a miopia da esquerda brasileira

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A visão equivocada dos líderes esquerdistas brasileiros em relação ao devido posicionamento do Brasil no contexto internacional das grandes economias mundiais. CIRINEU JOSÉ DA COSTA Engenheiro e MSc. em Administração pela PUC SP A MIOPIA DA ESQUERDA BRASILEIRA

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A visão equivocada dos líderes esquerdistas brasileiros em relação ao devido

posicionamento do Brasil no contexto internacional das grandes economias mundiais.

CIRINEU JOSÉ DA COSTA – Engenheiro e MSc. em Administração pela PUC SP

A MIOPIA DA ESQUERDA

BRASILEIRA

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A MIOPIA DA

ESQUERDA

BRASILEIRA

1. Introdução

Poderíamos começar a falar sobre a Esquerda Política

citando o filósofo alemão Georg Wilhelm Friedrich Hegel

nascido em Stuttgart (1770) e falecido em Berlim (1831). Seu

pensamento filosófico influenciou grandes criadores da

filosofia moderna e que por sua vez estabeleceram as bases

de correntes filosóficas, ideológicas e políticas como o

marxismo, o existencialismo e a fenomenologia.

A Revolução Francesa, com a Queda da Bastilha em 1789,

selou a queda de Luiz XVI e sua Corte. Entre os próprios

revolucionários duas tendências se afirmaram: a dos

jacobinos e a dos girondinos. Expressão como gauche

(esquerda) era aplicada aos pró-republicanos e aos

democratas radicais, e droite (direita) aos defensores da

monarquia. Na Convenção Nacional elas serviram para

designar os jacobinos e os girondinos.

No dia 21 de janeiro de 1793 Luís XVI foi decapitado na

guilhotina. Por toda a Europa, os reis tremeram. A cabeça

cortada e sangrada do rei, erguida na praça pública lotada,

foi o aviso que a França revolucionária enviou aos soberanos

do velho continente, junto com o grito "Morte aos tiranos!”.

A França Revolucionária queria uma República Democrática,

mas contrariamente ao desejo popular, em 1804, Napoleão

Bonaparte foi proclamado como Imperador dos franceses.

Um novo Império foi criado, agora com um Imperador plebeu!

Este período durou até 18 de junho de 1815, após a derrota

de Napoleão na Batalha de Waterloo. Foi um período de

guerras e conquistas que influenciou diretamente a direção

de diversos países, inclusive o Brasil colônia que veio a

receber a família imperial portuguesa em 1808 que aqui

chegou fugida do exército de Napoleão.

Lançando em 1848 a obra “Manifesto Comunista”, Karl Marx

e Friedrich Engels inauguraram um conceito fundado na ideia

de que, ao longo da História, as sociedades foram marcadas

pelo conflito de classes. Dessa maneira, a sociedade

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industrial dividia-se em dois grupos principais: de um lado

a burguesia, detentora dos meios de produção

(máquinas, fábricas e terras); e do outro o proletariado,

que vendia sua força de trabalho ao burguês em troca de

um salário que o sustentasse. A luta entre classes foi a

temática revolucionária.

E o sonho do Socialismo? Um sistema político-

econômico baseado na igualdade, com a distribuição

igualitária de renda, extinção da propriedade

privada, socialização dos meios de produção, economia

planificada e a tomada do poder por parte

do proletariado. A visão socialista de uma sociedade

sem classes onde todas as pessoas poderiam ter

benefícios, mas todos os bens e propriedades passariam

a ser de todos a fim de acabar com as grandes

diferenças econômicas entre os indivíduos, ou seja, a

divisão de tudo entre pobres e ricos.

O Marxismo ou Socialismo Científico é um sistema

pautado na análise crítica e científica do capitalismo.

Diferentemente do Socialismo, essa corrente teórica não

buscava uma sociedade ideal, uma vez que seus teóricos

se baseavam numa análise histórica e filosófica da

sociedade, daí se origina o termo "científico". Para Karl

Marx (1818 - 1883) e Friedrich Engels (1820 – 1895) o

capitalismo é baseado em duas classes: explorados e os

exploradores; por isso, a proposta desta corrente esteve

fundamentada na luta de classes, na revolução da classe

proletária, no materialismo dialético e histórico e na

doutrina da mais-valia. O importante não era extinguir o

capitalismo, mas sim compreender suas leis, pois os

marxistas acreditavam que dificilmente o capitalismo

seria substituído por outro modelo político econômico.

A Revolução Russa de 1917 foi a primeira revolução

que derrubou uma monarquia e implantou um regime

marxista. Houve um período de conflitos que resultou na

tomada do Poder pelo Partido Bolchevique, de Vladimir

Lênin. Com a morte de Lenin em janeiro de 1924 houve

intensa disputa pelo Poder entre Stalin e Trotsky. Stalin

ganhou a disputa e a partir de dezembro de 1929,

converteu-se no ditador absoluto da União Soviética,

sepultando o sonho revolucionário de um Governo do

Povo pelo Povo. Foi uma Ditadura sangrenta com muitas

perseguições políticas, mortes e guerras de conquista.

A China foi a próxima nação a estabelecer um regime

socialista após a Segunda Guerra Mundial. O resultado

foi a ditadura de Mao-Tse-Tung. Uma de suas esposas,

Jiang Qing, foi a principal responsável pela condução da

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Revolução Cultural, com poderes extraordinários sobre a vida cultural e intelectual da China.

A sua habilidade em manipular a mídia e os jovens radicais, conhecidos como a Guarda

Vermelha caracterizou o movimento pelo terror e expurgos onde dezenas de milhares foram

mortos e milhões tiveram a sua vida e profissão violentadas. Após a morte de Mao Tse Tung

em 1976, ela e três outros radicais que chegaram ao poder com a revolução foram

alcunhados como a “Gangue dos Quatro”.

Jiang foi presa e em 1977, expulsa do Partido Comunista e considerada responsável por

provocar terrível perturbação e enorme banho de sangue na revolução. Foi julgada culpada

e condenada à pena de morte. Em 1983, exatamente dois anos após ter sido condenada, o

governo comutou sua pena para prisão perpétua. Morreu na prisão em 1991.

