capítulo 8 filosofando - aprender a morrer

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Maria Lúcia de A. Aranha Maria Helena P. Martins www.arianemarzzio.blogspot.com

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Page 1: Capítulo 8 Filosofando - Aprender a morrer

Maria Lúcia de A. Aranha

Maria Helena P. Martins

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Page 2: Capítulo 8 Filosofando - Aprender a morrer

Para Sócrates, a única ocupação do filósofo é preparar-se para morrer;

Aprender a morrer é: Aceitar a morte com serenidade, revendo os valores e a maneira pela qual vivemos, distinguindo o fútil do prioritário.

Carpe diem

Expressão usada pelo poeta latino Horácio (I a.C.). Literalmente quer dizer “colha o dia”, ou seja, aproveite o momento. Assim ele começa o poema: “Colha o dia, confie o mínimo no amanhã”.

A morte á a fronteira que não representa apenas o fim da vida, mas o limiar de outra realidade.

A angústia da morte leva à crença no sobrenatural, no sagrado, na vida depois da morte

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Page 3: Capítulo 8 Filosofando - Aprender a morrer

Sócrates e Platão

Sócrates preparou-se para a morte rejeitando os excessos do comer, do beber e do sexo, sem se deslumbrar com riqueza e honras e buscando sempre a sabedoria.

Defesa de Sócrates _ Platão em Diálogos

“É chegada a hora de partirmos, eu para a morte, vós para a vida. Quem segue melhor rumo, se eu, se vós, é segredo para

todos, menos para a divindade.”

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Page 4: Capítulo 8 Filosofando - Aprender a morrer

Esta gravura expressa o que se chama memento mori,

expressão latina que significa “lembra-te de que vais morrer”. O renascentista Dürer compõe

um casal de figuras contrastantes: uma jovem com a coroa e o vestido típicos de uma noiva no dia do seu casamento,

ao lado de um personagem mítico das florestas

impenetráveis dos Alpes que simboliza a lascívia, a

extremada sensualidade. À frente deles, a caveira: ou seja, o

amor sagrado e profano serão ambos inevitavelmente

vencidos pela morte. Memento mori é uma advertência para que não nos esqueçamos da

brevidade da vida.www.arianemarzzio.blogspot.com

Page 5: Capítulo 8 Filosofando - Aprender a morrer

Epicuro: não temer a morte

Para Epicuro (341-270 a. C.), a morte nada significa porque ela não existe para os vivos, e os mortos não estão mais aqui para explicá-la.

Mais do que ter a alma imortal, vale a maneira pela qual escolhemos viver.

Ética epicurista:

Os prazeres do corpo são causa de ansiedade e sofrimento, deve-se apreciá-los com moderação, cultivar prazeres espirituais, amizades e prazeres refinados.

Concepção hedonista (do grego hedoné, “prazer”).

A civilização contemporânea é hedonista: Ter uma bela casa; Um carro possante; Muitas roupas; Boa comida; Incapacidade de tolerar qualquer desconforto (dores, doenças e a

morte).

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Page 6: Capítulo 8 Filosofando - Aprender a morrer

Montaigne: aprender a viver

“A vida em si não é um bem nem um mal.

Torna-se bem ou mal segundo o que dela fazeis”Ensaios, Livro I, Capítulo XX

Morrer é apenas o fim de todos nós, mas não o objetivoda vida. É preciso ter em vista o esforço para conhecer-se melhor e aprender a não ter medo da morte.

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Page 7: Capítulo 8 Filosofando - Aprender a morrer

Heidegger (1889-1976): o “ser-para-a-morte”

A existência é o ato de se projetar no futuro, ao mesmo tempo transcendendo o passado.

A morte provoca angústia por lançar-nos diante do nada, ou seja, do não sentido da existência.

Olhar crítico sobre o cotidiano e construção da vida.

O ser humano inautêntico, foge da angústia da morte, repete os gestos de “todo o mundo”, recusa-se a refletir sobre a morte como um acontecimento que nos atinge pessoalmente.

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Page 8: Capítulo 8 Filosofando - Aprender a morrer

Sartre (1905-1980) : o absurdo

A morte é a certeza de que um nada nos espera e que por esse motivo retira todo o sentido da vida.

A morte é a “nadificação” dos nossos projetos.

“A morte jamais é aquilo que dá à vida seu sentido: pelo contrário, é aquilo que, por princípio, suprime da vida toda significação. Se temos de morrer, nossa vida carece de sentido, porque seus problemas não recebem

qualquer solução e a própria significação dos problemas permanece indeterminada.”

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Page 9: Capítulo 8 Filosofando - Aprender a morrer

Um poeta, Manuel Bandeira

Consoada

Quando a Indesejada das gentes chegar(Não sei se dura ou coroável),

Talvez eu tenha medo.Talvez sorria, ou diga:

_ Alô, iniludível! O meu dia foi bom, pode a noite descer.

(A noite com seus sortilégios)Encontrará lavrado o campo, a casa limpa,

A mesa posta,Com cada coisa no seu lugar.

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Page 10: Capítulo 8 Filosofando - Aprender a morrer

Nas sociedades tradicionais, a morte era aceita de modo mais natural, como parte do cotidiano das pessoas.

Entre nós, a viúva usava roupas pretas por um ano inteiro, e o viúvo, uma tarja preta no braço.

No mundo contemporâneo, o individualismo mudou o sentido da morte.

A morte tornou-se um assunto “obsceno”, principalmente com doentes terminais.

