cap6_o fotojornalismo nos webjornais brasileiros

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    CAPTULO 6O FOTOJORNALISMO EM ALGUNS

    WEBJORNAIS BRASILEIROS

    6.1. Caracterizao da amostra

    Constituem o objeto emprico do presente estudo os seguintes stios:

    Elementoanalisado

    Empresa URL

    Portal UOL

    Primeira Pgina

    UOL Universo Online

    (Grupos Abril e Folha)

    http://www.uol.com.br

    ltimas NotciasUOL Universo Online(Grupos Abril e Folha)

    http://noticias.uol.com.br/ultnot/

    Folha OnlineUOL Universo Online(Grupos Abril e Folha)

    http://www.folha.uol.com.br/

    Portal TerraPrimeira Pgina

    Terra Networks Brasil S/A(Grupo Telefnica)

    http://www.terra.com.br/capa/

    Terra NotciasTerra Networks Brasil S/A

    (Grupo Telefnica)http://noticias.terra.com.br/

    JB Online Jornal do Brasil S/Ahttp://jbonline.terra.com.br/

    Globo OnlineGlobo.Com

    Organizaes Globohttp://oglobo.globo.com/online/

    Tabela 01 caracterizao da amostra (fonte: Jorge Carlos Felz 2004)

    De forma a caracterizar a amostra, os stios representam uma parcela considervel e

    importante do webjornalismo praticado atualmente no Brasil. Foram selecionados trs

    webjornais que possuem verses impressas, alm de serem alguns dos mais antigos

    webjornais brasileiros:JB Online, Folha Online e Globo Online. As primeiras pginas dosdois maiores portais brasileiros (UOL e Terra), que se baseiam fortemente no contedo

    http://www.uol.com.br/http://noticias.uol.com.br/ultnot/http://www.folha.uol.com.br/http://www.terra.com.br/capa/http://noticias.terra.com.br/http://jbonline.terra.com.br/http://oglobo.globo.com/online/http://oglobo.globo.com/online/http://jbonline.terra.com.br/http://noticias.terra.com.br/http://www.terra.com.br/capa/http://www.folha.uol.com.br/http://noticias.uol.com.br/ultnot/http://www.uol.com.br/
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    noticioso para atrair seus usurios, e ainda os canais (ou editorias) de notcias (UOL ltimas

    Notcias e Terra Notcias) ancorados nestes dois portais, tambm foram observados.

    O perodo de seleo e gravao/ registro (backup) das pginas analisadas foi de 29 de

    junho a 06 de julho de 2004 (tera a segunda-feira). Para que amostra fosse representativa, as

    edies (atualizaes) foram coletadas duas vezes por dia, sendo a primeira gravao

    realizada s 8 horas e a segunda, s 16 horas. Em virtude de problemas com os stios,

    algumas atualizaes no puderam ser gravadas, embora isso no interfira diretamente nos

    dados que foram observados em cada uma das edies coletadas. A coleta de dados resultou

    em 356 fotografias que foram analisadas ao longo deste captulo.

    EDIES (POR DATA E HORRIO DE COLETA)

    29/06 30/06 01/07 02/07 03/07 04/07 05/07 06/07STIOS

    ANALISADOS

    M T M T M T M T M T M T M T M T

    Portal UOLPrimeira Pgina

    ltimas Notcias

    Folha Online

    Portal TerraPrimeira Pgina

    Terra Notcias

    JB Online

    Globo Online

    Observaes: M = coleta de dados s 8 horas; T = coleta s 16 horas; edies em backupTabela 02 perodo de coleta de dados - edies analisadas por cada stio(fonte: Jorge Carlos Felz 2004)

    6.2. Levantamento de dados

    Todas pginas dos stios selecionados foram gravadas diretamente das respectivas

    URL - Uniform Resource Locator (localizador de recursos uniforme), para o HD (disco

    rgido) do computador como arquivos simples da web. Essa opo de salvamento permitiu

    salvar cada pgina analisada como um nico arquivo, com extenso .mht, que continha todo

    o material necessrio para a leitura do texto offline, em qualquer computador. Este padro de

    salvamento no realiza nenhum tipo de converso, conservando toda a estrutura original do

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    html, e mantendo ativos os links, as propagandas, as imagens com animao, banners etc.

    Para cada um dos stios, foram criadas pastas especficas, onde os backups das atualizaes

    foram arquivados, conforme os dias e horrios de salvamento.

    Aps a organizao das pginas em suas pastas especficas, utilizamos o programa

    ACDSee.7 ( ACD Systems), um software administrador fotogrfico, um programa que

    capaz de organizar, buscar e editar imagens. o mesmo programa utilizado pela: AP -

    Associated Press, Boeing e Harvard University para gerenciamento de bancos de imagens.

    Esta ferramenta nos permitiu executar as seguintes tarefas:

    (a)classificar todas as imagens exibidas por cada um dos stios em suas pginas;(b)levantar dados referentes identificao, caractersticas e propriedades de cada

    uma das imagens;(c)organizar um banco de dados com todas as imagens;A partir destas etapas, passou-se ao trabalho de categorizao e interpretao dos

    dados, que contou com o suporte metodolgico da Anlise de Contedo1 (AC) entendida aqui

    como um mtodo de tratamento e anlise de informaes existentes em um documento, e

    colhidas por meio de tcnicas de coleta de dados.

    Como j discutido na Introduo deste trabalho, deve-se ressaltar que a anlise de

    contedo no um mtodo uniforme, mas um conjunto de anlises bastante amplo e aplicvelao vasto campo da comunicao.

    O procedimento especfico da anlise de contedo aqui adotado foi a anlise

    categorial , pois trata-se de um mtodo taxionmico muito bem estruturado e capaz de

    organizar, segundo critrios pr-estabelecidos, todos os elementos (dados) coletados. As

    categorias de anlise estabelecidas, a partir da coleta dos dados nos stios analisados, foram as

    seguintes:

    (1)nmero de imagens fotogrficas por pgina;

    (2)cdigos utilizados para identificao das imagens fotogrficas;(3)padro dos arquivos digitais das imagens;(4)formato ou resoluo (em pixels) das imagens;(5)tamanho dos arquivos digitais;(6)atualizao das imagens digitais;(7)origem das imagens exibidas.

    1 Sobre a metodologia de anlise de contedo ver BARDIN, Laurence. Anlise de Contedo. Lisboa: Edies70, 1995.

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    Quanto anlise dos elementos tcnicos e estticos das imagens fotogrficas, optamos

    por trabalhar com uma amostra obtida a partir das imagens principais exibidas pelos

    webjornais selecionados (Folha Online, JB Online, Globo Online). Nos limites desta

    dissertao , a anlise tcnico-esttica privilegiou os aspectos denotativos da imagem.

    6.2.1. Nmero de imagens por pginaEm um documento multimdia e nos documentos da web, combinam-se uma srie de

    itens audiovisuais: imagens tcnicas e formas, as quais so: textos fixos e dinmicos,

    grficos, imagens, sons, animaes e udio e vdeo (TORREALBA PERAZA, 2004, p. 72)2.

    Para Torrealba Peraza (2004), as imagens visuais podem ser classificadas em:

    (a) Imagem esttica: uma imagem tcnica visual (formal ou material). a maisutilizada na web e pode ser classificada em quatro tipos diferentes: imagem

    textual, diagrama, fotogrfica e dimensional;

    (b) Imagem idealmente dinmica: uma imagem tcnica visual que proporciona umsentido de movimento, de dinamismo, s que em sentido figurativo. As imagens

    mais representativas dessa categoria so as imagens icnicas-verbais: as

    fotonovelas, historietas e quadrinhos;

    (c) Imagem dinmica: um agrupamento de imagens estticas que esto sobrepostascom o intuito de causar a sensao de animao, movimento ou dinamismo. o

    princpio do cinema e do vdeo. As imagens dinmicas utilizadas na web, so

    imagens formais: animaes, banners3, rollovers4 e gifs animados5;

    (d) Imagens textuais: so imagens estticas ou fixas que permitem transmitir umamensagem escrita. Podem ter diferentes formatos, o que ir modificar o discurso,segundo os seguintes aspectos: tipo de fonte, alinhamento de pargrafos, tamanho

    2 TORREALBA PERAZA, Juan Carlos. Aplicacin eficaz de la imagen en los entornos educativos basadosen la web. Tesis Doctoral. Barcelona: Departamento de Projectes DEnginyeria, Universitat Poltcnica deCataluyna, 2004.3Banner: mensagem publicitria, geralmente animada, encontrada em pginas da internet, que, na maioria dasocorrncias, contm um link para a pgina do anunciante ou produto anunciado.4Rollovers: botes interativos, muito utilizados na web para abrir outras janelas ou textos explicativos.5GIF animado: a animao grfica um dos recursos embutidos no formato de arquivo grfico GIF89a. elapermite que uma imagem grfica contenha diversos quadros de animao imagens separadas que, quando

    vistas rapidamente juntas, do a iluso de movimento ou mudana no tempo. Todas as imagens so arquivadasdentro de um nico arquivo GIF junto com configuraes que descrevem como elas devem ser rodadas na janelado navegador. Dentro do GIF possvel determinar se e quantas vezes a frequncia se repetir, quanto tempocada quadro permanecer visvel e a maneira como cada quadro substitui o outro.

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    das fontes, variao de cores. Existem dois tipos especiais de texto: o texto linear

    e o hipertexto;

    (e) Imagens icnicas: so imagens visuais estticas que reproduzem os contornos dacoisa representada: fotografias e desenhos;

    (f) Diagramas: so imagens estticas que funcionam como representaes dasrelaes de magnitude, funcionamento das partes de um sistema ou que descrevem

    um dado fenmeno. So modelos tcnicos que permitem expressar relaes

    minimizando as ambigidades.

    Assim, em cada amostra analisada foram observadas apenas as imagens fotogrficas

    (imagens visuais estticas) de contedo informativo. No foram consideradas, para efeito de

    observao, outras imagens visuais, como animaes, botes, banners, rollovers e outroselementos grficos da pgina. Esta seleo resultou em um total de 356 imagens fotogrficas,

    distribudas pelos stios analisados.

    Os elementos que procuramos observar em nossa anlise desta categoria (nmero de

    imagens por pgina) foram: a forma de utilizao das imagens, nmero de fotografias por

    pgina e distribuio destas em cada uma das atualizaes dos stios. Cada um dos portais ou

    webjornais utiliza um padro particular para utilizao de imagens em suas pginas.

