fazenda apuá da pista - equipamento arquitetônico para criação de gado de elite

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1 Fazenda Apuá da Pista Equipamento arquitetônico para a criação de gado elite José Alexandre Cavalcanti Paula Maciel

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projeto de conclusã de José Alexandre Cavalcanti no curso de Arquitetura da Faculdade Católica de Pernambuco (2011)

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Page 1: Fazenda Apuá da Pista - Equipamento arquitetônico para criação de gado de elite

1

À minha família pelo suporte;Aos grandes amigos Leila Chaves, Isadora Melo e Edlene Nascimento por serem;

A Alzira Inojosa pelos ensinamentos;

Aos que fazem parte do Arquitetura & Negócios, em especial Yara Scherb, pelo acolhimento;

A Paula Maciel pela presença e orientação;

E a todos os amigos e professoresque permanecem vivos em meu coração.

Fazenda Apuá da PistaEquipamento arquitetônico para a criação de gado elite

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José Alexandre CavalcantiPaula Maciel

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Universidade Católica de Pernambuco

Centro de Ciências e Tecnologia – CCT Arquitetura e Urbanismo Trabalho Final de Graduação

Fazenda Apuá da PistaEquipamento arquitetônico para a criação de gado elite

José Alexandre Cavalcanti

Recife, dezembro de 2011

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A minha maior inspiração vem da minha melhor amiga A deslumbrante mulher de quem recebi a vidaMinha mãe, a quem dedico tudo.

Dedicatória

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Apresentação

Introdução

Objetivos

Justificativa

Problemas encontrados no local – uma experiência pessoal do autor

MetodologiaConceituação Temática

Arquitetura no meio rural + Identidade formalRelação entre arquitetura e paisagem

A arquitetura das fazendas para o século XXIO animal como objeto de exposição

Compreendendo os espaços e equipamentos de uma fazenda para gado elite

Sustentabilidade

Conceituação HistóricaO gado Zebu

História do Nelore em Pernambuco

Conhecimento sobre o temaFazenda para a criação de gado elite

Gado de eliteLocalização das fazendas no Estado

O Lugar

A Fazenda Apuá da Pista - HistóricoLegislação

Apresentação

Introdução

Objetivos

Justificativa

Problemas encontrados no local – uma experiência pessoal do autor

MetodologiaConceituação Temática Arquitetura no meio rural + Identidade formalRelação entre arquitetura e paisagemA arquitetura das fazendas para o século XXIO animal como objeto de exposiçãoCompreendendo os espaços e equipamentos de uma fazenda para gado eliteSustentabilidade

Conceituação HistóricaO gado ZebuHistória do Nelore em Pernambuco

Conhecimento sobre o temaFazenda para a criação de gado eliteGado de eliteLocalização das fazendas no Estado

O LugarLagoa do Carro Investigação dos condicionantes climáticos e topográficoO Sítio A Fazenda Apuá da Pista - HistóricoLegislação

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Sumário

Referências ProjetuaisPrimeiro lugar no concurso Pier Modelo de Coliumo – Ignácio Ruz

+ Rodrigo Cerda + René Zepeda (Coliumo, Chile) - Estudo ConceitualFazenda Sant´Anna – Gaudenzi Arquitetos Associados (Uberaba,

MG) - Estudo Programático

Diretrizes projetuaisPrograma e dimensionamento

A construção do partidoImplantação - Relação com a paisagem – um novo local para a sede

ZoneamentoEstudos volumétricos

Proposta Arquitetônica – Fazenda Apuá da PistaMemorial Descritivo

O partidoAcessos e circulação

Conforto Ambiental - Roteiro para construir no nordeste - Arquite-tura como lugar ameno nos trópicos ensolarados

Sistema EstruturalRecomendações para uma fazenda mais sustentável

O projeto

Referências Bibliográficas

Anexos

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Referências ProjetuaisPrimeiro lugar no concurso Pier Modelo de Coliumo – Ignácio Ruz

+ Rodrigo Cerda + René Zepeda (Coliumo, Chile) - Estudo ConceitualFazenda Sant´Anna – Gaudenzi Arquitetos Associados (Uberaba,

MG) - Estudo Programático

Diretrizes projetuaisPrograma e dimensionamento

A construção do partidoImplantação - Relação com a paisagem – um novo local para a sede

ZoneamentoEstudos volumétricos

Proposta Arquitetônica – Fazenda Apuá da PistaMemorial Descritivo

O partidoAcessos e circulação

Conforto Ambiental - Roteiro para construir no nordeste - Arquite-tura como lugar ameno nos trópicos ensolarados

Sistema EstruturalRecomendações para uma fazenda mais sustentável

O projeto

Referências Bibliográficas

Anexos

Referências ProjetuaisPrimeiro lugar no concurso Pier Modelo de Coliumo – Ignácio Ruz + Rodrigo Cerda + René Zepeda (Coliumo, Chile) - Estudo ConceitualFazenda Sant´Anna – Gaudenzi Arquitetos Associados (Uberaba, MG) - Estudo Programático

Diretrizes projetuaisPrograma e dimensionamentoA construção do partidoImplantação - Relação com a paisagem – um novo local para a sedeZoneamentoEstudos volumétricos

Proposta Arquitetônica – Fazenda Apuá da PistaMemorial Descritivo

O partidoAcessos e circulação Conforto Ambiental - Roteiro para construir no nordeste - Arquitetu-ra como lugar ameno nos trópicos ensolaradosSistema EstruturalRecomendações para uma fazenda mais sustentável

O projeto

Referências Bibliográficas

Anexos

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Este volume apresenta o Trabalho Final de Gradua-ção do estudante José Alexandre Cavalcanti do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Católi-ca de Pernambuco, desenvolvido sob a orientação da professora Paula Maciel, em atendimento aos crité-rios de avaliação do curso a ser concluído.

Apresentação

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O espaço arquitetônico dependendo de seu caráter pode transcriar idéias que representam a cultura e os avanços tecnológicos e comerciais de uma cidade ou re-gião. Este projeto final de graduação toma esta premissa para aliar a cultura agropecuária da região nordeste, espe-cificamente a da zona da mata, ao espaço arquitetônico.

A proposta para o projeto surge da reflexão diante as expectativas e demandas de uma fazenda para a criação de gado de elite, onde a adoção de princípios arquitetônicos pode proporcionar a máxima poten-cialidade dos espaços, valorizando a singularidade a partir do reconhecimento que lhe é específico.

Apoiando-se em escritos e fundamentação teórica, as analises desenvolvidas partem em função da tra-dição e inovação. Descrevendo um percurso entre o tempo e a contemporaneidade, fortemente marcada pela tradição cultural.

Os três primeiros capítulos introduzem as con-ceituações temáticas arquitetônicas e noções sobre agropecuária e o meio rural, abordando também a evolução tipológica dessas propriedades até se esta-belecer no atual contexto da produção arquitetôni-ca. Ainda são analisados conceitos de sustentabili-dade, que irão influenciar diretamente nas diretrizes projetuais.

O capitulo seguinte está voltado para a localização do sítio onde será implantado o partido, assim como suas características culturais e climáticas. Em segui-da, são apresentados os estudos de caso que irão au-xiliar na concepção do projeto a ser desenvolvido e outro capítulo sobre as diretrizes projetuais com o mesmo teor de importância. Por fim é apresentado o resultado arquitetônico propriamente dito, ilus-trado por plantas e perspectivas.

Introdução

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Objetivo Geral

Desenvolver um anteprojeto arquitetônico da Fa-zenda Apuá da Pista para a criação de gado de elite da raça Nelore.

Objetivos Específicos

. Contribuir para pesquisadores e interessados no campo abordado sobre boas práticas arquitetônicas e incentivar a qualidade da arquitetura no meio rural;

. Compreender o caráter do animal como objeto de exposição;

. Entendimento da relação entre arquitetura e pai-sagem como alternativa para integração entre o ob-jeto proposto e o espaço natural, atribuindo uma arquitetura contemporânea emblemática através da identidade formal;

. Contribuir para a valorização do edifício arquite-tônico como espaço plástico funcional.

Objetivos

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O estado tem representatividade na criação e co-mercialização de produtos com qualidade genética superior, contudo muitas instalações agropecuárias não suprem a demanda e qualidade funcional para abrigar estes animais. Muitas das fazendas também não possuem dependências para a realização de even-tos, que é uma das principais formas de aquecimento na comercialização destes animais.

Pensando nestas problemáticas foi escolhida a Fa-zenda Apuá da Pista localizada no município de La-goa do Carro, zona da mata do estado, não só pelos problemas encontrados, mas também por sua as-censão, onde a proposta a ser desenvolvida visa dar maior qualidade aos espaços e usuários.

A fazenda possui suas instalações dispostas com alto espaçamento entre uma e outra, inviabilizando o trabalho diário dos tratadores dos animais. Esta pro-blemática é atribuída pela ocupação espontânea das instalações já existentes da antiga central de coleta de sêmen de bovinos, Sotave, que foram utilizadas a partir das necessidades de ampliação das funções, não havendo uma hierarquia na setorização dos es-paços. O pavilhão de baias principal para os animais

que compõe o time de pista oficial (formado por até quinze animais) não comporta uma lotação superior, quando na verdade a fazenda produz uma média de 30 animais, que são destinados a leilões e exposições, tendo que alojá-los em instalações coletivas e mais distantes do núcleo principal. Não há na fazenda um local especifico para a realização de eventos ou recep-tivo para convidados, haja vista que a fazenda realiza seu leilão anual no Parque de Exposição do Cordeiro, no Recife.

Desta forma, o processo de ocupação das instala-ções da propriedade não levou em consideração sua ascensão no mercado estadual e nacional, e basean-do-se nessas necessidades este trabalho de graduação tem como ponto central projetar um complexo que marca afirmativamente a importância da pecuária bovina, em especial a Fazenda Apuá da Pista, para o desenvolvimento da criação e comercialização de produtos com qualidade genética superior no estado, enaltecido através de uma linguagem plástica con-temporânea, inserindo-se dialeticamente no contexto paisagístico, além de constituir um marco simbólico e referencial.

Justificativa

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Diante da necessidade de compilação do conheci-mento adquirido durante a graduação no curso de Arquitetura e Urbanismo, somado ao desejo da prá-tica arquitetônica, conformou-se esse trabalho, que expressa parte da inquietante manifestação do ser arquiteto, além da relação íntima que o autor possui com a criação de animais elite e melhoramento ge-nético.

A familiaridade com os dois assuntos o levou ao desenvolvimento do tema abordado neste volume, resultando um projeto arquitetônico singular; tema este que foi amadurecido ao longo dos anos da fa-culdade e a prática de seleção bovina. Como objeto de trabalho foi escolhido a Fazenda Apuá da Pista, e através de observações in loco foi possível destacar os seguintes aspectos relativos às instalações físicas da propriedade:

. Ausência de um espaço apropriado para receber confortavelmente convidados que freqüentam a pro-priedade assim como dependências sanitárias neces-sárias;

. Falta de planejamento e organização na distribui-ção das baias dos animais. A ocupação deu-se através instalações remanescentes da antiga função da pro-priedade.

O planejamento para a implantação das baias é importante para o melhor aproveitamento do espa-ço, dos recursos naturais e criação de um modelo completo e unificado, com cochos para água e ração,

pontos de água e luz, com o objetivo de suprir as necessidades dos animais daquele local;

. Algumas baias estão expostas as intempéries e em caso de chuvas com ventos fortes a água invade as instalações molhando todo o local e os animais que estão ali instalados; (fig. 1)

. Baias sem ventilação adequada, onde a falta de planejamento acabou gerando baias fechadas sem o conforto básico para os animais e trabalhadores que passam longo tempo nestas dependências. (fig. 2)

Uma baia ideal precisa ter ventilação e iluminação natural favoráveis, dimensões adequadas, piso anti-derrapante, e na área de permanência do animal ser coberta por serragem ou casca de arroz, oferecendo conforto para o animal ali instalado;

. O bezerreiro (baia especial para bezerros) é pe-queno para a quantidade de animais que abriga e é semi coberta, os animais passam mais tempo ao re-lento, prejudicando no ganho de peso e agredindo a pelagem; (fig. 3)

. O depósito e casa de ração ficam distantes das áre-as de trabalho, onde se observa que o material neces-sário para o trato dos animais fica presente nas áreas comuns para facilitar o manejo; (fig. 4)

. Inadequação no recolhimento das águas servi-das, levando-a diretamente sem nenhum tratamen-to ao campo, assim como local inadequado para a decomposição do esterco dos animais, feito a céu aberto; (fig. 5 e 6)

Problemas encontrados no local – uma experiência pessoal do autor

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Fig.01: do autor, 2011

Fig.02: do autor, 2011

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Fig.03: do autor, 2011

Fig.04: do autor, 2011

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Fig.05: do autor, 2011

Fig.06: do autor, 2011

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Para o desenvolvimento da metodologia, faz-se necessário um aprofundamento sobre os conceitos e definição que embasaram a pesquisa, além dos obje-tivos a serem atingidos:

Metodologia

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Arquitetura no meio rural

A prática agroindustrial brasileira trata-se de uma atividade que necessita de projetos concebidos es-pecificamente para cada elemento do seu ambiente construído, embora, muitas vezes, tal necessidade não seja atendida, pois vemos espalhadas por peque-nas, médias e grandes propriedade rurais, elementos arquitetônicos adaptados ou mal construídos, desca-racterizados e não integrados à paisagem, sem fun-ção, sem manutenção e até condições de uso.

Normalmente a arquitetura no meio rural abran-ge construções específicas, devendo ser projetadas e construídas conforme as exigências do processo pro-dutivo a que se destinam e condições financeiras do proprietário.

Quando se trabalha sobre a arquitetura rural de uma propriedade, há que se ter em mente que se está intervindo sobre a própria paisagem rural de uma de-terminada região, inclusive o patrimônio histórico--arquitetônico nele inserido, caso tenha, proporcio-nando uma ampla dimensão cultural. Portanto, não se devem focar apenas os aspectos produtivos de uma propriedade, mas também os aspectos relacionados à valorização do patrimônio cultural ambiental que definem ações de ordenação do território em que es-tão inseridos.

A relação com o lugar é fundamental e principal-mente quando levado em consideração o projeto e seu entorno. Se, por um lado, a arquitetura é sempre

construída em um lugar, por outro lado, ela constrói esse lugar, modificando a situação existente em maior ou menor grau. Sendo a arquitetura rural imaginada como um verdadeiro mosaico da interação entre ci-dade e campo, arquitetura e paisagem.1

Com a transformação veloz do cenário rural, atra-vés da constante urbanização do campo, é preciso agregar fatores à obra que se perpetuem. E para que a obra de arquitetura seja percebida e entendida, ela precisa possuir certas características que permitam o seu conhecimento como forma. O contexto, a his-tória, a cultura, transmitem idéia de elementos mais concretos, e nessa contexto, a produção arquitetônica necessita possuir uma identidade.

A identidade é a qualidade que determina a essên-cia de algo, não devendo ser confundida com a singu-laridade, que é o conjunto de características que dife-rencia algo dos outros. Atingir a identidade formal é o objetivo maior da concepção arquitetônica, pois é um valor essencial da obra de arquitetura.2

Surge então a necessidade de atrelar o conceito de identidade formal neste trabalho, transmitindo-a através de uma maneira consistente e coesa. Buscan-do na produção arquitetônica do meio rural a valo-rização do desenvolvimento e aproveitamento dos recursos hídricos/energéticos e patrimoniais, o de-senvolvimento sustentável, e a valorização cultural. Portanto, a identidade formal do edifício vai estar es-tritamente ligada a estes fatores e buscará integrar-se ao entorno sem mimetizá-lo.

