coleção imagética - fotografia e fotojornalismo

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coleção Imagética 1 Carlos Alberto de Souza e Ofelia Elisa Torres Morales (orgs.) Lapa LIÇÕES DE FOTOGRAFIA E FOTOJORNALISMO Projeto de extensão Foca Foto Grupo de pesquisa Foto&Tec Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais UEPG

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Page 1: Coleção Imagética - Fotografia e Fotojornalismo

coleção

Imagética

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Carlos Alberto de Souza e Ofelia Elisa Torres Morales (orgs.)

Lapa

LIÇÕES DE FOTOGRAFIAE FOTOJORNALISMO

Projeto de extensão Foca FotoGrupo de pesquisa Foto&Tec

Pró-Reitoria de Extensão e Assuntos Culturais UEPG

Page 2: Coleção Imagética - Fotografia e Fotojornalismo

Vol. 1: Lapa

ISBN: 978-85-63023-10-0

ORGAnizAdOREs: Prof. Dr. Carlos Alberto de SouzaProfa. Dra. Ofelia Elisa Torres Morales

EdiTORA: PROEX - UEPG

PREFÁCiO:Profa. Dra. Karina Janz Woitowicz

EdiçãO dE FOTOGRAFiA:Carlos Alberto de SouzaTais Maria FerreiraVera Marina Viglus

REVisãO:Prof. Dr. Paulo Rogério de AlmeidaProf. Dra. Ofelia Elisa Torres MoralesJornalista Vera Marina Viglus

PROJETO GRÁFiCO:Matheus Lara

FOTO dA CAPA:Carlos Alberto de Souza

coleção

Imagética

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LIÇÕES DE FOTOGRAFIAE FOTOJORNALISMO

Page 3: Coleção Imagética - Fotografia e Fotojornalismo

COnsELHO EdiTORiAL Airton Lorenzoni Almeida - UNIDAVI/SC

Anamaria Fadul - UMESP/SPBeatriz Correa P. Dornelles - PUC/RSCarlos Alberto de Souza - UEPG/PR

Djalma José Patrício - FURB/SCEumar Silva - IBES SOCIESC/SC

Karina Janz Woitowicz - UEPG/ PRMarcelo Abreu Lopes - MACKENZIE/SP

Márcio Vieira de Souza - UFSC/SCMaria Lúcia Becker - UEPG/PR

Maria Luiza Cardinale Baptista - UCS/RSOfelia Elisa Torres Morales - UEPG/PR

Paula Melani Rocha - UEPG/PRSandra Reimão - USP /SP

Sandra Rúbia Silva - UFSM/RSSandro Waltrich de Assis Pereira - UNIASSELVI/SC

Zeneida Alves de Assumpção - UEPG/ PR

3Monumento Gal. Gomes Carneiro

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sUMÁRiO

APREsEnTAçãOCarlos Alberto de Souza e Ofelia Elisa Torres Moralesp.6

PREFÁCiOKarina Janz Woitowiczp.10

UM LUGAR QUE REsPiRA HisTÓRiAVera Marina Viglusp.13

COMPOsiçãO FOTOGRÁFiCA: A ARTE dE PinTAR COM LUz E iMAGEns REAisCarlos Alberto de Souza p.20

LinGUAGEM FOTOGRÁFiCA: siGniFiCAdOs E inTERPRETAçÕEsAndressa Kaliberdap.25

A iMAGÉTiCA COMO RELATO COnTEMPORÂnEOOfelia Elisa Torres Moralesp.31

O sER HUMAnO EM FOCO: A HUMAnizAçãO COMO CARACTERísTiCA dO FOTOJORnALisMO Aline Jasperp.36

O FRAGMEnTO dE UM TEMPOTaís Maria Ferreirap.40

FOTOJORnALisMO: MUdAnçAs E dEsAFiOs nA ERA diGiTALAnnelize Tozettop.43

A iMAGEM nAs REVisTAs: UM LEVAnTAMEnTO dE 2012Matheus Henrique de Larap.48

dEPOiMEnTOsBruna Fernandes Machado, Daian Lana Ribeiro Cruz,Daniel Luis Schneider e Mariana Tozettop.51

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5Monumento ao Tropeiro - Entrada da cidade

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APREsEnTAçãO Este primeiro livro da Coleção Imagética tem por finalidade dar sentido à série intitulada “Fotografia e fotojornalismo”. A proposta é dar visibilidade à produção fotográfica do projeto de extensão Foca Foto e da disciplina de Fotojornalismo, ministrada pelo prof. Dr. Carlos Alberto de Souza, do Curso de Jornalismo da Univer-sidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG, no período de 2011 a 2013. A primeira obra da série é “Lapa”, que envolve a produção de textos e a prática fotográfica desenvolvida, neste caso específi-co, pelos alunos do projeto de extensão Foca Foto. Nesse exercício, procurou-se retratar aspectos da cultura e do cotidiano da cidade. O projeto se propõe a ser um espaço de ensino e pesquisa sobre questões da fotografia e do fotojornalismo, tomando como cenário espaços importantes da cultura do Paraná e de outros lu-gares. Ao mesmo tempo em que vai oportunizar a prática fotográ-fica, traz no bojo uma discussão teórica sobre a área. A Imagética tem como finalidade despertar o interesse dos leitores a respeito da história, costumes, gastronomia, patrimônio artístico, natural e cultural de várias regiões. A ênfase da proposta é centrada na valorização do ensino e na experimentação de técnicas fotográficas, bem como desen-volver junto aos alunos de graduação o gosto pela fotografia, a compreensão da linguagem e estética visual. Além disso, a obra é uma oportunidade para que as pessoas conheçam melhor determi-nadas cidades e espaços públicos, contribuindo para a divulgação do turismo nesses locais.

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A coleção propõe aliar teoria e prática, ensinada em sala, e propiciar debates ao res-peito da fotografia e fotojornalismo, a partir de eixos como ética, estética e técnica. O trabalho é relevante pelo fato de colocar os alunos em situação de produtores, muito antes deles estarem formados. A maior parte dos estudantes que integram o projeto Foca Foto está cursando o primeiro de Jornalismo. Mas, eles têm o apoio de professores, ex-alunos e técnicos no exercício da prática fotográfica. O projeto de criação da Coleção Imagética tem a assinatura do professores Carlos Alberto de Souza e Ofelia Elisa Torres Morales, especialistas em estudos de imagem e audiovisual. Em seu conjunto, a coleção envolve a divulgação de ensaios, depoimentos, entrevistas, reportagens fotográficas, fotos artísticas, fotos P&B e coloridas e, igualmente, discussões sobre as transformações da fotografia ao longo da história. Espera-se que se constitua em documento de pesquisa e memória para gerações atuais e futuras. A professora Dra. Karina Janz Woitowicz, ex-chefe do departamento do curso de Jornalismo da UEPG, natural de Lapa, prefacia o primeiro número da série, por ser uma entusiasta na área da pesquisa, da história e da cultura paranaense. Convém salientar que a produção da Coleção Imagética é resultado do amadureci-mento do projeto Fotorreportagem UEPG (Foca Foto) que teve início em março de 2010 e evoluiu para vários caminhos na área do ensino e extensão, inclusive fomentando a criação do Grupo de Pesquisa Fotojornalismo, Imagem e Tecnologia (2012). Atualmen-te, o Foca Foto desenvolve reportagens, ensaios fotográficos, pesquisa e outros projetos como “Destaque”, “Antes e Depois” e projeta começar em 2014 a atividade de análise e resgate histórico da fotografia em parceria com a Casa da Memória, em Ponta Grossa.

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Os próximos números da série “Cenários e Personagens: Paraná” vão revelar produções sobre Castro, Carambeí, Morretes, Parana-guá, Ponta Grossa, Curitiba, bem como abrirão espaços a fotografias e fotorreportagens de outras cidades.A opção pelo formato digital da Coleção Imagética deve-se ao fato das potencialidades que a rede hipermidiática oferece em termos de acesso, múltiplo e plural, atingindo pessoas em todas as partes do mundo. Com isso, os organizadores da obra esperam estar difundin-do a importância da fotografia e da cultura brasileira num cenário mais amplo. Este trabalho, vinculado ao Grupo Foca Foto e ao Grupo de Pesquisa Fotojornalismo, Imagem e Tecnologia (Foto&Tec), está sendo possível graças ao apoio do Departamento de Jornalismo, de profes-sores, acadêmicos e funcionários do curso e da Universidade Estadual de Ponta Grossa – UEPG, bem como de colaboradores. O agradecimento especial vai para os professores e pesquisa-dores do Conselho Editorial da Coleção, que valorizam essa propos-ta editorial com seus conhecimentos, experiências e profissionalismo. Muito obrigado pela importante contribuição e apoio. Registramos aqui também nosso agradecimento à Pró-Reitora de Extensão e As-suntos Culturais da UEPG, professora Gisele Alves de Sá Quimelli, por apoiar a iniciativa e compreender o valor cultural, jornalístico e científico desta obra.

