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assine: (19) 3233-55962 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

FidelidadESPÍRITA | Novembro 2009

26 com todas as letrasPoR qUE PARALISAR E oRgANIzAR?

Importantes dicas da nossa língua portuguesa

4 chicoAULA dE EmmANUEL SobRE oS EvANgELhoS

Chico recebe os ensinamentos do alto14 capao REvERSo dA mEdALhA

12 mediunidadedIRETRIzES dE SEgURANçA

Questões sobre mediunidade

24 ensinamentoo gRANdE LAboRATóRIo dA NATUREzA

As maravilhas da obra divina

6 reflexãoPRoCESSo dESENCARNATóRIo

Habilidade desenvolvida durante a vida

edição Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – depto. EditorialJornalista responsável Renata Levantesi (mtb 28.765)projeto Gráfico Fernanda berquó Spinarevisão zilda Nascimentoadministração e comércio Elizabeth Cristina S. Silvaapoio cultural braga Produtos Adesivosimpressão Citygráfica

o Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” responsabiliza-se doutrinariamente pelos artigos publicados nesta revista.

8 esclarecimentoA voNTAdE

A força interna de cada ser

centro de estudos espíritas “nosso lar”Rua Luís Silvério, 120 – vila marieta

13042-010 Campinas/SPCNPJ: 01.990.042/0001-80 Inscr. Estadual: 244.933.991.112

assinaturasAssinatura anual: R$45,00(Exterior: US$50,00)

fale [email protected] (19) 3233-5596

fale conosco on-line

CAdASTRE-SE No mSNE AdICIoNE o NoSSo ENdEREço:

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18 históriakARdEC E o JUdAÍSmo

Ligação entre as duas filosofias

11 mensaGemA boRboLETA

O amadurecimento vem com o tempo

sumário

20 estudomEdIUNIdAdE E CoRPo ESPIRITUAL

Energia vibratória que envolve os seres vivos

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Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP 3assine: (19) 3233-5596 Uma publicação do Centro de Estudos Espíritas “Nosso Lar” – Campinas/SP

Novembro 2009 | FidelidadESPÍRITA

nascer e morrer

fonte:

Vinicius , do Livro: “Na Escola do Mestre”. Extraído de O SEMEA-

DOR, abril de 1962.

editorial

“Buscai e achareis. Batei e abrir-se-vos-á.”“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão fartos.”

(Evangelho)

A imortalidade da alma já passou da esfera da fé para a da investigação, afirmando-se como realidade incontes-tável.

O nascimento é, em geral, esperado e recebido com alegria, ao passo que a morte, com angústias e lágrimas.

No entanto, esses dois acontecimentos, que provocam conseqüências e moções tão opostas, estão de tal modo identificados, que um é o complemento do outro.

Que sucede, quando a criança nasce? Nada mais do que a encarnação de uma alma. É um fenômeno de hu-manização, visto como é o Espírito colhido e enredado na trama da matéria.

A alma não é produto da concepção com o corpo. Este traz consigo os traços de sua origem, como também as heranças físicas, boas ou más, dos seus genitores. A alma, porém, sede da inteligência, da vontade e do sentimento, tem a sua gênese na fonte eterna da Vida: - Deus. “O que é nascido da carne é carne, o que é nascido do Espírito é Espírito.” Qualidades morais e intelectuais não se herdam, visto que não resultam da carne nem do sangue, mas do grau de adiantamento conquistado pelos Espíritos, me-diante experiências e lutas pessoais. Assim, atestam as di-ferenças que se verificam entre os homens, em geral, como também entre os próprios irmãos, nascidos dos mesmos pais, criados no mesmo ambiente, recebendo idênticas influências e educação.

E quando o homem morre, o que se passa? A alma se desencarna, despindo a pesada libré que havia envergado ao nascer. O nascimento e a morte, portanto, são fenô-menos naturais, correlativos e conexos. Ninguém morre sem haver nascido; ninguém nasce sem haver morrido. O nascimento, no plano em que ora vivemos, é a morte no astral, do mesmo modo que a morte, na esfera humana, é o nascimento nas regiões siderais. A alma que se humaniza é uma luz que se apaga no Céu, para acender na Terra; da

mesma sorte, a que se despoja do invólucro carnal é uma luz que se apaga na Terra, para brilhar no Além. Nascer e morrer importa numa deslocação da psiquê. É ainda o fluxo e refluxo da Vida, sob formas organizadas, em seu curso natural de atividade contínua e progressiva.

A existência humana representa um dos estágios que o Espírito faz, cuja duração, sempre delimitada, poderá ser mais longa ou mais breve, de acordo com certas circuns-tâncias que melhor correspondam às altas finalidades do destino.

O regozijo com que acolhemos os recém-chegados, a seu turno, do outro lado, quando a alma retorna às mansões etéreas, ponto de partida, e também de chegada, após as refregas da jornada terrena. As lágrimas de cá correspon-dem às alegrias de lá, pela volta do Espírito que, despindo a indumentária carnal, regressa vitorioso aos seus penates, onde é esperado pelos amigos que o não perderam de vista, procurando orientá-lo ao porto de salvamento. Do exposto resulta que a morte, no sentido de aniquilamento é a maior desilusão dos sentidos; e a miragem fatal que confunde e desnorteia os viandantes perdidos nos áridos desertos do negativismo materialista. O nascimento e a morte se sucedem no ritmo eterno da evolução anímica, como os dias e as noites, no ritmo da rotação planetária.

Se o berço fosse o início da Vida, nada mais lógico e natural que o túmulo encerrasse o seu fim. Mas, se o berço representa apenas o começo de uma fase que a Vida reenceta no plano terreno, então o túmulo, realmente não pode ser considerado como o seu ponto final. Admitindo a preexistência da alma, somos coerentes e conseqüentes, proclamando o seu perene evolver.

Evolução, reencarnação e imortalidade são atributos in-separáveis, inerente à maravilhosa e mais positiva de todas as evidências que arrebatam e deslumbram a inteligência humana: A VIDA!

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FidelidadESPÍRITA | Novembro 2009chico

Aula de Emmanuel sobre os Evangelhospor Suely Caldas Schubert

Há três anos, mais ou menos, assisti a uma aula de Emmanuel sobre os Evangelhos

15-10-1946

“(...) Grato pela informação alusiva ao Ismael. (...) Muito me reconforta a notícia referente ao novo livro psicografado por Zilda Gama. O título “Almas Culpadas” é muito sugestivo. Aguardarei a saída com muito interesse.

Estou impressionado com a delon-ga dos originais. Tenho grande expec-tativa em teu parecer sobre o livrinho do Neio Lúcio. Parece-me endereçado, não propriamente à infância, mas à mentalidade juvenil.

Agradeço-te a notícia referente à filha do Sylvio. (...)

Comove-me tua bondosa confian-ça, dando-me a conhecer teu valioso plano de organização do Novo Testa-mento para os nossos círculos doutrin-drios. Padre Rodhen fez um trabalho nesses moldes para os meios católicos, intitulando-o “Os Quatro Livros do Novo Testamento”. Conheces? Creio que o trabalho idealizado por ti, com

a interpretação espiritista cristã, é assinalado benefício à Causa, extre-mamente valioso como roteiro para nós todos. Em face do carinho com que te acompanho a tarefa, só me preocupa um ponto — o da conjuga-ção dos quatro livros. Há três anos, mais ou menos, assisti a uma aula de Emmanuel sobre os Evangelhos, em que ele afirmava terem os qua-

tro livros personalidades distintas. Tendo perguntado a ele como é que eu poderia compreender, desenhou o

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Novembro 2009 | FidelidadESPÍRITA chico

fonte:

SCHUBERT, Suely Caldas. Testemunhos de

Chico Xavier. Págs. 166 - 168. Feb. 1998.

Muitas vezes surgem perguntas a respeito de como o médium adquiriu a cultura que hoje demonstra

nosso amigo uma figura que tentarei reproduzir para mandar-te em anexo. Nunca mais a esqueci. De qualquer modo, confio em tua inspiração e sei que o teu trabalho virá enriquecer o nosso campo, de luz e verdade. Rogo a Emmanuel te ajude sempre e te siga o ministério de dedicação a Jesus.

Meus parabéns pela organização do “Doutrina Espírita”. Espero pos-samos tê-lo em mãos muito breve.

Seguem algumas páginas (...). Espero escrever-te, logo que o Ismael apareça. Estou com receio de ele “adoecer” de monotonia aqui em PL. (...)“

O livro psicografado por Zilda Gama, de autoria de Victor Hugo, teve posteriormente o seu título modificado para “Almas Crucifi-cadas”.

Referência ao primeiro livro ditado por Neio Lúcio — “Mensa-gem do Pequeno Morto”, que só foi lançado no ano seguinte.

Wantuil expõe o seu plano de compilação e condensação do Novo Testamento. Somente três anos depois, em 1949, é que o livro foi publicado, com o titulo “Síntese de O Novo Testamento” e assinado por Mínimus, pseudônimo por ele usado freqüentemente.

Chico acha complexa a conjuga-ção dos quatro livros e conta que

três anos atrás lhe fora dado assistir a uma aula de Emmanuel sobre os Evangelhos — certamente em desdobramento espiritual. Mais à frente, Chico volta a falar sobre au-las no plano espiritual. Deixamos para fazer nossos comentários nas cartas que virão.