Conceituação Temática

1

1 ARGOLLO FERRÃO, André Munhoz. Arqui-tetura rural, patrimônio e ordenação territorial dentro do contexto das atividades profissionais de assistentes técnicos agro-pecuários e extensionistas. Unicamp, SP

2 MAHFUZ, Edson da Cunha. Observações sobre o formalismo de Helio Piñón – parte 1. Arqui-textos, São Paulo, 08.089, Vitruvius, out 2007

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Fig.07: Intervenção no Engenho Queira Deus, São Lourenço da Mata - PEfonte: Queira Deus, invenção e tradição em arquitetura. Ed: Civilização Editora, 2007

Fig.08: Haras São Cristovão, México - Arquiteto Luis Barragandisponível em:<PlataformaArquitectura.cl>

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3 PRADO, Bárbara IW. Arquitetura da Paisagem. Publicado nos Anais do VII Encontro Nacional de Ensino de Paisagismo em Escolas de Arquitetura e Urbanismo do Brasil – VII ENEPEA Belo Horizonte 2004.

4 Crevels, Eric. Co-Ar--quitetura: Vazio. UFMG, 2011.

5MOSTAFAVI, M. A Pai-sagem como Planta: uma conversa com Zaha Hadid. Madrid. El Croquis, nº .103, p.06-35, 2001.

Relação entre arquitetura e paisagem

Paisagem

A paisagem é entendida pelo senso comum como ligada às imagens campestres, para a geografia a pai-sagem é entendida como a materialidade do espaço, não sendo, entretanto, a mesma coisa que espaço. O espaço é a paisagem mais a sociedade que há nela, é um registro das ações ou não-ações humanas sobre um lugar. Não considera que a paisagem expresse assim um ponto geográfico, mas sim relações que lhe conferem uma individualidade, um caráter.3

Espaço Construído x Paisagem

Utilizando a relação entre o espaço construído e o vazio caracterizado pelo cenário rural, propõe-se uma ocupação a fim de enfatizar o contraste entre o espaço livre e o espaço construído. Quando o cons-truído dialoga com o vazio, cria em si uma espacia-lidade intangível, que se relaciona com os limites do construído. Em primeiro lugar devemos tratar da intangibilidade do vazio, aspecto crucial para que a percepção do espaço não se altere, em como ocupá-

-lo sem ocupar. Um espaço livre precisa não estar limitado e ser praticamente nulo ao tato.4 A pro-posta arquitetônica trabalha com essa dualidade e apropria-se deste contraste como uma forma ideal de intervenção na paisagem.

Com isso pretende-se adotar a interpretação do objeto arquitetônico inserido no vazio da paisagem rural como fator gerador do projeto, gerando uma síntese – de uso, construção e forma – entre edifício e paisagem, reduzindo, e em alguns casos eliminan-do quase completamente a diferenciação entre am-bos, tornando-se um assunto recorrente no panora-ma da arquitetura contemporânea internacional em que geralmente evita a oposição entre paisagem e objeto construído.

A arquitetura que se relaciona diretamente com a paisagem deve considerar fluxos, forças, movimen-tos; sempre aberta a passiveis transformações que sejam coerentes com nossos processos de vida con-temporâneos, com seu caráter complexo, múltiplo e transitório. Dessa forma o espaço se anima e se transforma continuamente, apresentando alternati-vas de caráter ecológico e cultural.5

Fig.09: Continuidade da paisagem em arquitetura | Proposta para Aqua Park nos Alpes Suíços - Personeni Raffaele Arquitectsdisponível em:<Archdaily.com>

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6 RANGEL, Rafael Campos. Espaço Cultural Antromangue – uma Poética do Manguebeat. Recife, PE. Trabalho Final de Graduação, 2009.

Mais do que se articular como um objeto que pousa na paisagem, o equipamento que será pro-posto, destinado a abrigar as funções desempe-nhadas por uma fazenda de gado de elite, busca na identidade da forma, qualidades que irão determi-nar sua essência e crie uma promenade arquitetu-ral devendo ser considerada uma escala de valor entre a paisagem natural, o homem e a arquitetura. (foto na próxima página)

É importante observar que neste caso a pai-sagem natural se configura em primeiro plano, visto que é considerado o principal elemento no ambiente global e junto com esta paisagem está o homem convivendo com a natureza e com as dis-ponibilidades que ela tem a oferecer. Em segundo lugar está o espaço construído, a arquitetura em si, que vai atender as necessidades do meio natu-ral e do homem. Ou seja, a distribuição dos ele-mentos no espaço será definida não apenas pelo homem, mas principalmente pela natureza, como um dos principais condicionantes para a forma-ção do espaço físico.6 Deste jeito o objeto arqui-tetônico se anima e toma forma fazendo com que esse elemento se torne um marco na paisagem natural.

Fig.10: Repetição da forma mesmo não sendo buscada deliberadamente Cocheira do Engenho Acerto, Vicencia – PEfonte: Engenhos, antigos engenhos de açucar no Brasil. Ed: Nova Fronteira, 1994

Fig.11: Integração com a paisagem | Fazenda para a criação de Ovelhas, Nova Zelândiadisponível em:<PlataformaArchitectura.cl>

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Fig.12: Paisagem natural + Homem | Perfi l da Fazenda Apuá da Pista fonte: do autor, 2011

Fig.13: Paisagem natural + Homem + Arquitetura | Intervenção no perfi l da Fazendafonte: do autor, 2011

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A arquitetura das fazendas para o século XXI

“A pecuária brasileira teve início nos estados do Nor-deste durante o século XVI. De início a criação de gado era apenas uma atividade complementar nas fazendas agropecuárias e o principal uso dos animais era como tração nos engenhos. Mas, a partir do século XVII, a criação de gado foi se expandindo e se tornando uma atividade independente.

A arquitetura da pecuária brasileira constitui um conjunto formal heterogêneo sob os aspectos constru-tivos, plásticos e de implantação. O extenso período de economia da atividade agrícola é um dos fatores res-ponsáveis pela diversificação nessa produção.

O século XIX, que concentra maior parte da arqui-tetura pastoril vernacular tem nos engenhos de açúcar verdadeiro exemplares desta produção, hoje deteriora-da pela ação do tempo e do homem. A implantação destes currais dava-se geralmente ao longo dos rios, e eram bem simples. Estas eram de alvenaria e cobertas de telhas e, ao seu lado, ficavam as casas dos vaquei-ros e agregados - muitas vezes de taipa e cobertas com telhas ou palha - os currais de pau-a-pique e o pátio onde se concentravam as reses trazidas para o curral.”7

A função do curral ou estábulo era principalmente para os animais pernoitarem para nas primeiras horas da manhã ser feita a ordenha, não se havia uma preo-cupação com a estabulação completa do animal, já que o regime de criação era extensivo.

A adaptação gradual dos modelos edificados até chegar ao novo contexto de fazer arquitetura se dá so-bre bases tradicionais, precedendo a ruptura imposta pela arquitetura moderna com o emprego de materiais como o concreto e elementos pré-moldados, diferente da produção anterior fortemente marcada pela arqui-tetura vernacular (o emprego do pau-a-pique e tijolo manual), onde esta transição da prática baseada no aprimoramento empírico de modelos ocorrerá através

Fig.14: Intervenção na implantação do Engenho Noruega por Cícero Dias, ressaltando o curral. fonte: Casa Grande e Senzala, Gilberto Freyre. Ed: Global, 2004

Fig.15: Estância Morena, Campo Grande – MS - Arquiteto Luís Gaudenzidisponível em:<GauzenziArquitetos.com.br>

Fig.16: Fazenda Parbellones, Córdoba – Argentina - Bertolino Barrado Arquitetosdisponível em:<PlataformaArquitectura.cl>

7 ANDRADE, Manuel Correia de. A terra e o homem no nordeste. 7ª Ed. São Paulo. Editora Cortez, 2005.

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de um processo natural ao longo do século. Com o adensamento das cidades e a busca por sa-

lubridade na vida campestre, a urbanização e moder-nidade chegam ao campo, impondo novas variáveis de projeto priorizando a praticidade e eficiência. Desse jeito provoca o surgimento de novos arranjos nas propriedades rurais, capazes de satisfazer as ne-cessidades da sociedade contemporânea e suas novas formas de negócios. Estas propriedades rurais aban-donam o conjunto delimitado de configurações tra-dicionais (a casa e o curral) e passa a aceitar modi-ficações especificas de acordo com a necessidade de sua produção comercial. Estas mudanças na tipologia das construções agropecuárias advêm da nova defi-nição de agronegócio, sobretudo com a evolução do mercado da pecuária, que exige condições adequadas para cada tipo de criação, completamente diferente das construções do século XIX.

Assim as novas instalações agropecuárias brasilei-ras passam a apresentar procedimentos de implan-tação sistemática e um repertório de elementos que varia em função da região e ênfases produtivas do mercado agropecuário. Ressaltando as propriedades que se destinam a criar animais de elite, identificam--se duas tipologias especificas de implantação: em forma de barra ou de ferradura com pátio central.

Onde a implantação em forma de barra ou pavilhão longitudinal tem um corredor central e baias dispostas nas laterais em forma de células replicadas, para facili-tação do manejo diário e socialização dos animais (de-senho1). Ou configuram-se na solução de ferradura ou pátio, com espaço central ajardinado onde geralmente se localiza o mostrador de animais (desenho 2). Mais outros elementos fazem-se necessário na composição do complexo agropecuário para animais de elite tais como laboratórios, receptivo, recinto para leilões, que são conectados por caminhos predefinidos induzindo e hierarquizando o fluxo para especificas áreas, sobre-

Desenho 1fonte: do autor, 2011

Desenho 2fonte: do autor, 2011

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tudo as sociais.Já o contexto da nova produção arquitetônica

agropecuária, principalmente a internacional, cria a premissa de utilizar a diversificação de no-vas formas contando com a liberdade de novos agenciamentos, aliando a sustentabilidade como caráter inovador e qualitativo. Nesse contexto surgem as fazendas verticais, onde seu conceito é concentrado em torno da produção de alimen-tos orgânicos, fazenda de gado (e outros animais que ajudem no ciclo simbiótico), bem como a criação de espaços multiuso que pode abrigar locais de convivência e setores de transporte co-letivo, todos à base de energias renováveis. Cida-des como Vancouver e Coréia do Sul tem impul-sionado a produção deste novo conceito através de concursos a fim de tornarem-se cidades mais sustentáveis.

Observa-se, assim, que o espírito das novas fazendas pode estar tanto na simplicidade da produção orgânica inspirado na arquitetura ver-nacular quanto na complexidade das novas e modernas propriedades experimentais desde que atendam as necessidades do homem, do comér-cio e do local que será inserida, tendo no atual contexto da produção arquitetônica a atribuição de soluções sustentáveis para que sejam ecologi-camente corretas e viáveis. Desta forma nasce a fazenda contemporânea.

Fig.17: Concurso para fazenda vertical, Torre Circular Symbiosis, Coréia do Sul - Arquiteto Lee Dongjindisponível em:<eVoloCompetition.com>

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Fig.19: Proposta para fazenda de Gado, Japãodisponível em:<KYHLArchitecture.com>

Fig.18: Vista interna da Torre Circular Symbiosisdisponível em:<eVoloCompetition.com>

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O animal como objeto de exposição

O animal de elite deve ser tratado como objeto de exposição e o equipamento arquitetônico deve evi-denciar e emoldurar o produto que comercializa. Para isso os espaços devem evocar o bem-estar ani-mal e, sobretudo elevar o produto a categoria de de-sejo, já que uma fazenda de gado elite é uma vitrine expositiva do melhoramento genético, e os animais são uma síntese deste trabalho.

O maior espaço de permanência são as baias onde os animais passam maior parte do dia, ou em alguns casos o dia inteiro, sendo sua função a de espaço expositivo. Quando necessário avaliar um animal especificamente ele é levado ao mostrador, uma espécie de arena para desfile dos animais. Estes dois espaços devem ser co-nectados por caminho pré-definido para facilitar a lo-comoção dos animais com segurança e rapidez.

Em dias de leilão (dependendo do calendário da fa-zenda pode ocorrer mais de uma vez ao ano) os ani-mais são apresentados no mostrador para avaliação dos interessados e seguindo uma ordem de entrada os animais são levados ao tatersal de leilões, que recebe os animais para o pregão.

Fig.20: do autor, 2011

Fig.21: disponível em:<agricultura.al.gov.br>Desenho 3fonte: do autor, 2011

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Desenho 3fonte: do autor, 2011

A partir do entendimento dos espaços de utilização do animal e sua hierarquia de uso, onde nota-se que as baias são o ponto focal de distribuição para espaços es-pecíficos e nelas o animal passa maior parte do tempo, observa-se a necessidade de integrar e adequar o espaço natural, o animal e a arquitetura como um ambiente de exposição e enaltecimento do que é evidenciado, para que contribua na estruturação e elaboração do equipa-mento proposto, sendo importante destacar:

I Protagonismo compartilhado – colocar no mes-mo nível de valorização o animal, a natureza e o equi-pamento arquitetônico;

II Flexibilidade – tornar o equipamento capaz de se adequar as diferentes concepções de eventos, seja a permanente exposição dos animais, leilões e dias de campo, tornando seus espaços fluidos e flexíveis, au-mentando as suas possibilidades de uso no presente e ampliando a sua vida útil no futuro;

III Integração e conectividade – obter uma indis-pensável integração e conectividade de todo o con-junto proposto como facilitador das atividades de-sempenhadas no dia a dia.

Compreendendo os espaços e equipamentos de uma fazenda para gado elite

Para entendimento do tema abordado faz-se ne-cessário destacar e definir os espaços utilizados pelos animais para observar a relação entre o animal, neste caso o bovino, e o espaço arquitetônico.

Fig.22: do autor, 2011

Baia: local onde o animal descansa e se alimenta, onde passa a maior parte do dia. Deve ter uma área de 10 a 15m² por animal e pelo menos 3,0m de altura. Deve ser construída de material resistente, como con-creto, aço ou madeira, que resista a força do animal. As paredes de divisão das baias devem ter uma altura mínima de 1,50m, permitindo iluminação e ilumina-ção natural. Na baia deve conter cochos de alimen-tos, suplementação mineral e bebedouro de água (que deve ser localizado no sentido oposto ao cocho). Deve ser prevista baia especial para os animais mais novos (bezerreiro) com altura de cochos proporcio-nal ao tamanho dos animais alojados e acesso separa-do para um piquete onde fiquem alojadas suas mães para a mama diária.

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Mostrador: uma espécie de arena para desfile dos animais, podendo ser coberta ou ao ar-livre, geral-mente tem forma circular com diâmetro entre 8 e 15m, admiti-se uma cerca em madeira ou aço de até 1,10m de altura. O piso deve ser de areia ou grama, e ter acessos para entrada e saída dos animais.

Tatersal de leilões: recinto para realização de lei-lões, onde geralmente possui uma estrutura fixa, o palco, e uma ampla área normalmente pavimentada que delimita o salão de eventos onde é montada uma estrutura temporária de uma tenda tensionada no dia do evento. É comum ter uma área de serviço com co-zinha que sirva de apoio para o Buffet que realiza o evento, assim como instalações sanitárias adequadas.

O ponto relevante de um tatersal de leilões é o pal-co, estrutura fixa que geralmente possui uma forma de meia lua, mas admite-se outras formas desde que não comprometa a visibilidade entre espectador e o produ-to ofertado, onde recebe os animais para o pregão; tem uma altura media de 0,90m a partir do piso e é cercado com cabos de aço a 1,40m de altura. Deve possuir um comprimento mínimo de 10,00m e 4,00m de largura. Quando o palco for elevado, prever acessos de entrada e saída dos animais por meio de rampas.

