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Ficha Catalográfica Artigo – trabalho final
Professor PDE/2010
Título COLETA SELETIVA: DESENVOLVENDO A
EDUCAÇAO AMBIENTAL NUMA PERSPECTIVA
CRÍTICA
Autor Maria Luiza Correa Chagas
Escola de Atuação Escola Estadual Imaculada Conceição
Município da escola Jacarezinho
Núcleo Regional de Educação Jacarezinho
Orientador Prof. Dr. Jorge Sobral S. Maia
Instituição de Ensino Superior UENP – Universidade Estadual do Paraná
Área do Conhecimento/Disciplina Ciências
Relação Interdisciplinar (indicar, caso
haja, as diferentes disciplinas
compreendidas no trabalho)
Público Alvo Alunos do 8º ano do Ensino Fundamental
Localização (identificar nome e
endereço da escola de
implementação)
Escola Estadual Imaculada Conceição – Avenida
Getúlio Vargas nº2.
Resumo A implementação pedagógica realizada por este estudo
teve por finalidade discutir, refletir e implantar sobre a
questão da coleta seletiva no ambiente escolar, como
forma de contribuir com a reflexão e a ampliação do
senso crítico em relação ao ambiente local e a
qualidade de vida do público alvo, no que se refere à
questão dos resíduos sólidos. O projeto foi
implementado em turmas do 7º e 8º ano do Ensino
Fundamental, com várias atividades e práticas
pedagógicas, buscando mudanças em relação ao
manejo e destino do lixo, utilizando este assunto como
estratégia para inserir a Educação Ambiental.
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Considerou-se aqui que o objetivo de uma ação de
educação ambiental deve possibilitar aos alunos a
assimilação de conhecimentos de modo a propiciar a
compreensão dos fenômenos naturais, interpretar o
ambiente físico e conhecer as relações dos seres vivos
entre si e com o ambiente. Nesse sentido trabalhou-se
a questão dos 3 RS, o que favoreceu reflexões,
discussões e ações sobre temas ambientais.
Constatou-se, ao final que os alunos compreenderam
que as condições do ambiente resultam das ações
humanas e, sendo assim, mostraram comprometimento
com as questões ambientais relacionadas ao meio em
que vivem.
Palavras-chave ( 3 a 5 palavras) Coleta Seletiva; Educação Ambiental; Gestão dos
Resíduos Sólidos.
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COLETA SELETIVA: DESENVOLVENDO A EDUCAÇAO AMBIENTAL NUMA
PERSPECTIVA CRÍTICA
Maria Luiza Correa Chagas1
Jorge Sobral S. Maia 2
A implementação pedagógica realizada por este estudo teve por finalidade discutir,
refletir e implantar sobre a questão da coleta seletiva no ambiente escolar, como
forma de contribuir com a reflexão e a ampliação do senso crítico em relação ao
ambiente local e a qualidade de vida do público alvo, no que se refere à questão dos
resíduos sólidos. O projeto foi implementado em turmas do 7º e 8º ano do Ensino
Fundamental, com várias atividades e práticas pedagógicas, buscando mudanças
em relação ao manejo e destino do lixo, utilizando este assunto como estratégia
para inserir a Educação Ambiental. Considerou-se aqui que o objetivo de uma ação
de educação ambiental deve possibilitar aos alunos a assimilação de conhecimentos
de modo a propiciar a compreensão dos fenômenos naturais, interpretar o ambiente
físico e conhecer as relações dos seres vivos entre si e com o ambiente. Nesse
sentido trabalhou-se a questão dos 3 RS, o que favoreceu reflexões, discussões e
ações sobre temas ambientais. Constatou-se, ao final que os alunos
compreenderam que as condições do ambiente resultam das ações humanas e
sendo assim, mostraram comprometimento com as questões ambientais
relacionadas ao meio em que vivem.
Palavras-chave: Coleta Seletiva; Educação Ambiental; Gestão dos Resíduos
Sólidos.
1. INTRODUÇAO
Considerando-se problema ambiental causado pelos resíduos gerenciados de
forma inadequada e visando atender o disposto nas Diretrizes Curriculares do
Estado do Paraná, vimos relatar, neste artigo os resultados do projeto de
1 Profª PDE: Maria Luiza Corrêa Chagas, formada em Ciências Biológicas e Pós Graduação em Metodologia de
Ensino.
2 Orientador: Professor Adjunto Dr. Ecologia e Educação Ambiental no Centro de Ciências Humanas e da
Educação. Coordenador de Pesquisa de Campus – Universidade Estadual do Norte do Paraná – UENP.
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Intervenção pedagógica intitulada “Coleta seletiva: Desenvolvendo a Educação
Ambiental na perspectiva crítica na Escola Imaculada Conceição – um estudo de
caso nas 7ª e 8ª séries do Ensino Fundamental”, desenvolvido numa escola estadual
da cidade de Jacarezinho (PR), atendendo uma das metas do PDE (Programa de
Desenvolvimento Educacional), realizado no ano de 2011.
Considerando que, entre as fronteiras estabelecidas pela Ciência para o
século XXI destaca-se a que se relacionam a questão ambiental, diversos estudos
vêm sendo realizados, tendo em vista a preservação do planeta, perspectiva em que
se ressalta, nesse artigo, o desenvolvimento de processos de reciclagem, o que
implica a implantação de projetos de coleta seletiva dos resíduos sólidos.
O gerenciamento correto do lixo, baseado na coleta seletiva e
reaproveitamento, representa um tema complexo, pois além de exercer uma ação
direta no ambiente, está inter-relacionado às políticas públicas, à economia e com os
padrões de comportamento humano.
Considerando a realidade na qual a escola está inserida, evidencia-se a
necessidade de atividades relacionando o ensino de ciências com as situações
reais da comunidade, capazes de levar os alunos à reflexão sobre o conteúdo da
disciplina relacionando-os aos temas atuais e que os mobilizem rumo a uma
participação mais ativa em seu contexto social.
Essa problemática envolveu o desenvolvimento desse projeto que buscou
despertar nos alunos a consciência crítica através de ações como a implantação da
coleta seletiva na escola, e, dessa forma, buscar a participação ativa do aluno no
diagnóstico e busca de soluções dos problemas ambientais.
2. COLETA SELETIVA: BENEFÍCIOS PARA O AMBIENTE
A questão ambiental se torna cada vez mais urgente para a sociedade, pois o
futuro da humanidade depende do equilíbrio do meio ambiente. Com o crescimento
populacional, a quantidade de lixo e poluição também cresce sem controle, o que
evidencia a necessidade de trabalhos educacionais em favor do ambiente.
