filtro invisÍvel ou miopia informacional? … · perspectiva do marketing e da ciÊncia da...

23
1 FILTRO INVISÍVEL OU MIOPIA INFORMACIONAL? REFLEXÕES ACERCA DAS FERRAMENTAS DE BUSCA NA INTERNET SOB A PERSPECTIVA DO MARKETING E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Área temática: Gestão do Conhecimento Organizacional Úrsula Maruyama [email protected] Resumo: Este estudo procura realizar uma reflexão a respeito do artigo de Theodore Levitt “Miopia em Marketing” com a obra “O filtro invisível” de Eli Pariser. Além disto, foi organizada uma breve simulação baseada na proposta de Pariser com utilização da plataforma de busca do Google, sendo solicitado a um grupo heterogêneo e multidisciplinar de 21 pessoas que realizassem uma busca com três diferentes palavras: ‘inovação’, ‘informação’ e ‘sustentabilidade’. Cada indivíduo deveria escolher qual o meio de captação (celular, tablet, laptop ou desktop) e enviar os seus resultados com o printscreen de suas respectivas telas. Os resultados indicam uma coerência com a afirmação de Pariser sobre as ‘mudanças sutis’ de conteúdo nas telas dos participantes. Assim, pode-se inferir que embora a área de Marketing tenha atualizado os seus ‘óculos’, é necessário que a Ciência da Informação deva observar a tendência de uma ‘miopia informacional’. Palavras-chaves: Filtro invisível, Miopia informacional, Gestão da informação, Marketing.

Upload: phamkhanh

Post on 11-Nov-2018

222 views

Category:

Documents


0 download

TRANSCRIPT

Page 1: FILTRO INVISÍVEL OU MIOPIA INFORMACIONAL? … · PERSPECTIVA DO MARKETING E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Área temática: Gestão do Conhecimento Organizacional ... revela um ciclo

1

FILTRO INVISÍVEL OU MIOPIA INFORMACIONAL? REFLEXÕES

ACERCA DAS FERRAMENTAS DE BUSCA NA INTERNET SOB A

PERSPECTIVA DO MARKETING E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Área temática: Gestão do Conhecimento Organizacional

Úrsula Maruyama [email protected]

Resumo: Este estudo procura realizar uma reflexão a respeito do artigo de Theodore Levitt

“Miopia em Marketing” com a obra “O filtro invisível” de Eli Pariser. Além disto, foi

organizada uma breve simulação baseada na proposta de Pariser com utilização da

plataforma de busca do Google, sendo solicitado a um grupo heterogêneo e multidisciplinar

de 21 pessoas que realizassem uma busca com três diferentes palavras: ‘inovação’,

‘informação’ e ‘sustentabilidade’. Cada indivíduo deveria escolher qual o meio de captação

(celular, tablet, laptop ou desktop) e enviar os seus resultados com o printscreen de suas

respectivas telas. Os resultados indicam uma coerência com a afirmação de Pariser sobre as

‘mudanças sutis’ de conteúdo nas telas dos participantes. Assim, pode-se inferir que embora

a área de Marketing tenha atualizado os seus ‘óculos’, é necessário que a Ciência da

Informação deva observar a tendência de uma ‘miopia informacional’.

Palavras-chaves: Filtro invisível, Miopia informacional, Gestão da informação, Marketing.

Page 2: FILTRO INVISÍVEL OU MIOPIA INFORMACIONAL? … · PERSPECTIVA DO MARKETING E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Área temática: Gestão do Conhecimento Organizacional ... revela um ciclo

2

1.INTRODUÇÃO

A busca incessante por melhores resultados numa maior velocidade é uma consequência de

um conjunto de transformações nas áreas econômica, financeira, social, cultural e

informacional, dentre outras. Uma mudança aparentemente despercebida, realizada em 2009,

tornou-se ‘num divisor de águas’ nas plataformas de busca: a personalização dos resultados de

acordo com o perfil do usuário.

Na tentativa de ajustar e otimizar os resultados da busca com o perfil do usuário, pode-se

incorrer numa ‘miopia’ a outros desdobramentos e problemas futuros, os quais não estão

sendo considerados neste momento. Com isto, apresenta-se o clássico de Marketing, “Miopia

em Marketing” de Theodore Levitt, como marco comparativo com a literatura em

‘competência informacional’ e a obra de Eli Pariser “O filtro invisível”.

Concomitante ao estudo teórico, foi apresentado um vídeo a estudantes universitários sobre o

livro relatado pelo próprio autor, contextualizando e respaldando as suas escolhas para a

elaboração de sua obra. Ao final da exibição, foi solicitado que cada um exprimisse as suas

opiniões acerca do assunto. As respostas foram coletadas com a finalidade de comparar com o

perfil destes jovens no resultado da simulação realizada numa segunda etapa.

A simulação foi baseada na seguinte questão: Como os resultados da busca apresentam-se ao

usuário? Existem diferenças nos resultados das buscas conforme apresentado por Pariser? Um

grupo de 21 pessoas com faixas etárias, formações e profissões distintas foi solicitada a

simular a pesquisa em seus próprios equipamentos com a finalidade de comparar os seus

resultados. Assim foram escolhidas três palavras: “inovação”, “informação” e

“sustentabilidade”. As palavras foram definidas por considerar as características de afinidade

com os diversos perfis, proporcionando, assim, uma oportunidade comparativa com

embasamento mais específico ao olhar da pesquisadora.

O presente trabalho é dividido seis seções: 1- introdução; 2- referencial teórico sobre miopia

em marketing, competência informacional e introdução ao conceito ‘miopia informacional’;

3- diálogo com a obra ‘O filtro invisível’; 4- prática da simulação e indicação da metodologia;

5- análise dos resultados; 6- considerações finais.

2. MIOPIA EM MARKETING, COMPETÊNCIA INFORMACIONAL &

MIOPIA INFORMACIONAL

A fim de levar à uma melhor compreensão desta pesquisa, optou-se por manter as questões

sobre ‘Miopia em Marketing’ apresentada por Levitt (1960, 1986), os debates sobre

competência informacional (CAMPELO, 2003; MIRANDA, 2004; LACARDELLI &

PRADO, 2006; MELO & ARAÚJO, 2007; DUDZIAK, 2008; VITORINO & PIANTOLA,

2009; DUDZIAK, 2010; GASQUE, 2010) e a proposta do termo ‘miopia informacional’

numa única seção.

Page 3: FILTRO INVISÍVEL OU MIOPIA INFORMACIONAL? … · PERSPECTIVA DO MARKETING E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Área temática: Gestão do Conhecimento Organizacional ... revela um ciclo

3

2.1. Miopia em Marketing

O texto de 1960 do professor Theodore Levitt na área de Marketing ‘abriu os olhos’ aos

profissionais de Marketing e empresas que estavam engessadas numa visão míope, ou seja, de

curto prazo em relação às suas iniciativas.