Fig.23: disponível em:<FotoRural.com.br> Fig.24: do autor, 2011

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Curral: o curral é um cercado para confinar ani-mais de criação, principalmente o gado. Pode ser construído em madeira ou pedra, coberto ou não. Nas suas dependências estão localizados o brete, uma balança e embarcadouro, nesta ordem respecti-vamente devendo ser cobertos. A orientação destes equipamentos deve ser na orientação leste/oeste, em seu maior eixo. A capacidade total do curral para a Fazenda Apuá da Pista será estimado em 100 animais, levando em conta a área útil e a relação de 3m²/ca-beça animal, totalizando 300m², contendo todas as instalações necessárias já citadas. Este equipamento deve ficar próximo das baias para facilitar o acesso dos animais nelas instalados.

Brete: local compartimentado para reter bovinos ou outros animais com segurança enquanto estes são examinados, marcados ou recebem tratamento vete-rinário. Deve ser construído de madeira, com piso de pedra ou cimento, deve ser localizado na parte inter-na do curral, em local coberto.

Fig.25: disponível em:<Valfran.com.br>

Fig.26: disponível em:<Valfran.com.br>

Fig.27: do autor, 2011

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Embarcadouro: permite o embarque e desembar-que de animais dos caminhões por meio de uma ram-pa. O piso deve ser em pedra batida ou cimentado e antiderrapante, devendo sua frente ficar a uma altura de 1,0 a 1,20m do nível do solo e 1,50m de largura.

Estacionamento de caminhões: área destinada à carga e descarga de mercadorias e principalmente de animais, já que é a principal forma de transporte des-tes. Deve estar diretamente ligado com o embarca-douro. Para o dimensionamento do estacionamento será adotado o tamanho de um caminhão leve e sua vaga deverá ter 3,10m x 8,00m.

Gabinete do veterinário: Escritório que sirva de apoio para o veterinário em dias de visita de campo, podendo ter banheiro e ser próximo das baias ou do curral.

Fig.28: do autor, 2011 Fig.29: do autor, 2011

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Depósito para ração e silagem: local destinado ao armazenamento da ração, silagem e sal mineral. Suas dimensões variam de acordo com a quantidade de animais. Deve ser arejado e protegido da umidade, e nunca o alimento deve estar em contato direto com o chão, devendo ficar sobre plataformas dificultando o acesso de animais e insetos facilitando também a higiene do local.

Lavatório dos animais (ducha): destinado a higie-nização/banho diário dos animais. Deve ter espaço suficiente para o bovino e a circulação do tratador, no momento da realização do banho. O tamanho ideal é 4,0m x 4,0m para cada animal. Pode ser coberto ou ao ar livre, aproveitando o calor e ventilação natural para secagem do animal. É necessário ponto hidráu-lico (torneira e ralo). O piso deve ser emborrachado com espaço para recolhimento das águas servidas.

Fig.30: do autor, 2011 Fig.31: do autor, 2011

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Fig.32: do autor, 2011 Fig.33: disponível em:<TopinLifeBiotecnologia.com.br>

Farmácia: a farmácia armazena o estoque de medi-camentos necessários no dia-a-dia da fazenda, assim como botijões de nitrogênio para armazenamento de doses de sêmen; este pode ser um armário que fique próximo do centro de manejo (curral) onde os trata-dores tenham acesso facilitado;

Laboratório: no laboratório são desempenhadas técnicas de multiplicação genética tais como fecun-dação in vitro (FIV) e Transferência de Embriões (TE), assim como alguns exames. Deve ser um local arejado com ponto hidráulico e de energia (para pro-dutos que precisem ser refrigerados) e ficar locado próximo ao curral; as paredes devem ser revestidas com cerâmica branca para fácil higienização, e pos-suir uma janela de 0.50x0.50 para passagem da amos-tra coletada do animal, que terá ligação direta com o curral. O laboratório não deve ter conexão direta com banheiro ou cozinha e a disposição da pia ou lavató-rio deve ser no sentido oposto ou lateral a bancada de trabalho. Deve ter em média uma área de 8,00m².

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Sustentabilidade

A sustentabilidade privilegia questões bioclimáticas e de eficiência energética em benefício da arquitetura, do espaço, do uso; é um processo que deve permear e alimentar todas as etapas da concepção arquitetô-nica tendo como protagonista o espaço e o usuário. Baseia-se em três aspectos: o ambiental, o econômico e o social, que devem coexistir em equilíbrio. Estes aspectos apresentam variáveis independentes, sendo a proposta de cada projeto fruto de escolhas específi-cas, únicas e originais.

Um projeto sustentável deve ser ecologicamente correto, socialmente justo e economicamente viável, envolvendo com isto muitas variáveis, entre as quais o uso racional da energia se destaca como uma das principais premissas.

Esta “Nova Arquitetura” – ecológica, verde, susten-tável, de baixo impacto ambiental, deve não só mi-nimizar os impactos gerados no meio ambiente, mas principalmente integrar a edificação de forma a criar efeitos positivos no meio ambiente, sendo um agente renovador, reparador e restaurador, integrando-o aos ciclos naturais da biosfera. Além disso, a Arquitetura tem o papel de manter e gerar o bem estar da socie-dade, promovendo meios de garantir a satisfação dos aspectos sociais, culturais e econômicos.

A maior dificuldade e o grande desafio do tema sus-tentabilidade consistem em abordar um assunto que ainda não possui um respaldo científico, ou seja, “a sua noção está mais relacionada a uma tendência, a um processo norteador de reflexões e ações determi-

nadas por opções humanas em face ao seu relacio-namento com o meio envoltório em circunstâncias específicas.” (SILVA, 2000, p.09)

A classificação proposta por Ignacy Sachs⁸ , na qual a sustentabilidade possui cinco dimensões tem sido uma das mais utilizadas entre os pesquisadores da área. Segundo esta classificação, a sustentabilidade só é atingida quando abrange estas facetas e engloba os seguintes aspectos:

1 Sustentabilidade social: Entende-se pela criação de processo de desenvolvimento sustentável com me-lhor distribuição de renda e redução do abismo entre classes ricas e pobres;

2 Sustentabilidade econômica: É possível através de um gerenciamento mais eficiente dos recursos e maio-res investimentos tanto nos setores públicos como pri-vados, alem de se procurar maior eficiência econômica em termos macrossociais e não apenas através do cri-tério macroeconômico do empresariado;

3 Sustentabilidade ecológica: Que é a utilização dos recursos naturais, quando possível, renováveis, com maior eficiência, redução da utilização de combus-tíveis fosseis, redução do número de resíduos e de poluição, promovendo a autolimitação do consumo, intensificação nas pesquisas para obtenção de meios mais eficientes e menos poluentes para o desenvol-vimento do espaço urbano, rural e industrial, desen-volvimento de normas adequadas para proteção am-biental com elementos de apoio econômicos legais e administrativos necessário para seu cumprimento;

4 Sustentabilidade espacial: Configuração urbana rural mais equilibrada entre os assentamentos urba-

⁸ Ignacy Sachs (Varsóvia, 1927) é um economista polonês, naturalizado francês. Também é referi-do como ecossocioecono-mista, por sua concepção de desenvolvimento como uma combinação de crescimento econômico, aumento igualitário do bem-estar social e preser-vação ambiental.

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nos e atividades econômicas, redução de concentra-ção excessiva nas metrópoles, exploração racional das florestas e da agricultura através de técnicas moder-nas e regenerativas, exploração da industrialização descentralizada, criação de uma rede de reservas na-turais e da biosfera para proteção da biodiversidade;

5 Sustentabilidade cultural: Procurando manter as raízes em todos os processos de modernização, agri-cultura, indústria; preservando as características lo-cais e particulares de cada região.

Este caráter interdisciplinar da sustentabilidade acaba contribuindo para as infindáveis abordagens do tema, sendo este também utilizado em conjunto com o termo “desenvolvimento”.

A noção de “Desenvolvimento Sustentável” foi difundida internacionalmente pelo Relatório Brun-dtland (1987) e tornou-se a definição mais utilizada na literatura especializada, remetendo-se às condi-ções genéricas da qualidade da preservação das con-dições socioambientais ao longo das gerações. Neste relatório encontra-se a clássica definição do termo “desenvolvimento sustentável”. (BURSZTYN, 1994; LAYRARGUES, 1998; SILVA, 2000).

“O desenvolvimento sustentável é aquele que aten-de às necessidades do presente sem comprometer a possibilidade das gerações futuras atenderem às suas próprias necessidades.” (CMMAD, 1991, p.46).

Segundo Ignacy Sachs, seria impossível identificar três princípios básicos no desenvolvimento susten-tável, que se baseiam nas evidências de transição do milênio que corresponde ao esgotamento dos mode-los vigentes (desde a 2ª Guerra Mundial) e à emer-

gência de um novo padrão de produção e de gestão:. Racionalidade no uso dos recursos;. Princípio da diversidade (uso das potencialidades

dos recursos naturais e humanos);. Princípio da descentralização – diminuindo o ta-

manho dos grandes centros urbanos e reconhecendo as potencialidades regionais.

Com o surgimento da Agenda 21 em 1992 os paí-ses comprometeram-se a responder às premissas do desenvolvimento sustentável através da analise da totalidade do ciclo de vida dos materiais, do desen-volvimento do uso de matérias primas e energias re-nováveis, e da redução das quantidades de materiais e energia utilizadas na extração de recursos naturais, sua exploração, e a destruição ou reciclagem dos resí-duos, sendo seu objetivo principal:

“A Agenda 21 está voltada para os problemas pre-mentes de hoje e tem o objetivo, ainda, de preparar o mundo para os desafios do próximo século. Reflete um consenso mundial e um compromisso político no nível mais alto no que diz respeito a desenvolvimento e cooperação ambiental. O êxito de sua execução é responsabilidade, antes de mais nada, dos Governos.” (CNUMAD, 1996, p.01).

A Agenda 21 engloba como principais assuntos: Cooperação Internacional para acelerar o desenvol-vimento sustentável nos países em desenvolvimento; combate a pobreza; mudança nos padrões de consu-mo; elaboração de políticas de desenvolvimento sus-tentável; disponibilização da tecnologia sustentável a todos, entre outros.

A Arquitetura Sustentável por sua vez, aplica téc-

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nicas de projeto sustentável à arquitetura. É relacio-nado ao conceito de “Edifício Verde” (Green Buil-ding). Os dois termos, entretanto são freqüentemente usados para relacionar qualquer edifício projetado com os objetivos ambientais em mente, indiferente de como estes funcionam na realidade em cumprimento a tais objetivos.

Arquitetura Sustentável é moldada pela discussão de sustentabilidade e pela pressão de questões eco-nômicas e políticas do nosso mundo. Em um amplo contexto, arquitetura sustentável, procura minimizar o impacto ambiental negativo dos edifícios por au-mentar a eficiência e moderação no uso de materiais, energias e espaço construído.

Edifício Verde é a prática de aumentar a eficiência de edifícios e seu uso energia, água e materiais, e re-duzir o impacto da construção sobre a saúde humana e ambiental, através da melhor localização, projeto, construção, operação, manutenção e remoção – o ciclo completo da vida útil do edifício. Os conceitos de desenvolvimento sustentável e sustentabilidade são relacionados integralmente ao edifício verde. Um edifício verde eficiente pode levar a:

1 Custos operacionais reduzidos, por aumentar a produtividade e por usar menos energia e água;

2 Saúde do ocupante melhorada devido à melhor qualidade do ar interno;

3 Impacto ambiental reduzido, por exemplo, por diminuir o efeito da ilha de calor e por absorção do excesso de água da chuva (superfícies permeáveis).

Os profissionais praticantes do edifício verde fre-qüentemente procuram alcançar não somente har-

monia estética, mas também ecologia entre a estru-tura e o ambiente natural dos arredores. Além disso, o edifício sustentável é também ambientalmente ami-gável quando é construído utilizando-se materiais que não são agressivos ao meio ambiente.

Como parte da eficiência energética no edifício, também há que se considerar a análise da energia em-butida nos materiais, através do seu ciclo de vida; des-de a sua produção, processo, incorporação na obra e reciclagem posterior.⁹

Também se pretende levar em consideração algu-mas dimensões que regem o sistema LEED – Leader-ship in Energy and Environmental Design – de clas-sificação e certificação de edificações eco-eficientes. Sua aplicação também permite a análise e avaliação do projeto, construção e operação do edifício, base-ando-se em pré-requisitos (obrigatórios) e créditos (opcionais), que conferem pontos ao projeto e res-pondem a questões ambientais, sociais e econômicas. São eles:

. Sítios sustentáveis;

. Racionalização do uso da água;

. Eficiência energética;

. Sustentabilidade dos materiais;

. Qualidade ambiental interna.Tendo como base toda esta ampla abordagem sobre

a evolução sustentável na arquitetura, a fim de norte-ar a proposta a ser desenvolvida utilizando a síntese extraída destas definições, será elaborado um plano de recomendações para o equipamento no contexto e caráter de sua inserção no meio rural.

⁹ MÜLFARTH, Roberta C. Kronka. A Arquitetura de Baixo Impacto Humano e Ambiental. São Paulo. Dezembro, 2002.

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O gado Zebu

O gado Zebu veio da Índia no final do século XIX, e o significado do seu nome vem de “Zri-Bhu”, onde “Zri” significa “santo” ou “sagrado” e “Bhu”, mistica-mente, seria a “terrenização do espírito de Deus”. Daí que “Bhu” é simbolizado pela vaca, como uma exten-são da influência de Deus.¹⁰

Por isso, a vaca é sagrada na Índia. Afinal, ela cum-pre o papel de ser um elo entre Deus e a humanidade e a exploração destes animais é concentrada na pro-dução de leite e no transporte, já que a maior parte da população é vegetariana. No Brasil, a palavra “Zebu” é uma simplificação de “Zri-Bhu”, e dentre as raças que englobam o gado Zebu, destacamos a raça Nelore por ser a que mais cresce no cenário nacional com representatividade predominantemente de 85% do rebanho total brasileiro.¹¹

Em 1878 aconteceu a primeira importação da raça para o Brasil, através do empresário Manoel Lemgru-ber, que comprou do Jardim Zoológico de Hambur-go, um pequeno lote de animais.

Com o monopólio da pecuária que se estabeleceu no triângulo mineiro e a necessidade de atender me-lhor ao mercado, tendo que ofertar gado de boa estir-pe, trataram de comprar diretamente da Índia mais animais. Daí para frente, o comércio de Zebu iria se transformar em um negócio rentável, principalmente quando ajudados por fatores externos, como as duas guerras mundiais.

No período entre 1945 até 1965 os criadores inicia-ram uma seleção de alta pureza racial, consolidando as fisionomias das principais raças zebuínas (Nelore, Gir e Guzerá). Nesse período começava uma busca, que se tornará incessante, de chegar aos expoentes máximos, em termos de peso e beleza racial destes animais. Em 1963 aconteceram as novas importações indianas, e nas décadas de 1970-1980 o Governo Fe-deral continuou a investir na pecuária de corte, che-gando a raça Nelore a 70% do total de zebuínos regis-trados no Brasil naquela época.

O Brasil tem se tornado referência na exportação de carne bovina, mas além da carne, outro produto é valorizado entre os criadores: os animais melhorado-res, com genes que, se inseridos em um rebanho, ten-dem a aperfeiçoar sua qualidade genética. A busca por animais provados, com genética superior cresce a cada ano nas exposições e leilões pelo País, já que se sabe que o melhoramento genético na raça Nelore corresponde a milhares de toneladas de carne a mais.

