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RESÍDUOS HOSPITALARES Francisco Xavier Ribeiro da LUZ * Cid GUIMARÃES ** RSPSP-153 Luz, F. X. R. da & GUIMARÃES, C. Resíduos hospitalares. Rev. Saúde públ., S. Paulo 6: 405-26, 1972. RESUMO: Foram relatadas informa- ções diversas sobre resíduos sólidos hospitalares: volumes produzidos, formas de acondicionamento no local de produ- ção, de transporte interno, de armazena- mento para a coleta, de remoção e de destinação final usuais em estabeleci- mentos especialmente norte-americanos. Soluções foram analisadas e apresenta- das sugestões para as condições brasi- leiras. UNITERMOS: Lixo *; Resíduos sólidos *; Destinação final do lixo * * Do Departamento de Saneamento Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da USP — Av. Dr. Arnaldo, 715 — São Paulo, S.P., Brasil; durante vinte anos foi engenheiro-civil do Departa- mento de Limpeza Pública da Prefeitura do Município de São Paulo. ** Da Disciplina de Administração Hospitalar do Departamento de Prática de Saúde Pública da Faculdade de Saúde Pública da USP, Av. Dr. Arnaldo, 715 — São Paulo, S.P., Brasil; do De- partamento de Técnica Hospitalar da Coordenadoria de Assistência Hospitalar da Secretaria da Saúde do Estado de São Paulo, Av. São Luiz, 99 — São Paulo, S.P., Brasil. 1 — INTRODUÇÃO A remoção e a destinação final dos resíduos hospitalares são consideradas, notadamente nos Estados Unidos, pro- blemas de competência dos próprios es- tabelecimentos e não uma atribuição dos setores de limpeza pública da cida- de, e, por esse motivo, publicações es- pecializadas nesses últimos serviços não abordam a questão de como tratar os resíduos hospitalares. A constatação acima apontada é con- firmada por um censo efetuado em hos- pitais, parte deles oficiais e parte parti- culares, de 29 cidades americanas com mais de 800.000 habitantes, todos com mais de 300 leitos, limite considerado crítico pelos autores, a partir do qual a relação custo/volume se acentua signifi- cativamente. A pesquisa realizada pelo "Tulam Health Maintenance Project", de New Orleans, relatada por KRAUS 9 , indicou que 91 hospitais tinham seus resíduos, ex- cluídos os considerados "patogênicos", removidos: 7 pelo serviço publico; 19 pelo próprio hospital; 65 por particula- res, por conta do hospital, isto é, menos de 8% deles utilizavam os serviços de limpeza pública da cidade. No Brasil, todavia, as condições são diversas, sendo normal, especialmente nas cidades menores, que a remoção e a destinação dos resíduos, inclusive até daqueles potencialmente contaminados ou mesmo contaminados, sejam deixa- das ao encargo dos serviços regulares de limpeza pública. O primeiro contato que tivemos com o problema foi em 1951, quando desco- brimos que o Hospital Municipal estava vendendo lavagem da cozinha, isto é, so- bra da preparação de refeições e restos dessas, a chacareiros, para a engorda de suínos. O risco de contaminação por

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RESÍDUOS HOSPITALARES

Francisco Xavier Ribeiro da LUZ *Cid GUIMARÃES **

RSPSP-153

Luz, F. X. R. da & GUIMARÃES, C. —Resíduos hospitalares. Rev. Saúdepúbl., S. Paulo 6:405-26, 1972.

RESUMO: Foram relatadas informa-ções diversas sobre resíduos sólidoshospitalares: volumes produzidos, formasde acondicionamento no local de produ-ção, de transporte interno, de armazena-mento para a coleta, de remoção e dedestinação final usuais em estabeleci-mentos especialmente norte-americanos.Soluções foram analisadas e apresenta-das sugestões para as condições brasi-leiras.

UNITERMOS: Lixo *; Resíduos sólidos *;Destinação final do lixo *

* Do Departamento de Saneamento Ambiental da Faculdade de Saúde Pública da USP — Av. Dr.Arnaldo, 715 — São Paulo, S.P., Brasil; durante vinte anos foi engenheiro-civil do Departa-mento de Limpeza Pública da Prefeitura do Município de São Paulo.

** Da Disciplina de Administração Hospitalar do Departamento de Prática de Saúde Pública daFaculdade de Saúde Pública da USP, Av. Dr. Arnaldo, 715 — São Paulo, S.P., Brasil; do De-partamento de Técnica Hospitalar da Coordenadoria de Assistência Hospitalar da Secretaria daSaúde do Estado de São Paulo, Av. São Luiz, 99 — São Paulo, S.P., Brasil.

1 — INTRODUÇÃO

A remoção e a destinação final dosresíduos hospitalares são consideradas,notadamente nos Estados Unidos, pro-blemas de competência dos próprios es-tabelecimentos e não uma atribuiçãodos setores de limpeza pública da cida-de, e, por esse motivo, publicações es-pecializadas nesses últimos serviços nãoabordam a questão de como tratar osresíduos hospitalares.

A constatação acima apontada é con-firmada por um censo efetuado em hos-pitais, parte deles oficiais e parte parti-

culares, de 29 cidades americanas commais de 800.000 habitantes, todos commais de 300 leitos, limite consideradocrítico pelos autores, a partir do qual arelação custo/volume se acentua signifi-cativamente.

A pesquisa realizada pelo "TulamHealth Maintenance Project", de NewOrleans, relatada por KRAUS 9, indicou que91 hospitais tinham seus resíduos, ex-cluídos os considerados "patogênicos",removidos: 7 pelo serviço publico; 19pelo próprio hospital; 65 por particula-res, por conta do hospital, isto é, menosde 8% deles utilizavam os serviços delimpeza pública da cidade.

No Brasil, todavia, as condições sãodiversas, sendo normal, especialmentenas cidades menores, que a remoção ea destinação dos resíduos, inclusive atédaqueles potencialmente contaminadosou mesmo contaminados, sejam deixa-das ao encargo dos serviços regularesde limpeza pública.

O primeiro contato que tivemos como problema foi em 1951, quando desco-brimos que o Hospital Municipal estavavendendo lavagem da cozinha, isto é, so-bra da preparação de refeições e restosdessas, a chacareiros, para a engorda desuínos. O risco de contaminação por

restos de internados, por exemplo, comtuberculose, parecia evidente, e o assun-to foi levado à alta administração, de-vendo ser esclarecido que a prática con-tinua, aqui, como nos Estados Unidos.

2 — CRITÉRIO ESTABELECIDO EMSÃO PAULO

A orientação estabelecida na ocasião,e que persiste até hoje, foi passar a rea-lizar a coleta dos resíduos de todos oshospitais paulistanos, com veículos reser-vados para tal fim, e a sua cremaçãoem um dos incineradores mantidos pelaPrefeitura.

A escolha dos resíduos destinados aessa coleta e incineração é entretantoatribuição do hospital, sendo freqüentea apresentação de materiais oriundos desalas de operação, curativos, descartá-veis e outros, que deveriam ser incine-rados no próprio estabelecimento, deacordo com a legislação em vigor.

2.1 — Legislação Paulistana

Em 29 de dezembro de 1951 a lei es-tadual 1561-A estabeleceu, em seu arti-go 195, que todos os hospitais deveriampossuir sistema de coleta de lixo queoferecesse garantias de higiene e deassepsia, e que o lixo resultante dos ser-viços médicos cirúrgicos deveria ser in-cinerado.