Por ora, apenas assinalamos que essas aulas são peculiares à tarefa mediúnica de Chico Xavier. Mui-tas vezes surgem perguntas a respei-to de como o médium adquiriu a cultura que hoje demonstra. Além do acervo intelectual que ele traz do passado, tem ainda a assistên-cia constante de Emmanuel, que se encarrega de enriquecê-lo com novos conhecimentos.

Sobre o assunto ele fala em en-trevista concedida a Elias Barbosa, quando se comemorava a passagem do quadragésimo aniversário de

suas atividades mediúnicas, entre-vista publicada no livro “No Mundo de Chico Xavier”:

p — “Você se reconhece pes-soa inteligente, talvez genial como entendem muitos ad-versários da doutrina es-pírita, sempre interessados em desacreditar o fenômeno mediúnico? R — Não. Nunca me senti as-

sim. Basta lembrar que fui aluno repetente de quarto ano primário, no Grupo Escolar São José, em Pedro Leopoldo, nos anos de 1922 e 1923.

p — mas, você se reconhece atualmente dispondo de mais facilidade para falar ou es-crever? R — Sim, não posso esquecer

que debaixo da disciplina de Emmanuel, que, por misericórdia de Jesus, me dispensa atenções constantes de um professor (não por mim mas pela obra do Mun-do Espiritual), estou numa escola constante, desde 1931, portanto, há trinta e seis anos consecutivos. Algum proveito de tantas bênçãos recebidas devo demonstrar.”

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FidelidadESPÍRITA | Novembro 2009

A mente responde, portanto, por vasta quota de responsabilidade no fenômeno da morte fisica

reflexão

Processo desencarnatório

por manoel P. de miranda / divaldo Pereira Franco

Para desvencilhar-se das amarras do organismo fisico, o Espírito necessita

de adestramento e habilidade que se desenvolvem desde quando deam-bula encarcerado no mecanismo da reencarnação.

Impressões longamente fixadas e sensações vividas com sofreguidão assinalam profundamente os teci-dos sutis do perispírito, impondo necessidades e dependências que a morte não logra, de imediato, interromper.

Da mesma forma que o processo reencarnacionista se alonga desde a concepção até os primeiros momen-tos da adolescência, num complexo assenhoreamento das células que se submetem aos moldes do corpo de plasma biológico, a liberação da clausura exige um período de adaptação à realidade de retomo, dependendo, de certo modo, dos condicionamentos impostos pelo uso das funções fisiopsicológicas que geram amarras fortes ou di-luem-na na sucessão do tempo, em face do teor vibratório de que se revestem as aspirações vividas ou acalentadas.

A ruptura dos vínculos de ma-

nutenção do Espírito ao corpo é somente um passo inicial na demo-rada proposta da desencamação.

Normalmente encharcado de impressões de forte teor material, o Espírito se demora mimetizado pelas vibrações a que se ambientou, prosseguindo sob estados de varia-das emoções que o aturdem.

Quando aclimatado às expe-

riências psíquicas e mediúnicas, mais fácil se lhe faz o desenovelar-se dos grilhões que o prendem à retaguarda, readquirindo a lucidez, cuja claridade racional apressa o mecanismo de libertação.

Mesmo assim, necessita de conveniente adaptação, a fim de readquirir as funções que jaziam bloqueadas pelo corpo ou sem uso conveniente, em razão do compor-tamento carnal.

A mente responde, portanto, por vasta quota de responsabilidade no fenômeno da morte fisica.

Conforme a experiência corpo-ral, assim se fará o desligamento espiritual.

Nesse transe, para o qual todos os homens se devem preparar, através de exercícios de renúncia e desapego, torna-se imprescindível o conhecimento da vida espiritual, que estua, atraente, dando curso a quaisquer empreendimentos que, por acaso, fiquem interrom-pidos...

Desimpregnar-se das sensações mortificantes, que anteriormente escravizaram, é o capítulo mais penoso da convalescença post mortem.

Acostumado a viciações e hábi-tos pemiciosos, que se comprazia em vitalizar com as atitudes físicas e mentais, vê-se o desencarnado subitamente interditado de dar-lhes prosseguimento, o que então

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Novembro 2009 | FidelidadESPÍRITA reflexão

O Espírito veste-se e despe-sedo corpoobedecendo ao automatismo das leis do progresso

fonte:

FRANCO, Divaldo Pereira. Temas da Vida e

da Morte. Págs. 89 – 92.Feb. 2005.

lhe constitui tormento inenarrá-vel, levando-o a arrojar-se sobre os despojos em decomposição, ávido de gozo impossível, nele próprio produzindo estados umbralinos de perturbação psíquica em que passa a jazer por longo período, ou se atira, por afinidade de gostos, em intercursos obsessivos, em que as suas vítimas lhe emprestam o veícu-lo para a nefária dependência...

A morte já não é um ponto de interrogação, como antes, graças às informações dos que lhe transpu-seram a aduana e retornam para desvelar os aparentes enigmas que a vestiam com o misterioso e o sobrenatural.

O Espírito veste-se e despe-se do corpo obedecendo ao automatismo das leis do progresso, que propõem a lução dos seres, sendo facultado

aos que o desejem, pelo esforço e estudo, a aprendizagem e o uso das técnicas de renascer e desencarnar sem choques nem padecimentos perfeitamente evitáveis.

Compreendendo que o fenôme-no da morte faz parte do compro-misso da vida, o homem se arma de valores para o momento da própria

como da libertação dos afetos, que voltará a encontrar na grande pátria de onde todos procedemos.

Com esse cuidado completa-se o quadro de auxílio aos desencar-nados, por parte dos familiares e amigos que permanecerão por mais um pouco no corpo, evitando-se as emissões de ondas mentais de rebeldia e desespero, de mágoa e angústia, que são verdadeiros ácidos que ardem e requeimam naqueles desencarnados em cuja direção se arremessam tais vibrações de des-conforto e insatisfação.

Morrer é desnudar-se diante da vida, é verdadeira bênção que traz o Espírito de volta ao convívio da família de onde partiu...

A experimentação mediúnica desenvolvida pelo Espiritismo é o mais seguro guia destinado a escla-recer o transe da morte e preparar os homens para a inevitável decor-rência libertadora.

A libertação, todavia, depende de cada criatura que experimenta o acidente fisiológico que lhe interrompe o ciclo, propiciando a tranquilidade ou o demorado sofrimento que carpirá.

Partindo-se da experiência es-pírita que elucida o fenômeno da morte, ressuma a filosofia compor-tamental que se alicerça na moral cristã, lavrada no amor a Deus e ao próximo, a expressar a vivência da caridade sob todas as modalidades e em cuja prática o Espírito evolve, progredindo sem cessar no rumo da plenitude.

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FidelidadESPÍRITA | Novembro 2009esclarecimento

É preciso saber concentrar-se, pôr o pensamento acorde com o pensamento divino

A vontadepor Léon denis

O mesmo pensamento está por outra forma expresso nos Vedas:

“Tu trazes em ti um amigo sublime que não conheces”.

A sabedoria persa não é menos afirmativa: “Vós viveis no meio de ar-mazéns cheios de riquezas e morreis de fome à porta”. (Suffis Ferdousis).

Todos os grandes ensinamentos concordam neste ponto: É na vida íntima, no desabrochar de nossas potências, de nossas faculdades, de nossas virtudes, que está o manan-cial das felicidades futuras.

Há em toda alma humana dois centros ou, melhor, duas esferas de ação e expressão. Uma delas, circunscrita à outra, manifesta a personalidade, o “eu”, com suas paixões, suas fraquezas, sua mobili-dade, sua insuficiência. Enquanto ela for reguladora de nosso proce-der, temos a vida inferior semeada de provações e males. A outra, interna, profunda, imutável, é, ao mesmo tempo, a sede da consci-ência, a fonte da vida espiritual, o templo de Deus em nós. É somente quando este centro de ação domina

o outro, quando suas impulsões nos dirigem, que se revelam nossas potências ocultas e que o Espírito se afirma em seu brilho e beleza. É por ele que estamos em comunhão com “o Pai que habita em nós”, segundo as palavras do Cristo, com o Pai que é o foco de todo o amor, o princípio de todas as ações.

Por que meio poremos em movimento as potências internas e as orientaremos para um ideal

elevado? Pela vontade! O uso per-sistente, tenaz, desta faculdade soberana permitir-nos-á modificar

a nossa natureza, vencer todos os obstáculos, dominar a matéria, a doença e a morte.

É pela vontade que dirigimos nossos pensamentos para um alvo determinado. Na maior parte dos homens os pensamentos flutuam sem cessar. Sua mobilidade cons-tante e sua variedade infinita, pequeno acesso oferecem às influ-ências superiores. É preciso saber concentrar-se, pôr o pensamento acorde com o pensamento divino. Então, a alma humana é fecundada pelo Espírito divino, que a envolve e penetra, tornando-a apta a realizar nobres tarefas, preparando-a para a vida no Espaço, cujos esplendores ela, enfraquecidamente, começa a entrever desde este mundo. Os Espíritos elevados vêem e ouvem os pensamentos uns dos outros, com os quais são harmonias penetrantes, ao passo que os nossos são, as mais das vezes, somente discordâncias e confusão. Aprendamos, pois, a ser-vir-nos de nossa vontade e, por ela, a unir nossos pensamentos a tudo o que é grande, à harmonia universal, cujas vibrações enchem o espaço e embalam os mundos.