Funerárias norte-americanas “tomam conta do morto” e o preparam para o velório.

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Uma empresa norte-americana criou sua versão para o termo

“descanse em paz”. Na Robert L. Adams Funerária, em Compton, Califórnia, os membros de uma

família podem ver seus parentes mortos em exibição em um caixão

aberto através de uma vitrine em um drive thru.

Page 11: Capítulo 8 Filosofando - Aprender a morrer

Morte não-democrática;

Assassinatos (crescimento dos índices de homicídio entre jovens de até 19 anos pobres e negros, por causa do narcotráfico),

Suicídios,

Desastres,

Violência social (má distribuição de renda, altas taxas de mortalidade infantil, alimentação inadequada, falta de saneamento básico, precariedade do sistema de saúde, violência e assassinatos no campo),

Guerras ou massacres,

Hannah Arendt_ “Banalidade do mal”

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Page 12: Capítulo 8 Filosofando - Aprender a morrer

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Page 13: Capítulo 8 Filosofando - Aprender a morrer

Casas de repouso ou hospitais cada vez mais especializados;

Solidão e impessoalidade do atendimento;

Medicina paliativa

Não apressa nem retarda a morte;

Busca aliviar a dor e dar conforto ao paciente evitando a terapêutica invasiva.

Quando é aceita, resulta de um debate entre médicos, parentes e o doente.

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Page 14: Capítulo 8 Filosofando - Aprender a morrer

Provocar a morte deliberadamente, doentes terminais ou crônicos.

Motivação: compaixão pelo sofrimento excessivo.

Ativa: quando uma ação provoca a morte.Ex.: O espanhol Ramón Sampedro que após um

acidente ao mergulhar ficou tetraplégico durante 29 anos. Lutou judicialmente, não conseguiu autorização, a família era contra, e foi ajudado por uma amiga a consumar a “morte digna” através de uma mistura de água com cianureto em 1998.

Passiva: ao serem interrompidos os cuidados médicos, desligando-se os aparelhos.

Ex.: A norte-americana Terri Schindler Schiavo em 2005. Tinha 41 anos e há 15 vivia em estado vegetativo, ligada a sondas que a mantinham viva, exames comprovaram a ausência de consciência e uma lesão cerebral irreversível. O marido queria o desligamento dos aparelhos, e os pais dela não. A justiça concedeu a autorização.

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Ramón Sampedro

Page 15: Capítulo 8 Filosofando - Aprender a morrer

Prós e contras Argumentos de caráter religioso:

Esperar um milagre; A vida é sagrada.

A morte é um mal e a vida é um bem, por isso não se pode escolher matar.

A eutanásia, passiva ou ativa, é sempre um crime. No Brasil e na maioria dos países é crime. Países como Holanda e Bélgica entre outros tem legislação para casos específicos.

Risco de ser errada a previsão de irreversibilidade da situação do paciente.

Para alguns, cada pessoa deveria ter o direito de decidir sobre sua morte.

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Page 16: Capítulo 8 Filosofando - Aprender a morrer

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Page 17: Capítulo 8 Filosofando - Aprender a morrer

Criogenia

Nos Estados Unidos começou a ser conhecido na década de1960, muitas pessoas, sobretudo aquelas que iam morrer dedoença incurável pagaram preço alto para se submeter aoprocesso.

Até agora, aproximadamente 177 pessoas e 60 animais jáforam congeladas em uma das únicas duas empresas quedisponibilizam o processo de criogenia (a Alcor e a CryonicsInstitute) depois da morte e esperam por vida nova nofuturo. Os médicos colocam o corpo num tanque denitrogênio líquido, guardado a -196 ºC, temperatura em queo cadáver não apodrece.

Hoje se pode ser congelado por 82 mil reais, ou você podecongelar seu animal de estimação por 17 mil. www.arianemarzzio.blogspot.com

Page 18: Capítulo 8 Filosofando - Aprender a morrer

Diversos tipos de “morte” permeiam a vida humana;

O nascimento (a 1ª perda, a do cordão umbilical);

Perdas e separações;

Os heróis, os santos, os artistas e os revolucionários são os que enfrentam o desafio da morte, no sentido literal e simbólico;

Nem toda perda é um mal. Ela pode representar transformação, crescimento.

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Page 19: Capítulo 8 Filosofando - Aprender a morrer

Por que temos ciúme?

Porque tememos perder quem amamos.

Separação; a morte do outro em minha consciência e a minha morte na consciência do outro.

Há os que evitam o aprofundamento das relações: preferem não viver a experiência amorosa para não ter de viver com a morte.

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Page 20: Capítulo 8 Filosofando - Aprender a morrer

Exploração dos recursos naturais em nome do progresso acelerado; Erosão do solo; Poluição das águas e do ar; Chuvas ácidas; Acúmulo de materiais não biodegradáveis ; Lixo atômico e eletrônico; Espécies de fauna e flora em extinção.

Prejuízos para seres humanos: Doenças; Furacões; Inundações;

Prejuízos para animais: Maus-tratos e matança de animais por prazer ou luxo; Comércio de casacos de pele; Caça esportiva; Rodeios e touradas; Abate para servir de alimento.

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Page 21: Capítulo 8 Filosofando - Aprender a morrer

Reavaliar comportamento e escolhas, acúmulo de bens, a fama e o poder;

Orientar em casos extremos como eutanásia e aborto;

Refletir sobre nossas condições de trabalho;

Ajudar a questionar os falsos objetivos do progresso a qualquer custo, e nos perguntar sobre o legado para as gerações futuras.

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