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assine: (19) 3233-55962 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

FidelidadESPÍRITA | Abril 2010

Edição Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Depto. EditorialJornalista Responsável Renata Levantesi (Mtb 28.765)Projeto Gráfico Fernanda Berquó SpinaRevisão Zilda NascimentoAdministração e Comércio Elizabeth Cristina S. SilvaApoio Cultural Braga Produtos AdesivosImpressão Citygráfica

O Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” responsabiliza-se doutrinariamente pelos artigos publicados nesta revista.

Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”Rua Luís Silvério, 120 – Vila Marieta

13042-010 Campinas/SPCNPJ: 01.990.042/0001-80 Inscr. Estadual: 244.933.991.112

ASSINATURASAssinatura anual: R$45,00(Exterior: US$50,00)

FALE [email protected] (19) 3233-5596

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CADASTRE-SE NO MSNE ADICIONE O NOSSO ENDEREÇO:

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SUmáRIO

26 COm TOdAS AS LETRASO ARTIgO MUDA O SENTIDO DE “TODO”

Importantes dicas da nossa língua portuguesa

4 ChICOChEgAR AO FIM é CRUCIFICAR-SE

Dificuldades de levar uma tarefa até o fim

14 CAPANEUROFISIOLOgIA DA MEDIUNIDADE

12 RELExãOPARA MEDITAR

Conselhos de um Espírito Superior

20 hISTóRIAA OUTRA VIDA

Relatos da vida futura

22 ESCLARECImENTOA CEIA PASCOAL

Segundo Lucas, Mateus e Marcos

25 mENSAGEmCRIATURAS OU FILhOS DE DEUS?

Seguir os passos de Jesus

9 ENSINAmENTOEDUCAÇãO

Base para a vida em comunidade

6 ESTUdOUM ENSAIO SOBRE MATéRIA E ENERgIA

Ciência e Espiritismo

Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP 3assine: (19) 3233-5596 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

Abril 2010 | FidelidadESPÍRITA

A Coroa e a Cruz

Fonte:

TEIXEIRA, J. Raul. Vozes do Infinito. Págs. 81 – 82. Fráter. 1991.

EdITORIAL

Ninguém tem dúvidas quanto à crueldade da coroação de Jesus, em regime de barbaria emo-cional, quando o Condenado vinha ao mundo com propósitos redentores para os mesmos que O condenavam.

A coroa de Jesus, que sucedeu à condução da cruz, tinha, entretanto, o caráter de ensinar a cada homem que, na hora dos rudes testemu-nhos, deveremos manter a coragem e a confian-ça em Deus, em considerando os momentos acres.

A coroa do Mestre foi decorrência da ig-norância e da ingratidão do Seu tresmalhado rebanho. Contudo, Ele a enobreceu de tal modo que a transformou em símbolo de renovação, de libertação, para todos os que se candidatassem às bênçãos do Reino dos Céus.

Há, porém, outras coroas e outras cruzes co-nhecidas no cotidiano de todos os indivíduos:

coroas de glórias mundanas e cruzes de frus-trações inomináveis;

coroas de criminalidade oculta ou aplaudida e cruzes de remordimentos íntimos torturantes;

coroas de bajulações premiadas e cruzes de humilhações rastejantes e desprezíveis:

coroas de preguiça dourada e cruzes de enfer-midades mentais duradouras;

coroas de ignorância consentida e cruzes de amarguras causticantes.

De outro modo, existem: coroas de sacrifícios silenciosos e cruzes de

redenção feliz;

coroas de trabalho incansável e cruzes de repouso espiritual reconfortante;

coroas de renúncias desconhecidas e cruzes de paz interior intraduzíveis;

coroas de serviços relevantes ao bem e cruzes radiosas de ventura perene para a alma.

*

Com Jesus Cristo, somente a fidelidade aos principios divinos é que capacita os seres humanos à sublime alegria de viver.

É assim que, incorporados a essas hostes for-mosas do Consolador, que revive as orientações do Mestre da Cruz, deveremos nos manter, numa ou noutra expressão da Vida, no corpo fisico ou fora dele, firmados na condigna fidelidade, a fim de que nos alcandoremos, vitoriosos, para esse encontro inefável com Deus, cujo Reino ainda se acha adormecido em nosso ser.

Cada um aprenderá a conduzir a sua própria cruz e a suportar a coroa que lhe pertença, prepa-rada com suas próprias mãos, com devotamento e fé, transformando-a em bênção de renovação e alegria, se ela foi forjada nos tempos da loucura ou da desconsideração ao equilíbrio, ou ampliando as suas influências, caso seja coroa de formosura espiritual, impondo cruzes honrosas por se asse-melharem à do Cristo.

A cada coroa sobre nossa fronte corresponderá a uma cruz sobre nossos ombros. Saibamos tecer essa coroa para merecermos uma cruz de material resplendente, que costuma ser patrocinada pela fidelidade às Divinas Leis.

“... e eu te darei a coroa da vida.”Apocalipse (2:10)

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FidelidadESPÍRITA | Abril 2010ChICO

Chegar ao fim éCrucificar-sepor Suely Caldas Schubert

assine: (19) 3233-55964 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

9-12-1948

(...) Gratíssimo pelo que me dizes acerca de Vovó Virgínia. Muito me edificou e alegrou o trecho de tua carta, em que me falas do assunto. (...) Ciente da resolução da FEB (tomada pela Diretoria), quanto ao cancelamento das adesões de entidades do ES, MG e PA, espero me contes o que for ocorrendo.

(...) O teu cuidado é comovente e o Mestre há de anotar-te em ficha

adequada tanta dedicação à Causa do Evangelho na Terra.

Aguardarei novas informações tuas com respeito ao caso Hernani Trinda-de Sant’Anna. Pelo que vejo dele, é portador de uma enorme bagagem do pretérito, porque registra com muita beleza as vibrações do Plano Superior. Não sei como receberá ele sugestão de servir ao D.E., pois estou em dúvida

se o aumento de vencimentos abrange o funcionalismo da E.F.C.B. Peço a Deus para que esse grande batalhador jovem não se perca. “Começar é fácil, continuar é difícil e chegar ao fim é crucificar-se”, diz nosso Emmanuel para designar uma tarefa cristã.”

A frase de Emmanuel resume bem as dificuldades de se levar avante uma tarefa até o fim.

Muitos começam. Deslum-brados, espalham entusiasmo e alegria. Vão aceitando tarefas e compromissos. A princípio pro-duzem muito. São promessas e esperanças para os que os acolhem e orientam. Com o tempo surgem os primeiros obstáculos. Surgem os apelos do mundo e parecem fascinantes. Prosseguir torna-se di-

Começar é fácil, continuar é difícil e chegar ao fim é crucificar-se”

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Abril 2010 | FidelidadESPÍRITA ChICO

Fonte:

SCHUBERT, Suely Caldas. Testemunhos de

Chico Xavier. Págs. 247 – 249. Feb. 1998.

fícil. Uma certa desilusão começa a surgir. Já não há mais a mesma alegria na execução das atividades. O entusiasmo arrefecido transmu-da-se em cansaço, em desinteresse ou tédio. Outros interesses apare-cem e vagarosamente desviam-no do labor doutrinário.

Alguns, porém, permanecem. Vão arrostando os obstáculos, vencendo o desânimo e os apelos

do mundo, e encontrando cada vez maiores motivações para prosse-guir. Para estes o trabalho torna-se a maior alegria. Conviver com os companheiros, a melhor festa. E embora quase sempre incompre-endidos no círculo doméstico, ironizados pelos colegas e conhecí-dos, vão-se dando ao trabalho, ven-cendo a tudo e a todos através da persistência e da disciplina a que se impõem. Aos poucos, fazem-se

respeitados. E nesse crescendo de responsabilidades e deveres, “che-gar ao fim é crucificar-se”.

Só os que chegaram sabem, no imo d’alma, o significado profundo e real das palavras de Emmanuel.

“Por falarmos em jovens missio-nários, envio-te um folheto curioso publicado por um rapaz (creio que de

19 para 20 anos) aí no Rio. Trata-se do..., que sempre trabalhou pela Dou-trina em Presidente Soares, aqui em Minas. Não o conheço pessoalmente, mas por algumas notícias que me man-dou, nele senti muita vocação para a obra do Evangelho. Parece-me que ele se transferiu para o Rio, onde está no endereço que juntei ao impresso. Quem sabe poderíamos pedir ao Paulo Ludika ou ao Hernani sondarem a situação dele, de modo a buscar-lhe

Outros interesses aparecem e vagarosamente desviam-no do labor doutrinário

a colaboração para a União juvenil da FEB? Parece-me um moço muito pobre e em luta por buscar o fim dos estudos. Se estiver fixo no Rio, estará estudando e trabalhando. Sei que foi muito perseguido pelos nossos irmãos protestantes em Presidente Soares, onde era estudante e professor, ao mes-mo tempo. Se julgares o assunto ino-portuno, rogo-te esquecer esta minha lembrança. Há sucessos que devem ser esperados e não provocados.

Quanto ao caso do Sr. ...., a que alude o professor Romeu Amaral Ca-margo, eu penso deva ele ser um traba-lhador daqueles “tipo como quer, onde quer e quando quer”. Diz Emmanuel que esse gênero de servidores pode ser muito bom, mas não é a espécie que Jesus espera do mundo. (...)”