    Os portais UOL e Terra, empregam poucas imagens fotogrficas em suas pginasiniciais. O Terra utiliza apenas uma imagem (fotografia) em sua pgina inicial. Uma segunda

    imagem fotogrfica exibida, mas como parte de uma arte que funciona como um cone de

    entrada em um dos diferentes canais (sempre varivel). A imagem utilizada pelo Terra tem

    sempre funo ilustrativa e faz parte de uma reportagem maior, funcionando como link para

    essa reportagem ou mesmo para o canal no qual determinada notcia se encontra. A

    localizao da imagem dentro do projeto visual da pgina sempre constante, no canto

    esquerdo superior.O portal UOL emprega um nmero maior de fotografias em sua pgina inicial. A

    cada atualizao, o portal disponibiliza 04 (quatro) imagens fotogrficas. As imagens

    tambm so distribudas na pgina inicial seguindo um padro grfico: a imagem do canto

    superior esquerdo, sempre a imagem do dia. Dentro do projeto visual do portal, a imagem

    do dia na verdade, uma sucesso de uma srie de imagens que se alternam num dado

    perodo de tempo e que formam uma galeria de imagens, acessada toda vez que se clica sobre

    a imagem que estiver sendo exibida. Esta galeria funciona como um lbum virtual, com as

    principais imagens do dia ou de um dado acontecimento.

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    Figura 01 reproduo stio UOL (4 de julho de 2004)

    Figura 02 reproduo stio TERRA (02 de julho de 2004)

    Figura 03 reproduo UOL ltimas Notcias (julho de 2004)

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    Os canais de notcias desses portais seguem os mesmos preceitos quanto utilizao

    das imagens fotogrficas. O UOL ltimas Notcias veicula apenas uma imagem em sua

    pgina inicial, normalmente relacionada com a matria principal da edio (atualizao) no ar.

    Assim como no portal, a imagem funciona como link para uma galeria de imagens, alm de

    abrir a matria onde a imagem se insere. No Terra Notcias, a nica imagem fotogrfica

    empregada, funciona como uma fotografia de primeira pgina, uma espcie de porta de

    entrada para as notcias, com um link para a reportagem da qual faz parte.

    Figura 04 reproduo stio Terra Notcias (julho de 2004)

    No caso dos webjornais, o nmero de imagens mais varivel, indo sempre de 03

    (trs) fotografias, como empregadas pela Folha Online, at 05 (cinco) ou 07 (sete) imagens

    empregadas por edio, caso do Globo Online.

    Figura 05 reproduo webjornal Folha Online (04 de julho de 2004)

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    A Folha Online opera com trs imagens por edio. A primeira sempre a imagem

    do dia cujo link remete a uma galeria com as imagens mais marcantes do dia e ao texto da

    reportagem. A segunda imagem, um tambm um link para a galeria de fotos e a terceira,

    sempre um boneco6 do colunista que escreve naquele dia da semana.

    No caso do JB Online, temos sempre uma imagem relacionada com a reportagem

    principal da edio e mais quatro ou cinco imagens pequenas, que funcionam como cones

    presentes em uma galeria intitulada Leia mais.

    Figura 06 reproduo webjornal JB Online (30 de junho de 2004)

    Figura 07 reproduo webjornal Globo Online (06 de julho de 2004)

    6Boneco [fotogrfico]: jargo editorial que designa fotografia de uma pessoa em que aparecem seu rosto, emgeral de frente, e parte do seu tronco. In: FOLHA DE S. PAULO. Novo manual da Folha. 8a edio. Folha de S.Paulo, 1998.

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    O Globo Online o que oferece maior nmero de imagens por edio, chegando a ter

    sete imagens na edio do Domingo, 04/07/2004. As imagens so distribudas de acordo com

    a importncia dos assuntos abordados. No entanto, percebe-se que as imagens mais exibidas

    esto relacionadas com algumas das principais editorias do webjornal: Pas, Economia,

    Mundo e Esportes. Alm dessas, ainda h as editorias Cincia, Cultura, Planto, Rio e So

    Paulo. O jornal mantm ainda uma seo de Fotografia chamada de Fotogaleria, que

    funciona como uma galeria de imagens, com trs ensaios dirios sobre algum assunto

    importante ou que esteja em destaque na semana ou perodo.

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    N. DE FOTOGRAFIAS EMPREGADAS ECADA EDIO/ ATUALIZAOSTIOS

    ANALISADOS 29/06 30/06 01/07 02/07 03/07 04/07

    M T M T M T M T M T M T

    Portal UOLPrimeira Pgina

    2 * 5 5 5 * 5 5 2 5 5 4

    ltimas Notcias 1 * 1 1 1 1 1 1 1 1 1 1

    Folha Online 3 3 3 3 3 3 * * 3 3 3 3

    Portal TerraPrimeira Pgina

    2 * 2 3 2 1 1 1 N * 1 1

    Terra Notcias 3 3 3 * 3 3 3 3 3 3 3 3

    JB Online 5 * 8 7 8 7 7 6 10 7 7 7

    Globo Online 5 5 4 6 6 6 6 6 4 4 7 5

    Observaes: (*) no foi possvel copiar atualizao;(N) = no foi utilizada nenhuma fotografia nesta edio ou atualizao do stio

    Tabela 3 N. de fotografias utilizadas em cada edio/ atualizao dos stios analisados(fonte: Jorge Carlos Felz 2004)

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    6.2.2. Cdigos utilizados para identificao das imagens fotogrficas

    Conforme j destacado no captulo 4, as imagens fotogrficas quando digitalizadas

    precisam ser identificadas corretamente para facilitar o arquivamento e a distribuio das

    imagens para os diferentes setores do jornal ou mesmo de um portal. Esta identificao fica a

    cargo, primeiramente, do fotgrafo que produz a imagem e, em ltimo caso, da equipe que

    edita e coloca no ar as imagens.

    PADRES DE CDIGOS DE IDENTIFICAO DAS FOTOGRAFIASSTIOSANALISADOS Exemplo(s) de cdigo(s) Descrio da codificao

    Portal UOLPrimeira Pgina

    30saddamCdigo que emprega um nmero (refere-se ao dia daimagem) e uma palavra-chave para descrever ocontedo

    ltimasNotcias

    29cactos2Cdigo que emprega um nmero (refere-se ao dia daimagem) e uma palavra-chave para descrever ocontedo

    Folha Online 20040629_diaO cdigo empregado utiliza uma combinao alfa-numrica, indicando: dia, ms e ano da edio epalavra-chave para reconhecimento da imagem.

    Portal TerraPrimeira Pgina

    Riofw_melhoresmomentos8988

    Cdigo bastante confuso, mesmo que cada parte destepossa fazer sentido para os responsveis pela

    montagem das notcias no stio.

    Terra Notcias 114852_thCdigo alfa-numrico mais fcil de ser seguido,porm no compreensvel por quem no conhece abase em foi estabelecido.

    JB OnlineFoto1btera2606bebel

    60chico

    Os cdigos no seguem uma linha pr-estabelecida.As diversas imagens de uma edio podem tercdigos totalmente diferentes. Alguns podem serapenas uma palavra, capaz de identificar o contedoda foto, outros sero cdigos alfa-numricos,indicando a data da produo da imagem e o seuposicionamento dentro da pgina.

    Globo Online 040628_fashion

    O cdigo empregado utiliza uma combinao alfa-

    numrica, indicando: dia, ms e ano da edio epalavra-chave para reconhecimento da imagem

    Tabela 4 cdigos de identificao empregados pelos stios para nomear as fotografias(fonte: Jorge Carlos Felz 2004)

    Ao examinarmos as diferentes codificaes de cada stio analisado, observa-se que

    os webjornais Folha Online e Globo Online utilizam-se de codificaes bastante precisas,

    capazes de identificar no apenas o assunto ou a posio da imagem na pgina, mas tambm

    a data de produo da fotografia ou do acontecimento. Estes dois webjornais trabalham com

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    cdigos alfa-numricos (letras e nmeros), em que possvel identificar: dia, ms e ano da

    produo da imagem; contedo da imagem ou assunto abordado.

    No JB Online, a identificao das fotografias no segue um padro. As imagens

    principais de cada edio recebem cdigos de um tipo, j aquelas que compem o link Leia

    mais, recebem outros cdigos, desta vez aleatrios. O mesmo ocorre com as imagens do

    portal Terra, onde os cdigos so complexos e difceis de serem entendidos e, provavelmente,

    tambm de serem utilizados. No canal Terra Notcias, o padro de codificao ainda mais

    complexo, so empregados somente nmeros, sem qualquer forma de identificao do

    contedo da imagem.

    No portal UOL e no canal UOL ltimas Notcias, os cdigos seguem o mesmo padro,

    embora diferente daquele empregado pela Folha Online. O portal e o canal de notciasutilizam cdigos identificadores do dia de incluso da imagem na web e de seu contedo.

    6.2.3.Padro dos arquivos digitais das imagensTodos os stios analisados empregam imagens fotogrficas em formatoJPEG7. NoJB

    Online e no portal Terra, verifica-se ainda a existncia de alguns arquivos em formato GIF

    (Formato de Intercmbio Grfico)8. O formato GIF comumente empregado em imagenscom reas de cor lisa e bordas rgidas, como logomarcas, arte de traos, botes e imagens

    grficas de textos.

    Segundo Niederst (2002), na web deve-se seguir algumas regras para a seleo do

    melhor formato de arquivo. Se a imagem empregada for grfica, com cores lisas, o melhor

    formato o GIF, que permite a compactao mais eficiente e qualidade mais alta com

    arquivos pequenos. Se a imagem uma fotografia, ou com muita gradao de cor, o arquivo

    deve ser gravado emJPEG, padro que funciona melhor em imagens com misturas de cores.Se ainda for uma combinao de arte lisa e fotogrfica, como um banner, com texto de fundo

    liso e uma pequena imagem fotogrfica, o arquivo deve ser em GIF que dar melhores

    resultados, embora com algum pontilhamento nas bordas da fotografia (Niederst , 2002, p.

    249-267)9.

    7 JPEG (Joint Photographic Experts Group): um tipo de formato de imagem digital que permite umavariedade bastante grande de compactao (atualmente 12 nveis). Quanto maior a compactao, menor a

    qualidade. Este o formato mais utilizado nas cmeras digitais e na internet de um modo geral.8GIF: formato de intercmbio grfico. Formato de arquivo comum de imagens grficas da web. um formatode 8 bits baseado em paleta. mais apropriado para imagens lisas com reas de contraste acentuado.9 NIEDERST, Jennifer. Web design. Rio de Janeiro: Cincia Moderna, 2000.

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    O mesmo procedimento deve ser tomado se a fotografia a ser utilizada equivale a um

    pequeno selo, pois a qualidade da imagem ser mantida com um arquivo bem reduzido. O

    formato GIFtambm deve ser utilizado quando se tratar de imagens com transparncias ou

    for preciso algum tipo de animao.

    No JB Online e no Terra, as diversas imagens em formato GIF observadas, so

    objetos ou figuras recortadas do fundo original ou funcionam como botes de aceso a canais

    (editorias) ou matrias especiais. No Globo Online, em uma das edies houve a utilizao

    desse formato para ilustrar uma reportagem sobre o debate entre candidatos Prefeitura da

    cidade do Rio de Janeiro, neste caso um GIF animado, composto pelas fotografias dos

    principais candidatos.

