formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

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REGINA MARIA HARTOG POMBO RODRIGUEZ FORMAÇÃO DE ÓXIDOS NOS REVESTIMENTOS DE ALUMÍNIO DEPOSITADOS POR ASPERSÃO TÉRMICA Tese apresentada como requisito parcial à obtenção do grau de Doutor. Programa Interdisciplinar de Pós- Graduação em Engenharia, na Área de Engenharia e Ciência dos Materiais, Setor de Tecnologia, Universidade Federal do Paraná Orientador: Prof. Dr. Ramón Sigifredo Cortés Paredes CURITIBA 2003

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Page 1: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

REGINA MARIA HARTOG POMBO RODRIGUEZ

FORMAÇÃO DE ÓXIDOS NOS REVESTIMENTOS DE ALUMÍNIO DEPOSITADOS POR ASPERSÃO TÉRMICA

Tese apresentada como requisito parcial

à obtenção do grau de Doutor. Programa Interdisciplinar de Pós-Graduação em Engenharia, na Área de Engenharia e Ciência dos Materiais, Setor de Tecnologia, Universidade Federal do Paraná

Orientador: Prof. Dr. Ramón Sigifredo Cortés Paredes

CURITIBA 2003

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Aos meus pais Edison in memorium e Eveline, aos meus filhos Felipe e Fernanda

e ao Hugo.

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Agradecimentos

- Ao PIPE – Programa Interdisciplinar de Pós-Graduação em Engenharia do

Setor de Tecnologia da Universidade Federal do Paraná – UFPR.

- Ao DEMEC - Departamento de Engenharia Mecânica da UFPR, pela

oportunidade.

- Ao CENPES – Centro de Pesquisas da Petrobrás – pelas análises realizadas.

- Ao LACTEC – Instituto de Tecnologia para o Desenvolvimento, em especial

aos Laboratórios de Corrosão e de Materiais Metálicos.

- Ao LAMIR- Laboratório de Análises de Minerais e Rochas – Departamento de

Geologia da UFPR.

- Ao Laboratório de Superfície e Interface do Departamento de Física da UFPR.

- A REVESTEEL pela confecção de corpos de prova.

- Aos colegas do Departamento de Engenharia Mecânica, especialmente as

professoras Dra. Ana Sofia C. M. D’ Oliveira e Dra. Thais Helena Demétrio

Sydenstricker.

- Aos Professores Dr. José Maurílio da Silva do LACTEC e Dra. Maria

Aparecida Gomes do DQ, pelas discussões do trabalho.

- À Sra. Elizete Pires e a D. Maria Aparecida Vaz Martins da secretaria do

PIPE.

- Aos MSc. Sérgio Henke e José de Lázaris do LACTEC, ao MSc. Fabrício

Freire do CENPES e Luciane Lemos do Prado do LAMIR, pela colaboração.

- Aos engenheiros e futuros engenheiros: André Ricardo Capra, Ricardo Luiz

Cardoso Santos, Danilo F. Barbosa Lima e Rodrigo Bubniak Silvério.

- As minhas amigas Thiana Berthier Cunha e Patrícia Raquel Silva.

- Ao meu orientador Dr. Ramón S. Cortés Paredes pelas inúmeras discussões

e pela compreensão nos momentos difíceis.

- A minha família, minha mãe Eveline pelo apoio incondicional e inestimável

ajuda SEMPRE, aos meus filhos Felipe e Fernanda pelas muitas horas

roubadas, e ao Hugo por todo carinho, paciência e compreensão.

- A Deus, simplesmente por tudo.

Page 4: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

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RESUMO

A formação de óxido de alumínio a elevada temperatura que ocorre durante a

deposição de alumínio sobre estruturas de aço, através da aspersão térmica é

estudada para avaliar e explicar seu comportamento em meios corrosivos. Este

trabalho de pesquisa estudou os revestimentos de alumínio depositados pelos

processos de aspersão térmica a chama oxiacetilênica (FS) e a arco elétrico (ASP)

com a finalidade de proteger o aço contra a corrosão. Através de ensaios

eletroquímicos foi avaliado o comportamento destes revestimentos em meio salino

de NaCl 3,5% (p/p) e meio de bicarbonato de sódio NaHCO3 0,75 mol/L .

Para entender o mecanismo de oxidação no processo de aspersão foram

utilizados gases como argônio e nitrogênio e comparados com a utilização do ar

comprimido, gás normalmente utilizado como transporte no processo de aspersão

térmica.

A análise através dos ensaios de polarização potenciodinâmica anódica

mostraram que os revestimentos depositados pelo processo ASP com ar comprimido

apresentaram o melhor efeito protetor no meio de 3,5% de NaCl, seguidos pelo

processo FS, e com menor efeito protetor os depositados por arco elétrico utilizando

nitrogênio, e por último o depositado com argônio.

Quanto ao meio de NaHCO3 também permaneceu o processo a arco elétrico

com maior efeito protetor que no processo a chama.

No ensaio com névoa salina os revestimentos depositados por arco

apresentaram perda de espessura, no processo a chama os produtos de corrosão se

apresentaram aderentes os quais melhoram o efeito protetor. Esses produtos

aderentes foram identificados, por difração de Raios X, principalmente como

bayerite.

Com a utilização de diferentes gases de transferência no processo de

aspersão por arco elétrico, foi proposto um novo mecanismo de oxidação. Este novo

mecanismo ocorre na fonte de calor (arco elétrico), ou seja quando o alumínio funde

e imediatamente entra em contato com o gás de transferência, que permite passivar

instantaneamente com o O2 do ar comprimido.

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ABSTRACT

The aluminum oxide formation at high temperature occurs during the

aluminum deposition by thermal spray process on steel structures has been study in

the present work. The research work aims to evalute and to explain the aluminum

oxide behavior in different corrosive environments. This work studied aluminum

coatings deposited by two thermal spray processes: i) oxyacetylene flame (FS) and

ii) electric arc (ASP), both with the purpose to protect the steel against corrosion.

The coatings behavior was evaluated anodic polarization testing in two different

environments: saline (NaCl 3.5%) and sodium bicarbonate (NaHCO3 0,75 mol/L).

In order to understand the oxidation mechanism in the thermal spray process,

nitrongen and argon were used gas as transport gas. These deposits were compared

with compressed air, which is the usual transport gas in thermal spray process.

The analysis through anodic potencialdinamic polarization showed that

coatings deposited by ASP process, using compressed air as transport gas,

presented the best protective effect in saline envirouments (NaCl 3.5%), followed by

the coatings deposited by FS process, ASP (nitrogen) and the poorer results were

those obtained with ASP process using argon gas.

In the sodium bicarbonate envirouments ASP process also had better

protective effect than FS process.

Coatings deposited by ASP process showed some thickness loss in the salt

spray test. However, coatings deposited by FS process presented better protective

effect due to the adherence of the corrosion products. These products were identified

by x-ray diffraction, mainly as bayerite.

The use of different transport gases in the ASP process made possible the

propose of a new mechanism of oxide formation. This new mechanism occurred in

the heat source (electric arc), when the aluminum melted particles reach the

transport gas and immediately reacts with the O2 presented in the compressed air.

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SUMÁRIO

LISTA DE FIGURAS

LISTA DE TABELAS

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1. Introdução

2. Objetivo

3. Revisão bibliográfica

3.1 Generalidades

3.2 Compostos de alumínio

3.3 Obtenção e transformação dos compostos de alumínio.

3.4 Comportamento eletroquímico do alumínio

3.5 Comportamento eletroquímico dos revestimentos de alumínio depositados

por aspersão térmica

3.6 Aspersão térmica

4. Metodologia

4.1 Introdução

4.2 Materiais e métodos

Parâmetros utilizados nos processos de aspersão

Materiais, pistolas de aspersão térmica e preparo da superfície

4.3 Ensaios para caracterizar diferenças e identificar os óxidos presentes na

superfície dos revestimentos e desempenho frente à corrosão.

Análise do ESCA

Análise através de MEV (Microscopia eletrônica de varredura)

Análise através de microscopia ótica

Análise através de difração de Raios X

Ensaio de polarização potenciodinâmica anódica

Análise através de ensaio de névoa salina

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5. Resultados

5.1 Caracterização e pré-qualificação dos revestimentos de alumínio.

Aderência

Espessura 5.2 Análise por ESCA

5.3 Análise por Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

5.3.1 Comparação da morfologia dos revestimentos de alumínio depositados

pelos processos a chama e a arco elétrico.

5.3.2 Comparação da morfologia dos revestimentos de alumínio depositado pelo

processo a arco elétrico, utilizando ar comprimido, argônio e nitrogênio como gás

de transporte.

Revestimentos depositados por arco elétrico com vista superior

Revestimentos depositados por arco elétrico utilizando ar comprimido - vista

transversal

Revestimentos depositados por arco elétrico utilizando argônio - vista transversal

Revestimentos depositados por arco elétrico utilizando nitrogênio -vista

transversal

5.4 Ensaio de Polarização Potenciodinâmica Anódica

5.4.1 Ensaio em meio de NaCl 3,5% realizado em chapa de aço carbono, no

arame de alumínio e em revestimentos de Al depositados pelos processos a

chama FS e a arco elétrico ASP, utilizando ar comprimido como gás de

transporte.

5.4.2 Ensaio de polarização em meio de NaCl 3,5% em revestimentos de Al

depositados pelo processo a arco elétrico ASP, utilizando argônio e

nitrogênio como gás de transporte.

5.4.3 Ensaio de polarização em meio de NaHCO3 0,75mol/L no arame de

alumínio e em revestimentos de Al depositados pelos processos a chama FS

e a arco elétrico ASP.

5.5 Ensaio de Névoa Salina

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5.5.1 Análise das superfícies através de registro fotográfico

Corpos de prova com exposição do substrato

Corpos de prova sem exposição do substrato 5.5.2 Análise das superfícies através da difração de Raios X e MEV dos

revestimentos submetidos ao ensaio de névoa salina

6. Conclusões

7. Trabalhos futuros

8 .Referências bibliográficas.

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LISTA DE FIGURAS

Figura 1 . Curva de polarização esquemática para o aço inoxidável austenítico em

solução de ácido sulfúrico (SEDRIKS, 1979).

Figura 2. Diagrama de polarização anódica, referente ao comportamento do Al

(1100) em solução aquosa (NaCl) neutra desaerada (HOLLINGSWORTH &

HUNSICKER, 1990).

Figura 3 . Condições teóricas de corrosão, imunidade e passivação do alumínio, a

25 ºC.

Figura 4 . Curva de polarização de alumínio depositado por aspersão térmica sob

aço com diferentes condições de exposições (VREIJILING, et al., 1998).

Figura 5. Características da formação da camada depositada por AT (THORPE,

1993)

Figura 6 . Esquema das fontes de oxidação na AT.

Figura 7. Microestrutura de camadas de Al depositadas por AT.

Figura 8 . Corpo de prova submetido ao ensaio de névoa salina com exposição

do substrato

Figura 9 – Espectros do ESCA dos revestimentos de alumínio.

Figura 10 – Relação percentual do alumínio metal e alumínio ligado.

Figura 11 – Relação percentual do alumínio metal, alumínio ligado e oxigênio.

Figura 12. Morfologia das panquecas depositadas por arco elétrico (ASP) e a

chama (FS).

Figura 13. Processo arco elétrico e processo a chama (Paredes,1998).

Figura 14. Morfologia dos revestimentos, depositados por arco elétrico (ASP),

utilizando diferentes gases para transferência,100x.

Figura 15. Morfologia dos revestimentos, depositados por arco elétrico (ASP),

utilizando diferentes gases para transferência,500x.

Figura 16. Morfologia do processo a arco elétrico depositado com ar comprimido,

500x.

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Figura 17. Morfologia do processo a arco elétrico depositado com ar comprimido,

1000x.

Figura 18. Morfologia do processo a arco elétrico depositado com argônio, com

pré-aquecimento do substrato, 500x.

Figura 19. Morfologia do processo a arco elétrico depositado com argônio, sem

pré-aquecimento do substrato, 500x.

Figura 20. Morfologia do processo a arco elétrico depositado com argônio, com

pré-aquecimento do substrato, 2000x.

Figura 21. Morfologia do processo a arco elétrico depositado com nitrogênio,

sem pré-aquecimento do substrato, 500x.

Figura 22. Morfologia do processo a arco elétrico depositado com nitrogênio, com

pré-aquecimento do substrato, 500x.

Figura 23. Morfologia do processo a arco elétrico depositado com nitrogênio, com

pré-aquecimento do substrato, 1000x.

Figura 24. Morfologia do processo a arco elétrico depositado com nitrogênio, com

pré-aquecimento do substrato, 4000x.

Figura 25. Esquema proposto das fontes/zonas de oxidação no processo ASP.

Figura 26 . Curva de polarização potenciodinâmica anódica do aço, meio NaCl

3,5%.

Figura 27 . Curva de polarização potenciodinâmica anódica do arame de alumínio,

meio NaCl 3,5%.

Figura 28 . Curva de polarização potenciodinâmica anódica do arame de alumínio

ensaio até 300mV (SCE) , meio NaCl 3,5%.

Figura 29 . Curva de polarização do processo a chama sem pré-aquecimento,

meio NaCl 3,5%.

Figura 30 . Curva de polarização do processo a chama com pré-aquecimento,

meio NaCl 3,5%.

Figura 31 . Curva de polarização do processo a arco elétrico sem pré - aquecimen-

to, meio NaCl 3,5%.

Figura 32 . Curva de polarização do processo a arco elétrico com pré- aquecimen-

to, meio NaCl 3,5%.

Figura 33. Curva de polarização do processo arco elétrico, utilizando argônio sem

pré-aqueci-mento, meio NaCl 3,5%.

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Figura 34. Curva de polarização do processo arco elétrico, utilizando argônio, com

pré-aqueci-mento, meio NaCl 3,5%.

Figura 35. Curva de polarização do processo arco elétrico, utilizando nitrogênio,

sem pré-aquecimento, meio NaCl 3,5%.

Figura 36. Curva de polarização do processo arco elétrico, utilizando nitrogênio,

com pré- aquecimento, meio NaCl 3,5%.

Figura 37. Curva de polarização potenciodinâmica anódica do arame de alumínio

em meio de NaHCO3 0,75 mol/L.

Figura 38. Curva de polarização potenciodinâmica anódica do arame de alumínio

em meio de NaHCO3 0,75 mol/L.

Figura 39. Curva de polarização potenciodinâmica anódica do revestimento

depositado por chama sem pré-aquecimento do substrato em meio de NaHCO3

0,75 mol/L.

Figura 40. Curva de polarização potenciodinâmica anódica do revestimento

depositado por chama com pré-aquecimento do substrato, em meio de NaHCO3

0,75 mol/L.

Figura 41. Curva de polarização potenciodinâmica anódica do revestimento

depositado por arco elétrico sem pré-aquecimento do substrato, em meio de

NaHCO3 0,75 mol/L.

Figura 42. Curva de polarização potenciodinâmica anódica do revestimento

depositado por arco elétrico com pré-aquecimento do substrato, em meio de

NaHCO3 0,75 mol/L.

Figura 43. Processo a chama (FS) sem pré-aquecimento / com exposição do

substrato, submetido a névoa salina (CP-01).

Figura 44. Processo a chama (FS) com pré-aquecimento / com exposição do

substrato, submetido a névoa salina (CP-02).

Figura 45. Processo a arco elétrico (ASP) sem pré-aquecimento / com exposição

do substrato, submetido a névoa salina (CP-03).

Figura 46. Processo a chama (FS) sem pré-aquecimento / com exposição do

substrato, após limpeza, 4.000 horas de ensaio (CP-01).

Figura 47. Processo a chama (FS) com pré-aquecimento / com exposição do

substrato, após limpeza, 4.000 horas (CP-02).

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Figura 48. Processo a arco elétrico (ASP) sem pré-aquecimento / com exposição

do substrato, após limpeza, 4.000 horas (CP-03).

Figura 49. Processo a chama (FS) sem pré-aquecimento / sem exposição do

substrato, submetido à névoa salina (CP-04).

Figura 50. Processo a chama (FS) com pré-aquecimento / sem exposição do

substrato, submetido à névoa salina (CP-05).

Figura 51. Processo a arco elétrico (ASP) sem pré-aquecimento / sem exposição

do substrato, submetido à névoa salina (CP-06).

Figura 52. Processo a arco eletrico (ASP) com pré-aquecimento / sem exposição

do substrato, submetido à névoa salina (CP-07).

Figura 53. Análise de Raios X do processo a chama com pré- aquecimento (CP-05)

após ensaio com névoa salina.

Figura 54. Análise de Raios X do processo a arco elétrico sem pré- aquecimento (CP-

06) após ensaio com névoa salina. Figura 55. Processo a chama (FS) com pré-aquecimento substrato, submetido à

névoa salina após 4.000 horas (CP-05).

Figura 56. Processo a arco elétrico (ASP) sem pré-aquecimento substrato,

submetido à névoa salina após 4000 horas (CP-06).

Figura 57. Metalografia do processo a arco elétrico (CP-06).

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LISTA DE TABELAS

Tabela1 . Nomenclatura dos óxidos e hidróxidos de alumínio

Tabela 2 . Análise da água do mar

Tabela 3 . Diferenças relevantes nos processos de AT em estudo.

Tabela 4. Deposição pelo processo a chama oxiacetilênica - FS.

Tabela 5. Deposição pelo processo a arco elétrico - ASP.

Tabela 6 . Número de corpos de prova utilizado para os ensaios.

Tabela 7. Resumo dos valores característicos obtidos das curvas de polarização

Tabela 8. Resumo dos valores característicos obtidos das curvas de polarização,

segundo Paredes (1998).

Tabela 9. Resumo dos valores característicos obtidos das curvas de polarização

do processo ASP utilizando argônio e nitrogênio como gás de transporte.

Tabela 10 . Identificação das amostras para ensaio com névoa salina

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1.INTRODUÇÃO

A corrosão implica em significativo volume de perda de recursos econômicos

no setor industrial. Logo é permanente a necessidade de entender os mecanismos

corrosão e de proteção que atuam entre os diversos materiais e os meios corrosivos

de forma a minimizar tais perdas.

Os materiais metálicos, quando expostos a alguns meios corrosivos, tendem

a corroer. Sendo que em alguns destes materiais a oxidação é benéfica. Trata-se da

oxidação do cromo e do alumínio, fenômeno conhecido como passivação, que

ocorre na presença de oxigênio, permitindo com isso a formação de óxido de cromo

e de alumínio. Em ambos materiais forma-se um filme de óxido de excelente

resistência a alguns meios corrosivos.

O processo de passivação é um fenômeno superficial e é bastante complexo,

conseqüentemente, as tentativas de explicá-lo são geralmente restringidas às

distintas partes do processo. É um processo natural, o qual pode ser entendido

como sendo a reação que ocorre entre as espécies metálicas e as substâncias

contidas nesse meio. Essa reação de passivação também pode ocorrer à

temperatura ambiente e formar produtos de oxidação, que agem na proteção do

metal, tornando esta superfície mais estável ao meio.

As superfícies de alumínio possuem uma elevada afinidade com o oxigênio,

logo o metal é recoberto sempre com uma fina camada de óxido, fato este

que identifica basicamente sua estabilidade química (DIGGLE et al., 1969;

BREAKSPERE, 1970; UHLIG, 1990; THOMAS & SHERWOOD, 1992). Isto o torna

um dos materiais mais utilizados para proteção contra a corrosão em diversos

meios, entre eles o mais agressivo que é o meio salino. O processo de passivação

do alumínio é espontâneo como anôdo de sacrifício.

Há poucos estudos descritos na literatura que considerem a formação dos

óxidos de alumínio a elevadas temperaturas (máx. 550ºC), porém não existem

informações nas temperaturas que ocorrem nos processos de aspersão térmica

(AT) (>3000ºC).

Entre as linhas de pesquisas direcionadas para minimizar os problemas da

corrosão em meio salino é destacada a proteção por barreiras dos materiais através

Page 15: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

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de revestimentos depositados pelos processos de AT (THOMASON, 1984; SHAW &

MORAN, 1985; THOMASON,1985; FREIRE, 1986; BYRNES, 1989; KENNY, 1993;

ROGER,1995; DOBLE & PRYDE, 1997; LESTER et al., 1998; PAREDES, 1998;

MENEZES, 2003; SCHIEFLER et al., 2003). Estes estudos porém tratam

principalmente de relacionar como os revestimentos de alumínio depositados por

aspersão térmica em diferentes condições de deposição, utilização de diferentes

ligas, ou composições do material comportam-se, frente ao processo corrosivo.

Os revestimentos depositados por aspersão térmica são aplicados

tipicamente para a proteção contra a corrosão, especialmente o alumínio, pois este

confere à superfície do aço, predominantemente proteção por barreira, impedindo o

contato do aço com o meio corrosivo. Também pode oferecer proteção catódica em

condições em que seu potencial de corrosão seja mais ativo (mais negativo) que o

aço. E em condições em que haja a exposição do substrato de aço, proteção

anódica.

Nestes revestimentos é a atividade eletroquímica que determina a resistência

à proteção seja pela proteção catódica do aço exposto, bem como pela obstrução

dos defeitos através dos produtos de corrosão e pelos depósitos calcários (efeito

anódico) (FISHER et al., 1987; VREIJILING, 1998).

Pode também os metais como alumínio, corroer-se promovendo a dissolução

contínua, acarretando em perda de massa do metal. Diz-se que neste caso o metal

encontra-se ativo.

A tendência de um metal à passivação num dado meio, determina seu

comportamento eletroquímico. Através da utilização da técnica de polarização

anódica, é possível conhecer em laboratório o comportamento eletroquímico de um

metal, através de curvas de potencial versus corrente. Vale considerar que neste

tipo de avaliação temos reações instantâneas. Logo ensaios mais longos de

exposição como ensaio através de névoa salina são interessantes, pois permitem

avaliar o comportamento dos revestimentos em situações com maior tempo de

exposição ao meio salino.

A aspersão térmica (AT), ou “thermal spray”, é um grupo de processos nos

quais materiais metálicos ou não-metálicos, finamente divididos, são depositados em

condição fundida ou parcialmente fundida sobre um substrato preparado, formando

um depósito aspergido (Machine Desig, 1998; van den BERGE, 1998; LIMA &

TREVISAN, 2001).

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Nos processos de AT, os materiais de deposição são fundidos ou aquecidos em uma

fonte de calor gerada no bico de uma pistola apropriada e, imediatamente após a fusão, o

material finamente dividido é acelerado por gás comprimido contra a superfície a ser

revestida (SAMPSON, 1997). Ao se chocarem contra a superfície, as partículas achatam-se,

resfriam-se e aderem às irregularidades da superfície, originando-se assim uma camada de

estrutura típica lamelar (DORFMAN, 2002a) e diferente de qualquer outra forma metalúrgica.

Essa estrutura típica apresenta inclusões de óxidos, vazios e porosidade.

Basicamente, o processo de aspersão térmica está classificado pelo tipo de

fonte de calor utilizada na pistola de aspersão, podendo a fonte de calor ser gerada

através de combustão, ou através de energia elétrica. No processo por combustão

destacamos o mais antigo que utiliza o gás acetileno, conhecido como processo a

chama. Se utilizado o material na forma de arame, FS- “flame spray”. No processo

por energia elétrica essa energia pode ser gerada através de plasma ou por arco

elétrico (ASP-“arc spray process”).

O alumínio apresenta um comportamento dual em água do mar, podendo

apresentar-se como um material ativo ou passivo. A sua resistência à corrosão está

estritamente relacionada às qualidades mais ou menos protetoras da camada ou

filme de óxido de alumínio formado na sua superfície (passivação). A qualidade da

proteção depende das condições e do tipo em que é formado este filme de óxido

(POURBAIX,1987).

Os processos a arco elétrico (ASP) e processo a chama (FS) são

normalmente utilizados para revestir o aço com alumínio.

Nesse sentido temos que identificar as diferenças que existem entre os

processos de aspersão utilizados. A fonte de calor está diretamente ligada a

temperatura a que será submetido o arame de alumínio, em torno de 3000ºC e

5000ºC, para os processos a chama e a arco elétrico, respectivamente. Essas

temperaturas influenciam diretamente a atmosfera na qual o óxido de alumínio será

gerado.