Interesse de Chico em ajudar um jovem, no qual vê possibilida-des de colaborar com a FEB.

O pensamento de Emmanuel bem caracteriza certa categoria de adeptos da Doutrina Espírita, que podem ter valor por um lado, mas que não se identificam com a tarefa verdadeiramente cristã e espírita.

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FidelidadESPÍRITA | Abril 2010ESTUdO

Um Ensaio sobre Matériae Energiapor Alexandre Fontes da Fonseca - Volta Redonda, RJ

No cap. 9 da obra “E a Vida Continua”, de André Luiz, o irmão

Cláudio diz: “Qualquer aprendiz de ciência elementar, no Planeta, não desconhece que a chamada matéria densa não é senão a energia radiante condensada. Em última análise, chegaremos a saber que a matéria é luz coagulada, substância divina, que nos sugere a onipresen-ça de Deus.”[1] (Grifos em itálico originais). No cap. 1º de “Evolução em Dois Mundos”, André Luiz diz que: “... na essência, toda a matéria é energia tornada visível e que toda a energia, originariamente, é força divina de que nos apropriamos para interpor os nossos propósitos aos propósitos da Criação, ...”[2].

É comum, no movimento espíri-ta, ouvirmos a idéia de que matéria pode ser transformada em energia e vice-versa. Nós mesmos, outrora, afirmamos isso[3], mas um estudo mais rigoroso sobre como a Física interpreta os fenômenos de desma-terialização, de aniquilamento de pares de partículas-antipartículas, ou reações de fissão ou fusão nucle-ares revelam o equívoco desta idéia.

O objetivo desta matéria, portanto, é esclarecer como a Física entende matéria, energia e tais fenômenos de transformação. Após, discutiremos como essas idéias se relacionam com o que ensina o Espiritismo.

A palavra energia é tão antiga quanto Aristoteles, e seu conceito moderno emergiu de estudos de Leibniz[4]. Nas palavras de um dos maiores físicos do século passado,

o conceito de energia pode ser en-tendido como:

“Existe um fato, ou se desejar, uma lei que governa todos os fenô-menos naturais conhecidos até o presente. Não existe exceção a esta lei; ela é exata até onde se sabe. Esta lei é chamada de conservação de energia; ela diz que existe uma certa quantidade, que chamaremos energia, que não se altera perante

as diversas alterações a que a natu-reza está sujeita. Esta é uma idéia completamente abstrata porque ela é um princípio matemático que diz que existe uma quantidade numéri-ca que não se altera quando alguma coisa acontece. A energia, não é uma descrição de um mecanismo ou de algo concreto, é apenas um fato estranho que calculamos um número, e quando terminamos de

observar a natureza realizando seus truques e calculamos o número de novo, ele é o mesmo.” Richard Feynman[4] (tradução nossa).

A definição mais comum de ma-téria é a de qualquer coisa que tenha massa e ocupe volume de espaço[5]. Segundo a Física Moderna, a ocupa-ção de espaço por parte da matéria decorre do fato dos elétrons, que possuem uma propriedade mag-

É comum, no movimento espírita, ouvirmos a idéia de que matéria pode ser transformada em energia e vice-versa

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Abril 2010 | FidelidadESPÍRITA ESTUdO

nética intrínseca chamada spin de valor semi-inteiro igual a 1/2, não poderem ocupar as mesmas regiões espaciais em torno do núcleo de um átomo. Isso causa a sensação de repulsa entre dois objetos. Partículas que possuem spin de valor semi-inteiro (1/2, 3/2, 5/2, etc.) são chamadas de férmions, e os constituintes da matéria ordinária, que conhecemos como os prótons, neutrons e elétrons, são férmions. A teoria quântica demonstra que os férmions não podem ocupar os mesmos estados quânticos num sistema, incluindo-se a posição no espaço, explicando-se, assim, a concepção de que “dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar”.

Entretanto, na natureza existem, também, outros tipos de partículas chamadas bósons. Elas têm a pro-priedade de possuir spin de valor inteiro (0, 1, 2, etc.). Ao contrário

dos férmions, e por mais incrível que possa parecer, os bósons podem ocupar o mesmo estado quântico, incluindo ocupar a mesma região do espaço. Por causa dessas proprie-dades, os bósons são considerados pela Física como as partículas “que carregam a força”. O fóton, por exemplo, que é um “quantum” de radiação eletromagnética, é o bóson que “carrega” a força eletromagné-tica. Vários fótons de diferentes radiações eletromagnéticas podem ocupar o mesmo espaço, a prova disso é o fato de termos num mes-mo ambiente ondas de rádio, TV, celular, etc., sem que uma interfira na outra.

A teoria da Física que, nos dias de hoje, estuda as propriedades de todos os tipos de partículas é chamada Modelo Padrão[5]. Segun-do o Modelo Padrão, a matéria dita ordinária (isto é, a matéria que

conhecemos) é composta por partí-culas elementares, isto é, partículas que não possuem estrutura interna e, por isso, são chamadas de elemen-tares. Por exemplo, os prótons não são partículas elementares pois são formados por três quarks. Estes, por sua vez, não seriam formados por outras partículas sendo, portanto, elementares. Os chamados léptons, a cuja classe pertence o elétron, também são partículas elementares. O Modelo Padrão foi desenvolvido em 1970 e tem grande aceitação entre os físicos. Sua única limitação, atualmente, é não descrever ainda a força de interação gravitacional devido às massas das partículas. Acredita-se, que a descoberta do chamado bóson de Higgs possa esclarecer esse ponto dentro do contexto desta teoria[5].

Segundo o Modelo Padrão e, portanto, de acordo com o conhe-cimento da Física atual, a matéria ordinária é tudo que é formado de férmions elementares, isto é, de quarks e léptons que possuem spin de valor semi-inteiro. Como os elétrons são léptons e os prótons e neutrons são formados por quarks, todos os átomos conhecidos que formam a matéria que conhecemos são formados de quarks e léptons, e portanto, de férmions.

Mas, e os fótons e outros bó-sons que a Física de Partículas já descobriu? Não seriam matéria? O que seriam? O Modelo Padrão simplesmente não as chama de matéria, mas apenas de bósons. São, de fato, partículas reais, que fazem parte da natureza física que conhecemos, mas apenas não são consideradas matéria ordinária. Poder-se-ia inventar um nome para

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FidelidadESPÍRITA | Abril 2010ESTUdO

elas, mas comumente os físicos as chamam de “partículas mediado-ras”, pois elas são responsáveis por carregar e transmitir a mensagem da força entre os férmions. Dentro do sentido que empregamos a palavra matéria no Espiritismo, os bósons podem ser considerados como “matéria”, porém com propriedades distintas dos objetos materiais que conhecemos.

Cabe aqui uma questão oportu-na. O que seria a chamada antimaté-ria? Antimatéria é matéria formada por antipartículas dos férmions. O

que são “antipartículas”? Antipar-tículas são as mesmas partículas com uma única diferença: possuem carga elétrica de sinal inverso ao da respectiva partícula. Por exemplo, um antielétron, também chamado de pósitron, é um elétron com carga elétrica positiva. Um antipróton é um próton negativo. Portanto, em essência, antimatéria é o mesmo que matéria, isto é, tem todas as mesmas propriedades da matéria, pode formar corpos idênticos aos que conhecemos e estão sujeitos às mesmas leis da matéria. Sabe-se que quando uma partícula e uma antipartícula se tornam muito pró-ximas, elas sofrem uma reação cha-mada de aniquilação. Nesta reação, as partículas são ditas desmaterializa-das e dois fótons são produzidos. A reação inversa também é possível. Antigamente, acreditava-se que os fluidos espirituais fossem formados de antimatéria. Com base no que

foi exposto acima, podemos perce-ber o equívoco dessa idéia, como já demonstrado pelo amigo Ademir Xavier[6].

Outra pergunta importante: o que é a luz? A luz não é algo real, que vemos e sentimos de diversas formas? A luz é, de fato, algo real. Ela é radiação eletromagnética de determinada frequência. A radiação eletromagnética, por sua vez, é uma oscilação sincronizada dos campos elétrico e magnético que se propa-gam no vácuo, isto é, no espaço va-zio. A luz, como todo sistema físico,

possui comportamento regido pela conhecida dualidade onda-partícula da Mecânica Quântica que diz que, dependendo da forma como obser-vamos ou preparamos um experi-mento com a luz, o comportamento do sistema será do tipo ondulatório ou do tipo corpuscular. O fóton, que como dissemos é a menor uni-dade de radiação eletromagnética, é observado em fenômenos onde o aspecto corpuscular da luz ocorre. E é isso o que a Física diz, que a luz é uma radiação eletromagnética, que em determinadas condições, com-porta-se como se fosse formada por um feixe de partículas chamadas de fótons. A Física não chama a luz ou os fótons de matéria pois a luz não ocupa espaço nem possue massa. Além disso, os fótons são bósons e a matéria ordinária é considerada pela Física como sendo formada de férmions. Dentro da consideração que fizemos anteriormente do con-

ceito de matéria no Espiritismo, a luz pode ser também considerada como “matéria”.