    6.2.4.Resoluo (dimenses) das imagensUma imagem digital tem apenas uma resoluo10, no um tamanho. Por exemplo, uma

    imagem composta por 640 x 480 pixels pode ser mostrada num monitor com 1600 x 1200

    pixels, mas, como a imagem contm menos informao do que o monitor pode mostrar, cada

    pixel da imagem digital ser dividido por vrios pixels da tela, resultando em blocos de cor

    que produzem um efeito de mosaico.Quando utilizamos uma cmera fotogrfica digital a imagem ficar sempre limitada

    pela resoluo mxima de seu CCD. As cmeras mais avanadas, disponveis atualmente no

    mercado, possuem resolues de no mximo 14 milhes de pixels, o que proporciona imagens

    com tamanho de 4536 x 3024 pixels.

    Caso a imagem seja resultado da digitalizao de originais em papel ou filme, a

    imagem digital ter sua resoluo dependente da resoluo mxima do monitor utilizado para

    sua visualizao. Na web as imagens precisam ser criadas com resolues muito baixas.Imagens digitalizadas por scanners tomam como padro uma resoluo de 72 dpi11. Embora o

    conceito de pontos por polegada seja irrelevante no ambiente web, pois a nica medida

    significativa de uma imagem grfica na web seja o seu nmero real de pixels, utiliza-se este

    10Resoluo: a resoluo pode significar duas coisas: (a) a capacidade que um sistema de captura/reproduo deimagens tem para reproduzir detalhes. Quanto maior a resoluo, mais pormenores podem ser reproduzidos porum determinado sistema. Por sistema compreendo todas as partes envolvidas na captura da imagem: CCDs,lentes, softwares; (b) a segunda definio a que nos interessa. A resoluo de uma imagem o nmero depixels impressos ou exibidos por unidade de medida, sendo a polegada utilizada com mais freqncia.11DPI: o valor que indica a resoluo da imagem digital, informando a quantidade de pixels existentes emuma polegada quadrada. Esses valores porm, so empregados apenas para imagens digitalizadas em scanners oudestinadas para impresso.

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    valor de 72dpi porque ele aproximadamente a mdia para o nmero correto de pixels.

    Imagens digitalizadas, com resolues de 150 ou 300dpi, tm milhares de pixels e isso resulta

    em imagens com grandes dimenses, quando mostradas na tela do monitor.

    A resoluo de uma imagem est sempre relacionada com a qualidade de sua

    visualizao. Quanto maior a resoluo, maior a qualidade. No entanto, preciso lembrar que

    quanto maior a resoluo, tambm ser maior o tamanho do arquivo criado. Porm, alguns

    formatos de imagens, como o JPEG, produzem fotografias com boa resoluo em arquivos

    relativamente pequenos.

    No presente estudo, tambm devemos considerar a resoluo de imagens suportadas

    pelos monitores de computador. A maioria dos monitores fabricados atualmente so de 14 ou

    15 polegadas que, em geral, suportam at 1024 x 768 pixels de resoluo.No entanto, por razes tcnicas e facilidade de visualizao das imagens, os

    desenvolvedores de pginas para web adotam como padro uma resoluo de vdeo de 800 X

    600 pixels. Em todos os stios analisados, a resoluo das pginas apresentou este padro.

    Pginas desenvolvidas com dimenses maiores correm o risco de que partes no sejam

    visualizadas pelos usurios.

    Apesar de todas as pginas analisadas apresentarem resoluo de 800 X 600 pixels,

    quando se trata de resoluo das imagens fotogrficas que so exibidas nelas, cada stio possuium mtodo diferente de determinar a resoluo a ser empregada. A resoluo das imagens

    ser determinada de acordo com o projeto visual, grfico e editorial de cada um dos stios.

    Os valores de resoluo das imagens utilizadas por cada stio foram obtidos

    diretamente das pginas analisadas, utilizando-se os recursos do prprio browser(navegador)

    Internet Explorer, que permitem verificar as propriedades das imagens exibidas numa

    pgina visualizada. Estes dados foram posteriormente confirmados com o emprego do

    programa ACDSee.7 (ACD Systems), um software de gerenciamento de imagens.A seguir temos uma tabela com todas as resolues de imagens empregadas pelos

    stios no perodo analisado.

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    STIOS ANALISADOS RESOLUO DAS IMAGENS FOTOGR(EM PIXELS)

    Portal UOL 66 X 66 132 X 186 142 X 10

    ltimas Notcias 134 X 94

    Folha Online 50 X 50 100 X 87 150 X 11

    Portal Terra 46 X 46 120 X 90 120 X 11

    Terra Notcias 60 X 60 136 X 197 212 X 13

    JB Online

    50 X 5060 X 10770 X 14180 X 12580 X 23290 X 111100 X 71100 X 91100 X 97

    100 X 123100 X 127100 X 150100 X 175110 X 83

    113 X 196120 X 156

    130 X 11130 X 13130 X 19192 X 11192 X 12192 X 12192 X 15

    Globo Online

    109 X 195128 X 80

    130 X 195137 X 195144 X 195152 X 195159 X 195

    167 X 250

    170 X 250193 X 250194 X 250195 X 126195 X 130195 X 133195 X 136

    195 X 137

    195 X 13195 X 13195 X 14195 X 14195 X 17195 X 17197 X 25

    212 X 25Tabela 5 resoluo das imagens utilizadas por cada stio (fonte: Jorge Carlos Felz 2004)

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    O portal Terra trabalha com suas imagens seguindo um padro grfico onde temos

    uma estrutura que utiliza, em todas as pginas:

    (a)uma imagem com 120 x 110 pixels;(b)uma segunda com 46 x 46 pixels.Se houver necessidade, pode ser empregada ainda uma terceira imagem. Esta ser de

    120 x 90 pixels. O portal Terra utilizou no perodo um total de 17 imagens: oito imagens

    foram exibidas numa resoluo de 120 x 110 pixels e seis com 46 x 46 pixels.

    O portal UOL utilizou no perodo analisado um padro grfico no qual podemos

    perceber o uso de:

    (a)uma imagem com 147 x 100 pixels;(b)uma segunda fotografia com 132 x 185 pixels(c)mais duas ou trs imagens de 66 x 66 pixels.Em alguns casos, alm das imagens que normalmente so exibidas, podem ser

    inseridas tambm outras imagens, com resoluo de 152 x 107 pixels.

    No canal noticioso do Terra, o Terra Notcias, as imagens possuem resolues de:

    (a)212 x 136 pixels;(b)136 x 197 pixels(c)60 x 60 pixels.Este padro no alterado, sendo que as imagens de menor resoluo correspondem a

    imagens selo , chamadas para galerias de fotos ou para assuntos que permanecem mais

    tempo na mdia, como Conflitos no Iraque ou Eleies 2004.

    O canal de notcias do UOL, o ltimas Notcias, opera com uma nica imagem de

    132 x 94 pixels, sempre funcionando como link para a notcia principal ou para a galeria de

    imagens do dia. No perodo analisado o canal exibiu 14 imagens, todas com a mesma

    resoluo.O webjornal Folha Online tambm trabalha com resolues padronizadas para as

    imagens utilizadas em suas pginas. As imagens mantm sempre trs resolues:

    (a)100 x 87 pixels;(b)150 x 115 pixels;(c)50 x 50 pixels.Estes valores no se alteram em nenhuma das edies (atualizaes) analisadas. Das

    39 imagens exibidas havia 13 imagens gravadas em cada uma das trs resolues utilizadas

    como padro pelo webjornal.

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    Os arquivos utilizados em projetos para web (stios, pginas, webjornais...) devem ser

    relativamente leves para serem rapidamente carregados por qualquer computador (usurio)

    que acessar o stio ou pgina. comum, segundo Niederst (2002) muitos desenvolvedores de

    stios definirem limites de kilobytes (Kb)14 que a soma de todos os arquivos de uma pgina

    no poderia exceder. Em geral, limita-se as dimenses da prpria imagem grfica, reduzindo-

    se espaos extras. O limite dos arquivos de imagens para pginas web , em mdia, de 30Kb.

    A regra calcular que uma imagem grfica levar 1 segundo por Kilobyte(Kb) em uma conexo de modem padro (a 56Kps). Isto significa que umaimagem grfica de 30Kb levaria 30 segundos para sofrer download, umtempo muito longo para ficar olhando para a tela do computador.(NIEDERST, 2002, p. 258)15

    Nos stios analisados as imagens exibidas no perodo possuam os seguintes valores

    em kilobytes:

    TAMANHO (EM Kb) DOS ARQUIVOS DAS IMAGENSEMPREGADAS EM CADA STIOSTIOS

    ANALISADOS Kb Quant. Kb Quant. Kb Quant. Kb Quant.Portal UOL

    Primeira Pgina0203

    1716

    0405

    0306

    0607

    0403

    08 07

    ltimas Notcias0405

    1004

    -- -- -- -- -- --

    Folha Online 0203

    1301

    0405

    1004

    0608

    0504

    091120

    010101

    Portal TerraPrimeira Pgina

    0204

    0501

    0506

    0102

    0708

    0601

    12 01

    Terra Notcias010203

    071603

    040607

    010202

    081011

    010101

    121314

    010301

    JB Online

    01020304

    07540707

    05060708

    06050501

    09101112

    02030102

    1314

    0101

    Globo Online

    02030405

    04121115

    06070809

    02020805

    10111213

    05040501

    14151955

    01010101

    Tabela 6 tamanho dos arquivos (fonte: Jorge Carlos Felz 2004)

    Porm, podemos perceber que, embora todos os stios analisados apresentem

    fotografias cujos arquivos so reduzidos, isso no uma regra que deva ser cumprida por

    todos os produtores de contedo ou webdesigners. Com o acesso dos usurios a equipamentos

    14Kb: kilobyte: unidade de medida de dados armazenados em nmeros de bytes. O Kilobyte equivale a 1024bytes.

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    de melhor qualidade, com processadores mais rpidos e potentes, e a oferta de servios de

    acesso a web em banda larga, possvel empregar imagens com resoluo maior e, por

    conseqncia, ter arquivos maiores.

    Dessa forma, entre os stios analisados verificamos duas tendncias. A primeira a

    dos stios que trabalham com arquivos pequenos, com pouca variao de tamanho em torno de

    um valor mdio padro. Normalmente, cada arquivo de imagem varia entre 01 e 05 Kb.

    Nestes stios, a imagem assume uma funo de ilustrao, pelo reduzido tamanho em

    relao s dimenses da tela do monitor do computador e tambm pela forma com que

    empregada dentro dos projetos grficos desses stios.

    J o segundo grupo, que procura trabalhar a imagem como um importante elemento

    informativo, no leva em considerao essa regra de manter imagens com baixa resoluo earquivos reduzidos. Estes stios trabalham com imagens de tamanho varivel. Imagens que,

    dentro do projeto grfico tm funo ilustrativa, tero baixa resoluo e seus arquivos sero

    pequenos (01 a 5Kb). Se a imagem tem funo informativa, sua resoluo e tamanho do

    arquivo so maiores. Algumas imagens analisadas apresentaram variao de 20 a 50 Kb.

    O portal Terra apresentou, durante o perodo analisado, 17 imagens. Dessas, 12 eram

    no formato JPEG e 05 eram GIFs. Os arquivos das imagens GIFeram todos de 7 Kb. As

    imagensJPEG apresentaram arquivos com valores variando de 02 a 12 Kb, cinco em arquivosde apenas 2 Kb e as demais, com valores de 04 a 12 Kb.