O autor indica e exemplifica que todo setor de atividade importante já foi em alguma ocasião

um "setor de rápida expansão". Assim, alertava que alguns setores que, no momento do seu

texto atravessavam uma onda de entusiasmo expansionista estariam, contudo, sob a ameaça de

decadência futura. Outros casos, tidos como setores de rápida expansão em fase de

amadurecimento, na realidade já haviam parado de crescer. Em todos os casos, se enfatizava

que a razão pela qual o desenvolvimento é ameaçado, retardado ou detido não é porque o

mercado está saturado, mas sim devido a uma falha administrativa, ou miopia organizacional.

Desta forma, Levitt questionava “Quem diz que as companhias de luz e força não têm

concorrência? Talvez representem hoje monopólios naturais; mas amanhã talvez sofram morte

natural”. Para evitar que isto aconteça, as empresas de energia também deveriam criar meios

de aproveitar a energia solar e outras fontes de energia limpa. Por conseguinte, para manter a

sua estratégia de sobrevivência, elas próprias teriam de tramar a obsolescência daquilo que

agora era seu ganha-pão (fontes de energia tradicional). Surge então, a visão sobre a

“obsolescência programada” como estratégia de negócio.

Não obstante, a história de todos os negócios "de rápida expansão", mortos ou moribundos,

revela um ciclo auto-ilusório de grande ascensão e queda despercebida. E neste momento

Levitt apresenta quatro condições que em geral provocam este ciclo (LEVITT, 1986, p.6):

1. A crença de que o desenvolvimento é assegurado por uma população em

crescimento e mais opulenta;

2. A crença de que não há substituto que possa concorrer com o principal produto da

indústria;

3. Fé exagerada na produção em massa e nas vantagens na queda rápida dos custos

unitários, à medida que aumenta a produção;

4. A preocupação com um produto que se presta à experimentação científica

cuidadosamente controlada, ao aperfeiçoamento e à redução dos custos de fabricação.

Por esta e outras características visionárias de Theodore Levitt, o seu artigo tornou-se um

“divisor de águas” na área de Marketing (KOTLER&KELLER, 2014), tornando-se

direcionador de muitas estratégias corporativas nas gerações seguintes. No entanto, vale

ressaltar que o autor enfatizou a seguinte distinção “Vendas, repito, não é marketing.

Conforme já assinalei, a parte de vendas se preocupa com os truques e as técnicas de fazer

com que as pessoas troquem seu dinheiro por um produto. Não se preocupa com os valores

aos quais diz respeito a troca”.

Por este motivo, ao contrário do que invariavelmente faz o marketing, alerta Levitt, a área de

vendas “não vê no conjunto das atividades comerciais um esforço global para descobrir, criar,

suscitar e atender às necessidades dos fregueses”. A administração não deveria julgar se a sua

Page 4: FILTRO INVISÍVEL OU MIOPIA INFORMACIONAL? … · PERSPECTIVA DO MARKETING E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Área temática: Gestão do Conhecimento Organizacional ... revela um ciclo

4

tarefa é fabricar produtos, mas sim proporcionar as satisfações que angariam clientes. Deve-se

propagar esta ideia (e tudo que ela significa e exige) por todos os cantos da organização,

ininterruptamente, com vontade e motivação para estimular as pessoas que nela se encontram.

Esta era a principal causa da “miopia em Marketing”, a qual, como temos percebido nas

últimas décadas, recebeu adequadamente os seus ‘óculos’, utilizando melhores ‘lentes’ que

enxergaram os desejos dos clientes e foram além, transformando-os em necessidades básicas

de consumo. É neste sentido que a discussão sobre competência informacional se torna um

relevante fator neste estudo.

2.2. Competência Informacional

O conceito de competência já é reconhecidamente transversal, a qual perpassa diversas áreas

do conhecimento. A competência é quando numa situação prática, um indivíduo coloca os

seus recursos disponíveis em ação (ZARAFIAN, 2003). Vitorino e Piantola (2009)

apresentam que “é consenso que o desenvolvimento de habilidades e competências que

permitam o uso consciente, criativo e benéfico da informação tornou-se essencial”, no

entanto, deve-se ressaltar que as habilidades já estão implícitas no conceito de competência,

como um conjunto integrado de conhecimento, habilidades e atitudes (MIRANDA, 2004).

Linda Langford em seu artigo Information Literacy? Seeking Clarification publicado em

1998, considera que a competência informacional esteja no cerne de um conjunto

diversificado de competências emergentes resultantes da sociedade da informação, tais como

competência cultural, competência digital, competência visual, competência tecnológica,

dentre outras. Campello (2003) que foi uma das primeiras autoras a utilizar o termo

competência informacional no Brasil, reconhece que em 1976, o termo era analisado sob uma

diferente perspectiva, vinculando à cidadania e à responsabilidade social.

Gasque (2010) discorre em seu Arcabouço conceitual do letramento informacional as

variações do conceito na Ciência da Informação ao longo do tempo e ao redor do mundo:

perspectiva da Information Literacy na década de 1970 nos EUA; a ‘Alfabetização

Informacional’; ‘Literacia da Informação’ em Portugal. A ‘competência informacional’ busca

ensinar e incutir a cultura de um aprendizado contínuo, que, de acordo com a autora brasileira

Dudziak (2003, 2008), pode ser avaliada em três contextos: concepção da informação (com

ênfase na tecnologia da informação), a concepção cognitiva (com ênfase nos processos

cognitivos); a concepção da inteligência (com ênfase no aprendizado).

O acesso à informação ou às tecnologias da informação não representam acesso ao

conhecimento. Assim como “o significado subjacente à expressão information literacy

necessariamente rompe as fronteiras entre a Biblioteca e o ‘mundo informacional’”

(DUDZIAK, 2010), a competência informacional extrapola as fronteiras do ‘letramento

informacional’ e da ‘inclusão digital’.

Page 5: FILTRO INVISÍVEL OU MIOPIA INFORMACIONAL? … · PERSPECTIVA DO MARKETING E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Área temática: Gestão do Conhecimento Organizacional ... revela um ciclo

5

Figura 1 – Composição do Ciclo Informacional

Fonte: Baseado em Lecardelli e Prado (2006)

Considerando-se as diferentes concepções de competência informacional, as competências

informativas geram um ciclo informacional que envolvem (LECARDELLI&PRADO, 2006):

Entender a informação – compreender a estrutura do conhecimento e da informação;

Identificar necessidades – determinar a natureza de sua necessidade informativa;

Localizar – planejar estratégias efetivas para buscar e encontrar;

Recuperar – recuperar informação de forma eficiente;

Avaliar – analisar e avaliar informação;

Usar – integrar, sintetizar e utilizar a informação;

Comunicar – comunicar adequadamente os resultados do seu trabalho;

Ética – respeitar a propriedade intelectual e os direitos de autor (e do indivíduo –

acréscimo nosso).

Seguindo a lógica supracitada do ciclo informacional, para avaliar, usar, comunicar e pensar

eticamente – para que o saber oriente a ação – é necessário que haja tempo para que o

indivíduo possa raciocinar, relacionar e organizar informações de forma autônoma.

Assim, o conceito de competência informacional ultrapassa a noção de simples aquisição de

mais um conjunto de habilidades e chega a se caracterizar como um requisito para a

participação social ética e eficaz dos indivíduos neste novo contexto social, baseado no uso

intensivo de informação e conhecimento (MELO&ARAÚJO, 2007).

