feminismo com sotaque gaÚcho | para saber e se engajar na causa

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FEMINISMO COM SOTAQUE GAÚCHO Por Marcos Carvalho Junior ‘‘Amélia não tinha a menor vaidade / Amélia é que era mulher de verdade / Às vezes passava fome ao meu lado / E achava bonito não ter o que comer’’ (Amélia, de Mario Lago e Ataulfo Alves). Frases com esta temática machista, imortalizadas nas vozes de grandes artistas nacionais, foram historicamente embutidas em nossas cabeças como naturais. Nomes respeitadíssimos, como os internacionais Friedrich Nietzche (Vais ver mulheres? Não esqueças o açoite) e Woody Allen (Pouquíssimas são as mulheres capazes de abrigar dois conceitos ao mesmo tempo) também ajudaram a propagar os pré-conceitos, com declarações explicitamente pejorativas, ao longo dos anos. E, também por muito tempo, tais ações costumavam não receber respostas à altura. Costumavam. A luta feminista por mais espaço na sociedade passou por independência do marido para ter o direito de trabalhar, de votar e ser votada, de viver mais. Já hoje, novembro de 2013, as causas não são mais as mesmas. Além da evolução natural dos ventos, muita coisa já foi, sim, conquistada. O que não significa que seja suficiente ou razoável. HEAD foi até Paolla Ungaretti, integrante do Coletivo Feminista Divergentes, de Porto Alegre, para saber quais são as causas que adaptam as bandeiras feministas à contemporaneidade. A resposta vem carregada de informações: estupros, mortes e baixos salários para mulheres com mesmo grau de instrução dos homens são apenas três das várias causas que fazem mulheres de todas as idades (todas mesmo) protestarem das formas mais diversas. E fazem, também, sussurrar uma pergunta retrô em nossos ouvidos. Que país é este? Como movimento, o feminismo apareceu com o Sufragismo (luta pelo direito ao voto feminino), considerado a Primeira Onda Feminista. Esta luta se intensificou no Brasil nas décadas de 20 e 30, sendo bem sucedida em 1932, mais especificamente. Depois, mesmo durante a ditadura militar, houve um movimento feminista ativo principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo. A Segunda Onda Feminista no Brasil se intensificou logo após a ONU declarar o ano de 1975 como o Ano Internacional da Mulher e, na década após esta data,

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Texto produzido por Marcos Carvalho Junior, na disciplina de Laboratório em Jornalismo I da Faculdade de Comunicação da PUCRS. Em novembro de 2013, foi publicado na edição piloto da revista HEAD.

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FEMINISMO COM SOTAQUE GAÚCHO

Por Marcos Carvalho Junior

‘‘Amélia não tinha a menor vaidade / Amélia é que era mulher de verdade / Às

vezes passava fome ao meu lado / E achava bonito não ter o que comer’’

(Amélia, de Mario Lago e Ataulfo Alves). Frases com esta temática machista,

imortalizadas nas vozes de grandes artistas nacionais, foram historicamente

embutidas em nossas cabeças como naturais. Nomes respeitadíssimos, como

os internacionais Friedrich Nietzche (Vais ver mulheres? Não esqueças o açoite)

e Woody Allen (Pouquíssimas são as mulheres capazes de abrigar dois

conceitos ao mesmo tempo) também ajudaram a propagar os pré-conceitos, com

declarações explicitamente pejorativas, ao longo dos anos. E, também por muito

tempo, tais ações costumavam não receber respostas à altura. Costumavam.

A luta feminista por mais espaço na sociedade passou por independência do

marido para ter o direito de trabalhar, de votar e ser votada, de viver mais. Já

hoje, novembro de 2013, as causas não são mais as mesmas. Além da evolução

natural dos ventos, muita coisa já foi, sim, conquistada. O que não significa que

seja suficiente ou razoável. HEAD foi até Paolla Ungaretti, integrante do Coletivo

Feminista Divergentes, de Porto Alegre, para saber quais são as causas que

adaptam as bandeiras feministas à contemporaneidade. A resposta vem

carregada de informações: estupros, mortes e baixos salários para mulheres

com mesmo grau de instrução dos homens são apenas três das várias causas

que fazem mulheres de todas as idades (todas mesmo) protestarem das formas

mais diversas. E fazem, também, sussurrar uma pergunta retrô em nossos

ouvidos. Que país é este?

