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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA
PROGRAMA DE PS-GRADUAO EM DIREITO
MESTRADO EM DIREITO PBLICO
Disciplina: Direitos Humanos e Direitos Fundamentais
Fichamento da obra:
Hermenutica Constitucional: a sociedade aberta dos intrpretes da
Constituio: uma contribuio para a interpretao pluralista e
procedimental da Constituio, de Peter Hrbele
Aluno: Leandro Santos de Arago
SALVADOR - BAHIA
2012
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Universidade Federal da BahiaFaculdade de DireitoPrograma de Ps-GraduaoMestrado em Direito Pblico - 2012.2Disciplina: Direitos Humanos e Direitos FundamentaisProf. Saulo Jos Casali Bahia
Aluno: Leandro Santos de Arago
Notas de fichamento
LivroHermenutica constitucional: a sociedade aberta dos intrpretes da Constituio:
contribuio para a interpretao pluralista e procedimental da Constituio
Ttulo originalDie offene Gesellschaft der Verfassungsinterpreten. Ein Beitrag zur pluralistischen und
prozessualen Verfassungsinterpretation
AutorPeter Hrbele
TraduoGilmar Ferreira Mendes
EditoraSergio Antonio Fabris Editor
CidadePorto Alegre
Ano1997
Edio
1 ed.
Pginas55
Modo de citao:
HRBELE, Peter. Hermenutica constitucional: a sociedade aberta dos intrpretes daConstituio: contribuio para a interpretao pluralista e procedimental da
Constituio. Traduo Gilmar Ferreira Mendes. Porto Alegre: Sergio Antonio Fabris
Editor, 1997.
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Pginas 11-15 O autor parte da premissa de que no existe norma jurdicaque noseja norma jurdica interpretada e inicia o texto apresentando umnovo problema, ao lado das questes clssicas de tarefas, objetivos e
mtodos da interpretao constitucional: a participao pluralista noprocesso de interpretao; sobre quem atua na conformao darealidade constitucional. O autor aponta sua tese como uma virada
subjetiva: de um processo hermtico de interpretao constitucional
(a sociedade fechada dos intrpretes da Constituio) para um
processo subjetivamente dinmico e pluralista (a interpretao
constitucional pela e para uma sociedade aberta). A tese : no
processo de interpretao constitucional esto potencialmente
vinculados todos os rgos estatais, todas as potncias pblicas, todos
os cidados e grupos, no sendo possvel estabelecer-se um elenco
cerrado ou ficado com numerus clausus de intrpretes daConstituio. (p. 13). Parece-me que o autor quer injetar maiorlegitimidade democrtica s decises constitucionais, principalmentenum cenrio de sociedade pluralista, com o que cidados, setorespblicos, setores ou atores sociais devem construir capacidadeorganizacional, poder de barganha e efetividade poltica paraparticipar da construo do sentido do texto de uma Constituio. Atese de Hrbele uma democratizao da interpretaoconstitucional (p. 14), em que os destinatrios da norma so tidoscomo participantes ativos do processo hermenutico. um modelo
constitucional comunitrio.
Pginas 17-18 A relevncia dessa concepo e da correspondente atuao doindivduo ou de grupos, mas tambm a dos rgos estatais
configuram uma excelente e produtiva forma de vinculao da
interpretao constitucional em sentido lato ou em sentido estrito.
Tal concepo converte-se num elemento objetivo dos direitos
direitos fundamentais (grundrechtliches Sachelement). Assume
idntico relevo o papel co-interpretativo do tcnico ou expert nombito do processo legislativo ou judicial. Essa complexa
participao do intrprete em sentido lato e em sentido estrito
realiza-se no apenas onde ela j est institucionalizada, como nos
Tribunais do Trabalho, por parte do empregados e do empregado.
Experts e pessoas interessadas da sociedade pluralista tambm se
convertem em intrpretes do direito estatal. Isto significa que no
apenas o processo de formao, mas tambm o desenvolvimento
posterior, revela-se pluralista: a teoria da cincia, da democracia,
uma teoria da Constituio e da hermenutica propiciam aqui uma
mediao especfica entre Estado e sociedade!