Prof. Dr. Carlos Alberto de SouzaProfa. Dra. Ofelia Elisa Torres Morales

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Arquitetura histórica - Av. das Tropas

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9Centro Histórico

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PREFÁCiOProfa. Dra. Karina Janz Woitowicz

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Passear pelas ruas de uma cidade histórica permite descobertas incríveis, que se descortinam em meio a lugares e vivências do co-tidiano. São imagens, gestos, modos de vida e de comportamento que identificam um espaço e registram um patrimônio, seja mate-rial ou imaterial. É a partir desse passeio que as imagens apresentadas neste livro revelam sua força e sentido. Entre registros de prédios his-tóricos, lugares e pessoas, são evocados olhares diversos sobre a cidade da Lapa, valorizados pelas técnicas do fotojornalismo. O primeiro livro da coleção Imagética: Lições de fotografia e fotojornalismo, organizado pelos professores Carlos Alberto de Souza e Ofelia Torres Morales, traz aos leitores e leitoras dois enfoques: o resultado de um trabalho realizado pela equipe do projeto de extensão Foca a Foto e do grupo de pesquisa Foto-jornalismo, Imagem e Tecnologia na cidade da Lapa, interior do Paraná, e reflexões sobre a história, a técnica e a produção em fotojornalismo, produzidas por estudantes e pesquisadores. As fo-tografias, portanto, aparecem como inspiração para textos de di-ferentes temas, ainda que não remetam diretamente à experiência

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11Santuário de São Benedito

realizada em território lapeano. A importância da iniciativa merece ser aqui registra-da, especialmente por se tratar de uma produção resultante da prática extensionista. Oportunizar a produção jornalísti-ca como forma de aprimorar a formação profissional e, ao mesmo tempo, possibilitar a experiência de contato com a história e a cultura da Região constituem ganhos inquestioná-veis para a trajetória dos estudantes no campo do jornalis-mo. E o projeto Foca Foto, existente no Curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa desde 2010, tem oferecido sua contribuição, com este e com outros trabalhos, no desenvolvimento de espaços de aprendizado extraclasse. Ao observar as imagens, o que vemos são possibilidades de registro do cotidiano pela fotografia, a partir de experi-mentações de ângulos, técnicas, jogos de luz e de cor. Como leitora, sinto-me honrada em encontrar olhares singulares da cidade onde nasci, sob as lentes de estudantes, professores e profissionais, que apresentam neste livro um convite para descobrir a Lapa por meio de recortes imagéticos.

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12Museu das Armas (ao centro)

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UM LUGAR QUE REsPiRA HisTÓRiA Vera Marina Viglus

Andar pelas ruas da cidade da Lapa é reviver uma parte impor-tante da história do Paraná – do tropeirismo à Revolução Federa-lista, tudo está conservado no centro histórico do município, que até hoje preserva suas características originais. Ruas de paralelepípe-dos, réplicas de luminárias antigas e construções em estilo colonial português dos séculos XVIII e XIX compõem o maior conjunto arqui-tetônico preservado do Paraná, tombado pelo Patrimônio Histórico e Artístico Nacional. O Município da Lapa possui hoje 44.932 habitantes e está localizado no segundo Planalto Paranaense, a 71 Km de Curitiba, Capital do Paraná. Rico em história, teve sua origem por volta do ano 1731. Freguesia de Santo Antônio da Lapa, foi a primeira denominação do município, sob a jurisdição da vila de Curitiba em 1797. Com o rápido crescimento do povoado, em 1806, passou a ser chamada de Vila Nova do Príncipe em homenagem ao Príncipe Regente Dom João VI. Em maio de 1870, foi elevada à categoria de comarca e, em março de 1872, a Vila Nova do Príncipe, foi desmembrada da Vila Rio Negro e elevada à categoria de cida-de, passando a ser chamada de Lapa. O município foi parte do Caminho das Tropas, também conhe-cido como Caminho do Viamão, sendo a estrada mais importante do interior paranaense nesse período por ser local de paradas dos tropeiros que vinham do Rio Grande do Sul e seguiam para Sorocaba, em São Paulo. Antes de ser caminho das tropas, a estrada, que depois ga- 13Igreja Matriz de Santo Antônio

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nhou o nome de caminho do Viamão, foi aberta por ban-deirantes que vieram em expedição do Norte e do Sul para essa região. D. Alvar Nuñez Cabeza de Vaca teria sido o primeiro desbravador, a mando do Rei da Espa-nha, a passar por essas terras. “D. Alvar Nuñes Cabeza de Vaca, um dos primeiros exploradores dos belos cam-pos, atravessa a Serra do mar e, chegando aos Campos Gerais, registra nos mapas e nos documentos espanhóis o nome dos Campos de Vera. No século XVI, o Sargento-mor Francisco de Souza e Faria abre a estrada da Mata, dando origem ao povoado. João da Silva Machado, o Barão de Antonina, melhora as condições da estrada da Mata e transforma o Caminho do Viamão em rota obri-gatória para que os tropeiros chegassem com seus mua-res à feira de Sorocaba em São Paulo” (SILVEIRA, 2006. p.27). Além da importância da Lapa na história do tropei-rismo, outro fato histórico fará dela um espaço memo-rável para o Estado do Paraná e para o Brasil. Durante

a Revolução Federalista, em 1894, a cidade tornou-se cenário da resistência heroica que durou 26 dias e ficou conhecida como Cerco da Lapa. “A República nasceu da tomada de poder pelos militares. E a tão almejada plenitude democrática tardaria ainda. Com a renúncia do Marechal Deodoro da Fonseca, assumiu o poder ou-tro Marechal, Floriano Peixoto, que dissolveu o Congres-so Nacional e convocou novas eleições” (NOROZNIACK, 2010, p.130). Um problema regional no Rio Grande do Sul se alastrou, ameaçando a nascente República. A oposição foi reprimida por Floriano Peixoto que apoiou o gover-no de Julio de Castilho. Iniciou-se com isso a Revolução Federalista. Os maragatos, revolucionários gaúchos, se-guiam para o Rio de Janeiro, na tentativa de tomar a Capital. Passaram por Santa Catarina onde se juntaram aos aliados da Revolta da Armada. “Informações falsas anunciaram a marcha de milhares de rebeldes a Curiti-ba. O governador fugiu. As tropas legalistas debanda-

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ram” (NOROZNIACK, 2010, p. 131). Como o Paraná era parte do caminho de subida ao Rio de Janeiro, os rebeldes gaúchos chegaram à Lapa. O confronto sangrento envolveu de um lado as tropas republicanas, os chamados pica-paus, e do outro os maragatos (grupo federalista, contrário à República). Comandados pelo general Antônio Ernesto Gomes Carneiro, apenas quinhentos homens, moradores da Lapa, resistiram ao cerco por 26 dias, mas sucumbiram diante dos três mil combatentes do exército republica-no. A Lapa não recebia ajuda alguma, porque o Paraná estava em Poder de Gumercindo Saraiva (maragato). Esse foi um dos eventos mais significativos da história republicana. Os soldados que participaram desse episódio são reverenciados no “Panteon dos Heroes”. Nele estão sepultados militares que lutaram no Cerco da Lapa. É o único no país que atende ao critério que ca-racteriza o conceito de panteon: abrigar restos mortais de heróis. Com tamanha importância histórica, a riqueza cultural da Lapa não poderia ser menor. Ela abrange a Igreja Matriz de Santo Antônio, Casa de Câmara e Cadeia, Theatro São João, casa onde faleceu o Coronel Gomes Carneiro, Casa Lacerda, Casa Vermelha e Casa da Memória, todos patrimô-nios tombados individualmente. A Câmara de Vereadores da Lapa é a única no Paraná que mantém seu funcionamento em prédio original. Inaugurada em 1868, a Casa da Câmara e Antiga Cadeia, é símbolo da autonomia municipal do Brasil Colonial. As paredes construídas de pedras com espessura de um metro e as janelas com grades de ferro conservam o estilo da arquitetura portuguesa.Em estilo neoclássico com influência elisabetana, o Teatro São João é o ter-ceiro mais antigo do Brasil. Idealizado por um grupo de pessoas que perten-ciam à Associação Literária Lapeana, fundada em 1873. Em 31 de maio de 1880, o teatro recebeu a sua mais ilustre visita, o Imperador Dom Pedro II. O camarote por ele utilizado destaca-se até os dias de hoje, sendo chamado de “Camarote Imperial”. Passear pela cidade de Lapa é mais que visitar um município, é fazer um reconhecimento da história.

