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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DO MUNICÍPIO DE ASSIS INSTITUTO MUNICIPAL DE ENSINO SUPERIOR DE ASSIS COORDENADORIA DA ÁREA DE CIÊNCIAS GERENCIAIS Rafael Silva Vieira do Nascimento GESTÃO DA QUALIDADE NA CULTURA DA CANA-DE-AÇUCAR ASSIS – 2009

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FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DO MUNICÍPIO DE ASSIS

INSTITUTO MUNICIPAL DE ENSINO SUPERIOR DE ASSIS

COORDENADORIA DA ÁREA DE CIÊNCIAS GERENCIAIS

Rafael Silva Vieira do Nascimento

GESTÃO DA QUALIDADE

NA CULTURA DA CANA-DE-AÇUCAR

ASSIS – 2009

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DO MUNICÍPIO DE ASSIS

INSTITUTO MUNICIPAL DE ENSINO SUPERIOR DE ASSIS

COORDENADORIA DA ÁREA DE CIÊNCIAS GERENCIAIS

GESTÃO DA QUALIDADE

NA CULTURA DA CANA-DE-AÇUCAR

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao

Instituto Municipal de Ensino Superior de Assis -

IMESA/FEMA, como requisito parcial para obtenção

do título de Bacharel em Administração .

Aluno: Rafael Silva Vieira do Nascimento

Orientador: Prof. Luiz Antonio Ramalho Zanoti

ASSIS – 2009

FUNDAÇÃO EDUCACIONAL DO MUNICÍPIO DE ASSIS

INSTITUTO MUNICIPAL DE ENSINO SUPERIOR DE ASSIS

COORDENADORIA DA ÁREA DE CIÊNCIAS GERENCIAIS

GESTÃO DA QUALIDADE

NA CULTURA DA CANA-DE-AÇUCAR

Aluno: Rafael Silva Vieira do Nascimento

Banca Examinadora

Prof. Claudiner Buzinaro

Examinador

Prof. Eduardo Augusto Vella Gonçalves

Examinador

Prof. Luiz Antonio Ramalho Zanoti

Orientador

DEDICATÓRIA

Com muito carinho dedico aos meus pais, pelo apoio em todos

os momentos da minha vida.

A minha amiga Aline Hernandes, que me ajudou com os

detalhes do TCC.

AGRADECIMENTOS

Agradeço a uma pessoa em especial que me incentivou a

fazer o curso.

Agradeço de coração, pela compreensão de todos. Nada

acontece por acaso. Se eu cheguei até aqui foi graças a vocês

e a Deus.

Agradeço primeiramente a Deus, todo poderoso, por ter dado

a vida, e ter abençoado e iluminado meu caminho, a Jesus

Cristo e Maria, que me deram paciência em muitos momentos

também no decorrer deste período.

Agradeço aos meus pais, pela compreensão que tiveram nos

momento que eu me encontrava diante dos meus

compromissos acadêmicos e por tudo que fizeram por mim.

Agradeço ao meu orientador, Luiz Antonio Ramalho Zanoti,

pela orientação, segurança e confiança no meu trabalho.

A todos vocês, muito obrigado!

RESUMO

O presente estudo tem como finalidade a formação de um planejamento

agrícola, partindo do cadastramento dos talhões até o planejamento do plantio, a

importância da rotação na cultura de cana de açúcar, o manejo e conservação do

solo e culturas consorciadas para a renovação de canavial.

Com isso faz com que a produção de açúcar, álcool e energia se tornem

realidade no Brasil, também os aspectos voltados para a colheita mecanizada e

colheita manual devido às leis governamentais que ate o ano de 2014 toda a

colheita seja mecanizada excluindo o corte manual.

A expansão da cana de açúcar no Brasil faz com que aumente a renda

tanto dos colaboradores das usinas e também gerando ganhos financeiros nas

regiões que estão instaladas as usinas.

Definição de como que são firmados os contratos de parcerias de entrega

de cana de açúcar entre os fornecedores e o prazo que estes contratos são

estabelecidos entre usinas e fornecedores.

E mostrando que é possível realizar a expansão da cana de açúcar

mantendo programas de preservação ambiental e também a integridade física da

população próxima as usinas.

Palavras chaves: planejamento agrícola, rotação, conservação de solo e

culturas consorciadas, colheita mecanizada e manual, responsabilidade social e

ambiental, geração de empregos e rendas, expansão e contratos de produção.

ABSTRACT

This study is aimed at the formation of an agricultural planning, based on

the registration of plots to the planned planting, the importance of rotation in the

cultivation of sugar cane, management and conservation of soil and crops

consortium for the renewal of sugarcane.

With that causes the production of sugar, alcohol and energy a reality in

Brazil, also the aspects related to mechanical harvesting and hand harvesting

because of government laws that until the year 2014 the entire harvest is

mechanized excluding manual cutting.

The expansion of sugar cane in Brazil causes higher incomes of

employees of both plants and also for generating financial gains in the regions that

are installed plants.

Definition of how the contracts are entered into partnerships to deliver sugar cane

between the suppliers and the time that these contracts are established between

plants and suppliers.

And showing that it is possible to achieve the expansion of sugar cane

while conservation programs and also the physical integrity of the population near the

plants.

Key Words : agricultural planning, crop rotation, soil conservation and

intercrops, mechanical harvesting and manual, social and environmental

responsibility, job creation and income expansion, and production contracts.

RESUMEN

Este estúdio tiene por objetivo la formación de uma planficación agrícola,

basada eN el registro de parcelas de tierra para caña de azúcar, hasta la

planificación de la siembra, la importância de la rotación en el cultivo de caña de

azúcar, la gestion y conservación del suelo y cultivos asociados para la renovación

del cañaveral.

Con esa causa la producción de azúcar, alcohol y energía en una realidad

en Brasil, también los aspectos relacionados a la cosecha mecánica y cosecha

manual, debido a las leyes del gobierno que hasta el año 2014 toda la cosecha está

mecanizada con exclusión de corte manual.

La expansión de la caña de azúcar en Brasil provoca aumento de los

ingresos de los trabajadores de ambas plantas y también para generar beneficios

económicos en las regiones que se instalan las plantas.

Definición de la forma de los contratos celebrados entre las asociaciones

para entregar la caña de azúcar entre los proveedores y el tiempo que estos

contratos se establecen entre las plantas y los proveedores.

Y demostrando que es posible lograr la expansión de la caña de azúcar, mientras

que los programas de conservación y también la integridad física de la población,

cerca de las plantas.

Palabras Claves : planificación agrícola, la rotación de cultivos,

conservación de suelos y cultivos intercalados, la recolección mecánica y manual, la

responsabilidad social y ambiental, la creación de empleo y la expansión de la renta,

y los contratos de producción.

SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO ....................................................................................................................15

2. PLANEJAMENTO AGRÍCOLA ........................................................................................ 16

2.1 Cadastramento de Talhões............................................................................................ 16

2.2 Contrato de Arrendamento, parceria ou fornecedores................................................... 17

2.3 Manutenção do Banco de dados.................................................................................... 17

2.4 Modelagem dos canaviais.............................................................................................. 18

2.5 Estimativa de Produção................................................................................................. 18

2.6 Integração Industrial e Comercial................................................................................... 18

2.7 Elaboração do Cronograma de moagem........................................................................ 19

2.8 Definição da época de colheita....................................................................................... 19

2.9 Definição do tipo da colheita........................................................................................... 20

2.10 Licenciamento Ambiental (PEQ)................................................................................... 20

2.11 Dimensionamento das frentes de colheita.................................................................... 21

2.12 Elaboração do orçamento financeiro............................................................................ 22

2.13 Comunicação com a Agencia Ambiental...................................................................... 22

2.14 Definições do estoque de cana..................................................................................... 23

2.15 Programação de Aplicação de Maturadores................................................................. 23

2.16 Emissão de Ordens de Serviço da Colheita................................................................. 23

2.17 Emissão de relatórios de Produção e Qualidade......................................................... 23

2.18 Elaboração do cronograma de Tratos Culturais............................................................ 24

2.19 Planejamento do Plantio................................................................................................ 24

3 A IMPORTÂNCIA DA ROTAÇÃO DA CULTURA NA CANA – DE – AÇÚCAR ............... 26

3.1 A rotação da cultura na cana–de–açúcar........................................................................ 26

3.2 O desafio de ocupar todos os hectares possíveis com rotação ..................................... 28

3.3 Beneficio Social............................................................................................................... 29

3.4 Beneficio Técnico............................................................................................................ 29

3.5 Beneficio Financeiro........................................................................................................ 29

4 MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO EM ÁREAS DE EXPANSÃO E RENOVAÇÃO

DE CANAVIAL .......................................................................................................................33

4.1 Avaliação do Potencial das terras para o cultivo com a cana - de–

açúcar.................................................................................................................................... 34

4.2 Preparo do Solo............................................................................................................... 36

4.3 Uso de Corretivos e Fertilizantes..................................................................................... 39

4.4 Época de Plantio.............................................................................................................. 40

5 CULTURAS CONSORCIADAS PARA A RENOVAÇÃO DO

CANAVIAL ............................................................................................................................ 46

5.1 Semente legal na renovação o canavial.......................................................................... 46

5.2 Sementes de espécies autógamas e o período da ilegalidade: grão próprio usado como

insumo indiscriminadamente e o pior, é pirataria.................................................................. 47

5.3 A lei de proteção de Cultivares (LPC)............................................................................. 47

5.4 A lei de Patentes.............................................................................................................. 48

5.5 A qualificação do setor sementeiro brasileiro.................................................................. 49

5.6 A legalidade da Semente................................................................................................. 52

5.7 A semente para uso próprio............................................................................................ 53

5.8 As sementes ilegais (Piratas).......................................................................................... 54

5.9 Vantagens das Sementes certificadas x Aumento no uso de sementes “informais” e a

conseqüente redução das taxas de usos de sementes

melhoradas............................................................................................................................ 54

5.10 O que pode e está sendo feito para coibir o avanço de sementes

ilegais..................................................................................................................................... 55

5.11 A cultura de amendoim em áreas de reforma canavial................................................. 56

5.12 Um pouco da trajetória da cultura.................................................................................. 56

5.13 Situação atual e perspectivas do agronegócio do amendoim....................................... 56

5.14 Conhecendo um pouco da botânica e da fenologia do amendoim. ...............................59

5.15 A distribuição da soca e o preparo do solo para a cultura de

amendoim.............................................................................................................................. 60

5.16 Época de semeadura..................................................................................................... 60

5.17 Colheita: como definir o ponto de colheita..................................................................... 61

5.18 Operações básicas de arranquio e colheita.................................................................. 61

5.19 Colheita com mecanização total: Cuidados no dimensionamento da

frota........................................................................................................................................ 61

5.20 Perdas na colheita mecanizada de amendoim.............................................................. 62

5.21 Expectativas e desafios do agronegócio do amendoim................................................ 63

5.22 Plantio de soja em área de renovação de canavial com palha

residual.................................................................................................................................. 63

5.23 Preparo do solo............................................................................................................. 64

5.24 Objetivos do preparo de solo......................................................................................... 65

5.25 Preparo convencional.................................................................................................... 66

5.26 Preparo Reduzido.......................................................................................................... 66

5.27 Plantio direto.................................................................................................................. 66

5.28 Comportamento das plantas daninhas em sistema de plantio

direto...................................................................................................................................... 67

5.29 Influência do plantio direto na fertilidade do solo e na eficiência de aproveitamento dos

nutrientes pelas plantas daninhas......................................................................................... 67

5.30 Intensidade do ataque de pragas na relação plantio direto x plantio convencional nas

culturas de soja e milho......................................................................................................... 68

5.31 Sistema de rotação de culturas em áreas de plantio direto........................................... 68

5.32 Plantio direto de culturas de rotação em áreas de reforma e cana – de – açúcar sem

queima de palhada................................................................................................................ 69

6 A EXPANSÃO DA CANA – DE – AÇÚCAR E AS QUESTÕES AMBIENTAIS ................ 70

6.1 O processo de expansão................................................................................................. 70

6.2 Abertura de áreas para produção de cana – de – açúcar............................................... 71

6.3 Ocupação de grandes áreas com apenas uma cultura................................................... 72

6.4 Ocupação de áreas pouco indicadas para a produção de cana – de –

açúcar.................................................................................................................................... 72

6.5 Exposição do solo enquanto não houver o plantio da cultura......................................... 73

6.6 Ocorrência de compactação do solo............................................................................... 73

6.7 Aplicação de resíduos industriais nas áreas de plantio................................................... 73

6.8 Aplicação de defensivos.................................................................................................. 74

6.9 Processo de colheita mecânica e queima....................................................................... 74

6.10 Expansão da produção industrial de álcool e açúcar.................................................... 75

6.11 Aumento da capacidade instalada de moagem............................................................. 76

6.12 Aumento do uso de água e aumento da geração de efluentes..................................... 76

6.13 Aumento do consumo de energia.................................................................................. 77

6.14 Geração de resíduos sólidos......................................................................................... 78

6.15 Geração de efluentes líquidos....................................................................................... 78

6.16 Emissão de gases e material particulado...................................................................... 79

6.17 Tráfego de veículos....................................................................................................... 80

6.18 Riscos ambientais.......................................................................................................... 80

6.19 Os impactos positivos.................................................................................................... 80

6.20 Aumento da economia da região................................................................................... 81

6.21 Geração de empregos e renda à população................................................................. 81

6.22 O nível tecnológico local e regional aumenta................................................................ 82

7. PARCERIA DE TERRAS E PRODUÇÃO AUTÔNOMA DE CANA – DE – AÇÚCAR NA

EXPANSÃO DO CANAVIAL ................................................................................................. 82

7.1 Considerações sobre a exploração agrícola da terra...................................................... 82

7.2 Considerações sobre a apuração do preço de cana – de – açúcar................................ 83

7.3 Considerações sobre o custo de produção..................................................................... 84

7.4 Escolha de sistema de produção pela usina................................................................... 84

CONCLUSÃO .........................................................................................................................86

REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................................... 87

REVISTA............................................................................................................................... 87

REFERÊNCIAS ELETRÔNICAS ......................................................................................... .88

LISTA DE TABELAS

Eliminação gradativa da queima de palha................................................................. 21

Eventos durante um ano agrícola no setor canavieiro.............................................. 28

Perda do solo por diferentes situações no cultivo da cana....................................... 37

Perda de solo e água por erosão e demanda de água num Latossolo..................... 41

Taxa de enriquecimento por matéria orgânica e nutriente....................................... 44

Concentração média de matéria orgânica e nutrientes............................................. 44

Atributos químicos no solo........................................................................................ 44

Perdas de solo, matéria orgânicas e nutrientes por erosão...................................... 45

Taxa de infiltração num agrossolo............................................................................. 45

Padrões de campo para produção de sementes em SP (1997)............................... 49

Padrões de campo para produção de semente em SP (2000)................................. 50

Padrões de campo para produção de sementes de soja.......................................... 50

Padrões de sementes para produção e comercialização de sementes.................... 51

Dados econômicos comparativos entre soja e amendoim........................................ 57

Comparação teórica da produção de grãos, óleos e farelos..................................... 58

Características do amendoim dos grupos botânicos..................................................59

1. INTRODUÇÃO

A cana de açúcar é uma planta que pertence ao gênero Saccharum L. Há pelo

menos seis espécies do gênero, que são provenientes do Sudeste Asiático. A planta

é a principal matéria - prima para a fabricação do açúcar e álcool.

É uma das culturas agrícolas mais importantes do mundo tropical, gerando centenas

e milhares de empregos diretos, sendo uma importante fonte de renda e

desenvolvimento. O interior paulista é umas das regiões mais desenvolvidas do

Brasil, com elevados índices de desenvolvimento e renda per capita muito acima da

media nacional.

A principal característica da indústria canavieira é a expansão através do latifúndio,

resultado da alta concentração de terras nas mãos de poucos proprietários, gerando

por sua vez, o êxodo rural. Os problemas com as queimadas praticadas

anteriormente ao corte, para a retirada das folhas secas, são constantes nas

reclamações de problemas respiratórios nas cidades circundadas por essa

monocultura. Ademais, o retorno social da agroindústria como um todo, é mais

pretensioso que beneficio para a maioria da população.

No Brasil, a agroindústria da cana-de-açúcar tem adotado políticas de preservação

ambiental que são exemplos mundiais na agricultura, embora não estejam

contemplados os problemas decorrentes da expansão acelerada sobre vastas

regiões. Observe-se também que em época de renovação do cultivo, a cada quatro

ou cinco anos, são efetuados plantios de leguminosas (soja) que recuperam o solo

pela fixação de nitrogênio. Quanto aos problemas advindos da queima controlada na

época de corte, existe já um movimento em direção à mecanização da colheita que

aumenta de ano para ano, além de rigorosos protocolos que prevêem o fim da

queima até o ano de 2014.

16

2. PLANEJAMENTO AGRÍCOLA

O planejamento agrícola é de grande importância para quem produz a matéria-prima

para a produção do açúcar, álcool e energia. Este planejamento é instável, pois ao

mesmo tempo em que ganha bastante dinheiro, também se perde. Para isso as

empresas investem em pessoas qualificadas para poderem minimizar as perdas.

2.1 Cadastramento de talhões

É feito todo um mapeamento da área, onde se verifica a topografia da fazenda e,

depois de todos estes dados coletados, uma equipe responsável faz o

cadastramento através de um banco de dados, onde eles irão ter uma visão de toda

a propriedade e verificar as áreas que terão que ser corrigidas.

A importância deste monitoramento é para que quando for feita a colheita da cana-

de-açúcar saiba qual parte da propriedade possa ser feita, a colheita mecanizada e

a colheita manual, com melhor aproveitamento da área, e para as próximas plantas

terem um melhor desempenho. Depois de realizada a colheita este verificará qual

área teve um melhor aproveitamento. Após a colheita, se realizada com a cana

queimada, verifica-se a hora que foi realizada a queima do talhão, dado este de

suma importância para os responsáveis da área agrícola e industrial.