“O reino dos céus está dentro de vós”, disse o Cristo.

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Novembro 2009 | FidelidadESPÍRITA esclarecimento

Cada alma é um foco de vibrações que a vontade põe em movimento

*

A vontade é a maior de todas as potências; é, em sua ação, compará-vel ao ímã. A vontade de viver, de desenvolver em nós a vida, atrai-nos novos recursos vitais; tal é o segredo da lei de evolução. A vontade pode atuar com intensidade sobre o cor-po fluídico, ativar-lhe as vibrações e, por esta forma, apropriá-lo a um modo cada vez mais elevado de sensações, prepará-lo para mais alto grau de existência.

O princípio de evolução não está na matéria, está na vontade, cuja ação tanto se estende à ordem invisível das coisas como à ordem visível e material. Esta é simples-mente a conseqüência daquela. O princípio superior, o motor da existência, é a vontade. A Vontade Divina é o supremo motor da Vida Universal!

O que importa, acima de tudo, é compreender que podemos realizar tudo no domínio psíquico; nenhu-ma força fica estéril, quando se exer-

ce de maneira constante, em vista de alcançar um desígnio conforme ao Direito e à Justiça.

Pela vontade criadora dos gran-des Espíritos e, acima de tudo, do Espírito divino, uma vida repleta de maravilhas desenvolve-se e es-tende, de degrau em degrau, até ao infinito, nas profundezas do céu, vida incomparavelmente superior a todas as maravilhas criadas pela

arte humana e tanto mais perfeita quanto mais se aproxima de Deus.

Se o homem conhecesse a ex-tensão dos recursos que nele germi-

nam, talvez ficasse deslumbrado e, em vez de se julgar fraco e temer o futuro, compreenderia a sua força, sentiria que ele próprio pode criar esse futuro.

Cada alma é um foco de vibra-ções que a vontade põe em movi-mento. Uma sociedade é um agru-pamento de vontades que, quando estão unidas, concentradas num mesmo fito, constituem centro de forças irresistíveis. As humanidades são focos mais poderosos ainda, que vibram através da imensidade.

Querer é poder! O poder da vontade é ilimitado. O homem, consciente de si mesmo, de seus recursos latentes, sente crescerem suas forças na razão dos esforços. Sabe que tudo o que de bem e bom desejar há de, mais cedo ou mais tarde, realizar-se inevitavelmente, ou na atualidade ou na série das suas existências, quando seu pen-samento se puser de acordo com a Lei Divina. E é nisso que se verifica a palavra celeste: “A Fé transporta montanhas”.

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FidelidadESPÍRITA | Novembro 2009esclarecimento

Não é consolador e belo poder dizer: Sou uma inteligência e uma vontade livres; a mim mesmo me fiz, inconscientemente, através das idades; edifiquei lentamente minha individualidade e liberdade, e agora conheço a grandeza e a força que há em mim. Amparar-me-ei nelas; não deixarei que uma simples dúvida as empane por um instante sequer e, fazendo uso delas com o auxílio de Deus e de meus irmãos do Espaço, elevar-me-ei acima de todas as difi-culdades: vencerei o mal em mim; desapegar-me-ei de tudo o que me acorrenta às coisas grosseiras para levantar o vôo para os mundos felizes!

Vejo claramente o caminho que se desenrola e que tenho de percorrer. Este caminho atravessa a extensão ilimitada e não tem fim; mas, para guiar-me na Estrada Infinita, tenho um guia seguro - a compreensão da lei de vida, progres-so e amor que rege todas as coisas: aprendi a conhecer-me, a crer em mim e em Deus. Possuo, pois, a chave de toda elevação e, na vida imensa que tenho diante de mim, conservar-me-ei firme, inabalável na vontade de enobrecer-me e elevar-me, cada vez mais; atrairei, com o auxílio de minha inteligência, que é filha de Deus, todas as riquezas morais e participarei de todas as maravilhas do Cosmo.

Minha vontade chama-se: “Para a frente, sempre para a frente, cada vez mais conhecimento, mais vida, vida divina!” E com ela conquistarei a plenitude da existência, construi-rei para mim uma personalidade melhor, mais radiosa e amante. Saí para sempre do estado inferior do ser ignorante, inconsciente de seu

valor e poder; afirmo-me na inde-pendência e dignidade de minha consciência e estendo a mão a todos os meus irmãos, dizendo-lhes:

Despertai de vosso pesado sono; rasgai o véu material que vos en-volve, aprendei a conhecer-vos, a conhecer as potências de vossa alma e a utilizá-las. Todas as vozes da Na-tureza, todas as vozes do Espaço vos bradam: “Levantai-vos e marchai! Apressai-vos para a conquista de vossos destinos!

A todos vós que vergais ao peso da vida, que, julgando-vos sós e fracos, vos entregais à tristeza, ao desespero ou que aspirais ao nada, venho dizer: “O nada não existe; a

morte é um novo nascimento, um encaminhar para novas tarefas, novos trabalhos, novas colheitas; a vida é uma comunhão universal e eterna que liga Deus a todos os seus filhos.

A vós todos, que vos credes gas-tos pelos sofrimentos e decepções, pôr seres aflitos, corações que o vento áspero das provações secou; Espíritos esmagados, dilacerados pela roda de ferro da adversidade, venho dizer-vos:

Não há alma que não possa

fonte:

DENIS, Léon. O Problema do Ser, do Destino e

da Dor. Págs. 311 - 321. Feb. 1987.

renascer, fazendo brotar novas florescências. Basta-vos querer para sentirdes o despertar em vós de forças desconhecidas. Crede em vós, em vosso rejuvenescimento em novas vidas; crede em vossos destinos imortais. Crede em Deus, Sol dos sóis, foco imenso, do qual brilha em vós uma centelha, que se pode converter em chama ardente generosa!

Sabei que todo homem pode ser bom e feliz; para vir a sê-lo basta que o queira com energia e constância. A concepção mental do ser, elabo-rada na obscuridade das existências dolorosas, preparada pela vagarosa evolução das idades, expandir-se-á à luz das vidas superiores e todos conquistarão a magnífica individu-alidade que lhes está reservada.

“Dirigi incessantemente vosso pensamento para esta verdade: - que podeis vir a ser o que qui-serdes. E sabei querer ser cada vez maiores e melhores. Tal é a noção do progresso eterno e o meio de realizá-lo; tal é o segredo da força mental, da qual emanam todas as forças magnéticas e físicas. Quando tiverdes conquistado este domínio sobre vós mesmos, não mais tereis que temer os retardamentos nem as quedas, nem as doenças, nem a morte; tereis feito de vosso “eu” inferior e frágil uma alta e poderosa individualidade!”

Basta-vos querer para sentirdes o despertar em vós de forças desconhecidas

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Novembro 2009 | FidelidadESPÍRITA mensaGem

A borboleta

por Wallace Leal v. Rodrigues

fonte:

RODRIGUES, Wallace Leal V. E, Para o Resto

da Vida... Págs. 94 – 95. O Clarim. 1979.

Como todos os garotos travessos, eu tinha a mania de meter-me em complicações.

Depois, para sair delas, saia correndo para pedir o auxílio de mamãe.

Ela, porém, sem irritar-se e nem repreender-me, sempre encontrava um meio de deixar que eu me desembaraçasse sozinho.

Para mim, aquilo significava que ela estava se re-cusando a auxiliar-me. Eu me revoltava em silêncio, sem poder compreender.

Em uma manhã, às vésperas da primavera, ela gritou o meu nome no jardim. Fui ver o que era. Mostrou-me um casulo castanho, firmemente preso a um ramo de cipreste.

Veja disse-me interessada. A borboleta já está se agitando ali dentro.

De fato, o pequenino cartucho parecia até pular e aquilo me deixou impaciente.

Eu tinha um canivete no bolso, tirei-o, abri-o e, sem consultar mamãe, disse-lhe:

Vou ajudar essa coitada de borboleta a sair daí de dentro.

Mamãe simplesmente curvou-se sobre o meu ombro, acompanhando a operação.

Mas, para minha decepção, o que saiu lá de dentro nem era uma larva e nem era uma borbole-ta. Extremamente frustrado eu olhava o estranho animalzinho, quando mamãe me afagou os cabelos e disse com especial tom de afeto na voz:

Meu filho, ainda não era o tempo certo. A lagarta

estava ativamente trabalhando com uma finalidade: adquirir forças suficientes para que, como borboleta, pudesse alçar vôo muito acima de um mundo onde estava acostumada a arrastar-se.

Eu olhava penalizado, imaginando a lagarta mar-rom e feia, a rastejar. E a multicolorida e cintilante borboleta viajando no raios do Sol. Minha mãe con-tinuou:

Sem se preocupar em pensar e compreender, você abriu o casulo com o seu canivete. O bichinho, lá den-tro, não pôde esperar o seu tempo e amadurecer...

Eu estava com o fato diante de meus olhos: o pequenino ser vivente agora já não podia nem voar, nem rastejar.

E entendi o que mamãe queria dizer. O “bichinho” ao qual ela se referia, éramos nós, as crianças.

