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Prticos Servios de Praticagem do Porto

Anlise da Competitividade Internacional dos Valores Cobrados pelos Servios de Praticagem no Porto de Santos

de Santos e Baixada Santista S/S Ltda Santos Pilots Relatrio Tcnico Final

Rio de Janeiro, 31 de julho de 2009

Este Relatrio contm informaes confidenciais. Caso voc no seja a pessoa autorizada a receb-lo, no dever utiliz-lo, copi-lo ou revelar o seu contedo.

Ficha TcnicaProjeto: Anlise da Competitividade Internacional dos Valores Cobrados pelos Servios de Praticagem no Porto de Santos Cliente: Prticos Servios de Praticagem do Porto de Santos e Baixada Santista S/S Ltda - Santos Pilots Prazo: Empresa Consultora: Diretor do Projeto: Supervisor: Coordenador: 4 meses Fundao Getulio Vargas Cesar Cunha Campos Ricardo Simonsen Renaud Barbosa da Silva

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SumrioResumo Executivo ........................................................................................................................ 5 1. 2. 2.1 2.2 2.3 2.4 3. 3.1 3.2 3.3 3.4 3.5 4. 4.1 4.2 4.2.1 4.2.2 4.2.3 4.2.4 4.2.5 4.2.6 4.2.7 4.2.8 4.2.9 4.2.10 4.2.11 4.2.12 4.2.13 5. 5.1 5.2 Introduo ....................................................................................................................... 6 Porto de Santos .............................................................................................................. 8 Caractersticas Principais de Esturio e Beros de Atrao....................................... 8 Movimentao de Navios e Cargas ............................................................................. 15 Sensibilidade do entorno do Porto de Santos............................................................ 22 Identificao de Riscos no Esturio de Santos.......................................................... 24 A praticagem no Brasil................................................................................................. 26 O Prtico ....................................................................................................................... 26 O Servio de Praticagem ............................................................................................. 28 As Zonas de Praticagem (ZP) ...................................................................................... 30 O Valor do Servio de Praticagem .............................................................................. 34 A Praticagem no Porto de Santos ............................................................................... 35 A praticagem internacional .......................................................................................... 42 Modelos de Praticagem................................................................................................ 42 Sistemas de Praticagem em Pases Selecionados .................................................... 49 Alemanha ...................................................................................................................... 50 Argentina ...................................................................................................................... 50 Austrlia ........................................................................................................................ 51 Blgica .......................................................................................................................... 53 Canad .......................................................................................................................... 54 Dinamarca ..................................................................................................................... 55 Espanha ........................................................................................................................ 56 Estados Unidos ............................................................................................................ 56 Finlndia ....................................................................................................................... 58 Frana ........................................................................................................................... 58 Holanda ......................................................................................................................... 59 Reino Unido .................................................................................................................. 60 Sucia............................................................................................................................ 60 Amostra de Portos ....................................................................................................... 63 Amostra 1 Principais Portos de Destino das Exportaes Brasileiras via Santos63 Amostra 2 Portos com Movimentao Semelhante a Santos ................................ 673

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6. 6.1 6.2 6.2.1 6.2.2 6.2.3 6.2.4 6.2.5 6.2.6 6.2.7 6.2.8 6.2.9 6.2.10 6.2.11 6.2.12 6.2.13 6.2.14 6.2.15 6.2.16 6.2.17 6.2.18 6.2.19 6.2.20 6.2.21 6.3 6.3.1 6.3.2 6.3.3 6.4 7. 7.1 7.2

Anlise da competitividade internacional de valores da praticagem de Santos ..... 69 Amostra de Navios ....................................................................................................... 69 Dados das Praticagens dos Portos da Amostra ........................................................ 71 Hong Kong .................................................................................................................... 71 Roterd.......................................................................................................................... 72 Nova York ..................................................................................................................... 73 So Petersburgo ........................................................................................................... 74 Anturpia ...................................................................................................................... 75 Valncia......................................................................................................................... 75 Port Klang ..................................................................................................................... 76 Tilbury ........................................................................................................................... 77 Busan ............................................................................................................................ 78 Tanger Med ................................................................................................................... 79 Hamburgo ..................................................................................................................... 79 Port Said ....................................................................................................................... 81 Mina Raysut (Salalah) .................................................................................................. 82 Le Havre ........................................................................................................................ 82 Barcelona ...................................................................................................................... 83 Savannah ...................................................................................................................... 84 Durban........................................................................................................................... 85 Oakland ......................................................................................................................... 86 Istambul ........................................................................................................................ 86 Osaka ............................................................................................................................ 87 Vancouver (BC) ............................................................................................................ 88 Anlise Comparativa de Valores de Praticagem ........................................................ 91 Navio de 17.518 TAB .................................................................................................... 93 Navio de 28.618 TAB .................................................................................................... 95 Navio de 36.007 TAB .................................................................................................... 97 Anlise de Sensibilidade de Valores s Oscilaes Cambiais ................................ 100 Custos logsticos do exportador ............................................................................... 104 Levantamento dos Custos ......................................................................................... 104 Anlise de Impacto dos Custos Associados ao Transporte Martimo no Custo Logstico Total de Exportao................................................................................... 113

8.

Concluses e Recomendaes ................................................................................. 119

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Resumo ExecutivoEste relatrio apresenta os resultados do trabalho realizado pela Fundao Getulio Vargas sobre os servios de praticagem no porto de Santos. Essa atividade executada por uma organizao privada, a Santos Pilots, que remunerada de acordo com os padres usualmente empregados em portos semelhantes.

O objetivo do trabalho foi demonstrar que os valores adotados so competitivos em relao ao servio produzido e esto de acordo com o que realizado em termos internacionais. A principal questo a ser respondida se os custos de praticagem no porto de Santos causam impactos restritivos s exportaes brasileiras. Para realizao do trabalho foram realizadas pesquisas de campo sobre o funcionamento e o emprego da praticagem nos principais portos do mundo. Alm disso, a metodologia empregada utilizou vasta pesquisa documental a fim de fundamentar as anlises realizadas. Foram levantados os sistemas de praticagem de 13 (treze) pases e o funcionamento dessa atividade em 21 (vinte e um) portos, includos os principais do mundo. No desenvolvimento do trabalho foram analisados navios com diferentes nveis de arqueao bruta (TAB) e os respectivos valores de praticagem, alm dos custos logsticos dos exportadores. Na concluso, feitas as comparaes com relao aos portos de origem-destino dos navios em relao ao de Santos, verificou-se que os custos de praticagem desse porto so competitivos.

Dados de 2008 constataram que entre 58% e 66% das exportaes processadas pelo porto de Santos destinaram-se a portos onde os custos de praticagem so mais elevados. Trata-se de uma constatao de que no seria o custo da praticagem em Santos fator inibidor quanto s exportaes brasileiras a partir desse ponto de sada.

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1. IntroduoA despeito da evoluo tecnolgica alcanada por portos e embarcaes, fatores ligados natureza ainda representam importante varivel com relao operao martima. Por outro lado, os navios, na busca da eficincia mxima, so de dimenses cada vez maiores, a fim de oferecer fretes competitivos. Desta forma, as operaes de entrada e sada dos portos podem se tornar crticas na medida em que acessos ofeream restries quanto profundidade, sinuosidade do canal de acesso, largura, correntes, mars, bacia de evoluo e outros.

Este trabalho, desenvolvido pela Fundao Getulio Vargas para a Santos Pilots, pretende demonstrar que as caractersticas do porto de Santos exigem mais do que a simples navegao. As peculiaridades desse porto levam, inclusive, o servio de praticagem a atuar como coordenador do fluxo de entrada e sada de embarcaes. Essa tarefa adicional realizada, em parceria e com a superviso da autoridade martima (Capitania dos Portos de So Paulo) e da autoridade porturia (Cia. Docas do Estado de So Paulo). Com efeito, a atalaia (estao de praticagem) da Santos Pilots funciona, na prtica, como uma espcie de torre de controle do trfego de entrada e sada do porto de Santos.

Para fundamentar o trabalho realizado, a equipe de consultores pesquisou os principais portos do mundo que so destinos das exportaes atravs de Santos e outros que tem movimentao de TEU (Twenty Feet Equivalent Unit) similar do porto citado para analisar as caractersticas de funcionamento da praticagem, os custos envolvidos e as peculiaridades tcnicas associadas. Ateno especial foi dada aos portos de destino da carga exportada pelo porto de Santos a fim de se estabelecer relaes de custo/benefcio da atividade de praticagem.

Tambm foram pesquisados os custos logsticos envolvidos na exportao de um continer de 20 ps atravs do porto de Santos, para que fosse possvel quantificar o impacto do valor do servio de praticagem no custo do exportador brasileiro.

Os resultados dos trabalhos so apresentados neste relatrio, captulos: Captulo 1 Introduo Captulo 2 Porto de Santos6

estruturado nos seguintes

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Captulo 3 A praticagem no Brasil Capitulo 4 A praticagem internacional Captulo 5 Amostra de Portos Captulo 6 Anlise da competitividade internacional de valores da praticagem de Santos Capitulo 7 Custos logsticos do exportador Concluses e recomendaes

O relatrio em questo no contempla a Etapa 2 - Elaborao de um Panorama dos Portos Selecionados, prevista na proposta inicial do trabalho. Conforme discusses com o cliente, no julgou-se necessrio realizar este levantamento a fim de cumprir um dos objetivos especficos do projeto, o qual foi identificar os portos com movimentao semelhante de Santos e entender como o servio de praticagem oferecido naqueles locais.

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2. Porto de Santos

2.1 Caractersticas Principais de Esturio e Beros de AtraoO Porto de Santos tem uma extenso de cais de 13.013 metros, com profundidades de projeto nos beros variando entre 7,3 e 15,0 metros e rea til total de 7,7 milhes de m 2, sendo 3,6 milhes m2 na margem direita e 4,1 milhes m2 na margem esquerda.

Existem no Porto de Santos 520 tanques com capacidade total de 1 milho de metros cbicos; 499.701 m2 de armazns (incluindo silos) e 974.353 m 2 de ptios. O transporte terrestre predominantemente rodovirio complementado por 100.000 metros lineares de linhas frreas e 55.676 metros lineares de dutos.

O porto conta com 64 beros de atracao, dos quais dez so de Terminais Privativos, sendo eles, Cutrale (2 beros), Dow Qumica, Cargill, Fosfrtil e cinco beros da Usiminas.

