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Programa de Educação Continuada a Distância Curso de Farmacotécnica em Manipulação Aluno: EAD - Educação a Distância Parceria entre Portal Educação e Sites Associados

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Programa de Educação Continuada a Distância

Curso de Farmacotécnica em

Manipulação

Aluno:

EAD - Educação a Distância Parceria entre Portal Educação e Sites Associados

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Curso de Farmacotécnica em

Manipulação

MÓDULO I Atenção: O material deste módulo está disponível apenas como parâmetro de estudos para este Programa de Educação Continuada, é proibida qualquer forma de comercialização do mesmo. Os créditos do conteúdo aqui contido são dados aos seus respectivos autores descritos na Bibliografia Consultada.

2 Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores

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Este material deve ser utilizado apenas como parâmetro de estudo deste Programa. Os créditos deste conteúdo são dados a seus respectivos autores

MÓDULO I 1. INTRODUÇÃO À FARMACOTÉCNICA

No rol das Ciências Farmacêuticas, a Farmacotécnica destaca-se por reunir

subsídios teóricos e práticos para aquele que, talvez, seja o maior objetivo do profissional

farmacêutico: produzir medicamentos. E, quando se fala em medicamentos, fala-se de um

produto que, por ser destinado à promoção da saúde, é atrelado a um rígido controle de

qualidade.

Desde os mais remotos tempos, a qualidade é embasada nas relações da

Farmacotécnica com as demais Ciências Farmacêuticas. O próprio Galeno, considerado o

pai da Farmacotécnica (se não da profissão farmacêutica), em seus escritos no início da

Era Cristã, demonstrava uma enorme coerência científica, sendo que algumas de suas

fórmulas são utilizadas ainda hoje.

Quando se pensa na técnica e todas as implicações relacionadas à escolha da

forma física do medicamento, dependemos de pré-requisitos muito importantes, como a

Química - em especial a Físico-Química e a Química Orgânica. O conhecimento da

primeira leva à otimização da técnica de preparo, e orienta quanto ao perfil

biofarmacêutico (velocidade de absorção) que se pretende atingir. Já a Química Orgânica,

além de sua importância nestes aspectos técnicos, também subsidia nas questões

críticas, como a estabilidade dos componentes envolvidos numa formulação e suas

incompatibilidades.

Por outro lado, quando se pensa no propósito do medicamento, ou seja, a que se

destina, um dos pré-requisitos mais importantes da Farmacotécnica é a Farmacologia, e

conseqüentemente, Fisiologia, Bioquímica, Anatomia, entre outras ciências. O

conhecimento da Farmacologia definirá a melhor via de administração do medicamento

para o sucesso terapêutico, a melhor forma de apresentação e, conseqüentemente, a

técnica envolvida no preparo.

Outras Ciências Farmacêuticas, como a Farmacognosia e a Química

Farmacêutica, têm relação direta com a produção de medicamento, uma vez que são

responsáveis pela obtenção e desenvolvimento dos princípios ativos. Deste modo, estão

relacionadas num eixo horizontal e vertical com a Farmacotécnica.

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De modo semelhante, as disciplinas de Controle de Qualidade têm também esta

característica - exceto pelo fato de que no eixo vertical elas complementam a

Farmacotécnica, enquanto a Farmacognosia e Química Farmacêutica poderiam até ser

consideradas como pré-requisitos.

A Deontologia, por sua vez, vem complementar a questão do medicamento nos

aspectos legais e éticos, assumindo uma relação paralela com a Farmacotécnica.

Farmacotécnica é, enfim, a ciência responsável pelo desenvolvimento e produção

de medicamentos, levando-se em conta o efeito terapêutico e a estabilidade (prazo de

validade) desejados, condições de acondicionamento, transporte e armazenamento, bem

como a forma ideal de administração e dispensação. Seus principais pré-requisitos

incluem outras Ciências Farmacêuticas, como Farmacologia, Farmacognosia e Química

Farmacêutica, além de ciências básicas como Físico-Química, Química Geral e Orgânica,

Fisiologia, Patologia, Parasitologia e Microbiologia.

1.1 CONCEITOS E DEFINIÇÕES

Considerando-se que a Farmacotécnica tem como função básica desenvolver

medicamentos ou meios de veiculação e administração de fármacos, alguns conceitos se

fazem importantes. Segundo a Farmacopéia Brasileira, em sua quarta edição, temos

como definições:

Fármaco: substância ativa, droga, insumo farmacêutico ou matéria-prima

empregada para modificar ou explorar sistemas fisiológicos ou estados patológicos em

benefício da pessoa a qual se administra o medicamento.