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Pginas 19-20 O autor concebe a teoria constitucional como uma cincia daexperincia(p. 19). Se experincia, vivncia. Logo, a realidade sociale seus participantes so dados objetivos e subjetivos que no podem serdesconsiderados na interpretao constitucional. Esses dados precisamser fonte informativa para o juiz constitucional no cumprimento da tarefahermenutica, de modo a complementar a teoria da Constituio. (p. 20)
Pginas 23-25 O amplo catlogo de participantes do processo de interpretaoconstitucional apresentado por Peter Hrbele demonstra que aabertura democrtica desse processo. No h monoplio estatalinterpretativo da Constituio. Esse processo de interpretao permevel por foras sociais, comunitrias e polticas. Por isso que oautor diz que a interpretao constitucional no um eventoexclusivamente estatal. (...) A esse processo tem acesso potencialmente
todas as foras da comunidade poltica (p. 23). A interpretao
constitucional, segundo o autor, diz respeito a todos(p. 24).
Pginas 26-28 O autor destaca, tambm, a participao poltica (e a dimensoreivindicatria da cidadania poltica) como elemento conformador daConstituio. O autor aponta o processo poltico como um elemento demuita importncia na interpretao constitucional, ainda que no sejaum processo indiferente s diretrizes e parmetros constitucionais. Apoltica o impulso para realizao do material da interpretaoconstitucional. Segundo o autor, o poder de conformao de quedispe o legislador enquanto intrprete da Constituio diferencia-se,
qualitativamente, do espao que se assegura ao juiz constitucional, na
interpretao, porque este espao limitado de maneira diversa, com
base em argumentos de ndole tcnica (p. 26). O produto legislativo,ainda que no resultante de um processo liberto da Constituio, gerauma realidade da Constituio e uma esfera pblica que soprecursoras da intepretao constitucional e do processo de mutaoconstitucional. Por fim, o autor destaca a cincia do direitoconstitucional como fator essencial de intepretao, ainda que levantedvidas sobre sua legitimao. Por outras palavras, a dvida : em quemedida a opinio de um doutrinador vale mais do que a deciso do
legislador, eleito por parcela representativa da populao e gerada apartir de um processo poltico democrtico?
Pginas 20-23 O autor apresenta um catlogo de participantes do processo deinterpretao constitucional. H: 1) participantes estatais (CorteConstitucional, emissora de deciso vinculante; Legislativo e Executivo,dotados de poderes de deciso vinculante com possibilidade dereviso); 2) participantes auxiliares aos estatais (partes no recursoconstitucional, legitimados a opinar ou participar do processo de
julgamento do recurso constitucional, peritos, pareceristas, grupos depresso organizados); 3) opinio pblica democrtica e pluralista(imprensa, rdio, televises, setores organizados da sociedade,
associaes, comunidades); 4) doutrina constitucional.
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Pginas 29-30 As crticas tese de sociedade aberta de intrpretes da Constituio sorebatidas pelo autor. Uma delas a que chamarei aqui de fluideznumrica: quanto maior nmero de intrpretes, mais dissolvida ser
intepretao constitucional. O critrio para rebater essa crtica o grau devinculao Constituio e a consequente legitimao do intrprete. Parao autor, quanto maior a vinculao Constituio, mais legitimado est ointrprete da Constituio. H uma proporo direta entre esses doisfatores. Assim, uma vinculao mais estreita ou mediata Constituioimplica uma legitimao mais restrita; j uma vinculao direta, maisexpansiva ou mais larga, derivada da competncia formalmente atribudade intrprete constitucional, significa uma legitimao maior. No primeirocaso esto grupos, cidados, partidos polticos, que se vinculam Constituio por intermdio do Poder Estatal; no segundo, esto rgosestatais e parlamentares.
