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Ciência: da filosofia Ciência: da filosofia à à publica publica ç ç ão ão Aula 1 – Cultura, Filosofia e Ciência

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Ciência

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Ciência: da filosofia Ciência: da filosofia àà publicapublicaççãoão

Aula 1 – Cultura, Filosofia e Ciência

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Filosofando a ciênciaFilosofando a ciência

A ciência como uma manifestação do

comportamento humano

O homem dedica-se a ciência porque ela faz parte do comportamento humano.

Esse comportamento pode ser dividido em:

•“genético” propiciado pela evolução biológica, e

•“cultural” evoluído a partir da linguagem e transmissão de conhecimento.

A busca pela ciência não é necessariamente é uma

manifestação cultural, mas a cultura é certamente

responsável pela realização da ciência.

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Filosofando a ciênciaFilosofando a ciência

As diversas manifestações culturais humanas

A ciência é uma manifestação da cultura humana juntamente com a arte, religião, moral e filosofia.Somam-se a essas os conhecimentos do cotidiano transmitidos culturalmente conhecidos como senso

comum.A moral e o senso comum refere-se ao lado prático do ser humano e, portanto distanciam-se das demais, pois não buscam concepções ou essência da realidade.A ciência e filosofia têm muito em comum, pois ambas buscam o conhecimento de maneira racional, No entanto, a ciência preocupa-se com parcelas da realidade e a filosofia com o todo.

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Filosofando a ciênciaFilosofando a ciência

As diversas manifestações culturais humanas (cont.)

Filosofia, arte e religião têm muito em comum, pois procuram dar uma interpretação da realidade e forjar uma concepção do universo, Porém diferem em como buscar essa concepção. A arte e religião são subjetivas e não requerem explicações ou demonstrações racionais.A filosofia é então uma manifestação integradora e racional da cultura humana e

Tem papel decisivo na formulação de concepções e conceitos que norteiam a realização de diversas manifestações, principalmente na ciência.

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Filosofando a ciênciaFilosofando a ciência

Natureza humana

Comportamento genético Comportamento cultural

Moral

Arte

Religião

Filosofia

Ciência

Senso comum

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Filosofando a ciênciaFilosofando a ciência

Senso comum

Moral

Ciência Filosofia

Arte

Religião

Praticidade

Raciocínio lógico

Concepção do universo

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Filosofando a ciênciaFilosofando a ciência

A filosofia a sua importância para a ciência

A filosofia é a essência do conhecimento e resume-se em usar conscientemente o pensamento de maneira lógica e objetiva para entender tudo o que nos cerca. Tem duas características básicas: 1º orienta-se para a totalidade dos objetos e 2º tem caráter racional e cognitivo desta orientação.

Define-se a filosofia como: uma tentativa do espírito humano para chegar a uma concepção do universo por meio da auto-reflexão sobre as suas funções de valor teóricas e práticas.

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Filosofando a ciênciaFilosofando a ciência

A filosofia a sua importância para a ciência

A filosofia aparece como uma matéria obsoleta para grande parte dos cientistas.Em geral a consideram limitada para a compreensão da realidade se comparada com a ciência moderna, que tem métodos sofisticados de percepção.A filosofia, no entanto é de fundamental importância ao cientista, pois é através dela que se faz a reflexão do “por que” fazer ciência, “para que” fazer ciência, “para quem” fazer ciência e “até onde” a ciência pode ir.

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Filosofando a ciênciaFilosofando a ciência

A filosofia a suas divisões

A filosofia, por seu caráter holístico busca reflexão sobre todos os aspectos da cultura humana, Assim temos três grandes áreas da filosofia que englobam:os valores (ética, estética e religião), a ciência (teoria do conhecimento e lógica) e a concepção do universo.

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Filosofando a ciênciaFilosofando a ciência

Teoria do conhecimento

A teoria do conhecimento ajuda os cientistas na reflexão aprofundada sobre o verdadeiro papel da ciência e de como poderemos chegar mais próximos da “verdade”.É também chamada de Filosofia Fundamental

Discutiremos a seguir questões sobre:a possibilidade de chegarmos a verdade, a necessidade da razão ou experiência para chegarmos a verdade e finalmente a essência da verdade (ou conhecimento).

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Ciência: da filosofia Ciência: da filosofia àà publicapublicaççãoão

Aula 2 – Classificações do conhecimento

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Teoria do conhecimento Teoria do conhecimento

Quanto à possibilidade do conhecimento: podemos realmente descobrir a verdade?

Dogmatismo: Não há duvidas de que a verdade está ao nosso alcance.

Não visualiza uma relação entre sujeito e objeto e, portanto não há problema em obter o conhecimento.

Posição de confiança total na razão humana.

Ceticismo: Não podemos descobrir a verdade.

Não existe juízo nem conhecimento verdadeiro.

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Teoria do conhecimento Teoria do conhecimento

Quanto à possibilidade do conhecimento (cont.)

Subjetivismo: A verdade é limitada ao sujeito que conhece e julga (subjetiva).

Não existem verdades universais.

Relativismo: A verdade é relativa, depende de fatores externos (o meio, a época, a influência da cultura etc..).

Não existem verdades universais.

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Teoria do conhecimento Teoria do conhecimento

Quanto à possibilidade do conhecimento (cont.)

Pragmatismo: Parte do conceito do ser humano como um ser prático, que tem a inteligência a serviço de sua vontade.

Nessa linha, o verdadeiro é o útil, valioso, prazeroso, fomentador da vida.

Criticismo: É possível chegarmos a verdade, porém analisando, desconfiando e criticando tudo.

Não aceita despreocupadamente as coisas, embora tenha uma posição positiva em relação ao conhecimento.

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Teoria do conhecimento Teoria do conhecimento

Quanto à origem do conhecimento: a verdade pode ser descoberta a partir da razão ou a partir da indução (evidencia)?

Racionalismo: A verdade só existe quando élogicamente necessária e universalmente válida.

Não existem verdades parciais ou construídas a partir da indução.

É a base das ciências derivadas da matemática e física.

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Teoria do conhecimento Teoria do conhecimento

Quanto à origem do conhecimento (cont.)

Empiricismo: A verdade só pode ser obtida a partir da experiência (observação).

Constrói-se a verdade acumulando-se experiências (método indutivo).

É a base das ciências naturais.

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Teoria do conhecimento Teoria do conhecimento

Quanto à origem do conhecimento (cont.)

Intelectualismo: Podemos chegar a essência universal das coisas, mas para isso temos que passar pela experiência para chegar a ela.

Considera a verdade como o núcleo de um cristal escuro.

Quando o iluminamos (experiência) conseguimos ver sua essência.

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Teoria do conhecimento Teoria do conhecimento

Quanto à origem do conhecimento (cont.)

Apriorismo: Existem verdades universais apenas como conceitos (idéias).

A verdade tem que ser construída com a experiência.

Exemplo: considerando a verdade como um copo cheio de água, o apriorista considera que temos o conceito ou forma (copo).

Depois de preenchido com a experiência (água) forma a verdade.

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Teoria do conhecimento Teoria do conhecimento

Quanto à essência do conhecimento: Onde

reside o conhecimento (sujeito, objeto, absoluto,

Deus)?

Soluções pré-metafísicas: Não diz respeito à origem do sujeito e do objeto.

Objetivismo: O objeto tem uma estrutura totalmente definida, a qual é reconstruída pela consciência do sujeito.

Subjetivismo: Conhecimento centrado no sujeito. A verdade está contida no mundo das idéias.

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Teoria do conhecimento Teoria do conhecimento

Quanto à essência do conhecimento (cont.)

Soluções metafísicas: Discute-se de maneira lógica e racional a origem ou essência do sujeito e objeto.

Realismo: Existem coisas reais, independentes da consciência. É dividido em:

Realismo Ingênuo que os objetos são tal qual percebemos,

Realismo Natural que distingue o objeto e seu conteúdo (o objeto é real, mas suas propriedades são discutíveis) e

Realismo Crítico que igualmente admite a existência dos objetos, mas que suas propriedades (cor, cheiro, etc..) só existem em nossa consciência.