Como se isso não bastasse, a Ciência descobriu a existência de outros tipos de matérias que não são formadas nem por férmions nem por bósons. As chamadas matéria e energia escuras são exem-plos de matéria cujas propriedades escapam ao que expomos até aqui. Antes, porém, que nos sintamos tentados a associar essas matérias diferentes ao conceito de f luido universal (FU) ou f luidos espi-rituais, é preciso lembrar que as propriedades de ambas ainda não satisfazem àquilo que se espera do FU, conforme estudos já publicados na revista FidelidadESPÍRITA[7]. De modo análogo, independente do que a Física venha a descobrir como sendo a constituição íntima dessas matérias diferentes, dentro do conceito de matéria do Espiritismo, elas podem ser consideradas como “matéria”.

CONTINUA NA PRóxIMA EDIÇãO.

Referências:[1] Francisco Cândido xavier, E a Vida Continua..., pelo Espírito de André Luiz, FEB, 18ª edição, Rio de Janeiro, 1991.[2] Francisco Cândido xavier e Waldo Vieira, Evolução em Dois Mundos, pelo Espírito de André Luiz, FEB, 11ª edição, Rio de Janeiro, 1989.[3] Curso Ciência & Espiritismo, “Aula 7: Física e Espiritismo II: energia e matéria. Referências científicas na pesquisa espírita”, Boletim do GEAE Número 489, (2005). [4] http://en.wikipedia.org/wiki/Energy [5] M. A. Moreira, “O Modelo Padrão da Física de Partículas”, Revista Brasileira de Ensino de Física 31, 1306 (2009). [6] Ademir L. xavier Jr., “Algumas Considerações Oportunas sobre a Relação Espiritismo - Ciência”, Reformador, Agosto, p.244 (1995).[7] A. F. Da Fonseca, “Matéria e Energia Escura: não são o Fluido Universal”, Revista FidelidadESPÍRITA Dezembro, p. 18, (2003).

Antimatéria é matéria formada por antipartículas dos férmions

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Abril 2010 | FidelidadESPÍRITA ENSINAmENTO

Educaçãopor Joana de Ângelis / Divaldo Pereira Franco

CONCEITO:A educação é base para a vida em

comunidade, por meio de legítimos processos de aprendizagem que fomentam as motivações de cresci-mento e evolução do indivíduo.

Não apenas um preparo para a vida, mediante a transferência de conhecimentos pelos métodos da aprendizagem. Antes é um processo de desenvolvimento de experiên-cias, no qual educador e educando desdobram as aptidões inatas, apri-morando-as como recursos para a utilização consciente, nas múltiplas oportunidades da existência.

Objetivada como intercâmbio de aprendizagens, merece considerá-la nas matérias, nos métodos e fins, quando se restringe à instrução. Não somente a formar hábitos e desenvolver o intelecto, deve dedi-car-se a educação, mas, sobretudo, realizar um continuum permanente, em que as experiências por não ces-sarem se fixam ou se reformulam, tendo em conta as necessidades da convivência em sociedade e da auto-realização do educando.

Os métodos na experiência edu-cacional devem ser consentâneos às condições mentais e emocionais do aprendiz. Em vez de se lhe

impingir, por meio do processo repetitivo, os conhecimentos adqui-ridos, o educador há de motivá-lo às próprias descobertas, com ele crescendo, de modo que a sua con-tribuição não seja o resultado do

“pronto e concluído”, processo que, segundo a experiência de alguns, “deu certo até aqui”.

Na aplicação dos métodos e escolha das matérias merece con-siderar as qualidades do educa-

Os fins, sem dúvida, estão além das linhas da escolaridade

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FidelidadESPÍRITA | Abril 2010ENSINAmENTO

dor, sejam de natureza intelectual ou emocional e psicológica, como de caráter afetivo ou sentimental.

Os fins, sem dúvida, estão além das linhas da escolaridade. Er-guem-se como permanente etapa a culminar na razão do crescimento do indivíduo, sempre além, até transcender-se na realidade espiri-tual do porvir.

A criança não é um “adulto miniaturizado”, nem uma “cera plástica”, facilmente moldável.

Trata-se de um espírito em recomeço, momentaneamente em esquecimento das realizações posi-tivas e negativas que traz das vidas pretéritas, empenhado na conquista da felicidade.

Redescobrindo o mundo e se reidentificando, tende a repetir atitudes e atividades familiares em

que se comprazia antes, ou através das quais sucumbiu.

Tendências, aptidões, percep-ções são lembranças evocadas inconscientemente, que renascem em forma de impressões atraentes, dominantes, assim como limitações, repulsas, frustrações, agressividade e psicoses constituem impositivos constritores ou restritivos — não poucas vezes dolorosos — de que se utilizam as Leis Divinas para

corrigir e disciplinar o rebelde que, apesar da manifestação física em período infantil, é espírito relapso, mais de uma vez acumpliciado com o erro, a ele fortemente vinculado, em fracassos morais sucessivos.

Ao educador, além do currí-culo a que se deve submeter, são indispensáveis os conhecimentos da psicologia infantil, das leis da reencarnação, alta compreensão afetiva junto aos problemas naturais do processus educativo e harmonia interior, valores esses capazes de au-xiliar eficientemente a experiência educacional.

As leis da reencarnação quando conhecidas, penetradas necessaria-mente e aplicadas, conseguem elu-cidar os mais intrincados enigmas que defronta o educador no pro-cesso educativo, isto porque, sem

elucidação bastante ampla, nem sempre exitosas, hão redundado as mais avançadas técnicas e modernas experiências.

A instrução é setor da educação, na qual os valores do intelecto en-contram necessário cultivo.

A educação, porém, abrange área muito grande, na quase to-talidade da vida. No período de formação do homem é pedra fun-damental, por isso que ao instituto

da família compete a indeclinável tarefa, porquanto pela educação, e não pela instrução apenas, se dará a transformação do indivíduo e con-seqüentemente da Humanidade.

No lar assentam os alicerces legítimos da educação, que se trans-ladam para a escola que tem a finali-dade de continuar aquele mister, de par com a contribuição intelectual, as experiências sociais...

O lar constrói o homem. A escola forma o cidadão.

DESENVOLVIMENTO: A escola tradicional fundamen-

tada no rigor da transmissão dos conhecimentos elaborava métodos repetitivos de imposição, mediante o desgoverno da força, sem abrir oportunidades ao aprendiz de formular as próprias experiências, mediante o redescobrimento da vida e do mundo.

O educador, utilizando-se da posição de semideus, fazia-se um simples repetidor das expressões culturais ancestrais, asfixiando as germinações dos interesses novos no educando e matando-as, como recalcando por imposição os sen-timentos formosos e nobres, ao tempo em que assinalava irreme-diavelmente de forma negativa os que recomeçavam a vida física sob o abençoado impositivo da reen-carnação.

Expunha-se o conhecimento, impondo-o.

Com a escola progressiva, po-rém, surgiu mais ampla visão, em torno da problemática da educação, e o educando passou a merecer o necessário respeito, de modo a desdobrar possibilidades próprias,

O lar constrói o homem. A escola forma o cidadão.

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Abril 2010 | FidelidadESPÍRITA ENSINAmENTO

fomentando intercâmbios expe-rienciais a beneficio de mais valiosa aprendizagem.

Não mais a fixidez tradicional, porém os métodos móveis da opor-tunidade criativa.

Atualizada através de expe-riências de liberdade exagerada — graças à técnica da enfática da própria liberdade —, vem pecando pela libertinagem que enseja, por-quanto, em se fundamentando em filosofias materialistas, não percebe no educando um espírito em árdua luta de evolução, mas um corpo e uma mente novos a armazenarem num cérebro em formação e desen-volvimento a herança cultural do passado e as aquisições do presente, com hora marcada para o aniqui-lamento, após a transposição do

portal do túmulo... Nesse sentido, conturbadas e

infelizes redundaram as tentativas mais modernas no campo educa-cional, produzindo larga e expres-siva faixa de jovens desajustados, inquietos, indisciplinados, quais a multidão que ora desfila, com raras exceções, a um passo da alucinação e do suicídio.

Inegavelmente, na educação a liberdade é primacial, porém com responsabilidade, a fim de que as conquistas se incorporem nos seus

Fonte:

FRANCO, Divaldo Pereira. S.O.S. Família.

Págs. 68 – 73. Leal. 1994.

efeitos ao educando, que os ressarci-rá quando negativos, como os fruirá em bem-estares quando positivos.

Nesse sentido, nem agressão nem abandono ao educando. Nem severidade exagerada nem negligên-cia contumaz. Antes, técnicas de amor, através de convivência digna, assistência fraternal e programa de experiências vívidas, atuantes, em tarefas dinâmicas.

ESPIRITISMO E EDUCAÇãO:Doutrina eminentemente ra-

cional, o Espiritismo dispõe de vigorosos recursos para a edificação do templo da educação, porquanto penetra nas raízes da vida, jor-nadeando com o espírito através dos tempos, de modo a elucidar

recalques, neuroses, distonias que repontam desde os primeiros dias da conjuntura carnal, a se fixarem no carro somático para complexas provas ou expiações.

Considerando os fatores pre-ponderantes como os secundários que atuam e desorganizam os im-plementos físicos e psíquicos, equa-ciona como problemas obsessivos as conjunturas em que padecem os trânsfugas da responsabilidade, ago-ra travestidos em roupagem nova, reencetando tarefas, repetindo

experiências para a libertação. A educação encontra no Es-

piritismo respostas precisas para melhor compreensão do educando e maior eficiência do educador no labor produtivo de ensinar a viver, oferecendo os instrumentos do conhecimento e da serenidade, da cultura e da experiência aos reiniciantes do sublime caminho redentor, através dos quais os tor-nam homens voltados para Deus, o bem e o próximo.