Os beros da CODESP somam 11,6 mil metros de comprimento e profundidades entre 6,6 e 13,5 metros. J os beros privativos somam 1.413 metros de comprimento e profundidades entre 5,0 e 13,0 metros. Esses dados esto detalhados na Tabela 2.1.1, a seguir. Tabela 2.1.1 Beros da CODESP no Porto Pblico de SantosBero Alamoa #1 AL 01 Alamoa #2 AL 02 Alamoa #3 AL 03 Alamoa #4 AL 04 Sabo #1 CS 01 Sabo #2 CS 02 Sabo #3 CS 03 Sabo #4 CS 04 Ilha Barnab IB SP Ilha Barnab IB BC Lquidos a granel. Lquidos a granel, slidos a granel (carvo, cimento, enxofre, adubo, trigo, barrilha, minrios), carga geral e contineres em navios ro-ro. Lquidos a granel. Tipo de Carga Comprimento (m) 400 400 272 215 261 325 184 215 215 Profundidade de Projeto (m) 12,70 12,70 12,70 12,70 10,70 10,70 10,70 10,30 10,30

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Bero Corte Valongo Armazm 9 Armazm 10 Armazm 11 Armazm 12 Armazm 12-A Armazns 13/14 Armazm 15 Armazns 16/17 Armazm 19 Armazns 20/21 Armazm 22 Armazm 23 Curva 23 Armazm Frigorfico Armazm 25 SUG 26 Armazm 27 Armazm 29 Armazns 29/30 Armazm 30 Armazm 31 Armazns 31/32 Armazm 32 Armazm 33 Armazns 33/34 Armazm 34 Armazm 35 Armazm 35 Ponto 1 Armazm 35 Ponto 2 Armazm 37 Ponto 1 Armazm 37 Ponto 2 Armazm 38 Armazm 39 Terminal Martimo do Guaruj TERMAG Terminal de Granis do Guaruj TGG

Tipo de Carga

Comprimento (m) 197 203 181 176 176 158 215 216 198 267 270 265 175 156 145 152

Profundidade de Projeto (m) 10,70 15,00 7,30 7,30 7,30 11,30 11,30 11,30 11,30 13,00 13,00 13,00 11,30 11,30 8,30 8,30 8,30 8,30 8,30 11,70 11,70 11,70 11,70 11,70 11,70 11,70 11,70 11,70 11,70 13,50 13,50 12,50 12,50 13,70 13,70 14,20

Carga geral.

Carga geral, contineres, slidos a granel (sal, acar e trigo).

Carga geral, slidos a granel (trigo), navios de passageiros (SUG 26 e Armazm 27).

153 210 180 179 125 155 185 172 145

Carga geral, contineres.

200 105 177 177 177 177 187

Slidos a granel (gros, pellets, trigo, acar), contineres.

187 319 289

Fertilizantes.

277

Slidos a granel

277

14,20

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Bero Terminal de contineres #3 TECON 3 Terminal de contineres #2 TECON 2 Terminal de contineres #1 TECON 1 Terminal de Veculos TEV

Tipo de Carga

Comprimento (m) 229

Profundidade de Projeto (m) 15,00 13,70 13,70 13,70

Contineres.

208 230

Veculos

312

Fonte: CODESP

Diversos beros tem, atualmente (maio de 2009), possibilidade de receber navios com calados mximos na preamar (qualquer altura de preamar maior que ou igual a 1,00 metro) acima de suas profundidades de projeto. So os casos de Sabo, Corte, Armazns 12 a 15, Armazns 22, 25 e Frigorfico, Armazns 29 a 32, 34, 35 e 37 (Pontos 1 e 2).

Segundo a Gerncia de Trfego e Atracao da CODESP, os calados mximos para trfego de navios no canal de acesso so: 13,10 metros da Barra at o Entreposto de Pesca e dali at Torre Grande; e 12,20 metros de Torre Grande at Alamoa. Em reunies com a Capitania dos Portos de So Paulo (Autoridade Martima) e com a Companhia Docas do Estado de So Paulo CODESP (Autoridade Porturia), os consultores da FGV foram informados que o calado mximo foi aumentado para 13,30 metros da Barra at a Torre Grande, na preamar (qualquer altura de preamar maior que ou igual a 1,00 metro), mantendo-se uma folga abaixo da quilha (UKC Under Keel Clearance) considerada adequada e aprovada pela Autoridade Martima.

O aumento de calado mximo na preamar, demandado por diversos usurios do Porto de Santos, foi possvel aps entendimentos entre as Autoridades Martima e Porturia e a Praticagem de Santos, a qual demandou CODESP a instalao de duas bias sinalizadoras adicionais na entrada da barra, de forma a aumentar a segurana da navegao. Deve-se observar que o canal de acesso daquele porto, apesar de balizado e sinalizado de acordo com as normas da IALA (International Association of Marine Aids to Navigation and Lighthouse Authorities), apresenta diversas peculiaridades: sinuoso; estreito em vrios trechos; pouco profundo; apresenta pouca densidade de trfego de embarcaes de grande porte, mas elevado trfego das de pequeno porte, incluindo embarcaes de pesca e de recreio; contm obstculos navegao tais como o casco soobrado do navio Ais Giorgis e as pedras Teff, Itapema e Barroso.

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A Praticagem de Santos informa sobre quatro pontos relativos segurana do trfego de navios no canal de acesso e das manobras de atracao e desatracao: existncia de corrente de mar em todos os beros na maior parte do tempo, com intensidades variveis e sentidos que se alternam com a vazante ou enchente; apenas onze dos dezoito rebocadores disponveis no porto so azimutais1 os rebocadores convencionais no so considerados adequados 2; necessidade de monitoramento constante do trfego, a partir da atalaia 3 da praticagem, devido simultaneidade de manobras e ao elevado porte dos navios manobrados; e interferncia mtua entre manobras.

Em relao a essas peculiaridades, interessante observar alguns comentrios de um relatrio de pesquisa do Congresso dos Estados Unidos sobre questes de segurana na navegao em portos4: A habilidade e o conhecimento necessrios navegao em portos diferem significativamente dos necessrios navegao no mar. Mars e correntes so fatores bem mais importantes em portos do que no mar;

1

Os rebocadores de propulso azimutal so considerados mais eficientes, com tima capacidade de manobra, pois seu sistema de propulso, geralmente com duas hlices direcionais, lhes permite girar 360 na horizontal e, portanto, rebocar em qualquer direo, j que sua potncia transmitida em todas as direes. Isso permite a realizao de manobras com mais segurana e agilidade. A Praticagem de Santos considera os rebocadores azimutais disponveis no porto fceis de manobrar, com motores potentes e elevada trao esttica (bollard pull), alm de permitirem a conexo de cabos de reboque tanto na proa como na popa, por utilizarem guinchos de trao. 2 Os rebocadores de propulso convencional so equipados com sistema de gato (gancho) onde conectado o cabo de reboque entre o navio e o rebocador. Sua capacidade restrita realizao de reboques pela popa, pois seu sistema de propulso composto de eixo e hlice fixos, manobrados por um ou mais leme. Possuem capacidade de manobra, potncia (entre 1.500 HP e 4.500 HP) e trao esttica (bollard pull) entre 25 e 45 toneladas. Segundo a Praticagem de Santos, esses rebocadores so eficazes efetuando reboque pela proa do navio com cabo passado, o que conveniente em determinadas situaes, mas no no caso do estreito e sinuoso esturio de Santos. Os prticos consideram os rebocadores convencionais menos eficazes que os azimutais para empurrarem ou puxarem o navio lateralmente ou pela popa durante as manobras de atracao/desatracao. 3 Atalaia (Estao de Praticagem) a estrutura operacional e administrativa, homologada pelo rgo Nacional de Praticagem, com a capacidade de prover, coordenar, controlar e apoiar o atendimento do Prtico aos navios dentro de uma Zona de Praticagem (ZP), nas manobras de entrada e sada de portos e terminais e nas singraduras dentro da ZP, possibilitando a disponibilidade ininterrupta e o desempenho eficiente do Servio de Praticagem. 4 Fritelli, John. Ship Navigation in Harbors: Safety Issues. U.S. Congress Research Report, February 8th 2008. 11

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A maior parte das colises, abalroaes e encalhes ocorrem em portos, por ser nesses locais que a navegao se torna restrita por terra, guas rasas, outras embarcaes e estruturas artificiais; A resposta de um navio ao deslocamento dgua causado por outro navio, um banco no canal, ou uma distncia mnima sob a quilha so fatores hidrodinmicos pertinentes s guas restritas dos portos; Um navio totalmente carregado, em velocidade porturia tpica, navegando em um canal com mar de popa pode no conseguir parar, mesmo com reverso de mquinas, por uma milha ou mais.

Santos o nico porto brasileiro servido por todas as grandes linhas de navegao mercante, o que permite aos seus usurios despachar e receber cargas para e de qualquer parte do globo. As principais empresas de navegao oferecendo servios de transporte martimo de contineres no Sistema Porturio de Santos so: MSC; Hamburg-Sud e sua afiliada brasileira Aliana; Maersk Line e sua afiliada brasileira Mercosul Line; CSAV e sua afiliada brasileira Libra; Happag-Lloyd; CMA-CGM; MOL; NYK Line; Evergreen; Costa Container Line; Safmarine; Hanjin; PIL; China Shipping; COSCO; Maruba; ZIM; K-Line; APL; e a brasileira Log-In.

H uma srie de projetos para modernizao, otimizao logstica e revitalizao do Porto de Santos, cabendo destacar os seguintes: construo da Avenida Perimetral Porturia (margem esquerda, no Guaruj); construo da Avenida Perimetral Porturia (margem direita, em Santos); dragagem de aprofundamento do canal de acesso, dos beros e da bacia de evoluo; fragmentao e remoo das pedras Itapema (24.940 m) e Teff (8.422 m) no canal de acesso; e implantao do Sistema de Segurana Porturia (ISPS Code). Esses projetos contam com recursos aplicados pelo Governo Federal no Porto de Santos (BRL 49,1 milhes), atravs do PAC - Programa de Acelerao do Crescimento. Adicionalmente, h a construo de novos terminais de contineres na margem esquerda do porto (Conceiozinha e Prainha); revitalizao de reas porturias entre os Armazns 1 e 8; e o projeto de expanso porturia em Barnab-Bagres.