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Teoria do conhecimento Teoria do conhecimento

Quanto à essência do conhecimento (cont.)

Soluções metafísicas:

Idealismo: Não existem coisas reais, independentes da consciência. Divide-se em:

Idealismo Psicológico que considera que toda a realidade está na consciência do sujeito e

Idealismo Lógico ou Objetivo que considera que o objeto é um produto do pensamento lógico.

Fenomenalismo: Existem coisas reais, porém não podemos conhecer sua essência.

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Teoria do conhecimento Teoria do conhecimento

Quanto à essência do conhecimento (cont.)

Soluções teológicas: Parte-se do absoluto para definir objeto e ser.

Monista e panteísta: Há uma unidade de tudo (sujeito, objeto, pensamento, ser consciência, coisas).

Sujeito e objeto são dois aspectos da mesma realidade.

Nesse caso inexiste o problema do conhecimento pois sujeito e objeto estão relacionados em sua origem.

Isso é proposto por diversas correntes de pensamento religioso orientais.

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Teoria do conhecimento Teoria do conhecimento

Quanto à essência do conhecimento (cont.)

Soluções teológicas: Parte-se do absoluto para definir objeto e ser.

Dualista e teísta: O ideal e a realidade, pensamento e ser coexistem em harmonia pois são coordenados por uma divindade que garante a ordem e coerência de tudo (cristianismo e demais filosofias religiosas teístas).

Assim como a anterior elimina a necessidade da análise do conhecimento e da verdade do ponto de vista lógico.

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Teoria do conhecimento Teoria do conhecimento

O conceito de verdade

A verdade significa a concordância do pensamento consigo mesmo.

Esse conceito completa-se com a utilização de dois critérios:

Critério idealista (utilizado pelas ciências formais, por exemplo, matemática): ausência de contradição.

Critério realista (utilizado pelas ciências naturais): presença de uma evidência.

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Ciência: da filosofia Ciência: da filosofia àà publicapublicaççãoão

Aula 3 – Buscas da ciência

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Buscas cientBuscas cientííficasficas

As buscas da ciência

Construção da verdade.Ampliação do conhecimento.Busca de ordem ou padrões na natureza ou em conceitos abstratos.Criação de uma concepção do universo.

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Buscas cientBuscas cientííficasficas

Diferenças entre ciência e senso comum

Senso comum é o conhecimento usado no dia-a-dia de qualquer pessoa, Usado para interpretar e organizar mentalmente o mundo a sua volta.

Ciência é o conhecimento adquirido de forma sistemática, metódica e crítica de forma a torná-lo mais universal e demonstrável. É a universalização do senso comum através da racionalidade e do método.

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Senso comumSenso comum

Linguagem vaga: A descrição é pouco específica e, portanto pouco sujeita a crítica, verificações e reprodução dos resultados.

Ausência de contradições e sistematização de conhecimento. Coerência lógica com os enunciados, teorias e leis existentes.

Sem indagações sobre o significado mais profundo das coisas e sem planejamento (é adquirida na medida em que é necessário).

Subjetividade: geralmente é pouco demonstrável e, portanto muito relacionado a quem o gerou.

CiênciaCiência

Não apenas classifica o conhecimento, mas o ordena em relação a princípios explicativos.

Linguagem específica e objetiva. Resultados devem ser demonstráveis através de evidências e verificações e expostos à crítica.

Resolução de problemas cotidianos e não se baseia em pressupostos teóricos ou paradigmas.

Parte de lacunas de conhecimento para iniciar um processo lógico de descoberta até atingir o conhecimento.

Caráter hipotético e abrangente do conhecimento científico.

É impossível determinar objetivamente o grau de aplicação do conhecimento adquirido.

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Buscas cientBuscas cientííficasficas

Conceitos e preconceitos ligados à ciência

Ciência básica ou ciência aplicada?Existe a separação entre as duas modalidades de ciência?

A ciência básica só existia na antiguidade, quando pouco se sabia?

A ciência só é válida se apresenta solução para problemas humanos? O saber pelo saber é uma atitude irresponsável perante a realidade do mundo?

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Buscas cientBuscas cientííficasficas

Conceitos e preconceitos ligados à ciência

Ciência e sociedadeA ciência deve sempre demonstrar uma preocupação social? A sociedade deve participar do processo científico? Até que ponto a sociedade deve ser responsável pela manutenção da ciência?

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Buscas cientBuscas cientííficasficas

Conceitos e preconceitos ligados à ciência

O dogmatismo e o cientificismoApós a era industrial e o triunfo tecnológico, criou-se a noção de que a ciência tem um imenso poder, éinfalível e pode dominar o mundo.

Essa visão de confiança cega na ciência gera enormes distorções no próprio meio científico.

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Buscas cientBuscas cientííficasficas

Conceitos e preconceitos ligados à ciência

Ciência e saberA busca do saber pelo saber deve ser o principal impulso da ciência?A universidade constitui-se no único reduto da aquisição do saber desinteressado?Esse processo não implicaria na desconexão do indivíduo com a realidade? A vida acadêmica é onerosa para a sociedade. Mesmo assim ela deve pagar a conta?A ciência deve existir pela busca do saber para a humanidade ou deve atender a um grupo humano especifico (nação, estado, terceiro mundo, etc..)?

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Ciência: da filosofia Ciência: da filosofia àà publicapublicaççãoão

Aula 4 – A lógica da ciência

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LLóógicagica

Uma visão histórica do método da ciência

A história da lógica científica pode ser dividida em três grandes fases:

• Ciência grega (Século VIII A.C. até o Século XVI,

• Ciência Moderna (Século XVII até início do Século XX) e

• Ciência Contemporânea (Início do Século XX até hoje).

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LLóógicagica

Ciência GregaCaracterizada pelo uso do pensamento filosófico (CIÊNCIA DO

DISCURSO) e ausência de um método de observação sistemática ou experimentação.

Pode ser dividida em:

1) Pré-Socráticos, que se baseavam na especulação e explicação racional dos fenômenos percebidos,

2) Platônicos que desconsidera totalmente os sentidos como fonte do saber, deixando o conhecimento para o mundo das idéias (saber ideal) e

3) Aristotélicos, que partia das observações dos fatos para construir um conceito universal.

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LLóógicagica

Ciência moderna: Surge com o Renascimento, que introduziu a experimentação científica e o indutivismo. Pode ser dividido em duas linhas:

Indução e Empirismo de Bacon Defendia o processo de experimentação como início

do processo científico seguido da:• formulação de hipóteses, • repetição do experimento por outros cientistas

(confirmação), • repetição do experimento para testagem de

hipóteses (re-confirmação), • formulação das generalizações e leis.

Page 37: Filosofando a Ciencia

LLóógicagica

Leitura do livro da natureza (Galileu)Prega a linha indutiva, porém considerando a existência de

princípios universais que regem todas as coisas (desenvolvida por físicos e matemáticos).

A ciência moderna tem sua maior expressão no Método Científico descrito por Newton em 1687.

Baseia-se em observações como base do conhecimento, o qual é utilizado para obtenção de generalizações ou teorias consideradas totalmente verdadeiras.

Através deste, descreve-se o Método Científico indutivo confirmável:

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LLóógicagica

OBSERVAÇÃO DE ELEMENTOS QUE COMPÕEM O FENÔMENO

ANÁLISE DA RELAÇÃO QUANTITATIVA ENTRE OS ELEMENTOS QUE COMPÕEM O FENOMENO

INDUÇÃO DE HIPOTESES QUANTITATIVAS

TESTE EXPERIMENTAL DAS HIPOTESES PARA VERIFICAÇÃO CONFIRMABILISTA

GENERALIZAÇÃO DOS RESULTADOS EM LEI

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LLóógicagica

Ciência contemporânea: A lógica dedutiva, a incerteza e a ruptura com o cientificismo.