Se eu dependesse, indefinidamente, de alguém para resolver os meus problemas, jamais teria capacida-de para me desenvolver, isto é, assumir atitudes corre-tas, amadurecer, deixar de rastejar como uma criança que engatinha e chegar a ter um espírito próprio e independente, capacitado aos mais altos vôos.

Nunca mais me esqueci daquele incidente. A luta da vida é vencida por etapas: cada uma delas

nos prepara para a luta seguinte. E a harmonia, a ordem perfeita da Lei que rege a

Vida, garante a cada um de nós os meios para a vitória. Não se situam lá fora, estão em nosso íntimo.

E, por isso, o auxílio melhor é aquele que vem de nós, em nosso próprio favor.

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FidelidadESPÍRITA | Novembro 2009mediunidade

diretrizes de Segurança

por divaldo Franco e Raul Teixeira

89. Que benefícios trazem os estudos evangélico-doutrinários para o médium?

raul - o benefício de, dando-lhe a instrução-conhecimento, propiciar-lhe a instrução-educa-ção. E através do estudo, mormente do Evangelho e das obras basilares da doutrina Espírita, que o médium se irá apercebendo de quem ele é, do porquê ele é médium, quais as suas responsabili-dades diante da mediunidade, porque o indivíduo chega à Terra com a tarefa da paranormalidade para exercitar. quando adentra o Evangelho Se-gundo o Espiritismo, vai estudar “dai de graça o que de graça recebeis”; se pergunta aos espíritos por que deus concede a mediunidade a indivíduos que ele sabe que poderão falhar, as Entidades benfeitoras da Terra redargúem que “da mesma maneira que ele dá bons olhos a gatunos”. Exata-mente por isso o estudo espírita para o médium

vai lhe dando os porquês, vai elucidando-o, a fim de que não aja porque os outros agem, não faça simplesmente porque o dirigente mandou que fizesse, mas para que tenha aquela fé raciocinada, a fé-convicção, aquela fé-certeza, na coerência de quem faz porque sabe o que deve fazer.

90. o que podemos pensar da atitude de muitos que, à guisa de cooperarem com vários centros espíritas, na segunda-feira, freqüentam um trabalho num determina-do centro; na terça, estão num trabalho mediúnico, noutro centro; na quarta feira num terceiro, e, assim, sucessivamente?

divaldo - há um ditado que diz: “quem muito abarca, pouco aperta”. quem pretende fazer tudo, faz sempre mal todas as coisas. Porque essa pretensão de ajudar a todos ?

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Novembro 2009 | FidelidadESPÍRITA mediunidade

fonte:

FRANCO, Divaldo P. TEIXEIRA, Raul J.

Diretrizes de Segurança. Frater, 2002.

Se cada um cumprir com seu dever, com dedi-cação, no local em que o Senhor o colocou, estará realizando um trabalho nobilitante. A presunção de atender a todos é, de Certo modo, uma forma de auto-suficiência, que acredita que não estando em algum lugar, as coisas ali não irão bem. E, quando desencarnar? Então é melhor vincular-se a um grupo de pessoas que lhe sejam simpáticas, para que as reuniões sérias, de que trata o Livro dos médiuns de Allan kardec possam produzir os frutos necessários e desejados.

91. há inconveniente em que um médium que participe de sessão mediúnica espírita e que se afirme espírita freqüente trabalhos mediúnicos de umbanda?

divaldo - Seria o mesmo que a pessoa atuar num campo de luta e, imediatamente, tomar posição nou-tro, sem o esclarecimento correspondente.

Jesus foi muito claro ao afirmar que a casa dividida rui e que ninguém serve bem a dois senhores. Já é tempo de a pessoa saber o que deseja, dedicando-se àquilo que acha conveniente. o Apocalipse1 fala a respeito das pessoas mornas; assim, é melhor ser frio ou ardente. o morno é alguém que não está com ninguém, mas, sim, com as suas conveniências.

92. no afastamento dos espíritos perturba-dores, a umbanda consegue melhor resulta-do do que uma sessão mediúnica espírita?

divaldo - Só se for pelo pavor. mas não remove a causa, porque o espírito que foge apavorado não liberta a sua vítima da dívida, que a ambos vincula.

93. Qual a denominação correta: receita homeopática ou orientação espiritual ho-meopática?

divaldo - Não devemos trazer para o Espiritismo o que pertence aos outros ramos do conhecimento. Não deveremos pretender transformar a sessão mediúnica em novo consultório médico. digamos, então, orientação espiritual; se veio o nome de um remédio, que o bom senso recomenda seja aplicado, é uma exceção, mas não deveremos ter um compro-misso especial para constranger um espírito a dar homeopatia ou alopatia.

Certa feita, em uma das nossas orientações espi-rituais, veio o seguinte: “o meu irmão necessita de ler o Evangelho Segundo o Espiritismo, no capítulo número 15º, eu tive a curiosidade de saber o que era, e fui olhar. “Fora da Caridade não há Salvação”. o paciente era um sovina; a doença dele era desamor. Então, a “homeopatia” que ele precisava era uma séria advertência, e não remédio comum.

94. Qual a orientação adequada a seguir, a homeopatia ou a alopatia?

divaldo - A melhor orientação a seguir é convocar o paciente a melhorar-se de dentro para fora e levar ao médico o problema da sua saúde orgânica.

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FidelidadESPÍRITA | Novembro 2009

o Reverso da medalha

capa

por Yvonne A. Pereira

Lembro-me de que, quando eu contava onze anos de idade, minha mãe me disse, em certo dia:

— Vamos hoje ao Hospital do “Radium”, visitar o Capitão Domingos.

— Quem é o Capitão Domingos, mamãe? — indaguei.

— Um grande amigo da minha família, e lhe devemos muitos favores, desde a minha infância. Quando eu e minhas irmãs ficamos órfãs de pai, ele muito ajudou tua avó a acabar de nos criar e a tratar de nossa educação. Devemos muito a ele; é um excelente homem.

Assim recomendado ao meu coração por aquela que de mim merecia todo respeito e confiança, fui ao hospital com o ser envolvido em simpatia e boa-vontade. Fiquei, pois, conhe-cendo o capitão amigo, osculei-lhe a destra, como era hábito das crianças frente aos mais velhos, por aquele tempo; fui acariciada e beijada pelo bom amigo, cuja idade roçaria já pelos setenta e

muitos anos, talvez oitenta, e fiquei encantada com a sua polidez de verdadeiro cavalheiro.

O Capitão Domingos era alto e elegante, apesar da idade, cabelos brancos como um tufo de algodão, falava corretamente, com nobreza e distinção impecáveis; tratou minha mãe como a uma filha que lhe era cara. O mal que o levara a hospitalizar-se era um câncer no joelho. Uma feridazinha aparentemente inofensiva, mas, em verdade, terrível ameaça, estigma doloroso que deveria realizar a sua redenção, talvez, de pecador incurso numa das mais graves faltas apontadas pelas leis de Deus: a crueldade para com os mais fracos.

Eu nada sabia a respeito do belo ancião, a não ser que fora grande amigo de meu avô, médico de sua família, e que à família deste muito se dedicara, após o trespasse do seu chefe. Por isto passei a estimá-lo profundamente, estima que ainda hoje me povoa o coração. Ele permaneceu hospitalizado durante seis meses.

“Os sofrimentos devidos a causas anteriores à existência presente, como os que se ori-ginam de culpas atuais, são muitas vezes a conseqüência da falta cometida, isto é, o

homem, pela ação de uma rigorosa justiça distributiva, sofre o que fez sofrer aos outros.” (E.S.E., Cap. 5, item 7)

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Novembro 2009 | FidelidadESPÍRITA capa

Em suas fazendas, raros eram os dias em que os castigos não flagelassem os escravos

Por aquele tempo, o câncer era tratado com aplicações de “Ra-dium”, tratamento perigoso, que poderia mesmo queimar gravemente os tecidos da parte afetada do doen-te que se submetesse à dita operação. Mas nada aconteceu com ele e, ao obter alta, o enfermo foi conside-rado radicalmente curado, tendo seguido para o interior de Minas Gerais com um seu filho bem situ-ado na vida. Durante algum tempo, não soubemos nenhuma notícia do Capitão Domingos.

Com o decorrer dos dias, porém, minha mãe, cujas lembranças do passado se avivaram com o reen-contro do querido amigo, passou a desfiar o rosário dos acontecimentos

pretéritos ocorridos em torno do amigo.

O Capitão Domingos fora um grande senhor de escravos, proprie-tário de duas fazendas, rico, bem re-lacionado e muito culto. Adorava os

filhos e as duas esposas que tivera, pois se casara duas vezes, além de ser bom e serviçal amigo para aqueles que lhe mereciam os afetos, embora cruel para com os pobres escravos, os quais, para ele, valiam menos que os próprios animais.

Em suas fazendas, raros eram os dias em que os castigos não flagelas-sem os escravos, e dramas constan-tes constrangiam os hóspedes que porventura estivessem ali em visita, ocasiões em que se demoravam, por vezes, meio ano, como de costume naqueles tempos de vida aristocra-tizada. Mesmo minha mãe e suas irmãs ali passavam meses sobre meses, pois o grande senhor, qual pequeno condestável moderno, aprazia-se em manter uma corte em seus domínios, e festas suntuosas então se realizavam, inspiradas na elegância e no encantador gosto franceses, que os brasileiros de então muito apreciavam.

