folha carioca / julho 2011 / ano 10 / nº 90

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AMICCA Levando esperança às crianças 14 13 Lilibeth Cardozo Carta vinte anos depois 6 Suzan Hanson Comida, diversão e arte Julho 2011 Ano 10 N o 90

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Edição julho 2011

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Page 1: Folha Carioca / Julho 2011 / Ano 10 / nº 90

AMICCA

Levando esperança às crianças

1413 Lilibeth Cardozo

Carta vinte anos depois

6 Suzan Hanson

Comida, diversão e arte

Julho 2011 Ano 10 No 90

Page 2: Folha Carioca / Julho 2011 / Ano 10 / nº 90
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editorial

Que o Rio está na moda ninguém duvida. A cidade está em todas. E cariocas aguardam os eventos que fizeram com que os holofotes do mundo se voltassem para suas belezas, sua população, seus acertos, seus erros e suas obras. Serão os Jogos Militares, o Rock in Rio, a Copa do Mundo de 2014, as Olimpíadas de 2016 e muitos eventos culturais que presenteiam cariocas, fluminenses, brasileiros de todos os cantos do país e turistas internacionais. Agora em julho temos os 5º Jogos Mundiais Militares, que é o maior evento esportivo militar já realizado no Brasil. Reúne cerca de 8 mil participantes com aproximadamente 6 mil atletas e 2 mil delegados vindos de mais de 100 países. Na diversa gama de eventos para os próximos meses, o Rio sediará em 2012 uma das mais importantes conferências do mundo: a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20. A Folha Carioca apresenta uma breve matéria sobre este importante evento, onde os leitores poderão conhecer um pouco das propostas da conferência e entrar na torcida por um mundo melhor com ações que efetivamente mobilizem os líderes mundiais por desenvolvimento sustentável. É o nosso Rio abraçando grandes causas e fazendo acontecer.

Neste número da Folha Carioca nossos colunistas estão aí para dividir, unir, provocar polêmicas, debates, zangas e sorrisos. Você vai gargalhar com Arlanza Crespo, vai sonhar com os delírios de Lilibeth Cardozo e de Sil Mon-techiari e deliciar-se com Alexandre Brandão que sempre vai “no osso” com suas crônicas, além de pensar com Gisela Gold que sempre acerta quando escreve. Tem novidade no espaço do Tamas que passa a publicar “instante fugaz”. Vale conferir o talento do poeta para a síntese da poesia que “fala” com poucas letras. O nosso grande jornalista Oswaldo Miranda, com idade para rir de tudo e deixar para lá, tem planos e corre atrás de seus ideais, até indo ao portão do homem mais rico do Brasil para apresentar seu projeto visando criar uma TV com a cara do Rio. Haron Gamal apresenta aos leitores uma resenha do fantástico romance Todo terrorista é sentimental, um corajoso livro do Marcio Menezes que não tem medo da literatura.

Tem muito mais: educação, saúde, receitas, qualidade de vida, curiosida-des, pilates, natação especial e gente que se importa com o Rio. E também uma matéria com a AMICCA, uma instituição que apóia crianças com câncer e onde você poderá colaborar com donativos ou sendo voluntário.

Boa leitura!

O Rio em foco

FundadoraRegina Luz

EditoresPaulo Wagner / Lilibeth Cardozo

DistribuiçãoGratuita

JornalistaFred Alves (MTbE-26424/RJ)

ColaboradoresAlexandre Brandão, Alvino Costa Filho, Ana

Cristina de Carvalho, Arlanza Crespo, D.

Anselmo Chagas de Paiva, Georgine Tadei,

Gisela Gold, Haron Gamal, Lilibeth Car-

dozo, Oswaldo Miranda, Oswaldo Villela,

Paulo Coqueiro, Sandra Jabur Wegner, Sil

Montechiari, Suzan Lee Hanson

Captação de AnúnciosAngela: 2259-8110 / 9884-9389 Marlei: 2579-1266

O conteúdo das matérias assinadas, anúncios e informes publicitários é de responsabilidade dos autores.

Capa Renan Pinto e Vlad Calado

Projeto gráfico e arteVladimir Calado ([email protected])

Revisão Petippa Mojarta e Marilza Bigio

Ilustração Yuri Bigio

índice

colunas

4

5

9

12

05 D. Anselmo 06 Suzan Lee Hanson08 Ana Cristina de Carvalho09 Sandra Jabur Wegner13 Lilibeth Cardozo15 Alexandre Brandão

20 Arlanza Crespo21 Sil Montechiari22 Oswaldo Miranda 28 Tamas28 Haron Gamal29 Gisela Gold

2295-56752259-81109409-2696

ENTRE EM CONTATO CONOSCOLeitor, escreva pra gente, faça sugestões e comentários. Sua opinião é importante.

[email protected]

Quem é quem

Guiomar Ribeiro Teixeira

Educação

Os desafios no campo da educação

Saúde e bem-estar

Natação especial

Pela cidade

Em busca da casquinha perfeita

Capa

Rio + 20

Garimpo cultural

Anos 80 e o rock brasileiro no Leblon

Saúde

Comidas de festas julinas

Marketing cultural

O consumidor da terceira idade

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quem é quem

Arlanza Crespo

Contando histórias

Guiomar Ribeiro Teixeira nasceu em 24

de janeiro de 1943 em Vila Real, Portugal, e

veio para o Brasil com a mãe aos três anos de

idade. Foram primeiro para Petrópolis onde

tinham parentes, mas meses depois vieram

morar no Rio de Janeiro. A mãe foi trabalhar

em casa de família, e Guiomar com 13 anos

já era babá. Depois foi copeira, arrumadeira

e cozinheira. Um dia o cunhado chamou-a

para trabalhar numa loja de flores de sua

propriedade, localizada onde é atualmente o

restaurante Garcia & Rodrigues. Ficaram lá 30

anos e quando o prédio foi demolido vieram

para a loja onde estão atualmente. O cunha-

do, André Albertino, também é português e

está casado com sua irmã há mais de 40 anos.

Das flores, a rosa ainda é a mais vendida e

os arranjos são feitos por Guiomar. Apesar da

crise as pessoas continuam comprando flores,

me disse André, mas a juventude perdeu o

romantismo. Antigamente o namorado dava

flores para a sua amada, hoje leva-a para

o botequim. Quem continua comprando

flores são casais mais velhos, e em ocasiões

especiais, como aniversário de casamento.

As histórias que ela me contou foram

muitas, mas duas especialmente chamaram

minha atenção. A primeira foi a de um por-

tuguês que não via a namorada desde janeiro

e no dia 12 de junho, Dia dos Namorados,

quando completou 155 dias de saudades

resolveu mandar 155 rosas, uma para cada

dia. E a outra história foi do homem que

mandou 20 dúzias de rosas, uma dúzia por

hora, e só parou de mandar quando a moça

disse: “Chega, eu não tenho mais vaso, já

estou botando as flores no balde!”

Por mim, eu ficava mais tempo conversan-

do, o papo foi ótimo! Ela me falou também

dos clientes famosos como o Manoel Carlos

Andar pelo Leblon e reparar nas lojas antigas que ainda estão funcionando está cada vez mais difícil, e sempre que eu vejo uma fechando, penso com ironia: “Droga, lá vem mais uma drogaria!” Foi assim recentemente quando abriu uma no lugar da livraria Letras e Expressões, no final do Leblon, a 14ª drogaria do bairro. Foi tudo tão rápido que eu só me refiz do susto quando olhei para o lado e vi que a floricultura ainda estava lá. Graças a Deus, nem tudo está perdido! Entrei rapidinho e fui conversar com a Guiomar. Era a certeza que eu precisava para sentir que o Leblon ainda estava salvo.

que a colocou na novela “Laços de Família”,

da entrevista para o Fantástico, da matéria

publicada na revista Veja. Mas de todas as lem-

branças a que ela guarda com mais carinho é

a do Tom Jobim, que chegava tranquilamente

para comprar flor do campo e dizia “Vou ficar

aqui sentadinho”. O banquinho do Tom ela

guarda até hoje, e me mostrou com orgulho.

Ele era muito gente boa, eu dizia “doutor” e

ele falava “não sou doutor”.

A flora N.S.de Fátima, o André e a Guio-

mar são a cara do Leblon. Que bom acordar,

tomar café no Talho Capixaba, comprar flores

para o namorado e passar batido pela farmácia,

porque quem é feliz não precisa de remédio!

Flora N. S. de Fátima

Av. Ataulfo de Paiva, 1292

Tel.: 2294- 1447

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Os desafios no campo da educação

[email protected]

Nos últimos tempos a imprensa vem noticiando com certa frequência as dificuldades ocorridas no âmbito escolar. Alunos chegam a agredir física e mo-ralmente seus professores e no convívio interno, os desentendimentos culminam em tom de violência, a ponto de ser necessário até mesmo a intervenção da força judicial. Em muitos lugares vem sendo questio-nado, também, o valor da educação e a importância da participação da família no plano educativo.

Dentre essas inquietações pode-se refletir sobre a responsabilidade da família e da escola na educação das crianças e dos adolescentes. Os pais são os pri-meiros educadores dos filhos, princípio sublinhado pelo Concílio Vaticano II, em particular na Declaração sobre a Educação Cristã: “Como foram os pais que deram à luz os filhos, são eles que têm o sério en-cargo de os educar quando se encontram na primeira infância. Por isso os pais devem ser considerados como os primeiros e mais importantes educadores dos filhos” (GE 3). Esta educação no âmbito familiar deve ter seu necessário e complementar encargo na escola. Contudo, tanto a escola como a família devem se conscientizar da indelegável responsabili-dade que têm na transmissão dos valores básicos e essenciais, com base na verdade e na justiça. Faz-se necessária uma retrospectiva dos mais altos valores humanos e morais, que parecem estar esquecidos ou até mesmo enfraquecidos no ambiente familiar. Torna-se necessário recuperar, por parte de todos, a consciência da preeminência dos valores morais, que são os valores da pessoa humana como tal.

Os pais não podem deixar de almejar o bem dos

seus filhos, sobretudo quando crianças, adolescentes e jovens, uma vez que depende deles o futuro desta nossa cidade, do nosso país, da nossa sociedade. Portanto, não podemos deixar de ser solícitos pela formação das novas gerações, orientando os jovens na vida e no discernimento entre o bem e o mal, pela sua saúde não só física, mas também moral.

Educar nunca foi fácil e muitos pais e educadores, até mesmo aqueles que exercem alguma atividade no campo educativo, estão conscientes disso e pa-recem perdidos na instrução das futuras gerações. As dificuldades surgidas parecem confrontar com os esforços para formar pessoas sólidas, capazes de colaborar com os outros e dar um sentido à própria vida. Diante deste cenário que inquieta os educadores, tem-se o costume de culpar os meios de comunicação, que passaram a exercer um papel importante na formação da consciência. Pais e edu-cadores nunca devem se deixar levar pela tentação de renunciar ou não compreender a missão a eles confiada: são eles os principais responsáveis pelos adultos de amanhã.

Mesmo diante dessa paisagem que nos inquieta é urgente manter a esperança de que essas barreiras são superáveis. Superação necessária para o futuro dos próprios filhos, que não podem ser deixados sozinhos perante os desafios da vida. Neste sentido, deve entrar em campo a fundamental experiência do amor, da proximidade e confiança. Como de fato, a primeira experiência que uma criança tem com seus pais, ou deveria ter, é a experiência do amor, do acolhimento. Um verdadeiro educador sabe que

para educar também deve doar algo de si mesmo e só assim poderá ajudar os seus alunos a superar egoísmos, tornando-se também eles capazes de transmitir o amor.

Desde cedo a criança manifesta desejo de saber e compreender, o que se faz sentir por suas contí-nuas perguntas à procura de respostas. Um projeto pedagógico que tem como princípio apenas noções e informações, deixa de lado a grande pergunta em relação à verdade, sobretudo a verdade que está no servir e na orientação para a vida. Seguindo esse princípio, cada professor deve se propor a encontrar o justo equilíbrio entre a liberdade e a disciplina. É esse equilíbrio que traz as regras de formação do caráter, o que contribuirá para que o adolescente de hoje saiba enfrentar as provações que não faltarão no futuro.

O educador não deve temer corrigir uma criança ou um adolescente, mas ajudá-lo a rever suas ideias e opções. Nunca se deve favorecer ou ignorar os erros. Dessas considerações sobressai, como é de-cisivo na educação, o sentido de responsabilidade: responsabilidade do educador, certamente, mas também, e na medida em que cresce com a idade, responsabilidade do filho, do aluno, do jovem que entra no mundo do trabalho. É responsável quem sabe responder a si mesmo e aos outros.

Com a unidade entre família e escola será pos-sível a edificação de uma educação fundamentada também no respeito e na solidariedade. Todos nós devemos nos sentir responsáveis por esta tarefa, para que seja o sinal recíproco da verdade para o amor.

D. Anselmo Chagas de Paiva, OSB

Cirurgiã-Dentista

OrtodontistaCRO-RJ 25.887

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Parque Nacional da Floresta da Tijuca, com direito a piquenique. Descobri, pesquisando para escrever, que ele é composto por quatro setores, mas aqui falo do Setor Flo-resta da Tijuca, que compreende Floresta da Tijuca, Pico da Tijuca, Pico do Papagaio e Cascatinha Taunay. O que já fiz e que foi delicioso: passei no supermercado, comprei vinho, queijos, pães, frios e um bolo. Nessa embarquei em casal com filhos, o que faz bastante sentido. Dicas: estacionar o carro em frente a sua escolha pra fazer o piquenique (são diversas opções) e demoradamente aproveitar as delícias trazidas. Entre as opções, caminhadas no asfalto morro acima ou abaixo, trilhas das mais diversas complexidades (muito bem sinalizadas), e eu, que atualmente sinto-me zero atleta, me aventurei na trilha para o Pico da Tijuca. Cerca de 1 h de caminhada, não exatamente leve, mas também não extenuante – aqui deixo o registro do site: “o único desafio que algumas pessoas possam sentir é no lance final quase chegando ao cume, onde existe uma escadaria de 117 degraus cavada na própria rocha, com proteção de um corrimão feito de correntes de ambos os lados” Superado esse caminho, chega-se a um deslumbrante lugar com vista de todo o Rio de Janeiro. “Ao rodearmos o Pico, vemos toda a Zona Norte, o subúrbio da cidade, a Baixada Fluminense e o Maciço do Mendanha. Mais ao fundo ainda olhando nesse sentido, se o tempo estiver bem limpo, é possível ver uma tênue silhueta da cadeia de montanhas que compõem a Serra dos Órgãos. Olhando para nordeste vemos o centro da cidade além da Baia de Guanabara riscada pela Ponte Rio-Niterói. Desviando levemente o olhar para o leste vemos parcialmente a Zona Sul da cidade, a pontinha do famoso Pão de Açúcar, a Pedra do Elefante em Niterói e até mesmo a Praia de Itaipuaçu, essa já na cidade de Maricá. Agora olhando para o sul, além da praia da Barra da Tijuca, são visíveis as escarpas da Agu-lhinha da Gávea, Pedra Bonita e Pedra da Gávea, com os Dois Irmãos abrindo o desfile. Desviando um pouco mais para o oeste vemos a baixada de Jacarepaguá e ao fundo o Maciço da Pedra Branca. Para finalizar o show baixamos os olhos para nos surpreendemos com uma espessa manta verde da Floresta, ondeando em semitons a perder de vista sendo salpicados pelo cinza dos granitos dos cumes das montanhas que cercam o Parque”.