A dragagem de aprofundamento, programada para junho de 2009, visa permitir a navegao em mo-dupla de embarcaes com maior calado. De acordo com a CODESP, o projeto pretende aumentar a profundidade do canal dos atuais 12 a 14 metros para 15 metros e a largura mnima

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do canal de 150 metros para 220 metros. Este projeto contar com recursos aplicados pelo Governo Federal no Porto de Santos (R$ 167 milhes), atravs do PAC. Cabe ressaltar que, como frequentemente, os canais de navegao so aprofundados em vez de alargados, alguns argumentem a indicao de que a economia (produtividade do navio) dite mais a dragagem do que as preocupaes com segurana. Em outras palavras, argumenta-se que os esforos so feitos para acomodar o deslocamento do navio e no a sua manobrabilidade 5. A cidade-eixo6 de Santos, de acordo com dados do IBGE de 2006, possui a sexta maior economia do estado de So Paulo e a vigsima do pas, com o PIB de aproximadamente R$ 16,13 bilhes e PIB per capita de R$ 38.550,00. Santos, como lar do maior porto brasileiro, tem sua economia baseada na atividade porturia, sendo esta responsvel por 13% dos empregos diretos gerados na cidade, alm de fomentar uma cadeia de empresas de servios na regio, uma vez que 60% destas prestam servios diretamente a empresas do porto e geram 45% dos empregos diretos na regio.

Alm da importncia para o desenvolvimento regional, Santos tem inegvel importncia na economia brasileira. Em 2008, o porto foi responsvel por 24,7% (em USD) do comrcio exterior brasileiro, o equivalente a USD 91,8 bilhes. Sua hinterland primria inclui os estados de So Paulo, Minas Gerais, Gois, Mato Grosso do Sul e Mato Grosso, abrangendo 47,4% do PIB brasileiro (2006) e 48,6% da balana comercial do pas (2008).

Os sistemas porturios nacionais possuem enorme relevncia nas exportaes brasileiras, sendo responsveis por cerca de 83% do escoamento fsico das mesmas, conforme ilustrado na Figura 2.1.1, a seguir.

5

Fritelli, John. Ship Navigation in Harbors: Safety Issues. U.S. Congress Research Report, February 8th 2008 (traduo nossa). 6 Cidade Porturia com papel econmico central regional. 13

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Figura 2.1.1 Participao dos Modos de Transporte nas Exportaes Brasileiras250,00

200,00

Bilhes de USD

150,00

100,0083,4%83,0%

82,8% 82,2% 82,9% 81,3%

50,00

2003 2004 2005 2006 2007 2008

Martima

Area

Rodoviria

Outros

Fonte: MDIC

A Figura 2.1.2, a seguir, demonstra a distribuio do comrcio exterior brasileiro em 2008 pelos portos nacionais.

Figura 2.1.2 Participao de Portos no Comrcio Exterior Brasileiro, em 2008Santos 24,7%

Outros 31,7%

Porto Alegre 1,7%So Francisco 1,8% Manaus

Vitria 7,8%Paranagu 6,5%

2,0%So Sebastio 2,6%

Itaja 3,0%

Itagua 5,3% Rio Grande 4,7%

Rio de Janeiro So Lus 4,7%3,5%

Fonte: CODESP

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2.2 Movimentao de Navios e CargasDe acordo com a CODESP, em 2008, chegaram ao porto 5.809 embarcaes, das quais 5.763 tiveram as atracaes efetuadas. A Praticagem de Santos efetuou, naquele ano, 13.418 manobras, ou o equivalente a 36,76 manobras dirias, ou, ainda, 2,33 manobras por navio atracado no ano.

Dos 5.763 navios atracados em 2008, 5.514 foram cargueiros: 3.199 navios de carga geral; 1.058 navios graneleiros; 917 navios-tanque; e 340 navios Ro-Ro (roll-on/roll-off). Tambm atracaram no porto 180 navios de passageiros e 69 navios de outros tipos durante aquele ano. Em relao natureza do trfego, 4.981 dos navios atracados estavam engajados em viagens de longo curso (86,43%) e 782 (13,57%) na navegao de cabotagem.

No longo curso, a maior parte da movimentao de navios no porto de navios de transporte de carga geral, principalmente porta contineres, responsveis por 59,7% das movimentaes no porto. A Figura 2.2.1 sumariza o perfil de movimentao de navios no porto de Santos em 2008 na navegao de longo curso. Figura 2.2.1 Movimentao no Porto de Santos na Navegao de Longo Curso, em 2008300 250Nmero de Navios

200

150100 50 0

Carga Geral

Granis Slidos

Granis Lquidos

Passageiros

Roll-On/ Roll-Off

Outros

Fonte: CODESP

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Cabe ressaltar que, em observncia programao efetuada pela Autoridade Porturia, a coordenao do trfego dessa quantidade de navios no esturio do Porto de Santos realizada pela Praticagem (o que excede os deveres do Prtico, conforme estabelecidos no item 0218 da NORMAM 12/DPC) a partir de sua atalaia, conforme verificado em visita ao local e entrevistas com as Autoridades Martima e Porturia.

Ao longo dos ltimos anos, o nmero de navios movimentados em Santos sofreu um razovel acrscimo, como pode ser percebido pelo nmero de manobras realizadas pela praticagem de Santos nos ltimos 15 anos. Em mdia, o crescimento no nmero de manobras foi de 3,2% ao ano, passando de 8,7 mil manobras em 1994 para 13,4 mil em 2008. A Figura 2.2.2 demonstra essa evoluo. Figura 2.2.2 Nmero de Manobras Realizadas Pela Praticagem de Santos16.000

Nmero de Manobras por Ano

14.000 12.000 10.000 8.000 6.000 4.000

2.000 0

Fonte: Santos Pilots

Alm do aumento no nmero absoluto de manobras no porto, possvel notar tambm uma mudana no perfil dos navios movimentados. Houve uma reduo na movimentao dos navios de menor arqueao bruta (< 10.000 e entre 10.000 e 20.000 TAB), sendo que a segunda classe foi a que sofreu maior reduo, de aproximadamente -4,68% ao ano, em mdia. As categorias superiores apresentaram crescimento relevante no perodo, sendo que as que apresentaram maior crescimento so as de navios de maior arqueao: 40.000 a 50.000 TAB e acima de 50.000

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TAB, com crescimento anual mdio de 16,71% e 29,10% ao ano, respectivamente. A Figura 2.2.3 ilustra esta mudana de perfil na movimentao dos navios. Figura 2.2.3 Nmero de Manobras Realizadas pela Praticagem de Santos por Intervalo de Arqueao5,0 4,5 4,0 3,5 3,0 2,5 2,0 1,5 1,0 0,5 0,0

Milhares de Manobras/Ano

< 10 Mil TAB 30 Mil a 40 Mil TAB

10 Mil a 20 Mil TAB 40 Mil a 50 Mil TAB

20 Mil a 30 Mil TAB > 50 Mil TAB

Fonte: Santos Pilots

O relatrio do Congresso dos EUA anteriormente citado menciona que, alm de seu grande tamanho, os navios maiores podem ter algumas caractersticas que necessitem ser compensadas pelos prticos em suas manobras em guas restritas e em baixas velocidades. Os navios crescem e seus lemes tornam-se relativamente menores, o que no um problema no mar, mas impe impactos adversos no controle do navio em baixas velocidades em canais estreitos e com pouca profundidade. Navios com perfil alto (PCC, Conteineiros com conveses cheios e navios de passageiros) so bem mais suscetveis do que outras embarcaes s influncias de ventos de travs durante manobras em baixa velocidade7.

Dos 5.514 navios cargueiros que atracaram no Porto de Santos durante 2008, 50,3% tiveram espera inferior a 24 horas; 23,7% esperaram entre 24 e 48 horas; 9,2% entre 48 e 72 horas; e

7

Fritelli, John. Ship Navigation in Harbors: Safety Issues. U.S. Congress Research Report, February 8th 2008. 17

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16,8% aguardaram 72 horas ou mais para atracar. A CODESP informa que nenhum desses atrasos foi devido a causas do porto, tendo ocorrido to somente por causa de terceiros.

Em relao ao calado dos navios que atracaram em Santos durante 2008, a Figura 2.2.4, a seguir, demonstra a distribuio verificada pela CODESP. Figura 2.2.4 Distribuio dos Navios Atracados em Santos por Calado, em 2008

Fonte: CODESP

De acordo com dados publicados pela CODESP, o Porto de Santos movimentou 81.058.492 toneladas de carga em 2008, 0,4% a mais que no ano precedente. Foram descarregadas no porto 27.894.413 toneladas, enquanto outras 53.164.079 toneladas foram carregadas a bordo de navios mercantes. A Carga Geral representou 41,2% da movimentao total, enquanto os Slidos a Granel e os Lquidos a Granel representaram 42,0% e 16,8%, respectivamente. interessante observar que 88% da Carga Geral movimentada (29.421.855 toneladas) era carga conteinerizada, o que demonstra a importncia do trfego de contineres no Porto de Santos, por responder, em peso, a 36,30% do total de carga movimentada naquele sistema.

A tabela a seguir demonstra a participao das cargas nacionais (navegao de cabotagem) e de exportao e importao (longo curso) na movimentao total do Porto de Santos desde 1999 at 2008, evidenciando que a participao das cargas de exportao para outros pases no sistema

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porturio cresceu de 50,24% do total movimentado para 58,33% no perodo de dez anos considerado. Por outro lado, a participao das cargas domsticas, transportadas em navegao de cabotagem, caiu de 15,84% do total, em 1999, para 10,90%, em 2008. As cargas domsticas descarregadas no Porto de Santos caram de 9,22% para 3,65% do total no perodo, enquanto as cargas domsticas carregadas em navios naquele porto cresceram de 6,62% para 7,26% do total movimentado entre 1999 e 2008. Os detalhes esto na Tabela 2.2.1, a seguir. Tabela 2.2.1 Movimentao Total de Carga no Porto de SantosCabotagem Descarga Carga Ton. % Ton. % 3.935.252 9,22% 2.825.252 6,62% 3.812.834 8,85% 3.806.782 8,84% 4.097.802 8,51% 3.179.377 6,60% 3.393.085 6,35% 4.399.419 8,23% 3.161.377 5,26% 6.572.401 10,94% 3.584.247 5,30% 6.020.180 8,90% 2.817.827 3,92% 5.022.096 6,98% 3.674.452 4,82% 5.868.267 7,69% 3.635.201 4,50% 7.029.037 8,70% 2.955.102 3,65% 5.883.887 7,26% Longo Curso Im portao Exportao Ton. % Ton. % 14.475.565 33,92% 21.439.438 50,24% 16.917.738 39,27% 18.547.029 43,05% 16.033.321 33,29% 24.851.093 51,60% 16.258.699 30,40% 29.423.065 55,02% 17.789.030 29,61% 32.554.265 54,19% 18.215.678 26,94% 39.789.648 58,85% 18.685.046 25,99% 45.377.525 63,11% 20.379.032 26,71% 46.375.442 60,78% 23.297.232 28,84% 46.814.397 57,96% 24.939.311 30,77% 47.280.192 58,33%

1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

Fontes: Elaborado pelo autor a partir de dados da CODESP

A queda no movimento de carga na cabotagem altamente concentrada nas descargas de navios com cargas de slidos a granel, que caiu de 2,15 milhes de toneladas em 1999 para 300 mil toneladas em 2008. Em contraste, as descargas e os carregamentos de carga geral cresceram, respectivamente, 1.167,55% e 534,66% no perodo.