Mas, a par dos belos saraus, onde a música dos grandes mestres sempre se encontrava presente, permanecia o paradoxal trato aos negros, os quais, como alicerces da-quele brilhantismo social, deviam, ao menos por interesse, ser bem tra-tados, a fim de que o trabalho dos seus braços não esmorecesse, já que era dos seus sacrifícios na enxada ou no labor doméstico que surgiam aqueles aparatos que, aos seus co-mensais, eram apresentados.

Havia uma grande varanda no fundo de uma das suas salas de jantar, pois existiam três no sobra-do, onde, de preferência, vivia ele com a família e os hóspedes. Nessa varanda, passavam o dia vários meninos escravos de tenra idade, já protegidos pela Lei do Ventre

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FidelidadESPÍRITA | Novembro 2009capa

Antes mesmo de romper a Lei Aurea, o Capitão Domingos perdeu as duas fazendas

Livre, vigiados por uma escrava idosa, que deles tratava, enquanto as mães trabalhavam no campo, e ela própria costurava ou tecia no crivo para uso das senhoras, vez que ociosa não poderia permanecer. Se o Capitão Domingos, por ali passasse e visse algum desses “molequinhos” chorando, dava-lhes um pontapé tão vigoroso que a infeliz criança muitas vezes, rolava a escada existente num extremo da dita varanda, magoando-se ou ferindo-se.

Certa vez, ele descobriu, oculto num vão de parede, no pátio, um ferro de engomar quebrado. Infor-mou-se e soube que a responsabili-dade do “desastre” cabia a escrava Rita, ama de leite que lhe criava os filhos, e engomadeira da casa. Ordenou, então, que o capataz lhe aplicasse bolos nas mãos até que ela adivinhasse a razão por que sofria o castigo, pois ele não dissera o motivo pelo qual ordenara naquele senti-do. Rita, chorando, teve as mãos horrivelmente inchadas, feridas, sangrando, até que se lembrou do ferro de engomar quebrado. Mas, em seguida, sofreu mais uma dúzia de bolos porque, provavelmente, sabia por que apanhava e não queria confessar...

De outra vez, mandou chicotear um escravo, já idoso, no pelourinho existente no pátio interno. Aquilo — dizia minha mãe — era verdadei-ra Inquisiçao! O negro retorcia-se, gemia, implorava perdão, chorava, bradava a Deus por socorro. Minha mãe, então menina de doze anos, encontrava-se na fazenda e assistia ao drama. Teve um acesso de deses-pero, um ataque de nervos diante da horrível cena. Em dado momento, desceu as escadarias aos gritos, atin-gindo o pátio; arremessou-se sobre

o capataz e pregou-lhe uma dentada na mão com tal furor que o algoz teve de interromper o suplício, pois o sangue jorrou. Por pouco a den-tada não lhe arrancara um naco de carne da rude mão. Mas, fora tarde aquele socorro insólito. O negro des-faleceu e foi removido para a enfer-maria da própria fazenda, enquanto minha mãe, aos gritos, debatia-se em terrível crise nervosa.

Três dias depois, o escravo mor-ria sem ter recuperado os sentidos, “deitando os miolos e sangue pelos ouvidos”, segundo o diagnóstico de meu avô, médico da fazenda.

Mas, o tempo passou... Antes

mesmo de romper a Lei Aurea, o Capitão Domingos perdeu as duas fazendas, tornando-se paupérrimo, porque endividado. Os filhos, agora pobres, buscaram meios de subsis-tência em outras cidades, e as duas filhas, casadas, haviam morrido.

O capitão, já velho, sem saber trabalhar, reduziu-se a viver de casa em casa, assim ajudado por antigos comensais. Rita, a mulati-nha, agora casada com um antigo capataz espanhol que lhe comprara a carta de alforria, compadeceu-se do antigo senhor e acolheu-o em sua casa durante muito tempo. Até

que um seu filho, já bem posto na vida, recambiou-o para o seu próprio lar, cumprindo o dever filial. Mais alguns anos, já na República, ali pelo ano de 1920, seguiu-se a hospitaliza-ção devida ao câncer do joelho.

Dois anos depois de receber alta do “Hospital do Rádium”, o câncer voltou. Mas retornou na região da cabeça, no cérebro. O belo ancião Domingos passou dois anos em gritos, tais as horrorosas dores que o flagelavam sem alívio, porque, se a medicina atual não resolve tais casos, muito menos os resolvia a medicina de quarenta ou cinqüenta anos passados. E, um belo dia, o antigo fazendeiro morreu, em casa do filho, em Minas Gerais, “deitan-do sangue e miolos pelos ouvidos”, segundo o diagnóstico dos médicos assistentes. Um violento tumor canceroso no cérebro chegara mes-mo a rachar-lhe o crânio, segundo a palavra do próprio filho, em cujo lar morrera.

O eminente pensador Pieter Van der Meer asseverou que “todo encontro com outro ser humano tem sentido, e deve significar algo, no plano da criação de Deus”. Assim deve ser.

Jamais pude esquecer a bela figura do Capitão Domingos. Es-timei-o muito, apesar de vê-lo uma única vez, agradecida à sua grande bondade dedicada à minha mãe e sua família, quando lhes faltou o chefe querido. Essa ternura ainda hoje vive em meu coração.

Chorei muito, quando do seu trespasse para o Além penalizada pelo seu grande sofrimento. E, du-rante quinze anos, orei diariamente pela paz de sua alma.

Tornei-me espírita militante, presidente de trabalhos em sessões

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Novembro 2009 | FidelidadESPÍRITA capa

fonte:

PEREIRA, Yvonne A. Cânticos do Coração.

Págs. 53 – 61. CELD. 1994.

mediúnicas. Certa noite, durante uma sessão daquela natureza, tive a surpresa de constatar a incor-poração do seu Espírito em um médium que absolutamente não o conhecera, e junto a quem eu jamais tocara em seu nome ou nos acontecimentos pretéritos.

Devo declarar que minha mãe e minhas tias informavam que o Capitão Domingos , em sua fazen-da, interrompia, por vezes, os seus brilhantes saraus, a fim de praticar a experiência das “mesas girantes”, para conversar com os Espíritos, o que muito divertia os convidados, e que somente se abstivera dessa prática depois que o Espírito de sua primeira mulher se comunicara por essa forma, pedindo que não mais fizessem tal experiência, pois se tratava de uma ciência importante e muito séria, destinada por Deus ao bem da Humanidade. E que, em sua biblioteca existiam os volumes da codificação do Espiritismo mas que ele os lia como curiosidade, sem medir o alcance do que tinha em mãos.

Ora, a comunicação do belo ancião foi dolorosa e comovedora. Arrependido, torturado de remorsos pelo trato aos escravos, tendo diante de si, sem interrupção, a fazenda, o pátio dos suplícios, o pelourinho, os gritos daqueles mártires, filhos de Deus, como ele, seus sofrimentos eram superlativos e inconsoláveis.

Depois de longa conversação, durante a qual apresentei-lhe a esperança e o consolo fornecidos pelo próprio Consolador, e no-tando o médium já fatigado, foi feita a prece para que a piedade do Eterno permitisse a presença de um amigo espiritual, um instrutor que orientasse o Capitão em sua nova

caminhada, onde ele se encontrava só, abandonado, desorientado.

Passados alguns minutos, duran-te os quais se adivinhava que a mão do Cristo de Deus se espalmava sobre aquela reunião, apresentou-se o Guia solicitado, através de outro médium, um só, e esse Guia era, nem mais nem menos, o negro escra-vo que desfalecera no pelourinho, surrado a chicote por sua ordem.

O Capitão Domingos, em Es-pírito, envergonhado, surpreso,

atordoado e desfeito em lágrimas, acompanhou para o Além o antigo escravo, que murmurava aos seus ouvidos, antes de partir, a nós outros permitindo-se também ouvir:

“Tem paciência, Nhonhô, isso passa... Deus é nosso bom Pai!...”

Oh, meu Deus! Os homens pre-cisam saber destas coisas para que aprendam a respeitar o próximo como a si mesmos!

O que aí fica, meus amigos, não é fantasia, romance para propaganda espírita. E a realidade assistida e vivida por numerosas testemunhas do passado. Se os homens sofrem, em qualquer tempo, é porque des-prezam as advertências do Senhor, nosso Mestre e Educador, pois entre outras advertências sobre qual deva

ser o nosso procedimento para com os outros, há também estas:

“Na verdade vos afirmo que sempre que vós o fizestes a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes.” (Mateus, 25, v. 40)

“Vede, não desprezeis a qualquer destes pequeninos; porque eu vos afirmo que os seus anjos nos céus vêem incessantemente a face de meu Pai, que está nos Céus.” (Mateus, 28, v. 10).

Nos dias atuais, é muito provável que o Capitão Domingos esteja re-encarnado nas hostes espíritas, pois não foi de todo mau, e soube tam-bém amar e servir à própria família e os amigos, embora desprezasse os pequeninos, além de ter conhecido o fenômeno espírita através das mesas girantes, e possuído e lido a codificação do Espiritismo. Esforçar-se-á, por certo, agora, por socorrer, carinhosamente, as crianças pobres e abandonadas, os velhos sem recur-sos e os doentes, assim resgatando os erros de ainda ontem, nos serviços santos da caridade, “que cobre uma multidão de pecados”.