Em 1.° de junho de 1963, a lei muni-cipal 6.297 determinou que deveriam dis-por de incineradores todos os hospitais,sanatórios, casas de saúde, maternida-des, ambulatórios, creches e outros. Alei não chegou a ser regulamentada, nãoforam especificados exatamente quais osresíduos que deveriam ser incinerados,nem estabelecidos requisitos mínimospara os incineradores. Como decorrênciaas tentativas de sua aplicação revela-ram-se infrutíferas e inviáveis.

Em 21 de julho de 1970, o decreto es-

tadual 52.497 que aprova o regulamentoa que se refere o artigo 22 do decre-to-lei 211 do mesmo ano, estabeleceu,em seu artigo 128, que "é obrigatória ainstalação de incineração do lixo sépticoou cirúrgico em incinerador localizadono perímetro do nosocômio".

A recente lei municipal n.° 7.775, pro-mulgada em 13 de setembro de 1972, es-tabelece "in verbis":

"RESÍDUOS HOSPITALARES

Observadas as normas e especificaçõesestatuídas em decreto, deverão ser inci-nerados em instalações do próprio esta-belecimento:

a) os materiais provenientes de uni-dades médico-hospitalares de isolamentoe de áreas infectadas ou com pacientesportadores de moléstias infecto-contagio-sas, inclusive os restos de alimentos e avarredura;

b) qualquer material declaradamentecontaminado ou suspeito a critério domédico responsável;

c) materiais resultantes de tratamen-to ou processo diagnóstico que tenhamentrado em contato direto com pacien-tes, como curativos, compressas;

d) restos insignificantes de tecidos ede órgãos humanos ou animais.

Parágrafo único — Exceto nos casosprevistos neste artigo, não será permi-tida a instalação ou uso de incinerador,para queima de lixo, em residências, edi-fícios, estabelecimentos comerciais ouindustriais e outros".

3 — FATORES A CONSIDERAR

Para efeito de melhor visualizar os vá-rios aspectos da questão, e partindo-sedo princípio de que em um hospital re-petem-se os problemas de uma cidade,já que ele é uma cidade em miniatura,cabe uma comparação, guardadas as

proporções, entre as condições e as so-luções nas duas áreas.

Serão, portanto, examinados os seguin-tes aspectos: volumes a prever, acondi-cionamento, transporte, remoção e desti-nação final; e efetuadas, sempre que ca-bíveis, as comparações com o serviçourbano de coleta e de destinação dolixo.

4 — VOLUMES A PREVER

Em São Paulo o volume de resíduosdomiciliares apresentados para a coletaatinge a média diária, por habitante, de2,3 litros, correspondendo a 0,5 kg, va-lores semelhantes aos encontrados naGuanabara, em Santos e em outras ci-dades brasileiras.

Além do lixo domiciliar são removidosresíduos comerciais, industriais, varredu-ra, folhagens e podações públicas e par-ticulares, restos de feiras e mercados,que correspondem a mais de 100% dopeso do lixo domiciliar.

Nos Estados Unidos chega-se a valo-res até cinco vezes e pesos até três ve-zes maiores (BLACK 1) variando com o ti-po de cidade, época do ano, compreen-são do que constitue lixo, sistema de co-leta e outros fatores, enquanto na Euro-pa não são atingidos valores tão maisaltos.

Com relação a lixo hospitalar há asseguintes indicações:

a) LE RICHE10 prevê 2 a 4 kg porpaciente e dia;

b) HART 5 indica 3 kg por paciente edia para hospitais normais e 8,2 kg paraaqueles de treinamento. Chama a aten-ção para o fato de que, se fosse adota-da roupa de cama não lavável, ou seja,descartável, isto é, para destruição apóso uso, deve acrescer-se, à produção ci-tada, mais 5 a 6 kg por paciente e dia;

c) os valores levantados pela empre-sa Lawrence Dubowis indicam cerca de9 kg por paciente e dia para o CentroMédico da Universidade de Nova Yorkque compreende a Faculdade de Medi-cina e outros anexos ocupando quatroquadras (45.000 m2) e sete prédios;

d) ZALTZMAN 15 fazendo referência aestudo efetuado no centro médico daUniversidade de West Virginia, EUA(Hospital de 800 leitos) aponta uma mé-dia semanal de 5.500 kg contribuindo orestaurante com mais 4.200 kg, corres-pondendo portanto ao total a 1,77 kg/lei-to dia, provindo 43% do restaurante;

e) a Divisão de Organização Hospita-lar 2 indica, louvada em pesquisa reali-zada em São Paulo, uma produção de1,3 kg por leito e por dia, de resíduosclassificados pela sua natureza em:

sépticos (0,68 kg):

— gazes, ataduras, drenos, compressas,algodão, fragmentos de tecidos ou pe-ças de amputação cirúrgica que por suanatureza não carecem de tratamento oudestino especiais;

— resíduos provenientes da limpezadas salas operatórias, de curativos e dasunidades de internação, principalmentedas que abrangem doentes portadoresde doenças transmissíveis;

— restos alimentares dos pacientes;

não sépticos (0,62 kg):

— resíduos resultantes da limpeza ge-ral de pisos, paredes, móveis etc. dasdependências onde não haja pacienteshospitalizados (lixo doméstico);

— resíduos provenientes dos trabalhosadministrativos e das operações habi-tuais de manutenção, tais como: papéis,envólucros de embalagens, caixotes, vi-dros, louças, metais etc.;

— resíduos provenientes do preparode gêneros tais como: cascas de tuber-

culose de frutas, talos e folhas de ver-duras, porções não aproveitáveis de car-nes, vísceras, ossos etc.;

— sobras e restos de alimentos nãodistribuídos a pacientes.

4.1 — Recomendação

Constata-se que os valores apontadosnas alíneas supra, com exceção da "d",mantêm a mesma relação existente en-tre a produção de lixo das cidades ame-ricanas e as brasileiras, citada anterior-mente, e, partindo-se do pressuposto deque essa proporcionalidade deve real-mente persistir, conclue-se que o valorestimado pelo Ministério da Saúde écorreto, isto é, deve-se prever para ascondições brasileiras e hospitais regula-res:

— resíduos sépticos 0,68 kg/leito dia;

— resíduos não sépticos 0,62 kg/leitodia, convindo, para os casos de hospi-tais de treinamento, um acréscimo deno mínimo 100% nos resíduos nãosépticos.

4 2 — Descartáveis

A tendência atual de se utilizar cadavez mais descartáveis, isto é, vasilhames,utensílios, roupas e outros materiaissem retorno, resulta naturalmente emconstante aumento do volume de resí-duos.

O programa de adoção de descartáveisdo Centro Médico da Universidade deNova York prevê13 um aumento de 60%no volume de resíduos, cuja remoção foicontratada com empreiteiro mediante ouso de compactadores e "containers".

5 — ACONDICIONAMENTO

A primeira padronização da forma deacondicionamento de lixo doméstico da-ta do início do século passado, em Pa-

ris, passando os recipientes a receber,no país, o nome do prefeito que promul-gou o ato: Poubelle.

No início do século começaram a serobrigatórios na Alemanha, logo se pro-pagando a outros países, os recipientesde coleta hermética, que visam especial-mente impedir a formação de nuvens depó e o derrame de líquidos ou de detri-tos no ato da coleta. Na ocasião, a maiorparte dos resíduos dos climas frios eraformada de cinza e de pó de carvão pro-venientes de lareiras, tendo a análise dolixo de Londres, em 1888, indicado até83,2% desses materiais.