Mesmo assim, durante quatro décadas a importa-ção do gado Zebu ficou suspensa pelo governo brasi-leiro, sendo a ultima importação realizada em 1963. O Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) teme o ingresso de doenças exóticas, que pos-sam comprometer a qualidade e sanidade do rebanho nacional. Por parte da Índia, há o impedimento do comércio por questões religiosas. Desde então, várias tentativas de reabertura das importações foram reali-zadas sem sucesso.

Conceituação Histórica

2

¹⁰ SANTOS, Rinaldo dos. O Zebu: edição come-morativa dos 60 anos do registro genealógico da ABCZ. Uberaba, MG. Editora Agropecuária Tropical, 1998.

¹¹ Disponível em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Nelore>. Acesso em: 28 dez. 2010

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43Fig.34: do autor, 2008

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Com a evolução tecnológica que viabiliza a importa-ção, através de embriões que apresenta risco desprezível de ingresso de doenças no país, o Ministério autorizou novamente as negociações em 1998 com o intuito de regular o comércio de embriões de bovinos da Índia. A iniciativa privada pleiteava a importação destes produtos alegando a necessidade de aumentar a quebra de consan-güinidade para o cruzamento dos animais e, com isso, obter o melhoramento genético do rebanho brasileiro. Em dezembro de 2009, chegou ao Brasil a primeira parti-da de embriões bovinos indianos (Nelore, Gir e Guzerá), e em 2010 aconteceram os primeiros nascimentos.

Sendo assim, devemos citar que um dos princi-pais fatores responsáveis pelo sucesso do desenvol-vimento da pecuária bovina de corte no Brasil, é o melhoramento genético animal, sendo a genética indiana grande responsável pelo êxito dessa ativi-dade em nosso país. E com esse sucesso há a ne-cessidade de boas instalações que potencialize o desenvolvimento constante desses animais, sobre-tudo aqueles que participam de exposições, onde a arquitetura deve aliar-se a esta constante escala evolutiva e contribuir para melhor desempenho das funções desenvolvidas.

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Fig.35: disponível em:<Flickr.com.br>

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História do Nelore em Pernambuco

A pecuária da região Nordeste do Brasil é formada basicamente de animais zebus criados a pasto, princi-palmente por sua adaptabilidade às condições climá-ticas da região, sendo representados, principalmente, pela raça Nelore.

Em Pernambuco, a pecuária está em sua maior parte, definida no sistema de manejo semi-extensiva e é uma atividade de interesse econômico, sendo sua principal finalidade a produção de carne. Sendo a raça Nelore é a que apresenta maior efetivo popula-cional e cujas informações quantitativas permitem a aplicação de métodos de avaliação genética por fazer parte do gado zebu em um percentual tão elevado.

Mas a comercialização de bovinos em Pernam-buco e outros seis estados da Região Nordeste en-frentam há treze anos com o embargo aos rebanhos, o motivo é ocasionado pela febre aftosa que é uma doença viral, contagiosa, que afeta todos os animais que possuem cascos fendidos (separados em duas partes).

O Ministério da Agricultura iniciou em setembro de 2010 o processo para validação de área livre de af-tosa. A decretação vai dar novo fôlego à criação de animais, afetada diretamente pela proibição de circu-

lação de animais e de material genético para outros estados livres da barreira da aftosa, que corresponde a 90% do rebanho nacional.

“O Nordeste deixará de ficar ilhado para os cria-dores, que hoje perdem muito por não poderem co-mercializar para fora da região e também ficaram im-pedidos de realizar melhoramento genético”, explica Erivânia Camelo, gerente-geral da Agência de Defesa e Fiscalização Agropecuária do Estado de Pernambu-co (Adagro).

“A ansiedade dos criadores é muito grande, prin-cipalmente para os produtores que trabalham com melhoria genética em bovinos. Pernambuco já foi ex-portador de material genético e está há mais de dez anos ilhado”, constata o presidente da Associação de Criadores de Animais, Manassés Rodrigues.

A proibição de circulação de animais tem impacto também em feiras, já que os criadores de outros esta-dos livres da doença não têm interesse de trazê-los, pois por segurança, precisam manter os exemplares durante 30 dias no estado, em observação.¹²

Contudo, essa barreira não impediu Pernambuco de se sobressair na comercialização de animais com genética de ponta, pois com o avanço tecnológico a comercialização de embriões tem alavancado a pro-cura deste material produzido pelo o estado.

¹² Disponível em: < http://www.diariodepernambu-co.com.br/2010/09/19/economia8_0.asp>. Acesso em 11 jan. 2011

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Fig.36: Divulgação da seleção Nelore JI, em 1989fonte: do autor, 2011

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Fazenda para a criação de gado elite

É a síntese do processo de transição da antiga for-ma da pecuária de corte (criação de forma extensiva) para o atual conceito de agronegócio, demonstrando ferramentas de novas tecnologias para o aperfeiçoa-mento da genética superior e sua produção em larga escala.

Estas fazendas que se difundiram no meio rural estão voltadas para a agropecuária seletiva por ado-tarem soluções técnicas elaboradas servindo como estações experimentais e modelo referencial. Sua constituição é a partir da base de métodos de manejo adequado aos animais e modos de construção técni-co-econômica aliada à sustentabilidade.

Uma fazenda para gado de elite em Pernambuco funciona como uma vitrine das potencialidades do agronegócio no estado. É um complexo de instala-ções que está destinado a receber os interessados em realizar negócios no segmento agropecuário, assim como o aprimoramento genético e alojamento de ani-mais que participam do circuito de exposições (time de pista), formado por até quinze animais com faixa etária entre oito e trinta e seis meses.

Seu público alvo são investidores e selecionadores da raça, focados no melhoramento genético em busca de animais que possam acrescentar qualidade em seu rebanho na escala comercial ou no processo seletivo. Também técnicos agropecuários como zootecnistas e médicos veterinários para a realização de consultoria e registros genealógicos.

Definições:

Agronegócio: “Agronegócio é toda relação comercial e industrial

envolvendo a cadeia produtiva agrícola ou pecuária. No Brasil, o termo agropecuário é usado para definir o uso econômico do solo para o cultivo da terra, asso-ciado com a criação de animais.

Agronegócio (também chamado de agribusiness) é o conjunto de negócios relacionados à agricultura dentro do ponto de vista econômico .”¹³

Fazenda: S.f. Propriedade rural, de lavoura ou criação de

gado; terreno cultivado; bens, haveres; finanças pú-blicas: Ministério da Fazenda; pano; estofo; tecido.¹⁴

Conhecimento Sobre o Tema

3

¹³ Disponivel em: <http://pt.wikipedia.org/wiki/Agroneg%C3%B3cio>. Acesso em: 12 jan. 2011 ¹⁴ FERNANDES, Fran-cisco; Luft, Celso Pedro. Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa. 30ª Ed. São Paulo. Editora Globo S.A., 1993. Edição exclusiva para assinante do Diário de Pernambuco.

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Gado de elite

O Brasil como maior produtor de bovinos do mundo, tem a pecuária organizada em duas frentes: produção de animais para o abate (gado de corte) e aprimoramento genético de bovinos para a criação de matrizes e reprodutores (gado de elite).

O gado de elite é criado para a comercialização e produção de genética, de padrões raciais. Onde o mercado para este ramo da pecuária se organiza em uma ampla rede, através da participação e circulação de animais em feiras agropecuárias, julgamentos e leilões cuja comercialização destes pode atingir pre-ços milionários.

Como os mercados da moda e das artes, a comercia-lização de gado de elite é bastante especulativa. Ven-de-se um conceito - os padrões de raças bovinas - e a possibilidade de gerar cada vez mais lucros: a genética desses animais, se reconhecida e apreciada, é capaz de criar novos animais, novas matrizes, novos padrões.

O objetivo da criação e venda destes animais é for-necer aos criadores, produtos melhoradores para os rebanhos comerciais do País. Em síntese, todo tra-balho realizado pela elite da pecuária que chega às gôndolas do supermercado. Como resultado, bois são abatidos mais cedo e conferem maior rentabilidade e menos custos. Desta forma se organiza o mercado da Pecuária de Elite no País.

Fig.37: do autor, 2010 Fig.38: disponível em:<FotoRural.com.br>

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Localização das fazendas no estado

A relativa homogeneidade dos sistemas agrícolas na Zona da Mata, organizados em torno da cana--de-açúcar, vem cedendo lugar a uma lenta, embora persistente, diversificação produtiva, tanto na agri-cultura quanto nas atividades industriais. Apesar de manter-se como atividade comercial dominante na Zona da Mata, a cana-de-açúcar permitiu o desen-volvimento de outras culturas comerciais que exis-tem em áreas marginais não propícias ao cultivo da cana, normalmente em mãos de pequenos e médios proprietários.

Dados de 2000 indicam uma participação da pecu-ária da Zona da Mata no conjunto do Estado relativa-mente significativa quanto a bovinos (11% do total do setor), notando-se o registro de experiências isoladas, mas com grande potencial de expansão, na criação de animais melhoradores, com enfoque na pecuária de elite, principalmente da raça Nelore, o que tem con-tribuído para o surgimento de diversas propriedades na região.¹⁵

Esse segmento tem-se apresentado como um se-tor com potencial de crescimento, constituindo-se como gerador de emprego e renda para a Zona da

Mata pernambucana, inclusive contando com gran-des vantagens comparativas, que é a proximidade das principais vias de acesso que liga as demais cida-des, a parques de exposições e o recente processo de transformações que a região vem passando através da implantação da cidade da copa em São Lourenço da Mata, que têm revitalizado e duplicado as estradas de grande parte destas cidades.

O regime de chuvas tem grande influência no local, por serem periódicas e abundantes, tendo o inverno e verão bem definidos, facilitando a recuperação das pastagens. Sua topografia regular com algumas áreas mais elevadas e com solo de boa qualidade, caracte-rizada pelo massapé (solo argiloso bastante fértil, ca-racterístico da zona da mata nordestina) define a re-gião da Zona da Mata como um local propício tanto para a agricultura quanto para a pecuária.

Através de um mapeamento das principais proprie-dades rurais do estado na criação de nelore de elite, observa-se que a maioria delas está implantada nesta zona, principalmente na direção Norte, mais próxi-mas da capital e de cidades com maior notoriedade no setor econômico, principalmente aquelas que se desenvolveram a partir da produção da cana-de-açú-car, como Carpina e Timbaúba.

¹⁵ Disponível em: <http://www.fundaj.gov.br/tpd/135.html>. Acesso em 15 jan. 2011

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Mapeamento das principais propriedades de seleção da raça Nelore no estado¹⁶:

. Cia. Agrícola Industrial São João | Várzea – Cornélio Coimbra A. Brennand

. Fazenda Boa Vista da Muribara | São Lourenço da Mata – Aloysio Monteiro

. Granja Avimalta | Paudalho – Giulliano Nóbrega Malta

. Fazenda Suçuarana | Paudalho – Theobaldo Lopes de Melo

. Fazenda Taluja | Paudalho – Amilzon Alcides de Souza Lima

. Fazenda Apuá da Pista | Lagoa do Carro – Edval Gomes do Rêgo

. Fazenda Espinho Preto | Limoeiro – Roberto Fernando Duarte

. Fazenda Baixa Verde | Feira Nova – Adilson dos Santos Torreão

. Fazenda Nossa Senhora da Conceição | Limoeiro – Inocêncio Gomes de Oliveira

. Fazenda São Jerônimo | Surubim – Murilo Miranda de Melo

. Fazenda Baixa Verde | Aliança – José Alexandre Cavalcanti

. Fazenda Nossa Senhora de Lourdes | Timbaúba – Maria Alzira Lima

. Fazenda Santa Luzia | Vitória de Santo Antão – José Firmino dos Anjos

. Fazenda Teju | Pombos - Agropecuária Pitú Ltda.

. Fazenda Paraíso | Pombos – Marcos Antônio Lins Siqueira

. Fazenda Riacho Fundo | Bezerros – Marcelo Alvarez de Lucas Simon

. Fazenda Coqueiral | Sairé – Ricardo Frederico Khüni Fernandes

. Fazenda Itiuba | Camocim de São Félix – Guilherme Pereira Albuquerque

. Fazenda Apipucos | Correntes – Adeilson Loureiro Cavalcante

. Fazenda Estrela | Quipapá – Arthur Cesar P. de Lira

¹⁶ Levantamento feito a partir do catálogo de julgamento da raça nelore da Exposição Nordestina – Recife, nos anos de 2008, 2009 e 2010. Disponível em:< http://publico.carne.org.br//blob/resultado_nel_expo%20nordestina%2020084819101.pdf>. Acesso em: 24 jan. 2011Disponível em:<http://pu-blico.carne.org.br//blob/resultado%20Final%20Nelore%20Recife%2020096121211.pdf>. Acesso em: 24 jan. 2011 Disponível em:<http://pu-blico.carne.org.br//blob/Crystal%20Reports%20%20REL280%20Resulta-do%20Nelore%20Nordestina%2020105244060.pdf>. Acesso em: 24 jan. 2011

Fig.39: do autor, 2011.

1 Recife/Várzea 2 São Lourenço da Mata 3 Paudalho 4 Lagoa do Carro 5 Limoeiro 6 Feira Nova 7 Surubim 8 Aliança 9 Timbaúba 10 Vitória de Santo Antão 11 Pombos 12 Bezerros 13 Sairé 14 Camocim de São Félix 15 Correntes 16 Quipapá

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3124

O Lugar

4

Lagoa do Carro

Lagoa do Carro, localizada na Zona da Mata Nor-te de Pernambuco, entre os rios Tracunhaém e Ca-pibaribe, é conhecida como a Terra dos Tapetes. Foi elevado à categoria de município autônomo pela lei estadual nº 10.619 de 01 de outubro de 1991, quan-do seu território foi desmembrado do município de Carpina.

Sua história remonta à época dos colonizadores da Capitania de Itamaracá, principalmente aqueles que fixaram residência as margens do Rio Tracunhaém. Nota-se então que Lagoa do Carro teve sua ocupação

oriunda a partir dos rios Capibaribe e Tracunhaém, rota dos desbravadores.

De acordo com a população, a origem do nome da cidade vem a partir de um naufrágio na Lagoa, de um carro de boi carregado de tijolos. Depois desse acon-tecimento o povo não fazia mais referência a Terra de Santana, como era chamada, mas sim a Lagoa do Carro.

Está localizada a 60 km da capital e tem uma área de aproximadamente 69,665 km² com uma população de 16.007 habitantes (IBGE 2010), é conhecida como a terra dos tapetes artesanais e também por possuir o maior museu particular de cachaças do Brasil.

1 Recife 2 Carpina 3 Lagoa do Carro 4 Limoeiro

Fig.40: do autor, 2011.

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Fig.41: disponível em:<Wikipédia.com.br>

Fig.42: do autor, 2011

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Fig.43: Fotomontagem de cenas que caracterizam o caminho entre Recife e Lagoa do Carrofonte: do autor, 2011

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Investigação dos condicionantes climáticos e topográfico

A denominada Zona da Mata Norte corresponde a zona fisiográfica Litoral-Mata de Pernambuco, onde o clima é predominantemente pseudotropical, com fortes chuvas no outono e inverno, que vão de abril a agosto. A cidade de Lagoa do Carro encontra-se na Microrregião da Mata Setentrional Pernambucana, menos úmida, com estação seca mais pronunciada.

