folha carioca / setembro 2010 / ano 9 / nº 80

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Setembro 2010 - Ano 9 - N o 80 Benjamin Constant O instituto que o carioca não enxerga 13 Lilibeth Cardozo Ninho vazio 11 Ana Flores SOS bom gosto 10 Saúde Hidroterapia no tratamento de Parkinson Ampliar a inclusão social a milhares de deficientes visuais também depende de você

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Edição setembro 2010

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Page 1: Folha Carioca / Setembro 2010 / Ano 9 / nº 80

Setembro 2010 - Ano 9 - No 80

Benjamin Constant

O instituto que o carioca não enxerga

13 Lilibeth Cardozo

Ninho vazio 11 Ana Flores

SOS bom gosto 10 Saúde

Hidroterapia no tratamento de Parkinson

Ampliar a inclusão social a milhares de deficientes visuais também depende de você

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editorial

Um dos destaques de nossa edição de setembro é a matéria que o jorna-lista Fred Pacífico Alves fez sobre o Instituto Benjamin Constant. O IBC é uma tradicional instituição de ensino para deficientes visuais localizado no bairro da Urca, na cidade do Rio de Janeiro. Ele foi criado pelo Imperador D. Pedro II, em 1854, com o nome de Imperial Instituto dos Meninos Cegos. Considerada a primeira iniciativa no país para garantir ao deficiente visual o direito à cidadania, o Instituto foi pouco a pouco derrubando preconceitos e fez ver que a educação e a profissionalização das pessoas portadoras desta deficiência não é uma utopia.

Completando 156 anos este mês, o IBC tem se dedicado à inclusão social das pessoas com deficiência visual, por meio da educação e cultura, atuando na produção de livros em Braille, livros e revistas falados e obras acadêmicas no formato Digital Acessível, distribuídos gratuitamente para deficientes visuais e para centenas de escolas, bibliotecas e organizações de todo o Brasil.

O IBC também oferece, gratuitamente, programas de atendimento espe-cializado ao deficiente visual e sua família, nas áreas de avaliação e diagnóstico, educação especial, reabilitação e colocação profissional. Essa instituição tem propiciado diferentes oportunidades para reverter o processo de exclusão social a que estão submetidas essas pessoas. E você pode ajudar trabalhando como voluntário. Saiba como a partir da página 16.

Arlanza Crespo entrevistou para a seção Quem é quem a atriz Suzana Saldanha. Gaucha, ela mora há vinte e seis anos no Rio de Janeiro. Professora de interpretação e teatro-educação. Como atriz, é premiada em teatro e cinema. Conheça um pouco mais da experiência dela sobre a atuação do ator, sua grande paixão.

As páginas culturais continuam, agora com Sérgio Besserman escrevendo sobre sua paixão pelas crônicas e a análise da Ana Flores sobre a programação oferecida pelas operadoras de TV aberta.

Cláudia Camargo aborda a questão da preocupação comum entre as mulheres para arranjar tempo para administrar a casa, trabalho, filhos, manter a auto-estima, ganhar dinheiro, ser esposa etc. Como dar conta de tudo isso sem abandonar seus anseios pessoais?

Pausa para um interessante texto do Alexandre Brandão sobre a excelente cantora e compositora inglesa Amy Winehouse. Ela é muito conhecida pelos escândalos públicos (os populares barracos) e o uso de drogas. Os problemas de Amy com drogas e álcool têm sido noticiados pelos meios de comunicação ao redor do mundo desde 2008. Mas, sem dúvida, uma artista única.

Nossas páginas convidam ainda o leitor á reflexão, seja no artigo assinado pelo Bruno Barata sobre o Código de Defesa do Consumidor, seja no texto de Luiz Roberto Londres sobre um dilema ético que ele descreve e bastante recorrente em nossa vida.

Boa leitura!

Vamos enxergar melhor o IBC

FundadoraRegina Luz

EditoresPaulo Wagner / Lilibeth Cardozo

DistribuiçãoGratuita

JornalistaFred Alves (MTbE-26024/RJ)

ColaboradoresAlexandre Brandão, Ana Cristina de

Carvalho, Ana Flores, Arlanza Crespo, Bruno

Magalhães, Claudia Baldo de Camargo, Fred

Oliveira, Gisela Gold, Haron Gamal, Lilibeth

Cardozo, Linda Lerner, Luiz Roberto Londres,

Oswaldo Miranda, Oswaldo Villela, Sandra

Jabur Wegner, Sérgio Besserman Vianna, Tamas

Captação de AnúnciosAngela: 2259-8110 / 9884-9389Marlei: 2579-1266

O conteúdo das matérias assinadas, anúncios e informes publicitários é de responsabilidade dos autores.

Capa Foto Fred Pacífico Alves

Projeto gráfico e arteVladimir Calado ([email protected])

Revisão Pettipa Mojarta e Marilza Bigio

Ilustração Marcia Martinello

2549-72512259-8110

ENTRE EM CONTATO CONOSCOLeitor, escreva pra gente, faça sugestões e comentários. Sua opinião é importante.

[email protected]

índice

colunas

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quem é quem Suzana Saldanha Contando históriasAté que a morte não os separeEducaçãoAlunos morais (2)Perfil de mulherTempo de ir e virCapaInstituto Benjamin ConstantPela GáveaExtinçãoSaúde e bem-estarEntrevista com Ana Cristina de CarvalhoCidadaniaDilema ético?saúdeEnfermagemvida saudávelClorofila e oxigênio

5 Sérgio Besserman6 Gisela Gold9 Bruno Magalhães10 Sandra Jabur11 Ana Flores

13 Lilibeth Cardozo15 Alexandre Brandão22 Oswaldo Miranda28 Tamas28 Haron Gamal

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Arlanza Crespo

quem é quem

Coisas de atrizE você já trabalhou com algum diretor

perverso?Já. Mas eu prefiro lembrar sempre daqueles que

foram e são importantes na minha carreira. Por exemplo, o Luís Artur Nunes que conheci na faculdade em Porto Alegre - ele é o meu mentor intelectual - o bom é que nos admiramos e nosso diálogo flui, tanto em cena como fora. Já fui assistente dele em alguns espetáculos e me sinto completamente à vontade. Você sabe que eu falo mesmo e ele nunca se sentiu ameaçado. Outro é o Aderbal Freire-Filho, que é o mestre do espaço cênico - ser dirigida por ele é um espetáculo à parte. É incrível. Veja o que ele escreveu: “Nada se fará pelo teatro - mesmo fortalecendo sua dramaturgia, sua crí-tica, sua produção - se não houver uma ação concreta teórica prática que envolva o ator de quem nasce a vida e o sentido do teatro.” Olha aí o treinamento a que eu me referi antes.

E o tal teatro morto e o público morto?Cruzes, como eu falo!!! Pois é, teatro morto é sinô-

nimo de mau teatro. Eu adoro quando o Peter Brook diz que não existe melhor lugar para o teatro morto se instalar com conforto do que nas peças de Shakespeare. Claro que é um deboche. E ele vai além - vemos peças com bons atores, bons figurinos - tudo para funcionar bem e na verdade o espetáculo é um saco. E o público morto é aquele que mesmo não gostando do espetáculo levanta para aplaudir e ainda faz comentários, que só ele acha inteligente.

Como é o nome do curso?“Improvisação: o jogo de cena”.

Mas o curso é só para profissionais? E que história é essa de bailarino?

Sim, o curso será apenas para profissionais. Quero trabalhar com quem já optou pelo seu ofício e que realmente sabe a importância de um treinamento. Bom, quanto ao bailarino - além de eu ser professora da faculdade Angel Vianna, agora que a turma de dança contemporânea está começando a falar. No ano passado a bailarina Ana Vitória me chamou para trabalhar com ela e falou pela primeira vez em cena. Fiquei deslumbrada com o resultado - é óbvio que a Ana é uma pessoa completamente disciplinada e transcendia a qualquer proposta que eu sugeria.

E a TV?Um ator com treinamento está apto para trabalhar

em qualquer veículo.

Eu perguntei por que você não faz TV?Porque eu sou péssima. Quando dizem “Gravando”

eu não vejo nem ouço nada.(Começamos a rir muito)Imagina você - se eu dou um curso baseado no

ver/ no ouvir/ nada de truque/ estar no aqui, no agora... Adorei trabalhar com o Wolf Maia e Teresa Lampreia, porque me amaram. Mas aí é fácil, não é?

Você fez “Separações” no cinema com Domingos de Oliveira e ainda ganhou prêmio em Gramado. Como foi isso?

Pois é, ganhei o prêmio de atriz coadjuvante. Tra-balhar com Domingos de Oliveira é festa, não tem ator que não cresça. Ah, Arlanza, não posso esquecer que estreio em outubro na peça “Senhora dos Afogados”, do Nelson Rodrigues, lá no Albamar, com direção de Ana Kfouri.

Mas o Albamar não é aquele restaurante no antigo cais do porto na Praça XV?

Exatamente, colega. Aí que está o golpe de mestre da Ana Kfouri. Está ficando bom...

Dê mais algumas informações sobre o curso.O curso será no Sesc Rio Casa da Gávea, com início

em 5 de outubro, terças de 10h30min às 13h30min. Outras informações no site www.casadagavea.org.br ou pelo telefone 2239-3511.

Também vou dar um curso de treinamento no “Espaço Invisível”, que fica na rua André Cavalcanti, 81 - sala 303 - no Centro do Rio de Janeiro, bem próximo da Lapa, telefone: 3243-2213, com coordenação de Kátia Jorgensen.

Agora, vamos nós para a praia!Demorou!

Desde que conheci Suzana Saldanha nos tornamos “amigas de infância”. Nós temos uma energia parecida, falamos rápido e com empolgação - eu do trabalho nas artes plásticas e ela com sua paixão pelo trabalho do ator. Quem nos vê conversando deve se perguntar – por que essas mulheres falam tão alto (riem tanto) e muitas vezes parece que estão brigando? Essas somos nós, pessoas apaixonadas pelos seus ofícios. Suzana me diz que vai dar um curso na Casa da Gávea e imediatamente eu digo “Vou te entrevistar para a nossa revista, Folha Carioca”. “Demorou”, diz ela, e já saí perguntando.

Você vive dizendo que sem treinamento o ator e o bailarino estão fadados a morrer. Explica isso melhor. Essa palavra treinamento eu sempre vi vinculada aos esportes.

É, você tem razão. Pobre do atleta que não treinar. Já os músicos, os bailarinos, os atores, esses profissio-nais precisam de um treinamento constante para que transcendam a sua zona de conforto, ou seja, aquilo que eles já sabem fazer.

Mas onde fica o talento?O talento seca. E na verdade, talento, além de

escolha, é trabalho, mais trabalho e mais trabalho. É a única forma de você se tornar um artista vivo.

Artista vivo?Já que estamos aqui em casa vou mostrar para você

um livro que está velhinho... “O espaço vazio” de Peter Brook - mas sempre atualíssimo. Aqui ele fala do ator morto, do teatro morto, do espectador morto. Só atra-vés do treinamento o ator age, atua, troca, transforma, joga, cria imagens, traduz, expressa, sintetiza, transcende. Ele ainda descobre que tem que estar presente no aqui, no agora – que tem que ver e ouvir em cena. Seja ele bailarino ou ator. Isso é maravilhoso, não é? O ator e o bailarino se apropriam dos seus ofícios quando treinam. Aí você pode trabalhar com qualquer diretor - mesmo com aqueles subjetivos, inseguros ou perversos.

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CrônicasAdoro crônicas. Adoro romances, novelas, contos e crônicas... Acho que no Brasil a crônica adquiriu uma personalidade especial, muito adaptada a nossa cultura, que a fez ter um padrão de qualidade excepcional.

http://oglobo.globo.com/rio/ancelmo/besserman/

Sérgio Besserman Vianna

Penso em Roberto da Matta. A crônica é íntima, portanto, ela está em casa. Prevalece a relação pessoal, a amizade, o vatapá plural da tolerância... Mas a crônica é publicada e busca leitores, submete-se, portanto, à competição, ao mercado e à lógica impessoal das ruas.

A crônica não pode deitar eternamente em berço esplêndido, ela tem de resolver esse enigma, tem de viver sua contradição. E o seu caminho é a arte. No Português do Brasil, também quer dizer molecagem,

presente nesse traço de humor que mesmo a crônica triste carrega.

Desde criança que Rubem Braga, Paulo Mendes Campos, Drummond, Stanislaw, Sabino, Otto Lara e outros, muitos outros, perdão por não registrar todos, são parte cotidiana, isto é, crônica, da minha existência. Mesmo hoje, tempo de e-mails e vida corrida, quando exerço minha resistência libertária na permanente e inútil luta para conquistar o tempo, tenho uma arma secreta: as crônicas. Elas saem nos jornais sempre nos mesmos dias da semana.

