fundaÇÃo educacional serra dos ÓrgÃos centro … · proibições das ações sociais e...

35
FUNDAÇÃO EDUCACIONAL SERRA DOS ÓRGÃOS CENTRO UNIVERSITÁRIO SERRA DOS ÓRGÃOS CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO CONSIDERAÇÕES SOBRE O DISCURSO DA PROPAGANDA E A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE SOCIAL HENRIQUE REZENDE DA COSTA TERESÓPOLIS MAIO, 2010

Upload: others

Post on 10-Jun-2020

3 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL SERRA DOS ÓRGÃOS CENTRO UNIVERSITÁRIO SERRA DOS ÓRGÃOS

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

CONSIDERAÇÕES SOBRE O DISCURSO DA PROPAGANDA E A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE

SOCIAL

HENRIQUE REZENDE DA COSTA

TERESÓPOLIS MAIO, 2010

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL SERRA DOS ÓRGÃOS CENTRO UNIVERSITÁRIO SERRA DOS ÓRGÃOS

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS E SOCIAIS CURSO DE GRADUAÇÃO EM ADMINISTRAÇÃO

CONSIDERAÇÕES SOBRE O DISCURSO DA PROPAGANDA E A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE

SOCIAL

HENRIQUE REZENDE DA COSTA

TERESÓPOLIS

MAIO, 2010

Trabalho de Conclusão de Curso elaborado como requisito obrigatório para a obtenção do título de Bacharel em Administração de empresas, no UNIFESO, sob orientação do Prof. Alexandre José Cadilhe.

AGRADECIMENTOS

A Deus, fonte de todo conhecimento, pela inspiração para escrever cada linha desse trabalho e pela oportunidade que me concedeu de concluir o ensino superior. “Toda Glória, toda vitória eu sei, pertence a Ti, Toda honra, todo louvor entrego a Ti, porque sem ti não estaria aqui”. Aos meus pais pelo apoio e encorajamento que me deram e também pelas renuncias que fizeram ao longo do tempo para que eu pudesse ter uma educação de qualidade. A toda a minha família (minha base), que acreditou em mim e pelo apoio nos momentos difíceis e que não medem esforços para me ajudar. Aos meus amigos de longa caminhada, os quais eu ri, chorei, compartilhei segredos, que entenderam minha ausência durante esses quatro anos principalmente nos últimos meses, devido a confecção deste trabalho. Ao professor e amigo Alexandre, pela dedicação e cuidado que teve em me orientar nesse trabalho. Pude neste tempo aprender com o seu exemplo, desejando me tornar um profissional igual a ele. Aos formandos da turma de administração, principalmente ao meu grupo, que tive o privilégio de conviver quatro anos, aprendendo a lidar com a diferença e experiência de vida de cada um. Tenho certeza que os laços feitos durante esse tempo serão para toda a vida. Aos demais professores do UNIFESO, pelo conhecimento que obtive através deles ao longo desses quatro anos.

Nunca seremos capazes de nos tornar os senhores de nossa própria história, mas podemos e devemos encontrar meios

de tomar as rédeas do nosso mundo em descontrole. (Anthony Giddens)

RESUMO

A sensação de que todos vivem em um ambiente sem fronteiras é embutido pela

globalização, que alterou a forma de vida da sociedade, fragmentando assim a

identidade do indivíduo, que no passado era visto como um sujeito unificado.

Essa mudança pode ser observada através da propaganda, que é um dos reflexos

da sociedade, pois está implícito nelas fonte de significados de toda uma geração.

Este estudo tem, então, por objetivo compreender como o processo de mudança

atua principalmente no mundo do trabalho, e no modo de como as empresas

buscam se comunicar com mais eficiência com grupos cada vez mais específicos,

que podem ser tornar seus clientes em potencial. Para isso, foi realizado um estudo

de análise do discurso de três propagandas.

Os resultados indicam a necessidade de comunicação em uma época em que

existem inúmeros meios de para isso, e para que seja eficaz, precisa acompanhar

as mudanças sociais mais amplas e criar um discurso com que o seu público-alvo se

identifique.

Palavras chaves: Globalização, Identidade, Propaganda e Comunicação

SUMÁRIO Resumo ..................................................................................................................... 4

Sumário...................................................................................................................... 5

1. INTRODUÇÃO........................................................................................................ 7

2. A PROPAGANDA EM QUESTÃO..........................................................................10

2.1. Propaganda hoje ............................................................................................12

2.2. A propaganda como ferramenta de comunicação..........................................13

2.3. Lendo imagens e anúncios criticamente.........................................................15 3. A IDENTIDADE EM QUESTÃO.............................................................................17

3.1. A construção da identidade.............................................................................18

3.1.1 Identidade legitimadora............................................................................. 18

3.1.2 Identidade destinada à resistência............................................................ 19

3.1.3 Identidade de projeto................................................................................. 19

3.2. Três concepções de identidade.......................................................................20 4. METODOLOGIA DA PESQUISA...........................................................................22