Terrível, no entanto, será se tam-bém ele estiver por aí, a imaginar-se um missionário do Cristo, ou, pelo menos, algum Carlos IX, Rei da França, como existem vários; algum Lord da Inglaterra, ou um impera-dor de qualquer parte.

Graças aos céus, “Deus não quer a morte do ímpio, mas sim que ele se converta do seu mau proceder e viva...”

Se os homens sofrem, em qualquer tempo, é porque desprezam as advertências do Senhor

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FidelidadESPÍRITA | Novembro 2009história

O Judaísmo é considerado como um momento de síntese da evolução espiritual

kardec e o Judaísmo

por J. herculano Pires

As ligações do Espiritismo com o Judaísmo são de ordem histórica, profé-

tica, escriturística e fenomênica (e que vale dizer: mediúnica).

Historicamente o Judaísmo é o ponto de partida da concepção espírita da vida e do mundo, Kardec o considera como a I Revelação,

personificado em Moisés e desen-volvida pelos profetas. Essa reve-lação, codificada na Bíblia (Velho Testamento), anuncia outra que virá com o Messias; o Cristianismo ou a II Revelação.

Está, personificada em Jesus, como o Cristo ou Messias de Israel e codificada nos Evangelhos, anun-

cia outra que virá com o Espírito de Verdade: O Espiritismo ou III Revelação.

Kardec explica esse processo histórico na introdução do mais popular dos seus livros, que é “O Evangelho Segundo o Espiritismo”. Mas trata do assunto nas demais

obras da Codificação, ou seja, nos cinco livros fundamentais da dou-trina espírita, também chamados, por analogia bíblica, de pentateuco Kardeciano. O Judaísmo é conside-rado como um momento de síntese da evolução espiritual da Terra. Um momento decisivo, que assinala a transição do nosso planeta, de seu

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Novembro 2009 | FidelidadESPÍRITA história

Kardec assinala que o Judaísmo, ao contrário das religiões cristãs, não se levantou contra o Espiritismo

estágio de misticismo-supersticioso (psiquismo indiferenciado) para o estágio superior de misticismo-racional, com o aparecimento de monoteísmo.

O povo judeu foi o primeiro povo monoteísta da História. Antes, houve antecipações monoteístas em várias religiões, mas sempre restritas aos meios dirigentes. A própria transição dos judeus para o

monoteísmo é assinalada na Bíblia como uma fase de lutas dolorosas, como se vê no episódio das táboas da lei, no Sinai.

Mas, consolidado o monoteísmo judeu como concepção popular, houve um povo e um ambiente capazes de permitir a encarnação do Cristo na Terra, para dar ao pla-neta um novo impulso evolutivo. O Cristianismo é o desenvolvimento de uma nova concepção de vida, também dolorosamente conquista-da, mas que prepara o advento da concepção espírita.

Em “O Céu e o Inferno”, tercei-ro volume da codificação espírita, Kardec assinala que o Judaísmo, ao contrário das religiões cristãs, não se levantou contra o Espiritismo. E considera esse fato como uma decorrência natural de conteúdo espírita da revelação mosaica e de todo o seu desenvolvimento profé-tico. Estudando a acusação católica de que o Espiritismo é condenado pelo capítulo 18 de “Deuterônimo”, mostra que essa condenação não

abrange o Espiritismo e represen-tava apenas uma medida contrária às práticas mágicas e supersticiosas da época, que os israelitas haviam aprendido no Egito . Mostra ainda que todas as condenações de Deu-terônimo correspondem às do Espi-ritismo em nossos dias, no tocante à prática da mediunidade. Como se pode, pois, acusar o Espiritismo pelo que ele mesmo condena?

A ligação profética do Espiritis-mo com o Judaísmo vem das anun-ciações da Bíblia e dos Evangelhos sobre as revelações futuras.

As ligações escriturísticas vêm da seqüência natural dos textos religiosos: da Bíblia aos Evangelhos e destes ao Livro dos Espíritos. A ligação fenomênica é de natureza mediúnica.

A tenda de Moisés no deserto era uma câmara mediúnica em que se davam até mesmo fenômenos de materialização, como se pode ver diretamente nos relatos bíblicos.

Jornal O Redenção – Outubro de 2000

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FidelidadESPÍRITA | Novembro 2009estudo

AURA hUmANAConsiderando-se toda célula em

ação por unidade viva, qual motor microscópico, em conexão com a usina mental, é claramente com-preensível que todas as agregações celulares emitam radiações e que essas radiações se articulem, através de sinergias funcionais, a se cons-tituírem de recursos que podemos nomear por “tecidos de força”, em torno dos corpos que as exteriorizam.

Todos os seres vivos, por isso, dos mais rudimentares aos mais complexos se revestem de um “halo energético” que lhes corresponde à natureza.

No homem, contudo, seme-lhante projeção surge profunda-mente enriquecida e modifica-da pelos fatores do pensamento contínuo que, em se ajustando às emanações do campo celular, lhe modelam, em derredor da personalidade, o conhecido corpo vital ou duplo etéreo de algumas escolas espiritualistas, duplicata mais ou menos ra-diante da criatura.

Nas reentrâncias e ligações sutis dessa túnica eletromagné-tica de que o homem se entraja, circula o pensamento, colorin-do-a com as vibrações e imagens de que se constitui, aí exibindo,

em primeira mão, as solicitações e os quadros que improvisa, antes de irradiá-los no rumo dos objetos e das metas que demanda.

Aí temos, nessa conjugação de forças físico-químicas e mentais, a aura humana, peculiar a cada indivíduo, interpenetrando-o, ao mesmo tempo que parece emergir dele, à maneira de campo ovóide,

não obstante a feição irregular em que se configura, valendo por espelho sensível em que todos os estados da alma se estampam com sinais característicos e em que todas as idéias se evidenciam, plasmando telas vivas, quando perduram em vigor e semelhança como no cine-matógrafo comum.

Fotosfera psíquica, entretecida em elementos dinâmicos, aten-de à cromática variada, segundo a onda mental que emitimos, retratando-nos todos os pensa-mentos em cores e imagens que nos respondem aos objetivos e escolhas, enobrecedores ou deprimentes.

mEdIUNIdAdE INICIALA aura é, portanto, a nossa

plataforma onipresente em toda comunicação com as rotas alheias, antecâmara do Espírito, em todas as nossas atividades de intercâmbio com a vida que nos rodeia, através da qual somos vistos e examinados pelas Inte-ligências Superiores, sentidos e reconhecidos pelos nossos afins, e temidos e hostilizados ou amados e auxiliados pelos irmãos que caminham em po-sição inferior à nossa.

Isso porque exteriorizamos, de maneira invariável, o reflexo

mediunidade e Corpo Espiritual

por André Luiz / Chico Xavier

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Novembro 2009 | FidelidadESPÍRITA estudo

de nós mesmos, nos contatos de pensamento a pensamento, sem necessidade das palavras para as sim-patias ou repulsões fundamentais.

É por essa couraça vibratória, espécie de carapaça fluídica, em que cada consciência constrói o seu ninho ideal, que começaram todos os serviços da mediunidade na Ter-ra, considerando-se a mediunidade como atributo do homem encar-nado para corresponder-se com os homens liberados do corpo físico.

Essa obra de permuta, no en-tanto, foi iniciada no mundo sem qualquer direção consciente, por-que, pela natural apresentação da própria aura, os homens melhores atraíram para si os Espíritos hu-manos melhorados, cujo coração generoso se voltava, compadecido, para a esfera terrena, auxiliando os companheiros da retaguarda, e os homens rebeldes à Lei Divina aliciaram a companhia de entidades da mesma classe, transformando-se em pontos de contato entre o bem e o mal ou entre a Luz e a Sombra que se digladiam na própria Terra.

Pelas ondas de pensamento a se enovelarem umas sobre as outras, segundo a combinação de freqüên-cia e trajeto, natureza e objetivo, encontraram-se as mentes semelhan-tes entre si, formando núcleos de progresso em que homens nobres assimilaram as correntes mentais dos Espíritos Superiores, para gerar trabalho edificante e educativo, ou originando processos vários de simbiose em que almas estacionárias se enquistaram mutuamente, desa-fiando debalde os imperativos da evolução e estabelecendo obsessões lamentáveis, a se elastecerem sempre novas, nas teias do crime ou na etio-

logia complexa das enfermidades mentais.

A intuição foi, por esse motivo, o sistema inicial de intercâmbio, facilitando a comunhão das cria-turas, mesmo a distância, para transfundi-las no trabalho sutil da telementação, nesse ou naquele domínio do sentimento e da idéia, por intermédio de remoinhos mensuráveis de força mental, assim como na atualidade o remoinho eletrônico infunde em aparelhos especiais a voz ou a figura de pessoas ausentes, em comunicação recíproca na radiotelefonia e na televisão.

SoNo E dESPRENdImENToReleva, contudo, assinalar que,

em se iniciando a criatura na pro-dução do pensamento contínuo, o sono adquiriu para ela uma impor-tância que a consciência em proces-so evolutivo, até aí, não conhecera.

