formas de estado, formas e sistemas de governo

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Aula 7 Sociologia Pré-Vestibular e 3º ano – Política I: Monarquia e República (principais conceitos e diferenças); parlamentarismo e presidencialismo (principais conceitos e diferenças). Prof. José Amaral ([email protected]) Obs.: este material é apenas um “facilitador” das aulas. Todo o conteúdo aqui exposto se encontra disponível em livros e na internet, embora não sejam citadas as fontes. Não há restrições quanto à sua reprodução. Caso tenham sugestões ou dúvidas, entrem em contato por meio do e-mail supracitado. 1. Estado e Governo Estado: conjunto de instituições políticas da sociedade, as quais dominam um determinado território e são orientadas por leis. Chefe de Estado- o mais alto representante de um Estado; papel diplomático; representa o poder soberano de um país. Governo: a direção política que um grupo social confere às instituições estatais. O Governo é uma espécie de ação inserida no âmbito do Estado. Chefe de Governo- responsável pela direção e coordenação das funções executivas de governo. 2. Formas de Estado – Organização do território Estado unitário- entidade única, sem subdivisões territoriais. A soberania (autoridade superior) é do governo central. Federalismo- subdividida em territórios autônomos, dotadas de governo próprio. A soberania é do governo central. Confederação- a mesma organização territorial da Federação. No entanto, a soberania é dos entes federativos. 3. Formas de governo – Quem manda? Monarquia- um monarca (chefe político devido a critérios hereditários) é chefe de Estado. República- chefe de Estado é eleito pelo povo. O chefe de Estado pode (ou não) acumular as funções de chefe de governo. 4. Sistemas de governo – Como manda? Parlamentar- o chefe de Estado não é eleito pelo povo. Há eleições para o poder Legislativo (parlamento), o qual, por sua vez, escolhe os membros do poder Executivo, determinando a duração de seus respectivos mandatos. Chefe de Governo- Primeiro-ministro ou Chanceler Chefe de Estado- Rei ou Rainha (monarquias); Presidente (república).

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Page 1: Formas de estado, formas e sistemas de governo

Aula 7 Sociologia Pré-Vestibular e 3º ano – Política I: Monarquia e República (principais conceitos e diferenças); parlamentarismo e presidencialismo (principais conceitos e diferenças). Prof. José Amaral ([email protected]) Obs.: este material é apenas um “facilitador” das aulas. Todo o conteúdo aqui exposto se encontra disponível em livros e na internet, embora não sejam citadas as fontes. Não há restrições quanto à sua reprodução. Caso tenham sugestões ou dúvidas, entrem em contato por meio do e-mail supracitado. 1. Estado e Governo Estado: conjunto de instituições políticas da sociedade, as quais dominam um determinado território e são orientadas por leis. Chefe de Estado- o mais alto representante de um Estado; papel diplomático; representa o poder soberano de um país. Governo: a direção política que um grupo social confere às instituições estatais. O Governo é uma espécie de ação inserida no âmbito do Estado. Chefe de Governo- responsável pela direção e coordenação das funções executivas de governo. 2. Formas de Estado – Organização do território Estado unitário- entidade única, sem subdivisões territoriais. A soberania (autoridade superior) é do governo central. Federalismo- subdividida em territórios autônomos, dotadas de governo próprio. A soberania é do governo central. Confederação- a mesma organização territorial da Federação. No entanto, a soberania é dos entes federativos. 3. Formas de governo – Quem manda? Monarquia- um monarca (chefe político devido a critérios hereditários) é chefe de Estado. República- chefe de Estado é eleito pelo povo. O chefe de Estado pode (ou não) acumular as funções de chefe de governo. 4. Sistemas de governo – Como manda? Parlamentar- o chefe de Estado não é eleito pelo povo. Há eleições para o poder Legislativo (parlamento), o qual, por sua vez, escolhe os membros do poder Executivo, determinando a duração de seus respectivos mandatos. Chefe de Governo- Primeiro-ministro ou Chanceler Chefe de Estado- Rei ou Rainha (monarquias); Presidente (república).