Medicamento: produto farmacêutico tecnicamente obtido ou elaborado, que

contém um ou mais fármacos juntamente com outras substâncias, com a finalidade

profilática, curativa, paliativa ou para fins de diagnóstico. Medicamento magistral: medicamento preparado na farmácia cuja prescrição

estabelece a composição, a forma farmacêutica e a posologia.

Medicamento oficinal: medicamento preparado na farmácia ou industrializado,

cuja fórmula está descrita nos compêndios oficiais (farmacopéias, formulários).

Especialidade farmacêutica: produto farmacêutico industrializado que pode ser:

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a) Medicamento de referência: medicamento cuja patente expirou, podendo

então ser reformulado.

b) Medicamento genérico: bioequivalente a um medicamento de referência.

b.1) Medicamentos bioequivalentes: medicamentos que não apresentam

diferenças estatísticas no perfil farmacocinético (quantidade absorvida e

velocidade de absorção).

c) Medicamento similar: possui o mesmo princípio ativo, forma e dose do

medicamento de referência.

c.1) Equivalentes farmacêuticos: são medicamentos que contêm o mesmo

fármaco (ou mesmo sal, ou mesmo éster da molécula terapeuticamente ativa)

na mesma quantidade e forma farmacêutica, podendo ou não conter

excipientes idênticos;

c.2) Alternativas terapêuticas: são medicamentos que contêm a mesma

molécula terapeuticamente ativa ou seu precursor, mas não necessariamente

na mesma dose, forma farmacêutica, sal ou éster.

Forma farmacêutica: é a forma na qual o medicamento é apresentado, podendo

ser líquida (ex.: gotas, xarope, elixir), sólida (ex.:comprimidos, cápsulas), semi-sólida (ex.:

creme, gel, pomada) ou gasosa ( spray, aerossol).

Fórmula farmacêutica: composição do medicamento, considerando a dose do

fármaco e percentuais dos demais componentes.

Dose: quantidade de fármaco suficiente (mínima) para produzir efeito terapêutico

ideal. A dose usual segura e eficaz é definida por estudos clínicos e depende de fatores

fisiológicos, patológicos e genéticos.

Posologia: freqüência com que uma dose é administrada para manter níveis

plasmáticos terapêuticos. Pode ser determinada empiricamente ou por estudos

farmacocinéticos, através de duas possíveis abordagens:

a) Abordagem empírica: administração de determinada dose e observação do

efeito. Reajuste da dose e dos intervalos e nova observação.

b) Abordagem cinética: os efeitos terapêuticos e tóxicos relacionam-se com a

concentração plasmática. Envolve a avaliação farmacocinética da absorção, distribuição,

metabolismo e excreção do fármaco no organismo.

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1.2 CLASSIFICAÇÃO DOS MEDICAMENTOS

Assim como os fármacos, que podem ser divididos em específicos ou

inespecíficos, e sub-classificados sob vários aspectos (químico, farmacodinâmico,

terapêutico etc.), os medicamentos também podem ser classificados sob vários critérios.

Entre os critérios mais populares está a forma de apresentação: comprimido, drágea,

solução, creme, supositório, pó, pomada etc.

Quanto à farmacografia, ou seja, a forma de prescrição, existem preparações

oficinais (ex.: farmacopéicas), magistrais (prescritas pelo médico veterinário ou dentista) e

as especialidades (registradas no Ministério da Saúde e produzidas em escala industrial).

Por outro lado, segundo o princípio terapêutico, existem medicamentos alopáticos e

homeopáticos.

Quanto ao grau de dispersão ou diâmetro (∅) das partículas disperdsas dos

ativos e coadjuvantes no veículo, temos as dispersões moleculares (∅ < 0,01 μ),

dispersões coloidais (∅entre 0,01 e 0,5 μ), dispersões finas (∅entre 0,05 e 10 μ), e

dispersões grosseiras (∅< 10 μ). As dispersões moleculares são favorecidas pela

afinidade com que as interações intermoleculares ocorrem. Nos demais casos, a falta de

afinidade pode requerer o uso de técnicas especiais e maior número de operações

unitárias. São exemplos de dispersões moleculares: as soluções líquidas, as ligas

metálicas e algumas formas plásticas, como pomadas, supositórios e géis. Como

exemplos de dispersões coloidais temos alguns géis e suspensões. As dispersões

grosseiras incluem a maioria das suspensões, emulsões e formas sólidas. As dispersões

não-moleculares são também conhecidas como dispersões mecânicas. Assim, quanto à

técnica de preparo (dispersão) temos dispersões moleculares e mecânicas.

No que diz respeito à segurança, os medicamentos são classificados quanto ao

seu uso: medicamentos de uso externo ou interno, que podem também, dependendo da

ação desejada, também ser classificados como medicamentos de ação sistêmica ou local.