O recipiente hermético, em uso atéhoje na Europa, é tronco cônico, com20,70 ou 100 1 de capacidade, pode serbasculado no veículo coletor por umdispositivo mecânico, hidráulico oupneumático e, nesse movimento, adap-ta-se à abertura de carregamento, evi-tando derrames e poeira. São normal-mente fornecidos pelas Prefeituras, porcessão, locação ou venda, confecciona-dos com aço inoxidável, ligas de alu-mínio e mais modernamente com resi-nas plásticas, material mais leve que osanteriores e insonoro, mas seu uso nãose propagou aos Estados Unidos em vir-tude do alto custo.

5.1 — Saco Plástico

O saco descartável de papel Kraft oude polietileno é o sistema mais modernoe perfeito de acondicionamento de lixo,testado em muitas cidades e adotadocada vez com maior freqüência (Milão,Roma, Amsterdam, Toronto, Atlanta). Autilização de PVC (policlorovenil) naconfecção dos sacos é contra-indicada,pois, contendo o material cloro pode, nasua incineração, formar-se ácido clorí-drico e mesmo fosgênio. O polietileno,sendo formado apenas de C,H e O, apre-senta as vantagens de, na incineração,dar origem apenas a água e gás carbô-

nico e de, exposto a luz solar, partir-see desintegrar-se terminando por serabsorvido no solo.

5.2 — Especificação

As especificações para sacos são, evi-dentemente, mais detalhadas que aque-

las relativas a recipientes normais. Nãocabe aqui sua transcrição, mas os pontosprincipais da especificação proposta pe-lo Departamento de Limpeza Pública deSão Paulo, onde o sistema deverá seradotado nos bairros de coleta noturna,prevê:

Matéria Prima: filme tipo II de po-lietileno, resina virgem livre de partí-culas estranhas, bolhas, riscos, furos eoutros defeitos, de densidade 0,916 a0,924 g/cm3, de índice de fusão inferiora 2,5 g/10 min. (44 psi) (ASTM);

Pigmento: tonalidades claras, paraserem visíveis à noite, em quantidadeque confiram ao filme opacidade inten-sa, determinada em comparação compadrão;

Coeficiente de fricção: não maior que0,3 (dinâmico) ASTM, possibilitando aseparação e a abertura sem sinais deaderência forte entre faces internas esacos vizinhos;

Solda: cordões contínuos e homogê-neos, sem partes queimadas, oferecendoresistência igual ou superior a das pa-redes;

Ensaios: as especificações serão veri-ficadas segundo os métodos da "Com-mercial Standards CS-227-59T" da ASTM,e em especial: ASTM-D-1505-57-T (densi-dade) D-1238 (índice de fusão) D-1894-63(coeficiente de fricção). D-374-57 (espes-sura) D-1709 (resistência ao impacto).

5.3 — Refrigeração

O acondicionamento de lavagem decozinha, isto é, restos de preparação derefeições e sobras das mesmas, dada afacilidade de sua fermentação com even-tual despreendimento de maus odores ede atração de moscas, costuma ser rea-lizado em estabelecimentos hospitalares,hotéis e outros especialmente bem equi-pados, em refrigeradores e congeladores,possibilitando, no último caso, a remo-ção interna do material sob forma debloco congelado.

Trata-se de solução evidentementedispendiosa e com tendência de ser pre-terida pelo uso de trituradores paralançamento na rede de sgoto.

5.4 — Recomendação

Para os hospitais o acondicionamentodos resíduos em sacos de polietileno,usados como forro de recipientes ou emsimples suportes, é a solução ideal paraqualquer tipo de resíduos.

Para os resíduos contaminados oucom risco de sê-lo, chamados de sépti-

cos ou patogêniocos, é indicado o usode sacos com cores, listas vistosas ououtras indicações apropriadas.

Os sacos, por ocasião da remoção, de-verão ser fechados, e aqueles contendoos resíduos sépticos, ou materiais semi-líquidos, deverão ser colocados em umsegundo saco, com as mesmas indica-ções, para diminuir os riscos de rompi-mento.

Há aparelhos especiais para quebrargarrafas, latas, ampolas, seringas e ou-tros, pulverizando-as para que não pro-voquem danos. Para os estabeleci-mentos mais desprovidos de recursosparece suficiente exigir que sejam pre-viamente acondicionados de forma a darproteção a quem os manuseie posterior-mente.

6 — TRANSPORTE INTERNO

As alternativas para o transporte deresíduos, já acondicionados até o pontode concentração para sua remoção oudestinação final, são:

6.1 — Dutos

As publicações consultadas condenamsistematicamente os tubos de queda ouchutes, inclusive para uso pelas roupa-rias, isto é, para o transporte de roupausada para a lavanderia (MICHAELSEN12).

Os inconvenientes apontados são:

a) removem, por efeito de tiragem, oar das lixeiras, carregado de poeira eeventuais agentes patogênicos, além domau odor;

b) transferem, durante a queda devolumes, o ar e as partículas dos pavi-mentos superiores;

c) facilitam a difusão de ar, even-tualmente portador de agentes patogê-nicos, dos ambientes dotados de ar con-dicionado em virtude da sobrepressãode que esses são dotados;

d) irradiam calor e fumaça, se colo-cados sobre incinerador;

e) constituem um abrigo de baratas,a vista das dificuldades de limpeza.

LE RICHE10 informa que há 200 a 600estafilococos por pé cúbico (100 a 200/1)no ar dos dutos, e relata que na mater-nidade de Berkley, em 1958, foi isoladono ar dos mesmos, durante três dias,Staphylococus aureus responsabilizadopor impetigo neonatal e mastite, alémde sete casos de infecções atribuídasàquela forma de disseminação.

O "Associate Comitee on the Controlof Hospital Infections", no Canadá, cita-do por LE RICHE 10, também condena ouso de dutos em virtude dos riscos deinfecção e de fogo.

6.2 — Transporte Pneumático

A empresa "A. B. Centralsug" de Esto-colmo, Suécia, idealizou um sistema detransporte a vácuo para os resíduos só-lidos e para a roupa destinada a lavan-deria (Fig. 1) e o Lowenstrom Hospi-tal (350 leitos) daquela cidade, o adotouem 1961. Os hospitais Mount Sinay deNova York e Martin Luther King deLos Angeles estavam implantando o sis-tema em 1969 6.

A instalação de Estocolmo, cujo edi-fício apresenta seis pavimentos, tem1.100 m de extensão dos quais 700m pa-ra lixo, e é formada por tubulação deaço inoxidável de 20" (50 cm) de diâ-metro. Há seis dutos verticais para co-leta de lixo, com leve depressão criadapor uma única pequena bomba, visandoevitar a difusão de maus odores e de arpoluído. O material se acumula na parteinferior desses dutos sobre válvulas quesão abertas periodicamente, ou são co-mandadas por células fotoelétricas,quando a altura dos resíduos as atinge.Com a abertura das válvulas o materialcai nos dutos horizontais e é transporta-

do, a uma velocidade de 90 km/h, pelovácuo criado no caso do Hospital deLowenstrom por quatro turbinas (15.000pés cúbicos/minuto) acionadas por mo-tores de 100 HP, que atendem também otransporte da lavanderia e o sistema delimpeza a vácuo de todo o edifício. Alimpeza interna dos dutos (aço inoxidá-vel) é feita pelo próprio material emmovimento e o ar, antes de lançado naatmosfera, é depurado por um conjun-to de filtros de sacos de tecido (Fig. 2)semelhantes aos usados na indústriapara retenção mecânica de partículas só-lidas dos gases.