A China hoje pratica um marxismo modificado, aceitando teses capitalistas para não ter o

Poder do Partido Comunista Chinês contestado pela sua população.

A Guerra Fria após a Segunda Guerra Mundial espalhou regimes comunistas autoritários por

vários países e em vários continentes. A URSS e a China apoiando ditaduras de esquerda e

os Estados Unidos e Europa Ocidental apoiando ditaduras de direita numa tentativa de

impedir o avanço de Governos de esquerda e para manter a sua área de influência no

contexto internacional.

2. O Brasil Imperial

Napoleão determinou a invasão de Portugal em novembro de 1807 tendo em vista que os

portugueses desrespeitaram a ordem de bloqueio econômico contra a Inglaterra. Sem

condições de resistir à invasão francesa, D. João e sua corte fugiram para o Brasil, sob a

proteção naval da marinha inglesa. A Inglaterra protegeu a travessia do Atlântico e exigiu a

abertura dos portos brasileiros aos navios ingleses. Após 54 dias de viagem a esquadra

portuguesa chegou ao porto de Salvador em 22 de janeiro de 1808 onde permaneceram por

mais de um mês, mas apenas seis dias após a sua chegada D. João cumpriu o seu acordo

com os ingleses, decretando a abertura dos portos brasileiros às nações amigas (Inglaterra),

eliminando o monopólio comercial português que obrigava o Brasil a fazer comércio apenas

com Portugal.

A vinda da família real portuguesa para o Brasil deslocou o eixo político para a Colônia. A

vida política fria do Brasil passou à efervescência de uma corte com a mais pura nobreza

europeia. Com a derrota de Napoleão em 1815 ficou decidido que os reis de países

invadidos, pela França deveriam voltar a ocupar seus tronos. D. João não queria retornar ao

empobrecido Portugal e então elevou o Brasil à categoria de Reino Unido de Portugal e

Algarves. O Brasil adquiria autonomia administrativa. Em 1820, com a Revolução Liberal do

Porto, o Absolutismo do regime monárquico foi abolido dando início à Monarquia

Constitucional. D. João seria obrigado a seguir a Constituição do Reino. A Assembleia

Portuguesa exigia o retorno do monarca e o novo governo português desejava recolonizar o

Brasil, retirando sua autonomia econômica. Em 26 de abril de 1821, D. João VI cedendo às

pressões políticas da Assembleia volta a Portugal, deixando seu filho D. Pedro como

príncipe regente do Brasil. No dia 07 de setembro de 1822 D. Pedro proclamou a

Independência do Brasil em relação ao reino Português, dando início ao Regime Imperial

Brasileiro. Passaram a existir, a partir daí, correntes políticas genuinamente nacionais com

grupos pró e contra o regime imperial.

No período imperial, a política brasileira girava em torno de dois partidos, ambos eram

responsáveis pela sustentação e manutenção do Império e do regime escravocrata. O

Partido Conservador (1836) defendia um regime forte, com autoridade concentrada na

monarquia e pouca liberdade às províncias (Estados). O Partido Liberal (1837) defendia o

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fortalecimento do parlamento e uma maior autonomia nas províncias. Ambos eram

escravistas, porém os liberais defendiam um processo lento e gradual que levaria a abolição.

O escasso conflito ideológico devia-se a que tanto conservadores como liberais pertenciam

à mesma classe social: a dos proprietários de bens e de escravos.

3. O Brasil no início da República

A Proclamação da República (1889) fortaleceu o surgimento de partidos republicanos cada

um defendendo suas províncias. Neste período se destacaram os Partidos Republicanos de

São Paulo e Minas Gerais que através da Política do Café-com-Leite se alternaram na

presidência do país. A Revolução de 1930 pôs fim a essa política dando inicio a Era Vargas.

Os Partidos Republicanos PRP (São Paulo), PRR (Rio Grande do Sul) e PRM (Minas

Gerais), cada um com seu estatuto próprio marcaram o fortalecimento dos coronéis, com o

poder regionalizado. Tiveram como principais lideranças: Júlio de Castilhos, Borges de

Medeiros, Venâncio Aires, Pinheiro Machado, Demétrio Ribeiro, Ramiro Barcelos, Assis

Brasil, José Montaury, Osvaldo Aranha, José Antônio Flores da Cunha e Getúlio Vargas.

O Partido Federalista do Rio Grande do Sul (PFR) foi fundado em 1892 por Gaspar Silveira

Martins. Também conhecidos como maragatos. Defendiam o federalismo e o

parlamentarismo e uma ampla revisão da Constituição do Rio Grande do Sul de 1891 (de

orientação positivista). Os maragatos eram inimigos ferrenhos dos pica-paus (como

chamavam os membros do PRR, que depois ficaram conhecidos por chimangos). Desta

disputa ocorreram duas guerras civis no estado: a Revolução Federalista (1893) e a

Revolução de 23 (1923). Eram identificados pelo uso do lenço vermelho. As principais

lideranças maragatas foram: Gaspar Silveira Martins, Assis Brasil (ex-PRR), Raul Pilla,

Gumercindo Saraiva e João Nunes da Silva Tavares. Em 1928, foi fundado o Partido

Libertador (PL) que substituiria o PFR.

4. Surgimento de Partidos Ideológicos

O início do século XX assistiu ao surgimento de correntes ideológicas extremistas em todo o

mundo. No Brasil dois partidos concentraram essas ideologias. Partido Comunista do Brasil

(PCB) fundado em 1922, ligado a III Internacional Comunista. Seu principal líder foi o

gaúcho Luís Carlos Prestes. O PCB foi responsável pela fracassada tentativa de Golpe de

Estado com a Intentona Comunista de 1935 que ocasionou a morte de inúmeros inocentes

e seus principais líderes foram presos. Durante a Era Vargas o partido esteve a maior parte

do tempo na ilegalidade.

Após o Movimento Revolucionário de 31 de Março de 1964 seus integrantes caíram na

clandestinidade fugindo do país ou aderindo a grupos guerrilheiros. No início dos anos 1980,

o partido retornou a legalidade, porém dividido em Partido Comunista Brasileiro (PCB) e

Partido Comunista do Brasil (PC do B). O primeiro de orientação soviética e o segundo de

orientação chinesa.

