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A Teoria Crítica Social ESCOLA DE FRANKFURT - AULA 3 - REVISÃO TEORIAS DA COMUNICAÇÃO II - 2015/1

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A Teoria Crítica SocialESCOLA DE FRANKFURT - AULA 3 - REVISÃO

TEORIAS DA COMUNICAÇÃO II - 2015/1

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TEORIA CRÍTICA DA SOCIEDADE

A Dialética da Esclarecimento

A Era da Reprodutibilidade Técnica

Indústria Cultural

A Cultura da Mercadoria

4 CONCEITOS FUNDAMENTAIS

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A DIALÉTICA DO ESCLARECIMENTO

Esclarecimento (Aufklärung) - ILUMINISMO (séc. XVII ao XVIII entre 1650 e 1780) Resultado da Renascença (séc. XVII)Era das Luzes - Era da Razão (em oposição à Era das Trevas)

Problematização de uma herança (visão de mundo, interpretação da história, etc.)

O que nos foi legado pela “era da razão” precisa ser ‘problematizado’ - o que isso quer dizer?

“O programa do esclarecimento era o desencantamento do mundo. Sua meta era dissolver os mitos e substituir a imaginação pelo saber” (ADORNO e HORKEIMER, 1985, p.17);

“Os tempos modernos criaram a ideia de que não apenas somos seres livres e distintos como podemos construir uma sociedade capaz de permitir a todos uma vida justa e realização individual” (RÜDIGER, 2001, p.133);

O PROBLEMA DE UMA HERANÇA

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–ADORNO e HORKHMEIMER [1947], 1985, p.14-15 (em RÜDIGER, 2001, p.134)

“[Hoje em dia] o aumento da produtividade econômica, que por um lado produz as condições para um mundo mais justo,

confere por outro lado ao aparelho técnico e aos grupos sociais que o controlam uma superioridade imensa sobre o resto da

população. O indivíduo se vê completamente anulado em face dos poderes econômicos. Ao mesmo tempo, estes elevam o poder da sociedade sobre a natureza a um nível jamais

imaginado. Desaparecendo diante do aparelho a que serve o indivíduo se vê, ao mesmo tempo, melhor do que nunca provido por ele. Numa situação injusta, a impotência e a

dirigibilidade da massa aumentam com a quantidade de bens a ela destinados. A elevação do padrão do padrão de vida das classes inferiores, materialmente considerável e socialmente lastimável, reflete-se na difusão hipócrita do espírito. Sua

verdadeira aspiração é a negação da reificação. Mas ele necessariamente se esvai quando se vê concretizado em um

bem cultural e distribuído para fins de consumo. A enxurrada de informações precisas e diversões assépticas desperta e

idiotiza as pessoas ao mesmo tempo”.

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VocabulárioDialética:

“Raciocinar com método” - discutir uma matéria sob todas as perspectivas possíveis - PROBLEMATIZAR;

“Desencantamento do Mundo”: Weber: não há mais magia no mundo;

Não é mais o mito ou a religião que explica o mundo, mas sim a razão - “o que não se submete ao critério da calculabilidade e da utilidade torna-se suspeito para o esclarecimento” (ADORNO e HORKHEIMER, 1985, p.19);

“Poder da sociedade sobre a natureza”: Tecnologia: técnica + ciência - permite ao Homem, enquanto plural, apropriar a natureza como força e como manipulação

Reificação: Transformar o homem em algo calculável

Transformar o abstrato em concreto - COISIFICAÇÃO

Aquilo que é natural e aquilo que é historicamente construído - CONFUSÃO

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A proposta que se encontra no centro do pensamento da Teoria Crítica/Escola de Frankfurt é a avaliação das

consequências do pensamento Iluminista, de emancipação do homem frente às forças mítico/religiosas (o homem deixa de ser creatura, aquele ser criado por deus a sua imagem e que tem sua vida, intelectual e moral, pré-determinada por um

sentido transcendental) e de emancipação do próprio homem através de seus próprios potenciais intelectuais (leia-se: sua

capacidade lógico, técnica e artística de superar as suas condições e de melhorá-las). O projeto, entretanto, é crítico e

por isso mesmo procura as dualidades e paradoxos originados na concepção desse pensamento e na sua apropriação pela

população em geral (em especial pelas elites políticas e econômicas).