Como movimento, o feminismo apareceu com o Sufragismo (luta pelo direito ao

voto feminino), considerado a Primeira Onda Feminista. Esta luta se intensificou

no Brasil nas décadas de 20 e 30, sendo bem sucedida em 1932, mais

especificamente. Depois, mesmo durante a ditadura militar, houve um

movimento feminista ativo principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo. A

Segunda Onda Feminista no Brasil se intensificou logo após a ONU declarar o

ano de 1975 como o Ano Internacional da Mulher e, na década após esta data,

passos como a criação do Fórum Feminista carioca e o Conselho Nacional dos

Direitos da Mulher foram de grande importância histórica. Já a década de 90 e o

início dos anos 2000 foram mais tímidos aqui, mas o feminismo sempre esteve

presente. E 2013, ano marcado por protestos e manifestações que exigiram

validade às vozes populares, onde se concentram essas causas feministas?

Paolla Ungaretti, 26 anos, professora de história e ativista no Coletivo Feminista

Divergentes, da Capital, sugere que o engajamento é a porta de entrada para

uma revolução contemporânea: ‘‘O feminismo atual é plural. Podemos falar de

feminismos, pois se somaram outras causas e hoje se enxerga a necessidade

de tratar seus temas mais profundamente. Posso citar dois exemplos

importantes para ilustrar: a causa LGBT e a visibilidade da mulher negra. Mas

existem muitos outros. Acredito que o que todos os envolvidos que constroem

os feminismos tenham em comum, voltando a falar de um feminismo no singular,

seja a vontade de viver num país justo. Temos dívidas históricas para sanar no

nosso país, o feminismo também busca isso. Sem feminismo não há revolução,

não podemos mudar muitas das injustiças com diversas minorias políticas que o

machismo causa’’, diz Ungaretti, que é natural do Rio e teve passagens por

Manaus e Montreal, no Canadá, antes de vir pra Porto Alegre.

Mostre o peito, exija respeito

Outro ato marcante, já conhecido dos brasileiros, é a Marcha das Vadias,

caracterizado pela grande quantidade de mulheres protestando com os seios à

mostra, combinado com palavras de ordem pintadas em cartazes e no próprio

corpo. Mas há uma preocupação (justificada) para que o movimento não seja

visto apenas como ‘‘mulheres sem blusa expondo seu corpo’’. A alcunha

‘‘vadias’’, alvo de interpretações preconceituosas, vem de uma declaração de

Michael Sanguinetti, policial canadense que, em janeiro de 2011, depois de

vários casos de estupro na Universidade de Toronto, fez uma observação para

que "as mulheres evitassem se vestir como vadias

(sluts, no inglês original), para não serem vítimas". Já no primeiro protesto, mais

de 3.000 pessoas foram às ruas. Aqui no Estado, três edições depois (a primeira

foi junto com as marchas da Liberdade e da Maconha, as outras duas

independentes), o evento já levanta expectativas por parte das organizadoras e

participantes.

‘‘No ano passado, 4 mil pessoas saíram às ruas. Foi a maior do país’’ - comemora

a publicitária Maria Fernanda Salaberry, 28 anos, uma das organizadoras do

evento anual em Porto Alegre. ‘‘Se o movimento feminista em geral está mais

amplo, com a Marcha das Vadias acontece o mesmo. Começou como uma

reação, pois estamos mais do que cansadas dessa culpabilização da vítima, e

foi agregando outras causas. O grito do começo só ganhou força e aumentou,

não há mais volta para o que era antes. Não seremos nem silenciosas e nem

silenciadas’’ -enfatiza Paolla Ungaretti. Além do já tradicional protesto que ganha

as ruas, atividades como cinedebates e oficinas de auto-defesa também são

disponibilizadas a quem se interessa pelas causas, mais intensificadas no

primeiro semestre.