    J o portal UOL teve 56 imagens diferentes no mesmo perodo. Os arquivos possuem

    tamanhos variados, de 2 a 8 Kb. No entanto, das 56 imagens exibidas, 33 arquivos so de 2 ou

    de 3Kb, isto equivale a 59% das imagens utilizadas pelo portal. O canal de notcias do mesmo

    portal, o ltimas Notcias, apresentou apenas 14 imagens, todas com valores quase idnticos,

    muito prximos ao padro: 10 imagens so de 4 Kb e 04 so de 5Kb. O Terra Notcias, canal

    de notcias do portal Terra, apresentou 39 imagens no perodo: 16 delas com 2Kb e 07 comapenas 1Kb. As outras 16 imagens possuem arquivos variando entre 3 e 14 Kb, com uma

    distribuio equilibrada de nmero de fotografias em cada um dos valores dessa faixa.

    Entre os webjornais, a Folha Online o que apresenta valores mais prximos a uma

    mdia padro. Das 39 imagens utilizadas, 28 (ou 72%) possuem um tamanho de arquivo

    prximo 3,5Kb. No entanto, o canal chegou a apresentar uma imagem com 20 Kb em uma

    de suas atualizaes. O JB Online, que emprega uma grande quantidade imagens em sua

    pgina principal, como pequenos cones para chamar a ateno para reportagens especiais (60

    15 NIEDERST, Jennifer. Aprenda webdesign. Rio de Janeiro: Cincia Moderna, 2002, p. 258 259.

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    anos de Chico Buarque, Eleies 2004 ou eventos esportivos), tambm apresenta um grande

    volume de imagens com apenas 2 Kb (54 imagens num total de 99, ou 55% do total). As

    demais imagens se distribuem numa faixa entre 3 e 14Kb, de forma no equilibrada.

    Finalmente, o Globo Online tem as 89 imagens empregadas em suas pginas

    distribudas por uma faixa bem ampla, que vai de 2 a 19Kb, com um volume maior de

    imagens ficando entre 04 e 5 Kb (38 imagens, ou 42% do total). O stio apresentou ainda, em

    uma das edies, um GIF animado, arquivo com um total de 55 Kb.

    Outras informaes importantes, levantadas a partir dos primeiros dados, como o

    perodo de permanncia e/ou de repetio das imagens utilizadas, nomes dos fotgrafos e

    agncias responsveis pelas imagens, tambm so relevantes para compreendermos como

    funciona o processo de aquisio e exibio das imagens digitais pelos diferentes stiosanalisados.

    6.2.6.Atualizao das imagens digitaisQuanto atualizao das imagens empregadas, o procedimentos so bem variados. Os

    portais (Terra e UOL) substituem as imagens com uma freqncia maior. A cada atualizao

    do contedo do stio, as imagens so substitudas, embora possam voltar, no decorrer domesmo dia ou da semana, conforme o assunto (ao qual a imagem se refere) evolui. J os

    canais de notcias desses portais, Terra Notcias e Folha Online, seguem caminhos opostos.

    Enquanto no Terra Notcias, as imagens tendem a permanecer por vrios dias, sem que sejam

    substitudas, no Folha Online, as imagens seguem uma rotina de atualizao. As imagens do

    dia so substitudas vrias vezes ao dia, enquanto as foto da galeria e da coluna diria

    permanecem por 24 horas no stio.

    No Globo Online, as imagens principais so substitudas, no mnimo, uma vez ao dia.

    J as imagens da Fotogaleria podem permanecer por vrios dias, de acordo com a

    importncia dos assuntos abordados. NoJB Online as imagens das notcias principais podem

    permanecer mais de um dia no ar. As imagens da galeria Leia mais, tendem a permanecer

    por dias seguidos, algumas por at cinco dias, tambm de acordo com a importncia do

    assunto abordado.

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    6.2.7. Autoria e distribuio das imagens digitais utilizadas pelos stios

    Embora pertenam a grandes grupos de mdia, proprietrios de outras empresas, como

    jornais, emissoras de TV, editoras e empresas de telefonia, e possam contar com equipes

    prprias de fotgrafos, todos os stios analisados utilizam imagens fornecidas pelas grandes

    agncias internacionais de notcias: Reuters, EFE (Agncia Espanhola de Notcias), AFP

    (Agence France Presse) eAssociated Press(AP). Com relao a autoria das imagens, foi

    possvel fazer ainda o seguinte diagnstico:

    (a)O portal Terra embora empregue em sua pgina inicial imagens fotogrficas, nod crditos s imagens. Das 17 imagens fotogrficas empregadas em suas pginas

    iniciais no perodo analisado, nenhuma trouxe dados referentes autoria ou

    distribuio;

    (b)J o seu canal de notcias, o TerraNotcias, utiliza apenas imagens adquiridas dasagncias de notcias, mesmo quando o fato ocorre no Brasil. A principal fonte de

    imagens fotogrficas a agnciaReuters. Das 39 fotografias utilizadas, 10 (25,6%)

    foram distribudas pela AP Associated Press. Nove fotografias (23,1%) soimagens de divulgao ou no possuem dados de autoria. J a Reuters foi

    responsvel por 20 fotografias, ou 51,3% do total de imagens exibidas pelo canal;

    (c) Portal UOL, canal de notcias UOL ltimas Notcias e webjornal Folha Online:apesar de haver a utilizao de imagens dos fotgrafos da Folha Imagem16, estas

    aparecem em menor quantidade do que as imagens fornecidas pelas grandes

    agncias. Fato curioso que, assim como no caso do portal Terra, mesmo quandoas fotografias se referem a situaes ocorridas no Brasil, como o GP Brasil de

    Motovelocidade (Autdromo de Jacarepagu - Rio de Janeiro), realizado no

    domingo 04 de julho de 2004, todas as imagens exibidas pelo Folha Online eram

    daAssociated Press (AP);

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    Autoria e/ou distribuio das fotografias

    EquipeFolha

    ImagemReuters AP AFP EFE

    Imagensde

    divulgao

    Stio

    Totalde

    fotos

    n. % n. % n. % n. % n. % n. %

    PortalUOL

    56 11 19,7 18 32,1 06 10,7 01 1,8 20 35,7

    UOLltimasNotcias

    14 01 7,1 13 92,9

    FolhaOnline

    39 14 36,0 16 41,0 08 20,5 01 2,5

    Tabela 7 Autoria das fotografias utilizadas: Portal UOL, UOL ltimas Notcias eFolha Online (fonte: Jorge Carlos Felz 2004)

    (d)No Globo Online que possui forte tradio no meio impresso, com equipes defotografia compostas por profissionais de grande experincia e com uma agncia

    (Agncia Globo) que fornece material nacional para diversos jornais de pequeno

    e mdio porte, h maior uso de imagens prprias, inclusive com imagens

    produzidas por profissionais que fazem parte da equipe do webjornal. Entretanto,

    as grandes agncias de notcias (Reuters e EFE) respondem por mais de 50% de

    todas as imagens veiculadas. A maioria dessas fotografias porm est relacionada a

    assuntos internacionais ou coberturas de eventos especiais;

    Autoria e/ou distribuio das fotografiasEquipeGloboOnline

    EquipeJornal

    O GloboReuters EFE Imagens de

    divulgaoStio

    Totalde fotos

    n. % n. % n. % n. % n. %Globo

    Online89 04 4,5 23 25,8 32 36,0 15 17,0 15 16,7

    Tabela 8 Autoria das fotografias: Globo Online (fonte: Jorge Carlos Felz 2004)

    (e) JB Online: Apesar de sua verso impressa ter uma forte tradio na coberturafotogrfica dos grandes acontecimentos nacionais e internacionais, com uma

    equipe de fotgrafos como Erno Schneider, Jos Carlos Brasil, Guilherme Romo

    e Evandro Teixeira (que at hoje permanece no jornal), o webjornal no d conta

    de seguir essa histria. Das 102 imagens fotogrficas exibidas no perodo

    16 O Grupo Folha utiliza, como forma de racionalizao dos trabalhos, uma equipe nica de fotgrafos paracobrir eventos e notcias e posteriormente as imagens so disponibilizadas a todos os diferentes veculos.

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    analisado, apenas 15 (14,7%) foram realizadas pela equipe do Jornal do Brasil

    (jornal impresso). Oito fotografias (7,8% do total) eram da agncia France Presse,

    uma era da agncia EFE (1,0%), cinco fotografias vieram de outras agncias

    nacionais, como X-Press e Futura Press (4,9%) e 73 fotografias, 71,6% do total,

    ou eram imagens de divulgao ou, simplesmente, no tinham crditos que

    permitissem descobrir a fonte das imagens.

    Autoria e/ou distribuio das fotografias

    EquipeJornal do

    Brasil

    FrancePresse

    EFEOutras

    agncias

    Imagens dedivulgao

    ou semcrditos

    StioTotal

    de fotos

    n. % n. % n. % n. % n. %

    JB Online 102 15 14,7 8 7,8 1 1,0 5 4,9 73 71,6

    Tabela 09 Autoria da imagens do JB Online (fonte: Jorge Carlos Felz 2004)

    Das 356 imagens exibidas no perodo, a maioria advm de sistemas de produo

    terceirizados: agncias ou assessorias de comunicao. Alm disso, muito comum entre os

    stios no se indicar a autoria ou distribuio da imagem empregada.

    N. total de imagensexibidas no perodo

    Imagens produzidaspor equipes prprias

    Imagens distribudaspor agncias de

    notcias

    Imagens de divulgaoou no creditadas

    n. % n. % n. %356

    68 19,1 153 43,0 135 37,9

    Tabela 10 Relao entre imagens produzidas por equipes prprias e terceiros(fonte: Jorge Carlos Felz 2004)

    Entre as images provenientes de agncias de notcias, podemos verificar que a grandedistribuidora aReuters, responsvel por 64,7% de todas as imagens exibidas pelos diferentes

    stios analisados no perodo de coleta da amostra.

    REUTERS Associated Press(AP)

    EFE France Presse(AFP)

    Outras Agncias

    n. % n. % n. % n. % n. %

    99 64,7 18 11,8 17 11,1 14 9,1 5 3,3

    Tabela 11 Maiores Agncias de Notcias distribuidoras de imagens para jornais e stiosna web (fonte: Jorge Carlos Felz 2004)

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    Uma prtica cada vez mais comum, tambm nos stios de notcias na web, a

    terceirizao de servios e o emprego de material distribudo por empresas de assessorias

    (releases e imagens de divulgao). Isso ocorre no apenas entre os portais e canais de

    notcias mas tambm com os webjornais, que nos casos analisados, possuem verses

    impressas tradicionais, caracterizadas por serem produzidas por grandes equipes de bons

    profissionais: Folha de S. Paulo (Folha Online), Jornal do Brasil (JB Online) e O Globo

    (Globo Online).