Mais poderoso que um calendário maianostradamico que tudo prevê, ficamos sabendo que naquele dia da semana, aquele cronista de quem gostamos muito estará lá e naquele curto espaço poderemos encontrar

reflexões e alegrias, insights e tristezas e poderemos pensar, sorrir, chorar, discordar...

A crônica é uma festa brasileira, formal e informal, ensaio e poema. Tem Cony, tem Scliar, tem Bloch, tem Gullar, tem que me perdoar de novo por não citar todos. Quinta-feira, por exemplo, é dia de Contardo Calli-garis na ilustrada da Folha. Ao passear pelo tempo com sua casa e sua mente me fez sorrir e com suas ideias me encaminhou outras.

Ao lembrar que “A modernidade se define pela viagem, pela decisão de não aceitar que o lugar onde nascemos seja nosso destino - por exemplo, pela vontade de deixar o campo e ir para a cidade” me sugeriu notar que essa foi a ordem que Ele deu a Abraão, é o fogo que Prometeu roubou, é a aventura de Sísifo da ciência...

A modernidade é a realização de um potencial humano. Ela poderia ou não ter ocorrido e pode avançar ou retroceder. Mas ela é também uma essência humana. No humano, apenas no humano (nem mesmo para Ele, a quem na eternidade, por definição, tudo ocorreu, ocorre ou ocorrerá ), essência pode existir como potencial, nós temos a possibilidade de nos afirmar ou negar, nós nos construímos.

E no século XXI, quando a humanidade já altera tanto a paisagem do planeta que podemos chamar nossa era geológica de an-tropoceno, ao decidirmos o que faremos com a natureza da qual fazemos parte, estaremos decidindo também quem nos tornaremos.

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Gisela [email protected]

Passando a limpo

Sabia do afeto dela, mas percebeu que não eram mais um. O afeto respirava. Mas a companhia deixava buracos e cinzas pelo ar. A cada frustração, mais uma ligação. Como a terceira barra de chocolate quando não

Eles fizeram 70 anos de casados. Ela morreu com 90 anos de idade, em 2000, e ele com 97 em 2002. Logo que ela morreu ele passou a idolatrá-la, dizia “aquela santa”, “minha querida”, acho que por remorso. To-dos sabiam que aquele casamento não tinha sido feliz. Se ficaram tanto tempo juntos foi pelo simples fato de que naquela época não se separava tão facilmente, era para sempre. Tolerava-se até o intolerável! Foi o que aconteceu com ela, que sabia ter um marido “galinha”. Era genético. O pai já era “galinha”, daqueles de família paralela, quatro filhos com cada mulher. O avô era “galinha”, aliás, era até padre, e para ser sincera, abade. Não posso dizer o nome, já que se trata de uma história verdadeira. Pois bem, ela ciumenta, com razão acompanhava o marido todos os dias para o consultório (ele era médico), onde ficava na sala de espera até a última cliente ir embora, quando então voltavam para casa. Mas mesmo com essa marcação cerrada ele conseguia traí-la.

Ela morreu em Petrópolis, e foi enterra-da lá. Ele morreu no Rio de Janeiro, e está enterrado no cemitério do Caju, no jazigo da

Perguntou-se no dia seguinte o que ficou. Veio o poema. Esse poema acaba que nem o outro. “E eu mal sei quando você diz do seu amor”.

houve ligação. Não lhe retirava o apreço. Cada mimo, objetos perfumados de lem-brança dados com gosto.

Em que bolso se escondiam as palavras para falar quem ele era quando ela falava tão bem de quem ela gostaria que ele fosse. Viu abandonado no chão do elevador algo que literalmente elevava a dor. Um texto escrito por anônimo no qual dizia: “Amar o outro não é querer modificá-lo, como achamos que ele nos cai melhor. Amar é apesar de,

é admirar o que o outro faz e entender a diferença como algo natural”.

Lembrou de como dava força para as artes dela. Não gostava de todas as pinturas, mas sabia o quanto ela gostava. E para ele, isso bastava. Eram amigos. E que mal havia nisso? No dicionário dos afetos, a mais nobre forma de amor.

Talvez assim e só assim o amor sen-tasse pra jantar com leveza, sem medo do amanhã.

Arlanza Crespo

contando histórias

Até que a morte não os separefamília. Só que um sobrinho prometeu juntar os dois depois de mortos, e me convenceu a ir a Petrópolis buscá-la.

Fiz todos os procedimentos exigidos. Fui ao Caju, onde paguei uma taxa e peguei um documento para ser entregue em Petró-polis. Fui a Petrópolis onde peguei outro documento para tra-zer os restos mortais para o Caju. Comprei uma caixa, exumaram o corpo, arrumaram os ossinhos lá dentro e pronto. Colocamos a caixa na mala do carro e descemos a serra, eu, mais o sobrinho feliz da vida por ter cumprido a promessa. Chega-mos no Caju, abriram o jazigo e colocaram a caixa lá dentro, os dois juntinhos. Enfim sós, novamente.

Só que não sei porque não estou

totalmente certa do que fiz. Eu sei que ela quer continuar tomando conta dele, nem que seja por raiva. Mas ele, tenho quase certeza, quer ficar sozinho. E agora? A gente se mete em cada uma!

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Novidades Serviços e Entregas

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A empresa Natural Wonder buscou nos princí-pios da fitoterapia, aromaterapia e termoterapia a inspiração para elaborar a linha Wonder Therapy, de tratamento e relaxamento. São almofadas térmi-cas de ervas confeccionadas em diversos formatos anatômicos e com diferentes combinações de ervas para proporcionar a redução do estresse, aliviar as para dores musculares e promover o equilíbrio emocional. É uma versão moderna de uma tradição antiga dos povos suíços e japoneses. Podem ser aquecidas e resfriadas facilmente, possuem vários formatos que se modelam ao corpo com uma temperatura por igual, por aproximadamente 30 minutos.

Você nunca mais usará uma bolsa de água quen-te. Super prática, a almofada térmica é aquecida no microondas em apenas alguns instantes! Também pode ser usada fria. É agradável ao toque e mesmo quando gelada não fica molhada.

Veja algumas indicações feitas por fisiotera-peutas.

QUENTE- relaxamento- artrose- bursite (crônica)- dor de cabeça- insônia- lombalgia- cervicalgia- torcicolo- contusão (fase secundária)- estresse visual- cólica- ansiedade

FRIO- lesão traumática- artrite- bursite (aguda)- dor de cabeça- febre- queimaduras- dor de dente- distensão- contusão (fase inicial)- olheira- inflamação- picada de inseto

Máscaras térmicas para os olhosDisponível com três ervas: camomila, lavanda ou

menta. Para cada momento uma erva e seus benefí-cios promovem o bem-estar. Deixe as máscaras no congelador ou geladeira; podem ser utilizadas na tem-peratura natural, frias ou geladas. Aliviam ansiedade, insônia, dores de cabeça, olheiras e inchaços.

Almofadas anatômicas Todos os produtos utilizam uma combinação de

11 ervas: alecrim, arnica, calêndula, camomila, canela, erva cidreira, eucalipto, guaco, malva, melissa e menta. As almofadas se adaptam a regiões específicas do corpo e mantêm a temperatura por 30 minutos. O calor ou frio transmitido ao corpo faz com que sejam excelentes para aliviar dores, inflamações, pancadas, distensões e cólicas entre outros. As ervas aromáticas utilizadas são, também, um tratamento completo antiestresse devido a seus inúmeros benefícios terapêuticos.

Propriedades das ervas A natureza proporciona ao homem uma infinidade

de plantas com valores medicinais. A flora brasileira constitui uma fonte inesgotável de saúde e nossos an-

vida saudável

cestrais sempre souberam aproveitar essa riqueza, pois o uso das plantas medicinais existe desde o início dos tempos. No princípio, apenas o conhe-cimento empírico. Hoje, porém, muitas pesquisas científicas comprovam as propriedades medicinais de várias plantas, validando (ou não) o uso popular destas plantas.

Listamos a seguir as propriedades terapêuticas das ervas e indicações de seu uso segundo a Far-macopéia Brasileira:

Alecrim - tônico, estresse, reumatismo e artriteArnica - traumatismo, contusão, inflamação e

nevralgia Calêndula – refrescante // inflamaçãoCamomila – relaxante // dor de cabeça e olheiraCanela - energizanteEucalipto - problemas respiratóriosErva cidreira - insôniaGuaco - gripe, bronquiteLavanda - revitalizanteMacela - ansiedade Malva - inflamação Melissa - ansiedade Menta - náusea e estresse

Estes produtos podem ser encontrados na Gávea Integral.

Rua Marquês de São Vicente 75, loja 105Tel.: 2512 2283

Projeto de marketing

Tratamento 100% natural com ervas

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Código de Defesa do Consumidor ao alcance

Bruno Barata

O consumidor, nos termos jurídicos, é considerado hipossuficiente na relação com o vendedor do produto ou prestador de serviço. Significa dizer que, frente a uma grande empresa, o consumidor é sempre considerado detentor de menores recursos. A análise das partes, por si só, já caracterizaria isso. Uma pessoa jurídica versus uma pessoa física: via de regra, os recursos de uma pessoa jurídica são infinitamente superiores.

Direito do Consumidor

devem ter conhecimento para cumprir o que ali está disposto de forma correta.

Sendo qualquer lei publicada em Diário Oficial, respeitando o princípio constitucio-nal da publicidade, ninguém pode alegar o desconhecimento daquela norma, mas verdade é que muitos ainda desconhecem todos os termos do Código de Defesa do Consumidor. Lesão maior nesse caso ocorre pelo desconhecimento legal dos vendedores de produto ou serviço que, muitas vezes, não cumprem a lei por má-fé, mas por ignorância, no sentido de ignorar o que a lei prevê.

A fim de aclarar qualquer dúvida existen-te nas relações de consumo foi aprovada a lei federal nº 12.291/10. Essa norma “torna obrigatória a manutenção de exemplar do Código de Defesa do Consumidor nos es-tabelecimentos comerciais e de prestação de serviços”.

Essa determinação legal será fundamen-tal para que consumidores, estabelecimen-tos comerciais e prestadores de serviços estejam cientes do Código de Defesa do Consumidor e, assim, reduzir as possíveis violações ao texto legal, garantindo ao consumidor a certeza de que serviço será bem prestado. A lei, em vigor desde o dia 21 de julho de 2010, ainda prevê multa de até R$ 1.064,10.

Dessa forma, muitos casos de conflito entre os consumidores e estabelecimen-tos comerciais e prestadores de serviço poderão ser resolvidos no próprio local, desafogando o Poder Judiciário. Ao verificar que um direito está sendo descumprido, o consumidor pode, e deve requerer o exem-plar do Código de Defesa do Consumidor e argumentar que possui tal direito.

Com a lei já em vigor, não se esqueça de utilizar essa poderosa ferramenta.

[email protected]

Por esse motivo, o legislador e o Poder Judiciário brasileiro garantiram a figura do hipossuficiente na relação de consumo. E nessa discussão surgiu o Código de Defesa do Consumidor, a conhecida lei federal nº 8.078/90. Ocorre que não basta apenas a lei existir. O consumidor deve ter conhecimen-to das suas regras para requerer o exercício dos seus direitos, assim como o prestador de serviço e vendedor do produto também

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educação

Falar sobre as diversas ‘virtudes positivas’ - como bondade, honestidade, solidariedade - não basta para encorajar o desenvolvi-mento moral porque o discurso apenas não promove um processo de transformação e construção moral interno ao sujeito. As regras da religião e os agradecimentos ou pedidos de desculpas da polidez, não asseguram o reconhecimento da necessidade de regras para a convivência e para garantir a solidez de um comportamento moral.

A real compreensão e o reconhecimento da necessidade da lei, para o grupo, devem ser discutidos pelos indivíduos no próprio grupo. É preciso conversar, debater e refletir sobre regras que o grupo supõe importantes para o convívio.

Um trabalho de formação moral e inte-lectual de alunos deve privilegiar o grupo. É com os outros que se aprende. A troca de ideias e a reflexão coletiva estimulam a relação com o conhecimento e incentivam a reflexão sobre o outro e sobre as questões da convivência. Os problemas do grupo devem

Alunos morais (2)

ser discutidos entre os pares, com a mediação de um professor, numa proposta de cons-trução de autonomia. O objetivo é formar alunos que se relacionem de modo pouco egocêntrico e seguros de suas opiniões.

