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FOCUS ESCOLA DE FOTOGRAFIA Amanda Giuliani Rodrigues FOTOJORNALISMO São Paulo 2018

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FOCUS ESCOLA DE FOTOGRAFIA

Amanda Giuliani Rodrigues

FOTOJORNALISMO

São Paulo

2018

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Amanda Giuliani Rodrigues

FOTOJORNALISMO

Monografia apresentada ao curso de fotografia, sob orientação do Professor Enio Leite como exigência parcial para a conclusão do curso.

São Paulo

2018

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À todas as pessoas que admiram minha arte.

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AGRADECIMENTOS

A minha família e amigos que me ajudaram na execução desse projeto com

tanta paciência e disponibilidade.

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SUMÁRIO

1. Introdução

2. Percurso histórico do fotojornalismo

3. Do Fotojornalismo à fotografia documental

4. Fotojornalismo brasileiro

5. Principais nomes da fotografia documental e fotojornalística

6. Fotojornalismo na era digital

7. Mercado de trabalho

8. Principais técnicas

9. Fotos Autorais

10. Referências bibliográficas

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1. INTRODUÇÃO

Hoje enxergo a fotografia como uma forma de comunicação,

congelamento de histórias, de momentos que ficarão guardados pra

sempre num clique, é sentimento.

Fotografia é quase que intuitivo mas a técnica atribui muito para o

aprimoramento da prática, já estava inserida nessa atividade muito

ants de perceber.

Durante o curso demos uma pincelada em muitas áreas da fotografia

e de cara e identifiquei com o fotojornalismo. É como acertar o difícil,

só aquele momento naquele local, nunca irá se repetir aquela mesma

história espontânea e única.

Tentando passar minha visão do mundo para que todos possam

compreender o que eu vejo. A cada clique, foto, ajustes, a cada

acerto e erro começo a entender que fotografia é tentar e tentar até

acertar, é ter paciência e compreensão com o seu equipamento e

suas vontades.

As fotos do real, acontecimentos políticos, desastres, guerras me

chamam atenção. Nada é planejado, é só estar no lugar certo, na

hora certa, com o equipamento preparado e pronto, sua foto perfeita

do jeito que você imaginou ou nunca tenha imaginado.

O fotojornalismo me encantou, porque aborda os pontos principais,

fotógrafos do Brasil, ilustrando e mostrando um pouco de cada um

sempre de acordo com a realidade e a visão de mundo de cada um.

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2 PERCURSO HISTÓRICO DO FOTOJORNALISMO

À altura da década de 40 do século XIX, o registro de

acontecimentos se dava por pinturas, desenhos e xilogravuras.

Apesar da popularização da fotografia com o invento de Daguerre,

em 1849 – o daguerreotipo –, os jornais e revistas da época não

abandonaram os antigos padrões de ilustração e utilizavam os

positivos apenas como modelo para os autores. Eles, com forte apelo

do realismo artístico, buscavam um retrato fiel de modo a registrar a

realidade factual, objetiva, dos acontecimentos. Os daguerreótipos

restringiamse, então, à fotografia de retrato, mas de um público

seleto, ligados a círculos intelectuais, artísticos e burgueses.

Vital para o fotojornalismo foi o surgimento de novas técnicas e

aparelhagem: a adoção de novas lentes com menor tempo de

exposição e maior luminosidade e o colódio húmido permitiram a

conquista do movimento, da ação aqui-agora “numa imagem quase

em tempo real, capturar o imprevisto, chegar ao instantâneo e, com

ele, acenar com a ideia de verdade: o que é assim capturado seria

verdadeiro”, segundo João Pedro Sousa em “Uma história crítica do

fotojornalismo ocidental”.

O compromisso com a verdade vem de uma já instalada e

naturalizada relação das sociedades ocidentais com a tradição

filosófica positivista, enraizada no desejo pela objetividade, por uma

realidade crua e desvinculada da subjetividade de seus autores. A

fotografia aparece como algo em si e dicotomizado, afastado

daqueles que observam essa realidade e que apenas podem

fornecer um recorte; uma foto é, pois, uma interpretação que segue

os pressupostos de quem a captura. Para Sontage, “Fotografar é

apropriar-se da coisa fotografada. Significa pôr a si mesmo em

determinada relação com o mundo”.

