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FEVEREIRO | MARÇO 2017 1 PORTIMÃO Revista do Boa Esperança ‘à venda’ ALBUFEIRA Contra a exploração de aquacultura AMBIENTE Pepino-do-mar algarvio é sucesso na Ásia ANO XI • N.º 72 • FEV. / MAR. 2017 • 1€ WWW.ALGARVEVIVO.PT LAGOA Humorfest traz o melhor da comédia Noras, uma herança árabe

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FEVEREIRO | MARÇO 2017 1

PORTIMÃORevista do Boa Esperança ‘à venda’

ALBUFEIRAContra a exploraçãode aquacultura

AMBIENTEPepino-do-mar algarvio é sucesso na Ásia

ANO XI • N.º 72 • FEV. / MAR. 2017 • 1€

WWW.ALGARVEVIVO.PT

LAGOA Humorfest traz o melhor da comédia

Noras, uma herança árabe

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ESTE MÊS

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Regressar e recordar 2007

RUI PIRES SANTOS DIRECTOR

evereiro de 2017 marca o regresso da edição em papel da Algarve Vivo. Depois de uma breve interrupção – o último número publicado foi em Junho do ano passado

–, voltamos ao contacto com os nossos leitores. Durante esta ausência estivemos sempre ativos com o nosso sítio na Inter-net (www.algarvevivo.pt), mas o objetivo foi voltar com a edição de papel, preenchendo um vazio no Algarve.Ao longo deste período, durante o qual tenho estado ligado a outro projeto editorial, foram algumas as pessoas que me iam questionando sobre a revista - em Portimão, Lagoa e mesmo em Albufeira –, procurando saber as razões porque já não a editava. Recordaram-me os temas diferentes que a Algarve Vivo abordava, os eventos que divulgava e a paginação criativa que apresentava, salientando o facto de não existir atualmente nenhuma revista em português em versão impressa no Algar-ve. Essas pessoas, não foram centenas, foram apenas algumas, deram um ‘empurrãozinho’ para este regresso. Recordei, en-tão, os primórdios da revista, a motivação e a ambição que em junho de 2007 levaram ao arranque deste projeto. O desejo de ter uma revista diferente, que se distinguisse das restantes que na altura existiam, e na qual pudesse fazer boas reportagens e mostrar o que de melhor o Algarve tem, sempre com uma abordagem distinta. Procurámos desde o primeiro número – e conseguimo-lo – fazer diferente do que já se fazia na região, pois só isso justificaria a nossa chegada, na minha perspetiva. Agora, numa conjuntura e cenário completamente diferente, regressamos pelos nossos leitores, pelo nosso desejo e gosto de fazermos jornalismo, bem como divulgar a nossa região, os eventos e a cultura que cá se faz e desenvolve. Estabelecidos contactos com algumas empresas e entidades, conseguimos assim viabilizar a Algarve Vivo que volta em 2017 à sua perio-dicidade bimestral.Agradeço aos leitores, às pessoas que me interpelaram e aos nossos parceiros e anunciantes. Alguns marcam já presen-ça nesta edição, outros o farão a partir da próxima, em abril, enquanto alguns, não querendo ficar de fora, estarão connos-co pontualmente, noutros edições do ano. O nosso obrigado pela confiança e esperamos não defraudar as expetativas de ninguém, prometendo, enquanto jornalistas, realizar o nosso trabalho o melhor que sabemos. Certo estou é que teremos sempre conteúdos interessantes e que serão do vosso agrado.

20REPORTAGEMSugestões para um Inverno estimulante no Algarve

22ARTE

Manuel Gamboa – criatividade perdura aos 91 anos

28AMBIENTEPepinos-do-mar algarvios apreciados na Ásia

8MADE IN ALGARVE

Laranja da região possui qualidades únicas

Proprietário e Editor: PressRoma, Edição de Publ. Periódicas, Unip. Lda. Morada: Rua Direita, nº 13 8400-483 Porches Contribuinte: 508134595 ALGARVE VIVO Diretor: Rui Pires Santos Colaboradores: Celso Matos, Irina Fernandes, José Manuel Oliveira, Fernando Manuel Vieira, Miguel Santos, Marisa Avelino e Nuno Coutinho Fotografia: Eduardo Jacinto e Kátia Viola Projeto e Edição Gráfica: Sérgio Pratas da Costa Paginação: Vanessa Correia Redação: Rua Direita nº13 8400-483 Porches Telefone: 967823648 E-mail: [email protected] Nº do Depósito Legal: 260121/07 Nº de registo na ERC: 125192 Tiragem: 2000 exemplares Periodicidade: Bimestral Impressão: Litográfis - Artes Gráficas, Lda. – Pavilhão AA, VaLe Paraíso, 8200-567 Ferreiras (Albufeira). Estatuto Editorial: http://algarvevivo.pt/sobre-nos/

11 FLAGOA

Humorfest com o melhor da comédia nacional

FEVEREIRO/MARÇO 2017

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PELOS ALGARVES

FEVEREIRO / MARÇO 20174

DESEMPENHO EXEMPLAR NO ANO PASSADO

A 30 DE MARÇO NAS MANHÃS DE SÁBADO

Algarve lidera turismo nacional com resultados históricos

IKEA de Louléprestes a abrir portas

Crianças de Silves brincam ao teatro

A loja IKEA Loulé abre portas a 30 de março, tornan-do mais acessíveis às famílias do Algarve produtos de mobiliário e decoração que privilegiam forma, função, qualidade e sustentabilidade a preços bai-xos. O novo espaço inclui um centro comercial, com abertura prevista para o verão de 2017, e um ‘outlet’, num investimento total de cerca de 200 milhões de euros. Com aproximadamente 24.000 m², está dis-tribuída por dois pisos.

A companhia AL Teatro propõe para Silves, a partir de 4 de março, uma oficina de expressão dramática dirigida a crianças entre os  6 e 12 anos, que serão convidadas a vir passar as manhãs de sábado, das 10h30 ao 12h30, explorando os campos da imagina-ção, sensibilidade e criatividade de uma forma lúdi-ca e divertida. As inscrições para a oficina, a realizar no auditório da FISSUL, encontram-se abertas até 3 de março.

Em 2016 o Algarve registou mais de 18 milhões de dormidas na hotelaria, marca nunca antes alcançada por nenhum destino turístico nacional e que hoje foi divulgada pelo Instituto Nacional de Estatística (INE). O   Algarve alcançou o primeiro lugar em Por-

tugal não apenas em relação às dormidas de estrangeiros (14,2 milhões, que representam 37,2% de todas as dormidas de estran-geiros no país), como também de residentes (3,9 milhões, ou seja, 25,4% do total das dormidas de residentes em Portugal). Os pro-

veitos totais da hotelaria regional fecharam o ano passado com uma subida acentuada face a 2015, na ordem dos 19,4 por cento, para um valor recorde de 904,6 milhões de euros, e os proveitos de aposento aumentaram 21,1 por cento, para 666,4 milhões de euros.

Natação adaptada

O FC Ferreiras encontra-se a ministrar aulas de natação a 22 crianças com necessidades educativas especiais, nas Pisci-nas Municipais de Albufeira. Em breve, o número deverá aumen-tar para 40, após assinatura de protocolo com o Agrupamento de Escolas Albufeira Poente.

Alte recebe passeio-maratonaEstão abertas inscrições para o 19.º Passeio-Maratona BTTAlte Algarve, marcado para 25 de abril na zona envolvente de uma aldeia que já foi consi-derada uma das mais típicas de Portugal. A prova decorre por entre trilhos e paisagens da serra e barrocal algarvios. Informações em bttalte.pt. 

Arade é tema de JornadasAs Jornadas do Arade regressam entre 10 e 12 de março próximo, numa organização da associação Teia D’Impulsos que terá lugar no Museu de Portimão. O evento, subordinado ao tema ‘Aradismo’, juntará participantes dos concelhos de Lagoa, Monchique, Silves e Portimão.

Elite equestre em VilamouraEstá a decorrer até 2 de abril a edição deste ano do Vilamoura Atlantic Tour, um dos mais prestigiados concursos hípicos do circuito internacional. Ao longo do evento participam mais de mil cavalos de 30 nacionalidades e cerca de 300 cavaleiros oriundos de todo o mundo. O torneio tem um ‘prize money’ de 800 mil euros.

D.R.

D.R. D.R.

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6 FEVEREIRO / MARÇO 2017

ÚLTIMA EDIÇÃO PUBLICADA FOI EM JUNHO DE 2016

Algarve Vivo de regressoEdição em papel volta com maior diversidade, algumas novidades e novas secções.

A Após cerca de meio ano sem chegar aos leitores na edição de papel, a Algarve Vivo está de regresso em 2017, ano em que voltamos à nossa periodicidade bimestral e sem interrupções na publicação.

Ao longo deste período foram vários os incentivos dos leitores para que regressá-mos, recordando-nos a qualidade da ima-gem, os conteúdos diferentes, os textos diretos e acessíveis, qualidades que sempre distinguiram a Algarve Vivo das diferentes publicações, desde o primeiro número, em

junho de 2007.Reunidos alguns apoios de entidades

e empresas – umas começam connosco já nesta edição, outras juntar-se-ão na próxi-ma, em abril –, decidimos avançar e tentar fazer aquilo que já fazíamos antes, mas com algumas inovações, novas temáticas e sec-ções em estreia.

Como sempre foi nosso apanágio, pro-curaremos mostrar o melhor do Algarve, com ênfase sobre a área dos eventos e es-petáculos, mas sem nunca esquecer temas

de interesse para os nossos leitores. A di-versidade de temáticas e a abordagem dos mesmos de uma forma construtiva e posi-tiva, simplificando a forma de transmiti-los, continuarão a ser o ADN principal da nossa revista.

É com alegria que voltamos às mãos dos nossos leitores. Esperamos, mais uma vez, estar à altura das vossas exigências e contribuir para bons momentos de leitura. É esta a nossa obrigação, é este o nosso com-promisso.

IMPRENSA

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Uma nova geração de cuidados de saúde mais perto de siA new generation of health care you

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Cardiologia Dr. Alberto FelizardoDermatologia Dr.ª Manuela LoureiroFisiatria e Medicina de ReabilitaçãoDr. Carlos Machado | Dr. Miguel CostaDr. Rui SalesTerapia da FalaDr.ª Tânia FranciscoPsiquiatriaDr.ª Maria José VarandaEndocrinologiaDr. Jorge PortugalMedicina DentáriaDr.ª Sara MendesMedicina Geral e FamiliarDr. João Gomes | Dr. Luis Neves Sena Dr. Nelson Santos | Dr. Ponces de CarvalhoDr.ª Maria Jesus Barradas Medicina Interna Dr. António Cabral | Dr. Vanessa Machado

UrologiaDr. Miguel RodriguesNutriçãoDr.ª Cristina GarrochoNutrição DesportivaDr. Marco PereiraOftalmologiaDr. Carlos GiãoOrtopedia Dr. Rui de SousaOtorrinolaringologiaDr. Vitor RebeloPediatriaDr.ª Regina MoreiraPsicologiaDr.ª Sandra DiogoImunoalergologiaDr.ª Filipa RibeiroPsicoterapiaDr.ª Jacqueline Blanquine

www.clinicaparticulardelagoa.pt

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8 FEVEREIRO / MARÇO 2017

PRODUTOS DA ÉPOCA

A qualidade dos citrinos do AlgarveConheça alguns dos benefícios do consumo e as características das laranjas algarvias, consideradas por muitos como as melhores do mundo.

I Introduzidos na região pelos mouros, os citrinos do Algarve bene-ficiam de uma fama que vem de longe. Destacam--se pela sua casca fina, in-tensamente colorida e bri-lhante, e pela quantidade de sumo particularmente doce

As caraterísticas cli-máticas da região proporcionam uma maior produção em dezem-bro/janeiro e em junho/julho. Quando se fala em citrinos pensamos de imediato em laranjas, clementinas, tangeri-nas, toranjas, limões... Sendo esta a época forte dos citrinos, nada como destacar as suas qualidades e possíveis utilizações.