Joanna de Ângelis

ESTUDO E MEDITAÇãO: (...) A educação, conveniente-

mente entendida, constitui a chave do progresso moral. Quando se conhecer a arte de manejar os caracteres, como se conhece a de manejar as inteligências, conseguir-se-á corrigi-los, do mesmo modo que se aprumam plantas novas. Essa arte, porém, exige muito tato, muita experiência e profunda ob-servação (...).

(O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, questão 917).

“Desde pequenina, a criança manifesta os instintos bons ou maus que traz da sua existência anterior. A estudá-los devem os pais aplicar-se. Todos os males se originam do egoísmo e do orgulho (...).“

(O Evangelho segundo o Espiritismo, Allan Kardec, cap. xIV, item 9).

A educação encontra no Espiritismo respostas precisas para melhor compreensão do educando

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FidelidadESPÍRITA | Abril 2010REFLExãO

Para Meditarpor Camilo Cândido Botelho (pseudônimo de Camillo Castelo Branco) /Yvonne A. Pereira

“Se em vez do que vindes ten-tando improficuamente, procu-rásseis meios de vos tornardes agentes da lídima Fraternidade, exercida com tanta eficiência pelo Divino Modelo do Amor, já vos encontraríeis vitoriosos, espalman-do alegrias que longe estariam de vos manter a alma assim torva e encapelada.

A Caridade, meus amigos - per-mita-me que vo-lo recorde -, é a generosa redentora daqueles que se desviaram da rota delineada pela Providência! Por isso mesmo o sábio Rabi da Galiléia ofereceu-a como ensinamento supremo à Hu-manidade, que Ele sabia divorciada da Luz, por mais fácil e mais rápido caminho para a regeneração!

É tempo já de pensardes com desprendimento na Divina Mensa-gem trazida por Jesus e de saturar-des os arcanos do ser com algumas gotas das suas essências imortais e incomparáveis!

Reparando o rápido gesto que vos impeliu ao abismo, podereis pra-ticá-la, a um mesmo tempo servindo à vossa e à causa alheia

Avultam nas camadas sociais terrenas, como nas invisíveis, pro-blemas dolorosos a serem soluciona-dos, desvarios a serem moderados, infinitas modalidades de desgraças, desventuras acérrimas a afligirem a Humanidade, requisitando con-curso fraterno de cada coração generoso a fim de serem ressarcidas, consoladas!

Nota: trecho de conselhos de um Espírito Superior, dirigindo-se a um grupo de suicidas, incluindo aí Camillo Castello Branco, quando se encontravam em recuperação no Plano Espiritual.

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FidelidadESPÍRITA | Abril 2010

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Abril 2010 | FidelidadESPÍRITA REFLExãO

Fonte:

PEREIRA, Yvonne A. Memórias de um Suicida.

Págs. 468 – 471. Feb. 2008.

Para MeditarNos hospitais, nas prisões, nas

residências humildes como na opulência dos palácios, por toda a parte encontram-se mentes enoi-tadas pela incompreensão e pelo desespero, corações precipitados pelo ritmo violento de provações e de problemas insolúveis neste século! Em qualquer recanto onde se haja ocultado a descrença, onde a paixão se instale e a desventura e o infortúnio se mesclem de revolta ou desânimo; onde a honra, a mo-ral, o respeito próprio e alheio não forem consultados para a prática das ações, e onde, enfim, a vida se converteu em fonte de animalidade e egoísmo, lavra a possibilidade de uma queda nos abismos de trevas onde vos agitastes entre raivosas convulsões!

Diligenciai por encontrar tais re-cantos: estão por aí, a cada passo!... Aconselhai o pecador a deter-se, em nome da vossa experiência!... e apontai-lhe, como bálsamo para as amarguras, aquele mesmo que desdenhastes quando homem e hoje reconheceis como o único refrigério, a única força capaz de soerguer a criatura da desgraça para enobrecê-la à mirífica luz da confor-midade nos prélios dignificantes de onde sairá vitoriosa, quaisquer que sejam as decepções que a açoitem: o Amor de Deus! A submissão ao Ir-

revogável! Tornai-vos consoladores, exercitando agenciar a Beneficência, segredando sugestões animadoras e reconfortativas ao coração das mães aflitas, dos jovens desesperados pelas desilusões prematuras, das desgraçadas mulheres atiradas ao lodo, cujos infortúnios raramente encontram a compassividade alheia, as quais sofrem insuladas entre os espinhos das próprias inconseqüên-cias, desencorajadas de reclamarem, para si também, a ternura paternal de Deus, a que, como as demais criaturas têm sacrossantos direitos! São, todos estes, seres que estão a requisitar alento protetor dos corações sensíveis, bem-intencio-nados, quando mais não seja com a dádiva luminosa de uma prece! Pois dai-lho, uma vez que também o recebestes de almas serviçais e ternas, quando vos encontráveis a bracejar entre bramidos de dor, nas trevas que vos surpreenderam após a tragédia em que vos deixas-tes enredar! Contai-lhes o que vos sucedeu e vos concitai-os a sofrerem todas as situações deploráveis que os deprimem, com aquela paciência e aquele valor que vos faltaram, a fim de que não venham a passar pelos transes dramáticos que vos endoideceram além das fronteiras da vida objetiva!

...E quando, virtualmente, en-contrardes médiuns cujas organi-

zações vibratórias se adaptarem às vossas, não vos preocupeis com os lauréis passados, que aureolaram o vosso nome entre os humanos. Esta glória desempenhou-se convosco nos pélagos do pretérito, que não soubestes legitimamente honorifi-car! Furtai-vos ao vaidoso prazer de identificar-vos aos fazerdes vossos discursos ou mensagens psicográ-ficas através dos médiuns. Ainda que afirmando grandes verdades, não seríeis tais como fostes, como até agora não o tendes sido! Vosso nome glorificou-se de singular po-pularidade sobre a Terra, para que a Terra se conforme em vê-lo retornar à sua sociedade filtrado pela mente humilde de médiuns obscuros!...

Preferi, portanto, as manobras santificantes da Caridade discreta e obscura, preferi!... E bem cedo re-conhecereis, através das trilhas que haveis de palmilhar, as florescências de muito doces alegrias.”

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Após a morte o espírito permanece com seu corpo espiritual, o qual permite sua integração no ambiente espiritual onde vive

Neurofisiologia da Mediunidadepor Prof. Dr. Nubor Orlando Facure

O desenvolvimento da neuropsicologia apoiada por recursos propedêuticos sofisticados como a tomografia compu-

tadorizada, a ressonância magnética e a tomografia por emissão de pósitrons, tem per-mitido uma compreensão cada vez maior dos mecanismos envolvidos na fisiologia do cérebro.

Com base nestes achados tem surgido novas interpretações para os quadros mentais das demências, das psicoses e até dos distúrbios de comportamento.

Atualmente, admite-se que a ativi-dade mental é resultante, em termos neurológicos, de um “concerto” de um grupo de áreas cerebrais que interagem mutuamente constituindo um sistema funcional complexo

Com o conhecimento espírita aprendemos, porém, que os proces-sos mentais, são expressões da ativi-dade espiritual com repercussão na estrutura física cerebral. A participação do cérebro é meramente instrumental.

Sabemos também que a ação do espírito sobre o cérebro, ao integrar elementos de classes diferentes (mente e matéria), implica na existência de um terceiro elemento, transdutor desse processo, que

transmite e transfere as “idéias formas” geradas pelo espírito em fluxo de pen-samento expresso pelo cérebro.

Este elemento intermediário, que imprime ao corpo físico as diretrizes definidas pelo espírito, constitui nosso corpo espiritual ou perispírito.

Após a morte o espírito permane-ce com seu corpo espiritual, o qual permite sua integração no ambiente espiritual onde vive. E por este corpo semimaterial, de que dispõe também os espíritos desencarnados, que se tornam possíveis as chamadas comunicações mediúnicas.

Para Allan Kardec, no Livro dos Mé-diuns, em diversas citações os espíritos o esclareceram, mais de uma vez, que

todos os fenômenos mediúnicos de efeito inteligente se processam através do cérebro do médium.

No estágio atual do conhecimento, que nos for-

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nece a neurologia, seria oportuno indagarmos se é possível uma maior compreensão do fenômeno medi-único e se identificar no cérebro as áreas e as funções que estariam envolvidas nestes processos.

Os espíritos desencarnados de-vem de alguma maneira co-partici-parem com as funções cerebrais dos médiuns seguindo regras compatí-veis com os recursos da fisiologia cerebral.

Podemos correlacionar, pelo menos hipoteticamente, quais as funções cerebrais já conhecidas que podem se prestar para a exterioriza-ção da comunicação mediúnica.

Analisando algumas áreas ce-rebrais podemos teorizar sobre as

possíveis participações de cada uma delas na expressão da mediu-nidade.

CóRTEx CEREBRAL No córtex cerebral origina-se a

atividade motora, voluntária e cons-ciente. Nele são decodificadas todas as percepções sensitivas que chegam ao cérebro e são organizadas todas as funções cognitivas complexas.