Enfim, trata-se de uma amostra de sugestões dentro de um infinito de possibilidades. Mas, vale a boa intenção de mencionar algumas e continuar tendo fé de que os leitores me darão suas críticas e sugestões.

Esse pedaço da música “Comida” dos Titãs me veio à cabeça: “A gente não quer só comida, a gente quer comida, diversão e arte”, daí eu comecei a listar mentalmente várias possibilidades desta excelente combinação, e achei que dava um bom tema pra uma crônica, responsabilizando-me por tirar a frase do seu contexto original e usá-la como inspiração para um desenvolvimento livre sobre o tema.

A motivação veio de uma vontade de mostrar exem-plos dessa tripla experiência no Rio de Janeiro, sem levar em conta o contexto político-cultural da música, e consi-derando diversos orçamentos. Algumas versões baratas, mas combinadas com outra com alguma necessidade de pagamento, outras totalmente grátis e, ainda, outras para aqueles momentos em que temos reservas ou um dinheiro extra para fazer algo especial. Tratam-se apenas de recomendações relacionadas ao meu gosto pessoal, des-vinculadas de qualquer relação comercial ou de publicidade.

Então, começo a brincadeira sem ordem de predileção:

A combinação da visita a uma exposição no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB) no sábado de manhã – bem vazio, com lugar fácil para estacionar –, uma visita à Livraria da Travessa, também dentro do CCBB, com calma, e depois escolher almoçar em um dos diversos restaurantes da redondeza – muitas opções, questão de gosto e momento: Brasserie Brasil, no próprio CCBB, o Bistrô The Line, na Casa França Brasil, que tem o privilégio de apresentar a vista da Igreja da Candelária para quem sentar do lado de fora, ou um dos diversos restaurantes ao redor, como os da Rua do Rosário, tais como a Brasserie Rosário, o Al-Farabi, mistura de restaurante e livraria...enfim, vale a pena passear por ali e achar um lugar gostoso para ficar. Vale também andar até o Saara para comer em pé uma das melhores esfihas ou quibes.

Instituto Moreira Salles - Exposições na belíssima construção dos anos 40, cinema, passeio em um espaço arborizado de 10.500 metros, com a Pedra da Gávea ao fundo, e bistrô no Instituto Moreira Salles - Imperdível... um exemplo passado de passeio começou com a exposição de um fotógrafo, Robert Polidori, que apresentou visões instantâneas de grandes catástrofes naturais que ocorreram no mundo, do furacão Katrina em Nova Orleans à vida em Chernobyl 15 anos após o acidente atômico, a momentos do dia a dia em Cuba. Interrompo esse exemplo de passeio para informar que neste momento está em cartaz uma exposição chamada “Extremos”. Vale a pena ver se ainda

Comida, diversão e arte

Suzan Lee [email protected]

estiver disponível até a publicação desta matéria. Segue um resumo retirado do próprio blog do IMS: “a mostra reúne 115 imagens que representam situações extremas da história, das sociedades, dos indivíduos e dos costumes ao longo dos últimos 65 anos, todas registradas pelas lentes de grandes nomes da fotografia mundial”. O exemplo de programa continua com sessões de cinema fora do contexto “blockbluster”, e para completar, o gostoso bistrô do IMS, com algumas opções de massa, e um delicioso e justíssimo - em termos de preço e qualidade - chá da tarde para dois, ou de um simples café com forte recomendação para ser acompanhado do biscoito amanteigado com ca-nela (todos com figuras, como os biscoitos de antigamente; minha lembrança é a de um moinho, parecendo holandês).

O caminho para Santa Tereza, partindo do bondinho na Estação do Metrô Carioca. Chegando lá, três lugares, não por serem os melhores, mas os que hoje conheço e gosto: (a) feijoada ou caldo de feijão com cerveja gelada no Bar do Mineiro (b) Cafecito, um bar numa casa antiga, quase do lado do bar do Mineiro. Fui há um tempo (um ano e meio), era um casarão antigo, com um restaurante com ingredientes verdadeiros e gente atenciosa... adorei... não sei se é o nome certo, nem sei se continua bom, mas minha experiência na ocasião foi maravilhosa. (c) O Bar dos Descasados, dentro do Hotel de Charme - ou Bou-tique - chamado Santa Tereza, onde ficava o antigo Hotel dos Descasados. Hoje, além da enorme infraestrutura de um hotel deste grau de sofisticação, está disponível ao público o bar, aberto sob os arcos da antiga senzala, com uma incrível vista e com espaços variando entre mesas comuns, cadeiras tipo espreguiçadeiras e sofás, além de opções de drinks, caipirinhas, vinhos e aperitivos - essa é uma das variações de gasto das reservas financeiras, mas totalmente merecedora. Possui também um restaurante sofisticado em outro espaço dentro da estrutura do hotel, e, para quem puder, uma estada no hotel, parece ser algo muito especial. Ainda não tive a possibilidade financeira de provar, mas tenho certeza de que vale a pena.

Andar de bicicleta no Aterro do Flamengo e visitar o MAM (Museu de Arte Moderna). Estão sempre disponíveis as exposições permanentes com artistas como Picasso, Miró, Pollock e Jean Arp, mesclados a jovens artistas bra-sileiros, e novidades da temporada. Mistura de aventura ciclística com cultura das mais diversas procedências... Um mate ou coca-cola no Aterro, ou um lanchinho no bistrô do Museu são igualmente satisfatórios.

*

* Trecho tomado emprestrado da música dos Titãs ,”Comida” - compositores: Arnaldo Antunes / Marcelo Fromer / Sérgio Britto

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novidades serviços e entregas

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praticar exercício de forma correta não dá dor na coluna

saúde e bem-estar

Pilates funcional:

Andar, sentar, dirigir, escovar os dentes são atividades comuns do dia a dia, que se não forem executadas corretamente, repercutem diretamente na qualidade de vida. Se algum segmento do nosso corpo estiver bloqueado, não existirá o movimento harmonioso do corpo. Quem nunca acordou “travado” ou sentiu ao menos uma “fisgada” na coluna, depois de um dia intenso de trabalho, pode se considerar parte de uma parcela privilegiada da população. Isso porque os problemas de coluna, nos últimos anos, têm sido cada vez mais frequentes.

O fator complicador é que muitas das pessoas que sofrem de dores na coluna não procuram treinamento adequado e investem em terapias que oferecem alívio rápido, porém, não definitivo.

A lombalgia, comumente cha-mada de dor nas costas é causada por instabilidade lombar e desenca-deada por diversas situações. Após ou durante uma longa caminhada ou corrida, ela pode surgir, porém, a causa não é a atividade física, mas, dentre outros fatores, podemos citar o desalinhamento articular, pouco alongamento, a fraqueza muscular e a tensão miofacial.

Com o Treinamento de Pilates Funcional obtém-se uma diminuição das tensões mus-culares (relaxamento), melhora da amplitude de movimento, da consciência corporal e melhora da circulação.

O Treinamento Funcional promove o for-talecimento dos músculos do Core (multífidos e transverso do abdômen), a estabilização da coluna vertebral e com isso conseguimos beneficiar a manutenção do equilíbrio e. o favorecimento da postura.

Com os exercícios específicos do treina-mento de Pilates Funcional conseguimos a re-organização do sistema músculo-esquelético, a correção do desalinhamento articular, o reequilíbrio biomecânico das articulações e das cadeias musculares.

Você deve começar a se cuidar já!

Ana Cristina de Carvalhowww.pilatesvilla90.blogspot.com

[email protected]

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Praticando esta natação as grávidas têm outra disposi-ção, o edema de membros inferiores desaparece, assim como as dores na lombar; ficam com mais energia, mais calmas e otimistas devido ao aumento da serotonina.

As atividades aquáticas propiciam o aumento do condicionamento físico com pouco impacto sobre as articulações. No caso da natação o impacto é zero porque não tem ação da gravidade.

Todos aqueles que possuem algum tipo de dificul-dade psicomotora se beneficiam da natação, ou seja, no deslizar, ir através da água de um ponto a outro com maior ou menor habilidade. É uma ótima atividade aeró-bica que exige trabalho muscular, coordenação, equilíbrio de todo o corpo coordenado com a respiração.

Vale a pena tentar entrar em harmonia com a água, sentir o corpo, ser abraçado por ela, descobrir os mistérios, as sensações que este meio nos oferece.

Venham experimentar!

Dúvidas sobre o assunto podem ser esclarecidas através do e-mail

[email protected]

Sandra Jabur Wegner

Natação especialA natação especial não é destinada somente aos

deficientes. A natação especial é apropriada para pessoas em estado especial como as grávidas, o idoso que quer aprender a nadar (o que está cada vez mais frequente), o paciente que está no pós-operatório e que faz hidroterapia e pode começar a nadar com algumas restrições para fazer uma atividade aeróbica. Os cardiopatas, os hipertensos, os pacientes neurológicos etc... Ou seja, todos que precisam de cuidados especiais e de atenção individualizada.

Outro grupo são os deficientes sensoriais (visuais e auditivos) e físicos/cognitivos, múltiplas deficiências abrangendo diversas patologias. Em todos os grupos mencionados, dependendo das características indivi-duais, das possibilidades psicomotoras e dos objetivos de cada um, traçamos um plano “técnico didático pedagógico”. As aulas são individuais, preparadas para cada tipo de aluno, de acordo com a avaliação prévia, e progredindo de acordo com o seu desempenho, da avaliação diária do professor. Este trabalho pode co-meçar individualmente e evoluir posteriormente para o trabalho em grupo, de acordo com o desenvolvimento, as necessidades e a vontade do aluno.

Na água, as possibilidades de movimento são muitas devido as suas características e propriedades. A água facilita os movimentos, pode-se aplicar mais ou menos resistência, peso através da turbulência, maior ou menor pressão da gravidade ou do empuxo de acordo com a profundidade. Podemos brincar, manipular a água facilitando ou dificultando as ativi-dades propostas ao aluno. O objetivo principal na aprendizagem da natação é o nado utilitário, ou seja, é cair na água e estar a salvo.

Os objetivos específicos quanto ao melhor desempenho e aplicabilidade das técnicas do nado serão canalizados para cada um. Os alunos que aprendem a nadar com 70, 80, 90 anos de idade, adquirem uma maior capacidade cardiorrespirató-ria compatível com a faixa etária, melhora do con-dicionamento músculo-esquelético, aumento da autoestima e melhor desempenho na vida social e profissional. Muitos participam do treinamento de travessias marítimas e competições como master.

Quanto aos deficientes, uns continuam com trabalho individual, outros são inseridos em turmas.

[email protected]

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espaço do leitor

notas

As flores chegaram com o vento e se alojaram num canteiro perto da porta principal da minha casa em Itaipava. Em pé esperei passar a ventania para poder colhê-las ou mesmo deixá-las onde escolheram seu ninho. Lá permaneci algum tempo, depois fechei a porta porque começava a esfriar. No dia seguinte, fui ver como estavam e para minha surpresa, haviam partido... Que pena, eram tão lindas.

Perguntei ao jardineiro a origem delas porque eu não as conhecia. Perplexa escutei que elas viviam de acordo com um solo especial, chegavam sempre trazendo bons augúrios. Eram caríssimas e procuradas por vários culti-vadores porque de acordo com eles a espécie foi criada por um menino - um príncipe encantado - diziam. Ele tinha um poder muito forte e bastava tocar nas flores que elas logo se proliferavam. Fomos então até a jardineira

O NDesign é um encontro nacional de estudantes e profissionais de design que não possui fins lucrativos. Ele acontece anualmente, e é um evento itinerante de cunho acadêmico, político, cultural e social. É capaz de promover a confraternização entre os participantes vindos de diferentes estados (e até países), bem como trazer mais conhecimento sobre a profissão através de palestras, oficinas, debates, exposições, entre outras atividades em que os encontristas atuam/interagem com o design.

As flores do amor

NDesign 2011

Georgine Tadei

e encontramos dois minúsculos raminhos cheios de vida. Ficamos tão contentes. Então elas iriam viver ali. Decidimos ir até o orquidário e procuramos Mariana, responsável pelo local, para sabermos como deveriam ser tratadas.

Após um mês cresceram e tomaram conta do jardim. Em face de tal acontecimento mudei o nome da minha casa. O encontro com as flores mágicas - o mais curioso é que aquele dia era o meu aniversário... Não existe um caminho definitivo para a felicidade, ela pode ser encon-trada em pequenos momentos em nosso cotidiano.

nossa língua

Era uma vez quatro indivíduos que se chamavam todos, alguém, cada um e ninguém.

Existia um importante trabalho a ser feito e pediram a todos para fazê-lo.

Todos tinham certeza de que alguém o faria. Cada um poderia tê-lo feito, mas na realidade ninguém o fez.

Alguém se zangou, pois era trabalho de todos!Todos pensaram que cada um poderia tê-lo feito e

ninguém duvidava de que alguém o faria.No fim das contas, todos fizeram críticas a cada um

O emprego do pronome indefinido...porque ninguém tinha feito o que alguém poderia ter feito.

Moral da históriaSem querer recriminar a todos, seria bom que

cada um fizesse aquilo que deva fazer sem alimentar esperança de que alguém vá fazê-lo em seu lugar...

A experiência mostra que lá onde se espera alguém, geralmente não se encontra ninguém.

Este texto é para todos, a fim de que cada um possa lê-lo, e informe a alguém sem esquecer de ninguém.

Atualmente é o maior evento dessa área do Brasil, e um dos maiores da América Latina, além de ser um dos pou-cos encontros em que os participantes compartilham experiências vividas acerca da profissão.