A movimentao de contineres cresceu, em unidades, 5,36% em relao a 2007: 1.743.412 contineres, equivalentes a 2.674.975 TEU passaram em 2008 e, de acordo com a CODESP, pelo sistema porturio de Santos, distribudos pelos pontos demonstrados na Figura 2.2.5.

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Figura 2.2.5 Movimentao de Contineres por Terminal no Porto de Santos, em 2008 (unidades)

Fonte: CODESP Considerando-se a medida padronizada para anlise de movimentao de contineres (TEU Twenty Feet Equivalent Unit), foi observado, em 2008, um total de 2.674.975 TEU movimentados no Sistema Porturio de Santos. 69,65% dos contineres movimentados foram unidades de 40 ps, sendo, desses, 1,65 milho de unidades no longo curso e 210 mil na cabotagem.

Quanto importncia do Porto de Santos no comrcio exterior de cargas conteinerizadas, a Figura a seguir demonstra os crescimentos da corrente de comrcio exterior brasileiro (importaes e exportaes) e da movimentao de contineres no trfego de longo curso naquele porto. Cabe observar que a movimentao de contineres no longo curso apresentou um crescimento anual mdio de 23,1% sobre o ano anterior entre 2001 e 2005, sendo esse crescimento anual de 14,56% no perodo total analisado, inferior ao crescimento mdio anual de 16,64% apresentado pela corrente de comrcio exterior no perodo. A comparao mostrada na Figura 2.2.6.

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20

Figura 2.2.6 Corrente de Comrcio Exterior Brasileiro e Movimentao de TEU no Longo Curso no Porto de Santos3.000 2.500Milhares de TEU/Ano

400.000 350.000

2.0001.500 1.000

250.000200.000 150.000

100.000 5000 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

50.000-

TEU em Santos (longo curso)

Corrente de Comrcio Exterior

Fontes: MDIC e Porto de Santos

No grfico da Figura 2.2.7, a seguir, podemos ver a participao na exportao via porto de Santos dos diferentes tipos de produtos, de acordo com a tonelagem dos produtos. Figura 2.2.7 Tipos de Cargas Exportadas pelo Porto de Santos, em toneladas, em 20088Granel Lquido 12%

Carga Geral 40%

Granel Slido 48%

Fonte: Porto de Santos

8

Excluindo consumo de combustveis a bordo. 21

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Milhes de USD

300.000

Em 2008, para a exportao, o porto de Santos movimentou um total de 46,36 milhes de toneladas, em grande parte granis. Os granis aparecem como maioria dos produtos movimentados, somando 60% no total. No entanto, importante frisar que apesar destes produtos terem maior participao na movimentao, dada em toneladas, os produtos movimentados em navios de carga geral, normalmente possuem maior valor agregado.

Em 2008, 81% da carga geral exportada atravs do Porto de Santos, via de regra, foi transportada em contineres. Como mencionado anteriormente, os principais produtos movimentados para a exportao so commodities agrcolas, como demonstrado nos dois prximos grficos da Figura 2.2.8. Figura 2.2.8 Principais Produtos Exportados via Santos, em 2008

Granis SlidosMilho 10% Outros 3% Acar 44%Outros 19%

Granis Lquidos

lcool 49%

Soja 43%

Sucos Ctricos 32%

Fonte: Porto de Santos

2.3 Sensibilidade do entorno do Porto de SantosAo longo de toda a extenso do esturio, as margens so ocupadas por beros e terminais (47%), abrigam populaes ribeirinhas (6%), ou so reas ecologicamente sensveis (47%), tais como ecossistemas costeiros. Segundo dados de 2003, 52% dos manguezais do estado de So Paulo encontram-se nas plancies costeiras da Baixada Santista. Entretanto, todo o Porto de Santos e seu entorno apresentam situao crtica de degradao ambiental, causada principalmente pelo plo petroqumico de Cubato; pelos aterros a cu aberto; pelas ocupaes irregulares sem rede

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de saneamento bsico; pela atividade porturia; e pela usina hidroeltrica Henry Borden, no sop da Serra do Mar.

O esturio tambm sofre com o assoreamento de at 2,9 milhes de metros cbicos anuais, o que demanda operaes contnuas de dragagem de manuteno. Entretanto, a falta de dragas e as limitaes quantitativas impostas ao descarte de volumes dragados aparentemente no permitem que todo o volume assoreado possa ser, efetivamente, removido. Por outro lado, as dragagens de manuteno, quando executadas, podem contribuir para a contaminao das guas do esturio, devido toxidade dos sedimentos.

Cabe ressaltar que cerca de 10.000 pessoas dependem, de forma direta ou indireta, da pesca artesanal na Baixada Santista. Tanto a degradao dos manguezais como a contaminao das guas so causas atribudas por alguns setores da sociedade reduo da presena de pescados na regio, o que teria afetado o sustento das famlias dependentes da atividade pesqueira artesanal.

De fato, o canal do porto de Santos apresenta condies que combinam conflito socioambiental e riscos navegao. O Estudo de Conflitos Legais e Socioambientais para Ocupao do Solo em rea Destinada Atividade Porturia, elaborado pela Superintendncia de Meio Ambiente da CODESP identifica superposies entre o canal do porto e rotas de pesca artesanal. Esse canal, no trecho do esturio de Santos, o canal de Piaaguera e a regio de confluncia dos canais de Bertioga e Piaaguera, nas proximidades da ilha Diana, fazem parte das rotas de cinco comunidades de pescadores pesquisadas 9.

A Agenda Ambiental Porturia elaborada pela Comisso Interministerial para os Recursos do Mar em 1998 apresenta duas potenciais fontes de impactos ambientais diretos nos portos: a implantao de infraestruturas e a operao porturia.

Como impactos da implantao de infraestruturas destacam-se: alteraes na dinmica costeira, com induo de processos erosivos e de assoreamento e modificaes na linha da costa; supresso de manguezais e de outros ecossistemas costeiros; efeitos de dragagens e aterros;

9

Cunha, Icaro A. da. Fronteiras da gesto: os conflitos ambientais das atividades porturias in: Revista de Administrao Pblica. Rio de Janeiro: Fundao Getlio Vargas. 40 (6): 1019-40, Nov./Dez. 2006. 23

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comprometimento de outros usos dos recursos ambientais, especialmente os tradicionais; e alterao da paisagem.

Como impactos da operao porturia so citados: ocorrncia de acidentes ambientais (derrames, incndios, perdas de carga); dragagem e disposio de sedimentos dragados; gerao de resduos slidos nas embarcaes, nas instalaes porturias e na operao de descarte de cargas; contaminaes crnicas e eventuais, pela drenagem de ptios, armazns e conveses, lavagens de embarcaes, perdas de leo durante abastecimento e aplicao de tintas antiincrustantes, base de compostos estanho-orgnicos; introduo de organismos patognicos por meio das guas de lastro ou pelo transporte de cargas ou passageiros contaminados; lanamento de efluentes lquidos e gasosos (incluindo odores); e lanamento de esgoto oriundo de instalaes porturias e embarcaes.

Dados a sensibilidade ambiental do esturio de Santos e o elevado trfego de embarcaes dos mais diversos tipos na rea, importante verificar quais os riscos e eventuais conseqncias capazes de afetar tanto a segurana da vida humana e o meio-ambiente, quanto a economia local. A qualificao preliminar dos principais fatores de risco e de conseqncias apresentada, a seguir, na Tabela 2.4.1, baseada no modelo de Riscos de vias aquticas do PAWSA (Port and Waterways Safety Assessment).

2.4

Identificao de Riscos no Esturio de SantosTabela 2.4.1 Principais Fatores de Risco no Esturio de SantosFatores de Risco Condies de Embarcaes Condies de Trfego Grande nmero de navios de (52% grande porte e em 48% movimentao noturnas diurnas). constante Condies de Navegao Ventos predominantes de E e SE. O vento SE dificulta as manobras na barra e no canal de acesso, at o armazm 12A; o NE dificulta as manobras no interior do porto, principalmente no trecho entre a ilha Barnab e o terminal da Condies do Esturio Risco de cerrao sbita, em especial nos meses de inverno.

25% das manobras so realizadas por navios com idade de 18 anos ou mais.

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24

Fatores de Risco Condies de Embarcaes Condies de Trfego Condies de Navegao Usiminas; os ventos S e SE podem levantar o mar no canal de acesso. Os navios com calado baixo apresentam maior dificuldade de navegao, uma vez que parte do leme e, por vezes, parte do hlice, ficam fora da gua; ademais, a influncia do vento passa a ser mais significativa. Trfego no vero. intenso de Risco de coliso canal e entre Trfego intenso de barcos de pesca no sentido longitudinal do esturio. Grande mar variao entre11

Condies do Esturio

de10

Pela pequena largura do esturio, elevado risco de interao entre movimento atracados. hidrodinmica navios e em navios

intensidade de corrente de sizgia no e quadratura ; perodo

chuvoso a corrente de vazante atinge velocidades maiores; inverso contnua do sentido da corrente de mar entre a vazante e a enchente. 52% das manobras so

Assoreamento versus

constante de

embarcaes de recreio

grandes embarcaes no pequenas embarcaes no sentido longitudinal.

realizadas no perodo noturno.

inexistncia

dragagem de manuteno.

