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assine: (19) 3233-55962 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

FidelidadESPÍRITA | Maio 2010

Edição Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Depto. EditorialJornalista Responsável Renata Levantesi (Mtb 28.765)Projeto Gráfico Fernanda Berquó SpinaRevisão Zilda NascimentoAdministração e Comércio Elizabeth Cristina S. SilvaApoio Cultural Braga Produtos AdesivosImpressão Citygráfica

O Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” responsabiliza-se doutrinariamente pelos artigos publicados nesta revista.

Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar”Rua Luís Silvério, 120 – Vila Marieta

13042-010 Campinas/SPCNPJ: 01.990.042/0001-80 Inscr. Estadual: 244.933.991.112

ASSINATURASAssinatura anual: R$45,00(Exterior: US$50,00)

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SUmáRIO

26 COm TOdAS AS LETRASNãO DISPENSE O “O” E O “A” NECESSáRIOS

Importantes dicas da nossa língua portuguesa

4 ChICOO CASAMENTO DE ChICO xAVIER

Especulações em torno da vida de Chico

14 CAPAMATERNIDADE: ESCOLA DE AMOR

6 hISTóRIAIMPORTâNCIA DAS MANIFESTAÇõES MEDIúNICAS

O despertar do Espiritismo

24 ESCLARECImENTOA ERRATICIDADE

Onde encontram-se multidões

9 ENSINAmENTOAUTORIDADE DA DOUTRINA ESPÍRITA

CONTROLE UNIVERSAL DO ENSINO DOS ESPÍRITOS

Manifestações através de diversos médiuns

20 ESTUdOUM ENSAIO SOBRE MATéRIA E ENERgIA

Ciência e Espiritismo

19 mENSAGEmRENOVAÇãO

A força inexorável do progresso

Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP 3assine: (19) 3233-5596 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

Maio 2010 | FidelidadESPÍRITA

Fonte:

XAVIER, Francisco Cândido. Pensamento e Vida. Págs. 33 – 36. Feb.

2009.

EdITORIAL

Se nos propomos retratar mentalmente a luz dos Planos Superiores, é indispensável que a nossa vontade abrace espontaneamente o trabalho por alimento de cada dia.

No pretérito, apreciávamo-lo por atitude servil de quantos caíssem sob o ferrete da injúria.

A escola, as artes, as virtudes domésticas, a in-dústria e o amanho do solo eram relegados a mãos escravas, reservando-se os braços supostos livres para a inércia dourada.

Hoje, porém, sabemos que a lei do trabalho é roteiro da justa emancipação. Sem ela, o mundo mental dorme estanque. Fugir-lhe aos impositivos é situar-se à margem do caminho, onde o carro da evolução marcha, inflexível, deixando à retaguarda quantos se amolgam à ilusão da preguiça.

O usurário não padece apenas a infelicidade de seqüestrar os bens devidos ao bem de todos, mas igualmente o infortúnio de erguer para si mesmo a cova adornada em que se lhe estiolarão as mais nobres faculdades do espírito.

Não vale, contudo, agir por agir. As regiões infernais vibram repletas de movi-

mento. Além do trabalho-obrigação que nos remunera

de pronto, é necessário nos atenhamos ao prazer de servir.

Nas contingências naturais do desenvolvimento terrestre, o Espírito encarnado é compelido a es-forço incessante, para o sustento do corpo físico. Recolhe, de graça, a água pura, os princípios solares e os recursos nutrientes da atmosfera; entretanto, é preciso suar e sofrer em busca da proteína e do

carboidrato que lhe assegurem a euforia orgânica. Cativo, embora, às injunções do plano de

obscura matéria em que transitoriamente respira, pode, porém, desde a Terra, fruir a ventura do ser-viço voluntário aos semelhantes todo aquele que descerre o espelho da própria alma aos reflexos da Esfera Divina.

O trabalho-ação transforma o ambiente. O trabalho-serviço transforma o homem. As tarefas remuneradas conquistam o agrade-

cimento de quem lhes recebe o concurso, mas permanecem adstritas ao mundo, nas linhas da troca vulgar.

A prestação de concurso espontâneo, sem qual-quer base de recompensa, desdobra a influência da Bondade Celestial que a todos nos ampara sem pagamento.

À maneira que se nos alonga a ascensão, enten-demos com mais clareza a necessidade de trabalhar por amor de servir.

Quando começamos a ajudar o próximo, sem aguilhões, matriculamo-nos no acrisolamento da própria alma, entrando em sintonia com a vida abundante.

Nos círculos mais elevados do espírito, o trabalho não é imposto. A criatura consciente da verdade compreende que a ação no bem é ajustamento às Leis de Deus e a ela se rende por livre vontade.

Por isso, nos domínios superiores, quem serve avança para os cimos da imortalidade radiosa, repro-duzindo dentro de si mesmo as maravilhas do Céu que nos rodeia a espelhar-se por toda parte.

Trabalho

assine: (19) 3233-55964 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

FidelidadESPÍRITA | Maio 2010ChICO

Desdobramentopor Suely Caldas Schubert

...estou freqüentando, fora do corpo físico, uma noite por semana, uma Escola do Espaço

14 – 3 – 1958

“(...) O nosso confrade das “fitas” e o “outro” estão mesmo para ficar somente no livro de nossas orações. Estão soltos no ar e só Jesus poderá contê-los. Agora deram para dizer: — “isso ou aquilo, conforme reunião havida em Pedro Leopoldo, etc. etc.” Mas não dizem que semanalmente estacionam grupos de visitantes em hotéis da cidade, com médiuns variados em recepções e reuni-ões nesses mesmos hotéis, sem que eu lhes possa partilhar os trabalhos e assuntos. Há grupos de confrades diversos, das mais diversas procedências que se reú-

nem aqui para essa ou aquela medida, em seus templos distantes, mas, como é natural, não posso segui-los. Que Deus os ampare e ajude a todos.

Não penso como o nosso Ismael, no que respeita ao livro do nosso caro Zêus. Pela parte que li em “Reformador”, o as-sunto das mesas girantes é de profundo interesse para todos os tempos da nossa

Doutrina e Zêus, com a penetração espiritual de que dispõe, é sempre muito feliz nos temas que abraça. Lembremo-nos do “Memórias de um suicida”. Muita gente, ao ver superficialmente o livro, julgava-o distante da comunidade geral dos leitores e, entretanto, o livro esgotou-se logo e tem sido uma bênção. Aguardo, pois, o trabalho do Zêus com o maior interesse.

Ultimamente, estou freqüentando, fora do corpo físico, uma noite por se-mana, uma Escola do Espaço em que o nosso abnegado Emmanuel é professor

de Doutrina Espírita. Confesso que é uma experiência maravilhosa. Estou aprendendo o que nunca pensei em aprender e tenho conservado a lem-brança do que vejo, com o auxílio dos Amigos do Alto.

Segue o documentário “Pensamento e Vida”. (...)”

Um mês após a última carta e o

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Maio 2010 | FidelidadESPÍRITA ChICO

Fonte:

SCHUBERT, Suely Caldas. Testemunhos de

Chico Xavier. Págs. 367 - 370. Feb. 1998.

o livro “As Mesas Girantes e o Espiritismo” é excelente e apresenta um trabalho de pesquisa profundo e atraente

mesmo confrade ainda permanece criando problemas e tendo agora a companhia de um “outro”.

Há uma frase neste texto que merece destaque:

“Estão soltos no ar e só Jesus poderá contê-los.”

Chico não ignora que muitos visitantes utilizam-se do seu nome para referendar deliberações toma-das pelos próprios e sem que ele de-las participe ou tenha notícias. Que muitas pessoas, em interpretações a seu talante, fazem afirmativas como se estas partissem dele, Chico. Ele tem conhecimento disso, mas não tem como impedir ou esclarecer. Tais boatos ou inverdades ganham foros de verdade e correm por todo

País ao sabor das interpretações individuais, em tudo envolvendo o nome de Chico Xavier.

O seu comentário, no texto, a respeito do problema nos dá bem uma idéia do que ocorre.

Seguem-se as ponderações a respeito do livro que Zêus está es-crevendo sobre as “mesas girantes”. Chico diz que o assunto é de muito interesse. Ele estava certo, pois realmente o livro “As Mesas Giran-tes e o Espiritismo” é excelente e apresenta um trabalho de pesquisa profundo e atraente.

No tópico final, Chico relata

algo muito curioso: que está fre-qüentando, fora do corpo físico, em desdobramento, uma escola no plano espiritual na qual Emmanuel é professor de Doutrina Espírita. Revela ainda que tem conservado a lembrança do que vê e ouve.

Já fizemos alguns comentários sobre desdobramento na carta de 25-11-1948.

Chico, ao referir-se a essa escola, no plano espiritual, confessa estar maravilhado com a experiência e o aprendizado.

No cap. VIII de “O Livro dos Espíritos”, ficamos cientes de que os encarnados, quando libertos par-cialmente do veículo físico, vão em busca daqueles que lhes são afins.

Os que cultivam os ideais eleva-dos “vão para junto dos seres que lhes são superiores. Com estes via-jam, conversam e se instruem”.

Os que optam pelos interesses inferiores, “esses vão, enquanto dor-mem, ou a mundos inferiores à Ter-ra, onde os chamam velhas afeições, ou em busca de gozos quiçá mais baixos do que os em que aqui tanto se deleitam. Vão beber doutrinas ainda mais vis, mais ignóbeis, mais funestas do que as que professam entre vós”. (Questão 402.)

Chico Xavier, plenamente iden-tificado com o seu ministério de

amor, com toda a sua vida dedicada ao Bem, prossegue no plano espiri-tual, quando em parcial liberdade, nas tarefas de socorro e aprendi-zado.

Em níveis apropriados às res-ponsabilidades e conquistas de cada um, isso também pode acontecer com todos os que se dedicam a tarefas doutrinárias e, muito espe-cialmente e com mais regularidade, com os que têm responsabilidades administrativas, mediúnicas e na área de divulgação da Doutrina. Estes, desde que estejam bem sin-tonizados, terão na esfera espiritual a assessoria dos seus mentores para freqüentarem cursos apropriados às atividades que exercem. A maioria, todavia, não guarda integralmente a lembrança desses encontros, mas os ensinamentos ficam arquivados e emergem, no momento propício, em forma de intuições, idéias que assomam repentinamente, etc.

Os médiuns e aqueles que la-boram em tarefas mediúnicas, mormente as de desobsessão, são particularmente treinados pelos Instrutores Espirituais, para que du-rante o sono, em desdobramento, prossigam nessas atividades, cujo aprendizado lhes é especialmente valioso. Por outro lado, os processos desobsessivos são realizados com a presença do obsidiado, igualmente desdobrado, a fim de que se proces-sem os reencontros com os obsesso-res quando já estejam a caminho da rearmonização.