Com a abertura do estúdio de Disderi (1819-1889), na capital

francesa, por volta de 1854, opera-se uma mudança radical na

evolução da fotografia — surge a fotografia "cartão de visita" e dá-se

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democratização do acesso à fotografia de retrato por via da

diminuição dos preços. É dado o primeiro passo para a fotografia se

tornar um mass medium. Julgamos mesmo, aliás, que foi através da

popularização massiva da imagem fotográfica que se começou a

delinear um mercado para o fotojornalismo.

A fotografia de guerra foi grande marco na consolidação do

fotojornalismo. Num momento anterior, as publicações de guerra

seguiam os antigos padrões de ilustrações. É a partir da Guerra de

Secessão que o público passa a exigir notícias factuais sobre os

acontecimentos. Foi a primeira guerra a ser publicada sem censura

nos jornais carregada de uma estética do horror revelando a

realidade dos campos de batalha, com imagens de mortos, mutilados

e destruição.

O surgimento do primeiro tablóide fotográfico em 1904 marca uma

mudança de posição a que é atribuída à fotografia. De ilustrações em

segundo plano e pormenorizadas, passa a ter igual ou maior

importância que o conteúdo escrito. Tornam-se símbolo da manchete

e da competição entre jornais e fotógrafos pela única e melhor foto. A

doutrina do scoop instala um novo paradigma dentre os

fotojornalistas, guiando suas técnicas a uma constante tentativa de

reunir em uma única imagem todos os elementos da notícia e do que

se propunham a transmitir como verdade dos acontecimentos. A

essa urgência se deve também, por consequência, a compactação

das máquinas em menores tamanhos, providas de objetivas claras, e

o desvencilhamento do fotógrafo dos grandes flashs de magnésio,

que geravam repulsa dos entes fotografados devido ao mau cheiro e

tornavam a captura da foto num grande evento dentre os indivíduos

ali presentes.

Através dos novos avanços, o fotógrafo passa a desenvolver uma

série de regras de composição das imagens, enquadramento, a

composição de cena, direcionada a um centro de interesse, não ter

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espaço morto, exclusão de detalhes externos, zoom, profundidade de

campo, andar ao redor do assunto para explorar outros ângulos, etc.

Práticas de abordagens dos acontecimentos como desastres,

acidentes, temas sociais, políticos, conferências, etc. definindo

sistemas de aproximação que, Nessa lógica, qualquer reportagem

deveria apresentar um plano geral para localizar a ação, vários

planos médios para mostrar a ação, um ou dois grandes planos para

dramatizar e emocionar. Estabelecendo assim uma rotina de trabalho

que permite a aplicação das regras supracitadas. Ambas, regras e

práticas asseguram a captura da foto notícia, munidas de

informação.

O fotojornalismo torna-se símbolo de credibilidade do que é noticiado

e não só: ele transcende a notícia. É, também, o que significa a

realidade, explica e constrói um sentido através dela pelas forças

sociais, políticas, ideológicas e culturais que existe em cada ser

humano e pelas quais o fotógrafo não escapa; ele não detém da

suposta neutralidade que o público pressupõe ou espera das mídias.

Entretanto, apesar dessa construção acerca da foto notícia, o

público, numa força ambivalente de massas, ao mesmo tempo em

que rejeita qualquer parcialidade, apoia-se indiretamente nela ao

encontrar nos recursos midiáticos tudo aquilo que fornece

significado.

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3 DO FOTOJORNALISMO AO FOTODOCUMENTAL

A fotografia documental endossa a ideia de trazer para o público uma

imagem diferente do que as massas estão acostumadas a ver nos

jornais e revistas. Ela insere uma estética diferente, mais elaborada.

Vem com uma maneira de montar uma narrativa além do

fotojornalismo: é mais que a foto – apesar de carregar com ela o

recorte do fotógrafo – traz consigo uma história.