Sua topografia corresponde o dominio geológico de sedimentos areno-argilosos da formação barrei-

ras. Essa dinstição geológica associada aos fatores climáticos tem consequências diretas no relevo que é bastante movimentado, típico do Planalto Rebai-xado Litorânea, onde os solos são em geral, pouco profundos, predominandando os do tipo podzólico formados a partir do inteperismo de rochas gnássi-cas, nos quais está instalada a monocultura da cana de açucar. Em alguns locais, encontra-se solo do tipo litólico, o que confere ao terreno maior estabi-lidade e menos suscetibilidade aos processos erosi-vos. (Dados obtidos do Relatório de Monitoramento da Fauna da LT 230 kV da CHESF).

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O Sítio

A área escolhida para o projeto encontra-se pró-xima ao centro da cidade de Lagoa do Carro, com o acesso facilitado por estar localizada a margem da rodovia Km 90 que liga Lagoa do Carro à cidade de Limoeiro, marcada por uma frondosa seqüência de palmeiras imperiais, sendo ponto de referência para os moradores das cidades circunvizinhas.

O entorno da fazenda é caracterizado predomi-nantemente por plantações de cana-de-açúcar e outras propriedades rurais, onde se observa uma

topografia ligeiramente ondulada, mas sem abrup-tos desníveis.

A propriedade possui uma área total de 67 hecta-res e uma delimitação para a sede de 20.480,38m², neste trecho encontram-se antigas edificações da central de coleta de sêmen de bovinos, Sotave, que encerrou suas atividades em 1982. A propriedade foi posteriormente adquirida pelo atual proprietá-rio no ano de 1996 para o início das atividades de seleção e melhoramento genético da raça Nelore, e as edificações existentes continuaram sendo utili-zadas na prática de criação do gado de elite.

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Fig.44: do autor, 2011

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Planta de locaçãofonte: do autor, 2011

curral baias depósito de raçãoe materiais

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Fig.45: visada 1fonte: do autor, 2011

Fig.46: visada 2fonte: do autor, 2011

Fig.47: visada 3fonte: do autor, 2011

Fig.48: visada 4fonte: do autor, 2011

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A Fazenda Apuá da Pista - Histórico

A seleção nelore da Fazenda Apuá da Pista, começou sua criação no ano de 1996/97, na Zona da Mata do Es-tado em meio à tradição do cultivo da cana-de-açúcar, trazendo para Pernambuco animais descendentes das principais linhagens através de aquisições nos princi-pais eventos e planteis do Brasil. Hoje possui destaca-dos exemplares de gado da raça nelore P.O (Puro de Origem), e vem se firmando no trabalho de seleção.

A Fazenda abriga produtos de alto valor genético, exclusivamente para produção de animais para ex-posições, onde através de técnicas avançadas como a fecundação in vitro e transferência de embriões, reali-

zam a multiplicação genética do seu rebanho, forman-do o lastro de um dos melhores do Nordeste.

É destaque em todos os leilões que promove ou par-ticipa, disseminando a raça e a boa genética com seus animais e sua seleção apurada, consagrando-se cam-peão por diversas vezes nas exposições e julgamentos da raça, com destaque para a Exposição Internacional do Nelore - Expoinel em Uberaba e Exposição Nordestina do Cordeiro em Pernambuco tendo conquistado conse-cutivamente os título de melhor expositor e criador da raça do estado nos anos de 2006 a 2010, atestando sua competência através das premiações de destaque. Atu-almente a Apuá da Pista vem consolidando sua genética no cenário conferindo reconhecimento nacional.

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Fig.49: Edval Gomes, 2010

Fig.50: Edval Gomes, 2007

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Legislação

A área em estudo não possui legislação específica quanto a parâmetros construtivos para este tipo de edificação. O projeto irá adotar a legislação referente à Defesa Sanitária Animal e Análises de Gestão Am-biental, bem estar animal e Normativas Técnicas de Instalações Rurais, bem como a Lei de Edificações e Instalações na Cidade do Recife. (ver anexos)

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Referências Projetuais

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Primeiro lugar no concurso Pier Modelo de Coliumo – Ignácio Ruz + Rodrigo Cerda + René Zepeda (Coliumo, Chile) | Estudo Conceitual

O objetivo do concurso é a concepção de um ante-projeto que venha integrar o riacho de Tumbes com o rio Maule para favorecimento não só das áreas pro-dutivas locais, mas também para a social, ambiental e turística da zona costeira do Chile onde se insere este projeto. O partido responde às questões levantadas sem interferir na harmonia do ambiente imediato, re-solvendo arquitetonicamente a integração entre o cór-rego no primeiro nível e gerando espaços públicos no segundo, que se abre para a comunidade com a notável utilização de rampas para explorar os diferentes planos e união das condições geográficas locais.

Considerando uma organização linear que se comu-nica com a bacia, adaptando-se a morfologia longitu-dinal através da disposição dos espaços públicos que se

entrelaçam em toda a cadeia produtiva das fronteiras marítimas, gera um conjunto de passeios e pontos de observação.

Através da união do espaço público (calçadas) e o produtivo (atividades costeiras) utilizando a efetiva adoção destas fitas ou rampas, a partir do litoral, seu envolvimento configura diversos espaços intermediá-rios proporcionando jardins de contemplação e espla-nadas. ¹7

Os aspectos extraídos desse projeto foram a conexão com a natureza e o movimento das laminas, através das rampas, que proporciona um passeio arquitetônico e mantém total integração com os condicionantes locais, sem delimitar ou restringir um acesso específico para o público ou privado, podendo ser feito deliberadamen-te. O tratamento dado em relação à implantação linear e a adoção de espaços de contemplação e esplanadas também foram considerados pelo autor durante o pro-cesso de elaboração projetual.

Fig. 51: vista aérea disponível em:<PlataformaArquitectura.cl>

¹7 Disponível em: <http://www.plataformaarqui-tectura.cl/2011/03/01/primer-lugar-concurso-ca-leta-modelo-coliumo/>.Acesso em 27 abril 2011.

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Fig. 52: disponível em:<PlataformaArquitectura.cl>

Fig. 53: Planta de locação e cobertadisponível em:<PlataformaArquitectura.cl>

Fig.54: Planta baixa térreodisponível em:<PlataformaArquitectura.cl>

acesso social acesso de serviço linha de força

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térreo, entre outros, com área de recepção/salão de pé--direito duplo, banheiros, cozinha e alpendre; no pavi-mento superior estão o escritório da companhia, dois quartos com banheiro e a suíte principal, destinados aos convidados e aos proprietários. Agregam-se ao re-ceptivo a entrada coberta, à frente, e o alpendre com churrasqueira, ao fundo, onde é possível acomodar até cem pessoas sentadas.

Junto ao alpendre está o redondel, área para expo-sição dos animais. Na seqüência, fica o bloco com 20 baias. Nas extremidades deste situam-se escritório, sala de reuniões, depósitos e alojamentos de peões. Para mitigar o calor do clima local, o projeto fez uso de she-ds, de diferentes alturas de telhados e de cuidadoso tra-tamento das aberturas. “Esses expedientes permitiram boa aeração e exaustão do ar quente”, avalia o arquiteto. Em sua opinião, nesse aspecto o resultado foi bastante satisfatório, inclusive nas baias.18

Para o desenvolvimento da proposta arquitetônica, a contribuição deste projeto será em nível de conte-údo de referência sobre o programa e pré-dimensio-namento, já que de forma sucinta o autor consegue desenvolver as estruturas que compõe uma fazenda para criação de gado elite, e dispor a implantação e zoneamento destes elementos de forma hierárquica de uso, dando ao resultado final um projeto racional e eficiente.

Fazenda Sant´Anna – Gaudenzi Arquitetos Associa-dos (Uberaba, MG) | Estudo Programático

Uberaba, no interior mineiro, é um dos núcleos da Fazenda Sant’Anna, organização que possui negócios no segmento agropecuário, com outras unidades em Rancharia, SP, e Cornélio Procópio, PR. Na cidade mineira, conhecida como capital brasileira do zebu, a empresa implantou um ponto de comercialização da espécie bovina Brahman, a mais recente em seu plantel de animais. As instalações construídas destinam-se a receber os interessados em realizar negócios, oferecen-do infra-estrutura para sua concretização, baias para alojamento do gado e um redondel, espécie de arena para exibição dos animais.

O arquiteto Luiz Américo Gaudenzi trabalhou o projeto basicamente com alvenaria em tijolo de bar-ro, rebocada e pintada, e elementos metálicos, como a estrutura da cobertura e as telhas. “Acompanhando a principal atividade no local, a arquitetura procurou enfatizar a interseção entre a rusticidade original da pecuária e a modernidade da genética bovina”, explica Gaudenzi, justificando a combinação de materiais.

No núcleo uberabense da Sant’Anna, as edificações projetadas compreendem o receptivo e as baias, inter-calados pelo redondel. O primeiro é um bloco de dois pavimentos, destinado a atender visitantes. Conta, no

¹8 Disponível em: <http://www.arcoweb.com.br/arquitetura/gaudenzi--arquitetos-associados--instalacoes-agropecua-rias-22-02-2009.html>. Acesso em 20 jan. 2011

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Fig.55: vista do alpendredisponível em:<ArcoWeb.com.br>

Fig.56: vista interna das baiasdisponível em:<ArcoWeb.com.br>

Fig.57: vista do redondeldisponível em:<ArcoWeb.com.br>

Fig.58: vista externa pavilhão de baiasdisponível em:<ArcoWeb.com.br>

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curral, o projeto delimita e especifica suas zonas de permanência, contudo não restringe a livre circulação do visitante ao longo do percurso retilíneo.

É feliz no arranjo espacial de suas zonas e proporcio-na conforto térmico a elas, adotando soluções como uso de sheds e grandes aberturas para ventilação e exaustão, dando maior qualidade aos espaços.

O dimensionamento proposto pela fazenda Sant´Anna atende aos pré-requisitos de orientação para o bem estar animal. Quanto à implantação do equipamento, se apresenta de forma linear e contínua, onde o acesso social é marcado pelo terraço do recep-tivo e que tem suas funções desenvolvidas ao longo deste eixo que leva até a zona de serviço finalizada pelo

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Figs.59, 60 e 61, disponíveis em:<ArcoWeb.com.br>fluxo social fluxo de serviço

(e animais)

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Diretrizes Projetuais

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Programa e dimensionamento

O programa compreende as necessidades funcionais e diárias da rotina de uma propriedade que se destina a criação do gado de elite, assim como espaços que são utilizados em eventos realizados pela fazenda (leilões, shoppings e dias de campo). O complexo proposto deve funcionar como uma vitrine expositiva do traba-lho realizado e abrigar também equipamentos como

o laboratório para dar suporte à demanda da fazenda na multiplicação genética dos animais promovendo maior comodidade e menos gastos neste processo. É observada também a necessidade de incorporar ao programa suítes para hospedagens partindo do pres-suposto que em dias de eventos ou até mesmo longas visitas técnicas sirvam de apoio para os visitantes, já que nas proximidades da propriedade não possui esta-belecimentos com infra-estrutura adequada.

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A construção do partido

“Arquitetura do movimento, do encontro e do di-álogo entre objetos, paisagem e pessoas” (Douglas Vieira de Aguiar)19

“Fazer arquitetura é chegar à síntese formal de um programa, em sentido amplo, e das condições de um lugar, assumindo ao mesmo tempo a his-toricidade da proposta.” (Helio Piñón)20

Diante da interpretação a partir do entendimento de apresentação da arquitetura na paisagem e feita uma analogia com o animal como objeto de exposição, foi concebido um partido que se apresente de forma exibi-cionista na paisagem rural, tendo a premissa de eviden-ciar, emoldurar o animal, definindo assim sua forma.

Entendimento do animal como objeto de exposição

Relação entre arquitetura x paisagem

Objeto arquitetônico que se exibe na paisagemObjeto arquitetônico que desvanece na paisagem

19 AGUIAR, Douglas Vieira de. Alma Espacial. Disponível em: <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitex-tos/02.022/804>. Acesso em 28 out. 2011

20MAHFUZ, Edson da Cunha. Observações sobre o formalismo de Helio Piñón. Disponível em:< http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitex-tos/08.089/196>. Acesso em 28 out. 2011 Figs.62: divulgação Expoinel 2007

disponível em: <Nelore.org.br>

Fig .64: Bodega Viña 14 - Espanha, S.M.A.O Architecture disponível em: <ElCroquis.es>

Fig. 63: Madinat-al-Zahra - Córdoba, Nieto Sobejano Arquitetosdisponível em: <Dezeen.com>

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Implantação

Relação com a paisagem – um novo local para a sedeA escolha do local para a implantação da sede defi-

niu-se a partir de uma leitura e compreensão do lugar. Considerou-se aspectos como a topografia sinuosa e a valorização da boa visibilidade dos campos da proprie-dade que se prolongam ao norte até perde-se de vista os limites; esta nova implantação ficará em uma área mais elevada do terreno próxima a um desnível que permite vista estratégica para o vale.

É importante ressaltar que uma obra arquitetônica,

pode ser concebida para causar interesse a seus usu-ários em ser percorrida em suas diversas possibilida-des, gerando emoções como curiosidade, surpresa, deslumbramento e reflexão. Um edifício não é apenas para ser visto e sim contemplado de forma ativa.

Segundo o professor Evaldo Coutinho21 “a arquite-tura não deveria existir apenas para ser vista, mas tam-bém para gerar visadas.” Sendo assim o projeto segue esta premissa e adota a utilização de grandes terraços e mirantes proporcionando um passeio arquitetônico convidativo, e à medida que o usuário se desloca, sur-preende-se e desvenda a paisagem que se forma.

21 Evaldo Bezerra Couti-nho (Recife, 23 de julho de 1911 — 12 de maio de 2007) foi um advoga-do e filósofo brasileiro, fundador dos Cursos de Arquitetura e Urbanismo e Filosofia da UFPE.

Fig.65: Croqui da Villa Savoye, Le Corbusier - Parisfonte: Le Corbusier Alive, Dominique Lyon. Ed: Vilo Publishing, 2000

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Planta de locaçãofonte: do autor, 2011

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Fig.66: Vista interna da Villa La Roche, Le Corbusier - Parisfonte: Le Corbusier Alive, Dominique Lyon. Ed: Vilo Publishing, 2000

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Fig.67: Casa-Estúdio, Luis Barragan – Méxicodisponível em:<budgettravel.com>

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Transpondo os dados obtidos a partir da análise do lugar e do programa proposto, definiram-se as diretrizes gerais que influenciaram diretamente no zoneamento da fazenda e sua respectiva mudança de implantação desconsiderando as edificações da sede existente:

1 Um novo local para a nova implantação do par-tido que permite a máxima valorização da paisagem natural fortemente marcada pela relação com a topo-grafia acidentada proporcionando vista estratégica para o vale gerando mirantes;

2 Destacar a edificação na paisagem como um pas-seio horizontal, influenciado pela distribuição do programa no terreno, onde as conexões dos espaços são feitas principalmente por meio de rampas;

3 O pavilhão de baias, zona expositiva, fica entre as outras duas zonas (social e serviço) evidenciando uma ligação direta entre os setores, respeitando uma hierarquia de uso e destaque;

4 As orientações de insolação e ventilação segundo o norte, uma vez que as construções das instalações rurais devem ser orientadas, normalmente, no senti-do leste/oeste.

Fig.68: estudo de implantação 01 fonte: do autor, 2011

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Fig.70: estudo de implantação 03 fonte: do autor, 2011

Fig.69: estudo de implantação 02 fonte: do autor, 2011

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Zoneamento

A elaboração do programa parte de observações in loco e análises sob o estudo de caso da Fazenda Sant´Anna que auxiliou na composição dos espaços e seu dimensionamento, levando a dividir o plano de necessidades em três zonas especificas.