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FidelidadESPÍRITA | Maio 2010hISTóRIA

Importância dasManifestações Mediúnicaspor herculano Pires

Baseando-se nas mani-festações mediúnicas e em toda a gama dos

fenômenos hoje chamados para-normais, o Espiritismo despertou simpatias e provocou aversões nos meios científicos e culturais da Europa, na segunda metade do século XIX. De um lado, ele agradava o povo, que se interessava naturalmente pelas manifestações de seus mortos queridos. Por ou-tro lado, irritava os cientistas e ho-mens de cultura, que repudiavam as superstições populares e não viam como os mortos poderiam se manifestar, se já estavam mortos. Brofério chegou a propor a criação de um Espiritismo sem Espíritos, pois reconhecia a realidade dos fenômenos mas recusava-se a acei-tar a interpretação de Kardec. A época era de problemas cruciantes, com o desenvolvimento dramático das experiências magnéticas, logo mais chamadas de hipnóticas, e as invenções de processos terapêuti-cos para a cura de doenças mentais e psíquicas. Luiz Vives conta que Charcot, numa de suas aulas, apresentou uma mulher inculta que recebeu em grego uma comu-

nicação psicográfica de Arago sobre os problemas da fisiologia humana. O fato era chocante, mas Charcot advertiu os discípulos de que não deviam tentar nenhuma explicação a respeito. Prudentemente deviam pensar no que viram e esperar expli-cações futuras. As Ciências temiam a morte e os espíritos, estavam car-regadas de misticismo religioso, sob ameaças clericais, e problemas dessa espécie se tornavam perigosamente melindrosos. O que Kardec fazia era uma temeridade que poderia levá-lo à loucura.

Esse mesmo ambiente carregado de ameaças excitava ainda mais a curiosidade popular, podendo de-sencadear represálias de parte dos poderes eclesiásticos, ainda muito vigilantes. A serenidade com que Kardec enfrentou esse ambiente pode ser apreciada na Revista Espírita, obra indispensável ao estudo da doutrina e que já temos em nossa língua, em seus doze volumes redigidos pelo mestre, na tradução do saudoso Julio Abreu Filho.

O terror da morte e dos mortos, provindo das mais remotas civiliza-ções, e a introjeção desse terror, num processo de quase dois milênios, no

espírito europeu, perdura até hoje em nossa cultura e responde pela maior parte das aversões ao Espiritismo. As introjeções psicanalíticas produzem reflexos condicionados no incons-ciente, em forma de complexos, mais duradouros e profundos que os de Pavlov em suas experiências no plano cortical. A morte, por si mesma traumatizante, acrescida das cerimônias fúnebres de grande poder emocional e com raízes longevas nas tradições das raças, conta ainda com a influência arquetípica no incons-ciente coletivo. Basta um ruído se-melhante a gemido, um sopro frio na noite ou o ranger de uma trave para desencadear nos espíritos sensíveis introspectivas de fantasmas apavoran-tes. Se o Espiritismo se interessasse por esses efeitos, como querem os seus adversários interesseiros, poderia aproveitar esse pavor em benefício de sua propagação. Mas Kardec agiu em sentido contrário, verificando e classificando os fatos reais, distin-guindo-os das impressões ocasionais e explicando-os à luz da razão e das conquistas científicas. Recusou-se até mesmo a tratar dos fenômenos de ma-terialização de espíritos na Sociedade Parisiense, deixando esse campo a

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Maio 2010 | FidelidadESPÍRITA hISTóRIA

cargo dos cientistas mais famosos da época. A colaboração desses cientis-tas foi muito além do que ele podia esperar. Com exceção do casal Curie, que depois de algumas experiências interrompeu suas tentativas, alegan-do, com razão, a necessidade de se entregar exclusivamente ao problema do rádium, todos os demais foram ao extremo. A Ciência Espírita formou a sua galeria de honra com nomes exponenciais do século provando a realidade da sobrevivência do ser. Um desses momentos foi quando Richet, até então renitente, procurando sempre uma via de escape, enviou sua carta famosa a Ernesto Bozzano – como o fizera Lombroso rendido ante essa realidade inegável – e outra carta a Cairbar Schutel, proclamando em latim: Mors janua vite, ou seja: A morte é a porta da vida.

A estratégia de Kardec era perfeita

e dera os resultados por ele previstos. Limitando-se às pesquisas psicológi-cas e deixando aos físicos, químicos, fisiologistas e especialistas em mecâ-nica (como William Crawford, que descobriu e provou a mecânica do ectoplasma), ele fechara a questão científica do Espiritismo de maneira decisiva. Em nossos dias as pesquisas tecnológicas da Física atual e da Pa-rapsicologia, como referendariam a conquista da face oculta da Terra, an-tes mesmo da façanha astronáutica da descoberta da face oculta da Lua.

A importância das comunicações mediúnicas não está apenas no seu caráter probante, como acentuou Bozzano, mas também e sobretudo na sua expressão de solidariedade humana através da morte. A seção da Revista Espírita intitulada Palestras Familiares de Além-Túmulo oferece provas inegáveis da identidade espi-ritual dos comunicantes, mostrando a naturalidade com que os chamados mortos se manifestavam afirmando a sua sobrevivência plena no mundo espiritual. Levado pelo entusiasmo natural da juventude, um jovem pesquisador parisiense encantou-se com os fenômenos de ordem física e propôs o reconhecimento do que chamava de médiuns inertes. Léon Denis refutou essa tese absurda, lembrando ao jovem Paul Nord que Kardec já havia demonstrado que os efeitos físicos da mediunidade eram

produzidos por espíritos manifestan-tes que movimentavam as mesas e os objetos com seus fluxos de energia que davam aos objetos uma vida factícia e passageira.

Se Kardec se prendesse à fascina-ção dos fenômenos de efeitos físicos, o Espiritismo não levaria a dança das mesas além das conseqüências mate-riais que Galvani tirou da dança das rãs. O fundamental da doutrina é a mensagem dos mortos, que através dela provam a continuidade do ser em outras dimensões da matéria e

desvendam o segredo doloroso dos túmulos, das lápides frias que esma-garam para sempre vidas preciosas e sonhos de beleza eterna.

Além disso, a mensagem dos mor-tos restabelece a unidade humana rompida pela divisão dos homens em dois planos antagônicos, o dos que vivem uma vida efêmera esperando a morte e o dos que morreram e se transformaram em cinzas para sem-pre. A vida humana seria apenas um lampejo ocasional de fogo fátuo sobre a terra, tragado pelos terrores de uma noite eterna. As teologias do absurdo, pseudo-ciências de Deus – como se Deus pudesse ser objeto de pesquisas ou especulações de laboratoristas de sacristia – continuaram impunes na elaboração dos mitos terroristas do Inferno, do Diabo e das condenações eternas.

Por outro lado, sem os estudos e pesquisas de Kardec sobre as comuni-cações mediúnicas, as terríveis ocor-rências de obsessões vingativas, de perturbações psíquicas incuráveis pe-los recursos da psicoterapia insciente, continuariam insolúveis, pois sem a técnica da doutrinação espírita, amo-rosa e eficaz, só restariam as práticas arcaicas dos exorcismos antiquados e perigosos, pois desprovidos do conhe-cimento indispensável das relações dos homens com os espíritos.

Tão profundamente foram intro-jetados nas gerações de dois milênios de cristianismo sincrético os terrores da morte, que a catarse curadora só está sendo possível atualmente através das pseudo-técnicas de libertinagem de várias correntes psiquiátricas e pelo pseudo-socorro da toxicomania. No próprio meio espírita surgem os resíduos da aversão milenar aos

Mors janua vite, ou seja: A morte é a porta da vida.

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FidelidadESPÍRITA | Maio 2010hISTóRIA

Fonte:

PIRES J. Herculano. Evolução Espiritual do

Homem na Perspectiva da Doutrina Espírita. Págs.

63 – 71. Paidéia. 2005.

mortos e aos fantasmas, levando criaturas ingênuas e inscientes a fazerem campanhas contra as prá-ticas mediúnicas, no insensato de-sejo de transformar as instituições doutrinárias em simples escolas teóricas, desprovidas da didática objetiva das práticas mediúnicas. É a volta obsessiva das pretensões acadêmicas de um Espiritismo sem Espíritos. As forças da contra evolução do homem, e portanto da Cultura e da Civilização, ron-dam sem cessar as mentes frágeis, inquietas e desprevenidas do meio doutrinário, sugerindo-lhes medi-das retrógradas, disfarçadas em forma de atualização doutrinária.

Essas tentativas se tornam perigosas numa fase de transição. Sem as relações constantes com o mundo espiritual, através das sessões mediúnicas, estaremos desprovidos da orientação segura dos Espíritos benevolentes e do Espírito da Verdade, que trouxe ao nosso mundo a Doutrina Es-pírita, a grande doutrina cósmica de que recebemos até agora apenas a dosagem adequada ao nosso estágio atual de evolução. Quan-do se extinguiu, no Cristianismo primitivo, o chamado culto pneu-mático, constituído pelas reuniões mediúnicas da era apostólica, as influências romanas tomaram o lugar das intuições espirituais e a Igreja de Cristo, não fundada pelo Senhor, mas pelos seus discípulos, isolou-se orgulhosamente em seu reino terreno e identificou-se com as religiões mitológicas, idólatras e formalistas. Apagou-se a luz dos santuários ingênuos ante o esplendor fictício do Império arrogante dos Césares. A expressão

culto pneumático provinha da pala-vra grega pneuma, que é sopro, e como sopro, espírito.

O culto pneumático era constan-temente perturbado pelas manifes-tações de espíritos perturbadores, contrários ao Cristo e apegados às religiões mitológicas das antigas ci-vilizações. Esses espíritos acusavam Jesus de farsante, combatiam os seus ensinos e ensinavam doutrinas inferiores. Enquanto os cristão supor-taram essas entidades, procurando salvá-las da ignorância por meio da doutrinação amorosa, os Espíritos Superiores apoiavam e estimulavam essas reuniões. Mas, com a supressão desse trabalho de amor pelos espíritos infelizes, formados em moldes roma-nos, os cristãos ficaram entregues a si mesmos e trocaram o Reino de Deus pelo Império simobíaco do Vaticano. Em lugar dos Espíritos benevolentes, a Igreja passou a receber os enviados de César para orientá-la dentro das rígidas sistemáticas do Império. O preço da assistência espiritual é o amor e a dedicação aos milhões de espíritos necessitados que sobrevivem na erraticidade.

