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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU” PROJETO VEZ DO MESTRE FLEXIBILIZAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS BRASILEIRAS No combate ao desemprego Rosane Fonseca da Rocha Orientadora: Denise Almeida Guimarães Rio de Janeiro 2005

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

FLEXIBILIZAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS

BRASILEIRAS

No combate ao desemprego

Rosane Fonseca da Rocha

Orientadora: Denise Almeida Guimarães

Rio de Janeiro

2005

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UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PÓS-GRADUAÇÃO “LATO SENSU”

PROJETO VEZ DO MESTRE

FLEXIBILIZAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS

BRASILEIRAS

No combate ao desemprego

OBJETIVO:

A presente Monografia, a fim de esclarecer

dúvidas, ampliar conhecimentos e desenvolver

conceitos a respeito do tema, é apresentada a

Universidade Cândido Mendes como requisito

para obtenção de grau de pós graduando em

Direito do Trabalho.

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AGRADECIMENTOS

Agradeço ao corpo docente do Projeto “A vez

do Mestre”, pelas aulas ministradas com dedicação e

sabedoria. Em especial, a professora Denise

Almeida Guimarães, que me auxiliou na elaboração

desta.

Aos alunos, amigos e parentes pela

dedicação e estímulo para que eu chegasse ao meu

objetivo.

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DEDICATÓRIA

Dedico esta monografia aos meus pais e

irmão, com gratidão e carinho, pelo amor

incondicional; pelo apoio constante, e por terem

acreditado na minha determinação.

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RESUMO

O trabalho é um fator constante na vida do homem. A preservação do

trabalho e de quem o presta, bem como as condições justas de sua prestação

são os objetivos da ciência do Direito do Trabalho. Não se exclui deste

contexto o empregador, que sob a forma de empresa, dirige e empreende o

trabalho.

A legislação brasileira trabalhista não se resume tão somente a CLT. Ela

é mais ampla e complexa, refletindo os impactos que o mundo vem sofrendo

na sua totalidade e, principalmente, nas relações de trabalho.

A tecnologia mostrou ao mundo o seu lado cruel: as transformações das

relações de trabalho em uma sociedade que produz mais com pouca mão de

obra.

Nesta virada de milênio, marcada pela globalização econômica, pelo

excesso de competição e pela escassez de solidariedade, destaca-se o

estigma da desigualdade, onde os Estados poderosos ditam as regras em

proveito próprio.

É verdade que não se pode separar a Política do Direito de modo

absoluto. Estes se complementam, embora cada um tenha seu lugar distinto no

campo das ciências. As idéias políticas são uma espécie de pré-estágio para

as jurídicas.

É errôneo supor um Direito universal e imutável, superior às épocas e ao

tempo, senhor das histórias e dos fatos. As instituições jurídicas possuem uma

instabilidade constante e ao mesmo tempo relativa, pois são estáveis enquanto

não substituídas por outras por exigência dos reclamos sociais.

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METODOLOGIA

O tema “Flexibilização das Leis trabalhistas Brasileiras” fora escolhido

considerando o fato deste assunto ter ocupado todos os espaços do Direito do

Trabalho atual no mundo inteiro, como uma possível solução para um problema

de extrema importância: o desemprego.

O presente trabalho pretende constituir-se como uma ferramenta hábil a

todos os interessados sobre o assunto, proporcionando uma visão geral a partir

da história do Direito do Trabalho no Brasil, desde o início mostrando o seu

desenvolvimento na tentativa de acompanhar as mudanças sociais ao longo

dos anos.

O tema fora desenvolvido a partir de uma pesquisa bibliográfica e

através de uma coleta de dados em: livros, revistas, artigos, trabalhos

científicos, Internet e em sala de aula, nos cursos de graduação e pós-

graduação bem como em cursos extracurriculares.

Acrescente-se, ainda, a participação em simpósios, seminários,

palestras e outros eventos que contribuíram em conhecimento e experiências.

A proposta é despertar o interesse sobre o assunto, buscando a

formação de uma consciência coerente sobre a importância de mudar, a partir

de uma análise de questões prejudiciais ou não, a serem avaliadas em

qualquer mudança considerada necessária.

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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 10

HISTÓRIA DO DIREITO DO TRABALHO 10 CAPÍTULO II 14

HISTÓRIA DO DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL 14

CAPÍTULO III 21

FUNÇÕES DO DIREITO DO TRABALHO 21

CAPÍTULO IV 25

DESEMPREGO NO BRASIL 25 CAPÍTULO V 30

FLEXIBILIZAÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO 30

CAPÍTULO VI 44

NEGOCIAÇÃO COLETIVA 44

CAPÍTULO VII 50

SINDICATOS 50

CONCLUSÃO 58 ANEXO 60 BIBLIOGRAFIA 64 ÍNDICE 67

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INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem por objetivo contextualizar um tema que vem

sendo discutido em vários meios de comunicação no país e no mundo. Ao

tratar do Direito do Trabalho nos dias atuais, não há como ignorar a discussão

a respeito da flexibilização das normas trabalhistas.

A Consolidação das Leis Trabalhistas passou a ter vigência em 10 de

novembro de 1943, sistematizando a esparsa legislação existente e

introduzindo inúmeras disposições inovadoras.

No entanto, atualmente, a CLT não mais retrata a realidade das relações

trabalhistas no país, principalmente devido ao dinamismo inerente às relações

humanas, sociais e circunstanciais, agravadas pela globalização e

desenvolvimento tecnológico dos tempos atuais.

O Direito do Trabalho é um ramo da ciência do direito, que vem sendo

modificado constantemente, evoluindo sempre com o intuito de compensar a

desigualdade social e econômica do trabalhador com vantagens e benefícios

jurídicos.

A teoria da flexibilização dos direitos trabalhistas no Brasil surgiu com o

intuito de adaptar esse dinamismo à realidade laboral. Pode-se cometer erros,

mas toda construção científica é passível de enganos. Entretanto, tem a

obrigação de mostrar todos os lados da questão.

A flexibilização das condições de trabalho é um conjunto de regras que

têm por objetivo instituir mecanismos tendentes a compatibilizar as mudanças

de ordem econômica, tecnológica ou social existentes na relação entre o

capital e o trabalho.

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Deste modo, busca-se assegurar um conjunto de regras mínimas ao

trabalhador e, ao mesmo tempo, a sobrevivência da empresa, por meio da

modificação de comandos legais, procurando garantir aos trabalhadores certos

direitos mínimos e ao empregador a possibilidade de adaptação ao seu

negócio, principalmente, em épocas de crise econômica, objetivando o fim de

um mal maior: o desemprego.

É impossível esgotar o tema por tratar de questões com aspectos tão

controvertidos, ainda tão discutidos por estudiosos do Direito que se deparam à

análise do “melhor”, considerada a hipossuficiência do trabalhador.

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CAPÍTULO I

História do Direito do Trabalho

“A educação tem raízes amargas, mas os frutos são doces”.

Aristóteles (D.L.5,18)

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HISTÓRIA DO DIREITO DO TRABALHO

A evolução do trabalho se deu sob percalços, com avanços e recuos.

Houve adaptações, ajustes e flexibilização.

A história do trabalho humano é uma terrível história. Não tinha limite de

horário ou esforço. Era permitida ao senhor dos escravos: tortura, suplício,

amputações, mutilações, sevícias diversas, abusos de toda ordem.

Em determinado momento da história, a escravidão deixou de ser um

fundamento político para servir a interesses econômicos. E então, famílias

inteiras, e até mesmo aldeias e tribos eram seqüestradas para a

comercialização no mercado da escravidão.

Ao longo da história universal, violações à dignidade e integridade dos

homens, mulheres e crianças foram se sucedendo sob pretextos variados.

1.1 - Sociedade pré-industrial:

Na sociedade pré-industrial, não havia um sistema de normas jurídicas

de direito do trabalho. Predominou a escravidão, onde o trabalhador não tinha

personalidade jurídica, era considerado “res” e não “persona”.

Não diferiu muita a servidão, onde os trabalhadores não tinham uma

condição livre embora recebesse certa proteção militar e política prestada pelo

senhor feudal, dono das terras. Os trabalhadores eram obrigados a trabalhar

nas terras pertencentes aos seus senhores.

Na Idade Média, com as corporações de ofício, as características das

relações de trabalho ainda não permitiam a existência de uma ordem jurídica.

No entanto, houve uma transformação: a maior liberdade do trabalhador, pois

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cada corporação tinha um estatuto com algumas normas disciplinando as

relações de trabalho.

Na verdade, as corporações mantinham com o trabalhador uma relação

autoritária, que se destinava mais à realização de interesses do que à proteção

dos trabalhadores.

Ainda na sociedade pré-industrial, acrescente-se a locação, que se

desdobra em locação de serviços (locatio operarum): contrato pelo qual uma

pessoa se obriga a prestar serviços durante certo tempo à outra mediante

remuneração – e locação de obra ou empreitada (locatio operis faciendi), que é

o contrato pelo qual alguém se obriga a executar uma obra a outra pessoa

mediante remuneração.

1.2 - Sociedade industrial e trabalho assalariado:

O Direito do Trabalho nasceu com a sociedade industrial e o trabalho

assalariado. Razões econômicas, políticas e jurídicas determinaram o seu

aparecimento.

A Revolução Industrial do século XVIII acabou transformando o trabalho

em emprego. Com a expansão da indústria e do comércio, houve a substituição

do trabalho escravo, servil e corporativo pelo trabalho assalariado em larga

escala, do mesmo modo que a manufatura cedeu lugar à fábrica e, mais tarde,

à linha de produção. Os trabalhadores, de maneira geral, passaram a trabalhar

por salários.