A fotografia documental amarra uma série de imagens que chegam

em uma narrativa contada em fotos. A proposta da fotografia

documental é mostrar o homem e o que tem ao redor dele. Partindo

desse ponto, a fotografia documental tem muita referência da sua

época, e o seu entorno. Cada recorte esta ligado ao seu momento,

os fotógrafos tomam tendências da sua época para criar sua

identidade visual, ainda sim, tomando referencias de fotografias

passadas.

O ponto central não é mais fotografar o exato momento de tal

acontecimento, a ideia é mostrar tudo ao seu redor, mostrar o antes,

mostrar o depois, mostrar estradas, bandeiras, florestas, mostrar o

cenário por completo criando a história e tudo que a engloba, para

que as pessoas consigam ter, a partir daí, suas próprias

interpretações. É nesse ponto que a fotografia documental se difere

da foto jornalística.

A prática da fotografia linear mudou de foco quando o suíço Robert

Frank, decidiu mostrar suas fotos de maneira mais autêntica: as fotos

dele estavam voltadas para todos os sentidos. Frank, em 1924,

pegou sua câmera e saiu fotografando vários pontos dos Estados

Unidos; seu trabalho não era registrar só o acontecimento de

determinado fato, ele foi em busca de contar a história das coisas e

suas fotos foram publicadas no Les Americains, em 1958, na França.

Mais tarde, foi lançada a versão americana do livro, The Americans,

tendo sido recebida com ferozes críticas nos EUA.

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Frank e alguns outros fotógrafos da época foram responsáveis pela

quebra da fotografia documental clássica para um novo jeito de

fotografar.

O caminho da fotografia jornalística para a documental é complexo.

O conceito é tentar entender o processo da fotografia documental e

suas mudanças e influências. A proposta por novas linguagens,

novos pensamentos, novas tendências é sempre aberta nesse tipo

de fotografia. Diferente da jornalística, que é preciso fotografar o

exato ponto a qualquer custo, a fotografa documental traz a proposta

de criatividade e imaginação.

Outro ponto que difere a jornalística da documental é que esta

precisa de um estudo mais elaborado, um projeto, não apenas um

registro de passagem a determinado lugar. Ela, para sair do jeito que

o fotodocumentarista deseja, precisa ser projetada. Ela documenta

não só um problema social, ela surge para mostrar de diversas

formas e imagens toda os âmbitos de interesses sociais.

Dessa forma, o fotodocumentarismo pode ser usado em diferentes

pontos, com diferentes propostas. Ele pode denunciar, expor

divergências na sociedade, compor discursos políticos, mostrar

cotidiano, experiências de vida, culturas ou documentar algo em

extinção. Fotodocumentaristas surgem para registrar e retratar a

existência humana de uma forma diferente, autêntica e criativa

daquilo que ele enxerga sobre o mundo.

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4 FOTOJORNALISMO BRASILEIRO

À altura da consolidação e disseminação das técnicas do

fotojornalismo por toda Europa, o Brasil mantinha-se ainda num

padrão muito inferior em linguagem fotojornalística. Restringia-se a

retratos e ao âmbito político e esportivo. É o marco da Segunda

Guerra Mundial que introduz no país um refinamento maior, devido a

importação das fotos de guerra dos fotógrafos estrangeiros.

Fotógrafos como German Lorca e Thomaz Farkas, imigrantes

europeus, foram os principais nomes que trouxeram as técnicas

fotojornalísticas de vanguarda, inspiradas no surrealismo,

abstracionismo e concretismo. Influências estas observadas no

enquadramento geometrizado, closes, jogos de luzes e sombras e

pontos de vista de cima para baixo e de baixo para cima. A

sensibilidade da fotografia volta-se para o cotidiano dos grandes

centros, revelando um caráter histórico e documental das imagens

que fixam os hábitos, costumes, convenções e transformações da

população em cada época.