Trfego balsas sentido esturio. e

constante

de

No

foram

identificados

Riscos de coliso com o casco soobrado e as pedras Teff, Itapema e Barroso.

Canal de entrada no porto alinhado swell originados as ressacas). a direo do (marulhos grandes

embarcaes do

preliminarmente riscos de congestionamento.

midas de passageiros no transversal

distncias e que provocam

Fontes: Elaborado pelo autor a partir de dados da Santos Pilots

Os riscos preliminarmente identificados, se consumados, podem ter consequncias imediatas, tais como: ferimentos pessoais; vazamentos ou descargas de petrleo, seus derivados ou outros materiais perigosos; e restries de mobilidade. Consequncias posteriores, conforme o PAWSA, afetando sade e segurana, meio ambiente, recursos hdricos e a economia tambm so possveis. As atividades da Praticagem de Santos contribuem para mitigao dos riscos e reduo das eventuais consequncias.

10 11

Situao em que dois astros diferem em longitude celeste de 0o (conjuno) ou 180 (oposio). Situao em que dois astros diferem 90 em longitude celeste. 25

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3. A praticagem no Brasil

No tocante praticagem, a legislao brasileira pertinente consiste do Captulo III da Lei 9.537/2007 (conhecida como Lei de Segurana do Trfego Aquavirio, ou, simplesmente, como LESTA); do Captulo III do anexo Regulamento de Segurana do Trfego Aquavirio em guas sob Jurisdio Nacional (conhecido como RLESTA) ao Decreto 2.596/1998; e pela Norma da Autoridade Martima 12 (NORMAM 12/DPC), que estabelece diretrizes para o servio de praticagem em guas jurisdicionais brasileiras, posto que atribuio da Autoridade Martima (Diretoria de Portos e Costas da Marinha do Brasil DPC12), entre outras, regulamentar o servio de praticagem, estabelecer as zonas de praticagem em que a utilizao do servio obrigatria e especificar as embarcaes dispensadas do servio13.

3.1 O PrticoO prtico definido como aquavirio no-tripulante que presta servios de praticagem embarcado14. Por estar includo no grupo de possveis autores materiais de infrao pelo RLESTA15, o prtico sujeito a multa e suspenso do Certificado de Habilitao 16 caso infrinja as regras do trfego aquavirio. Tal infrao ocorrer pela inobservncia de qualquer preceito do RLESTA, de normas complementares emitidas pela Autoridade Martima e de ato ou resoluo internacional ratificado pelo Brasil.

12

O Artigo 39 da Lei 9.537/1997 estabelece que A autoridade martima exercida pelo Ministrio da Marinha, atualmente Marinha do Brasil, parte do Ministrio da Defesa. O Artigo 17 da Lei Complementar 97/1999 estabelece que (...) de competncia do Comandante da Marinha o trato dos assuntos dispostos neste artigo, ficando designado como Autoridade Martima para esse fim. A Portaria 156/2004 do Comandante da Marinha estabelece as atribuies da Diretoria de Portos e Costas. 13 Lei 9.537/1997, Artigo 4, II. 14 Lei 9.537/1997, Artigo 2, XV. 15 RLESTA, Artigo 7, Pargrafo 3, VI e Artigo 8. 16 O certificado de habilitao do prtico o documento expedido pelo Diretor de Portos e Costas, que certifica e comprova a concluso com sucesso do Programa Mnimo do Estgio de Qualificao de Praticante de Prtico, conferindo-lhe o direito de exercer a profisso de prtico, naquela ZP para a qual foi certificado (NORMAM 12/DPC, 0105). 26

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O ingresso na carreira d-se atravs de processos seletivos categoria de praticante de prtico, realizados em mbito nacional por critrio exclusivo da DPC, quando constatada a necessidade de preenchimento de vaga em determinada zona de praticagem. considerada aberta a vaga na zona de praticagem quando o efetivo (nmero de prticos, com menos de 70 anos, efetivamente em servio) for inferior lotao de prticos (nmero de prticos estabelecido pelo Diretor de Portos e Costas necessrio a uma zona de praticagem), seja por: (a) afastamento definitivo do prtico; (b) aumento de lotao; ou (c) atingir o prtico a idade de 70 anos, independente de permanecer na escala de rodzio ou no17.

O processo seletivo consiste de cinco etapas, a saber: Prova escrita; Seleo psicofsica, apresentao e verificao de documentos e teste de suficincia fsica (para candidatos classificados na etapa anterior); Prova prtica-oral (para candidatos classificados na etapa anterior); Prova de ttulos; e Classificao final.

O processo seletivo encerrado com a convocao para recebimento do Certificado de Habilitao de Praticante de Prtico, vlido por dois anos. A seguir, h o estgio de qualificao do praticante de prtico, o qual deve seguir o programa mnimo determinado pelo Capito dos Portos com jurisdio sobre a zona de praticagem (ZP). recomendvel que um prtico em plena atividade monitore o praticante durante o estgio.

Aps o cumprimento do programa mnimo, e dentro do perodo do estgio, o praticante requer o exame de habilitao para prtico, realizado a bordo de embarcao. A banca examinadora formada pelo Capito dos Portos (presidente da banca), um prtico da ZP e um oficial do Corpo da Armada da Marinha do Brasil, ou um Capito de Longo Curso da Marinha Mercante com larga experincia em manobras de navio na zona de praticagem em questo. Os praticantes de prtico aprovados no exame recebem o Certificado de Habilitao de Prtico.

17

NORMAM 12/DPC, 0234 e 0235. 27

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O desempenho da profisso de prtico bastante regulamentado pela Autoridade Martima. Entre diversos outros deveres, o prtico precisa: (a) manter a continuidade dos servios continuamente; (b) cumprir o nmero mnimo de manobras estabelecido pelo Diretor de Portos e Costas, ou Capito dos Portos, para manter-se habilitado; (c) cumprir a escala de rodzio estabelecida e/ou ratificada pela Capitania dos Portos, Delegado ou Agente; (d) submeter-se aos exames mdicos e psicofsicos de rotina, estabelecidos na NORMAM 12/DPC; e (e) realizar curso de atualizao de prticos conforme determinado pela mesma18.

Comandantes de navios de bandeira brasileira que cumpram com os requisitos necessrios podem ser habilitados a dispensarem o uso de prticos no interior de uma zona de praticagem 19.

3.2 O Servio de PraticagemO servio de praticagem, por sua vez, definido no Captulo III da Lei 9.537/2007 (conhecida como Lei de Segurana do Trfego Aquavirio, ou, simplesmente, como LESTA) como atividades profissionais de assessoria ao Comandante requeridas por fora de peculiaridades locais que dificultem a livre e segura movimentao da embarcao. A NORMAM 12/DPC, em seu item 0116, adiciona que tal servio constitudo do Prtico, da Lancha do Prtico e da Atalaia (Estao de Praticagem). Tais servios devem ser executados por prticos devidamente habilitados, em uma das seguintes formas de prestao de servios: (a) individualmente; (b) organizados em associaes; ou (c) contratados por empresas20. A LESTA ainda estabelece que: a inscrio de aquavirios como prticos obedecer aos requisitos estabelecidos pela autoridade martima, sendo concedida especificamente para cada zona de praticagem (ZP), aps a aprovao em exame e estgio de qualificao; a manuteno da habilitao do prtico depende do cumprimento da freqncia mnima de manobras estabelecida pela autoridade martima. assegurado a todo prtico, na forma prevista no caput deste artigo, o livre exerccio do servio de praticagem.

18 19

NORMAM 12/DPC, 0218, q), r), s), t) e z). NORMAM 12/DPC, 0230, 0231 e 0232. 20 Lei 9.537/1997, Artigo 13 e NORMAM 12/DPC, 0212. 28

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A autoridade martima pode habilitar Comandantes de navios de bandeira brasileira a conduzir a embarcao sob seu comando no interior de zona de praticagem especfica ou em parte dela, os quais sero considerados como prticos nesta situao exclusiva.

Verificamos a existncia de vinte e cinco (25) sociedades civis uniprofissionais e uma associao, filiadas ao Conselho Nacional de Praticagem CONAPRA, prestando servios de praticagem no Brasil. De acordo com Parecer da Secretaria de Direito Econmico, o servio de praticagem obrigatrio em vrios portos do Brasil. Tal servio se faz necessrio para garantir que o navio que chega ou deixa o porto possa atracar/desatracar e navegar por canais, lagoas e rios em segurana. Alm disso, a praticagem tem como uma segunda finalidade minimizar os danos causados pelas embarcaes ao meio ambiente.21 O servio de praticagem constitudo pelo conjunto de prtico, lancha de prtico e atalaia 22. A lancha de prtico a embarcao homologada pelo Capito dos Portos com jurisdio sobre a zona de praticagem para ser empregada no transporte do prtico para o embarque/ desembarque nos e dos navios; enquanto a atalaia definida como estrutura operacional e administrativa, homologada pelo rgo Nacional de Praticagem 23, com a capacidade de prover, coordenar, controlar e apoiar o atendimento do Prtico aos navios dentro de uma ZP, nas manobras de entrada e sada dos portos e terminais e nas singraduras dentro da ZP, possibilitando a disponibilidade ininterrupta e o desempenho eficiente do Servio de Praticagem. Por fim, a ZP a rea geogrfica delimitada pelo Diretor de Portos e Costas, dentro da qual se realizam os servios de praticagem24.

Como o servio de praticagem legalmente considerado atividade essencial, devendo estar permanentemente disponvel nas zonas de praticagem estabelecidas, a Autoridade Martima tem a prerrogativa de: (a) estabelecer o nmero de prticos necessrio para cada zona de praticagem;

21 22

Parecer no 06180/2005/DF COGDC/SEAE/MF, item 7, parte. Decreto 2.596/1998, Artigo 6. 23 No Brasil, o rgo Nacional da Praticagem, previsto no item 0237 da NORMAM 12/DPC o Conselho Nacional de Praticagem CONAPRA. 24 NORMAM 12/DPC, 0111, 0104 e 0117, respectivamente. 29

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(b) fixar o preo do servio em cada zona de praticagem; e (c) requisitar o servio de prticos 25. Todavia, apesar da prerrogativa dada Autoridade pela Lei, o RLESTA estabelece que a remunerao do servio de praticagem abrange o conjunto de prtico, lancha de prtico e atalaia, devendo o preo ser livremente negociado entre as partes interessadas, seja pelo conjunto de elementos ou para cada elemento separadamente, sendo que, em, excepcionalmente, no havendo acordo entre as partes, a Autoridade Martima determinar a fixao do preo, garantida a obrigatoriedade da prestao do servio26. Cabe ressaltar que o prtico no pode recusar-se prestao do servio de praticagem, sob pena de suspenso do certificado de habilitao ou, em caso de reincidncia, cancelamento deste27

. De fato, h informao prestada pela Santos Pilots aos consultores da FGV sobre

servios que esto sendo prestados a armadores inadimplentes com aquela empresa de praticagem.