O questionamento da induçãoApós o Século XX, a física desenvolveu a mecânica

quântica e a teoria da relatividade que mostraram que estávamos longe de conhecer verdades absolutas e universais.

Mais que isso, a linguagem humana tinha limitações para explicar alguns aspectos da natureza.

Essas idéias impulsionaram a ruptura com o cientificismo, o dogmatismo e a certeza da ciência.

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LLóógicagica

O surgimento da lógica dedutiva

Nessa época surgiram os filósofos que criticaram a lógica indutiva.

Segundo estes, é impossível fazer generalizações a partir de uma quantidade limitada de observações.

Quase sempre será impossível observar todos fatos relativos ao experimento.

A idéia de um cientista funcionando como uma mera câmera registradora de imagens e organizando-as era logicamente insustentável.

Page 41: Filosofando a Ciencia

LLóógicagica

A linha de Popper

Popper propõe então a lógica dedutiva como base para a ciência.

Derruba-se o Método Científico e substitui-se este por “Critérios” para se fazer ciência.

Segundo estes se deve partir de uma hipótese e não da observação como base do conhecimento.

As principais características da lógica dedutiva são:

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LLóógicagica

Elaboração de hipóteses usando conhecimento pré-existente e principalmente a inventividade humana (idéias “brotam” na mente humana e sua origem é metafísica),

Elaboração de um procedimento (REPLICÁVEL) para testar ou falsear a hipótese,

Não sendo possível falsear (negar) a hipótese, tem-se uma “verdade” científica provisória.

Processo é todo baseado na crítica constante e na dúvida, eliminando a necessidade da certeza (universal) como parâmetro essencial à ciência.

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LLóógicagica

Problemas do método dedutivo:O princípio da falseabilidade (negação) de

hipóteses vai contra a natureza humana.Em ciências naturais é difícil estabelecer

hipóteses em estudos pioneiros.Muitas idéias podem não ser testáveis.Até hoje sua aplicação é restrita a algumas

áreas da ciência.A idéia metafísica da inventividade humana

pode ser considerada incoerente com o desenvolvimento científico?

Page 44: Filosofando a Ciencia

LLóógicagica

Conclusões (retiradas de Popper, 1972):A ciência não é um sistema de enunciados certos ou

bem estabelecidos, nem é um sistema que avance continuamente em direção a um estado de finalidade.

A ciência jamais poderá proclamar que atingiu a verdade.

A ciência não é apenas útil ou importante para nossa sobrevivência. Embora não possamos alcançar a verdade, o esforço por conhecer e a busca da verdade continuam a ser as razões mais fortes da investigação científica.

Não sabemos: só podemos conjecturar: Nossas conjecturas são orientadas por fé não científica, metafísica, em leis, em regularidades que podemos desvelar, descobrir.

Page 45: Filosofando a Ciencia

LLóógicagica

Essas conjecturas ou “antecipações”esplendidamente imaginativas e ousadas, são, contudo, cuidadosamente controladas por testes sistemáticos.

Uma vez elaborada, nenhuma dessas “antecipações”é dogmaticamente defendida.

Nosso método de pesquisa não se orienta no sentido de defendê-las para provar que tínhamos razão. Pelo contrário, procuramos contestar essas antecipações.

Recorrendo a todos os meios lógicos, matemáticos e técnicos de que dispomos, procuramos demonstrar que nossas antecipações são falsas.

Page 46: Filosofando a Ciencia

LLóógicagica

O avanço da ciência não se deve ao fato de se acumularem ao longo do tempo mais e mais experiências perceptuais. Nem se deve ao fato de estarmos fazendo uso cada vez melhor de nossos sentidos.

Idéias arriscadas, antecipações injustificadas, pensamento especulativo, são os únicos meios de que podemos lançar mão para interpretar a natureza.

E devemos arriscar-nos, com esses meios, para alcançar o prêmio.

Os que não disponham a expor suas idéias àeventualidade da refutação não participarão do jogo científico.

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LLóógicagica

O experimento é ação planejada, onde cada passo éorientado pela teoria.

Não deparamos com experiências, nem elas caem sobre nós como chuva.

Temos que “fazer” nossas experiências. Somos sempre nós que propomos questões à natureza. Finalmente, somos nós que damos as respostas.

O velho ideal do conhecimento absolutamente certo, demonstrável, mostrou não passar de um “ídolo”.

A exigência de objetividade científica torna inevitável que todo o enunciado científico permaneça provisório para sempre.

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LLóógicagica

Pode ele, é claro, ser corroborado, mas toda a corroboração é feita com referência a outros enunciados, por sua vez provisórios.

Apenas em nossas experiências subjetivas de convicção, em nossa fé subjetiva, podemos estar “absolutamente certos”.

Com a queda do ídolo da certeza, tomba uma das defesas do obscurantismo que barra o caminho do avanço da ciência.

O que faz o homem de ciência não é a posse do conhecimento, da verdade irrefutável, e sim a persistente e arrojada procura crítica da verdade.

Page 49: Filosofando a Ciencia

LLóógicagica

Deve então nossa atitude ser de resignação?Devemos dizer que a ciência só pode, quando

muito, mostrar suas qualidades em aplicações práticas, que a corroboram? São insolúveis seus problemas intelectuais?

Não me parece. A ciência jamais persegue o objetivo ilusório de tornar finais ou mesmo prováveis suas respostas. Ela avança, antes, rumo a um objetivo remoto e, não obstante, atingível: o de sempre descobrir problemas novos, mais profundos e mais gerais, e de sujeitar suas respostas, sempre provisórias, a testes sempre renovados e sempre mais rigorosos.

Page 50: Filosofando a Ciencia

LLóógicagica

Sir Karl Raimund Popper, 1902 – 1994.

Page 51: Filosofando a Ciencia

LLóógicagica

Problemas lógicos do método científico

1- A contribuição de Descartes e o cartesianismoSegundo Descartes, “um problema deve ser dividido em

tantas partes quantas necessárias para compreende-lo”.Tal idéia gerou más interpretações e alguns atribuem a elas

a fragmentação da ciência moderna (exemplo, medicina).

O real significado da idéia de Descartes deve ser interpretada como uma dica útil na prática científica e não uma filosofia anti-síntese.

Page 52: Filosofando a Ciencia

LLóógicagica

Problemas lógicos do método científico

2- O holismo e reducionismo

Diversas idéias, provenientes principalmente da ecologia de sistemas na época moderna, levaram ao jargão: “o todo é mais do que a soma das partes”.

Sua má interpretação alimentou linhas dogmáticas e espiritualistas das ciências naturais.

A frase apenas exprime o aparecimento de novas propriedades de níveis de organização maiores.

Page 53: Filosofando a Ciencia

LLóógicagica

Problemas lógicos do método científico

3- O problema da replicabilidade para algumas áreas das ciências naturais (exemplo: ecologia).

4- Existem alternativas as ciências naturais?

5- Sem falseabilidade não há ciência?

6- Sem hipóteses não há ciência?

7- Como ficam os estudos explorátórios: levantamentos pioneiros, estudos de caso etc...?

Page 54: Filosofando a Ciencia

LLóógicagica

Problemas lógicos do método científico8- A probabilidade e estatística Segundo Popper, a probabilidade pode apenas corroborar

com uma teoria provisória.É comum observarmos pesquisas cujas conclusões são

baseadas inteiramente em testes estatísticos.No século XX os métodos quantitativos se popularizaram e

tornaram-se obrigatórios em diversas ciências. A estatística deve ser encarada como um método para

aumentar a objetividade de um resultado perante a comunidade de cientistas que vai criticar o trabalho.

Não deve gerar, por si só, conclusões e sim corroborar hipóteses. A intuição e interpretação analítica do pesquisador deve estar acima da “verdade matemática”.

É possível “mentir” usando a estatística.