Seu volume principalmente nos grandes centros urbanos vem aumentando de
forma intensa e progressiva, contexto que se agrava em parcela significativa dos
municípios brasileiros nos quais o lixo é jogado no solo, formando os lixões,
altamente prejudiciais à saúde pública, devido à proliferação de vetores de doenças,
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a contaminação de lençóis subterrâneos e do solo pelo chorume (líquido escuro,
altamente tóxico, formado na decomposição dos resíduos orgânicos do lixo) e a
poluição do ar, causada pela fumaça proveniente da queima espontânea do lixo
exposto (DUTRA, 2009).
Três palavras resumem o que tem que ser feito para minimizar o
problema do lixo: REDUZIR, REUTILIZAR e RECICLAR. O primeiro passo, para
diminuir a quantidade de lixo é reduzir o consumo, tendo em vista que o
consumismo gera grande diversidade de resíduos, e cada tipo gerado requer um
processo diferenciado de encaminhamento, do descarte ao tratamento/disposição.
Poderão ser reutilizados ou descartados e seguir dois caminhos: descarte comum ou
descarte seletivo.
O descarte comum configura-se no descarte dos resíduos gerados,
desconsiderando a separação entre os itens recicláveis secos dos que não têm
nenhuma utilidade, ou seja, desperdiçam-se as potencialidades de reaproveitamento
dos resíduos (LOGAREZZI, 2004).
Esses resíduos descartados como lixo, ao serem retirados do lixão por um
catador para serem comercializados e enviados à reciclagem, perdem valor de
venda, se comparado ao obtido com o descarte seletivo, em função da diminuição
da qualidade dos materiais. No descarte seletivo ocorre a separação entre resíduos
recicláveis secos, em meio àqueles considerados inservíveis. Deste modo, as
potencialidades de reaproveitamento são mantidas (LOGAREZZI, 2004).
Dentro desse quadro, a coleta seletiva, termo utilizado para o recolhimento
dos materiais que são passíveis de serem reciclados, previamente separados na
fonte geradora, aparece como uma das possibilidades de redução do problema.
A coleta seletiva, de acordo com o Manual de Gerenciamento Integrado
(MONTEIRO, 2001), da-se com a utilização de contêiner ou pequenos depósitos,
colocados em locais fixos, onde as pessoas depositam espontaneamente os
recicláveis. Os recipientes específicos para a colocação do lixo seguem o padrão
pré-estabelecido: verde para vidro, vermelho para plástico, azul para papel, e
amarelo para metal. Acredita-se que à medida que as pessoas adotem a prática da
coleta seletiva, passarão a contribuir para a diminuição da quantidade de lixo,
garantindo mais espaços para a sua destinação, e favorecendo um ambiente
agradável.
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Entende-se, assim, que a coleta seletiva contribui para a minimização de
resíduos, pois, é um conceito que abrange mais do que a simples coleta seletiva e
envio do lixo para reciclagem. Pressupões três regras básicas que devem ser
seguidas: primeiro pensar em todas as maneiras de REDUZIR o lixo, depois,
REAPROVEITAR tudo o que for possível, e só depois pensar em enviar materiais
para RECICLAR.
Tendo em vista que o destino final do lixo é um dos agravantes da
degradação do ambiente, a coleta seletiva e reciclagem de resíduos sólidos
constituem-se, assim, como alternativas para redução do volume de lixo a ser
disposto em aterros ou lixões. Nesse sentido um projeto envolvendo a educação
ambiental é útil no sentido de esclarecer ao aluno sobre os benefícios da deposição
adequada dos resíduos para a preservação ambiental.
Isso porque a coleta seletiva e a reciclagem possibilitam a redução da
quantidade de lixo produzido e o reaproveitamento de diversos materiais, ajudando a
preservar alguns elementos da natureza no processo de reaproveitamento de
materiais já transformados.
Considerando, pois, que dentre os diversos problemas ambientais mundiais, a
questão do lixo é das mais preocupantes, abordar a problemática da produção e
destinação do lixo no processo de educação, é um desafio, cuja solução passa pela
compreensão do sujeito como parte atuante no meio em que vive (LEMOS et
al.,1999).
A principal função do trabalho com o tema Ambiente é contribuir para a
formação de cidadãos conscientes, aptos para decidirem e atuarem na sociedade
socioambiental de um modo comprometido com o bem-estar de cada um e da
sociedade. Nesse sentido os programas de coleta seletiva, se bem implementados,
e acompanhados de um processo de educação ambiental, possibilita promover a
mudança de hábitos e atitudes levando a medidas mais abrangentes no sentido de
minimizar a quantidade de resíduos na fonte geradora.
Nessa perspectiva diante dos grandes os impactos ambientais que o planeta
vem sofrendo, torna-se essencial intervir para amenizar essa problemática, o que
implica na necessidade de promover uma educação ambiental, despertando uma
reflexão crítica para a importância da conservação do ambiente e a responsabilidade
ambiental, buscando promover a criticidade na questão do ambiental.
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Para isso é necessário estimular a mudança prática de atitudes e a formação
de novos hábitos com relação à utilização dos recursos naturais e favorecer a
reflexão sobre a responsabilidade do ser humano com o próprio planeta, oferecendo
instrumentos que contribuam para a formação da consciência ambiental. É nesse
sentido que se propos trabalhar a coleta seletiva tendo em vista contribuir para que
os alunos, ao final do projeto fossem capazes de intervir na realidade que os cerca;
Observar e analisar fatos e situações a todos os tipos de lixo do ponto de vista
ambiental, de modo crítico, reconhecendo a necessidade e as oportunidades de
atuar de modo propositivo, para garantir um ambiente saudável e melhor qualidade
de vida. Dessa forma a finalidade das açoes efetivadas foi levar os alunos à
compreensão da realidade, sensibilizando, assim, para modificar atitudes e práticas
pessoais por meio da utilização do conhecimento sobre o ambiente, adotando novas
posturas na escola, em casa e na comunidade em que vive.
Desta forma, acreditando na Educação Ambiental como processo educativo,
permanente, que visa desenvolver uma filosofia de vida, de maior harmonia e
respeito com a natureza e entre os homens, se destaca a necessidade de se
trabalhar com formação de valores e promovendo o senso crítico aprimorado que
conduza ao enfrentamento da questão socioambiental.