Mais informações no site:www.ndesign.org.br

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pela cidade

Para mim casquinha de siri tem algo espe-cial, tem cara e sabor de praia! Sentar em uma sombra à beira-mar e degustar uma casquinha, com limão, acompanhada de uma caipirinha ou cerveja gelada, em boa companhia, é um dos bons e simples prazeres da vida. Então, co-mecei a perguntar para os meus amigos onde encontrar... Enfim, encurtando a história con-segui indicações de vários lugares e fui conferir.

Abram parênteses: os siris são crustáceos que se classificam cientificamente como crus-tacea (carapaça dura) decapoda (dez patas) brachyura (cauda reduzida) da família dos portunídeos. A principal característica externa que diferencia os siris dos caranguejos é a modificação de seu último par de patas, que assume a forma de nadadeiras. Sendo assim, os siris possuem uma capacidade de maior loco-moção que seus “primos” caranguejos. Outra curiosidade, o nome siris é um palíndromo, ou seja, o nome não se altera quando é lido de trás pra frente. Fecha parênteses.

A minha primeira indicação foi um desastre. Um restaurante na região portuária do Rio que não merece nem ter seu nome citado. Tenho certeza que tinha carne de arraia adicionada à de siri, porque ambas têm a mesma textura de fiapos. O petisco era uma verdadeira em-bromação, recheio sem gosto e a cobertura tinha muita farinha. A segunda opção, na Praça da Ribeira, na Ilha do Governador, foi melhor. Lá são vários quiosques, um ao lado do outro, onde funcionava antigamente a estação das barcas que fazia a ligação da Ilha para a Praça XV, no Centro. A cerveja estava gelada mas o produto principal da minha peregrinação deixou a desejar. Ainda não era isso.

A frustração começou a sobressair, mas a busca pela casquinha perfeita não podia termi-nar ali e lembrei que a solução poderia estar na Zona Oeste do Rio. Num passado recente

a região se destacou por ser grande produtora de pescado e crustáceos, visitada por famosos atraídos por restaurantes especializados em frutos do mar. Telefonei para a casa da família Pereira, que tem casa por lá, e o meu amigo Pedro me indicou um restaurante em Pedra de Guaratiba. Ele disse: “Se você já foi a Pedra, é bem provável que o conheça. Afinal, ir até lá e não provar a casquinha de siri do Restaurante Amendoeira é como não ter comido acarajé em Salvador, tapioca em Maceió ou tomado tacacá em Belém. Tipo da coisa que não pode ficar de fora da lista de qualquer carioca com intenções gastronômicas”. Pronto! Era o que eu precisava, uma indicação certa. Ele me passou o endereço e me programei para ir lá no dia seguinte.

Pedra de Guaratiba é um bairro do Rio, situado na faixa litorânea, banhado pela baía de Sepetiba. Um pouco distante da Gávea, onde me encontrava, mas conclui que valia o passeio, pelo menos para fazer um roteiro diferente do que estou acostumado. Consultei o Google e imprimi o itinerário para não ter erro de como chegar. Foi fácil encontrar o restaurante. Em funcionamento há mais de quarenta anos o estabelecimento é bastante conhecido na região. Fui atendido pelos sim-páticos proprietários, Sônia e Carlos, e não perdi tempo, pedindo logo duas casquinhas e um chope.

O restaurante serve este prato de uma ma-neira diferente da que eu estava acostumado. O primeiro ponto a favor é a qualidade da car-ne de siri. Fiz questão de ir até a cozinha para constatar. Outro é que o petisco é realmente servido na casca do siri, a original, e não na concha de vieira (coquilles Saint-Jacques) que o pessoal diz para as crianças que é siri. O pior é quando a concha é de louça, aí nem criança entra na onda. Até aí tudo bem, não deveria

Em busca da casquinha perfeita

ser diferente, já que pela lógica toda casquinha de siri deveria ser servida na casquinha do siri. Simples assim. Entretanto, o diferencial, que dá um toque especial no prato, é que toda a casquinha de siri é frita, fazendo com que se forme uma camada externa extremamente crocante e o recheio interno se torne incri-velmente macio. Muito saborosa. Aprovada!

Sônia e Carlos me contaram que a casqui-nha é produzida da mesma forma, seguindo uma receita familiar, desde a fundação do restaurante, em 1970. Acredito que o que faz a diferença seja a proporção perfeita entre o recheio consistente, bem temperado, e a cobertura, além da mistura de texturas (do crocante ao cremoso, numa só mordida). Ideal para ser consumida com limão, azeite, um pouco de pimenta e acompanhada por qualquer opção da carta de bebidas do es-tabelecimento. Os peixes (linguado, cherne, robalo, namorado, pescada, entre outros) e crustáceos que o restaurante oferece são com-prados frescos e com regularidade. Somente de carne de siri são consumidos cerca de 40 kg por mês. Antigamente a carne de siri era separada no próprio restaurante, mas agora um pescador de Itacuruçá já fornece pronta. Disseram, rindo, que um dia a tampa da panela não ficou bem fechada e os animais fugiram da cozinha para o salão. Foi uma festa.

Portanto, tire um dia para você e sua família e vá à Pedra de Guaratiba. Caso não seja um admirador da casquinha de siri o cardápio oferece fartas e ótimas receitas de frutos do mar. Mas a casquinha...

Restaurante AmendoeiraRua Barros Alarcão, 1015 – Pedra de

Guaratiba – RJTel.: 2417-1360

www.restauranteamendoeira.com.br

Paulo Coqueiro

Sabe aqueles dias em que você acorda com vontade de comer um petisco especial, aquele mais gostoso que você já provou? Na semana passada decidi ir atrás da melhor casquinha de siri da cidade. Mas não queria comer um simples quitute, uma entrada, queria algo marcante.

Os garçons Anderson e Mário servem mais de 300 casquinhas

de siri por semana

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[email protected]

Lilibeth Cardozo

Caros leitores,Já se passaram vinte anos da edição da Folha Carioca

de julho de 2011. Estou uma velhinha, mas a vida corre sempre me sinalizando um coração pulsando no meu peito e me dizendo: “estás viva”. Aconteceram muitas coisas no mundo e na nossa cidade. Hoje tenho muitas alegrias e sonhos realizados. Neste tempo ganhei presentes que me fizeram muito feliz. Ganhei quatro netos lindos, filhos do meu casal de filhos. Eles não são mais crianças em 2031 e imaginem vocês como ainda terão surpresas neste mundo que a cada dia fica menor, onde tudo se sabe e se discute por meios virtuais e imprensa livre. Infelizmente a fome ainda é realidade em muitas famílias pelo mundo. O Rio de Janeiro continua lindo, mas nesses vinte anos destruíram muitas coisas e construíram outras tantas. O povo, com mais informação, exigiu muito mais dos governos, se rebelou e acabou por conquistar algumas coisas. Vocês todos soube-ram pela imprensa como se comportaram prefeitos, gover-nadores e presidente na tragédia das chuvas dos municípios fluminenses em março deste ano, não é mesmo? Há vinte anos aconteceu coisa muita parecida nas serras fluminenses. Desta vez a mobilização política e da sociedade civil foi um exemplo. Todos se voltaram para ajudar a população que foi afetada e os recursos públicos destinados à ajuda das vítimas foram devidamente aplicados. Os pobres que perderam suas casas foram imediatamente cadastrados e estão recebendo um aluguel social, pago rigorosamente em dia pelas prefeituras locais. Todos receberão uma nova casa, simples, porém firme e bem construída, através do programa de governo “Minha casa, minha vida”. Não há mais desvio de dinheiro e nem enriquecimento ilícito de nenhum político ou empreiteiro. Muitos que perderam seus empregos, pequenos negócios ou ferramentas de trabalho, ganharam atenção especial dos programas da OIT em acordo com o governo brasileiro e estão sendo apoiados para recomeçarem e gerando renda, resgatar a autoestima e a dignidade.

As taxas de analfabetismo caíram muito no Brasil e a educação ganhou prioridade absoluta. As crianças estão todas nas escolas e nas públicas têm merenda todos os dias, com cardápio balanceado e adequado à boa nutrição dos alunos. Qualquer desvio de dinheiro da educação tem sido punido com rigor e os que roubam são presos sem direito a recorrer das sentenças. Todas as escolas, por menores que sejam, têm professores bem formados e com salários dignos. São muito estimulados a ensinarem e ganharam importância e respeito da sociedade: o mestre é um dos profissionais mais reverenciados no Brasil de hoje.

No atendimento de saúde, em 20 anos, o Brasil mostrou outro perfil. Num estado capitalista é lógico que o setor privado ficou com a maior fatia, mas com maior controle da população e vontade política, as torneiras dos desvios e roubos nos hospitais e nos governos foram fechadas. O dinheiro apareceu, médicos, enfermeiros, técnicos e auxiliares de saúde passaram a ter boa remune-ração. Não faltam aos plantões, têm material de qualidade e atendem com atenção e recursos a população carente.

Com melhor atendimento e acesso aos serviços básicos, a pobreza diminuiu sensivelmente e a violência também. A revolta pelos roubos dos chamados colari-nhos brancos, os poderosos empresários e políticos, foi substituída pela solidariedade e tranquilidade das classes populares numa parceria pelo bem púbico. Surgiram muitos líderes comunitários que trabalham junto às prefeituras. Existem crimes e barbáries, como em qualquer parte do mundo, mas nada se assemelha aos de 2011. Policiais e bombeiros conquistaram salários compatíveis com suas funções e neste mês ganharam um adicional salarial por periculosidade. A população passou a contar sempre com os policiais e bombeiros e a respeitá-los como homens e mulheres essenciais à ordem e ao bem-estar.

Brasília passou a ter alguma referência de ética e honestidade. Nas eleições diminuíram os candidatos, mas

os cargos públicos passaram a ser vocação de homens e mulheres de caráter ilibado. Todos os crimes políticos são punidos com rigor.

Nesta semana houve um acidente aéreo e o estado da Bahia fez as buscas e resgate das vítimas, prestando-lhes a atenção devida. Nada foi feito fora das obrigações do estado de direito e não teve nenhum avião da Força Aérea Brasileira, nem navios da Marinha ocupados com o resgate sem que assim procedessem em todos os acidentes no território nacional. Em 2011 houve um acidente em que os serviços públicos foram usados, como se privados fossem!

As drogas continuam avançando pelo mundo. A maconha hoje se compra legalmente em estabelecimen-tos cadastrados pelo governo. Outras drogas têm sido reprimidas com ações eficazes de controle nas fronteiras, aeroportos e portos do país. O tratamento dos usuários de drogas foi democratizado e existe atendimento nas unidades públicas de saúde de todo o Brasil.

Todas as penitenciárias do Brasil agora são agrícolas, construídas em terras antes improdutivas. Os lucros das colheitas são autossustentáveis e os presos trabalham a terra e colhem seus frutos.

As políticas de preservação ambiental são rigorosas e os princípios de direito ambiental, um dos melhores do mundo, têm sido rigorosamente aplicados. A Amazônia está voltando a respirar e quase já não existe desmatamento.

Muitas outras coisas foram feitas no Brasil e as eleições voltaram a ser festa no país. O povo, feliz, cuida de seu espaço, vota com prazer. O Brasil cresceu e, hoje, um dia de inverno carioca, eu, velhinha, fico feliz em ser carioca, ser brasileira e ter orgulho do meu país. Valeu viver tanto!

Um forte abraço, meus leitoresLilibeth Cardozo

PS: se estou errada, me corrijam. É que em 2031 estou velhinha e do jeito que vivo tão intensamente, posso estar delirando!

Carta vinte anos depois Rio, 14 de julho de 2031

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Se não houver um apoio psicológico e o acontecimento não for bem trabalhado, as consequências a curto e longo prazo podem gerar uma desorganização, levando a um desequilíbrio familiar.

No Rio de Janeiro a AMICCA - Associa-ção dos Amigos da Infância com Câncer é referência de instituição de apoio. Ela existe há mais de 30 anos e é constituída por um grupo de voluntários, que dão um pouco de si na assistência aos pacientes carentes, internados ou em tratamento em hospitais especializados em câncer. A maioria dos pacientes que a AMICCA atende não tem condições financeiras de custear o tratamen-to e sem o apoio da instituição acabam por interrompê-lo.

A ONG foi fundada e é presidida por Iara Resende, que dedicou sua vida inteira em prol dessas crianças. Ela começou atendendo e dando apoio às famílias dos pacientes em sua própria casa, cedendo um espaço apenas para elas terem onde ficar. Em pouco tempo o lugar ficou pequeno e Iara percebeu que precisa buscar parcerias. Pela grandeza do projeto conseguiu o apoio de Roberto Marinho, Arthur Sendas e várias outras personalidades e instituições. Hoje, a sede da AMICCA é um amplo prédio de cinco andares em Botafogo, ganho através da Campa-nha Solidariedade Sendas, em 2002. Atualmente atende aproximadamente 350 crianças, cerca de 70 pacientes em fase terminal e mais 75 do Setor de Hematologia do Hospital Universitário do Fundão. Em breve irá inaugurar um Centro Odontológico, doação de um médico. “Com as parcerias foi possível assumirmos um número maior de pacientes e mesmo que nem todos desfrutem dos benefícios da AMICCA como auxílio odontológico, cestas básicas, roupas e me-

AMICCA – levando esperança ao coração de muitas crianças

r esponsabilidade social

dicamentos, todos recebem muito carinho e são bem-vindos à nossa casa”, afirma Luiz Resende, que trabalha na direção da ONG.

Visando melhorar a qualidade de vida de cada criança assistida, a AMICCA desenvolve vários projetos com o objetivo de prestar uma assistência cada vez mais eficiente e completa. Todo esse trabalho é mantido por doações da sociedade, tanto de pessoas físicas como jurídicas.

Como ajudar?A AMICCA utiliza doações para realizar seu

trabalho de apoio às crianças e suas famílias, oferecendo toda a assistência necessária para garantir o tratamento e a qualidade de vida desses pequenos pacientes. Entre as ações onde são investidas as doações recebidas estão: compra de medicamentos, exames, cestas básicas, atendimento psico-social, transporte e manutenção da casa.

VoluntárioAMICCA tem necessidade de trabalho

voluntário em qualquer área, tanto para a re-alização de suas atividades e projetos junto às famílias assistidas, como para o cumprimento de tarefas administrativas da instituição. As portas da AMICCA estão sempre abertas a qualquer cidadão que queira colaborar.

Sendo sócio-contribuinte- Doando mensalmente alimentos não

perecíveis.- São aceitos donativos como brinquedos,

roupas, televisões, computadores, geladeiras entre outros eletrodomésticos novos ou usa-dos desde que em bom estado.