O sistema permite o transporte inclu-sive de pedras e até baterias de carros,mesmo em trechos ascendentes com in-clinação de 30°, e em Estocolmo o ma-terial sobe em espiral até a torre do silode estocagem. As turbinas trabalhamapenas quando há necessidade de trans-porte. Foram tomados cuidados especiaiscontra os ruídos que provocavam, e nãohouve problemas de manutenção com osistema.

O alto custo é evidentemente o impe-cilho para a adoção do sistema no Bra-sil, pois para um hospital de 750 camasele atingirá US$ 500,000.00, isto é, cercade US$ 4,000.00 por leito.

6.3 -— Outros meios de transporte

Vetados os "chutes" e dado o alto pre-ço do sistema pneumático, resta para otransporte interno dos resíduos já acon-dicionados, o uso de monotrilhos sus-pensos, ou de carrinhos, com ou sempropulsão própria.

Os carrinhos devem ser fechados,(Fig. 3) descarregar por basculamento,ser executados com aço inoxidável, depreferência forrados com saco plásticodescartável, isto é, removidos com oconteúdo, e passar por limpeza constan-te, pelo menos diária, com jato de vaporlivre da caldeira.

Como alternativa poderiam ser reco-mendados os carrinhos utilizados notransporte de roupa usada, formados deuma armação com rodízios, para supor-te de um grande saco, que, para o casode lixo, seria utilizado uma só vez, istoé, depois de receber os sacos menoresnos vários pontos de acondicionamento,seria encaminhado ao local de armaze-namento ou de destinação sem reapro-veitamento.

Os carrinhos devem efetuar os percur-sos que a administração do Hospital e aprática estabelecerem como os maisapropriados.

Entre os pavimentos, o transporte doscarros far-se-ia pelo elevador de serviçoe, então, estabelece-se naturalmente adúvida: se os dutos livres difundem oar poluído entre os vários pisos, os po-ços de elevadores também não o farão?É possível que sim, mas como elimi-ná-los? Colocando-os destacados do cor-po de edifício? Utilizando rampas?

GEE 4 faz referência a um hospital on-de a remoção dos resíduos para o páteode serviço era feita atirando-se os sacospor uma janela.

6.4 — Recomendação

Parece razoável recomendar-se, paraas condições do país, a adoção, comosolução ideal, de dutos de queda-livreexecutados não com tubos de concreto,cuja limpeza é difícil; mas, com chapasde aço inoxidável soldadas, dotadas deaberturas com portas de fecho automá-tico e hermético e ligados a bomba paramantê-los em ligeira depressão, aspiran-do o ar, que passaria por filtro antes deser lançado na atmosfera (MICHAEL-SEN 12).

Na hipótese da execução dos dutoscom "inox" vir a ser considerada muitodispendiosa, poder-se-ia tolerar um sim-ples revestimento metálico dos tubos dealvenaria; mas as portas herméticas, a

pequena bomba para provocar ligeiradepressão e um filtro de sacos deveriamser equipamento obrigatório, e não one-rariam a instalação de forma apreciável.

Como alternativa restariam os car-rinhos, de preferência formados por umtonel basculante, forrado por um sacoplástico reforçado, sem reaproveita-mento.

7 — ACONDICIONAMENTO PARA AREMOÇÃO

Concentrados os resíduos, será neces-sário acondicioná-los para a remoçãopara o ponto de destino final.

7.1 — Sacos

Solução em uso em outros países é co-locar sob os dutos de coleta sacos de pa-pel ou de plástico, removidos posterior-mente por correia transportadora ou ou-tros sistemas. As instalações mais bemaparelhadas dispõem de ensacadoras au-tomáticas, formadas por um carrosselcom suportes para seis a dez sacos decem litros, onde os sacos menores ouos resíduos são descarregados e compri-midos por um embolo, que também co-manda a rotação do carrossel, a medidaque o saco colocado sob o "chute" estácompleto.

No Brasil já são fabricados dispositi-vos hidráulicos, mais simples que osdescritos, para serem instalados sob osdutos e destinados a ensacar o lixo nosedifícios de apartamentos, escritórios,hospitais e outros.

7.2 — "Containers" (Contenedores)

Costuma-se, também, quando os resí-duos não são em quantidade muito ele-vada, armazená-los em tambores ou emcaixas de 0,50 a 7 ms de capacidade, de-nominados "containers" dotados de ro-dízios ou transportados por carrinhos

especiais, que são descarregados nos ca-minhões coletores por dispositivo hi-dráulico ou pneumático adaptado aosmesmos, os quais erguem e basculam os"containers" (Fig. 4). Esses dispositivossão muito simples, poderão ser construí-dos por qualquer indústria nacional deequipamento hidráulico ou pneumático,permitirão ganho de tempo apreciável epouparão as guarnições dos veículos decoleta. É um sistema difundido há vá-rias décadas na Europa e nos EstadosUnidos. No Brasil só atualmente surgi-ram os primeiros caminhões providos dodispositivo de basculamento, (fabricaçãoda Usina Mecânica Carioca — Usimeca,patente Garwood e das Máquinas Pira-tininga, licença Kuka) possibilitando -uso desses "containers". Constituem elesuma solução muito prática e eficiente,mas implicam antes de tudo na adapta-ção do dispositivo de basculamento aosveículos coletores municipais.

7.3 — Compactadores

Quando o volume de resíduos se tornaapreciável, passam as caixas ou os"containers" a ser adaptados a compacta-dores, que são formados por uma tre-monha ou funil de carregamento, umabomba hidráulica acionada por um mo-tor elétrico e uma placa com pistão decompactação. As caixas, cujas capacida-des variam de 1 ms a 30 m3, são presasao compactador por garras, e nelas osresíduos são comprimidos, reduzindo-seseu volume até de 5:1, dependendo desua constituição e da densidade inicial.(Fig. 5).

As caixas menores (1 a 7 m3) são do-tadas de rodízios ou removidas por car-rinhos até junto dos caminhões coleto-res, dotados de dispositivo hidráulico oupneumático para o seu basculamento.

As maiores têm de ser permutadas, de-pendendo, portanto, de chassis dotadode guindaste, sendo as gigantes içadas

para o sobre-chassis, colocado em posi-ção inclinada, por um guincho e cabode aço.

O sistema de "containers" acoplados acompactadores é muito usado, e nos Es-tados Unidos são normalmente operadospor contratantes e empreiteiros, a pon-to de existir uma Associação dos Con-tratantes de Remoção em Containers,que fornecem o equipamento completo eefetuam a remoção de acordo com umprograma, incumbindo-se inclusive dalavagem dos "containers" ou caixas.

A pesquisa realizada pelo "TulamHealth Maintenance Project", já citada,indicou que 39,5% dos hospitais consul-tados na ocasião já reduzia o volumedos resíduos ao acondicioná-lo para aremoção, e que 19,6% estudava sua ado-ção, o que completava 59,1% favorávelà solução de compactação.

KIEFFER e QUINLAN8 descrevem a adap-tação de uma instalação de transferên-cia, com compactação em "container" de30 m3, removido periodicamente por con-tratante, e adotada em substituição aincinerador no hospital de Valley For-ge, perto de Phoenix, Pennsylvania, emnovembro de 1971. JACOBSEN7 defende amesma solução, preferida pelo LutheranHospital de Park Ridge, Illinois, EUA.