Nesse contexto, quando se pensa no local seguro para utilização do medicamento,

há ainda a classificação quanto à via de administração, que é uma das mais importantes e

merece um capítulo à parte. Entre as principais vias de administração temos: oral,

injetável, intramuscular, tópica, oftálmica, nasal, auricular, retal, vaginal.

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Finalmente, uma das classificações mais úteis do ponto de vista farmacotécnico diz

respeito à forma física:

Líquidos: soluções, suspensões e emulsões.

Plásticos: formas semi-sólidas (pomadas, géis, pastas e cremes), supositórios,

óvulos e velas.

Sólidos: pós, granulados, cápsulas, comprimidos, drágeas, pílulas, pastilhas etc.

Gasosos: sprays, aerossóis, fumigações etc.

1.3 OPERAÇÕES BÁSICAS

Embora o número de operações envolvidas na elaboração de medicamentos seja

bastante grande, existem duas ou três operações básicas que podem ser consideradas

inevitáveis - entre estas a Pesagem e/ou Tomada de Volume e o processo de Mistura. As duas primeiras justificam-se pela necessidade de garantirmos a correta dosagem do

principio ativo, e a terceira garante a uniformidade do medicamento.

Outras operações, até comuns, podem ser consideradas secundárias ou derivadas

dos processos de mistura. Como exemplo temos a Trituração, que consiste em subdividir

partículas sólidas, e a Tamisação, que consiste em separar partículas de tamanhos bem

definidos.

Para entender a importância destas operações, basta entender os medicamentos

como formas de dosagem e liberação de fármacos. Esta idéia implica que a proporção do

princípio ativo na formulação deve ser respeitada. Logo, a pesagem ou tomada de volume

de cada componente deve ser feita sempre com muita exatidão. Da mesma forma, a

liberação dos fármacos ou princípios ativos deve ocorrer de maneira adequada. Para

tanto, esta liberação precisa ser uniforme em cada dose terapêutica da forma

farmacêutica, encerrando quantidades equivalentes dos ativos. A mistura dos

componentes do medicamento buscando, se não um sistema homogêneo, ao menos

uniforme, é fundamental.

Convém ressaltar ainda que, além das práticas supra-citadas, são também

imprescindíveis em uma farmácia magistral as práticas relacionadas ao Controle de

Qualidade de matérias- primas (MP), que na verdade antecedem a manipulação.

Segundo as exigências da RDC 033, de 2000 (Anvisa), são operações básicas no

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controle de qualidade de MP: determinação de ponto de fusão, densidade, pH e

conferência das propriedades organolépticas.

A busca pela melhoria da qualidade de produtos manipulados vem sendo

perseguida pelas farmácias não apenas como um diferencial, mas também pela

reconquista de sua credibilidade frente aos produtos industrializados. Para tanto, a

garantia da qualidade dependerá não apenas da implementação do Controle de

Qualidade, mas de um sistema de qualidade regido por um Manual de Qualidade e Boas

Práticas de Manipulação (RDC 210 de 2003) que envolva todos os processos da

produção do medicamento. Tais processos dizem respeito a todas as etapas, que vão

desde a compra das matérias-primas até o acompanhamento terapêutico.

Entre as principais responsabilidades e atribuições do profissional farmacêutico

responsável técnico estão:

Supervisionar a preparação, incluindo a conferência das fórmulas, o que

exige do farmacêutico competência prática e conhecimentos científicos.

Estudar e acompanhar a legislação vigente.

Adquirir matérias-primas de fornecedores confiáveis e qualificados, criando

meios e critérios para este procedimento.

Avaliar certificados de análise emitidos pelos fornecedores.

Implementar e supervisionar o controle de qualidade de acordo com

aspectos éticos e legais.

Avaliar prescrições médicas quanto a sua adequação, concentração,

compatibilidades, posologia e via de administração.

Estipular as condições adequadas de manipulação, conservação, transporte,

dispensação e controle do produto.

Elaborar procedimentos operacionais padrão (POP´s), treinando e

qualificando o pessoal responsável para que estes sejam seguidos com rigor.

Supervisionar e inspecionar rotinas operacionais de manipulação.

Conferir o rótulo.

Fazer a manutenção de arquivos informatizados de documentação

correspondente a todas as etapas envolvidas no processo: laudos de compra,

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certificados de análise de fornecedores e controle de qualidade, relatórios de

preparação da formulação, datas de entrada e saída, entre outras.

Registrar as substâncias e medicamentos controlados.

Participar e viabilizar a participação de membros da equipe em programas

de qualificação continuada em todas as áreas pertinentes à produção, incluindo:

desenvolvimento de formulações, garantia de qualidade, farmacovigilância,

informática, entre outras.