Ação Integralista Brasileira (AIB) foi fundada em 1932. Inspirada no Movimento Fascista

italiano de Mussolini foi liderada por Plínio Salgado. Algum tempo depois, muitos de seus

integrantes ingressaram no PRP. Atualmente, a FIB (Frente Integralista Brasileira)

representa os ideais integralistas no Brasil. No Congresso Integralista de 2004, os

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representantes brasileiros afirmaram que o objetivo do grupo é “o combate ao materialismo

oriundo tanto do capitalismo assim como do comunismo, além da necessidade de uma

reforma espiritual do homem brasileiro”.

Estado Novo (1937-1945) comandado por Getúlio Vargas basicamente proibiu os partidos

políticos. Eles retornaram com a redemocratização em 1945. Neste período se destacaram o

PSD e o PTB, porém a UDN foi um importante partido de direita no período.

Partido Social-Democrático (PSD) foi fundado por aliados de Getúlio Vargas, em 1945. O

partido concentrava as alas mais conservadoras aliadas ao governo Vargas. Foi um

importante partido de sustentação a Getúlio e Ideologicamente era o principal representante

da social democracia no país. O partido sempre obteve maioria no Congresso. Elegeu dois

presidentes do Brasil: o General Eurico Gaspar Dutra (1946-1950) e Juscelino Kubitschek

(1956-1960). Suas principais lideranças foram: Juscelino Kubitschek, General Eurico Gaspar

Dutra, Tancredo Neves, Marechal Henrique Teixeira Lott, Cristiano Machado, Ulysses

Guimarães, Walter Só Jobim (governador do RS), José Sarney e Ildo Meneguetti. .

O partido foi extinto pelo Ato Institucional Número 2 de 1965 e retornou a ativa na década de

1980, sendo em 2003 incorporado ao PTB.

Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) foi fundado por Getúlio Vargas em1945. A base

eleitoral do partido era formada por trabalhadores urbanos. O PTB tinha forte penetração

nos sindicatos. Seu principal ideólogo foi o gaúcho Alberto Pasqualini. Dois presidentes da

República foram do PTB: Getúlio Vargas (1951-1954), eleito democraticamente e João

Goulart (1961-1962), eleito como vice-presidente de Jânio Quadros (1960), com a renúncia

deste, assumiu a presidência. Jango também havia sido eleito vice de JK em 1955.

Ideologicamente o PTB aliava traços nacionalistas, positivistas e sociais democratas. Desde

sua fundação até 1964 era o partido brasileiro mais à esquerda da política nacional,

constantemente era acusado de comunista pelos adversários. Defendia a reforma urbana,

reforma agrária, reforma do ensino superior, o crescimento econômico e a Política Externa

Independente (PEI). As suas principais lideranças foram: Getúlio Vargas, João Goulart,

Alberto Pasqualini, Leonel Brizola, Sereno Chaise, Ernesto Dorneles, Itamar Franco e Pedro

Simon. Em 1981 o PTB foi refundado por Ivete Vargas, sobrinha de Getúlio.

Partido de Representação Popular (PRP) foi fundado por Plínio Salgado em 1945. Reunia

antigos membros da AIB (Ação Integralista Brasileira). Sua ideologia era de orientação

nacionalista de extrema direita. Apesar de sempre ter representantes no Congresso

Nacional tinha mais força nos Estados do Sul o Brasil. Em 1955, Plínio Salgado concorreu à

Presidência, na eleição vencida por Juscelino Kubitschek do PSD. O partido foi extinto em

1965 pelo Ato Institucional número 2 (AI-2). A maioria dos seus integrantes passou para a

ARENA (Aliança Renovadora Nacional).

União Democrática Nacional (UDN) foi fundada em 1945. Reunia antigos políticos de

oposição ao Governo Vargas. Partido de orientação conservadora de direita. Congregava

setores da burguesia e da classe média urbana. Seus integrantes eram representantes das

antigas oligarquias regionais que comandavam os Estados nos períodos anteriores

(coronéis). Era favorável ao capital estrangeiro e à iniciativa privada, sendo radicalmente

contrária à Reforma Agrária e a políticas populares. Defendiam a propriedade privada e o

grande latifúndio. Em 1961, fez parte do grupo que tentou impedir a posse de João Goulart.

A UDN apoiou a candidatura vitoriosa de Jânio Quadros à presidência. Apesar de ter

formado a base de apoio ao Golpe Militar de 1964, o partido foi extinto em 1965 pelo Ato

Institucional número 2 (AI-2) e seus integrantes passaram para a ARENA, partido de

sustentação da ditadura. As principais lideranças udenistas foram Aureliano Chaves, Carlos

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Lacerda, Abreu Sodré, Antônio Carlos Magalhães (ACM), Raul Pilla, Daniel Krieger,

Adhemar de Barros, José Sarney e Eduardo Gomes.

Partido Trabalhista Nacional (PTN) foi fundado por Romeu Campos Vidal em 1945. Reunia

dissidentes do PTB. O partido foi extinto em 1965 pelo Ato Institucional número 2 (AI-2). E

seus integrantes passaram para a ARENA e o MDB. Elegeu como presidente da República o

senhor Jânio Quadros (1961) que renunciou após 9 meses de mandato, assumindo em seu

lugar o vice João Goulart do PTB. O partido retornou em 1995 com o número 19.

Partido Socialista Brasileiro (PSB) foi fundado em 1947 por ocasião da II Convenção

Nacional da Esquerda Democrática. O PSB procurou situar-se entre o socialismo marxista e

a socialdemocracia, portanto, surgiu como uma alternativa ao PCB e ao PTB. Era anti-

getulista. Ideologicamente defendia transformação da estrutura da sociedade, incluída a

gradual e progressiva socialização dos meios de produção, que deveria se realizar dentro

das regras da luta democrática e liberal. Suas principais lideranças foram João Mangabeira,

Hermes Lima, Domingo Velasco, Rubem Braga, José Lins do Rego, Antônio Cândido, Sérgio

Buarque de Holanda. Na década de 1950, enfrentou forte crise que resultou na expulsão de

lideranças identificadas com Jânio Quadros.