5. TRANSCRIÇÃO E ANÁLISE DE DADOS..............................................................24

5.1. Comercial 1: Lâmpadas Argentas Phillips ......................................................24

5.2. Comercial 2: Lâmpadas Nebacetin.......... ......................................................26

5.3. Comercial 3: Sadia................................... ......................................................28

6. CONCLUSÃO.........................................................................................................31

REFERÊNCIAS..........................................................................................................33

7

1. INTRODUÇÃO

O mundo que conhecemos tem sido moldado pela globalização, que é responsável

por mudanças na forma em que a sociedade vive, influenciando a vida cotidiana

local e suas culturas, sendo umas das responsáveis pelo avanço da tecnologia da

informação:

A globalização está reestruturando o modo como vivemos, e de uma

maneira muito profunda. Ela é conduzida pelo Ocidente, carrega a

forte marca do poder e econômico americano e é extremamente

desigual em suas conseqüências. (GIDDENS, 2007: 15)

Ela traz consigo incertezas, muda conceitos em relação a emprego, sexualidade,

casamento e família. Não é apenas uma questão passageira, e não pode ser

ignorada. O próprio termo é o indício de sua força, pois está presente em vários

idiomas. Não é um processo singular, acontece nos âmbitos econômicos, cultural e

político, diminuindo distâncias e derrubando barreiras, trazendo a sensação de que

todos vivem em um único local.

Ao contrário do que pode ser pensado, a globalização não atua somente nos

grandes sistemas econômicos mundiais, não é algo que atua distante de todos, mas

influencia aspectos íntimos e pessoais de nossas vidas, nunca houve na história

uma mudança nas famílias, em que a mulher lutasse tanto pela igualdade com os

homens, por exemplo.

Essa quebra de barreiras que a globalização traz tem gerado novas formas de

organização da sociedade: a sociedade em rede, que é caracterizada pela

8

globalização das atividades econômicas, pela flexibilidade e instabilidade do

emprego, pela alteração do sentido do tempo e de espaço, pela mudança nos meios

de comunicação (não apenas através de novos recursos), através de uma nova

linguagem que separa a sociedades em grupos sociais distintos.

Situado neste contexto, essa pesquisa tem como objetivo compreender como esse

processo de mudança atua principalmente no mundo do trabalho, e no modo de

como as empresas buscam se comunicar com mais eficiência com esses grupos

específicos, que podem ser tornar seus clientes em potencial. Cada grupo possui

uma linguagem diferente e cabe as organizações compreender quais os discursos

que devem ser utilizados para alcançá-lo:

Discursos definem e limitam o que é ou não é possível se dizer (e por

extensão, o que é ou não é possível se fazer) em relação a

instituições particulares... Um discurso nos dá uma série de

possibilidades sobre uma área de atuação, organiza e dá estrutura à

maneira pela qual falamos sobre um tópico, uma coisa, um processo.

Assim, ele nos proporciona descrições, regras, permissões e

proibições das ações sociais e individuais. (Kress apud

COULTHARD, 2008: 30).

As organizações se utilizam de várias mídias para se comunicar e atrair clientes

através de anúncios em emissoras de televisão, internet, jornais, entre outras. Essa

pesquisa irá, portanto, analisar gênero através da Análise Crítica do Discurso (ACD),

que sugere, em seus pressupostos que comportamo-nos através da linguagem.

9

A ACD vê as práticas discursivas ou discursos como modos de

comportamento que nos colocam em determinados grupos sociais.

Operam para integrar pessoas na sociedade: interagindo, avaliando,

pensando, acreditando, falando e muitas vezes lendo e escrevendo.

Esses modos são aceitos como exemplos de papéis particulares

desempenhados por grupos específicos, como famílias de um certo

tipo, advogados de um certo tipo, motoqueiros de um certo tipo, etc.

A língua, assim como o letramento, será sempre e em todo o lugar

integrada e relativa às práticas sociais e constituem Discursos

particulares. (Gee apud COULTHARD, 2008:30).

A medida com que a sociedade está se fragmentando por causa da globalização, as

empresas estão se afastando do marketing em massa e buscando outras formas

para construir relacionamentos mais próximos com seus clientes, usando uma

linguagem específica para que estes se identifiquem e entendam a mensagem que a

empresa quer passar.

A importância dessa pesquisa está em entender os discursos que estão por traz de

cada propaganda, como as organizações os mudam de acordo com o tempo e como

essas passam seus valores através de anúncios, a fim de não perder

competitividade através dos tempos.

No segundo capítulo será abordada a história e a evolução da propaganda, assim

como sua importância e principal função. No terceiro capítulo, a identidade é o tema

principal, apresentando os tipos de construção e as três concepções de identidades.

A metodologia na qual o trabalho foi realizado encontra-se no quarto capítulo. O

estudo de caso está no quinto capítulo e consiste em analisar três propagandas de

épocas distintas e uma análise das mesmas, a fim de apontar as mudanças na

identidade social.

10

2. A PROPAGANDA EM QUESTÃO:

Fazer um retrospecto da propaganda é o mesmo que fazer uma análise da mudança

do perfil da sociedade (Dias, 2010:3), os anúncios são muito mais do que

simplesmente vender ou promover um produto, elas refletem o modo de como a

sociedade vive, estando implícitos nelas comportamentos, valores de uma

determinada época. Ela esteve presente nas civilizações antigas, como a dos

romanos, fenícios e gregos.