    Essa terceirizao de servios fotogrficos toma na web rumos diferenciados dos

    praticados em outros veculos de comunicao. Especialmente no jornalismo impresso, as

    empresas sempre mantiveram suas equipes para as coberturas regionais ou mesmo nacionais,

    dependendo do porte do jornal. No webjornalismo, o fornecimento de notcias (textos eimagens) quase todo terceirizado, mesmo quando se trata de coberturas regionais ou

    nacionais.

    Para Ferrari (2003), no caso do webjornalismo, a produo de reportagens (incluindo

    aqui as reportagens fotogrficas) deixou de ser um item do exerccio do jornalismo. O que se

    pratica nas redaes dos stios de notcias e webjornais a (re)produo de notcias,

    ou como se diz no meio jornalstico, empacotamento da notcia. Empacotarsignifica receber um material produzido, na maioria das vezes por uma

    agncia de notcias, mudar o ttulo, a abertura, transformar alguns pargrafosem outra matria para ser usada como link correlato, adicionar umafotografia ou vdeo e por a afora (FERRARI, 2003, p. 44)17.

    Se no caso do texto, isto parece o ressurgimento da funo de copydesk, com o

    jornalista18 da web trabalhando sobre textos alheios, traduzindo as matrias para uma

    linguagem aceita na nova mdia, quando passamos para o campo da fotografia o que

    percebemos o aparecimento de uma nova figura, encarregada de buscar nos bancos de

    imagens e agncias de notcias as fotografias necessrias para a cobertura dos assuntos

    abordados a cada atualizao; trat-las, quando necessrio; reduzir a resoluo para valores

    baixos, de forma a facilitar o carregamento dos dados e, posteriormente, encaminh-las para a

    equipe encarregada de colocar, atualizar, o material na pgina.

    Normalmente, a busca ser sempre por fotografias produzidas (imagens digitais) ou

    reveladas (fotografias analgicas) com pouca riqueza de detalhes, pois isso facilita a

    visualizao, em tamanho reduzido, no monitor do computador. Imagens com excesso de

    17 FERRARI, Pollyana. Jornalismo digital. So Paulo: contexto, 2003.18 Nem sempre a equipe encarregada de tratar as matrias, transpondo-as para uma linguagem prpria para aweb, formada por jornalistas. prtica comum nas redaes de webjornais a equipe de trabalho ser formadapor estagirios, sob a coordenao de um jornalista com alguma experincia no meio.

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    cores, texturizadas, com de sombras em degrad ou com muitas linhas e detalhes devem ser

    evitadas.

    O trabalho de oferecer material atualizado facilitado pela estrutura das agncias de

    notcias. Reproduzindo uma caracterstica dos outros meios de comunicao, grande parte

    das fotografias veiculadas na web provm de algumas agncias internacionais: Reuters,

    France Presse (AFP), EFE.

    Apesar da Associated Press, criada em 1848 nos EUA, ser a mais antiga das

    agncias e fornecer notcias, fotografias, grficos, udio e vdeo para jornais, emissoras de TV

    e de rdio e stios de web espalhados pelo mundo inteiro, no Brasil a AP no ocupa muito

    espao junto aos stios de web. Os grandes fornecedores de notcias e fotografias para os

    stios brasileiros so as agncias europias:Reuters,AFP e EFE.A agncia EFE foi criada em 1939 na Espanha, por antigos scios da Fabra, uma

    agncia de notcias criada em 1919 pelo jornalista espanhol Nilo Maria Fabra e pelo francs

    Charles-Louis Havas, criador da Havas, precursora da Agncia France Presse. Em 1965 a

    agncia abriu seu primeiro escritrio na Amrica Latina, em Buenos Aires. Em 1967, a EFE

    comea a operar no Brasil.

    Alm do servio de esportes, com textos em portugus cobrindo todas as modalidades,

    a agncia oferece a possibilidade de traduo de qualquer documento ou notcia existente emseu banco de dados, o EFEDATA. Alm disso, desde que comeou a operar com seus

    servios em portugus, em 2002 a EFE deu incio a construo de um segundo banco de

    dados, totalmente em portugus.

    A agncia conta com mais de 850 produtos e servios para o atendimento a jornais,

    emissoras de TV e rdio, stios de web, instituies e empresas. Alm do acesso ao

    EFEDATA, os stios brasileiros dispem de acesso Fototeca, um espao na internet

    () com reportagens, infografias e um banco de imagens commais de 13 milhes de fotografias (EFE, 2004)19.

    Outra agncia que fornece grande parte do material fotogrfico para os stios

    brasileiros a France Presse. Sua fundao remonta primeira agncia de notcias, criada

    em 1835 por Charle-Louis Havas. Na Frana ocupada pelos alemes, aHavas se transformou

    no OFI Office Franais de lInformation. Com a libertao pelos aliados em 1944, o

    escritrio de informao se tornou na moderna Agence France-Presse (AFP). Presente em

    165 pases, aAFP possui uma sede regional para a Amrica Latina com sede em Montevidu,

    19 EFE. Um grupo empresarial com vocao de servio. Disponvel em .Acesso em 11/11/2004.

    http://www.lafototeca.com/http://www.lafototeca.com/
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    Uruguai. No Brasil, seus escritrios esto localizados no Rio de Janeiro, onde editado o

    servio de informaes em portugus, em So Paulo e Braslia. Alm de oferecer diariamente

    cerca de 700 fotografias, a AFP disponibiliza webjornais prontos para serem usados. Os

    usurios podem encontrar, sem mudar de endereo, as ltimas notcias procedentes do mundo

    inteiro. Basta estabelecer um link entre o stio e as pginas que so permanentemente

    atualizadas (AFP, 2004)20. Este servio pode ser observado no portal UOL e em seu canal

    Ultimas Notcias, onde atravs de linhas de texto (links) possvel acessar o noticirio

    produzido pela agncia.

    Os stios que trabalham com imagens fornecidas pela AFP, trabalham com um banco

    de imagens chamadoImage Forum. Este banco de fotografias permite o acesso, 24 horas por

    dia, ao servio fotogrfico internacional daAFP, atravs da prpria internet. Mais de 400 milfotos esto disponveis viaImage Forum. Este acervo ampliado diariamente com mais de

    500 fotografias sobre os mais diversos assuntos: conflitos no planeta, meteorologia, moda,

    futebol, poltica ou "people" (celebridades).

    Segundo o stio da prpria agncia (AFP, 2004)21, o servio pode ser acessado de

    qualquer local. Com uma senha fornecida pela agncia e um computador com 32Mb de

    memria RAM, sistema operacional Windows 95, um browser (navegador) como o Explorer

    ou Netscape e acesso internet possvel entrar no banco de dados da AFP e utilizar asfotografias disponveis.

    O servio internacional de fotografia da agncia, baseado nos escritrios existentes

    pelo mundo, em seus correspondentes e nas agncias europias associadas European

    Pressphoto Agency (EPA), produz cerca de 700 mil fotografias por ano e totalmente digital.

    A AFP foi a primeira agncia de notcias a criar e utilizar uma rede detransmisso digital que vai desde os equipamentos empregados pelosfotgrafos em campo aos jornais e stios que utilizam estas imagens. Osfotgrafos operam com um scanner/ emissor porttil que permite transmitir

    fotografias com legendas por linha telefnica ou por um sistema de satlitesdiretamente do local onde esto em reportagem. As fotos recebidas soselecionadas e tratadas (enquadramento, contraste, legendas...), antes deserem distribudas aos clientes por uma rede de seis satlites (AFP, 2004)22.

    A agncia que mais forneceu fotografias paras os stios analisados no perodo, foi a

    Reuters. Fundada em 1851 em Londres, hoje a maior agncia de notcias internacional,

    fornecendo textos, grficos, vdeos e imagens para grupos de mdia e stios da web. No

    20 AFP. Jornal na Internet. Disponvel em < http://www.afp.com/portugues/home/> . Acesso em 11/11/2004.21 Disponvel em . Acesso em 11/11/2004.22 AFP. Productos: fotos. Disponvel em .Acesso em11/11/2004.

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    entanto, 90% de sua receita vem do negcio de servios financeiros. Os principais servios da

    empresa so o fornecimento de contedo, ferramentas analticas e servios de mensagens para

    profissionais e empresas da rea financeira.

    Na rea da imagem fotogrfica, a Reuters23 oferece os seguintes servios online,

    graas a seus satlites prprios:

    - Reuters Pictures Archives (arquivos de imagens): cerca de 650 novas fotografiasso incorporadas diariamente ao arquivo de imagens da Reuters, que conta com

    mais de um milho de imagens digitalizadas desde 1995. O arquivo atende a todos

    os segmentos: arte, cincia, poltica, economia... O servio utilizado por

    empresas de comunicao, agncias de publicidade e de design.

    - Reuters News Pictures Service (servio de fotojornalismo): um servio queoferece reportagens fotogrficas em tempo real, graas rede de prpria de

    sistemas de comunicao em alta velocidade via satlite. A Reuters networkconta

    com reprteres fotogrficos em mais de 154 pases e o servio mais utilizado

    pelos webjornais no mundo inteiro.

    - Global Sports Pictures (cobertura fotogrfica de esportes olmpicos): umacompleta cobertura de esportes com as imagens disponibilizadas rapidamente via

    internet. Num dia qualquer, a agncia oferece mais de 250 fotografias sobreesportes e, em eventos como as olimpadas, esse nmero fica acima de 900

    imagens por dia.

    - Global Soccer Pictures (cobertura fotogrfica de futebol): o esporte mais populardo mundo possui um sistema de cobertura exclusiva, com a disponibilizao de

    mais de 50 fotografias por dia. Durante a Copa do Mundo, so mais de 500

    fotografias por dia.

    -

    Entertainment Pictures (cobertura de eventos de moda, televiso, cinema, msica eartes): servio exclusivo, com oferta de cerca de 100 imagens dirias.

    Alm destes servios, a Reuters disponibiliza tambm imagens livres, para uso em

    meios no-comerciais, desde que citada a fonte.

    Diante de todos as facilidades e vantagens ofertadas pelas agncias de notcias,

    possvel compreender a opo dos stios em empregarem tantas imagens distribudas por

    elas. Na medida em que no preciso dispor de pessoal prprio e de equipamentos: cmeras

    23 Disponvel em: < http://about.reuters.com/pictures/pictures/products.htm> . Acesso em 11/11/2004.

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    digitais, sistemas de transmisso, programas de tratamento e arquivo de imagens... a opo

    pela terceirizao torna-se tentadora.

    Mas, com a terceirizao, no apenas o profissional que perde espao com a reduo

    de postos de trabalho. A empresa tambm perde a possibilidade de ter imagens nicas e

    exclusivas, planejadas e produzidas de acordo com a linha editorial e grfica do stio e os

    usurios perdem, na medida em que a eles so apresentados contedos pasteurizados. Em

    alguns casos possvel acessar as mesmas fotografias, distribudas por uma nica agncia,

    em diferentes stios. De certa forma isto representa uma subutilizao do meio, caracterizado

    entre outras coisas pela possibilidade de segmentao e personalizao dos servios

    oferecidos.

    As excees parecem estar no UOL/ Folha e no Globo Online, que pertencem agrupos de mdia mais estruturados, com jornais impressos e agncias de notcias que h muito

    tempo operam com equipes de reprteres fotogrficos.