Partido Social Progressista (PSP) foi fundado por Adhemar de Barros em 1946. Era

resultado da fusão do PRP (de Adhemar), PAN e PPS. Foi um partido muito forte em São

Paulo onde Adhemar de Barros elegeu-se governador. O partido foi extinto em 1965 pelo

Ato Institucional número 2 (AI-2). Seus integrantes passaram para a ARENA e o MDB. Teve

um presidente da República, o senhor Café Filho (1954-1955), que assumiu após a morte de

Getúlio Vargas. Em 1989, o candidato Marronzinho concorreu à presidência da República

pelo partido.

5. Partidos Políticos Durante o Bipartidarismo (1966-1979)

Após o Movimento Revolucionário de 1964, os partidos políticos foram novamente proibidos.

O Ato Institucional número 1 cassou os direitos civis de 100 pessoas, a maioria políticos, o

que enfraqueceu em demasia a composição dos partidos. Em 1966, com o lançamento do

AI-2, foi instituído o Bipartidarismo, onde a situação se organizou em torno da ARENA e a

oposição ingressou no MDB.

Aliança Libertadora Nacional (ARENA) foi fundada em 1966 como consequência do

Movimento Revolucionário de 1964. Reunia ex-integrantes da UDN, do PTN e do PSD. O

partido era formado por setores conservadores da sociedade brasileira. Sua orientação

ideológica era de extrema direita. A ARENA teve quatro presidentes militares do Brasil:

Costa e Silva (1967-1969), Emílio Garrastazu Médici (1969-1974), Ernesto Geisel (1974-

1979) e João Figueiredo (1979-1985). Durante o Governo Militar os presidentes eram eleitos

indiretamente. Principais lideranças arenistas foram Daniel Krieger (ex-UDN), Adhemar de

Barros (ex-PSP), Delfin Neto, Paulo Maluf, José Sarney (foi presidente do partido), Aureliano

Chaves, Pedro Aleixo, Nelson Marchesan, Marco Maciel, Jarbas Passarinho, Antônio Carlos

Magalhães (ACM), Fernando Collor de Mello, Jorge Bornhausen, Espiridião Amim, Jair

Soares e Roberto Campos. Com a abertura em 1979, o partido se dividiu em PDS (com o

número 11) e depois mudou de nome para PPB e depois para PP, como hoje é conhecido e

PFL (com o número 25) que depois mudou de nome para DEM.

Movimento Democrático Brasileiro (MDB) foi fundado em 1966 como consequência do

Movimento Revolucionário de 1964. Reunia ex-integrantes da PTB e de outros partidos

contrários ao Governo. O partido era formado por setores liberais da sociedade brasileira.

Porém, eram poucos os representantes das classes operárias, já que a maioria havia sido

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cassada ou presa. O MDB era o único partido autorizado a fazer oposição ao regime. As

principais lideranças do MDB foram Tancredo Neves, Ulysses Guimarães (ambos ex-PSD),

Mário Covas (ex-PST), Franco Montoro (ex-PDC), Fernando Henrique Cardoso, Pedro

Simon (ex-PTB), Itamar Franco e Márcio Moreira Alves (para muitos seu discurso quando

candidato ao governo da Guanabara em 1968, foi responsável pelo lançamento do AI-5). Em

1980, com a abertura política, o partido foi rebatizado de PMDB, com o número 15. Em

1988, após a Constituição, o partido se dividiu em PMDB e PSDB (este com o número 45).

6. Partidos Políticos Nascidos do Pluripartidarismo (após 1979)

Em 1979, após a Anistia, os partidos políticos foram autorizados a funcionar. Nasceu assim,

a maioria dos partidos que hoje estão em atividade. Muitos partidos mudaram o nome, cores

e bandeiras, porém seus números se mantêm os mesmos.

Partido Democrático Social (PDS) foi fundado em 1980. Sucedeu a ARENA. O PDS

manteve as alas arenistas mais conservadores e reacionárias, já que as alas mais liberais

fundaram o PFL. O Partido tinha número 11. Em 1995, o partido mudou para Partido

Progressista Brasileiro (PPB). Em 2003, mudou novamente de nome, desta vez para Partido

Progressista (PP). Principais lideranças do grupo são Paulo Maluf, José Otávio Germano,

João Dibb, Mônica Leal (filha de Pedro Américo Leal, líder da ARENA e do PDS no RS), Ana

Amélia Lemos, Mano Changes e Jair Soares.

Partido Democrata Trabalhista (PDT) o partido foi fundado por Leonel Brizola em 1980.

Congregando a grande maioria dos políticos do antigo PTB que retornavam do exílio. O PDT

adotou a mesma base ideológica da antiga sigla, sendo um defensor do trabalhismo.

Ideologicamente se aproxima do pensamento socialdemocrata. É contrário ao

neoliberalismo. Partido tem o número 12 e suas principais lideranças são Leonel Brizola,

Carlos Araújo, Vieira da Cunha, Cristóvão Buarque, José Fortunati, Marcello Alencar, Darcy

Ribeiro, Alceu Collares, Jaime Lerner (ex-governador do Paraná) e Paulinho da Força (Força

Sindical).

Partido dos Trabalhadores (PT) o partido foi fundado em 1980. Um dos mais importantes

partidos de esquerda da América Latina, o Partido dos Trabalhadores surgiu da luta sindical

e operária, quando lutava por uma maior participação popular na política. Ideologicamente é

identificado com partidos socialistas e socialdemocratas, porém critica a ambos por não

apresentarem alternativas para a superação do neoliberalismo, sua principal meta. Partido

tem número 13. Suas principais lideranças são Luís Inácio Lula da Silva (presidente do

Brasil 2003-2010), Dilma Rousseff, Tarso Genro, Aloizio Mercadante, Olívio Dutra, Raul

Pont, Paulo Paim, Ideli Sartori (SC), Eduardo Suplicy, Marta Suplicy, Vicentinho (CUT), José

Dirceu, Antônio Palocci e Marco Maia.