Entretanto, a chegada das máquinas causou um grande desemprego e

revolta, pois com o rápido desenvolvimento das indústrias, a mão-de-obra foi

sendo absorvida, mas em condições adversas para o trabalhador.

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Dentre os aspectos políticos, o mais importante foi à transformação do

Estado Liberal e da plena liberdade contratual em Estado Neoliberalista. No

Estado Liberal, o capitalista poderia impor livremente as suas condições ao

trabalhador sem a interferência do Estado. No Estado Neoliberalista, o Estado

intervém na ordem econômica e social limitando a liberdade plena nas partes

da relação de trabalho.

No aspecto jurídico, os trabalhadores reivindicaram através dos

sindicatos que os representaram um direito que os protegesse, em especial o

reconhecimento do direito de união.

Na medida em que o direito de associação passou a ser tolerado pelo

Estado, resultou: o sindicalismo; o direito de contratação, que se desenvolveu

em dois âmbitos, o coletivo com as convenções coletivas de trabalho e o

individual, com a idéia do contrato de trabalho; e o direito a uma legislação em

condições de coibir os abusos do empregador em relação ao empregado, a fim

de preservar a dignidade do homem no trabalho.

Para essas modificações, contribuiu decisivamente a idéia de justiça

social, cada vez mais difundida como reação contra a questão social.

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CAPÍTULO II

História do Direito do Trabalho no Brasil

“Se Se eu pudesse deixar algum presente para você,

Deixaria aceso o sentimento de amar a vida dos seres humanos. A consciência de aprender tudo

O que foi ensinado pela vida afora... Lembraria dos erros que foram cometidos

Para que não mais se repetissem. A capacidade de escolher novos rumos.

Deixaria para você, se pudesse,

O respeito aquilo que é indispensável: Além do pão, o trabalho.

Além do trabalho, a ação. E, quando tudo mais faltasse, um segredo:

O de buscar no interior de si mesmo a resposta e a força Para encontrar a saída”.

Mahatma Gandhi

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HISTÓRIA DO DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL

O Direito no Brasil sofreu influências externas e internas. Dentre as

influências advindas de outros países, as transformações que ocorriam na

Europa e a crescente elaboração legislativa de proteção ao trabalho em muitos

países foram as que de certo modo mais exerceram pressão no sentido de

levar o Brasil a elaborar leis trabalhistas.

Também pesou o compromisso internacional assumido pelo nosso país

ao ingressar na Organização Internacional do Trabalho (OIT), criada pelo

Tratado de Versailles (1919), propondo-se a observar normas trabalhistas.

Internamente, imigrantes com inspirações anarquistas participaram do

movimento operário, caracterizado por inúmeras greves em fins de 1800 e

início de 1900; o surto industrial, efeito da Primeira Grande Guerra Mundial,

com a elevação do número de fábricas e de operários; e a política trabalhista

de Getúlio Vargas, em 1930.

2.1 – Constituições Brasileiras:

Inicialmente, as Constituições brasileiras versavam apenas sobre a

forma do Estado e o sistema de governo. Posteriormente, passaram a tratar de

todos os ramos do Direito.

A Constituição de 1824 apenas tratou de abolir as corporações de ofício

(artigo 179, XXV), pois deveria haver liberdade do exercício de ofício e

profissões.

A Constituição de 1891 reconheceu a liberdade de associação em seu

artigo 72, §8º, que na época tinha caráter genérico, determinando que a todos

eram lícitas a associação e a reunião, livremente e sem armas, não podendo a

polícia intervir, salvo para manter a ordem pública.

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Posteriormente, a Constituição brasileira de 1934 veio a tratar

especificadamente do Direito do Trabalho. Teve influência do

constitucionalismo social.

Citou o pluralismo sindical: a autorização para a criação, na mesma base

territorial, de mais de um sindicato da mesma categoria profissional ou

econômica, enquanto as demais adotariam o princípio do sindicalismo único; a

isonomia salarial; o salário mínimo; jornada de oito horas de trabalho; proteção

do trabalho das mulheres e dos menores; repouso semanal; férias anuais

remuneradas.

A Constituição Brasileira, outorgada em 10 de novembro de 1937,

conferiu poderes ao Presidente da República para expedir decretos-leis sobre

todas as matérias de competência legislativa federal enquanto não se reunisse

o Parlamento Nacional.

Esta Constituição expressou a concepção política do Estado Novo e as

restrições que impôs ao movimento sindical, segundo uma idéia de

organização da economia pelo Estado, com um Conselho Nacional de

Economia, com o enquadramento dos sindicatos em categorias declaradas

pelo Estado, nas quais foi proibido mais de um sindicato representativo dos

trabalhadores; e ainda, a proibição da greve como um recurso anti-social e

nocivo à economia e a continuidade da elaboração de leis trabalhistas de modo

amplo.

Já a Constituição de 1946 foi considerada uma norma democrática,

rompendo com o corporativismo da constituição anterior. Acolheu princípios

liberais na ordem política, restabeleceu o direito de greve, mas conservou as

mesmas diretrizes, na medida em que não respaldou o direito coletivo do

trabalho.

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Vale destaque o fato de que, nesta Constituição, a Justiça do Trabalho

sofreu uma transformação deixando de ter natureza administrativa para ser um

órgão do poder Judiciário.

A Constituição de 1967 mostrou os objetivos dos governos militares

iniciados em 1964 e introduziu o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, que

já havia sido criada por lei ordinária em 1966.

Por fim, a Constituição de 1988, onde os direitos trabalhistas foram

incluídos no Capítulo II, “Dos Direitos Sociais”, do Título II, “Dos Direitos e

Garantias Fundamentais”, ao passo que nas constituições anteriores os direitos

trabalhistas sempre estiveram inseridos no âmbito da ordem econômica e

social.

Esta Constituição valorizou o direito coletivo com a proibição da

interferência do Poder Público na organização sindical, e manteve o sistema do

sindicato único, iniciando deste modo, uma tentativa de ampliação dos espaços

do movimento sindical.

A sociedade brasileira, após a promulgação de 1988, compreendeu o

alcance das novas regras que valorizam o pleno exercício da cidadania e a

extensão de novos direitos que ali foram consagrados, mobilizando-se, ainda

que desordenadamente, para exigir do poder público que transformasse em

realidade os princípios e preceitos solenemente enunciados.

De outra parte, a magistratura nacional pôs-se a reformular antigos

conceitos e caminhar na direção desejada pelos cidadãos conscientes, de

modo a se adequar à nova concepção de justiça.

O Poder Judiciário procurou modernizar-se, investindo em novas

tecnologias, buscando a racionalização de seus procedimentos e serviços,

tornando-se mais ágil e eficiente.

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Os juízes, por sua vez, precisaram se desvencilhar de certos tabus e

romper com seu hermetismo, passando a interagir com os demais segmentos

da sociedade, para poder melhor compreender os anseios de seus

jurisdicionados.

2.2 – Primeiras Leis Ordinárias:

As primeiras Leis Ordinárias surgiram no final de 1800 e começo de

1900 como leis esparsas e trataram de temas como: trabalho de menores, em

1891, organização de sindicatos rurais, em 1903, e urbanos, em 1891, férias,

em 1925, Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, em 1930, relações de

trabalho de cada profissão (decretos a partir de 1930), trabalho das mulheres,

em 1932, nova estrutura sindical, em 1931, convenções coletivas de trabalho,

em 1932, Justiça do Trabalho, em 1939 e salário mínimo, em 1936.

2.3 – Consolidação das Leis do Trabalho:

As disposições anteriores a CLT foram por ela revogadas. Perderam a

vigência as disposições de emergência e as demais normas transitórias, com a

cessação das causas que as fizeram nascer. Restaram somente alguns

diplomas, de aplicação restrita a certas áreas.

A comissão que elaborou a CLT foi presidida pelo Ministro Alexandre

Marcondes Filho. A Consolidação das Leis do Trabalho passou a vigorar em 10

de novembro de 1943, trouxe a sistematização das leis esparsas existentes na

época, acrescidas de novos institutos criados pelos juristas que a elaboraram.

Não se tratou de um Código, com leis novas. Foi, na verdade, uma

reunião de leis existentes. A Consolidação das Leis do Trabalho foi um marco

em nosso ordenamento jurídico, fruto da necessidade de renovação do País

assumida por Getúlio Vargas.

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Havia a Lei n. º 62, de 1935, que se aplicava a industriários e

comerciários, e ainda inúmeros decretos sobre direitos específicos de cada

profissão, mas a CLT foi a primeira Lei geral aplicada a todos os empregados,

sem distinção entre a natureza do trabalho técnico, manual ou intelectual.

Todavia, com o passar dos anos, a CLT tornou-se obsoleta. Surgiu a

necessidade da modernização das leis trabalhistas, especialmente para

promover as normas sobre direito coletivo, dentre as quais: as de organização

sindical, negociação coletiva, greve e representação dos trabalhadores na

empresa, setores que a CLT não valorizou.

2.4 – Leis posteriores:

Diversas leis posteriores foram promulgadas, na medida em que se

renovaram as necessidades de regulamentação das relações entre os grupos

sociais e as pessoas.

Cite-se, por exemplo: a Lei n. º 605, de 1949, sobre repouso semanal

remunerado; a Lei n. º 4090, de 1962, sobre gratificação natalina ou décimo

terceiro salário, ambas ainda em vigor. E outras que foram alteradas,

substituídas por leis posteriores, como a Lei da Greve, de 1964 e a Lei do

fundo de Garantia do Tempo de serviço, de 1966.

2.5 - A Constituição de 1988:

Foi constituída a Assembléia Nacional Constituinte, como conseqüência

do processo de consolidação da democracia, que se propôs a modificar a

ordem constitucional existente no país, alterando-a segundo princípios

econômicos, políticos e sociais da Nova República.

