formação de professores e as novas tecnologias em educação: uma reflexão necessária

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Organizadores FORMAÇÃO DE PROFESSORES E AS NOVAS TECNOLOGIAS EM EDUCAÇÃO Carmen Tereza Velanga José Lucas Pedreira Bueno Rosangela Aparecida Hilário Tania Suely Azevedo Brasileiro LOGIN PASSWORD uma reflexão necessária

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A tecnologia na educação ainda se constitui em um tema polêmico, considerado, por vezes, desalentador nos processos de formação. No entanto, são frequentes as boas experiências desenvolvidas por educadores de todas as etapas e níveis de ensino, por todo o país. Entretanto, estas iniciativas localizadas não conseguem se expandir e, como “o que não cresce, retroage”, essas experiências, com o passar do tempo e com o afastamento daqueles que as implementaram, tendem a se enfraquecer e desaparecer. Realidades como essas são, fundamentalmente, consequência da falta de continuidade administrativa resultado da interferência político partidária e suas ideologias nas administrações públicas. O momento de profundas mudanças que vivenciamos exige organização e coerência para o uso da tecnologia na formulação de projetos de formação de professores, e metodologias pedagógicas como ferramentas possíveis no estabelecimento de uma política educacional que promova, efetivamente, a igualdade de oportunidades no interior da escola pública. As reflexões e propostas contidas neste livro contemplam um amplo leque de questões relacionadas à temática.

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  • O r g a n i z a d o r e s

    Carmen Tereza Velanga - Doutora em Educao pela Pontifcia Universidade Catlica de So Paulo (PUC/SP, 2003). Atualmente, Professora Adjunta da Universidade Federal de Rondnia (UNIR - Porto Velho) e dos Mestrados Acadmicos e Profissional em Educao (Campus de Porto Velho). Desenvolve pesquisa na rea educacional nas seguintes temticas: Docncia Universitria; Currculo e Multiculturalismo; Formao de Professores na Amaznia e Pensamento de Paulo Freire, junto ao Grupo de Pesquisas Prxis da UNIR. Tambm participa do Grupo de Estudos e Pesquisas HISTEDBR/UNIR, na linha de estudos regionais/histria dos professores de Rondnia. [email protected]

    Jos Lucas Pedreira Bueno - Professor-pesquisador da rea de Formao de professores; Tecnologia educacional; Educao a distncia; Letramento e incluso digital. Doutor em Engenharia de Produo pela UFSC. Atua como professor do Departamento de Cincias da Educao da Universidade Federal de Rondnia (UNIR), no curso de Pedagogia; no Mestrado Acadmico em Educao; no Mestrado em Histria e Estudos Culturais e no Mestrado Profissional em Educao Escolar, do qual tambm coordenador. Lder do Grupo de Pesquisa EDUCA. Atua como consultor do MEC e membro do Grupo de Apoio Pedaggico na Formulao da Estratgia Nacional de Educao Financeira. [email protected]

    Rosangela Aparecida Hilrio - Doutora em Educao pela Faculdade de Educao da Universidade So Paulo (FEUSP) na linha de Didtica, Teorias de Ensino e Prticas Escolares, Professora Adjunta do Departamento de Educao da Fundao Universidade Federal de Rondnia. Pesquisadora do Grupo Prxis e Coordenadora em Rondnia da Pesquisa Escolas de Linha em Rondnia: o imaginrio, o potico, a histria e o real. Parceria Interinstitucional entre FEUSP/UNIR e UFPR. Pesquisa, principalmente, a temtica de Formao de Professores para atuar em contextos multifacetados e na diversidade cultural resultantes dos processos de democratizao e universalizao de ensino, Escolas de Linhas e Institucionalizao da Escola em Rondnia. [email protected]

    Tania Suely Azevedo Brasileiro Doutorado em Educao - Universidad Rovira i Virgili/Espanha (2002). Docente na Universidade Federal de Rondnia (UNIR) por, aproximadamente, 20 anos. Atualmente, Professora Associada da UFOPA, lotada no Instituto de Cincias da Educao, e Coordenadora do Programa de Ps-Graduao em Educao - Mestrado Acadmico em Educao desde outubro de 2013. Est como Presidente da REDE INTER-REGIONAL N-NE-CO SOBRE DOCNCIA NA EDUCAO SUPERIOR (RIDES) na gesto 2012-2015. [email protected]

    Este livro nasceu da ousadia de um grupo de pesquisadores da UNIR e de instituies reconhecidas nos processos de formao de professores, os quais tencionam compartilhar as reflexes sobre a Educao a Distncia como opo poltica do Estado para a formao de professores. O objetivo foi construir relatos que pudessem ser entendidos como marcos de sugestes para a efetivao de propostas.

    Rosangela Aparecida Hilrio

    FORMAO DE PROFESSORESE AS NOVAS TECNOLOGIAS

    EM EDUCAO

    Carmen Tereza VelangaJos Lucas Pedreira Bueno

    Rosangela Aparecida HilrioTania Suely Azevedo Brasileiro

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    EM EDUCAO

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    FORMAO DE PROFESSORES E AS NOVAS TECNOLOGIAS EM EDUCAOum

    a reflexo necessria

    9 788584 750078

    ISBN 978-85-8475-007-8

    O presente trabalho foi realizado e publicado em decorrncia das atividades apoiadas pela Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior (CAPES), no mbito do Programa de Consolidao das Licenciaturas (PRODOCNCIA), na Universidade Federal de Rondnia (UNIR).

  • Carmen Tereza VelangaJos Lucas Pedreira Bueno

    Rosangela Aparecida HilrioTania Suely Azevedo Brasileiro

    Organizadores

    FORMAO DE PROFESSORES E AS NOVAS TECNOLOGIAS

    EM EDUCAO uma reflexo necessria

    APOIO

  • 2014, Carmen Tereza VelangaJos Lucas Pedreira Bueno

    Rosangela Aparecida Hilrio

    Tania Suely Azevedo Brasileiro

    Organizadores

    Direitos autorais reservados, no podendo ser comercializado ou impresso sem a devida autorizao dos autores.

    (Lei n 5.988/73)

    F723 Formaodeprofessoreseasnovastecnologiasemeducao:umareflexo necessria / Carmen Tereza Velanga...[et al.], organizadores. 1. ed. Florianpolis : Pandion, 2014. 250 p.

    Inclui referncias ISBN: 978-85-8475-007-8

    1. Educao Inovaes tecnolgicas. 2. Ensino a distncia. 3. Professores Formao. 4. Educao continuada. 5. Multimdia interativa. I. Velanga, Carmen Tereza.

    CDU: 37

    Catalogao na publicao por: Onlia Silva Guimares CRB-14/071

    O presente trabalho foi realizado com o apoio da CAPES, entidade do Governo Brasileiro voltada para a formao de recursos humanos.

    ISBN 978-85-8475-007-8

    1 Edio pela Editora Pandion

    2014

  • CONSELHO EDITORIALEDITORA PANDION

    Profa. Dra. Ana Lcia Ferraresi Schmitz (USJ- SC)

    Profa. Dra. Ana Maria Bencciveni Franzoni (UFSC)

    Prof. Dr. Antonio Marcos Feliciano (FACVEST)

    Prof. Dr. ureo dos Santos (UNISUL)

    Profa. Dra. dis Mafra Lapolli (UFSC)

    Prof. Dr. Edmilson de Oliveira Lima (UNINOVE-SP)

    Prof. Dr. Flvio Rubens Lapolli (UFSC)

    Profa. Dra. Gertrudes Aparecida Dandolini (UFSC)

    Prof. Dr. Hlio Lemes Costa Jnior (UNIFAL-MG)

    Prof. Dr. Joo Artur de Souza (UFSC)

    Prof. Dr. Jos Baltazar S. O. de Andrade Guerra (UNISUL)

    Prof. Dr. Jos Lucas Pedreira Bueno (UNIR)

    Profa.Dra.JuracyMachadoPacfico(UNIR)

    Profa. Dra. Liane da Silva Bueno (UNIARP)

    Prof. Dr. Thiago Eduardo Pedreira Bueno (UFMG)

    Profa. Dra.Vera Lcia Chacon Valena (UNISUL)

  • SUMRIO

    APRESENTAO .............................................................. 7 1 FORMAO DE PROFESSORES E EDUCAO A

    DISTNCIA: uma discusso necessria aos desafioscontemporneos Carmen Tereza Velanga, Maria Lilia I. Sousa Colares e Zuila Guimares Cova dos Santos ....................................... 15 2 FORMAO DE PROFESSORES EM TEMPOS DE

    UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL: oconhecimento,ovirtualeopossvel Rosangela Aparecida Hilrio e Andria da Silva Quintanilha Sousa .............................................................. 35 3 A IMPLANTAO DE DISCIPLINAS NA MODALIDADE A DISTNCIA EM CURSOS PRESENCIAIS: asdificuldadesdosalunosemuma

    instituiobrasileiraprivadadeensinosuperior Silvia Carla Conceio, Bento Duarte da Silva e Maria de Lourdes Ramos da Silva ....................................... 57

    4 FORMAO DE PROFESSORES E TECNOLOGIAS Marco Antnio de Oliveira Gomes e JuracyMachadoPacfico .................................................... 81

  • 5 FORMAO CONTINUADA ONLINE EM GEOMETRIA:contribuiesparaaampliao dabasedeconhecimentodeumaprofessora Evandro Antonio Bertoluci e Regina Maria Simes Puccinelli Tancredi .............................................................. 101 6 INTERAO ON LINE:pontooucontraponto? Iracema Gabler ................................................................... 123 7 OTELEDUCNAAMAZNIA:aexperinciada

    UniversidadeFederaldeRondnia Tania Suely Azevedo Brasileiro e Marcello Batista Ribeiro .................................................................... 147 8 PERTINNCIA SOCIAL DA EXTENSO UNIVERSITRIA E A EDUCAO A DISTNCIA NA UNIVERSIDADE Maria de Ftima Mendes de Souza Chaddad e Walterlina Brasil ................................................................. 171 9 PROPOSTA DE UM AMBIENTE MULTIAGENTE PARA ENSINO DE LNGUAS ESTRANGEIRAS

    MULTIMDIA Adroaldo Guimares Rossetti, Almir dos Santos Albuquerque, Vasco Pinto da Silva Filho, Jos Leomar Todesco e Fernando lvaro Ostuni Gauthier....................... 203

    10. TECNOLOGIAS NA EDUCAO E INTENSIFICAO DO TRABALHO DOCENTE Daniele Braga Brasil, Elizabeth Antonia L. de M. Martines e Jos Lucas Pedreira Bueno ....................... 225

    SOBREASORGANIZADORAS,ORGANIZADOR,AUTORES E AUTORAS .................................................... 243

  • 7APRESENTAO

    Quando nosso cu se faz moldura Para engalanar a natureza

    Ns, os Bandeirantes de RondniaNos orgulhamos de tanta beleza

    Como sentinelas avanadasSomos destemidos pioneiros

    (Hino do Estado de Rondnia. Letra: Joaquim de Arajo Lima).

    O Hino do Estado de Rondnia anuncia em suas primeiras estrofes a esperana de que os migrantes que acorrem de todas as regies do Brasil contribuam para o desenvolvimento pleno do Es-tado. So os novos Bandeirantes em Rondnia a servio da cons-truo de um Estado Nao que faa diferena na consolidao de um projeto que favorea a todos os brasileiros, nascidos aqui ou que adotaram o estado, pela imensa gama de oportunidades.

    Neste entendimento de projeto poltico de sociedade, cabe a Universidade Federal de Rondnia (UNIR) desenvolver a tecnologia e cincia necessrias para o encontro da diversidade em que o estado se constituiu, com a integrao como projeto de nao,promovendoodesenvolvimentoplenoquebeneficieato-dos os cidados rondonienses. A articulao de culturas e saberes

  • 8que se cruzam nos quatro cantos do Estado para consolidao de uma nova gerao de pesquisadores que se debrucem sobre a cau-sa da cincia para promover a tolerncia, ampliar oportunidades e encurtardistnciasgeogrficasemfavordacidadania.