Partido Trabalhista Brasileiro (PTB) foi refundado por Ivete Vargas, sobrinha de Getúlio,

após uma briga judicial envolvendo ela e Leonel Brizola, pois ambos se diziam herdeiros do

partido. O Partido utiliza o número 14. Desde sua refundação, em 1980, o partido tem

demonstrado certa autonomia nos Estados, porém, impreterivelmente o partido está aliado

ao poder. O partido é rotulado como legenda de aluguel, pois abriga políticos (candidatos)

sem identificação ideológica com o partido. Principais lideranças do partido são Roberto

Jefferson, Sérgio Zambiazzi, Romeu Tuma, Epitáfio Cafeteira, Fernando Collor, Gim Argelo,

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César Busato, Cássia Carpes e Irandir Pietroski. Hoje o partido pouco tem em comum com

PTB anterior ao Governo Militar.

Partido do Movimento Democrático Brasileiro (PMDB) foi fundado em 1980 por

integrantes do MDB. Desde a abertura política é o partido brasileiro com o maior número de

filiados. Desde o fim do Governo Militar o partido comanda pelo menos uma das casas do

Congresso, em alguns momentos comandou as duas (Câmara e ou Senado).

Ideologicamente é um partido neoliberal. Defende a democracia e a livre iniciativa. É um

partido essencialmente burguês. O Partido usa o número 15. Suas principais lideranças são

Itamar Franco (presidente do Brasil 1992-1994), Ulysses Guimarães, Tancredo Neves, José

Sarney (presidente do Brasil 1986-1990), Michel Temer, Teotônio Vilela, Pedro Simon, José

Fogaça, Germano Rigotto, Nelson Azevedo Jobim, Roseana Sarney, Sérgio Cabral, Edison

Lobão, Hélio Costa, Renan Calheiros, Eliseu Padilha, Orestes Quércia e Ibsen Pinheiro.

Partido da Frente Liberal (PFL) foi fundado em 1985. O partido surgiu da ruptura que

ocorreu na ARENA, onde as alas mais liberais do partido optaram por não integrar o PDS.

Surgia, assim, a Frente Liberal. Se a ideologia do partido é conservadora, suas práticas

econômicas são neoliberais. O partido usa o número 25. Suas principais lideranças são

Marco Maciel, Onyx Lorenzoni, Antônio Carlos Magalhães (ACM), Roseana Sarney, Sílvio

Santos, João Lobo, João Alves Filho, Jaime Lerner, Carlos Chiarelli, César Maia, Afif

Domingos, Gilberto Kassab, ACM Neto e José Agripino Maia. Em 2007, o partido mudou de

nome para Democratas (DEM).

Partido Social Democrata Brasileiro (PSDB) foi fundado em 1988 por dissidentes do

PMDB. Defende a democracia, a descentralização administrativa, o crescimento econômico

sustentável e uma ampla reforma política que reforce os partidos políticos. Apesar de seu

nome, ideologicamente defende o neoliberalismo. O partido usa o número 45. Principais

lideranças do grupo são Fernando Henrique Cardoso (presidente do Brasil 1995-2002), José

Serra, Geraldo Alckmin, Aécio Neves, Yeda Crusius, Teotônio Vilela Filho, Franco Montoro,

Pimenta da Veiga, Eduardo Azeredo, José Richa, Artur da Távola, Arthur Virgílio, Afonso

Arinos, Renan Calheiros e Tasso Jereissati.

Partido Socialista Brasileiro (PSB) originalmente foi fundado em 1947, foi refundado em

1985. Resgatando o mesmo programa partidário de sua fundação. Representa uma

alternativa entre os partidos socialistas radicais e a socialdemocracia. Partido tem o número

45. Suas principais lideranças são Rubem Braga, Antônio Houaiss, Arthur Virgílio Neto, José

Bisol, Miguel Arraes, Luiza Erundina, Ciro Gomes, Patrícia Saboya, Anthony Garotinho

(2000-2003), Beto Albuquerque e Eduardo Campos.

Partido Popular Socialista (PPS) foi fundado em 1992 por dissidentes do PCB, que, após o

fim da Guerra Fria, buscavam criar uma terceira via política. Ideologicamente o partido se

aproxima de ideais socialdemocratas. O partido tem o número 23 e suas principais

lideranças são Roberto Freire, Rubens Bueno, Paulo Odone, Antônio Brito, Soninha

Francine, Lars Grael, Denise Brossard e Fernando Sant’Anna (presidente de honra).

Partido Socialismo e Liberdade (PSol) foi fundado em 2004 por ex-integrantes do Partido

dos Trabalhadores (PT) e de outros partidos de esquerda descontentes com a política

econômica de Lula. O PSol abriga diversas correntes ideológicas de esquerda ligadas ao

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movimento sindical, inclusive trotskistas e comunistas. Defende interesses ligados às

classes trabalhadoras (operários e camponeses). O partido utiliza o número 50 e suas

principais lideranças são Heloisa Helena, Babá, João Fontes, Roberto Robaina, Luciana

Genro, Ivan Valente, Fernanda Melchiona e Pedro Ruas.

Partido Comunista Brasileiro (PCB) foi fundado em 1922 e mantem a base ideológica

construída em sua fundação, porém tendo perdido muito de sua força ao longo dos últimos

anos, principalmente após a queda do socialismo soviético em 1990. Devido a divergências

internas, o partido foi dividido em PCB e PC do B. Partido utiliza o número 21. Principais

lideranças do grupo são Luís Carlos Prestes, Oscar Niemayer, Roberto Freire (depois

fundou o PPS), Ivan Pinheiro, Ziraldo, Horácio Macedo e Raimundo Jinkings.

Partido Comunista do Brasil (PC do B) foi fundado em 1922. Existiu por 60 anos na

clandestinidade devido à perseguição política. Com o fim do Governo Militar em 1985, voltou

a legalidade. É menos radical que o PCB. Ideologicamente, o PCdoB guia-se pela teoria

científica de Marx, Engels e Lênin e desenvolvida por outros revolucionários. Procura aplicá-

la criativamente à realidade do Brasil e desenvolvê-la sem cessar. Defende um Brasil

socialista, democrático e soberano. Partido usa o número 65. Suas principais lideranças são

Raul Carrion, Manuela D’Avila, Aldo Rebelo, Renato Rabelo, Netinho de Paula, Sandra Vital,

Orlando Silva, Inácio Arruda (CE) e Alice Portugal.