A Zona Social compreende os espaços destinados ao público visitante evidenciado por um pátio de chegada que induz para uma área onde são realizados os even-tos, o tatersal de leilões. O seu dimensionamento foi elaborado a partir do quantitativo de convidados nos leilões realizados pela fazenda nas dependências do Parque de Exposição do Cordeiro. O estacionamento proposto tem uma capacidade para dez automóveis, mas é prevista uma área livre no terreno onde poderá estender o estacionamento e comportar a volume de veículos em dias de eventos que é de aproximadamente cem automóveis. Esta zona social ainda compreende a área administrativa e suítes de hospedagens, ambas no primeiro pavimento.

O pavilhão de baias dos animais fica em uma posição

intermediária entre o social e serviço, aqui chamada de Zona Expositiva, mas ainda assim deve ser eviden-ciada sua localização como parte integrante da Zona Social.

A Zona de Serviço abriga todas as funções especifi-cas do cotidiano e manejo dos animais da propriedade assim como o acréscimo de equipamentos que se faz necessário para um melhor funcionamento das insta-lações deixando-as mais viáveis, caso do laboratório de melhoramento genético.

Os espaços necessários para o bom funcionamento da fazenda foram agrupados e organizados em um único complexo, livrando assim a necessidade da exis-tência dos antigos equipamentos que compunham a propriedade. Os espaços que definem a propriedade foram organizados e setorizados da seguinte forma:

1 Acesso e pátio de chegada2 Área de eventos (semi-enterrado)3 Área social e intima (primeiro pavimento)4 Área expositiva 5 Pátio de serviço

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Fig.71, 72, 73, 74 e 75: esquemas de zoneamentofonte: do autor, 2011

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Fig. 76, 77, 78, 79: variações de estudos com maquetes físicas fonte: do autor, 2011

Estudo 1 O estudo parte da idéia inicial de um edifício retilíneo onde rampas fazem conexão com a coberta que ao mesmo tempo é piso. Neste primei-ro estudo o pé-direito é baixo, tem-se a impressão de fusão entre objeto arquitetônico e paisagem. Este estudo não responde ao conceito do edifício como objeto de exposição.

Estudo 2 Pensando na maior dinamicidade do vo-lume em sua escala macro, as lâminas são verticali-zadas e os pavimentos são conectados por rampas. As funções da fazenda desenvolvem-se no eixo hori-zontal e são hierarquizadas por pavimentos.

Estudos volumétricos

Com o auxílio da maquete física foram estudadas propostas volumétricas. Essa ferramenta possibili-tou o estudo relativo à inserção na paisagem, pro-porção e arranjo espacial. Pode-se avaliar também as alturas dos pés-direitos gerados, bem como as aberturas e a adição de elementos cênicos.

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3

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Estudo 3 Variação do estudo 2, que utiliza as do-braduras no papel de forma articulada, a fim de atingir maior dinamicidade nas lâminas projetuais. Mantêm-se a idéia principal da verticalização para hierarquizar as zonas (social e de serviço); refor-çando este caráter é inserido um elemento cênico (o septo), que da mesma forma que separa as zonas, tem a função de induzir ao acesso principal aliado a monumental rampa que leva aos pavimentos supe-riores e por fim ao mirante.

Estudo 4 Nova proposta que idealiza o edifício a partir de dois blocos independentes caracterizados pelas zonas social e de serviço conectados por uma marquise, conferindo uma maior legibilidade na setorização do zoneamento horizontal; ainda neste estudo é utilizado o septo indutor e a rampa, em-bora não tenha a função de dividir os espaços e sim induzir, onde se apresenta de forma mais contida. Problema: falta de articulação da rampa de acesso ao piso superior com o pavimento térreo.

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5 6

Estudos 5 e 6 Estudos elaborados a partir dos estu-dos 3 e 4, onde alia a maleabilidade da dobradura na fita retilínea com a setorização percebida no zonea-mento horizontal, e maior adequação do volume à forma do terreno. A utilização da rampa caracteriza todos os partidos propostos, sendo um elemento de conexão entre os pavimentos e em alguns casos po-

dendo ser a coberta e ao mesmo tempo piso. Com os resultados obtidos nestes estudos, percebe-se ainda pouca fluidez espacial e a necessidade de quebrar a forma retilínea da coberta e reforçar o “zig-zag” na implantação, e assim agregar maior dinamicidade a este elemento fazendo uma alusão com a paisagem campestre ligeiramente ondulada.

Fig. 80, 81, 82, 83: variações de estudos com maquetes físicas fonte: do autor, 2011

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Estudo 7 O objeto ainda é tratado como uma fita única que é articulada e moldada até tomar forma. A coberta passa a ter inclinações que remetem a topo-grafia, pousando sobre “ilhas” que desempenham as funções específicas de cada zona evidente; a função da coberta é de agregar, unir, conferindo maior uni-cidade ao equipamento. Problema: falta de controle da incidência solar, vento e chuva.

Proposta Os planos da coberta são moldados e faz alusão a topografia. O generoso pé-direito tem o ca-ráter de emoldurar o animal, objeto de exposição, e também conectar os espaços. Desde o primeiro es-tudo ao resultado final, o partido foi tratado como uma fita que se anima e toma forma. Fazia-se neces-sário a utilização de elementos cênicos para dividir, setorizar e induzir os espaços e percursos. Para que não ficasse totalmente exposto é utilizado elementos de vedação que também são controladores de ven-to e chuva, posicionados estrategicamente seguindo orientações de conforto ambiental.

Este objeto único mantém as características de to-dos os outros estudos desenvolvidos enquanto vo-lumetria, e apresenta espaços mais generosos com maior fluidez espacial. A rampa ainda faz a conexão entre os pavimentos, deixando o percurso a ser de-senvolvido mais convidativo.

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Fig. 84: linhas de força - Leitura da paisagemfonte: do autor, 2011

Memorial Descritivo

O partido“Quando se está buscando a identidade e a direção

de um novo projeto, devemos entrelaçar diversos con-textos sobre o sitio a considerar. Tentar olhar cada lu-gar como uma serie incompleta de sobreposições entre camadas e fragmentos, tanto históricas como geográ-ficas, que se juntam em múltiplas diretrizes de ‘ordem e desordem’. Inserir um edifício é reordenar estas for-ças preexistentes e possivelmente clareá-las.”²²

O Projeto é pragmático no que diz respeito à corre-lação entre conceito, programa e partido arquitetônico. Trata-se de uma fazenda para a criação e exposição de animais de elite, cuja proposta de implantação em ge-nerosa área verde e vista desimpedida para o horizon-te, enaltecem o caráter de exposição do animal, idéia símbolo para a composição dos espaços. A volumetria é pavilhonar e retilínea, caracterizada por um único edifício horizontal onde propositalmente a hierarquia dos espaços é aberta ao descobrimento caracterizan-do-se como um grande mirante.

A arquitetura proposta materializa aspectos intan-gíveis relacionados com o contexto histórico, cultural,

tais como a relação de poder, sofisticação e exclusivi-dade inerente à atividade do criador de gado de elite. A leitura do lugar leva à figura da paisagem natural irregular, caracterizada pelo relevo da zona da mata, li-geiramente ondulado, sendo a referência adotada para a composição volumétrica do partido.

Funcionalmente o conceito da fazenda para animais de elite fundamenta-se em espaços articulados que dis-tribuem e congregam as atividades e fluxos, materiali-zado pela hierarquia dos eixos principais, de visitantes, e secundários, dos animais, conferindo ao projeto uma ordenação elaborada dos espaços que se adéqua à esca-la do entorno e do que é evidenciado.

A proposta privilegia o essencial: o uso de tecnolo-gias sustentáveis objetivando a redução dos impactos causados pela atividade agropecuária e a integração da paisagem natural com a arquitetura, ativado por usos e experiências inéditas, onde sua condição de inserção é conduzida de forma a produzir uma arquitetura comuni-cativa, indutora, influenciadora e imponente para com a cultura local; onde a complexidade da forma e a surpresa de seus percursos criam uma promenade arquitetural. Os caminhos não estão predeterminados e percorrê-los faz descobrir e deslumbrar-se com a paisagem.

Proposta ArquitetônicaFazenda Apuá da Pista

7

²² CURTIS, Willian J.R . Alvaro Siza, 1958/2000 - Notas sobre a intervenção: Alvaro Siza. El Croquis: 68/69+95. Espanha.

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1

Fig.85: esquema de percursos e visadasfonte: do autor, 2011

Fig. 86: maquete de estudofonte: do autor, 2011

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Acessos e circulaçãoClareza e independência nos percursos é uma ne-

cessidade para o tipo de programa proposto. São dois tipos de fluxos que devem funcionar de forma inde-pendente: o social e o de serviço.

O acesso de veículos dá-se de dois modos a partir da guarita: o percurso do visitante toma o caminho da direita, mais monumental, que leva ao estaciona-mento fixo para 10 autos (acesso social); e o cami-nho da esquerda leva ao pátio de serviço, onde ocorre um tráfego mais pesado, por caminhões, que fazem o embarque e desembarque de animais e mercadorias (acesso de serviço).

Ao chegar ao pátio de entrada tem-se uma circula-ção simples e visível, que contempla a liberdade dos percursos a serem feitos, podendo ir diretamente as baias expositivas ou ao pavimento superior de caráter mais administrativo e íntimo.

A circulação interna é feita na sua maioria por rampas que fazem a conexão entre o pavimen-to térreo e o primeiro pavimento ou em dias de eventos, outra rampa que leva ao semi enterrado. Outra alternativa de acessar o salão ou subir ao primeiro pavimento é através da monumental es-cada helicoidal localizada na porção intermediária do partido.

Para os funcionários, a circulação dá-se pelo pátio de serviço localizado na parte posterior da constru-ção, assim como a circulação de animais, onde o fator

segurança é evidenciado, não misturando os fluxos entre os visitantes e animais.

Na porção oeste do conjunto está localizada a área comum aos visitantes, tais como salão para realização de eventos com uma capacidade de acomodar 130 pessoas e com toda infra-estrutura de apoio (banhei-ros e cozinha). A rampa que leva ao primeiro pavi-mento chega ao escritório, uma caixa translucida em vidro que faz uma ligação permeável com a paisagem que se desenvolve ao norte. Ainda deste lado, estão localizadas as suítes de hóspedes arrematadas por um terraço mais reservado, evidenciando o caráter de zona íntima. Ainda no primeiro pavimento, um mezanino corta longitudinalmente o eixo leste/oeste e conecta um espaço gourmet para eventos mais inti-mistas e que de maneira estratégica está voltado para a área de exposição dos animais; ao seguir o percurso do mezanino, o visitante depara-se com um mirante que se abre para o exterior.

Na porção leste, no térreo, estão dispostas as baias expositivas dos animais, que são dimensionadas se-guindo as normativas técnicas e bem-estar animal, onde este complexo pode comportar até 30 animais. A escala da porção leste remete a uma escala museo-gráfica, com alto pé direito, uma forma de enaltecer o produto objeto de desejo: o animal. A circulação dos animais ao sair das baias é feita pela parte posterior, que levam a um átrio onde está localizado o mostra-dor de animais ou até o pátio de serviço.

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fl uxo social fl uxo de serviçoFig.87: Esquema de fl uxos no projetofonte: do autor, 2011

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Conforto Ambiental | Roteiro para construir no nor-deste - Arquitetura como lugar ameno nos trópicos en-solarados

A adoção dos princípios defendidos pelo arquiteto Armando de Holanda induz a concepção de soluções arquitetônicas para satisfazer as necessidades de cará-ter ecológico, de conforto climático, estéticas e funcio-nais do conjunto proposto, como recomendava:

“Comecemos por uma ampla sombra, por um abrigo protetor do sol e das chuvas tropicais; por uma sombra aberta, onde a brisa penetre e circule livremente, reti-rando o calor e a unidade [...] criando agradáveis áreas externas de viver: terraços, varandas, pérgolas, jardins sombreados; locais onde se possa estar em contato com a natureza e com o céu límpido do Nordeste [...] Áreas sombreadas e abertas desempenham a função de filtros, de coadores de luz, suavizando suas asperezas e tornan-do repousante, antes de atingir os ambientes internos [...] As casas dos antigos engenhos e fazendas brasileiras possuíam esses locais sombreados: varandas corridas em torno do corpo da edificação, ou ao longo da fachada principal.”²³

Mesmo utilizando como referencial as idéias da ar-quitetura modernista abordadas no livro de Armando de Holanda, a proposta da fazenda irá dispor de lin-guagem e características contemporâneas.

Fig. 88: Croquis do livrofonte: roteiro para construir no nordeste

²³ HOLANDA, Armando de. Roteiro para construir no nordeste - Arquitetura como lugar ameno nos trópicos ensolarados. 2ª Ed. Recife. IAB – PE, 2010.

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Fig. 89: Máscara de sombra do edifício no solstício de inverno (22/06)fonte: do autor, 2011

Fig. 90: Máscara de sombra do edifício no solstício de verão (22/06)fonte: do autor, 2011

Inverno 08:00h Verão 08:00h

Inverno 10:00h Verão 10:00h

Inverno 14:00h Verão 14:00h

Inverno 16:00h Verão 16:00h

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linha

de

secç

ão

Fig. 92: corte transversal área expositiva - Estudo da incidência solarfonte: do autor, 2011

Fig. 93: corte transversal área expositiva - Estudo da incidência solar fonte: do autor, 2011

Fig. 91: corte transversal área social - Estudo da incidência solarfonte: do autor, 2011

elemento controlador de vento + chuva (direção sul)

elemento controlador de vento + chuva (direção sul)

incidência solar

solstício de verãosol até 7h30min

solstício de verãosol até 7h30min

solstício de verãosol até 8h30min

solstício de inverno sol entre 10h e 12h

solstício de inverno sol até 9h30min

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Fig. 95: esquema de ventilação no projeto fonte: do autor, 2011

Fig. 94: rosa dos ventos fonte: do autor, 2011

ventos com maior frequência de ocorrência (SE)

ventos com média frequência de ocorrência (L)

ventos com menor frequência de ocorrência (NO)

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Sistema estrutural

A composição estrutural do projeto é formada por concreto aparente e laje protendida. A utilização do sistema de protensão em lajes apresenta algumas van-tagens em relação ao sistema convencional em concreto armado, tais como maior liberdade arquitetônica devido à possibilidade de vencer grandes vãos mantendo uma grande esbelteza na laje, maior área útil do pavimento devido a menor quantidade de pilares, alta velocidade de fabricação e montagem, entre outros. Os pilares tam-bém são em concreto e possuem diâmetro de 0.30cm, sobre os quais se tem a laje protendida com 0.35cm de

altura permitindo vencer vãos com até 12,00cm. O edifício também é envolvido por algumas paredes

externas semi-abertas que, ao configurar uma parede dupla, atua como uma membrana que proporciona iso-lamento térmico. Entre estas paredes estão tirantes es-truturais que vencem as inclinações das mesmas e ainda ajudam a vencer alguns vãos livres de pilares realizando um contraventamento da estrutura como um todo.

A leveza é um item essencial na estrutura do proje-to. A lâmina irregular de cobertura do conjunto abriga o sistema de energia solar através de placas fotovoltai-cas, teto verde e captação pluvial que abastece o espelho d´água para o consumo diário.