Mesmo com significativa participação, quando o assunto é divulgação a censura

se torna um frequente obstáculo. Recentemente, o Coletivo Divergentes lançou

uma campanha online chamada ‘‘Mostre o peito, Exija respeito’’, que estimulava

as mulheres a seguir o modelo protestante que ganhou as ruas mundialmente

através das feministas. Mas a ideia foi rapidamente excluída da rede. ‘‘A

campanha começou com um ensaio fotográfico que, por mostrar mamilos

femininos, foi banido do Facebook em questão de horas. Isto é problema até

mesmo com as fotos da Marcha das Vadias, onde algumas foram retiradas e

nem mesmo mamilos apareciam. Porém, o site não retira do ar páginas

machistas, homofóbicas, transfóbicas e racistas. Mamilos são mais polêmicos

que a propagação e incentivo de preconceitos?

Parece que sim. A ideia veio para gritar sobre isso. Chega desse falso

moralismo, chega dessa sociedade que se escandaliza com uma parte do corpo,

mas que vira a cara e finge não ver tanta coisa errada. Se um mamilo te

incomoda mais que uma página que incentiva o estupro (caso real e que continua

online), você precisa rever seus conceitos urgentemente’’ - diz Paolla.

Daqui para frente

A luta não vai parar. Cada vez mais misturados à cultura gaúcha (são inúmeros

coletivos espalhados por todo o Estado), os movimentos feministas prometem

trabalhar muito nos próximos anos, focados na linha de conscientização e quebra

de preconceitos e desinformação que rodeiam a sociedade por vários motivos.

Até porque 2014 é ano de eleições, e a baixa representação feminina no

Congresso Nacional ainda evidencia um desnível na confiança nas mulheres.

Este é um grande obstáculo a ser superado em nível nacional. Em nome do

Divergentes, Ungaretti completa: ‘‘Acredito que estamos reavivando hoje, em

todo o Brasil, o feminismo, com mais força e ampliando seus campos. De certa

forma, em todo o mundo. Ainda temos muito pelo que lutar’’.

E você, briga pelo quê? Quem sabe, chegou a hora de deixar a poltrona, se vestir

de personalidade e ganhar as ruas. Articular com pessoas que pensam parecido

é um bom começo, independente da sua classe social, idade ou aparência.

Seja você a diferença - e não se envergonhe disso. Se tudo der certo, quem sabe

a gente se vê numa cobertura jornalística por aí. Lembre-se de nos contar que

tudo começou através desta matéria.

‘‘Amélia não tinha a menor vaidadeAmélia é que era mulher de verdadeÀs vezes passava fome ao meu ladoE achava bonito não ter o que comer’’(Amélia, de Mario Lago e Ataulfo Alves)---Frases com esta temática machista, imortalizadas

nas vozes de grandes artistas nacionais, foram historicamente embutidas em nossas cabeças como naturais. Nomes respeitadíssimos, como os interna-cionais Friedrich Nietzche (Vais ver mulheres? Não

esqueças o açoite) e Woody Allen (Pouquíssimas são as mulheres capazes de abrigar dois conceitos ao

mesmo tempo) também ajudaram a propagar os pré-conceitos, com declarações explicitamente pejorati-vas, ao longo dos anos. E, também por muito tempo, tais ações costumavam não receber respostas à altura. Costumavam.

A luta feminista por mais espaço na sociedade passou por independência do marido para ter o direito de trabalhar, de votar e ser votada, de viver mais. Já hoje, novembro de 2013, as causas não são mais as mesmas. Além da evolução natural dos ventos, muita coisa já foi, sim, conquistada. O que não significa que seja suficiente ou razoável. HEAD foi até Paolla Ungaretti, integrante do Coletivo Feminista Divergentes, de Porto Alegre, para saber quais são as causas que adaptam as bandeiras feministas à contemporaneidade. A resposta vem carregada de informações: estupros, mortes e baixos salários para mulheres com mesmo grau de instrução dos homens são apenas três das várias causas que fazem mulheres de todas as idades (todas mesmo) protestarem das formas mais diversas. E fazem, também, sussurrar uma pergunta retrô em nossos ouvidos. Que país é este?