Este capítulo foi escrito com base nas informações técnicas contidas na obra: EXPANSÃO E

RENOVAÇÃO DE CANAVIAL DE SILVELENA VANZOLINI SEGATO, CAROLINA FERNANDES E

ALEXANDRE DE SENE PINTO, Piracicaba, Editora CP 2, 2007.

17

2.2 Contrato de arrendamento, parceria ou fornecedores

A importância destes contratos é para a indústria saber qual será a quantidade de

cana-de-açúcar que irá receber no período de safra. Para esta finalidade existem

três tipos de contratos:

- contrato de fornecedores: neste contrato, o proprietário da área que a cana-

de-açúcar será plantada será o responsável desde o plantio até a colheita,

assumindo um compromisso com a usina de não faltar matéria-prima na unidade

industrial para não comprometer a produção.

- contrato de prestação de serviços: neste de contrato, o proprietário da área

que a cana-de-açúcar será cultivada será somente responsável pelo plantio e toda a

etapa de colheita e logística fica a cargo da usina.

- contrato de parceria: neste contrato a usina é responsável por todo o

processo, desde o plantio da cana-de-açúcar, transporte que irá levar a matéria–

prima até a indústria. Geralmente estes contratos são feitos por um período de

cincos anos, e se houver necessidade poderá ser prorrogado por mais um ano. Fica

a critério do responsável pelo setor de planejamento ver se é possível prorrogar o

contrato de corte por mais um ano e também se a propriedade terá condições de

produzir a cana-de-açúcar. Se a área não tiver condições de plantio irá verificar a

possibilidade de ser cultivada em outra área, mas este processo é feito através de

contratos.O objetivo destes contratos é suprir a demanda de cana-de-açúcar no

processo industrial.

2.3 Manutenção do banco de dados da lavoura

Este banco de dados tem a finalidade de monitorar toda a produção da cana-de-

açúcar, talhão por talhão, onde são registrados dados reais referentes aos custos da

colheita manual e da colheita mecanizada. Terão os custos sobre transportes, entre

outros, cuja finalidade é evitar ao máximo o prejuízo desde o momento do plantio até

a fase que a matéria-prima é levada até a indústria.

18

Neste caso, a comunicação e planejamento são pontos primordiais para evitar

danos e que a produção de cana-de-açúcar nos talhões alcance o objetivo

esperado.

2.4 Modelagem dos canaviais

É de grande importância, pois é na modelagem de canaviais que será definido qual

de cana-de-açúcar que melhor irá adaptar à colheita mecanizada. A qualidade será

primordial para alcançar o objetivo na colheita e evitar o corte precoce, pois esta

modelagem tem que ser bem monitorada, pois o canavial irá conviver com esta

plantação num período estimado de cinco anos.

2.5 Estimativa de produção

Estas estimativas são feitas logo após o término da safra, quando é abordado tudo

que ocorre no decorrer do período da safra, como quebra de equipamentos e corte

mecanizado. Este relatório deve ser entregue até o fim do mês de fevereiro, quando

todos estes dados coletados serão entregue ao setor de TI (Tecnologia de

Informação), tendo em vista a importância destes relatórios para as correções

futuras nos canaviais.

2.6 Integração industrial e comercial

Esta programação de moagem da cana-de-açúcar é feita através da análise dos

contratos firmados com as vendas do açúcar e do álcool. Tudo irá depender da

demanda dos contratos e para definir se poderá aumentar ou não a moagem da

cana-de-açúcar. Dependendo do contrato, as usinas terão em mãos que tipo de

açúcar ela irá processar, se é o açúcar branco ou o p.22 açúcar VHP (Very High

Polarization). Este tipo de açúcar não pode ser consumido, e sim exportado com a

finalidade de produção de açúcar refinado.

19

De acordo com Bononi (2007, p. 22).

O que é moído na usina é o ART (açúcar redutor total), que é a

transformação dos açúcares totais em glicose, dado pela seguinte formula:

ART = PC+ AR onde:

0,95

PC = pol por toneladas de cana (sacarose);

AR = açucares redutores (glicose e frutose).

Está formula serve para transformar a cana-de-açúcar em matéria-prima

dependendo dos contratos que a usina faz com os fornecedores e que tipo de

açúcar ela irá exportar.

2.7 Elaboração do cronograma de moagem

Este cronograma é definido todos os meses de janeiro, cuja finalidade é a

programação de como será a capacidade da indústria em receber a cana-de-açúcar

e como irá se programar na sua moagem. Estes dados são definidos nos períodos

que mais ocorrem às chuvas, e para a indústria se programar nos dias de chuvas,

porque este é um dos motivos que não ocorrem colheita, nem mecanizada e nem a

manual.

2.8 Definição da época da colheita

A colheita é definida conforme se planeja o plantio, quando são verificados os riscos

que podem acontecer no decorrer da colheita, tais riscos como incêndios pertos das

casas que são cultivados os canaviais. Sendo assim, evita-se estes tipos de

transtorno, e também pode ter um melhor aproveitamento da colheita. Estuda-se

também o solo ácrico, que possui uma rápida capacidade de secagem. Com isso –

se aproveita mais os períodos de chuvas onde pode haver uma melhor formação do

20

canavial, obtendo uma melhor qualidade da cana no início da safra e quando esta

estiver no seu período de meio e término, a qualidade da cana será bem inferior,

portanto terá que utilizar produtos químicos.

Cultiva-se a cana na mesma área para fazer os comparativos de onde melhor ocorre

um desempenho, tanto nos aspectos de colheita mecanizada, como no de transporte

que é responsável por levar o produto até a indústria.

2.9 Definição do tipo de colheita

A colheita é definida conforme relatórios apresentados, onde são indicadas todas as

avarias que existem no local de cultivo. Tudo que ocorreu no período de plantio, se

existe dificuldade de se fazer a colheita mecanizada, caso haja problemas como

buracos, pedras na área cultivada, a usina será obrigada a utilizar-se da colheita

manual para não comprometer o andamento da colheita.

Tudo isso tem como objetivo minimizar ao máximo os custos porque se ocorrer

quebras na colheita mecanizada, acarretará prejuízo que irá comprometer os custos

de plantios e colheita. Também existem terrenos acidentados onde é impossível o

corte mecanizado, em regiões próximas das cidades, onde é proibida a queima da

cana, a usina terá que usar o corte mecanizado, em vez do manual.

2.10 Licenciamento Ambiental (PEQ)

Para Bononi (2007, p. 25)

O PEQ (programa de eliminação de queimadas), baseia-se na Lei 11.241

de 19/09/2002 e é regulamentada pela Lei 47.700 de 11/03/203,

promulgada pelo governo de Estado de São Paulo, que dispõe sobre a

eliminação do uso do fogo como método despalhador e facilitador do corte

de cana-de-açúcar, e obriga os plantadores de cana-de-açúcar que utilizam

a queima da palha a tomar as providências necessárias para reduzir de

forma gradativa esta prática (Tabela 1). Como base nesta lei foi instituída

21

uma tabela de eliminação gradativa da queima da palha, obedecendo ao

cronograma descrito na tabela 1.

Tabela 1 - Cronograma de eliminação gradativa da queima da palha (Secretaria do

Meio Ambiente do Estado de São Paulo)

Ano Área mecanizável onde não se

pode efetuar queima

Percentual de Eliminação

1º ano (2002) 20 % da área cortada 20% da queima eliminada

5º ano (2006) 30% da área cortada 30% da queima eliminada

10º ano (2011) 50% da área cortada 50% da queima eliminada

15º ano (2016) 80% da área cortada 80% da queima eliminada

20º ano (2021) 100% da área cortada Eliminação total da queima

A usina deve apresentar cronogramas para eliminar as queimas dos canaviais com o

objetivo de preservação de estações ecológicas, em áreas perto de aeroportos e

áreas de telecomunicações, ferrovias e rodovias e até mesmo em áreas de

perímetros urbanos. Estes cronogramas devem ser apresentados aos órgãos

competentes que irão fiscalizar estes acordos. Portanto, sobre estas áreas há

obrigatoriedade de as usinas utilizarem a colheita mecanizada da cana-de-açúcar.

2.11 Dimensionamento das frentes de colheita

A usina deve verificar a quantidade de colhedoras que ela possuiu sobre a

quantidade de cana-de-açúcar que ela tem cultivado. Daí sim a usina faz o

planejamento, e analisa a sua capacidade de colheita diária e a quantidade que a

indústria comporta no dia a dia.

A usina também tem que se adaptar aos fornecedores, porque eles também têm

uma porcentagem de cana-de-açúcar para entregar a ela. Esta quantidade também

22

terá que suprir a demanda da indústria. Caso a própria usina, com a colhedora e os

fornecedores, não consiga suprir a indústria, esta automaticamente deve recorrer à

colheita manual, pois o seu maior objetivo é atender a demanda, não deixando faltar

matéria-prima.

Um dos principais objetivos da usina é adaptar todo o processo de moagem da

cana-de-açúcar. Ela se preocupa desde a colheita da cana-de-açúcar, se é

mecanizada ou manual, o sistema de logística que irá levar a cana-de-açúcar até a

indústria e que tipo de transporte ela ira utilizar quando tiver a cana-de-açúcar

picada.

2.12 Elaboração do orçamento financeiro

Todo início de safra a usina deve fazer o levantamento de todos os seus custos,

desde a colheita mecanizada à colheita manual. Estes custos são primordiais para o

planejamento da usina, para que no decorrer da safra ela não tenha prejuízo com

colheita e nem com logística, e para que no final consiga alcançar todos os seus

objetivos estabelecidos.

Estes custos têm que ser muito bem observados porque eles são baseados

conforme a capacidade de corte, sobre a tonelada de cana-de-açúcar. Eles irão

apontar os prejuízos e os benefícios da colheita.

2.13 Comunicação com a agência ambiental

A usina, antes de iniciar a colheita da cana-de-açúcar, deve comunicar à Secretaria

do Meio Ambiente em quais serão os pontos dos canaviais utilizados nas

queimadas, para que possam acompanhar todo o processo e para evitarem danos

ao meio ambiente. Caso haja motivos, tais como chuva centralizada no local que a

cana-de-açúcar irá ser queimada e por esse motivo esta não ocorreu, deve-se

novamente comunicar a Secretaria do Meio Ambiente e justificar o motivo. Deve-se

marcar uma nova data para efetuá-la. Caso este procedimento não seja feito, a

usina corre o risco de ser penalizada por crime ambiental.

23

2.14 Definições de estoque de cana

A usina faz uma reunião para definir a quantidade de cana-de-açúcar que deve ser

cortada no dia a dia. Todo este cronograma serve para informar a indústria da

quantidade de cana-de-açúcar que irá receber, evitando-se, assim, que não falte a

matéria-prima na indústria. O objetivo também é que, a quantidade de cana-de-

açúcar cortada no dia consiga suprir a demanda da indústria.

2.15 Programação de aplicação de maturadores

De acordo com o site: http://www.apta.sp.gov.br/noticias.php?id=114:

Os maturadores, definidos como reguladores vegetais, agem alterando a morfologia e a fisiologia da planta, podendo-se levar a modificações qualitativas e quantitativas na produção. Podem atuar promovendo a diminuição do crescimento da planta, possibilitando incrementos no teor de sacarose, precocidade de maturação, aumento de produtividade, e também atuar sobre as enzimas (invertases), que catalisam o acúmulo de sacarose nos colmos

Esta programação é feita antes do início da colheita da cana-de-açúcar, num

período de um mês e meio antes, e sendo assim a usina aplica o maturador 30 dias

antes de se iniciar a safra.

2.16 Emissão de ordens de serviço para a colheita

São emitidos relatórios onde se tem toda a área da cana-de-açúcar plantada. Depois

são distribuídos para os responsáveis da área de colheita, para que eles direcionem

onde se deve começar e verificam-se quais as áreas de melhor aproveitamento

durante toda a safra, para que minimizem erros.

2.17 Emissão de relatórios de produção e qualidade

A usina deve ter uma equipe especializada em controle para que elas possam

informar tudo que esta acontecendo no canavial, no período da colheita, desde as

24

perdas até o momento que a cana-de-açúcar vai para a indústria, evitando, assim,

prejuízo, e tendo um melhor desempenho.

2.18 Elaboração do cronograma de tratos culturais

Quando a colheita está no fim faz-se um programa de tratos culturais com o objetivo

de aplicação de vinhaça nas áreas de cana-de-açúcar crua e queimada, preparando

a área para o próximo plantio.

2.19 Planejamento de plantio

Antes de iniciar o plantio da cana-de-açúcar, a usina deve definir a área que ela irá

utilizar. Deve verificar quais serão os problemas que ela irá enfrentar, tais como: o

tipo de solo, quais serão as necessidades deste solo, os tipos de produtos que ela

irá utilizar para que nele possa ser cultivada a cana-de-açúcar; se há histórico de

ervas daninhas para que não comprometa – lá depois de plantada. Após verificar

estes tópicos a usina irá definir que tipo irá cultivar. Existem três tipos de plantio:

Para Bononi (2007 p. 30 e 32).

- Plantio de outono-inverno. Consiste em um plantio realizado em áreas

fertirrigadas, em período de muita seca (junho, julho e agosto). Para esse

tipo de plantio as variedades não podem florescer, pois o período indutivo

de florescimento é de fevereiro a março, e se forem plantada variedades

que floresçam isso irá acontecer com a cana entre os sete e oito meses, e

com isso o seu crescimento será interrompido.

- Plantio de cana-de-ano. Plantio que ocorre no período de setembro a

outubro, preferencialmente implantado nos melhores solos da companhia,

pois o canavial terá uma taxa de crescimento bem maior do que em outro

tipo de solo. A variedade RB72454 é a mais plantada como cana-de-ano.

- Plantio de cana-de-ano-e-meio ou cana de 18 meses. Isto significa

que a colheita do primeiro corte deste canavial será com 18 meses de

idade. É um plantio realizado entre janeiro e abril. O recomendando para

25

esse plantio é usar os solos melhores em janeiro e fevereiro e em março e

abril realizar o plantio nos solos mais fracos.

Realizando-se uma comparação média de um primeiro corte em relação ao

tipo de plantio, verifica-se.

- cana-de-ano – 90 t.ha 1.

-cana de outono-inverno – 100 t.ha 1.

- cana-de-ano-e-meio ou de 18 meses – 125 t.ha 1.

Com estes dados, a usina irá verificar qual a melhor opção de plantio, para que ela

obtenha uma maior produtividade. Analisam, entre eles, quais são as melhores

formas de colheita, se é a mecanizada ou a manual. Depois de definido o tipo de

plantio, a usina irá planejá-lo avaliando, o tipo de solo que a cana-de-açúcar será

cultivada, fazendo todas as correções que o solo ira necessitar, desde a subsolagem

até a aplicação de adubo. Com isso a usina procura obter uma melhor qualidade

desde o preparo do solo, o plantio e o período da colheita.

A usina também se preocupa com o sistema logístico responsável por levar a cana-

de-açúcar até a indústria, que devido ao tráfico de caminhões nos canaviais, pode

prejudicar todo o trabalho feito no preparo de solo.

As usinas praticam dois tipos de plantio da cana-de-açúcar: o plantio mecânico e o

manual. No plantio mecânico, a usina deve adaptar-se a uma série de fatores, desde

o transporte da muda da cana-de-açúcar, até a colhedora que irá realizar a colheita

da muda. Deve-se tomar cuidado com as mudas colhidas na hora que for fazer o

plantio. Não se deve colocar mudas danificadas porque irá prejudicar o plantio, bem

como regular bem a plantadeira, pois será muito importante para se obter um melhor

aproveitamento no plantio. Tomado todas estas medidas desde o preparo de solo, a

colheita das mudas, o corte, seja ele mecanizado ou manual, todos estes

procedimentos farão com que a usina tenha uma melhor qualidade do seu produto.

O planejamento agrícola é de suma importância na usina, porque será ele que irá

estabelecer regras de custos desde plantio, colheita e logística. Feitos estes custos

a usina irá verificar quais os pontos que devem ser melhorados para que no final da

safra ela possa ter uma maior lucratividade e melhor desempenho, e para que nos

26

anos seguintes possa melhorar cada vez mais, trazer para o mercado um produto

com qualidade.

3. IMPORTÂNCIA DA ROTAÇÃO DE CULTURA NA CANA-DE-

AÇÚCAR

No início de década de 70, os produtores de cana-de-açúcar estavam preocupados

com os altos custos desta cultura. Com o objetivo de barateá-la eles procuram

alternativas, entre elas as rotações de culturas. Aproveitando as áreas que a cana-

de-açúcar foi cultivada, começaram a cultivar produtos tais como soja, feijão,

girassol arroz, milho, dentre outros, mas chegaram à conclusão que estas culturas

não eram rentáveis.

Foi a partir da década de 1980 que a cultura da cana-de-açúcar começou a ganhar

mais força, despertando interesses entre fornecedores e cooperativas, com o

objetivo de fazerem parcerias com as usinas e aprofundar mais nesta cultura, que

além de sustentável é rentável para os produtores e também podem a abordar

aspectos sociais no setor sucroalcooleiro e a geração de novos postos de trabalho

para a população.

3.1 A rotação da cultura de cana-de-açúcar

Após o término da colheita da cana-de-açúcar, várias usinas e fornecedores fazem,

nas áreas plantadas, as rotações de cultura, aproveitando ao máximo estas áreas

que receberam adubos dentre outros nutrientes para o cultivo de soja, amendoim e

outros.

Sendo assim, no período de entressafra, as áreas que são de cultivos de cana-de-

açúcar com a rotação de cultura não ficam expostas à proliferação de ervas

daninhas, e nem erosão causadas pelas chuvas de verão.