Os compactadores apresentam a van-tagem de reduzir o volume a remover ede diminuir o custo de coleta, mas tam-bém apresentam inconvenientes, apura-dos na prática pelo Pennsylvania Hospi-tal (425 leitos) de Philadelphia, relatadospor LILLY 11 e que seriam:

a) odores: não se efetuando a remo-ção diariamente inicia-se a fermentaçãoe há despreendimento de maus odores.Tratamentos químicos, desodorantes,desinfectantes, detergentes, perfumado-res não resolvem o problema e o hospi-tal acabou adaptando um gerador deozona ao compactador;

b) chorume: a compactação e a even-tual fermentação fazem escorrer líquido,conhecido como "chorume", ao qual épreciso dar destino, para evitar mausodores, na hipótese de haver acumula-ção. A solução adotada, no hospital emtela, foi instalar ralo, ligado ao sistemade esgoto, mas um "container" estanque,com fundo caído para o lado contrárioà porta de carregamento, poderia tersido adotado como solução econômicaou de emergência.

7.4 — Prática no município de S. Paulo

Em São Paulo, usa-se colocar os resí-duos em tambores ou meios tambores(cem litros) ou, se a produção formaior, armazená-los em caixas conheci-das como "Brooks" ou "Dempster", de3 a 7 m3, sem qualquer compactação.

O uso de caixas, que são substituídaspor outras vazias, diária ou periodica-mente, implica em que a Prefeitura, ouo órgão removedor, esteja aparelhadocom chassis providos de guindastes pa-ra manuseio das mesmas, além de outrasde reserva.

É necessário, também, que haja umserviço regular de manutenção das cai-xas, aí incluída a pintura periódica, sobpena de aspecto das mesmas tornar-seem curto prazo deplorável.

7.5 — Recomendação:

Devem as Administrações Municipaisincluir, na legislação competente, dispo-sitivo facultando-lhes exigir que os esta-belecimentos hospitalares comerciais,industriais ou mesmo edifícios de apar-tamentos, passem a usar caixas ou "con-tainers", com ou sem o emprego decompactadores, a critério do Departa-mento de Limpeza Pública ou órgãoequivalente; autorizar esses a prover al-guns dos veículos coletores de dispo-sitivo de basculamento hidráulico oupneumático para manuseio dos "contai-

ners", terminando de vez com a neces-sidade de esvasiar a mão, tambores emais tambores e meios tambores, evi-tando o derrame de resíduos, poupandoos operários da coleta e economizandotempo.

Qualquer indústria nacional especiali-zada (Fruehauff, Usina Mecânica Carió-ca, Máquinas Piratininga, Massari, Ki-bras, Kaaby e muitas outras), está emcondições de executar os dispositivos debasculamento e os "containers", onde se-rão armazenados os sacos removidos dointerior do estabelecimento. Se aindanão foram adotados no país, a seme-lhança de outros, inclusive com condi-ções mais desfavoráveis e onde a solu-ção é normal há muito tempo, deve-seao desinteresse dos administradores pú-blicos, e não a falhas da solução reco-mendada.

8 — DESTINAÇÃO FINAL

Seis são as formas mais usadas de dardestinação aos resíduos sólidos produ-zidos por uma aglomeração humana, ci-tados a seguir na ordem em que foramadotados:

Entrega a lavradores

para alimento de criações;para adubação.

Aterro

comum;sanitário.

Lançamento no mar

Transformação em composto

Incineração

doméstica;pública.

Lançamento nos esgotos

Passaremos a examinar de forma sus-cinta as características dessas diferentessoluções, para depois abordar a ques-

tão da destinação dos resíduos hospi-talares.

8.1 — Entrega a Lavradores

Há cidades, tanto no Brasil como noexterior, em que a coleta de lixo aindaé realizada, total ou parcialmente, porchacareiros interessados no lixo, e pro-vavelmente todas as cidades, inclusiveatuais metrópoles, passaram por essafase.

A preferência é naturalmente por resí-duos com abundância de lavagem de co-zinhas, isto é, sobra de alimentos e desua preparação, e o material, depois deuma triagem rudimentar, é colocado naspocilgas para engorda de suínos.

As sobras são em seguida amontoadaspara fermentação, e posteriormente sãomisturadas com a terra para a forma-ção de canteiros, por ocasião da semea-dura ou do transplante das mudas.

A venda de lavagem de cozinhas achacareiros é a solução ainda em usonos hotéis, bares, restaurantes e inclusi-ve hospitais paulistanos. A lavagem domesmo Hospital Municipal, citado noinício deste trabalho, cuja produçãoatinge hoje aproximadamente 80 kg diá-rios, foi vendida este ano, a chacareiros,em concorrência pública, pelo valoranual de Cr$ 1.500,00.

Cabe citar que nos Estados Unidostambém era usual o costume tanto parao lixo domiciliar, (em 1956 em Los An-geles havia 60.000 suínos mantidos emranchos de criação alimentados com lixolevado em carretas pela própria Prefei-tura) como para a lavagem de hospital.Conforme relata GEE4 em 1954, a lava-gem do Jewish Hospital de St. Louis,era vendida a criadores de suínos. Estaprática continua, aliás, até hoje, comopor exemplo no Valley Forge GeneralHospital, citado por KIEFFER e QUINLAN8.

Uma tonelada diária de restos de ali-

mentos e de lavagem permite engordarcem animais, daí a razão da prática dedar esse destino, em todo o mundo, àssobras de restaurantes, de hotéis e atéde hospitais.

Os vários Estados Norte-Americanos,em decorrência de surtos de triquinose,transmitida pela carne de suínos engor-dados com lixo infestados pela triquina,além da dizimação de rebanhos pelapeste suína, promulgaram, durante a dé-cada de 50, legislação determinando acocção prévia da lavagem, o que veiodesestimular e reduzir essa forma dedar destinação à mesma.

No Brasil, onde não foi encontradacarne suína infestada pela triquina atéesta data, mas foi isolado com algumafreqüência o agente etiológico da toxo-plasmose, não há exigência de cocçãoprévia, a não ser para o município deS. Paulo, por disposição da recente lei7775/72. No Estado de São Paulo, o Art.558 do Decreto 52497 de 1970 proibe ouso de lixo "in natura" na alimentaçãode animais, mas admite o aproveitamen-to de restos de comida para tal fim,desde que conduzidos e mantidos emrecipientes próprios previamente limpose desinfectados.

A exigência de cocção prévia deu ori-gem, nos Estados Unidos, ao desinteres-se por essa solução e à prática de tri-turar a lavagem, e de lançá-la na redede esgotos, sistema que vem se difun-dindo e que será a solução do futuro,não só para os restos de alimentos, co-mo também para a maior parte do lixodomiciliar, conforme será indicado aoser examinada essa solução. (Fig. 6).

8.2 — Aterros

É por longa margem, a forma maiseconômica de dar destino aos resíduossólidos em geral, e por esse motivo amais usada, principalmente sob formade aterro comum, isto é, não sanitário.