Dados da literatura (BRITTON, 1988) apresentam que na atmosfera do

processo ASP há apenas oxigênio e nitrogênio, dissociados, enquanto no processo

FS a atmosfera é distinta e encontram-se presentes: água, gás carbônico, monóxido

de carbono e nitrogênio, considerando que o gás de transporte seja o mesmo ar

comprimido.

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Essas diferentes características apresentadas pelos processos devem estar

relacionadas à formação do óxido de alumínio proveniente do processo de aspersão

e como conseqüência os revestimentos de alumínio apresentam um comportamento

diferenciado frente a diferentes meios corrosivos.

A utilização de outros gases para a deposição é mencionada na literatura

(KREPSKI, 1993) como o argônio e o nitrogênio para reduzir as zonas de oxidação

no processo de aspersão. O uso do argônio é muito útil para que se possam definir

as zonas de oxidação que ocorrem na aspersão.

A formação dos diferentes tipos de óxidos de alumínio depende

fundamentalmente das condições a que foram expostos, ou seja temperatura e

disponibilidade de oxigênio. A estabilidade química do alumínio está relacionada,

basicamente, pela sua reação com o oxigênio contido no ar. Esta película de óxido é

formada por Al2O3 é amorfa e protetora. Uma de suas características é que se for

“removida” formar-se-á outra novamente. Esta película cresce com o tempo,

temperatura e dependendo ainda da umidade forma um filme de óxido de Al,

denominado “Bayerite” que pode se apresentar como Al2O3 •3H2O, que reforça o

filme de óxido primitivo produzido pelo ar. Um outro óxido de alumínio, com uso

industrial, é produzido pelo tratamento do alumínio exposto ao vapor d’ água ou

água fervendo formando “Boehmite” (Al2O3 •H2O). Em presença do ar, a

temperaturas superiores a 100ºC, produz-se o aumento da espessura do filme óxido.

Cabe salientar que a boehmite é 100 vezes mais espessa que o óxido formado

naturalmente e pode atingir uma resistência química de 10 a 40 vezes maior

(MANUAL del ..., 1959).

A condição da estabilidade termodinâmica dos metais em soluções aquosas

pode ser expresso pelos diagramas de M. Pourbaix (1966). Pourbaix, mostrou que

se podia prever a tendência de determinado material sofrer corrosão através do

diagrama termodinâmico potencial X pH, no qual as reações termodinâmicas do

sistema metal - eletrólito estariam representadas. Esses diagramas mostram as

condições teóricas de corrosão, imunidade e passivação do alumínio na presença da

água, em função do pH da solução sob condições padrões de temperatura e

concentrações pré-estabelecidas de espécies dissolvidas (vide fig. 3).

A diferença nesses diagramas consiste no fato que a passivação do filme de

boehmite está numa faixa mais estreita de pH, 4,3 a 6,2 enquanto que a hidrarguilite,

Page 18: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

5

mesma fórmula química da bayerite, (Al2O3• 3H2O) forma-se numa faixa maior de

pH de 4 a 9. O limite da faixa de pH varia com a temperatura, com a forma

específica do filme de óxido presente e com a presença de substâncias que podem

formar sais solúveis ou insolúveis com o Al.

Na prática, o comportamento da corrosão no Al é essencialmente

determinado pelo comportamento do filme de óxido com o meio corrosivo. Casos de

baixa resistência à corrosão são sempre correlacionados a uma mudança no filme

de óxido, principalmente no grau de hidratação e porosidade (POURBAIX, 1966).

A proteção contra a corrosão marinha tem-se transformado numa

necessidade crescente de se especificar sistemas de proteção contra este tipo de

deterioração. Estes sistemas, com elevada vida, têm exigido da engenharia soluções

alternativas porém tecnicamente comparáveis mesmo acarretando um custo inicial

maior em relação a sistemas de proteção convencional, como por exemplo sistemas

de pinturas.

O uso de revestimentos aplicados por aspersão térmica (AT) do alumínio,

zinco e suas ligas, como proteção anticorrosiva em ambientes “offshore” (atmosfera

sujeita a névoa salina, região de variação de maré ou imersão total em água do

mar), tem sido intensamente investigado ao longo das últimas décadas. A

capacidade desses metais de ter sobre sua superfície óxidos protetores com

características de efeito barreira e de proteger catódicamente o aço e possuírem

resistência mecânica, principalmente elevada aderência, ductilidade, desgaste e

impacto superiores ao sistema de pintura (PAREDES, 1998).

Estudos sobre revestimentos de alumínio depositados por diferentes

processos de aspersão térmica para a proteção contra a corrosão marinha foram

realizados por Paredes (1998) o qual identificou através de ensaios eletroquímicos

(potenciodiâmicos e resistência à polarização) e de névoa salina, comportamentos

diferentes nos processos a chama e arco elétrico.

O estudo afirma que a resistência à corrosão superficial das camadas de

alumínio depende do tipo de óxido formado na superfície que fica exposta ao meio

corrosivo e a propagação da corrosão para o interior da camada de Al é dependente

principalmente da coesão da camada (panquecas) e não só do teor de óxido.

Dentro da literatura atual podemos dividir em tres mecanismos ou zonas de

oxidação dentro do processo de aspersão. Mecanismo 1- considerando a oxidação

entre a partícula e o gás de transporte, mecanismo 2- o ar do meio ambiente que

Page 19: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

6

envolve a zona de transferência, mecanismo 3- através do ar do meio ambiente após

o deslocamento da pistola (vide fig. 6).

O estudo dos diferentes procedimentos de deposição de alumínio como

revestimento através dos processos de aspersão térmica, gera uma necessidade de

um maior aprofundamento no entendimento dos mecanismos de formação dos

óxidos, formados durante a aspersão térmica que usa o ar comprimido como meio

de projeção das partículas.

Um melhor entendimento do processo de passivação do alumínio na

aspersão térmica nos deveria levar a distinguir o tipo de óxido de alumínio formado e

com isso poder explicar o comportamento nos processos corrosivos a que são

submetidos os revestimentos de alumínio depositados por aspersão térmica. Isto

permitirá contribuir para melhorar a proteção efetiva do aço contra a corrosão

marinha e atmosférica que também se faz necessário.

Page 20: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

7

2. OBJETIVO

Este trabalho de pesquisa tem como objetivo geral o de contribuir na

identificação dos mecanismos de formação dos óxidos de alumínio durante o

processo de aspersão térmica e caracterizar o comportamento dos revestimentos de

alumínio depositados por chama (FS) e arco elétrico (ASP) frente diferentes meios

corrosivos.

Os objetivos específicos da pesquisa proposta foram divididos em:

- identificar e caracterizar as diferenças existentes entre os revestimentos de

alumínio depositados pelos processos a chama e a arco elétrico;

- avaliar a influência do gás de transporte no processo de aspersão térmica,

comparando os mecanismos de oxidação presente no processo utilizando para isso,

os gases nitrogênio e argônio e comparar com ar comprimido como gases de

transporte;

- caracterizar diferenças de comportamento anódico do metal base e dos

revestimentos depositados por aspersão térmica em meio salino e em meio de

bicarbonato de sódio.

Para atingir os objetivos foram principalmente desenvolvidas as seguintes

atividades:

- foram estudadas através do MEV (Microscopia Eletrônica de Varredura) as

morfologias dos revestimentos depositados a chama e a arco elétrico, com e sem

pré-aquecimento do substrato com a utilização de ar comprimido, como gás de

transporte;

- também por MEV foram avaliadas as morfologias dos revestimentos

depositados por arco elétrico com a utilização de argônio e nitrogênio, condições

com e sem pré-aquecimento do substrato;

- ensaios com o levantamento de curvas de polarização potenciodinânica

anódica formam realizados para todos os revestimentos citados para avaliar o

comportamento frente aos meios corrosivos 3,5 % (p/p) NaCl e 0,75 mol/L de

NaHCO3;

Page 21: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

8

- os revestimentos depositados por chama e arco com e sem pré-

aquecimento do substrato foram submetidos ao ensaio de névoa salina;

- caracterização através de Raios X dos produtos de corrosão formados nos

revestimentos submetidos a névoa salina;

- identificar diferenças nos revestimentos depositados pelos processos a

chama e a arco elétrico através de ESCA (Espectroscopia eletrônica para análise

química).

Page 22: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

9

3. REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

3.1 Generalidades

Os problemas com a corrosão são freqüentes e atingem os mais variados

ramos de atividade, dentre os quais podemos destacar as indústrias químicas,

petroquímicas, petrolífera, naval, construção civil, automobilística, de transporte e de

comunicação, entre outras.

As conseqüências econômicas que atingem essas atividades incluem os

seguintes elementos: reposição de equipamentos ou peças corroídas, sobre-

dimensionamento de equipamentos, manutenção preventiva, desligamento de

equipamentos devido à falhas ocasionadas pela corrosão, perda de produtos em

produção por contaminação direta de substâncias provenientes da corrosão, perda

de produtos através de tubulações corroídas além de todo o prejuízo causado ao

meio ambiente.

Podemos então considerar que a corrosão implica num dos mais importantes

fatores econômicos da atualidade. Em conseqüência, considerando a crescente

demanda de minérios para a obtenção dos metais mais importantes, face ao

aumento populacional, à progressiva industrialização, e à manufatura de produtos de

baixa durabilidade e alta rotatividade, o preço dos recursos minerais e de sua

transformação tenderá sempre a aumentar (METAL Coa..., 2000). Essas preocupa-

ções, há muito tempo, instigam pesquisadores a combater ou minimizar os

problemas causados pela corrosão.

Podemos definir a corrosão de como sendo a deterioração de um material,

geralmente metálico, por ação química eletroquímica do meio ambiente aliada ou

não e esforços mecânicos (GENTIL, 1996). Ação esta que se inicia na superfície

resultando na passagem de seus componentes ao estado de combinação com as

substâncias do meio a que estão expostos.

Uma visão importante a se analisar é a forma como esta corrosão ocorre. Por

exemplo, materiais metálicos na presença de meios ácidos se corroem. Já na

presença de oxigênio tendem a formar óxidos (Fe2O3, NiO, Cr2O3, etc).

Considerando a corrosão como sendo a deterioração do material devido a uma

reação (interação) com o meio, vale considerar que há combinações do metal com o

meio que são naturais ou desejáveis como no caso dos aços inoxidáveis e do

Page 23: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

10

alumínio expostos ao ar, o qual é conhecido como processo de passivação. A

combinação do metal com o oxigênio forma um óxido protetor formado por uma

camada superficial fina, que age na proteção do metal, tornando esta superfície mais

estável ao meio. A resistência à corrosão do aço inoxidável é devido à oxidação

eletroquímica do cromo que forma um filme passivo Cr2O3, estável, aderente e

altamente resistente a diferentes meios corrosivos.

O processo de passivação é complexo e, conseqüentemente, as tentativas de

explicá-lo são geralmente restringidas às distintas partes do processo. Normalmente

pode-se dividir o estudo do processo de passivação nos seguintes estágios: a

adsorção química inicial do ar (ou do O2 puro); o crescimento e a estrutura de uma

fina película de óxido (que pode ou não ser um óxido); o término da passivação

(saturação), e; ainda a resistência ou sacrifício da superfície ao eventual ataque do

meio corrosivo em estudo.

O processo considerado como passivação implica numa baixa corrente de

corrosão, lembrando que a corrosão sempre ocorre para a maioria dos metais,

portanto apenas tentamos através de inúmeros processos diminuí-la, controlá-la ou

prevení-la. O processo corrosivo sempre ocorre devido à tendência natural que o

metal processado tem de buscar a sua forma mais estável, diminuindo a sua

energia. Esta combinação geralmente será um óxido ou um sal.

3.2 Compostos de alumínio

O alumínio é um metal altamente reativo principalmente com oxigênio, o qual

gera um óxido, geralmente chamado de alumina e que aparece com grande

variedade de formas cristalográficas. Quando há a presença de água ou umidade

pode ocorrer o aparecimento de diferentes formas dos óxidos hidratados ou

hidróxidos, dependendo das condições. Além disso, pode haver diversas fases

cristalográficas, as quais distinguem isômeros. Ainda estes compostos de alumínio

podem apresentar-se em formas cristalinas ou amorfas.

O termo alumina é freqüentemente utilizado na literatura e comumente

identificado sob diversas formas, sendo que a forma mais comum é α-Al2O3 , mineral

chamado de corundum, citado na tabela 1. Outras formas em que se pode

apresentar o Al2O3 são: β- Al2O3; χ- Al2O3, κ- Al2O3, γ- Al2O3; θ- Al2O3, η- Al2O3,

ρ- Al2O3 e δ-Al2O3 (GITZEN, 1970; UCHI et al., 2001; DIGNE et al.,2002).

Page 24: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

11

Normalmente os filmes de óxidos de alumínio podem formar um ou mais

compostos conforme as seguintes reações (WEFERS & MISRA, 1987):

2Al + 1/2 O2 → Al2O3

2Al + 3H2O → Al2O3 + 3 H2

Al + 2H2O → AlOOH + 3/2 H2

Al + 3H2O → Al(OH)3 +3/2 H2

Reações secundárias entre o filme de óxido, formado na superfície, com água

e ou umidade é controlada pela pH2O (pressão de vapor d’água) e pela temperatura.

Al2O3 + 1H2O → 2AlOOH

Al2O3 + 3H2O → 2Al(OH)3

AlOOH + 2H2O → Al(OH)3

Na literatura há uma grande controvérsia sobre a nomenclatura para

identificar os compostos de alumínio. Então adotaremos a nomenclatura nos

compostos de interesse para este estudo, sob diferentes estruturas cristalinas,

apresentada na tabela 1. Adotou-se para a construção da tabela a maior

convergência dos dados entre os autores.

Tabela1 . Nomenclatura dos óxidos e hidróxidos de alumínio

Nome do

mineral

Fórmulas /

Apresentação

Forma

cristalina

Referências

Corundum α-Al2O3 Romboédrica Wefers & Misra, 1987; Gitzen, 1970;

Pourbaix, 1966; Quagliano, 1973.

Gibbsite/

Hidrarguillite

γ-Al(OH)3 ou α-Al2O3 . 3H2O

Monoclínica Wefers & Misra, 1987; Gitzen, 1970;

Quagliano, 1973.

Bayerite α-Al(OH)3 ou β-Al2O3 . 3H2O

Monoclínica Wefers & Misra, 1987; Gitzen, 1970;

Quagliano, 1973.

Boehmite γ-AlOOH ou α- Al2O3 . H2O

Ortorrômbica Wefers & Misra, 1987; Gitzen, 1970;

Quagliano, 1973.

Diaspore α-AlOOH ou β-Al2O3 . H2O

Ortorrômbica Wefers & Misra, 1987; Gitzen, 1970;

Quagliano, 1973.

3.3 Obtenção e transformação dos compostos de alumínio.

Page 25: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

12

Diversos métodos são descritos na literatura para a obtenção sintética ou

mudanças que ocorrem naturalmente dos compostos descritos na tabela 1,

entretanto mencionaremos apenas condições de transformações que possam

auxiliar no estudo do mecanismo da formação dos compostos de alumínio.

Um dos métodos para obtenção da alumina, sob as diversas formas

apresentadas, pode ser através da desidratação dos compostos hidratados de

alumínio citados na tabela 1. A obtenção da forma final de Al2O3 depende do

composto inicial que sofrerá a desidratação e da temperatura utilizada no processo

(GITZEN, 1970; VAIDYA & THAKKAR, 2001; DIGNE et al., 2002).

As propriedades físicas e químicas da alumina dependem da ampla faixa de

temperatura aplicada durante o processamento da alumina, quando aquecida a alta

temperatura, a alumina perde essas propriedades e torna-se uma substância

higroscópica e ao mesmo tempo torna-se praticamente insolúvel em ácidos e bases

(POURBAIX,1966).

As superfícies de alumínio possuem uma elevada afinidade com o oxigênio,

logo o metal é recoberto sempre com uma fina camada de óxido, fato este que

identifica basicamente sua estabilidade química (DIGGLE et al., 1969,

BREAKSPERE, 1970; THOMAS & SHERWOOD, 1992; HATCH, 1993). Este

processo, como já mencionado anteriormente é espontâneo.

Esta película inicialmente formada por óxido de alumínio é amorfa (REBOULT

& WARNER, 1997), muito porosa e protege muito pouco o alumínio, se for

“removida” formar-se-á outra novamente. Com o tempo esta camada de óxido

cresce a temperatura ambiente esta camada depois de um mês pode chegar a uma

espessura de 0,01 µm (MANUAL del ...,1959).

Estudos de Weiping (1999) confirmam que a hidratação de Al2O3 em

temperaturas variáveis até 55ºC produziu bayerite.

Os óxidos hidratados são menos protetores que os óxidos de alumínio

desidratados. Esta película de óxido de alumínio é geralmente considerada com uma

estrutura em camadas, uma camada de barreira amorfa anidra no contato com o

metal e uma camada hidratada, resultando da hidrólise superficial do óxido anterior

(REBOULT & WAENER, 1997).

Estudos de Drazic et al. (1999) também avaliaram o comportamento

eletroquímico do alumínio em contato com a umidade do ar ou eletrólitos há geração

de uma camada de filme óxido fino, próximo a superfície e mais distante a formação

Page 26: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

13

de uma estrutura mais complexa. Durante o contato do alumínio com água, e

particularmente em soluções neutras de cloreto de sódio, algumas trocas nas

propriedades da camada de óxido ocorrem. Há a formação de uma estrutura tipo

sanduíche consistindo em uma barreira mais compacta do tipo Al2O3 mais próximo a

superfície do metal e uma estrutura porosa e amorfa de Al(OH)3 no lado da solução.

Com o tempo esta camada porosa transforma-se suavemente em boehmite

(Al2O3.H2O) cristalina e mais tarde em bayerite (Al2O3.3H2O) também cristalina. Esta

transformação ocorre mais rapidamente se a temperatura estiver acima de 60ºC.

Esse conceito está em desacordo com os estudos contidos no Manual del

alumínio (1959) e de Wefers & Misra (1987), que considera a reação na superfície

do alumínio com água fria forma bayerite e com vapor d’água ou água fervendo

forma a boehmite. Este processo industrial é comumente realizado para produzir a

boehmite, e produzir o aumento da espessura do filme de óxido.

Alguns autores consideram que a parte mais externa do filme contínuo é

formada por hidróxidos (BURLEIGH, 1995; SATO & OKAMOTO, 1981), porém a alta

afinidade do alumínio com o oxigênio, que pode vir de moléculas de água provindas

da umidade do ar, permite interpretar a região mais externa do filme, como sendo

óxido recoberto por moléculas de água, o que dificulta diferenciar óxidos hidratados

de hidróxidos.

O crescimento do filme de óxido depende da temperatura e da umidade. A

hidrargüillite, após algumas semanas de exposição ao ar e a temperatura ambiente,

forma a bayerite. Este é o tipo de óxido (filme óxido anódico) encontrado na

superfície do Al 1100 de uso industrial (POURBAIX, 1966).

O filme de boehmite é 100 vezes mais espesso e pode atingir resistência

química de 10 a 40 vezes superior ao óxido natural. Além de que a boehmite pode

apresentar-se em duas formas: como boehmite γL facilmente solúvel em ácido e

como Boehmite γS, que é produzida a partir da boehmite γL, sendo que esta última a

mais favorável para a proteção frente à corrosão. A transição para a transformação

de γL →γS é tanto mais rápida quanto mais alta for a temperatura (MANUAL del

...,1959).

Uma das formas de utilização do alumínio é na forma anodizada. A selagem

dos poros contidos, na camada de óxido de alumínio, formado no processo anódico,

geralmente é feita com a imersão desta superfície em água pura ou com

Page 27: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

14

determinados sais, como acetato de níquel e dicromato de potássio, acima de

90ºC. Esse processo envolve o fechamento da estrutura porosa para formar um

filme compacto e não poroso. Diggle et al. (1969), acreditam ser a reação de

hidratação parcial da alumina gerando a boehmite. A selagem também pode ocorrer

pela reação com os sais incorporados ou a precipitados dentro da película selada .

Music et al. (1998) avaliaram as propriedades microestruturais da boehmite

formada sobre condições hidrotérmicas e concluíram que quanto maior for o tempo de

aquecimento, mais boehmite foi sendo formada. Outra conclusão interessante do artigo

é que quanto menor a alcalinidade do meio haverá a formação da boehmite como fase

principal, em relação a bayerite, que se formará quanto mais alta for a alcalinidade do

meio.

Aqui, podemos mencionar que os diferentes termos da literatura tais como a

boehmite gel, pseudoboehmite (SOUZA SANTOS, et al.,1993) ou boehmite

deficientemente cristalizada são usados para descrever algumas imperfeições

estruturais da boehmite. Essas descrições são baseadas principalmente nos desvios

dos espaçamentos interplanares daqueles correspondentes a boehmite “bem”

cristalizada.

De acordo com Wefers & Misra (1987), a pseudoboehmite é a primeira fase

cristalina formada no envelhecimento do alumínio a partir do hidróxido de alumínio

Al(OH)3, inicialmente considerado na forma amorfa.

Estudos realizados por Verdes et al. (1992) sobre as propriedades termodi-

nâmicas, especialmente a solubilidade dos hidróxidos e oxi-hidróxidos do alumínio

em meio alcalino, propõem a ordem de aumento da estabilidade a 25ºC como

sendo: diaspore > boehmite ~ gibbsite > bayerite. Outra constatação já verificada

em outros estudos foi de que a bayerite forma-se sozinha e muito rapidamente até

60ºC mas, à medida que a temperatura aumenta, a bayerite é substituída

gradualmente pela boehmite, que se forma sozinha acima de 110ºC.

Avaliando a solubilidade da bayerite foi observado para todos os ensaios acima de

80ºC, verificaram que a bayerite está sendo substituída por uma fase mais estável, fato este

comprovado pelos Raios X nos quais picos de boehmite aparecem gradualmente em

substituição aos de bayerite. Quanto à solubilidade da boehmite sintética, estudos mostraram

que a temperatura em ensaios em meio alcalino é o fator determinante para a dissolução da

boehmite mesmo com a diminuição do pH resultante da variação da atividade do íon

produzido pela água (VERDES et al.,1992).

Page 28: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

15

Kannan et al., (1997) estudaram o preparo da boehmite (AlOOH) e da alumina

α - Al2O3 por desidratação da boehmite a partir da reação entre o alumínio e água. A

oxidação hidrotérmica do alumínio considerou as seguintes reações:

2Al + 4H2O → 2AlOOH + H2 (300ºC)

2AlOOH → Al2O3 +H2O (350 – 425ºC)

O estudo foi realizado em autoclave e utilizou dois volumes iniciais de água.

No primeiro teve aproximadamente 10 g de alumínio comercial (99% de alumínio

puro), dimensões de 25mmx25mmx12mm e 25 ml de água o que corresponderam a

30% do volume inicial da autoclave. Foram avaliadas as temperaturas de 300ºC,

350ºC, 375ºC, 400ºC, 425ºC, 450ºC e 550ºC. O fluxo de calor foi de 2-2,5ºC/min e

todos foram mantidos nas temperaturas de estudo por 3 horas, depois resfriados a

25ºC. Os produtos obtidos foram então lavados e secos a 110ºC e analisados. As

pressões variaram entre 10MPa a 120 MPa, dependendo da temperatura e do

volume na autoclave. O segundo estudo utilizou para os mesmos 10 g de alumínio

50 ml de água o que correspondeu a 60% do volume da autoclave. As principais

conclusões do estudo são que a desidratação da boehmite para alumina ocorre a

maiores temperaturas quando há mais água (volume) na reação inicial. Com 30% do

volume inicial (25 ml) a transformação iniciou-se a 350ºC, enquanto que com a 60%

(50ml) iniciou-se somente 425ºC e não foi completa a 550ºC como no caso de 30%.

Mais água inicial indica que a fase mais estável é a boehmite em relação a

transformação para alumina.