FEMINISMOCOM SOTAQUE GAÚCHO

por Marcos Carvalho Junior

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09liberdade pra dentro da cabeça

‘‘Se um mamilo te incomoda mais que uma página que incentiva o estupro, você precisa rever seus conceitos

urgentemente’’

Paolla Ungaretti - Coletivo Feminista Divergentes

Como movimento, o feminismo apareceu com o Sufragismo (luta pelo direito ao voto feminino), considerado a Primeira Onda Feminista. Esta luta se intensificou no Brasil nas décadas de 20 e 30, sendo bem sucedida em 1932, mais especificamente. Depois, mesmo durante a ditadura militar, houve um movimento feminista ativo principalmente no Rio de Janeiro e São Paulo. A Segunda Onda Feminista no Brasil se intensificou logo após a ONU declarar o ano de 1975 como o Ano Internacional da Mulher e, na década após esta data, passos como a criação do Fórum Feminista carioca e o Conselho Nacional dos Direitos da Mulher foram de grande importância histórica. Já a década de 90 e o início dos anos 2000 foram mais tímidos aqui, mas o feminismo sempre esteve presente. E 2013, ano marcado por protestos e manifestações que exigiram validade às vozes populares, onde se concentram essas causas feministas? Paolla Ungaretti, 26 anos, professora de história e ativista no Coletivo Feminista Divergentes, da Capital, sugere que o engajamento é a porta de entrada para uma revolução contemporânea: ‘‘O feminismo atual é plural. Podemos falar de feminis-mos, pois se somaram outras causas e hoje se enxerga a necessidade de tratar seus temas mais profundamente. Posso citar dois exemplos impor-tantes para ilustrar: a causa LGBT e a visibilidade da mulher negra. Mas existem muitos outros. Acredito que o que todos os envolvidos que constroem os feminismos tenham em comum, voltando a falar de um feminismo no singular, seja a vontade de viver

num país justo. Temos dívidas históricas para sanar no nosso país, o feminismo também busca isso. Sem feminismo não há revolução, não podemos mudar muitas das injustiças com diversas minorias políticas que o machismo causa’’, diz Ungaretti, que é natural do Rio e teve passagens por Manaus e Montreal, no Canadá, antes de vir pra Porto Alegre.

Mostre o peito, exija respeito

Outro ato marcante, já conhecido dos brasileiros, é a Marcha das Vadias, caracterizado pela grande quantidade de mulheres protestando com os seios à mostra, combinado com palavras de ordem pintadas em cartazes e no próprio corpo. Mas há uma preocu-pação ( justificada) para que o movimento não seja visto apenas como ‘‘mulheres sem blusa expondo seu corpo’’. A alcunha ‘‘vadias’’, alvo de interpretações preconceituosas, vem de uma declaração de Michael Sanguinetti, policial canadense que, em janeiro de 2011, depois de vários casos de estupro na

Acima, Paolla conversa com nossa reportagem no Parque Farroupilha. Abaixo, Pandora, filha da feminista e representante da Marcha das Vadias Maria Salaberry, exibe cartaz feito por ela própria.

‘‘A sociedade nos faz sentir culpadas por muitas coisas. A marcha quer quebrar tabus e pré-conceitos’’Luális Rosa

‘‘A gente vê o olho das mulheres mais velhas brilhando, certamente por se sentirem representadas’’Tatiana Otto

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PARA SABER E SE ENGAJAR NA CAUSAPorto Alegre tem uma média de 74 mulheres vítimas de violência/estupro para cada 100 mil. Destes casos, 76% acontecem dentro de casa. A idade média da vítima é 18 anos. Do agressor, 36. Os bairros com maior incidência na Capital são Centro (18), seguido por Restinga (17) e Rubem Berta (15). Os dados foram levantados no período de Janeiro a Outubro de 2012. [FONTE: Secretaria de Segurança Pública do Rio Grande do Sul]

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25,5%RSN

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DIFERENÇA SALARIAL: MULHERES x HOMENS