Na escola, costuma-se usar expressões do tipo “o grupo é agitado”, “o grupo é calmo”, “o grupo é difícil”. São opiniões quase nunca compartilhadas com o grupo e que acabam sem ter consequências, pois os alunos, sem saber da avaliação, não podem refletir sobre sua ação para se modificar.

Os adultos costumam tomar decisões, que comunicam aos alunos sem que eles tenham participado de nenhuma reflexão, o que os infantiliza e não os deixa se sentirem responsáveis por suas ações. Os adultos devem permitir que os alunos se responsa-bilizem por suas reflexões interferindo apenas como mediadores que apontam e devolvem ao grupo opiniões polêmicas e soluções im-praticáveis e valorizam as soluções possíveis.

Mediar as discussões e assessorar a re-flexão de alunos é um processo longo para o educador, que leva muito tempo. Mas não existe educação instantânea.

Patrícia Lins e Silva Hidroterapia no

tratamento de ParkinsonA doença de Parkinson, ou outras síndromes parkinsonianas,

conforme vai evoluindo, reduz a agilidade, o ritmo de movimento, a coordenação, o equilíbrio e a mímica facial do portador dessa doença. Para atenuar esse processo é importante praticar atividades que combatam as perdas e retardem o processo degenerativo.

A água é um grande propiciador e facilitador de movimentos. Com isso, a hidroterapia é uma atividade altamente indicada para esses pacientes, pelos efeitos das propriedades físicas da água e pelas técnicas utilizadas através dela. Por exemplo, o empuxo, força que vem debaixo para cima, atuando sobre qualquer corpo imerso na água, facilita a marcha, a elevação da perna e a flexão do quadril. A pressão hidrostática apóia o paciente, proporcionando segurança e retardando o tempo de queda.

Na água é muito mais fácil realizar os exercícios funcionais, lembrando que esta aprendizagem deve ser transferida ao solo, onde desempenhamos nossas atividades diárias. Quando o pa-ciente não está adaptado ao meio líquido é necessário executar um trabalho inicial, reduzindo seu receio, evitando um aumento no tremor ou no tônus muscular.

As sessões são compostas de exercícios respiratórios, coorde-nados com os movimentos de membros superiores e inferiores, exercícios de equilíbrio e de coordenação motora, ritmo, atenção, pista de obstáculos para treino contra quedas, além de relaxamento, fazendo uso de técnicas específicas.

Diversos pacientes têm melhorado sua qualidade de vida com o aprimoramento dos seus movimentos no cotidiano, porém o trabalho deve ser individualizado, respeitando as características do paciente e do estágio evolutivo da doença.

Dúvidas sobre o assunto podem ser

esclarecidas através do e-mail:

[email protected]

Sandra Jabur Wegner

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SOS bom gosto

[email protected]

Ana Flores

Felizes os que podem arcar com uma assinatura de TV a cabo. Mais um item na lista de despesas mensais, mas para quem gosta de TV, é uma das rotas de fuga do festival de mau gosto em que se transformou o dia a dia da programação dos canais abertos, com raríssimas exceções, e com poucas possibilidades de mudança. Tomara que eu esteja errada.

Nunca se falou e se especulou tanto sobre a vida de celebridades e candidatos. São os paparazzi eletrônicos à caça de novidades, reais ou sugeridas, para alimentar e renovar a insaciável sede de intrigas e rumores do espectador do gênero. Programas matinais, vespertinos e noturnos que giram em tomo do estimulante assunto de quem ficou com quem depois de deixar quem; quem pôs silicone ou tirou as rugas; quem foi visto sozinho ou acompanhado na festa da vez. Quanto mais se comenta, se discute e se opina sobre isso,

mais a mídia especializada se põe em campo para preencher o vazio existencial dos que não podem viver sem se inteirar da vida alheia. Ou vice e versa. Cabe aí a velha questão do ovo e da galinha.

Os que se escondem atrás da desculpa de que a TV oferece aquilo que o público quer, deveriam dar uma olhada nas filas interminá-veis à porta do Teatro Municipal quando há programas de música erudita ou balé a preços populares; ou na frequência em exposições e mostras de todo tipo oferecidas na cidade; à Bienal do Livro; a feiras de livros espalhadas pelas nossas praças; ou a sessões de cinema a preços populares. É só querer ver.

Não faltam espectadores para programas de bom gosto. O que falta é interesse em satisfazê-Ios, já que é bem mais fácil entupir os canais abertos com uma programação medíocre e vazia do que com produções interessantes, leves e variadas. Alguns pou-

cos programas descobriram a fórmula de agradar ao público sem baixar o nível nem gastar fortunas. E derrubaram o mito de que programa de bom nível é necessariamente hermético e chato.

Para quem não tem TV a cabo, algumas alternativas à mediocridade vigente poderiam ser desligar o aparelho e trocar ideias com alguém que valha a pena; dar um passeio pelo Jardim Botânico ou outro recanto convidativo do Rio; redescobrir a vista da cidade de cima do Pão de Açúcar ou do Cristo Redentor; comer um peixe em Guaratiba ou um baca-lhau à portuguesa em Niterói; ouvir um bom disco de Noel ou dançar um tango argentino. E, principalmente, pôr em dia aquelas leituras há tanto tempo planejadas e sempre substi-tuídas por programas bestas de TV, que não satisfazem porque não estão em sintonia com o bom gosto nem com a sensibilidade dos espectadores.

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As cortinas dos meus olhos piscaram ao som dos meus múltiplos recursos matinais para acordar: celular com um alegro, rádio programado e como requinte final dentro do meu closet um cebolão antigo cantando bumba-meu-boi. Agora não tem mais jeito; depois disso, só chovendo em cima da cama.

Como estou frequentando aulas de alongamento vou me esticando até o banheiro. O espelho, fiel companheiro, não mente jamais, cabelos revoltos, rosto ainda amassado, constato: estou exausta!

Uma enxurrada de pensamentos invasivos. Praticante da meditação, do perdão etc. começo o embate x combate. Importante salientar que meu dia nem começou.

“Mas, afinal de contas, o que quer a mulher?”Talvez a pergunta não seja essa e sim: “Quem é a mulher de hoje?” “Ela

tem vontade própria?”Emancipada e com direitos adquiridos emerge, com certeza, um ser em

ebulição. Com carinho, volto no tempo para falar desse bicho que sangra e incha mudando de humor nas fases lunares.

Conceituando a Educação e a história das mulheres: Eva morde a maçã por curiosidade ávida. A igreja medieval substitui o livro (que muitas mulheres o desejaram como a um amante) pela imagem sábia e meditativa da Virgem. Observa-se um imenso esforço autodidata das mulheres, realizado através de todos os tipos de canais, nos conventos, nos castelos, nas bibliotecas. Saber que era colhido letra por letra, furtado mesmo nos manuscritos copiados, nas margens dos jornais, nos romances tomados dos gabinetes de leitura e lidos a noite na calada do quarto.

Discussão

“Então as mulheres têm uma alma. Mas teriam espírito, isto é, a capacidade da razão?” “As mulheres são suscetíveis de criar?” Na Antiguidade faziam do pneuma, o sopro criador, propriedade exclusiva do homem. “As mulheres jamais realizaram obras-primas”, diz o escritor e filósofo Joseph de Maistre. Se-gundo diversos autores somos capazes apenas de reproduzir. Freud contribui: “Estima-se que as mulheres trouxeram poucas contribuições às descobertas e às invenções da História, da cultura, mas talvez elas tenham inventado uma técnica, a da trançagem e da tecelagem”. Por que isso? Escrever, pensar, pintar, esculpir, compor música... nada disso existe para estas imitadoras? Até a costura ou a cozinha, práticas costumeiras das mulheres, precisam se tornar masculinas para se tornarem “alta” (alta-costura) ou “grande” (a grande-cozinha).

Evoluindo com a imposição das revoluções políticas e sociais conseguimos caminhar cadenciadas pelo molejo e o manejo das entranhas. Tivemos grandes nomes, grandes pseudônimos, grandes feitos e desafetos, pois avançamos e nos espalhamos. Uma renda de automaternagem, alma pulsante, forma amal-gamada. Se formos boas mães, isso não parece mais ser o suficiente. Temos que ser incondicionais, nos superar! Se optarmos pela carreira tem que ser “a top de linha”, a melhor. Sempre com uma nova demanda.

A receita fica cada vez mais complicada, pois farinha, açúcar, ovos e leite não são mais as bases de um bolo. Ele tem que ser grandioso. Uma iguaria! A exaustão permeia nosso dia a dia. Não basta SER, estamos à mercê de um grandioso indefinido.

De braço dado com um livro de receitas (inspirada para o jantar), me deparo com uma casinha de vila em Botafogo. “Móveis antigos” dizia o letreiro desenhado à mão. No fundo da loja/casa encontro ELA, uma linda cadeira de balanço.

“Moço, posso sentar um pouquinho, só para experimentar?” Ele diz que sim com a cabeça. Não tinha pressa. A loja, com aspecto de casa da vovó, tinha uma claraboia, o céu por testemunha. No balanço suave me deixei embalar, me soltei no tempo, sem pensar... “Moça, tenho que baixar as portas da loja, pois já vamos fechar. A senhora estava cochilando e eu não quis incomodar”, falou o homem encabulado. “Então me perdi no tempo?” Felicidade! Decidida, com passos firmes fui até o supermercado, hoje comida pronta! Só de pensar em ter que me lambuzar cozinhando, para depois ser uma grande amante, me tira o fôlego.

Hoje escolho ser menos do que planejei. Hoje eu não dei conta de tudo, dei conta de mim mesma. Isto é ser Criativa. História a continuar. História a se fazer e tecer.

A cadeira de balanço: tempo de ir e vir

Claudia Baldo de Camargo é psicóloga, psicoterapeuta

corporal com especialização em saúde da mulher -

[email protected]

Perfil de mulher II

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Ninho [email protected]

Lilibeth Cardozo

altos assustei corvos e graúnas. Ali, aninhados e aquecidos eles ganharam plumagem. De-ram seus primeiros pequenos voos nas ramas que cercavam nosso ninho. Aprenderam a bicar as frutas, saltar de galho em galho e alçarem voos com as asinhas ainda de poucas penas. Cresceram e indo ganhando o céu, aprenderam a encontrar os esconderijos nas tempestades, buscar suas frutinhas maduras, seus insetos preferidos, seus goles d’água à beira de riachos. Fizeram amor, conheceram o mundo, escolheram e se foram. O ninho, redondinho, feito concha a protegê-los ficou lá, pendurado no galho da árvore mais boni-ta, daquela que florescia na primavera e no verão, daquela que frutificava com cheiro de goiabas maduras. Eu, passarinha, cambaxirra, pio, sozinha, no meu ninho vazio.

Ainda mocinha, achei um pedacinho de palha e o prendi no bico. Cambaxirra, pequena e ágil passarinha, comecei a fazer meu ninho. Achei outras e outras preciosas ramas boas de tecer. Ali fui tecendo a casa re-dondinha, berço para meus filhotes. De dois ovinhos nasceram meu casal de passarinhos. Voei alto, me joguei no chão, me fiz de morta a pressentir ser devorada por predadores para protegê-los. Muitas vezes com as asas pesadas de chuvas, sujas, faltando penas ou tão somente cansadas, não fui pousar em outros ninhos. Voei, voei muito e trabalhando pela imensidão das cidades, dos serrados, das matas, dos quintais com tantos outros ninhos cheiinhos de filhotes, trazia, todos os dias um inseto diferente, uma sementinha, um pólen que floresceria muito mais tarde. Com pios

Oh! Criador do mundo, Tu que

dissestes peças e receberás, embora

esteja nas alturas, em Vossa Divina

Glória, inclinai seus ouvidos a esta

humilde criatura para satisfazer-me

o desejo. Ouve minha prece, oh! Pai

amado, e fazei que por Vossa von-

tade eu obtenha a graça que tanto

almejo (pedido). Deus supre agora

todas as minhas necessidades, se-

gundo as suas riquezas em glória, e

serei sempre grata por suas riquezas

sempre ativas, presentes, imutáveis

e abundantes em minha vida. E que

isto seja feito pelo poder e nome de

Vosso Adorado Filho Jesus (citai esta

prece pela manhã, 7 vezes, juntamen-

te com o salmo 23 e o Pai Nosso).

Mande publicar no 3º dia e observe

o que acontece no 4º dia.

