimento antirraacutebico humano (Anexo A) A exploraccedilatildeo do banco de dados foi realizada

atraveacutes dos programas Tabwin 36 e planilhas eletrocircnicas

46 ANAacuteLISE DOS DADOS

Foram calculadas frequumlecircncias absolutas e relativas aleacutem das meacutedias

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS

O estudo foi realizado dentro dos padrotildees da eacutetica cientiacutefica tendo sido aprovado pela

Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa sob o nordm 0511 da instituiccedilatildeo agrave qual se subordina A pesquisa

foi realizada com dados secundaacuterios da Secretaria Estadual de Sauacutede Nenhum dado de

identificaccedilatildeo dos pacientes fez parte do estudo

Quadro 1 - Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do tratamento antirraacutebico humano

VARIAacuteVEL CATEGORIZACcedilAtildeO

Relativas agraves caracteriacutesticas

da agressatildeo

Tipo de Exposiccedilatildeo Contato Indireto Arranhadura Lambedura e Mordedura

Localizaccedilatildeo Mucosa CabeccedilaPescoccedilo MatildeosPeacutes Tronco

Membros Superiores e Membros Inferiores

Ferimento Uacutenico Muacuteltiplo Ignorado e Sem Ferimento

Tipo de Ferimento Profundo Superficial Dilacerante

Relativas agraves caracteriacutesticas

do animal agressor

Espeacutecie Animal Quiroacuteptera (Morcego) Primata (Macaco) e Raposa

Condiccedilatildeo Final do Animal Positivo Cliacutenico Negativo Cliacutenico Positivo Laboratorial e Negativo Laboratorial

27

Relativas ao tratamento antirraacutebico humano

Tratamento Indicado Preacute-exposiccedilatildeo Exposiccedilatildeo Re-exposiccedilatildeo

Dispensa de tratamento Observaccedilatildeo do

animal (se catildeo ou gato) e Ignorado

Indicaccedilatildeo do Soro Sim Natildeo e Ignorado

Relativas agrave continuidade do

tratamento antirraacutebico humano

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim Natildeo e Ignorado

Motivo da Interrupccedilatildeo Unidade Indicou Abandono e Transferecircncia

Unidade de sauacutede

procurou o paciente que

abandonou o tratamento

Sim e Natildeo

28

5 RESULTADOS

Nas agressotildees por ano foram observadas tendecircncias de crescimentos com oscilaccedilotildees

principalmente em raposas sendo observados picos nos anos de 2002 (267) 2005(292) 2006

(305) e 2009 (235) Em morcegos haacute um crescimento anual ateacute um pico em 2006 (182)

posteriormente ocorre uma ligeira queda e um novo pico em 2009 (207) No que diz respeito a

macacos o nuacutemero de casos se manteacutem proacuteximo durante os anos exceto em 2003 (272) e

2007 (250) onde ocorreram elevaccedilotildees das agressotildees (Figura 1)

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo espeacutecie agressora e ano

Pernambuco 2001 a 2010

1

52

104 113138

182

117 124

207

155

0

134

272

171186

153

250

182 185

141

6

267

221

174

292305

168147

235

170

0

50

100

150

200

250

300

350

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Morcego

Macaco

Raposa

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

No periacuteodo estudado 295704 pessoas receberam tratamento antirraacutebico humano

destas 4852 (16) foram atendidas apoacutes agressotildees por animais silvestres Dentre os animais

silvestres a raposa foi a espeacutecie mais agressora representando 1985 (409) casos em

seguida encontrou-se a primata com 1674 (345) e depois a quiroacuteptera com 1193 (246)

A zona urbana foi a localidade de residecircncia com maior nuacutemero de casos em macacos

79 e morcegos 78 jaacute em raposas prevaleceu a zona rural com 745 das agressotildees

(Tabela 1)

Em relaccedilatildeo a faixa etaacuteria o grupo mais atingido foi de 20 a 49 anos (385) Em

morcegos essa faixa representa 444 das agressotildees em macacos 342 e em raposas 386

Em seguida se encontra a faixa de 50 anos e mais exceto em macacos onde prevaleceu os lt9

anos (Tabela 1)

No que diz respeito ao sexo o masculino apresentou-se mais prevalente com 2764

(57) dos casos Dentre as agressotildees por sexo e espeacutecie a raposa apresentou a maior

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

4

AGRADECIMENTOS

Agrave Deus por guiar e iluminar meus caminhos

Aos meus pais e familiares pelo apoio em minha jornada

Agrave minha irmatilde e cunhada pelas correccedilotildees e lidas de uacuteltima hora

Agrave Cloacutevis e Fernando Oliveira por terem me auxiliado em todos os entraves

computacionais

Agrave Francisco Duarte por ter me dado o privileacutegio de trabalhar com a temaacutetica exposta

neste trabalho aleacutem de todo apoio teoacuterico-praacutetico para a construccedilatildeo dele

Agrave Domiacutecio de Saacute por ter aceitado me orientar e por ter confiado em meu crescimento

Minha gratidatildeo a todos os colegas da Secretaria Estadual de Sauacutede e aos amigos que

contribuiacuteram direta ou indiretamente na conquista dessa vitoacuteria

5

SILVA Suely Ruth Anaacutelise dos atendimentos antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo agraves

agressotildees por animais silvestres em Pernambuco 2011 Monografia (Residecircncia

Multiprofissional em Sauacutede Coletiva) ndash Centro de Pesquisas Aggeu Magalhatildees Fundaccedilatildeo

Oswaldo Cruz Recife 2011

RESUMO

A raiva representa um importante problema de sauacutede puacuteblica devido a sua alta letalidade por

isso deve estar sempre sob vigilacircncia e controle O objetivo desse trabalho foi descrever e

analisar as caracteriacutesticas dos atendimentos antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo por animais

silvestres em Pernambuco no periacuteodo de 2001 a 2010 Para isso foram utilizados os dados de

4852 fichas de atendimento antirraacutebico humano disponiacuteveis no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo Foram analisadas variaacuteveis relativas agrave pessoa agrave agressatildeo ao animal

e ao tratamento A raposa foi a principal espeacutecie agressora com 409 dos casos observando-

se um maior nuacutemero de atendimentos em indiviacuteduos do sexo masculino procedentes de zonas

rurais com ferimentos uacutenicos e muacuteltiplos profundos em membros inferiores e peacutes

provocados por mordeduras Em morcegos e macacos ocorreu a homogeneidade entre os

sexos e a zona mais acometida foi a urbana Os ferimentos predominantes foram uacutenicos

divididos entre superficiais e profundos localizados nas matildeos e gerados por mordeduras Na

meacutedia geral a faixa etaacuteria mais acometida foi dos 20 aos 49 anos Na condiccedilatildeo final do animal

301 dos casos registrados nesse item foram fechados clinicamente e 511 observaram-se

como ignorados ou natildeo preenchidos Houve indicaccedilatildeo de tratamento para 886 dos casos

poreacutem na indicaccedilatildeo do soro 284 casos de agressotildees por morcegos natildeo receberam infiltraccedilatildeo

do soro e a taxa de abandonos de tratamento foi de 48 O tratamento foi o item que

apresentou maiores problemas principalmente nas recomendaccedilotildees para espeacutecie quiroacuteptera

Portanto para otimizaccedilatildeo das accedilotildees das equipes de vigilacircncia epidemioloacutegica indica-se

comprometimento com o preenchimento das fichas e acompanhamento dos pacientes para que

haja o controle efetivo da raiva humana

Palavras chaves Raiva Quiroacutepteros Primatas Raposas

6

SILVA Suely Ruth Analysis of human rabies anti care post exposure to attacks by wild

animals in Pernambuco 2011 Monograph (Multidisciplinary Residency in Public Health) ndash

Aggeu Magalhatildees Research Center Oswaldo Cruz Foundation Recife 2011

SUMMARY

Rabies is a major public health problem due to its high lethality so it must be under

surveillance and control The objective of this study was to describe and analyze the

characteristics of visits anti human rabies post exposure by wild animals in Pernambuco in

the period 2001 to 2010 For this we used data from 4852 medical records available anti

human rabies in the Information System of Notification of Injuries Variables were analyzed

relative to the person assault animal and treatment The fox was the main aggressor species

with 409 of cases observing a larger number of patients in males coming from rural areas

with single and multiples injuries deep on his legs and feet caused by bites Bats and

monkeys occurred in the homogeneity between the sexes and the area most affected was the

city Predominant injuries were unique divided into superficial and deep located on the

hands produced by bites Media in general the most affected age group was 20 to 49 years

The final condition of the animal 301 of reported cases were closed this item clinically and

511 observed as unknown or not filled Was indication of treatment for 886 of cases

but in an indication of serum 284 cases of aggression by bats did not receive the serum

infiltration and rate of treatment dropouts was 48 The treatment was the item that

presented the greatest problem mainly in the recommendation of chiropteran species

Therefore for the optimization of the shares of epidemiological surveillance teams it is stated

commitment to filling in the forms and follow-up of patients so that there is effective control

of rabies

Keywords Rabies Chiropteran Primates Fox

7

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Quadro 1 ndash Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do

tratamento antirraacutebico humano

26

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

espeacutecie agressora e ano Pernambuco 2001 a 2010

28

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por

municiacutepio segundo espeacutecie agressora Pernambuco 2001 a 2010

33

8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas agrave pessoa Pernambuco 2001 a 2010

29

Tabela 2 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas agrave agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

30

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

31

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas ao tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

31

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas agrave continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco

2001 a 2010

32

9

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 ASPECTOS HISTOacuteRICOS 11

12 ASPECTOS EPIDEMIOLOacuteGICOS 12

121 Distribuiccedilatildeo da Doenccedila 12

122 Cadeia Epidemioloacutegica 13

123 Raiva no Brasil 14

124 Raiva em Pernambuco 15

125 Raiva em Morcegos 16

126 Raiva em Animais Silvestres 17

127 Tratamento 18

1271 Profilaxia Preacute-exposiccedilatildeo 18

1272 Profilaxia Poacutes-exposiccedilatildeo 19

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina 19

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro 20

1275 Consideraccedilotildees sobre o Ferimento 21

128 Consideraccedilotildees sobre o Animal 22

2 JUSTIFICATIVA 23

21 PERGUNTA CONDUTORA 23

3 OBJETIVOS 24

31 OBJETIVO GERAL 24

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 24

4 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS 25

41 AacuteREA DE ESTUDO 25

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA 25

43 DESENHO DO ESTUDO 25

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS 25

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS 26

46 ANAacuteLISE DOS DADOS 26

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS 26

5 RESULTADOS 28

10

6 DISCUSSAtildeO 34

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 39

REFEREcircNCIAS 40

Anexo A - Ficha de atendimento antirraacutebico humano 44

Anexo B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a

vacina de cultivo celular

46

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

A raiva eacute uma encefalite aguda causada por viacuterus Todos os mamiacuteferos satildeo

susceptiacuteveis agrave infecccedilatildeo que se daacute pela penetraccedilatildeo do viacuterus contido na saliva do animal

infectado atraveacutes da mordedura arranhadura ou lambedura Possui grande importacircncia

epidemioloacutegica por apresentar letalidade de quase 100 (BRASIL 2005) Soacute tendo ocorrido

a cura em poucos casos sendo um deles nos Estados Unidos em 2004 e outro em um

adolescente de 15 anos do municiacutepio de Floresta estado de Pernambuco em 2008 apoacutes ter

sido mordido por morcego hematoacutefago (KOTAIT et al 2009)

O periacuteodo de incubaccedilatildeo da doenccedila eacute bastante variaacutevel indo de dias a anos e estaacute

relacionado a localizaccedilatildeo extensatildeo e profundidade da lesatildeo agrave distacircncia do ferimento ao

ceacuterebro e agrave concentraccedilatildeo de partiacuteculas virais (BRASIL 2005) A raiva possui muitas

interfaces entre o mundo humano e animal de modo que o surgimento da doenccedila guarda

estreita ligaccedilatildeo entre o tratamento de pessoas expostas as atividades de vigilacircncia

epidemioloacutegica e o controle da raiva animal

A doenccedila tem ocorrecircncia quase universal Em alguns paiacuteses desenvolvidos a raiva

humana estaacute erradicada e a raiva nos animais domeacutesticos estaacute controlada mas ainda eacute

efetuada vigilacircncia epidemioloacutegica em funccedilatildeo dos animais silvestres Atualmente soacute existe

um uacutenico continente livre da doenccedila que eacute a Oceania (BRASIL 2005)

11 ASPECTOS HISTOacuteRICOS

A raiva eacute uma doenccedila muito temida desde a Antiguidade devido agrave transmissatildeo ao

quadro cliacutenico e agrave evoluccedilatildeo Era referida como uma doenccedila que tornava ldquoloucosrdquo homens e

catildees (KOTAIT et al 2009)

Os egiacutepcios entendiam que a alteraccedilatildeo de comportamento de catildees devia-se a influecircncia

maligna da Siacuterius (constelaccedilatildeo Catildeo Maior) Jaacute os romanos descobriram a capacidade

infecciosa da saliva dos catildees raivosos chamando este material de veneno foi de onde surgiu a

palavra latina viacuterus Na Greacutecia foram descritas praacuteticas de cauterizaccedilatildeo das feridas

provocadas pelo animal raivoso ateacute o final do seacuteculo XIX quando foi desenvolvida a vacina

(KOTAIT et al 2009)

Em 1880 Louis Pasteur iniciou seus estudos sobre a raiva e no ano seguinte

conseguiu isolar o viacuterus e produzir uma vacina Em 1884 esta foi utilizada

experimentalmente em animais e em 1885 nos humanos em um menino de 9 anos chamado

12

Joseph Meister O sucesso com a vacina teve enorme impacto nas medidas de tratamento

contra essa enfermidade sendo utilizada em todo o mundo Foi tambeacutem determinante para a

criaccedilatildeo de instituiccedilotildees de pesquisa para produccedilatildeo e aplicaccedilatildeo da vacina surgindo assim o

Instituto Pasteur em 1888 (COSTA et al 2000)

No Brasil o primeiro serviccedilo antirraacutebico foi instituiacutedo com a inauguraccedilatildeo em 1888

do Instituto Pasteur no Rio de Janeiro Em 1899 foi criado o Instituto Pasteur de Pernambuco

(LIMA GUIMARAtildeES OLIVEIRA 2000) e soacute em 1903 foi fundado o Instituto Pasteur de

Satildeo Paulo (COSTA et al 2000)

Antonio Carini entatildeo diretor do Instituto Pasteur de Satildeo Paulo levantou a hipoacutetese

em 1911 dos morcegos hematoacutefagos serem os transmissores da raiva dos herbiacutevoros Anos

apoacutes foi confirmada a raiva tambeacutem em morcegos frugiacutevoros e insetiacutevoros mas este tipo de

transmissor soacute foi levado em consideraccedilatildeo quando um menino foi atacado por um morcego

insetiacutevoro na Floacuterida em 1953 Apoacutes esta data inuacutemeros casos humanos foram confirmados

nos Estados Unidos e satildeo notificados ateacute os dias de hoje (COSTA et al 2000)

12 ASPECTOS EPIDEMIOLOacuteGICOS

Os dados epidemioloacutegicos satildeo essenciais para definiccedilatildeo dos fatores condicionantes e

determinantes de uma doenccedila Na vigilacircncia da raiva estes dados auxiliam na tomada de

decisatildeo do tratamento poacutes-exposiccedilatildeo e na conduta com o animal envolvido aleacutem disso casos

de raiva humana representam falecircncia do sistema de sauacutede local e servem como indicador

para avaliaccedilatildeo da qualidade dos serviccedilos

121 Distribuiccedilatildeo da Doenccedila

A raiva eacute conhecida desde a antiguidade mas ateacute hoje representa um problema de

sauacutede puacuteblica nos paiacuteses em desenvolvimento (BRASIL 2005) Nos Estados Unidos o

nuacutemero de casos de raiva humana a partir de 1940 foi superior a 30 devido a morcegos

insetiacutevoros (KOTAIT et al 2009)

Na Ameacuterica do Norte (Estados Unidos e Canadaacute) e alguns paiacuteses da Europa (Franccedila e

Inglaterra) o maior peso da raiva estaacute nas espeacutecies silvestres (BRASIL 2005) Poreacutem na

Venezuela a raiva canina prevalece como o principal foco transmissor da doenccedila devido ao

baixo percentual de cobertura vacinal sendo este de apenas 33 no periacuteodo de 1996 a 2006

13

Aleacutem disso grande parcela da populaccedilatildeo encontra-se mais vulneraacutevel por causa do baixo

niacutevel socioeconocircmico e educativo (FUENTES et al 2008)

Os paiacuteses da Ameacuterica que mais registram casos de raiva satildeo o Brasil Colocircmbia e

Peru devido ao grande nuacutemero de agressotildees por morcegos hematoacutefagos Neste continente no

ano de 2004 os animais silvestres contribuiacuteram com 599 dos casos e os animais

domeacutesticos com 401 sendo a raiva humana presente em quase todos os paiacuteses exceto o

Caribe (ORGANIZACcedilAtildeO PAN-AMERICANA DE SAUacuteDE 2006)

Nos uacuteltimos anos alguns paiacuteses como China Tailacircndia Sri- Lanka e Tuniacutesia

conseguiram progressos importantes nos programas de controle da raiva combinando a

vacinaccedilatildeo de catildees com a melhoria do tratamento antirraacutebico possibilitando assim a reduccedilatildeo

dos casos da doenccedila em humanos (SILVA et al 2009)

No continente asiaacutetico ocorrem cerca de 35000 a 55000 casos de raiva humana por

ano e aproximadamente 7 milhotildees de tratamentos com vacinaccedilatildeo Na Aacutefrica estima-se em

5000 a 15000 o nuacutemero de mortes humanas por ano e a vacinaccedilatildeo em cerca de 500000

pessoas Na Ameacuterica Latina os casos em humanos satildeo menores que 100 por ano e o

tratamento fica em torno de 500000 pessoas Na Ameacuterica do Norte e Europa o nuacutemero de

casos de raiva humana reduz a menos de 50 e o tratamento antirraacutebico eacute conferido a

aproximadamente 100000 pessoas (SILVA et al 2009)

O nuacutemero de casos de raiva transmitidos por morcegos tem crescido muito nos uacuteltimos

tempos Na atualidade o grande desafio corresponde agrave detecccedilatildeo precoce da circulaccedilatildeo do

viacuterus em animais silvestres aleacutem da manutenccedilatildeo do controle via imunizaccedilatildeo em animais

domeacutesticos

122 Cadeia Epidemioloacutegica

O viacuterus da raiva adaptou-se a vaacuterias espeacutecies que atuam como reservatoacuterios garantindo

a perpetuaccedilatildeo do viacuterus na natureza Estas adaptaccedilotildees originam as variantes que por vezes

apresentam alteraccedilotildees as quais satildeo utilizadas como marcadores epidemioloacutegicos que tem o

objetivo de identificar as interaccedilotildees do viacuterus com suas espeacutecies hospedeiras e o meio

ambiente e com a biologia da infecccedilatildeo (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

As intervenccedilotildees do homem no ecossistema tecircm gerado mudanccedilas de comportamento

de animais silvestres que passaram a procurar abrigos e fontes de alimentos nos centros

urbanos (SILVA LANGONI 2011) Estes fatos modificaram a epidemiologia das zoonoses

trazendo a raiva silvestre para a populaccedilatildeo humana (CARRIERI et al 2006)

14

A cadeia epidemioloacutegica da raiva estaacute dividida em dois principais ciclos de

transmissatildeo terrestre e aeacutereo (CALDAS et al 2007) O ciclo terrestre eacute constituiacutedo por catildees

e gatos agressores destes 823 satildeo domiciliados e a maior parte deles satildeo machos ateacute um

ano de idade (BUSO NUNES QUEIROZ 2009) No periacuteodo de transmissibilidade da

doenccedila esses animais se afastam do domiciacutelio andando quilocircmetros fazendo inuacutemeras

viacutetimas ou infectando novos hospedeiros (CARRIERI et al 2006)

Os outros mamiacuteferos que fazem parte do ciclo terrestre satildeo os herbiacutevoros A estimativa

eacute que haja no Brasil mortes de 842688 cabeccedilas por ano Na Paraiacuteba entre 2002 a 2004 houve

um surto de raiva nesses animais apresentando morbidade meacutedia de 75 e letalidade de

100 Estima-se que 1875 das mortes de bovinos no estado ocorrem por raiva Todos os

surtos exceto um aconteceram em animais natildeo vacinados (LIMA et al 2005)

As mudanccedilas na natureza ocasionadas pelo homem implicam em condiccedilotildees favoraacuteveis

para expansatildeo de morcegos e consequente aumento de casos de raiva bovina (MENEZES

2008) No Nordeste aleacutem dos morcegos hematoacutefagos a raposa tambeacutem se apresenta como um

importante transmissor e reservatoacuterio para o viacuterus da raiva (LIMA et al 2005)

O ciclo aeacutereo eacute caracterizado pela transmissatildeo do viacuterus raacutebico entre morcegos

hematoacutefagos ou natildeo Na Ameacuterica Latina haacute com frequumlecircncia casos de raiva humana por

agressotildees de morcegos hematoacutefagos pela ausecircncia de outras fontes alimentares e pelas

alteraccedilotildees ambientais (KOTAIT et al 2009)

Em morcegos a presenccedila do viacuterus raacutebico eacute detectada em diversos oacutergatildeos reforccedilando a

transmissatildeo de outros animais e seres humanos atraveacutes do contato com secreccedilotildees e com

morcegos vivos ou mortos O aparecimento do viacuterus nos pulmotildees ratifica a transmissatildeo por

aerossoacuteis entre todas as espeacutecies de morcegos que povoam uma mesma aacuterea (SCHEFFER et

al 2007 SILVA et al 2007) Portanto deve-se evitar contato com estes animais

principalmente quando apresentarem sinais da doenccedila como alteraccedilatildeo de comportamento

(voos diurnos) dificuldade de locomoccedilatildeo e agressividade (QUEIROZ et al 2009)

123 Raiva no Brasil

Os casos de raiva humana no Brasil demonstra uma reduccedilatildeo bastante significativa

diminuiu de 168 casos em 1980 (SCHENEIDER 1990) para 73 em 1990 26 em 2000

(PERNAMBUCO 2010) 3 em 2008 sendo dois por morcegos e um por primatas natildeo

humano (BRASIL 2009) e 2 em 2010 na regiatildeo Nordeste (BRASIL 2010a)

15

No Sul natildeo haacute registros de casos humanos desde 1988 Mas haacute uma emergecircncia do

ciclo silvestre no paiacutes onde se destaca uma maior detecccedilatildeo de casos de raiva em morcegos e

outras espeacutecies silvestres (BATISTA FRANCO ROEHE 2007 CALDAS et al 2007

PERNAMBUCO 2010) As agressotildees por morcegos aumentaram de 12 nos anos de 1990 a

1999 para 46 nos anos de 2000 a 2010 (PERNAMBUCO 2010)

A doenccedila eacute endecircmica no paiacutes e apresenta grau diferenciado de acordo com a regiatildeo

geopoliacutetica Na Regiatildeo Nordeste de 1986 a 2001 foram registrados 5880 dos casos

humanos jaacute a Norte 2085 a Sudeste registrou 1080 a Centro-Oeste 940 e a Sul

015 Em 1987 ocorreu um caso no Paranaacute sendo o uacuteltimo caso de registro de raiva nos

estados do Sul cuja fonte de infecccedilatildeo foi um morcego hematoacutefago A transmissatildeo da doenccedila

a humanos no periacuteodo de 1991 a 2001 foi de 8052 por catildees e gatos 1013 por morcegos

e 494 por outros animais raposas saguis gato selvagem bovinos equinos caititus

gambaacutes suiacutenos e caprinos (BRASIL 2005)

Nos anos de 1997 ateacute 2003 os catildees foram os principais transmissores da doenccedila no

Paiacutes sendo implicados em 84 das transmissotildees em humanos De 2004 a 2006 houve um

decreacutescimo significativo de casos em catildees estes representando 15 e um aumento das

infecccedilotildees por animais silvestres principalmente por morcegos hematoacutefagos que passaram a

ser responsaacuteveis por 825 dos casos Aleacutem disso as infecccedilotildees em morcegos natildeo

hematoacutefagos tecircm evoluiacutedo trazendo grande preocupaccedilatildeo para vigilacircncia epidemioloacutegica jaacute

que a raacutepida adaptaccedilatildeo desses animais ao meio urbano pode dar margem a infecccedilotildees em

animais domeacutesticos e humanos (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

124 Raiva em Pernambuco

Em Pernambuco a doenccedila ainda natildeo estaacute sob controle principalmente por haver uma

grande expansatildeo das aacutereas de ocorrecircncia de casos em bovinos causados por morcegos

hematoacutefagos (Desmodus rotundus) Constituindo assim um problema emergente de sauacutede

puacuteblica para o Estado (PERNAMBUCO 2009)

O iacutendice de positividade para a raiva canina no ano de 2000 no Estado foi de 65

aumentando para 10 em 2001 e apresentando decreacutescimo a partir de 2002 passando de

86 para 05 em 2008 No periacuteodo de 2000 a 2007 a cobertura vacinal superou a meta de

80 preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (PERNAMBUCO 2009)

Os casos de raiva humana em Pernambuco apresentam grande decreacutescimo no ano de

1992 quando houve o maior nuacutemero de casos (10 casos) No periacuteodo de 2000 a 2008

16

ocorreram quatro casos positivos dentre eles as espeacutecies agressoras foram catildeo e morcego

sendo este uacuteltimo o primeiro caso de cura no Brasil (PERNAMBUCO 2009)

125 Raiva em morcegos

Haacute no Brasil cerca de 140 espeacutecies de morcegos desse total o viacuterus da raiva jaacute foi

isolado de 31 espeacutecies Este nuacutemero eacute considerado pequeno quando comparado ao

encontrado nos Estados Unidos de 39 espeacutecies identificadas o viacuterus da raiva foi isolado de

30 Todas as espeacutecies de morcego podem transmitir a raiva independente de seu haacutebito

alimentar (KOTAIT et al 2009)

Em Presidente Prudente-SP haacute um iacutendice de positividade muito alto em quiroacutepteros

Esta regiatildeo era zona silenciosa para a raiva ateacute 2001 quando ocorreu um caso de morte em

mulher atacada por um gato poreacutem a variante encontrada foi de morcego hematoacutefago Aleacutem

disso ocorreu tambeacutem em 2002 um surto de raiva em bovinos tambeacutem decorrente de

agressotildees por morcegos hematoacutefagos (ALBAS et al 2005)

Em Satildeo Paulo estudos sobre variantes antigecircnicas demonstram vaacuterias amostras com

morcegos insetiacutevoros no Brasil Isso se deve a coabitaccedilatildeo de morcegos hematoacutefagos e natildeo

hematoacutefagos disseminando o viacuterus entre eles (ALBAS et al 2010)

Na Colocircmbia em 2009 notificou-se o primeiro caso de raiva humana na aacuterea urbana

transmitida por morcego Aleacutem disso o paciente veio a oacutebito pois o tratamento inicial natildeo foi

conferido mostrando a vulnerabilidade de todos os niacuteveis de atenccedilatildeo envolvidos Como o

periacuteodo de incubaccedilatildeo do viacuterus raacutebico eacute variaacutevel e mais prolongado em morcegos deve-se

implementar estudos que caracterizem os aspectos fundamentais desta doenccedila nesta espeacutecie

animal (BADILLO MANTILLA PRADILLA 2009)

Em 2004 e 2005 ocorreram surtos de raiva no Paraacute provenientes de variante de

morcegos hematoacutefagos presentes em vaacuterias espeacutecies dentre elas bovinos equinos suiacutenos

humanos felinos e morcegos Apoacutes um ano do surto de 2004 ainda detectou-se a variante em

circulaccedilatildeo no municiacutepio de Viseu isolado em amostras humana e bovina (BARBOSA et al

2007) Em Araccedilatuba-SP a espeacutecie quiroacuteptera eacute a terceira mais agressora com 81 (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009) Em estudos na mesma regiatildeo 12 dos morcegos diagnosticados

positivos agrediram pessoas e animais (QUEIROZ et al 2009)

Em trabalhos publicados no Brasil observou-se maior presenccedila de positividade em

morcegos insetiacutevoros (SCHEFFER et al 2007 QUEIROZ et al 2009) o que torna a

situaccedilatildeo mais alarmante jaacute que a interaccedilatildeo de morcegos natildeo hematoacutefagos com pessoas e seus

17

animais aumenta a cada dia devido a devastaccedilatildeo do habitat destes e a adaptaccedilatildeo a abrigos

urbanos (ALBAS et al 2009 TIRIBA SHMAL 2010)

No Paraacute a taxa de ataque por morcegos eacute muito alta Aleacutem disso do total de

agredidos 100 relataram natildeo conhecerem a necessidade de tratamento profilaacutetico Portanto

a adoccedilatildeo de medidas de esclarecimento agrave populaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel (WADA et al 2004) Jaacute

que uma vez mordido por morcegos o homem deve passar por tratamento imediato (soro e

vacina) sem interrupccedilatildeo pois o periacuteodo de incubaccedilatildeo eacute muito raacutepido levando o paciente natildeo

tratado ao oacutebito (SCHEFFER et al 2007 TIRIBA SHMAL 2010)

126 Raiva em animais silvestres

A raiva em animais silvestres vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia

epidemioloacutegica desse agravo no Brasil devido agrave presenccedila de morcegos natildeo hematoacutefagos em

aacutereas urbanas caniacutedeos silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais

(BRASIL 2009) Em 2009 foram notificados com raiva confirmada 158 morcegos natildeo

hematoacutefagos 16 morcegos hematoacutefagos 22 caniacutedeos silvestres 3 primatas natildeo humanos e

um gato do mato (BRASIL 2010b)

A raiva nos animais domeacutesticos eacute controlada com a vacinaccedilatildeo anual Poreacutem os

animais silvestres natildeo satildeo imunizados ficando assim mais expostos aos riscos de

contaminaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

A aplicaccedilatildeo de vacina de cultivo celular apresenta-se como uma alternativa para

imunizaccedilatildeo de animais silvestres Em estudos feitos com saguis esse tipo de vacinaccedilatildeo

mostrou-se eficaz apoacutes 45 dias aplicando-se apenas uma uacutenica dose Outra boa alternativa

seria a realizaccedilatildeo de estudos no uso de vacina oral para animais silvestres a fim de facilitar a

vacinaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

Em Pernambuco a criaccedilatildeo de macacos principalmente saguis como animal de

estimaccedilatildeo eacute bastante comum Em estudo realizado em Satildeo Paulo no periacuteodo de 1996 a 1999

observou-se uma diminuiccedilatildeo das agressotildees por macacos indicando um decreacutescimo na criaccedilatildeo

clandestina destes animais e na alimentaccedilatildeo deles em parques puacuteblicos Aleacutem disso a

indicaccedilatildeo de tratamento foi de 85 indicando uma maior conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao perigo desses acidentes (RAMOS RAMOS 2002)

18

127 Tratamento

O desenvolvimento da raiva estaacute relacionado a diversos fatores desde a gravidade da

mordedura e agrave proximidade do SNC ateacute o estado de sauacutede do paciente e sua resposta imune

(CARRIERI et al 2006) Por isso cada caso deve ser avaliado para que seja instalada a

profilaxia adequada a fim de se evitar a doenccedila

O Ministeacuterio da Sauacutede criou em 1973 o Programa Nacional de Controle da Raiva ndash

PNCR com o objetivo de eliminar a raiva humana transmitida por catildees e gatos O controle da

raiva canina foi realizado a partir das accedilotildees de vacinaccedilatildeo de catildees e gatos tratamento

profilaacutetico de pessoas expostas vigilacircncia epidemioloacutegica diagnoacutestico laboratorial controle

de populaccedilatildeo animal e educaccedilatildeo em sauacutede (SCHNEIDER et al 1996)

Devido ao tratamento de raiva humana realizado nos Estados Unidos (2004) e em

Pernambuco (2008) que decorreu na cura dos pacientes o Ministeacuterio da Sauacutede publicou e

divulgou para as Secretarias Municipais e Estaduais de Sauacutede o Protocolo de Tratamento de

Raiva Humana denominado Protocolo Recife (BRASIL 2009 BRASIL 2010b) Apesar

disso a profilaxia continua sendo a melhor maneira de prevenccedilatildeo pois a chance de cura ainda

eacute pequena e natildeo se tem conhecimento suficiente sobre as sequelas que o paciente pode

apresentar

A populaccedilatildeo ainda desconhece a gravidade da doenccedila Ateacute os dias atuais satildeo relatados

abandonos de tratamento e procura ao serviccedilo de sauacutede apenas para tratamento do ferimento

Em estudo realizado 245 dos atendidos consideraram desnecessaacuterio o tratamento completo

e 138 natildeo obtiveram orientaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao tratamento demonstrando a falta de

informaccedilatildeo e o descompromisso dos profissionais de sauacutede (VELOSO et al 2011)

1271 Profilaxia preacute-exposiccedilatildeo

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute indicada para pessoas expostas permanentemente ao risco

de infecccedilatildeo pelo viacuterus da raiva tais como meacutedicos veterinaacuterios bioacutelogos profissionais e

auxiliares de laboratoacuterio para diagnoacutestico da raiva estudantes dessas aacutereas e pessoas que

atuam na vacinaccedilatildeo captura e em zooloacutegicos (COSTA et al 2000 BRASIL 2005)

O esquema de tratamento eacute de trecircs doses aplicadas nos dias 0 7 e 28 Deve-se fazer o

controle soroloacutegico a partir do 14ordm dia apoacutes a uacuteltima dose do esquema e repeti-lo anualmente

Eacute importante destacar que eacute necessaacuterio administrar uma dose de reforccedilo sempre que os tiacutetulos

forem inferiores a 05 UIml (BRASIL 2005)

19

Em dados recentes observou-se que a aplicaccedilatildeo do esquema preacute-exposiccedilatildeo em

profissionais de sauacutede e viajantes que podem facilmente buscar atendimento no caso de uma

nova exposiccedilatildeo pode ser efetuada atraveacutes da via intradeacutermica trazendo um custo bem menor

ao paiacutes (CUNHA et al 2010)

Jaacute em populaccedilotildees de difiacutecil acompanhamento como da regiatildeo ribeirinha da Amazocircnia

recomenda-se o esquema por via intramuscular que confere uma imunidade mais duradoura

Tambeacutem foi identificado que apoacutes a terceira dose em ambas as vias de administraccedilatildeo eacute

desnecessaacuteria a sorologia em indiviacuteduos sob controle uma vez que todos os voluntaacuterios do

experimento apresentaram niacuteveis de anticorpos satisfatoacuterios ge05 UImL (CUNHA et al

2010)

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute considerada pelo serviccedilo como de pouca importacircncia jaacute

que apenas 377 dessa informaccedilatildeo eacute registrada Esse fato evidencia as falhas no sistema de

vigilacircncia e a necessidade de adequaccedilatildeo das prescriccedilotildees para que se atinjam niacuteveis ideais de

tratamento e seguranccedila para populaccedilatildeo atendida (RIGO HONER 2005)

1272 Profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo

O paciente apoacutes a agressatildeo por mamiacutefero deve ser avaliado para indicaccedilatildeo ou natildeo da

profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo que quando indicada deve ter iniacutecio o mais precocemente possiacutevel

pois quando o viacuterus atinge o SNC o paciente geralmente evolui para o oacutebito (KOTAIT et al

2009)

O tratamento poacutes-exposiccedilatildeo prescrito depende principalmente da espeacutecie do animal

agressor do tipo da lesatildeo e no caso de catildees e gatos da possibilidade da observaccedilatildeo (Anexo

B) (GARCIA et al 1999 BRASIL 2005)

Haacute no Brasil um nuacutemero bastante elevado de tratamentos profilaacuteticos humanos que

poderiam ser reduzidos pela educaccedilatildeo em sauacutede atraveacutes de orientaccedilotildees sobre os animais

agressores e os fatores que desencadeiam a agressividade os cuidados com o ferimento a

posse responsaacutevel dos animais aleacutem da observaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo cliacutenica dos catildees e gatos

domiciliados (GARCIA et al 1999 FRIAS 2008)

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina

Em 2009 na Regiatildeo Nordeste e a partir de 2010 no restante do paiacutes a campanha de

vacinaccedilatildeo nacional substituiu a vacina Fuenzalida amp Palaacutecios modificada pela vacina de

20

cultivo celular canina (BRASIL 2009) Essa modificaccedilatildeo deve-se ao fato dessa vacina

apresentar maior imunogenicidade e seguranccedila aleacutem de ser recomendada pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede (BRASIL 2010a)

A vacina de cultivo celular foi utilizada em Pernambuco em 2009 sem apresentar altos

iacutendices de reaccedilotildees adversas Entretanto a vacina introduzida em junho de 2010 em todo paiacutes

(BRASIL 2010a) teve sua aplicaccedilatildeo suspensa em outubro do mesmo ano pelo Ministeacuterio da

Sauacutede que determinou a interrupccedilatildeo da campanha vacinal ateacute a conclusatildeo dos estudos sobre o

aumento das mortes e reaccedilotildees adversas apresentadas em catildees e gatos vacinados (BRASIL

2010c)

Em humanos a vacina utilizada para tratamento profilaacutetico tambeacutem eacute a vacina de

cultivo celular esta eacute produzida em cultura de ceacutelulas (diploacuteides humanas ceacutelulas Vero

ceacutelulas de embriatildeo de galinha e pato etc) com viacuterus inativados por betapropiolactona e com

potecircncia miacutenima de 25 UIdose A vacina eacute apresentada de forma liofilizada devendo ser

conservada na temperatura entre + 2ordmC a + 8ordmC ateacute o momento de sua aplicaccedilatildeo Seu esquema

vacinal completo eacute de 5 doses aplicadas nos dias 0 3 7 14 e 28 (BRASIL 2005)

Natildeo haacute contra indicaccedilatildeo (gravidez mulheres lactantes doenccedila intercorrente ou outros

tratamentos) Sempre que possiacutevel recomenda-se a interrupccedilatildeo do tratamento com corticoacuteides

eou imunossupressores As manifestaccedilotildees adversas relatadas com maior frequumlecircncia satildeo

reaccedilatildeo local febre mal estar naacuteuseas e cefaleacuteia Natildeo haacute relato de ocorrecircncia de oacutebito

associado ao uso da vacina de cultivo celular (BRASIL 2005)

A frequumlecircncia de reaccedilotildees neuroloacutegicas associadas a esta vacina citada na literatura

cientiacutefica eacute baixa De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede ateacute junho de 1996

haviam sido relatados seis casos de reaccedilotildees neuroloacutegicas temporalmente associadas a vacina

A incidecircncia de manifestaccedilotildees neuroloacutegicas considerando-se todos estes casos como

realmente provocados pela vacina eacute de cerca de 1 para cada 500000 pacientes tratados A

incidecircncia de reaccedilotildees aleacutergicas notificadas nos EUA agrave vacina de ceacutelulas diploacuteides foi de 11

casos por 10000 pacientes tratados (011) As reaccedilotildees variam de urticaacuteria a anafilaxia e

ocorrem principalmente apoacutes as doses de reforccedilo a maioria dos pacientes natildeo necessita de

internaccedilatildeo hospitalar (COSTA et al 2000)

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro

O soro heteroacutelogo eacute uma soluccedilatildeo concentrada e purificada de anticorpos preparada em

equiacutedeos imunizados contra o viacuterus da raiva A temperatura de conservaccedilatildeo eacute entre +2ordm a

21

+8ordmC A dose indicada eacute de 40 UIkg de peso Deve-se infiltrar nas lesotildees a maior quantidade

possiacutevel da dose do soro caso natildeo seja possiacutevel aplicar a miacutenima quantidade possiacutevel na

regiatildeo gluacutetea O uso do soro natildeo eacute recomendado para pacientes imunizados anteriormente Em

pacientes com histoacuterico de reaccedilotildees aleacutergicas e reaccedilatildeo anafilaacutetica ao soro heteroacutelogo

recomenda-se o uso do soro homoacutelogo (imunoglobulina humana hiperimune antirraacutebica) na

dose de 20UIKg de peso (BRASIL 2005)

1275 Consideraccedilotildees sobre o ferimento

A limpeza do ferimento com aacutegua corrente e sabatildeo eacute imprescindiacutevel em qualquer

caso de mordedura arranhadura ou lambedura que possa haver contaminado a viacutetima com o

viacuterus da raiva Esta deve eliminar todas as sujidades e em seguida devem ser utilizados

antisseacutepticos que inativem o viacuterus da raiva (iodo povidine clorexidine e aacutelcool iodado) a

mucosa ocular deve ser lavada com aacutegua corrente ou soluccedilatildeo fisioloacutegica (COSTA et al 2000

BRASIL 2005)

A utilizaccedilatildeo de antisseacutepticos ou mesmo o uso de aacutegua e sabatildeo para lavagem dos

ferimentos eacute relatada em 831 dos casos analisados em estudos indicando a

conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo para essa conduta importante de prevenccedilatildeo de doenccedilas

(GARCIA et al 1999)

A sutura do ferimento natildeo eacute recomendada mas caso seja necessaacuterio aproximar as

bordas com pontos isolados e infiltrar soro antirraacutebico humano uma hora antes da sutura

Dependendo da necessidade do paciente outras condutas podem ser realizadas como a

administraccedilatildeo de antibioacuteticos e a profilaxia antitetacircnica (COSTA et al 2000 BRASIL

2005)

128 Consideraccedilotildees sobre o animal

O Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (BRASIL 2005) traz algumas consideraccedilotildees em

relaccedilatildeo aos animais agressores dentre eles

bull O periacuteodo de observaccedilatildeo de dez dias eacute restrito aos catildees e gatos

bull A agressatildeo por outros animais domeacutesticos (bovinos ovinos caprinos equiacutedeos e suiacutenos)

deveraacute ser avaliada e se necessaacuterio deveraacute ser indicado o tratamento profilaacutetico

bull Estaacute indicado tratamento sistematicamente para todos os casos de agressatildeo por animais

silvestres mesmo quando domiciliados e domesticados

22

bull Natildeo eacute indicado tratamento nas agressotildees causadas por ratos ratazanas cobaias e lagomorfos

(urbanos ou de criaccedilatildeo)

bull Nas agressotildees por morcegos deve-se proceder a soro-vacinaccedilatildeo independentemente do tipo

de morcego agressor do tempo decorrido e da gravidade da lesatildeo

23

2 JUSTIFICATIVA

A raiva constitui um importante problema de sauacutede puacuteblica devido ao seu prognoacutestico

quase sempre fatal No entanto essa alta letalidade pode ser reduzida a partir da prevenccedilatildeo da

doenccedila atraveacutes do adequado atendimento e tratamento profilaacutetico Estes uacuteltimos ocorrem

desde a avaliaccedilatildeo do caso e conduta cliacutenica ateacute questotildees estruturais e organizacionais dos

serviccedilos de sauacutede

Esta pesquisa justifica-se pela carecircncia de estudos neste sentido em Pernambuco e pela

mudanccedila no perfil epidemioloacutegico da raiva com diminuiccedilatildeo dos casos em caninos e felinos e

aumento dos casos em morcegos herbiacutevoros e outros animais silvestres

Com este trabalho pretende-se analisar o atendimento antirraacutebico humano nos

indiviacuteduos agredidos por animais silvestres no estado de Pernambuco Dessa forma busca-se

melhorar o conhecimento de alguns aspectos relacionados agrave profilaxia da raiva por animais

silvestres melhoria da vigilacircncia epidemioloacutegica planejamento e adoccedilatildeo de variadas accedilotildees de

sauacutede puacuteblica

21 PERGUNTA CONDUTORA

Como estaacute sendo efetuado o atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo nas

agressotildees por animais silvestres

24

3 OBJETIVOS

31 GERAL

Caracterizar o perfil epidemioloacutegico do atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em agressotildees por animais silvestres e analisar a adequaccedilatildeo de sua indicaccedilatildeo em Pernambuco

no periacuteodo de 2001 a 2010

32 ESPECIacuteFICOS

a) Caracterizar o perfil epidemioloacutegico segundo variaacuteveis de pessoa lugar e tempo

relativas agraves condiccedilotildees da agressatildeo e do animal agressor

b) Analisar o tratamento recomendado a cada espeacutecie agressora

25

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

41 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de abrangecircncia do estudo corresponde ao estado de Pernambuco composto por

184 municiacutepios e o territoacuterio de Fernando de Noronha

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA

O periacuteodo avaliado foi de 2001 a 2010 com o objetivo de demonstrar com melhor

precisatildeo o aumento das agressotildees por animais silvestres no estado

43 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal Esse estudo eacute apropriado para o

registro de frequumlecircncia de eventos observando sua variaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo Sua maior

vantagem eacute que natildeo haacute necessidade de grupos de comparaccedilatildeo possui alto potencial descritivo

e baixo custo operacional

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS

O evento estudado foi a profilaxia da raiva humana a partir de agressotildees por animais

silvestres analisada atraveacutes dos procedimentos registrados no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo (SINAN) sendo construiacutedos diversos tipos de agrupamentos

Desse modo foram analisados os atendimentos por espeacutecie animal atraveacutes da ficha

individual de atendimento antirraacutebico e este atendimento subdivido em grupos de variaacuteveis

Assim foram analisados os dados referentes as notificaccedilotildees individuais faixa etaacuteria e sexo

aos dados de residecircncia municiacutepio de residecircncia aos antecedentes epidemioloacutegicos

caracteriacutesticas da agressatildeo caracteriacutesticas do animal agressor e tratamento recomendado

(tratamento indicado indicaccedilatildeo do soro interrupccedilatildeo do tratamento motivo da interrupccedilatildeo e se

a unidade de sauacutede procurou o paciente que abandonou o tratamento) (Quadro 1)

Assim sendo em cada toacutepico especiacutefico de anaacutelise procurou-se verificar as principais

caracteriacutesticas das espeacutecies agressoras e o tratamento aplicado a partir das especificidades de

cada espeacutecie sendo executadas da seguinte forma observaram-se inicialmente o perfil das

26

agressotildees entre os anos de 2001 e 2010 em seguida realizaram-se observaccedilotildees no tratamento

realizado para posteriormente analisar a distribuiccedilatildeo das agressotildees no estado de Pernambuco

Os grupos foram compostos pelas variaacuteveis encontradas no proacuteprio banco de dados e

para a definiccedilatildeo dos atosprocedimentos que melhor caracterizassem as variaacuteveis utilizou-se

como referecircncia a Norma Teacutecnica do Ministeacuterio da Sauacutede (Anexo B)

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS

Os dados utilizados neste estudo foram secundaacuterios coletados na Secretaria Estadual

de Sauacutede e processados pelo SINAN atraveacutes da ficha individual de investigaccedilatildeo para

atendimento antirraacutebico humano (Anexo A) A exploraccedilatildeo do banco de dados foi realizada

atraveacutes dos programas Tabwin 36 e planilhas eletrocircnicas

46 ANAacuteLISE DOS DADOS

Foram calculadas frequumlecircncias absolutas e relativas aleacutem das meacutedias

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS

O estudo foi realizado dentro dos padrotildees da eacutetica cientiacutefica tendo sido aprovado pela

Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa sob o nordm 0511 da instituiccedilatildeo agrave qual se subordina A pesquisa

foi realizada com dados secundaacuterios da Secretaria Estadual de Sauacutede Nenhum dado de

identificaccedilatildeo dos pacientes fez parte do estudo

Quadro 1 - Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do tratamento antirraacutebico humano

VARIAacuteVEL CATEGORIZACcedilAtildeO

Relativas agraves caracteriacutesticas

da agressatildeo

Tipo de Exposiccedilatildeo Contato Indireto Arranhadura Lambedura e Mordedura

Localizaccedilatildeo Mucosa CabeccedilaPescoccedilo MatildeosPeacutes Tronco

Membros Superiores e Membros Inferiores

Ferimento Uacutenico Muacuteltiplo Ignorado e Sem Ferimento

Tipo de Ferimento Profundo Superficial Dilacerante

Relativas agraves caracteriacutesticas

do animal agressor

Espeacutecie Animal Quiroacuteptera (Morcego) Primata (Macaco) e Raposa

Condiccedilatildeo Final do Animal Positivo Cliacutenico Negativo Cliacutenico Positivo Laboratorial e Negativo Laboratorial

27

Relativas ao tratamento antirraacutebico humano

Tratamento Indicado Preacute-exposiccedilatildeo Exposiccedilatildeo Re-exposiccedilatildeo

Dispensa de tratamento Observaccedilatildeo do

animal (se catildeo ou gato) e Ignorado

Indicaccedilatildeo do Soro Sim Natildeo e Ignorado

Relativas agrave continuidade do

tratamento antirraacutebico humano

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim Natildeo e Ignorado

Motivo da Interrupccedilatildeo Unidade Indicou Abandono e Transferecircncia

Unidade de sauacutede

procurou o paciente que

abandonou o tratamento

Sim e Natildeo

28

5 RESULTADOS

Nas agressotildees por ano foram observadas tendecircncias de crescimentos com oscilaccedilotildees

principalmente em raposas sendo observados picos nos anos de 2002 (267) 2005(292) 2006

(305) e 2009 (235) Em morcegos haacute um crescimento anual ateacute um pico em 2006 (182)

posteriormente ocorre uma ligeira queda e um novo pico em 2009 (207) No que diz respeito a

macacos o nuacutemero de casos se manteacutem proacuteximo durante os anos exceto em 2003 (272) e

2007 (250) onde ocorreram elevaccedilotildees das agressotildees (Figura 1)

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo espeacutecie agressora e ano

Pernambuco 2001 a 2010

1

52

104 113138

182

117 124

207

155

0

134

272

171186

153

250

182 185

141

6

267

221

174

292305

168147

235

170

0

50

100

150

200

250

300

350

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Morcego

Macaco

Raposa

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

No periacuteodo estudado 295704 pessoas receberam tratamento antirraacutebico humano

destas 4852 (16) foram atendidas apoacutes agressotildees por animais silvestres Dentre os animais

silvestres a raposa foi a espeacutecie mais agressora representando 1985 (409) casos em

seguida encontrou-se a primata com 1674 (345) e depois a quiroacuteptera com 1193 (246)

A zona urbana foi a localidade de residecircncia com maior nuacutemero de casos em macacos

79 e morcegos 78 jaacute em raposas prevaleceu a zona rural com 745 das agressotildees

(Tabela 1)

Em relaccedilatildeo a faixa etaacuteria o grupo mais atingido foi de 20 a 49 anos (385) Em

morcegos essa faixa representa 444 das agressotildees em macacos 342 e em raposas 386

Em seguida se encontra a faixa de 50 anos e mais exceto em macacos onde prevaleceu os lt9

anos (Tabela 1)

No que diz respeito ao sexo o masculino apresentou-se mais prevalente com 2764

(57) dos casos Dentre as agressotildees por sexo e espeacutecie a raposa apresentou a maior

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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Anti-raacutebico humano Disponiacutevel em lthttpdtr2004saudegovbrsinanwebgt Acesso em 02

nov 2010

43

TIRIBA A C SHMAL M R Morcegos na aacuterea urbana doenccedila adquirida na moradia

Diagnoacutestico e tratamento Satildeo Paulo v 15 n 2 p 61-63 2010

VELOSO R D et al Motivos de abandono do tratamento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em Porto Alegre RS Brasil Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro v 16 n 2 p 537-

546 2011

WADA M Y et al Surto de raiva humana transmitida por morcegos no municiacutepio de Portel-

Paraacute marccediloabril de 2004 Boletim Eletrocircnico Epidemioloacutegico Brasiacutelia 2004 Disponiacutevel

em lthttpportalsaudegovbrportalarquivospdfano04_n06_sraiva_hum_

morcegos_papdfgt Acesso em 12 abr 2011

44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

5

SILVA Suely Ruth Anaacutelise dos atendimentos antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo agraves

agressotildees por animais silvestres em Pernambuco 2011 Monografia (Residecircncia

Multiprofissional em Sauacutede Coletiva) ndash Centro de Pesquisas Aggeu Magalhatildees Fundaccedilatildeo

Oswaldo Cruz Recife 2011

RESUMO

A raiva representa um importante problema de sauacutede puacuteblica devido a sua alta letalidade por

isso deve estar sempre sob vigilacircncia e controle O objetivo desse trabalho foi descrever e

analisar as caracteriacutesticas dos atendimentos antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo por animais

silvestres em Pernambuco no periacuteodo de 2001 a 2010 Para isso foram utilizados os dados de

4852 fichas de atendimento antirraacutebico humano disponiacuteveis no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo Foram analisadas variaacuteveis relativas agrave pessoa agrave agressatildeo ao animal

e ao tratamento A raposa foi a principal espeacutecie agressora com 409 dos casos observando-

se um maior nuacutemero de atendimentos em indiviacuteduos do sexo masculino procedentes de zonas

rurais com ferimentos uacutenicos e muacuteltiplos profundos em membros inferiores e peacutes

provocados por mordeduras Em morcegos e macacos ocorreu a homogeneidade entre os

sexos e a zona mais acometida foi a urbana Os ferimentos predominantes foram uacutenicos

divididos entre superficiais e profundos localizados nas matildeos e gerados por mordeduras Na

meacutedia geral a faixa etaacuteria mais acometida foi dos 20 aos 49 anos Na condiccedilatildeo final do animal

301 dos casos registrados nesse item foram fechados clinicamente e 511 observaram-se

como ignorados ou natildeo preenchidos Houve indicaccedilatildeo de tratamento para 886 dos casos

poreacutem na indicaccedilatildeo do soro 284 casos de agressotildees por morcegos natildeo receberam infiltraccedilatildeo

do soro e a taxa de abandonos de tratamento foi de 48 O tratamento foi o item que

apresentou maiores problemas principalmente nas recomendaccedilotildees para espeacutecie quiroacuteptera

Portanto para otimizaccedilatildeo das accedilotildees das equipes de vigilacircncia epidemioloacutegica indica-se

comprometimento com o preenchimento das fichas e acompanhamento dos pacientes para que

haja o controle efetivo da raiva humana

Palavras chaves Raiva Quiroacutepteros Primatas Raposas

6

SILVA Suely Ruth Analysis of human rabies anti care post exposure to attacks by wild

animals in Pernambuco 2011 Monograph (Multidisciplinary Residency in Public Health) ndash

Aggeu Magalhatildees Research Center Oswaldo Cruz Foundation Recife 2011

SUMMARY

Rabies is a major public health problem due to its high lethality so it must be under

surveillance and control The objective of this study was to describe and analyze the

characteristics of visits anti human rabies post exposure by wild animals in Pernambuco in

the period 2001 to 2010 For this we used data from 4852 medical records available anti

human rabies in the Information System of Notification of Injuries Variables were analyzed

relative to the person assault animal and treatment The fox was the main aggressor species

with 409 of cases observing a larger number of patients in males coming from rural areas

with single and multiples injuries deep on his legs and feet caused by bites Bats and

monkeys occurred in the homogeneity between the sexes and the area most affected was the

city Predominant injuries were unique divided into superficial and deep located on the

hands produced by bites Media in general the most affected age group was 20 to 49 years

The final condition of the animal 301 of reported cases were closed this item clinically and

511 observed as unknown or not filled Was indication of treatment for 886 of cases

but in an indication of serum 284 cases of aggression by bats did not receive the serum

infiltration and rate of treatment dropouts was 48 The treatment was the item that

presented the greatest problem mainly in the recommendation of chiropteran species

Therefore for the optimization of the shares of epidemiological surveillance teams it is stated

commitment to filling in the forms and follow-up of patients so that there is effective control

of rabies

Keywords Rabies Chiropteran Primates Fox

7

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Quadro 1 ndash Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do

tratamento antirraacutebico humano

26

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

espeacutecie agressora e ano Pernambuco 2001 a 2010

28

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por

municiacutepio segundo espeacutecie agressora Pernambuco 2001 a 2010

33

8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas agrave pessoa Pernambuco 2001 a 2010

29

Tabela 2 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas agrave agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

30

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

31

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas ao tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

31

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas agrave continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco

2001 a 2010

32

9

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 ASPECTOS HISTOacuteRICOS 11

12 ASPECTOS EPIDEMIOLOacuteGICOS 12

121 Distribuiccedilatildeo da Doenccedila 12

122 Cadeia Epidemioloacutegica 13

123 Raiva no Brasil 14

124 Raiva em Pernambuco 15

125 Raiva em Morcegos 16

126 Raiva em Animais Silvestres 17

127 Tratamento 18

1271 Profilaxia Preacute-exposiccedilatildeo 18

1272 Profilaxia Poacutes-exposiccedilatildeo 19

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina 19

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro 20

1275 Consideraccedilotildees sobre o Ferimento 21

128 Consideraccedilotildees sobre o Animal 22

2 JUSTIFICATIVA 23

21 PERGUNTA CONDUTORA 23

3 OBJETIVOS 24

31 OBJETIVO GERAL 24

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 24

4 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS 25

41 AacuteREA DE ESTUDO 25

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA 25

43 DESENHO DO ESTUDO 25

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS 25

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS 26

46 ANAacuteLISE DOS DADOS 26

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS 26

5 RESULTADOS 28

10

6 DISCUSSAtildeO 34

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 39

REFEREcircNCIAS 40

Anexo A - Ficha de atendimento antirraacutebico humano 44

Anexo B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a

vacina de cultivo celular

46

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

A raiva eacute uma encefalite aguda causada por viacuterus Todos os mamiacuteferos satildeo

susceptiacuteveis agrave infecccedilatildeo que se daacute pela penetraccedilatildeo do viacuterus contido na saliva do animal

infectado atraveacutes da mordedura arranhadura ou lambedura Possui grande importacircncia

epidemioloacutegica por apresentar letalidade de quase 100 (BRASIL 2005) Soacute tendo ocorrido

a cura em poucos casos sendo um deles nos Estados Unidos em 2004 e outro em um

adolescente de 15 anos do municiacutepio de Floresta estado de Pernambuco em 2008 apoacutes ter

sido mordido por morcego hematoacutefago (KOTAIT et al 2009)

O periacuteodo de incubaccedilatildeo da doenccedila eacute bastante variaacutevel indo de dias a anos e estaacute

relacionado a localizaccedilatildeo extensatildeo e profundidade da lesatildeo agrave distacircncia do ferimento ao

ceacuterebro e agrave concentraccedilatildeo de partiacuteculas virais (BRASIL 2005) A raiva possui muitas

interfaces entre o mundo humano e animal de modo que o surgimento da doenccedila guarda

estreita ligaccedilatildeo entre o tratamento de pessoas expostas as atividades de vigilacircncia

epidemioloacutegica e o controle da raiva animal

A doenccedila tem ocorrecircncia quase universal Em alguns paiacuteses desenvolvidos a raiva

humana estaacute erradicada e a raiva nos animais domeacutesticos estaacute controlada mas ainda eacute

efetuada vigilacircncia epidemioloacutegica em funccedilatildeo dos animais silvestres Atualmente soacute existe

um uacutenico continente livre da doenccedila que eacute a Oceania (BRASIL 2005)

11 ASPECTOS HISTOacuteRICOS

A raiva eacute uma doenccedila muito temida desde a Antiguidade devido agrave transmissatildeo ao

quadro cliacutenico e agrave evoluccedilatildeo Era referida como uma doenccedila que tornava ldquoloucosrdquo homens e

catildees (KOTAIT et al 2009)

Os egiacutepcios entendiam que a alteraccedilatildeo de comportamento de catildees devia-se a influecircncia

maligna da Siacuterius (constelaccedilatildeo Catildeo Maior) Jaacute os romanos descobriram a capacidade

infecciosa da saliva dos catildees raivosos chamando este material de veneno foi de onde surgiu a

palavra latina viacuterus Na Greacutecia foram descritas praacuteticas de cauterizaccedilatildeo das feridas

provocadas pelo animal raivoso ateacute o final do seacuteculo XIX quando foi desenvolvida a vacina

(KOTAIT et al 2009)

Em 1880 Louis Pasteur iniciou seus estudos sobre a raiva e no ano seguinte

conseguiu isolar o viacuterus e produzir uma vacina Em 1884 esta foi utilizada

experimentalmente em animais e em 1885 nos humanos em um menino de 9 anos chamado

12

Joseph Meister O sucesso com a vacina teve enorme impacto nas medidas de tratamento

contra essa enfermidade sendo utilizada em todo o mundo Foi tambeacutem determinante para a

criaccedilatildeo de instituiccedilotildees de pesquisa para produccedilatildeo e aplicaccedilatildeo da vacina surgindo assim o

Instituto Pasteur em 1888 (COSTA et al 2000)

No Brasil o primeiro serviccedilo antirraacutebico foi instituiacutedo com a inauguraccedilatildeo em 1888

do Instituto Pasteur no Rio de Janeiro Em 1899 foi criado o Instituto Pasteur de Pernambuco

(LIMA GUIMARAtildeES OLIVEIRA 2000) e soacute em 1903 foi fundado o Instituto Pasteur de

Satildeo Paulo (COSTA et al 2000)

Antonio Carini entatildeo diretor do Instituto Pasteur de Satildeo Paulo levantou a hipoacutetese

em 1911 dos morcegos hematoacutefagos serem os transmissores da raiva dos herbiacutevoros Anos

apoacutes foi confirmada a raiva tambeacutem em morcegos frugiacutevoros e insetiacutevoros mas este tipo de

transmissor soacute foi levado em consideraccedilatildeo quando um menino foi atacado por um morcego

insetiacutevoro na Floacuterida em 1953 Apoacutes esta data inuacutemeros casos humanos foram confirmados

nos Estados Unidos e satildeo notificados ateacute os dias de hoje (COSTA et al 2000)

12 ASPECTOS EPIDEMIOLOacuteGICOS

Os dados epidemioloacutegicos satildeo essenciais para definiccedilatildeo dos fatores condicionantes e

determinantes de uma doenccedila Na vigilacircncia da raiva estes dados auxiliam na tomada de

decisatildeo do tratamento poacutes-exposiccedilatildeo e na conduta com o animal envolvido aleacutem disso casos

de raiva humana representam falecircncia do sistema de sauacutede local e servem como indicador

para avaliaccedilatildeo da qualidade dos serviccedilos

121 Distribuiccedilatildeo da Doenccedila

A raiva eacute conhecida desde a antiguidade mas ateacute hoje representa um problema de

sauacutede puacuteblica nos paiacuteses em desenvolvimento (BRASIL 2005) Nos Estados Unidos o

nuacutemero de casos de raiva humana a partir de 1940 foi superior a 30 devido a morcegos

insetiacutevoros (KOTAIT et al 2009)

Na Ameacuterica do Norte (Estados Unidos e Canadaacute) e alguns paiacuteses da Europa (Franccedila e

Inglaterra) o maior peso da raiva estaacute nas espeacutecies silvestres (BRASIL 2005) Poreacutem na

Venezuela a raiva canina prevalece como o principal foco transmissor da doenccedila devido ao

baixo percentual de cobertura vacinal sendo este de apenas 33 no periacuteodo de 1996 a 2006

13

Aleacutem disso grande parcela da populaccedilatildeo encontra-se mais vulneraacutevel por causa do baixo

niacutevel socioeconocircmico e educativo (FUENTES et al 2008)

Os paiacuteses da Ameacuterica que mais registram casos de raiva satildeo o Brasil Colocircmbia e

Peru devido ao grande nuacutemero de agressotildees por morcegos hematoacutefagos Neste continente no

ano de 2004 os animais silvestres contribuiacuteram com 599 dos casos e os animais

domeacutesticos com 401 sendo a raiva humana presente em quase todos os paiacuteses exceto o

Caribe (ORGANIZACcedilAtildeO PAN-AMERICANA DE SAUacuteDE 2006)

Nos uacuteltimos anos alguns paiacuteses como China Tailacircndia Sri- Lanka e Tuniacutesia

conseguiram progressos importantes nos programas de controle da raiva combinando a

vacinaccedilatildeo de catildees com a melhoria do tratamento antirraacutebico possibilitando assim a reduccedilatildeo

dos casos da doenccedila em humanos (SILVA et al 2009)

No continente asiaacutetico ocorrem cerca de 35000 a 55000 casos de raiva humana por

ano e aproximadamente 7 milhotildees de tratamentos com vacinaccedilatildeo Na Aacutefrica estima-se em

5000 a 15000 o nuacutemero de mortes humanas por ano e a vacinaccedilatildeo em cerca de 500000

pessoas Na Ameacuterica Latina os casos em humanos satildeo menores que 100 por ano e o

tratamento fica em torno de 500000 pessoas Na Ameacuterica do Norte e Europa o nuacutemero de

casos de raiva humana reduz a menos de 50 e o tratamento antirraacutebico eacute conferido a

aproximadamente 100000 pessoas (SILVA et al 2009)

O nuacutemero de casos de raiva transmitidos por morcegos tem crescido muito nos uacuteltimos

tempos Na atualidade o grande desafio corresponde agrave detecccedilatildeo precoce da circulaccedilatildeo do

viacuterus em animais silvestres aleacutem da manutenccedilatildeo do controle via imunizaccedilatildeo em animais

domeacutesticos

122 Cadeia Epidemioloacutegica

O viacuterus da raiva adaptou-se a vaacuterias espeacutecies que atuam como reservatoacuterios garantindo

a perpetuaccedilatildeo do viacuterus na natureza Estas adaptaccedilotildees originam as variantes que por vezes

apresentam alteraccedilotildees as quais satildeo utilizadas como marcadores epidemioloacutegicos que tem o

objetivo de identificar as interaccedilotildees do viacuterus com suas espeacutecies hospedeiras e o meio

ambiente e com a biologia da infecccedilatildeo (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

As intervenccedilotildees do homem no ecossistema tecircm gerado mudanccedilas de comportamento

de animais silvestres que passaram a procurar abrigos e fontes de alimentos nos centros

urbanos (SILVA LANGONI 2011) Estes fatos modificaram a epidemiologia das zoonoses

trazendo a raiva silvestre para a populaccedilatildeo humana (CARRIERI et al 2006)

14

A cadeia epidemioloacutegica da raiva estaacute dividida em dois principais ciclos de

transmissatildeo terrestre e aeacutereo (CALDAS et al 2007) O ciclo terrestre eacute constituiacutedo por catildees

e gatos agressores destes 823 satildeo domiciliados e a maior parte deles satildeo machos ateacute um

ano de idade (BUSO NUNES QUEIROZ 2009) No periacuteodo de transmissibilidade da

doenccedila esses animais se afastam do domiciacutelio andando quilocircmetros fazendo inuacutemeras

viacutetimas ou infectando novos hospedeiros (CARRIERI et al 2006)

Os outros mamiacuteferos que fazem parte do ciclo terrestre satildeo os herbiacutevoros A estimativa

eacute que haja no Brasil mortes de 842688 cabeccedilas por ano Na Paraiacuteba entre 2002 a 2004 houve

um surto de raiva nesses animais apresentando morbidade meacutedia de 75 e letalidade de

100 Estima-se que 1875 das mortes de bovinos no estado ocorrem por raiva Todos os

surtos exceto um aconteceram em animais natildeo vacinados (LIMA et al 2005)

As mudanccedilas na natureza ocasionadas pelo homem implicam em condiccedilotildees favoraacuteveis

para expansatildeo de morcegos e consequente aumento de casos de raiva bovina (MENEZES

2008) No Nordeste aleacutem dos morcegos hematoacutefagos a raposa tambeacutem se apresenta como um

importante transmissor e reservatoacuterio para o viacuterus da raiva (LIMA et al 2005)

O ciclo aeacutereo eacute caracterizado pela transmissatildeo do viacuterus raacutebico entre morcegos

hematoacutefagos ou natildeo Na Ameacuterica Latina haacute com frequumlecircncia casos de raiva humana por

agressotildees de morcegos hematoacutefagos pela ausecircncia de outras fontes alimentares e pelas

alteraccedilotildees ambientais (KOTAIT et al 2009)

Em morcegos a presenccedila do viacuterus raacutebico eacute detectada em diversos oacutergatildeos reforccedilando a

transmissatildeo de outros animais e seres humanos atraveacutes do contato com secreccedilotildees e com

morcegos vivos ou mortos O aparecimento do viacuterus nos pulmotildees ratifica a transmissatildeo por

aerossoacuteis entre todas as espeacutecies de morcegos que povoam uma mesma aacuterea (SCHEFFER et

al 2007 SILVA et al 2007) Portanto deve-se evitar contato com estes animais

principalmente quando apresentarem sinais da doenccedila como alteraccedilatildeo de comportamento

(voos diurnos) dificuldade de locomoccedilatildeo e agressividade (QUEIROZ et al 2009)

123 Raiva no Brasil

Os casos de raiva humana no Brasil demonstra uma reduccedilatildeo bastante significativa

diminuiu de 168 casos em 1980 (SCHENEIDER 1990) para 73 em 1990 26 em 2000

(PERNAMBUCO 2010) 3 em 2008 sendo dois por morcegos e um por primatas natildeo

humano (BRASIL 2009) e 2 em 2010 na regiatildeo Nordeste (BRASIL 2010a)

15

No Sul natildeo haacute registros de casos humanos desde 1988 Mas haacute uma emergecircncia do

ciclo silvestre no paiacutes onde se destaca uma maior detecccedilatildeo de casos de raiva em morcegos e

outras espeacutecies silvestres (BATISTA FRANCO ROEHE 2007 CALDAS et al 2007

PERNAMBUCO 2010) As agressotildees por morcegos aumentaram de 12 nos anos de 1990 a

1999 para 46 nos anos de 2000 a 2010 (PERNAMBUCO 2010)

A doenccedila eacute endecircmica no paiacutes e apresenta grau diferenciado de acordo com a regiatildeo

geopoliacutetica Na Regiatildeo Nordeste de 1986 a 2001 foram registrados 5880 dos casos

humanos jaacute a Norte 2085 a Sudeste registrou 1080 a Centro-Oeste 940 e a Sul

015 Em 1987 ocorreu um caso no Paranaacute sendo o uacuteltimo caso de registro de raiva nos

estados do Sul cuja fonte de infecccedilatildeo foi um morcego hematoacutefago A transmissatildeo da doenccedila

a humanos no periacuteodo de 1991 a 2001 foi de 8052 por catildees e gatos 1013 por morcegos

e 494 por outros animais raposas saguis gato selvagem bovinos equinos caititus

gambaacutes suiacutenos e caprinos (BRASIL 2005)

Nos anos de 1997 ateacute 2003 os catildees foram os principais transmissores da doenccedila no

Paiacutes sendo implicados em 84 das transmissotildees em humanos De 2004 a 2006 houve um

decreacutescimo significativo de casos em catildees estes representando 15 e um aumento das

infecccedilotildees por animais silvestres principalmente por morcegos hematoacutefagos que passaram a

ser responsaacuteveis por 825 dos casos Aleacutem disso as infecccedilotildees em morcegos natildeo

hematoacutefagos tecircm evoluiacutedo trazendo grande preocupaccedilatildeo para vigilacircncia epidemioloacutegica jaacute

que a raacutepida adaptaccedilatildeo desses animais ao meio urbano pode dar margem a infecccedilotildees em

animais domeacutesticos e humanos (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

124 Raiva em Pernambuco

Em Pernambuco a doenccedila ainda natildeo estaacute sob controle principalmente por haver uma

grande expansatildeo das aacutereas de ocorrecircncia de casos em bovinos causados por morcegos

hematoacutefagos (Desmodus rotundus) Constituindo assim um problema emergente de sauacutede

puacuteblica para o Estado (PERNAMBUCO 2009)

O iacutendice de positividade para a raiva canina no ano de 2000 no Estado foi de 65

aumentando para 10 em 2001 e apresentando decreacutescimo a partir de 2002 passando de

86 para 05 em 2008 No periacuteodo de 2000 a 2007 a cobertura vacinal superou a meta de

80 preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (PERNAMBUCO 2009)

Os casos de raiva humana em Pernambuco apresentam grande decreacutescimo no ano de

1992 quando houve o maior nuacutemero de casos (10 casos) No periacuteodo de 2000 a 2008

16

ocorreram quatro casos positivos dentre eles as espeacutecies agressoras foram catildeo e morcego

sendo este uacuteltimo o primeiro caso de cura no Brasil (PERNAMBUCO 2009)

125 Raiva em morcegos

Haacute no Brasil cerca de 140 espeacutecies de morcegos desse total o viacuterus da raiva jaacute foi

isolado de 31 espeacutecies Este nuacutemero eacute considerado pequeno quando comparado ao

encontrado nos Estados Unidos de 39 espeacutecies identificadas o viacuterus da raiva foi isolado de

30 Todas as espeacutecies de morcego podem transmitir a raiva independente de seu haacutebito

alimentar (KOTAIT et al 2009)

Em Presidente Prudente-SP haacute um iacutendice de positividade muito alto em quiroacutepteros

Esta regiatildeo era zona silenciosa para a raiva ateacute 2001 quando ocorreu um caso de morte em

mulher atacada por um gato poreacutem a variante encontrada foi de morcego hematoacutefago Aleacutem

disso ocorreu tambeacutem em 2002 um surto de raiva em bovinos tambeacutem decorrente de

agressotildees por morcegos hematoacutefagos (ALBAS et al 2005)

Em Satildeo Paulo estudos sobre variantes antigecircnicas demonstram vaacuterias amostras com

morcegos insetiacutevoros no Brasil Isso se deve a coabitaccedilatildeo de morcegos hematoacutefagos e natildeo

hematoacutefagos disseminando o viacuterus entre eles (ALBAS et al 2010)

Na Colocircmbia em 2009 notificou-se o primeiro caso de raiva humana na aacuterea urbana

transmitida por morcego Aleacutem disso o paciente veio a oacutebito pois o tratamento inicial natildeo foi

conferido mostrando a vulnerabilidade de todos os niacuteveis de atenccedilatildeo envolvidos Como o

periacuteodo de incubaccedilatildeo do viacuterus raacutebico eacute variaacutevel e mais prolongado em morcegos deve-se

implementar estudos que caracterizem os aspectos fundamentais desta doenccedila nesta espeacutecie

animal (BADILLO MANTILLA PRADILLA 2009)

Em 2004 e 2005 ocorreram surtos de raiva no Paraacute provenientes de variante de

morcegos hematoacutefagos presentes em vaacuterias espeacutecies dentre elas bovinos equinos suiacutenos

humanos felinos e morcegos Apoacutes um ano do surto de 2004 ainda detectou-se a variante em

circulaccedilatildeo no municiacutepio de Viseu isolado em amostras humana e bovina (BARBOSA et al

2007) Em Araccedilatuba-SP a espeacutecie quiroacuteptera eacute a terceira mais agressora com 81 (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009) Em estudos na mesma regiatildeo 12 dos morcegos diagnosticados

positivos agrediram pessoas e animais (QUEIROZ et al 2009)

Em trabalhos publicados no Brasil observou-se maior presenccedila de positividade em

morcegos insetiacutevoros (SCHEFFER et al 2007 QUEIROZ et al 2009) o que torna a

situaccedilatildeo mais alarmante jaacute que a interaccedilatildeo de morcegos natildeo hematoacutefagos com pessoas e seus

17

animais aumenta a cada dia devido a devastaccedilatildeo do habitat destes e a adaptaccedilatildeo a abrigos

urbanos (ALBAS et al 2009 TIRIBA SHMAL 2010)

No Paraacute a taxa de ataque por morcegos eacute muito alta Aleacutem disso do total de

agredidos 100 relataram natildeo conhecerem a necessidade de tratamento profilaacutetico Portanto

a adoccedilatildeo de medidas de esclarecimento agrave populaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel (WADA et al 2004) Jaacute

que uma vez mordido por morcegos o homem deve passar por tratamento imediato (soro e

vacina) sem interrupccedilatildeo pois o periacuteodo de incubaccedilatildeo eacute muito raacutepido levando o paciente natildeo

tratado ao oacutebito (SCHEFFER et al 2007 TIRIBA SHMAL 2010)

126 Raiva em animais silvestres

A raiva em animais silvestres vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia

epidemioloacutegica desse agravo no Brasil devido agrave presenccedila de morcegos natildeo hematoacutefagos em

aacutereas urbanas caniacutedeos silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais

(BRASIL 2009) Em 2009 foram notificados com raiva confirmada 158 morcegos natildeo

hematoacutefagos 16 morcegos hematoacutefagos 22 caniacutedeos silvestres 3 primatas natildeo humanos e

um gato do mato (BRASIL 2010b)

A raiva nos animais domeacutesticos eacute controlada com a vacinaccedilatildeo anual Poreacutem os

animais silvestres natildeo satildeo imunizados ficando assim mais expostos aos riscos de

contaminaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

A aplicaccedilatildeo de vacina de cultivo celular apresenta-se como uma alternativa para

imunizaccedilatildeo de animais silvestres Em estudos feitos com saguis esse tipo de vacinaccedilatildeo

mostrou-se eficaz apoacutes 45 dias aplicando-se apenas uma uacutenica dose Outra boa alternativa

seria a realizaccedilatildeo de estudos no uso de vacina oral para animais silvestres a fim de facilitar a

vacinaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

Em Pernambuco a criaccedilatildeo de macacos principalmente saguis como animal de

estimaccedilatildeo eacute bastante comum Em estudo realizado em Satildeo Paulo no periacuteodo de 1996 a 1999

observou-se uma diminuiccedilatildeo das agressotildees por macacos indicando um decreacutescimo na criaccedilatildeo

clandestina destes animais e na alimentaccedilatildeo deles em parques puacuteblicos Aleacutem disso a

indicaccedilatildeo de tratamento foi de 85 indicando uma maior conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao perigo desses acidentes (RAMOS RAMOS 2002)

18

127 Tratamento

O desenvolvimento da raiva estaacute relacionado a diversos fatores desde a gravidade da

mordedura e agrave proximidade do SNC ateacute o estado de sauacutede do paciente e sua resposta imune

(CARRIERI et al 2006) Por isso cada caso deve ser avaliado para que seja instalada a

profilaxia adequada a fim de se evitar a doenccedila

O Ministeacuterio da Sauacutede criou em 1973 o Programa Nacional de Controle da Raiva ndash

PNCR com o objetivo de eliminar a raiva humana transmitida por catildees e gatos O controle da

raiva canina foi realizado a partir das accedilotildees de vacinaccedilatildeo de catildees e gatos tratamento

profilaacutetico de pessoas expostas vigilacircncia epidemioloacutegica diagnoacutestico laboratorial controle

de populaccedilatildeo animal e educaccedilatildeo em sauacutede (SCHNEIDER et al 1996)

Devido ao tratamento de raiva humana realizado nos Estados Unidos (2004) e em

Pernambuco (2008) que decorreu na cura dos pacientes o Ministeacuterio da Sauacutede publicou e

divulgou para as Secretarias Municipais e Estaduais de Sauacutede o Protocolo de Tratamento de

Raiva Humana denominado Protocolo Recife (BRASIL 2009 BRASIL 2010b) Apesar

disso a profilaxia continua sendo a melhor maneira de prevenccedilatildeo pois a chance de cura ainda

eacute pequena e natildeo se tem conhecimento suficiente sobre as sequelas que o paciente pode

apresentar

A populaccedilatildeo ainda desconhece a gravidade da doenccedila Ateacute os dias atuais satildeo relatados

abandonos de tratamento e procura ao serviccedilo de sauacutede apenas para tratamento do ferimento

Em estudo realizado 245 dos atendidos consideraram desnecessaacuterio o tratamento completo

e 138 natildeo obtiveram orientaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao tratamento demonstrando a falta de

informaccedilatildeo e o descompromisso dos profissionais de sauacutede (VELOSO et al 2011)

1271 Profilaxia preacute-exposiccedilatildeo

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute indicada para pessoas expostas permanentemente ao risco

de infecccedilatildeo pelo viacuterus da raiva tais como meacutedicos veterinaacuterios bioacutelogos profissionais e

auxiliares de laboratoacuterio para diagnoacutestico da raiva estudantes dessas aacutereas e pessoas que

atuam na vacinaccedilatildeo captura e em zooloacutegicos (COSTA et al 2000 BRASIL 2005)

O esquema de tratamento eacute de trecircs doses aplicadas nos dias 0 7 e 28 Deve-se fazer o

controle soroloacutegico a partir do 14ordm dia apoacutes a uacuteltima dose do esquema e repeti-lo anualmente

Eacute importante destacar que eacute necessaacuterio administrar uma dose de reforccedilo sempre que os tiacutetulos

forem inferiores a 05 UIml (BRASIL 2005)

19

Em dados recentes observou-se que a aplicaccedilatildeo do esquema preacute-exposiccedilatildeo em

profissionais de sauacutede e viajantes que podem facilmente buscar atendimento no caso de uma

nova exposiccedilatildeo pode ser efetuada atraveacutes da via intradeacutermica trazendo um custo bem menor

ao paiacutes (CUNHA et al 2010)

Jaacute em populaccedilotildees de difiacutecil acompanhamento como da regiatildeo ribeirinha da Amazocircnia

recomenda-se o esquema por via intramuscular que confere uma imunidade mais duradoura

Tambeacutem foi identificado que apoacutes a terceira dose em ambas as vias de administraccedilatildeo eacute

desnecessaacuteria a sorologia em indiviacuteduos sob controle uma vez que todos os voluntaacuterios do

experimento apresentaram niacuteveis de anticorpos satisfatoacuterios ge05 UImL (CUNHA et al

2010)

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute considerada pelo serviccedilo como de pouca importacircncia jaacute

que apenas 377 dessa informaccedilatildeo eacute registrada Esse fato evidencia as falhas no sistema de

vigilacircncia e a necessidade de adequaccedilatildeo das prescriccedilotildees para que se atinjam niacuteveis ideais de

tratamento e seguranccedila para populaccedilatildeo atendida (RIGO HONER 2005)

1272 Profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo

O paciente apoacutes a agressatildeo por mamiacutefero deve ser avaliado para indicaccedilatildeo ou natildeo da

profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo que quando indicada deve ter iniacutecio o mais precocemente possiacutevel

pois quando o viacuterus atinge o SNC o paciente geralmente evolui para o oacutebito (KOTAIT et al

2009)

O tratamento poacutes-exposiccedilatildeo prescrito depende principalmente da espeacutecie do animal

agressor do tipo da lesatildeo e no caso de catildees e gatos da possibilidade da observaccedilatildeo (Anexo

B) (GARCIA et al 1999 BRASIL 2005)

Haacute no Brasil um nuacutemero bastante elevado de tratamentos profilaacuteticos humanos que

poderiam ser reduzidos pela educaccedilatildeo em sauacutede atraveacutes de orientaccedilotildees sobre os animais

agressores e os fatores que desencadeiam a agressividade os cuidados com o ferimento a

posse responsaacutevel dos animais aleacutem da observaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo cliacutenica dos catildees e gatos

domiciliados (GARCIA et al 1999 FRIAS 2008)

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina

Em 2009 na Regiatildeo Nordeste e a partir de 2010 no restante do paiacutes a campanha de

vacinaccedilatildeo nacional substituiu a vacina Fuenzalida amp Palaacutecios modificada pela vacina de

20

cultivo celular canina (BRASIL 2009) Essa modificaccedilatildeo deve-se ao fato dessa vacina

apresentar maior imunogenicidade e seguranccedila aleacutem de ser recomendada pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede (BRASIL 2010a)

A vacina de cultivo celular foi utilizada em Pernambuco em 2009 sem apresentar altos

iacutendices de reaccedilotildees adversas Entretanto a vacina introduzida em junho de 2010 em todo paiacutes

(BRASIL 2010a) teve sua aplicaccedilatildeo suspensa em outubro do mesmo ano pelo Ministeacuterio da

Sauacutede que determinou a interrupccedilatildeo da campanha vacinal ateacute a conclusatildeo dos estudos sobre o

aumento das mortes e reaccedilotildees adversas apresentadas em catildees e gatos vacinados (BRASIL

2010c)

Em humanos a vacina utilizada para tratamento profilaacutetico tambeacutem eacute a vacina de

cultivo celular esta eacute produzida em cultura de ceacutelulas (diploacuteides humanas ceacutelulas Vero

ceacutelulas de embriatildeo de galinha e pato etc) com viacuterus inativados por betapropiolactona e com

potecircncia miacutenima de 25 UIdose A vacina eacute apresentada de forma liofilizada devendo ser

conservada na temperatura entre + 2ordmC a + 8ordmC ateacute o momento de sua aplicaccedilatildeo Seu esquema

vacinal completo eacute de 5 doses aplicadas nos dias 0 3 7 14 e 28 (BRASIL 2005)

Natildeo haacute contra indicaccedilatildeo (gravidez mulheres lactantes doenccedila intercorrente ou outros

tratamentos) Sempre que possiacutevel recomenda-se a interrupccedilatildeo do tratamento com corticoacuteides

eou imunossupressores As manifestaccedilotildees adversas relatadas com maior frequumlecircncia satildeo

reaccedilatildeo local febre mal estar naacuteuseas e cefaleacuteia Natildeo haacute relato de ocorrecircncia de oacutebito

associado ao uso da vacina de cultivo celular (BRASIL 2005)

A frequumlecircncia de reaccedilotildees neuroloacutegicas associadas a esta vacina citada na literatura

cientiacutefica eacute baixa De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede ateacute junho de 1996

haviam sido relatados seis casos de reaccedilotildees neuroloacutegicas temporalmente associadas a vacina

A incidecircncia de manifestaccedilotildees neuroloacutegicas considerando-se todos estes casos como

realmente provocados pela vacina eacute de cerca de 1 para cada 500000 pacientes tratados A

incidecircncia de reaccedilotildees aleacutergicas notificadas nos EUA agrave vacina de ceacutelulas diploacuteides foi de 11

casos por 10000 pacientes tratados (011) As reaccedilotildees variam de urticaacuteria a anafilaxia e

ocorrem principalmente apoacutes as doses de reforccedilo a maioria dos pacientes natildeo necessita de

internaccedilatildeo hospitalar (COSTA et al 2000)

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro

O soro heteroacutelogo eacute uma soluccedilatildeo concentrada e purificada de anticorpos preparada em

equiacutedeos imunizados contra o viacuterus da raiva A temperatura de conservaccedilatildeo eacute entre +2ordm a

21

+8ordmC A dose indicada eacute de 40 UIkg de peso Deve-se infiltrar nas lesotildees a maior quantidade

possiacutevel da dose do soro caso natildeo seja possiacutevel aplicar a miacutenima quantidade possiacutevel na

regiatildeo gluacutetea O uso do soro natildeo eacute recomendado para pacientes imunizados anteriormente Em

pacientes com histoacuterico de reaccedilotildees aleacutergicas e reaccedilatildeo anafilaacutetica ao soro heteroacutelogo

recomenda-se o uso do soro homoacutelogo (imunoglobulina humana hiperimune antirraacutebica) na

dose de 20UIKg de peso (BRASIL 2005)

1275 Consideraccedilotildees sobre o ferimento

A limpeza do ferimento com aacutegua corrente e sabatildeo eacute imprescindiacutevel em qualquer

caso de mordedura arranhadura ou lambedura que possa haver contaminado a viacutetima com o

viacuterus da raiva Esta deve eliminar todas as sujidades e em seguida devem ser utilizados

antisseacutepticos que inativem o viacuterus da raiva (iodo povidine clorexidine e aacutelcool iodado) a

mucosa ocular deve ser lavada com aacutegua corrente ou soluccedilatildeo fisioloacutegica (COSTA et al 2000

BRASIL 2005)

A utilizaccedilatildeo de antisseacutepticos ou mesmo o uso de aacutegua e sabatildeo para lavagem dos

ferimentos eacute relatada em 831 dos casos analisados em estudos indicando a

conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo para essa conduta importante de prevenccedilatildeo de doenccedilas

(GARCIA et al 1999)