Se quisermos suprimir as sessões mediúnicas, particularmente as de doutrinação, em nossas instituições espíritas, poderemos fazê-lo, pois o nosso livre-arbítrio será respeitado, mas convém, antes disso, consultar-mos a doutrina e lembrarmos os fatos históricos do Cristianismo, vendo que preço teremos de pagar por essa pretensa atualização. Cada posição ou atitude que tomamos tem o seu preço na economia divina e esse preço não é pago em moedas de César, mas em moedas de amor e justiça.

Muitos espíritas atuais reclamam trabalhos elevados no campo dou-

trinário, em que manifestações de entidades sofredoras sejam substitu-ídas pelas manifestações de Espíritos Superiores, dotados de sabedoria e grandeza. É justa essa aspiração, des-de que paguemos o seu preço com a atenção e o amor devidos aos milhões de entidades sofredoras e angustiadas que esperam o nosso amparo amigo e as moedas de ouro puro e sacrificial do nosso amor. Sem isso, só teremos nas sessões especiais a presença de entidades mistificadoras que nos conduzirão a atitudes vaidosas e ridículas.

Temos tudo em nossas mãos e podemos escolher livremente o melhor ou pior. Porque somos aprendizes para nos tornarmos livres das provações e expiações do nosso planeta. Deus não nos força, porque só aprendemos fazendo. Temos a doutrina em nossas mãos para esse aprendizado e a liberdade de estudá-la ou não. É bom não esquecermos que a nossa liberdade espiritual só tem como guarda o freio da nossa própria consciência.

Jesus não impediu que Judas o tra-ísse e que Pedro o negasse, nem que Tomé duvidasse da sua ressurreição. Os processos espirituais de educação se fundem no exercício da liberdade de cada um, porque somente através de um sistema de livre escolha, entre experiências negativas e positivas, podemos aprender a seguir volunta-riamente os rumos certos da nossa destinação.

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Maio 2010 | FidelidadESPÍRITA ENSINAmENTO

Autoridade da Doutrina EspíritaControle Universal do Ensino dos Espíritos

por Allan Kardec

Se houvesse um intérprete único, por mais favorecido que esse fosse, o Espiritismo estaria apenas conhecido

Se a doutrina espírita fosse uma concepção puramen-te humana, não teria como

garantia senão as luzes daquele que a tivesse concebido. Ora, ninguém neste mundo poderia ter a pretensão de possuir, sozinho, a verdade abso-luta. Se os Espíritos que a revelaram se houvessem manifestado a apenas um homem, nada lhe garantiria a origem, pois seria necessário crer

sob palavra no que dissesse haver re-cebido os seus ensinos. Admitindo-se absoluta sinceridade de sua parte, poderia no máximo convencer as pessoas do seu meio, e poderia fazer sectários, mas não chegaria nunca a reunir a todos.

Deus quis que a nova revelação chegasse aos homens por um meio mais rápido e mais autêntico. Eis porque encarregou os Espíritos de a levarem de um pólo ao outro, manifestando-se por toda parte, sem dar a ninguém o privilégio ex-

clusivo de ouvir a sua palavra. Um homem pode ser enganado e pode enganar-se a si mesmo, mas não aconteceria assim, quando milhões vêem e ouvem a mesma coisa: isto é uma garantia para cada um e para todos. Demais, pode fazer-se desa-parecer um homem, mas não se faz desaparecerem as massas; podem-se queimar livros, mas não se podem queimar espíritos. Ora, queimem-se

todos os livros, e a fonte da doutrina não será menos inesgotável, porque não se encontra na Terra, surge de toda parte e cada um pode captá-la. Se faltarem homens para a propagar, haverá sempre os Espíritos, que atingem a todos e que ninguém pode atingir.

São realmente os próprios Espí-ritos que fazem a propaganda, com a ajuda de inumeráveis médiuns, que eles despertam por toda parte. Se houvesse um intérprete único, por mais favorecido que esse fosse,

o Espiritismo estaria apenas conhe-cido. Esse intérprete, por sua vez, qualquer que fosse a sua categoria, provocaria a prevenção de muitos; não seria aceito por todas as nações. Os Espíritos, entretanto, comuni-cando-se por toda parte, a todos os povos, a todas as seitas e a todos os partidos, são aceitos por todos. O Espiritismo não tem nacionalida-de, independe de todos os cultos particulares, não é imposto por ne-nhuma classe social, visto que cada um pode receber instruções de seus parentes e amigos de além-túmulo. Era necessário que assim fosse, para que ele pudesse conclamar todos os homens à fraternidade, pois se não se colocasse em terreno neutro, teria mantido as dissensões, em lugar de apaziguá-las.

Esta universalidade do ensino dos Espíritos faz a força do Espiritismo, e é ao mesmo tempo a causa de sua tão rápida propagação. Enquanto a voz de um só homem, mesmo com o auxílio da imprensa, necessitaria de séculos para chegar aos ouvidos de todos, eis que milhares de vozes se fazem ouvir simultaneamente, em todos os pontos da Terra, para proclamar os mesmos princípios e os transmitir aos mais ignorantes

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FidelidadESPÍRITA | Maio 2010ENSINAmENTO

O primeiro controle é, sem contradita, o da razão, ao qual é necessário submeter, sem exceção, tudo o que vem dos Espíritos

e aos mais sábios, a fim de que ninguém seja deserdado. É uma vantagem de que não pode gozar nenhuma das doutrinas aparecidas até hoje. Se, portanto, o Espiritismo é uma verdade, ele não teme nem a má vontade dos homens, nem as resoluções morais, nem as trans-formações físicas do globo, porque nenhuma dessas coisas pode atingir os Espíritos.

Mas não é esta única vantagem que resulta dessa posição excepcio-nal. O Espiritismo ainda encontra nela uma poderosa garantia contra os cismas que poderiam ser suscita-

dos, quer pela ambição de alguns, quer pelas contradições de certos Espíritos. Essas contradições são certamente um escolho, mas car-regam em si mesmas o remédio ao lado do mal.

Sabe-se que os Espíritos, em conseqüência das suas diferenças de capacidade, estão longe de possuir individualmente toda a verdade; que não é dado a todos penetrar certos mistérios; que o seu saber é proporcional à sua depuração; que os Espíritos vulgares não sabem mais do que os homens; que há, entre eles, como entre estes, presunçosos

e falsos sábios, que crêem saber aquilo que não sabem; sistemáticos, que tomam suas próprias idéias pela verdade; enfim, que os Espíritos da ordem mais elevada, que são completamente desmaterializados, são os únicos libertos das idéias e das preocupações terrenas. Mas sabe-se também que os Espíritos embusteiros não têm escrúpulos para esconder-se atrás de nomes emprestados, a fim de fazerem acei-tar suas utopias. Disso resulta que, para tudo o que está fora do ensino exclusivamente moral, as revelações que alguém possa obter são de cará-ter individual, sem autenticidade, e devem ser consideradas como opiniões pessoais deste ou daquele Espírito, sendo imprudência aceitá-las e propagá-las levianamente como verdades absolutas.

O primeiro controle é, sem con-tradita, o da razão, ao qual é neces-sário submeter, sem exceção, tudo o que vem dos Espíritos. Toda teoria em contradição manifesta com o bom senso, com uma lógica rigo-rosa, e com os dados positivos que possuímos, por mais respeitável que seja o nome que a assine, deve ser rejeitada. Mas esse controle é incom-pleto para muitos casos, em virtude da insuficiência de conhecimentos de certas pessoas, e da tendência de muitos, de tomarem seu próprio juízo por único árbitro da verdade. Em tais casos, que fazem os homens que não confiam absolutamente em si mesmos? Aconselham-se com os outros, e a opinião da maioria lhes serve de guia. Assim deve ser no tocante ao ensino dos Espíritos, que nos fornecem por si mesmos os meios de controle.

A concordância do ensino dos

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Maio 2010 | FidelidadESPÍRITA ENSINAmENTO

Espíritos é portanto o seu melhor controle, mas é ainda necessário que ela se verifique em certas condições. A menos segura de todas é quando um médium interroga por si mesmo numerosos Espíritos, sobre uma questão duvidosa. É claro que, se ele está sob o império de uma ob-sessão, ou se tem relações com um Espírito embusteiro, este Espírito pode dizer-lhe a mesma coisa sob nomes diferentes. Não há garantia suficiente, da mesma maneira, na concordância que se possa obter pe-los médiuns de um mesmo centro, porque eles podem sofrer a mesma influência.

A única garantia segura do ensino dos Espíritos está na concordância das revelações feitas espontaneamente, atra-vés de um grande número de médiuns, estranhos uns aos outros, e em diversos lugares.

Compreende-se que não se trata aqui de comunicações relativas a interesses secundários, mas das que se referem aos próprios princípios da doutrina. A experiência prova que, quando um novo princípio deve ser revelado, ele é ensinado es-pontaneamente, ao mesmo tempo, em diferentes lugares, e de maneira idêntica, senão na forma, pelo me-nos quanto ao fundo. Se, portanto, apraz a um Espírito formular um sistema excêntrico, baseado em suas próprias idéias e fora da verdade, pode-se estar certo de que esse siste-ma ficará circunscrito, e cairá diante da unanimidade das instruções dadas por toda parte, como já mos-traram numerosos exemplos. É esta unanimidade que tem posto abaixo todos os sistemas parciais surgidos na origem do Espiritismo, quando cada qual explicava os fenômenos a

seu modo, antes que se conhecessem as leis que regem as relações do mun-do visível com o mundo invisível.

Esta é a base em que nos apoia-mos, para formular um princípio da doutrina. Não é por concordar ele com as nossas idéias, que o damos como verdadeiro. Não nos colocamos, absolutamente, como árbitro supremo da verdade, e não dizemos a ninguém: “Crede em tal coisa, porque nós vo-la dizemos”. Nossa opinião não é, aos nossos próprios olhos, mais do que uma opinião pessoal, que pode ser justa ou falsa, porque não somos mais infalíveis do que os outros. E não é também porque um princípio nos

foi ensinado que o consideramos verdadeiro, mas porque ele recebeu a sanção da concordância.

Nossa posição, recebendo as comunicações de cerca de mil centros espíritas sérios, espalhados pelos mais diversos pontos do glo-bo, estamos em condições de ver quais os princípios sobre que essa concordância se estabelece. É esta observação que nos tem guiado até hoje, e é igualmente ela que nos guiará, através dos novos campos que o Espiritismo está convocado a explorar. É assim que, estudando atentamente as comunicações rece-bidas de diversos lugares, tanto da França como do exterior, reconhece-mos, pela natureza toda especial das

revelações, que há uma tendência para entrar numa nova via, e que chegou o momento de se dar um passo à frente. Essas revelações, formuladas às vezes com palavras veladas, passaram quase sempre despercebidas para muitos daqueles que as obtiveram, e muitos outros acreditaram tê-las recebido sozinhos. Tomadas isoladamente, elas seriam para nós sem valor; somente a coincidência lhes confere gravidade. Depois, quando chega o momento de publicá-las, cada um se lembrará de haver recebido instruções no mesmo sentido. É esse o movimento geral que observamos e estudamos, com a assistência dos nossos guias

espirituais, e que nos ajuda a avaliar a oportunidade de fazermos uma coisa ou de nos abstermos.