As escalas de rodzio de prticos so elaboradas pelas praticagens em cada ZP e ratificadas pela Capitania dos Portos, Delegacia ou Agncia local. Nas zonas de praticagem onde haja mais de uma associao de praticagem, as escalas de rodzio obedecem a critrios que atendem a manuteno da habilitao de todos os prticos da zona de praticagem em todos os seus trechos, e dividindo, da forma mais equnime possvel, as manobras entre todos os prticos (escala nica de rodzio).

3.3 As Zonas de Praticagem (ZP)As zonas de praticagem so reas delimitadas pelo Diretor de Portos e Costas que por suas peculiaridades locais exigem a experincia e o conhecimento da regio, por parte de um Servio de Praticagem, constitudo de pessoal altamente qualificado 28.

As praticagens so organizadas por unidade da federao, salvo no caso da Bacia Amaznica Oriental, que abrange mais de um estado. Em cada um desses locais pode haver mais de uma

25 26

Lei 9.537/1997, Artigo 14. RLESTA, Artigo 6, II e III. 27 Lei 9.537/1997, Artigo 15. 28 NORMAM 12/DPC, 0401. 30

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zona de praticagem, a critrio do Diretor de Portos e Costas da Marinha do Brasil, o qual considera, entre outros aspectos, para determinar o nmero de zonas de praticagem: (a) a freqncia de navios; (b) a sua tonelagem; (c) o tipo das embarcaes praticadas; e (d) a localizao dos portos e terminais29.

Existem, no Brasil, vinte e duas (22) zonas de praticagens, conforme demonstrado na tabela a seguir: Tabela 3.3.1 Zonas de Praticagem no Brasil Zona de Praticagem1 Fazendinha (PA) Itacoatiara (AM)

rea GeogrficaDe Fazendinha ou da Ilha de Mosqueiro (PA) para o interior do rio Amazonas at Itacoatiara e os rios Jar, Tocantins, Xingu, Tapajs e Trombetas. H um trecho de praticagem facultativa nesta ZP.

Entidades de PraticagemAmazon Pilot Praticagem da Bacia Amaznica Oriental S/C Ltda. EPBAM Empresa de Praticagem da Bacia Amaznica S/C. (As duas formam a Unio dos Prticos da Bacia Amaznica Oriental Ltda. UNIPILOT)

2

-

Itacoatiara

(AM)

De Itacoatiara a Tabatinga e os rios Madeira, Negro, Branco, Purus, Acre, Japur, Juru e I.

Praticagem dos Rios Ocidentais da Amaznia Ltda.

Tabatinga (AM)

3 - Belm (PA)

Do canal do Quiriri (ou Maraj) ou do canal do Espadarte, no rio Par, at o porto de Belm, fundeadouro do Capim e o porto de Vila do Conde. O canal do Quiriri facultativo.

Barra do Par Belm Vila do Conde e Adjacncias Servios de Praticagem S/C Ltda.

4 - Itaqui, Alumar e Ponta da Madeira (MA)

Dividida em dois trechos: no primeiro, facultativa obrigatria. a e, praticagem no segundo,

SERVPRAT Servios de Praticagem da Baa de So Marcos Ltda.

5 - Fortaleza e Pecm (CE)

Do ponto de espera do prtico ao local de atracao.

Cear Marine Pilots Empresa de Praticagem do Estado do Cear S/C

29

NORMAM 12/DPC, 0119. 31

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Zona de Praticagem6 - Areia Branca (RN) 7 - Natal (RN) 8 - Cabedelo (PB)

rea GeogrficaDo ponto de espera do prtico ao local de atracao. Do ponto de espera do prtico ao local de atracao. Do ponto de espera do prtico ao local de atracao.

Entidades de PraticagemLtda. Areia Branca Pilots Empresa de Praticagem Ltda. Associao dos Prticos dos Portos do Estado do Rio Grande do Norte Praticagem de Cabedelo S/C Ltda. Cabedelo Pilots Praticagem Paraba Ltda. Pernambuco Pilots Empresa de

9 - Recife e Suape (PE)

Para Recife, a rea limitada por uma circunferncia de uma milha de raio. Para Suape, a partir do alinhamento da ponta do quebra-mar e a ponta do cabo de Santo Agostinho, at o local de atracao.

Praticagem S/C Ltda.

10 - Macei e Terminal Qumico (AL) 11 - Redes e Terminal Martimo (SE) 12 - Salvador, Portos e Terminais da Baa de Todos os Santos (BA) 13 - Ilhus (BA) Incio Barbosa

Do ponto de espera do prtico ao local de atracao. Do ponto de espera do prtico ao local de atracao. Do ponto de espera do prtico ao local de atracao. Praticagem facultativa para e do fundeadouro de Monte Serrat. Dos pontos de espera do prtico ao local de atracao.

Macei Ltda.

Pilots

Empresa

de

Praticagem do Estado de Alagoas S/C Praticagem de Sergipe Servios de Praticagem do Estado de Sergipe S/C Ltda. Salvador Pilots Servios de Praticagem dos Portos da Baa de Todos os Santos S/C Ltda. Ilhus Marine Pilots Servios de Praticagem do Porto de Ilhus S/C Ltda. Praticagem do Esprito Santo S/C Ltda.

14 - Vitria, Tubaro, Praia Mole, Barra do Riacho e Ubu (ES)

Para Vitria, Tubaro e Praia Mole, rea especfica. Para Barra do Riacho e Ubu, do ponto de espera do prtico ao local de atracao.

15 - Rio de Janeiro, Niteri, Sepetiba, Ilha Guaba, Ilha Grande, Angra dos Reis e Forno (RJ) 16 Santos, Baixada

reas especficas de acesso aos portos e ao terminal (TEBIG). reas especficas para Santos e para So Sebastio e Terminal Almirante Barroso.

Rio Pilots Empresa de Praticagem do Estado do Rio de Janeiro S/C Ltda. SINDIPILOTS Praticagem Ltda. Prticos Servios de Praticagem do Porto de Santos e Baixada Santista S/C Ltda. (Santos Pilots) Servios de

Santista, So Sebastio e Terminal Martimo Almirante

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32

Zona de PraticagemBarroso (SP) 17 - Paranagu e Antonina (PR)

rea Geogrfica

Entidades de PraticagemServios de Praticagem do Canal e Porto de So Sebastio S/C Ltda.

Do ponto de espera do prtico, demandando Paranagu, Antonina, os Ponta portos do de da Felix,

Paranagu

Pilots

Servios

de

Praticagem S/C Ltda.

terminais

Petrobras, Catalini e FOPAR pelos canais Sudeste ou da Galheta ao local de atracao. 18 - So Francisco do Sul (SC) 19 - Rio Grande (RS) 20 - Lagoa dos Patos, Rios, Portos e Terminais Interiores (RS) 21 - Itaja e Navegantes (SC) Do ponto de espera do prtico ao local de atracao. Do ponto de espera do prtico ao local de atracao. Do ponto de espera do prtico atracao nos portos e terminais existentes, a Lagoa dos Patos e terminais interiores. Do ponto de espera do prtico, demandando os portos de Itaja, Navegantes, Terminais da Shell, Dow Qumica, e Liquigs, demais BRASKARNE, Itaja Prticos Servios de Praticagem S/C Ltda. So Francisco Pilots Empresa de Praticagem da Barra e Porto de So Francisco do Sul S/C Ltda. Prticos da Barra de Rio Grande RS Servios de Praticagem S/C Ltda. Praticagem da Lagoa dos Patos, Rios, Portos e Terminais Interiores S/C Ltda.

terminais no interior do rio ItajaAu, ao local de atracao. 22 - Imbituba (SC) Do ponto de espera do prtico ao local de atracao. Imbituba Pilots Servio de Praticagem S/C Ltda.

Fontes: Diretoria de Portos e Costas, CONAPRA. Em cada zona de praticagem os prticos podem se organizar em uma das seguintes formas30: Entidade nica de praticagem (empresa, associao etc.): entidade que reunir todo o efetivo de prticos existentes naquela zona de praticagem, sendo o prtico dirigente da entidade o representante da praticagem junto Autoridade Martima;

30

NORMAM 12/DPC, 0119. 33

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Entidade representante de praticagem (empresa, associao etc.): em havendo mais de uma entidade de praticagem na zona de praticagem, as entidades existentes devero indicar por consenso o representante da praticagem ou, no havendo consenso, o mesmo ser designado pelo Capito dos Portos. Cabe ressaltar, todavia, o fato de que a Diretoria de Portos e Costas recomenda e incentiva que em cada Zona de Praticagem exista apenas uma Entidade (associao, empresa, etc... (sic)) que congregue todos os Prticos habilitados e preste os servios de praticagem na ZP, como forma de possibilitar melhor coordenao e controle das atividades afetas ao servio, o que contribui para sua eficcia e permite, eventualmente, maior eficincia de uso dos recursos31.

3.4

O Valor do Servio de Praticagem

A NORMAM 12/DPC estabelece procedimento de clculo de preo do servio de praticagem (composto pelo prtico, lancha de prtico e atalaia), nos seguintes casos: Nos casos em que no haja acordo, e a prestao do servio seja interrompida, o Diretor de Portos e Costas, independentemente das razes de cada parte, fixar Tabela de Preos, em valores que a seu juzo sejam os devidos, a qual ter carter de definitividade pelo prazo determinado em Portaria do DPC, ou at que seja formalizado acordo entre as partes, garantida a obrigatoriedade da prestao de servio; Quando no houver acordo entre a Praticagem e o tomador de servio 32, no que tange os segmentos lancha de Prtico/Atalaia, ocasionando, a juzo da DPC, prejuzos na prestao dos servios, a Autoridade Martima fixar o valor a ser abatido e/ou indenizado, tendo em vista o preconizado na alnea a33 deste item. Esta situao

31 32

NORMAM 12/DPC, 0301. o De acordo com o Parecer n 06180/2005/DF COGDC/SEAE/MF, o contratante do servio de praticagem o armador. O armador uma pessoa jurdica estabelecida e registrada para realizar transporte martimo por meio da operao de navios. responsvel pela carga que transporta, respondendo por qualquer problema que ocorra com a mercadoria durante o transporte. O armador contrata uma agncia martima em cada porto ou pas, que ser a sua representante no local. A agncia serve de elo de ligao entre o armador e seus clientes e fornecedores. Representando o armador, a agncia martima negocia com exportadores e importadores e contrata servios em terra, incluindo os de praticagem (item 8). 33 A alnea a est reproduzida no item anterior. 34

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igualmente indesejvel, devendo as empresas de praticagem se ajustarem para prestar o Servio de Praticagem composto do Prtico, Lancha do Prtico e Atalaia.