A sutura do ferimento natildeo eacute recomendada mas caso seja necessaacuterio aproximar as

bordas com pontos isolados e infiltrar soro antirraacutebico humano uma hora antes da sutura

Dependendo da necessidade do paciente outras condutas podem ser realizadas como a

administraccedilatildeo de antibioacuteticos e a profilaxia antitetacircnica (COSTA et al 2000 BRASIL

2005)

128 Consideraccedilotildees sobre o animal

O Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (BRASIL 2005) traz algumas consideraccedilotildees em

relaccedilatildeo aos animais agressores dentre eles

bull O periacuteodo de observaccedilatildeo de dez dias eacute restrito aos catildees e gatos

bull A agressatildeo por outros animais domeacutesticos (bovinos ovinos caprinos equiacutedeos e suiacutenos)

deveraacute ser avaliada e se necessaacuterio deveraacute ser indicado o tratamento profilaacutetico

bull Estaacute indicado tratamento sistematicamente para todos os casos de agressatildeo por animais

silvestres mesmo quando domiciliados e domesticados

22

bull Natildeo eacute indicado tratamento nas agressotildees causadas por ratos ratazanas cobaias e lagomorfos

(urbanos ou de criaccedilatildeo)

bull Nas agressotildees por morcegos deve-se proceder a soro-vacinaccedilatildeo independentemente do tipo

de morcego agressor do tempo decorrido e da gravidade da lesatildeo

23

2 JUSTIFICATIVA

A raiva constitui um importante problema de sauacutede puacuteblica devido ao seu prognoacutestico

quase sempre fatal No entanto essa alta letalidade pode ser reduzida a partir da prevenccedilatildeo da

doenccedila atraveacutes do adequado atendimento e tratamento profilaacutetico Estes uacuteltimos ocorrem

desde a avaliaccedilatildeo do caso e conduta cliacutenica ateacute questotildees estruturais e organizacionais dos

serviccedilos de sauacutede

Esta pesquisa justifica-se pela carecircncia de estudos neste sentido em Pernambuco e pela

mudanccedila no perfil epidemioloacutegico da raiva com diminuiccedilatildeo dos casos em caninos e felinos e

aumento dos casos em morcegos herbiacutevoros e outros animais silvestres

Com este trabalho pretende-se analisar o atendimento antirraacutebico humano nos

indiviacuteduos agredidos por animais silvestres no estado de Pernambuco Dessa forma busca-se

melhorar o conhecimento de alguns aspectos relacionados agrave profilaxia da raiva por animais

silvestres melhoria da vigilacircncia epidemioloacutegica planejamento e adoccedilatildeo de variadas accedilotildees de

sauacutede puacuteblica

21 PERGUNTA CONDUTORA

Como estaacute sendo efetuado o atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo nas

agressotildees por animais silvestres

24

3 OBJETIVOS

31 GERAL

Caracterizar o perfil epidemioloacutegico do atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em agressotildees por animais silvestres e analisar a adequaccedilatildeo de sua indicaccedilatildeo em Pernambuco

no periacuteodo de 2001 a 2010

32 ESPECIacuteFICOS

a) Caracterizar o perfil epidemioloacutegico segundo variaacuteveis de pessoa lugar e tempo

relativas agraves condiccedilotildees da agressatildeo e do animal agressor

b) Analisar o tratamento recomendado a cada espeacutecie agressora

25

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

41 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de abrangecircncia do estudo corresponde ao estado de Pernambuco composto por

184 municiacutepios e o territoacuterio de Fernando de Noronha

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA

O periacuteodo avaliado foi de 2001 a 2010 com o objetivo de demonstrar com melhor

precisatildeo o aumento das agressotildees por animais silvestres no estado

43 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal Esse estudo eacute apropriado para o

registro de frequumlecircncia de eventos observando sua variaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo Sua maior

vantagem eacute que natildeo haacute necessidade de grupos de comparaccedilatildeo possui alto potencial descritivo

e baixo custo operacional

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS

O evento estudado foi a profilaxia da raiva humana a partir de agressotildees por animais

silvestres analisada atraveacutes dos procedimentos registrados no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo (SINAN) sendo construiacutedos diversos tipos de agrupamentos

Desse modo foram analisados os atendimentos por espeacutecie animal atraveacutes da ficha

individual de atendimento antirraacutebico e este atendimento subdivido em grupos de variaacuteveis

Assim foram analisados os dados referentes as notificaccedilotildees individuais faixa etaacuteria e sexo

aos dados de residecircncia municiacutepio de residecircncia aos antecedentes epidemioloacutegicos

caracteriacutesticas da agressatildeo caracteriacutesticas do animal agressor e tratamento recomendado

(tratamento indicado indicaccedilatildeo do soro interrupccedilatildeo do tratamento motivo da interrupccedilatildeo e se

a unidade de sauacutede procurou o paciente que abandonou o tratamento) (Quadro 1)

Assim sendo em cada toacutepico especiacutefico de anaacutelise procurou-se verificar as principais

caracteriacutesticas das espeacutecies agressoras e o tratamento aplicado a partir das especificidades de

cada espeacutecie sendo executadas da seguinte forma observaram-se inicialmente o perfil das

26

agressotildees entre os anos de 2001 e 2010 em seguida realizaram-se observaccedilotildees no tratamento

realizado para posteriormente analisar a distribuiccedilatildeo das agressotildees no estado de Pernambuco

Os grupos foram compostos pelas variaacuteveis encontradas no proacuteprio banco de dados e

para a definiccedilatildeo dos atosprocedimentos que melhor caracterizassem as variaacuteveis utilizou-se

como referecircncia a Norma Teacutecnica do Ministeacuterio da Sauacutede (Anexo B)

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS

Os dados utilizados neste estudo foram secundaacuterios coletados na Secretaria Estadual

de Sauacutede e processados pelo SINAN atraveacutes da ficha individual de investigaccedilatildeo para

atendimento antirraacutebico humano (Anexo A) A exploraccedilatildeo do banco de dados foi realizada

atraveacutes dos programas Tabwin 36 e planilhas eletrocircnicas

46 ANAacuteLISE DOS DADOS

Foram calculadas frequumlecircncias absolutas e relativas aleacutem das meacutedias

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS

O estudo foi realizado dentro dos padrotildees da eacutetica cientiacutefica tendo sido aprovado pela

Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa sob o nordm 0511 da instituiccedilatildeo agrave qual se subordina A pesquisa

foi realizada com dados secundaacuterios da Secretaria Estadual de Sauacutede Nenhum dado de

identificaccedilatildeo dos pacientes fez parte do estudo

Quadro 1 - Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do tratamento antirraacutebico humano

VARIAacuteVEL CATEGORIZACcedilAtildeO

Relativas agraves caracteriacutesticas

da agressatildeo

Tipo de Exposiccedilatildeo Contato Indireto Arranhadura Lambedura e Mordedura

Localizaccedilatildeo Mucosa CabeccedilaPescoccedilo MatildeosPeacutes Tronco

Membros Superiores e Membros Inferiores

Ferimento Uacutenico Muacuteltiplo Ignorado e Sem Ferimento

Tipo de Ferimento Profundo Superficial Dilacerante

Relativas agraves caracteriacutesticas

do animal agressor

Espeacutecie Animal Quiroacuteptera (Morcego) Primata (Macaco) e Raposa

Condiccedilatildeo Final do Animal Positivo Cliacutenico Negativo Cliacutenico Positivo Laboratorial e Negativo Laboratorial

27

Relativas ao tratamento antirraacutebico humano

Tratamento Indicado Preacute-exposiccedilatildeo Exposiccedilatildeo Re-exposiccedilatildeo

Dispensa de tratamento Observaccedilatildeo do

animal (se catildeo ou gato) e Ignorado

Indicaccedilatildeo do Soro Sim Natildeo e Ignorado

Relativas agrave continuidade do

tratamento antirraacutebico humano

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim Natildeo e Ignorado

Motivo da Interrupccedilatildeo Unidade Indicou Abandono e Transferecircncia

Unidade de sauacutede

procurou o paciente que

abandonou o tratamento

Sim e Natildeo

28

5 RESULTADOS

Nas agressotildees por ano foram observadas tendecircncias de crescimentos com oscilaccedilotildees

principalmente em raposas sendo observados picos nos anos de 2002 (267) 2005(292) 2006

(305) e 2009 (235) Em morcegos haacute um crescimento anual ateacute um pico em 2006 (182)

posteriormente ocorre uma ligeira queda e um novo pico em 2009 (207) No que diz respeito a

macacos o nuacutemero de casos se manteacutem proacuteximo durante os anos exceto em 2003 (272) e

2007 (250) onde ocorreram elevaccedilotildees das agressotildees (Figura 1)

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo espeacutecie agressora e ano

Pernambuco 2001 a 2010

1

52

104 113138

182

117 124

207

155

0

134

272

171186

153

250

182 185

141

6

267

221

174

292305

168147

235

170

0

50

100

150

200

250

300

350

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Morcego

Macaco

Raposa

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

No periacuteodo estudado 295704 pessoas receberam tratamento antirraacutebico humano

destas 4852 (16) foram atendidas apoacutes agressotildees por animais silvestres Dentre os animais

silvestres a raposa foi a espeacutecie mais agressora representando 1985 (409) casos em

seguida encontrou-se a primata com 1674 (345) e depois a quiroacuteptera com 1193 (246)

A zona urbana foi a localidade de residecircncia com maior nuacutemero de casos em macacos

79 e morcegos 78 jaacute em raposas prevaleceu a zona rural com 745 das agressotildees

(Tabela 1)

Em relaccedilatildeo a faixa etaacuteria o grupo mais atingido foi de 20 a 49 anos (385) Em

morcegos essa faixa representa 444 das agressotildees em macacos 342 e em raposas 386

Em seguida se encontra a faixa de 50 anos e mais exceto em macacos onde prevaleceu os lt9

anos (Tabela 1)

No que diz respeito ao sexo o masculino apresentou-se mais prevalente com 2764

(57) dos casos Dentre as agressotildees por sexo e espeacutecie a raposa apresentou a maior

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

REFEREcircNCIAS

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

6

SILVA Suely Ruth Analysis of human rabies anti care post exposure to attacks by wild

animals in Pernambuco 2011 Monograph (Multidisciplinary Residency in Public Health) ndash

Aggeu Magalhatildees Research Center Oswaldo Cruz Foundation Recife 2011

SUMMARY

Rabies is a major public health problem due to its high lethality so it must be under

surveillance and control The objective of this study was to describe and analyze the

characteristics of visits anti human rabies post exposure by wild animals in Pernambuco in

the period 2001 to 2010 For this we used data from 4852 medical records available anti

human rabies in the Information System of Notification of Injuries Variables were analyzed

relative to the person assault animal and treatment The fox was the main aggressor species

with 409 of cases observing a larger number of patients in males coming from rural areas

with single and multiples injuries deep on his legs and feet caused by bites Bats and

monkeys occurred in the homogeneity between the sexes and the area most affected was the

city Predominant injuries were unique divided into superficial and deep located on the

hands produced by bites Media in general the most affected age group was 20 to 49 years

The final condition of the animal 301 of reported cases were closed this item clinically and

511 observed as unknown or not filled Was indication of treatment for 886 of cases

but in an indication of serum 284 cases of aggression by bats did not receive the serum

infiltration and rate of treatment dropouts was 48 The treatment was the item that

presented the greatest problem mainly in the recommendation of chiropteran species

Therefore for the optimization of the shares of epidemiological surveillance teams it is stated

commitment to filling in the forms and follow-up of patients so that there is effective control

of rabies

Keywords Rabies Chiropteran Primates Fox

7

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Quadro 1 ndash Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do

tratamento antirraacutebico humano

26

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

espeacutecie agressora e ano Pernambuco 2001 a 2010

28

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por

municiacutepio segundo espeacutecie agressora Pernambuco 2001 a 2010

33

8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas agrave pessoa Pernambuco 2001 a 2010

29

Tabela 2 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas agrave agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

30

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

31

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas ao tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

31

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas agrave continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco

2001 a 2010

32

9

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 ASPECTOS HISTOacuteRICOS 11

12 ASPECTOS EPIDEMIOLOacuteGICOS 12

121 Distribuiccedilatildeo da Doenccedila 12

122 Cadeia Epidemioloacutegica 13

123 Raiva no Brasil 14

124 Raiva em Pernambuco 15

125 Raiva em Morcegos 16

126 Raiva em Animais Silvestres 17

127 Tratamento 18

1271 Profilaxia Preacute-exposiccedilatildeo 18

1272 Profilaxia Poacutes-exposiccedilatildeo 19

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina 19

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro 20

1275 Consideraccedilotildees sobre o Ferimento 21

128 Consideraccedilotildees sobre o Animal 22

2 JUSTIFICATIVA 23

21 PERGUNTA CONDUTORA 23

3 OBJETIVOS 24

31 OBJETIVO GERAL 24

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 24

4 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS 25

41 AacuteREA DE ESTUDO 25

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA 25

43 DESENHO DO ESTUDO 25

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS 25

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS 26

46 ANAacuteLISE DOS DADOS 26

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS 26

5 RESULTADOS 28

10

6 DISCUSSAtildeO 34

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 39

REFEREcircNCIAS 40

Anexo A - Ficha de atendimento antirraacutebico humano 44

Anexo B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a

vacina de cultivo celular

46

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

A raiva eacute uma encefalite aguda causada por viacuterus Todos os mamiacuteferos satildeo

susceptiacuteveis agrave infecccedilatildeo que se daacute pela penetraccedilatildeo do viacuterus contido na saliva do animal

infectado atraveacutes da mordedura arranhadura ou lambedura Possui grande importacircncia

epidemioloacutegica por apresentar letalidade de quase 100 (BRASIL 2005) Soacute tendo ocorrido

a cura em poucos casos sendo um deles nos Estados Unidos em 2004 e outro em um

adolescente de 15 anos do municiacutepio de Floresta estado de Pernambuco em 2008 apoacutes ter

sido mordido por morcego hematoacutefago (KOTAIT et al 2009)

O periacuteodo de incubaccedilatildeo da doenccedila eacute bastante variaacutevel indo de dias a anos e estaacute

relacionado a localizaccedilatildeo extensatildeo e profundidade da lesatildeo agrave distacircncia do ferimento ao

ceacuterebro e agrave concentraccedilatildeo de partiacuteculas virais (BRASIL 2005) A raiva possui muitas

interfaces entre o mundo humano e animal de modo que o surgimento da doenccedila guarda

estreita ligaccedilatildeo entre o tratamento de pessoas expostas as atividades de vigilacircncia

epidemioloacutegica e o controle da raiva animal

A doenccedila tem ocorrecircncia quase universal Em alguns paiacuteses desenvolvidos a raiva

humana estaacute erradicada e a raiva nos animais domeacutesticos estaacute controlada mas ainda eacute

efetuada vigilacircncia epidemioloacutegica em funccedilatildeo dos animais silvestres Atualmente soacute existe

um uacutenico continente livre da doenccedila que eacute a Oceania (BRASIL 2005)

11 ASPECTOS HISTOacuteRICOS

A raiva eacute uma doenccedila muito temida desde a Antiguidade devido agrave transmissatildeo ao

quadro cliacutenico e agrave evoluccedilatildeo Era referida como uma doenccedila que tornava ldquoloucosrdquo homens e

catildees (KOTAIT et al 2009)

Os egiacutepcios entendiam que a alteraccedilatildeo de comportamento de catildees devia-se a influecircncia

maligna da Siacuterius (constelaccedilatildeo Catildeo Maior) Jaacute os romanos descobriram a capacidade

infecciosa da saliva dos catildees raivosos chamando este material de veneno foi de onde surgiu a

palavra latina viacuterus Na Greacutecia foram descritas praacuteticas de cauterizaccedilatildeo das feridas

provocadas pelo animal raivoso ateacute o final do seacuteculo XIX quando foi desenvolvida a vacina

(KOTAIT et al 2009)

Em 1880 Louis Pasteur iniciou seus estudos sobre a raiva e no ano seguinte

conseguiu isolar o viacuterus e produzir uma vacina Em 1884 esta foi utilizada

experimentalmente em animais e em 1885 nos humanos em um menino de 9 anos chamado

12

Joseph Meister O sucesso com a vacina teve enorme impacto nas medidas de tratamento

contra essa enfermidade sendo utilizada em todo o mundo Foi tambeacutem determinante para a

criaccedilatildeo de instituiccedilotildees de pesquisa para produccedilatildeo e aplicaccedilatildeo da vacina surgindo assim o

Instituto Pasteur em 1888 (COSTA et al 2000)

No Brasil o primeiro serviccedilo antirraacutebico foi instituiacutedo com a inauguraccedilatildeo em 1888

do Instituto Pasteur no Rio de Janeiro Em 1899 foi criado o Instituto Pasteur de Pernambuco

(LIMA GUIMARAtildeES OLIVEIRA 2000) e soacute em 1903 foi fundado o Instituto Pasteur de

Satildeo Paulo (COSTA et al 2000)

Antonio Carini entatildeo diretor do Instituto Pasteur de Satildeo Paulo levantou a hipoacutetese

em 1911 dos morcegos hematoacutefagos serem os transmissores da raiva dos herbiacutevoros Anos

apoacutes foi confirmada a raiva tambeacutem em morcegos frugiacutevoros e insetiacutevoros mas este tipo de

transmissor soacute foi levado em consideraccedilatildeo quando um menino foi atacado por um morcego

insetiacutevoro na Floacuterida em 1953 Apoacutes esta data inuacutemeros casos humanos foram confirmados

nos Estados Unidos e satildeo notificados ateacute os dias de hoje (COSTA et al 2000)

12 ASPECTOS EPIDEMIOLOacuteGICOS

Os dados epidemioloacutegicos satildeo essenciais para definiccedilatildeo dos fatores condicionantes e

determinantes de uma doenccedila Na vigilacircncia da raiva estes dados auxiliam na tomada de

decisatildeo do tratamento poacutes-exposiccedilatildeo e na conduta com o animal envolvido aleacutem disso casos

de raiva humana representam falecircncia do sistema de sauacutede local e servem como indicador

para avaliaccedilatildeo da qualidade dos serviccedilos

121 Distribuiccedilatildeo da Doenccedila

A raiva eacute conhecida desde a antiguidade mas ateacute hoje representa um problema de

sauacutede puacuteblica nos paiacuteses em desenvolvimento (BRASIL 2005) Nos Estados Unidos o

nuacutemero de casos de raiva humana a partir de 1940 foi superior a 30 devido a morcegos

insetiacutevoros (KOTAIT et al 2009)

Na Ameacuterica do Norte (Estados Unidos e Canadaacute) e alguns paiacuteses da Europa (Franccedila e

Inglaterra) o maior peso da raiva estaacute nas espeacutecies silvestres (BRASIL 2005) Poreacutem na

Venezuela a raiva canina prevalece como o principal foco transmissor da doenccedila devido ao

baixo percentual de cobertura vacinal sendo este de apenas 33 no periacuteodo de 1996 a 2006

13

Aleacutem disso grande parcela da populaccedilatildeo encontra-se mais vulneraacutevel por causa do baixo

niacutevel socioeconocircmico e educativo (FUENTES et al 2008)

Os paiacuteses da Ameacuterica que mais registram casos de raiva satildeo o Brasil Colocircmbia e

Peru devido ao grande nuacutemero de agressotildees por morcegos hematoacutefagos Neste continente no

ano de 2004 os animais silvestres contribuiacuteram com 599 dos casos e os animais

domeacutesticos com 401 sendo a raiva humana presente em quase todos os paiacuteses exceto o

Caribe (ORGANIZACcedilAtildeO PAN-AMERICANA DE SAUacuteDE 2006)

Nos uacuteltimos anos alguns paiacuteses como China Tailacircndia Sri- Lanka e Tuniacutesia

conseguiram progressos importantes nos programas de controle da raiva combinando a

vacinaccedilatildeo de catildees com a melhoria do tratamento antirraacutebico possibilitando assim a reduccedilatildeo

dos casos da doenccedila em humanos (SILVA et al 2009)

No continente asiaacutetico ocorrem cerca de 35000 a 55000 casos de raiva humana por

ano e aproximadamente 7 milhotildees de tratamentos com vacinaccedilatildeo Na Aacutefrica estima-se em

5000 a 15000 o nuacutemero de mortes humanas por ano e a vacinaccedilatildeo em cerca de 500000

pessoas Na Ameacuterica Latina os casos em humanos satildeo menores que 100 por ano e o

tratamento fica em torno de 500000 pessoas Na Ameacuterica do Norte e Europa o nuacutemero de

casos de raiva humana reduz a menos de 50 e o tratamento antirraacutebico eacute conferido a

aproximadamente 100000 pessoas (SILVA et al 2009)

O nuacutemero de casos de raiva transmitidos por morcegos tem crescido muito nos uacuteltimos

tempos Na atualidade o grande desafio corresponde agrave detecccedilatildeo precoce da circulaccedilatildeo do

viacuterus em animais silvestres aleacutem da manutenccedilatildeo do controle via imunizaccedilatildeo em animais

domeacutesticos

122 Cadeia Epidemioloacutegica

O viacuterus da raiva adaptou-se a vaacuterias espeacutecies que atuam como reservatoacuterios garantindo

a perpetuaccedilatildeo do viacuterus na natureza Estas adaptaccedilotildees originam as variantes que por vezes

apresentam alteraccedilotildees as quais satildeo utilizadas como marcadores epidemioloacutegicos que tem o

objetivo de identificar as interaccedilotildees do viacuterus com suas espeacutecies hospedeiras e o meio

ambiente e com a biologia da infecccedilatildeo (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

As intervenccedilotildees do homem no ecossistema tecircm gerado mudanccedilas de comportamento

de animais silvestres que passaram a procurar abrigos e fontes de alimentos nos centros

urbanos (SILVA LANGONI 2011) Estes fatos modificaram a epidemiologia das zoonoses

trazendo a raiva silvestre para a populaccedilatildeo humana (CARRIERI et al 2006)

14

A cadeia epidemioloacutegica da raiva estaacute dividida em dois principais ciclos de

transmissatildeo terrestre e aeacutereo (CALDAS et al 2007) O ciclo terrestre eacute constituiacutedo por catildees

e gatos agressores destes 823 satildeo domiciliados e a maior parte deles satildeo machos ateacute um

ano de idade (BUSO NUNES QUEIROZ 2009) No periacuteodo de transmissibilidade da

doenccedila esses animais se afastam do domiciacutelio andando quilocircmetros fazendo inuacutemeras

viacutetimas ou infectando novos hospedeiros (CARRIERI et al 2006)

Os outros mamiacuteferos que fazem parte do ciclo terrestre satildeo os herbiacutevoros A estimativa

eacute que haja no Brasil mortes de 842688 cabeccedilas por ano Na Paraiacuteba entre 2002 a 2004 houve

um surto de raiva nesses animais apresentando morbidade meacutedia de 75 e letalidade de

100 Estima-se que 1875 das mortes de bovinos no estado ocorrem por raiva Todos os

surtos exceto um aconteceram em animais natildeo vacinados (LIMA et al 2005)

As mudanccedilas na natureza ocasionadas pelo homem implicam em condiccedilotildees favoraacuteveis

para expansatildeo de morcegos e consequente aumento de casos de raiva bovina (MENEZES

2008) No Nordeste aleacutem dos morcegos hematoacutefagos a raposa tambeacutem se apresenta como um

importante transmissor e reservatoacuterio para o viacuterus da raiva (LIMA et al 2005)

O ciclo aeacutereo eacute caracterizado pela transmissatildeo do viacuterus raacutebico entre morcegos

hematoacutefagos ou natildeo Na Ameacuterica Latina haacute com frequumlecircncia casos de raiva humana por

agressotildees de morcegos hematoacutefagos pela ausecircncia de outras fontes alimentares e pelas

alteraccedilotildees ambientais (KOTAIT et al 2009)

Em morcegos a presenccedila do viacuterus raacutebico eacute detectada em diversos oacutergatildeos reforccedilando a

transmissatildeo de outros animais e seres humanos atraveacutes do contato com secreccedilotildees e com

morcegos vivos ou mortos O aparecimento do viacuterus nos pulmotildees ratifica a transmissatildeo por

aerossoacuteis entre todas as espeacutecies de morcegos que povoam uma mesma aacuterea (SCHEFFER et

al 2007 SILVA et al 2007) Portanto deve-se evitar contato com estes animais

principalmente quando apresentarem sinais da doenccedila como alteraccedilatildeo de comportamento

(voos diurnos) dificuldade de locomoccedilatildeo e agressividade (QUEIROZ et al 2009)

123 Raiva no Brasil

Os casos de raiva humana no Brasil demonstra uma reduccedilatildeo bastante significativa

diminuiu de 168 casos em 1980 (SCHENEIDER 1990) para 73 em 1990 26 em 2000

(PERNAMBUCO 2010) 3 em 2008 sendo dois por morcegos e um por primatas natildeo

humano (BRASIL 2009) e 2 em 2010 na regiatildeo Nordeste (BRASIL 2010a)

15

No Sul natildeo haacute registros de casos humanos desde 1988 Mas haacute uma emergecircncia do

ciclo silvestre no paiacutes onde se destaca uma maior detecccedilatildeo de casos de raiva em morcegos e

outras espeacutecies silvestres (BATISTA FRANCO ROEHE 2007 CALDAS et al 2007

PERNAMBUCO 2010) As agressotildees por morcegos aumentaram de 12 nos anos de 1990 a

1999 para 46 nos anos de 2000 a 2010 (PERNAMBUCO 2010)

A doenccedila eacute endecircmica no paiacutes e apresenta grau diferenciado de acordo com a regiatildeo

geopoliacutetica Na Regiatildeo Nordeste de 1986 a 2001 foram registrados 5880 dos casos

humanos jaacute a Norte 2085 a Sudeste registrou 1080 a Centro-Oeste 940 e a Sul

015 Em 1987 ocorreu um caso no Paranaacute sendo o uacuteltimo caso de registro de raiva nos

estados do Sul cuja fonte de infecccedilatildeo foi um morcego hematoacutefago A transmissatildeo da doenccedila

a humanos no periacuteodo de 1991 a 2001 foi de 8052 por catildees e gatos 1013 por morcegos

e 494 por outros animais raposas saguis gato selvagem bovinos equinos caititus

gambaacutes suiacutenos e caprinos (BRASIL 2005)

Nos anos de 1997 ateacute 2003 os catildees foram os principais transmissores da doenccedila no

Paiacutes sendo implicados em 84 das transmissotildees em humanos De 2004 a 2006 houve um

decreacutescimo significativo de casos em catildees estes representando 15 e um aumento das

infecccedilotildees por animais silvestres principalmente por morcegos hematoacutefagos que passaram a

ser responsaacuteveis por 825 dos casos Aleacutem disso as infecccedilotildees em morcegos natildeo

hematoacutefagos tecircm evoluiacutedo trazendo grande preocupaccedilatildeo para vigilacircncia epidemioloacutegica jaacute

que a raacutepida adaptaccedilatildeo desses animais ao meio urbano pode dar margem a infecccedilotildees em

animais domeacutesticos e humanos (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

124 Raiva em Pernambuco

Em Pernambuco a doenccedila ainda natildeo estaacute sob controle principalmente por haver uma

grande expansatildeo das aacutereas de ocorrecircncia de casos em bovinos causados por morcegos

hematoacutefagos (Desmodus rotundus) Constituindo assim um problema emergente de sauacutede

puacuteblica para o Estado (PERNAMBUCO 2009)

O iacutendice de positividade para a raiva canina no ano de 2000 no Estado foi de 65

aumentando para 10 em 2001 e apresentando decreacutescimo a partir de 2002 passando de

86 para 05 em 2008 No periacuteodo de 2000 a 2007 a cobertura vacinal superou a meta de

80 preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (PERNAMBUCO 2009)

Os casos de raiva humana em Pernambuco apresentam grande decreacutescimo no ano de

1992 quando houve o maior nuacutemero de casos (10 casos) No periacuteodo de 2000 a 2008

16

ocorreram quatro casos positivos dentre eles as espeacutecies agressoras foram catildeo e morcego

sendo este uacuteltimo o primeiro caso de cura no Brasil (PERNAMBUCO 2009)

125 Raiva em morcegos

Haacute no Brasil cerca de 140 espeacutecies de morcegos desse total o viacuterus da raiva jaacute foi

isolado de 31 espeacutecies Este nuacutemero eacute considerado pequeno quando comparado ao

encontrado nos Estados Unidos de 39 espeacutecies identificadas o viacuterus da raiva foi isolado de

30 Todas as espeacutecies de morcego podem transmitir a raiva independente de seu haacutebito

alimentar (KOTAIT et al 2009)

Em Presidente Prudente-SP haacute um iacutendice de positividade muito alto em quiroacutepteros

Esta regiatildeo era zona silenciosa para a raiva ateacute 2001 quando ocorreu um caso de morte em

mulher atacada por um gato poreacutem a variante encontrada foi de morcego hematoacutefago Aleacutem

disso ocorreu tambeacutem em 2002 um surto de raiva em bovinos tambeacutem decorrente de

agressotildees por morcegos hematoacutefagos (ALBAS et al 2005)

Em Satildeo Paulo estudos sobre variantes antigecircnicas demonstram vaacuterias amostras com

morcegos insetiacutevoros no Brasil Isso se deve a coabitaccedilatildeo de morcegos hematoacutefagos e natildeo

hematoacutefagos disseminando o viacuterus entre eles (ALBAS et al 2010)

Na Colocircmbia em 2009 notificou-se o primeiro caso de raiva humana na aacuterea urbana

transmitida por morcego Aleacutem disso o paciente veio a oacutebito pois o tratamento inicial natildeo foi

conferido mostrando a vulnerabilidade de todos os niacuteveis de atenccedilatildeo envolvidos Como o

periacuteodo de incubaccedilatildeo do viacuterus raacutebico eacute variaacutevel e mais prolongado em morcegos deve-se

implementar estudos que caracterizem os aspectos fundamentais desta doenccedila nesta espeacutecie

animal (BADILLO MANTILLA PRADILLA 2009)

Em 2004 e 2005 ocorreram surtos de raiva no Paraacute provenientes de variante de

morcegos hematoacutefagos presentes em vaacuterias espeacutecies dentre elas bovinos equinos suiacutenos

humanos felinos e morcegos Apoacutes um ano do surto de 2004 ainda detectou-se a variante em

circulaccedilatildeo no municiacutepio de Viseu isolado em amostras humana e bovina (BARBOSA et al

2007) Em Araccedilatuba-SP a espeacutecie quiroacuteptera eacute a terceira mais agressora com 81 (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009) Em estudos na mesma regiatildeo 12 dos morcegos diagnosticados

positivos agrediram pessoas e animais (QUEIROZ et al 2009)

Em trabalhos publicados no Brasil observou-se maior presenccedila de positividade em

morcegos insetiacutevoros (SCHEFFER et al 2007 QUEIROZ et al 2009) o que torna a

situaccedilatildeo mais alarmante jaacute que a interaccedilatildeo de morcegos natildeo hematoacutefagos com pessoas e seus

17

animais aumenta a cada dia devido a devastaccedilatildeo do habitat destes e a adaptaccedilatildeo a abrigos

urbanos (ALBAS et al 2009 TIRIBA SHMAL 2010)

No Paraacute a taxa de ataque por morcegos eacute muito alta Aleacutem disso do total de

agredidos 100 relataram natildeo conhecerem a necessidade de tratamento profilaacutetico Portanto

a adoccedilatildeo de medidas de esclarecimento agrave populaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel (WADA et al 2004) Jaacute

que uma vez mordido por morcegos o homem deve passar por tratamento imediato (soro e

vacina) sem interrupccedilatildeo pois o periacuteodo de incubaccedilatildeo eacute muito raacutepido levando o paciente natildeo

tratado ao oacutebito (SCHEFFER et al 2007 TIRIBA SHMAL 2010)

126 Raiva em animais silvestres

A raiva em animais silvestres vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia

epidemioloacutegica desse agravo no Brasil devido agrave presenccedila de morcegos natildeo hematoacutefagos em

aacutereas urbanas caniacutedeos silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais

(BRASIL 2009) Em 2009 foram notificados com raiva confirmada 158 morcegos natildeo

hematoacutefagos 16 morcegos hematoacutefagos 22 caniacutedeos silvestres 3 primatas natildeo humanos e

um gato do mato (BRASIL 2010b)

A raiva nos animais domeacutesticos eacute controlada com a vacinaccedilatildeo anual Poreacutem os

animais silvestres natildeo satildeo imunizados ficando assim mais expostos aos riscos de

contaminaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

A aplicaccedilatildeo de vacina de cultivo celular apresenta-se como uma alternativa para

imunizaccedilatildeo de animais silvestres Em estudos feitos com saguis esse tipo de vacinaccedilatildeo

mostrou-se eficaz apoacutes 45 dias aplicando-se apenas uma uacutenica dose Outra boa alternativa

seria a realizaccedilatildeo de estudos no uso de vacina oral para animais silvestres a fim de facilitar a

vacinaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

Em Pernambuco a criaccedilatildeo de macacos principalmente saguis como animal de

estimaccedilatildeo eacute bastante comum Em estudo realizado em Satildeo Paulo no periacuteodo de 1996 a 1999

observou-se uma diminuiccedilatildeo das agressotildees por macacos indicando um decreacutescimo na criaccedilatildeo

clandestina destes animais e na alimentaccedilatildeo deles em parques puacuteblicos Aleacutem disso a

indicaccedilatildeo de tratamento foi de 85 indicando uma maior conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao perigo desses acidentes (RAMOS RAMOS 2002)

18

127 Tratamento

O desenvolvimento da raiva estaacute relacionado a diversos fatores desde a gravidade da

mordedura e agrave proximidade do SNC ateacute o estado de sauacutede do paciente e sua resposta imune

(CARRIERI et al 2006) Por isso cada caso deve ser avaliado para que seja instalada a

profilaxia adequada a fim de se evitar a doenccedila

O Ministeacuterio da Sauacutede criou em 1973 o Programa Nacional de Controle da Raiva ndash

PNCR com o objetivo de eliminar a raiva humana transmitida por catildees e gatos O controle da

raiva canina foi realizado a partir das accedilotildees de vacinaccedilatildeo de catildees e gatos tratamento

profilaacutetico de pessoas expostas vigilacircncia epidemioloacutegica diagnoacutestico laboratorial controle

de populaccedilatildeo animal e educaccedilatildeo em sauacutede (SCHNEIDER et al 1996)

Devido ao tratamento de raiva humana realizado nos Estados Unidos (2004) e em

Pernambuco (2008) que decorreu na cura dos pacientes o Ministeacuterio da Sauacutede publicou e

divulgou para as Secretarias Municipais e Estaduais de Sauacutede o Protocolo de Tratamento de

Raiva Humana denominado Protocolo Recife (BRASIL 2009 BRASIL 2010b) Apesar

disso a profilaxia continua sendo a melhor maneira de prevenccedilatildeo pois a chance de cura ainda

eacute pequena e natildeo se tem conhecimento suficiente sobre as sequelas que o paciente pode

apresentar

A populaccedilatildeo ainda desconhece a gravidade da doenccedila Ateacute os dias atuais satildeo relatados

abandonos de tratamento e procura ao serviccedilo de sauacutede apenas para tratamento do ferimento

Em estudo realizado 245 dos atendidos consideraram desnecessaacuterio o tratamento completo

e 138 natildeo obtiveram orientaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao tratamento demonstrando a falta de

informaccedilatildeo e o descompromisso dos profissionais de sauacutede (VELOSO et al 2011)

1271 Profilaxia preacute-exposiccedilatildeo

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute indicada para pessoas expostas permanentemente ao risco

de infecccedilatildeo pelo viacuterus da raiva tais como meacutedicos veterinaacuterios bioacutelogos profissionais e

auxiliares de laboratoacuterio para diagnoacutestico da raiva estudantes dessas aacutereas e pessoas que

atuam na vacinaccedilatildeo captura e em zooloacutegicos (COSTA et al 2000 BRASIL 2005)

O esquema de tratamento eacute de trecircs doses aplicadas nos dias 0 7 e 28 Deve-se fazer o

controle soroloacutegico a partir do 14ordm dia apoacutes a uacuteltima dose do esquema e repeti-lo anualmente

Eacute importante destacar que eacute necessaacuterio administrar uma dose de reforccedilo sempre que os tiacutetulos

forem inferiores a 05 UIml (BRASIL 2005)

19

Em dados recentes observou-se que a aplicaccedilatildeo do esquema preacute-exposiccedilatildeo em

profissionais de sauacutede e viajantes que podem facilmente buscar atendimento no caso de uma

nova exposiccedilatildeo pode ser efetuada atraveacutes da via intradeacutermica trazendo um custo bem menor

ao paiacutes (CUNHA et al 2010)

Jaacute em populaccedilotildees de difiacutecil acompanhamento como da regiatildeo ribeirinha da Amazocircnia

recomenda-se o esquema por via intramuscular que confere uma imunidade mais duradoura

Tambeacutem foi identificado que apoacutes a terceira dose em ambas as vias de administraccedilatildeo eacute

desnecessaacuteria a sorologia em indiviacuteduos sob controle uma vez que todos os voluntaacuterios do

experimento apresentaram niacuteveis de anticorpos satisfatoacuterios ge05 UImL (CUNHA et al

2010)

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute considerada pelo serviccedilo como de pouca importacircncia jaacute

que apenas 377 dessa informaccedilatildeo eacute registrada Esse fato evidencia as falhas no sistema de

vigilacircncia e a necessidade de adequaccedilatildeo das prescriccedilotildees para que se atinjam niacuteveis ideais de

tratamento e seguranccedila para populaccedilatildeo atendida (RIGO HONER 2005)

1272 Profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo

O paciente apoacutes a agressatildeo por mamiacutefero deve ser avaliado para indicaccedilatildeo ou natildeo da

profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo que quando indicada deve ter iniacutecio o mais precocemente possiacutevel

pois quando o viacuterus atinge o SNC o paciente geralmente evolui para o oacutebito (KOTAIT et al

2009)

O tratamento poacutes-exposiccedilatildeo prescrito depende principalmente da espeacutecie do animal

agressor do tipo da lesatildeo e no caso de catildees e gatos da possibilidade da observaccedilatildeo (Anexo

B) (GARCIA et al 1999 BRASIL 2005)

Haacute no Brasil um nuacutemero bastante elevado de tratamentos profilaacuteticos humanos que

poderiam ser reduzidos pela educaccedilatildeo em sauacutede atraveacutes de orientaccedilotildees sobre os animais

agressores e os fatores que desencadeiam a agressividade os cuidados com o ferimento a

posse responsaacutevel dos animais aleacutem da observaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo cliacutenica dos catildees e gatos

domiciliados (GARCIA et al 1999 FRIAS 2008)

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina

Em 2009 na Regiatildeo Nordeste e a partir de 2010 no restante do paiacutes a campanha de

vacinaccedilatildeo nacional substituiu a vacina Fuenzalida amp Palaacutecios modificada pela vacina de

20

cultivo celular canina (BRASIL 2009) Essa modificaccedilatildeo deve-se ao fato dessa vacina

apresentar maior imunogenicidade e seguranccedila aleacutem de ser recomendada pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede (BRASIL 2010a)

A vacina de cultivo celular foi utilizada em Pernambuco em 2009 sem apresentar altos

iacutendices de reaccedilotildees adversas Entretanto a vacina introduzida em junho de 2010 em todo paiacutes

(BRASIL 2010a) teve sua aplicaccedilatildeo suspensa em outubro do mesmo ano pelo Ministeacuterio da

Sauacutede que determinou a interrupccedilatildeo da campanha vacinal ateacute a conclusatildeo dos estudos sobre o

aumento das mortes e reaccedilotildees adversas apresentadas em catildees e gatos vacinados (BRASIL

2010c)

Em humanos a vacina utilizada para tratamento profilaacutetico tambeacutem eacute a vacina de

cultivo celular esta eacute produzida em cultura de ceacutelulas (diploacuteides humanas ceacutelulas Vero

ceacutelulas de embriatildeo de galinha e pato etc) com viacuterus inativados por betapropiolactona e com

potecircncia miacutenima de 25 UIdose A vacina eacute apresentada de forma liofilizada devendo ser

conservada na temperatura entre + 2ordmC a + 8ordmC ateacute o momento de sua aplicaccedilatildeo Seu esquema

vacinal completo eacute de 5 doses aplicadas nos dias 0 3 7 14 e 28 (BRASIL 2005)

Natildeo haacute contra indicaccedilatildeo (gravidez mulheres lactantes doenccedila intercorrente ou outros

tratamentos) Sempre que possiacutevel recomenda-se a interrupccedilatildeo do tratamento com corticoacuteides

eou imunossupressores As manifestaccedilotildees adversas relatadas com maior frequumlecircncia satildeo

reaccedilatildeo local febre mal estar naacuteuseas e cefaleacuteia Natildeo haacute relato de ocorrecircncia de oacutebito

associado ao uso da vacina de cultivo celular (BRASIL 2005)

A frequumlecircncia de reaccedilotildees neuroloacutegicas associadas a esta vacina citada na literatura

cientiacutefica eacute baixa De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede ateacute junho de 1996

haviam sido relatados seis casos de reaccedilotildees neuroloacutegicas temporalmente associadas a vacina

A incidecircncia de manifestaccedilotildees neuroloacutegicas considerando-se todos estes casos como

realmente provocados pela vacina eacute de cerca de 1 para cada 500000 pacientes tratados A

incidecircncia de reaccedilotildees aleacutergicas notificadas nos EUA agrave vacina de ceacutelulas diploacuteides foi de 11

casos por 10000 pacientes tratados (011) As reaccedilotildees variam de urticaacuteria a anafilaxia e

ocorrem principalmente apoacutes as doses de reforccedilo a maioria dos pacientes natildeo necessita de

internaccedilatildeo hospitalar (COSTA et al 2000)

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro

O soro heteroacutelogo eacute uma soluccedilatildeo concentrada e purificada de anticorpos preparada em

equiacutedeos imunizados contra o viacuterus da raiva A temperatura de conservaccedilatildeo eacute entre +2ordm a

21

+8ordmC A dose indicada eacute de 40 UIkg de peso Deve-se infiltrar nas lesotildees a maior quantidade

possiacutevel da dose do soro caso natildeo seja possiacutevel aplicar a miacutenima quantidade possiacutevel na

regiatildeo gluacutetea O uso do soro natildeo eacute recomendado para pacientes imunizados anteriormente Em

pacientes com histoacuterico de reaccedilotildees aleacutergicas e reaccedilatildeo anafilaacutetica ao soro heteroacutelogo

recomenda-se o uso do soro homoacutelogo (imunoglobulina humana hiperimune antirraacutebica) na

dose de 20UIKg de peso (BRASIL 2005)

1275 Consideraccedilotildees sobre o ferimento

A limpeza do ferimento com aacutegua corrente e sabatildeo eacute imprescindiacutevel em qualquer

caso de mordedura arranhadura ou lambedura que possa haver contaminado a viacutetima com o

viacuterus da raiva Esta deve eliminar todas as sujidades e em seguida devem ser utilizados

antisseacutepticos que inativem o viacuterus da raiva (iodo povidine clorexidine e aacutelcool iodado) a

mucosa ocular deve ser lavada com aacutegua corrente ou soluccedilatildeo fisioloacutegica (COSTA et al 2000

BRASIL 2005)

A utilizaccedilatildeo de antisseacutepticos ou mesmo o uso de aacutegua e sabatildeo para lavagem dos

ferimentos eacute relatada em 831 dos casos analisados em estudos indicando a

conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo para essa conduta importante de prevenccedilatildeo de doenccedilas

(GARCIA et al 1999)

A sutura do ferimento natildeo eacute recomendada mas caso seja necessaacuterio aproximar as

bordas com pontos isolados e infiltrar soro antirraacutebico humano uma hora antes da sutura

Dependendo da necessidade do paciente outras condutas podem ser realizadas como a

administraccedilatildeo de antibioacuteticos e a profilaxia antitetacircnica (COSTA et al 2000 BRASIL

2005)

128 Consideraccedilotildees sobre o animal

O Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (BRASIL 2005) traz algumas consideraccedilotildees em

relaccedilatildeo aos animais agressores dentre eles

bull O periacuteodo de observaccedilatildeo de dez dias eacute restrito aos catildees e gatos

bull A agressatildeo por outros animais domeacutesticos (bovinos ovinos caprinos equiacutedeos e suiacutenos)

deveraacute ser avaliada e se necessaacuterio deveraacute ser indicado o tratamento profilaacutetico

bull Estaacute indicado tratamento sistematicamente para todos os casos de agressatildeo por animais

silvestres mesmo quando domiciliados e domesticados

22

bull Natildeo eacute indicado tratamento nas agressotildees causadas por ratos ratazanas cobaias e lagomorfos

(urbanos ou de criaccedilatildeo)

bull Nas agressotildees por morcegos deve-se proceder a soro-vacinaccedilatildeo independentemente do tipo

de morcego agressor do tempo decorrido e da gravidade da lesatildeo

23

2 JUSTIFICATIVA

A raiva constitui um importante problema de sauacutede puacuteblica devido ao seu prognoacutestico

quase sempre fatal No entanto essa alta letalidade pode ser reduzida a partir da prevenccedilatildeo da

doenccedila atraveacutes do adequado atendimento e tratamento profilaacutetico Estes uacuteltimos ocorrem

desde a avaliaccedilatildeo do caso e conduta cliacutenica ateacute questotildees estruturais e organizacionais dos

serviccedilos de sauacutede

Esta pesquisa justifica-se pela carecircncia de estudos neste sentido em Pernambuco e pela

mudanccedila no perfil epidemioloacutegico da raiva com diminuiccedilatildeo dos casos em caninos e felinos e

aumento dos casos em morcegos herbiacutevoros e outros animais silvestres

Com este trabalho pretende-se analisar o atendimento antirraacutebico humano nos

indiviacuteduos agredidos por animais silvestres no estado de Pernambuco Dessa forma busca-se

melhorar o conhecimento de alguns aspectos relacionados agrave profilaxia da raiva por animais

silvestres melhoria da vigilacircncia epidemioloacutegica planejamento e adoccedilatildeo de variadas accedilotildees de

sauacutede puacuteblica

21 PERGUNTA CONDUTORA

Como estaacute sendo efetuado o atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo nas

agressotildees por animais silvestres

24

3 OBJETIVOS

31 GERAL

Caracterizar o perfil epidemioloacutegico do atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em agressotildees por animais silvestres e analisar a adequaccedilatildeo de sua indicaccedilatildeo em Pernambuco

no periacuteodo de 2001 a 2010

32 ESPECIacuteFICOS

a) Caracterizar o perfil epidemioloacutegico segundo variaacuteveis de pessoa lugar e tempo

relativas agraves condiccedilotildees da agressatildeo e do animal agressor

b) Analisar o tratamento recomendado a cada espeacutecie agressora

25

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

41 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de abrangecircncia do estudo corresponde ao estado de Pernambuco composto por

184 municiacutepios e o territoacuterio de Fernando de Noronha

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA

O periacuteodo avaliado foi de 2001 a 2010 com o objetivo de demonstrar com melhor

precisatildeo o aumento das agressotildees por animais silvestres no estado

43 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal Esse estudo eacute apropriado para o

registro de frequumlecircncia de eventos observando sua variaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo Sua maior

vantagem eacute que natildeo haacute necessidade de grupos de comparaccedilatildeo possui alto potencial descritivo

e baixo custo operacional

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS

O evento estudado foi a profilaxia da raiva humana a partir de agressotildees por animais

silvestres analisada atraveacutes dos procedimentos registrados no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo (SINAN) sendo construiacutedos diversos tipos de agrupamentos

Desse modo foram analisados os atendimentos por espeacutecie animal atraveacutes da ficha

individual de atendimento antirraacutebico e este atendimento subdivido em grupos de variaacuteveis

Assim foram analisados os dados referentes as notificaccedilotildees individuais faixa etaacuteria e sexo

aos dados de residecircncia municiacutepio de residecircncia aos antecedentes epidemioloacutegicos

caracteriacutesticas da agressatildeo caracteriacutesticas do animal agressor e tratamento recomendado

(tratamento indicado indicaccedilatildeo do soro interrupccedilatildeo do tratamento motivo da interrupccedilatildeo e se

a unidade de sauacutede procurou o paciente que abandonou o tratamento) (Quadro 1)

Assim sendo em cada toacutepico especiacutefico de anaacutelise procurou-se verificar as principais

caracteriacutesticas das espeacutecies agressoras e o tratamento aplicado a partir das especificidades de

cada espeacutecie sendo executadas da seguinte forma observaram-se inicialmente o perfil das

26

agressotildees entre os anos de 2001 e 2010 em seguida realizaram-se observaccedilotildees no tratamento

realizado para posteriormente analisar a distribuiccedilatildeo das agressotildees no estado de Pernambuco

Os grupos foram compostos pelas variaacuteveis encontradas no proacuteprio banco de dados e

para a definiccedilatildeo dos atosprocedimentos que melhor caracterizassem as variaacuteveis utilizou-se

como referecircncia a Norma Teacutecnica do Ministeacuterio da Sauacutede (Anexo B)

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS

Os dados utilizados neste estudo foram secundaacuterios coletados na Secretaria Estadual

de Sauacutede e processados pelo SINAN atraveacutes da ficha individual de investigaccedilatildeo para

atendimento antirraacutebico humano (Anexo A) A exploraccedilatildeo do banco de dados foi realizada

atraveacutes dos programas Tabwin 36 e planilhas eletrocircnicas

46 ANAacuteLISE DOS DADOS

Foram calculadas frequumlecircncias absolutas e relativas aleacutem das meacutedias

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS

O estudo foi realizado dentro dos padrotildees da eacutetica cientiacutefica tendo sido aprovado pela

Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa sob o nordm 0511 da instituiccedilatildeo agrave qual se subordina A pesquisa

foi realizada com dados secundaacuterios da Secretaria Estadual de Sauacutede Nenhum dado de

identificaccedilatildeo dos pacientes fez parte do estudo

Quadro 1 - Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do tratamento antirraacutebico humano

VARIAacuteVEL CATEGORIZACcedilAtildeO

Relativas agraves caracteriacutesticas

da agressatildeo

Tipo de Exposiccedilatildeo Contato Indireto Arranhadura Lambedura e Mordedura

Localizaccedilatildeo Mucosa CabeccedilaPescoccedilo MatildeosPeacutes Tronco

Membros Superiores e Membros Inferiores

Ferimento Uacutenico Muacuteltiplo Ignorado e Sem Ferimento

Tipo de Ferimento Profundo Superficial Dilacerante

Relativas agraves caracteriacutesticas

do animal agressor

Espeacutecie Animal Quiroacuteptera (Morcego) Primata (Macaco) e Raposa

Condiccedilatildeo Final do Animal Positivo Cliacutenico Negativo Cliacutenico Positivo Laboratorial e Negativo Laboratorial

27

Relativas ao tratamento antirraacutebico humano

Tratamento Indicado Preacute-exposiccedilatildeo Exposiccedilatildeo Re-exposiccedilatildeo

Dispensa de tratamento Observaccedilatildeo do

animal (se catildeo ou gato) e Ignorado

Indicaccedilatildeo do Soro Sim Natildeo e Ignorado

Relativas agrave continuidade do

tratamento antirraacutebico humano

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim Natildeo e Ignorado

Motivo da Interrupccedilatildeo Unidade Indicou Abandono e Transferecircncia

Unidade de sauacutede

procurou o paciente que

abandonou o tratamento

Sim e Natildeo

28

5 RESULTADOS

Nas agressotildees por ano foram observadas tendecircncias de crescimentos com oscilaccedilotildees

principalmente em raposas sendo observados picos nos anos de 2002 (267) 2005(292) 2006

(305) e 2009 (235) Em morcegos haacute um crescimento anual ateacute um pico em 2006 (182)

posteriormente ocorre uma ligeira queda e um novo pico em 2009 (207) No que diz respeito a

macacos o nuacutemero de casos se manteacutem proacuteximo durante os anos exceto em 2003 (272) e

2007 (250) onde ocorreram elevaccedilotildees das agressotildees (Figura 1)

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo espeacutecie agressora e ano

Pernambuco 2001 a 2010

1

52

104 113138

182

117 124

207

155

0

134

272

171186

153

250

182 185

141

6

267

221

174

292305

168147

235

170

0

50

100

150

200

250

300

350

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Morcego

Macaco

Raposa

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

No periacuteodo estudado 295704 pessoas receberam tratamento antirraacutebico humano

destas 4852 (16) foram atendidas apoacutes agressotildees por animais silvestres Dentre os animais

silvestres a raposa foi a espeacutecie mais agressora representando 1985 (409) casos em

seguida encontrou-se a primata com 1674 (345) e depois a quiroacuteptera com 1193 (246)

A zona urbana foi a localidade de residecircncia com maior nuacutemero de casos em macacos

79 e morcegos 78 jaacute em raposas prevaleceu a zona rural com 745 das agressotildees

(Tabela 1)

Em relaccedilatildeo a faixa etaacuteria o grupo mais atingido foi de 20 a 49 anos (385) Em

morcegos essa faixa representa 444 das agressotildees em macacos 342 e em raposas 386

Em seguida se encontra a faixa de 50 anos e mais exceto em macacos onde prevaleceu os lt9

anos (Tabela 1)

No que diz respeito ao sexo o masculino apresentou-se mais prevalente com 2764

(57) dos casos Dentre as agressotildees por sexo e espeacutecie a raposa apresentou a maior

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

7

LISTA DE ILUSTRACcedilOtildeES

Quadro 1 ndash Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do

tratamento antirraacutebico humano

26

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

espeacutecie agressora e ano Pernambuco 2001 a 2010

28

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por

municiacutepio segundo espeacutecie agressora Pernambuco 2001 a 2010

33

8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas agrave pessoa Pernambuco 2001 a 2010

29

Tabela 2 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas agrave agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

30

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

31

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas ao tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

31

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas agrave continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco

2001 a 2010

32

9

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 ASPECTOS HISTOacuteRICOS 11

12 ASPECTOS EPIDEMIOLOacuteGICOS 12

121 Distribuiccedilatildeo da Doenccedila 12

122 Cadeia Epidemioloacutegica 13

123 Raiva no Brasil 14

124 Raiva em Pernambuco 15

125 Raiva em Morcegos 16

126 Raiva em Animais Silvestres 17

127 Tratamento 18

1271 Profilaxia Preacute-exposiccedilatildeo 18

1272 Profilaxia Poacutes-exposiccedilatildeo 19

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina 19

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro 20

1275 Consideraccedilotildees sobre o Ferimento 21

128 Consideraccedilotildees sobre o Animal 22

2 JUSTIFICATIVA 23

21 PERGUNTA CONDUTORA 23

3 OBJETIVOS 24

31 OBJETIVO GERAL 24

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 24

4 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS 25

41 AacuteREA DE ESTUDO 25

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA 25

43 DESENHO DO ESTUDO 25

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS 25

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS 26

46 ANAacuteLISE DOS DADOS 26

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS 26

5 RESULTADOS 28

10

6 DISCUSSAtildeO 34

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 39

REFEREcircNCIAS 40

Anexo A - Ficha de atendimento antirraacutebico humano 44

Anexo B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a

vacina de cultivo celular

46

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

A raiva eacute uma encefalite aguda causada por viacuterus Todos os mamiacuteferos satildeo

susceptiacuteveis agrave infecccedilatildeo que se daacute pela penetraccedilatildeo do viacuterus contido na saliva do animal

infectado atraveacutes da mordedura arranhadura ou lambedura Possui grande importacircncia

epidemioloacutegica por apresentar letalidade de quase 100 (BRASIL 2005) Soacute tendo ocorrido

a cura em poucos casos sendo um deles nos Estados Unidos em 2004 e outro em um

adolescente de 15 anos do municiacutepio de Floresta estado de Pernambuco em 2008 apoacutes ter

sido mordido por morcego hematoacutefago (KOTAIT et al 2009)

O periacuteodo de incubaccedilatildeo da doenccedila eacute bastante variaacutevel indo de dias a anos e estaacute

relacionado a localizaccedilatildeo extensatildeo e profundidade da lesatildeo agrave distacircncia do ferimento ao

ceacuterebro e agrave concentraccedilatildeo de partiacuteculas virais (BRASIL 2005) A raiva possui muitas

interfaces entre o mundo humano e animal de modo que o surgimento da doenccedila guarda

estreita ligaccedilatildeo entre o tratamento de pessoas expostas as atividades de vigilacircncia

epidemioloacutegica e o controle da raiva animal

A doenccedila tem ocorrecircncia quase universal Em alguns paiacuteses desenvolvidos a raiva

humana estaacute erradicada e a raiva nos animais domeacutesticos estaacute controlada mas ainda eacute

efetuada vigilacircncia epidemioloacutegica em funccedilatildeo dos animais silvestres Atualmente soacute existe

um uacutenico continente livre da doenccedila que eacute a Oceania (BRASIL 2005)

11 ASPECTOS HISTOacuteRICOS

A raiva eacute uma doenccedila muito temida desde a Antiguidade devido agrave transmissatildeo ao

quadro cliacutenico e agrave evoluccedilatildeo Era referida como uma doenccedila que tornava ldquoloucosrdquo homens e

catildees (KOTAIT et al 2009)

Os egiacutepcios entendiam que a alteraccedilatildeo de comportamento de catildees devia-se a influecircncia

maligna da Siacuterius (constelaccedilatildeo Catildeo Maior) Jaacute os romanos descobriram a capacidade

infecciosa da saliva dos catildees raivosos chamando este material de veneno foi de onde surgiu a

palavra latina viacuterus Na Greacutecia foram descritas praacuteticas de cauterizaccedilatildeo das feridas

provocadas pelo animal raivoso ateacute o final do seacuteculo XIX quando foi desenvolvida a vacina

(KOTAIT et al 2009)

Em 1880 Louis Pasteur iniciou seus estudos sobre a raiva e no ano seguinte

conseguiu isolar o viacuterus e produzir uma vacina Em 1884 esta foi utilizada

experimentalmente em animais e em 1885 nos humanos em um menino de 9 anos chamado

12

Joseph Meister O sucesso com a vacina teve enorme impacto nas medidas de tratamento

contra essa enfermidade sendo utilizada em todo o mundo Foi tambeacutem determinante para a

criaccedilatildeo de instituiccedilotildees de pesquisa para produccedilatildeo e aplicaccedilatildeo da vacina surgindo assim o

Instituto Pasteur em 1888 (COSTA et al 2000)

No Brasil o primeiro serviccedilo antirraacutebico foi instituiacutedo com a inauguraccedilatildeo em 1888

do Instituto Pasteur no Rio de Janeiro Em 1899 foi criado o Instituto Pasteur de Pernambuco

(LIMA GUIMARAtildeES OLIVEIRA 2000) e soacute em 1903 foi fundado o Instituto Pasteur de

Satildeo Paulo (COSTA et al 2000)

Antonio Carini entatildeo diretor do Instituto Pasteur de Satildeo Paulo levantou a hipoacutetese

em 1911 dos morcegos hematoacutefagos serem os transmissores da raiva dos herbiacutevoros Anos

apoacutes foi confirmada a raiva tambeacutem em morcegos frugiacutevoros e insetiacutevoros mas este tipo de

transmissor soacute foi levado em consideraccedilatildeo quando um menino foi atacado por um morcego

insetiacutevoro na Floacuterida em 1953 Apoacutes esta data inuacutemeros casos humanos foram confirmados

nos Estados Unidos e satildeo notificados ateacute os dias de hoje (COSTA et al 2000)

12 ASPECTOS EPIDEMIOLOacuteGICOS

Os dados epidemioloacutegicos satildeo essenciais para definiccedilatildeo dos fatores condicionantes e

determinantes de uma doenccedila Na vigilacircncia da raiva estes dados auxiliam na tomada de

decisatildeo do tratamento poacutes-exposiccedilatildeo e na conduta com o animal envolvido aleacutem disso casos

de raiva humana representam falecircncia do sistema de sauacutede local e servem como indicador

para avaliaccedilatildeo da qualidade dos serviccedilos

121 Distribuiccedilatildeo da Doenccedila

A raiva eacute conhecida desde a antiguidade mas ateacute hoje representa um problema de

sauacutede puacuteblica nos paiacuteses em desenvolvimento (BRASIL 2005) Nos Estados Unidos o

nuacutemero de casos de raiva humana a partir de 1940 foi superior a 30 devido a morcegos

insetiacutevoros (KOTAIT et al 2009)

Na Ameacuterica do Norte (Estados Unidos e Canadaacute) e alguns paiacuteses da Europa (Franccedila e

Inglaterra) o maior peso da raiva estaacute nas espeacutecies silvestres (BRASIL 2005) Poreacutem na

Venezuela a raiva canina prevalece como o principal foco transmissor da doenccedila devido ao

baixo percentual de cobertura vacinal sendo este de apenas 33 no periacuteodo de 1996 a 2006

13

Aleacutem disso grande parcela da populaccedilatildeo encontra-se mais vulneraacutevel por causa do baixo

niacutevel socioeconocircmico e educativo (FUENTES et al 2008)

Os paiacuteses da Ameacuterica que mais registram casos de raiva satildeo o Brasil Colocircmbia e

Peru devido ao grande nuacutemero de agressotildees por morcegos hematoacutefagos Neste continente no

ano de 2004 os animais silvestres contribuiacuteram com 599 dos casos e os animais

domeacutesticos com 401 sendo a raiva humana presente em quase todos os paiacuteses exceto o

Caribe (ORGANIZACcedilAtildeO PAN-AMERICANA DE SAUacuteDE 2006)

Nos uacuteltimos anos alguns paiacuteses como China Tailacircndia Sri- Lanka e Tuniacutesia

conseguiram progressos importantes nos programas de controle da raiva combinando a

vacinaccedilatildeo de catildees com a melhoria do tratamento antirraacutebico possibilitando assim a reduccedilatildeo

dos casos da doenccedila em humanos (SILVA et al 2009)

No continente asiaacutetico ocorrem cerca de 35000 a 55000 casos de raiva humana por

ano e aproximadamente 7 milhotildees de tratamentos com vacinaccedilatildeo Na Aacutefrica estima-se em

5000 a 15000 o nuacutemero de mortes humanas por ano e a vacinaccedilatildeo em cerca de 500000

pessoas Na Ameacuterica Latina os casos em humanos satildeo menores que 100 por ano e o

tratamento fica em torno de 500000 pessoas Na Ameacuterica do Norte e Europa o nuacutemero de

casos de raiva humana reduz a menos de 50 e o tratamento antirraacutebico eacute conferido a

aproximadamente 100000 pessoas (SILVA et al 2009)

O nuacutemero de casos de raiva transmitidos por morcegos tem crescido muito nos uacuteltimos

tempos Na atualidade o grande desafio corresponde agrave detecccedilatildeo precoce da circulaccedilatildeo do

viacuterus em animais silvestres aleacutem da manutenccedilatildeo do controle via imunizaccedilatildeo em animais

domeacutesticos

122 Cadeia Epidemioloacutegica

O viacuterus da raiva adaptou-se a vaacuterias espeacutecies que atuam como reservatoacuterios garantindo

a perpetuaccedilatildeo do viacuterus na natureza Estas adaptaccedilotildees originam as variantes que por vezes

apresentam alteraccedilotildees as quais satildeo utilizadas como marcadores epidemioloacutegicos que tem o

objetivo de identificar as interaccedilotildees do viacuterus com suas espeacutecies hospedeiras e o meio

ambiente e com a biologia da infecccedilatildeo (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

As intervenccedilotildees do homem no ecossistema tecircm gerado mudanccedilas de comportamento

de animais silvestres que passaram a procurar abrigos e fontes de alimentos nos centros

urbanos (SILVA LANGONI 2011) Estes fatos modificaram a epidemiologia das zoonoses

trazendo a raiva silvestre para a populaccedilatildeo humana (CARRIERI et al 2006)

14

A cadeia epidemioloacutegica da raiva estaacute dividida em dois principais ciclos de

transmissatildeo terrestre e aeacutereo (CALDAS et al 2007) O ciclo terrestre eacute constituiacutedo por catildees

e gatos agressores destes 823 satildeo domiciliados e a maior parte deles satildeo machos ateacute um

ano de idade (BUSO NUNES QUEIROZ 2009) No periacuteodo de transmissibilidade da

doenccedila esses animais se afastam do domiciacutelio andando quilocircmetros fazendo inuacutemeras

viacutetimas ou infectando novos hospedeiros (CARRIERI et al 2006)

Os outros mamiacuteferos que fazem parte do ciclo terrestre satildeo os herbiacutevoros A estimativa

eacute que haja no Brasil mortes de 842688 cabeccedilas por ano Na Paraiacuteba entre 2002 a 2004 houve

um surto de raiva nesses animais apresentando morbidade meacutedia de 75 e letalidade de

100 Estima-se que 1875 das mortes de bovinos no estado ocorrem por raiva Todos os

surtos exceto um aconteceram em animais natildeo vacinados (LIMA et al 2005)

As mudanccedilas na natureza ocasionadas pelo homem implicam em condiccedilotildees favoraacuteveis

para expansatildeo de morcegos e consequente aumento de casos de raiva bovina (MENEZES

2008) No Nordeste aleacutem dos morcegos hematoacutefagos a raposa tambeacutem se apresenta como um

importante transmissor e reservatoacuterio para o viacuterus da raiva (LIMA et al 2005)

O ciclo aeacutereo eacute caracterizado pela transmissatildeo do viacuterus raacutebico entre morcegos

hematoacutefagos ou natildeo Na Ameacuterica Latina haacute com frequumlecircncia casos de raiva humana por

agressotildees de morcegos hematoacutefagos pela ausecircncia de outras fontes alimentares e pelas

alteraccedilotildees ambientais (KOTAIT et al 2009)

Em morcegos a presenccedila do viacuterus raacutebico eacute detectada em diversos oacutergatildeos reforccedilando a

transmissatildeo de outros animais e seres humanos atraveacutes do contato com secreccedilotildees e com

morcegos vivos ou mortos O aparecimento do viacuterus nos pulmotildees ratifica a transmissatildeo por

aerossoacuteis entre todas as espeacutecies de morcegos que povoam uma mesma aacuterea (SCHEFFER et

al 2007 SILVA et al 2007) Portanto deve-se evitar contato com estes animais

principalmente quando apresentarem sinais da doenccedila como alteraccedilatildeo de comportamento

(voos diurnos) dificuldade de locomoccedilatildeo e agressividade (QUEIROZ et al 2009)

123 Raiva no Brasil

Os casos de raiva humana no Brasil demonstra uma reduccedilatildeo bastante significativa

diminuiu de 168 casos em 1980 (SCHENEIDER 1990) para 73 em 1990 26 em 2000

(PERNAMBUCO 2010) 3 em 2008 sendo dois por morcegos e um por primatas natildeo

humano (BRASIL 2009) e 2 em 2010 na regiatildeo Nordeste (BRASIL 2010a)

15

No Sul natildeo haacute registros de casos humanos desde 1988 Mas haacute uma emergecircncia do

ciclo silvestre no paiacutes onde se destaca uma maior detecccedilatildeo de casos de raiva em morcegos e

outras espeacutecies silvestres (BATISTA FRANCO ROEHE 2007 CALDAS et al 2007

PERNAMBUCO 2010) As agressotildees por morcegos aumentaram de 12 nos anos de 1990 a

1999 para 46 nos anos de 2000 a 2010 (PERNAMBUCO 2010)

A doenccedila eacute endecircmica no paiacutes e apresenta grau diferenciado de acordo com a regiatildeo

geopoliacutetica Na Regiatildeo Nordeste de 1986 a 2001 foram registrados 5880 dos casos

humanos jaacute a Norte 2085 a Sudeste registrou 1080 a Centro-Oeste 940 e a Sul

015 Em 1987 ocorreu um caso no Paranaacute sendo o uacuteltimo caso de registro de raiva nos

estados do Sul cuja fonte de infecccedilatildeo foi um morcego hematoacutefago A transmissatildeo da doenccedila

a humanos no periacuteodo de 1991 a 2001 foi de 8052 por catildees e gatos 1013 por morcegos

e 494 por outros animais raposas saguis gato selvagem bovinos equinos caititus

gambaacutes suiacutenos e caprinos (BRASIL 2005)

Nos anos de 1997 ateacute 2003 os catildees foram os principais transmissores da doenccedila no

Paiacutes sendo implicados em 84 das transmissotildees em humanos De 2004 a 2006 houve um

decreacutescimo significativo de casos em catildees estes representando 15 e um aumento das

infecccedilotildees por animais silvestres principalmente por morcegos hematoacutefagos que passaram a

ser responsaacuteveis por 825 dos casos Aleacutem disso as infecccedilotildees em morcegos natildeo

hematoacutefagos tecircm evoluiacutedo trazendo grande preocupaccedilatildeo para vigilacircncia epidemioloacutegica jaacute

que a raacutepida adaptaccedilatildeo desses animais ao meio urbano pode dar margem a infecccedilotildees em

animais domeacutesticos e humanos (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

124 Raiva em Pernambuco

Em Pernambuco a doenccedila ainda natildeo estaacute sob controle principalmente por haver uma

grande expansatildeo das aacutereas de ocorrecircncia de casos em bovinos causados por morcegos

hematoacutefagos (Desmodus rotundus) Constituindo assim um problema emergente de sauacutede

puacuteblica para o Estado (PERNAMBUCO 2009)

O iacutendice de positividade para a raiva canina no ano de 2000 no Estado foi de 65

aumentando para 10 em 2001 e apresentando decreacutescimo a partir de 2002 passando de

86 para 05 em 2008 No periacuteodo de 2000 a 2007 a cobertura vacinal superou a meta de

80 preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (PERNAMBUCO 2009)

Os casos de raiva humana em Pernambuco apresentam grande decreacutescimo no ano de

1992 quando houve o maior nuacutemero de casos (10 casos) No periacuteodo de 2000 a 2008

16

ocorreram quatro casos positivos dentre eles as espeacutecies agressoras foram catildeo e morcego

sendo este uacuteltimo o primeiro caso de cura no Brasil (PERNAMBUCO 2009)

125 Raiva em morcegos

Haacute no Brasil cerca de 140 espeacutecies de morcegos desse total o viacuterus da raiva jaacute foi

isolado de 31 espeacutecies Este nuacutemero eacute considerado pequeno quando comparado ao

encontrado nos Estados Unidos de 39 espeacutecies identificadas o viacuterus da raiva foi isolado de

30 Todas as espeacutecies de morcego podem transmitir a raiva independente de seu haacutebito

alimentar (KOTAIT et al 2009)

Em Presidente Prudente-SP haacute um iacutendice de positividade muito alto em quiroacutepteros

Esta regiatildeo era zona silenciosa para a raiva ateacute 2001 quando ocorreu um caso de morte em

mulher atacada por um gato poreacutem a variante encontrada foi de morcego hematoacutefago Aleacutem

disso ocorreu tambeacutem em 2002 um surto de raiva em bovinos tambeacutem decorrente de

agressotildees por morcegos hematoacutefagos (ALBAS et al 2005)

Em Satildeo Paulo estudos sobre variantes antigecircnicas demonstram vaacuterias amostras com

morcegos insetiacutevoros no Brasil Isso se deve a coabitaccedilatildeo de morcegos hematoacutefagos e natildeo

hematoacutefagos disseminando o viacuterus entre eles (ALBAS et al 2010)

Na Colocircmbia em 2009 notificou-se o primeiro caso de raiva humana na aacuterea urbana

transmitida por morcego Aleacutem disso o paciente veio a oacutebito pois o tratamento inicial natildeo foi

conferido mostrando a vulnerabilidade de todos os niacuteveis de atenccedilatildeo envolvidos Como o

periacuteodo de incubaccedilatildeo do viacuterus raacutebico eacute variaacutevel e mais prolongado em morcegos deve-se

implementar estudos que caracterizem os aspectos fundamentais desta doenccedila nesta espeacutecie

animal (BADILLO MANTILLA PRADILLA 2009)

Em 2004 e 2005 ocorreram surtos de raiva no Paraacute provenientes de variante de

morcegos hematoacutefagos presentes em vaacuterias espeacutecies dentre elas bovinos equinos suiacutenos

humanos felinos e morcegos Apoacutes um ano do surto de 2004 ainda detectou-se a variante em

circulaccedilatildeo no municiacutepio de Viseu isolado em amostras humana e bovina (BARBOSA et al

2007) Em Araccedilatuba-SP a espeacutecie quiroacuteptera eacute a terceira mais agressora com 81 (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009) Em estudos na mesma regiatildeo 12 dos morcegos diagnosticados

positivos agrediram pessoas e animais (QUEIROZ et al 2009)

Em trabalhos publicados no Brasil observou-se maior presenccedila de positividade em

morcegos insetiacutevoros (SCHEFFER et al 2007 QUEIROZ et al 2009) o que torna a

situaccedilatildeo mais alarmante jaacute que a interaccedilatildeo de morcegos natildeo hematoacutefagos com pessoas e seus

17

animais aumenta a cada dia devido a devastaccedilatildeo do habitat destes e a adaptaccedilatildeo a abrigos

urbanos (ALBAS et al 2009 TIRIBA SHMAL 2010)

No Paraacute a taxa de ataque por morcegos eacute muito alta Aleacutem disso do total de

agredidos 100 relataram natildeo conhecerem a necessidade de tratamento profilaacutetico Portanto

a adoccedilatildeo de medidas de esclarecimento agrave populaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel (WADA et al 2004) Jaacute

que uma vez mordido por morcegos o homem deve passar por tratamento imediato (soro e

vacina) sem interrupccedilatildeo pois o periacuteodo de incubaccedilatildeo eacute muito raacutepido levando o paciente natildeo

tratado ao oacutebito (SCHEFFER et al 2007 TIRIBA SHMAL 2010)

126 Raiva em animais silvestres

A raiva em animais silvestres vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia

epidemioloacutegica desse agravo no Brasil devido agrave presenccedila de morcegos natildeo hematoacutefagos em

aacutereas urbanas caniacutedeos silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais

(BRASIL 2009) Em 2009 foram notificados com raiva confirmada 158 morcegos natildeo

hematoacutefagos 16 morcegos hematoacutefagos 22 caniacutedeos silvestres 3 primatas natildeo humanos e

um gato do mato (BRASIL 2010b)

A raiva nos animais domeacutesticos eacute controlada com a vacinaccedilatildeo anual Poreacutem os

animais silvestres natildeo satildeo imunizados ficando assim mais expostos aos riscos de

contaminaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

A aplicaccedilatildeo de vacina de cultivo celular apresenta-se como uma alternativa para

imunizaccedilatildeo de animais silvestres Em estudos feitos com saguis esse tipo de vacinaccedilatildeo

mostrou-se eficaz apoacutes 45 dias aplicando-se apenas uma uacutenica dose Outra boa alternativa

seria a realizaccedilatildeo de estudos no uso de vacina oral para animais silvestres a fim de facilitar a

vacinaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

Em Pernambuco a criaccedilatildeo de macacos principalmente saguis como animal de

estimaccedilatildeo eacute bastante comum Em estudo realizado em Satildeo Paulo no periacuteodo de 1996 a 1999

observou-se uma diminuiccedilatildeo das agressotildees por macacos indicando um decreacutescimo na criaccedilatildeo

clandestina destes animais e na alimentaccedilatildeo deles em parques puacuteblicos Aleacutem disso a

indicaccedilatildeo de tratamento foi de 85 indicando uma maior conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao perigo desses acidentes (RAMOS RAMOS 2002)

18

127 Tratamento

O desenvolvimento da raiva estaacute relacionado a diversos fatores desde a gravidade da

mordedura e agrave proximidade do SNC ateacute o estado de sauacutede do paciente e sua resposta imune

(CARRIERI et al 2006) Por isso cada caso deve ser avaliado para que seja instalada a

profilaxia adequada a fim de se evitar a doenccedila

O Ministeacuterio da Sauacutede criou em 1973 o Programa Nacional de Controle da Raiva ndash

PNCR com o objetivo de eliminar a raiva humana transmitida por catildees e gatos O controle da

raiva canina foi realizado a partir das accedilotildees de vacinaccedilatildeo de catildees e gatos tratamento

profilaacutetico de pessoas expostas vigilacircncia epidemioloacutegica diagnoacutestico laboratorial controle

de populaccedilatildeo animal e educaccedilatildeo em sauacutede (SCHNEIDER et al 1996)

Devido ao tratamento de raiva humana realizado nos Estados Unidos (2004) e em

Pernambuco (2008) que decorreu na cura dos pacientes o Ministeacuterio da Sauacutede publicou e

divulgou para as Secretarias Municipais e Estaduais de Sauacutede o Protocolo de Tratamento de

Raiva Humana denominado Protocolo Recife (BRASIL 2009 BRASIL 2010b) Apesar

disso a profilaxia continua sendo a melhor maneira de prevenccedilatildeo pois a chance de cura ainda

eacute pequena e natildeo se tem conhecimento suficiente sobre as sequelas que o paciente pode

apresentar

A populaccedilatildeo ainda desconhece a gravidade da doenccedila Ateacute os dias atuais satildeo relatados

abandonos de tratamento e procura ao serviccedilo de sauacutede apenas para tratamento do ferimento

Em estudo realizado 245 dos atendidos consideraram desnecessaacuterio o tratamento completo

e 138 natildeo obtiveram orientaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao tratamento demonstrando a falta de

informaccedilatildeo e o descompromisso dos profissionais de sauacutede (VELOSO et al 2011)

1271 Profilaxia preacute-exposiccedilatildeo

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute indicada para pessoas expostas permanentemente ao risco

de infecccedilatildeo pelo viacuterus da raiva tais como meacutedicos veterinaacuterios bioacutelogos profissionais e

auxiliares de laboratoacuterio para diagnoacutestico da raiva estudantes dessas aacutereas e pessoas que

atuam na vacinaccedilatildeo captura e em zooloacutegicos (COSTA et al 2000 BRASIL 2005)

O esquema de tratamento eacute de trecircs doses aplicadas nos dias 0 7 e 28 Deve-se fazer o

controle soroloacutegico a partir do 14ordm dia apoacutes a uacuteltima dose do esquema e repeti-lo anualmente

Eacute importante destacar que eacute necessaacuterio administrar uma dose de reforccedilo sempre que os tiacutetulos

forem inferiores a 05 UIml (BRASIL 2005)

19

Em dados recentes observou-se que a aplicaccedilatildeo do esquema preacute-exposiccedilatildeo em

profissionais de sauacutede e viajantes que podem facilmente buscar atendimento no caso de uma

nova exposiccedilatildeo pode ser efetuada atraveacutes da via intradeacutermica trazendo um custo bem menor

ao paiacutes (CUNHA et al 2010)

Jaacute em populaccedilotildees de difiacutecil acompanhamento como da regiatildeo ribeirinha da Amazocircnia

recomenda-se o esquema por via intramuscular que confere uma imunidade mais duradoura

Tambeacutem foi identificado que apoacutes a terceira dose em ambas as vias de administraccedilatildeo eacute

desnecessaacuteria a sorologia em indiviacuteduos sob controle uma vez que todos os voluntaacuterios do

experimento apresentaram niacuteveis de anticorpos satisfatoacuterios ge05 UImL (CUNHA et al

2010)

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute considerada pelo serviccedilo como de pouca importacircncia jaacute

que apenas 377 dessa informaccedilatildeo eacute registrada Esse fato evidencia as falhas no sistema de

vigilacircncia e a necessidade de adequaccedilatildeo das prescriccedilotildees para que se atinjam niacuteveis ideais de

tratamento e seguranccedila para populaccedilatildeo atendida (RIGO HONER 2005)

1272 Profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo

O paciente apoacutes a agressatildeo por mamiacutefero deve ser avaliado para indicaccedilatildeo ou natildeo da

profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo que quando indicada deve ter iniacutecio o mais precocemente possiacutevel

pois quando o viacuterus atinge o SNC o paciente geralmente evolui para o oacutebito (KOTAIT et al

2009)

O tratamento poacutes-exposiccedilatildeo prescrito depende principalmente da espeacutecie do animal

agressor do tipo da lesatildeo e no caso de catildees e gatos da possibilidade da observaccedilatildeo (Anexo

B) (GARCIA et al 1999 BRASIL 2005)

Haacute no Brasil um nuacutemero bastante elevado de tratamentos profilaacuteticos humanos que

poderiam ser reduzidos pela educaccedilatildeo em sauacutede atraveacutes de orientaccedilotildees sobre os animais

agressores e os fatores que desencadeiam a agressividade os cuidados com o ferimento a

posse responsaacutevel dos animais aleacutem da observaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo cliacutenica dos catildees e gatos

domiciliados (GARCIA et al 1999 FRIAS 2008)

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina

Em 2009 na Regiatildeo Nordeste e a partir de 2010 no restante do paiacutes a campanha de

vacinaccedilatildeo nacional substituiu a vacina Fuenzalida amp Palaacutecios modificada pela vacina de

20

cultivo celular canina (BRASIL 2009) Essa modificaccedilatildeo deve-se ao fato dessa vacina

apresentar maior imunogenicidade e seguranccedila aleacutem de ser recomendada pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede (BRASIL 2010a)

A vacina de cultivo celular foi utilizada em Pernambuco em 2009 sem apresentar altos

iacutendices de reaccedilotildees adversas Entretanto a vacina introduzida em junho de 2010 em todo paiacutes

(BRASIL 2010a) teve sua aplicaccedilatildeo suspensa em outubro do mesmo ano pelo Ministeacuterio da

Sauacutede que determinou a interrupccedilatildeo da campanha vacinal ateacute a conclusatildeo dos estudos sobre o

aumento das mortes e reaccedilotildees adversas apresentadas em catildees e gatos vacinados (BRASIL

2010c)

Em humanos a vacina utilizada para tratamento profilaacutetico tambeacutem eacute a vacina de

cultivo celular esta eacute produzida em cultura de ceacutelulas (diploacuteides humanas ceacutelulas Vero

ceacutelulas de embriatildeo de galinha e pato etc) com viacuterus inativados por betapropiolactona e com

potecircncia miacutenima de 25 UIdose A vacina eacute apresentada de forma liofilizada devendo ser

conservada na temperatura entre + 2ordmC a + 8ordmC ateacute o momento de sua aplicaccedilatildeo Seu esquema

vacinal completo eacute de 5 doses aplicadas nos dias 0 3 7 14 e 28 (BRASIL 2005)

Natildeo haacute contra indicaccedilatildeo (gravidez mulheres lactantes doenccedila intercorrente ou outros

tratamentos) Sempre que possiacutevel recomenda-se a interrupccedilatildeo do tratamento com corticoacuteides

eou imunossupressores As manifestaccedilotildees adversas relatadas com maior frequumlecircncia satildeo

reaccedilatildeo local febre mal estar naacuteuseas e cefaleacuteia Natildeo haacute relato de ocorrecircncia de oacutebito

associado ao uso da vacina de cultivo celular (BRASIL 2005)

A frequumlecircncia de reaccedilotildees neuroloacutegicas associadas a esta vacina citada na literatura

cientiacutefica eacute baixa De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede ateacute junho de 1996

haviam sido relatados seis casos de reaccedilotildees neuroloacutegicas temporalmente associadas a vacina

A incidecircncia de manifestaccedilotildees neuroloacutegicas considerando-se todos estes casos como

realmente provocados pela vacina eacute de cerca de 1 para cada 500000 pacientes tratados A

incidecircncia de reaccedilotildees aleacutergicas notificadas nos EUA agrave vacina de ceacutelulas diploacuteides foi de 11

casos por 10000 pacientes tratados (011) As reaccedilotildees variam de urticaacuteria a anafilaxia e

ocorrem principalmente apoacutes as doses de reforccedilo a maioria dos pacientes natildeo necessita de

internaccedilatildeo hospitalar (COSTA et al 2000)

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro

O soro heteroacutelogo eacute uma soluccedilatildeo concentrada e purificada de anticorpos preparada em

equiacutedeos imunizados contra o viacuterus da raiva A temperatura de conservaccedilatildeo eacute entre +2ordm a

21

+8ordmC A dose indicada eacute de 40 UIkg de peso Deve-se infiltrar nas lesotildees a maior quantidade

possiacutevel da dose do soro caso natildeo seja possiacutevel aplicar a miacutenima quantidade possiacutevel na

regiatildeo gluacutetea O uso do soro natildeo eacute recomendado para pacientes imunizados anteriormente Em

pacientes com histoacuterico de reaccedilotildees aleacutergicas e reaccedilatildeo anafilaacutetica ao soro heteroacutelogo

recomenda-se o uso do soro homoacutelogo (imunoglobulina humana hiperimune antirraacutebica) na

dose de 20UIKg de peso (BRASIL 2005)

1275 Consideraccedilotildees sobre o ferimento

A limpeza do ferimento com aacutegua corrente e sabatildeo eacute imprescindiacutevel em qualquer

caso de mordedura arranhadura ou lambedura que possa haver contaminado a viacutetima com o

viacuterus da raiva Esta deve eliminar todas as sujidades e em seguida devem ser utilizados

antisseacutepticos que inativem o viacuterus da raiva (iodo povidine clorexidine e aacutelcool iodado) a

mucosa ocular deve ser lavada com aacutegua corrente ou soluccedilatildeo fisioloacutegica (COSTA et al 2000

BRASIL 2005)

A utilizaccedilatildeo de antisseacutepticos ou mesmo o uso de aacutegua e sabatildeo para lavagem dos

ferimentos eacute relatada em 831 dos casos analisados em estudos indicando a

conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo para essa conduta importante de prevenccedilatildeo de doenccedilas

(GARCIA et al 1999)

A sutura do ferimento natildeo eacute recomendada mas caso seja necessaacuterio aproximar as

bordas com pontos isolados e infiltrar soro antirraacutebico humano uma hora antes da sutura

Dependendo da necessidade do paciente outras condutas podem ser realizadas como a

administraccedilatildeo de antibioacuteticos e a profilaxia antitetacircnica (COSTA et al 2000 BRASIL

2005)

128 Consideraccedilotildees sobre o animal

O Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (BRASIL 2005) traz algumas consideraccedilotildees em

relaccedilatildeo aos animais agressores dentre eles

bull O periacuteodo de observaccedilatildeo de dez dias eacute restrito aos catildees e gatos

bull A agressatildeo por outros animais domeacutesticos (bovinos ovinos caprinos equiacutedeos e suiacutenos)

deveraacute ser avaliada e se necessaacuterio deveraacute ser indicado o tratamento profilaacutetico

bull Estaacute indicado tratamento sistematicamente para todos os casos de agressatildeo por animais

silvestres mesmo quando domiciliados e domesticados

22

bull Natildeo eacute indicado tratamento nas agressotildees causadas por ratos ratazanas cobaias e lagomorfos

