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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL SERRA DOS ÓRGÃOS CENTRO UNIVERSITÁRIO SERRA DOS ÓRGÃOS CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO A IMPORTÂNCIA DAS QUESTÕES AMBIENTAIS NAS ORGANIZAÇÕES EDUARDO ANDRADE VIEIRA MACIEL TERESÓPOLIS MAIO DE 2010

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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL SERRA DOS ÓRGÃOS CENTRO UNIVERSITÁRIO SERRA DOS ÓRGÃOS

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

A IMPORTÂNCIA DAS QUESTÕES AMBIENTAIS NAS ORGANIZAÇÕES

EDUARDO ANDRADE VIEIRA MACIEL

TERESÓPOLIS MAIO DE 2010

1

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL SERRA DOS ÓRGÃOS CENTRO UNIVERSITÁRIO SERRA DOS ÓRGÃOS

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

A IMPORTÂNCIA DAS QUESTÕES AMBIENTAIS NAS ORGANIZAÇÕES

EDUARDO ANDRADE VIEIRA MACIEL

Trabalho de curso elaborado como requisito obrigatório para a obtenção do título de bacharel em Administração, no UNIFESO, sob orientação do Professor Jucimar André Secchin.

TERESÓPOLIS MAIO DE 2010

2

Dedico este trabalho a Deus, que tornou tudo isso possível. À

minha família, pois acreditaram, apoiaram e investiram em

mim. À minha amada Camila, pelo amor, carinho e

companheirismo. E a todos os amigos e colegas, pois nesta

trajetória compartilhamos ótimos momentos.

.

3

AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço a Deus, que é onipotente, onisciente e onipresente, e deu

direcionamento nos caminhos a serem seguidos até hoje. E também a toda minha

família e a Camila pelo amor e carinho em todos os momentos.

Ao meu orientador, Professor Secchin, pelo apoio, suporte, e companheirismo

durante todo o trabalho.

À professora Rita Mello, pela presteza e atenção quanto à adequação necessária

para a conclusão do trabalho.

Aos companheiros de trabalho da Secretaria Municipal de Meio Ambiente: Secretário

de Meio Ambiente Cel. Flávio Castro, Assessor Especial Raimundo Lopes, e

Coordenador de Meio Ambiente Fabrício Diniz, que me cederam materiais

valiosíssimos e me instruíram quando solicitados.

Aos amigos Léo, Júnior, Levi e Fabiano, não necessariamente nesta ordem.

Aos amigos e companheiros Rodolpho, Ana Elisa, Michelle, Alini, Guilherme e

Richard.

E a todos que de alguma forma fizeram parte desta trajetória e também aos que

fazem parte da minha vida.

4

“O temor do Senhor é o princípio do saber, mas os loucos

desprezam a sabedoria e o ensino”.

(Provérbios de Salomão, 1.7)

5

SUMÁRIO RESUMO................................................................................................................ 07 ABSTRACT............................................................................................................ 08 1. INTRODUÇÃO.................................................................................................... 09

1.1. Justificativa................................................................................................... 11 1.2. Objetivo Geral.............................................................................................. 11 1.3. Objetivos Específicos................................................................................... 12 1.4. Metodologia................................................................................................. 12

2. A INDUSTRIALIZAÇÃO E O MEIO AMBIENTE................................................ 13

2.1. A Revolução Industrial................................................................................. 13 2.2. A Segunda Guerra Mundial e a Industrialização......................................... 15 2.3. Os Estados Unidos e a Ideia do Desenvolvimento...................................... 16

3. A RELAÇÃO ENTRE ECONOMIA E MEIO AMBIENTE................................... 19

3.1. A Interação do Homem com a Natureza...................................................... 19 3.2. Os Impactos sobre o Meio Ambiente........................................................... 20 3.3. Os Modelos Globais de Impactos Ambientais e os Regionais.................... 23

3.3.1. Os Modelos Globais........................................................................... 23 3.3.2. Os Modelos Regionais....................................................................... 25

4. O INÍCIO DA CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL............................................. 27

4.1. O Início da Conscientização Ambiental....................................................... 27 4.2. O Surgimento e Atuação das ONGs Ambientalistas.................................... 30

4.2.1. WWF – World Wide Fund for Nature.................................................. 31 4.2.2. Greenpeace........................................................................................ 31 4.2.3. TNC – The Nature Conservancy........................................................ 32 4.2.4. CI – Conservation International.......................................................... 32 4.2.5. WCS – World Conservation Society................................................... 33

6

5. O LICENCIAMENTO AMBIENTAL.................................................................... 34 5.1. Surgimento................................................................................................... 34 5.2. Importância.................................................................................................. 35 5.3. A Política Nacional do Meio Ambiente e o Sistema Nacional do Meio Ambiente............................................................................................................. 36 5.4. O Licenciamento Ambiental e o CONAMA.................................................. 38 5.5. As Atividades Passíveis de serem Licenciadas........................................... 39 5.6. As Fases do Licenciamento Ambiental........................................................ 41

5.6.1. Licença Prévia.................................................................................... 41 5.6.2. Licença de Instalação......................................................................... 42 5.6.3. Licença de Operação......................................................................... 42

6. A GESTÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL........................................................ 44

6.1. Oportunidades e Ameaças Provenientes das Questões Ambientais.......... 46 6.2. Modelos de Gestão Ambiental..................................................................... 48

6.2.1. Administração da Qualidade Total Ambiental.................................... 49 6.2.2. Produção Mais Limpa......................................................................... 49 6.2.3. Ecoeficiência...................................................................................... 50 6.2.4. Projeto para o Meio Ambiente............................................................ 50 6.2.5. A Combinação dos Modelos de Gestão Ambiental............................ 51

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 53 REFERÊNCIAS...................................................................................................... 55

7

RESUMO

A industrialização, desde o advento da Revolução Industrial, vem causando impactos no meio ambiente, por vezes irreversíveis. A pressão sobre o meio ambiente vem aumentando paulatinamente, de modo que a preocupação dos governantes, Organizações Não Governamentais - ONGs, Organização das Nações Unidas - ONU e, sociedade, vêm crescendo proporcionalmente. Exemplo disso é a atuação de todos, como por exemplo, as ONGs que têm lutado para promover uma mudança de atitudes; a ONU que tem realizado diversas conferências para tratar do tema Meio Ambiente; o Poder Público que tem criado leis objetivando a gestão ambiental e o controle e adequação de atividades poluidoras; a sociedade e o mercado que têm pressionado às organizações para implementarem modelos de gestão ambiental que modifiquem seus processos, produtos e serviços, de modo a não poluir o meio ambiente. Todo esse esforço tem a finalidade de estabelecer um meio ambiente equilibrado, sustentável, que supra a necessidade de todos, sem comprometer a qualidade de vida desta geração e das vindouras. Palavras-chaves: meio ambiente, industrialização, licenciamento ambiental, gestão

ambiental.

8

ABSTRACT

Industrialization, since the advent of the Industrial Revolution, has caused environmental impacts, sometimes irreversible. The pressure on the environment has been increasing steadily, so that the concern of governments, Non-Governmental Organizations - NGOs, United Nations - UN, and society has grown proportionately. An example is the performance of all, for example, NGOs that have struggled to promote a change of attitudes, the UN has conducted several conferences to discuss the theme Environment, the municipal government which has created laws ainmed at management and environmental control and suitability of polluting activities, the society and the market that have pushed organizations to implement environmental management models that modify their processes, products and services so as not to pollute the environment. All this effort has the goal of establishing a balanced environment, sustainable, above all the need, without compromising the quality of life of this generation and generations.

Keywords: Environment, industrialization, environmental licensing, environmental

management.

9

1. INTRODUÇÃO Desde os primórdios da vida humana o Homem vem utilizando e fazendo

intervenções no meio ambiente, seja para se alimentar, se vestir, construir moradias,

etc.

Todavia, os efeitos destas intervenções humanas no meio ambiente se

intensificaram e puderam ser mais sentidos a partir da denominada Revolução

Industrial. Esta se caracterizou pela transição do artesão para o operário. Nesta

época foi visto o aumento significativo das fábricas e indústrias que lançavam mais

poluentes na natureza, causando sua degradação.

As indústrias foram avançando tecnologicamente juntamente com o aumento da

degradação ambiental, podendo-se citar como exemplo os avanços nas áreas de

transportes e de comunicações e, a implementação, em 1908, da linha de produção

de automóveis.

A Primeira e Segunda Guerras Mundiais se caracterizaram por um aumento

exponencial no desenvolvimento da indústria bélica, mais intensamente na segunda.

Tanto que, após o fim da Segunda Guerra Mundial, alguns países se consolidaram

como potências econômicas e industriais, encabeçadas pelos Estados Unidos.

Logo após o fim da segunda grande guerra mundial, a industrialização e a

degradação ambiental se intensificaram por causa da denominada era do

desenvolvimento e também por causa da Guerra Fria, pois os países que eram tidos

10

como os mais desenvolvidos econômica e industrialmente buscavam ratificar sua

liderança mundial, investindo intensamente na indústria nuclear.

Com esse desenvolvimento intensivo da indústria, não havendo qualquer tipo de

prevenção e controle das atividades que causam impactos ambientais, começaram a

acontecer diversas catástrofes ambientais que despertaram a atenção e o interesse

tanto da sociedade quanto do Poder Público.

Juntamente com essas tragédias ambientais começaram a surgir diversas

Organizações Não Governamentais ambientalistas - ONGs ambientalistas, bem

como aumentou a quantidade de autores que começaram a abordar as questões

ambientais. A ONU também começou a se preocupar mais fortemente com estas

questões quando aconteceram várias catástrofes em vários países industrializados,

passando a realizar diversas conferências para tratar do tema.

No Brasil, o Poder Público começou a controlar as atividades poluidoras do meio

ambiente na década de 1970, sendo que o Rio de Janeiro, em 1975, foi pioneiro ao

regular o Licenciamento Ambiental de atividades poluidoras. Desta década em

diante, o entendimento acerca das questões relacionadas ao meio ambiente foi se

desenvolvendo, sendo criada, através da Lei 6.938/81, a Política Nacional do Meio

Ambiente e o Sistema Nacional de Meio Ambiente. Dentro do SISNAMA, o CONAMA

é o órgão consultivo e deliberativo que tem a finalidade de assessorar, estudar e

propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio

ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre

normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e

essencial à sadia qualidade de vida.

No âmbito empresarial, as questões ambientais começaram a ser encaradas do

ponto de vista estratégico, sendo necessárias adaptações nas estruturas

organizacionais a fim de tratar deste novo paradigma, a gestão ambiental.

Devido às pressões que as organizações vêm sofrendo pelos consumidores, Poder

Público, ONGs e o próprio mercado, não há como deixar as questões ambientais

11

fora das estratégias organizacionais, por se tratar de um ponto crucial para

sobrevivência das mesmas.

Sendo assim, modelos de gestão ambiental foram e vêm sendo criados para atender

a necessidade das empresas, tal como será abordado no sexto capítulo deste

trabalho.