Partido Verde (PV) fundado em 1986 por ambientalistas. É considerado um partido de

centro. Defende o federalismo, o parlamentarismo, o ambientalismo e o desenvolvimento

sustentável. Historicamente defende a legalização do aborto e das drogas. Utiliza o número

43. Suas principais lideranças: Fernando Gabeira, Gilberto Gil, Alfredo Sirkis, José Sarney

Filho, Edson Pereira (RS) e José Luiz de França Penna.

Partido da República (PR) resultou da fusão entre o Partido Liberal (PL) e o Partido da

Reedificação da Ordem Nacional (PRONA). O partido adotou praticamente a mesma base

ideológica do PL. Assim, defende o liberalismo-social. É um partido de centro-direita. Utiliza

o número 22. Principais lideranças do grupo: Inocêncio Oliveira, Blairo Maggi (MT), Magno

Malta, Anthony Garotinho e Sérgio Vitor Temer.

Partido Republicano Brasileiro (PRB) foi fundado em 2003. Defende a cidadania, os

direitos humanos, direitos das mulheres e das crianças e adolescentes. O partido usa o

número 10. Partido com forte presenta de integrantes da Igreja Universal do Reino de Deus

(IURD). Principais lideranças: Marcelo Crivella (IURD), Leo Vivas, Waldir Canal (RS) e

Roberto Mangabeira Unger.

Partido da Reconstrução Nacional (PRN) foi fundado em 1985 com o nome de Partido da

Juventude (PJ), em 1989 foi renomeado para PRN, ano em que elegeu Fernando Collor de

Mello presidente do Brasil. Partido usa o número 36. Teve dois presidentes da república:

Fernando Collor de Mello (1990-1992) e Itamar Franco (1992-1994) que em 1992, após o

impeachment de Collor, transferiu-se para o PMDB. Hoje o partido chama-se Partido

Trabalhista Cristão (PTC).

Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado (PSTU) o partido foi fundado em 1994. É

o representante nacional da LIT-QI (Liga Internacional dos Trabalhadores – Quarta

10

Internacional) que fundou o partido por suas divergências com o Partido dos Trabalhadores

(PT). Ideologicamente é um partido socialista de extrema esquerda e identificado com os

ideais trotskistas e leninistas. Defende o Internacionalismo. Apesar de socialista, discorda do

socialismo stalinista da antiga URSS. Partido utiliza o número 16. Principais lideranças: José

Maria, Júlio Flores, Vera Guasso, Vanessa Portugal (MG) e Ciro Garcia (ex-PT, ex-dirigente

da CUT).

Partido da Causa Operária (PCO) foi fundado em 1997 por integrantes da corrente Causa

Operária do Partido dos Trabalhadores que foram expulsos do PT. Partido de extrema

esquerda. Considera o PSol e o PSTU partidos burgueses. Partido usa o número 29.

Principais lideranças: Rui Costa Pimenta (fundador e presidente), José Avelar (ES) e

Lourdes Sarmento (PB).

Partido da Reedificação da Ordem Nacional (PRONA) foi fundado por Enéias Carneiro

(1938-2007) em 1989. O partido tinha fortes traços fascistas e ultranacionalistas. Defendia o

patriotismo, o desenvolvimento de armas nucleares e a adoção de uniforme obrigatório em

escolas públicas. Enéias foi candidato à presidência do Brasil por três vezes (1989,1994 e

1998). Em 2002, foi eleito deputado federal por São Paulo alcançando a marca de 1,57

milhão de votos, um recorde. O partido utilizava o número 56. Fundiu-se com Partido Liberal

(PL) dando origem ao Partido da República (PR) com o número 22.

Existem ainda mais partidos, os de menor expressão são muitas vezes chamados de

Partidos Nanicos. Abaixo temos a tabela do TSE com os Partidos registrados:

0001 SIGLA NOME DEFERIMENTO PRESIDENTE NACIONAL Nº

1 PMDB PARTIDO DO MOVIMENTO

DEMOCRÁTICO BRASILEIRO

30.6.1981 MICHEL MIGUEL ELIAS TEMER

LULIA

15

2 PTB PARTIDO TRABALHISTA BRASILEIRO 3.11.1981 CRISTIANE BRASIL 14

3 PDT PARTIDO DEMOCRÁTICO

TRABALHISTA

10.11.1981 CARLOS LUPI 12

4 PT PARTIDO DOS TRABALHADORES 11.2.1982 RUI GOETHE DA COSTA FALCAO 13

5 DEM DEMOCRATAS 11.9.1986 JOSÉ AGRIPINO MAIA 25

6 PCdoB PARTIDO COMUNISTA DO BRASIL 23.6.1988 LUCIANA BARBOSA DE OLIVEIRA

SANTOS

65

7 PSB PARTIDO SOCIALISTA BRASILEIRO 1°.7.1988 CARLOS ROBERTO SIQUEIRA DE

BARROS

40

8 PSDB PARTIDO DA SOCIAL DEMOCRACIA

BRASILEIRA

24.8.1989 AÉCIO NEVES DA CUNHA 45

9 PTC PARTIDO TRABALHISTA CRISTÃO 22.2.1990 DANIEL S. TOURINHO 36

11

10 PSC PARTIDO SOCIAL CRISTÃO 29.3.1990 EVERALDO DIAS PEREIRA 20

11 PMN PARTIDO DA MOBILIZAÇÃO

NACIONAL

25.10.1990 TELMA RIBEIRO DOS SANTOS 33

12 PRP PARTIDO REPUBLICANO

PROGRESSISTA

29.10.1991 OVASCO ROMA ALTIMARI

RESENDE

44

13 PPS PARTIDO POPULAR SOCIALISTA 19.3.1992 ROBERTO FREIRE 23

14 PV PARTIDO VERDE 30.9.1993 JOSÉ LUIZ DE FRANÇA PENNA 43

15 PTdoB PARTIDO TRABALHISTA DO BRASIL 11.10.1994 LUIS HENRIQUE DE OLIVEIRA

RESENDE

70

16 PP PARTIDO PROGRESSISTA 16.11.1995 CIRO NOGUEIRA LIMA FILHO 11

17 PSTU PARTIDO SOCIALISTA DOS

TRABALHADORES UNIFICADO

19.12.1995 JOSÉ MARIA DE ALMEIDA 16

18 PCB PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO 9.5.1996 IVAN MARTINS PINHEIRO* 21

19 PRTB PARTIDO RENOVADOR

TRABALHISTA BRASILEIRO

18.2.1997 JOSÉ LEVY FIDELIX DA CRUZ 28

20 PHS PARTIDO HUMANISTA DA

SOLIDARIEDADE

20.3.1997 EDUARDO MACHADO E SILVA

RODRIGUES

31

21 PSDC PARTIDO SOCIAL DEMOCRATA

CRISTÃO

5.8.1997 JOSÉ MARIA EYMAEL 27

22 PCO PARTIDO DA CAUSA OPERÁRIA 30.9.1997 RUI COSTA PIMENTA 29

23 PTN PARTIDO TRABALHISTA NACIONAL 2.10.1997 JOSÉ MASCI DE ABREU 19

24 PSL PARTIDO SOCIAL LIBERAL 2.6.1998 LUCIANO CALDAS BIVAR 17

25 PRB PARTIDO REPUBLICANO BRASILEIRO 25.8.2005 MARCOS ANTONIO PEREIRA 10

26 PSOL PARTIDO SOCIALISMO E LIBERDADE 15.9.2005 RAIMUNDO LUIZ SILVA ARAÚJO 50

27 PR PARTIDO DA REPÚBLICA 19.12.2006 ALFREDO NASCIMENTO 22

28 PSD PARTIDO SOCIAL DEMOCRÁTICO 27.9.2011 GUILHERME CAMPOS JÚNIOR, no

exercício da presidência

55

29 PPL PARTIDO PÁTRIA LIVRE 4.10.2011 SÉRGIO RUBENS DE ARAÚJO

TORRES

54

30 PEN PARTIDO ECOLÓGICO NACIONAL 19.6.2012 ADILSON BARROSO OLIVEIRA 51

31 PROS PARTIDO REPUBLICANO DA ORDEM

SOCIAL

24.9.2013 EURÍPEDES G.DE MACEDO

JÚNIOR

90

12

32 SD SOLIDARIEDADE 24.9.2013 PAULO PEREIRA DA SILVA 77

33 NOVO PARTIDO NOVO 15.9.2015 JOÃO DIONÍSIO FILGUEIRA B.

AMOÊDO

30

34 REDE REDE SUSTENTABILIDADE 22.9.2015 GABRIELA BARBOSA BATISTA 18

35 PMB PARTIDO DA MULHER BRASILEIRA 29.9.2015 SUÊD HAIDAR NOGUEIRA

7. A Ideologia da Esquerda

Uma sociedade igualitária é um sonho?

Somos diferentes por natureza. A sociedade é formada por entes diferentes entre si. Como

fazer entes diferentes serem iguais ou terem tratamentos iguais?

Tratamento diferente não implica em privilégios ao mesmo tempo em que tratamentos iguais

podem ser privilegiadores.

Podemos sonhar com uma sociedade onde as diferenças entre pobres e ricos sejam

menores, mas torna-las inexistentes é uma utopia.

A ação das alas esquerdistas no Brasil não objetiva uma mudança gradual e constante em

direção a uma melhoria das condições de vida da população menos favorecida. O que

temos assistido é um bando de mercenários atuando em busca de beneficio próprio e de

recursos financeiros para poder se manter no poder e continuar a usufruir de riqueza obtida

através do desvio de recursos públicos que deveriam ser aplicados em benefício da

população em geral. Nunca assistimos em nossa história casos de corrupção e desvio de

dinheiro público como temos visto após o fim do governo do Movimento Revolucionário de

1964.

Podemos contar a dedo os projetos idealizados e concretizados pelos diversos governos pós

Revolução objetivando um planejamento estratégico para inserção do nosso país no rol de

nações desenvolvidas.

Nossas estradas estão em condições precárias, nossas ferrovias sucateadas, nossos portos

são uma vergonha e nossos aeroportos não funcionam a contento. Precisamos de energia

para crescer e o que tem sido feito? Vamos continuar com hidrelétricas? Vamos partir para

energia alternativa e renovável? Vamos ir fundo no pré-sal? Talvez construir mais usinas

nucleares? Faltam definição e ação governamental.

A visão ideológica do mercado internacional é outro entrave ao nosso desenvolvimento,

pois os governos de esquerda sempre se negaram a assinar acordos de livre comércio com

os Estados Unidos da América e com a União Europeia. A China (Comunista) não tem esta

visão equivocada e tem no mercado norte-americano a sua principal fonte de divisas. Assim

ficamos à margem do comércio internacional fazendo transações sul-sul e obtendo um

crescimento econômico pífio quando não um sistema recessivo.

A população brasileira tem um crescimento vegetativo. É preciso oferecer a cada ano

assistência pré-natal, a puericultura, a creche, a pré-escola, o ensino fundamental e o ensino

médio. A alimentação escolar é deficitária pois os valores repassados são insuficientes para

cobrir os custos de uma alimentação saudável: atualmente, o valor repassado pela União a

estados e municípios por dia letivo para cada aluno é definido de acordo com a etapa e

modalidade de ensino, ou seja: Creches: R$ 1,00; Pré-escola: R$ 0,50; Escolas indígenas e

quilombolas: R$ 0,60; Ensino fundamental, médio e educação de jovens e adultos: R$ 0,30;

13

Ensino integral: R$ 1,00; Alunos do Programa Mais Educação: R$ 0,90 e Alunos que

frequentam o Atendimento Educacional Especializado no contra turno: R$ 0,50. Imagine o

malabarismo necessário para que o administrador estadual e municipal possa oferecer algo

digno de ser chamada merenda escolar com estes valores. Em contra partida os presos de

São Paulo possuem uma grade de alimentação com os custos baseados na tabela abaixo:

Qdt. Comensais

Desjejum Almoço Lanche Da

Tarde Jantar

Até 499 2,06 8,23 2,06 8,23

Até 999 2,02 7,86 2,02 7,86

Até 2999 2,02 7,81 2,02 7,81

Acima de 3000 1,99 7,55 1,99 7,55

Os jovens precisam ser profissionalizados, pois é urgente deixarmos a cultura da

necessidade de diploma superior para ter sucesso profissional. É urgente a valorização do

técnico. Se todos forem “doutores” não haverá vagas para todos da mesma maneira.