M.C

Prece poderosa para prosperidade

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belezaProjeto de marketing

O sucesso de um salão de beleza depende essencialmente da qualidade de seus profissio-nais, dos produtos oferecidos e da excelência na execução dos serviços. O Studio Eliete é um dos mais conhecidos e conceituados espaço dedicado à beleza e está localizado em uma das áreas comerciais mais nobres do Rio de Janeiro, o Shopping da Gávea. Lá, Eliete recebe sua exigente clientela, disponibilizando os mais diversos e sofisticados tratamentos. Instalado em um novo espaço, o salão conta com uma infraestrutura moderna, ambiente amplo e pro-jetado para deixar as clientes mais à vontade, proporcionando bem-estar, comodidade e con-forto. Com atendimento diferenciado, a oferta de produtos e serviços segue a nova tendência do mercado de reunir num mesmo lugar as mais variadas opções de tratamentos estéticos.

Eliete preza muito pelas técnicas utilizadas em seu salão. Ela está sempre se aperfeiçoando e todos os anos frequenta feiras e congressos em busca de novas tecnologias. Nos últimos anos participou dos seguintes cursos: Excelên-cia em Cabeleireiros da Uerj, Hair Scholl, de Miami, Jean-Claude Biguine, de Milão, entre outros. Por ser ávida por novidades está disponi-bilizando no seu salão serviços e equipamentos modernos como a ducha capilar de vitamina C

e o ozonizador, além de equipamento a laser para tratamento capilar contra queda de cabelo.

NovidadesQuem pensa que a vitamina C é uma arma

apenas contra gripes e resfriados, pode começar a rever seus conceitos. Ela vem se mostrando uma verdadeira aliada também dos cabelos e o trata-mento promete dar brilho, hidratar, restaurar e dar balanço aos fios. Na correria diária o cabelo vai perdendo a força, ficando estático e a vitamina dá vitalidade. O tratamento é feito no próprio lavatório, onde “duchas laranjas” retêm as cápsulas de vita-mina C e é indicado para qualquer tipo de cabelo.

Outra novidade é o óleo de Argan, produto ca-paz de recuperar a energia dos cabelos, equilibrar a oleosidade, acabar com o arrepiado e deixar os fios com um brilho sem igual. Consegue imaginar? Conhecido como ouro marroquino, o óleo virou a substância mais procurada pelas adeptas dos tratamentos capilares regulares. No Studio Eliete você encontra as marcas que estão sendo mais comentadas em sites de beleza. Por exemplo, a Moroccan Oil - que utiliza o óleo milagroso para conservar as madeixas sempre hidratadas e com vida. Rico em antioxidantes e vitaminas A e E, o óleo de Argan está presente em todos os produtos da linha.

Muito mais que um salão

AtendimentoQuando Eliete é questionada sobre o aten-

dimento em seu salão, a resposta é imediata: “O sucesso do meu salão é garantido por uma clien-tela fiel, que me acompanha há bastante tempo, conquistada através do relacionamento, onde o bom atendimento e a qualidade dos serviços são prioridades”. Em relação às técnicas profissionais, antes de partir para qualquer ação, ela faz sempre o diagnóstico capilar e enfatiza que essa é uma das partes mais importantes do processo, praticamente o que determina o bom êxito do seu trabalho.

EquipeOutro fator importante para o sucesso do

salão é sua equipe, composta por cabeleireiros, maquiadores, esteticistas, recepcionistas e a parte administrativa. Todos recebem treinamento e são avaliados pela própria Eliete. “Um requisito básico para fazer parte da equipe é competência e de-dicação. Aqui, todos têm oportunidade de crescer profissionalmente”, ela afirma. Com essa atitude Eliete retribui todo o carinho que vem recebendo ao longo de sua vida. Diz se sentir muito feliz em contribuir para uma sociedade mais justa, gerando empregos e qualificando profissionais.

Realinhamento de fios com redução de volumeAlongamento e thermal hairPermanentePenteadoMaquiagemMega hairManicure, unhas acrílicas e acrigelPedicureDepilação (cera egípcia, mel)Limpeza de pele e corporal e muito mais.

Novos serviços

Ducha capilar de vitamina COzonizaçãoTratamentos capilar a laser contra queda de cabeloTratamentos com óleo de Argan

Especial

ColoraçãoTratamento e hidratação capilarSpa do péSobrancelha de linha e design

Promoção

De 2ª a 4ª feira depilação e embelezamento dos pés e mãosHidratação com escova R$45,00

Studio ElieteShopping da Gávea, 3° piso

Tel.: 2512-3129 / 2294-4579 / 3874-3011 / 2271-2346

Horário: 9h às 22hAbre domingos e feriados

Serviços

CorteColoração nacional e importadaColágeno de licopenos e toda linha da N.P.P.E. Hair CareReflexo / luzes

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Alexandre Brandão

Hei, Amy!

No [email protected]

Manhã chuvosa. Trabalho à espera. Mãos prontas para obedecer o cérebro. Tudo em ordem para dar o suor ao Brasil. Oxalá!

Uma música, penso, não atrapalhará em nada meu desempenho, não fico menos produtivo com isso. Coloco “Will You Still Love Me Tomorrow”, com Amy Winehouse.

... Parem as máquinas. Silêncio nesse mar

de baias. Que ninguém se levante pra tomar café; que ninguém converse, ainda que a tarefa exija. Silêncio!, repito.

Amy se droga demais, sabe-se lá com que tipo de coisa. Ela se mete em encrencas a toda hora: pelejas físicas com o namorado, escândalos em locais públicos, cano nos shows.

Amy, oh, Amy! O que há, garota? Dói tanto assim, a ponto de a aneste-

sia ser tão ou mais importante que o ar? Será que não dá pra diminuir um pouco os decibéis de seus bodes? Sei lá, liga pros “meninos” do Rolling Stones, pede uma re-ceita. Não, não estou falando de uma nova droga, mas procure saber como conciliar doideira com longevidade, pois precisamos e precisaremos de sua arte para percorrer

os quilômetros e mais quilômetros de vida que nos faltam.

Menina, farejo tanta maldade no pessoal do show business. Acho que os caras gos-tam das tragédias pessoais; elas, de alguma forma, animam os lucros — deles. Eles vão estimular seu circo, não tenha dúvida. Em algum momento, no entanto, seus escân-dalos, suas prisões e seus internamentos, Amy, podem inibir os tais lucros, ou mesmo manchar de vermelho a contabilidade. Nessa hora, todos lhe darão bye, bye. Pode ser que você tenha de se mudar de corpo e alma para uma sarjeta, hoje seu cantinho esporádico num final de farra.

Minha memória dá um salto e constato: como você se parece com a Viviane, uma menina do meu círculo de amizades na adolescência. Ela, como você, era doida — e bota doida nisso. O que terá sido feito da Viviane? Você não é a Viviane, é, Amy? Se for, baby, por que você não cantou em nossas rodas ao redor de fogueiras, quando consumíamos os primeiros drinques e uns poucos baseados? A Vivi só nos deu trabalho com seus desfalecimentos. Tivesse nos dado música... quem sabe a vida não teria sido

diferente para todos, melhor até.Pense, Amy, nos cinquentões que, com

seu aparecimento, esqueceram um pouco seus Pink Floyd, Yes e Led Zeppelin da vida. Pense em como você embala as pessoas da China, as de Portugal, as do Brasil. Faça aquilo que sua condição humana pede, mas abre o olho, não entre no jogo dos donos do espetáculo. Permaneça. Isso: permaneça.

Amy, quando você cantar novamente “Will You Still Love Me Tomorrow”, olhe ou pense em mim e não me deixe morrer.

(Trabalhar depois de Amy foi um suplício. Acho melhor descontarem o dia no meu contracheque.)

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O instituto que o carioca

NãO ENxErGA

Com uma das mãos as crianças protegem

o rosto de eventuais trombadas e com a

outra se locomovem guiadas pelas paredes

texturizadas

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Entre ver e enxergar há um grande abis-mo. O IBC - Instituto Benjamin Constant - é uma prova desta máxima. Criado em 1854 pelo então Imperador D. Pedro II, com o nome Imperial Instituto dos Meninos Cegos, foi o primeiro grande passo nacional na garantia do direito à cidadania aqueles preju-dicados ou desprovidos de visão. Com 156 anos de existência completados neste mês de setembro, o instituto é hoje um Centro de Referência Nacional para questões da deficiência visual e, mesmo assim, é pouco conhecido pelos cariocas.

Dentro de seus imponentes muros e paredes sempre acessíveis à sociedade, acon-tecem muito mais do que se pode imaginar. “Só vem ao IBC quem precisa. Acredito que sua localização não auxilia, pois apesar dele ser muito bem localizado em termos de área e dimensão, não é geograficamente. O espaço é ótimo, mas a visibilidade não é muito grande e as pessoas não o enxergam. Por conta disso e sem exagero, muitas crianças que poderiam estar sendo assistidas aqui não vêm por não conhecer”, explica a chefe de gabinete do instituto, Maria da Glória de Souza Almeida.

Glorinha, como é carinhosamente co-nhecida pelos colegas, afirma que o IBC existe para atender a população que precisa de educação e informação especializadas. “As portas do Instituto estão sempre abertas”, diz. A escola que funciona ali é uma escola regular como qualquer outra. O currículo é o mesmo, com a adição de práticas e ensi-namentos específicos, e programas especiais que diferencia o Instituto de outras instituições de ensino. Como, por exemplo, o ensino da escrita cursiva - escrever com as próprias mãos, a alfabetização em Braille, orientação e mobilidade - onde o aluno aprende a ter noção espacial e ser independente em sua locomoção, PREA (Programa Educacional Alternativo) – que atende alunos com outras deficiências além da deficiência visual, PEVI

Fred Pacífico Alves (Práticas Educativas para uma Vida Indepen-dente) – aula na qual o aluno toma conheci-mento de como conviver com seu cotidiano, aprendendo a se vestir, se calçar, hábitos de higiene pessoal e domésticos, a conhecer os utensílios de sua casa, dentre vários outros conhecimentos úteis.

A inclusão dos deficientes visuais é um programa do governo e excelente para edu-cação do cidadão, mas tem que ser sempre acompanhado pela preparação dos que lidam com os que estão sendo formados. “Aqui nós damos cursos o ano inteiro preparando professores para incluir de fato uma criança no mundo e não simplesmente colocá-lo na escola. Isso que nos diferencia de uma escola comum. No resto é tudo igual”, esclarece a professora Glorinha.

Desde a primeira infância, com a chama-da estimulação precoce, que atende desde recém-nascidos até os 4 anos, uma série de atividades e assessoramentos são oferecidos. O IBC é mais que uma escola, é um mundo. O instituto possui a sua própria imprensa Braille, pioneira no Brasil, e oferece educação infantil, ensino médio, fundamental, artes cênicas, in-formática e treinamentos profissionais, oficinas de qualificação de professores, até uma escola residencial para os mais carentes. Há diversos outros núcleos dentro do IBC, além do Cen-tro de Reabilitação que atende também pes-soas com deficiência visual adquirida na idade adulta. São oferecidos curso de massoterapia, oficina de maquete, aula de cerâmica, artesa-nato, música, estúdio de gravação, biblioteca, videoteca, uma brinquedoteca, um complexo esportivo, um centro de memória oral, ativi-dades psicomotoras e atendimentos de saúde referentes à visão abertas a toda sociedade, entre muitas outras atividades e serviços, que não só atendem, como também formam mão de obra especializada em diversos campos. Com isso, muitas vezes o espaço é o porto seguro de quem se encontra perdido frente a uma situação de cegueira ou problema de visão reduzida.

Exceto por algumas pequenas melhorias, o sistema Braille permanece basicamente o

mesmo desde que foi publicado, em 1829, pelo francês Louis Braille. O método simples e

engenhoso torna a palavra escrita disponível a milhões de deficientes visuais

Até mesmo o momento da refeição é de aprendizado, porque ensina-se postura corporal,

boas maneiras à mesa, coordenação motora e educação com os outros e com o ambiente

As crianças aprendem brincando enquanto desenvolvem atividades com temas propostos

pelas professoras, como, por exemplo, o folclore

Os objetos identificam a finalidade de cada espaço e os donos dos escaninhos

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Uma luz de esperança

Vânia Silva de Souza, mãe de Hugo, conta que ao descobrir que o filho, na época com 2 meses de nascido, perderia a visão por conta de um câncer de retina, seu mundo caiu. “Fiquei sem chão. Fui buscar informação e des-cobri o IBC, que foi um norte no escuro. Trouxe o Hugo para cá antes mesmo dele completar um ano. Foi a melhor coisa que fiz para ele e para mim, pois esta é uma situação que nunca se supera, aprende-se a conviver com ela. É uma batalha para o resto da vida”, afirma. Atualmente com 5 anos, Hugo é uma criança saudável, inteligente e alegre como qualquer outra da sua idade. Seu desenvolvimento intelectual, motor e sensorial são perfeitos e ele sabe totalmente dominar o espaço, mesmo com a pouca idade. “Meu filho sabe tudo. Está sempre ligado e faz tudo sozinho. Viver sem ver sempre foi sua referência e aqui aprende-se muito bem a contornar qualquer limitação ou obstáculo. O mais difícil são os outros. Às vezes é necessário bater de frente até com minha própria família, quando os vejo querendo passar a mão na cabeça, aliviar ou relevar uma arte dele por conta da cegueira. Educação moral tem que ser igual para todos, sem distinção”, diz.