A atividade cerebral, para se expressar conscientemente, estabe-lece uma interação entre o córtex cerebral, o tálamo e a substância reticular do tronco cerebral e do diencéfalo, onde se situa o centro da nossa consciência. Uma lesão nesta área provoca o estado de coma.

A partir da substância reticular, projetam-se estímulos neuronais que ativam ou inibem a atividade cerebral cortical como um todo, le-vando a um maior ou menor estado de atenção, alerta ou sonolência.

Pelo exposto podemos com-preender que fenômenos como a psicografia, a vidência, a audiência e a fala mediúnica devem implicar numa participação do córtex do médium, já que aqui se situam áreas para a escrita, visão, audição e a fala.

Se o espírito comunicante e o médium não disciplinarem seu intercâmbio para promoverem um bloqueio no “sistema reticular ativivador ascendente”, que nos referimos atrás, as mensagens serão sempre conscientes e o médium, além de acrescentar sua participa-ção intelectual na comunicação, poderá por em dúvida a autentici-dade da participação espiritual no fenômeno.

Por outro lado, nenhuma mensa-gem poderá ser totalmente incons-ciente, visto que em todas há parti-cipação do córtex do médium e, se por acaso este não se recordar dos eventos que se sucederam durante a comunicação, o esquecimento deve ser atribuído à ocorrência de uma simples amnésia.

Considera-se, portanto, que o processo mediúnico transcorre sem-pre em parceria com assimilação das idéias do espírito comunicante e a participação cognitiva do médium. Sendo comum uma amnésia que ocorre logo após a rotura da ligação fluídica (interação de campos de força), entre o médium e a entidade espiritual.

É do conhecimento dos pesqui-

No córtex cerebral origina-se a atividade motora, voluntária e consciente

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sadores do fenômeno mediúnico que a clarividência, a telepatia e a capacidade de desenhar objetos, fora do alcance da visão do mé-dium, ocorrem com características muito semelhantes à organização de noção geométrica e espacial, que ultimamente tem-se identificado na fisiologia normal do hemisfério cerebral direito.

Quando ocorrem lesões no he-misfério cerebral direito as falhas nos desenhos são muito caracterís-ticas. Os objetos são esquematiza-dos com negligência de detalhes, ficando as figuras incompletas. Os óculos, por exemplo, são desenha-dos sem uma das hastes e uma casa pode ser rabiscada sem um dos seus lados ou sem o telhado.

Os médiuns que captam as infor-mações à distância, ou registram vi-sões imateriais, também costumam

descrever suas percepções com falta de detalhes ou amputações das ima-gens, de maneira muito semelhante à negligência observada nas síndro-mes do hemisfério direito.

É possível que estes médiuns registrem as imagens utilizando as áreas corticais especificas para funções visuais e gonósticas (de reconhecimento) do hemisfério direito do cérebro. O grau de dis-torção ou de falta de detalhes mais preciso deve depender do maior ou menor grau de desenvolvimento mediúnico.

gÂNgLIOS DA BASE As estruturas nucleares constitu-

ídas por aglomerados de neurônios situados na profundidade da subs-tância branca cerebral são denomi-nados de gânglios ou núcleos da base. Eles são responsáveis por uma

série de funções motoras automáti-cas e involuntárias, fazendo parte do chamado sistema extrapiramidal.

Os gânglios da base controlam o tônus muscular, a postura corporal e uma série enorme de movimentos gestuais que completam nossa mo-vimentação voluntária.

Logo após o nascimento a ges-ticulação de uma criança é visi-velmente reflexa e automatizada. Progressivamente vão surgindo os movimentos intencionais (voluntá-rios), projetados a partir do córtex piramidal (área motora principal).

No processo de aprendizado a criança vai repetindo gestos para pegar os objetos, para se levantar, para engatinhar e andar, até que progressivamente estes movimentos vão se sucedendo com maior facili-dade, passando-se a se realizarem automaticamente.

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No caso da psicografia, a escrita se processa freqüentemente com muita rapidez, as palavras podem aparecer escritas com pouca clareza

A mímica, a mastigação, a mar-cha são automatismos aprendidos no decorrer do desenvolvimento da criança.

Posteriormente, uma série de automatismos mais complexos vão se desenvolvendo como é o caso de, por exemplo, aprendermos a dirigir o automóvel, a tocar piano ou nadar.

Depois de uma certa idade é possível de se ver facilmente que, qualquer movimento voluntário que realizamos conscientemente, é enriquecido com uma constelação de gestos automáticos e involuntá-rios, que dão um colorido caracte-rístico, individual e identificador do nosso modo de ser.

Estes nossos pequenos gestos estão freqüentemente muito bem fixados na imagem que nossos amigos fazem de nós. Por isto o dissemos que eles servem também para nos identificar.

Convém ficar claro esta noção de que nossos movimentos podem ser voluntários ou automáticos. No primeiro caso quando são conscien-tes e intencionais como, por exem-plo, quando estendemos a mão para pegar um lápis. No segundo caso, o movimento é semiconsciente, automático, muito menos cansativo que o primeiro. Os movimentos automáticos podem ser simples como mastigar e deglutir ou mais complexos como, por exemplo, para dirigir automóvel, nadar ou tocar um instrumento musical.

A execução de um ato automá-tico mobiliza os gânglios da base e as áreas motoras complementares do lobo frontal. Mesmo os mais complexos como, por exemplo, to-car uma partitura bem decorada ao

piano permite-nos que fiquem livres outras funções do cérebro, particu-larmente nossa consciência e todas as demais capacidades cognitivas do cérebro. Assim, mesmo tocando ao piano ou dirigindo automóvel podemos manter livremente uma conversação.

Considerando o fenômeno mediúnico da psicografia e da fala mediúnica podemos observar cor-riqueiramente que os médiuns ao discursarem ou psicografarem um texto, sob a influência do espírito comunicante, o fazem revelando gestos, posturas e expressões mais ou menos comuns a todos eles.

No caso da psicografia, a escrita se processa freqüentemente com

muita rapidez, as palavras podem aparecer escritas com pouca clareza, as letras às vezes são grandes, prova-velmente para facilitar a escrita rápi-da, a caligrafia tem pouco capricho, não há necessidade do médium acompanhar o que escreve e pode ocorrer escrita em espelho.

Na comunicação oral o médium se expressa com vozes de caracterís-ticas variadas, o sotaque pode ser pausado, como feito com esforço, mas em médiuns mais preparados a fala costuma ser fluente e muito rápida, parecendo se tratar de um discurso previamente preparado ou muito bem decorado. Nota-se

também que, durante a comunica-ção, o médium assume posturas e gestos incomuns ao seu modo de se expressar.

Quando interrogamos os mé-diuns conscientes estes dizem que, no decorrer do fenômeno, eles são como que levados a falar ou a escre-ver como se isto não dependesse da vontade própria.

Correlacionando, agora, o que vimos em termos neurológicos para a fisiologia do sistema extrapirami-dal (gânglios da base e área cortical pré-motora) com as características da comunicação mediúnica, temos a impressão de que a entidade co-municante se utiliza deste sistema automático para se manifestar com

maior rapidez, com o mínimo de dispêndio de energia, com menor interferência da consciência do médium e com maior possibilidade de se suceder uma amnésia.

Resumidamente, poderíamos enquadrar este tipo de comunicação mediúnica como uma constelação de automatismos complexos, de-sempenhados pelo sistema extrapi-ramidal do médium, mas com a co-autoria do espírito comunicante.

Já vimos também que, durante nossos atos automáticos, nossa cons-ciência está livre para a execução de atos voluntários e intencionais, podendo com eles interromper ou

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a manifestação mediúnica, em se tratando de gestos automatizados, sofre o controle e a ingerência da consciência do médium

modificar nossos automatismos. Por isto, podemos dizer e concluir que a manifestação mediúnica, em se tratando de gestos automatiza-dos, sofre o controle e a ingerência da consciência do médium. O que não deixa de ser um fator inibidor, mas necessário para a própria “dis-ciplina” da entidade quando isto se fizer necessário.

TáLAMO O tálamo é um núcleo sensitivo

por excelência. Ele exerce um papel receptor, centralizador e seletor das informações sensitivas que se dirigem ao cérebro.

Os estímulos externos do tipo dor, tato, temperatura e pressão percebidos em toda extensão do nosso corpo percorrem vias neurais

que terminam no tálamo (no cen-tro do cérebro). A partir daí estes estímulos são priorizados e selecio-nados para que cheguem ao cérebro apenas os estímulos convenientes, principalmente os mais urgentes, como o caso dos estímulos nocivos que exigem uma rápida retirada. É o caso de retirarmos logo a mão de um objeto que está muito quente.

Por outro lado, mesmo para estímulos de pouca importância, o tálamo pode fornecer para a cons-ciência as informações desejadas, quando elas forem requeridas para o córtex. É o caso de a qualquer mo-mento, mesmo de olhos fechados, querermos saber se estamos ou não usando uma aliança no dedo ou meias calçadas nos pés.

Portando, as informações sensiti-vas são percebidas no tálamo e este exerce o papel bloqueador interrom-pendo o caminho até o córtex cere-bral que só será alcançado quando a informação for nova ou quando despertar interesse ou risco.

As informações monótonas e corriqueiras ficam provisoriamen-te interrompidas no tálamo. As informações das roupas que, por exemplo, tocam a nossa pele, não precisam afetar nossa consciência continuadamente.