Esse controle universal é uma garantia para a unidade futura do Espiritismo, e anulará todas as teo-rias contraditórias. É nele que, no futuro, se procurará o critério da ver-dade. O que determinou o sucesso da doutrina formulada e O Livro dos Espíritos e em O Livro dos Médiuns, foi que, por toda parte, cada qual pode receber, diretamente dos Es-píritos, a confirmação do que eles afirmavam. Se, de todas as partes, os Espíritos os contradissessem, esses livros teriam, após tão longo tempo, sofrido a sorte de todas as concep-ções fantásticas. O apoio mesmo

A única garantia segura do ensino dos Espíritos está na concordância das revelações feitas espontaneamente

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FidelidadESPÍRITA | Maio 2010ENSINAmENTO

da imprensa não os teria salvado do naufrágio, enquanto que, priva-dos desse apoio, não deixaram de fazer rapidamente o seu caminho, porque tiveram o dos Espíritos, cuja boa vontade compensou, com vantagem, a má vontade dos ho-mens. Assim acontecerá com todas as idéias manadas dos Espíritos ou dos homens, que puderem suportar a prova desse controle, cujo poder ninguém pode contestar.

Suponhamos, portanto, que alguns Espíritos queiram ditar, com qualquer título, um livro de sentido contrário; suponhamos mesmo que, com intenção hostil, e com o fim de desacreditar a doutrina, a malevolência suscitasse comuni-cações apócrifas. Que influência poderia ter esses escritos, se eles são desmentidos de todos os lados pelos Espíritos? É da adesão desses últimos que se precisa assegurar, antes de lançar um sistema em seu nome. Do sistema de um só ao sistema de todos, há a distância da unidade ao infinito. Que podem,

mesmo, todos os argumentos dos detratores contra a opinião das massas, quando milhões de vozes amigas, vindas do espaço, chegam de todas as partes do Universo, e no seio de cada família os repelem vivamente? A experiência já não confirmou a teoria, no tocante a este assunto? Que foi feito de to-das essas publicações que deviam, segundo afirmavam, destruir o Espiritismo? Qual delas conseguiu, pelo menos, deter-lhe a marcha? Até hoje não se havia consideração à questão desse ponto de vista, sem dúvida um dos mais graves: cada um contou consigo mesmo, sem contar com os Espíritos.

O princípio da concordância é ainda uma garantia contra as al-terações que em proveito próprio, pretendessem introduzir no Espiri-tismo as seitas que dele quisessem apoderar-se, acomodando-o à sua maneira. Quem quer que tentasse fazê-lo desviar de seu fim providen-cial fracassaria, pela bem simples razão de que os Espíritos, através

da universalidade dos seus ensinos, farão cair toda modificação que se afaste da verdade.

Resulta de tudo isto uma ver-dade capital: é que quem desejasse atravessar-se na corrente de idéias estabelecida e sancionada, poderia provocar uma pequena perturbação local e momentânea, mas jamais do-minar o conjunto, mesmo no pre-sente, quanto menos no futuro.

E resulta mais, que as instru-ções dadas pelos Espíritos, sobre os pontos da doutrina ainda não esclarecidos, não teriam força de lei, enquanto permanecessem isolados, só devendo, por conseguinte, ser aceitas sob todas as reservas, a título de informações.

Daí a necessidade da maior prudência na sua publicação, e no caso de julgar-se que devem ser pu-blicadas, só devem ser apresentadas como opiniões individuais, mais ou menos prováveis, mas tendo, em todo o caso, necessidade de confir-mação. É esta confirmação que se deve esperar, antes de apresentar um princípio como verdade abso-luta, se não se quiser ser acusado de leviandade ou de credulidade irrefletida.

Os Espíritos Superiores pro-cedem, nas suas revelações, com extrema prudência. Só abordam as grandes questões da doutrina de maneira gradual, à medida que a inteligência se torna apta a com-preender as verdades de uma ordem mais elevada, e que as circunstân-cias são propícias para a emissão de uma idéia nova. Eis porque, desde o começo, eles não disseram tudo, e nem o disseram até agora, não cedendo jamais à impaciência de pessoas muito apressadas, que

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Maio 2010 | FidelidadESPÍRITA ENSINAmENTO

Fonte:

KARDEC, Allan. O Evangelho Segundo o Espirit-

ismo. Págs. 18 - 26. EME. 1996.

desejam colher os frutos antes de amadurecerem. Seria, pois, inútil, querer antecipar o tempo marcado pela Providência para cada coisa porque os Espíritos verdadeiramen-te sérios recusam-se positivamente a ajudar. Os Espíritos levianos, porém, pouco se incomodando com a verdade, a tudo respondem. É por essa razão que, sobre todas as questões prematuras, há sempre respostas contraditórias.

Os princípios acima não são o resultado de uma teoria pessoal, mas a forçosa conseqüência das condições em que os Espíritos se manifestam. É evidente que, se um Espírito diz uma coisa num lugar, enquanto milhões dizem o contrá-

rio por toda parte, a presunção de verdade não pode estar com aquele que ficou só, e nem se aproximar da sua opinião, pois pretender que um só tenha razão, contra todos, seria tão ilógico de parte de um Espírito como de parte dos homens. Os Espíritos verdadeiramente sábios, quando não se sentem suficien-temente esclarecidos sobre uma questão, não a resolvem jamais de maneira absoluta. Declaram tratar do assunto de acordo com a sua opinião pessoal, e aconselham es-perar-se a confirmação.

Por maior, mais bela e justa que seja uma idéia, é impossível que reúna, desde o princípio, to-das as opiniões. Os conflitos que dela resultam são a conseqüência inevitável do movimento que se

processa, e são mesmo necessários, para melhor fazer ressaltar a verda-de. É também útil que eles surjam no começo, para que as idéias falsas sejam mais rapidamente desgasta-das. Os espíritas que revelam alguns temores devem ficar tranqüilos. Todas as pretensões isoladas cairão, pela força mesma das coisas, diante do grande e poderoso critério do controle universal.

Não será pela opinião de um homem que se produzirá a união, mas pela unanimidade da voz dos Espíritos. Não será um homem, e muito menos nós que qualquer outro, que fundará a ortodoxia espírita. Nem será tam-pouco um Espírito, vindo impor-se a quem quer que seja. É a universali-

dade dos Espíritos, comunicando-se sobre toda a Terra, por ordem de Deus. Este é o caráter essencial da doutrina espírita, nisto está a sua força e a sua autoridade. Deus quis que a sua lei fosse assentada sobre uma base inabalável, e foi por isso que não a fez repousar sobre a ca-beça frágil de um só.

É diante desse poderoso areó-pago, que nem conhece o conluio, nem as rivalidades ciumentas, nem o sectarismo, nem as divisões na-cionais, que virão quebrar-se todas as oposições, todas as ambições, todas as pretensões à supremacia individual, que nos quebraríamos nós mesmos, se quiséssemos substituir esses decretos soberanos por nossas próprias idéias. Será ele somente que resolve-rá todas as questões litigiosas, que

fará calar as dissidências e dará falta ou razão a quem de direito. Diante desse grandioso acordo de todas as vozes do céu, que pode a opinião de um homem ou de um Espírito? Menos que uma gota d’água que se perde no oceano, menos que a voz de uma criança abafada pela tempestade.

A opinião universal, eis por-tanto o juiz supremo, aquele que pronuncia em última instância. Ela se forma de todas as opiniões indi-viduais. Se uma delas é verdadeira, tem na balança o seu peso relativo; se uma é falsa, não pode sobrepujar as outras. Nesse imenso concurso, as individualidades desaparecem, e eis aí um novo revés para o orgulho humano.

Esse conjunto harmonioso já se esboça; portanto, este século não passará antes que ele brilhe em todo o seu esplendor, de maneira a resolver todas as incertezas; porque daqui para diante vozes poderosas terão recebido a missão de se faze-rem ouvir, para reunir os homens sob a mesma bandeira, uma vez que o campo esteja suficientemente pre-parado. Enquanto isso, aquele que flutuar entre dois sistemas opostos poderá observar em que sentido se forma a opinião geral: é o indício seguro do sentido em que se pro-nuncia a maioria dos Espíritos, dos diversos pontos sobre os quais se comunicam; é um sinal não menos seguro de qual dos dois sistemas predominará.

este século não passará antes que ele brilhe em todo o seu esplendor

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Maternidade: escola de amorpor Therezinha Oliveira

Maternidade! Porta sagrada pela qual penetramos o panorama do mundo!

Pela maternidade a humanidade assiste em deslumbramento o perpetuar da espécie, a conti-nuidade de si mesma.

Sobre o berço que acolhe a criança, debruça-va-se admirado o olhar do selvagem e se debruça, ainda hoje, o do civilizado que, se logrou conhecer o mecanismo fisiológico da maternidade, não lhe desvendou a força intrínseca e criadora, ligada às próprias fontes da vida universal.

Maternidade! Em seu altar a humanidade tem prestado, através dos tempos, o culto fiel de sua atônita gratidão.

Nas florestas e cavernas, os gregos faziam os rituais do festival a Cibele, mãe dos deuses. Esta-vam cultuando a maternidade!

Entre os povos antigos, a esterilidade constituía motivo de repúdio; era a forma rudimentar de exaltação à maternidade.

Na Alemanha de Hitler, a ambição dos

homens, desejando o poder, prestigiou a mãe solteira. Foi ainda reconhecimento à glória da maternidade, como fonte insubstituível de reserva humana.

Todo esse culto visa apenas o aspecto físico, a maternidade-procriação, na qual importam ape-nas: a fertilidade da mulher e a saúde dos filhos.

Sua causa imediata é o instinto, na busca de satisfação material. O orgulho a utiliza para ostentação de normalidade física e continuidade da estirpe, a ambição a emprega como meio de segurança a patrimônios materiais, no processo de herança.

Mesmo restringindo-se ao aspecto físico, gran-de é o valor da maternidade-procriação: constitui oportunidade de colaboração com as leis divinas, para a continuidade da vida.

Nessa maternidade-procriação, há a doação de elementos físicos, o preço de limitações e sofrimentos temporários; e, como compensação: a alegria de procriar e o benefício de situações materiais decorrentes.