3. EDUCAÇAO AMBIENTAL
De forma ampla, pode-se entender a Educaçao Ambiental como um processo
que objetiva propiciar ás pessoa uma compreensão crítica e global do ambiente,
para elucidar valores e desenvolver atitudes que permitam adotar uma posição
consciente e participativa, a respeito das questões relacionada com a conservação e
adequada utilização dos recursos naturais, para a melhoria da qualidade de vida e a
eliminação da pobreza extrema e do consumismo desenfreado (MINIMI, 2000).
No estudo apresentado a educação ambiental é um tema que se mostra
complexo, pois envolve questões de cidadania e políticas públicas. Nesse contexto,
a escola, como instituição social, configura-se em local privilegiado para a
construção e transmissão dos conhecimentos sistematizados, o que implica na
responsabilidade de formar cidadãos críticos e comprometidos com as necessárias
mudanças sociais (SILVA, 2007).
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Deste modo é que se coloca a necessidade da educaçao ambiental na
escola, como forma de motivar a comunidade estudantil como um todo para se
engajar na luta para conservaçao dos recursos naturais, ou seja, desenvolver nos
alunos uma consciência ecologicamente coerente com a preservação e manutenção
do ambiente.
No envolvimento deste sentido faz se a necessidade da participação da
população no debate ambiental, como forma de garantir a adoção de mecanismos
que viabilizem uma mudança comportamental nas pessoas, no que se refere ao uso
dos recursos naturais de forma racional e sustentável, sem prejuízo à natureza e à
qualidade de vida do planeta e das sociedades presente e futura, tem sido apontada
por muitos estudiosos (MINIMI, 2000; DIAS, 2004; LOGAREZI, 2004).
Para Minimi (2000), a Educação Ambiental deve propiciar uma compreensão
crítica e global do ambiente. Esclarecer valores e desenvolver atitudes que lhes
permitam adotar uma posição consciente e participativa quanto à conservaçao do
embiente.
Para Dias (2004) a educação ambiental consiste num processo que leva à
compreensão de como funciona o ambiente, como o homem depende dele, e como
as ações humanas o afeta.
Sendo assim, a presença, em todas as práticas educativas, da reflexão sobre
as relações dos seres entre si, do ser humano com ele mesmo e do ser humano
com seus semelhantes é condição imprescindível para que a Educação Ambiental
ocorra (VASCONCELLOS, 1997).
Segundo esses estudos a educação ambiental pode proporcionar a
construção de sociedades sustentáveis, através de ações voltadas à minimização de
resíduos, à conservação do ambiente, à melhoria de qualidade de vida e à formação
de cidadaos comprometidos com a sustentabilidade economica e com os recursos
naturais.
Na perspectiva apresentada, é no sentido de promover a articulação das
ações educativas voltadas às atividades de proteção, recuperação e melhoria
socioambiental, e de potencializar a função da educação para as mudanças culturais
e sociais, que se insere a educação ambiental.
A educaçao ambiental, assim entendida, mostra-se um processo permanente,
no qual os indivíduos e a comunidade tomam consciência do meio e adquirem os
conhecimentos, os valores, as habilidades, as experiências e a determinação que os
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tornam aptos a agir individual e coletivamente para resolver problemas ambientais
presentes e futuros (DIAS, 2004).
Para o autor a educação ambiental se constitui numa forma abrangente de
educação, que se propõe atingir todos os cidadãos, através de um processo
pedagógico participativo permanente que procura incutir no educando uma
consciência crítica sobre a problemática ambiental, compreendendo-se como crítica
a capacidade de captar a gênese e a evolução de problemas ambientais. Além de
ser dirigida a todos os públicos, atendendo a todos os grupos de idade e categoria
profissional.
Considerando que a educação, muitas vezes, é incapaz de responder a todas
as necessidades dos diferentes integrantes da sociedade, apesar disso as soluçoes
passam pela educaçao e pela escola.
Conforme coloca Loureiro (1999) a educação ambiental configura-se um
processo educativo de construção da cidadania plena e planetária, que visa a
qualidade de vida dos envolvidos e a consolidação de uma ética ecológica.
Tem, assim, como principal objetivo a compreensão, por parte do ser
humano, da complexa natureza do meio ambiente e a percepção da
interdependência dos elementos ambientais no espaço e no tempo. Sendo assim, na
educação ambiental, as finalidades são definidas conforme a realidade econômica,
social, cultural e ecológica de cada sociedade e de cada região.
Por caracterizar-se por atividades formais e informais a educação ambiental
se preocupa em promover simultaneamente, o desenvolvimento de conhecimentos,
atitudes e de habilidades necessárias à preservação e melhoria da qualidade de
vida. O reflexo desse trabalho, nas escolas, transcede os muros escolares, atingindo
toda a comunidade e, sucessivamente, a cidade, a região, o país, o continente e o
planeta.
Nesse sentido a educação é mediadora na atividade humana, articula teoria e
prática, fazendo com que o sujeito envolvido no processo educacional, se aproprie
dos conhecimentos fornecidos e seja capaz de agir de forma responsável diante do
ambiente em que vive. Pode-se, portanto, dizer que a gênese do processo educativo
ambiental é o movimento de fazer-se plenamente humano pela
apropriação/transmissão crítica e transformadora da totalidade histórica e concreta
da vida dos homens no ambiente.
Tal ação educativa desenvolve, por meio de uma prática que vincula o sujeito
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com a comunidade, desenvolvendo valores e atitudes que promovem um
comportamento dirigido a transformação superadora dessa realidade, tanto em seus
aspectos naturais como sociais, promovendo habilidade e atitudes necessárias para
uma transformação (MOUSINHO, 2003).
A educação ambiental, assim entendida, não se limita a transmitir
conhecimentos dispersos sobre o ambiente. Tem como principal objetivo, promover
o senso crítico que leva à consciência socioambiental do sujeito, em sua relação
cotidiana e individualizada com o meio ambiente e com os recursos naturais,
promovendo hábitos ambientalmente responsáveis no meio social (DIAS, 2004).
A preocupação com o tema da Educação Ambiental se justifica, assim, ao se
ter em vista que o desenvolvimento sustentável introduz não apenas os aspectos
relacionados com as ações destinadas a reduzir o impacto dos agravos no cotidiano
urbano, mas também a necessidade informar e educar no sentido de potencializar e
ampliar as possibilidades da população de participar mais intensamente de práticas
sociais que fortaleçam a corresponsabilização na fiscalização e controle dos agentes
responsáveis pela crescente degradação ambiental.