    Nesta perspectiva, este livro nasceu da ousadia de um gru-po de pesquisadores da UNIR e de instituies reconhecidas nos processos de formao de professores, os quais tencionam com-partilharasreflexessobreaEducaoaDistncia comoopo

    poltica do Estado para a formao de professores. A proposta foi construir relatos que pudessem ser entendidos como marcos de sugestes para a efetivao de propostas.

    Para que tais objetivos fossem alcanados, as organiza-doras e o organizador construiram algumas condies indispen-sveis: reuniram colegas de diversos espaos acadmicos e re-presentantes de diferentes correntes tericas, propuseram que fossem delineados pontos e contrapontos a partir da anlise sob mltiplasvises,equeosautorestivessemautonomiaparaexpor

    suasreflexes,tendocomoparmetro,ousodatecnologianafor-mao dos professores. S dessa forma, professores, professoras, pesquisadores e pesquisadoras do ensino superior, alunos e alunas dos cursos de formao de professores e demais interessados na temtica serobeneficiados como resultadodas reflexes pro-postas.

    Assim, o presente livro fruto da perseverana e dedi-cao deste grupo de pensadores. Os artigos que compem esta obra manifestam, sobretudo, uma crena comum: a importncia da formao de professores na melhoria da qualidade da educa-o bsica em todo o Brasil e a convico de que as tecnologias de comunicao e informao podero contribuir com esse processo.

  • 9A tecnologia na educao ainda se constitui em um tema polmico, considerado, por vezes, desalentador nos processos de formao.Noentanto,so frequentesasboas experinciasde-senvolvidas por educadores de todas as etapas e nveis de ensino, por todo o pas. Entretanto, estas iniciativas localizadas no con-seguemseexpandire,comooquenocresce,retroage,essas

    experincias,comopassardotempoecomoafastamentodaque-les que as implementaram, tendem a se enfraquecer e desapare-cer. Realidades como essas so, fundamentalmente, consequncia da falta de continuidade administrativa resultado da interferncia poltico partidria e suas ideologias nas administraes pblicas.

    Omomentodeprofundasmudanasquevivenciamosexi-ge organizao e coerncia para o uso da tecnologia na formula-o de projetos de formao de professores, e metodologias peda-ggicas como ferramentas possveis no estabelecimento de uma poltica educacional que promova, efetivamente, a igualdade de oportunidadesnointeriordaescolapblica.Asreflexesepropos-tas contidas neste livro contemplam um amplo leque de questes relacionadas temtica.

    H que se destacar o esforo hercleo da Universidade Fe-deral de Rondnia, no sentido de viabilizar a Diretoria de Educao a Distncia (DIRED) que rene os vrios programas institucionais e em parcerias com MEC/SEB/CAPES/SEDUC/UNDIME/IES, em cursos de graduao e ps-graduao na modalidade a distn-cia, para formao de quadros docentes no Estado de Rondnia. Como nica universidade pblica no estado, tem desempenha-doumtrabalhosignificativo,agregandodocentespesquisadores

    em diversas reas do conhecimento que vencem barreiras, dia a dia, fazendo o trabalho pioneiro de organizar cursos que se inte-

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    gramsnecessidades locais, encurtandodistnciasgeogrficas,

    diminuindo preconceitos, proporcionando a formao que, por outra via, tornar-se-ia praticamente impossvel, dadas as dispari-dades socioeconmicas e isolamento de vrios municpios, distri-tos, linhas, onde apenas a modalidade a distncia tem chegado e marcado presena, transformando pessoas e suas comunidades. So utopias necessrias que se concretizam aos poucos. a Uni-versidade buscando e dando respostas sociedade de fronteira geopoltica e cultural, como o Estado de Rondnia, na Amaznia Ocidental.

    Importantes nomes da pesquisa em Rondnia e no Estado do Par, os educadores Carmen Tereza Velanga, Maria Lilia Imbiri-ba Sousa Colares e Zuila Guimares Cova dos Santos sinalizam, no primeirocaptuloFORMAODEPROFESSORESEEDUCAO

    ADISTNCIA:umadiscussonecessriaaosdesafioscontempo-rneos,apontandoaorganizaodapropostadeEducaoaDis-tncia como alternativa na formulao de polticas pblicas para a formaodeprofessoresemsociedadesmulticulturais.Areflexo

    das autoras pauta-se na anlise da legislao que ampara a im-plantao da EaD no Brasil, bem como aos avanos oportunizados para o entendimento da diversidade como qualidade a ser agrega-da formao docente.

    Nocaptulo2FORMAODEPROFESSORESEMTEM-POS DE UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL: o conhecimento, o virtualeopossvel,respectivamente,RosangelaAparecidaHilrio

    eAndriadaSilvaQuintanilhaSousaapresentamemanalticaex-posio, com o equilibrio necessrio entre razo e sensibilidade, suasreflexesacercadoProgramaUniversidadeAbertadoBrasil.

    Naanlisedoembriodeumfuturosistemanacionalpblicode

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    formaodeprofessores,asautoraspretenderamdebatersobre

    aEaDpormeiodaexperinciavividanocursodePedagogiada

    UAB/UNIR, em processo de consolidao. As questes norteado-rasdareflexoforam:Qualafunodaescolaedoprofessorem

    tempos de mudanas aceleradas? Quais as atitudes requeridas, desejadas e os saberes essenciais na consolidao da identidade docente?

    No captulo trs, os pesquisadores e professores da Uni-versidade de So Paulo e da Universidade do Minho, Silvia Carla da Conceio, Bento Duarte de Andrade e Maria de Lourdes Ra-mosdaSilvaanalisamaexperinciadaimplantaodedisciplinas

    a distncia nos cursos presenciais em uma universidade privada do grande ABC paulista, por meio da insero gradual do Departa-mentodeEducaoaDistncia.Areflexorelacionaoscincoeixos

    a serem contemplados em processos de formao de professores: o tcnico e o prtico na formao, a integrao dos saberes, prepa-rao para a participao social, a atitude terico-crtica e a pros-pectiva da EaD na formao de professores.

    No quarto captulo, Marco Antnio de Oliveira Gomes e JuracyMachadoPacfico,docentesdoDepartamentodeCincias

    daEducaodaUNIR,embasamareflexonoentendimentode

    que a educao, como processo, carrega as marcas do tempo his-trico, no sendo imutvel e nem esttica, tornando necessria a compreenso do entendimento das relaes e articulaes esta-belecidas entre a poltica pblica que orienta formao de profes-sores e os homens e mulheres que materializam prticas pedag-gicas para esta formao.

    Evandro Antonio Bertoluci, docente das Faculdades Inte-gradas de Ja/SP, e Regina Maria Simes Puccinelli Tancredi, pro-

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    fessora da UFSCAR e UPM, no captulo cinco, analisam as contri-buies de um minicurso oferecido na modalidade de educao a distncia, via Internet, ampliao dos conhecimentos pedaggi-cos de contedos geomtricos de uma professora dos anos iniciais do ensino fundamental. O estudo esteve associado ao Portal dos Professores da UFSCAR (www.portaldosprofessores.ufscar.br). Caracterizou-se como uma pesquisa-interveno de natureza qua-litativa que adotou a metodologia construtivo-colaborativa, tanto para a pesquisa como para a formao continuada dos professores participantes. O referencial terico abarcou a formao continua-da de professores, a base de conhecimento para o ensino e a edu-cao a distncia, via Internet.

    A pesquisadora do grupo GEAL, Iracema Glaber, apre-senta,nocaptulo seis, suas reflexessobreautilizaodas fer-ramentas tecnolgicas para promover a incluso e interao das pessoaspormeioda lnguagem.Areflexoancora-sesobreque

    tipo de apoio institucional que se faz necessrio para aquisio do conhecimento pleno que emancipa e permite escolhas por meio dasferramentasvirtuaisdeaprendizagem.Otextofoidesenvol-vido a partir de uma pesquisa ampla com estudantes do curso de Letras da UAB/UNIR e traa um importante panorama dos avan-os empreendidos ao longo de sua implantao, bem como das trajetrias ainda a serem percorridas.

    No captulo sete, a pesquisadora Tania Suely Azevedo Bra-sileiro, docente da UFOPA, e o pesquisador Marcello Batista Ribei-ro, docente da UNIR, que j foram Coordenadores do Laboratrio Didtico Pedaggico Multimdia (LABMIDIA) da UNIR, abordam o processo de implantao do TeleEduc na UNIR, bem como sua aceitao por alunos e professores das mais variadas disciplinas e

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    cursos desta IFES, durante os anos em que o ambiente foi adotado como recurso didtico-tecnolgico nas atividades docentes.

    No captulo oito, a pesquisadora e docente do Departa-mento de Cincias da Educao da UNIR/PVH, Walterlina Brasil, e a pesquisadora Maria de Ftima Mendes de Souza Chaddad, numa investigao intitulada PERTINNCIA SOCIAL DA EXTENSO

    UNIVERSITRIA E A EDUCAOA DISTNCIA NA UNIVERSI-DADEanalisamapertinnciadaimplantaodaofertadocurso

    deextensoadistnciaTVnaEscolaeosDesafiosdeHoje.Por

    meio de suas consideraes, traam um panorama analtico crtico dasnovastecnologiasnoscontextosamazonenses.

    No captulo nove, os professores, vinculados ao progra-ma de Ps-Graduao em Engenharia e Gesto do Conhecimento (EGC) da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Adroal-do Guimares Rossetti, Almir dos Santos Albuquerque, Jos Leo-mar Todesco e Fernando lvaro Ostuni Gauthier e o diretor da Di-retoria da DIRED da UNIR Vasco Pinto da Silva Filho apresentam uma proposta de ferramenta de autoria em sistema multiagentes como instrumento de apoio contnuo ao ensino e aprendizagem multimdia de idioma estrangeiro, de forma que os interessados possam us-lo em qualquer momento, de acordo com suas possi-bilidades e convenincias. Defendem as vantagens de um sistema de ensino de idiomas estrangeiros disponvel, permanentemente, na internet. Isso possibilitar um salto qualitativo no ensino de ln-gua estrangeira.

    No captulo 10, e ltimo desta coletnea, Daniele Braga Brasil, Elizabeth Antonia Leonel de M. Martines e Jos Lucas Pe-dreira Bueno tratam da insero das tecnologias na educao, re-lacionadas s mudanas sociais e ao trabalho docente, buscando

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    compreender como as polticas de utilizao de novas tecnologias na educao permeiam as atribuies e o trabalho docente, consi-derando que os professores se sentem convocados a dar mais de si, para a melhoria da educao e das prprias condies de vida e a imposio de, cada vez mais, formao continuada.

    Dentro da linha essencialmente dinmica que anima a organizaodopresentelivro,estacoletneadetextospretende

    constituir-seummotordereflexesnoqualpossambrotarnovas

    ideias e posturas que reverberem em projetos verdadeiramente significativosenecessriosutilizaodatecnologiacomorecur-so pedaggico na perspectiva de responder s necessidades ine-rentes s funes da escola no novo milnio.

    No incio desta apresentao, mencionvamos nosso en-cantamento com o hino de Rondnia, que anuncia em sua letra a inteno de acolhimento de todos os migrantes e imigrantes para transform-los em agentes a favor do progresso, dos avanos e da melhoria da sociedade rondoniense. Mas, o que no mencionamos queestegrupodepesquisadoresdebatendoeexpondosuascon-sideraessobreatecnologiacomoferramentapedaggicareafir-mam o conceito contido no hino: somos brasileiros de outros es-paosgeogrficosabrindotrilhasembuscadaproduocientfica

    para acesso pleno ao conhecimento que liberta e permite fazer escolhas, elaborar pontos e formular contrapontos.

    Foi com este esprito de precussores acolhidos na terra frtilparaoconhecimentoqueestestextosforamapresentados.

    Aproveitamos a oportunidade para dedic-los aos nossos alunos que nos inspiram todos os dias a sermos professores, professoras e pessoas melhores.