A solução correta é o aterro sanitário,cujas características são:

— execução em células diárias com 2a 3 metros de altura;

— recobrimento diário com cerca de0,30 m de terra;

— intervalo de dois meses antes derealização da camada de células seguin-te, sobreposta à primeira;

—- cuidados para evitar poluição deáguas superficiais e subterrâneas. (Fig. 7)

Os requisitos indicados visam acimade tudo garantir a fermentação aeróbicada matéria orgânica, única que, seja de-vido a temperatura que se estabelece deaté 60oC, seja devido aos antibióticos(penicilinium) que se desenvolvem du-rante o processo, permite a destruiçãode agentes patogênicos, de ovos de pa-rasitas e de sementes de ervas daninhas.

O recobrimento diário visa combater aproliferação de moscas, baratas, roedo-res e urubus, além do fogo, inconvenien-te encontrado em todo aterro de lixomal operado.

Na prática, o aterro é executado emvalas ou trincheiras, ou acima do soloem leiras contínuas. O lixo descarrega-do é empurrado por trator de lâminaou por pá carregadeira contra uma dasparedes da vala, ou contra um barranco,ou uma leira já executada, e amontoadocom a altura de dois a três metros, su-bindo o trator por ele, para quebrar cai-xas e compactá-lo. (Fig. 8). Diariamen-te o material amontoado e compactadoé recoberto com 0,30 m de terra retira-da da outro lado da vala, do fundo des-sa, de barranco próximo ou de onde oplano indicar. Dois meses após repete-sea operação em camada superior, até che-gar-se a altura projetada, quando o re-cobrimento final poderá ter qualquerespessura.

São aterros comuns aqueles que não

respeitam os requisitos anunciados, eneles a execução em camadas mais es-pessas, dentro d'água, com recobrimen-to de maior altura ou com a realizaçãoda camada seguinte em intervalo menor,não ensejam a penetração de ar e a di-fusão na atmosfera dos gases que seformam. Como conseqüência podeoriginar-se fermentação anaeróbica, comprodução de metana, gás sulfídrico, mer-captans e outros. Não há, conseqüente-mente, eliminação de agentes patogêni-cos, sementes e ovos de parasitas, e ouso do terreno ficará limitado a jardins,campos de recreação, sendo contra indi-cada a construção de edifícios em gerale de moradias em particular.

A grande maioria dos aterros de lixonão são sanitários mas simples descar-gas ou aterros comuns, com todos os in-convenientes apresentados. A razão dis-so é que para cada 50.000 habitantes hánecessidade, para a realização de aterrosanitário, de uma máquina de terrapla-nagem de porte médio ou de duas pe-quenas, além de área apropriada, comterra disponível, acesso cômodo e de-mais condições que uma simples descar-ga não exige.

Como a fermentação aeróbica eliminaos agentes patogênicos e parasitas,constitue o aterro sanitário uma formade destinação correta para os resíduoshospitalares, inclusive aceitável para osresíduos patológicos ou contaminados,quando não for possível a incineraçãodesses no próprio estabelecimento ouem incinerador público.

8.3 — Lançamento no mar

Constitui solução abandonada para osresíduos normais de uma aglomeraçãohumana, e restrita atualmente a resí-duos especiais, radioativos, tóxicos, ouque apresentem outros riscos, e cujolançamento no oceano é realizado emcondições especiais, acondicionado e

controlado por organizações e autorida-des competentes.

8.4 — Transformação em composto

Para substituir a entrega de lixo crua chacareiros passaram as municipali-dades a montar usinas de transforma-ção do lixo em composto.

O composto não é um adubo, poiscontém apenas 1% de nitrogênio, potás-sio e fósforo — elementos básicos daadubação química — mas sim um re-condicionador das qualidades físicas daterra. Ele aumenta sua capacidade de re-tenção de água e de ar, torna-a mais ará-vel, e, pela ação do ácido húmico e dosmicrorganismos a que dá origem, tor-na os fertilizantes químicos mais assimi-láveis. Sua função é substituir o humusnatural do solo e restabelecer as condi-ções ecológicas originais do mesmo.

Essas características não justificamtodavia o seu transporte a distânciaselevadas, mormente levando-se em con-ta que o composto contem 33% de ma-terial inerte (terra e areia) e como con-seqüência o preço que o mesmo alcan-ça normalmente só cobre o custo deoperação e de manutenção de uma usi-na, isto é, elas não são, e não devem ser,rentáveis.

Para tornar a solução ainda menosatraente, há que se considerar o fato deque apenas 60% em peso dos resíduosse transformará em composto, restando40% de refugo, ao qual é preciso dar ou-tra destinação.

O tratamento para transformação emcomposto compõe-se das seguintes fases:

— triagem

para separação de resíduos de valorindustrial (vidro, sucata, papel, plás-ticos) ou prejudiciais ao composto(pedras, madeiras) normalmente reti-radas a mão, com exceção da sucataseparada com extratores magnéticos.

— trituração

destinada a reduzir o tamanho daspartículas, facilitando a mistura e ocontato com o ar, realizada em tam-bores rotativos, peneiras, dispositivosraspadores ou moinhos de martelo.

— homogeneização

visando dar condições para a fermen-tação mais rápida.

— fermentação

destinada a estabilizar a matéria orgâ-nica e realizada em tambores, silos,digestores, estabilizadores e outrasinstalações, conforme o processo.

A fermentação da matéria orgânicadeverá ser sempre aeróbica, isto é, rea-lizada em contato com o ar, por ser aúnica que garante a eliminação de agen-tes patogênicos, ovos de parasitas, se-mentes de ervas daninhas e outroselementos prejudiciais, mercê da tem-peratura de até 60°C que se estabelece edos antibióticos que se desenvolvem du-rante o processo.

Para que a fermentação aeróbica serealize é suficiente que haja:

— relação C/N inicial entre 30 e 50, oque normalmente existe no lixo do-miciliar normal;

— umidade entre 40 e 70%, tambémnormal, e fácil de ser controlada;

— aeração — o ar contido na massa équase que suficiente para a fermen-tação da mesma. Evitando-se oexcesso de umidade e a compactaçãoelevada, está garantida a possibili-dade de difusão de gás carbônico ea sua substituição pelo ar;

— temperatura — não deve ultrapassar70°C, letal para bactérias;

— acides — O pH deve ser mantido emnh 7, não havendo problemas no casodo lixo domiciliar normal.

Satisfeitas essas condições, fáceis derealizar no caso de lixo domiciliar co-mum, a fermentação aeróbica se pro-cessa normalmente, não havendo neces-sidade de inoculações de fermentos,chorumens ou outros agentes, pois osfungos, bactérias e actinomicetes, exis-tentes no lixo em grande variedade, de-senvolvem-se naturalmente e são sufi-cientes para completar o processo.

São necessários cerca de dois mesespara que a fermentação atinja a suafase final, isto é, para que a temperaturadesça até a ambiente e a relação C/Nse reduza a 12 ou 20, considerada apro-priada para aplicação à terra de la-voura. A utilização de material aindanão estabilizado leva ao roubo de nitro-gênio do solo pelas bactérias da fasefinal, por ocasião da decomposição dacelulose, e ao fenômeno denominadoclorose, que é a secagem e a morte dasculturas, provocadas pela temperaturada fermentação e pela falta de nitrogê-nio, utilizado na constituição do proto-plasma das células das bactérias.

Não deve, portanto, ser dado créditoaos fabricantes de instalações de trata-mento que prometem produto prontodepois de 5 dias, 3 dias e até 24 horas.É indispensável a cura complementar,sob pena do produto vir a provocar aclorose. (Fig. 9)

Na fase inicial de fermentação aslarvas das moscas, que vêm com o lixo,podem transformar em pupas e em in-divíduos adultos (prazo total 9 a 12 dias).Convém, nos primeiros quatro dias, daratenção especial aos montes de lixo, sea fermentação se realizar ao ar livre, ouentão efetuá-la, de preferência, emambientes fechados como tambores,silos, digestores ou outros para garantiro extermínio das larvas pela elevaçãoda temperatura.