(urbanos ou de criaccedilatildeo)

bull Nas agressotildees por morcegos deve-se proceder a soro-vacinaccedilatildeo independentemente do tipo

de morcego agressor do tempo decorrido e da gravidade da lesatildeo

23

2 JUSTIFICATIVA

A raiva constitui um importante problema de sauacutede puacuteblica devido ao seu prognoacutestico

quase sempre fatal No entanto essa alta letalidade pode ser reduzida a partir da prevenccedilatildeo da

doenccedila atraveacutes do adequado atendimento e tratamento profilaacutetico Estes uacuteltimos ocorrem

desde a avaliaccedilatildeo do caso e conduta cliacutenica ateacute questotildees estruturais e organizacionais dos

serviccedilos de sauacutede

Esta pesquisa justifica-se pela carecircncia de estudos neste sentido em Pernambuco e pela

mudanccedila no perfil epidemioloacutegico da raiva com diminuiccedilatildeo dos casos em caninos e felinos e

aumento dos casos em morcegos herbiacutevoros e outros animais silvestres

Com este trabalho pretende-se analisar o atendimento antirraacutebico humano nos

indiviacuteduos agredidos por animais silvestres no estado de Pernambuco Dessa forma busca-se

melhorar o conhecimento de alguns aspectos relacionados agrave profilaxia da raiva por animais

silvestres melhoria da vigilacircncia epidemioloacutegica planejamento e adoccedilatildeo de variadas accedilotildees de

sauacutede puacuteblica

21 PERGUNTA CONDUTORA

Como estaacute sendo efetuado o atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo nas

agressotildees por animais silvestres

24

3 OBJETIVOS

31 GERAL

Caracterizar o perfil epidemioloacutegico do atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em agressotildees por animais silvestres e analisar a adequaccedilatildeo de sua indicaccedilatildeo em Pernambuco

no periacuteodo de 2001 a 2010

32 ESPECIacuteFICOS

a) Caracterizar o perfil epidemioloacutegico segundo variaacuteveis de pessoa lugar e tempo

relativas agraves condiccedilotildees da agressatildeo e do animal agressor

b) Analisar o tratamento recomendado a cada espeacutecie agressora

25

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

41 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de abrangecircncia do estudo corresponde ao estado de Pernambuco composto por

184 municiacutepios e o territoacuterio de Fernando de Noronha

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA

O periacuteodo avaliado foi de 2001 a 2010 com o objetivo de demonstrar com melhor

precisatildeo o aumento das agressotildees por animais silvestres no estado

43 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal Esse estudo eacute apropriado para o

registro de frequumlecircncia de eventos observando sua variaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo Sua maior

vantagem eacute que natildeo haacute necessidade de grupos de comparaccedilatildeo possui alto potencial descritivo

e baixo custo operacional

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS

O evento estudado foi a profilaxia da raiva humana a partir de agressotildees por animais

silvestres analisada atraveacutes dos procedimentos registrados no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo (SINAN) sendo construiacutedos diversos tipos de agrupamentos

Desse modo foram analisados os atendimentos por espeacutecie animal atraveacutes da ficha

individual de atendimento antirraacutebico e este atendimento subdivido em grupos de variaacuteveis

Assim foram analisados os dados referentes as notificaccedilotildees individuais faixa etaacuteria e sexo

aos dados de residecircncia municiacutepio de residecircncia aos antecedentes epidemioloacutegicos

caracteriacutesticas da agressatildeo caracteriacutesticas do animal agressor e tratamento recomendado

(tratamento indicado indicaccedilatildeo do soro interrupccedilatildeo do tratamento motivo da interrupccedilatildeo e se

a unidade de sauacutede procurou o paciente que abandonou o tratamento) (Quadro 1)

Assim sendo em cada toacutepico especiacutefico de anaacutelise procurou-se verificar as principais

caracteriacutesticas das espeacutecies agressoras e o tratamento aplicado a partir das especificidades de

cada espeacutecie sendo executadas da seguinte forma observaram-se inicialmente o perfil das

26

agressotildees entre os anos de 2001 e 2010 em seguida realizaram-se observaccedilotildees no tratamento

realizado para posteriormente analisar a distribuiccedilatildeo das agressotildees no estado de Pernambuco

Os grupos foram compostos pelas variaacuteveis encontradas no proacuteprio banco de dados e

para a definiccedilatildeo dos atosprocedimentos que melhor caracterizassem as variaacuteveis utilizou-se

como referecircncia a Norma Teacutecnica do Ministeacuterio da Sauacutede (Anexo B)

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS

Os dados utilizados neste estudo foram secundaacuterios coletados na Secretaria Estadual

de Sauacutede e processados pelo SINAN atraveacutes da ficha individual de investigaccedilatildeo para

atendimento antirraacutebico humano (Anexo A) A exploraccedilatildeo do banco de dados foi realizada

atraveacutes dos programas Tabwin 36 e planilhas eletrocircnicas

46 ANAacuteLISE DOS DADOS

Foram calculadas frequumlecircncias absolutas e relativas aleacutem das meacutedias

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS

O estudo foi realizado dentro dos padrotildees da eacutetica cientiacutefica tendo sido aprovado pela

Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa sob o nordm 0511 da instituiccedilatildeo agrave qual se subordina A pesquisa

foi realizada com dados secundaacuterios da Secretaria Estadual de Sauacutede Nenhum dado de

identificaccedilatildeo dos pacientes fez parte do estudo

Quadro 1 - Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do tratamento antirraacutebico humano

VARIAacuteVEL CATEGORIZACcedilAtildeO

Relativas agraves caracteriacutesticas

da agressatildeo

Tipo de Exposiccedilatildeo Contato Indireto Arranhadura Lambedura e Mordedura

Localizaccedilatildeo Mucosa CabeccedilaPescoccedilo MatildeosPeacutes Tronco

Membros Superiores e Membros Inferiores

Ferimento Uacutenico Muacuteltiplo Ignorado e Sem Ferimento

Tipo de Ferimento Profundo Superficial Dilacerante

Relativas agraves caracteriacutesticas

do animal agressor

Espeacutecie Animal Quiroacuteptera (Morcego) Primata (Macaco) e Raposa

Condiccedilatildeo Final do Animal Positivo Cliacutenico Negativo Cliacutenico Positivo Laboratorial e Negativo Laboratorial

27

Relativas ao tratamento antirraacutebico humano

Tratamento Indicado Preacute-exposiccedilatildeo Exposiccedilatildeo Re-exposiccedilatildeo

Dispensa de tratamento Observaccedilatildeo do

animal (se catildeo ou gato) e Ignorado

Indicaccedilatildeo do Soro Sim Natildeo e Ignorado

Relativas agrave continuidade do

tratamento antirraacutebico humano

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim Natildeo e Ignorado

Motivo da Interrupccedilatildeo Unidade Indicou Abandono e Transferecircncia

Unidade de sauacutede

procurou o paciente que

abandonou o tratamento

Sim e Natildeo

28

5 RESULTADOS

Nas agressotildees por ano foram observadas tendecircncias de crescimentos com oscilaccedilotildees

principalmente em raposas sendo observados picos nos anos de 2002 (267) 2005(292) 2006

(305) e 2009 (235) Em morcegos haacute um crescimento anual ateacute um pico em 2006 (182)

posteriormente ocorre uma ligeira queda e um novo pico em 2009 (207) No que diz respeito a

macacos o nuacutemero de casos se manteacutem proacuteximo durante os anos exceto em 2003 (272) e

2007 (250) onde ocorreram elevaccedilotildees das agressotildees (Figura 1)

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo espeacutecie agressora e ano

Pernambuco 2001 a 2010

1

52

104 113138

182

117 124

207

155

0

134

272

171186

153

250

182 185

141

6

267

221

174

292305

168147

235

170

0

50

100

150

200

250

300

350

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Morcego

Macaco

Raposa

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

No periacuteodo estudado 295704 pessoas receberam tratamento antirraacutebico humano

destas 4852 (16) foram atendidas apoacutes agressotildees por animais silvestres Dentre os animais

silvestres a raposa foi a espeacutecie mais agressora representando 1985 (409) casos em

seguida encontrou-se a primata com 1674 (345) e depois a quiroacuteptera com 1193 (246)

A zona urbana foi a localidade de residecircncia com maior nuacutemero de casos em macacos

79 e morcegos 78 jaacute em raposas prevaleceu a zona rural com 745 das agressotildees

(Tabela 1)

Em relaccedilatildeo a faixa etaacuteria o grupo mais atingido foi de 20 a 49 anos (385) Em

morcegos essa faixa representa 444 das agressotildees em macacos 342 e em raposas 386

Em seguida se encontra a faixa de 50 anos e mais exceto em macacos onde prevaleceu os lt9

anos (Tabela 1)

No que diz respeito ao sexo o masculino apresentou-se mais prevalente com 2764

(57) dos casos Dentre as agressotildees por sexo e espeacutecie a raposa apresentou a maior

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

8

LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas agrave pessoa Pernambuco 2001 a 2010

29

Tabela 2 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas agrave agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

30

Tabela 3 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

31

Tabela 4 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas ao tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

31

Tabela 5 - Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo

variaacuteveis relativas agrave continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco

2001 a 2010

32

9

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 ASPECTOS HISTOacuteRICOS 11

12 ASPECTOS EPIDEMIOLOacuteGICOS 12

121 Distribuiccedilatildeo da Doenccedila 12

122 Cadeia Epidemioloacutegica 13

123 Raiva no Brasil 14

124 Raiva em Pernambuco 15

125 Raiva em Morcegos 16

126 Raiva em Animais Silvestres 17

127 Tratamento 18

1271 Profilaxia Preacute-exposiccedilatildeo 18

1272 Profilaxia Poacutes-exposiccedilatildeo 19

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina 19

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro 20

1275 Consideraccedilotildees sobre o Ferimento 21

128 Consideraccedilotildees sobre o Animal 22

2 JUSTIFICATIVA 23

21 PERGUNTA CONDUTORA 23

3 OBJETIVOS 24

31 OBJETIVO GERAL 24

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 24

4 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS 25

41 AacuteREA DE ESTUDO 25

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA 25

43 DESENHO DO ESTUDO 25

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS 25

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS 26

46 ANAacuteLISE DOS DADOS 26

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS 26

5 RESULTADOS 28

10

6 DISCUSSAtildeO 34

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 39

REFEREcircNCIAS 40

Anexo A - Ficha de atendimento antirraacutebico humano 44

Anexo B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a

vacina de cultivo celular

46

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

A raiva eacute uma encefalite aguda causada por viacuterus Todos os mamiacuteferos satildeo

susceptiacuteveis agrave infecccedilatildeo que se daacute pela penetraccedilatildeo do viacuterus contido na saliva do animal

infectado atraveacutes da mordedura arranhadura ou lambedura Possui grande importacircncia

epidemioloacutegica por apresentar letalidade de quase 100 (BRASIL 2005) Soacute tendo ocorrido

a cura em poucos casos sendo um deles nos Estados Unidos em 2004 e outro em um

adolescente de 15 anos do municiacutepio de Floresta estado de Pernambuco em 2008 apoacutes ter

sido mordido por morcego hematoacutefago (KOTAIT et al 2009)

O periacuteodo de incubaccedilatildeo da doenccedila eacute bastante variaacutevel indo de dias a anos e estaacute

relacionado a localizaccedilatildeo extensatildeo e profundidade da lesatildeo agrave distacircncia do ferimento ao

ceacuterebro e agrave concentraccedilatildeo de partiacuteculas virais (BRASIL 2005) A raiva possui muitas

interfaces entre o mundo humano e animal de modo que o surgimento da doenccedila guarda

estreita ligaccedilatildeo entre o tratamento de pessoas expostas as atividades de vigilacircncia

epidemioloacutegica e o controle da raiva animal

A doenccedila tem ocorrecircncia quase universal Em alguns paiacuteses desenvolvidos a raiva

humana estaacute erradicada e a raiva nos animais domeacutesticos estaacute controlada mas ainda eacute

efetuada vigilacircncia epidemioloacutegica em funccedilatildeo dos animais silvestres Atualmente soacute existe

um uacutenico continente livre da doenccedila que eacute a Oceania (BRASIL 2005)

11 ASPECTOS HISTOacuteRICOS

A raiva eacute uma doenccedila muito temida desde a Antiguidade devido agrave transmissatildeo ao

quadro cliacutenico e agrave evoluccedilatildeo Era referida como uma doenccedila que tornava ldquoloucosrdquo homens e

catildees (KOTAIT et al 2009)

Os egiacutepcios entendiam que a alteraccedilatildeo de comportamento de catildees devia-se a influecircncia

maligna da Siacuterius (constelaccedilatildeo Catildeo Maior) Jaacute os romanos descobriram a capacidade

infecciosa da saliva dos catildees raivosos chamando este material de veneno foi de onde surgiu a

palavra latina viacuterus Na Greacutecia foram descritas praacuteticas de cauterizaccedilatildeo das feridas

provocadas pelo animal raivoso ateacute o final do seacuteculo XIX quando foi desenvolvida a vacina

(KOTAIT et al 2009)

Em 1880 Louis Pasteur iniciou seus estudos sobre a raiva e no ano seguinte

conseguiu isolar o viacuterus e produzir uma vacina Em 1884 esta foi utilizada

experimentalmente em animais e em 1885 nos humanos em um menino de 9 anos chamado

12

Joseph Meister O sucesso com a vacina teve enorme impacto nas medidas de tratamento

contra essa enfermidade sendo utilizada em todo o mundo Foi tambeacutem determinante para a

criaccedilatildeo de instituiccedilotildees de pesquisa para produccedilatildeo e aplicaccedilatildeo da vacina surgindo assim o

Instituto Pasteur em 1888 (COSTA et al 2000)

No Brasil o primeiro serviccedilo antirraacutebico foi instituiacutedo com a inauguraccedilatildeo em 1888

do Instituto Pasteur no Rio de Janeiro Em 1899 foi criado o Instituto Pasteur de Pernambuco

(LIMA GUIMARAtildeES OLIVEIRA 2000) e soacute em 1903 foi fundado o Instituto Pasteur de

Satildeo Paulo (COSTA et al 2000)

Antonio Carini entatildeo diretor do Instituto Pasteur de Satildeo Paulo levantou a hipoacutetese

em 1911 dos morcegos hematoacutefagos serem os transmissores da raiva dos herbiacutevoros Anos

apoacutes foi confirmada a raiva tambeacutem em morcegos frugiacutevoros e insetiacutevoros mas este tipo de

transmissor soacute foi levado em consideraccedilatildeo quando um menino foi atacado por um morcego

insetiacutevoro na Floacuterida em 1953 Apoacutes esta data inuacutemeros casos humanos foram confirmados

nos Estados Unidos e satildeo notificados ateacute os dias de hoje (COSTA et al 2000)

12 ASPECTOS EPIDEMIOLOacuteGICOS

Os dados epidemioloacutegicos satildeo essenciais para definiccedilatildeo dos fatores condicionantes e

determinantes de uma doenccedila Na vigilacircncia da raiva estes dados auxiliam na tomada de

decisatildeo do tratamento poacutes-exposiccedilatildeo e na conduta com o animal envolvido aleacutem disso casos

de raiva humana representam falecircncia do sistema de sauacutede local e servem como indicador

para avaliaccedilatildeo da qualidade dos serviccedilos

121 Distribuiccedilatildeo da Doenccedila

A raiva eacute conhecida desde a antiguidade mas ateacute hoje representa um problema de

sauacutede puacuteblica nos paiacuteses em desenvolvimento (BRASIL 2005) Nos Estados Unidos o

nuacutemero de casos de raiva humana a partir de 1940 foi superior a 30 devido a morcegos

insetiacutevoros (KOTAIT et al 2009)

Na Ameacuterica do Norte (Estados Unidos e Canadaacute) e alguns paiacuteses da Europa (Franccedila e

Inglaterra) o maior peso da raiva estaacute nas espeacutecies silvestres (BRASIL 2005) Poreacutem na

Venezuela a raiva canina prevalece como o principal foco transmissor da doenccedila devido ao

baixo percentual de cobertura vacinal sendo este de apenas 33 no periacuteodo de 1996 a 2006

13

Aleacutem disso grande parcela da populaccedilatildeo encontra-se mais vulneraacutevel por causa do baixo

niacutevel socioeconocircmico e educativo (FUENTES et al 2008)

Os paiacuteses da Ameacuterica que mais registram casos de raiva satildeo o Brasil Colocircmbia e

Peru devido ao grande nuacutemero de agressotildees por morcegos hematoacutefagos Neste continente no

ano de 2004 os animais silvestres contribuiacuteram com 599 dos casos e os animais

domeacutesticos com 401 sendo a raiva humana presente em quase todos os paiacuteses exceto o

Caribe (ORGANIZACcedilAtildeO PAN-AMERICANA DE SAUacuteDE 2006)

Nos uacuteltimos anos alguns paiacuteses como China Tailacircndia Sri- Lanka e Tuniacutesia

conseguiram progressos importantes nos programas de controle da raiva combinando a

vacinaccedilatildeo de catildees com a melhoria do tratamento antirraacutebico possibilitando assim a reduccedilatildeo

dos casos da doenccedila em humanos (SILVA et al 2009)

No continente asiaacutetico ocorrem cerca de 35000 a 55000 casos de raiva humana por

ano e aproximadamente 7 milhotildees de tratamentos com vacinaccedilatildeo Na Aacutefrica estima-se em

5000 a 15000 o nuacutemero de mortes humanas por ano e a vacinaccedilatildeo em cerca de 500000

pessoas Na Ameacuterica Latina os casos em humanos satildeo menores que 100 por ano e o

tratamento fica em torno de 500000 pessoas Na Ameacuterica do Norte e Europa o nuacutemero de

casos de raiva humana reduz a menos de 50 e o tratamento antirraacutebico eacute conferido a

aproximadamente 100000 pessoas (SILVA et al 2009)

O nuacutemero de casos de raiva transmitidos por morcegos tem crescido muito nos uacuteltimos

tempos Na atualidade o grande desafio corresponde agrave detecccedilatildeo precoce da circulaccedilatildeo do

viacuterus em animais silvestres aleacutem da manutenccedilatildeo do controle via imunizaccedilatildeo em animais

domeacutesticos

122 Cadeia Epidemioloacutegica

O viacuterus da raiva adaptou-se a vaacuterias espeacutecies que atuam como reservatoacuterios garantindo

a perpetuaccedilatildeo do viacuterus na natureza Estas adaptaccedilotildees originam as variantes que por vezes

apresentam alteraccedilotildees as quais satildeo utilizadas como marcadores epidemioloacutegicos que tem o

objetivo de identificar as interaccedilotildees do viacuterus com suas espeacutecies hospedeiras e o meio

ambiente e com a biologia da infecccedilatildeo (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

As intervenccedilotildees do homem no ecossistema tecircm gerado mudanccedilas de comportamento

de animais silvestres que passaram a procurar abrigos e fontes de alimentos nos centros

urbanos (SILVA LANGONI 2011) Estes fatos modificaram a epidemiologia das zoonoses

trazendo a raiva silvestre para a populaccedilatildeo humana (CARRIERI et al 2006)

14

A cadeia epidemioloacutegica da raiva estaacute dividida em dois principais ciclos de

transmissatildeo terrestre e aeacutereo (CALDAS et al 2007) O ciclo terrestre eacute constituiacutedo por catildees

e gatos agressores destes 823 satildeo domiciliados e a maior parte deles satildeo machos ateacute um

ano de idade (BUSO NUNES QUEIROZ 2009) No periacuteodo de transmissibilidade da

doenccedila esses animais se afastam do domiciacutelio andando quilocircmetros fazendo inuacutemeras

viacutetimas ou infectando novos hospedeiros (CARRIERI et al 2006)

Os outros mamiacuteferos que fazem parte do ciclo terrestre satildeo os herbiacutevoros A estimativa

eacute que haja no Brasil mortes de 842688 cabeccedilas por ano Na Paraiacuteba entre 2002 a 2004 houve

um surto de raiva nesses animais apresentando morbidade meacutedia de 75 e letalidade de

100 Estima-se que 1875 das mortes de bovinos no estado ocorrem por raiva Todos os

surtos exceto um aconteceram em animais natildeo vacinados (LIMA et al 2005)

As mudanccedilas na natureza ocasionadas pelo homem implicam em condiccedilotildees favoraacuteveis

para expansatildeo de morcegos e consequente aumento de casos de raiva bovina (MENEZES

2008) No Nordeste aleacutem dos morcegos hematoacutefagos a raposa tambeacutem se apresenta como um

importante transmissor e reservatoacuterio para o viacuterus da raiva (LIMA et al 2005)

O ciclo aeacutereo eacute caracterizado pela transmissatildeo do viacuterus raacutebico entre morcegos

hematoacutefagos ou natildeo Na Ameacuterica Latina haacute com frequumlecircncia casos de raiva humana por

agressotildees de morcegos hematoacutefagos pela ausecircncia de outras fontes alimentares e pelas

alteraccedilotildees ambientais (KOTAIT et al 2009)

Em morcegos a presenccedila do viacuterus raacutebico eacute detectada em diversos oacutergatildeos reforccedilando a

transmissatildeo de outros animais e seres humanos atraveacutes do contato com secreccedilotildees e com

morcegos vivos ou mortos O aparecimento do viacuterus nos pulmotildees ratifica a transmissatildeo por

aerossoacuteis entre todas as espeacutecies de morcegos que povoam uma mesma aacuterea (SCHEFFER et

al 2007 SILVA et al 2007) Portanto deve-se evitar contato com estes animais

principalmente quando apresentarem sinais da doenccedila como alteraccedilatildeo de comportamento

(voos diurnos) dificuldade de locomoccedilatildeo e agressividade (QUEIROZ et al 2009)

123 Raiva no Brasil

Os casos de raiva humana no Brasil demonstra uma reduccedilatildeo bastante significativa

diminuiu de 168 casos em 1980 (SCHENEIDER 1990) para 73 em 1990 26 em 2000

(PERNAMBUCO 2010) 3 em 2008 sendo dois por morcegos e um por primatas natildeo

humano (BRASIL 2009) e 2 em 2010 na regiatildeo Nordeste (BRASIL 2010a)

15

No Sul natildeo haacute registros de casos humanos desde 1988 Mas haacute uma emergecircncia do

ciclo silvestre no paiacutes onde se destaca uma maior detecccedilatildeo de casos de raiva em morcegos e

outras espeacutecies silvestres (BATISTA FRANCO ROEHE 2007 CALDAS et al 2007

PERNAMBUCO 2010) As agressotildees por morcegos aumentaram de 12 nos anos de 1990 a

1999 para 46 nos anos de 2000 a 2010 (PERNAMBUCO 2010)

A doenccedila eacute endecircmica no paiacutes e apresenta grau diferenciado de acordo com a regiatildeo

geopoliacutetica Na Regiatildeo Nordeste de 1986 a 2001 foram registrados 5880 dos casos

humanos jaacute a Norte 2085 a Sudeste registrou 1080 a Centro-Oeste 940 e a Sul

015 Em 1987 ocorreu um caso no Paranaacute sendo o uacuteltimo caso de registro de raiva nos

estados do Sul cuja fonte de infecccedilatildeo foi um morcego hematoacutefago A transmissatildeo da doenccedila

a humanos no periacuteodo de 1991 a 2001 foi de 8052 por catildees e gatos 1013 por morcegos

e 494 por outros animais raposas saguis gato selvagem bovinos equinos caititus

gambaacutes suiacutenos e caprinos (BRASIL 2005)

Nos anos de 1997 ateacute 2003 os catildees foram os principais transmissores da doenccedila no

Paiacutes sendo implicados em 84 das transmissotildees em humanos De 2004 a 2006 houve um

decreacutescimo significativo de casos em catildees estes representando 15 e um aumento das

infecccedilotildees por animais silvestres principalmente por morcegos hematoacutefagos que passaram a

ser responsaacuteveis por 825 dos casos Aleacutem disso as infecccedilotildees em morcegos natildeo

hematoacutefagos tecircm evoluiacutedo trazendo grande preocupaccedilatildeo para vigilacircncia epidemioloacutegica jaacute

que a raacutepida adaptaccedilatildeo desses animais ao meio urbano pode dar margem a infecccedilotildees em

animais domeacutesticos e humanos (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

124 Raiva em Pernambuco

Em Pernambuco a doenccedila ainda natildeo estaacute sob controle principalmente por haver uma

grande expansatildeo das aacutereas de ocorrecircncia de casos em bovinos causados por morcegos

hematoacutefagos (Desmodus rotundus) Constituindo assim um problema emergente de sauacutede

puacuteblica para o Estado (PERNAMBUCO 2009)

O iacutendice de positividade para a raiva canina no ano de 2000 no Estado foi de 65

aumentando para 10 em 2001 e apresentando decreacutescimo a partir de 2002 passando de

86 para 05 em 2008 No periacuteodo de 2000 a 2007 a cobertura vacinal superou a meta de

80 preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (PERNAMBUCO 2009)

Os casos de raiva humana em Pernambuco apresentam grande decreacutescimo no ano de

1992 quando houve o maior nuacutemero de casos (10 casos) No periacuteodo de 2000 a 2008

16

ocorreram quatro casos positivos dentre eles as espeacutecies agressoras foram catildeo e morcego

sendo este uacuteltimo o primeiro caso de cura no Brasil (PERNAMBUCO 2009)

125 Raiva em morcegos

Haacute no Brasil cerca de 140 espeacutecies de morcegos desse total o viacuterus da raiva jaacute foi

isolado de 31 espeacutecies Este nuacutemero eacute considerado pequeno quando comparado ao

encontrado nos Estados Unidos de 39 espeacutecies identificadas o viacuterus da raiva foi isolado de

30 Todas as espeacutecies de morcego podem transmitir a raiva independente de seu haacutebito

alimentar (KOTAIT et al 2009)

Em Presidente Prudente-SP haacute um iacutendice de positividade muito alto em quiroacutepteros

Esta regiatildeo era zona silenciosa para a raiva ateacute 2001 quando ocorreu um caso de morte em

mulher atacada por um gato poreacutem a variante encontrada foi de morcego hematoacutefago Aleacutem

disso ocorreu tambeacutem em 2002 um surto de raiva em bovinos tambeacutem decorrente de

agressotildees por morcegos hematoacutefagos (ALBAS et al 2005)

Em Satildeo Paulo estudos sobre variantes antigecircnicas demonstram vaacuterias amostras com

morcegos insetiacutevoros no Brasil Isso se deve a coabitaccedilatildeo de morcegos hematoacutefagos e natildeo

hematoacutefagos disseminando o viacuterus entre eles (ALBAS et al 2010)

Na Colocircmbia em 2009 notificou-se o primeiro caso de raiva humana na aacuterea urbana

transmitida por morcego Aleacutem disso o paciente veio a oacutebito pois o tratamento inicial natildeo foi

conferido mostrando a vulnerabilidade de todos os niacuteveis de atenccedilatildeo envolvidos Como o

periacuteodo de incubaccedilatildeo do viacuterus raacutebico eacute variaacutevel e mais prolongado em morcegos deve-se

implementar estudos que caracterizem os aspectos fundamentais desta doenccedila nesta espeacutecie

animal (BADILLO MANTILLA PRADILLA 2009)

Em 2004 e 2005 ocorreram surtos de raiva no Paraacute provenientes de variante de

morcegos hematoacutefagos presentes em vaacuterias espeacutecies dentre elas bovinos equinos suiacutenos

humanos felinos e morcegos Apoacutes um ano do surto de 2004 ainda detectou-se a variante em

circulaccedilatildeo no municiacutepio de Viseu isolado em amostras humana e bovina (BARBOSA et al

2007) Em Araccedilatuba-SP a espeacutecie quiroacuteptera eacute a terceira mais agressora com 81 (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009) Em estudos na mesma regiatildeo 12 dos morcegos diagnosticados

positivos agrediram pessoas e animais (QUEIROZ et al 2009)

Em trabalhos publicados no Brasil observou-se maior presenccedila de positividade em

morcegos insetiacutevoros (SCHEFFER et al 2007 QUEIROZ et al 2009) o que torna a

situaccedilatildeo mais alarmante jaacute que a interaccedilatildeo de morcegos natildeo hematoacutefagos com pessoas e seus

17

animais aumenta a cada dia devido a devastaccedilatildeo do habitat destes e a adaptaccedilatildeo a abrigos

urbanos (ALBAS et al 2009 TIRIBA SHMAL 2010)

No Paraacute a taxa de ataque por morcegos eacute muito alta Aleacutem disso do total de

agredidos 100 relataram natildeo conhecerem a necessidade de tratamento profilaacutetico Portanto

a adoccedilatildeo de medidas de esclarecimento agrave populaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel (WADA et al 2004) Jaacute

que uma vez mordido por morcegos o homem deve passar por tratamento imediato (soro e

vacina) sem interrupccedilatildeo pois o periacuteodo de incubaccedilatildeo eacute muito raacutepido levando o paciente natildeo

tratado ao oacutebito (SCHEFFER et al 2007 TIRIBA SHMAL 2010)

126 Raiva em animais silvestres

A raiva em animais silvestres vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia

epidemioloacutegica desse agravo no Brasil devido agrave presenccedila de morcegos natildeo hematoacutefagos em

aacutereas urbanas caniacutedeos silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais

(BRASIL 2009) Em 2009 foram notificados com raiva confirmada 158 morcegos natildeo

hematoacutefagos 16 morcegos hematoacutefagos 22 caniacutedeos silvestres 3 primatas natildeo humanos e

um gato do mato (BRASIL 2010b)

A raiva nos animais domeacutesticos eacute controlada com a vacinaccedilatildeo anual Poreacutem os

animais silvestres natildeo satildeo imunizados ficando assim mais expostos aos riscos de

contaminaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

A aplicaccedilatildeo de vacina de cultivo celular apresenta-se como uma alternativa para

imunizaccedilatildeo de animais silvestres Em estudos feitos com saguis esse tipo de vacinaccedilatildeo

mostrou-se eficaz apoacutes 45 dias aplicando-se apenas uma uacutenica dose Outra boa alternativa

seria a realizaccedilatildeo de estudos no uso de vacina oral para animais silvestres a fim de facilitar a

vacinaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

Em Pernambuco a criaccedilatildeo de macacos principalmente saguis como animal de

estimaccedilatildeo eacute bastante comum Em estudo realizado em Satildeo Paulo no periacuteodo de 1996 a 1999

observou-se uma diminuiccedilatildeo das agressotildees por macacos indicando um decreacutescimo na criaccedilatildeo

clandestina destes animais e na alimentaccedilatildeo deles em parques puacuteblicos Aleacutem disso a

indicaccedilatildeo de tratamento foi de 85 indicando uma maior conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao perigo desses acidentes (RAMOS RAMOS 2002)

18

127 Tratamento

O desenvolvimento da raiva estaacute relacionado a diversos fatores desde a gravidade da

mordedura e agrave proximidade do SNC ateacute o estado de sauacutede do paciente e sua resposta imune

(CARRIERI et al 2006) Por isso cada caso deve ser avaliado para que seja instalada a

profilaxia adequada a fim de se evitar a doenccedila

O Ministeacuterio da Sauacutede criou em 1973 o Programa Nacional de Controle da Raiva ndash

PNCR com o objetivo de eliminar a raiva humana transmitida por catildees e gatos O controle da

raiva canina foi realizado a partir das accedilotildees de vacinaccedilatildeo de catildees e gatos tratamento

profilaacutetico de pessoas expostas vigilacircncia epidemioloacutegica diagnoacutestico laboratorial controle

de populaccedilatildeo animal e educaccedilatildeo em sauacutede (SCHNEIDER et al 1996)

Devido ao tratamento de raiva humana realizado nos Estados Unidos (2004) e em

Pernambuco (2008) que decorreu na cura dos pacientes o Ministeacuterio da Sauacutede publicou e

divulgou para as Secretarias Municipais e Estaduais de Sauacutede o Protocolo de Tratamento de

Raiva Humana denominado Protocolo Recife (BRASIL 2009 BRASIL 2010b) Apesar

disso a profilaxia continua sendo a melhor maneira de prevenccedilatildeo pois a chance de cura ainda

eacute pequena e natildeo se tem conhecimento suficiente sobre as sequelas que o paciente pode

apresentar

A populaccedilatildeo ainda desconhece a gravidade da doenccedila Ateacute os dias atuais satildeo relatados

abandonos de tratamento e procura ao serviccedilo de sauacutede apenas para tratamento do ferimento

Em estudo realizado 245 dos atendidos consideraram desnecessaacuterio o tratamento completo

e 138 natildeo obtiveram orientaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao tratamento demonstrando a falta de

informaccedilatildeo e o descompromisso dos profissionais de sauacutede (VELOSO et al 2011)

1271 Profilaxia preacute-exposiccedilatildeo

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute indicada para pessoas expostas permanentemente ao risco

de infecccedilatildeo pelo viacuterus da raiva tais como meacutedicos veterinaacuterios bioacutelogos profissionais e

auxiliares de laboratoacuterio para diagnoacutestico da raiva estudantes dessas aacutereas e pessoas que

atuam na vacinaccedilatildeo captura e em zooloacutegicos (COSTA et al 2000 BRASIL 2005)

O esquema de tratamento eacute de trecircs doses aplicadas nos dias 0 7 e 28 Deve-se fazer o

controle soroloacutegico a partir do 14ordm dia apoacutes a uacuteltima dose do esquema e repeti-lo anualmente

Eacute importante destacar que eacute necessaacuterio administrar uma dose de reforccedilo sempre que os tiacutetulos

forem inferiores a 05 UIml (BRASIL 2005)

19

Em dados recentes observou-se que a aplicaccedilatildeo do esquema preacute-exposiccedilatildeo em

profissionais de sauacutede e viajantes que podem facilmente buscar atendimento no caso de uma

nova exposiccedilatildeo pode ser efetuada atraveacutes da via intradeacutermica trazendo um custo bem menor

ao paiacutes (CUNHA et al 2010)

Jaacute em populaccedilotildees de difiacutecil acompanhamento como da regiatildeo ribeirinha da Amazocircnia

recomenda-se o esquema por via intramuscular que confere uma imunidade mais duradoura

Tambeacutem foi identificado que apoacutes a terceira dose em ambas as vias de administraccedilatildeo eacute

desnecessaacuteria a sorologia em indiviacuteduos sob controle uma vez que todos os voluntaacuterios do

experimento apresentaram niacuteveis de anticorpos satisfatoacuterios ge05 UImL (CUNHA et al

2010)

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute considerada pelo serviccedilo como de pouca importacircncia jaacute

que apenas 377 dessa informaccedilatildeo eacute registrada Esse fato evidencia as falhas no sistema de

vigilacircncia e a necessidade de adequaccedilatildeo das prescriccedilotildees para que se atinjam niacuteveis ideais de

tratamento e seguranccedila para populaccedilatildeo atendida (RIGO HONER 2005)

1272 Profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo

O paciente apoacutes a agressatildeo por mamiacutefero deve ser avaliado para indicaccedilatildeo ou natildeo da

profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo que quando indicada deve ter iniacutecio o mais precocemente possiacutevel

pois quando o viacuterus atinge o SNC o paciente geralmente evolui para o oacutebito (KOTAIT et al

2009)

O tratamento poacutes-exposiccedilatildeo prescrito depende principalmente da espeacutecie do animal

agressor do tipo da lesatildeo e no caso de catildees e gatos da possibilidade da observaccedilatildeo (Anexo

B) (GARCIA et al 1999 BRASIL 2005)

Haacute no Brasil um nuacutemero bastante elevado de tratamentos profilaacuteticos humanos que

poderiam ser reduzidos pela educaccedilatildeo em sauacutede atraveacutes de orientaccedilotildees sobre os animais

agressores e os fatores que desencadeiam a agressividade os cuidados com o ferimento a

posse responsaacutevel dos animais aleacutem da observaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo cliacutenica dos catildees e gatos

domiciliados (GARCIA et al 1999 FRIAS 2008)

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina

Em 2009 na Regiatildeo Nordeste e a partir de 2010 no restante do paiacutes a campanha de

vacinaccedilatildeo nacional substituiu a vacina Fuenzalida amp Palaacutecios modificada pela vacina de

20

cultivo celular canina (BRASIL 2009) Essa modificaccedilatildeo deve-se ao fato dessa vacina

apresentar maior imunogenicidade e seguranccedila aleacutem de ser recomendada pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede (BRASIL 2010a)

A vacina de cultivo celular foi utilizada em Pernambuco em 2009 sem apresentar altos

iacutendices de reaccedilotildees adversas Entretanto a vacina introduzida em junho de 2010 em todo paiacutes

(BRASIL 2010a) teve sua aplicaccedilatildeo suspensa em outubro do mesmo ano pelo Ministeacuterio da

Sauacutede que determinou a interrupccedilatildeo da campanha vacinal ateacute a conclusatildeo dos estudos sobre o

aumento das mortes e reaccedilotildees adversas apresentadas em catildees e gatos vacinados (BRASIL

2010c)

Em humanos a vacina utilizada para tratamento profilaacutetico tambeacutem eacute a vacina de

cultivo celular esta eacute produzida em cultura de ceacutelulas (diploacuteides humanas ceacutelulas Vero

ceacutelulas de embriatildeo de galinha e pato etc) com viacuterus inativados por betapropiolactona e com

potecircncia miacutenima de 25 UIdose A vacina eacute apresentada de forma liofilizada devendo ser

conservada na temperatura entre + 2ordmC a + 8ordmC ateacute o momento de sua aplicaccedilatildeo Seu esquema

vacinal completo eacute de 5 doses aplicadas nos dias 0 3 7 14 e 28 (BRASIL 2005)

Natildeo haacute contra indicaccedilatildeo (gravidez mulheres lactantes doenccedila intercorrente ou outros

tratamentos) Sempre que possiacutevel recomenda-se a interrupccedilatildeo do tratamento com corticoacuteides

eou imunossupressores As manifestaccedilotildees adversas relatadas com maior frequumlecircncia satildeo

reaccedilatildeo local febre mal estar naacuteuseas e cefaleacuteia Natildeo haacute relato de ocorrecircncia de oacutebito

associado ao uso da vacina de cultivo celular (BRASIL 2005)

A frequumlecircncia de reaccedilotildees neuroloacutegicas associadas a esta vacina citada na literatura

cientiacutefica eacute baixa De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede ateacute junho de 1996

haviam sido relatados seis casos de reaccedilotildees neuroloacutegicas temporalmente associadas a vacina

A incidecircncia de manifestaccedilotildees neuroloacutegicas considerando-se todos estes casos como

realmente provocados pela vacina eacute de cerca de 1 para cada 500000 pacientes tratados A

incidecircncia de reaccedilotildees aleacutergicas notificadas nos EUA agrave vacina de ceacutelulas diploacuteides foi de 11

casos por 10000 pacientes tratados (011) As reaccedilotildees variam de urticaacuteria a anafilaxia e

ocorrem principalmente apoacutes as doses de reforccedilo a maioria dos pacientes natildeo necessita de

internaccedilatildeo hospitalar (COSTA et al 2000)

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro

O soro heteroacutelogo eacute uma soluccedilatildeo concentrada e purificada de anticorpos preparada em

equiacutedeos imunizados contra o viacuterus da raiva A temperatura de conservaccedilatildeo eacute entre +2ordm a

21

+8ordmC A dose indicada eacute de 40 UIkg de peso Deve-se infiltrar nas lesotildees a maior quantidade

possiacutevel da dose do soro caso natildeo seja possiacutevel aplicar a miacutenima quantidade possiacutevel na

regiatildeo gluacutetea O uso do soro natildeo eacute recomendado para pacientes imunizados anteriormente Em

pacientes com histoacuterico de reaccedilotildees aleacutergicas e reaccedilatildeo anafilaacutetica ao soro heteroacutelogo

recomenda-se o uso do soro homoacutelogo (imunoglobulina humana hiperimune antirraacutebica) na

dose de 20UIKg de peso (BRASIL 2005)

1275 Consideraccedilotildees sobre o ferimento

A limpeza do ferimento com aacutegua corrente e sabatildeo eacute imprescindiacutevel em qualquer

caso de mordedura arranhadura ou lambedura que possa haver contaminado a viacutetima com o

viacuterus da raiva Esta deve eliminar todas as sujidades e em seguida devem ser utilizados

antisseacutepticos que inativem o viacuterus da raiva (iodo povidine clorexidine e aacutelcool iodado) a

mucosa ocular deve ser lavada com aacutegua corrente ou soluccedilatildeo fisioloacutegica (COSTA et al 2000

BRASIL 2005)

A utilizaccedilatildeo de antisseacutepticos ou mesmo o uso de aacutegua e sabatildeo para lavagem dos

ferimentos eacute relatada em 831 dos casos analisados em estudos indicando a

conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo para essa conduta importante de prevenccedilatildeo de doenccedilas

(GARCIA et al 1999)

A sutura do ferimento natildeo eacute recomendada mas caso seja necessaacuterio aproximar as

bordas com pontos isolados e infiltrar soro antirraacutebico humano uma hora antes da sutura

Dependendo da necessidade do paciente outras condutas podem ser realizadas como a

administraccedilatildeo de antibioacuteticos e a profilaxia antitetacircnica (COSTA et al 2000 BRASIL

2005)

128 Consideraccedilotildees sobre o animal

O Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (BRASIL 2005) traz algumas consideraccedilotildees em

relaccedilatildeo aos animais agressores dentre eles

bull O periacuteodo de observaccedilatildeo de dez dias eacute restrito aos catildees e gatos

bull A agressatildeo por outros animais domeacutesticos (bovinos ovinos caprinos equiacutedeos e suiacutenos)

deveraacute ser avaliada e se necessaacuterio deveraacute ser indicado o tratamento profilaacutetico

bull Estaacute indicado tratamento sistematicamente para todos os casos de agressatildeo por animais

silvestres mesmo quando domiciliados e domesticados

22

bull Natildeo eacute indicado tratamento nas agressotildees causadas por ratos ratazanas cobaias e lagomorfos

(urbanos ou de criaccedilatildeo)

bull Nas agressotildees por morcegos deve-se proceder a soro-vacinaccedilatildeo independentemente do tipo

de morcego agressor do tempo decorrido e da gravidade da lesatildeo

23

2 JUSTIFICATIVA

A raiva constitui um importante problema de sauacutede puacuteblica devido ao seu prognoacutestico

quase sempre fatal No entanto essa alta letalidade pode ser reduzida a partir da prevenccedilatildeo da

doenccedila atraveacutes do adequado atendimento e tratamento profilaacutetico Estes uacuteltimos ocorrem

desde a avaliaccedilatildeo do caso e conduta cliacutenica ateacute questotildees estruturais e organizacionais dos

serviccedilos de sauacutede

Esta pesquisa justifica-se pela carecircncia de estudos neste sentido em Pernambuco e pela

mudanccedila no perfil epidemioloacutegico da raiva com diminuiccedilatildeo dos casos em caninos e felinos e

aumento dos casos em morcegos herbiacutevoros e outros animais silvestres

Com este trabalho pretende-se analisar o atendimento antirraacutebico humano nos

indiviacuteduos agredidos por animais silvestres no estado de Pernambuco Dessa forma busca-se

melhorar o conhecimento de alguns aspectos relacionados agrave profilaxia da raiva por animais

silvestres melhoria da vigilacircncia epidemioloacutegica planejamento e adoccedilatildeo de variadas accedilotildees de

sauacutede puacuteblica

21 PERGUNTA CONDUTORA

Como estaacute sendo efetuado o atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo nas

agressotildees por animais silvestres

24

3 OBJETIVOS

31 GERAL

Caracterizar o perfil epidemioloacutegico do atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em agressotildees por animais silvestres e analisar a adequaccedilatildeo de sua indicaccedilatildeo em Pernambuco

no periacuteodo de 2001 a 2010

32 ESPECIacuteFICOS

a) Caracterizar o perfil epidemioloacutegico segundo variaacuteveis de pessoa lugar e tempo

relativas agraves condiccedilotildees da agressatildeo e do animal agressor

b) Analisar o tratamento recomendado a cada espeacutecie agressora

25

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

41 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de abrangecircncia do estudo corresponde ao estado de Pernambuco composto por

184 municiacutepios e o territoacuterio de Fernando de Noronha

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA

O periacuteodo avaliado foi de 2001 a 2010 com o objetivo de demonstrar com melhor

precisatildeo o aumento das agressotildees por animais silvestres no estado

43 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal Esse estudo eacute apropriado para o

registro de frequumlecircncia de eventos observando sua variaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo Sua maior

vantagem eacute que natildeo haacute necessidade de grupos de comparaccedilatildeo possui alto potencial descritivo

e baixo custo operacional

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS

O evento estudado foi a profilaxia da raiva humana a partir de agressotildees por animais

silvestres analisada atraveacutes dos procedimentos registrados no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo (SINAN) sendo construiacutedos diversos tipos de agrupamentos

Desse modo foram analisados os atendimentos por espeacutecie animal atraveacutes da ficha

individual de atendimento antirraacutebico e este atendimento subdivido em grupos de variaacuteveis

Assim foram analisados os dados referentes as notificaccedilotildees individuais faixa etaacuteria e sexo

aos dados de residecircncia municiacutepio de residecircncia aos antecedentes epidemioloacutegicos

caracteriacutesticas da agressatildeo caracteriacutesticas do animal agressor e tratamento recomendado

(tratamento indicado indicaccedilatildeo do soro interrupccedilatildeo do tratamento motivo da interrupccedilatildeo e se

a unidade de sauacutede procurou o paciente que abandonou o tratamento) (Quadro 1)

Assim sendo em cada toacutepico especiacutefico de anaacutelise procurou-se verificar as principais

caracteriacutesticas das espeacutecies agressoras e o tratamento aplicado a partir das especificidades de

cada espeacutecie sendo executadas da seguinte forma observaram-se inicialmente o perfil das

26

agressotildees entre os anos de 2001 e 2010 em seguida realizaram-se observaccedilotildees no tratamento

realizado para posteriormente analisar a distribuiccedilatildeo das agressotildees no estado de Pernambuco

Os grupos foram compostos pelas variaacuteveis encontradas no proacuteprio banco de dados e

para a definiccedilatildeo dos atosprocedimentos que melhor caracterizassem as variaacuteveis utilizou-se

como referecircncia a Norma Teacutecnica do Ministeacuterio da Sauacutede (Anexo B)

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS

Os dados utilizados neste estudo foram secundaacuterios coletados na Secretaria Estadual

de Sauacutede e processados pelo SINAN atraveacutes da ficha individual de investigaccedilatildeo para

atendimento antirraacutebico humano (Anexo A) A exploraccedilatildeo do banco de dados foi realizada

atraveacutes dos programas Tabwin 36 e planilhas eletrocircnicas

46 ANAacuteLISE DOS DADOS

Foram calculadas frequumlecircncias absolutas e relativas aleacutem das meacutedias

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS

O estudo foi realizado dentro dos padrotildees da eacutetica cientiacutefica tendo sido aprovado pela

Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa sob o nordm 0511 da instituiccedilatildeo agrave qual se subordina A pesquisa

foi realizada com dados secundaacuterios da Secretaria Estadual de Sauacutede Nenhum dado de

identificaccedilatildeo dos pacientes fez parte do estudo

Quadro 1 - Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do tratamento antirraacutebico humano

VARIAacuteVEL CATEGORIZACcedilAtildeO

Relativas agraves caracteriacutesticas

da agressatildeo

Tipo de Exposiccedilatildeo Contato Indireto Arranhadura Lambedura e Mordedura

Localizaccedilatildeo Mucosa CabeccedilaPescoccedilo MatildeosPeacutes Tronco

Membros Superiores e Membros Inferiores

Ferimento Uacutenico Muacuteltiplo Ignorado e Sem Ferimento

Tipo de Ferimento Profundo Superficial Dilacerante

Relativas agraves caracteriacutesticas

do animal agressor

Espeacutecie Animal Quiroacuteptera (Morcego) Primata (Macaco) e Raposa

Condiccedilatildeo Final do Animal Positivo Cliacutenico Negativo Cliacutenico Positivo Laboratorial e Negativo Laboratorial

27

Relativas ao tratamento antirraacutebico humano

Tratamento Indicado Preacute-exposiccedilatildeo Exposiccedilatildeo Re-exposiccedilatildeo

Dispensa de tratamento Observaccedilatildeo do

animal (se catildeo ou gato) e Ignorado

Indicaccedilatildeo do Soro Sim Natildeo e Ignorado

Relativas agrave continuidade do

tratamento antirraacutebico humano

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim Natildeo e Ignorado

Motivo da Interrupccedilatildeo Unidade Indicou Abandono e Transferecircncia

Unidade de sauacutede

procurou o paciente que

abandonou o tratamento

Sim e Natildeo

28

5 RESULTADOS

Nas agressotildees por ano foram observadas tendecircncias de crescimentos com oscilaccedilotildees

principalmente em raposas sendo observados picos nos anos de 2002 (267) 2005(292) 2006

(305) e 2009 (235) Em morcegos haacute um crescimento anual ateacute um pico em 2006 (182)

posteriormente ocorre uma ligeira queda e um novo pico em 2009 (207) No que diz respeito a

macacos o nuacutemero de casos se manteacutem proacuteximo durante os anos exceto em 2003 (272) e

2007 (250) onde ocorreram elevaccedilotildees das agressotildees (Figura 1)

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo espeacutecie agressora e ano

Pernambuco 2001 a 2010

1

52

104 113138

182

117 124

207

155

0

134

272

171186

153

250

182 185

141

6

267

221

174

292305

168147

235

170

0

50

100

150

200

250

300

350

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Morcego

Macaco

Raposa

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

No periacuteodo estudado 295704 pessoas receberam tratamento antirraacutebico humano

destas 4852 (16) foram atendidas apoacutes agressotildees por animais silvestres Dentre os animais

silvestres a raposa foi a espeacutecie mais agressora representando 1985 (409) casos em

seguida encontrou-se a primata com 1674 (345) e depois a quiroacuteptera com 1193 (246)

A zona urbana foi a localidade de residecircncia com maior nuacutemero de casos em macacos

79 e morcegos 78 jaacute em raposas prevaleceu a zona rural com 745 das agressotildees

(Tabela 1)

Em relaccedilatildeo a faixa etaacuteria o grupo mais atingido foi de 20 a 49 anos (385) Em

morcegos essa faixa representa 444 das agressotildees em macacos 342 e em raposas 386

Em seguida se encontra a faixa de 50 anos e mais exceto em macacos onde prevaleceu os lt9

anos (Tabela 1)

No que diz respeito ao sexo o masculino apresentou-se mais prevalente com 2764

(57) dos casos Dentre as agressotildees por sexo e espeacutecie a raposa apresentou a maior

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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profilaacuteticos para a raiva no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista da Sociedade Brasileira

de Medicina Tropical Satildeo Paulo v 35 n 6 p 575-577 2002

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Grosso do Sul Brasil em 2002 Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 21 n 6 p

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Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Escola Nacional de Sauacutede Puacuteblica Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz Rio de

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43

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morcegos_papdfgt Acesso em 12 abr 2011

44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

9

SUMAacuteRIO

1 INTRODUCcedilAtildeO 11

11 ASPECTOS HISTOacuteRICOS 11

12 ASPECTOS EPIDEMIOLOacuteGICOS 12

121 Distribuiccedilatildeo da Doenccedila 12

122 Cadeia Epidemioloacutegica 13

123 Raiva no Brasil 14

124 Raiva em Pernambuco 15

125 Raiva em Morcegos 16

126 Raiva em Animais Silvestres 17

127 Tratamento 18

1271 Profilaxia Preacute-exposiccedilatildeo 18

1272 Profilaxia Poacutes-exposiccedilatildeo 19

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina 19

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro 20

1275 Consideraccedilotildees sobre o Ferimento 21

128 Consideraccedilotildees sobre o Animal 22

2 JUSTIFICATIVA 23

21 PERGUNTA CONDUTORA 23

3 OBJETIVOS 24

31 OBJETIVO GERAL 24

32 OBJETIVOS ESPECIacuteFICOS 24

4 PROCEDIMENTOS METODOLOGICOS 25

41 AacuteREA DE ESTUDO 25

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA 25

43 DESENHO DO ESTUDO 25

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS 25

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS 26

46 ANAacuteLISE DOS DADOS 26

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS 26

5 RESULTADOS 28

10

6 DISCUSSAtildeO 34

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 39

REFEREcircNCIAS 40

Anexo A - Ficha de atendimento antirraacutebico humano 44

Anexo B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a

vacina de cultivo celular

46

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

A raiva eacute uma encefalite aguda causada por viacuterus Todos os mamiacuteferos satildeo

susceptiacuteveis agrave infecccedilatildeo que se daacute pela penetraccedilatildeo do viacuterus contido na saliva do animal

infectado atraveacutes da mordedura arranhadura ou lambedura Possui grande importacircncia

epidemioloacutegica por apresentar letalidade de quase 100 (BRASIL 2005) Soacute tendo ocorrido

a cura em poucos casos sendo um deles nos Estados Unidos em 2004 e outro em um

adolescente de 15 anos do municiacutepio de Floresta estado de Pernambuco em 2008 apoacutes ter

sido mordido por morcego hematoacutefago (KOTAIT et al 2009)

O periacuteodo de incubaccedilatildeo da doenccedila eacute bastante variaacutevel indo de dias a anos e estaacute

relacionado a localizaccedilatildeo extensatildeo e profundidade da lesatildeo agrave distacircncia do ferimento ao

ceacuterebro e agrave concentraccedilatildeo de partiacuteculas virais (BRASIL 2005) A raiva possui muitas

interfaces entre o mundo humano e animal de modo que o surgimento da doenccedila guarda

estreita ligaccedilatildeo entre o tratamento de pessoas expostas as atividades de vigilacircncia

epidemioloacutegica e o controle da raiva animal

A doenccedila tem ocorrecircncia quase universal Em alguns paiacuteses desenvolvidos a raiva

humana estaacute erradicada e a raiva nos animais domeacutesticos estaacute controlada mas ainda eacute

efetuada vigilacircncia epidemioloacutegica em funccedilatildeo dos animais silvestres Atualmente soacute existe

um uacutenico continente livre da doenccedila que eacute a Oceania (BRASIL 2005)

11 ASPECTOS HISTOacuteRICOS

A raiva eacute uma doenccedila muito temida desde a Antiguidade devido agrave transmissatildeo ao

quadro cliacutenico e agrave evoluccedilatildeo Era referida como uma doenccedila que tornava ldquoloucosrdquo homens e

catildees (KOTAIT et al 2009)

Os egiacutepcios entendiam que a alteraccedilatildeo de comportamento de catildees devia-se a influecircncia

maligna da Siacuterius (constelaccedilatildeo Catildeo Maior) Jaacute os romanos descobriram a capacidade

infecciosa da saliva dos catildees raivosos chamando este material de veneno foi de onde surgiu a

palavra latina viacuterus Na Greacutecia foram descritas praacuteticas de cauterizaccedilatildeo das feridas

provocadas pelo animal raivoso ateacute o final do seacuteculo XIX quando foi desenvolvida a vacina

(KOTAIT et al 2009)

Em 1880 Louis Pasteur iniciou seus estudos sobre a raiva e no ano seguinte

conseguiu isolar o viacuterus e produzir uma vacina Em 1884 esta foi utilizada

experimentalmente em animais e em 1885 nos humanos em um menino de 9 anos chamado

12

Joseph Meister O sucesso com a vacina teve enorme impacto nas medidas de tratamento

contra essa enfermidade sendo utilizada em todo o mundo Foi tambeacutem determinante para a

criaccedilatildeo de instituiccedilotildees de pesquisa para produccedilatildeo e aplicaccedilatildeo da vacina surgindo assim o

Instituto Pasteur em 1888 (COSTA et al 2000)

No Brasil o primeiro serviccedilo antirraacutebico foi instituiacutedo com a inauguraccedilatildeo em 1888

do Instituto Pasteur no Rio de Janeiro Em 1899 foi criado o Instituto Pasteur de Pernambuco

(LIMA GUIMARAtildeES OLIVEIRA 2000) e soacute em 1903 foi fundado o Instituto Pasteur de

Satildeo Paulo (COSTA et al 2000)

Antonio Carini entatildeo diretor do Instituto Pasteur de Satildeo Paulo levantou a hipoacutetese

em 1911 dos morcegos hematoacutefagos serem os transmissores da raiva dos herbiacutevoros Anos

apoacutes foi confirmada a raiva tambeacutem em morcegos frugiacutevoros e insetiacutevoros mas este tipo de

transmissor soacute foi levado em consideraccedilatildeo quando um menino foi atacado por um morcego

insetiacutevoro na Floacuterida em 1953 Apoacutes esta data inuacutemeros casos humanos foram confirmados

nos Estados Unidos e satildeo notificados ateacute os dias de hoje (COSTA et al 2000)

12 ASPECTOS EPIDEMIOLOacuteGICOS

Os dados epidemioloacutegicos satildeo essenciais para definiccedilatildeo dos fatores condicionantes e

determinantes de uma doenccedila Na vigilacircncia da raiva estes dados auxiliam na tomada de

decisatildeo do tratamento poacutes-exposiccedilatildeo e na conduta com o animal envolvido aleacutem disso casos

de raiva humana representam falecircncia do sistema de sauacutede local e servem como indicador

para avaliaccedilatildeo da qualidade dos serviccedilos

121 Distribuiccedilatildeo da Doenccedila

A raiva eacute conhecida desde a antiguidade mas ateacute hoje representa um problema de

sauacutede puacuteblica nos paiacuteses em desenvolvimento (BRASIL 2005) Nos Estados Unidos o

nuacutemero de casos de raiva humana a partir de 1940 foi superior a 30 devido a morcegos

insetiacutevoros (KOTAIT et al 2009)

Na Ameacuterica do Norte (Estados Unidos e Canadaacute) e alguns paiacuteses da Europa (Franccedila e

Inglaterra) o maior peso da raiva estaacute nas espeacutecies silvestres (BRASIL 2005) Poreacutem na

Venezuela a raiva canina prevalece como o principal foco transmissor da doenccedila devido ao

baixo percentual de cobertura vacinal sendo este de apenas 33 no periacuteodo de 1996 a 2006

13

Aleacutem disso grande parcela da populaccedilatildeo encontra-se mais vulneraacutevel por causa do baixo

niacutevel socioeconocircmico e educativo (FUENTES et al 2008)

Os paiacuteses da Ameacuterica que mais registram casos de raiva satildeo o Brasil Colocircmbia e

Peru devido ao grande nuacutemero de agressotildees por morcegos hematoacutefagos Neste continente no

ano de 2004 os animais silvestres contribuiacuteram com 599 dos casos e os animais

domeacutesticos com 401 sendo a raiva humana presente em quase todos os paiacuteses exceto o

Caribe (ORGANIZACcedilAtildeO PAN-AMERICANA DE SAUacuteDE 2006)

Nos uacuteltimos anos alguns paiacuteses como China Tailacircndia Sri- Lanka e Tuniacutesia

conseguiram progressos importantes nos programas de controle da raiva combinando a

vacinaccedilatildeo de catildees com a melhoria do tratamento antirraacutebico possibilitando assim a reduccedilatildeo

dos casos da doenccedila em humanos (SILVA et al 2009)

No continente asiaacutetico ocorrem cerca de 35000 a 55000 casos de raiva humana por

ano e aproximadamente 7 milhotildees de tratamentos com vacinaccedilatildeo Na Aacutefrica estima-se em

5000 a 15000 o nuacutemero de mortes humanas por ano e a vacinaccedilatildeo em cerca de 500000

pessoas Na Ameacuterica Latina os casos em humanos satildeo menores que 100 por ano e o

tratamento fica em torno de 500000 pessoas Na Ameacuterica do Norte e Europa o nuacutemero de

casos de raiva humana reduz a menos de 50 e o tratamento antirraacutebico eacute conferido a

aproximadamente 100000 pessoas (SILVA et al 2009)

O nuacutemero de casos de raiva transmitidos por morcegos tem crescido muito nos uacuteltimos

tempos Na atualidade o grande desafio corresponde agrave detecccedilatildeo precoce da circulaccedilatildeo do

viacuterus em animais silvestres aleacutem da manutenccedilatildeo do controle via imunizaccedilatildeo em animais

domeacutesticos

122 Cadeia Epidemioloacutegica

O viacuterus da raiva adaptou-se a vaacuterias espeacutecies que atuam como reservatoacuterios garantindo

a perpetuaccedilatildeo do viacuterus na natureza Estas adaptaccedilotildees originam as variantes que por vezes

apresentam alteraccedilotildees as quais satildeo utilizadas como marcadores epidemioloacutegicos que tem o

objetivo de identificar as interaccedilotildees do viacuterus com suas espeacutecies hospedeiras e o meio

ambiente e com a biologia da infecccedilatildeo (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

As intervenccedilotildees do homem no ecossistema tecircm gerado mudanccedilas de comportamento

de animais silvestres que passaram a procurar abrigos e fontes de alimentos nos centros

urbanos (SILVA LANGONI 2011) Estes fatos modificaram a epidemiologia das zoonoses

trazendo a raiva silvestre para a populaccedilatildeo humana (CARRIERI et al 2006)

14

A cadeia epidemioloacutegica da raiva estaacute dividida em dois principais ciclos de

transmissatildeo terrestre e aeacutereo (CALDAS et al 2007) O ciclo terrestre eacute constituiacutedo por catildees

e gatos agressores destes 823 satildeo domiciliados e a maior parte deles satildeo machos ateacute um

ano de idade (BUSO NUNES QUEIROZ 2009) No periacuteodo de transmissibilidade da

doenccedila esses animais se afastam do domiciacutelio andando quilocircmetros fazendo inuacutemeras

viacutetimas ou infectando novos hospedeiros (CARRIERI et al 2006)

Os outros mamiacuteferos que fazem parte do ciclo terrestre satildeo os herbiacutevoros A estimativa

eacute que haja no Brasil mortes de 842688 cabeccedilas por ano Na Paraiacuteba entre 2002 a 2004 houve

um surto de raiva nesses animais apresentando morbidade meacutedia de 75 e letalidade de

100 Estima-se que 1875 das mortes de bovinos no estado ocorrem por raiva Todos os

surtos exceto um aconteceram em animais natildeo vacinados (LIMA et al 2005)

As mudanccedilas na natureza ocasionadas pelo homem implicam em condiccedilotildees favoraacuteveis

para expansatildeo de morcegos e consequente aumento de casos de raiva bovina (MENEZES

2008) No Nordeste aleacutem dos morcegos hematoacutefagos a raposa tambeacutem se apresenta como um

importante transmissor e reservatoacuterio para o viacuterus da raiva (LIMA et al 2005)

O ciclo aeacutereo eacute caracterizado pela transmissatildeo do viacuterus raacutebico entre morcegos

hematoacutefagos ou natildeo Na Ameacuterica Latina haacute com frequumlecircncia casos de raiva humana por

agressotildees de morcegos hematoacutefagos pela ausecircncia de outras fontes alimentares e pelas

alteraccedilotildees ambientais (KOTAIT et al 2009)

Em morcegos a presenccedila do viacuterus raacutebico eacute detectada em diversos oacutergatildeos reforccedilando a

transmissatildeo de outros animais e seres humanos atraveacutes do contato com secreccedilotildees e com

morcegos vivos ou mortos O aparecimento do viacuterus nos pulmotildees ratifica a transmissatildeo por

aerossoacuteis entre todas as espeacutecies de morcegos que povoam uma mesma aacuterea (SCHEFFER et

al 2007 SILVA et al 2007) Portanto deve-se evitar contato com estes animais

principalmente quando apresentarem sinais da doenccedila como alteraccedilatildeo de comportamento

(voos diurnos) dificuldade de locomoccedilatildeo e agressividade (QUEIROZ et al 2009)

123 Raiva no Brasil

Os casos de raiva humana no Brasil demonstra uma reduccedilatildeo bastante significativa

diminuiu de 168 casos em 1980 (SCHENEIDER 1990) para 73 em 1990 26 em 2000

(PERNAMBUCO 2010) 3 em 2008 sendo dois por morcegos e um por primatas natildeo

humano (BRASIL 2009) e 2 em 2010 na regiatildeo Nordeste (BRASIL 2010a)

15

No Sul natildeo haacute registros de casos humanos desde 1988 Mas haacute uma emergecircncia do

ciclo silvestre no paiacutes onde se destaca uma maior detecccedilatildeo de casos de raiva em morcegos e

outras espeacutecies silvestres (BATISTA FRANCO ROEHE 2007 CALDAS et al 2007

PERNAMBUCO 2010) As agressotildees por morcegos aumentaram de 12 nos anos de 1990 a

1999 para 46 nos anos de 2000 a 2010 (PERNAMBUCO 2010)

A doenccedila eacute endecircmica no paiacutes e apresenta grau diferenciado de acordo com a regiatildeo

geopoliacutetica Na Regiatildeo Nordeste de 1986 a 2001 foram registrados 5880 dos casos

humanos jaacute a Norte 2085 a Sudeste registrou 1080 a Centro-Oeste 940 e a Sul

015 Em 1987 ocorreu um caso no Paranaacute sendo o uacuteltimo caso de registro de raiva nos

estados do Sul cuja fonte de infecccedilatildeo foi um morcego hematoacutefago A transmissatildeo da doenccedila

a humanos no periacuteodo de 1991 a 2001 foi de 8052 por catildees e gatos 1013 por morcegos

e 494 por outros animais raposas saguis gato selvagem bovinos equinos caititus

gambaacutes suiacutenos e caprinos (BRASIL 2005)

Nos anos de 1997 ateacute 2003 os catildees foram os principais transmissores da doenccedila no

Paiacutes sendo implicados em 84 das transmissotildees em humanos De 2004 a 2006 houve um

decreacutescimo significativo de casos em catildees estes representando 15 e um aumento das

infecccedilotildees por animais silvestres principalmente por morcegos hematoacutefagos que passaram a

ser responsaacuteveis por 825 dos casos Aleacutem disso as infecccedilotildees em morcegos natildeo

hematoacutefagos tecircm evoluiacutedo trazendo grande preocupaccedilatildeo para vigilacircncia epidemioloacutegica jaacute

que a raacutepida adaptaccedilatildeo desses animais ao meio urbano pode dar margem a infecccedilotildees em

animais domeacutesticos e humanos (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

124 Raiva em Pernambuco

Em Pernambuco a doenccedila ainda natildeo estaacute sob controle principalmente por haver uma

grande expansatildeo das aacutereas de ocorrecircncia de casos em bovinos causados por morcegos

hematoacutefagos (Desmodus rotundus) Constituindo assim um problema emergente de sauacutede

puacuteblica para o Estado (PERNAMBUCO 2009)

O iacutendice de positividade para a raiva canina no ano de 2000 no Estado foi de 65

aumentando para 10 em 2001 e apresentando decreacutescimo a partir de 2002 passando de

86 para 05 em 2008 No periacuteodo de 2000 a 2007 a cobertura vacinal superou a meta de

80 preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (PERNAMBUCO 2009)

Os casos de raiva humana em Pernambuco apresentam grande decreacutescimo no ano de

1992 quando houve o maior nuacutemero de casos (10 casos) No periacuteodo de 2000 a 2008

16

ocorreram quatro casos positivos dentre eles as espeacutecies agressoras foram catildeo e morcego

sendo este uacuteltimo o primeiro caso de cura no Brasil (PERNAMBUCO 2009)

125 Raiva em morcegos

Haacute no Brasil cerca de 140 espeacutecies de morcegos desse total o viacuterus da raiva jaacute foi

isolado de 31 espeacutecies Este nuacutemero eacute considerado pequeno quando comparado ao

encontrado nos Estados Unidos de 39 espeacutecies identificadas o viacuterus da raiva foi isolado de

30 Todas as espeacutecies de morcego podem transmitir a raiva independente de seu haacutebito

alimentar (KOTAIT et al 2009)

Em Presidente Prudente-SP haacute um iacutendice de positividade muito alto em quiroacutepteros

Esta regiatildeo era zona silenciosa para a raiva ateacute 2001 quando ocorreu um caso de morte em

mulher atacada por um gato poreacutem a variante encontrada foi de morcego hematoacutefago Aleacutem

disso ocorreu tambeacutem em 2002 um surto de raiva em bovinos tambeacutem decorrente de

agressotildees por morcegos hematoacutefagos (ALBAS et al 2005)

Em Satildeo Paulo estudos sobre variantes antigecircnicas demonstram vaacuterias amostras com

morcegos insetiacutevoros no Brasil Isso se deve a coabitaccedilatildeo de morcegos hematoacutefagos e natildeo

hematoacutefagos disseminando o viacuterus entre eles (ALBAS et al 2010)

Na Colocircmbia em 2009 notificou-se o primeiro caso de raiva humana na aacuterea urbana

transmitida por morcego Aleacutem disso o paciente veio a oacutebito pois o tratamento inicial natildeo foi

conferido mostrando a vulnerabilidade de todos os niacuteveis de atenccedilatildeo envolvidos Como o

periacuteodo de incubaccedilatildeo do viacuterus raacutebico eacute variaacutevel e mais prolongado em morcegos deve-se

implementar estudos que caracterizem os aspectos fundamentais desta doenccedila nesta espeacutecie

animal (BADILLO MANTILLA PRADILLA 2009)

Em 2004 e 2005 ocorreram surtos de raiva no Paraacute provenientes de variante de

morcegos hematoacutefagos presentes em vaacuterias espeacutecies dentre elas bovinos equinos suiacutenos

humanos felinos e morcegos Apoacutes um ano do surto de 2004 ainda detectou-se a variante em

circulaccedilatildeo no municiacutepio de Viseu isolado em amostras humana e bovina (BARBOSA et al

2007) Em Araccedilatuba-SP a espeacutecie quiroacuteptera eacute a terceira mais agressora com 81 (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009) Em estudos na mesma regiatildeo 12 dos morcegos diagnosticados

positivos agrediram pessoas e animais (QUEIROZ et al 2009)

Em trabalhos publicados no Brasil observou-se maior presenccedila de positividade em

morcegos insetiacutevoros (SCHEFFER et al 2007 QUEIROZ et al 2009) o que torna a

situaccedilatildeo mais alarmante jaacute que a interaccedilatildeo de morcegos natildeo hematoacutefagos com pessoas e seus

17

animais aumenta a cada dia devido a devastaccedilatildeo do habitat destes e a adaptaccedilatildeo a abrigos

urbanos (ALBAS et al 2009 TIRIBA SHMAL 2010)

No Paraacute a taxa de ataque por morcegos eacute muito alta Aleacutem disso do total de

agredidos 100 relataram natildeo conhecerem a necessidade de tratamento profilaacutetico Portanto

a adoccedilatildeo de medidas de esclarecimento agrave populaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel (WADA et al 2004) Jaacute

que uma vez mordido por morcegos o homem deve passar por tratamento imediato (soro e

vacina) sem interrupccedilatildeo pois o periacuteodo de incubaccedilatildeo eacute muito raacutepido levando o paciente natildeo

tratado ao oacutebito (SCHEFFER et al 2007 TIRIBA SHMAL 2010)

126 Raiva em animais silvestres

A raiva em animais silvestres vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia

epidemioloacutegica desse agravo no Brasil devido agrave presenccedila de morcegos natildeo hematoacutefagos em

aacutereas urbanas caniacutedeos silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais

(BRASIL 2009) Em 2009 foram notificados com raiva confirmada 158 morcegos natildeo

hematoacutefagos 16 morcegos hematoacutefagos 22 caniacutedeos silvestres 3 primatas natildeo humanos e

um gato do mato (BRASIL 2010b)

A raiva nos animais domeacutesticos eacute controlada com a vacinaccedilatildeo anual Poreacutem os

animais silvestres natildeo satildeo imunizados ficando assim mais expostos aos riscos de

contaminaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

A aplicaccedilatildeo de vacina de cultivo celular apresenta-se como uma alternativa para

imunizaccedilatildeo de animais silvestres Em estudos feitos com saguis esse tipo de vacinaccedilatildeo

mostrou-se eficaz apoacutes 45 dias aplicando-se apenas uma uacutenica dose Outra boa alternativa

seria a realizaccedilatildeo de estudos no uso de vacina oral para animais silvestres a fim de facilitar a

vacinaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

Em Pernambuco a criaccedilatildeo de macacos principalmente saguis como animal de

estimaccedilatildeo eacute bastante comum Em estudo realizado em Satildeo Paulo no periacuteodo de 1996 a 1999

observou-se uma diminuiccedilatildeo das agressotildees por macacos indicando um decreacutescimo na criaccedilatildeo

clandestina destes animais e na alimentaccedilatildeo deles em parques puacuteblicos Aleacutem disso a

indicaccedilatildeo de tratamento foi de 85 indicando uma maior conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao perigo desses acidentes (RAMOS RAMOS 2002)

18

127 Tratamento

O desenvolvimento da raiva estaacute relacionado a diversos fatores desde a gravidade da

mordedura e agrave proximidade do SNC ateacute o estado de sauacutede do paciente e sua resposta imune

(CARRIERI et al 2006) Por isso cada caso deve ser avaliado para que seja instalada a

profilaxia adequada a fim de se evitar a doenccedila

O Ministeacuterio da Sauacutede criou em 1973 o Programa Nacional de Controle da Raiva ndash

PNCR com o objetivo de eliminar a raiva humana transmitida por catildees e gatos O controle da

raiva canina foi realizado a partir das accedilotildees de vacinaccedilatildeo de catildees e gatos tratamento

profilaacutetico de pessoas expostas vigilacircncia epidemioloacutegica diagnoacutestico laboratorial controle

de populaccedilatildeo animal e educaccedilatildeo em sauacutede (SCHNEIDER et al 1996)

Devido ao tratamento de raiva humana realizado nos Estados Unidos (2004) e em

Pernambuco (2008) que decorreu na cura dos pacientes o Ministeacuterio da Sauacutede publicou e

divulgou para as Secretarias Municipais e Estaduais de Sauacutede o Protocolo de Tratamento de

Raiva Humana denominado Protocolo Recife (BRASIL 2009 BRASIL 2010b) Apesar

disso a profilaxia continua sendo a melhor maneira de prevenccedilatildeo pois a chance de cura ainda

eacute pequena e natildeo se tem conhecimento suficiente sobre as sequelas que o paciente pode

apresentar

A populaccedilatildeo ainda desconhece a gravidade da doenccedila Ateacute os dias atuais satildeo relatados

abandonos de tratamento e procura ao serviccedilo de sauacutede apenas para tratamento do ferimento

Em estudo realizado 245 dos atendidos consideraram desnecessaacuterio o tratamento completo

e 138 natildeo obtiveram orientaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao tratamento demonstrando a falta de

informaccedilatildeo e o descompromisso dos profissionais de sauacutede (VELOSO et al 2011)

1271 Profilaxia preacute-exposiccedilatildeo

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute indicada para pessoas expostas permanentemente ao risco

de infecccedilatildeo pelo viacuterus da raiva tais como meacutedicos veterinaacuterios bioacutelogos profissionais e

auxiliares de laboratoacuterio para diagnoacutestico da raiva estudantes dessas aacutereas e pessoas que

atuam na vacinaccedilatildeo captura e em zooloacutegicos (COSTA et al 2000 BRASIL 2005)

O esquema de tratamento eacute de trecircs doses aplicadas nos dias 0 7 e 28 Deve-se fazer o

controle soroloacutegico a partir do 14ordm dia apoacutes a uacuteltima dose do esquema e repeti-lo anualmente

Eacute importante destacar que eacute necessaacuterio administrar uma dose de reforccedilo sempre que os tiacutetulos

forem inferiores a 05 UIml (BRASIL 2005)

19

Em dados recentes observou-se que a aplicaccedilatildeo do esquema preacute-exposiccedilatildeo em

profissionais de sauacutede e viajantes que podem facilmente buscar atendimento no caso de uma

nova exposiccedilatildeo pode ser efetuada atraveacutes da via intradeacutermica trazendo um custo bem menor

ao paiacutes (CUNHA et al 2010)

Jaacute em populaccedilotildees de difiacutecil acompanhamento como da regiatildeo ribeirinha da Amazocircnia

recomenda-se o esquema por via intramuscular que confere uma imunidade mais duradoura

Tambeacutem foi identificado que apoacutes a terceira dose em ambas as vias de administraccedilatildeo eacute

desnecessaacuteria a sorologia em indiviacuteduos sob controle uma vez que todos os voluntaacuterios do

experimento apresentaram niacuteveis de anticorpos satisfatoacuterios ge05 UImL (CUNHA et al

2010)

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute considerada pelo serviccedilo como de pouca importacircncia jaacute

que apenas 377 dessa informaccedilatildeo eacute registrada Esse fato evidencia as falhas no sistema de

vigilacircncia e a necessidade de adequaccedilatildeo das prescriccedilotildees para que se atinjam niacuteveis ideais de

tratamento e seguranccedila para populaccedilatildeo atendida (RIGO HONER 2005)

1272 Profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo

O paciente apoacutes a agressatildeo por mamiacutefero deve ser avaliado para indicaccedilatildeo ou natildeo da

profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo que quando indicada deve ter iniacutecio o mais precocemente possiacutevel

pois quando o viacuterus atinge o SNC o paciente geralmente evolui para o oacutebito (KOTAIT et al

2009)

O tratamento poacutes-exposiccedilatildeo prescrito depende principalmente da espeacutecie do animal

agressor do tipo da lesatildeo e no caso de catildees e gatos da possibilidade da observaccedilatildeo (Anexo

B) (GARCIA et al 1999 BRASIL 2005)

Haacute no Brasil um nuacutemero bastante elevado de tratamentos profilaacuteticos humanos que

poderiam ser reduzidos pela educaccedilatildeo em sauacutede atraveacutes de orientaccedilotildees sobre os animais

agressores e os fatores que desencadeiam a agressividade os cuidados com o ferimento a

posse responsaacutevel dos animais aleacutem da observaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo cliacutenica dos catildees e gatos

domiciliados (GARCIA et al 1999 FRIAS 2008)

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina

Em 2009 na Regiatildeo Nordeste e a partir de 2010 no restante do paiacutes a campanha de

vacinaccedilatildeo nacional substituiu a vacina Fuenzalida amp Palaacutecios modificada pela vacina de

20

cultivo celular canina (BRASIL 2009) Essa modificaccedilatildeo deve-se ao fato dessa vacina

apresentar maior imunogenicidade e seguranccedila aleacutem de ser recomendada pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede (BRASIL 2010a)

A vacina de cultivo celular foi utilizada em Pernambuco em 2009 sem apresentar altos

iacutendices de reaccedilotildees adversas Entretanto a vacina introduzida em junho de 2010 em todo paiacutes

(BRASIL 2010a) teve sua aplicaccedilatildeo suspensa em outubro do mesmo ano pelo Ministeacuterio da

Sauacutede que determinou a interrupccedilatildeo da campanha vacinal ateacute a conclusatildeo dos estudos sobre o

aumento das mortes e reaccedilotildees adversas apresentadas em catildees e gatos vacinados (BRASIL

2010c)

Em humanos a vacina utilizada para tratamento profilaacutetico tambeacutem eacute a vacina de

cultivo celular esta eacute produzida em cultura de ceacutelulas (diploacuteides humanas ceacutelulas Vero

ceacutelulas de embriatildeo de galinha e pato etc) com viacuterus inativados por betapropiolactona e com

potecircncia miacutenima de 25 UIdose A vacina eacute apresentada de forma liofilizada devendo ser

conservada na temperatura entre + 2ordmC a + 8ordmC ateacute o momento de sua aplicaccedilatildeo Seu esquema

vacinal completo eacute de 5 doses aplicadas nos dias 0 3 7 14 e 28 (BRASIL 2005)

Natildeo haacute contra indicaccedilatildeo (gravidez mulheres lactantes doenccedila intercorrente ou outros

tratamentos) Sempre que possiacutevel recomenda-se a interrupccedilatildeo do tratamento com corticoacuteides

eou imunossupressores As manifestaccedilotildees adversas relatadas com maior frequumlecircncia satildeo

reaccedilatildeo local febre mal estar naacuteuseas e cefaleacuteia Natildeo haacute relato de ocorrecircncia de oacutebito

associado ao uso da vacina de cultivo celular (BRASIL 2005)

A frequumlecircncia de reaccedilotildees neuroloacutegicas associadas a esta vacina citada na literatura

cientiacutefica eacute baixa De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede ateacute junho de 1996

haviam sido relatados seis casos de reaccedilotildees neuroloacutegicas temporalmente associadas a vacina

A incidecircncia de manifestaccedilotildees neuroloacutegicas considerando-se todos estes casos como

realmente provocados pela vacina eacute de cerca de 1 para cada 500000 pacientes tratados A

incidecircncia de reaccedilotildees aleacutergicas notificadas nos EUA agrave vacina de ceacutelulas diploacuteides foi de 11

casos por 10000 pacientes tratados (011) As reaccedilotildees variam de urticaacuteria a anafilaxia e

ocorrem principalmente apoacutes as doses de reforccedilo a maioria dos pacientes natildeo necessita de

internaccedilatildeo hospitalar (COSTA et al 2000)

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro

O soro heteroacutelogo eacute uma soluccedilatildeo concentrada e purificada de anticorpos preparada em

equiacutedeos imunizados contra o viacuterus da raiva A temperatura de conservaccedilatildeo eacute entre +2ordm a

21

+8ordmC A dose indicada eacute de 40 UIkg de peso Deve-se infiltrar nas lesotildees a maior quantidade

possiacutevel da dose do soro caso natildeo seja possiacutevel aplicar a miacutenima quantidade possiacutevel na

regiatildeo gluacutetea O uso do soro natildeo eacute recomendado para pacientes imunizados anteriormente Em

pacientes com histoacuterico de reaccedilotildees aleacutergicas e reaccedilatildeo anafilaacutetica ao soro heteroacutelogo

recomenda-se o uso do soro homoacutelogo (imunoglobulina humana hiperimune antirraacutebica) na

dose de 20UIKg de peso (BRASIL 2005)

1275 Consideraccedilotildees sobre o ferimento

A limpeza do ferimento com aacutegua corrente e sabatildeo eacute imprescindiacutevel em qualquer

caso de mordedura arranhadura ou lambedura que possa haver contaminado a viacutetima com o

viacuterus da raiva Esta deve eliminar todas as sujidades e em seguida devem ser utilizados

antisseacutepticos que inativem o viacuterus da raiva (iodo povidine clorexidine e aacutelcool iodado) a

mucosa ocular deve ser lavada com aacutegua corrente ou soluccedilatildeo fisioloacutegica (COSTA et al 2000

BRASIL 2005)

A utilizaccedilatildeo de antisseacutepticos ou mesmo o uso de aacutegua e sabatildeo para lavagem dos

ferimentos eacute relatada em 831 dos casos analisados em estudos indicando a

conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo para essa conduta importante de prevenccedilatildeo de doenccedilas

(GARCIA et al 1999)

A sutura do ferimento natildeo eacute recomendada mas caso seja necessaacuterio aproximar as

bordas com pontos isolados e infiltrar soro antirraacutebico humano uma hora antes da sutura

Dependendo da necessidade do paciente outras condutas podem ser realizadas como a

administraccedilatildeo de antibioacuteticos e a profilaxia antitetacircnica (COSTA et al 2000 BRASIL

2005)

128 Consideraccedilotildees sobre o animal

O Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (BRASIL 2005) traz algumas consideraccedilotildees em

relaccedilatildeo aos animais agressores dentre eles

bull O periacuteodo de observaccedilatildeo de dez dias eacute restrito aos catildees e gatos

bull A agressatildeo por outros animais domeacutesticos (bovinos ovinos caprinos equiacutedeos e suiacutenos)

deveraacute ser avaliada e se necessaacuterio deveraacute ser indicado o tratamento profilaacutetico

bull Estaacute indicado tratamento sistematicamente para todos os casos de agressatildeo por animais

silvestres mesmo quando domiciliados e domesticados

22

bull Natildeo eacute indicado tratamento nas agressotildees causadas por ratos ratazanas cobaias e lagomorfos

(urbanos ou de criaccedilatildeo)

bull Nas agressotildees por morcegos deve-se proceder a soro-vacinaccedilatildeo independentemente do tipo

de morcego agressor do tempo decorrido e da gravidade da lesatildeo

23

2 JUSTIFICATIVA

A raiva constitui um importante problema de sauacutede puacuteblica devido ao seu prognoacutestico

quase sempre fatal No entanto essa alta letalidade pode ser reduzida a partir da prevenccedilatildeo da

doenccedila atraveacutes do adequado atendimento e tratamento profilaacutetico Estes uacuteltimos ocorrem

desde a avaliaccedilatildeo do caso e conduta cliacutenica ateacute questotildees estruturais e organizacionais dos

serviccedilos de sauacutede

Esta pesquisa justifica-se pela carecircncia de estudos neste sentido em Pernambuco e pela

mudanccedila no perfil epidemioloacutegico da raiva com diminuiccedilatildeo dos casos em caninos e felinos e

aumento dos casos em morcegos herbiacutevoros e outros animais silvestres

Com este trabalho pretende-se analisar o atendimento antirraacutebico humano nos

indiviacuteduos agredidos por animais silvestres no estado de Pernambuco Dessa forma busca-se

melhorar o conhecimento de alguns aspectos relacionados agrave profilaxia da raiva por animais

silvestres melhoria da vigilacircncia epidemioloacutegica planejamento e adoccedilatildeo de variadas accedilotildees de

sauacutede puacuteblica

21 PERGUNTA CONDUTORA

Como estaacute sendo efetuado o atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo nas

agressotildees por animais silvestres

24

3 OBJETIVOS

31 GERAL

Caracterizar o perfil epidemioloacutegico do atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em agressotildees por animais silvestres e analisar a adequaccedilatildeo de sua indicaccedilatildeo em Pernambuco

no periacuteodo de 2001 a 2010

32 ESPECIacuteFICOS

a) Caracterizar o perfil epidemioloacutegico segundo variaacuteveis de pessoa lugar e tempo

relativas agraves condiccedilotildees da agressatildeo e do animal agressor

b) Analisar o tratamento recomendado a cada espeacutecie agressora

25

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

41 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de abrangecircncia do estudo corresponde ao estado de Pernambuco composto por

184 municiacutepios e o territoacuterio de Fernando de Noronha

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA

O periacuteodo avaliado foi de 2001 a 2010 com o objetivo de demonstrar com melhor

precisatildeo o aumento das agressotildees por animais silvestres no estado

43 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal Esse estudo eacute apropriado para o

registro de frequumlecircncia de eventos observando sua variaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo Sua maior

vantagem eacute que natildeo haacute necessidade de grupos de comparaccedilatildeo possui alto potencial descritivo

e baixo custo operacional

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS

O evento estudado foi a profilaxia da raiva humana a partir de agressotildees por animais

silvestres analisada atraveacutes dos procedimentos registrados no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo (SINAN) sendo construiacutedos diversos tipos de agrupamentos

Desse modo foram analisados os atendimentos por espeacutecie animal atraveacutes da ficha

individual de atendimento antirraacutebico e este atendimento subdivido em grupos de variaacuteveis

Assim foram analisados os dados referentes as notificaccedilotildees individuais faixa etaacuteria e sexo

aos dados de residecircncia municiacutepio de residecircncia aos antecedentes epidemioloacutegicos

caracteriacutesticas da agressatildeo caracteriacutesticas do animal agressor e tratamento recomendado

(tratamento indicado indicaccedilatildeo do soro interrupccedilatildeo do tratamento motivo da interrupccedilatildeo e se

a unidade de sauacutede procurou o paciente que abandonou o tratamento) (Quadro 1)

Assim sendo em cada toacutepico especiacutefico de anaacutelise procurou-se verificar as principais

caracteriacutesticas das espeacutecies agressoras e o tratamento aplicado a partir das especificidades de

cada espeacutecie sendo executadas da seguinte forma observaram-se inicialmente o perfil das

26

agressotildees entre os anos de 2001 e 2010 em seguida realizaram-se observaccedilotildees no tratamento

realizado para posteriormente analisar a distribuiccedilatildeo das agressotildees no estado de Pernambuco

Os grupos foram compostos pelas variaacuteveis encontradas no proacuteprio banco de dados e

para a definiccedilatildeo dos atosprocedimentos que melhor caracterizassem as variaacuteveis utilizou-se

como referecircncia a Norma Teacutecnica do Ministeacuterio da Sauacutede (Anexo B)

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS

Os dados utilizados neste estudo foram secundaacuterios coletados na Secretaria Estadual

de Sauacutede e processados pelo SINAN atraveacutes da ficha individual de investigaccedilatildeo para

atendimento antirraacutebico humano (Anexo A) A exploraccedilatildeo do banco de dados foi realizada

atraveacutes dos programas Tabwin 36 e planilhas eletrocircnicas

46 ANAacuteLISE DOS DADOS

Foram calculadas frequumlecircncias absolutas e relativas aleacutem das meacutedias