- Depositando qualquer quantia mensal-mente nas contas da instituição, que encontram-se listadas no site.

AMICCARua General Polidoro, 105Botafogo - Rio de JaneiroTel.: 2295-5353 / 3344-4218E-mail: [email protected]: www.amica.org.br

O cantor Paulo Ricardo num

show em prol da ONG

Festa da Páscoa na instituição

Christiane

Raposo,

diretora de

eventos, com

Alex Escobar

Alex Escobar e uma criança

atendida pela AMICCA

Câncer é a segunda causa mais importante de morte nas crianças, após os acidentes. Em meio a essa dura realidade, surgem organizações não governamentais (ONGs) que atuam como fontes de apoio familiar e financeiro aos atingidos pela doença. A perda de um filho, ainda pequeno, é um fato doloroso e com forte impacto.

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Alexandre Brandão

Teje preso

[email protected]

Certa vez, vi meu primo Brandão (o sobrenome de uma família inteira foi monopolizado por ele) entrar num camburão em solidariedade ao colega que, por furtar um toca-fitas ou coisa parecida, era pego pela polícia. Houve um tempo em que minha cidade era dada a gírias locais, assim radiopatrulha, RP, era apelidada de Rita Pavone, cantora de suces-so nos anos 1960. A televisão comeu esse tempo numa bocada só - nostálgico, grito essa tese isolada e de pronto volto ao caso da prisão de meu primo: ele entrou na Rita Pavone, mas logo depois estava na rua, não gastou nem um cadinho do cimento da cela. O amigo lalau igualmente curtiu pouco o tal “lar, amargo lar”.

Outra vez, eu e um parceiro, ele da Marinha, parados defronte de uma boate, tomamos uns drinques a mais e, caindo na provocação de duas moças que trabalhavam na noite de Copacabana, fomos um pouco abusados com elas. Dois leões de chácara responsáveis pela segurança local aban-donaram o posto de trabalho e enfiaram socos e pontapés no coitado do meu amigo e no coitado de mim. Quando a polícia deu o ar da graça ti-vemos um segundo de alívio. Na nossa cabeça, não cometêramos crime algum e ainda havíamos sido agredidos. Só que... Meu amigo foi parar na delegacia da Hilário de Gouveia. Quando cheguei lá, pedindo que o táxi seguisse de perto “aquela joaninha”, o delegado já sabia da patente do “preso” e dava dois passos atrás. Ensaiou um tímido pedido de desculpas e sugeriu que ele (e eu, que entrava porta adentro) fosse para casa e descansasse.

Contam que outro primo meu - não julguem minha família por conta de dois casos isolados, mesmo porque os personagens que ilustram essa crônica são de famílias diferentes, um da parte do meu pai, outro, da minha mãe - certa vez passou a noite no xilindró. Teria ficado agarrado à grade da janela, por onde a lua ousa penetrar quadrada cela adentro, gritando sua mãe. A noite toda assim. A mãe, longe da cadeia, sem poder ouvi-lo, sofreu sem pregar os olhos pelo sumiço do filho. Era infundado seu sofrimento: o rapaz estava seguro, longe do perigo das ruas.

A elite, no Brasil, é presa nos momentos de exceção política. Graciliano Ramos e outros pas-saram um perrengue quando veio o Estado Novo. Aliás, Graciliano fez de seu diário de prisão uma

No Osso

das peças literárias mais contundentes do século XX. Fujo um pouco do assunto ao me lembrar - confio na memória, o que é temerário - que no “Memórias do cárcere” o escritor alagoano deixa clara sua aversão aos homossexuais. Se lhe diziam que o cozinheiro era gay, ele simplesmente deixava a comida de lado. Não tardará muito, Graciliano fará par com Monteiro Lobato. Este caçado por seu racismo (discutível), aquele por sua homofo-bia (explícita). Quando o sujeito é talentoso, suas imperfeições e até suas monstruosidades mostram apenas quão humano ele é. Ninguém é a bailarina do Chico Buarque e do Edu Lobo.

Na época da ditadura militar recente, a lista dos que dormiram no chão duro é grande. Persio Arida, que foi professor da PUC quando eu ali estudava economia, acaba de fazer, na revista Piauí, um relato sobre sua prisão. Parece que vai virar livro. A minha leitura do artigo me leva a crer que o que tem prendido Arida ao longo da vida são as grades do afeto por seu pai. Todos temos uma prisão assim só nossa, boas e confortáveis prisões.

Por falar na ditadura de 1964, conheço um projeto interessante, coordenado por Carlos Fico, historiador da UFRJ. Ele, que é estudioso do período em que os militares mandaram e desmandaram em nosso país, mantém um blog www.brasilrecente.com voltado para a análise do Brasil de agora (a partir do golpe), este que está vivo e pululante. Suas anotações começaram no dia da posse da presidente Dilma. O blog, espaço de reflexão e debate, também prende, no caso a nossa atenção.

Fora os momentos de exceção, que não quero de volta, a elite dorme hoje na prisão e acorda amanhã em casa, quando muito. Há casos de criminosos, larápios e prevaricadores, como o jornalista Pimenta, assassino confesso, que nunca são apresentados à danada da cela.

A democracia precisa aprender a encarcerar, no momento certo e apenas nele, ricos e pobres, pretos e brancos e, usando outra expressão sau-dosista, geraldinos e arquibaldos. Dessa maneira, pensando num caso hipotético, sei lá onde fui tirar tal ideia, a democracia precisa prender economistas que vendem consultoria em medicina e vice-versa. Sem esquecer os que compram essas benditas consultorias.

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capa

O encontro recebeu o nome de Rio+20 e visa a renovar o engajamento dos líderes mundiais com o desenvolvimento sustentável do planeta, vinte anos após a Conferência das Nações Unidas sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento (Rio-92). Serão debatidas a contri-buição da “economia verde” para o desenvolvimento sustentável e a eliminação da pobreza, com foco sobre a questão da estrutura de governança internacional na área do desenvolvimento sustentável.

A Rio+20 vai reunir mais de 100 chefes de estado, que discutirão a economia verde e um novo modelo de desenvolvimento sustentável para o planeta. Além disso, as delegações farão uma análise do que foi realizado nos últimos 20 anos, em relação ao meio ambiente e à erradicação da miséria, a partir das decisões tomadas na Rio-92, também conhecida como Eco 92.

Recentemente realizou-se no Palácio Itamaraty, no Rio de Janeiro, a Mesa Redonda “Rio+20: os novos de-safios do desenvolvimento sustentável”. Neste encontro tratou-se do primeiro debate sobre a Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável entre representantes do Governo federal, estadual e municipal, poderes legislativo e judiciário, setor aca-dêmico, organizações não-governamentais, empresas e imprensa, em que se buscou colher propostas de temas a serem considerados durante a Rio+20. A mesa-redonda foi coordenada pela Ministra do Meio Ambiente, Izabella Teixeira, e pelo Ministro das Relações Exteriores, Antonio de Aguiar Patriota, com participação do Diretor-Executivo do Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA), Achim Steiner.

Neste início da contagem regressiva para a Confe-rência, que será realizada em maio e junho de 2012, os participantes foram convidados a refletir e expor, do seu ponto de vista, quais seriam os principais desafios para o desenvolvimento sustentável nos próximos vinte anos, e a propor sugestões para a Conferência e a seu processo preparatório. Entre os pontos mencionados pelos diversos participantes, figuram os seguintes:

- O Brasil terá muito a contribuir para o êxito da Conferência, exercendo efetivo papel de liderança, a partir de sua experiência no combate ao desmatamen-to, à pobreza e à miséria, e da participação de fontes renováveis em sua matriz energética;

- A paz é condição imprescindível do desenvolvimen-to sustentável e o Brasil tem credenciais para propor a inclusão dessa dimensão nos debates da Conferência;

- A Conferência representa oportunidade única para a criação de modelo inovador de desenvolvimento para o século XXI, que não se atenha a aspectos econômi-cos, mas inclua a proteção ambiental, a erradicação da pobreza e a inclusão social;

- A economia verde, tema a ser discutido na Conferência, constitui importante ferramenta do desenvolvimento sustentável e deverá facilitar a integração de elementos ambientais ao desenvol-vimento (empregos verdes, PIB verde, economia de baixo carbono). Deverá ser estabelecida de forma harmônica, sem ignorar setores mais pobres da população, devendo sempre apoiar a redução das desigualdades. A economia verde não poderá aumentar a desigualdade entre os países, por exem-

Lilibeth Cardozo

Rio + 20os novos desafios do desenvolvimento sustentávelA cidade do Rio de Janeiro será a sede da Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável, em 2012

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plo, ao favorecer as tecnologias criadas por países que já se encontram em patamar mais elevado de desenvolvimento;

- O desenvolvimento, segundo esse novo para-digma, não poderá ser mensurado de acordo com os parâmetros tradicionais, mas por novos critérios de sustentabilidade;

- A Conferência poderá ter como resultado o esta-belecimento de metas de sustentabilidade, a exemplo dos Objetivos de Desenvolvimento do Milênio. Áreas como redução de emissões nos transportes, eficiência energética, uso da água e de energias renováveis pode-riam ser contempladas;

- Essas metas deveriam ser monitoradas após a Conferência;

- Os resultados da Conferência devem ser eficien-temente comunicados à sociedade;

- A Conferência deveria dar visibilidade a iniciativas exitosas na área de sustentabilidade, que poderão ser compartilhadas/replicadas em outros países, de acordo com suas características e necessidades. Mecanismo per-manente de avaliação e identificação de novos projetos deveria ser estabelecido.

Ainda no que se refere a resultados concretos da Conferência, os participantes enfatizaram a impor-tância de que seja fortalecida a implementação das normas já adotadas.

- Sobre o processo preparatório da Conferência, destacou-se a necessidade de ampla divulgação prévia; a necessidade de que o Governo auxilie e engaje a so-ciedade civil brasileira, com especial menção aos povos indígenas e comunidades tradicionais;

- Sobre governança, os participantes preconizaram: a melhor integração e coordenação entre as instituições internacionais responsáveis pelos três pilares do desen-volvimento sustentável - ambiental, social e econômico – por exemplo, entre órgãos e agências do sistema das Nações Unidas. Temas de sustentabilidade devem ser incorporados à agenda das instituições de Bretton Woods e ao G-20;

- As instituições internacionais devem ser atuali-zadas de acordo com o novo contexto internacional, refletindo, entre outros, a necessidade de participa-ção mais efetiva dos diversos setores da sociedade. Internamente, há necessidade de fortalecimento das instâncias governamentais na área ambiental;

- Deve-se evitar a fragmentação no tratamento internacional dos temas ambientais, com a promoção do diálogo entre os acordos multilaterais ambientais;

- Desafio mais amplo sobre governança envolve o descompasso entre a perspectiva de curto prazo da po-lítica e das expectativas da sociedade e a implementação, no longo prazo, das medidas que promovem o desenvolvimento sustentável. Trata-se de desafio que não se limita a uma geração e

- O tema das cidades susten-táveis foi recordado por diversos participantes. Aspectos referen-tes a transportes, construções sustentáveis, urbanização, entre outros, foram mencionados;

Os padrões insustentáveis de consumo foram lembrados. O modelo de produção de energia vigente, baseado em combustíveis fósseis, e a crescen-te demanda foram mencionados. Para além do aspecto energético, é necessário mobilizar todos os setores da sociedade (Governos, empresas, indivíduos) a operar as mudanças necessárias em seus padrões de consumo. Divulgação de boas práticas, bem como dos impactos do consumo insustentável, foram ressaltados.

Mais uma vez, o Rio será a capital mundial do meio ambiente

Desta vez, porém, a corda está mais apertada no pescoço. Os prazos estreitaram-se, espécies engrossa-ram a lista das ameaçadas de extinção, eventos extremos avançam pela Terra. O clima, embora fora da agenda principal - a pauta do Rio+20 é desenvolvimento sus-tentável e economia verde - não deverá ser ignorado pelas dezenas de chefes de Estado que virão à cidade. Até o fim de 2012, eles terão de encontrar um sucessor para o malfadado Protocolo de Kioto, único acordo internacional com poder de lei que estabelece limites para as emissões de CO2 e outros gases-estufa.

O planeta recém-saído de uma de suas maiores crises econômicas terá de reaprender a crescer. Não basta um mercado próspero. É preciso atender outros pré-requisitos, como ter uma matriz energética limpa,

Os oito objetivos

do Milênio a serem

alcançadas

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meios de transporte não poluentes e incentivo à reci-clagem. Exigências que, de forma completa, nenhuma nação atende; algumas inclusive contestam. Segundo a ONU, cada país terá de investir, em média, o equivalente a 2% de seu PIB, por 40 anos, para atingir este objetivo.

“- Estima-se que, se todos mantiverem seu estilo de vida insustentável, precisaremos de cinco planetas para suprirmos nossas demandas - alertou o secretário-geral da Rio+20, o diplomata chinês Sha Zukang. - Temos de considerar os limites dos recursos naturais. Não para viver de forma mais pobre, e sim de um modo mais inteligente.”

A Rio+20 vai se amparar em um documento, a Agenda 21, elaborado no encontro de duas décadas atrás. Trata-se de uma carta de intenções que propõe a visão conjunta de temas econômicos, sociais e ambien-tais. Entre as áreas prioritárias - que, inclusive, ganharam suas próprias conferências da ONU - estão mudanças climáticas, biodiversidade, desertificação e responsabili-dade corporativa.

A agenda foi revista em 2002, num encontro em Johanesburgo, onde foi constatada a necessidade de tomar passos concretos para tirá-la do papel. Isso ainda não aconteceu, embora a última década tenha sido de prosperidade econômica.

“- A Rio 92 foi quase profética - assinala Israel Klabin, presidente da Fundação Brasileira para o Desenvolvi-mento Sustentável (FBDS). - Os problemas que detectou são hoje factuais, mensuráveis e as soluções estão ao nos-so alcance. Falta, no entanto, conseguirmos condensá-las em um projeto, que se aproxime o máximo possível de um consenso dos governos.”

A p l a t e i a também mudou - inclusive em seu tamanho. Vinte anos atrás, os grupos com voz ativa na discus-são eram poucos. Agora, a audiência ganhou corpo e abrange públicos tão diferentes como jovens, empresas, ONGs, sindicatos, cientistas e trabalhadores rurais.

Como em qualquer encontro da ONU, as conversas dançam conforme a música tocada pelos países mais poderosos. Só que mesmo a definição de quais são essas nações não é mais a mesma. Em 1992, os países desenvolvidos eram os donos da pauta. Nos últimos anos, no entanto, surgiram grupos como os Estados insulares e o Brics, formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul.