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O MOnGE dA LAPA

Há muitas lendas a respeito de João Maria, conhecido como o Monge da Lapa. A figura do monge surgiu no interior do Paraná por volta do fim do século XIX e início do século XX , em meio a movimentos populares da época. Segundo histo-riadores, três monges teriam frequentado a região. Em todo o Estado, surgiram lendas diversas relacionadas à origem e ao fim dos monges. João de Maria D’Agostinis, o primeiro monge, em 1847 encontrou abrigo em uma gruta da Lapa. O segundo mon-ge, conhecido como João Maria de Jesus, esteve na cidade durante a Revolução Federalista e o terceiro, José Maria de Agostinho, teria passado pela cidade em 1912. Profecias, punições, milagres e prodígios eram associados à figura dos monges. As histórias a respeito do monge impulsionam o turismo religioso no município. João Maria de Agostini era conheci-do na região por estudar plantas, medicar doentes, fazer

16Parque do Monge

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orações públicas e profecias. Muitos milagres são atribuídos a ele e é comum, até os dias de hoje, a visitação de romei-ros que vão ao Parque do Monge pedir bênçãos ou agra-decer por graças alcançadas. O Parque do Monge encontra-se no ponto alto da ci-dade. Grandes formações rochosas, vertentes de água cris-talina que surgem por entre as pedras, pequenas cachoei-ras, trilhas ecológicas, churrasqueiras, viveiros e a estátua do Cristo Redentor fazem parte das atrações do parque. Mas o grande atrativo turístico é a Gruta do Monge. Nela, encontra-se a “pedra partida” – uma fenda existente na pedra onde alguns dizem ser possível perceber a imagem de uma santa. No parque, está concentrada uma grande área de reflorestamento, propriedade do Governo do Es-tado do Paraná (SILVEIRA, 2006). Com tanta história para mostrar através de elementos históricos, religiosos e culturais, a cidade da Lapa recebe o título de cidade “Legendária”.

REFERÊnCiAsNOROZNIACK, Jorge. Histórias do Paraná. Curitiba: Arowak, 2010.

SILVEIRA, Maria Inês Perin Borges da; SILVEIRA, Valéria Borges da. Lapa: tropas e tropeiros, caminhos da história. Curitiba: Educon, 2006.

VIDAL, Ary S.; LEONI, Sergio A. Ruas da nossa histórica cidade. Lapa: Grafilapa, 2012.

WEBER, Maria Julieta. O Paranismo e o processo de produção histo-riográfica: episódio do Cerco da Lapa. Revista de História Regional

12(2): 151-190, Inverno, 2007. Disponível em: http://migre.me/gSxen. Acesso em: 23 nov. 2013. 17

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COMPOsiçãO FOTOGRÁFiCA: A ARTE dE PinTAR COM LUz iMAGEns REAis Carlos Alberto de Souza

A palavra diz tudo. Trata-se de criação, inspiração, seleção, enquadramento, ponto de vista. O fotógrafo, a exemplo do pintor, transforma o ofício em arte, mesmo no fotojornalismo. Cada vez mais os jornais e revistas têm investido em imagens de tirar o fôlego com a finalidade de prender a atenção do leitor. Hoje, com os recursos de computador e programas de tratamento de imagem, a tare-fa de garantir expressão a cena se tornou mais tranquila. A tela do fotógrafo é o visor e o disparador o momento em que a composição está definida. E o que foi registrado, está bem exposto? A velocidade, abertura, balanço de brancos estão adequados? Todas essas questões técnicas preocupam o profissional que pretende dar o melhor de si para mostrar às pessoas o que ele viu, impressionou e o emocionou. Para uma boa composição, é preciso fazer escolhas, relacionar objetos, valorizar a cena, pensar sobre o fundo e decidir a respeito do que fica bom ou ruim, dependendo dos propósitos da fotografia. “Frequentemente, composição significa simplificar o caos, ter uma estru-tura de enquadramento balanceada e harmoniosa. Eventualmente, você pode querer o oposto […] um confusão fora do comum que é a razão da foto ou a maneira como você decide interpretar o tema.” (LANGFORD, 2009, p. 158). A estruturação de uma foto é quase sempre subjetiva, aberta a um estilo individual e à interpretação original. Contudo, explica o autor, existem dire-trizes há muito estabelecidas que ajudam na produção de fotos. A construção delas inicia com o reconhecimento das qualidades visuais da imagem (LANG-FORD, 2009, p.189). Essa qualidade está relacionada a elementos como forma, textura, padrão, cores, tons, proporções, movimento.

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Grande parte do trabalho profissional com fotogra-fia tem a ver com a solução de problemas visuais. Você precisa, diz o autor, em primeiro lugar entender o pro-pósito da foto, avaliar as qualidades do tema, compor, transformar a imagem em algo interessante e escolher controles disponíveis no equipamento. De acordo com Folts et al (2007), uma das regras básicas é a simplicidade. O fotógrafo deve identificar claramente o objeto central ou ponto focal da cena, levar em conta as linhas dominantes que ajudam a organizar e direcionar a visão, saber que o centro de interesse ra-ramente está no centro da foto. Linhas, padrões, textura e a relação entre objeto e fundo são muito importantes. Outra regra é saber quando centralizar ou não um obje-to, que pode ser um barco, uma janela ou mesmo pessoa. “O segredo de uma imagem forte é a sua simplicidade […] Não deveria haver nada em uma fotografia que não contribuísse para a sua qualidade geral,” Folts et al (2007, p. 34). O fotógrafo deve tomar cuidado com os fundos que distraiam ou que competem entre si. Objetos

simétricos devem ser centralizados e os assimétricos, em geral, não. O centro de interesse de uma foto não está ligado necessariamente à parte central da fotografia. Os fotó-grafos amadores normalmente colocam tudo no centro, mas esse ato geralmente desvaloriza a cena, tira muito do seu efeito. Por isso, é comum ver imagens, mesmo na televisão, que destacam o tema principal naquilo que se convencionou chamar de regra dos terços. Pense em um retângulo dividido por linhas horizontais e verticais (estilo Jogo da Velha). No entrecruzamento dessas linhas estão os pontos de ouro. Para que uma foto tenha força, muitas vezes desloca-se o objeto para um dos terços e a parte mais importante do primeiro plano para o ponto de ouro. Por exemplo, um dos olhos azuis do gato, a frase Ordem e Progresso da bandeira brasileira, as mãos do artesão trabalhando uma peça em madeira. A regra dos terços é extremamente útil, segundo a literatura, para imagens assimétricas, isto é, imagens em que as formas e padrões estão em desequilíbrio em

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relação ao eixo central. Você descobrirá que a maioria das ima-gens é assimétrica, por isso os profissionais da fotografia utilizam tanto esse recurso criativo. Mas, ocasionalmente, outras vão tender uma imagem muito mais forte se tratadas como simétricas. Nes-te caso, a fotografia ficará melhor se o objeto for centralizado. (FOLTS, 2007, p. 62) Outra questão essencial da composição é a relação objeto/fundo. O profissional precisa estar atendo a isso. Verificar se o fundo vai ajudar ou não, pois ele é parte importante na imagem. Sobre isso, o teórico explica, a exemplo de outros autores, que o fundo simples, “[...] não significa que deva ser vazio. [...] Se o fun-do tiver elementos essenciais no enquadramento ou se ajuda a criar uma imagem visual impressionante, o profissional deverá torná-lo nítido, deixá-lo aparecer. Porém, se o fundo só acontece de estar lá ou se distrai o olhar, você deve então torná-lo o mais simples e discreto possível” (FOLTS, 2007, p.64). Por isso, muitas vezes, você tem que mudar o ângulo e re-pensar o enquadramento. Também poderá trabalhar com um foco mais seletivo, dando ênfase ao primeiro plano. Há outras técnicas que tem por finalidade desvalorizar do fundo, cabendo ao fotó-grafo decidir o que é mais interessante. Há muitas técnicas para melhorar uma foto e isso depende do interesse e criatividade do fotógrafo. As cores, iluminação, linhas, padrões, textura, movimento, perspectivas devem sempre ser leva-dos em conta. Ao contrário do que se imagina, a produção de boas fotos depende de fatores objetivos e subjetivos. Além do equipamento, Peter (1999) relaciona outros elementos como natureza do tema, personalidade do fotógrafo, execução teórica da fotografia, a concepção do tema e o público a que se destina.

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Ele explica que é preciso ficar sempre atento aos elementos secundários. “Do ponto de vista gráfico, a maioria dos fotógrafos possui dois elementos principais: o tema propriamente dito e as zo-nas circundantes. Em um retrato ao ar livre, no qual a cabeça será o tema. Tudo mais que aparecer constituirá o fundo” (PETER, 1999, p. 31). Por isso, se a fotografia tem que ser interessante do ponto de vista gráfico, o fundo exigirá tanta atenção quanto o tema em si. O primeiro plano representa proximidade, intimidade. O inverso, o fundo, e com maior intensidade o céu, simbolizam distância, retrai-mento, espaço e características espirituais, observa Peter. A dica de muitos fotógrafos experimentes e que trabalham há anos com fotografias urbanas, históricas, documentais, paisagísticas e fotojornalísticas é, antes de tudo, conhecer bem o próprio equipa-mento. Que recursos ele oferece e o que permite fazer. Mas também é importante ser criativo e fazer muitas experiências. Experimentar é uma necessidade para se destacar no mundo da fotografia. Por isso, vale salientar que mesmo os amadores podem buscar, na literatura da área, informações para melhorar as fotos que pro-duzem em casa ou nas viagens de fazem com a família.

REFERÊnCiAs

FOLTS, James. A. et al. Manual de fotografia. São Paulo: Thomson Learning, 2007.

LANGFORD, Michael et al. Fotografia básica de Lagford: guia completo para fotógrafos. Porto Alegre: Bookman, 2009.

PETER, Jorge. Cadernos do mestre Peter. Rio de Janeiro: Mauad, 1999.