Page 55: Filosofando a Ciencia

Ciência: da filosofia Ciência: da filosofia àà publicapublicaççãoão

Aula 5 – O processo da ciência

Page 56: Filosofando a Ciencia

processoprocesso

Estrutura da ciênciaRedes de pesquisadores concentrados em

universidades e institutos de pesquisa. Como organizações independentes temos as

associações científicas e as editoras científicas.Difere de organizações políticas, religiosas e

militares.

Hierarquia na ciênciaExistem na ciência títulos ou graus que distinguem

diferentes “níveis” de cientistas, mas ao contrário das organizações religiosas e militares, não existe uma hierarquia artificial rígida.

Esta deve ser estabelecida na ciência basicamente pela diferença no conhecimento e experiência numa determinada área.

Page 57: Filosofando a Ciencia

processoprocesso

A formação do pesquisador (aptidões)A formação do cientista é um processo lento e

gradual que requer treinamento para diversas habilidades.

Toda a pessoa que pretende dedicar-se à ciência deve ter sete características básicas:

• Curiosidade intelectual: Não há satisfação com explicações superficiais para fenômenos ou idéias.

• Espírito crítico: Colocação de tudo em dúvida e realização de análise crítica de qualquer novo conhecimento que lhe é colocado.

• Entusiasmo: Há paixão e gosto no trabalho realizado (não é por obrigação).

Page 58: Filosofando a Ciencia

processoprocesso

A formação do pesquisador (aptidões)• Independência intelectual: Confiança no próprio

julgamento e, portanto, sem muitas influências dos outros. A novidade exige contestação, rebeldia, posturas ousadas.

• Dedicação e persistência: Dedicação ao trabalho de forma obstinada e não há desistência fácil diante de dificuldades.

• Ambição: Valorização das próprias idéias e realizações e luta para obter crédito e fama pelos feitos.

• Objetividade: Prolixidade, excesso de demonstrações de resultados e testes excessivos impedem a transmissão do conhecimento científico.

Page 59: Filosofando a Ciencia

processoprocesso

Riscos e dificuldadesA independência intelectual pode levar a

obstinação por uma idéia e por falta de aceitação de críticas, levar o pesquisador a um caminho equivocado e grande perda de tempo.

A dedicação em excesso pode gerar a figura do cientista viciado em trabalho, sem vida pessoal ou social, fazendo com que esse perca contato com o mundo a sua volta.

Isso pode levar a instabilidades físicas e psicológicas e possíveis perdas de um longo trabalho desenvolvido.

A ambição pode levar ao “carreirismo científico”, isto é, o alcance do reconhecimento e da fama pode colocar em segundo plano a busca pelo conhecimento.

Page 60: Filosofando a Ciencia

processoprocesso

A formação do pesquisador e sua problemática no Brasil:

Formalmente o pesquisador é reconhecido através da obtenção do título de doutor, porém esse não é o caminho obrigatório.

O doutoramento é meramente um indicador formal de que a pessoa foi submetida a um treinamento e testes compatíveis com a vida de um pesquisador.

A pós-graduação no Brasil é relativamente recente e construiu-se através da incorporação (por vezes equivocada) de conceitos de outras partes do mundo.

Para manter-se estável adotou uma estrutura rígida e burocrática. Os principais problemas são:

Page 61: Filosofando a Ciencia

processoprocesso

Tese é o grande objetivo do treinamento?Exigência de elaboração de documentos extensos,

revisões de literatura e austeridade por regras formais deixando o conteúdo para segundo plano.

Proficiência do segundo idioma estrangeiro: leva a uma dispersão de energia no investimento de aprendizado no idioma.

Resultados sem aprendizado: as exigências são rigorosas na conclusão de um trabalho (técnicas), mas bem leves no aprendizado do fazer ciência (reflexão).

Prazos inadequados: com a carência de recursos, os prazos tornaram-se menores, mas as exigências não.

Mesmo assim, os prazos exíguos são preenchidos com uma predominância de atividades técnicas.

Page 62: Filosofando a Ciencia

processoprocesso

Excesso de aulas formais: existe uma supervalorização pela transmissão de conhecimentos técnicos formais, geralmente já passados em níveis anteriores. Não são estimulados o autodidatismo e a reflexão.

Exigência de produtividade científica numérica: publicações em grande número não significa que a ciência esteja sendo feita. É essencial a qualidade e a inovação para que isso seja

reproduzido ao longo da carreira científica.A falta de crítica ou a aversão a esta. Normalmente as teses

são aprovadas e com notas altas pelo fato de a banca ser indicada pelo próprio orientador/orientado e muitas vezes os co-orientadores fazerem parte da banca. Por outro lado as críticas ou recusas de projetos e artigos

são encarados como questões pessoais e ou políticas.

Page 63: Filosofando a Ciencia

processoprocesso

UM NOVO MODELO DE PÓS-GRADUAÇÃO (Volpato, 2001):

Modelo inovador para treinamento de cientistas (doutores) no qual o aluno tem um prazo para desenvolver habilidades (conhecimentos) que serão avaliados por meio de entrevistas.

Além disso, o aluno deve publicar um trabalho como único autor.

Elimina-se o mestrado e a necessidade de cumprimento de créditos obrigatórios.

Page 64: Filosofando a Ciencia

processoprocesso

Atuação ou “sobrevivência” do pesquisador no processo da ciência:

Vinculação a uma instituição de pesquisa: Universidades ou Institutos. Há prós e contras para cada caso.

Adesão ou criação de um grupo de pesquisa: Quem faz ciência sozinho tem mais dificuldades para receber recursos e atingir objetivos inovadores.

Criação de uma infra-estrutura de pesquisa: Em ciências naturais geralmente envolve, espaço físico, equipamentos, comunicação telefônica e internet.

Obtenção de financiamentos: Elaboração de projetos destinados a diversas fontes de financiamento. Os financiamentos de pesquisas acadêmicas são escassos. Pode-se recorrer a fontes alternativas como, empresas, consultorias (serviços), fundos setoriais, projetos integrados, órgãos regionais.

Page 65: Filosofando a Ciencia

processoprocesso

Problemas de financiamento:A falácia da falta de recursos: geralmente reflete a

necessidade de uma justificativa para a inércia de um pesquisador.

Relação Universidade-Empresa: Tem sido visto como o grande salvador do financiamento da pesquisa, porém pode implicar na falta de liberdade do pesquisador em obter conclusões válidas e transformar os laboratórios em meros prestadores de serviços técnicos.

Fundos setoriais: Editais que utilizam recursos de royalties de empresas produtoras de bens e serviços. Geralmente voltado para áreas tecnológicas e para geração de resultados práticos imediatos.

Prestação de serviços: Geralmente implica em novos recursos para um laboratório, porém torna a lógica produtivista e mercantilista predominante, o que prejudica o processo criativo.

Direcionamento dos resultados: O cientista deve manter a todo o custo sua independência nos resultados científicos.

Page 66: Filosofando a Ciencia

processoprocesso

Algumas possíveis soluções:1) Planejar pesquisas básicas de baixo custo, de

forma a sustentar um processo científico inovador contínuo.

2) Obter financiamentos de fontes diversas, (porém sem sobrecarga, para evitar que o pesquisador transforme-se em um burocrata), visando melhorias na infra-estrutura e acúmulo de dados que possam subsidiar trabalhos monográficos ou manter índices de produção científica.

3) Evitar excessos de adequações da linha de pesquisa a projetos aplicados. O prejuízo em perda de tempo pode ser maior que o “lucro”obtido pelo financiamento.

Page 67: Filosofando a Ciencia

Ciência: da filosofia Ciência: da filosofia àà publicapublicaççãoão

Aula 6 – O método da ciência

Page 68: Filosofando a Ciencia

mméétodotodo

Os passos para a realização de uma pesquisaA ciência é um processo onde são intercalados passos

criativos e subjetivos e passos técnicos e lógicos. Os passos são:

1. Observação espontânea, 2. Criação (idéia), 3. Revisão bibliográfica, 4. Definição do problema (objetivo), 5. Planejamento, 6. Estudo piloto, 7. Coleta de dados, 8. Análise e interpretação dos dados, 9. Conclusão e 10. Elaboração da comunicação científica. Os passos 1 e 2 são criativos e/ou subjetivos, o passo 8

envolve criatividade e lógica, o 9 é puramente lógico e os demais são técnicos e/ou lógicos.

