frações contínuas que correspondem a séries de potências

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  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    1/82

    Fraes Contnuas que correspondem a sries de

    potncias em dois pontos

    Manuella Aparecida Felix de Lima

    Dissertao de Mestrado

    Ps-Graduao em Matemtica

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    2/82

    Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    em dois pontos

    Manuella Aparecida Felix de Lima

    Dissertao apresentada ao Instituto de Biocincias,

    Letras e Cincias Exatas da Universidade Estadual

    Paulista "Julio de Mesquita Filho", Campus de So

    Jos do Rio Preto, So Paulo, para a obteno do

    ttulo de Mestre em Matemtica.

    Orientadora: Profa. Dra. Eliana Xavier Linhares de

    Andrade.

    So Jos do Rio Preto

    2010

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    3/82

    Lima, Manuella Aparecida Felix de.Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias em dois

    pontos/ Manuella Aparecida Felix de Lima. So Jos do Rio Preto:

    [s.n.], 2010.

    71 f.: il. ; 30 cm.

    Orientadora: Eliana Xavier Linhares de Andrade.

    Dissertao (mestrado) - Universidade Estadual Paulista "Julio

    de Mesquita Filho", Instituto de Biocincias, Letras e Cincias Exatas.

    1. Polinmios ortogonais. 2. Fraes contnuas. 3. Sries de po-

    tncias. 4. Pad, Aproximante de. I. Andrade, Eliana Xavier Linhares

    de II. Instituto de Biocincias, Letras e Cincias Exatas III. Ttulo.

    CDU - 517.587

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    4/82

    Manuella Aparecida Felix de Lima

    Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias em doispontos

    Dissertao apresentada para obteno do ttulo de

    Mestre em Matemtica, rea de Anlise Aplicada,

    junto ao Instituto de Biocincias, Letras e Cincias

    Exatas da Universidade Estadual Paulista "Julio

    de Mesquita Filho", Campus de So Jos do Rio

    Preto.

    Banca Examinadora

    Profa. Dra. Eliana Xavier Linhares de Andrade

    Professor Adjunto

    UNESP - So Jos do Rio Preto

    Orientadora

    Profa. Dra. Vanessa Avansini Botta Pirani

    Professor Assistente Doutor

    UNESP - Presidente Prudente

    Profa. Dra. Cleonice Ftima Bracciali

    Professor Adjunto

    UNESP - So Jos do Rio Preto

    So Jos do Rio Preto, 19 de Fevereiro de 2010.

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

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    i

    Aos meus pais, Helena e Laerci.

    Dedico.

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    6/82

    ii

    AgradecimentosPrimeiramente a Deus, que me deu a vida e a oportunidade de conhecer pessoas

    maravilhosas com as quais muito aprendi.

    Um agradecimento mais que especial Profa. Dra. Eliana Xavier Linhares de

    Andrade, pelos incontveis esforos, carinho e apoio na orientao deste trabalho.

    Aos professores de graduao e ps-graduao, em especial Profa. Dra. Cleonice

    Ftima Bracciali e ao Prof. Dr. Alagacone Sri Ranga, e Profa. Dra. Vanessa Avansini

    Botta Pirani, membro da banca, pelo auxlio e contribuio intelectual.

    minha famlia, que sempre me apoiou e torceu por mim.

    Ao Leandro, pela compreenso, carinho e apoio principalmente nos momentos di-

    fceis.

    Ao Coral Ibilce, em especial querida regente Zuleica e aos amigos coralistas

    Alexandre, Ana Cludia, Ana Paula, Andresa, Antoniana, Carolina, Fabola, Fernanda,

    Guilherme, Lilian, Marcos, Nara, Paulo, Renato, Rodrigo, Sara, Tati, Zelo e a todos

    os outros coralistas e ex-coralistas que, mesmo no tendo seus nomes aqui mencionados,

    sabem que esto guardados no meu corao por proporcionarem os momentos mais felizes

    e mgicos dos ltimos 5 anos.

    Aos amigos de graduao Alyne, Ana Cludia, Ana Paula, Antoniana, Cristiane,

    Fernanda, Inai, ris, Josy, Juliana, Marcos, Marjory, Renata, Vanessa, Viviane, Wallace,

    Yen e a todos os outros colegas, pelos 4 anos que passamos juntos, pelos incontveis dias

    de estudo na biblioteca, pelas aventuras no bosque e pela amizade.

    Aos amigos de ps-graduao Alyne, Cintya, Cristiane, Fbio, Fernando, Heron,

    Jos Augusto, Jucilene, Junior, Marcos, Mirela, Regina, Wallace e a todos os outros

    colegas, pelas risadas, pelas lgrimas, pelo auxlio na dissertao e por tudo que passamos

    juntos nesses 2 anos.

    A todas as pessoas e funcionrios do IBILCE que, direta ou indiretamente, contri-buram para a elaborao deste trabalho.

    Capes, pelo auxlio financeiro.

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    7/82

    iii

    Resumo

    O principal objetivo deste trabalho estudar mtodos para construir os numera-

    dores e denominadores parciais da frao contnua que corresponde a duas expanses em

    srie de potncias de uma funo analtica f(z), em z = 0 e em z = . Alm disso,consideramos casos em que h coeficientes nulos nas expanses e, tambm, quando os co-

    eficientes apresentam simetria. Alguns exemplos numricos so apresentados para ilustrar

    dois dos algoritmos estudados, o Q-D e o Q-D modificado.

    Palavras-chave: funes analticas, aproximantes de Pad, fraes contnuas, polinmios

    ortogonais.

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    8/82

    iv

    Abstract

    The main purpose of this work is to study some methods for deriving a continued

    fraction that corresponds to two series expansions of an analytic function f(z), in z = 0

    and z = simultaneously. Furthermore we considered the case when there are zerocoefficients in the series and also when there is symmetry in the coefficients of the two

    series. Some examples are given.

    Keywords: analytic functions, Pad approximants, continued fractions, orthogonal poly-

    nomials.

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

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    v

    Sumrio

    Introduo 1

    1 Preliminares 3

    1.1 Aspectos histricos das fraes contnuas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3

    1.2 Conceitos bsicos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

    1.3 Convergncia de fraes contnuas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10

    1.4 Polinmios ortogonais e similares . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11

    1.4.1 Polinmios ortogonais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12

    1.4.2 Polinmios similares aos ortogonais . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17

    1.4.3 Conexo com fraes contnuas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

    1.5 Aproximantes de Pad . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20

    1.5.1 Conexo com fraes contnuas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 26

    1.5.2 Tabela de Pad de dois pontos . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27

    2 Fraes contnuas que correspondem a expanses em sries de potncias

    em dois pontos 30

    2.1 Construo de fraes contnuas pelos determinantes de Hankel . . . . . . 322.1.1 Caso i = j = m . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 32

    2.1.2 Caso i = j . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 362.2 Construo de fraes contnuas pelo algoritmo Q-D . . . . . . . . . . . . . 43

    2.2.1 Caso em que as sries de potncias apresentam coeficientes nulos . . 49

    2.3 Sries de potncias que apresentam simetrias . . . . . . . . . . . . . . . . . 52

    2.3.1 Caso geral . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53

    2.3.2 Caso s = 1 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 552.3.3 Caso s = 2 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 56

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

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    Sumrio vi

    2.3.4 Caso s = 0 . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 57

    3 Erros nas aproximaes e resultados computacionais 59

    3.1 Erros nas aproximaes . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 59

    3.2 Resultados computacionais . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

    3.2.1 A funo F(z) =1

    1 + z2. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 63

    3.2.2 A funo F(z) = arccot(z) . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 64

    Referncias Bibliogrficas 69

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    1

    Introduo

    As fraes contnuas, assim como os aproximantes de Pad, tm vasta aplicao em

    muitos problemas da Matemtica Pura e Cincias Aplicadas. So ferramentas essenciais

    para a soluo de muitos problemas relacionados aproximao de nmeros irracionais eracionais, aproximao de funes, aplicaes na fsica terica, soluo de equaes diofan-

    tinas e equaes integrais de Volterra no lineares, resoluo de problemas de momento,

    entre outras. Essa grande variedade de aplicaes foi a motivao para esse trabalho.

    Seja f(z) uma funo analtica que possui expanses em sries de potncias em

    z = 0 e em z = dadas, respectivamente, por

    f(z) = a0 + a1z + a2z2 + a3z

    3 +

    (1)

    e

    f(z) = a1z

    a2z2

    a3z3

    a4z4

    . (2)

    Suponhamos que f(z) seja aproximada por funes racionais da forma

    Pm(z)

    Qm(z)=

    m,0 + m,1z + + m,m1zm11 + m,1z + + m,mzm , m = 0, 1, 2, . . . , (3)

    em que os coeficientes m,i e m,i+1, i = 0, 1, . . . , m 1, so independentes de z. Esses 2m

    coeficientes podem ser determinados de tal forma que, quando a funo racional em (3) expandida para |z| pequeno e para |z| grande, haja coincidncia com i termos de (1) e jtermos de (2), respectivamente, totalizando i + j = 2m termos ao todo.

    Assim,

    f(z) Pm(z)Qm(z)

    = O

    zi, z(j+1)

    , (4)

    em que o smbolo no lado direito significa que o lado esquerdo da ordem de zi para |z|pequeno e da ordem de z(j+1) para |z| grande.

    Seja a frao contnua

    p1(z)

    q1(z) +p2(z)

    q2(z) +p3(z)

    q3(z) + . . . +pm(z)

    qm(z) + . . .

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    12/82

    Introduo 2

    cujo m-simo convergente exatamente a funo racionalPm(z)

    Qm(z). bem conhecido que

    os polinmios Pm(z) e Qm(z) satisfazem as relaes de recorrncia (ver, por exemplo,

    Chihara [6])

    Pm+1(z) = qm+1(z)Pm(z) + pm+1(z)Pm1(z)

    e (5)

    Qm+1(z) = qm+1(z)Qm(z) + pm+1(z)Qm1(z),

    para m = 0, 1, 2, . . . , com valores iniciais P0(z) = 0, P1(z) = p1(z), Q0(z) = 1 e Q1(z) =

    q1(z).

    O principal objetivo deste trabalho estudar mtodos para, a partir dos polinmios

    Pm(z) e Qm(z), determinar os elementos da frao contnua correspondente s duas sries

    (1) e (2). Murphy (1966) mostrou que ela da forma

    n11 + d1z +

    n2z

    1 + d2z +n3z

    1 + d3z + . . . +nmz

    1 + dmz + . . .(6)

    em que nm e dm so constantes independentes de z. Essa frao contnua chamada

    M-frao.

    Para realizarmos o estudo proposto, organizamos a presente dissertao da seguinte

    forma.

    No Captulo 1, introduzimos alguns conceitos bsicos sobre fraes contnuas,

    polinmios ortogonais e aproximantes de Pad, onde, tambm, relacionamos tais tpicos.

    Os conceitos dados neste captulo so fundamentais para o entendimento e desenvolvi-

    mento dos demais captulos.

    No Captulo 2, apresentamos os mtodos para a obteno da frao contnua corres-pondente s sries de potncias, em z = 0 e z = , de uma funo f(z) dada. Taismtodos so construdos a partir dos determinantes de Hankel e do algoritmo Q-D. Apre-

    sentamos, ainda, o caso em que h coeficientes nulos em uma ou em ambas as sries de

    potncias e, tambm, quando os coeficientes das sries apresentam simetria.

    Por fim, no Captulo 3, fizemos um breve estudo sobre erros nas aproximaes por

    funes racionais, alm de dois exemplos computacionais utilizando os algoritmos obtidos

    no Captulo 2.

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    13/82

    3

    Captulo 1

    Preliminares

    Neste captulo, faremos um estudo sucinto, porm consistente, sobre fraes cont-

    nuas, polinmios ortogonais e similares e aproximantes de Pad. Sobre fraes contnuas,

    comearemos por uma breve introduo histrica, passando por suas definies e pro-

    priedades e, por fim, mostraremos alguns resultados sobre convergncia. Quanto aos

    polinmios ortogonais e similares, daremos suas definies, algumas propriedades e a co-

    nexo dos mesmos com fraes contnuas. Finalmente, sobre os aproximantes de Pad,

    apresentamos a definio da tabela de Pad em um ponto, sua conexo com fraes con-tnuas e a definio de tabela de Pad em dois pontos. Embora esses assuntos sejam bem

    conhecidos, a apresentao necessria pois fundamentam os prximos captulos. Muitos

    textos podem ser utilizados para o estudo de tais tpicos como, por exemplo, [5], [6], [8],

    [14], [21], [23].

    1.1 Aspectos histricos das fraes contnuas

    Para se fazer matemtica, isto , a fim de compreender e fazer contribuies a esta

    cincia, importante estudar sua histria. A matemtica est sendo construda constan-

    temente atravs de descobertas. Aqueles que desejam estudar um campo particular da

    matemtica, seja estatstica, lgebra abstrata ou fraes contnuas, necessitaro primei-

    ramente estudar seu passado. Assim, podem-se fazer melhorias em resultados j obtidos,

    sem repet-los.