Experimentos conduzidos por Sato (1958) estudaram a transformação da

bayerite em hidrarguillite (envelhecimento) em três meios: ar, água e solução de

aluminato de potássio, na qual contém a quantia de alumina em equilíbrio com

alcalóide. O método utilizado para identificação após o envelhecimento foi a difração

de raio- X . O autor conclui que esta transformação no ar não ocorre, e na água e no

aluminato de potássio a transformação foi muito pequena. A existência da atividade

alcalina tem um papel importante para promover a transformação da bayerite em

hidrargüillite. Então resultará um Al(OH)3 para agir com caráter anfótero .

Verifica-se que a literatura apresenta muita controvérsia e diversidade de

condições de processamento nos vários métodos para a obtenção ou transformação

ocorrida nos compostos de alumínio, especialmente nos compostos de interesse,

conforme descritos na tabela 1.

Page 29: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

16

3.4 Comportamento eletroquímico do alumínio

O alumínio em contato com o ar tem tendência a formar uma camada de

óxido e, e tendem a formar ao Al e suas ligas são passivados, entretanto a

passividade de um metal pode ser destruída por íons halogênios. Metais ou ligas

como o alumínio, passivos no ar, tem sua passividade destruída por íons cloretos em

pontos ou áreas localizadas (corrosão por pite)(GENTIL, 1996).

O alumínio apresenta um comportamento dual em água do mar.

Freqüentemente é mencionado como um material ativo (muito reativo). A sua

resistência à corrosão está estritamente relacionada as qualidades mais ou menos

protetoras da camada ou filme de óxido de alumínio formado na sua superfície, a

passivação (DIGGLE et al., 1969; FOLEY,1986). Segundo Pourbaix (1987) essa

qualidade de proteção depende das condições em que é formado este filme óxido. A

maioria dos metais e ligas são passivados em presença de um meio básico, à

exceção dos metais anfóteros, entre eles o alumínio.

A absorção de ânions na camada superficial de óxido de alumínio que

promovem a corrosão por pite é um processo competitivo. Isto é, o íon cloreto ou

outro íon agressivo é absorvido competitivamente com o íon hidroxila ou moléculas

de água as quais, se absorvidas, tendem a promover a passivação. Existem estudos

que evidenciam a absorção dos ânions, particularmente do íon cloro, como um

estágio preliminar para o pite (FOLEY,1986).

Sob certas condições pode entretanto favorecer a formação de óxidos

protetores sob sua superfície que lhe confere uma forma de passivação (proteção).

É importante a compreensão dos princípios eletroquímicos para entendermos

o comportamento de revestimentos protetores como o do Al. Quando se força o

metal a se deslocar para potenciais oxidantes, como nos ensaios eletroquímicos,

provocamos então taxas de dissolução crescentes. Estimula-se portanto a reação

eletroquímica anódica do alumínio indicada a seguir:

Al0 → Al+3 + 3e-

Em caso de metais que tendem a exibir uma transição ativo-passiva,

condições mais oxidantes, estimulam os processos de formação de óxidos,

hidróxidos protetores ou seja promove-se a passivação. Verifica-se com efeito a

redução da taxa de corrosão do metal, que passa a exibir taxas de dissolução muito

mais baixas. Esta tendência de um metal de se manter muito pouco inalterado por

Page 30: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

17

longo tempo é chamada de passividade, atribuída geralmente à formação da

camada protetora na interface metal/solução, que atua como barreira, evitando o

contato do metal com o meio (CAVALCANTI et al., 1997).

A tendência de um metal a passivação num dado meio, determina seu

comportamento eletroquímico. Através da utilização da técnica de polarização

anódica, é possível conhecer em laboratório o comportamento eletroquímico de um

metal, ou seja a sua tendência a permanecer ativo ou a passivar-se, pela construção

de curvas de potencial vs corrente.

A seguir mostra-se, figura 1, um diagrama esquemático, referente ao

comportamento potenciodinâmico anódico de um aço inoxidável austenítico em

ácido sulfúrico. Este comportamento é atribuído à presença de um filme protetor

(Cr2O3), com apenas 1 nm (0,001 µm) de espessura sobre a superfície do aço

(SEDRIKS, 1979). A figura 1 mostra o potencial de corrosão (Ecorr), o potencial

primário de passivação (Epp), o potencial de pite (Ep), o potencial da região de

transpassividade (Et) e a corrente de passivação (ipas).

Normalmente consideramos o aço inoxidável austenítico como padrão pelo

fato de ocorrer a formação do óxido de cromo Cr2O3 considerado sem defeitos, logo

uma passivação mais efetiva. O comportamento potenciodinâmico anódico de outros

metais ou ligas apresentam o trecho de passivação, com uma certa inclinação

devido a uma passivação menos efetiva que o aço inoxidável austenítico.

O estado de passivação caracteriza-se por apresentar baixas densidades de

corrente, constantes ao longo de uma ampla faixa de potencial. Uma corrente de

passivação em torno de 1,0 µA/cm2, corresponde a taxas de corrosão da ordem de

alguns milésimos de mm/ano, desprezível portanto, em termos de vida útil de

estruturas e equipamentos. Quanto menor o valor de ipas, menor a taxa de corrosão

do filme passivo e conseqüentemente maior o seu poder protetor.

Normalmente verifica-se o deslocamento da curva para a direita como

conseqüência de uma quebra da passividade, que pode ser devido ao aumento da

concentração de cloreto. Isto representa uma passivação menos efetiva, e com

valores de densidade de corrente crescentes, o qual passamos a verificar a

incidência deste tipo de ataque localizado, relacionado à perda da passivação em

determinados pontos no filme passivo. Trata-se na realidade de um processo de

despassivação localizada, tendo em vista a presença do íon cloreto (SEDRIKS,1979)

Page 31: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

18

Figura 1 . Curva de polarização esquemática para o aço inoxidável auste-

nítico em solução de ácido sulfúrico (SEDRIKS, 1979).

A figura 2 apresenta um diagrama esquemático referente ao comportamento

potenciodinâmico anódico típico de uma liga relativamente pura de Al (tipo 1100) em

uma solução neutra de NaCl isenta de reagente catódico, como o oxigênio

(HOLLINGSWORTH & HUNSICKER, 1990). O potencial de corrosão Ecor e a

densidade de corrente de corrosão da liga icor é definida pela interseção da curva

anódica (linha cheia) com a curva pontilhada da reação catódica (no caso a reação

de redução do oxigênio dissolvido, em concentrações variáveis). Com baixas

concentrações de oxigênio observa-se valores de icor de no máximo 10 µA/cm2,

exibindo a liga Al 1100, portanto, um filme com características passivas.

ipas

Page 32: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

19

Figura 2. Diagrama de polarização anódica, referente ao comportamento do

Al (1100) em solução aquosa (NaCl) neutra desaerada (HOLLINGSWORTH &

HUNSICKER, 1990).

Este comportamento é resultante da barreira de óxido hidratado de Al

formada na presença da solução aquosa nestas condições (com uma espessura na

faixa de 20 nm a 200 nm). Mais espessa do que o filme passivo do aço inox

desenvolvido nestas mesmas condições, a barreira passivante do Al apresenta

defeitos microscópicos na sua estrutura, como porosidade e vazios. Analisando-se o

primeiro trecho da curva, observa-se que a mesma apresenta-se levemente

inclinada para direita, podendo esta característica estar associada a estes defeitos.

Cabe ainda mencionar, que o aço inox quando submetido a procedimento similar de

polarização anódica em solução neutra de NaCl, exibe um trecho passivo

inteiramente vertical e com densidades de corrente na faixa de 0,1 µA/cm2 a 1,0

µA/cm2 (SEDRIKS,1979 ).

A quebra ou perda da passividade associada a nucleação de ponto de ataque

corrosivo (pites) pode ocorrer quando fatores eletroquímicos, mecânicos ou químicos

produzem a remoção localizada da película passiva. A quebra eletroquímica pode

0,01 0,1 1 10 100 Densidade de corrente, A/m2

Page 33: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

20

ocorrer se a película passivante tiver pontos fracos onde áreas anódicas locais

poderiam se desenvolver na ausência de agente oxidante na solução. Essa quebra

também pode ocorrer devido à formação de escamações. A presença de trincas ou

poros no óxido pode causar a entrada da solução e ataque do metal abaixo do óxido. A

quebra mecânica da película passiva pode ocorrer devido ao curvamento, riscos,

impactos ou à tração do substrato. Uma vez que os óxidos ou outras películas

passivantes são geralmente frágeis, a auto-regeneração da película é possível

somente se o metal continuar a existir na solução, sob condições eletroquímicamente

apropriadas para ele recuperar a película. Em diversas circunstâncias, a formação de

pites no metal segue a quebra da passividade (GALVELLE et al., 1971).

A condição da estabilidade termodinâmica do metal alumínio em soluções

aquosas pode ser expresso pelos diagramas de M. Pourbaix (1966) representado na

figura 3 .

Pourbaix mostrou que poderia se antecipar o comportamento frente à

corrosão dos metais em soluções aquosas através do diagrama termodinâmico

potencial X pH. Esses diagramas mostram as condições teóricas de corrosão,

imunidade e de passivação do alumínio na presença da água. Cabe destacar uma

diferença nesses diagramas que, conforme observado na figura 3, existe uma maior

faixa de estabilidade do filme passivo quando o filme apresenta-se na forma de

hidrarguillite. O limite da faixa de pH varia com a temperatura, com a forma

específica do filme de óxido presente e com a presença de substâncias que podem

formar sais solúveis ou insolúveis com o Al (HOLLINGSWORTH & HUNSICKER,

1990).

Page 34: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

21

(a) Passivação por um filme de hidrargüillite Al2O3.3H2O

(b) Passivação por um filme de boehmite Al2O3 . H2O

Figura 3 . Condições teóricas de corrosão, imunidade e passivação do

alumínio, a 25oC (POURBAIX,1966).

Page 35: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

22

Um dos meios mais agressivos que encontramos na natureza é o meio

marinho, onde a água do mar funciona perfeitamente como um eletrólito, que conduz

eletricidade, pois contém íons. Essa água contém uma quantidade apreciável de

sais. Na tabela 2 são apresentados valores médios dos constituintes por litro de

água do mar (ABRACO):

Tabela 2 . Análise da água do mar

Constituintes g/L

Cloreto (Cl-) 18,9799

Sulfato (SO4-2) 2,6486

Bicarbonato (HCO3-) 0,1397

Brometo (Br-) 0,0646

Fluoreto (F-) 0,0013

Ácido bórico (H3BO3) 0,0260

Sódio (Na+) 10,5561

Magnésio (Mg2+) 1,2720

Cálcio (Ca2+) 0,4001

Potássio (K+) 0,3800

Estrôncio (Sr2+) 0,133

Observando os dados contidos acima podemos verificar que a maior

quantidade encontrada na água do mar são os íons cloretos, responsáveis pela

quebra a passividade do óxido de alumínio, já comentado anteriormente, iniciando o

processo de corrosão. Vale lembrar que a corrosão marinha é um processo de

origem eletroquímica.

3.5 Comportamento eletroquímico dos revestimentos de alumínio depositados por

aspersão térmica

Estudos mais recentes foram relatados em 1996, sobre a aparência de

revestimentos obtidos por aspersão térmica após 44 anos expostos a atmosfera

marinha na Carolina do Norte. Esses revestimentos tiveram variações na sua

composição tendo como elementos analisados revestimentos de alumínio, zinco e

magnésio. Com várias porcentagens desses elementos, ou mesmo deposições de

ligas e também depósitos com diferentes camadas desses elementos. Este estudo

Page 36: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

23

demonstra o interesse em se utilizar a aspersão térmica principalmente para

proteção contra a corrosão marinha.

Dentre os vários revestimentos analisados os depositados que continham

mais alumínio em sua composição ou tiveram o alumínio depositado como última

camada apresentaram a melhor aparência, ou seja menos produtos de corrosão. Os

revestimentos depositados com zinco e magnésio foram os que mais apresentaram

produtos de corrosão (PIKUL, 1996).

Kain et al. (1987) avaliaram o comportamento à corrosão de revestimentos de

AlZn e ZnAl, com diferentes composições e após 34 anos de exposição em ambiente

marinho determinaram que a maior resistência foi detectada nos revestimentos com

alto teor de Al. Resultados semelhantes foram obtidos por Menezes (2003) que

estudou revestimentos de Al e/ou Zn e concluiu que o revestimento de alumínio foi o

mais eficiente na proteção contra a corrosão através de ensaios de imersão, de

polarização anódica e impedância eletroquímica.

Ensaios de corrosão em névoa salina avaliaram revestimentos de alumínio

depositados por AT pelos métodos de chama, HVOF e por arco elétrico até 25.000

horas de ensaio, onde os revestimentos que apresentaram melhor resistência à

corrosão foram os depositados por chama (CORTÉS PAREDES et al., 2003).

Os produtos de corrosão nos processos eletroquímicos são, em geral,

resultantes da formação de compostos insolúveis entre o metal e o íon hidroxila. O

produto de corrosão é, portanto, na grande maioria dos casos hidróxido do metal

corroído, ou oxidróxido do metal. Este fato foi constatado por Paredes (1998) na

análise dos produtos de corrosão após o ensaio de névoa salina encontrando óxidos

e/ou hidróxidos de alumínio nos revestimentos de alumínio depositados pelos três

processos de aspersão térmica.

A figura 4 mostra o efeito da exposição da imersão no comportamento da

passivação do revestimento de alumínio 99,7% depositado por aspersão térmica,

pelo processo a chama, sobre o aço. Como conclusão apresentada a exposição

prolongada do revestimento melhora sua resistência à corrosão. O gráfico mostra

uma diminuição na densidade de corrente de um revestimento exposto em água do

mar fluindo após 1.000 horas, em comparação a um revestimento exposto

recentemente. Esta diminuição é atribuída ao desenvolvimento dos óxidos nos poros

e à formação de substâncias calcáreis em cátodos ativos. Ainda há a comparação

de exposição do revestimento considerando a água do mar fluindo com água em

Page 37: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

24

estado estacionário. A diminuição da corrente da água do mar estacionária em

relação a que flui está relacionada ao fato de que água quando flui, pode ser

comparada a um polimento aparente do perfil de superfície. Como a densidade de

corrente é calculada usando a área de superfície projetada (não contabilizando a

rugosidade da superfície) isto afetará os valores de densidade apresentados

(VREIJILING, et al , 1998).

Figura 4 . Curva de polarização de alumínio depositado por aspersão térmica

sob aço com diferentes condições de exposições (VREIJILING, et al , 1998).

Estudos de polarização realizados sobre revestimentos de alumínio

depositados por chama identificaram associado por EDX (Raio X por dispersão de

energia) a formação in situ da bayerite em água do mar (MORAN & SHAW, 1985).

3.6 Aspersão térmica

A aspersão térmica é um método industrial estabelecido para revestir a

superfície das peças de metal. Os benefícios em se revestir por aspersão estão em

obter custos relativamente mais baixos, melhorando o projeto, o desempenho, e/ou a

aumentando a vida do componente. Além das aplicações do equipamento original,

os revestimentos depositados por aspersão térmica (AT) reparam peças gastas e

aquelas danificadas em serviço. Os novos projetos no equipamento de aspersão e

nos materiais de revestimento resultaram em soluções atrativas em vários ramos de

Revestimento novo Revestimento com 1000 horas de imersão

Page 38: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

25

aplicações, como no aeroespacial, em turbinas a gás, no ramo petroquímico, e nas

indústrias automotrizes (Machine Design, 1998; van den BERGE, 1998, REEVE,

2001; DORFMAN, 2002a,b;)

Os processos de aspersão térmica são aplicados em uma larga escala nas

indústrias. O sucesso de uma aplicação por AT é baseado em benefícios técnicos e

comerciais. Estes incluem o desempenho técnico melhorado (confiabilidade),

intervalos de manutenção mais longos, reduzidos tempos de reparo, taxas

aumentadas do depósito eficiência/deposição, que abaixam o custo total da

aplicação. Antes de selecionar um revestimento, é importante comparar todos os

materiais potenciais e processos. A economia no processo depende do material, o

trabalho, e custos consumíveis (gás, elétrico, bocais e elétrodos). Em alguns casos,

os revestimentos que fornecem as melhores características, podem não ser práticos

pelo custo inaceitável da aplicação. Os fatores que afetam o custo da aplicação

incluem o volume revestindo, o preço do material, a eficiência do depósito (eficiência

do alvo), a densidade revestida, e materiais de consumo requeridos (DORFMAN,

2002b).

O desgaste e a corrosão possuem um papel significativo na redução da vida

de serviço nos componentes da bomba e nas válvulas. Tipicamente, os gases e as

pastas corrosivas em sistemas de óleo e gás, incluem também partículas abrasivas

tais como a areia, as argilas, e os restos do desgaste, que podem danificar

componentes e reduzir tolerâncias no serviço. Alguns destes componentes são

expostos também às temperaturas e às pressões elevadas. Embora haja outras

técnicas de superfície mais avançadas da engenharia que possam proteger tais

componentes, estas são freqüentes demasiadamente caras ou difíceis de aplicar-se

por causa do tamanho e da geometria do componente (DORFMAN, 2002b). Deste

modo o processo de aspersão térmica tem-se transformado em uma alternativa

bastante viável economicamente em diversos campos da engenharia para diferentes

finalidades, sejam eles de proteção contra a corrosão ou desgaste.

Sendo a proteção contra a corrosão marinha, especificamente um meio dos

mais agressivos, o estudo da proteção tem se transformado numa necessidade

crescente de se especificar sistemas adequados de proteção contra este tipo de

deterioração. Estes sistemas de proteção, têm exigido soluções alternativas da

engenharia, tecnicamente comparáveis mesmo acarretando um custo inicial maior

Page 39: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

26

em relação a sistemas de proteção convencional, como por exemplo sistemas de

pinturas.

Atualmente, destacamos a proteção por barreiras dos materiais através de

revestimentos depositados pelos processos AT entre as linhas de pesquisas

direcionadas para minimizar/eliminar os problemas da corrosão marinha

(THOMASON, 1984; SHAW & MORAN, 1985; THOMASON,1985; FREIRE, 1986;

BYRNES, 1989; KENNY, 1993; ROGER,1995; DOBLE & PRYDE, 1997; LESTER et

al., 1998; PAREDES, 1998; MENEZES, 2003; SCHIEFLER et al., 2003).

A aspersão térmica, ou “thermal spray” , é um grupo de processos nos quais

materiais metálicos ou não metálicos, finamente divididos, são depositados em

condição fundida ou parcialmente fundida sobre um substrato preparado, formando

um depósito aspergido (Machine Desig, 1998; van den BERGE, 1998; LIMA &

TREVISAN, 2001).

Nos processos de AT, os materiais de deposição são fundidos ou aquecidos em

uma fonte de calor gerada no bico de uma pistola apropriada e, imediatamente após a fusão, o

material finamente atomizado é acelerado por gás comprimido contra a superfície a ser

revestida (SAMPSON, 1997). Ao se chocarem contra a superfície, as partículas achatam-se,

resfriam-se e aderem às irregularidades da superfície, originando-se assim uma camada de

estrutura típica lamelar (DORFMAN, 2002a) e diferente de qualquer outra forma metalúrgica.

Essa estrutura típica contendo inclusões de óxidos, vazios e porosidade estão apresentados de

forma esquemática na figura 5.

A ligação entre o depósito aspergido e o substrato pode ser mecânica

(THORPE, 1993; van den BERGE, 1998; LIMA e TREVISAN, 2001; DORFMAN,

2002a), química-metalúrgica e física, ou mesmo uma combinação entre eles. O

primeiro mecanismo acontece quando do impacto das partículas aquecidas e

aceleradas contra o substrato, as quais se ancoram nas irregularidades do substrato.

O químico-metalúrgico depende basicamente do material depositado e da fonte de

calor, responsável por difusão atômica, formação de soluções sólidas e inclusive a

formação de intermetálicos. E o mecanismo físico pode ser associado às forças de

van der Waals, onde o componente de ligação entre as moléculas pode ser

atribuídas às interações entre dipolos elétricos (THORPE, 1993). Esses mecanismos

são muito importantes pois resultam na aderência do revestimento ao substrato, e na

coesão entre as lamelas, com isso determinando sua aceitação ou rejeição do

Page 40: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

27

revestimento. As propriedades do revestimento são diretamente dependentes da

combinação entre a energia cinética e térmica provenientes diretamente do processo

de aspersão. ( DORFMAN, 2002a).

Figura 5. Características da formação da camada depositada por AT

(THORPE, 1993).

Segundo Dorfman (2002a), o revestimento adere primeiramente através de

um mecanismo mecânico, sendo que as forças típicas de vizinhança podem variar

entre 7 MPa e 83 MPa e dependem do processo, do material, e dos parâmetros

específicos da aspersão. As novas técnicas estão sendo desenvolvidas para medir

essas forças de aderência, porque as aproximações tradicionais, tais como ASTM

C633, mostraram que a força de aderência de alguns revestimentos é maior do que

o adesivo utilizado no ensaio, isto é, ocasionam o rompimento no adesivo

inutilizando o resultado do ensaio.

Basicamente, o processo de aspersão térmica está classificado pelo tipo de

fonte de calor utilizada na pistola de aspersão, podendo a fonte de calor ser gerada

através de combustão, ou através de energia elétrica. No processo por combustão

destacamos o mais antigo que utiliza o gás acetileno, conhecido como processo a

chama. Se utilizado o material na forma de arame, FS- “flame spray”, e se utilizado

pó TS- “thermo spray”. No processo por energia elétrica esta pode ser gerada

através de plasma ou por arco elétrico (ASP-“arc spray process”).

Page 41: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

28

A tecnologia de aspersão térmica é atualmente um dos processos mais útil e

efetivo para proteção contra a corrosão, sendo bastante utilizado principalmente nas

indústrias de petróleo, de alimentos e de infra-estrutura. Diversos materiais são

usados para proteção contra a corrosão, aplicados pelo processo de aspersão

térmica, como zinco, alumínio, aços inoxidáveis, bronze, ligas duras, carbonetos e

cerâmicas, além de alguns polímeros. Zinco e alumínio têm sido aplicados desde

algumas décadas como proteção de aço estrutural em pontes e estruturas similares.

A aspersão de grandes áreas, para ser econômica, requer altas taxas de aplicação,

processos de alta eficiência de depósito, tais como combustão a chama e o arco

elétrico (LIMA& TREVISAN, 2001), vale considerar particularmente que no processo

a chama os revestimentos podem ser aplicados com maior facilidade a um baixo

custo (Advanced Mat..., 1992).

Na proteção contra a corrosão marinha por aspersão térmica, o Zn e Al são

os materiais mais utilizados, fornecendo um revestimento tipo barreira, bem como

um revestimento anódico de sacrifício para proteger o substrato de aço exposto, em

ambiente salino. O Zn permanece mais ativo e fornece melhor proteção catódica que

o Al, entretanto, apresenta vida de atuação mais curta quando imerso em água do

mar ou na zona de maré em relação ao menos ativo Al (CSA STANDARD, 1966;

KLINGE & ROADS, 1976; SULIT et al., 1981; COOPER & VARDON, 1985;

POPOVICH et al., 1991; VARACALLE et al., 1998). Revestimentos de Al-Zn são de

grande interesse para proteção contra a corrosão atmosférica, industrial ou marinha

(PALMA et al, 1998; WALLINDER; 1999; PANOSSIAN, 2002).

Segundo Hollingsworth e Husicker (1987) quando o alumínio está ligado a

pequenas quantidades de Zn e Mg o seu potencial de corrosão tende a aumentar

(mais ativo) conferindo ao revestimento uma melhor proteção catódica ao aço.

Entre o aquecimento das partículas na pistola e sua deposição no substrato,

dependendo do seu grau de fusão e da velocidade de resfriamento, pode ocorrer

diferentes intensidades de oxidação e ativação térmica. A oxidação é geralmente

considerada prejudicial para a maioria dos materiais aspergidos, pois prejudica a

coesão entre as lamelas, a aderência ao substrato, e conseqüentemente a

deterioração da proteção contra a corrosão (FREIRE, 2002). Contrário a isso

Paredes (1998) indica que, no caso do alumínio aspergido utilizado para proteger o

aço, mais importante que o teor de óxido é o tipo de óxido formado no processo.