A laranja é uma das frutas com maior quantidade de vitamina C, que é indispensável para o nosso organis-mo e que nos ajuda a aumentar as defe-sas, tão necessárias nos meses de frio. Os principais benefícios do seu consumo são a redução do colesterol alto, manuten-ção de uma pele saudável  e prevenção do envelhecimento precoce e fortalecimento do sistema imunitário. Além disso, previne ainda a arteriosclerose e protege o coração

Limão e clementinaO limão é outro cítrico que abunda no Inver-no. É característico pelo seu sabor ácido e refrescante. Os limões também têm vitami-na C, assim como muitas outras vitaminas e minerais. Embora não seja uma fruta para comer na sua forma natural, pode ser utili-zado numa infinidade de pratos, sobreme-sas e bebidas.

Aproveite as frutas da época,

são mais ricas nutricionalmente

Benefícios da laranja

Limonada

Variedades de Laranja- Reduz o colesterol alto - Mantém a pele saudável e previne o envelhecimento precoce - Fortalece o sistema imunitário - Previne a arteriosclerose e protege o coração

Esprema os limões e coe, até ficar com 375ml de sumo de limão. Junte 200g de açúcar e mexa bem. Adicione a raspa de 1 limão, 3 garrafas de água com gás (cerca de 75cl), cubos de gelo e, se gostar, algumas folhas de hortelã.

A clementina, que não deve ser con-fundida com a laranja, é a mais pequena da família dos citrinos. Caracteriza-se por um aroma e sabor requintado e também nos ajuda a proteger contra as constipações. No que respeita à utilização dos citrinos nos co-zinhados, nada como umas simples rodelas

D. JOÃO

LANELATE

NAVELINA

NEWHALL

junho a agosto Sub-variedade da Valencia Late.

fevereiro a abrilCasca: finaTamanho médio a grande, embora ligeiramente menor que a variedade Newhall.

outubro a fevereiro Cor: laranja intenso Casca: delgada

outubro a fevereiro Cor: laranja intenso Casca: delgada

MADE IN ALGARVE

de citrinos frescos  - laranja, lima, limão ou toranja - num estufado ou assado de carnes para realçar os sabores e dar frescura a um prato mais pesado. Basta colocar as rodelas na travessa antes de ir para a mesa. Boa re-feição!

Colaboração ‘Amêndoa Doce’

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FEVEREIRO | MARÇO 2017 9

P

ENTREVISTA

ANA TERESA GONÇALVES, BIÓLOGA PORTUGUESA

“O peixe de aquacultura é bom e recomenda-se” Investigadora estuda no Chile formas de melhorar a saúde dos animais em aquacultura.

Pode descrever de for-ma sucinta, para os, leigos, o que faz profissionalmente?Sou bióloga marinha e pesquei-ra, especializei-me em saúde animal em aquacultura e atual-mente sou investigadora em nutrigenómica de salmões na Universidade de Concepción, no Chile. O meu trabalho é in-vestigar o potencial de suple-mentos funcionais, como os pré ou probióticos introduzidos na dieta de salmões em cultivo. A ideia é desenvolver estratégias nutricionais alternativas, livres de químicos e drogas, que au-mentem o bem-estar animal e a resistência dos peixes ao stress do cultivo intensivo. Para reduzir a utilização de químicos?O objetivo é produzir peixes mais saudáveis e resistentes a doenças e a fatores stressantes e, desse modo, não só reduzir a necessidade da utilização de drogas terapêuticas como os antibióticos, mas também o au-mento da sustentabilidade do sector aquícola, não só no Chile mas a nível mundial.

O que há de particularmente

entusiasmante na sua área de trabalho?Hoje tenho a sorte de ainda ter acesso a peixe selvagem que foi pescado e que não sofreu qualquer intervenção humana no seu percurso de vida, mas in-felizmente não sei se a próxima geração vai ter a mesma sorte. Mas tenho a certeza que vamos querer continuar a comer peixe, quanto mais não seja pela qua-lidade proteica que representa. Assim sendo, a aquacultura é sem qualquer dúvida a alter-nativa. Então, gosto de pensar que, se temos de produzir peixe, dedico-me a fazer os possíveis para que esse peixe seja de qua-lidade e tenha uma vida o mais saudável possível.

O peixe de aquacultura é bom? A ideia de base é utilizar produ-tos de origem natural e tentar dar à natureza o que a natureza nos dá. Do mesmo modo que os iogurtes são benéficos para nós, regulando a nossa micro-biota intestinal, os probióticos neles presentes são igualmente benéficos para os peixes por-que protegem o intestino, que é um dos órgãos mais impor-tantes nos vertebrados. Acho fascinante poder fazer algo tão simples como alimentar peixes com uma dieta suplementada com uma bactéria de iogurte ou uma simples levedura de pão, e conseguir que estes peixes tenham um sistema imunitário muito mais activo e funcional

e um intestino saudável. Infe-lizmente o sector aquícola não tem ainda a confiança do consu-midor que deveria ter, mas atra-vés do meu trabalho, quando me perguntam, posso dizer que sim: o peixe de aquacultura é bom e recomenda-se!

Por que motivos decidiu emi-grar?Em 2005, eu fiz o meu estágio de licenciatura em Biologia Ma-rinha e Pescas da Universidade do Algarve numa piscicultura industrial intensiva. Portugal era uma opção pela qualidade de programas de mestrado, mas não pela parte de financia-mento. Idealizei um potencial projeto para mestrado e con-

corri a uma bolsa de estudo no Japão. O governo nipónico teve interesse na minha proposta e recebi bolsa de mestrado e de doutoramento na Universidade de Ciências Marinhas e Tecno-logia de Tóquio. Durante esses anos pude aprender bastante e construí um caminho que me le-vou até ao Chile em 2013. Chega-da lá, encontrei um país com um enorme potencial a nível cien-tífico, e tive a sorte de integrar um grupo de trabalho jovem e dinâmico com um nível cientifi-co de ponta, difícil de encontrar onde quer seja no mundo.

Ciência na Imprensa Regional – Ciência Viva

D.R.

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FEVEREIRO| MARÇO 201710

T

HOMENAGEM E VALORIZAÇÃO DE MONUMENTOS

Lagoa dedica ano ao patrimónioDezenas de eventos preparados e associados à temática.

MIGUEL SANTOS

LAGOA

Tal como em 2016, Lagoa volta a atribuir um tema para o ano para destacar um aspeto da sua cultura e identidade e promover eventos associados ao mesmo. O património foi a temática escolhida pela autar-quia em 2017, período em que irão decorrer dezenas de ações.

Além dos eventos de maior monta e já habituais, a Câmara vai organizar inúmeras iniciati-vas culturais, de música à arte, em diferentes monumentos e sítios do concelho, como forma de os dar a conhecer e de os va-lorizar. Por exemplo, entre mar-ço e setembro vai realizar-se o projeto ‘Percursos do Patrimó-nio’, que vai mostrar diversos

locais com história.O ciclo Guitarra e Patrimó-

nio, no Convento de S. José, a 8

de abril, é outro de vários even-tos dedicados ao ano temático. “Esta é uma ocasião para des-tacar a importância da cultura e da história locais, permitindo ao concelho dar-se a conhecer nesta vertente ao seu povo e a quem o visita. É uma oportuni-dade de mostrarmos o que so-

ATÉ 31 DE AGOSTO

Prémio Santos Stockler avança para segunda ediçãoA Câmara Municipal de La-goa volta a promover este ano o prémio literário Santos Stockler, que homenageia o poeta, romancista e jornalista lagoense, numa iniciativa que pretende divulgar e defender a identidade e diversidade socioculturais do concelho, ao mesmo tempo que incentiva a criação literária e o gosto pela leitura.

Até 31 de agosto próximo, todos os interessados, nacio-nais ou estrangeiros, poderão enviar os seus trabalhos iné-ditos no género conto, subor-dinados ao tema ‘Património: Olhar o Passado Rumo ao Futuro no Concelho de Lagoa’.

O prémio a atribuir será unitário e constará do valor pecuniário de dez mil euros, além da publicação da obra por editora a escolher pela Câmara Municipal de Lagoa.

Os pedidos de informação serão dirigidos à Biblioteca de Lagoa através do telefone 282 380 436 ou email: [email protected].

Entre março e setembro

vai realizar-se o evento

‘Percursos do Património’

2014 O MAR 2015 O VINHO 2016 A NOSSA

GENTE, A NOSSA IDENTIDADE

2017 O PATRIMÓNIO

Os anOs temát icOs

mos capazes de fazer em prol da salvaguarda, valorização e promoção dos sítios e monu-mentos da nossa terra”, salienta Francisco Martins, presidente da Câmara de Lagoa.

Certo é que este será mais um ano de muita cultura em Lagoa, num ‘casamento’ quase perfeito com os principais mo-numentos e sítios do concelho, que assim receberão diferentes espetáculos musicais e revelar--se-ão ao público.

CM LAGOA D.R.

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FEVEREIRO | MARÇO 2017 11

O

EVENTO ASSEGURA EM MARÇO O MELHOR DO TEATRO DE COMÉDIA

Humorfest promete muito risoBruno Nogueira, Nilton, Joaquim Monchique, Ana Bola e Dário Guerreiro sobem ao palco.

O Auditório Municipal vai receber ao longo do mês de março algumas das melho-res peças do teatro de comédia a nível na-cional, na sequência do Humorfest, Festival de Humor de Lagoa. As noites de 10, 11, 18, 24 e 25 de março, sempre a partir das 21h30, serão de muitas gargalhadas e boa disposi-ção.

O evento tem início no dia 10 com o es-petáculo de ‘stand-up comedy’ de Bruno No-gueira. Com o seu humor típico e apreciado por muitos fãs, esta será seguramente uma noite animada. No dia seguinte, Joaquim Monchique apresenta ‘God’, numa comédia que aborda as questões que têm atormen-tado os homens desde a criação do planeta. ‘God’ anuncia como vão as coisas pela terra e, ao constatar que não estão assim tão bem, vê-se obrigado a intervir no rumo da humanidade, de forma a tornar a vida mais aprazível. Para isso, conta com a ajuda dos

RUI PIRES SANTOS

seus arcanjos,  Miguel  e  Gabriel, persona-gens interpretadas pelos atores Diogo Mes-quita e Rui Andrade.

Na semana seguinte, a 18 de março, Ana Bola surge ‘Sem Filtro’, um monólogo que, de uma forma ligeira e bem-disposta, funciona como uma crítica direta e sem papas na lín-gua a uma realidade gritante: a total falta de respeito pela arte, pelos artistas e pelo tra-balho sério, que é substituído por atentados ao talento e à experiência.

A 24 de março, é a vez do algarvio Dá-rio Guerreiro, mais conhecido como Môce dum Cabréste, apresentar o espetáculo ‘O Lendário’, num serão muito animado com pronúncia carregada e sem papas na língua.

A edição de 2017 do Humorfest ‘fecha’ no dia 25 com Nilton, o mais votado pelo pú-blico na edição do ano passado, razão pela qual regressa ao festival. Ao seu estilo, o humorista é garantia de mais uma noite de

p r O g r a m a

Dia 10 BRUNO NOGUEIRA

Dia 11 ’GOD’, Joaquim Monchique

Dia 18 ‘SEM FILTRO’, Ana Bola

Dia 24 ‘LENDÁRIO’, MÔCE

DUM CABRÉSTE Dário Guerreiro

Dia 25 NILTON

gargalhada. Os bilhetes custam 10 euros e estão

à venda no Convento de S. José (282 380 434), em ticketline e no Auditório Municipal de Lagoa na noite do espetáculo.

D.R.