Os fotógrafos modernistas começam a inserir no cenário do

jornalismo brasileiro a linguagem fotojornalística no padrão europeu

por volta de 1940. Com esse novo produto circulante nos veículos de

massa, há uma reforma editorial para comporta-lo inicialmente no

Estado de S. Paulo e Jornal do Brasil. O uso de pré-paginação

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(diagramação) permitiu planejar e reservar os espaços das fotos que

viriam com cada notícia e também dar destaque ao novo recurso; a

apresentação gráfica, textos e títulos eram montados a partir das

fotos, e não mais ao contrário. A fotografia deixa de ser uma imagem

ilustrativa da notícia, torna-se a notícia, e a partir dela é construída a

edição do jornal.

A revista O Cruzeiro introduziu no Brasil a fotorreportagem com

inspiração na revista americana Life e a francesa, Paris-Match mas

privilegiando temas de ideologia nacionalista como o exótico e a

diversidade cultural (indígenas, religiões não católicas e festas

populares), perfil de personalidades artísticas e políticas e a captura

da cidade como símbolo de progresso em direção a modernidade e

ao desenvolvimento.

O Cruzeiro contratou Jean Manzon, fotógrafo francês do Paris-Match,

para encabeçar essa reforma editorial que se iniciava no país.

Manzon introduziu o uso da Rolleiflex com flash eletrônico que

permitia para os fotógrafos de rua maior mobilidade, desprendidos

dos flashs de lâmpadas. Lá realizou diversos ensaios fotográficos

que hoje são considerados por alguns estudiosos como responsáveis

pela consolidação da reforma do fotojornalismo brasileiro.

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5 PRINCIPAIS NOMES DO FOTOJORNALISMO INTERNACIONAL

Henri Cartier Bresson: foi um fotógrafo, fotojornalista e desenhista

francês. Após a segunda guerra foi contratado para viajar pelo

mundo e registrar imagens únicas. Da Europa aos Estados Unidos,

da Índia à China. Registrou também Europa Ocidental e a vida na

União Soviética de maneira livre. Em 1950 suas imagens foram

publicadas em vários livros.

George Rodger: fotojornalista britânico, foi fotógrafo de guerra e o

primeiro a entrar e a fotografar o campo de concentração de Bergen-

Belsen, em Abril de 1945. Estas imagens acabariam por ser

publicadas pela Time e pela Life. Ganhou 18 medalhas pela coragem

demonstrada.

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John Thomson: um dos pioneiros da fotografia documental.

Geógrafo e fotografo, foi um dos primeiros fotógrafos a viajar para o

extremo oriente em busca de documentar paisagens, pessoas, e a

cultura oriental.

Jacob Riis: fotografo e escritor, nasceu na Dinamarca e foi para os

Estados Unidos em 1870. Na sua época o flash era recém inventado

e Riis tomou domínio da técnica para capturar cenas internas e

externas. Suas imagens de cortiços lotados, bairros perigosos e cena

de rua pungente - imagens de uma subclasse oprimida que a maioria

dos leitores só tinha lido anteriormente, na melhor das hipóteses.

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Robert Frank: filho de judeus, nascido na suíça. Seu pai ficou sem

pátria após a primeira guerra mundial e teve que lutar para que Frank

e seu irmão tivessem cidadania. A ameaça nazista despertou

fortemente sua vontade de fotografar. Após se aperfeiçoar e fazer

seu primeiro livro com 40 fotos, foi para os Estados Unidos e de lá

começou sua carreira. Vivendo no ritmo acelerado dos EUA e

frustrado com algumas coisas em sua vida no país, nas suas

imagens se tornava evidente sua insatisfação com a vida no País.

Lee Friedlander: começou a fotografar paisagens americanas em

1948. Tinha capacidade de organizar uma grande quantidade de

informações visuais em composições dinâmicas. Friedlander fez

imagens humorísticas e pungentes entre o caos da vida urbana,

paisagem densa e inúmeros outros assuntos.