Entende-se este fator como sendo o mais responsável pela proteção oferecida ao

Page 42: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

29

aço. Este fato está relacionado ao teor de óxido encontrado nos processos a chama

(HVOF e FS), em torno de 7,7% (p/p) e 1,3% (p/p), respectivamente e tiveram um

melhor desempenho no ensaio de névoa salina, até 1.000 horas de ensaio, em

relação ao processo de arco elétrico que teve um teor de óxido em torno de 6,8%

(p/p).

Dependendo da finalidade do revestimento pode se fazer uso de algumas

opções de gases de transporte no processo de aspersão. Normalmente utiliza-se o

ar comprimido, pois é o gás mais barato, no entanto podem-se utilizar gases que

diminuam a oxidação no revestimento, entre eles nitrogênio e/ou argônio (KREPSKI,

1993; van den BERGE, 1998; GIBBONS & WINPENNY, 2000).

De um modo geral, considera-se as propriedades do revestimento dos

materiais aspergidos como sendo mais duros e mais resistentes ao desgaste do que

as ligas moldadas ou feitas do mesmo material. Isto é devido à presença dos óxidos

finos, e a uma combinação de endurecimento pelo resfriamento rápido das partículas

aspergidas com o impacto sob o substrato. Resfriar-se de maneira rápida ajuda no

endurecimento, pela formação de formas metaestáveis e a formação de grãos finos

dentro da partícula (DORFMAN, 2002a).

Além disso, as propriedades do revestimento tais como a porosidade e a força

da ligação são tipicamente anisotrópicas, significando que podem variar dependendo

do sentido. Por exemplo, o crescimento do grão varia dentro de cada partícula e é

baseado no sentido do resfriamento da panqueca.

A porosidade é encontrada em todos os revestimentos, principalmente por

causa das aberturas de ar entre as partículas aspergidas. Tipicamente, os

revestimentos obtidos por aspersão térmica são 80 a 99 vol% tão densos quanto

ligas moldadas ou feitas do mesmo material. A quantidade de porosidade em um

dado revestimento é uma função do processo de aspersão, do tamanho material, do

método de manufatura, do pó, e dos parâmetros de aspersão. Algumas aplicações

requerem que a porosidade esteja projetada no sistema revestido, quando em outras

aplicações requerem que nenhuma porosidade esteja presente. Por exemplo, a

porosidade é benéfica nos revestimentos por barreira térmica (TBC) (van den

BERGE, 1998; DORFMAN, 2002a). Aqui, quando os níveis da porosidade de 5-15%

vol são elevados para 15-25% vol, o resultado é uma redução na condutividade

térmica, e transferência de calor fica reduzida à carcaça (DORFMAN, 2002a). Shaw

Page 43: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

30

e Moran (1985) encontraram um nível de porosidade de 5% a 15% vol em

revestimentos de alumínio obtidos pelos processos a chama e a arco elétrico.

No passado, tratamentos tais como a selagem, fusão de ligas, ou cladding por

laser etc., eram os únicos métodos para reduzir a porosidade. Hoje, com a

otimização dos injetores nas pistolas de AT permitem velocidades de transferências

mais altas e assim aumentando a energia cinética da partícula. De fato, as

velocidades da partícula estão se aproximando de 400 m/s a 800 m/s, comparados

com os processos mais antigos da "combustão" em que a velocidade da partícula

alcançavam somente 40 m/s a 100 m/s. O resultado é uma escala mais larga de

aplicações possíveis (DORFMAN, 2002a).

Segundo Zimmermann & Kreye (1997), a formação de óxidos está

relacionada com a atmosfera pela qual são transferidas e depositadas as partículas

fundidas ou superaquecidas no bico das pistolas de cada processo de aspersão

térmica.

As principais fontes de oxidação esquematizadas na figura 6 e sendo

identificadas como:

- o gás de transporte (mecanismo 1), geralmente ar comprimido (FS, ASP).

Há a reação entre a partícula e oxigênio ou elementos oxidantes presentes nos

gases expelidos pela pistola.

- o ar do meio ambiente ( mecanismo 2) que envolve a zona de transferência

das partículas devido ao fluxo turbulento dos gases

- e por último temos as partículas e/ou camadas já ancoradas ao substrato

(mecanismo 3) e que ficam expostas ao ar do meio ambiente após deslocamento da

pistola.

A oxidação pelos mecanismos 1 e 2 é considerada segundo Zimmerman

(1997) como sendo o tempo em que a partícula leva até atingir o substrato e sendo

~ 1 ms, pelo mecanismo 3 o tempo para oxidação considerada em torno de 1 s.

Segundo dados da literatura (KRIENBUEHL & WIDMER, 1974; GRASME,

1990) a proteção contra a corrosão, em especial para atmosferas marinhas, é

beneficiada pela presença de conteúdos de óxidos na faixa de 2,5% a 3,0% no

processo ASP, embutidos na camada e os formados na superfície da camada de Al.

Além disso, segundo os autores Kreienbuehl e Widmer (1974) e Grasme (1990)

estes níveis de óxidos não prejudicam a aderência, mesmo utilizando o grau de

limpeza Sa 2,5 da superfície a ser aluminizada.

Page 44: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

31

Figura 6 . Esquema das fontes de oxidação na AT.

As principais diferenças nos processos a chama e a arco elétrico estão

relacionadas na tabela 3 (PAREDES, 1998; LIMA & TREVISAN, 2001), essas

diferenças citadas, podem estar relacionadas ao processo de oxidação em estudo.

Tabela 3 . Diferenças relevantes nos processos de AT em estudo.

Característica Processo

Chama Arco Elétrico

Temperatura na fonte de calor 3.000ºC *

(*acetileno,oxigênio)

4.000ºC – 6.000ºC

Temperatura ao atingir o substrato ~660ºC ~660ºC

Gases de transferência N2, CO, CO2, H2O N2, O2

Oxigênio livre ou disponível para

passivar

Pouco Muito

Temperatura imediatamente após

a aspersão no substrato (medida)

~160ºC

~200ºC

Velocidade de transferência

pistola/substrato

~ 150 / 180 m/s

~ 200 / 300 m/s

Page 45: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

32

A temperatura do substrato considerada na tabela 3 está baseado no fato de

que o material aspergido em forma de gotículas, no momento do impacto contenha

em seu interior alumínio líquido, ou seja, considera-se a temperatura de fusão do

alumínio de 660ºC.

Outras diferenças citadas são identificadas nas propriedades dos

revestimentos. Na aderência foram identificadas como sendo de 32 MPa para o

revestimento de alumínio depositado pelo processo a arco e de 20 MPa para o

processo a chama, na dureza as medidas foram de 41,1 HV 0,25 e de 61,2 HV 0,25

respectivamente para chama e arco elétrico. (PAREDES, 1998). Diferenças que

podem estar relacionadas ao processo de aspersão propriamente ou estar

relacionado com o comportamento dos óxidos gerados no processo de aspersão.

Os mecanismos de oxidação expostos anteriormente e esquematizados na

figura 6, podem ser relacionados com os dados contidos na tabela 3, especialmente

quanto a diferença na quantidade de oxigênio “disponível” entre os processos,

contido nos gases de transferência com as seguintes considerações.

A temperatura atingida na chama (processo FS) formada no bico da pistola

(tabela 3) permite considerar que o arame de alumínio, constituído por um núcleo de

alumínio puro envolto por filme de óxido de alumínio, é fundido e forma pequenas

partículas (gotículas). As partículas estão envoltas por uma concha sólida (óxido de

alumínio, temperatura de fusão 2046ºC), são transferidas e resfriadas até o

substrato por ar comprimido (N2, CO, CO2, H2O). A região de transferência dispõe de

umidade e pouco oxigênio livre, conseqüentemente, pode ocorrer a formação de um

óxido de alumínio hidratado. O óxido já ancorado no substrato, e exposto ao ar do

meio ambiente que, contém os mesmos constituintes do ar comprimido, porém com

maior umidade, permite que o óxido continue hidratando.

No processo a chama a atmosfera do ar comprimido apresenta o CO , o CO2

e a água, que segundo Breakspere (1970) que estudou a oxidação do alumínio em

várias atmosferas, entre eles os gases citados, concluiu que em todas essas

atmosferas existe a formação do óxido que é tão protetor quanto o filme óxido

formado em uma atmosfera contendo mais oxigênio isento de umidade.

No caso do processo por arco elétrico (ASP), que atinge temperaturas muito

mais elevadas (tabela 3) no arco, pode-se afirmar que o arame de alumínio funde e,

como o ar comprimido dissocia totalmente, ficando apenas N2 e O2 como gases de

transferência, a passivação instantânea ocorre com maior facilidade e a elevada

Page 46: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

33

temperatura, formado um óxido de alumínio não hidratado ou com pouca hidratação.

As partículas ancoradas no substrato como óxido de alumínio e expostas ao ar do

meio ambiente, e a umidade do ar poderia hidratar nos mesmas condições do

processo anterior, porém se houver a formação do mesmo óxido. O que resta seria

que este óxido em contato com o oxigênio do ar, poderia aumentar de espessura, o

que foi confirmado por (PAREDES, 1998), que identificou os teores de óxido de

alumínio de revestimentos de alumínio depositados pelo processo a arco elétrico

(6,8%) são maiores que os formados pelo processo a chama oxiacetilênica (1,3%).

Sobre os mecanismos/zonas de oxidação podemos entender que o gás de

transporte, mecanismo 1 seria o principal meio de oxidação/pasivação, sobretudo na

fonte de calor (bico da chama, arco elétrico), o que não é confirmado por BALLARD

(1963), onde afirma que a maior parte da oxidação dos depósitos ocorreria sobre a

superfície revestida, isto é o mecanismo 3.

Outras diferenças que podemos citar entre os processos é na microestrutura,

que as “panquecas” são mais espessas, mais homogêneas e apresentam menor

molhabilidade no processo a chama, do que no arco elétrico. Estas diferenças foram

contatadas por Paredes (1998) e citadas por Lima e Trevisan (2001) e estão

apresentadas na figura 7.

a)Processo a chama (FS), 100x b)Processo a arco elétrico (ASP), 100x

Figura 7. Microestrutura de camadas de Al depositadas por AT.

No processo de aspersão pode utilizar-se do pré- aquecimento do substrato.

Experiências demonstram que pré-aquecer o metal de base melhora a adesão do

revestimento. Em alguns casos ele pode retardar o resfriamento das partículas e

melhorar o contato substrato/partícula e promover ligação metalúrgica/química.

Page 47: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

34

Entretanto temperatura alta por um longo tempo pode resultar em espessamento das

camadas óxidas. Na prática sugere-se que as superfícies sejam aquecidas entre

80ºC e 120ºC (LIMA & TREVISAN, 2001).

Diante do exposto na literatura existe uma falta de estudos que relacionem o

processo de aspersão, conforme a fonte de calor utilizada, ou seja processo por

combustão ou por arco elétrico com a formação do óxido de alumínio durante o

processo de aspersão. Cabe ainda esclarecer de que maneira a formação desse

óxido está relacionada com o desempenho do revestimento de alumínio a um

processo de corrosão.

Page 48: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

35

4. METODOLOGIA

4.1 Introdução

Dentre as várias tecnologias atuais utilizadas para proteger aços contra a

corrosão marinha, a aspersão térmica tem-se mostrado como uma alternativa

bastante atrativa tecnicamente pelas muitas vantagens oferecidas pelo processo,

principalmente quanto às atividades de manutenção e reparo. Porém se tem

estudado muito pouco sobre as propriedades dos revestimentos com relação aos

mecanismos de oxidação envolvidos no processo de aspersão, bem como o

comportamento dos revestimentos quando depositados pelos processos de

aspersão térmica a chama oxiacetilênica e a arco elétrico utilizando equipamentos

de última geração.

Para contribuir para o estudo da identificação e caracterização das diferenças

de comportamento dos óxidos de alumínio formados durante a deposição de

alumínio sobre estruturas de aço, através dos processos de aspersão térmica a

chama oxiacetilênica e a arco elétrico, a pesquisa proposta abrange as seguintes

atividades:

a) identificação e caracterização das diferenças entre os revestimentos de

alumínio depositados pelos processos a chama e a arco elétrico. Relacionar os

diferentes óxidos formados com as diferentes fontes de calor das pistolas de

aspersão;

b) caracterizar e correlacionar os mecanismos de oxidação do alumínio no

processo de aspersão térmica utilizando-se de outros gases de transporte como

argônio (Ar) e nitrogênio (N), e comparar com o ar comprimido;

c) avaliar as diferenças do comportamento eletroquímico do metal base e dos

revestimentos de alumínio depositados por aspersão térmica em meio salino e com

o meio de bicarbonato de sódio.

A avaliação do comportamento, frente a um processo corrosivo, dos óxidos de

alumínio foi realizada através dos ensaios eletroquímicos de polarização

potenciodinâmica anódica em meio de NaCl 3,5% e meio de NaHCO3 0,75 mol/L, o

qual simula a corrosão atmosférica. Para simular a atmosfera marinha utilizaremos

o ensaio de névoa salina.

Page 49: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

36

Ensaios de caracterização dos revestimentos utilizando técnicas de difração

de Raios X, ESCA e MEV foram utilizadas para caracterizar e identificar as

diferenças nos óxidos presentes nos revestimentos.

Para estudar os mecanismos de formação de óxidos foram utilizados

diferentes gases de transporte no processo de aspersão, como argônio, nitrogênio e

comparados com, o gás tradicional, ar comprimido.

4.2 Materiais e métodos

Parâmetros utilizados nos processos de aspersão

Os parâmetros de controle e os níveis utilizados nos processos de aspersão

são indicados nas tabelas apresentadas a seguir. Na tabela 4 e 5 estão representados

os parâmetros do processo a chama e a arco elétrico respectivamente.

Os procedimentos de Aspersão Térmica para a deposição do Alumínio foram

realizadas no laboratório de aspersão térmica (LABAT) do Departamento de

Engenharia Mecânica da Universidade Federal do Paraná .

Tabela 4. Deposição pelo processo a chama oxiacetilênica - FS.

Condição

Amostra sem pré-aquecimento

(FSSP) Amostra com

pré- aquecimento (FSCP)

Matéria prima Arame Arame

Pré-aquecimento - 120 oC

Distância

pistola-substrato

100/300 mm 100/300 mm

Fluxo oxigênio [40] FRM [50] FRM

Fluxo acetileno [35] FRM [45] FRM

Pressão

Ar comprimido

0,55 MPa 6,8 MPa

Fluxo ar comprimido [50] [70]

FRM = Escala de medida de referência estabelecida pelo fabricante de fluxômetro.

Page 50: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

37

Tabela 5. Deposição pelo processo a arco elétrico - ASP.

Condição

Amostra sem pré-aquecimento

(ASPSP)

Amostra com pré-aquecimento

(ASPCP) Distância pistola-

substrato

100/300 mm 100/300 mm

Pressão ar primário 0,55 MPa 0,55 MPa

Pressão ar secundário 0,55 MPa 0,55 MPa

Voltagem 32 V 40 V

Corrente 160 A 160 A

Grau de limpeza Sa 3 Sa3

Pré-aquecimento Temperatura ambiente 120 oC

Materiais, pistolas de aspersão térmica e preparo da superfície.

Materiais:

- Aço = chapa de aço ASTM 283 grau C

- Abrasivo óxido de alumínio branco = granulometria 30 Alundum 38 A .

- Jateamento por pressão = pressão 6,8 MPa, distância 100 mm.

- Consumível para aluminização = arame de Al ∅ 3,2 mm METCO MAL-12.

Pistolas de Aspersão Térmica :

- Processo a chama oxiacetilênica - FS : Pistola METCO 14E.

- Processo a arco elétrico : METCO 300E.

Preparo da Superfície Para a realização das atividades de limpeza e obtenção da rugosidade

superficial foi selecionado o jateamento abrasivo com óxido de Al branco (MANUAL

del ...,1995).

O grau de limpeza Sa3 foi obtido por comparação com os padrões de qualidade

superficial publicados na norma NACE RM 01 70 (1970).

Quanto temperatura de pré-aquecimento foi considerada a norma AWS

C2.18/93 (USA, 1993), que sugere a utilização de 120ºC como temperatura de pré-

aquecimento quando depositado alumínio.

Page 51: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

38

As condições ambientais e especificação da qualidade do ar comprimido

utilizadas durante o jateamento e AT foram avaliadas segundo norma da Petrobrás - N-

2568 (CONTEC, 1995). Nos corpos de provas revestidos foram medidas a espessura da camada depositada e para qualificação foi realizado o ensaio de

aderência por dobramento, seguindo as normas MILITARY STANDARD (1992) e CONTEC (1995).

Seguindo a literatura e normas existentes, utilizou-se para os ensaios de

corrosão, como névoa salina e polarização anódica, camadas de Al com espessuras

nominais de ~250µm, valor amplamente citado como suficiente para evitar a

porosidade passante (MILITARY STANDARD, 1992).

Na tabela 6 está contido o número de corpos de prova utilizados para os

ensaios propostos.

Tabela 6 . Número de corpos de prova utilizado para os ensaios.

Processo Dobramento Ensaio eletroquímico

Ensaio de névoa salina

Ensaio ESCA Análise

MEV

Chama (FS)

4

4

4

1

2

Arco elétrico

(ASP)

4

8

3

1

6

4.3 Ensaios para caracterizar diferenças, identificar os óxidos presentes na

superfície dos revestimentos e desempenho frente à corrosão.

Análise do ESCA

Com o objetivo de identificar diferenças nos revestimentos depositados nas

condições estabelecidas, estes foram submetidos à análise do ESCA. Em sistemas

com um ou mais componentes, a composição superficial pode diferir bastante da

composição da massa (bulk) já que os componentes de menor energia superficial

tendem a migrar para a superfície, de forma a minimizar a energia livre do sistema

(PERTSIN, et al., 1992). Na formação do óxido, o metal “cede” elétrons de valência ao

oxigênio. O potencial efetivo experimentado pelos elétrons aumenta e,

Page 52: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

39

conseqüentemente, o mesmo acontece com sua energia de ligação (CASTRO et al.,

19--). De acordo com Strohmeier (1990) o pico em torno de 71,8 eV é característico

para o alumínio metal e 74,8 eV para o alumínio quimicamente ligado, que pode ser

um hidróxido ou óxido.

Para identificar essas diferenças as amostras de arco e chama com pré-

aquecimento, conforme descritas anteriormente, foram submetidas ao ensaio. Por

entender que a diferença maior está nos processos optou-se por utilizar apenas as

amostras com pré-aquecimento.

Os revestimentos foram depositados em chapas de aço de aproximadamente

1 mm de espessura. Área de análise foi em torno de 1 cm2.

Análise através de MEV (Microscopia eletrônica de varredura)

Para identificar as características da morfologia dos revestimentos aspergidos

por pelo processo a chama e a arco será utilizado o MEV, associado ao EDX, para

caracterizar os elementos presentes.

O preparo das amostras após o processo de aspersão correspondente para

análise transversal das amostras, após o corte foram embutidas em baquelite,

realizado lixamento até lixa nº 1000 e polimento com pasta de óxido de alumínio de

6 µm e 3µm e submetidas ao ataque químico.

Ataque químico: reagente solução de 0,5 a 1% de HF (40%) por

aproximadamente 15 segundos à temperatura ambiente.

Para todas as morfologias com vista superior não sofreram nenhum ataque

químico.

Análise através de Microscopia Ótica (MO)

O revestimento submetido à MO foi embutido conforme metodologia anterior e

também sofreu a mesma preparação descrita acima (o mesmo ataque químico descrito

anteriormente).

Análise através de difração de Raios X

No sentido de identificar os compostos na superfície dos revestimentos adotou-

se a técnica de difração de Raios X, para análise da superfície dos revestimentos antes

e após o ensaio de névoa salina.

Page 53: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

40

Foram submetidos aos Raios X os corpos de prova revestidos por chama com

pré-aquecimento (CP-05, referência tabela 10) e arco com pré-aquecimento (CP-06,

referência tabela 10) antes e após o ensaio de névoa salina, depois de 4.000 horas.

Ensaio de polarização potenciodinâmica anódica

Os ensaios eletroquímicos foram utilizados para comparar o comportamento

eletroquímico dos revestimentos depositados por aspersão térmica a chama e a

arco, a análise foi feita para:

- comparação entre os métodos de aspersão, ou seja, a chama e a arco

elétrico, utilizando dois meios de ensaio: salino, NaCl 3,5%, e de NaHCO3

0,75mol/L;

- comparação do comportamento eletroquímico em meio salino nos corpos de

prova depositados por arco elétrico (ASP) e utilizando como gás de transporte

argônio, nitrogênio e ar comprimido (normalmente utilizado). O intuito foi de avaliar o

efeito destes gases na passivação do alumínio;

- a comparação dos revestimentos foram realizadas em soluções aeradas,

para simular o que ocorre na prática.

Os ensaios potenciodinâmicos dos revestimentos em estudo foram conduzidos sem

agitação e a posição do eletrodo (ET) foi na horizontal.

As medidas foram obtidas fazendo-se primeiramente a polarização catódica, para

depois executar a polarização anódica, pois o ensaio catódico não provoca tanta perturbação

no sistema quanto à polarização anódica, quando o sistema é deslocado de sua condição

estacionária, ou seja no potencial de corrosão. Durante a polarização anódica, o revestimento

pode ser alterado pela interferência de uma passivação e/ou uma dissolução e possível

formação de pite, caso se desloque o potencial para valores muito positivos em relação ao

potencial de corrosão, na presença de cloretos.

Para melhor visualização e simplificação dos resultados a parte catódica do ensaio não

foi inserida nos gráficos para análise, partindo-se então do potencial de corrosão.

Procedimento do ensaio de polarização anódica:

Foram realizados ensaios potenciodinâmicos anódicos em células de teflon,

composta de um compartimento com entradas separadas para o eletrodo de

referência (ER) de calomelano saturado, uma para o contra-eletrodo (CE) de platina

Page 54: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

41

e o fundo da célula foi o eletrodo de trabalho (ET), utilizando-se para tal um

potenciostato MODEL 173 POTENCIOSTAT/GALVANOSTAT. Os mesmos foram

conduzidos em triplicata a uma taxa de varredura de 0,6 V/h (0,2 mV/s) em

solução de 3,5% NaCl mantida a uma temperatura de 30°C. O procedimento

de polarização foi iniciado após 30 minutos de imersão do corpo de prova (cp).

Durante este período foi monitorado o potencial de corrosão (Eco r) em relação a um

eletrodo de referência de calomelano saturado (ECS). Para aqueles cps que se

mantiveram passivos, inicialmente preservados ao longo do processo de polarização

anódica, imposto pelo potenciostato, determinou-se a densidade de corrente de

passivação (ipas). Procurou-se também determinar, quando possível, parâmetros de

interesse como o potencial de pite (Ep), o qual, segundo alguns autores, representa

a tendência do material em vir a sofrer este tipo de corrosão localizada (GALVELE et

al., 1990). Quanto maior o valor de Ep menor a susceptibilidade do material a esta

forma de ataque.

Para efeito comparativo foram ensaiados o substrato de aço, bem como o

arame de Al utilizado nos processos FS e ASP, para o arame optou-se por embutir e

trabalhar com mais uma entrada na célula eletroquímica.

Análise através de ensaio de névoa salina

Esse ensaio de corrosão acelerada onde os cps são expostos em uma câmara

a uma névoa salina, simulando uma atmosfera marinha, seguiu as condições

estabelecidas na norma ASTM B 117/90 (1990) .

Este ensaio realizado com o objetivo de avaliarmos comparativamente o

desempenho das camadas de alumínio depositadas pelos dois processos: aspersão

por chama (FS) e arco elétrico (ASP). O ensaio foi realizado até 4.000 horas de

acordo com o procedimento adotado da literatura (ARSENAULT, et al. 1989). A

análise metalográfica foi realizada em 1.000 horas e em 4.000 horas de ensaio.