Outra mãe que concorda com a afirma-ção é Fabiana Brotaso Machado, mãe de Kaio Eduardo, também com 5 anos. “Concordo que o problema é os outros. Cegos não são coitadinhos. São completamente capazes. Isso eu vim descobrir e aprender aqui, no dia a dia. É uma questão de educação e informação, não só para a pessoa cega, mas principalmente para toda família”, explica. Fabiana conta que quando seu filho foi diag-nosticado cego, com 6 meses, o próprio hospital indicou o IBC a ele. “Ter vindo para o Instituto foi muito importante. Não ter re-ferência alguma sobre o universo da cegueira é muito difícil. Tem que ter força para seguir em frente e muito dela vem da informação, principalmente nesta cidade tão pouco preparada para pessoas com necessidades especiais. Por exemplo, só conheço sinal sonoro para atravessar a rua aqui na frente. Isso é um absurdo”, desabafa.

Adaptações e solidariedadeSe a cidade não é devidamente preparada

para atender às pessoas com necessidades especiais, o mesmo não acontece no IBC. Andar por seus pátios e corredores é uma verdadeira experiência sensorial e humana. Na ala das crianças menores todas as paredes são cobertas por texturas específicas que guiam os alunos para cada um dos cômodos e salas da escola. Em cada maçaneta pende um objeto que identifica a finalidade do es-paço. Até mesmo os escaninhos dos alunos são identificados desta forma, com brinque-

dos por eles escolhidos. “Chamamos os objetos de pistas táteis. A criança descobre onde está to-cando-os”, explica Ana Maria Nóbrega Pereira, professora e coordena-dora da educação infantil do Instituto, que atende

com 7 professoras, 29 alunos divididos por idade em 4 turmas.

As crianças aprendem brincando, experi-mentando as possibilidades dos brinquedos, ouvindo leituras de histórias infantis e en-quanto desenvolvem atividades com temas propostos pelas professoras. No mês de agosto, por exemplo, as turmas aprenderam sobre o folclore brasileiro, suas histórias e personagens, e criaram fantasias, cenário, material de apoio como livros com as len-das e músicas, e desenvolveram no fim da pesquisa mensal uma apresentação musical.

Até mesmo o momento da refeição é de aprendizado. São servidas três refeições, onde se ensina postura corporal, boas manei-ras à mesa, coordenação motora e educação com os outros e com o ambiente. A copeira Andréa de Souza Pereira é a responsável pela

Alunas da educação infantil fantasiadas

para uma apresentação

A aula de orientação

e mobilidade ensina

os alunos a terem

noção espacial e serem

independentes em sua

locomoção

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boa alimentação da criançada. “Trabalho aqui há 14 anos e sou apaixonada pelo que faço. Afirmo que aqui se come muito bem, pois a comida além de balanceada é preparada com muito amor,” conta Andréa.

História de amor é o que não falta no Instituto. O IBC recebe pessoas dispostas a se doarem em atividades voluntárias. Os voluntários se escrevem no departamento específico e passam por entrevistas, onde se distingue suas aptidões, antes de serem encaminhados para realização de alguma atividade. A coordenadora Ana começou assim, como ledora, como são chamados os voluntários que leem para os cegos. Depois trabalhou como professora temporária, foi crescendo e já se vai quase uma década.

Amor ao primeiro toqueRosanea Rodrigues, ex-aluna e atual mo-

nitora da oficina de cerâmica, é outra que não se vê deixando a casa. “Descobri que o barro é minha vida. Foi amor ao primeiro toque. Tanto pela argila, quanto pelo Instituto. Não consigo me imaginar não vindo mais aqui regularmente”, diz. A monitora chegou ali em 2005, depois de uma curiosa experiência médica. “Vim conhecer o IBC já adulta, pois fui fazer uns exames e o médico que me examinou ficou perplexo e me indicou o instituto. Quando cheguei aqui que descobri que era considerada cega pela ciência, mas que tenho o que é denominado como baixa visão. Até hoje sou um caso de estudo, pois nasci sem nervo ótico, nem retina, o que, segundo à ciência, me classifica cega, mas nenhum médico consegue entender como enxergo. Pouco, mas enxergo. O que para mim sempre foi mais do que o necessário, já que vivi minha vida toda deste jeito”, conta a bem humorada ceramista, que hoje, aos 56 anos de vida, impressiona pelo vitalidade e talento com o barro.

Outra que é cria do IBC é a própria chefe de gabinete do instituto. “Perdi minha visão antes dos 7 anos, devido a um tumor cerebral. Por conta da recuperação, tive que interromper a escola. Quando fiz 11 anos, já recuperada do tratamento, o médico me en-caminhou ao Benjamin Constant. Eu sempre

estive ligada ao conhecimento, tinha loucura por escola. Aqui passei minha adolescência até terminar o Ensino Fundamental. Depois alcei voo. Retornei ao Instituto já formada e me especializei como professora. Não tem jeito, nunca larguei e nunca largarei a sala de aula. A educação regenera. Não conheço remédio melhor para o bom desenvolvi-mento do que a educação. Minha maior preocupação é o de não deixar a pessoa à margem. O importante é descobrir e estimu-lar a potencialidade de cada indivíduo”, conta a mestre em literatura brasileira, Glorinha.

Mesmo assim, apesar de todas atividades oferecidas, de atender a todos que necessi-tam e fazer a diferença na vida de tanta gente, o IBC ainda é muito pouco conhecido pelos moradores da cidade. “Não fazia ideia que este prédio enorme fosse uma escola de de-ficiente visual. Infelizmente, tenho que admitir que acabamos não pensando ou sabendo das coisas quando elas não nos são necessárias”, diz a dona de casa Valéria Mattos, possuido-ra de uma visão perfeita. A sinceridade da afirmação traduz bem a realidade de muitos que entram na Urca e se encantam com a grandiosa construção histórica de colunas imponentes que margeiam o caminho da Avenida Pasteur.

“Porque saber sobre algo que não me diz respeito?”, alguém perguntou. Por que o bem, o bom exemplo, histórias de dedica-ção e cidadania sempre valem a pena serem escutadas e contadas. E tomar conhecimento das ações e lugares como o IBC é um grande passo para passar a ver, enxergar, entender e respeitar os cegos como um igual. O homem precisa ter acesso a tudo para ter garantido o direito à cidadania, inclusive, e principalmen-te, o respeito do próximo. Afinal, como bem disse uma das meninas, aluna do instituto, “Eu só não enxergo, mas eu vejo tudo!”.

Conhecendo o Instituto Benjamin Constant *

Conhecer o IBC pode ser, para qualquer carioca, uma experiência ines-quecível. Se um carioca consegue ver o Rio, muitas vezes não enxerga muitos cariocas (adultos e crianças) que sentem que estão no escuro onde existem cores, brilho, toque, abraços, carinho, conheci-mento e amor. Todos somos diferentes e, se videntes hoje, podemos não sê-lo amanhã. Ver crianças e adultos vivendo a rotina de uma escola, relacionando-se com livros, arte, teatro, brincadeiras alegria e vida dá a cada um a certeza do quanto somos diferentes.

Para visitar o Instituto basta procurar a direção e marcar uma visita. A casa é mantida pelo Ministério da Educação, mas doações de material, brinquedos, adoção de projetos podem ser feitos à Caixa Escolar que conhece as necessi-dades de cada setor e dirige adequada-mente as ofertas e as recebe muito bem.

Procure o IBC e ofereça um pouco de luz pelos telefones:

Assessoria da Direção Geral:Elcy Maria Andrade MendesTel: 3478-4442 / 3478-4440 /

3478-4447E-mail: [email protected]

“Descobri que o barro é minha vida. Foi

amor ao primeiro toque. Tanto pela argila,

quanto pelo instituto” – Rosanea Rodrigues,

ceramista e monitora

Os alunos aproveitam ao máximo o

amplo espaço do IBC

* Colaboração de Lilibeth Cardozo

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Extinção

Elas foram desaparecendo aos poucos. Quando nos demos conta, era até difícil lembrar onde cada qual se localizava. Acho que primeiro sumiu a papelaria. Cus-tamos a perceber, porque havia uma segunda a poucos metros de distância. Quando foi a vez da padaria, a percepção foi ainda mais difícil: existiam três delas em dois quarteirões e, apesar de uma ter sido transformada em restaurante self-service, o supermercado diversificou seus serviços do outro lado da rua, inventando uma espécie de padaria-pizzaria.

A casa das fechaduras fechou silenciosa e rapidamen-te. Com a barbearia foi diferente. Era ali que eu cortava o cabelo. Testemunhei passo a passo sua lenta agonia. As tentativas vãs para aumentar o prazo de entrega do imóvel alugado. O trabalho dos funcionários para encon-trar um local próximo onde pudessem continuar a aparar as madeixas e escanhoar a barba dos clientes mais fiéis. No final, seu destino foi o mesmo dos vizinhos: retirada inglória e demolição do que ficou para trás.

A igreja evangélica e a loja dos correios lograram o mesmo destino, mas conseguiram espaços rua acima. A única certeza é a de que, no lugar onde antes co-existiam comércio e serviços, será erguido um novo condomínio de apartamentos.

A surpresa maior ficou para o mês de maio do ano que passou. Ao longo do trajeto que diariamente percorro com meu filho até a creche-escola estão localizados vários estabelecimentos comerciais: o res-taurante japonês, a vídeo-locadora, a oficina mecânica, a padaria sobrevivente, três farmácias, a sapataria, a loja de luminárias, o chaveiro autônomo. Ele entrava em todos esses locais quase que diariamente. Mas foi na oficina que fez maior camaradagem. Os mecânicos sempre o presenteavam com balas durante a nossa passagem por lá. Até que um deles nos confidenciou que só ficariam ali até o fim do mês. O prédio de dois andares seria demolido para dar lugar a mais um condomínio residencial.

Não se pode e nem se deve alimentar ilusões acerca da imutabilidade da nossa cidade ou mesmo da

pela gávea

rua onde vivemos. Afinal, toda gente precisa ter onde morar. Os conjuntos habitacionais são inevitáveis. Em contrapartida, nossos bairros vão sendo lenta e pro-gressivamente descaracterizados.

Nossa tragédia particular reflete, em pequena escala e, por sorte, até um tanto tardiamente, o que ocorreu com o restante da cidade ao longo das últimas décadas. O velho casario, as vilas residenciais e o comércio de rua, composto por armarinhos, quitandas, aviários e similares, foram paulatinamente cedendo lugar para os prédios, nos quais os vizinhos mal se conhecem, e para os shopping centers, onde o atendimento é impessoal.

As mudanças não foram apenas arquitetônicas. Acabaram por afetar também o jeito de ser do carioca. Estamos mais intolerantes e egoístas porque desconhe-cemos quem nos é próximo, e mais tristes por conta da falta de perspectivas.

Por outro lado, o ser humano sempre conseguiu se adaptar às dificuldades que surgiram durante sua evolução. Talvez aí esteja a nossa saída.

Oswaldo Vilella

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Ana Cristina de Carvalho é graduada em Educação Física pela Ufrj com pós-graduação em Ciências da Hidroginástica e das Ginásticas em Academia, especiali-zação em Técnica Desportiva pela Ufrj e especialização em flexibilidade e alongamento pela Uerj. Fez curso de dança em Nova York com Ron Forella e Alvin Ailey. Foi sócia, coordenadora e professora da academia Equipe Korpus por 20 anos. Participou da equipe de nado sincronizado do Fluminense, foi professora de jazz, alongamento, ginástica e personal trainer. É a autora do livro “Flexibilidade e relaxamento”, publicada pela editora Sprint. Atualmente dá aulas de Pilates em seu estúdio na Gávea, bairro aonde mora há 25 anos. Há um ano escreve para a Folha Carioca sobre o método Pilates. Sendo filha e irmã de ex-atletas e professoras de Educação Física foi envolvida com esportes e ati-vidades físicas desde a sua infância, Ana Cristina nos conta como começou sua admiração pelo método. Confira sua entrevista.

Folha Carioca - Como você conheceu o mé-todo Pilates?