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Iniquidade econômica pode ser igual a que vemos na idade

média

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“Wealth Inequality in America"https://www.youtube.com/watch?v=QPKKQnijnsM&spfreload=10

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A ERA DA REPRODUTIBILIDADE TÉCNICA

“O verdadeiro é o que ele pode ser, o falso é o que ele quer ser” (Madame de Duras)

“A obra de arte foi em princípio sempre reproduzível” “Por volta de 1900 a reprodução técnica atingira um padrão que lhe permitiu não somente começar a tornar a totalidade das obras de arte convencionais em seu objeto, submetendo seus efeitos às mais profundas modificações, mas também conquistar um lugar próprio entre os procedimentos artísticos. Nada é mais instrutivo para o estudo desse padrão do que o impacto de suas duas modificações distintas - a reprodução da obra de arte e a arte cinematográfica - sobre a arte em sua forma convencional”

Qual o problema então? Ou melhor problemática? A perda da autenticidade/a destruição da aura - o "aqui e agora”

“[…] a técnica reprodutiva desliga o reproduzido do campo da tradição” - ATUALIZAÇÃO DO REPRODUZIDO (o que isso quer dizer?)

Percepção é historicamente construída - como isso se relaciona com a aura? “Fazer as coisas ficarem ‘mais próximas'"

“Tudo é uma cópia, de uma cópia, de uma cópia"

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–Paul Valéry, Le Coquête de l’Ubiquité, 1929, p.103-104 (em BENJAMIN, 1980)

“O impressionante aumento, porém, que nossos meios experimentam em sua capacidade para a adaptação e em

sua precisão põem-nos a perspectiva das mais intensas modificações na antiga indústria do belo em um futuro próximo. Em todas as artes há uma parte física que não pode mais ser vista e tratada como antes; ela não pode

mais se abster dos efeitos da ciência e da práxis modernas. Nem a matéria, nem o espaço, nem o tempo são

há vinte anos o que foram até então. Devemos tomar consciência de que inovações tão grandes que modificam a totalidade da técnica artística, influenciando assim a

própria invenção e, ao final, talvez chegando ao ponto de modificar magicamente o próprio conceito de arte"

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A ERA DA REPRODUTIBILIDADE TÉCNICA

“Com a reprodutibilidade técnica, a obra de arte se emancipa, pela primeira vez na história, de sua existência parasitária, destacando-se do ritual” - campo da TRADIÇÃO

Valor de culto e valor de exposição Ritual: ligado ao “mágico"

Exposição: ligado exatamente ao conceito de emancipação (do Iluminismo)

Filme como a arte típica da era da reprodutibilidade Por que? DIFUSÃO OBRIGATÓRIA pela própria lógica de sua PRODUÇÃO

“Montado a partir de inúmeras imagens isoladas e de sequências de imagens entre as quais o montador exerce seu direito de escolha"

“Tudo é uma cópia, de uma cópia, de uma cópia"

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–BENJAMIN, 1994, p.179 e 189

“Porque é diante de um aparelho que a esmagadora maioria dos citadinos precisa alienar-se de sua

humanidade, nos balcões e nas fábricas, durante o dia de trabalho. À noite, as mesmas massas enchem os

sistemas para assistirem à vingança que o intérprete executa em nome delas, na medida em que o ator não somente afirma diante do aparelho sua humanidade (ou o que aparece como tal aos olhos do espectador), como coloca esse aparelho a serviço do seu próprio

triunfo"

“Uma das funções mais importantes do cinema é criar um equilíbrio entre o homem e o aparelho"

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Modern Times, 1936

“Na época de Homero, a Humanidade oferecia-se em espetáculo aos deuses olímpicos agora, ela se transforma em espetáculo para si mesma. Sua auto-

alienação atingiu o ponto que lhe permite viver sua própria destruição como um prazer estético de primeira ordem. Eis a estetização da política, como a pratica o fascismo. O

comunismo responde com a politização da arte” (BENJAMIN, 1994, p.196)