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FEVEREIRO| MARÇO 201712

EVENTO JUNTA AS MELHORES VOZES APÓS TRÊS ELIMINATÓRIAS

Raquel Tavares é a estrela na final dos ‘Sons do Fado’

RUI PIRES SANTOS

É É um dos mais antigos festivais de fado amador da região e tem revelado algumas das vozes que são hoje uma re-ferência no Algarve. Os ‘Sons do Fado’ têm a final marcada para 4 de março, no Centro de Con-gressos do Arade, no Parchal, contando com a atuação da co-nhecida fadista Raquel Tavares.

Como habitualmente, após a atuação dos concorrentes e anúncio do vencedor, terá lu-gar o espetáculo com Raquel Tavares, numa plateia em que são esperadas cerca de 900 pessoas. Depois de três elimi-natórias, foram selecionadas as melhores vozes que vão tentar convencer o júri da final. Peran-

Raquel Tavares vai abrilhantar grande final do certame

te uma sala esgotada – assim tem sido nas últimas quatro edições –, os finalistas terão a oportunidade de interpretar dois fados, procurando a vitória no concurso e assim dar mais um passo para uma carreira no fado.

Os bilhetes estão à venda e podem ser adquiridos no Con-vento de S. José (282 380 434)

ou em Ticketline. Custam oito euros e há descontos disponí-veis para os portadores do pas-saporte cultural.

Casa cheia garantidaÀ imagem de anos anteriores, os cerca de 900 lugares do Centro de Congressos do Ara-de vão estar cheios. Não só por familiares dos concorrentes

que participam na final do con-curso, mas também por muitos apreciadores de fado e dezenas e dezenas de estrangeiros. Aliás nas últimas edições tem sido notória a adesão cada vez maior do público estrangeiro residen-te a este evento, também ele já um assumido fã incondicional de fado.

A 30 DE JANEIRO

Escolas de Lagoa assinalaram Dia Escolar da Não-Violência A 30 de janeiro passado comemo-rou-se o Dia Escolar da Paz e da Não-Violência, com diversas ati-vidades nas escolas do concelho de Lagoa, com o apoio da Câmara Municipal, no âmbito do Projeto ‘Portal B* – Uma escola feliz é o que se quer’.

A iniciativa serviu para valori-

zar a cultura da paz, da partilha e da solidariedade. Foram criados grupos de voluntários/ativistas sociais (jovens estudantes que se ofereceram para ajudar os outros) que desenvolverão atividades nas escolas, apelando à visão de par-tilha, equidade e cidadania ativa.

O acompanhamento técnico

deste projeto é da responsabili-dade do PortalBullying.com.pt, plataforma de referência na área da prevenção do ‘bullying’ e da vio-lência em meio escolar.

O Projeto ‘Portal B – Uma es-cola feliz é o que se quer’ é uma parceria entre a Câmara Munici-pal, a Associação de Pais APELA

XXI e os Agrupamentos de Esco-las ESPAMOL e Rio Arade, com o objetivo de preparar a comunida-de educativa para agir na promo-ção de comportamentos saudá-veis e na prevenção da violência em meio escolar, um problema cada vez mais premente na atual sociedade.

Final realiza-se a 4 de março no Centro de Congressos do Arade.

D.R.

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FEVEREIRO | MARÇO 2017 13

O

CONTRIBUTO PARA FUTURA ROTA TURÍSTICA DO ALGARVE

Monumentos e sítios de interesse vão ser identificados Património edificado de Lagoa vai ter legendas de identificação e pequeno historial.

Os principais monumen-tos e sítio de interesse do con-celho de Lagoa vão passar a ter ainda este ano uma legenda identificativa do edifício ou lo-cal, com um pequeno texto ex-plicativo. Esta é uma medida da Câmara Municipal para turistas e para uma identificação de uma rota turística no Algarve.

Em ano de ‘Património’ em Lagoa, depois das temáticas ‘O Mar’, ‘O Vinho’, ‘A Nossa Gente, a Nossa Identidade’, o presidente da Câmara Municipal, Francisco Martins, antecipa um pouco da-quilo que será a ação do municí-pio nesse âmbito.

“Alguma coisa nos distingue de outros concelhos. Somos todos portugueses, algarvios, mas também somos lagoenses. Da mesma forma que outro con-celho tem os seus monumentos e o seu património, nós temos o nosso e temos vindo a preser-vá-lo. É mérito de quem este-ve antes de mim, ao longo dos anos, este concelho tem uma harmonia em termos de patri-mónio muito grande. Temos três edifícios classificados - o Pro-montório da Senhora da Rocha, a Igreja Matriz de Estômbar e o Forte do Arade. Além disso, contamos com uma série de ca-

sas senhoriais, as nossas traças, as vilas de Porches e de Estôm-bar. É isso que vamos potenciar”, salienta.

Nesse sentido, ainda este ano os monumentos do conce-lho passarão a estar devida-mente identificados e legen-

dados. “Vamos passar Lagoa do passado para o futuro, que é o sub-lema do ano de 2017. O ano temático é a valorização do património e demonstrar às pessoas que há que preservá-lo, melhorá-lo, conservá-lo. Recen-temente a Câmara adjudicou a

colocação dos identificativos nos nossos monumentos e sí-tios de interesse. É que em La-goa nenhum edifício tem uma legenda à entrada para que os turistas saibam o que é aquilo. É uma identificação para uma rota turística no Algarve.”

JOSÉ MANUEL OLIVEIRA

D.R.

CM LAGOACM LAGOACM LAGOA

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FEVEREIRO| MARÇO 201714

LAGOA RECEBE PELO MENOS DOIS JOGOS DA COMPETIÇÃO

Relvados algarvios voltam a receber as craques da bolaAlgumas das melhores seleções vão discutir a Algarve Cup 2017, o mais famoso torneio de futebol feminino.

J Já é conhecido o calen-dário de jogos da edição 2017 da Algarve Cup, que este ano servi-rá de ensaio geral para o  Cam-peonato da Europa, a disputar em julho  e agosto em terras holandesas e no qual Portugal participará pela primeira vez.

A 24ª edição do popular-mente conhecido Mundialito Feminino  colocou  Portugal no Grupo 1, juntamente com as seleções de Rússia,  Dinamarca e  Canadá, medalha de bronze nos Jogos Olímpicos Rio 2016. Participam ainda as seleções de Espanha, Japão, Noruega, Is-lândia, Austrália, China, Holanda e Suécia, tendo todos os jogos entrada livre.

Rússia apadrinha PortugalOs encontros da primeira fase terão lugar em Lagos, Albufeira, Vila Real de Santo António, Bela Vista/Parchal e no Estádio do Algarve, entre Loulé e Faro, com o seguinte alinhamento:1 DE MARÇO: Japão-Espanha (14h45-Parchal); Holanda--China (15h00-Albufeira); Por-tugal-Rússia (15h00-Lagos); Austrália-Suécia (18h30-Albu-feira); Noruega-Islândia (18h30--Parchal); Dinamarca-Canadá (18h30-Lagos);3 DE MARÇO: Japão-Islândia (14h45-Parchal); Austrália-

FERNANDO MANUEL VIEIRA

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4

Depois da estreia em 1994, a Algarve Cup cumpre este ano a 24ª edição, sem nenhum interregno

Uma dúzia de seleções participam no popular Mundialito Feminino

São cinco os relvados onde a prova se disputará, de barlavento a sotavento

Quatro das equipas participantes integram atualmente o ‘top10’ mundial - Canadá (4ª), Austrália (6ª), Japão (7ª) e Suécia (8ª).

-Holanda (15h00-VRS António); Rússia-Canadá (15h00-Estádio Algarve); China-Suécia (18h30--VRS António); Espanha-No-ruega (18h30-Estádio Algarve); Portugal-Dinamarca (19h00--Parchal);6 DE MARÇO: Islândia-Espanha (14h45-VRS António); Noruega--Japão (14h45-Estádio Algar-ve); China-Austrália (15h00-

-Albufeira); Suécia-Holanda (15h00-Lagos); Canadá-Portu-gal (19h00-Estádio Algarve); Rússia-Dinamarca (19h00-VRS António).

A Federação Portuguesa de Futebol, organizadora da presti-giada competição internacional, ainda não definiu os locais e ho-rários das partidas referentes à fase decisiva, estando apenas

assegurado que as mesmas te-rão lugar em Albufeira, na Bela Vista/Parchal e no Estádio do Algarve, onde se disputará a final, marcada para 8 de março.

FOTOS: CM LAGOA

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FEVEREIRO| MARÇO 201716

PORTIMÃO

ASSUNTOS SÉRIOS ABORDADOS DE FORMA DIVERTIDA

Revista à portuguesa ‘comprada’ por chinesesDão-se os retoques finais na revista à portuguesa “Thô xaringado e mal pague”, cuja estreia está marcada para 24 de fevereiro no palco do Boa Esperança Atlético Clube Portimonense.

TEXTO: FERNANDO MANUEL VIEIRA | FOTOS: CÁTIA RODRIGUES

F Fiel a uma tradição com meio século, o grupo liderado pelo ator, autor e encenador Carlos Pacheco promete elevar a fasquia e, aproveitando como ponto de partida uma expres-são tipicamente algarvia, pro-põe muito humor e garante boa disposição.

Em exclusivo à Algarve Vivo,

revela os pontos altos do espe-táculo: “O título e a imagem, com recurso a caracteres e símbolos chineses, refletem os primei-ros dez minutos de ação, onde satirizaremos a venda de em-presas nacionais e a invasão do comércio asiático. Na verdade, também a revista à portuguesa do Boa Esperança não escapou

a esse surto. O público vai ficar espantado, mas nos primeiros dez minutos só irão ouvir chinês, e fluente…!”

Convidados de luxo“A partir daí, convidaremos algu-mas personalidades e só espe-ramos que elas aceitem o desa-fio, desde Donald Trump a Maria

Leal (que se complementam na perfeição…), passando por Toni Carteira e outros. Haverá ainda rábulas sobre os dadores de sangue da Clínica Da Dor, so-bre uma ‘operação stop’ à caça dos pontos da carta de condu-ção, sobre o fado (atualmente a cair numa certa banalidade), apresentando em alternativa

O elenco do Boa Esperança promete arrancar muitas gargalhadas ao público da revista

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FEVEREIRO | MARÇO 2017 17

uma tasca onde se canta em inglês,… Enfim, são muitos os motivos para o público passar um bom momento connosco”, sublinha o responsável.

Pontos altos da revista não faltarão: “Teremos ainda a Angela Merkel a pedir à rainha de Inglaterra para regressar à União Europeia, com a ajuda de uma diplomata-emigrante por-tuguesa que faz limpezas no Pa-lácio de Buckingham. O que se passa nos dias de hoje na cama entre casais novos ou mais ve-teranos é outro dos temas que irão divertir o auditório, que por certo se irá rever nas situações criadas. Também haverá um quadro com alentejanas que pela primeira vez vão à praia, esquecendo a devida depilação, além de grandes momentos mu-sicais a cargo do jovem fadista João Leote, nomeadamente a apoteose, com recurso a muito brilho, seguindo as atuais ten-dências da revista à portugue-sa”, sublinha Carlos Pacheco.

Espetáculo que na génese se centrava na realidade de Por-timão, as últimas realizações têm-se afastado do quotidiano local. “Optámos por não focar tanto a nossa cidade, para que toda a gente entenda os temas abordados, pois a revista tor-nou-se cada vez mais regional, com reflexos nacionais e até internacionais. Não fazia sen-tido estarmos a falar de temas demasiado localizados, não en-tendidos por quem seja de fora”, explica o autor.

Visual do melhorPara além da representação, o enquadramento estético cons-titui outro aspeto que caracte-riza a revista do Boa Esperança. “Neste ano teremos imensos adereços, talvez seja a edição recordista, em termos de entra-das e saídas de cena, ao mesmo tempo que contaremos com uma ótima vertente de luzes LED e uma sonorização exce-

lente, ao nível do melhor que se faz lá por fora”, garante Carlos Pacheco, para quem “não é ne-cessário ir-se a Lisboa para ver um visual tão fantástico.”

