fecharam

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7/17/2019 Fecharam http://slidepdf.com/reader/full/fecharam 1/1 Fecharam-se as portas atrás de mim. Exponho o meu corpo à revista e esforço-me por imaginar que ainda tenho intimidade. Entro num espaço sem mundo. Reservo a dignidade de pessoa que tenho e de cidadão que ainda sou. Direitos e deveres questionados, criticados, amordaçados, revistos, repensados entre cupas e m!ritos. Esforço por renascer dos grih"es de um tempo que não quero que vote, mas que marca, #ate, prende$ chama-me #aixinho. Disfarço, represento numa vida provis%ria à procura de uma verdade que não visum#ro.  &ou pessoa, sou cidadão, su'eito de direitos e deveres. E somos todos$ cidadãos( Entro num espaço sem o meu mundo e disputo um ugar para mim. )onheço regras, normas que cumpro peo dever de ordem e pa* na conviv+ncia socia. Recrio uma vida a ver pea 'anea as cegonhas que esvoaçam no c!u. )rio um mundo. outro, igua a mim$ não sou eu, pede i#erdade, soidariedade. Empresto a roupa que ainda possuo, partiho um cigarro 'á enroado, mantenho impo o meu espaço, mantenho impa a minha mente. Respeito(  omo por companheiro o me, a m/sica, o ivro. Espero o teefonema que me anima, a visita que me aconchega. Faço a formação que me instr%i, frequento a escoa que me forma. )onverso nos corredores e no pátio, distri#uo ohares e saudaç"es. )onvivo, aprendo, preparo-me, comprometo-me. 0esta ordem, espero, que as portas se a#ram e que a chave se'a minha.

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Page 1: Fecharam

7/17/2019 Fecharam

http://slidepdf.com/reader/full/fecharam 1/1

Fecharam-se as portas atrás de mim.

Exponho o meu corpo à revista e esforço-me por imaginar que ainda tenho

intimidade.

Entro num espaço sem mundo. Reservo a dignidade de pessoa que tenho e

de cidadão que ainda sou.

Direitos e deveres questionados, criticados, amordaçados, revistos,

repensados entre cupas e m!ritos.

Esforço por renascer dos grih"es de um tempo que não quero que vote,

mas que marca, #ate, prende$ chama-me #aixinho.

Disfarço, represento numa vida provis%ria à procura de uma verdade que

não visum#ro.

 &ou pessoa, sou cidadão, su'eito de direitos e deveres. E somos todos$cidadãos(

Entro num espaço sem o meu mundo e disputo um ugar para mim.

)onheço regras, normas que cumpro peo dever de ordem e pa* na

conviv+ncia socia.

Recrio uma vida a ver pea 'anea as cegonhas que esvoaçam no c!u. )rio

um mundo.

outro, igua a mim$ não sou eu, pede i#erdade, soidariedade.

Empresto a roupa que ainda possuo, partiho um cigarro 'á enroado,

mantenho impo o meu espaço, mantenho impa a minha mente. Respeito(

 omo por companheiro o me, a m/sica, o ivro.

Espero o teefonema que me anima, a visita que me aconchega.

Faço a formação que me instr%i, frequento a escoa que me forma.

)onverso nos corredores e no pátio, distri#uo ohares e saudaç"es.

)onvivo, aprendo, preparo-me, comprometo-me.

0esta ordem, espero, que as portas se a#ram e que a chave se'a minha.