Sérgio Besserman, professor do Departamento de Economia da PUC-Rio e assessor da Prefeitura do Rio para a conferência do ano que vem opina: “- As dispu-tas entre essas alianças podem ser reprisadas, mas de uma forma diferente. Como não haverá deliberações concretas na Rio+20, é provável que o conflito seja menos agudo. Mas a pressão sobre todas as nações deve crescer, devido à insatisfação com a falta de go-vernança global. Estamos em marcha firme para uma crise de sustentabilidade. Muito pouco de nosso rumo foi alterado desde 1992.”

Um país, que já seria ouvido devido ao tamanho de sua economia, receberá atenção especial: o Brasil. “- Será o momento internacional mais importante do governo de Dilma Rousseff” - acredita Besserman. - O mundo inteiro perguntará o que temos a dizer sobre economia verde. O Brasil não será fundamental para que a conferência seja ou não um sucesso, mas é quem vai definir a força da mensagem da Rio+20.”

E por que o Brasil? Além de anfitrião do encontro, trata-se de uma de-

mocracia de dimensões continentais, que colhe êxitos no combate à pobreza - embora a desigualdade ainda seja uma marca profunda - e tem matriz energética renová-vel, não emissora de gases-estufa.Pesa, porém, o grave desmatamento na Amazônia, a maior floresta da Terra. É preciso, segundo Besserman, encontrar um modo sustentável de manter aquela região tropical, investindo em estoques de carbono. E, também, na logística que sustentaria a economia verde do país. O transporte de carga ainda é feito em caminhão a diesel. Mas até daí nasceria uma oportunidade:

“- Falta investir em ferrovias e aeroportos. Essa me-dida, aliada à energia limpa e a uma Amazônia protegida, nos transformam em uma potência ambiental - assegura Besserman.”

Diante de um debate amplo, que mobiliza cifras gigantescas, os chefes de Estado podem se perder com a quantidade de decisões a serem tomadas. Para evitar esse risco, diversas organizações da sociedade civil preparam levantamentos indicando quais, segundo elas, deveriam ser as prioridades da Rio+20. Por aqui, um estudo é conduzido pela FBDS, em parceria com a Co-ppe/UFRJ. Ambas consideram a energia o componente mais importante da conferência.

“- A maior parte dos impactos ao meio ambiente pode ser atribuída à queima de combustíveis fósseis - explica Branca Americano, assessora da fundação. - Queremos identificar casos de sucesso no mundo na transição para energia renovável. Esses exemplos seriam explicados em um documento didático, orientado para os tomadores de decisão. A FBDS está em busca de recursos para realizar o estudo, que seria concluído até o início do ano que vem. Seus resultados parciais,

capacapa

Em cerimônia no Palácio da Cidade, o prefeito Eduardo Paes recebe o

secretário-geral da ONU para a Rio+20, Sha Zukang

Sérgio Besserman

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porém, estariam disponíveis já em novembro, quando acaba o prazo para o envio de sugestões à comissão preparatória da Rio+20. O material recebido por este grupo servirá de base ao primeiro rascunho das resolu-ções da conferência.”

A Prefeitura do Rio e a sustentabilidade

A Prefeitura do Rio estabeleceu metas para redução de emissão de gases do efeito estufa. Até o ano que vem, o objetivo é diminuir em 8% o volume de gases emi-tidos na atmosfera. Para 2016, a expectativa é diminuir em 16% e, até 2020, chegar a 20% a menos de gases jogados na atmosfera. Para atingir esta meta a prefeitura está implementando uma série de projetos nas áreas de Transporte, Meio Ambiente, Destinação dos Resíduos Sólidos, entre outros.

Licitação de linhas de ônibus – Houve uma refor-mulação do sistema de transporte público viário, com a licitação de todas as linhas que circulam pela cidade, com o objetivo de racionalizar e otimizar a frota.

BRTs – Já está implantado o sistema de transporte BRT (Bus Rapid Transit) com a construção dos dois primeiros corredores viários - a Transcarioca e a Transoeste. Até o final do ano, começam as obras da Transolímpica. Esses corredores BRTs vão operar com ônibus articulados que funcionam com combustível híbrido (B20) e vão circular em vias segregadas.

Rio Capital da Bicicleta – Incentiva o uso da bicicleta como meio de transporte e não só como instrumento de lazer. No plano de metas da prefeitura está a dupli-cação das ciclovias, passando de 150 para 300 km até 2012. Atualmente, a cidade conta com mais de 200 km de faixas para bicicletas.

CTR – Outra medida adotada pela Prefeitura do Rio foi o início de operação do Centro de Tratamento

de Resíduos de Seropédica e a desativação gradual do Aterro de Gramacho. O lixo é o segundo maior emissor de gases do efeito estufa no Rio de Janeiro. A tecnologia de ponta usada no CTR para a captação do gás metano representa uma queda de 8% nestas emissões, o equivalente a 1,9 mil tonelada de gás carbônico. É o mesmo que acabar com a poluição de 1,5 milhão de carros movidos a gasolina em um ano.

Reflorestamento – até 2012, o objetivo é replantar árvores em 1500 hectares, em um investimento de cerca de 25 milhões de reais.

Fonte:

Prefeitura do Rio de

Janeiro

Ministério das Relações

Exteriores

Jornal O Globo

Macrodrenagem de Jaca-repaguá – A Prefeitura do Rio em parceria com o Governo Federal está investindo R$ 340 milhões no Programa de Recu-peração Ambiental da Bacia de Jacarepaguá.

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Arlanza [email protected]

Meu dedo não é compatível!

Sempre fui muito rápida, desenvolvi várias técnicas para fazer duas ou três coisas ao mesmo tempo e nunca tive problemas com isso, achava inclusive uma virtude. Fora alguns amigos que me diziam: “calma, espera, devagar...” tudo bem, eu me orgu-lhava da minha rapidez. Só que no mundo de hoje as máquinas chegaram para fazer coisas por nós, e descobri que o tempo delas é diferente. Comecei a perceber isso quando ligava no celular e não completava a ligação, vinha escrito “número inexistente”. Eu olhava o painel (visor, sei lá) e estava faltando um número. É que eu tinha digi-tado muito rápido e não tinha dado tempo da máquina processar todos. Agora tento ligar mais devagar e às vezes até consigo.

Estou fazendo o possível para ser mais lerda, mas juro que está difícil! E no momen-to estou com um problemão com a senha do banco. A droga da senha não pode ser digitada errada mais de três vezes, e eu

acho isso pouco. Não consigo me entender com as máquinas, já procurei ser paciente, digitar devagar, mas não adianta. Irritada, e já começando a achar que era um problema pessoal, resolvi ligar para o banco. Já de cara deu senha inválida, claro. Consegui, depois de muito tempo, falar com o atendente. Contei minha história e ele disse que minha senha estava bloqueada por três tentativas erradas. “E aí?” perguntei. “Como faço pra desbloquear?” “Vou precisar de alguns dados da senhora”. Tudo bem, está certo, é para minha segurança. Aí ele pediu: nome da mãe (fácil); nome do pai (tranquilo); data de nas-cimento da mãe (ops); data de nascimento do pai (como assim?). Ele queria dia, mês e ano! Eu me confundi por um momento, fiquei nervosa, sou da época da prova oral. Não sabia se minha mãe tinha nascido em 1915 e meu pai em 1917 ou o contrário. Se ele pedisse a da avó eu estava ferrada! Mas enfim, depois de passar no teste ele falou

“Vou retornar sua ligação e a senhora digita o 3, o 2 e o 9”. Tudo certo, veio outro aten-dente, contei de novo minha história, ele mandou eu digitar minha senha bem devagar que ele estaria do outro lado da linha para me ajudar (mas bloqueado, sem ouvir). Não entendi, mas concordei. Digitei, não deu. Digitei de novo, nada. Ele voltou na linha e tentou me convencer que eu tinha esque-cido a senha. Porra, se até o nascimento da minha mãe eu sabia! O que estava aconte-cendo afinal? Foi quando ele falou: “Senhora, seu dedo não é compatível!” Fiquei muda, respirei fundo e desliguei. Recuperada do choque cheguei a uma conclusão que até me deu certo alívio: descobri que não sou burra, não tenho déficit de atenção nem a síndrome das mãos inquietas. Simplesmente se eu não acerto com o celular ou com as caixas eletrônicas é porque meu dedo não é compatível. Sem problema!Mas, afinal, onde eu compro um dedo compatível?

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Sil Montechiari

[email protected]

(des)Dizendo

Pra continuar esta aventura de me arriscar à escrita, passei a perceber que era necessário perceber mais. E então, verifiquei que nem sempre o menos é o máximo, que não é tão simples fazer o simples, que o básico nem sempre é o mínimo possível, que nem toda loira é burra, e por aí vai...

Foi nessa hora que tive a sacada. Como desdobrar e desdizer tudo que escrevi na publicação anterior? É simples assim: sou uma mulher pós-moderna, do tipo que quer quase nada. Adoraria estar casada com um homem inteligente, culto, bonito ou no míni-mo “interessante”. Não. Sinceridade? Lindo de morrer! Quer dizer, de matar todas as “meninas” da academia de inveja. Ah! Espero que o “rapaz” tenha entre a minha idade e no máximo dez anos a mais, se for para menos... não serve. Que seja bem sucedido (lê-se, tenha dinheiro suficiente para prover um lar, sem ter que depender do meu suado capital financeiro). Abrindo outro parêntese e, duplo ((não suporto essa visão antiquada de direitos iguais)). Mulher dividindo a pizza, pagando o cinema? Fico sempre envergonhada... pelo homem. Está certo que ninguém é obrigado a ter dinheiro, mas estamos falando de desejo. E sonhar... não custa nada.

Além do mais, essa moda pegou. E o que tem de espertinho se encostando, vou te contar. Pronto. Falei. E disse. O sujeito encosta na mãe, na avó, na tia, na irmã, até na amiga. Já percebe-ram a quantidade de mulher que saca o cartão de crédito na hora de pagar a conta e o cara fica quietinho, fazendo a famosa cara de paisagem?

Continuando meu devaneio de Dona Baratinha, o mais importante mesmo é que o sujeito tenha caráter. Sim. Refiro-me a valores mesmo. Que saiba a diferença entre ser rico e ser feliz. Se você me entende, é assim que a gente entende a diferença entre o valor e o preço das coisas (li isso em algum lugar).

E por favor, que seja cristão. Isso. Que tenha muita fé. Se não, totalmente inviável.

Fico pensando o que meus novos leitores

Aceitamos interferências, opiniões, sugestões, críticas, palpites e,

principalmente, elogios

Dispa-se!

estão pensando sobre o que interessa a uma coluna que se propõe a falar de estilo, recapitu-lar preferências e anseios afetivos tão pessoais.

Realmente nem Jesus, nosso Senhor, con-seguiu agradar a todo mundo. Talvez muitos leitores do sexo masculino se sintam ofendi-dos. Muitas mulheres empresárias pensem que estou delirando. E que uma coisa não tem nada a ver com a outra, que está sem pé nem cabeça. Mas simplesmente quero expressar meu feminino. Onde posso ser menos competitiva, menos autoritária, menos assoberbada, menos estressada.

Quero somente ter a pretensão de comer bolo de banana no final da tarde com uma família e amigos para chamar de meus. Com tranquilidade.

Quero entender porque o estilo de vida da minha avó permitia que os casamentos durassem tanto, que os filhos tivessem mães presentes, que os homens tomassem mais a posição de líderes e “aliviassem” esta atual sobrecarga feminina. E sei não, mas acho que existiam mais homens...

E sei não, se nós mulheres éramos menos felizes com a barriga no fogão.

Está na moda ser “chefa” de cozinha. E com a “tanquinho” sarado... fica melhor ainda, não é?

Errata: minha avó Izolina era uma mulher supermoderna para sua época. Não tenho registro familiar oficial que tenha se casado, mas criou minha mãe, meu tio e mais a filha de uma prima. Sustentou sozinha uma casa onde moravam a sua mãe doente e a sua tia com duas filhas. Eram sete mulheres e um homen-zinho caçula. Essa mulher guerreira cuidou de todos somente com o suor de seu trabalho.

Será que ela aprovaria meus conceitos tão retrógrados? Este meu estilo tão Audrey Hepburn em Bonequinha de luxo?

Mesmo assim, aproveitei a ideia de minha colega colunista , a Suzan Hanson, na edição anterior, e resolvi colocar a famosa, criativa e prática receita de bolo de banana (cuca), que diga-se de passagem... não é da minha vovó.

Receita Cuca da Sil

Ingredientes: 6 bananas d’água2 xícaras de açúcar2 xícaras de farinha de rosca3 ovos½ xícara de óleo 1 colher de sobremesa de

fermento canela em pó

Modo de fazerAmasse as bananas, misture

com a farinha e o açúcar. Junte as 3 gemas, o óleo e a canela em pó. Bata as claras em neve, misture tudo e acrescente o fer-mento. Unte a forma com óleo e farinha de rosca. Asse por 30 a 40 minutos. Polvilhe açúcar e canela por cima depois de desenformar e deixar esfriar.

Pronto! Pode convidar até o “banana” do seu novo preten-dente, se for o caso.

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com entusiasmo por gente como o

saudoso Artur da Távola e Arnaldo

Niskier, com vistas à abertura de um

canal de televisão exclusivamente ca-

rioca, com produção aqui em casa -

uma tomada de posição objetivando

neutralizar tanto quanto possível esta

invasão paulista em nossas TVs aber-

tas, mais a onda dessa pastorada que

por qualquer dez réis opera todo

tipo de milagre diante de multidões

de incautos, incréus, ímpios, ingê-

nuos, carentes de fé, de tudo – sei

lá – o que é outra história...

Já deixei projetos na casa dele

e na sede da EBX, ali na Praia do

Flamengo, na esperança de que a

qualquer momento os anjos me di-

gam amém e que, por fim, possamos

abrir aqui a TV-Rio X, sim, se é do

Eike tem que ter xis... Com este meu

projeto (utópico?) Eike até que pode

ser o xis da minha questão...

Espaço Oswaldo [email protected]

Eike no JôO xis de uma das minhas questões...

Ando doido atrás do Eike Batista. Ancelmo Goes diz Eike Sempre Ele Batista. Pretendo audiência para expor um projetão. Na casa dele um segu-rança me barrou: “Não pode entregar envelope aqui!” Escutando o vozeirão do cara (pelo interfone) imaginei um armário. Sim. Pode ter uma bomba dentro! Está certo. Ele, o oitavo do mundo e o primeiro aqui em grana. Milhões e nem sei mais o quê. Envolvido num monte de projetos e realizações. Na sede da EBX – Luciene, Rosilene? - informa um e-mail e expõe o que o senhor pretende. Já sabia que a EBX conta com um setor - Novos Negócios - que recebe dezenas de ideias, projetos etc... É onde deve ter ido parar meu e-mail, fora o catatau que mandei via postal para a casa dele, com tudo explicadinho.