27

De acordo com o site http://www.agencia.cnptia.embrapa.br/gestor/cana-de-

acucar/arvore/CONTAG01_75_22122006154841.html

Com o término do ciclo da cana, o produtor pode optar por renovar

imediatamente seu plantio ou proceder à rotação com outras culturas. Essa

opção irá depender do seu objetivo que, resumidamente, pode ser melhoria

das condições físico-químicas ou aumento de renda.

O sistema mais comum de utilização de culturas em rotação ou reforma

envolve operações como: retirada da cana (entre setembro e outubro),

destruição da soqueira, calagem, preparo do solo, plantio da cultura anual,

colheita (entre fevereiro e março) e novo plantio de cana, logo em seguida.

Durante a renovação do canavial, normalmente, faz-se o uso de espécies

de plantas conhecidas como adubos verdes, cujo objetivo é obter uma

cobertura superficial e manter ou melhorar as propriedades físicas,

químicas e biológicas do solo, inclusive em profundidade.

O cultivo de espécies de ciclo curto em áreas de renovação de cana-de-

açúcar proporciona ao produtor uma série de vantagens agronômicas,

econômicas, políticas e sociais. Algumas vantagens da rotação de culturas

em cana-de-açúcar são:

� Economia na reforma do canavial;

� Conservação do solo, devido à manutenção de cobertura numa época

de alta precipitação pluvial;

� Controle de plantas daninhas durante o cultivo anual da cana;

� Combate indireto a pragas, como diatrea e elasmo, que se hospedam

em plantas daninhas;

� Aumento da produtividade da cana-de-açúcar e produção de alimentos.

Um dos objetivos da rotação de cultura é manter a área rica em nutrientes e com

grande capacidade de produção, evitando-se todo o tratamento que recebeu durante

os plantios da cana-de-açúcar não se percam, e para que tenha um melhor

aproveitamento nas futuras plantas, tanto no plantio da própria cana-de-açúcar,

quanto na rotação de cultura, onde se planta a soja e outros cereais.

Este capítulo foi escrito com base nas informações técnicas contidas na obra: EXPANSÃO E

RENOVAÇÃO DE CANAVIAL DE SILVELENA VANZOLINI SEGATO, CAROLINA FERNANDES E

ALEXANDRE DE SENE PINTO, Piracicaba, Editora CP 2, 2007.

28

3.2 O desafio de ocupar todos os hectares possíveis com rotação

De acordo com Segato (2007, p. 13)

A tarefa de praticar a rotação em 100% das áreas de renovação de cana-

de-açúcar é árdua, porém não impossível. Somente com exemplo, a Usina

Santa Adélia de Jaboticabal, SP, quem tem as maiores médias de

produtividade do Brasil, realiza rotação em 100% de suas reformas.Ao

longo de mais de 20 anos adotando esta prática, uma grande quantidade

de recursos entraram no caixa da empresa, possibilitando melhorar seus

processos produtivos.

A operacionalização do sistema é possível, graças ao encaixe exato que o

cronograma das operações das culturas envolvidas possibilita. Os eventos

complementam-se, em vez de atrapalharem uns aos outros. Nos dados

contidos na Tabela 1, verifica-se este cronograma.Fica claro que um dos

grandes paradigmas quem emperram esta técnica: ”a rotação atrasa o

plantio da cana-de-açúcar”, fica sem qualquer forma de defesa.

Tabela 1. Cronograma de eventos que ocorrem durante um ano agrícola no setor

Canavieiro

Evento abril maio junho julho agosto setembro outubro novembro dezembro janeiro fevereiro março abril

Colheita cana X X X X X X X X

Preparo do solo X X X X X X X

Plantio crotalária X X X X

Plantio amendoim X X X

Plantio soja X X

Colheita crotalária X X X X

Colheita

amendoim X X X

Colheita soja X X

Plantio cana 1 X X

Plantio cana 2 X X X X

Podem-se destacar três principais motivos para se efetuar a rotação, o social, o

técnico e o financeiro. Será feita uma abordagem de cada um deles para demonstrar

os principais benefícios.

29

3.3 Benefício social

Um dos fatores sociais voltados para a população é a geração de emprego nas

regiões que as usinas se instalam, porque é até mais viável para elas priorizar a

contratação de colaboradores que moram próximos às suas áreas de atuação.

Fazendo assim, até mesmo que o aumento da renda na região beneficie o comercio

de uma forma geral.

A grande preocupação é o período de entressafra, que ocorre nos meses de

novembro a março. São os períodos em que as usinas suspendem suas atividades.

A crítica é por que a região fica dependente somente da cultura da cana-de-açúcar,

e faz com que além de reduzir a taxa de emprego, reduz automaticamente a renda

na região.

3.4 Benefício técnico

A rotação de cultura corre menor risco porque variedades com a soja e o milho são

cultivadas nos períodos de primavera e verão, que são os períodos que já estão

acabadas as safras da cana-de-açúcar e o risco de perdas nestas culturas é bem

menor.

Não tomando estas precauções, provavelmente irá dificultar os futuros plantios da

cana-de-açúcar nestas áreas, além dos prejuízos financeiros. O não cuidado com

estas áreas obrigará a usina ou fornecedor preparar novamente a terra, além de

tomar tempo, também pode ocorrer o atraso do plantio, comprometendo toda a

industrialização da cana-de-açúcar.

3.5 Benefício financeiro

Não só a cultura da cana-de-açúcar, como a da soja e milho também apresentam,

em termos financeiros, lucros com a sua produção. Os rateios da cultura da soja e

do milho são idênticos com os da cana-de-açúcar, porque exige que o produtor

direcione seu custo. Hoje o Estado de São Paulo é uma região privilegiada no

30

cenário nacional. Devido à sua grande evolução nos aspectos de infra-estrutura e

logística faz com que o produto final tenha um custo mais baixo.

Para os produtores, o período da colheita de grãos é uma forma de aumentar suas

rendas, porque é exatamente neste período que está se iniciando o plantio da cana-

de-açúcar, e todos os recursos financeiros adquiridos com a entrega estão se

esgotando. Nesse momento que a rotação de cultura beneficia os produtores. E com

isso aumentará a renda destes produtores fazendo como que eles se motivem para

priorizar a rotação de cultura nos períodos que não se cultiva a cana-de-açúcar.

De acordo com Segato (2007 p.16)

Para um cenário onde 80% das áreas de reforma terão a rotação com

grãos, tem-se a seguinte conta a fazer. O Brasil tem em torno de 6.200.000

ha de cana-de-açúcar considerando-se que a área a sofrer reforma é de

aproximadamente 16,5% a cada ano, tem-se uma área de

aproximadamente 1.000,000 ha apta a ser cultivada, adotando-se em 80%

desta área a tecnologia da renovação, seria possível cultivar 800.000 ha de

grãos, divididos entre soja (650.000 ha) e amendoim (150.000

ha).Supondo-se que se colham 50 sacas de soja por hectare a US$ 13.00

a unidade a renda no campo seria a de US$ 422, 500,000.Para o

amendoim, colhendo-se 150 sacas por ha e comercializando-as a US$ 9,00

a unidade, a renda seria de US$ 202, 500, 000, totalizando-se US$ 625,

000,000.Se os mesmos cálculos fossem realizados para um cenário futuro,

de uma área plantada 9.000.000 ha (aproximadamente 1.200.000 ha de

renovação), seria alcançada a renda no campo de US$-920, 000, 000, com

os 1.200,000 ha disponíveis de área de renovação, dividindo-se essa área

em 1, 000,000 ha para soja e 200.000 ha para o amendoim. Portanto, com

somente 80% da área possível em rotação, à renda gerada no campo

poderá chegar a US$-920, 000, 000, isso sem agregar valor ao produto.

Considerando-se as taxas de crescimento e as expectativas do setor,

devem-se ter áreas de renovação de cana-de-açúcar no Brasil, passíveis

de receberem grãos, possibilitando a geração de renda no campo e divisas

para o país.

31

Sobre este cenário o Brasil apresenta auto suficiência para a produção tanto no

setor voltado para a cana-de-açúcar como no setor de grãos e podendo gerar

grandes ganhos financeiros e estimulando a produção do setor e abrindo novas

fronteiras para a produção.

Cálculo 1

Cenário atual

- 80% dos 6.200.000 hectares no Brasil = ~ 800.000 ha

- Renda no campo

• 650.000 ha de soja x 50 sacas x US$ 13 = US$ 422, 500,000.

• 150.000 ha de amendoim x 150 sacas x US$ 9 = US$ 202,500,000

Cenário futuro

- 80% dos 9.000.000 hectares no Brasil = ~1.200.000 há

- Renda no campo

• ha de soja x 50 sacas x US$ 13 = US$ 650,000,000

• 200.000 há de amendoim x 150 sacas x US$ 9= US$ 270,000,000

TOTAL = US$ 920,000,000

A cana-de-açúcar não ira comprometer a produção de outras culturas no Brasil.

Devido à sua grande expansão territorial, o país tem espaço suficiente para a

produção de cana-de-açúcar e outros alimentos, não havendo a necessidade de

desmatamento ou outros fatores que possam vir a comprometer a produção de

alimentos. A importância da rotação de cultura é para aumentar a renda dos

fornecedores que dependem da cana-de-açúcar e da rotação de cultura para a

sobrevivência. Sendo assim, aumenta a produção de alimentos no Brasil.

Também pode estimular a exportação de nossos produtos, colocando o Brasil no

cenário mundial como grande produtor no setor voltado para a cana-de-açúcar e

32

também de alimentos e podendo gerar novas vagas de emprego para que pessoas

possam ter oportunidades, e também existe o fator preservação do meio ambiente,

fazendo com que se produza mais sem comprometer aspecto sócio - ambientais.

De acordo com o site http://www.infobibos.com/Artigos/2009_2/Cana/index.htm

PERSPECTIVAS E IMPACTOS DA CULTURA DE CANA-DE-

AÇÚCAR NO BRASIL

O expressivo crescimento da produção de cana-de-açúcar, no

Brasil, nas últimas décadas, tem determinado importantes

mudanças no que se refere ao aspecto agroambiental. Os

números do setor canavieiro impressionam pela grande extensão

da área cultivada. A cana-de-açúcar ocupa hoje por volta de 6 a

6,5 milhões de ha de terras, o equivalente a 1,5 % dos solos

cultivados do Brasil, caracterizando um sistema de monocultivo

que tem especial significado econômico e social para o país. Um

levantamento da oferta de cana-de-açúcar no mundo, referente

ao período 1990-2000 (FAO e IBGE), consolida o Brasil e a Índia

como líderes da produção. O país produz por volta de 370

milhões de tonelada de cana por ano, o que equivale a 27 % da

produção mundial. Nos últimos 5 anos o mercado cresceu,

seguidamente, 10 % ao ano, exigindo, dessa forma,

planejamentos estratégicos e mudanças de tecnologia para

garantir uma alta produtividade, competitividade e harmonia com

as questões ambientais. Em média, 55 % da cana brasileira é

convertida em álcool e 45 % em açúcar. As receitas em divisas

estão variando entre US$ 1,5 a 1,8 bilhões por ano,

representando cerca de 3,5 % do total das exportações

brasileira. O estado de São Paulo é o maior produtor com uma

área de, aproximadamente, 3 milhões de ha, envolvendo mais de

350 municípios que são considerados canavieiros. Essa

atividade empregou diretamente 235 mil trabalhadores na safra

99/2000 e por volta de 80 mil na agroindústria do açúcar, álcool e

aguardente, totalizando 315 mil pessoas ocupadas nessa

atividade.

33

4 . MANEJO E CONSERVAÇÃO DO SOLO EM AREAS DE

EXPANSÃO E RENOVAÇÃO DE CANAVIAL

No decorrer do tempo foram feitos muitos investimentos em tecnologias para áreas

de cultivo da cana-de-açúcar com intuito de obter melhor aproveitamento. Muitos

fatores foram analisados tais como, tipo do solo, se há disponibilidade hídrica no

local, os tipos de pragas e ervas daninhas existentes. Um dos grandes causadores

que afeta a variabilidade na cultura é a erosão.

Existem várias maneiras de se controlar a erosão. Um deles é o plantio direito e o

preparo de solo que tem como função evitar a erosão e com isso, evitar que a área

de cultivo não perca a sua capacidade de produção. O não manejo correto destas

áreas pode comprometer os futuros plantios, fazendo com que a área perca a sua

capacidade produtiva. Por isso é importante o planejamento agrícola, cuja função é

evitar estes tipos de problemas e para que as futuras plantas tenham sucesso desde

o período do plantio até a sua colheita.

Dentro do planejamento no setor sucroalcooleiro fala-se muito em combate a

erosão, pois com isso evita-se desperdício de tempo e altos gastos com tecnologia e

correção de solo. Existem, também, controles em termos de uso de logísticas,

aplicação de fertilizantes para que o plantio da cana-de-açúcar não atinja altos

custos.

Um dos grandes poluentes no meio ambiente é a erosão, principalmente nas áreas

voltadas para a agricultura sustentável. Não era levado em conta este fator, em

termos financeiros, no custo produção, mas com o decorrer do tempo, o Brasil tomou

como exemplo os outros países e passou a contabilizar gastos no combate à

erosão, nos seus custo voltados para a produção.

Devido às exigências ambientais e até mesmo internacionais, as empresas voltadas

para o setor sucroalcooleiro passaram a olhar os fatores relativos à conversação

ambiental, com mais cuidado, e com isso conseguem também um melhor

aproveitamento na sua produção. Mas, para que as empresas possam obter um

melhor desempenho no seu produto é preciso que haja melhor disponibilidade em

termos de tecnologias. No Brasil existe pouca atenção neste assunto relacionado a

combate à erosão.

34

Este capítulo foi escrito com base nas informações técnicas contidas na obra: EXPANSÃO E

RENOVAÇÃO DE CANAVIAL DE SILVELENA VANZOLINI SEGATO, CAROLINA FERNANDES E

ALEXANDRE DE SENE PINTO, Piracicaba, Editora CP 2, 2007.

4.1 Avaliação do potencial das terras para o cultivo com a cana-de-

açúcar

Para fazer um planejamento em uma área de cultivo é preciso fazer um

levantamento na área que irá ser cultivada a cana-de-açúcar, para obter um melhor

aproveitamento na área de cultivo.

De acordo com Martins Filho (2007, pp. 56 e 57)

O sistema de capacidade de uso é composto por grupos de capacidade de

uso A, B e C, que expressam o potencial de utilização agrícola das terras, e

são estabelecidos com base na intensidade de uso. Cada grupo é composto

por classes de capacidade de uso ( I,II,III,IV,V,VI,VII e VIII).

Grupo A: compreende as classes, I, II,III e IV de capacidade de uso, que

podem ser utilizadas com culturas anuais, perenes, pastagens,

reflorestamentos ou proteção da vida silvestre.

Grupo B : compreende as classes V,VI e VII, adaptadas e/ou

reflorestamento e/ou proteção e manejo da vida silvestre, que podem ser

utilizadas com culturas especiais protetoras de solos e de encostas.

Grupo C : compreende a classe VIII, imprópria para cultivos ,pastagens ou

reflorestamento e indicada para preservação e conservação da natureza,

recreação , armazenamento de água e manejo sustentado da flora e fauna

silvestres.

Classe I : Compreende terras sem limitações ao uso com culturas anuais ou

perenes, pastagens e reflorestamento. Os solos férteis , profundos, com boa

retenção de água , sem riscos de inundação e sem lençol freático elevado.

Classe II : Compreende terras boas , que podem ser cultivadas mediante

praticas especiais de conservação. Compreende terras boas , que podem

ser cultivadas mediante práticas especiais de conservação .

Classe III: Compreende terras que, se cultivadas sem os necessários

cuidados, podem sofre degradação rápida e requerer medidas complexas

35

de conservação para produção de culturas anuais climaticamente

adaptadas.

Classe IV: Terras cujas limitações permanentes são muitos severas, se

utilizadas com culturas anuais. Os solos não as adequados a cultivos

intensos e podem, também, apresentar sérios obstáculos à

motomecanização.

Classe V: São terras praticamente planas, não adaptadas para culturas

anuais comuns em razão de impedimentos como encharcamento e risco

freqüente de inundação. O solo apresenta poucas limitações para

pastagens, silvicultura ou para a cultura, por exemplo, do arroz.

Classe VI : Constituem essa classe terras impróprias para culturas anuais,

porém, aptas a culturas permanentes como pastagens, reflorestamento ou

seringueiras e cacau. Para seu uso, faz-se necessário levar em conta que

são solos suscetíveis à erosão e, por isso, devem ser observados os

processos de proteção e conservação mais indicados para cada uso.

Classe VII : Terras que possuem severas limitações permanentes para

culturas anuais, inclusive aquelas consideradas protetoras, pastagens e

reflorestamento. São necessários processos conservacionistas para

prevenir erosão, mesmo para reflorestamento.

Classe VIII : Nessa classe são incluídas as terras impróprias para cultivo,

inclusive as de florestas comerciais ou para produção econômica de

qualquer forma de vegetação. È indicada, apenas, para proteção do meio

ambiente e/ou da flora e fauna, preservação permanente, recreação,

turismo e para represamento de água.Podem ser terras encharcadas ou

extremamente declivosas, mangues ou terras extramente pedregosas.

Conforme a citação de Martins Filho, existe tipos de solos que melhor se enquadram

no plantio. Por isso, é importante o planejamento agrícola, que tem a função de

indicar melhor qual área da propriedade é de qualidade para se realizar o plantio da

cana-de-açúcar e qual a área que deve ser mantida como reserva, não

comprometendo a vida natural. Com isso, beneficia as duas partes, e esta

classificação é importante, pois será ela que irá, determinar qual a melhor área que

poderá ser explorada. A usina se beneficiara com o plantio, também se preocupando

com o meio ambiente, pois envolve questões sócio - ambientais.