Para o caso dos resíduos hospitalares,dada a possibilidade de falhas no pro-

cesso de fermentação por descuido nocontrole da umidade ou aeração, é pre-ferível não encaminhá-los para usinas detratamento, isto é, de transformaçãoem composto, mormente se contiveremresíduos patogênicos.

8.5 — Incineração

A incineração de resíduas em instala-ções centrais, de grande capacidade, ca-pazes de apresentar características dealta eficiência, reduz os detritos a 15%em peso e 5% em volume, transforma-dos em escória e cinza, materiais defácil colocação, por serem inertes.

Para que um incinerador não provo-que poluição, deve efetuar uma com-bustão completa, e, além disso, serdotado de precipitadores ou filtros dealta eficiência.

A combustão completa será obtida serespeitadas as seguintes condições:

— temperatura de combustão constanteentre 800 a 1.000°C;

— excesso de ar reduzido, sempre abai-xo de 100%. Ao se projetar umincinerador calcula-se, a partir dacomposição química do material aser queimado, qual a quantidadede ar a ser consumida. A esse valorteórico aplica-se um coeficiente de"excesso de ar" que, se for muito ele-vado, prejudicará a combustão, sejapor abaixamento da temperatura, porprovocar velocidades maiores dosgases, ou por outras razões;

— câmaras amplas para garantir a mis-tura e a queima do material volátil edas partículas em suspensão nosgases;

— velocidade dos gases reduzida, parapossibilitar a deposição de partículaspor eles carregadas;

— pressecagem dos resíduos e pré-aquecimento do ar, dadas as grandesoscilações do teor de umidade e do

poder calorífico do lixo.Mesmo se satisfeitas essas condições

e realizada combustão completa, seránecessário utilizar precipitadores ou fil-tros de gases, que podem ser:

mecânicos;cortina de água; eeletrostáticos.

Os primeiros têm baixo rendimento,os segundos são mais eficientes que osmecânicos mas implicam em consumomuito elevado de água e no seu trata-mento posterior, sobressaindo-se os ter-ceiros, únicos que garantem uma depura-ção realmente satisfatória.

Os precipitadores eletrostáticos (aspartículas são carregadas eletricamenteao passar entre barras e em seguidaatraídas por chapas) devem todavia tra-balhar abaixo de 250°C, pelo que é preci-so reduzir a temperatura de gases de800 a 250°C o que pode ser conseguidopor:

introdução de massa de ar frio;chuveiro de água; e

caldeira.

A primeira implica em triplicar asdimensões dos filtros e dos dutos, dadoo aumento do volume de gases; o se-gundo, em consumo elevado de água emaior superfície de filtros, em decorrên-cia da adição do vapor d'água, restandoa última como solução mais econômica,adotada em todas as instalações moder-nas, excluídas as de capacidade muitodiminuta.

As características exigidas para umacombustão completa, e os requisitospara a filtragem eficiente, são de custoelevadíssimo e impedem que os incine-radores domiciliares delas sejam dota-das, isto é, os incineradores domiciliaresnão têm condições de evitar a poluiçãoatmosférica e devem ser vedados por lei.

Nos Estados Unidos, os incineradoresdomiciliares eram uma praxe na década

de 50, e em Los Angeles, por exemplo,os resíduos eram separados no domicí-lio e uma parte deles incinerada obri-gatoriamente no mesmo. Já em 1956iniciou-se a abolição do sistema e a uni-ficação da coleta, encaminhando-se aorientação, em todo o mundo, pelasuspensão do uso de incineradores domi-ciliares, inclusive em hospitais.

No Brasil, a Guanabara, ao contráriode São Paulo, tornou há vários anosobrigatório o uso de incineradores nosedifícios de apartamento, visando redu-zir a um mínimo o volume de coleta.A conseqüência foi a existência atual-mente de um número elevado de incine-radores, que provocam uma poluiçãorealmente incômoda, e em virtude denão poderem apresentar condições técni-cas satisfatórias, realizam uma combus-tão incompleta e reduzem o volumeinicial a apenas 40%, não atingindo dessaforma o objetivo visado.

No inquérito já citado (Kraus 9),apurou-se que, dos 91 hospitais de 300leitos consultados, apenas 67 dispunhamde incineradores, e desses, 16 não osutilizavam ou somente para resíduospatológicos. Dos mesmos 67 estabeleci-mentos, 49% não estava satisfeito coma solução, 40% pretendia acabar com osincineradores e 60% reprojetá-los.

As estimativas oficiais americanasseriam de que 75% dos incineradoreshospitalares eram inadequados, segundoinforma HART 5.

Os incineradores domiciliares poderãoser tolerados apenas em casos excepcio-nais, quando o risco de contaminaçãopelos resíduos a eliminar for mais gra-ve do que o da poluição atmosférica queprovocam.

Assim, em casos de hospitais e uni-dades médicas em que haja produção deresíduos patogênicos poderão ser tolera-dos incineradores locais, e é essa a orien-tação aprovada pela recente lei munici-

pal n. 7.775 (13 de setembro de 1972).

Os incineradores deverão ter suas ca-racterísticas fixadas em legislação pró-pria, que deve prever no mínimo duascâmaras, uma de incineração para quei-ma de material e outra de combustãopara eliminar o material volátil e aspartículas carregadas pelos gases, ambasdotadas de maçaricos a gás, para manu-tenção da temperatura entre 800 e1.000°C, precipitador de partículas, parafiltragem de gases, chaminé acima dosedifícios vizinhos, e outros detalhes.

8.6 — Lançamento nos esgotos

O lançamento na rede de esgotos, pre-cedido de trituração, constitue a soluçãopara o futuro, por eliminar a maiorparte do trabalho de coleta, responsávelpor 70% do custo de serviço de remoçãodo lixo domiciliar.

Cada habitante apresenta para a coleta,nas condições brasileiras, cerca de 500 gde resíduos por dia contendo 50% dematéria orgânica, e encaminha para arede de esgotos 200 1 de água servidacontendo um grama de matéria sólidapor litro, com 2/3 de matéria orgânica.Em outros termos, lançando-se na redede esgotos todo o lixo produzido, a quan-tidade de matéria sólida contida nomesmo passará de 200 g/hab/dia para700 g/hab/dia e a matéria orgânica de140 g/hab/dia para 400 g/hab/dia.

Se a rede apresentar caimentos razoá-veis não deverá apresentar-se nenhumproblema, mas os decantadores e espe-cialmente os digestores de Iodo das esta-ções de tratamento de esgoto terão suacarga quase triplicada, pelo que deverãoser dimensionados para tal, cabendoindicar que nos digestores a fermentaçãoé anaeróbica, não havendo eliminação deagentes patogênicos, ovos de parasitas ede sementes.

Solução mais recomendável será, talcomo planejado para São Paulo, pelo

Departamento de Limpeza Pública e pelaCompanhia Metropolitana de Sanea-mento de São Paulo — SANESP, loca-lizar a usina de tratamento de lixo e aestação de tratamento de esgotos (am-bas já em execução) uma ao lado daoutra, e misturar o lodo cru da últimaao lixo, para fermentação aeróbica emconjunto. A mesma solução foi adotadaem Brasília, se bem que ainda não estejafuncionando.