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS

O estudo foi realizado dentro dos padrotildees da eacutetica cientiacutefica tendo sido aprovado pela

Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa sob o nordm 0511 da instituiccedilatildeo agrave qual se subordina A pesquisa

foi realizada com dados secundaacuterios da Secretaria Estadual de Sauacutede Nenhum dado de

identificaccedilatildeo dos pacientes fez parte do estudo

Quadro 1 - Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do tratamento antirraacutebico humano

VARIAacuteVEL CATEGORIZACcedilAtildeO

Relativas agraves caracteriacutesticas

da agressatildeo

Tipo de Exposiccedilatildeo Contato Indireto Arranhadura Lambedura e Mordedura

Localizaccedilatildeo Mucosa CabeccedilaPescoccedilo MatildeosPeacutes Tronco

Membros Superiores e Membros Inferiores

Ferimento Uacutenico Muacuteltiplo Ignorado e Sem Ferimento

Tipo de Ferimento Profundo Superficial Dilacerante

Relativas agraves caracteriacutesticas

do animal agressor

Espeacutecie Animal Quiroacuteptera (Morcego) Primata (Macaco) e Raposa

Condiccedilatildeo Final do Animal Positivo Cliacutenico Negativo Cliacutenico Positivo Laboratorial e Negativo Laboratorial

27

Relativas ao tratamento antirraacutebico humano

Tratamento Indicado Preacute-exposiccedilatildeo Exposiccedilatildeo Re-exposiccedilatildeo

Dispensa de tratamento Observaccedilatildeo do

animal (se catildeo ou gato) e Ignorado

Indicaccedilatildeo do Soro Sim Natildeo e Ignorado

Relativas agrave continuidade do

tratamento antirraacutebico humano

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim Natildeo e Ignorado

Motivo da Interrupccedilatildeo Unidade Indicou Abandono e Transferecircncia

Unidade de sauacutede

procurou o paciente que

abandonou o tratamento

Sim e Natildeo

28

5 RESULTADOS

Nas agressotildees por ano foram observadas tendecircncias de crescimentos com oscilaccedilotildees

principalmente em raposas sendo observados picos nos anos de 2002 (267) 2005(292) 2006

(305) e 2009 (235) Em morcegos haacute um crescimento anual ateacute um pico em 2006 (182)

posteriormente ocorre uma ligeira queda e um novo pico em 2009 (207) No que diz respeito a

macacos o nuacutemero de casos se manteacutem proacuteximo durante os anos exceto em 2003 (272) e

2007 (250) onde ocorreram elevaccedilotildees das agressotildees (Figura 1)

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo espeacutecie agressora e ano

Pernambuco 2001 a 2010

1

52

104 113138

182

117 124

207

155

0

134

272

171186

153

250

182 185

141

6

267

221

174

292305

168147

235

170

0

50

100

150

200

250

300

350

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Morcego

Macaco

Raposa

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

No periacuteodo estudado 295704 pessoas receberam tratamento antirraacutebico humano

destas 4852 (16) foram atendidas apoacutes agressotildees por animais silvestres Dentre os animais

silvestres a raposa foi a espeacutecie mais agressora representando 1985 (409) casos em

seguida encontrou-se a primata com 1674 (345) e depois a quiroacuteptera com 1193 (246)

A zona urbana foi a localidade de residecircncia com maior nuacutemero de casos em macacos

79 e morcegos 78 jaacute em raposas prevaleceu a zona rural com 745 das agressotildees

(Tabela 1)

Em relaccedilatildeo a faixa etaacuteria o grupo mais atingido foi de 20 a 49 anos (385) Em

morcegos essa faixa representa 444 das agressotildees em macacos 342 e em raposas 386

Em seguida se encontra a faixa de 50 anos e mais exceto em macacos onde prevaleceu os lt9

anos (Tabela 1)

No que diz respeito ao sexo o masculino apresentou-se mais prevalente com 2764

(57) dos casos Dentre as agressotildees por sexo e espeacutecie a raposa apresentou a maior

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

REFEREcircNCIAS

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

10

6 DISCUSSAtildeO 34

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS 39

REFEREcircNCIAS 40

Anexo A - Ficha de atendimento antirraacutebico humano 44

Anexo B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a

vacina de cultivo celular

46

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

A raiva eacute uma encefalite aguda causada por viacuterus Todos os mamiacuteferos satildeo

susceptiacuteveis agrave infecccedilatildeo que se daacute pela penetraccedilatildeo do viacuterus contido na saliva do animal

infectado atraveacutes da mordedura arranhadura ou lambedura Possui grande importacircncia

epidemioloacutegica por apresentar letalidade de quase 100 (BRASIL 2005) Soacute tendo ocorrido

a cura em poucos casos sendo um deles nos Estados Unidos em 2004 e outro em um

adolescente de 15 anos do municiacutepio de Floresta estado de Pernambuco em 2008 apoacutes ter

sido mordido por morcego hematoacutefago (KOTAIT et al 2009)

O periacuteodo de incubaccedilatildeo da doenccedila eacute bastante variaacutevel indo de dias a anos e estaacute

relacionado a localizaccedilatildeo extensatildeo e profundidade da lesatildeo agrave distacircncia do ferimento ao

ceacuterebro e agrave concentraccedilatildeo de partiacuteculas virais (BRASIL 2005) A raiva possui muitas

interfaces entre o mundo humano e animal de modo que o surgimento da doenccedila guarda

estreita ligaccedilatildeo entre o tratamento de pessoas expostas as atividades de vigilacircncia

epidemioloacutegica e o controle da raiva animal

A doenccedila tem ocorrecircncia quase universal Em alguns paiacuteses desenvolvidos a raiva

humana estaacute erradicada e a raiva nos animais domeacutesticos estaacute controlada mas ainda eacute

efetuada vigilacircncia epidemioloacutegica em funccedilatildeo dos animais silvestres Atualmente soacute existe

um uacutenico continente livre da doenccedila que eacute a Oceania (BRASIL 2005)

11 ASPECTOS HISTOacuteRICOS

A raiva eacute uma doenccedila muito temida desde a Antiguidade devido agrave transmissatildeo ao

quadro cliacutenico e agrave evoluccedilatildeo Era referida como uma doenccedila que tornava ldquoloucosrdquo homens e

catildees (KOTAIT et al 2009)

Os egiacutepcios entendiam que a alteraccedilatildeo de comportamento de catildees devia-se a influecircncia

maligna da Siacuterius (constelaccedilatildeo Catildeo Maior) Jaacute os romanos descobriram a capacidade

infecciosa da saliva dos catildees raivosos chamando este material de veneno foi de onde surgiu a

palavra latina viacuterus Na Greacutecia foram descritas praacuteticas de cauterizaccedilatildeo das feridas

provocadas pelo animal raivoso ateacute o final do seacuteculo XIX quando foi desenvolvida a vacina

(KOTAIT et al 2009)

Em 1880 Louis Pasteur iniciou seus estudos sobre a raiva e no ano seguinte

conseguiu isolar o viacuterus e produzir uma vacina Em 1884 esta foi utilizada

experimentalmente em animais e em 1885 nos humanos em um menino de 9 anos chamado

12

Joseph Meister O sucesso com a vacina teve enorme impacto nas medidas de tratamento

contra essa enfermidade sendo utilizada em todo o mundo Foi tambeacutem determinante para a

criaccedilatildeo de instituiccedilotildees de pesquisa para produccedilatildeo e aplicaccedilatildeo da vacina surgindo assim o

Instituto Pasteur em 1888 (COSTA et al 2000)

No Brasil o primeiro serviccedilo antirraacutebico foi instituiacutedo com a inauguraccedilatildeo em 1888

do Instituto Pasteur no Rio de Janeiro Em 1899 foi criado o Instituto Pasteur de Pernambuco

(LIMA GUIMARAtildeES OLIVEIRA 2000) e soacute em 1903 foi fundado o Instituto Pasteur de

Satildeo Paulo (COSTA et al 2000)

Antonio Carini entatildeo diretor do Instituto Pasteur de Satildeo Paulo levantou a hipoacutetese

em 1911 dos morcegos hematoacutefagos serem os transmissores da raiva dos herbiacutevoros Anos

apoacutes foi confirmada a raiva tambeacutem em morcegos frugiacutevoros e insetiacutevoros mas este tipo de

transmissor soacute foi levado em consideraccedilatildeo quando um menino foi atacado por um morcego

insetiacutevoro na Floacuterida em 1953 Apoacutes esta data inuacutemeros casos humanos foram confirmados

nos Estados Unidos e satildeo notificados ateacute os dias de hoje (COSTA et al 2000)

12 ASPECTOS EPIDEMIOLOacuteGICOS

Os dados epidemioloacutegicos satildeo essenciais para definiccedilatildeo dos fatores condicionantes e

determinantes de uma doenccedila Na vigilacircncia da raiva estes dados auxiliam na tomada de

decisatildeo do tratamento poacutes-exposiccedilatildeo e na conduta com o animal envolvido aleacutem disso casos

de raiva humana representam falecircncia do sistema de sauacutede local e servem como indicador

para avaliaccedilatildeo da qualidade dos serviccedilos

121 Distribuiccedilatildeo da Doenccedila

A raiva eacute conhecida desde a antiguidade mas ateacute hoje representa um problema de

sauacutede puacuteblica nos paiacuteses em desenvolvimento (BRASIL 2005) Nos Estados Unidos o

nuacutemero de casos de raiva humana a partir de 1940 foi superior a 30 devido a morcegos

insetiacutevoros (KOTAIT et al 2009)

Na Ameacuterica do Norte (Estados Unidos e Canadaacute) e alguns paiacuteses da Europa (Franccedila e

Inglaterra) o maior peso da raiva estaacute nas espeacutecies silvestres (BRASIL 2005) Poreacutem na

Venezuela a raiva canina prevalece como o principal foco transmissor da doenccedila devido ao

baixo percentual de cobertura vacinal sendo este de apenas 33 no periacuteodo de 1996 a 2006

13

Aleacutem disso grande parcela da populaccedilatildeo encontra-se mais vulneraacutevel por causa do baixo

niacutevel socioeconocircmico e educativo (FUENTES et al 2008)

Os paiacuteses da Ameacuterica que mais registram casos de raiva satildeo o Brasil Colocircmbia e

Peru devido ao grande nuacutemero de agressotildees por morcegos hematoacutefagos Neste continente no

ano de 2004 os animais silvestres contribuiacuteram com 599 dos casos e os animais

domeacutesticos com 401 sendo a raiva humana presente em quase todos os paiacuteses exceto o

Caribe (ORGANIZACcedilAtildeO PAN-AMERICANA DE SAUacuteDE 2006)

Nos uacuteltimos anos alguns paiacuteses como China Tailacircndia Sri- Lanka e Tuniacutesia

conseguiram progressos importantes nos programas de controle da raiva combinando a

vacinaccedilatildeo de catildees com a melhoria do tratamento antirraacutebico possibilitando assim a reduccedilatildeo

dos casos da doenccedila em humanos (SILVA et al 2009)

No continente asiaacutetico ocorrem cerca de 35000 a 55000 casos de raiva humana por

ano e aproximadamente 7 milhotildees de tratamentos com vacinaccedilatildeo Na Aacutefrica estima-se em

5000 a 15000 o nuacutemero de mortes humanas por ano e a vacinaccedilatildeo em cerca de 500000

pessoas Na Ameacuterica Latina os casos em humanos satildeo menores que 100 por ano e o

tratamento fica em torno de 500000 pessoas Na Ameacuterica do Norte e Europa o nuacutemero de

casos de raiva humana reduz a menos de 50 e o tratamento antirraacutebico eacute conferido a

aproximadamente 100000 pessoas (SILVA et al 2009)

O nuacutemero de casos de raiva transmitidos por morcegos tem crescido muito nos uacuteltimos

tempos Na atualidade o grande desafio corresponde agrave detecccedilatildeo precoce da circulaccedilatildeo do

viacuterus em animais silvestres aleacutem da manutenccedilatildeo do controle via imunizaccedilatildeo em animais

domeacutesticos

122 Cadeia Epidemioloacutegica

O viacuterus da raiva adaptou-se a vaacuterias espeacutecies que atuam como reservatoacuterios garantindo

a perpetuaccedilatildeo do viacuterus na natureza Estas adaptaccedilotildees originam as variantes que por vezes

apresentam alteraccedilotildees as quais satildeo utilizadas como marcadores epidemioloacutegicos que tem o

objetivo de identificar as interaccedilotildees do viacuterus com suas espeacutecies hospedeiras e o meio

ambiente e com a biologia da infecccedilatildeo (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

As intervenccedilotildees do homem no ecossistema tecircm gerado mudanccedilas de comportamento

de animais silvestres que passaram a procurar abrigos e fontes de alimentos nos centros

urbanos (SILVA LANGONI 2011) Estes fatos modificaram a epidemiologia das zoonoses

trazendo a raiva silvestre para a populaccedilatildeo humana (CARRIERI et al 2006)

14

A cadeia epidemioloacutegica da raiva estaacute dividida em dois principais ciclos de

transmissatildeo terrestre e aeacutereo (CALDAS et al 2007) O ciclo terrestre eacute constituiacutedo por catildees

e gatos agressores destes 823 satildeo domiciliados e a maior parte deles satildeo machos ateacute um

ano de idade (BUSO NUNES QUEIROZ 2009) No periacuteodo de transmissibilidade da

doenccedila esses animais se afastam do domiciacutelio andando quilocircmetros fazendo inuacutemeras

viacutetimas ou infectando novos hospedeiros (CARRIERI et al 2006)

Os outros mamiacuteferos que fazem parte do ciclo terrestre satildeo os herbiacutevoros A estimativa

eacute que haja no Brasil mortes de 842688 cabeccedilas por ano Na Paraiacuteba entre 2002 a 2004 houve

um surto de raiva nesses animais apresentando morbidade meacutedia de 75 e letalidade de

100 Estima-se que 1875 das mortes de bovinos no estado ocorrem por raiva Todos os

surtos exceto um aconteceram em animais natildeo vacinados (LIMA et al 2005)

As mudanccedilas na natureza ocasionadas pelo homem implicam em condiccedilotildees favoraacuteveis

para expansatildeo de morcegos e consequente aumento de casos de raiva bovina (MENEZES

2008) No Nordeste aleacutem dos morcegos hematoacutefagos a raposa tambeacutem se apresenta como um

importante transmissor e reservatoacuterio para o viacuterus da raiva (LIMA et al 2005)

O ciclo aeacutereo eacute caracterizado pela transmissatildeo do viacuterus raacutebico entre morcegos

hematoacutefagos ou natildeo Na Ameacuterica Latina haacute com frequumlecircncia casos de raiva humana por

agressotildees de morcegos hematoacutefagos pela ausecircncia de outras fontes alimentares e pelas

alteraccedilotildees ambientais (KOTAIT et al 2009)

Em morcegos a presenccedila do viacuterus raacutebico eacute detectada em diversos oacutergatildeos reforccedilando a

transmissatildeo de outros animais e seres humanos atraveacutes do contato com secreccedilotildees e com

morcegos vivos ou mortos O aparecimento do viacuterus nos pulmotildees ratifica a transmissatildeo por

aerossoacuteis entre todas as espeacutecies de morcegos que povoam uma mesma aacuterea (SCHEFFER et

al 2007 SILVA et al 2007) Portanto deve-se evitar contato com estes animais

principalmente quando apresentarem sinais da doenccedila como alteraccedilatildeo de comportamento

(voos diurnos) dificuldade de locomoccedilatildeo e agressividade (QUEIROZ et al 2009)

123 Raiva no Brasil

Os casos de raiva humana no Brasil demonstra uma reduccedilatildeo bastante significativa

diminuiu de 168 casos em 1980 (SCHENEIDER 1990) para 73 em 1990 26 em 2000

(PERNAMBUCO 2010) 3 em 2008 sendo dois por morcegos e um por primatas natildeo

humano (BRASIL 2009) e 2 em 2010 na regiatildeo Nordeste (BRASIL 2010a)

15

No Sul natildeo haacute registros de casos humanos desde 1988 Mas haacute uma emergecircncia do

ciclo silvestre no paiacutes onde se destaca uma maior detecccedilatildeo de casos de raiva em morcegos e

outras espeacutecies silvestres (BATISTA FRANCO ROEHE 2007 CALDAS et al 2007

PERNAMBUCO 2010) As agressotildees por morcegos aumentaram de 12 nos anos de 1990 a

1999 para 46 nos anos de 2000 a 2010 (PERNAMBUCO 2010)

A doenccedila eacute endecircmica no paiacutes e apresenta grau diferenciado de acordo com a regiatildeo

geopoliacutetica Na Regiatildeo Nordeste de 1986 a 2001 foram registrados 5880 dos casos

humanos jaacute a Norte 2085 a Sudeste registrou 1080 a Centro-Oeste 940 e a Sul

015 Em 1987 ocorreu um caso no Paranaacute sendo o uacuteltimo caso de registro de raiva nos

estados do Sul cuja fonte de infecccedilatildeo foi um morcego hematoacutefago A transmissatildeo da doenccedila

a humanos no periacuteodo de 1991 a 2001 foi de 8052 por catildees e gatos 1013 por morcegos

e 494 por outros animais raposas saguis gato selvagem bovinos equinos caititus

gambaacutes suiacutenos e caprinos (BRASIL 2005)

Nos anos de 1997 ateacute 2003 os catildees foram os principais transmissores da doenccedila no

Paiacutes sendo implicados em 84 das transmissotildees em humanos De 2004 a 2006 houve um

decreacutescimo significativo de casos em catildees estes representando 15 e um aumento das

infecccedilotildees por animais silvestres principalmente por morcegos hematoacutefagos que passaram a

ser responsaacuteveis por 825 dos casos Aleacutem disso as infecccedilotildees em morcegos natildeo

hematoacutefagos tecircm evoluiacutedo trazendo grande preocupaccedilatildeo para vigilacircncia epidemioloacutegica jaacute

que a raacutepida adaptaccedilatildeo desses animais ao meio urbano pode dar margem a infecccedilotildees em

animais domeacutesticos e humanos (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

124 Raiva em Pernambuco

Em Pernambuco a doenccedila ainda natildeo estaacute sob controle principalmente por haver uma

grande expansatildeo das aacutereas de ocorrecircncia de casos em bovinos causados por morcegos

hematoacutefagos (Desmodus rotundus) Constituindo assim um problema emergente de sauacutede

puacuteblica para o Estado (PERNAMBUCO 2009)

O iacutendice de positividade para a raiva canina no ano de 2000 no Estado foi de 65

aumentando para 10 em 2001 e apresentando decreacutescimo a partir de 2002 passando de

86 para 05 em 2008 No periacuteodo de 2000 a 2007 a cobertura vacinal superou a meta de

80 preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (PERNAMBUCO 2009)

Os casos de raiva humana em Pernambuco apresentam grande decreacutescimo no ano de

1992 quando houve o maior nuacutemero de casos (10 casos) No periacuteodo de 2000 a 2008

16

ocorreram quatro casos positivos dentre eles as espeacutecies agressoras foram catildeo e morcego

sendo este uacuteltimo o primeiro caso de cura no Brasil (PERNAMBUCO 2009)

125 Raiva em morcegos

Haacute no Brasil cerca de 140 espeacutecies de morcegos desse total o viacuterus da raiva jaacute foi

isolado de 31 espeacutecies Este nuacutemero eacute considerado pequeno quando comparado ao

encontrado nos Estados Unidos de 39 espeacutecies identificadas o viacuterus da raiva foi isolado de

30 Todas as espeacutecies de morcego podem transmitir a raiva independente de seu haacutebito

alimentar (KOTAIT et al 2009)

Em Presidente Prudente-SP haacute um iacutendice de positividade muito alto em quiroacutepteros

Esta regiatildeo era zona silenciosa para a raiva ateacute 2001 quando ocorreu um caso de morte em

mulher atacada por um gato poreacutem a variante encontrada foi de morcego hematoacutefago Aleacutem

disso ocorreu tambeacutem em 2002 um surto de raiva em bovinos tambeacutem decorrente de

agressotildees por morcegos hematoacutefagos (ALBAS et al 2005)

Em Satildeo Paulo estudos sobre variantes antigecircnicas demonstram vaacuterias amostras com

morcegos insetiacutevoros no Brasil Isso se deve a coabitaccedilatildeo de morcegos hematoacutefagos e natildeo

hematoacutefagos disseminando o viacuterus entre eles (ALBAS et al 2010)

Na Colocircmbia em 2009 notificou-se o primeiro caso de raiva humana na aacuterea urbana

transmitida por morcego Aleacutem disso o paciente veio a oacutebito pois o tratamento inicial natildeo foi

conferido mostrando a vulnerabilidade de todos os niacuteveis de atenccedilatildeo envolvidos Como o

periacuteodo de incubaccedilatildeo do viacuterus raacutebico eacute variaacutevel e mais prolongado em morcegos deve-se

implementar estudos que caracterizem os aspectos fundamentais desta doenccedila nesta espeacutecie

animal (BADILLO MANTILLA PRADILLA 2009)

Em 2004 e 2005 ocorreram surtos de raiva no Paraacute provenientes de variante de

morcegos hematoacutefagos presentes em vaacuterias espeacutecies dentre elas bovinos equinos suiacutenos

humanos felinos e morcegos Apoacutes um ano do surto de 2004 ainda detectou-se a variante em

circulaccedilatildeo no municiacutepio de Viseu isolado em amostras humana e bovina (BARBOSA et al

2007) Em Araccedilatuba-SP a espeacutecie quiroacuteptera eacute a terceira mais agressora com 81 (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009) Em estudos na mesma regiatildeo 12 dos morcegos diagnosticados

positivos agrediram pessoas e animais (QUEIROZ et al 2009)

Em trabalhos publicados no Brasil observou-se maior presenccedila de positividade em

morcegos insetiacutevoros (SCHEFFER et al 2007 QUEIROZ et al 2009) o que torna a

situaccedilatildeo mais alarmante jaacute que a interaccedilatildeo de morcegos natildeo hematoacutefagos com pessoas e seus

17

animais aumenta a cada dia devido a devastaccedilatildeo do habitat destes e a adaptaccedilatildeo a abrigos

urbanos (ALBAS et al 2009 TIRIBA SHMAL 2010)

No Paraacute a taxa de ataque por morcegos eacute muito alta Aleacutem disso do total de

agredidos 100 relataram natildeo conhecerem a necessidade de tratamento profilaacutetico Portanto

a adoccedilatildeo de medidas de esclarecimento agrave populaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel (WADA et al 2004) Jaacute

que uma vez mordido por morcegos o homem deve passar por tratamento imediato (soro e

vacina) sem interrupccedilatildeo pois o periacuteodo de incubaccedilatildeo eacute muito raacutepido levando o paciente natildeo

tratado ao oacutebito (SCHEFFER et al 2007 TIRIBA SHMAL 2010)

126 Raiva em animais silvestres

A raiva em animais silvestres vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia

epidemioloacutegica desse agravo no Brasil devido agrave presenccedila de morcegos natildeo hematoacutefagos em

aacutereas urbanas caniacutedeos silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais

(BRASIL 2009) Em 2009 foram notificados com raiva confirmada 158 morcegos natildeo

hematoacutefagos 16 morcegos hematoacutefagos 22 caniacutedeos silvestres 3 primatas natildeo humanos e

um gato do mato (BRASIL 2010b)

A raiva nos animais domeacutesticos eacute controlada com a vacinaccedilatildeo anual Poreacutem os

animais silvestres natildeo satildeo imunizados ficando assim mais expostos aos riscos de

contaminaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

A aplicaccedilatildeo de vacina de cultivo celular apresenta-se como uma alternativa para

imunizaccedilatildeo de animais silvestres Em estudos feitos com saguis esse tipo de vacinaccedilatildeo

mostrou-se eficaz apoacutes 45 dias aplicando-se apenas uma uacutenica dose Outra boa alternativa

seria a realizaccedilatildeo de estudos no uso de vacina oral para animais silvestres a fim de facilitar a

vacinaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

Em Pernambuco a criaccedilatildeo de macacos principalmente saguis como animal de

estimaccedilatildeo eacute bastante comum Em estudo realizado em Satildeo Paulo no periacuteodo de 1996 a 1999

observou-se uma diminuiccedilatildeo das agressotildees por macacos indicando um decreacutescimo na criaccedilatildeo

clandestina destes animais e na alimentaccedilatildeo deles em parques puacuteblicos Aleacutem disso a

indicaccedilatildeo de tratamento foi de 85 indicando uma maior conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao perigo desses acidentes (RAMOS RAMOS 2002)

18

127 Tratamento

O desenvolvimento da raiva estaacute relacionado a diversos fatores desde a gravidade da

mordedura e agrave proximidade do SNC ateacute o estado de sauacutede do paciente e sua resposta imune

(CARRIERI et al 2006) Por isso cada caso deve ser avaliado para que seja instalada a

profilaxia adequada a fim de se evitar a doenccedila

O Ministeacuterio da Sauacutede criou em 1973 o Programa Nacional de Controle da Raiva ndash

PNCR com o objetivo de eliminar a raiva humana transmitida por catildees e gatos O controle da

raiva canina foi realizado a partir das accedilotildees de vacinaccedilatildeo de catildees e gatos tratamento

profilaacutetico de pessoas expostas vigilacircncia epidemioloacutegica diagnoacutestico laboratorial controle

de populaccedilatildeo animal e educaccedilatildeo em sauacutede (SCHNEIDER et al 1996)

Devido ao tratamento de raiva humana realizado nos Estados Unidos (2004) e em

Pernambuco (2008) que decorreu na cura dos pacientes o Ministeacuterio da Sauacutede publicou e

divulgou para as Secretarias Municipais e Estaduais de Sauacutede o Protocolo de Tratamento de

Raiva Humana denominado Protocolo Recife (BRASIL 2009 BRASIL 2010b) Apesar

disso a profilaxia continua sendo a melhor maneira de prevenccedilatildeo pois a chance de cura ainda

eacute pequena e natildeo se tem conhecimento suficiente sobre as sequelas que o paciente pode

apresentar

A populaccedilatildeo ainda desconhece a gravidade da doenccedila Ateacute os dias atuais satildeo relatados

abandonos de tratamento e procura ao serviccedilo de sauacutede apenas para tratamento do ferimento

Em estudo realizado 245 dos atendidos consideraram desnecessaacuterio o tratamento completo

e 138 natildeo obtiveram orientaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao tratamento demonstrando a falta de

informaccedilatildeo e o descompromisso dos profissionais de sauacutede (VELOSO et al 2011)

1271 Profilaxia preacute-exposiccedilatildeo

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute indicada para pessoas expostas permanentemente ao risco

de infecccedilatildeo pelo viacuterus da raiva tais como meacutedicos veterinaacuterios bioacutelogos profissionais e

auxiliares de laboratoacuterio para diagnoacutestico da raiva estudantes dessas aacutereas e pessoas que

atuam na vacinaccedilatildeo captura e em zooloacutegicos (COSTA et al 2000 BRASIL 2005)

O esquema de tratamento eacute de trecircs doses aplicadas nos dias 0 7 e 28 Deve-se fazer o

controle soroloacutegico a partir do 14ordm dia apoacutes a uacuteltima dose do esquema e repeti-lo anualmente

Eacute importante destacar que eacute necessaacuterio administrar uma dose de reforccedilo sempre que os tiacutetulos

forem inferiores a 05 UIml (BRASIL 2005)

19

Em dados recentes observou-se que a aplicaccedilatildeo do esquema preacute-exposiccedilatildeo em

profissionais de sauacutede e viajantes que podem facilmente buscar atendimento no caso de uma

nova exposiccedilatildeo pode ser efetuada atraveacutes da via intradeacutermica trazendo um custo bem menor

ao paiacutes (CUNHA et al 2010)

Jaacute em populaccedilotildees de difiacutecil acompanhamento como da regiatildeo ribeirinha da Amazocircnia

recomenda-se o esquema por via intramuscular que confere uma imunidade mais duradoura

Tambeacutem foi identificado que apoacutes a terceira dose em ambas as vias de administraccedilatildeo eacute

desnecessaacuteria a sorologia em indiviacuteduos sob controle uma vez que todos os voluntaacuterios do

experimento apresentaram niacuteveis de anticorpos satisfatoacuterios ge05 UImL (CUNHA et al

2010)

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute considerada pelo serviccedilo como de pouca importacircncia jaacute

que apenas 377 dessa informaccedilatildeo eacute registrada Esse fato evidencia as falhas no sistema de

vigilacircncia e a necessidade de adequaccedilatildeo das prescriccedilotildees para que se atinjam niacuteveis ideais de

tratamento e seguranccedila para populaccedilatildeo atendida (RIGO HONER 2005)

1272 Profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo

O paciente apoacutes a agressatildeo por mamiacutefero deve ser avaliado para indicaccedilatildeo ou natildeo da

profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo que quando indicada deve ter iniacutecio o mais precocemente possiacutevel

pois quando o viacuterus atinge o SNC o paciente geralmente evolui para o oacutebito (KOTAIT et al

2009)

O tratamento poacutes-exposiccedilatildeo prescrito depende principalmente da espeacutecie do animal

agressor do tipo da lesatildeo e no caso de catildees e gatos da possibilidade da observaccedilatildeo (Anexo

B) (GARCIA et al 1999 BRASIL 2005)

Haacute no Brasil um nuacutemero bastante elevado de tratamentos profilaacuteticos humanos que

poderiam ser reduzidos pela educaccedilatildeo em sauacutede atraveacutes de orientaccedilotildees sobre os animais

agressores e os fatores que desencadeiam a agressividade os cuidados com o ferimento a

posse responsaacutevel dos animais aleacutem da observaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo cliacutenica dos catildees e gatos

domiciliados (GARCIA et al 1999 FRIAS 2008)

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina

Em 2009 na Regiatildeo Nordeste e a partir de 2010 no restante do paiacutes a campanha de

vacinaccedilatildeo nacional substituiu a vacina Fuenzalida amp Palaacutecios modificada pela vacina de

20

cultivo celular canina (BRASIL 2009) Essa modificaccedilatildeo deve-se ao fato dessa vacina

apresentar maior imunogenicidade e seguranccedila aleacutem de ser recomendada pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede (BRASIL 2010a)

A vacina de cultivo celular foi utilizada em Pernambuco em 2009 sem apresentar altos

iacutendices de reaccedilotildees adversas Entretanto a vacina introduzida em junho de 2010 em todo paiacutes

(BRASIL 2010a) teve sua aplicaccedilatildeo suspensa em outubro do mesmo ano pelo Ministeacuterio da

Sauacutede que determinou a interrupccedilatildeo da campanha vacinal ateacute a conclusatildeo dos estudos sobre o

aumento das mortes e reaccedilotildees adversas apresentadas em catildees e gatos vacinados (BRASIL

2010c)

Em humanos a vacina utilizada para tratamento profilaacutetico tambeacutem eacute a vacina de

cultivo celular esta eacute produzida em cultura de ceacutelulas (diploacuteides humanas ceacutelulas Vero

ceacutelulas de embriatildeo de galinha e pato etc) com viacuterus inativados por betapropiolactona e com

potecircncia miacutenima de 25 UIdose A vacina eacute apresentada de forma liofilizada devendo ser

conservada na temperatura entre + 2ordmC a + 8ordmC ateacute o momento de sua aplicaccedilatildeo Seu esquema

vacinal completo eacute de 5 doses aplicadas nos dias 0 3 7 14 e 28 (BRASIL 2005)

Natildeo haacute contra indicaccedilatildeo (gravidez mulheres lactantes doenccedila intercorrente ou outros

tratamentos) Sempre que possiacutevel recomenda-se a interrupccedilatildeo do tratamento com corticoacuteides

eou imunossupressores As manifestaccedilotildees adversas relatadas com maior frequumlecircncia satildeo

reaccedilatildeo local febre mal estar naacuteuseas e cefaleacuteia Natildeo haacute relato de ocorrecircncia de oacutebito

associado ao uso da vacina de cultivo celular (BRASIL 2005)

A frequumlecircncia de reaccedilotildees neuroloacutegicas associadas a esta vacina citada na literatura

cientiacutefica eacute baixa De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede ateacute junho de 1996

haviam sido relatados seis casos de reaccedilotildees neuroloacutegicas temporalmente associadas a vacina

A incidecircncia de manifestaccedilotildees neuroloacutegicas considerando-se todos estes casos como

realmente provocados pela vacina eacute de cerca de 1 para cada 500000 pacientes tratados A

incidecircncia de reaccedilotildees aleacutergicas notificadas nos EUA agrave vacina de ceacutelulas diploacuteides foi de 11

casos por 10000 pacientes tratados (011) As reaccedilotildees variam de urticaacuteria a anafilaxia e

ocorrem principalmente apoacutes as doses de reforccedilo a maioria dos pacientes natildeo necessita de

internaccedilatildeo hospitalar (COSTA et al 2000)

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro

O soro heteroacutelogo eacute uma soluccedilatildeo concentrada e purificada de anticorpos preparada em

equiacutedeos imunizados contra o viacuterus da raiva A temperatura de conservaccedilatildeo eacute entre +2ordm a

21

+8ordmC A dose indicada eacute de 40 UIkg de peso Deve-se infiltrar nas lesotildees a maior quantidade

possiacutevel da dose do soro caso natildeo seja possiacutevel aplicar a miacutenima quantidade possiacutevel na

regiatildeo gluacutetea O uso do soro natildeo eacute recomendado para pacientes imunizados anteriormente Em

pacientes com histoacuterico de reaccedilotildees aleacutergicas e reaccedilatildeo anafilaacutetica ao soro heteroacutelogo

recomenda-se o uso do soro homoacutelogo (imunoglobulina humana hiperimune antirraacutebica) na

dose de 20UIKg de peso (BRASIL 2005)

1275 Consideraccedilotildees sobre o ferimento

A limpeza do ferimento com aacutegua corrente e sabatildeo eacute imprescindiacutevel em qualquer

caso de mordedura arranhadura ou lambedura que possa haver contaminado a viacutetima com o

viacuterus da raiva Esta deve eliminar todas as sujidades e em seguida devem ser utilizados

antisseacutepticos que inativem o viacuterus da raiva (iodo povidine clorexidine e aacutelcool iodado) a

mucosa ocular deve ser lavada com aacutegua corrente ou soluccedilatildeo fisioloacutegica (COSTA et al 2000

BRASIL 2005)

A utilizaccedilatildeo de antisseacutepticos ou mesmo o uso de aacutegua e sabatildeo para lavagem dos

ferimentos eacute relatada em 831 dos casos analisados em estudos indicando a

conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo para essa conduta importante de prevenccedilatildeo de doenccedilas

(GARCIA et al 1999)

A sutura do ferimento natildeo eacute recomendada mas caso seja necessaacuterio aproximar as

bordas com pontos isolados e infiltrar soro antirraacutebico humano uma hora antes da sutura

Dependendo da necessidade do paciente outras condutas podem ser realizadas como a

administraccedilatildeo de antibioacuteticos e a profilaxia antitetacircnica (COSTA et al 2000 BRASIL

2005)

128 Consideraccedilotildees sobre o animal

O Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (BRASIL 2005) traz algumas consideraccedilotildees em

relaccedilatildeo aos animais agressores dentre eles

bull O periacuteodo de observaccedilatildeo de dez dias eacute restrito aos catildees e gatos

bull A agressatildeo por outros animais domeacutesticos (bovinos ovinos caprinos equiacutedeos e suiacutenos)

deveraacute ser avaliada e se necessaacuterio deveraacute ser indicado o tratamento profilaacutetico

bull Estaacute indicado tratamento sistematicamente para todos os casos de agressatildeo por animais

silvestres mesmo quando domiciliados e domesticados

22

bull Natildeo eacute indicado tratamento nas agressotildees causadas por ratos ratazanas cobaias e lagomorfos

(urbanos ou de criaccedilatildeo)

bull Nas agressotildees por morcegos deve-se proceder a soro-vacinaccedilatildeo independentemente do tipo

de morcego agressor do tempo decorrido e da gravidade da lesatildeo

23

2 JUSTIFICATIVA

A raiva constitui um importante problema de sauacutede puacuteblica devido ao seu prognoacutestico

quase sempre fatal No entanto essa alta letalidade pode ser reduzida a partir da prevenccedilatildeo da

doenccedila atraveacutes do adequado atendimento e tratamento profilaacutetico Estes uacuteltimos ocorrem

desde a avaliaccedilatildeo do caso e conduta cliacutenica ateacute questotildees estruturais e organizacionais dos

serviccedilos de sauacutede

Esta pesquisa justifica-se pela carecircncia de estudos neste sentido em Pernambuco e pela

mudanccedila no perfil epidemioloacutegico da raiva com diminuiccedilatildeo dos casos em caninos e felinos e

aumento dos casos em morcegos herbiacutevoros e outros animais silvestres

Com este trabalho pretende-se analisar o atendimento antirraacutebico humano nos

indiviacuteduos agredidos por animais silvestres no estado de Pernambuco Dessa forma busca-se

melhorar o conhecimento de alguns aspectos relacionados agrave profilaxia da raiva por animais

silvestres melhoria da vigilacircncia epidemioloacutegica planejamento e adoccedilatildeo de variadas accedilotildees de

sauacutede puacuteblica

21 PERGUNTA CONDUTORA

Como estaacute sendo efetuado o atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo nas

agressotildees por animais silvestres

24

3 OBJETIVOS

31 GERAL

Caracterizar o perfil epidemioloacutegico do atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em agressotildees por animais silvestres e analisar a adequaccedilatildeo de sua indicaccedilatildeo em Pernambuco

no periacuteodo de 2001 a 2010

32 ESPECIacuteFICOS

a) Caracterizar o perfil epidemioloacutegico segundo variaacuteveis de pessoa lugar e tempo

relativas agraves condiccedilotildees da agressatildeo e do animal agressor

b) Analisar o tratamento recomendado a cada espeacutecie agressora

25

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

41 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de abrangecircncia do estudo corresponde ao estado de Pernambuco composto por

184 municiacutepios e o territoacuterio de Fernando de Noronha

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA

O periacuteodo avaliado foi de 2001 a 2010 com o objetivo de demonstrar com melhor

precisatildeo o aumento das agressotildees por animais silvestres no estado

43 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal Esse estudo eacute apropriado para o

registro de frequumlecircncia de eventos observando sua variaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo Sua maior

vantagem eacute que natildeo haacute necessidade de grupos de comparaccedilatildeo possui alto potencial descritivo

e baixo custo operacional

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS

O evento estudado foi a profilaxia da raiva humana a partir de agressotildees por animais

silvestres analisada atraveacutes dos procedimentos registrados no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo (SINAN) sendo construiacutedos diversos tipos de agrupamentos

Desse modo foram analisados os atendimentos por espeacutecie animal atraveacutes da ficha

individual de atendimento antirraacutebico e este atendimento subdivido em grupos de variaacuteveis

Assim foram analisados os dados referentes as notificaccedilotildees individuais faixa etaacuteria e sexo

aos dados de residecircncia municiacutepio de residecircncia aos antecedentes epidemioloacutegicos

caracteriacutesticas da agressatildeo caracteriacutesticas do animal agressor e tratamento recomendado

(tratamento indicado indicaccedilatildeo do soro interrupccedilatildeo do tratamento motivo da interrupccedilatildeo e se

a unidade de sauacutede procurou o paciente que abandonou o tratamento) (Quadro 1)

Assim sendo em cada toacutepico especiacutefico de anaacutelise procurou-se verificar as principais

caracteriacutesticas das espeacutecies agressoras e o tratamento aplicado a partir das especificidades de

cada espeacutecie sendo executadas da seguinte forma observaram-se inicialmente o perfil das

26

agressotildees entre os anos de 2001 e 2010 em seguida realizaram-se observaccedilotildees no tratamento

realizado para posteriormente analisar a distribuiccedilatildeo das agressotildees no estado de Pernambuco

Os grupos foram compostos pelas variaacuteveis encontradas no proacuteprio banco de dados e

para a definiccedilatildeo dos atosprocedimentos que melhor caracterizassem as variaacuteveis utilizou-se

como referecircncia a Norma Teacutecnica do Ministeacuterio da Sauacutede (Anexo B)

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS

Os dados utilizados neste estudo foram secundaacuterios coletados na Secretaria Estadual

de Sauacutede e processados pelo SINAN atraveacutes da ficha individual de investigaccedilatildeo para

atendimento antirraacutebico humano (Anexo A) A exploraccedilatildeo do banco de dados foi realizada

atraveacutes dos programas Tabwin 36 e planilhas eletrocircnicas

46 ANAacuteLISE DOS DADOS

Foram calculadas frequumlecircncias absolutas e relativas aleacutem das meacutedias

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS

O estudo foi realizado dentro dos padrotildees da eacutetica cientiacutefica tendo sido aprovado pela

Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa sob o nordm 0511 da instituiccedilatildeo agrave qual se subordina A pesquisa

foi realizada com dados secundaacuterios da Secretaria Estadual de Sauacutede Nenhum dado de

identificaccedilatildeo dos pacientes fez parte do estudo

Quadro 1 - Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do tratamento antirraacutebico humano

VARIAacuteVEL CATEGORIZACcedilAtildeO

Relativas agraves caracteriacutesticas

da agressatildeo

Tipo de Exposiccedilatildeo Contato Indireto Arranhadura Lambedura e Mordedura

Localizaccedilatildeo Mucosa CabeccedilaPescoccedilo MatildeosPeacutes Tronco

Membros Superiores e Membros Inferiores

Ferimento Uacutenico Muacuteltiplo Ignorado e Sem Ferimento

Tipo de Ferimento Profundo Superficial Dilacerante

Relativas agraves caracteriacutesticas

do animal agressor

Espeacutecie Animal Quiroacuteptera (Morcego) Primata (Macaco) e Raposa

Condiccedilatildeo Final do Animal Positivo Cliacutenico Negativo Cliacutenico Positivo Laboratorial e Negativo Laboratorial

27

Relativas ao tratamento antirraacutebico humano

Tratamento Indicado Preacute-exposiccedilatildeo Exposiccedilatildeo Re-exposiccedilatildeo

Dispensa de tratamento Observaccedilatildeo do

animal (se catildeo ou gato) e Ignorado

Indicaccedilatildeo do Soro Sim Natildeo e Ignorado

Relativas agrave continuidade do

tratamento antirraacutebico humano

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim Natildeo e Ignorado

Motivo da Interrupccedilatildeo Unidade Indicou Abandono e Transferecircncia

Unidade de sauacutede

procurou o paciente que

abandonou o tratamento

Sim e Natildeo

28

5 RESULTADOS

Nas agressotildees por ano foram observadas tendecircncias de crescimentos com oscilaccedilotildees

principalmente em raposas sendo observados picos nos anos de 2002 (267) 2005(292) 2006

(305) e 2009 (235) Em morcegos haacute um crescimento anual ateacute um pico em 2006 (182)

posteriormente ocorre uma ligeira queda e um novo pico em 2009 (207) No que diz respeito a

macacos o nuacutemero de casos se manteacutem proacuteximo durante os anos exceto em 2003 (272) e

2007 (250) onde ocorreram elevaccedilotildees das agressotildees (Figura 1)

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo espeacutecie agressora e ano

Pernambuco 2001 a 2010

1

52

104 113138

182

117 124

207

155

0

134

272

171186

153

250

182 185

141

6

267

221

174

292305

168147

235

170

0

50

100

150

200

250

300

350

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Morcego

Macaco

Raposa

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

No periacuteodo estudado 295704 pessoas receberam tratamento antirraacutebico humano

destas 4852 (16) foram atendidas apoacutes agressotildees por animais silvestres Dentre os animais

silvestres a raposa foi a espeacutecie mais agressora representando 1985 (409) casos em

seguida encontrou-se a primata com 1674 (345) e depois a quiroacuteptera com 1193 (246)

A zona urbana foi a localidade de residecircncia com maior nuacutemero de casos em macacos

79 e morcegos 78 jaacute em raposas prevaleceu a zona rural com 745 das agressotildees

(Tabela 1)

Em relaccedilatildeo a faixa etaacuteria o grupo mais atingido foi de 20 a 49 anos (385) Em

morcegos essa faixa representa 444 das agressotildees em macacos 342 e em raposas 386

Em seguida se encontra a faixa de 50 anos e mais exceto em macacos onde prevaleceu os lt9

anos (Tabela 1)

No que diz respeito ao sexo o masculino apresentou-se mais prevalente com 2764

(57) dos casos Dentre as agressotildees por sexo e espeacutecie a raposa apresentou a maior

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

11

1 INTRODUCcedilAtildeO

A raiva eacute uma encefalite aguda causada por viacuterus Todos os mamiacuteferos satildeo

susceptiacuteveis agrave infecccedilatildeo que se daacute pela penetraccedilatildeo do viacuterus contido na saliva do animal

infectado atraveacutes da mordedura arranhadura ou lambedura Possui grande importacircncia

epidemioloacutegica por apresentar letalidade de quase 100 (BRASIL 2005) Soacute tendo ocorrido

a cura em poucos casos sendo um deles nos Estados Unidos em 2004 e outro em um

adolescente de 15 anos do municiacutepio de Floresta estado de Pernambuco em 2008 apoacutes ter

sido mordido por morcego hematoacutefago (KOTAIT et al 2009)

O periacuteodo de incubaccedilatildeo da doenccedila eacute bastante variaacutevel indo de dias a anos e estaacute

relacionado a localizaccedilatildeo extensatildeo e profundidade da lesatildeo agrave distacircncia do ferimento ao

ceacuterebro e agrave concentraccedilatildeo de partiacuteculas virais (BRASIL 2005) A raiva possui muitas

interfaces entre o mundo humano e animal de modo que o surgimento da doenccedila guarda

estreita ligaccedilatildeo entre o tratamento de pessoas expostas as atividades de vigilacircncia

epidemioloacutegica e o controle da raiva animal

A doenccedila tem ocorrecircncia quase universal Em alguns paiacuteses desenvolvidos a raiva

humana estaacute erradicada e a raiva nos animais domeacutesticos estaacute controlada mas ainda eacute

efetuada vigilacircncia epidemioloacutegica em funccedilatildeo dos animais silvestres Atualmente soacute existe

um uacutenico continente livre da doenccedila que eacute a Oceania (BRASIL 2005)

11 ASPECTOS HISTOacuteRICOS

A raiva eacute uma doenccedila muito temida desde a Antiguidade devido agrave transmissatildeo ao

quadro cliacutenico e agrave evoluccedilatildeo Era referida como uma doenccedila que tornava ldquoloucosrdquo homens e

catildees (KOTAIT et al 2009)

Os egiacutepcios entendiam que a alteraccedilatildeo de comportamento de catildees devia-se a influecircncia

maligna da Siacuterius (constelaccedilatildeo Catildeo Maior) Jaacute os romanos descobriram a capacidade

infecciosa da saliva dos catildees raivosos chamando este material de veneno foi de onde surgiu a

palavra latina viacuterus Na Greacutecia foram descritas praacuteticas de cauterizaccedilatildeo das feridas

provocadas pelo animal raivoso ateacute o final do seacuteculo XIX quando foi desenvolvida a vacina

(KOTAIT et al 2009)

Em 1880 Louis Pasteur iniciou seus estudos sobre a raiva e no ano seguinte

conseguiu isolar o viacuterus e produzir uma vacina Em 1884 esta foi utilizada

experimentalmente em animais e em 1885 nos humanos em um menino de 9 anos chamado

12

Joseph Meister O sucesso com a vacina teve enorme impacto nas medidas de tratamento

contra essa enfermidade sendo utilizada em todo o mundo Foi tambeacutem determinante para a

criaccedilatildeo de instituiccedilotildees de pesquisa para produccedilatildeo e aplicaccedilatildeo da vacina surgindo assim o

Instituto Pasteur em 1888 (COSTA et al 2000)

No Brasil o primeiro serviccedilo antirraacutebico foi instituiacutedo com a inauguraccedilatildeo em 1888

do Instituto Pasteur no Rio de Janeiro Em 1899 foi criado o Instituto Pasteur de Pernambuco

(LIMA GUIMARAtildeES OLIVEIRA 2000) e soacute em 1903 foi fundado o Instituto Pasteur de

Satildeo Paulo (COSTA et al 2000)

Antonio Carini entatildeo diretor do Instituto Pasteur de Satildeo Paulo levantou a hipoacutetese

em 1911 dos morcegos hematoacutefagos serem os transmissores da raiva dos herbiacutevoros Anos

apoacutes foi confirmada a raiva tambeacutem em morcegos frugiacutevoros e insetiacutevoros mas este tipo de

transmissor soacute foi levado em consideraccedilatildeo quando um menino foi atacado por um morcego

insetiacutevoro na Floacuterida em 1953 Apoacutes esta data inuacutemeros casos humanos foram confirmados

nos Estados Unidos e satildeo notificados ateacute os dias de hoje (COSTA et al 2000)

12 ASPECTOS EPIDEMIOLOacuteGICOS

Os dados epidemioloacutegicos satildeo essenciais para definiccedilatildeo dos fatores condicionantes e

determinantes de uma doenccedila Na vigilacircncia da raiva estes dados auxiliam na tomada de

decisatildeo do tratamento poacutes-exposiccedilatildeo e na conduta com o animal envolvido aleacutem disso casos

de raiva humana representam falecircncia do sistema de sauacutede local e servem como indicador

para avaliaccedilatildeo da qualidade dos serviccedilos

121 Distribuiccedilatildeo da Doenccedila

A raiva eacute conhecida desde a antiguidade mas ateacute hoje representa um problema de

sauacutede puacuteblica nos paiacuteses em desenvolvimento (BRASIL 2005) Nos Estados Unidos o

nuacutemero de casos de raiva humana a partir de 1940 foi superior a 30 devido a morcegos

insetiacutevoros (KOTAIT et al 2009)

Na Ameacuterica do Norte (Estados Unidos e Canadaacute) e alguns paiacuteses da Europa (Franccedila e

Inglaterra) o maior peso da raiva estaacute nas espeacutecies silvestres (BRASIL 2005) Poreacutem na

Venezuela a raiva canina prevalece como o principal foco transmissor da doenccedila devido ao

baixo percentual de cobertura vacinal sendo este de apenas 33 no periacuteodo de 1996 a 2006

13

Aleacutem disso grande parcela da populaccedilatildeo encontra-se mais vulneraacutevel por causa do baixo

niacutevel socioeconocircmico e educativo (FUENTES et al 2008)

Os paiacuteses da Ameacuterica que mais registram casos de raiva satildeo o Brasil Colocircmbia e

Peru devido ao grande nuacutemero de agressotildees por morcegos hematoacutefagos Neste continente no

ano de 2004 os animais silvestres contribuiacuteram com 599 dos casos e os animais

domeacutesticos com 401 sendo a raiva humana presente em quase todos os paiacuteses exceto o

Caribe (ORGANIZACcedilAtildeO PAN-AMERICANA DE SAUacuteDE 2006)

Nos uacuteltimos anos alguns paiacuteses como China Tailacircndia Sri- Lanka e Tuniacutesia

conseguiram progressos importantes nos programas de controle da raiva combinando a

vacinaccedilatildeo de catildees com a melhoria do tratamento antirraacutebico possibilitando assim a reduccedilatildeo

dos casos da doenccedila em humanos (SILVA et al 2009)

No continente asiaacutetico ocorrem cerca de 35000 a 55000 casos de raiva humana por

ano e aproximadamente 7 milhotildees de tratamentos com vacinaccedilatildeo Na Aacutefrica estima-se em

5000 a 15000 o nuacutemero de mortes humanas por ano e a vacinaccedilatildeo em cerca de 500000

pessoas Na Ameacuterica Latina os casos em humanos satildeo menores que 100 por ano e o

tratamento fica em torno de 500000 pessoas Na Ameacuterica do Norte e Europa o nuacutemero de

casos de raiva humana reduz a menos de 50 e o tratamento antirraacutebico eacute conferido a

aproximadamente 100000 pessoas (SILVA et al 2009)

O nuacutemero de casos de raiva transmitidos por morcegos tem crescido muito nos uacuteltimos

tempos Na atualidade o grande desafio corresponde agrave detecccedilatildeo precoce da circulaccedilatildeo do

viacuterus em animais silvestres aleacutem da manutenccedilatildeo do controle via imunizaccedilatildeo em animais

domeacutesticos

122 Cadeia Epidemioloacutegica

O viacuterus da raiva adaptou-se a vaacuterias espeacutecies que atuam como reservatoacuterios garantindo

a perpetuaccedilatildeo do viacuterus na natureza Estas adaptaccedilotildees originam as variantes que por vezes

apresentam alteraccedilotildees as quais satildeo utilizadas como marcadores epidemioloacutegicos que tem o

objetivo de identificar as interaccedilotildees do viacuterus com suas espeacutecies hospedeiras e o meio

ambiente e com a biologia da infecccedilatildeo (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

As intervenccedilotildees do homem no ecossistema tecircm gerado mudanccedilas de comportamento

de animais silvestres que passaram a procurar abrigos e fontes de alimentos nos centros

urbanos (SILVA LANGONI 2011) Estes fatos modificaram a epidemiologia das zoonoses

trazendo a raiva silvestre para a populaccedilatildeo humana (CARRIERI et al 2006)

14

A cadeia epidemioloacutegica da raiva estaacute dividida em dois principais ciclos de

transmissatildeo terrestre e aeacutereo (CALDAS et al 2007) O ciclo terrestre eacute constituiacutedo por catildees

e gatos agressores destes 823 satildeo domiciliados e a maior parte deles satildeo machos ateacute um

ano de idade (BUSO NUNES QUEIROZ 2009) No periacuteodo de transmissibilidade da

doenccedila esses animais se afastam do domiciacutelio andando quilocircmetros fazendo inuacutemeras

viacutetimas ou infectando novos hospedeiros (CARRIERI et al 2006)

Os outros mamiacuteferos que fazem parte do ciclo terrestre satildeo os herbiacutevoros A estimativa

eacute que haja no Brasil mortes de 842688 cabeccedilas por ano Na Paraiacuteba entre 2002 a 2004 houve

um surto de raiva nesses animais apresentando morbidade meacutedia de 75 e letalidade de

100 Estima-se que 1875 das mortes de bovinos no estado ocorrem por raiva Todos os

surtos exceto um aconteceram em animais natildeo vacinados (LIMA et al 2005)

As mudanccedilas na natureza ocasionadas pelo homem implicam em condiccedilotildees favoraacuteveis

para expansatildeo de morcegos e consequente aumento de casos de raiva bovina (MENEZES

2008) No Nordeste aleacutem dos morcegos hematoacutefagos a raposa tambeacutem se apresenta como um

importante transmissor e reservatoacuterio para o viacuterus da raiva (LIMA et al 2005)

O ciclo aeacutereo eacute caracterizado pela transmissatildeo do viacuterus raacutebico entre morcegos

hematoacutefagos ou natildeo Na Ameacuterica Latina haacute com frequumlecircncia casos de raiva humana por

agressotildees de morcegos hematoacutefagos pela ausecircncia de outras fontes alimentares e pelas

alteraccedilotildees ambientais (KOTAIT et al 2009)

Em morcegos a presenccedila do viacuterus raacutebico eacute detectada em diversos oacutergatildeos reforccedilando a

transmissatildeo de outros animais e seres humanos atraveacutes do contato com secreccedilotildees e com

morcegos vivos ou mortos O aparecimento do viacuterus nos pulmotildees ratifica a transmissatildeo por

aerossoacuteis entre todas as espeacutecies de morcegos que povoam uma mesma aacuterea (SCHEFFER et

al 2007 SILVA et al 2007) Portanto deve-se evitar contato com estes animais

principalmente quando apresentarem sinais da doenccedila como alteraccedilatildeo de comportamento

(voos diurnos) dificuldade de locomoccedilatildeo e agressividade (QUEIROZ et al 2009)

123 Raiva no Brasil

Os casos de raiva humana no Brasil demonstra uma reduccedilatildeo bastante significativa

diminuiu de 168 casos em 1980 (SCHENEIDER 1990) para 73 em 1990 26 em 2000

(PERNAMBUCO 2010) 3 em 2008 sendo dois por morcegos e um por primatas natildeo

humano (BRASIL 2009) e 2 em 2010 na regiatildeo Nordeste (BRASIL 2010a)

15

No Sul natildeo haacute registros de casos humanos desde 1988 Mas haacute uma emergecircncia do

ciclo silvestre no paiacutes onde se destaca uma maior detecccedilatildeo de casos de raiva em morcegos e

outras espeacutecies silvestres (BATISTA FRANCO ROEHE 2007 CALDAS et al 2007

PERNAMBUCO 2010) As agressotildees por morcegos aumentaram de 12 nos anos de 1990 a

1999 para 46 nos anos de 2000 a 2010 (PERNAMBUCO 2010)

A doenccedila eacute endecircmica no paiacutes e apresenta grau diferenciado de acordo com a regiatildeo

geopoliacutetica Na Regiatildeo Nordeste de 1986 a 2001 foram registrados 5880 dos casos

humanos jaacute a Norte 2085 a Sudeste registrou 1080 a Centro-Oeste 940 e a Sul

015 Em 1987 ocorreu um caso no Paranaacute sendo o uacuteltimo caso de registro de raiva nos

estados do Sul cuja fonte de infecccedilatildeo foi um morcego hematoacutefago A transmissatildeo da doenccedila

a humanos no periacuteodo de 1991 a 2001 foi de 8052 por catildees e gatos 1013 por morcegos

e 494 por outros animais raposas saguis gato selvagem bovinos equinos caititus

gambaacutes suiacutenos e caprinos (BRASIL 2005)

Nos anos de 1997 ateacute 2003 os catildees foram os principais transmissores da doenccedila no

Paiacutes sendo implicados em 84 das transmissotildees em humanos De 2004 a 2006 houve um

decreacutescimo significativo de casos em catildees estes representando 15 e um aumento das

infecccedilotildees por animais silvestres principalmente por morcegos hematoacutefagos que passaram a

ser responsaacuteveis por 825 dos casos Aleacutem disso as infecccedilotildees em morcegos natildeo

hematoacutefagos tecircm evoluiacutedo trazendo grande preocupaccedilatildeo para vigilacircncia epidemioloacutegica jaacute

que a raacutepida adaptaccedilatildeo desses animais ao meio urbano pode dar margem a infecccedilotildees em

animais domeacutesticos e humanos (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

124 Raiva em Pernambuco

Em Pernambuco a doenccedila ainda natildeo estaacute sob controle principalmente por haver uma

grande expansatildeo das aacutereas de ocorrecircncia de casos em bovinos causados por morcegos

hematoacutefagos (Desmodus rotundus) Constituindo assim um problema emergente de sauacutede

puacuteblica para o Estado (PERNAMBUCO 2009)

O iacutendice de positividade para a raiva canina no ano de 2000 no Estado foi de 65

aumentando para 10 em 2001 e apresentando decreacutescimo a partir de 2002 passando de

86 para 05 em 2008 No periacuteodo de 2000 a 2007 a cobertura vacinal superou a meta de

80 preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (PERNAMBUCO 2009)

Os casos de raiva humana em Pernambuco apresentam grande decreacutescimo no ano de

1992 quando houve o maior nuacutemero de casos (10 casos) No periacuteodo de 2000 a 2008

16

ocorreram quatro casos positivos dentre eles as espeacutecies agressoras foram catildeo e morcego

sendo este uacuteltimo o primeiro caso de cura no Brasil (PERNAMBUCO 2009)

125 Raiva em morcegos

Haacute no Brasil cerca de 140 espeacutecies de morcegos desse total o viacuterus da raiva jaacute foi

isolado de 31 espeacutecies Este nuacutemero eacute considerado pequeno quando comparado ao

encontrado nos Estados Unidos de 39 espeacutecies identificadas o viacuterus da raiva foi isolado de

30 Todas as espeacutecies de morcego podem transmitir a raiva independente de seu haacutebito

alimentar (KOTAIT et al 2009)

Em Presidente Prudente-SP haacute um iacutendice de positividade muito alto em quiroacutepteros

Esta regiatildeo era zona silenciosa para a raiva ateacute 2001 quando ocorreu um caso de morte em

mulher atacada por um gato poreacutem a variante encontrada foi de morcego hematoacutefago Aleacutem

disso ocorreu tambeacutem em 2002 um surto de raiva em bovinos tambeacutem decorrente de

agressotildees por morcegos hematoacutefagos (ALBAS et al 2005)

Em Satildeo Paulo estudos sobre variantes antigecircnicas demonstram vaacuterias amostras com

morcegos insetiacutevoros no Brasil Isso se deve a coabitaccedilatildeo de morcegos hematoacutefagos e natildeo

hematoacutefagos disseminando o viacuterus entre eles (ALBAS et al 2010)

Na Colocircmbia em 2009 notificou-se o primeiro caso de raiva humana na aacuterea urbana

transmitida por morcego Aleacutem disso o paciente veio a oacutebito pois o tratamento inicial natildeo foi

conferido mostrando a vulnerabilidade de todos os niacuteveis de atenccedilatildeo envolvidos Como o

periacuteodo de incubaccedilatildeo do viacuterus raacutebico eacute variaacutevel e mais prolongado em morcegos deve-se

implementar estudos que caracterizem os aspectos fundamentais desta doenccedila nesta espeacutecie

animal (BADILLO MANTILLA PRADILLA 2009)

Em 2004 e 2005 ocorreram surtos de raiva no Paraacute provenientes de variante de

morcegos hematoacutefagos presentes em vaacuterias espeacutecies dentre elas bovinos equinos suiacutenos

humanos felinos e morcegos Apoacutes um ano do surto de 2004 ainda detectou-se a variante em

circulaccedilatildeo no municiacutepio de Viseu isolado em amostras humana e bovina (BARBOSA et al

2007) Em Araccedilatuba-SP a espeacutecie quiroacuteptera eacute a terceira mais agressora com 81 (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009) Em estudos na mesma regiatildeo 12 dos morcegos diagnosticados

positivos agrediram pessoas e animais (QUEIROZ et al 2009)

Em trabalhos publicados no Brasil observou-se maior presenccedila de positividade em

morcegos insetiacutevoros (SCHEFFER et al 2007 QUEIROZ et al 2009) o que torna a

situaccedilatildeo mais alarmante jaacute que a interaccedilatildeo de morcegos natildeo hematoacutefagos com pessoas e seus

17

animais aumenta a cada dia devido a devastaccedilatildeo do habitat destes e a adaptaccedilatildeo a abrigos

urbanos (ALBAS et al 2009 TIRIBA SHMAL 2010)

No Paraacute a taxa de ataque por morcegos eacute muito alta Aleacutem disso do total de

agredidos 100 relataram natildeo conhecerem a necessidade de tratamento profilaacutetico Portanto

a adoccedilatildeo de medidas de esclarecimento agrave populaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel (WADA et al 2004) Jaacute

que uma vez mordido por morcegos o homem deve passar por tratamento imediato (soro e

vacina) sem interrupccedilatildeo pois o periacuteodo de incubaccedilatildeo eacute muito raacutepido levando o paciente natildeo

tratado ao oacutebito (SCHEFFER et al 2007 TIRIBA SHMAL 2010)

126 Raiva em animais silvestres

A raiva em animais silvestres vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia

epidemioloacutegica desse agravo no Brasil devido agrave presenccedila de morcegos natildeo hematoacutefagos em

aacutereas urbanas caniacutedeos silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais

(BRASIL 2009) Em 2009 foram notificados com raiva confirmada 158 morcegos natildeo

hematoacutefagos 16 morcegos hematoacutefagos 22 caniacutedeos silvestres 3 primatas natildeo humanos e

um gato do mato (BRASIL 2010b)

A raiva nos animais domeacutesticos eacute controlada com a vacinaccedilatildeo anual Poreacutem os

animais silvestres natildeo satildeo imunizados ficando assim mais expostos aos riscos de

contaminaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

A aplicaccedilatildeo de vacina de cultivo celular apresenta-se como uma alternativa para

imunizaccedilatildeo de animais silvestres Em estudos feitos com saguis esse tipo de vacinaccedilatildeo

mostrou-se eficaz apoacutes 45 dias aplicando-se apenas uma uacutenica dose Outra boa alternativa

seria a realizaccedilatildeo de estudos no uso de vacina oral para animais silvestres a fim de facilitar a

vacinaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

Em Pernambuco a criaccedilatildeo de macacos principalmente saguis como animal de

estimaccedilatildeo eacute bastante comum Em estudo realizado em Satildeo Paulo no periacuteodo de 1996 a 1999

observou-se uma diminuiccedilatildeo das agressotildees por macacos indicando um decreacutescimo na criaccedilatildeo

clandestina destes animais e na alimentaccedilatildeo deles em parques puacuteblicos Aleacutem disso a

indicaccedilatildeo de tratamento foi de 85 indicando uma maior conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao perigo desses acidentes (RAMOS RAMOS 2002)

18

127 Tratamento

O desenvolvimento da raiva estaacute relacionado a diversos fatores desde a gravidade da

mordedura e agrave proximidade do SNC ateacute o estado de sauacutede do paciente e sua resposta imune

(CARRIERI et al 2006) Por isso cada caso deve ser avaliado para que seja instalada a

profilaxia adequada a fim de se evitar a doenccedila

O Ministeacuterio da Sauacutede criou em 1973 o Programa Nacional de Controle da Raiva ndash

PNCR com o objetivo de eliminar a raiva humana transmitida por catildees e gatos O controle da

raiva canina foi realizado a partir das accedilotildees de vacinaccedilatildeo de catildees e gatos tratamento

profilaacutetico de pessoas expostas vigilacircncia epidemioloacutegica diagnoacutestico laboratorial controle

de populaccedilatildeo animal e educaccedilatildeo em sauacutede (SCHNEIDER et al 1996)

Devido ao tratamento de raiva humana realizado nos Estados Unidos (2004) e em

Pernambuco (2008) que decorreu na cura dos pacientes o Ministeacuterio da Sauacutede publicou e

divulgou para as Secretarias Municipais e Estaduais de Sauacutede o Protocolo de Tratamento de

Raiva Humana denominado Protocolo Recife (BRASIL 2009 BRASIL 2010b) Apesar

disso a profilaxia continua sendo a melhor maneira de prevenccedilatildeo pois a chance de cura ainda

eacute pequena e natildeo se tem conhecimento suficiente sobre as sequelas que o paciente pode

apresentar

A populaccedilatildeo ainda desconhece a gravidade da doenccedila Ateacute os dias atuais satildeo relatados

abandonos de tratamento e procura ao serviccedilo de sauacutede apenas para tratamento do ferimento

Em estudo realizado 245 dos atendidos consideraram desnecessaacuterio o tratamento completo

e 138 natildeo obtiveram orientaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao tratamento demonstrando a falta de

informaccedilatildeo e o descompromisso dos profissionais de sauacutede (VELOSO et al 2011)

1271 Profilaxia preacute-exposiccedilatildeo

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute indicada para pessoas expostas permanentemente ao risco

de infecccedilatildeo pelo viacuterus da raiva tais como meacutedicos veterinaacuterios bioacutelogos profissionais e

auxiliares de laboratoacuterio para diagnoacutestico da raiva estudantes dessas aacutereas e pessoas que

atuam na vacinaccedilatildeo captura e em zooloacutegicos (COSTA et al 2000 BRASIL 2005)

O esquema de tratamento eacute de trecircs doses aplicadas nos dias 0 7 e 28 Deve-se fazer o

controle soroloacutegico a partir do 14ordm dia apoacutes a uacuteltima dose do esquema e repeti-lo anualmente

Eacute importante destacar que eacute necessaacuterio administrar uma dose de reforccedilo sempre que os tiacutetulos

forem inferiores a 05 UIml (BRASIL 2005)

19

Em dados recentes observou-se que a aplicaccedilatildeo do esquema preacute-exposiccedilatildeo em

profissionais de sauacutede e viajantes que podem facilmente buscar atendimento no caso de uma

nova exposiccedilatildeo pode ser efetuada atraveacutes da via intradeacutermica trazendo um custo bem menor

ao paiacutes (CUNHA et al 2010)

Jaacute em populaccedilotildees de difiacutecil acompanhamento como da regiatildeo ribeirinha da Amazocircnia

recomenda-se o esquema por via intramuscular que confere uma imunidade mais duradoura

Tambeacutem foi identificado que apoacutes a terceira dose em ambas as vias de administraccedilatildeo eacute

desnecessaacuteria a sorologia em indiviacuteduos sob controle uma vez que todos os voluntaacuterios do

experimento apresentaram niacuteveis de anticorpos satisfatoacuterios ge05 UImL (CUNHA et al

2010)

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute considerada pelo serviccedilo como de pouca importacircncia jaacute

que apenas 377 dessa informaccedilatildeo eacute registrada Esse fato evidencia as falhas no sistema de

vigilacircncia e a necessidade de adequaccedilatildeo das prescriccedilotildees para que se atinjam niacuteveis ideais de

tratamento e seguranccedila para populaccedilatildeo atendida (RIGO HONER 2005)

1272 Profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo

O paciente apoacutes a agressatildeo por mamiacutefero deve ser avaliado para indicaccedilatildeo ou natildeo da

profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo que quando indicada deve ter iniacutecio o mais precocemente possiacutevel

pois quando o viacuterus atinge o SNC o paciente geralmente evolui para o oacutebito (KOTAIT et al

2009)

O tratamento poacutes-exposiccedilatildeo prescrito depende principalmente da espeacutecie do animal

agressor do tipo da lesatildeo e no caso de catildees e gatos da possibilidade da observaccedilatildeo (Anexo

B) (GARCIA et al 1999 BRASIL 2005)

Haacute no Brasil um nuacutemero bastante elevado de tratamentos profilaacuteticos humanos que

poderiam ser reduzidos pela educaccedilatildeo em sauacutede atraveacutes de orientaccedilotildees sobre os animais

agressores e os fatores que desencadeiam a agressividade os cuidados com o ferimento a

posse responsaacutevel dos animais aleacutem da observaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo cliacutenica dos catildees e gatos

domiciliados (GARCIA et al 1999 FRIAS 2008)

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina

Em 2009 na Regiatildeo Nordeste e a partir de 2010 no restante do paiacutes a campanha de

vacinaccedilatildeo nacional substituiu a vacina Fuenzalida amp Palaacutecios modificada pela vacina de

20

cultivo celular canina (BRASIL 2009) Essa modificaccedilatildeo deve-se ao fato dessa vacina

apresentar maior imunogenicidade e seguranccedila aleacutem de ser recomendada pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede (BRASIL 2010a)

A vacina de cultivo celular foi utilizada em Pernambuco em 2009 sem apresentar altos

iacutendices de reaccedilotildees adversas Entretanto a vacina introduzida em junho de 2010 em todo paiacutes

(BRASIL 2010a) teve sua aplicaccedilatildeo suspensa em outubro do mesmo ano pelo Ministeacuterio da

Sauacutede que determinou a interrupccedilatildeo da campanha vacinal ateacute a conclusatildeo dos estudos sobre o

aumento das mortes e reaccedilotildees adversas apresentadas em catildees e gatos vacinados (BRASIL

2010c)

Em humanos a vacina utilizada para tratamento profilaacutetico tambeacutem eacute a vacina de

cultivo celular esta eacute produzida em cultura de ceacutelulas (diploacuteides humanas ceacutelulas Vero

ceacutelulas de embriatildeo de galinha e pato etc) com viacuterus inativados por betapropiolactona e com

potecircncia miacutenima de 25 UIdose A vacina eacute apresentada de forma liofilizada devendo ser

conservada na temperatura entre + 2ordmC a + 8ordmC ateacute o momento de sua aplicaccedilatildeo Seu esquema

vacinal completo eacute de 5 doses aplicadas nos dias 0 3 7 14 e 28 (BRASIL 2005)

Natildeo haacute contra indicaccedilatildeo (gravidez mulheres lactantes doenccedila intercorrente ou outros

tratamentos) Sempre que possiacutevel recomenda-se a interrupccedilatildeo do tratamento com corticoacuteides

eou imunossupressores As manifestaccedilotildees adversas relatadas com maior frequumlecircncia satildeo

reaccedilatildeo local febre mal estar naacuteuseas e cefaleacuteia Natildeo haacute relato de ocorrecircncia de oacutebito

associado ao uso da vacina de cultivo celular (BRASIL 2005)

A frequumlecircncia de reaccedilotildees neuroloacutegicas associadas a esta vacina citada na literatura

cientiacutefica eacute baixa De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede ateacute junho de 1996

haviam sido relatados seis casos de reaccedilotildees neuroloacutegicas temporalmente associadas a vacina

A incidecircncia de manifestaccedilotildees neuroloacutegicas considerando-se todos estes casos como

realmente provocados pela vacina eacute de cerca de 1 para cada 500000 pacientes tratados A

incidecircncia de reaccedilotildees aleacutergicas notificadas nos EUA agrave vacina de ceacutelulas diploacuteides foi de 11

casos por 10000 pacientes tratados (011) As reaccedilotildees variam de urticaacuteria a anafilaxia e

ocorrem principalmente apoacutes as doses de reforccedilo a maioria dos pacientes natildeo necessita de

internaccedilatildeo hospitalar (COSTA et al 2000)

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro

O soro heteroacutelogo eacute uma soluccedilatildeo concentrada e purificada de anticorpos preparada em

equiacutedeos imunizados contra o viacuterus da raiva A temperatura de conservaccedilatildeo eacute entre +2ordm a

21

+8ordmC A dose indicada eacute de 40 UIkg de peso Deve-se infiltrar nas lesotildees a maior quantidade

possiacutevel da dose do soro caso natildeo seja possiacutevel aplicar a miacutenima quantidade possiacutevel na

regiatildeo gluacutetea O uso do soro natildeo eacute recomendado para pacientes imunizados anteriormente Em

pacientes com histoacuterico de reaccedilotildees aleacutergicas e reaccedilatildeo anafilaacutetica ao soro heteroacutelogo

recomenda-se o uso do soro homoacutelogo (imunoglobulina humana hiperimune antirraacutebica) na

dose de 20UIKg de peso (BRASIL 2005)

1275 Consideraccedilotildees sobre o ferimento

A limpeza do ferimento com aacutegua corrente e sabatildeo eacute imprescindiacutevel em qualquer

caso de mordedura arranhadura ou lambedura que possa haver contaminado a viacutetima com o

viacuterus da raiva Esta deve eliminar todas as sujidades e em seguida devem ser utilizados

antisseacutepticos que inativem o viacuterus da raiva (iodo povidine clorexidine e aacutelcool iodado) a

mucosa ocular deve ser lavada com aacutegua corrente ou soluccedilatildeo fisioloacutegica (COSTA et al 2000

BRASIL 2005)

A utilizaccedilatildeo de antisseacutepticos ou mesmo o uso de aacutegua e sabatildeo para lavagem dos

ferimentos eacute relatada em 831 dos casos analisados em estudos indicando a

conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo para essa conduta importante de prevenccedilatildeo de doenccedilas

(GARCIA et al 1999)

A sutura do ferimento natildeo eacute recomendada mas caso seja necessaacuterio aproximar as

bordas com pontos isolados e infiltrar soro antirraacutebico humano uma hora antes da sutura

Dependendo da necessidade do paciente outras condutas podem ser realizadas como a

administraccedilatildeo de antibioacuteticos e a profilaxia antitetacircnica (COSTA et al 2000 BRASIL

2005)

128 Consideraccedilotildees sobre o animal

O Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (BRASIL 2005) traz algumas consideraccedilotildees em

relaccedilatildeo aos animais agressores dentre eles

bull O periacuteodo de observaccedilatildeo de dez dias eacute restrito aos catildees e gatos

bull A agressatildeo por outros animais domeacutesticos (bovinos ovinos caprinos equiacutedeos e suiacutenos)

deveraacute ser avaliada e se necessaacuterio deveraacute ser indicado o tratamento profilaacutetico

bull Estaacute indicado tratamento sistematicamente para todos os casos de agressatildeo por animais

silvestres mesmo quando domiciliados e domesticados

22

bull Natildeo eacute indicado tratamento nas agressotildees causadas por ratos ratazanas cobaias e lagomorfos

(urbanos ou de criaccedilatildeo)

bull Nas agressotildees por morcegos deve-se proceder a soro-vacinaccedilatildeo independentemente do tipo

de morcego agressor do tempo decorrido e da gravidade da lesatildeo

23

2 JUSTIFICATIVA

A raiva constitui um importante problema de sauacutede puacuteblica devido ao seu prognoacutestico

quase sempre fatal No entanto essa alta letalidade pode ser reduzida a partir da prevenccedilatildeo da

doenccedila atraveacutes do adequado atendimento e tratamento profilaacutetico Estes uacuteltimos ocorrem

desde a avaliaccedilatildeo do caso e conduta cliacutenica ateacute questotildees estruturais e organizacionais dos

serviccedilos de sauacutede

Esta pesquisa justifica-se pela carecircncia de estudos neste sentido em Pernambuco e pela

mudanccedila no perfil epidemioloacutegico da raiva com diminuiccedilatildeo dos casos em caninos e felinos e

aumento dos casos em morcegos herbiacutevoros e outros animais silvestres

Com este trabalho pretende-se analisar o atendimento antirraacutebico humano nos

indiviacuteduos agredidos por animais silvestres no estado de Pernambuco Dessa forma busca-se

melhorar o conhecimento de alguns aspectos relacionados agrave profilaxia da raiva por animais

silvestres melhoria da vigilacircncia epidemioloacutegica planejamento e adoccedilatildeo de variadas accedilotildees de

sauacutede puacuteblica

21 PERGUNTA CONDUTORA

Como estaacute sendo efetuado o atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo nas

agressotildees por animais silvestres

24

3 OBJETIVOS

31 GERAL

Caracterizar o perfil epidemioloacutegico do atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em agressotildees por animais silvestres e analisar a adequaccedilatildeo de sua indicaccedilatildeo em Pernambuco

no periacuteodo de 2001 a 2010

32 ESPECIacuteFICOS

a) Caracterizar o perfil epidemioloacutegico segundo variaacuteveis de pessoa lugar e tempo

relativas agraves condiccedilotildees da agressatildeo e do animal agressor

b) Analisar o tratamento recomendado a cada espeacutecie agressora

25

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

41 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de abrangecircncia do estudo corresponde ao estado de Pernambuco composto por

184 municiacutepios e o territoacuterio de Fernando de Noronha

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA

O periacuteodo avaliado foi de 2001 a 2010 com o objetivo de demonstrar com melhor

precisatildeo o aumento das agressotildees por animais silvestres no estado

43 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal Esse estudo eacute apropriado para o

registro de frequumlecircncia de eventos observando sua variaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo Sua maior

vantagem eacute que natildeo haacute necessidade de grupos de comparaccedilatildeo possui alto potencial descritivo

e baixo custo operacional

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS

O evento estudado foi a profilaxia da raiva humana a partir de agressotildees por animais

silvestres analisada atraveacutes dos procedimentos registrados no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo (SINAN) sendo construiacutedos diversos tipos de agrupamentos

Desse modo foram analisados os atendimentos por espeacutecie animal atraveacutes da ficha

individual de atendimento antirraacutebico e este atendimento subdivido em grupos de variaacuteveis

Assim foram analisados os dados referentes as notificaccedilotildees individuais faixa etaacuteria e sexo

aos dados de residecircncia municiacutepio de residecircncia aos antecedentes epidemioloacutegicos

caracteriacutesticas da agressatildeo caracteriacutesticas do animal agressor e tratamento recomendado

(tratamento indicado indicaccedilatildeo do soro interrupccedilatildeo do tratamento motivo da interrupccedilatildeo e se

a unidade de sauacutede procurou o paciente que abandonou o tratamento) (Quadro 1)

Assim sendo em cada toacutepico especiacutefico de anaacutelise procurou-se verificar as principais

caracteriacutesticas das espeacutecies agressoras e o tratamento aplicado a partir das especificidades de

cada espeacutecie sendo executadas da seguinte forma observaram-se inicialmente o perfil das

26

agressotildees entre os anos de 2001 e 2010 em seguida realizaram-se observaccedilotildees no tratamento

realizado para posteriormente analisar a distribuiccedilatildeo das agressotildees no estado de Pernambuco

Os grupos foram compostos pelas variaacuteveis encontradas no proacuteprio banco de dados e

para a definiccedilatildeo dos atosprocedimentos que melhor caracterizassem as variaacuteveis utilizou-se

como referecircncia a Norma Teacutecnica do Ministeacuterio da Sauacutede (Anexo B)

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS

Os dados utilizados neste estudo foram secundaacuterios coletados na Secretaria Estadual

de Sauacutede e processados pelo SINAN atraveacutes da ficha individual de investigaccedilatildeo para

atendimento antirraacutebico humano (Anexo A) A exploraccedilatildeo do banco de dados foi realizada

atraveacutes dos programas Tabwin 36 e planilhas eletrocircnicas

46 ANAacuteLISE DOS DADOS

Foram calculadas frequumlecircncias absolutas e relativas aleacutem das meacutedias

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS

O estudo foi realizado dentro dos padrotildees da eacutetica cientiacutefica tendo sido aprovado pela

Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa sob o nordm 0511 da instituiccedilatildeo agrave qual se subordina A pesquisa

foi realizada com dados secundaacuterios da Secretaria Estadual de Sauacutede Nenhum dado de

identificaccedilatildeo dos pacientes fez parte do estudo

Quadro 1 - Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do tratamento antirraacutebico humano

VARIAacuteVEL CATEGORIZACcedilAtildeO

Relativas agraves caracteriacutesticas

da agressatildeo

Tipo de Exposiccedilatildeo Contato Indireto Arranhadura Lambedura e Mordedura

Localizaccedilatildeo Mucosa CabeccedilaPescoccedilo MatildeosPeacutes Tronco

Membros Superiores e Membros Inferiores

Ferimento Uacutenico Muacuteltiplo Ignorado e Sem Ferimento

Tipo de Ferimento Profundo Superficial Dilacerante

Relativas agraves caracteriacutesticas

do animal agressor

Espeacutecie Animal Quiroacuteptera (Morcego) Primata (Macaco) e Raposa

Condiccedilatildeo Final do Animal Positivo Cliacutenico Negativo Cliacutenico Positivo Laboratorial e Negativo Laboratorial

27

Relativas ao tratamento antirraacutebico humano

Tratamento Indicado Preacute-exposiccedilatildeo Exposiccedilatildeo Re-exposiccedilatildeo

Dispensa de tratamento Observaccedilatildeo do

animal (se catildeo ou gato) e Ignorado

Indicaccedilatildeo do Soro Sim Natildeo e Ignorado

Relativas agrave continuidade do

tratamento antirraacutebico humano

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim Natildeo e Ignorado

Motivo da Interrupccedilatildeo Unidade Indicou Abandono e Transferecircncia

Unidade de sauacutede

procurou o paciente que

abandonou o tratamento

Sim e Natildeo

28

5 RESULTADOS

Nas agressotildees por ano foram observadas tendecircncias de crescimentos com oscilaccedilotildees

principalmente em raposas sendo observados picos nos anos de 2002 (267) 2005(292) 2006

(305) e 2009 (235) Em morcegos haacute um crescimento anual ateacute um pico em 2006 (182)

posteriormente ocorre uma ligeira queda e um novo pico em 2009 (207) No que diz respeito a

macacos o nuacutemero de casos se manteacutem proacuteximo durante os anos exceto em 2003 (272) e

2007 (250) onde ocorreram elevaccedilotildees das agressotildees (Figura 1)

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo espeacutecie agressora e ano

Pernambuco 2001 a 2010

1

52

104 113138

182

117 124

207

155

0

134

272

171186

153

250

182 185

141

6

267

221

174

292305

168147

235

170

0

50

100

150

200

250

300

350

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Morcego

Macaco

Raposa

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

No periacuteodo estudado 295704 pessoas receberam tratamento antirraacutebico humano

destas 4852 (16) foram atendidas apoacutes agressotildees por animais silvestres Dentre os animais

silvestres a raposa foi a espeacutecie mais agressora representando 1985 (409) casos em

seguida encontrou-se a primata com 1674 (345) e depois a quiroacuteptera com 1193 (246)

A zona urbana foi a localidade de residecircncia com maior nuacutemero de casos em macacos

79 e morcegos 78 jaacute em raposas prevaleceu a zona rural com 745 das agressotildees

(Tabela 1)

Em relaccedilatildeo a faixa etaacuteria o grupo mais atingido foi de 20 a 49 anos (385) Em

morcegos essa faixa representa 444 das agressotildees em macacos 342 e em raposas 386

Em seguida se encontra a faixa de 50 anos e mais exceto em macacos onde prevaleceu os lt9

anos (Tabela 1)

No que diz respeito ao sexo o masculino apresentou-se mais prevalente com 2764

(57) dos casos Dentre as agressotildees por sexo e espeacutecie a raposa apresentou a maior

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

12

Joseph Meister O sucesso com a vacina teve enorme impacto nas medidas de tratamento

contra essa enfermidade sendo utilizada em todo o mundo Foi tambeacutem determinante para a

criaccedilatildeo de instituiccedilotildees de pesquisa para produccedilatildeo e aplicaccedilatildeo da vacina surgindo assim o

Instituto Pasteur em 1888 (COSTA et al 2000)

No Brasil o primeiro serviccedilo antirraacutebico foi instituiacutedo com a inauguraccedilatildeo em 1888

do Instituto Pasteur no Rio de Janeiro Em 1899 foi criado o Instituto Pasteur de Pernambuco

(LIMA GUIMARAtildeES OLIVEIRA 2000) e soacute em 1903 foi fundado o Instituto Pasteur de

Satildeo Paulo (COSTA et al 2000)

Antonio Carini entatildeo diretor do Instituto Pasteur de Satildeo Paulo levantou a hipoacutetese

em 1911 dos morcegos hematoacutefagos serem os transmissores da raiva dos herbiacutevoros Anos

apoacutes foi confirmada a raiva tambeacutem em morcegos frugiacutevoros e insetiacutevoros mas este tipo de

transmissor soacute foi levado em consideraccedilatildeo quando um menino foi atacado por um morcego

insetiacutevoro na Floacuterida em 1953 Apoacutes esta data inuacutemeros casos humanos foram confirmados

nos Estados Unidos e satildeo notificados ateacute os dias de hoje (COSTA et al 2000)

12 ASPECTOS EPIDEMIOLOacuteGICOS

Os dados epidemioloacutegicos satildeo essenciais para definiccedilatildeo dos fatores condicionantes e

determinantes de uma doenccedila Na vigilacircncia da raiva estes dados auxiliam na tomada de

decisatildeo do tratamento poacutes-exposiccedilatildeo e na conduta com o animal envolvido aleacutem disso casos

de raiva humana representam falecircncia do sistema de sauacutede local e servem como indicador

para avaliaccedilatildeo da qualidade dos serviccedilos

121 Distribuiccedilatildeo da Doenccedila

A raiva eacute conhecida desde a antiguidade mas ateacute hoje representa um problema de

sauacutede puacuteblica nos paiacuteses em desenvolvimento (BRASIL 2005) Nos Estados Unidos o

nuacutemero de casos de raiva humana a partir de 1940 foi superior a 30 devido a morcegos

insetiacutevoros (KOTAIT et al 2009)

Na Ameacuterica do Norte (Estados Unidos e Canadaacute) e alguns paiacuteses da Europa (Franccedila e

Inglaterra) o maior peso da raiva estaacute nas espeacutecies silvestres (BRASIL 2005) Poreacutem na

Venezuela a raiva canina prevalece como o principal foco transmissor da doenccedila devido ao

baixo percentual de cobertura vacinal sendo este de apenas 33 no periacuteodo de 1996 a 2006

13

Aleacutem disso grande parcela da populaccedilatildeo encontra-se mais vulneraacutevel por causa do baixo

niacutevel socioeconocircmico e educativo (FUENTES et al 2008)