    J o JB Online, verso na web do tradicional Jornal do Brasil, cuja agncia de

    notcias foi durante anos uma referncia para a produo do fotojornalismo brasileiro, parece

    refletir a crise que o jornal impresso atravessa. Com notcias cada vez mais constantes sobre a

    tentativa de produzir o jornal com equipes terceirizadas, de reduo de pessoal, cortes de

    oramento e at mesmo de transferncia da sede do jornal para Braslia, a verso digital doJB , entre os trs webjornais analisados, a que menos veicula imagens prprias.

    Alm disso, o JB Online e o Portal Terra so os stios que mais apresentam imagens

    de divulgao24 ou sem indicao de autoria ou distribuio. Enquanto o percentual de

    imagens de divulgao ou no creditadas, gira em torno de 20% do total de imagens

    exibidas no perodo, nestes dois stios temos ndices de 73%, no JB Online, e de 100%, no

    Portal Terra.

    No caso especfico do portal, as imagens sem indicao de autor apresentavam algumtipo de tratamento ou manipulao: insero de legendas, sobreposio de textos, recortes etc.

    J noJB Online, as imagens sem indicao de autor no necessariamente foram manipuladas.

    A questo de dar ou no crditos s imagens veiculadas nos stios complexa e parece

    reproduzir uma prtica comum nas redaes dos jornais impressos at meados do sculo XX,

    em que raramente as fotografias tinham seus autores reconhecidos. A regulamentao dos

    direitos da autoria de imagens produzidas pelos reprteres fotogrficos veio apenas em 1973,

    24 Imagens de divulgao: so consideradas fotografias distribudas pelas assessorias de comunicao ou deimprensa. No caso dos stios podem ser classificadas como imagens de divulgao: fotografias deentretenimento (TV, cinema, msica, artes), produtos e servios.

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    com a Lei n. 5988/73, ampliada com a Lei do Direito Autoral (n. 9.610/1998). De acordo

    com essa lei,

    (...)as obras intelectuais protegidas so as criaes do esprito, expressas por

    qualquer meio ou fixadas em qualquer suporte, tangvel ou intangvel,conhecido ou que se invente no futuro, tais como: (...) VII - as obrasfotogrficas e as produzidas por qualquer processo anlogo ao da fotografia(...) (BRASIL, Lei n. 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Art. 7)25.

    Ao autor de cada fotografia, o artigo 79 assegura o direito de reproduzi-la e coloc-la

    venda, observadas as restries exposio, reproduo e venda de retratos, e sem prejuzo

    dos direitos de autor sobre a obra fotografada, se de artes plsticas protegidas (BRASIL, Lei

    n. 9.610/98, art. 79). No entanto, quando a fotografia for utilizada por terceiros, o mesmo

    artigo, no pargrafo 1, determina que o nome do autor deve ser indicado, de forma legvel eprximo imagem. Alm disso, probe-se a reproduo de obra fotogrfica que no esteja em

    absoluta consonncia com o original, salvo prvia autorizao do autor.

    No caso da fotografia analgica, em base fsico-qumica, o direito de autor pode ser

    comprovado por meio dos negativos das fotos que serviro de prova em juzo. Pela legislao

    atual, a produo fotogrfica tambm protegida contra qualquer tipo de alterao ou

    manipulao, seja na cor, na edio (total ou parcial), acrscimo ou supresso de parte da

    fotografia. Alm disso, cada nova utilizao do material fotogrfico necessita de uma nova

    autorizao e uma nova negociao com o fotgrafo.

    A crescente informatizao dos meios de comunicao, com o aumento do uso da

    fotografia digital e de programas de tratamento das imagens cada vez mais sofisticados,

    provoca uma nova situao para os direitos dos fotgrafos. Isso porque crescem as

    dificuldades de provar a autoria em virtude da falta de imagens em suportes fsicos (apenas

    alguns sistemas de captura de imagens digitais permitem a gravao do nmero de srie da

    cmera no arquivo original da fotografia). A isso soma-se a no observncia de regras ticas

    para a manipulao de imagens e a falta de investimento em modernos e amplos arquivos,

    capazes de guardar no apenas as imagens exibidas, mas tambm todos os arquivos originais.

    Assim, aproveitando-se das brechas que surgem com a tecnologia nem sempre a

    legislao capaz de acompanhar as revolues culturais e cientficas de uma poca os

    stios se valem de recursos de alterao, recorte e tratamento de imagens para criar novas

    25BRASIL, Lei n. 9.610 de 19 de fevereiro de 1998. Altera, atualiza e consolida a legislao sobre direitosautorais e d outras providncias. Ttulo II, das obras intelectuais, Cap. I das obras protegidas, art. 7. DirioOficial [da] Repblica Federativa do Brasil. Braslia (DF).

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    verses da fotografias originais, e desta forma, fugirem da necessidade de cumprir os direitos

    dos autores.

    6.3. Levantamento dos elementos tcnico - estticosQuanto anlise dos elementos tcnicos e estticos das imagens fotogrficas exibidas

    na web, embora o levantamento dos dados tenha considerado todas as imagens exibidas no

    perodo (356 fotografias no total), optou-se por realizar a anlise tcnico-esttica apenas das

    imagens principais dos trs webjornais, que possuem verses impressas: Folha Online, Globo

    Online eJB Online.

    No entanto, o nmero de imagens ainda era considervel: 230 imagens exibidas pelos

    trs webjornais no perodo. Dessa forma, a amostra foi novamente particionada, de modo a

    obtermos, no perodo selecionado, imagens exibidas pelos diferentes webjornais que fossem

    representativas do conjunto total. A seleo deu-se segundo o seguinte esquema:

    Edies/ atualizaes com imagens selecionadas29/06 30/06 01/07 02/07 03/07 04/07 05/07 06/07Stios analisados

    M T M T M T M T M T M T M T M TFolha Online * * * * *

    JB Online * * * *

    Globo Online * * * * * *

    Tabela 12 seleo de fotografias para anlise de elementos tcnico-estticos(fonte: Jorge Carlos Felz 2004)

    Desse modo, a amostra inicial de 356 imagens, foi reduzida para um conjunto de 15

    fotografias, selecionadas entre as principais imagens exibidas pelos trs webjornais. As

    imagens que compem esta amostra final so as seguintes:

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    Stio Data Identificao dafotografia

    Resoluo(pixels)

    Dados complemen(autor, distribuio e legenda orig

    29/6 20040629-recrutas.jpeg 100X87 Hussein Malla/ AP novos recrutas das fora30/6 20040630-moda.jpeg 150X115 Antonio Calanni/ AP modelos desfilam durante03/7 20040703-touro.jpeg 150X115 Felix Ordonez/ Reuters toureiro durante per

    04/720040704-

    schumacher.jpeg150X115 Thierry Roge/ Reuters Schumacher supera

    FolhaOnline 05/7

    20040704-protestantes.jpeg

    150X115 Peter Morrison/ AP protestantes marcham em dir

    29/6 040629-capa-casseta.jpeg 167X250 Camila Maia/ Globo - Luana Piovani roub

    01/7040701-Rio-debate-

    aa02.jpeg415X179 Montagem sobre reproduo de TV Jandira, Cesar, Co

    02/7040702-capa-selvagem-

    a.jpeg194X250 Reuters Marlon Brando em cena do filme

    03/7 040702-capa-walk-a.jpeg 197X250 Reuters homenagens na calada d

    05/7 040704-capa-luso-a.jpeg 193X250Reuters Portugal perde mais uma vez para a Grcia

    surpreendente

    GloboOnline

    06/7040705_capa_marcio_a.jp

    eg250X169 Hiplito Pereira/ O Globo bola rola pelo

    30/6 foto1qua.jpeg 192X123Reuters Os presidentes da Repblica, da Cmara e d

    Nacional dos Direitos H01/7 0107saddam.jpeg 192X156 AFP Bush o verdadeiro crim

    02/7 brando.jpeg 110X123Morre Marlon Bra

    JBOnline

    04/7 0407-schumacher2.jpeg 220X140AFP Schumacher vence non

    Tabela 13 identificao das imagens selecionadas (fonte: Jorge Carlos Felz 2004)

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    um corpus de anlise e nos permite falar, por exemplo, de fotografias-texto, onde se pode

    analisar no apenas a fotografia em si (nvel icnico), mas tambm o nvel verbal (a legenda

    da fotografia). Para Vilches (1988), a noo de texto exclu qualquer possibilidade de uma

    multiplicao de elementos separados ou o resultado de uma soma de fenmenos

    independentes, reforando assim, a sua unidade interna e construindo o que podemos chamar

    de coerncia textual.

    A coerncia textual em uma imagem uma propriedade semntico-perceptiva do texto e permite a interpretao (a atualizao por parte dodestinatrio) de uma expresso com respeito a um contedo, de umaseqncia de imagens em relao com seu significado (VILCHES, 1988)29.

    Esta coerncia no apenas um princpio de identificao semntica, mas tem tambm

    uma funo de distribuio coordenada da informao visual ao nvel da expresso. Estudar a

    imagem como um discurso visual exige, ao mesmo tempo, analisar a organizao lgico-

    semntica das isotopias30, que asseguram sua coerncia tanto no plano da expresso como no

    do contedo.

    Assim, empregando o modelo de anlise elaborado por Vilches, onde o texto visual

    tido como um conjunto de estruturas produtivas, conceituamos alguns elementos tecnico-

    estticos que foram utilizados em nossa anlise. Uma vez que nos interessa compreender

    melhor as fotografias exibidas pelos webjornais, vamos nos fixar nas seguintes estruturasprodutivas (ou nveis produtivos):

    (a)Nvel de produo material da imagem: onde se d a manipulao de materiaisvisuais como cor, tons, linhas e formas no significantes;

    (b)Elementos de expresso: ou cdigos de reconhecimento das marcas sintticas egrficas: como o ponto, a linha, as formas geomtricas, bem como volumes e

    densidades. Alm disso, neste nvel inclui-se os ngulos e movimentos mecnicos

    das cmeras;

    28 Eco, Umberto. Lector In fabula a Cooperao Interpretativa nos Textos Narrativos. 2a edio. So Paulo:Perspectiva, 2004.29 VILCHES, Lorenzo. Op. Cit. P 34.30 Isotopia: O conceito de isotopia da imagem foi apresentado primeiramente por Minguet, P.(Lisotopiedelimage. Comunicacin al primer congreso de la asociacin internacional de semitica, Milan,Italia, 1979)). Recuperada da noo de A. Greimas, corresponde a coerncia textual, quela aposta interpretativaque o leitor deve fazer frente ao texto. Greimas integrou tal noo semitica como uma conceituao operativasegundo a qual esta designa toda interao de uma unidade semitica. No conceito de isotopia se distinguem dois

    momentos tericos bem definidos: o primeiro se refere interatividade em uma cadeia sintagmtica dosclasemas que asseguram ao discurso enunciado sua homegeneidade. Neste plano, duas figuras smicas podemser consideradas como a unidade mnima que permite construir uma isotopia. No segundo momento, o conceitode isotopia ampliado para as categorias smicas. Estas podem ser temticas e figurativas.