É possível que muitas das nossas sensações somáticas referidas pelos médiuns, que dizem perceber a aproximação de entidades espiri-tuais, como se estes lhes estivessem tocando o corpo, sejam efeitos de estímulos talâmicos.

Neste caso, pela ação do córtex do médium, os estímulos espirituais podem ser facilitados ou inibidos pela aceitação ou pela desatenção do médium, bem como por efeito

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Abril 2010 | FidelidadESPÍRITA CAPA

de estados emocionais não discipli-nados pelo médium.

gLÂNDULA PINEAL A estrutura e as funções da

glândula pineal passaram a ser estudadas com maior ênfase após a descoberta da melatonina por Lener, em 1958.

Embora a pineal já fosse co-nhecida desde 300 anos DC ( foi descoberta por Herophilus ), só após a descoberta da melatonina se descobriu sua relação com a luminosidade e a escuridão.

Ficou demonstrado experimen-talmente que a luz interfere na função da pineal através da retina, atingindo o quiasma óptico, o hipotálamo, o tronco cerebral, a medula espinhal, o gânglio cervical superior, chegando finalmente ao nervo conari na tenda do cerebelo. Entre a pineal e o restante do cére-bro não há uma via nervosa direta. A ação da pineal no cérebro se faz pelas repercussões químicas das substâncias que produz.

Hoje já se identificou um efeito dramático da pineal (por ação da melatonina) na reprodução dos mamíferos, na caracterização dos órgãos sexuais externos e na pig-mentação da pele.

Investigações recentes mostram também, uma relação direta da me-latonina com uma série de doenças neurológicas que provocam epilep-sia, insônia, depressão e distúrbios de movimento.

Animais injetados com altas doses de melatonina desenvolvem incoordenação motora, perda da motricidade voluntária, relaxamen-to muscular, queda das pálpebras, piloereção, vaso dilatação das extre-

midades, redução da temperatura e respiração agônica.

Descobriu-se também que a me-latonina interage com os neurônios serotoninérgicos e com os recepto-res benzodiazepínicos do cérebro, tendo, portanto, um efeito sedativo e anticonvulsivante.

Pacientes portadores de tumo-res da pineal podem desenvolver epilepsia por depleção da produção de melatonina.

A melatonina parece ter também um papel importante na gênese de doenças psiquiátricas como depres-são e esquizofrenia.

Outros estudos confirmam uma propriedade analgésica central da melatonina, integrando a pineal à analgesia opiácea endógena.

A literatura espírita há muito vem dando destaque para o papel da pineal como núcleo gerador de irradiação luminosa, servindo como porta de entrada para a recepção mediúnica.

Como a pineal é sensível à luz, não será de estranhar que possa ser mais sensível ainda a vibração eletromagnética. Sabemos que a ir-radiação espiritual é essencialmente semelhante a onda eletromagnética que conhecemos, compreendendo-se, assim, sua ação direta sobre a pineal.

Podemos supor que este primei-ro contato da entidade espiritual com a pineal do médium possibi-litaria a liberação de melatonina predispondo o restante do cérebro ao “domínio” do espírito comuni-cante. Esta participação química do fenômeno mediúnico poderia

nos explicar as flutuações da inten-sidade e da freqüência com que se observa a mediunidade.

Até o presente a espécie humana recebe a mediunidade como carga pesada de provas e sacrifícios. Raras vezes como oportunidade bem apro-veitada para prestação de serviço e engrandecimento espiritual.

A evolução, no entanto, cami-nha acumulando experiências, repetindo aprendizados. Aos pou-cos iremos acumulando tanto espiritualmente como fisicamente modificações no nosso cérebro. O homem do futuro deverá dispor da mediunidade como dispõe hoje da inteligência. Confiamos que a misericórdia de Deus nos conceda a benção de saber usar bem as duas a partir de hoje.

O autor, Dr. Nubor Orlando Facure, espírita desde criança, especialista em Neurologia, diretor do Instituto do Cérebro de Campinas, ex-professor titular de Neurologia da UNICAMP, pesquisador, escritor e expositor espírita, é colaborador desta revista.

O homem do futuro deverá dispor da mediunidade como dispõe hoje da inteligência

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FidelidadESPÍRITA | Abril 2010hISTóRIA

A Outra Vidapor Arthur Conan Doyle

Assinalei no texto o modo notável pelo qual as narrações feitas da vida

futura, embora provenientes das mais variadas e distintas fontes, concordavam nos pontos essenciais, concordância que por vezes se esten-de às minudências. A diversidade aparece nelas quando a visão, por mais completa, abrange e descreve mais de um plano. Porém as des-crições dessa região feliz a que o comum dos mortais pode aspirar são muito conformes.

Depois que escrevi o que ficou para trás, li três novas descrições, sem ligação alguma entre si, que confirmam o que acabo de dizer. Uma delas foi dada por A. King’s Counsel, no seu recente livro Heard a Voice (Ouvi uma Voz), que reco-mendo aos pesquisadores, se bem se lhe note um forte pendor para o catolicismo romano, o que mos-tra quão persistentes são em nós as primeiras diretrizes dos nossos pensamentos.

A segunda se encontra no livri-nho The Light on the Future (A Luz sobre o Futuro) dando, acerca do Além, informações minuciosas e in-teressantes, obtidas por um círculo sério e respeitável de Dublin.

A terceira consta de uma carta particular que me dirigiu Mr. Huber Wales e é de todas, penso, a mais instrutiva. Mr. Wales é um investi-gador cauteloso e mais céptico do que crédulo, tanto que com incre-dulidade rejeitou as comunicações que conseguira obter ele próprio, por meio da escrita automática. Tendo lido o que eu publicara acerca das descrições feitas da vida no Além, foi buscar ao seu arquivo os escritos aos quais tão pouco valor tinha dado outrora, quando saíram da sua pena, e eis o que a respeito me escreveu:

“Depois de ler o vosso artigo, senti-me abalado, quase assombrado, pela circunstância de as narrativas que me haviam sido transmitidas, relativa-mente às condições da existência após a morte, coincidirem, creio que até nas mínimas particularidades, com as que apresentastes como resultado do colecionamento, que fizestes, de material recebido de várias proce-dências. Não descubro nas minhas precedentes leituras o que quer que possa explicar essa coincidência. Afirmo que ainda nada lera do que tendes publicado sobre o assunto. Pro-positadamente evitara ler Raymond e outros livros semelhantes para que o

que eu alcançasse não se ressentisse da influência dessa leitura. Os Pro-ceedings, que a esse tempo eu tinha lido, da S. P. R., não tratam, como sabeis, das condições da vida de além-túmulo. Seja como for, obtive, em épocas diferentes (como o mostram as notas que escrevia no mesmo momen-to), informações de que, nessa fase posterior da existência, os seres têm corpos que, conquanto imperceptíveis para os nossos sentidos, são para eles tão sólidos como os nossos para nós; que esses corpos apresentam as ca-racterísticas gerais dos nossos, porém aformoseadas; que os espíritos não têm idade nem sofrimento; que entre eles não há ricos nem pobres; que usam vestuários e se alimentam; que não dormem, se bem aquelas infor-mações falem de ocasional passagem

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Abril 2010 | FidelidadESPÍRITA hISTóRIA

por um estado de semiconsciência a que dão o nome de “adormecimento”, estado que, segundo me parece, se assemelha fortemente ao de hipnose; que, transcorrido um período em geral mais curto do que a média da vida na terra, eles entram numa nova fase de existência; que os que se assemelham pelo pensamento, pelos gostos e pelos sentimentos, gravitam agrupados; que os esposos não se reúnem forçosamen-te, mas que o amor entre eles subsiste, escoimado dos elementos que, na Terra, muitas vezes obstam à sua per-feita realização; que logo depois da morte terrena os espíritos passam por uma fase de repouso semiconsciente, de duração variável; que são inaptos para experimentarem sofrimentos cor-porais, porém suscetíveis de sentirem, por vezes, ansiedades morais; que o que se chama morte dolorosa é coisa “absolutamente desconhecida” deles; que as crenças religiosas nenhuma diferença determinam nas condições do viver espiritual; que a vida para eles é, no seu conjunto, intensamente feliz, não alimentando, nenhum de-les, o desejo de voltar à Terra.

“Nenhuma referência me foi feita ao trabalho” dos espíritos, tomado esse termo na acepção que lhe é

própria; mas, ao que dizem os infor-mantes, eles se interessam por várias ocupações. Isto, provavelmente, não passa de uma outra maneira de dizer a mesma coisa. Trabalho, entre nós, significa habitualmente “trabalhar para viver” e esse, como enfaticamen-te me informaram, não é para eles o caso, visto que são “providos”, por misteriosa forma, de tudo quanto à vida reclama.

“Também nenhuma alusão me fizeram a qualquer “estado penal temporário”. Colhi, entretanto, que os espíritos começam a sua vida no Além do ponto de desenvolvimento intelectual e moral em que deixaram a vida terrena. E, pois que a felici-dade deles se baseia principalmente na simpatia, os que lá chegam em condições morais pouco elevadas se vêem por tempo mais ou menos longo privados da capacidade de apreciar essa felicidade e de gozá-la.”

Fonte:

DOYLE, Arthur Conan. A Nova Revelação.

Págs.121 - 125. Feb. 2008.

