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14/08/22 1 Emergência do Capitalismo Informacional Global

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Aula da prof. Rosaly Brito ao curso de comunicação social na Universidade Federal do pará. Disciplina teorias da cultura e do contemporâneo

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Emergência do Capitalismo Informacional Global

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Último quartel do século XX – emerge economia em escala mundial, informacional e global. Base material é dada pela Revolução da Tecnologia Informacional.

É informacional porque:

A produtividade e a competitividade de unidades ou agentes dependem basicamente de sua capacidade de gerar, processar e aplicar de forma eficiente a informação.

É global porque:

As principais atividades produtivas, o consumo e a circulação, assim como seus componentes (capital, trabalho, matéria-prima, tecnologia, mercados etc) estão organizados em escala global.

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Crescimento da Produtividade em Escala Mundial

Fim do séc. XIX até Segunda Guerra – crescimento moderado e constante, com algumas baixas (período de formação da economia industrial);

1950-1973 - aceleração substancial do crescimento da produtividade (período maduro do industrialismo);

1973-1993 – desaceleração do crescimento das taxas de produtividade. Coincide com o declínio do industrialismo.

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Relação do industrialismo com o informacionalismo

 Embora distinta de economia industrial, a economia informacional-global não se opõe a ela. Pelo contrário, a abrange mediante o aprofundamento tecnológico, que leva à incorporação de conhecimentos e informação em todas as etapas do processo de produção e distribuição, com base em um avanço gigantesco em alcance e escopo da esfera de circulação.

Ou seja, ou a economia industrial tornava-se informacional e global ou teria sucumbido.

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O que mudou, portanto, não foi o tipo de atividades em que a humanidade está envolvida, mas a possibilidade de utilizar, como força produtiva direta, sua capacidade superior de processar símbolos (singularidade biológica humana).

A economia mundial existe no Ocidente, no mínimo, desde o século XVI. Mas uma economia global é diferente: baseia-se na capacidade de funcionar como uma unidade em tempo real, em escala planetária.

Nestes termos, é somente no final do século XX que a economia mundial conseguiu tornar-se verdadeiramente global com base na nova infra-estrutura propiciada pelas tecnologias de informação e comunicação.

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Como funciona a economia informacional global?

A partir dos anos 80, a lógica capitalista desloca sua ênfase do aumento de produtividade para o aumento da lucratividade e competitividade.

Para abrir novos mercados, conectando os segmentos de mercado de cada país a uma rede global, o capital necessitou de uma extrema mobilidade, e as empresas precisaram de uma capacidade de informação muitas vezes maior.

A extrema interação entre a desregulamentação dos mercados e as novas tecnologias da informação propiciou as condições para a reestruturação econômica.

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Os primeiros e mais diretos beneficiários dessa reestruturação foram os próprios atores da transformação econômica e tecnológica: empresas de alta tecnologia e conglomerados financeiros.

Possibilitada pelas novas tecnologias da informação, a integração global dos mercados financeiros desde o início da década de 80 teve um enorme impacto na dissociação crescente entre o fluxo de capital e as economias nacionais.

O melhor exemplo é o movimento dos mercados financeiros integrados globalmente, funcionando em tempo real pela primeira vez na história. O capital é gerenciado 24 horas por dia.

Houve um crescimento fenomenal dos fluxos financeiros internacionais nas principais economias de mercado: sua participação no PIB cresceu cerca de 10 vezes entre 1980-92.

 

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Percentual do PIB sobre operações internacionais

em ações e obrigaçõesEm 1980, não ultrapassava 10% em nenhum país importante;Em 1992, variava entre 72,2% do PIB (Japão), 109,3% (EUA) e 122,2% (França).

Ao atingir a escala global, as empresas capitalistas como um todo aumentaram substancialmente sua lucratividade na última década (anos 90), recuperando as precondições para investimento de que a economia capitalista depende;

Década de 80: maciços investimentos tecnológicos na infra-estrutura de comunicações/informação, que possibilitaram os movimentos de desregulamentação e de globalização do capital.

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As empresas diretamente envolvidas com a mudança do padrão tecnológico – microeletrônica, microcomputadores, telecomunicações e empresas financeiras – tiveram um enorme crescimento de produtividade e lucratividade.

“Somos cada vez mais moldados, mesmo sem o sentir ou saber, pelos arranjos capitalistas dos sistemas de informação. Estes nos parecem

naturais ou espontâneos e não o resultado de construções históricas sociais e concretas”

(Marcos Dantas in A lógica do capital informação).

Ao redor desse núcleo de novas empresas capitalistas dinâmicas globais e de redes auxiliares, sucessivas camadas de empresas e setores foram integrados ao novo sistema tecnológico ou gradualmente eliminados.

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A Rede Global da Economia

Com o advento da economia informacional global, o processo produtivo se altera radicalmente, e também o gerenciamento da produção e distribuição.