Sua estrutura diferiu por completo das constituições anteriores. Foi uma

“Constituição Cidadã”, na expressão de Ulysses Guimarães, presidente da

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Assembléia Nacional Constituinte que a produziu considerando a ampla

participação popular em sua elaboração e porque ela se volta para a plena

realização da cidadania.

Os temas trabalhistas foram confiados à Subcomissão dos Direitos dos

Trabalhadores e Servidores Públicos, que elaborou um projeto que, apesar de

pecar pela inobservância de um critério técnico-jurídico, foi amplo de direitos

sociais.

Dispôs, dentre outros temas, sobre: a jornada semanal de 40 horas, a

estabilidade no emprego, após um contrato de experiência de 90 dias; a

participação do empregado nos lucros da empresa; a igualdade de direitos de

trabalhadores em geral: urbanos, rurais, domésticos, servidores públicos

federais, estaduais e municipais; à greve ampla, geral e irrestrita; e diversos

direitos de trabalhadores domésticos e outros.

Na Constituição de 1988 estão previstas várias regras gerais de direito

constitucional que são aplicáveis ao direito do trabalho, como por exemplo: o

artigo 5º, incisos XXXVI, LXXI.

Com a Constituição de 1988, fez-se necessária a aprovação de leis

infraconstitucionais, iniciada pela regulamentação do direito a greve através da

Lei n. º 7783, de 28.06.1989.

Entretanto, em alguns casos, a regulamentação foi incompleta e

diversos dispositivos importantes não foram seguidos por leis complementares

e infraconstitucionais, como, por exemplo, no caso do artigo 7º, inciso I, que

prevê a proteção contra a dispensa arbitrária ou sem justa causa.

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CAPÍTULO III

Funções do Direito do Trabalho

“O que você sabe não tem valor. O valor está no que você faz com o que sabe”.

Bruce Lee

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FUNÇÕES DO DIREITO DO TRABALHO:

A necessidade de proteção ao trabalhador com o objetivo de se alcançar

a “justiça social” vem sendo defendida ao longo da história.

A CLT constitui o texto legislativo básico do Direito do Trabalho no

Brasil, enriquecido pela legislação complementar e pela Constituição Federal.

O Direito do Trabalho é um conjunto de princípios, regras e instituições

atinentes à relação de trabalho subordinado e situações análogas, visando

assegurar melhores condições de trabalho e sociais ao trabalhador, de acordo

com as medidas de proteção que lhe são destinadas.

Representa ainda uma atitude de intervenção jurídica para a

estruturação das instituições sociais e para o melhor relacionamento entre o

homem que trabalha e aqueles para os quais o trabalho é destinado.

Trata-se de uma legitima manifestação da ordem jurídica, visando a

defesa de direitos básicos do trabalhador: como o direito a um salário, ao

descanso diário, semanal e anual, à proteção a integridade física e saúde com

a reparação econômica dos danos que suportar pelo exercício do trabalho.

São funções do direito do trabalho:

3.1. Função tutelar:

O direito do trabalho cumpre uma função tutelar na medida que protege o

trabalhador, considerado hipossuficiente diante do poder econômico, para que

ele não seja por este absorvido. Tutela esta que se faz mediante leis que o

Estado elabora ou poderes reconhecidos aos sindicatos restritivos da

autonomia individual.

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3.2. Função econômica:

O direito do trabalho visa à realização de valores econômicos, de modo

que toda e qualquer vantagem atribuída ao trabalhador deve ser precedida de

um suporte econômico sobre o qual nada lhe poderá ser atribuído, respeitado o

bom senso que deve predominar na relação.

3.3. Função conservadora ou opressora do Estado:

É uma força que o Estado sempre se utilizou, desde os tempos em que

se falava em legislação industrial, para sufocar os movimentos operários.

Neste caso, as leis trabalhistas teriam a função de aparentar a

disciplina da liberdade, pois, na verdade, estaria restringindo a autonomia

privada coletiva, visando o impedimento das iniciativas que embora legítimas,

pudessem significar de algum modo à manifestação de um poder de

organização e de reivindicação dos trabalhadores.

3.4. Função social:

O direito do trabalho é um meio de realização de valores sociais, em

especial na preservação de um valor absoluto e universal: a dignidade do ser

humano que trabalha.

Função esta prestigiada pela Constituição Federal, que em seu artigo

6º, define o trabalho como direito social, embora não traga nem neste, nem no

artigo 7º uma norma expressa conferindo o direito ao trabalho. Este, porém,

pode ser observado face ao conjunto de normas da Constituição sobre o

trabalho.

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Assim, no artigo 1º, IV, da Constituição Federal, se declara, entre

outros, que os valores sociais do trabalho é fundamento da República

Federativa do Brasil; o artigo 170, da Carta Magna estatui que a ordem

econômica funda-se na “valorização do trabalho”, e, ainda, o artigo 193, dispõe

que a ordem social tem como base o “primado do Trabalho”.

3.5. Função coordenadora:

O direito do trabalho destina-se a coordenar os interesses entre o

capital e o trabalho de forma coerente, ainda que através de medidas nem

sempre caracterizadas como protecionistas ou tutelares.

O Direito do Trabalho é a expressão do humanismo jurídico e a arma

de renovação social pela sua identificação total com as necessidades e

aspirações concretas do grupo social diante dos problemas decorrentes da

questão social.

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CAPÍTULO IV

Desemprego no Brasil

“É preferível a angústia da busca

Do que a paz da acomodação “.

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DESEMPREGO NO BRASIL

Os últimos anos foram de grandes transformações no país e no mundo.

O aumento do desemprego e a cada vez mais precária condição de trabalho

são duas das questões mais desafiantes da humanidade atual.

A sociedade capitalista trava um embate: trabalhadores, avaliados como

consumidores que desejam bens e serviços duráveis. E ainda, avaliados como

empregados, que demandam garantia de emprego e altos salários. E a

conciliação entre estes é uma tarefa bastante difícil.

Com a alta modernização, o trabalhador tornou-se supérfluo e

desnecessário, pois é possível produzir muito com pouca mão de obra. É

sabido que cada emprego é único e tem uma função específica e insubstituível

na empresa, que possui quadros enxutos e altamente produtivos.

Com a especialização, conseqüência da tecnologia, houve a separação

entre o empregado escolarizado, que tinha acesso aos melhores empregos e

salários, e o sem instrução, que fora remetido a um mercado instável e

precário, sujeito a dispensas permanentes.

Isto significa que, cada vez mais, há uma desnecessidade de um quadro

numeroso de empregados para obter os mesmos resultados, o que ocasiona

uma redução da demanda de trabalhadores entre 25% e 35% da força do

trabalho; a substituição do trabalho humano pelo software; a informatização e a

robótica como principais fatores do crescimento da produtividade; o aumento

do desemprego e do subemprego em escala mundial; o avanço da sociedade

de serviços maior do que a sociedade industrial; novas profissões; sofisticados

meios de trabalho, uma realidade bem diferente do qual o direito do trabalho

nasceu.

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Não se pode fazer uma previsão absolutamente segura sobre os efeitos

da “globalização” sobre o nível de emprego interno, embora seja razoável

supor com relativa margem de segurança que, esse processo gerou um

considerável aumento no nível geral de desemprego.

“Dados da Organização Internacional do Trabalho (OIT)

indicam que há cerca de oitocentos milhões de

desempregados no mundo, o nível mais alto desde a

Grande Depressão, nos anos 30. “1

Não há atualmente a perspectiva de uma solução para o problema, pois

necessário seria um conjunto de programas com o objetivo de incentivar a

criação de novos empregos, bem como a manutenção dos existentes e a

capacidade de acesso dos indivíduos a empregos e ocupações remunerados,

priorizando a escolaridade e a instrução do trabalhador.

Quanto mais desqualificado é o trabalhador, mais difícil se torna sua

permanência ou, se dispensado, sua volta ao trabalho.

E é com este trabalhador que o Direito do Trabalho incide com mais

freqüência na forma protecionista e tutelar, com normas relativas a dispensas,

alterações do contrato de trabalho, transferências, adicionais, horas extras,

aviso prévio, etc.

O trabalhador moderno, qualificado, tem suas condições de trabalho

contratualmente estabelecidas em confronto com o emprego moderno: técnico,

contratual e flexível, restando a menor incidência do Direito do Trabalho na

resolução de conflitos.

1 - GÓIS, Ancelmo César Lins de. A Flexibilização das normas trabalhistas frente à

globalização. Disponível em : < http://www.jus1.jus.com.br/doutrina/texto.asp?id=1145 >

Acesso em 15 janeiro 2005.

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É claro que não é possível ao Direito do Trabalho impedir a dispensa ou

evitar o desemprego.

Entretanto, este deve reconhecer as limitações e dar o tratamento

jurídico adequado àqueles que não têm ocupação ou que a tem parcialmente

ou de modo autônomo ou precário.

A falta de emprego gera conseqüências sérias como o ônus psicológico

e social.

“Economicamente, a falta de emprego representa uma

perda de renda. Psicologicamente, a falta de empregos

representa uma perda de auto-respeito, com sérias

conseqüências na vida familiar. Socialmente, a falta de

emprego aguça a tensão entre os que têm e os que não

têm meios de sustentação, provocando a degradação dos

valores, a dilaceração do tecido social, a disseminação da

violência, da droga e crime”. 2

Nos anos 80, o Brasil era o décimo terceiro país do mundo em volume

de desempregados. Atualmente, ele encontra-se em quarto lugar.

No Brasil, vários foram os fatores que contribuíram para o problema do

desemprego, entre os quais: a adoção de políticas que geraram a estagnação

da economia nacional, a subordinação brasileira na inserção na economia

mundial, as privatizações que ocasionaram demissões em massa, a alta dos

juros, a sobrevalorização cambial.