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Maio 2010 | FidelidadESPÍRITA CAPA

o trabalho dessa outra maternidade, a de formação, pede não só físico saudável e nove meses de submissão

*A criança gerada, porém, não é

massa inerte, mas vida influenciá-vel, com poderosa receptividade e assimilação.

Desde os primeiros momentos age e reage ante os seres e as condi-ções ambientes:

• respondendo a estímulos; • procurando o atendimento de

suas necessidades fundamentais; • adaptando-se a formas de

comportamento. De quem lhes estiver constante-

mente mais próximo, receberá ela a maior influência, a maior contri-buição que a sua individualidade comporte.

É uma nova maternidade, a ma-ternidade-de-formação, em que um ser transmite e outro recebe, não elementos físicos, mas tipos de con-duta, padrões de comportamento.

No vulto feminino, que se detém junto ao recém-nascido e ao infante, encontramos o agente, consciente

ou não, mas o agente por excelên-cia, dessa nova maternidade.

A grande maioria das mulheres chega normalmente com êxito até a maternida-procriação, que mais se apoia na atividade instintiva.

Mas o trabalho dessa outra ma-ternidade, a de formação, pede não só físico saudável e nove meses de submissão.

Exige muito mais, porque se tra-ta de formar novos membros para a

sociedade e dessa tarefa vão depen-der família, pátria, humanidade.

Por compreender a maternidade como formação e não apenas pro-criação, já se indaga: Quem é a mãe? Que pensa, sente, crê e faz?... Porque o filho a refletirá muito!

Esclarece-se, então, à mulher moderna quanto à importância de sua tarefa formadora e se lhe oferecem, entre outros, os recur-sos da biologia e da medicina, da sociologia e da psicologia, para que ela possa realizar essa tarefa a contento.

Com esse esclarecimento e am-paro, a mulher se empenha, cons-cientemente, nos trabalhos dessa nova maternidade, procurando plasmar no filho um membro da comunidade: saudável, sociável, instruído.

Quando o sucesso é alcançado nessa maternidade-formação, os sacrifícios foram compensados.

Cabe bem, aqui, a célebre histó-

ria das jóias de Cornélia. A grande dama romana, filha de

Cipião, o Africano, era mulher de grande caráter e mente cultivada. Educou com o maior esmero seus dois filhos,Tibério e Caio Graco, neles inspirando o amor do bem público e do povo, a paixão da glória e dos grandes feitos.

Um dia, foi visitada por rica patrícia da Campânia, que lhe exi-biu demoradamente suas muitas e

valiosas jóias e, depois, pediu para ver as jóias de Cornélia.

Serena, a dama chamou seus dois filhos e apresentou-os à visi-tante:

— Eis as minhas jóias e adornos preciosos.

E seus filhos, de fato, viriam a ser homens famosos pelo seu talento e sua coragem, exornando o valor da mãe que os formara para a vida.

*Na tarefa formadora, porém, novos e graves problemas repontam, sem que a mulher-mãe encontre solução para eles, nos recursos que a socie-dade lhe oferece.

DEVE FAZER DE SEU FILhO UM SER SAUDáVEL

Para isso usou todas as normas conhecidas, preparou seu organis-mo, seguiu prescrições médicas,

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FidelidadESPÍRITA | Maio 2010CAPA

aprendeu a alimentar, higienizar e vestir uma criança.

Mas não a ensinaram a receber filhos deficientes ou enfermos: epi-léticos, paralíticos, cegos...

Certo, a ciência lhe alongará explicações sobre o complicado mecanismo das heranças físicas e as causas eventuais dessas anorma-lidades: acidentes da formação, do parto, ação de medicamentos, ou do meio ambiente.

Mas não reconcilia o coração materno com a realidade inesperada e incompreendida, de filhos física ou intelectualmente prejudicados, anormais ou deficientes.

Havendo alguma esperança de aproveitamento das faculdades do filho, não atingidas pela deficiên-cia, a mãe pode vencer a própria mágoa e dedicar-se à realização do aproveitamento possível, apesar das limitações existentes.

Porém, sofre com a limitação imposta ao filho, e não cessará de se indagar intimamente: Por quê?

Se as condições físicas e intelec-tuais do filho o condenam a jamais poder exercer um papel plenamente ativo e produtivo dentro da socieda-de, onde a glória da maternidade?

Por amor, a mulher aceitará a maternidade, mesmo sem glória. Onde, porém, o argumento lógico que a convença de que sua vida não ficou também truncada, inutilizada, junto com a do filho?

DEVE TRANSMITIR AO FILhO UM COMPORTAMENTO SOCIAL

Qual? O padrão comum da socie-dade? Ou o seu ideal de conduta?

Que mãe não escolherá o me-lhor para seu filho? Honestidade, altruísmo, temperança... Escolhido o melhor, escolheu-se a luta contra o meio social dominante.

Estar a mãe esclarecida sobre essa influência não significa que possa neutralizá-la inteiramente.

A criança não pode nem deve ser mantida numa redoma protetora; precisa habituar-se às lutas reais, que a esperam, para as quais nasceu.

Esse embate com a realidade, porém, deve ser bem dosado, não pode ser prematuro, é preciso, antes, fazer-se a sementeira dos princípios que lhe formarão e sustentarão o caráter.

Mas, na vida moderna, o ambien-te social atinge a criança mais cedo, mais demorada e profundamente do que nunca, pelo rádio, a televisão, o cinema, a internet; e também pelos jornais e revistas, e a própria escola influi, e a liberdade de costumes...

Para a criança não sofrer tanta influência má, seria preciso corrigir a sociedade inteira. Quem será capaz de o fazer?

E a mãe se desespera; tem a impressão de lutar sozinha contra o mundo.

Se ainda fosse somente contra o mundo! Ela talvez o afrontasse com a coragem de uma leoa quando vê o filho ameaçado.

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Maio 2010 | FidelidadESPÍRITA CAPA

A criança não pode nem deve ser mantida numa redoma protetora; precisa habituar-se às lutas reais, que a esperam, para as quais nasceu

Mas a luta é maior, porque a criança traz tendências próprias que podem constituir outras amargas surpresas.

DEVE PROPORCIONAR AO FILhO O CULTIVO DA MENTE

Quantas vezes, ao procurar cum-prir esse mandamento, a ciência lhe diz:

O quociente intelectual de seu filho é animador! Mas depois, ela vê o filho, com a mente ilustrada, desandar para a delinqüência e a crueldade conscientes.

E a pobre mãe, horrorizada, receia: será que proporcionando ao meu filho desenvolvimento in-telectual terei talvez armado o seu cérebro para o mal? Acaso contribuí para ampliar e refinar sua atividade prejudicial?

A ciência, então, quando mui-to, lhe apontará classificação em amplo mapa de temperamentos e complexos, sem entretanto lhe dar a chave mágica que comanda o sentimento.

Se a ciência que estuda o ser não lhe proporciona meios seguros de formação, de moldagem intelecto-moral, a mãe chega a descrer da eficiência dos métodos pedagógicos, da ação educativa.

Quem poderá julgar o coração feminino em sua revolta ou amar-gura, perante o fruto infeliz de sua carne? Ou se recear a missão da maternidade, no seu desânimo ante a dificuldade da educação e a parcimônia de recursos para que logre o objetivo?

É que o trabalho materno não é o simples procriar nem a mera e

pacífica transmissão de condições e comportamento social.

O espírito, elemento esquecido, quebra o silêncio a que tentam condená-lo e se faz sentir, atestando que mais complexa e superior é a finalidade da vida.

*Revela-se um terceiro aspecto na

maternidade, a maternidade-espiri-tualização, tarefa delicada de lidar com as almas para trazê-las à luz do amor e da verdade.

Vede-a, a pobre mãe moderna! Sem haver concedido a si mesma

o benefício do esforço espirituali-zante e com a missão de espiritu-alizar! Sem esclarecimento das leis espirituais que regem o movimento das almas e com a tarefa de agir sobre a alma de seu filho!

Ei-la a se indagar, em revolta ou

amargura: Por que para mim o defeito, o vício, a ingratidão? Ou a se debater em lutas e dúvidas:

Que fazer? Haverá possibilidade de vencer?

Ai da humanidade se a mãe ce-der ou desanimar! Se ela triunfar, te-remos o mundo melhor, amanhã!

*Como todo problema humano,

se visto apenas à luz dos conheci-

mentos materiais, a perspectiva é insegura e sombria.

Mas o Espiritismo é sol clarean-do a paisagem humana, é energia alimentando almas na trajetória ascensional e, em socorro à mãe, ele começa oferecendo esclareci-mentos:

1) Criança é espírito imortal em romagem evolutiva, com bagagem de vidas anteriores, a ser modificada ou enriquecida.

2) Filho é afeto que retorna de ligação do passado a pedir conta ou resgate; ou espírito a necessitar coo-peração, enfermo da alma, sofredor, delinqüente.

3) Educação é obra de espírito para espírito. Possível de ser reali-zada, porque somos seres evolutivos e a ação educativa transcende ao físico e ao tempo, continuando em outras existências. Mas só triunfa

se fundamentada no amor, força atuante e poderosa.

4) Maternidade é escola de amor, em que, dedicando-se a alguns seres, os filhos, a mulher aprende a sublime arte do amor que aplicará a todos os seres.

Nessa escola, adquire-se: Pureza de sentimento, amando

e não somente sendo amada, apren-dendo a se dedicar e perdoar.

Renúncia, ao abdicar de sonhos

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FidelidadESPÍRITA | Maio 2010CAPA

Criança é espírito imortal em romagem evolutiva, com bagagem de vidas anteriores, a ser modificada ou enriquecida

próprios, particulares, quando impeçam a tarefa junto ao filho. Consciência do valor do trabalho, pois ninguém edifica sem esforço; ninguém educa sem presença e ação perseverante.

Sabedoria resultante da neces-sidade de observar tendências e reações, extirpar erros, estimular potências.

Ao alcance da mulher-mãe, o Espiritismo coloca, também:

Informações claras e seguras sobre as leis divinas, para se esclare-cer e, também, ao filho sobre quem somos, de onde viemos e para onde iremos.

E meios de ação espiritual, como: a prece, para buscar amparar-se e amparar ao filho com a ligação aos planos superiores da vida; os passes, para captar energias que acalmam, recompõem e fortalecem; o intercâmbio mediúnico que, os-tensivo ou não, nos traz o amparo dos bons espíritos.

Nestes tempos em que a socie-dade está em convulsão, há guerras e rumores de guerras e espíritos rebeldes reencarnam como oportu-nidade última de recuperação, antes do fechamento do ciclo evolutivo para a humanidade terrena; nestes tempos, em que, como disse Jesus: Ai das que estiverem grávidas e das que amamentarem! (Mt 24:19), ser mãe é hoje, mais do que nunca a missão dos três SS: Serviço, Sacrifí-cio, Sofrimento. Tarefa que a muitas assusta, afugenta, acovarda, rebela, amargura, abate.