Internacionalmente a educação ambiental tem como objetivos:
a) ajudar a fazer compreender claramente a existência e a importância da
interdependência econômica, social, política e ecológica nas zonas urbanas e rurais;
b) proporcionar, a todas as pessoas, a possibilidade de adquirir os
conhecimentos, o sentido dos valores, as atitudes, o interesse ativo e as aptidões
necessárias para proteger e melhorar o meio ambiente;
c) inculcar novas pautas de conduta nos indivíduos, os grupos sociais e a
sociedade em seu conjunto, com respeito ao meio ambiente.
Quanto aos princípios fundamentais formulados internacionalmente, que
constituem as direções para realizar o trabalho de educação ambiental, se
destacam:
- considerar o meio ambiente em sua totalidade, ou seja, em seus aspectos
naturais e criados pelo homem, tecnológicos e sociais (econômico, político, técnico,
histórico-cultural, moral e estético);
-constituir um processo contínuo e permanente, começando pelo grau pré-
escolar e continuando por todas as fases do ensino formal e não formal;
-aplicar um enfoque interdisciplinar, aproveitando o conteúdo específico de
cada disciplina, de maneira que se adquira uma perspectiva global e equilibrada;
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-examinar as principais questões ambientais desde os pontos de vista local,
nacional, regional e internacional, de maneira que os estudantes se compenetrem
com as condições ambientais de outras regiões geográficas;
-considerar, de maneira explícita, os aspectos ambientais nos planos de
desenvolvimento e de crescimento;
-participação dos alunos na organização de suas experiências de
aprendizagem, e dar-lhes a oportunidade de tomar decisões e aceitar suas
conseqüências;
- estabelecer uma relação para os alunos de todas as idades, entre a
sensibilização pelo meio ambiente, a aquisição de conhecimentos, a aptidão para
resolver os problemas e a clarificação dos valores, dando especial finca-ênfase em
sensibilizar aos mais jovens nos problemas do meio ambiente que se propõem em
sua própria comunidade;
- ajudar os alunos a descobrir os sintomas e as causas reais dos problemas
ambientais;
- utilizar diversos ambientes educativos e uma ampla gama de métodos para
comunicar e adquirir conhecimentos sobre o meio ambiente, sublinhando
devidamente as atividades práticas e as experiências pessoais.
O exposto evidencia a problemática da educação ambiental, que se acelerou
e tornou-se mais aguda nas últimas décadas, num contexto no qual a globalização
econômica impõe novas pautas para a produção e consumo de recursos.
Em tal contexto a educação é uma via útil e necessária para potenciar ao
máximo a formação e capacitação ambiental em diferentes âmbitos da sociedade,
desde quem tenha em suas mãos a tomada de decisões importantes, até os
cidadãos, nos quais a atuação diária incide de forma direta sobre o meio.
Assim, Educação, capacitação e investigação constituem uma estratégia
orientada à formação de uma nova cultura ambiental que incida em preferências de
consumo e padrões de convivência.
Sendo assim, a educação ambiental deve-se fundamentar na educação que
tenha caráter dialógico e promova a participação, o que implica adotar propostas
educativas que priorize os interesses coletivos que valoriza a natureza e a cultura.
O ambiente nessa perspectiva educacional objetiva a disseminação do
conhecimento sobre a relação dos seres humanos e natureza, a fim de contribuir
para sua qualidade e sustentabilidade.
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Na contemporaneidade, portanto, educação ambiental assume uma
perspectiva abrangente, não restringindo seu olhar à proteção e uso sustentável de
recursos naturais, mas construindo e fortalecendo a proposta de construção de
sociedade ambientalmente sustentável, portanto, um instrumento essencial para
superar os atuais impasses da sociedade atual.
Dessa maneira, seu principal desafio é fortalecer a importância de garantir
padrões ambientais adequados e estimular uma crescente consciência ambiental,
centrada no exercício da cidadania e na reformulação de valores éticos e morais,
individuais e coletivos, numa perspectiva orientada para o desenvolvimento da
preservação da natureza e o homem.
Conforme coloca Brandão (1995, p. 223).
Analisando visões redutoras e utilitárias da questão e educação ambientais propõe, com simplicidade e sabedoria, uma compreensão onde o valor supremo é a vida, e pondera: “É porque somos parte da cadeia, do fluxo e dos elos da vida, que sempre existiu para todos nós uma “questão ambiental”“. Somos seres vivos antes de sermos pessoas racionais ou sujeitos sociais. Compartilhamos a vida com outros seres da vida, somos todos os todos e a parte de uma mesma dimensão de tudo que existe. E tudo que existe parece converge ou parece querer convergir para ela: a vida.
Com base nesse principio, é importante perceber a que o homem precisa ser
sensibilizado para entender que o cuidado com o meio ambiente e sua preservação
torna-se essencial para sua sobrevivência. Precisa-se de boas práticas ambientais
para ter boa a qualidade de vida.
Sendo assim, para, (GADOTTI, 1996; ARANHA & MARTINS 1986;
BRUGGER, 1994). A educação ambiental precisa de uma proposta pedagógica que
deixe entrever, por contraste ou exclusão, alguns pressupostos que se considera
importantes nessa construção da educação relacionada ao ambiente.
Preliminarmente, essa proposta conjuga elementos e prioridades defendidas por um
conjunto de educadores, direta ou indiretamente envolvidos com a temática em foco.
Em diálogo com esses autores consideramos que a educação dirigida ao ambiente
deve ser:
a) democrática - que respeita e se desenvolve segundo o interesse da
maioria dos cidadãos;
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b) participativa - que estimula a participação social dos cidadãos no
planejamento, execução e avaliação das respostas formuladas para atender aos
problemas vividos pela comunidade;
c) crítica - que exercita a capacidade de questionar e avaliar a realidade
socioambiental, desenvolvendo a autonomia para refletir e decidir os próprios rumos;
d) transformadora - que busca a politização e mudança das relações sociais,
dos valores e práticas contrárias ao bem-estar público;
e) dialógica - fundada no diálogo entre todos os participantes do processo
educativo e da sociedade circundante;
f) multidimensional - que pauta sua compreensão dos fatos na integração dos
diversos aspectos da realidade;
g) ética - que persiga o resgate ou construção de uma nova ética que priorize
a defesa da vida, da solidariedade e da sustentabilidade socioambiental.