Li um dia que ele usa um slogan – MPI – matar paulista de inveja. Não é isso que quero. Quero só é dar um basta nessa invasão paulista na nossa TV aberta.

* * *Noite dessas peguei o Jô na GNT,

com quem no ar? Eike. Vi-o então pela primeira vez ao vivo, mas um ao vivo que ainda não é o que quero; um vis-à-vis para expor meu projeto no sentido de ele passar também a investir na área da comunicação, para botar no ar um canal de TV exclusivamente carioca, tudo feito em casa. Na cabeça, toda a programação, o elenco, os patrocina-dores potenciais. Na cabeça!

Passo o que peguei no GNT, canal 41.Jô: - A revista Forbes disse que

é o oitavo no mundo (milionário) e o primeiro do Brasil. Com vocês, Eike Batista!

Do auditório, onde estava sentadi-nho, chegou-se ao Jô. Abraços, risos. Conheciam-se, intimidade e coisa e tal.

Jô: - A última vez que vi você, você estava comprando um relógio para a Luma e pediu minha opinião. Lembra?

Eike: - Lembro...Jô: - Fale um pouco de sua vida

esportiva...

cinco línguas... Quantas você fala?Jô: - Falo seis, apenas uma mais

do que você.Eike: - Olha, invisto em tudo

(e aí é que quero pegar a deixa, o mote...). O Brasil é o melhor lugar para investir. Com Fernando Henri-que, Lula e Dilma, ficou esta situação econômica que oferece grandes

Santa Casa do Rio ganhou aparelho de ultrassonografia, investimento no esporte com a montagem de uma equipe de vôlei (e.por que não na cultura?), a Marina da Glória, a primeira usina solar do Brasil, ajuda social e por aí vai a atuação espeta-cular desse homem iluminado.

* * *Sim, mas por que trago

para aqui este retalho da entrevista do Eike ao Jô na GNT? Explico novamente: é que estou atrás do ho-mem há tempos, pleiteando uma audiência a fim de lhe sugerir investir também na área da comunicação. É meu velho projeto, apoiado

Eike: - Sempre gostei de barcos. Fui três vezes campeão de corrida. Gosto de velocidade. Meus barcos sempre eram bons de velocidade. Hoje não dá mais tempo. Às vezes, uma idazinha à Angra...

Jô: - Qual o seu número de sorte. Sei que você é supersticioso.

Eike: - Três...Jô: - Tudo tem que ter xis, não

é mesmo?Eike: - Verdade... Posso até con-

tar que uma vez um astrólogo disse que eu devia me deitar numa grama bem verde, olhar para o céu e assim, tudo daria certo...

Jô:- E deu, né? Seu pai, Eliezer Batista, deixou o nome na história com a Vale do Rio Doce. Estruturou uma família de sucesso empresarial... Quantos irmãos?

Eike: - Papai e mamãe tiveram sete filhos. Até os 21 fui criado por mamãe.

Morei na Suíça dos 11 aos 21 e a vida na Europa me levou a conhecer

possibilidades de se investir, de se criar (olha eu na boca, outra vez..).

O diretor do programa deve ter feito o sinal que o tempo acabava.

Eike estava agradando muito, voz bonita, belo timbre, risonho, comunicativo, simpaticão, extrover-tido, respostas prontas e inteligentes, muito a contar sobre sua vida vitorio-sa, tantas as vertentes, os arrojados planos, os feitos. O público bateu palmas, protestando, querendo mais e mais. Estava bom de ouvir, prato cheio para o entrevistador, renden-do o melhor que se possa desejar naquela sadia descontração...

* * *Bolas! Por que não dois seg-

mentos com um convidado daquele nível? Jô teria muito ainda a inquirir: Eike entrando agora na siderurgia, sócio, 30%, da China, 70% clientes potenciais – aviões, automóveis, eletrônicos... o novo Hotel Glória, o Pink Fleet, novos poços de petróleo, as mineradoras, doações, tantas:

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Cauby, 80Conceição

Lá para 1948, 49, com Maria Faccini e Babie de Oliveira eu completava o trio de produção (depois assumi sozinho) do programa Hora do comerciário, patrocinado pelo Senac, com o objetivo de recrear a classe e abrir oportunidade para os profissionais com vocação artística. Era na Radio Tupi, a PRG-3, então naquele enorme auditório chamado de Maracanã, tais suas dimen-ções, Avenida Venezuela, 43. Candidatos como Nora Ney, Ellen de Lima, Orlando Dias eram testados e os aprovados iam para o ar na audição de uma hora, sempre na tarde de sábado. O excelente pianista Lauro Miranda nos acompanhamentos. Um dia, um rapazinho magro que só ele, se inscreveu e foi aprovado.

O rapaz se chamava Cauby Peixoto, membro de uma família de artistas: o pai tocava violão e a mãe bandolim; o irmão Araquem, grande trompetista; a irmã, cantora Andyara; o tio Nono, pianista; o cantor Cyro Monteiro era seu primo e outros - não me lembro... Todos de Niterói. De Nono guardo na cabeça a melodia de um choro maravilhoso.

Bem Cauby foi, foi, foi e logo, logo, pontificava na linha de frente dos nossos principais intérpretes da MPB, tempo do auge de Ângela Maria. Na carreira, a consagração de multidões de fãs e a ação insólita de um empresário marque-teiro, o Di Veras, que produzia momentos de alucinação, com moças que desmaiavam diante do ídolo, “agredindo-o” nas ruas e rasgando suas roupas adrede preparadas para se desfazerem fácil na ação das mãos desvairadas dos grupos que se acotovelavam na Praça Mauá aguardando a saída do cantor da Nacional. Fase nos Estados Unidos, com Ron Coby e Coby Dijon. Fascínio, por Frank Sinatra (New York, New York) e carro-chefe Conceição (Jair Amorim e Dunga),

de 1951, clássico do nosso cancioneiro. Pois é. E ele chega aos 80 absolutamente feliz, creio

que como uma das unanimidades nacionais, dizendo-se com a voz privilegiada ainda melhor - shows lotados no Restaurante Brahma, ali na Av. Ipiranga com São João em São Paulo, onde mora, no Oi Casa Grande, três DVDs, três CDs inéditos pela Lua Musis, documentário de Nelson Hoineff a ser Iançado em outubro (Cauby - Começaria tudo outra vez), Microfone de Ouro e Medalha Tiraden-tes, na homenagem da Assembleia Legislativa. Tudo pelo merecimento, tudo justo! Pena que peguei só o finzinho do Sem censura, quando a Leda Nagle teve oportunidade de conduzir um belo programa, o cantor falando de sua vida, (enclausurado?). Sempre reservado e deixando para a sua assessora falas sempre cuidadosas sobre sua maneira de viver – só sai a noite, não fala ao telefone, quando lhe perguntam por que não se casou, responde “Que bonito esse seu vestido!” - habilmente saindo pela tangente quanto a sua vida particular.

Começaria tudo outra vez... desde Hora do comer-ciário, 48-49, lá na Rádio Tupi, magricela, mas voz bonita, já... e deixando antever o futuro esplendoroso que o aguardava. Conceição, eu me lembro muito bem...

míd

ia

Deu na

MÍDIA GERAL: “Bombeiros: chamas dominadas.” Agora, o rescaldo...// TPM: Capa - Renata Vasconcelos: “Acho péssima a obrigação de “ser sempre feliz.” E a resposta estaria em Seleções do Reader’s Digest?: “Comer, fazer, amar... a sabedoria da felici-dade”. // O GLOBO - Veríssimo: “O casamento é uma relação entre duas pessoas na qual uma está sempre certa e a outra é o marido.” Como teoria anti machista, vá lá... // JORNAL DO COMÉRCIO: “Endividamento das famílias sobe e o pessimismo dos analistas é maior. “Passo a bola para a senhora, Dona Dilna, com todo respeito. // CNT Jornal - Canal 22: Salete Lemos: “Pesquisa de cientistas dizem que Brasil é o primeiro do ranking de higiene pessoal.” Arrematou: mais de 50% dos brasileiros não têm acesso ao saneamento básico. Logo, elas por elas... // HOJE: “Jovens ficam de 12 a 14 horas no videogame todo dia. Concentração provoca aumento de dopamina no cérebro, dando sensação de bem-estar...” Entre outras sugestões para acabar ou atenuar o vício, Sandra Annemberg sugeriu... desligar a luz... // METRO: Pelé “Dadas as minhas características, posso me comparar a Zico e Di Stefani”. Nação rubro-negra se babando...

No Sem censura, sempre acariciando o Microfone de ouro, láurea merecida

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No dia 10 de julho de 2011 completar-se-ão trinta anos desde o início do que se denominou rock brasileiro dos anos 80. Gosto de pensar nesta data como marco-zero porque naquela noite o grupo Gang 90 & As Ab-surdettes apresentou-se pela primeira vez para o grande público, numa das eliminatórias do festival MPB-Shell, promovido pela Rede Globo de televisão. “Perdidos na selva”, de Júlio Barroso, ficou entre as 20 finalistas e logo os versos “eu e minha gata rolando na relva” ganharam as rádios, numa antecipação do que viria a ser a primeira tendência do fenômeno: bom-humor, romantismo, corinhos femininos e apresentações teatralizadas.

O diferencial do rock oitentista estava justamente nas letras que retratavam o cotidiano numa linguagem acessível, emolduradas por melodias simples e fáceis de guardar. Quando esse assunto aparece, o que nos vem à cabeça imediatamente são nomes como Blitz, Kid Abelha, Barão Vermelho, Paralamas do Sucesso, Titãs, Legião Urbana, Capital Inicial, Ultraje a Rigor, Engenheiros do Hawaii, RPM, Ritchie, Lulu Santos, Lobão, Cazuza, Renato Russo e muitos outros. Todos eles consagrados e bem conhecidos. Alguns tiveram suas trajetórias esmiuçadas e publicadas em livros ao longo da última década. Considero justo e oportuno, então, escrever sobre aqueles que não lograram tanta notoriedade. Mais especificamente sobre uma turma de amigos que moravam aqui mesmo no Leblon.

Eles resolveram formar uma banda de rock. Costu-mavam tocar versões pouco fiéis de velhos sucessos da música norte-americana dos anos cinquenta e sessenta. Após algumas escolhas pouco inspiradas, adotaram o nome “João Penca e Seus Miquinhos Amestrados”. No finalzinho da década de setenta o cantor goiano Leo Jaime passou a compor para eles, tornando-se um miquinho em 1980. Os outros pequenos símios eram Marcelo Knudsen (Bob Gallo) e seu irmão Cláudio Knudsen (Nebuloso Cláudio, “The Killer”), Luís Carlos Avellar (Avellar Love), Sérgio Abreu (Selvagem Big Abreu), Le-andro Verdeal (Leandor), Guilherme Ricardo (Hullygully), Maurício Rosa Fernandes (Del Rosa) e Sérgio Naidin (Mimi Erótico).

Em 1982 deveriam ter dividido um LP com Eduardo Dusek (pelo menos assim estava previsto), mas acabaram apenas participando de algumas faixas do álbum “Can-tando no banheiro”, cujo grande sucesso foi o “Rock da cachorra”, de Leo Jaime. Em seguida o goiano partiu para a carreira solo, ficando de fora do disco de estreia,

Anos 80 – uma década de rock brasileiro no Leblon

Oswaldo Villela

“Os maiores sucessos de João Penca e Seus Miquinhos Amestrados”. Lançado em 1983, consagrou a versão “Calúnias (Telma eu não sou gay)”, na voz de Ney Matogrosso, em inspirada participação especial. Com o passar do tempo, ou-tros miquinhos também se despediram do grupo (Cláudio Killer de forma trágica: morreu por causa de um escapamento de gás, enquanto tomava banho). Restaram Bob Gallo, Selvagem Big Abreu e Avellar Love, que mantiveram a proposta inicial e lançaram discos impagáveis durante toda a década.

No álbum de 1986 (“Okay my gay”) estava uma penca de composições que tocaram razoavelmente bem: “Luau de arromba”, “Romance em alto mar” e “Lágrimas de crocodilo”. Mas foi com “Popstar” que eles se torna-ram conhecidos. A música já rolava desde o ano anterior, quando foi lançada em compacto (aqueles disquinhos de vinil de 7 polegadas) juntamente com “Como macaco gosta de banana”, que, na época, fez tanto sucesso quanto a primeira. O LP seguinte, “Além da alienação”, só sairia dois anos depois, trazendo já estourada a faixa “Banana split”, tema do filme homônimo dirigido por Paulo Sérgio de Almeida. Antes que o ano terminasse sobrou tempo para criarem a música de abertura do programa “Milk Shake”, apresentado por Angélica na extinta TV Manchete nas tardes de sábado.

Num certo dia de julho de 1989, quando “S.O.S. Miquinhos” foi executada pela primeira vez por uma rádio FM carioca e alcançou o primeiro lugar entre as mais pedidas, eles souberam que tinham acertado na mosca. A música era um medley (ou “merdley”, conforme consta na contracapa do LP, num lamentável erro de ortografia) com versões pouco ortodoxas para antigos sucessos, que iam dos Beatles à Jovem Guarda, interpretada por Erasmo Carlos, Evandro Mesquita, Roger Moreira, Lulu Santos, Leo Jaime e as meninas do Afrodite se Quiser. Acabou se transformando no carro-chefe do álbum “Sucesso do inconsciente”, o de número quatro e o melhor do grupo. É um disco hilário. Em “O monstro macho” Avellar Love conta, com sua inconfundível voz grave, a história de um passeio interrompido por um

temporal, e o que acontece quando o protagonista busca abrigo num castelo habitado por um monstro, digamos, bastante esquisito. Na versão “Johnny pirou” (de “Johnny B. Goode”) conseguem inserir os acordes iniciais do hino do Flamengo. “Cozinho de noite”, antiga parceria de Leo Jaime com Arnaldo Batista, atinge a perfeição em se tratando de duplo sentido, enquanto que “O par” e “Matinê no Rian” remetem o ouvinte à época das jaquetas de couro. A única nota trágica foi o fechamento da grava-dora Esfinge (responsável pelo LP), fazendo com que os rapazes deixassem de lucrar com o sucesso.