Os paiacuteses da Ameacuterica que mais registram casos de raiva satildeo o Brasil Colocircmbia e

Peru devido ao grande nuacutemero de agressotildees por morcegos hematoacutefagos Neste continente no

ano de 2004 os animais silvestres contribuiacuteram com 599 dos casos e os animais

domeacutesticos com 401 sendo a raiva humana presente em quase todos os paiacuteses exceto o

Caribe (ORGANIZACcedilAtildeO PAN-AMERICANA DE SAUacuteDE 2006)

Nos uacuteltimos anos alguns paiacuteses como China Tailacircndia Sri- Lanka e Tuniacutesia

conseguiram progressos importantes nos programas de controle da raiva combinando a

vacinaccedilatildeo de catildees com a melhoria do tratamento antirraacutebico possibilitando assim a reduccedilatildeo

dos casos da doenccedila em humanos (SILVA et al 2009)

No continente asiaacutetico ocorrem cerca de 35000 a 55000 casos de raiva humana por

ano e aproximadamente 7 milhotildees de tratamentos com vacinaccedilatildeo Na Aacutefrica estima-se em

5000 a 15000 o nuacutemero de mortes humanas por ano e a vacinaccedilatildeo em cerca de 500000

pessoas Na Ameacuterica Latina os casos em humanos satildeo menores que 100 por ano e o

tratamento fica em torno de 500000 pessoas Na Ameacuterica do Norte e Europa o nuacutemero de

casos de raiva humana reduz a menos de 50 e o tratamento antirraacutebico eacute conferido a

aproximadamente 100000 pessoas (SILVA et al 2009)

O nuacutemero de casos de raiva transmitidos por morcegos tem crescido muito nos uacuteltimos

tempos Na atualidade o grande desafio corresponde agrave detecccedilatildeo precoce da circulaccedilatildeo do

viacuterus em animais silvestres aleacutem da manutenccedilatildeo do controle via imunizaccedilatildeo em animais

domeacutesticos

122 Cadeia Epidemioloacutegica

O viacuterus da raiva adaptou-se a vaacuterias espeacutecies que atuam como reservatoacuterios garantindo

a perpetuaccedilatildeo do viacuterus na natureza Estas adaptaccedilotildees originam as variantes que por vezes

apresentam alteraccedilotildees as quais satildeo utilizadas como marcadores epidemioloacutegicos que tem o

objetivo de identificar as interaccedilotildees do viacuterus com suas espeacutecies hospedeiras e o meio

ambiente e com a biologia da infecccedilatildeo (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

As intervenccedilotildees do homem no ecossistema tecircm gerado mudanccedilas de comportamento

de animais silvestres que passaram a procurar abrigos e fontes de alimentos nos centros

urbanos (SILVA LANGONI 2011) Estes fatos modificaram a epidemiologia das zoonoses

trazendo a raiva silvestre para a populaccedilatildeo humana (CARRIERI et al 2006)

14

A cadeia epidemioloacutegica da raiva estaacute dividida em dois principais ciclos de

transmissatildeo terrestre e aeacutereo (CALDAS et al 2007) O ciclo terrestre eacute constituiacutedo por catildees

e gatos agressores destes 823 satildeo domiciliados e a maior parte deles satildeo machos ateacute um

ano de idade (BUSO NUNES QUEIROZ 2009) No periacuteodo de transmissibilidade da

doenccedila esses animais se afastam do domiciacutelio andando quilocircmetros fazendo inuacutemeras

viacutetimas ou infectando novos hospedeiros (CARRIERI et al 2006)

Os outros mamiacuteferos que fazem parte do ciclo terrestre satildeo os herbiacutevoros A estimativa

eacute que haja no Brasil mortes de 842688 cabeccedilas por ano Na Paraiacuteba entre 2002 a 2004 houve

um surto de raiva nesses animais apresentando morbidade meacutedia de 75 e letalidade de

100 Estima-se que 1875 das mortes de bovinos no estado ocorrem por raiva Todos os

surtos exceto um aconteceram em animais natildeo vacinados (LIMA et al 2005)

As mudanccedilas na natureza ocasionadas pelo homem implicam em condiccedilotildees favoraacuteveis

para expansatildeo de morcegos e consequente aumento de casos de raiva bovina (MENEZES

2008) No Nordeste aleacutem dos morcegos hematoacutefagos a raposa tambeacutem se apresenta como um

importante transmissor e reservatoacuterio para o viacuterus da raiva (LIMA et al 2005)

O ciclo aeacutereo eacute caracterizado pela transmissatildeo do viacuterus raacutebico entre morcegos

hematoacutefagos ou natildeo Na Ameacuterica Latina haacute com frequumlecircncia casos de raiva humana por

agressotildees de morcegos hematoacutefagos pela ausecircncia de outras fontes alimentares e pelas

alteraccedilotildees ambientais (KOTAIT et al 2009)

Em morcegos a presenccedila do viacuterus raacutebico eacute detectada em diversos oacutergatildeos reforccedilando a

transmissatildeo de outros animais e seres humanos atraveacutes do contato com secreccedilotildees e com

morcegos vivos ou mortos O aparecimento do viacuterus nos pulmotildees ratifica a transmissatildeo por

aerossoacuteis entre todas as espeacutecies de morcegos que povoam uma mesma aacuterea (SCHEFFER et

al 2007 SILVA et al 2007) Portanto deve-se evitar contato com estes animais

principalmente quando apresentarem sinais da doenccedila como alteraccedilatildeo de comportamento

(voos diurnos) dificuldade de locomoccedilatildeo e agressividade (QUEIROZ et al 2009)

123 Raiva no Brasil

Os casos de raiva humana no Brasil demonstra uma reduccedilatildeo bastante significativa

diminuiu de 168 casos em 1980 (SCHENEIDER 1990) para 73 em 1990 26 em 2000

(PERNAMBUCO 2010) 3 em 2008 sendo dois por morcegos e um por primatas natildeo

humano (BRASIL 2009) e 2 em 2010 na regiatildeo Nordeste (BRASIL 2010a)

15

No Sul natildeo haacute registros de casos humanos desde 1988 Mas haacute uma emergecircncia do

ciclo silvestre no paiacutes onde se destaca uma maior detecccedilatildeo de casos de raiva em morcegos e

outras espeacutecies silvestres (BATISTA FRANCO ROEHE 2007 CALDAS et al 2007

PERNAMBUCO 2010) As agressotildees por morcegos aumentaram de 12 nos anos de 1990 a

1999 para 46 nos anos de 2000 a 2010 (PERNAMBUCO 2010)

A doenccedila eacute endecircmica no paiacutes e apresenta grau diferenciado de acordo com a regiatildeo

geopoliacutetica Na Regiatildeo Nordeste de 1986 a 2001 foram registrados 5880 dos casos

humanos jaacute a Norte 2085 a Sudeste registrou 1080 a Centro-Oeste 940 e a Sul

015 Em 1987 ocorreu um caso no Paranaacute sendo o uacuteltimo caso de registro de raiva nos

estados do Sul cuja fonte de infecccedilatildeo foi um morcego hematoacutefago A transmissatildeo da doenccedila

a humanos no periacuteodo de 1991 a 2001 foi de 8052 por catildees e gatos 1013 por morcegos

e 494 por outros animais raposas saguis gato selvagem bovinos equinos caititus

gambaacutes suiacutenos e caprinos (BRASIL 2005)

Nos anos de 1997 ateacute 2003 os catildees foram os principais transmissores da doenccedila no

Paiacutes sendo implicados em 84 das transmissotildees em humanos De 2004 a 2006 houve um

decreacutescimo significativo de casos em catildees estes representando 15 e um aumento das

infecccedilotildees por animais silvestres principalmente por morcegos hematoacutefagos que passaram a

ser responsaacuteveis por 825 dos casos Aleacutem disso as infecccedilotildees em morcegos natildeo

hematoacutefagos tecircm evoluiacutedo trazendo grande preocupaccedilatildeo para vigilacircncia epidemioloacutegica jaacute

que a raacutepida adaptaccedilatildeo desses animais ao meio urbano pode dar margem a infecccedilotildees em

animais domeacutesticos e humanos (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

124 Raiva em Pernambuco

Em Pernambuco a doenccedila ainda natildeo estaacute sob controle principalmente por haver uma

grande expansatildeo das aacutereas de ocorrecircncia de casos em bovinos causados por morcegos

hematoacutefagos (Desmodus rotundus) Constituindo assim um problema emergente de sauacutede

puacuteblica para o Estado (PERNAMBUCO 2009)

O iacutendice de positividade para a raiva canina no ano de 2000 no Estado foi de 65

aumentando para 10 em 2001 e apresentando decreacutescimo a partir de 2002 passando de

86 para 05 em 2008 No periacuteodo de 2000 a 2007 a cobertura vacinal superou a meta de

80 preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (PERNAMBUCO 2009)

Os casos de raiva humana em Pernambuco apresentam grande decreacutescimo no ano de

1992 quando houve o maior nuacutemero de casos (10 casos) No periacuteodo de 2000 a 2008

16

ocorreram quatro casos positivos dentre eles as espeacutecies agressoras foram catildeo e morcego

sendo este uacuteltimo o primeiro caso de cura no Brasil (PERNAMBUCO 2009)

125 Raiva em morcegos

Haacute no Brasil cerca de 140 espeacutecies de morcegos desse total o viacuterus da raiva jaacute foi

isolado de 31 espeacutecies Este nuacutemero eacute considerado pequeno quando comparado ao

encontrado nos Estados Unidos de 39 espeacutecies identificadas o viacuterus da raiva foi isolado de

30 Todas as espeacutecies de morcego podem transmitir a raiva independente de seu haacutebito

alimentar (KOTAIT et al 2009)

Em Presidente Prudente-SP haacute um iacutendice de positividade muito alto em quiroacutepteros

Esta regiatildeo era zona silenciosa para a raiva ateacute 2001 quando ocorreu um caso de morte em

mulher atacada por um gato poreacutem a variante encontrada foi de morcego hematoacutefago Aleacutem

disso ocorreu tambeacutem em 2002 um surto de raiva em bovinos tambeacutem decorrente de

agressotildees por morcegos hematoacutefagos (ALBAS et al 2005)

Em Satildeo Paulo estudos sobre variantes antigecircnicas demonstram vaacuterias amostras com

morcegos insetiacutevoros no Brasil Isso se deve a coabitaccedilatildeo de morcegos hematoacutefagos e natildeo

hematoacutefagos disseminando o viacuterus entre eles (ALBAS et al 2010)

Na Colocircmbia em 2009 notificou-se o primeiro caso de raiva humana na aacuterea urbana

transmitida por morcego Aleacutem disso o paciente veio a oacutebito pois o tratamento inicial natildeo foi

conferido mostrando a vulnerabilidade de todos os niacuteveis de atenccedilatildeo envolvidos Como o

periacuteodo de incubaccedilatildeo do viacuterus raacutebico eacute variaacutevel e mais prolongado em morcegos deve-se

implementar estudos que caracterizem os aspectos fundamentais desta doenccedila nesta espeacutecie

animal (BADILLO MANTILLA PRADILLA 2009)

Em 2004 e 2005 ocorreram surtos de raiva no Paraacute provenientes de variante de

morcegos hematoacutefagos presentes em vaacuterias espeacutecies dentre elas bovinos equinos suiacutenos

humanos felinos e morcegos Apoacutes um ano do surto de 2004 ainda detectou-se a variante em

circulaccedilatildeo no municiacutepio de Viseu isolado em amostras humana e bovina (BARBOSA et al

2007) Em Araccedilatuba-SP a espeacutecie quiroacuteptera eacute a terceira mais agressora com 81 (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009) Em estudos na mesma regiatildeo 12 dos morcegos diagnosticados

positivos agrediram pessoas e animais (QUEIROZ et al 2009)

Em trabalhos publicados no Brasil observou-se maior presenccedila de positividade em

morcegos insetiacutevoros (SCHEFFER et al 2007 QUEIROZ et al 2009) o que torna a

situaccedilatildeo mais alarmante jaacute que a interaccedilatildeo de morcegos natildeo hematoacutefagos com pessoas e seus

17

animais aumenta a cada dia devido a devastaccedilatildeo do habitat destes e a adaptaccedilatildeo a abrigos

urbanos (ALBAS et al 2009 TIRIBA SHMAL 2010)

No Paraacute a taxa de ataque por morcegos eacute muito alta Aleacutem disso do total de

agredidos 100 relataram natildeo conhecerem a necessidade de tratamento profilaacutetico Portanto

a adoccedilatildeo de medidas de esclarecimento agrave populaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel (WADA et al 2004) Jaacute

que uma vez mordido por morcegos o homem deve passar por tratamento imediato (soro e

vacina) sem interrupccedilatildeo pois o periacuteodo de incubaccedilatildeo eacute muito raacutepido levando o paciente natildeo

tratado ao oacutebito (SCHEFFER et al 2007 TIRIBA SHMAL 2010)

126 Raiva em animais silvestres

A raiva em animais silvestres vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia

epidemioloacutegica desse agravo no Brasil devido agrave presenccedila de morcegos natildeo hematoacutefagos em

aacutereas urbanas caniacutedeos silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais

(BRASIL 2009) Em 2009 foram notificados com raiva confirmada 158 morcegos natildeo

hematoacutefagos 16 morcegos hematoacutefagos 22 caniacutedeos silvestres 3 primatas natildeo humanos e

um gato do mato (BRASIL 2010b)

A raiva nos animais domeacutesticos eacute controlada com a vacinaccedilatildeo anual Poreacutem os

animais silvestres natildeo satildeo imunizados ficando assim mais expostos aos riscos de

contaminaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

A aplicaccedilatildeo de vacina de cultivo celular apresenta-se como uma alternativa para

imunizaccedilatildeo de animais silvestres Em estudos feitos com saguis esse tipo de vacinaccedilatildeo

mostrou-se eficaz apoacutes 45 dias aplicando-se apenas uma uacutenica dose Outra boa alternativa

seria a realizaccedilatildeo de estudos no uso de vacina oral para animais silvestres a fim de facilitar a

vacinaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

Em Pernambuco a criaccedilatildeo de macacos principalmente saguis como animal de

estimaccedilatildeo eacute bastante comum Em estudo realizado em Satildeo Paulo no periacuteodo de 1996 a 1999

observou-se uma diminuiccedilatildeo das agressotildees por macacos indicando um decreacutescimo na criaccedilatildeo

clandestina destes animais e na alimentaccedilatildeo deles em parques puacuteblicos Aleacutem disso a

indicaccedilatildeo de tratamento foi de 85 indicando uma maior conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao perigo desses acidentes (RAMOS RAMOS 2002)

18

127 Tratamento

O desenvolvimento da raiva estaacute relacionado a diversos fatores desde a gravidade da

mordedura e agrave proximidade do SNC ateacute o estado de sauacutede do paciente e sua resposta imune

(CARRIERI et al 2006) Por isso cada caso deve ser avaliado para que seja instalada a

profilaxia adequada a fim de se evitar a doenccedila

O Ministeacuterio da Sauacutede criou em 1973 o Programa Nacional de Controle da Raiva ndash

PNCR com o objetivo de eliminar a raiva humana transmitida por catildees e gatos O controle da

raiva canina foi realizado a partir das accedilotildees de vacinaccedilatildeo de catildees e gatos tratamento

profilaacutetico de pessoas expostas vigilacircncia epidemioloacutegica diagnoacutestico laboratorial controle

de populaccedilatildeo animal e educaccedilatildeo em sauacutede (SCHNEIDER et al 1996)

Devido ao tratamento de raiva humana realizado nos Estados Unidos (2004) e em

Pernambuco (2008) que decorreu na cura dos pacientes o Ministeacuterio da Sauacutede publicou e

divulgou para as Secretarias Municipais e Estaduais de Sauacutede o Protocolo de Tratamento de

Raiva Humana denominado Protocolo Recife (BRASIL 2009 BRASIL 2010b) Apesar

disso a profilaxia continua sendo a melhor maneira de prevenccedilatildeo pois a chance de cura ainda

eacute pequena e natildeo se tem conhecimento suficiente sobre as sequelas que o paciente pode

apresentar

A populaccedilatildeo ainda desconhece a gravidade da doenccedila Ateacute os dias atuais satildeo relatados

abandonos de tratamento e procura ao serviccedilo de sauacutede apenas para tratamento do ferimento

Em estudo realizado 245 dos atendidos consideraram desnecessaacuterio o tratamento completo

e 138 natildeo obtiveram orientaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao tratamento demonstrando a falta de

informaccedilatildeo e o descompromisso dos profissionais de sauacutede (VELOSO et al 2011)

1271 Profilaxia preacute-exposiccedilatildeo

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute indicada para pessoas expostas permanentemente ao risco

de infecccedilatildeo pelo viacuterus da raiva tais como meacutedicos veterinaacuterios bioacutelogos profissionais e

auxiliares de laboratoacuterio para diagnoacutestico da raiva estudantes dessas aacutereas e pessoas que

atuam na vacinaccedilatildeo captura e em zooloacutegicos (COSTA et al 2000 BRASIL 2005)

O esquema de tratamento eacute de trecircs doses aplicadas nos dias 0 7 e 28 Deve-se fazer o

controle soroloacutegico a partir do 14ordm dia apoacutes a uacuteltima dose do esquema e repeti-lo anualmente

Eacute importante destacar que eacute necessaacuterio administrar uma dose de reforccedilo sempre que os tiacutetulos

forem inferiores a 05 UIml (BRASIL 2005)

19

Em dados recentes observou-se que a aplicaccedilatildeo do esquema preacute-exposiccedilatildeo em

profissionais de sauacutede e viajantes que podem facilmente buscar atendimento no caso de uma

nova exposiccedilatildeo pode ser efetuada atraveacutes da via intradeacutermica trazendo um custo bem menor

ao paiacutes (CUNHA et al 2010)

Jaacute em populaccedilotildees de difiacutecil acompanhamento como da regiatildeo ribeirinha da Amazocircnia

recomenda-se o esquema por via intramuscular que confere uma imunidade mais duradoura

Tambeacutem foi identificado que apoacutes a terceira dose em ambas as vias de administraccedilatildeo eacute

desnecessaacuteria a sorologia em indiviacuteduos sob controle uma vez que todos os voluntaacuterios do

experimento apresentaram niacuteveis de anticorpos satisfatoacuterios ge05 UImL (CUNHA et al

2010)

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute considerada pelo serviccedilo como de pouca importacircncia jaacute

que apenas 377 dessa informaccedilatildeo eacute registrada Esse fato evidencia as falhas no sistema de

vigilacircncia e a necessidade de adequaccedilatildeo das prescriccedilotildees para que se atinjam niacuteveis ideais de

tratamento e seguranccedila para populaccedilatildeo atendida (RIGO HONER 2005)

1272 Profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo

O paciente apoacutes a agressatildeo por mamiacutefero deve ser avaliado para indicaccedilatildeo ou natildeo da

profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo que quando indicada deve ter iniacutecio o mais precocemente possiacutevel

pois quando o viacuterus atinge o SNC o paciente geralmente evolui para o oacutebito (KOTAIT et al

2009)

O tratamento poacutes-exposiccedilatildeo prescrito depende principalmente da espeacutecie do animal

agressor do tipo da lesatildeo e no caso de catildees e gatos da possibilidade da observaccedilatildeo (Anexo

B) (GARCIA et al 1999 BRASIL 2005)

Haacute no Brasil um nuacutemero bastante elevado de tratamentos profilaacuteticos humanos que

poderiam ser reduzidos pela educaccedilatildeo em sauacutede atraveacutes de orientaccedilotildees sobre os animais

agressores e os fatores que desencadeiam a agressividade os cuidados com o ferimento a

posse responsaacutevel dos animais aleacutem da observaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo cliacutenica dos catildees e gatos

domiciliados (GARCIA et al 1999 FRIAS 2008)

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina

Em 2009 na Regiatildeo Nordeste e a partir de 2010 no restante do paiacutes a campanha de

vacinaccedilatildeo nacional substituiu a vacina Fuenzalida amp Palaacutecios modificada pela vacina de

20

cultivo celular canina (BRASIL 2009) Essa modificaccedilatildeo deve-se ao fato dessa vacina

apresentar maior imunogenicidade e seguranccedila aleacutem de ser recomendada pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede (BRASIL 2010a)

A vacina de cultivo celular foi utilizada em Pernambuco em 2009 sem apresentar altos

iacutendices de reaccedilotildees adversas Entretanto a vacina introduzida em junho de 2010 em todo paiacutes

(BRASIL 2010a) teve sua aplicaccedilatildeo suspensa em outubro do mesmo ano pelo Ministeacuterio da

Sauacutede que determinou a interrupccedilatildeo da campanha vacinal ateacute a conclusatildeo dos estudos sobre o

aumento das mortes e reaccedilotildees adversas apresentadas em catildees e gatos vacinados (BRASIL

2010c)

Em humanos a vacina utilizada para tratamento profilaacutetico tambeacutem eacute a vacina de

cultivo celular esta eacute produzida em cultura de ceacutelulas (diploacuteides humanas ceacutelulas Vero

ceacutelulas de embriatildeo de galinha e pato etc) com viacuterus inativados por betapropiolactona e com

potecircncia miacutenima de 25 UIdose A vacina eacute apresentada de forma liofilizada devendo ser

conservada na temperatura entre + 2ordmC a + 8ordmC ateacute o momento de sua aplicaccedilatildeo Seu esquema

vacinal completo eacute de 5 doses aplicadas nos dias 0 3 7 14 e 28 (BRASIL 2005)

Natildeo haacute contra indicaccedilatildeo (gravidez mulheres lactantes doenccedila intercorrente ou outros

tratamentos) Sempre que possiacutevel recomenda-se a interrupccedilatildeo do tratamento com corticoacuteides

eou imunossupressores As manifestaccedilotildees adversas relatadas com maior frequumlecircncia satildeo

reaccedilatildeo local febre mal estar naacuteuseas e cefaleacuteia Natildeo haacute relato de ocorrecircncia de oacutebito

associado ao uso da vacina de cultivo celular (BRASIL 2005)

A frequumlecircncia de reaccedilotildees neuroloacutegicas associadas a esta vacina citada na literatura

cientiacutefica eacute baixa De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede ateacute junho de 1996

haviam sido relatados seis casos de reaccedilotildees neuroloacutegicas temporalmente associadas a vacina

A incidecircncia de manifestaccedilotildees neuroloacutegicas considerando-se todos estes casos como

realmente provocados pela vacina eacute de cerca de 1 para cada 500000 pacientes tratados A

incidecircncia de reaccedilotildees aleacutergicas notificadas nos EUA agrave vacina de ceacutelulas diploacuteides foi de 11

casos por 10000 pacientes tratados (011) As reaccedilotildees variam de urticaacuteria a anafilaxia e

ocorrem principalmente apoacutes as doses de reforccedilo a maioria dos pacientes natildeo necessita de

internaccedilatildeo hospitalar (COSTA et al 2000)

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro

O soro heteroacutelogo eacute uma soluccedilatildeo concentrada e purificada de anticorpos preparada em

equiacutedeos imunizados contra o viacuterus da raiva A temperatura de conservaccedilatildeo eacute entre +2ordm a

21

+8ordmC A dose indicada eacute de 40 UIkg de peso Deve-se infiltrar nas lesotildees a maior quantidade

possiacutevel da dose do soro caso natildeo seja possiacutevel aplicar a miacutenima quantidade possiacutevel na

regiatildeo gluacutetea O uso do soro natildeo eacute recomendado para pacientes imunizados anteriormente Em

pacientes com histoacuterico de reaccedilotildees aleacutergicas e reaccedilatildeo anafilaacutetica ao soro heteroacutelogo

recomenda-se o uso do soro homoacutelogo (imunoglobulina humana hiperimune antirraacutebica) na

dose de 20UIKg de peso (BRASIL 2005)

1275 Consideraccedilotildees sobre o ferimento

A limpeza do ferimento com aacutegua corrente e sabatildeo eacute imprescindiacutevel em qualquer

caso de mordedura arranhadura ou lambedura que possa haver contaminado a viacutetima com o

viacuterus da raiva Esta deve eliminar todas as sujidades e em seguida devem ser utilizados

antisseacutepticos que inativem o viacuterus da raiva (iodo povidine clorexidine e aacutelcool iodado) a

mucosa ocular deve ser lavada com aacutegua corrente ou soluccedilatildeo fisioloacutegica (COSTA et al 2000

BRASIL 2005)

A utilizaccedilatildeo de antisseacutepticos ou mesmo o uso de aacutegua e sabatildeo para lavagem dos

ferimentos eacute relatada em 831 dos casos analisados em estudos indicando a

conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo para essa conduta importante de prevenccedilatildeo de doenccedilas

(GARCIA et al 1999)

A sutura do ferimento natildeo eacute recomendada mas caso seja necessaacuterio aproximar as

bordas com pontos isolados e infiltrar soro antirraacutebico humano uma hora antes da sutura

Dependendo da necessidade do paciente outras condutas podem ser realizadas como a

administraccedilatildeo de antibioacuteticos e a profilaxia antitetacircnica (COSTA et al 2000 BRASIL

2005)

128 Consideraccedilotildees sobre o animal

O Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (BRASIL 2005) traz algumas consideraccedilotildees em

relaccedilatildeo aos animais agressores dentre eles

bull O periacuteodo de observaccedilatildeo de dez dias eacute restrito aos catildees e gatos

bull A agressatildeo por outros animais domeacutesticos (bovinos ovinos caprinos equiacutedeos e suiacutenos)

deveraacute ser avaliada e se necessaacuterio deveraacute ser indicado o tratamento profilaacutetico

bull Estaacute indicado tratamento sistematicamente para todos os casos de agressatildeo por animais

silvestres mesmo quando domiciliados e domesticados

22

bull Natildeo eacute indicado tratamento nas agressotildees causadas por ratos ratazanas cobaias e lagomorfos

(urbanos ou de criaccedilatildeo)

bull Nas agressotildees por morcegos deve-se proceder a soro-vacinaccedilatildeo independentemente do tipo

de morcego agressor do tempo decorrido e da gravidade da lesatildeo

23

2 JUSTIFICATIVA

A raiva constitui um importante problema de sauacutede puacuteblica devido ao seu prognoacutestico

quase sempre fatal No entanto essa alta letalidade pode ser reduzida a partir da prevenccedilatildeo da

doenccedila atraveacutes do adequado atendimento e tratamento profilaacutetico Estes uacuteltimos ocorrem

desde a avaliaccedilatildeo do caso e conduta cliacutenica ateacute questotildees estruturais e organizacionais dos

serviccedilos de sauacutede

Esta pesquisa justifica-se pela carecircncia de estudos neste sentido em Pernambuco e pela

mudanccedila no perfil epidemioloacutegico da raiva com diminuiccedilatildeo dos casos em caninos e felinos e

aumento dos casos em morcegos herbiacutevoros e outros animais silvestres

Com este trabalho pretende-se analisar o atendimento antirraacutebico humano nos

indiviacuteduos agredidos por animais silvestres no estado de Pernambuco Dessa forma busca-se

melhorar o conhecimento de alguns aspectos relacionados agrave profilaxia da raiva por animais

silvestres melhoria da vigilacircncia epidemioloacutegica planejamento e adoccedilatildeo de variadas accedilotildees de

sauacutede puacuteblica

21 PERGUNTA CONDUTORA

Como estaacute sendo efetuado o atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo nas

agressotildees por animais silvestres

24

3 OBJETIVOS

31 GERAL

Caracterizar o perfil epidemioloacutegico do atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em agressotildees por animais silvestres e analisar a adequaccedilatildeo de sua indicaccedilatildeo em Pernambuco

no periacuteodo de 2001 a 2010

32 ESPECIacuteFICOS

a) Caracterizar o perfil epidemioloacutegico segundo variaacuteveis de pessoa lugar e tempo

relativas agraves condiccedilotildees da agressatildeo e do animal agressor

b) Analisar o tratamento recomendado a cada espeacutecie agressora

25

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

41 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de abrangecircncia do estudo corresponde ao estado de Pernambuco composto por

184 municiacutepios e o territoacuterio de Fernando de Noronha

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA

O periacuteodo avaliado foi de 2001 a 2010 com o objetivo de demonstrar com melhor

precisatildeo o aumento das agressotildees por animais silvestres no estado

43 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal Esse estudo eacute apropriado para o

registro de frequumlecircncia de eventos observando sua variaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo Sua maior

vantagem eacute que natildeo haacute necessidade de grupos de comparaccedilatildeo possui alto potencial descritivo

e baixo custo operacional

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS

O evento estudado foi a profilaxia da raiva humana a partir de agressotildees por animais

silvestres analisada atraveacutes dos procedimentos registrados no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo (SINAN) sendo construiacutedos diversos tipos de agrupamentos

Desse modo foram analisados os atendimentos por espeacutecie animal atraveacutes da ficha

individual de atendimento antirraacutebico e este atendimento subdivido em grupos de variaacuteveis

Assim foram analisados os dados referentes as notificaccedilotildees individuais faixa etaacuteria e sexo

aos dados de residecircncia municiacutepio de residecircncia aos antecedentes epidemioloacutegicos

caracteriacutesticas da agressatildeo caracteriacutesticas do animal agressor e tratamento recomendado

(tratamento indicado indicaccedilatildeo do soro interrupccedilatildeo do tratamento motivo da interrupccedilatildeo e se

a unidade de sauacutede procurou o paciente que abandonou o tratamento) (Quadro 1)

Assim sendo em cada toacutepico especiacutefico de anaacutelise procurou-se verificar as principais

caracteriacutesticas das espeacutecies agressoras e o tratamento aplicado a partir das especificidades de

cada espeacutecie sendo executadas da seguinte forma observaram-se inicialmente o perfil das

26

agressotildees entre os anos de 2001 e 2010 em seguida realizaram-se observaccedilotildees no tratamento

realizado para posteriormente analisar a distribuiccedilatildeo das agressotildees no estado de Pernambuco

Os grupos foram compostos pelas variaacuteveis encontradas no proacuteprio banco de dados e

para a definiccedilatildeo dos atosprocedimentos que melhor caracterizassem as variaacuteveis utilizou-se

como referecircncia a Norma Teacutecnica do Ministeacuterio da Sauacutede (Anexo B)

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS

Os dados utilizados neste estudo foram secundaacuterios coletados na Secretaria Estadual

de Sauacutede e processados pelo SINAN atraveacutes da ficha individual de investigaccedilatildeo para

atendimento antirraacutebico humano (Anexo A) A exploraccedilatildeo do banco de dados foi realizada

atraveacutes dos programas Tabwin 36 e planilhas eletrocircnicas

46 ANAacuteLISE DOS DADOS

Foram calculadas frequumlecircncias absolutas e relativas aleacutem das meacutedias

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS

O estudo foi realizado dentro dos padrotildees da eacutetica cientiacutefica tendo sido aprovado pela

Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa sob o nordm 0511 da instituiccedilatildeo agrave qual se subordina A pesquisa

foi realizada com dados secundaacuterios da Secretaria Estadual de Sauacutede Nenhum dado de

identificaccedilatildeo dos pacientes fez parte do estudo

Quadro 1 - Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do tratamento antirraacutebico humano

VARIAacuteVEL CATEGORIZACcedilAtildeO

Relativas agraves caracteriacutesticas

da agressatildeo

Tipo de Exposiccedilatildeo Contato Indireto Arranhadura Lambedura e Mordedura

Localizaccedilatildeo Mucosa CabeccedilaPescoccedilo MatildeosPeacutes Tronco

Membros Superiores e Membros Inferiores

Ferimento Uacutenico Muacuteltiplo Ignorado e Sem Ferimento

Tipo de Ferimento Profundo Superficial Dilacerante

Relativas agraves caracteriacutesticas

do animal agressor

Espeacutecie Animal Quiroacuteptera (Morcego) Primata (Macaco) e Raposa

Condiccedilatildeo Final do Animal Positivo Cliacutenico Negativo Cliacutenico Positivo Laboratorial e Negativo Laboratorial

27

Relativas ao tratamento antirraacutebico humano

Tratamento Indicado Preacute-exposiccedilatildeo Exposiccedilatildeo Re-exposiccedilatildeo

Dispensa de tratamento Observaccedilatildeo do

animal (se catildeo ou gato) e Ignorado

Indicaccedilatildeo do Soro Sim Natildeo e Ignorado

Relativas agrave continuidade do

tratamento antirraacutebico humano

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim Natildeo e Ignorado

Motivo da Interrupccedilatildeo Unidade Indicou Abandono e Transferecircncia

Unidade de sauacutede

procurou o paciente que

abandonou o tratamento

Sim e Natildeo

28

5 RESULTADOS

Nas agressotildees por ano foram observadas tendecircncias de crescimentos com oscilaccedilotildees

principalmente em raposas sendo observados picos nos anos de 2002 (267) 2005(292) 2006

(305) e 2009 (235) Em morcegos haacute um crescimento anual ateacute um pico em 2006 (182)

posteriormente ocorre uma ligeira queda e um novo pico em 2009 (207) No que diz respeito a

macacos o nuacutemero de casos se manteacutem proacuteximo durante os anos exceto em 2003 (272) e

2007 (250) onde ocorreram elevaccedilotildees das agressotildees (Figura 1)

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo espeacutecie agressora e ano

Pernambuco 2001 a 2010

1

52

104 113138

182

117 124

207

155

0

134

272

171186

153

250

182 185

141

6

267

221

174

292305

168147

235

170

0

50

100

150

200

250

300

350

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Morcego

Macaco

Raposa

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

No periacuteodo estudado 295704 pessoas receberam tratamento antirraacutebico humano

destas 4852 (16) foram atendidas apoacutes agressotildees por animais silvestres Dentre os animais

silvestres a raposa foi a espeacutecie mais agressora representando 1985 (409) casos em

seguida encontrou-se a primata com 1674 (345) e depois a quiroacuteptera com 1193 (246)

A zona urbana foi a localidade de residecircncia com maior nuacutemero de casos em macacos

79 e morcegos 78 jaacute em raposas prevaleceu a zona rural com 745 das agressotildees

(Tabela 1)

Em relaccedilatildeo a faixa etaacuteria o grupo mais atingido foi de 20 a 49 anos (385) Em

morcegos essa faixa representa 444 das agressotildees em macacos 342 e em raposas 386

Em seguida se encontra a faixa de 50 anos e mais exceto em macacos onde prevaleceu os lt9

anos (Tabela 1)

No que diz respeito ao sexo o masculino apresentou-se mais prevalente com 2764

(57) dos casos Dentre as agressotildees por sexo e espeacutecie a raposa apresentou a maior

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

13

Aleacutem disso grande parcela da populaccedilatildeo encontra-se mais vulneraacutevel por causa do baixo

niacutevel socioeconocircmico e educativo (FUENTES et al 2008)

Os paiacuteses da Ameacuterica que mais registram casos de raiva satildeo o Brasil Colocircmbia e

Peru devido ao grande nuacutemero de agressotildees por morcegos hematoacutefagos Neste continente no

ano de 2004 os animais silvestres contribuiacuteram com 599 dos casos e os animais

domeacutesticos com 401 sendo a raiva humana presente em quase todos os paiacuteses exceto o

Caribe (ORGANIZACcedilAtildeO PAN-AMERICANA DE SAUacuteDE 2006)

Nos uacuteltimos anos alguns paiacuteses como China Tailacircndia Sri- Lanka e Tuniacutesia

conseguiram progressos importantes nos programas de controle da raiva combinando a

vacinaccedilatildeo de catildees com a melhoria do tratamento antirraacutebico possibilitando assim a reduccedilatildeo

dos casos da doenccedila em humanos (SILVA et al 2009)

No continente asiaacutetico ocorrem cerca de 35000 a 55000 casos de raiva humana por

ano e aproximadamente 7 milhotildees de tratamentos com vacinaccedilatildeo Na Aacutefrica estima-se em

5000 a 15000 o nuacutemero de mortes humanas por ano e a vacinaccedilatildeo em cerca de 500000

pessoas Na Ameacuterica Latina os casos em humanos satildeo menores que 100 por ano e o

tratamento fica em torno de 500000 pessoas Na Ameacuterica do Norte e Europa o nuacutemero de

casos de raiva humana reduz a menos de 50 e o tratamento antirraacutebico eacute conferido a

aproximadamente 100000 pessoas (SILVA et al 2009)

O nuacutemero de casos de raiva transmitidos por morcegos tem crescido muito nos uacuteltimos

tempos Na atualidade o grande desafio corresponde agrave detecccedilatildeo precoce da circulaccedilatildeo do

viacuterus em animais silvestres aleacutem da manutenccedilatildeo do controle via imunizaccedilatildeo em animais

domeacutesticos

122 Cadeia Epidemioloacutegica

O viacuterus da raiva adaptou-se a vaacuterias espeacutecies que atuam como reservatoacuterios garantindo

a perpetuaccedilatildeo do viacuterus na natureza Estas adaptaccedilotildees originam as variantes que por vezes

apresentam alteraccedilotildees as quais satildeo utilizadas como marcadores epidemioloacutegicos que tem o

objetivo de identificar as interaccedilotildees do viacuterus com suas espeacutecies hospedeiras e o meio

ambiente e com a biologia da infecccedilatildeo (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

As intervenccedilotildees do homem no ecossistema tecircm gerado mudanccedilas de comportamento

de animais silvestres que passaram a procurar abrigos e fontes de alimentos nos centros

urbanos (SILVA LANGONI 2011) Estes fatos modificaram a epidemiologia das zoonoses

trazendo a raiva silvestre para a populaccedilatildeo humana (CARRIERI et al 2006)

14

A cadeia epidemioloacutegica da raiva estaacute dividida em dois principais ciclos de

transmissatildeo terrestre e aeacutereo (CALDAS et al 2007) O ciclo terrestre eacute constituiacutedo por catildees

e gatos agressores destes 823 satildeo domiciliados e a maior parte deles satildeo machos ateacute um

ano de idade (BUSO NUNES QUEIROZ 2009) No periacuteodo de transmissibilidade da

doenccedila esses animais se afastam do domiciacutelio andando quilocircmetros fazendo inuacutemeras

viacutetimas ou infectando novos hospedeiros (CARRIERI et al 2006)

Os outros mamiacuteferos que fazem parte do ciclo terrestre satildeo os herbiacutevoros A estimativa

eacute que haja no Brasil mortes de 842688 cabeccedilas por ano Na Paraiacuteba entre 2002 a 2004 houve

um surto de raiva nesses animais apresentando morbidade meacutedia de 75 e letalidade de

100 Estima-se que 1875 das mortes de bovinos no estado ocorrem por raiva Todos os

surtos exceto um aconteceram em animais natildeo vacinados (LIMA et al 2005)

As mudanccedilas na natureza ocasionadas pelo homem implicam em condiccedilotildees favoraacuteveis

para expansatildeo de morcegos e consequente aumento de casos de raiva bovina (MENEZES

2008) No Nordeste aleacutem dos morcegos hematoacutefagos a raposa tambeacutem se apresenta como um

importante transmissor e reservatoacuterio para o viacuterus da raiva (LIMA et al 2005)

O ciclo aeacutereo eacute caracterizado pela transmissatildeo do viacuterus raacutebico entre morcegos

hematoacutefagos ou natildeo Na Ameacuterica Latina haacute com frequumlecircncia casos de raiva humana por

agressotildees de morcegos hematoacutefagos pela ausecircncia de outras fontes alimentares e pelas

alteraccedilotildees ambientais (KOTAIT et al 2009)

Em morcegos a presenccedila do viacuterus raacutebico eacute detectada em diversos oacutergatildeos reforccedilando a

transmissatildeo de outros animais e seres humanos atraveacutes do contato com secreccedilotildees e com

morcegos vivos ou mortos O aparecimento do viacuterus nos pulmotildees ratifica a transmissatildeo por

aerossoacuteis entre todas as espeacutecies de morcegos que povoam uma mesma aacuterea (SCHEFFER et

al 2007 SILVA et al 2007) Portanto deve-se evitar contato com estes animais

principalmente quando apresentarem sinais da doenccedila como alteraccedilatildeo de comportamento

(voos diurnos) dificuldade de locomoccedilatildeo e agressividade (QUEIROZ et al 2009)

123 Raiva no Brasil

Os casos de raiva humana no Brasil demonstra uma reduccedilatildeo bastante significativa

diminuiu de 168 casos em 1980 (SCHENEIDER 1990) para 73 em 1990 26 em 2000

(PERNAMBUCO 2010) 3 em 2008 sendo dois por morcegos e um por primatas natildeo

humano (BRASIL 2009) e 2 em 2010 na regiatildeo Nordeste (BRASIL 2010a)

15

No Sul natildeo haacute registros de casos humanos desde 1988 Mas haacute uma emergecircncia do

ciclo silvestre no paiacutes onde se destaca uma maior detecccedilatildeo de casos de raiva em morcegos e

outras espeacutecies silvestres (BATISTA FRANCO ROEHE 2007 CALDAS et al 2007

PERNAMBUCO 2010) As agressotildees por morcegos aumentaram de 12 nos anos de 1990 a

1999 para 46 nos anos de 2000 a 2010 (PERNAMBUCO 2010)

A doenccedila eacute endecircmica no paiacutes e apresenta grau diferenciado de acordo com a regiatildeo

geopoliacutetica Na Regiatildeo Nordeste de 1986 a 2001 foram registrados 5880 dos casos

humanos jaacute a Norte 2085 a Sudeste registrou 1080 a Centro-Oeste 940 e a Sul

015 Em 1987 ocorreu um caso no Paranaacute sendo o uacuteltimo caso de registro de raiva nos

estados do Sul cuja fonte de infecccedilatildeo foi um morcego hematoacutefago A transmissatildeo da doenccedila

a humanos no periacuteodo de 1991 a 2001 foi de 8052 por catildees e gatos 1013 por morcegos

e 494 por outros animais raposas saguis gato selvagem bovinos equinos caititus

gambaacutes suiacutenos e caprinos (BRASIL 2005)

Nos anos de 1997 ateacute 2003 os catildees foram os principais transmissores da doenccedila no

Paiacutes sendo implicados em 84 das transmissotildees em humanos De 2004 a 2006 houve um

decreacutescimo significativo de casos em catildees estes representando 15 e um aumento das

infecccedilotildees por animais silvestres principalmente por morcegos hematoacutefagos que passaram a

ser responsaacuteveis por 825 dos casos Aleacutem disso as infecccedilotildees em morcegos natildeo

hematoacutefagos tecircm evoluiacutedo trazendo grande preocupaccedilatildeo para vigilacircncia epidemioloacutegica jaacute

que a raacutepida adaptaccedilatildeo desses animais ao meio urbano pode dar margem a infecccedilotildees em

animais domeacutesticos e humanos (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

124 Raiva em Pernambuco

Em Pernambuco a doenccedila ainda natildeo estaacute sob controle principalmente por haver uma

grande expansatildeo das aacutereas de ocorrecircncia de casos em bovinos causados por morcegos

hematoacutefagos (Desmodus rotundus) Constituindo assim um problema emergente de sauacutede

puacuteblica para o Estado (PERNAMBUCO 2009)

O iacutendice de positividade para a raiva canina no ano de 2000 no Estado foi de 65

aumentando para 10 em 2001 e apresentando decreacutescimo a partir de 2002 passando de

86 para 05 em 2008 No periacuteodo de 2000 a 2007 a cobertura vacinal superou a meta de

80 preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (PERNAMBUCO 2009)

Os casos de raiva humana em Pernambuco apresentam grande decreacutescimo no ano de

1992 quando houve o maior nuacutemero de casos (10 casos) No periacuteodo de 2000 a 2008

16

ocorreram quatro casos positivos dentre eles as espeacutecies agressoras foram catildeo e morcego

sendo este uacuteltimo o primeiro caso de cura no Brasil (PERNAMBUCO 2009)

125 Raiva em morcegos

Haacute no Brasil cerca de 140 espeacutecies de morcegos desse total o viacuterus da raiva jaacute foi

isolado de 31 espeacutecies Este nuacutemero eacute considerado pequeno quando comparado ao

encontrado nos Estados Unidos de 39 espeacutecies identificadas o viacuterus da raiva foi isolado de

30 Todas as espeacutecies de morcego podem transmitir a raiva independente de seu haacutebito

alimentar (KOTAIT et al 2009)

Em Presidente Prudente-SP haacute um iacutendice de positividade muito alto em quiroacutepteros

Esta regiatildeo era zona silenciosa para a raiva ateacute 2001 quando ocorreu um caso de morte em

mulher atacada por um gato poreacutem a variante encontrada foi de morcego hematoacutefago Aleacutem

disso ocorreu tambeacutem em 2002 um surto de raiva em bovinos tambeacutem decorrente de

agressotildees por morcegos hematoacutefagos (ALBAS et al 2005)

Em Satildeo Paulo estudos sobre variantes antigecircnicas demonstram vaacuterias amostras com

morcegos insetiacutevoros no Brasil Isso se deve a coabitaccedilatildeo de morcegos hematoacutefagos e natildeo

hematoacutefagos disseminando o viacuterus entre eles (ALBAS et al 2010)

Na Colocircmbia em 2009 notificou-se o primeiro caso de raiva humana na aacuterea urbana

transmitida por morcego Aleacutem disso o paciente veio a oacutebito pois o tratamento inicial natildeo foi

conferido mostrando a vulnerabilidade de todos os niacuteveis de atenccedilatildeo envolvidos Como o

periacuteodo de incubaccedilatildeo do viacuterus raacutebico eacute variaacutevel e mais prolongado em morcegos deve-se

implementar estudos que caracterizem os aspectos fundamentais desta doenccedila nesta espeacutecie

animal (BADILLO MANTILLA PRADILLA 2009)

Em 2004 e 2005 ocorreram surtos de raiva no Paraacute provenientes de variante de

morcegos hematoacutefagos presentes em vaacuterias espeacutecies dentre elas bovinos equinos suiacutenos

humanos felinos e morcegos Apoacutes um ano do surto de 2004 ainda detectou-se a variante em

circulaccedilatildeo no municiacutepio de Viseu isolado em amostras humana e bovina (BARBOSA et al

2007) Em Araccedilatuba-SP a espeacutecie quiroacuteptera eacute a terceira mais agressora com 81 (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009) Em estudos na mesma regiatildeo 12 dos morcegos diagnosticados

positivos agrediram pessoas e animais (QUEIROZ et al 2009)

Em trabalhos publicados no Brasil observou-se maior presenccedila de positividade em

morcegos insetiacutevoros (SCHEFFER et al 2007 QUEIROZ et al 2009) o que torna a

situaccedilatildeo mais alarmante jaacute que a interaccedilatildeo de morcegos natildeo hematoacutefagos com pessoas e seus

17

animais aumenta a cada dia devido a devastaccedilatildeo do habitat destes e a adaptaccedilatildeo a abrigos

urbanos (ALBAS et al 2009 TIRIBA SHMAL 2010)

No Paraacute a taxa de ataque por morcegos eacute muito alta Aleacutem disso do total de

agredidos 100 relataram natildeo conhecerem a necessidade de tratamento profilaacutetico Portanto

a adoccedilatildeo de medidas de esclarecimento agrave populaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel (WADA et al 2004) Jaacute

que uma vez mordido por morcegos o homem deve passar por tratamento imediato (soro e

vacina) sem interrupccedilatildeo pois o periacuteodo de incubaccedilatildeo eacute muito raacutepido levando o paciente natildeo

tratado ao oacutebito (SCHEFFER et al 2007 TIRIBA SHMAL 2010)

126 Raiva em animais silvestres

A raiva em animais silvestres vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia

epidemioloacutegica desse agravo no Brasil devido agrave presenccedila de morcegos natildeo hematoacutefagos em

aacutereas urbanas caniacutedeos silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais

(BRASIL 2009) Em 2009 foram notificados com raiva confirmada 158 morcegos natildeo

hematoacutefagos 16 morcegos hematoacutefagos 22 caniacutedeos silvestres 3 primatas natildeo humanos e

um gato do mato (BRASIL 2010b)

A raiva nos animais domeacutesticos eacute controlada com a vacinaccedilatildeo anual Poreacutem os

animais silvestres natildeo satildeo imunizados ficando assim mais expostos aos riscos de

contaminaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

A aplicaccedilatildeo de vacina de cultivo celular apresenta-se como uma alternativa para

imunizaccedilatildeo de animais silvestres Em estudos feitos com saguis esse tipo de vacinaccedilatildeo

mostrou-se eficaz apoacutes 45 dias aplicando-se apenas uma uacutenica dose Outra boa alternativa

seria a realizaccedilatildeo de estudos no uso de vacina oral para animais silvestres a fim de facilitar a

vacinaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

Em Pernambuco a criaccedilatildeo de macacos principalmente saguis como animal de

estimaccedilatildeo eacute bastante comum Em estudo realizado em Satildeo Paulo no periacuteodo de 1996 a 1999

observou-se uma diminuiccedilatildeo das agressotildees por macacos indicando um decreacutescimo na criaccedilatildeo

clandestina destes animais e na alimentaccedilatildeo deles em parques puacuteblicos Aleacutem disso a

indicaccedilatildeo de tratamento foi de 85 indicando uma maior conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao perigo desses acidentes (RAMOS RAMOS 2002)

18

127 Tratamento

O desenvolvimento da raiva estaacute relacionado a diversos fatores desde a gravidade da

mordedura e agrave proximidade do SNC ateacute o estado de sauacutede do paciente e sua resposta imune

(CARRIERI et al 2006) Por isso cada caso deve ser avaliado para que seja instalada a

profilaxia adequada a fim de se evitar a doenccedila

O Ministeacuterio da Sauacutede criou em 1973 o Programa Nacional de Controle da Raiva ndash

PNCR com o objetivo de eliminar a raiva humana transmitida por catildees e gatos O controle da

raiva canina foi realizado a partir das accedilotildees de vacinaccedilatildeo de catildees e gatos tratamento

profilaacutetico de pessoas expostas vigilacircncia epidemioloacutegica diagnoacutestico laboratorial controle

de populaccedilatildeo animal e educaccedilatildeo em sauacutede (SCHNEIDER et al 1996)

Devido ao tratamento de raiva humana realizado nos Estados Unidos (2004) e em

Pernambuco (2008) que decorreu na cura dos pacientes o Ministeacuterio da Sauacutede publicou e

divulgou para as Secretarias Municipais e Estaduais de Sauacutede o Protocolo de Tratamento de

Raiva Humana denominado Protocolo Recife (BRASIL 2009 BRASIL 2010b) Apesar

disso a profilaxia continua sendo a melhor maneira de prevenccedilatildeo pois a chance de cura ainda

eacute pequena e natildeo se tem conhecimento suficiente sobre as sequelas que o paciente pode

apresentar

A populaccedilatildeo ainda desconhece a gravidade da doenccedila Ateacute os dias atuais satildeo relatados

abandonos de tratamento e procura ao serviccedilo de sauacutede apenas para tratamento do ferimento

Em estudo realizado 245 dos atendidos consideraram desnecessaacuterio o tratamento completo

e 138 natildeo obtiveram orientaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao tratamento demonstrando a falta de

informaccedilatildeo e o descompromisso dos profissionais de sauacutede (VELOSO et al 2011)

1271 Profilaxia preacute-exposiccedilatildeo

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute indicada para pessoas expostas permanentemente ao risco

de infecccedilatildeo pelo viacuterus da raiva tais como meacutedicos veterinaacuterios bioacutelogos profissionais e

auxiliares de laboratoacuterio para diagnoacutestico da raiva estudantes dessas aacutereas e pessoas que

atuam na vacinaccedilatildeo captura e em zooloacutegicos (COSTA et al 2000 BRASIL 2005)

O esquema de tratamento eacute de trecircs doses aplicadas nos dias 0 7 e 28 Deve-se fazer o

controle soroloacutegico a partir do 14ordm dia apoacutes a uacuteltima dose do esquema e repeti-lo anualmente

Eacute importante destacar que eacute necessaacuterio administrar uma dose de reforccedilo sempre que os tiacutetulos

forem inferiores a 05 UIml (BRASIL 2005)

19

Em dados recentes observou-se que a aplicaccedilatildeo do esquema preacute-exposiccedilatildeo em

profissionais de sauacutede e viajantes que podem facilmente buscar atendimento no caso de uma

nova exposiccedilatildeo pode ser efetuada atraveacutes da via intradeacutermica trazendo um custo bem menor

ao paiacutes (CUNHA et al 2010)

Jaacute em populaccedilotildees de difiacutecil acompanhamento como da regiatildeo ribeirinha da Amazocircnia

recomenda-se o esquema por via intramuscular que confere uma imunidade mais duradoura

Tambeacutem foi identificado que apoacutes a terceira dose em ambas as vias de administraccedilatildeo eacute

desnecessaacuteria a sorologia em indiviacuteduos sob controle uma vez que todos os voluntaacuterios do

experimento apresentaram niacuteveis de anticorpos satisfatoacuterios ge05 UImL (CUNHA et al

2010)

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute considerada pelo serviccedilo como de pouca importacircncia jaacute

que apenas 377 dessa informaccedilatildeo eacute registrada Esse fato evidencia as falhas no sistema de

vigilacircncia e a necessidade de adequaccedilatildeo das prescriccedilotildees para que se atinjam niacuteveis ideais de

tratamento e seguranccedila para populaccedilatildeo atendida (RIGO HONER 2005)

1272 Profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo

O paciente apoacutes a agressatildeo por mamiacutefero deve ser avaliado para indicaccedilatildeo ou natildeo da

profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo que quando indicada deve ter iniacutecio o mais precocemente possiacutevel

pois quando o viacuterus atinge o SNC o paciente geralmente evolui para o oacutebito (KOTAIT et al

2009)

O tratamento poacutes-exposiccedilatildeo prescrito depende principalmente da espeacutecie do animal

agressor do tipo da lesatildeo e no caso de catildees e gatos da possibilidade da observaccedilatildeo (Anexo

B) (GARCIA et al 1999 BRASIL 2005)

Haacute no Brasil um nuacutemero bastante elevado de tratamentos profilaacuteticos humanos que

poderiam ser reduzidos pela educaccedilatildeo em sauacutede atraveacutes de orientaccedilotildees sobre os animais

agressores e os fatores que desencadeiam a agressividade os cuidados com o ferimento a

posse responsaacutevel dos animais aleacutem da observaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo cliacutenica dos catildees e gatos

domiciliados (GARCIA et al 1999 FRIAS 2008)

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina

Em 2009 na Regiatildeo Nordeste e a partir de 2010 no restante do paiacutes a campanha de

vacinaccedilatildeo nacional substituiu a vacina Fuenzalida amp Palaacutecios modificada pela vacina de

20

cultivo celular canina (BRASIL 2009) Essa modificaccedilatildeo deve-se ao fato dessa vacina

apresentar maior imunogenicidade e seguranccedila aleacutem de ser recomendada pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede (BRASIL 2010a)

A vacina de cultivo celular foi utilizada em Pernambuco em 2009 sem apresentar altos

iacutendices de reaccedilotildees adversas Entretanto a vacina introduzida em junho de 2010 em todo paiacutes

(BRASIL 2010a) teve sua aplicaccedilatildeo suspensa em outubro do mesmo ano pelo Ministeacuterio da

Sauacutede que determinou a interrupccedilatildeo da campanha vacinal ateacute a conclusatildeo dos estudos sobre o

aumento das mortes e reaccedilotildees adversas apresentadas em catildees e gatos vacinados (BRASIL

2010c)

Em humanos a vacina utilizada para tratamento profilaacutetico tambeacutem eacute a vacina de

cultivo celular esta eacute produzida em cultura de ceacutelulas (diploacuteides humanas ceacutelulas Vero

ceacutelulas de embriatildeo de galinha e pato etc) com viacuterus inativados por betapropiolactona e com

potecircncia miacutenima de 25 UIdose A vacina eacute apresentada de forma liofilizada devendo ser

conservada na temperatura entre + 2ordmC a + 8ordmC ateacute o momento de sua aplicaccedilatildeo Seu esquema

vacinal completo eacute de 5 doses aplicadas nos dias 0 3 7 14 e 28 (BRASIL 2005)

Natildeo haacute contra indicaccedilatildeo (gravidez mulheres lactantes doenccedila intercorrente ou outros

tratamentos) Sempre que possiacutevel recomenda-se a interrupccedilatildeo do tratamento com corticoacuteides

eou imunossupressores As manifestaccedilotildees adversas relatadas com maior frequumlecircncia satildeo

reaccedilatildeo local febre mal estar naacuteuseas e cefaleacuteia Natildeo haacute relato de ocorrecircncia de oacutebito

associado ao uso da vacina de cultivo celular (BRASIL 2005)

A frequumlecircncia de reaccedilotildees neuroloacutegicas associadas a esta vacina citada na literatura

cientiacutefica eacute baixa De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede ateacute junho de 1996

haviam sido relatados seis casos de reaccedilotildees neuroloacutegicas temporalmente associadas a vacina

A incidecircncia de manifestaccedilotildees neuroloacutegicas considerando-se todos estes casos como

realmente provocados pela vacina eacute de cerca de 1 para cada 500000 pacientes tratados A

incidecircncia de reaccedilotildees aleacutergicas notificadas nos EUA agrave vacina de ceacutelulas diploacuteides foi de 11

casos por 10000 pacientes tratados (011) As reaccedilotildees variam de urticaacuteria a anafilaxia e

ocorrem principalmente apoacutes as doses de reforccedilo a maioria dos pacientes natildeo necessita de

internaccedilatildeo hospitalar (COSTA et al 2000)

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro

O soro heteroacutelogo eacute uma soluccedilatildeo concentrada e purificada de anticorpos preparada em

equiacutedeos imunizados contra o viacuterus da raiva A temperatura de conservaccedilatildeo eacute entre +2ordm a

21

+8ordmC A dose indicada eacute de 40 UIkg de peso Deve-se infiltrar nas lesotildees a maior quantidade

possiacutevel da dose do soro caso natildeo seja possiacutevel aplicar a miacutenima quantidade possiacutevel na

regiatildeo gluacutetea O uso do soro natildeo eacute recomendado para pacientes imunizados anteriormente Em

pacientes com histoacuterico de reaccedilotildees aleacutergicas e reaccedilatildeo anafilaacutetica ao soro heteroacutelogo

recomenda-se o uso do soro homoacutelogo (imunoglobulina humana hiperimune antirraacutebica) na

dose de 20UIKg de peso (BRASIL 2005)

1275 Consideraccedilotildees sobre o ferimento

A limpeza do ferimento com aacutegua corrente e sabatildeo eacute imprescindiacutevel em qualquer

caso de mordedura arranhadura ou lambedura que possa haver contaminado a viacutetima com o

viacuterus da raiva Esta deve eliminar todas as sujidades e em seguida devem ser utilizados

antisseacutepticos que inativem o viacuterus da raiva (iodo povidine clorexidine e aacutelcool iodado) a

mucosa ocular deve ser lavada com aacutegua corrente ou soluccedilatildeo fisioloacutegica (COSTA et al 2000

BRASIL 2005)

A utilizaccedilatildeo de antisseacutepticos ou mesmo o uso de aacutegua e sabatildeo para lavagem dos

ferimentos eacute relatada em 831 dos casos analisados em estudos indicando a

conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo para essa conduta importante de prevenccedilatildeo de doenccedilas

(GARCIA et al 1999)

A sutura do ferimento natildeo eacute recomendada mas caso seja necessaacuterio aproximar as

bordas com pontos isolados e infiltrar soro antirraacutebico humano uma hora antes da sutura

Dependendo da necessidade do paciente outras condutas podem ser realizadas como a

administraccedilatildeo de antibioacuteticos e a profilaxia antitetacircnica (COSTA et al 2000 BRASIL

2005)

128 Consideraccedilotildees sobre o animal

O Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (BRASIL 2005) traz algumas consideraccedilotildees em

relaccedilatildeo aos animais agressores dentre eles

bull O periacuteodo de observaccedilatildeo de dez dias eacute restrito aos catildees e gatos

bull A agressatildeo por outros animais domeacutesticos (bovinos ovinos caprinos equiacutedeos e suiacutenos)

deveraacute ser avaliada e se necessaacuterio deveraacute ser indicado o tratamento profilaacutetico

bull Estaacute indicado tratamento sistematicamente para todos os casos de agressatildeo por animais

silvestres mesmo quando domiciliados e domesticados

22

bull Natildeo eacute indicado tratamento nas agressotildees causadas por ratos ratazanas cobaias e lagomorfos

(urbanos ou de criaccedilatildeo)

bull Nas agressotildees por morcegos deve-se proceder a soro-vacinaccedilatildeo independentemente do tipo

de morcego agressor do tempo decorrido e da gravidade da lesatildeo

23

2 JUSTIFICATIVA

A raiva constitui um importante problema de sauacutede puacuteblica devido ao seu prognoacutestico

quase sempre fatal No entanto essa alta letalidade pode ser reduzida a partir da prevenccedilatildeo da

doenccedila atraveacutes do adequado atendimento e tratamento profilaacutetico Estes uacuteltimos ocorrem

desde a avaliaccedilatildeo do caso e conduta cliacutenica ateacute questotildees estruturais e organizacionais dos

serviccedilos de sauacutede

Esta pesquisa justifica-se pela carecircncia de estudos neste sentido em Pernambuco e pela

mudanccedila no perfil epidemioloacutegico da raiva com diminuiccedilatildeo dos casos em caninos e felinos e

aumento dos casos em morcegos herbiacutevoros e outros animais silvestres

Com este trabalho pretende-se analisar o atendimento antirraacutebico humano nos

indiviacuteduos agredidos por animais silvestres no estado de Pernambuco Dessa forma busca-se

melhorar o conhecimento de alguns aspectos relacionados agrave profilaxia da raiva por animais

silvestres melhoria da vigilacircncia epidemioloacutegica planejamento e adoccedilatildeo de variadas accedilotildees de

sauacutede puacuteblica

21 PERGUNTA CONDUTORA

Como estaacute sendo efetuado o atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo nas

agressotildees por animais silvestres

24

3 OBJETIVOS

31 GERAL

Caracterizar o perfil epidemioloacutegico do atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em agressotildees por animais silvestres e analisar a adequaccedilatildeo de sua indicaccedilatildeo em Pernambuco

no periacuteodo de 2001 a 2010

32 ESPECIacuteFICOS

a) Caracterizar o perfil epidemioloacutegico segundo variaacuteveis de pessoa lugar e tempo

relativas agraves condiccedilotildees da agressatildeo e do animal agressor

b) Analisar o tratamento recomendado a cada espeacutecie agressora

25

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

41 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de abrangecircncia do estudo corresponde ao estado de Pernambuco composto por

184 municiacutepios e o territoacuterio de Fernando de Noronha

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA

O periacuteodo avaliado foi de 2001 a 2010 com o objetivo de demonstrar com melhor

precisatildeo o aumento das agressotildees por animais silvestres no estado

43 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal Esse estudo eacute apropriado para o

registro de frequumlecircncia de eventos observando sua variaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo Sua maior

vantagem eacute que natildeo haacute necessidade de grupos de comparaccedilatildeo possui alto potencial descritivo

e baixo custo operacional

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS

O evento estudado foi a profilaxia da raiva humana a partir de agressotildees por animais

silvestres analisada atraveacutes dos procedimentos registrados no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo (SINAN) sendo construiacutedos diversos tipos de agrupamentos

Desse modo foram analisados os atendimentos por espeacutecie animal atraveacutes da ficha

individual de atendimento antirraacutebico e este atendimento subdivido em grupos de variaacuteveis

Assim foram analisados os dados referentes as notificaccedilotildees individuais faixa etaacuteria e sexo

aos dados de residecircncia municiacutepio de residecircncia aos antecedentes epidemioloacutegicos

caracteriacutesticas da agressatildeo caracteriacutesticas do animal agressor e tratamento recomendado

(tratamento indicado indicaccedilatildeo do soro interrupccedilatildeo do tratamento motivo da interrupccedilatildeo e se

a unidade de sauacutede procurou o paciente que abandonou o tratamento) (Quadro 1)

Assim sendo em cada toacutepico especiacutefico de anaacutelise procurou-se verificar as principais

caracteriacutesticas das espeacutecies agressoras e o tratamento aplicado a partir das especificidades de

cada espeacutecie sendo executadas da seguinte forma observaram-se inicialmente o perfil das

26

agressotildees entre os anos de 2001 e 2010 em seguida realizaram-se observaccedilotildees no tratamento

realizado para posteriormente analisar a distribuiccedilatildeo das agressotildees no estado de Pernambuco

Os grupos foram compostos pelas variaacuteveis encontradas no proacuteprio banco de dados e

para a definiccedilatildeo dos atosprocedimentos que melhor caracterizassem as variaacuteveis utilizou-se

como referecircncia a Norma Teacutecnica do Ministeacuterio da Sauacutede (Anexo B)

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS

Os dados utilizados neste estudo foram secundaacuterios coletados na Secretaria Estadual

de Sauacutede e processados pelo SINAN atraveacutes da ficha individual de investigaccedilatildeo para

atendimento antirraacutebico humano (Anexo A) A exploraccedilatildeo do banco de dados foi realizada

atraveacutes dos programas Tabwin 36 e planilhas eletrocircnicas

46 ANAacuteLISE DOS DADOS

Foram calculadas frequumlecircncias absolutas e relativas aleacutem das meacutedias

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS

O estudo foi realizado dentro dos padrotildees da eacutetica cientiacutefica tendo sido aprovado pela

Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa sob o nordm 0511 da instituiccedilatildeo agrave qual se subordina A pesquisa

foi realizada com dados secundaacuterios da Secretaria Estadual de Sauacutede Nenhum dado de

identificaccedilatildeo dos pacientes fez parte do estudo

Quadro 1 - Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do tratamento antirraacutebico humano

VARIAacuteVEL CATEGORIZACcedilAtildeO

Relativas agraves caracteriacutesticas

da agressatildeo

Tipo de Exposiccedilatildeo Contato Indireto Arranhadura Lambedura e Mordedura

Localizaccedilatildeo Mucosa CabeccedilaPescoccedilo MatildeosPeacutes Tronco

Membros Superiores e Membros Inferiores

Ferimento Uacutenico Muacuteltiplo Ignorado e Sem Ferimento

Tipo de Ferimento Profundo Superficial Dilacerante

Relativas agraves caracteriacutesticas

do animal agressor

Espeacutecie Animal Quiroacuteptera (Morcego) Primata (Macaco) e Raposa

Condiccedilatildeo Final do Animal Positivo Cliacutenico Negativo Cliacutenico Positivo Laboratorial e Negativo Laboratorial

27

Relativas ao tratamento antirraacutebico humano

Tratamento Indicado Preacute-exposiccedilatildeo Exposiccedilatildeo Re-exposiccedilatildeo

Dispensa de tratamento Observaccedilatildeo do

animal (se catildeo ou gato) e Ignorado

Indicaccedilatildeo do Soro Sim Natildeo e Ignorado

Relativas agrave continuidade do

tratamento antirraacutebico humano

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim Natildeo e Ignorado

Motivo da Interrupccedilatildeo Unidade Indicou Abandono e Transferecircncia

Unidade de sauacutede

procurou o paciente que

abandonou o tratamento

Sim e Natildeo

28

5 RESULTADOS

Nas agressotildees por ano foram observadas tendecircncias de crescimentos com oscilaccedilotildees

principalmente em raposas sendo observados picos nos anos de 2002 (267) 2005(292) 2006

(305) e 2009 (235) Em morcegos haacute um crescimento anual ateacute um pico em 2006 (182)

posteriormente ocorre uma ligeira queda e um novo pico em 2009 (207) No que diz respeito a

macacos o nuacutemero de casos se manteacutem proacuteximo durante os anos exceto em 2003 (272) e

2007 (250) onde ocorreram elevaccedilotildees das agressotildees (Figura 1)

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo espeacutecie agressora e ano

Pernambuco 2001 a 2010

1

52

104 113138

182

117 124

207

155

0

134

272

171186

153

250

182 185

141

6

267

221

174

292305

168147

235

170

0

50

100

150

200

250

300

350

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Morcego

Macaco

Raposa

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

No periacuteodo estudado 295704 pessoas receberam tratamento antirraacutebico humano

destas 4852 (16) foram atendidas apoacutes agressotildees por animais silvestres Dentre os animais

silvestres a raposa foi a espeacutecie mais agressora representando 1985 (409) casos em

seguida encontrou-se a primata com 1674 (345) e depois a quiroacuteptera com 1193 (246)

A zona urbana foi a localidade de residecircncia com maior nuacutemero de casos em macacos

79 e morcegos 78 jaacute em raposas prevaleceu a zona rural com 745 das agressotildees

(Tabela 1)

Em relaccedilatildeo a faixa etaacuteria o grupo mais atingido foi de 20 a 49 anos (385) Em

morcegos essa faixa representa 444 das agressotildees em macacos 342 e em raposas 386

Em seguida se encontra a faixa de 50 anos e mais exceto em macacos onde prevaleceu os lt9

anos (Tabela 1)

No que diz respeito ao sexo o masculino apresentou-se mais prevalente com 2764

(57) dos casos Dentre as agressotildees por sexo e espeacutecie a raposa apresentou a maior

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

14

A cadeia epidemioloacutegica da raiva estaacute dividida em dois principais ciclos de

transmissatildeo terrestre e aeacutereo (CALDAS et al 2007) O ciclo terrestre eacute constituiacutedo por catildees

e gatos agressores destes 823 satildeo domiciliados e a maior parte deles satildeo machos ateacute um

ano de idade (BUSO NUNES QUEIROZ 2009) No periacuteodo de transmissibilidade da

doenccedila esses animais se afastam do domiciacutelio andando quilocircmetros fazendo inuacutemeras

viacutetimas ou infectando novos hospedeiros (CARRIERI et al 2006)

Os outros mamiacuteferos que fazem parte do ciclo terrestre satildeo os herbiacutevoros A estimativa

eacute que haja no Brasil mortes de 842688 cabeccedilas por ano Na Paraiacuteba entre 2002 a 2004 houve

um surto de raiva nesses animais apresentando morbidade meacutedia de 75 e letalidade de

100 Estima-se que 1875 das mortes de bovinos no estado ocorrem por raiva Todos os

surtos exceto um aconteceram em animais natildeo vacinados (LIMA et al 2005)

As mudanccedilas na natureza ocasionadas pelo homem implicam em condiccedilotildees favoraacuteveis

para expansatildeo de morcegos e consequente aumento de casos de raiva bovina (MENEZES

2008) No Nordeste aleacutem dos morcegos hematoacutefagos a raposa tambeacutem se apresenta como um

importante transmissor e reservatoacuterio para o viacuterus da raiva (LIMA et al 2005)

O ciclo aeacutereo eacute caracterizado pela transmissatildeo do viacuterus raacutebico entre morcegos

hematoacutefagos ou natildeo Na Ameacuterica Latina haacute com frequumlecircncia casos de raiva humana por

agressotildees de morcegos hematoacutefagos pela ausecircncia de outras fontes alimentares e pelas

alteraccedilotildees ambientais (KOTAIT et al 2009)

Em morcegos a presenccedila do viacuterus raacutebico eacute detectada em diversos oacutergatildeos reforccedilando a

transmissatildeo de outros animais e seres humanos atraveacutes do contato com secreccedilotildees e com

morcegos vivos ou mortos O aparecimento do viacuterus nos pulmotildees ratifica a transmissatildeo por

aerossoacuteis entre todas as espeacutecies de morcegos que povoam uma mesma aacuterea (SCHEFFER et

al 2007 SILVA et al 2007) Portanto deve-se evitar contato com estes animais

principalmente quando apresentarem sinais da doenccedila como alteraccedilatildeo de comportamento

(voos diurnos) dificuldade de locomoccedilatildeo e agressividade (QUEIROZ et al 2009)

123 Raiva no Brasil

Os casos de raiva humana no Brasil demonstra uma reduccedilatildeo bastante significativa

diminuiu de 168 casos em 1980 (SCHENEIDER 1990) para 73 em 1990 26 em 2000

(PERNAMBUCO 2010) 3 em 2008 sendo dois por morcegos e um por primatas natildeo

humano (BRASIL 2009) e 2 em 2010 na regiatildeo Nordeste (BRASIL 2010a)

15

No Sul natildeo haacute registros de casos humanos desde 1988 Mas haacute uma emergecircncia do

ciclo silvestre no paiacutes onde se destaca uma maior detecccedilatildeo de casos de raiva em morcegos e

outras espeacutecies silvestres (BATISTA FRANCO ROEHE 2007 CALDAS et al 2007

PERNAMBUCO 2010) As agressotildees por morcegos aumentaram de 12 nos anos de 1990 a

1999 para 46 nos anos de 2000 a 2010 (PERNAMBUCO 2010)

A doenccedila eacute endecircmica no paiacutes e apresenta grau diferenciado de acordo com a regiatildeo

geopoliacutetica Na Regiatildeo Nordeste de 1986 a 2001 foram registrados 5880 dos casos

humanos jaacute a Norte 2085 a Sudeste registrou 1080 a Centro-Oeste 940 e a Sul

015 Em 1987 ocorreu um caso no Paranaacute sendo o uacuteltimo caso de registro de raiva nos

estados do Sul cuja fonte de infecccedilatildeo foi um morcego hematoacutefago A transmissatildeo da doenccedila

a humanos no periacuteodo de 1991 a 2001 foi de 8052 por catildees e gatos 1013 por morcegos

e 494 por outros animais raposas saguis gato selvagem bovinos equinos caititus

gambaacutes suiacutenos e caprinos (BRASIL 2005)

Nos anos de 1997 ateacute 2003 os catildees foram os principais transmissores da doenccedila no

Paiacutes sendo implicados em 84 das transmissotildees em humanos De 2004 a 2006 houve um

decreacutescimo significativo de casos em catildees estes representando 15 e um aumento das

infecccedilotildees por animais silvestres principalmente por morcegos hematoacutefagos que passaram a

ser responsaacuteveis por 825 dos casos Aleacutem disso as infecccedilotildees em morcegos natildeo

hematoacutefagos tecircm evoluiacutedo trazendo grande preocupaccedilatildeo para vigilacircncia epidemioloacutegica jaacute

que a raacutepida adaptaccedilatildeo desses animais ao meio urbano pode dar margem a infecccedilotildees em

animais domeacutesticos e humanos (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

124 Raiva em Pernambuco

Em Pernambuco a doenccedila ainda natildeo estaacute sob controle principalmente por haver uma

grande expansatildeo das aacutereas de ocorrecircncia de casos em bovinos causados por morcegos

hematoacutefagos (Desmodus rotundus) Constituindo assim um problema emergente de sauacutede

puacuteblica para o Estado (PERNAMBUCO 2009)

O iacutendice de positividade para a raiva canina no ano de 2000 no Estado foi de 65

aumentando para 10 em 2001 e apresentando decreacutescimo a partir de 2002 passando de

86 para 05 em 2008 No periacuteodo de 2000 a 2007 a cobertura vacinal superou a meta de

80 preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (PERNAMBUCO 2009)

Os casos de raiva humana em Pernambuco apresentam grande decreacutescimo no ano de

1992 quando houve o maior nuacutemero de casos (10 casos) No periacuteodo de 2000 a 2008

16

ocorreram quatro casos positivos dentre eles as espeacutecies agressoras foram catildeo e morcego

sendo este uacuteltimo o primeiro caso de cura no Brasil (PERNAMBUCO 2009)

125 Raiva em morcegos

Haacute no Brasil cerca de 140 espeacutecies de morcegos desse total o viacuterus da raiva jaacute foi

isolado de 31 espeacutecies Este nuacutemero eacute considerado pequeno quando comparado ao

encontrado nos Estados Unidos de 39 espeacutecies identificadas o viacuterus da raiva foi isolado de

30 Todas as espeacutecies de morcego podem transmitir a raiva independente de seu haacutebito

alimentar (KOTAIT et al 2009)

Em Presidente Prudente-SP haacute um iacutendice de positividade muito alto em quiroacutepteros

Esta regiatildeo era zona silenciosa para a raiva ateacute 2001 quando ocorreu um caso de morte em

mulher atacada por um gato poreacutem a variante encontrada foi de morcego hematoacutefago Aleacutem

disso ocorreu tambeacutem em 2002 um surto de raiva em bovinos tambeacutem decorrente de

agressotildees por morcegos hematoacutefagos (ALBAS et al 2005)

Em Satildeo Paulo estudos sobre variantes antigecircnicas demonstram vaacuterias amostras com

morcegos insetiacutevoros no Brasil Isso se deve a coabitaccedilatildeo de morcegos hematoacutefagos e natildeo

hematoacutefagos disseminando o viacuterus entre eles (ALBAS et al 2010)

Na Colocircmbia em 2009 notificou-se o primeiro caso de raiva humana na aacuterea urbana

transmitida por morcego Aleacutem disso o paciente veio a oacutebito pois o tratamento inicial natildeo foi

conferido mostrando a vulnerabilidade de todos os niacuteveis de atenccedilatildeo envolvidos Como o

periacuteodo de incubaccedilatildeo do viacuterus raacutebico eacute variaacutevel e mais prolongado em morcegos deve-se

implementar estudos que caracterizem os aspectos fundamentais desta doenccedila nesta espeacutecie

animal (BADILLO MANTILLA PRADILLA 2009)

Em 2004 e 2005 ocorreram surtos de raiva no Paraacute provenientes de variante de

morcegos hematoacutefagos presentes em vaacuterias espeacutecies dentre elas bovinos equinos suiacutenos

humanos felinos e morcegos Apoacutes um ano do surto de 2004 ainda detectou-se a variante em

circulaccedilatildeo no municiacutepio de Viseu isolado em amostras humana e bovina (BARBOSA et al

2007) Em Araccedilatuba-SP a espeacutecie quiroacuteptera eacute a terceira mais agressora com 81 (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009) Em estudos na mesma regiatildeo 12 dos morcegos diagnosticados

positivos agrediram pessoas e animais (QUEIROZ et al 2009)

Em trabalhos publicados no Brasil observou-se maior presenccedila de positividade em

morcegos insetiacutevoros (SCHEFFER et al 2007 QUEIROZ et al 2009) o que torna a

situaccedilatildeo mais alarmante jaacute que a interaccedilatildeo de morcegos natildeo hematoacutefagos com pessoas e seus

17

animais aumenta a cada dia devido a devastaccedilatildeo do habitat destes e a adaptaccedilatildeo a abrigos

urbanos (ALBAS et al 2009 TIRIBA SHMAL 2010)

No Paraacute a taxa de ataque por morcegos eacute muito alta Aleacutem disso do total de

agredidos 100 relataram natildeo conhecerem a necessidade de tratamento profilaacutetico Portanto

a adoccedilatildeo de medidas de esclarecimento agrave populaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel (WADA et al 2004) Jaacute

que uma vez mordido por morcegos o homem deve passar por tratamento imediato (soro e

vacina) sem interrupccedilatildeo pois o periacuteodo de incubaccedilatildeo eacute muito raacutepido levando o paciente natildeo

tratado ao oacutebito (SCHEFFER et al 2007 TIRIBA SHMAL 2010)

126 Raiva em animais silvestres

A raiva em animais silvestres vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia

epidemioloacutegica desse agravo no Brasil devido agrave presenccedila de morcegos natildeo hematoacutefagos em

aacutereas urbanas caniacutedeos silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais

(BRASIL 2009) Em 2009 foram notificados com raiva confirmada 158 morcegos natildeo

hematoacutefagos 16 morcegos hematoacutefagos 22 caniacutedeos silvestres 3 primatas natildeo humanos e

um gato do mato (BRASIL 2010b)

A raiva nos animais domeacutesticos eacute controlada com a vacinaccedilatildeo anual Poreacutem os

animais silvestres natildeo satildeo imunizados ficando assim mais expostos aos riscos de

contaminaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

A aplicaccedilatildeo de vacina de cultivo celular apresenta-se como uma alternativa para

imunizaccedilatildeo de animais silvestres Em estudos feitos com saguis esse tipo de vacinaccedilatildeo

mostrou-se eficaz apoacutes 45 dias aplicando-se apenas uma uacutenica dose Outra boa alternativa

seria a realizaccedilatildeo de estudos no uso de vacina oral para animais silvestres a fim de facilitar a

vacinaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

Em Pernambuco a criaccedilatildeo de macacos principalmente saguis como animal de

estimaccedilatildeo eacute bastante comum Em estudo realizado em Satildeo Paulo no periacuteodo de 1996 a 1999

observou-se uma diminuiccedilatildeo das agressotildees por macacos indicando um decreacutescimo na criaccedilatildeo

clandestina destes animais e na alimentaccedilatildeo deles em parques puacuteblicos Aleacutem disso a

indicaccedilatildeo de tratamento foi de 85 indicando uma maior conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao perigo desses acidentes (RAMOS RAMOS 2002)

18

127 Tratamento

O desenvolvimento da raiva estaacute relacionado a diversos fatores desde a gravidade da

mordedura e agrave proximidade do SNC ateacute o estado de sauacutede do paciente e sua resposta imune

(CARRIERI et al 2006) Por isso cada caso deve ser avaliado para que seja instalada a

profilaxia adequada a fim de se evitar a doenccedila

O Ministeacuterio da Sauacutede criou em 1973 o Programa Nacional de Controle da Raiva ndash

PNCR com o objetivo de eliminar a raiva humana transmitida por catildees e gatos O controle da

raiva canina foi realizado a partir das accedilotildees de vacinaccedilatildeo de catildees e gatos tratamento

profilaacutetico de pessoas expostas vigilacircncia epidemioloacutegica diagnoacutestico laboratorial controle

de populaccedilatildeo animal e educaccedilatildeo em sauacutede (SCHNEIDER et al 1996)

Devido ao tratamento de raiva humana realizado nos Estados Unidos (2004) e em

Pernambuco (2008) que decorreu na cura dos pacientes o Ministeacuterio da Sauacutede publicou e

divulgou para as Secretarias Municipais e Estaduais de Sauacutede o Protocolo de Tratamento de

Raiva Humana denominado Protocolo Recife (BRASIL 2009 BRASIL 2010b) Apesar

disso a profilaxia continua sendo a melhor maneira de prevenccedilatildeo pois a chance de cura ainda

eacute pequena e natildeo se tem conhecimento suficiente sobre as sequelas que o paciente pode

apresentar

A populaccedilatildeo ainda desconhece a gravidade da doenccedila Ateacute os dias atuais satildeo relatados

abandonos de tratamento e procura ao serviccedilo de sauacutede apenas para tratamento do ferimento

Em estudo realizado 245 dos atendidos consideraram desnecessaacuterio o tratamento completo

e 138 natildeo obtiveram orientaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao tratamento demonstrando a falta de

informaccedilatildeo e o descompromisso dos profissionais de sauacutede (VELOSO et al 2011)

1271 Profilaxia preacute-exposiccedilatildeo

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute indicada para pessoas expostas permanentemente ao risco

de infecccedilatildeo pelo viacuterus da raiva tais como meacutedicos veterinaacuterios bioacutelogos profissionais e

auxiliares de laboratoacuterio para diagnoacutestico da raiva estudantes dessas aacutereas e pessoas que

atuam na vacinaccedilatildeo captura e em zooloacutegicos (COSTA et al 2000 BRASIL 2005)

O esquema de tratamento eacute de trecircs doses aplicadas nos dias 0 7 e 28 Deve-se fazer o

controle soroloacutegico a partir do 14ordm dia apoacutes a uacuteltima dose do esquema e repeti-lo anualmente

Eacute importante destacar que eacute necessaacuterio administrar uma dose de reforccedilo sempre que os tiacutetulos

forem inferiores a 05 UIml (BRASIL 2005)

19

Em dados recentes observou-se que a aplicaccedilatildeo do esquema preacute-exposiccedilatildeo em

profissionais de sauacutede e viajantes que podem facilmente buscar atendimento no caso de uma

nova exposiccedilatildeo pode ser efetuada atraveacutes da via intradeacutermica trazendo um custo bem menor

ao paiacutes (CUNHA et al 2010)

Jaacute em populaccedilotildees de difiacutecil acompanhamento como da regiatildeo ribeirinha da Amazocircnia

recomenda-se o esquema por via intramuscular que confere uma imunidade mais duradoura

Tambeacutem foi identificado que apoacutes a terceira dose em ambas as vias de administraccedilatildeo eacute

desnecessaacuteria a sorologia em indiviacuteduos sob controle uma vez que todos os voluntaacuterios do

experimento apresentaram niacuteveis de anticorpos satisfatoacuterios ge05 UImL (CUNHA et al

2010)

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute considerada pelo serviccedilo como de pouca importacircncia jaacute

que apenas 377 dessa informaccedilatildeo eacute registrada Esse fato evidencia as falhas no sistema de

vigilacircncia e a necessidade de adequaccedilatildeo das prescriccedilotildees para que se atinjam niacuteveis ideais de

tratamento e seguranccedila para populaccedilatildeo atendida (RIGO HONER 2005)

1272 Profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo

O paciente apoacutes a agressatildeo por mamiacutefero deve ser avaliado para indicaccedilatildeo ou natildeo da

profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo que quando indicada deve ter iniacutecio o mais precocemente possiacutevel

pois quando o viacuterus atinge o SNC o paciente geralmente evolui para o oacutebito (KOTAIT et al

2009)

O tratamento poacutes-exposiccedilatildeo prescrito depende principalmente da espeacutecie do animal

agressor do tipo da lesatildeo e no caso de catildees e gatos da possibilidade da observaccedilatildeo (Anexo

B) (GARCIA et al 1999 BRASIL 2005)

Haacute no Brasil um nuacutemero bastante elevado de tratamentos profilaacuteticos humanos que

poderiam ser reduzidos pela educaccedilatildeo em sauacutede atraveacutes de orientaccedilotildees sobre os animais

agressores e os fatores que desencadeiam a agressividade os cuidados com o ferimento a

posse responsaacutevel dos animais aleacutem da observaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo cliacutenica dos catildees e gatos

domiciliados (GARCIA et al 1999 FRIAS 2008)

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina

Em 2009 na Regiatildeo Nordeste e a partir de 2010 no restante do paiacutes a campanha de

vacinaccedilatildeo nacional substituiu a vacina Fuenzalida amp Palaacutecios modificada pela vacina de

20

cultivo celular canina (BRASIL 2009) Essa modificaccedilatildeo deve-se ao fato dessa vacina

apresentar maior imunogenicidade e seguranccedila aleacutem de ser recomendada pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede (BRASIL 2010a)

A vacina de cultivo celular foi utilizada em Pernambuco em 2009 sem apresentar altos

iacutendices de reaccedilotildees adversas Entretanto a vacina introduzida em junho de 2010 em todo paiacutes

(BRASIL 2010a) teve sua aplicaccedilatildeo suspensa em outubro do mesmo ano pelo Ministeacuterio da

Sauacutede que determinou a interrupccedilatildeo da campanha vacinal ateacute a conclusatildeo dos estudos sobre o

aumento das mortes e reaccedilotildees adversas apresentadas em catildees e gatos vacinados (BRASIL

2010c)

Em humanos a vacina utilizada para tratamento profilaacutetico tambeacutem eacute a vacina de

cultivo celular esta eacute produzida em cultura de ceacutelulas (diploacuteides humanas ceacutelulas Vero

ceacutelulas de embriatildeo de galinha e pato etc) com viacuterus inativados por betapropiolactona e com

potecircncia miacutenima de 25 UIdose A vacina eacute apresentada de forma liofilizada devendo ser

conservada na temperatura entre + 2ordmC a + 8ordmC ateacute o momento de sua aplicaccedilatildeo Seu esquema

vacinal completo eacute de 5 doses aplicadas nos dias 0 3 7 14 e 28 (BRASIL 2005)