A trituração para lançamento na redede esgotos pode ser realizada no domi-cílio, em dispositivo adaptado à pia dascozinhas e já construídos no país, ou emtrituradores públicos, localizados sobreo emissário, e nos quais os caminhõescoletores de lixo descarregam os resí-duos, solução adotada, por exemplo, nacidade de Washington, Estados Unidos.

O inquérito já citado, relatado porKRAUS 9, indica que 52% dos 91 hospitaisamericanos consultados dispunham detrituradores para lançamento de resí-duos de cozinha na rede de esgotos (co-nhecidos como "disposals").

FOLTZ3 analisa várias soluções para osresíduos hospitalares e com mais detalhea redução a polpa. Os trituradores quedescreve são recipientes tronco cônicoscom 24" a 60" de diâmetro, dotados dediscos com pontas abrasivas no fundo,que picam os resíduos em suspensão naágua, sendo o "mingau" resultante des-carregado na rede de esgotos ou bom-beado por tubulação de 3" a 4" para ex-trator de água de rosca sem fim, que oreduz a polpa, com volume 80% infe-rior ao original, e que pode ser enviadaa aterro sanitário.

As desvantagens que aponta são ocusto elevado de implantação e de ma-nutenção e a impossibilidade, se usadopara todos os tipos de resíduos hospi-talares, de triturar filmes, tubos de plás-ticos e de borracha e outros materiais.

Para o caso de hospitais, a trituração

para o lançamento na rede de esgotos éespecialmente indicada para a lavagemde cozinhas, por ser material de fácilfermentação, que provoca incômodosquando armazenado nos recipientes e"containers". Na hipótese de haver nosresíduos restos de alimentos infectados,o que todavia aparentemente é muitoraro, não haveria porém garantia de suaesterilização, pois a fermentação anaeró-bica nos digestores de estações de tra-tamento de esgotos não elimina agentespatogênicos, e ovos de parasitas confor-me já foi apontado.

8.7 — Recomendação

Com relação a destinação final dosresíduos hospitalares impõe-se a distin-ção entre os restos sépticos ou patogê-nicos e os não sépticos ou não patogê-nicos.

a) Sépticos: São os que apresentamriscos de contaminação ou de transmis-são de moléstias, ou são especialmentechocantes a vista, como materiais prove-nientes das salas de operações ou decurativos: gazes, ataduras, compressas,drenos; das unidades de internação demoléstias contagiosas, inclusive restosde alimentos; fragmentos de tecidos oupeças de amputação ou de autópsia nãosujeitos a destinos especiais, e outros acritério da administração ou do médicoresponsável.

Devem ser de preferência incinerados,no próprio estabelecimento, tolerando-seos riscos de poluição aérea que essasinstalações causarem, ou em incinera-dor municipal, se existir.

Na hipótese de não existir incinera-dor no estabelecimento, e nem público,deverão esses resíduos ser encaminha-dos em viagem especial diretamente pa-ra o aterro sanitário.

Não mantendo a municipalidade ater-ro sanitário, deverá o material ser quei-

mado no próprio estabelecimento, emtambores ou enterrado sob controle dohospital.

TOP 14 recomenda para locais sem ne-nhum recurso o aterro em conjuntocom tratamento prévio, por uma hora,com cresol ou fenol a 5%, válido inclu-sive para fezes, urina e vômitos.

b) Não Sépticos: os demais resíduosque não apresentam aquele risco devem,se possível, ser encaminhados para inci-nerador público ou para aterro sanitá-rio, e em último caso, para o aterro co-mum, cuidando-se para que haja ao me-nos recobrimento diário.

c) Lavagem de cozinhas: por ser ma-terial facilmente fermentável e de difí-cil incineração, cabe seu lançamento narede de esgotos, precedido de tritura-ção, na hipótese de existir estação detratamento na cidade. Restos de alimen-tos de doentes portadores de moléstiasinfecto-contagiosas não poderiam ter es-se destino, mas sim, o previsto para re-síduos sépticos.

Como alternativa poderia ser tolera-da a entrega a criadores, para engordade animais, mas só na hipótese de serpossível exigir e fiscalizar a cocção pré-via dos resíduos.

9 — SINOPSE DAS RECOMENDAÇÕES

9.1 — Volume a prever

— resíduos sépticos ou patogênicos (pro-venientes da limpeza da sala de opera-ções, de curativos, de unidades de in-ternação de moléstias contagiosas, inclu-sive restos de alimentos, gazes, atadu-ras, drenos, compressas, fragmentos detecidos, peças de amputação não sujei-tas a destinos especiais) 0,70 kg/lei-to/dia;

— resíduos não sépticos ou não patogê-nicos: 0,70 kg/leito/dia.

9.2 — Acondicionamento(nos locais de produção)

— resíduos não sépticos: sacos plásticos,ou recipientes de aço inoxidável ou deplásticos forrados de sacos plásticos;

— resíduos sépticos: idem com coloração,listas ou outras indicações que chamema atenção;

— especificações para os sacos: veritem 5.3;

— localização: a ser estabelecida pe-la administração e pela prática.

9.3 — Transporte

(interno no estabelecimento)— dutos pneumáticos;

— dutos revestidos de "inox" comsistema de depressão;

— carrinhos de "inox" com recipientefechado, basculante, forrado de sacosplásticos, descartáveis, lavados diaria-mente;

— carrinhos formados por rodízios esuporte para sacos descartáveis;

— percursos: a serem estabelecidospela administração e pela prática.

9.4 — Acondicionamentopara a remoção externa

— sacos maiores reforçados

— "containers" com ou sem com-pactação (dependendo todavia de legis-lação a ser promulgada e de equipamen-to municipal apropriado);

— caixas tipo "Brooks" (dependendode equipamento municipal);

— recipientes estanques e cobertos deno máximo 1001.

9.5 — Coleta(do estabelecimento ao pontode destino)

— remoção diária;

— preferivelmente por veículo ou porviagem especial, que percorra os hospi-tais, ambulatórios, laboratórios, clínicase outros;

— desinfetação diária do veículo.

9.6 — Destinação final

a) Resíduos sépticos:

— incineração em instalação públicamunicipal;

— incineração no próprio estabeleci-mento em incineradores de duas câma-ras, maçaricos a gás, sistema de filtros,chaminé acima dos edifícios vizinhos;

— aterro sanitário sob controle do ór-gão público;

— queima em tambores ou no ter-reno;

— aterro sob controle do hospital, ese for o caso com prévio tratamento decresol ou fenol.

b) Resíduos não sépticos

— incineração pública;

— aterro sanitário;

— aterro comum controlado.

c) Lavagem de cozinhas

— trituração e lançamento na rede deesgotos;

— entrega a criadores para a engordade suínos, desde que exigida e fiscaliza-da a cocção prévia.

RSPSP-153

Luz, F. X. R. da & GUIMARÃES, C. —[Hospital refuse] Rev. Saúde públ.,S. Paulo, 6:405-26, 1972.

SUMMARY: Information on solid wastehandling specially in American hospitals:volumes and kinds of refuse, conditio-ning forms, internal transportation, isreported. Comments are presented onthem and suggestions are made havingin mind Brasilian conditions.

UNITERMS: Refuse disposal *; Hospitalrefuse final destination *.

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Recebido para publicação em 9-10-1972

Aprovado para publicação em 25-10-1972