Ana Cristina – Conheci o método em Los Ange-les, nos Estados Unidos, apresentado pela minha irmã, em um curso de Pilates através da técnica de Ron Fle-tcher. Ele é ex-aluno de Joseph Pilates e, como outros abriu, seu próprio estúdio, dando prosseguimento à arte de ensinar o método Pilates. Fiquei encantada pela técnica, a filosofia e seus aparelhos incríveis. Desde então estudei muito, me aprofundei e fiz vários cursos até completar uma formação internacional em Pilates pela Polistar Education, Physio Pilates. Introduzi os exercícios e a filosofia do método Pilates nos programas de exercícios que aplico nos meus alunos e atletas e vi como o resultado é maravilhoso. Comecei a combinar os programas e exercícios de Pilates com o meu co-nhecimento de professora e técnica desportiva e fiquei entusiasmada com as possibilidades que o método oferece. Hoje em dia uso o treinamento Pilates com-binado com treinamento de força resistido e exercícios aeróbicos intercalados, atingindo mais rapidamente resultados pretendidos pelos alunos e oferecendo uma grande variedade nos treinos. A técnica que Pilates denominou “Contrology” em 1914 vem sendo fonte inspiradora de nova tendência do mundo do fitness a cada ano. É incrível como o método que este homem criou há quase cem anos não foi superado por nenhu-ma tecnologia avançada dos fabricantes de aparelhos nem por nenhuma metodologia de treinamento esportivo. Pretendo aprender cada vez mais sobre o tema e utilizá-lo mais no treinamento que aplico nos meus alunos, no meu estúdio.

Pratique Pilates, foco na mente e equilíbrio do corpo

saúde e bem-estar

Quais são os benefícios do Pilates?São inúmeros os benefícios. O método é indicado

para reabilitação e prevenção de lesões e de osteopo-rose. Melhora o condicionamento físico em geral e o bem-estar. Promove a harmonia e o equilíbrio das cadeias musculares. Por ser uma atividade que exige do aluno e do professor muita concentração e atenção, as aulas são dirigidas a um aluno apenas ou pequenos grupos de alunos. Por isso os treinos podem ser programados com exercícios que atendam as necessidades individuais, criando soluções cinesiológicas para cada um deles. O Pilates pode ser praticado e é recomendado para pessoas de todas as idades e diferentes níveis de condicionamento físico. Nas primeiras oito aulas os alunos começam a sentir mudança significativa na postura e no alinhamento postural e com isso alívio das dores nas costas. O domínio da respiração traz uma melhora na qualidade do sono, promove o relaxamento muscular e a diminuição do estresse. Com a continuidade do programa, após as 20 primeiras aulas, o aluno começa a sentir uma leveza na movimentação diária e um aumento da força, da dispo-sição e da flexibilidade. Além disso, o Pilates ainda trás como benefício a melhora da concentração, do equilíbrio, da coordenação motora e da consciência corporal.

Qual é o diferencial do Pilates em relação às demais atividades físicas?

A principal diferença entre o método Pilates e os trei-nos em academia é o foco do Pilates no Core (músculos do assoalho pélvico, do abdômen e estabilizadores da coluna) ou Power House. O programa de treinamento Pilates é totalmente focado na força do abdômen, nos músculos estabilizadores da coluna e das principais articulações. As ginásticas em academias têm foco no resultado estético e em criar músculos volumosos. O método Pilates visa o equilíbrio das cadeias musculares e traz uma solução para as disfunções de cada estrutura in-dividualmente. Na rotina de treinamento Pilates a atenção está na ação, no gesto específico de cada movimento. O professor tem que ter muito boa formação para poder transmitir tantos detalhes durante o treinamento. Eu diria que o método Pilates e o Pilates como Treinamento Funcional são uma evolução das ginásticas e se realmente aplicados por excelentes profissionais, torna-se uma abordagem com muito mais exigências para o aluno, mas, em compensação, traz muito mais resultados.

O Pilates valoriza muito a interação do corpo e da mente para que haja uma perfeita harmonia e o menor gasto de energia durante a realização das atividades diárias. São realizados trabalhos com carga ou mesmo alonga-mentos e amplitudes articulares antes que o aluno esteja totalmente consciente de seu corpo e suas limitações.

Mas e quanto à estética, o Pilates promove o fortalecimento muscular, a definição do corpo?

Sem dúvida. O corpo fica com um melhor alinhamento, melhor postura e com a musculatura forte e definida. Todo o corpo é trabalhado e o corpo vai se transformando com músculos mais fortes e alongados, abdômen definido e uma movimentação leve e flexível. Praticar Pilates significa desenvolver a consciência e o controle sobre o corpo. A intenção é aprender a se mover, sentar, andar, digitar, carregar sacolas, brincar com filhos e netos, dirigir, enfim, vivenciar as tarefas cotidianas com uma maior facilidade, desenvolvendo a força e da amplitude articular em todas as articulações e como conseqüência obtemos um corpo mais bonito.

Onde e com quem devemos praticar Pilates?O melhor é praticar Pilates com uma equipe multi-

disciplinar de profissionais com formação em Educação Física, Fisioterapia e Dança que tenham uma formação excelente no método. O certo é inicialmente fazer uma avaliação física composta por análise postural, testes de força, de flexibilidade e de equilíbrio. A partir daí é pos-sível identificar os grupos musculares comprometidos, assim como suas causas e possíveis consequências. Devemos também aferir a pressão arterial, a frequência cardíaca e o percentual de gordura do corpo. Todo mundo antes de iniciar qualquer atividade física deve passar por um detalhado exame médico. De acordo com a avaliação física e médica é possível desenvolver um programa de exercícios que atinja de forma eficiente as expectativas e os objetivos do aluno/atleta. Com a continuidade dos treinos o aluno vai se modificando e devemos sempre fazer novas avaliações para adaptar o programa de exercícios aos progressos dele. De acordo com a necessidade de cada aluno, devemos ter contato com seu médico, fisioterapeuta ou nutricionista para que exista uma relação entre os dados clínicos do aluno e seu programa de exercícios. Infelizmente muitos profissionais desvalorizam uma boa formação em Pila-tes. Acham que por ter uma graduação em Educação Física ou Fisioterapia estão aptos a aplicar a técnica em seus alunos e com isso fazem com que muitas pessoas pensem que Pilates é uma atividade monótona, de fraca abordagem e parecendo um trabalho de fisiote-rapia para terceira idade ou para pessoas lesionadas. Certifique-se se o estúdio onde você pretende praticar Pilates tem coordenação e supervisão de um profissional com graduação e com uma excelente formação no método. A prática do Pilates nos ensina a ter consciência e controle sobre o nosso corpo.

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Silvio Santos, presidente da república...

Estamos na reta final das campanhas eleitorais. Repetem-se as parolagens país afora. De alto a baixo, milhares e milhares de candidatos postulam cadeiras nas Assembleias estaduais, na Câmara, no Senado e na Presidência da República. É assim de quatro em quatro anos, enquanto somos democracia. Esta quadra é boa, alegre, divertida, proporcionando à população, sempre à margem das ocorrências, um movimentado show de expectativas... E vem à lembrança o boiadeiro que, com seu gado, vai passando ao lado do rio Ipiran-ga em São Paulo, ignorante e alheio àquele momento histórico em que o imperador Pedro I proclamava a Independência do Brasil, libertando-nos de Portugal, em 1822, como todo mundo sabe. Assim está na famosa tela de Pedro Américo, Independência ou Morte, em termos, digamos...

Ainda somos o boiadeiro de Pedro Américo. Nos tempos de Fernando Henrique arranharam a Consti-tuição, fato inédito na República desde 1891, com a emenda que instituiu a reeleição. Oito anos para ele e oito para nosso deslumbrado Luiz Inácio Lula da Silva, hoje dando tudo de si para que as urnas consagrem a Sra. Dilma Rousseff como sua sucessora, a quem deseja passar a faixa presidencial em solenidade ali no parlatório de Brasília, na entrada do ano novo de 2011.

Novidade no pedaço é a Ficha Limpa, um baita contingente de candidatos tentando se socorrer nas frestas da Justiça Eleitoral para escapar do impedi-mento. Como largar o osso, santo Deus, deste que

é segundo Villas-Bôas Corrêa o melhor emprego do mundo?

Mexi na velha papelada, coisa assim como os arqui-vos implacáveis do saudoso José Condé, do Correio da Manhã. Eleição de 1989, talvez aquela que teve o mais pesado elenco da história. Covas, que parecia favas contadas. Maluf, Ulysses, Afife, Collor, Brizola e Lula, este mesmo de hoje. Desorientado, sem rumo, no vácuo, o PFL (hoje DEM) andava às tontas, sem um nome forte. À falta de um coringa, decidiu por uma surpresa, uma bomba. Tomou-se por um surto, uma “inspiração”, partindo para São Paulo. Papo da-qui, papo dali, conseguiu convencer o Silvio Santos a topar a parada.

Revista Manchete de 18 de novembro de 1989, no sumário da edição, Roberto Mugiati informa sobre um caderno especial comemorativo dos 100 anos da República: “...é uma coincidência oportuna e o documento desta Manchete oferece rica matéria de reflexão a todos aqueles que se preparam - depois de longo jejum - para escolher pelo voto o próximo presidente do Brasil. Uma eleição, aliás, que se tomou mais emocionante nos últimos dias com a insólita en-trada em cena do apresentador de TV Silvio Santos”.

Em entrevista destacada, com fotos de Chico Yborn, a Murillo MeIo Filho, escritor, jornalista, hoje membro da Academia Brasileira de Letras (tive a honra de trabalhar a seu lado na extinta TV Rio), Silvio, diante de dezenas de microfones, declarou o seguinte: “Sinto

“Deus me aponta o caminho do Palácio do Planalto”

em mim mesmo uma influência enorme de Deus, que me aponta o caminho do Palácio do Planalto e me acena com a possibilidade de reerguer meu povo e levá-Io a dias melhores de vida.”

Murillo acentuava que Silvio já trocara até o estribi-lho “Silvio Santos vem ai” por “Silvio Santos já chegou!”

O partido era o PFL, hoje DEM, e a entrevista foi dada duas semanas antes das eleições de 15 de novembro. Silvio na boca da urna não aconteceu. A candidatura foi natimorta...

Cabe lembrar que quando da campanha presiden-cial de 2002, a falta ainda de alguém em condições de concorrer, o partido andou se insinuando novamente na direção do Silvio, que se mandou para os Estados Unidos, sem dar bola para o convite. Nasceu assim a candidatura - solução da Roseana Sarney, a ex-quase com 20% nas pesquisas e que acabou senadora, apesar do escândalo da Lumus e o escambau.

Vinte e um anos depois essa historinha não serve para definir a política como uma coisa, diria, chistosa, para não usar termo menos gentil? Ainda somos o boiadeiro de Pedro Américo...

míd

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Deu na

JORNAL DA BAND: “A cada 18 minutos uma menina se torna mãe. Levantamento feito de 2002 a 2010.” Impressio-nante, sim, mas a precisão no tempo é que me deixa cabreiro a respeito da estatística. // CARTA CAPITAL - capa com foto: “E quem vigia Teixeira? Com apoio da Fifa, o presidente da CBF age como um imperador. Impõe normas, desafia autoridades públicas, só presta contas a ele mesmo. ”É o Chávez do futebol. // VEJA: capa com um bebezinho com a bundinha virada para o leitor: “Mas nem mesmo uma palmadinha?” O tema dominou a mídia e até o Lula deu seu palpite sobre o beliscão ou o peteleco. Quanto a mim, a lembrança dos puxões de orelha de minha avó Maricota... // JORNAL NACIONAL: “Mais de 13 milhões de brasileiros deixaram a miséria este ano.” Mas minha modesta cota de pequenas esmolas semanais continua... // ISTO É: “O reinado do filho único. O Brasil é um país de crianças sem irmãos.” Na China, a lei do filho único foi ignorada por muitos frustrados casais, todos no propósito de que o primogênito tivesse a companhia de um companheiro de sangue para juntos desenvolverem sua formação em busca de seus destinos. // HOJE: “Cientistas descobriram uma estrela maior 275 vezes do que o sol a 150 mil anos-luz de distância, 200 vezes mais brilhante do que o astro-rei.” Tá vendo, Lula, há sempre algo maior a nossa frente // FOLHA DE S.PAULO: “Estados Unidos gastam US$ tri com guerra na Terra.” Pois é, e mais de um bilhão de pessoas ainda não têm água potável.

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23A mídia impressa devia dar maior

atenção ao rádio. Há muito o que falar. Como por exemplo, sobre a carreira de Zair Cançado um verdadeiro baluarte no setor, no ar, ininterruptamente, desde 1955, quando começou na Nacional pelas mãos de Paulo Roberto. Mais de meio século atuando diante de um mi-crofone: Guiness nele, já! Peguei o seu currículo: jornal, rádio, televisão, serviço público, diplomas, medalhas, moções de louvor, condecorações... haja espaço para publicar tudo isso, santo Deus! Em algum lugar até poderemos ter atuado lado a lado, como na Última Hora, por exemplo.