Acrescentarei a este último tes-temunho um outro livrinho, que me passou pelas mãos, intitulado Do Thoughts Perish? (Morrem os Pensamentos?). Embora tenha guardado o anonimato, seu autor é evidentemente uma mulher de muita experiência e superior ca-ráter. As datas das comunicações que o volume encerra mostram que elas foram dadas na mesma época em que Raymond deu as suas, mas sem nenhuma relação com estas. Todavia, as descrições capitais do que sentem e experimentam os mancebos que desencarnaram como soldados são absolutamente idênticas às de Raymond. Que dirá a crítica hostil dessa concordância entre as narrativas de duas testemu-nhas absolutamente independentes uma da outra?

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FidelidadESPÍRITA | Abril 2010

Chegada a hora pôs-se Jesus à mesa e com ele os após-tolos. E disse-lhes: Tenho

ansiosamente desejado comer convosco esta Páscoa antes da minha paixão; pois vos digo que nunca mais a hei de comer, até que ela se cumpra no Reino de Deus. Depois de receber o cálice, havendo dado graças, disse: Tomai-o e distribui-o entre vós; pois vos digo que desde agora não beberei o fruto da videira até que venha o Reino de Deus. E tomando o pão e tendo dado graças, partiu-o e deu aos discípulos, dizendo: Este é o meu corpo que é dado por vós; fazei isto em memória de mim. Depois da ceia tomou

do mesmo modo o cálice, dizendo: Este cálice é a nova aliança em meu sangue, que será derramado por vós.” (Lucas, xxII, 14-20.)

“Estando eles comendo, tomou Jesus o pão e, tendo dado graças, partiu-o e deu aos discípulos, dizendo: Tomai e comei; este é o meu corpo. E tomando o cálice, rendeu graças e deu-lhes, di-zendo: Bebei dele todos; porque este é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado por muitos para remissão de pecados. Mas digo-vos que desta hora em diante não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que hei

de beber de novo convosco no reino do meu Pai. (Mateus, xxVI, 26-29.)

“Estando eles comendo, tomou Jesus o pão e, tendo dado graças, partiu e deu-lhes, dizendo: Tomai-o; este é o meu corpo. E tomando o cálice, rendeu gra-ças, e deu-lhes; e todos beberam dele. E disse-lhes: Este é o meu sangue, o sangue da aliança, que é derramado em favor de muitos. Em verdade vos digo que nunca mais beberei do fruto da videira, até aquele dia em que hei de beber de novo no Reino de Deus.” (Marcos, xIV, 22-25.)

A Ceia Pascoalpor Cairbar Schutel

ESCLARECImENTO

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Abril 2010 | FidelidadESPÍRITA ESCLARECImENTO

Narram as Escrituras que o Profeta Ezequiel, arrebatado em Espírito, de Babilônia, onde se achava cativo, foi em Jerusalém, e nesta cidade um Anjo mostrou-lhe um Santuário, que tinha a porta fechada; e disse-lhe que “fora daquela porta assim fechada, assentar-se-ia o Príncipe à mesa, para comer o pão na presença do Senhor” (Ezequiel, 44, 1-3).

Extraordinário transporte es-pírita! Belíssima visão profética! Maravilhosa comunicação pre-monitória, que se realizou à letra, algumas vintenas de anos depois!

Arrebatado em Espírito, com grande antecedência, viu o Profe-ta Ezequiel a cena estupenda que se deveria desdobrar através dos tempos: “Jesus, o Príncipe da Paz, sentado a uma mesa a partir o pão com seus discípulos, na cidade de Jerusalém”, tal como relembra-mos neste escrito, pela leitura dos Evangelhos.

No “Santuário” só podia ser repartido “o pão da proposição”, pelos sacerdotes; para Jesus, que tinha por missão infundir no Espí-rito Humano a Nova Lei do Amor, do Perdão e da adoração a Deus em Espírito e Verdade, o Santuário fechou as portas!

Era preciso que assim aconte-

cesse para que a Doutrina Cristã sofresse a contingência das duras impugnações com que os reacioná-rios de todos os tempos entravam todas as idéias novas, até a mais nobre e pura, a mais santa e verda-deira com que Deus quis auxiliar seus filhos.

Entretanto, o Pão não ficou inteiro e repartiu-se com tanta fartura que até hoje, 20 séculos depois, podemos com ele saciar a nossa fome de entendimento! Milagre ainda maior do que aquele que multiplicou peixes e pães que saciaram 5.000 pessoas. Aqueles

pães e peixes, embora matassem a fome de tanta gente e sobrassem ainda doze cestos de sobras, não chegaram até nós; ao passo que este Pão se reflete através das gerações e envolve nossa alma em fluidos benéficos, que verdadeiramente saciam o Espírito.

Respingando com minuciosa atenção os trechos evangélicos acima transcritos, vemo-los em íntima relação com os capítulos 13, 14, 15 e 16 do Evangelho de João, que recomendamos à atenção dos leitores. E assim chegamos à conclusão, pondo em concordân-cia os quatro Evangelhos, que o fim de Jesus, celebrando a Ceia, não foi comer o pão, por isso diz

o Evangelista: “Tomando o pão partiu-o; deu-o aos discípulos e disse-lhes: tomai e comei, este é o meu corpo, que vai ser dado por vós; e com o cálice cheio de vinho, ofereceu-lhes, dizendo: bebei, este é o sangue do Novo Testamento que vai ser derramado em vosso benefício.”

Por esta passagem se vê clara-mente que Jesus não tratava do pão material nem do vinho de uva, mas da sua Doutrina, que é o alimento do Espírito, e precisa ser repartido com todos, para que todos os Espíritos não sintam fome de conhecimentos religiosos; para que todos sejam saciados com esse Pão que nos dá um corpo novo, incorruptível, imortal.

As duas espécies: pão e vinho, não são mais que alegorias, que dão idéia da letra e do espírito; assim como a carne e o sangue especificam a mesma idéia: letra e espírito.

Queria Jesus mais uma vez lembrar a seus discípulos que o seu corpo que é a sua Doutrina — não pode ser assimilada uni-camente à letra, mas precisa ser estudada e compreendida em es-pírito e verdade; por isso o Mestre acrescentou, quando os judeus se escandalizaram por haver ele dito que seus discípulos necessi-tavam comer a sua carne e beber o seu sangue: “A carne para nada presta, o espírito é que vivifica; as palavras que eu vos digo são espírito e vida.”

Não é, pois, com o pão, nem com a óstia, que devemos comun-gar, mas, sim, com a Palavra do Cristo, com a sua Doutrina.

“A carne para nada presta, o espírito é que vivifica; as palavras que eu vos digo são espírito e vida.”

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FidelidadESPÍRITA | Abril 2010ESCLARECImENTO

Fonte:

SCHUTEL, Cairbar. Parábolas e Ensinos de Jesus.

Págs. 230 – 235. O Clarim. 1979.

*Diz Davi nos Salmos 78 — 24 e

26, profetizando sobre Jesus: “O trigo do Céu desceu à Ter-

ra, e os anjos deram de comer aos homens”.

Duas coisas notamos nesta pas-sagem: primeiro, o trigo é do Céu: segundo, os anjos é que deram de comer aos homens.

Ora, se o trigo é do Céu, o pão não pode ser material, mas sim es-piritual; e se os anjos é que deram de comer aos homens, está se cum-prindo em nossos dias a palavra pro-fética de Davi, porque a Doutrina do Cristo está sendo oferecida em todos os pontos do globo, a todos os homens, pelos Espíritos.

Anjo quer dizer espírito mensa-geiro de Deus. E não são estes que vêm relembrar-nos a Palavra Divina e descerrar aos nossos olhos as por-tas da Imortalidade?

Jesus Cristo, encarnando a palavra de Deus, o Verbo, disse que ela é Pão; Davi profetizando sobre a distribuição do Pão aos homens, afirmou que essa tarefa estava a cargo dos Anjos.

Eis o característico bem saliente da nossa Doutrina, fac-símile da Pura Doutrina de Jesus, ou seja a mesma Doutrina de Jesus: “ser pão, e ser repartida por Anjos”.

O Pão da Vida, que é o Pão do Céu, não pode mesmo ser ministra-do por homens, tenham eles o títu-lo que tiverem, embora se revistam de todas as aparências sugestivas para atrair as almas.

Continuemos, entretanto, a exa-minar se esta afirmação é ou não a verdade sagrada.

Qual foi o primeiro Pão espiritu-al que a Bíblia nos diz ter sido dado aos israelitas?

— Os dez mandamentos (ou seja, o Decálogo), escritos nas Tábuas da Lei.

Quem os escreveu? Moisés? Não! Diz o texto que

Moisés subiu ao Sinai e Jeová (um dos Espíritos Guias de Israel) foi quem os escreveu pela mediunidade de Moisés.

Quem fez Davi e Isaías escrever? Quem fez mover os lábios de Ma-laquias, de Jeremias, de Ezequiel e Daniel? Não foram os Anjos, os Espíritos, segundo se lê nos pró-prios textos destes livros encerrados na Bíblia?

Quem anunciou à Maria o nas-cimento do Messias, e, portanto, a materialização do Verbo de Deus? Não foi um Espírito chamado Gabriel?

Quem falou por Estevão e anun-ciou por Ágabo coisas que se iam realizar, e, de fato, se realizaram? Não foram os Espíritos?