    Rosangela Aparecida Hilrio

  • CAPTULO 1

    FORMAO DE PROFESSORES E EDUCAO A DISTNCIA

    uma discusso necessria aos desafios contemporneos

    Carmen Tereza VelangaMaria Lilia Imbiriba Sousa ColaresZuila Guimares Cova dos Santos

  • Captulo 1

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    INTRODUO

    A educao a distncia no , propriamente, algo novo. DesdeosculoXIX,umacomunidadedeagricultoreseuropeusuti-lizou-se deste sistema, buscando aumentar a produtividade de seu rebanho e de sua agricultura. Nos Estados Unidos e Europa, foi ini-ciada por instituies particulares com cursos ministrados por cor-respondncia, destinando-se a estudantes que no conseguiam acompanhar o ensino presencial tradicional. A Sucia j oferecia, em 1833, um curso de contabilidade por correspondncia. Mas havia uma conotao negativa a qual, segundo Litwin (2001), foi transposta para a resistncia associada a esta modalidade. Obser-vam-se, ainda, duas iniciativas pioneiras na Amrica Latina e que dariamorigemaoutrasexperinciasnestesentido,adaUNED,da

    CostaRicaedaUMA,naVenezuela.Quantoprimeiraexperin-ciaemensinosuperiornomundoexecutadanessamodalidadede

    ensino,destaca-seapioneiraOpen University,naInglaterra.To-davia, embora a EaD tenha se consolidado historicamente, ainda objeto de crticas.

    Ao substituir a interao pessoal entre aluno e professor no espao fsico da sala de aula por um conjunto de instrumen-tos tcnicos e recursos didticos que proporcionam igualmente a aprendizagem dos estudantes de forma autnoma, a EaD en-tra no cenrio de transformaes sociais econmicas, polticas

  • FORMAODEPROFESSORESEASNOVASTECNOLOGIASEMEDUCAO:umareflexonecessria

    18

    eculturaisdeformainsofismvelepassaater,nasociedadedo

    conhecimento e multicultural, um papel fundamental no ape-nas na construo das identidades dos sujeitos aprendentes, como tambm dos sujeitos mediadores do conhecimento, os educadores.

    Reconheceremosoxitodessarelaointerativamedi-daqueaformaoprofissionaladistncia,especialmentenoque

    toca a cursos de formao nos nveis de graduao e ps-gradua-o, obtiver o sucesso esperado. Dos EUA e Europa para a Am-ricaLatina,aEaDtemavanadosistematicamente,e jnofica

    apenas no terreno das crticas e contestaes, mas tende a ser as-sumida como uma modalidade de ensino que atende a demandas especficasdapopulaomundial,emquepesemasnecessriase

    pertinentesreflexessobreoquedeterminamascrticasemsua

    origemfilosfica,poltica,culturaleideolgica.

    Apoiando-nos em pesquisa bibliogrfica, abordamos a EaD

    no seu atual cenrio, analisando a possibilidade de que, ao se in-

    serir no espao das polticas pblicas educacionais e de formao

    docente, seja veculo de oportunidade no contexto da educao

    superior em nosso pas. O texto composto em duas partes: na

    primeira, apresentamos reflexes pertinentes modalidade EaD no

    interior das polticas pblicas de formao de professores, e na se-

    gunda, a formao docente na perspectiva reflexiva como meio de

    superar o tecnicismo e o mecanicismo. Dessa forma, pretende-se

    trazer contribuies pertinentes formao de professores a dis-

    tncia e presencial, uma vez que ambas as modalidades necessitam

    da discusso em torno da formao do professor que a realidade

    atual exige.

  • Captulo 1

    19

    POLTICAS PBLICAS E FORMAO DOCENTE NA MODALIDADE EaD

    O termo sociedade da informao remete aos conceitos maisamplosdesociedadedofuturoanunciadosaofinaldos-culoXX.Estligadoaprendizagemeserelaciona,emsuabase,

    com as modernas Tecnologias da Informao e da Comunicao (TIC), centralizadas no uso do computador e da Internet. A edu-cao, por sua vez, tem centralizado seus conceitos de forma que o ensino (sua estrutura e seus recursos) seja privilegiado, focando mais sobre os ndices de aprovao e reprovao do que a questo qualitativa, a forma como os alunos aprendem, eseestaaprendizagemtemsidodeformasignificativaedura-doura na vida deles. Outra questo que, frequentemente, se faz menor nas discusses sobre aprendizagem e ensino a questo econmica,adistribuiodarendanasociedadeestratificadae

    sua repercusso direta sobre os processos de aquisio do co-nhecimento. Embora a teoria crtica educacional tenha privile-giado o debate nesta direo, o foco ainda est nos resultados e no nos processos e suas origens histricas e polticas.

    O debate da educao escolar brasileira assume aspec-tos importantes a partir das duas ltimas dcadas do sculo XX. Inclui a ampliao das discusses sobre acesso, perma-nncia, evaso, reprovao, qualidade de ensino e formao de professores, vinculadas aos elementos da poltica nacional e internacional, no contexto da globalizao e do neolibera-lismo econmico, com vistas a prever e estudar sadas para as desigualdades sociais e uma educao que venha gerar melhor qualidade de vida.

  • FORMAODEPROFESSORESEASNOVASTECNOLOGIASEMEDUCAO:umareflexonecessria

    20

    A Constituio Federal de 1988 vinculou a educao aos direitos do cidado preconizando a cooperao entre os trs sistemas: federal, estadual e municipal, no que se refere ao custeio e responsabilidades perante a educao, possibilitando, desta forma, a articulao necessria na tentativa de soerguer os desnveis regionais (BRASIL, 1988). A Lei de Diretrizes e Ba-ses da Educao Nacional (LDB) n. 9.394/96 disciplinou a edu-cao brasileira nos nveis fundamental, mdio e superior em diferentes temticas e distintas modalidades (BRASIL, 1996). Temticasessasquese inseremnocontextodaspolticasp-blicas educacionais como a gesto dos recursos para a educa-o, a gestodemocrticadaescola, a formaoprofissional

    dos docentes e aos diversos aspectos da prtica educativa, comoaavaliao,porexemplo.Quantosmodalidades,aedu-cao especial, a educao de jovens e adultos e a educao a distncia ganharam destaque no cenrio dos debates, pela sua abrangnciaesignificaoparaapopulaobrasileira,oquese

    pode notar diante das pesquisas publicadas em eventos educa-cionais, especialmente nas ltimas duas dcadas.

    A partir da dcada de 1960, a educao a distncia co-meou a ser enfatizada pelas polticas pblicas educacionais em nosso pas. Destacam-se alguns projetos que se voltavam para a formao de professores: Projeto Saci (1967-1974) desti-nado formao de professores leigos do ensino fundamental desenvolvido no Nordeste, Curso de Qualificao Profissional,fi-nanciadopeloMECelanadopeloFUNTEV(FundaoCentro

    Brasileira de TV Educativa, rgo do Ministrio da Educao do Brasil), em 1984, e voltado formao de professores leigos das quatro primeiras sries do ensino fundamental na regio centro

  • Captulo 1

    21

    -oeste e sudeste do pas; o Projeto LOGOS, lanado em mea-dos da dcada de 1970, e sendo retomado em nova verso na dcada de 1980 (I e II) estendido, especialmente, para a regio norte; o Projeto Ip, cujo objetivo era a formao de professo-res alfabetizadores do estado de So Paulo ocorrido na dcada de 1980; Um Salto para o Futuro que teve seu inicio em 1991 e levado ao ar at hoje. Nos dias atuais, temos a TV Escola, cujo programateveincioem1996,esetratadeumcanalespecfico

    de televiso com programao dirigida formao do professor e tambm ao uso do material didtico em sala de aula.

    Aps o advento da LDB, a Unio e os Estados voltaram-se efetivamente para a formao docente, uma vez que a legis-lao obriga a formao em nvel superior para todos os pro-fessores, estabelecendo 10 anos, aps sua promulgao para que esta meta fosse atingida (2007). No entanto, a demanda crescente por vagas na escola aumentou, e tambm a necessi-dade de se incrementar as iniciativas de formao docente, e a modalidade de ensino a distncia tem sido o recurso considera-docomoexpoenteparadarcontadessademandapelosrgos

    governamentais. A Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacional (n

    9.394, de 20 de dezembro de 1996) garantiu o incentivo do po-der pblico para a educao a distncia, bem como um amplo campo de atuao (em todos os nveis e modalidades) e deu es-pecial ateno no que se refere utilizao de canais de radio-difuso. Certos cuidados se fazem presentes como a elaborao deexameseaemissoderegistrosdediplomassobacompe-tncia da Unio e as demais instncias (produo, controle, avaliao e autorizao) sob a responsabilidade dos respectivos

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    sistemas de ensino. o que se observa na LDB em (BRASIL, 1996, Artigo 80):

    Art. 80. O Poder Pblico incentivar o desen-volvimento e a veiculao de programas de ensino a distncia, em todos os nveis e mo-dalidades de ensino, e de educao continu-ada.

    1. A educao a distncia, organizada com abertura e regime especiais, ser oferecida por instituies especificamente credencia-das pela Unio.

    2. A Unio regulamentar os requisitos para arealizaodeexameseregistrodediplomarelativo a cursos de educao a distncia.

    3. As normas para produo, controle e avaliao de programas de educao a dis-tncia e a autorizao para sua implementa-o, cabero aos respectivos sistemas de en-sino, podendo haver cooperao e integrao entre os diferentes sistemas.

    4. A educao a distncia gozar de trata-mento diferenciado, que incluir:

    I- custos de transmisso reduzidos em canais comerciais de radiodifuso sonora e de sons eimagens;II-concessodecanaiscomfinali-dadesexclusivamenteeducativas;III-reservade tempo mnimo, sem nus para o Poder P-blico, pelos concessionrios de canais comer-ciais.

    O Decreto n 2.494, de 10 de fevereiro de 1998, que segue a LDB, destinou-se a regulamentar o Art. 80. Tratou de conceituar a educao a distncia (Art. 1), fixandodiretrizes

    gerais para a autorizao e reconhecimento de cursos e creden-ciamento de instituies, alm de estabelecer tempo de valida-

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    de para tais atos regulatrios (Art. 2, 2 a 6). Apresentam as competncias (Artigos 11 e 12), tratando das matrculas, trans-ferncias, aproveitamentodeestudos, certificados,diplomas,

    avaliao de rendimento (constam dos Artigos 3 a 8). Em seu Art.2, 6,definepenalidadesparaonoatendimentodos

    padres de qualidade e determina a divulgao peridica, pelo Ministrio da Educao, da listagem das instituies credencia-dasedoscursosautorizados(Art.9).Odecretoaindadefine

    importantes questes tais como:

    Os cursos a distncia sero organizados em regimeespecial,comflexibilidadederequisi-tos para admisso, horrios e durao, obe-decendo, quanto for o caso, s diretrizes cur-riculares nacionais;

    As instituies para oferecerem cursos de EaDqueconduzamacertificadosdeconclu-sooudiplomasdeEJA,EducaoProfissio-nal, Ensino Mdio e Graduao necessitam de credenciamento especial do MEC;

    Os credenciamentos e autorizaes tero prazo limitado de cinco anos;

    facultada a transferncia e o aproveitamen-to de crditos dos alunos de cursos presen-ciais para cursos de EaD e vice-versa;

    OsdiplomasecertificadosdeEaDterovali-dade nacional;

    As avaliaes com fins de promoo, certi-ficao ou diplomao sero realizadas pormeiodeexamespresenciais,sobaresponsa-bilidade da instituio credenciada (BRASIL, 1998).