1.1. Justificativa

Nos últimos séculos, principalmente a partir da revolução industrial, um novo modelo

de civilização começou a surgir. Esse modelo preza pela industrialização, por meio

da produção e organização do trabalho, com o objetivo de satisfazer necessidades

e vontades humanas crescentes. Porém, para que tudo isso ocorra é necessária

uma maior intervenção humana na natureza, que é a detentora dos recursos

naturais utilizados na produção.

À medida que novas tecnologias vão sendo desenvolvidas, também vai aumentando

a intervenção humana na natureza, por vezes, provocando impactos ambientais que

nem sempre podem ser mitigados.

Diante desta realidade, o Poder público vem se mobilizando há alguns anos para

elaboração de medidas que visem diminuir os impactos ambientais causados por

atividades que sejam causadoras ou tenham potencialidade para causar danos ao

meio ambiente. Além do mais, a pressão da sociedade também vem crescendo

sobre as empresas para que estas se adaptem às leis e à realidade ambiental que

vivemos. Então, é imprescindível para as empresas a preocupação com as questões

ambientais, pois sua permanência no mercado também depende disso.

1.2. Objetivo Geral

O objetivo geral deste trabalho é ressaltar a importância de se manter o meio

ambiente equilibrado e a importância que as questões ambientais têm para as

12

empresas, tendo como base revisões críticas das obras literárias mais recentes

existentes acerca do assunto.

1.3. Objetivos Específicos

Apresentar como a Revolução Industrial e a própria industrialização e os

modelos de desenvolvimento no decorrer dos anos foram causando impactos

ambientais, degradação do meio ambiente e, até mesmo, grandes catástrofes

ambientais.

Relatar como os movimentos ambientais começaram a surgir e a

consequente preocupação com o meio ambiente. Apontar o início da preocupação com as questões ambientais no Brasil por

parte do Poder Público e as medidas tomadas para controlar as atividades

causadoras de impactos ambientais.

Destacar a importância da gestão ambiental e suas consequências para as

empresas.

1.4. Metodologia

A metodologia a ser utilizada será a revisão bibliográfica.

13

2. A INDUSTRIALIZAÇÃO E O MEIO AMBIENTE

2.1. A Revolução Industrial Antes de acontecer a Revolução Industrial, o que ocorria na Inglaterra dos séculos

XVI e XVII era o processo de desenvolvimento capitalista, alimentado pela revolução

comercial, que estava ligada à circulação de mercadorias. Neste período, a

Inglaterra foi o país que mais acumulou capital, chegando a formar um dos maiores

impérios coloniais da época, graças ao seu poderio naval e comercial.

A partir do século XVIII, impulsionado por seu grande acúmulo de capital conseguido

na época do capitalismo comercial, teve início na Inglaterra a chamada Revolução

Industrial, que é assim denominada por conta das transformações que o setor

produtivo passou por causa dos avanços das técnicas de cultivo e mecanização das

fábricas, passando a utilizar intensivamente máquinas para produzir os bens que

estavam sendo demandados pela sociedade da época. Foi a partir da criação da

máquina a vapor por James Watt e sua aplicação na produção que as mudanças

estruturais na sociedade foram perceptíveis, alterando drasticamente as ordens

econômica, política e social da época (CHIAVENATO, 1999).

Segundo Chiavenato (1999), a Revolução Industrial pode ser dividida em duas

épocas. A primeira época corresponde à 1ª Revolução Industrial ou revolução do

carvão e do ferro (1780 a 1860). A segunda época corresponde à 2ª Revolução

Industrial ou revolução do aço e da eletricidade.

14

A Primeira Revolução Industrial pode ser dividida em quatro fases. Segundo

Andrade e Amboni (2007), a 1ª fase corresponde à mecanização da indústria e da

agricultura, onde a força motriz muscular do homem foi substituída pela máquina; a

2ª fase foi quando a força motriz foi aplicada à indústria, onde as oficinas foram

transformadas em fábricas; a 3ª fase foi o desenvolvimento do sistema fabril, que fez

com que os artesãos dessem lugar aos operários das fábricas; a 4ª fase foi onde

aconteceu o aceleramento dos transportes e das comunicações, sendo que nesta

fase ocorreram as invenções do telégrafo elétrico e do selo postal.

Com a Primeira Revolução Industrial pôde-se observar que em pouco mais de 80

anos a indústria, a sociedade e a economia passaram por mudanças e avanços que

jamais haviam passado em toda a sua história, consolidando a implantação do

modelo capitalista. A partir do ano de 1860, a Revolução Industrial entrou na sua 2ª

etapa, que “foi marcada pela substituição do ferro pelo aço e do vapor pela

eletricidade” (ANDRADE E AMBONI, 2007, p. 46). Nesta 2ª Revolução Industrial,

foram marcantes os acontecimentos que envolveram o desenvolvimento das

indústrias químicas, elétricas, de metalurgia e petrolífera. Também foi marcada pela

ascensão dos Estados Unidos e da Alemanha como potências industriais, juntando-

se às outras potências já existentes, tais como Inglaterra e França.

De acordo com Chiavenato (1999), a 2ª Revolução Industrial apresentou

características muito importantes, passando pela substituição do ferro pelo aço, do

vapor pela eletricidade, do crescente domínio da tecnologia sobre a indústria, dos

avanços na área dos transportes e comunicações, da construção de automóveis na

Alemanha em 1880, da criação da linha de produção em 1908 por Henry Ford, e da

primeira experiência com o avião por Santos Dumont.

Os avanços tecnológicos da época intensificaram a exploração dos recursos

naturais existentes. Acerca deste assunto Andrade e Amboni (2007) afirmam que a

economia e a administração têm um objetivo comum, que é maximizar a utilização

dos recursos no trabalho. Para se produzir bens e serviços são necessários os

chamados fatores de produção. Estes são os meios utilizados pelo homem para

produzir bens e serviços e, segundo Bellia (1996), s fatores de produção são

divididos em capital, trabalho e natureza. Os fatores de produção vêm sendo

15

utilizados pelo homem ao longo do tempo para a produção de bens e serviços que

venham de encontro à satisfação de suas necessidades, sendo que seu uso se

intensificou com o advento da Revolução Industrial e vêm se intensificando

paulatinamente até os dias atuais. É importante ressaltar que dentre estes três

fatores citados, é o fator natureza, também definido como recursos naturais, o que

mais reflete as consequências do seu uso e exploração na atividade econômica.

2.2. A Segunda Guerra Mundial e a Industrialização O desenvolvimento industrial capitalista dos Estados Unidos os elevou ao status de

maior potência capitalista e imperialista mundial após a 1ª Guerra Mundial. Em 1939,

teve início a 2ª Guerra Mundial. As causas desta, segundo concordância da maioria

dos historiadores, deveram-se às penalidades imputadas à Alemanha pelo Tratado

de Versalhes1. Este tratado engloba várias sanções à Alemanha além de perdas de

territórios conquistados, tais como a cidade de Danzig e também o território de

Sarre, rico em carvão, que teve de ser cedido à França por 15 anos. Este tratado foi

gerando um sentimento de revolta e injustiça na Alemanha e, com isso, nela

começou a crescer um sentimento nacionalista muito forte. Diante desta situação a

Alemanha começou a descumprir o Tratado de Versalhes e se industrializar mui

fortemente com o intuito de voltar a ser uma potência industrial como era

anteriormente. Tão fortemente que, segundo Marek2

1 O Tratado de Versalhes foi imposto pelos países vencedores da Primeira Guerra Mundial (Estados Unidos, França e Inglaterra) aos países perdedores (Alemanha e Áustria). 2 MAREK, Michael. A Indústria Alemã e a Segunda Guerra Mundial. Disponível em: <http://www.2guerra.com.br/sgm/index.php?option=com_content&task=view&id=558&Itemid=32> Acesso em: 05 jan. 2010.

(2008, s/p), “ao final da guerra,

o patrimônio da indústria alemã era 17 vezes maior do que em 1939”.

Os países estavam aperfeiçoando e ampliando suas indústrias bélicas. A economia

armamentista, apesar de seu lado obscuro, trazia uma suposta saída para a crise de

1929 que abalara o sistema capitalista mundial. Nos Estados Unidos, a produção

industrial de armamentos dobrou em cinco anos e os empregos industriais passaram

de 10 milhões para 17 milhões entre o período de 1939 e 1943 (MILWARD, 1986).

16

Acerca da industrialização dos países envolvidos na guerra, Coggiola3

As exportações dos Estados Unidos passaram de pouco mais de 5 bilhões de dólares, em 1941, para quase 14,5 bilhões, em 1944. No período 1938-1944, a produção de guerra passou de 2 para 100 nos Estados Unidos; de 4 para 100 na Inglaterra; de 16 para 100, na Alemanha; de 8 para 100 no Japão. A transformação das economias capitalistas em economias de guerra e os diversos pontos de partida para atingir tal objetivo determinam, em última instância, a superioridade dos Aliados: calcula-se em 80 bilhões de dólares o valor do material de guerra produzido pelos Estados Unidos, pela Inglaterra e pelo Canadá, no período anterior ao desembarque de 6 de julho de 1944. No mesmo período, a Alemanha e seus aliados tiveram uma produção equivalente a 15 bilhões, isto é, uma superioridade de mais de 5 para 1 em favor dos Aliados, do ponto de vista dos recursos econômicos consagrados ao esforço bélico. (COGGIOLA)

(s/p) ainda

afirma:

4

No discurso de Truman, em 1949, ele utilizou o adjetivo subdesenvolvidos para

caracterizar os países do sul, enquanto utilizava o adjetivo desenvolvidos para

caracterizar os países do norte. Esse discurso fez com que dois terços da população

mundial percebessem uma condição de subdesenvolvimento antes não percebida e,

Diante do que acima foi exposto fica notável que a Segunda Guerra Mundial foi,

além de outras coisas, um meio para que os países capitalistas saíssem da crise

que os abalara. Com o fim da Segunda Guerra Mundial os Estados Unidos

reforçaram sua posição de maior potência mundial e era tida como uma máquina

produtiva formidável e incansável, algo nunca antes visto na história.

2.3. Os Estados Unidos e a Ideia do Desenvolvimento

Os Estados Unidos estavam numa posição privilegiada e tinham a intenção de

consolidá-la de modo permanente. Sendo assim, os norte-americanos criaram uma

campanha política global que levaria a sua intenção de modo indireto. O lançamento

dessa campanha se deu na posse do Presidente Truman, em 1949, fazendo nascer

a chamada era do desenvolvimento.

3 Osvaldo Coggiola é professor do Departamento de História da Universidade de São Paulo. 4 COGGIOLA, Osvaldo. O Sentido histórico da Segunda Guerra Mundial. Disponível em: <http://www.oolhodahistoria.ufba.br/01sentid.html> Acesso em: 05 jan. 2010.