Natildeo haacute contra indicaccedilatildeo (gravidez mulheres lactantes doenccedila intercorrente ou outros

tratamentos) Sempre que possiacutevel recomenda-se a interrupccedilatildeo do tratamento com corticoacuteides

eou imunossupressores As manifestaccedilotildees adversas relatadas com maior frequumlecircncia satildeo

reaccedilatildeo local febre mal estar naacuteuseas e cefaleacuteia Natildeo haacute relato de ocorrecircncia de oacutebito

associado ao uso da vacina de cultivo celular (BRASIL 2005)

A frequumlecircncia de reaccedilotildees neuroloacutegicas associadas a esta vacina citada na literatura

cientiacutefica eacute baixa De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede ateacute junho de 1996

haviam sido relatados seis casos de reaccedilotildees neuroloacutegicas temporalmente associadas a vacina

A incidecircncia de manifestaccedilotildees neuroloacutegicas considerando-se todos estes casos como

realmente provocados pela vacina eacute de cerca de 1 para cada 500000 pacientes tratados A

incidecircncia de reaccedilotildees aleacutergicas notificadas nos EUA agrave vacina de ceacutelulas diploacuteides foi de 11

casos por 10000 pacientes tratados (011) As reaccedilotildees variam de urticaacuteria a anafilaxia e

ocorrem principalmente apoacutes as doses de reforccedilo a maioria dos pacientes natildeo necessita de

internaccedilatildeo hospitalar (COSTA et al 2000)

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro

O soro heteroacutelogo eacute uma soluccedilatildeo concentrada e purificada de anticorpos preparada em

equiacutedeos imunizados contra o viacuterus da raiva A temperatura de conservaccedilatildeo eacute entre +2ordm a

21

+8ordmC A dose indicada eacute de 40 UIkg de peso Deve-se infiltrar nas lesotildees a maior quantidade

possiacutevel da dose do soro caso natildeo seja possiacutevel aplicar a miacutenima quantidade possiacutevel na

regiatildeo gluacutetea O uso do soro natildeo eacute recomendado para pacientes imunizados anteriormente Em

pacientes com histoacuterico de reaccedilotildees aleacutergicas e reaccedilatildeo anafilaacutetica ao soro heteroacutelogo

recomenda-se o uso do soro homoacutelogo (imunoglobulina humana hiperimune antirraacutebica) na

dose de 20UIKg de peso (BRASIL 2005)

1275 Consideraccedilotildees sobre o ferimento

A limpeza do ferimento com aacutegua corrente e sabatildeo eacute imprescindiacutevel em qualquer

caso de mordedura arranhadura ou lambedura que possa haver contaminado a viacutetima com o

viacuterus da raiva Esta deve eliminar todas as sujidades e em seguida devem ser utilizados

antisseacutepticos que inativem o viacuterus da raiva (iodo povidine clorexidine e aacutelcool iodado) a

mucosa ocular deve ser lavada com aacutegua corrente ou soluccedilatildeo fisioloacutegica (COSTA et al 2000

BRASIL 2005)

A utilizaccedilatildeo de antisseacutepticos ou mesmo o uso de aacutegua e sabatildeo para lavagem dos

ferimentos eacute relatada em 831 dos casos analisados em estudos indicando a

conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo para essa conduta importante de prevenccedilatildeo de doenccedilas

(GARCIA et al 1999)

A sutura do ferimento natildeo eacute recomendada mas caso seja necessaacuterio aproximar as

bordas com pontos isolados e infiltrar soro antirraacutebico humano uma hora antes da sutura

Dependendo da necessidade do paciente outras condutas podem ser realizadas como a

administraccedilatildeo de antibioacuteticos e a profilaxia antitetacircnica (COSTA et al 2000 BRASIL

2005)

128 Consideraccedilotildees sobre o animal

O Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (BRASIL 2005) traz algumas consideraccedilotildees em

relaccedilatildeo aos animais agressores dentre eles

bull O periacuteodo de observaccedilatildeo de dez dias eacute restrito aos catildees e gatos

bull A agressatildeo por outros animais domeacutesticos (bovinos ovinos caprinos equiacutedeos e suiacutenos)

deveraacute ser avaliada e se necessaacuterio deveraacute ser indicado o tratamento profilaacutetico

bull Estaacute indicado tratamento sistematicamente para todos os casos de agressatildeo por animais

silvestres mesmo quando domiciliados e domesticados

22

bull Natildeo eacute indicado tratamento nas agressotildees causadas por ratos ratazanas cobaias e lagomorfos

(urbanos ou de criaccedilatildeo)

bull Nas agressotildees por morcegos deve-se proceder a soro-vacinaccedilatildeo independentemente do tipo

de morcego agressor do tempo decorrido e da gravidade da lesatildeo

23

2 JUSTIFICATIVA

A raiva constitui um importante problema de sauacutede puacuteblica devido ao seu prognoacutestico

quase sempre fatal No entanto essa alta letalidade pode ser reduzida a partir da prevenccedilatildeo da

doenccedila atraveacutes do adequado atendimento e tratamento profilaacutetico Estes uacuteltimos ocorrem

desde a avaliaccedilatildeo do caso e conduta cliacutenica ateacute questotildees estruturais e organizacionais dos

serviccedilos de sauacutede

Esta pesquisa justifica-se pela carecircncia de estudos neste sentido em Pernambuco e pela

mudanccedila no perfil epidemioloacutegico da raiva com diminuiccedilatildeo dos casos em caninos e felinos e

aumento dos casos em morcegos herbiacutevoros e outros animais silvestres

Com este trabalho pretende-se analisar o atendimento antirraacutebico humano nos

indiviacuteduos agredidos por animais silvestres no estado de Pernambuco Dessa forma busca-se

melhorar o conhecimento de alguns aspectos relacionados agrave profilaxia da raiva por animais

silvestres melhoria da vigilacircncia epidemioloacutegica planejamento e adoccedilatildeo de variadas accedilotildees de

sauacutede puacuteblica

21 PERGUNTA CONDUTORA

Como estaacute sendo efetuado o atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo nas

agressotildees por animais silvestres

24

3 OBJETIVOS

31 GERAL

Caracterizar o perfil epidemioloacutegico do atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em agressotildees por animais silvestres e analisar a adequaccedilatildeo de sua indicaccedilatildeo em Pernambuco

no periacuteodo de 2001 a 2010

32 ESPECIacuteFICOS

a) Caracterizar o perfil epidemioloacutegico segundo variaacuteveis de pessoa lugar e tempo

relativas agraves condiccedilotildees da agressatildeo e do animal agressor

b) Analisar o tratamento recomendado a cada espeacutecie agressora

25

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

41 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de abrangecircncia do estudo corresponde ao estado de Pernambuco composto por

184 municiacutepios e o territoacuterio de Fernando de Noronha

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA

O periacuteodo avaliado foi de 2001 a 2010 com o objetivo de demonstrar com melhor

precisatildeo o aumento das agressotildees por animais silvestres no estado

43 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal Esse estudo eacute apropriado para o

registro de frequumlecircncia de eventos observando sua variaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo Sua maior

vantagem eacute que natildeo haacute necessidade de grupos de comparaccedilatildeo possui alto potencial descritivo

e baixo custo operacional

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS

O evento estudado foi a profilaxia da raiva humana a partir de agressotildees por animais

silvestres analisada atraveacutes dos procedimentos registrados no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo (SINAN) sendo construiacutedos diversos tipos de agrupamentos

Desse modo foram analisados os atendimentos por espeacutecie animal atraveacutes da ficha

individual de atendimento antirraacutebico e este atendimento subdivido em grupos de variaacuteveis

Assim foram analisados os dados referentes as notificaccedilotildees individuais faixa etaacuteria e sexo

aos dados de residecircncia municiacutepio de residecircncia aos antecedentes epidemioloacutegicos

caracteriacutesticas da agressatildeo caracteriacutesticas do animal agressor e tratamento recomendado

(tratamento indicado indicaccedilatildeo do soro interrupccedilatildeo do tratamento motivo da interrupccedilatildeo e se

a unidade de sauacutede procurou o paciente que abandonou o tratamento) (Quadro 1)

Assim sendo em cada toacutepico especiacutefico de anaacutelise procurou-se verificar as principais

caracteriacutesticas das espeacutecies agressoras e o tratamento aplicado a partir das especificidades de

cada espeacutecie sendo executadas da seguinte forma observaram-se inicialmente o perfil das

26

agressotildees entre os anos de 2001 e 2010 em seguida realizaram-se observaccedilotildees no tratamento

realizado para posteriormente analisar a distribuiccedilatildeo das agressotildees no estado de Pernambuco

Os grupos foram compostos pelas variaacuteveis encontradas no proacuteprio banco de dados e

para a definiccedilatildeo dos atosprocedimentos que melhor caracterizassem as variaacuteveis utilizou-se

como referecircncia a Norma Teacutecnica do Ministeacuterio da Sauacutede (Anexo B)

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS

Os dados utilizados neste estudo foram secundaacuterios coletados na Secretaria Estadual

de Sauacutede e processados pelo SINAN atraveacutes da ficha individual de investigaccedilatildeo para

atendimento antirraacutebico humano (Anexo A) A exploraccedilatildeo do banco de dados foi realizada

atraveacutes dos programas Tabwin 36 e planilhas eletrocircnicas

46 ANAacuteLISE DOS DADOS

Foram calculadas frequumlecircncias absolutas e relativas aleacutem das meacutedias

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS

O estudo foi realizado dentro dos padrotildees da eacutetica cientiacutefica tendo sido aprovado pela

Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa sob o nordm 0511 da instituiccedilatildeo agrave qual se subordina A pesquisa

foi realizada com dados secundaacuterios da Secretaria Estadual de Sauacutede Nenhum dado de

identificaccedilatildeo dos pacientes fez parte do estudo

Quadro 1 - Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do tratamento antirraacutebico humano

VARIAacuteVEL CATEGORIZACcedilAtildeO

Relativas agraves caracteriacutesticas

da agressatildeo

Tipo de Exposiccedilatildeo Contato Indireto Arranhadura Lambedura e Mordedura

Localizaccedilatildeo Mucosa CabeccedilaPescoccedilo MatildeosPeacutes Tronco

Membros Superiores e Membros Inferiores

Ferimento Uacutenico Muacuteltiplo Ignorado e Sem Ferimento

Tipo de Ferimento Profundo Superficial Dilacerante

Relativas agraves caracteriacutesticas

do animal agressor

Espeacutecie Animal Quiroacuteptera (Morcego) Primata (Macaco) e Raposa

Condiccedilatildeo Final do Animal Positivo Cliacutenico Negativo Cliacutenico Positivo Laboratorial e Negativo Laboratorial

27

Relativas ao tratamento antirraacutebico humano

Tratamento Indicado Preacute-exposiccedilatildeo Exposiccedilatildeo Re-exposiccedilatildeo

Dispensa de tratamento Observaccedilatildeo do

animal (se catildeo ou gato) e Ignorado

Indicaccedilatildeo do Soro Sim Natildeo e Ignorado

Relativas agrave continuidade do

tratamento antirraacutebico humano

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim Natildeo e Ignorado

Motivo da Interrupccedilatildeo Unidade Indicou Abandono e Transferecircncia

Unidade de sauacutede

procurou o paciente que

abandonou o tratamento

Sim e Natildeo

28

5 RESULTADOS

Nas agressotildees por ano foram observadas tendecircncias de crescimentos com oscilaccedilotildees

principalmente em raposas sendo observados picos nos anos de 2002 (267) 2005(292) 2006

(305) e 2009 (235) Em morcegos haacute um crescimento anual ateacute um pico em 2006 (182)

posteriormente ocorre uma ligeira queda e um novo pico em 2009 (207) No que diz respeito a

macacos o nuacutemero de casos se manteacutem proacuteximo durante os anos exceto em 2003 (272) e

2007 (250) onde ocorreram elevaccedilotildees das agressotildees (Figura 1)

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo espeacutecie agressora e ano

Pernambuco 2001 a 2010

1

52

104 113138

182

117 124

207

155

0

134

272

171186

153

250

182 185

141

6

267

221

174

292305

168147

235

170

0

50

100

150

200

250

300

350

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Morcego

Macaco

Raposa

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

No periacuteodo estudado 295704 pessoas receberam tratamento antirraacutebico humano

destas 4852 (16) foram atendidas apoacutes agressotildees por animais silvestres Dentre os animais

silvestres a raposa foi a espeacutecie mais agressora representando 1985 (409) casos em

seguida encontrou-se a primata com 1674 (345) e depois a quiroacuteptera com 1193 (246)

A zona urbana foi a localidade de residecircncia com maior nuacutemero de casos em macacos

79 e morcegos 78 jaacute em raposas prevaleceu a zona rural com 745 das agressotildees

(Tabela 1)

Em relaccedilatildeo a faixa etaacuteria o grupo mais atingido foi de 20 a 49 anos (385) Em

morcegos essa faixa representa 444 das agressotildees em macacos 342 e em raposas 386

Em seguida se encontra a faixa de 50 anos e mais exceto em macacos onde prevaleceu os lt9

anos (Tabela 1)

No que diz respeito ao sexo o masculino apresentou-se mais prevalente com 2764

(57) dos casos Dentre as agressotildees por sexo e espeacutecie a raposa apresentou a maior

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

REFEREcircNCIAS

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

15

No Sul natildeo haacute registros de casos humanos desde 1988 Mas haacute uma emergecircncia do

ciclo silvestre no paiacutes onde se destaca uma maior detecccedilatildeo de casos de raiva em morcegos e

outras espeacutecies silvestres (BATISTA FRANCO ROEHE 2007 CALDAS et al 2007

PERNAMBUCO 2010) As agressotildees por morcegos aumentaram de 12 nos anos de 1990 a

1999 para 46 nos anos de 2000 a 2010 (PERNAMBUCO 2010)

A doenccedila eacute endecircmica no paiacutes e apresenta grau diferenciado de acordo com a regiatildeo

geopoliacutetica Na Regiatildeo Nordeste de 1986 a 2001 foram registrados 5880 dos casos

humanos jaacute a Norte 2085 a Sudeste registrou 1080 a Centro-Oeste 940 e a Sul

015 Em 1987 ocorreu um caso no Paranaacute sendo o uacuteltimo caso de registro de raiva nos

estados do Sul cuja fonte de infecccedilatildeo foi um morcego hematoacutefago A transmissatildeo da doenccedila

a humanos no periacuteodo de 1991 a 2001 foi de 8052 por catildees e gatos 1013 por morcegos

e 494 por outros animais raposas saguis gato selvagem bovinos equinos caititus

gambaacutes suiacutenos e caprinos (BRASIL 2005)

Nos anos de 1997 ateacute 2003 os catildees foram os principais transmissores da doenccedila no

Paiacutes sendo implicados em 84 das transmissotildees em humanos De 2004 a 2006 houve um

decreacutescimo significativo de casos em catildees estes representando 15 e um aumento das

infecccedilotildees por animais silvestres principalmente por morcegos hematoacutefagos que passaram a

ser responsaacuteveis por 825 dos casos Aleacutem disso as infecccedilotildees em morcegos natildeo

hematoacutefagos tecircm evoluiacutedo trazendo grande preocupaccedilatildeo para vigilacircncia epidemioloacutegica jaacute

que a raacutepida adaptaccedilatildeo desses animais ao meio urbano pode dar margem a infecccedilotildees em

animais domeacutesticos e humanos (BATISTA FRANCO ROEHE 2007)

124 Raiva em Pernambuco

Em Pernambuco a doenccedila ainda natildeo estaacute sob controle principalmente por haver uma

grande expansatildeo das aacutereas de ocorrecircncia de casos em bovinos causados por morcegos

hematoacutefagos (Desmodus rotundus) Constituindo assim um problema emergente de sauacutede

puacuteblica para o Estado (PERNAMBUCO 2009)

O iacutendice de positividade para a raiva canina no ano de 2000 no Estado foi de 65

aumentando para 10 em 2001 e apresentando decreacutescimo a partir de 2002 passando de

86 para 05 em 2008 No periacuteodo de 2000 a 2007 a cobertura vacinal superou a meta de

80 preconizada pelo Ministeacuterio da Sauacutede (PERNAMBUCO 2009)

Os casos de raiva humana em Pernambuco apresentam grande decreacutescimo no ano de

1992 quando houve o maior nuacutemero de casos (10 casos) No periacuteodo de 2000 a 2008

16

ocorreram quatro casos positivos dentre eles as espeacutecies agressoras foram catildeo e morcego

sendo este uacuteltimo o primeiro caso de cura no Brasil (PERNAMBUCO 2009)

125 Raiva em morcegos

Haacute no Brasil cerca de 140 espeacutecies de morcegos desse total o viacuterus da raiva jaacute foi

isolado de 31 espeacutecies Este nuacutemero eacute considerado pequeno quando comparado ao

encontrado nos Estados Unidos de 39 espeacutecies identificadas o viacuterus da raiva foi isolado de

30 Todas as espeacutecies de morcego podem transmitir a raiva independente de seu haacutebito

alimentar (KOTAIT et al 2009)

Em Presidente Prudente-SP haacute um iacutendice de positividade muito alto em quiroacutepteros

Esta regiatildeo era zona silenciosa para a raiva ateacute 2001 quando ocorreu um caso de morte em

mulher atacada por um gato poreacutem a variante encontrada foi de morcego hematoacutefago Aleacutem

disso ocorreu tambeacutem em 2002 um surto de raiva em bovinos tambeacutem decorrente de

agressotildees por morcegos hematoacutefagos (ALBAS et al 2005)

Em Satildeo Paulo estudos sobre variantes antigecircnicas demonstram vaacuterias amostras com

morcegos insetiacutevoros no Brasil Isso se deve a coabitaccedilatildeo de morcegos hematoacutefagos e natildeo

hematoacutefagos disseminando o viacuterus entre eles (ALBAS et al 2010)

Na Colocircmbia em 2009 notificou-se o primeiro caso de raiva humana na aacuterea urbana

transmitida por morcego Aleacutem disso o paciente veio a oacutebito pois o tratamento inicial natildeo foi

conferido mostrando a vulnerabilidade de todos os niacuteveis de atenccedilatildeo envolvidos Como o

periacuteodo de incubaccedilatildeo do viacuterus raacutebico eacute variaacutevel e mais prolongado em morcegos deve-se

implementar estudos que caracterizem os aspectos fundamentais desta doenccedila nesta espeacutecie

animal (BADILLO MANTILLA PRADILLA 2009)

Em 2004 e 2005 ocorreram surtos de raiva no Paraacute provenientes de variante de

morcegos hematoacutefagos presentes em vaacuterias espeacutecies dentre elas bovinos equinos suiacutenos

humanos felinos e morcegos Apoacutes um ano do surto de 2004 ainda detectou-se a variante em

circulaccedilatildeo no municiacutepio de Viseu isolado em amostras humana e bovina (BARBOSA et al

2007) Em Araccedilatuba-SP a espeacutecie quiroacuteptera eacute a terceira mais agressora com 81 (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009) Em estudos na mesma regiatildeo 12 dos morcegos diagnosticados

positivos agrediram pessoas e animais (QUEIROZ et al 2009)

Em trabalhos publicados no Brasil observou-se maior presenccedila de positividade em

morcegos insetiacutevoros (SCHEFFER et al 2007 QUEIROZ et al 2009) o que torna a

situaccedilatildeo mais alarmante jaacute que a interaccedilatildeo de morcegos natildeo hematoacutefagos com pessoas e seus

17

animais aumenta a cada dia devido a devastaccedilatildeo do habitat destes e a adaptaccedilatildeo a abrigos

urbanos (ALBAS et al 2009 TIRIBA SHMAL 2010)

No Paraacute a taxa de ataque por morcegos eacute muito alta Aleacutem disso do total de

agredidos 100 relataram natildeo conhecerem a necessidade de tratamento profilaacutetico Portanto

a adoccedilatildeo de medidas de esclarecimento agrave populaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel (WADA et al 2004) Jaacute

que uma vez mordido por morcegos o homem deve passar por tratamento imediato (soro e

vacina) sem interrupccedilatildeo pois o periacuteodo de incubaccedilatildeo eacute muito raacutepido levando o paciente natildeo

tratado ao oacutebito (SCHEFFER et al 2007 TIRIBA SHMAL 2010)

126 Raiva em animais silvestres

A raiva em animais silvestres vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia

epidemioloacutegica desse agravo no Brasil devido agrave presenccedila de morcegos natildeo hematoacutefagos em

aacutereas urbanas caniacutedeos silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais

(BRASIL 2009) Em 2009 foram notificados com raiva confirmada 158 morcegos natildeo

hematoacutefagos 16 morcegos hematoacutefagos 22 caniacutedeos silvestres 3 primatas natildeo humanos e

um gato do mato (BRASIL 2010b)

A raiva nos animais domeacutesticos eacute controlada com a vacinaccedilatildeo anual Poreacutem os

animais silvestres natildeo satildeo imunizados ficando assim mais expostos aos riscos de

contaminaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

A aplicaccedilatildeo de vacina de cultivo celular apresenta-se como uma alternativa para

imunizaccedilatildeo de animais silvestres Em estudos feitos com saguis esse tipo de vacinaccedilatildeo

mostrou-se eficaz apoacutes 45 dias aplicando-se apenas uma uacutenica dose Outra boa alternativa

seria a realizaccedilatildeo de estudos no uso de vacina oral para animais silvestres a fim de facilitar a

vacinaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

Em Pernambuco a criaccedilatildeo de macacos principalmente saguis como animal de

estimaccedilatildeo eacute bastante comum Em estudo realizado em Satildeo Paulo no periacuteodo de 1996 a 1999

observou-se uma diminuiccedilatildeo das agressotildees por macacos indicando um decreacutescimo na criaccedilatildeo

clandestina destes animais e na alimentaccedilatildeo deles em parques puacuteblicos Aleacutem disso a

indicaccedilatildeo de tratamento foi de 85 indicando uma maior conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao perigo desses acidentes (RAMOS RAMOS 2002)

18

127 Tratamento

O desenvolvimento da raiva estaacute relacionado a diversos fatores desde a gravidade da

mordedura e agrave proximidade do SNC ateacute o estado de sauacutede do paciente e sua resposta imune

(CARRIERI et al 2006) Por isso cada caso deve ser avaliado para que seja instalada a

profilaxia adequada a fim de se evitar a doenccedila

O Ministeacuterio da Sauacutede criou em 1973 o Programa Nacional de Controle da Raiva ndash

PNCR com o objetivo de eliminar a raiva humana transmitida por catildees e gatos O controle da

raiva canina foi realizado a partir das accedilotildees de vacinaccedilatildeo de catildees e gatos tratamento

profilaacutetico de pessoas expostas vigilacircncia epidemioloacutegica diagnoacutestico laboratorial controle

de populaccedilatildeo animal e educaccedilatildeo em sauacutede (SCHNEIDER et al 1996)

Devido ao tratamento de raiva humana realizado nos Estados Unidos (2004) e em

Pernambuco (2008) que decorreu na cura dos pacientes o Ministeacuterio da Sauacutede publicou e

divulgou para as Secretarias Municipais e Estaduais de Sauacutede o Protocolo de Tratamento de

Raiva Humana denominado Protocolo Recife (BRASIL 2009 BRASIL 2010b) Apesar

disso a profilaxia continua sendo a melhor maneira de prevenccedilatildeo pois a chance de cura ainda

eacute pequena e natildeo se tem conhecimento suficiente sobre as sequelas que o paciente pode

apresentar

A populaccedilatildeo ainda desconhece a gravidade da doenccedila Ateacute os dias atuais satildeo relatados

abandonos de tratamento e procura ao serviccedilo de sauacutede apenas para tratamento do ferimento

Em estudo realizado 245 dos atendidos consideraram desnecessaacuterio o tratamento completo

e 138 natildeo obtiveram orientaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao tratamento demonstrando a falta de

informaccedilatildeo e o descompromisso dos profissionais de sauacutede (VELOSO et al 2011)

1271 Profilaxia preacute-exposiccedilatildeo

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute indicada para pessoas expostas permanentemente ao risco

de infecccedilatildeo pelo viacuterus da raiva tais como meacutedicos veterinaacuterios bioacutelogos profissionais e

auxiliares de laboratoacuterio para diagnoacutestico da raiva estudantes dessas aacutereas e pessoas que

atuam na vacinaccedilatildeo captura e em zooloacutegicos (COSTA et al 2000 BRASIL 2005)

O esquema de tratamento eacute de trecircs doses aplicadas nos dias 0 7 e 28 Deve-se fazer o

controle soroloacutegico a partir do 14ordm dia apoacutes a uacuteltima dose do esquema e repeti-lo anualmente

Eacute importante destacar que eacute necessaacuterio administrar uma dose de reforccedilo sempre que os tiacutetulos

forem inferiores a 05 UIml (BRASIL 2005)

19

Em dados recentes observou-se que a aplicaccedilatildeo do esquema preacute-exposiccedilatildeo em

profissionais de sauacutede e viajantes que podem facilmente buscar atendimento no caso de uma

nova exposiccedilatildeo pode ser efetuada atraveacutes da via intradeacutermica trazendo um custo bem menor

ao paiacutes (CUNHA et al 2010)

Jaacute em populaccedilotildees de difiacutecil acompanhamento como da regiatildeo ribeirinha da Amazocircnia

recomenda-se o esquema por via intramuscular que confere uma imunidade mais duradoura

Tambeacutem foi identificado que apoacutes a terceira dose em ambas as vias de administraccedilatildeo eacute

desnecessaacuteria a sorologia em indiviacuteduos sob controle uma vez que todos os voluntaacuterios do

experimento apresentaram niacuteveis de anticorpos satisfatoacuterios ge05 UImL (CUNHA et al

2010)

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute considerada pelo serviccedilo como de pouca importacircncia jaacute

que apenas 377 dessa informaccedilatildeo eacute registrada Esse fato evidencia as falhas no sistema de

vigilacircncia e a necessidade de adequaccedilatildeo das prescriccedilotildees para que se atinjam niacuteveis ideais de

tratamento e seguranccedila para populaccedilatildeo atendida (RIGO HONER 2005)

1272 Profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo

O paciente apoacutes a agressatildeo por mamiacutefero deve ser avaliado para indicaccedilatildeo ou natildeo da

profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo que quando indicada deve ter iniacutecio o mais precocemente possiacutevel

pois quando o viacuterus atinge o SNC o paciente geralmente evolui para o oacutebito (KOTAIT et al

2009)

O tratamento poacutes-exposiccedilatildeo prescrito depende principalmente da espeacutecie do animal

agressor do tipo da lesatildeo e no caso de catildees e gatos da possibilidade da observaccedilatildeo (Anexo

B) (GARCIA et al 1999 BRASIL 2005)

Haacute no Brasil um nuacutemero bastante elevado de tratamentos profilaacuteticos humanos que

poderiam ser reduzidos pela educaccedilatildeo em sauacutede atraveacutes de orientaccedilotildees sobre os animais

agressores e os fatores que desencadeiam a agressividade os cuidados com o ferimento a

posse responsaacutevel dos animais aleacutem da observaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo cliacutenica dos catildees e gatos

domiciliados (GARCIA et al 1999 FRIAS 2008)

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina

Em 2009 na Regiatildeo Nordeste e a partir de 2010 no restante do paiacutes a campanha de

vacinaccedilatildeo nacional substituiu a vacina Fuenzalida amp Palaacutecios modificada pela vacina de

20

cultivo celular canina (BRASIL 2009) Essa modificaccedilatildeo deve-se ao fato dessa vacina

apresentar maior imunogenicidade e seguranccedila aleacutem de ser recomendada pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede (BRASIL 2010a)

A vacina de cultivo celular foi utilizada em Pernambuco em 2009 sem apresentar altos

iacutendices de reaccedilotildees adversas Entretanto a vacina introduzida em junho de 2010 em todo paiacutes

(BRASIL 2010a) teve sua aplicaccedilatildeo suspensa em outubro do mesmo ano pelo Ministeacuterio da

Sauacutede que determinou a interrupccedilatildeo da campanha vacinal ateacute a conclusatildeo dos estudos sobre o

aumento das mortes e reaccedilotildees adversas apresentadas em catildees e gatos vacinados (BRASIL

2010c)

Em humanos a vacina utilizada para tratamento profilaacutetico tambeacutem eacute a vacina de

cultivo celular esta eacute produzida em cultura de ceacutelulas (diploacuteides humanas ceacutelulas Vero

ceacutelulas de embriatildeo de galinha e pato etc) com viacuterus inativados por betapropiolactona e com

potecircncia miacutenima de 25 UIdose A vacina eacute apresentada de forma liofilizada devendo ser

conservada na temperatura entre + 2ordmC a + 8ordmC ateacute o momento de sua aplicaccedilatildeo Seu esquema

vacinal completo eacute de 5 doses aplicadas nos dias 0 3 7 14 e 28 (BRASIL 2005)

Natildeo haacute contra indicaccedilatildeo (gravidez mulheres lactantes doenccedila intercorrente ou outros

tratamentos) Sempre que possiacutevel recomenda-se a interrupccedilatildeo do tratamento com corticoacuteides

eou imunossupressores As manifestaccedilotildees adversas relatadas com maior frequumlecircncia satildeo

reaccedilatildeo local febre mal estar naacuteuseas e cefaleacuteia Natildeo haacute relato de ocorrecircncia de oacutebito

associado ao uso da vacina de cultivo celular (BRASIL 2005)

A frequumlecircncia de reaccedilotildees neuroloacutegicas associadas a esta vacina citada na literatura

cientiacutefica eacute baixa De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede ateacute junho de 1996

haviam sido relatados seis casos de reaccedilotildees neuroloacutegicas temporalmente associadas a vacina

A incidecircncia de manifestaccedilotildees neuroloacutegicas considerando-se todos estes casos como

realmente provocados pela vacina eacute de cerca de 1 para cada 500000 pacientes tratados A

incidecircncia de reaccedilotildees aleacutergicas notificadas nos EUA agrave vacina de ceacutelulas diploacuteides foi de 11

casos por 10000 pacientes tratados (011) As reaccedilotildees variam de urticaacuteria a anafilaxia e

ocorrem principalmente apoacutes as doses de reforccedilo a maioria dos pacientes natildeo necessita de

internaccedilatildeo hospitalar (COSTA et al 2000)

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro

O soro heteroacutelogo eacute uma soluccedilatildeo concentrada e purificada de anticorpos preparada em

equiacutedeos imunizados contra o viacuterus da raiva A temperatura de conservaccedilatildeo eacute entre +2ordm a

21

+8ordmC A dose indicada eacute de 40 UIkg de peso Deve-se infiltrar nas lesotildees a maior quantidade

possiacutevel da dose do soro caso natildeo seja possiacutevel aplicar a miacutenima quantidade possiacutevel na

regiatildeo gluacutetea O uso do soro natildeo eacute recomendado para pacientes imunizados anteriormente Em

pacientes com histoacuterico de reaccedilotildees aleacutergicas e reaccedilatildeo anafilaacutetica ao soro heteroacutelogo

recomenda-se o uso do soro homoacutelogo (imunoglobulina humana hiperimune antirraacutebica) na

dose de 20UIKg de peso (BRASIL 2005)

1275 Consideraccedilotildees sobre o ferimento

A limpeza do ferimento com aacutegua corrente e sabatildeo eacute imprescindiacutevel em qualquer

caso de mordedura arranhadura ou lambedura que possa haver contaminado a viacutetima com o

viacuterus da raiva Esta deve eliminar todas as sujidades e em seguida devem ser utilizados

antisseacutepticos que inativem o viacuterus da raiva (iodo povidine clorexidine e aacutelcool iodado) a

mucosa ocular deve ser lavada com aacutegua corrente ou soluccedilatildeo fisioloacutegica (COSTA et al 2000

BRASIL 2005)

A utilizaccedilatildeo de antisseacutepticos ou mesmo o uso de aacutegua e sabatildeo para lavagem dos

ferimentos eacute relatada em 831 dos casos analisados em estudos indicando a

conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo para essa conduta importante de prevenccedilatildeo de doenccedilas

(GARCIA et al 1999)

A sutura do ferimento natildeo eacute recomendada mas caso seja necessaacuterio aproximar as

bordas com pontos isolados e infiltrar soro antirraacutebico humano uma hora antes da sutura

Dependendo da necessidade do paciente outras condutas podem ser realizadas como a

administraccedilatildeo de antibioacuteticos e a profilaxia antitetacircnica (COSTA et al 2000 BRASIL

2005)

128 Consideraccedilotildees sobre o animal

O Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (BRASIL 2005) traz algumas consideraccedilotildees em

relaccedilatildeo aos animais agressores dentre eles

bull O periacuteodo de observaccedilatildeo de dez dias eacute restrito aos catildees e gatos

bull A agressatildeo por outros animais domeacutesticos (bovinos ovinos caprinos equiacutedeos e suiacutenos)

deveraacute ser avaliada e se necessaacuterio deveraacute ser indicado o tratamento profilaacutetico

bull Estaacute indicado tratamento sistematicamente para todos os casos de agressatildeo por animais

silvestres mesmo quando domiciliados e domesticados

22

bull Natildeo eacute indicado tratamento nas agressotildees causadas por ratos ratazanas cobaias e lagomorfos

(urbanos ou de criaccedilatildeo)

bull Nas agressotildees por morcegos deve-se proceder a soro-vacinaccedilatildeo independentemente do tipo

de morcego agressor do tempo decorrido e da gravidade da lesatildeo

23

2 JUSTIFICATIVA

A raiva constitui um importante problema de sauacutede puacuteblica devido ao seu prognoacutestico

quase sempre fatal No entanto essa alta letalidade pode ser reduzida a partir da prevenccedilatildeo da

doenccedila atraveacutes do adequado atendimento e tratamento profilaacutetico Estes uacuteltimos ocorrem

desde a avaliaccedilatildeo do caso e conduta cliacutenica ateacute questotildees estruturais e organizacionais dos

serviccedilos de sauacutede

Esta pesquisa justifica-se pela carecircncia de estudos neste sentido em Pernambuco e pela

mudanccedila no perfil epidemioloacutegico da raiva com diminuiccedilatildeo dos casos em caninos e felinos e

aumento dos casos em morcegos herbiacutevoros e outros animais silvestres

Com este trabalho pretende-se analisar o atendimento antirraacutebico humano nos

indiviacuteduos agredidos por animais silvestres no estado de Pernambuco Dessa forma busca-se

melhorar o conhecimento de alguns aspectos relacionados agrave profilaxia da raiva por animais

silvestres melhoria da vigilacircncia epidemioloacutegica planejamento e adoccedilatildeo de variadas accedilotildees de

sauacutede puacuteblica

21 PERGUNTA CONDUTORA

Como estaacute sendo efetuado o atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo nas

agressotildees por animais silvestres

24

3 OBJETIVOS

31 GERAL

Caracterizar o perfil epidemioloacutegico do atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em agressotildees por animais silvestres e analisar a adequaccedilatildeo de sua indicaccedilatildeo em Pernambuco

no periacuteodo de 2001 a 2010

32 ESPECIacuteFICOS

a) Caracterizar o perfil epidemioloacutegico segundo variaacuteveis de pessoa lugar e tempo

relativas agraves condiccedilotildees da agressatildeo e do animal agressor

b) Analisar o tratamento recomendado a cada espeacutecie agressora

25

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

41 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de abrangecircncia do estudo corresponde ao estado de Pernambuco composto por

184 municiacutepios e o territoacuterio de Fernando de Noronha

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA

O periacuteodo avaliado foi de 2001 a 2010 com o objetivo de demonstrar com melhor

precisatildeo o aumento das agressotildees por animais silvestres no estado

43 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal Esse estudo eacute apropriado para o

registro de frequumlecircncia de eventos observando sua variaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo Sua maior

vantagem eacute que natildeo haacute necessidade de grupos de comparaccedilatildeo possui alto potencial descritivo

e baixo custo operacional

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS

O evento estudado foi a profilaxia da raiva humana a partir de agressotildees por animais

silvestres analisada atraveacutes dos procedimentos registrados no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo (SINAN) sendo construiacutedos diversos tipos de agrupamentos

Desse modo foram analisados os atendimentos por espeacutecie animal atraveacutes da ficha

individual de atendimento antirraacutebico e este atendimento subdivido em grupos de variaacuteveis

Assim foram analisados os dados referentes as notificaccedilotildees individuais faixa etaacuteria e sexo

aos dados de residecircncia municiacutepio de residecircncia aos antecedentes epidemioloacutegicos

caracteriacutesticas da agressatildeo caracteriacutesticas do animal agressor e tratamento recomendado

(tratamento indicado indicaccedilatildeo do soro interrupccedilatildeo do tratamento motivo da interrupccedilatildeo e se

a unidade de sauacutede procurou o paciente que abandonou o tratamento) (Quadro 1)

Assim sendo em cada toacutepico especiacutefico de anaacutelise procurou-se verificar as principais

caracteriacutesticas das espeacutecies agressoras e o tratamento aplicado a partir das especificidades de

cada espeacutecie sendo executadas da seguinte forma observaram-se inicialmente o perfil das

26

agressotildees entre os anos de 2001 e 2010 em seguida realizaram-se observaccedilotildees no tratamento

realizado para posteriormente analisar a distribuiccedilatildeo das agressotildees no estado de Pernambuco

Os grupos foram compostos pelas variaacuteveis encontradas no proacuteprio banco de dados e

para a definiccedilatildeo dos atosprocedimentos que melhor caracterizassem as variaacuteveis utilizou-se

como referecircncia a Norma Teacutecnica do Ministeacuterio da Sauacutede (Anexo B)

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS

Os dados utilizados neste estudo foram secundaacuterios coletados na Secretaria Estadual

de Sauacutede e processados pelo SINAN atraveacutes da ficha individual de investigaccedilatildeo para

atendimento antirraacutebico humano (Anexo A) A exploraccedilatildeo do banco de dados foi realizada

atraveacutes dos programas Tabwin 36 e planilhas eletrocircnicas

46 ANAacuteLISE DOS DADOS

Foram calculadas frequumlecircncias absolutas e relativas aleacutem das meacutedias

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS

O estudo foi realizado dentro dos padrotildees da eacutetica cientiacutefica tendo sido aprovado pela

Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa sob o nordm 0511 da instituiccedilatildeo agrave qual se subordina A pesquisa

foi realizada com dados secundaacuterios da Secretaria Estadual de Sauacutede Nenhum dado de

identificaccedilatildeo dos pacientes fez parte do estudo

Quadro 1 - Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do tratamento antirraacutebico humano

VARIAacuteVEL CATEGORIZACcedilAtildeO

Relativas agraves caracteriacutesticas

da agressatildeo

Tipo de Exposiccedilatildeo Contato Indireto Arranhadura Lambedura e Mordedura

Localizaccedilatildeo Mucosa CabeccedilaPescoccedilo MatildeosPeacutes Tronco

Membros Superiores e Membros Inferiores

Ferimento Uacutenico Muacuteltiplo Ignorado e Sem Ferimento

Tipo de Ferimento Profundo Superficial Dilacerante

Relativas agraves caracteriacutesticas

do animal agressor

Espeacutecie Animal Quiroacuteptera (Morcego) Primata (Macaco) e Raposa

Condiccedilatildeo Final do Animal Positivo Cliacutenico Negativo Cliacutenico Positivo Laboratorial e Negativo Laboratorial

27

Relativas ao tratamento antirraacutebico humano

Tratamento Indicado Preacute-exposiccedilatildeo Exposiccedilatildeo Re-exposiccedilatildeo

Dispensa de tratamento Observaccedilatildeo do

animal (se catildeo ou gato) e Ignorado

Indicaccedilatildeo do Soro Sim Natildeo e Ignorado

Relativas agrave continuidade do

tratamento antirraacutebico humano

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim Natildeo e Ignorado

Motivo da Interrupccedilatildeo Unidade Indicou Abandono e Transferecircncia

Unidade de sauacutede

procurou o paciente que

abandonou o tratamento

Sim e Natildeo

28

5 RESULTADOS

Nas agressotildees por ano foram observadas tendecircncias de crescimentos com oscilaccedilotildees

principalmente em raposas sendo observados picos nos anos de 2002 (267) 2005(292) 2006

(305) e 2009 (235) Em morcegos haacute um crescimento anual ateacute um pico em 2006 (182)

posteriormente ocorre uma ligeira queda e um novo pico em 2009 (207) No que diz respeito a

macacos o nuacutemero de casos se manteacutem proacuteximo durante os anos exceto em 2003 (272) e

2007 (250) onde ocorreram elevaccedilotildees das agressotildees (Figura 1)

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo espeacutecie agressora e ano

Pernambuco 2001 a 2010

1

52

104 113138

182

117 124

207

155

0

134

272

171186

153

250

182 185

141

6

267

221

174

292305

168147

235

170

0

50

100

150

200

250

300

350

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Morcego

Macaco

Raposa

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

No periacuteodo estudado 295704 pessoas receberam tratamento antirraacutebico humano

destas 4852 (16) foram atendidas apoacutes agressotildees por animais silvestres Dentre os animais

silvestres a raposa foi a espeacutecie mais agressora representando 1985 (409) casos em

seguida encontrou-se a primata com 1674 (345) e depois a quiroacuteptera com 1193 (246)

A zona urbana foi a localidade de residecircncia com maior nuacutemero de casos em macacos

79 e morcegos 78 jaacute em raposas prevaleceu a zona rural com 745 das agressotildees

(Tabela 1)

Em relaccedilatildeo a faixa etaacuteria o grupo mais atingido foi de 20 a 49 anos (385) Em

morcegos essa faixa representa 444 das agressotildees em macacos 342 e em raposas 386

Em seguida se encontra a faixa de 50 anos e mais exceto em macacos onde prevaleceu os lt9

anos (Tabela 1)

No que diz respeito ao sexo o masculino apresentou-se mais prevalente com 2764

(57) dos casos Dentre as agressotildees por sexo e espeacutecie a raposa apresentou a maior

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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em Porto Alegre RS Brasil Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro v 16 n 2 p 537-

546 2011

WADA M Y et al Surto de raiva humana transmitida por morcegos no municiacutepio de Portel-

Paraacute marccediloabril de 2004 Boletim Eletrocircnico Epidemioloacutegico Brasiacutelia 2004 Disponiacutevel

em lthttpportalsaudegovbrportalarquivospdfano04_n06_sraiva_hum_

morcegos_papdfgt Acesso em 12 abr 2011

44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

16

ocorreram quatro casos positivos dentre eles as espeacutecies agressoras foram catildeo e morcego

sendo este uacuteltimo o primeiro caso de cura no Brasil (PERNAMBUCO 2009)

125 Raiva em morcegos

Haacute no Brasil cerca de 140 espeacutecies de morcegos desse total o viacuterus da raiva jaacute foi

isolado de 31 espeacutecies Este nuacutemero eacute considerado pequeno quando comparado ao

encontrado nos Estados Unidos de 39 espeacutecies identificadas o viacuterus da raiva foi isolado de

30 Todas as espeacutecies de morcego podem transmitir a raiva independente de seu haacutebito

alimentar (KOTAIT et al 2009)

Em Presidente Prudente-SP haacute um iacutendice de positividade muito alto em quiroacutepteros

Esta regiatildeo era zona silenciosa para a raiva ateacute 2001 quando ocorreu um caso de morte em

mulher atacada por um gato poreacutem a variante encontrada foi de morcego hematoacutefago Aleacutem

disso ocorreu tambeacutem em 2002 um surto de raiva em bovinos tambeacutem decorrente de

agressotildees por morcegos hematoacutefagos (ALBAS et al 2005)

Em Satildeo Paulo estudos sobre variantes antigecircnicas demonstram vaacuterias amostras com

morcegos insetiacutevoros no Brasil Isso se deve a coabitaccedilatildeo de morcegos hematoacutefagos e natildeo

hematoacutefagos disseminando o viacuterus entre eles (ALBAS et al 2010)

Na Colocircmbia em 2009 notificou-se o primeiro caso de raiva humana na aacuterea urbana

transmitida por morcego Aleacutem disso o paciente veio a oacutebito pois o tratamento inicial natildeo foi

conferido mostrando a vulnerabilidade de todos os niacuteveis de atenccedilatildeo envolvidos Como o

periacuteodo de incubaccedilatildeo do viacuterus raacutebico eacute variaacutevel e mais prolongado em morcegos deve-se

implementar estudos que caracterizem os aspectos fundamentais desta doenccedila nesta espeacutecie

animal (BADILLO MANTILLA PRADILLA 2009)

Em 2004 e 2005 ocorreram surtos de raiva no Paraacute provenientes de variante de

morcegos hematoacutefagos presentes em vaacuterias espeacutecies dentre elas bovinos equinos suiacutenos

humanos felinos e morcegos Apoacutes um ano do surto de 2004 ainda detectou-se a variante em

circulaccedilatildeo no municiacutepio de Viseu isolado em amostras humana e bovina (BARBOSA et al

2007) Em Araccedilatuba-SP a espeacutecie quiroacuteptera eacute a terceira mais agressora com 81 (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009) Em estudos na mesma regiatildeo 12 dos morcegos diagnosticados

positivos agrediram pessoas e animais (QUEIROZ et al 2009)

Em trabalhos publicados no Brasil observou-se maior presenccedila de positividade em

morcegos insetiacutevoros (SCHEFFER et al 2007 QUEIROZ et al 2009) o que torna a

situaccedilatildeo mais alarmante jaacute que a interaccedilatildeo de morcegos natildeo hematoacutefagos com pessoas e seus

17

animais aumenta a cada dia devido a devastaccedilatildeo do habitat destes e a adaptaccedilatildeo a abrigos

urbanos (ALBAS et al 2009 TIRIBA SHMAL 2010)

No Paraacute a taxa de ataque por morcegos eacute muito alta Aleacutem disso do total de

agredidos 100 relataram natildeo conhecerem a necessidade de tratamento profilaacutetico Portanto

a adoccedilatildeo de medidas de esclarecimento agrave populaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel (WADA et al 2004) Jaacute

que uma vez mordido por morcegos o homem deve passar por tratamento imediato (soro e

vacina) sem interrupccedilatildeo pois o periacuteodo de incubaccedilatildeo eacute muito raacutepido levando o paciente natildeo

tratado ao oacutebito (SCHEFFER et al 2007 TIRIBA SHMAL 2010)

126 Raiva em animais silvestres

A raiva em animais silvestres vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia

epidemioloacutegica desse agravo no Brasil devido agrave presenccedila de morcegos natildeo hematoacutefagos em

aacutereas urbanas caniacutedeos silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais

(BRASIL 2009) Em 2009 foram notificados com raiva confirmada 158 morcegos natildeo

hematoacutefagos 16 morcegos hematoacutefagos 22 caniacutedeos silvestres 3 primatas natildeo humanos e

um gato do mato (BRASIL 2010b)

A raiva nos animais domeacutesticos eacute controlada com a vacinaccedilatildeo anual Poreacutem os

animais silvestres natildeo satildeo imunizados ficando assim mais expostos aos riscos de

contaminaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

A aplicaccedilatildeo de vacina de cultivo celular apresenta-se como uma alternativa para

imunizaccedilatildeo de animais silvestres Em estudos feitos com saguis esse tipo de vacinaccedilatildeo

mostrou-se eficaz apoacutes 45 dias aplicando-se apenas uma uacutenica dose Outra boa alternativa

seria a realizaccedilatildeo de estudos no uso de vacina oral para animais silvestres a fim de facilitar a

vacinaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

Em Pernambuco a criaccedilatildeo de macacos principalmente saguis como animal de

estimaccedilatildeo eacute bastante comum Em estudo realizado em Satildeo Paulo no periacuteodo de 1996 a 1999

observou-se uma diminuiccedilatildeo das agressotildees por macacos indicando um decreacutescimo na criaccedilatildeo

clandestina destes animais e na alimentaccedilatildeo deles em parques puacuteblicos Aleacutem disso a

indicaccedilatildeo de tratamento foi de 85 indicando uma maior conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao perigo desses acidentes (RAMOS RAMOS 2002)

18

127 Tratamento

O desenvolvimento da raiva estaacute relacionado a diversos fatores desde a gravidade da

mordedura e agrave proximidade do SNC ateacute o estado de sauacutede do paciente e sua resposta imune

(CARRIERI et al 2006) Por isso cada caso deve ser avaliado para que seja instalada a

profilaxia adequada a fim de se evitar a doenccedila

O Ministeacuterio da Sauacutede criou em 1973 o Programa Nacional de Controle da Raiva ndash

PNCR com o objetivo de eliminar a raiva humana transmitida por catildees e gatos O controle da

raiva canina foi realizado a partir das accedilotildees de vacinaccedilatildeo de catildees e gatos tratamento

profilaacutetico de pessoas expostas vigilacircncia epidemioloacutegica diagnoacutestico laboratorial controle

de populaccedilatildeo animal e educaccedilatildeo em sauacutede (SCHNEIDER et al 1996)

Devido ao tratamento de raiva humana realizado nos Estados Unidos (2004) e em

Pernambuco (2008) que decorreu na cura dos pacientes o Ministeacuterio da Sauacutede publicou e

divulgou para as Secretarias Municipais e Estaduais de Sauacutede o Protocolo de Tratamento de

Raiva Humana denominado Protocolo Recife (BRASIL 2009 BRASIL 2010b) Apesar

disso a profilaxia continua sendo a melhor maneira de prevenccedilatildeo pois a chance de cura ainda

eacute pequena e natildeo se tem conhecimento suficiente sobre as sequelas que o paciente pode

apresentar

A populaccedilatildeo ainda desconhece a gravidade da doenccedila Ateacute os dias atuais satildeo relatados

abandonos de tratamento e procura ao serviccedilo de sauacutede apenas para tratamento do ferimento

Em estudo realizado 245 dos atendidos consideraram desnecessaacuterio o tratamento completo

e 138 natildeo obtiveram orientaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao tratamento demonstrando a falta de

informaccedilatildeo e o descompromisso dos profissionais de sauacutede (VELOSO et al 2011)

1271 Profilaxia preacute-exposiccedilatildeo

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute indicada para pessoas expostas permanentemente ao risco

de infecccedilatildeo pelo viacuterus da raiva tais como meacutedicos veterinaacuterios bioacutelogos profissionais e

auxiliares de laboratoacuterio para diagnoacutestico da raiva estudantes dessas aacutereas e pessoas que

atuam na vacinaccedilatildeo captura e em zooloacutegicos (COSTA et al 2000 BRASIL 2005)

O esquema de tratamento eacute de trecircs doses aplicadas nos dias 0 7 e 28 Deve-se fazer o

controle soroloacutegico a partir do 14ordm dia apoacutes a uacuteltima dose do esquema e repeti-lo anualmente

Eacute importante destacar que eacute necessaacuterio administrar uma dose de reforccedilo sempre que os tiacutetulos

forem inferiores a 05 UIml (BRASIL 2005)

19

Em dados recentes observou-se que a aplicaccedilatildeo do esquema preacute-exposiccedilatildeo em

profissionais de sauacutede e viajantes que podem facilmente buscar atendimento no caso de uma

nova exposiccedilatildeo pode ser efetuada atraveacutes da via intradeacutermica trazendo um custo bem menor

ao paiacutes (CUNHA et al 2010)

Jaacute em populaccedilotildees de difiacutecil acompanhamento como da regiatildeo ribeirinha da Amazocircnia

recomenda-se o esquema por via intramuscular que confere uma imunidade mais duradoura

Tambeacutem foi identificado que apoacutes a terceira dose em ambas as vias de administraccedilatildeo eacute

desnecessaacuteria a sorologia em indiviacuteduos sob controle uma vez que todos os voluntaacuterios do

experimento apresentaram niacuteveis de anticorpos satisfatoacuterios ge05 UImL (CUNHA et al

2010)

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute considerada pelo serviccedilo como de pouca importacircncia jaacute

que apenas 377 dessa informaccedilatildeo eacute registrada Esse fato evidencia as falhas no sistema de

vigilacircncia e a necessidade de adequaccedilatildeo das prescriccedilotildees para que se atinjam niacuteveis ideais de

tratamento e seguranccedila para populaccedilatildeo atendida (RIGO HONER 2005)

1272 Profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo

O paciente apoacutes a agressatildeo por mamiacutefero deve ser avaliado para indicaccedilatildeo ou natildeo da

profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo que quando indicada deve ter iniacutecio o mais precocemente possiacutevel

pois quando o viacuterus atinge o SNC o paciente geralmente evolui para o oacutebito (KOTAIT et al

2009)

O tratamento poacutes-exposiccedilatildeo prescrito depende principalmente da espeacutecie do animal

agressor do tipo da lesatildeo e no caso de catildees e gatos da possibilidade da observaccedilatildeo (Anexo

B) (GARCIA et al 1999 BRASIL 2005)

Haacute no Brasil um nuacutemero bastante elevado de tratamentos profilaacuteticos humanos que

poderiam ser reduzidos pela educaccedilatildeo em sauacutede atraveacutes de orientaccedilotildees sobre os animais

agressores e os fatores que desencadeiam a agressividade os cuidados com o ferimento a

posse responsaacutevel dos animais aleacutem da observaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo cliacutenica dos catildees e gatos

domiciliados (GARCIA et al 1999 FRIAS 2008)

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina

Em 2009 na Regiatildeo Nordeste e a partir de 2010 no restante do paiacutes a campanha de

vacinaccedilatildeo nacional substituiu a vacina Fuenzalida amp Palaacutecios modificada pela vacina de

20

cultivo celular canina (BRASIL 2009) Essa modificaccedilatildeo deve-se ao fato dessa vacina

apresentar maior imunogenicidade e seguranccedila aleacutem de ser recomendada pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede (BRASIL 2010a)

A vacina de cultivo celular foi utilizada em Pernambuco em 2009 sem apresentar altos

iacutendices de reaccedilotildees adversas Entretanto a vacina introduzida em junho de 2010 em todo paiacutes

(BRASIL 2010a) teve sua aplicaccedilatildeo suspensa em outubro do mesmo ano pelo Ministeacuterio da

Sauacutede que determinou a interrupccedilatildeo da campanha vacinal ateacute a conclusatildeo dos estudos sobre o

aumento das mortes e reaccedilotildees adversas apresentadas em catildees e gatos vacinados (BRASIL

2010c)

Em humanos a vacina utilizada para tratamento profilaacutetico tambeacutem eacute a vacina de

cultivo celular esta eacute produzida em cultura de ceacutelulas (diploacuteides humanas ceacutelulas Vero

ceacutelulas de embriatildeo de galinha e pato etc) com viacuterus inativados por betapropiolactona e com

potecircncia miacutenima de 25 UIdose A vacina eacute apresentada de forma liofilizada devendo ser

conservada na temperatura entre + 2ordmC a + 8ordmC ateacute o momento de sua aplicaccedilatildeo Seu esquema

vacinal completo eacute de 5 doses aplicadas nos dias 0 3 7 14 e 28 (BRASIL 2005)

Natildeo haacute contra indicaccedilatildeo (gravidez mulheres lactantes doenccedila intercorrente ou outros

tratamentos) Sempre que possiacutevel recomenda-se a interrupccedilatildeo do tratamento com corticoacuteides

eou imunossupressores As manifestaccedilotildees adversas relatadas com maior frequumlecircncia satildeo

reaccedilatildeo local febre mal estar naacuteuseas e cefaleacuteia Natildeo haacute relato de ocorrecircncia de oacutebito

associado ao uso da vacina de cultivo celular (BRASIL 2005)

A frequumlecircncia de reaccedilotildees neuroloacutegicas associadas a esta vacina citada na literatura

cientiacutefica eacute baixa De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede ateacute junho de 1996

haviam sido relatados seis casos de reaccedilotildees neuroloacutegicas temporalmente associadas a vacina

A incidecircncia de manifestaccedilotildees neuroloacutegicas considerando-se todos estes casos como

realmente provocados pela vacina eacute de cerca de 1 para cada 500000 pacientes tratados A

incidecircncia de reaccedilotildees aleacutergicas notificadas nos EUA agrave vacina de ceacutelulas diploacuteides foi de 11

casos por 10000 pacientes tratados (011) As reaccedilotildees variam de urticaacuteria a anafilaxia e

ocorrem principalmente apoacutes as doses de reforccedilo a maioria dos pacientes natildeo necessita de

internaccedilatildeo hospitalar (COSTA et al 2000)

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro

O soro heteroacutelogo eacute uma soluccedilatildeo concentrada e purificada de anticorpos preparada em

equiacutedeos imunizados contra o viacuterus da raiva A temperatura de conservaccedilatildeo eacute entre +2ordm a

21

+8ordmC A dose indicada eacute de 40 UIkg de peso Deve-se infiltrar nas lesotildees a maior quantidade

possiacutevel da dose do soro caso natildeo seja possiacutevel aplicar a miacutenima quantidade possiacutevel na

regiatildeo gluacutetea O uso do soro natildeo eacute recomendado para pacientes imunizados anteriormente Em

pacientes com histoacuterico de reaccedilotildees aleacutergicas e reaccedilatildeo anafilaacutetica ao soro heteroacutelogo

recomenda-se o uso do soro homoacutelogo (imunoglobulina humana hiperimune antirraacutebica) na

dose de 20UIKg de peso (BRASIL 2005)

1275 Consideraccedilotildees sobre o ferimento

A limpeza do ferimento com aacutegua corrente e sabatildeo eacute imprescindiacutevel em qualquer

caso de mordedura arranhadura ou lambedura que possa haver contaminado a viacutetima com o

viacuterus da raiva Esta deve eliminar todas as sujidades e em seguida devem ser utilizados

antisseacutepticos que inativem o viacuterus da raiva (iodo povidine clorexidine e aacutelcool iodado) a

mucosa ocular deve ser lavada com aacutegua corrente ou soluccedilatildeo fisioloacutegica (COSTA et al 2000

BRASIL 2005)

A utilizaccedilatildeo de antisseacutepticos ou mesmo o uso de aacutegua e sabatildeo para lavagem dos

ferimentos eacute relatada em 831 dos casos analisados em estudos indicando a

conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo para essa conduta importante de prevenccedilatildeo de doenccedilas

(GARCIA et al 1999)

A sutura do ferimento natildeo eacute recomendada mas caso seja necessaacuterio aproximar as

bordas com pontos isolados e infiltrar soro antirraacutebico humano uma hora antes da sutura

Dependendo da necessidade do paciente outras condutas podem ser realizadas como a

administraccedilatildeo de antibioacuteticos e a profilaxia antitetacircnica (COSTA et al 2000 BRASIL

2005)

128 Consideraccedilotildees sobre o animal

O Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (BRASIL 2005) traz algumas consideraccedilotildees em

relaccedilatildeo aos animais agressores dentre eles

bull O periacuteodo de observaccedilatildeo de dez dias eacute restrito aos catildees e gatos

bull A agressatildeo por outros animais domeacutesticos (bovinos ovinos caprinos equiacutedeos e suiacutenos)

deveraacute ser avaliada e se necessaacuterio deveraacute ser indicado o tratamento profilaacutetico

bull Estaacute indicado tratamento sistematicamente para todos os casos de agressatildeo por animais

silvestres mesmo quando domiciliados e domesticados

22

bull Natildeo eacute indicado tratamento nas agressotildees causadas por ratos ratazanas cobaias e lagomorfos

(urbanos ou de criaccedilatildeo)

bull Nas agressotildees por morcegos deve-se proceder a soro-vacinaccedilatildeo independentemente do tipo

de morcego agressor do tempo decorrido e da gravidade da lesatildeo

23

2 JUSTIFICATIVA

A raiva constitui um importante problema de sauacutede puacuteblica devido ao seu prognoacutestico

quase sempre fatal No entanto essa alta letalidade pode ser reduzida a partir da prevenccedilatildeo da

doenccedila atraveacutes do adequado atendimento e tratamento profilaacutetico Estes uacuteltimos ocorrem

desde a avaliaccedilatildeo do caso e conduta cliacutenica ateacute questotildees estruturais e organizacionais dos

serviccedilos de sauacutede

Esta pesquisa justifica-se pela carecircncia de estudos neste sentido em Pernambuco e pela

mudanccedila no perfil epidemioloacutegico da raiva com diminuiccedilatildeo dos casos em caninos e felinos e

aumento dos casos em morcegos herbiacutevoros e outros animais silvestres

Com este trabalho pretende-se analisar o atendimento antirraacutebico humano nos

indiviacuteduos agredidos por animais silvestres no estado de Pernambuco Dessa forma busca-se

melhorar o conhecimento de alguns aspectos relacionados agrave profilaxia da raiva por animais

silvestres melhoria da vigilacircncia epidemioloacutegica planejamento e adoccedilatildeo de variadas accedilotildees de

sauacutede puacuteblica

21 PERGUNTA CONDUTORA

Como estaacute sendo efetuado o atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo nas

agressotildees por animais silvestres

24

3 OBJETIVOS

31 GERAL

Caracterizar o perfil epidemioloacutegico do atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em agressotildees por animais silvestres e analisar a adequaccedilatildeo de sua indicaccedilatildeo em Pernambuco

no periacuteodo de 2001 a 2010

32 ESPECIacuteFICOS

a) Caracterizar o perfil epidemioloacutegico segundo variaacuteveis de pessoa lugar e tempo

relativas agraves condiccedilotildees da agressatildeo e do animal agressor

b) Analisar o tratamento recomendado a cada espeacutecie agressora

25

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

41 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de abrangecircncia do estudo corresponde ao estado de Pernambuco composto por

184 municiacutepios e o territoacuterio de Fernando de Noronha

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA

O periacuteodo avaliado foi de 2001 a 2010 com o objetivo de demonstrar com melhor

precisatildeo o aumento das agressotildees por animais silvestres no estado

43 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal Esse estudo eacute apropriado para o

registro de frequumlecircncia de eventos observando sua variaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo Sua maior

vantagem eacute que natildeo haacute necessidade de grupos de comparaccedilatildeo possui alto potencial descritivo

e baixo custo operacional

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS

O evento estudado foi a profilaxia da raiva humana a partir de agressotildees por animais

silvestres analisada atraveacutes dos procedimentos registrados no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo (SINAN) sendo construiacutedos diversos tipos de agrupamentos

Desse modo foram analisados os atendimentos por espeacutecie animal atraveacutes da ficha

individual de atendimento antirraacutebico e este atendimento subdivido em grupos de variaacuteveis

Assim foram analisados os dados referentes as notificaccedilotildees individuais faixa etaacuteria e sexo

aos dados de residecircncia municiacutepio de residecircncia aos antecedentes epidemioloacutegicos

caracteriacutesticas da agressatildeo caracteriacutesticas do animal agressor e tratamento recomendado

(tratamento indicado indicaccedilatildeo do soro interrupccedilatildeo do tratamento motivo da interrupccedilatildeo e se

a unidade de sauacutede procurou o paciente que abandonou o tratamento) (Quadro 1)

Assim sendo em cada toacutepico especiacutefico de anaacutelise procurou-se verificar as principais

caracteriacutesticas das espeacutecies agressoras e o tratamento aplicado a partir das especificidades de

cada espeacutecie sendo executadas da seguinte forma observaram-se inicialmente o perfil das

26

agressotildees entre os anos de 2001 e 2010 em seguida realizaram-se observaccedilotildees no tratamento

realizado para posteriormente analisar a distribuiccedilatildeo das agressotildees no estado de Pernambuco

Os grupos foram compostos pelas variaacuteveis encontradas no proacuteprio banco de dados e

para a definiccedilatildeo dos atosprocedimentos que melhor caracterizassem as variaacuteveis utilizou-se

como referecircncia a Norma Teacutecnica do Ministeacuterio da Sauacutede (Anexo B)

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS

Os dados utilizados neste estudo foram secundaacuterios coletados na Secretaria Estadual

de Sauacutede e processados pelo SINAN atraveacutes da ficha individual de investigaccedilatildeo para

atendimento antirraacutebico humano (Anexo A) A exploraccedilatildeo do banco de dados foi realizada

atraveacutes dos programas Tabwin 36 e planilhas eletrocircnicas

46 ANAacuteLISE DOS DADOS

Foram calculadas frequumlecircncias absolutas e relativas aleacutem das meacutedias

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS

O estudo foi realizado dentro dos padrotildees da eacutetica cientiacutefica tendo sido aprovado pela

Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa sob o nordm 0511 da instituiccedilatildeo agrave qual se subordina A pesquisa

foi realizada com dados secundaacuterios da Secretaria Estadual de Sauacutede Nenhum dado de

identificaccedilatildeo dos pacientes fez parte do estudo

Quadro 1 - Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do tratamento antirraacutebico humano

VARIAacuteVEL CATEGORIZACcedilAtildeO

Relativas agraves caracteriacutesticas

da agressatildeo

Tipo de Exposiccedilatildeo Contato Indireto Arranhadura Lambedura e Mordedura

Localizaccedilatildeo Mucosa CabeccedilaPescoccedilo MatildeosPeacutes Tronco

Membros Superiores e Membros Inferiores

Ferimento Uacutenico Muacuteltiplo Ignorado e Sem Ferimento

Tipo de Ferimento Profundo Superficial Dilacerante

Relativas agraves caracteriacutesticas

do animal agressor

Espeacutecie Animal Quiroacuteptera (Morcego) Primata (Macaco) e Raposa

Condiccedilatildeo Final do Animal Positivo Cliacutenico Negativo Cliacutenico Positivo Laboratorial e Negativo Laboratorial

27

Relativas ao tratamento antirraacutebico humano

Tratamento Indicado Preacute-exposiccedilatildeo Exposiccedilatildeo Re-exposiccedilatildeo

Dispensa de tratamento Observaccedilatildeo do

animal (se catildeo ou gato) e Ignorado

Indicaccedilatildeo do Soro Sim Natildeo e Ignorado

Relativas agrave continuidade do

tratamento antirraacutebico humano

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim Natildeo e Ignorado

Motivo da Interrupccedilatildeo Unidade Indicou Abandono e Transferecircncia

Unidade de sauacutede

procurou o paciente que

abandonou o tratamento

Sim e Natildeo

28

5 RESULTADOS

Nas agressotildees por ano foram observadas tendecircncias de crescimentos com oscilaccedilotildees

principalmente em raposas sendo observados picos nos anos de 2002 (267) 2005(292) 2006

(305) e 2009 (235) Em morcegos haacute um crescimento anual ateacute um pico em 2006 (182)

posteriormente ocorre uma ligeira queda e um novo pico em 2009 (207) No que diz respeito a

macacos o nuacutemero de casos se manteacutem proacuteximo durante os anos exceto em 2003 (272) e

2007 (250) onde ocorreram elevaccedilotildees das agressotildees (Figura 1)

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo espeacutecie agressora e ano

Pernambuco 2001 a 2010

1

52

104 113138

182

117 124

207

155

0

134

272

171186

153

250

182 185

141

6

267

221

174

292305

168147

235

170

0

50

100

150

200

250

300

350

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Morcego

Macaco

Raposa

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

No periacuteodo estudado 295704 pessoas receberam tratamento antirraacutebico humano

destas 4852 (16) foram atendidas apoacutes agressotildees por animais silvestres Dentre os animais

silvestres a raposa foi a espeacutecie mais agressora representando 1985 (409) casos em

seguida encontrou-se a primata com 1674 (345) e depois a quiroacuteptera com 1193 (246)

A zona urbana foi a localidade de residecircncia com maior nuacutemero de casos em macacos

79 e morcegos 78 jaacute em raposas prevaleceu a zona rural com 745 das agressotildees

(Tabela 1)

Em relaccedilatildeo a faixa etaacuteria o grupo mais atingido foi de 20 a 49 anos (385) Em

morcegos essa faixa representa 444 das agressotildees em macacos 342 e em raposas 386

Em seguida se encontra a faixa de 50 anos e mais exceto em macacos onde prevaleceu os lt9

anos (Tabela 1)

No que diz respeito ao sexo o masculino apresentou-se mais prevalente com 2764

(57) dos casos Dentre as agressotildees por sexo e espeacutecie a raposa apresentou a maior

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

17

animais aumenta a cada dia devido a devastaccedilatildeo do habitat destes e a adaptaccedilatildeo a abrigos

urbanos (ALBAS et al 2009 TIRIBA SHMAL 2010)

No Paraacute a taxa de ataque por morcegos eacute muito alta Aleacutem disso do total de

agredidos 100 relataram natildeo conhecerem a necessidade de tratamento profilaacutetico Portanto

a adoccedilatildeo de medidas de esclarecimento agrave populaccedilatildeo eacute imprescindiacutevel (WADA et al 2004) Jaacute

que uma vez mordido por morcegos o homem deve passar por tratamento imediato (soro e

vacina) sem interrupccedilatildeo pois o periacuteodo de incubaccedilatildeo eacute muito raacutepido levando o paciente natildeo

tratado ao oacutebito (SCHEFFER et al 2007 TIRIBA SHMAL 2010)

126 Raiva em animais silvestres

A raiva em animais silvestres vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia

epidemioloacutegica desse agravo no Brasil devido agrave presenccedila de morcegos natildeo hematoacutefagos em

aacutereas urbanas caniacutedeos silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais

(BRASIL 2009) Em 2009 foram notificados com raiva confirmada 158 morcegos natildeo

hematoacutefagos 16 morcegos hematoacutefagos 22 caniacutedeos silvestres 3 primatas natildeo humanos e

um gato do mato (BRASIL 2010b)

A raiva nos animais domeacutesticos eacute controlada com a vacinaccedilatildeo anual Poreacutem os

animais silvestres natildeo satildeo imunizados ficando assim mais expostos aos riscos de

contaminaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

A aplicaccedilatildeo de vacina de cultivo celular apresenta-se como uma alternativa para

imunizaccedilatildeo de animais silvestres Em estudos feitos com saguis esse tipo de vacinaccedilatildeo

mostrou-se eficaz apoacutes 45 dias aplicando-se apenas uma uacutenica dose Outra boa alternativa

seria a realizaccedilatildeo de estudos no uso de vacina oral para animais silvestres a fim de facilitar a

vacinaccedilatildeo em aacutereas endecircmicas (ANDRADE et al 1999)

Em Pernambuco a criaccedilatildeo de macacos principalmente saguis como animal de

estimaccedilatildeo eacute bastante comum Em estudo realizado em Satildeo Paulo no periacuteodo de 1996 a 1999

observou-se uma diminuiccedilatildeo das agressotildees por macacos indicando um decreacutescimo na criaccedilatildeo

clandestina destes animais e na alimentaccedilatildeo deles em parques puacuteblicos Aleacutem disso a

indicaccedilatildeo de tratamento foi de 85 indicando uma maior conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo em

relaccedilatildeo ao perigo desses acidentes (RAMOS RAMOS 2002)

18

127 Tratamento

O desenvolvimento da raiva estaacute relacionado a diversos fatores desde a gravidade da

mordedura e agrave proximidade do SNC ateacute o estado de sauacutede do paciente e sua resposta imune

(CARRIERI et al 2006) Por isso cada caso deve ser avaliado para que seja instalada a

profilaxia adequada a fim de se evitar a doenccedila

O Ministeacuterio da Sauacutede criou em 1973 o Programa Nacional de Controle da Raiva ndash

PNCR com o objetivo de eliminar a raiva humana transmitida por catildees e gatos O controle da

raiva canina foi realizado a partir das accedilotildees de vacinaccedilatildeo de catildees e gatos tratamento

profilaacutetico de pessoas expostas vigilacircncia epidemioloacutegica diagnoacutestico laboratorial controle

de populaccedilatildeo animal e educaccedilatildeo em sauacutede (SCHNEIDER et al 1996)

Devido ao tratamento de raiva humana realizado nos Estados Unidos (2004) e em

Pernambuco (2008) que decorreu na cura dos pacientes o Ministeacuterio da Sauacutede publicou e

divulgou para as Secretarias Municipais e Estaduais de Sauacutede o Protocolo de Tratamento de

Raiva Humana denominado Protocolo Recife (BRASIL 2009 BRASIL 2010b) Apesar

disso a profilaxia continua sendo a melhor maneira de prevenccedilatildeo pois a chance de cura ainda

eacute pequena e natildeo se tem conhecimento suficiente sobre as sequelas que o paciente pode

apresentar

A populaccedilatildeo ainda desconhece a gravidade da doenccedila Ateacute os dias atuais satildeo relatados

abandonos de tratamento e procura ao serviccedilo de sauacutede apenas para tratamento do ferimento

Em estudo realizado 245 dos atendidos consideraram desnecessaacuterio o tratamento completo

e 138 natildeo obtiveram orientaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao tratamento demonstrando a falta de

informaccedilatildeo e o descompromisso dos profissionais de sauacutede (VELOSO et al 2011)

1271 Profilaxia preacute-exposiccedilatildeo

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute indicada para pessoas expostas permanentemente ao risco

de infecccedilatildeo pelo viacuterus da raiva tais como meacutedicos veterinaacuterios bioacutelogos profissionais e

auxiliares de laboratoacuterio para diagnoacutestico da raiva estudantes dessas aacutereas e pessoas que

atuam na vacinaccedilatildeo captura e em zooloacutegicos (COSTA et al 2000 BRASIL 2005)

O esquema de tratamento eacute de trecircs doses aplicadas nos dias 0 7 e 28 Deve-se fazer o

controle soroloacutegico a partir do 14ordm dia apoacutes a uacuteltima dose do esquema e repeti-lo anualmente

Eacute importante destacar que eacute necessaacuterio administrar uma dose de reforccedilo sempre que os tiacutetulos

forem inferiores a 05 UIml (BRASIL 2005)

19

Em dados recentes observou-se que a aplicaccedilatildeo do esquema preacute-exposiccedilatildeo em

profissionais de sauacutede e viajantes que podem facilmente buscar atendimento no caso de uma

nova exposiccedilatildeo pode ser efetuada atraveacutes da via intradeacutermica trazendo um custo bem menor

ao paiacutes (CUNHA et al 2010)

Jaacute em populaccedilotildees de difiacutecil acompanhamento como da regiatildeo ribeirinha da Amazocircnia

recomenda-se o esquema por via intramuscular que confere uma imunidade mais duradoura

Tambeacutem foi identificado que apoacutes a terceira dose em ambas as vias de administraccedilatildeo eacute

desnecessaacuteria a sorologia em indiviacuteduos sob controle uma vez que todos os voluntaacuterios do

experimento apresentaram niacuteveis de anticorpos satisfatoacuterios ge05 UImL (CUNHA et al

2010)

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute considerada pelo serviccedilo como de pouca importacircncia jaacute

que apenas 377 dessa informaccedilatildeo eacute registrada Esse fato evidencia as falhas no sistema de

vigilacircncia e a necessidade de adequaccedilatildeo das prescriccedilotildees para que se atinjam niacuteveis ideais de

tratamento e seguranccedila para populaccedilatildeo atendida (RIGO HONER 2005)

1272 Profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo

O paciente apoacutes a agressatildeo por mamiacutefero deve ser avaliado para indicaccedilatildeo ou natildeo da

profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo que quando indicada deve ter iniacutecio o mais precocemente possiacutevel

pois quando o viacuterus atinge o SNC o paciente geralmente evolui para o oacutebito (KOTAIT et al

2009)

O tratamento poacutes-exposiccedilatildeo prescrito depende principalmente da espeacutecie do animal

agressor do tipo da lesatildeo e no caso de catildees e gatos da possibilidade da observaccedilatildeo (Anexo

B) (GARCIA et al 1999 BRASIL 2005)

Haacute no Brasil um nuacutemero bastante elevado de tratamentos profilaacuteticos humanos que

poderiam ser reduzidos pela educaccedilatildeo em sauacutede atraveacutes de orientaccedilotildees sobre os animais

agressores e os fatores que desencadeiam a agressividade os cuidados com o ferimento a

posse responsaacutevel dos animais aleacutem da observaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo cliacutenica dos catildees e gatos

domiciliados (GARCIA et al 1999 FRIAS 2008)

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina

Em 2009 na Regiatildeo Nordeste e a partir de 2010 no restante do paiacutes a campanha de

vacinaccedilatildeo nacional substituiu a vacina Fuenzalida amp Palaacutecios modificada pela vacina de

20

cultivo celular canina (BRASIL 2009) Essa modificaccedilatildeo deve-se ao fato dessa vacina

apresentar maior imunogenicidade e seguranccedila aleacutem de ser recomendada pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede (BRASIL 2010a)

A vacina de cultivo celular foi utilizada em Pernambuco em 2009 sem apresentar altos

iacutendices de reaccedilotildees adversas Entretanto a vacina introduzida em junho de 2010 em todo paiacutes

(BRASIL 2010a) teve sua aplicaccedilatildeo suspensa em outubro do mesmo ano pelo Ministeacuterio da

Sauacutede que determinou a interrupccedilatildeo da campanha vacinal ateacute a conclusatildeo dos estudos sobre o

aumento das mortes e reaccedilotildees adversas apresentadas em catildees e gatos vacinados (BRASIL

2010c)

Em humanos a vacina utilizada para tratamento profilaacutetico tambeacutem eacute a vacina de

cultivo celular esta eacute produzida em cultura de ceacutelulas (diploacuteides humanas ceacutelulas Vero

ceacutelulas de embriatildeo de galinha e pato etc) com viacuterus inativados por betapropiolactona e com

potecircncia miacutenima de 25 UIdose A vacina eacute apresentada de forma liofilizada devendo ser

conservada na temperatura entre + 2ordmC a + 8ordmC ateacute o momento de sua aplicaccedilatildeo Seu esquema

vacinal completo eacute de 5 doses aplicadas nos dias 0 3 7 14 e 28 (BRASIL 2005)

Natildeo haacute contra indicaccedilatildeo (gravidez mulheres lactantes doenccedila intercorrente ou outros

tratamentos) Sempre que possiacutevel recomenda-se a interrupccedilatildeo do tratamento com corticoacuteides

eou imunossupressores As manifestaccedilotildees adversas relatadas com maior frequumlecircncia satildeo

reaccedilatildeo local febre mal estar naacuteuseas e cefaleacuteia Natildeo haacute relato de ocorrecircncia de oacutebito

associado ao uso da vacina de cultivo celular (BRASIL 2005)

A frequumlecircncia de reaccedilotildees neuroloacutegicas associadas a esta vacina citada na literatura

cientiacutefica eacute baixa De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede ateacute junho de 1996

haviam sido relatados seis casos de reaccedilotildees neuroloacutegicas temporalmente associadas a vacina

A incidecircncia de manifestaccedilotildees neuroloacutegicas considerando-se todos estes casos como

realmente provocados pela vacina eacute de cerca de 1 para cada 500000 pacientes tratados A

incidecircncia de reaccedilotildees aleacutergicas notificadas nos EUA agrave vacina de ceacutelulas diploacuteides foi de 11

casos por 10000 pacientes tratados (011) As reaccedilotildees variam de urticaacuteria a anafilaxia e

ocorrem principalmente apoacutes as doses de reforccedilo a maioria dos pacientes natildeo necessita de

internaccedilatildeo hospitalar (COSTA et al 2000)

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro

O soro heteroacutelogo eacute uma soluccedilatildeo concentrada e purificada de anticorpos preparada em

equiacutedeos imunizados contra o viacuterus da raiva A temperatura de conservaccedilatildeo eacute entre +2ordm a

21

+8ordmC A dose indicada eacute de 40 UIkg de peso Deve-se infiltrar nas lesotildees a maior quantidade

possiacutevel da dose do soro caso natildeo seja possiacutevel aplicar a miacutenima quantidade possiacutevel na

regiatildeo gluacutetea O uso do soro natildeo eacute recomendado para pacientes imunizados anteriormente Em

pacientes com histoacuterico de reaccedilotildees aleacutergicas e reaccedilatildeo anafilaacutetica ao soro heteroacutelogo

recomenda-se o uso do soro homoacutelogo (imunoglobulina humana hiperimune antirraacutebica) na

dose de 20UIKg de peso (BRASIL 2005)

1275 Consideraccedilotildees sobre o ferimento

A limpeza do ferimento com aacutegua corrente e sabatildeo eacute imprescindiacutevel em qualquer

caso de mordedura arranhadura ou lambedura que possa haver contaminado a viacutetima com o

viacuterus da raiva Esta deve eliminar todas as sujidades e em seguida devem ser utilizados

antisseacutepticos que inativem o viacuterus da raiva (iodo povidine clorexidine e aacutelcool iodado) a

mucosa ocular deve ser lavada com aacutegua corrente ou soluccedilatildeo fisioloacutegica (COSTA et al 2000

BRASIL 2005)

A utilizaccedilatildeo de antisseacutepticos ou mesmo o uso de aacutegua e sabatildeo para lavagem dos

ferimentos eacute relatada em 831 dos casos analisados em estudos indicando a

conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo para essa conduta importante de prevenccedilatildeo de doenccedilas

(GARCIA et al 1999)

A sutura do ferimento natildeo eacute recomendada mas caso seja necessaacuterio aproximar as

bordas com pontos isolados e infiltrar soro antirraacutebico humano uma hora antes da sutura

Dependendo da necessidade do paciente outras condutas podem ser realizadas como a

administraccedilatildeo de antibioacuteticos e a profilaxia antitetacircnica (COSTA et al 2000 BRASIL

2005)

128 Consideraccedilotildees sobre o animal

O Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (BRASIL 2005) traz algumas consideraccedilotildees em

relaccedilatildeo aos animais agressores dentre eles

bull O periacuteodo de observaccedilatildeo de dez dias eacute restrito aos catildees e gatos

bull A agressatildeo por outros animais domeacutesticos (bovinos ovinos caprinos equiacutedeos e suiacutenos)

deveraacute ser avaliada e se necessaacuterio deveraacute ser indicado o tratamento profilaacutetico

bull Estaacute indicado tratamento sistematicamente para todos os casos de agressatildeo por animais

silvestres mesmo quando domiciliados e domesticados

22

bull Natildeo eacute indicado tratamento nas agressotildees causadas por ratos ratazanas cobaias e lagomorfos

(urbanos ou de criaccedilatildeo)

bull Nas agressotildees por morcegos deve-se proceder a soro-vacinaccedilatildeo independentemente do tipo

de morcego agressor do tempo decorrido e da gravidade da lesatildeo

23

2 JUSTIFICATIVA

A raiva constitui um importante problema de sauacutede puacuteblica devido ao seu prognoacutestico

quase sempre fatal No entanto essa alta letalidade pode ser reduzida a partir da prevenccedilatildeo da

doenccedila atraveacutes do adequado atendimento e tratamento profilaacutetico Estes uacuteltimos ocorrem

desde a avaliaccedilatildeo do caso e conduta cliacutenica ateacute questotildees estruturais e organizacionais dos

serviccedilos de sauacutede

Esta pesquisa justifica-se pela carecircncia de estudos neste sentido em Pernambuco e pela

mudanccedila no perfil epidemioloacutegico da raiva com diminuiccedilatildeo dos casos em caninos e felinos e

aumento dos casos em morcegos herbiacutevoros e outros animais silvestres

Com este trabalho pretende-se analisar o atendimento antirraacutebico humano nos

indiviacuteduos agredidos por animais silvestres no estado de Pernambuco Dessa forma busca-se

melhorar o conhecimento de alguns aspectos relacionados agrave profilaxia da raiva por animais

silvestres melhoria da vigilacircncia epidemioloacutegica planejamento e adoccedilatildeo de variadas accedilotildees de

sauacutede puacuteblica

21 PERGUNTA CONDUTORA

Como estaacute sendo efetuado o atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo nas

agressotildees por animais silvestres

24

3 OBJETIVOS

31 GERAL

Caracterizar o perfil epidemioloacutegico do atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em agressotildees por animais silvestres e analisar a adequaccedilatildeo de sua indicaccedilatildeo em Pernambuco

no periacuteodo de 2001 a 2010

32 ESPECIacuteFICOS

a) Caracterizar o perfil epidemioloacutegico segundo variaacuteveis de pessoa lugar e tempo

relativas agraves condiccedilotildees da agressatildeo e do animal agressor

b) Analisar o tratamento recomendado a cada espeacutecie agressora

25

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

41 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de abrangecircncia do estudo corresponde ao estado de Pernambuco composto por

184 municiacutepios e o territoacuterio de Fernando de Noronha

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA

O periacuteodo avaliado foi de 2001 a 2010 com o objetivo de demonstrar com melhor

precisatildeo o aumento das agressotildees por animais silvestres no estado

43 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal Esse estudo eacute apropriado para o

registro de frequumlecircncia de eventos observando sua variaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo Sua maior

vantagem eacute que natildeo haacute necessidade de grupos de comparaccedilatildeo possui alto potencial descritivo

e baixo custo operacional

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS

O evento estudado foi a profilaxia da raiva humana a partir de agressotildees por animais

silvestres analisada atraveacutes dos procedimentos registrados no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo (SINAN) sendo construiacutedos diversos tipos de agrupamentos

Desse modo foram analisados os atendimentos por espeacutecie animal atraveacutes da ficha

individual de atendimento antirraacutebico e este atendimento subdivido em grupos de variaacuteveis

Assim foram analisados os dados referentes as notificaccedilotildees individuais faixa etaacuteria e sexo

aos dados de residecircncia municiacutepio de residecircncia aos antecedentes epidemioloacutegicos

caracteriacutesticas da agressatildeo caracteriacutesticas do animal agressor e tratamento recomendado

(tratamento indicado indicaccedilatildeo do soro interrupccedilatildeo do tratamento motivo da interrupccedilatildeo e se

a unidade de sauacutede procurou o paciente que abandonou o tratamento) (Quadro 1)

Assim sendo em cada toacutepico especiacutefico de anaacutelise procurou-se verificar as principais

caracteriacutesticas das espeacutecies agressoras e o tratamento aplicado a partir das especificidades de

cada espeacutecie sendo executadas da seguinte forma observaram-se inicialmente o perfil das

26

agressotildees entre os anos de 2001 e 2010 em seguida realizaram-se observaccedilotildees no tratamento

realizado para posteriormente analisar a distribuiccedilatildeo das agressotildees no estado de Pernambuco

Os grupos foram compostos pelas variaacuteveis encontradas no proacuteprio banco de dados e

para a definiccedilatildeo dos atosprocedimentos que melhor caracterizassem as variaacuteveis utilizou-se

como referecircncia a Norma Teacutecnica do Ministeacuterio da Sauacutede (Anexo B)

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS

Os dados utilizados neste estudo foram secundaacuterios coletados na Secretaria Estadual

de Sauacutede e processados pelo SINAN atraveacutes da ficha individual de investigaccedilatildeo para

atendimento antirraacutebico humano (Anexo A) A exploraccedilatildeo do banco de dados foi realizada

atraveacutes dos programas Tabwin 36 e planilhas eletrocircnicas

46 ANAacuteLISE DOS DADOS

Foram calculadas frequumlecircncias absolutas e relativas aleacutem das meacutedias

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS

O estudo foi realizado dentro dos padrotildees da eacutetica cientiacutefica tendo sido aprovado pela

Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa sob o nordm 0511 da instituiccedilatildeo agrave qual se subordina A pesquisa

foi realizada com dados secundaacuterios da Secretaria Estadual de Sauacutede Nenhum dado de

identificaccedilatildeo dos pacientes fez parte do estudo

Quadro 1 - Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do tratamento antirraacutebico humano

VARIAacuteVEL CATEGORIZACcedilAtildeO

Relativas agraves caracteriacutesticas

da agressatildeo

Tipo de Exposiccedilatildeo Contato Indireto Arranhadura Lambedura e Mordedura

Localizaccedilatildeo Mucosa CabeccedilaPescoccedilo MatildeosPeacutes Tronco

Membros Superiores e Membros Inferiores

Ferimento Uacutenico Muacuteltiplo Ignorado e Sem Ferimento

Tipo de Ferimento Profundo Superficial Dilacerante

Relativas agraves caracteriacutesticas

do animal agressor

Espeacutecie Animal Quiroacuteptera (Morcego) Primata (Macaco) e Raposa

Condiccedilatildeo Final do Animal Positivo Cliacutenico Negativo Cliacutenico Positivo Laboratorial e Negativo Laboratorial

