fichamento pessoa natural

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FICHAMENTO FARIAS, C.C.; ROSENVALD, N. Direito Civil Teoria Geral. 8ª ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009 p. 235-310. Tendo a pessoa natural como o ser humano com vida, o ente com estrutura biopsicológica, o autor afirma que a pessoa natural, o ser humano e a sua digninade. (p.235). O ser humano e sua dignidade é o fundamento principal da República Nacional, pois como define o autor: 'gente é o ente com estrutura biopsicológica' e ainda atenta para que não devemos nos ater do conceito da pessoa natural como biologicamente concebida, uma vez que, graças a evolução das tecnologias, existem outros métodos como a fertilização medicamente assistida. Uma vez implantado no útero, passa a condição de nascituro, contraindo proteção jurídica. (p.235-236). É pois, pessoa natural toda aquela nascida com vida, e isso se constata com a presença de ar nos pulmões, ainda que existam outro métodos de reconhecimento como o choro. O nascido é aquele separado do corpo da mãe, portando se ligado ao cordão umbilical ainda tem propriedade de nascituro. (p.238). O autor ainda adverte sobre os conceitos sobre nascituro e concepturo para fins de contração de direitos, aquele (nascituro) é o que está no ventre na genitora, enquanto este (concepturo) é o aquele que ainda vai ser concebido,

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personalidade civil

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FICHAMENTOFARIAS, C.C.; ROSENVALD, N. Direito Civil Teoria Geral. 8 ed. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2009 p. 235-310.

Tendo a pessoa natural como o ser humano com vida, o ente com estrutura biopsicolgica, o autor afirma que a pessoa natural, o ser humano e a sua digninade. (p.235). O ser humano e sua dignidade o fundamento principal da Repblica Nacional, pois como define o autor: 'gente o ente com estrutura biopsicolgica' e ainda atenta para que no devemos nos ater do conceito da pessoa natural como biologicamente concebida, uma vez que, graas a evoluo das tecnologias, existem outros mtodos como a fertilizao medicamente assistida. Uma vez implantado no tero, passa a condio de nascituro, contraindo proteo jurdica. (p.235-236). pois, pessoa natural toda aquela nascida com vida, e isso se constata com a presena de ar nos pulmes, ainda que existam outro mtodos de reconhecimento como o choro. O nascido aquele separado do corpo da me, portando se ligado ao cordo umbilical ainda tem propriedade de nascituro. (p.238). O autor ainda adverte sobre os conceitos sobre nascituro e concepturo para fins de contrao de direitos, aquele (nascituro) o que est no ventre na genitora, enquanto este (concepturo) o aquele que ainda vai ser concebido, que no est no tero mas se presume que ser gerado. Se diz genitora e no me pois existem as chamadas "barrigas de aluguel".(p.239) Trs teorias foram arquitetadas, enxergando a questo sob diferentes prismas. So as teorias natalista, condicionalista, e concepcionista. (p.240). Sem dvida, reconhecendo o acerto da teoria concepcionista, de se notar que a partir da concepo j h proteo personalidade jurdica. (p.241). [...] chega-se concluso de que no h, efetivamente, distino prtica entre as posies sustentadas pela teoria concepcionista e pela teoria condicionalista. (p.242).

Registre-se, ainda, que reconhecido ao nascituro do direito ao reconhecimento de sua filiao, garantindo-se-lhe a perfilhao, como expresso de sua prpria personalidade. (p.243).

Tambm reconhecida ao nascituro a capacidade de ser parte ativa em uma relao jurdico-processual (ser autor de um processo). (p.244).

Lembre-se no entanto, que os direitos de natureza patrimonial (apreciveis economicamente), [...] somente sero adquiridos pelo nascituro com o nascimento com vida. (p.245).

Vale frisar que, reconhecidos os direitos da personalidade ao nascituro [...] a proteo alcana, por igual, o natimorto. (p.245).

[...] o natimorto titulariza, regularmente, os direitos de personalidade. (p.245).

Afirme-se, nessa linha de inteleco, que o Direito Civil no pode ser entendido a partir de conceitos hermticos. (p.246).

Alis, a Carta Magna privilegia a vida humana, considerada como supremo bem. (p.246).