Em 1991, quando uma banda de rock não valia mais um tostão furado para as gravadoras (que passaram a in-vestir pesado nas duplas sertanejas), eles remaram contra a corrente e lançaram “Cem anos de rock`n roll”, com versões de sucessos dos 50`s (“Papa umama”, “O mons-tro”, “Viver, sonhar”) mescladas com canções originais, incluindo “O escorpião escarlate”, música tema do filme de Ivan Cardoso. Naquela época, porém, os tempos estavam bicudos para quem tocava guitarra elétrica. Em 1993 saiu o derradeiro álbum, “A festa dos micos”, com releituras do próprio repertório. Além delas, “O rock da cachorra” e “Universotário” (ambas de Leo Jaime), e mais duas inacreditáveis versões, “Calúnias” (desta vez interpretada por eles) e a inédita “O superstar” davam a tônica do trabalho. Durante muito tempo foi a única opção disponível para ouvi-los em CD. Por conta disso o disquinho passou meses cativo, dentro do CD player do meu carro. Embora o assunto seja “anos 80”, acho que a arte dos miquinhos é atemporal. Resta apenas esperar que o pedagogo Sérgio e os engenheiros Marcelo e Luís Carlos se transformem novamente em Selvagem Big Abreu, Bob Gallo e Avellar Love para matar nossa saudade.

garimpo cultural

Formação original dos João Penca e seus Miquinhos Amestrados

Foto

: Fl

ávio

Col

ker

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troca é importante, e a razão que o fez aceitar a participação foi porque viu na Amélia uma pessoa sensata e dinâmica. Ele vai trabalhar como diretor de Relações Públicas, fazendo a ligação da Associação com os órgãos compe-tentes do Estado e do Município. O objetivo é e será sempre o mesmo: defender a Gávea para proporcionar uma melhor qualidade de vida a seus moradores. Já Ralph Lifschits, arqui-teto, também participante de várias diretorias diz que a consciência do coletivo é que faz a diferença. Ele acredita num modelo de asso-ciação com maior participação dos moradores, até chegar ao modelo ideal como o dos EUA, onde morou. Lá não existe associação porque não precisa. A prefeitura faz o seu serviço direito e se não fizer, a população demite. No Rio um bom exemplo de associação é a do Jardim Oceânico, que tem uma participação enorme dos moradores e comerciantes. A receita mensal possibilita que eles tenham até uma sede com secretária e advogado contratado. “Se não houver participação e cobrança dos moradores a prefeitura fica no come e dorme”. Ralph vai ser o diretor financeiro, e disse que quer ajudar “porque parece que tem um ar novo na Gávea, com uma mulher prática e objetiva na presidência da associação”. O último com quem eu con-versei foi Tito Oliveira, psicólogo e também com ampla experiência na Amagávea. Para ele o modelo atual de associação de mora-dores está falido. Não sabe qual a fórmula ideal, mas sabe que a Amagávea pode pegar carona nas novas mídias, que são um fator mobilizador. “Acredito que a faixa no sinal, o megafone, o abaixo-assinado, nada disso funciona mais. Hoje as pessoas perseguem coisas novas, não é só mobilizar o morador em função do buraco da rua. É algo maior. Transformar o lugar num bairro sustentável e que sirva como modelo. É uma ideia a ser pensada, e para isso é preciso que os moradores participem e acreditem na frase ‘A união faz a força.’”

Pensando numa maior participação a nova diretoria, a partir de agosto vai colocar uma barraca permanente da Amagávea na praça Santos Dumont. Ela vai funcionar sempre no último domingo de cada mês, e será a nossa barraca. Porque nossa? Por que a Amagávea somos todos nós!

Um bairro é feito de gente que se importaArlanza Crespo

associação de moradores

“Essa foi a frase que me fez aceitar o con-vite para assumir a presidência da Amagávea. Eu me importo com o meu bairro. Eu e meus amigos, muitos com filhos pequenos, quere-mos um futuro melhor para um bairro que tem tudo para dar certo. Conversei com pessoas de gestões anteriores e vi que se nós jovens nos uníssemos com a experiência e a sabedoria dos mais velhos, só poderia sair algo muito bom.”

Foi com essas palavras que fiquei sabendo da ideia de Maria Amélia Crespo, pedagoga, 32 anos, de ser presidente da Amagávea - As-

sociação de Moradores e Amigos da Gávea. “E você vai ter tempo?”, perguntei. “Tempo quem faz somos nós, e a gente administra como quer, dando prioridades. Acredito sinceramente que através de uma associação temos o poder de transformar e melhorar o bairro”. Depois de conversar com ela fui falar com alguns mem-bros da nova diretoria. O primeiro foi René Hasenclever, várias vezes presidente da Ama-gávea, envolvido em projetos comunitários há mais de 34 anos. Para ele a velha-guarda volta para passar a experiência para os jovens. A

Prezado(a) Senhor(a)

A Associação dos Moradores e A

migos da Gávea - Amagávea - te

m

nova diretoria eleita em 13 de

junho de 2011 para os próximo

s

dois anos. Por meio desta nos

apresentamos a vocês, moradore

s,

comerciantes, instituições e a

utoridades executivas e legisl

a-

tivas esperando que nossas rel

ações sejam as melhores e as m

ais

produtivas possíveis.

Nossa missão básica é continua

r lutando pela melhor qualidade

de vida do bairro.

Nosso bairro tem algumas pecul

iaridades que diferem de outro

s

da cidade e que merecem ser pr

eservadas. É necessária a cont

ri-

buição de todos para evitar q

ualquer transgressão que venha

a

comprometer e ou degradá-lo e

á cidade em que moramos.

A Amagávea tem longa históri

a. Muito já foi realizado ao

longo dos mais de 32 anos de

vida da Associação. Sabemos

que

essa luta não se faz sozinha.

Um bairro é feito de gente que

se

importa e todos nós juntos p

odemos fazer muito mais por

esse

pedaço do Rio onde tanto gosta

mos de morar, trabalhar e vive

r.

Atenciosamente.

Conselho diretor

Presidente - Maria Amélia Cres

po

Vice-presidente - Tito Oliveir

a

Diretora-secretária - Maria Au

xiliadora Ribeiro

Diretor financeiro - Ralph Lif

schits

Diretor de relações públicas -

Rene Hasenclever

Coordenador de comunicação - A

lvaro Albuquerque

Conselho fiscal

Elizabeth Wanderley

Suely Domingues Canero

Letícia Tandeta

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curiosidades

O substantivo “coisa” assumiu tantos va-lores que cabe em quase todas as situações cotidianas.

A palavra “coisa” é um Bombril do idioma. Tem mil e uma utilidades. É aquele tipo de termo-muleta ao qual a gente recorre sempre que nos faltam palavras para exprimir uma ideia. Coisas do Português.

A natureza das coisas: gramaticalmente, “coisa” pode ser substantivo, adjetivo, ad-vérbio. Também pode ser verbo: o Houaiss registra a forma “coisificar”. E no Nordeste há “coisar”: “Ô, seu coisinha, você já coisou aquela coisa que eu mandei você coisar?”

Coisar, em Portugal, equivale ao ato sexual, lembra Josué Machado. Já as “coisas” nordestinas são sinônimas dos órgãos genitais, registra o Aurélio. “E deixava-se possuir pelo amante, que lhe beijava os pés, as coisas, os seios” (Riacho Doce, José Lins do Rego). Na Paraíba e em Pernambuco, “coisa” também é cigarro de maconha. Em Olinda, o bloco carnavalesco Segura a Coisa tem um basea-do como símbolo em seu estandarte. Alceu Valença canta: “Segura a coisa com muito cuidado / Que eu chego já.” E, como em Olinda sempre há bloco mirim equivalente ao de gente grande, há também o Segura a Coisinha.

Na literatura, a “coisa” é coisa antiga. Antiga, mas modernista: Oswald de Andrade escreveu a crônica O Coisa em 1943. A Coisa é título de romance de Stephen King. Simone de Beauvoir escreveu A Força das Coisas, e Michel Foucault, As Palavras e as Coisas.

Em Minas Gerais, todas as coisas são chamadas de trem. Menos o trem, que lá é chamado de “a coisa”. A mãe está com a filha na estação, o trem se aproxima e ela diz: “Mi-nha filha, pega os trem que lá vem a coisa!”.

Devido lugar “Olha que coisa mais linda, mais cheia de graça (...)”. A garota de Ipanema era coisa de fechar o Rio de Janeiro. “Mas se ela voltar, se ela voltar / Que coisa linda / Que coisa louca.” Coisas de Jobim e de Vinicius,

Que coisa!

que sabiam das coisas. Sampa também tem dessas coisas (coisa de louco!), seja quando canta “Alguma coisa acontece no meu cora-ção”, de Caetano Veloso, ou quando vê o Show de Calouros, do Silvio Santos (que é coisa nossa).

Coisa não tem sexo: pode ser masculino ou feminino. Coisa-ruim é o capeta. Coisa boa é a Juliana Paes. Nunca vi coisa assim! Coisa de cinema! A Coisa virou nome de filme de Hollywood, que tinha o seu Coisa no recente Quarteto Fantástico. Extraído dos quadrinhos, na TV o personagem ganhou também desenho animado, nos anos 70. E no programa Casseta e Planeta, Urgente!, Marcelo Madureira faz o personagem “Coi-sinha de Jesus”.

Coisa também não tem tamanho. Na boca dos exagerados, “coisa nenhuma” vira “coisíssima”. Mas a “coisa” tem história na MPB.

No II Festival da Música Popular Brasileira, em 1966, estava na letra das duas vencedoras: Disparada, de Geraldo Vandré (“Prepare seu coração / Pras coisas que eu vou contar”), e A Banda, de Chico Buarque (“Pra ver a banda passar / Cantando coisas de amor”), que aca-bou de ser relançada num dos CDs triplos do compositor, que a Som Livre remasterizou. Naquele ano do festival, no entanto, a coisa tava preta (ou melhor, verde-oliva). E a turma da Jovem Guarda não tava nem aí com as coisas: “Coisa linda / Coisa que eu adoro”.

Cheio das coisas: As mesmas coisas, Coisa bonita, Coisas do coração, Coisas que não se esquece, Diga-me coisas bonitas, Tem coisas que a gente não tira do coração. Todas essas coisas são títulos de canções interpretadas por Roberto Carlos, o “rei” das coisas. Como ele, uma geração da MPB era preocupada com as coisas. Para Maria Bethânia, o diminutivo de coisa é uma questão de quantidade (afi-nal, “são tantas coisinhas miúdas”). Já para Beth Carvalho, é de carinho e intensidade (“ô coisinha tão bonitinha do pai”). Todas

as Coisas e Eu é título de CD de Gal. “Esse papo já tá qualquer coisa... Já qualquer coisa doida dentro mexe.” Essa coisa doida é uma citação da música Qualquer Coisa, de Cae-tano, que canta também: “Alguma coisa está fora da ordem.”

Por essas e por outras, é preciso colocar cada coisa no devido lugar. Uma coisa de cada vez, é claro, pois uma coisa é uma coisa; outra coisa é outra coisa. E tal coisa, e coisa e tal. O cheio de coisas é o indivíduo chato, pleno de não-me-toques. O cheio das coisas, por sua vez, é o sujeito estribado. Gente fina é outra coisa. Para o pobre, a coisa está sempre feia: o salário-mínimo não dá pra coisa nenhuma.

A coisa pública não funciona no Brasil. Desde os tempos de Cabral. Político quando está na oposição é uma coisa, mas, quando assume o poder, a coisa muda de figura. Quando se elege, o eleitor pensa: “Agora a coisa vai.” Coisa nenhuma! A coisa fica na mesma. Uma coisa é falar; outra é fazer. Coisa feia! O eleitor já está cheio dessas coisas!

Coisa à toa: se você aceita qualquer coisa, logo se torna um coisa qualquer, um coisa-à-toa. Numa crítica feroz a esse estado de coisas, no poema Eu, Etiqueta, Drummond radicaliza: “Meu nome novo é coisa. Eu sou a coisa, coisamente.” E, no verso do poeta, “coisa” vira “cousa”.

Se as pessoas foram feitas para ser amadas e as coisas, para ser usadas, por que então nós amamos tanto as coisas e usamos tanto as pessoas? Bote uma coisa na cabeça: as melhores coisas da vida não são coisas. Há coisas que o dinheiro não compra: paz, saúde, alegria e outras cositas más.

Mas, “deixemos de coisa, cuidemos da vida, senão chega a morte ou coisa parecida”, cantarola Fagner em Canteiros, baseado no poema Marcha, de Cecília Meireles, uma coisa linda. Por isso, faça a coisa certa e não esqueça o grande mandamento: “amarás a Deus sobre todas as coisas”.

Entendeu o espírito da coisa?

Para quem gosta da Língua Portuguesa, curiosidade como esta é interessante. Acompanhe o texto e veja que “coisa estranha” para se pensar.

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EMERGÊNCIA

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GERAL

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nenhuma comprovação científica de que o amendoim aja especificamente sobre os órgãos sexuais. Apesar de não se comprovar seu caráter afrodisíaco, estudos científicos confirmam que o consumo de apenas 30 gramas por dia pode gerar alguns benefícios para o corpo humano. O que é apontado em pesquisas é que o amendoim tem em sua composição a gordura monoinsaturada, que diminui o colesterol LDL (nocivo para a saúde), e uma substância chamada resveratrol,

que age como antioxidante. Essas substâncias acabam diminuindo o risco de doenças cardiovasculares. Em-bora ofereça vários benefícios para a saúde, é preciso ter alguns cuidados com sua procedência. O consumo de amendoim contaminado por determinado tipo de fungo pode causar problemas. Caso seja conservado em locais úmidos e com pouca luz, pode ser que ele desenvolva um bolor chamado Aspergillus flavus, que produz uma toxina chamada aflotoxina, que causa intoxicações neurológicas, podendo levar a pessoa ao coma. O recomendado é que se adquira o produto industrializado ou que ele seja comprado em um lugar que tenha bastante procura, para que não fique muito tempo armazenado. O amendoim em si não oferece risco para a saúde dos hipertensos, se for consumido sem ser salgado. Como geralmente ele é ingerido com sal, poderia aumentar a pressão arterial.

Não poderíamos deixar de falar da famosa bebida das festas julinas, o quentão, que tem em sua composição o gengibre - que é uma raiz que possui um sabor diferente, picante. Ele pode

Perigos e benesses das comidas julinasChega a dar água na boca quando pensamos nos

quitutes maravilhosos que comemos nesta época do ano. O problema não é a festa julina em si, mas como faremos para nos livrar daqueles quilinhos a mais que adquirimos na temporada. Toda festa julina de verdade tem um bom quentão, paçoca, pé-de-moleque, milho cozido, entre outros.