36

4.2 Preparo do solo

O preparo de solo varia de usina para usina. Não existe hoje um padrão a ser

seguido. Tudo irá depender da disponibilidade de recursos que cada usina terá

como máquinas e outras ferramentas utilizadas no preparo de solo. Para um preparo

de solo existem algumas situações que têm que ser levados em consideração, tais

como:

1. Áreas de expansão: para as áreas que serão feitas os primeiros plantios da

cana-de-açúcar devem ser utilizados preparo de solo tais como, subsolagem

e gradagem, para que possa ter um melhor aproveitamento desta área e para

que a planta possa ter melhor qualidade na hora da colheita. Este preparo

deve ser feito nos períodos que não esteja chovendo, por que dificulta o

preparo do solo. O objetivo também é de que possa eliminar quaisquer tipos

de avarias existentes neste local. Depois deste processo terminado, fazer

novamente uma gradagem com o intuito de se eliminar as ervas daninhas que

possam vir a surgir, e ter um melhor nivelamento da área que será cultivada a

cana-de-açúcar.

2. Áreas de renovação: neste solo a cana-de-açúcar já foi cultivada, sendo que

há a soqueira. Por isso, será realizado um novo preparo onde será feita uma

gradagem com profundidade de 0,15 a 0,20 m, nas linhas que foram

cultivadas a cana-de-açúcar e também a aplicação de herbicidas para a

eliminação de ervas daninhas. Quando estiver próximo do novo plantio há

necessidade de se realizar uma nova gradagem com profundidade entre 0,25

a 0,30 m.

37

De acordo com Martins Filho (2007, p.60)

Tabela 1. Uma indicação empírica de perda de solo por erosão em diferentes

situações no cultivo da cana (Adaptado de BARBOSA, 2005. p.37)

Conforme a citação de Martins Filho, cada tipo de rotação de cultura irá beneficiar o

solo de alguma forma. Irá depender qual plantio irá se enquadrar para que não haja

degradação do solo e para que se possa ter um melhor aproveitamento da rotação

da cultura, fazendo com que se consiga extrair do solo o máximo de benefício para

que se tenha bom resultado do produto final.

Situação Perda de solo Preparo

Soqueira de cana Crua cultivada

Muito baixa A cobertura elimina o impacto das gotas da chuva, reduz o selamento superficial e o cultivo aumenta a taxa de infiltração de água.

Soqueira de cana Crua sem cultivo

Baixa

Não ocorre impacto, o selamento é mínimo, mas a compactação pode induzir a uma maior taxa de enxurrada e subseqüente perda de nutrientes dissolvidos.

Renovação cana Crua - cana

Baixa Em sistema de plantio direto propicia boa cobertura ao solo.

Renovação cana Crua – cana incorporada

Baixa A incorporação é parcial e produz grande rugosidade no solo.

Renovação cana- adubo verda-cana

Baixa O adubo verde quando plantado cedo propicia boa cobertura

Renovação cana- Soja-cana

Média A seqüência cana-de-açúcar-soja-cana-de-açúcar em sistema de plantio direto proporciona boa cobertura ao solo.

Soqueira de cana Queimada

Média - alta

A taxa de infiltração é reduzida pelo tráfego e pisoteio, ocorre selamento e salpico devido ao impacto, o que pode resultar em erosão acentuada.

Renovação da cana Queimada

Alta O terreno normalmente estará desprotegido, coincidentemente com a estação chuvosa.

Renovação cana- amendoim- cana

Muito alta

Para a semeadura do amendoim é realizado intenso preparo do solo, o que o torna mais erodível. Já existem pesquisas bem sucedidas com plantio direto de amendoim.

38

Segundo o site http://www.jornalimpacto.inf.br/modules.php?name=News&file=article&sid=360

O solo é parte vital do meio ambiente sendo um elemento fundamental

para o desenvolvimento das plantas. A manutenção e/ou recuperação do

solo torna-se essencial na medida em que se preconiza sua

sustentabilidade, de forma a não comprometer sua capacidade produtiva.

Buscando alcançar condições adequadas para o desenvolvimento da

planta, ou seja, diminuir os efeitos danosos da erosão, o aumento da

disponibilidade de água e nutrientes e da atividade biológica do solo, deve-

se traçar um plano de uso, manejo e conservação do solo, envolvendo o

produtor, o técnico, os dirigente e a comunidade.

O método a ser utilizado na prevenção à erosão e feita em função de cada

propriedade, levando-se em conta os aspectos ambientais e sócio –

econômicos.

Para a prevenção eficaz da erosão, deve-se fazer a adoção integrada de

praticas, pois a aplicação de uma pratica isoladamente previne

parcialmente o problema.

Apresentamos a seguir alguns comentários resumidos de algumas destas

praticas conservacionista:

Reflorestamento - áreas muito susceptíveis à erosão e de baixa

capacidade de produção devem ser mantidas recobertas com vegetação

permanente. Isto permite seu uso econômico, de forma sustentável, e

proporciona sua conservação. Este cuidado deve ser adotado em locais

estratégicos, que podem estar em nascentes de rios, topos de morros e/ou

margem dos cursos d’água.

Plantio em nível - neste método todas as operações de preparo do terreno,

balizamento, semeadura, etc., são realizadas em curva de nível. No cultivo

em nível ou contorno criam-se obstáculos à descida da enxurrada,

diminuindo a velocidade de arraste, e aumentando a infiltração d’água no

solo. Este pode ser considerado um dos princípios básicos, constituindo-se

em uma das medidas mais eficientes na conservação do solo e da água.

Porém, as práticas devem ser adotadas em conjunto para a maior

eficiência conservacionista.

39

Cultivo de acordo com a capacidade de uso - as terras devem ser utilizadas

em função da sua aptidão agrícola, que pressupõe a disposição adequada

de florestas / reservas, cultivos perenes, cultivos anuais, pastagens, etc,

racionalizando, assim, o aproveitamento do potencial das áreas e sua

conservação.

Plantas de cobertura - objetivam manter o solo coberto no período

chuvoso, diminuindo os riscos de erosão e melhorando as condições

físicas, químicas e biológicas do solo.

Pastagem - o manejo racional das pastagens pode representar uma grande

proteção contra os efeitos da erosão. O pasto mal conduzido, pelo

contrário, torna-se uma das maiores causas de degradação de terras

agrícolas.

Cordões de vegetação permanente - são fileiras de plantas perenes de

crescimento denso, dispostas em contorno. Algumas espécies

recomendadas: cana-de-açúcar, erva-cidreira, capim-gordura, etc.

Controle do fogo - o fogo, apesar de ser uma das maneiras mais fáceis e

econômicas de limpar o terreno, quando aplicado indiscriminadamente é

um dos principais fatores de degradação do solo e do ambiente.

Correção e adubação do solo - como parte de uma agricultura racional,

estas práticas proporcionam melhoramento do sistema solo, no sentido de

se dispor de uma plantação mais produtiva e protetora A conservação do

solo melhora o rendimento das culturas e garante um ambiente mais

saudável e produtivo, para a atual e as futuras gerações.

Neste período chuvoso aliado ao relevo do município de Itaguaí torna-se necessário intensificar as

práticas conservacionista, como medida de prevenção a erosão hídrica, evitando perdas de solo.

4.3 Uso de corretivos e fertilizantes

A aplicação de fertilizantes nas áreas de cultivo da cana-de-açúcar irá depender da

análise que será feita na área de plantio. O mais importante é medir qual será a

necessidade desta área para receber a quantidade correta de fertilizantes e

corretivos para o solo. Devem-se explorar estas análises desde o período que se faz

a última colheita da cana-de-açúcar, até o período de fazer o novo preparo do solo

para o novo plantio.

40

De acordo com Martins Filho (2007, p.61)

Duas situações distintas devem ser consideradas quanto à aplicação de

fertilizantes: (a) adubação para cana-planta – o fertilizante deverá ser

aplicado no fundo do sulco de plantio, após a sua abertura, ou por meio de

adubadoras conjugadas aos sulcadores em operação dupla, e (b)

adubação para soqueiras – deverá ser feita durante os primeiros tratos

culturais, em ambos os lados da linha de cana.

A partir do momento que for feita a aplicação de fertilizantes nas áreas de cultivo da

cana-de-açúcar deverá ter um aprofundamento de aplicação de 0,15 m para que o

fertilizante possa ser incorporado ao solo. Também tem a possibilidade de substituir

a aplicação de fertilizantes para a aplicação de vinhaça, que tem muitos nutrientes,

entre eles o potássio, que pode trazer muitos benefícios para os futuros plantios

nestas áreas.

O sistema mais utilizado pelas usinas para a aplicação dos fertilizantes e da vinhaça

é por meio de implementos agrícolas, e no caso da vinhaça é aplicada através do

sistema de aspersão.

4.4 Época de plantio

A determinação da época do plantio é um fator muito importante, pois será ele que

irá determinar a conservação da área de cultivo da cana-de-açúcar. Mas, isso varia

de região para região: um exemplo é a região Centro-Sul do Brasil, sendo que o

primeiro plantio é realizado entre os períodos de setembro a outubro e o segundo

entre janeiro a março. Conforme a área de planejamento agrícola, o período mais

indicado para que possa extrair ao máximo os benefícios das áreas de plantio, o

mais indicado é o primeiro que ocorre entre setembro a outubro. Devido às baixas

chuvas, não ocorre o caso de erosão. Sobre as análises, o período de setembro a

outubro não é mais indicado, mas conforme o planejamento agrícola está utilizando

este período de plantio por decorrência do aumento da demanda da cana-de-açúcar

e pelo aumento e da unidade do setor da indústria, devido às perdas da matéria-

41

prima ocasionadas pelas variações climáticas do período. Mas, o fator negativo da

usina determinar este período de plantio é que terá uma menor produção e também

estará expondo o canavial à proliferação de plantas daninhas, deixando a área de

cultivo comprometida para os futuros plantios da cana-de-açúcar.

Nos plantios decorrentes de janeiro a março não existem dados técnicos que

comprovem os danos causados nos períodos de setembro a outubro nos aspectos

direcionados no desenvolvimento da cana-de-açúcar. No entanto, as usinas estão

planejando realizar o seu plantio neste período pelos benefícios que a planta

desenvolve e o resultado no período da colheita. Um dos grandes problemas

apresentadas na região Centro-Sul é que neste período ocorrem maiores incidências

de chuvas, deixando a área de plantio exposta à erosão por motivos do preparo do

solo feito para receber o plantio. Uma das ações aplicadas para que se evite este

tipo de transtorno é fazer os terraços para que possa escoar as chuvas, evitando-se,

assim, a erosão na área de plantio. A única função do terraço é evitar a erosão, e

tem a função de conservação em área de cultivo. A não aplicação de terraço em

áreas de plantio da cana-de-açúcar pode ocorrer grandes perdas de solo

ocasionadas pelas chuvas.

De acordo com Martins Filho (2007, p.63).

Tabela 2. Perdas de solo e água por erosão e demanda de água por habitante, em

função da forma de erosão num Latossolo sob cultivo de cana-de-açúcar.

EROSÃO

PERDA DE SOLO

PERDA DE

AGUA

RELAÇÃO DE PERDA DE

AGUA E DEMANDA

HÍDRICA

t.ha -¹

Mm

L.ha - ¹

1 há

Nº de habitantes

110 há

Nº de habitantes

Sulcos 90,3 7,5 211.935 530 52.984

Global 24,9 2,0 430.304 1.076 107.576

42

Os dados acima citados representam os tipos de erosões existentes nas áreas de

cultivo de cana-de-açúcar, que são a erosão global que é causada pelas gotas de

chuvas decorrentes quando entrar em contato com o solo e a erosão em sulcos que

é causada pela concentração de água nos canaviais. A erosão em sulco é comum

nos períodos de preparo de solo e quando esta na época do plantio da cana-de-

açúcar, e as perdas de água são preocupantes, pois ela é a quantidade suficiente

para suprir a necessidades de água de uma cidade com população entre 52.984 e

107.576 habitantes.

De acordo com o site http://www.unica.com.br/noticias/show.asp?nwsCode={D7E0D30B-0196-

4EEB-B9DB-52AA3FCDA593}

Açúcar: Conab prevê maior produção de açúcar e álcool

30/11/2007.

A campanha nacional de Abastecimento (Conab) divulgou em

29/11 seu ultimo levantamento da safra nacional de cana-de-

alucar 2007/08, prevendo que a indústria brasileira vai esmagar

475,1 milhões de toneladas do produto, um aumento de 10,6%

sobre o período anterior. Isso corresponde a 86,4% da colheita

total de 549,9 milhões de toneladas do ciclo atual. Segunda a

Conab, esse número é recorde pela terceira safra consecutiva

e 15,8% superior a passada. O crescimento deve-se à

expectativa do mercado pela demanda de álcool na época do

plantio. São Paulo confirma a sua posição de maior produtor de

cana, respondendo por 58% da colheita. Segundo o diretor de

Logística e Gestão Empresarial da estatal, Silvio Porto, a

destinação para o setor sucroalcooleiro ficou assim: 223,5

milhões de toneladas vão para a indústria do álcool hidratado e

anidro. O restante, 74,8 milhões de toneladas, é para outros

fins, como cachaça, rapadura, alimentação animal e semente.

Sobre este cenário, o setor sucroalcooleiro no Brasil está se destacando na

produção de açúcar e álcool e devido ao aumento de empreendimentos no setor,

decorrente do aumento da demanda e da produção em diversas regiões do Brasil

43

que tem apostado muito na cultura da cana-de-açúcar. Com isso, abrem-se novos

métodos de colheita, principalmente o da mecanizada devido às exigências

governamentais, proibindo usinas de utilizarem a colheita da cana-de-açúcar

queimada. Um dos benefícios gerados pela colheita mecanizada é a cobertura de

solo decorrente das palhas e resíduos eliminados pelas colhedoras após a colheita,

fazendo com que o solo consiga melhor absorver a águas das chuvas e as palhas

também evitem gradativamente a erosão nas áreas de cultivo e plantio da cana-de-

açúcar.

De acordo com Martins Filho (2007, p.64, 65 e 66).

Deste modo, são apresentados neste texto resultados recentes de

pesquisa sobre tal tema, em área cultivada como a cana-de-açúcar e

localizada em Catanduva, SP, sob um Agrissolo Vermelho-Amarelo. Em

parcelas experimentais com 0 (CS0),50 (CS 5050) e 100% (CS100100) de

cobertura sobre a superfície do solo por resíduos de cana-de-açúcar,

aplicou-se um chuva simulada com intensidade de 60 mm.h-¹, durante 65

minutos. Análises do sedimento erodido indicaram taxa de enriquecimento

(ER) da seguinte ordem: 2.7 a 1.9 (matéria orgânica – MO); 3,8 a 2,7 (P);

1,3 a 1,7 (K); 3,9 a 3,6 (Ca) e 2,9 a 2,6 (Mg) vezes em relação ao solo

original para CS0 e CS50, respectivamente (Tabela 3). A ER é uma relação

entre a concentração de MO e nutrientes no sedimento erodido (Tabela 4 )

e a no solo original (Tabela 5) . Quando a ER é maior que 1 significa que o

sedimento encontra-se enriquecido por matéria orgânica ou nutriente do

solo. Considerável enriquecimento do sedimento ocorre, quando a

cobertura por resíduos de cana-de-açúcar a superfície do solo é igual ou

inferior a 50 %. As concentrações médias no sedimento erodido de MO, P,

K, Ca e Mg são significativamente reduzidas, quando o solo apresenta 100

% de cobertura por resíduos vegetais de cana-de-açúcar. A CS50 propiciou

um controle significativo da erosão de 67% (Tabela 6), mas não reduziu a

concentração de MO e nutrientes no sedimento erodido (Tabela 4). Já a

CS100 foi significativamente eficiente no controle da erosão (88%) (Tabela

6) e na redução das concentrações de MO, P, K Ca e Mg no sedimento

(Tabela 4). As taxas de infiltração de água no solo são maiores nas áreas

com 50% e 100% de cobertura por resíduos vegetais, assim como o

controle da desagregação pelo escoamento superficial em relação às áreas

sem cobertura residual (Figura 1).

44

Tabela 3. Taxa de enriquecimento do sedimento (ER) por matéria orgânica (MO) e

nutrientes.

Cobertura do Solo

(CS) (%)

Taxa de Enriquecimento

(ER)

MO P K Ca Mg

0 2,7 a 3,8 a 1,3 a 3,9 a 2,9 a

50 1,9 a 2,7 ab 1,7 a 3,6 a 2,6 a

100 0,9 b 0,5 b 1,0 a 1,0 b 0,7 b

Tabela 4. Concentração média de matéria orgânica (MO) e nutrientes nos

sedimentos erodidos em função da cobertura do solo.

Cobertura de

Solo

(CS) (%)

MO

P

K

Ca

Mg

g.dm-³ Mg.dm-³ mmolc.dm-³

0 43,7 a 128,7 a 2,6 a 78,0 a 26,3 a

50 30, 7 a 91,0 ab 3,3 a 71,6 ab 23,3 ab

100 13,7 a 15,3 b 2,0 a 20,3 c 6,6 c

Tabela 5. Atributos químicos do solo na profundidade 0,00 a 0,20 m.

MO P K Ca Mg SB CTC V

pH g.dm-³ Mg.dm-³ Mmolc.dm-³ (%)

5,0 16 34 2 20 9 31 48,9 63,4

45

Tabela 6. Perdas de solo, matéria orgânica (MO) e nutrientes por erosão.