Zair é da terra do Sergio Chapelin e do Edney Silvestre, Valença, e se orgulha de compartilhar dessa vitoriosa dupla da reportagem da Globo, como mais um valenciano que se projetou profissional-mente na sua operosa lida a serviço da coletividade.

Não há que se duvidar que não foram poucas as vezes em que alguém tentou aquele indefectível trocadilho

com seu sobrenome. Cançado. Cansado, coisa nenhuma: Zair é um incansável na sua ininterrupta ação produtiva, especialmente na rádio, na qualidade de um dos nossos raros pioneiros dos estúdios. Quando alguém se dispuser a escrever a história do rádio no Brasil, a partir de Roquette Pinto, um capítulo inteiro terá de ser dedicado a esse expoente da comunicação em nossa terra, esse quase

eterno cidadão que atende pelo nome de Zair Cançado.

Cabe-nos prestigiá-lo, ainda mais, sintonizando a Rádio Bandeirante, 1360Khz, AM, onde ele atua desde 2001, com os apreciados programas “Vamos ouvir a Banda”, sextas, às 22 horas e “Saudade, teu nome é música”, aos domingos, às 9 da manhã.

Zair Cançado: um pioneiro do rádio

Deu no Globo: “PAC: 52,8% das obras ainda não saíram do papel. Após 3 anos só 13% dos empreendimentos foram concluí-dos, diz ONG. No saneamento, 56,7% estão na etapa inicial.” O grande chargista Henrique, da Tribuna da Imprensa, interpretou a coisa a seu modo...

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Um grupo de médicos estava reunido no intervalo entre sessões em que se tratava da codificação da ética profissional. Todos eles, sem exceção, primavam pelo respeito em todos os níveis das relações humanas: a ética pessoal, a moral cultural vigente, a deontologia da sua profissão e a lei do seu Estado. Entre eles estava um respeitado desembargador que, com alguns outros juristas, fazia parte desse grupo. E, também entre eles, estava eu.

Muito cedo em minha carreira médica, me dediquei ao estudo da ética profissional. Meu pai, meus médicos, meu dentista, meus professores, meus colegas… Éramos todos de uma época em que a ética permeava as relações pessoais e profissionais. Não havia, naquele tempo, necessidade de ética como disciplina, pois ela emanava dos nossos mestres.

A missão médica, o sigilo profissional, a relação com os colegas, os cuidados com os conflitos, a retidão na ação... Tudo isso era a norma. Naquele tempo, o comércio ainda não havia prostituído nossa nobre profissão, nem a administração a havia aprisionado e muito menos o direito a rondava ameaçadoramen-te. E todos aqueles que viviam ao redor da Medicina a respeitavam. Atualmente, muitos apenas defendem seus interesses pecuniários e a cobrem de lama.

Pois bem, em meio à conversa, peço licen-ça para uma consulta ao desembargador. Com uma fisionomia séria e preocupada, exponho o meu problema:

- Miguel, tenho sido uma pessoa correta

ao longo da minha vida, tenho procurado ser ético e honesto em minhas ações, reflito a res-peito de eventuais conflitos de interesses que possam colocar em risco minha retidão, mas tenho que confessar que tenho contribuído para a corrupção. Não é por minha vontade, mas, cada vez mais, sou obrigado a isso.

Miguel e meus colegas me olham atônitos e eu me mostro cada vez mais constrangido. Ele me pergunta:

- Mas por que você faz isso, sabendo que não é certo?

- Como já disse, Miguel, não é por minha vontade; mas se não o fizer não sobrevivo, minha instituição não sobrevive. Sei que estou contribuindo para um mal maior, mas me sinto impotente para lutar contra isso.

Senti que havia semeado uma confusão em relação ao que pensavam de mim: um histórico e uma declaração de honestidade aliados à terrível confissão de estar sujando as minhas mãos em uma situação espúria. Como poderia eu continuar a participar desse grupo que discutia assuntos da ética médica?

- “Mas deve haver um meio de pôr fim a essa situação”, disse Miguel

- “Não, acho que não”, respondi. “Já indaguei a várias pessoas, mostrei o meu dilema, o meu drama pessoal e, em todas as instâncias, me disseram que continuasse, pois era melhor para mim”.

Miguel quedou-se pensativo, perplexo e, quase timidamente, me perguntou:

- E como você está contribuindo para a corrupção?

- “Eu pago impostos!”, foi a minha respos-ta. E acrescentei: “mesmo sabendo que boa parte deles alimenta a corrupção que assola

o meu país!”.Alívio, suspiros, sorrisos... Só não vi, no

momento inicial, a conscientização de que, mesmo por linhas sinuosas, eu denunciava um crime contra o cidadão. Tenho a certeza de que Miguel, de início, se viu vítima de uma pegadinha, mas logo entendeu a finalidade da minha história. Mas, como jurista, não querendo compactuar com possível evasão fiscal, disse:

- Mas pagar impostos é uma obrigação legal à qual o cidadão deve respeito e obe-diência. Você não pode fugir a essa norma.

- Mesmo sabendo que contribuo, cons-cientemente, para um crime maior? Olhem a sua volta e vejam os escândalos diários que envolvem aqueles que lidam com o nosso di-nheiro, ou seja, aqueles que usam a autoridade por nós conferida para nos furtar. E de onde vem esse dinheiro? Dos impostos que nós pagamos! Vejam as obras inacabadas com seus orçamentos faraônicos... Para onde vai esse dinheiro? Para os corruptos, que ostentam uma crescente desfaçatez! Furtam o Estado, a quem deveriam servir, e nós, mansamente, abdicando de nossa cidadania, concorremos para isso.

- Mesmo assim. Você não pode deixar de cumprir uma lei do Estado.

Assumi uma posição pensativa, reflexiva, contrita, mão no queixo, cenho franzido, murmurando uns “hummms”. Depois de um não muito curto lapso de tempo alguém perguntou:

- Em que estás pensando?- “Em Nuremberg!”. E acrescentei: “Tenho

a impressão de que, seja para que lado eu for, uma forca me espera.”

cidadania

Luiz Roberto Londres

Dilema ético?

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EMERGÊNCIA Tel.:2529-4505

GERALTel.:2529-4422

Jane Biehl

gerente de Enfermagem da Clínica São

Vicente

escalas rotativas. Idealizavam a possibilidade de um maior vínculo e isso significaria cuidar dos pacientes desde a admissão até a alta.

Ocorreria, desta forma, aumento da responsabi-lidade junto ao paciente, ou seja, o seu acompanha-mento como um todo e a consciência do impacto que a doença causa em seu cotidiano pessoal e profissional. Obviamente, esta atitude provocou uma mudança na filosofia daquele hospital, pois desta forma estava sendo proposta uma descentralização da tomada de decisões. Estava posto um grande desafio para as instituições de saúde.

É comum perceber competições entre turnos de trabalho que interferem na continuidade do cuidado ao paciente. Com base neste diagnóstico, a autora fez inicialmente uma tentativa de implantar uma en-fermagem em equipe, com a meta de proporcionar cuidados mais humanos, individualizados, completos e contínuos, considerando alguns elementos estru-turais como:• alocaçãoeaceitaçãoderesponsabilidade

individual pela tomada de decisões • designação dos cuidados diários aos pa-

cientes utilizando o método de caso• comunicaçãodiretadepessoaparapessoaO profissional de enfermagem é uma pessoa

operacionalmente responsável pela qualidade dos cuidados administrados a pacientes. Dentro desta perspectiva nos colocamos hoje, enquanto integran-tes de uma profissão extremamente exigida por nós mesmos e por nossos clientes, e nos questionamos se estamos cumprindo conscientemente a nossa missão.

É essencial que a aceitação de responsabilidade seja visível para as pessoas de dentro e de fora do sistema: pacientes, família, médicos e outros profis-sionais. Para tal devemos ter domínio das informa-ções clínicas dos pacientes e planejar os cuidados de Enfermagem com qualidade e segurança até o momento da alta.

Enfermagem - o profissional de referência para o nosso cuidado

Em 2001 tive a oportunidade de assistir a uma conferência da enfermeira americana Marie Manthey e, pela primeira vez, entrar em contato com a metodologia do Primary Nursing – desenvolvido pela própria, em 1980. Ao adaptá-la a nossa cultura, chamamos essa metodologia de Profissional de Referência - PR. Através dela refletimos sobre a responsa-bilidade que a equipe de enfermagem exerce dentro das instituições de saúde no cuidado aos pacientes. Rememorando o que vem ocorrendo nos últimos 50 anos, percebemos que este percurso, de alguma forma, resultou no afastamento do enfermeiro tanto do seu paciente quanto da sua responsabilidade neste cuidar. A comunicação da equipe era extre-mamente complexa e a responsabilidade do cuidado era compartilhada, significando pouca responsabilidade. Manthey salientou a urgência no combate a essa fragmentação. Havia a necessidade de resgatar o papel do enfermeiro como líder do cuidado. Este profissional é res-ponsável pela prática do cuidado ao paciente durante as 24 horas de um dia.

A autora mencionou que a ideia teve origem com um grupo de enfermeiras de uma unidade cirúrgica em Minnesota (EUA). Idealizavam melhorar seus processos de aten-dimento aos clientes. Suas inquietudes pro-vinham de sentimentos de insatisfações com os resultados da assistência. Percebiam que poderiam tomar melhores decisões se tives-sem um maior conhecimento dos pacientes, mas seria necessário que estivessem cuidando deles por um tempo maior e não mais por

Jane Biehl Uma comunicação adequada gera uma equipe integrada e amplia os conhecimentos que o profissional de referência tem dos seus pacientes, podendo dar informações diversas, interpretar as necessidades deles e muitas vezes advogar em sua defesa.

Assim, cabe aos profissionais superar a dicotomia planejar x executar. Em alguns siste-mas convencionais de planejamento existe um problema básico: muitas vezes quem planeja não conhece os detalhes do paciente, que lhe imprimiriam qualidade e segurança em suas necessidades bio-psico-social e espiritual. É importante a seleção das pessoas certas para cada papel, principalmente para os que terão maiores responsabilidades nas tomadas de decisões.

Nesta perspectiva, cada hospital ou ins-tituição de saúde deve se adequar conforme a sua realidade. Entretanto, três fatores são fundamentais para que a implantação seja bem sucedida:• envolvimentodosmembrosdaequi-

pe como tomadores de decisão• sistema de padronização (checklist)

focado na qualidade e segurança do paciente, com padrões bem definidos e divulgados a todos os membros da equipe• existênciadeumaestruturaadminis-

trativa eficiente e apoiadoraSão na construção e na promoção de rela-

cionamentos interpessoais saudáveis, com base na confiança, compromisso, coragem e respeito mútuo, que esta metodologia será solidificada, proporcionando satisfação por parte da equipe de enfermagem para o alcance de uma assis-tência segura aos pacientes.

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Declaração universal de amor ao Rio

RioCidade MaravilhosaMorada do sol, parque da alegriaParaíso de tentações e prazeresAlvas praias, morros verdejantesVisão que deslumbra os visitantesApaixonados pelo teu serRioFácil de dizer em todas as línguasCrepúsculo divinal da Ave MariaRioCariocas de todas as raçasParaíso da paz universalRio sonho de ternuraPaixão cristalizada na espumaDas ondas que noite e diaBeijam CopacabanaRioCidade em festa Pão de AçúcarSantuário do Cristo RedentorRio alma sentida, dentro do meu coraçãoAmo quem ama o meu, o teu, o nosso RioRio de JaneiroNão existe outro igual

Orlando Machado Sobrinho

Promessa ao infinito

Sim, fiz promessas ao infinito...e isso faz com que eu me sintafeliz neste dia triste.Pensamento que me confronta!Adentro a noite com esse suaveresquício... Me dou conselhosaté a exaustão desse mono debate.E já fatigada, sussurro baixinho:“Quer minha alma?” Ao quebalbucio sem parar para pensar...“Fique à vontade!” Ela já não mepertence mais. Insiste a caminharem outros passos... Vai... Segueteu destino! Retarque minha carcaçaem meio a dissabores...Escuto-a ao longe, pois minha almajá encontra-se perante a porta...Entro sem hesitar e em extremavolúpia sinto-a volitar por entrecaminhos.Permito-me alcançar o impossívele vou desvendando as impressõesque antes me eram apenasindefiníveis!

Kuki Sommer

Plano de criança

Falo sobre o sentimento Verdadeiro argumento Que prescinde de ser dito Atitude sem atrito.