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5.1 PRINCIPAIS NOMES DO FOTOJORNALISMO NACIONAL

German Lorca: membro do Foto Cine Clube Bandeirantes (FCCB), é

importantíssimo para a renovação da fotografia moderna brasileira. A paisagem

urbana é predominante em suas obras, com ênfase na arquitetura e no intenso

jogo de luzes e sombras das silhuetas dos corpos e da cidade.

Thomaz Farkas: natural de Budapeste, na Hungria, migrou com sua família

para São Paulo em 1930 e também se torna membro do FCCB. Ao lado de

German Lorca, ocupa posição de destaque na fotografia modernista, seguindo

o padrão das vanguardas europeias. Dedica-se a fotografar corpos em

movimento, especialmente do balé e seus bastidores, com forte influência

surrealista. Farkas também documenta a construção de Brasília acentuando o

contraste entre a modernização e as condições precárias dos operários e suas

famílias.

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Jean Manzon: francês, fixa-se no Rio de Janeiro em 1940 atuando nas

revistas O Cruzeiro e Manchete com reportagens marcadas pela linguagem

fotodocumental tipicamente europeia. É responsável, ao lado de German Lorca

e Thomaz Farkas, pela renovação do fotojornalismo brasileiro. Faz uso

intencional da cenografia em suas fotos revelando um caráter de montagem,

observado no cinema de vanguarda da época.

José Medeiros: natural de Teresina, Piauí, muda-se para o Rio de Janeiro

trabalhando paralelamente como fotógrafo freelancer das revistas Tabu e Rio.

Em 1946 é convidado por Jean Manzon para integrar sua equipe na revista O

Cruzeiro. Participa, então, da renovação editorial da revista nos padrões

modernistas seguidos pelos fotógrafos anteriores. Porém, torna-se conhecido

principalmente pelas fotografias de indivíduos, comunidades e manifestações

culturais marginalizadas, tais como a população negra, o candomblé, pacientes

psiquiátricos, prostitutas e tribos indígenas. Visto fora do tratamento editorial

recebido pela revista, seu trabalho tinha o intuito de retratar os marginalizados

socialmente.

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Sebastião Salgado: reconhecido mundialmente pelas suas fotografias. Seu

maior foco é registrar a vida daqueles que não tem tanta atenção. Seja dos

trabalhadores em varias regiões do mundo ou da vida e seus desastres. É

ganhador de vários prêmios nacionais e internacionais.

João Bittar: sonhava desde os 10 anos ser um grande jornalista, escrever

pautas e reportagens em jornais conhecidos, mas se descobriu no

fotojornalismo. Começou como assistente de laboratório fotográfico da editora

Abril e a partir daí tomou gosto pelas fotos. Trabalhou nas maiores editoras do

Brasil e do mundo pelo fotojornalismo.

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Antônio Gaudério: troca os estudos de arquitetura pela fotografia nos anos 80

e tornase um dos mais promissores novos talentos do fotojornalismo nacional

da época. Recebeu o Prêmio Vladimir Herzog de Anistia e Direitos Humanos

de 1993 (obtendo uma menção de honra ao mérito no mesmo certame em

1995); e o Prêmio Folha de Fotojornalismo de 1996.

Walter Firmo: foi premiado sete vezes no concurso internacional de fotografia

da Nikon, foi diretor do Instituto Nacional de Fotografia da Fundação Nacional

de Arte (Funarte).

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6. ERA DIGITAL

A partir do momento em que a sociedade sentiu a necessidade de ilustrar os

acontecimentos em revistas e jornais, a fotografia foi estrondosamente

supervalorizada, não só pelo fato de ter a realidade fragmentada em uma

imagem, mas também pelo custo benefício de manter o trabalho.

Muito antes dos jornais usarem as fotos para ilustrar os acontecimentos,

usavam-se pinturas para registrar cenas e retratar pessoas. Na época, o

surgimento da fotografia e a reprodução dela apareceram como ameaça aos

artistas que trabalhavam na redação desenhando para revistas e jornais.

As primeiras fotos para jornais foram tiradas por pessoas que já haviam

trabalhado nas redações com cargos mais baixos. Essas pessoas não tinham

um grau de escolaridade alta e, normalmente, eram chamadas para o cargo

pelo seu porte físico, devido ao peso dos equipamentos da época.