Fig. 96: esquema de laje protendida disponível em:<ArcoWeb.com.br>

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Recomendações para uma fazenda mais sustentável

A pecuária é responsável pela metade das emissões de gases estufa no Brasil, sendo o gado responsável por 50% da emissão de resíduos de gás carbônico (CO2) e cerca de 35% a 40% de gás metano (CH4) no mundo. Levando em consideração o estudo realizado entre o período de 2003 a 2008, mostra que a pecuária emite aproximadamente mil Mton (milhões de toneladas) de gases estufa por ano, ante uma produção total no País de 2 mil a 2,2 mil Mton anuais.²⁴

Este número elevado de emissões é favorecido princi-palmente pelos seguintes fatores:

1 Desmatamento2 Queimadas3 Fermentação entérica do gado (gases produzidos

durante a digestão de alimentos).Sendo assim, o projeto inseriu soluções tecnológicas

para a redução de impactos ambientais e emissões pro-jetadas. As ações estão focadas na melhoria de qualidade tecnológica e ambiental, menores custos operacionais resultantes da operação correta e eficiente de sistemas prediais e a educação e divulgação de práticas ambien-tais sustentáveis neste setor.

Para isso deve-se levar também em consideração a compensação de emissões de CO2 por meio de:

-Programas de recuperação florestal;-Investimentos em geração de energias renováveis ou

medidas que promovam a eficiência energética. Desta forma, com base na tese Sustentabilidade nas

edificações e no espaço urbano de Solange Goulart e no livro O guia básico para a sustentabilidade de Brian Edwards, além de contemplar algumas dimensões que regem o sistema LEED de classificação e de certificação de edificações eco-eficientes, o projeto aspira obter prin-cípios que podem ser seguidos para atingir graus de sus-tentabilidade e de preocupação com o meio ambiente. São eles:

Gestão dos recursos naturais e implantação do edi-fício no meio: : A preocupação com a eficiência ener-gética dos edifícios é a forma mais significativa para a conservação de energia, mais importante do que criar outras formas de gerá-la é economizá-la. Decisões no estágio de projeto de uma edificação têm conseqüências de longo prazo, pois determinam como a edificação será iluminada, aquecida e ventilada, pressupondo que a Ar-quitetura Sustentável será Bioclimática.

²⁴ Disponivel em:< http://www.ecoagri.com.br/Eco-Agri/WebSite/Noticia/pecuaria-vs-efeito estufa,20091214094459_H_398.aspx>. Acesso em 4 de abril 2011.

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Lições da arquitetura vernacular: A arquitetura tra-dicional de todas as regiões pode ajudar de forma sig-nifi cativa na compreensão do projeto e da construção sustentável. A arquitetura vernacular utiliza materiais disponíveis no local, fontes de energias locais, em sua grande maioria renováveis, e adota métodos construti-vos que incentiva a reciclagem e o respeito a natureza. Para o projeto será utilizado tijolos ecológico ou manual nas paredes divisórias. Estes tijolos são fabricados por meio da prensa de uma mistura de terra e cimento, dis-pensando assim o uso de fornos. Por não possuir a etapa de queima durante a fabricação e também por necessitar de uma quantidade menor de cimento durante sua apli-cação em obras, este material possui um apelo ecológico.

Consumo de materiais: No que diz respeito ao con-sumo de materiais, estamos propondo o uso de agrega-dos que podem ser originados do reaproveitamento das demolições dos equipamentos da propriedade. Sendo a restrição desse uso para elementos estruturais.

Fig.97: tijolo ecológico disponível em:<RecriarComVoce.com.br>

Fig.98: planta de reformafonte: do autor, 2011

demolir

construir

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Águas e resíduos: O manejo do lixo e a conservação da água são itens ligados entre si. O manejo malfeito do lixo e de resíduos pode comprometer a qualidade da água, com conseqüências para a população humana e animal.

Diante de tal cenário, e pensando na quantidade de emissões que o gado produz através da fermentação en-térica, será contemplado o uso de esterqueiras em forma de biodigestor que produzirá gás metano para alimentar gerador e outros equipamentos, e as sobras servirão de adubo e fertilizantes.

Fig.101: esquema biogás disponível em:<Wikipedia.com.br>

Telhado verde: O telhado verde é uma alternativa, ao telhado convencional, que possui grandes vantagens:

Conforto térmico: O telhado verde promove a redução da temperatura interna, devido ao aumento da resistên-cia térmica que a composição oferece.

Conforto acústico: Em virtude da espessa massa da cobertura orgânica, o telhado verde consegue evitar a entrada e saída de ruídos no ambiente interno.

Fig.99: coberta verde fonte: do autor, 2011

Fig.100: esquema de implantação coberta verde disponível em:<LarVerdeLar.com.br>

1 Estrutura do telhado / laje2 Barreira para raízes (proteção contra água e raiz)3 Camada de proteção (0,5-1 cm - protege a impermeabilização contra danos mecânicos)4 Meio crescente ou substrato (8-10 cm - substrato produzido industrialmente)5 Nível de plantas

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Aproveitamento das águas pluviais: A água pluvial é coletada em áreas impermeáveis (telhados, pátios ou áreas de estacionamento) sendo em seguida encaminha-das a reservatórios de acumulação. No caso do projeto, o sistema de captação para reaproveitamento de águas pluviais acontece na superfície da laje e são armazena-das em dois espelhos d’água, e um reservatório inferior. Após o tratamento adequado a água da chuva será uti-lizada em bacias sanitárias, irrigação, limpeza de pátios e lavagem dos animais, o tratamento e o reuso de água cinza podem trazer economias de até 40% no consumo de água. (ver anexos)

Uso de recursos renováveis: A energia renovável pode ser utilizada para aquecer, refrigerar e ventilar as edifi-cações, substituindo os combustíveis fósseis. As prin-cipais fontes de energia renovável na arquitetura são a solar, a eólica e a geotérmica. Dentre essas, o projeto irá utilizar a energia solar, através da utilização de placas fotovoltaicas que irá converter diretamente a luz solar em eletricidade reduzindo o gasto anual da fazenda nos principais equipamentos de maior consumo, tais como chuveiros elétricos, forrageiras e gerador. Sendo assim, a ampla utilização de aproximadamente 37 placas foto-voltaicas medindo aproximadamente 1.50 x 0.66 metros irá garantir um uso racional dos recursos energéticos naturais. (ver anexos)

Fig. 102: esquema de captação e armazenamento de águas pluviais fonte: do autor, 2011.

linha

de

secç

ão

cisterna espelho d'água

sentido do fluxo da água

reservatório superior

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1 Gestão dos recursos naturais e implantação do edifício no meio 2 Lições da arquitetura vernacular (paredes divisórias em tijolos manual) 3 Telhado verde 4 Aproveitamento das águas pluviais (captação na laje da coberta) 5 Uso de recursos renováveis (placas fotovoltáicas)

ventos com maior frequência de ocorrência (SE)

Fig. 103: esquema de sustentabilidade fonte: do autor, 2011.

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Planta de coberta

A B C

D

E

B' C'A'

O Projeto

1

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4

6

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2

B' C'A'

1 2

555

999999

D'

7

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10

1 Estacionamento 2 Acesso principal 3 Espelho d´água 4 Pátio de serviço 5 Ducha 6 Curral 7 Mirante 8 Laje de captação de águas pluviais 9 Placas fotovoltaicas 10 Eco telhado

D'

E'

F'

F

10

73

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Planta baixa pavimento térreo

A B C

D

E

B' C'A'

1

2

3

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17

19

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2021

6

78

9

10

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11 11

D'

22

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15

21

1 Estacionamento 2 Espelho d´água 3 Salão de eventos 4 Palco 5 Leiloeiro 6 Apoio Buff et 7 Depósito 8 WC masculino 9 WC feminino 10 Área de Serviço 11 BWC funcionários 12 Carga e descarga mercadorias 13 Baia 14 Mostrador de animais 15 Depósito de ração e materiais 16 Pátio de serviço 17 Ducha 18 Embarque e desembarque de animais 19 Curral 20 Sala do veterinário 21 Farmácia 22 Laboratório 23 Gerador

D'

E'

F'

F

13

13

22

232

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Planta baixa primeiro pavimento

A B C

D

E

B' C'A'

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5

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3

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6

1 Escritório 2 Suíte 3 Terraço 4 Mezanino 5 Espaço Gourmet 6 Mirante

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E'

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F

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Corte EE΄

Corte CC΄

Corte AA΄

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Corte FF΄

Corte DD΄

Corte BB΄

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Fig. 105: Fachada Norte

Fig. 104: Fachada Sul

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Fig. 106: vista aérea

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Fig. 107: vista do acesso social

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Fig. 108: vista geral da fachada Sul

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Fig. 109: vista geral da fachada Norte - Pátio de serviço

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Fig. 110: vista geral da fachada Norte - Pátio de serviço

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Fig. 111: vista interna do salão de eventos

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Fig. 112: vista interna da área expositiva (baias e mostrador de animais)fonte: do autor, 2011.

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Disponível em:< http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/L8171.htm>. Acesso em: 10 fev. 2011.

Disponível em: <http://concursosdeprojeto.org/2009/11/07/centro-formacao-murcia-a-cero/>. Acesso em 07 mar. 2011.

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Anexo A - Análise técnica

O bem estar animalO conhecimento do comportamento animal e o uso

de estratégias de manejo racional podem assegurar o bem-estar animal e gerar ganhos diretos e indiretos na produtividade e na qualidade do produto final. Por outro lado, o manejo inadequado além de causar es-tresse e sofrimento desnecessário, afeta diretamente o animal.

Outros cuidados como dieta, condições higiênicas e instalações adequadas, assim como saúde animal, entre outros, também devem ser observados e pra-ticados pelo produtor rural para um melhor rendi-mento.

Gestão ambiental Trata do manejo adequado dos recursos naturais

existentes na propriedade rural, em conformidade com as leis ambientais e com as técnicas recomen-dadas para a conservação do solo, da biodiversidade, dos recursos hídricos e da paisagem.

Além de ser uma exigência de mercado, é uma questão de bom-senso e consciência mundial. As leis ambientais podem assegurar a persistência e a eco-nomicidade dos sistemas produtivos, e aqueles que a cumprem conferem a si e aos seus produtos uma dis-tinção de imagem, perante aos consumidores.

O Brasil tem uma legislação ambiental muito am-pla e rigorosa, com inúmeras restrições e ações de-senvolvidas no campo¹. Contudo, segundo a unidade técnica da Agência de Defesa e Fiscalização Agrope-

Anexos

cuária de Pernambuco – Adagro, o estado não possui nenhuma legislação específica para a construção de instalações agropecuárias, pois a entidade é responsá-vel pela defesa sanitária animal e vegetal, o controle e a inspeção de produtos de origem agropecuária.

O que delimita e auxilia a construção destas instala-ções são diretrizes técnicas para um melhor aprovei-tamento e rendimento da área a ser projetada, muitas delas desenvolvidas pela Empresa Brasileira de Pes-quisa Agropecuária – Embrapa, que atua com a via-bilização de soluções de pesquisa, desenvolvimento e inovação para a sustentabilidade da agricultura, em benefício da sociedade brasileira.

Instalações ruraisTrata da adequação das instalações agropecuárias

de modo a não causar danos ao animal e garantir a segurança do pessoal responsável pelo manejo dos animais.

Estas instalações para bovinos caracterizam-se pelos aspectos relacionados com a funcionalida-de, resistência, economia, segurança e que visem a atender aos princípios do bem estar animal. Instalações inadequadas podem comprometer a qualidade do produto, por causar problemas de aprumos nas patas, mau desenvolvimento nos pri-meiros meses de vida, queda de ganho de peso, cortes e riscos no couro, além de provocar descon-forto e submeter os animais a condições dolorosas desnecessárias e freqüentemente evitáveis. Esses danos depreciam o valor do animal e acarreta pro-blemas que são evidenciados em pistas de julga-mento morfológico.

¹ VALLE, E.R. do. Boas práticas agropecuárias – bovinos de corte: manual de orientação. 2ª Ed. Cam-po Grande, MS. Embrapa Gado de Corte, 2011.

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Diretrizes2:As instalações devem ser planejadas para atender ao

fluxo de trabalho, considerando a freqüência de ma-nejo, bem como o número e o tamanho dos animais, pois isso evitará gastos posteriores com adaptações. Deve-se levar em conta a higienização das instalações para manter condições adequadas de manejo.

-Consultar o órgão local responsável pelo meio am-biente antes da construção das instalações e implan-tação das atividades;

-A localização das instalações deve ser em área ele-vada da propriedade, levemente inclinada, próxima do centro de manejo e das áreas de produção (ca-pineira, cana, milho e outros), de preparo (moedor, misturador e balança) e de armazenamento e conser-vação dos alimentos (ração, silos e outros);

-As paredes internas das baias devem ser lisas e li-vres de saliências como pontas de pregos, parafusos ou ferragens que possam provocar lesões nos ani-mais. As paredes ou cercas de divisão das baias de-vem ter uma altura mínima de 1,50m;

-As baias devem ter área de 10 a 15 m² por animal;-O piso de circulação dos animais devem ser regu-

lares e antiderrapantes para prevenir a queda dos ani-mais. O piso das baias deve ter boa drenagem e uma declividade de 3%;

-Os cochos de alimentos e suplementação mineral devem ficar na parte frontal das baias, para facilitar o fornecimento da alimentação, pode ser construído em diferentes tipos de materiais (madeira, concreto ou até mesmo tambores plásticos).

1.1 O cocho para volumosos e concentrados deve ter o seguinte dimensionamento:

* Bordo superior – 0,60 – 0,70 cm do solo;* Comprimento – 0,40 cm lineares para bezerros e

0,70 cm lineares para animais adultos;* Profundidade – 0,40 cm;* Largura do fundo – 0,50 cm;* Largura do topo – 0,70 cm. 1.2 O cocho para suplementação mineral deve ter o

seguinte dimensionamento:* Altura – 0,60 cm do solo;* Comprimento – 4 m para 150 cabeças de animais;* Profundidade – 0,30 cm;* Largura do fundo – 0,30 cm;* Largura do topo – 0,40 cm;* Deve ser localizado no sentido aposto do bebe-

douro de água, para evitar desperdício.-O sombreamento é fundamental, pois proporciona

conforto térmico e redução de estresse aos animais, estimulando maior rendimento e ganho de peso nos mesmos;

-Reservatórios de água devem estar preferencial-mente localizados nos pontos altos, de forma a per-mitir a distribuição da água por gravidade, sua capa-cidade deve ser em função do numero de bebedouros abastecidos, prevendo-se uma margem de segurança;

-Os bebedouros podem ser construídos com ma-terial de fácil limpeza e higienização. Devem ser di-mensionados em função do número de animais a se-

2MARTIN, Luiz Carlos Tayarol. Confinamento de bovinos de cortes. 3ª Ed. São Paulo. Editora Nobel, 1999.

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rem atendidos, considerando o consumo de 50 a 60 litros por animal adulto por dia. A altura deve ser de 0,60 cm do nível do piso;

-O armazenamento de insumos deve ser em locais apropriados de modo a evitar o acesso de animais e a deterioração dos produtos, bem como reduzir a con-taminação de alimentos, rações, sementes, pessoas e animais;

-Promover o tratamento dos dejetos, que poderão ser utilizados como adubo orgânico ou biogás. A lo-calização do depósito desses dejetos deve ser entre 50 a 100 metros das áreas comuns.

Orientação das baiasA orientação de construção das instalações é fator

intimamente relacionado com o clima do local. Uma boa orientação tem maior importância quando pode permitir uma máxima insolação interna no inverno, e deve garantir a proteção contra os ventos dominantes e frios.

Em condições de clima tropical e subtropical, como ocorre em nosso hemisfério, as coberturas são orien-tadas, normalmente, no sentido leste-oeste, para que no verão haja menor incidência de radiação solar no interior das instalações e maior insolação da face nor-te no inverno.³

Tratamento dos dejetos – descarte das fezes e urinaOs prejuízos ambientais causados pela falta de tra-

tamento e manejo adequado dos resíduos da produ-ção animal são incalculáveis. Em muitos países os efluentes da produção animal já são a principal fonte de poluição dos recursos hídricos, superando os índi-

ces das indústrias, consideradas até então as grandes causadoras da degradação ambiental. Esses resíduos orgânicos, quando manejados e reciclados adequada-mente no solo, deixam de ser poluentes e passam a constituir valiosos insumos para a produção agrícola sustentável.