Cobertura

do solo

(c) (%)

Perdas por erosão (Kg.ha-1)

Solo MO P K Ca Mg

0 5.810 a 242,6 a 579 a 246 a 3.120 a 632 a

50 1.930 b 57,2 b 410 ab 317 a 2.867 a 560 a

100 770 b 22,3 69 b 195 a 813 b 160 b

Figura 1. Taxa de infiltração de água num Agrissolo: a)0%; b)50% e c)100% de

palha de cana-de-açúcar em contato direto com a superfície do solo.

a b

c

0 10 20 30 40 50 60 70 Tax

a de

infil

traç

ão d

e ág

ua (

mm

.h¹)

15

25

35

45

55

65

-0.2334

a) i = 58,7t (R²=086**) -0.1661

b) i = 60,0t (R²=086**) -0.1432

c) i = 60,0t (R²=077**)

46

Os teste apresentados nas tabelas de 1 à 6 demonstra principalmente na tabela 6

uma maior perda de solo , os elementos tais como ; MO e os nutrientes CS0 e CS50

são o que melhor apresentou resultado no tratamento hídrico de combate a erosão.

Estes procedimentos têm um melhor desempenho nas técnicas apontadas de

manejo de resíduos sobre áreas de cultivo de cana-de-açúcar. A importância da

colheita mecanizada permite no decorrer da safra uma melhor manutenção no solo

evitando-se assim que a área de cultivo perca os nutrientes nela existente e o MO,

mas tem que levar em consideração que as perdas de nutrientes nas áreas de

cultivo só ocorrem na época do preparo do solo a área não tenha recebido da forma

corretas os insumos e os corretivos para o solo. Este é um caso para os futuros

cultivos nestas áreas observar a maneira de aplicação dos fertilizantes e corretivos

para que o solo não perca seus nutrientes e se evite prejuízos financeiros podendo

assim obter melhores resultados no plantio e colheitas futuras.

5. CULTURAS CONSORCIADAS PARA A RENOVAÇÃO DE

CANAVIAL

5.1 A semente legal na renovação de canavial

Todo início de plantio a cana-de-açúcar passa por experiências genéticas para se

obter as sementes para o próximo plantio. Devido ao aumento da demanda pela

cana-de-açúcar, usinas e fornecedores não disponibilizam muito tempo para se

obter a semente, mas sim obter semente legal que tenha procedência e que não

venha a comprometer a usina com atos ilícitos. O maior objetivo das usinas e dos

fornecedores é o lucro e qualquer tipo de atraso no plantio da cana-de-açúcar

compromete o planejamento agrícola e os fornecedores que tem os compromissos

assumidos para a entrega do produto.

47

5.2 Sementes de espécies autógamas e o perigo da ilegalidade: Grão

próprio usado como insumo indiscriminadamente e o pior, é

pirataria

Hoje empresas multinacionais sem interessam na produção de sementes de milho,

também conhecida como sementes alógama, que tem grande privilégio natural por

ser híbrida, e que dificulta o produtor a obter uma maior produtividade sem que ele

retorne a usar novamente a semente. Sementes de soja só vieram a ser produzida

pelas multinacionais a partir de 1997, quando a (LPC - Lei de Proteção de

Cultivares) entrou em vigor. Hoje já se estuda mecanismos para a proteção de

sementes, tais como as da soja e amendoim, da mesma forma que existe a proteção

para a semente de milho.

Este capítulo foi escrito com base nas informações técnicas contidas na obra: EXPANSÃO E

RENOVAÇÃO DE CANAVIAL DE SILVELENA VANZOLINI SEGATO, CAROLINA FERNANDES E

ALEXANDRE DE SENE PINTO, Piracicaba, Editora CP 2, 2007.

5.3 A lei de proteção de cultivares (LPC)

O que incentivou as empresas privadas a desenvolverem as cultivares foi a lei de

proteção, quem desenvolvia este papel era o próprio governo. Hoje grande parte da

produção de cultivares, como a soja, são desenvolvidas por empresas privadas, que

têm como o principal objetivo a obtenção de lucro com a sua produção, e com o

aumento de empresas na produção de sementes que de certa forma beneficia os

agricultores fazendo com que o custos diminua e que ele tenha mais opções de

compra, fazendo com que seu custo produção diminuísse, o que foi obtido somente

com a criação da LPC.

As sementes produzidas são controladas pelo MAPA - Ministério da Agricultura,

Pecuária e Abastecimento, que tem um agrônomo responsável pelo controle das

sementes, tanto no setor público, quanto no privado. Toda empresa produtora de

semente pode ter a sua produção a partir da nova lei de semente credenciada pelo

48

MAPA. Com isso, ela ganha mais credibilidade e se torna uma entidade certificada.

Toda proteção de cultivares é realizada através de congresso feita pela UPOV –

Organização Internacional para Proteção de Cultivares. A LPC do Brasil tem como

base a UPOV, realizada em 1978, no qual o objetivo que a semente esteja

protegida, o agricultor poderá adquiri-la e caso precise estocá-la para os próximos

plantios, poderá ser feito sem nenhum custo para o obtentor da semente. Isso

independente da quantidade que ele irá produzir.

A convenção do UPOV, que foi realizada em 1991, orientou os produtores para o

cultivo de semente para o uso próprio, as quais devem estar protegidas e apresentar

características diferenciadas e estáveis. Chamou atenção ainda para que os

produtores destinem parte da produção dos grãos para obtenção de sementes para

futuros plantios. Vale lembrar que a Convenção estabelece pagamento ao obtentor

dos Royalties, ficando isento os pequenos produtores com produção estimada em

até 100 ha.

5.4 A lei de patentes

Nos Estados Unidos é permitido patentear sementes, mas em outros países, até

mesmo no Brasil, está pratica não é permitida. A patente, de certa forma, beneficia o

seu obtentor com o pagamento dos royalties, enquanto as empresas que se

empenham no melhoramento das sementes sofrem, por este material ser protegido.

Muitos países dificultam a utilização de sementes patenteadas por que eles têm a

política de utilizarem-se organismos vivos e para estes países uma semente

patenteada é um organismo vivo. Um exemplo é a soja RR: existem várias patentes

desta semente e para ela ser vendida terá que ter permissão de suas patentes. Toda

proteção de sementes envolve cobrança de royalties, mesmo fazendo parte dos

programas, tais como LPC ou das convenções feitas pela UPOV. A soja RR, que é

até mesmo resistente a produtos como o roundup, por ser uma cultivar patenteada,

qualquer que seja o destino de sua comercialização tem que se fazer um acordo

para a sua proteção.

A lei de proteção de patentes facilita para o obtentor que faça o recolhimento dos

royalties no momento que o agricultor entregar a sua produção para a

49

comercialização. Para a soja RR no Brasil cobra-se um percentual de 2% na

comercialização deste produto. Com a proteção de sementes os agricultores

acabam evitando a semente patenteada e procuram outros mecanismos como

semente pirata, fazendo que com o mercado de sementes patenteadas passe a ser

desvalorizado.

5.5 A qualificação do setor sementeiro brasileiro

Com os mecanismos que orientam o setor sementeiro, o agricultor passou a ter mais

confiabilidade nas sementes comercializadas no mercado devido a sua qualidade,

onde envolvem cuidados desde o período do plantio, colheita e transporte, onde tem

equipes especializadas para este tipo de fiscalização garantindo um melhor

desempenho deste produto. No Brasil, a partir de 1960 teve uma grande evolução

no setor sementeiro devido à exigência dos agricultores. Programas de controle na

produção de sementes começaram a analisar este mercado, com mais vigor,

garantindo, assim, que o agricultor tenha uma semente de qualidade na hora que ele

for efetuar o plantio, nos casos das sementes convencionais ou transgênicos.

De acordo com Nakagawa (2007, p.73.74 e 75).

Tabela 1. Padrões de campo para produção de sementes de amendoim, das classes

básicas e certificadas para o Estado de São Paulo (Fonte: CESM /SP, 1997).

Classes de sementes

Fatores Básica Certificada

Isolamento (mínimo em metros) 5 1

5

Plantas atípicas (numero máximo) Zero ² Zero ²

Plantas com Murcha de Sclerotium

(%) máxima)*

1

1

Outras doenças (3) (3)

Vistorias (numero mínimo)** 3 (4) 3 (4)

Área da gleba (máxima em ha) para vistoria *** 25 50

50

Tabela 2. Padrões de sementes para produção de sementes de amendoim, das classes

básica e certificada para o Estado de São Paulo (Fonte: CESM/SP, 2000).

Classes de sementes

Fatores Básica Certificada

Sementes Puras (% mínima)* 98

98

Sementes Cultivadas ( nº máximo)

- outras espécies

- outras cultivares*

Zero

Zero

Zero

2

Sementes Silvestres (nº máximo) Zero Zero

Sementes nocivas toleradas

(nº máximo)

Zero Zero

Sementes nocivas toleradas

(nº máximo)

Zero Zero

Germinação (% mínima) 70 70

Teor de água (% máxima) 10 10

Tabela 3. Padrões de campo para produção de sementes de soja, das categorias básica

(BA), certificada de primeira geração (C1), certificada de segunda geração (C2) e sementes

de primeira geração (S1) e segunda geração (S2) (Fonte: MAPA, 2005).

Categorias de Sementes

Fatores BA C1 C2 S1 e S2

Isolamento (mín. em metros) ou bordura ¹

3

3

3

3

Plantas Atípicas ( nº máximo) ² 1/2000 1/1000 1/700 1/350

Feijão Muido –Vigna unguiculata (nº de plantas)

Zero Zero Zero Zero

Vistorias (nº mínimo) (3) 2 2 2 2

Área da gleba (máxima em ha) para vistoria 50 50 50 50

51

Tabela 4. Padrões de sementes para produção e comercialização de sementes de soja, das

categorias básica (BA), certificada de primeira geração (C1), certificada de segunda geração

(C2) e semente de primeira geração (S1) e de segunda geração (S2) (Fonte: MAPA, 2005).

Categorias de sementes

Parâmetros BA C1 C2 S1 e S2

99 99 99 99

1 1 1 1

Pureza

- Sementes Puras (% mínima)

- Material inerte (%)

- Outras sementes (% máxima) Zero 0,05 0,08 0,1

Zero Zero 1 2

Zero 1 1 1

Zero 1 1 2

Determinação de outras sementes por nº máximo (nº máximo)

- Semente de outra espécie cultivada²

- Semente Silvestre ²

- Semente Nociva Tolerada ³

- Semente Nociva Proibida ³ Zero Zero Zero zero

Verificação de outras cultivares por número (nº máximo) 4.

2

3

5

10

Germinação (% mínima) 75(5) 80 80 80

Pragas (6) (6) (6) (6)

Fonte: EXPANSÃO E RENOVAÇÃO DE CANAVIAL DE SILVELENA VANZOLINI SEGATO, CAROLINA FERNANDES E

ALEXANDRE DE SENE PINTO.

As tabelas 2 e 4 apresentam os padrões que as sementes devem ser

comercializadas. Todas passam por especificações para atender às exigências do

mercado. Hoje o Brasil já possui laboratórios do governo que analisam as sementes

de importação e exportação. Estas sementes já saem para o mercado com

certificado de qualidade, prontas para serem utilizadas. Os laboratórios privados

estão preparados para fazer estas análises exigidas pelo produtor. No Brasil todos

os seus laboratórios estão preparados para atender às exigências dos órgãos (RSA)

Regras para Análise e Sementes e o (ISTA) Associação Internacional de Análise de

Sementes. Existe apenas um laboratório autorizado a emitir certificado laranja de

qualidade de sementes, mas está em processo de estudos para que haja mais

laboratórios credenciados e autorizados a remeter este certificado de qualidade.

A (Abrates) – Associação Brasileira de Tecnologia de Sementes existe desde a

década de 80, cuja função é a análise das sementes garantirem qualidade na sua

52

produção. Sendo assim o setor sementeiro consegue identificar sementes OGM

(Organismos Geneticamente Modificados).

As entidades Abrasem (Associação Brasileira de Sementes e Mudas) possuem

quatro membros voltados para avaliação de sementes: na área de produção

(Abrasem), na comercialização (ABCSEM), na área de pesquisa (Abrates) e nos

obtentores de sementes (BRASPOV). O Brasil faz parte como membro da FELAS

(Federação Latino-Americana de Associações de Sementes), que desde 1987 atua

nesta área. Hoje em dia o FELAS está desenvolvendo pesquisas para garantir

qualidade no padrão de sementes comercializadas em todos os países sul-

americanos. O objetivo é garantir o padrão de qualidade nas sementes

comercializadas.

Hoje já se vê o Brasil um grande potencial para a produção de sementes, mas as

exportações ainda são poucas, mas já está sendo feito análises para o Brasil

associar-se no ISF - Internacional Seed Federation, com o objetivo de poder

atender às exigências do mercado internacional.

Foi aprovado para o algodão e o milho Bt um programa de comercialização e

produção, o mesmo que é utilizado na soja RR, cujo objetivo é fazer uma semente

que é imune a insetos. A lei (11.105/05) de biossegurança que regulamenta a

comercialização de sementes transgênicas diz que as safras a partir de 2005/06 as

sementes que não estejam cadastradas no (RNC) - Registro Nacional de Cultivares

qualquer que seja a sua finalidade é proibido por lei e passa a ser considerado crime

ambiental.

5.6 A legalidade da semente

A partir da Lei nº. 10.711, de 05 de agosto de 2003 e com a regulamentação sobre o

Decreto nº. 5.153 de 23 de julho de 2004, a sementes produzidas passaram a ser

monitoradas e regulamentadas com o objetivo de fazer com que este produto tenha

procedência e que estas sementes saiam de suas fábricas prontas para serem

comercializadas sem nenhum transtorno. A legalidade da semente define-se em três

grupos fazendo com que a melhor produzida melhor se encaixe com cada tipo de

perfil de consumidor.

53

Primeiro grupo: o primeiro grupo envolve os pequenos agricultores, familiares,

indígenas e grupos de agricultores que obterá suas terras por meio de reforma

agrária, entre eles pode haver a comercialização e produção, e o órgão que

monitora estes tipos de agricultores permite que entre eles haja esta troca.

Segundo grupo: este grupo engloba todas as sementes que foram desenvolvidas

através do sistema nacional de sementes e até mesmo as sementes geneticamente

modificadas, e todas as sementes são controladas pelo MAPA, caso o produtor

produza uma nova semente e queira que sua semente seja comercializada e

legalizada, ele deve acionar o MAPA para que haja uma vistoria de sua produção e

sendo aprovada conforme as normas do MAPA, a semente pode ser comercializada

sem nenhum transtorno.

Terceiro grupo: envolve os agricultores que destina toda a sua produção de

sementes e armazena sua safra, com o objetivo de utilizar esta semente no próximo

plantio, mas para que isso seja válido o agricultor deve acionar o MAPA, para fazer

as devidas vistorias deixando a armazenagem de semente à disposição do MAPA

para que se haja a necessidade de novas vistorias, conforme esses critérios o

produtor pode fazer uso de sua semente para os próximos plantios.

5.7 As sementes para uso próprio

Este tipo de semente é quando o agricultor destina sua produção para o seu próprio

uso, mas para que isso seja válido o agricultor tem que apresentar e cumprir uma

série de requisitos onde envolve critérios tais como; o agricultor deverá comunicar o

MAPA sobre a origem da semente, mesmo que a produção já esteja estocada,

referente à safra anterior deve mostrar nota fiscal de origem da semente que foi

utilizada no primeiro plantio, o agricultor deve apresentar documentos que seja

compatível a sua área com a produção estocada, fica proibido a comercialização

desta semente, caso tenha a necessidade de transportar esta semente de uma área

para outra deve pegar autorização do MAPA para este transporte e fica restrito

qualquer tipo de comercialização destas sementes.

54

5.8 As sementes ilegais (Piratas)

Este tipo de semente são produzidas e comercializadas de uma forma ilegal e que

não tem identificação e autorização pelos órgãos responsáveis como o Renasem e o

MAPA, estes tipos de sementes são comercializados abaixo do preço e não

oferecem nenhuma garantia e segurança para o consumidor, agricultores que optam

por sementes ilegais devem tomar precauções para que não corra o risco de perder

toda a sua produção devido a estas sementes não possuírem origem definida.

5.9 Vantagens das sementes certificadas x aumento no uso de sementes “informais” e a conseqüente redução das taxas de uso de sementes melhoradas

A produção de sementes baseia-se em anos de estudo com o objetivo de sempre

proporcionar ao produtor uma semente com procedência e qualidade e umas das

vantagens do produtor de comprar sementes legalizadas, ele evita uma série de

transtornos e assim consegue benefícios tais como; financiamento junto aos bancos

para a sua produção, mesmo sementes geneticamente modificadas levam grandes

vantagens sobre as sementes piratas, devido às experiências que ela sofre para que

ela chegue ao mercado com procedência e qualidade, assim proporciona ao

agricultor uma produção com segurança e qualidade e evita a comercialização da

semente ilegal.

O uso da semente legal serve como estímulo para o agronegócio, fazendo com que

todos lucrem desde o produtor de semente ao agricultor, e estimula estudos de

pesquisas cujo objetivo é trabalhar para o melhoramento das sementes fazendo com

que as empresas invistam em tecnologia para que obtenha uma melhor qualidade

do produto fazendo com que no mercado o produto tenha qualidade e que garantam

ao agricultor segurança e confiabilidade no plantio e que tenham excelência na

colheita, garantindo assim a sobrevivência do agronegócio.

Com o objetivo de baratear os plantios muitos agricultores em vez de usar sementes

na formação das suas lavouras acabam optando por grãos que além de não ter

garantia de uma boa planta, acabam correndo risco de perder toda a plantação

55

sendo que se fosse utilizado sementes teriam garantias, pois são selecionadas e

aprovadas pelo sistema nacional de sementes, e até mesmo os agricultores que

utilizam sementes sem procedência ou até mesmo as sementes produzidas por ele,

acabam de certa forma comprometendo as futuras plantações em sua propriedade.