    ODecreton.5.622,publicadonoDirioOficialdaUnio,

    em 20 de dezembro de 2005, complementado, posteriormente,

  • FORMAODEPROFESSORESEASNOVASTECNOLOGIASEMEDUCAO:umareflexonecessria

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    pelo Decreto n. 6.303, de 12 de dezembro de 2007. Tais decretos voltam a regulamentar o Art. 80 da LDB, de modo detalhado, e revogam os dois decretos mencionados acima, porm, incorpo-rando-os quase em sua totalidade. Os documentos estabelecem normas para a educao a distncia e tratam, principalmente, do credenciamento de instituies, autorizao e reconhecimento de cursos destinados a essa modalidade de educao. A nova regulamentao, que avana sobre o que estava anteriormente colocado estabelece:

    Ampliao dos momentos presenciais obri-gatrios, incluindo, alm das avaliaes, os estgios obrigatrios, a defesa dos trabalhos de concluso de cursos e atividades de labo-ratrio e sero realizados na sede da insti-tuio ou nos polos, que tambm devem ser credenciados mediante avaliao;

    Quando se refere educao bsica, a edu-cao a distncia poder ser praticada apenas como complementao de estudos ou em si-tuaes emergenciais;

    A durao dos cursos a distncia a mesma dos cursos presenciais;

    Osexamespresenciaisseroelaboradospelaprpria instituio credenciada e prevalece-ro sobre as outras formas de avaliao;

    Todos os acordos de cooperao sero sub-metidos ao rgo regulador do respectivo sistema de ensino;

    Instituiesdepesquisacientficaetecnolgi-ca,pblicasouprivadas,decomprovadaex-celncia, podero ser credenciadas para ofer-tarem cursos de ps-graduao (lato sensu e stricto sensu) e de tecnologia;

    O sistema federal credenciar, tambm, as instituies dos outros sistemas que deseja-

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    rem ofertar cursos de educao a distncia de nvel superior e de educao bsica, quando sua abrangncia ultrapassar o mbito geogr-fico do respectivo sistema.As autorizaes,reconhecimentos e renovao de reconheci-mento dos cursos tramitaro apenas no m-bito dos respectivos sistemas de educao;

    A Lei do SINAES (n 10.861/2004) aplica-se integralmente educao a distncia;

    As prerrogativas da autonomia das universi-dades e centros universitrios so assegura-das tambm quanto se trata de EaD;

    Os sistemas de ensino bem como as institui-es, publicaro seus atos regulatrios refe-rentes s IES e seus cursos (BRASIL, 2007).

    Taisdecretostratamdetalhadamentesobreasexign-cias para os processos de credenciamento de instituies e polos, de autorizao, reconhecimento e renovao de reco-nhecimentodecursos,deidentificaodedeficinciaseirregu-laridades e suas devidas aes corretivas e punitivas, de forma-o de consrcios, parcerias, convnios e acordos, entre outros.

    O Decreto 5.800/2006, em seu Art. 1, instituiu o Siste-ma Universidade Aberta do Brasil (UAB), voltado para o desen-volvimentodamodalidadedeeducaoadistncia,comafina-lidadedeexpandireinteriorizaraofertadecursoseprogramas

    de educao superior no Pas. Destacamos os seus objetivos:

    Pargrafo nico. So objetivos do Sistema UAB:

    I - oferecer, prioritariamente, cursos de licen-ciatura e formao inicial e continuada de professores da educao bsica;

    II - oferecer cursos superiores para capacita-o de dirigentes, gestores e trabalhadores

  • FORMAODEPROFESSORESEASNOVASTECNOLOGIASEMEDUCAO:umareflexonecessria

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    em educao bsica dos Estados, do Distri-to Federal e dos Municpios;

    III - oferecer cursos superiores nas diferentes reas do conhecimento;

    IV - ampliar o acesso educao superior p-blica;

    V - reduzir as desigualdades de oferta de en-sino superior entre as diferentes regies do Pas (BRASIL, 2006, Art. 1).

    Observa-se que tal poltica pblica que encetou a Uni-versidade Aberta do Brasil partiu de deciso do Governo Fede-ral de incluso da EaD na poltica nacional de educao, com financiamentogovernamental,dandoprioridadeformaode

    professores. Instituiu, ainda, os polos de apoio presencial que passaramaterestruturaparaexecuodescentralizadadeal-gumas funes didtico-administrativas de cursos e sistemas de EaD, organizados atravs de diversas instituies e com o apoio dos governos municipais e estaduais. O objetivo procla-mado do Governo Federal era de atingir 1000 polos de apoio presencial em 2010, para tanto, anunciava o total de R$ 1 bilho derecursosaseremgastosparaatingirestefim.

    O Edital n.01/2005 - SEED/MEC - Sistema UAB fez a se-leo de polos de apoio presencial e cursos superiores na moda-lidade EaD de IFES. Foram aprovados: 292 polos (com incio de atividades acadmicas em 2007) em 288 municpios brasileiros (60 mil vagas), num total de 197 cursos (38 em Universidades Federais, alm de 10 CEFETs e FIOCRUZ), atingindo 292 polos em 288 municpios brasileiros (2008), distribudos em todos os estados da Unio com a oferta de cerca de 60 mil vagas. No l-timo edital, o Ministrio da Educao registrou 805 inscries

  • Captulo 1

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    de propostas de polos de apoio presencial e de 123 propostas de cursos das instituies de ensino superior, os quais teriam ini-cio em 2008. Percebe-se que foi mantida a prioridade de formar professores para a Educao Bsica bem como a permanncia da UAB como poltica permanente, uma vez que h renovao de turmas semestrais ou anuais, preservando a autonomia das Instituies e as diretrizes estratgicas da UAB.

    ParaNogueira(1996,p.35),[...]odesenvolvimentoda

    educao a distncia no mundo est intrinsecamente ligado ao desenvolvimento tecnolgico das sociedades, tornando inevi-tvel sua associao aos avanos da informtica e aos meios de comunicaodemassa.Estudosindicamquepesquisassobre

    a educao a distncia tm demonstrado que esta pode ser uma forma de ensino equivalente educao presencial, e at mesmo superior em qualidade, em determinados pontos, pelo carterdeflexibilidadee interatividadedasnovastecnologias

    de educao, considerando-se algumas situaes e objetivos especficos,especialmentenocampodaeducaodeadultos.

    Pode,ainda,significarofimdasdistnciasgeogrficas,econ-micas, sociais, culturais e psicolgicas que so, muitas vezes, os principais obstculos ao acesso a uma formao continuada por parte dos professores (LITWIN, 2002).

    No Brasil, segundo Lima, Grigoli e Barros (2009), a maioria dos cursos autorizados a funcionar na modalida-dedeeducaoadistnciadiz respeitoaprofissionaispara

    atuar em todas as esferas do processo educacional, ou seja, percebe-se, claramente, a preocupao com a formao de professores para atuar em todas as frentes do ensino bsi-co, o qual o foco da quase totalidade dos projetos. Destes,

  • FORMAODEPROFESSORESEASNOVASTECNOLOGIASEMEDUCAO:umareflexonecessria

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    destacam-se: Pro-Licenciaturas, Formao pela Escola, Mdias na Educao, Pro-Infantil, Pro-letramento, Escola de Gestores (formao em servio de gestores escolares), Tecnologias em Educao (Ps- Graduao Lato Sensu, com cerca de seis mil professores graduados e em servio dos estados e municpios inscritos hoje no programa), alm de aes e programas que acabam por se integrar e oferecer suporte s aes destina-das formao continuada, como: E-Proinfo, Programa Ban-da Larga nas Escolas, Pro-Info Integrado, dentre outros que esto despontando neste cenrio, como cursos destinados formao de conselheiros escolares no vis da formao de gestores, sendo que possvel afirmar que grande parcela

    dos professores vinculada aos sistemas de ensino dos estados e municpios tem acesso a essa formao continua.

    OPortaldoProfessor(MEC),porexemplo,oferecees-paos nos quais possvel ao professor buscar e ampliar o uso de recursos tecnolgicos e estratgias de ensino. A Platafor-ma Freire um ambiente virtual, dentro do Portal, na qual so oferecidos cursos superiores pblicos, gratuitos, cuja oferta engloba os municpios de 21 estados da Federao, por meio de 76 Instituies Pblicas de Educao Superior, das quais 48 Federais e 28 Estaduais, com a colaborao de 14 universidades comunitrias. Esta ao faz parte do Plano Nacional de Forma-oquedestinadoaosprofessoresemexercciodasescolas

    pblicas estaduais e municipais sem formao adequada, como exigeaLDB.Quasetodososgovernosdosestadosbrasileiros

    se manifestaram favorveis implantao de cursos de forma-o de professores leigos, em servio, indicando a demanda. O Estado de Rondnia, no entanto, e at o presente, um dos

  • Captulo 1

    29

    quaisnoapresentaramoficialmenteestanecessidade,oque

    causaperplexidadeedevegerarfuturostranstornos,jqueesta

    demandarealdentrodeumestadodeconfiguraojoveme

    emplenaexpansodesuasredesdeensino.

    Em que pese tais iniciativas do Governo Federal, diante da necessidade de formar o docente condizente com o quadro angustiantedebaixaqualidadedoensinofundamentalemnos-sopas,torna-senecessriooquestionamentosobrequeprofis-sional este que se deseja formar e qual papel ocupa a educa-o a distncia diante dessa formao, inicial ou continua.

    FORMAO DE PROFESSORES E DE IDENTIDADES EMSOCIEDADESMULTICULTURAIS:afunodaEaD

    Em sntese, podemos estabelecer algumas relaes fundamentais entre a necessidade de formao de professores e a emergncia das tecnologias da informao e da comuni-cao na trajetria formativa dos docentes. Assim, inegvel que as TIC contribuem decisivamente para o desenvolvimento dasociedadeemtodososcampos,doartsticoaocientfico.O

    campoeducacionalnoseexcluidanecessidadedeanlisecr-tica no mbito deste fenmeno, pelo contrrio, demanda um olhar acurado crtico que estabelea a necessria compreenso do que seja a contribuio direta das TIC para a sociedade, po-rm, que no aceite quaisquer determinismos advindos da tec-nologia e da chamada sociedade do conhecimento.

    A conscincia da fetichizao tecnolgica remete ideia de que em tempos de globalizao e da fragmentao do sujei-to na ps-modernidade, preciso subverter os determinismos

  • FORMAODEPROFESSORESEASNOVASTECNOLOGIASEMEDUCAO:umareflexonecessria

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    e os fatalismos, como se as TIC estivessem no centro e no pice de todo debate na educao atual. No est. No ser simples-mente incorporando as novas tecnologias ao ensino, ou instru-mentalizando tcnica e materialmente alunos e professores que a qualidade de ensino vai melhorar inevitavelmente. Lembre-mos que as pessoas devem ser valorizadas como sujeitos de sua prpria histria, nos remetendo ao pensamento de Freire. Suas lutas histricas servem de um mapa a indicar de onde se parte e para onde se vai, e a educao encarada como ato poltico, portanto, humano e dinmico, , ainda, a pauta principal do de-bate, mesmo em meio revoluo tecnolgica atual. preciso, pois,queoseducadorescrticosfiquemalertaseatentospara

    acoisificaodesuacapacidadedetrabalhocomoprofissional

    docente,emreflexessobrequecomprometimentospolticos

    e ideolgicosso levadosnospasesperifricosamassificara

    tecnologia em detrimento de polticas de valorizao do ma-gistrio para resolver o problema da elevao da demanda por professores diante da universalizao do acesso educao.

    Se nos anos de 1960 e 1970 foram o rdio e a TV, nos anos1990ovdeo,ocomputadoreoeditordetextoe,naatua-lidade, a Internet, o cd-rom, pen drive, blue tooth e os aparelhos inteligentes, onde nos levaro as tecnologias, e sob a pretenso dequalprojetoeducativo?Ser,nestecontexto,queoprofes-sordevaserummerotransmissoreexecutordatecnologiains-trucional?

    Certamente que no, embora, muitas vezes, tendemos aentenderquesim,poisesteumdosprofissionaisquemais

    tem sofrido a desvalorizao como tal. A formao tende a ser simplificada,reduzidaacompetncias,qualificaoouca-

  • Captulo 1

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    pacitao.Acertificaooalvopretendidoetende,tambm,

    asemassificar,levandootrabalhodocenteaumarealpossibi-lidade de enfraquecimento poltico-ideolgico, com a assuno de novas terminologias reducionistas, como professor tutor, facilitador, animador, tudo, menos docente. Podemos estar as-sistindo impvidos os avanos da flexibilizao e precarizao do trabalho docente e, como tal, tornando-nos meros consultores metodolgicos e animadores de grupos de trabalho (LABARCA, 1995).Podemosnosmunirdetaisreflexesparanoperdero

    sentido da prudncia e da resistncia, mas as TIC, invariavel-mente, fazem parte do cenrio educativo, quer seja ele presen-cial ou a distncia.