Dudziak (2010, p. 18) indica que temas como “mobilidade, convergência, websocial, acesso

livre à informação, semântica, realidade aumentada e tantas novas frentes de pesquisa têm

exercido profunda influência sobre as atividades relacionadas à Ciência da Informação e à

Competência em Informação.

Neste contexto, Beluzzo e Feres (2009), por exemplo, apresentam uma articulação entre a

competência em informação e a questão da qualidade das publicações científicas como fator

crítico na agregação de valor das contribuições científicas. As autoras ressaltam a existência

de domínios e valores que necessitam estar presentes na produção científica, com

Page 6: FILTRO INVISÍVEL OU MIOPIA INFORMACIONAL? … · PERSPECTIVA DO MARKETING E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Área temática: Gestão do Conhecimento Organizacional ... revela um ciclo

6

aprofundamento de análise de conteúdos e pensamento crítico. Tanto emissor e receptor no

fluxo de informação não podem se limitar a aprender apenas a manusear as tecnologias,

funcionando como meros processadores de inputs-outputs de informação.

É preciso ser partícipe de uma aprendizagem relacionada à ética, autonomia, responsabilidade,

criatividade, criticidade e o aprender a aprender juntos, com ênfase no exercício da cidadania

inserido em dimensão social e ecológica. Considerando esta visão é que relacionamos o

conceito do Marketing para a proposição do termo ‘miopia informacional’ à análise do texto

de Pariser.

2.3. Miopia Informacional

A partir dos conceitos de Levitt sobre “Miopia em Marketing” e dos autores da Ciência da

Informação, apresenta-se o conceito de “Miopia Informacional” ao considerar os aspectos

turvos ou obscuros advindos da complexidade na área ao analisar as redes informacionais na

internet.

Para Bezerra (2015), é necessário que o usuário da internet que busca informações na rede

conheça as estruturas que operam e orientam a sua navegação. Afinal de contas,

[...] não importa que estejamos usando o nosso tempo livre para pesquisar

destinos para as férias e preços de passagens aéreas; do ponto de vista da

empresa que monitora nossos dados, estamos realizando uma espécie de

trabalho que tem como resultado a produção de informação que, filtrada pelos

algoritmos, orientará a publicidade a ser direcionada instantaneamente

(BEZERRA, 2015, p.9).

Não obstante, considerando o cenário em que Levitt criticava a ‘miopia das organizações’ ao

enxergar as implicações de suas ações e não-ações no meio empresarial na década de 1960,

alertando para as possíveis implicações destas escolhas, a obra de Pariser “O filtro invisível”,

torna-se um vetor para reflexão das implicações que as ferramentas de buscas orientam ou são

orientadas aos seus usuários.

3. O FILTRO INVISÍVEL

Ao iniciar a sua obra, Eli Pariser apresenta uma epígrafe de Mc Luhan bastante pertinente

neste estudo: “nós moldamos nossas ferramentas, e então nossas ferramentas nos moldam”. O

livro “O filtro invisível” apresenta as armadilhas e artimanhas que a ferramenta de busca nos

coloca de forma imperceptível e que nos torna refém de anúncios de publicidade. Neste

sentido, pode-se inferir que as lições de Theodore Levitt foram levadas em consideração.

Agora, a mídia está ávida por conhecer os desejos dos consumidores para habilmente

transformá-los em necessidade de consumo.

De acordo com o autor, o ano de 2009 foi o grande divisor de águas nesta estratégia, onde os

“mecanismos, cada vez mais parciais, vão se adequando à visão de mundo de cada um”

(PARISER, 2012, p. 9). Assim, “sem grande aviso ou estardalhaço, o mundo digital está

mudando em suas bases” (op.cit., p.11).

Page 7: FILTRO INVISÍVEL OU MIOPIA INFORMACIONAL? … · PERSPECTIVA DO MARKETING E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Área temática: Gestão do Conhecimento Organizacional ... revela um ciclo

7

Pariser chama a atenção para um novo mercado que surge ‘por trás das páginas que

visitamos’, um mercado de informações sobre o que fazemos na rede, movido por empresas

de dados pessoais pouco conhecidas, mas altamente lucrativas. Por isso, é necessário ficar

atento a esta nova geração de filtros on-line que examina aquilo que aparentemente gostamos

e realiza extrapolações baseadas em estimativas do comportamento de consumo.

Assim, batizada como “bolha dos filtros”, ao acúmulo destes mecanismos de previsão que

criam, refinam e adaptam continuamente uma ‘teoria’ sobre quem somos (ou gostaríamos de

ser), sobre o que fazemos e realizam inferências sobre o que gostaríamos de fazer. As ‘bolhas

de filtros’ indicam uma nova fase onde: (i) cada um está só em sua própria ‘bolha’, (ii) as

bolhas contêm filtros que são invisíveis; (iii) não nos pergunta se desejamos fazer parte desta

bolha.

O estudo do comportamento do consumidor não é novo (MERLO, 2011;

KOTLER&KELLER, 2014), mas o que preocupa os estudiosos sobre o tema é a forma pela

qual somos expostos à esta condição. Seja ao assistir aos canais de tv americana Fox News ou

CNN, seja ao ler as revistas Exame, Veja ou Isto é, no Brasil – são escolhas as quais tomamos

e compreendemos que tais organizações utilizam ‘lentes’ pelas quais escolhemos enxergar o

mundo. Quando desejamos ‘diferentes perspectivas’, trocamos os ‘óculos’: mudamos o canal,

compramos outro jornal ou revista. Com os filtros invisíveis, esta atitude não é possível, pois

somos levados a enxergar uma ‘realidade’ a qual nos direciona à base dos lucros de sites que

utilizam estes filtros personalizados, desta forma:

A personalização se baseia numa barganha. Em troca do serviço de filtragem,

damos às grandes empresas uma enorme quantidade de dados sobre nossa vida

diária – dados que muitas vezes não dividiríamos com nossos amigos. Essas

empresas estão ficando cada vez melhores no uso desses dados para traçar

suas estratégias. No entanto, muitas vezes acreditamos excessivamente que

essas empresas irão cuidar bem dessas informações, e, quando nossos dados

são usados para tomar decisões que nos afetam negativamente, em geral não

ficamos sabendo (PARISER, 2012, p.20)

Qual seria o maior impacto no caso da personalização das plataformas digitais a longo prazo?

Primeiro, conforme Melo e Araújo (2007) resumem “a informação passou a constituir-se num

dos principais fatores de produção e a representar a maior parte do valor agregado dos

produtos”. Segundo, Bezerra (2015) nos alerta que “o problema é que, imersos em universos

egocêntricos, reificadores de nossas próprias opiniões e visões de mundo, tendemos a perder o

componente dialético que traz as dúvidas e os questionamentos como auxiliares de uma

ampliação de nossas formas de conceber os mundos existentes e possíveis”.

3.1. Como a Geração Y enxerga os pontos apresentados por Pariser?

A fim de corroborar com esta pesquisa, foi solicitado a um grupo de estudantes de graduação,

bolsistas de iniciação científica (PIBIC), que assistissem ao vídeo e expusessem a sua opinião

sobre o tema abordado.