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24Construções antigas da cidade

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LinGUAGEM FOTOGRÁFiCA: siGniFiCAdOs E inTERPRETAçÕEs Andressa Kaliberda

A imagem, presente no dia a dia do ser humano, pode ser tratada como representação do real, um simbolismo ilustrado pela Caverna de Platão quando diz que as imagens são primeiramente as sombras e todas as suas representações semelhantes. Os reflexos que se veem nas superfícies dos corpos opacos, polidos e brilhantes contêm simbolismo visual que vai muito além do objeto. Sua representação, física, mental ou visual contêm a infor-mação primária referente ao elemento retratado. Para o filósofo, a ima-gem é um espelho dos objetos e fatos sociais, que dão ao interlocutor uma ideia de como são, na realidade, tais fatos sem, no entanto, apresentar-lhe os mesmos pessoalmente. Para ser tida como tal, a imagem depende de um sujeito produtor, que irá defini-la concretamente ou imaginariamente. Ele fará isso a partir de traços tomados da realidade, que, juntos, configurarão determinada ideia que deverá ser interpretada por um sujeito receptor. Sem este se-gundo, não há a decodificação dos traços e símbolos utilizados pelo sujeito produtor, desfigurando o caráter imagético da representação, a partir da perda de um dos estágios da interpretação da imagem. A partir disso, pode-se ter uma representação da realidade através do desenvolvimento figurativo do fato ou objeto retratado, seja através de desenho, fotogra-fia ou representação mental por meio da descrição.

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Essa representação figurativa dos elementos compo-nentes da realidade, desenvolvida pela noção de lingua-gem visual, quando tratada na fotografia, pode ter diversas interpretações de acordo com a composição promovida pelo sujeito produtor e também pela carga interpretativa do sujei-to decodificador do processo comunicativo visual. Em alguns casos, como no fotojornalismo, a linguagem visual é de certa forma, dependente de outras formas de linguagem, seja es-crita ou oral. Isso porque embora a imagem possa transmitir informações que não estão contidas no texto, ela é deficien-te em outros aspectos, como dados referentes ao tempo e espaço da ação. Dessa maneira, mesmo independentes, as diferentes formas de linguagem se interrelacionam criando uma espécie de teia informativa. A significância da imagem pode ser dada pelo discurso do interlocutor, mas também é dependente da interpretação promovida pelo receptor da mensagem. Dessa forma, como linguagem, os componentes da ima-gem devem seguir um equilíbrio entre si, de maneira a trans-mitir a mensagem que se pretende e ter sucesso na recepção. Mas, por se tratar de obra imagética, ela não pode deixar o conteúdo estético em segundo plano. “Podemos afirmar que é a configuração estética da imagem a responsável pelo impacto que esta pode causar no seu observador.” (SILVA, 2007, p.3). Isso porque a imagem fotográfica é uma lingua-gem que depende necessariamente do caráter visual. Ela precisa que o interlocutor a observe atentamente a fim de decodificar sua significância. Essas características, juntamente com os elementos in-formativos presentes na imagem, contribuem no processo de significação da mensagem, além de atrair a atenção do lei-

tor, o que figura como fator primordial na escolha da foto-grafia que melhor representa a mensagem que se deseja transmitir. A imagem fotográfica está sempre submetida à sub-jetividade do fotógrafo. Mais do que um mero “apertador de botões”, ele se torna, com o passar do tempo, criador de uma realidade a partir da lente da câmera. Embora ela possa ser tomada com um “certificado de presença”, não se pode afirmá-la com precisão como testemunho inequívoco, uma vez que o enquadramento da imagem pode alterar a forma como se lê a mensagem transmitida, enfatizando de-terminado aspecto em detrimento de outros. Assim, pode-se passar uma mensagem que não é necessariamente mentiro-sa, mas que deixa de evidenciar certos aspectos da ação fotografada, o que faz com que a informação da imagem seja apenas um recorte do fato, criando brechas no processo de interpretação do leitor. A construção dessa imagem depende, além dos perso-nagens e objetos que configuram a ação da fotografia, do cenário que será pano de fundo. “El exceso de imágenes banales perjudica mucho más a la comunicación visual que su ausencia, así como sobreinformar es una de las mejores formas de desinformar.” (BAEZA, 2007, p.60) Dessa forma, se o cenário for carregado de informação, isso contribui-rá negativamente no processo comunicacional, uma vez que quando há uma sobrecarga de informações, elas se confun-dem e criam o risco de o fotógrafo passar uma informação diferente da pretendida. O excesso de informação desvia atenção do leitor para pontos distintos da imagem, o que o faz fixá-la em períodos que não aqueles pretendidos.

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Cada indivíduo interpreta uma foto, seja artística ou in-formativa, de acordo com suas experiências pessoais, sociais e culturais. Embora ambos vejam o mesmo objeto representado na imagem, a interpretação que farão da mesma dependerá dos fatores acima relacionados. Ao expor a uma criança brasileira, de classe social menos favorecida a mesma imagem que a um adulto oriental rico, ambos terão reação diferente à imagem. Porque, além das experiências de vida distintas, o espaço físi-co, social e cultural a que estão expostos é diverso, contribuindo para diferentes visões acerca de um mesmo assunto. “A ação da leitura de uma fotografia desencadeia reações emocionais mais espontâneas e quase sempre mais intensas que a leitura de um texto literário, causada pela forma como é es-crita e apresentada essa informação visual.” (PINHEIRO FILHO, 2003, p.3) Isso acontece porque o leitor identifica-se com a situ-ação ao passo que observa a realidade retratada. Embora, ele possa não ter vivido tal fato, inconscientemente vai se colo-car como personagem principal da ação, representando assim os dramas vividos na imagem. No texto escrito, a ausência do visual dificulta essa interação emocional, tornando-a mais bran-da em relação ao texto fotográfico. Essa característica implica o caráter humanístico da imagem, uma vez que esta vislumbra ser mediadora do sujeito leitor com a realidade retratada, in-suflando informações e sensações e agregando o valor estético inerente à imagem fotográfica. Entretanto, há ainda uma falha no processo de significação

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Av. das Tropas

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da imagem, uma vez que, ao contrário das outras formas de linguagem, esta não é ensinada aos indivíduos, que, ao des-conhecerem a origem e a significância dos seus componentes, aumentam a margem interpretativa dos mesmos, favorecendo a diversas possibilidades de leitura da imagem. “Mesmo alguns profissionais que trabalham com comunicações em nosso país de-têm conhecimentos limitados sobre as características e sobre a linguagem dos meios visuais. Isso se deve à precariedade de formação na área.” (LIMA, 1988, p.13) Essa dualidade interpre-tativa acontece também por fatores histórico-sociais, uma vez que a mesma imagem é interpretada de maneira diferente por pessoas locadas em distintos espaços físicos ou temporais. Um exemplo claro são os incansáveis estudos sobre o quadro “Mo-nalisa”, do pintor italiano Leonardo Da Vinci. O fato de ter sido criado num tempo e local distantes abre margem para diversas interpretações, que se fazem de acordo com os fatores culturais e sociais dos estudiosos, somado aos seus conhecimentos sobre imagem, pintura e arte, o que lhes promove interpretações e lei-turas distintas a respeito das intenções do artista.

REFERÊnCiAsBAEZA, Pepe. Por una función crítica de la fotografía de prensa. Barcelona: Editorial Gustavo Gili, 2007.

LIMA, Ivan. Fotojornalismo brasileiro: realidade e lin-guagem. Rio de Janeiro: Fotografia Brasileira, 1989.

PINHEIRO FILHO, Abdias. O texto fotográfico e a sua leitura. In: Movendo Idéias, Belém, v8, n.14, p.11-13, Nov. 2003.

SILVA, Luciana Marinho Fernandes da. Fotografia e Literatura: a economia da expressão. Revista Ararobá, n.1, maio de 2007. Disponível em: http://www.isepnet.com.br/site/revista/. Acesso em: 24 nov. 2013.