    A origem das fraes contnuas difcil de se precisar. Isto devido ao fato de que

    podemos encontrar exemplos dessas fraes por toda a matemtica nos ltimos 2000 anos,

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    14/82

    1.1. Aspectos histricos das fraes contnuas 4

    mas seus verdadeiros fundamentos no foram colocados at o final de 1600, incio de 1700.

    Sua origem tradicionalmente atribuda ao desenvolvimento do Algoritmo de Euclides.

    O Algoritmo de Euclides, entretanto, usado para encontrar o mximo divisor comum

    (mdc) entre dois nmeros. Porm, manipulando algebricamente o algoritmo, pode-se

    obter a frao contnua simples de um nmero racional p/q. H dvida se Euclides ou

    seus antecessores usaram realmente este algoritmo dessa maneira. Mas, devido a seu

    estreito relacionamento com fraes contnuas, o Algoritmo de Euclides significou o incio

    de seu desenvolvimento.

    Por mais de mil anos, todo trabalho que usava fraes contnuas era restrito a

    exemplos especficos. O matemtico indiano Aryabhata (476-550) utilizou-as para resolverequaes lineares diofantinas. Entretanto, no desenvolveu um mtodo geral; particular-

    mente, usou fraes contnuas somente em exemplos especficos. Durante toda a escrita

    matemtica grega e rabe, podemos encontrar exemplos e sinais de fraes contnuas.

    Mas, novamente, seu uso era limitado a aplicaes especficas.

    Dois cientistas da cidade de Bolonha, Itlia, Rafael Bombelli (1526-1572) e Pietro

    Cataldi (1548-1626), contriburam tambm neste campo, embora apenas fornecendo mais

    exemplos. Bombelli expressou a raiz quadrada de 13 como uma frao contnua dada por

    13 3 + 46 +

    4

    6

    =18

    5,

    que um caso especial da frmula

    a2 + b a + b

    2a +b

    2a +b

    2a +b

    2a + . . ..

    No sculo XV I j se conhecia a aproximao

    a2 + b a + b

    2a +b

    2a.

    Cataldi fez o mesmo para a raiz quadrada de 18:

    18 4& 2

    8&2

    8&2

    8& . . .

    = 4 +2

    8 +2

    8 +2

    8 + . . .

    ,

    que ele abreviou como

    4&2

    8&

    2

    8&

    2

    8. . . .

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    15/82

    1.1. Aspectos histricos das fraes contnuas 5

    Ambos os matemticos forneceram somente estes exemplos, mas no foram alm.

    As fraes contnuas transformaram-se num campo de estudos atravs do trabalho

    de John Wallis (1616-1703). Em seu livro "Arithmetica Infinitorium"(1655), desenvolveu

    e apresentou a identidade:

    4

    =

    3 3 5 5 7 7 9 . . .2 4 4 6 6 8 9 . . . .

    O primeiro presidente da Royal Society of London, Lord Brouncker (1620-1684),

    transformou esta identidade em

    4

    = 1 +12

    2 + 3

    2

    2 +52

    2 +72

    2 +92

    2 + . . .

    = 1 +12

    2 +

    32

    2 +

    52

    2 +

    72

    2 +

    92

    2 + . . .

    .

    Essa descoberta foi um passo importante na histria de = 3, 14159 . . . .

    Embora Brouncker no tenha enfatizado a frao contnua, Wallis tomou a inicia-

    tiva e introduziu as primeiras etapas para generalizar essa teoria.

    Em seu livro "Opera Mathematica"(1695), Wallis colocou alguns dos fundamentos

    bsicos das fraes contnuas. Explicou como calcular o n-simo convergente e descobriu

    algumas das propriedades, agora familiares, dos convergentes. Foi tambm neste trabalho

    que o termo "frao contnua" foi usado pela primeira vez.

    O matemtico e astrnomo holands Christiaan Huygens (1629-1695) foi o primeiro

    a demonstrar uma aplicao prtica de fraes contnuas. Escreveu um artigo explicando

    como usar os convergentes de uma frao contnua para encontrar as melhores aproxi-

    maes racionais para as relaes entre as engrenagens. Essas aproximaes permitiram-

    lhe escolher as engrenagens com o nmero correto de dentes. Seu trabalho foi motivado

    pelo desejo de construir um planetrio mecnico.

    Embora Wallis e Huygens trabalhassem com fraes contnuas, esse campo de pes-

    quisa s comeou a florescer quando Leonard Euler (1707-1783), Johan Heinrich Lambert

    (1728-1777) e Joseph Louis Lagrange (1736-1813) abraaram o tpico.

    Muito da teoria moderna foi desenvolvida por Euler em seu trabalho de 1737, "De

    Fractionlous Continious". Ele Mostrou que cada racional pode ser expresso como uma

    frao contnua simples finita, e forneceu, tambm, uma expresso para o nmero e na

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    16/82

    1.1. Aspectos histricos das fraes contnuas 6

    forma de frao contnua:

    e= 2 +1

    1 +

    1

    2 + 1

    1 +1

    1 +1

    4 +1

    1 +1

    1 + . . .

    ou

    e= 2 +1

    1 +1

    2 +1

    1 +1

    1 +1

    4 +1

    1 +1

    1 +1

    6 +1

    1 +1

    1 +1

    8 + . . ..

    Usou esta expresso para mostrar que e e e2 so irracionais. Demonstrou, tambm, como

    representar uma srie como frao contnua, e vice-versa.

    Lambert generalizou o trabalho de Euler sobre o nmero e. Em 1766, ele mostrou

    queex 1ex + 1

    =1

    2

    x+ 16

    x+ 1

    10

    x

    + 1

    14x+ ...

    .

    Em 1768, ele encontrou expanses em fraes contnuas para as funes log(1 + x),

    arctg(x) e tg(x). Para tg(x), ele encontrou

    tg(x) =1

    1

    x 13

    x 1

    5

    x

    1

    7

    x

    ...

    ,

    e usou essas expresses para mostrar que ex e tg(x) so irracionais se x for racional.

    Lagrange usou fraes contnuas para encontrar o valor de razes irracionais. Pro-

    vou tambm que os nmeros quadrticos irracionais so dados por uma frao contnua

    peridica.

    O sculo XIX provavelmente pode ser considerado como a idade dourada das

    fraes contnuas. Como Claude Brezinski escreveu em "History of Continued Fractions

    and Pad Approximants", "o sculo dezenove pode ser considerado o perodo popular

    das fraes contnuas". Foi uma poca em que "o assunto era conhecido por todos os

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    17/82

    1.2. Conceitos bsicos 7

    matemticos". Como consequncia, houve uma exploso no crescimento deste campo. A

    teoria de fraes contnuas foi desenvolvida significativamente, especialmente com respeito

    aos convergentes. Tambm eram estudadas as fraes contnuas com variveis comple-

    xas como termos. Alguns dos matemticos mais proeminentes que contriburam para

    este campo foram Karl Jacobi (1804-51), Oskar Perron (1880-1975), Charles Hermite

    (1822-1901), Karl Friedrich Gauss (1777-1855), Augustin Cauchy (1789-1857) e Thomas

    Stieltjes (1856-94). No princpio do sculo XX, a teoria tinha avanado muito alm do

    trabalho inicial de Wallis.

    Desde o comeo do sculo XX, o uso das fraes contnuas tem aparecido em outros

    campos. Para dar um exemplo de sua versatilidade, uma publicao recente de RobertM. Corless [7] examinou a conexo entre fraes contnuas e a teoria do caos. As fraes

    contnuas foram utilizadas, tambm, em algoritmos para computador calculando aproxi-

    maes racionais para os nmeros reais, bem como para resolver equaes diofantinas.

    Este breve resumo do passado das fraes contnuas fornece uma viso geral do

    desenvolvimento deste campo. Embora seu desenvolvimento inicial parea ter levado um

    longo tempo, uma vez iniciado, o campo e sua anlise cresceram rapidamente. Mesmo

    hoje, o fato de as fraes contnuas ainda estarem sendo usadas significa que o assuntoest longe de se esgotar.

    1.2 Conceitos bsicos

    Veremos, nesta seo, os conceitos bsicos sobre fraes contnuas que sero neces-

    srios para o bom entendimento deste trabalho.

    Uma frao contnua uma expresso da forma

    b0 +a1

    b1 +a2

    b2 +a3

    b3 + . . .

    ,

    onde {an}n=1 e {bn}n=0 so sequncias de nmeros complexos ou funes complexas sim-ples com an = 0. Uma frao contnua pode, tambm, ser denotada das seguintes formas:

    b0 +a1

    b1 +

    a2

    b2 + . . .

    (1.1)

    ou

    b0 + Kn=1

    anbn

    .

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    18/82

    1.2. Conceitos bsicos 8

    Outra maneira de definir fraes contnuas, segundo Henrici e Pfluger [11], uti-

    lizando transformaes lineares fracionais, conhecidas tambm como transformaes de

    Mebius.

    Definio 1.1. Uma transformao linear fracional (t.l.f.) definida por

    t(w) =a + cw

    b + dw,

    onde a,b,c,d e w so nmeros complexos e ad bc = 0.

    Definio 1.2. Uma frao contnua um par ordenado

    (({an} , {bn}) , {fn}) ,

    onde {an}n=1 e {bn}n=0 so sequncias de nmeros complexos ou, ainda, funes com-plexas simples com an = 0 e {fn} uma sequncia em C, o plano complexo estendido(C ), dada por

    fn = Sn(0), n = 0, 1, 2, . . . ,

    onde Sn(w), para n = 1, 2, . . . , so t.l.f. definidas por

    Sn(w) = Sn1(sn(w)), sn(w) =an

    bn + w(1.2)

    com

    S0(w) = s0(w) e s0(w) = b0 + w.

    Os nmeros an e bn so chamados, respectivamente, n-simos numeradores e deno-

    minadores parciais. Esses nmeros tambm so chamados de elementos da frao cont-

    nua. O valor

    fn = Sn(0) = b0 +a1

    b1 +a2

    b2 +a3

    b3 + . . . +anbn

    chamado de n-simo convergente ou aproximante da frao contnua. Podemos usar as

    seguintes notaes

    fn = b0 +a1b1 +

    a2b2 + . . . +

    anbn

    ou fn = b0 + Knj=1

    ajbj

    .

    Correspondentes a cada frao contnua da forma (1.1), existem sequncias de

    nmeros ou funes complexas{

    An}

    e{

    Bn}

    definidas por A1

    B1

    =

    1

    0

    ,

    A0

    B0

    =

    b0

    1

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    19/82

    1.2. Conceitos bsicos 9

    e

    An

    Bn

    = bn

    An1

    Bn1

    + an

    An2

    Bn2

    , n = 1, 2, . . . . (1.3)

    Os nmeros An e Bn, n = 1, 2, . . . , so chamados de n-simos numeradores e

    denominadores de (1.1), respectivamente (tambm so chamados de numeradores e de-

    nominadores cannicos). O resultado (1.3) facilmente verificado por induo (veja, por

    exemplo, Chihara [6]). A importncia desses nmeros mostrada no teorema a seguir.

    Teorema 1.1. Se An, Bn e fn denotam os n-simos numerador, denominador e conver-

    gente da frao contnua (1.1), respectivamente, e se {Sn} a sequncia de t.l.f. (1.2),

    entoSn(w) =

    An + An1w

    Bn + Bn1w, fn = Sn(0) =

    AnBn

    n = 0, 1, 2, . . . e

    fn1 = Sn() = An1Bn1

    , n = 1, 2, . . . .

    Alm disso,

    AnBn1 An1Bn = (1)n1n

    k=1

    ak = 0, n = 1, 2, . . . .

    A ltima equao pode ser escrita como

    AnBn

    An1Bn1

    = (1)n1n

    k=1 akBn1Bn

    . (1.4)

    Sejam An e Bn os numeradores e denominadores de

    b0 +a1b1 +

    a2b2 +

    a3b3 + . . .

    , (1.5)

    respectivamente, e Cn e Dn os numeradores e denominadores de

    d0 +c1d1 +

    c2d2 +

    c3d3 + . . .

    , (1.6)

    respectivamente.

    Definio 1.3. A frao contnua (1.6), com

    Ck = A2k, Dk = B2k, k = 0, 1, 2, . . . ,

    chamada contrao par (ou parte par) da frao contnua (1.5).

    Definio 1.4. A frao contnua (1.6), com

    Ck = A2k+1, Dk = B2k+1, k = 1, 2, 3, . . . ,

    chamada contrao mpar (ou parte mpar) da frao contnua (1.5).

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    20/82

    1.3. Convergncia de fraes contnuas 10

    Teorema 1.2. A parte par de (1.5) existe se, e somente se, b2k = 0 para k = 1, 2, 3, . . . ,e dada por

    b0 + b2a1b2b1 + a2 a2a3b4/b2a4 + b3b4 + a3b4/b2

    a4a5b6/b4a6 + b5b6 + a5b6/b4 . . ..

    Teorema 1.3. A parte mpar de (1.5) existe se, e somente se, b2k+1 = 0 para k =0, 1, 2, . . . , e dada por

    b0b1 + a1b1

    a1a2b3/b1b1(a3 + b2b3) + a2b3

    a3a4b5b1/b3a5 + b4b5 + a4b5/b3

    a5a6b7/b5

    a7 + b6b7 + a6b7/b5 a7a8b9/b7

    a9 + b8b9 + a8b9/b7 . . ..