Usado instintivamente pelo elemento espiritual, como recurso reparador, no refazimento das célu-las em serviço, semelhante estado fisiológico carreou novas possibi-lidades de realização para quantos se consagrassem ao trabalho mais amplo de desejar e mentalizar.

Ansiando livrar-se da fadiga física, após determinada quota de tempo no esforço da vigília diária e, por isso mesmo, entregue ao relaxamento muscular, o homem operante e indagador adormecia com a idéia fixada a serviços de sua predileção.

Amadurecido para pensar e lançando de si a substância de seus propósitos mais íntimos, ensaiou, pouco a pouco, tal como aprendera, vagarosamente, o desprendimento

definitivo nas operações da morte, o desprendimento parcial do corpo sutil, durante o sono, desenfaixan-do-o do veículo de matéria mais den-sa, embora sustentando-o, ligado a ele, por laços fluídico-magnéticos, a se dilatarem levemente dos plexos e, com mais segurança, da fossa rombóide.

Encetado o processo de sonolên-cia, com as reações motoras empo-brecidas e impondo mecanicamente a si mesma o descanso temporário, no auxílio às células fatigadas de tensão, isto desde as eras remotas em que o pensamento se lhe articu-lou com fluência e continuidade, permanece a mente, através do corpo espiritual, na maioria das vezes, justaposta ao veículo físico, à guisa de um cavaleiro que repousa ao pé do animal de que necessita para a travessia de grande região, em complicada viagem, dando-lhe ensejo à recuperação e pastagem, enquanto ele se recolhe ao próprio íntimo, ensimesmando-se para re-fletir ou imaginar, de conformidade com seus problemas e inquietações, necessidades e desejos.

ASPECToS do dESPRENdImENToDessa forma, aliviando o contro-

le sobre as células que a servem no corpo carnal, a mente se volta, no sono, para o refúgio de si mesma, plasmando na onda constante de suas próprias idéias as imagens com que se compraz nos sonhos agradáveis em que saca da memória a essência de seus próprios desejos, retemperando-se na antecipada con-templação dos painéis ou situações que almeja concretizar.

Para isso, mobiliza os recursos do

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FidelidadESPÍRITA | Novembro 2009estudo

...os médiuns primitivos nada mais puderam realizar que a fascinação recíproca, ou magia elementar

núcleo da visão superior, no dien-céfalo, de vez que, aí, as qualidades essencialmente ópticas do centro coronário lhe acalentam no silêncio do desnervamento transitório todos os pensamentos que lhe emergem do seio.

Noutras ocasiões, no mesmo estado de insulamento, recolhe, no curso do sono, os resultados de seus próprios excessos, padecendo a inquietação das vísceras ou dos nervos injuriados pela sua rendi-ção à licenciosidade, quando não seja o asfixiante pesar do remorso por faltas cometidas, cujos reflexos absorvem do arquivo em que se lhe amontoam as próprias lembranças.

Numa e noutra condição, toda-via, é a mente suscetível à influen-ciação dos desencarnados que, evoluídos ou não, lhe visitam o ser, atraidos pelos quadros que se lhe filtram da aura, ofertando-lhe auxílio eficiente quando se mostre inclinada à ascensão de ordem moral, ou sugando-lhe as energias e assoprando-lhe sugestões infelizes quando, pela própria ociosidade ou intenção maligna, adere ao consór-cio psíquico de espécie aviltante, que lhe favorece a estagnação na preguiça ou a envolve nas obses-sões viciosas pelas quais se entrega a temíveis contratos com as forças sombrias.

Mas dessa posição de espectador à função de agente existe apenas um passo.

O pensamento contínuo, em f luxo insopitável, desloca-lhe a organização celular perispiritual, à maneira do córrego que em sua pas-sagem desarticula da gleba em que desliza todo um rosário de seixos. E assim como os seixos soltos seguem

a direção da corrente, lapidando-se no curso dos dias, o corpo espiritual acompanha, de início, o impulso da corrente mental que por ele extravasa, conscienciando-se muito vagarosamente no sono, que lhe propicia meia-libertação.

mEdIUNIdAdE ESPoNTÂNEANessa fase primária de novo de-

senvolvimento, encontra-se, como é natural, ao pé dos objetos que lhe tomam o interesse.

E assim que o lavrador, no repouso físico, retoma, em corpo espiritual, ao campo em que semeia, entrando em contato com as enti-dades que amparam a Natureza; o

caçador volta para a floresta; o es-cultor regressa, freqüentemente, no sono, ao bloco de mármore de que aspira a desentranhar a obra-prima, o seareiro do bem volve à leira de serviço em que se lhe desdobra a virtude, e o culpado torna ao local do crime, cada qual recebendo de Espíritos afins os estímulos elevados ou degradantes de que se fazem merecedores.

Consolidadas semelhantes rela-ções com o Plano Espiritual, por intermédio da hipnose comum, começaram na Terra os movimen-tos da mediunidade espontânea, porqüanto os encarnados que de-monstrassem capacidades mediúni-cas mais evidentes, pela comunhão menos estreita entre as células do corpo físico e do corpo espiritual, em certas regiões do campo so-mático, passaram das observações durante o sono às observações da vigília, a princípio fragmentárias, mas acentuáveis com o tempo, conforme os graus de cultura a que fossem expostos.

Quanto menos densos os elos de ligação entre os implementos físicos e espirituais, nos órgãos da visão, mais amplas as possibilidades na cla-rividência, prevalecendo as mesmas normas para a clariaudiência e para modalidades outras, no intercâmbio entre as duas esferas, inclusive as peculiaridades da materialização, pelas quais os recursos periféricos do citoplasma, a se condensarem no ectoplasma da definição científica vulgar, se exteriorizam do corpo carnal do médium, na conjugação com as forças circulantes do am-biente, para a efêmera constituição de formas diversas.

Desde então, iniciou-se o correio entre o plano físico e o plano ex-trafísico, mas, porque a ignorância embotasse ainda a mente humana, os médiuns primitivos nada mais puderam realizar que a fascinação recíproca, ou magia elementar, em que os desencarnados igualmente inferiores eram aproveitados, por via hipnótica, na execução de atividades materiais, mas, sem qualquer alicer-ce na sublimação pessoal.

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Novembro 2009 | FidelidadESPÍRITA estudo

A mediunidade, no entanto, é faculdade inerente à própria vida

FoRmAçÃo dA mIToLogIAApareceu então a goecia ou

magia negra, à qual as Inteligências Superiores opuseram a religião por magia divina, encetando-se a forma-ção da mitologia em todos os setores da vida tribal.

Numes familiares, interessados em favorecer as tarefas edificantes para levantar a vida humana a nível mais nobre, foram categorizadas à conta de deuses, em diversas faixas da Natureza, e, realmente, através dos instrumentos humanos mobilizáveis, esses gênios tutelares incentivaram, por todas as formas possíveis, o progresso da agricultura e do pastoreio, das indústrias e das artes.

A luta entre os Espíritos retarda-dos na sombra e os aspirantes da luz encontrou seguro apoio nas almas encarnadas que lhes eram irmãs.

Desde essas eras recuadas, em-penharam-se o bem e o mal em tremendo conflito que ainda está muito longe de terminar, com bases na mediunidade consciente ou in-consciente, técnica ou empírica.

FUNçÃo dA doUTRINA ESPÍRITAForçoso reconhecer, todavia, que

a mediunidade, na essência, quanto a energia elétrica em si mesma, nada tem a ver com os princípios morais que regem os problemas do destino e do ser.

Dela podem dispor, pela espon-taneidade com que se evidencia, sábios e ignorantes, justos e injustos, expressando-se-lhe, desse modo, a necessidade de condução reta, quan-to a força elétrica exige disciplina a fim de auxiliar.

Esse o motivo por que os Orien-tadores do Progresso sustentam a Doutrina Espírita na atualidade do mundo, por Chama Divina, cris-tianizando fenômenos e objetivos, caracteres e faculdades, para que o Evangelho de Jesus seja de fato incorporado às relações humanas.

Como nas intervenções cirúrgi-cas em que tecidos são transplan-tados com êxito para melhoria das condições orgânicas, é indispensável nos atenhamos ao impositivo das operações mediúnicas pelas quais se efetuem proveitosas enxertias psíquicas, com vistas à difusão do conhecimento superior.

mEdIUNIdAdE E vIdAEminentes fisiologistas e pesqui-

sadores de laboratório procuraram fixar mediunidades e médiuns a nomenclaturas e conceitos da ciência metapsíquica, entretanto, o problema, como todos os proble-mas humanos, é mais profundo, porque a mediunidade jaz adstrita à própria vida, não existindo, por isso mesmo, dois médiuns iguais, não obstante a semelhança no campo das impressões.

Por outro lado, espiritualistas

distintos julgam-se no direito de hostilizar-lhe os serviços e impe-dir-lhe a eclosão, encarecendo-lhe os supostos perigos, como se eles próprios, mentalizando os argu-mentos que avocam, não estivessem assimilando, por via mediúnica, as correntes mentais intuitivas, con-tendo interpretações particulares das inteligências desencarnadas que os assistem.

A mediunidade, no entanto, é faculdade inerente à própria vida e, com todas as suas deficiências e grandezas, acertos e desacertos, é qual o dom da visão comum, pecu-liar a todas as criaturas, responsável por tantas glórias e tantos infortú-nios na Terra.