O elenco de “Thô xaringado e mal pague” inclui cinco bailari-nas, três delas caras novas, en-tre as quais a coreógrafa Sara Pina, e cinco atores, dos quais se destaca a estreia de Nicole Gonçalves. A propósito, Carlos Pacheco destaca: “A Nicole tem grande tarimba e é uma exce-lente aquisição. Ela mudou-se recentemente de Lisboa para Armação de Pera e ofereceu--nos os seus préstimos, na se-quência da projeção que o nosso espetáculo vai tendo. Claro que a aceitámos de braços abertos.”No total, são cerca de 30 pes-soas envolvidas, entre atores, bailarinas, técnicos de luz e som, elementos de bastidor e aderecistas.

Sem apoios oficiaisA escassos dias da estreia, “e, portanto, sem conseguir ainda contabilizar os dinheiros en-volvidos”, o responsável estima que já tenham sido despendidos “mais de 30 mil euros em prepa-rativos, faltando ainda quan-tificar uma série de despesas, todas elas a honrar com verba própria e que poderá triplicar

esse número. Isto é um espetá-culo que sai caro, não contamos com nenhuns apoios oficiais, e é por isso que não existem muitas coisas similares por aí…!”

Para além de duas deze-nas de empresas algarvias que contribuem com donativos para esta coletividade de utilidade pública, destinados a colocar de pé a revista do Boa Esperan-ça, “raros são os outros apoios recebidos”, reconhece Carlos Pacheco, que garante: “Neste momento já não precisamos de bater à porta dos empresários, pois eles reconhecem o valor do espetáculo, que lhes permitirá depois alguma visibilidade.”

Ainda nesta temática, o encenador destaca “o apoio da Câmara Municipal, apenas de âmbito promocional nas redes sociais e na cedência de uns quantos espaços públicos para promovermos a revista, publici-dade essa paga por nós. Depois, há um protocolo celebrado com a Junta de Freguesia de Porti-mão, que nos cede uma verba de apoio institucional em troca de bilhetes, a distribuir por ca-renciados e idosos. De resto, há bastante tempo que já não nos damos ao trabalho de pedir quaisquer ajudas a entidades oficiais, pois não vale a pena o tempo perdido.”

O cartaz artístico de “Thô xaringado e mal pague” inclui os atores Flávio Vicente, Telma Brazona, Sandra Rodrigues e Nicole Gonçalves, liderados por Carlos Pacheco. O jovem fadista portimonense João Leote abrilhantará os momentos musicais, sendo o corpo de baile composto por Filipa, Lara, Rafaela, Sara e Vânia. A revista à portuguesa estará em cena na sala do Boa Esperança, com capacidade para 250 espetadores, até meados de maio próximo, seguindo-se a habitual digressão pelo Algarve, a agendar oportunamente. As sessões terão lugar às 21h30 nas sextas-feiras e sábados, enquanto aos domingos haverá espetáculos às 14h30 e às 17h30. A reserva de bilhetes pode ser feita aos dias úteis, entre as 15h00 e as 21h00, pelos seguintes números: 282 422 976 / 967 188 290 / 910 418 476.

Preparam-se os últimos detalhes do próximo espetáculo

As coordenadas

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FEVEREIRO| MARÇO 201718

ENTRE 24 E 28 DE FEVEREIRO

Portimão recebe 6º Festival Internacional de PercussãoEvento reúne muitos músicos estrangeiros e inclui 3º EncontróBaixo.

MIGUEL SANTOS

A A Academia de Música de Lagos realiza entre os dias 24 e 28 de fevereiro o 6º Festi-val Internacional de Percussão de Portimão, que este ano tem o Carnaval como pano de fundo.

O evento, que conta com o apoio do Conservatório de Por-timão Joly Braga Santos, reuni-rá prestigiados músicos de re-nome nacional e internacional, contando com a participação de Vincent Houdijk (Holanda), Nuno Aroso (Portugal), Vicky Marques (Portugal), André Sil-va (Portugal), Dave Boyd (Fra-me Drums Atlantic, Irlanda), Rui Silva (Frame Drums Atlan-tic, Portugal), Sérgio Almeida (Rhakkatta, Portugal) e Miguel Ralha (MISSOM, Portugal) res-petivamente no vibrafone, ma-rimba, bateria, bodhrán, adufe, percussão africana e ateliê di-dáticos.

Junta-se à iniciativa, mais uma vez, o já icónico Encon-tróBaixo, que na sua terceira edição levará a Portimão o acla-mado grupo de jazz português Carlos Barretto Lokomotiv, além de Marc Ramirez (Metro-politana de Lisboa / EUA), Hugo Santos (Portugal), Luísa Marce-lino (Portugal), Jean-Christian Houde (Orquestra Clássica do Sul / Canadá) e Gabor Bolba

(Orquestra Clássica da Madeira / Hungria).

Por toda a cidadeDo programa fazem parte a realização de mais de 15 ‘workshops’/’masterclasses’ e seis concertos, que se distribui-rão por alguns dos espaços mais emblemáticos da cidade, como o Teatro Municipal, o auditório do Museu de Portimão, a Casa Manuel Teixeira Gomes, o core-to na zona ribeirinha, o Largo da Mó, a Alameda da República e a antiga lota.

Neste ano, sob o mote do

Carnaval, realizar-se-á o desfile de abertura com o grupo Bom-boémia da Universidade do Mi-nho e a participação dos alunos das escolas do Ensino Básico de Portimão, agendado para 24 de fevereiro, pelas 10h30, a partir da Alameda da República de Portimão rumo à Praça 1º de Maio. Quanto ao grande desfile de encerramento, terá lugar na Terça-feira Gorda, a partir das 14h30.

A iniciativa tem a parceria institucional da Câmara Muni-cipal de Portimão e o apoio da Junta de Freguesia local, entre

15

7

6

‘workshops’/’masterclasses’

Espaços públicos

Concertos

outros, estando disponíveis in-formações complementares e o programa detalhado em: www.academiamusicalagos.pt /.

Cidade de Portimão volta ser invadida por percussionista de renome

D.R.

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FEVEREIRO | MARÇO 2017 19

APOSTA NA FORMAÇÃO DE JOVENS CABELEIREIROS

Grupo Victor Picardo inaugura Academia

FERNANDO MANUEL VIEIRA

Investimento indireto na ordem dos 250 mil euros visa criar condições que garantam a empregabilidade de todos os formandos.

Uma equipa de jovens e talentosos cabeleireiros acompanha Victor Picardo neste ambicioso projeto

N No ano em que o Grupo Victor Picardo assinala duas décadas e meia de existência, abre na cidade de Portimão uma academia vocacionada para a formação de uma nova geração de cabeleireiros, devidamente sintonizada com as tendências internacionais.

O espaço, situado na Ro-tunda Salgueiro Maia, possui características únicas e aposta no curso profissional de cabe-leireiro unisexo. Segundo Victor Picardo, “as expetativas de ade-são são excelentes, tanto mais que os nossos alunos podem contar com uma empregabilida-

de na ordem dos 90 por cento. E isto porque lhes abriremos por-tas junto de empresas do ramo, as quais reconhecem o nosso valor”. O curso terá a duração de 18 meses, com 4 horas diá-rias de aulas teóricas e práticas, agregado a um estágio de nove meses, fora ou dentro do grupo.

A realização de workshops, destinados a apoiar o cabelei-reiro profissional na base das atualizações, também cons-tituirá uma das vertentes. “A nossa equipa de formadores viaja muito para extrair as no-vas tendências do mercado, pois queremos estar sempre à frente”, especifica o fundador da Academia, devidamente vali-dada pelo Instituto de Emprego e Formação Profissional.

Além disso, o espaço está equipado para proporcionar sessões fotográficas. “Os ca-beleireiros poderão assim va-lorizar o seu próprio trabalho, tirando fotos dos clientes para promoverem o que são capazes de produzir, evitando o recurso a posters ou cartazes este-reotipados, onde imperam os modelos de agência”, elucida o responsável.

“Eventos artísticos e ses-sões fotográficas são comple-tamente inovadores no meio, aqui na região, e complemen-tam-se. O artístico demora mui-to tempo a preparar, dois a três dias por evento, para que tudo saia perfeito no momento da apresentação pública. Depois, há que tirar fotos para efeitos

de arquivo ou portfólio. São duas ferramentas que conside-ramos fundamentais”, defende Victor Picardo.

Criatividade sem limites“Depois de Lagos e Lagoa, este é o meu maior investimento até à data, na ordem dos 100 mil euros diretos, mas que poderá atingir os 250 mil globais”, re-vela o empresário, para quem “a única maneira de fazer com que esta indústria cresça é partilhá--la e passar ensinamentos para a próxima geração, seja ela nos-sa concorrente direta ou não… Partilhar é o meu lema.”

O novo espaço, com cerca de 300 m2, surge em Portimão pela dinâmica e centralismo da cidade. Inclui ainda a VP Hair Shop, loja destinada aos profis-sionais da área e público em ge-ral, disponibilizando aos alunos todos os materiais necessários inerentes à formação.

Segundo o investidor, “queremos ser uma academia inspiradora, pelo ambiente aco-lhedor. Pretendi criar um palco perfeito para que a criatividade não tenha limites. Agorsa, só desejo que todos os que entrem aqui sintam um clima cosmo-polita e internacional, estando em Portimão, mas sentindo-se transportar para Londres, Paris. Madrid ou Milão.”

CAMILLE LEON

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FEVEREIRO| MARÇO 201720

REPORTAGEM

TOME NOTA DE SUGESTÕES QUE PODERÃO TORNAR OS SEUS DIAS BEM MAIS ‘QUENTES’

Inverno estimulante no AlgarveEventos culturais, parques temáticos, turismo rural, uma simples caminhada pela praia ou um dia de spa, são ideias para umas miniférias diferentes nesta estação do ano.

RUI PIRES SANTOS

H Há quem considere o Algarve uma chatice no Inverno. Ficar em casa no sofá, sentar-se longas horas no café ou passear--se pelos centros comerciais são as únicas alternativas que restam aos algarvios du-rante a época mais fria do ano. Mas a rea-

lidade pode - e deve - ser bem diferente. Basta combater o comodismo, a inércia e apelar à imaginação para se viverem e expe-rienciarem agradáveis momentos de lazer na região.

Por isso, e para combater mentalidades,

a Algarve Vivo apresenta algumas dicas para um dia ou um fim-de-semana diferente, dirigidas a todos os gostos e idades, mas sempre agradáveis, ativas e, quem sabe, surpreendentes. Combata o sedentarismo e vá á descoberta da sua região.

Não faltam paisagens bonitas e sugestivas na região, quer no litoral quer na natureza

Com mais ou menos sol, num dia ameno ou um pouco mais frio, um passeio numa praia algarvia e sentir o cheiro da maresia, é sem-pre algo retemperador. Sentir o cheiro do sal e do iodo do mar é ótimo para a saúde e pode ser um bom tónico para a mente. Op-ções não faltam e há sempre uma esplanada onde poderá desfrutar do sol e até, se esti-ver a necessitar, de uma bebida quente.

Vaguear pela praiaComo num filme de ‘cowboys’, quem é que nunca se imaginou a cavalgar em cima de um garboso cavalo em direção ao horizon-te? Se já lhe passou essa imagem pela ideia, então agora é o momento de a pôr em práti-ca num dos centros hípicos existentes. Um exemplo disso, é o Real Picadeiro, em Pêra. Saiba mais aqui: http://www.equisport.pt/ http://www.realpicadeiro.com/

Passeios a cavalo2.1.

D.R.