3.5 A Praticagem no Porto de SantosTanto na Baixada Santista como em So Sebastio, os prticos formaram sociedades civis uniprofissionais para prestao de servios de praticagem. Essas sociedades independem de quaisquer subsdios pblicos ou privados para arcarem com suas despesas, as quais incluem custos com aquisio de equipamentos e embarcaes, manuteno de instalaes (sede administrativa e atalaia) e das prprias embarcaes, combustvel, salrios de funcionrios e outros custos afins. Como notou a Secretaria de Acompanhamento Econmico, os custos de uma estrutura de servio de praticagem so bastante altos. necessrio um sistema de comunicao com os navios, com as lanchas e com os prticos em servio, alm de uma estrutura para a coordenao de todas as aes. Os prticos tambm necessitam de equipamentos para monitorar as condies de navegao e qualquer mudana que ocorra na rea do porto que possa dificultar seu trabalho. Para isso, so necessrias instalaes fsicas, pessoal e equipamentos qualificados. Em condies de concorrncia, havendo vrias empresas, cada uma delas necessitaria de uma estrutura administrativa semelhante descrita acima, o que representa grandes perdas em economia de escala 34.

De fato, os portos de Santos e So Sebastio contam, cada um, com uma nica sociedade civil prestando servios de praticagem.

No caso da praticagem no porto de Santos, cujos servios tm a certificao ISO 9001:2008, a estrutura bastante complexa, incluindo: Sede Administrativa prpria; Centro de Operaes (atalaia);

34

Parecer no 06180/2005/DF COGDC/SEAE/MF, item 25. 35

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Ponte para operao de embarcaes; Estaleiro para manuteno e reparo de lanchas, com considervel estoque de peas sobressalentes; 90 funcionrios; 4 lanchas de barra; 6 lanchas de porto; 5 botes de amarrao; Equipamentos de comunicaes, coordenao de trfego e estao metereolgica.

Essa estrutura permite a realizao de at 108 manobras dirias, sendo que a mdia atual do porto de Santos de 36 manobras dirias e o mximo alcanado nos ltimos meses, de acordo com a Santos Pilots, foi de 62 manobras em um nico dia.

A tabela acordada entre a Praticagem de Santos e os principais armadores de linhas regulares de navegao divide, para fins de valorao de servios, o esturio do porto em quatro reas, de acordo com as suas particularidades de navegao, conforme demonstrado na Figura a seguir.

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36

Figura 3.5.1 Definio das reas de Praticagem no Porto de Santos.

Fonte: Santos Pilots.

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37

A rea Azul compreende o Corredor de Exportao de Santos (do armazm 39 ao armazm 29) e terminais da margem esquerda (Guaruj), localizados entre a Torre Grande e a Fortaleza da Barra. A rea Amarela compreende o Porto Antigo (do armazm 27 ao cais do Sabo 1), Fundeadouro Interno e terminais da margem esquerda (Guaruj), localizados entre a Ilha Barnab (inclusive) e a Torre Grande. A rea Encarnada composta pelo Terminal de Granis Lquidos de Alamoa e a rea Verde pelo Complexo Porturio de Cubato.

Quanto aos tipos de navios a serem manobrados, o Acordo de Valores da praticagem de Santos define quatro condies distintas, estabelecidas conforme o grau de risco apresentado: Condio A: Navios com mais de 18 (dezoito) anos; Dragas; Navios Ssmicos; Navios Lanadores de Cabos; e Condies Especiais. Condio B: Navios de Granel (slidos e/ou lquidos) e Navios de Carga Geral em Sacaria, ambos transportadores de carga poluidora danosa ao meio ambiente; e Navios de Carga Geral de qualquer tipo de Produto Siderrgico. Condio C: Navios de Granel (slidos e/ou lquidos) e Navios de Carga Geral em Sacaria, ambos transportadores de carga poluidora no danosa ao meio ambiente. Condio D: Navios Conteineiros, Navios Ro-Ro35, Navios PCC36, Navios de Passageiros e Navios de Carga Geral (exceto Produtos Siderrgicos e em Sacaria); e Navios de Apoio Martimo.

Alm de levar em considerao as peculiaridades da navegao e as condies de navios a serem manobrados, a tabela vigente em Santos tambm considera a arqueao bruta das embarcaes para precificao de seus servios, dividindo-as em at sete grupos, dependendo da rea de praticagem: de 0 a 10.000 TAB; de 10.001 a 20.000 TAB; de 20.001 a 30.000 TAB; de 30.001 a 40.000 TAB; de 40.001 a 50.000 TAB; de 50.001 a 60.000 TAB; e acima de 60.000 TAB.

Os preos dos servios da Praticagem de Santos so livremente negociados entre essa empresa e o Comit de Armadores de Linhas Regulares, nacionais e estrangeiros, filiados ao Centro Nacional de Navegao Transatlntica (CNNT). O primeiro acordo com a estrutura atualmente em vigor foi assinado em setembro de 2004 com trinta e uma empresas de navegao:

35 36

Roll-on/Roll-off. Pure Car Carrier. 38

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Aliana Navegao e Logstica Ltda. & Cia.; APL Co. PTE. Ltd.; Brisa Lines S.A.; CMA-CGM Group Companhia Libra de Navegao; Costa Container Lines SpA; Compaia Sudamericana de Vapores CSAV; Empremar Empresa Martima S.A.; Evergreen Marine Corp. (Taiwan) Ltd.; Gearbulk A.G.; Grimaldi Compagnia di Navegazione SpA; Grimaldi Group; Hanjin Shipping; Hapag Lloyd (America), Inc.; Hamburg Sd; Lykes Lines; Maersk Sealand; Maruba S.C.A.; Mercosul Line; Montemar Martima S.A.; MSC Mediterranean Shipping Company S.A.; Mitsui O.S.K. Lines; Nippon Yusen Kaisha (NYK); Oldendorff Carriers Gmbh & Co. KG; P&O Nedlloyd; Spliethoff Bevrachtingskantoor B.V.; Star Shipping A.S.; Transportacin Martima Mexicana TMM Lines; Wallenius Wilhelmsen Lines; Ybarra CGM Sud; Zim Israel Navigation Company.

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39

Os valores acordados entre a Praticagem e o Comit foram estendidos aos Armadores noregulares e vigoraram de 1 de outubro de 2004 at 31 de dezembro de 2006. Naquele ms, um novo acordo foi assinado com valores negociados para dois anos, sendo ajustados aps os doze primeiros meses por uma cesta composta da variao do IGP-M (30%) e do IPCA (70%), ao longo de 2007. Aps o ajuste de 1 de janeiro de 2008, os valores no foram mais ajustados, permanecendo vigentes os valores acordados para aquele ano.

O acordo assinado em dezembro de 2006 teve a participao de vinte e sete grupos / empresas: APL/NOL.; Brisa Lines S.A.; CLAN Cia. Latino Amrica de Navegacin S.A.; CMA-CGM Group; China Shipping Container Lines; Costa Container Lines SpA; Compaia Sudamericana de Vapores CSAV; Compaia Libra de Navegacin (Uruguay); Empremar Empresa Martima S.A.; Evergreen Marine Corp. (Taiwan) Ltd.; Gearbulk Pool Ltd.; Grimaldi Compagnia di Navegazione do Brasil Ltda.; Hanjin Shipping Co. Ltd.; Hapag Lloyd Container Line A/S; Hamburg Sd; Maersk Line; Maruba S.C.A.; Mercosul Line; MSC Mediterranean Shipping Company S.A.; Mitsui O.S.K. Lines; Nippon Yusen Kaisha (NYK); Oldendorff Carriers Gmbh & Co. KG; Spliethoff Bevrachtingskantoor B.V.; Star Shipping A.S.; Saga Forest Carriers International A/S;

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Wallenius Wilhelmsen Lines; Zim Integrated Shipping Services Ltd. O ajuste acordado entre o Comit e a Praticagem de Santos que passou a vigorar a partir de 1 o de janeiro de 2007 (26 meses aps o acordo inicial) foi de 9,65% na mdia. O ndice foi superior ao IGP-M (7,16% no perodo), mas inferior ao IPCA (11,19% no perodo). Um ano depois, os valores foram novamente ajustados pela mesma cesta de ndices, prevista no Acordo. Os valores foram corrigidos em 5,45%, contra 7,75% do IGP-M e 4,46% de variao anual do IPCA. Desde ento, no houve qualquer variao nos valores dos servios de praticagem em Santos. Assim, entre 1 o de outubro de 2004 e 1o de junho de 2009, os valores dos servios de praticagem foram ajustados em 15,62%, enquanto o IGP-M variou 25,34% e o IPCA, 25,71%. Figura 3.5.2 Comparativo entre Ajustes de Valores do Servio de Praticagem em Santos e os ndices IGP-M e IPCA30,00% 25,34% 25,71% 25,00% 20,00% 15,62% 15,00% 10,00% 5,00% 0,00% 1/10/2004 - 1/1/2007 1/1/2007 - 1/1/2008 Ajuste Mdio Global 1/1/2008 - 1/6/2009 IGPM IPCA Acumulado 9,65% 11,19% 7,16% 5,45% 7,75% 4,46% 0,00% 8,56% 8,23%

Fontes: Santos Pilots, FGV, IBGE, Banco Central do Brasil, elaborao Saraceni.

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41

4. A praticagem internacional

4.1 Modelos de PraticagemDe acordo com a Organizao Martima Internacional - IMO, a navegao em guas restritas, como em portos, canais e outros esturios, demanda grande habilidade de navegao e conhecimentos especficos sobre o local onde as manobras so realizadas. Assim, o sistema de praticagem estabelecido com o objetivo de auxiliar os comandantes de embarcaes, reduzindo os riscos gerados pela navegao nestas guas.