Só o Espiritismo, afastando a bar-reira da morte, tornando visíveis as ligações espirituais, ajuda a colocar essa cruz aos ombros e acena com a vitória decisiva do bem.

Só o Espiritismo pode reerguer o coração feminino e, recolocá-lo, como rubi cintilante de amor, no engaste da maternidade.

E o faz pela sua mensagem esclarecedora, confortante, de espi-ritualidade.

Mulher, Eis que Deus colocou em teu ser a

possibilidade gloriosa da continuidade da vida.

Na urna de tenros corpos de carne, confiou-te sementes do espírito imortal.

Umedece com a chuva de teu pranto, comovido e resignado, a semente divina que é o teu filho.

Oferece-lhe o calor de teu colo, para que ela germine; a terra da tua experi-ência, para lhe firmar as raízes; o esteio de teu exemplo,

Para arrimar-lhe a haste frágil; o sol da tua fé no bem, para atração ideal de sua existência!

A tarefa é longa, mas não te inquie-tes, nem desanimes, nem te amargures. Dela sempre sairás enriquecida de sen-timento e sabedoria.

E a sementeira há de florir um dia; talvez hoje e aqui, ou acolá, amanhã... mas, certamente, na espiritualidade.

Quando a tristeza ameaçar subjugar-te, lembra as palavras do Cristo:

“A mulher, quando está para dar à luz, sente tristeza, porque é chegada a sua hora; mas depois de ter dado à luz a criança, já não se lembra da aflição,

pelo prazer de haver nascido um homem no mundo.” (João 16:21)

Talvez estejas, agora, nas horas di-ficeis da maternidade-espiritualização, essa abençoada escola de amor, suando e sofrendo para dares à luz do espírito os filhos que Deus te confiou.

Mas depois, quando esses espíritos se acolherem regenerados aos teus braços; quando seus primeiros sorrisos de virtu-de alcançarem teu coração, não terás lembrança das aflições, dos trabalhos, das dores...

Serás toda alegria e glória, pelo prazer de haver mais um justo no reino dos céus!

*Neste mundo de expiação e de

provas, onde proliferam o crime, o vício e as degradações morais, a presença das mães junto a nós é bênção divina, é ternura, amparo, diminuição dos sofrimentos, qual-quer que seja a situação em que nos encontremos.

Bênção que não termina na Ter-ra, mas se estende além, pois o amor materno prossegue vivo e presente, junto aos filhos queridos, pelos fios poderosos do pensamento e as irra-diações puras do sentimento.

Fonte:

OLIVEIRA, Therezinha. Mulher e Mãe – Uma

Homenagem. Págs. 39 – 59. Editora Allan

Kardec. 2009.

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Maio 2010 | FidelidadESPÍRITA mENSAGEm

Eurípedes Barsanulfo (01/05/1880 - 01/11/1918) nasceu em Sacra-mento/MG, tendo sido um dos

maiores vultos do Espiritismo nacional, não só pela sua mediunidade notável, mas porque foi um dos primeiros educadores espíritas, fundador do Colégio Allan Kardec, em 1907. Colaborou com vários periódicos espíritas e debateu com opositores em praça pública.

A força inexorável do progresso vem alterando em profundidade, nos últimos tempos, a face ultrajada do planeta.

Ruem as muralhas que separavam os povos, sob os camartelos da solidariedade que abre espaço ao entendimento entre os homens.

Bastiões considerados inexpugnáveis tombam vencidos pela força do amor que ilumina as mentes e os corações, fazendo que batam em retirada os arbitrários do-minadores de consciências e esmagadores das liberdades democráticas, nas quais estão estatuídos os direitos do homem ao exercício de uma vida saudável, consentâ-nea às suas conquistas intelecto-morais.

Cedem passo, aos ideais da paz, os quartéis de armamentos bélicos, e as autoridades que governam as nações, ao invés da guerra fria e ameaçadora, marcham ao encontro uns dos outros para firmarem compromissos de respeito às criaturas, estabelecendo a necessidade de abolir a hidra violenta da destruição para que se implantem as admiráveis conquistas do progresso, a benefício dos homens.

Fábricas de assassínio de vidas cerram as suas portas, deixando de produzir a indústria da morte, para que sejam implantados os lares da educação, os núcleos de apoio social e promoção humana, facultando ao futuro realiza-

ções libertadoras de consciências e de edificação da paz.

Em todo esforço extraordinário que os missionários do Alto, reencarnados, executam, surpreendendo a sociedade, observa-se o homem, estorcegando-se sob os flagelos que ele desencadeou para si próprio, resgatando compromissos negati-vos, enquanto se estrutura para os futuros cometimentos da felicidade humana.

São inevitáveis as leis do progresso, e ninguém, força alguma é capaz de detê-lo.

O homem está fadado à Grande Luz e avança com passo seguro no rumo da sua destinação.

Ao Espiritismo, neste momento al-tamente significativo da História, cabe a tarefa de conduzir a consciência social ao fanal que lhe está reservado.

Momento este de revisionismo, de contestação, de aferição de valores, de análise de estruturas, é também de re-novação.

A releitura do Evangelho de Jesus, sob a óptica da Doutrina Espírita, faculta-lhe o entendimento da vida na sua significação profunda e impostergável.

Este é o momento da implantação da Era do Espírito Imortal.

O homem, esfaimado de amor, bate aflito às portas dos Céus buscando res-postas, e O Consolador brinda-o com os elementos nutrientes e abençoados capazes de atender as necessidades que o afligem.

Arrebentando as algemas da ignorân-cia e abrindo os braços ao amor, o homem que encontrou a Mensagem Espírita está habilitado a desempenharar as tarefas de crescimento espiritual e moral para as quais reencarnou.

Indispensável que, ao lado das gran-des transformações que se operam em favor da renovação geral, arrebentem se também as barreiras morais que separam os indivíduos, que se derrubem as pare-des que impedem, emocionalmente, o entendimento humano e sejam lançadas pontes nos abismos, facultando o trânsi-to livre de todos em favor da verdadeira fraternidade.

Juventude é um estado de espírito, e é mediante essa atitude interior, rica de esperança e de otimismo que todos os homens, conscientes das suas responsa-bilidades, devem trabalhar em benefício da relevante realização do bem em favor de todos.

A juventude de ontem, hoje amadure-cida, que teve a coragem de encetar os

primeiros passos em prol dos novos tempos que ora vivemos, propõe aos jovens de ago ra apoiados nas preciosas lições de Jesus-Cristo, darem prosse-guimento ao labor que apenas surge, engrandecendo a Humanidade na qual se encontram como membros atuantes, por meio do trabalho, da ordem e do amor, para que batam em retirada, em definitivo da Terra, os perversos fan-tasmas da fome, da miséria, da doença, do abandono, da dor, que se tornarão páginas do período de primitivismo que o planeta passou, quando olhados através das claridades sublimes do futuro.

Renovação com Jesus é reconstrução de vida a benefício de todas as vidas.

Eurípedes Barsanulfo

Renovaçãopor Eurípedes Barsanulfo / Divaldo P. Franco

Fonte:

Franco, Divaldo P. Páginas Elucida-tivas. Págs. 11 – 14. Minas Editora. 2004.

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FidelidadESPÍRITA | Maio 2010ESTUdO

Um Ensaio sobre Matériae Energiapor Alexandre Fontes da Fonseca - Volta Redonda, RJ

Antes de analisarmos a questão sobre a possibili-dade de podermos trans-

formar matéria em energia, vamos ver o que a Física entende por massa. Mas-sa é normalmente entendida como sendo a medida da inércia, isto é, da dificuldade de alterar-se a dinâmica de um objeto. Einstein, com sua famosa equação, E=mc2, demonstra a relação entre a energia E e a massa m de um objeto, onde c é a velocidade da luz. Porém, de que energia e de que massa a teoria de Einstein está falando? Entender isso é extremamente impor-tante para descobrirmos se energia pode se transformar em matéria e, posteriormente, analisarmos se pode-mos chamar os fluidos espirituais de energias. Os artigos das referências 8 e 9 apresentam uma discussão histórica muito rica sobre o assunto. Vamos aqui apresentar apenas as conclusões desse estudo.

Einstein demonstrou que se um corpo de massa m perder ou ganhar energia no valor E, a sua massa total diminui ou aumenta na proporção m=E/c2. Daí a equação E=mc2. As-sim, Einstein mostra que existe uma correlação direta entre a energia, dita

de repouso de um corpo e a medida de sua inércia, de sua massa de repouso. Notem que usamos o adjetivo “repou-so”, pois existe uma confusão entre os físicos a respeito da possibilidade da massa de um corpo poder aumentar em função da sua velocidade. O prof. Valadares mostra [8,9] que essa é uma interpretação errada da Teoria da Relatividade de Einstein e que, na verdade, não importa quão veloz

é uma partícula, sua massa é sempre a mesma. Por exemplo, um próton se deslocando a velocidades muito altas, próximas da velocidade da luz, terá massa idêntica a de um próton em repouso. Einstein demonstrou que no processo de conservação da energia total de um sistema, cada partícula possui uma energia intrín-seca chamada “energia de repouso”, dada pela equação E=mc2. Uma con-

Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP 21assine: (19) 3233-5596 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

Maio 2010 | FidelidadESPÍRITA ESTUdO

sequência dessa teoria é que a massa de um corpo não é necessariamente igual à soma das massas das partícu-las que o compõem (grifamos para enfatizar). Em um dado processo, o que se conservam, segundo a Física, é o chamado momento (ou quantidade de movimento) e a energia total do sistema. A massa total só se conserva se a definimos de modo diferente do usual, o que deixamos para o leitor mais interessado verificar nos artigos das referências 8 e 9.

Diante do que foi exposto acima, pode energia se transformar em maté-ria, ou vice-versa? Para responder isso, considere como exemplo uma reação de desmaterialização ou aniquilamen-to ocorrida com um sistema formado por um elétron e um pósitron, isola-dos do resto do universo, como sugere o prof. Valadares[8]. Nesse processo, o momento e a energia total se con-servam. Em outras palavras, antes da desmaterialização, o par elétron-pósitron possui determinado valor para a energia, momento e massa totais. Após a desmaterialização, dois fótons são produzidos e a energia, momento e massa totais permanecem com o mesmo valor, cada. Que a energia e o momento se conservam, isso entendemos perfeitamente. Mas como a massa total se conserva, se o elétron e o pósitron foram destruídos e no lugar dois fótons, que possuem massa de repouso nula, surgiram? É aí que precisamos prestar maior atenção para entender como a Física interpreta o fenômeno de reação de desmaterialização e verificar se houve ou não transformação de matéria em energia.