17

ao mesmo tempo, lançou os Estados Unidos como um modelo de desenvolvimento

a ser seguido por todas as nações. O desenvolvimento está associado ao

crescimento, evolução, maturação. Este significado de desenvolvimento fez com que

dois terços da população mundial se lembrassem do que não são, tendo, com isso,

que se escravizarem com sonhos e experiências de alheias (ESTEVA, 2000). Desta

forma, os países ditos subdesenvolvidos começaram a se espelhar nos

desenvolvidos, passando a almejar e buscar o mesmo desenvolvimento adquirido

pelos países altamente industrializados. Desta maneira, segundo Robert (2000), o

discurso de Truman em 1949 popularizou o termo desenvolvimento e tinha como

objetivo supostamente ajudar os povos, para que por meio de seus próprios

esforços, produzissem mais alimentos, mais roupas, mais casas e mais força

mecânica para ajudá-los.

Com os países desenvolvidos correndo para se desenvolverem e crescerem cada

vez mais e, agora também, os países ditos subdesenvolvidos tendo o mesmo

modelo de desenvolvimento, a utilização do fator de produção denominado natureza

aumentou, fazendo ocorrer uma pressão no meio ambiente, aumentando sua

degradação e, consequentemente, uma piora da qualidade de vida da sociedade.

O conceito de desenvolvimento passou a ser visto sob outra ótica, sendo reduzido a

crescimento econômico. Segundo Esteva (2000, p. 66), o “desenvolvimento passou

a constituir um simples crescimento de renda per capta nas áreas economicamente

subdesenvolvidas”. E ainda afirma que em 1955, a máxima de Lewis era de que

primeiramente o tema era crescimento e não a distribuição. Esta situação explicita a

intenção de crescimento sem que houvesse preocupação com o bem-estar da

sociedade. E também alimentava a desigualdade social e a concentração de renda.

Em meio a essa idéia de crescimento econômico, em 1969, um relatório da ONU

apontava para as deficiências deste tipo de desenvolvimento econômico dos países,

alertando que quanto mais rápido for este crescimento econômico, mais rápido

também é o crescimento das desigualdades:

18

O fato de que o desenvolvimento deixa em seu caminho, ou de alguma forma até cria, grandes áreas de pobreza, estagnação, marginalidade e uma verdadeira exclusão do progresso social e econômico é demasiado evidente e demasiado urgente para ser ignorado. (apud ESTEVA, 2000, p.68)

Os relatórios que eram emitidos periodicamente pela ONU tiveram importante

influência ao destacar e denunciar que o desenvolvimento econômico da época não

trazia o que era prometido: o próprio desenvolvimento. Pois não era o crescimento

econômico puro e simples que traria o desenvolvimento aos países

subdesenvolvidos, mas sim um desenvolvimento que trouxesse mudanças sociais e

culturais, que fossem qualitativas e quantitativas ao mesmo tempo. As Propostas de

Ação da Primeira Década de desenvolvimento da ONU trouxeram à existência a

ideia do desenvolvimento social, que identificava que:

O problema dos países subdesenvolvidos não é simplesmente o crescimento, mas sim o desenvolvimento... Desenvolvimento é o crescimento com mudanças (e acrescentou)... As mudanças, por sua vez, são sociais e culturais, econômicas, e qualitativas como quantitativas... O conceito-chave é melhorar a qualidade de vida das pessoas. (apud ESTEVA, 2000, p.68)

Desta maneira começou-se a verificar que os modelos de desenvolvimento que

vinham sendo adotados até o momento não atendiam às expectativas da sociedade,

sendo necessário, portanto, um modelo de desenvolvimento que fosse sustentável,

de maneira que atendesse às necessidades da sociedade, melhorando a sua

qualidade de vida, contudo, sem degradar o meio ambiente.

19

3. A RELAÇÃO ENTRE ECONOMIA E MEIO AMBIENTE 3.1. A Interação do Homem com a Natureza

Os conhecimentos existentes sobre geologia e paleontologia permitem afirmar que a

Natureza está sempre em estágio evolutivo, sendo que ocorre a diversificação

biológica em nosso planeta desde o surgimento da vida. Os organismos individuais

se adaptam ao ambiente físico, sendo que, desta forma, estes organismos se

desenvolvem em conjunto, assim como nos ecossistemas (ODUM, 1988).

O Homem surgiu na natureza como a única espécie capaz de raciocinar, fato este

que permitiu com que o Homem modificasse a natureza e a adaptasse segundo

suas vontades e necessidades ao invés de somente adaptar-se a ela como os

outros organismos. Desta maneira, o planeta começou a sofrer modificações

causadas pelo Homem, além das modificações naturais.

As diferentes formas dos seres humanos de se relacionarem economicamente com

o meio ambiente é que transformam os elementos naturais em recursos naturais. E

esses recursos naturais são utilizados pelos seres humanos de forma variada,

dependendo da tecnologia empregada, das finalidades, dos conhecimentos

disponíveis no momento, entre outros. Por exemplo, antigamente o petróleo era

utilizado por curandeiros como remédio, sendo que, atualmente, o petróleo é um dos

principais recursos que movem as indústrias e os transportes.

20

Sendo assim, os recursos naturais podem ser caracterizados como partes da

natureza que podem ser aproveitadas pelo Homem num determinado momento, pois

são a inteligência humana e o trabalho que fazem com que estas partes da natureza

sejam transformadas em recursos:

Os seres humanos são parte integrante da natureza e, portanto, não são capazes de criá-la. Podem, porém, efetuar ações que a transformem ou alterem visando à satisfação de suas necessidades como: a derrubada de florestas para o aproveitamento dos solos para a agricultura ou a pecuária; a construção de estradas que facilitem os deslocamentos e o abastecimento; o barramento de rios para geração de energia, irrigação e fornecimento d’água etc. Através dessas ações os homens alteram o ambiente natural, recriando novos ambientes. (BELLIA, 1996, p. 20)

Acerca do que acima foi exposto não se pode deixar de analisar que, ao modificar

ou recriar um ambiente, pode-se acabar gerando efeitos colaterais positivos ou

negativos sobre a qualidade de vida dos seres humanos quando se alteram os

ecossistemas. E, como apenas o ser humano é que tem a capacidade de modificar o

meio ambiente, alterando o equilíbrio e a evolução natural dos ecossistemas, cabe a

ele, também, minimizar os efeitos e impactos sobre natureza provenientes de suas

ações. O Impacto Ambiental é caracterizado como:

Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio

ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante de

atividades humanas que, direta ou indiretamente afetem: (I) a saúde, a

segurança e o bem-estar da população; (II) as atividades sociais e

econômicas; (III) a biota; (IV) as condições estéticas e sanitárias do meio

ambiente; (V) a qualidade dos recursos ambientais. (Resolução CONAMA

nº 001/86, de 23 de janeiro de 1986, art. 1º)

3.2. Os Impactos sobre o Meio Ambiente Segundo o jornal ‘O Globo’ (apud BELLIA, 1996, p. 21), o economista Jean-Baptist

Say, há mais de 150 anos, afirmou que “as riquezas naturais são inesgotáveis; e não

podendo ser multiplicadas, nem esgotadas, não constituem objeto das ciências

econômicas”. O fato é que, naquela época, Jean-Baptist Say não contava que a

evolução econômica e tecnológica provaria tão rapidamente o quanto ele se

enganara na sua afirmação.

21

Em 1972, a Organização das Nações Unidas – ONU, convocou a primeira

conferência internacional para discutir a sobrevivência do planeta. Esta conferência

ficou marcada por levantar a questão da capacidade limitada que a natureza tem de

absorver a expansão da atividade humana e o esgotamento dos recursos naturais,

pois o homem vinha utilizando intensivamente tais recursos, além de também

levantar a questão acerca da oposição entre o crescimento econômico e a

preservação do meio ambiente.

Outro fato que pressionou e ainda continua pressionando é o crescimento da

população, que por sua vez, aumenta a demanda por recursos naturais na busca do

aumento da qualidade de vida e atendimento às necessidades básicas dos seres

humanos.

TABELA 1

CRESCIMENTO DA POPULAÇÃO MUNDIAL

TEMPO NECESSÁRIO PARA ACRESCENTAR MAIS 1 BILHÃO À POPULAÇÃO MUNDIAL

ORDEM TEMPO NECESSÁRIO ANO EM QUE ATINGIU OU ATINGIRÁ (PROJEÇÃO)

Primeiro bilhão 2.000.000 de anos 1830 Segundo bilhão 100 anos 1930 Terceiro bilhão 30 anos 1960 Quarto bilhão 15 anos 1975 Quinto bilhão 11 anos 1986 Sexto bilhão 9 anos 1995 Fonte: Nações Unidas, apud Brown (1980)

De acordo com a tabela 1 a população mundial atingiu o primeiro bilhão no ano de

1830, sendo que ela dobrou em 100 anos e, passados somente 30 anos, dobrou

novamente, chegando aos 4 bilhões no ano de 1975. Sendo que atingiu o sexto

bilhão na década de 90 do século XX. Esse aumento da população faz, obviamente,

aumentar a pressão sobre os recursos naturais, fazendo com que em algumas

22

vezes não dê tempo de a natureza se restabelecer. Este fato causa

questionamentos acerca de impactos ambientais que podem, porventura, extinguir a

vida e a espécie humana se os recursos ambientais não forem administrados com

responsabilidade e prudência.

Em 1983, a Organização das Nações Unidas – ONU, criou a Comissão Mundial

sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, sendo que em 1987, esta publicou um

relatório chamado ‘Nosso Futuro Comum’, que colocava os seres humanos no

centro das preocupações e fazia uma interligação entre as questões ambientais e o

desenvolvimento. Neste relatório a ONU constatou que as tendências

desenvolvimentistas resultaram no aumento populacional e, consequentemente, no

aumento miséria, principalmente nos países tidos como subdesenvolvidos. A ONU

não condenou de vez o desenvolvimento, mas ressaltou a necessidade deste com

uma visão ética das obrigações com as gerações futuras. Neste relatório também

continuou a preocupação com o aumento da população e, por sua vez, o

atendimento das necessidades e desejos desta.

O fato é que a industrialização e a idéia do desenvolvimento geraram frutos que

foram muito mal distribuídos entre a sociedade e, atualmente o ser humano

consome em um ano que o planeta levou um milhão de anos para armazenar

(SACHS, 2000). E se todas as nações tivessem conseguido seguido seguir o

modelo de desenvolvimento que os Estados Unidos defendiam, as consequências

para o planeta seriam desastrosas:

Se todos os países tivessem tido sucesso e tivessem realmente seguido o exemplo industrial, seriam hoje necessários uns cinco ou seis planetas para serem usados como minas, ou como depósitos de lixo. É, portanto, bastante óbvio que as sociedades ‘avançadas’ não são nenhum modelo que se preze. (SACHS, 2000, p. 13)

23

3.3. Os Modelos Globais de Impactos Ambientais e os Regionais

3.3.1. Os Modelos Globais

Os modelos de impactos ambientais que o planeta Terra poderia sofrer começaram

a aparecer devido à preocupação que começou a surgir com o meio ambiente,

podendo-se destacar, pontualmente, a publicação dos professores Donella e

Meadows, em 1972, intitulada ‘Limites do Crescimento’, que ganhou grande

repercussão mundial. Esta publicação tinha como objetivo alertar o mundo sobre as

consequências que o aumento da população e o esgotamento dos recursos naturais

causariam. Segundo os autores deste estudo, o esgotamento dos recursos naturais

não renováveis levaria o sistema a uma crise, pois, segundo eles, o avanço

industrial demanda recursos e estes sofrerão um aumento nos preços conforme sua

escassez for aumentando; desta forma, cada etapa de avanço industrial exigirá mais

capital para se obter os mesmos recursos, levando esta situação para um momento

em que os investimentos não serão suficientes para suportar as amortizações.