Page 8: FILTRO INVISÍVEL OU MIOPIA INFORMACIONAL? … · PERSPECTIVA DO MARKETING E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Área temática: Gestão do Conhecimento Organizacional ... revela um ciclo

8

Figura 2 – Printscreen de email enviado ao bolsista sênior para replicar ao grupo

A atividade foi realizada por quatro dos seis estudantes inseridos no grupo: dois rapazes e

duas moças. Sendo importante que os respondentes são vinculados a três diferentes cursos:

Administração, Línguas Estrangeiras Aplicadas a Negócios Internacionais (LEANI),

Engenharia Mecânica. A perspectiva de cada área pode ser observada nas suas respectivas

colocações crítica de oposição (1), a favor (1), ambivalente crítico (2):

Achei o vídeo muito interessante. Eu só tinha percebido esse direcionamento

no Facebook. Quando eu pesquisava sobre livros e depois como anúncios

vinham os títulos que eu havia procurado. Agora diferenças no Google eu

fiquei pasma. É uma manipulação de outra dimensão agora! Porque as

pessoas se sentem conectadas hoje em dia com a intranet. Mas estamos

vivendo então em ilhas de isolamento. Eu consigo ver notícias do mundo

porque esse é o meu estilo de navegação. Mas quantos milhares não

conseguem. Eu fiquei pasma. Eu gostei do posicionamento do vídeo, porque

precisamos ter a escolha de decidir quais assuntos são bons, interessantes

dentre outros. [LV – 22 anos, estudante de Línguas Estrangeiras Aplicada a

Negócios Internacionais]

A visão da estudante deve ser também considerada com a sua formação que ‘bebe na fonte’

das Ciências Sociais e Relações Internacionais. O curso de sua escolha possui caráter

interdisciplinar que permeia áreas que contribuem ao pensamento crítico e reflexivo das

questões contemporâneas. Interessante se observarmos com a opinião de um estudante de

Engenharia Mecânica, como o apresentado a seguir:

Primeiramente não acho ruim o Google "escolher" seus resultados de

pesquisa uma vez que ele só se destacou dos outros buscadores exatamente

por esses tais "algoritmos inteligentes" que buscam te dar o melhor resultado

ou o mais adequado, eles criaram até aquele "Estou com sorte" que faz a

busca e acessa o primeiro site da busca ou o que mais se enquadra. Porem

exatamente por serem números/algoritmos não conseguem exprimir tudo o

que um ser humano precisa, sendo assim algumas das vezes eles erram ou

limitam as pesquisas de forma não necessária. Realmente seria muito bom ter

o controle do "filtros" para que possamos ter a acesso a notícias,

informações, curiosidades menos "manipuladas". E podendo assim ter total

autonomia sobre o conteúdo que é exposto a nós em todas as redes sociais,

Page 9: FILTRO INVISÍVEL OU MIOPIA INFORMACIONAL? … · PERSPECTIVA DO MARKETING E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Área temática: Gestão do Conhecimento Organizacional ... revela um ciclo

9

buscadores e até mesmo propagandas. [CR – 19 anos, estudante de

Engenharia Mecânica]

Figura 3 – Printscreen de grupo Whats app com atividade proposta

Numa combinação de opiniões, o estudante de Administração apresenta uma ponderação na

dicotomia presente na utilização dos algoritmos nos mecanismos de busca:

Eu gostei muito do vídeo, especialmente porque é um assunto contemporâneo

e que está em pauta cada vez mais na mídia: como nossos dados são usados

na internet e a ética de sua utilização por parte das empresas que os detêm.

Eu particularmente acredito que os algoritmos não foram feitos para o mal,

com a finalidade de espionar as pessoas como no caso do Google e do

Facebook. Os algoritmos estão utilizando padrões de comportamento dos

usuários na internet para promover uma navegação mais assertiva ao

usuário, para que ele tenha mais respostas úteis aos seus objetivos pessoais,

profissionais e acadêmicos. O resultado negativo dessa prática é o que foi

falado no vídeo: as pessoas perdem um pouco da variedade da informação

que poderiam ter acesso caso esses algoritmos não filtrassem as pesquisas.

Acredito também que se a pessoa quer ter acesso a mais links não explorados

cabe a ela aprofundar mais suas pesquisas e se utilizar dos tópicos mais

acessados para descobrir novas fontes de pesquisa e trilhar seu próprio

caminho diante da informação. Acredito que os algoritmos estão disponíveis

para ajudar e não tem como objetivo atrapalhar ninguém em sua jornada pelo

conhecimento, aprendizado e diversão. [EM – 19 anos, estudante de

Administração]

A declaração seguinte apresenta a visão de uma estudante, que embora seja de Engenharia, também

possui formação complementar na área de Ciências Sociais:

Page 10: FILTRO INVISÍVEL OU MIOPIA INFORMACIONAL? … · PERSPECTIVA DO MARKETING E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Área temática: Gestão do Conhecimento Organizacional ... revela um ciclo

10

No mundo em que o mais rápido é melhor, que nosso tempo deve ser

aproveitado o máximo possível, não me espanta que esse tipo de algoritmo

exista. Trazendo a notícia "que você quer" o mais rápido até você. O

problema é que a internet avança de uma maneira que as vezes esquecemos

que ela é uma nova área, que tanto deve ser explorada, como também

"governada". Ainda é um lugar sem muitas leis. O cyber bullying surgiu e

depois foi criada uma lei para impedir. Do mesmo jeito acontecerão com

outras coisas, a exemplo esses algoritmos que estão limitando nossas

informações. Adorei o vídeo, TED's sempre são maravilhosos e abrem meus

olhos. O importante é sempre estar antenado. [MT – 19 anos, estudante de

Engenharia Mecânica]

Embora em alguns aspectos as opiniões pareçam divergir em determinado grau de

concordância ao conteúdo do vídeo. Todos os participantes reconhecem a atuação dos

algoritmos, independente do seu juízo de valor, na dinâmica de busca e classificação dos

resultados. Esta é uma característica desejada no conceito de ‘competência informacional’,

pois representa que os jovens que participaram desta pesquisa estão inseridos num contexto

ativo de uma ‘competência crítica em informação’ conforme apresentado por Bezerra (2015).

4. ENSAIO PRÁTICO: BUSCA DE PALAVRAS-CHAVE

Com o intuito de aplicar a situação proposta por Pariser de identificar as mudanças no

conteúdo do site de buscas Google, foi solicitado a 21 pessoas com idade variando entre 20 e

60 anos, diferentes profissões e formações acadêmicas para realizar a busca a partir de seus

próprios equipamentos. Não foi determinado o meio (equipamento) pelo qual seria captado:

celular, laptop, tablet ou desktop, deixando por livre escolha do respondente voluntário.

Assim, na última quinzena do mês de outubro de 2015, cada participante deveria simular uma

busca com três palavras: ‘inovação’, ‘informação’ e ‘sustentabilidade’. Ao realizar a busca de

uma palavra por vez, foi solicitado que ao aparecer na tela os primeiros resultados obtidos,

deveria ser realizado um printscreen para evidenciar o conteúdo disponibilizado pelo Google

e enviado por email a pesquisadora.