A fotografia sofreu grandes e consideráveis mudanças ao longo dos anos até

chegar ao período de sua popularização. É possível que mais da metade das

pessoas existentes no mundo tenham acesso a uma máquina fotográfica ou

até mesmo consigam tirar fotos pelo celular, webcam e outros tipos de

aparelhos.

Com o boom tecnológico, a tecnologia fotográfica alcançou proporcionalmente

os veículos de massas junto aos mais variados tipos de tecnologia existentes

no mundo todo. Os meios de comunicação se tornaram cada vez mais rápidos

e exigia que a fotografia o acompanhasse. Do mecanismo demorado de

Daguerre – que tornava possível uma fixação de imagem sem precisar que o

artista desenhasse algo por cima do suporte – à era digital, qualquer pessoa

tem acesso a imagens instantaneamente através de uma tela e facilmente

consegue passar essas imagens para um computador.

As primeiras imagens digitais eram de resolução baixíssima, mas não demorou

muito para as câmeras aparecerem mais compactas, automáticas e com

capacidade de tirar fotos com a qualidade em alta resolução. Tudo se tornou

digital e o uso de filmes ficou restrito a pequenos grupos de pessoas que ainda

cultivam e tem acesso à essa prática.

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Com o avanço da tecnologia, as imagens digitais poderiam ser manipuladas

com mais rapidez. Entretanto, a manipulação digital não tem mais força, apesar

do que se diz sobre ser possível mudar uma foto sem transformar o real

sentido dela. A fotografia mesmo sendo “aqui e agora”, não é a cópia fiel da

realidade; é enganosa por natureza, é um frame da cena que pode ser

manipulado no momento da construção da foto e pode perder completamente o

sentido se não levar em consideração o que aconteceu antes e depois de ser

tirada. Partindo desse ponto, a fotografia não representa a realidade de um

acontecimento, é um recorte dele, que por sua vez pode ser interpretado de

várias maneiras.

O digital faz parte do cotidiano e estamos claramente vivenciando parte de uma

revolução. A influência midiática ganha força a cada dia e a necessidade de

informação torna-se recorrente na vida dos seres humanos. Estamos em uma

era que nos tornamos reféns da informação e da necessidade do imediatismo

que esta chega até nós. As pessoas têm acesso a todo tipo de notícia em

qualquer momento e não é necessário esperar os jornais impressos para

sabermos sobre determinado assunto. A informação circula, existe e renova-se

o tempo todo num máximo acesso de notícias; as pessoas são bombardeadas

de informação e é praticamente impossível fugir dessa realidade.

Levando em consideração esses pontos, o fotojornalismo tomou algumas

vertentes. O jornalismo não da só a notícia do imediato, pode ser informativo,

interpretativo e opinativo, onde os profissionais precisam buscar outras

maneiras de passar a mensagem para o receptor. O fotojornalismo se

transformou nesses novos aspectos, e é necessário entender também, que o

leitor buscar por textos rápidos e imagens representativas. A fotografia, então,

passou a ter características de documento e o fotojornalismo teve o mesmo

seguimento.

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7. MERCADO DE TRABALHO

Devido à inserção da fotografia na era digital e com a facilidade que esse meio

proporciona, o mercado torna-se restrito aos profissionais que produzem

materiais mais elaborados e de melhor qualidade técnica em detrimento dos

conteúdos imediatos dos smarphones e afins. Entretanto, a internet é um

ambiente ambíguo exatamente por essa mesma facilidade que permite

versatilidade e veiculação livre e autônoma de portfólios e obras autorais.