    1.3 Convergncia de fraes contnuas

    Nesta seo, trataremos da convergncia de fraes contnuas. Daremos sua defi-

    nio e um resultado importante.

    Definio 1.5. Convergncia clssica de uma frao contnua da forma (1.5) para um

    nmero f C

    significa a convergncia da sequncia de convergentes{fn} para f e, nestecaso, o valor da frao contnua o limite da sequncia {fn}. Ento, podemos escrever

    f = b0 +a1b1 +

    a2b2 +

    a3b3 + . . .

    .

    Como existe uma correspondncia biunvoca entre os pontos do plano complexo

    estendido e a esfera de Riemann, aceitamos tambm o conceito de convergncia para o

    infinito. Assim, dizemos que uma frao contnua diverge se a sequncia {fn} converge

    para mais de um valor ou quando no converge para nenhum valor.

    Teorema 1.4. Se an+1 > 0 e bn > 0, n = 0, 1, 2, . . . , ento os convergentes de ordem

    par, f2n, da frao contnua (1.5) formam uma sequncia numrica crescente, enquanto

    que os convergentes de ordem mpar, f2n+1, formam uma sequncia decrescente e todo

    convergente de ordem par menor do que qualquer convergente de ordem mpar. Alm

    disso, cada convergente fn, n 2, est entre os convergentes fn1 e fn2. Os termos dasequncia

    {fn

    }satisfazem

    f0 < f2 < f4 < < f2n < < f2n+1 < < f5 < f3 < f1. (1.7)

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    21/82

    1.4. Polinmios ortogonais e similares 11

    Demonstrao: De (1.3) e (1.4), encontramos que

    fn fn2 = bn(1)n

    n1k=1 ak

    BnBn2, n 2. (1.8)

    Desta equao, obtemos

    f2n f2n2 = b2n(1)2n2n1

    k=1 akB2nB2n2

    > 0 = f2n2 < f2n, (1.9)

    e

    f2n+1 f2n1 = b2n+1(1)2n+1

    2nk=1 ak

    B2n+1B2n1< 0 = f2n+1 < f2n1. (1.10)

    Alm disso, de (1.4), temos

    f2n f2n1 = (1)2n12nk=1 akB2nB2n1

    < 0 = f2n < f2n1, (1.11)

    e

    f2n+1 f2n = (1)2n2n+1

    k=1 akB2n+1B2n

    > 0 = f2n < f2n+1. (1.12)

    De (1.9) e (1.10) conclumos que {f2n} uma sequncia crescente e que {f2n+1} umasequncia decrescente. De (1.9), (1.12) e (1.10) podemos escrever

    f2n2 < f2n < f2n+1 < f2n1. (1.13)

    Portanto, fn est entre fn1 e fn2. Em (1.13), fazendo

    n = 1, obtemos f0 < f2 < f3 < f1.

    n = 2, temosf2 < f4 < f5 < f3. Portanto, f0 < f2 < f4 < f5 < f3 < f1.

    n = 3, obtemos f4 < f6 < f7 < f5. Logo, f0 < f2 < f4 < f6 < f7 < f5 < f3 < f1.

    Continuando desta forma, obtemos

    f0 < f2 < < f2n2 < f2n < < f2n+1 < f2n1 < < f3 < f1,

    concluindo, assim, a demonstrao do teorema.

    1.4 Polinmios ortogonais e similares

    Faremos, nesta seo, um breve estudo sobre os polinmios ortogonais e os similaresaos ortogonais e suas conexes com as fraes contnuas. Para maiores detalhes veja [4],

    [6], [8], [21].

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    22/82

    1.4. Polinmios ortogonais e similares 12

    Definio 1.6. Seja uma funo real, no decrescente, definida em [a, b]. Um ponto

    [a, b] chamado de ponto de aumento de se ( + ) ( ) > 0, para todo > 0.

    Seja (x) uma funo real, no decrescente e com infinitos pontos de aumento emum intervalo (a, b), a < b . Se os momentos

    m =

    ba

    xmd(x)

    existem para m = 0, 1, 2, . . . , d(x) chamada uma distribuio em (a, b). Se os momentos

    existem para todo m inteiro, d(x) uma distribuio forte. Se, alm disso, (a, b) (0, ), d(x) uma distribuio forte de Stieltjes.

    Definio 1.7. Os determinantes definidos por

    H(m)n =

    m m+1 m+n1m+1 m+2 m+n

    ......

    . . ....

    m+n1 m+n m+2n2

    , n 1, m = 0, 1, 2, . . . , (1.14)

    so chamados determinantes de Hankel, onde H(m)1 = 0 e H(m)0 = 1.

    Esses determinantes possuem a importante propriedade dada abaixo, cuja demons-

    trao pode ser encontrada em [10]:

    H(m)n

    2 H(m1)n H(m+1)n + H(m1)n+1 H(m+1)n1 = 0, n, m Z, n 1. (1.15)1.4.1 Polinmios ortogonais

    Entre os polinmios que satisfazem uma relao de recorrncia de trs termos,

    esto os polinmios ortogonais. As aplicaes desses polinmios na Anlise Aplicada so

    muitas e novas aplicaes surgem a cada dia.

    Definio 1.8. Uma sequncia{Pn (x)}n=0 de polinmios ortogonais relativamente a umadistribuio d(x) em um intervalo (a, b), a < b , pode ser definida por

    (i) Pn (x) um polinmio de grau exatamente n, n 0,(ii) xm, Pn (x) =

    ba

    xmPn (x)d(x) = 0, m = 0, 1, . . . , n 1.

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    23/82

    1.4. Polinmios ortogonais e similares 13

    A existncia dessa sequncia de polinmios depende da condio

    H(0)n = 0, n = 0, 1, 2, . . . .

    Do item (i) da definio anterior, temos que {P0 (x), P1 (x), . . . , P n (x)} um con-junto linearmente independente, portanto, formam uma base para Pn, o espao vetorial

    dos polinmios de grau n.Os polinmios ortogonais possuem muitas propriedades interessantes. Vejamos

    algumas delas.

    Teorema 1.5 (Relao de recorrncia de trs termos). Seja{Pn (x)}n=0 uma sequn-cia de polinmios ortogonais em (a, b) relativamente distribuio d(x). Ento,

    Pn+1(x) = (n+1x n+1)Pn (x) n+1Pn1(x), n 0, (1.16)

    comP0 (x) = 1, P1(x) = 0,

    n+1,

    n ,

    n R, n 1, e

    n+1 =an+1,n+1

    an,n= 0, n+1 = n+1

    xPn , P

    n

    Pn , P

    n

    , n 0e n+1 =

    n+1n

    Pn , Pn Pn1, P

    n1

    = 0 n 1.(1.17)

    Demonstrao: Usaremos a notao Pn (x) =ni=0

    an,ixi, an,n = 0.

    Como xPn (x) um polinmio de grau n + 1, podemos escrever

    xPn (x) =n+1i=0

    biPi (x).

    Igualando os coeficientes dos termos de maior grau em ambos os membros da

    igualdade acima, obtemos

    an,n = bn+1an+1,n+1.

    Logo,

    bn+1 =an,n

    an+1,n+1= 0.

    Porm, das relaes de ortogonalidade,

    xPn , P

    j

    =ba

    Pn (x)xPj (x)d(x) = 0 para 0 j n 2.

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    24/82

    1.4. Polinmios ortogonais e similares 14

    Assim,

    xPn , P

    j =

    n+1

    i=0bi P

    i , P

    j = bj P

    j , P

    j = 0 bj = 0 para 0 j n 2.

    Logo,

    xPn (x) = bn+1Pn+1(x) + bnP

    n (x) + bn1P

    n1(x),

    que pode ser escrito como

    Pn+1(x) = (n+1x n+1)Pn (x) n+1Pn1(x), (1.18)

    com

    n+1 = 1bn+1= an+1,n+1an,n

    , n+1 = bnbn+1e n+1 = bn1bn+1

    .

    Calculemos, agora, os valores de n+1 e n+1. De (1.18), obtemos

    0 =

    Pn+1, Pn

    = n+1

    xPn , P

    n

    n+1 Pn , Pn n+1 Pn1, Pn .Da,

    n+1 = n+1

    xPn , P

    n

    P

    n , P

    n

    .

    Analogamente,

    0 =

    Pn+1, Pn1

    = n+1

    xPn , P

    n1

    n+1

    Pn , P

    n1

    n+1

    Pn1, P

    n1

    .

    Logo,

    n+1 = n+1

    xPn , P

    n1

    Pn1, Pn1

    .Mas, como

    Pn (x) = (nx n)Pn1(x) nPn2(x),

    obtemos

    xPn1(x) =1

    nPn (x) +

    n

    nPn1(x) +

    n

    nPn2(x).

    Ento,xPn , P

    n1

    =

    ba

    Pn (x)xPn1(x)d(x)

    =1

    nba

    Pn (x)Pn (x)d(x) +n

    nba

    Pn (x)Pn1(x)d(x)

    +n

    n

    ba

    Pn (x)Pn2(x)d(x) =

    1

    n

    Pn , P

    n

    .

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    25/82

    1.4. Polinmios ortogonais e similares 15

    Portanto,

    n+1 =n+1

    n

    Pn , P

    n

    P

    n1, P

    n1

    .

    Para construirmos a sequncia de polinmios ortogonais mnicos

    Pn (x)n=0

    com

    relao distribuio d(x), basta dividirmos cada polinmio pelo correspondente coefi-

    ciente do termo de maior grau, ou seja,

    Pn (x) =Pn (x)

    an,n, n 1.

    Dividindo a relao de recorrncia (1.16) por an+1,n+1 e fazendo os ajustes neces-

    srios, obtemos

    Pn+1(x) = (x n+1)Pn (x) n+1Pn1(x), n 0, (1.19)

    onde

    n+1 =

    xPn , P

    n

    Pn , Pn

    , n+1 =

    Pn , Pn

    Pn1, Pn1

    , (1.20)

    com

    P

    0 (x) = 1 e

    P

    1 (x) = x

    1 .

    Teorema 1.6. Seja Pn (x), n 1, uma sequncia de polinmios ortogonais no intervalo(a, b) com relao distribuio d(x). Ento, as razes de Pn (x) so reais, distintas e

    pertencem ao intervalo (a, b).

    Demonstrao: Suponhamos que Pn (x) no mude de sinal em (a, b). Ento, Pn (x) 0

    (ou Pn (x) 0), mas no identicamente nulo, em (a, b). Logo,ba

    Pn (x)d(x) > 0 (ou

    ba

    Pn (x)d(x) < 0), o que contradiz a propriedade de ortogonalidade dos polinmios Pn,

    pois ba

    Pn (x)w(x)dx =

    ba

    x0Pn (x)d(x) = 0. (1.21)

    Assim, Pn (x) deve mudar de sinal em (a, b) pelo menos uma vez. Logo, existe pelo menos

    uma raiz real de Pn (x) de multiplicidade mpar em (a, b).

    Suponhamos que xn,1, xn,2, . . . , xn,r (r < n) sejam as razes distintas de multiplici-

    dade mpar de Pn

    (x) em (a, b). Ento,

    Pn (x) = (x xn,1)(x xn,2) . . . (x xn,r)Qnr(x) = qr(x)Qnr(x),

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    26/82

    1.4. Polinmios ortogonais e similares 16

    onde Qnr(x) um polinmio de grau (n r) que tem somente razes complexas ou razesde multiplicidade par em (a, b) ou razes fora de (a, b). Logo, Qnr(x) no muda de sinal

    em (a, b). Porm, pela relao de ortogonalidade,ba

    qr(x)Pn (x)d(x) = 0. (1.22)

    Mas, ba

    qr(x)Pn (x)d(x) =

    ba

    q2r (x)Qnr(x)d(x) = 0. (1.23)

    Por (1.22) e (1.23) temos um absurdo. Assim, Pn (x) tem r n razes de multipli-

    cidade mpar em (a, b). Mas, como Pn (x) um polinmio de grau n, ento r = n. Deste

    modo, Pn (x) tem n razes de multiplicidade mpar em (a, b), da seguinte forma

    Pn (x) = (x xn,1)i1(x xn,2)i2 . . . (x xn,n)in.

    Como i1, i2, . . . , in so potncias positivas e mpares e i1 + i2 + . . . + in = n, temos que

    i1 = i2 = = in = 1.Outra propriedade muito interessante a do entrelaamento dos zeros, cuja de-

    monstrao pode ser encontrada, por exemplo, em Chihara [6].

    Teorema 1.7. Seja

    Pj (x)j=0

    uma sequncia de polinmios ortogonais. Ento, entre

    dois zeros consecutivos do polinmio de grau n 1, Pn1(x), existe somente um zero dePn (x).

    Podemos definir uma segunda sequncia de polinmios, {Qn(x)}n=0, do seguintemodo:

    Qn(x) =ba

    Pn (x) P

    n (y)

    x y d(y), n 0.