Evidencia-se, assim, que para trabalhar uma proposta pedagógica
socioambiental é necessário reforçar o papel da educação sobre as inter-relações
entre justiça social, qualidade de vida e equilíbrio ambiental. O grande desafio que
se coloca é o de fortalecer a importância da noção de qualidade de vida e da criação
de uma consciência ambiental e o reforço do envolvimento da população local na
defesa da qualidade de vida enquanto um bem que engloba questões que abrangem
desde a questão ambiental até à questão da saúde e que essa proposta também
seja a bandeira de luta das escolas e de seus educadores. E que a da
sustentabilidade seja os valores e os paradigmas da sociedade.
Entretanto, segundo Ulrich Beck (1994), isto representa a possibilidade de
uma leitura em torno dos elementos que reforçam o comprometimento da qualidade
de vida a partir da vivência de processos complexos onde se multiplicam as
possibilidades dos indivíduos vivenciarem riscos coletivos, não somente aqueles
restritos aos perigos decorrentes de catástrofes naturais, epidemias etc., mas
também aqueles decorrentes dos impactos do processo desorganizado de
urbanização e da lógica que preside o processo de industrialização.
Do exposto pode-se considerar a educação ambiental uma das principais
maneiras de atuação do processo dinâmico para o movimento ambiental que pode
obter resultados práticos e significativos. Esses resultados podem ser obtidos
através das Ciências Ambientais como forma de gerar conhecimentos ao homem
para que possa criar soluções para diminuir os impactos ambientais gerados pelo
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próprio homem. É necessário analisar que a questão ambiental está ligada
diretamente com o aspecto comportamental do homem, ou seja, com os princípios
educacionais, formativos de valores e práticas sociais voltados para o meio
ambiente. Assim, tanto a educação quanto a questão ambiental, apesar das
múltiplas dimensões que envolvem são questões essencialmente políticas que
comportam visões de mundo e interesse diversificados.
Neste trabalho a educação ambiental é concebida como meio para formação
de cidadãos conscientes, com um olhar diferenciado para a relação do homem com
a natureza, tendo seus comportamentos e percepções condizentes com a cidadania
participativa.
Assim considerada a educação ambiental assume uma perspectiva
abrangente, não restringindo seu olhar à proteção e uso sustentável de recursos
naturais, mas construindo e fortalecendo a proposta de construção de sociedade
sustentável ambiental representando, portanto, um instrumento essencial para
superar os atuais impasses da nossa sociedade.
Constitui-se, assim, um processo de aprendizado que busca formar uma
consciência sobre a postura do homem em relação ao meio ambiente. Tem como
objetivo informar e sensibilizar as pessoas sobre os problemas ambientais e suas
possíveis soluções, buscando transformar os indivíduos em participantes das
decisões de sua comunidade (DIAS, 2004).
Educar significa, em primeiro lugar, “auto-transformar-se”. Nessa perspectiva
a educação ambiental precisa ser transformadora, educativa, cultural, informativa,
política, formativa e, acima de tudo, emancipatória (LOUREIRO, 1999).
Para Miranda (2007) a aprendizagem ambiental faz parte de um saber
pedagógico, analítico e interpretativo utilizando-se do conhecimento comum,
empírico sobre a sustentabilidade ecológica, social, cultural e econômica do planeta.
É, portanto, um conhecimento prático que requer estratégias e ações de ensino-
aprendizagem dentro e fora da escola, sendo mediado por um educador que
relacione a realidade vivida aos das teorias, buscando que os sujeitos alçassem um
olhar crítico sobre a realidade ambiental local, regional e mundial.
Daí a importância de trabalhar desde cedo à educação ambiental no ensino
formal, sendo integrada ao currículo de forma a promover uma melhor aprendizagem
e despertar a sensibilização do alunado. Ao se propor trabalhar esse tema na
escola, deve-se buscar uma prática pedagógica motivadora para despertar o
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interesse dos alunos, trazendo uma interação bem maior no processo de ensino-
aprendizagem.
4. A EDUCAÇAO AMBIENTAL NO CONTEXTO ESCOLAR
A educação ambiental é na atualidade um dos assuntos que geram bastantes
desconfortos na sociedade, pois envolve questões de cidadania e políticas públicas.
Estes questionamentos da crise ambiental, tem repercutido diretamente no
campo educacional, no sentido de buscar formas e estratégias de unir a comunidade
estudantil na luta para preservar os recursos naturais.
Para Guimarães (2005), é pela gravidade da situação ambiental em todo o
mundo, que se tornou necessário a implantação da Educação Ambiental para as
novas gerações em idade de formação de valores e atitudes, como também para a
população em geral, pela emergência da situação em que a sociedade se encontra.
Nesta perspectiva o autor afirma que:
A Educação Ambiental vem sendo considerada interdisciplinar, orientado para a resolução de problemas locais. É participativa, comunitária, criativa e valoriza a ação. É transformadora de valores e atitudes através da construção de novos hábitos e conhecimentos, conscientizadora para as relações integradas ser humano, sociedade, natureza objetivando o equilíbrio local e global, melhorando a qualidade de todos os níveis de vida (GUIMARÃES, 2005, p.17).
Negrine (1994), em estudos realizados sobre o processo ensino-
aprendizagem, afirma que quando o aluno chega à escola, traz consigo toda uma
pré-história, construída a partir de suas vivências, grande parte delas através da
atividade lúdica. A educação ambiental, nessa perspectiva, deve configurar-se um
instrumento de informação e sensibilização, componentes fundamentais para uma
reflexão de um modelo de sociedade mais sustentável, indispensável para se
exercer a plena cidadania em união com a conservação do meio ambiente e
qualidade de vida.
Nesse sentido a escola é identificada como sendo a forma de dar sentido e
relevância para efetivar uma interpretação da relação que humanos estabelecem
entre si e com o conceito de sociedade sustentável. Nesse contexto essa instituição
tem sido considerada “historicamente, o espaço indicado para a discussão e o
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aprendizado de vários temas urgentes da atualidade, como resultado da sua
importância na formação dos cidadãos” (REIGOTA, 1998, p. 47).
Assim, a crise ambiental contemporânea, tem impulsionado a ampliação e o
aprofundamento das reflexões sobre o papel das dimensões social, política,
científica, econômica e cultural, tanto na sua própria configuração, como nos
processos de produção de conhecimento e busca de soluções.
Nesse sentido tornou-se consensual a idéia de que a Educação, desenvolvida
em âmbito escolar, teria a incumbência de reorientar novas formas de
relacionamento com a natureza, destacando-se a necessidade do desenvolvimento
de uma educação ambiental.
Sendo assim, cumprindo seu papel de formadora e transformadora da
sociedade, através da educação formal e não-formal, a escola tem a capacidade de
provocar as mudanças necessárias na sociedade.