Muitas empresas sementeiras têm tomado precauções no sentido da qualidade das

sementes devidas algumas sementes serem vulneráveis a pragas entre outras

doenças causando transtorno para o agricultor, as conseqüências são perdas de

vendas no mercado interno e até mesmo no mercado externo no caso das

exportações. Quando utiliza o termo semente legal, isso faz com que o agricultor

tenha confiança no produto que ele esta adquirindo em alguns casos esta ocorrendo

a redução de taxas nas sementes melhoradas prejudicando de uma certa forma todo

o mercado, porque as empresas sementeiras com esta redução não tem estimulo

para investir em pesquisas fazendo com que as sementes não saiam para o

mercado com qualidade e estas conseqüências sofrem todos os envolvidos o

agricultor e as próprias empresas sementeiras.

5.10 O que pode ser ou está sendo feito para coibir o avanço de sementes ilegais

Um dos grandes fatores que estão coibindo o uso da semente ilegal é a

conscientização dos agricultores, muitas empresas sementeiras estão conseguindo

na justiça indenizações devido à comercialização de empresas que vendem

sementes piratas. Um grande meio de comunicação que também coopera para a

proibição da utilização da semente ilegal é a internet, que também está mostrando

as vantagens que os agricultores tem quando utilizam sementes legalizadas e que

tenham padrões de qualidade, alguns órgãos de fiscalização vinculados ao MAPA

estão trabalhando em prol do combate da produção e da comercialização da

semente ilegal. Hoje existe motivação para os agricultores que utilizarem sementes

legais como: liberação de crédito para financiamento dos lavores, em casos de

perdas por fatores climáticos agricultores que apresentarem junto aos bancos

documentos que comprovem a legalidade da semente consegue seguro agrícola,

tudo isso são meios para proibir a utilização das sementes piratas.

56

5.11 A cultura de amendoim em áreas de reforma de canavial

O amendoim é uma planta originária da América do Sul, que utiliza sua cultura como

rotação nos períodos de entre - safra com o objetivo de aumentar a qualidade do

solo, e até mesmo como aumento de renda, pois este cultivo pode ser utilizada

como aperitivos, nas indústrias nas fabricações de doces e também como extração

de óleo por possuir ricos nutrientes e também sendo utilizada na alimentação de

animais. A planta pode ser cultivada nos climas temperados, mas com cuidados

para o seu cultivo, pois as chuvas deixam as plantas vulneráveis a doenças e hoje o

amendoim é uma planta que é consumida pelos cinco continentes devido aos seus

valores nutritivos.

5.12 Um pouco da trajetória da cultura

Na década de 70, o amendoim teve grande importância no cenário nacional na

produção de óleo, pois era um período que não existia um domínio da soja na

produção, mas devido a problemas tecnológicos e nas colheitas levaram o

amendoim a perder espaço no cenário nacional fazendo que a planta somente fosse

cultivada no Estado de São Paulo em áreas de reforma de canaviais, fazendo com

que a soja ganhasse espaço nas áreas que até então quem predominava era o

amendoim e por se tratar de uma produção de exportação fez com que agricultores

e empresas sementeiras não se preocupassem pelo melhoramento das sementes

do amendoim, passando a ser um produto com baixa oferta de mercado, mas a

partir de 1997, produtores brasileiros buscaram soluções de plantio e colheita junto

aos Estados Unidos fazendo novamente despertar interesse de cultivo e

comercialização da planta mostrando os seus benefícios e o quanto ele pode ser

lucrativo mediante as outras culturas cultivadas no Brasil.

5.13 Situação atual e perspectivas do agronegócio do amendoim

A produção do amendoim não se compara com a produção da soja, existem poucas

perspectivas de exportação sendo que a maioria da produção é consumida no

próprio país Hoje os países que lideram a produção desta cultura são os países

57

asiáticos com a Índia e a China e também os países africanos, já nos casos dos

países de primeiro os Estados Unidos lidera a produção devido a suas tecnologias

de plantio e colheita, já no Brasil o amendoim não apresenta cotação na bolsa de

valores, mas foi a cultura que nos últimos dez anos apresentou ganhos em fatores

tecnológicos, isso foi muito importante para colocar o Brasil entre os principais

exportadores da cultura do amendoim devido ao seu grande padrão de qualidade e

o amendoim brasileiro tem como destino um dos mercados mais exigentes que é o

europeu.

O mercado internacional serve como base para exportação do produto, nos casos

de negociações em mercados futuros e onde grandes exportadores como Nigéria e

Estados Unidos sempre foram líderes de produção de amendoim. Devido às

exigências do mercado europeu o maior consumidor deste produto países como o

Brasil, Argentina, Índia e Vietnã passaram a competir neste mercado de exportação

onde um dos principais pontos para o sucesso é a agilidade na entrega, preço

acessível e qualidade no produto, com todos estes fatores muitos produtores de

cana-de-açúcar não vê a cultura do amendoim somente como rotação de cultura

mas como fonte de renda alternativa.

De acordo com Segato (2007, p.89).

Tabela 1. Dados econômicos comparativos entre soja e amendoim usados em áreas de reforma de

canavial

Produtividade Rendimento óleo Rendimento farelo

Produto (Kg de grãos/ha) (% Kg/ha) (Kg/ha)

Soja 3.000 22 – 660 76 – 2.280

Amendoim* 2.700 48 – 1.296 50 – 1.350

Fonte: RODRIGUES, 2006

Sobre este cenário um dos motivos que alavancaram a produção do amendoim

principalmente nas regiões como Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Bahia são

conseqüência dos bons preços ofertados no mercado internacional onde estes

resultados todos saem lucrando; os produtores, as cooperativas e o cliente final e

58

uma das alternativas encontradas caso o a amendoim não atenda a demanda

interna e externa utiliza-se a extração do óleo por ser uma planta muito oleaginosa e

até 2013 existe uma lei para a utilização do amendoim como biodiesel.

De acordo com Segato (2007, p.91).

Tabela 2. Comparação teórica da produção de grãos, óleos e farelo originados das culturas de soja e

do amendoim

Produtividade Rendimento óleo Rendimento farelo

Produto (Kg de grãos/ha) (% Kg/ha) (Kg/ha)

Soja 3.000 22 – 660 76 – 2.280

Amendoim* 2.700 48 – 1.296 50 – 1.350

FONTE: BORSARI FILHO, 2006

Para que se obtenha 1.000.000 de t de óleo de soja (tabela 2) seria necessário

1.515.152 hectares, resultando em 3.454.547t de farelo. Para as mesmas 1.000.000

t de óleo de amendoim apenas 771.605 hectares seria suficiente, e, a produção de

farelo seria menor (1.041.667t).

Sobre estes dados conclui-se que o Brasil tem espaço territorial suficiente para o

cultivo do amendoim não sendo necessário que haja desmatamento e com a

produção sendo suficiente para atender a demanda para a produção do biodiesel,

mas para que isso ocorra órgãos responsáveis por estes programas devem

estimular a cultura no país para que sejam atendidas todas as exigências do

governo. Sendo com que um dos objetivos do cultivo do amendoim não seja

somente como rotação de cultura na cana-de-açúcar, mas colando o amendoim

como principal produto de exportação do cenário do agronegócio brasileiro.

59

5.14 Conhecendo um pouco da botânica e da fenologia do amendoim

É importante conhecer todas as variedades de amendoim existentes, pois será muito

importante para tomada de decisão e analisar qual a melhor variedade da planta se

adapta na área que se deseja cultivar o amendoim.

De acordo com Segato (2007, p.93).

Tabela 3. Características do amendoim dos grupos botânicos Virgínia, Spanish e

Valência

Características Virginia Spanish Valência

Ciclo(dias) 120-150 (longo/tardio) 90-110 (curto) 90-110(curto)

Hábito de crescimento Geralmente rasteiro Ereto Ereto

Flores Não nos nódios da haste principal

Na haste principal Na haste principal

Frutos Grandes (duas sementes por frutos)

Grandes (duas sementes por frutos)

Pequenos (uma a seis sementes por frutos. Geralmente 3 a 4)

Sementes Domentes (um a quatro meses)

Não dormentes Não dormentes

Exemplos Runner IAC-886 e IAC- Caiapó

IAC-Tatuí e IAC-Poiatara, IAC-Oirã,IAC-Tupã

IAC-Tatu vermelho e IAC-Tatu ST

De acordo com Segato as variedades que representam uma melhor produtividade

em seu ciclo é o mais indicado para o cultivo onde fatores como a mecanização e

logística que são importantes para tomadas de decisão na variedade que irá ser

cultivada, pois tem que atender a demanda do mercado interno e externo desde o

período do plantio até a sua colheita e que não atrase o plantio da cana-de-açúcar

nas regiões que utilizam a cultura do amendoim como rotação de cultura.

60

5.15 A distribuição da soca e o preparo do solo para a cultura do

amendoim

As áreas mais indicadas para o cultivo do amendoim é aquela que melhor se explora

as suas qualidades de germinação, onde consiga extrair seus nutrientes por isso é

importante definir a área a ser cultivada. Mesmo sendo em sistemas convencionais

áreas que o amendoim é cultivado como rotação de cultura estas áreas passam pelo

preparo de solo para que no final consiga obter uma planta com qualidade, e uma

das qualidades deste plantio são os nutrientes deixando no solo decorrente do

plantio da cana-de-açúcar.

No decorrer dos anos agricultores estão diminuindo técnicas de preparo de solo com

o intuito de poupar tempo e dinheiro, mas não perdendo a qualidade na planta, eles

estão optando por técnicas de plantio mais precisas evitando perdas de solo tais

como erosão. Tem que se adaptar aos ciclos de plantio da cana-de-açúcar, mas

mesmo assim é possível obter um plantio de amendoim com qualidade em

decorrência das socas deixas pela cana-de-açúcar, mas desde que se utilize

equipamentos que consiga extrair estes benefícios do solo.

5.16 Época de semeadura

No estado de São Paulo os períodos mais indicados para o plantio do amendoim é

entre janeiro e fevereiro com perspectiva de colheita entre maio e junho, este

plantios ocorrem nas regiões de Marilia e Tupã, por se tratar de regiões onde

predominam a pecuária utiliza-se o amendoim como reforma de pastagem e fonte

alternativa de renda, já nas regiões de Sertãozinho e Ribeirão Preto o cultivo do

amendoim ocorre nos períodos entre setembro a novembro com intuito de colheita

entre janeiro a março, regiões canavieiras que utilizam a cultura do amendoim como

reforma nas áreas dos canaviais. Hoje regiões como o Centro-Oeste já estão

fazendo uso da cultura do amendoim nas suas rotações de cultura.

61

5.17 Colheita: Como definir o ponto da colheita?

Um dos principais fatores que define a época da colheita do amendoim são os

conhecimentos que tem que ter sobre a cultura, ou seja, estar atento ao período de

germinação da planta. A partir da décima semana o amendoim começa a tomar

outros formatos em sua planta, ter cuidados sobre os fatores climáticos, o que tem a

se fazer é determinar pontos estratégicos na área plantada colhendo a planta nestes

pontos para ter uma real condição se esta no período ideal para a colheita.

Quando se faz a colheita no período ideal tem muito a lucrar em termos de pesagem

e qualidade, isso faz com que tenha lucros no momento que irá ser feito a venda do

produto. Por isso é importante determinar o período correto de colheita, por que da

mesma forma que pode ocorrer o lucro qualquer que seja o atraso pode gerar

inúmeros prejuízos de má qualidade da planta.

5.18 Operações básicas de arranquio e colheita

As operações que são feitas no momento da colheita são os cuidados básicos que

tem que ter com o amendoim, a maneira que se coloca a planta colhida não

deixando o amendoim em contato com o solo para não prejudicar a planta, na

maioria das vezes toda a colheita do amendoim é feita de forma mecanizada, fatores

climáticos são levados em consideração para que se tenha uma boa colheita.

Após ser realizada a colheita os fatores de logística são importante, tais como

transbordo para fazer o recolhimento das vagens, caminhão para levar o produto até

um armazém ou cooperativa, onde lá será passado por processamentos como

secagem e será armazenado em sacos de 25 kg.

5.19 Colheita com mecanização total: Cuidados no dimensionando da

frota (arrancador - invertedor, colheita, transbordo, caminhão)

Quando se faz a colheita do amendoim não adianta ter os melhores equipamentos

para realizar o trabalho, deve-se ter experiência desde o momento do plantio até a

colheita, analisar fatores climáticos no dia que irá ser feito à colheita. No Brasil

62

ocorrem muitas falhas nos períodos da colheita do amendoim, como por exemplo,

mau planejamento em relação ao aumento de pragas, falta de mão-de-obra

qualificada e isso de certa forma são fatores determinantes que prejudica a colheita.

A partir do momento que produtores utilizam-se o amendoim na reforma de áreas

que são cultivadas a cana-de-açúcar o investimento com equipamentos são altos

porque envolve investimento com colhedoras, mão-de-obra e transbordo, por isso o

resultado com a colheita tem que ser satisfatório até mesmo para compensar o

investimento feito com os equipamentos.

5.20 Perdas na colheita mecanizada de amendoim

O amendoim é uma planta que exige o máximo de cuidado na hora de efetuar a sua

colheita, um dos objetivos é identificar onde ocorrem estas perdas para que evite

prejuízos e onde ocorrem estas perdas, um dos tipos de perdas identificados por

produtores é perdas no arranquio e perdas na colheita ou trilha.

As perdas no arranquio são ocasionadas devido a falta de sintonia na mecanização.

Os operados têm que ter o máximo de cuidado no que diz respeito à colheita

mecanizada, pois exige atenção em relação a ajuste do trator com a esteira

recolhedora. Em relação às facas que fazem o corte do amendoim também

envolvem cuidados para que se possa aproveitar toda a planta colhida evitando-se

assim prejuízos.

As perdas na colheita ou trilha são ocasionadas na hora de fazer o recolhimento das

vagens por isso tem que tomar precauções para não prejudicar o amendoim colhido

e também ter cuidados na seleção das vagens para separar das palhas e o que

define na hora da limpeza é a vagem possuir tamanho e peso e isso é determinante

em questões de qualidade da planta.

Para evitar prejuízos na hora da colheita em terrenos que sofrem ataques de pragas,

tem que ser feito um bom planejamento hora do plantio tendo em vista que são

fatores determinantes para uma boa formação das vagens, atrasos de colheita

ocasionados por chuvas são prejudiciais e comprometem a lavoura e também

secagem em excesso prejudica a pesagem da vagem, os tratos em relação a

63

defensivos são fundamentais para que se tenha uma boa produção caso ocorra em

excesso também prejudica a produção.

5.21 Expectativas e desafios do agronegócio do amendoim

Um dos fatores que está motivando o agronegócio do amendoim no Brasil são os

aumentos das exportações, isso de certa forma motiva produtores a cultivar o

produto, aumento do consumo de farelo em fábricas de rações, parcerias entre

indústrias e o IAC em programas de melhoramento de sementes buscando uma

melhor qualidade do produto.

Em regiões do Centro-Oeste, agricultores estão cultivando o amendoim até mesmo

como aumento de renda e rotação de cultura, no estado de São Paulo nas áreas de

reforma de canavial também se utiliza o plantio do amendoim como aumento de

renda e rotação de cultura.

Um dos fatores que está dificultando a expansão do amendoim no Brasil é a falta de

investimentos como a infra-estrutura, os altos custos de investimentos em

mecanização para a colheita e plantio, a grande concorrência com os Estados

Unidos e China que são países que recebem subsídio para realizar o plantio, a falta

de profissionais qualificados, os altos custos com frete e taxas de exportação, isso

são os desafios encontrados hoje no Brasil que dificulta o plantio e as negociações

do amendoim.

5.22 Plantio de soja em área de renovação de canavial com palha

residual

Hoje o sistema de plantio direito já é praticado por muitos agricultores porque se

ganha tem termos financeiros e também em tempo para executar o plantio, os

primeiros testes em plantio direto foram feitos em 1940 nos Estados Unidos e

Inglaterra com os excelentes resultados obtidos está pratica aplica-se até nos dias

atuais.

64

No cultivo da cana-de-açúcar do mesmo modo que o álcool é aceito como um dos

combustíveis que não causa muitos danos ao meio ambiente também gera

polêmicas devido às queimadas da cana-de-açúcar para obter este combustível.

Com as leis ambientais estima-se que até o ano de 2017 todas as áreas de cultivo

de cana-de-açúcar sejam 100% mecanizadas eliminando totalmente a queimada.

De acordo com Gazon (2009, p.11)

Como a mecanização se tornou tão importante para a produção de cana?

O rápido crescimento da cultura canavieira forçou e está forçando as usinas

e fornecedores a mecanizar sua lavoura muito rapidamente. Junto com a

introdução de tecnologia no campo, está sendo necessário se adaptar a nova

forma de trabalhar com a cultura em busca de melhores resultados

operacionais e, consequentemente, reduzir seus custos de produção. A

busca por mão de obra qualificada, a qualificação para a operação das

máquinas e o planejamento da lavoura são as novas realidades.

Hoje estima – se que 30% das áreas de cultivo da cana-de-açúcar já estão

mecanizadas conforme o período de tempo de renovação de canavial. As palhas

deixadas com a colheita da cana-de-açúcar beneficiam o plantio da soja, mas ao

mesmo tempo em que a camada de palha de cana-de-açúcar deixada ao solo

beneficia a área contra erosão e também preserva o solo, as vezes dificulta do

plantio da soja por agricultores que fazem a rotação de cultura.

5.23 Preparo do solo

De acordo com Gazon (2009, p.11)

Como explorar a propriedade sem agredir o solo?

O agro empresário deve sempre explorar da melhor forma possível sua

propriedade, sempre considerando que seu patrimônio é o solo e que

precisa ser conservado e sem erosões. A utilização dos restos de culturas

remanescentes ou a plantação de leguminosos como rotação de culturas

65

nessas áreas é um exemplo de como se pode aproveitar a área sem

agredir o solo.

O preparo de solo depende de vários fatores alguns como o tipo de solo, a cultura

que irá ser cultivado nesta área, verificar se já houve outras culturas nesta área,

eliminar ervas daninhas existentes neste local, depois de todos estes fatores

analisados, aplica-se a melhor forma de preparo que este solo terá que receber.