    Diante da sociedade multicultural, torna-se importante observaralgunsaspectosquepossamcontribuirparaaefic-cia do processo ensino-aprendizagem. Entre tantos relevantes, destaca-se a necessidade de garantir o atendimento diversi-dadeeasdificuldadesdeaprendizagem.Oacessoaosmeios

    de comunicao deve ser assegurado. Nas comunidades mais distantes onde se instalam os polos da EaD percebe-se o quan-to importante a luta a favor da incluso e do acesso em todos os seus aspectos, inclusive o digital.

    Assim, o acesso a Internet, como forma de comunica-o ampla e democrtica e de outras tecnologias de informao e comunicao, deve ser preocupao primeira dos gestores da rede. Deles a tarefa de levar tais instrumentos ao ambiente de trabalho na instituio de ensino e us-los como instrumentos dediscusso,debatesorganizadoresdeexperincias,articulan-do informaes e ideias com as secretarias de educao, conse-lhoseoutrosrgos,oquevemauxiliaragestoparticipativa

  • FORMAODEPROFESSORESEASNOVASTECNOLOGIASEMEDUCAO:umareflexonecessria

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    e democrtica que se deseja implantar. Aos professores e aos demais mediadores, como os tutores, cabem aprimorar tais instrumentos e torn-los atraentes e convincentes na medida em que no se tornem meros instrumentos de repasse e repro-duo de conhecimento, mas de produo criativa. Bem como, no permitir que seja reduzido seu prprio papel como docente e educador, tampouco que se supervalorizem as tecnologias em detrimentodaformaodopensamentoedalivreexpresso.

    A problematizao e o dilogo continuam sendo as principais ferramentas para uma educao com vistas emancipao e liberdade (FREIRE, 1996).

    Ratificadas tais consideraes, reputamos como rele-vante que a educao a distncia na formao docente possa contribuir decisivamente para o aprimoramento das polticas pblicasdeeducaonocontextodosavanose transforma-es econmicas, culturais, cientficas e tecnolgicas da so-ciedade atual, como instrumento de incluso social, especial-mente nas polticas de institucionalizao das licenciaturas nas universidades pblicas brasileiras.

  • Captulo 1

    33

    REFERNCIAS

    BARRETO, R. G.. Tecnologias na formao de professores: o discurso do MEC. Revista EducaoePesquisa, So Paulo, v. 29, n. 2, p. 271-286, jul./dez. 2003.

    BRASIL. LeideDiretrizeseBasesdaEducaoNacional. Ministrio da Educao/MEC, Braslia, 1996.

    ________. ConstituiodaRepblicaFederativadoBrasil.Senado Federal, Braslia, 1998.

    ________. Decreto6303/2007de12dezembrode2007.Casa Civil da Presidncia da Repblica, Braslia, 2007.

    BRASIL. DiretrizesparaImplantaodaUniversidade AbertadoBrasil/UAB. MEC, Braslia, 2006.

    CANCLINI, N. G.. Diferentes,desiguaisedesconectados. Rio de Janeiro: Editora UFRJ, 2005.

    FREIRE, P.. Pedagogiadaautonomia. So Paulo: Paz e Terra, 1996.

    LABARCA, G.. Cunto se puede gastar en educacin? RevistadelaCEPAL, Santiago de Chile, n. 56, p.163-178, ago.1995.

    LITWIN, E. (org). EducaoaDistncia: temas para o debate de uma nova agenda educativa. Porto Alegre: Artmed, 2001.

    NOGUEIRA, L. L.. Educao a distncia. ComunicaoeEducao, v. 5, p. 34-39, 1996.

  • CAPTULO 2

    FORMAO DE PROFESSORES EM TEMPOS DE UNIVERSIDADE

    ABERTA DO BRASILo conhecimento,

    o virtual e o possvel

    Rosangela Aparecida HilrioAndria da Silva Quintanilha de Sousa

  • Captulo 2

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    INTRODUO

    Temos,hoje,umaescoladiferenteedevemosexercer,

    como professores e agentes sociais, nosso poder de adapta-oaosnovoscontextosnestesespaos.Muitodoquesaba-mos no campo da educao parece no nos servir mais: es-tamos no meio de transformaes incomensurveis no seio da sociedade; as quais impulsionam escola e professores a se articularem em torno de novas organizaes para produo e assimilao do conhecimento. Embora essas mudanas acon-team em velocidades e ritmos diferentes, sua onipresena , hoje, uma caracterstica constante em nossas vidas. A mudan-a nas atitudes pode ir a reboque das mudanas tecnolgicas ecientficas,criandosriasdificuldadesparacoordenarafor-mao de valores com as novas circunstncias. Este descom-passo pode se tornar um problema para as instituies educa-cionais, uma vez que cria uma dissonncia entre a mudana e nossa capacidade de nos apropriarmos e dar-lhes sentido, materializando-se em acesso ao conhecimento o virtual, o ideolgico e o possvel.

    Nessecontextodemudanasaceleradas,qualafuno

    da escola e do professor? E no tocante poltica de formao de professores: quais os saberes e atitudes que so requeridos, desejados e esperados?

  • FORMAODEPROFESSORESEASNOVASTECNOLOGIASEMEDUCAO:umareflexonecessria

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    NO TERRENO DAS POLTICAS EDUCACIONAIS: o embrio,ofetoeonascimentoprematuro

    O Sistema UAB foi criado pelo Ministrio da Educao no ano de 2005, e institudo pelo Decreto 5.800, de 8 de junho de2006,paraodesenvolvimentodamodalidadedeeducao

    adistncia,comafinalidadedeexpandire interiorizaraoferta

    decursoseprogramasdeeducaosuperiornoPas(BRASIL,

    2006, Art. 1).OSistemaUABalicera-senosseguinteseixos:expan-

    so pblica da educao superior para garantir a democratiza-o e acesso; aperfeioamento dos processos de gesto das ins-tituies de ensino superior em consonncia com as propostas educacionais dos estados e municpios; avaliao da educao superioradistnciatendoporbaseosprocessosdeflexibiliza-o e regulao implantados pelo MEC; estmulo investigao emeducao superior a distncia nopas; financiamentodos

    processos de implantao, execuo e formao de recursos

    humanos em educao superior a distncia (SOUSA, 2012).Esse Sistema est em consonncia com os objetivos do

    PlanoNacional de Educao (PNE), que explicita ser um dos

    seus objetivos:

    Ampliar, a partir da colaborao da Unio, dos estados e dos municpios, os programas de formao em servio que assegurem a todos os professores, a possibilidade de adquirir a qualificaomnimaexigidapelaLDB.Essesprogramas devem observar as Diretrizes e os Parmetros Curriculares e desenvolver pro-gramas de educao a distncia que possam ser utilizados tambm em cursos semipresen-

  • Captulo 2

    39

    ciais modulares, de forma a tornar possvel o cumprimento da meta (BRASIL, 2011a).

    Caber a CAPES fomentar a formao de pessoal de n-vel superior para todos os nveis da educao.

    Em 2010, o ento Ministro da Educao, Fernando Haddad, naSrieDocumental: Textos para discusso publicadapelo

    InstitutoNacional deEducaoAnsioTeixeira INEP, afirma

    que a Universidade Aberta do Brasil (UAB):

    o embrio de um futuro sistema nacional pblico de formao de professores, no qual a Unio por meio da Fundao Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Supe-rior(CAPES)assume,enfim,umaresponsabi-lidade que, a rigor, sempre foi sua (HADDAD, 2008, p. 9).

    No caso da UAB, estados e municpios de um lado e universidades pblicas de outro, devem estabelecer acordos de cooperao. Por meio dessa cooperao, os estados e os mu-nicpios devem manter polos de apoio presencial para acolher professores sem curso superior ou garantir formao continua-da aos j graduados. As universidades pblicas, da sua parte, oferecem cursos de licenciaturas e especializao, especial-menteondeexistaofertadecursospresenciais(SOUSA,2012).

    AexperinciadaCAPESnaPs-Graduaopassaaserestendi-da formao de professores.

    Nessadireo,criadooConselhoTcnicoeCientfi-co (CTC) da Educao Bsica (14/02/2008). O conselho foi for-madoparapermitir CoordenaodeAperfeioamentode

    Pessoal de Nvel Superior (CAPES/MEC) orientar as polticas pblicasvoltadasparaacapacitaodeprofessores,confor-

  • FORMAODEPROFESSORESEASNOVASTECNOLOGIASEMEDUCAO:umareflexonecessria

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    me estabelece a Lei n 11.502, de 11 de julho de 2007 (BRASIL, 2011b).

    De fato, a formao de professores tema obrigatrio nos debates educacionais, a partir da Conferncia Mundial de Educao para Todos, realizada em Jomtien, em 1990, e com a aprovao da Lei de Diretrizes e Bases da Educao Nacio-nal, em 1996 (Lei n 9.394/96), por se constituir em elemento fundamental no processo de universalizao da educao: qual professor,emquecontextoseparaquaisalunos?

    NoBrasil,forammuitososdebatesevriasexpectati-vas em torno de inserir as polticas e os programas de formao noprocessoglobaldavalorizaoprofissional,conformeosdi-tames dos organismos internacionais. Os dados do Ministrio da Educao indicam a premncia em investir na formao dos professores da educao bsica. O problema saber: como e para qu? Nesse assunto, no cabe pragmatismos, tampou-co subservincia aos ditames dos organismos internacionais (SOUSA, 2009).

    A Lei n 9.394/96, no pargrafo 4 do Artigo 87, preconi-zaque,atofinaldaDcadadaEducao,(emtese,oanode

    2006), todos os professores deveriam estar habilitados em nvel superior:seporumladoprecisohabilitartodososprofesso-res, que so muitos, principalmente, nas regies Norte, Nordes-te e Centro-Oeste; por outro lado, o investimento em poltica de formao prioriza o acesso a nveis superiores em programas de aperfeioamento em servio, so eles que ocupam os maio-res espaos na formao de professores.

    Dispositivos legais como a Resoluo no 03/97, do Con-selhoNacionaldeEducao,quefixaasDiretrizesparaosno-

  • Captulo 2

    41

    vos Planos de Carreira e Remunerao do Magistrio Pblico, apresentam os limites desse aperfeioamento. No pargrafo nico, do artigo No 5, a Resoluo supracitada apresenta trs critrios prioritrios nos programas de capacitao em servio: 1) as reas carentes de professores; 2) os professores com mais tempodeexerccioa cumprirno sistema;e 3) autilizaode

    metodologias que incluam recursos de educao a distncia. As reformasrealizadaseratificadasnoBrasil,nasegundametade

    dos anos 1990, priorizam a focalizao de programas, substi-tuindo o acesso universal pelo acesso seletivo.

    Nessecontexto,programascomoUABseapresentam

    como estratgia ideal para a capacitao do professor em servi-o em detrimento da formao inicial, por considerar a relao custo-benefcio.

    O Plano Nacional de Formao dos Professores da Educao Bsica, programa resultante de aes conjuntas en-tre o Ministrio da Educao (MEC), de Instituies Pblicas de Educao Superior (IPES) e das Secretarias de Educao dos Estados e Municpios, de acordo com as metas preconi-zadasnoPDE,ratificouomodelodeformaodeprofessores

    em servio. Para concretizao da capacitao dos professores da

    Educao Bsica, tendo como foco este regime colaborativo, o Ministrio da Educao vem adotando estratgias diferencia-das,como,porexemplo,oPlanoNacionaldeFormaodePro-fessores (PARFOR), popularmente divulgada como Plataforma Freire, a qual foi concebida para ser estruturada no formato bi-modal (parte presencial e parte a distncia) e ofertar formao de qualidade e de acordo com os ditames da LDBEN 9394/96.

  • FORMAODEPROFESSORESEASNOVASTECNOLOGIASEMEDUCAO:umareflexonecessria

    42

    OPARFORdestinado,exclusivamente,paraprofesso-resemexercciohmaisdetrsanos,emreadiferentedesua

    formao, por meio da Segunda Licenciatura ou sem formao adequada (leia-se ensino superior: ainda uma realidade nos dis-tantes rinces brasileiros), por meio da Primeira Licenciatura.