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mméétodotodo

Observação espontâneaFato que gerou a motivação do pesquisador para iniciar o

trabalho. Depende da sensibilidade do pesquisador.Determina o direcionamento da pesquisa, e sua justificativa. Geralmente compõe a primeira frase de um trabalho

científico.

CriaçãoA idéia é o núcleo da pesquisa, define o que vai ser

pesquisado. Uma idéia significa uma alternativa que soluciona

eficazmente uma questão. Boas idéias (que levam a conhecimentos novos) geralmente

quebram as expectativas, são ousadas. A criação é o único passo eminentemente científico.

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mméétodotodo

Geralmente boas idéias são barradas por pressupostos ou preconceitos:

• Só idéias que podem ser testadas estatisticamente valem a pena explorar.

• O emprego de técnicas sofisticadas de coleta e análise de dados é essencial para o teste de uma boa idéia.

• Devido ao progresso atual da ciência, as inovações sópodem ocorrer em assuntos muito específicos.

• Existência de escolas de pensamento (filosófico ou metodológicos). Exemplo: Cladismo, evolucionismo.

• Crença de que boas idéias só podem vir de cientistas famosos.

• Incapacidade de imaginar o impossível.• Crença na estabilidade do conhecimento científico.

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mméétodotodo

Dicas para ter boas idéias ou escolher a melhor idéia:São geralmente formas simples mas muito diferentes de

olhar problemas antigos (ou até soluções antigas!). Porém deve-se tomar cuidado pois o senso comum

mostra que existem muitas idéias simples e equivocadas para uma única idéia simples que tem futuro.

Escolha aquela que tem maior possibilidade de causar polêmica na discussão científica sobre determinado assunto.

Porém, avalie bem se além de ousada, a idéia tem chances de ser sustentada.

Tenha certeza que sua idéia não vai gerar um trabalho para confirmar o óbvio.

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mméétodotodo

Elaboração de hipótesesSempre é possível fazermos perguntas sobre

uma pesquisa, mesmo que sejam gerais.A elaboração dessas perguntas e possíveis

respostas ajudam a nortear o planejamento do trabalho e devem ser feitas mesmo que não constem no texto final ou não sejam testáveis.

As hipóteses são elementos importantes da fase conclusiva de trabalhos pioneiros (subproduto).

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mméétodotodo

Levantamento bibliográficoServe para verificar se as idéias e as hipóteses a

serem testadas são originais Fases do levantamento bibliográfico:Pesquisa do conhecimento geral: leitura de livros ou

trabalhos clássicos no assunto. Lembrar que os artigos são idéias a procura de uma aceitação.

Pesquisa do conhecimento específico: seleção de artigos por palavras-chave e posterior seleção por título, qualidade da revista e resumos.

Obtenção dos artigos: usar a seqüência – on-line, biblioteca local, biblioteca de outras universidades, carta ao autor.

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mméétodotodo

Os objetivosExpressam as perguntas a serem respondidas de maneira

sistemática e ordenada. Todos os itens dos objetivos devem ser observados nos

métodos, resultados, discussão e conclusões. Cuidado: medir uma temperatura ou identificar certos

espécimes não são objetivos de uma pesquisa, mas sim métodos.

Em pesquisas científicas, o objetivo geral já está expresso no próprio título.

Metas são diferentes dos objetivos por estarem associadas geralmente ao cumprimento de etapas em projetos. Devem ser mensuráveis.

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mméétodotodo

PlanejamentoFase na qual são previstos todos os recursos e meios para

atingir os objetivos. Envolve espaço físico, área de estudo, tempo, equipamentos,

materiais de consumo, delineamento experimental, possíveis técnicas de exploração de dados, tratamento estatístico, montagem de base de dados, elaboração de cronogramas, determinação do esforço amostral(tamanho de amostra), previsão dos recursos humanos.

Culmina na elaboração de um Projeto de pesquisa, o qual émuito diferente do artigo científico.

A ênfase está em mostrar que é importante investir na elucidação daquele problema e que existem boas chances do projeto dar certo. Os itens Introdução e Material e Métodos de um artigo não devem ser copiados do projeto.

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mméétodotodo

Amostragem ou teste pilotoO projeto deve prever esse item sob o risco de atrasos no

cronograma. A coleta de alguns dados pode mostrar-se impossível ou supérflua e tem que ser abandonada.

Coleta de dadosPode ser de campo, laboratório ou bibliográfica (no caso de

revisões).Devem ser evitadas fontes de erros amostrais tais como:Falta de precisão: as variações na medição são tão grandes

que fica impossível afirmar se é devido a natureza dos dados ou ao equipamento utilizado,

Tendências a registrar ou desprezar registros devido a subjetividade (razões psicológicas). Geram vícios nas amostras.

Erros amostrais decorrentes de procedimentos repetitivos feitos por pessoal sem envolvimento com a pesquisa.

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mméétodotodo

Análise e interpretação dos dados

A interpretação dos dados sempre envolve algo mágico... criativo.... É nesta etapa da pesquisa que procuramos entender uma faceta do discurso da natureza... o colorido de um conjunto caótico de números e fatos. Sem ela, somos apenas coletores de dados... mas não cientistas.

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mméétodotodo

PRIMEIRO PASSO - Organizando e limpando a base de dados

A análise só pode começar depois de termos uma base de dados funcional.

É necessário limpar a base de dados bruta, eliminado variáveis e dados que não serão utilizados e considerados nas análises.

Esse procedimento, aparentemente banal, pode liberar mais de 50% do tempo útil para análise científica.

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mméétodotodo

SEGUNDO PASSO - Eliminando erros sistemáticos e ao acaso – análise de outliers

As variáveis selecionadas devem ser plotadas umas contra as outras para identificar dados discrepantes.

Muitas vezes eles revelam erros de registro, digitação (ao acaso) e erros de tendências (sistemáticos).

Depois de consertados esses erros, os dados discrepantes que sobram são outliers.

São valores da amostra que se encontram fora dos limites de + 2x (Desvio Padrão). Sua determinação depende também de uma avaliação criteriosa do pesquisador.

Terminada essa fase, obtém-se a Base de dados Definitiva.

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mméétodotodo

TERCEIRO PASSO - Análise exploratória 1 -Detectando padrões óbvios pela análise de dispersão

Elaborando-se gráficos de dispersão X,Y entre pares de variáveis pode-se descobrir se existem relações a serem exploradas.

Pode-se igualmente detectar variáveis colineares ou correlacionadas de alguma forma.

Existem variáveis relacionadas não por causa-efeito mas por terem um causador comum.

É a única oportunidade de verificar o quão caóticos são seus dados e verificar as primeiras tendências.

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mméétodotodo

QUARTO PASSO - Análise exploratória 2 - Análise de categorias, um primeiro ordenamento do caos

Para os padrões mais caóticos, pode-se agrupar algumas variáveis em categorias (exemplo: classes de comprimento total) a fim de verificar tendências.

Essas categorias podem ter inclusive algum significado (exemplo: categorias de tamanhos em larvas, juvenis e adultos).

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mméétodotodo

QUINTO PASSO - Análise exploratória 3 - Utilizando análises numéricas exploratórias (multivariadas)

Se temos muitas variáveis não podemos fazer análises de dispersão bidimensional.

Nesse caso, usam-se técnicas de análises exploratórias de dados tais como ANOVA, Agrupamento, PCA etc..

Servem para avaliar as primeiras tendências no conjunto de dados e reduzir as matrizes.

Não dispensa as análises anteriores e jamais pode ser vista como resultado final de um trabalho.