Pode-se dizer que a publicidade no Brasil teve origem com a chegada da Família

Real portuguesa no Brasil em 1808, criando assim a Imprensa Imperial, que seria

um marco para a propaganda. A Imprensa Imperial se inspirava nas propagandas

impressas em jornais e periódicos europeus, e tinha objetivo capitalista para vender

produtos e tornar os meios de produção conhecidos, eram anunciados desde

vendas legais e ilegais de escravos, casas, remédios, artistas que estavam se

apresentando na cidade. Os primeiros reclames ilustrados foram publicados em dois

jornais, intitulados Mequetrefe e O Mosquito, os quais vieram a dar origem mais

tarde ao que entendemos por classificados.

Com a queda da Monarquia e a implantação da Republica, novas mudanças foram

introduzidas no cenário da propaganda e comunicação, mas até então a influencia

européia ainda era bem presente em cartazes, jornais impressos e periódicos. Até

esse momento, a propaganda tinha características comerciais, os textos eram

extensos e pouco se falava sobre o que era anunciado.

11

Foi a partir do século XX que a propaganda começou a evoluir, ficando mais

atraente e criativa, isso graças aos novos recursos tecnológicos que foram trazidos

por agencias estrangeiras. Foi em 1920 que foram criados os primeiros

departamentos de propaganda dentro das grandes empresas.

A Segunda Guerra Mundial não alterou o ritmo de criação da propaganda nacional,

apenas aumentou o padrão de qualidade das mesmas, devido a facilidade de

importação da matéria-prima, já que o país se industrializava rapidamente.

Em 1949, aconteceu o I Congresso Brasileiro de Propaganda, em que foi fundada

oficialmente a Agência Brasileira de Agências de Propaganda (ABAP), dando assim

origem a época da propaganda inteligente, em que eram repletos de poesias,

poemas e versos rimados, surgindo slogans que até hoje são lembrados.

Na metade do século XX, a propaganda começou a ser feita por profissionais da

publicidade que se utilizavam de inúmeros recursos inovadores para época, como

imagens, sons e linguagem formal de muito bom gosto, para associar o produto a

status social e econômico.

A TV chegou ao Brasil e substitui o espaço do rádio, expandindo ainda mais a

propaganda, com a integração de imagem em movimento, som e texto com o intuito

de chamar a atenção dos telespectadores. O uso das palavras e idéias passaram a

ter um cuidado especial, para criar objetivos específicos atingindo assim o publico

com mais eficiência.

Esse mercado cresceu e se desenvolveu desde 1808 até hoje, movimentando

milhões de reais, promovendo marcas e serviços, inculcando nos consumidores a

necessidade de utilizar os produtos (KOTLER, 2007:384), sendo ricas fontes de

imagens, discurso e retratando a sociedade brasileira, embutidas a sua identidade,

valores e costumes.

12

2.1. A propaganda Hoje:

A propaganda na atualidade é responsável por movimentar mais de 604

bilhões de dólares no mundo inteiro, sendo utilizada pelos mais diferentes tipos

de organizações, desde as comercias até as sem fins lucrativos, com o objetivo

de comunicar as causas que essas organizações defendem:

Uma tarefa especifica de comunicação a ser realizada para um

público-alvo especifico durante um período de tempo

determinado. (KOTLER, 2007:384)

Em outros termos, a propaganda é um elo entre a organização e o consumidor,

pois ajuda a construir relacionamento através da comunicação de valores para

o cliente. Basicamente pode ser classifica através de seu objetivo:

a) Propaganda informativa: usada maciçamente no lançamento de uma

nova categoria de produto, com a finalidade de criar demanda primária.

b) Propaganda Persuasiva: depois de formada a demanda primária e o

aumento da concorrência, usa a propaganda persuasiva, a fim de

selecionar a demanda apresentando aos consumidores vantagens ao

adquirir o produto especifico, passando a compará-lo com os de outras

empresas.

c) Propaganda para fazer lembrar: Utilizada para produtos maduros,

colaborando a manter relacionamento com os clientes lembrando os do

seu valor.

Se, no passado, eram limitados os canais pelos quais as propagandas eram

veiculadas, atualmente são inúmeros os meios pelos quais essas mensagens

chegam ao consumidor. Elas vêm de todas as partes através de e-mails,

rádios, malas diretas, internet e televisão. Estima-se que uma pessoa recebe

em cerca de três mil e cinco mil mensagens em propagandas em um único dia,

causando assim uma saturação de propaganda.

13

Essa saturação, além de incomodar os consumidores, causa também

problemas aos próprios anunciantes, principalmente os que utilizam as redes

de televisão, pois os custos são altos e os telespectadores cada vez mais estão

optando em não assistir aos anúncios, trocando de canal ou até mesmo

utilizando de outros meios tecnológicos. Sendo assim, os anunciantes não

conseguem mais promover seus produtos com qualquer mensagem, são

forçados a criarem conteúdos criativos e variados que chamem a atenção dos

consumidores.

Assim, pelo fato da propaganda ser tão influente no contexto atual, a empresa

necessita compreender essa relação entre sociedade e propaganda, a fim de

desenvolver anúncios que reflitam o cotidiano e atribuam valores aos seus

produtos e serviços ao ponto do consumidor desejá-lo.