Procedimento do ensaio de névoa salina:

Preparo da solução: cloreto de sódio - NaCl em água destilada à

concentração de 50 g/l, pH entre 6,7 e 7,2 e temperatura de 35 ± 2 oC. Esta solução

é aquecida no próprio reservatório da câmara e, através de sucção por meio de ar

comprimido, atravessa um bico pulverizador dando origem à névoa salina.

Posicionamento dos cps: as faces a serem avaliadas são posicionadas em

um ângulo de aproximadamente 30o com a vertical.

Page 55: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

42

Avaliação final: é feita com a norma específica para os revestimentos em

ensaio e registro fotográfico de todos os cps , em 1.000 horas e 4.000 horas.

Para avaliar o comportamento anódico do alumínio quando depositado para

resistir contra a corrosão marinha foram preparados cps revestidos pelos dois

processos de aspersão em estudo com área exposta (risco realizado por usinagem

de aproximadamente 5 mm de espessura e 2 mm de profundidade, equivalente a

5,3% do total da área revestida), como observado na figura 8. Dessa maneira pode-

se analisar o efeito de proteção catódica atribuído ao alumínio, no qual foram

ensaiados corpos de prova com regiões do aço não-protegidas com alumínio. ↓*Para os ensaios eletroquímicos e de névoa salina foram utilizadas chapas

ASTM 283 grau C de dimensões 120 mm x 50 mm x 9,6 mm e 100 mm x 50 mm x

9,6 mm respectivamente.

Figura 8 . Corpo de prova submetido ao ensaio de névoa salina com

exposição do substrato.

↓* Posição do corpo de prova na câmara de névoa salina

10 mm

↓*

Page 56: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

43

5. RESULTADOS

5.1 Caracterização e pré-qualificação dos revestimentos de alumínio.

Aderência Os revestimentos foram caracterizados em relação a aderência, através do

ensaio por dobramento conforme a norma MILITARY STANDARD 2138-A e os

resultados podem ser resumidos da seguinte forma: a superfície de todos os

revestimentos depositados por chama e arco elétrico com e sem pré-aquecimento

apresentou aspecto contendo micro trincas superficiais ou sem trincas o que

caracteriza, segundo a norma a condição IDEAL.

Os corpos de prova que não apresentaram esta condição foram descartados

e outros foram preparados para seguir para os ensaios propostos.

Espessura

Os revestimentos depositados por AT variaram a espessura entre 174,2 µm

até 334,3 µm, para os ensaio de névoa salina .

Na análise da morfologia dos revestimentos em que se utilizou apenas uma

só passada os revestimentos apresentaram espessuras entre 121,1 µm até

150,7 µm.

Nos ensaios eletroquímicos a espessura utilizada foi em torno de 250 µm

recomendada pela literatura para evitar a porosidade passante.

5.2 Análise por ESCA

A análise através do ESCA está apresentada nas figuras 9 a 11. Pode-se

verificar pelos gráficos contidos na figura 9 a presença de picos em torno de 74,5 eV

o qual é característico do óxido ou hidróxido de alumínio, e de 71,8 eV que

representa o alumínio metal (STROHMEIER, 1990; OLEFJORD et al., 1990;

MARCUS et al, 1993; McCAFFERTY & WIGHTAM, 1998; ROTOLE & SHERWOOD,

1999), esse fenômeno está bem caracterizado nos espectros obtidos para os

processos de chama e arco elétrico com pré-aquecimento do substrato.

A análise apresentada na figura 9a e 9b consiste em uma análise do perfil

(análise em diferentes espessuras) do revestimento. Esta diminuição da espessura é

Page 57: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

44

realizada através de um bombardeamento de elétrons (limpeza) sobre a amostra.

Nos gráficos apresentados estão representando regiões consideradas como uma

camada mais superficial (menor limpeza), isto é, mais distante do substrato e uma

camada mais interna (maior limpeza), ou seja, mais próxima ao substrato.

64 66 68 70 72 74 76 78 80 82 84 86

1k

2k

3k

4k

5k

6k

7k

8k

9k

10k

11k

12k

13k

14k

15k

16k

FS + sup FS + int

Uni

dade

s ar

bitr

ária

s

Binding energy (eV)

a) processo a chama com pré-aquecimento

64 66 68 70 72 74 76 78 80 82 84 861k

2k

3k

4k

5k

6k

7k

8k

9k ASP + sup ASP + int

Uni

dade

s ar

bitr

ária

s

B inding energy (eV)

b) processo a arco elétrico com pré-aquecimento

Figura 9 – Espectros do ESCA dos revestimentos de alumínio.

Page 58: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

45

Nos revestimentos analisados observa-se que a camada mais superficial

apresenta mais óxido ou hidróxido de alumínio, em relação a quantidade de alumínio

metal. Quando se analisa a camada mais interna do revestimento observa-se o

contrário, ou seja, há mais alumínio metal que óxido ou hidróxido.

Na figura 10 está representado a relação percentual do alumínio metal e do

alumínio ligado com processos analisados, em relação a espessura do revestimento,

representado pelo tempo de limpeza.

0 20 40 60 80 100 12010

20

30

40

50

60

70

80

Al+3

Al0

at%

Tempo de Limpeza (Min)

a) Processo a chama com pré-aquecimento

Page 59: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

46

0 20 40 60 80 100 12010

20

30

40

50

60

70

80

Al+3

Al0

at%

Tempo de Limpeza (Min)

b)Processo a arco elétrico com pré-aquecimento

Figura 10 – Relação percentual do alumínio metal e alumínio ligado.

Quando se compara o processo a chama (FS) com o processo a arco (ASP)

contido na figura 10 pode-se notar que o alumínio na forma ligada, como óxido ou

hidróxido, persiste por mais tempo no processo a arco que no processo a chama.

Considerando um determinado ponto, por exemplo, 50% de cada alumínio, ligado e o

alumínio metal, o processo a arco apresenta esta condição de análise em ~105

minutos de limpeza. O mesmo ponto de análise no processo a chama, apresenta-se

em ~ 40 minutos de limpeza. Isto pode ser interpretado de duas maneiras: a mais

simples é relacionar com a espessura do óxido, considerando que a camada de óxido

pode ser mais espessa no processo a arco que no processo a chama. Esta explicação

está de acordo com o fato de que no arco elétrico há mais oxigênio livre e a

temperatura no arco é maior que no processo na chama onde há menos oxigênio para

reagir. Isto facilita o seu crescimento, resultando em geração de mais óxido. Sabe-se

que no processo a arco o teor de óxido é maior, fato constatado por Paredes (1998).

Page 60: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

47

Uma análise mais complexa pode levar em consideração que as superfícies

analisadas são formadas por óxidos diferentes os quais podem oferecer uma maior ou

menor resistência à limpeza. Relacionando este fato com a dureza o revestimento

depositado por arco possui uma dureza superior ao processo a chama (PAREDES,

1998).

Conforme Strohmeier (1990) o óxido ou hidróxido de alumínio não podem ser

facilmente distinguidos através da energia do orbital 2p sozinho, o qual foi analisado.

Sabe-se que as superfícies do alumínio que foram expostos às circunstâncias

ambientais sofrem sempre uma hidratação a alguma extensão, o que pôde ser

identificado na figura 10.

Na figura 11 são apresentados a relação percentual de Al+3, Al0 e O, em

relação à espessura (perfil) representada pelo tempo de limpeza.

0 20 40 60 80 100 120

10

20

30

40

50

60

O

Al+3

Al0

at%

Tempo de Sputtering (Min)

a) Processo a chama com pré-aquecimento

Page 61: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

48

0 20 40 60 80 100 120

10

20

30

40

50

60

O

Al+3

Al0

at%

Tempo de Sputtering (Min)

b)Processo a arco elétrico com pré-aquecimento

Figura 11 – Relação percentual do alumínio metal, alumínio ligado e oxigênio.

Comparando os processos a chama com o arco, na figura 11, identifica-se

duas regiões bastante distintas. A região superficial de 0 min a 30 min, como sendo

uma região do revestimento que sofre uma interação com o meio ambiente e pode

sofrer alguma hidratação, ou uma oxidação superficial, o que resulta em um

aumento da relação de O e Al+3. Nesta região o comportamento dos processos é

semelhante, onde se observa que há mais óxido/hidróxido que o alumínio metal.

Esta hidratação já foi comentada por vários autores como Reboult & Waener (1997),

Drazic et al., (1999) e no Manual del alumínio (1959).

Uma segunda região pode ser identificada após 30 minutos. O processo a

chama apresenta uma tendência maior a diminuição do teor de oxigênio em relação

ao processo de arco. Este fato novamente pode estar relacionado com o teor de

óxido, já mencionado anteriormente.

Outra característica observada nesta região é que no processo a chama

aparentemente a relação O e Al+3 ainda não se estabilizou, comportamento contrário

ao processo a arco.

Concentrando-se na região identificada, após um tempo de limpeza de

aproximadamente 40 minutos, como a que possui o óxido formado no processo de

Page 62: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

49

aspersão, sem a interação com o meio ambiente após a aspersão, faz-se uma

análise entre os processos. Como já mencionado anteriormente o processo a arco

devido a temperatura atingida no arco aparentemente se reflete numa formação de

um óxido menos hidratado que o óxido formado na chama, que possui menor

temperatura e uma atmosfera contendo maior umidade. O que poderia explicar a

tendência de estabilização desta região se comparado com a mesma região só que

no processo a chama.

Segundo a figura 11a observa-se que a 40min de limpeza, é iniciada a faixa

de preservação do Al ligado, até 60 min, onde é iniciado somente a limpeza do Al

metal. Na figura 11b também a faixa é iniciada aproximadamente em 40 min de

limpeza , sendo que junto a 100 min de limpeza ainda se preserva o Al ligado.

Isto confirma que estamos em presença de um Al ligado de maior espessura

e possivelmente também um composto de alumínio com estrutura diferente.

5.3 Análise por Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

A morfologia dos revestimentos de alumínio analisadas através da

Microscopia Eletrônica de Varredura serão apresentadas neste item e será dividida,

conforme o disposto a seguir:

5.3.1 Comparação da morfologia dos revestimentos de alumínio depositados

pelos processos a chama e a arco elétrico.

5.3.2 Comparação da morfologia dos revestimentos de alumínio depositado

pelo processo a arco elétrico, utilizando ar comprimido, argônio e nitrogênio como

gás de transporte.

5.3.1 Comparação da morfologia dos revestimentos de alumínio depositados

pelos processos a chama e a arco elétrico.

Page 63: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

50

A morfologia dos revestimentos de alumínio depositados pelos processo a

chama com pré-aquecimento e a arco elétrico sem pré-aquecimento podem ser

visualizadas na figura 12.

Analisando a figura 12 pode-se notar que a superfície do processo a arco

forma uma superfície mais lisa, condizente com o processo que possui maior

velocidade no impacto e maior temperatura gerando com isso maior molhabilidade

que no processo a chama.

Estudos de Dykhuizen (1994) indicam melhor molhamento das partículas no

momento do impacto, quando a temperatura é maior no substrato. Vale lembrar que

o ensaio apresentado na figura 12 foi realizado em uma pistola mais moderna, em

que a principal alteração está na velocidade de deposição da partícula.

Outra condição apresentada na figura 12 é que foi realizada apenas uma só

passada, para estudar o impacto das partículas na superfície. Estas diferenças

podem ser visualizada comparando a figura 12 com a figura 13 onde para o mesmo

processo há menos salpicos. A medida em que depositamos mais camadas o

gradiente térmico entre a partícula a ser depositada e o substrato tende a diminuir e

como conseqüência haverá menos salpicos. Esses salpicos, por ocasião do impacto

das gotículas quentes no substrato rompem e somam a formação de mais óxidos.

a) ASP –s/p 500x b) FS –c/p 500x

Page 64: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

51

c) ASP –s/p 1000x d) FS –c/p 1000x

Figura 12. Morfologia das panquecas depositadas por arco elétrico (ASP) e a

chama (FS).

a) Arco elétrico (ASP), 200x b) Chama (FS), 200x

Figura 13. Processo arco elétrico e processo a chama (Paredes,1998).

Pode-se ainda identificar que no processo a chama temos que a textura das panquecas com menor deformação gerando lamelas mais grossas, de acordo com Lima e Trevisan (2001).

5.3.2 Comparação da morfologia dos revestimentos de alumínio depositado

pelo processo a arco elétrico, utilizando ar comprimido, argônio e nitrogênio como

gás de transporte.

A morfologia dos revestimentos de alumínio foi analisada por Microscopia

Eletrônica de Varredura (MEV) e serão apresentadas em vista superior e transversal

dos revestimentos.

O intuito desta análise é o de propor a existência de outro mecanismo de

oxidação, além dos citados na revisão (item 3.6, pág. 31), considerado na fonte de

calor do processo de aspersão por arco elétrico.

Page 65: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

52

Revestimentos depositados por arco elétrico com vista superior

Nas figuras 14 e 15 tem-se a morfologia dos revestimentos depositados por

AT, por arco elétrico (ASP) utilizando como gás de transferência o ar comprimido,

argônio e o nitrogênio. Condições sem e com pré-aquecimento do substrato.

Esses revestimentos foram depositados em uma só passada “uma camada”,

para identificar a morfologia da primeira camada do revestimento depositado.

Quando temos a aspersão pelo processo ASP, temos uma condição de

elevada temperatura, em torno de 6.000ºC (arco elétrico), sendo que o alumínio é

fundido e imediatamente resfriado através do gás de transporte e finalmente no

revestimento depositado no substrato de aço. Mesmo havendo este resfriamento, o

alumínio atinge o substrato com um grande gradiente de temperatura, gradiente

este, entre o alumínio projetado e o substrato.

No caso que se utiliza o ar comprimido, como gás de transferência ou

projeção, tem-se a formação do óxido de alumínio na condição de elevada

temperatura. Este óxido envolve o alumínio líquido, como uma concha, que, no

momento do impacto deverá romper-se e liberar alumínio líquido sob o substrato.

Esse alumínio gerará mais óxido pelo contato com o ar (oxigênio) ambiente. Neste

caso há geração de mais óxidos nesta condição de aspersão a qual tende a diminuir

em função de aspersão de mais camadas, as quais já encontrarão um substrato

mais aquecido que a condição anterior.

Page 66: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

53

a) ASP s/p – Ar comprimido 100x b) ASP c/p – Ar comprimido 100x

c) ASP s/p – Nitrogênio 100x d) ASP c/p – Nitrogênio 100x

e) ASP s/p – Argônio 100x f) ASP c/p – Argônio 100x

Figura 14. Morfologia dos revestimentos, depositados por arco elétrico (ASP),

utilizando diferentes gases para transferência,100x.

Page 67: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

54

a)ASP s/p – Ar comprimido – 500x b) ASP c/p – Ar comprimido – 500x

b) ASP s/p – Nitrogênio – 500x d) ASP c/p – Nitrogênio – 500x

e) ASP s/p – Argônio – 500x f) ASP c/p – Argônio – 500x Figura 15. Morfologia dos revestimentos, depositados por arco elétrico (ASP),

utilizando diferentes gases para transferência,500x.

Através das morfologias apresentadas nas figuras 14 a 15 pode-se identificar

que há mais óxido formado por salpicos no processo com argônio, seguido pelo

processo com nitrogênio e por último o com ar comprimido. Essa identificação pode

ser feita através das áreas mais claras.

No processo com ar comprimido, a formação do óxido segue o raciocínio

anterior, porém vale ressaltar que temos a formação do óxido em maior quantidade

Page 68: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

55

no arco (mecanismo proposto) além dos mecanismos 1,2 e 3, salientando que o 3 é

através do contato do revestimento, já ancorado ao substrato, com o ar ambiente.

No processo com o nitrogênio a condição se torna diferente da anterior em

dois aspectos, o primeiro a se destacar é que quando o alumínio passa através do

arco elétrico tem como único elemento para reagir de imediato o nitrogênio, que

possui uma afinidade menor de reação do que com o oxigênio, logo neste

mecanismo de reação (proposto) formará o nitreto, como será discutido mais

adiante. Outro aspecto é que o nitreto formado não envolve o alumínio com uma

concha, como no caso do óxido, logo, quando encontra o substrato, esse material

aspergido tende a oferecer menor resistência a deformação e irá formar mais

salpicos que o anterior, esse alumínio então reagirá com o oxigênio do ar ambiente

após o deslocamento da pistola (mecanismo 3).

Na condição em que a aspersão utiliza argônio, quando o alumínio se funde

na passagem pelo arco não tem elemento disponível para que ocorra alguma

reação, uma vez que ele entra apenas em contato com o argônio que é um gás

inerte, então, tende a se resfriar pelo trajeto da projeção e a se aglomerar, até

encontrar o substrato e oferece então menos resistência à deformação, pois como

no caso do nitrogênio, não tem óxido envolvendo a massa de alumínio e tende a

gerar mais salpicos os quais serão oxidados pelo ar do meio ambiente. Motivo este

pelo qual identificamos que temos poucas panquecas e mais salpicos, se

comparados com os outros processos.

Considerando a condição de pré-aquecimento do substrato, sabe-se que o

pré-aquecimento do substrato confere ao material, no caso o alumínio, uma maior

molhabilidade que no processo sem pré-aquecimento, aparentemente gerando

panquecas maiores, ou seja, mais alongadas. Podemos correlacionar este fato,

considerando que o alumínio irá se resfriar mais rapidamente encontrando um

substrato com menor temperatura, e tenderá a fluir menos que no processo com o

substrato mais aquecido. Nas figuras 14 a 15 os processo com ar comprimido,

nitrogênio e argônio apresentam pouca diferença nas morfologias apresentadas nos

processos com e sem pré-aquecimento, o aspecto da superfície apresenta-se de

forma uniforme a distribuição de salpicos e panquecas.

Revestimentos depositados por arco elétrico utilizando ar comprimido - vista trans-

versal

Page 69: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

56

A morfologia do processo em corte transversal e com ataque químico,

conforme descrito no item 4.3 da metodologia é apresentado nas figuras 16 e 17

para o processo a arco elétrico (ASP) utilizando como gás de transporte o ar

comprimido. Esses revestimentos em corte transversal foram realizados com

espessura padrão em torno de 250µm.

Figura 16. Morfologia do processo a arco elétrico depositado com ar

comprimido, 500x.

A morfologia do revestimento de alumínio pelo processo de aspersão térmica

por arco elétrico, utilizando o ar comprimido já é uma morfologia descrita em literatu-ra

e caracteriza-se por apresentar lamelas mais finas e bem definidas e com maior teor

de óxido (PAREDES, 1999; LIMA e TREVISAN, 2001). No entanto esta análise foi

realizada com o intuito de verificar o aparecimento dos nitretos no revestimento, uma

vez que temos, em média um teor de 79% de nitrogênio no gás de transporte. Para

identificar os nitretos observa-se o surgimento de áreas esbranquiçadas ou o

Nitretos � � �

Page 70: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

57

aparecimento de filamentos que são característicos dos nitretos, conforme também

identificados descritos no processo que utilizou o nitrogênio como gás de transporte.

Na figura 17 pode-se identificar estas morfologias em maiores detalhes, utilizando um

aumento de 1000x.

Figura 17. Morfologia do processo a arco elétrico depositado com ar

comprimido, 1000x.

Foi realizada a análise química, por EDX em distintas regiões do revestimento,

indicando o seguinte resultado: região analisada e selecionada com características de

apresentação contendo poucos nitretos, partes esbranquiçadas ou sem filamentos. O

teor de Al foi de 83,293% e de O 16,707%. Indicando que nesta região o nitrogênio não

pôde ser identificado por estar em uma porcentagem muito inferior ao alumínio e ao

oxigênio. Quando a seleção da área de análise se concentrou em uma região com

áreas esbranquiçada e com filamentos, essa porcentagem ficou em 80,318% de Al,

� Nitretos � � � � ↓

Page 71: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

58

15,211% de O e 4,471% de N, já apresentando um teor de nitrogênio. Quando a

análise foi realizada sobre o filamento branco, característico do nitreto, resultou em

81,33% de Al, 12,357% de O e 6,313% de N.

Conforme houve a constatação do nitrogênio no revestimento há a formação de

nitretos e óxidos de alumínio, ressalta-se que a reação/oxidação está naquela região

da fonte, ou seja o arco elétrico, conforme já mencionado.

Revestimentos depositados por arco elétrico utilizando argônio - vista transversal

Nas figuras 18 a 20 temos a morfologia dos processos a arco elétrico

utilizando como gás de transferência o argônio. Condições sem e com pré-

aquecimento .

Figura 18. Morfologia do processo a arco elétrico depositado com argônio,

com pré-aquecimento do substrato, 500x.

Page 72: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

59

Através das figuras 18 e 20 pode-se identificar que há pouca oxidação

identificada pelo contorno das panquecas. No processo que utiliza o pré-

aquecimento, figura 18, há menos vazios e porosidade que no processo sem pré-

aquecimento, figura 19.

Figura 19. Morfologia do processo a arco elétrico depositado com argônio,

sem pré-aquecimento do substrato, 500x.

No processo com argônio não há o aparecimento das áreas esbranquiçadas

ou a formação dos filamentos, característicos da formação dos nitretos, conforme já

identificados no processo com ar comprimido e com nitrogênio. Essa constatação

pode ser verificada mais facilmente na figura 20 com um aumento de 2000x.

No processo com argônio constata-se que o mecanismo principal de reação

está relacionado a fonte de calor, motivo pelo qual a formação de óxidos e nitretos

são formados em condições muito diferentes do processo ASP com ar comprimido e

nitrogênio, onde há o aparecimento dos nitretos. Os mecanismos de oxidação (figura

6, pág. 31) 2 e 3 são mantidos e não tem influência no aparecimento de nitretos e de

filmes espessos.

Page 73: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

60

Figura 20. Morfologia do processo a arco elétrico depositado com argônio,

com pré-aquecimento do substrato, 2000x.

Com a utilização de um gás inerte no processo de aspersão constatamos que

o principal mecanismo de oxidação/reação no arco elétrico é a fonte de calor, pois

neste caso fica evidente que como nesta condição não há elemento para reagir com

o alumínio no arco, onde se tem a ocorrência das maiores temperaturas. A

reação/oxidação não ocorrerá neste ponto, apenas se inicia através do processo de

projeção, pela contaminação do gás por oxigênio do meio ambiente e no

revestimento já depositados após o deslocamento da pistola.

Na análise EDX para o processo com pré-aquecimento apresentou valores

um pouco superiores ao processo sem pré-aquecimento. Indicando que há menos

óxido no processo sem pré-aquecimento. O teor de 85,876% de Al e de 14,124% de

Page 74: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

61

O para o processo com pré-aquecimento e sem pré- aquecimento 94,672% de Al e

de 5,328% de O. Vale ressaltar que estes valores representam uma média relativo a

uma determinada área analisada, identificados os maiores picos é então realizada a

transformação em valores proporcionais em porcentagens.

Revestimentos depositados por arco elétrico utilizando nitrogênio -vista transversal

A morfologia do processo em corte transversal e com ataque químico, é

apresentada nas figuras 21 a 24 para o processo a arco elétrico (ASP) utilizando

como gás de transporte o nitrogênio.

Figura 21. Morfologia do processo a arco elétrico depositado com nitrogênio,

sem pré-aquecimento do substrato, 500x.

Na figura 21 pode ser observado o contorno das panquecas com pouco óxido,

em relação ao mesmo processo utilizando como gás de transporte o ar comprimido. O

óxido formado neste processo pode ser considerado o formado pelo ar do meio

ambiente em contato com o revestimento depositado após o deslocamento da pistola,

� Nitretos � � ↓

Page 75: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

62

segundo Zimmernan e Kreye (1997), mecanismo 3. Há o aparecimento dos nitretos na

forma de filamentos identificados nas regiões mais claras no revestimento. A formação

dos nitretos já foi comentada no processo com ar comprimido, no entanto aparecem

em maior quantidade no processo com o nitrogênio.

Aparentemente o pré-aquecimento tem influência na formação dos nitretos,

pois conforme se observa na figura 22 a formação na forma de filamentos é mais

evidente que no processo sem pré-aquecimento, figura 21. Isso pode estar

relacionado a molhabilidade, ou ao gradiente de temperatura que sendo menor no

processo com pré-aquecimento favorece a cinética de crescimento do nitreto na

forma de filamento.