Pginas 30-32 O autor ressalta os ganhos pragmticos de sua teoria de sociedade abertados intrpretes da Constituio. Para ele, a interpretao um processoaberto e a expanso do crculo de intrprete ocorre como consequnciada necessidade de integrao da realidade no processo de interpretao.As foras ativas da law in public action contam no processo interpretativoe essas foras ativas, de vertente emprica, no so imediatamenteapreensveis pelos formalmente legitimados a interpretar a Constituio.Qualquer intrprete orientado pela teoria e pela prxis. Todavia, essaprxis no , essencialmente, conformada pelos intrpretes oficiais daConstituio(p. 31). Com isso o autor tenta expandir os fatores de uma
deciso constitucional para alm do aspecto puramente normativo (da aobservao na nota de rodap 49: Uma teoria jurdica que fique limitada lgica normativa perde de vista a vinculao social da jurisdiop. 32)
Pgina 33 (...), a legitimao fundamental das foras pluralistas da sociedade paraparticipar da interpretao constitucional reside no fato de que essas
foras representam um pedao da publicidade e da realidade da
Constituio. (...) Uma Constituio, que estrutura no apenas o Estado em
sentido estrito, mas tambm a prpria esfera pblica (Offentlichkeit),dispondo sobre a organizao da prpria sociedade e, diretamente, sobre
setores da vida privada, no pode tratar as foras sociais e privadas como
meros objetos. Ela deve integr-las ativamente enquanto sujeitos.
Pginas 36-40 O autor ressalta que a democracia constitucional, numa sociedade aberta,no se desenvolve apenas no contexto dos formalmente responsveis pelainterpretao da Constituio; h outras formas de mediao do processo
pblico e pluralista da poltica e da prxis cotidiana. Os direitosfundamentais so o fundamento da abertura da interpretaoconstitucional a mltiplos participantes, inclusive os da prxisconstitucional cotidiana. O autor afirma que o cidado o intrprete
da Constituio numa democracia liberal.
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Pginas 41-44 As consequncias da permeabilidade da interpretao constitucional poroutros participantes de uma sociedade aberta so o rompimento dahermenutica constitucional tradicional, por meio das seguintes aes eorientaes: a) juiz constitucional no mais um intrprete solitrio; b) h
muitos intrpretes da Constituio em posio antecedente interpretaojurdica dos juzes; c) os intrpretes antecedentes so plrimos edotados de fora normativa; d) vrias questes da Constituio materialacabam sendo resolvidas por esses intrpretes, sem apelo s instnciasformas de deciso constitucional; e) h infinitude decisria pelos plrimosintrpretes da Constituio submetida apenas ao teste da consistncia (nose consegue extrair da deciso interpretativa X sua frase e tambm suanegao).
Pginas 45-46 A viso aberta do processo de interpretao da Constituio tambm
demanda um novo mtodo de herm enutico constitucional: 1) ostribunais devem alguma reverncia ao legislador democrtico, razo pelaqual devem ser bastante cautelosos na aferio da legitimidade dasdecises dele; 2) A intensidade de eventual controvrsia sobre uma lei outra parmetro a ser levando em conta: leis mais controvertidasdemandam maior e mais rigoroso escrutnio constitucional; leis menoscontrovertidas, menor e mais flexvel; 3) Corte Constitucional tem deconsiderar os interesses no representados ou no representveis noprocesso aberto de interpretao da Constituio no momento da deciso.
Pginas 46-49 O novo modelo hermenutico constitucional exige, tambm, uma novaconformao do processo constitucional. A abertura interpretativa daConstituio demanda uma nova postura do juiz constitucional, maspermevel s interpretaes das outras foras polticas. Por isso que oautor sustenta que os instrumentos de informao dos juzesconstitucionais devem ser ampliados e aperfeioados (p. 47), bem comoferramentas de participao democrtica dos outros intrpretes noprocesso constitucional.
Pginas 51-55 O autor sustenta que sua tese de sociedade aberta dos intrpretes
aumenta o grau de legitimidade da deciso constitucional (por aproxim-lado direito constitucional material) e isso torna mais eficiente a
possibilidade de vinculao normativa das diferentes foras polticas. Oconsenso contido na deciso constitucional estar mais legitimado pelaampliao do crculo de interlocutores da doutrina constitucional. O autorprope tambm se passe a ver o processo legislativo no mais de umprisma negativo (os limites jurdico-funcionais), mas, principalmente, daperspectiva das peculiaridades da interpretao constitucional levada aefeito pelo legislador. Tem-se, pois, de desenvolver uma compreenso
positiva para o legislador, enquanto intrprete da Constituio seja
enquanto ele, o legislador, pr-formula, no processo poltico, seja enquantoparticipa formalmente do processo constitucional. (p. 55)