fichamento comunicação, representação e práticas sociais

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Universidade Católica de Brasília

Projeto Experimental I

Fichamento: PEREIRA, Miguel; GOMES, Renato Cordeiro; FIGUEIREDO, Vera

Lúcia Follain de (org.). Comunicação, representação e práticas sociais. Editora PUC

Rio. Aparecida, SP, 2004.

Representações, mediações e práticas comunicativas – Vera Regina Veiga França

“O que são ‘ representações’? Não é um conceito simples, e historicamente ele vem

sendo construído nas fronteiras da sociologia, psicologia e semiótica. ‘Representações’

podem ser tomadas como sinônimo de signos, imagens, formas ou conteúdos de

pensamento, atividade representacional dos indivíduos , conjunto de idéias

desenvolvidas por uma sociedade”. Pág. 14

“A partir da herança de Durkheim, as ‘representações coletivas’ dizem respeito aos

significados, às imagens, ao quadro de sentidos construídos e partilhados por umasociedade; são formas estáveis de compreensão coletiva que atuam de forma mais ou

menos impositiva e têm o papel de integrar a sociedade como um todo”. Pág 14

“Na psicologia, o estudo das representações está ligado aos processos cognitivos e à

atividade simbólica no ser humano, associados ao próprio processo de desenvolvimento

do ‘Eu’. A psicologia social busca uma aproximação maior entre as perspectivas sociais

e individuais [...] e entende as representações sociais como fenômeno que diz respeito à

atividade representacional dos indivíduos (capacidade de simbolização, ligada aos

processos de socialização e construção da noção de sujeito), mas inclui e ultrapssa o

trabalho do psiquismo individual, consistindo em construções particulares que

expressam a subjetividade do campo social” Pág. 14

“A sociedade contemporânea opera com um conceito ou representação de beleza que

estimula cirurgias estéticas, uma corria às academias de ginástica , provoca tratamentos

e até doenças. Que coisa tão forte é esta – uma idéia que atua com tal poder em nossas

vidas?!” Pág. 14

“As representações não apenas variam dentro das diferentes épocas e culturas, mas

também espelham vivências específicas dentro de determinadas sociedades”. Pág. 14

“[...] quando falamos de representação, não falamos de algo claro, objetivo eidentificável, mas, ao contrário, de um fenômeno que, na sua dupla natureza

(instauração de sentidos, inscrição material), sofre permanentes alterações tanto na sua

dimensão simbólica quanto nas suas formas concretas de manifesto (aparição sensível)”.

Representação x tempo:

“As representações estão intimamente ligadas a seus contextos históricos e sociais por

um movimento de reflexibilidade – elas são produzidas no bojo de processos sociais,

espelhando diferenças e movimentos da sociedade; por outro lado, enquanto sentidos

construídos e cristalizados, elas dinamizam e condicionam determinadas práticas

sociais”. Pág. 19



As representações sociais e a comunicação social:

“Chegamos então à nossa terceira questão: o cruzamento dos dois eixos, representações

e mediações. De um lado, temos o domínio das imagens, desafiantes, móveis. De outro,

as mediações – os sujeitos inseridos no mundo; os receptores, tomados não como

instâncias isoladas, bombardeadas pelos estímulos das imagens midiáticas, mas comosujeitos sociais, inseridos em condições específicas que orientam a maneira como se

colocam no mundo e a maneira como lidam (construindo, interpretando, atualizando)

com as imagens e representações”. Pág. 22

A idéia continua no outro parágrafo:

“Naturalmente, cada uma dessas questões constitui um domínio próprio e relevante de

estudo (elas podem e devem continuar recebendo enfoques e investimentos específicos).

Mas parece-nos que, para o campo de estudo da comunicação, interessa sobretudo

investigar a confluência dessas duas instâncias, indicando a especificidade, o núcleoDo olhar comunicativo exatamente na intercessão dessas duas forças: as representações

e as mediações (ou terreno da sociabilidade). A comunicação é esse processo em queimagens, representações são produzidas, trocadas, atualizadas no bojo de relações; esse

processo em que sujeitos interlocutores produzem, se apropriam e atualizam

permanentemente os sentidos que moldam seu mundo e, em última instância, o próprio

mundo. Portanto o lugar da comunicação (práticas comunicativas) é um lugar

constituinte – e o olhar (abordagem) comunicacional é um olhar que busca aprender

esse movimento de constituição”. Pág. 23

Sobre o que é a comunicação em geral e como operam as imagens midiáticas: “Trata-se

antes (ou apenas) de um caminho de observação permanente – pois a comunicação seria

exatamente esse lugar de observação do mundo em movimento”. Pág. 23

Exemplo de representação de mulheres em novela:

“Tomando o exemplo dos ‘tipos’ de mulheres construídos na novela Mulheres Apaixonadas, de Manuel Carlos, temos que indagar: como analisar o significado dessas

representações? A análise da novela (o perfil das personagens, o desenrolar da trama)

nos dá algumas respostas. Mas compreenderemos mais, e melhor, se compararmos com

outras representações trazidas em novelas anteriores, com os próprios dados do Ibope, e

com o percurso que a trama foi tomando nesse diálogo com a audiência”. Pág. 24

“Quem influência quem? Essa pergunta não cabe mais, e foi substituída pela convicção

de que apenas nos aproximaremos melhor da compreensão das representações quecirculam na sociedade se nos dermos conta da profunda reflexibilidade que marca o

lugar social da mídia – as representações são construídas e ganham sentido em

contextos relacionais específicos”. Pág 25

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