Segundo os autores do estudo, a situação pioraria ainda mais, pois foi considerado o

aumento populacional como uma constante, então, o consumo também aumentaria

proporcionalmente ao aumento populacional.

A preocupação com as questões de impactos de magnitude global vem aumentando

gradativamente, contudo, segundo Bellia (1996, p.28) “suas defesas, todavia, são

relativamente frágeis, à medida que falta comprovação material e/ou histórica dos

modelos matemáticos que lhe dão suporte (calibração dos modelos)”. Um exemplo

claro da desconfiança acerca destes modelos foi na Conferência Mundial Sobre

Meio Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92), quando os Estados Unidos se

recusaram a assinar as declarações correspondentes sob alegação de sua

imponderabilidade.

De fato, as estimativas de crescimento populacional não corresponderam às

previsões de Donella e Meadows, pois, de acordo com a tabela apresentada a

seguir, as taxas de crescimento populacional vêm diminuindo.

24

TABELA 2

ESTIMATIVAS DA POPULAÇÃO MUNDIAL (em milhões)

ANO POPULAÇÃO TOTAL ANOS TAXA DE CRESCIMENTO (%)

1965 3.336 1965-70 2,06

1975 4.079 1975-80 1,73

1985 4.851 1985-90 1,74

1990 5.292 1990-95 1,73

1995 5.770 1995-2000 1,63

2000 6.261 2000-05 1,47

2025 8.504 2020-25 0,99 Fonte: El-Badry apud Bellia (1996)

Até as consequências econômicas acerca das previsões de impactos ambientais

globais são bem desencontradas, pois foram feitas estimativas acerca do

crescimento econômico por William Cline, onde acabou analisando que o

aquecimento global reduziria o crescimento econômico em menos de 0,1% ao ano,

nos próximos dois séculos, sendo esta cifra irrelevante perante o fato de erro

admissível quando se trata de estimativas globais (Summers apud Bellia, 1996).

Na realidade, Cline (1992) não tinha por objetivo demonstrar um valor tão pequeno

para a redução do crescimento econômico, seu objetivo era chamar a atenção para

uma possível queda no PIB mundial, em torno de 20%, caso, em dois séculos, a

temperatura mundial subir 10ºC. Essa previsão de longo prazo de Cline fez surgir

várias críticas, como por exemplo, a da revista ‘The economist’ (Cline, 1992), que

afirmou que Cline apenas levou em conta os prejuízos provenientes do aumento da

temperatura mundial, esquecendo-se dos lucros provenientes do mesmo, pois, se há

perdas para o setor de esportes de inverno, esqueceu-se de se levar em

consideração os ganhos com o aumento das vendas de biquínis e bronzeadores.

Mesmo assim, não se deve deixar de levar em consideração as ameaças do

aquecimento global. Becker (1992) sugere que medidas radicais contra as emissões

25

de CO2 sejam postergadas em uma ou duas décadas, quando se terá à disposição

dados mais prováveis e ainda tempo para programar medidas de recuperação, caso

seja necessário.

3.3.2. Os Modelos Regionais

O fato é que os modelos de impactos globais são de difícil comprovação e, até,

aceitação, por parte de muitos. Entretanto, quando analisamos os impactos

ambientais regionais, a nossa visão se transforma drasticamente.

Por exemplo, a água, recurso natural abundante, que cobre cerca de 3/4 da

superfície terrestre, é tido como um recurso natural renovável devido ao chamado

ciclo hidrológico. Mesmo assim, segundo relatório do Banco Mundial, pôde-se

verificar que este recurso sofreu uma significativa redução no Mar de Aral, na antiga

União Soviética, por causa do uso intenso das suas águas para irrigação (apud

Bellia, 1996).

O que se observa é que em todos os continentes não há água suficiente para

atender a toda população, ou não há a distribuição correta deste recurso. Em

reportagem ao Jornal a Gazeta Mercantil, Fagá (apud Bellia, 1996) anunciou que a

Companhia Suzano de Papel e Celulose estudava como devolver a água que usava

nos seus processos produtivos para que os paulistanos pudessem consumi-la. Isto

feito, os paulistanos ganharam um acréscimo na oferta de água em torno de 20%,

que é de grande relevância, levando em consideração que o abastecimento de água

dos paulistanos estava sendo feito por meio de ‘rodízios’ e que eles também não

podem utilizar a água do rio Tietê por causa do alto nível de poluição, nem mesmo

após tratamento.

Outros impactos regionais identificáveis são a perda da balneabilidade de praias,

como no caso da Baía de Guanabara, a impossibilidade do uso da água para

consumo, como no caso do rio Tietê, além da redução da fauna piscícola em

algumas localidades, como Senent (apud Bellia, 1996) destaca o problema ocorrido

26

com o Lago Ontário, no Canadá. Além disso, a poluição, por vezes, nos lugares

onde seu grau é mais acentuado, causa diversas doenças respiratórias.

A tecnologia, por sua vez, tida como a solução para vários problemas da

humanidade, demonstrou certo descontrole no seu manuseio, como, por exemplo,

no caso da explosão da usina termonuclear de Chernobyl, em 1986, na Ucrânia, que

fez com que seus efeitos fossem sentidos em vários países, demonstrando que,

uma vez ocorrido o acidente, não existem formas ou meios de controlar e restringir

seus impactos.

Sendo assim, fica claro que é muito mais fácil de perceber os efeitos e impactos

ambientais em nível regional do que em nível global, em escala planetária. Bem

como a soma das ações na luta contra os impactos ambientais regionais certamente

refletirá na melhoria da qualidade de vida em nível global.

27

4. O INÍCIO DA CONSCIENTIZAÇÃO AMBIENTAL

4.1. Os Desastres Ambientais

A busca dos países pela industrialização e desenvolvimento culminou em diversos

problemas e catástrofes. E essa industrialização se intensificou por causa da

tentativa de recuperação econômica após a Segunda Guerra Mundial e também

durante a Guerra Fria, quando os países que ocupavam a liderança mundial

começaram a investir maciçamente na produção de armamentos nucleares. De

acordo com Silvia Czapski5

Se por coincidência ou não, o fato é que a questão ambiental, a preocupação com o

meio ambiente, sua degradação e consequências começaram a ser observadas

devido a uma grande catástrofe ambiental ocorrida em 1952, justamente em

Londres, berço da Revolução Industrial, onde morreram 1.600 pessoas devido à

poluição atmosférica oriunda das indústrias. E, devido ao fato das comunicações

(1998, p. 26), este incremento na produção industrial

acabou gerando “uma enorme poluição do ar, da água e da terra, chegando-se a

dramáticos problemas ambientais em centros urbanos como Nova Iorque, Los

Angeles, Berlim e Tóquio”.

As décadas de 50 e 60 do século XX foram impulsionadas pelos avanços

tecnológicos, permitindo ao homem uma ampliação da sua capacidade de alterar o

ambiente natural, notadamente nos países desenvolvidos (DIAS, 1993).

5 Silvia Czapski foi quem elaborou o texto do livro A Implantação da Educação Ambiental no Brasil, da Coordenadoria de Educação Ambiental do Ministério da Educação e do Desporto do Brasil.

28

terem se desenvolvido por causa da Segunda Guerra Mundial, esta tragédia

acontecida em Londres foi acompanhada pelo mundo todo.

O desastre de Londres não foi o único ocorrido na referida década, contudo,

segundo Genebaldo Freire Dias, ele produziu alguns efeitos:

(...) essa tragédia inglesa gerou pelo menos dois novos fatos: na Inglaterra, ocorreu um processo de debates sobre a qualidade ambiental, que culminou com a aprovação da Lei do Ar Puro, em 1956. E, nos Estados Unidos, a discussão catalisou o surgimento do ambientalismo, a partir de 1960, acompanhado de uma reforma no ensino de ciências, com a introdução da temática ambiental, mesmo que de forma ainda reducionista. (apud Czapski, 1998, p. 25)

Além desta tragédia ocorrida em Londres, houve outra na cidade de Minamata, no

Japão, em 1953, quando os japoneses sofreram os efeitos da poluição por mercúrio,

por causa dos despejos industriais. Neste episódio, milhares de pessoas começaram

a sofrer com problemas neurológicos. E esta doença ficou conhecida como Mal de

Minamata, sendo que só foi confirmada nos anos 60, quando ela voltou a acometer

a sociedade japonesa na cidade de Niigata (CZAPSKI, 1998).

Antes destas tragédias, que fizeram a sociedade voltar a atenção para as questões

ambientais, Dias (1993, p. 24) afirma que “em 1863, Thomas Huxley escrevia sobre

as interdependências entre os seres humanos e os demais seres vivos”. E também

chama a atenção a obra de George P. Marsh ‘O Homem e a Natureza’, onde ele faz

uma análise detalhada acerca da ação do homem na natureza e as causas do

declínio de civilizações antigas, destacando que as atuais civilizações poderiam ir

pelo mesmo caminho (DIAS, 1993).

Apesar das tragédias ocorridas no pós-guerra, ocorreram também fatos positivos,

como o fato de em 1948 ter sido criada a União Internacional para a Conservação da

Natureza – UICN, sendo que esta foi a mais importante organização

conservacionista até a criação Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente

– PNUMA, em 1972. Em 1951, a UICN havia elaborado um Estudo da Proteção da

Natureza no Mundo, apresentando mais de setenta relatórios de diferentes países

(CZAPSKI, 1998). Outro fato importante foi o de Albert Schweitzer ter ganhado o

prêmio Nobel da Paz em 1954 por popularizar a ética ambiental, fazendo com que

29

se iniciasse no mundo um movimento que reverenciava as coisas vivas e, ao mesmo

tempo, questionava os modelos de desenvolvimento que estavam sendo utilizados

na época. Em 1962, foi lançado o livro ‘Primavera Silenciosa’, da jornalista norte-

americana Rachel Carson. Esta obra foi praticamente um estopim para uma grande

mudança, pois conseguiu grande repercussão, vindo a se tornar um clássico do

movimento ambientalista mundial. Ela tratava de explicitar a forma como que os

setores produtivos estavam atuando, as tragédias que estavam acontecendo e a

perda da qualidade de vida devido à utilização indiscriminada de produtos químicos

e seus efeitos negativos sobre os recursos naturais. De acordo com Silvia Czapski:

O aparente inocente DDT6

Em 1972, o Clube de Roma publicou um importante relatório intitulado ‘Limites do

Crescimento’, que afirmava que se os modelos de desenvolvimento econômico não

causou um efeito imprevisto: contaminou os Grandes Lagos dos Estados Unidos, prejudicando não somente a vida aquática, como também matando milhares de aves que se alimentavam dos peixes. Ninguém previra que este veneno teria efeito cumulativo no organismo dos animais, concentrando cada vez mais seu efeito mortal. Outro efeito não calculado do veneno foi a mutação de insetos, que se tornaram resistentes ao produto, obrigando os agricultores a aplicar cada vez mais e novos venenos. Para completar, o DDT e seus similares permanecem ativos por muitas décadas no solo,com risco de contaminar os alimentos produzidos para a população humana. (Czapski, 1998, p. 26)

Pouco depois da publicação de Rachel Carson, foi lançado na Europa, em 1965, um

livro intitulado ‘Antes que a Natureza Morra’, do francês Jean Dorst. Esta obra

ganhou repercussão somente dois anos mais tarde, quando foi divulgada mais uma

catástrofe ecológica, a de que o navio petroleiro Torrei Canyon naufragara e

contaminara uma grande faixa marinha (CZAPSKI, 1998).