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Presidencial- o chefe político (presidente) é eleito pelo povo e acumula as funções de chefe de Estado e de Governo. Semipresidencial – o chefe de Estado (presidente) é dotado de poderes institucionais mais expressivos. Na França, por exemplo, a escolha do primeiro-ministro é prerrogativa do presidente. Diferencia-se do presidencialismo porque a condução do governo é feita de forma compartilhada entre o presidente e o primeiro-ministro. 5. Sistemas de governo – Quadro comparativo:

Seleção dos agentes de

governo Sobrevivência dos mandatos políticos

Composição do Ministério e controle do

Executivo

Parlamentarismo

Voto popular para o Legislativo, que, por sua

vez, define a composição do Gabinete

(Primeiro-Ministro e auxiliares).

Chefes de governo devem prestar contas ao Legislativo, podendo ser

destituídos da função caso percam a confiança

deste. O chefe de governo também pode exigir do Parlamento o voto de confiança, bem como pode dissolver a

Legislatura.

Gabinete é composto por legisladores,

indicados pelo primeiro-ministro e investidos

pelo Parlamento. Desempenhos

insatisfatórios podem resultar na dissolução do

gabinete (demissão coletiva).

Presidencialismo

Eleições separadas para os membros do Executivo e do

Legislativo1

Representantes têm mandato fixo, com duração definida

constitucionalmente e que não depende da

confiança mútua entre os poderes.2

O presidente possui ampla autonomia para

montar seu ministério. O presidente dispõe de

mecanismos para controle do Executivo e

definição da agenda governamental.3

Semipresidencialismo

Presidente é eleito por voto popular. O

Legislativo pode (ou não) escolher o

primeiro-ministro (chefe de governo).

A responsabilidade perante o Legislativo só

afeta o mandato do primeiro-ministro e de

seu gabinete. O presidente não é

afetado.

O presidente demite e nomeia os ministros,

seguindo recomendações do primeiro-ministro.

1Os analistas apresentam leituras divergentes do sistema presidencialista. Alguns afirmam que ele consiste em um obstáculo à

governabilidade, uma vez que o Legislativo e o Executivo podem ser dirigidos por grupos programaticamente divergentes. Outros analistas, no entanto, afirmam que isso pode ser positivo porque assegura, no âmbito do Estado, a expressão da pluralidade e a fiscalização mútua dos poderes. 2 O presidencialismo prevê a destituição do presidente em casos de crime de responsabilidade política (impeachment), o que não se

relaciona com a confiança mútua entre os poderes. 3 No Brasil, ainda há o mecanismo conhecido como medida provisória, que permite que o presidente assuma as funções do poder

Legislativo. Ressalta-se, contudo, que o poder Legislativo tem poder de veto (que geralmente não é exercido, ficando a agenda do Legislativo subordinada à vontade do Executivo).

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6. Qual o significado político das seguintes denominações? A Inglaterra é uma Monarquia Parlamentar Constitucional. A França é uma República Unitária Semipresidencialista. O Brasil é uma República Federativa Presidencialista. A Alemanha é uma República Federal Parlamentarista. 7. Observações sobre as relações entre Executivo e Legislativo no Brasil: Em tese, a separação dos poderes no presidencialismo poderia favorecer a dispersão de representatividade política. Em outras palavras, os poderes Executivo e Legislativo estariam sob controle de partidos diferentes, o que garantiria a representação de vários setores da sociedade, bem como a vigilância mútua entre os poderes do Estado.

“Há a expectativa de que a presença destes interesses plurais favoreça a vigilância e controle mútuo entre os poderes, de forma a produzir decisões mais representativas e responsáveis” (Sociologia. Explorando o Ensino, pág. 283).

Porém, se compararmos o presidencialismo vigente atualmente com aquele que vigorou entre 1946 e 1964 (pós-Estado Novo), constatamos que hoje há uma concentração de poder nas mãos do presidente da República. Assim, o poder Legislativo fica “refém” do Executivo, já que este poder detém o controle das políticas públicas e dos recursos públicos. Ao lado disso, constatamos que hoje o presidente tem poder de legislar – uma atribuição parlamentar. Dentre as atribuições do presidente, podemos citar:

Apresentação de projetos de lei;

Propostas de Emenda Constitucional;

Solicitação de regime de tramitação urgente4;

Leis orçamentárias são de iniciativa do poder Executivo.

Embora o Executivo tenha bastante poder para influenciar os trabalhos parlamentares, o Legislativo dispõe de recursos para controlar o presidente, tais como o veto e a possibilidade de modificar as propostas governamentais.

Logo, o presidente é obrigado a manter negociações com os parlamentares para poder governar. Além disso, o chefe do poder Executivo sempre tem que estabelecer coalizações com os partidos, uma vez que o multipartidarismo no país dificulta a obtenção de maioria parlamentar para o partido vencedor das eleições presidenciais.