Para comparabilidade, utilizou-se como referência o printscreen inicial realizado no

equipamento principal (desktop) utilizado pela pesquisadora. A fim de testar possíveis

mudanças de uma mesma origem, além dos participantes voluntários, foram testados outros

equipamentos utilizados por uma mesma pessoa, neste caso a pesquisadora. Os resultados

serão apresentados isoladamente.

Baseado metodologicamente no conceito de ‘conveniência e oportunidade’ (MARCONI

&LAKATOS, 1996; FLICK, 2009), com o intuito de gerar reflexões por meio de pesquisa

qualitativa, não houve a pretensão nesta análise preliminar de utilizar uma amostra

probabilística. Por ‘conveniência’, considerou-se o fato de conhecer o background acadêmico

e profissional dos convidados para facilitar a comparabilidade de conteúdo. Por

‘oportunidade’, considerou-se o tempo limitado para a realização da pesquisa e o perfil de

voluntário que respondesse em tempo hábil para coleta e análise das respostas.

Page 11: FILTRO INVISÍVEL OU MIOPIA INFORMACIONAL? … · PERSPECTIVA DO MARKETING E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Área temática: Gestão do Conhecimento Organizacional ... revela um ciclo

11

5.ANÁLISE DOS RESULTADOS

A pesquisa foi estruturada selecionando um grupo de estudantes, profissionais e acadêmicos,

com diferentes perfis profissionais, formações acadêmicas e linhas de pesquisa. A escolha foi

baseada por conveniência e oportunidade (MARCONI&LAKATOS, 1996; FLICK, 2009),

utilizando a rede de contatos familiares, pessoais, acadêmicas e profissionais. Foi possível,

por exemplo, ter a oportunidade de coletar as respostas de orientadores da pesquisadora de

graduação, mestrado e doutorado, oriundos de diferentes áreas e linhas de pesquisa, para

contribuir neste estudo, assim como de pares (outros professores; profissionais de outras

áreas) e, orientandos de projeto final e bolsistas de iniciação científica.

Quadro 1 – Descrição do perfil dos respondentes

COD.RESP. FX.ET. OCUPAÇÃO FORMAÇÃO ÁREA ou Linha de Pesquisa

UM 36-40 a Prof/pesq ADMINISTRAÇÃO GESTÃO/INOVAÇÃO

[R1] 31-35 a Empresário N/A N/A

[R2] 31-35 a Empresaria N/A N/A

[R3] 31-35 a Mestranda ADMINISTRAÇÃO GESTÃO

[R4] 20-25 a PIBIC ADMINISTRAÇÃO INCUBADORAS

[R5] 56-60 a Prof/pesq FÍSICA METROLOGIA

[R6] 46-50 a Prof/pesq C.COMPUTAÇÃO INCUBADORAS

[R7] 20-25 a PIBIC ENG.MEC INCUBADORAS

[R8] 20-25 a PIBIC ADMINISTRAÇÃO ECON.CRIATIVA

[R9] 20-25 a PIBIC LEANI SUST

[R10] 31-35 a Mestrando METEOROLOGIA OCEANOGRAFIA

[R11] 51-55 a Prof/Pesq ECONOMIA PLAN.ENERG.

[R12] 20-25 a Graduação ENG.AUTOMAÇÃO ROBÓTICA

[R13] 56-60 a Prof/pesq FÍSICA HFC

[R14] 51-55 a Prof/pesq ECONOMIA/CI CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

[R15] 20-25 a PIBIC ENG.MEC INCUBADORAS

[R16] 20-25 a PIBIC ENG.MEC ECON.CRIATIVA

[R17] 31-35 a Engenheira ENG.EL ENERGIAS LIMPAS

[R18] 41-45 a Prof/Pesq ENG.MEC INOVAÇÃO

[R19] 20-25 a estudante ADMINISTRAÇÃO ADM. FINANCEIRA

[R20] 41-45 a Prof/Pesq LETRAS CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

[R21] 41-45 a Prof/Pesq BIBLIOTECONOMIA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO

Dos 21 respondentes, percebeu-se a predominância de três grandes grupos, os quais podem ser

relacionados a determinadas faixas etárias e perfis: estudantes de graduação (20 a 25 anos);

profissionais (26 a 35 anos); acadêmicos (acima de 35 anos).

Page 12: FILTRO INVISÍVEL OU MIOPIA INFORMACIONAL? … · PERSPECTIVA DO MARKETING E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Área temática: Gestão do Conhecimento Organizacional ... revela um ciclo

12

Figura 4 – Gráfico do perfil geral dos participantes

Com base nestas informações iniciais, foi iniciada a análise dos dados coletados para

avaliação da consulta à plataforma de busca Google.

5.1. Análise preliminar

Para realizar a análise foram estratificados e analisados por ‘blocos-tema’, ‘palavras-chave’

ou ‘ descritores’: ‘inovação’, ‘informação’ e ‘sustentabilidade’. Buscou-se observar

isoladamente os descritores pois o comportamento observado em cada resultado, não

necessariamente foi refletido em todos os casos quando observados conjuntamente.

Figura 5 – print screen das buscas de referência base (autora)

Analogamente, foi definido que o ponto de partida para a observação dos resultados seria

considerado o seguinte critério: por meio (equipamento) utilizado na pesquisa; por

background ou grupo de interesses do participante; por análise de resultados provenientes de

diferentes meios (equipamentos) mas de mesma origem (pesquisador). Finalmente, também

foram analisadas as palavras-chave isoladamente para observar o comportamento da dinâmica

dos resultados na plataforma de busca Google.

5.1.1. Quanto ao meio (equipamento) utilizado na pesquisa

Page 13: FILTRO INVISÍVEL OU MIOPIA INFORMACIONAL? … · PERSPECTIVA DO MARKETING E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Área temática: Gestão do Conhecimento Organizacional ... revela um ciclo

13

Inicialmente, é importante ressaltar que não foi orientado ao respondente sobre o meio

(equipamento) de pesquisa, com a finalidade que se observasse a preferência de utilização

pelo usuário para este fim. Comparando-se principalmente os dados obtidos por meio de

aparelho celular com os provenientes de pesquisa realizada nos computadores, observou-se

que os resultados apresentados no mobile (celular) geralmente são comuns entre si, isto é, não

foi identificada diferença de conteúdo entre diferentes simuladores.

Ao mesmo tempo, como não foi realizada uma entrevista em profundidade posterior à coleta

desde material, não há como afirmar que os meios utilizados, assim como os equipamentos,

sejam os mesmos que o usuário utiliza como objeto de trabalho e/ou pesquisa em sua rotina.

No entanto, de acordo com o supracitado, pode-se inferir que tais palavras-chave não são

comumente pesquisadas nestes tipos de aparelho (celular), não fomentando uma quantidade

de dados suficiente para que os algoritmos sejam associados para geração de um perfil

específico.