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SEXTO PASSO - Usando a estatística para testar hipóteses

Em pesquisas experimentais, a estatística tem que ser prevista no planejamento.

Para pesquisas descritivas (exemplo: levantamentos de fauna), a estatística deve ser usada apenas depois de detectados os padrões pelas análises exploratórias (exemplo: tamanhos são maiores em temperaturas menores).

Em ambos os casos, prefira sempre a estatística não paramétrica, uma vez que ela não exige tantos pressupostos.

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mméétodotodo

SÉTIMO PASSO - Comparando corretamente seus resultados com os de outros autores

Apenas constatar que o resultado de determinado autor coincide com o seu ou que é discordante não define um trabalho científico.

Se é concordante, então é momento de sugerir algum padrão mais geral. Se não concorda, é preciso explicar.

Evite levar em conta literaturas de baixa qualidade, teses e relatórios (literaturas cinza).

Elas são de difícil acesso e por não terem sido avaliadas, a qualidade e credibilidade é baixa.

Algumas revistas rejeitam artigos por excesso de literaturas cinza.

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mméétodotodo

Diferenças entre resultados e conclusões

É muito comum confundir-se os principais resultados com as conclusões.

As conclusões só existem quando são derivadas da confrontação dos resultados entre eles e estes com os de outros autores.

Geralmente as conclusões tem um grau de generalização maior do que os resultados dos quais é derivada.

A existência de conclusões diferencia um trabalho científico de um relatório técnico.

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mméétodotodo

Limites de generalizações nas conclusões

Normalmente os cientistas tem a tendência de generalizar as conclusões num grau maior do que seria sensato para (conscientemente ou não) tentar aumentar a importância de sua pesquisa.

As conclusões devem restringir-se aos dados que foram coletados (evidência).

Isso não impede, porém que façamos generalizações maiores, porém essas devem ser colocadas como hipóteses, conjecturas, especulações, possibilidades e são a base para futuras investigações (novas idéias).

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Ciência: da filosofia Ciência: da filosofia àà publicapublicaççãoão

Aula 7 – Comunicação científica

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comunicacomunicaççãoão

A comunicação científicaPasso decisivo para que uma pesquisa possa ser

colocada a prova pela comunidade científica.

Infelizmente, nessa etapa pode haver interrupções ou cancelamento do processo devido a:

1) Falhas no aprendizado escolar na comunicação oral e escrita,

2) Obtenção de resultados insatisfatórios ou pouco confiáveis,

3) Excesso de perfeccionismo, 4) Dificuldade de adequação as normas de

publicação.

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comunicacomunicaççãoão

Importante:

A elaboração da comunicação científica não éo último passo da ciência.

A fase final é a aceitação da pesquisa pela maioria da comunidade científica,

Isso pode ser comprovado pela citação do trabalho em inúmeras publicações ou

Pela simples publicação em uma revista de ponta.

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comunicacomunicaççãoão

A qualidade de uma comunicação científicaToda a pesquisa deve ser formatada em função do

leitor.Uma comunicação científica excelente tem:• Novidades para a ciência,• Textos simples e claros, sem a necessidade de

reler partes para que seja entendido,• Uma relação custo-benefício positiva entre o

esforço para ler o artigo e o interesse no problema e nas conclusões obtidas,

• Mais figuras em vez de tabelas e textos,• Tamanho tão pequeno quanto possível.

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comunicacomunicaççãoão

Passos para montar adequadamente uma comunicação científica

Verificando se existem informações suficientes para uma publicação: As hipóteses foram testadas? Os resultados permitem chegar a conclusões que levam a uma inovação do conhecimento?

Escolhendo o tipo de publicaçãoResultados de uma pesquisa são publicados somente na

forma de Artigo científico. Eventualmente, capítulos de livros podem ser comunicações

científicas também.Resumos, revisões, comunicações orais, painéis, livros,

publicações em anais são comunicações acessórias que não tem valor científico de inovação pois não são expostos previamente a refutação ou crítica.

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comunicacomunicaççãoão

Escolhendo o Idioma da publicação: A língua da ciência é o inglês. Os artigos devem ser escritos nessa língua independe da publicação ser destinada a uma revista nacional ou internacional.

Escolhendo a revista: Deve-se tentar sempre publicar na melhor revista da área. Os principais motivos são:

Esses periódicos só publicam artigos em inglês, o que garante acesso a toda a comunidade científica,

São indexados em catálogos de buscas, (Exemplo: Web ofScience), disponíveis em bibliotecas on line (Exemplo: Periódicos da CAPES) e assinados pela maioria das bibliotecas especializadas no mundo.

Devido a grande concorrência nessas revistas (taxas de rejeição superiores a 80%), os artigos são julgados por autoridades no assunto, o que garante um padrão de qualidade.

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comunicacomunicaççãoão

Seqüência e itens imprescindíveis na montagem de um artigo científico

Redija as conclusões: São frases claras, no máximo 5 ou 6 que podem ser resumidas em uma única grande conclusão.

Devem ser escritas no presente. Não é exigida pelas revistas, mas é essencial para estruturar o restante do trabalho.

Selecione os resultados: Apenas os necessários para embasar as conclusões. Exclua os demais.

Elabore os resultados 100% sobre as conclusões. Não pode ser descritivo, como um relatório, mas uma seqüência de demonstrações que conduzem as conclusões.

Um roteiro seria: A Figura 1 mostra a relação entre a variável “a” e “b”. Observa-se que em valores de “a” maiores que “X”, ocorre uma inflexão, indicando a mudança de comportamento....

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comunicacomunicaççãoão

Redija o item material e métodos: Coloque somente o que foi necessário para a obtenção dos resultados descritos no item anterior. Exclua o restante. Uso o tempo verbal passado (foi medida a variável X).

Escreva a discussão: Não é comparar os resultados com o de outros autores. A bibliografia entra somente como informações além dos resultados que corroboram, modificam ou contradizem as conclusões.

Roteiro: inicie valorizando o trabalho, e que realmente chegou a conhecimentos novos.

Mostre a conclusão e depois argumente em favor dela com seus resultados, bibliografia e argumentação lógica.

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comunicacomunicaççãoão

Escreva a Introdução: Definição do problema e indicação ao leitor do que vai ser encontrado no trabalho. Deve convencer o leitor de que o artigo será interessante e traz algo realmente novo e intrigante.

Roteiro: Observação espontânea, descrição do problema a ser investigado, fundamentação para escolha dos objetivos.

As conclusões podem ser antecipadas como estratégia de marketing

Defina o título: Deve ser elegante, curto, informativo, não enganoso e norteado pela conclusão da pesquisa.

Exemplo: “Avaliação da influência de rios poluídos e não poluídos sobre o comportamento de desova de lambari (Astyanax bimaculatus)”. Pode ser substituído por: “Efeito da poluição dos rios na desova de lambari”.

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comunicacomunicaççãoão

Escreva os outros itens solicitados pela revista:

Resumo: não mais do que 300 palavras e deve conter no mínimo o objetivo e as conclusões, os outros itens ficam se tiver espaço,

Running Title: título resumido para o cabeçalho da página, por exemplo: poluição e desova de lambari.

Palavras chave: definição da espécie, o grupo, o local e método principal, sem repetir o título.

Agradecimentos: É essencial citar todas as pessoas que auxiliaram no trabalho, mas sem adjetivos.

Não cite aqui os financiadores, pois eles não fizeram um favor.

Devem ser creditados numa nota de rodapé (Pesquisa financiada pelo CNPq, proc. No 123456).

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comunicacomunicaççãoão

Referências: Deve conter informações que permitam o leitor encontrar a

referência, independente da formatação. Dessa forma, teses e relatórios devem ter informações mais

completas.

Observação: Em algumas situações é difícil separar Material e Métodos de Resultados (métodos são encadeados), ou resultados de discussão, resultando em prejuízos para a compreensão de uma comunicação.

No entanto, essa repartição é necessária para facilitar o entendimento e acesso às informações importantes.