PRODUÇÃO FLEXÍVEL

Processo produtivo que incorpora componentes produzidos em vários locais diferentes, por diferentes empresas, e montados para atingir finalidades e mercados específicos. A produção é em grande volume, mas flexível e sob encomenda.

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Dependência das tecnologias informacionais

Para conseguir montar peças produzidas em fontes muito diferentes é necessário, antes de tudo, contar com uma qualidade de precisão no processo de fabricação que só a microeletrônica pode oferecer, de modo que as peças sejam compatíveis nos mínimos detalhes da especificação.

Com a flexibilidade possibilitada pelo computador, a fábrica pode programar o escoamento da produção de acordo com o volume e as características personalizadas de cada pedido.

O controle dos estoques também estará na dependência destas tecnologias, que permitem ajustar a procura e a oferta online.

 

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“ Uma nova economia surgiu em escala global nas últimas duas

décadas (...) É informacional porque a produtividade e a

competitividade de unidades ou agentes nesta economia (sejam

empresas, regiões ou nações) dependem basicamente de sua

capacidade de gerar, processar e aplicar de forma eficiente a

informação baseada em conhecimento (...) É informacional e global

porque, sob novas condições históricas, a produtividade é gerada e a

concorrência é feita em uma rede global de interação (...) A Revolução

da Tecnologia da Informação fornece a base material indispensável

para esta nova economia”

Manuel Castells – A Sociedade em Rede

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1ª Revolução das Comunicações (Primeira Metade do século XIX)

•Desde últimas décadas do século XVIII

•Transmissão elétrica, via cabo, de sinais codificados;

•Telégrafo elétrico – 1840;

•Primeira Revolução Industrial: desde últimas décadas do século XVIII, caracterizada por tecnologias como a máquina a vapor, a fiadeira e, de forma mais geral, a substituição das ferramentas manuais pelas máquinas;

• O aumento do consumo per capita e da qualidade de vida foram pequenos. Mas houve drásticas mudanças no cenário da produção, preparando o caminho para o desenvolvimento verificado na segunda metade do século XIX, quando o progresso tecnológico se expandiu e penetrou em indústrias não afetadas anteriormente.

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2ª Revolução das Comunicações (fim do século XIX- início do XX)

• Telefonia, radiotelegrafia, radiodifusão, fotografia, cinematografia;

• Surgem grandes conglomerados como General Eletric, AT&T, Westinghouse, Ericson, IBM, NBC (1926), difusão nacional de programas de rádio, CBS (2ª rede nacional americana);

• Em 1933 surge a FCC (Comissão Federal de Comunicações), órgão regulamentador da comunicação de massa americana;

• Cinema e rádio fomentam indústria tecnologicamente sofisticada de bens de capital e formam hábitos de consumo indispensáveis à expansão da produção capitalista;

• No cenário mais geral, até o pós-guerra, a imagem-símbolo do capitalismo era a fábrica esfumaçada e o operário chapliniano (Tempos Modernos).

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Segunda Revolução Industrial: destaca-se pelo desenvolvimento da eletricidade, do motor de combustão interna, de produtos químicos com base científica, da fundição eficiente do aço e pelo desenvolvimento das tecnologias da comunicação, com a difusão do telégrafo e a invenção do telefone;

Eletricidade: força central desta fase, pois permitiu aos outros campos – como o telégrafo e a telefonia – desenvolverem suas aplicações e se conectarem entre si. Ex: telégrafo elétrico, datado de 1840, só pôde desenvolver-se em uma rede de comunicação a partir da difusão da eletricidade;

Uso difundido da eletricidade a partir de 1870 mudou os transportes, telégrafo, iluminação e o trabalho nas fábricas mediante a difusão da energia na forma de motores elétricos.

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Há continuidades e também rupturas fundamentais entre as duas fases. A principal ruptura é a importância decisiva dos conhecimentos científicos para sustentar e guiar o desenvolvimento tecnológico após 1850;

Aspecto fundamental: ao mesmo tempo que revolucionaram a base material das sociedades humanas, as tecnologias não penetraram homogeneamente nos diversos países;

As duas revoluções possibilitaram a ascensão da hegemonia do Ocidente, limitando-se de fato à Inglaterra e alguns países da Europa Ocidental, bem como à América do Norte e Austrália, criando uma superioridade tecnológica destes países que mudou o cenário da História a partir daí.

A China, por exemplo, que detinha uma cultura muito superior durante a maior parte da história pré-renascentista, ficou para trás, assim como a civilização muçulmana e, em geral, a África e a Ásia, que se mantiveram organizadas em centros políticos e culturais autônomos.