Devido à repercussão que as questões ambientais estavam tendo, os

questionamentos começaram a ser sistematizados, sendo que em 1968, foi fundado

o Clube de Roma, que era composto por um grupo multidisciplinar de trinta

especialistas com o intuito de discutir a crise da época e possível crise futura da

humanidade.

6 O DDT é um veneno organoclorado desenvolvido para fins bélicos, sendo que tinha se mostrado útil na agricultura. Como era barato, ele se tornara um sucesso de vendas na época. Atualmente, os produtos organoclorados são proibidos, inclusive no Brasil, porém podem ser utilizados no Brasil pelo Ministério da Saúde em casos de epidemias.

30

fossem modificados ou ajustados, a humanidade atingiria um limite do crescimento,

acarretando em um colapso. Embora este relatório tivesse sido rejeitado pelos

políticos da época, ele conseguiu despertar na sociedade a necessidade de maior

prudência nos estilos de desenvolvimento (DIAS, 1993).

Pouco tempo depois da supracitada obra do Clube de Roma, aconteceu a

Conferência da ONU sobre o Ambiente Humano, em Estocolmo, na Suécia. Esta

conferência foi muito importante, pois gerou a Declaração sobre o Meio Ambiente

Humano e estabeleceu o Plano de Ação Mundial, que tinha como meta, orientar a

humanidade com o fim de preservar o ambiente humano. Além disso, esta

importante conferência foi um marco histórico mundial, pois possibilitou o surgimento

de políticas de gerenciamento ambiental, além de reconhecer a educação ambiental

como um importante elemento para combater a crise ambiental mundial.

A partir de toda essa gama de acontecimentos, novas conferências foram

acontecendo ao longo do tempo em todo o mundo, reforçando cada vez mais a

importância do meio ambiente para a manutenção da vida e a obrigação de

preservá-lo.

4.2. O Surgimento e Atuação das ONGs Ambientalistas

Devido às catástrofes ambientais que vinham acontecendo no mundo, começaram a

surgir grupos organizados que defendiam o meio ambiente. Estes grupos foram se

estabelecendo a partir da década de 60 do século XX, como organizações da

sociedade civil, associações de moradores, entre outros, vindo depois a serem

denominadas de Organizações Não Governamentais - ONG.

As principais ONGs ambientalistas são a WWF (World Wide Fund for Nature),

Greenpeace, TNC (The Nature Conservancy), CI (Conservation International), e

WCS (Wildlife Conservation Society).

31

4.2.1. WWF – World Wide Fund for Nature O WWF é uma das ONGs mais conhecidas e prestigiadas no mundo, que foi criada

na década de 1960, na cidade de Zurique, na Suíça. Seu objetivo, inicialmente, era

de proteger as florestas e os animais ameaçados de extinção. Sendo que, devido à

demanda de ações globais, porém agindo localmente, o WWF viu a necessidade de

se espalhar redor do planeta; atualmente, está presente em mais de cem países,

incluindo o Brasil. Em cerca de quarenta anos a organização expandiu suas

atividades e se transformou numa rede mundial que tem como objetivo a defesa do

meio ambiente, sendo que, atualmente, além de proteger as florestas e os animais

em extinção, a organização “também está preocupada em combater os diversos

tipos de poluição que afetam o solo, a atmosfera, a água doce e os oceanos,

indispensáveis para a manutenção da vida. Além disso, o WWF está em busca

constante de novas formas de utilização sustentável dos recursos naturais do

planeta”.7

7 Disponível em <http://mundodasmarcas.blogspot.com/2006/05/wwf-for-living-planet.html>.

4.2.2. Greenpeace

O Greenpeace foi criado em 1971 no Canadá por imigrantes norte-americanos,

porém sua origem começou em 1969 quando, visando impedir que os Estados

Unidos fizessem testes nucleares em Amchitka, fizeram um protesto com cerca de

dez mil pessoas. Os Estados Unidos desprezaram tal manifestação e dois anos mais

tarde programaram mais um teste, só que de maiores proporções, no mesmo local.

Sabendo disso, o Greenpeace partiu do Canadá - em uma embarcação com

ecologistas, jornalistas, engenheiros, entre outros - com destino a Amchitka. Porém,

antes de chegarem ao local de destino, a Guarda Costeira dos Estados Unidos

prendeu a tripulação e a expulsou da região. Chegando ao Canadá, o fato ocorrido

virara notícia em toda a América do Norte, acarretando um adiamento em mais de

um mês dos testes nucleares norte americanos. Esta repercussão toda levou o

Greenpeace a uma notoriedade internacional, sendo que, atualmente, está presente

em quarenta e dois países, incluindo o Brasil.

32

No Brasil, um fato marcante realizado pelo Greenpeace, foi quando pouco antes do

início da Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento,

a Eco-92, ativistas do Greenpeace vieram para o Rio de Janeiro e, no dia 26 de Abril

de 1992 – aniversário da explosão da usina nuclear de Chernobyl – plantaram 800

cruzes no pátio da Usina Nuclear de Angra dos Reis.

As ações do Greenpeace consistem em atos arriscados que chamem a atenção da

mídia para assuntos relevantes acerca do meio ambiente e, com isso, consigam

constranger os responsáveis por causar agressões e danos ao meio ambiente. Além

disso, o Greenpeace também atua em questões de “desenvolvimento sustentável,

com campanhas dedicadas às áreas de florestas (Amazônia no Brasil), clima,

nuclear, oceanos, engenharia genética, substâncias tóxicas e energia renovável” 8

A TNC foi criada em 1951 e é uma ONG voltada para a Conservação da Natureza.

Ela está presente em mais de 34 países, sendo atuante desde a década de 1980 no

Brasil, passando a ser uma organização brasileira a partir de 1994. Segundo seu

próprio site, A TNC já ajudou a proteger “mais de 47 milhões de hectares em todo o

mundo”

.

4.2.3. TNC – The Nature Conservancy

9

O Conservation International é uma das organizações conservacionistas mais

importantes no mundo. Sua fundação é datada em 1987, sendo que possui mais de

30 escritórios globais espalhados em diversos países. No Brasil, o Conservation

. No Brasil, a TNC atua na Amazônia, no Cerrado, na Caatinga, na

Floresta Atlântica e no Pantanal.

4.2.4. CI – Conservation International

8Disponível em <http://mundodasmarcas.blogspot.com/2006/07/greenpeace-another-world-is-possible.html>. 9 Disponível em <http://www.nature.org/wherewework/southamerica/brasil/about/>.

33

International atua nos biomas Amazônia, Cerrado, Mata Atlântica, Pantanal,

Caatinga e Ecossistemas Marinhos.10

A World Conservation Society (WCS) foi fundada em 1896 como New York

Zoological Society e é uma das mais importantes organizações não-governamentais

conservacionistas, estando presente em mais de 50 países, inclusive o Brasil desde

2003. Desde quando se instalou no Brasil, a WCS vem focando na conservação do

Pantanal e da região amazônica. Segundo seu próprio site, a estratégia da WCS-

Brasil “é identificar problemas críticos de conservação e desenvolver soluções

científicas e voltadas para a comunidade, que beneficiem paisagens naturais, a

fauna silvestre e as populações”

4.2.5. WCS – World Conservation Society

11

.

10 Disponível em <http://www.conservation.org.br/onde/>. 11 Disponível em < http://www.wcs.org.br/AboutUs/tabid/2169/language/pt-BR/language/en-US/Default.aspx?pt-BR=Default.aspx>.

34

5. O LICENCIAMENTO AMBIENTAL

5.1. Surgimento Com o afloramento das questões ambientais, por causa, basicamente, dos impactos

negativos que vinham sendo causados no meio ambiente, surgiu no Brasil o

Licenciamento Ambiental.

O Estado do Rio de Janeiro foi o primeiro a regular o Licenciamento Ambiental

através do Decreto-Lei nº 134, de 16 de junho de 1975 (OLIVEIRA, 2005). E, neste

mesmo ano de 1975, em 14 de agosto, foi criado o Decreto Federal 1.413, que foi o

primeiro texto legal a fazer referência ao poder dos Estados e Municípios em criar

sistemas de licenciamento ambiental que definissem aonde e como seria o

funcionamento de indústrias que tivessem potencial poluidor significativo (KRELL,

2004). Sendo que Antunes (2000) afirma que este Decreto Federal se encontra em

vigor atualmente, pois está previsto na Constituição Federal de 1988, sendo que a

única atividade que ficou restrita ao licenciamento por parte da União são os projetos

que são classificados como de interesse da segurança e do desenvolvimento

nacional.

O Licenciamento Ambiental só passou a ser exigido no âmbito federal a partir da

criação da Lei Federal 6.938/81. Esta, no caput do seu art. 10, estabelece:

35

A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento de órgão estadual competente, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente – SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis – IBAMA, em caráter supletivo, sem prejuízo de outras licenças exigíveis.

Desta maneira, tendo essa lei editada, se tornou obrigatório o licenciamento

ambiental de qualquer atividade que pudesse interferir na qualidade do meio

ambiente. Embora o Licenciamento Ambiental tivesse surgido em âmbito federal a

partir da década de 1980, apenas a partir da década de 1990 é que os órgãos

ambientais começaram, de fato, a adotá-lo de forma mais rigorosa.

5.2. Importância

O Licenciamento Ambiental é de suma importância, pois é através dele que o Poder

Público pode controlar a utilização dos recursos ambientais por parte das atividades

potencial ou efetivamente poluidoras ou modificadoras do meio ambiente. Segundo

Destefenni (2004), uma das melhores formas de controlar a ação do ser humano

sobre o meio ambiente quando houver a possibilidade de poluição do mesmo é o

Licenciamento Ambiental.

O Licenciamento Ambiental é uma condição básica para o funcionamento regular de

uma atividade econômica, sendo que ele não é apenas uma exigência por parte dos

órgãos ambientais, mas também da sociedade civil através das Organizações Não

Governamentais e do mercado (ANTUNES, 2004). E ainda, segundo o mesmo

autor, uma empresa que valoriza e atende a todos os requisitos do licenciamento

ambiental acaba por não ter problemas com o Poder Público no que se refere às

questões ambientais, fazendo com que, consequentemente, o mercado enxergue

esta empresa com bons olhos, como uma empresa ambientalmente responsável.