Figura 22. Morfologia do processo a arco elétrico depositado com nitrogênio,

com pré-aquecimento do substrato, 500x.

Foi realizada a análise química dos componentes por EDX e, considerando uma

determinada área para análise, os valores encontrados para o processo sem e com

� ↓ Nitretos � ↓ ↓ � ↓ � ↓

Page 76: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

63

pré-aquecimento foram de 96,887% de Al e 3,113% de O; e de 96,311% de Al,

3,295% de O e 0,393% de N, respectivamente. Vale ressaltar que, estes valores foram

analisados em porcentagem e foi escolhida uma determinada área, neste caso, com

menor formação de nitretos, ou seja com menor concentração de áreas claras ou com

a presença dos filamentos. Logo com isso pode-se identificar que para as mesmas

condições de análise, em áreas equivalentes, no processo com pré-aquecimento

houve a identificação dos nitretos o que na análise sem pré-aquecimento não foi

possível quantificar, ou seja havia uma porcentagem muito pequena em relação a

detecção do aparelho.

Outra situação analisada foi procurando uma área com a formação dos nitretos,

especificamente num filamento, conforme aparece com evidência na figura 24. Para

cada processo analisado, sem e com pré-aquecimento os valores foram de 93,807%

de Al e de 6,193% de N e, 96,746 % Al e 3,254% de N, respectivamente. Embora

aparentemente o valor do nitrogênio apareça um pouco superior no processo sem pré-

aquecimento devemos apenas interpretar que as áreas escolhidas foram apenas os

filamentos, portanto a análise deve ser interpretada que há a formação dos nitretos em

ambos os processos. Vale lembrar que quando foi efetuada a análise em uma área

maior, ou seja com óxido, nitretos e alumínio, resultado comentado anteriormente,

para o processo sem pré-aquecimento não foi possível detectar o nitrogênio.

Na figura 22 tem-se bem caracterizado a formação dos nitretos em forma de

filamentos, conforme descrito em literatura. E nas figuras 23 e 24 os filamentos com

maior nitidez.

Com a formação dos nitretos constatamos novamente que o mecanismo

principal de reação/ oxidação é a fonte de calor, mais especificamente no arco

elétrico, para o processo ASP. Sendo importante ressaltar que segundo Ballard

(1963) seria o mecanismo 3 o mais importante, no entanto, para o processo ASP é

Page 77: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

64

no arco elétrico a maior influência, mecanismo não considerado pelos autores

citados.

Vale considerar que quando temos mais oxigênio disponível, como no

processo convencional, o que utiliza o ar comprimido como gás de transporte a

preferência do alumínio em reagir é, primeiramente com o oxigênio, no entanto

temos também a formação dos nitretos em menor proporção, conforme já

mencionado anteriormente.

Figura 23. Morfologia do processo a arco elétrico depositado com nitrogênio,

com pré-aquecimento do substrato, 1000x.

� ↓ Nitretos � � ↓ ↓ ↓ � ↓ ↓

Page 78: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

65

Figura 24. Morfologia do processo a arco elétrico depositado com nitrogênio,

com pré-aquecimento do substrato, 4000x.

Através dos resultados observados através do MEV obtidos dos

revestimentos depositados pelo processo a arco elétrico quando utilizado ar

comprimido, argônio e nitrogênio como gás de transporte, pode-se deduzir que a

reação do alumínio quando é fundido no arco elétrico é fundamental para permitir a

passivação e formação de óxido de alumínio. Esta reação foi estudada e comentada

acima, portanto, pode-se propor um quarto mecanismo de oxidação. Através da

figura 25 pode-se observar esquematicamente os quatro mecanismos, considerando

como primeiro mecanismo a fonte de calor, no processo ASP, o arco elétrico.

Page 79: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

66

Figura 25 . Esquema proposto das fontes/zonas de oxidação no processo

ASP.

Identificamos as fontes/zonas contidas na figura 25 como sendo : 1- fonte de

calor (arco elétrico), fonte proposta, 2- o gás de transporte 3 - o ar do meio ambiente

que envolve a zona de transferência e 4 - ao ar do meio ambiente após desloca-

mento da pistola.

Page 80: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

67

5.4 Ensaio de Polarização Potenciodinâmica Anódica

5.4.1 Ensaio em meio de NaCl 3,5% realizado em chapa de aço

carbono, no arame de alumínio e em revestimentos de Al depositados

pelos processos a chama FS e a arco elétrico ASP, utilizando ar

comprimido como gás de transporte.

Nas figuras 26 a 32, estão apresentadas as curvas obtidas nos ensaios de

polarização potenciodinâmica anódica em meio de NaCl 3,5%.

O ensaio de polarização potenciodinâmica anódica no aço foi realizado com o

intuito de avaliar o comportamento anódico do substrato no meio salino de ensaio e

verificar o efeito protetor do revestimento de alumínio.

10-4 10-3 10-2 10-1 100-1200

-1100

-1000

-900

-800

-700

-600

-500

-400

-300

-200

açoe1 açoe2

Pot

enci

al (

mV

vs.

SC

E)

Densidade de corrente (mA/cm2)

Figura 26 . Curva de polarização potenciodinâmica anódica do aço, meio

NaCl 3,5%.

De acordo com a figura 26, o potencial de corrosão do aço em NaCl 3,5%

está próximo de –700 mV em relação ao eletrodo de calomelano saturado

(ECS). Ao realizar uma polarização no sentido anódico verifica-se uma região

de ativação no intervalo de valores próximos entre –700 mV e –500 mV.

Page 81: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

68

Na seqüência serão discutidos os resultados dos ensaios eletroquímicos do

arame de Al e do revestimento depositado como proteção por barreira do

substrato do aço.

De acordo com a figura 27, o potencial de corrosão do arame de alumínio em

3,5% de NaCl está próximo de –900 mV em relação ao ECS.

Ao comparar o potencial de corrosão do aço (-700 mV, ECS), figura 26, com o

potencial de corrosão do alumínio (-900 mV, ECS), figura 27, verifica-se que o aço é

200 mV mais nobre que o alumínio em solução de NaCl 3,5%. Isto significa que ao

colocar estes dois materiais em contato, o alumínio pode proteger o aço pelo

processo de proteção catódica, onde o alumínio pode se comportar como um anodo

de sacrifício, protegendo o aço. Ao comparar o potencial de corrosão mostrado nas

figuras acima (26 e 27), pode-se deduzir que o alumínio pode proteger o aço,

também por proteção catódica, atuando como ânodo de sacrifício.

10-5 10-4 10-3 10-2 10-1 100 101 102 103

-1200

-1100

-1000

-900

-800

-700

-600

-500

-400

Ale1 Ale2

Pot

enci

al (

mV

vs.

SC

E)

Densidade de corrente (mA/cm2)

Figura 27 . Curva de polarização potenciodinâmica anódica do arame de

alumínio, meio NaCl 3,5%.

Quando se realiza uma polarização anódica, figura 27, pode-se verificar o

aparecimento de uma pequena região de ativação próximo de –900 mV em relação

ao ECS, seguido por uma região de passivação entre os valores de potenciais

Page 82: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

69

próximos de –900 mV e de –700 mV em relação ao ECS. Chama a atenção que

para potenciais mais positivos que –800 mV em relação ao ECS, ocorre a perda da

passividade (pite). Acima de –700 mV poderia estar se iniciando uma nova ativação

do alumínio, supostamente entrando em uma região de polarização por

concentração de corrente limite a partir de –650 mV em relação ao ECS.

No sentido de identificar o comportamento do arame de alumínio com

valores acima de –600 mV, foi realizado um ensaio de polarização

potenciodinâmica anódica até em torno de –300 mV, o qual está

apresentado na figura 28.

Figura 28. Curva de polarização potenciodinâmica anódica do arame de

alumínio, ensaio até 300 mV (SCE), meio NaCl 3,5%.

Pode-se observar na figura 28 em comparação com a figura 27 que, a partir

do trecho entre –600 mV e –300 mV verifica-se nitidamente o fenômeno de corrente

limite. Esse comportamento pode ser interpretado como sendo considerado uma

região em que há a formação do óxido e sua imediata dissolução o que torna a sua

densidade corrente constante, ou pode ser interpretada como sendo uma região

onde ocorre um violento ataque por pites o qual gera um aumento significativo da

10-6 10-5 10-4 10-3 10-2 10-1 100 101 102 103

-900

-800

-700

-600

-500

-400

-300 Al e1 Al e2

Pot

enci

al (

mV

vs,

SC

E)

Densidade de corrente (mA/cm2)

Page 83: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

70

área o que também pode gerar uma corrente constante. Vale observar que a

corrente é muito alta em torno de 10.000 µA/cm2, em relação ao trecho de

passivação que é em torno de 7 µA/cm2, conforme observado na figura 27. Esta

segunda explicação está de acordo com o estudo de Bessone et al. (1992) que

estudaram a formação do óxido de alumínio como barreira em diferentes meios,

entre eles o salino com 0,5 mol/L de NaCl.

Nas figuras 29 a 32 estão representadas as curvas de polarização potencio-

dinâmicas anódicas dos revestimentos depositados por AT pelos processos a chama

(FS) e a arco elétrico (ASP) sem e com pré-aquecimento do substrato.

-1200

-1100

-1000

-900

-800

-700

-600

-500

-400

10-4 10-3 10-2 10-1 100 101

fsspe1 fsspe2 fsspe3

Densidade de corrente (mA/cm2)

Pot

enci

al (

mV

vs.

SC

E)

Figura 29 . Curva de polarização do processo a chama sem pré-aquecimento,

meio NaCl 3,5%.

A figura 29 mostra um potencial de corrosão próximo de –920 mV, seguido

por um pequeno intervalo de passivação até –720 mV e uma região ativa próximo de

–700 mV até potenciais mais positivos.

A figura 30 mostra um potencial de corrosão próximo de –850 mV, seguido

por um pequeno intervalo de passivação até –720 mV e uma região ativa

próximo de –700 mV até potenciais mais positivos.

Page 84: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

71

10-4 10-3 10-2 10-1 100-1200

-1100

-1000

-900

-800

-700

-600

-500

-400

fscpe1 fscpe2 fscpe3

Pot

enci

al (

mV

vs.

SC

E)

Densidade de corrente (mA/cm2)

Figura 30 . Curva de polarização do processo a chama com pré-aquecimento,

meio NaCl 3,5%.

Comparando a figura 29, com a figura 30 identifica-se uma maior inclinação

das curvas em relação na figura 29, no trecho de passivação. Na figura 29 a corrente

de passivação (ip) é próximo de 47 µA/cm2, enquanto que na figura 30 a ip é

próximo de 42 µA/cm2. Isto mostra que o pré-aquecimento gera menor corrente de

passivação e conseqüentemente maior poder protetor.

A função básica do pré-aquecimento é melhorar a aderência do revestimento

ao substrato, através do efeito da molhabilidade (DYKHUIZEN, 1994). Considera-se

que temos um conjunto de panquecas mais coesas, e mais aderentes, com menores

tensões internas que são geradas no processo de resfriamento das panquecas a

tendência é que no processo que utiliza pré-aquecimento tenhamos um desem-

penho melhor frente à corrosão que numa situação sem pré-aquecimento, o que

pôde ser verificado no processo a chama.

O pré-aquecimento permite obter panquecas mais homogêneas, menor

quantidade de salpicos, permitindo com isso, a formação de um filme de óxido de Al

mais uniforme com menos defeitos e de maior efeito protetor.

Este mesmo comportamento repete-se quando se compara a figura 31 com a

figura 32, isto é, quando se trabalha com o processo a arco, pois na figura 31 a

Page 85: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

72

corrente de passivação (ip) é próximo de 14 µA/cm2, enquanto que na figura 32 a ip

é próximo de 10 µA/cm2 . Isto mostra, novamente, que o pré-aquecimento gera

menores correntes de passivação e por conseqüência maior poder protetor.

-1200

-1100

-1000

-900

-800

-700

-600

-500

-400

10-4 10-3 10-2 10-1 100 101

aspspe1 aspspe2 aspspe3

Densidade de corrente (mA/cm2)

Pot

enci

al (

mV

vs.

SC

E)

Figura 31 . Curva de polarização do processo a arco elétrico sem pré-

aquecimento, meio NaCl 3,5%.

10-4 10-3 10-2 10-1 100

-1200

-1100

-1000

-900

-800

-700

-600

-500

-400

aspcpe1 aspcpe2 aspcpe3

Pot

enci

al (

mV

vs.

(S

CE

)

Densidade de corrente (mA/cm2)

Figura 32. Curva de polarização do processo a arco elétrico com pré-

aquecimento, meio NaCl 3,5%.

Page 86: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

73

A figura 31 mostra um potencial de corrosão próximo de –980 mV, seguido

por um pequeno intervalo de passivação até –740mV e novamente uma

região ativa próximo de –700 mV tendendo a valores mais positivos.

A figura 32 mostra um potencial de corrosão próximo de –1000 mV, seguido

por um pequeno intervalo de passivação e uma região ativa próximo de –740

mV até a valores mais positivos.

Ao se comparar os revestimentos a chama com os revestimentos por arco

elétrico, (figuras 29 e 30 com 31 e 32) , pode-se pensar no efeito galvânico

existente entre o revestimento e o aço. Nos revestimentos depositados por

chama a diferença entre os potenciais de corrosão do alumínio revestido e o

do aço considerado como –700 mV são menores ou iguais a 200 mV a

proteção catódica oferecida ao aço é menos efetiva. Nos revestimentos

depositados por arco este gradiente é maior que 250 mV o qual pode oferecer

uma melhor proteção catódica ao aço.

Outro ponto de comparação entre os diferentes processos de deposição de

revestimentos é que no processo a arco os valores das correntes de

passivação são menores que no processo a chama, e pode-se admitir que o

processo a chama gere um óxido com mais defeitos se considerarmos que as

inclinações das curvas (SEDRIKS, 1979) são maiores no processo a chama

se comparados ao processo a arco elétrico.

A seguir na tabela 7 estão os valores obtidos dos ensaios mostrados nas

figuras 26 a 32. Na tabela 8 estão resumidos os valores característicos obtido por

Paredes (1998) nos ensaios de polarização potenciodinâmica anódica do aço,

alumínio e os revestimentos de alumínio depositados através dos processos, a

chama e a arco elétrico. Para efeito comparativo, os valores já estão corrigidos em

função da área da mesma forma que os valores dos ensaios contidos nas figuras 26

a 32, ou seja, sem correção das áreas dos ensaios. Será considerado a seguinte

nomenclatura para as tabelas 7 e 8, sendo Ecor o potencial de corrosão encontrado

após 30 minutos de imersão, antes de iniciar o ensaio, Ep potencial de pite,

considerado ao término do trecho de passivação e início de nova região de ativação

e ipass considerada no ponto final do trecho de passivação.

Page 87: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

74

Tabela 7. Resumo dos valores característicos obtidos das curvas de

polarização.

Cps

Ensaio

Ecor

mV (ECS)

Ep

mV (ECS)

ipass

mA/cm 2

1 -764 NPD NPD

AÇO C 2 -780 NPD NPD

3 -766 NPD NPD

ARAME 1 -831 -771 7,76E-03

Al 2 -855 -765 7,70E-03

1 -861 -724 4,6E-02

FS s/p 2 -937 -736 2,7E-02

3 -973 -732 7,0E-02

1 -833 -731 2,5E-02

FS c/p 2 -864 -732 3,85E-02

3 -877 -728 6,4E-02

1 -975 -746 1,5E-02

ASP s/p 2 -982 -746 1,5E-02

3 -995 -743 1,37E-02

1 -909 -729 1,04E-02

ASP c/p 2 -962 -742 1,4E-02

3 -901 -732 0,76E-02

NDP = não foi possível determinar

Tabela 8. Resumo dos valores característicos obtidos das curvas de

polarização segundo Paredes,1998.

Cps Ecor

mV(ECS)

Ep –

mV (ECS)

ipass

mA/cm 2

AÇO C -694 NPD NPD

Al (arame) -863 -770 3,660E-03

FS -825 -717 1,65E-02

ASP -855 -706 9,20E-02

Page 88: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

75

NDP = não foi possível determinar

Análise do potencial de corrosão (Ecor)

Comparando os valores dos potenciais de corrosão do aço obtido por

Paredes (1998) como –694 mV (SCE) com –770 mV (SCE) há uma pequena

diferença, a qual pode ser inicialmente explicada pelo fato que a superfície foi

analisada no estágio de preparo para a aspersão, ou seja devidamente jateada,

logo, mais ativada. No caso de Paredes o ensaio foi conduzido com uma chapa de

aço sem a eliminação adequada da oxidação superficial. Ainda se pode associar

esta dispersão intrínseca nos resultados decorrentes de se trabalhar em meio de

cloretos com aeração.

Os valores encontrados para o arame de alumínio (Ecorr = – 843 mV, ECS)

estão de acordo com os valores encontrados por Paredes , Ecorr = –863 mV, ECS; e

com Shaw e Moran (1985) o qual encontraram após 30 minutos de imersão um

Ecorr= –730 mV (ECS) para o arame de alumínio, onde a solução de ensaio era 3%

de NaCl, portanto consideramos um pouco menos agressiva que a solução ensaiada

que é de 3,5% de NaCl. E está menos ativada em relação ao encontrado por

Venugopal e Raja (1997) que encontararm -1450 mV para o ensaio realizado para

chapa de Al (99,9%).

Para os revestimentos aspergidos identificamos que os valores são próximos,

porém vale esclarecer algumas diferenças a serem consideradas a seguir.

Para o processo a chama, as medidas são –890 mV, logo, mais ativadas que

os valores encontrados por Paredes, conforme a tabela 8, que foi de –825 mV.

Também apresentaram valores maiores o processo a arco elétrico de –995mV para

–855 mV.

Esta diferença de potencial pode ser esperada quando se trabalha

experimentalmente, devido à diferença de eletrodos de referências, nas

concentrações das soluções utilizadas, existência de potenciais de junção líquida,

diferença no preparo de superfícies e até mesmo no nível de oxigênio nas soluções.

Nos potenciais mais ativos do que o Epite, onde a camada do óxido pode

manter a sua integridade, a polarização anódica é mais fácil, e a corrosão é lenta e

uniforme. Acima do Epite, a polarização anódica é mais difícil, e a densidade de

corrente aumenta rapidamente. O óxido rompe em pontos fracos e aleatórios na

camada de barreira e não pode reparar-se, e a corrosão localizada aparece nestes

pontos (HOLLINGSWORTH e HUNSICKER 1990). Sob esta consideração, uma

Page 89: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

76

análise inicial pode ser observada que os revestimentos analisados estão num

estado mais ativado do que os obtidos por Paredes e, portanto mantém por um

período maior a passivação. Esta diferença pode estar associada ao fato de que as

pistolas utilizadas nos ensaios são mais modernas, onde a velocidade de projeção é

maior o que está associado ao fato de que nesta condição há a geração de um

revestimento mais homogêneo e portanto menos defeituoso.

Análise dos valores do potencial de pite (Ep)

Os valores médios de Ep indicados na tabela 7 são muito próximos aos da

tabela 8 e permitem poucas conclusões da susceptibilidade à corrosão por pites do

filme com características passivas. Valores médios obtidos para o Al igual a

–770 mV, para o processo a chama –730 mV e para o processo a arco –740 mV.

Os valores acima para o parâmetro denominado de Ep, mostram que esses

potenciais nestas condições, o alumínio não está fornecendo proteção

catódica ao aço, porém protege o aço por barreira.

Análise dos valores de densidade de corrente de passivação (ipass)

Através das figuras 29 a 32, pode-se identificar que a inclinação das curvas

no trecho de passivação é maior no processo a arco elétrico que no processo a

chama, gerando correntes de passivação maiores no processo a chama e

conseqüentemente apresenta menor poder protetor. Quanto ao arame de Al polido,

logo sem a presença do óxido formado ao ar apresentou uma inclinação próxima ao

do processo a arco.

Se compararmos os valores encontrados por Paredes (1998), tabela 8, pode-

se observar que no processo a chama os valores da corrente de passivação são

menores que os valores encontrados no revestimento obtido por chama no presente

estudo. Muito embora este método de análise pode ser considerado de medições de

reações instantâneas tem caráter comparativo não sendo possível prever o

desempenho dos revestimentos à longo prazo.

Sabe-se que existem muitos fatores que interferem nas reações/interações

que ocorrem na superfície do revestimento quando em contato com uma solução

como a formação do óxido superficial, o qual pode dificultar a corrosão do metal ou

mesmo bloquear a porosidade existente, bem como a rugosidade superficial do

revestimento afeta diretamente os resultados. Drazic et al. (1999) constataram que o

aumento da rugosidade do revestimento dissolve o metal mais rapidamente, isto é, a

Page 90: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

77

corrente de dissolução é mais alta. Há o deslocamento do trecho de passivação

mais para a direita no ensaio de polarização. Comparando então os resultados

obtidos pode-se justificar essa diferença nos dados entre Paredes e os encontrados

seguindo este raciocínio, uma vez que segundo Paredes (1998) o valor de Ry foi de

82 µm para o processo a chama e o valor obtido nesta pesquisa foi de 101 µm.

Diferença que pode justificar o aumento da corrente de passivação encontrado.

Já no processo a arco elétrico a diminuição da corrente pode estar

relacionado a pistola de aspersão. O modelo utilizado permitiu um aumento na

velocidade de projeção do alumínio ocasionado principalmente pelo aumento na

velocidade de alimentação do arame o que permitiu então um aumento na

velocidade (pressão) do gás de transporte. Essas mudanças permitem que o

revestimento apresente menor porosidade e em particular maior aderência o que é

favorecido pela maior temperatura e energia cinética impostas as partículas o que

ocasiona um maior impacto. Tendo um revestimento com menor porosidade,

salpicos e com maior aderência e coesão entre as partículas, pode se esperar que

seu desempenho seja mais eficiente frente a um processo corrosivo.

Outra alteração que ocorre em função do aumento da velocidade pode estar

associada a formação do óxido gerado na fonte de calor. Quando aumentamos a

velocidade do ar comprimido, deve haver menos tempo para que ocorra a reação de

oxidação, o que tende a diminuir o tempo de oxidação neste revestimento.

Outra diferença está na condução dos ensaios realizados. Paredes realizou

os ensaios com agitação da solução de NaCl na célula eletroquímica, e a posição do

eletrodo de trabalho (revestimento) esteve posicionado na vertical. Essas diferenças

podem ter ocasionado a retenção do óxido na superfície de modo a criar uma

barreira de proteção adicional ao processo. A posição vertical e a agitação

favorecem a uma limpeza ou “polimento” constante da superfície, fato este já

observado por Vreijiling, et al. (1998) o que faz com que as densidades de correntes

em um processo com a solução fluindo apresentem maiores correntes que num

processo estagnado.

Page 91: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

78

5.4.2 Ensaio de polarização em meio de NaCl 3,5% em revestimentos

de Al depositados pelos processo a arco elétrico ASP, utilizando argônio

e nitrogênio como gás de transporte.

O intuito destes ensaios é verificar o efeito protetor dos revestimentos

depositados em condições diferentes ao normal, quando é utilizado ar comprimido.

As condições para a formação dos óxidos gerados pelo processo de aspersão

térmica, a arco elétrico, foram alteradas no gás de transporte. Os gases utilizados no

processo de aspersão foram: o argônio e o nitrogênio. Para avaliar o comportamento

dos revestimentos obtidos nestas condições, foram realizados ensaios eletroquímicos,

por polarização potenciodinâmica anódica em meio de 3,5 % de NaCl .

Nas figuras 33 e 34 estão representadas as curvas de polarização potencio-

dinâmica anódica dos revestimentos de alumínio depositados utilizando como gás

de transporte o argônio. Sem e com pré-aquecimento do substrato, respectivamente.

Figura 33. Curva de polarização do processo arco elétrico, utilizando argônio,

sem pré-aquecimento, meio de NaCl 3,5 %.