Conforme se entende do exposto a educação ambiental pode mudar a
concepção e a prática da maioria das pessoas em relação ao seu comportamento,
hábitos e atitudes na gestão de resíduos sólidos. Para tanto sua metodologia deve
ser conduzida no sentido de formar e mudar conceitos em relação à capacidade de
formação, capacitação, produção de questionamentos a respeito da preservação
ambiental, multiplicando esses conhecimentos, na prática, pelas comunidades, no
sentido do esclarecimento da população em torno dos problemas ambientais
causados pela grande quantidade gerada de resíduos, sua disposição final e sobre
os problemas ambientais conseqüentes ao meio ambiente.
Para isso é preciso que, em educação ambiental o educador trabalhe a
integração entre ser humano e o ambiente e se conscientize de que o ser humano é
natureza e não apenas parte dela. Para a realização de uma educação para a
transformação da sociedade em um mundo mais equilibrado social e
ambientalmente, é necessário resgatar o planejamento como uma ação pedagógica
problematizadora.
Como ensina Paulo Freire:
O educador problematizador refaz, constantemente, seu ato cognoscente, na cognoscentividade dos educandos. Estes, em lugar de serem recipientes dóceis de depósitos, são agora investigadores críticos, em diálogo com o educador, investigador crítico, também (FREIRE, 1994, p. 95).
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Neste sentido o esforço coletivo de professores em suas áreas de
conhecimento na realização conjunta das atividades, pode resultar em um trabalho
enriquecedor no desenvolvimento da educação ambiental na escola, de forma que
educador e educando estejam sempre desenvolvendo o processo e adaptando-se
às suas realidades.
É nessa direção que o projeto alvo deste artigo este projeto versou sobre a
questão do gerenciamento correto dos resíduos sólidos, problema
reconhecidamente relevante da sociedade atual.
Nesse sentido temas como coleta seletiva e reaproveitamento, apresentam-se
hoje, bastante complexos, pois além de exercer uma ação direta no meio ambiente,
relaciona-se também com as políticas públicas, com a economia e com padrões
culturais arraigados, o que justifica um trabalho na instituição escolar, que insira o
tema nas práticas pedagógicas, a fim de despertar nos alunos a consciência
ambiental necessária para que estes passem a gerenciar adequadamente os
resíduos sólidos, produzidos diariamente em sua comunidade.
A educação escolar, na atualidade, deve propiciar, além da transmissão
sistemática dos conteúdos de ensino historicamente produzidos e acumulados,
assegurar que os alunos se apropriem desses conteúdos de forma ativa, para que
possam reelaborar esses conhecimentos e, com isso, obter um senso crítico mais
concreto, embasado na compreensão científica e tecnológica da realidade social e
política na qual vive.
Nessa perspectiva, conforme coloca Mortimer (1996), aprender ciências pode
envolver os alunos em uma nova maneira de pensar e explicar o mundo natural,
fundamentalmente diferente do senso-comum. Daí a necessidade de uma prática
experimental bem conduzida.
Sendo assim, na temática ambiental a escola pode apresentar um impacto
significativo na sociedade, mediante a criação de canais de comunicação com a
comunidade escolar, de forma a possibilitar a discussão e reflexão sobre o papel dos
cidadãos quanto ao meio ambiente.
5. MATERIAIS E MÉTODOS
O trabalho foi desenvolvido na Escola Estadual Imaculada Conceição, com
alunos do 7ºe 8º ano do Ensino Fundamental.
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Tendo em vista o visto na literatura consultada, o projeto ressaltou a
problemática dos resíduos sólidos e a degradação da natureza, enfatizando a
importância da seleção dos materiais (coleta seletiva), a partir do lixo produzido pela
escola, daí a proposta de criar o hábito de uma coleta seletiva.
Para a implementação o projeto foi dividido em etapas:
Atividade 1. Primeiramente aplicou-se um questionário aos
alunos visando verificar sua concepção sobre coleta seletiva e educação
ambiental, tendo em vista identificar sua concepção sobre o problema, antes
do desenvolvimento do projeto.
Atividade 2. Num segundo momento, divididos em grupos os
alunos foram orientados a pesquisar sobre conceitos relacionados ao tema:
Produção de lixo; Consumo e consumismo; Tipos de lixo. A coleta: Quem são
os responsáveis? Tipos de descartes e suas implicações. As pessoas que
vivem no/do lixo. Doenças causadas pelo descarte inadequado do lixo; Tipos
de poluição; Reciclagem e reaproveitamento; Consumo responsável: o papel
do cidadão: hábitos responsáveis e exigência de melhorias junto à prefeitura.
Atividade 3 - Vídeo Ilha das Flores
Após o vídeo buscou-se ampliar o debate para a situação do lixo no cotidiano
dos alunos: na escola, nas ruas, bairros e em casa.
Após assistirem o filme foi efetivado o seguinte questionamento:
1 Qual a diferença entre dona Anete e as pessoas que vão
recolher lixo para sua alimentação na Ilha das Flores?
2 O que coloca os seres humanos na Ilha das Flores depois dos
porcos na prioridade de escolha de alimento?
3 De quem é a culpa por esta situação dos seres humanos da Ilha
das Flores? Por quê?
4 Você acredita que nós podemos fazer alguma coisa para
melhorar esta situação? O que?
Atividade 4
Filme História das Coisas
Após assistirem esse filme, foi realizada a seguinte atividade:
1 Você acredita que se as mulheres em idade reprodutiva de
países pobres soubessem do perigo que correm em ficar expostas às
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toxinas que afetam a gestação e carcinogênicos para trabalhar em
indústrias, desistiriam de trabalhar? Por quê?
2 Depois de receber informações do filme sobre “exteriorizar o
verdadeiro custo de produção” você acha que pagamos o preço justo por
produtos importados? Por quê?
3 Faça observações sobre o que mais lhe chamou a atenção
sobre o filme?
4 Você acredita que nós podemos fazer alguma coisa para
melhorar esta situação? O que?
Atividade 5
Foram realizadas, instruções de como adequar cada tipo de resíduo nas
cores adequadas das respectivas lixeiras.
Essas instruções foram proferidas pela professora coordenadora do
projeto em conjunto com a equipe pedagógica.
Atividade 6
Após as instruções, foram colocados os suportes das lixeiras no pátio da
Escola com as respectivas cores: azul, verde, vermelho, amarelo e marrom.