2.2. A propaganda como ferramenta de comunicação:

Os humanos se comunicam através da voz, gestos, expressões e atitudes,

sendo a comunicação uma ferramenta de elo e de demonstração de

sentimentos.

Ela tem sido motivo das mais desencontradas emoções

humanas, enternece, cativa, suscita paixões que, muitas vezes,

transcende à morte, suscita lágrimas, de amor, de ódio, de

desespero, de loucura, agita multidões e por vezes, faz

levantar a mão que fere e mata. (BARROS, 1993:2)

As empresas, nas últimas décadas, tem procurado se aperfeiçoar na

comunicação com seus clientes, desenvolvendo técnicas eficazes de

propaganda em massa para atingir um número grande de consumidores com

uma única peça publicitária, através da televisão, revistas e outros meios de

comunicação em massa.

14

Porém, o mercado atual está cada vez mais fragmentado e as empresas estão

buscando novos meios de interação, se afastando assim dos meios de

comunicação em massa, a fim de construir relacionamentos mais próximos

com seus clientes, através de novas tecnologias, que facilitam o acumulo de

informações sobre os clientes. As mídias de massa ainda são meios

importantes de transmitir mensagens, mas não são especificas e segmentadas

ao ponto de atingir menos segmentos através de discursos personalizados.

A fórmula da publicidade costumava ser muito mais simples: os

Públicos estão se fragmentando para seguir em dezenas de

novas direções, assistindo a programas em Ipods, assistindo a

filmes em consoles de videogames e ouvindo rádio na internet.

(KOTLER, 2007:359).

Essa mistura de mídias que abordam os consumidores, cada vez mais repletas

de mensagens, faz com que estes não consigam distingui-la, pois a empresa

utiliza diversas mensagens diferentes, ao invés de integrá-las. Geralmente, as

propagandas de televisão dizem uma coisa, os folders passam outra

mensagem, que acaba não sendo a mesma do site da empresa. O processo de

comunicação se desenvolve basicamente:

(KOTLER, 2007:361).

O emissor transforma suas idéias e pensamentos em uma linguagem

simbólica, que é formada por imagens e figuras com o qual o receptor se

15

identifique (codificação), o conjunto desses símbolos forma a mensagem que

será enviada através de uma mídia (canais de comunicação). Ao receber essa

mensagem, o receptor irá atribuir significado aos símbolos codificados pelo

emissor, gerando uma reação que servirá de resposta para o emissor

confirmando ou não o sucesso de sua comunicação.

Para a comunicação ser eficaz, é necessário identificar qual o público deverá

ser atingido e desenvolver uma mensagem na qual este se identifique. O

público alvo diz respeito a indivíduos, grupos, públicos especiais ou público

geral, que geralmente são compradores em potencial ou usuários atuais. A

definição desse público é o que determina o que será dito, como será dito,

quando será dito, onde será dito e quem dirá. A mensagem deve atrair a

atenção do individuo, manter o seu interesse, despertar o desejo, fazendo com

que este pense nos benefícios nos quais os produtos ou a empresa pode lhe

gerar.

Geralmente essas mensagens que estão embutidas em propagandas, são

transmitidas através de cenas da vida real, ou estilo de vida, ou em uma

fantasia, ou através de uma comprovação cientifica, entre outros.

2.3. Lendo imagens e anúncios criticamente

A modernidade tem sido interpretada como um motor de inovação, criatividade,

mudança, progresso, fazendo com que essa nova sociedade, a sociedade pós-

moderna, deixe de lado a cultura impressa entrando na chamada “era do

entretenimento”, centrada numa cultura saturada de imagens.

Uma das responsáveis para a saturação de imagens em nossa cultura é a

publicidade, e interpretá-las estão longe de ser uma questão trivial, na medida

em que os Estados Unidos investem mais de 102 bilhões de dólares por ano

16

em publicidade. Sendo assim, faz-se necessário decodificar essas imagens,

bem como entender o impacto massivo sobre nossas vidas:

Ler imagens criticamente implica aprender como apreciar,

decodificar e interpretar imagens analisando tanto a forma

como elas são construídas e operam em nossas vidas, quanto

o conteúdo que elas comunicam em situações concretas.

(SILVA, 2008:34)

Analisar a publicidade é relevante, pois essa é um gênero discursivo construído

por tendências sociais, tendências de modas, valores contemporâneos, sendo

uma das principais ferramentas de moldagem de pensamento e de

comportamento. Vai muito mais além do que vender o produto, na tentativa de

associá-lo com qualidades socialmente desejáveis, além de passar uma visão

do mundo e um estilo de vida.

Na cultura pós-moderna, os indivíduos obtêm suas próprias identidades a partir

de imagens; por isso, a publicidade se torna um mecanismo de influencia de

comportamento e um manipulador de demanda e consumo, através de

sistemas textuais formados de componentes básicos que se interrelacionam de

modo a posicionar o produto positivamente. Por isso, é necessário conhecer

algumas características da identidade social, a fim de embuti-las no anúncio.

Os anunciantes usam imagens e textos com as quais o consumidor está

familiarizado para tentar induzi-lo a usar seu produto. Fazer essa conexão

capacita os indivíduos a discernirem as compulsões e atrações ocultas por trás

de cada mensagem.