Para quem gosta de um bom milho cozido com uma manteiguinha derretida por cima, saiba que além de ser delicioso, este alimento con-tém substância que ajuda a controlar o colesterol ruim, o LDL. Isso foi comprovado através de uma pes-quisa realizada pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos. Segundo os estudos, existem di-versas variedades do cereal que oferecem benefícios à saúde. Isso se deve à sua composição, o ácido oleico, uma substância presente no milho capaz de deixar os produtos derivados mais frescos por mais tempo. O ácido oleico em nosso organismo elimina a hidrogenação, processo responsável pelo aparecimento de ácidos graxos sa-turados, que estão diretamente ligados ao aumento dos níveis de colesterol ruim em nosso organismo. Então se você quiser manter os níveis de colesterol ruim em quantidade adequada, pegue um delicioso milho, cozinhe-o e saboreie um delicioso alimento que é fonte de saúde. Só devemos ter atenção com a quantidade de sal e manteiga utilizados, pois o excesso pode anular os benefícios do milho.

Para os que não conseguem ficar sem a famosa paçoca e o delicioso pé-de-moleque, é importante saber que o amendoim é uma das maiores fontes vegetais de proteína e possui em sua composição uma grande quantidade de vitaminas. Além disso, a semente carregou consigo a fama de ser afrodisíaca. O amendoim é rico em vitaminas do complexo B e em um aminoácido chamado arginina. Essas substân-cias melhoram a circulação do organismo como um todo, inclusive dos órgãos sexuais. Porém, não há

ser utilizado em chás, temperos e até mesmo puro, para mascar. As propriedades terapêuticas do gengibre que foram relatadas são: combate gripes e resfriados, é antiinflamatório, bacterici-da, traz benefícios para a circulação sanguínea, contribui para o controle de gases (flatulência), evita náuseas e enjoos; porém gestantes devem procurar orientação antes de consumir. Você pode incluí-lo no preparo de diversos alimentos, como sucos, sopas, saladas e refogados. Para um uso mais medicinal, o ideal é preparar um chá com as raízes e consumi-lo entre as refeições. Você pode também misturar com outras ervas, como hortelã, eucalipto e capim-limão, se o objetivo for tratar de problemas causados por gripes e resfriados. Ou-tra interessante propriedade do gengibre é a sua capacidade de aumentar a temperatura corporal e acelerar a queima de gorduras, contribuindo para o emagrecimento. Devemos lembrar que a moderação em relação ao consumo é importante, pois devido à presença dos princípios ativos não devemos utilizar grandes quantidades deste tipo de raiz. E também não podemos abusar do quentão, bebida tradicional das festas julinas, com a desculpa de aproveitar os benefícios do gengibre! Apesar dos efeitos benéficos, não podemos esquecer que essas delícias julinas são bastante calóricas. Portanto, devemos consumir com moderação.

Tabela de calorias:

1 unidade de paçoca (22g) - 115 kcal

1 unidade de pé-de-moleque (17g) – 79 kcal

1 unidade de milho com manteiga (100g) - 120,8 kcal

1 unidade de milho sem manteiga (100g) - 90kcal

150 ml de quentão - 441,79 kcal.

Cléa Simone Alves Moreira Pina é

coordenadora do Setor de Nutrição da

Clínica São Vicente

Não poderíamos deixar de falar da famosa bebida das festas julinas, o quentão, que tem em sua composição o gengibre - que é uma raiz que possui um sabor diferente, picante.

Ele pode ser utilizado em chás, temperos e até mesmo puro, para mascar.

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[email protected]

A gota que da minha mão escorre

perco-a para sempre.

Sem volta

como roda gigante,

sem saudade

como amor doído,

sem a possibilidade de resgate

como família distante.

Uma gota minúscula

escorrega entre minha mão inábil

e me emprenha de uma perda

insuportável.

Tamas

Pens

amen

tos

Pró-

fund

os

Inst

ante

Fug

az Sobre determinados livros, não se de-veriam escrever resenhas. Não pelo fato de serem maus e não merecerem justa aprecia-ção. Mas porque perderia a graça falar sobre eles. Todo terrorista é sentimental, de Márcio Menezes, é um livro desse tipo. Qualquer co-mentário mais extenso pode colocar a perder a boa leitura. Mas o que se há de fazer? Vamos com cuidado, tocando num ponto ou noutro e tentando manter a curiosidade pela leitura não da resenha, mas do próprio romance.

A narrativa é ambientada na década de 90 do século passado. Dois amigos, estudantes de jornalismo, sentem-se indignados quando uma vendedora de biscoitos tem um enfarte e morre em seus braços. Os dois, no entan-to, não demoram a descobrir que a causa da morte da mulher é outra, fruto do “Escândalo da Amarelinha, caso em que a máfia dos labo-ratórios revendia ao Estado remédios falsifica-dos por preços acessíveis.” Estão envolvidos um deputado federal e alguns vereadores da Câmara Municipal do Rio de Janeiro. Uma vez que estamos num período em que as pessoas se indignam mas não tomam atitude alguma e as CPIs nunca dão em nada, Gonzáles e Cito, os dois amigos, decidem fazer justiça com as próprias mãos. Criam uma organização cujo nome é: Comando Terrorista Anti-Corrupção.

Não vá se dizer que se trata de roman-tismo adolescente ou juvenil. O tal comando vai se municiar de muita dinamite. Quase ao acaso, seus dois únicos integrantes (ao menos no início, porque depois se juntará a eles uma mulher fatal) travam relações com dois vetera-nos do ETA, um vive clandestinamente no Rio de Janeiro, o outro está apenas de passagem. Eles tornam-se úteis ao Comando, sobretudo quando a necessidade é o conhecimento e manuseio de explosivos. Acabam colaborando sem segundas intenções, e até mesmo igno-rando o que os jovens almejam. A partir daí nos tornamos todos terroristas. Quem não quer ver um político corrupto voar pelos ares?

Muito corajoso o escritor ao discutir a questão do terrorismo num período pós 11 de setembro. O livro foi lançado no início deste

ano. É digna de louvor a editora Record, que possibilitou a publicação. Habitássemos um país de caça às bruxas, dir-se-ia que o romance faz apologia à luta armada. Mas nada disso. A litera-tura não tem esse poder e, ao mesmo tempo, não pode negligenciar qualquer assunto.

O romance é composto de prólogo e três partes. Ambientado no Rio de janeiro, em sua maior parte nos bairros de Botafogo, Ipanema, Leblon e Gávea, seus personagens transitam entre bebedeiras, sexo, drogas, muito rock’n’roll, alguns clássicos da MPB, jazz e também Chico Science. Desfilam mulheres esculturais, gays, lésbicas, um policial corrupto e trupes de teatro. Não faltam cenas vividas nos bares do baixo Gávea e filmes do circuito Estação. O futebol também dá o ar de sua graça com jogos do Botafogo no Maracanã, já que os dois protagonistas são botafoguenses doentes.

Contando em primeira pessoa, o narrador, ao antecipar alguns acontecimentos, cria um artifício que faz o leitor não querer abandonar o livro. No final, ao se descobrir onde esse narrador se encontra, percebe-se, porém, um ligeiro problema. Ele, por ao menos duas ve-zes, não poderia saber, num espaço tão curto de tempo, tanta coisa que não presenciou. A intromissão de Crime e Castigo, de Dostoievski, lido pelo personagem Cito e base teórica da ação do Comando, também é problemática, porque ao leitor que não conhece a obra do escritor russo fica a impressão errônea de que ele incentiva o terror. Como, no entanto, a literatura não tem grandes compromissos com a realidade, pode-se olhar tudo como farsa.

Apesar de primeiro romance de Márcio Menezes, o livro tem grandes chances de se tornar um best seller. Surpreende que as livrarias não o apresentem nos estandes de entrada nem a editora se preocupe em fazer uma divulgação mais intensa da obra. Afinal, quem tem medo da literatura?

Todo terrorista é sentimentalMárcio Menezes

Ed. Record, 351 páginas

Haron Gamal [email protected]

Quem tem medo da literatura?

“Um partido nunca é integro.”

“Bebida me dá coceira. Paixão me dá tonteira Trabalhar é uma besteira.”

“Fui parar no CTI por falta de AR. Lá encontrei: RX / ECG / NLPP / O2 / AVC / EEG VAC / JVC / CSM / SPO2 /UTI / LG NACL / EDTA / DPOC Alfabeto salvador.

“A atmostera é limitada. Por dentro e por fora.”

“Acordo e encontro sonhos misturados com lençóis.”

“Imagens velozes perdem-se na escuridão.”

“Mastigo imagens salgadas de um passado indigesto.”

“Num momento de silêncio ouve-se até a respiração. Mas isto interessa a quem?”

“O dia amanhece com cheiro de delicadeza.”

“Uma mesa, mesmo com 4 pernas, não vai a lugar algum.”

Page 29: Folha Carioca / Julho 2011 / Ano 10 / nº 90

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NomeO médico de família recomendaria uns tempos na casa de

campo. O de plano, um check up completo. Seu Joaquim, o pão quentinho que ela adora. Dona Bené, três colheres de mel. A professora de piano disse que era por causa da prova de amanhã. Suzaninha, a pequenina, deu um abraço apertado. Já a gata Graça passou a pata de leve em seu pé. “Tudo se resolve com um bocado de paciência, minha filha”, frase anotada no caderno de cabeceira, frase da tia de criação, tia Dulce. Leu. E sarou que nada!

O formigamento de Rita ainda não tinha nome. E já tinha fila para curar.

Rita foi passear na praça em plena semana de trabalho. Disse que tinha um encontro com os pássaros nas árvores da praça. Os voos podiam lhe dizer algo sobre aquilo. Quem cala, como sente.

Seu Lacanio, do sebo onde tinha conta, não se aguentou quieto: “Formigamento, minha filha, só passa quando a gente dá nome pra ele”.

“Minha mãe estava com essa formiga aí que a menina Rita está sentindo. Foi ao doutor e sabe o que ele disse? Que ela não tinha nada. Daí ela rumou para casa e só passou quando ela tropeçou”, soprou Humberto, o pipoqueiro da praça há 29 anos. Pegou Rita no colo.

“Como é que é?”, indagou Rita. “Verdade verdadeira, Ritinha. Mãe foi tropeçar perto da calçada onde um moço pas-sava. Esse moço ajudou-lhe a levantar e quando ela percebeu, o formigamento passou. Ela já sabia quem seria o dono do seu coração. E foi aí que ela descobriu quem era a formiga: era a tal da desesperança que bate na gente.”

A desesperança desapareceu assim que o pai de Hum-berto surgiu.

“O que seria do mundo sem essas formigas, digo, sem uma história de amor... obrigada, Seu Humberto, a pipoca está docinha como sempre, mas o nome da minha formiga é bem outro”.

Rumou para casa como quem não pode deixar de tomar o remédio na hora certa. Abriu o caderno e pôs-se a escrever a história que tinha na cabeça. Sem tirar nem pôr.

O formigamento já tinha nome: o próximo livro de Rita.

O comércio lojista não faz mais distin-ção entre consumidores jovens e idosos. Sabendo que os jovens e as mulheres con-tinuarão comprando por impulso, os lojistas estão agora apostando nas promoções para clientes da terceira idade, mais tranquilos na escolha e com maior poder aquisitivo.

O consumidor da terceira idade só compra quando encontra os produtos adequados a quem se destinam e, em vez de comprar para si, prefere presentear um familiar em datas do calendário comercial. O que não se gasta para escolher um belo presente para filhos, noras e netos? Pesquisas recentes revelaram a diferença do perfil de atitudes de uma pessoa com mais de sessenta anos hoje, comparado ao de décadas passadas, e os empresários do comércio chegaram à conclusão de que não se deveriam produzir artigos visando apenas à terceira idade, mas sim diversificando os tamanhos dos produtos.

O consumidor da terceira idade

A mulher continua sendo o principal público consumidor, liderando as grandes decisões de família, em suas diferentes funções de mãe, filha, avó, sogra, namorada ou tia e exercendo todas as profissões. As mulheres de 50 a 70 anos têm uma vida social intensa, são bem informadas, partici-pam dos eventos principais da sua cidade, buscando seguir as tendências mais jovens e seguindo os rumos ditados via internet. Elas viajam, fazem ginástica nas academias, frequentam teatros, cinemas e shows notur-nos, conquistando esta liberdade e liderança por seus próprios méritos.

Pesquisas constatam que este segmento representa 12% da população brasileira e que ninguém entra numa loja para comprar produtos específicos de “terceira idade”. Os mesmos produtos são comprados por jo-vens e mulheres e até mesmo uma prancha de surf ou um skate incrementado podem ser um belo presente para os netos.

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Banca SperanzaRua dos Oitis esq. Rua JoséMacedo Soares

Banca SperanzaPraça Santos Dumont, 140Tel.: 2530-5856

Banca da GáveaR. Prof. Manuel Ferreira,89Tel.: 2294-2525

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Banca PlanetárioAv. Vice Gov. Rubens BerardoTel.: 9601-3565

Banca PinnolaRua Padre Leonel Franca, S/NTel.: 2274-4492

Galpão das Artes Urba-nas Hélio G.PellegrinoAv. Padre Leonel Franca, s/nº - em frente ao PlanetárioTel: 3874-5148

Restaurante Villa 90Rua Mq. de São Vicente, 90Tel.: 2259-8695

MenininhaRua José Roberto Macedo Soares, 5 loja CTel.:3287-7500

Da Casa da TataR. Prof. Manuel Ferreira,89Tel.: 2511-0947

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Café Hum LeblonRua Gen. Venâncio Flores, 300

Tel.: 2512-3714

Leblon Flat ServiceRua Almirante Guilhem, 332

EntreletrasShopping Leblon nível A 3

Proforma Academia Rua Dias Ferreira, 33Tel: 2540-7999

BOTAFOGOBanca Bob’sRua Real Grandeza, 139 Tel.:2286-4186

FLAMENGORepública Animal Pet-shopRua Marquês de Abrantes, 178 loja bTel: 2551-3491 / 2552-4755

URCABar e restaurante UrcaRua Cândido Gafrée, 205Próximo à entrada do Forte São João

Julíus BrasserieAv. Portugal, 986Tel.: 3518-7117

Banca do Ernesto

Banca da Teca

Banca da Deusa

Banca do EPV

CENTROFaculdade de São Ben-to do Rio de JaneiroRua Dom Gerardo, 42 - 6° andarTel.: 2206-8281 – 2206-8200

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