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“A televisão, a imprensa, os computadores, etc., em si mesmos não são a indústria cultural: essa é, sobretudo, um certo uso dessas tecnologias. Noutras palavras, a expressão designa uma prática social, através da qual a produção cultural e intelectual passa a ser orientada em função de sua possibilidade de consumo” (RÜDIGER, 2001, p.138)

Se trata de um circuito: • APROPRIAÇÃO

A produção cultural se apropria, até mesmo pelas transformação da reprodutibilidade técnica, de toda a cultura

• MASSIFICAÇÃO A produção cultural transforma os bens culturais dos quais se apropria em produtos massivos - produzidos industrial e sequencialmente (em massa e para a massa)

• PLANIFICAÇÃO A produção cultural, além de massificar, planifica (tábula rasa) - faz com que tudo seja acessível a todos e que exista algo a ser consumido, especificamente, por todos

• DISTRIBUIÇÃO À produção cultural massificada e planificada, segue-se uma distribuição igualmente massificada (industrial e sequencial) e planificada (ao acesso, tanto material quanto de conteúdo de todos)

A INDÚSTRIA CULTURALFábricas de sentidos

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–ADORNO e HORKHEIMER, 1985, p.102

“Para todos algo está previsto; para que ninguém escape, as distinções são acentuadas e difundidas. O

fornecimento público de uma hierarquia de qualidades serve apenas para uma quantificação ainda mais completa. Cada qual deve se comportar como que

espontaneamente, em conformidade com seu level, previamente caracterizado por certos sinais, e

escolher a categoria de produtos de massa fabricada para seu tipo. Reduzidos a um simples material estatístico, os consumidores são distribuídos nos

mapas dos institutos de pesquisa (que não se distinguem mais dos de propaganda) em grupos de

rendimentos assinalados por zonas vermelhas, verdes e azuis”

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“Os produtos da indústria cultural podem ter a certeza de que até mesmo os distraídos vão consumi-los alertamente” (ADORNO e HORKHEIMER, 1985, p.105)

“A compulsão permanente a produzir novos efeitos (que, no entanto, permanecem ligados ao velho esquema) serve apenas para aumentar, como uma regra suplementar, o poder da tradição ao pretende escapar cada efeito particular. Tudo o que vem a público está tão profundamente marcado que nada pode surgir sem exibir de antemão os traços do jargão e sem se credenciar à aprovação ao primeiro olhar” (ADORNO e HORKHEIMER, 1985, p.106)

“A indústria cultural acaba por colocar a imitação como algo de absoluto. Reduzida ao estilo, ela trai seu segredo, a obediência à hierarquia social. A bárbarie estética consuma hoje a ameaçã que sempre pairou sobre as criações do espírito desde que foram reunidas e neutralizada a título de cultua. […] Ao subordinar da mesma maneira todos os setores da produção espiritual a este fim único - ocupar os sentidos dos homens saídos da fábrica, à noitinha, até a chegado ao relógio do ponto, na manhã seguinte, com o selgo da tarefa de que devem ocupar durante o dia - essa subsunção realiza ironicamente o conceito da cultura unitária que os filósofos da personalidade opunham à massificação” (ADORNO e HORKHEIMER, 1985, p.108)

“CADA FILME É UM TRAILER DO FILME SEGUINTE, que promete reunir mais uma vez sob o mesmo sol exótico o mesmo par de heróis; o retardatário não sabe se está assistindo ao trailer ou ao filme mesmo. O caráter de montagem da indústria cultural, a fabricação sintética e dirigida de seus produtos, que é industrial não apenas no estúdio cinematográfico, mas também na compilação de biografias baratas, romances-reportagem e canções de sucesso, já estão adaptados de antemão à publicidade: na medida em que cada elemento se torna separável, fungível e também tecnicamente alienado à totalidade significativa, ele se presta a finalidades exteriores à obra (ADORNO e HORKHEIMER, 1985, p.135)

A INDÚSTRIA CULTURAL

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–ADORNO e HORKHEIMER, 1985 (em WOLF, 2008, p. 75)