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    (c)Nvel sintagmtico: nvel de sintagmas como propores espaciais, as escalas eperspectivas espaciais;

    (d)Blocos sintagmticos com funo textual: diferentes enfoques ou pontos de vistado realizador, cronologia temporal;

    (e)Nvel intertextual ou contextual: reatualizao ou contextualizao das imagensou textos visuais;

    (f) Mecanismos de tpicos: onde lidamos com mecanismos de coerncia produtiva einterpretativa.

    6.5. Estruturas da imagemA unidade elementar da imagem a mancha, composta pelo espao e pela cor. A

    unidade intermediria de leitura se d quando duas manchas se pem em relao. Existe uma

    imagem englobante chamada suporte ou fundo e uma imagem englobada, que seria menor.

    De certo modo, subexiste aqui a diferena entre figura e fundo, cujas caractersticas j foram

    estudadas pela Gestalt. Para que possa haver diferena entre as duas manchas, deve haver

    pequenas diferenas de cor, de valor, de matria ou de gro.Existe tambm uma variao significativa da relao de duas manchas no que se refere

    a oposio direita/ esquerda ou alto/ baixo. Esta varivel pode ser denominada de oposio

    entre mancha englobante e mancha englobada. Estudos realizados por Kandinsky (1996)31

    propem uma varivel de orientao, mais dinmica que a relao englobante/ englobado.

    Esta varivel da expresso permitiria estudar a relao semntica campo/ fora de campo e

    campo/ contracampo, no cinema ou na televiso. Para Kandinsky, poderamos criar uma

    nomenclatura para o posicionamento da mancha em relao s bordas da fotografia.

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    ngulosuperioresquerdo

    Lado superiorngulo

    superior direito

    Lado superior

    esquerdo

    Lado superior

    direito

    Lado esquerdoCentro daimagem

    Lado direito

    Lado inferioresquerdo

    Lado inferiordireito

    ngulosuperioresquerdo

    Lado inferiorngulo inferior

    direito

    Figura 08 - Esquema Cf.: KANDINSKY, W. Ponto, Linha e Plano (1996)

    A partir desse esquema, os limites do plano original seriam:

    (a)alto = tenso em direo ao cu (superioridade);(b)esquerda = tenso em direo ao distante (passado);(c)direita = tenso em direo casa (1 plano/ ao que estar por vir);(d)baixo = tenso em direo terra (inferioridade, morte).Para Vilches (1998)32, as explicaes simblicas que se atribui a estas direes so

    mais discutveis. No entanto, as implicaes prticas que podem ter essas direes so muito

    produtivas na medida em que funcionam como elementos performativos capazes de levar o

    espectador a uma compreenso dirigida. Essas variaes no esto isoladas. Isto quer dizer

    que o texto visual se forma graas a uma negociao entre as diversas variveis que

    determinam a isotopia produzida. Embora seja difcil determinar essas isotopias, importante

    compreender que uma imagem est atravessada por uma complexidade isotpica, isto , por

    variveis de naturezas diferentes e em permanente interao.

    A interpretao do leitor sobre a imagem no um fenmeno exclusivamenteperceptivo. Isto significa que o ato de interpretao visual se realiza atravs da atualizao de

    uma competncia verbal. Assim, a interpretao dos elementos visuais de uma imagem

    fotogrfica est condicionada competncia verbal do leitor. O discurso visual pressupe um

    contexto, e a partir dessa atividade interpretativa se pode afirmar que a imagem no algo

    simples (uma vez que atravessada por diversas isotopias, com diversos e diferentes

    31 KANDINSKY, Wassily. Ponto, linha, plano. Contribuio para anlise de elementos pictoriais. Lisboa:Edies 70, 1996.32 VILCHES, Lorenzo. Op. Cit.

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    contextos), pode ser estudada como um texto heterogneo(Vilches, 1998)33. Os diversos

    sistemas de linguagens que formam o texto pressupem e necessitam de uma competncia de

    leitura, que se realiza atravs das articulaes espao-temporais que se constrem com o

    recurso da viso.

    6.6. A superfcie textual na fotografiaSegundo Vilches (1988) e Lindekens (1976)34, existe um trao pertinente na fotografia

    que funciona como uma articulao sistemtica. Este trao pertinente: matiz/ contraste,

    representa a articulao mnima da fotografia: (...) quando se trata de determinar as melhores

    condies para esta representao fotogrfica, seja dos seus contornos, de seus detalhes ou do

    contraste, se conclui que a maior exatido se obtm, simultaneamente, pelos contornos e

    detalhes em funo de um contraste determinado (VILCHES, 1988, p.33)35. O contraste

    parece ser, na fotografia, uma unidade elementar de visibilidade fotogrfica.

    O contraste pode ser colocado no cerne da expresso. Deste modo, poderamos

    distinguir dois tipos de contrastes:

    (a)contraste como categoria visual: ntido/ no ntido;(b)contraste como categoria da forma: figura/ fundo.Ambas categorias esto relacionadas com categorias complexas comuns a todas as

    imagens: o cromatismo e a forma geomtrica. As categorias de contraste ntido/ no ntido e

    figura/ fundo esto implicadas em um primeiro nvel de leitura, de tal maneira que se poderia

    dizer que o contraste uma unidade textualizada, definida pela manifestao fotogrfica.

    O contraste em nvel fsico denominado densidade. Em uma fotografia em preto e

    branco, se pode falar de maior ou menor densidade. O contraste claro/ escuro pertence a uma

    categoria semitica que podemos chamar de valor (valor de contraste). A relao contraste/matiz uma relao complexa que se constri a partir de outros contrastes como: contrastes

    simples, contrastes complexos. Tambm a relao ntido/ no ntido pertence a um tipo de

    contraste complexo.

    J o contraste claro/ escuro no uma unidade de expresso, mas uma manifestao

    sintagmtica de contrastes de valores claro/ sombra construdos, histrica e culturalmente,

    como organizaes do espao causado pela luz e pela sombra. O claro/ escuro uma

    33 VILCHES, Lorenzo. Op. Cit.34 LINDEKENS, Ren. Essai de semiotique visuelle. Paris: Klinsieck, 1976.35 VILCHES, Lorenzo. Op. Cit. , p.33.

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    organizao topolgica, uma unidade textual isotpica que tem um lugar concreto no espao

    da fotografia. Esta organizao topolgica do espao uma organizao semntica deste,

    onde a luz est a servio da forma.

    Quando se fala de claros/ escuros, estamos nos referindo aos planos de expresso.

    Estes se localizam segundo os eixos verticais (acima e abaixo) e os eixos horizontais (direita

    e esquerda). Quando se fala de objetos ou figuras na luz ou nas sombras, se est fazendo

    referncia aos planos de contedo, isto , a unidades culturais que destacam o leitor, mas que

    porm vm geradas como claros e escuros no plano da expresso.

    6.6.1. Contraste e cor

    Se o efeito de contraste um fundamento de uma semitica fotogrfica, a cor cria

    um efeito de espacialidade que tem relao direta com o conceito de reproduo ou produo

    da forma semitica. A fotografia , essencialmente, inscrio da luz sobre a substncia

    fotoqumica da pelcula. O que a fotografia reproduz da realidade a relao luminosa que

    existe entre os objetos fotografados. a presena dos objetos diferenciados por sua cor o que

    reproduz, precisamente, toda fotografia. E esta relao normalmente mais precisa que o

    olho humano pode perceber como sistema de diferenas.Ao explicitar as oposies de contraste, a fotografia mostra sua forma de produzir e

    escrever as cores. As cores, por sua vez, so uma certa quantidade de luz refletida pela

    superfcie dos objetos. A luz condio de visibilidade e de produo das cores que permitem

    ler as formas. possvel sistematizar a noo de contraste como uma relao de cores, em que

    o branco , situado em um dos extremos do espectro, se oporia ao preto, no outro extremo.

    frio quente Branco Cinza Preto

    distante prximo

    Figura 09 Contraste e cor (claro e escuro)

    A mesma oposio poderia ser associada s categorias de: totalmente quente (preto) e

    totalmente frio (branco). Essa associao pode ser feita tambm entre o prximo e o distante.

    A gama de cores seria ento, uma representao da posio das diversas cores em relao comum ou outro extremo.

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    6.6.2. Escala

    Outro aspecto essencial da significao da fotografia a escala, na qual um dado

    objeto ocupa maior ou menor superfcie na imagem fotogrfica. A escala pode ser definida,

    ento, como a relao entre a superfcie do quadro da fotografia ocupada pela imagem de um

    determinado objeto e a superfcie total do mesmo quadro. Assim, a escala fotogrfica pode ser

    determinada por:

    a) tamanho do objeto;b) a distncia entre este e a cmera;c) a objetiva empregada.Partindo do conceito de escala, se pode estabelecer uma tipologia de planos visuais:

    Grande Plano Geral: mostra uma grande rea de ao, capturada a longa distncia.Este plano normalmente feito de um ponto mais elevado, com a cmera inclinada

    para baixo, usando uma objetiva grande-angular. Caso a figura humana esteja

    presente, suas caractersticas fsicas ficam praticamente indefinidas.

    Plano Geral: abrange uma rea especfica onde a escala da figura humana, emborafacilmente perceptvel, ainda reduzida.

    Plano de Conjunto: os personagens se encontram mais prximos e possvel distinguirmelhor os sujeitos e suas caractersticas.

    Plano Inteiro: quando os limites superior e inferior do quadro limitam tambm, asextremidades superior e inferior das personagens.

    Plano Americano: o plano que corta a figura humana na altura dos joelhos. Umplano americano pode mostrar dois sujeitos dialogando, de perfil para a cmera.

    Plano Mdio: mostra a ao num plano intermedirio entre o plano geral e o close-up. basicamente o plano de um corpo humano enquadrado da cintura para cima. Neste

    plano a maior parte do fundo eliminada, destacando-se a figura como centro de

    ateno.

    Plano Prximo ou Mdio Curto: enquadra a figura humana da metade do trax paracima, constituindo-se num plano bastante til para apresentar dilogos.

    Primeiro Plano ou Close-up: um dos recursos mais enfticos para a linguagemvisual. A cmera aproxima-se da figura humana mostrando apenas os ombros e a

    cabea. Com isso o cenrio onde se desenvolve a ao praticamente eliminado. Asexpresses do sujeito so mais valorizadas e mais ntidas.

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    Primeirssimo Plano: mostra somente a cabea do sujeito dominando todo o quadro. Plano de Detalhe: enquadra somente os detalhes que vo valorizar alguma

    particularidade do assunto, como os olhos do sujeito, um anel ou uma etiqueta de um

    dado objeto.

    Ainda devemos considerar a oposio entre prximo/ longe (primeiro plano/ fundo).

    Esta oposio se refere visualizao dentro do quadro da fotografia de um ou vrios objetos,

    e s se estabelece em conjunto com outro elemento da percepo: figura versus fundo.