27

Relativas ao tratamento antirraacutebico humano

Tratamento Indicado Preacute-exposiccedilatildeo Exposiccedilatildeo Re-exposiccedilatildeo

Dispensa de tratamento Observaccedilatildeo do

animal (se catildeo ou gato) e Ignorado

Indicaccedilatildeo do Soro Sim Natildeo e Ignorado

Relativas agrave continuidade do

tratamento antirraacutebico humano

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim Natildeo e Ignorado

Motivo da Interrupccedilatildeo Unidade Indicou Abandono e Transferecircncia

Unidade de sauacutede

procurou o paciente que

abandonou o tratamento

Sim e Natildeo

28

5 RESULTADOS

Nas agressotildees por ano foram observadas tendecircncias de crescimentos com oscilaccedilotildees

principalmente em raposas sendo observados picos nos anos de 2002 (267) 2005(292) 2006

(305) e 2009 (235) Em morcegos haacute um crescimento anual ateacute um pico em 2006 (182)

posteriormente ocorre uma ligeira queda e um novo pico em 2009 (207) No que diz respeito a

macacos o nuacutemero de casos se manteacutem proacuteximo durante os anos exceto em 2003 (272) e

2007 (250) onde ocorreram elevaccedilotildees das agressotildees (Figura 1)

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo espeacutecie agressora e ano

Pernambuco 2001 a 2010

1

52

104 113138

182

117 124

207

155

0

134

272

171186

153

250

182 185

141

6

267

221

174

292305

168147

235

170

0

50

100

150

200

250

300

350

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Morcego

Macaco

Raposa

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

No periacuteodo estudado 295704 pessoas receberam tratamento antirraacutebico humano

destas 4852 (16) foram atendidas apoacutes agressotildees por animais silvestres Dentre os animais

silvestres a raposa foi a espeacutecie mais agressora representando 1985 (409) casos em

seguida encontrou-se a primata com 1674 (345) e depois a quiroacuteptera com 1193 (246)

A zona urbana foi a localidade de residecircncia com maior nuacutemero de casos em macacos

79 e morcegos 78 jaacute em raposas prevaleceu a zona rural com 745 das agressotildees

(Tabela 1)

Em relaccedilatildeo a faixa etaacuteria o grupo mais atingido foi de 20 a 49 anos (385) Em

morcegos essa faixa representa 444 das agressotildees em macacos 342 e em raposas 386

Em seguida se encontra a faixa de 50 anos e mais exceto em macacos onde prevaleceu os lt9

anos (Tabela 1)

No que diz respeito ao sexo o masculino apresentou-se mais prevalente com 2764

(57) dos casos Dentre as agressotildees por sexo e espeacutecie a raposa apresentou a maior

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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43

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

18

127 Tratamento

O desenvolvimento da raiva estaacute relacionado a diversos fatores desde a gravidade da

mordedura e agrave proximidade do SNC ateacute o estado de sauacutede do paciente e sua resposta imune

(CARRIERI et al 2006) Por isso cada caso deve ser avaliado para que seja instalada a

profilaxia adequada a fim de se evitar a doenccedila

O Ministeacuterio da Sauacutede criou em 1973 o Programa Nacional de Controle da Raiva ndash

PNCR com o objetivo de eliminar a raiva humana transmitida por catildees e gatos O controle da

raiva canina foi realizado a partir das accedilotildees de vacinaccedilatildeo de catildees e gatos tratamento

profilaacutetico de pessoas expostas vigilacircncia epidemioloacutegica diagnoacutestico laboratorial controle

de populaccedilatildeo animal e educaccedilatildeo em sauacutede (SCHNEIDER et al 1996)

Devido ao tratamento de raiva humana realizado nos Estados Unidos (2004) e em

Pernambuco (2008) que decorreu na cura dos pacientes o Ministeacuterio da Sauacutede publicou e

divulgou para as Secretarias Municipais e Estaduais de Sauacutede o Protocolo de Tratamento de

Raiva Humana denominado Protocolo Recife (BRASIL 2009 BRASIL 2010b) Apesar

disso a profilaxia continua sendo a melhor maneira de prevenccedilatildeo pois a chance de cura ainda

eacute pequena e natildeo se tem conhecimento suficiente sobre as sequelas que o paciente pode

apresentar

A populaccedilatildeo ainda desconhece a gravidade da doenccedila Ateacute os dias atuais satildeo relatados

abandonos de tratamento e procura ao serviccedilo de sauacutede apenas para tratamento do ferimento

Em estudo realizado 245 dos atendidos consideraram desnecessaacuterio o tratamento completo

e 138 natildeo obtiveram orientaccedilatildeo em relaccedilatildeo ao tratamento demonstrando a falta de

informaccedilatildeo e o descompromisso dos profissionais de sauacutede (VELOSO et al 2011)

1271 Profilaxia preacute-exposiccedilatildeo

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute indicada para pessoas expostas permanentemente ao risco

de infecccedilatildeo pelo viacuterus da raiva tais como meacutedicos veterinaacuterios bioacutelogos profissionais e

auxiliares de laboratoacuterio para diagnoacutestico da raiva estudantes dessas aacutereas e pessoas que

atuam na vacinaccedilatildeo captura e em zooloacutegicos (COSTA et al 2000 BRASIL 2005)

O esquema de tratamento eacute de trecircs doses aplicadas nos dias 0 7 e 28 Deve-se fazer o

controle soroloacutegico a partir do 14ordm dia apoacutes a uacuteltima dose do esquema e repeti-lo anualmente

Eacute importante destacar que eacute necessaacuterio administrar uma dose de reforccedilo sempre que os tiacutetulos

forem inferiores a 05 UIml (BRASIL 2005)

19

Em dados recentes observou-se que a aplicaccedilatildeo do esquema preacute-exposiccedilatildeo em

profissionais de sauacutede e viajantes que podem facilmente buscar atendimento no caso de uma

nova exposiccedilatildeo pode ser efetuada atraveacutes da via intradeacutermica trazendo um custo bem menor

ao paiacutes (CUNHA et al 2010)

Jaacute em populaccedilotildees de difiacutecil acompanhamento como da regiatildeo ribeirinha da Amazocircnia

recomenda-se o esquema por via intramuscular que confere uma imunidade mais duradoura

Tambeacutem foi identificado que apoacutes a terceira dose em ambas as vias de administraccedilatildeo eacute

desnecessaacuteria a sorologia em indiviacuteduos sob controle uma vez que todos os voluntaacuterios do

experimento apresentaram niacuteveis de anticorpos satisfatoacuterios ge05 UImL (CUNHA et al

2010)

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute considerada pelo serviccedilo como de pouca importacircncia jaacute

que apenas 377 dessa informaccedilatildeo eacute registrada Esse fato evidencia as falhas no sistema de

vigilacircncia e a necessidade de adequaccedilatildeo das prescriccedilotildees para que se atinjam niacuteveis ideais de

tratamento e seguranccedila para populaccedilatildeo atendida (RIGO HONER 2005)

1272 Profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo

O paciente apoacutes a agressatildeo por mamiacutefero deve ser avaliado para indicaccedilatildeo ou natildeo da

profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo que quando indicada deve ter iniacutecio o mais precocemente possiacutevel

pois quando o viacuterus atinge o SNC o paciente geralmente evolui para o oacutebito (KOTAIT et al

2009)

O tratamento poacutes-exposiccedilatildeo prescrito depende principalmente da espeacutecie do animal

agressor do tipo da lesatildeo e no caso de catildees e gatos da possibilidade da observaccedilatildeo (Anexo

B) (GARCIA et al 1999 BRASIL 2005)

Haacute no Brasil um nuacutemero bastante elevado de tratamentos profilaacuteticos humanos que

poderiam ser reduzidos pela educaccedilatildeo em sauacutede atraveacutes de orientaccedilotildees sobre os animais

agressores e os fatores que desencadeiam a agressividade os cuidados com o ferimento a

posse responsaacutevel dos animais aleacutem da observaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo cliacutenica dos catildees e gatos

domiciliados (GARCIA et al 1999 FRIAS 2008)

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina

Em 2009 na Regiatildeo Nordeste e a partir de 2010 no restante do paiacutes a campanha de

vacinaccedilatildeo nacional substituiu a vacina Fuenzalida amp Palaacutecios modificada pela vacina de

20

cultivo celular canina (BRASIL 2009) Essa modificaccedilatildeo deve-se ao fato dessa vacina

apresentar maior imunogenicidade e seguranccedila aleacutem de ser recomendada pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede (BRASIL 2010a)

A vacina de cultivo celular foi utilizada em Pernambuco em 2009 sem apresentar altos

iacutendices de reaccedilotildees adversas Entretanto a vacina introduzida em junho de 2010 em todo paiacutes

(BRASIL 2010a) teve sua aplicaccedilatildeo suspensa em outubro do mesmo ano pelo Ministeacuterio da

Sauacutede que determinou a interrupccedilatildeo da campanha vacinal ateacute a conclusatildeo dos estudos sobre o

aumento das mortes e reaccedilotildees adversas apresentadas em catildees e gatos vacinados (BRASIL

2010c)

Em humanos a vacina utilizada para tratamento profilaacutetico tambeacutem eacute a vacina de

cultivo celular esta eacute produzida em cultura de ceacutelulas (diploacuteides humanas ceacutelulas Vero

ceacutelulas de embriatildeo de galinha e pato etc) com viacuterus inativados por betapropiolactona e com

potecircncia miacutenima de 25 UIdose A vacina eacute apresentada de forma liofilizada devendo ser

conservada na temperatura entre + 2ordmC a + 8ordmC ateacute o momento de sua aplicaccedilatildeo Seu esquema

vacinal completo eacute de 5 doses aplicadas nos dias 0 3 7 14 e 28 (BRASIL 2005)

Natildeo haacute contra indicaccedilatildeo (gravidez mulheres lactantes doenccedila intercorrente ou outros

tratamentos) Sempre que possiacutevel recomenda-se a interrupccedilatildeo do tratamento com corticoacuteides

eou imunossupressores As manifestaccedilotildees adversas relatadas com maior frequumlecircncia satildeo

reaccedilatildeo local febre mal estar naacuteuseas e cefaleacuteia Natildeo haacute relato de ocorrecircncia de oacutebito

associado ao uso da vacina de cultivo celular (BRASIL 2005)

A frequumlecircncia de reaccedilotildees neuroloacutegicas associadas a esta vacina citada na literatura

cientiacutefica eacute baixa De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede ateacute junho de 1996

haviam sido relatados seis casos de reaccedilotildees neuroloacutegicas temporalmente associadas a vacina

A incidecircncia de manifestaccedilotildees neuroloacutegicas considerando-se todos estes casos como

realmente provocados pela vacina eacute de cerca de 1 para cada 500000 pacientes tratados A

incidecircncia de reaccedilotildees aleacutergicas notificadas nos EUA agrave vacina de ceacutelulas diploacuteides foi de 11

casos por 10000 pacientes tratados (011) As reaccedilotildees variam de urticaacuteria a anafilaxia e

ocorrem principalmente apoacutes as doses de reforccedilo a maioria dos pacientes natildeo necessita de

internaccedilatildeo hospitalar (COSTA et al 2000)

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro

O soro heteroacutelogo eacute uma soluccedilatildeo concentrada e purificada de anticorpos preparada em

equiacutedeos imunizados contra o viacuterus da raiva A temperatura de conservaccedilatildeo eacute entre +2ordm a

21

+8ordmC A dose indicada eacute de 40 UIkg de peso Deve-se infiltrar nas lesotildees a maior quantidade

possiacutevel da dose do soro caso natildeo seja possiacutevel aplicar a miacutenima quantidade possiacutevel na

regiatildeo gluacutetea O uso do soro natildeo eacute recomendado para pacientes imunizados anteriormente Em

pacientes com histoacuterico de reaccedilotildees aleacutergicas e reaccedilatildeo anafilaacutetica ao soro heteroacutelogo

recomenda-se o uso do soro homoacutelogo (imunoglobulina humana hiperimune antirraacutebica) na

dose de 20UIKg de peso (BRASIL 2005)

1275 Consideraccedilotildees sobre o ferimento

A limpeza do ferimento com aacutegua corrente e sabatildeo eacute imprescindiacutevel em qualquer

caso de mordedura arranhadura ou lambedura que possa haver contaminado a viacutetima com o

viacuterus da raiva Esta deve eliminar todas as sujidades e em seguida devem ser utilizados

antisseacutepticos que inativem o viacuterus da raiva (iodo povidine clorexidine e aacutelcool iodado) a

mucosa ocular deve ser lavada com aacutegua corrente ou soluccedilatildeo fisioloacutegica (COSTA et al 2000

BRASIL 2005)

A utilizaccedilatildeo de antisseacutepticos ou mesmo o uso de aacutegua e sabatildeo para lavagem dos

ferimentos eacute relatada em 831 dos casos analisados em estudos indicando a

conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo para essa conduta importante de prevenccedilatildeo de doenccedilas

(GARCIA et al 1999)

A sutura do ferimento natildeo eacute recomendada mas caso seja necessaacuterio aproximar as

bordas com pontos isolados e infiltrar soro antirraacutebico humano uma hora antes da sutura

Dependendo da necessidade do paciente outras condutas podem ser realizadas como a

administraccedilatildeo de antibioacuteticos e a profilaxia antitetacircnica (COSTA et al 2000 BRASIL

2005)

128 Consideraccedilotildees sobre o animal

O Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (BRASIL 2005) traz algumas consideraccedilotildees em

relaccedilatildeo aos animais agressores dentre eles

bull O periacuteodo de observaccedilatildeo de dez dias eacute restrito aos catildees e gatos

bull A agressatildeo por outros animais domeacutesticos (bovinos ovinos caprinos equiacutedeos e suiacutenos)

deveraacute ser avaliada e se necessaacuterio deveraacute ser indicado o tratamento profilaacutetico

bull Estaacute indicado tratamento sistematicamente para todos os casos de agressatildeo por animais

silvestres mesmo quando domiciliados e domesticados

22

bull Natildeo eacute indicado tratamento nas agressotildees causadas por ratos ratazanas cobaias e lagomorfos

(urbanos ou de criaccedilatildeo)

bull Nas agressotildees por morcegos deve-se proceder a soro-vacinaccedilatildeo independentemente do tipo

de morcego agressor do tempo decorrido e da gravidade da lesatildeo

23

2 JUSTIFICATIVA

A raiva constitui um importante problema de sauacutede puacuteblica devido ao seu prognoacutestico

quase sempre fatal No entanto essa alta letalidade pode ser reduzida a partir da prevenccedilatildeo da

doenccedila atraveacutes do adequado atendimento e tratamento profilaacutetico Estes uacuteltimos ocorrem

desde a avaliaccedilatildeo do caso e conduta cliacutenica ateacute questotildees estruturais e organizacionais dos

serviccedilos de sauacutede

Esta pesquisa justifica-se pela carecircncia de estudos neste sentido em Pernambuco e pela

mudanccedila no perfil epidemioloacutegico da raiva com diminuiccedilatildeo dos casos em caninos e felinos e

aumento dos casos em morcegos herbiacutevoros e outros animais silvestres

Com este trabalho pretende-se analisar o atendimento antirraacutebico humano nos

indiviacuteduos agredidos por animais silvestres no estado de Pernambuco Dessa forma busca-se

melhorar o conhecimento de alguns aspectos relacionados agrave profilaxia da raiva por animais

silvestres melhoria da vigilacircncia epidemioloacutegica planejamento e adoccedilatildeo de variadas accedilotildees de

sauacutede puacuteblica

21 PERGUNTA CONDUTORA

Como estaacute sendo efetuado o atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo nas

agressotildees por animais silvestres

24

3 OBJETIVOS

31 GERAL

Caracterizar o perfil epidemioloacutegico do atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em agressotildees por animais silvestres e analisar a adequaccedilatildeo de sua indicaccedilatildeo em Pernambuco

no periacuteodo de 2001 a 2010

32 ESPECIacuteFICOS

a) Caracterizar o perfil epidemioloacutegico segundo variaacuteveis de pessoa lugar e tempo

relativas agraves condiccedilotildees da agressatildeo e do animal agressor

b) Analisar o tratamento recomendado a cada espeacutecie agressora

25

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

41 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de abrangecircncia do estudo corresponde ao estado de Pernambuco composto por

184 municiacutepios e o territoacuterio de Fernando de Noronha

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA

O periacuteodo avaliado foi de 2001 a 2010 com o objetivo de demonstrar com melhor

precisatildeo o aumento das agressotildees por animais silvestres no estado

43 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal Esse estudo eacute apropriado para o

registro de frequumlecircncia de eventos observando sua variaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo Sua maior

vantagem eacute que natildeo haacute necessidade de grupos de comparaccedilatildeo possui alto potencial descritivo

e baixo custo operacional

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS

O evento estudado foi a profilaxia da raiva humana a partir de agressotildees por animais

silvestres analisada atraveacutes dos procedimentos registrados no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo (SINAN) sendo construiacutedos diversos tipos de agrupamentos

Desse modo foram analisados os atendimentos por espeacutecie animal atraveacutes da ficha

individual de atendimento antirraacutebico e este atendimento subdivido em grupos de variaacuteveis

Assim foram analisados os dados referentes as notificaccedilotildees individuais faixa etaacuteria e sexo

aos dados de residecircncia municiacutepio de residecircncia aos antecedentes epidemioloacutegicos

caracteriacutesticas da agressatildeo caracteriacutesticas do animal agressor e tratamento recomendado

(tratamento indicado indicaccedilatildeo do soro interrupccedilatildeo do tratamento motivo da interrupccedilatildeo e se

a unidade de sauacutede procurou o paciente que abandonou o tratamento) (Quadro 1)

Assim sendo em cada toacutepico especiacutefico de anaacutelise procurou-se verificar as principais

caracteriacutesticas das espeacutecies agressoras e o tratamento aplicado a partir das especificidades de

cada espeacutecie sendo executadas da seguinte forma observaram-se inicialmente o perfil das

26

agressotildees entre os anos de 2001 e 2010 em seguida realizaram-se observaccedilotildees no tratamento

realizado para posteriormente analisar a distribuiccedilatildeo das agressotildees no estado de Pernambuco

Os grupos foram compostos pelas variaacuteveis encontradas no proacuteprio banco de dados e

para a definiccedilatildeo dos atosprocedimentos que melhor caracterizassem as variaacuteveis utilizou-se

como referecircncia a Norma Teacutecnica do Ministeacuterio da Sauacutede (Anexo B)

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS

Os dados utilizados neste estudo foram secundaacuterios coletados na Secretaria Estadual

de Sauacutede e processados pelo SINAN atraveacutes da ficha individual de investigaccedilatildeo para

atendimento antirraacutebico humano (Anexo A) A exploraccedilatildeo do banco de dados foi realizada

atraveacutes dos programas Tabwin 36 e planilhas eletrocircnicas

46 ANAacuteLISE DOS DADOS

Foram calculadas frequumlecircncias absolutas e relativas aleacutem das meacutedias

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS

O estudo foi realizado dentro dos padrotildees da eacutetica cientiacutefica tendo sido aprovado pela

Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa sob o nordm 0511 da instituiccedilatildeo agrave qual se subordina A pesquisa

foi realizada com dados secundaacuterios da Secretaria Estadual de Sauacutede Nenhum dado de

identificaccedilatildeo dos pacientes fez parte do estudo

Quadro 1 - Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do tratamento antirraacutebico humano

VARIAacuteVEL CATEGORIZACcedilAtildeO

Relativas agraves caracteriacutesticas

da agressatildeo

Tipo de Exposiccedilatildeo Contato Indireto Arranhadura Lambedura e Mordedura

Localizaccedilatildeo Mucosa CabeccedilaPescoccedilo MatildeosPeacutes Tronco

Membros Superiores e Membros Inferiores

Ferimento Uacutenico Muacuteltiplo Ignorado e Sem Ferimento

Tipo de Ferimento Profundo Superficial Dilacerante

Relativas agraves caracteriacutesticas

do animal agressor

Espeacutecie Animal Quiroacuteptera (Morcego) Primata (Macaco) e Raposa

Condiccedilatildeo Final do Animal Positivo Cliacutenico Negativo Cliacutenico Positivo Laboratorial e Negativo Laboratorial

27

Relativas ao tratamento antirraacutebico humano

Tratamento Indicado Preacute-exposiccedilatildeo Exposiccedilatildeo Re-exposiccedilatildeo

Dispensa de tratamento Observaccedilatildeo do

animal (se catildeo ou gato) e Ignorado

Indicaccedilatildeo do Soro Sim Natildeo e Ignorado

Relativas agrave continuidade do

tratamento antirraacutebico humano

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim Natildeo e Ignorado

Motivo da Interrupccedilatildeo Unidade Indicou Abandono e Transferecircncia

Unidade de sauacutede

procurou o paciente que

abandonou o tratamento

Sim e Natildeo

28

5 RESULTADOS

Nas agressotildees por ano foram observadas tendecircncias de crescimentos com oscilaccedilotildees

principalmente em raposas sendo observados picos nos anos de 2002 (267) 2005(292) 2006

(305) e 2009 (235) Em morcegos haacute um crescimento anual ateacute um pico em 2006 (182)

posteriormente ocorre uma ligeira queda e um novo pico em 2009 (207) No que diz respeito a

macacos o nuacutemero de casos se manteacutem proacuteximo durante os anos exceto em 2003 (272) e

2007 (250) onde ocorreram elevaccedilotildees das agressotildees (Figura 1)

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo espeacutecie agressora e ano

Pernambuco 2001 a 2010

1

52

104 113138

182

117 124

207

155

0

134

272

171186

153

250

182 185

141

6

267

221

174

292305

168147

235

170

0

50

100

150

200

250

300

350

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Morcego

Macaco

Raposa

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

No periacuteodo estudado 295704 pessoas receberam tratamento antirraacutebico humano

destas 4852 (16) foram atendidas apoacutes agressotildees por animais silvestres Dentre os animais

silvestres a raposa foi a espeacutecie mais agressora representando 1985 (409) casos em

seguida encontrou-se a primata com 1674 (345) e depois a quiroacuteptera com 1193 (246)

A zona urbana foi a localidade de residecircncia com maior nuacutemero de casos em macacos

79 e morcegos 78 jaacute em raposas prevaleceu a zona rural com 745 das agressotildees

(Tabela 1)

Em relaccedilatildeo a faixa etaacuteria o grupo mais atingido foi de 20 a 49 anos (385) Em

morcegos essa faixa representa 444 das agressotildees em macacos 342 e em raposas 386

Em seguida se encontra a faixa de 50 anos e mais exceto em macacos onde prevaleceu os lt9

anos (Tabela 1)

No que diz respeito ao sexo o masculino apresentou-se mais prevalente com 2764

(57) dos casos Dentre as agressotildees por sexo e espeacutecie a raposa apresentou a maior

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

19

Em dados recentes observou-se que a aplicaccedilatildeo do esquema preacute-exposiccedilatildeo em

profissionais de sauacutede e viajantes que podem facilmente buscar atendimento no caso de uma

nova exposiccedilatildeo pode ser efetuada atraveacutes da via intradeacutermica trazendo um custo bem menor

ao paiacutes (CUNHA et al 2010)

Jaacute em populaccedilotildees de difiacutecil acompanhamento como da regiatildeo ribeirinha da Amazocircnia

recomenda-se o esquema por via intramuscular que confere uma imunidade mais duradoura

Tambeacutem foi identificado que apoacutes a terceira dose em ambas as vias de administraccedilatildeo eacute

desnecessaacuteria a sorologia em indiviacuteduos sob controle uma vez que todos os voluntaacuterios do

experimento apresentaram niacuteveis de anticorpos satisfatoacuterios ge05 UImL (CUNHA et al

2010)

A profilaxia preacute-exposiccedilatildeo eacute considerada pelo serviccedilo como de pouca importacircncia jaacute

que apenas 377 dessa informaccedilatildeo eacute registrada Esse fato evidencia as falhas no sistema de

vigilacircncia e a necessidade de adequaccedilatildeo das prescriccedilotildees para que se atinjam niacuteveis ideais de

tratamento e seguranccedila para populaccedilatildeo atendida (RIGO HONER 2005)

1272 Profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo

O paciente apoacutes a agressatildeo por mamiacutefero deve ser avaliado para indicaccedilatildeo ou natildeo da

profilaxia poacutes-exposiccedilatildeo que quando indicada deve ter iniacutecio o mais precocemente possiacutevel

pois quando o viacuterus atinge o SNC o paciente geralmente evolui para o oacutebito (KOTAIT et al

2009)

O tratamento poacutes-exposiccedilatildeo prescrito depende principalmente da espeacutecie do animal

agressor do tipo da lesatildeo e no caso de catildees e gatos da possibilidade da observaccedilatildeo (Anexo

B) (GARCIA et al 1999 BRASIL 2005)

Haacute no Brasil um nuacutemero bastante elevado de tratamentos profilaacuteticos humanos que

poderiam ser reduzidos pela educaccedilatildeo em sauacutede atraveacutes de orientaccedilotildees sobre os animais

agressores e os fatores que desencadeiam a agressividade os cuidados com o ferimento a

posse responsaacutevel dos animais aleacutem da observaccedilatildeo e avaliaccedilatildeo cliacutenica dos catildees e gatos

domiciliados (GARCIA et al 1999 FRIAS 2008)

1273 Consideraccedilotildees sobre a Vacina

Em 2009 na Regiatildeo Nordeste e a partir de 2010 no restante do paiacutes a campanha de

vacinaccedilatildeo nacional substituiu a vacina Fuenzalida amp Palaacutecios modificada pela vacina de

20

cultivo celular canina (BRASIL 2009) Essa modificaccedilatildeo deve-se ao fato dessa vacina

apresentar maior imunogenicidade e seguranccedila aleacutem de ser recomendada pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede (BRASIL 2010a)

A vacina de cultivo celular foi utilizada em Pernambuco em 2009 sem apresentar altos

iacutendices de reaccedilotildees adversas Entretanto a vacina introduzida em junho de 2010 em todo paiacutes

(BRASIL 2010a) teve sua aplicaccedilatildeo suspensa em outubro do mesmo ano pelo Ministeacuterio da

Sauacutede que determinou a interrupccedilatildeo da campanha vacinal ateacute a conclusatildeo dos estudos sobre o

aumento das mortes e reaccedilotildees adversas apresentadas em catildees e gatos vacinados (BRASIL

2010c)

Em humanos a vacina utilizada para tratamento profilaacutetico tambeacutem eacute a vacina de

cultivo celular esta eacute produzida em cultura de ceacutelulas (diploacuteides humanas ceacutelulas Vero

ceacutelulas de embriatildeo de galinha e pato etc) com viacuterus inativados por betapropiolactona e com

potecircncia miacutenima de 25 UIdose A vacina eacute apresentada de forma liofilizada devendo ser

conservada na temperatura entre + 2ordmC a + 8ordmC ateacute o momento de sua aplicaccedilatildeo Seu esquema

vacinal completo eacute de 5 doses aplicadas nos dias 0 3 7 14 e 28 (BRASIL 2005)

Natildeo haacute contra indicaccedilatildeo (gravidez mulheres lactantes doenccedila intercorrente ou outros

tratamentos) Sempre que possiacutevel recomenda-se a interrupccedilatildeo do tratamento com corticoacuteides

eou imunossupressores As manifestaccedilotildees adversas relatadas com maior frequumlecircncia satildeo

reaccedilatildeo local febre mal estar naacuteuseas e cefaleacuteia Natildeo haacute relato de ocorrecircncia de oacutebito

associado ao uso da vacina de cultivo celular (BRASIL 2005)

A frequumlecircncia de reaccedilotildees neuroloacutegicas associadas a esta vacina citada na literatura

cientiacutefica eacute baixa De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede ateacute junho de 1996

haviam sido relatados seis casos de reaccedilotildees neuroloacutegicas temporalmente associadas a vacina

A incidecircncia de manifestaccedilotildees neuroloacutegicas considerando-se todos estes casos como

realmente provocados pela vacina eacute de cerca de 1 para cada 500000 pacientes tratados A

incidecircncia de reaccedilotildees aleacutergicas notificadas nos EUA agrave vacina de ceacutelulas diploacuteides foi de 11

casos por 10000 pacientes tratados (011) As reaccedilotildees variam de urticaacuteria a anafilaxia e

ocorrem principalmente apoacutes as doses de reforccedilo a maioria dos pacientes natildeo necessita de

internaccedilatildeo hospitalar (COSTA et al 2000)

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro

O soro heteroacutelogo eacute uma soluccedilatildeo concentrada e purificada de anticorpos preparada em

equiacutedeos imunizados contra o viacuterus da raiva A temperatura de conservaccedilatildeo eacute entre +2ordm a

21

+8ordmC A dose indicada eacute de 40 UIkg de peso Deve-se infiltrar nas lesotildees a maior quantidade

possiacutevel da dose do soro caso natildeo seja possiacutevel aplicar a miacutenima quantidade possiacutevel na

regiatildeo gluacutetea O uso do soro natildeo eacute recomendado para pacientes imunizados anteriormente Em

pacientes com histoacuterico de reaccedilotildees aleacutergicas e reaccedilatildeo anafilaacutetica ao soro heteroacutelogo

recomenda-se o uso do soro homoacutelogo (imunoglobulina humana hiperimune antirraacutebica) na

dose de 20UIKg de peso (BRASIL 2005)

1275 Consideraccedilotildees sobre o ferimento

A limpeza do ferimento com aacutegua corrente e sabatildeo eacute imprescindiacutevel em qualquer

caso de mordedura arranhadura ou lambedura que possa haver contaminado a viacutetima com o

viacuterus da raiva Esta deve eliminar todas as sujidades e em seguida devem ser utilizados

antisseacutepticos que inativem o viacuterus da raiva (iodo povidine clorexidine e aacutelcool iodado) a

mucosa ocular deve ser lavada com aacutegua corrente ou soluccedilatildeo fisioloacutegica (COSTA et al 2000

BRASIL 2005)

A utilizaccedilatildeo de antisseacutepticos ou mesmo o uso de aacutegua e sabatildeo para lavagem dos

ferimentos eacute relatada em 831 dos casos analisados em estudos indicando a

conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo para essa conduta importante de prevenccedilatildeo de doenccedilas

(GARCIA et al 1999)

A sutura do ferimento natildeo eacute recomendada mas caso seja necessaacuterio aproximar as

bordas com pontos isolados e infiltrar soro antirraacutebico humano uma hora antes da sutura

Dependendo da necessidade do paciente outras condutas podem ser realizadas como a

administraccedilatildeo de antibioacuteticos e a profilaxia antitetacircnica (COSTA et al 2000 BRASIL

2005)

128 Consideraccedilotildees sobre o animal

O Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (BRASIL 2005) traz algumas consideraccedilotildees em

relaccedilatildeo aos animais agressores dentre eles

bull O periacuteodo de observaccedilatildeo de dez dias eacute restrito aos catildees e gatos

bull A agressatildeo por outros animais domeacutesticos (bovinos ovinos caprinos equiacutedeos e suiacutenos)

deveraacute ser avaliada e se necessaacuterio deveraacute ser indicado o tratamento profilaacutetico

bull Estaacute indicado tratamento sistematicamente para todos os casos de agressatildeo por animais

silvestres mesmo quando domiciliados e domesticados

22

bull Natildeo eacute indicado tratamento nas agressotildees causadas por ratos ratazanas cobaias e lagomorfos

(urbanos ou de criaccedilatildeo)

bull Nas agressotildees por morcegos deve-se proceder a soro-vacinaccedilatildeo independentemente do tipo

de morcego agressor do tempo decorrido e da gravidade da lesatildeo

23

2 JUSTIFICATIVA

A raiva constitui um importante problema de sauacutede puacuteblica devido ao seu prognoacutestico

quase sempre fatal No entanto essa alta letalidade pode ser reduzida a partir da prevenccedilatildeo da

doenccedila atraveacutes do adequado atendimento e tratamento profilaacutetico Estes uacuteltimos ocorrem

desde a avaliaccedilatildeo do caso e conduta cliacutenica ateacute questotildees estruturais e organizacionais dos

serviccedilos de sauacutede

Esta pesquisa justifica-se pela carecircncia de estudos neste sentido em Pernambuco e pela

mudanccedila no perfil epidemioloacutegico da raiva com diminuiccedilatildeo dos casos em caninos e felinos e

aumento dos casos em morcegos herbiacutevoros e outros animais silvestres

Com este trabalho pretende-se analisar o atendimento antirraacutebico humano nos

indiviacuteduos agredidos por animais silvestres no estado de Pernambuco Dessa forma busca-se

melhorar o conhecimento de alguns aspectos relacionados agrave profilaxia da raiva por animais

silvestres melhoria da vigilacircncia epidemioloacutegica planejamento e adoccedilatildeo de variadas accedilotildees de

sauacutede puacuteblica

21 PERGUNTA CONDUTORA

Como estaacute sendo efetuado o atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo nas

agressotildees por animais silvestres

24

3 OBJETIVOS

31 GERAL

Caracterizar o perfil epidemioloacutegico do atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em agressotildees por animais silvestres e analisar a adequaccedilatildeo de sua indicaccedilatildeo em Pernambuco

no periacuteodo de 2001 a 2010

32 ESPECIacuteFICOS

a) Caracterizar o perfil epidemioloacutegico segundo variaacuteveis de pessoa lugar e tempo

relativas agraves condiccedilotildees da agressatildeo e do animal agressor

b) Analisar o tratamento recomendado a cada espeacutecie agressora

25

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

41 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de abrangecircncia do estudo corresponde ao estado de Pernambuco composto por

184 municiacutepios e o territoacuterio de Fernando de Noronha

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA

O periacuteodo avaliado foi de 2001 a 2010 com o objetivo de demonstrar com melhor

precisatildeo o aumento das agressotildees por animais silvestres no estado

43 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal Esse estudo eacute apropriado para o

registro de frequumlecircncia de eventos observando sua variaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo Sua maior

vantagem eacute que natildeo haacute necessidade de grupos de comparaccedilatildeo possui alto potencial descritivo

e baixo custo operacional

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS

O evento estudado foi a profilaxia da raiva humana a partir de agressotildees por animais

silvestres analisada atraveacutes dos procedimentos registrados no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo (SINAN) sendo construiacutedos diversos tipos de agrupamentos

Desse modo foram analisados os atendimentos por espeacutecie animal atraveacutes da ficha

individual de atendimento antirraacutebico e este atendimento subdivido em grupos de variaacuteveis

Assim foram analisados os dados referentes as notificaccedilotildees individuais faixa etaacuteria e sexo

aos dados de residecircncia municiacutepio de residecircncia aos antecedentes epidemioloacutegicos

caracteriacutesticas da agressatildeo caracteriacutesticas do animal agressor e tratamento recomendado

(tratamento indicado indicaccedilatildeo do soro interrupccedilatildeo do tratamento motivo da interrupccedilatildeo e se

a unidade de sauacutede procurou o paciente que abandonou o tratamento) (Quadro 1)

Assim sendo em cada toacutepico especiacutefico de anaacutelise procurou-se verificar as principais

caracteriacutesticas das espeacutecies agressoras e o tratamento aplicado a partir das especificidades de

cada espeacutecie sendo executadas da seguinte forma observaram-se inicialmente o perfil das

26

agressotildees entre os anos de 2001 e 2010 em seguida realizaram-se observaccedilotildees no tratamento

realizado para posteriormente analisar a distribuiccedilatildeo das agressotildees no estado de Pernambuco

Os grupos foram compostos pelas variaacuteveis encontradas no proacuteprio banco de dados e

para a definiccedilatildeo dos atosprocedimentos que melhor caracterizassem as variaacuteveis utilizou-se

como referecircncia a Norma Teacutecnica do Ministeacuterio da Sauacutede (Anexo B)

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS

Os dados utilizados neste estudo foram secundaacuterios coletados na Secretaria Estadual

de Sauacutede e processados pelo SINAN atraveacutes da ficha individual de investigaccedilatildeo para

atendimento antirraacutebico humano (Anexo A) A exploraccedilatildeo do banco de dados foi realizada

atraveacutes dos programas Tabwin 36 e planilhas eletrocircnicas

46 ANAacuteLISE DOS DADOS

Foram calculadas frequumlecircncias absolutas e relativas aleacutem das meacutedias

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS

O estudo foi realizado dentro dos padrotildees da eacutetica cientiacutefica tendo sido aprovado pela

Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa sob o nordm 0511 da instituiccedilatildeo agrave qual se subordina A pesquisa

foi realizada com dados secundaacuterios da Secretaria Estadual de Sauacutede Nenhum dado de

identificaccedilatildeo dos pacientes fez parte do estudo

Quadro 1 - Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do tratamento antirraacutebico humano

VARIAacuteVEL CATEGORIZACcedilAtildeO

Relativas agraves caracteriacutesticas

da agressatildeo

Tipo de Exposiccedilatildeo Contato Indireto Arranhadura Lambedura e Mordedura

Localizaccedilatildeo Mucosa CabeccedilaPescoccedilo MatildeosPeacutes Tronco

Membros Superiores e Membros Inferiores

Ferimento Uacutenico Muacuteltiplo Ignorado e Sem Ferimento

Tipo de Ferimento Profundo Superficial Dilacerante

Relativas agraves caracteriacutesticas

do animal agressor

Espeacutecie Animal Quiroacuteptera (Morcego) Primata (Macaco) e Raposa

Condiccedilatildeo Final do Animal Positivo Cliacutenico Negativo Cliacutenico Positivo Laboratorial e Negativo Laboratorial

27

Relativas ao tratamento antirraacutebico humano

Tratamento Indicado Preacute-exposiccedilatildeo Exposiccedilatildeo Re-exposiccedilatildeo

Dispensa de tratamento Observaccedilatildeo do

animal (se catildeo ou gato) e Ignorado

Indicaccedilatildeo do Soro Sim Natildeo e Ignorado

Relativas agrave continuidade do

tratamento antirraacutebico humano

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim Natildeo e Ignorado

Motivo da Interrupccedilatildeo Unidade Indicou Abandono e Transferecircncia

Unidade de sauacutede

procurou o paciente que

abandonou o tratamento

Sim e Natildeo

28

5 RESULTADOS

Nas agressotildees por ano foram observadas tendecircncias de crescimentos com oscilaccedilotildees

principalmente em raposas sendo observados picos nos anos de 2002 (267) 2005(292) 2006

(305) e 2009 (235) Em morcegos haacute um crescimento anual ateacute um pico em 2006 (182)

posteriormente ocorre uma ligeira queda e um novo pico em 2009 (207) No que diz respeito a

macacos o nuacutemero de casos se manteacutem proacuteximo durante os anos exceto em 2003 (272) e

2007 (250) onde ocorreram elevaccedilotildees das agressotildees (Figura 1)

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo espeacutecie agressora e ano

Pernambuco 2001 a 2010

1

52

104 113138

182

117 124

207

155

0

134

272

171186

153

250

182 185

141

6

267

221

174

292305

168147

235

170

0

50

100

150

200

250

300

350

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Morcego

Macaco

Raposa

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

No periacuteodo estudado 295704 pessoas receberam tratamento antirraacutebico humano

destas 4852 (16) foram atendidas apoacutes agressotildees por animais silvestres Dentre os animais

silvestres a raposa foi a espeacutecie mais agressora representando 1985 (409) casos em

seguida encontrou-se a primata com 1674 (345) e depois a quiroacuteptera com 1193 (246)

A zona urbana foi a localidade de residecircncia com maior nuacutemero de casos em macacos

79 e morcegos 78 jaacute em raposas prevaleceu a zona rural com 745 das agressotildees

(Tabela 1)

Em relaccedilatildeo a faixa etaacuteria o grupo mais atingido foi de 20 a 49 anos (385) Em

morcegos essa faixa representa 444 das agressotildees em macacos 342 e em raposas 386

Em seguida se encontra a faixa de 50 anos e mais exceto em macacos onde prevaleceu os lt9

anos (Tabela 1)

No que diz respeito ao sexo o masculino apresentou-se mais prevalente com 2764

(57) dos casos Dentre as agressotildees por sexo e espeacutecie a raposa apresentou a maior

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

20

cultivo celular canina (BRASIL 2009) Essa modificaccedilatildeo deve-se ao fato dessa vacina

apresentar maior imunogenicidade e seguranccedila aleacutem de ser recomendada pela Organizaccedilatildeo

Mundial de Sauacutede (BRASIL 2010a)

A vacina de cultivo celular foi utilizada em Pernambuco em 2009 sem apresentar altos

iacutendices de reaccedilotildees adversas Entretanto a vacina introduzida em junho de 2010 em todo paiacutes

(BRASIL 2010a) teve sua aplicaccedilatildeo suspensa em outubro do mesmo ano pelo Ministeacuterio da

Sauacutede que determinou a interrupccedilatildeo da campanha vacinal ateacute a conclusatildeo dos estudos sobre o

aumento das mortes e reaccedilotildees adversas apresentadas em catildees e gatos vacinados (BRASIL

2010c)

Em humanos a vacina utilizada para tratamento profilaacutetico tambeacutem eacute a vacina de

cultivo celular esta eacute produzida em cultura de ceacutelulas (diploacuteides humanas ceacutelulas Vero

ceacutelulas de embriatildeo de galinha e pato etc) com viacuterus inativados por betapropiolactona e com

potecircncia miacutenima de 25 UIdose A vacina eacute apresentada de forma liofilizada devendo ser

conservada na temperatura entre + 2ordmC a + 8ordmC ateacute o momento de sua aplicaccedilatildeo Seu esquema

vacinal completo eacute de 5 doses aplicadas nos dias 0 3 7 14 e 28 (BRASIL 2005)

Natildeo haacute contra indicaccedilatildeo (gravidez mulheres lactantes doenccedila intercorrente ou outros

tratamentos) Sempre que possiacutevel recomenda-se a interrupccedilatildeo do tratamento com corticoacuteides

eou imunossupressores As manifestaccedilotildees adversas relatadas com maior frequumlecircncia satildeo

reaccedilatildeo local febre mal estar naacuteuseas e cefaleacuteia Natildeo haacute relato de ocorrecircncia de oacutebito

associado ao uso da vacina de cultivo celular (BRASIL 2005)

A frequumlecircncia de reaccedilotildees neuroloacutegicas associadas a esta vacina citada na literatura

cientiacutefica eacute baixa De acordo com a Organizaccedilatildeo Mundial de Sauacutede ateacute junho de 1996

haviam sido relatados seis casos de reaccedilotildees neuroloacutegicas temporalmente associadas a vacina

A incidecircncia de manifestaccedilotildees neuroloacutegicas considerando-se todos estes casos como

realmente provocados pela vacina eacute de cerca de 1 para cada 500000 pacientes tratados A

incidecircncia de reaccedilotildees aleacutergicas notificadas nos EUA agrave vacina de ceacutelulas diploacuteides foi de 11

casos por 10000 pacientes tratados (011) As reaccedilotildees variam de urticaacuteria a anafilaxia e

ocorrem principalmente apoacutes as doses de reforccedilo a maioria dos pacientes natildeo necessita de

internaccedilatildeo hospitalar (COSTA et al 2000)

1274 Consideraccedilotildees sobre o Soro

O soro heteroacutelogo eacute uma soluccedilatildeo concentrada e purificada de anticorpos preparada em

equiacutedeos imunizados contra o viacuterus da raiva A temperatura de conservaccedilatildeo eacute entre +2ordm a

21

+8ordmC A dose indicada eacute de 40 UIkg de peso Deve-se infiltrar nas lesotildees a maior quantidade

possiacutevel da dose do soro caso natildeo seja possiacutevel aplicar a miacutenima quantidade possiacutevel na

regiatildeo gluacutetea O uso do soro natildeo eacute recomendado para pacientes imunizados anteriormente Em

pacientes com histoacuterico de reaccedilotildees aleacutergicas e reaccedilatildeo anafilaacutetica ao soro heteroacutelogo

recomenda-se o uso do soro homoacutelogo (imunoglobulina humana hiperimune antirraacutebica) na

dose de 20UIKg de peso (BRASIL 2005)

1275 Consideraccedilotildees sobre o ferimento

A limpeza do ferimento com aacutegua corrente e sabatildeo eacute imprescindiacutevel em qualquer

caso de mordedura arranhadura ou lambedura que possa haver contaminado a viacutetima com o

viacuterus da raiva Esta deve eliminar todas as sujidades e em seguida devem ser utilizados

antisseacutepticos que inativem o viacuterus da raiva (iodo povidine clorexidine e aacutelcool iodado) a

mucosa ocular deve ser lavada com aacutegua corrente ou soluccedilatildeo fisioloacutegica (COSTA et al 2000

BRASIL 2005)

A utilizaccedilatildeo de antisseacutepticos ou mesmo o uso de aacutegua e sabatildeo para lavagem dos

ferimentos eacute relatada em 831 dos casos analisados em estudos indicando a

conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo para essa conduta importante de prevenccedilatildeo de doenccedilas

(GARCIA et al 1999)

A sutura do ferimento natildeo eacute recomendada mas caso seja necessaacuterio aproximar as

bordas com pontos isolados e infiltrar soro antirraacutebico humano uma hora antes da sutura

Dependendo da necessidade do paciente outras condutas podem ser realizadas como a

administraccedilatildeo de antibioacuteticos e a profilaxia antitetacircnica (COSTA et al 2000 BRASIL

2005)

128 Consideraccedilotildees sobre o animal

O Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (BRASIL 2005) traz algumas consideraccedilotildees em

relaccedilatildeo aos animais agressores dentre eles

bull O periacuteodo de observaccedilatildeo de dez dias eacute restrito aos catildees e gatos

bull A agressatildeo por outros animais domeacutesticos (bovinos ovinos caprinos equiacutedeos e suiacutenos)

deveraacute ser avaliada e se necessaacuterio deveraacute ser indicado o tratamento profilaacutetico

bull Estaacute indicado tratamento sistematicamente para todos os casos de agressatildeo por animais

silvestres mesmo quando domiciliados e domesticados

22

bull Natildeo eacute indicado tratamento nas agressotildees causadas por ratos ratazanas cobaias e lagomorfos

(urbanos ou de criaccedilatildeo)

bull Nas agressotildees por morcegos deve-se proceder a soro-vacinaccedilatildeo independentemente do tipo

de morcego agressor do tempo decorrido e da gravidade da lesatildeo

23

2 JUSTIFICATIVA

A raiva constitui um importante problema de sauacutede puacuteblica devido ao seu prognoacutestico

quase sempre fatal No entanto essa alta letalidade pode ser reduzida a partir da prevenccedilatildeo da

doenccedila atraveacutes do adequado atendimento e tratamento profilaacutetico Estes uacuteltimos ocorrem

desde a avaliaccedilatildeo do caso e conduta cliacutenica ateacute questotildees estruturais e organizacionais dos

serviccedilos de sauacutede

Esta pesquisa justifica-se pela carecircncia de estudos neste sentido em Pernambuco e pela

mudanccedila no perfil epidemioloacutegico da raiva com diminuiccedilatildeo dos casos em caninos e felinos e

aumento dos casos em morcegos herbiacutevoros e outros animais silvestres

Com este trabalho pretende-se analisar o atendimento antirraacutebico humano nos

indiviacuteduos agredidos por animais silvestres no estado de Pernambuco Dessa forma busca-se

melhorar o conhecimento de alguns aspectos relacionados agrave profilaxia da raiva por animais

silvestres melhoria da vigilacircncia epidemioloacutegica planejamento e adoccedilatildeo de variadas accedilotildees de

sauacutede puacuteblica

21 PERGUNTA CONDUTORA

Como estaacute sendo efetuado o atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo nas

agressotildees por animais silvestres

24

3 OBJETIVOS

31 GERAL

Caracterizar o perfil epidemioloacutegico do atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em agressotildees por animais silvestres e analisar a adequaccedilatildeo de sua indicaccedilatildeo em Pernambuco

no periacuteodo de 2001 a 2010

32 ESPECIacuteFICOS

a) Caracterizar o perfil epidemioloacutegico segundo variaacuteveis de pessoa lugar e tempo

relativas agraves condiccedilotildees da agressatildeo e do animal agressor

b) Analisar o tratamento recomendado a cada espeacutecie agressora

25

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

41 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de abrangecircncia do estudo corresponde ao estado de Pernambuco composto por

184 municiacutepios e o territoacuterio de Fernando de Noronha

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA

O periacuteodo avaliado foi de 2001 a 2010 com o objetivo de demonstrar com melhor

precisatildeo o aumento das agressotildees por animais silvestres no estado

43 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal Esse estudo eacute apropriado para o

registro de frequumlecircncia de eventos observando sua variaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo Sua maior

vantagem eacute que natildeo haacute necessidade de grupos de comparaccedilatildeo possui alto potencial descritivo

e baixo custo operacional

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS

O evento estudado foi a profilaxia da raiva humana a partir de agressotildees por animais

silvestres analisada atraveacutes dos procedimentos registrados no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo (SINAN) sendo construiacutedos diversos tipos de agrupamentos

Desse modo foram analisados os atendimentos por espeacutecie animal atraveacutes da ficha

individual de atendimento antirraacutebico e este atendimento subdivido em grupos de variaacuteveis

Assim foram analisados os dados referentes as notificaccedilotildees individuais faixa etaacuteria e sexo

aos dados de residecircncia municiacutepio de residecircncia aos antecedentes epidemioloacutegicos

caracteriacutesticas da agressatildeo caracteriacutesticas do animal agressor e tratamento recomendado

(tratamento indicado indicaccedilatildeo do soro interrupccedilatildeo do tratamento motivo da interrupccedilatildeo e se

a unidade de sauacutede procurou o paciente que abandonou o tratamento) (Quadro 1)

Assim sendo em cada toacutepico especiacutefico de anaacutelise procurou-se verificar as principais

caracteriacutesticas das espeacutecies agressoras e o tratamento aplicado a partir das especificidades de

cada espeacutecie sendo executadas da seguinte forma observaram-se inicialmente o perfil das

26

agressotildees entre os anos de 2001 e 2010 em seguida realizaram-se observaccedilotildees no tratamento

realizado para posteriormente analisar a distribuiccedilatildeo das agressotildees no estado de Pernambuco

Os grupos foram compostos pelas variaacuteveis encontradas no proacuteprio banco de dados e

para a definiccedilatildeo dos atosprocedimentos que melhor caracterizassem as variaacuteveis utilizou-se

como referecircncia a Norma Teacutecnica do Ministeacuterio da Sauacutede (Anexo B)

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS

Os dados utilizados neste estudo foram secundaacuterios coletados na Secretaria Estadual

de Sauacutede e processados pelo SINAN atraveacutes da ficha individual de investigaccedilatildeo para

atendimento antirraacutebico humano (Anexo A) A exploraccedilatildeo do banco de dados foi realizada

atraveacutes dos programas Tabwin 36 e planilhas eletrocircnicas

46 ANAacuteLISE DOS DADOS

Foram calculadas frequumlecircncias absolutas e relativas aleacutem das meacutedias

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS

O estudo foi realizado dentro dos padrotildees da eacutetica cientiacutefica tendo sido aprovado pela

Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa sob o nordm 0511 da instituiccedilatildeo agrave qual se subordina A pesquisa

foi realizada com dados secundaacuterios da Secretaria Estadual de Sauacutede Nenhum dado de

identificaccedilatildeo dos pacientes fez parte do estudo

Quadro 1 - Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do tratamento antirraacutebico humano

VARIAacuteVEL CATEGORIZACcedilAtildeO

Relativas agraves caracteriacutesticas

da agressatildeo

Tipo de Exposiccedilatildeo Contato Indireto Arranhadura Lambedura e Mordedura

Localizaccedilatildeo Mucosa CabeccedilaPescoccedilo MatildeosPeacutes Tronco

Membros Superiores e Membros Inferiores

Ferimento Uacutenico Muacuteltiplo Ignorado e Sem Ferimento

Tipo de Ferimento Profundo Superficial Dilacerante

Relativas agraves caracteriacutesticas

do animal agressor

Espeacutecie Animal Quiroacuteptera (Morcego) Primata (Macaco) e Raposa

Condiccedilatildeo Final do Animal Positivo Cliacutenico Negativo Cliacutenico Positivo Laboratorial e Negativo Laboratorial

27

Relativas ao tratamento antirraacutebico humano

Tratamento Indicado Preacute-exposiccedilatildeo Exposiccedilatildeo Re-exposiccedilatildeo

Dispensa de tratamento Observaccedilatildeo do

animal (se catildeo ou gato) e Ignorado

Indicaccedilatildeo do Soro Sim Natildeo e Ignorado

Relativas agrave continuidade do

tratamento antirraacutebico humano

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim Natildeo e Ignorado

Motivo da Interrupccedilatildeo Unidade Indicou Abandono e Transferecircncia

Unidade de sauacutede

procurou o paciente que

abandonou o tratamento

Sim e Natildeo

28

5 RESULTADOS

Nas agressotildees por ano foram observadas tendecircncias de crescimentos com oscilaccedilotildees

principalmente em raposas sendo observados picos nos anos de 2002 (267) 2005(292) 2006

(305) e 2009 (235) Em morcegos haacute um crescimento anual ateacute um pico em 2006 (182)

posteriormente ocorre uma ligeira queda e um novo pico em 2009 (207) No que diz respeito a

macacos o nuacutemero de casos se manteacutem proacuteximo durante os anos exceto em 2003 (272) e

2007 (250) onde ocorreram elevaccedilotildees das agressotildees (Figura 1)

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo espeacutecie agressora e ano

Pernambuco 2001 a 2010

1

52

104 113138

182

117 124

207

155

0

134

272

171186

153

250

182 185

141

6

267

221

174

292305

168147

235

170

0

50

100

150

200

250

300

350

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Morcego

Macaco

Raposa

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

No periacuteodo estudado 295704 pessoas receberam tratamento antirraacutebico humano

destas 4852 (16) foram atendidas apoacutes agressotildees por animais silvestres Dentre os animais

silvestres a raposa foi a espeacutecie mais agressora representando 1985 (409) casos em

seguida encontrou-se a primata com 1674 (345) e depois a quiroacuteptera com 1193 (246)

A zona urbana foi a localidade de residecircncia com maior nuacutemero de casos em macacos

79 e morcegos 78 jaacute em raposas prevaleceu a zona rural com 745 das agressotildees

(Tabela 1)

Em relaccedilatildeo a faixa etaacuteria o grupo mais atingido foi de 20 a 49 anos (385) Em

morcegos essa faixa representa 444 das agressotildees em macacos 342 e em raposas 386

Em seguida se encontra a faixa de 50 anos e mais exceto em macacos onde prevaleceu os lt9

anos (Tabela 1)

No que diz respeito ao sexo o masculino apresentou-se mais prevalente com 2764

(57) dos casos Dentre as agressotildees por sexo e espeacutecie a raposa apresentou a maior

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

21

+8ordmC A dose indicada eacute de 40 UIkg de peso Deve-se infiltrar nas lesotildees a maior quantidade

possiacutevel da dose do soro caso natildeo seja possiacutevel aplicar a miacutenima quantidade possiacutevel na

regiatildeo gluacutetea O uso do soro natildeo eacute recomendado para pacientes imunizados anteriormente Em

pacientes com histoacuterico de reaccedilotildees aleacutergicas e reaccedilatildeo anafilaacutetica ao soro heteroacutelogo

recomenda-se o uso do soro homoacutelogo (imunoglobulina humana hiperimune antirraacutebica) na

dose de 20UIKg de peso (BRASIL 2005)

1275 Consideraccedilotildees sobre o ferimento

A limpeza do ferimento com aacutegua corrente e sabatildeo eacute imprescindiacutevel em qualquer

caso de mordedura arranhadura ou lambedura que possa haver contaminado a viacutetima com o

viacuterus da raiva Esta deve eliminar todas as sujidades e em seguida devem ser utilizados

antisseacutepticos que inativem o viacuterus da raiva (iodo povidine clorexidine e aacutelcool iodado) a

mucosa ocular deve ser lavada com aacutegua corrente ou soluccedilatildeo fisioloacutegica (COSTA et al 2000

BRASIL 2005)

A utilizaccedilatildeo de antisseacutepticos ou mesmo o uso de aacutegua e sabatildeo para lavagem dos

ferimentos eacute relatada em 831 dos casos analisados em estudos indicando a

conscientizaccedilatildeo da populaccedilatildeo para essa conduta importante de prevenccedilatildeo de doenccedilas

(GARCIA et al 1999)

A sutura do ferimento natildeo eacute recomendada mas caso seja necessaacuterio aproximar as

bordas com pontos isolados e infiltrar soro antirraacutebico humano uma hora antes da sutura

Dependendo da necessidade do paciente outras condutas podem ser realizadas como a

administraccedilatildeo de antibioacuteticos e a profilaxia antitetacircnica (COSTA et al 2000 BRASIL

2005)

128 Consideraccedilotildees sobre o animal

O Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (BRASIL 2005) traz algumas consideraccedilotildees em

relaccedilatildeo aos animais agressores dentre eles

bull O periacuteodo de observaccedilatildeo de dez dias eacute restrito aos catildees e gatos

bull A agressatildeo por outros animais domeacutesticos (bovinos ovinos caprinos equiacutedeos e suiacutenos)

deveraacute ser avaliada e se necessaacuterio deveraacute ser indicado o tratamento profilaacutetico

bull Estaacute indicado tratamento sistematicamente para todos os casos de agressatildeo por animais

silvestres mesmo quando domiciliados e domesticados

22

bull Natildeo eacute indicado tratamento nas agressotildees causadas por ratos ratazanas cobaias e lagomorfos

(urbanos ou de criaccedilatildeo)

bull Nas agressotildees por morcegos deve-se proceder a soro-vacinaccedilatildeo independentemente do tipo

de morcego agressor do tempo decorrido e da gravidade da lesatildeo

23

2 JUSTIFICATIVA

A raiva constitui um importante problema de sauacutede puacuteblica devido ao seu prognoacutestico

quase sempre fatal No entanto essa alta letalidade pode ser reduzida a partir da prevenccedilatildeo da

doenccedila atraveacutes do adequado atendimento e tratamento profilaacutetico Estes uacuteltimos ocorrem

desde a avaliaccedilatildeo do caso e conduta cliacutenica ateacute questotildees estruturais e organizacionais dos

serviccedilos de sauacutede

Esta pesquisa justifica-se pela carecircncia de estudos neste sentido em Pernambuco e pela

mudanccedila no perfil epidemioloacutegico da raiva com diminuiccedilatildeo dos casos em caninos e felinos e

aumento dos casos em morcegos herbiacutevoros e outros animais silvestres

Com este trabalho pretende-se analisar o atendimento antirraacutebico humano nos

indiviacuteduos agredidos por animais silvestres no estado de Pernambuco Dessa forma busca-se

melhorar o conhecimento de alguns aspectos relacionados agrave profilaxia da raiva por animais

silvestres melhoria da vigilacircncia epidemioloacutegica planejamento e adoccedilatildeo de variadas accedilotildees de

sauacutede puacuteblica

21 PERGUNTA CONDUTORA

Como estaacute sendo efetuado o atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo nas

agressotildees por animais silvestres

24

3 OBJETIVOS

31 GERAL

Caracterizar o perfil epidemioloacutegico do atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em agressotildees por animais silvestres e analisar a adequaccedilatildeo de sua indicaccedilatildeo em Pernambuco

no periacuteodo de 2001 a 2010

32 ESPECIacuteFICOS

a) Caracterizar o perfil epidemioloacutegico segundo variaacuteveis de pessoa lugar e tempo

relativas agraves condiccedilotildees da agressatildeo e do animal agressor

b) Analisar o tratamento recomendado a cada espeacutecie agressora

25

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

41 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de abrangecircncia do estudo corresponde ao estado de Pernambuco composto por

184 municiacutepios e o territoacuterio de Fernando de Noronha

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA

O periacuteodo avaliado foi de 2001 a 2010 com o objetivo de demonstrar com melhor

precisatildeo o aumento das agressotildees por animais silvestres no estado

43 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal Esse estudo eacute apropriado para o

registro de frequumlecircncia de eventos observando sua variaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo Sua maior

vantagem eacute que natildeo haacute necessidade de grupos de comparaccedilatildeo possui alto potencial descritivo

e baixo custo operacional

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS

O evento estudado foi a profilaxia da raiva humana a partir de agressotildees por animais

silvestres analisada atraveacutes dos procedimentos registrados no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo (SINAN) sendo construiacutedos diversos tipos de agrupamentos

Desse modo foram analisados os atendimentos por espeacutecie animal atraveacutes da ficha

individual de atendimento antirraacutebico e este atendimento subdivido em grupos de variaacuteveis

Assim foram analisados os dados referentes as notificaccedilotildees individuais faixa etaacuteria e sexo

aos dados de residecircncia municiacutepio de residecircncia aos antecedentes epidemioloacutegicos

caracteriacutesticas da agressatildeo caracteriacutesticas do animal agressor e tratamento recomendado

(tratamento indicado indicaccedilatildeo do soro interrupccedilatildeo do tratamento motivo da interrupccedilatildeo e se

a unidade de sauacutede procurou o paciente que abandonou o tratamento) (Quadro 1)

Assim sendo em cada toacutepico especiacutefico de anaacutelise procurou-se verificar as principais

caracteriacutesticas das espeacutecies agressoras e o tratamento aplicado a partir das especificidades de

cada espeacutecie sendo executadas da seguinte forma observaram-se inicialmente o perfil das

26

agressotildees entre os anos de 2001 e 2010 em seguida realizaram-se observaccedilotildees no tratamento

realizado para posteriormente analisar a distribuiccedilatildeo das agressotildees no estado de Pernambuco

Os grupos foram compostos pelas variaacuteveis encontradas no proacuteprio banco de dados e

para a definiccedilatildeo dos atosprocedimentos que melhor caracterizassem as variaacuteveis utilizou-se

como referecircncia a Norma Teacutecnica do Ministeacuterio da Sauacutede (Anexo B)

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS

Os dados utilizados neste estudo foram secundaacuterios coletados na Secretaria Estadual

de Sauacutede e processados pelo SINAN atraveacutes da ficha individual de investigaccedilatildeo para

atendimento antirraacutebico humano (Anexo A) A exploraccedilatildeo do banco de dados foi realizada

atraveacutes dos programas Tabwin 36 e planilhas eletrocircnicas

46 ANAacuteLISE DOS DADOS

Foram calculadas frequumlecircncias absolutas e relativas aleacutem das meacutedias

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS

O estudo foi realizado dentro dos padrotildees da eacutetica cientiacutefica tendo sido aprovado pela

Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa sob o nordm 0511 da instituiccedilatildeo agrave qual se subordina A pesquisa

foi realizada com dados secundaacuterios da Secretaria Estadual de Sauacutede Nenhum dado de

identificaccedilatildeo dos pacientes fez parte do estudo

Quadro 1 - Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do tratamento antirraacutebico humano

VARIAacuteVEL CATEGORIZACcedilAtildeO

Relativas agraves caracteriacutesticas

da agressatildeo

Tipo de Exposiccedilatildeo Contato Indireto Arranhadura Lambedura e Mordedura

Localizaccedilatildeo Mucosa CabeccedilaPescoccedilo MatildeosPeacutes Tronco

Membros Superiores e Membros Inferiores

Ferimento Uacutenico Muacuteltiplo Ignorado e Sem Ferimento

Tipo de Ferimento Profundo Superficial Dilacerante

Relativas agraves caracteriacutesticas

do animal agressor

Espeacutecie Animal Quiroacuteptera (Morcego) Primata (Macaco) e Raposa

Condiccedilatildeo Final do Animal Positivo Cliacutenico Negativo Cliacutenico Positivo Laboratorial e Negativo Laboratorial

27

Relativas ao tratamento antirraacutebico humano

Tratamento Indicado Preacute-exposiccedilatildeo Exposiccedilatildeo Re-exposiccedilatildeo

Dispensa de tratamento Observaccedilatildeo do

animal (se catildeo ou gato) e Ignorado

Indicaccedilatildeo do Soro Sim Natildeo e Ignorado

Relativas agrave continuidade do

tratamento antirraacutebico humano

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim Natildeo e Ignorado

Motivo da Interrupccedilatildeo Unidade Indicou Abandono e Transferecircncia

Unidade de sauacutede

procurou o paciente que

abandonou o tratamento

Sim e Natildeo

28

5 RESULTADOS

Nas agressotildees por ano foram observadas tendecircncias de crescimentos com oscilaccedilotildees

principalmente em raposas sendo observados picos nos anos de 2002 (267) 2005(292) 2006

(305) e 2009 (235) Em morcegos haacute um crescimento anual ateacute um pico em 2006 (182)

posteriormente ocorre uma ligeira queda e um novo pico em 2009 (207) No que diz respeito a

macacos o nuacutemero de casos se manteacutem proacuteximo durante os anos exceto em 2003 (272) e

2007 (250) onde ocorreram elevaccedilotildees das agressotildees (Figura 1)

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo espeacutecie agressora e ano

Pernambuco 2001 a 2010

1

52

104 113138

182

117 124

207

155

0

134

272

171186

153

250

182 185

141

6

267

221

174

292305

168147

235

170

0

50

100

150

200

250

300

350

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Morcego

Macaco

Raposa

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

No periacuteodo estudado 295704 pessoas receberam tratamento antirraacutebico humano

destas 4852 (16) foram atendidas apoacutes agressotildees por animais silvestres Dentre os animais

silvestres a raposa foi a espeacutecie mais agressora representando 1985 (409) casos em

seguida encontrou-se a primata com 1674 (345) e depois a quiroacuteptera com 1193 (246)

A zona urbana foi a localidade de residecircncia com maior nuacutemero de casos em macacos

79 e morcegos 78 jaacute em raposas prevaleceu a zona rural com 745 das agressotildees

(Tabela 1)

Em relaccedilatildeo a faixa etaacuteria o grupo mais atingido foi de 20 a 49 anos (385) Em

morcegos essa faixa representa 444 das agressotildees em macacos 342 e em raposas 386

Em seguida se encontra a faixa de 50 anos e mais exceto em macacos onde prevaleceu os lt9

anos (Tabela 1)

No que diz respeito ao sexo o masculino apresentou-se mais prevalente com 2764

(57) dos casos Dentre as agressotildees por sexo e espeacutecie a raposa apresentou a maior

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Escola Nacional de Sauacutede Puacuteblica Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz Rio de

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SCHNEIDER M C et al Controle da raiva no Brasil de 1980 a 1990 Revista de Sauacutede

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43

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morcegos_papdfgt Acesso em 12 abr 2011

44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

22

bull Natildeo eacute indicado tratamento nas agressotildees causadas por ratos ratazanas cobaias e lagomorfos

(urbanos ou de criaccedilatildeo)

bull Nas agressotildees por morcegos deve-se proceder a soro-vacinaccedilatildeo independentemente do tipo

de morcego agressor do tempo decorrido e da gravidade da lesatildeo

23

2 JUSTIFICATIVA

A raiva constitui um importante problema de sauacutede puacuteblica devido ao seu prognoacutestico

quase sempre fatal No entanto essa alta letalidade pode ser reduzida a partir da prevenccedilatildeo da

doenccedila atraveacutes do adequado atendimento e tratamento profilaacutetico Estes uacuteltimos ocorrem

desde a avaliaccedilatildeo do caso e conduta cliacutenica ateacute questotildees estruturais e organizacionais dos

serviccedilos de sauacutede

Esta pesquisa justifica-se pela carecircncia de estudos neste sentido em Pernambuco e pela

mudanccedila no perfil epidemioloacutegico da raiva com diminuiccedilatildeo dos casos em caninos e felinos e

aumento dos casos em morcegos herbiacutevoros e outros animais silvestres

Com este trabalho pretende-se analisar o atendimento antirraacutebico humano nos

indiviacuteduos agredidos por animais silvestres no estado de Pernambuco Dessa forma busca-se

melhorar o conhecimento de alguns aspectos relacionados agrave profilaxia da raiva por animais

silvestres melhoria da vigilacircncia epidemioloacutegica planejamento e adoccedilatildeo de variadas accedilotildees de

sauacutede puacuteblica

21 PERGUNTA CONDUTORA

Como estaacute sendo efetuado o atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo nas

agressotildees por animais silvestres

24

3 OBJETIVOS

31 GERAL

Caracterizar o perfil epidemioloacutegico do atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em agressotildees por animais silvestres e analisar a adequaccedilatildeo de sua indicaccedilatildeo em Pernambuco

no periacuteodo de 2001 a 2010

32 ESPECIacuteFICOS

a) Caracterizar o perfil epidemioloacutegico segundo variaacuteveis de pessoa lugar e tempo

relativas agraves condiccedilotildees da agressatildeo e do animal agressor

b) Analisar o tratamento recomendado a cada espeacutecie agressora

25

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

41 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de abrangecircncia do estudo corresponde ao estado de Pernambuco composto por

184 municiacutepios e o territoacuterio de Fernando de Noronha

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA

O periacuteodo avaliado foi de 2001 a 2010 com o objetivo de demonstrar com melhor

precisatildeo o aumento das agressotildees por animais silvestres no estado

43 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal Esse estudo eacute apropriado para o

registro de frequumlecircncia de eventos observando sua variaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo Sua maior

vantagem eacute que natildeo haacute necessidade de grupos de comparaccedilatildeo possui alto potencial descritivo

e baixo custo operacional

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS

O evento estudado foi a profilaxia da raiva humana a partir de agressotildees por animais

silvestres analisada atraveacutes dos procedimentos registrados no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo (SINAN) sendo construiacutedos diversos tipos de agrupamentos

Desse modo foram analisados os atendimentos por espeacutecie animal atraveacutes da ficha

individual de atendimento antirraacutebico e este atendimento subdivido em grupos de variaacuteveis

Assim foram analisados os dados referentes as notificaccedilotildees individuais faixa etaacuteria e sexo

aos dados de residecircncia municiacutepio de residecircncia aos antecedentes epidemioloacutegicos

caracteriacutesticas da agressatildeo caracteriacutesticas do animal agressor e tratamento recomendado

(tratamento indicado indicaccedilatildeo do soro interrupccedilatildeo do tratamento motivo da interrupccedilatildeo e se

a unidade de sauacutede procurou o paciente que abandonou o tratamento) (Quadro 1)

Assim sendo em cada toacutepico especiacutefico de anaacutelise procurou-se verificar as principais

caracteriacutesticas das espeacutecies agressoras e o tratamento aplicado a partir das especificidades de

cada espeacutecie sendo executadas da seguinte forma observaram-se inicialmente o perfil das

26

agressotildees entre os anos de 2001 e 2010 em seguida realizaram-se observaccedilotildees no tratamento

realizado para posteriormente analisar a distribuiccedilatildeo das agressotildees no estado de Pernambuco

Os grupos foram compostos pelas variaacuteveis encontradas no proacuteprio banco de dados e

para a definiccedilatildeo dos atosprocedimentos que melhor caracterizassem as variaacuteveis utilizou-se

como referecircncia a Norma Teacutecnica do Ministeacuterio da Sauacutede (Anexo B)

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS

Os dados utilizados neste estudo foram secundaacuterios coletados na Secretaria Estadual

de Sauacutede e processados pelo SINAN atraveacutes da ficha individual de investigaccedilatildeo para

atendimento antirraacutebico humano (Anexo A) A exploraccedilatildeo do banco de dados foi realizada

atraveacutes dos programas Tabwin 36 e planilhas eletrocircnicas

46 ANAacuteLISE DOS DADOS

Foram calculadas frequumlecircncias absolutas e relativas aleacutem das meacutedias

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS

O estudo foi realizado dentro dos padrotildees da eacutetica cientiacutefica tendo sido aprovado pela

Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa sob o nordm 0511 da instituiccedilatildeo agrave qual se subordina A pesquisa

foi realizada com dados secundaacuterios da Secretaria Estadual de Sauacutede Nenhum dado de

identificaccedilatildeo dos pacientes fez parte do estudo

Quadro 1 - Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do tratamento antirraacutebico humano

VARIAacuteVEL CATEGORIZACcedilAtildeO

Relativas agraves caracteriacutesticas

da agressatildeo

Tipo de Exposiccedilatildeo Contato Indireto Arranhadura Lambedura e Mordedura

Localizaccedilatildeo Mucosa CabeccedilaPescoccedilo MatildeosPeacutes Tronco

Membros Superiores e Membros Inferiores

Ferimento Uacutenico Muacuteltiplo Ignorado e Sem Ferimento

Tipo de Ferimento Profundo Superficial Dilacerante

Relativas agraves caracteriacutesticas

do animal agressor

Espeacutecie Animal Quiroacuteptera (Morcego) Primata (Macaco) e Raposa

Condiccedilatildeo Final do Animal Positivo Cliacutenico Negativo Cliacutenico Positivo Laboratorial e Negativo Laboratorial

27

Relativas ao tratamento antirraacutebico humano

Tratamento Indicado Preacute-exposiccedilatildeo Exposiccedilatildeo Re-exposiccedilatildeo

Dispensa de tratamento Observaccedilatildeo do

animal (se catildeo ou gato) e Ignorado

Indicaccedilatildeo do Soro Sim Natildeo e Ignorado

Relativas agrave continuidade do

tratamento antirraacutebico humano

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim Natildeo e Ignorado

Motivo da Interrupccedilatildeo Unidade Indicou Abandono e Transferecircncia

Unidade de sauacutede

procurou o paciente que

abandonou o tratamento

Sim e Natildeo

28

5 RESULTADOS

Nas agressotildees por ano foram observadas tendecircncias de crescimentos com oscilaccedilotildees

principalmente em raposas sendo observados picos nos anos de 2002 (267) 2005(292) 2006

(305) e 2009 (235) Em morcegos haacute um crescimento anual ateacute um pico em 2006 (182)

posteriormente ocorre uma ligeira queda e um novo pico em 2009 (207) No que diz respeito a

macacos o nuacutemero de casos se manteacutem proacuteximo durante os anos exceto em 2003 (272) e

2007 (250) onde ocorreram elevaccedilotildees das agressotildees (Figura 1)

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo espeacutecie agressora e ano

Pernambuco 2001 a 2010

1

52

104 113138

182

117 124

207

155

0

134

272

171186

153

250

182 185

141

6

267

221

174

292305

168147

235

170

0

50

100

150

200

250

300

350

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Morcego

Macaco

Raposa

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

No periacuteodo estudado 295704 pessoas receberam tratamento antirraacutebico humano

destas 4852 (16) foram atendidas apoacutes agressotildees por animais silvestres Dentre os animais

silvestres a raposa foi a espeacutecie mais agressora representando 1985 (409) casos em

seguida encontrou-se a primata com 1674 (345) e depois a quiroacuteptera com 1193 (246)

A zona urbana foi a localidade de residecircncia com maior nuacutemero de casos em macacos

79 e morcegos 78 jaacute em raposas prevaleceu a zona rural com 745 das agressotildees

(Tabela 1)

Em relaccedilatildeo a faixa etaacuteria o grupo mais atingido foi de 20 a 49 anos (385) Em

morcegos essa faixa representa 444 das agressotildees em macacos 342 e em raposas 386

Em seguida se encontra a faixa de 50 anos e mais exceto em macacos onde prevaleceu os lt9

anos (Tabela 1)

No que diz respeito ao sexo o masculino apresentou-se mais prevalente com 2764

(57) dos casos Dentre as agressotildees por sexo e espeacutecie a raposa apresentou a maior

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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43

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

23

2 JUSTIFICATIVA

A raiva constitui um importante problema de sauacutede puacuteblica devido ao seu prognoacutestico

quase sempre fatal No entanto essa alta letalidade pode ser reduzida a partir da prevenccedilatildeo da

doenccedila atraveacutes do adequado atendimento e tratamento profilaacutetico Estes uacuteltimos ocorrem

desde a avaliaccedilatildeo do caso e conduta cliacutenica ateacute questotildees estruturais e organizacionais dos

serviccedilos de sauacutede

Esta pesquisa justifica-se pela carecircncia de estudos neste sentido em Pernambuco e pela

mudanccedila no perfil epidemioloacutegico da raiva com diminuiccedilatildeo dos casos em caninos e felinos e

aumento dos casos em morcegos herbiacutevoros e outros animais silvestres

Com este trabalho pretende-se analisar o atendimento antirraacutebico humano nos

indiviacuteduos agredidos por animais silvestres no estado de Pernambuco Dessa forma busca-se

melhorar o conhecimento de alguns aspectos relacionados agrave profilaxia da raiva por animais

silvestres melhoria da vigilacircncia epidemioloacutegica planejamento e adoccedilatildeo de variadas accedilotildees de

sauacutede puacuteblica

21 PERGUNTA CONDUTORA

Como estaacute sendo efetuado o atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo nas

agressotildees por animais silvestres

24

3 OBJETIVOS

31 GERAL

Caracterizar o perfil epidemioloacutegico do atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em agressotildees por animais silvestres e analisar a adequaccedilatildeo de sua indicaccedilatildeo em Pernambuco

no periacuteodo de 2001 a 2010

32 ESPECIacuteFICOS

a) Caracterizar o perfil epidemioloacutegico segundo variaacuteveis de pessoa lugar e tempo

relativas agraves condiccedilotildees da agressatildeo e do animal agressor

b) Analisar o tratamento recomendado a cada espeacutecie agressora

25

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

41 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de abrangecircncia do estudo corresponde ao estado de Pernambuco composto por

184 municiacutepios e o territoacuterio de Fernando de Noronha

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA

O periacuteodo avaliado foi de 2001 a 2010 com o objetivo de demonstrar com melhor

precisatildeo o aumento das agressotildees por animais silvestres no estado

43 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal Esse estudo eacute apropriado para o

registro de frequumlecircncia de eventos observando sua variaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo Sua maior

vantagem eacute que natildeo haacute necessidade de grupos de comparaccedilatildeo possui alto potencial descritivo

e baixo custo operacional

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS

O evento estudado foi a profilaxia da raiva humana a partir de agressotildees por animais

silvestres analisada atraveacutes dos procedimentos registrados no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo (SINAN) sendo construiacutedos diversos tipos de agrupamentos

Desse modo foram analisados os atendimentos por espeacutecie animal atraveacutes da ficha

individual de atendimento antirraacutebico e este atendimento subdivido em grupos de variaacuteveis

Assim foram analisados os dados referentes as notificaccedilotildees individuais faixa etaacuteria e sexo

aos dados de residecircncia municiacutepio de residecircncia aos antecedentes epidemioloacutegicos

caracteriacutesticas da agressatildeo caracteriacutesticas do animal agressor e tratamento recomendado

(tratamento indicado indicaccedilatildeo do soro interrupccedilatildeo do tratamento motivo da interrupccedilatildeo e se

a unidade de sauacutede procurou o paciente que abandonou o tratamento) (Quadro 1)

Assim sendo em cada toacutepico especiacutefico de anaacutelise procurou-se verificar as principais

caracteriacutesticas das espeacutecies agressoras e o tratamento aplicado a partir das especificidades de

cada espeacutecie sendo executadas da seguinte forma observaram-se inicialmente o perfil das

26

agressotildees entre os anos de 2001 e 2010 em seguida realizaram-se observaccedilotildees no tratamento

realizado para posteriormente analisar a distribuiccedilatildeo das agressotildees no estado de Pernambuco

Os grupos foram compostos pelas variaacuteveis encontradas no proacuteprio banco de dados e

para a definiccedilatildeo dos atosprocedimentos que melhor caracterizassem as variaacuteveis utilizou-se

como referecircncia a Norma Teacutecnica do Ministeacuterio da Sauacutede (Anexo B)

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS

Os dados utilizados neste estudo foram secundaacuterios coletados na Secretaria Estadual

de Sauacutede e processados pelo SINAN atraveacutes da ficha individual de investigaccedilatildeo para

atendimento antirraacutebico humano (Anexo A) A exploraccedilatildeo do banco de dados foi realizada

atraveacutes dos programas Tabwin 36 e planilhas eletrocircnicas

46 ANAacuteLISE DOS DADOS

Foram calculadas frequumlecircncias absolutas e relativas aleacutem das meacutedias

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS

O estudo foi realizado dentro dos padrotildees da eacutetica cientiacutefica tendo sido aprovado pela

Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa sob o nordm 0511 da instituiccedilatildeo agrave qual se subordina A pesquisa

foi realizada com dados secundaacuterios da Secretaria Estadual de Sauacutede Nenhum dado de

identificaccedilatildeo dos pacientes fez parte do estudo

Quadro 1 - Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do tratamento antirraacutebico humano

VARIAacuteVEL CATEGORIZACcedilAtildeO

Relativas agraves caracteriacutesticas

da agressatildeo

Tipo de Exposiccedilatildeo Contato Indireto Arranhadura Lambedura e Mordedura

Localizaccedilatildeo Mucosa CabeccedilaPescoccedilo MatildeosPeacutes Tronco

Membros Superiores e Membros Inferiores

Ferimento Uacutenico Muacuteltiplo Ignorado e Sem Ferimento

Tipo de Ferimento Profundo Superficial Dilacerante

Relativas agraves caracteriacutesticas

do animal agressor

Espeacutecie Animal Quiroacuteptera (Morcego) Primata (Macaco) e Raposa

Condiccedilatildeo Final do Animal Positivo Cliacutenico Negativo Cliacutenico Positivo Laboratorial e Negativo Laboratorial

27

Relativas ao tratamento antirraacutebico humano

Tratamento Indicado Preacute-exposiccedilatildeo Exposiccedilatildeo Re-exposiccedilatildeo

Dispensa de tratamento Observaccedilatildeo do

animal (se catildeo ou gato) e Ignorado

Indicaccedilatildeo do Soro Sim Natildeo e Ignorado

Relativas agrave continuidade do

tratamento antirraacutebico humano

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim Natildeo e Ignorado

Motivo da Interrupccedilatildeo Unidade Indicou Abandono e Transferecircncia

Unidade de sauacutede

procurou o paciente que

abandonou o tratamento

Sim e Natildeo

28

5 RESULTADOS

Nas agressotildees por ano foram observadas tendecircncias de crescimentos com oscilaccedilotildees

principalmente em raposas sendo observados picos nos anos de 2002 (267) 2005(292) 2006

(305) e 2009 (235) Em morcegos haacute um crescimento anual ateacute um pico em 2006 (182)

posteriormente ocorre uma ligeira queda e um novo pico em 2009 (207) No que diz respeito a

macacos o nuacutemero de casos se manteacutem proacuteximo durante os anos exceto em 2003 (272) e

2007 (250) onde ocorreram elevaccedilotildees das agressotildees (Figura 1)

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo espeacutecie agressora e ano

Pernambuco 2001 a 2010

1

52

104 113138

182

117 124

207

155

0

134

272

171186

153

250

182 185

141

6

267

221

174

292305

168147

235

170

0

50

100

150

200

250

300

350

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Morcego

Macaco

Raposa

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

No periacuteodo estudado 295704 pessoas receberam tratamento antirraacutebico humano

destas 4852 (16) foram atendidas apoacutes agressotildees por animais silvestres Dentre os animais

silvestres a raposa foi a espeacutecie mais agressora representando 1985 (409) casos em

seguida encontrou-se a primata com 1674 (345) e depois a quiroacuteptera com 1193 (246)

A zona urbana foi a localidade de residecircncia com maior nuacutemero de casos em macacos

79 e morcegos 78 jaacute em raposas prevaleceu a zona rural com 745 das agressotildees

(Tabela 1)

Em relaccedilatildeo a faixa etaacuteria o grupo mais atingido foi de 20 a 49 anos (385) Em

morcegos essa faixa representa 444 das agressotildees em macacos 342 e em raposas 386

Em seguida se encontra a faixa de 50 anos e mais exceto em macacos onde prevaleceu os lt9

anos (Tabela 1)

No que diz respeito ao sexo o masculino apresentou-se mais prevalente com 2764

(57) dos casos Dentre as agressotildees por sexo e espeacutecie a raposa apresentou a maior

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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43

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

24

3 OBJETIVOS

31 GERAL

Caracterizar o perfil epidemioloacutegico do atendimento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em agressotildees por animais silvestres e analisar a adequaccedilatildeo de sua indicaccedilatildeo em Pernambuco

no periacuteodo de 2001 a 2010

32 ESPECIacuteFICOS

a) Caracterizar o perfil epidemioloacutegico segundo variaacuteveis de pessoa lugar e tempo

relativas agraves condiccedilotildees da agressatildeo e do animal agressor

b) Analisar o tratamento recomendado a cada espeacutecie agressora

25

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

41 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de abrangecircncia do estudo corresponde ao estado de Pernambuco composto por

184 municiacutepios e o territoacuterio de Fernando de Noronha

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA

O periacuteodo avaliado foi de 2001 a 2010 com o objetivo de demonstrar com melhor

precisatildeo o aumento das agressotildees por animais silvestres no estado

43 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal Esse estudo eacute apropriado para o

registro de frequumlecircncia de eventos observando sua variaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo Sua maior

vantagem eacute que natildeo haacute necessidade de grupos de comparaccedilatildeo possui alto potencial descritivo

e baixo custo operacional

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS

O evento estudado foi a profilaxia da raiva humana a partir de agressotildees por animais

silvestres analisada atraveacutes dos procedimentos registrados no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo (SINAN) sendo construiacutedos diversos tipos de agrupamentos

Desse modo foram analisados os atendimentos por espeacutecie animal atraveacutes da ficha

individual de atendimento antirraacutebico e este atendimento subdivido em grupos de variaacuteveis

Assim foram analisados os dados referentes as notificaccedilotildees individuais faixa etaacuteria e sexo

aos dados de residecircncia municiacutepio de residecircncia aos antecedentes epidemioloacutegicos

caracteriacutesticas da agressatildeo caracteriacutesticas do animal agressor e tratamento recomendado

(tratamento indicado indicaccedilatildeo do soro interrupccedilatildeo do tratamento motivo da interrupccedilatildeo e se

a unidade de sauacutede procurou o paciente que abandonou o tratamento) (Quadro 1)

Assim sendo em cada toacutepico especiacutefico de anaacutelise procurou-se verificar as principais

caracteriacutesticas das espeacutecies agressoras e o tratamento aplicado a partir das especificidades de

cada espeacutecie sendo executadas da seguinte forma observaram-se inicialmente o perfil das

26

agressotildees entre os anos de 2001 e 2010 em seguida realizaram-se observaccedilotildees no tratamento

realizado para posteriormente analisar a distribuiccedilatildeo das agressotildees no estado de Pernambuco

Os grupos foram compostos pelas variaacuteveis encontradas no proacuteprio banco de dados e

para a definiccedilatildeo dos atosprocedimentos que melhor caracterizassem as variaacuteveis utilizou-se

como referecircncia a Norma Teacutecnica do Ministeacuterio da Sauacutede (Anexo B)

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS

Os dados utilizados neste estudo foram secundaacuterios coletados na Secretaria Estadual

de Sauacutede e processados pelo SINAN atraveacutes da ficha individual de investigaccedilatildeo para

atendimento antirraacutebico humano (Anexo A) A exploraccedilatildeo do banco de dados foi realizada

atraveacutes dos programas Tabwin 36 e planilhas eletrocircnicas

46 ANAacuteLISE DOS DADOS

Foram calculadas frequumlecircncias absolutas e relativas aleacutem das meacutedias

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS

O estudo foi realizado dentro dos padrotildees da eacutetica cientiacutefica tendo sido aprovado pela

Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa sob o nordm 0511 da instituiccedilatildeo agrave qual se subordina A pesquisa

foi realizada com dados secundaacuterios da Secretaria Estadual de Sauacutede Nenhum dado de

identificaccedilatildeo dos pacientes fez parte do estudo

Quadro 1 - Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do tratamento antirraacutebico humano