    As aes do planejamento estratgico, conforme Ofcio Circular GM/MEC n 118/08, em julho de 2008, foram aprimora-das com o Decreto n 6.755, de janeiro de 2009, que instituiu a PolticaNacionaldeFormaodosProfissionaisdoMagistrio

    daEducaoBsica,comafinalidadedeorganizar,emregime

    de colaborao da Unio com os Estados, Distrito Federal e Mu-nicpios, a formao inicial e continuada desses profissionais

    (BRASIL, 2011c).O Governo Federal, por meio de seus rgos de comu-

    nicao e divulgao e da prpria CAPES, naquele momento, informava que a UAB continuaria a apoiar a formao de pro-fessores com a oferta de vagas no presenciais para o Plano Nacional de Formao de Professores da Educao. Essas va-gas atenderam a demanda levantada pela anlise das pr-ins-cries realizadas na Plataforma Freire. A UAB atenderia, tam-bm, a chamada demanda social por vagas de nvel superior.

    O Sistema UAB integra, atualmente, 94 instituies, entre Universidades Federais, Universidades Estaduais e Insti-tutos Federais de Educao, Cincia e Tecnologia (IFETS). Entre 2007 a julho de 2009, foram aprovados e instalados 557 polos de apoio presencial com 187.154 vagas criadas. Em 2012, a UAB oferece 927 cursos, conforme Sousa (2012).

    Em 2009, a UAB selecionou mais 163 novos polos, no mbito do Plano de Aes Articuladas, para equacionar a de-

  • Captulo 2

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    manda e a oferta de formao de professores na rede pblica da educao bsica. Atualmente, a rede tem um total de 652 polos conformesiteoficialdaUAB1 (BRASIL/MEC/CAPES/UAB, 2011). O embrio tornou-se um feto prematuro? possvel combinar democratizao do acesso com qualidade?

    OdesafiodeeducaradistnciareconhecidopeloMi-nistriodaEducao.OdocumentointituladoIndicadoresde

    qualidadeparacursosdegraduaoadistnciaapresentasu-gestes que serviram para orientar as Instituies e as Comis-ses de Especialistas que forem analisar projetos de cursos de graduao a distncia. O documento apresenta dez itens bsi-cos que devem ser observados pelas instituies que preparam seus programas. Os itens foram assim divididos:

    1. Integrao com polticas, diretrizes e pa-dres de qualidade definidos para o ensinosuperior como um todo e para o curso espe-cfico;2.Desenhodoprojeto:aidentidadedaeducao a distncia; 3. Equipe profissionalmultidisciplinar; 4. Comunicao/interativi-dade entre professor e aluno; 5. Qualidade dos recursos educacionais; 6. Infraestrutura de apoio; 7. Avaliao de qualidade contnua e abrangente; 8. Convnios e parcerias; 9. Edi-tal e informaes sobre o curso de graduao distncia; 10. Custos de implementao e manuteno da graduao distncia (BRA-SIL/MEC, 2010).

    Alm desses aspectos, a Instituio proponente poder acrescentaroutrosmaisespecficosequeatendamaparticula-ridades de sua organizao e necessidades socioculturais de sua clientela, cidade, regio.

    1 http://www.uab.capes.gov.br/index.php?option=com_content&view=article&id=9&I-temid=21.

  • FORMAODEPROFESSORESEASNOVASTECNOLOGIASEMEDUCAO:umareflexonecessria

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    Avalorizaoequalificaodosprofessoressopeas

    fundamentais para a melhoria da educao e esto entre os ob-jetivos do Plano de Desenvolvimento da Educao (PDE). Uma das metas do plano compor um Sistema Nacional de Forma-o de Professores, pois a formao de professores para a Edu-cao Bsica (em tese) a prioridade das prioridades para aces-so e permanncia de todas as crianas na escola.

    O Plano de Desenvolvimento da Educao (PDE) foi apresentado pelo governo Lus Incio Lula da Silva, em 2007, como um plano executivocujoseixosnorteadoresso:1)educa-obsica;2)educaosuperior;3)educaoprofissional;e4)

    alfabetizao. O PDE, naquele momento, englobava 40 progra-mas dentre eles: a Universidade Aberta do Brasil (UAB); o Piso Salarial Nacional do Magistrio; o Programa Universidade para Todos (PROUNI); Programa de Apoio a Planos de Reestrutura-oeExpansodasUniversidadesFederais (REUNI) (BRASIL/

    PDE, 2007).De fato, a partir de 2000, o sistema de ensino adota

    para a formao superior dos professores da Educao Bsica, o recomendado pelos organismos internacionais - formao em servio-paraatenderagrandedemandareprimidacombaixos

    custos.NoEstadodeRondnia,aexperinciadaUABestse

    concretizando, o embrio um feto em gestao, em que se pesemtodosospercalos.Aexpectativadocorpodeprofesso-res que faz parte desse programa, no estado, de que ele forme professores com saberes e atitudes que, sem perder de vista as necessidades impingidas pelos avanos da tecnologia da infor-mao e comunicao na constituio dos novos espaos for-

  • Captulo 2

    45

    mativos,nodeixederesponderaosanseiossociaispelaconso-lidao de valores que nos permitam, a todos, viver e conviver com a dignidade necessria espcie humana.

    AFORMAODEPROFESSORESNAUAB/UNIR:areorganizaodesaberesparareconfiguraoeassunodaidentidadedocente

    O Relatrio Jacques Delors, publicado pela UNESCO em 1996, traou metas e proposies norteadoras para a edu-caodosculoXXI,trazendo,emsuaapresentao,qualseria

    a funo da escola e dos professores para um projeto educa-tivo proativo para o sculo atual, onde podem ser destacados os projetos de formao de professores comprometidos com o aprender a aprender,logoincorporadoaostextosdeorientaode poltica educacional do Governo Federal:

    A educao ao longo da vida deve responder aodesafiodeummundoemrpidatransfor-mao.[...]Sficarsatisfeitaquandotodosaprendermos a aprender. [...] O gosto e o pra-zer de aprender, a capacidade de ainda mais aprender a aprender, a curiosidade intelectual (DELORS, 2006, p.19).

    Em todas as regies do Brasil, com diferentes denomi-naes, foi amplamente divulgada e comemorada a adeso dos professores aos Programas de Educao Continuada (PEC) que, em parceria com Universidades Pblicas, tinham a incumbncia decertificaremnvelsuperioraosprofessoresemexerccioque

    possuamapenasaHabilitaoEspecificaparaoMagistriodo

    antigo segundo grau (HEM).

  • FORMAODEPROFESSORESEASNOVASTECNOLOGIASEMEDUCAO:umareflexonecessria

    46

    Na regio Norte, no estado de Rondnia, houve o PROHACAP2: sistema hbrido (mistura de presencial e semipre-sencial) que formou e qualificou mais de dez mil professores lei-gos.Sousa, empesquisa recente, explicitouo significadodeste

    movimento inicial da EaD em Rondnia em termos quantitativos:

    Se tomarmos os dados quantitativos disponibi-lizados pelos INEP/MEC no Censo da Educao Superior 2004, a UNIR conta, em 2004, com 12.131 alunos matriculados dos quais 7.889 so matrculas do PROHACAP. O Relatrio de Ativi-dades da Fundao RIOMAR, do ano de 2003, registra um total de 139 turmas distribudas em 4 polos (Porto Velho, Ji-Paran, Rolim de Mou-ra e Vilhena) e sediadas em 28 municpios. So oferecidos os cursos de Letras, Pedagogia e Histria (SOUSA, 2007, p. 377).

    Porm, com a criao da UAB, o Governo Federal em parceria com os municpios, assume a proposio do sistema para a formao de professores para as escolas pblicas, como parte de uma ao estrutural para ampliar a qualidade da Edu-cao Bsica. A UAB gestada para ser o grande diferencial na formao de professores, unindo tecnologia e slidos saberes acadmicos adaptados linguagem tecnolgica, recebendo do agente de poltica educacional o referendo para ser o grande impulsionadoresoluoparaocomplexoprocessonumpasde

    dimenses continentais como o Brasil.OdesafiodaUABseriaconsolidarprojetosdeformao

    docente sem perder de vista a unicidade da identidade e pecu-liaridades locais, j que traria articulada no bojo de sua cons-tituio jurdica recursos materiais, legais e pedaggicos para

    2 Programa de Habilitao e Capacitao de Professores.

  • Captulo 2

    47

    disponibilizaraosalunos-docentesomelhordaproduoaca-dmica na rea, tecnologia de ponta para produo e dissemi-naodeconhecimentoeinfinitaspossibilidadesnoquetange

    a produo de recursos metodolgicos3 para potencializar os saberes necessrios para a funo docente.

    O fato de ser desenvolvido em parceria com universida-des pblicas com reconhecida trajetria em processos de for-mao de professores tinha como intencionalidade constituir-se em varivel para assuno de qualidade, j que o processo estaria (em tese) em permanente processo de reavaliao e readequao, tendo por norteador processos e metodologias j utilizadas e referendadas por meio de suas prticas e estudos para formao.

    Na Fundao Universidade Federal de Rondnia, a pro-posta de desenvolvimento metodolgica e pedaggica da UAB foi delineada a partir do entendimento de que, uma proposta eficazparaa realidade localassumiriacomoponto focaluma

    estruturacurricularparao[...]fortalecimentodasmacro-com-petncias do profissional dos anos iniciais da educao bsi-ca4 (UNIR, 2009). O projeto centraria esforos para aes que fortalecessemleitura,escrita,interpretaodetextosluzde

    contextosespecficosedesenvolvimentoderaciocniolgicoe

    saberes pedaggicos, como estratgia para investimento nos aspectos culturais e consolidao da identidade docente aut-noma para ampliar a qualidade do ensino.

    3 Trechos retirados da Proposta de Criao da Universidade Aberta do Brasil. MEC-SEED CAPES.

    4 Retirado do Projeto Pedaggico do Curso de Pedagogia da UAB-UNIR/2009.

  • FORMAODEPROFESSORESEASNOVASTECNOLOGIASEMEDUCAO:umareflexonecessria

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    Nesta perspectiva, o acadmico da UAB/UNIR estaria ligado aos seus pares por uma comunidade do conhecimento ampliado e disseminado em Plataforma especfica, mediado

    por professores titulados da UNIR e por tutores com reconhe-cidaexperinciaemprocessosdeformaodeprofessores.A

    estrutura curricular foi desenvolvida com base no entendimen-to do conceito de aprendizagem em rede.

    Segundo Moran (2008, p. 246), o conceito de aprendiza-gememredepressupe[...]aprendizagemflexvel,comcriao

    de grupos de interesse (listas de discusso), de programas de co-municaoinstantneaepesquisanosgrandesportaistemticos.

    No Projeto Poltico Pedaggico do Curso de Pedagogia da UAB/UNIR, a proposta formativa partiria do princpio de que, emboracompeculiaridadesoriginadasemcontextosdesfavo-rveis, os acadmicos partem de pontos diferentes para cami-nharem rumo a um mesmo objetivo: a assuno de uma identi-dade docente comprometida com os processos de incluso e da ruptura com a estrutura padro e tcnicas de ensino. O trabalho pedaggico e as redes de aprendizagem so desenvolvidos por meio de eixos temticos que objetivam inspirar a construo

    coletivadoconhecimentoentredocente/discente,oqueexigi-ria por parte de Tutores, Professores e Coordenadores do curso um acompanhamento permanente; bem como a necessidade de avaliao constante de processos.

    A proposio de reorganizao dos saberes necessrios para fazer diferena nos anos iniciais da Educao Bsica deveria ser objeto permanente de investigao entre os pesquisadores.

    De acordo com Moran, a transferncia do caos criativo e renovador necessrio s prticas educativas do UAB preci-

  • Captulo 2

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    sariam impactar a renovao das propostas pedaggicas das licenciaturas:

    A EaD interfere profundamente na formao de professores no presencial. Muitos profes-sores, pela experincia com a EaD, passama prestar mais ateno ao planejamento dos seus cursos, das suas aulas, a ter mais cui-dado com os materiais, com as atividades didticas, o atendimento individual, a apren-dizagem colaborativa, a avaliao formativa (MORAN, 2013, p. 245).