    A escala de dois planos uma representao da posio dos objetos em sua relao

    prximo/ distante, relacionada ao leitor da fotografia. A polarizao de ambos levaria

    fragmentao total do objeto por proximidade ou perda total do objeto pelo afastamento.

    Nos dois casos o objeto no seria percebido. S possvel perceber, nesses casos, as escalas

    intermedirias. A proximidade total ou o afastamento total so fisicamente possveis, porm

    perceptivelmente impossveis.

    O plano mdio ser a possibilidade de uma presena equilibrada de dois plos

    contrrios. Na verdade, podemos falar que neste plano, os objetos tendem imobilidade, pois

    se encontram em um lugar de indiferena. O plano mdio pode ser obtido aproximando ou

    afastando o objeto da cmera ou, aproximando ou afastando a cmera do objeto, e ainda

    atravs do emprego de diferentes objetivas. O plano mdio o limite terico de ummovimento, seja da cmera, da objetiva ou do objeto.

    A possibilidade de se destacar um ou outro objeto com o emprego do focar/ desfocar

    ou da profundidade de campo outro elemento importante a ser destacado quando se discute a

    questo do prximo/ distante.

    6.6.3. A espacialidade fotogrfica

    Um dos temas mais importantes na fotografia o problema da composio da imagem.

    No existem gramticas, mas inmeros ensaios que tendem a criar uma sintaxe para o campo

    fotogrfico. Assim, tanto no plano semntico como no plano de expresso podemos ter como

    objetos a perspectiva, a profundidade de campo, a frontalidade, os ngulos de tomada etc.

    Em geral, podemos estudar todas as intervenes tcnico-estticas do fotgrafo sobre

    o meio, como descrito anteriormente, no caso do contrate e dos planos fotogrficos, em

    relao s marcas de enunciao presentes na fotografia. Tais marcas podem ser teorizadastanto em nvel de expresso como em nvel de contedo. A formalizao de uma teoria de

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    angulao fotogrfica pode ser representada numa relao/ oposio de horizontalidade X

    verticalidade.

    A oposio horizontalidade X verticalidade uma uma oposio de semas, cada uma

    contendo lexemas especficos da dimensionalidade horizontal ou vertical. O sema da

    horizontalidade contm os lexemas da perspectiva e da lateralidade. O sema da verticalidade

    contm os lexemas de alto e baixo (VILCHES, 1988, p 57)36. So lexemas da

    horizontalidade:

    (a)perspectiva: longo ou curto;(b)lateralidade: largo ou estreito;O sema de horizontalidade no se define pela linguagem comum de esquerda ou

    direita, mas por lexemas de perspectiva, que, em fotografia, se referem ao problematecnoesttico da profundidade que se pode controlar com a relao tempo/exposio (a

    abertura de diafragma utilizada est intimamente ligada profundidade de campo obtida. A

    relao inversamente proporcional: quanto menor o diafragma utilizado, maior ser a

    profundidade de campo obtida). O lexema da lateralidade, por sua vez, se refere ao problema

    da escala e formato. Dessa forma, a horizontalidade se define pela profundidade e pela

    largura (amplitude) do enquadramento obtido.

    O plano inclinado se apresenta como uma marca equilibrada entre os dois contrrios:horizontal e vertical, ou como a presena de contradio entre os dois eixos. Esta inclinao

    ocorre pela angulao propriamente dita entre a cmera fotogrfica e o campo visual que

    encerra o objeto.

    Ao contrrio do caso do plano mdio, em que se tem uma imobilidade em relao ao

    primeiro plano ou aos planos distantes, a inclinao dinmica e se ope ao estado de

    repouso do encontro geomtrico das linhas horizontais e verticais.

    As questes de perspectiva em fotografia tambm podem ser estudadas comoprofundidade de campo e consistem na apresentao de vrios planos em um mesmo

    enquadramento.

    Podemos dizer ainda que o predomnio da no verticalidade/ no horizontalidade

    marca de uma linguagem onde predomina uma certa objetividade, uma aparente no

    interveno excessiva por parte do fotgrafo. Se pensarmos nas fotografias documentais ou

    fotojornalsticas, teramos imagens onde se procura uma certa frontalidade, com as imagens

    sendo feitas ao nvel dos olhos, como uma espcie de testemunho neutro da realidade.

    36 VILCHES, Lorenzo. Op. Cit.

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    A inclinao dos planos pode se estudada, entendida, como a presena de marcas de

    enunciao do fotgrafo, que estariam para uma aproximao interpretativa, intencionalmente

    no objetiva. Enquanto enunciao, a inclinao ou ngulo de tomada, pressupe uma

    implicao emissor/ destinatrio. Trata-se aqui de um ponto de vista intencionalmente

    buscado, como em imagens que utilizam os ngulos para exaltao de figuras ou sujeitos ou

    nas circunstncias em que necessrio um ngulo diferente para se conseguir o objetivo.

    6.7. Expresso e contedo visual

    O conjunto de todas as variveis combinatrias das unidades mnimas, na expresso

    ou no contedo, representa o que chamamos de funo semitica. Todo texto visual

    constitudo por um sistema de expresso e por um sistema de contedo, que coexistem de

    forma inseparvel. Isto , podemos afirmar que existe uma funo semitica em um texto

    visual, quando expresso e contedo esto numa relao recproca, mantendo por sua vez,

    uma relao intertextual com outros textos de funo semitica. Desse modo podemos falar

    da existncia de um contexto fotogrfico com funes semiticas que pertencem a outros

    sistemas textuais, como o desenho, pintura, televiso ou literatura (VILCHES, 1988, p.61)37

    6.7.1. Movimento dos olhos

    Embora existam muitos estudos sobre a forma como uma imagem visualizada pelos

    olhos, como os de Maldonado (1977)38 e Tardy (1964)39, h um consenso de que, no

    processo de percepo de uma imagem fotogrfica, os olhos se movimentam sempre da

    esquerda para direita, em movimentos que seguem um traado diagonal, de cima para baixo,

    ou, quando h vrios objetos que atraem a ateno, em zigue-zague (como na leitura dasimagens abaixo). Para alguns estudiosos, a leitura de imagem fotogrfica no diferente da

    leitura de um texto escrito (LINDEKENS, 1971). No entanto, essa hiptese parece no ser

    muito correta uma vez que no leva em conta as determinaes culturais, especialmente da

    cultura ocidental.

    37 VILCHES, Lorenzo. Op. Cit.38 MALDONADO, Toms. Vanguardia y racionalidad. Barcelona: Gustavo Gili, 1977.39 TARDY, Michel. Apud VILCHES, Lorenzo. Op. cit. 1988.

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    040703_capa_orfao1_b.jpegGlobo Online, 03/07/2004.Foto de Marizilda Cruppe (O Globo)

    040707_capa_menino_a.jpegGlobo Online, 07/07/2004 - Foto: Reuters

    6.7.2. Unidades do contedo visual

    O plano do contedo est relacionado com a coerncia interpretativa do texto visual.

    Esta tem uma dupla condio de coerncia: existem as regras de justaposio e as regras de

    composio. No caso da imagem, existem dificuldades para determinar com exatido o status

    das unidades mnimas de contedo. Toda decodificao pressupe uma competncia

    lingstica. Entretanto, na imagem no existe representao possvel para uma noo

    abstrata, a no ser quando se define o significado de uma expresso icnica. Assim, pode-se

    afirmar que existe uma condio de composio no plano icnico e que as relaes

    determinadas nesse plano so as mesmas que existem para a linguagem.

    A imagem isotpica ser a decodificao que se detm sobre uma figura ou objeto

    representado que aparece de forma mais ou menos homognea e estruturada como um todo.

    Partindo de uma tipologia discursiva nas mensagens visuais, se pode estabelecer duas grandes

    categorias de imagens de ruptura alotpica:

    (a) imagens de alotopia projetada: so as imagens alegricas baseadas numaconveno iconogrfica (vida, morte...) ou sobre um fantasma do espectador;

    (b) imagens de alotopia dada: podem ser de dois tipos:

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    As regras do texto visual correspondem a convenes segundo as quais o leitor do

    texto visual aceita os hbitos de representao, analgica ou digital. A identificao verbal

    dos objetos corresponde a uma competncia enciclopdica lingstica que se apia, por sua

    vez, na competncia perceptiva.

    6.8. Hierarquia dos componentes da fotografia de imprensa

    A fotografia de imprensa pode ser estudada a partir das funes informativas dos

    atores que se acham inscritos no espao/ tempo da imagem informativa. Estes atores

    (componentes da imagem fotogrfica) podem ser de trs tipos:

    (a)componentes fixos: elementos visuais estticos (elementos da natureza que no semovem, como rvores, montanhas...);

    (b)componentes mveis: elementos naturais ou artificiais que se deslocam no espao(como rios, meios de transporte, relmpagos...);

    (c)componentes vivos: podem ser atores humanos (pessoas) e animais.Segundo Vilches (1988), as funes destes atores podem ser estudadas a partir de uma

    hierarquia de funcionamento das regras espao-temporais:

    (a) Primeira regra: existe uma hierarquia dos componentes que se manifesta a partirdo funcionamento dos atores/ componentes vivos que dominam as relaes

    estabelecidas com os demais atores. Os componentes mveis, por sua vez,

    dominam os componentes fixos. A partir disso possvel afirmar que existe uma

    hierarquia perceptiva e uma hierarquia narrativa que funcionam como

    microestruturas visuais da imagem informativa no contexto do meio jornalstico.

    A hierarquia perceptiva revela a importncia ou domnio das figuras em relaoaos fundos.

    (b) Segunda regra: consiste na determinao do ator dominante, por meio doselementos da expresso visual tais como: tonalidade, volume e forma icnica ou

    figurativa.

    (c) Terceira regra: os componentes vivos so os que prevalecem na percepo doleitor. Isto , a informao obtida d predominncia s personagens sobre os

    demais componentes.

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    6.9. Anlise tcnica e esttica das fotografias

    A partir das consideraes acima, realizamos as anlises tcnicas e estticas das

    seguintes fotografias40:

    (1)Folha Online:! 20040629-recrutas.jpeg;! 20040630-moda.jpeg;! 20040703-touro.jpeg;! 20040704-schumacher.jpeg;! 20040704-protestantes.jpeg;(2)Globo Online:! 040629-capa-casseta.jpeg;! 040701-Rio-debate-aa02.jpeg;! 040702-capa-selvagem-a.jpeg;! 040702-capa-walk-a.jpeg;! 040704-capa-luso-a.jpeg;! 040705_capa_marcio_a.jpeg(3)JB Online:! foto1qua.jpeg;! 0107saddam.jpeg;! brando.jpeg;! 0407-schumacher2.jpeg;

    Foto 01:20040629-recrutas.jpeg

    A fotografia, produzida por Hussein Malla, daAssociated Press (AP) e publicada pelo

    Folha Online em 29/06/2004, mostra novos recrutas das foras de defesa do Iraque

    marchando prximo s muralhas de uma fortificao em pleno deserto. A fotografia

    (instantnea) segue os padres de exibio do jornal, com uma resoluo de 150 X115 pixels

    (11Kb), no formato retangular horizontal e uma legenda descritiva.