    Esses so os polinmios associados que aparecem na teoria dos polinmios ortogo-

    nais. Podemos mostrar que esses polinmios satisfazem a mesma relao de recorrncia

    dos polinmios ortogonais, mas com condies iniciais diferentes, ou seja,

    Qn+1(x) = (n+1x n+1)Qn(x) n+1Qn1(x),

    para n 1, com as condies iniciais Q

    0(x) = 0, Q

    1(x) =

    1

    0 . Logo, Q

    n+1(x) tem graun, n 0.

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    27/82

    1.4. Polinmios ortogonais e similares 17

    claro que os polinmios associados aos polinmios ortogonais mnicos Pn (x)

    satisfazem a mesma relao de recorrncia dos mnicos,

    Qn+1(x) = (x n+1)Qn(x) n+1Qn1(x), (1.24)

    com as condies iniciais Q0(x) = 0, Q1(x) =

    0 . Portanto, no so mnicos e todos tm

    o coeficiente do termo de maior grau igual a 0 .

    1.4.2 Polinmios similares aos ortogonais

    A introduo do problema forte de momento, veja [13], abriu caminho para o estudo

    de polinmios que apresentam propriedades semelhantes s dos polinmios ortogonais.

    Este problema pode ser expresso por:

    Dada uma sequncia {m}m= de nmeros reais, sob que condies existe umamedida no negativa d(t) tal que

    m = m =

    ba

    tmd(t), m = 0, 1, 2, . . .?

    Jones, Thron e Waadeland [13] resolveram este problema quando (a, b) (0, ).Sri Ranga [20], usando conceitos de fraes contnuas, resolveu o problema forte de mo-

    mento de Hamburger, isto , quando a < b .Vamos, aqui, definir uma sequncia de polinmios similares aos ortogonais ou,

    simplesmente, polinmios similares,

    Bn (z)n=0

    , por

    (i) Bn (z) um polinmio mnico de grau exatamente n, n 0,

    (ii)

    ba

    zn+mBn (z)d(z) = 0, m = 0, 1, . . . , n 1,

    onde d(z) uma distribuio forte de Stieltjes em (a, b).

    Uma condio necessria e suficiente para a existncia dessa sequncia de polin-

    mios que os determinantes de Hankel definidos por (1.14) satisfaam

    H(m)n = 0, n 0, m = 0, 1, 2, . . . .

    Na verdade, podemos demonstrar que, para uma distribuio forte de Stieltjes,

    H(m)n > 0, n 0, m = 0, 1, 2, . . . .

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    28/82

    1.4. Polinmios ortogonais e similares 18

    Esses polinmios satisfazem, por exemplo, a relao de recorrncia de trs termos

    Bn+1(z) = (z n+1)Bn (z) n+1zBn2(z), n 0, (1.25)

    com B1(z) = 0 e B0 (z) = 1. Os coeficientes

    n e

    n+1, n 1, podem ser dados em

    termos dos determinantes de Hankel por

    n+1 =H

    (n)n+1 H

    (n+1)n1

    H(n)n H

    (n+1)n

    e n =H

    (n1)n H

    (n1)n1

    H(n)n1 H

    (n2)n

    n 1. (1.26)

    Do mesmo modo que fizemos para os polinmios ortogonais, podemos definir os

    polinmios associados de grau n 1 por

    An(z) =ba

    Bn (t) Bn (z)t z d(t), n 0, (1.27)

    com A0 (z) = 0 e A1 (z) =

    0 .

    fcil ver que o coeficiente do termo de maior grau desses polinmios 0 . Como

    Bn (t) Bn (z) = (tn zn) + bn,n1(tn1 zn1) + + bn,1(t z),

    temos

    Bn (t) Bn (z)t z =

    n1j=0

    tn1jzj + bn,n1

    n2j=0

    tn2jzj + + bn,2(t + z) + bn,1

    = zn1 + (t + bn,n1)zn2 + + (tn2 + bn,n1tn3 + + bn,2)z

    +(tn1 + bn,n1tn2 + + bn,1).

    Portanto, integrando ambos os lados no intervalo (a, b) relativamente distribuio ,

    obtemos

    An(z) = 0 z

    n1 + (1 + bn,n10 )z

    n2 + + (n2 + bn,n1n3 + + bn,20 )z+(n1 + bn,n1

    n2 + + bn,10 ). (1.28)

    Os polinmios An(z) tambm satisfazem a mesma relao de recorrncia dos po-

    linmios similares, ou seja,

    An+1(z) = (z n+1)An(z) n+1zAn1(z), n 1, (1.29)

    com as condies iniciais A0 (z) = 0, A1 (z) =

    0 .

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    29/82

    1.4. Polinmios ortogonais e similares 19

    Alm disso, o quocienteAn(z)

    Bn (z)satisfaz

    An(z)Bn (z)

    =

    0z +

    1z2 + +

    n1zn + O 1zn+1 ,

    1 2z nzn1 + O(zn).(1.30)

    De fato, fazendo a diviso de An(z), dado em (1.28), por Bn (z) encontramos

    An(z)

    Bn (z)=

    0z

    +1z2

    + + n1

    zn+ O

    1

    zn+1

    Para a segunda srie, sabendo que

    1

    t z =1

    t

    1 zt

    = 1t + zt2 + + zn1

    tn +

    zn

    tn+1 + , (1.31)

    obtemosba

    1

    t

    1 zt

    d(t) = 1 + 2z + + nzn1 + n1zn + . (1.32)De (1.31) e da definio de polinmios similares, temos que

    b

    a

    Bn (t)

    t1 ztd(t) =

    b

    a

    Bn (t) 1

    t

    +z

    t2

    +

    +

    zn1

    tn

    +zn

    tn+1

    +

    d(t)=

    ba

    Bn (t)

    zn

    tn+1+

    zn+1

    tn+2+

    d(t) = O(zn). (1.33)

    Logo, como

    An(z)

    Bn (z)=

    1

    Bn (z)

    ba

    Bn (t)

    t

    1 zt

    d(t) ba

    1

    t

    1 zt

    d(t),de (1.32) e (1.33), obtemos que

    An(z)

    Bn (z)= 1 2z nzn1 + O(zn).

    Veja Andrade [3] e Ranga [20] para outras propriedades sobre esses polinmios.

    1.4.3 Conexo com fraes contnuas

    Faremos, agora, a associao dos polinmios ortogonais e similares aos ortogonais

    com as fraes contnuas. As frmulas de Wallis (1.3) levam-nos diretamente a isso. Se,

    em (1.1), tomarmos

    b0 = 0, a1 = 0 = 0, an+1 = n+1 = 0, bn = x n , n 1,

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    30/82

    1.5. Aproximantes de Pad 20

    obtemos a frao contnua

    0

    x

    1 2

    x

    2 3

    x

    3 . . . n

    x

    n . . ., (1.34)

    cujo n-simo denominador parcial, Bn, o polinmio ortogonal Pn (x) que satisfaz a

    relao de recorrncia (1.19). A frao contnua (1.34) conhecida como frao contnua

    do tipo Jacobi ou, simplesmente, J-frao, devido sua relao com certos tipos de

    matrizes conhecidas por matrizes de Jacobi, cujos autovalores so os zeros dos polinmios

    ortogonais a elas associados.

    Retornando s frmulas de Wallis, vemos que An = Qn(x), e, ento, satisfazem

    a relao de recorrncia (1.24). Observe, tambm, que o n-simo convergente a razoentre o polinmio associado de grau n 1 e o ortogonal de grau n.

    Vamos obter, agora, a conexo entre os polinmios similares e fraes contnuas.

    Retornemos s frmulas de Wallis. Tomando, em (1.1),

    b0 = 0, a1 = 0 = 0, an+1 = n+1z = 0, bn = z n , n 1,

    obtemos a frao contnua,

    0z 1

    2 z

    z 2 3 z

    z 3 . . . nz

    z n . . ., (1.35)

    conhecida como T-frao, cuja forma geral ser definida mais adiante.

    Observe que os n-simos numerador e denominador parciais so, respectivamente,

    o polinmio associado de grau n 1, An(z), e o polinmio similar de grau n, Bn (z).Portanto, satisfazem as relaes de recorrncia (1.29) e (1.25).

    Conhecendo-se, pois, as relaes de recorrncia dos polinmios ortogonais ou si-

    milares, possvel construir as correspondentes fraes contnuas a partir dos coeficientes

    dessas relaes.

    1.5 Aproximantes de Pad

    A classe Pdas sries de potncias formais sobre C consiste de todas as expressesda forma

    C(z) c0 + c1z + c2z2 +

    m=0

    cmzm

    com coeficientes cm C.

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    31/82

    1.5. Aproximantes de Pad 21

    Seja C(z) Pe sejam m e n inteiros no negativos. A forma racional complexau(z)

    v(z)=

    u0 + u1z + + umzmv0 + v1z +

    + vnzn

    uma forma de Pad do tipo (m, n) para C(z) se v = 0 e

    C(z)v(z) u(z) = O(zm+n+1). (1.36)

    O smbolo O indica que o lado direito uma srie de potncias da forma

    j=m+n+1 cjzj+k,

    0 k +; onde k = + significa que C(z)v(z) u(z) = 0.A equao (1.36) equivalente ao sistema linear de m+n+1 equaes nas m+n+2

    incgnitas u0, . . . , um, v0, . . . , vn :

    Smn =n

    j=0

    cijvj =

    ui, i = 0, 1, . . . , m , (S

    umn)

    0, i = m + 1, . . . , m + n, (Svmn)

    ou seja,

    Smn =

    c0v0 = u0

    c1v0 + c0v1 = u1...

    ......

    cmv0 + cm1v1 + cm2v2 + + cmnvn = um

    Sumn

    cm+1v0 + cmv1 + cm1v2 + + cm+1nvn = 0cm+2v0 + cm+1v1 + cmv2 + + cm+2nvn = 0...

    ......

    ......

    ...

    cm+nv0 + cm+n1v1 + cm+n2v2 + + cmvn = 0

    Svmn

    .

    Observe que se m < n, cmk = 0, k = m + 1, m + 2, . . . , n .

    Teorema 1.8. [Frobenius]. Sempre existem formas de Pad do tipo (m, n) para C(z).

    Cada forma uma representao da mesma funo racional Rmn(z). A representao

    reduzida

    Rmn(z) =Pmn(z)

    Qmn(z)

    possvel com Pmn(z) e Qmn(z) relativamente primos e Pmn(0) = c0, Qmn(0) = 1.

    Demonstrao: Sempre existem solues no triviais (u0, . . . , um, v0, . . . , vn)T de Smn.

    De fato, basta tomar uma soluo v = 0, pois, caso contrrio, Su

    mn implicaria em u = 0.Da mesma forma, se v(z) = O(z), temos v = 0 e, ento, u(z) = O(z), u = c0v.Portanto, a representao reduzida de

    u

    vpode ser normalizada como desejado.

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    32/82

    1.5. Aproximantes de Pad 22

    Seu

    ve

    u

    vso duas formas de Pad do tipo (m, n) para C(z), ento

    Cv u = O(zm+n+1), Cv u = O(zm+n+1) e

    uv uv = (Cv u)v (Cv u)v = O(zm+n+1).

    O lado esquerdo um polinmio de grau no mximo m + n e o lado direito uma

    srie de potncias comeando com a potncia zm+n+k+1, k 0. Portanto, ambos os ladosse anulam e as funes racionais determinadas por

    u

    ve

    u

    vso idnticas. Isso completa a

    demonstrao.

    Definio 1.9. A funo racional unicamente determinada Rmn

    (z) =Pmn(z)

    Qmn(z) chamada

    frao de Pad do tipo (m, n) para C(z).

    Definio 1.10. A tabela de Pad (estendida) para C(z) definida por:

    R00 R01 R02 R03 R10 R11 R12 R13 R20 R21 R22 R23 R30 R31 R32 R33

    ... ... ... ... . . .

    (1.37)

    A primeira coluna desta tabela contm as somas parciais Cm(z) =m

    k=0 ckzk de

    C(z). Tambm associadas com C(z) esto as matrizes

    Cmn =

    cm cm1 cmn+2 cmn+1cm+1 cm cmn+3 cmn+2

    ......

    . . ....

    ...

    cm+n2 cm+n3 cm cm1cm+n1 cm+n2 cm+1 cm

    , n

    1.

    Definio 1.11. Sejacmn = det Cmn, cm0 = 1. A c-tabela (estendida) paraC(z) definida

    por:

    c00 c01 c02 c03 c10 c11 c12 c13 c20 c21 c22 c23

    c30 c31 c32 c33

    ......

    ......

    . . .

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    33/82

    1.5. Aproximantes de Pad 23

    Evidentemente cm0 = 1, cm1 = cm, c0n = cn0 .

    Fraes de Pad iguais ocorrem em blocos quadrados na tabela de Pad. A c-tabela

    tem uma estrutura de blocos correspondente, com grupos de determinantes cij ocorrendo

    em blocos quadrados maximais da forma:

    O prximo resultado uma extenso de um teorema de Pad. Ele caracteriza as formas

    de Pad do tipo (i, j) para C(z) e d uma frmula para os postos dos sistemas lineares

    Sij e Svij.