No cultivo da soja o preparo de solo se classifica em três fases sendo elas preparo

primário, preparo secundário e cultivo do solo após plantio. No preparo de solo

primário consiste em eliminar da área de cultivo as ervas daninhas, acertar as

irregularidades do terreno e eliminar o resto de culturas anteriores que foram

cultivadas nestas áreas. No preparo secundário faz a aplicação de herbicida na área

que será efetuado o cultivo, correções no solo em conseqüência do preparo primário

com o objetivo que a soja possa ser plantada e que não tenha seu desenvolvimento

comprometido e no cultivo do solo após plantio tem a finalidade de desenvolver

nesta área técnicas para que a soja possa ter seu desenvolvimento com fácil recurso

hídrico e que possa manter esta umidade.

5.24 Objetivos do preparo do solo

O preparo de solo tem como objetivo principal a eliminação de plantas daninhas,

melhor aproveitamento da área no momento de efetuar o plantio, melhor

aproveitamento dos recursos deixados nesta área como fertilizante que irá beneficiar

futuros plantios, eliminação de riscos em áreas que podem sofrer danos como

erosão, mas tudo isso tem que ser feito de uma forma racionalizada onde visa ganho

de tempo nas operações, ganhos financeiros e ganhos operacionais evitando gastos

desnecessários e não permitindo preparo em excesso que possa vir a prejudicar

estas áreas com conseqüência de compactação e pulverização de uma forma

desordenada.

66

5.25 Preparo convencional

O preparo de solo convencional é aplicado grades aradoras e subsoladores com o

objetivo de quebra de terraços e eliminação de irregularidades existentes nestas

áreas depois de aplicado este método, a grade niveladora é aplicada com intuito de

correção desta área permitindo assim um plantio com eficiência. Este tipo de

preparo de solo visa um melhor aproveitamento da área que a cultura será cultivada

beneficiando melhor desenvolvimento da semente, melhor aproveitamento do solo

seja em armazenamento de recursos hídricos, aplicação de fertilizantes e eliminação

de pragas e ervas daninhas fazendo com que nos futuros plantios estas áreas não

precisem passar pelos mesmos processos de preparo economizando tempo e

recursos financeiros. Isso são fatores que beneficiam o plantio e que possa obter

melhores lucros depois de efetuado a colheita.

5.26 Preparo reduzido

O preparo de solo reduzido é conseqüência da preocupação de agricultores e

pessoas voltadas em áreas de pesquisa de campo onde o principal foco é manter os

nutrientes existentes nestas áreas. Nos últimos tempos agricultores que utilizavam o

preparo de solo nas áreas de cultivo onde o foco é evitar a erosão hoje está sendo

motivo de preocupação destes agricultores devido a redução destas técnicas de

preparo de solo. Onde está sendo aplicado são sistemas de plantio direito

eliminando os sistemas de plantio convencionais. Hoje o Brasil utiliza-se muito do

preparo reduzido com o intuito de economizar tempo, gastos com equipamento e

evitar custos desnecessários e observaram que áreas onde o preparo reduzido foi

aplicado teve uma melhor conservação da área se comparado com o convencional.

5.27 Plantio direto

De acordo com o site

http://www.cnpso.embrapa.br/producaosoja/manejo.htm

Trata-se de sistema de produção conservacionista, que se

contrapõe ao sistema tradicional de manejo. Envolve o uso de

67

técnicas para produzir, preservando a qualidade ambiental.

Fundamenta-se na ausência de preparo do solo e na cobertura

permanente do terreno através de rotação de culturas.

O sistema de plantio se caracteriza como em áreas que já tenha sido efetuada

alguma cultura onde não precisa utilizar os mesmo métodos do plantio convencional

sendo que neste sistema utiliza os nutrientes e fertilizantes existentes nesta área.

5.28 Comportamento das plantas daninhas em sistema de plantio direto

No sistema de plantio direto além de ser benéfico na conservação de solo também

beneficia o combate a proliferação de ervas daninhas, devido a cobertura existente

nestas áreas. Esta cobertura em decomposição é de extremo benefício em áreas

que se aplica o plantio direto.

Em áreas que se utiliza o plantio direto, o combate às ervas daninhas são

prioridades e deve ser feito dessecação no local com o intuito de eliminar totalmente

a área deixando pronta para o plantio o sistema de cobertura morto já é uma técnica

porem bastante eficaz no controle desta praga, além de ser economicamente viável.

Em áreas que utiliza a rotação de cultura na palha da cana-de-açúcar devido à

dessecação já feita no momento de fazer o plantio está área pode ser feito o plantio

direto, pois a erva daninha já foi combatida.

5.29 Influência do plantio direto na fertilidade do solo e na eficiência de

aproveitamento dos nutrientes pelas plantas daninhas

O plantio direto proporciona para a planta melhor desenvolvimento devido aos

nutrientes existente neste solo, em cultura como o milho e a cana-de-açúcar o

sistema de plantio direto causa danos devido a planta não absorver nitrogênio

suficiente, no caso da soja ela sofre menos devido a melhor absorção de nitrogênio,

na rotação de cultura em áreas que será feito o plantio da cana-de-açúcar deve ser

68

feito um tratamento no solo para que a planta possa melhor receber nitrogênio para

que não venha a comprometer a plantação.

Por isso é importante fazer as correções necessárias nos solos com elementos

como o calcário e o gesso aumento, assim a capacidade de produção da área,

principalmente em áreas que é feito a rotação de cultura para que no decorrer nos

anos e nos plantios futuros possa ter uma produção com qualidade e também

mantendo os nutrientes já existentes nestas áreas.

5.30 Intensidade do ataque de pragas na relação plantio direto x plantio

convencional nas culturas de soja e milho

Estudos comprovam que na cultura como a soja o sistema de plantio direto tem

apresentado maior incidência de pragas, já o milho quando é feito o plantio

convencional ocorre maior risco de pragas se comparado com o plantio direto, o

mesmo ocorre quando se observa a proliferação de pragas na cultura da cana-de-

açúcar quanto se efetua a colheita da cana seja ele mecanizada ou manual, ou cana

crua ou queimada é bem visível o ataque de pragas.

5.31 Sistema de rotação de culturas em área de plantio direto

O sistema de plantio direto na rotação de cultura tem como objetivo melhoramento

da área de cultivo fazendo com que ela sofra alterações e se torne mais produtiva,

combatendo a proliferação de pragas e ervas daninhas, redução de custos em

preparo de solo, visando aumento de lucros na produção. Mesmo os produtores

tendo conhecimento sobre rotação de cultura fazem de uma forma racionalizada

devido variações de preços e falta de subsidio oferecidos pelo governo, produtores

preferem uma cultura mais rentável como o plantio da soja e do milho.

Em 1996 a Embrapa em parceria com agricultores estão apoiando rotações de

cultura como o milheto, sorgo, girassol e feijão, por serem culturas resistentes a

períodos tanto de frio quanto a períodos de seca e por apresentarem grande

69

capacidade de produção e como forma de diversificação de cultura, não focalizando

somente culturas como a soja e o milho.

5.32 Plantio direto de culturas de rotação em áreas de reforma e cana-

de-açúcar sem queima da palhada

No inicio de 1980 a plantio direto tem seu início em áreas de cultivo da cana-de-

açúcar utilizando a rotação de culturas nos períodos que ocorrem as reformas das

áreas de cultivo da cana-de-açúcar, no ano de 1990 como o setor canavieiro

apresentado dificuldades e com o aumento da colheita mecanizada em áreas de

cana crua com o objetivo de diminuir custo em preparo de solo, a rotação de cultura

sobre palhadas de cana-de-açúcar ganhou mais força por ser rentável aos

produtores.

O setor sucroalcooleiro no estado de São Paulo concluiu que a colheita mecanizada

da cana crua proporciona melhor aproveitamento na produção de álcool se

comparado com a cana-de-açúcar queimada, além disso, as áreas que utilizaram

corte manual de cana-de-açúcar crua apresentou melhor produtividade no solo.

O sistema de plantio direto se comparado com o plantio convencional quando utiliza

rotação de cultura em áreas de cultivo de cana-de-açúcar além de apresentar baixos

custos de produção, apresenta uma planta mais resistente a ataques de pragas e

melhor desenvolvimento em períodos de seca.

Devido à compactação do solo em área de cultivo da cana-de-açúcar quando feito o

plantio da soja deve ter equipamentos preparados para a semeadura, para que faça

um plantio com qualidade e apresente um bom desempenho da soja, o tipo de

plantadeira recomendada é a que utiliza facão para fazer uma melhor

descompactação do solo e também tem a função fazer preparo de solo na hora de

fazer o plantio e para que tenha um melhor desempenho da planta é necessário ao

fazer o plantio cortando totalmente a palhada da cana-de-açúcar. Hoje um dos

maiores desafios para o plantio da soja são os grandes volumes de palhada de

cana-de-açúcar deixado no solo pós-colheita por isso é importante equipamentos de

qualidade para efetuar este serviço.

70

Afirma-se que em áreas de rotação de cultura a soja apresenta melhores

desempenhos quando utiliza plantio direto do que no plantio convencional. Em áreas

de cultivo da cana-de-açúcar e também um melhor desenvolvimento da cana-de-

açúcar quando plantado em áreas que foram feitos o plantio da soja e também

apresentou maiores lucratividade nas duas culturas, mas para que isso se torne

realidade é importante que haja planejamento agrícola tanto quando é feito o plantio

da soja e o plantio da cana-de-açúcar. O plantio da soja tanto no sistema

convencional quanto no direto deve apresentar melhor desenvolvimento cujo

objetivo é lucrar na colheita da soja e também para não comprometer o plantio da

cana-de-açúcar, conclui-se que o plantio da soja em áreas de plantio de cana-de-

açúcar mesmo sendo no plantio convencional ou direto é uma cultura que apresenta

uma melhor viabilidade e grandes ganhos financeiros.

6 A EXPANSÃO DA CANA - DE - AÇÚCAR E AS QUESTÕES

AMBIENTAIS

A produção no setor sucroalcooleiro está relacionada a fatores como,aumento da

área de produção, aumento na produção do açúcar e álcool entre outros fatores em

aspectos industriais que estão relacionados a produção de matéria-prima, mas tem

que levar em consideração aspectos ambientais para que a produção possa ter

sucesso desde o momento do plantio até o período da colheita, evitando transtorno

e penalidade ambientais.

6.1 O processo de expansão

O processo de produção da cana-de-açúcar está relacionado com fatores

ambientais envolvendo áreas como a agrícola e a industrial, mas para que isso

tenha êxito é preciso fazer uma analise apontando fatores positivos mostrando que a

expansão é viável para o setor sucroalcooleiro.

71

Para que a expansão aconteça é preciso fazer um estudo da região onde vai ser

aplicada a expansão da produção, verificar os aspectos geográficos da região, clima

e se o município tem condições de oferecer infra-estrutura para os futuros

moradores que irão trabalhar nestes locais.

Mas para que a expansão da cana-de-açúcar tenha sucesso tem que ser feito uma

analise do local que será feito o trabalho da expansão, evitando danos ambientais,

e não comprometendo o bem estar da população.E todo o processo de expansão

envolve preparo de solo, aplicação de corretivos nestas áreas, uso de herbicidas

para que se possa efetuar o plantio da cana-de-açúcar.

No processo de expansão da cana-de-açúcar é instalado a parte industrial da usina

sendo que para estar em funcionamento é preciso ter um documento de licença

ambiental para que a usina tenha o comprometimento com o meio ambiente e a

população local, e também que este empreendimento possa oferecer benefícios

sociais e econômicos para a região.

Este capítulo foi escrito com base nas informações técnicas contidas na obra: EXPANSÃO E

RENOVAÇÃO DE CANAVIAL DE SILVELENA VANZOLINI SEGATO, CAROLINA FERNANDES E

ALEXANDRE DE SENE PINTO, Piracicaba, Editora CP 2, 2007.

6.2 Abertura de áreas para produção de cana-de-açúcar

Quando se inicia a expansão da cana-de-açúcar geralmente aproveita áreas que já

foram utilizadas outras culturas sendo que qualquer expansão agrícola exige

abertura de novos espaços geográficos, mas não comprometendo a vegetação local

quem em alguns locais são protegidos por lei. Sendo que é importante no processo

de expansão da cana-de-açúcar manter área de preservação com o intuito de

proteger espécies nativas e ate mesmo animais silvestres desta forma evita-se até

mesmo a extinção de algumas espécies de plantas e animais.

Para que isso funcione existem leis que obrigam as usinas ou qualquer outro ramo

de atividade agrícola a manter a áreas de preservação, mas o crescimento da cana-

de-açúcar nas regiões isso faz com que as áreas de plantio se valorize despertando

72

interesses para agricultores e novas usinas se instalem nestas regiões, por isso é

importante uma administração publica seja eficiente controlando este crescimento e

evitando aberturas de novas áreas para o plantio não comprometendo as áreas que

são destinadas a preservação ambiental.

6.3 Ocupação de grandes áreas com apenas uma cultura

A grande preocupação quando se caracteriza a monocultura em áreas que são

feitos somente o plantio da cana-de-açúcar são as conseqüências que pode ocorrer

nestes locais, prejudicando a flora e fauna existente nestes locais, por isso é

importante a rotação de cultura nas áreas de plantio da cana-de-açúcar para que

possa devolver as regiões os nutrientes e recuperando as áreas que foram

degradadas com o plantio sendo assim mantendo o equilíbrio e não causando danos

ambientais.

6.4 Ocupação de áreas pouco indicadas para a produção de cana-de-

açúcar

Para que se possa melhor aproveitar as áreas para o plantio da cana-de-açúcar é

importante fazer um estudo do local que será feito o plantio com base nos plantios

anteriores, fazer analise do solo para que evite danos a cultura, e para que não

ocorra erosão no local do plantio.

Muitas vezes estes locais não apresentam indícios de erosão, mas em

conseqüência dos preparos de solo que serão feitas neste local, se for áreas

arenosas a erosão pode ocorre, a expansão da cana-de-açúcar nestas áreas estão

danificando o solo e comprometendo o meio ambiente devido as quantidades de

preparo de solo que estão ocorrendo e as renovações de canaviais em curtos

períodos de tempo, aumento abusivos de defensivos agrícolas para controle de

pragas são fatores que causam grandes impactos no meio ambiente.

73

6.5 Exposição do solo enquanto não houver o plantio da cultura

Na época do plantio da cana-de-açúcar devido a grandes quantidades de águas

armazenadas nas áreas de cultivo, quando inicia-se o preparo de solo estas águas

facilitam o preparo e também são importantes para o crescimento da cana-de-

açúcar.

O planejamento no período do plantio é importante devido aos manejos de solo que

ocorrem no período do plantio e renovação das áreas de cultivo, avaliar as áreas

que concentram as partes arenosas para que as chuvas não possa ocasionar

erosão e não comprometer o desenvolvimento da cana-de-açúcar.

6.6 Ocorrência de compactação do solo

A compactação do solo nas áreas de cultivo da cana-de-açúcar ocorre devido aos

tráfegos pesados utilizados, é importante definir os equipamentos que serão

utilizados nestes preparos para que não comprometa estas áreas para os futuros

plantios e para que não ocorram gastos desnecessários com preparo do solo.

6.7 Aplicação de resíduos industriais nas áreas de plantio

As áreas que receberão os resíduos industriais devem ser monitoradas

constantemente devido as variações de solo que existem nos locais de cultivo da

cana-de-açúcar, este controle é importante para que a expansão dos canaviais

ocorra com sucesso.

Qualquer que seja a aplicação destes resíduos as usinas devem obedecer a

requisitos previstos na lei, porque os resíduos indústrias não podem ficar

armazenados no mesmo local, as conseqüências deste armazenamento pode ser

prejudicial ao solo e ao meio ambiente, as usinas deve tomar medidos que protejam

estas áreas e descartando estes resíduos longe de suas localidades caso não seja

aplicada nas áreas de plantio.

74

6.8 Aplicação de defensivos

A aplicação de defensivos agrícolas na cultura da cana-de-açúcar e em outras

culturas ocorre devido a expansão da monocultura, é importante seguir as instruções

descritas pelos fabricantes dos defensivos e também fazer o planejamento das

aplicações para não comprometer as áreas de cultivos e as vidas silvestres

existentes nas regiões de cultivo.

Estes defensivos devem apresentar controles de qualidade serem e sua aplicação

serem monitoradas, sendo assim não prejudica o meio ambiente e evita gastos

desnecessários no cultivo da cana-de-açúcar.

6.9 Processo de colheita mecânica e queima

De acordo com Segato (2006, p.327)

Por que queimar a cana?

A principal razão de se queimar a cana é a limpeza parcial do canavial a fim

de facilitar a operação de corte manual ou mecânico. A queima da palhada

permite maior facilidade ao acesso à cultura, permitindo aumento na

eficiência da operação, chegando valores de até 100% da quantidade média

de cana cortada por um trabalhador.

Nos períodos de colheita da cana-de-açúcar devido as queimas ocorrem grandes

impactos ambientais em conseqüência da emissão da fumaça e compactações de

solo ocasionados pelo trafego de equipamentos utilizados para a colheita e

transporte da cana-de-açúcar.

De acordo com o site http://www.sppt.org.br/v2/noticia_completa.php?id_noticia=108

75

Queima de cana – de – açúcar é responsável por doenças respiratórias em

crianças e idosos

Brasil festeja lucros das exportações de açúcar e álcool, mas continua

ignorando os prejuízos à saúde da população e ao SUS.

O Brasil tem, hoje, cerca de 5 milhões de hectares de cana-de-açúcar

plantados, 75% no Estado de São Paulo. Da área total cultivada, 80% é

queimada nos seis meses de pré-colheita, o que equivale a,

aproximadamente, 4 milhões de hectares. Com a queima de toda essa

biomassa por longo período, são enviadas à atmosfera inúmeras partículas

e gases poluentes, que influem direta e indiretamente na saúde de

praticamente todos os habitantes do interior do Estado de São Paulo. É

nestas regiões que se concentram as plantações, desde que o cultivo da

cana substituiu quase que completamente o do café.