O novo modelo econômico adotado com prioridade à modernização e à

integração na economia mundial contribuiu e contribui de forma indireta para o

2 Pastore, José. A agonia do emprego: investimentos de menos e regulamento de mais. Revista LTr. Vol 60, n. º 01, janeiro de1996, p18

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desemprego, pois a economia não se expande como deveria para suportar a

quantidade de pessoas que, a cada ano, ingressam no mercado de trabalho.

O setor mais atingido é o dos jovens, que representam 40% do

desemprego nacional, mas ele tem crescido para as pessoas com mais de 40

anos de idade. Todavia, o jovem é um trabalhador independente que, em geral,

não tem encargos familiares, enquanto uma pessoa com mais de 40 anos é um

chefe de família. Nesse segmento, quem perde o emprego dificilmente vai ter

condições de ocupar a força de trabalho.

No Brasil, as primeiras medidas de combate ao desemprego deram-se

através do Sistema Nacional de Emprego – SINE (1970) e do Seguro-

Desemprego iniciado a partir de 1986, bem como dos primeiros programas de

geração de emprego e renda estabelecidos por iniciativas de instituições

internacionais.

A partir de 1994, passou a ser realizado uma ação efetiva de âmbito

nacional, coordenada pelo Ministério do Trabalho, em quatro principais

programas: Seguro-desemprego, Intermediação de Mão-de-obra, Qualificação

Profissional e Programa de Geração de Emprego e Renda (PROGER).

Entretanto, o desemprego ainda é um grave problema que afeta a

sociedade como um todo. Necessária uma solução.

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CAPÍTULO V

Flexibilização do Direito do Trabalho

“É tão perigoso acreditar em tudo como não acreditar em nada.”

Denis Diderot

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FLEXIBILIZAÇÃO DO DIREITO DO TRABALHO

“O verbo português ”flexibilizar” provém do latino “flecto,

flectis, flectere, flexi, flectum”, que significa curvar, dobrar,

fletir. Depois, por complementação semântica, possui

ainda vários sentidos conexos ou paralelos, tais como:

fazer voltar, dirigir o rumo, mover, tornear, comover,

mudar modificar.” 3

Diversos fatores contribuíram para levar o Direito do Trabalho clássico a

uma crise, entre eles: a queda do muro de Berlim, como marco da

comunicação integral que unificava as fronteiras mundiais, onde o mundo

deixou de ter uma visão ideológica para intensificar toda espécie de atividades

comuns e a democratização das sociedades nacionais, sem imposição de

políticas ou ideologias.

Além disso, o crescente desemprego no Brasil ao longo dos anos

refletiu-se diretamente no Direito do Trabalho, desestruturando todos os seus

institutos.

É claro que o Direito não cria empregos. A crise atual do desemprego

começou antes de se falar em flexibilização e vai continuar independente dela.

O problema está localizado em uma crise econômica que paira sobre o

mundo atual, onde as empresas praticam a dispensa em massa em razão de

ordem financeira, competitiva e por necessidade de enxugamento do pessoal

empregado em razão de progresso na área da automação.

Para tanto, o Direito do Trabalho precisa “reformatar-se”, já que o

trabalho formal atualmente consiste em uma minoria, pois o trabalho autônomo

3 Silva, Antônio Álvares da.Flexibilização das relações de trabalho.LTR, 2002, p.52.

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e informal superou o subordinado no Brasil.

Em conseqüência dessa nova realidade social que se formou, algumas

mudanças puderam ser observadas: as jornadas de trabalho e repousos

passaram a ser mais flexíveis, os salários aumentaram tão somente em relação

ao trabalhador qualificado. Os demais, muitos deles foram dispensados, e,

portanto, excluídos da própria produção.

Em relação aos sindicatos, estes perderam sócios e prestígio, deixando

de exercer pressão. A negociação coletiva deixou de ser um instrumento de

novas conquistas e passou a ser de manutenção de conquistas anteriores.

A greve não mais se realizou em razão da insegurança no emprego e

no receio de perdê-lo.

Todos estes fatores ocasionaram uma brusca transformação no Direito

do Trabalho, tornando-se necessária uma visão mais realista do emprego atual.

O equilíbrio social, neste processo de flexibilização, impõe às partes

interessadas, no embate entre o capital e o trabalho, à máxima de que

nenhuma delas será dado lograr apenas vitórias ou padecer somente derrotas.

A flexibilização, ou seja, o afastamento da rigidez de algumas leis para

permitir maior dispositividade das partes para alterar ou reduzir os seus

comandos, se fez necessária para a adaptação de novas tendências.

No terreno da flexibilização, os personagens principais são os próprios

interessados, empregados e empregadores, a quem a Constituição Federal de

1988 abriu imensos espaços para o entendimento direto, cabendo aos

sindicatos um importante papel neste novo cenário.

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A flexibilização possibilita que o contrato de trabalho seja disciplinado de

forma diversa.

A princípio, pode parecer que isto fere o princípio tutelar do Direito do

Trabalho, deixando de assegurar direitos já conquistados pelos trabalhadores.

Todavia, na verdade, a flexibilização pretende reforçar tal princípio, uma vez

que pode significar a continuidade do próprio emprego.

“Quem trabalha precisa de proteção, pois o meio de que

dispõe para a sobrevivência é a energia, física ou mental,

do próprio corpo. Trata-se de um bem esgotável. Se o

sistema jurídico não estabelece mecanismos em favor de

quem vive de seu próprio trabalho, a omissão causa um

grande mal, de conseqüências danosas para todas as

gerações, pois sacrifica a mão de obra que, junto com o

capital, cria bens e riquezas”.4

O desemprego influiu na criação de novos tipos de contratos individuais

de trabalho que permitissem o aproveitamento dos trabalhadores

desempregados, como: o contrato a tempo parcial, o contrato de reciclagem

profissional por prazo determinado, além da redução da jornada semanal de

trabalho.

A estabilidade do emprego em face da necessidade de redução do

pessoal na empresa, privada ou pública, como medida de contenção

econômica e recuperação do empreendimento, ao lado do desemprego, viu o

seu conceito substituído pelo de garantia de emprego, que é a política

econômica de abertura de vagas de trabalho em número capaz de dar

atendimento aos problemas sociais.

4 Silva, Antônio Álvares da.Flexibilização das relações de trabalho.LTR, 2002, p.142.

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A idéia em relação à doutrina ou princípio da flexibilização surgiu na

Europa nos anos 60. Na Itália, a flexibilização das normas trabalhistas evoluiu

muito na segunda metade da década de 70, devida à excessiva rigidez da

legislação italiana sobre salários. Àquela época, foram negociados diversos

acordos tripartites: entre Estados, sindicatos e empregadores, com o objetivo

de diminuir o desemprego.

Admitiu-se na Europa um direito do trabalho de crise e de emergência,

onde respeitados doutrinadores como Giuseppe Pera, da Itália, e Couturier, da

França, sustentam que é indispensável conjugar o máximo de justiça social

possível com a garantia da eficiência e do desenvolvimento econômico.

Esta diretriz fundada na Europa teve então no Brasil um reflexo na

concepção econômica conhecida como “Flexibilização do Direito do Trabalho”.

Trata-se de uma adaptabilidade das normas trabalhistas face às

mudanças ou às dificuldades econômicas, sob a alegação de que a rigidez

gera o aumento do desemprego.

Segundo os defensores da Flexibilização, os imperativos econômicos

devem justificar a postergação de direitos dos trabalhadores como meio

necessário para o desenvolvimento, condição para a melhoria da situação dos

assalariados, sustentando a conveniência da valorização de novas concepções

sobre os velhos institutos.

Nessa linha, podemos vislumbrar os contratos por prazo determinado

que devem ser admitidos sem preconceito na medida que atenda melhor a

adequação da mão de obra na empresa por períodos específicos, ao contrário

do antigo contrato por prazo indeterminado; a maior facilidade da dispensa dos

trabalhadores, contrariamente as dificuldades impostas pela estabilidade

definitiva; o módulo anual com um número total de horas normais por ano,

diversamente do módulo diário, para que seja permitida a compensação do

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número de horas normais anuais, evitando assim, gastos com horas extras

desde que respeitado o total normal anual, etc.

A flexibilização tem por escopo propiciar o ajustamento do complexo

normativo laboral às mudanças decorrentes das flutuações econômicas,

evoluções tecnológicas ou quaisquer outras alterações que requeiram imediata

adequação da norma jurídica.

Com a flexibilização, o Direito do Trabalho deixaria de ser uma defesa

do homem contra a sua absorção pelo processo econômico para ser

unicamente um conjunto de normas destinadas a realização do progresso

econômico mesmo que com sacrifício para os trabalhadores.

As medidas de flexibilização devem ser adequadas e sob o controle

sindical, em especial mediante negociação coletiva, como o que já é previsto

quanto à redução salarial, que de acordo com o artigo 7º, da Constituição

Federal, depende de acordo ou convenção coletiva de trabalho.

Deve-se considerar que a economia de mercado e a intensificação da

competição entre as empresas as levam a reduzir custos, o que exerce forte

influência no direito do trabalho.

Consoante ao fato, é gerada uma discussão sob perspectivas diferentes

pela social-democracia, que pretende a preservação das garantias legais e o

neoliberalismo, que propõe a flexibilização do direito do trabalho com reflexo

sobre as suas funções de proteção ao trabalhador.