    A proposta pedaggica da UAB defende currculos maisflexveis epersonalizados. O aluno seria iado a supe-rar a viso do acadmico como ser solitrio e individualista, preso em seu mundo de leituras e aes apartadas da con-cretude do mundo real: so estimulados a criar grupos para elaboraodetextos,frunsdedebatesdetemasinter-rela-cionadosaoeixoestudado.

    Mas, todo o planejamento elaborado pelo grupo que or-ganiza e mensura o desenvolvimento deste trabalho para surtir efeito e alcanar os objetivos traados em cada polo, depende de variveis no controladas e nem controlveis: que os labo-ratrios de informtica funcionem a contento e regularmente, polos para as atividades presenciais em espaos de fcil acesso s diversas comunidades, tutores e professores trabalhando de maneira colaborativa em prol da boa formao de alunos. Se apenas um partcipe deste processo negligenciasse seu papel dentro da engrenagem, todo o processo correria o risco de ser abortado, porque as diretrizes do curso, em parte, esto pron-tas e, em parte, em construo coletiva por todos os sujeitos envolvidos no processo.

  • FORMAODEPROFESSORESEASNOVASTECNOLOGIASEMEDUCAO:umareflexonecessria

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    Em funo do processo aligeirado de implantao de cursos na UAB, alguns aspectos cruciais deste processo no pu-deram ser observados, provocandoo crescimento exponencial

    dos cursos e a emerso de problemas anunciados: o acompanha-mento aos acadmicos no pode ser desenvolvido na cronologia proposta, os polos de apoio presenciais destinados a atendimen-to continuo (no raro) foram disponibilizados em locais de difcil acesso para os alunos e tutores, os professores da Universidade, assoberbados por inmeras funes, no dedicam o tempo ne-cessrio para promover estudos e experimentos pedaggicos

    que possam reverberar em avanos na formao de professores junto a toda comunidade acadmica; o material desenvolvido como apoio s aulas repetem os problemas dos livros didticos e, raramente,seadaptamalinguagemespecificadaweb.

    Assim sendo, aoxigenaonodilogoentre todosos

    envolvidos nesta rede formativa, culminando em propostas ino-vadoraseeficazes,aindanoseviabilizouparacreditarbene-fcios perceptveis na consolidao da proposta prioritria de-clinadapelosdocumentosoficiaiseanunciadano iniciodeste

    texto:serumceleirodemudanasnosprocessosdeformao

    de professores, inclusive no que tange a modalidade presencial.

    CONSIDERAESFINAIS:aproposiodetrsaspectosanalticosparaaprofundarodebatedeumprojetoemconstruo

    fato que o processo de universalizao da Educao Bsica,iniciadaemmeadosdosanosde1990,trouxenovosde-safiosparaformaodoprofissionaldadocncia:nohmais

  • Captulo 2

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    a iluso de padronizao de comportamentos e de concepes culturais, e as prticas educativas necessitam prever e entender a diversidade na perspectiva de estratgia pedaggica para pro-mover avanos nos diversos grupos a que foi facultado o espao escolar.Parecemtermudadoasexpectativassociaisemrelao

    escola, por causa da incluso destes novos sujeitos, mudaram a esttica e as funes da escola na contemporaneidade, pelo menos, no tocante s proposies contidas nas polticas educa-cionais, mas no mudaram as percepes sobre as funes da escola e do professor.

    No se pretende, neste texto, esgotar e aprofundar

    todos os pontos e contrapontos que uma proposta como a da Universidade Aberta do Brasil acrescenta aos processos de for-mao de professores, em que se pese toda a articulao e reor-ganizao necessrias para ajustes no sistema. Mas, a ttulo de contribuio de pesquisadoras dos processos de formao dos professores, gostaramos de sugerir trs aspectos para aprofun-dar o debate em novas oportunidades.

    ASPECTOS POLTICOS: Acesso tecnolgico de ponta, apartadodeumprojetopolticodevalorizaoereconfigura-o da identidade dos cursos de licenciatura para consolidao de identidade docente, no garante sucesso das prticas para formao inicial e continuada de professores. A to almejada universalizao com qualidade na Educao Bsica conse-quncia de uma trade que envolve salrios compatveis com a funo,entendimentodosnovoscontextosdeapropriao,dis-seminao e elaborao de conhecimentos oportunizados pela tecnologia da informao e organizao de uma poltica educa-cional de Estado e no de governo, principalmente no mbito

  • FORMAODEPROFESSORESEASNOVASTECNOLOGIASEMEDUCAO:umareflexonecessria

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    da EaD/UAB, j que uma poltica de governo implicaria em um eterno recomeo e em perdas nas conquistas j efetivadas por docentes e discentes.

    ASPECTOS PEDAGGICOS: Nos processos de demo-cratizao de ensino, em todos os seus nveis, o acesso aos es-paos foi facultado, mas no ao conhecimento pleno que liber-ta e amplia oportunidades de reconhecimento e entendimento doscontextoserepresentaessociaisdossujeitos.

    A reordenao das prticas formativas fator prepon-deranteparafazerjusaodesafiodeeducaremtemposdeuni-versalizao do ensino e pluralidade cultural dos sujeitos que chegaram s escolas pblicas. Incluso que no contempla re-flexoduranteaformaodocentepodenoalcanarresulta-dos profcuos.

    Os professores formados por toda e qualquer Institui-o, que leve a srio seu compromisso social de formar profes-soresparaatuaremcontextoscadavezmaisplurais,precisam

    se apropriar de um saber pedaggico que lhes permita atuar emespaoscadavezmaiscomplexosediversos,seusacadmi-cosnecessitamoxigenarpermanentementeodilogonapers-pectiva de ampliar o leque de possibilidades para o exerccio

    competentedadocncianaeducaobsica.Adespadroniza-o daescolaexigeumaintervenospossvelapartirdeumcompromisso premente com a docncia.

    ASPECTOS SOCIAIS: Sendo o foco do PPP a aprendi-zagem colaborativa num ambiente em rede, todos os partici-pantes desta rede devem se sentir igualmente importantes e

  • Captulo 2

    53

    valorizados dentro da teia estabelecida. O ambiente entre alu-nos, tutores e professores no pode ser organizado em torno de disputas vazias por espaos que se transmutam no minuto mesmo em que a ao ocorre. Dentro desta intrincada teia, cada um tem um papel importante a desempenhar e um roteiro pr-iniciado para desenvolver, ampliar, reformular. Para funcio-narcomracionalidadeeeficincia,umprojetodeEaDcoma

    relevncia que as polticas pblicas de professores impingem a UAB necessita no criar categorias de maior ou menor impor-tncia no sistema, nem materializar o entendimento enviesado de que tutor pode substituir professor.

    So espaos diferentes com objetivos comuns: propor um processo de formao de professores comprometido com a elevao da qualidade da educao, sem descuidar do papel formalecabaldaUNIVERSIDADE,qualseja,desafiaroalunoa

    novasinvestidasemdireoaoconhecimentoquebeneficiem

    a sociedade como um todo.No ponto em que estamos, entendemos que no mais

    possvel retroceder: teremos cada vez mais um sistema hbrido com o uso das tecnologias da informao e comunicao. Mas este sistema no substitui o anterior: na medida em que se am-pliam as redes educativas, mais necessidade h de interveno doprofessor,daconfianaedocompromissodoMestrepara

    ajudar na composio das trajetrias a serem trilhadas, das fer-ramentas a serem compartilhadas e dos processos formativos a serem construdos.

  • FORMAODEPROFESSORESEASNOVASTECNOLOGIASEMEDUCAO:umareflexonecessria

    54

    REFERNCIAS

    BRASIL. Presidncia da Repblica. Lein10.172,de9dejaneirode2001. Aprova o Plano Nacional de Educao e d outras providncias. Disponvel em: < http://www.planalto. gov.br/ccivil_03/leis/leis_2001/l10172.htm>. Acesso em: 12 jan. 2011a.

    ________. ________. Decreton5.800,de08dejunhode2006. Dispe sobreoSistemaUniversidadeAbertadoBrasilUAB.Disponvelem:http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2004-2006/2006/decreto/d5800.htm. Acesso em: 30 jul. 2011.

    ________. Lein11.502,de11dejulhode2007.Modificaascompetnciase a estrutura organizacional da fundao Coordenao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior CAPES. Disponvel em: . Acesso em: 30 jul. 2011b.

    ________.Decreton6.755,de29dejaneirode2009. Institui a Poltica NacionaldeFormaodeProfissionaisdoMagistriodaEducaoBsica.Disponvel em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2009/Decreto/D6755. htm>. Acesso em: 30 jul. 2011c.

    ________. PlanodeDesenvolvimentodaEducao:razes, princpios e programas (PDE, 2007). Disponvel em: < http://portal.mec.gov.br/arquivos/livro/index.htm>.Acessoem:30jul.2011.

    ________. Ministrio da Educao. Secretaria da Educao a distncia. Indicadoresdequalidadeparacursosdegraduaoadistncia. Disponvel em: http://portal.mec.gov.br/seed/arquivos/pdf/PADR%C3%83%C2%A5ES%20DE%20QUALIDADE.pdf. Acesso em: 21 jun. 2010.

    ________. MEC/CAPES/UAB. SobreaUAB. Disponvel em http://uab.capes.gov.br/: Acesso em: 31 ago. 2011.

    DELORS, J. (org.). Educaoumtesouroadescobrir. 10. ed.. So Paulo: Cortez; Braslia: MEC-UNESCO, 2006.

  • Captulo 2

    55

    HADDAD, F.. Textosparadiscusso. Braslia: Instituto Nacional de EducaoAnsioTeixeira(INEP),2008.MORAN, J. M.. Os novos espaos de atuao do professor com as tecnologias. In: CLEBESCH, J. (org.). Educao2008: as mais importantes tendncias na viso dos mais importantes educadores. Curitiba: Multiverso, 2008.

    SOUSA, A. da S. Q.. Programa de Habilitao e capacitao de professores leigos da Rede pblica de ensino (PROHACAP): a avaliao como problemtica dos sentidos. In: CHAVES, V. L. J.; SILVA JNIOR, J. dos R. (org.). EducaosuperiornoBrasilediversidaderegional. Belm: EDUPA, 2008.

    SOUSA, A. da S. Q.. Autonomiauniversitriaouliberalizaodomercadodeensinosuperiorbrasileiro?ApolticaeducacionalsuperiornogovernoFernandoHenriqueCardoso.SoCarlos:Pedro&Joo/EDUFRO,2009.

    ________. Universidade Aberta do Brasil (UAB) como poltica de formao de professores. RevistaEducaoemQuesto, Natal, v. 42, n. 28, p. 119-148, jan./abr. 2012.

  • CAPTULO 3

    A IMPLANTAO DE DISCIPLINAS NA MODALIDADE A DISTNCIA

    EM CURSOS PRESENCIAISas dificuldades dos alunos em

    uma instituio brasileira privada de ensino superior

    Silvia Carla ConceioBento Duarte da Silva

    Maria de Lourdes Ramos da Silva

  • Captulo 3

    59

    INTRODUO

    Opresentetrabalhoapresentaumrelatodeexperin-cia na implantao de disciplinas a distncia dentro dos cur-sos presenciais em uma universidade privada no ABC paulista: Universidade do Grande ABC (UniABC). Trata-se da implanta-o de metas institucionais, iniciadas em 2007, para a insero gradual e pontual do Departamento de Educao a distncia (EaD). Apresenta-se um breve relato da implantao dessa mo-dalidade de ensino, mas com o foco nas disciplinas ofertadas a distncia nos cursos presenciais a partir da Portaria do MEC 4.059, de 10 de dezembro de 2004. Essa portaria permite, nas instituies brasileiras, a implantao de at 20% do currculo a distncia nos cursos presenciais de nvel superior ou tecnol-gicos reconhecidos.Relataasexperinciascomamodalidade

    semipresencial no Ensino Superior, situando-a dentro do nvel 3definidoporBonkeGraham(2005),quesereferecombina-o de disciplinas presenciais e online para a integralizao do programa do curso.