17

3. IDENTIDADE EM QUESTÃO:

“As velhas identidades que por tanto tempo estabilizaram o

mundo social estão em declínio, fazendo surgir novas

identidades e fragmentando o individuo moderno, até aqui visto

como um sujeito unificado.” (CASTELLS, 2008:24)

No passado, acreditava-se que o individuo possuía apenas uma identidade e

que essa era recebida através de materiais como o tempo, biologia, história e

memória coletiva. Hoje, acredita-se que o individuo pode construir várias

identidades e que essas sofrem modificações ao longo do tempo, a

denominada crise de identidade, que é um processo amplo de mudança e que

abalam os quadros de referencia que davam aos indivíduos uma ancoragem no

mundo social.

Entende-se por identidade toda a fonte de significado e experiência de um

povo, nas palavras de Calhoun:

Não temos conhecimento de um povo que não tenha nomes,

idiomas ou culturas em que alguma forma de distinção entre o

eu e o outro, nós e eles, não seja estabelecida... O

autoconhecimento invariavelmente uma construção, não

importa o quanto possa parecer uma descoberta – nunca está

totalmente dissociado da necessidade de ser conhecido do

modo específico pelos outros. (Calhoun apud CASTELLS,

2008:22).

18

Identidade é o que diferencia um individuo do outro, é construída através do

tempo, sendo que cada um processa os materiais que recebem de maneira

diferente e os reorganizam em funções de tendências sociais e projetos

culturais enraizados em sua estrutura social, assim como em sua visão de

tempo e espaço.

3.1. A Construção da identidade

Toda e qualquer identidade é construída, cada processo leva a um resultado

distinto no que distingue a sociedade As mais comuns são: construção por

identidade legitimadora, identidade de resistência e identidade de projetos.

Independente de qual for o processo que leva à construção da identidade,

nunca se encerra e nem pode construir um essência. Diz mais a respeito aos

benefícios que trazem aos indivíduos que a incorporam.

3.1.1. Identidade Legitimadora

Conjunto de organizações e instituições, bem como uma série

de atores sociais estruturados e organizados, que embora

muitas vezes conflitantes reproduzem a identidade que

racionaliza as fontes de dominação estrutural. (CASTELLS,

2008: 24)

A construção da identidade legitimadora dá origem a uma sociedade civil, que

é constituída de igrejas, sindicatos, partidos, cooperativas, entidades cívicas,

que prolongam a dinâmica do Estado e ao mesmo tempo estão arraigados

entre as pessoas.

19

Este tipo de construção de identidade permite uma dominação maior do Estado

por causa dessa relação com as instituições da sociedade civil, que possuem

os mesmos valores enraizados nessa identidade, como por exemplo,

cidadania, democracia, transformação social, entre outras.

3.1.2. Identidade destinada à resistência

A identidade destinada à resistência, tido por muitos escritores, como o mais

importante processo de construção da identidade, dá origens a comunas ou

comunidades.

Ela dá origens as formas de resistência coletiva diante a uma

opressão que, do contrário, não seria suportável, em geral com

base em identidades que aparentemente, foram definidas com

clareza pela história, geografia ou biologia, facilitando assim a

“essencialização” dos limites da resistência. (CASTELLS,

2008:25)

A identidade de resistência é formada pela rejeição das identidades

consideradas até então como padrão a ser seguido pelos indivíduos que de

certa forma se sentiam excluídos por não estarem inseridos no padrão imposto,

revertendo o julgamento de valores e ao mesmo tempo reforçando os limites da

resistência.

3.1.3. A identidade de projeto

Esse tipo de construção de identidade dá origem a sujeitos, que ao contrário de

que muitos pensam, não são indivíduos, embora sejam constituídas a partir de

indivíduos. Nas palavras de Alain Touraine:

20

Chamo de sujeito o desejo de ser um individuo, de criar uma

história pessoal, de atribuir significado a todo o conjunto de

experiência a vida individual. A transformação de indivíduos em

sujeitos resulta da combinação necessária de duas afirmações:

a dos indivíduos contra as comunidades, e dos indivíduos

contra o mercado. (CASTELLS, 2008:27)

A identidade de projeto é construída através do desejo do indivíduo em

construir sua própria história baseado em sua própria experiência, mas busca

expandir no sentido da transformação da sociedade como prolongamento

desse projeto de identidade.

De modo geral, a construção da identidade e seus tipos diferentes de seus

resultados, não podem ser abordados de abstratamente, pois depende

totalmente do contexto social, devendo ser situada com base na história e nas

práticas sociais.

3.2. Três concepções de identidade

Stuart Hall distingue também três concepções diferentes de identidade e parte

do pressuposto que as identidades modernas estão sendo deslocadas ou

fragmentadas:

a) Sujeito do Iluminismo:

Essa concepção sugere que a identidade do individuo não sofre influencia do

meio, sendo um sujeito centrado e unificado dotado de ação e razão, ou seja, a

identidade que esse possui permanece a mesma até sua morte.

21

b) Sujeito Sociológico

Essa noção leva em consideração a complexidade do mundo moderno e diz

que a identidade do individuo é formada da relação com outras pessoas

importantes para ele, ou seja, é baseada na interação entre o “eu” e a

sociedade.

c) Sujeito pós-moderno

O Sujeito pós-moderno diz que o individuo não possui uma identidade fixa,

essencial ou permanente. Ela é algo móvel, o individuo assume identidades

diferentes em momentos diferentes. Nessa concepção a idéia de uma

identidade unificada, completa e coerente é uma utopia.