Em vários momentos, a atual Constituição prestigiou a flexibilização das

regras do Direito do trabalho, possibilitando uma maior abertura à negociação

coletiva, como por exemplo:

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- “Artigo 7º, VI: irredutibilidade do salário salvo o

disposto em convenção ou acordo coletivo;

- Artigo 7º, XIII: duração do trabalho normal não

superior a oito horas diárias e quarenta e quatro

semanais, facultada a compensação de horário e a

redução da jornada, mediante acordo ou convenção

coletiva;

- Artigo 7º, XIV: jornada de seis horas para o trabalho

realizado em turnos ininterruptos de revezamento salvo

negociação coletiva;” 5

E ainda, o artigo 7º, XXVI, da Lei Maior reconheceu não apenas as

convenções coletivas, mas também os acordos coletivos de trabalho. E o artigo

8º, inciso VI, da mesma norma estatuiu a obrigatoriedade da participação dos

sindicatos nas negociações coletivas de trabalho.

Outras medidas foram tomadas, como a Medida Provisória que

permitiu os contratos temporários de trabalho com direitos reduzidos, já no

governo de Fernando Henrique Cardoso.

Como exemplo de flexibilização do trabalho, pode-se ainda citar: a

participação nos lucros e na gestão da empresa, já que o empregado participa

democraticamente da gestão da empresa e em seus resultados positivos

(artigo 7º, XI, da Lei ápice), sendo que a participação em relação aos lucros

pode ser feita por convenção ou acordo coletivo, conforme o artigo 621, da

CLT.

Para fiscalizar essa flexibilização é que o sindicato passaria a ter um

papel de suma importância com participação das negociações coletivas que

5 Madeira, José Maria Pinheiro. Constituição da República Federativa do Brasil interpretada

pelo Supremo Tribunal federal – Rio de Janeiro: América jurídica, 2002, p. 20 e21.

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conduziriam ao acordo ou à convenção coletiva do trabalho, de modo a permitir

também continuidade no emprego para o trabalhador, asseguradas garantias

mínimas a este; e a sobrevivência da empresa, com um lucro razoável.

A ampliação das leis trabalhistas e as exigências econômicas do

desenvolvimento do processo produtivo e da tecnologia muitas vezes não

coincidiram. A inflação e o desemprego atuaram no sentido da necessidade de

compatibilização das leis trabalhistas com esses imperativos.

Isto significa que dependendo das circunstâncias, pode ser justificável e

legítima a redução de um direito trabalhista, acordado em convenção coletiva,

para beneficiar o trabalhador e o empregador, quando conveniente para ambas

as partes, se o objetivo for evitar um mal maior: o desemprego.

5.1. O Projeto de Lei n. º 5483, de 2001:

Este, em outubro de 2001, foi encaminhado à Câmara dos Deputados.

O projeto de Lei n. º 5483 trouxe uma revolução para o direito do

trabalho no Brasil. A intenção deste seria fazer com que o negociado

prevalecesse sobre o legislado.

Vale a leitura do texto do projeto:

“Artigo 1º Na ausência de convenção ou acordo coletivo, firmado por

manifestação expressa de vontade das partes e observadas as demais

disposições do Título VI desta Consolidação, a lei regulará as condições

de trabalho.

§1º A convenção ou acordo coletivo, respeitado os direitos trabalhistas

previstos na Constituição Federal, não podem contrariar lei

complementar, as leis n. 6.321, de 14 de abril de 1976, e 7.418, de 16 de

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dezembro de 1985, a legislação tributária, a previdenciária e a relativa

ao FGTS bem como as normas de segurança e de saúde do trabalho.

§2º Os sindicatos poderão solicitar o apoio e o acompanhamento da

central sindical, da confederação ou federação a que estiverem filiados,

quando da negociação de convenção ou acordo previstos no presente

artigo.

Artigo 2º Esta lei entra em vigor na data da publicação e tem vigência

de dois anos”

Através deste Projeto de Lei, se daria a alteração do artigo 618, da

Consolidação das Leis Trabalhistas, e os acordos celebrados entre os

sindicatos de empregados e empregadores passariam a prevalecer sobre a

legislação.

Pelo mesmo, podem ser objeto de negociação entre as partes:

- A divisão e a redução do período de férias, ou seja, os patrões e

empregados poderão negociar a divisão dos 30 dias e a forma do

pagamento, pois a constituição assegura o direito a férias de 30 dias, mas é

a CLT que detalha as regras;

- A forma de pagamento do 13º salário. A Constituição assegura que o

décimo-terceiro seja calculado com base no salário integral ou no valor da

aposentadoria e então as empresas e sindicatos poderiam negociar o

parcelamento do décimo-terceiro ou mesmo substituí-lo por outro benefício;

- A ampliação do limite anual para a compensação de horas extras e a

negociação quanto a sua forma de pagamento, embora o valor não pode ser

reduzido;

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- Regras de concessão quanto à licença-paternidade seriam negociadas

diretamente entre empresas e sindicatos, o que poderia gerar regras

deferentes para cada setor ou empresa. A Constituição remete a fixação de

regras para a legislação, que é de cinco dias após o nascimento do filho;

- Patrões e empregados poderiam negociar o descanso semanal para

outro dia, que não domingo, o que já ocorre há um certo tempo

informalmente em muitas empresas;

Entretanto, permanecem inegociáveis: o FGTS; a indenização

compensatória de 40% pela dispensa sem justa causa; a remuneração do

Serviço Extraordinário na base de 50%; o Seguro-Desemprego; a Licença-

Maternidade, a Estabilidade da Gestante; a Lei do Vale-transporte e do

Programa de Alimentação do Trabalhador; a Estabilidade dos Dirigentes da

CIPA e do Sindicato.

Todavia, o projeto deparou-se com certos entraves.

Entre eles, podemos citar: o princípio do sindicato único, previsto no

artigo 8º, II, da Constituição Federal, um verdadeiro cerceador da liberdade

sindical, garantindo a um único sindicato o monopólio da representação na

mesma base territorial.

E ainda, o previsto no artigo 8º, IV, da Constituição Federal, que faz com

que os sindicatos pareçam mais órgãos do governo do que das classes

trabalhadoras e empresariais; e, o “dissídio coletivo” previsto no artigo 114, §2º,

da CF, pelo qual os sindicatos podem solicitar a Justiça do Trabalho que fixe

normas e condições de trabalho que nado quaisquer das partes se recusar à

negociação coletiva ou à arbitragem.

O Projeto de Lei, em seu artigo 1º, colocou em primeiro plano a

convenção e o acordo coletivo, pretendendo com isso dar-lhes a prioridade em

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relação à lei na regulação das condições de trabalho e, em seu parágrafo 1º,

faz pensar que todos os direitos trabalhistas previstos na Constituição Federal

podem ser negociados.

Entretanto, vale lembrar que somente a Constituição pode excepcionar-

se a si mesma.

Além disso, discutiu-se quanto a como iriam figurar no ordenamento

jurídico as convenções da Organização Internacional do Trabalho (OIT), pois a

proposta de prevalência do negociado sobre o legislado revogaria as

convenções da OIT já reconhecidas no Brasil, já que estão situadas no mesmo

patamar da legislação ordinária e ficariam, portanto, abaixo dos acertos na

hierarquia das fontes do Direito do Trabalho brasileiras.

Não se pode acreditar que a flexibilização por si só seja a saída para as

condições desumanas que existem. É necessário que esta venha

acompanhada se outras medidas, pois é inerente ao Direito do Trabalho o

reconhecimento da hipossuficiência do trabalhador perante o empregado e a

sua tutela.

Atualmente, este projeto encontra-se arquivado.

5.2. Prós e contras da flexibilização:

O Direito precisa ser encontrado no meio social de maneira a garantir a

menor distância possível entre a norma jurídica e a realidade.

Hoje, as empresas empregam menos e produzem mais. A competição

entre elas demanda redução de custos, melhor preço, inovações constantes.

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A implantação de inovações tecnológicas implica na eliminação de

postos de trabalho, pois a automação é cada vez mais intensa e sofisticada

tanto em empresas industriais quanto em empresas rurais. Em conseqüência

desta extinção de postos de trabalho, o empregado é conduzido e readaptado

a exercer outra função, ou, o que ocorre com maior freqüência, fica

desempregado.

A dificuldade econômica não a única causa determinante para a

flexibilização nas relações trabalhistas. Este novo perfil laboral também está

vinculado a motivos sociais e tecnológicos, pois o empregado precisa também

dedicar-se ao lazer, ao convívio familiar, as atividades culturais, bem como

obter capacitação ampla e irrestrita, a fim de adquirir conhecimentos e

habilidades para sobreviver, dignamente, na empresa.

A flexibilização como tendência atual não pode excluir as normas

protetoras. Na verdade, o que se deve buscar é a constituição de um trabalho

mais flexível. O Estado deve estabelecer uma política de diferenciação de

graus de incidência da norma trabalhista, sob diversos aspectos.

Há que se fazer diferenças entre autônomos que prestam serviços a

terceiros, aos que prestam serviços a um grupo determinável de usuários e em

relação ao empregado que presta serviço subordinado ao empregador sem

carteira assinada.

É possível vislumbrar que o setor formal vem perdendo participação no

emprego total. Havia, no Brasil, uma certa dualidade: setor formal e o setor

informal no mercado de trabalho.

Quando a economia não ia muito bem e se reduzia o índice de emprego

no setor formal, as pessoas que perdiam o emprego se deslocavam para o

setor informal e tentavam sobreviver. Tão logo a economia formal voltava a

crescer, as pessoas voltavam para o setor formal.

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Atualmente, são as micro e pequenas empresas que geram a maioria

dos empregos, sendo responsáveis por 90% dos postos de trabalho criados

nos últimos cinco anos.

Apesar disso, é grande o número de micro e pequenas empresas que

fecham em pouco tempo por vários fatores, entre os quais dois deles não

podem ser desprezados: a burocracia excessiva e a pesada e mal distribuída

carga tributária.

Há microempresas que não suportam o ônus tributário que incide sobre

a relação de emprego e sobre a folha de salário e, por isso, não formalizam um

ou alguns de seus empregados. Não pode o Direito do Trabalho ser aplicado

igualmente sobre uma multinacional, uma micro ou pequena empresa.