A população urbana cresce e é urgente a necessidade de transporte de massa. Não se pode

assistir imune ao crescimento desenfreado da frota de carros particulares devido à

necessidade da maioria de se locomover para trabalhar e não contar com uma rede de

trens, metrôs, ônibus, monorails e outros meios de locomoção. O que tem sido feito pelos

atuais governos? Basta restringir o uso do carro particular?

A violência urbana e a criminalidade existem. O que fazer? Colocar a polícia na rua com

uma letalidade comparável com uma guerra civil ou planejar ação governamental integrada

(Federal-Estadual-Municipal) para ir à origem do problema: a pobreza e a falta de

oportunidades que assola grande parcela da população? Devemos construir mais escolas ou

mais presídios? Porque os bandidos matam? Eles matam porque conhecem a legislação

penal e sabem que qualquer que seja a pena ela não poderá passar de 30 anos e se ele

cumprir bonitinho 1/6 (um sexto) da pena ele será colocado em liberdade! Será que a

esquerda tem medo de processar e prender os bandidos? Não tem o interesse de reformar

a legislação penal fazendo com que o criminoso pague integralmente pelo crime que

cometeu? A impunidade é a maior incentivadora do crime. Se não há punição o crime passa

a compensar! A maioria dos países desenvolvidos já pune os menores a partir dos 15

(quinze) anos de idade, pois, modernamente, os adolescentes são muito bem informados e

possuem conhecimento e discernimento suficiente para distinguir ações honestas de

desonestas. Nosso Estatuto do Desarmamento desarmou a população, mas manteve os

bandidos armados. Não houve ação ativa para buscar e apreender e destruir as armas dos

bandidos. Eles agem com a certeza de que as pessoas do bem estarão desarmadas e não

poderão reagir!

A estrutura administrativa, principalmente no governo do PT, foi deteriorada a tal ponto do

Governo Federal chegar a ter 39 ministérios para acomodar aliados políticos. Com a crise

moral, política e econômica a Presidente fez uma minirreforma ministerial, mas não extinguiu

nenhum cargo. Acomodou todo mundo em outras secretarias e com outros cargos.

Continuou com a mesma sobrecarga de pessoal e com a política de cessão de cargos e

funções públicas em troca de apoio legislativo, tendo em vista o risco que corre de sofrer

uma ação de Impeachment pelo Congresso Nacional.

Dentro dos Ministérios não é possível levantar um tapete, pois toda vez que um deles é

levantado tem sujeira pesada sob ele. O mais atual é a ação de máfias dentro do IBAMA e

do extinto Ministério da Pesca.

14

A crise ética da esquerda está num nível tal que será difícil a sua sustentação no poder por

mais tempo. O Ex-Presidente Lula chegou a justificar as irregularidades chamadas

pedaladas fiscais alegando que foram executadas para custear programas sociais (será

que os fins justificam os meios? Vamos passar a usar a usar a política de Machiavel?). A

Presidente, em seu discurso, falou que não existe no Brasil pessoa com reputação ilibada

para julgar o seu mandato! Será que somos todos ladrões? Será que ela não vê a

roubalheira geral que existe em seu governo? Será que ela não se sente responsável, pois,

de acordo com nosso presidencialismo, ela é responsável por todas as nomeações do seu

Gabinete! Se os fatos tivessem acontecido no Japão alguém já teria cometido haraquiri. Se

tivesse acontecido na China muita gente já teria sido executada. Mas aqui a impunidade

reina!

8. Considerações finais

O Regime democrático pressupõe a alternância de poder. A reeleição, em princípio, vai

contra este princípio, pois o mandatário, estando no Poder, tem vantagens na disputa que

seus oponentes nunca terão. Nosso sistema poderia mudar para apenas um mandato a fim

de facilitar a alternância dos partidos no Governo. A função política, por ser voluntária e

temporária, não pode ser encarada como uma profissão passível de direitos como a

aposentadoria. O político deveria receber, ao fim de seu mandato, uma certidão de tempo de

serviço para os devidos fins legais.

A esquerda no poder deve encarar o mercado internacional sem viés ideológico. Precisamos

vender para os mercados que demandam os nossos produtos. Acordos de livre comércio

são essenciais hoje em dia, pois quase não existem acordos bilaterais e os acordos entre

blocos econômicos são mais vantajosos e mais amplos. Divisas econômicas não possuem

ideologia e são necessárias ao desenvolvimento do país.

A Educação é a base do desenvolvimento de qualquer país. A Coreia do Sul é o exemplo de

um país que ressurgiu da guerra e transformou-se em uma potência industrial cuidando

prioritariamente da educação de seus jovens. Foi um Planejamento de longo prazo

executado governo após governo independentemente de seu posicionamento ideológico. Os

investimentos em educação são como sementes lançadas ao solo: demandam a

germinação, o crescimento e a maturação para a colheita de frutos. Não podemos ficar

preocupados em ensinar ideologias políticas nas escolas. Temos que formar pessoas para

ocupar os postos chaves do nosso país, pessoas capacitadas e de mente aberta que

possam pavimentar os caminhos para as outras gerações que virão logo atrás.

Precisamos de reformas profundas e urgentes na nossa legislação em geral que atravanca

as iniciativas produtivas, dificulta a participação estrangeira, propicia a impunidade e facilita

a perpetuação de grupos específicos no poder.

A visão míope que a esquerda tem do nosso país tem tido como consequência um atraso

econômico-financeiro que demandará algumas décadas para ser tirado, desde que, a partir

de uma tomada de consciência rápida e urgente, seja mudado o rumo das decisões que vem

sendo tomada nas três esferas de poder.