Ninguém se lembrará, contudo, de suprimir os olhos, porque mi-lhões de pessoas, à face de circuns-tâncias imponderáveis da evolução, deles se tenham valido para perse-guir e matar nas guerras de terror e destruição.

Urge iluminá-los, orientá-los e esclarecê-los.

Também a mediunidade não requisitará desenvolvimento indis-criminado, mas sim, antes de tudo, aprimoramento da personalidade mediúnica e nobreza de fins, para que o corpo espiritual, modelando o corpo físico e sustentando-o, possa igualmente erigir-se em filtro leal das Esferas Superiores, facilitando a ascensão da Humanidade aos domínios da luz.

Uberaba, 26/3/58

fonte:

XAVIER, Francisco. Evolução em Dois Mundos.

Págs. 127 - 133. Feb. 1999.

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FidelidadESPÍRITA | Novembro 2009ensinamento

As maravilhas da natureza sempre causaram grande admiração, seja pela beleza ou expressão de inteligência

Obra de Deus revela grande planejamento prévio.

As maravilhas da natureza sem-pre causaram grande admiração, seja pela beleza ou expressão de in-teligência da grande obra que, num encadeamento perfeito, servem os seres vivos do planeta, inclusive o homem – que normalmente causa

grandes danos à economia ambien-tal. Como a Doutrina Espírita é abrangente, este tema também pode ser analisado sob sua ótica.

Especialmente em O Livro dos Espíritos, os capítulos IV, V e VI do livro terceiro abordam a

temática sob o enquadramento das Leis Morais. Como análise das causas primárias, o assunto pode ser estudado nos capítulos I a IV do livro primeiro. Mas também em A Gênese, nos capítulos II, VI, X e XIV há farto material de pesquisa que indicamos ao leitor. A visão é abrangente e enquadra os seres vivos, a evolução no geral – inclu-

sive do homem – e naturalmente a causa primeira de tudo, originária de Deus, a inteligência suprema do Universo.

Apresentando um estudo com o título Introdução ao Estudo dos Fluidos Espirituais (1), Allan Kar-dec faz interessante consideração, que transcrevemos parcialmente: “(...) Um pequeno grão é posto na

o grande Laboratório da Natureza

por orson Peter Carrara

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Novembro 2009 | FidelidadESPÍRITA ensinamento

fonte:

Artigo originalmente publicado no site do au-

tor: http://www.orsoncarrara.k6.com.br/

Todos os corpos da natureza, são, formados dos mesmos elementos...

terra, nasce, cresce e torna-se uma grande árvore que, anualmente, dá folhas, flores e frutos. Quer dizer que a árvore se achava inteirinha no grão? Certamente que não, porque ela contém uma quantidade de matéria muito mais considerável. Então de onde lhe veio essa ma-téria? Dos líquidos, dos sais, dos gases que a planta tirou da terra e do ar, que infiltraram em sua haste e, pouco a pouco, aumentaram o volume. Mas nem na terra nem no ar encontram-se madeira, folhas, flores e frutos. É que esses mesmos líquidos, sais e gases, no ato de absorção, se decompuseram; seus elementos sofreram novas combi-nações, que os transformaram em seiva, lenho, casca, folhas, flores, frutos, essências voláteis, etc. Es-tas mesmas partes, por sua vez, vão destruir-se, decompor-se; seus elementos, misturar-se de novo na terra e no ar; recompor as substân-cias necessárias à frutificação; ser reabsorvidos, decompostos e, mais uma vez, transformados na seiva, lenho, casca, etc. Numa palavra, a

matéria não sofre aumento nem di-minuição; transforma-se e, por força dessas transformações sucessivas, a proporção das diversas substâncias é sempre em quantidade suficiente para as necessidades da natureza. (...)”

Esta citação sobre sucessivas e combinadas transformações (vide questões 4 a 9 de O Livro dos Espíritos), aliada ao estudo do ca-pítulo Os Fluidos (capítulo XIV de A Gênese, especialmente nos itens 1 a 12) fornece extraordinária visão desse perfeito planejamento divino, estabelecido em Leis imutáveis cuja

finalidade é o progresso e a felici-dade humana. Sendo um assunto vasto, sugerimos consulta aos itens indicados no presente trabalho, mas visando estimular a pesquisa transcrevemos ainda pequeno tre-cho constante da mesma publicação (1), agora em seu item III, que abre perspectiva imensa para estudos e reflexões: “(...) Todos os corpos da natureza, minerais, vegetais, animais, animados ou inanimados, sólidos, líquidos ou gasosos, são, formados dos mesmos elementos, combinados de maneira a produzir a infinita variedade dos diferentes corpos. Hoje a ciência vai mais lon-ge; suas investigações pouco a pouco a conduzem à grande lei da unida-de. Agora é geralmente admitido que os corpos reputados simples não passam de modificações, de transformações de um elemento único, princípio universal desig-nado sob os nomes de éter, fluido cósmico ou fluido universal; de tal sorte que, segundo o modo de agre-gação das moléculas desse fluido, e sob a influência de circunstâncias particulares, adquire propriedades especiais, que constituem os corpos simples. Estes, combinados entre si em diversas proporções, formam, como dissemos, a inumerável varie-dade de corpos compostos. (...)”

(1) Revista Espírita, março de 1866, ano IX, vol. 3, Editora Edicel – São Paulo, 1966, tradução Júlio Abreu Filho, item II.

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FidelidadESPÍRITA |Novembro 2009

fonte:

MARTINS, Eduardo. Com Todas as Letras. Pág.

35. Editora Moderna. São Paulo/SP, 1999.

por Eduardo martins

com todas as letras

Por que paralisar eorganizar?

As pessoas, com muita freqüência, sentem dificuldades para entender por que verbos como organizar e

valorizar, com z, convivem com outros, como paralisar e analisar, com s. A razão é simples.

Nos verbos terminados em isar, mantém-se o s situado entre duas vogais no fim de um substantivo. As vogais finais são eliminadas e substituídas pela desinência verbal ar.

Vamos ao exemplo mais usual, o de paralisar. É extremamente comum encontrar esse verbo escrito erradamente. Mas repare: se o substanti-vo é paralisia, nada mais natural que as outras palavras da família sejam com s, como paralisa-do, paralisação, paralisante, etc. Por isso, elas nunca poderiam ser “paralização”, “paralizar”, “paralizante”, etc. Já existe o s na parte final do vocábulo.

Veja outros casos: análise: analisar; catálise: catalisa, catalisador; pesquisa: pesquisa,; pesquisador; bis: bisar; liso: alisar; anestesia: anestesia,; anestesian-te; improviso: improvisar; improvisação, etc.

A terminação izar indica ação de fazer ou to-mar e acrescenta-se a um adjetivo ou substantivo concluído por r, l, n ou vogal. Veja os exemplos: valor: valoriza, valorização; horror: horrorizar; útil: utiliza, utilização; contábil: contabilizar; viável: viabilizar; cânon: canonizar; escravo: escraviza,; es-cravização; imune: imunizar; suave: suavizar; cota: cotizar, etc.

Atenção para estas observações:

a) Se já houver o grupo iz na palavra, é natural que o z se mantenha: matiz: matizar; deslize: deslizar; juízo: ajuizar; baliza: balizar; raiz: enraizar; cicatriz: cicatrizar, etc.

b) Se o grupo for ismo, como o s não está entre duas vogais, também se usa a termina-ção izar. Assim: dinamismo: dinamizar; exorcis-mo: exorcizar; simbolismo: simbolizar; organismo: organizar; batismo: batizar; socialismo: socializar; realismo: realizar, etc.

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“Porque o que semeia na sua carne, da carne ceifará a corrupção.” — Paulo. (Gálatas, 6:8.)

Sementeiras e Ceifas

Emmanuel - Chico XavierVinha de Luz

Novembro 2009 | FidelidadESPÍRITA mensaGem

Plantaremos todos os dias. É da lei. Até os inativos e ociosos estão cultivando

o joio da imprevidência. É necessário reconhecer, porém, que dia-

riamente colheremos. Há vegetais que produzem no curso de

breves semanas, outros, no entanto, só reve-lam frutos na passagem laboriosa de muito tempo.

Em todas as épocas, a turba cria compli-cações de natureza material, acentuando o labirinto das reencarnações dolorosas, demo-rando-se nas dificuldades da decadência.

Ainda hoje, surgem os que pretendem curar a honra com o sangue alheio e lavar a injustiça com as represálias do crime. Daí, o ódio de ontem gerando as guerras de hoje, a ambição pessoal formando a miséria que

há de vir, os prazeres fáceis reclamando as retificações de amanhã.

Até hoje, decorridos mais de dezenove séculos sobre o Cristianismo, apenas alguns discípulos, de quando em quando, compre-endem a necessidade da sementeira da luz espiritual em si mesmos, diferente de quantas se conhecem no mundo, e avançam a cami-nho do Mestre dos mestres.

Se desejas, pois, meu amigo, plantar na Lavoura Divina, foge ao velho sistema de semeaduras na corrupção e ceifas na deca-dência.

Cultiva o bem para a vida eterna. Repara as multidões, encarceradas no

antigo processo de se levantarem para o erro e caírem para a corrigenda, e segue rumo ao Senhor, organizando as próprias aquisições de dons imortais.

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