22

4. METODOLOGIA DA PESQUISA

A metodologia adotada compõe-se pela análise do discurso de três

propagandas.

Entende-se por discurso o uso da linguagem como uma forma de prática social,

através de ação (no que se diz respeito a agir sobre o mundo e sobre os

outros) e representação (sendo não apenas uma representação de mundo,

mas uma fonte de significação, constituindo e o construindo o mundo através

de significado).

O discurso contribui para a construção da identidade social (os modos pelos

quais as identidades são estabelecidas no discurso), para a relação entre as

pessoas (como as relações sociais entre os participantes do discurso são

representadas e negociadas) e para a construção de sistemas de

conhecimento e crenças (modos pelos quais os textos dão significado o

mundo):

A Constituição discursiva da sociedade não emana de um livre

jogo de idéias nas cabeças das pessoas, mas de uma prática

social que está firmemente enraizada em estruturas sociais

materiais, concretas, orientando-se para elas. (FAIRCLOUGH,

2008:93

23

A sociedade gera seu reflexo através de discursos produzidos, que estão

presentes em musicas, textos literários, propagandas, etc. Essa pesquisa

centrou-se em analisar os discursos de anúncios de propagandas comercias, a

fim de mostrar como a identidade da sociedade mudou e como as empresas

acompanharam esse processo.

Analisar propagandas audiovisuais é algo complexo, pois envolve sentidos,

imagens, técnicas, cenas e muito mais. Ao analisar um material televisivo é

necessário transcrevê-lo e atentar para o modo em que serão descritos os

visuais, as pausas, hesitações nas falas entre outras, a fim de proporcionar a

exata mensagem que a propaganda quer passar.

O primeiro passo adotado foi selecionar as três propagandas que passaram em

épocas diferentes e apresentam diferenças na identidade da sociedade:

• Lâmpadas Argentas Phillips

• Nebacetin

• Sadia

Selecionado o material, foi realizada a transcrição e descrição das dimensões

visuais e verbais dessas propagandas, conforme a orientação de Diana Rose

para análise de imagens em movimento (BAUER, 2008:351), com o intuito de

gerar um conjunto de dados a fim de que se compreenda a mudança no

discurso, e em que áreas essas mudanças ocorreram.

24

5. TRANSCRIÇÃO E ANÁLISE DE DADOS

Segue a transcrição e análise de dados, a fim de demonstrar algumas

mudanças presentes no discurso dos comerciais veiculados em emissoras de

televisão em diferentes épocas.

5.1. Comercial 1: Lâmpadas Argenta Philips:

Dimensão Visual: Dimensão Verbal:

Cena 1: Uma dona de casa aparece

trocando uma lâmpada com a

companhia de seu filho. Logo após

retira da embalagem um manual

que acompanha a lâmpada e o lê.

Narrador: Proporcionando conforto

à vista, as lâmpadas Argentas

Philips emitem luz suave, difusas,

de claridade uniforme.

Cena 2: Após a leitura, a dona de

casa aparece brincando com seu

filho, com o carrinho de brinquedo

que ela mesma construiu com a

ajuda do manual.

Narrador: E todas as lâmpadas

Philips oferecem boas idéias das

donas de casas, as sugestões

luminosas ((texto incompreendido))

originais e facilmente executadas.

25

Cena 3: A dona de casa aparece

sentada em uma escrivaninha

folheando outros manuais que

acompanhavam as lâmpadas. Em

seguida ela os lê os diferentes

assuntos do dia a dia da dona de

casa, presentes no comercial.

Narrador: Pense nas vantagens das

lâmpadas Philips: iluminação

correta em seu lar e as soluções

luminosas de ((texto

incompreendido)) que resolvem os

mais variados problemas de

interesse da dona de casa:

decoração, cuidado com as

crianças, socorros de urgência,

cuidados de beleza. Dê mais

conforto e beleza a sua casa com

as Lâmpadas Argentas Philips.

Esse comercial foi veiculado em rede nacional no final da década de 50, que foi

marcada pela chegada da TV no Brasil, o que ocasionou profundas mudanças

no meio da comunicação, pelo grande crescimento cultural na musica, cinema

e teatro. Os anos 50 foram marcados pela profunda mudança na sociedade

brasileira, principalmente na identidade legitimadora (CASTELL, 2008), sendo

responsável pelo início dos grupos sociais que se juntaram em sindicatos,

associações e partidos, responsáveis pelas grandes mudanças ocorridas na

década de 60.

O comercial passa a imagem do padrão da boa dona de casa, que tinha como

responsabilidade cuidar dos afazeres domésticos, a criação e educação dos

filhos, sendo limitada e mal vista sua participação no mercado de trabalho. esta

Como a responsabilidade pela casa era um atributo feminino, esse comercial

foi voltado diretamente para as mulheres, prometendo uma iluminação

uniforme e idéias que poderiam solucionar os problemas do interesse feminino

da época como decoração, criação de filhos e beleza.