VARIAacuteVEL CATEGORIZACcedilAtildeO

Relativas agraves caracteriacutesticas

da agressatildeo

Tipo de Exposiccedilatildeo Contato Indireto Arranhadura Lambedura e Mordedura

Localizaccedilatildeo Mucosa CabeccedilaPescoccedilo MatildeosPeacutes Tronco

Membros Superiores e Membros Inferiores

Ferimento Uacutenico Muacuteltiplo Ignorado e Sem Ferimento

Tipo de Ferimento Profundo Superficial Dilacerante

Relativas agraves caracteriacutesticas

do animal agressor

Espeacutecie Animal Quiroacuteptera (Morcego) Primata (Macaco) e Raposa

Condiccedilatildeo Final do Animal Positivo Cliacutenico Negativo Cliacutenico Positivo Laboratorial e Negativo Laboratorial

27

Relativas ao tratamento antirraacutebico humano

Tratamento Indicado Preacute-exposiccedilatildeo Exposiccedilatildeo Re-exposiccedilatildeo

Dispensa de tratamento Observaccedilatildeo do

animal (se catildeo ou gato) e Ignorado

Indicaccedilatildeo do Soro Sim Natildeo e Ignorado

Relativas agrave continuidade do

tratamento antirraacutebico humano

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim Natildeo e Ignorado

Motivo da Interrupccedilatildeo Unidade Indicou Abandono e Transferecircncia

Unidade de sauacutede

procurou o paciente que

abandonou o tratamento

Sim e Natildeo

28

5 RESULTADOS

Nas agressotildees por ano foram observadas tendecircncias de crescimentos com oscilaccedilotildees

principalmente em raposas sendo observados picos nos anos de 2002 (267) 2005(292) 2006

(305) e 2009 (235) Em morcegos haacute um crescimento anual ateacute um pico em 2006 (182)

posteriormente ocorre uma ligeira queda e um novo pico em 2009 (207) No que diz respeito a

macacos o nuacutemero de casos se manteacutem proacuteximo durante os anos exceto em 2003 (272) e

2007 (250) onde ocorreram elevaccedilotildees das agressotildees (Figura 1)

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo espeacutecie agressora e ano

Pernambuco 2001 a 2010

1

52

104 113138

182

117 124

207

155

0

134

272

171186

153

250

182 185

141

6

267

221

174

292305

168147

235

170

0

50

100

150

200

250

300

350

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Morcego

Macaco

Raposa

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

No periacuteodo estudado 295704 pessoas receberam tratamento antirraacutebico humano

destas 4852 (16) foram atendidas apoacutes agressotildees por animais silvestres Dentre os animais

silvestres a raposa foi a espeacutecie mais agressora representando 1985 (409) casos em

seguida encontrou-se a primata com 1674 (345) e depois a quiroacuteptera com 1193 (246)

A zona urbana foi a localidade de residecircncia com maior nuacutemero de casos em macacos

79 e morcegos 78 jaacute em raposas prevaleceu a zona rural com 745 das agressotildees

(Tabela 1)

Em relaccedilatildeo a faixa etaacuteria o grupo mais atingido foi de 20 a 49 anos (385) Em

morcegos essa faixa representa 444 das agressotildees em macacos 342 e em raposas 386

Em seguida se encontra a faixa de 50 anos e mais exceto em macacos onde prevaleceu os lt9

anos (Tabela 1)

No que diz respeito ao sexo o masculino apresentou-se mais prevalente com 2764

(57) dos casos Dentre as agressotildees por sexo e espeacutecie a raposa apresentou a maior

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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biologia molecular Veterinaacuteria e Zootecnia Botucatu v 18 n 1 p 19-37 2011

SISTEMA DE INFORMACcedilAtildeO DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO (Brasil) Atendimento

Anti-raacutebico humano Disponiacutevel em lthttpdtr2004saudegovbrsinanwebgt Acesso em 02

nov 2010

43

TIRIBA A C SHMAL M R Morcegos na aacuterea urbana doenccedila adquirida na moradia

Diagnoacutestico e tratamento Satildeo Paulo v 15 n 2 p 61-63 2010

VELOSO R D et al Motivos de abandono do tratamento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em Porto Alegre RS Brasil Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro v 16 n 2 p 537-

546 2011

WADA M Y et al Surto de raiva humana transmitida por morcegos no municiacutepio de Portel-

Paraacute marccediloabril de 2004 Boletim Eletrocircnico Epidemioloacutegico Brasiacutelia 2004 Disponiacutevel

em lthttpportalsaudegovbrportalarquivospdfano04_n06_sraiva_hum_

morcegos_papdfgt Acesso em 12 abr 2011

44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

25

4 PROCEDIMENTOS METODOLOacuteGICOS

41 AacuteREA DE ESTUDO

A aacuterea de abrangecircncia do estudo corresponde ao estado de Pernambuco composto por

184 municiacutepios e o territoacuterio de Fernando de Noronha

42 PERIacuteODO DE REFEREcircNCIA

O periacuteodo avaliado foi de 2001 a 2010 com o objetivo de demonstrar com melhor

precisatildeo o aumento das agressotildees por animais silvestres no estado

43 DESENHO DO ESTUDO

Trata-se de um estudo descritivo de corte transversal Esse estudo eacute apropriado para o

registro de frequumlecircncia de eventos observando sua variaccedilatildeo no tempo e no espaccedilo Sua maior

vantagem eacute que natildeo haacute necessidade de grupos de comparaccedilatildeo possui alto potencial descritivo

e baixo custo operacional

44 ELENCO DE VARIAacuteVEIS

O evento estudado foi a profilaxia da raiva humana a partir de agressotildees por animais

silvestres analisada atraveacutes dos procedimentos registrados no Sistema de Informaccedilatildeo de

Agravos de Notificaccedilatildeo (SINAN) sendo construiacutedos diversos tipos de agrupamentos

Desse modo foram analisados os atendimentos por espeacutecie animal atraveacutes da ficha

individual de atendimento antirraacutebico e este atendimento subdivido em grupos de variaacuteveis

Assim foram analisados os dados referentes as notificaccedilotildees individuais faixa etaacuteria e sexo

aos dados de residecircncia municiacutepio de residecircncia aos antecedentes epidemioloacutegicos

caracteriacutesticas da agressatildeo caracteriacutesticas do animal agressor e tratamento recomendado

(tratamento indicado indicaccedilatildeo do soro interrupccedilatildeo do tratamento motivo da interrupccedilatildeo e se

a unidade de sauacutede procurou o paciente que abandonou o tratamento) (Quadro 1)

Assim sendo em cada toacutepico especiacutefico de anaacutelise procurou-se verificar as principais

caracteriacutesticas das espeacutecies agressoras e o tratamento aplicado a partir das especificidades de

cada espeacutecie sendo executadas da seguinte forma observaram-se inicialmente o perfil das

26

agressotildees entre os anos de 2001 e 2010 em seguida realizaram-se observaccedilotildees no tratamento

realizado para posteriormente analisar a distribuiccedilatildeo das agressotildees no estado de Pernambuco

Os grupos foram compostos pelas variaacuteveis encontradas no proacuteprio banco de dados e

para a definiccedilatildeo dos atosprocedimentos que melhor caracterizassem as variaacuteveis utilizou-se

como referecircncia a Norma Teacutecnica do Ministeacuterio da Sauacutede (Anexo B)

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS

Os dados utilizados neste estudo foram secundaacuterios coletados na Secretaria Estadual

de Sauacutede e processados pelo SINAN atraveacutes da ficha individual de investigaccedilatildeo para

atendimento antirraacutebico humano (Anexo A) A exploraccedilatildeo do banco de dados foi realizada

atraveacutes dos programas Tabwin 36 e planilhas eletrocircnicas

46 ANAacuteLISE DOS DADOS

Foram calculadas frequumlecircncias absolutas e relativas aleacutem das meacutedias

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS

O estudo foi realizado dentro dos padrotildees da eacutetica cientiacutefica tendo sido aprovado pela

Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa sob o nordm 0511 da instituiccedilatildeo agrave qual se subordina A pesquisa

foi realizada com dados secundaacuterios da Secretaria Estadual de Sauacutede Nenhum dado de

identificaccedilatildeo dos pacientes fez parte do estudo

Quadro 1 - Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do tratamento antirraacutebico humano

VARIAacuteVEL CATEGORIZACcedilAtildeO

Relativas agraves caracteriacutesticas

da agressatildeo

Tipo de Exposiccedilatildeo Contato Indireto Arranhadura Lambedura e Mordedura

Localizaccedilatildeo Mucosa CabeccedilaPescoccedilo MatildeosPeacutes Tronco

Membros Superiores e Membros Inferiores

Ferimento Uacutenico Muacuteltiplo Ignorado e Sem Ferimento

Tipo de Ferimento Profundo Superficial Dilacerante

Relativas agraves caracteriacutesticas

do animal agressor

Espeacutecie Animal Quiroacuteptera (Morcego) Primata (Macaco) e Raposa

Condiccedilatildeo Final do Animal Positivo Cliacutenico Negativo Cliacutenico Positivo Laboratorial e Negativo Laboratorial

27

Relativas ao tratamento antirraacutebico humano

Tratamento Indicado Preacute-exposiccedilatildeo Exposiccedilatildeo Re-exposiccedilatildeo

Dispensa de tratamento Observaccedilatildeo do

animal (se catildeo ou gato) e Ignorado

Indicaccedilatildeo do Soro Sim Natildeo e Ignorado

Relativas agrave continuidade do

tratamento antirraacutebico humano

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim Natildeo e Ignorado

Motivo da Interrupccedilatildeo Unidade Indicou Abandono e Transferecircncia

Unidade de sauacutede

procurou o paciente que

abandonou o tratamento

Sim e Natildeo

28

5 RESULTADOS

Nas agressotildees por ano foram observadas tendecircncias de crescimentos com oscilaccedilotildees

principalmente em raposas sendo observados picos nos anos de 2002 (267) 2005(292) 2006

(305) e 2009 (235) Em morcegos haacute um crescimento anual ateacute um pico em 2006 (182)

posteriormente ocorre uma ligeira queda e um novo pico em 2009 (207) No que diz respeito a

macacos o nuacutemero de casos se manteacutem proacuteximo durante os anos exceto em 2003 (272) e

2007 (250) onde ocorreram elevaccedilotildees das agressotildees (Figura 1)

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo espeacutecie agressora e ano

Pernambuco 2001 a 2010

1

52

104 113138

182

117 124

207

155

0

134

272

171186

153

250

182 185

141

6

267

221

174

292305

168147

235

170

0

50

100

150

200

250

300

350

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Morcego

Macaco

Raposa

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

No periacuteodo estudado 295704 pessoas receberam tratamento antirraacutebico humano

destas 4852 (16) foram atendidas apoacutes agressotildees por animais silvestres Dentre os animais

silvestres a raposa foi a espeacutecie mais agressora representando 1985 (409) casos em

seguida encontrou-se a primata com 1674 (345) e depois a quiroacuteptera com 1193 (246)

A zona urbana foi a localidade de residecircncia com maior nuacutemero de casos em macacos

79 e morcegos 78 jaacute em raposas prevaleceu a zona rural com 745 das agressotildees

(Tabela 1)

Em relaccedilatildeo a faixa etaacuteria o grupo mais atingido foi de 20 a 49 anos (385) Em

morcegos essa faixa representa 444 das agressotildees em macacos 342 e em raposas 386

Em seguida se encontra a faixa de 50 anos e mais exceto em macacos onde prevaleceu os lt9

anos (Tabela 1)

No que diz respeito ao sexo o masculino apresentou-se mais prevalente com 2764

(57) dos casos Dentre as agressotildees por sexo e espeacutecie a raposa apresentou a maior

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

26

agressotildees entre os anos de 2001 e 2010 em seguida realizaram-se observaccedilotildees no tratamento

realizado para posteriormente analisar a distribuiccedilatildeo das agressotildees no estado de Pernambuco

Os grupos foram compostos pelas variaacuteveis encontradas no proacuteprio banco de dados e

para a definiccedilatildeo dos atosprocedimentos que melhor caracterizassem as variaacuteveis utilizou-se

como referecircncia a Norma Teacutecnica do Ministeacuterio da Sauacutede (Anexo B)

45 FONTE DE DADOS E PROGRAMAS UTILIZADOS

Os dados utilizados neste estudo foram secundaacuterios coletados na Secretaria Estadual

de Sauacutede e processados pelo SINAN atraveacutes da ficha individual de investigaccedilatildeo para

atendimento antirraacutebico humano (Anexo A) A exploraccedilatildeo do banco de dados foi realizada

atraveacutes dos programas Tabwin 36 e planilhas eletrocircnicas

46 ANAacuteLISE DOS DADOS

Foram calculadas frequumlecircncias absolutas e relativas aleacutem das meacutedias

47 CONSIDERACcedilOtildeES EacuteTICAS

O estudo foi realizado dentro dos padrotildees da eacutetica cientiacutefica tendo sido aprovado pela

Comissatildeo de Eacutetica em Pesquisa sob o nordm 0511 da instituiccedilatildeo agrave qual se subordina A pesquisa

foi realizada com dados secundaacuterios da Secretaria Estadual de Sauacutede Nenhum dado de

identificaccedilatildeo dos pacientes fez parte do estudo

Quadro 1 - Variaacuteveis relativas agraves caracteriacutesticas da agressatildeo do animal agressor e do tratamento antirraacutebico humano

VARIAacuteVEL CATEGORIZACcedilAtildeO

Relativas agraves caracteriacutesticas

da agressatildeo

Tipo de Exposiccedilatildeo Contato Indireto Arranhadura Lambedura e Mordedura

Localizaccedilatildeo Mucosa CabeccedilaPescoccedilo MatildeosPeacutes Tronco

Membros Superiores e Membros Inferiores

Ferimento Uacutenico Muacuteltiplo Ignorado e Sem Ferimento

Tipo de Ferimento Profundo Superficial Dilacerante

Relativas agraves caracteriacutesticas

do animal agressor

Espeacutecie Animal Quiroacuteptera (Morcego) Primata (Macaco) e Raposa

Condiccedilatildeo Final do Animal Positivo Cliacutenico Negativo Cliacutenico Positivo Laboratorial e Negativo Laboratorial

27

Relativas ao tratamento antirraacutebico humano

Tratamento Indicado Preacute-exposiccedilatildeo Exposiccedilatildeo Re-exposiccedilatildeo

Dispensa de tratamento Observaccedilatildeo do

animal (se catildeo ou gato) e Ignorado

Indicaccedilatildeo do Soro Sim Natildeo e Ignorado

Relativas agrave continuidade do

tratamento antirraacutebico humano

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim Natildeo e Ignorado

Motivo da Interrupccedilatildeo Unidade Indicou Abandono e Transferecircncia

Unidade de sauacutede

procurou o paciente que

abandonou o tratamento

Sim e Natildeo

28

5 RESULTADOS

Nas agressotildees por ano foram observadas tendecircncias de crescimentos com oscilaccedilotildees

principalmente em raposas sendo observados picos nos anos de 2002 (267) 2005(292) 2006

(305) e 2009 (235) Em morcegos haacute um crescimento anual ateacute um pico em 2006 (182)

posteriormente ocorre uma ligeira queda e um novo pico em 2009 (207) No que diz respeito a

macacos o nuacutemero de casos se manteacutem proacuteximo durante os anos exceto em 2003 (272) e

2007 (250) onde ocorreram elevaccedilotildees das agressotildees (Figura 1)

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo espeacutecie agressora e ano

Pernambuco 2001 a 2010

1

52

104 113138

182

117 124

207

155

0

134

272

171186

153

250

182 185

141

6

267

221

174

292305

168147

235

170

0

50

100

150

200

250

300

350

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Morcego

Macaco

Raposa

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

No periacuteodo estudado 295704 pessoas receberam tratamento antirraacutebico humano

destas 4852 (16) foram atendidas apoacutes agressotildees por animais silvestres Dentre os animais

silvestres a raposa foi a espeacutecie mais agressora representando 1985 (409) casos em

seguida encontrou-se a primata com 1674 (345) e depois a quiroacuteptera com 1193 (246)

A zona urbana foi a localidade de residecircncia com maior nuacutemero de casos em macacos

79 e morcegos 78 jaacute em raposas prevaleceu a zona rural com 745 das agressotildees

(Tabela 1)

Em relaccedilatildeo a faixa etaacuteria o grupo mais atingido foi de 20 a 49 anos (385) Em

morcegos essa faixa representa 444 das agressotildees em macacos 342 e em raposas 386

Em seguida se encontra a faixa de 50 anos e mais exceto em macacos onde prevaleceu os lt9

anos (Tabela 1)

No que diz respeito ao sexo o masculino apresentou-se mais prevalente com 2764

(57) dos casos Dentre as agressotildees por sexo e espeacutecie a raposa apresentou a maior

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

27

Relativas ao tratamento antirraacutebico humano

Tratamento Indicado Preacute-exposiccedilatildeo Exposiccedilatildeo Re-exposiccedilatildeo

Dispensa de tratamento Observaccedilatildeo do

animal (se catildeo ou gato) e Ignorado

Indicaccedilatildeo do Soro Sim Natildeo e Ignorado

Relativas agrave continuidade do

tratamento antirraacutebico humano

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim Natildeo e Ignorado

Motivo da Interrupccedilatildeo Unidade Indicou Abandono e Transferecircncia

Unidade de sauacutede

procurou o paciente que

abandonou o tratamento

Sim e Natildeo

28

5 RESULTADOS

Nas agressotildees por ano foram observadas tendecircncias de crescimentos com oscilaccedilotildees

principalmente em raposas sendo observados picos nos anos de 2002 (267) 2005(292) 2006

(305) e 2009 (235) Em morcegos haacute um crescimento anual ateacute um pico em 2006 (182)

posteriormente ocorre uma ligeira queda e um novo pico em 2009 (207) No que diz respeito a

macacos o nuacutemero de casos se manteacutem proacuteximo durante os anos exceto em 2003 (272) e

2007 (250) onde ocorreram elevaccedilotildees das agressotildees (Figura 1)

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo espeacutecie agressora e ano

Pernambuco 2001 a 2010

1

52

104 113138

182

117 124

207

155

0

134

272

171186

153

250

182 185

141

6

267

221

174

292305

168147

235

170

0

50

100

150

200

250

300

350

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Morcego

Macaco

Raposa

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

No periacuteodo estudado 295704 pessoas receberam tratamento antirraacutebico humano

destas 4852 (16) foram atendidas apoacutes agressotildees por animais silvestres Dentre os animais

silvestres a raposa foi a espeacutecie mais agressora representando 1985 (409) casos em

seguida encontrou-se a primata com 1674 (345) e depois a quiroacuteptera com 1193 (246)

A zona urbana foi a localidade de residecircncia com maior nuacutemero de casos em macacos

79 e morcegos 78 jaacute em raposas prevaleceu a zona rural com 745 das agressotildees

(Tabela 1)

Em relaccedilatildeo a faixa etaacuteria o grupo mais atingido foi de 20 a 49 anos (385) Em

morcegos essa faixa representa 444 das agressotildees em macacos 342 e em raposas 386

Em seguida se encontra a faixa de 50 anos e mais exceto em macacos onde prevaleceu os lt9

anos (Tabela 1)

No que diz respeito ao sexo o masculino apresentou-se mais prevalente com 2764

(57) dos casos Dentre as agressotildees por sexo e espeacutecie a raposa apresentou a maior

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

28

5 RESULTADOS

Nas agressotildees por ano foram observadas tendecircncias de crescimentos com oscilaccedilotildees

principalmente em raposas sendo observados picos nos anos de 2002 (267) 2005(292) 2006

(305) e 2009 (235) Em morcegos haacute um crescimento anual ateacute um pico em 2006 (182)

posteriormente ocorre uma ligeira queda e um novo pico em 2009 (207) No que diz respeito a

macacos o nuacutemero de casos se manteacutem proacuteximo durante os anos exceto em 2003 (272) e

2007 (250) onde ocorreram elevaccedilotildees das agressotildees (Figura 1)

Figura 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo espeacutecie agressora e ano

Pernambuco 2001 a 2010

1

52

104 113138

182

117 124

207

155

0

134

272

171186

153

250

182 185

141

6

267

221

174

292305

168147

235

170

0

50

100

150

200

250

300

350

2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010

Morcego

Macaco

Raposa

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

No periacuteodo estudado 295704 pessoas receberam tratamento antirraacutebico humano

destas 4852 (16) foram atendidas apoacutes agressotildees por animais silvestres Dentre os animais

silvestres a raposa foi a espeacutecie mais agressora representando 1985 (409) casos em

seguida encontrou-se a primata com 1674 (345) e depois a quiroacuteptera com 1193 (246)

A zona urbana foi a localidade de residecircncia com maior nuacutemero de casos em macacos

79 e morcegos 78 jaacute em raposas prevaleceu a zona rural com 745 das agressotildees

(Tabela 1)

Em relaccedilatildeo a faixa etaacuteria o grupo mais atingido foi de 20 a 49 anos (385) Em

morcegos essa faixa representa 444 das agressotildees em macacos 342 e em raposas 386

Em seguida se encontra a faixa de 50 anos e mais exceto em macacos onde prevaleceu os lt9

anos (Tabela 1)

No que diz respeito ao sexo o masculino apresentou-se mais prevalente com 2764

(57) dos casos Dentre as agressotildees por sexo e espeacutecie a raposa apresentou a maior

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

REFEREcircNCIAS

ALBAS A et al Diagnoacutestico laboratorial da raiva na regiatildeo oeste do Estado de Satildeo Paulo

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

29

divergecircncia entre os sexos aparecendo os homens como os mais atingidos 1306

representando 658 dos casos As agressotildees por macacos diferente das demais foram mais

elevadas no sexo feminino (Tabela 1)

Tabela 1 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

pessoa Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Localidade de

Residecircncia

IgnBranco 55 46 56 33 65 33 176 36

Urbana 930 780 1321 789 418 211 2669 550

Rural 203 170 284 170 1479 745 1966 405

Periurbana 5 04 13 08 23 12 41 08

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Faixa Etaria

lt 9 anos 169 142 442 264 326 164 937 193

10 a 19 anos 184 154 412 246 293 148 889 183

20 a 49 anos 529 444 572 342 766 386 1867 385

50 anos e mais 310 260 246 147 600 302 1156 238

Total 1192 1000 1672 1000 1985 1000 4849 1000

Sexo

Masculino 647 542 811 484 1306 658 2764 570

Feminino 546 458 863 516 679 342 2088 430

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 3 casos ignorados no SINAN

Na anaacutelise do perfil da agressatildeo observou-se que 841 dos casos atendidos para

profilaxia da raiva humana tiveram como tipo de exposiccedilatildeo a mordedura sendo o restante

(159) dividido entre os demais arranhadura contato indireto e lambedura na ordem de

maior para menor ocorrecircncia (Tabela 2)

Em relaccedilatildeo ao ferimento 576 foram uacutenicos e 377 muacuteltiplos apenas a raposa

apresentou proporccedilatildeo alta nos dois ferimentos uacutenico e muacuteltiplo sendo de 487 e de 476

respectivamente Nas agressotildees por morcego o ferimento uacutenico representou 655 e por

macacos 626 (Tabela 2)

O tipo de ferimento ficou dividido entre profundo 499 e superficial 436 sendo o

superficial mais presente apenas para os provocados por morcegos No que diz respeito a

localizaccedilatildeo do ferimento a extremidade dos membros foi o local mais atingido representando

422 no total geral No entanto na anaacutelise por espeacutecie a raposa apresentou como local mais

agredido o membro inferior com 1065 (536) casos (Tabela 2)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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biologia molecular Veterinaacuteria e Zootecnia Botucatu v 18 n 1 p 19-37 2011

SISTEMA DE INFORMACcedilAtildeO DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO (Brasil) Atendimento

Anti-raacutebico humano Disponiacutevel em lthttpdtr2004saudegovbrsinanwebgt Acesso em 02

nov 2010

43

TIRIBA A C SHMAL M R Morcegos na aacuterea urbana doenccedila adquirida na moradia

Diagnoacutestico e tratamento Satildeo Paulo v 15 n 2 p 61-63 2010

VELOSO R D et al Motivos de abandono do tratamento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em Porto Alegre RS Brasil Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro v 16 n 2 p 537-

546 2011

WADA M Y et al Surto de raiva humana transmitida por morcegos no municiacutepio de Portel-

Paraacute marccediloabril de 2004 Boletim Eletrocircnico Epidemioloacutegico Brasiacutelia 2004 Disponiacutevel

em lthttpportalsaudegovbrportalarquivospdfano04_n06_sraiva_hum_

morcegos_papdfgt Acesso em 12 abr 2011

44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

30

Tabela 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

agressatildeo Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tipo de exposiccedilatildeo

Mordedura 955 822 1512 853 1793 842 4260 841

Arranhadura 121 104 165 93 199 93 485 96

Contato Indireto 62 53 59 33 94 44 215 42

Lambedura 24 21 37 21 43 20 104 21

Total 1162 1000 1773 1000 2129 1000 5064 1000

Ferimento

IgnBranco 89 75 33 20 44 22 166 34

Uacutenico 781 655 1048 626 966 487 2795 576

Muacuteltiplo 306 256 580 346 946 476 1832 377

Sem ferimento 17 14 13 08 29 15 59 12

Total 1193 100 1674 100 1985 100 4852 100

Tipo do ferimento

Dilacerante 19 18 114 67 181 86 314 65

Profundo 446 426 830 489 1147 543 2423 499

Superficial 581 555 754 444 784 371 2119 436

Total 1046 1000 1698 1000 2112 1000 4856 1000

Localizaccedilatildeo do ferimento

CabeccedilaPescoccedilo 139 115 229 135 39 16 407 75

Matildeospeacutes 569 470 822 483 886 357 2277 422

Membro Inferior 167 138 195 115 1065 430 1427 265

Membro Superior 213 176 368 216 320 130 901 167

Mucosa 35 29 37 22 30 12 102 19

Tronco 87 72 51 30 138 56 276 51

Total 1210 100 1702 100 2478 100 5390 100

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota A presenccedila de ferimentos muacuteltiplos alterou o valor total de tipo de exposiccedilatildeo e tipo de ferimento

Na condiccedilatildeo final do animal observaram-se 2481 casos ignorados ou natildeo preenchidos

compreendendo 511 do total de casos Dos 2371 casos fechados 616 foram encerrados

clinicamente sendo 546 negativos para raiva cliacutenica e 70 positivos para raiva cliacutenica

(Tabela 3)

Tabela 3 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao animal agressor Pernambuco 2001 a 2010

Condiccedilatildeo final do

animal

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Neg raiva clinica 310 603 558 636 427 436 1295 546

Neg raiva laboratorial 179 348 283 322 389 397 851 359

Positivo raiva clinica 20 39 30 34 115 117 165 70

Positivo raiva laboratorial 5 10 7 08 48 49 60 25

Total 514 1000 878 1000 979 1000 2371 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 2481 casos estatildeo como ignorados ou natildeo preenchidos no SINAN e nos anos de 2001 a 2006 natildeo foram divididos por

espeacutecie

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

31

Na referecircncia ao tratamento indicado dos 4852 casos atendidos 4297 (886)

passaram por algum tipo de tratamento 517 (106) foram ignorados e os 38 casos restantes

ficaram divididos entre dispensa de tratamento e observaccedilatildeo do animal (item colocado na

ficha como se catildeo ou gato) (Tabela 4)

A indicaccedilatildeo do soro antirraacutebico ocorreu em apenas 544 das agressotildees Aleacutem disso

216 dos atendimentos natildeo foram preenchidos no SINAN sendo 173 ignbranco e 43

que natildeo apresentaram registro em nenhum item Em morcegos o Ministeacuterio recomenda

aplicaccedilatildeo de soro em todos os casos poreacutem soacute houve registro de aplicaccedilatildeo em 567 dos

atendimentos (Tabela 4)

Tabela 4 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas ao

tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Tratamento

indicado

Preacute-exposiccedilatildeo 47 43 117 77 135 78 299 62

Exposiccedilatildeo 997 922 1350 891 1566 901 3913 806

Reexposicao 25 23 37 24 23 13 85 18 Dispensa de

tratamento 10 09 12 08 14 08 36 07

Observaccedilatildeo do animal 2 02 0 00 0 00 2 00

Ignbranco 517 107

Total 1081 1000 1516 1000 1738 1000 4852 1000

Indicaccedilatildeo soro ant

IgnBranco 216 187 317 197 273 144 806 173

Sim 656 567 780 485 1095 579 2531 544

Natildeo 284 246 510 317 522 276 1316 283

Total 1156 1000 1607 1000 1890 1000 4653 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota 199 casos (43) no periacuteodo de 2001 a 2006 natildeo foram registrados no SINAN

Na tabela 5 observa-se que a interrupccedilatildeo do tratamento aconteceu em 275

atendimentos destes 235 (854) ocorreram por abandono de tratamento e somente 182

(774) dos pacientes que abandonaram foram procurados pela unidade de sauacutede Nas

agressotildees por morcegos 76 pacientes interromperam o tratamento sendo 59 (776) por

abandono e destes apenas 695 foram procurados pela unidade de sauacutede

Em relaccedilatildeo a casos ignbranco encontraram-se 186 na interrupccedilatildeo do tratamento

aleacutem de 74 que natildeo tiveram registro 938 em motivos da interrupccedilatildeo e 958 no item de

procura do paciente pela unidade de sauacutede

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

32

Tabela 5 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana segundo variaacuteveis relativas agrave

continuidade do tratamento antirraacutebico humano Pernambuco 2001 a 2010

Morcego Macaco Raposa Total

Nordm Nordm Nordm Nordm

Interrupccedilatildeo do Tratamento

Sim 76 69 121 78 78 44 275 62

Natildeo 816 738 1132 733 1366 777 3314 752

IgnBranco 213 193 291 188 314 179 818 186

Total 1105 1000 1544 1000 1758 1000 4407 1000

Motivo da Interrupccedilatildeo

Unidade indicou 14 12 22 13 7 04 43 09

Abandono 59 49 101 60 75 38 235 48

Transferecircncia 11 09 3 02 7 04 21 04

IgnBranco 1109 930 1548 925 1896 955 4553 938

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Unidade de Sauacutede Procurou o

Paciente

Sim 41 34 83 50 58 29 182 38

Natildeo 8 07 8 05 7 04 23 05

IgnBranco 1144 959 1583 946 1920 967 4647 958

Total 1193 1000 1674 1000 1985 1000 4852 1000

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010) Nota No item interrupccedilatildeo do tratamento 445 casos (74) natildeo foram registrados

A Figura 2 revela que os casos de agressotildees por animais silvestres no estado de

Pernambuco satildeo bastante difusos A maior concentraccedilatildeo de casos decorrentes de agressotildees

por morcegos encontra-se na capital e Regiatildeo Metropolitana Recife (276) Olinda (61) e

Jaboatatildeo dos Guararapes (61) Nas agressotildees por macacos predominam os municiacutepios de

Recife (163) Jaboatatildeo dos Guararapes (134) Petrolina (119) Camaragibe (79) Olinda (70) e

Caruaru (69) Jaacute nas agressotildees por raposas haacute a maior distribuiccedilatildeo de casos de atendimentos

antirraacutebico no estado havendo a maior quantidade de notificaccedilotildees no Sertatildeo nos municiacutepios

de Serra Talhada (79) e Custoacutedia (78)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

33

Figura 2 ndash Distribuiccedilatildeo dos casos atendidos para profilaxia da raiva humana por municiacutepio segundo espeacutecie

agressora Pernambuco 2001 a 2010

Fonte Sistema de Informaccedilatildeo de Agravos de Notificaccedilatildeo (2010)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

34

6 DISCUSSAtildeO

Os resultados revelaram que a espeacutecie responsaacutevel pela maioria das agressotildees foi agrave

raposa seguida pelos macacos e morcegos No trabalho de Rigo e Honer (2005) os morcegos

tambeacutem apareceram em terceiro lugar (06) e outros animais silvestres representaram 02

dos casos Jaacute no de Garcia et al (1999) satildeo relatados os macacos em 4ordm lugar (08) e soacute

alguns casos esporaacutedicos de morcegos

A distribuiccedilatildeo das agressotildees em relaccedilatildeo ao sexo apresentou pequena diferenccedila o que

foi observado tambeacutem nos estudos de Lima Guimaratildees e Oliveira (2000) e Muumlller Seger e

Gabiatti (2010) Mas observa-se a prevalecircncia do sexo masculino em todas as faixas etaacuterias

diferente do estudo de Carvalho Soares e Franceschi (2002) onde nas faixas etaacuterias de 20

anos e mais haacute maior proporccedilatildeo de agressotildees em mulheres

Nas agressotildees por raposa os homens surgiram como os mais agredidos prevalecendo

as agressotildees de 20 anos e mais sendo a de maior prevalecircncia na zona rural Resultado

esperado em decorrecircncia da maior exposiccedilatildeo do homem do campo e ao trabalho mais

domeacutestico das mulheres

Em morcegos e macacos a relaccedilatildeo sexo foi homogecircnea o que tambeacutem foi encontrado

no estudo de Carneiro et al (2005) e as pessoas residentes em zona urbana foram as mais

atingidas Em 1980 Schneider et al (1996) encontrou 643 de casos registrados na zona

urbana e mais recente satildeo encontrados relatos de 88 (QUEIROZ et al 2009) e 745

(MUumlLLER SEGER GABIATTI 2010) Supotildee-se que com a expansatildeo das construccedilotildees e o

aumento do desmatamento o habitat desses animais eacute modificado forccedilando-os a buscarem

comida e abrigo em ambientes urbanos ampliando as chances de contatos com humanos

As faixas de 20 anos e mais foram as mais atingidas por morcegos diferindo do estudo

de Carneiro et al (2005) no qual a maior parte das agressotildees ocorreram na faixa de 1 a 10

anos De acordo com Tiriba amp Shmal (2010) as crianccedilas satildeo mais vulneraacuteveis ao ataque de

morcegos por apresentarem sono mais profundo

Quanto agraves agressotildees por macacos prevaleceu a faixa de 20 a 49 anos diferindo de

outros estudos como o de Carvalho Soares e Franceschi (2002) que encontrou 684 das

agressotildees por esta espeacutecie em crianccedilas e Ramos e Ramos (2002) relatou 40 das viacutetimas com

ateacute 12 anos

O tipo de agravo responsaacutevel pelo maior nuacutemero de atendimentos como era esperado

foi a mordedura semelhante a outros estudos (CARNEIRO et al 2005 CARRIERI et al

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

35

2006 CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) Esse alto percentual de mordedura deve-se a

forma de defesa dessas espeacutecies Muumlller Seger e Gabiatti (2010) relatam em seu trabalho que

100 das agressotildees foram por mordedura uma vez que este eacute o principal mecanismo de

defesa Jaacute Carvalho Soares e Franceschi (2002) citam que das 19 agressotildees provocadas por

macacos em seu estudo 18 foram mordeduras

A mordedura deve ser mais frequentemente relatada por representar lesatildeo de maior

gravidade e geralmente estar relacionada com a raiva o que natildeo ocorre com as demais

(FRIAS 2008 GARCIA et al 1999) Aleacutem disso o atendimento meacutedico eacute mais procurado

quando as crianccedilas satildeo agredidas devido ao medo da letalidade da doenccedila (FRIAS 2008)

Nas agressotildees por morcegos prevaleceram o ferimento uacutenico superficial acometendo

principalmente matildeos e peacutes o que difere do estudo de Carneiro et al (2005) onde encontraram

mais de 57 de agressotildees muacuteltiplas com maior prevalecircncia em membros inferiores Esses

ferimentos nas extremidades sugerem maior ocorrecircncia de acidentes com as pessoas em

atividade do que durante o sono

Jaacute os provocados por macacos foram predominantemente nas extremidades e membros

superiores Carvalho Soares e Franceschi (2002) tambeacutem encontraram em seu estudo que 12

das 19 agressotildees causadas por macacos foram em matildeospeacutes Esses achados condizem com os

haacutebitos da espeacutecie que agride ao se sentir ameaccedilada

Nas agressotildees por raposas predominaram os ferimentos profundos uacutenicos e os

muacuteltiplos principalmente nos membros inferiores tambeacutem satildeo coerentes com as caracteriacutesticas

da espeacutecie animal Nesta espeacutecie diferente das demais estudadas a maior presenccedila de

ferimentos muacuteltiplos se deve a forma de agressatildeo onde o animal morde e puxa provocando

vaacuterias lesotildees e muitas vezes profundas

Os estudos pesquisados encontraram na maioria dos casos os superficiais (CARRIERI

et al 2006 FRIAS 2008 RIGO HONER 2005) No que diz respeito ao ferimento Frias

(2008) e Rigo e Honer (2005) relataram o ferimento muacuteltiplo como predominante com 713

e 486 respectivamente jaacute Carrieri et al (2006) cita o ferimento uacutenico como prevalente

O local de agressatildeo onde prevalecem os membros inferiores e matildeos tambeacutem foi citado

por outros autores (CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 LIMA GUIMARAtildeES

OLIVEIRA 2000 RIGO HONER 2005) poreacutem no estudo de Carrieri et al (2006) a cabeccedila

e os membros superiores foram os mais atingidos (542) Segundo Muumlller Seger e Gabiatti

(2010) o predomiacutenio de agressotildees nos membros superiores e inferiores satildeo naturais jaacute que o

homem usa os membros para bloquear ataques

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

REFEREcircNCIAS

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

36

A condiccedilatildeo final do animal foi um item pouco preenchido sendo que a maioria dos

registrados foram fechados clinicamente embora a confirmaccedilatildeo diagnoacutestica soacute se decirc

laboratorialmente principalmente nessas espeacutecies silvestres para as quais natildeo existe periacuteodo

de observaccedilatildeo

A omissatildeo de dados no SINAN traz grandes prejuiacutezos agrave prevenccedilatildeo da doenccedila jaacute que a

anaacutelise de banco de dados permite o conhecimento dos fatores de risco para as agressotildees e a

instituiccedilatildeo de programas de prevenccedilatildeo baseados no perfil do animal agressor (BUSO

NUNES QUEIROZ 2009)

Deve-se portanto analisar se o laboratoacuterio de referecircncia diagnoacutestica natildeo estaacute

enviando os resultados em tempo de serem computados nas fichas ou se as unidades de

tratamento natildeo estatildeo registrando esses dados Por isso eacute tatildeo importante fazer trabalhos de

conscientizaccedilatildeo sobre a necessidade do preenchimento adequado das fichas para que se tenha

um melhor acompanhamento da doenccedila com prevenccedilatildeo e controle realizados de forma mais

adequada

O tratamento eacute o ponto que deve ser mais bem analisado jaacute que qualquer falha nesse

processo pode levar o paciente ao oacutebito No entanto esses dados foram os que mais

apresentaram respostas ignoradas dificultando portanto a caracterizaccedilatildeo do perfil de maneira

adequada Nesse sentido eacute importante que se invistam esforccedilos na sensibilizaccedilatildeo capacitaccedilatildeo

e cobranccedila dos serviccedilos de referecircncia para o correto e completo preenchimento das fichas do

SINAN

O desconhecimento da doenccedila pela populaccedilatildeo ainda eacute grande em estudo de Carrieri et

al (2006) foi observado que 78 dos pacientes que faleceram desconheciam a conduta

adotada poacutes-acidente e que muitas vezes o fator socioeconocircmico dificulta o teacutermino do

tratamento devido aos gastos com deslocamento e perdas de horas de trabalho Veloso et al

(2011) relatou que apenas 447 dos agredidos tinham conhecimento quanto a necessidade da

vacina ou a gravidade da doenccedila os demais foram em busca de tratamento da ferida (45) ou

outros problemas de sauacutede (43)

Nesse estudo o tratamento foi indicado em quase 90 percentual ligeiramente

superior aos relatados por Ramos e Ramos (2002) que obtiveram 85 de indicaccedilatildeo de

tratamento para agressotildees por primatas Jaacute Carrieri et al (2006) encontrou percentual de

tratamento bastante inferior Embora os resultados encontrados possam ser satisfatoacuterios numa

anaacutelise superficial mas o ideal seria a prescriccedilatildeo de tratamento para 100 dos casos de

acordo com o protocolo para agressatildeo por animais silvestres

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

REFEREcircNCIAS

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44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

37

Aleacutem disso foram observadas algumas irregularidades ou negligencia no

preenchimento das fichas evidenciando que natildeo houve o acompanhamento desses pacientes

Um exemplo desse descuido foi a indicaccedilatildeo de observaccedilatildeo para morcegos no entanto esse

dado soacute eacute indicado para catildees e gatos porque soacute nessas espeacutecies se conhece o periacuteodo de

incubaccedilatildeo do viacuterus

A caracterizaccedilatildeo do perfil dos agredidos eacute bastante dificultada quando ocorre elevado

percentual de respostas ignoradas Portanto eacute necessaacuterio que os trabalhadores dos serviccedilos de

profilaxia da raiva sejam sempre orientados capacitados e sensibilizados para o correto e

completo preenchimento das fichas do SINAN

Na indicaccedilatildeo do soro mais de 20 dos dados natildeo foram registrados ou foram

preenchidos como ignorados Em agressotildees por morcegos o Ministeacuterio da Sauacutede recomenda a

obrigatoriedade da aplicaccedilatildeo do soro por decorrecircncia da alta positividade nessa espeacutecie e do

elevado periacuteodo de incubaccedilatildeo Entretanto nesse estudo aleacutem do elevado percentual de

ignorado houve tambeacutem a natildeo indicaccedilatildeo de soro antirraacutebico para 246 dos pacientes

agredidos por morcego Vale ressaltar que o caso ocorrido em 2008 em Pernambuco que

ficou famoso por o ser o 1ordm caso de cura no Brasil talvez tivesse evitado que a doenccedila

ocorresse com a prescriccedilatildeo correta de tratamento Uma vez que natildeo foi indicada a aplicaccedilatildeo

de soro mesmo a crianccedila tendo sido mordida por morcego hematoacutefago e encaminhada para

tratamento em hospital de referecircncia Nas demais espeacutecies estudadas o recebimento ou natildeo

do soro depende de outras variaacuteveis (Anexo B)

De acordo com a norma vigente a soro-vacinaccedilatildeo eacute obrigatoacuteria nas agressotildees por

morcegos independentemente do tipo de morcego agressor do tempo decorrido e da

gravidade da lesatildeo (BRASIL 2010a) A menos que haja indicaccedilatildeo meacutedica o tratamento poacutes-

agressatildeo por morcegos natildeo deve ser interrompido (TIRIBA SHMAL 2010)

Na interrupccedilatildeo do tratamento o percentual de casos ignorados eacute altiacutessimo indicando

que natildeo houve acompanhamento dos pacientes Eacute de extrema importacircncia que o serviccedilo de

atendimento antirraacutebico tenha qualidade pois assim evitam-se incidentes graves com as

viacutetimas de agressotildees Para tanto deve haver busca ativa dos faltosos e melhoria na indicaccedilatildeo e

no registro de tratamentos (RIGO HONER 2005)

Algumas pesquisas encontraram baixo percentual de abandono de tratamento

(CARVALHO SOARES FRANCESCHI 2002 FRIAS 2008 RAMOS RAMOS 2002)

jaacute Veloso et al (2011) encontrou alta taxa com 336 sendo que 245 dos pacientes natildeo

viram a necessidade de completaacute-lo e 138 natildeo foram orientados pelo serviccedilo de sauacutede

Segundo Carvalho Soares e Franceschi (2002) os abandonos ocorrem devido agrave perda de

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

REFEREcircNCIAS

ALBAS A et al Diagnoacutestico laboratorial da raiva na regiatildeo oeste do Estado de Satildeo Paulo

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Atendimento Prestado pelo Serviccedilo de Profilaxia da Raiva Humana na Rede Municipal de

Sauacutede de Maringaacute-Paranaacute no Ano de 1997 Informe Epidemioloacutegico do SUS Maringaacute v

11 n 1 p 25-35 2002

COSTA W A et al Profilaxia da raiva humana 2 ed rev atual Satildeo Paulo Instituto

Pasteur 2000 (Manual Teacutecnico do Instituto Pasteur n 4)

CUNHA R S et al Equivalecircncia e avaliaccedilatildeo da necessidade de sorologia de controle entre

esquemas de preacute-exposiccedilatildeo agrave raiva humana Revista de Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 44 n 3

p 1-7 2010

FRIAS D F R Avaliaccedilatildeo dos registros de profilaxia anti-raacutebica humana poacutes-exposiccedilatildeo no

municiacutepio de Jaboticabal Satildeo Paulo no periacuteodo de 2000 a 2006 2008 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado) ndash Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho Jaboticabal 2008

FUENTES B et al Presencia de rabia urbana en el estado Zulia Venezuela Antildeos 1996-

2006 Revista de Investigacioacuten Cliacutenica Meacutexico v49 n4 p 487-498 2008

GARCIA R C M et al Anaacutelise de tratamento anti-raacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo na regiatildeo

da Grande Satildeo Paulo Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 33 n 3 p 295-301

1999

KOTAIT I CARRIERI M L TAKAOKA N Y Raiva Aspectos gerais e cliacutenica Satildeo

Paulo Instituto Pasteur 2009 (Manual Teacutecnico do Instituto Pasteur n 8)

LIMA A L A GUIMARAtildeES M J B OLIVEIRA D S Avaliaccedilatildeo do atendimento

antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo a partir do SINAN em uma unidade de sauacutede de

referecircncia 2000 Monografia (Curso de Residecircncia Multiprofissional em Sauacutede Coletiva) ndash

Centro de Pesquisas Aggeu Magalhatildees Recife 2000

LIMA E F et al Sinais cliacutenicos distribuiccedilatildeo das lesotildees no sistema nervoso e epidemiologia

da raiva em herbiacutevoros na regiatildeo Nordeste do Brasil Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira Rio de

Janeiro v 25 n4 p 250-264 2005

42

MENEZES F L et al Distribuiccedilatildeo espaccedilo-temporal da raiva bovina em Minas Gerais 1998

a 2006 Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinaacuteria e Zootecnia Belo Horizonte v 60 n 3

p 566-573 2008

MUumlLLER G C SEGER J GABIATTI L L Avaliaccedilatildeo dos casos de atendimento

antirraacutebico humano notificados no municiacutepio de Satildeo Miguel do Oeste ndash SC no ano de 2009

Unoesc amp Ciecircncia - ACBS Joaccedilaba v 1 n 2 p 95-105 juldez 2010

ORGANIZACcedilAtildeO PANAMERICANA DE SAUacuteDE Vigilancia epidemioloacutegica de la rabia en

las Ameacutericas 2004 Boletiacuten de Vigilancia Epidemioloacutegica Rio de Janeiro v 36 2006

PERNAMBUCO Secretaria Estadual de Sauacutede de Pernambuco Raiva em Pernambuco

Boletim de Vigilacircncia em Sauacutede Recife n 1 p 4-5 2009

QUEIROZ L H et al Perfil epidemioloacutegico da raiva na regiatildeo Noroeste do Estado de Satildeo

Paulo no periacuteodo de 1993 a 2007 Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical Satildeo

Paulo v 42 n 1 p 9-14 2009

RAMOS P M RAMOS P S Acidentes humanos com macacos em relaccedilatildeo a tratamentos

profilaacuteticos para a raiva no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista da Sociedade Brasileira

de Medicina Tropical Satildeo Paulo v 35 n 6 p 575-577 2002

RIGO L HONER M R Anaacutelise da profilaxia da raiva humana em Campo Grande Mato

Grosso do Sul Brasil em 2002 Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 21 n 6 p

1939-1945 2005

SCHEFFER K C et al Viacuterus da raiva em quiroacutepteros naturalmente infectados no Estado de

Satildeo Paulo Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 41 n 3 p 389-395 2007

SCHNEIDER M C Estudo de Avaliaccedilatildeo sobre aacuterea de risco para a raiva no Brasil 1990

Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Escola Nacional de Sauacutede Puacuteblica Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz Rio de

Janeiro 1990

SCHNEIDER M C et al Controle da raiva no Brasil de 1980 a 1990 Revista de Sauacutede

Puacuteblica Satildeo Paulo v 30 n 2 p 196-203 1996

SILVA M V et al Viacuterus raacutebico em morcego Nyctinomops laticaudatus na Cidade do Rio de

Janeiro RJ isolamento titulaccedilatildeo e epidemiologia Revista da Sociedade Brasileira de

Medicina Tropical Satildeo Paulo v 40 n 4 p 479-481 2007

SILVA G S et al [Raiva] Observatoacuterio Epidemioloacutegico Teresina jul 2010 Disponiacutevel

em lthttpwwwceutcombrobservatorioedicao2006pdf gt Acesso em 12 abr 2011

SILVA R C LANGONI H Epidemiologia da raiva em quiroacutepteros e os avanccedilos em

biologia molecular Veterinaacuteria e Zootecnia Botucatu v 18 n 1 p 19-37 2011

SISTEMA DE INFORMACcedilAtildeO DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO (Brasil) Atendimento

Anti-raacutebico humano Disponiacutevel em lthttpdtr2004saudegovbrsinanwebgt Acesso em 02

nov 2010

43

TIRIBA A C SHMAL M R Morcegos na aacuterea urbana doenccedila adquirida na moradia

Diagnoacutestico e tratamento Satildeo Paulo v 15 n 2 p 61-63 2010

VELOSO R D et al Motivos de abandono do tratamento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em Porto Alegre RS Brasil Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro v 16 n 2 p 537-

546 2011

WADA M Y et al Surto de raiva humana transmitida por morcegos no municiacutepio de Portel-

Paraacute marccediloabril de 2004 Boletim Eletrocircnico Epidemioloacutegico Brasiacutelia 2004 Disponiacutevel

em lthttpportalsaudegovbrportalarquivospdfano04_n06_sraiva_hum_

morcegos_papdfgt Acesso em 12 abr 2011

44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

38

muitas horas de trabalho despesas com transporte e a falta de informaccedilatildeo dos trabalhadores

de sauacutede agraves pessoas sobre a importacircncia da vacinaccedilatildeo

A norma de tratamento vigente indica que todo serviccedilo que atende o paciente tem a

responsabilidade de realizar busca ativa imediata daqueles que natildeo comparecem nas datas

agendadas para a aplicaccedilatildeo de cada dose da vacina (BRASIL 2010a)

Quanto a espacializaccedilatildeo dos casos percebeu-se que a maioria (em torno de 90) dos

municiacutepios do estado de Pernambuco apresentaram no miacutenimo uma notificaccedilatildeo de agressatildeo

pelas espeacutecies estudadas Diferente dos dados encontrados no estudo de Frias (2008) onde

houve a formaccedilatildeo de uma faixa de concentraccedilatildeo de ataques por morcegos em uma uacutenica aacuterea

no presente estudo os agravos foram distribuiacutedos por todo Estado Observa-se que os

morcegos estatildeo se adaptando cada vez mais ao ambiente urbano detectando-se facilmente a

partir da anaacutelise das aacutereas mais acometidas que foram o Recife e Regiatildeo Metropolitana

Tambeacutem se observa uma concentraccedilatildeo de agressotildees por macacos nos grandes centros

urbanos na capital Recife e Regiatildeo Metropolitana e nos municiacutepios de Caruaru e Petrolina

Essa grande concentraccedilatildeo em aacutereas urbanas provavelmente se deve a criaccedilatildeo clandestina

desses animais e a praacutetica de alimentar saguumlis tornando as pessoas mais vulneraacuteveis as

agressotildees

Jaacute para as agressotildees por raposas ao contraacuterio das demais houve uma maior

distribuiccedilatildeo pelo Estado poreacutem com maior prevalecircncia nos municiacutepios do Sertatildeo Nessa

regiatildeo concentra-se a criaccedilatildeo extensiva de animais de produccedilatildeo principalmente de aves

caprinos e ovinos que atraem as raposas e aumentam a exposiccedilatildeo da populaccedilatildeo que vive na

zona rural

As agressotildees por animais silvestres vecircm crescendo nos uacuteltimos anos principalmente

por morcegos reforccedilando o que jaacute vem sendo dito por outros autores De acordo com Brasil

(2009) a raiva silvestre vem surgindo como um novo desafio para vigilacircncia desse agravo no

paiacutes principalmente devido aos morcegos natildeo hematoacutefagos em aacutereas urbanas caniacutedeos

silvestres no Nordeste e morcegos hematoacutefagos em aacutereas rurais Frente a isso se faz necessaacuteria

uma maior vigilacircncia dessas espeacutecies para que o controle da doenccedila em humanos se

mantenha

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

REFEREcircNCIAS

ALBAS A et al Diagnoacutestico laboratorial da raiva na regiatildeo oeste do Estado de Satildeo Paulo

Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical Satildeo Paulo v 38 n 6 p 493-495

2005

ALBAS A et al Perfil antigecircnico do viacuterus da raiva isolado de diferentes espeacutecies de

morcegos natildeo hematoacutefagos da Regiatildeo de Presidente Prudente Estado de Satildeo Paulo Revista

da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical Satildeo Paulo v 42 n 1 p 15-17 2009

ALBAS A et al Os morcegos e a raiva na regiatildeo oeste do Estado de Satildeo Paulo Revista da

Sociedade Brasileira de Medicina Tropical Satildeo Paulo v 44 n 2 p 1-5 2010

ANDRADE M C R et al Resposta imune produzida por vacinas anti-raacutebicas em saguumlis

(Callithrix sp) Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical Satildeo Paulo v 32 n5 p

535-539 1999

BADILLO R MANTILLA J C PRADILLA G Encefalitis raacutebica humana por mordedura

de murcieacutelago en un aacuterea urbana de Colombia Biomeacutedica Bogotaacute v 29 n 2 p 191-203

2009

BARBOSA T F S et al Epidemiologia molecular do viacuterus da raiva no estado do Paraacute no

periacuteodo de 2000 a 2005 emergecircncia e transmissatildeo por morcegos hematoacutefagos (Desmodus

Rotundus) Cadernos Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro v 15 n 3 p 329-348 2007

BATISTA H B FRANCO A C ROEHE P M Raiva uma breve revisatildeo Acta Scientiae

Veterinariae Porto Alegre v 35 n 2 p 125-144 2007

BRASIL Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Raiva In______ Guia de Vigilacircncia

Epidemioloacutegica 6 ed Brasiacutelia DF 2005 p 603 ndash 632

BRASIL Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Relatoacuterio da Reuniatildeo para Coordenadores

Estaduais do Programa da Raiva 2009 Brasiacutelia 2009

BRASIL Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Informe Teacutecnico da Vigilacircncia Epidemioloacutegica

de Raiva 1 ed Brasiacutelia set 2010a Disponiacutevel em

lthttpportalsaudegovbrportalarquivospdfinfo_tec_vac_raiva_caso_hum_8910pdfgt

Acesso em 12 abr 2011

BRASIL Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Situaccedilatildeo epidemioloacutegica das zoonoses de

interesse para a sauacutede puacuteblica Boletim Eletrocircnico Epidemioloacutegico Brasiacutelia n 2 p 7-10 abr

2010b Disponiacutevel em

lthttpportalsaudegovbrportalarquivospdfano10_n02_sit_epidemiol_ zoonoses_brpdfgt

Acesso em 12 abr 2011

BRASIL Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Nota Teacutecnica nordm 150 ndash Vacina contra raiva

canina e felina em cultivo celular Brasiacutelia out 2010c Disponiacutevel em

lthttpportalsaudegovbrportalarquivospdfnota_tec_raiva_07_10_2010pdfgt Acesso em

12 abr 2011

41

BUSO D S NUNES C M QUEIROZ L H Caracteriacutesticas relatadas sobre animais

agressores submetidos ao diagnoacutestico de raiva Satildeo Paulo Brasil 1993-2007 Cadernos de

Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 25 n 12 p 2747-2751 2009

CALDAS E et al Descriccedilatildeo do achado de raiva canina por viacuterus raacutebico de origem em

morcego natildeo hematoacutefago Tadarida Brasiliensis Boletim Epidemioloacutegico Rio Grande do Sul

v 9 n 2 p 1-3 2007

CARNEIRO R L et al Anaacutelise das agressotildees em humanos por morcegos hematoacutefagos

ocorridas em trecircs municiacutepios baianos no periacuteodo de 1986 a 1995 Revista Brasileira de Sauacutede

e Produccedilatildeo Animal Bahia v 6 n1 p 1-7 2005

CARRIERI M L et al Diagnoacutestico Cliacutenico-epidemioloacutegico da Raiva Humana Dados do

Instituto Pasteur de Satildeo Paulo do Periacuteodo de 1970-2002 Boletim Epidemioloacutegico Paulista

Satildeo Paulo n 29 2006

CARVALHO W O SOARES D F P P FRANCESCHI V C S Caracteriacutesticas do

Atendimento Prestado pelo Serviccedilo de Profilaxia da Raiva Humana na Rede Municipal de

Sauacutede de Maringaacute-Paranaacute no Ano de 1997 Informe Epidemioloacutegico do SUS Maringaacute v

11 n 1 p 25-35 2002

COSTA W A et al Profilaxia da raiva humana 2 ed rev atual Satildeo Paulo Instituto

Pasteur 2000 (Manual Teacutecnico do Instituto Pasteur n 4)

CUNHA R S et al Equivalecircncia e avaliaccedilatildeo da necessidade de sorologia de controle entre

esquemas de preacute-exposiccedilatildeo agrave raiva humana Revista de Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 44 n 3

p 1-7 2010

FRIAS D F R Avaliaccedilatildeo dos registros de profilaxia anti-raacutebica humana poacutes-exposiccedilatildeo no

municiacutepio de Jaboticabal Satildeo Paulo no periacuteodo de 2000 a 2006 2008 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado) ndash Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho Jaboticabal 2008

FUENTES B et al Presencia de rabia urbana en el estado Zulia Venezuela Antildeos 1996-

2006 Revista de Investigacioacuten Cliacutenica Meacutexico v49 n4 p 487-498 2008

GARCIA R C M et al Anaacutelise de tratamento anti-raacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo na regiatildeo

da Grande Satildeo Paulo Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 33 n 3 p 295-301

1999

KOTAIT I CARRIERI M L TAKAOKA N Y Raiva Aspectos gerais e cliacutenica Satildeo

Paulo Instituto Pasteur 2009 (Manual Teacutecnico do Instituto Pasteur n 8)

LIMA A L A GUIMARAtildeES M J B OLIVEIRA D S Avaliaccedilatildeo do atendimento

antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo a partir do SINAN em uma unidade de sauacutede de

referecircncia 2000 Monografia (Curso de Residecircncia Multiprofissional em Sauacutede Coletiva) ndash

Centro de Pesquisas Aggeu Magalhatildees Recife 2000

LIMA E F et al Sinais cliacutenicos distribuiccedilatildeo das lesotildees no sistema nervoso e epidemiologia

da raiva em herbiacutevoros na regiatildeo Nordeste do Brasil Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira Rio de

Janeiro v 25 n4 p 250-264 2005

42

MENEZES F L et al Distribuiccedilatildeo espaccedilo-temporal da raiva bovina em Minas Gerais 1998

a 2006 Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinaacuteria e Zootecnia Belo Horizonte v 60 n 3

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MUumlLLER G C SEGER J GABIATTI L L Avaliaccedilatildeo dos casos de atendimento

antirraacutebico humano notificados no municiacutepio de Satildeo Miguel do Oeste ndash SC no ano de 2009

Unoesc amp Ciecircncia - ACBS Joaccedilaba v 1 n 2 p 95-105 juldez 2010

ORGANIZACcedilAtildeO PANAMERICANA DE SAUacuteDE Vigilancia epidemioloacutegica de la rabia en

las Ameacutericas 2004 Boletiacuten de Vigilancia Epidemioloacutegica Rio de Janeiro v 36 2006

PERNAMBUCO Secretaria Estadual de Sauacutede de Pernambuco Raiva em Pernambuco

Boletim de Vigilacircncia em Sauacutede Recife n 1 p 4-5 2009

QUEIROZ L H et al Perfil epidemioloacutegico da raiva na regiatildeo Noroeste do Estado de Satildeo

Paulo no periacuteodo de 1993 a 2007 Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical Satildeo

Paulo v 42 n 1 p 9-14 2009

RAMOS P M RAMOS P S Acidentes humanos com macacos em relaccedilatildeo a tratamentos

profilaacuteticos para a raiva no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista da Sociedade Brasileira

de Medicina Tropical Satildeo Paulo v 35 n 6 p 575-577 2002

RIGO L HONER M R Anaacutelise da profilaxia da raiva humana em Campo Grande Mato

Grosso do Sul Brasil em 2002 Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 21 n 6 p

1939-1945 2005

SCHEFFER K C et al Viacuterus da raiva em quiroacutepteros naturalmente infectados no Estado de

Satildeo Paulo Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 41 n 3 p 389-395 2007

SCHNEIDER M C Estudo de Avaliaccedilatildeo sobre aacuterea de risco para a raiva no Brasil 1990

Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Escola Nacional de Sauacutede Puacuteblica Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz Rio de

Janeiro 1990

SCHNEIDER M C et al Controle da raiva no Brasil de 1980 a 1990 Revista de Sauacutede

Puacuteblica Satildeo Paulo v 30 n 2 p 196-203 1996

SILVA M V et al Viacuterus raacutebico em morcego Nyctinomops laticaudatus na Cidade do Rio de

Janeiro RJ isolamento titulaccedilatildeo e epidemiologia Revista da Sociedade Brasileira de

Medicina Tropical Satildeo Paulo v 40 n 4 p 479-481 2007

SILVA G S et al [Raiva] Observatoacuterio Epidemioloacutegico Teresina jul 2010 Disponiacutevel

em lthttpwwwceutcombrobservatorioedicao2006pdf gt Acesso em 12 abr 2011

SILVA R C LANGONI H Epidemiologia da raiva em quiroacutepteros e os avanccedilos em

biologia molecular Veterinaacuteria e Zootecnia Botucatu v 18 n 1 p 19-37 2011

SISTEMA DE INFORMACcedilAtildeO DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO (Brasil) Atendimento

Anti-raacutebico humano Disponiacutevel em lthttpdtr2004saudegovbrsinanwebgt Acesso em 02

nov 2010

43

TIRIBA A C SHMAL M R Morcegos na aacuterea urbana doenccedila adquirida na moradia

Diagnoacutestico e tratamento Satildeo Paulo v 15 n 2 p 61-63 2010

VELOSO R D et al Motivos de abandono do tratamento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em Porto Alegre RS Brasil Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro v 16 n 2 p 537-

546 2011

WADA M Y et al Surto de raiva humana transmitida por morcegos no municiacutepio de Portel-

Paraacute marccediloabril de 2004 Boletim Eletrocircnico Epidemioloacutegico Brasiacutelia 2004 Disponiacutevel

em lthttpportalsaudegovbrportalarquivospdfano04_n06_sraiva_hum_

morcegos_papdfgt Acesso em 12 abr 2011

44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

39

7 CONSIDERACcedilOtildeES FINAIS

O viacuterus da raiva estaacute circulando com maior frequumlecircncia entre as populaccedilotildees de animais

silvestres que cada vez mais se aproximam das aacutereas urbanas Por isso faz-se necessaacuteria uma

maior vigilacircncia sobretudo de morcegos macacos e raposas fazendo-se o acompanhamento

da circulaccedilatildeo viral nos animais capturados ou encontrados mortos para que assim haja a

prevenccedilatildeo de ataques e possiacuteveis transmissotildees para humanos

Outra medida importantiacutessima que visa o controle da doenccedila eacute a constante manutenccedilatildeo

da vacinaccedilatildeo em catildees e gatos no intuito de evitar que o viacuterus silvestre se dissemine com

maior intensidade nas populaccedilotildees de animais domeacutesticos e consequentemente de humanos

Eacute recomendado tambeacutem que sejam feitos esclarecimentos agrave populaccedilatildeo em relaccedilatildeo aos

animais transmissores aos cuidados que devem ser tomados apoacutes uma agressatildeo e quais os

locais de atendimento para o tratamento profilaacutetico Deve-se trabalhar a educaccedilatildeo em sauacutede

principalmente nas regiotildees mais carentes onde o acesso aos serviccedilos de sauacutede eacute precaacuterio

Aleacutem disso foram encontradas muitas discrepacircncias nas fichas de atendimento

sobretudo no item tratamento O que indica a necessidade de capacitaccedilotildees para os

profissionais de sauacutede e tambeacutem a conscientizaccedilatildeo sobre a importacircncia da manutenccedilatildeo de

dados corretos e completos nas fichas para que o acompanhamento e o controle sejam feitos

de forma mais adequada

Ainda destaca-se a importacircncia do desenvolvimento de outros estudos que analisem a

circulaccedilatildeo do viacuterus nestas espeacutecies para que assim as medidas de controle sejam realizadas

de forma mais efetiva

40

REFEREcircNCIAS

ALBAS A et al Diagnoacutestico laboratorial da raiva na regiatildeo oeste do Estado de Satildeo Paulo

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periacuteodo de 2000 a 2005 emergecircncia e transmissatildeo por morcegos hematoacutefagos (Desmodus

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lthttpportalsaudegovbrportalarquivospdfinfo_tec_vac_raiva_caso_hum_8910pdfgt

Acesso em 12 abr 2011

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interesse para a sauacutede puacuteblica Boletim Eletrocircnico Epidemioloacutegico Brasiacutelia n 2 p 7-10 abr

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BRASIL Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Nota Teacutecnica nordm 150 ndash Vacina contra raiva

canina e felina em cultivo celular Brasiacutelia out 2010c Disponiacutevel em

lthttpportalsaudegovbrportalarquivospdfnota_tec_raiva_07_10_2010pdfgt Acesso em

12 abr 2011

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morcegos_papdfgt Acesso em 12 abr 2011

44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

40

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morcegos natildeo hematoacutefagos da Regiatildeo de Presidente Prudente Estado de Satildeo Paulo Revista

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periacuteodo de 2000 a 2005 emergecircncia e transmissatildeo por morcegos hematoacutefagos (Desmodus

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interesse para a sauacutede puacuteblica Boletim Eletrocircnico Epidemioloacutegico Brasiacutelia n 2 p 7-10 abr

2010b Disponiacutevel em

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Acesso em 12 abr 2011

BRASIL Secretaria de Vigilacircncia em Sauacutede Nota Teacutecnica nordm 150 ndash Vacina contra raiva

canina e felina em cultivo celular Brasiacutelia out 2010c Disponiacutevel em

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Pasteur 2000 (Manual Teacutecnico do Instituto Pasteur n 4)

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2006 Revista de Investigacioacuten Cliacutenica Meacutexico v49 n4 p 487-498 2008

GARCIA R C M et al Anaacutelise de tratamento anti-raacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo na regiatildeo

da Grande Satildeo Paulo Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 33 n 3 p 295-301

1999

KOTAIT I CARRIERI M L TAKAOKA N Y Raiva Aspectos gerais e cliacutenica Satildeo

Paulo Instituto Pasteur 2009 (Manual Teacutecnico do Instituto Pasteur n 8)

LIMA A L A GUIMARAtildeES M J B OLIVEIRA D S Avaliaccedilatildeo do atendimento

antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo a partir do SINAN em uma unidade de sauacutede de

referecircncia 2000 Monografia (Curso de Residecircncia Multiprofissional em Sauacutede Coletiva) ndash

Centro de Pesquisas Aggeu Magalhatildees Recife 2000

LIMA E F et al Sinais cliacutenicos distribuiccedilatildeo das lesotildees no sistema nervoso e epidemiologia

da raiva em herbiacutevoros na regiatildeo Nordeste do Brasil Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira Rio de

Janeiro v 25 n4 p 250-264 2005

42

MENEZES F L et al Distribuiccedilatildeo espaccedilo-temporal da raiva bovina em Minas Gerais 1998

a 2006 Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinaacuteria e Zootecnia Belo Horizonte v 60 n 3

p 566-573 2008

MUumlLLER G C SEGER J GABIATTI L L Avaliaccedilatildeo dos casos de atendimento

antirraacutebico humano notificados no municiacutepio de Satildeo Miguel do Oeste ndash SC no ano de 2009

Unoesc amp Ciecircncia - ACBS Joaccedilaba v 1 n 2 p 95-105 juldez 2010

ORGANIZACcedilAtildeO PANAMERICANA DE SAUacuteDE Vigilancia epidemioloacutegica de la rabia en

las Ameacutericas 2004 Boletiacuten de Vigilancia Epidemioloacutegica Rio de Janeiro v 36 2006

PERNAMBUCO Secretaria Estadual de Sauacutede de Pernambuco Raiva em Pernambuco

Boletim de Vigilacircncia em Sauacutede Recife n 1 p 4-5 2009

QUEIROZ L H et al Perfil epidemioloacutegico da raiva na regiatildeo Noroeste do Estado de Satildeo

Paulo no periacuteodo de 1993 a 2007 Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical Satildeo

Paulo v 42 n 1 p 9-14 2009

RAMOS P M RAMOS P S Acidentes humanos com macacos em relaccedilatildeo a tratamentos

profilaacuteticos para a raiva no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista da Sociedade Brasileira

de Medicina Tropical Satildeo Paulo v 35 n 6 p 575-577 2002

RIGO L HONER M R Anaacutelise da profilaxia da raiva humana em Campo Grande Mato

Grosso do Sul Brasil em 2002 Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 21 n 6 p

1939-1945 2005

SCHEFFER K C et al Viacuterus da raiva em quiroacutepteros naturalmente infectados no Estado de

Satildeo Paulo Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 41 n 3 p 389-395 2007

SCHNEIDER M C Estudo de Avaliaccedilatildeo sobre aacuterea de risco para a raiva no Brasil 1990

Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Escola Nacional de Sauacutede Puacuteblica Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz Rio de

Janeiro 1990

SCHNEIDER M C et al Controle da raiva no Brasil de 1980 a 1990 Revista de Sauacutede

Puacuteblica Satildeo Paulo v 30 n 2 p 196-203 1996

SILVA M V et al Viacuterus raacutebico em morcego Nyctinomops laticaudatus na Cidade do Rio de

Janeiro RJ isolamento titulaccedilatildeo e epidemiologia Revista da Sociedade Brasileira de

Medicina Tropical Satildeo Paulo v 40 n 4 p 479-481 2007

SILVA G S et al [Raiva] Observatoacuterio Epidemioloacutegico Teresina jul 2010 Disponiacutevel

em lthttpwwwceutcombrobservatorioedicao2006pdf gt Acesso em 12 abr 2011

SILVA R C LANGONI H Epidemiologia da raiva em quiroacutepteros e os avanccedilos em

biologia molecular Veterinaacuteria e Zootecnia Botucatu v 18 n 1 p 19-37 2011

SISTEMA DE INFORMACcedilAtildeO DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO (Brasil) Atendimento

Anti-raacutebico humano Disponiacutevel em lthttpdtr2004saudegovbrsinanwebgt Acesso em 02

nov 2010

43

TIRIBA A C SHMAL M R Morcegos na aacuterea urbana doenccedila adquirida na moradia

Diagnoacutestico e tratamento Satildeo Paulo v 15 n 2 p 61-63 2010

VELOSO R D et al Motivos de abandono do tratamento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em Porto Alegre RS Brasil Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro v 16 n 2 p 537-

546 2011

WADA M Y et al Surto de raiva humana transmitida por morcegos no municiacutepio de Portel-

Paraacute marccediloabril de 2004 Boletim Eletrocircnico Epidemioloacutegico Brasiacutelia 2004 Disponiacutevel

em lthttpportalsaudegovbrportalarquivospdfano04_n06_sraiva_hum_

morcegos_papdfgt Acesso em 12 abr 2011

44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

41

BUSO D S NUNES C M QUEIROZ L H Caracteriacutesticas relatadas sobre animais

agressores submetidos ao diagnoacutestico de raiva Satildeo Paulo Brasil 1993-2007 Cadernos de

Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 25 n 12 p 2747-2751 2009

CALDAS E et al Descriccedilatildeo do achado de raiva canina por viacuterus raacutebico de origem em

morcego natildeo hematoacutefago Tadarida Brasiliensis Boletim Epidemioloacutegico Rio Grande do Sul

v 9 n 2 p 1-3 2007

CARNEIRO R L et al Anaacutelise das agressotildees em humanos por morcegos hematoacutefagos

ocorridas em trecircs municiacutepios baianos no periacuteodo de 1986 a 1995 Revista Brasileira de Sauacutede

e Produccedilatildeo Animal Bahia v 6 n1 p 1-7 2005

CARRIERI M L et al Diagnoacutestico Cliacutenico-epidemioloacutegico da Raiva Humana Dados do

Instituto Pasteur de Satildeo Paulo do Periacuteodo de 1970-2002 Boletim Epidemioloacutegico Paulista

Satildeo Paulo n 29 2006

CARVALHO W O SOARES D F P P FRANCESCHI V C S Caracteriacutesticas do

Atendimento Prestado pelo Serviccedilo de Profilaxia da Raiva Humana na Rede Municipal de

Sauacutede de Maringaacute-Paranaacute no Ano de 1997 Informe Epidemioloacutegico do SUS Maringaacute v

11 n 1 p 25-35 2002

COSTA W A et al Profilaxia da raiva humana 2 ed rev atual Satildeo Paulo Instituto

Pasteur 2000 (Manual Teacutecnico do Instituto Pasteur n 4)

CUNHA R S et al Equivalecircncia e avaliaccedilatildeo da necessidade de sorologia de controle entre

esquemas de preacute-exposiccedilatildeo agrave raiva humana Revista de Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 44 n 3

p 1-7 2010

FRIAS D F R Avaliaccedilatildeo dos registros de profilaxia anti-raacutebica humana poacutes-exposiccedilatildeo no

municiacutepio de Jaboticabal Satildeo Paulo no periacuteodo de 2000 a 2006 2008 Dissertaccedilatildeo

(Mestrado) ndash Universidade Estadual Paulista Julio de Mesquita Filho Jaboticabal 2008

FUENTES B et al Presencia de rabia urbana en el estado Zulia Venezuela Antildeos 1996-

2006 Revista de Investigacioacuten Cliacutenica Meacutexico v49 n4 p 487-498 2008

GARCIA R C M et al Anaacutelise de tratamento anti-raacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo na regiatildeo

da Grande Satildeo Paulo Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 33 n 3 p 295-301

1999

KOTAIT I CARRIERI M L TAKAOKA N Y Raiva Aspectos gerais e cliacutenica Satildeo

Paulo Instituto Pasteur 2009 (Manual Teacutecnico do Instituto Pasteur n 8)

LIMA A L A GUIMARAtildeES M J B OLIVEIRA D S Avaliaccedilatildeo do atendimento

antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo a partir do SINAN em uma unidade de sauacutede de

referecircncia 2000 Monografia (Curso de Residecircncia Multiprofissional em Sauacutede Coletiva) ndash

Centro de Pesquisas Aggeu Magalhatildees Recife 2000

LIMA E F et al Sinais cliacutenicos distribuiccedilatildeo das lesotildees no sistema nervoso e epidemiologia

da raiva em herbiacutevoros na regiatildeo Nordeste do Brasil Pesquisa Veterinaacuteria Brasileira Rio de

Janeiro v 25 n4 p 250-264 2005

42

MENEZES F L et al Distribuiccedilatildeo espaccedilo-temporal da raiva bovina em Minas Gerais 1998

a 2006 Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinaacuteria e Zootecnia Belo Horizonte v 60 n 3

p 566-573 2008

MUumlLLER G C SEGER J GABIATTI L L Avaliaccedilatildeo dos casos de atendimento

antirraacutebico humano notificados no municiacutepio de Satildeo Miguel do Oeste ndash SC no ano de 2009

Unoesc amp Ciecircncia - ACBS Joaccedilaba v 1 n 2 p 95-105 juldez 2010

ORGANIZACcedilAtildeO PANAMERICANA DE SAUacuteDE Vigilancia epidemioloacutegica de la rabia en

las Ameacutericas 2004 Boletiacuten de Vigilancia Epidemioloacutegica Rio de Janeiro v 36 2006

PERNAMBUCO Secretaria Estadual de Sauacutede de Pernambuco Raiva em Pernambuco

Boletim de Vigilacircncia em Sauacutede Recife n 1 p 4-5 2009

QUEIROZ L H et al Perfil epidemioloacutegico da raiva na regiatildeo Noroeste do Estado de Satildeo

Paulo no periacuteodo de 1993 a 2007 Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical Satildeo

Paulo v 42 n 1 p 9-14 2009

RAMOS P M RAMOS P S Acidentes humanos com macacos em relaccedilatildeo a tratamentos

profilaacuteticos para a raiva no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista da Sociedade Brasileira

de Medicina Tropical Satildeo Paulo v 35 n 6 p 575-577 2002

RIGO L HONER M R Anaacutelise da profilaxia da raiva humana em Campo Grande Mato

Grosso do Sul Brasil em 2002 Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 21 n 6 p

1939-1945 2005

SCHEFFER K C et al Viacuterus da raiva em quiroacutepteros naturalmente infectados no Estado de

Satildeo Paulo Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 41 n 3 p 389-395 2007

SCHNEIDER M C Estudo de Avaliaccedilatildeo sobre aacuterea de risco para a raiva no Brasil 1990

Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Escola Nacional de Sauacutede Puacuteblica Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz Rio de

Janeiro 1990

SCHNEIDER M C et al Controle da raiva no Brasil de 1980 a 1990 Revista de Sauacutede

Puacuteblica Satildeo Paulo v 30 n 2 p 196-203 1996

SILVA M V et al Viacuterus raacutebico em morcego Nyctinomops laticaudatus na Cidade do Rio de

Janeiro RJ isolamento titulaccedilatildeo e epidemiologia Revista da Sociedade Brasileira de

Medicina Tropical Satildeo Paulo v 40 n 4 p 479-481 2007

SILVA G S et al [Raiva] Observatoacuterio Epidemioloacutegico Teresina jul 2010 Disponiacutevel

em lthttpwwwceutcombrobservatorioedicao2006pdf gt Acesso em 12 abr 2011

SILVA R C LANGONI H Epidemiologia da raiva em quiroacutepteros e os avanccedilos em

biologia molecular Veterinaacuteria e Zootecnia Botucatu v 18 n 1 p 19-37 2011

SISTEMA DE INFORMACcedilAtildeO DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO (Brasil) Atendimento

Anti-raacutebico humano Disponiacutevel em lthttpdtr2004saudegovbrsinanwebgt Acesso em 02

nov 2010

43

TIRIBA A C SHMAL M R Morcegos na aacuterea urbana doenccedila adquirida na moradia

Diagnoacutestico e tratamento Satildeo Paulo v 15 n 2 p 61-63 2010

VELOSO R D et al Motivos de abandono do tratamento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em Porto Alegre RS Brasil Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro v 16 n 2 p 537-

546 2011

WADA M Y et al Surto de raiva humana transmitida por morcegos no municiacutepio de Portel-

Paraacute marccediloabril de 2004 Boletim Eletrocircnico Epidemioloacutegico Brasiacutelia 2004 Disponiacutevel

em lthttpportalsaudegovbrportalarquivospdfano04_n06_sraiva_hum_

morcegos_papdfgt Acesso em 12 abr 2011

44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

42

MENEZES F L et al Distribuiccedilatildeo espaccedilo-temporal da raiva bovina em Minas Gerais 1998

a 2006 Arquivo Brasileiro de Medicina Veterinaacuteria e Zootecnia Belo Horizonte v 60 n 3

p 566-573 2008

MUumlLLER G C SEGER J GABIATTI L L Avaliaccedilatildeo dos casos de atendimento

antirraacutebico humano notificados no municiacutepio de Satildeo Miguel do Oeste ndash SC no ano de 2009

Unoesc amp Ciecircncia - ACBS Joaccedilaba v 1 n 2 p 95-105 juldez 2010

ORGANIZACcedilAtildeO PANAMERICANA DE SAUacuteDE Vigilancia epidemioloacutegica de la rabia en

las Ameacutericas 2004 Boletiacuten de Vigilancia Epidemioloacutegica Rio de Janeiro v 36 2006

PERNAMBUCO Secretaria Estadual de Sauacutede de Pernambuco Raiva em Pernambuco

Boletim de Vigilacircncia em Sauacutede Recife n 1 p 4-5 2009

QUEIROZ L H et al Perfil epidemioloacutegico da raiva na regiatildeo Noroeste do Estado de Satildeo

Paulo no periacuteodo de 1993 a 2007 Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical Satildeo

Paulo v 42 n 1 p 9-14 2009

RAMOS P M RAMOS P S Acidentes humanos com macacos em relaccedilatildeo a tratamentos

profilaacuteticos para a raiva no Municiacutepio de Satildeo Paulo Brasil Revista da Sociedade Brasileira

de Medicina Tropical Satildeo Paulo v 35 n 6 p 575-577 2002

RIGO L HONER M R Anaacutelise da profilaxia da raiva humana em Campo Grande Mato

Grosso do Sul Brasil em 2002 Cadernos de Sauacutede Puacuteblica Rio de Janeiro v 21 n 6 p

1939-1945 2005

SCHEFFER K C et al Viacuterus da raiva em quiroacutepteros naturalmente infectados no Estado de

Satildeo Paulo Brasil Revista de Sauacutede Puacuteblica Satildeo Paulo v 41 n 3 p 389-395 2007

SCHNEIDER M C Estudo de Avaliaccedilatildeo sobre aacuterea de risco para a raiva no Brasil 1990

Dissertaccedilatildeo (Mestrado) - Escola Nacional de Sauacutede Puacuteblica Fundaccedilatildeo Oswaldo Cruz Rio de

Janeiro 1990

SCHNEIDER M C et al Controle da raiva no Brasil de 1980 a 1990 Revista de Sauacutede

Puacuteblica Satildeo Paulo v 30 n 2 p 196-203 1996

SILVA M V et al Viacuterus raacutebico em morcego Nyctinomops laticaudatus na Cidade do Rio de

Janeiro RJ isolamento titulaccedilatildeo e epidemiologia Revista da Sociedade Brasileira de

Medicina Tropical Satildeo Paulo v 40 n 4 p 479-481 2007

SILVA G S et al [Raiva] Observatoacuterio Epidemioloacutegico Teresina jul 2010 Disponiacutevel

em lthttpwwwceutcombrobservatorioedicao2006pdf gt Acesso em 12 abr 2011

SILVA R C LANGONI H Epidemiologia da raiva em quiroacutepteros e os avanccedilos em

biologia molecular Veterinaacuteria e Zootecnia Botucatu v 18 n 1 p 19-37 2011

SISTEMA DE INFORMACcedilAtildeO DE AGRAVOS DE NOTIFICACcedilAtildeO (Brasil) Atendimento

Anti-raacutebico humano Disponiacutevel em lthttpdtr2004saudegovbrsinanwebgt Acesso em 02

nov 2010

43

TIRIBA A C SHMAL M R Morcegos na aacuterea urbana doenccedila adquirida na moradia

Diagnoacutestico e tratamento Satildeo Paulo v 15 n 2 p 61-63 2010

VELOSO R D et al Motivos de abandono do tratamento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em Porto Alegre RS Brasil Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro v 16 n 2 p 537-

546 2011

WADA M Y et al Surto de raiva humana transmitida por morcegos no municiacutepio de Portel-

Paraacute marccediloabril de 2004 Boletim Eletrocircnico Epidemioloacutegico Brasiacutelia 2004 Disponiacutevel

em lthttpportalsaudegovbrportalarquivospdfano04_n06_sraiva_hum_

morcegos_papdfgt Acesso em 12 abr 2011

44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

43

TIRIBA A C SHMAL M R Morcegos na aacuterea urbana doenccedila adquirida na moradia

Diagnoacutestico e tratamento Satildeo Paulo v 15 n 2 p 61-63 2010

VELOSO R D et al Motivos de abandono do tratamento antirraacutebico humano poacutes-exposiccedilatildeo

em Porto Alegre RS Brasil Ciecircncia amp Sauacutede Coletiva Rio de Janeiro v 16 n 2 p 537-

546 2011

WADA M Y et al Surto de raiva humana transmitida por morcegos no municiacutepio de Portel-

Paraacute marccediloabril de 2004 Boletim Eletrocircnico Epidemioloacutegico Brasiacutelia 2004 Disponiacutevel

em lthttpportalsaudegovbrportalarquivospdfano04_n06_sraiva_hum_

morcegos_papdfgt Acesso em 12 abr 2011

44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

44

ANEXO A ndash Ficha de atendimento antirraacutebico humano

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

45

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)

46

ANEXO B - Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo

celular

Esquema para tratamento profilaacutetico antirraacutebico humano com a vacina de cultivo celular

Condiccedilotildees do animal

agressor

Catildeo ou gato sem suspeita

de raiva no momento da

agressatildeo

Catildeo ou gato clinicamente

suspeito de raiva no

momento da agressatildeo

Catildeo ou gato raivoso desaparecido ou morto

Animais silvestres2 (inclusive os

domiciliados) animais domeacutesticos de

interesse econocircmico ou de produccedilatildeo Tipo de agressatildeo

Contato Indireto bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Natildeo tratar

Acidentes Leves

bull ferimentos

superficiais pouco

extensos geralmente

uacutenicos em tronco e

membros (exceto matildeos

e polpas digitais e

planta dos peacutes) podem

acontecer em

decorrecircncia de

mordeduras ou

arranhaduras causadas

por unha ou dente

bull lambedura de pele

com lesotildees

superficiais

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso administrar 5 doses

de vacina (dias 0 3 7 14 e

28)

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar tratamento com 2

(duas) doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso completar o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com 5

(cinco) doses de vacina administradas nos dias

0 3 7 14 e 28

Acidentes Graves

bull ferimentos na cabeccedila

face pescoccedilo matildeo

polpa digital eou

planta do peacute

bull ferimentos profundos

muacuteltiplos ou extensos

em qualquer regiatildeo do

corpo

bull lambedura de

mucosas

bull lambedura de pele

onde jaacute existe lesatildeo

grave

bull ferimento profundo

causado por unha de

gato

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Iniciar tratamento com

duas doses uma no dia 0 e

outra no dia 3

bull Se o animal permanecer

sadio no periacuteodo de

observaccedilatildeo encerrar o

caso

bull Se o animal morrer

desaparecer ou se tornar

raivoso dar continuidade ao

tratamento administrando o

soro3 e completando o

esquema ateacute 5 (cinco)

doses Aplicar uma dose

entre o 7ordm e o 10ordm dia e uma

dose nos dias 14 e 28

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar o tratamento com

soro3 e 5 doses de vacina

nos dias 0 3 7 14 e 28

bull Observar o animal durante

10 dias apoacutes exposiccedilatildeo

bull Se a suspeita de raiva for

descartada apoacutes o 10ordm dia de

observaccedilatildeo suspender o

tratamento e encerrar o

caso

bull Lavar com aacutegua e sabatildeo

bull Iniciar imediatamente o tratamento com soro3

e 5 (cinco) doses de vacina nos dias 0 3 7 14 e

28

(1) Eacute preciso avaliar sempre os haacutebitos e cuidados recebidos pelo catildeo e gato Podem ser dispensados do tratamento as pessoas agredidas por

catildeo ou gato que com certeza natildeo tem risco de contrair a infecccedilatildeo raacutebica Por exemplo animais que vivem dentro do domiciacutelio

(exclusivamente) natildeo tenham contato com outros animais desconhecidos e que somente saem agrave rua acompanhados dos seus donos que natildeo

circulem em aacuterea com a presenccedila de morcegos hematoacutefagos

Em caso de duacutevida iniciar o esquema de profilaxia indicado Se o animal for procedente de aacuterea de raiva controlada natildeo eacute ne cessaacuterio iniciar

o tratamento Manter o animal sob observaccedilatildeo e soacute indicar o tratamento (soro + vacina) se o animal morrer desaparecer ou se tornar raivoso

(2) Nas agressotildees por morcegos deve-se indicar a soro-vacinaccedilatildeo independente da gravidade da lesatildeo ou indicar conduta de reexposiccedilatildeo

(3) Aplicaccedilatildeo do soro peri-focal na(s) porta(s) de entrada Quando natildeo for possiacutevel infiltrar toda dose a quantidade restante deve ser aplicada

pela via intramuscular podendo ser utilizada a regiatildeo gluacutetea

Fonte Guia de Vigilacircncia Epidemioloacutegica (2005)