Figura 6 – Gráfico de distribuição do tipo de equipamentos utilizados para pesquisa

Não houve distinção na aparição dos anúncios quanto ao equipamento utilizado. No entanto,

vale ressaltar, que devido a características físicas do equipamento (i.e. tamanho da tela),

houve uma limitação no reconhecimento dos resultados subsequentes.

5.1.2. Quanto ao background ou interesses

Quanto à área de formação e atuação profissional dos participantes, apresentou-se certa

variação nas diversas áreas de formação. Vale salientar que alguns participantes, embora

possuam formação básica (graduação) numa determinada área, permeiam diferentes áreas em

suas linhas de estudo posterior (mestrado; doutorado; pesquisa).

Page 14: FILTRO INVISÍVEL OU MIOPIA INFORMACIONAL? … · PERSPECTIVA DO MARKETING E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Área temática: Gestão do Conhecimento Organizacional ... revela um ciclo

14

Figura 7 - Gráfico com perfil de formação acadêmica dos participantes

No caso de formação transversal ou multidisciplinar, aplica-se especificamente aos

pesquisadores, por exemplo: economia-gestão-planejamento energético; engenharia mecânica-

logística- engenharia química; economia-engenharia de produção-ciência da informação;

física-engenharia de produção-filosofia da ciência; física-estatística-metrologia; meteorologia-

física-oceanografia; ciência da computação-gestão/empreendedorismo-propriedade

intelectual; letras-gestão-ciência da informação; biblioteconomia-ciência da informação.

5.1.3. Quanto aos diferentes meios (equipamentos) simulados por uma mesma

origem (pesquisador)

No caso da pesquisa realizada pela mesma pesquisadora em diferentes meios (equipamentos):

tablet, laptop, computador institucional e computador pessoal, foi observado que os resultados

se mantiveram iguais em todos os meios (equipamentos) de pesquisa, ratificando a questão do

perfil individual realizado pela plataforma de busca.

5.2 Análise por palavra-chave

A seguir serão apresentados os resultados obtidos nas buscas das palavras-chave: inovação,

informação e sustentabilidade. Embora, cada item apresente a sua peculiaridade a ser

discutida posteriormente, é possível indicar que houve diferença nos resultados obtidos nas

buscas por diferentes participantes.

5.2.1. Inovação

Ao iniciar a análise observa-se primeiramente que 43% dos participantes obtiveram

primeiramente em suas buscas o resultado de anunciantes.

Page 15: FILTRO INVISÍVEL OU MIOPIA INFORMACIONAL? … · PERSPECTIVA DO MARKETING E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Área temática: Gestão do Conhecimento Organizacional ... revela um ciclo

15

Figura 8 – Gráfico indicativo da presença de anúncios nas respostas sobre inovação

Destes resultados, todos apresentaram como primeiro resultado a indicação da Endeavor.

Como segundo resultado, houve variação entre os sites da INEI (Instituto Nacional de

Empreendedorismo e Inovação) e Maradentro. Houve ainda apenas um caso de incidência de

um terceiro anúncio da ACI (Associação Comercial, Industrial e de Serviços de Novo

Hamburgo, Campo Bom e Estância Velha). Observa-se que os participantes que apresentaram

esta característica de anúncios, são pesquisadores ativos na área, estudantes com pesquisa

ativa, profissionais de projetos, trabalham com incubadoras ou empresas juniores.

Figura 9 – Gráfico do percentual de aderência dos resultados com a base inovação

Já na análise dos resultados, foram considerados os resultados coletados na busca da

referência na seguinte ordem: Definição do termo pelo Google; Inventta; Revista Exame;

conceito do Wikipedia. A variação de aderência a estes termos pelos demais participantes é

representada no gráfico da figura 9.

Os respondentes R1, R2, R8, R9, R10, R15, R20 apresentaram o site da Revista Exame antes

do site Inventta. Ao analisar o perfil, observou-se que representam um grupo que não atua

muito neste campo ou que apresente um viés com interesse mais corporativo, sendo este mais

forte nas suas pesquisas (i.e. gestão da inovação) em relação à ‘inovação pura’.

Page 16: FILTRO INVISÍVEL OU MIOPIA INFORMACIONAL? … · PERSPECTIVA DO MARKETING E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Área temática: Gestão do Conhecimento Organizacional ... revela um ciclo

16

Em dois casos R15 e R18 apresentaram o mesmo resultado, desconsiderando a definição, mas

mantendo a ordem seguinte da base: Inventta; Revista Exame e Wikipedia. Este resultado

pode indicar que os usuários têm pouco hábito de buscar definições de palavras não

caracterizando tal “perfil” no seu resultado de busca.

5.2.2. Informação

Não houve presença de anúncios para nenhum dos respondentes desta pesquisa quando

utilizada para busca a palavra “informação”.

Figura 10 – Gráfico do percentual de aderência dos resultados com a base informação

Considerando que não obtivemos resultados com anúncios, consequentemente, a amplitude

dos resultados da busca foi maior do que nas duas outras buscas.

A definição apresentada pelo Wikipedia foi unanimidade como primeiro resultado da busca. O

resultado ‘Imagens’ apareceu em 81% dos participantes como segundo tópico, excetuando-se

para dois distintos perfis: R11, onde o segundo resultado foi a página inicial do Governo sobre

Lei da Informação [o respondente é diretor estratégico de uma Instituição de Ensino Superior

federal]; R16, é estudante que ingressou este ano na graduação, sendo o seu segundo resultado

o Guia do Estudante.

Para o terceiro resultado, os 38% de aderência, representam os pesquisadores ou profissionais

que representam o tema, uma vez que este é um artigo da revista Informação & Informação da

UEL, para os demais predominantemente aparece a indicação dos Infográficos do Site de

Acesso `a Informação do Governo Federal.

No entanto, em oposição à observação anterior, o respondente com maior experiência na área

[R21] não apresentou o artigo de Belluzo na sua lista de resultados. Pode-se levantar duas

hipóteses: 1- o pesquisador não utilizou o seu equipamento (computador) que comumente

utiliza para trabalho; 2- o pesquisador utiliza outras bases/plataformas para pesquisa não

registrando pela plataforma Google o seu perfil profissional. Infelizmente, não houve tempo

hábil neste trabalho para aprofundar a análise por meio de entrevistas com os usuários sobre

as suas fontes de pesquisa. Como quarta opção de resultado, os que não apresentam notícias

obtiveram como resultado também o site do Governo Federal sobre Acesso à Informação.

Page 17: FILTRO INVISÍVEL OU MIOPIA INFORMACIONAL? … · PERSPECTIVA DO MARKETING E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Área temática: Gestão do Conhecimento Organizacional ... revela um ciclo

17

5.2.3. Sustentabilidade

O resultado com anunciantes foi maior (52%) que o resultado obtido com a palavra

“inovação”. Como primeiro resultado de anunciantes o site HumanaTerra foi o que obteve o

maior percentual de resultado como primeiro na lista.

Figura 11 – Gráfico indicativo da presença de anúncios nas respostas sobre sustentabilidade

Outros sites que apareceram: Ekos, Smartcities, Envolverde, Polis, 5 elementos. Vale ressaltar

que no caso da palavra “sustentabilidade” também apareceu uma barra lateral com

anunciantes em 8 participantes.