É indiscutível a necessidade de uma reforma nas normas de Direito

Tributário. Entretanto, trata-se de um tema complexo, mas que exige um

estudo específico e amplo sobre as questões que o norteiam, impossível de

serem abordadas em alguns parágrafos.

São vários os exemplos de países que fizeram uso de políticas públicas

eficientes de apoio às pequenas empresas, como Coréia do Sul, Espanha e

Itália, e que têm hoje, por isso, economias robustas e socialmente bem mais

justas.

Entretanto, esta dosagem deve ser realizada de forma prudente pelo

legislador, pois um empregado que trabalha em uma empresa menor, apenas

por este motivo, não pode ter menos direitos que um empregado que presta

serviço em uma multinacional.

Pequenas empresas querem, como todas as outras, produzir e crescer e

a flexibilização, reconhecendo esta situação informal, nestes casos, torna-se

uma necessidade para evitar a fraude tributária e de direitos trabalhistas, pois a

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fiscalização por si só não resolveria o problema, já que não seria possível

localizar os milhares de núcleos produtivos nesta situação e multas e sanções

acabariam por ocasionar o seu fechamento.

Existem estudiosos do Direito do Trabalho que acreditam que a redução

dos níveis de proteção do trabalhador é uma forma de gerar empregos,

considerando os encargos trabalhistas como impedimento à criação de postos

de trabalho, além de contribuir para a diminuição da contratação de novos

empregados. Sem dúvida, os encargos sociais no Brasil são muitos altos.

Um outro problema diz respeito às terceirizações, já que hoje, a empresa

moderna se resume ao essencial, com uma estrutura enxuta e funcional,

visando à redução de custos e gastos fixos para permitir a concorrência em um

mercado exigente e competitivo.

Não se pode evitar a terceirização, mas em contrapartida, é necessária

fiscalização para evitar fraude à lei, pois é claro que não cabe ao Judiciário

estabelecer fins e objetivos da empresa bem como estabelecer seus conceitos

gerenciais de fim e meio para uma atividade.

Por outro lado, não se pode entender a empresa unicamente como uma

instituição lucrativa. É necessária uma visão social considerando o lado

humano que compõe a vida dos que lá trabalham.

Ao afirmar que a flexibilização é possível sem que o trabalhador seja

explorado, deve-se partir da premissa de que o trabalhador coletivamente é

forte o bastante para negociar. Todavia, o Brasil não é um país de tradição

sindical. E isso é algo que também necessita de mudança.

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CAPÍTULO VI

Negociação Coletiva

“Feliz aquele que transfere o que sabe

e aprende o que ensina”

Cora Coralina.

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NEGOCIAÇÃO COLETIVA

Vivemos em uma sociedade democrática. Não é interesse do governo a

luta entre as classes sociais. A negociação coletiva tem características de

maior flexibilidade e permite a solução dos conflitos com uma maior

consonância entre os anseios e as necessidades dos empregados e

empregadores.

Esta tem sido considerada o melhor sistema para solucionar os

problemas que surgem entre o capital e o trabalho, não apenas em relação à

fixação dos salários e ao estabelecimento das condições laborais, mas também

para regular todo o pertinente as relações de trabalho.

A flexibilidade e a adaptação da negociação coletiva são

inquestionáveis, mas seus métodos e procedimentos protegem interesses

primordiais da coletividade para a qual se realizam e não tão somente os

interesses das partes envolvidas.

A negociação coletiva visa também a manutenção da paz social na

busca constante de um entendimento amigável entre as partes sem a

necessidade de conflito judicial.

Há países onde a negociação coletiva é um substituto da contratação

individual. A negociação coletiva funciona como forma de diálogo, com poderes

confiados a um interlocutor que, no interesse geral, supere as divergências.

Ao tratar a flexibilização como um conjunto de normas destinadas à

realização do progresso econômico, mesmo que com sacrifício para os

trabalhadores, deve-se considerar que estas medidas devem ser adequadas de

forma consciente e, em especial, sob fiscalização do sindicato.

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Para tanto seria preciso sindicatos fortes, independentes e livres, o que

não é uma realidade no Brasil.

A Organização Internacional do Trabalho considera a negociação

coletiva a melhor forma de composição dos interesses nas relações de trabalho

e a incentiva. Em diversos documentos, as diretrizes dessa entidade

encontram-se consubstanciadas.

“A Convenção 154 da OIT esclarece que a negociação

coletiva compreende todas as negociações que tenham

lugar entre, de uma parte, um empregador, um grupo de

empregadores ou uma organização ou várias

organizações de trabalhadores, visando: (a) fixar as

condições de trabalho e emprego; (b) regular as relações

entre empregadores e trabalhadores; (c) disciplinar as

relações entre empregadores ou suas organizações e

uma ou várias organizações de trabalhadores ou

alcançar todos esses objetivos de uma vez”.6

6.1. Negociação Coletiva e o Direito do Trabalho:

A negociação coletiva é destinada a formação de normas e condições de

trabalho de uma forma consensual, que serão aplicadas a um grupo de

trabalhadores e empregadores.

È possível vislumbrar a negociação coletiva desde os primórdios da

formação juslaboral como uma instituição que mantém vínculos estreitos com

toda a estrutura do direito do trabalho.

A negociação coletiva sempre está presente na formação do direito

positivo, mas, certamente, ela se apresenta de modo mais evoluído nos

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sistemas políticos liberalistas, sendo menos praticado nos sistemas jurídico-

políticos centralizados no Estado, nos quais é maior a regulamentação estatal

das condições de trabalho.

A negociação coletiva cumpre uma função normativa, na medida em que

cria normas a serem aplicadas as relações individuais de trabalho, sendo

desenvolvidas no âmbito da sua esfera de aplicação.

Deste modo, atua na criação de obrigações e direitos, estabelecendo

deveres e faculdades entre os próprios sujeitos pactuantes, de caráter

obrigacional entre estes.

Busca-se uma melhoria da condição social do trabalhador adequada em

relação às possibilidades de cada empresa ou de cada setor da economia. São

conhecidas diversas negociações nas quais os trabalhadores fizeram

concessões devido às dificuldades econômicas da empresa.

É possível ainda aduzir uma função compositiva a tal negociação, posto

que esta é uma forma de superação de conflitos entre as partes. Estes acordos

permitem o nivelamento entre desiguais, já que o empregador é o detentor do

poder econômico e o trabalhador não tem como a ele se equiparar.

6.2. Procedimento na Negociação:

A negociação coletiva é precedida de entendimentos entre os

interessados, através do diálogo onde as pretensões dos sindicatos são

apresentadas aos representantes dos empregadores para que estes as

estudem e aceitem ou apresentem contrapropostas.

6 Martins, Sergio Pinto. Direito do Trabalho. 19. ed. São Paulo: Atlas. P 795

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A negociação é constituída de um conjunto de atos praticados

progressivamente segundo procedimentos estabelecidos a partir do artigo 612,

da CLT.

Estas se desenvolvem sob vários níveis, que correspondem às

entidades sindicais. Há sindicatos, federações, confederações e centrais

sindicais que formam uma grande pirâmide de associações sindicais.

A Recomendação n. º 163, da Organização Internacional do Trabalho,

afirma que as negociações coletivas devem desenvolver-se em todos níveis

acima citados.

Entretanto, no direito brasileiro, as negociações restringem-se ao nível

dos sindicatos, que detém o monopólio da negociação.

O mesmo documento declara que “o direito de negociação deve ser

amplo assegurado a todas as organizações, em qualquer nível de empresa,

estabelecimento, ramo de indústria, região ou até em nível nacional,

coordenados esses níveis entre si. Assinala a conveniência da disponibilidade

de informações facilitada entre as partes, para que ambas possam negociar,

conhecendo a situação da outra, o que também deve ser feito pelo Estado, que

dispõe de dados sociais e econômicos globais do país”7

6.3. A negociação coletiva na CR’88:

A Constituição de 1988 reconhece os acordos e convenções coletivas

em seu artigo 7º, XXVI; defende a irredutibilidade de salário, salvo acordo ou

convenção coletiva (artigo 7º, VI CR) facultando aos sindicatos negociar

salários, inclusive para reduzi-los, permitindo o uso da negociação coletiva

como instrumento de superação de crise da empresa.

7 Nascimento, Amauri Mascaro. Iniciação ao direito do trabalho. – 28 ed. ver. e atual. _ São Paulo: LTr, 2002. p 568

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Para afirmar que o negociado deverá prevalecer sobre o legislado, é

preciso analisar a finalidade da negociação.

Os direitos previstos na Constituição Federal não podem ser retirados

por acordo ou convenção coletiva, bem como, devem ser sempre respeitadas

as garantias de defesa da saúde e integridade física do trabalhador.

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CAPÍTULO VII

Sindicatos

“A única vitória que perdura é aquela que conquistamos

vencendo nossas próprias fraquezas”

Silvio Ricardo Rodrigues

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SINDICATOS

“Sindicato deriva do latim sindicus, que é proveniente do

grego sundikós, com o significado do que assiste em juízo

ou justiça comunitária.” 6

Os sindicatos surgiram como instrumento de reivindicação e pressão

sobre o empregador. O sindicato é uma organização destinada a representar

interesses de um grupo na esfera das relações trabalhistas.

Do mesmo modo, os empregadores também se agruparam em

organizações coletivas, se estruturando através de sindicatos, a fim de

equilibrar as forças.

A CLT não define sindicato, mas em seu artigo 511, dispõe que: “é lícita

a associação para fins de estudo, defesa e coordenação dos seus interesses

econômicos ou profissionais, de todos os que, como empregadores,

empregados, agentes ou trabalhadores autônomos ou profissionais liberais

exerçam, respectivamente, a mesma atividade ou profissão ou atividades ou

profissões similares ou conexas”.