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29Praça General Carneiro

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30Santuário de São Benedito

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A iMAGÉTiCACOMO RELATO COnTEMPORÂnEO Ofelia Elisa Torres Morales

Vasalisa, a boneca russa (ou matrioska), tem no seu in-terior múltiplas bonecas, da menor à maior, sendo todas partes integrantes da maior que as mantém no seu ventre. Uma analogia mais contemporânea encontra expressão no computador no qual também podem ser abertas muitas janelas, todas inter-relacionadas. Vasalisa representaria o conhecimento humano e as regras com que este é constituí-do, no constante diálogo e inter-relação entre as múltiplas narrativas, entre os vários relatos ou textos de natureza específica, independentemente do seu suporte físico. Sob o paradigma da Vasalisa, a intertextualidade é a forma como as representações simbólicas interagem para a constituição de um outro novo conhecimento, de uma outra reapropriação e reinterpretação. É possível co-nhecer a identidade de um a partir do conhecimento do Outro e do inter-relacionamento que estabelecem. O aprofundamento na noção da intertextualidade revela orientações para ler as particularidades de uma

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cultura, ou seja, as delimitações a partir das quais se pode abordar e compreender o mundo. Fiske (1987, p. 108) rela-ta que “a teoria da intertextualidade propõe que qualquer texto é necessariamente lido em relação a outros [...] a in-tertextualidade existe mais propriamente no espaço entre os textos” sendo que o alcance dos conhecimentos textuais é trazido, fazendo possível a compreensão deles. Nesse senti-do, a intertextualidade está em relação às tipificações rela-tadas por Berger e Luckmann (1987), ou seja, os esquemas que permitem tanto a construção da realidade quanto o re-conhecimento desta. O relato se apresenta como elemento de construção da identidade e do próprio conhecimento em relação ao Outro. Geralmente, a construção da memória se dá de for-ma visual e oral, de geração a geração, de comunidade a comunidade. Claro exemplo são as pinturas rupestres nas cavernas que registraram, com seus traços imagéticos, a vida cotidiana dos ancestrais. Mantém-se a memória a partir de contos, lendas, tradições e outros meios. Na construção da identidade, utilizam-se referências a partir da cultura de eli-te como a arte e a literatura clássica, entre outras, expres-sando-se em pinturas, livros, peças de teatro. Com o advento da industrialização, a sociedade mudou seu paradigma de convivência, passando das relações interpessoais à configu-ração de uma espécie de comunidade globalizada na qual o resgate da história contemporânea se faz também através dos próprios meios que a industrialização gerou. O fim do milênio trouxe novas formas para o resgate

da história nas sociedades contemporâneas, ou melhor, visões distintas de sua história. Essas formas de resgate são repre-sentadas pelos relatos fotográficos, televisivos, jornalísticos e da mídia em geral, revistas e jornais. Inclusive, o mundo vir-tual que a sofisticada tecnologia propiciou, a partir da Inter-net, com a existência dos inumeráveis sites personalizados, é expressão do processo de globalização que a sociedade contemporânea experimenta e que são registrados numa es-pécie de memória virtual. No terceiro milênio, surgiram novas formas de se apro-ximar do mundo e de se inter-relacionar como já acontece com o mundo virtual surgido com a Internet, marcando assim novas formas de aproximação da realidade, gerando dis-tintas modos de compreensão humana e, em consequência, a construção de novas formas de pensamento. O relaciona-mento entre as novas tecnologias e o ser humano desenvolve-rá formas de pensamento no mundo cada vez mais globali-zado. Dessa maneira, uma questão crucial que se apresenta é qual o tipo de relato contemporâneo a própria sociedade está construindo e oferecendo a ela mesma. Considera-se a imagética como relato contemporâneo no sentido de registro da memória da vida humana, indiferentemente de sua expo-sição no meio impresso ou hipermidiático. Indiferentemente do suporte escolhido, o autor dos relatos deixa suas marcas autorais inseridas no seu referencial paradigmático, a partir da qual ele reconstruiu e reelaborou para ‘escrever fotogra-ficamente’ sua representação do mundo, por exemplo.

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O relato fotográfico oportuniza o resgate histórico de um momento cativado no presente, porém, que transcende o tempo e rememora culturas, pessoas, cenários, conflitos hu-manos e a amplitude da vida humana. Na leitura de um outro olhar, diante da fotografia revelada, o Outro faz a lei-tura a partir de suas experiências e vivências. A fotografia registra, eterniza e vivifica a memória. O resgate da história e a construção da memória são possíveis de ser reconhecidos através do relato já que ele é a mais alta expressão da representação/construção sim-bólica do conhecimento humano. Independentemente do seu suporte físico ou material, o relato conta e reconta histórias. A identidade se constroi a partir de um Outro, a memória se legitima quando relatada aos Outros. Se o mito se concretiza no rito, o relato - qualquer que seja sua forma, através de contos, teatro, fotografia, cinema, televisão, hipermídia, entre outros - concretizado em suas di-versas formas, sacraliza o conhecimento concedendo-lhe le-gitimidade, instituindo-lhe e reforçando a sua validade como saber. Da mesma forma, no relato informativo se sacraliza o conhecimento em relação ao mundo. Se considerarmos o foto-jornalista como contador das histórias contemporâneas, não

simples observador, mas recriador e, portanto, selecionador do universo a partir do seu recorte informativo. Além do seu filtro pessoal, mas também dos litígios e negociações que lhe imprimem suas atividades jornalísticas rotineiras, o seu relato informativo é também sacralização da história que é aceita pela comunidade. A interatividade, gerada a partir da tecnologia na co-municação, mudou a cultura contemporânea. Para Castells (2006, p. 414), “a integração potencial de texto, imagens e sons no mesmo sistema – interagindo partir de pontos múl-tiplos, no tempo escolhido (real ou atrasado) em uma rede global [...] – muda de forma fundamental o caráter da co-municação”. Isso indica a significativa relevância que as mu-danças tecnológicas têm nas expressões da cultura atual e nas formas de compreender e expressar a realidade. Por isso, a convergência midiática tem esclarecido que o con-ceito do visual ultrapassa os suportes tradicionais. Manovich (apud COSTA, 2009, p.3) afirma que “as interfaces culturais nunca são totalmente novas, carregando uma certa herança dos elementos que constituem a interfaces anteriores a ela, uma influência que vem da própria visão de mundo do seu criador” . Esse autor relata que ao mesmo tempo em que há características que separam, de certa forma, as mídias cria-

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há mais tempo das mais recentes, outras mídias as unem, como por exemplo o vídeo arte no celular, o webdocumentário. Por isso, ele analisa as formas de representação separadamente, destacando as influências que umas exercem sobre as outras . Seguin-do essa linha de pensamento, percebe-se que os conceitos sobre o visual e o audiovisual ultrapassam os suportes tradicionais. As mudanças tecnológicas, do analógico ao digital, por exemplo, trouxeram con-sequências que devem afetar o uso e combinação dos elementos da linguagem. O pro-fissional da comunicação deverá se adaptar a essas mudanças, sendo cada vez mais multidimensional e multimídia. Tentar compreender a realidade significa aproximar-se das nossas linguagens contemporâneas, que expressam as metáforas da cultura atual. (POSTMAN apud CASTELLS, 2002). As potencialidades da cultura da mobilidade, re-forçada pela Internet sem fio, oportuniza o ambiente always on, ou seja, a capacidade de acesso a conteúdos diversificados, de forma constante (PELLANDA, 2013). A conver-gência tecnológica, viabilizada pelos dispositivos móveis, incentivou o “cidadão repór-ter”, ou seja, a potencialidade da captação e publicação dos acontecimentos, configu-rando-se de forma ubíqua, ou seja, em qualquer momento e espaço. Um exemplo de destaque foi o caso das bombas na cidade de Londres, em 2005, quando as pessoas da região registraram com seus celulares esse acontecimento. “Cerca de 1.000 fotos e 20 vídeos chegaram à redação da BBC minutos após os acidentes. Uma das fotos enviadas pelo público foi o principal destaque da capa do site durante a maior parte do dia. Os registros foram os únicos realizados nos locais dos acidentes minutos depois das explosões. Tanto do ponto de vista de material jornalístico como para investigações policiais, o material foi fundamental. A qualidade das imagens já é capaz de proporcionar detalhes importantes. As câmaras em celulares estão che-gando neste ano a vários megapixels e o aumento de qualidade tende em alguns anos a se aproximar da qualidade de transmissão broadcast” (PELLANDA, 2013, p.131). O importante é criar, já que as imagens trazem força e energia no intuito de criar empatia e impacto que em conjunto geram o encanto, indiferente do suporte midiático. Nesse universo midiático, a fotografia é o relato imagético da contemporaneidade, em tempos de mudanças. Do conhecimento de um Outro, a partir do seu olhar.

REFERÊnCiAsBERGER, P.L.; LUCKMANN, T. A construção social da realidade. Petrópolis: Vozes, 1987.

CASTELLS, M. A era da informação: econo-mia, sociedade e cultura. Volume I. A Socie-dade em Rede. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2002.

CASTELLS, M. A sociedade em rede. São Paulo: Paz e Terra, 2006.

COSTA, D. Manovich e a construção do pensamento pós-moderno. Disponível em: http://netart.incubadora.fapesp.br/por-tal/Members/daniela_costa/fichamentos/manovich_chapter%201/ Acesso em: 01 jul. 2013.

FISKE, J. Intertextuality. In: FISKE, J. Televi-sion Culture. London: Routledge, 1987.

PELLANDA, E. C. Elementos de transfor-mação do jornalismo no contexto da co-municação ubíqua. In: BARBOSA, S.; MIEL-NICZUK , L.(org.). Jornalismo e tecnologias móveis. Covilhã: UBI/ LabCom, 2013.

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35Praça General Carneiro

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O sER HUMAnO EM FOCO: A HUMAnizAçãO COMO CARACTERísTiCA dOFOTOJORnALisMO Aline Jasper

Seja com intenção informativa, ilustrativa ou documental, a preocu-pação em retratar pessoas na fotografia vem dos primórdios dessa atividade. No século XIX, o retrato foi a modalidade fotográfica res-ponsável pela popularização e difusão da fotografia, além de ser o mais popular dos temas fotográficos. Nesse período, no Brasil, o re-trato passou a ser um sinônimo de fotografia e a câmera fotográfica era chamada de “máquina de tirar retrato”, dando à atividade uma função única de registrar e perpetuar a figura humana. Mas essa preocupação não é uma exclusividade da fotografia: as artes plásticas sempre tiveram um fascínio pela representação hu-mana. Desde as pinturas rupestres, que retratavam cenas do cotidiano com foco nos seres humanos, até os retratos em tela da aristocracia, a figura humana foi retratada em tapeçarias, cerâmicas, esculturas, de-senhos e pinturas. O surgimento da fotografia só veio facilitar e dar veracidade a essas representações. Portanto, não é de surpreender que, com o surgimento de uma arte que permitia a perpetuação da figura humana, essa tenha se tornado a temática mais popular dentre as fotografias.