O argumento chave para entender o que acontece é: “se a energia total se

conservou, isto é, se ela permaneceu a mesma, então nem se ganhou nem se perdeu energia”. Portanto, se tivesse ocorrido a transformação de matéria em energia, teríamos um aumento na energia total do sistema isolado. Como isso não ocorre no fenômeno de desmaterialização, não houve con-versão nem de matéria, nem de coisa alguma em energia! Apesar de sutil, é um erro dizer que matéria pode ser transformada em energia e vice-versa. O que de fato houve foi uma transfor-mação de duas partículas, o elétron e o pósitron, em outro tipo de partícula: fótons. Em outras palavras, objetos reais e concretos como o elétron e o pósitron, de acordo com a Física, só podem se transformar em outros objetos reais e concretos, como os fótons. Objetos reais não podem se transformar em entes abstratos como

a energia. Como lemos na explicação de Feynman, energia é um conceito puramente abstrato. Energia, por sua vez, pode ser transformada em outros tipos de energia ou transferida de um sistema físico a outro, mas energia não pode ser transformada em ma-téria. Nesse cálculo desse “número” a que chamamos energia, a fórmula E=mc2 precisa ser levado em conta para que a lei de conservação da energia seja verificada no fenômeno de aniquilamento de par de partícula-antipartícula.

O mesmo raciocínio é válido com relação à massa, porém com a observa-

ção de que a soma das massas de um sistema não necessita ser igual à massa total do sistema, como mencionado anteriormente. Esse é o caso dos fótons que são criados na reação de desmaterialização. Cada fóton, sepa-radamente, possui massa de repouso nula, mas o sistema formado por dois fótons possui massa total igual à massa de dois elétrons. A explicação formal para isso se encontra nos artigos das referências 8 e 9 e não extenderemos aqui por razões de espaço.

Retornemos às frases contidas nas duas obras de André Luiz citadas no primeiro parágrafo deste artigo, numerando-as: 1) “matéria densa não é senão a energia radiante condensa-da”, 2) “matéria é luz coagulada”; e 3) “na essência, toda a matéria é energia tornada visível”. Essas frases tem

relação com os conceitos de matéria, massa e energia de repouso de uma partícula, bem como com a interpre-tação de processos de aniquilamento ou desmaterialização.

Sendo rigorosos com relação à Física, nenhuma das três frases aci-ma está rigorosamente correta. As frases 1) e 3) estão em conflito com o que a Física, hoje, diz pelas razões explicadas nos parágrafos anteriores. A frase 2) parece correta em vista do fenômeno de aniquilamento de um par partícula-antipartícula, onde partículas com massa de repouso não nula se transformam em fótons, que

“na essência, toda a matéria é energia tornada visível”

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FidelidadESPÍRITA | Maio 2010ESTUdO

De fato, matéria existe em estados que eram desconhecidos da humanidade à época de Kardec

são quanta de luz. Apesar da frase 2) ser a que melhor se aproxima do entendimento atual dos físicos, não é correto deduzir que a “matéria é luz coagulada”. O fato da matéria poder se transformar em fótons não significa que as partículas sejam fó-tons “coagulados” ou “condensados” antes do fenômeno de transformação. A matéria, de acordo com o Modelo Padrão da Física de Partículas, é todo sistema físico formado por partículas elementares. Essas partículas são elementares porque não possuem es-trutura interna, o que equivale a dizer que elas não são internamente fótons, “luz coagulada”, ou qualquer outra coisa. Elas já são os tijolos básicos da matéria. Elas possuem características individuais próprias como massa,

carga elétrica, energia de repouso e outras propriedades físicas fixas. No caso da relação entre massa e ener-gia (que é a que sugere que matéria pode ser transformada em energia e vice-versa), o que podemos dizer, nas palavras do próprio Einstein, é que “A massa de um corpo é uma medida do seu conteúdo energético”[8]. Uma partícula, então, contém energia na medida proporcional à sua quantida-de de massa, mas ela, a partícula, em si não é energia.

Por outro lado, em vista da sutileza

da interpretação atual da Física dos conceitos de matéria, massa, energia e dos fenômenos como o de aniqui-

lamento, e sabendo que na época em que as frases 1), 2) e 3) foram publi-cadas pela primeira vez, os físicos não tinham a compreensão de agora (o Modelo Padrão foi desenvolvido em 1970, enquanto as obras de André Luiz foram escritas e primeiramente publicadas nas décadas de 40 e 50), precisamos reconhecer que essas fra-ses estavam corretas no contexto do conhecimento científico da época, exprimindo a idéia do fenômeno de desmaterialização ou de aniquilamen-to de um par partícula-antipartícula, mas acima de tudo enfatizando que a Ciência já reconhecia que a matéria não é algo rígido, duro e perpétuo como nossos cinco sentidos poderiam sugerir. Se a forma dessas frases não está correta perante o que ensina a

Física de hoje, a mensagem que seus autores pretenderam transmitir de que a matéria não é algo absolutamen-te rígido é atual e confirmada por essa mesma ciência. Além disso, é preciso ter em mente, como aliás nos lembra André Luiz no prefácio da obra Me-canismos da Mediunidade[10], que a Ciência do futuro substituirá a atual, e que é cedo para considerar que as teorias atuais da Física sejam a palavra final sobre o que é a matéria.

Vamos, agora, analisar o que a Doutrina Espírita ensina sobre a matéria. É oportuno reproduzirmos a questão 22 de O Livro dos Espíri-tos[11]:

22. Define-se geralmente a matéria como aquilo que tem extensão, que pode impressionar os nossos sentidos, que é impe-netrável. Essas definições são exatas?

“Do vosso ponto de vista são exa-tas, porque não falais senão do que conheceis. Mas a matéria existe em es-tados que vos são desconhecidos. Pode ser, por exemplo, tão etérea e sutil que nenhuma impressão vos cause aos sentidos. Contudo, é sempre matéria, embora para vós não o seja.”

Essa resposta dos Espíritos tem um valor muito grande. Ela adianta em mais de meio século o que a Ciência viria a descobrir sobre a natureza da matéria. De fato, matéria existe em estados que eram desconhecidos da humanidade à época de Kardec. Não somente a descoberta dos bósons, mas mesmo entre os férmions existem partículas bastante sutis. Por exemplo, a partícula chamada neutrino, que é um lépton elementar, é tão leve que se acreditava não possuir massa, e é tão sutil que trilhões deles são capazes de atravessar o planeta Terra inteiro como se não existisse nada. Trilhões de neutrinos atravessam nosso corpo sem causar a menor sensação. Embora não percebamos a sua existência, con-cordamos com os Espíritos: o neutrino é sempre matéria.

Na questão 29, os Espíritos dizem que a ponderabilidade é um atributo da matéria que conhecemos, mas “não da matéria considerada como fluido universal”. Eles dizem também que “A matéria etérea e sutil que forma esse fluido é imponderável para vós, mas nem por isso deixa de ser o prin-cípio da vossa matéria pesada”. Neste momento, o Espiritismo apresenta uma informação que é nova para a Ciência. Os Espíritos afirmam que o

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Maio 2010 | FidelidadESPÍRITA ESTUdO

FU é o princípio elementar da maté-ria que conhecemos. Essa afirmativa contradiz o Modelo Padrão que diz que as partículas elementares não são formadas de outra coisa. Isso nos sugere algumas questões. Seriam as partículas elementares o FU? Ou es-taria a Física comprovando erros no Espiritismo? Em nosso ponto de vista, não podemos responder a essas ques-tões pois as teorias da Física, como o Modelo Padrão, possuem limitações e sofrerão novos desenvolvimentos que podem culminar com novas teorias. Um exemplo é a busca experimental por uma partícula que seria a causa da massa de todas as outras, o bóson

de Higgs. Além disso, outras teorias como a de supercordas propõem que cada partícula elementar é um tipo de corda que oscila em determinada frequência. Não é um procedimento científico a simples comparação entre o Modelo Padrão e o Espiritismo, para então concluir que as partículas elementares são o FU. Seria preciso trabalhar na demonstração de que tudo o que o Espiritismo diz do FU é satisfeito pelas partículas elementa-res. Por exemplo, dizem os Espíritos (questão 27) que sem o FU, a maté-ria estaria num perpétuo estado de divisão. Como encaixar isso com as teorias da Física de Partícula? Apenas um trabalho de pesquisa rigoroso pode vir a responder isso.

Por outro lado, a tese espírita do

FU ser o princípio elementar de toda a matéria não é desmentida pelos fenômenos de transformação da maté-ria como o de aniquilamento de pares partícula-antipartícula. O fato de um tipo de matéria poder se transformar em outro sugere a existência de uma matéria-prima universal que seja a base de toda a matéria incluindo, também, aquilo que chamamos de matérias diferentes quais sejam os bósons, a matéria e energia escuras. Somente estudos mais profundos feitos com o rigor científico poderão fornecer maiores certezas, como já comentado em artigo anterior na FidelidadESPÍRITA[12].

Seria correto falar que os fluidos espirituais são energias? É correto di-zer que no passe recebemos “energias espirituais”? Por tudo o que vimos até aqui, se o FU é a base tanto dos fluidos espirituais quanto da matéria, então o FU deve ser identificado com a matéria e não com energia. Logo, não se pode dizer que os fluidos são energia. Teriam os fluidos energia, assim como matéria carrega energia? Acreditamos que sim, e que nos processos e fenômenos envolvendo fluidos espirituais, leis análogas às de conservação de energia devem existir e reger tais processos. Assim como Einstein demonstrou uma relação entre a propriedade massa e energia de repouso de um objeto, talvez exista uma relação análoga entre alguma

propriedade física dos fluidos espi-rituais (algo relativo à sua massa) e a energia intrínseca dos mesmos. Mas não podemos ir além disso. Devemos aguardar que os pesquisadores da Física e do Espiritismo trabalhem para nos trazer respostas. Não é um procedimento científico chamar os fluidos de energia sem pesquisarmos profundamente o que são os fluidos, como quantificar a energia contida neles, e como quantificar os fenôme-nos fluídicos.

Para finalizar, observemos que os Espíritos dizem na questão 22a que a “matéria é o laço que prende o espírito; é o instrumento de que este se serve e sobre o qual, ao mesmo tem-po, exerce sua ação.” Essa definição de matéria é muito importante por duas razões. Primeiro porque afirma a interação entre o espírito e a matéria. Segundo, porque apresenta uma razão filosófica da existência da matéria: o de servir de instrumento de evolução espiritual para o espírito.

Referências

[8] J. A. Valadares, “O Conceito de Massa. I. Introdução Histórica”, Revista Brasileira de Ensino de Física 15, 110 (1993).