    Teorema 1.9. SejaP(z)

    Q(z)

    uma frao de Pad para a srie de potncias C(z)

    P,

    c0 = 0. Sejam m e n os graus de P e Q, respectivamente, e suponha que a srie de potn-cias C(z)Q(z) P(z) comece exatamente com a potncia zm+n+k+1. Ento, as seguintesafirmaes so verdadeiras:

    (a) k 0;

    (b) R(z) =P(z)

    Q(z)se, e somente se,

    m m + k e n n + k. (1.38)Se (, ) satisfaz (1.38), ento:

    (c)u(z)

    v(z) uma forma de Pad do tipo (, ) para C(z) se, e somente se,

    u(z) = zd(z)P(z), v(z) = zd(z)Q(z),

    com = max{0, ( m) + ( n) k} e d(z) = 0 de grau no mximo

    =

    k

    2

    max m k2 , n k2 , k < ,min { m, n} , k = .

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    34/82

    1.5. Aproximantes de Pad 24

    (d) + posto (S) = posto (Sv) = .

    (e)

    cn = 0, m m + k,cm = 0, n n + k,c = 0, m < m + k e n < n + k.

    Demonstrao: Sejamu(z)

    v(z)uma forma de Pad do tipo (, ) e R(z) =

    P(z)

    Q(z). Ento,

    grau(u) , grau(v) , C(z)v(z) u(z) = O(z++1). (1.39)

    Desde que c0 = 0 e (u0, . . . , um, v0, . . . , vn)T

    = 0, segue, da forma de S, que v = 0 eu = 0. Colocando em evidncia o mximo divisor comum entre u e v, obtemos

    u(z) = z(d0 + d1z + + dz)P(z)

    v(z) = z(d0 + d1z + + dz)Q(z)(1.40)

    com d0d = 0. Ento, de (1.39),

    C(z)[z(d0 + d1z +

    + dz)Q(z)]

    z(d0 + d1z +

    + dz

    )P(z) = O(z++1).

    Logo,

    z(d0 + d1z + + dz)[C(z)Q(z) P(z)] = O(z++1)

    e, assim,

    z [C(z)Q(z) P(z)] = O(z++1). (1.41)

    Como e so graus de polinmios, ento

    0 e 0. (1.42)

    De (1.39) e (1.40), segue que

    + + m e + + n . (1.43)

    Por hiptese, a srie C(z)Q(z) P(z) comea exatamente na potncia zm+n+k+1. Logo,de (1.41),

    + m + n + k + . (1.44)

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    35/82

    1.5. Aproximantes de Pad 25

    As desigualdades (1.42), (1.43) e (1.44) so equivalentes a

    0,

    max{0, ( m) + ( n) k}, + min{ m, n}.

    (1.45)

    Reciprocamente, sejam os inteiros e tais que existem inteiros e satisfazendo (1.45).

    Para d(z) = d0 + d1z + + dz = 0 arbitrrio, definimos u e v por (1.40). Ento, (1.39)vale em razo das desigualdades (1.45),

    u

    v uma forma de Pad do tipo (, ) e R =

    P

    Q.

    Desde queP

    Q uma frao de Pad para C(z), existem inteiros ,, e satisfa-

    zendo (1.45). Ento,

    k ( m) +

    + ( n) +

    2 + 2 = 2 + 0,

    o que demonstra (a).

    Alm disso, R =P

    Qse, e somente se, existe uma soluo (, ) de (1.45). Isto

    possvel se, e somente se,

    max{0, ( m) + ( n) k} min{ m, n} min{ m, n}.

    Isto , se, e somente se,

    0 mu m e ( m) + ( n) k n m m + k,0 n e ( m) + ( n) k m n n + k,

    (1.46)

    ou seja, (1.38) vale, provando, assim, (b).

    Figura 1.1: Regio factvel para encontrar e .

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    36/82

    1.5. Aproximantes de Pad 26

    A forma de Pad mais geral do tipo (, ) obtida quando minimizado e

    maximizado, sujeitos s desigualdades (1.45). Clculos simples de otimizao mostram

    que os valores timos so = e = (veja a Figura 1.1). Isto prova (c). Isso

    significa que o grau do polinmio d(z) na forma de Pad mais geral do tipo (, ) .

    A afirmao (d) segue uma vez que as solues gerais de S e Sv contm + 1

    parmetros.

    Agora, c = 0 se, e somente se, Sv tem uma soluo no trivial com v0 = 0. Mas,

    segue de (1.45) que

    + = min{ m, n},

    e o inteiro maximal para o qual v(z) = O(z) em alguma forma de Pad do tipo(, ). Logo, c = 0 se, e somente se, > 0 e, portanto, min{ m, n} > 0. Ouseja,

    m > 0 > m e n > 0 > n.

    Isto, junto com (1.46), prova (e), completando a demonstrao do teorema.

    Os blocos quadrados descritos no teorema anterior, R-bloco e c-bloco, so chamados

    de blocos de ordem k.

    Definio 1.12. A frao de Pad Rmn normal se o R-bloco que a contm de ordem

    k = 0, isto , Rmn ocorre apenas uma vez na tabela de Pad.

    Definio 1.13. A srie de potncias C(z) normal se todas as suas fraes de Pad

    so normais. Isto , no h duas fraes de Pad iguais.

    Corolrio 1.1. Uma frao de Pad Rmn normal se, e somente se, os determinantes

    cmn, cm,n+1, cm+1,n ecm+1,n+1

    no se anulam. A srie de potncias C(z) normal se, e somente se,

    cmn = 0, m 0, n 0.

    Em particular, os coeficientes cm1 = cm, m 0, no devem se anular.

    1.5.1 Conexo com fraes contnuas

    O resultado abaixo nos mostra como as sries de potncias, ou os aproximantes de

    Pad, esto relacionadas a fraes contnuas, conhecidas como C-fraes.

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

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    1.5. Aproximantes de Pad 27

    Definio 1.14. Uma C-frao uma frao contnua da forma

    c0 +a1z

    i1

    1 +a2z

    i2

    1 +a3z

    i3

    1 + . . .

    comc0 C, an C e in N, n 1.

    A frao contnua

    c0

    1 +a1z

    i1

    1 +a2z

    i2

    1 +a3z

    i3

    1 + . . .

    tambm chamada C-frao.

    Teorema 1.10. Seja

    1 + c1z + c2z2 + c3z

    3 + (1.47)

    uma srie de potncias formal tal que seus aproximantes de Pad

    R00(z), R10(z), R11(z), R21(z), R22(z), R32(z), . . .

    so normais. Ento, srie de potncias (1.47), corresponde uma C-frao regular

    1 + a1z1 + a2z1 + a

    3z1 + . . . + anz1 + . . . , (1.48)

    cujos aproximantes Cn satisfazem

    C2m = Rmm, C2m+1 = Rm+1,m, m = 0, 1, 2, . . . . (1.49)

    Para a demonstrao referimo-nos a Jones e Thron [12], pg. 191. Vale, tambm,

    a recproca desse resultado.

    Podemos observar que aproximantes consecutivos Cn e Cn+1 da C-frao formamdegraus na tabela de Pad (1.37) da srie (1.47).

    1.5.2 Tabela de Pad de dois pontos

    A tabela de Pad usual interpola apenas uma srie de potncias formal em um

    ponto, normalmente z = 0, e est relacionada a fraes contnuas do tipo C-frao regular.

    Vimos que, neste caso, os aproximantes formam degraus na tabela de Pad.

    As T-fraes

    z

    1 + d1z +z

    1 + d2z +z

    1 + d3z + . . . +z

    1 + dnz + . . ., (1.50)

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

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    1.5. Aproximantes de Pad 28

    introduzidas em 1948 por Thron [22] e minuciosamente estudadas por ele, tm uma es-

    trutura simples e tambm correspondem a sries de potncias. Entretanto, nenhum dos

    aproximantes esto na tabela de Pad (exceto o caso dn = 0 para todo n). Muito mais

    tarde descobriu-se que, alm da correspondncia com a srie de potncias

    c0 + c1z + c3z2 + ckzk1 + , (correspondncia em 0), (1.51)

    a T-frao geral

    c0 +F1z

    1 + G1z +F2z

    1 + G2z +F3z

    1 + G3z + . . . +Fnz

    1 + Gnz + . . ., Fn = 0, (1.52)

    corresponde, tambm, srie de potncias

    c0z

    +c1z2

    +c2z3

    + + ck

    zk+1+ (correspondncia no ), (1.53)

    se Gn = 0 para todo n. Sob determinadas condies sobre os coeficientes, tambm valea recproca, isto , para cada par de sries de potncias (1.51) e (1.53) corresponde uma

    T-frao geral (1.52). A interpolao fornecida pela T-frao geral dividida entre inter-

    polao em 0 e .A tabela de Pad de dois pontos (em 0 e ) construda a partir de um par de

    sries (1.51) e (1.53) de maneira semelhante ao caso de apenas um ponto. Nesta tabela,

    encontram-se os aproximantes da T-frao geral (1.52). Esta surpreendente propriedade

    das T-fraes gerais (a de corresponderem a duas sries de potncias simultaneamente,

    uma em z = 0 e uma em z = ) foi primeiramente observada por McCabe e Murphy[17]. Eles chamaram sua frao contnua de M-frao, dada por

    n11 + d1z +

    n2z

    1 + d2z +

    n3z

    1 + d3z + . . . +

    nmz

    1 + dmz + . . . . (1.54)

    Mas, M-fraes so, essencialmente, T-fraes.

    Denotemos por F(z) e F(z) as duas sries (1.51) e (1.53), respectivamente. Ento,

    o aproximante de Pad de dois pontospm,n(z)

    qm,n(z)de (F, F) obtido de modo a ajustar,

    simultaneamente, um determinado nmero de termos (os primeiros) de cada srie. Isto

    pode ser feito de diversas maneiras. Podemos exigir, por exemplo, que

    pm,n(z)F(z) qm,n(z) = O z(m+n+1)/2 e pm,n(z)F(z) qm,n(z) = O 1z(m+n+3)/2se m + n + 1 par.

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    39/82

    1.5. Aproximantes de Pad 29

    Logo, podemos escrever

    qm,n(z)

    pm,n(z)=

    c0 + c1z + c2z2 + + c(m+n1)/2 z(m+n1)/2 + O

    z(m+n+1)/2

    ,

    c0z

    + c1

    z2+ + c(m+n+1)/2

    z(m+n+1)/2+ O

    z(m+n+3)/2

    .

    Analogamente para o caso m + n + 1 mpar.

    No prximo captulo, veremos mais detalhes sobre a tabela de Pad de dois pontos.

    Veja, por exemplo, [15] para uma definio mais precisa e propriedades sobre essa tabela.

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    40/82

    30

    Captulo 2

    Fraes contnuas que correspondem a

    expanses em sries de potncias em

    dois pontos

    Neste captulo, baseado nos artigos [1], [2], [9], [16] e [17], apresentamos os mtodos,

    construdos a partir dos determinantes de Hankel e do algoritmo Q-D, para a obteno

    da frao contnua correspondente s sries de potncias, em z = 0 e z = , de umafuno f(z) dada. Apresentamos, ainda, o caso em que h coeficientes nulos em uma ou

    em ambas as sries de potncias e, tambm, quando os coeficientes das sries apresentam

    simetria.

    Uma funo f : U C C chamada analtica em U se, para todo ponto z0 Uexiste uma vizinhana Vz0 U tal que f(z) pode ser expressa como uma srie de potnciasde centro z0 para todo z

    Vz0.

    Seja f(z) uma funo analtica que possui expanses em sries de potncias em

    z = 0 e em z = . Resultados anlogos podem ser obtidos para dois pontos finitosaplicando-se uma transformao bilinear varivel z.

    Assim, consideremos o caso em que, para |z| pequeno, temos

    f(z) = a0 + a1z + a2z2 + a3z

    3 + (2.1)

    e, para|z|

    grande,

    f(z) = a1z

    a2z2

    a3z3

    a4z4

    . (2.2)

    Suponhamos que a0, a1 = 0 e explicaremos a razo desta restrio mais adiante.

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    41/82

    31

    Os coeficientes ai, i Z, podem ser complexos, mas para muitas aplicaes os tomamosreais. A razo para a notao em (2.2) ficar clara posteriormente.

    Suponhamos, ainda, que f(z) seja injetora e que no tenha singularidades no eixo

    real positivo, salvo, possivelmente, em z = 0 e z = . Os sinais de igual em (2.1) eem (2.2) no so estritamente necessrios, as expanses podem ser consideradas como em

    carter assinttico, valendo para alguns intervalos de valores de argz que contm argz = 0.

    Aproximemos f(z) por funes racionais da forma

    m,0 + m,1z + + m,m1zm11 + m,1z + + m,mzm := fi,j(z), m = 0, 1, 2, . . . , (2.3)

    em que os coeficientes m,i e m,i+1, i = 0, 1, . . . , m

    1, so independentes de z. Esses 2m

    coeficientes podem ser escolhidos de tal forma que, quando a funo racional em (2.3)

    expandida para |z| pequeno e para |z| grande, haja coincidncia com i termos de (2.1) ej termos de (2.2), totalizando i + j = 2m termos ao todo. Portanto, esta a razo de

    denotarmos a aproximao por fi,j(z).