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comunicacomunicaççãoão

O processo de publicaçãoFormate o manuscrito: papel A4, espaço 2, letra times 12,

margens padrão, uma figura e tabela por página sem legenda. Isso facilita a análise pelos revisores.

Encaminhamento: Geralmente on-line nas boas revistas.Corrigindo o manuscrito. Não basta consertar um artigo. É

necessário elaborar uma descrição para cada revisor do que foi modificado e onde.

Recebimento da confirmação da aceitação e provas.Recebimento do volume e número em que será publicado:

somente após essa fase, você poderá dizer que o artigo está “no prelo (in press)”.

Recebimento das separatas: normalmente 50 exemplares gratuitos para o primeiro autor, o qual deve distribuí-las para pesquisadores importantes na área.

Page 99: Filosofando a Ciencia

comunicacomunicaççãoão

Preparação de um pôster

O pôster não é uma forma eficiente de comunicação científica, porém às vezes é a única opção em um congresso.

Nesse caso, lembre-se que deve-se chamar a atenção das pessoas para ver e discutir o trabalho.

Faça figuras grandes e coloridas e elabore diagramas esquemáticos chamando atenção para as principais conclusões.

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comunicacomunicaççãoão

Comunicação oralSão relevantes somente quando é feita para a comunidade

científica. Algumas dicas para fazer uma boa apresentação:Elabore uma lista itemizada de tudo o que vai falar com

palavras chaves. Elas servem como catalisadores para buscar na memória as demais informações,

Utilize eficientemente os recursos áudio-visuais. Use sempre letras e figuras grandes e contraste.

Respeitar os horários estabelecidos e mesmo que não existam tais restrições, não obrigue a platéia a ficar assistindo a sua palestra mais tempo que o necessário.

Usar o tempo impessoal para se referir ao trabalho. Exemplo: Esse trabalho “foi feito” e não “Nós fizemos”.

Page 101: Filosofando a Ciencia

comunicacomunicaççãoão

Comunicação oral – cont.A linguagem corporal é importante. O palestrante “estátua” e

o “dançarino” podem dispersar a atenção da platéia. Ao falar, converse com a platéia para ficar mais informal. Falar pausadamente para dar tempo da platéia refletir.Mantenha a atenção do público voltando constantemente ao

tema principal. Sinalize o fim do trabalho para retomar atenção do público. Use os possíveis distúrbios que podem ocorrer na

apresentação para retomar a atenção da platéia.Podem ser detectados erros durante a apresentação. Tenha

jogo de cintura para admitir que errou e continuar a apresentação normalmente.

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Ciência: da filosofia Ciência: da filosofia àà publicapublicaççãoão

Aula 8 – Avaliação científica

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O problema do mérito científico

Uma vez que os recursos são limitados, émuito importante o estabelecimento de critérios justos de mérito científico

Esses critérios devem premiar e incentivar cientistas criativos e produtivos e evitar desperdícios com “psedo-cientistas”.

Tarefa difícil e subjetiva devido à inexistência de critérios ou indicadores de mérito de fácil

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avaliaavaliaççãoão

A necessidade de indicadores

Devido a grande quantidade de trabalhos publicados, é impossível estabelecer um sistema de certificação do conteúdo total de tudo o que está sendo publicado.

Dessa forma, tenta-se estabelecer “indicadores” de mérito científico.

Esses indicadores não representam provas irrefutáveis de mérito, mas apenas indícios que a pesquisa pode ter qualidade.

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Indicadores de mérito

Produção quantitativa generalizada: número de “produções”acadêmicas ao longo de toda a carreira profissional, incluindo, artigos, capítulos de livros, resumos apresentados, expandidos, anais em congressos, resenhas, relatórios técnicos, catálogos, artigos em revistas e jornais de grande circulação etc...

Vantagem: somente para o “pesquisador” que produz muitas comunicações não científicas.

Desvantagem: Não distingue produção científica de outros tipos de publicação.

Exemplo: algumas avaliações internas em universidades.

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avaliaavaliaççãoão

Indicadores de mérito

Produção quantitativa com pesos distintos: O indicador continua sendo o número de produções e igualmente considera todos os tipos (ou a maioria deles).

Nesse caso, no entanto, atribui-se pesos diferenciados a artigos em revistas, artigos em anais de congresso, resumos, capítulos de livros.

Vantagem: valoriza mais a produção realmente científica.

Desvantagem: Considera como mérito científico produções não científicas ou de baixíssima qualidade.

Exemplo: concurso público na UFES, PIBIC.

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avaliaavaliaççãoão

Indicadores de mérito

Produção quantitativa diferenciada: Indicador quantitativo simples, mas considera apenas como produção os artigos completos em revistas, em congressos e capítulos de livros ou livros dando pesos diferenciados a estes.

Vantagem: Dá mérito apenas a comunicações científicas.

Desvantagem: Não distingue a qualidade da publicação (indicador apenas quantitativo).

Exemplo: a maioria dos órgãos de financiamento de pesquisa no Brasil.

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Indicadores de mérito

Produção quantitativa com critérios de qualidade: Indicador quantitativo similar ao anterior, mas com pesos diferenciados de acordo com a qualidade do periódico que foi publicado.

Vantagem: Valoriza a produção de maior qualidade.

Desvantagem: o critério de atribuição de qualidade as publicações é discutível.

Exemplo: CAPES (lista Qualis feita com indicação dos próprios coordenadores dos cursos de pós-graduação).

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Indicadores de mérito

Produção quali-quantitativa com ponderações de grau de impacto: Indicador quantitativo, mas cada produção éponderada pelo seu grau de impacto.

O grau de impacto é calculado pelo “Citation Index” do JCR, isto é o índice de citação bibliográfica. As revistas que são mais citadas em trabalhos de revistas indexadas na mesma área têm maior grau de impacto.

Vantagem: Dá um peso grande a qualidade da publicação e sua influência no meio científico.

Desvantagem: ainda é um critério quantitativo.

Exemplo: Alguns organismos científicos internacionais e alguns comitês de área da CAPES.

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Indicadores de mérito

Documento Qualis – Ciências Biológicas I

Os periódicos foram classificados em A, B e C.

Serão considerados todos os periódicos informados pelo Coleta CAPES para a área Ciências Biológicas I.

A mediana dos índices de impacto (IF) obtidos junto ao Journal of Citation Reports (JCR) de todos os periódicos informados em 2001 da área de ciências biológicas I foi de 1.326.

Foram consideradas como QUALIS A as revistas que tiverem um índice de impacto igual ou maior do que 80% (1.060) do valor da Mediana dos IFspara o triênio 2004-2006 ou com índice de meia vida superior a 10.

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avaliaavaliaççãoão

Foi realizada uma consulta aos coordenadores dos programas de pós-graduação para sugerir revistas nacionais por sub-área para o referido triênio.

Foram consideradas revistas como QUALIS A, as cinco revistas mais indicadas dentro da sub-área

Capítulos de livro, livros, publicações em Anais, etc, serão avaliados caso a caso pelo comitê avaliador da CAPES e classificados em QUALIS A, B ou C

Critérios que serão considerados: qualidade da editora, qualificação do corpo editorial, revisão por pares, circulação e tiragem.

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Revistas Nacionais Qualis A Indicadas pelos Coordenadores de Programas de Pós-Graduação da área de Ciências Biológicas I no triênio 2004-2006

1) Acta Botanica Brasílica, 2) Brazilian Archives of Biology and Technology, 3) Brazilian Journal of Biology, 4) Brazilian Journal of Medical and Biological Research,5) Brazilian Journal of Microbiology, 6) Brazilian Journal of Plant Physiology7) Inheringia (Zoologia), 8) Genetics and Molecular Biology, 9) Genetics and Molecular Research, 10) Memórias do Instituto Oswaldo Cruz 11) Neotropical Entomology, 12) Pesquisa Agropecuária Brasileira, 13) Revista Árvore, 14) Revista Brasileira de Botânica, 15) Revista Brasileira de Entomologia, 16) Revista Brasileira de Zoologia.