O que se considera é a pretensão não a do trabalhador como indivíduo,

mas enquanto grupo ou coletividade.

“O sindicato de trabalhadores exerce funções de

representação, negociação, arrecadação, assistência e

postulação judicial”. 7

6 Martins, Sérgio Pinto. Direito do Trabalho. 19. ed. São Paulo: Atlas, 2004. p 711.

7 Nascimento, Amauri Mascaro. Iniciação ao direito do trabalho, 2002, p.549.

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O sindicato participa das negociações coletivas que irão culminar com

normas coletivas expressas em acordos ou convenções coletivos de trabalho a

serem aplicadas à categoria.

7.1. Modelo sindical brasileiro

A Constituição brasileira de 1988 conferiu autonomia ao modelo sindical

brasileiro e compete aos trabalhadores e empregadores definir as respectivas

bases territoriais.

Os sindicatos brasileiros representam uma categoria em determinada

base territorial, conforme artigo 511 e 513, da CLT. A categoria é um conjunto

de pessoas que exercem a sua atividade ou o seu trabalho em um determinado

setor de atividade econômica: indústria, comércio.

Cabe ressaltar que categoria e profissão são conceitos distintos.

Profissão é o meio lícito que uma pessoa escolheu e do qual provém a sua

subsistência e categoria é o setor pelo qual essa pessoa exerce a sua

profissão.

De outro lado, há ainda o caso de pessoas que exercem a mesma

profissão e que podem criar o seu próprio sindicato, o que é o caso da

categoria profissional diferenciada, conforme o artigo 511, §3º, da CLT.

Não poderá haver mais de um sindicato da mesma categoria na mesma

base territorial, conforme o disposto no artigo 516, da CLT e artigo 8º, II, da

Constituição Federal.

Deste modo, está prevista a unicidade sindical, que suprime a liberdade

de escolha dos trabalhadores, obrigando-os a se ver representar por uma

entidade já constituída.

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O sindicato é administrado segundo a lei e os seus estatutos. São

órgãos da estrutura interna dos sindicatos a assembléia geral, que é um órgão

soberano integrado pelos associados do sindicato, os quais participarão das

deliberações submetidas à votação.; o conselho fiscal, que é composto por três

membros eleitos pela assembléia geral, competentes para fiscalizar a gestão

financeira do sindicato.

O nosso modelo sindical é rígido na medida em que secciona os

sindicatos por base territorial e, dentro destas, por categorias. Estas, por sua

vez, dividem-se em categorias, sendo algumas preponderantes, diferenciadas

e, até, de profissionais com níveis de escolarização superior, e acabam

dificultando a negociação coletiva, porque os trabalhadores acabam por se

vincular ao sindicato apenas por pertencerem a uma determinada categoria e

não por expressa manifestação da vontade, fazendo, portanto, inexistir a real

representatividade do sindicato, que é o ponto fundamental.

Há ainda o fato de que, raramente, os empregados de uma empresa

estão representados por um único sindicato. Se há trabalhadores em

“categorias diferenciadas” qualquer que seja a atividade preponderante da

empresa, teremos mais de uma entidade sindical para representá-los, o que

dificulta um ajuste entre as posições dos trabalhadores, e, por conseguinte, se

reflete no lado patronal que se defronta com interesses não uniformes.

No entanto, mudar o regime sindical vigente é uma questão que

ultrapassa os limites do plano jurídico, emergindo como uma opção política de

extrema importância, considerando os reflexos econômicos no campo das

relações de trabalho.

Não há unanimidade quanto ao sistema mais eficaz. De certo, os

sindicatos brasileiros mais fortes não extraem sua consistência da unicidade,

mas da consciência de seus filiados. Além disso, deve-se considerar o fato de

estarem situados nos Estados mais desenvolvidos da federação, onde o

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movimento sindical tem história marcante no cenário político e econômico, o

que influencia a força desses entes.

A fim de compatibilizar flexibilização e atuação sindical, haveria a

necessidade e de uma reforma na Constituição, retirando as travas que os

sindicatos brasileiros têm para negociar e assim, haveria novos modelos

sindicais livres, com ampla competência negocial, aberta às questões do

trabalho e outras similares.

Liberdade sindical significaria a não interferência do Estado na

organização e administração dos sindicatos, liberdade de filiação e desfiliação,

liberdade para escolher o modelo sindical, liberdade para criar novos sindicatos

segundo os critérios a serem estabelecidos pelos próprios sindicatos, já que

apesar do disposto no artigo 8°, da Constituição Federal, não existe uma

liberdade sindical plena no Brasil.

Os deputados Vicentinho (PT/SP) e Mauricio Rands (PT/PE)

apresentaram uma Proposta de Emenda Constitucional (PEC) n.º 29, de 2003,

referendados na Convenção n.º 87, da OIT, a fim de alterar a redação do artigo

8º da Constituição Federal.

Tal proposta vem a modificar estruturalmente o modelo de organização

sindical brasileiro, principalmente, em quatro pontos essenciais:

a) acabar com a unicidade sindical implantado no sistema há

várias décadas;

b) eliminar o conceito de categorias profissionais e econômicas;

c) confere poder sindical às centrais, inclusive o de indicar o

sindicato mais representativo para efeito de negociação

coletiva;

d) extingue a contribuição sindical compulsória.

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Pelo texto da PEC, os litígios entre as entidades sindicais pela

legitimidade para negociação coletiva serão submetidos à central sindical a que

elas sejam filiadas ou a comissão mista composta pelas diversas centrais

sindicais quando elas forem filiadas a centrais distintas; ou por mediação e

arbitragem, quando não houver acordo na comissão mista ou quando as

entidades não forem filiadas a qualquer central.

Neste sistema de liberdade sindical, prevalece o da negociação coletiva

livre, segundo o que as partes interessadas decidirem.

Entretanto, a relação dos sindicatos com a liberdade deve ser entendida

em função da natureza de tais entidades. A idéia de liberdade prevista na

Constituição em relação a constituir sindicatos é no sentido de utilizá-los como

instrumento para obrigar pessoas a fazer ou deixar de fazer coisas a que não

são obrigadas por lei.

Devemos pautar nosso pensamento partindo do princípio de que

vivemos em um território onde os homens se organizam para delimitar a

liberdade de outros homens que os exploram.

Os sindicatos não precisam de liberdade, precisam de poder, através de

normas jurídicas que lhes torne possível assegurar-lhes uma defesa em

relação aos mais favorecidos.

No que pertine à determinação de que as Centrais Sindicais elegerão o

sindicato representativo para fins de negociação coletiva, algumas questões

devem ser levadas em consideração, pois as Centrais Sindicais que

atualmente possuem apenas um reconhecimento político passariam a ser

reconhecidas também no campo jurídico.

Cabe a ressalva sobre o antagonismo existente no Brasil entre as

diversas centrais sindicais, o que levou a uma incessante negociação entre as

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lideranças para que o texto da PEC atendesse aos interesses sociais.

Quanto as Contribuições Sindicais, este é um tema controvertido, pois é

um meio de atrelar os sindicatos ao status existente e é um indício de que a

liberdade sindical não é completa.

O artigo 8º, IV, da CF, autoriza a assembléia geral a fixar contribuição

sindical que, em se tratando de categoria profissional será descontada em

folha, para custeio do sistema confederativo da representação sindical

respectiva, independentemente da contribuição prevista em lei.

A portaria n. º 160, de 13 de abril de 2004, fundamentou-se nos julgados

em relação à cobrança obrigatória da contribuição confederativa pelos

Sindicatos e veio de encontro aos anseios do trabalhador não associado, que

se sentia injustiçado pela cobrança.

Tal Portaria pode ser lida na íntegra, a seguir em: Anexos. Pelo teor

desta somente os empregados sindicalizados ou associados é que se

obrigariam a contribuir.

Trata-se de uma questão política.

Entre os argumentos dos Sindicatos:

- A impossibilidade momentânea de os sindicatos cumprirem as regras da

Portaria, pois as entidades sindicais não se conformaram com a supressão

de suas receitas, já que a maior parte dela é gerada pela contribuição dos

não associados;

- A observância do princípio da razoabilidade quanto ao estabelecimento

dos valores das contribuições confederativas e assistencial;

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- O comprometimento da reforma sindical;

- As ameaças de paralisações infundadas.

Face ao exposto, a aplicabilidade desta Portaria foi suspensa até 31 de

maio de 2005, através da Portaria MTE n. º 180/20004 publicada no Diário

Oficial da União de 03.05.2004. O que garantiu aos Sindicatos o recolhimento

da contribuição dos não associados, mesmo sem autorização e sem garantia

de oposição.

O que ocorre é que na medida em que o sindicato fortalece a sua

representatividade, através do seu desempenho nas negociações coletivas,

progressivamente a lei passa a desempenhar um papel secundário na

satisfação daqueles anseios. Deste modo, cada vez mais os direitos sociais

resultariam do consentimento direto de interlocutores sociais, inversamente,

cada vez menos haveria uma imposição legislativa.

Este seria o campo propício para o desenvolvimento da negociação

coletiva, pois estaria valorizada a autonomia privada coletiva, sem a

interferência de normas legais a regular, detalhadamente, o processo negocial

ou concedendo o objeto do seu existir.

Sendo assim, a negociação coletiva revelaria a sua grande importância,

assumindo uma vital função normativa, pois juntamente com a lei, é uma das

fontes do Direito Individual do Trabalho, traçando também, diretrizes para

normas de seguridade social e de política econômica e social.

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CONCLUSÃO

A cultura de um povo é o reflexo da cultura de cada um dos seus

núcleos: da família às instituições privadas e públicas.