Para o processo que utiliza o gás de transporte, como sendo o argônio,

podemos observar um potencial de corrosão de –1080 mV (SCE), para o

10-4 10-3 10-2 10-1 100 101

-1200

-1100

-1000

-900

-800

-700

-600

-500

-400

AAspe1 AAspe2 AAspe3

Pot

enci

al m

V (

vs.S

CE

)

Densidade de corrente (mA/cm2)

Page 92: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

79

processo sem pré-aquecimento e de –1140 mV (SCE), para o processo com

pré-aquecimento.

Figura 34. Curva de polarização do processo arco elétrico, utilizando argônio,

com pré-aquecimento, meio de NaCl 3,5 %.

O comportamento da curva é diferente no processo sem pré-aquecimento

(figura 33), pois não apresenta nitidamente, o trecho final de passivação, que

ocorre torno de –700 mV (SCE), como aparece no processo com pré-

aquecimento. O trecho de passivação no processo com pré-aquecimento,

ocorre entre –1100 mV (SCE) a –700mV. Esse comportamento com pré-

aquecimento é semelhante se comparado ao que utiliza o ar comprimido

(figura 32).

Ao comparar o efeito do pré-aquecimento, ainda na figura 34 identificamos

que há uma inclinação maior (em relação ao eixo Y) no processo sem pré-

aquecimento em relação ao com pré-aquecimento. Isso indica que estamos

em presença de uma passivação menos efetiva gerando um filme óxido mais

defeituoso. Essa inclinação é considerada como uma passivação menos

efetiva em relação a formação do óxido de cromo no aço inoxidável

austenítico (pg. 18), onde o trecho de passivação é apresentado paralelo ao

10-4 10-3 10-2 10-1 100 101

-1200

-1100

-1000

-900

-800

-700

-600

-500

-400

AAcpe3 AAcpe2 AAcpe1

Pot

enci

al (

mV

vs.

SC

E)

Densidade de corrente (mA/cm2)

Page 93: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

80

eixo y, mostrando que o óxido de cromo formado praticamente não contém

defeitos (SEDRIKS, 1979).

A corrente de passivação em torno de 200 µA/cm2, para o processo com pré-

aquecimento é muito superior as correntes de passivação encontradas nos

processos que utilizam o ar comprimido. Essa diferença pode ser explicada,

relacionando os mecanismos/zonas de oxidação (figura 6, p. 31) com o gás

de transporte utilizado. No caso de se utilizar o argônio, como gás de

transporte, o mecanismo de oxidação que considera a zona de transferência

(mecanismo 1) mais o mecanismo proposto neste estudo (fonte de calor) não

ocorre nenhuma formação de óxido (reação).

A reação entre o alumínio e o oxigênio acontece com o mecanismo que

considera a oxidação gerada no revestimento exposto ao meio ambiente

(mecanismo 3), e eventualmente poderia também atuar o mecanismo 2

(ZIMMERMANN e KREYE,1997). Desta maneira há a formação de um óxido

mais fraco, uma vez que ocorre a menor temperatura (<600ºC), em relação ao

óxido formado no arco (fonte) , mecanismo proposto, que com ar comprimido,

possui mais oxigênio disponível para promover a oxidação a elevada

temperatura. Além do fato que, quando se utiliza argônio haverá menor teor

de óxido no revestimento, o qual é o responsável pela proteção contra a

corrosão.

Através da análise por MEV (item 5.3) estão avaliadas as microestruturas dos

revestimentos utilizando argônio e ar comprimido onde podemos identificar

que no processo com ar comprimido a quantidade de óxidos é superior ao

que utiliza o argônio como gás de transporte.

Considerando que o potencial de corrosão do aço em 3,5% NaCl é em torno

de –700mV (ECS), os revestimentos depositados por arco elétrico (ASP),

utilizando o argônio, com e sem pré-aquecimento do substrato, podem

oferecer proteção complementar ao substrato, por proteção catódica, ,

quando se tem exposto o aço.Já que os potenciais de corrosão dos

revestimentos são em torno de –1000 mV (SCE), conforme já descrito no

processo que utiliza ar comprimido, além da proteção por barreira, como

revestimento.

Nas figuras 35 e 36 estão representadas as curvas de polarização

potenciodinâmica anódica dos revestimentos de alumínio depositados por aspersão

Page 94: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

81

térmica utilizando como gás de transporte o nitrogênio, sem e com pré-aquecimento

do substrato, respectivamente.

Figura 35. Curva de polarização do processo arco elétrico, utilizando

nitrogênio, sem pré-aquecimento, meio de NaCl 3,5 %.

Figura 36. Curva de polarização do processo arco elétrico, utilizando

nitrogênio, com pré- aquecimento, meio de NaCl 3,5 %.

10-4 10-3 10-2 10-1 100 101

-1200

-1100

-1000

-900

-800

-700

-600

-500

-400

ANspe1 ANspe2 ANspe3

Pot

enci

al (

mV

vs.

SC

E)

Densidade de corrente (mA/cm2)

10-4 10-3 10-2 10-1 100 101

-1200

-1100

-1000

-900

-800

-700

-600

-500

-400

ANcpe1 ANcpe2 ANcpe3

Pot

enci

al (

mV

vs.

SC

E)

Densidade de corrente (mA/cm2)

Page 95: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

82

Podemos observar um potencial de corrosão de –1120 mV (SCE), para o

processo que utiliza o nitrogênio, com e sem pré-aquecimento. As curvas

mostram um comportamento semelhante ao processo utilizando ar

comprimido, apresentando o trecho de passivação entre –1050 mV (SCE) a –

700 mV (SCE). Os valores do potencial apresentados pelos revestimentos

podem apresentar a proteção catódica ao aço, uma vez que o potencial de

corrosão do aço em meio salino é de –700 mV (SCE).

Com relação a corrente de passivação (figura 36) o efeito do pré-aquecimento

apresentou diferenças no processo com nitrogênio. Com pré-aquecimento a

corrente foi de 40 µA/cm2, e sem pré-aquecimento foi de 200 µA/cm2. Ambas

são superiores ao processo com ar comprimido. A corrente no processo com

nitrogênio, com pré-aquecimento é inferior ao processo com pré-aquecimento

em que utiliza argônio. Vale ressaltar que no processo com argônio, sem pré-

aquecimento, não pode ser identificada uma corrente de passivação, pelas

curvas não apresentarem o trecho final de passivação de forma definida.

Essa proximidade, mesmo que um pouco superior, com o ar comprimido

pode ser entendida por uma análise da composição do gás de transporte.

Quando utilizamos o ar comprimido consideramos, segundo dados da

literatura, uma composição do ar contendo em torno de 79% de nitrogênio e

21% de oxigênio, no entanto a afinidade do alumínio com o oxigênio é muito

superior a do nitrogênio e formará preferencialmente óxido, em relação a

formação que poderia ocorrer de nitretos de alumínio. Sendo que a formação

de nitretos pode ocorrer, no entanto em proporções muito menores.

Quando temos o gás de transporte utilizado na aspersão ou seja 100% de

nitrogênio, o alumínio fundido no arco tenderá a reagir com o nitrogênio

(mecanismo proposto), formando então nitretos.

Podemos então associar esta proteção à formação dos nitretos, além dos

óxidos que serão formados pelos mecanismos 2 e 3 segundo Zimmerman e

Kreye (1997). No entanto teremos uma proteção menos efetiva da que é

oferecida pelos óxidos de alumínio e nitretos, formado no processo com ar

comprimido. Principalmente pela formação do óxido que é formado nas

Page 96: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

83

condições mais favoráveis, ou seja, a oxidação que ocorre na fonte de calor

(arco- mecanismo proposto, figura 25).

Nesta mesma linha de raciocínio temos a formação dos nitretos neste mesmo

ponto, quando utilizamos como gás de transporte o nitrogênio. Com relação

aos óxidos formados no processo temos as mesmas condições de formação

dos óxidos que a citada no processo com argônio.

O aparecimento dos nitretos, nos processos que utilizaram o ar comprimido e

nitrogênio, foram identificados através do MEV, e já foram discutidos.

Avaliando os três gases utilizados no processo de aspersão, identificamos que

para a proteção contra a corrosão marinha o teor de óxido pode ser um fator

determinante para a adequada proteção contra a corrosão, especialmente em

ambiente salino.

Na tabela 9 estão apresentadas as médias dos resultados no ensaio de

polarização potenciodinâmica anódica obtidos para os revestimentos depositados pelo

processo a arco elétrico ASP utilizando como gases de transporte o argônio e o

nitrogênio. Da análise da tabela 9, pode-se deduzir que dentre os gases utilizados no

processo de AT por arco elétrico, o que oferece a maior proteção é o de ar comprimido,

seguido do nitrogênio, e com menor proteção o com argônio.

Tabela 9. Resumo dos valores característicos obtidos das curvas de

polarização do processo ASP utilizando argônio e nitrogênio como gás de

transporte.

Processo

Arco elétrico

Gás de

transporte

Identificação

Ecor

mV (ECS)

(média)

ipass

mA/cm 2

(média)

Sem pré-aquecimento Argônio Aasp -1080 NPD

Com pré-aquecimento Argônio AAcp -1140 2,0E-1

Sem pré-aquecimento Nitrogênio ANsp -1125 2,0E-1

Com pré-aquecimento Nitrogênio Ancp -1125 4,0E-2

NDP = não foi possível determinar

Page 97: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

84

Através dos resultados eletroquímicos obtidos nos revestimentos depositados

pelo processo a arco elétrico quando utilizado ar comprimido, argônio e nitrogênio

como gás de transporte, pode-se deduzir que a reação do alumínio quando é

fundido no arco elétrico é fundamental para permitir a passivação e formação de

óxido de alumínio. Esta reação foi estudada e comentada acima e pode-se

relacionar os resultados obtidos através do MEV com os ensaios de polarização,

onde a estrutura mais ou menos uniforme no processo com argônio, menor

conteúdo de óxido, a inexistência de nitretos e maior porosidade apresentou maiores

correntes de passivação e como conseqüência o menor poder protetor.

5.4.3 Ensaio de polarização em meio de NaHCO3 0,75 mol/L no arame

de alumínio e em revestimentos de Al depositados pelos processos a

chama FS e a arco elétrico ASP.

Para identificar o comportamento dos revestimentos de alumínio obtidos por

aspersão térmica utilizando os processos a arco elétrico (ASP) e a chama (FS) com

e sem pré-aquecimento do substrato, em meio de bicarbonato de sódio (NaHCO3)

0,75 mol/L, serão apresentados ensaios de curvas de polarização potenciodinâmica

anódica.

Para avaliar o comportamento do alumínio neste meio que simula a corrosão

atmosférica foram inicialmente ensaiados a duas velocidades de varredura, os

arames de alumínio, utilizado no processo de aspersão. As curvas relativas a este

ensaio são apresentadas nas figuras 37 e 38.

10-6 10-5 10-4 10-3 10-2

-500

0

500

1000

1500

2000

Alv=0,5 mV/s

Pot

enci

al (

mV

vs.

SC

E)

Densidade de corrente (mA/cm2)

Page 98: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

85

Figura 37. Curva de polarização potenciodinâmica anódica do arame de

alumínio em meio de NaHCO3 0,75 mol/L.

A uma velocidade de varredura de 0,5 mV/s podemos verificar o

comportamento do alumínio e definir parâmetros para o ensaio nos revestimentos.

Nesta velocidade observamos que o alumínio passiva em torno de 0 mV (SCE), e

mostra esse comportamento passivo bem definido até +2000 mV (SCE), ponto final

do ensaio. Segundo Betova, et al. (2001); Sato e Okamoto (1981) e Landolt (1978),

dependendo da agressividade do meio ao filme não se consegue perceber a região

de transpassivação do alumínio, devido ao alto potencial necessário para que ocorra

a dissolução do metal através do filme. Principalmente em meios não agressivos

como o de NaHCO3.

Analisando o ensaio a esta velocidade, passamos a trabalhar com a

velocidade inicialmente recomendada, conforme as normas que procuram usar uma

velocidade de varredura em torno de 0,2 mV/s (6 V/h). Uma vez definidos os

potenciais iniciais e finais do ensaio, na figura 38 estão representadas as curvas do

mesmo arame de alumínio utilizado para a aspersão, e preparado conforme o

procedimento descrito no item 4.3 da metodologia.

10-5 10-4 10-3 10-2

-1200

-1000

-800

-600

-400

-200

0

200

Ale1 Ale2 Ale3

v=0,2mV/s

Pot

enci

al (

mV

vs.

SC

E)

Densidade de corrente (mA/cm2)

Page 99: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

86

Figura 38. Curva de polarização potenciodinâmica anódica do arame de

alumínio em meio de NaHCO3 0,75mol/L.

Na figura 38 podemos observar um potencial de corrosão em torno de

–680 mV (SCE) e um trecho de passivação iniciando em –500 mV (SCE)

permanecendo até +200 mV (SCE) , ponto final do ensaio. Vale ressaltar que este

comportamento da curva, especialmente em relação ao trecho de passivação,

apresenta-se como uma reta em relação ao eixo y, comportamento que difere em

dois aspectos do comportamento apresentado pelo arame de alumínio em meio de

3,5% de NaCl, apresentado na figura 27. O trecho de passivação do alumínio no

meio de NaCl, 3,5% apresenta uma inclinação em relação ao eixo Y e apresenta

também um trecho de perda de passivação e corrente limite, o que não aparece na

curva com bicarbonato de sódio. Esse comportamento pode ser explicado em função

de que o íon cloreto é muito mais agressivo. No entanto, a corrente de passivação

apresenta-se semelhante para esses meios, sendo em torno de 5 µA/cm2 e 7

µA/cm2 respectivamente ao meio de bicarbonato e cloreto para o trecho de

passivação, respectivamente.

Nas figuras 39 e 40 estão apresentadas as curvas do ensaio com bicarbonato

de sódio 0,75 mol/L, relativo aos revestimentos obtidos por AT, processo a chama,

sem e com pré- aquecimento respectivamente.

10-4 10-3 10-2 10-1 100

-1000

-800

-600

-400

-200

0

200

FSspe1 FSspe3 FSspe4

Pot

enci

al (

mV

vs.

SC

E)

Densidade de corrente (mA/cm2)

Page 100: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

87

Figura 39. Curva de polarização potenciodinâmica anódica do revestimento

depositado por chama sem pré-aquecimento do substrato em meio de NaHCO3

0,75mol/L.

Figura 40. Curva de polarização potenciodinâmica anódica do revestimento

depositado por chama com pré-aquecimento do substrato, em meio de NaHCO3

0,75mol/L.

Pode-se observar que o comportamento dos revestimentos depositados por

aspersão apresentaram um comportamento semelhante ao de arame, diferindo

apenas no potencial de corrosão. Este se apresentou mais ativo (mais negativo) que

o do arame de alumínio.

Os revestimentos depositados a chama apresentam um potencial de corrosão

em torno de –750 mV (SCE) e –900 mV (SCE) para o processo sem e com pré-

aquecimento, respectivamente. O potencial de corrosão do aço em meio de

bicarbonato de sódio é em torno de –400 mV (SCE) (LAZARIS, 2001), logo esses

revestimentos fornecem uma proteção catódica muito eficiente ao aço, maior que a

oferecida quando o meio for de NaCl.

A corrente de passivação foi em torno de 120 µA/cm2 e 80 µA/cm2 para o

processo sem e com pré-aquecimento respectivamente. Novamente o pré-

aquecimento do substrato para o processo a chama nos mostra que há uma

10-4 10-3 10-2 10-1 100

-1000

-800

-600

-400

-200

0

200

FScpe1 FScpe2 FScpe3

Pot

enci

al (

mV

vs.

SC

E)

Page 101: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

88

influência grande na proteção frente a corrosão, o qual já foi observado quando o

meio de teste era o NaCl (3,5%).

Nas figuras 41 e 42 estão apresentadas as curvas do ensaio com bicarbonato

de sódio 0,75 mol/L, relativo aos revestimentos obtidos por AT, processo a arco

elétrico sem e com pré- aquecimento, respectivamente.

Para o processo a arco elétrico sem e com pré-aquecimento, figuras 41 e 42,

temos um potencial de corrosão que permite obter uma adequada proteção catódica,

uma vez que foi de –850 mV (SCE) para ambos os processos, resultando em um

gradiente de –450 mV (SCE) em relação ao aço, o qual é suficiente para a proteção.

As correntes de passivação para os processos a arco elétrico foram de

90 µA/cm2 e 50 µA/cm2 sem e com pré-aquecimento. Ambas as correntes são

maiores que as encontradas no ensaio no meio com NaCl, no entanto temos que

considerar que esta passivação é mais efetiva em relação ao processo com cloreto,

pois o trecho de passivação mantém-se por uma faixa mais ampla de potencial no

processo com bicarbonato de sódio.

Figura 41. Curva de polarização potenciodinâmica anódica do revestimento

depositado por arco elétrico sem pré-aquecimento do substrato, em meio de

NaHCO3 0,75mol/L..

10-4 10-3 10-2 10-1 100

-1200

-1000

-800

-600

-400

-200

0

200

ASPspe1 ASPspe2 ASPspe3

Pot

enci

al (

mV

vs.

SC

E)

Densidade de corrente (mA/cm2)

Page 102: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

89

Figura 42. Curva de polarização potenciodinâmica anódica do revestimento

depositado por arco elétrico com pré-aquecimento do substrato, em meio de

NaHCO3 0,75 mol/L.

10-4 10-3 10-2 10-1 100

-1200

-1000

-800

-600

-400

-200

0

200

ASPcpe1 ASPcpe2 ASPcpe3

Pot

enci

al (

mV

vs.

SC

E)

Densidade de corrente (mA/cm2)

Page 103: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

90

5.5 Ensaio de Névoa Salina

A análise dos revestimentos de alumínio submetidos ao ensaio de névoa

salina, descritos segundo metodologia contida no item 4.5 serão divididos em duas

seções: análise superficial através de registro fotográfico e análise das superfícies

através de difração de Raios X e MEV.

5.5.1 Análise superficial através de registro fotográfico.

A análise da superfície dos revestimentos submetidos ao ensaio de névoa

salina estão registrados nas figuras 43 a 52. Os revestimentos foram divididos com

exposição do substrato nos processos a chama, com e sem pré-aquecimento e no

processo a arco elétrico sem pré-aquecimento, e revestimentos sem exposição do

substrato para os processos a chama e a arco com e sem pré-aquecimento, vide

tabela 10. Os corpos de provas submetidos à névoa salina foram inspecionados em

após 1.000 horas e 4.000 horas de ensaio.

Tabela 10 . Identificação das amostras para ensaio com névoa salina

Número Processo Pré-

aquecimento Exposição do

Substrato Espessura

média (µµµµm)

Identificação

1

Chama

Sem

Com 288,81 CP-01

2

Chama

Com

Com 308,62 CP-02

3

Arco elétrico

Sem

Com 282,12 CP-03

4

Chama

Sem

Sem 292,31 CP-04

5

Chama

Com

Sem 334,34 CP-05

6

Arco elétrico

Sem

Sem 174,18 CP-06

7

Arco elétrico

Com

Sem 192,5 CP-07

Para a discussão dos resultados dividiremos esta análise nos corpos em que

houve a exposição do substrato, e sem a exposição do substrato.

Corpos de prova com exposição do substrato Nas figuras 43 a 48 são apresentados os corpos com exposição do substrato.

A posição de cada revestimento na câmara de névoa salina é apresentada na foto

Page 104: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

91

sempre da direita para a esquerda, ou seja a direita representa o lado superior e o

da esquerda o inferior (←*). Para expor o substrato foi realizado a usinagem, e

assim verificar o comportamento deste revestimento, em meio salino, simulando um

possível descolamento ou dano ao revestimento. Situação esta similar a uma embar-

cação que se encosta a uma superfície aspergida, como a superfície de um riser.

←*

1.000 horas 4.000 horas

Figura 43. Processo a chama (FS) sem pré-aquecimento / com exposição do

substrato, submetido à névoa salina (CP-01).

←*

1.000 horas 4.000 horas

Figura 44. Processo a chama (FS) com pré-aquecimento / com exposição do

substrato, submetido à névoa salina (CP-02).

1.000 horas 4.000 horas

Figura 45. Processo a arco elétrico (ASP) sem pré-aquecimento / com

exposição do substrato, submetido à névoa salina (CP-03).

←←←← *

←←←← *

←*

←*

Page 105: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

92

Segundo estudo de Panossian et al. (1992, 2000) os revestimentos de

alumínio depositados por aspersão térmica oferecem proteção catódica em

ambientes que o alumínio se mantém no estado ativo, como no caso de meios

contendo cloretos. Inicialmente, o alumínio mantém-se passivo e há a corrosão do

substrato de aço, no qual geram os íons férricos, estes também, provocam a quebra

da camada passiva do alumínio e provocam conseqüentemente corrosão localizada.

Nas soluções onde a concentrações destes íons é alta, e os produtos de corrosão

são insolúveis, e em concentrações baixas destes íons os produtos são pouco

solúveis.

Nos três casos acima estudados onde há a exposição do substrato, chama

(FS), sem e com pré-aquecimento (figuras 43 e 44) e arco sem pré-aquecimento

(figura 45) ocorreu esta situação. Outra característica comum a esses três

revestimentos é o aparecimento de produtos de corrosão do alumínio de forma

floculenta, devido à alta concentração dos íons férricos,pela corrosão do aço, sendo

bastante evidente nas primeiras 1.000 horas de ensaio.

Dentre os três revestimentos, o de chama (FS) sem pré-aquecimento, foi o

que apresentou menor formação produtos de corrosão, em 1.000 horas de

exposição, que poderia ser explicado por apresentar maior espessura, portanto

espera-se que tenha menos defeitos superficiais. O revestimento de arco elétrico

(ASP) foi o que apresentou mais produtos de corrosão, e possui menor espessura.

Quando se observam os revestimentos no ensaio com 4.000 horas, em todos,

os produtos de corrosão tendem a preencher o aço exposto. Apresentam ainda

produtos de corrosão branca não mais são de forma floculenta o que indica que há

menos íons férricos no processo, e transforma-se em produtos mais insolúveis e

mais aderentes. Normalmente estes produtos de corrosão do alumínio são pouco

solúveis e com isso, como conseqüência, dão uma proteção mais efetiva, e

colaboram para a selagem dos defeitos e da superfície exposta.

Nas figuras 46 a 48 são mostrados os revestimentos após limpeza com jato

d’água, e pode-se observar que no processo a chama com pré-aquecimento, figura

47, apresenta ainda a corrosão vermelha mais pronunciada no aço exposto, deste

modo os outros revestimentos estão protegendo o aço por proteção catódica, ou

seja, há a corrosão do alumínio em detrimento da corrosão do aço.

Após a limpeza tem-se com isso a eliminação dos produtos solúveis ou o

destacamento de produtos insolúveis. No processo a chama com pré-aquecimento

Page 106: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

93

persistem mais produtos de corrosão, provavelmente pelo fato da corrosão do aço

(íons férricos) ser ainda intensa, permitindo a formação de mais produtos de

corrosão. No processo de arco elétrico que anteriormente a limpeza apresentava

mais produtos de corrosão, com a limpeza ocorre o destacamento/solubilização dos

produtos, apresentado um teor menor de produtos de corrosão, em relação ao

processo a chama com pré-aquecimento. Aparentemente no arco o alumínio

apresenta-se como lixiviado. Observando a figura 48 em detalhe o revestimen-

to/produto de corrosão tem aspecto em camadas. Fato este verificado em por

microscopia ótica e será discutido mais adiante.

Figura 46. Processo a chama (FS) sem pré-aquecimento / com exposição do

substrato, após limpeza, 4.000 horas de ensaio (CP-01).

Figura 47. Processo a chama (FS) com pré-aquecimento / com exposição do

substrato, após limpeza, 4.000 horas (CP-02).

Figura 48. Processo a arco elétrico (ASP) sem pré-aquecimento / com

exposição do substrato, após limpeza, 4.000 horas (CP-03).

←←←← * ←←←← *

←←←← * ←←←← *

←←←← * ←←←← *

Page 107: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

94

Corpos de prova sem exposição do substrato Nas figuras 49 a 52 são avaliados os revestimentos submetidos ao ensaio de

névoa salina sem exposição do substrato.