Os embries laboratoriais [...] so aqueles remanescentes de uma fertilizao na proveta ou que foram preparados para serem implantados em uma mulher. (p.246). Majoritariamente, vem se entendendo, no direito brasileiro, que o embrio laboratorial no dispe da proteo dedicada ao nascituro. (p.246). [...] no so aplicveis aos embries in vitro os direitos de personalidade. (p.246). A capacidade surge, nessa ambientao, como uma espcie de medida jurdica da personalidade que reconhecida a todas as pessoas naturais e jurdicas. (p.248). Em resumo, a capacidade jurdica envolve a aptido para adquirir direitos e assumir deveres pessoalmente. (p.248). A capacidade jurdica dividida em capacidade de direito (aquisio ou de gozo) [...] e capacidade de fato (ou exerccio). (p.248-249). [...] convm notar que a capacidade de fato presume a capacidade de direito, mas a recproca no verdadeira. (p.249). Sintetizando: enquanto a capacidade de direito exprime a ideia genrica e potencial de ser sujeito de direitos [...] a capacidade jurdica a possibilidade de praticar, pessoalmente, os atos da vida civil. (p.249). Esta (a legitimao) significa uma inibio para a prtica de determinados atos jurdicos, em virtude da posio especial do sujeito em relao a certos bens. (p.249). [...] enquanto aquela (a capacidade jurdica) diz respeito possibilidade genrica de praticar atos jurdicos pessoalmente. (p.249). A situao pode ser bem vislumbrada no clssico exemplo do art. 496 do Cdigo Civil. (p.249). A legitimao , portanto, um plus na capacidade. [...] um requisito especfico [...] para a prtica de determinados atos especficos da vida civil. (p.250). No dizer claro e objetivo de Francisco Amaral a primeira (capacidade de direito) aptido para a titularidade de direitos e deveres. (p.250). [...] a segunda (capacidade de fato), a possibilidade de praticar atos com efeitos jurdicos, adquirindo, modificando ou extinguindo relaes jurdicas. (p.250). [...] Afrnio de Carvalho preciso: a capacidade de direito inere necessariamente a toda pessoa, qualquer que seja sua idade ou o seu estado de sade. A capacidade de fato, isto , a capacidade para exercer pessoalmente os atos da vida civil, que pode sofre limitao oriunda da idade e do estado de sade. (p.250). De forma pragmtica, a incapacidade o reconhecimento da inexistncia, numa pessoa, daqueles requisitos que a lei acha indispensveis para que ela exera seus direitos, direta e impessoalmente, como verbera Slvio Rodrigues. (p.251). [...] a incapacidade implica na deflagrao de uma srie de medidas protetivas em favor do incapaz. (p.251). Demais disso, vale a lembrana de que a sade mental, pela sua prpria complexidade, reclama a adoo de polticas pblicas intersetoriais protetivas da pessoa humana. (p.252). No h, pois, outras categorias de incapacidades afora aquelas previstas em lei. (p.253). De igual forma, a senectude (velhice), por si s, no implica em incapacidade, por mais idosa que seja a pessoa. (p.253). Identicamente, as pessoas com deficincia fsica no podem ser reputadas incapazes em razo, apenas, de sua debilidade fsica. (p.254). So reputados absolutamente incapazes aqueles que no possuem qualquer capacidade de agir, sendo irrelevante, do ponto de vista jurdico, a sua manifestao de vontade. (p.254). O representante legal, ento, praticar os atos da vida civil em nome do representado (o incapaz absolutamente). (p.255). Quanto aos ausentes, que no tem possibilidade material de cuidar de seus bens, o Cdigo Civil retirou-os do rol de absolutamente incapazes. (p.256). A vontade dos relativamente incapazes respeitada, mas os atos praticados por este devem ser na presena do assistente, assim como a interveno deste se faz necessria para tornar os atos do relativamente incapaz vlidos. (p.257). No se pode sentenciar o prdigo por simplesmente este gastar suas economias de maneira volumosa, pois esta ao poderia ter sido planejada de antemo assim, a incapacidade se d caso os gastos do prdigo venham a ferir sua dignidade como pessoa humana, proteo esta pautada na Lei Maior. (p.260). Quanto aos ndios que so protegidos por legislao especfica, atribuda a incapacidade absoluta aos que no so integrados a cultura nacionais, e que no preenchem os requisitos exigidos pela Lei n 6.001/73. (p.261). A incapacidade jurdica exige prova explcita para reconhecimento judicial de tal qualidade, dos quais atendem ao critrio etrio, e subjetivo. No primeiro (etrio) mais fcil a visualizao que a comprovao da idade, comprovado esta decorrem todos os efeitos jurdicos, na segunda (subjetivo/psicolgico) o juiz precisa reconhecer tal capacidade como o caso dos excepcionais sem desenvolvimento mental completo entre outros. (p.263). A interdio somente deve ser efetivada caso forem atender as necessidades do interditando, pois devem ser respeitados seu desenvolvimento, manifestao e vida, como assegura a Carta Maior, pois esta diz que igualdade jurdica deve ser gozada por todos. (p.264). Generalidades: a incapacidade de carter subjetivo reclama reconhecimento de via judicial, poder o juiz estabelecer a gradao de interdio sendo esta parcial ou total que cobrem os viciados em entorpecentes e os que tm incapacidades mentais