27,1%BRASILM

ÉDIA

CATARINASANTA 34,2%

A PIOR MÉDIA

Com grau de instrução igual ou, em alguns casos, maior que o dos homens,o público feminino continua recebendo menos pelas mesmas funções[FONTE: IBGE - 2011/2012]

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Universidade de Toronto, fez uma observação para que "as mulheres evitassem se vestir como vadias (sluts, no inglês original), para não serem vítimas". Já no primeiro protesto, mais de 3.000 pessoas foram às ruas. Aqui no Estado, três edições depois (a primeira foi junto com as marchas da Liberdade e da Maconha, as outras duas independentes), o evento já levanta expectativas por parte das organizadoras e partici-pantes. ‘‘No ano passado, 4 mil pessoas saíram às ruas. Foi a maior do país’’ - comemora a publicitária Maria Fernanda Salaberry, 28 anos, uma das organi-zadoras do evento anual em Porto Alegre. ‘‘Se o movimento feminista em geral está mais amplo, com a Marcha das Vadias acontece o mesmo. Começou como uma reação, pois estamos mais do que cansadas dessa culpabilização da vítima, e foi agregando outras causas. O grito do começo só ganhou força e aumentou, não há mais volta para o que era antes. Não seremos nem silenciosas e nem silenciadas’’ - enfatiza Paolla Ungaretti. Além do já tradicional protesto que ganha as ruas, atividades como cinedebates e oficinas de auto-defesa também são disponibilizadas a quem se interessa pelas

causas, mais intensificadas no primeiro semestre.Mesmo com significativa participação, quando o

assunto é divulgação a censura se torna um frequen-te obstáculo. Recentemente, o Coletivo Divergentes lançou uma campanha online chamada ‘‘Mostre o peito, Exija respeito’’, que estimulava as mulheres a seguir o modelo protestante que ganhou as ruas mundialmente através das feministas. Mas a ideia foi rapidamente excluída da rede. ‘‘A campanha come-çou com um ensaio fotográfico que, por mostrar mamilos femininos, foi banido do Facebook em questão de horas. Isto é problema até mesmo com as fotos da Marcha das Vadias, onde algumas foram retiradas e nem mesmo mamilos apareciam. Porém, o site não retira do ar páginas machistas, homofóbi-cas, transfóbicas e racistas. Mamilos são mais polêmicos que a propagação e incentivo de precon-ceitos? Parece que sim. A ideia veio para gritar sobre isso. Chega desse falso moralismo, chega dessa sociedade que se escandaliza com uma parte do corpo, mas que vira a cara e finge não ver tanta coisa errada. Se um mamilo te incomoda mais que uma página que incentiva o estupro (caso real e que

A CADA2 DIAS

UMA BRASILEIRA POBRE MORREPOR ABORTO INSEGURO

NENHUMA MORTE

NO URUGUAI, ONDE O ABORTO

FOI LEGALIZADO,HOUVE MAIS DE 2.500 CASOS REGISTRADOS

NOS PRIMEIROS 6 MESES.

[FONTE: Ministério de Saúde Pública do Uruguai]

[FONTE: Org. Mundial da Saúde]

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Daqui para frente

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por todo o Estado), os movimentos feministas prometem trabalhar muito nos próximos anos, focados na linha de conscientização e quebra de preconceitos e desinformação que rodeiam a sociedade por vários motivos. Até porque 2014 é ano de eleições, e a baixa representação feminina no Congresso Nacional ainda evidencia um desnível na confiança nas mulheres. Este é um grande obstáculo a ser superado em nível nacional. Em nome do Divergentes, Ungaretti completa:

‘‘Acredito que estamos reavivando hoje, em todo o Brasil, o feminismo, com mais força e ampliando seus campos. De certa forma, em todo o mundo. Ainda temos muito pelo que lutar’’.

E você, briga pelo quê? Quem sabe, chegou a hora de deixar a poltrona, se vestir de personali-dade e ganhar as ruas. Articular com pessoas que pensam parecido é um bom começo, indepen-dente da sua classe social, idade ou aparência. Seja você a diferença - e não se envergonhe disso. Se tudo der certo, quem sabe a gente se vê numa

cobertura jornalística por aí. Lembre-se de nos contar que tudo começou através desta matéria.

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