A

necessidade

de

sistemas

de

praticagem

funcionais

e

eficientes

reconhecida

internacionalmente, como mostra a citao da resoluo IMO A960, reproduzida abaixo: Governos devem encorajar o estabelecimento ou manuteno de autoridades de praticagem competentes para administrar sistemas de praticagem seguros e eficientes. (IMO, 200437).

A importncia da praticagem na segurana bem ilustrada pelas estatsticas mostrando o perfil dos acidentes ocorridos no mar Bltico em 2008. 47% dos acidentes na regio em 2008 foram causados por fatores humanos e somente em 18% dos acidentes havia prticos a bordo do navio, como mostra o grfico abaixo.

37

Resoluo IMO A.960: Recommendations on Training and Certification and Operational Procedures for Maritime

Pilots Other than Deep-Sea Pilots. IMO, 2004. 42

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Figura 4.1.1 Perfil de Acidentes no Mar Bltico, 2008. Principais Causas dos Acidentes Presena de Prtico a BordoOutros Fatores 13% Fatores Tcnicos 7% Fatores Humanos 47% Sem Informao 10%

Sem Informao 15%Fatores Externos 18%

Com Prtico 18%

Sem Prtico * 72%

* Comandante com ou sem certificado de dispensa de prtico.

Fonte: Helsinki Commission.

No entanto, no h, internacionalmente, um consenso sobre como o sistema de praticagem deve ser organizado para garantir a segurana e eficincia necessria na navegao. Os sistemas de praticagem abrangem diversos modelos: desde prticos como prestadores de servios autnomos at prticos como servidores pblicos civis.

Quanto classificao, podemos citar trs principais tipos de administrao do sistema de praticagem usualmente utilizados ao redor do mundo38: Associaes autnomas de profissionais: nesta categoria os prticos so organizados em associaes independentes de profissionais, com suas atividades profissionais executadas a partir da mesma. o tipo mais comum ao redor do mundo. Empresas privadas: os prticos so empregados ou acionistas de uma empresa privada que presta servios de praticagem s empresas de navegao. Servidores pblicos: os prticos so funcionrios do governo, normalmente contratados por intermdio do porto organizado ou de rgo ligado ao Ministrio dos Transportes ou Autoridade Porturia.

38

Parecer no 06180/2005/DF COGDC/SEAE/MF. 43

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H ainda pases que utilizando mais de um dos sistemas de praticagem acima listados, em diferentes regies ou portos do pas, como por exemplo, os EUA, Blgica e Austrlia.

As organizaes de praticagem normalmente so delimitadas por reas geogrficas, variando desde uma nica organizao de praticagem responsvel por regies inteiras do pas, como ocorre no Canad39, at a atuao de mais de uma organizao em um nico porto.

No s a organizao do sistema no consenso, como as formas de precificao do servio e a responsabilidade pela regulao da atividade de praticagem variam entre diferentes pases.

As modalidades de definio do valor do servio se encaixam basicamente em dois modelos, de acordo com o nvel de interferncia governamental e conseqente liberdade da organizao de praticagem em estabelecer seus preos. De um lado o valor sendo fixado pela autoridade regulatria competente, com variados nveis de consulta e interferncia cabveis organizao de praticagem, de outro a possibilidade de livre negociao entre as empresas de navegao e a organizao de praticagem, com variados nveis de interveno regulatria pela autoridade competente.

A responsabilidade pela regulao e fiscalizao tambm varia entre pases. Normalmente a regulao feita no nvel nacional, exceo dos EUA e Austrlia, onde a regulao dupla: em nvel estadual e tambm nacional. Nos pases onde a regulao de responsabilidade federal, esta pode ficar a cargo da Autoridade Porturia, Autoridade Martima, Ministrio dos Transportes ou da Guarda Costeira do pas.

importante citar que, apesar da funo principal da praticagem ser a garantia de segurana da navegao, historicamente, as mudanas ocorridas nos sistemas de praticagem ao redor do mundo tiveram motivaes administrativas e econmicas e no o objetivo de aumentar o desempenho em relao segurana (Committee on Advances in Navigation and Piloting, 199440).

39

A praticagem no Canad dividida somente entre quatro organizaes de praticagem, referentes a quatro regies: Pacfico, Grandes Lagos, Atlntico e St. Lawrence. 40 Committee on Advances in Navigation and Piloting, Minding The Helm: Marine Navigation and Piloting. National Academy Press, 1994. 44

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Como exemplo de modificao por motivaes econmicas, podemos citar a mudana ocorrida na praticagem da Holanda, onde os servios, por serem considerados pouco eficientes, foram reorganizados. Antes servidores pblicos, os prticos passaram a trabalhar como profissionais autnomos41. Outros exemplos foram a liberalizao dos portos na Argentina durante a dcada 1990, que impactou na total abertura do servio de praticagem competio, e da praticagem na Dinamarca em 2006, que teve efeito similar, abrindo o setor para a competio.

Uma das maiores crticas aos modelos comumente utilizados o monoplio da praticagem em determinados portos, o que evita a competio entre diferentes grupos de prticos. Em contraste a tais crticas, no Brasil, a Autoridade Martima recomenda a utilizao de somente uma organizao na atividade de praticagem por porto.

Os argumentos por detrs destas crticas giram em torno do fato de que a atividade de praticagem no , em si, um monoplio natural (BONDE, 200042), sendo que a posio dominante exercida pelos grupos de prticos prejudicaria a negociao com os outros grupos, no caso armadores. Desta forma, em teoria, com a competio, os servios seriam prestados de forma mais eficiente, a um custo mais baixo e com menor necessidade de regulao.

Os crticos das propostas de liberalizao tendem a contra-argumentar afirmando que as decises de organizao e regulamentao da praticagem devem ter como prioridade os efeitos para a segurana da navegao nos esturios. O principal efeito da concorrncia, segundo argumentam os crticos, que haveria uma preferncia por clientes que melhor remuneram os servios, o que resultaria em um atendimento pouco eficiente na zona de praticagem, aumentando os riscos de acidentes.

Analisando as experincias recentes com a liberalizao do setor possvel verificar a validade de alguns argumentos acima. Dentre os pases onde houve experincia com competio aberta na praticagem podemos citar: Austrlia, EUA (em alguns estados), Argentina e Dinamarca.

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Organizados profissionalmente pela Nederlandse Loodsencorporatie (Corporao de Prticos Holandeses) e acionistas da empresa Nederlands Loodswezen B.V., que providencia auxlio atividade de praticagem. 42 BONDE, Bettina ET al. Market Principles and Efficiency in Maritime Pilotage: An Assessment of Reorganisation Debates in Germany. The International Pilot, Volume 9, 2000. 45

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Na Austrlia, h competio na regio da Grande Barreira de Corais e do Estreito de Torres, situados na costa do estado de Queensland, onde atualmente operam vrios grupos de prticos. A desregulamentao data de 1993 e desde ento vem recebendo vrias crticas, como demonstrado pela citao abaixo: Os servios de praticagem na Grande Barreira de Corais e no Estreito de Torres tm sido criticados por alguns stakeholders por no prover resultados timos de segurana para navios operando em uma das mais sensveis e biologicamente diversificadas regies da Austrlia. (Australian Maritime Safety Authority, 200343).

Estas crticas so corroboradas por estatsticas, pois entre 1985 e 2000 houve 40 incidentes envolvendo encalhe ou coliso/abalroamento na regio, sendo que 16 deles ocorreram na presena de prticos no navio. Entre 1985 e 1992, 6 incidentes foram registrados com prticos a bordo, uma mdia de 0,75 incidentes/ano. J no perodo entre 1993 at 2000 foram registrados 1,25 incidentes/ano, indicando um incremento no nmero de acidentes no perodo de desregulamentao44. O grfico abaixo ilustra o nmero de incidentes por ano na regio.

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AUSTRALIAN MARITIME SAFETY AUTHORITY. Coastal Pilotage Services in Torres Strait and Great

Barrier Reef: An Issues Paper for Use with Consultation with Interested Parts. Australian Government, 2003.44

Esta anlise no leva em conta o possvel aumento no trfego martimo, nem mesmo a introduo de praticagem obrigatria em 1991. Para a anlise de uma relao causal estatisticamente vlida recomendado que os efeitos dos dois fatores citados sejam considerados. 46

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Figura 4.1.2 Acidentes por Ano na rea da Grande Barreira de Corais e Estreito de Torres6Nmero de Acidentes

5

43 2

10

1985 1986 1987 1988 1989 1990 1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 Sem Prtico Com Prtico

Fonte: AMSA. Alm das crticas quanto segurana na rea, um estudo da Australian Maritime Safety Authority (2000) 45 mostra uma deteriorao na condio de trabalho dos prticos, como mostra a citao abaixo: No entanto, como os prticos operam primariamente como prestadores de servios s empresas provedoras do servio, existe evidncia de que estas podem operar para a desvantagem e desincentivo aos prticos. (Australian Maritime Safety Authority, 2000)46.

45

AUSTRALIAN MARITIME SAFETY AUTHORITY. The Great Barrier Reef: Review of Safety Initiatives,

2000. Disponvel em < ttp://www.amsa.gov.au/shipping_safety/great_barrier_reef_and_torres_strait/review_of_safety_initiatives.asp >46

AUSTRALIAN MARITIME SAFETY AUTHORITY. The Great Barrier Reef: Review of Safety Initiatives,

2000. Disponvel em < http://www.amsa.gov.au/shipping_safety/great_barrier_reef_and_torres_strait/review_of_safety_initiatives.as p> 47

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No entanto, as revises de segurana e anlises de navegao na regio mostradas pela Australian Maritime Safety Authority indicam a preferncia pela continuidade do modelo de competio.

Nos EUA, houve competio entre grupos de praticagem em diversos estados, incluindo os estados do Alaska, Hawaii e Florida, mas o sistema de competio foi abandonado no incio da dcada de 2000.

No Alaska, entre 1981 e 2002, dois grupos de prticos competiam pelos servios das regies sudeste e sudoeste do estado. Isto foi devido crescente demanda por servios de praticagem gerada pela indstria de servios na regio. Em 2002, houve a fuso das organizaes. Este movimento foi apoiado pelas entidades reguladoras da profisso no estado, pois se entendeu que a fuso facilitou a fiscalizao e reduziu custos duplicados. Todavia, entidades de regulao econmica, como o Federal T