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FEVEREIRO | MARÇO 2017 21

Ainda na senda da cultura, poderá sempre assistir a um dos espetáculos da Orquestra Clássica do Sul, que realiza inúmeros even-tos na região ao longo do ano. É uma das me-lhores orquestras do país e o público estran-geiro residente na região já se rendeu por completo ao talento destes músicos. Mas ao longo do ano o que não faltam no Algarve são eventos culturais. Loulé, Lagoa, Lagos e Faro dispõem de salas de qualidade com es-petáculos quase todos os fins-de-semana,

Descalce os sapatos do dia-a-dia e calce antes uns sapatinhos de sola lisa cedidos pelo local que lhe vamos indicar. E do que é que se faz acompanhar sempre este tipo de sapatos? De uma bola pesada, colorida e com três buracos, que se atira com toda a pujança, a fim de fazer cair os pinos no fun-do da pista. Já sabe do que estamos a falar? ‘Bowling’. Telefone aos seus amigos dirija-se a um dos salões existentes no Algarve: Faro, Alvor ou Albufeira.

Umas casas no cimo de um monte, com uns caminhos pedestres e muitas árvores. É assim que nos é apresentada a Quinta da Calma, em São Lourenço, à saída de Alman-cil. Trata-se de um espaço holístico onde se pode praticar yoga ou simplesmente pas-sear pela mata. Aí pode passar um fim-de-se-mana relaxante, alugando uma das casinhas disponíveis, tendo a possibilidade de assis-tir a palestras ou fazer uma leitura da aura. http://www.quinta-da-calma.com

Se não receia o frio ou a chuva e gosta de fazer caminhadas ou passeios de BTT em trilhos por entre árvores e moitas, montes e arbustos, nada melhor que percorrer a Via Algarviana. Junte os amigos ou a famí-lia e parta à descoberta sem o receio de se poder perder, porque todos os caminhos encontram-se devidamente sinalizados e têm manutenções periódicas, ao nível dos equipamentos fixos instalados, da sinali-zação e da própria viabilidade do percurso em pontos específicos. Aqui respira-se o ar puro, limpa-se os pulmões, eleva-se o espíri-to e lava-se a alma.

‘Bowling’

Yoga Chás e docinhosObservação de aves

Música clássica e outros eventos3.

5. 7.6.

4.

desde de concertos, teatro ou dança.

Nicho de turismo com um peso cada vez maior, o ‘birdwatching’ (observação de aves) é algo que muitos algarvios, e mesmo turis-tas portugueses, ainda não descobriram. Ver de perto ou fotografar diferentes espé-cies de aves, muitas delas raras que apenas passam pelo Algarve em períodos específi-cos (durante as migrações), pode ser muito agradável para adultos e crianças. A Lagoa dos Salgados, em Albufeira, é um dos prin-cipais locais de observação, assim como a Ria Formosa, a Península de Sagres, a Mata da Conceição de Tavira, a Ria de Alvor ou a Reserva Natural do Sapal de Castro Marim.

Mercados

Tacadas no ‘stress’

Ar puro

9.

10.8.

Se existe algo que faz parte do nosso ima-ginário de infância, é o grito das vendedoras de peixe, de fruta ou de roupa. Então porque não tirar a manhã para ir até ao mercado mu-nicipal mais perto de si, sentindo o perfume da fruta fresca e ouvindo os pregões das

vendedoras do peixe. Existem mercados municipais em Portimão, Loulé, Lagoa, São Brás de Alportel, Lagos, Faro e Olhão. Passe por lá e vai descobrir muita qualidade e pro-dutos regionais que não encontra noutros espaços comerciais.

O golfe atrai cada vez mais praticantes aos diversos ‘greens’ de excelente qualidade que salpicam a paisagem algarvia. Não é por acaso que, nos últimos anos, o Algarve foi eleito mais do que uma vez como o melhor destino golfístico do mundo. A conferir em ‘greens’ como os do Parque da Floresta (Vila do Bispo), Penina (Portimão), Gramacho (La-goa), Amendoeiras (Silves), entre outros.

Numa tarde fria ou cinzenta, porque não experimentar algo bem típico da nossa região, nomeadamente ao nível da doça-ria. A ‘Quinta dos Avós’, no Algoz, e a ‘Casa da Isabel’, em Portimão, são dois espaços bem acolhedores, de decoração rústica, com o melhor da doçaria regional. Além de uma grande diversidade de chás, pode-rá encontrar os mais típicos e deliciosos doces tradicionais. Duas propostas muito agradáveis para uma tarde bem passa-da na companhia da familia ou de amigos. Visite e experiencie.

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FEVEREIRO| MARÇO 201722

ARTE

ARTISTA ALGARVIO MANTÉM-SE ATIVO AOS 91 ANOS

“Pintar é escrever poesia numa tela”Apesar da avançada idade, Manuel Gamboa continua a produzir madrugada fora.

A Algures nos campos de Vale d’El-Rei, concelho de La-goa, o artista plástico algarvio Manuel Gamboa dá asas à cria-tividade, na plenitude dos seus 91 anos. Num estúdio onde o conforto é mínimo, distribuem--se dezenas de telas pintadas a óleo, com diferentes formatos.

Noctívago assumido e aves-so a rotinas, Gamboa reconhe-ce: “Trabalho quase sempre de

noite, porque a madrugada é algo maravilhoso e inspirador e a pintura não passa de um sonho. Nos meus quadros não preciso de modelos, porque eles saem de mim. Basta-me pensar em algo, por vezes ao ouvir sons que nem imaginava existirem.” “Nunca me dou por satisfeito”Sobre o papel que o Algarve representa no seu processo

criador, o artista afirma: “A inspi-ração da minha terra natal vem das paisagens, que admiro para mim mesmo, porque não as re-produzo. No entanto, é claro que toda a beleza algarvia, nomea-damente esta luz única, acaba por me influenciar.”

Autodidata, não se revê em nenhuma corrente artística: “Se me perguntarem porque fiz determinado quadro, sou inca-

paz de explicar, pois limitei-me a senti-lo e a passá-lo para a tela. Depois, nunca me dou por satisfeito. O mesmo sucederá ao poeta, que muda constante-mente as palavras. Isto é uma atividade solitária, uma neces-sidade interior, em que não an-tecipamos nada.”

“No meu ponto de vista, a pintura e a poesia têm uma se-melhança extraordinária” subli-

TEXTO: FERNANDO MANUEL VIEIRA | FOTOS: KÁTIA VIOLA

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FEVEREIRO | MARÇO 2017 23

nha, antes de confessar: “O branco mete-me muito medo… Por isso, primeiro começo a sentir o que poderei fazer, antes de usar as cores.”

Turismo cultural“Na existência de uma pessoa faltará sem-pre qualquer coisa, porque ninguém é dono de si ou da própria vida. A minha filosofia é – portanto - viver um dia de cada de vez, se possível de forma intensa”, considera o artista. Não obstante os seus 91 anos, Manuel Gamboa continua a acreditar no futuro, sob reservas: “Há tempos, um críti-co de arte escreveu num jornal alemão que o Algarve deve orgulhar-se de eu aqui ter nascido. Também defendeu que as minhas obras apenas deviam sair de Portugal por empréstimo. Será importante que alguém com responsabilidades reconheça que o tu-rismo cultural ganha cada vez maior terreno e que esse poderá ser um interessante polo atrativo para os que nos visitam à procura de algo mais do que sol e praia.”

Talvez o mais idoso artista algarvio ain-da em atividade, Gamboa não esconde o seu desencanto: “Enquanto isso não acontece, os meus quadros e gravuras vão saindo para fora, porque preciso de algum dinheiro para subsistir. Salvo a devida modéstia, é um pa-trimónio da região e do próprio país que se está a perder.” A interação com o público está sempre presente

“Os meus quadros e gravuras vão

saindo para fora, porque preciso

de algum dinheiro para subsistir.”

Quem é Manuel Gamboa

Orgulhoso filho de uma peixeira que ven-dia no Mercado Municipal de Lagoa, Ma-nuel Rosário Gamboa das Neves nasceu a 24 de maio de 1925. Pertence à geração de pintores neo-realistas que na década de 1950 tiveram de abandonar Portu-gal para prosseguir a sua veia criativa, regressando ao Algarve em 1987. É há muito uma referência mundial na pintura e está representado em vá-rias coleções públicas e privadas, por todos os continentes. O seu nome foi atribuído a uma sala de exposições do Convento de S. José, em Lagoa, municí-

pio que o distinguiu muito recentemente pelo conjunto da sua obra.

“Quanto a mim, a pintura e a

poesia têm uma semelhança

extraordinária.”

O artista na blogosfera

Apreciador confesso do artista e da sua vasta obra, ‘João de Lagoa’ criou na blogosfera uma página sobre Manuel Gamboa: http://mgamboa.blogspot.pt/. Segundo este admirador, Gamboa “ cultiva dominantemente a pintura, o desenho e a escultura, mas experimenta e, pontualmente, ensaia ou realiza trabalhos em quase todas

as modalidades plásticas e visuais: cerâmica, tapeçaria, arte pública e monumental. A sua produção gráfica é particularmen-te apreciável, quer no desenho, quer na gravura (linóleo, serigrafia), na monotipia e no batik (pintando sobre tecidos, em modelos originais de vestuário).”

Da tela para os livros

Existem diversos livros que citam, de forma mais ou menos desenvolvida, o nonagenário artista e o percurso artístico do pintor algar-vio. Dois foram inteiramente consagrados ao seu trabalho, a saber: ‘Manuel Gamboa – A arte por vida’, de Joaquim Saial e editado em 1998, e ‘Gamboa – Cântico à Vida’, de Jo-sé-Luís Ferreira e lançado em 2005, ambos com o selo da Câmara de Lagoa. Neste momento, a escritora e linguista Maria Helena do Carmo está em fase de conclusão de uma biografia sobre o pintor, a ser editada nos próximos meses, a qual se encontra em fase de revisão pelo próprio Manuel Gamboa.

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FEVEREIRO| MARÇO 201724

SOCIEDADE

VIVENDO E APRENDENDO

‘Calinadas’ de português altamente comprometedorasA forma como escrevemos tem um impacto fundamental em termos de credibilidade, sobretudo quando o fazemos em nome da nossa empresa. 

R Receber um email ou um orçamento com erros leva-nos a questionar, mesmo que incons-cientemente, a competência de quem está do outro lado. Quan-do há calinadas ortográficas no site ou nas publicações par-tilhadas nas redes sociais por uma determinada empresa, é a boa imagem da mesma que fica em causa.

Dos muitos erros com que tropeçamos diariamente, uns bem mais embaraçosos que ou-tros, a Algarve Vivo selecionou nove perfeitamente evitáveis, à consideração dos leitores:

1. Há / àA confusão entre o há com “h”, presente do verbo haver, e o à, sem “h”, que é a contração da preposição “a” com o artigo de-finido no feminino singular “a”, atrapalham muita gente. Uma dica que pode ajudar: se for possível substituir a expressão pelo verbo ”existir” (sinónimo de haver) ou a frase implicar tem-po, devemos usar “há”.