    Trata-se de um estudo de caso, com anlises quantita-tivasequalitativasdedadosquesurgiramapartirdasdificul-dadesapresentadaspelosalunosnestaexperinciadeeduca-o online em dois momentos: 1 momento, 2 semestre de 2008 (2008-2) e 2 momento, 1 semestre de 2009 (2009-1).

  • FORMAODEPROFESSORESEASNOVASTECNOLOGIASEMEDUCAO:umareflexonecessria

    60

    Com a anlise de contedo, foi possvel levantar as seguintes categoriasesubcategoriasdedificuldadesdosalunosnaedu-caoonline:DificuldadesInstrumentais(dosistemaedoalu-no),Dificuldades IntrapessoaiseDificuldades Interpessoais.A

    pesquisa confirmaos estudosque indicamaproblemticana

    transio do aluno presencial para o online, e demonstram que as caractersticas esperadas para o aluno virtual (autonomia, autoaprendizagem, autogerenciamento) esto longe de serem caractersticas comuns nos alunos pesquisados. Finaliza, ainda, com questionamentos para posteriores estudos.

    O desenvolvimento tecnolgico e cientfico acontece

    to rapidamente que parece ser uma tarefa impossvel de se acompanhar. A educao passa a ser a mediadora dos conheci-mentos necessrios para que se possam integrar os indivduos na sociedade do conhecimento e da informao. Novas compe-tnciassoexigidaspelasociedadeenovasprticaseducativas

    devem acompanhar esse movimento (PERRENOUD, 2001).As instituies de Ensino Superior tm um importante

    papel a desempenhar como agncia educativa na formao de cidados.AUNESCO(1998),pormeiodaDeclaraoMundial

    sobreEducaoSuperiornoSculoXXI:VisoeAotraouos

    caminhos da educao superior mundial. No Artigo 12 da Decla-rao,apareceopotencialeodesafiodetecnologia,atribuindo

    s instituies de educao superior a liderana no aprovei-tamento das vantagens e do potencial das novas Tecnologias de Informao e Comunicao (TIC), cuidando da qualidade e mantendo nveis elevados nas prticas e resultados da educa-o, com um esprito de abertura, igualdade e cooperao in-ternacional.

  • Captulo 3

    61

    DesafiosetensesmarcamoEnsinoSuperior.NoBrasil,

    Krasilchik(2008)identificaalgumastensesgeradasporessas

    mudanas: um aumento da demanda, tanto para a formao profissionalinicial,quantoparaformaocontinuada;acriao

    dosistemadequotasparagruposminoritrios;novosperfisde

    alunos, pessoas que no procuravam cursos superiores passa-ram a demand-los; diminuio de recursos: devido ao aumen-to da demanda, houve um aumento das vagas em instituies pblicas, porm, sem o mesmo incremento das verbas; gerao de competio internacional; busca de alunos atravs de inter-cmbios ou mesmo por meio do ensino a distncia; remapea-mento do conhecimento; reorganizao das Universidades.

    De um bem cultural, a universidade passou a ser um bem econmico. De um lugar reserva-do a uns poucos privilegiados, tornou-se um lugar destinado a um maior nmero poss-vel de cidados. De um bem direcionado ao aprimoramento dos indivduos, tornou-se um bemcujobeneficiriooconjuntodasocie-dade (sociedade do conhecimento, sociedade da competitividade) (ZABALZA, 2004, p. 25).

    Neste cenrio de grandes mudanas, a modalidade de educao a distncia vem ganhando espaos e difuso no ensi-no, pois surge como possibilidade de atender os sujeitos dessa era digital e, por outro lado, tambm de contribuir para a inclu-so digital, pois aprender tecnologia um aprendizado muito valorizado no mercado de trabalho.

    De acordo com o Anurio Brasileiro Estatstico de Edu-cao Aberta e a Distncia de 2008 (AbraEaD), mais de 2,5 mi-lhes de brasileiros estudaram em cursos a distncia no ano de 2007 e aparece, pela primeira vez, um nmero maior de estu-

  • FORMAODEPROFESSORESEASNOVASTECNOLOGIASEMEDUCAO:umareflexonecessria

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    dantes matriculados nessa modalidade em cursos de gradua-o do que de ps-graduao (ABRAEAD, 2008).

    No Brasil, as instituies de Ensino Superior tm feito uso das Tecnologias da Informao e Comunicao (TICs), utili-zando ambientes/plataformas virtuais de aprendizagem (AVA) e adotando sistemas de aprendizado integrado online5 em cursos, ou em disciplinas dentro dos cursos presenciais. Neste caso, h uma combinao de atividades presenciais e a distn-cia. Esses cursos so denominados de diferentes maneiras: se-mipresenciais, hbridos, blended-learning e bi-modal.

    BonkeGraham(2005)destacamquatronveisdeutili-zao do conceito blended-learning6 dentro de uma organizao educacional: 1. Nvel da Atividade: esta combinao destina-se a atividades em sala de aula, com a utilizao de simuladores de realidade virtual; 2. Nvel da Disciplina: em uma mesma discipli-na, utilizam-se atividades presenciais e online; 3. Nvel de Curso: refere-se combinao de disciplinas presenciais e online para a integralizao do programa do curso; 4. Nvel Institucional: quando h um modelo institucional que prev essa abordagem na Instituio como um todo.

    Ainda no Brasil, uma importante ao do governo traz a possibilidade de os cursos presenciais do Ensino Superior intro-duzirem a modalidade semipresencial7. Primeiro pela Portaria

    5 O termo EaD online refere-se ao progresso das tecnologias da comunicao e da informao. Moore e Kearsley (2007) posicionam-a como a 5 gerao, chamada de classes virtuais online em que, por meio de uma plataforma de aprendizagem, possvel ter acesso a textos, udio, vdeo e interagir de manei-ra sncrona ou assncrona. Termos como interatividade, ambientes colaborativos e web2 tambm so muito utilizados.

    6 Essa uma definio que tem ganhado popularidade e que Charles Graham chamou de mistura harmoniosa.

    7 A autora faz uso da denominao semipresencial, por constar desta forma no documento oficial do MEC.

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    n. 2.253 de 2001, e depois pela Portaria n. 4.059 de 2004, que regulamentam a oferta de disciplinas na modalidade a distn-cia nos cursos de educao superior: as avaliaes devem ser presenciais e esta oferta no pode ultrapassar 20% (vinte por cento) da carga horria total do curso. Lembrando que os cur-sos que ofertarem essa modalidade devem ser reconhecidos (BRASIL, 2004).

    Nota-sequeabuscadedadosemdocumentosoficiais

    do MEC sobre a modalidade semipresencial infrutfera, pois os cursos so presenciais. Nos anurios, Brasileiro Estatstico de Educao Aberta e a Distncia de 2004 a 2008, no apare-cem dados das instituies que ofertam disciplinas a distncia nos cursos presenciais, pois se faz a mensurao do universo de instituies de ensino credenciadas a ministrar EaD (pelo Minis-trio da Educao ou pelos conselhos estaduais de educao), ou seja, somente so mencionados os cursos que so oferecidos totalmente na modalidade a distncia.

    Conceio, Silva e Silva (2015) realizaram uma reviso deliteraturadostrabalhosCientficos(Teses,DissertaeseAr-tigos) sobre a modalidade blended-learning8 no Ensino Superior Brasileiro, dentro dos nveis de organizao educacional apre-sentadosporBonkeGraham(2005),nosprincipaisbancosde

    dados sobre o assunto de 2005 a 2009. Os resultados apontam que as Instituies Brasileiras, 68,5% do total, optaram pelo

    8 Foram utilizadas as seguintes palavras-chave: modalidade semipresencial + ensino su-perior, educao a distncia + ensino superior, cursos hbridos, cursos blended-learning e cursos bimodal, portaria n. 4.059 de 2004, nas seguintes bases de dados: BDCT (Bi-blioteca Digital Brasileira de Teses e Dissertaes) do IBICT (Instituto Brasileiro de InformaoemCinciaeTecnologia);DEDALUS-BancodeDadosBibliogrficosdaUSP. Catlogo on-line das bibliotecas do SIBi/USP; Banco de Teses da CAPES - Coor-denao de Aperfeioamento de Pessoal de Nvel Superior); Google Acadmico e ABED (Associao Brasileira de Educao a Distncia).

  • FORMAODEPROFESSORESEASNOVASTECNOLOGIASEMEDUCAO:umareflexonecessria

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    nvel 3, que a combinao de disciplinas presenciais e online para a integralizao do programa do curso. Percebe-se que a maioria das instituies est implantando progressivamente uma cultura de EaD. Haja vista o alto investimento em recursos humanos(equipedeprofissionaisenvolvidos)eeminfraestru-tura, podendo acrescentar a isso as resistncias por parte dos alunos e docentes.

    IMPLANTAO E DESENVOLVIMENTO DO EaD NA INSTITUIO

    Os objetivos desse texto concentram-se em demons-traraexperinciadaUniversidadeGrandeABC,noABCpaulis-ta,queseencaixanonvel3(BONK;GRAHAM,2005).Focam-se

    asdificuldadesdosalunosnamodalidadedeeducaoadistn-cia a partir da Portaria 4.059, com a implantao de disciplina(s) em vrios cursos em dois momentos distintos: 1 momento, 2 semestre de 2008 (2008-2) e 2 momento, 1 semestre de 2009 (2009-1).

    Inicialmente, implantou-se (2007-1; 2007-2 e 2008-1) em vrias disciplinas para atender demanda de alunos em re-gime de dependncia (DPs)9 e Adaptaes. Foi o despertar da EaD na instituio.

    Em 2008, no 2 semestre, com base na portaria j men-cionada, iniciou-se o 1 Programa de Formao em EaD; alm das disciplinas em DPS e Adaptaes, implantou-se a disciplina

    9 O regime de dependncia refere-se a situao do aluno quando reprovado por falta ou nota. J o regime de adaptao quando o aluno vem de outra Univer-sidade ou Curso e no realizou a disciplina.

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    deMetodologiaCientficanoscursosregularesdeComunicao

    Social, Direito e Letras, atendendo a 71 alunos. importante salientar que todos os alunos das turmas indicadas deveriam cursar, obrigatoriamente, a disciplina. Realizou-se, tambm, formao continuada dos docentes da instituio sobre a legis-lao da Educao a Distncia, capacitando os professores para a elaborao de aulas de EaD e tutoria.

    No 1 semestre de 2009, a instituio, cumprindo com seu Plano de Desenvolvimento Institucional (PDI), no que con-cerne modalidade a distncia, com oferecimento de trs disci-plinas para 18 cursos10, atendeu 685 alunos.

    Observa-se que o desenvolvimento das atividades em EaD dentro da Instituio foi crescente, desde a implantao, assimcomooaprendizadodetodaaequipedeprofissionaisen-volvidosnessedesafiadortrabalho.

    Aformaodaequipedetrabalho

    Para o desenvolvimento das disciplinas no Ambiente Virtual de Aprendizagem (AVA), foi instituda uma equipe ges-tora comaparticipaodediversosprofissionais.Umacoor-denadora geral do EaD com formao em Educao e Tecno-logias Educativas, cuja funo foi desenvolver junto equipe a concepo dos cursos e fazer o acompanhamento de todos os envolvidos no processo. Teve, tambm, o assistente-peda-

    10 Comunicao Social, Direito, Letras, Farmcia, Administrao, Arquitetura e Urbanis-mo, Engenharia de Produo, Cincias Contbeis, Sistema de Informao, Cincias da Computao, Tecnologia Em Gesto Ambiental, Tecnologia em Polmeros, Tecnologia em Redes de Computadores, Enfermagem, Matemtica, Psicologia, Qumica, Histria, Nutrio e Fisioterapia.

  • FORMAODEPROFESSORESEASNOVASTECNOLOGIASEMEDUCAO:umareflexonecessria

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    ggico que desenvolveu as funes de designer educacional, lidando de forma integrada com os aspectos pedaggicos e comosrecursostecnolgicosafimdeacompanharodesenvol-vimento das aulas e integrar os docentes. Contou ainda, com um tcnico em informtica e um web-designer que tinha como resp