“O cinema, o rádio e as revistas constituem um sistema. Cada setor é congruente em si mesmo, e todos o são em

conjunto"

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A CULTURA COMO MERCADORIACultura enquanto mercadoria:

Como a produção de panelas, por exemplo, se industrializa, também a produção (e reprodução) da cultura se industrializa:

“A produção estética integra-se à produção mercantil em geral, permitindo o surgimento da ideia de que o que somos depende dos bens que podemos comprar e dos modelos de conduta veiculados pelos meios de comunicação”

“O suposto conteúdo não passa de uma pálida fachada; o que se imprime é a sucessão automática de operações reguladas. Só se consegue escapar do processo de trabalho na fábrica ou no escritório, adequando-se a ele no ócio” (ADORNO e HORKHEIMER em WOLF, 2008, p.77)

“A indústria cultural converte-se em sistema que tudo abarca” (RÜDIGER, 2001, p.138) AQUELA LINHA DO TEMPO DA QUAL FALEI NA AULA PASSADA: o que “transgride" agora é, a seguir, COOPTADO - o que quer dizer isso? É conhecido, pela transgressão inerente, e APROPRIADO, MASSIFICADO, PLANIFICADO e DISTRIBUÍDO.

JAZZ, BLUES, ROCK, HEAVY METAL, PÓS-METAL, PUNK, ELECTRO, RAP, etc.

Todos tem a liberdade de comprar o que se vende

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“O mercado dos bens culturais assume novas funções na configuração mais ampla dos mercados de lazer. Outrora os valores de troca não alcançavam nenhuma influência sobre

a qualidade dos próprios bens. A consciência específica desses setores só se mantém, agora, no entanto, em certas

reservas, pois as leis do mercado já penetraram na substância das obras, tornando-se imanente a elas como leis

estruturais. Não mais apenas a difusão e a escolha, a apresentação e a embalagem das obras, mas a própria

criação delas enquanto tais se orienta, nos setores amplos da cultura de consumo, conforme os pontos de vista da

estratégia de vendas no mercado. Sim, a cultura de massa recebe o seu duvidoso nome exatamente por conformar-se às

necessidades de distração e diversão de grupos de consumidores com um nível de formação relativamente baixo, ao invés de, inversamente, formar o público mais

amplo numa cultura intacta em sua substância"

–HABERMAS, 1984, p.195 (em RÜDIGER, 2008, p. 139)

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BibliografiaOBRIGATÓRIAS PARA PROVA

RÜDIGER, Francisco. A Escola de Frankfurt. In: HOHFELDT, FRANÇA e MARTINO. Teorias da Comunicação - Conceitos, Escolas e Tendências, Editora Vozes, 2001 (p.131-140) (DISPONÍVEL XERÓX PRÉDIO 8);

BENJAMIN, Walter. A Obra de Arte na Era da Reprodutibilidade Técnica. LP&M, 2013 ou BENJAMIN, Walter. Obras Escolhidas. Editora Brasiliense, 1994 (p. 165-196) ou BENJAMIN, Walter. A Obra de Arte na Era da Reprodutibilidade Técnica. In: http://goo.gl/6AGX1A (acesso em março/2015) (TAMBÉM DISPONÍVEL XERÓX PRÉDIO 8).

ADICIONAIS ADORNO, Theodor e HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento - Fragmentos Filosóficos. Zahar Editores, 1985 (p. 17 a 46 - “O Conceito de Esclarecimento” e p.99-138 - “Indústria Cultural: o esclarecimento como mistificação das massas”) (DISPONÍVEL em http://cl.ly/3h0v3M1A1Z1C).

WOLF, Mauro. Teorias das Comunicações de Massa. Martins Fontes, 2005 (p.75-81 - capítulo “A teoria crítica”) (DISPONÍVEL NA BIBLIOTECA E EM: http://cl.ly/3h3F150i1b12)*.

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Pedro Henrique ReisDoutor em Comunicação pela

PUCRS/[email protected]

https://www.facebook.com/pedro.h.reiswww.slideshare.net/pedrohreis/presentations

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