Quando temos esta situação o processo de corrosão pode ser resumido da

seguinte maneira, segundo Panossian et al. (1992): temos óxido de alumínio

envolvendo as panquecas e na superfície do revestimento. Nesta situação quando

temos a solução corrosiva em contato com o aço (ferro), o aço sofrerá então

corrosão, processo que gera íons férricos. Esta situação pode ocorrer, por exemplo,

pela porosidade superficial do revestimento. Normalmente no início do processo o

revestimento apresenta uma coloração marrom, característica da corrosão do ferro.

Decorrido algum tempo o revestimento não apresenta a coloração marrom e passa a

tornar-se cinza escuro, ou seja, há um escurecimento do revestimento. Quando se

atinge uma determinada concentração dos íons férricos e ocorre a quebra da

camada de óxido, e então o alumínio será corroído em detrimento do aço. Ainda

sabe-se que este produto de corrosão do alumínio deve ser pouco solúvel e sela os

“poros” . A quebra da camada passiva do óxido também ocorre pela presença do íon

cloreto, presente no ensaio.

Com este entendimento, em contraste com os revestimentos nos quais o aço

foi exposto (figuras 43 a 48), os revestimentos sem exposição do substrato (figuras

49 a 52) não apresentaram produtos de corrosão de forma floculenta em abun-

dância, apresentando a coloração branca (corrosão branca) apenas em algumas

regiões do revestimento, durante as 1.000 horas e menos ainda pouca com 4.000

horas de ensaio.

No ensaio com 4.000 horas de exposição os revestimentos depositados por

arco apresentam um maior escurecimento, o qual pode ser resultado da menor

espessura apresentada entre os revestimentos, gerando a corrosão já mencionada

anteriormente. No processo a chama a corrosão apresenta-se de forma mais

uniforme e não notamos o escurecimento da superfície, exceto em alguns pontos

dos revestimentos que pode ser atribuído e irregularidades na espessura do

revestimento. A corrosão vermelha não aparece em nenhum dos revestimentos

estudados.

As colorações apresentadas nos quatro revestimentos estudados estão de

acordo com os apresentados por Cortés et al. (1999).

Page 108: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

95

1.000 horas 4.000 horas

Figura 49. Processo a chama (FS) sem pré-aquecimento / sem exposição do

substrato, submetido à névoa salina (CP-04).

1.000 horas 4.000 horas

Figura 50. Processo a chama (FS) com pré-aquecimento / sem exposição do

substrato, submetido à névoa salina (CP-05).

1.000 horas 4.000 horas

Figura 51. Processo a arco elétrico (ASP) sem pré-aquecimento / sem

exposição do substrato, submetido à névoa salina (CP-06).

←←←← * ←←←← *

←←←← *

←←←← *

←←←← * ←←←← *

Page 109: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

96

1.000 horas 4.000 horas

Figura 52. Processo a arco elétrico (ASP) com pré-aquecimento / sem

exposição do substrato, submetido à névoa salina (CP-07).

Os revestimentos analisados protegem o aço de forma satisfatória, seja por

barreira, proteção catódica ou anódica. Os produtos de corrosão tendem a selar os

poros, ou eventual exposição do aço, conforme pôde ser avaliado nos revestimentos

com exposição do aço.

Os corpos de prova chama com pré-aquecimento (CP-05) e arco sem pré-

aquecimento (CP-06) foram após as 4.000 horas de ensaio submetidos ao MEV e a

difração de Raios X e serão apresentados nas seções subseqüentes.

5.5.2 Análise das superfícies através de difração d e Raios X e MEV dos

revestimentos submetidos ao ensaio de névoa salina.

Antes que os revestimentos fossem submetidos ao ensaio de névoa salina

esses corpos de prova foram submetidos à difração de Raios X, porém devido aos

óxidos apresentarem espessuras muito pequenas (filmes finos), não foi possível

identificar esses compostos, sendo apenas identificado nos revestimentos o

alumínio.

Os corpos de prova identificados como CP-05 e CP-06 conforme apresentado

na tabela 10, após o ensaio de névoa salina, tiveram as superfícies, expostas ao

meio salino de teste, submetidas à difração de Raios X. Nas figuras 53 e 54 estão

apresentados os espectros dos revestimentos obtidos para processo a chama com

pré-aquecimento (CP-05) e processo a arco sem pré-aquecimento (CP-06).

Em cada um dos espectros estão representados por ordem de identificação

←←←← *

←←←← * ←←←← *

Page 110: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

97

os compostos detectados na superfície dos revestimentos.

Figura 53 – Análise de Raios X do processo a chama com pré-

aquecimento (CP-05) após ensaio com névoa salina.

Observa-se na fig. 53 que o primeiro composto identificado foi a bayerite, o

que de acordo com a literatura (Manual del...,1959; WEFERS & MISRA, 1987;

POURBAIX, 1966, WEIPING, 1999) a superfície do alumínio em contato com água

formará óxidos hidratados, ou hidróxidos. É esperada que a baixa temperatura

ocorra a formação de bayerite. O aparecimento das outras fases como a boehmite e

a gibbsite pode ser relacionado com modificações da bayerite formada no processo

de AT, ou pode estar relacionados à interação do revestimento de alumínio em

contato com ambiente úmido do ensaio de névoa, fato este já citado por Drazic et al.

(1999).

O resultado apresentado para o revestimento a arco elétrico apresentado na

figura 54 possui uma característica diferente e importante do comportamento

apresentado do processo a chama. Como já mencionado no ensaio de névoa salina

este revestimento (ASP) apresentou perda de espessura no ensaio (figura 57). Esta

superfície difere do processo a chama e pode ser constatada comparando-se as

superfícies submetidas ao MEV, figuras 55 e 56, onde os produtos de corrosão no

Bayerite – Al(OH)3 Alumínio - Al Boehmite - AlOOH Gibbsite – Al(OH)3

Page 111: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

98

processo a chama foram muito aderentes à superfície, enquanto que no processo a

arco houve uma limpeza da superfície.

Figura 54 – Análise de Raios X do processo a arco elétrico sem pré-

aquecimento (CP-06) após ensaio com névoa salina.

Desta maneira o resultado da difração de Raios X resultante do arco (figura

53) já difere da chama pelo aparecimento inicialmente do alumínio e não da

bayerite. Isso confirma que o filme de óxido é lixiviado. A presença de bayerite é

esperado pelo processo de formação de produtos de corrosão em contato com o

meio salino de teste, da mesma forma que aparece no processo anterior, ou seja, a

chama. Porém, como houve a limpeza da superfície a presença da boehmite pode

ser interpretada como a remanescente do processo de aspersão, uma vez que

houve um “polimento” da superfície quando exposta ao meio salino.

Foi verificado por análise ESCA que o óxido é mais espesso no ASP que no

FS, portanto, o fato de ter Al é porque houve a lixiviação do óxido superficial.

Para explicar o comportamento diferenciado dos revestimentos submetidos ao

ensaio de névoa salina depositados pelos processos a chama e a arco elétrico é

apresentado uma análise superficial através da microscopia eletrônica de varredura

nas figuras 55 e 56 dos CP-05 e CP-06, conforme foram identificados na tabela 10.

Alumínio - Al Bayerite - Al(OH)3 Boehmite - AlOOH

Page 112: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

99

a) 250x b) 500x

Figura 55. Processo a chama (FS) com pré-aquecimento substrato,

submetido à névoa salina após 4.000 horas (CP-05).

a) 250x b) 500x

Figura 56. Processo a arco elétrico (ASP) sem pré-aquecimento substrato,

submetido à névoa salina após 4.000 horas (CP-06).

Observando as superfícies nos diferentes processos de aspersão foi

constatado que no processo na chama (figura 55) o produto de corrosão formado é

bastante aderente, mesmo fazendo a limpeza da superfície com jato de água este

produto permanece em abundância se comparado com o processo a arco elétrico

(figura 56).

No processo a arco elétrico pode-se observar que o produto aderente é muito

pouco se comparado ao processo a chama.

Segundo Moran e Shaw (1985) o produto de corrosão formado em ensaio

eletroquímico foi identificado como bayerite. Ensaio que utilizou como solução teste

NaCl, revestimento de alumínio depositado a chama. Os compostos já foram

identificados por difração de Raios X.

Page 113: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

100

O comportamento diferenciado da superfície nos processos, devem estar

relacionado à formação do óxido gerado pelo processo de aspersão. Paredes (1998)

constatou o mesmo comportamento em que o revestimento de alumínio depositado

por arco elétrico perde espessura quando é submetido ao ensaio de névoa salina.

Fato este que pode ser observado na metalografia obtida por microscopia

ótica, do CP-06, revestimento depositado por arco elétrico e submetido ao ensaio de

névoa salina apresentado na figura 57.

Comparando-se os ensaios de 1.000 horas e 4.000 horas observa-se

nitidamente que a superfície com 1.000 horas de ensaio é bastante irregular, ou seja

o processo de corrosão é bem caracterizado. Porém após 4.000 horas a superfície

se apresenta com aspecto menos irregular indicando que houve um “polimento” o

que caracteriza a perda de espessura.

a) Ensaio 1.000 horas b) Ensaio 4.000 horas

Figura 57. Metalografia do processo a arco elétrico (CP-06).

Esse comportamento apresentado pelo revestimento de alumínio depositado

por arco elétrico só pode ser explicado quando considera-se que a superfície

apresenta uma característica diferente dos revestimentos depositados por chama.

Neste caso o composto formado na superfície do revestimento exposto ao meio

salino, pelo processo de corrosão, é a bayerite, para ambos os processos. No

entanto esta não fica aderida à superfície no processo a arco, como no caso do

processo a chama.

O ensaio de névoa salina prevê um ângulo de exposição dos revestimentos

de 30º, o que possibilita que após a condensação da névoa salina a possibilidade de

Superfície irregular Superfície regular ↓ ↓ ↓ ↓ ↓

Page 114: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

101

“lavagem“ da superfície do revestimento pelo meio salino. Uma vez que os

revestimentos foram expostos às mesmas condições de teste e formam os mesmos

produtos de corrosão (bayerite), porém se comportam de maneira diferente com

relação ao filme de óxido de alumínio da superfície do revestimento.

Uma característica deste comportamento está relacionada com os óxidos

formados pelos salpicos que conforme a literatura são de fraca aderência o que

pode possibilitar um ponto fraco na superfície. Esse comportamento apresentado

pelos revestimentos depositados por arco está bem próximo do apresentado por

GALVELLE et al. (1970) no qual considera que a quebra ou perda da passividade e

início da corrosão pode ocorrer se a película passivante tiver pontos fracos onde

ânodos locais ou pode ocorrer devido à formação de escamações. A presença de

trincas ou poros no óxido pode causar a entrada da solução e ataque do metal

abaixo do óxido. Pode-se ainda entender esse processo corrosivo no arco elétrico

considerando que a sua superfície favorece a retenção e concentração da solução

corrosiva nas suas irregularidades formadas pelos salpicos e vazios. Conforme pode

ser observado nas figuras 12 e 13 .

A corrosão de forma localizada ou por pite pode ocorrer e conseqüentemente

há a diminuição do pH nesta região. Se considerarmos boehmite o óxido formado no

processo de aspersão ASP, conforme diagramas de Pourbaix (1966) (p.21), é mais

susceptível a uma diminuição do pH, podendo entrar na área de corrosão. Somado

os salpicos, os quais possuem fraca aderência e os nitretos, todos esses elementos

contribuem para que ocorra uma corrosão na forma de escamações, como descrito

anteriormente o que justificaria esta perda de espessura apresentada.

Finalmente, uma outra possibilidade pode ocorrer e estaria relacionada com o

tipo de óxido de alumínio formado na aspersão térmica. No processo a chama (FS)

já se formaria bayerite a qual permite que o produto de corrosão se ancore, uma vez

que a bayerite formada no processo de névoa é bastante aderente, conforme se

pôde observar na figura 55. No caso do revestimento de Al depositado pelo

processo a arco elétrico formaria um tipo de óxido de alumínio diferente, tipo

boehmite, óxido que é formado a maiores temperaturas e não permite que os

produtos de corrosão formados, principalmente bayerite, fiquem aderidos ao filme

de óxido superficial.

Condizente que há a formação da boehmite no processo a arco elétrico, no

Manual do alumínio (1959) consta que à proteção oferecida pela boehmite formada

Page 115: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

102

na superfície do alumínio pode ser utilizada em trocadores de calor. No entanto

soluções agressivas podem atacar o óxido superficial (capas de boehmite) quando

exposto a esse meio em períodos longos. Esse é o caso do ensaio de névoa salina,

o qual contém cloreto e houve um período de exposição de 4.000 horas.

Page 116: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

103

6. CONCLUSÕES

6.1 Análise por ESCA

Nos revestimentos depositados por arco elétrico a camada de óxido/hidróxido

de alumínio persiste a uma profundidade maior no revestimento em

comparação ao processo à chama.

Este diferença pode estar associada ao tipo de óxido/hidróxido formado ou

pode ser relacionada a quantidade de composto formado.

Nos revestimentos estudados, chama e arco elétrico, ambos com pré-

aquecimento do substrato aparecem regiões distintas no revestimento. Uma região

formada na interação da superfície com o meio ambiente e a outra na qual o óxido

formado através do processo de aspersão.

6.2 Análise por Microscopia eletrônica de varredura (MEV)

6.2.1 Comparação da morfologia dos revestimentos de alumínio depositados pelos

processos a chama e a arco elétrico.

A superfície do processo a arco elétrico se apresentou mais lisa que a do

processo a chama devido a maior velocidade no impacto e maior temperatura,

condições que permitem maior molhabilidade.

Nos revestimentos depositados em uma só passada no processo a arco

elétrico houve a formação de mais salpicos, os quais geram mais óxidos em

comparação ao processo a chama.

6.2.2 Comparação da morfologia dos revestimentos de alumínio depositado pelo

processo a arco elétrico, utilizando ar comprimido, argônio e nitrogênio como gás de

transporte.

Page 117: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

104

A morfologia dos revestimentos depositados por arco elétrico utilizando

diferentes gases de deposição pelo processo a arco elétrico apresentou as

seguintes características:

Considerando o revestimento depositado em uma só passada, os

revestimentos depositados com argônio geram mais salpicos. Proporcionando a

formação de mais óxidos por apresentarem a menor resistência quando atingem o

substrato (efeito aluminotérmico com o oxigênio do ar).

Os revestimentos depositados com nitrogênio apresentaram uma resistência

um pouco superior a do argônio porém inferior ao depositado com ar comprimido.

Logo nos depósitos aspergidos com nitrogênio houve menor formação de óxidos

gerados por salpicos que os depósitos aspergidos com ar comprimido.

A formação desse óxido em função dos salpicos gera um óxido fraco e de

fraca aderência o que pode estar relacionado ao desempenho desses revestimentos

no ensaio de polarização potenciodinâmico anódico.

Nos processos que foram obtidos com e sem pré-aquecimento do substrato

não houve uma diferença significativa na morfologia da primeira camada.

Nos revestimentos depositados por arco elétrico utilizando o ar comprimido e

o nitrogênio como gases de transporte foi identificado o aparecimento de nitretos.

Nos revestimentos depositados com argônio não houve o aparecimento dos

nitretos.

6.3 Ensaio de Polarização Potenciodinâmica Anódica

Page 118: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

105

Ensaio em meio salino, 3,5% NaCl

A corrente de passivação do arame de alumínio foi em torno de 7 µA/cm2, em

potencial em torno de –700mV(SCE). Para potenciais mais positivos que –600mV

(SCE) a corrente aumenta para 10.000µA/cm2 , trecho que corresponde a uma

corrosão muito acentuada, destruindo o eletrodo de alumínio.

Nos revestimentos de alumínio depositados pelo processo a chama e a arco

elétrico utilizando ar comprimido como gás de transporte e condições de deposição

com e sem pré-aquecimento do substrato conclui-se que:

Os revestimentos depositados com o pré-aquecimento do substrato

apresentaram melhor proteção à corrosão em relação ao mesmo processo sem pré-

aquecimento.

Os revestimentos depositados pelo processo a arco elétrico apresentaram as

menores correntes de passivação sendo de 10 µA/cm2 e 14 µA/cm2 para o processo

sem e com pré-aquecimento, logo eletroquimicamente apresenta melhor poder

protetor em relação ao processo a chama.

Os revestimentos depositados a chama apresentaram correntes de

passivação um pouco superiores as do arco sendo de 47 µA/cm2 e 42 µA/cm2

respectivamente sem e com pré-aquecimento do substrato.

Os revestimentos chama sem pré-aquecimento, arco com e sem pré-

aquecimento ofereceram uma adequada proteção catódica, sendo que no processo

a arco elétrico os potenciais de corrosão apresentaram-se com uma maior diferença

entre 280mV (SCE) a 300 mV (SCE) mais ativos que o aço.

Nos revestimentos depositados por arco elétrico utilizando argônio e

nitrogênio como gás de transporte no processo de aspersão tem-se:

O efeito do pré-aquecimento foi o mesmo verificado nos processos a chama e

a arco utilizando ar comprimido. Revestimentos depositados com argônio e com

nitrogênio com pré-aquecimento apresentaram melhor proteção à corrosão se

depositados aos mesmos processos sem pré-aquecimento.

Quanto aos potenciais de corrosão todos os revestimentos depositados por

arco elétrico utilizando argônio e nitrogênio apresentaram um potencial acima de

- 1.000mV(SCE) indicando uma adequada proteção catódica oferecida ao aço. As

Page 119: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

106

correntes de passivação foram bem superiores se comparados ao ar comprimido,

sendo que o processo que mais se aproximou ao ar foi o depositado com nitrogênio

e condição de pré-aquecimento do substrato (40 µA/cm2). As correntes de

passivação foram de 200µA/cm2 para os processos com nitrogênio sem pré-

aquecimento e argônio com pré-aquecimento. Não foi identificada a corrente de

passivação no processo com argônio sem pré-aquecimento.

A comparação com os diferentes gases de deposição indica que o teor de

óxido, formação de outros compostos protetores, por ex. nitretos e o tipo de óxido

formado são fatores que afetam diretamente o comportamento do revestimento

frente ao meio corrosivo , especialmente agressivo como o testado 3,5% NaCl nos

processos eletroquímicos.

Ensaio em meio de 0,75 mol/L de NaHCO 3

Novamente o comportamento dos revestimentos depositados tanto por chama

como por arco com pré-aquecimento do substrato apresentaram melhor proteção em

relação ao processo sem pré-aquecimento do substrato.

Todos os revestimentos chama e arco com e sem pré-aquecimento oferecem

uma adequada proteção catódica ao aço em meio com bicarbonato de sódio

0,75 mol/L.

As correntes de passivação foram de 120 µA/cm2 e 80 µA/cm2 para o

processo a chama sem e com pré-aquecimento, respectivamente. E de 90 µA/cm2 e

50 µA/cm2 para o processo a arco sem e com pré-aquecimento. Todas as correntes

são mais altas que o correspondente em meio de 3,5% de NaCl. Entretanto a

passivação foi mais efetiva, ou seja o trecho de passivação manteve-se constante

por uma faixa mais ampla de potencial.

No ensaio com bicarbonato não houve o aparecimento de pites ou a região de

transpassivação, indicando que o óxido formado, pelo processo eletroquímico, neste

meio é mais estável e menos defeituoso.

Page 120: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

107

6.4 Ensaio de Névoa Salina

6.4.1 Análise superficial através de registro fotográfico.

Corpos de prova com exposição do substrato

Após 1.000 horas de ensaio nas três condições estudadas , chama sem e com

pré-aquecimento e arco sem pré-aquecimento houve o aparecimento de produtos de

corrosão do alumínio em forma de flocos.

Em 4.000 horas de ensaio houve a troca dos produtos de corrosão em forma de

flocos para produtos mais insolúveis e aderentes.

Todos os revestimentos tendem a preencher o aço exposto com os produtos de

corrosão.

Após a limpeza o revestimento obtido por chama com pré-aquecimento foi o que

reteve uma quantidade maior de produtos de corrosão e o arco o que apresentou a

menor quantidade destes produtos.

Page 121: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

108

Corpos de prova sem exposição do substrato

Os revestimentos de alumínio depositados por chama e arco sem e com pré-

aquecimento não apresentaram os produtos de corrosão em forma de flocos em

quantidades identificadas nos revestimentos com a exposição do substrato.

Apresentaram corrosão branca em algumas regiões do revestimento nas

primeiras 1.000 horas de ensaio e em menor quantia nas 4.000 horas.

No ensaio com 4.000 horas houve um escurecimento maior nos

revestimentos depositados por arco (corrosão do alumínio) em relação aos

revestimentos depositados por chama, onde a corrosão foi mais uniforme e

apresentando apenas alguns pontos localizados o escurecimento.

No processo a arco o revestimento após limpeza com água corrente, apresenta

uma aparência de polimento na sua superfície, o que identifica a perda de espessura

no revestimento.

6.4.2 Análise das superfícies através de difração d e Raios X e MEV dos

revestimen-tos submetidos ao ensaio de névoa salina .

Análise da superfície por Raios X dos revestimentos submetidos ao ensaio de

névoa salina

No revestimento obtido através do processo a chama com pré-aquecimento do

substrato submetido após 4.000 horas ao ensaio de névoa salina foi identificado a

bayerite como fase principal, além dos compostos boehmite e gibbsite.

No revestimento obtido através do arco elétrico sem pré-aquecimento do

substrato após 4.000 horas ao ensaio de névoa salina o composto principal identificado

foi o alumínio, além da presença de bayerite e boehmite.

Page 122: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

109

Nos revestimentos depositados por arco elétrico houve perda significativa de

espessura do revestimento quando submetido ao ensaio de névoa salina.

Análise da superfície por MEV dos revestimentos sub metidos ao ensaio de

névoa salina

Superfícies dos revestimentos de alumínio depositados pelos processos a chama e a

arco elétrico após ao ensaio de névoa salina.

Nos revestimentos depositados por chama com pré-aquecimento do substrato

apresentaram os produtos de corrosão fortemente aderentes à superfície.

Nos revestimentos depositados por arco elétrico sem pré-aquecimento do

substrato os produtos de corrosão são muito pouco aderentes e há a perda de

espessura no revestimento.

Page 123: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

110

Conclusões Finais

Todos os revestimentos de alumínio depositados atuam anodicamente em

todas as condições testadas.

O meio salino é mais agressivo que o meio com bicarbonato o qual forma um

óxido mais protetor nos ensaios eletroquímicos.

Comparando os três gases utilizados pode-se associar que a proteção contra

a corrosão em meio salino dos revestimentos depositados por arco elétrico o de ar

comprimido é o mais protetor seguido pelo depositado com nitrogênio e por último o

depositado com argônio.

Com a análise dos diferentes gases de transferência pôde-se identificar que

há um quarto mecanismo de reação/oxidação para o processo de aspersão por arco

elétrico. Essa reação ocorre na fonte de calor, ou seja no arco elétrico.

Os revestimentos de alumínio em contato com o meio salino formam a

bayerite.

Os revestimentos de alumínio depositados por arco elétrico com a utilização

de ar comprimido formam nitretos além dos óxidos de alumínio.

Page 124: formação de óxidos nos revestimentos de alumínio depositados por

111

7. Trabalhos Futuros

- Desenvolver uma técnica confiável para medição do teor de óxidos nos

revestimentos de alumínio.

- Avaliar através do ensaio de névoa salina, os revestimentos de alumínio

depositados com argônio e nitrogênio.

- Otimizar os procedimentos de deposição de revestimentos considerando

componentes de última geração, quanto à rugosidade do substrato, pré-aquecimento

e espessura da camada depositada.

- Estudar o efeito de pós-aquecimento de revestimentos de alumínio, para

verificar a influência do maior espessamento do filme óxido superficial.

- Utilizar materiais como Zn e Mg juntamente com o alumínio e avaliar o efeito

protetor destes revestimentos.

- Submeter esses revestimentos a ensaios de exposição direta aos meios

corrosivos, salino e atmosférico.

- Estudar o efeito de proteção adicional da utilização de selantes nos

revestimentos de alumínio.

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