2. Ir de encontro / ir ao encontro deAparece muitas vezes este erro

nossos amigos, mas infelizmen-te está também nas publica-ções que muitas marcas fazem na mesma rede. As duas formas estão corretas, mas enquanto “tivesse” deriva do verbo ter, “estivesse” é uma conjugação do verbo estar. Uma e outra forma nunca levam “s” no final na segunda pessoa do singular. As palavras “estivestes” ou “ti-vestes” são formas da segunda pessoa do plural;

6. ás / àsÉ comum sermos informados que o melhor horário para a reu-nião é das 14h “ás” 15h00 ou ver-mos num site de um restaurante que está aberto das 19h00 “ás” 23h00. “Ás” com acento agudo está relacionado com o univer-so do jogo (ás de espadas, por exemplo) ou pode ser usado para designar alguém que é muito bom em determinada ati-vidade. Quando nos referimos a espaço ou tempo, o acento deve ser grave (às);

7. Contatos / ContactosEm Portugal, apesar do acordo ortográfico, contactos mantém o “c”, dado que pronunciamos

essa consoante. De resto, esta regra aplica-se a todas as ou-tras situações semelhantes, como “de facto”;

8. FãnEste erro tornou-se muito co-mum com as redes sociais. As páginas têm  “fãs”  e cada um pode ser  “fã”  de alguém ou de alguma coisa. As palavras fãn e fãns não existem. “Fan” e “fans” (sem acento) são palavras em inglês;

9. Fala-se / FalassePor fim, eis mais um erro que povoa os chats nas redes so-ciais, mas infelizmente salta para sites, emails e publicações de marcas. “Fala-se” é uma for-ma do presente do indicativo e refere-se a uma ação real. “Fa-lasse” é uma forma do imperfei-to do conjuntivo e designa uma ação provável.  Um truque dos professores de português para não errar - construir a frase na negativa: “Hoje não se fala mui-to de política. Gostava que não se falasse de economia”. Se o “se” muda de lugar, então signi-fica que é separado por hífen.

em propostas para clientes e emails que se pretendem mais formais, momentos em que não convém mesmo escrever com erros.  Quando escrevemos “ir de encontro” para indicar que estamos em sintonia com a outra parte, afirmamos preci-samente o contrário, pois isso significará colisão entre as par-tes. A expressão correta a usar é “ir ao encontro de”. 

3. Na minha opinião pessoalBasta escrever  “Em minha opi-nião” ou  “Na minha opinião”. Afinal, todas as opiniões são pessoais. As frases ficam mais simples, mais curtas e são en-tendidas mais facilmente;

4. Ciclo viciosoEsta é mais uma daquelas ex-pressões que se usa em relató-rios e documentos quando se quer impressionar. O problema é que a expressão “ciclo vicioso” está errada.  A forma correta é “círculo vicioso”;

5. Tivesse / estivesseA confusão entre o “tivesse” e “estivesse” está no chat do Fa-cebook quando falamos com os

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FEVEREIRO | MARÇO 2017 25

A

ALBUFEIRA

PRODUÇÃO DE OSTRAS E VIEIRAS POSTA EM CAUSA

Câmara contesta aquacultura em mar abertoSão várias as vozes que se levantam contra o projeto a instalar ao largo da cidade.

A Câmara Municipal de Albufeira voltou a deliberar por unanimidade, em reunião do executivo do passado dia 7 de fevereiro, contestar o pedido de instalação de uma explo-ração de aquacultura em mar aberto, ao largo do porto de abrigo da cidade, destinada à produção de ostras e vieiras.

A autarquia qualifica a ini-ciativa contrária ao interesse público, considerando que o pe-dido deverá ser indeferido.

O projeto, que é de nature-za privada, esteve em fase de consulta pública até ao passa-do dia 17 de fevereiro, tendo a autarquia transmitido o teor da referida deliberação a vá-rias entidades, nomeadamente à Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Algarve, ao Ministério do

Mar, ao Ministério do Ambien-te, ao comandante do Porto de Portimão, à Direção-Geral de Recursos Naturais, Segurança e Serviços Marítimos, à Agên-cia Portuguesa do Ambiente, à AMAL, a todos os municípios da região e à Assembleia Muni-cipal. O propósito é tentar invia-bilizar a exploração de bivalves ao largo da costa, a 7,3 km a sudoeste do porto de abrigo de

Albufeira.

“Contraria interesse público”Já no passado mês de agosto a edilidade havia manifestado publicamente a sua clara oposi-ção à exploração de bivalves em Albufeira, razão que levou o exe-cutivo liderado por Carlos Silva e Sousa a reiterar a deliberação tomada nessa altura, onde se refere que “tal estabelecimen-

to contraria manifestamente o interesse público benefician-do, em exclusivo, interesses particulares”. O Município local reforça agora a sua posição, referindo que a instalação “tem consequências graves no ecos-sistema, uma vez que a estru-tura em causa incide sobre uma zona de maternidade de diver-sas espécies e moluscos”.

MIGUEL SANTOSCM ALBUFEIRA

RESPONSÁVEIS LOCAIS RECONHECEM VANTAGENS DA MEDIDA

Época balnear alargada é para repetirA medida foi decidida na se-quência de uma recente reunião entre responsáveis autárquicos e os concessionários dos apoios balneares e recreativos, na qual também marcaram presença

representantes da Agência Por-tuguesa do Ambiente, Autorida-de Marítima, GNR, Associação de Nadadores Salvadores de Albufeira, Serviço Municipal de Proteção Civil e Bombeiros Vo-

luntários locais. O encontro ser-viu para fazer o balanço do ano anterior e definir as estratégias para 2017, tendo o presidente da Câmara, Carlos Silva e Sou-sa, lembrado que Albufeira tem

vindo a optar por uma época balnear alargada desde 2009. No seu entender, “a experiência tem-se revelado bastante posi-tiva, uma vez que garante a se-gurança dos veraneantes”.

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FEVEREIRO| MARÇO 201726

A

SÃO ESPERADOS LARGOS MILHARES DE FOLIÕES

Descobrimentos e ‘geringonça’ inspiram Carnaval Nos dias 25, 26 e 28 de fevereiro, a Avenida José da Costa Mealha (conhecida como o ‘sambódromo’) recebe a edição de 2017 do mais antigo corso do país.

A época de ouro da história de Por-tugal será recriada em tom de paródia na edição deste ano do Carnaval de Loulé, jun-tando nos desfiles agendados para três dias de festa rija - sempre a partir das 15h00 - das figuras dos navegadores e monarcas res-ponsáveis pelas conquistas marítimas aos heróis da atualidade, personalidades bem conhecidas do desporto ou da política. Mas

o contexto internacional também não será esquecido e, mais uma vez, os principais lí-deres do mundo vão estar em Loulé, através de uma sátira acutilante.

Também a ‘geringonça’, considerada a palavra de 2016 em Portugal após votação nacional, marcará presença através da fan-tasia e imaginação da equipa responsável pela conceção do corso.

MIGUEL SANTOS

Passado e presenteO público que acorrer a Loulé será trans-portado à época em que se destacaram a descoberta do caminho marítimo para a Ín-dia por Vasco da Gama, ou para o Brasil por Pedro Álvares Cabral. Esse espírito vitorio-so transitará para os dias de hoje, em que os heróis são a seleção nacional de futebol que triunfou no Euro 2016 comandada por ‘D. Fernando Santos, o Conquistador’. Num período de monarcas, destacar-se-á ainda a mediática figura de ‘D. Marcelo’, que irá espalhar muitos beijinhos e abraços pelos espetadores do corso louletano, ao coman-do da ‘Nau Presidencial’.

A autarquia local porá à disposição do público o aluguer de fatos e adereços de Carnaval, possibilitando que todas as pessoas possam entrar na folia vestidos a rigor. Uma das novidades será a exposição deste espólio, produzido ao longo dos anos pelo Município de Loulé, nas monstras das lojas do comércio da Praça da República.

Os bilhetes têm um preço de 2 euros e as receitas arrecadadas irão reverter a fa-vor de instituições de solidariedade social do concelho.

Desfile de escolasPara além do corso, a Câmara de Loulé promove uma série de iniciativas inseridas no Carnaval. Logo no arranque dos feste-jos, na sexta-feira, 24 de fevereiro, pelas 10h00, cerca de três mil alunos do 1º Ciclo e jardins-de-infância das escolas públicas e privadas da cidade participam no Carnaval Infantil, iniciativa que tem por objetivo en-volver a comunidade escolar nesta tradição louletana.

Haverá também um vasto programa desportivo, sem esquecer os outros des-files carnavalescos do concelho, em Alte e em Quarteira.

Loulé volta a ser o centro das atenções do Carnaval algarvio

LOULÉ

100.000

15

São esperados nos três dias de festejos

cerca de 100 mil foliões

Subordinados a outras tantas temáticas, são 15 os carros alegóricos em desfile

CM LOULÉ

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FEVEREIRO | MARÇO 2017 27

A

PATRIMÓNIO

Atualmente, cerca de 98% da população algarvia tem acesso a água canalizada! É um excelente indicador de qualida-de de vida, mas pode por vezes fazer-nos esquecer que nem sempre as coisas foram assim tão fáceis e que os nossos ante-passados tiveram que ser bas-tante engenhosos para obterem este líquido tão precioso.

Durante séculos viveram no Algarve diversos povos, mas foram os 500 anos de presença muçulmana que mais marcaram a região a diversos níveis, como na arquitetura das casas, nas ar-tes de pesca e no nome das po-voações (e do próprio Algarve, que deriva da palavra ‘Al Garb’ que significa ‘a ocidente’).

Também devemos aos mou-ros diversas inovações agrí-colas, como a introdução no nosso país de culturas que hoje associamos sem dúvida ao Al-garve, tais como as laranjeiras, os limoeiros, as amendoeiras, as figueiras e as alfarrobeiras.

Mas para que os seus poma-res e hortas prosperassem na Península Ibérica, os árabes ti-veram de desenvolver engenhos de rega, misturando e aperfei-çoando as técnicas deixadas

pelos romanos e visigodos com as suas próprias, trazidas do oriente. Assim, ao longo dos rios construíram moinhos e azenhas, cisternas, levadas e canais de irrigação, bem como mecanis-mos que permitiam tirar a água dos poços, de entre os quais se destacam as noras (também chamadas de mentes).

As noras são compostas por uma roda que faz mover a corda a que estão presos alca-truzes (baldes que transportam a água). Os alcatruzes descem com a boca para baixo e ao su-birem trazem água, que despe-jam para um tabuleiro ligado a tanques. A partir daí, a água sai por gravidade e é encaminhada através de regos para os cam-pos. Todo este mecanismo era acionado por mulas, burros, ou machos que se deslocavam de olhos vendados num movimen-to circular.

As noras existentes no Algarve têm quase todas fun-cionamento idêntico, mas apresentam modelos diversos consoante as zonas. No barla-vento predominam as noras de alcatruzes, com engenhos mon-tados em poços e círculos para o animal caminhar. Já a nora de

ESPÓLIO CULTURAL DA REGIÃO QUE IMPORTA PRESERVAR

As noras, um testemunho do nosso passado agrícolaSão uma herança dos mouros e têm lugar de destaque na história da agricultura algarvia. Sem elas provavelmente não teríamos os nossos famosos citrinos. Já foram sinal de riqueza e ‘status’, mas hoje em dia a maioria está degradada e abandonada.

NUNO COUTINHO

elevação, com mina, para tirar água a balde pelo interior, é típi-ca do sotavento. Símbolo de poderAs noras chegaram a ter tanta importância que se tornaram num símbolo de poder econó-mico. Contudo, com o apare-cimento dos motores de rega em meados do século passado, este sistema foi sendo progres-

sivamente abandonado e atual-mente a maior parte delas está degradada. É óbvio que não podemos exi-gir que os nossos agricultores voltem a utilizar um método de rega ultrapassado, mas deve-mos ser capazes de encontrar formas de preservar este sím-bolo do nosso passado e um património cultural tão impor-tante.

D.R.

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FEVEREIRO| MARÇO 201728

É URGENTE PRESERVAR A ESPÉCIE

Pepinos-do-mar algarvios uma iguaria apreciada no OrienteNunca lhes demos grande atenção, mas o preço que podem atingir nos mercados asiáticos faz dos pepinos--do-mar a mais recente coqueluche dos mares algarvios. Contudo, a sobrepesca já os dizimou em outras partes do mundo, pelo que temos de preservar o que é nosso.

O O Algarve é a região do país com mais restaurantes com estrelas Michelin, mas não consta que algum deles tenha no seu menu pratos confeciona-dos com pepinos-do-mar. Sim, leu bem, pepinos-do-mar!

Trata-se de um animal mari-nho da família das estrelas-do-

NUNO COUTINHO

-mar e deve o nome à sua seme-lhança com o legume das nossas hortas. Embora não entre na nossa culinária, é muito aprecia-do no oriente, em países como a China, a Coreia e a Malásia, pela sua riqueza em proteínas, vita-minas e minerais.