    Assim,

    f(z) fi,j(z) = O

    zi, z(j+1)

    , (2.4)

    em que o smbolo no lado direito significa que o lado esquerdo da ordem de zi para |z|pequeno e da ordem de z(j+1) para |z| grande.

    Seja a frao contnua

    p1q1 +

    p2q2 +

    p3q3 + . . . +

    pmqm + . . .

    com m-simo convergentePmQm

    , em que Pm e Qm satisfazem as relaes de recorrncia

    Pm+1 = qm+1Pm + pm+1Pm1 e Qm+1 = qm+1Qm + pm+1Qm1, (2.5)

    para m = 0, 1, 2, . . . , com valores iniciais P0 = 0, P1 = p1, Q0 = 1 e Q1 = q1.

    Definindo r,s por

    r,s := PrQs PsQr,

    de (2.5) encontramos que

    pm+1 = m,m+1m1,m

    e qm+1 =m1,m+1

    m1,m, (2.6)

    para m = 1, 2, 3, . . . . Tomando Pm(z) e Qm(z) das formas

    Pm(z) = m,0 + m,1z + + m,m1zm1 e Qm(z) = 1 + m,1z + + m,mzm,

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

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    2.1. Construo de fraes contnuas pelos determinantes de Hankel 32

    temos

    fi,j(z) Pm(z)Qm(z)

    , i + j = 2m, m = 1, 2, 3, . . . .

    Assim, a partir dos polinmios Pm(z) e Qm(z) podemos determinar os elementosda frao contnua. Como j mencionamos, Murphy, em (1966), mostrou que a frao

    contnua desejada da forma

    n11 + d1z +

    n2z

    1 + d2z +n3z

    1 + d3z + . . . +nmz

    1 + dmz + . . .(2.7)

    em que nm e dm so constantes independentes de z. De fato, mostraremos que as fraes

    contnuas so dessa forma. Vamos supor que nm, m 1, sejam no nulos, mas que dm,

    m 1, podem ser iguais a zero.

    2.1 Construo de fraes contnuas pelos determinan-

    tes de Hankel

    2.1.1 Caso i = j = m

    Consideremos a sequncia de funes racionais

    f1,1, f2,2, f3,3, . . . , f m,m, . . . ,

    que aproximam f(z).

    Temos, de (2.4), que

    fm,m(z) f(z) = O

    zm, z(m+1)

    (2.8)

    e, tambm, que

    m,m+1(z)

    Qm(z)Qm+1(z)= fm,m(z) fm+1,m+1(z) =

    Pm(z)

    Qm(z) f(z)

    Pm+1(z)

    Qm+1(z) f(z)

    .

    Os termos entre parnteses so, respectivamente, de ordens O(zm, z(m+1)) e

    O(zm+1, z(m+2)). Logo,

    Pm(z) Qm(z)f(z) = O(zm, z1) e Pm+1(z) Qm+1(z)f(z) = O(zm+1, z1)

    e, ento,

    m,m+1(z) = Qm+1(z) [Pm(z) Qm(z)f(z)] Qm(z) [Pm+1(z) Qm+1(z)f(z)]= O(zm, zm),

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

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    2.1. Construo de fraes contnuas pelos determinantes de Hankel 33

    uma vez que a primeira parcela de ordem O(zm, zm) e a segunda, de ordem O(zm+1, zm1).

    Portanto, como m,m+1(z) um polinmio de grau no mximo 2m, ele ter um

    nico termo em zm. Esse termo facilmente determinado considerando-se o termo em zm

    de Qm+1(z) {Pm(z) Qm(z)f(z)} , isto , de

    Qm(z)f(z) = (1 + m,1z + . . . + m,mzm)

    a0 + a1z + a2z2 + . . .

    .

    Portanto,

    m,m+1(z) = mzm, (2.9)

    com

    m = (am + am1m,1 + + a0m,m) . (2.10)Usando as expanses (2.1) e (2.2) para f(z) junto com (2.8), obtemos as 2m equa-

    es lineares

    m,0 = a0

    m,1 = a1 + a0m,1

    m,2 = a2 + a1m,1 + a0m,2...

    .

    .....

    .

    .... .

    m,m1 = am1 + am2m,1 + + a0m,m1

    (2.11)

    e

    m,m1 = a1m,mm,m2 = a2m,m + a1m,m1m,m3 = a3m,m + a2m,m1 + a1m,m2

    ......

    ......

    . . .

    m,0 = amm,m + am+1m,m1 + + a1m,1

    . (2.12)

    Substituindo os valores dos m,i, i = 0, 1, . . . , m 1, dados em (2.11), em (2.12),chegamos ao sistema linear de m equaes com m + 1 incgnitas

    a0 + a1m,1 + a2m,2 + + amm,m = 0a1 + a0m,1 + a1m,2 + + am+1m,m = 0a2 + a1m,1 + a0m,2 +

    + am+2m,m = 0

    ... ... ... ... ... ...

    am1 + am2m,1 + am3m,2 + + a1m,m = 0

    . (2.13)

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

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    2.1. Construo de fraes contnuas pelos determinantes de Hankel 34

    Sejam os determinantes Dr,s definidos por:

    Dr,s :=

    ar ar+1 ar+s

    ar1 ar ar+s1...

    .... . .

    ...

    ars ars+1 ar

    para r = 0, 1, 2, . . . , s = 0, 1, 2, . . . e Dr,s 1 para s < 0. Note que estes determinantesso bastante similares aos determinantes de Hankel definidos no Captulo 1. Na verdade,

    a relao entre os determinantes a seguinte:

    Dr,s = (1)s12

    H(rs)

    s+1 . (2.14)

    Portanto, a diferena, se houver, apenas no sinal.

    Acrescentando a equao (2.10) ao sistema (2.13), obtemos

    a0 a1 a2 ama1 a0 a1 am+1...

    ......

    . . ....

    am1 am2 am3 a1am am1 am2 a0

    1

    m,1...

    m,m1m,m

    =

    0

    0...

    0m

    .

    Resolvendo o sistema linear acima pela regra de Cramer, pelo Teorema de Laplace

    encontramos m = (1)m+1 D0,mD1,m1

    e, assim, de (2.9),

    m,m+1(z) = (1)m+1 D0,mD1,m1

    zm.

    Temos, ainda, que m,m+2(z) um polinmio de grau no mximo 2m + 1 e que

    m,m+2(z)

    Qm(z)Qm+2(z)= fm,m(z) fm+2,m+2(z) =

    Pm(z)

    Qm(z) f(z)

    Pm+2(z)

    Qm+2(z) f(z)

    .

    Como, na equao anterior, o primeiro termo entre parnteses de ordem

    O(zm, z(m+1)) e o segundo de ordem O(zm+2, z(m+3)), ento,

    Pm(z) Qm(z)f(z) = O(zm, z1) e Pm+2(z) Qm+2(z)f(z) = O(zm+2, z1).

    Assim,

    m,m+2(z) = Qm+2(z) [Pm(z) Qm(z)f(z)] Qm(z) [Pm+2(z) Qm+2(z)f(z)]= O(zm, zm+1),

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

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    2.1. Construo de fraes contnuas pelos determinantes de Hankel 35

    uma vez que a primeira parcela O(zm, zm+1) e a segunda de O(zm+2, zm1).

    Portanto, m,m+2 consiste de apenas dois termos e da forma mzm + m+1zm+1,

    onde os k, k = m, m+1, so constantes. Claramente mzm exatamente m,m+1 e o outro

    termo calculado considerando-se o termo em zm+1 de Qm+2(z) {Pm(z) Qm(z)f(z)}para |z| grande, ou seja, o termo em zm+1 de

    (1 + m+2,1z + . . . + m+2,m+2zm+2)

    (m,0 + a1m,1 + . . . + amm,m)

    +

    m,1 + a1m,2 + . . . + a(m1)m,m

    z + . . . + (m,m1 + a1m,m) zm1

    +

    a1 + a2m,1 + . . . + a(m+1)m,m

    z1 + O (z2)

    .

    (2.15)

    Lembrando que Pm(z) Qm(z)f(z) = O(z1) para |z| grande, ento o termo entrecolchetes na expresso (2.15) nulo.

    Portanto, o termo em zm+1 de m,m+2(z) da forma

    m+2,m+2Cmzm+1,

    onde

    Cm = a1 + a2m,1 + + a(m+1)m,m.

    Agora, usando a equao acima e (2.13), obtemos o sistema linear

    a1 a2 a3 am1a0 a1 a2 am...

    ......

    . . ....

    am2 am3 am4 a2am1 am2 am3 a1

    1

    m,1...

    m,m1

    m,m

    =

    Cm

    0...

    0

    0

    . (2.16)

    Novamente, usando Cramer e Laplace, obtemos

    Cm =D1,m

    D1,m1, m = 0, 1, 2, . . . .

    Resolvendo, agora, (2.16) para m,m e substituindo o valor de Cm, encontramos

    m,m = (1)m D0,m1D1,m1

    m = 1, 2, 3, . . . .

    Assim, temos

    m,m+2(z) = m,m+1(z) + (1)m D1,mD0,m+1D1,m1D1,m+1

    zm+1.

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

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    2.1. Construo de fraes contnuas pelos determinantes de Hankel 36

    Portanto, de (2.6), obtemos

    pm+1 =D0,mD1,m2

    D1,m1D0,m1z e qm+1 = 1 D0,mD1,m1

    D1,mD0,m1z,

    para m = 1, 2, 3, . . . .

    Para m = 0 encontramos que a frmula ainda vale, desde que p1 independente

    de z. Assim, a frao contnua (2.7), que tem convergentes f1,1(z), f2,2(z), f3,3(z), . . . , tem

    coeficientes

    nm =D0,m1D1,m3D1,m2D0,m2

    e dm = D0,m1D1,m2D1,m1D0,m2

    , m = 1, 2, 3, . . . . (2.17)

    2.1.2 Caso i= j

    No caso em que i = j, podemos construir a frao contnua usando praticamente omesmo mtodo anterior, ainda que pequenas diferenas ocorram. Como, nas aproximaes

    pelas funes racionais, apenas um nmero par de parmetros est disponvel, vamos

    considerar as aproximaes da forma fm+2r,m(z), r = 0, 1, 2, . . . . Para obter uma frao

    contnua cujos elementos podem ser expressos de maneira simples, para r = 1, 2, 3, . . . ,

    tomamos, primeiramente, a sequncia

    f1,1(z), f2,2(z), . . . , f m,m(z), fm+1,m1(z), fm+2,m(z), . . . , f m+2r1,m1(z), fm+2r,m(z), . . . .

    (2.18)

    Essa sequncia de funes racionais so os sucessivos convergentes da frao con-

    tnua

    n11 + d1z +

    n2z

    1 + d2 +n3z

    1 + d3z + . . . +nmz

    1 + dmz +nm+1z

    1 +nm+2z

    1 + . . .. (2.19)

    De fato, nr e dr, r = 1, 2, . . . , m , so dados por (2.17) e para calcular os demais coeficientes

    nr, dr, r m + 1, notemos quefm+2r2,m(z) =

    Pm+2r2(z)

    Qm+2r2(z) i + j = 2m + 2r 2 = 2(m + r 1),

    ou seja, Pm+2r2 tem grau m + r 2 e Qm+2r2 tem grau m + r 1. Da mesma forma,

    fm+2r1,m1(z) =Pm+2r1(z)

    Qm+2r1(z) i + j = 2m + 2r 2 = 2(m + r 1),

    ou seja, Pm+2r1 tem grau m + r 2 e Qm+2r1 tem grau m + r 1. Lembremos que

    fm+2r,m(z)

    f(z) = O(zm+2r, z(m+1)),

    fm+2r1,m1(z) f(z) = O(zm+2r1, zm),fm+2r2,m(z) f(z) = O(zm+2r2, z(m+1)). (2.20)

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

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    2.1. Construo de fraes contnuas pelos determinantes de Hankel 37

    Assim,

    m+2r2,m+2r1(z)

    Qm+2r2(z)Qm+2r1(z)= fm+2r2,m(z) fm+2r1,m1(z)

    =Pm+2r2(z)

    Qm+2r2(z) f(z)

    Pm+2r1(z)

    Qm+2r1(z) f(z)

    = O(zm+2r2, zm).

    Logo,

    m+2r2,m+2r1(z) = Qm+2r1(z) [Pm+2r2(z) Qm+2r2(z)f(z)]

    O(zm+2r2,zr2)

    Q

    m+2r2(z) [P

    m+2r1(z)

    Q

    m+2r1(z)f(z)]

    O(zm+2r1,zr1)

    = O(zm+2r2, zm+2r2).

    Portanto, m+2r2,m+2r1 consiste de um nico termo em zm+2r2, que facilmente deter-

    minado considerando-se o termo em zm+2r2 de Qm+2r1(z) {Pm+2r2(z) Qm+2r2(z)f(z)} ,isto , de Qm+2r2(z)f(z). Logo,

    m+2r2,m+2r1(z) = m+2r2zm+2r2,

    com

    m+2r2 = (am+2r2 + am+2r3m+2r2,1 + + ar1m+2r2,m+r1) . (2.21)

    De (2.20), obtemos o seguinte sistema:

    ar1 + ar2m+2r2,1 + + amm+2r2,m+r1 = 0ar + ar1m+2r2,1 + + am+1m+2r2,m+r1 = 0

    ar+1 + arm+2r2,1 + + am+2m+2r2,m+r1 = 0...