26

A identidade da maioria das mulheres da época, uma identidade formada pelo

Sujeito do Iluminismo, que de acordo com Stuart Hall, é centrada, unificada e

não sofre alteração ao logo da vida.

A Phillips desenvolveu uma mensagem com que as mulheres se

identificassem, com o intuito de apresentar assim uma boa aceitação de seu

produto, mostrando-se conservadora e respeitando os padrões impostos pela

sociedade da época. Não utilizando, por exemplo, de uma identidade

destinada à resistência (o feminismo), para não comprometer seu produto.

5.2. Transcrição Comercial 2: Nebacetin

Dimensão Visual:

Dimensão Verbal:

Abertura: O comercial se passa em

um parque, uma criança pega uma

bola e corre.

Narrador: As famílias mudam o jeito

de cuidar não.

Cena 1: Aparece uma família

formada por pai, mãe e dois filhos

biológicos. Sentados embaixo de

uma árvore.

Mãe 1: A gente usa Nebacetin para

cortes e machucadinhos.

Cena 2: Aparece uma família

formada por pai, mãe e dois filhos

adotivos. Lanchando em uma mesa

no parque.

Mãe 2: Uma vez a Ana queimou o

dedo e eu usei Nebacetin.

27

Cena 3: Aparece uma família

formada apenas por uma mãe e

duas filhas, caminhando pelo

parque.

Filha 1: Eu uso quando infecciona

espinha,

Mãe 3: Cutícula

Cena 4: Aparece um casal

homossexual caminhando de mãos

dadas carregando seu bebê.

Pai 1: Nebacetin acaba com as

bactérias, eu odeio bactérias.

Essa propaganda foi passada recentemente em rede aberta, época marcada

pela liberdade de impressa em que qualquer assunto pode ser abordado sem

trazer desconfortos à maioria da sociedade, mas ainda com cautela em tocar

em determinados assuntos em rede nacional.

O Comercial logo se inicia com a mensagem que “As famílias mudam, o jeito

de cuidar não”, em um ambiente bem familiar, isso mostra como a estrutura da

família mudou ao longo do tempo, mas a forma do carinho e cuidado é a

mesma do passado. As famílias da atualidade não são formadas apenas por

pais biólogos e filhos, mas também por pais e mães solteiros, por pais adotivos

e por pais homossexuais.

Essa comercial mostra a identidade de projetos (CASTELLS, 2008). A empresa

embutiu seus valores, não sendo preconceituosa e nem racista, entendendo

que família é muito mais do que laços de sangue, apoiando a adoção de

criança por qualquer tipo de pais, tema esse bem discutido atualmente.

O produto apresentado nesse comercial resolve problemas simples que podem

ocorrer em qualquer família, por isso um discurso voltado totalmente para elas,

o publico alvo identificado pela empresa.

28

5.3. Transcrição Comercial 3: Sadia

Dimensão Visual:

Dimensão Verbal:

Cena 1: O comercial começa com

uma menina pegando e folheando

um diário repleto de fotografias.

Menina: No dicionário, família é um

grupo de pessoas unidas por um

laço de sangue. Na vida real não é

assim que acontece.

Cena 2: A menina troca algumas

fotos de lugar e olha em direção a

um quarto e vê um grupo de

meninas sentadas na cama

folheando seus diários.

Menina: Eu tenho uma família que

todo mundo tem dez anos.

Cena 3: O ambiente muda para um

salão onde aparece um grupo de

idosos dançando e depois jogando

futebol de botão.

Menina: Meu avô tem uma família

só se encontra nas terças e outra

nas quintas.

Cena 4: O comercial evolui de uma

comemoração no escritório que a

mãe da menina trabalha, para um

jantar em que a família toda está

reunida.

Menina: Minha mãe tem uma família

de dia e outra de noite.

Cena 5: A menina aparece na tela

do computador. Seu irmão está

sentado em frente do computador

comendo um hambúrguer.

Menina: Meu irmão tem uma família

esquisita que a gente nunca vê.

29

Cena 6: A menina aparece em uma

janela, olhando através do binóculo,

alguns homens correndo, uma festa

de criança e seu vizinho em outra

janela.

Menina: Família é como um plural

de gente: como uma manada de

pais, enxame de pirralhos...

Cena 7: A menina aparece em uma

piscina, e logo após mostra um

grupo de mulheres fazendo

hidroginástica.

Menina: ... ou um cardume de

comadres.

Contemporâneo ao comercial 2, essa propaganda mostra como a sociedade está

fragmentada e como indivíduos assumem identidades de acordo com a necessidade

(conforme apontado no capítulo 3), como a mulher que é empresaria durante o dia e

dona de casa durante a noite. Reflete também o modo em que jovens usam a

internet.

Esta propaganda mostra que as velhas identidades não estão mais presentes na

sociedade, a mulher que cuidava apenas dos filhos e da casa ganhou mais espaço

no mercado de trabalhos. A expectativa de vida dos idosos vem aumentado devido

as atividades desenvolvidas por eles com o intuito de acabar com a nostalgia e

solidão em que muitos vivem.