Assim sendo, o Licenciamento Ambiental é base para a gestão ambiental, pois neste

procedimento se objetiva adquirir uma referida licença ambiental que contém

36

diversas condicionantes a serem respeitadas pelas empresas. Também é o mais

efetivo instrumento da gestão ambiental e da Política Nacional de Meio Ambiente.

5.3. A Política Nacional do Meio Ambiente e o Sistema Nacional do Meio Ambiente A Lei Federal 6.938/81 é muito importante, chegando a ser considerada para o Meio

Ambiente, a mais respeitável norma depois da Constituição de 1988, pois

esquematizou toda a sistematização das políticas públicas ambientais brasileiras. E

também porque em seu art. 9, inciso IV, ficou classificado o Licenciamento

Ambiental como um dos instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente. E

também, esta mesma Lei dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente e

institui o Sistema Nacional de Meio Ambiente – SISNAMA.

Acerca da Política Nacional do Meio Ambiente, pode-se afirmar que esta tem por

objetivo a viabilização e compatibilização do desenvolvimento econômico e social

com a utilização dos recursos ambientais, fazendo com que esta interação se dê de

modo a valorizar a qualidade de vida (OLIVEIRA, 2005).

Já os objetivos específicos da Lei Federal 6.938/81, em seu art. 4º, são:

I - à compatibilização do desenvolvimento econômico-social com a preservação da qualidade do meio ambiente e do equilíbrio ecológico; II - à definição de áreas prioritárias de ação governamental relativa à qualidade e ao equilíbrio ecológico, atendendo aos interesses da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios; III - ao estabelecimento de critérios e padrões de qualidade ambiental e de normas relativas ao uso e manejo de recursos ambientais; IV - ao desenvolvimento de pesquisas e de tecnologias nacionais orientadas para o uso racional de recursos ambientais; V - à difusão de tecnologias de manejo do meio ambiente, à divulgação de dados e informações ambientais e à formação de uma consciência pública sobre a necessidade de preservação da qualidade ambiental e do equilíbrio ecológico; VI - à preservação e restauração dos recursos ambientais com vistas à sua utilização racional e disponibilidade permanente, concorrendo para a manutenção do equilíbrio ecológico propício à vida; VII - à imposição, ao poluidor e ao predador, da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos causados e, ao usuário, da contribuição pela utilização de recursos ambientais com fins econômicos.

37

Desta maneira, tanto o objetivo geral quanto os específicos nos leva a uma

percepção de que a Política Nacional do Meio Ambiente tem por primordial intenção

o desenvolvimento sustentável, tentando compatibilizar o desenvolvimento

econômico com o social e com a defesa do meio ambiente.

O SISNAMA, Sistema Nacional do Meio Ambiente, foi instituído pela Lei Federal

6.938/81 e é formado por órgãos e entidades da União, dos Estados, do Distrito

Federal, dos Municípios, bem como as fundações instituídas pelo Poder Público que

são responsáveis pela qualidade ambiental, conforme dispõe o artigo 6º da referida

Lei.

O Sistema Nacional do Meio Ambiente é o conjunto de instituições públicas que tem

por objetivo a atuação com propósito de defender e gerir a qualidade ambiental e

dos órgãos públicos cuja atuação pode acabar por afetar o meio ambiente (NEDER,

2002).

De acordo com o artigo 6º da Lei Federal 6.938/81, o SISNAMA é estruturado da

seguinte maneira:

I - órgão superior: o Conselho de Governo, com a função de assessorar o Presidente da República na formulação da política nacional e nas diretrizes governamentais para o meio ambiente e os recursos ambientais; II - órgão consultivo e deliberativo: o Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA), com a finalidade de assessorar, estudar e propor ao Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à sadia qualidade de vida; III - órgão central: a Secretaria do Meio Ambiente da Presidência da República, com a finalidade de planejar, coordenar, supervisionar e controlar, como órgão federal, a política nacional e as diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente; IV - órgão executor: o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis, com a finalidade de executar e fazer executar, como órgão federal, a política e diretrizes governamentais fixadas para o meio ambiente; V - Órgãos Seccionais: os órgãos ou entidades estaduais responsáveis pela execução de programas, projetos e pelo controle e fiscalização de atividades capazes de provocar a degradação ambiental; VI - Órgãos Locais: os órgãos ou entidades municipais, responsáveis pelo controle e fiscalização dessas atividades, nas suas respectivas jurisdições.

O Licenciamento Ambiental, desta forma, só poderá ser feito em órgão competente

que faça parte do SISNAMA. Conforme está estabelecido no art. 10 da Lei Federal

38

6.938/81, onde afirma que a construção, instalação, ampliação e funcionamento de

estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados

efetiva ou potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de

causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento por órgão

estadual competente, integrante do SISNAMA, sem prejuízo de outras licenças

exigíveis.

5.4. O Licenciamento Ambiental e o CONAMA O CONAMA, Conselho Nacional de Meio Ambiente, é o órgão consultivo e

deliberativo do SISNAMA, que é responsável por assessorar, estudar e propor ao

Conselho de Governo, diretrizes de políticas governamentais para o meio ambiente

e os recursos naturais e deliberar, no âmbito de sua competência, sobre normas e

padrões compatíveis com o meio ambiente ecologicamente equilibrado e essencial à

sadia qualidade de vida.

O CONAMA já emitiu 421 resoluções12

12 A 421ª resolução foi criada em 03/02/2010 e publicada no DOU 24 em 04/02/2010. Disponível em: <http://www.mma.gov.br/port/conama/legiabre.cfm?codlegi=621>

, sendo que a principal resolução do

CONAMA que trata especificamente do Licenciamento Ambiental, foi a de nº 237/97,

que regulamentou os aspectos de licenciamento ambiental estabelecidos na Política

Nacional do Meio Ambiente.

O Licenciamento Ambiental é um instrumento que visa controlar as atividades que

possam causar algum tipo de dano ao meio ambiente, sendo que as atividades que

não são capazes ou tenham uma capacidade insignificante de poluí-lo não estão

sujeitas a este procedimento. A Resolução 237/97 do CONAMA, no seu inciso 1º do

seu artigo 1º, afirma que o licenciamento ambiental é um:

39

procedimento administrativo pelo qual o órgão ambiental competente licencia a localização, instalação, ampliação e a operação de empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, consideradas efetiva ou potencialmente poluidoras ou daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradação ambiental, considerando as disposições legais e regulamentares e as normas técnicas aplicáveis ao caso.

Desta forma, são passíveis de licenciamento ambiental, quaisquer atividades que

poluam, de fato, o meio ambiente, bem como as atividades em que haja a

possibilidade de poluí-lo.

5.5. As Atividades Passíveis de serem Licenciadas O Licenciamento Ambiental é um mecanismo que tem por objetivo controlar as

atividades que possam porventura causar, ou já estejam causando poluição do meio

ambiente. Sendo assim, as atividades que não poluem não necessitam de

licenciamento ambiental.

A resolução 237/97 do CONAMA, em seu Anexo I, com o objetivo de estabelecer um

método, um parâmetro, para que os órgãos ambientais não dispensassem

atividades capazes de causar danos ao meio ambiente da exigência do

licenciamento ambiental, criou uma lista de atividades passíveis de licenciamento

ambiental bastante ampla, que abrange praticamente todos os setores da atividade

econômica. A listagem das atividades constantes no Anexo 1, segue abaixo:

I - Extração e tratamento de minerais; II - Indústria de produtos minerais não metálicos; III - Indústria metalúrgica; IV - Indústria mecânica; V - Indústria de material elétrico, eletrônico e comunicações; VI - Indústria de material de transporte; VII - Indústria de madeira; VIII - Indústria de papel e celulose; IX - Indústria de borracha; X - Indústria de couros e peles; XI - Indústria química; XII - Indústria de produtos de matéria plástica; XIII - Indústria têxtil, de vestuário, calçados e artefatos de tecidos; XIV - Indústria de produtos alimentares e bebidas; XV - Indústria de fumo; XVI - Indústrias diversas - Obras civis; XVII - Serviços de utilidade; XVIII - Transporte, terminais e depósitos; XIX – Turismo; XX - Atividades diversas; XXI - Atividades agropecuárias; XXII - Uso de recursos naturais.

Acerca da listagem do Anexo 1, embora pareça bem genérica e abrangente, existem

outras atividades passíveis de licenciamento ambiental que não estão contidas neste

40

Anexo 1 da Resolução 237/97 do CONAMA. Em contrapartida, nesta mesma

resolução em comento, no seu 2º parágrafo do seu 2º artigo é disposto que:

Caberá ao órgão ambiental competente definir os critérios de exigibilidade, o detalhamento e a complementação do Anexo 1, levando em consideração as especificidades, os riscos ambientais, o porte e outras características do empreendimento ou atividade.

Sendo assim, o critério utilizado para que uma atividade se enquadre como passível

de licenciamento ambiental é o que estabelece o caput do art. 10 da Lei Federal

6.938 de 1981, que afirma que:

A construção, instalação, ampliação e funcionamento de estabelecimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais, considerados efetiva e potencialmente poluidores, bem como os capazes, sob qualquer forma, de causar degradação ambiental, dependerão de prévio licenciamento de órgão estadual competente, integrante do Sistema Nacional do Meio Ambiente - SISNAMA, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis - IBAMA, em caráter supletivo, sem prejuízo de outras licenças exigíveis.

Então, em resumo, o objeto do licenciamento ambiental é o impacto ambiental, pois

é nele que se verifica se uma atividade é potencial ou efetivamente causadora de

degradação ao meio ambiente.

Impacto ambiental é a modificação causada no meio ambiente oriunda da

intervenção humana (ANTUNES, 2000). Acerca do Impacto Ambiental, a Resolução

001/86 do CONAMA, trata especificamente deste tema, afirmando em seu artigo 1º

que:

Para efeito desta Resolução, considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I - a saúde, a segurança e o bem-estar da população; II - as atividades sociais e econômicas; III - a biota; IV - as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente; V - a qualidade dos recursos ambientais.

41

5.6. As Fases do Licenciamento Ambiental

O Licenciamento Ambiental é um procedimento administrativo que é composto por

um conjunto ou série de atos administrativos que tem por objetivo averiguar se uma

determinada atividade econômica utilizadora de recursos ambientais atende a todas

as especificidades legais e padrões de qualidade ambiental estabelecidos pelo

respectivo órgão ambiental.

Este procedimento administrativo é dividido em três atos administrativos que são

sequenciais, divididos em Licença Prévia, Licença de Instalação e, Licença de

Operação. Sendo assim, se a Licença Prévia não tiver sido concedida não se poderá

expedir a Licença de Instalação; da mesma forma, não se pode expedir a Licença de

Operação se não houver sido emitida anteriormente a Licença de Instalação

(OLIVEIRA, 2005).

Contudo, mesmo havendo a necessidade da sequenciação das emissões das

licenças ambientais, o parágrafo único da Resolução 237/97 do CONAMA dispõe

que “as licenças ambientais poderão ser expedidas isolada ou sucessivamente, de

acordo com a natureza, características e fase do empreendimento ou atividade”.

