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FLUP - Elena Zagar Galvão FLUP - Elena Zagar Galvão Faculdade de Letras da Universidade do Porto Mestrado em Tradução e Serviços Linguísticos COMUNICAÇÃO ESPECIALIZADA INTRODUÇÃO À INTERPRETAÇÃO S1 2009 Quarta feira 19:30-21:30 – Sala 206A Elena Zagar Galvão [email protected] Webpage: web.letras.up.pt/egalvao

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Page 1: FLUP - Elena Zagar Galvão Faculdade de Letras da Universidade do Porto Mestrado em Tradução e Serviços Linguísticos COMUNICAÇÃO ESPECIALIZADA INTRODUÇÃO

FLUP - Elena Zagar GalvãoFLUP - Elena Zagar Galvão

Faculdade de Letras da Universidade do PortoMestrado em Tradução e Serviços Linguísticos

COMUNICAÇÃO ESPECIALIZADAINTRODUÇÃO À

INTERPRETAÇÃO S1 2009

Quarta feira 19:30-21:30 – Sala 206A

Elena Zagar Galvã[email protected]

Webpage: web.letras.up.pt/egalvao

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Bibliografia Viezzi, Maurizio (1999). “Aspetti della

qualità nell’interpretazione.” In Falbo, Caterina et al. (Eds) Interpretazione Simultanea e consecutiva. Milano: Hoepli.

Pöchhacker, Franz (2002). “Researching Interpreting Quality. Models and Methods.” In Garzone, Giuliana and Maurizion Viezzi (Eds.). Interpreting in the 21 Century. Challenges and opportunities. Amsterdam: John Benjamins.

Garzone, Giuliana (2002). “Quality and norms in interpretation” In Interpreting in the 21 Century (as above)

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Reflexões sobre a qualidade em Reflexões sobre a qualidade em Interpretação Simultânea (IS)Interpretação Simultânea (IS)

Como podemos definir a qualidade em Como podemos definir a qualidade em IS?IS?

Quais factores estão intimamente Quais factores estão intimamente ligados a um desempenho de ligados a um desempenho de qualidade em IS?qualidade em IS?

Quem é que decide se o produto da IS Quem é que decide se o produto da IS é de fraca, boa, excelente qualidade?é de fraca, boa, excelente qualidade?

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Conceito de qualidade em IS

Difícil de definir Muitas variáveis Diferentes interesses, percepções e

papeis no seio de uma situação comunicativa

Produto efémero

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Algumas definições

O conjunto de características que tornam um objecto adequado ao uso e função para os quais se destina;

L’ensemble des propriétés et des caractéristiques qui confèrent à un produit ou à un service l’aptitude à satisfaire des besoins exprimés ou implicites (ou potentiels) (Lord, 1993)

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Para além disso …

a qualidade deve ser considerada em função do/s objectivo/s que se pretende alcançar.

Assim, quando falamos de qualidade de um produto ou serviço temos que ter sempre em conta a natureza do produto/serviço, as suas funções, bem como os objectivos para os quais se destinam.

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Para falarmos de qualidade em interpretação …

… é necessário em primeiro lugar analisar a natureza e as funções da própria interpretação, para podermos identificar os objectivos de qualidade que o intérprete tem de alcançar.

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Interpretação: definição

Neubert e Shreve (1992) : a cross-cultural, cross-linguistic, text-producing activity.

Gile (1995) a service provided to particular persons in a particular communication situation.

Viezzi (2002): Servizio che si esplica attraverso un atto di comunicazione e prende la forma di un’attività interlinguistica e interculturale di produzione testuale.

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Interpretação: natureza e funções

È com base nos factores acima referidos que podemos determinar os objectivos de qualidade da actividade de interpretação.

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Interpretação: natureza e funções

Interpretação como serviço

Interpretação como comunicação

Interpretação como actividade interlinguística

Interpretação como actividade intercultural

Interpretação como produção textual

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Objectivos (e parâmetros) de qualidade

Equivalência

Rigor (Accuracy, Accuratezza)

Adequação (Adequacy,Adeguatezza)

Fruição (Fruibilità, Comprehensibility)

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Equivalência

Equivalência: conceito muito controverso em estudos de tradução e interpretação.

A interpretação existe só porque existe um texto de partida e a relação entre os dois textos é de equivalência.

Não significa identidade, mas igual valor atribuído a entidades diferentes.

Não é uma equivalência meramente linguística mas de função comunicativa, valor socio-comunicativo do texto, valor semântico e efeito global do texto.

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Rigor

È relacionado com a transmissão do conteúdo informativo de um texto;

Variáveis importantes: dimensão pragmática, relevância das informações para o publico, os conhecimentos que o orador e os destinatários da interpretação partilham, a intenção comunicativa do orador.

Em simultânea (mas não só): constrangimentos temporais selecção de elementos informativos.

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Adequação (1)

Termo que indica uma relação entre a interpretação (I) e os seus destinatários.

Este objectivo deve ser considerado de duas formas distintas.

1. Relação entre a I e destinatários, membros de uma comunidade cultural diferente da comunidade cultural do orador.

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Adequação (2)

2. Relação entre a I e destinatários considerada dentro do evento comunicativo específico em que decorre a interpretação.Uma I poderá ser equivalente do ponto de vista semântico mas não obedecer ao princípio de adequação em termos de convenções estilísticas, registo da língua, e tradições retóricas.

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Fruição (1)

O termo designa a capacidade de um texto de ser “utilizável”, isto é imediatamente e facilmente compreendido pelos destinatários da interpretação.

O princípio de cooperação entre os participantes numa conversação (Grice 1975) resulta muito útil para a noção de fruição.

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Fruição (2)As recomendações do princípio de Grice mais relevantes para a actividade de interpretação são:

Avoid obscurity of expression Avoid ambiguity Be brief (avoid unnecessary prolixity) Be orderly (Grice 1975:46)

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Fruição (3)

Importância dos seguintes elementos:

Estrutura temática fluida (sequência de informações; tema-rema);

Coesão (tornar linguisticamente evidentes os nexos lógicos entre as diferentes partes do texto)

Presentação: prosódia, pausas, dicção, hesitações, auto-correcções, qualidade da voz, ritmo, etc.

Em IS: problema da velocidade com a qual o texto de partida é debitado

Em IC: o intérprete tem que ter competências específicas para falar em público

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Conclusão (Viezzi 2002:151)

A qualidade do desempenho de um intérprete depende da capacidade que este profissional tem de produzir um texto:

a) equivalente ao texto de partida em termos de função comunicativa, valor socio-comunicativo, significado e efeitos globais;

b) rigoroso do ponto de vista da informação transmitida, isto é, o conteúdo tem que ser mantido;

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c) adequado às características culturais dos ouvintes, às suas expectativas e às convenções da situação de comunicação.

d) facilmente “utilizável” pelos destinatários (em IT: testo fruibile)

Conclusão (Viezzi 2002:151)

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Assim, é necessária uma análise atenta da situação comunicativa bem como das características e expectativas dos destinatários para que o intérprete possa utilizar as melhores estratégias para alcançar os seus objectivos.

Conclusão (Viezzi 2002:151)