Não precisa se expressar Quanto mais fala Mais a faz calar Tem que desmontar.

Porque estamos muito certosE isso nos torna inquietos Não estamos abertos Ao que está mais correto.

Esta sensação Pode voltar a permear nosso dia a diaAo retornar ao coração. Cantemos esta canção.

Não é questão de sorte Envolver-se nesta dança É mais um compromisso De até a morte Estender o plano de criança Lembremos sempre disso.

Eduardo Piereck

Espaço do leitor

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Umas das funções mais importantes da clorofila na dieta do Instituto Hippocra-tes – Flórida é a oxigenação da corrente sanguínea. Numa dieta com muita gordura e proteínas as reservas de oxigênio ficam reduzidas. Tenho descoberto que sem oxigênio suficiente no sangue desenvolve-mos sintomas de baixa energia, digestão e metabolismo lento. Em essência, ficamos incapazes de queimar a comida de forma eficiente. Com má disposição para digerir, assimilar e eliminar o antigo combustível, com o sistema imunológico doente e com o nível de oxigênio reduzido, o corpo fica pro-pício ao câncer. No livro “Causa e prevenção para o câncer”, Dr.Otto Warburg. ganhador do prêmio Nobel de fisiologia em medicina (1931) concluiu que a privação de oxigênio é

a principal causa do câncer e que com um suprimento re-gular de oxigênio no sangue para todas as células a doença pode ser definitiva-mente prevenida.

Existem muitas mane i ras de au-mentar os níveis de oxigênio no sangue, porém sem primei-ro eliminar as causas da perda de oxigê-nio (como fumar,

Linda Lerner

Clorofila e oxigênio

vida saudável

comidas com muita gordura e proteína animal, álcool, drogas, respiração pobre e hábitos sedentários), qualquer tentativa de oxigenar o sangue irá falir. Nós devemos trazer oxigênio renovado para o sangue para sentir um efeito significante na regeneração física.

Exercícios respiratórios, caminhadas e dieta são os caminhos mais seguros de se oxigenar o sangue. Exercícios com controle da respiração melhoram nossa capacidade vital do pulmão, trazendo mais oxigênio para o sistema circulatório. A caminhada ajuda a melhorar a circulação do oxigênio por todas as partes do corpo. Assim como a dieta, todos os vegetais crus frescos, frutas, brotos, e verdes, especialmente a grama do trigo que contém oxigênio líquido. Quando nós comemos, ou tomamos suco destes alimentos nosso nível de oxigênio aumenta.

Clorofila é o sangue da planta. É a prote-ína na vida da planta que dá a cor verde ou rosada. Quando comparada com a molécula da hemoglobina, o oxigênio carregado no sangue humano a clorofila é quase idêntica. A maior diferença é que o núcleo da clorofila contém magnésio (Mg) e a hemoglobina contem ferro (Fe).

Claro que não estou querendo que você chegue a conclusão que deva viver exclusiva-mente com folhas verdes, ervas e gramas e se tornar forte e grande como um elefante. Porém, ingerindo um percentual de comida verde e sucos todos os dias, especialmente o Suco da Luz, você irá adicionar nutrientes vitais como minerais, enzimas, vitaminas, oxigênio e proteína em seu sangue.

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“A realidade se constrói com números.”

“Procuro belas palavras em terreno de pedras.“

“O vento sopra em meus ouvidos segredos indecifráveis.“

“Fico bêbado na madrugada com gotas de prazer.”

“O jovem discípulo perguntou ao mestre: - Meu Mestre, depois de tantos anos de dominação masculina, as mulheres, agora que conseguiram estabelecer uma nova conformação nas relações modernas, cometerão tantas atrocidades quantas as cometidas pelos homens? O mestre cerrou os olhos e em sua face estampou-se séculos de violência e discriminações. Depois de alguns instantes recobrou a serenidade e disse: - A espécie humana distingue-se pelo sexo, mas não pela maldade.”

“Olhar o mundo e enxergar a realidade que convém.”

“A espéc ie humana ent rou na adolescência.”

de que me vale

esse nome igual

como gêmeas?

de que me vale

essa pele branca

essa voz macia

esse cabelo curto

como gêmeas?

de que me valem

duas mulheres iguais

se como mulheres

são gêmeas?

Tamas

Pens

amen

tos

Pró-

fund

os

Pont

o po

étic

o

Vespúcia do Sul, de Paulo de Paiva Serran, é um livro de aventuras que acontecem ora no mar ora em terra. O narrador é um jornalista que vive constantemente na corda bamba, sempre ameaçado de perder o emprego. Ao começar a contar sua história, ele diz: “lá pela virada do milênio, quando eu tinha tudo na vida. Emprego, namorada, dinheiro, carro, eu tinha tudo. Menos vida.” A partir desse narrador decaído, que nos lembra detetives de romances noir, vamos saber a história de Emanuel, um velho caçador de tesouros, fanático por relatos de naufrágios. A narrativa se inicia no litoral fluminense, mais precisamente em Cabo Frio, passa pelo Rio, depois segue para Pernambuco, para onde o personagem viaja com o intuito de produzir matéria sobre artes plásticas mas acaba investigando a suposta morte do velho capitão da embarcação Vespúcia do Sul.

O enigmático nome do barco surge em homenagem a um dos primeiros desbravado-res da costa brasileira, Américo Vespúcio. O continente, segundo Emanuel, deveria ter o mesmo nome do seu barco, porque em todas as ocasiões é o sobrenome que prevalece: “– Pra começar: por que diabos América e não Vespúcia? Afinal de contas, não é Cristóvia, mas Colômbia. Não é Pedrália, mas Cabrália. O estreito é de Magalhães, e não de Fernão. Vespúcia combina muito mais e soa muito melhor!”

Na verdade Emanuel está atrás do tesouro que, segundo a lenda, vinha numa das naus da mesma expedição em que viajava Américo Vespúcio, a nau capitaneada por Gonçalo Coelho, que naufragou nas proximidades de Fernão de Noronha. O tesouro, que estaria na nau capitânia, foi transladado para a nau de Vespúcio. Este, continuando a navegação rumo ao sul, teria costeado Cabo Frio e ancorado na enseada da Barra. Ali, teria desembarcado as peças valiosas dentro de uma arca e a enterrado nas imediações da feitoria.

O autor segue a trilha aberta por Robert Louis Stevenson no clássico A ilha do tesouro, romance também de aventuras no mar em que o narrador Jim Hawkins passa por sérios perigos até alcançar o seu objetivo. Em Vespúcia do Sul, João, o personagem que nos narra, parte em

busca não propriamente de um tesouro, mas de uma boa história capaz de lhe render algum lucro e de mantê-lo empregado no jornal.

Na literatura brasileira, o périplo aberto por Stevenson encontra ressonância também na obra do escritor brasileiro de nome dina-marquês, Per Johns, sobretudo no livro Aves de Cassandra, ao qual o livro de Serran se filia.

Uma outra via que se pode seguir é a do romance noir, devido às peripécias vividas pelo narrador ao viajar para o Nordeste. A princípio, vai com o objetivo de fazer uma espécie de documentário sobre o artista plástico Francisco Brennand, mas casualmente se depara com um dos tripulantes que teria morrido no naufrágio da Vespúcia do Sul, junto com a qual também teria desaparecido seu comandante, o velho Emanuel. João sempre desconfiou que tanto o naufrágio como as mortes seriam uma fraude. Neste trecho da narrativa, ele vai se deparar com bandidos, prostitutas, pederastas, um menor infrator e até com uma senhora mafiosa que o intimará a deixar Recife o mais rápido possível, caso não queira perder a vida. Não fica de fora o envolvimento amoroso, que acontece com a sedutora Lindinha, mulher fatal, namorada e amante de vários outros personagens nada recomendáveis, o que irá gerar perigosas consequências a este misto de jornalista e investigador.

Vespúcia do Sul, segundo livro de Paulo de Paiva Serran, mostra a habilidade do autor em contar histórias com toda a riqueza que elas podem proporcionar, sendo estas tanto de extração histórica, de aventuras – devido às pe-ripécias de Emanuel em busca de tesouros per-didos –, de naufrágios, ou mesmo de natureza policial, o que move o “fracassado” jornalista ao perceber que os estranhos acontecimentos vivenciados por ele podem render uma boa reportagem. É bom deixar o restante como surpresa a ser descoberta pelo próprio leitor.

Também são dignos de louvor o cuidado gráfico e o fino acabamento editorial que o livro apresenta.

Vespúcia do SulPaulo Serran

Ed. Maquinaria, 128 páginas.

Haron Gamal [email protected]

Vespúcia do Sul, de Paulo de Paiva Serran

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O livro foi Prêmio Bolsa de Incentivo ao Escritor Brasileiro, MINC/BN – Poesia.

Comentários:Helena Parente Cunha“O talento de Carmen Moreno circula

com a mesma sutileza clarividente nos vários gêneros literários e agora se excede neste surpreendente Loja de amores usados, em que sua arte se expande livre e senhora de uma intensidade poética raramente encontrada (...) Em primorosa construção de linguagem atravessada por imagens que a cada estrofe nos envolvem, acompanhamos esta viagem de um olhar solitário pelo mundo, descobrindo o “pó do pó, / o microscópico a olho nu”.

Astrid Cabral(...) Nesse rico e complexo percurso

temático, a intensidade dramática sempre nos arrebata. Sobretudo porque Carmen More-no, além de ter a experiência do teatro em seu currículo, é uma poeta visceral. Portanto, não se trata de simples habilidade ou ludismo verbal o que a conduz à produção poética. (...) não há como negar o forte impulso criador a extravasar seu magma, a desnudar-se sem subserviência a modelos exteriores, mas em conformidade a padrões rítmicos emocionais que lhe são próprios. (...)

O leitor pode comprar o livro pelo site:www.editoramultifoco.com.br ou pelo telefone: 2222-3034Mais poesias no blog literário da autora: www.carmenmorenoemprosaeverso.blogs-pot.comwww.almadepoeta.com/carmen_moreno.htm

garimpo

Carmen Moreno lança o livro LOJA DE AMORES USADOS pela editora Multifoco.

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GÁVEABanca do CarlosRua Arthur Araripe, 1Tel.: 9463-0889

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Galpão das Artes Urba-nas Hélio G.PellegrinoAv. Padre Leonel Franca, s/nº - em frente ao PlanetárioTel: 2249-2286

Restaurante Villa 90Rua Mq. de São Vicente, 90Tel.: 2259-8695

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Gula BurguerR. Mq.de São Vicente, 23

Igreja N. S. da Con-ceiçãoR. Mq.de São Vicente, 19Tel.: 2274-5448

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Le pain du lapinRua Maria Angélica, 197 tel: 2527-1503

Armazém AgriãoRua Jardim Botânico, 67 loja H tel: 2286-5383

Carlota PortellaRua Jardim Botânico, 119 tel: 2539-0694

Supermercado CrismarRua Jardim Botânico, 178 tel: 2527-2727

Laboratório BronsteinRua Jardim Botânico, 146 tel: 2227-8080

Posto YpirangaRua Jardim Botânico, 140 tel:2540-1470

HUMAITÁBanca do AlexandreR.Humaitá esq. R.Cesário AlvimTel.: 2527-1156

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Banca Largo da Me-mória Rua Dias Ferreira, 679Tel: 9737-9996

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Garapa Doida R. Carlos Góis, 234 - lj FTel.: 2274-8186

Banca do AugustoRua Humberto de Campos, 856Tel: 3681-2379

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Loteria EsportivaAv. Ataulfo de Paiva

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Café com LetrasRua Bartolomeu Mitre, 297

Café Hum LeblonRua Gen. Venâncio Flores, 300

Tel.: 2512-3714

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FLAMENGORepública Animal Pet-shopRua Marquês de Abrantes, 178 loja bTel: 2551-3491 / 2552-4755

COPACABANAModern SoundRua Barata Ribeiro, 502 D Tel.: 2548-5005

Livraria Primeira Edição Av. N. S. Copacabana 324 Tel: 2256-4335

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Banca do Ernesto

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Banca da Deusa

Banca do EPV

Page 31: Folha Carioca / Setembro 2010 / Ano 9 / nº 80

Moda, decoração, cultura,

lazer e gastronomia.

Em outras palavras,

um shopping completo.

O Shopping da Gávea é completo. São 4 teatros, 5 salas de cinema Estação Vivo Gávea, 2 parques infantis, academia A! Body Tech e amplo estacionamento, além de 230 lojas e 28 opções de gastronomia. Tudo isso para você se sentir cada vez mais à vontade. Cada vez mais completo.

SUA VIDA MAIS COMPLETA.

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