Na exploração da pecuária de elite, em que os ani-mais são mantidos em regime de semi ou estabula-ção completa, talvez seja o maior problema, pois a produção desses resíduos se dá de forma acelerada e constante.

A movimentação do esterco para armazenamento pode ser na forma sólida (esterqueira e distribuição direta nos campos de culturas ou pastos) ou líquida (lagoa, utilizando-se a água da lavagem como veícu-lo), sendo posteriormente descartado.

O manejo de esterco, no qual esterco e urina são depositados em tanques para aeração e homogenei-zação, acrescidas da água utilizada para limpeza auto-mática dos galpões de confinamento. Após a estabili-zação, este esterco líquido (biofertilizante) é utilizado nas áreas de cultura por meio de sistema de irrigação.

Outra interessante é a compostagem, um processo biológico de transformação da matéria orgânica crua em substâncias húmicas, estabilizadas, com proprie-dades e características completamente diferentes do material que lhe deu origem. É uma técnica ideali-zada para se obter mais rapidamente e em melhores condições a desejada estabilização da matéria orgâ-nica.

A compostagem é um processo de digestão aeróbia da matéria orgânica por microrganismos em condi-

³ MARTIN, Luiz Carlos Tayarol. Confinamento de bovinos de cortes. 3ª Ed. São Paulo. Editora Nobel, 1999.

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ções favoráveis de temperatura, umidade, aeração, pH e qualidade da matéria-prima disponível. A efi-ciência do processo baseia-se na perfeita interação desses fatores.

Os principais tipos de compostagem utilizados, dependendo da quantidade da matéria-prima dispo-nível, são: em leiras, pilhas aeradas, pilhas estáticas, caixas de alvenaria ou madeira, etc.

Atualmente, os sistemas de compostagem têm re-cebido muita atenção dos pecuaristas pela oportuni-dade de venda do composto para produção orgânica, agregando maior valor à atividade.⁴

ANEXO B - Legislação

-Legislação de defesa sanitária animal - lei n° 12.228 de 21 junho de 2002

Institui a Defesa Sanitária Animal no Estado de Pernambuco, e dá outras providências.

De acordo com:Art. 5º Os proprietários são diretamente responsá-

veis pela criação dos animais em condições adequa-das de nutrição, saúde, manejo, higiene e profilaxia de doenças.

Parágrafo único. Os proprietários que não atende-rem ao que determina este artigo serão passíveis da aplicação das medidas previstas na legislação perti-nente.⁵

-Instrução normativa Mapa nº 56, de 6 de novem-bro de 2008

Art. 1º Estabelecer os procedimentos gerais de Re-comendações de Boas Práticas de Bem-Estar para Animais de Produção e de Interesse Econômico - RE-BEM, abrangendo os sistemas de produção e o trans-porte.

Art. 2º Para efeitos desta Instrução Normativa con-sideram-se:

I - animais de produção: todo aquele cuja finalida-de da criação seja a obtenção de carne, leite, ovos, lã, pele, couro e mel ou qualquer outro produto com fi-nalidade comercial;

II - animais de interesse econômico: todo aque-le considerado animal de produção ou aqueles cuja finalidade seja esportiva e que gere divisas, renda e empregos, mesmo que sejam também considerados como animais de produção;

III - sistema de produção: todas as ações e processos ocorridos no âmbito do estabelecimento produtor, desde o nascimento dos animais até o seu transporte;

Art. 3º Para fins desta Instrução Normativa deverão ser observados os seguintes princípios para a garantia do bem-estar animal, sem prejuízo do cumprimento, pelo interessado, de outras normas específicas:

I - proceder ao manejo cuidadoso e responsável nas várias etapas da vida do animal, desde o nascimento, criação e transporte;

II - possuir conhecimentos básicos de comporta-mento animal a fim de proceder ao adequado manejo;

III - proporcionar dieta satisfatória, apropriada e se-gura, adequada às diferentes fases da vida do animal;

IV - assegurar que as instalações sejam projetadas

⁴ CAMPOS, Aloísio Torres de. Instrução Técnica para o Produtor de Leite - Tratamento e manejo de dejetos de bovinos, nº 52. Juiz de Fora, MG. Editora Embrapa Gado de Leite, 2001.

⁵ Disponível em:< http://www2.adagro.pe.gov.br/c/portal/layout?p_l_id=PUB.1643.7&p_p_ id=VisualizadorRepositorio_INSTANCE_ZMHn&p_p

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apropriadamente aos sistemas de produção das dife-rentes espécies de forma a garantir a proteção, a pos-sibilidade de descanso e o bem-estar animal;

V - manejar e transportar os animais de forma ade-quada para reduzir o estresse e evitar contusões e o sofrimento desnecessário;

VI - manter o ambiente de criação em condições higiênicas.⁶

ANEXO C – Dimensões de um animal da raça Nelore

ANEXO D – Dimensionamento do reservatório de águas pluviais

1 Índice pluviométrico de Lagoa do Carro (ano) – 1.634 mm⁷

2 Área de captação pela laje da coberta: 1.268 m²3 Volume de água captada pela coberta anualmen-

te: 2.071.912,00 m³/ano4 Volumes de uso da água nas principais funções

da fazenda:-Vaso sanitário – 1.200 l/mês/pessoa (serão consi-

derados 15 vasos gerando um gasto de 55.200 l/ano);-Lavagem dos animais – 100 l/dia/animal (consi-

derando 30 animais tomando 122 banhos ao ano ge-rando um gasto de 366.000,00 l/ano).⁸

5 Total de consumo de água anual das funções descritas é de aproximadamente 421.200,00 l/ano que será armazenada em um espelho d´água com cap: 130.640,00 l/m³ e em uma cisterna com cap: 269.440,00 l/m³.

Fig.01: disponível em: <lagoa.com.br>

⁶ Disponível em:< http://www.datadez.com.br/content/legislacao.asp?id=76018>. Acesso em: 10 fev. 2011

⁷ Disponível em:< http://www.cprm.gov.br/rehi/atlas/pernambuco/rela-torios/LDCA092.pdf>. Acesso em: 01 nov. 2011

⁸ Para efeito do cálculo do consumo do animal foi utilizada a NBR 5625 na tabela de consumo predial referente a cavalariças, por ser o mais próximo da criação de animais de grande porte, neste caso o bovino.

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Fig.02:fonte: ATLAS Solarímétrico do Brasil. Recife : Editora Universitária da UFPE, 2000.

ANEXO E – Dimensionamento de placas fotovoltaicas

Para dimensionar a quantidade de placas solares é necessário fazer uma relação de todos os equipamen-tos que pretende ligar ao sistema, verificando o con-sumo em Watts e a quantidade de horas que cada um ficará ligado por dia. Multiplicar os valores de consu-mo pelas horas de uso. Somar os resultados e assim obter o consumo diário de energia.

A escolha do painel solar é feita através de sua ca-

pacidade de geração em Ah (Ampère). Com o valor da potência exigida em Watts por dia, é necessário dividir o valor pela tensão do sistema (ex.:12 ou 24 V) e obterá a corrente/dia necessária.

O resultado deve ser novamente dividido pelo tem-po médio de insolação. Com o valor em Ah encontra-do, escolha o painel que se iguala ou supera este valor na tabela de painéis. Para 24V deve-se levar em conta que terá no mínimo 2 painéis do mesmo modelo in-terligados em série.⁹

⁹ Disponível em:< http://www.portal-energia.com/dimensionamento-de--sistemas-solares-fotovol-taicos/>.Acesso em: 01 nov. 2011.

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Para o projeto será utilizado o painel solar mode-lo KD-135-UPU - (135 W)10 , policristalino de alta eficiência. Que transforma energia solar diretamente em eletricidade. O sistema irá gerar energia para os seguintes equipamentos:

1 Forrageira11:Consumo do equipamento por hora: 1.492 watts/

hora, sendo previsto que passará em média duas ho-ras ligada por dia, conferindo um gasto de 2.984 wat-ts/dia. Para suprir seu gasto diário serão necessárias 22 placas solares de 135 watts.

2 Aquecimento de água em chuveiros elétricos12:O chuveiro elétrico é responsável por 30% do con-

sumo total da energia elétrica de uma residência, considerando uma potência de 4.400 watts. Em um banho de 10 minutos são gastos 440 watts de energia; uma vez que o projeto desenvolvido possui 04 suítes destinadas à hospedagem estima-se que serão gastos 1.760 watts/dia, necessitando de 13 placas solares de 135 watts.

3 Gerador13:O gerador especificado para a propriedade tem as

seguintes características:- Gcummins Power Generation - 116/106 kva - si-

lenciado- Motor: CUMMINS 4BTA 3.9-G4 - Voltagem: 220/380/440 V- Corrente: 263/152/131 A - Frequência: 60 Hz

- Peso: 940 Kg- Dimensões(m): C 2,40 x L 1,00 x A 1,70Especificamente este gerador chega a gastar 263

watts/hora, necessitando de 02 placas solares para seu funcionamento.

Sendo assim, o projeto irá necessitar de 37 placas solares com dimensões de 1.50 x 0.66cm.

ANEXO F – Entrevistas

Entrevista Realizada em 26 de Março de 2011, com o proprietário da Fazenda Apuá da Pista, Edval Go-mes do Rêgo Junior.

Para você o que é uma fazenda para a criação do gado de elite?

- Uma fazenda organizada com pessoas qualifica-das, com investimentos direcionados na estrutura, mão-de-obra e em animais de qualidade.

As atuais instalações da sua fazenda se encaixam neste modelo?

- Ainda não, minha fazenda hoje é muito simples...mas funciona bem, até agora.

Quais os principais problemas e necessidades en-contrados na sua fazenda?

- Acho que falta uma pouco, digamos assim...um

10 Disponível em:< http://www.brasilhobby.com.br/descricao. sp?CodProd=KD135SXUPU>. Acesso em: 01 nov. 2011.

11 Disponível em:< http://laboremus.com.br/for-rageiras/forrageira-fs1s.html>. Acesso em: 02 nov. 2011.

12 Disponível em:< http://www.larverdelar.com.br/solar.htm>. Acesso em: 02 nov. 2011.

13 Disponível em:< http://www.minasgeradora.com.br/grupogerador.html>.Acesso em: 02 nov. 2011.

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banho de loja. Ter um mostrador organizado para apresentar o gado, um bom local para receber as pes-soas, calçamento...que ainda não fiz, um local com ba-nheiros para os convidados e suas esposas, jardins...acho que isso é o que está faltando; praticamente este tipo de investimento.

Que benefícios uma fazenda projetada pode tra-zer para a economia, para os animais e para os tra-balhadores?

- Quando tudo é esquematizado e organizado é bom para todo mundo, então se já começa bem pro-jetado acredito que não se vá fazer investimentos er-rados, fazer como estou fazendo na propriedade, pe-quenas construções sem nenhum tipo de projeto, sem nenhum tipo de organização. Acabo fazendo uma coisa hoje e amanhã tenho que quebrar e construir de novo...Acho que estes são os tipos de benefícios que podem vir a ter bom desempenho. No nosso caso, a gente pegou o projeto da Sotave que foi feito para um tipo de função que não é o trabalho realizado hoje na propriedade e fomos adaptando as instalações antigas, que tem dado certo, mas poderíamos evitar maiores custos, como estou tendo hoje.

Você acha que Pernambuco tem alguma fazenda de referência para a criação de gado elite?

- Tem. Acho que a fazenda Torreão em Feira Nova e a fazenda de Cornélio Brennand na Várzea se en-quadram neste perfil. Creio que dentro do Estado

são as duas fazendas que são mais organizadas e fo-ram projetadas especificamente para o gado de elite. Elas seguem o mesmo padrão das outras fazendas do País, só que não com tanto “glamour” nem tanto investimento, até porque estamos em uma realidade diferente, mas são duas fazendas que tomaria como referência para fazer na minha.

Entrevista Realizada em 26 de Março de 2011, com o administrador da Fazenda Apuá da Pista, Admir Soares da Costa.

Quais os principais problemas funcionais encon-trados na fazenda?

- Acredito que se pudesse ter uma baia onde pu-desse alojar todos os animais juntos o manejo seria melhor... “Manejo aqui, manejo lá e aculá” fica mais complicado. Por que faz você andar mais e atrasa o serviço. Se os animais estivessem todos juntos, eles seriam amansados por igual, mas como estão separa-dos, o gado da primeira baia, a baia principal, é mais cuidado...porque é a primeira que chego e é mais pró-xima da minha casa. Isso não é um problema, é que dificulta as coisas.

Que aspectos mudariam na fazenda hoje para um melhor trabalho e desempenho dos animais? As instalações atendem a demanda e facilitam o trabalho diário?

- Se eu fosse mexer hoje, mexeria em tudo. Para co-

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meçar a localização das coisas deveriam ser: baia com todo o gado e brete (com tronco e balança e carrega-deira). Tudo deveria ser junto...porque hoje o manejo é maior devido a distância onde o gado está, porque o gado do outro lado (que estão em lugares mais longe da baia principal) quando é preciso fazer alguma coi-sa tenho que andar muito com eles e pode acontecer algum acidente, já que eles não são tão mansos, por-que se tivesse tudo num lugar só, qualquer pessoa, até mesmo sozinho poderia maneja-los. Eu vejo que na maioria das fazendas é assim...

Outro ponto que poderia mudar era o bezerreiro, porque é pequeno para a quantidade de animais e não é todo coberto, o animal fica muito no sol e termi-na perdendo muito peso, isso tem que melhorar. Já as baias principal deveria ser mais ventilada, é muito quente, elas deveriam ser a favor do vento, quando es-tou trabalhando lá dentro o “suor pinga” e prejudica o animal no ganho de peso. Já os cochos e bebedouros são perfeitos. Mas quando foi fazer as baias e viram que estava errado...continuou assim mesmo. Ela de-veria ser maior, com um quarto de ração, porque hoje

a ração fica espalhada no galpão ou em um depósito longe. Era para ter um depósito aqui, um local para guardar cabrestos, produtos de limpeza...o baú da ex-posição.

Quantos animais vão para as cocheiras por ano? - Hoje temos em média 30 animais, entre bezerros

e animais adultos, sendo tratados nas baias, 15 ficam na baia principal, porque é o primeiro time de pista...o resto fica espalhado em outras baias e piquetes, são ani-mais para leilões e para substituir algum animal do pri-meiro time; ai termina estes animais que são do mesmo potencial dos outros sendo prejudicados por ficarem mais soltos e ficarem em áreas abertas levando sol. Eles deveriam estar todos juntos para facilitar o trabalho.

Você acha que Pernambuco tem alguma fazenda de referência para a criação de gado elite?

Essa fazenda é muito boa, mesmo tendo estes pro-blemas...mas a de Brennand é melhor, porque lá fica tudo muito próximo.

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À minha família pelo suporte;Aos grandes amigos Leila Chaves, Isadora Melo e Edlene Nascimento por serem;

A Alzira Inojosa pelos ensinamentos;

Aos que fazem parte do Arquitetura & Negócios, em especial Yara Scherb, pelo acolhimento;

A Paula Maciel pela presença e orientação;

E a todos os amigos e professoresque permanecem vivos em meu coração.

Fazenda Apuá da PistaEquipamento arquitetônico para a criação de gado elite

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José Alexandre CavalcantiPaula Maciel