Mas diferente do que outras carreiras asseguram em termos trabalhistas como

benefícios e carteira assinada, a carreira fotojornalística e documental

demonstra riscos e poucas certezas; a contratação dos serviços geralmente

segue o padrão free-lance, porém o mercado é dinâmico e mutável, com as

mais variadas demandas de acordo com os acontecimentos sociais e políticos

que fervilham no atual cenário brasileiro. Segundo a ARFOC/SP, os honorários

no setor editorial giram em torno de R$ 630,00 à R$ 1.700,00, variando de

acordo com número de horas ou viagens e ainda se incluem custos de

materiais utilizados, tratamento, transporte, alimentação, credenciamento, etc.

Projetos de autoria pessoal tornam-se inviabilizados pela falta de investimentos

dos veículos midiáticos, que apenas contratam serviços para propostas e

objetivos próprios; sem incentivo artístico livre, impedem o fotógrafo de

trabalhar sob seus próprios padrões e solicitam um produto em específico.

Para contornar essa situação, o caminho seria um auto investimento do

fotógrafo no setor empresarial e institucional. Os honorários obtidos nesse

setor giram em torno de R$ 970,00 à R$ 2.600,00 em média. Outra forma é

manter-se em constante reinvenção e adotar novas técnicas para manterse no

mercado e como investimento na liberdade autoral.

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8. PRINCIPAIS TÉCNICAS

A fotografia de campo do fotojornalismo documental possui uma natureza

efêmera própria e exige, portanto, uma preparação dos equipamentos de modo

que evite lentidão na hora da captura. Para isso, a prática da alteração rápida

das definições da câmera se faz necessária, assim como a focagem

automática para não perder o fluxo contínuo dos acontecimentos. A utilização

de objetivas com distância focal fixa dispõe maior profundidade de campo e,

assim, permite a construção da imagem em seu ambiente e seus arredores,

bem como a focalização de um único ente em meio a muitos outros

componentes; permite a movimentação livre do fotógrafo para aproximar-se ou

afastarse dos objetos de suas capturas. A definição monocromática do estilo é

também um recurso que enaltece as características da composição da

imagem.

Mas a construção da fotografia vai além da técnica, é também uma relação

interpessoal que permite observar de perto o humano, em seus pormenores e

visíveis e invisíveis: iniciar conversas, ouvir histórias e as emoções que

emanam delas, aproximar-se de realidades e mundos estrangeiros, do que vai

além de si e entra em contato com o outro, a fim de compreendê-lo e,

finalmente, captura-lo num instante fixado na eternidade.

Algumas tendências contemporâneas rompem com os antigos paradigmas

fotojornalísticos do scoop (de objetividade, verdade e flagrante) e dão abertura

ao que é relativo de cada subjetividade, desfazendo o compromisso com a

verdade e estabelecendo uma forte ligação com o ato de questionar – tanto as

práticas técnicas como a presença desse fator nas obras autorais.

Nesse sentido, a foto documental se distancia da foto-manchete, comercial e

polêmica que dominam os veículos de massa e se endereça ao registro da

sensibilidade artística do cotidiano.

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9 FOTOS AUTORAIS

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10. REFERÊNCIAS

ARFOC-SP. Tabela de referência. São Paulo, 2015/16;

FATORELLI, ANTÔNIO. Fotografia e modernidade. In: SAMAIN, Etienne

(org). O fotográfico. São Paulo: Editora Hucitecm, 2005.

HALLAK LOMBARDI, KÁTIA. Documentário Imaginário: reflexões sobre

a fotografia documental contemporânea. 2008. p. 35-58. Dissertação

(Mestrado em Comunicação Social) – Faculdade de Filosofia e Ciências

Humanas da Universidade Federal de Minas Gerais.

SOUSA, JORGE PEDRO. Uma História Crítica do Fotojornalismo

Ocidental. Porto: Letras Contemporâneas, 1998.

SONTAG, SUSAN. Sobre Fotografia. São Paulo: Cia. Das Letras, 2004.

PERENTINI, SARA LEMES. Bressonianos: Comprovando a influência do

fotógrafo francês Henri Cartier-Bresson sobre fotojornalistas brasileiros

atuais. 2012. 116 f. Dissertação (Mestrado em Comunicação Midiática) –

Faculdade de Arquitetura, Artes e Comunicação da Universidade

Estadual Paulista.