Figura 12 – Gráfico do percentual de aderência dos resultados com a base sustentabilidade

No caso da aderência, 95% apresentaram a definição como primeira resposta. Desta vez,

apenas R18 não apresentou este resultado corroborando com a suposição de que este usuário

não possua o hábito de buscar definições em sua ‘metodologia de busca’. O site “Sua

Pesquisa” é indicado para todos, com exceção de R6, onde aparece em substituição a

indicação para ‘imagens’.

Page 18: FILTRO INVISÍVEL OU MIOPIA INFORMACIONAL? … · PERSPECTIVA DO MARKETING E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Área temática: Gestão do Conhecimento Organizacional ... revela um ciclo

18

Em geral não houve muitas variações nos resultados em “sustentabilidade”, indicando que

este tópico deva ser ‘novo’, considerando o primeiro resultado como ‘definição’. O

aparecimento de anúncios, pode ser um indício aos participantes que se interessam ou

pesquisam mais pelo tema, dando indícios de ‘potenciais consumidores’.

6.CONSIDERAÇÕES FINAIS

Embora a possibilidade de realizar pesquisas teóricas seja sempre um universo profícuo ao

estudante de pós-graduação, a observância do conteúdo advindo da literatura de forma prática

enfatiza a convicção na defesa de que a noção de ‘competência’ perpassa diversos conceitos

como educação, aprendizagem, cognição, trabalho em equipe, cultura organizacional, além

dos conhecidos “conhecimento, habilidade e atitude”.

Baseado nestes aspectos foi definido o tema deste trabalho: análise da obra “O filtro invisível”

de Eli Pariser com a simulação de busca no Google das palavras “inovação”, “informação” e

“sustentabilidade” por um grupo de 21 pessoas com faixa etária de 20 a 60 anos, com

diferentes formações e áreas de atuação.

As mudanças geradas pela plataforma de busca foram identificadas algumas vezes de forma

sutil, mas percebeu-se o direcionamento a determinados tópicos. Um usuário provavelmente

não reconhece ou não parou para refletir acerca desta característica. Como no livro de Pariser,

reconhecemos que os problemas que enfrentaremos nos próximos vinte anos – escassez de

energia, terrorismo, mudança climática e doenças – têm uma grande abrangência e relevância.

Ao mesmo tempo, estes problemas só poderão ser resolvidos juntos, ‘fora das bolhas

individuais’. Precisamos compreender as implicações do fluxo destas informações (de onde

vem, para onde vai, quem e como as visualiza), para a nossa política, cultura e sociedade.

Com um conteúdo cada vez mais dinâmico, numa pletora de informações, faz-se necessário

desenvolver uma ‘competência crítica informacional’ e neste sentido, defende-se a ideia do

papel do docente como ‘facilitador’, ‘orientador’, ‘coach’ de pesquisa na integração do

conteúdo ao debate científico-tecnológico.

Levando-se em consideração os resultados obtidos, sugere-se a reflexão sobre uma inversão

no pensamento crítico acerca do assunto considerando a seguinte questão: “deveremos

considerar os ‘filtros como realmente invisíveis’ ou estamos sujeitos à predominância de uma

‘miopia informacional’?”

Page 19: FILTRO INVISÍVEL OU MIOPIA INFORMACIONAL? … · PERSPECTIVA DO MARKETING E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Área temática: Gestão do Conhecimento Organizacional ... revela um ciclo

19

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

BELLUZO, Regina Célia; FERES, Glória. Competência em informação: um diferencial da qualidade

em publicações científicas. Revista Brasileira de Biblioteconomia e Documentação, v.5, n.1/2,

2009.

BEZERRA, Arthur. Vigilância e filtragem de conteúdo nas redes digitais: desafios para competência

crítica em informação. GT3 – Mediação, circulação e apropriação da informação. XVI Encontro

Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação ENANCIB. João Pessoa – PB, 26 a 30 de outubro

de 2015.

CAMPELLO, Bernadete. O movimento da competência informacional: uma perspectiva para o

letramento informacional. Ci. Inf, Brasília, v.32, n.3, p.28-37, set/dez, 2003.

DUDZIAK, Elisabeth. Competência informacional: análise evolucionária das tendências da pesquisa e

produtividade científica em âmbito mundial. Inf. Inf. Londrina, v.15, n.2, p.1-22, jul/dez, 2010.

____________ . Os faróis da sociedade de informação: uma análise crítica sobre a situação da

competência em informação no Brasil. Inf & Soc.: Est., João Pessoa, v.18, n.2, p. 41-53, maio/ago,

2008.

____________. Information literacy: princípios, filosofia e prática. Ciência da Informação, Brasília,

v.32, n.1, p. 23-35, 2003.

FLICK, Uwe. Introdução à Pesquisa Qualitativa. 3 ed. Porto Alegre: e. Penso, 2009.

GASQUE, Kelley. Arcabouço conceitual do letramento informacional. Ci. Inf. Brasília, v.39, n.3,

p.83-92, set/dez, 2010.

KOTLER, Philip; KELLER, Kevin Lane. Administração de Marketing. 14 ed. Reimp. São Paulo:

Pearson, 2014.

LANGFORD, Linda. Information literacy: a clarification. School Libraries Worldwide, n;1, jan,

1998, p.56-72.

LECARDELLI, Jane; SCHOFFEN PRADO, Noêmia. Competência informacional no Brasil: um

estudo bibliográfico no período de 2001 a 2005. Revista Brasileira de Biblioteconomia e

Documentação: nova série. São Paulo, v.2, n.2, p. 21-46, dez/2006.

LEVITT, Theodore. Miopia em marketing. Harvard Business Review. 1960. In: Coleção Harvard de

Administração 1. São Paulo: Editora Nova Cultural, 1986.

MARCONI, Marina de Andrade; LAKATOS, Eva Maria. Técnicas de pesquisa: planejamento e

execução de pesquisas, amostragem e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de

dados. 3 ed. São Paulo: Atlas, 1996.

MELO, Ana Virginia C. de; ARAÚJO, Eliany A. de. Competência informacional e gestão do

conhecimento: uma relação necessária no contexto da sociedade da informação. Perspectivas em

Ciência da Informação, v. 12, n.2, p.185-201, mai/ago 2007.

MERLO, Edgard. Administração de varejo: com foco em casos brasileiros. Rio de Janeiro: LTC,

2011.

Page 20: FILTRO INVISÍVEL OU MIOPIA INFORMACIONAL? … · PERSPECTIVA DO MARKETING E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Área temática: Gestão do Conhecimento Organizacional ... revela um ciclo

20

MIRANDA, Silvânia V. Identificando competências informacionais. Ci. Inf. Brasilia, v. 33, n. 2, p.

112-122, mai/ago, 2004.

PARISER, Eli. O filtro invisível: o que a internet está escondendo de você. Rio de Janeiro: Zahar,

2012.

VITORINO, Elizete V.; PIANTOLA, Daniela. Competência informacional – bases históricas e

conceituais: construindo significados. Ci. Inf. Brasília, v.38, n.3, p.130-141, set/dez, 2009.