Há alguns anos, ninguém

ligava aos pepinos-do-mar, que eram abundantes nas nossas costas desde o Algarve até Peniche. Porém, tudo mudou desde que a sobrepesca destes animais provocou a sua extin-ção em muitas áreas do Indico e do Pacífico, o que levou os pes-cadores a virarem agora a sua

atenção para o Mediterrâneo e a costa europeia.

Começou então a pesca em várias regiões da nossa costa, motivada pelos cerca de 200 euros por quilo que o pepino--do-mar atinge nos mercados asiáticos. Obviamente, os ma-riscadores portugueses rapida-

O pepino-do-mar é considerado um petisco nos países asiáticos

No início deste ano a Polícia Marítima de Faro apreendeu 35 kg de pepinos-do-mar. Em junho do ano passado deu-se a maior apreensão de sempre, num total de 160 kg, quando o máximo previsto na legislação nacional é de 2 kg por pessoa. Na região já foi identificada uma rede clandestina dedicada à captura e exportação de pepinos-do-mar para os mercados asiáticos, onde chegam a valer 200 euros por quilo.

Polícia apreende

AMBIENTE

FOTOS: D.R.

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FEVEREIRO | MARÇO 2017 29

‘The night is dark and full of terrors’ - relembra-nos a fa-mosa obra de George R. R. Martin, ‘A Guerra dos Tronos’, traduzida para português pelo algarvio Jorge Candeias. Olhando para a política internacional – com o Brexit do Reino Unido e com a eleição de Donald Trump nos E.U.A. – esta expressão nunca foi tão atual. Adivinham-se tem-pos difíceis para as populações desses países e para o funcionamento das instituições. No meio deste processo, a Ciência já está a sair penalizada.

A prática científica deve ser aberta e universal. A abertu-ra da ciência verifica-se através de dois aspetos: abertura ao público a quem são dados a conhecer os resultados da investigação e abertura à inclusão da diversidade de membros que compõem a comunidade científica. Atual-mente, a comunidade científica organiza-se através de uma rede internacional, havendo parcerias e sinergias entre grupos de diferentes países e culturas, que parti-lham entre si as mesmas regras, metodologias e proce-dimentos, sendo por isso reconhecida como uma prática universal. Historicamente, esta diversidade multicultural, através do intercâmbio de diferentes ideias e de saber--fazer, tem sido vantajosa para a produção de conhe-cimento e para a inovação. Isto deve-se não apenas ao desejo dos cientistas partilharem resultados com os seus colegas de quaisquer países, mas também a uma von-tade política de internacionalização da ciência que traz mais-valias aos Estados.

No entanto, o último ano tem revelado um retrocesso nessa vontade política de internacionalização do conhe-cimento, com já, pelo menos, dois países a fecharem-se sobre si mesmos, o R.U. e os E.U.A., limitando a entrada de estrangeiros e ameaçando com a expulsão de resi-dentes de origem internacional. As consequências serão uma “fuga de cérebros”, uma gigantesca perda de capital humano altamente qualificado, o declínio na capacidade de inovação e subsequentes perdas económicas que se-rão avultadas – já para não mencionar a atitude desuma-na que é o não acolhimento de refugiados e a expulsão de residentes de origem internacional.

O caso dos E.U.A. consegue ser o mais drástico devido às políticas anti-científicas do seu presidente. Trump tem nomeado para os mais diversos cargos políticos negacio-nistas das alterações climáticas, negacionistas do efeito benéfico das vacinas e criacionistas, revelando um total desprezo pelo conhecimento e pelo consenso da comu-nidade científica.

Por detrás destas decisões políticas estão jogos de basti-dores para conquistar o poder a todo o custo, através de mentiras, manipulação de factos e do populismo – uma autêntica ‘Guerra dos Tronos’. E isto ainda vai piorar, por isso preparemo-nos. ‘Winter is coming’.

*[email protected]

JOÃO LOURENÇO MONTEIRO BIÓLOGO

O processo científico no meio de uma Guerra de Tronos

Cantinho da Ciência

mente perceberam que a sua apanha é muito mais rentável que a das tradicionais conqui-lhas ou ameijoas, e pouco tar-dou para que os abusos ocor-ressem.

De acordo com os investiga-dores do Centro das Ciências do Mar da Universidade do Algarve (CCMAR), este interesse repen-tino levou a que em apenas dois anos desaparecesse 75% da população de pepinos-do-mar em vários locais da Ria Formo-sa, como as ilhas da Armona e da Culatra.

Esta situação tem altera-do significativamente o nosso ecossistema marinho, porque os pepinos-do-mar garantem a limpeza dos sedimentos depo-

sitados no fundo e é deles que depende uma parte importante da cadeia alimentar. Em paí-ses como a Turquia, onde três espécies de pepinos-do-mar desapareceram por completo, começaram por morrer as algas, depois os peixes pequenos e os peixes maiores já começaram a ser afetados.

Para impedir esta desola-ção, foi publicada legislação que penaliza com uma multa que pode atingir os 2.000 euros a pesca de mais de dois quilos de pepino-do-mar por pessoa. No entanto, o crime compensa e têm-se sucedido ultimamente as violações detetadas pelas autoridades marítimas.

Apreciado pelos povos orientais

Os pepinos-do-mar são muito apreciados pelos povos orientais, que os consomem em sopas ou pratos refinados. A medicina tradicional chinesa também utiliza o seu pó no tratamento da artrite, das lesões dos tendões e articulações, para a hipertensão e como anti-inflama-tório.

De centímetros a metros

Os pepinos-do-mar podem ser encontrados desde a zona de marés até às profundezas de todos os oceanos do mundo. Alimentam-se principalmente da matéria orgânica que se encontra em suspensão na água ou depositada no solo. O seu tamanho varia entre uns poucos centímetros e alguns metros. Deslocam-se lentamente, com movi-mentos muito semelhantes aos das lagartas.

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FEVEREIRO| MARÇO 201730

CIÊNCIA

FORTE INFLUÊNCIA NA HISTÓRIA DA HUMANIDADE

O Ferro e a vida Este é o elemento mais abundante no planeta Terra e é essencial para a produção de energia e bom estado de saúde nos seres humanos.

A “A influência do elemen-to Ferro, agora, e mesmo antes de haver vida, é pelo menos tão importante como o ADN na his-tória da própria vida”. Quem o afirmou foi o químico inglês Ro-bert Williams num artigo publi-cado na revista Nature em 1990.

De facto, o Ferro é elemen-to essencial para a produção de energia e bom estado de saúde, por exemplo, nos seres huma-nos. Todos sabemos que o Ferro presente na hemoglobina, exis-tente nos glóbulos vermelhos, é essencial para o transporte de oxigênio a todas as células do nosso corpo.

A propósito, e numa outra perspetiva, diga-se que o uso do Ferro também influenciou a história da Humanidade. Mas a importância do ferro para a vida é muito anterior ao apare-cimento desta no planeta Terra. Comecemos por identificar a origem dos átomos de ferro no Universo.

A mais consensual teoria sobre a origem do Universo diz-nos que o Big Bang terá ocorrido há cerca de 13,8 mil milhões de anos. Os primeiros elementos atómicos a serem formados, algumas centenas de milhares de anos depois, foram o Hidrogénio (maiorita-riamente), o Hélio e algum Lítio. Muito depois, formaram-se as estrelas e a sua evolução levou à nucleossíntese de elementos mais pesados como o Carbono

e o Oxigénio. Estima-se que 200 milhões de anos depois do Big Bang, o Universo terá entrado na ‘Era do Ferro’: as estrelas, atingindo um determinado es-tado nas suas ‘vidas’, começam a produzir ferro. Com o fim da vida destas estrelas, explo-dindo em supernovas, o Ferro, assim como muitos outros ele-mentos, ter-se-ão espalhado pelo Universo em nebulosas. Algumas destas nebulosas te-rão dado origem a sistemas pla-netários.

Há cerca de 4,6 mil milhões de anos, ter-se-á formado o nosso Sistema Solar a partir de uma dessas nebulosas. E o Fer-ro terá sido fundamental para a formação planetária. No caso que nos interessa agora, refira--se que o Ferro é o elemento mais abundante no planeta Terra: é elemento maioritário dos núcleos internos e externos do centro da Terra, e é o quarto elemento mais abundante da crosta terrestre.

As propriedades magnéti-cas do Ferro estão na origem do campo magnético terrestre. Este campo é fundamental para proteger a Terra das partículas energéticas presentes no ven-to solar, assim como de outras radiações que, caso chegassem à superfície do planeta o tor-nariam muito pouco adequado para hospedar a vida tal qual a conhecemos. Podemos, assim e com alguma certeza, afirmar

que sem a presença de Ferro não haveria vida na Terra.

Tanto quanto podemos sa-ber hoje, as primeiras formas de vida na Terra, com vestígios fósseis conhecidos, já existiam há 3,6 mil milhões de anos. Nes-ta altura, a atmosfera terrestre era praticamente desprovida de Oxigénio.

Curiosamente, esta atmos-fera pobre em Oxigénio, asso-ciada a temperaturas de cerca de 100 graus Celsius e uma pressão inferior à atual, poderá ter permitido, segundo alguns autores, determinados ciclos de reações químicas que pro-duziriam energia utilizável para a síntese de substâncias hoje ditas orgânicas.

De acordo com o químico alemão Günter Wächtershäuser (1938 - ) e a sua teoria hipotéti-ca do ‘Mundo de Ferro-Enxofre’, esta química à volta de pirites de ferro, num ambiente consis-

tido por chaminés hidrotermais nos fundos marinhos, terá esta-do na origem da primeira quími-ca da vida.

Esta hipótese postula que uma primitiva forma de meta-bolismo antecedeu o apareci-mento da genética na história da evolução das primeiras for-mas de vida unicelular.

Muito milhões de anos após, com o aumento de oxigénio de-vido à atividade fotossintética de células conhecidas por ciano-bactérias, o Ferro, reagindo com o Oxigénio, tornou-se muito me-nos solúvel em água e óxidos de Ferro precipitaram-se nos fun-dos de lagos e mares. Isto teve um impacto na evolução da vida e na geologia do planeta. Mas estes são aspetos a desenvol-ver numa próxima crónica.

António PiedadeCiência na Imprensa

Regional – Ciência Viva

D.R.

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FEVEREIRO | MARÇO 2017 31

MÚSICA

‘HOUSE’ É O GÉNERO DE ELEIÇÃO.

O fiscal DJ que dá música aos algarviosAlexandre Ramos é já um ‘habitué’ da noite algarvia e anima vários espaços noturnos na região.

O O gosto pela música co-meçou cedo, ainda nos tempos de liceu. Tocava nas festas que a associação de estudantes or-ganizava e na rádio que a mes-ma dinamizava na Escola Padre António Martins de Oliveira, em Lagoa.

“Nessa altura quando os amigos faziam festas de gara-gem e aniversários, lá ia eu ‘ani-mar o pessoal’. Mais tarde, pela mão de um grande amigo meu, Paulo Fura, iniciei a atividade de ‘Light Jockey’, numa grande discoteca da época. Posterior-mente ao lado de outro grande amigo e DJ, o Nilton, toquei pela primeira vez nessa mesma dis-coteca, a ‘Hora H’. Desde aí, de DJ residente a freelancer, tenho tentado não deixar ‘morrer’ o gosto por pôr música”, conta à Algarve Vivo.

É normal encontrá-lo em alguns bares de Portimão, mas não só. “Como Dj freelancer há já alguns anos que não tenho um espaço onde toque habi-tualmente. Contudo, no período do Verão, há já alguns anos que toco com maior frequência na Praia dos Caneiros (Ferragudo) e no Largo de Carvoeiro”, refere. Fã da ‘house music’ tem muitos

seguidores nos locais onde pas-sa música. Sobre a preferência do público algarvio, diz ser difí-cil definir. “Não se pode de uma forma generalizada especificar o tipo de música e estilo prefe-rido dos algarvios. O público é diversificado, mas julgo que a ‘kizomba’ está na preferência de muitas pessoas. Eu foco-me no ‘house’, ‘deep house’ e ‘soulful house’ e as pessoas que gostam de me ouvir acompanham-me para onde vá”, salienta.