    ......

    ......

    am+2r3 + am+2r4m+2r2,1 + + ar2m+2r2,m+r1 = 0

    . (2.22)

    Acrescentando a equao (2.21) ao sistema linear (2.22), obtemos

    ar1 ar2 ar3 amar ar1 ar2 am+1.

    ..

    .

    ..

    .

    .... .

    .

    ..am+2r3 am+2r4 am+2r5 ar2am+2r2 am+2r3 am+2r4 ar1

    1

    m+2r2,1.

    ..m+2r2,m+r2

    m+2r2,m+r1

    =

    0

    0.

    ..0

    m+2r2

    .

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    48/82

    2.1. Construo de fraes contnuas pelos determinantes de Hankel 38

    Novamente, resolvendo pela regra de Cramer e usando o Teorema de Laplace,

    encontramos

    m+2r2,m+2r1(z) = (

    1)m+r+1Dr1,m+r1

    Dr2,m+r2zm+2r2.

    Fazendo os mesmos clculos para m+2r3,m+2r2(z), obtemos

    m+2r3,m+2r2(z) = (1)m+r Dr1,m+r2Dr2,m+r3

    zm+2r3.

    Temos, ainda, que

    m+2r2,m+2r(z)

    Qm+2r2(z)Qm+2r(z)= fm+2r2,m(z) fm+2r,m(z)

    = Pm+2r2(z)Qm+2r2(z)

    f(z) O(zm+2r2,z(m+1))

    Pm+2r(z)Qm+2r(z)

    f(z) O(zm+2r,z(m+1))

    .

    Logo,

    m+2r2,m+2r(z) = Qm+2r(z) [Pm+2r2(z) Qm+2r2(z)f(z)]Qm+2r2(z) [Pm+2r(z) Qm+2r(z)f(z)]

    = O(zm+2r2, zm+2r2).

    Portanto, m+2r2,m+2r consiste de apenas um termo em zm+2r2, que calculado

    considerando-se o termo em zm+2r2 de Qm+2r(z) {Pm+2r2(z) Qm+2r2(z)f(z)} ou deQm+2r2(z)f(z). Encontramos, ento,

    m+2r2,m+2r(z) m+2r2zm+2r2 = 0,

    onde

    m+2r2 = am+2r2 + am+2r3m+2r2,1 + + ar1m+2r2,m+r1. (2.23)

    De (2.20), obtemos o sistema linear:

    ar1 + ar2m+2r2,1 + + amm+2r2,m+r = 0ar + ar1m+2r2,1 + + am+1m+2r2,m+r = 0

    ar+1 + arm+2r2,1 + + am+2m+2r2,m+r = 0...

    .

    .....

    .

    .....

    am+2r3 + am+2r4m+2r2,1 + + ar2m+2r2,m+r = 0

    . (2.24)

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    49/82

    2.1. Construo de fraes contnuas pelos determinantes de Hankel 39

    Acrescentando (2.23) a (2.24), obtemos

    ar1 ar2 ar3 amar ar1 ar2 am+1...

    ......

    . . ....

    am+2r3 am+2r4 am+2r5 ar2am+2r2 am+2r3 am+2r4 ar1

    1

    m+2r2,1...

    m+2r2,m+r2

    m+2r2,m+r1

    =

    0

    0...

    0

    m+2r2

    .

    Por Cramer e Laplace, encontramos

    m+2r2,m+2r(z) = (1)m+r+1Dr1,m+r1Dr2,m+r2

    zm+2r2.

    Fazendo os mesmos clculos para m+2r3,m+2r1(z), obtemos

    m+2r3,m+2r1(z) = (1)m+r Dr1,m+r2Dr2,m+r3

    zm+2r3.

    Portanto, de (2.6),

    pm+2r1 = m+2r2,m+2r1m+2r3,m+2r2

    =Dr1,m+r1Dr2,m+r3Dr2,m+r2Dr1,m+r2

    z,

    qm+2r1 =m+2r3,m+2r1m+2r3,m+2r2 = 1,

    r = 1, 2, 3, . . .

    e

    pm+2r = m+2r1,m+2rm+2r2,m+2r1

    = Dr,m+r1Dr2,m+r2Dr1,m+r2Dr1,m+r1

    z,

    qm+2r =m+2r2,m+2r

    m+2r2,m+2r1= 1,

    r = 1, 2, 3, . . . .

    Ou seja,

    nm+2r1 =Dr1,m+r1Dr2,m+r3Dr2,m+r2Dr1,m+r2

    , dm+2r1 = 0,

    nm+2r = Dr,m+r1Dr2,m+r2Dr1,m+r2Dr1,m+r1

    , dm+2r = 0,

    r = 1, 2, 3 . . . . (2.25)

    Um caso particular de (2.19) obtido quando m = 0. Exceto para um mltiplo

    de z, encontramos a frao contnua que corresponde a (2.1) apenas. As equaes (2.25)

    tornam-se as expresses convencionais para os coeficientes dessa frao contnua.

    Considerando a aproximao fm+2r,m, podemos, tambm, tomar a sequncia

    f1,0(z), f2,0(z), f3,0(z) . . . , f 2r,0(z), f2r+1,1(z), . . . , f 2r+m,m(z), . . . .

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    50/82

    2.1. Construo de fraes contnuas pelos determinantes de Hankel 40

    Vamos mostrar que essa sequncia nos leva frao contnua

    n11 +

    n2z

    1 +n3z

    1 + . . . +n2rz

    1 +n2r+1z

    1 + d2r+1z + . . . +n2r+mz

    1 + d2r+mz + . . .. (2.26)

    Assim como para (2.18), usando o mesmo raciocnio encontramos que

    n2r+m =Dr,r+m1Dr1,r+m3Dr1,r+m2Dr,r+m2

    e d2r+m = Dr,r+m1Dr1,r+m2Dr1,r+m1Dr,r+m2

    ,

    para m = 1, 2, 3, . . . .

    Agora, vamos calcular os coeficientes nm e dm, m = 1, 2, . . . , 2r. Observando o com-

    portamento dos graus dos polinmios P2s, P2s1, Q2s e Q2s1, s = 1, 2, . . . , r , encontramos

    que P2s, P2s1 e Q2s1 tm graus s 1 e que Q2s tem grau s.Note que no utilizaremos a srie para |z| grande, pois temos j = 0. Alm disso,

    f2s,0(z) f(z) = O(z2s),f2s1,0(z) f(z) = O(z2s1), (2.27)f2s3,0(z) f(z) = O(z2s3). (2.28)

    Como 2s1,2s(z) tem grau 2s 1, ento2s1,2s(z)

    Q2s1(z)Q2s(z)= f2s1,0(z)

    f2s,0(z) = P2s1(z)Q2s1(z) f(z)

    O(z2s1)

    P2s(z)

    Q2s(z) f(z)

    O(z2s)

    .

    Logo,

    2s1,2s(z) = Q2s(z) [P2s1(z) Q2s1(z)f(z)] Q2s1(z) [P2s(z) Q2s(z)f(z)]= O(z2s1).

    Portanto, 2s1,2s consiste de apenas um termo em z2s1, que calculado considerando-

    se o termo em z2s1

    de Q2s(z) {P2s1(z) Q2s1(z)f(z)} , isto , de Q2s1(z)f(z). En-contramos, ento, 2s1,2s(z) = 2s1z2s1, com

    2s1 = a2s1 + a2s22s1,1 + + as+12s1,s2. (2.29)

    De (2.27) e (2.29), obtemos

    as as1 as2 a1as+1 as as1 a2

    .

    ..

    .

    ..

    .

    .... .

    .

    ..a2s2 a2s3 a2s4 as1a2s1 a2s2 a2s3 as

    1

    2s1,1.

    ..2s1,s2

    2s1,s1

    =

    0

    0.

    ..0

    2s1

    .

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    51/82

    2.1. Construo de fraes contnuas pelos determinantes de Hankel 41

    Resolvendo o sistema usando Cramer e Laplace, encontramos

    2s1,2s(z) = (1)s+1 Ds,s1Ds1,s2

    z2s1.

    Fazendo os mesmos clculos para 2s2,2s1(z), obtemos

    2s2,2s1(z) = (1)s+1Ds1,s1Ds2,s2

    z2s2.

    Temos, ainda, que 2s3,2s1(z) tem grau 2s 3. Assim,2s3,2s1(z)

    Q2s3(z)Q2s1(z)= f2s3,0(z) f2s1,0(z)

    = P2s3(z)Q2s3(z) f(z) O(z2s3)

    P2s1(z)

    Q2s1(z) f(z)

    O(z2s1)

    .

    Logo,

    2s3,2s1(z) = Q2s1(z) [P2s3(z) Q2s3(z)f(z)] Q2s3(z) [P2s1(z) Q2s1(z)f(z)]= O(z2s3).

    Portanto, 2s3,2s1 consiste de apenas um termo em z2s3, que facilmente cal-

    culado considerando-se o termo em z2s3 de Q2s3(z)f(z). Encontramos, ento,

    2s3,2s1(z) + {a2s3 + a2s42s3,1 + + as12s3,s2} z2s3 = 0.

    Seja

    2s3 = a2s3 + a2s42s3,1 + + as12s3,s2. (2.30)

    De (2.28) e (2.30), obtemos

    as1 as2 as3

    a1

    as as1 as2 a2...

    ......

    . . ....

    a2s4 a2s5 a2s6 as2a2s3 a2s4 a2s5 as1

    1

    2s3,1...

    2s3,s3

    2s3,s2

    =

    0

    0...

    0

    2s3

    .

    Logo,

    2s3,2s1(z) = (1)s Ds1,s2Ds2,s3

    z2s3.

    Fazendo os mesmos clculos para 2s2,2s(z), encontramos

    2s2,2s(z) = (1)s+1Ds1,s1Ds2,s2

    z2s2.

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    52/82

    2.1. Construo de fraes contnuas pelos determinantes de Hankel 42

    Portanto, de (2.6),

    p2s1 = 2s2,2s12s3,2s2

    =Ds1,s1Ds2,s3Ds2,s2Ds1,s2

    z,

    q2s1 =2s3,2s12s3,2s2

    = 1

    e

    p2s = 2s1,2s2s2,2s1

    = Ds,s1Ds2,s2Ds1,s2Ds1,s1

    z,

    q2s =2s2,2s

    2s2,2s1= 1,

    para s = 1, 2, . . . , r . Ou seja,

    n2s1 =Ds1,s1Ds2,s3Ds2,s2Ds1,s2

    , d2s1 = 0,

    n2s = Ds,s1Ds2,s2Ds1,s2Ds1,s1

    , d2s = 0,

    s = 1, 2, . . . , r .

    Assumindo que a expanso (2.1) conhecida, a frao contnua (2.19) til quando

    apenas um nmero finito de termos de (2.2) est disponvel ou facilmente determinado,

    ou se h uma boa razo para se usar apenas um nmero finito de termos, como no caso

    em que a srie assinttica.

    O resultado (2.26) pode ser til quando a0 ou a1 zero. At aqui assumimos que

    ambos so no nulos. Assim, n1 = a0 e d1 = a0/a1 so no nulos. Se essa condiono satisfeita, pequenas modificaes podem ser feitas. Por exemplo, se a0 = 0, mas

    a1, a2 = 0, podemos considerar a funo g(z) = {f(z) a1z}/z2. As expanses para g(z)para |z| pequeno e para |z| grande possuem termos lderes a2 e a1/z, respectivamente.Podemos, ento, proceder da mesma forma que para g(z). Por outro lado, podemos formar

    uma frao contnua da forma (2.26) para a funo f(z)/z no caso em que a0 = 0, mas

    a1, a2 = 0. Assim, temosn11 +

    n2z

    1 +n3z

    1 + d3z +n4z

    1 + d4z + . . .

    onde os dois primeiros termos da srie

    f(z)

    z= a1 + a2z + a3z

    2 + a4z3 +

    so ajustados antes de qualquer termo de

    f(z)

    z=

    a1z2

    +a2z3

    +a3z4

    +

    .

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    53/82

    2.2. Construo de fraes contnuas pelo algoritmo Q-D 43

    2.2 Construo de fraes contnuas pelo algoritmo Q-

    D

    Uma das muitas aplicaes em Anlise Numrica do algoritmo Q-D de Rutishauser

    [19], transformar uma nica expanso em srie de potncias na frao contnua corres-

    pondente. Mesmo no caso em que as fraes contnuas correspondem a sries de potncias

    em dois pontos, podemos construir um algoritmo, que essencialmente o Algoritmo Q-D.

    Comeamos supondo que, em (2.1) e (2.2), ar = 0, r = 0, 1, 2, . . . , e definindo

    f(r)(z) :=f(z) (a0 + a1z + + ar1zr1)

    zr,

    f(r)(z) :=

    f(z) +a1

    z+

    a2z2

    + + arzr

    zr,

    (2.31)

    para r = 1, 2, 3, . . . , onde f(0)(z) f(z).Temos que f(r)(z) possui as expanses

    f(r)(z) = ar + ar+1z + ar+2z2 + ar+3z

    3 + , |z| pequeno,

    f(r)(z) =

    ar1

    z+

    ar2

    z2+

    ar3

    z3+

    ar4

    z4+

    , |z| grande,e que f(r)(z) possui as expanses

    f(r)(z) = ar + ar+1z + ar+2z2 + ar+3z

    3 + , |z| pequeno,

    f(r)(z) = ar1

    z+

    ar2z2

    +ar3

    z3+

    ar4z4

    +

    , |z| grande,

    para r = 1, 2, 3, . . . .