[9] J. A. Valadares, “O Conceito de Massa. II. Análise do Conceito”, Revista Brasileira de Ensino de Física 15, 118 (1993).

[10] Francisco Cândido xavier e Waldo Vieira, Mecanismos da Mediunidade, pelo Espírito de André Luiz, FEB, 11ª edição, Rio de Janeiro, 1990.

[11] A. Kardec, O Livro dos Espíritos, FEB, 1ª edição Comemorativa do Sesquicen-tenário, Rio de Janeiro, 2006.

[12] A. F. Da Fonseca, “O Fluido Universal e as Teorias Cosmológicas”, Revista Fidel-idadESPÍRITA Novembro, p. 16, (2003).

[13] Os artigos das referências 5, 7 e 8 podem ser baixados gratuitamente a partir do sítio da revista: www.sbfisica.org.br/rbef

Não é um procedimento científico chamar os fluidos de energia sem pesquisarmos profundamente o que são os fluidos

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FidelidadESPÍRITA | Maio 2010ESCLARECImENTO

Encontram-se na erraticidade multidões imensas, sempre agitadas, sempre em busca de um estado melhor, que lhes foge

Enquanto as almas desprendi-das das influências terrenas se constituem em grupos

simpáticos, cujos membros se amam, se compreendem, vivem em perfeita igualdade, em completa felicidade, os Espíritos que ainda não puderam domar as suas paixões levam uma vida errante, desordenada, e que, sem lhes trazer sofrimentos, deixa-os, contudo,

mergulhados na incerteza e na inquieta-ção. É a isso que se chama erraticidade; é a condição da maioria dos Espíritos que viveram na Terra, nem bons nem maus, porém ainda fracos e muito inclinados às coisas materiais.

Encontram-se na erraticidade mul-tidões imensas, sempre agitadas, sem-pre em busca de um estado melhor, que lhes foge. Numerosos Espíritos

aí flutuam indecisos entre o justo e o injusto, entre a verdade e o erro, entre a sombra e a luz. Outros estão sepulta-dos no insulamento, na obscuridade, na tristeza, sempre à procura de uma benevolência, de uma simpatia que podem encontrar.

A ignorância, o egoísmo, os vícios de toda espécie reinam ainda na erra-ticidade, onde a matéria exerce sempre

sua influência. O bem e o mal aí se chocam. É de alguma sorte o vestíbulo dos espaços luminosos, dos mundos melhores. Todos aí passam e se demo-ram, mas para depois se elevarem.

O ensino dos Espíritos sobre a vida de além-túmulo faz-nos saber que no espaço não há lugar algum destinado à contemplação estéril, à beatitude ociosa. Todas as regiões do espaço estão povo-

A Erraticidadepor Léon Denis

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Maio 2010 | FidelidadESPÍRITA ESCLARECImENTO

Fonte:

DENIS, Léon. Depois da Morte. Págs. 289 – 290. Feb. 2009.

adas por Espíritos laboriosos. Por toda parte, bandos, enxames de almas sobem, descem, agitam-se no meio da luz ou na região das trevas. Em certos pontos, vê-se grande número de ouvintes recebendo instruções de Espíritos adiantados; em outros, formam-se grupos para festeja-rem os recém-vindos. Aqui, Espíritos combinam os fluidos, infundem-lhes mil formas, mil coloridos maravilhosos, preparam-nos para os delicados fins a

que foram destinados pelos Espíritos superiores; ali, ajuntamentos sombrios, perturbados, reúnem-se ao redor dos globos e os acompanham em suas revo-luções, influindo, assim, inconsciente-mente, sobre os elementos atmosféricos. Espíritos luminosos, mais velozes que o relâmpago, rompem essas massas para levarem socorro e consolação aos desgra-

çados que os imploram. Cada um tem o seu papel e concorre para a grande obra, na medida de seu mérito e de seu adiantamento. O Universo inteiro evolui. Como os mundos, os Espíritos prosseguem seu curso eterno, arrastados para um estado superior, entregues a ocupações diversas. Progressos a rea-lizar, ciência a adquirir, dor a sufocar, remorsos a acalmar, amor, expiação, devotamento, sacrifício, todas essas

forças, todas essas coisas os estimulam, os aguilhoam, os precipitam na obra; e, nessa imensidade sem limites, reinam incessantemente o movimento e a vida. A imobilidade e a inação é o retrocesso, é a morte. Sob o impulso da grande lei, seres e mundos, almas e sóis, tudo gravita e move-se na órbita gigantesca traçada pela vontade divina.

Sob o impulso da grande lei, seres e mundos, almas e sóis, tudo gravita e move-se na órbita gigantesca traçada pela vontade divina

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FidelidadESPÍRITA |Maio 2010

Fonte:

MARTINS, Eduardo. Com Todas as Letras. Pág. 72. Editora Moderna.

São Paulo/SP, 1999.

por Eduardo Martins

COm TOdAS AS LETRAS

Não dispense o “o” e o “a” necessários

Veja se você encontra alguma coisa estranha nas frases seguintes: Censo agrário será ini-ciado na próxima semana. / Banco do Brasil

libera verbas para agricultura. / Maioria da população condena atitude de candidato. / Flávio Venturini volta a tempos do 14 Bis. / Começa temporada de shows na cidade.

Descobriu? Todas elas são títulos de jornais e em todas falta uma partícula muito importante, o artigo definido (o, a, os e as). Mas o que é o artigo definido? É uma palavra que determina o substantivo, tornan-do-o único e personificando-o. Se você escreve censo agrário, apenas, está falando de um censo qualquer. O censo agrário, porém, caracteriza um levantamento específico que você quer destacar.

Também deveria haver um o diante do nome Banco do Brasil. Assim: O Banco do Brasil libera verbas para agricultura. Afinal, só existe um Banco do Brasil, e não vários, única situação que justificaria a ausência do o.

Mas a oração continuou incompleta: falta um a antes de agricultura, para caracterizar que se trata do setor específico da economia nacional.

Da mesma forma, o correto também seria: A maioria da população condena atitude de candida-to. O artigo a aparece antes de maioria porque está caracterizando a maioria, o que não ocorre com a expressão atitude de candidato. Neste caso, a ausência do artigo a justifica-se porque não existe uma atitude determinada de um candidato determinado, mas uma atitude qualquer de um candidato qualquer.

Em relação aos outros dois exemplos, não tenha

dúvidas: Flávio Venturini volta aos tempos do 14 Bis. / Começa a temporada de shows na cidade.

Como você vê, sempre que é necessário individu-alizar uma situação ou torná-la definida (o censo, o Banco do Brasil, a maioria, os tempos, a temporada), toma-se indispensável recorrer a esse artigo (daí o nome), que torna a linguagem muito mais clara.

FUJA DO ExEMPLO DA IMPRENSA

Se o artigo tem papel fundamental na fra-se, por que então a imprensa abre mão dele? Acontece que os títulos dos jornais e revistas são feitos em tamanhos limitados de letras (ou seja, em cada um deles cabem três, cinco, seis ou oito palavras, e não mais). Por isso, o artigo muitas vezes é suprimido por uma questão de economia de espaço. Você, porém, não tem esse problema: portanto, use todos os artigos que a estrutura do texto exigir.

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Maio 2010 | FidelidadESPÍRITA mENSAGEm

“Pai, salva-me desta hora; mas para isto vim a esta hora.” — Jesus. (João, 12:27.)

Crises

Emmanuel - Chico XavierVinha de Luz

A lição de Jesus, neste passo do Evangelho, é as mais expressivas.

Ia o Mestre provar o abandono dos entes amados, a ingratidão de beneficiários da véspera, a ironia da multidão, o apodo na via pública, o suplício e a cruz, mas sabia que ali se encontrava para isto, consoante os desígnios do Eterno.

Pede a proteção do Pai e submete-se na con-dição do filho fiel.

Examina a gravidade da hora em curso, toda-via reconhece a necessidade do testemunho.

E todas as vidas na Terra experimentarão os mesmos trâmites na escala infinita das experiên-cias necessárias.

Todos os seres e coisas se preparam, conside-rando as crises que virão. É a crise que decide o futuro.

A terra aguarda a charrua. O minério será remetido ao cadinho. A árvore sofrerá a poda. O verme será submetido à luz solar. A ave defrontará com a tormenta. A ovelha esperará a tosquia. O homem será conduzido à luta. O cristão conhecerá testemunhos sucessivos. É por isto que vemos, no serviço divino do

Mestre, a crise da cruz que se fez acompanhar pela bênção eterna da Ressurreição.

Quando pois te encontrares em luta imensa, recorda que o Senhor te conduziu a semelhante posição de sacrifício, considerando a probabili-dade de tua exaltação, e não te esqueças de que toda crise é fonte sublime de espírito renovador para os que sabem ter esperança.

Centro de Estudos Espíritas“Nosso Lar”

R. Prof. Luís Silvério, 120Vl. Marieta - Campinas/SP

(19) 3386-9019 / 3233-5596

Ônibus:Vila Marieta nr. 348* Ponto da Benjamim Constant em frente à biblioteca municipal.

www.nossolarcampinas.org.br

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Aberto ao Público:Necessário Inscrição:3386-9019 / 3233-5596

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ATIVIdAdES PARA 2010

Cursos dias horários Início

1º Ano: Curso de Iniciaçãoao Espiritismo com aulas eprojeção de filmes (em telão)alusivos aos temas. Duração1 ano com uma aula por semana. 2ª Feira 20h00 - 21h30 01/03/2010

1º Ano: Curso de Iniciaçãoao Espiritismo com aulas eprojeção de filmes (em telão)alusivos aos temas. Duração1 ano com uma aula por semana. domingo 10h00 - 11h00 07/03/2010

2º Ano 3ª Feira 20h00 - 22h00 02/02/2010 Restrito

2º Ano Sábado 16h00 – 18h00 06/02/2010 Restrito

3º Ano 4ª Feira 20h00 - 22h00 03/02/2010 Restrito

3º Ano Sábado 16h00 – 18h00 06/02/2010 Restrito

Evangelização da Infância Domingo 10h00 – 11h00 Fev / Nov Aberto ao público

mocidade Espírita Domingo 10h00 – 11h00 ininterrupto Aberto ao público

Atendimento ao público

Assistência Espiritual: Passes 2ª Feira 20h00 - 20h40 ininterrupto Aberto ao Público

Assistência Espiritual: Passes 4ª Feira 14h00 - 14h40 ininterrupto Aberto ao Público

Assistência Espiritual: Passes 5ª Feira 20h00 - 20h40 ininterrupto Aberto ao Público

Assistência Espiritual: Passes Domingo 09h00 - 09h40 ininterrupto Aberto ao Público

Palestras Públicas Domingo 10h00 - 11h00 ininterrupto Aberto ao Público

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