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Esse cuidado em trazer a imagem humana para a fo-tografia leva o nome de elemento humano. É uma analogia a uma organização da imagem em elementos, ou partes, já que a fotografia surge em um ambiente positivista. Esse mes-mo ambiente leva também à ideia mantida por muito tempo de que a fotografia seria uma reprodução fiel da realidade – vale ressaltar que, hoje, o debate leva à conclusão de que a fotografia é uma representação da realidade, ou seja, não tem a capacidade e nem a pretensão de abranger to-das as facetas do mundo real. No jornalismo, a humanização é colocar em destaque a vivência humana, evidenciando as emoções, interações so-ciais e personagens dos fatos. Essa prática é também um dos conceitos de noticiabilidade, ou seja, um dos critérios utili-zados pelos jornalistas para determinar que acontecimen-tos serão noticiados. Notícias humanizadas chamam mais a atenção dos leitores porque pessoas se interessam por ou-tras pessoas. O fotojornalismo, como função profissional e como tipo

de imagens veiculadas na imprensa e vinculadas a valores de informação e notícia, tem como principal objetivo docu-mentar a vida humana, segundo Sousa (2004). “Ao realinhar a exibição de um ethos com as situações em que se inscreve a personagem, a fotografia vai se reunir, na forma mesma do retrato fisionômico, com aquela tópica pictórica que é a da representação das ações (ainda que manifesta sob o signo de uma rendição ótica do movimento, na forma do instante fotográfico).” (PICADO, 2009, p.282) Existe uma regra transmitida oralmente entre os foto-jornalistas de que a fotografia, para chamar a atenção dos leitores de jornal, deve ter o elemento humano, que pode estar explícito, como é o caso dos retratos, ou implícito, quan-do a fotografia conta uma história humanizada. Se o foto-jornalista (ou foto-repórter) consegue surpreender um gesto e expressão facial que transmitam as ideias e/ou emoções dos sujeitos fotografados, além de explorar traços visíveis da personalidade dos sujeitos, a fotografia se torna mais relevante e noticiável.

37Faces dos “Heroes” da Lapa

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O elemento humano, principalmente no fotojor-nalismo, não consiste somente na presença humana na fotografia. Não é tarefa fácil determinar se uma fotografia é humanizada ou não, já que a imagem envolve mais sutilezas e mediações do que o texto. No entanto, certas situações podem ser deduzidas pelo contexto em que estão inseridas e pela clare-za da intenção do fotógrafo. “A humanização do fotojornalismo consiste na intencionalidade do fo-tógrafo, na preocupação com as questões sociais e, acima de tudo, no conhecimento da existência hu-mana através das lentes de uma câmera. É a visão do homem como humano.” (KELLY; SPAGNUOLO FI-LHO; LOPES, 2008, p.8) Vale ressaltar que o fotógrafo deve ter um cui-dado redobrado para que a humanização, quando em excesso, não se transforme em sensacionalismo. Em casos em que a história humana é explorada de maneira exagerada para conseguir maior número de leitores e vender mais cópias, fere-se os precei-tos éticos do jornalismo.

REFERÊnCiAsKELLY, Gustavo; SPAGNUOLO FILHO, Antônio; LOPES, Marcelo. Pescadaria

na Madrugada: ensaio sobre o mercado de pescados da Ceagesp. In: Inter-com: XXXI Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação. Natal, 2008.

PICADO, Benjamin. A ação e a paixão que se colhem num rosto: pensando os regimes de discurso do retrato humano no fotojornalismo. Revista Galáx-

ia, São Paulo, n.18, p. 276-290, dez.2009.

SOUSA, Jorge Pedro. Fotojornalismo: introdução à história, às técnicas e à linguagem da fotografia na imprensa. Florianópolis: Letras Contem-

porâneas, 2004.

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O FRAGMEnTO dE UM TEMPO Taís Maria Ferreira

Com os impactos da modernidade, a fotografia causa diferentes sentimentos aos profissionais da área. Em alguns, percebe-se o desconforto e a descon-fiança para com os avanços que se impõe – o digital. Para outros, a possibili-dade de viver em meio às infinitas marcas desse momento histórico motivam a atividade fotográfica. Burmester (2006, p. 14) traduz essa apreensão, quan-do registra que, por mais de 150 anos, a fotografia se desenvolveu por meio do uso da tecnologia analógica. No entanto, com o advento do digital, o analógico vai ficando como recordações e lamentações nostálgicas, daqueles que viveram seus grandes momentos – e que entendem e buscam o conhecimento das novas tecnologias, mas sentem saudades dos quartos escuros. Mas a fotografia se move em direção ao novo. No início da história, na era analógica, a imagem era captada por um pequeno orifício de uma caixa, passando posteriormente por um processo químico. Com a transição para o digital, a fotografia passa a ser um processo físico-numérico. A luz passa pela objetiva da câmera e sensibiliza um sensor eletrônico, formando assim uma imagem que é uma combinação de dados, a imagem digital. A era digital trouxe com ela o instântaneo e a facilidade de se fotogra-far. Também na atualidade, além de câmeras fotográficas, outros aparelhos incorporam o recurso da fotografia, como celulares ou mesmo tablets. Com isso a prática se populariza e fica cada vez mais fácil conseguir fazer boas imagens, mesmo sem possuir conhecimentos técnicos na área. Com isso, o pro-fissional da fotografia vem perdendo mercado e vê sua profissão desvalori-zada. Outra dificuldade enfrentada pelos profissionais do analógico é o apren-dizado das novas tecnologias. Eles precisam recomeçar do zero. Máquinas fo-

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tográficas eletrônicas, com botões multifuncionais, computa-dores, programas e softwares. Quem nasceu no tempo do analógico, quando aparelhos tecnológicos eram inacessíveis às crianças, apertar um botão representava um perigo e não havia a necessidade desses aparatos. Porém, as novas gerações já nascem nesse ambiente digital e dominam sem problema as novas tecnologias. A fotografia sempre foi importante na vida das pes-soas, utilizada, inclusive, como comprovante legal. Em docu-mentos como carteira de identidade, carteira de motorista, carteira profissional, entre outros, a fotografia auxilia na identificação do indivíduo. A facilidade de se fotografar e manipular imagens trouxe problemas éticos e muita polêmica. Existe uma preo-cupação com a questão de publicações em redes sociais, expondo muitas vezes as pessoas fotografadas. Bresson (2004, p. 42) afirma que quando se lança uma pedra em

um poço não se sabe qual será seu eco. Assim acontece com a fotografia quando publicada em redes sociais. Poderá ter resultados “felizes ou desastrosos” fugindo do controle de seu autor. Com a tecnologia digital, a fotografia foi banalizada e, como tudo que é demais, perde seu valor. Muito se pro-duz, mas também muito é descartado. É o famoso “delete”. Com esse novo procedimento, fica a preocupação com a memória histórica. Humberto (2000, p.30) traduz essa situa-ção da seguinte forma: “[...] Só o espetacular, o espantoso, o fantástico, o impermanente, o descartável, a busca histérica do esfuziante sucesso e a desmemória”. A imagem fotografica é o congelar de um momento. É aprisionar um sentimento. Para dar vida aos mortos, retor-nar um calendário, fazer um passado presente. Mesmo que os processos mudem ou se transformem, o que seria de nós sem a fotografia?

REFERÊnCiAsBURMESTER, C. F. Fotografia: do analógico para o digital, um estudo da produção de imagens fo-

tográficas. Disponível em: http://migre.me/gSBld. Acesso em: 09 out. 2012.

CARTIER-BRESSON, H. O imaginario segundo a na-tureza. Barcelona: Gustavo Gili, 2004.

HUMBERTO, L. Fotografia, a poética do banal. Brasilia: Universidade de Brasilia. 2000.

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42Teatro São João

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FOTOJORnALisMO:MUdAnçAs E dEsAFiOs nA ERA diGiTAL Annelize Tozetto

A fotografia – do surgimento aos dias de hoje - passou por inúmeras transformações tecnológicas. No início de sua histó-ria, o custo da produção fotográfica era alto e inacessível às pessoas de baixa renda. Para fotografar, além da compra da câmera, era preciso investir na aquisição do filme fotográfico e em revelação. Com a chegada do digital, ocorre o baratea-mento dos equipamentos, o que contribui para a difusão da fotografia e das câmeras fotográficas. Com a popularização, o ato fotográfico também se trans-formou, fazendo com que novos desafios surgissem para os re-pórteres fotográficos. Desafios que ocorreram tanto na forma de produção das fotografias quanto na de armazenamento dessas imagens. Na produção, a principal transformação está no fato de que cada vez mais a fotografia e o registro dos acontecimen-tos em jornais, revistas e nos mais diversos meios de comunica-ção não estão mais somente nas mãos do repórter fotográfico. Existem hoje outros atores sociais que fazem isso, especialmen-te o público leitor, que dia após dia se apresenta mais inte-rativo e participativo na produção da notícia. Não há como impedir a participação do cidadão no processo de construção da notícia, do saber e do conhecimento.