Diversos estudos, realizados por pneumologistas, biólogos e físicos,

confirmam que as partículas suspensas na atmosfera, especialmente as

finas e ultrafinas, penetram no sistema respiratório provocando reações

alérgicas e inflamatórias. Além disso, não raro, os poluentes vão até a

corrente sangüínea, causando complicações em diversos órgãos do

organismo.

Um dos fatores que ocorrem com a expansão da cana-de-açúcar são as queimadas

próximas as áreas urbanas, existem hoje leis que penalizam as usinas que praticam

queimadas mesmo aquelas que utilizam a colheita mecanizada, mas hoje as usinas

estão se adaptando as essas leis com o objetivo de preservar o bem-estar da

população e não comprometendo a expansão da cana-de-açúcar.

6.10 Expansão da produção industrial de açúcar e álcool

No processo da expansão da cana-de-açúcar as usinas devem fazer um

planejamento não apenas focando a produção mas definindo o destino dos resíduos

indústrias que a unidade irá produzir.

76

De acordo com o anuário da cana 2009 (p.28)

Agência ambiental dos EUA dá aval ao etanol de cana. Brasil deverá se

beneficiar elevando suas exportações

O etanol brasileiro, produzido a partir da cana-de-açúcar, foi reconhecido no

início de maio pela EPA, a agência de proteção ambiental dos Estados

Unidos (Environmental Protection Agency), como o biocombustível que

permite a maior redução de emissões de gases causadores do efeito estufa

entre os disponíveis atualmente.

Esse reconhecimento é muito importante, uma vez que fortalece o etanol do

Brasil rota internacional.

A usina deve direcionar todo o processo de sua produção, desde a aplicação da

vinhaça, energia gerada pelo processo da produção da cana-de-açúcar, não vindo a

prejudicar o meio ambiente.

6.11 Aumento da capacidade instalada de moagem

A usina para aumentar a sua moagem deve fazer um planejamento junto aos órgãos

ambientais para não prejudicar o meio ambiente, deve ter uma licença que permite

ao aumento da sua capacidade. A usina deve investir em infra-estrutura para o

armazenamento da sua produção e tomar medidas de segurança para seus

colaboradores.

6.12 Aumento do uso de água e aumento da geração de efluentes

A utilização da água pelas usinas aumenta conforme a sua produção, mas para a

unidade industrial fazer uso desta água ela tem que passar por adaptações para o

seu recebimento e para que a água seja devolvida ao seus efluentes ela devera

passar por processo de tratamento.

77

Para a usina fazer uso deste recurso, deve apresentar documentos que destinam o

uso da água na sua unidade industrial, e terá uma licença autorizando o uso da

água.

A usinas que utilizam a água na sua unidade de produção de açúcar e álcool , por

ser muito poluentes a usina deverá ter na sua unidade um controle de qualidade

para que esta água utilizada possa voltar ao meio ambiente limpa não gerando

contaminação nos seus efluentes. Isso são fatores que as usinas deverão ter para

utilizar a água na sua unidade industrial para manter o controle ambiental não

prejudicando o município que a unidade esta instalada.

6.13 Aumento do consumo de energia

A usina quando utiliza energia desde o seu funcionamento ate a sua produção de

açúcar e álcool deve manter o controle ambiental, e as usinas devem fazer o

planejamento quando ela tem em sua unidade a geração de energia não

acarretando prejuízos financeiros quando utiliza a sua energia de uma forma errada.

De acordo com o anuário da cana (2009 p.34)

Usinas do país são auto-suficientes em energia. Cogeração de energia dá

status ao setor sucroalcooleiro.

O Brasil possui cerca de 400 usinas de açúcar e álcool em operação, quase

100% delas auto-suficientes em geração de energia a partir do bagaço da

cana. Esses dados colocam o país na linha de frente na geração de energia

limpa.

Há cerca de 200 projetos de cogeração em implantação no país, que

somados podem colocar no sistema 10,2 mil MW até 2013, segundo o

consultor de energia a partir da biomassa Onório Kitayama, que atua na

empresa Coomex.

78

Manter a sua frota de veículos desde tratores, caminhões e carros sempre que

possível revisados não gerando poluição ao meio ambiente. Manter a produção de

energia sempre disponível esperando aumentar a demanda e conseguir os melhores

preços e aumentando seus lucros.

6.14 Geração de resíduos sólidos

A expansão da cana-de-açúcar também tem como conseqüência a geração de

resíduos conforme a produção aumenta, devendo tomar precauções com a

eliminação destes resíduos para que os mesmos não contaminem o meio ambiente.

Devido a localização das usinas serem em áreas rurais as usinas devem ter

programas de reciclagem de lixos.

No caso de embalagem de defensivos as usinas devem ter separadores que

armazém estas embalagem para que se evitem a contaminação de seus

colaboradores e do meio ambientes, o mesmo procedimento se aplica para as

embalagens de adubos e outros insumos aplicados em preparo de solo e plantio.

As usinas devem direcionar estas embalagens para seus fabricantes para tomarem

medidas de reciclagem não comprometendo o meio ambiente.

6.15 Geração de efluentes líquidos

Com a expansão da cana-de-açúcar o aumento dos efluentes líquidos as usinas

devem ter monitoramento destes líquidos desde o transporte até nas áreas de

cultivo para que se evite contaminação de seus colaboradores.

79

De acordo com o anuário da cana 2009 (p.90)

Destinação correta da vinhaça é desafio para o setor sucroenergético

O uso desse resíduo na fertirrigação tem custo elevado para canaviais mais

distantes da unidade industrial

As usinas e destilarias enfrentam um grande desafio em sua trajetória como

novos baluartes do desenvolvimento sustentável. A”pedra” no caminho das

unidades produtoras chama-se vinhaça, que é gerada pelo processo de

fabricação de etanol. Para cada litro de álcool produzido, são gerados de 10

a 12 litros desse resíduo industrial. Com o aumento crescente da produção

de álcool, a destinação correta da vinhaça pode se tornar um sério problema

caso não sejam encontradas novas alternativas para o seu aproveitamento.

Para a vinhaça ser aplicada nas áreas de cultivo da cana-de-açúcar devem passar

por um sistema de monitoramento, pois a vinhaça pode receber outros descartes

das usinas, sendo assim compromete a sua qualidade,as usinas estão de adaptando

em relação estes tratamentos para melhor monitorar a aplicação, devido as

exigências ambientais.

6.16 Emissão de gases e material particulado

As usinas que destinam os bagaços de cana-de-açúcar para a produção de energia,

devem ter precauções com a meio ambiente devido a geração de fumaça evitando a

poluição do ar e não desrespeitando as leis ambientais.

Os equipamentos utilizados para a geração de energia exigem bastante

investimentos, as usinas devem fazer o planejamento para a manutenção deste

equipamentos, evitando as quebras e diminuindo gastos de manutenção

desnecessários.

80

6.17 Tráfego de veículos

A expansão dos canaviais exige mais utilização de veículos tanto leves quanto

pesados, as usinas devem manter as estradas próximas as unidades industriais e

até mesmo as das zonas rurais sempre bem conservadas.

As usinas devem dar treinamentos para seus colaboradores, para que se evitem

acidentes, para que as pessoas responsáveis por pelo transporte, não coloque a

vida dos colaboradores e nem da população próxima as suas unidades em risco.

6.18 Riscos ambientais

As usinas devem ter programas de prevenção para evitar danos ambientais e até

mesmo mantendo a vida de seus colaboradores em segurança e também a

população próxima as unidades industriais, devido ao grande manuseio de produtos

inflamáveis, utilização de produtos químicos e tóxicos e sempre oferecendo

equipamentos de segurança para o manuseio destes produtos.

As usinas sempre manter as unidades de armazenamento de produtos inflamáveis

em boas condições evitando danos a própria unidade industrial e ao município, e

também para que a usina evite multas ambientais, caso haja acidentes com estes

produtos.

6.19 Os impactos positivos

O impacto positivo com a expansão do setor sucroalcooleiro, faz com que as usinas

desenvolvam programas de preservação do meio ambiente e fazendo também a

geração de programas voltados para os aspectos sociais e econômicos para a

população.

81

6.20 Aumento da economia da região

De acordo com o anuário da cana 2009 (p.44)

Produção de açúcar sobe no Brasil.

Preços internacionais sustentam o aumento da oferta da commodity

Os preços internacionais do açúcar em recuperação nestes últimos meses

deverão dar impulso a produção da commodity no Brasil. Em movimento

altista desde o ano passado, como reflexo da menor oferta de cana na Índia,

segundo maior produtor e maior consumidor global, as usinas brasileiras

deverão fazer suas apostas no açúcar.

A instalação das usinas beneficiam a população local, regional e até mesmo

nacional incentivando as exportações de açúcar e álcool, fazendo que haja mais

ofertas de empregos para a população, faz também que aqueça o comercio local,

despertando interesses de outros empresários a instalar indústria e comercio nestas

regiões e contribuindo para o seu desenvolvimento.

6.21 Geração de empregos e renda a população

A expansão da cana-de-açúcar beneficia a região, mesmo as usinas com a

tecnologia disponível no mercado, precisa que tenha em suas unidades mão-de-

obra qualificada, gerando novos postos de trabalho fazendo que aumente a renda da

população de motivando a população a procurar especializações para atender as

suas necessidades.

82

6.22 O nível tecnológico local e regional aumenta

A instalação das usinas devido a exigências tecnológicas que o setor exige na sua

produção tanto de energia, açúcar e álcool entre outras de áreas de atuação da

unidade industrial, faz com que desperte interesse na população, em termos de

capacitação como treinamento para que possam preencher vagas de emprego

oferecidas, e também faz com que entidades municipais preocupadas com os

aspectos sociais disponibilizem em parcerias com as usinas treinamento para a

população.

7 . PARCERIA DE TERRAS E PRODUÇÃO AUTÔNOMA DE CANA-

DE-AÇÚCAR NA EXPANSÃO DO CANAV

As parcerias para a produção da cana-de-açúcar dependem de vários fatores tais

como; preço da cana, as condições que a usina oferece para o produtor são viáveis

para ambas as partes, ou se compensa o produtor fornecer o cana-de-açúcar

diretamente para a usina. Para que isso seja viável deve ser feitos estudos de

mercado e ver a melhor condição para que no final o lucro seja real.

Este capítulo foi escrito com base nas informações técnicas contidas na obra: EXPANSÃO E

RENOVAÇÃO DE CANAVIAL DE SILVELENA VANZOLINI SEGATO, CAROLINA FERNANDES E

ALEXANDRE DE SENE PINTO, Piracicaba, Editora CP 2, 2007.

7.1 Considerações sobre a exploração agrícola da terra

As condições de parcerias para a produção de cana-de-açúcar têm suas variações

sendo que a usina em determinados casos, fazem contrato onde que ela própria é

responsável desde o preparo do solo, plantio e colheita da cana-de-açúcar são os

chamados contratos de arrendamento, existem casos de parcerias onde o dono da

83

propriedade é responsável por todo o processo desde o plantio, colheita e o

transporte.

De acordo com o site http://www.planetanews.com.br/?pagina=not/id382

Expansão da cana valoriza preço de terras

06/02/06

Com a expansão da cultura de cana-de-açúcar, há uma forte tendência de

valorização dos preços de terras em regiões próximas às usinas, incluindo

áreas de citricultura no oeste paulista, de acordo com informações do

Instituto FNP, divulgadas pela Folha de São Paulo. “O mercado de terras em

um raio de 50 km de proximidade com as usinas de cana está num processo

de forte valorização”, segundo declaração de Pablo Paulino Lopes, analista

do instituto.

As condições destes contratos são analisadas de uma forma ampla onde que o

objetivo tanto da usina quanto a do fornecedor seja ele responsável ou não para o

fornecimento da cana-de-açúcar para usina que é se obtenha lucros.

Estes contratos de parcerias são feito mediante contrato onde as partes envolvidas

estão cientes dos ricos que podem ocorrer caso não haja produção sendo que tanto

a usina quanto os produtores são os responsáveis não responsabilizando somente

uma das partes.

7.2 Considerações sobre apuração do preço da cana-de-açúcar

O preço da cana-de-açúcar era controlado pelo governo, em 1998 passou a ser

controlado pela Consecana (Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar,Açúcar e

Álcool do Estado de São Paulo),

84

A Consecana é formada por um grupo de pessoas entre elas produtores de cana-de-

açúcar e usineiros, os preços são controlados pelos indicies Esalq e BM&F, e os

valores são repassados para os produtores em ATR (açúcar total recuperável).

Estes valores são variáveis conforme a produção de cada usina.

O objetivo da Consecana não é ditar o preço da cana-de-açúcar mas sim servir

como base para usineiros e produtores, para o fechamento de contratos e parceiras

entre usinas e produtores rurais.

7.3 Considerações sobre o custo de produção

O custo de produção da cana-de-açúcar não está relacionado nem pelas usinas e

nem pelos produtores rurais, mas sim pelo mercado, ou seja, os valores da cana-de-

açúcar está relacionado pela oferta e demanda como outros produtos, sendo valido

esta lei tanto no consumo do mercado interno quanto nas exportações.

Um dos fatores também relevante no mercado sucroalcooleiro e que no final é

analisado pelas usinas, são os custos relacionados a transporte da cana-de-açúcar,

os gastos com o corte e o carregamento, dependendo da distância não é viável para

a usina fazer arrendamento destas áreas.

As parcerias estabelecidas entre usinas e produtores rurais são formas de medir

custo de produção, tanto nos casos que envolvem o arredamento da terra, ou seja a

usina é responsável pelo preparo de solo, plantio e colheita ou o produto é

responsável por todo o processo e entrega o produto final para a usina, é importante

para obter lucro analisar qual a melhor forma de parceria entre usina e produtor para

que os dois lados consiga sobreviver no mercado

7.4 Escolha de sistema de produção pela usina

A produção da cana-de-açúcar em todas as regiões produtoras ocorre que a usina

opta em fazer contratos ou parcerias com produtores, dificilmente a usina compra as

85

áreas de cultivo, com esta opção diminui seus custos e aumenta suas áreas de

plantio.

De acordo com o site http://www.planetanews.com.br/?pagina=not/id382

Os fornecedores particulares da matéria-prima do açúcar e do álcool, ou seja,

aqueles que plantam e entregam a cana para as usinas em condições para a

colheita, têm uma remuneração em torno de R$ 35 a R$ 38 a tonelada,

considerando-se o chamado ATR (Açúcar Total Recuperável), que varia de

138 a 140 ATR por alqueire, conforme informações do presidente da Olicana,

Celso Castilho Ruiz.

Os contratos de plantio e parcerias com produtores segue as baixas e as altas do

mercado sucroalcooleiro, sendo que com o aumento dos preços da cana-de-açúcar

consequentemente aumentam produtores interessados em fazer parcerias com as

usinas.

De acordo com Margarido (2006, p.75)

Planejamento da colheita

Um dimensionamento adequado ou não determina o sucesso ou fracasso do

fomento e o lucro ou prejuízo da operação. A atividade de colheita é de

extrema importância no custo total da matéria-prima e consequentemente no

custo final do açúcar e álcool.

As parcerias são importantes para ambos os lados,a usina passa a ter mais capital

para investir em outras áreas tais como;maquinas e na parte industrial e os

produtores alem de ser fornecedores para as usinas pode também aumentar suas

rendas com a rotação de cultura nos períodos de entre safras.

86

CONCLUSÃO

Este trabalho teve como objetivo mostrar todas as etapas do preparo do álcool,

açúcar e energia, a organização do planejamento agrícola da área em que será

cultivada, tendo em vista uma organização financeira por parte da usina.

Destacam-se também as questões sociais, dando ênfase á0 saúde e segurança dos

trabalhadores, em todas as etapas do cultivo para buscar manter a integridade física

e moral do trabalhador rural e buscando a segurança a agilidade no trabalho,

estuda-se uma proposta de que até 2014, todo trabalho manual, seja substituídas

por máquinas, mas não dispensando a mão-de-obra. Com esta mecanização

acontecendo, existe a possibilidade dos mesmos serem remanejados para outros

setores ou áreas da usina.

Como resultado de um acordo seguido de sucesso entre fornecedores e usinas, tem

a melhoria financeira de ambas as partes, importância financeira, que é importante

tanto para os proprietários da usina, quanto para os agricultores, inclusive para

aqueles que mudam o que cultivavam como a soja e milho e até mesmo a pecuária,

passando a cultivar a cana–de–açúcar, tornando-se para muitos a única fonte de

sobrevivência. As rotações de cultura na área de cultivo da cana também chamam a

atenção, pois estas áreas sendo bem tratadas faz com que os produtos ali

cultivados, tenha mais qualidade, resultando em um maior ganho financeiro.

Mostrou-se também as regiões que hoje dão mais lucros quanto a este cultivo,

movimenta o comércio local, mas não esquecendo dos cuidados com o meio

ambiente, buscando novas técnicas para acabar de vez com a queima, para que não

coloque a vida da população em volta em risco, preservando os animais silvestres,

além de buscar diminuir a poluição do ar.

Tendo esta rotina na produção, com certeza terá um resultado satisfatório, tanto

financeiro, quanto organizacional, o que dá tranqüilidade para todas as partes

envolvidas.

87

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2,1983.

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e renovação do canavial , Piracicaba: CP 2, 2007.

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2009.

SPPT – Sociedade Paulista de Pneumologia e Tisiologia . disponível em

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agosto de 2009.

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UNICA: União da Indústria da Cana – de – açúcar. Conab prevê maior produção

de açúcar e álcool . disponível em: <

http://www.unica.com.br/noticias/show.asp?nwsCode={D7E0D30B-0196-4EEB-

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