Atividade 7
Foi feito um passeio pelos arredores da escola para verificação da qualidade
ambiental do mesmo. Em seguida foram proposta as seguintes questões:
1 Há árvores ao redor da escola?
2 Há acúmulo de resíduos, lixo ou algo que possa comprometer a
saúde da população?
3 O que poderia fazer para melhorar a qualidade ambiental ao
redor da escola?
4 Quem deve cuidar para que a escola e seu redor mantenham-se
saudáveis?
Atividade 8
1 Visita ao local de reciclagem.
2 Distribuição na escola de pontos para a coleta seletiva, através
de colocação de latões nos locais onde há, normalmente, maior
aglomeração de alunos.
Atividade 9
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3 Elaboração de um projeto de coleta seletiva e destinação da
coleta, pelos alunos.
4 Socialização do projeto elaborado, através de reunião com
membros da comunidade escolar.
Ao término dessas atividades, foram reaplicados os questionários para
avaliar o que foi construído, em nível de conhecimento, de mudança de postura,
enfim do significado de uma prática de mudança na relação com o ambiente.
6. RESULTADOS
Tendo em vista que o descarte não pode ser visto como um processo de
livrar-se de materiais e resíduos que não servem mais, a proposta da coleta seletiva
do lixo escolar foi uma ação educativa que visou investir numa mudança de
mentalidade como uma forma para trabalhar a transformação da consciência
ambiental dos estudantes.
A intervenção se iniciou com a aplicação de um questionário com perguntas
sobre o lixo. As respostas, na sua maioria, foram curtas e evasivas sugerindo certa
despreocupação com o tema. Questionados sobre o que é lixo, a resposta dos
alunos resume a falta de compreensão adequada do que é lixo.
A maioria dos alunos dissera que “são coisas que as pessoas jogam fora”
(L.C.). Ou que “lixo é sacola de papel, restos de comida, etc.” (A.M). “São restos de
coisas, como restos de frutas, saquinhos de bolacha” (A. A.) “Tudo o que não
usamos mais e jogamos fora” (A.J.N.). “lixo é coisa que a gente não usa mais e
resíduo é resto de comida que a gente joga fora” (N.S.F.).
Com relação a como saber como era feita a coleta seletiva na cidade e o
destino desse lixo, igualmente a maioria mostrou pouco conhecimento sobre o
assunto: ”eles podem mandar as pessoas separar o lixo como, lixo de plástico, de
papel” (A.M.). “um caminhão passa toda semana pegando o lixo para reciclar” (J.R.)
“Um caminhão da prefeitura passa de vez em quando nas casas, pegando o lixo já
separado” (N.S.F.). “Uma vez por semana o caminhão da prefeitura passa para
reciclar” (J.C.N.). “Com o caminhão de reciclagem” (T.T.B.).
Na questão que envolvia verificar o conhecimento sobre o funcionamento e
objetivo da coleta seletiva predominou novamente as respostas evasivas. A maioria
dos alunos desconhecia o destino do lixo e nenhum falou sobre o seu
21
reaproveitamento. que “eles separam o lixo e leva para a indústria, para fazer outras
coisas” (L.C.). “Eles pegam o lixo e separam dentro mesmo do caminhão” (V.O.)
“Eles pegam somente vidros, papéis, plásticos” (L.O.T.). “O lixo que nós
reciclamos é colhido nos dias de coleta” n(A.C.B.).
Os estudantes questionaram também sobre sua concepção de ambiente e
obtivemos respostas que evidenciam a falta de conhecimento e informações
precisas sobre o tema. “ambiente é um local limpo onde se pode andar e respirar
sem poluição”. (A.C.G). “Ambiente é bom para cidade limpa, sem lixo e sem
bagunça” (D.A.R.). “O lugar que a gente ta” (W.O.F.) “Ambiente é um lugar limpo,
onde não há poluição” (A.S.G.)
*As abreviações referem-se aos estudantes participantes deste estudo.
Como se podem observar os alunos, no primeiro questionário, apesar de
acharem importante a coleta seletiva para o ambiente, nao souberam justificar
porque é importante, como é feita, e qual seu objetivo, conforme ilustra as respostas
aqui registradas.
De forma geral este questionário permitiu avaliar a percepção em relação ao
conceito de lixo, ambiente coleta seletiva, o que permitiu observar que alguns alunos
reconhecem o meio ambiente como um local/espaço em que estão inseridos; mas a
maioria o relaciona a um local bonito, com plantas, animais, água e ar, sem poluição.
Quanto ao que se refere ao lixo destaca-se que a maioria dos estudantes
ainda o relaona ao que não serve mais e é jogado fora e quando analisam sua
interferência com o meio ambiente, mostram uma visão muito restrita.
No questionário ficou claro que os alunos não tinham tido a oportunidade de
falar sobre questões ambientais. A maioria não sabia exatamente o que se poderia
fazer com o material coletado, embora tivessem cinhecimento que podiam ser
reciclados, não tinham uma percepção clara do que isso significava.
Assim, na opinião dos alunos a respeito da definição do que seria a coleta
seletiva. Constatou-se que a maioria tinha um conhecimento limitado do que seja
coleta seletiva, o que não contribui para promover mudanças significativas nas
atitudes. Mesmo sabendo sobre a coleta seletiva, os alunos não mostravam a
consciência em separar o lixo no dia a dia.
Essas concepções foram levantadas no início do projeto, a fim de compará-
las com suas idéias ao final das atividades. Durante a implementação foram
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propostos várias atividades que permitissem identificar as formas de
reaproveitamento dos resíduos, o processo de coleta seletiva, reciclagem na
geração de empregos e renda dos participantes das cooperativas e das indústrias
recicladoras, objetivando despertar os estudantes para a importância do
gerenciamento de resíduos sólidos.
Assim, além de leitura de textos utilizou-se dvds, visitas a oficina de
reciclagem, passeios para observar o ambiente, entre outras estratégias para
discussões e reflexões. Ao final, pode-se se dizer que o projeto teve como
resultados positivos o envolvimento dos alunos, podendo-se observar a participação
dos mesmos nas aulas teóricas e práticas, bem como aprimoramento em suas
concepçoes sobre o ambiente.
No primeiro questionário aplicado, a maioria dos alunos mostrou um senso
comum, ou mesmo desconhecimento sobre o que é lixo, meio ambiente, reciclagem
e coleta seletiva. Já no segundo questionário descreveram o que pensavam sobre
meio ambiente, lixo e coleta seletiva, dando inclusive sugestões ecologicamente
corretas de destinação aos resíduos produzidos na escola e em casa, conforme se
pode verificar nas produçoes de texto final dos alunos.