Nessas três propagandas, foi possível observar como a identidade da sociedade

mudou em mais ou menos cinqüenta anos, e como as empresas tiveram que

acompanhar essa mudança para não perder competitividade, criando discursos com

Cena 8: A menina volta a colar as

fotos em seu diário. Ele o pega e

sai para o quintal em que toda a

família está reunida em um tipo de

comemoração.

Menina: Mas quando chega o

domingo todo mundo fica no plural,

todas as famílias se juntam e viram

uma só. E pra juntar qualquer

família não tem nada melhor que

um S de Sadia.

30

mensagens nas quais as pessoas se identifiquem, criando assim um relacionamento

com seus clientes.

31

6. CONCLUSÃO

Devido ao avanço constante da tecnologia nas ultimas décadas, os consumidores

tem ficado cada vez mais exigentes quanto à qualidade do produto/serviço, preço,

variedades, devido ao bombardeio de informações que recebem todos os dias de

empresas diversas, permitindo com isso a comparação feita pelo consumidor.

Os meios de comunicação estão cada vez mais velozes, e se no passado eram

restritos os meios pelas quais as propagandas eram veiculadas, hoje existem

inúmeros meios, a escolha para veiculação dessas informações se torna crucial.

Porém, nem todas essas informações se tornam uma comunicação efetiva, pois nem

sempre a empresa consegue atrair a atenção dos consumidores. Isso pode ocorrer

por diversos motivos, sendo eles o uso de uma linguagem ou um meio de

transmissão inadequado ou até mesmo a escolha de um publico alvo errado.

Com a globalização, os consumidores possuem acesso a produtos e serviços de

diferentes organizações em qualquer lugar do mundo, talvez uma empresa norte-

americana consiga com êxito se comunicar com um brasileiro com mais eficiência do

que uma empresa nacional.

Há alguns anos isso não seria possível, pois a identidade norte-americana seria

diferente da de um brasileiro, mas a globalização ao longo do tempo trouxe essa

mistura de identidades, com a sensação de que não existem mais fronteiras.

32

A identidade está cada vez mais fragmentada, o que gera mudança nos

comportamentos da sociedade que mudam seus valores e conceitos, alterando

padrões, o que dificulta a comunicação caso as organizações não acompanhem

esse processo.

Se no passado uma empresa quisesse se comunicar com os jovens de vinte anos,

por exemplo, seriam necessários poucos meios de comunicação e linguagens

diferentes, pois estes possuem na maioria das vezes as mesmas identidades.

Porém, na atualidade, é possível encontrar diversas identidades dentro desse

mesmo grupo, divididos nas mais diversas tribos urbanas.

Seguindo a mesma linha de raciocínio, se no passado fosse desenvolvido um

produto para as mulheres, este seria promovido em um comercial carregado com

mensagens sobre a boa dona de casa, porém hoje em dia essa mesma propaganda

não conseguiria o mesmo êxito que no passado.

Conclui-se, então, que além de ser uma ferramenta de comunicação, a propaganda

reflete a identidade social, pois está implícita nela valores, costumes, moda, crenças

de toda uma sociedade, que mudaram ao longo da história.

As organizações precisam acompanhar essa mudança na identidade da sociedade,

assim como identificar e entender como se comportam seu público-alvo, com o

intuito de criar um discurso especifico que apresente os valores e também a própria

identidade da empresa, a fim de gerar uma identificação entre empresa x

consumidor.

33

REFERÊNCIAS

BARROS, Orlando Mara de. Comunicação & Oratória. Rio de Janeiro: Lúmen Júris,

1993.

BAUER, Martin W; GASLKELL, George, (eds.). Pesquisa qualitativa com texto,

imagem e som: um manual prático. 7 ed. Petrópolis: Vozes, 2008.

CASTELLS, Manuel. O poder da identidade. São Paulo: Editora Paz e Terra, 2008

COULTHARD, Carmen Rosa Caldas; CABRAL, Leonor Scliar, (orgs.). Desvendando

discursos: conceitos básicos. Florianópolis: Editora da UFSC, 2008.

DIAS, Eliane Penha Mergulhão. A evolução da propaganda brasileira e a ideologia

de orientação capitalista: uma relação dialética. Doutorado em Comunicação Social

– Universidade Metodista de São Paulo, Guarulhos – SP. Disponível em:

http://www.redealcar.jornalismo..ufsc.br/cd4/ppropaganda/Eliane%20Penha%

20Mergulhao%20Dias.d. Acesso em: 3 de maio de 2010.

FAIRCLOUGH, Norman. Discurso e mudança social. Brasília: Editora Universidade

de Brasília, 2008.

GIDDENS, Anthony. Mundo em descontrole. 6 ed. Rio de Janeiro: Record, 2007.

34

HALL, Stuart. A Identidade cultural na pós-modernidade. 11 ed. Rio de Janeiro:

DP&A, 2006.

KOTLER, Philip; ARMSTRONG Gary. Princípios de marketing. 12 ed. São Paulo:

Pearson Prentice Hall, 2007.

MAGALHÃES, Izabel; CORACINI, Maria José; GRIGORETTO, Marisa, (orgs.).

Prática identitarias: língua e discurso. São Carlos: Editora Claraluz, 2006.

SILVA, Tomaz Tadeus da, (org.). Alienígenas na sala de aula: uma introdução aos

estudos culturais em educação. 7 ed. Petrópolis: Vozes, 2008.