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Restaurante típico

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Além disso, deve-se lembrar que a fotografia – com o advento digital – passou a ser feita de maneira muito mais rápida. Quase que instantaneamente. O repórter fotográfico precisa pensar, fotografar e “upar” a imagem rapidamen-te. Necessita ser clara, precisa e “objetiva”, sem esquecer a sensibilidade (tão inerente à arte). Como se isso não bastasse, faz-se necessário um olhar mais apurado, que vê além do que o cidadão comum possa registrar (seja com uma máquina fotográfica ou com a câme-ra do celular), e que mostre outras luzes diante de um fato. A criatividade se torna então a principal aliada do fo-tojornalista na produção de uma imagem diferenciada que irá servir como informação dentro de veículos de comunica-ção. Experimentar novos ângulos, enquadramentos, novas formas de olhar, perceber e entender a realidade - saben-do-se que com isso se fará a construção do imaginário coleti-vo de toda uma sociedade - é o desafio para os fotógrafos. Afinal, não se pode esquecer que a fotografia também é um recorte da realidade. Não se trata da realidade inteira. O repórter fotográfico fez uma série de escolhas na hora de clicar: ISO, abertura do diafragma, velocidade do obtura-dor, entre outras para o registro da cena ou objeto. No Paraná, atualmente, pode-se destacar o trabalho de Henry Milléo, Daniel Castellano e Albari Costa, do jornal Gazeta do Povo, como exemplos de repórteres fotográficos que apresentam para o grande público um olhar inovador sobre as notícias, concedendo um ar de arte ao fotojornalis-mo diário. A questão do arquivo também merece aqui um des-

taque. O armazenamento digital sofreu modificações e ele afeta diretamente a memória dos acontecimentos. Se no passado, os fotógrafos se viam “obrigados” a guardar suas fotos e seus rolos de filme, trabalho feito com muito zelo por esses profissionais que não podiam correr o risco de perder tão árduo trabalho. Isso já não é assim hoje em dia. Apesar dos inúmeros dispositivos existentes para o armazenamento de imagens (tais como HDs externos, pendrives, CDs e DVDs), muito trabalho se perde. Tudo porque essas fotos podem ser apagadas ou modificadas facilmente, fazendo com que o registro de um fato fique danificado e/ou distorcido. Oliveira e Vicentini (2009) lembram que apagar e pre-servar é uma opção perigosa no mundo digital. Os autores afirmam que é preciso ter consciência sobre o valor da ima-gem, pois elas carregam e preservam a história. Por não perceber o valor documental, e pelo excesso de produção, há um risco de desvalorização da fotografia como documen-to nos dias atuais. Os autores lembram ainda que as fotografias funcio-nam como rascunhos da hitória, ou seja, surgem conforme a história se desenrola. Então, é preciso ter um cuidado maior com o armazenamento da imagem e não descartá-la em primeira instância, pois no futuro, ela pode tornar-se um dos registros mais importantes do acontecimento. Por isso, o armazenamento de imagens deve ser feito de maneira cuidadosa, levando em consideração a necessidade de sem-pre transferir esses materiais para a mídia digital mais re-cente, a fim de preservar a memória digital. Tratando-se de fotografia digital, outro aspecto que não pode passar despercebido é a manipulação de imagens.

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Os fotógrafos – em especial, os fotojornalistas – precisam estar aten-tos a essa questão. Elas devem ser evitadas. Antes de fotografar é necessário pensar a cena, a composição e o objetivo do registro, para que não sejam necessárias alterações posteriores e não ocor-ra o comprometimento do fato real. “O documento fotográfico é fragmentário por natureza, é o resultado final de elaboradas cons-truções técnicas, estéticas e culturais desenvolvidas ao longo da pro-dução da representação: daí se prestar a olhares e usos ideológicos terminados.” (KOSSOY, 2007, p.104). O que acontece, no entanto, é o aumento exponencial dessa manipulação após a fotografia digital. Dia após dia, maneiras até então inimagináveis de manipular a história e o passado apare-cem no mundo. Ficou mais fácil inserir elementos ou pessoas, alterar penteados, cores de cabelo e colocar frases - como lembra Sousa (2004). Para que não haja desconfianças quanto à manipulação, ne-cessita-se criar uma nova relação entre leitor e fotojornalista. Somente a partir dessa nova relação com o público, do olhar mais perspicaz do fotógrafo, do cuidado com o armazenamento da imagem (respeitando assim a história moderna/contemporânea) é que haverá um fotojornalismo mais claro, preciso, verdadeiro e dife-renciado para quem o acompanha.

REFERÊnCiAsKOSSOY, Boris. Os tempos da Fotografia: o efêmero e o perpétuo. Cotia: Ateliê Editorial, 2007.OLIVEIRA, Erivam Morais de; VICENTINI, Ari. Fotojornalismo: uma viagem entre o analógico e o Digital. São Paulo: Cencage Learning, 2009.SOUSA, Jorge Pedro. Uma história crítica do fotojornalismo ocidental. Florianópolis: Letras Contemporâneas, 2004.

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A iMAGEM nAs REVisTAs: UM LEVAnTAMEnTO dE 2012 Matheus Henrique de Lara

Nas últimas décadas do século XX, as revistas semanais iniciaram um proces-so de investimento muito maior em recursos gráficos em detrimento do apelo textual. A constatação é de Bucci (2000, p.142) ao dizer que há uma “cres-cente ênfase na sensação visual”. Partindo dessa ideia de que o mercado editorial brasileiro se tornou um espaço com uma grande incidência de cores, efeitos e imagens em geral, realizou-se um acompanhamento das quatro maiores revistas semanais em atividade no Brasil para termos ideia de como o uso de fotografia tem influenciado os produtores na construção de suas ca-pas. 207 capas foram analisadas. 51 de Carta Capital, 52 de Época, 52 de Istoé e 52 de Veja. Esses números representam 100% das edições publicadas pelas revistas ao longo do ano de 2012. Um dos critérios para iniciar a análise do fator fotográfico nas capas se deu pela contagem, simples, do número de fotografias colocadas na capa das revistas semanais. Um estudo de Dorneles (2004) mostra que a valorização das imagens nas capas das três grandes revistas de circulação nacional (ele faz um pa-ralelo entre Época, Istoé e Veja) se dá com o desenvolvimento de técnicas de edição e obtenção de imagens. “Ao longo das últimas três décadas a imagem vem assumindo o status de suporte privilegiado e predominante do jornalismo praticado pelas revistas semanais de informação” (DORNELES, 2004, p.10). Entretanto, o autor não faz diferenciações entre fotografia e ilustração, considerando como imagens os recursos gráficos não textuais que se colocam nas capas dos periódicos.

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A análise nesta pesquisa partiu, antes, de uma dife-renciação básica desses tipos de imagem, e buscou-se, por-tanto, averiguar se as imagens da chamada principal das capas das revistas constituem: apenas fotografia (1), sendo, portanto, imagens fotográficas e apenas isso; ilustração (2), desenhos, símbolos, recursos ou efeitos, sem a utilização de imagens fotográficas; mistura de fotografia e ilustração com predominância de fotografia (3), pensando em espaço ocu-pado pelas imagens na capa, essa opção demarca edições que trazem uma mescla entre fotografia e ilustração, mas que dedicam mais espaço à fotografia; e mistura de foto-grafia e ilustração com predominância de ilustração (4), que caracteriza capas que valorizam mais a ilustração do que a fotografia. A contagem da recorrência de tipo de imagem da cha-mada principal nas capas das revistas nos colocou em con-dição de perceber diferentes tratamentos das publicações no que se refere às imagens da capa. Antes, há que se re-conhecer o cenário geral, com uma preferência para capas onde se mesclam fotografia e ilustração e prevalece a foto-grafia; ou seja, no espaço da capa, há aspectos digitais, de edição ou traços manuais, mas a fotografia ocupa o maior espaço na página. Das 207 capas analisadas, 61 têm essa característica. Estatisticamente, é a que mais aparece, mas seguida de perto de outros tipos de tratamento de imagem

na chamada principal: 51 capas trouxeram apenas ilustra-ção na manchete, 47 trouxeram apenas fotografia, e em 45 a ilustração prevaleceu sobre a fotografia quando da mistura das duas. Trata-se portanto, de um cenário bastante equilibrado do uso de fotografia e ilustração nas capas das revistas. Entretanto, se as analisarmos separadamente, chega-mos a dois tratamentos especiais. No primeiro grupo, Carta Capital e Época aparecem como publicações onde não se consegue rotular o uso de imagens na capa, devido ao equi-líbrio entre utilização de fotografia, ilustração ou da mistura entre elas, prevalecendo a fotografia. Os números de edi-ções que trouxeram essa característica é semelhante, repre-sentando de 23% a 33% das capas dessas publicações ao longo do ano. Dado importante nessa contagem é que se trata das revistas que mais trouxeram capas em que apenas uma fotografia ilustra a manchete; e ao mesmo tempo, são as duas revistas em que mais aparecem ilustrações digitais ou manuais –e somente isso- para ilustrar a manchete. Já Veja e Istoé, também com números parecidíssimos, figuram como revistas em que a mistura entre fotografia e ilustração é praticamente sagrada. Nos dois casos, capas que trazem a mistura de fotografias e ilustrações representam 65% do total de capas do ano.