assim como os surdos-mudos sem educao. (p.266). A legitimidade para promover a ao de interdio: a ao pode ser manuseada por pai, me, tutor, cnjuge ou qualquer parente, como tambm o Ministrio Pblico quando na ausncia dos anteriores, menores incapazes, inrcia dos parentes, anomalias psquicas, terceiros no podem mover ao de interdio, mas podem acionar o Ministrio Pblico para a defesa do interesse do deduzido incapaz. (p.266-267). A competncia: a competncia o lugar/domiclio onde a pessoa reside, visando a proteo do mesmo, facilitando a captao de provas e exames mdicos obrigatrios. (p.267-268). O procedimento especial da ao de interdio: o interessado tem de comprovar que o interditando no apresenta discernimento suficiente para os atos da vida civil, por meio de petio inicial. O juiz dever ver a pessoa acompanhado de especialista, e caso esta no possa se locomover o juiz dever ir ao encontro da pessoa. Constatado a incapacidade jurdica da pessoa, o juiz nomeara um curador prximo do incapaz, esta pessoa passar a responder legitimamente pelo interditando. (p.268-272). A sentena da ao de interdio: a sentena de interdio tem natureza declaratria, apenas reconhecida em juzo. (p.272). Levantamento da interdio: caso o incapaz recupere sua plena capacidade jurdica, poder promover o pedido de levantamento de interdio, que pode ser movido pelo prprio interditado, pelo Ministrio Pblico, cnjuge, tutor... Dever se dirigir ao mesmo juiz que sentenciou a interdio, aps ser realizada a percia mdica obrigatria para a certificao da capacidade ou no, em seguida o interditado ser submetido a prova oral, e por fim a sentena do levantamento dever ser publicada e averbada conforme legislao. (p.274-275). Os atos praticados por incapaz antes da sentena so vlidos. Mas, considerando-se o princpio da Boa-F, se for visvel o estado de incapacidade, e se for de conhecimento pblico os atos deste se tornam invlidos. (p.276). A crtica que aqui se faz de que o Cdigo Civil reduz o incapaz para apenas interesses patrimonialistas, excluindo-se a pessoa humana e sua dignidade, e apenas reconhecimento a proteo dos bens que esta possui, o autor defende o vis de que deve ser reconhecido o incapaz com pessoa humana digna. (p.277). A incapacidade cessa quando a pessoa atinge a maioridade, ao completar 18 anos a pessoa passa automaticamente responder a todos os atos da vida civil sem qualquer tipo de processo de reconhecimento. Nos casos de Emancipao, que esto elencados nos incisos do pargrafo nico do art. 5 do Cdigo Civil que so: emancipao voluntria, legal e judicial. (p.277-283). Estado civil a posio jurdica que a pessoa ocupa na sociedade, e ainda se subdivide em estado individual: que diz respeito faixa etria, capacidade e ao sexo, o estado familiar: no mbito da famlia o estado civil como conhecido comumente, e se d em relao ao parentesco ou matrimnio, e o estado poltico: que se refere na qualidade jurdica da pessoa mediante a sociedade poltica, podendo ser nacional ou nato. (p.283-285). O efeito jurdico principal da morte a cessao da personalidade, e dos direitos da personalidade, com a morte cessa todos os atos contrados juridicamente pela pessoa, e ainda assegurado ao morto, a sua vontade expressa em vida, como testamento, e destino do cadver, assim como tambm a honra, imagem, nome etc. Com a morte tambm incorre efeitos jurdicos como o caso da abertura de sucesso. (p.286-288). Para o reconhecimento da morte, e, por conseguinte a extino da pessoa natural, o mdico tem que atestar a morte enceflica, para ento prosseguir com a certido de bito que ser lavrada em cartrio de registro civil competente. (p.288). Admite-se morte real sem cadver as pessoas envolvidas em grandes catstrofes, eventos que produzem perigo de morte, desaparecidas em guerra e no encontrada at dois anos aps seu trmino, como tambm as desaparecidas durante o perodo ditatorial. Como tambm a morte pode ser real caso houver provas suficientes (testemunhas etc.) de que a pessoa faleceu. (p.288-290). Espelhando o que diz a Carta Magna, sobre vida digna, temos a leitura inversa desta que seria a morte digna, que se refere ao direito de morrer sem ferir a dignidade da pessoa humana, que tambm se projeta na morte. A eutansia no Brasil se mantm no campo da ilicitude, sendo esta questo ainda muito discutida tendo uma das bases o caso do marinheiro Ramn Sampedro. (p.290-295). A presuno de simultaneidade de morte, quando duas ou mais pessoas falecerem na mesma ocasio no podendo identificar o premoriente, neste caso sero considerados mortos simultneos. A consequncia jurdica da comorincia impede a transmisso de qualquer direito entre os comorientes. Em regra no existe prazo para declarao de ausncia, basta que demonstre o desaparecimento de algum em seu domiclio. Transcendendo os interesses pessoais do estudo da ausncia, merece tambm a ateno para a reestruturao da famlia e poder familiar. (p.298-305). a sede jurdica da pessoa, onde ela pratica os atos da vida civil, e onde se podem encontrar as pessoas. O domiclio inviolvel visando preservao da vida privada da pessoa humana. Perde-se o domiclio nos casos de mudana, transferncia, determinao legal ou contrato. (p.305-309).