8. Curiosidades:

Plebiscito sobre Formas e Sistemas de Governo (1993)

O plebiscito de 1993 no Brasil ocorreu em 21 de abril daquele ano para determinar a forma e o sistema de governo do país. Após a redemocratização do Brasil, uma emenda da nova Constituição determinava a realização de um plebiscito no qual os eleitores iriam decidir se o país deveria ter um regime republicano ou monarquista controlado por um sistema presidencialista ou parlamentarista. A

4 Isto é, o poder Executivo pode obrigar o Congresso (poder Legislativo) a priorizar as votações de seu interesse.

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esmagadora maioria dos eleitores votou a favor do regime republicano e do sistema presidencialista, maneira pela qual o país havia sido governado desde a Proclamação da República 104 anos antes.

A tentativa de ressurreição da forma de governo monárquica veio do deputado federal Antônio Henrique Bittencourt da Cunha Bueno (do Partido Social Democrático de São Paulo), membro da Assembleia Constituinte que aprovou a Constituição de 1988. Monarquista e filho de Antônio Sílvio Cunha Bueno, um dos fundadores do PSD em São Paulo, Antônio Henrique propôs a emenda que previa a realização de plebiscito para dar aos eleitores brasileiros a possibilidade de escolherem a forma e o sistema de governo que preferiam. Seu principal argumento era o de que, durante o reinado de Dom Pedro II, o Brasil viveu um período de grande estabilidade. A emenda foi incluída no Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, da Carta de 1988.

De acordo com alguns institutos de pesquisa, a campanha monárquica foi capaz de obter o apoio de 22% dos eleitores em 1992. Preocupados com isso, os republicanos representados pelos principais partidos políticos da época articularam a formação da Frente Presidencialista (que incluía o PT, o PFL, o PMDB e o PTB) de um lado e da Frente Parlamentarista (PSDB) de outro. Fonte: Wikipédia. Disponível em: http://pt.wikipedia.org/wiki/Plebiscito_sobre_a_forma_e_o_sistema_de_governo_d

o_Brasil_(1993). Consultado em 25/03/2012.

Experiência parlamentar brasileira na década de 1960

O parlamentarismo implantado em 1961, além de curto, não foi consequência de uma decisão

isolada do chefe de Estado, mas, sim, de um acordo político que garantiu a posse de João Goulart na Presidência da República, em meio à crise aberta com a renúncia de Jânio Quadros. Afinal, Goulart, membro do PTB e historicamente ligado ao trabalhismo e à figura de Getúlio Vargas, era visto pelos setores conservadores como um político esquerdista.

Diante do veto militar à sua posse, Goulart

aceitou o acordo que lhe garantia a presidência, mas, de outro lado, retirava-lhe parte dos poderes constitucionais, transferidos para o primeiro-ministro, cargo criado com a instituição do sistema parlamentarista. A emenda aprovada, em setembro de 1961, pelo Congresso Nacional previa a realização de um plebiscito em 1965 - portanto, no final do mandato de João Goulart - para definir a continuidade ou não do sistema.

O plebiscito, entretanto, foi antecipado para janeiro de 1963. Durante os quase dois anos em que o parlamentarismo esteve em vigor, o Brasil teve três primeiros-ministros: Tancredo Neves, Brochado da Rocha e Hermes Lima. A experiência republicana também não funcionou como um parlamentarismo puro, com a separação entre os cargos de chefe de Estado e de governo e o fortalecimento do Legislativo. Até o retorno

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do presidencialismo, Goulart cometeu várias ingerências nas atividades dos gabinetes ministeriais. Por sua vez, o próprio Congresso Nacional tomava decisões unilaterais; às vezes, em total desacordo com o primeiro-ministro. Nesses casos, diferente de um sistema puro, o gabinete não recebia um voto de censura por seguir uma linha política oposta à maioria parlamentar.

Com o apoio de setores da esquerda, inclusive nas Forças Armadas, João Goulart conseguiu antecipar o plebiscito. No início de 1963, o percentual de 80% dos votos a favor foi mais do que suficiente para garantir a volta do presidencialismo, como Goulart desejava. Fonte: UOL Educação. Disponível: < http://educacao.uol.com.br/historia-brasil/parlamentarismo-2-joao-goulart-e-o-plebiscito-de-1963.jhtm>. Consultado em 25/03/2012.