    Assim, f(r)

    (z), r = 0, 1, 2, . . . , corresponde frao contnuaar

    1 + d(r)1 z +

    n(r)2 z

    1 + d(r)2 z +

    n(r)3 z

    1 + d(r)3 z +

    n(r)4 z

    1 + d(r)4 z + . . .

    . (2.32)

    Agora, a frao contnua (2.32) pode ser considerada como a parte par (Teorema

    1.2) dear1 +

    d(r)1 z

    1 l(r)2

    1 +m

    (r)2 z

    1 l(r)3

    1 +m

    (r)3 z

    1 . . ., (2.33)

    onde

    l(r)i =

    n(r)i

    n(r)i + d

    (r)i1

    e m(r)i =d(r)i d(r)i1

    n(r)i + d

    (r)i1

    ,

    para r = 0, 1, 2, . . . e i = 2, 3, 4, . . . .

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    54/82

    2.2. Construo de fraes contnuas pelo algoritmo Q-D 44

    A parte mpar (Teorema 1.3), de (2.33) dada por

    ar ard(r)1 z

    1 l(r)

    2 + d

    (r)

    1 z +

    l(r)2 m

    (r)2 z

    1 l(r)

    3 + m

    (r)

    2 z +

    l(r)3 m

    (r)3 z

    1 l(r)

    4 + m

    (r)

    3 z +. . .

    . (2.34)

    SejamP(r)m (z)

    Q(r)m (z)

    ,R(r)m (z)

    S(r)m (z)

    eU(r)m (z)

    V(r)m (z)

    os m-simos convergentes das fraes contnuas

    (2.32), (2.33) e (2.34), respectivamente.

    Temos que R(r)2m+2(z) e S(r)2m+1(z) tm grau m, R

    (r)2m+1(z) tem grau m 1 e S(r)2m+2(z)

    tem grau m + 1. Assim, por (1.4),

    R(r)2m+2(z)

    S

    (r)

    2m+2(z)

    R(r)2m+1(z)

    S

    (r)

    2m+1(z)

    =m+1z

    m+1

    S

    (r)

    2m+2(z)S

    (r)

    2m+1(z)

    = O(zm+1, zm),

    onde m+1 o produto dos numeradores parciais de (2.33).

    Portanto, devemos terR(r)2m+2(z)

    S(r)2m+2(z) f(r)(z)

    R(r)2m+1(z)

    S(r)2m+1(z) f(r)(z)

    = O(zm+1, zm). (2.35)

    ComoR(r)2m+2(z)

    S(r)2m+2(z)=

    P(r)m+1(z)

    Q(r)m+1(z), ento

    R(r)2m+2(z)

    S(r)2m+2(z) f(r)(z)

    = O(zm+1, zm2).

    Assim, de (2.35), R(r)2m+1(z)

    S(r)2m+1(z)

    f(r)(z)

    = O(zm+1, zm).

    Logo, comoR(r)

    2m+1(z)

    S(r)2m+1(z)

    =U(r)

    m(z)

    V(r)m (z)

    , obtemos

    U(r)m (z)

    V(r)m (z)

    arz

    f(r)(z) ar

    z= O(zm, zm1). (2.36)

    Portanto, de (2.34) e (2.36), temos quef(r)(z) ar

    zgera a frao contnua

    ard

    (r)

    11 l(r)2 + d(r)1 z +

    l(r)

    2

    m(r)

    2

    z

    1 l(r)3 + m(r)2 z +l(r)

    3

    m(r)

    3

    z

    1 l(r)4 + m(r)3 z + . . . . (2.37)

  • 7/31/2019 Fraes Contnuas que correspondem a sries de potncias

    55/82

    2.2. Construo de fraes contnuas pelo algoritmo Q-D 45

    Dividindo o numerador e o denominador do primeiro quociente parcial da frao

    contnua (2.37) por (1 l(r)2 ), o numerador e o denominador do segundo quociente parcialpor (1

    l(r)3 ) e, assim, sucessivamente, obtemos a frao contnua equivalente

    ard(r)1 /(1 l(r)2 )1 + d(r)1 z/(1 l(r)2 ) +

    l(r)2 m(r)2 z/[(1 l(r)2 )(1 l(r)3 )]1 + m(r)2 z/(1 l(r)3 ) +

    l(r)3 m(r)3 z/[(1 l(r)3 )(1 l(r)4 )]1 + m(r)3 z/(1 l(r)4 ) + . . .

    .

    (2.38)

    Mas, comof(r)(z) ar

    z= f(r+1)(z), de (2.32) ela gera a frao contnua

    ar+1

    1 + d(r+1)1 z +

    n(r+1)2 z

    1 + d(r+1)2 z +

    n(r+1)3 z

    1 + d(r+1)3 z +

    n(r+1)4 z

    1 + d(r+1)4 z + . . .

    . (2.39)

    Comparando (2.38) e (2.39), para r = 0,

    1,

    2, . . . , obtemos

    d(r+1)1 z =

    d(r)1 z

    1 l(r)2 d(r+1)1 =

    d(r)1

    1 n(r)2

    n(r)2 + d

    (r)1

    d(r+1)1 = n(r)2 + d(r)1 .

    Ento,

    ar+1 = ard(r)1

    1 l(r)2 ar+1 = ar(n(r)2 + d(r)1 ) d(r+1)1 =

    ar+1ar

    , (2.40)

    para r = 0,

    1,

    2, . . . .

    Temos, ainda, que

    l(r)i

    1 l(r)i=

    n(r)i

    n(r)i + d

    (r)i1

    1

    1 n(r)i /(n(r)i + d(r)i1)

    =n(r)i

    n(r)i + d

    (r)i1

    1

    d(r)i1/(n

    (r)i + d

    (r)i1)

    =n(r)i

    d(r)i1

    e

    m(r)i

    1 l(r)i+1= d

    (r)

    i d(r)

    i1

    n(r)i + d

    (r)i1

    11 n(r)i+1/(n(r)i+1 + d(r)i )

    =d(r)i d

    (r)i1

    n(r)i + d

    (r)i1

    1

    d(r)i /(n

    (r)i+1 + d

    (r)i )

    = d(r)i1

    n(r)i+1 + d(r)i

    n(r)i + d

    (r)i1

    .

    Assim,

    n(r+1)i =l(r)i m

    (r)i

    (1 l(r)

    i )(1 l(r)

    i+1)

    =n(r)i

    d

    (r)

    i1

    d(r)i1n(r)i+1 + d

    (r)i

    n

    (r)

    i + d

    (r)

    i1

    , (2.41)

    d(r+1)i =

    m(r)i

    1 l(r)i+1= d

    (r)i1

    n(r)i+1 + d(r)i

    n(r)i + d

    (r)i1

    , (2.42)

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    56/82

    2.2. Construo de fraes contnuas pelo algoritmo Q-D 46

    para i = 2, 3, . . . e r = 0, 1, 2, . . . .Substituindo (2.42) em (2.41), obtemos

    n(r+1)i = n(r)

    i

    d(r)i1

    d(r+1)i n(r+1)i d(r)i1 = n(r)i d(r+1)i .

    Agora, somando (2.41) e (2.42), encontramos

    n(r+1)i + d

    (r+1)i =

    n(r)i + d

    (r)i1

    n(r)i+1 + d(r)in(r)i + d

    (r)i1

    n(r+1)i + d(r+1)i = n(r)i+1 + d(r)i .

    Portanto,

    n(r+1)i+1 d(r)i = n(r)i+1 d(r+1)i+1

    n(r+1)i + d(r+1)i = n

    (r)i+1 + d

    (r)i

    , (2.43)

    para i = 2, 3, . . . e r = 0, 1, 2, . . . .Ento, se definirmos n(r)1 0 e calcularmos d(r)1 por (2.40), as equaes em (2.43)

    podem ser usadas para calcularmos n(r)i e d(r)i , para i = 2, 3, . . . e r = 0, 1, 2, . . . . As

    regras de formulao seguem a caracterstica padro do algoritmo Q-D.

    Referimo-nos tabela abaixo como tabela n-d.

    ..

    .

    ..

    .

    ..

    .

    ..

    .

    ..

    .

    ..

    .

    ..

    .

    ..

    .0 d(4)1 n

    (4)2 d

    (4)2 n

    (4)3 d

    (4)3 n

    (4)4 d

    (4)4

    0 d(3)1 n(3)2 d

    (3)2 n

    (3)3 d

    (3)3 n

    (3)4 d

    (3)4

    0 d(2)1 n(2)2 d

    (2)2 n

    (2)3 d

    (2)3 n

    (2)4 d

    (2)4

    0 d(1)1 n(1)2 d

    (1)2 n

    (1)3 d

    (1)3 n

    (1)4 d

    (1)4

    0 d(0)1 n(0)2 d

    (0)2 n

    (0)3 d

    (0)3 n

    (0)4 d

    (0)4

    0 d(1)1 n(1)2 d

    (1)2 n

    (1)3 d

    (1)3 n

    (1)4 d

    (1)4

    0 d(2)1 n

    (2)2 d

    (2)2 n

    (2)3 d

    (2)3 n

    (2)4 d

    (2)4

    0 d(3)1 n(3)2 d

    (3)2 n

    (3)3 d

    (3)3 n

    (3)4 d

    (3)4

    0 d(4)1 n(4)2 d

    (4)2 n

    (4)3 d

    (4)3 n

    (4)4 d

    (4)4

    ......

    ......

    ......

    ......

    O bloco interno mostra como os n e d subsequentes so calculados a partir de n(r)1

    e d(r)1 . A frao contnua que ajusta um nmero igual de termos de (2.1) e (2.2) , ento,

    a0

    1 + d(0)1 z +

    n(0)2 z

    1 + d(0)2 z +

    n(0)3 z

    1 + d(0)3 z + . . .

    (2.44)

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    2.2. Construo de fraes contnuas pelo algoritmo Q-D 47

    e seus coeficientes esto na linha central da tabela n-d. Por exemplo, dados os quatro

    primeiros termos de (2.1) e (2.2), isto , ar, para r = 4, 3, . . . , 3, calculamos os coe-ficientes que esto no bloco externo na tabela n-d. Esses coeficientes incluem os quatro

    primeiros quocientes parciais da frao contnua (2.44).

    fcil ver que podemos obter as fraes contnuas correspondentes a todas as

    funes f(r)(z) que possuem as sries

    ar + ar+1z + ar+2z2 + ar+3z

    3 + , |z| pequeno (2.45)

    e

    ar1

    z ar2

    z2 ar3

    z3 ar4

    z4 , |z| grande, (2.46)que geram a frao contnua

    ar

    1 + d(r)1 z +

    n(r)2 z

    1 + d(r)2 z +

    n(r)3 z

    1 + d(r)3 z +

    n(r)4 z

    1 + d(r)4 z + . . .. (2.47)

    Alm disso, desde que em (2.43) as equaes so lineares, os elementos da tabela

    n-d podem ser gerados a partir de condies iniciais diferentes das dadas em (2.40). Por

    exemplo, se f(z) possui apenas uma expanso em sries de potncias, digamos (2.1),

    podemos construir (na nossa notao) a frao contnua correspondente

    a01 +

    n(0)2 z

    1 +n(0)3 z

    1 + . . ..

    Esse problema resolvido, convencionalmente, pela aplicao direta do algoritmo Q-D.

    Aqui, o problema pode ser resolvido se tomarmos

    d(r)1 = ar

    ar1, r = 1, 2, 3, . . . e d(0)i = 0, i = 1, 2, 3, . . . .

    Ento, a equao (2.43) permite que os elementos da tabela n-d sejam completados

    da maneira usual na linha n(0) d(0) e abaixo dela. Se necessrio, os elementos das linhasabaixo da linha n(0) d(0) podem ser obtidos isolando-se n(r)i+1 e d(r)i na primeira equaode (2.43) e substituindo-os na segunda. Obtemos, ento,

    n(r+1)i+1 + d

    (r+1)i+1

    d(r)i =

    n(r+1)i + d

    (r+1)i

    d(r+1)i+1 ,

    n(r+1)i+1 + d(r+1)i+1 n(r)i+1 = n(r+1)i + d(r+1)i n(r+1)i+1 .Podemos, tambm, usar (2.43) para construir a frao contnua que ajusta um

    nmero finito de termos de, digamos, (2.2) e todos os termos de (2.1). Nesse problema,

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    2.2. Construo de fraes contnuas pelo algoritmo Q-D 48

    conhecemos ar para r = m, (m 1), (m 2), . . . , e fazemos

    d(r)1 =

    arar1

    , r = (m 1), (m 2), . . .

    d(0)i = 0, i = (m + 1), (m + 2), . . . .

    Na frao contnua resultante, o (m + 2r)-simo conve