Assim sendo, haverá ocasiões em que serão expedidas licenças ambientais

isoladamente.

5.6.1. Licença Prévia

A Licença Prévia é definida no 1º inciso do 8º artigo da Resolução 237/97 do

CONAMA como a licença concedida na fase preliminar do planejamento do

empreendimento ou atividade aprovando sua localização e concepção, atestando a

viabilidade ambiental e estabelecendo os requisitos básicos e as condicionantes a

serem atendidas nas próximas fases de sua implementação. Assim, esta licença não

autoriza o empreendedor a instalar o empreendimento, tampouco pô-lo em

funcionamento.

42

A Licença Prévia é de suma importância, pois nesta fase é que serão avaliadas

todas as consequências que serão geradas pela respectiva atividade oriunda da

implantação de um determinado tipo de empreendimento, bem como se definirá as

medidas preventivas e mitigadoras dos impactos ambientais.

5.6.2. Licença de Instalação A Licença de Instalação é requerida após a obtenção da Licença Prévia e, então, é

iniciado o detalhamento de todo o projeto da instalação do referido empreendimento.

Sendo que, depois de analisado todo o processo e determinadas todas as

especificações, medidas de controle ambiental e condicionantes necessárias, é

emitida a Licença de Instalação autorizando o requerente a instalar o

empreendimento em questão.

O segundo inciso do 8º artigo da Resolução 237/97 do CONAMA define que a

Licença de Instalação autoriza a instalação do empreendimento ou atividade de

acordo com as especificações constantes dos planos, programas e projetos

aprovados, incluindo as medidas de controle ambiental e demais condicionantes, da

qual constituem motivo determinante.

5.6.3. Licença de Operação

A Licença de Operação é a última licença ambiental a ser requerida pelo

empreendedor, sendo requerida após a obtenção da Licença de Instalação. É esta

licença que autoriza o empreendedor a iniciar a sua atividade, desde que respeite e

cumpra todos os requisitos e condicionantes constantes nela.

A Licença de Operação só é concedida ao empreendedor após vistoria realizada

pelo órgão ambiental competente que visa averiguar se todas as medidas de

controle ambiental e condicionantes constantes nas outras licenças foram atendidas

e observadas.

43

O terceiro inciso do 8º artigo da Resolução 237/97 do CONAMA define que a

Licença de Operação é que autoriza a operação da atividade ou empreendimento

após a verificação do efetivo cumprimento do que consta nas licenças anteriores,

com as medidas de controle ambiental e condicionantes determinadas para a

operação. Sendo assim, segundo a Cartilha de Licenciamento Ambiental do Tribunal

de Contas da União, o licenciamento ambiental é um compromisso assumido pelo

empreendedor junto ao órgão ambiental competente, aceitando atuar conforme o

projeto aprovado.

44

6. A GESTÃO AMBIENTAL EMPRESARIAL

Devido à criação de leis por parte do poder público visando proteger e gerir o meio

ambiente, controlando as atividades poluidoras e tentando recuperar o que fora

degradado, e também os apelos e exigências da sociedade, do mercado e das

organizações não-governamentais para que seja estabelecido um meio ambiente

equilibrado e sustentável, as organizações tiveram de passar por transformações

com o objetivo de se adaptarem a essa nova realidade e se manterem vivas num

mercado cada vez mais exigente.

As transformações que as empresas passaram ao longo dos anos - objetivando se

adaptar às novas realidades - foram tantas, que o modelo de administração baseado

nas teorias clássicas de organização utilizado na época de Taylor e Fayol foi

substituído por um modelo que preza pela inteligência e capacidade de se utilizar

das informações para inovar e criar realidades que aumentem a competitividade

empresarial. As organizações, atualmente, na sua maioria possuem estruturas

organizacionais achatadas, dando-se mais importância a áreas voltadas à gestão

das questões ambientais e de responsabilidade social (TACHIZAWA, 2005).

Considerando que a necessidade de um desenvolvimento sustentável é

imprescindível, tendo em vista a obviedade da incapacidade de suporte do nosso

planeta de aguentar os efeitos da produção e do consumo crescentes, bem como

das políticas econômicas pautadas no desenvolvimento que traz danos ambientais

irreversíveis, torna-se necessário um sistema de produção que preze pelo equilíbrio

ambiental e desenvolvimento econômica e ambientalmente sustentável.

45

A nova realidade fez com que as organizações criassem variadas abordagens

objetivando aumentar a competitividade e solucionar os novos problemas que

vinham tomando forma. Entretanto estes novos tempos foram marcados por uma

forte exigência dos consumidores, que exigiam empresas pautadas na ética, com

boa imagem e reputação no mercado e que fossem ambientalmente responsáveis

(TACHIZAWA, 2005).

As organizações começaram a se preocupar com a gestão ambiental devido às

influências e pressões externas causadas pela sociedade, pelo mercado e pelo

Governo, tal como ilustra a figura abaixo:

FIGURA 1

INFLUÊNCIAS NA ORGANIZAÇÕES

A atuação empresarial nas questões referentes à gestão ambiental vem crescendo

paulatinamente. Contudo, se as leis e a sociedade não pressionassem as empresas,

estas não se envolveriam com as questões ambientais (BARBIERI, 2004). Desta

GOVERNO

EMPRESA

MERCADO SOCIEDADE

MEIO AMBIENTE

Fonte: BARBIERI (2004)

46

forma, observa-se que as empresas possuem um importante papel no processo de

transformação da realidade do meio ambiente, juntamente com todos os outros

grupos que interagem no mercado e sociedade.

6.1. Oportunidades e Ameaças Provenientes das Questões Ambientais

A conscientização da sociedade acerca dos problemas ambientais e a necessidade

de preservá-lo e utilizá-lo sustentavelmente vêm pressionando o setor empresarial

para que busque se adaptar a esta nova realidade e necessidade. Então, os novos

consumidores, com este tipo de percepção acerca das questões ambientais

começaram a demandar produtos ecologicamente corretos. Tanto que, tem sido

uma prática pelos consumidores a diferenciação de produtos e serviços conforme o

desempenho ambiental (BARBIERI, 2004).

As organizações tiveram de se adaptar para atenderem às demandas dos

consumidores com a finalidade de se manterem no mercado. Todavia, além de

apenas se manterem no mercado, as organizações enxergaram oportunidades de

expansão e de adquirirem vantagens competitivas (TACHIZAWA, 2005).

Além das vantagens competitivas, estas organizações ainda poderão reduzir seus

custos e aumentar seus lucros a médio e longo prazos, conforme exemplifica

Takeshy Tachizawa: Empresas como a 3M, que somando as 270 mil toneladas de poluentes na atmosfera e 30 mil toneladas de efluentes nos rios que deixou de despejar no meio ambiente desde 1975, conseguem economizar mais de US$ 810 milhões combatendo a poluição nos 60 países onde atuam. Outra empresa, a Scania Caminhões, contabiliza economia em de R$ 1 milhão com programa de gestão ambiental que reduziu 8,6% do consumo de energia, 13,4% do de água e 10% do volume de resíduos produzidos apenas no ano de 1999. (Tachizawa, 2005, p.73)

A gestão ambiental achou lugar no contexto empresarial e ainda continua se

expandindo. Tal afirmativa vem se justificando a cada dia devido às adesões que as

empresas fazem a esse tipo de gestão. A gestão ecológica e os chamados ‘negócios

verdes’ vêm ganhando força e se solidificando, gerando oportunidades para as

47

empresas. Segundo reportagem da Gazeta Mercantil (apud Tachizawa, 2004), o

meio ambiente representa um mercado potencial de US$ 6 bilhões no Brasil, com

possibilidade de crescimento com taxa de 30% ao ano.

Mais evidências acerca da adesão das empresas aos ‘negócios verdes’ são

relatadas por João Werner Grando13

Enquanto algumas empresas se beneficiam com a implantação de modelos de

gestão ambiental, como os casos da 3M e da Scania Caminhões anteriormente

citados, outras vivenciam o fato de serem penalizadas por causarem degradação

ambiental, como recentemente foi divulgado pelo Yahoo Notícias

, ao afirmar que as grifes de luxo se renderam

ao marketing verde com o objetivo de alcançar novos clientes. E ainda continua,

exemplificando que a empresa Tiffany começou a utilizar peças sintéticas na

fabricação de suas jóias. Outra empresa, a Cartier, lidera um programa mundial de

certificação de pedras preciosas, como ouro e diamante, com o objetivo de garantir

que estas pedras não sejam oriundas de zonas de conflitos. Além destas duas

empresas, a PPR, dona da grife Stella McCartney, não utiliza couro nem peles

naturais em suas peças, além de ter patrocinado um documentário acerca da

devastação do planeta, que foi exibido em mais de cem países.

Todas essas mudanças de atitudes nas grifes famosas não se deveram ao fato de

eles terem consciência ambiental. Na verdade essa é uma tentativa de fazer com

que clientes sejam atraídos, pois perderam uma boa fatia de seu mercado nos dois

últimos anos, conforme João Werner Grando relata:

Nos últimos dois anos, segundo dados da consultoria Bain & Company,o mercado de luxo sofreu retração de mais de 10% - uma conta de quase 25 bilhões de dólares. A expectativa dos analistas é que as vendas só retornem aos níveis de 2008 em 2012. Para enfrentar esses tempos bicudos, as marcas de luxo encontraram no apelo ecológico e na postura politicamente correta a maneira mais eficiente de fazer com que o consumidor não se sinta tão culpado ao desembolsar uma pequena fortuna por uma bolsa ou um vestido. (Revista Exame, ed. 962, p. 56)

14

13 GRANDO, João Werner. Luxo: As grandes grifes se rendem ao marketing verde. In: Revista Exame, Edição

962, Nº 3, Ano 44, 24 fev. 2010, p. 56-58 14 YAHOO NOTÍCIAS. Cola é acusada de poluição ambiental na Índia. Disponível em: <http://br.noticias.yahoo.com/s/afp/india_eua_ecologia_empresas> Acesso em: 22 mar. 2010.

:

48

A Coca-Cola é responsável pela poluição da água e do meio ambiente por causa de uma engarrafadora no sul da Índia, e deverá pagar 47 milhões de dólares de indenização, segundo autoridades locais. O comitê estatal determinou que a fábrica engarrafadora de Palakkad, que foi fechada em 2005 depois de protestos de ativistas e residentes, causou sérios danos ao meio ambiente com a poluição de águas subterrâneas. o pedido de indenização cobre as perdas na agricultura, poluição das águas e prejuízos da saúde não especificados entre 1999 e 2004. (Yahoo Notícias)

Desta forma verifica-se que a atuação na gestão e preservação ambiental pode

tanto produzir bons frutos, quanto o desrespeito às normas ambientais e ao próprio

meio ambiente podem causar penalidades às empresas.

6.2. Modelos de Gestão Ambiental Um modelo é algo que serve de base para que outras coisas sejam feitas de uma

maneira padronizada. Sendo assim, um modelo de gestão ambiental é de suma

importância, considerando que as diversas atividades serão desenvolvidas por

várias pessoas em momentos diferentes e sob óticas distintas.