Qual homem na Terra se pode julgar com autoridade para falar das coisas do Céu? Homem, um só. Jesus, porque nele havia encarnado o Verbo de Deus e ele era o Pão, podia dar-se a si mesmo, a todos; mas desde que o mundo existe, não consta nas páginas da História que outro homem o igualasse.

— Os Apóstolos! Poderia alguém dizer.

Mas os Apóstolos não foram Apóstolos enquanto não receberam o Espírito no Cenáculo.

Todo o pão que eles distribuí-ram, durante sua estadia na Terra, foi manipulado pelos Anjos, pelos Espíritos de Deus, que depois da explosão de Pentecostes nunca os deixaram. Foi neste dia que eles receberam o “batismo” e foi nesse

dia que ficaram “batizados”, porque “estar batizado” é estar envolto, é es-tar imerso nos fluidos vivificadores dos Espíritos Santos.

E se assim não é, quais foram as obras que eles praticaram, qual Doutrina pregaram antes de recebe-rem o espírito, no Cenáculo?

O homem que, num calmo mo-mento de meditação, olhar para o passado, verá assombrado as trans-formações profundas, maravilhosas mesmo, operadas à sua atenção des-prevenida. E se olhar para a vida do mundo, abismar-se-á ao ver como o dia a dia, minuto por minuto, o tempo, supremo iconoclasta, vem destruindo as mais basilares teorias, as mais incontroversas idéias, os mais sólidos monumentos, as mais inatacáveis fortalezas erguidas pela vontade humana!

Mas a Palavra de Jesus foi e será inatingível; a Palavra de Jesus não passou: é permanente, eterna, imu-tável! Assim está escrito e assim se há de cumprir. Ela é indispensável à evolução da Humanidade e há de realizar, sem dúvida alguma, a sua missão providencial, libertadora, reformando todas as instituições decrépitas e alimentando, como Pão que é, todos os homens que, à procura de novos estádios de liberdade, buscarem o seu espírito vivificante.

A Lição da Ceia e do Lavapés é a Lição do Amor, da Humildade, para aquisição das glórias vindou-ras.

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Abril 2010 | FidelidadESPÍRITA mENSAGEm

Criaturas ou Filhos de Deus?

por Vinícius

Fonte:

VINÍCIUS. Nas Pegadas do Mestre. Págs. 298

– 299. Feb. 1993.

“A todos que o receberam, aos que crêem em seu nome, deu ele o direito de se tornarem filhos de Deus: os quais não nasceram do sangue, nem da vontade da carne, nem da vontade do homem, mas sim de Deus.” (Evan-gelho.)

A qualidade de filho pressupõe a de herdeiros. Os filhos herdam dos pais; herdam em todo sentido: — material e moral. Do físico, herdam traços fisio-nômicos que recordam a paternidade. Do moral — pela convivência; pelo exemplo e pela educação — herdam predicados e virtudes.

É por isso que certas crianças, logo à primeira vista, despertam na imagi-nação de quem as vê a lembrança dos seus pais. Nem sempre, convém notar, essa recordação é sugerida pelo plástico da criança, mas, particularmente, pela aura que a envolve. Essa aura, às vezes, acha-se tão em harmonia com o astral ascendente que a figura do pai como que aparece, numa cambiante, fundin-do-se na figura do filho.

Segundo a palavra evangélica, o homem torna-se filho de Deus somente

depois que aceita e põe em prática a moral divina revelada por Jesus-Cristo. Antes disso, é criatura de Deus, ou seja, filho presuntivo, apenas.

De fato, como ser filho sem ser herdeiro? Onde a herança paterna que testifique a filiação?

Deus é espírito, e em espírito e ver-dade deve ser procurado. Como pode, portanto, o homem ser filho de Deus sem que reflita a imagem espiritual do Pai? Como pode ser filho de Deus se ainda não herdou os predicados e atributos que exornam o caráter da Divindade?

Como há-de ser filho de Deus se não se vê Deus através da aura que o envolve?

Como há-de o homem ser filho de Deus — que é puro espírito — se ele é todo animalidade, nada deixando transparecer de espiritual?

Em verdade, como acertadamente ensina o Evangelho, o homem só se tornará filho de Deus quando se deci-dir a acompanhar as pegadas de Jesus, quando se identificar com o Cristo, o Unigênito do Pai neste planeta.

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FidelidadESPÍRITA |Abril 2010

Fonte:

MARTINS, Eduardo. Com Todas as Letras. Pág. 62. Editora Moderna.

São Paulo/SP, 1999.

por Eduardo Martins

COm TOdAS AS LETRAS

O Artigo muda o sentido de “todo”

Às vezes, a simples presença de um artigo modifica completamente o sentido de uma palavra ou expressão.

É o que ocorre com todo, por exemplo. Isolado, antes de um substantivo, todo sig-

nifica qualquer, cada, um. Assim: Trabalhamos todo dia (qualquer dia, cada dia). / Todo homem é mortal (um, cada, qualquer). / Toda mulher tem seus encantos (qualquer, cada). / Todo poeta é sonhador (qualquer, cada).

Acompanhado de artigo, todo expressa a idéia de totalidade quando colocado diante de um substantivo (ou dos adjetivos ou pronomes que o precedem), equivalendo a inteiro, completo, pleno. Veja os exemplos:

Trabalhamos todo o dia (o dia inteiro). / Conhecia toda a história do seu país (a história inteira, plena, completa). / Visitei toda a linda costa (e não “toda linda costa”) do Nordeste (a costa inteira). / Toda a sua família (e não “toda sua”) participou da festa (isto é, a família inteira, completa, participou da festa).

No plural, fica tudo mais simples, uma vez que o artigo é obrigatório (está sempre implícita a idéia de totalidade). Desta maneira: Todos os presentes o aplaudiram (e não “todos presentes”). / O governo prometeu punir todos os manjfestantes. / A família reuniu na festa todos os seus membros. / O professor elogiava todos os bons exemplos.

Com que igualmente empregue os: Agradeceu a todos os que o elegeram. / Todos os

que quiseram saíram cedo. / Estavam ali todos os que o admiravam.

COM NÚMERO

Quando todos antecede um número, há duas possibilidades:

a) Existe artigo se o número vem antes de substantivo: Comprei todos os três livros. / Foram à reunião todos os dez membros do conselho.

b) Não existe artigo se o número está isolado:

Dos livros que você me recomendou, comprei todos três. / Estavam contentes todos cinco.

Só não use a forma todos os dois ou to-dos dois, que você deve substituir por os dois ou ambos: Conheço os dois (e não: Conheço “todos os dois”). / Conheço ambos os irmãos (e não: Conheço “todos os dois” irmãos).

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Abril 2010 | FidelidadESPÍRITA mENSAGEm

“Mas livra-nos do mal.” — Jesus. (Mateus, 6:13.)

Não te Afastes

Emmanuel - Chico XavierVinha de Luz

A superfície do mundo é, indiscutivelmen-te, a grande escola dos espíritos encarnados.

Impossível recolher o ensinamento, fugin-do à lição.

Ninguém sabe, sem aprender. Grande número de discípulos do Evan-

gelho, em descortinando alguns raios de luz espiritual, afirmam-se declarados inimigos da experiência terrestre. Furtam-se, desde então, aos mais nobres testemunhos. Defendem-se contra os homens, como se estes lhes não fossem irmãos no caminho evolutivo. En-xergam espinhos, onde a flor desabrocha, e feridas venenosas, onde há riso inocente. E, condenando a paisagem a que foram condu-zidos pelo Senhor, para serviço metódico no bem, retraem-se, de olhos baixos, recuando do esforço de santificação.

Declaram-se, no entanto, desejosos de união com o Cristo, esquecendo-se de que o Mestre não desampara a Humanidade. Esti-mam, sobretudo, a oração, mas, repetindo as sublimes palavras da prece dominical, olvidam

que Jesus rogou ao Senhor Supremo nos liberte do mal, mas não pediu o afastamento da luta.

Aliás, a sabedoria do Cristianismo não consiste em insular o aprendiz na santidade artificialista, e, sim, em fazê-lo ao mar largo do concurso ativo de transformação do mal em bem, da treva em luz e da dor em bênção.

O Mestre não fugiu aos discípulos; estes é que fugiram dEle no extremo testemunho. O Divino Servidor não se afastou dos homens; estes é que o expulsaram pela crucificação dolorosa.

A fidelidade até ao fim não significa adora-ção perpétua em sentido literal; traduz, igual-mente, espírito de serviço até ao último dia de força utilizável no mecanismo fisiológico.

Se desejas, pois, servir com o Senhor Jesus, pede a Ele te liberte do mal, mas que não te afaste dos lugares de luta, a fim de que aprendas, em companhia dEle, a cooperar na execução da Vontade Celeste, quando, como e onde for necessário.

Centro de Estudos Espíritas“Nosso Lar”

R. Prof. Luís Silvério, 120Vl. Marieta - Campinas/SP

(19) 3386-9019 / 3233-5596

Ônibus:Vila Marieta nr. 348* Ponto da Benjamim Constant em frente à biblioteca municipal.

www.nossolarcampinas.org.br

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Aberto ao Público:Necessário Inscrição:3386-9019 / 3233-5596

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Assistência Espiritual: Passes 4ª Feira 14h00 - 14h40 ininterrupto Aberto ao Público

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