A convivência social entre cada um destes núcleos e seus agentes não

pode estar fundamentada senão em uma pauta de valores de justiça e

equidade. E são obstáculos a serem superados: a ausência de igualdade e de

oportunidades, da eqüitativa distribuição de renda e da riqueza, e de políticas

econômicas e sociais.

A flexibilização das normas trabalhistas é uma forma de adaptação das

normas vigentes às necessidades e conveniências de trabalhadores e

empresas. É uma conseqüência do sistema produtivo atual, já que a

automação e a evolução da informática criaram a produção sem trabalho.

Ocorreu, na verdade, um certo desequilíbrio na história do direito do

trabalho no Brasil, pois enquanto o direito individual cresceu pela mão do

Estado, o direito coletivo não se desenvolveu. Daí porque as transformações

provocam dificuldades.

A sociedade em geral, mas principalmente os empregadores não mais

se questionam com o custo decorrente do direito do consumidor, do direito

ambiental, sob pena de sofrerem enormes protestos de associações e

Organizações Não Governamentais.

Todavia, se questionam sobre o que se paga aos trabalhadores para

que estes possam sobreviver com o mínimo de garantias para si e para a sua

família.

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De certo, não há um ajuste perfeito, mas um ideal realizável, pois a

humanidade sobreviveu a todas as crises e segue rumo ao futuro, com a

esperança de dias melhores.

Deve-se discutir a diminuição de recursos, limitação de instâncias e

restrição de formalidades inúteis, ou seja, um universo burocrático que

encarrega de “proteger” os direitos dos trabalhadores. No entanto, isso

importaria perda de privilégios e vantagens, o que não interessa. E não falar

em flexibilização de direitos, no intuito de tomar do trabalhador o pouco que ele

tem.

O caminho que o Direito do Trabalho deve seguir não deve impedir o

progresso econômico nem desproteger totalmente o trabalhador. Deve

trabalhar na busca pelo meio termo.

Com a rigidez perdemos como sociedade, pois deparamos com o

aumento da informalidade e com o desgaste tanto do empregador como do

empregado em manter condições favoráveis para o bom desempenho de seu

trabalho, como também a má distribuição de renda em nosso país.

É preciso mudar, mas não esquecer o fim social da lei, o valor principal

do Direito. Deve-se continuar defendendo a dignidade do trabalho humano e a

democracia interna de uma empresa.

A flexibilização deve ser implementada gradativamente e sem prejuízo

ao trabalhador, a quem se deve garantir um mínimo de direitos inegociáveis,

alicerce para uma vida digna.

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ANEXO

Portaria n. º 160, de 13 de abril de 2004.

Dispõe sobre o desconto em folha de pagamento de salário das

contribuições instituídas pelos sindicatos.

O MINISTRO DE ESTADO DO TRABALHO E EMPREGO, no uso das

atribuições que lhe conferem o artigo 87, parágrafo único, II, da Constituição

Federal, e o artigo 913, da Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, aprovada

pelo Decreto-lei n. º 5.452, de 1º de maio de 1943,

CONSIDERANDO o disposto no artigo 8º, V, da Constituição Federal,

que dispõe sobre a liberdade de filiação;

CONSIDERANDO o disposto no art. 513, inciso e, da Consolidação das

Leis do Trabalho – CLT, que dispõe sobre a prerrogativa do sindicato de impor

contribuições a todos aqueles que participem de categorias econômicas ou

profissionais, ou das profissões liberais representadas;

CONSIDERANDO o disposto no art 8º, inciso IV da Constituição federal,

que autoriza a fixação de contribuição confederativa em assembléia geral de

categoria a ser descontada em folha de pagamento de salário;

CONSIDERANDO o disposto no art. 545 da Consolidação das Leis do

Trabalho – CLT, que condiciona o desconto em folha de pagamento das

contribuições devidas ao sindicato à prévia autorização do empregado, salvo

quanto à contribuição sindical;

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CONSIDERANDO o Enunciado da Súmula n. º 666 do Supremo Tribunal

Federal, que estabelece que a contribuição confederativa que trata o art. 8º,

inciso IV, da Constituição Federal, só é exigível dos filiados o sindicato

representativo;

CONSIDERANDO o Precedente Normativo n.º 119 do tribunal Superior

do Trabalho, segundo o qual é ofensivo ao direito de livre associação e

sindicalização, previsto nos art. 5º, inciso XX, e 8º, inciso V, da Constituição

Federal, cláusula constante de convenção, acordo coletivo ou sentença

normativa estabelecendo contribuição em favor de entidade sindical a título de

taxa para custeio do sistema confederativo, assistencial, revigoramento ou

fortalecimento sindical e outras da mesma espécie, obrigando trabalhadores

não sindicalizados; e

CONSIDERANDO a necessidade de orientar empregadores, sindicatos

e trabalhadores acerca do procedimento para recolhimento das contribuições

instituídas pelas entidades sindicais, resolve:

ART. 1º As contribuições instituídas pelos sindicatos em assembléia

geral da categoria, em especial a confederativa e/ou as constantes de

convenção ou acordo coletivo e sentença normativa, em especial a

contribuição assistencial, são obrigatórias apenas para os empregados

sindicalizados.

§1º A contribuição confederativa, prevista no inciso IV, do art. 8º da

Constituição Federal, fixada pela assembléia geral do sindicato, tem por

finalidade custear o sistema confederativo.

§2º A contribuição assistencial, prevista na alínea “e”, do art. 513, da

CLT, e demais decorrentes do mesmo diploma legal, deverão constar de

convenção ou acordo coletivo do trabalho, devidamente registrado no setor

competente do órgão local do Ministério do Trabalho e Emprego, ou de

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sentença normativa, e tem por finalidade custear as atividades assistenciais,

melhorias e o crescimento sindical, além da participação da entidade nas

negociações por melhores condições de trabalho.

Art. 2º O empregador poderá efetuar o desconto, em folha de

pagamento de salário, do valor correspondente às contribuições devidas e

pelos empregados aos sindicatos respectivos e previstas em convenção ou

acordo coletivo de trabalho registrados no Ministério do Trabalho e Emprego,

em sentença normativa ou em assembléia geral sindical, quando notificado do

valor das contribuições.

§1º Para os empregados não sindicalizados, o desconto em folha de

pagamento somente poderá ser efetuado mediante prévia e expressa

autorização do empregado.

I - A autorização de que trata o parágrafo 1º será efetuada por escrito, e

conterá as seguintes informações:

A) Nome do sindicato para o qual será creditada a contribuição;

B) Identificação do instrumento coletivo que instituiu a contribuição e o

período de vigência;

C) Identificação do valor ou da forma de cálculo da contribuição;

D) Identificação e assinatura do empregado.

II – A autorização terá validade pelo período de vigência do instrumento

coletivo e poderá ser revogada pelo empregado a qualquer tempo.

§2º O desconto em folha de pagamento efetuado sem a devida

autorização do empregado não sindicalizado ou com base em instrumento

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coletivo não registrado no MET sujeita o empregador a autuação administrativa

pela fiscalização do trabalho (Ementa n. º 000365-4 – Efetuar descontos nos

salários do empregado, salvo os resultantes de adiantamentos, de dispositivos

de lei ou convenção coletiva de trabalho).

Art. 3º O empregador fará o recolhimento da contribuição à entidade

sindical até o décimo dia do mês subseqüente ao do desconto, de acordo com

o parágrafo único do art.545, da CLT.

Parágrafo único. O não recolhimento da contribuição descontado do

empregado no prazo mencionado no caput implica na incidência de juros de

mora de 10% sobre o montante retido, sem prejuízo da multa administrativa

prevista no art. 553 da CLT, e das cominações penais.

Art. 4º Esta Portaria entra em vigor na data de sua publicação.

RICARDO BERZOINI

Publicada no Diário Oficial da União n. º 73 – seção 1 sexta-feira, 16 de

abril de 2004.

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ÍNDICE

INTRODUÇÃO 8

CAPÍTULO I 10

HISTÓRIA DO DIREITO DO TRABALHO 10

1.1. Sociedade pré-industrial 11

1.2. Sociedade industrial e trabalho assalariado 12

CAPÍTULO II 14

HISTÓRIA DO DIREITO DO TRABALHO NO BRASIL 14

2.1. Constituições Brasileiras 15

2.2. Primeiras leis ordinárias 18

2.3. Consolidação das Leis do Trabalho 18

2.4. Leis posteriores 19

2.5. A Constituição de 1988 19

CAPÍTULO III 21

FUNÇÕES DO DIREITO DO TRABALHO 21

3.1. Função tutelar 22

3.2.Função econômica 23

3.3.Função conservadora ou opressora do Estado 23

3.4. Função social 23

3.5. Função coordenadora 25

CAPÍTULO IV 25

DESEMPREGO NO BRASIL 30

CAPÍTULO V 30

FLEXIBILIZAÇÃO DAS LEIS TRABALHISTAS 30

5.1.Projeto de Lei n. º 5483, de 2001 37

5.2.Prós e contras da Flexibilização 40

CAPÍTULO VI 44 NEGOCIAÇÃO COLETIVA 44

6.1. Negociação Coletiva e o Direito do Trabalho 46

6.2. Procedimento da negociação 47

6.3. A negociação coletiva na CR’88 48

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CAPÍTULO VII 50

SINDICATOS 50

7.1. Modelo sindical brasileiro 52

CONCLUSÃO 58

ANEXO 60

BIBLIOGRAFIA 64

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FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CÂNDIDO MENDES

PROJETO A VEZ DO MESTRE

Pós-graduação “Lato Sensu”

Título: Flexibilização das Leis Trabalhistas Brasileiras no combate ao

desemprego

Data da Entrega: 27de janeiro de 2005

Auto avaliação:

_______________________________________________________________

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Avaliado por: _________________________ Grau________________.

Rio de Janeiro, de de 2005.

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ATIVIDADES CULTURAIS