REFERÊnCiAsBUCCI, Eugênio. Sobre ética e imprensa. São Paulo: Cia das Letras, 2000.

DORNELES, Vanderlei. Do verbal para o visual: status de imagem nas revistas semanais de informação. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUICAÇÃO. Porto Alegre: 2004. Anais... São Paulo: Intercom, 2004.

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50Casa Lacerda

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dEPOiMEnTOs

UM OLHAR sOBRE LAPABruna Fernandes Machado

“Eu não conhecia Lapa, nem tinha conhecimento sobre sua importância histórica. Só sabia que era uma cidade histórica do Paraná. Ao andar pelas ruas para fotografar, ficou perceptível a impor-tância do município, da arquitetura e do valor his-tórico das casas, museus, teatros e alguns imóveis comerciais. Até o tamanho das árvores da Rua das Tropas indica que entramos em uma cidade antiga e bem preservada. Há grande contraste entre modernidade e as coisas antigas. O casa-rio antigo, contrastando as construções modernas, que surgem em vários lugares, marcam mudanças no espaço urbano. Mas, apesar disso, a cidade ainda mantém um ar tradicional que reflete no cotidiano das pessoas que ali vivem, nos gestos simples do povo, nas conversas na praça e na tranquilidade dos moradores da cidade. Os habitantes, guias turísticos e monitores são muito receptivos e dedicam tempo para explicar os principais eventos históricos que vivenciaram

os antigos moradores. Parecem não se incomodar em dar informações aos visitantes e, especialmen-te àqueles que vão para a cidade pesquisar ou registrar seus patrimônios culturais, históricos e artísticos. Foi muito importante fotografar a cida-de. Lembro-me de uma guia do teatro que con-tava em detalhe as histórias da casa de espetá-culos. Indicou onde havia uma casa com senzala, e de onde eu poderia fotografar. Como iniciante na fotografia, não recusei a dica. Eu tinha mania de fotografar “com o dedo” antes de fotogra-far com os olhos. Ficava com a câmera o tempo todo grudada no rosto. Não queria perder nada daquela cidade, o que resultou em cerca de 700 fotos, sendo que muitas eram semelhantes, mas no geral consegui tirar boas fotos, principalmente da fachada dos prédios e detalhes das praças, que mais me fascinaram. Lapa, pra mim, é uma cidade muito charmosa, encantadora, e tem um grande potencial para ser fotografada.”

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“A cidade da Lapa é um lugar histórico de nosso Es-tado e país e que merece, sem dúvidas, o registro das lentes dos turistas, estudantes e pesquisadores. A ida até a Lapa para fotografar representou uma experiência que permite a cada fotógrafo, fotojor-nalista, estudante desenvolva um olhar particular, tanto sobre os detalhes do lugar, quanto sobre as técnicas da fotografia. Quando você vai com um grupo grande com o mesmo objetivo ‘fotografar a mesma cidade, as mesma pessoas e acontecimentos’, automaticamen-te desenvolve-se em cada um, uma busca por um olhar específico que diferencie o seu trabalho dos demais. Permitindo que cada um se desenvolva e se reconheça quanto aquilo que é capaz de fazer e criar. Sabemos que a academia e o mercado propi-ciam uma homogeneização do trabalho fotográfico, principalmente no que diz respeito a acontecimen-

tos factuais ou mesmo rotineiros. E, é nessas expe-riências, como o passeio a Lapa, que o fotógrafo pode treinar o seu olhar, técnicas e pontos de vistas diferentes sobre coisas cotidianas. É isso que irá di-ferenciá-lo no mercado profissional. Para mim foi uma experiência quase antropo-lógica ‘ ir a campo’, conhecer mais sobre aquilo que se queria registrar, sobre a cultura, modo de vida e as histórias das coisas a nossa volta para as quais normalmente as pessoas não dão importância. Foi possível, nessa incursão, aproximar-se da realidade de Lapa e viver um pouco de sua história. É mais do que um olhar turístico e do que uma fotografia meramente doméstica, porque tratam-se de estu-dantes com conhecimentos teóricos e práticos e com um objetivo especifico que é agregar informação na imagem. E, esse fato é o que diferencia os fo-tojornalistas e acadêmicos de jornalismo de meros apertadores de botão.”

A HisTÓRiA JUsTiFiCADaian Lana Ribeiro Cruz

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UMA HisTÓRiA EM MinHA HisTÓRiADaniel Luis Schneider

“Neste meu primeiro ano como aluno do curso de Jornalismo da Universidade Estadual de Ponta Grossa tive a oportunidade de viajar com o grupo de extensão Foca Foto para a histórica cidade de Lapa, cenário dos últimos episódios da Revolução Federalista, o famoso Cerco da Lapa. A sensação de andar por aquelas ruas é de uma verdadeira viagem no tempo, com sua arquitetura original dos séculos XVIII e XIX, com poucas alterações. Como nasci e cresci em Ponta Grossa, cidade que não tem por hábito a conservação de seus pré-dios históricos, fiquei surpreso quando, conversando com alguns moradores, eles disseram que grande parte daqueles prédios, muito bem-conservados, não eram tombados. A manutenção da paisagem da cidade é feita pelos próprios moradores. A viagem também proporcionou-me um con-

tato com o lado profissional da fotografia, já que foi feita exclusivamente para produção de imagens. Fotografo desde os meus sete anos, e o passeio me auxiliou em aspectos como selecionar uma cena que possa ser fotografada, evitando aquele hábito de registrar tudo o que se vê. Poder participar dessa atividade e entrar em contato com uma cultura diferente da que estou ha-bituado foi algo imprescindível para minha forma-ção pessoal e profissional. Mesmo que apenas por um dia, deixar a cidade em que se vive e ver um lugar novo e pessoas com costumes diferentes, ape-sar da proximidade geográfica entre os dois mu-nicípios, é uma experiência que carregamos para nossas vidas e vemos que existem outras formas de ver o mundo que divergem daquela que carrega-mos por toda a vida.”

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nOsTALGiA QUE sE FUndECOM O PREsEnTEMariana Tozetto

“Indescritível a sensação de nostalgia que se funde com o presente ao cami-nhar pela cidade. As ruas constituídas por paralelepípedos e os tanques de guerra em frente ao Panteon dos Heroes trazem a imaginação de como foi o “Cerco da Lapa” durante a Revolução Federalista. Para quem está acostumado a ver gran-des prédios e o tumulto da vida urbana, Lapa é como se o tempo tivesse parado. Os lapeanos são muito receptivos, tanto que se perguntar onde é o melhor lu-gar para se fazer um lanche rápido, logo apontam para uma lanchonete da cidade onde vendem uma especiaria típica: a co-

xinha de farofa. A gruta do monge, localizada no Parque Estadual do Monge é o lugar mais famoso da cidade. Alguns dizem que o lo-cal é milagroso pelo fato de, em 1847, ter servido de abrigo ao Monge João Maria D’Agostini. Apesar de toda a escadaria pra chegar até a gruta, durante o caminho podem ser encontrados vários objetos tra-zidos por devotos do monge, um cenário um tanto que inusitado. Se fosse dar um conselho para alguém que não sabe ain-da que cidade histórica visitar no Paraná, com certeza seria Lapa.”

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55Santuário de São Benedito

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56Construções antigas da Lapa

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Santuário de São Benedito

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FOTÓGRAFAsE FOTÓGRAFOsos números indicam as páginas com trabalhos do(as) fotógrafo(as):

Aline Jasper: 36Andressa Kaliberda: Capa, 20 e 27Bruna Fernandes Machado: 7, 9, 23, 24, 30, 37, 48, 51 e 56Carine Cruz: 31 e 46Carlos Alberto de Souza: 2, 3, 5, 6, 10, 11, 12, 13, 16, 17, 22, 33, 35, 39, 40, 42, 43, 50, 55 e 57Daian Lana Ribeiro Cruz: 8,18, 45 e 52Daniel Luis Schneider: 14, 38, 41 e 53Mariana Tozetto: 28 e 29Taís Maria Ferreira: 19, 47 e 54

coleção

Imagética

1

DeJor

APOiO

REALizAçãO

LIÇÕES DE FOTOGRAFIAE FOTOJORNALISMO

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070.49 Lapa / organizado por Carlos Alberto de Souza e L299l Ofelia Elisa Torres Morales. Ponta Grossa: UEPG/ PROEX, 2014. 58p.; il. (Imagética: lições de fotografia e fotojorna- lismo, 1)

1-Lapa (PR) – história. 2-Fotojornalismo. I. Souza, Carlos Alberto de. II. Torres Morales, Ofelia Elisa. III.T.

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Lapa