(...) Nós vivemos em um planeta finito e o problema do lixo é um dos principais problemas do mundo (...). A reciclagem ajuda, mas nao resolve o problema. Nós seres humanos, somos os maiores culpados (...), pois consumimos muito. (M.A.B.) Tudo o que a gente consome é extraído da natureza. (...). Nós seres humanos somos levados a consumir. Os residuos desse consumismo sao jogados fora e com isso estamos destruindo nosso planeta. Termos que nos lembrar de que nós só temos um planeta com vida, por isso temos que presevá-lo. (S.G.A).
Com relaçao à questao dos 3: 3R que diz respeito à Redução do consumo, a
Reutilização e Reciclagem de resíduos, a maioria dos alunos deu ênfase à
reciclagem, alegando que a mesma contribui para a preservação dos recursos
naturais, além de ser fonte de emprego, renda e cidadania.
As fábricas produzem muitas coisas que, depois de consumidas, nao tem mais serventia e jogamos fora. (...) Mas se todo mundo começar a ajudar, separando o lixo, para a reciclagem ou reutilizaçao, podemos ajudar a acabar com o problema e ter um ambiente melhor para nossos filhos. (S. A.).
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O governo e as fábricas querem fazer com que nós compremos cada vez mais. Em vez de estar preocupados com a educação e outras coisas mais importantes. Nossa água está acabando e quase a metade está imprópria para o consumo. Nosso planeta está sendo destruído e o que nós fazemos para evitar isso? Em vez de ajudar a preservar, ajudamos a destruir. Temos que fazer alguma coisa para mudar isso. ( B.R.N.).
Outros alunos sugeriram que os resíduos deveriam ser reaproveitados; outros
acharam que o lixo pode ser usado na coleta seletiva. Apenas 2 alunos não
souberam ou quizeram responder o questionário, nem sistematizar o conhecimento
construído durante a implementação do projeto, mas todos os outros alunos
apontaram a necessidade de se buscar reduzir a produção de resíduos.
Conforme se evidencia da produção dos alunos houve uma mudança de
percepção sobre lixo, coleta seletiva e quanto ao que se pode fazer com os resíduos
previamente selecionados.
O resultado, de forma geral vem ao encontro com o apontado pela literatura,
que educar implica “auto-transformar-se”. Nessa perspectiva o projeto desenvolvido
mostrou-se uma ação de educaçao ambiental transformadora, educativa, cultural,
informativa, política, formativa e, acima de tudo, emancipatória (LOUREIRO, 1999).
Para Miranda (2007) a aprendizagem ambiental faz parte de um saber
pedagógico, analítico e interpretativo utilizando-se do conhecimento comum,
empírico sobre a sustentabilidade ecológica, social, cultural e econômica do planeta.
É, portanto, um conhecimento prático que requer estratégias e ações de ensino-
aprendizagem dentro e fora da escola, sendo mediado por um educador que
relacione a realidade vivida aos das teorias, buscando que os sujeitos alçassem um
olhar crítico sobre a realidade ambiental local, regional e mundial.
Nesse sentido pode-se considerar que para se alcançar o objetivo de
transformar a forma de olhar o ambiente é importante um projeto de educação
ambiental voltado para a realidade da sociedade de maneira prática e não apenas
teórica, objetivando mudanças de comportamentos e atitudes ambientalmente
corretas tendo em vista levar os sujeitos a desenvolver o pensamento critico e
reflexivo sobre tais ações.
CONSIDERAÇOES FINAIS
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O Projeto de Intervenção pedagógica relatado nesse artigo teve por objetivo
refletir e implantar sobre a questão da coleta seletiva no ambiente escolar, como
forma de contribuir com a reflexão e a ampliação do senso crítico em relação ao
ambiente local e a qualidade de vida do público alvo, no que se refere à questão dos
resíduos sólidos. O trabalho foi desenvolvido na Escola Estadual Imaculada
Conceiçao, com alunos do 8º ano do Ensino Fundamental.
No sentido de artingir os objetivos propostos utilizou-se um encaminhamento
metodológico que buscou unir a teoria à prática. Nessa perspectiva, além de
observação externa do entorno da escola, de visita às unidades de reciclagem,
utilizou-se também a pesquisa teórica, filmes, debates e reflexoes sobre a questão.
Tendo em vista o visto na literatura consultada, o projeto ressaltou a
problemática dos resíduos sólidos a degradação da natureza, enfatizando a
importância da seleção dos materiais (coleta seletiva), e dos 3 Rs a partir do lixo
produzido pela escola, visando, com isso criar o hábito de uma coleta seletiva.
Os resultados obtidos, apesar dos aspectos positivos apresentados,
mostraram a necessidade de uma melhoria no que se refere à questão ambiental na
escola, no que se refere à questão ambiental, especialmente com relação aos
conceitos dos 3 Rs. Daí se entende a necessidade de desenvolver ações
permanentes na instituição, tendo em vista levar às reflexões, que se reflitam na
conscientização ambiental das novas gerações.
Após o desenvolvimento desse projeto os alunos participantes demonstraram
terem construído conhecimentos básicos sobre a questão do ambiente, da produção
dos resíduos sólidos, bem como compreensão de que não se deve jogar o lixo
produzido em qualquer lugar e da importância da coleta seletiva como ação capaz
de contribuir para a melhoria ambiental.
Sendo assim, pode-se concluir que o desenvolvimento do projeto aqui em
questão contribuiu para formar cidadãos, mesmo que num pequeno grupo,
sensíveis, conscientes e capazes de se tornar multiplicadores dos conceitos
apreendidos.
Assim, compreendendo que a educação embiental é uma forma de educação
que tem como objetivos o desenvolvimento de uma compreensão integrada do meio
ambiente em suas múltiplas e complexas relações, quue envolve aspectos
ecológicos, psicológicos, legais, políticos, sociais, econômicos, científicos, culturais e
éticos, e a conscientização sobre a problemática ambiental e social, para concluir
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cabe salientar a necessidade de que as instituições educacionais promovam
programas de educação ambiental que articulem questoes ambientais locais,
regionais, nacionais e globais, tendo em vista levar os alunos a compreenderem o
mundo que o envolve e assim, incorporem hábitos e padroes de comportamentos
que os habilite à busca de soluções para as problemáticas ambientais.
Para isso mostra-se necerssário a implementação de programas e projetos de
educação ambiental, que envolvam alunos e comunidade de forma a estimular o
exercício consciente de uma cidadania plena.
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