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As revistas internacionais indicadas para Qualis A foram:

• Acta Oecologica, • Fisheries Research, • Hydrobiologia, • Journal of Arachnology, • Journal of Coastal Research, • Kew Bulletin, • Novon, • Scientia Marina, • Journal of Crustacean Biology,• Zootaxa.• Acta Botanica Brasilica

Page 114: Filosofando a Ciencia

avaliaavaliaççãoão

Outros critérios que podem ser utilizados

Fator que atribui peso superiores a trabalhos cujo pesquisador é o primeiro autor

Que foi elaborado com menor número de autores.

Para avaliações de concessão de bolsas e auxílios considera-se também a produção em orientação e a produtividade recente (últimos três anos).

Vantagem: refinam ainda mais os indicadores.

Desvantagem: são complexos e coloca em questão a valorização do trabalho em equipe.

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avaliaavaliaççãoão

Critério qualitativo

Só é possível de ser aplicado quando ocorre julgamento da produção por equipes especializadas.

Normalmente ocorrem em concursos e premiações científicas (exemplo: Premio Nobel).

Nesse caso, apenas um artigo já é suficiente para conferir o pesquisador mérito científico para toda a vida.

Vantagem: Realmente valoriza o trabalho de qualidade.

Desvantagem: Aplicável em um número muito reduzido de situações devido aos custos.

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avaliaavaliaççãoão

Problemas éticos da avaliação de mérito

Pesquisadores que direcionam sua carreira no sentido de atingir níveis ótimos de indicadores de mérito e não no sentido de fazer ciência inovadora e de qualidade.

A maioria dos indicadores de mérito valorizam muito a produção quantitativa tornando praticamente impossível que um pesquisador desenvolva uma pesquisa inovadora que demore mais do que 4 ou 5 anos para terminar.

Revistas científicas de ponta são geralmente vinculadas a instituições de países de primeiro mundo e publicam em maior número artigos de compatriotas ou de instituições renomadas, excluindo pesquisas inovadoras de países mais pobres de obterem indicadores de qualidade.

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Ciência: da filosofia Ciência: da filosofia àà publicapublicaççãoão

Aula 9 – Riscos e dificuldades na ciência

Page 118: Filosofando a Ciencia

ééticatica

Armadilhas lógicas

Método indutivo: resultados parciais devido a um número limitado de observações e poucas explicações alternativas, deixando de lado as demais, de forma consciente ou inconsciente.

Método dedutivo, autores “provar” suas hipóteses antes do que nega-las.

Buscar corroborações não testam uma hipótese pois pode levar o pesquisador ignorar uma informação que a derrubaria.

Page 119: Filosofando a Ciencia

ééticatica

Bioética

Tem sido muito mais discutidas em divulgadas em relação ao elemento humano, havendo poucas referências sobre outras formas de vida.

Porém, vale ressaltar que um procedimento ético é sempre tomar em consideração que o tamanho de amostras ou de réplicas utilizadas em pesquisas científicas deve ser sempre o menor possível

Não se deve levar em consideração ser ou não animal de cativeiro, espécie com elevada abundância ou mesmo com superpopulação na natureza.

Em laboratório, deve-se examinar se existem alternativas que resultem em ações menos dolorosas ou que causem menor distúrbios aos organismos estudados.

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ééticatica

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ééticatica

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ééticatica

Problemas éticos e de relacionamento do pesquisador: A ciência é também um processo de interação social que exige também um comportamento ético e de trabalho em equipe. Problemas éticos e de relacionamento na vida do pesquisador são:

Inventar dados ou forçar a representação dos resultados para atingir os objetivos de uma pesquisa,

Usar uma eventual capacidade superior de comunicação escrita ou oral para convencer a comunidade científica a acreditar em resultados, que o próprio pesquisador admite possuir falhas,

Criticar o desempenho científico, o grau de conhecimento ou a atuação profissional de colegas,

Não dar o crédito merecido a um órgão financiador pelo auxílio ou instituição que viabilizou a pesquisa,

Page 123: Filosofando a Ciencia

ééticatica

Criticar revisores e órgãos financiadores de pesquisa como represália pela rejeição de artigos ou projetos,

Utilizar com pouco rigor recursos de financiamentos de pesquisa e justificar essa atitude em função de usos impróprios de recursos em outras áreas (a falácia do erro sendo justificado pelo outro),

Não ter espírito de equipe no trabalho em projetos integrados, não aceitando, por exemplo que os colegas da equipe tenham ritmos diferentes do seu na condução do projeto,

Lidar com pessoas fora do meio científico como inferiores,Tratar sua profissão ou área de pesquisa como superior as

demais,Não dar crédito a um colega do trabalho executado:

PROBLEMA DAS AUTORIAS.

Page 124: Filosofando a Ciencia

ééticatica

A questão das autorias científicas

Principal problema ético do pesquisador e que tem o maior

potencial de causar conflitos.

A atribuição inadequada do crédito de um trabalho científico

pode significar a invalidação de todos os benefícios

derivados de uma descoberta ou obtenção de um

conhecimento inovador.

Para uma definição clara e sem mal-entendidos de autorias

de trabalhos científicos, é conveniente seguir os

seguintes passos:

Page 125: Filosofando a Ciencia

ééticatica

1- Discussão inicial sobre as autorias dos trabalhos científicos na fase de planejamento.

Normalmente, essa discussão deve ser provocada pelo responsável pelo projeto científico.

Nessa fase, define-se o tipo de participação de cada membro da equipe e então conclui-se de comum acordo, quem deve ser autor e quem deve entrar apenas nos agradecimentos.

Em geral pode entrar na autoria aquele que participam de maneira decisiva em ao menos em duas das três etapas a seguir: a) a concepção (criação e planejamento), b) a coleta de dados, c) a redação e publicação.

Outro critério é o de que um autor de trabalho científico deve ser capaz de defende-lo publicamente e ter participado de sua história.

Page 126: Filosofando a Ciencia

ééticatica

2- Rediscussão

Ao longo da execução do trabalho as participações dos “prováveis autores” pode não ter se dado exatamente como o planejado.

Antes de iniciar a redação do trabalho, deve haver uma nova discussão e redefinição de autores caso necessário.

Nessa ocasião define-se a ordem das autorias, sendo que o autor necessariamente deve ser aquele que teve uma participação decisiva na concepção e na redação e publicação.

Havendo mais de um autor com essas características, pode-se priorizar aquele que tiver maior participação na redação e publicação e persistindo a dúvida, pode-se optar por aquele que também teve participação na coleta de dados.

Page 127: Filosofando a Ciencia

ééticatica

3- Averiguação final

Antes de enviar o trabalho para publicação, o autor deve certificar-se de que a atribuição das autorias não causou nenhum conflito ou constrangimento e de que a citação dos demais colaboradores não foram esquecidas.

Uma vez publicado o trabalho, o autor deve enviar separatas a todos os colaboradores do trabalho com os devidos agradecimentos, além dos co-autores.

A base de uma atribuição de autorias sem conflitos é a permanente discussão desse aspecto em todas as fases do trabalho, mesmo que isso implique em situações constrangedoras.

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O problema das autorias espúriasExistem várias “técnicas” vastamente aplicadas e até aceitas

por membros da comunidade científica para aumentar artificialmente o número de publicações.

Um pesquisador ético e com responsabilidade profissional deve evitar todas elas:

• Colocar muitos co-autores em trabalhos científicos apenas por coleguismo,

• Autoria solidária: vários autores realizam trabalhos científicos independentemente, mas incluem-se mutuamente nas co-autorias dos trabalhos dos colegas para aumentar a produção científica no currículo,

• Pesquisadores que são chefes absolutos de laboratórios e por isso consideram-se co-autores de todos os estudos desenvolvidos no local,

• Exigência de estatísticos e detentores de equipamentos especiais que sujeitam seu auxílio ou empréstimo do equipamento a uma co-autoria.