Uma paixão sem limites“Há paixões que não se expli-cam, que não se conseguem ex-pressar através de palavras. É assim a minha ligação com a mú-sica. É algo que me ultrapassa, algo que me preenche naquele momento e quando estou de fones colocados e de dedos nos botões. Não consigo explicar a sensação de estar a pôr música (especialmente “House Music” - a que mais gosto), e ver que todas aquelas pessoas que ali estão se divertem e que naquele momento não existe mais nada e não ser aquele instante, aque-la música...”, explica, com entu-siasmo, Alexandre Ramos. Esta é uma paixão que, apesar de in-

RUI PIRES SANTOS

tensa, não é possível efetivar-se a tempo inteiro. “Infelizmente o Algarve trabalha de forma sa-zonal e isso dificulta bastante tomar uma decisão de ser DJ a tempo inteiro. No entanto, com muito investimento pessoal e uma boa parceria, no momento certo e na hora certa, tudo pode acontecer”, afirma.

Quanto ao facto de ter de compatibilizar duas ativida-des profissionais (fiscal e DJ), Alexandre Ramos garante que é possível, desde que se goste do que se faz. “Compatibilizar profissões sejam elas quais

forem,  só é possível quando se gosta do que se faz. Isso é es-sencial. Exige um esforço enor-me e um investimento adicional de ti e das pessoas que te ro-deiam, como a família, que tem de compreender e estar a teu lado”, sublinha.

Em relação ao ano de 2017, a ambição é muita, mas Alexan-dre Ramos espera que seja “tão bom como em 2016”. “Já tenho algumas datas agendadas, mas perspetivo que este também seja um ano com muito e bom trabalho”, revela.

FOTOS: D.R.

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FEVEREIRO| MARÇO 201732

GASTRONOMIA

BOA RELAÇÃO QUALIDADE/PREÇO

Trio Marafado visita ‘O Serol’Num final de tarde chuvoso de janeiro pelos nossos Algarves, apesar de ser sábado, encontrámosinúmeros restaurantes encerrados. Acabámos num estabelecimento com uma bela vista para a praia.

A Apresentamos nesta pá-gina o ‘Trio Marafado’, uma equi-pa que pretende dar a conhecer locais que proporcionem bem--estar pela sua beleza natural e sugestões de experiências gas-tronómicas em sítios e restau-rantes que merecem uma visita.

Este primeiro artigo é sobre um final de tarde chuvoso, num dia de janeiro, que passámos na zona dos Salgados – Galé (Praia Grande). Foi um privilégio ob-servarmos um pôr-do-sol sobre a vila de Armação de Pera, ao mesmo tempo que ouvíamos os últimos cantos das centenas de aves que se abrigam na linda Lagoa dos Salgados. Aqui pode--se desfrutar de uma tranquila caminhada ao longo dos passa-diços de madeira que bordejam a lagoa. São estes momentos únicos que nos fazem ganhar a energia de que tanto precisa-mos para enfrentar os dias e semanas de trabalho.

Nesta altura do ano, o Algar-ve fica irreconhecível. Há muito poucas pessoas na rua e grande parte dos restaurantes e pas-telarias estão fechados ou têm horário reduzido. Por esta razão decidimos rumar a um histórico da zona, que sabíamos que não nos deixaria ficar mal.

Fomos até à bela marginal de Armação (ficou linda, depois das obras que sofreu há cerca de meia dúzia de anos), onde se encontra o restaurante ‘O Serol’, com uma localização privilegia-

da sobre a praia.Conhecido pelo peixe fres-

co de qualidade, este restauran-te tradicional conduzido pela mesma família já há três gera-ções, com ambiente informal e acolhedor, deu-nos mais uma vez a possibilidade de saborear uma boa refeição. Deixámo-nos tentar pela montra de peixe fresco, com uma diversidade apreciável para a altura do ano, de onde escolhemos um bife de atum e lombinhos de peixe-galo.

O primeiro foi servido grelhado no ponto, com bata-tas cozidas. Já os filetes vie-ram com ameijoas à bulhão pato, uma combinação pouco usual que não defraudou as expetativas. Para acompa-nhar comemos uma excelen-te salada à moda algarvia (tomate, pimento e pepino). Não nos deixámos tentar pela

Avaliação

carta de sobremesas, onde pontuam os tradicionais pudim flan, arroz doce, tarte algarvia e outros que tais. Não espere ser surpreendido a este nível.

O serviço foi atencioso, embora um pouco distraído. Os preços são aceitáveis, com especialidades do dia entre os 8,50€ e 10,50€ a dose (também

servem meias doses).Em conclusão, este restau-

rante mantém os padrões de qualidade a que nos habituou ao longo dos tempos, embora talvez pudesse beneficiar de al-gumas modernizações ao nível da decoração e mobiliário.

Trio Marafado

QUALIDADE DAS IGUARIAS

GARRAFEIRA

SERVIÇO

SIMPATIA

DECORAÇÃO

PREÇO

APRECIAÇÃO GLOBAL

6

5

6

6

4

7

6

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FEVEREIRO | MARÇO 2017 33

TURISMO

LISTA NACIONAL INCLUI UNIDADES DE BARLAVENTO E SOTAVENTO

Algarve em estilo nos melhores boutique hotéis de PortugalSão três as unidades algarvias que integram o ‘top’ dez dos melhores boutique hotéis do país, recentemente coligidos pelo ‘site’ Room5, da Trivago.

N No levantamento feito por esta conceituada platafor-ma global de pesquisa de uni-dades hoteleiras, é reunida uma dezena de empreendimentos turísticos cujos denominado-res comuns são as  decorações charmosas, um projeto arqui-tetónico diferenciado ou a ins-talação em edifício histórico. Todos eles constituem espaços exclusivos com grande carácter e individualidade, sendo pauta-dos pelo luxo.

Na lista de melhores  bouti-que hotéis  de Portugal, 30 por cento encontram-se na região algarvia, a começar pelo Casca-de Wellness & Lifestyle Resort, empoleirado em cima de um rochedo, perto de Lagos, e ofe-recendo “uma experiência cinco estrelas, elegante e sofistica-da”, segundo aquele ´site’.

O hotel apresenta o Caski-ddy Kids Club, com piscina com fundo de areia e diversas áreas de lazer para crianças. O Casca-de está dividido em quatro alas, particularmente decoradas para refletir as expedições dos navegadores portugueses por todos os continentes. Assim, dependendo da ala em que o cliente ficar, poderá acabar por

MANUEL CABRITA

ser inspirado por um ambiente africano, europeu, asiático ou sul-americano.

Boa comida e muito charmeOutra sugestão é o Praia Verde Boutique Hotel, situado em Al-tura (Castro Marim) e vocacio-nado para os fãs incondicionais da boa mesa, pois segundo a Trivago “a comida é um modo de vida e nenhuma estadia está completa sem uma visita ao Ter-ra, o restaurante do hotel.”

Quando não estiver ocupa-do a apreciar as iguarias locais, o turista poderá aproveitar para

fazer um safari ou um passeio na  Ria Formosa  ou no  Guadia-na,  ‘birdwatching’  ou ainda co-nhecer os parques temáticos da zona. O hotel tem 40 suites, decoradas em tons neutros.

Por fim, é destacado o Hotel Bela Vista, na Praia da Rocha, muito próximo de Portimão e si-tuado num edifício histórico do século XIX, constituindo para o Room5 “a combinação perfeita entre luxo e praia.”

Os interiores elegantes fa-zem referências subtis ao de-sign tradicional português, man-tendo uma decoração moderna

e o máximo de comodidades. Cada quarto está equipado com Wi-Fi, televisão LCD e docking station para o iPhone.

Os outrosA listagem é composta ainda pelo Hotel da Vila, na Ponta Do Sol (Madeira), pelo Tivoli Hotel de Lisboa, pelo Areias do Seixo, na Póvoa de Penafirme (Santa Cruz), pelo Farol Design Hotel, em Cascais, pela Fortaleza do Guincho, pelo 1872 River House, no Porto, e finalmente pelo LX Boutique Hotel, também locali-zado em Lisboa.

FOTOS: D.R.

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FEVEREIRO| MARÇO 201734

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LITERATURA

Depois da estreia na Fundação Manuel Viegas Guer-reiro, localizada em Querença, a mostra ‘Entre Mil Águas: Vida Literária de Casimiro de Brito’ transitou para o Arquivo Histó-rico de Albufeira, antes de pros-seguir um périplo por diversos espaços de cultura do Algarve.

Esta versão itinerante da inspiração poética do autor, atualmente patente na Biblio-teca Municipal de Loulé, apre-senta uma seleção de textos impressos e manuscritos que conduzem através da vasta tapeçaria literária que o poe-ta tem construído ao longo 60 anos e sete dezenas de títulos.

Nascido em Loulé em 1937, o autor assume que decidiu en-veredar muito novo pela poesia, quando na taberna de seu pai assistia à forma como António Aleixo vertia de forma espontâ-nea as suas quadras. Traduzido para árabe, hebreu, holandês, sueco, polaco, esloveno, servo--croata, grego, romeno, búlgaro, húngaro, russo, chinês ou japo-nês, o percurso universalista de Casimiro de Brito valeu-lhe a nomeação para Embaixador Mundial da Paz, em 2006.

A exposição ‘Entre Mil Águas: Vida Literária de Casi-miro de Brito’ tem os apoios da Direção Regional de Cultura do

AUTOR LANÇOU 70 LIVROS EM SEIS DÉCADAS

Poesia de Casimiro de Brito em exposição itineranteCom vasta produção literária, traduzida em dezenas de línguas, o poeta algarvio Casimiro de Brito, de 80 anos, tem em itinerância pela região uma mostra sobre a sua obra.

MANUEL CABRITA

Nos dias que correm vivemos numa sociedade demasiado preocupada com a imagem. As-sim, a pele, o aspeto, as formas do corpo, bem como o cabelo tornam-se prioridades.

Todos nós queremos ter

um  cabelo melhor, mais bri-lhante, mais suave, com uma coloração fresca e mais tratado. Hoje em dia é fácil atingir esse fim, pois temos ao nosso dispor vários produtos/ tratamentos e diferentes ferramentas de forma

SÉRGIO PERDIZEIRO STYLE/ ART DIRECTOR NO VICTOR PICARDO HAIRSTYLING GROUP

A imagem e os cabelos

Estéticaa conseguir bons resultados,

Assim temos de ter em aten-ção, o nosso tipo de cabelo, que produtos a utilizar na lavagem/tratamento, quando devemos cortá-lo, o que  utilizar a fim de obter o ‘styling’ desejado.  

Existem três tipos de cabelo: fino, médio e grosso e conforme a especificidade de cada um, deve-

mos tratá-lo de forma diferente, tendo em conta, também as di-ferentes texturas: liso, ondulado, frisado e crespo. Cada um requer um cuidado específico.

Deve sempre informar-se e ser aconselhado  por um profis-sional da área. Na próxima edi-ção iremos aprofundar um pouco mais esta temática.

Algarve, Câmara Municipal de Loulé e Associação Portuguesa de Bibliotecários, Arquivistas e Documentalistas, e percorrerá nos próximos meses bibliote-cas e espaços públicos de todo o Algarve, estando previstas visitas de estudo pelos alunos

dos concelhos por onde passar, num elogio à leitura de poesia.

Este projeto pode ser aco-lhido por escolas ou associa-ções culturais, bastando que os interessados se manifestem através do ‘site’ da Fundação Manuel Viegas Guerreiro.

Poemas de Casimiro de Brito percorrem região

D.R.

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