ZARAFIAN, Philippe. O modelo da competência: trajetória histórica, desafios, atuais e

propostas. São Paulo: Senac, 2001.

ANEXO I

Quadro dos dados comparados dos resultados de pesquisa: palavra “inovação”

ENDEAVOR INEI MARADENTRO ACI DEFINIÇÃO INVENTTA EXAME WIKIPEDIA

UM N/A N/A N/A N/A 1 2 3 4

[UM*] N/A N/A N/A N/A 1 2 3 4

[R1] N/A N/A N/A N/A 1 3 2 4

[R2] N/A N/A N/A N/A 1 3 2 4

[R9] N/A N/A N/A N/A 1 3 2 N/A

[R8] N/A N/A N/A N/A 1 3 2 N/A

[R4] 1 2 N/A N/A 1 N/A N/A N/A

[R10] N/A N/A N/A N/A 1 3 2 4

[R3] N/A N/A N/A N/A 1 2 3 4

[R12] N/A N/A N/A N/A 1 2 3 4

[R7] 1 N/A 2 3 1 2 3 N/A

[R5] N/A N/A N/A N/A 1 2 3 4

[R15] N/A N/A N/A N/A N/A 1 2 3

[R14] 1 2 N/A N/A 1 2 3 4

[R11] N/A N/A N/A N/A 1 2 3 4

[R18] 1 2 N/A N/A N/A 1 2 3

[R13] 1 2 N/A N/A 1 N/A N/A N/A

[R6] 1 2 N/A N/A 1 2 3 4

[R16] N/A N/A N/A N/A 1 2 3 N/A

[R17] 1 N/A N/A N/A 1 2 3 4

[R19] 1 2 N/A N/A 1 2 4 3

[R20] N/A 1 N/A N/A 1 3 2 4

[R21] N/A N/A N/A N/A 1 2 3 5

ANÚNCIO

Page 21: FILTRO INVISÍVEL OU MIOPIA INFORMACIONAL? … · PERSPECTIVA DO MARKETING E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Área temática: Gestão do Conhecimento Organizacional ... revela um ciclo

21

ANEXO II

Quadro dos dados comparados dos resultados de pesquisa: palavra “informação”

Wiki imagens UEL (Beluzzo) notícias infográficos HomeGov Sist.Gov guia estud e-SICGov

UM 1 2 3 4 N/A N/A N/A N/A N/A

[UM*] 1 2 3 4 N/A N/A N/A N/A N/A

[R1] 1 2 N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A

[R2] 1 2 N/A N/A 3 4 5 N/A N/A

[R9] 1 2 N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A

[R8] 1 2 N/A N/A N/A N/A N/A N/A N/A

[R4] 1 2 3 N/A N/A N/A N/A N/A N/A

[R10] 1 2 3 4 N/A N/A N/A N/A N/A

[R3] 1 2 N/A N/A 3 4 N/A N/A N/A

[R12] 1 2 N/A N/A 3 4 5 N/A N/A

[R7] 1 2 N/A N/A 3 4 5 N/A N/A

[R5] 1 2 3 4 N/A N/A N/A N/A N/A

[R15] 1 2 3 N/A N/A N/A N/A N/A N/A

[R14] 1 2 3 4 5 N/A N/A N/A N/A

[R11] 1 N/A N/A 5 3 2 4 N/A N/A

[R18] 1 4 2 3 N/A N/A N/A N/A N/A

[R13] 1 2 3 N/A N/A N/A N/A N/A N/A

[R6] 1 2 3 4 5 N/A N/A N/A N/A

[R16] 1 N/A N/A N/A N/A N/A N/A 2 3

[R17] 1 2 3 4 N/A N/A N/A N/A N/A

[R19] 1 2 N/A 6 3 4 5 N/A N/A

[R20] 1 N/A 2 6 3 4 5 N/A N/A

[R21] 1 2 N/A N/A 3 4 5 N/A N/A

ANEXO III

Quadro dos dados comparados dos resultados de pesquisa: palavra “sustentabilidade”

Page 22: FILTRO INVISÍVEL OU MIOPIA INFORMACIONAL? … · PERSPECTIVA DO MARKETING E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Área temática: Gestão do Conhecimento Organizacional ... revela um ciclo

22

humana

terra Ekos Smart cities Polis envolverde 5elementos

ANUNCIO

LATERAL DEFINIÇÃO SUA PESQ IMAGENS WIKI EXAME Brasil Sust

UM N/A N/A N/A N/A N/A N/A N 1 2 3 4 N/A N/A

[UM*] N/A N/A N/A N/A N/A N/A N 1 2 3 4 N/A N/A

[R1] N/A N/A N/A N/A N/A N/A N 1 2 N/A N/A N/A N/A

[R2] N/A N/A N/A N/A N/A N/A N 1 2 3 4 N/A N/A

[R9] N/A N/A N/A N/A N/A N/A N 1 2 3 N/A N/A N/A

[R8] N/A N/A N/A N/A N/A N/A N 1 2 N/A N/A N/A N/A

[R4] 1 N/A N/A N/A N/A N/A N 1 2 3 N/A N/A N/A

[R10] N/A N/A N/A N/A N/A N/A N 1 2 3 4 5 N/A

[R3] N/A N/A N/A N/A N/A N/A N 1 2 3 N/A N/A N/A

[R12] N/A N/A N/A N/A N/A N/A N 1 2 N/A 3 N/A 4

[R7] 1 2 3 N/A N/A N/A S 1 2 3 N/A N/A N/A

[R5] N/A N/A N/A N/A N/A N/A N 1 2 3 4 N/A N/A

[R15] N/A N/A N/A N/A N/A N/A N 1 2 3 N/A N/A N/A

[R14] 1 2 N/A N/A 3 N/A N 1 2 3 4 N/A N/A

[R11] N/A N/A N/A N/A N/A N/A N 1 2 3 4 5 N/A

[R18] N/A 1 N/A N/A N/A N/A N N/A 1 3 2 4 N/A

[R13] 3 2 N/A N/A N/A 1 S 1 2 3 N/A N/A N/A

[R6] 2 1 N/A N/A 3 N/A S 1 N/A 2 3 N/A N/A

[R16] N/A N/A N/A 1 N/A N/A S 1 2 3 4 N/A N/A

[R17] 1 2 N/A N/A N/A N/A S 1 2 3 4 N/A N/A

[R19] 1 2 N/A N/A 3 N/A S 1 2 3 4 N/A N/A

[R20] 1 2 N/A N/A 3 N/A S 1 3 4 2 N/A N/A

[R21] N/A N/A N/A N/A 1 N/A S 1 4 3 2 N/A 5

ANÚNCIOS

ANEXO IV

Printscreen de alguns dos resultados coletados

[identificador do respondente em código de cores: azul- inovação; vermelho – informação;

verde- sustentabilidade]

Page 23: FILTRO INVISÍVEL OU MIOPIA INFORMACIONAL? … · PERSPECTIVA DO MARKETING E DA CIÊNCIA DA INFORMAÇÃO Área temática: Gestão do Conhecimento Organizacional ... revela um ciclo

23