Continuidades e rupturas

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3ª Revolução das Comunicações (segunda metade do século XX)

Televisão revoluciona o cenário das comunicações, oferecendo contornos mais precisos à sociedade e cultura de massas;

Pós-guerra: surgem o primeiro computador programável e o transistor, base da microeletrônica e o cerne da Revolução da Tecnologia da Informação. Mas somente a partir da década de 70 as tecnologias difundiram-se amplamente , acelerando seu desenvolvimento sinérgico e convergindo em um novo paradigma;

a)       MICROELETRÔNICA 1947 – Invenção do transistor pelos físicos Bardeen, Brattais e

Shockley (ganhadores do Prêmio Nobel), na empresa americana Bell Laboratories – processamento de impulsos elétricos em velocidade rápida e em modo binário de interrupção e amplificação, permitindo comunicação entre máquinas. Resultam no CHIP (hoje constituído por milhões de transistores);

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1954 – Pela primeira vez são fabricados chips em silício (evento revolucionário).

1957 – Invenção do circuito integrado, passo decisivo da microeletrônica. Dá-se uma explosão tecnológica. Entre 1959 e 1962 os preços dos chips caíram 85% e nos dez anos seguintes a produção aumentou vinte vezes, sendo que 50% dela foram destinadas a fins militares;

1971 – invenção do microprocessador (computador em um único chip) pelo engenheiro da Intel, Ted Hoff (no Vale do Silício, norte da Califórnia). Provoca o avanço gigantesco na difusão da tecnologia em todas as máquinas.

Exemplo do avanço rápido: em 1971 cabiam 2.300 transistores em um chip do tamanho de uma unha; em 1993, cabiam 35 milhões. Em 1999, os microprocessadores eram 550 vezes mais rápidos que o primeiro chip da Intel, em 1972. A microeletrônica foi uma revolução dentro da revolução.

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1946 – Primeiro computador, o ENIAC. Pesava 30 toneladas, com 2,75 m de altura, ocupava um ginásio esportivo;

1975 – Criação de uma caixa de microprocessador que foi a base para o design do Apple I e Apple II, este último o primeiro de sucesso comercial. Lançada em 1976 com três sócios e um capital de U$ 91 mil, a Apple Computers alcançou em 1982 a marca de U$ 583 milhões em vendas, anunciando a difusão em massa do computador.Meados dos anos 70 - surge o software para PCs, através de dois jovens desistentes de Harvard, Bill Gates e Paul Allen, que fundaram a Microsoft;

1981: a IBM lança o PC (Computador Pessoal), que acabou se tornando o nome genérico dos microcomputadores.

b) COMPUTADORES

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c) TELECOMUNICAÇÕES 1969 – A Bell Laboratories produz industrialmente o primeiro

comutador eletrônico (tecnologia dos “nós”, roteadores e comutadores eletrônicos).

Meados dos anos 70 – Surgem os comutadores digitais, aumentando a velocidade, potência e flexibilidade com economia de espaço, energia e trabalho, em comparação com os dispositivos analógicos.

Avanços importantes da optoeletrônica (transmissão por fibra ótica e laser) e a tecnologia de transmissão por pacotes digitais promoveram um aumento surpreendente da capacidade das linhas de transmissão. Em 1956 os primeiros cabos telefônicos transatlânticos podiam transportar 50 circuitos de voz compactada; em 1995, os cabos de fibra ótica transportavam 85 mil destes circuitos.

ATM (modo de transmissão assíncrono) + TCP/IP (Protocolo de Controle de Transmissão/Protocolo de Interconexão): base das infovias dos anos 90. Formas diferentes de espectro de radiodifusão, somadas aos cabos coaxiais e fibras óticas, oferecem grande diversidade e versatilidade nas tecnologias de transmissão.

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O paradigma da tecnologia da informação

1 São tecnologias para agir sobre a informação, não apenas informação para agir sobre a tecnologia, como foi o caso das revoluções tecnológicas anteriores;

2 Penetrabilidade dos efeitos das novas tecnologias: todos os processos de nossa existência individual e coletiva são diretamente moldados (embora certamente não determinados) pelo novo meio tecnológico;

3 A lógica das redes passa a imperar em qualquer sistema

ou conjunto de relações, adaptando-se à crescente complexidade de interação e aos modelos imprevisíveis do desenvolvimento derivado do poder criativo dessa interação;

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4 O paradigma da informação é baseado na flexibilidade. Não apenas os processos são reversíveis, mas organizações e instituições podem ser modificadas pela reorganização de seus componentes. O novo paradigma distingue-se pela sua capacidade de reconfiguração, um aspecto decisivo em uma sociedade caracterizada pela constante mudança e fluidez organizacional;

5 Crescente convergência de tecnologias específicas para um sistema altamente integrado, no qual trajetórias tecnológicas antigas tornam-se impossíveis de se distinguir em separado. A microeletrônica, as telecomunicações, a optoeletrônica e os computadores são todos integrados nos sistemas de informação.