Na realidade, as empresas podem criar seus próprios modelos de gestão ambiental

ou se valerem dos diversos modelos genéricos que começaram a ser feitos a partir

da década de 1980. Segundo José Carlos Barbieri:

Esses modelos, embora representem de modo simplificado a realidade empresarial, permitem orientar as decisões sobre como, quando, onde e com quem abordar os problemas ambientais e como essas decisões se relacionam com as demais questões empresariais. (Barbieri, 2004, p.114)

A seguir, serão apresentados quatro modelos de gestão ambiental, a saber: o TQEM

(Administração da Qualidade Total Ambiental), Produção Mais Limpa, Ecoeficiência

e, Projeto para o Meio Ambiente.

49

6.2.1. Administração da Qualidade Total Ambiental

A Administração da Qualidade Total Ambiental (TQEM) foi criada em 1990 pela ONG

GEMI (Global Environmental Management Initiative) e sua idéia principal consiste

em que se uma empresa já utiliza o conceito de Administração da Qualidade Total

(TQM)15

A Produção Mais Limpa envolve um conjunto de ações que visam baixar o nível de

consumo de energia e matéria-prima e diminuir a geração de resíduos e emissões

de poluentes. Além disso, a Produção Mais Limpa “deve ser entendida como a

, poderá utilizar sem muitas dificuldades o conceito da Administração da

Qualidade Total Ambiental (TQEM). O TQM e o TQEM possuem os mesmos

princípios básicos, como o foco no cliente, a qualidade como estratégia, os

processos como unidade de análise, a participação de todos, o trabalho em equipe,

a parceria com os Stakeholders e, a melhoria contínua (BARBIERI, 2004).

Na realidade, pode-se dizer que Administração da Qualidade Total Ambiental

(TQEM) é como se fosse a Administração da Qualidade Total (TQM) voltada para o

Meio Ambiente. Por isso as ferramentas utilizadas são praticamente as mesmas,

conforme explicita José Carlos Barbieri:

Para alcançar um desempenho ambiental cada vez mais elevado, o TQEM se vale de ferramentas típicas da qualidade, tais como benchmarking, diagrama de causa e efeito (diagrama espinha-de-peixe ou de Ishikawa), gráfico de Pareto, diagramas de fluxos de processos e o ciclo Plan-Do-Check-Act (PDCA). (Barbieri, 2004, p.118-119)

6.2.2. Produção Mais Limpa

A Produção Mais Limpa é uma estratégia ambiental que tem o intuito de diminuir os

impactos ambientais. Esse modelo vem sendo desenvolvido pela ONU desde 1980,

porém sua origem é proveniente do conceito da Tecnologia Limpa, que preza por

emitir menos poluição no meio ambiente, gerar menos resíduos e consumir menos

recursos naturais.

15 Foi desenvolvido por Shewart na década de 1930 e popularizado Deming, considerado um guru do movimento da qualidade.

50

aplicação contínua de uma estratégia preventiva integrada envolvendo processos,

produtos e serviços a fim de alcançar benefícios econômicos, sociais, para a saúde

humana e o meio ambiente” (Barbieri, 2004, p.121).

6.2.3. Ecoeficiência

A Ecoeficiência é um modelo de gestão ambiental que envolve práticas empresariais

com o objetivo de ocasionar uma diminuição de materiais e energia no processo

produtivo, acarretando num aumento de competitividade da empresa, bem como

uma redução de impactos ambientais gerados pela atividade. Para o OCDE

(Organization for Economic Co-operation and Development) e o WBCSD (World

Business Conciul for Sustainable Development):

A ecoeficiência se alcança pela entrega de produtos e serviços com preços competitivos que satisfaçam as necessidades humanas e melhorem a qualidade de vida, enquanto reduzem progressivamente os impactos ecológicos e a intensidade dos recursos ao longo de seu ciclo de vida para no mínimo manter a capacidade de carga estimada do Planeta. (apud Barbieri, 2004, p.123).

A Ecoeficiência dá grande ênfase à reciclagem tanto interna quanto externamente,

diferentemente da Produção Mais limpa, que dá uma menor importância ao

processo de reciclagem.

6.2.4. Projeto para o Meio Ambiente

O Projeto para o Meio Ambiente, também denominado de Ecodesign, é um modelo

de gestão ambiental que foca na fase de concepção dos produtos e seus processos

de produção, distribuição e utilização, tendo como objetivo a redução da poluição em

todas as fases do ciclo de vida.

O Projeto para o Meio Ambiente tem como ideia básica o combate aos problemas

ambientais nas fases iniciais, pois as dificuldades para atacar os problemas

51

ambientais nas fases posteriores aumentam, bem como se torna mais caro para a

empresa (BARBIERI, 2004).

6.2.5. A Combinação dos Modelos de Gestão Ambiental Os quatro modelos de gestão ambiental empresarial que foram apresentados

possuem características próprias e marcantes, sendo, mesmo assim, sujeitas a

adaptações e combinações entre eles objetivando atender às necessidades de cada

organização.

O modelo de gestão TQEM foca na melhoria contínua e redução de desperdícios.

Os modelos de Produção Mais Limpa e Ecoeficiência objetivam, embora por

métodos distintos, a prevenção da poluição; sendo que a primeira preza pela

eficiência dos processos produtivos, enquanto a segunda pelas características do

produto ou serviço. Já o modelo de Projeto para o Meio Ambiente objetiva prevenir a

poluição atuando nas fases iniciais dos processos de inovação dos produtos e

processos (BARBIERI, 2004).

Conforme tabela abaixo que demonstra os modelos de gestão ambiental, suas

características, pontos fortes e pontos fracos, pode-se verificar que há a

possibilidade de combinar os elementos dos modelos e criar outro modelo,

adaptado-o às necessidades específicas de cada empresa.

52

TABELA 3

RESUMO DOS MODELOS DE GESTÃO AMBIENTAL

MODELO CARACTERÍSTICAS BÁSICAS

PONTOS FORTES

PONTOS FRACOS

ALGUMAS ENTIDADES

PROMOTORAS

TQEM Extensão dos princípios e das práticas da gestão da

qualidade total às questões ambientais.

Mobilização da organização,

seus clientes e parceiros para as questões ambientais.

Depende de um esforço contínuo

para manter a motivação ini-

cial.

The Global Environmental Management

initiative (Gemi).

PRODU-ÇÃO MAIS

LIMPA

Estratégia Ambiental preventiva aplicada de

acordo com uma sequência de prioridades cuja primeira é a redução de resíduos e emissões

na fonte.

Atenção con- centrada sobre

a eficiência operacional, a substituição de materiais peri-

gosos e a minimização de resíduos.

Dependente de desenvolvimentos tecnológicos de investimen-

tos para a continuidade do

programa no longo prazo.

PNUD, Onudi, CNTL/Senai,

CEBDS, Centro de Estudos de Admi-

nistração e do meio Ambiente

(Ceama/FGV).

ECOEFI-CIÊNCIA

Eficiência com que os recursos ecológicos são usados para atender às necessidades humanas.

Ênfase na redução da

intensidade de materiais e energia em produtos e

serviços, no uso de recur-

sos renováveis e no alonga-

mento da vida útil dos produ-

tos.

Dependente de desenvolvimento tecnológico, de políticas

públicas apro- priadas e de contingentes

significativos de consumidores

ambientalmente responsáveis.

Organization for Economic Co-operation and Development

(OCDE).

PROJETO PARA O

MEIO AMBIENTE

Projetar produtos e processos considerando os impactos sobre o meio

ambiente.

Inclusão das preocupações

ambientais desde a con-

cepção do produto ou processo.

Os produtos concorrem com outros similares que podem ser mais atrativos em termos de preço, condi- ções de paga- mento e outras considerações

não-ambientais.

Agência Ambiental do Governo Fede-

ral Norte-americano (Usepa). American Eletronic Associa-

tion.

Fonte: Barbieri (2004)

53

7. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Através deste trabalho pode-se verificar que as intervenções humanas na natureza

sempre ocorreram e, a partir da Revolução Industrial, aumentaram

exponencialmente, acarretando numa degradação constante do meio ambiente.

Embora a industrialização tenha aumentado consideravelmente após a Revolução

Industrial e as duas Grandes Guerras Mundiais, os impactos ambientais só

começaram a ser considerados após as grandes catástrofes ambientais que

começaram a ocorrer a partir da década de 50 do século XX, como no caso da

tragédia ocorrida em Londres, onde 1600 pessoas morreram por causa da poluição

atmosférica causada pelas indústrias.

Com estas catástrofes ambientais ocorrendo em diversos lugares, começaram a

surgir as ONGs ambientalistas, os escritores começaram a abordar o assunto, a

ONU iniciou uma série de conferências acerca do Meio Ambiente e a sociedade

começou a se interar do assunto graças ao desenvolvimento das comunicações

durante a Segunda Guerra Mundial.

Pode-se verificar que as questões ambientais foram tomando grandes proporções

devido à degradação do meio ambiente, gerando uma necessidade de combater

esta degradação de modo a preservá-lo e recuperá-lo para mantê-lo saudável,

equilibrado e sustentável, bem como garantir a qualidade de vida. Desta maneira, o

Poder Público começou a tomar medidas na direção da gestão ambiental, como por

exemplo, a criação da Lei Federal 6.938/81 que criou a Política Nacional do Meio

Ambiente, estabeleceu o Licenciamento Ambiental, e criou o Sistema Nacional do

54

Meio Ambiente, estabelecendo o CONAMA como órgão consultivo e deliberativo do

SISNAMA.

Sendo assim, as organizações começaram a ter que atender uma gama de

procedimentos visando adequar seus processos à legislação ambiental, de modo

que sua atividade cause o menor impacto ambiental possível.

Além das obrigações legais que as organizações estão sujeitas, estas começaram a

sofrer grande pressão da sociedade e do mercado consumidor, que estão

demandando produtos que não sejam oriundos de processos produtivos causadores

de impactos ambientais.

Tendo em vista o que foi exposto, pode-se notar que as empresas necessitam se

adequar para atender a essa nova demanda da sociedade, do Poder Público e das

ONGs.

Também fica claro que, para atender a essas novas necessidades, as organizações

têm se utilizado de diversos modelos de gestão ambiental existentes, tais como os

quatro modelos que foram demonstrados anteriormente, a saber: TQEM, Produção

Mais Limpa, Ecoeficiência e, Projeto para o Meio Ambiente.

Todos esses modelos de gestão, somados com a legislação existente, ratificam que

a questão ambiental, daqui em diante, não retrocederá, tendo uma tendência de

estreitamento cada vez maior e, inevitavelmente, fará parte do cotidiano das

organizações e da sociedade.

Considerando o que foi exposto anteriormente, por meio de exemplos, podemos

ponderar que o atendimento às exigências ambientais podem gerar até lucros às

organizações, bem como, contrariamente a isto, o não atendimento pode levar as

organizações a terem prejuízos.

Então, cabe às organizações uma adaptação de sua estrutura de gestão visando

preencher todos os requisitos necessários do paradigma deste novo tópico

emergente.

55

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