Prestar atenção farmacêutica necessária aos pacientes, objetivando a

administração correta dos produtos.

1.3.1 Conferência de fórmulas A receita médica em uma farmácia de manipulação poderia ser comparada a uma

ordem de serviço. Entretanto, antes de iniciar a produção de um medicamento, o

responsável técnico farmacêutico deve analisar a prescrição com atenção. Os aspectos

relevantes a serem observados podem ser divididos em questões legais e técnicas.

No que diz respeito às questões técnicas, a conferência da prescrição exigirá

conhecimentos específicos relacionados a problemas de incompatibilidade, erro de

dosagem, bem como a simples questão de cálculos matemáticos.

Em relação aos aspectos legais, um receituário ou prescrição deve apresentar os

seguintes requisitos:

Identificação do médico, incluindo o número de registro no Conselho

Regional de Medicina (CRM).

Identificação do paciente.

Data.

Legibilidade da receita e concordância dos termos segundo a DCB.

Dose do fármaco e indicação posológica.

Em caso de dúvida, o profissional deve entrar em contato com o prescritor

(receitante), não sendo conveniente aviar a receita. Juridicamente, somente o

farmacêutico será responsabilizado por acidentes relacionados a erro de receituário.

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1.3.1.1 Tipos de prescrições

As prescrições podem ser de três tipos: especialidades farmacêuticas, oficinais e

magistrais.

As especialidades dizem respeito aos medicamentos industrializados. Logo, cabe

ao profissional competente prestar atenção farmacêutica avaliando questões relacionadas

à posologia, interações medicamentosas, bem como perfil fisiológico do cliente.

No caso das preparações oficinais, estas em geral não apresentam erros de

dosagem, já que são descritas em literatura confiável. Entretanto, a atenção farmacêutica

se estende também à área de manipulação, assim sendo, é passível de erro nos cálculos

matemáticos, e a conferência destes se faz imprescindível.

Por fim temos as prescrições magistrais, as quais são elaboradas por médicos,

veterinários ou dentistas, profissionais estes especializados em clínica e terapia, e não em

medicamentos. Assim sendo, cabe ao profissional farmacêutico, sempre que pertinente,

consultar a literatura de referência a fim de evitar danos algumas vezes irreparáveis.

1.3.2 PESAGEM A pesagem de fármacos ou insumos farmacêuticos é um procedimento essencial,

pois visa garantir a correta proporção do princípio ativo no medicamento. Sem a garantia

de uma proporção pré-definida e adequada do fármaco, o medicamento perde seu valor

terapêutico e a farmácia perde sua credibilidade.

Entre os erros ou acidentes mais comuns no processo de pesagem estão:

1. Falha na interpretação ou conversão das unidades ex: miligramas (mg) por

gramas (g).

2. Descuido na observância de fatores de conversão (Fc) sal-base (ex:

fluoxetina base PM = 309,33; fluoxetina cloridrato PM = 345,79; Fc = 1,12).

3. Descuido na observação dos fatores de correção relacionados à diluição

aplicados a fármacos muito potentes (ex: o hormônio T3 é convenientemente diluído

geometricamente 1:100, logo deve-se aplicar fator 100).

4. Não observação de concentrações constantes nos laudos de qualidade

emitidos pelos fornecedores (ex: na vitamina E 50% deve-se aplicar fator 2; no

betacaroteno a 10 % deve-se aplicar fator 10).

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1.3.2.1 Tipos de balança

Entre os vários modelos de balanças disponíveis, os mais comuns poderiam ser

dividido, quanto a sua precisão, em:

Balança Roberval: para pesagem de massa maior que 1 g, utilizada para

produções em grande escala.

Balança Granatária: para pesagem de massa a partir de 0,01 g, útil em

situações de emergência (como um “apagão”) e em caso de produções em

pequena escala.

Balança semi-analítica: com precisão para pesagens a partir de 0,001 g,

sendo a mais utilizada na rotina das farmácias.

Balança analítica: de grande precisão (0,0001 g), útil no controle de

qualidade.

O custo das balanças varia de acordo com o modelo e fabricante e, em geral,

aumenta em ordem crescente com a precisão e capacidade.

1.3.2.2 Cuidados na pesagem

Independentemente do tipo de balança todas requerem os seguintes cuidados

básicos:

1. Acerto do prumo (nível);

2. Uso de recipientes leves ou compatíveis*;

3. Tara da balança;

4. Tempo de estabilização de aproximadamente 15 minutos (para balanças

eletrônicas)

Os recipientes devem ser o mais leve possível e grandes o suficiente para garantir

que não haja queda de insumos no equipamento, especialmente se estes forem

corrosivos.

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1.3.3 Tomada de volume A tomada de volume de líquidos, assim como a pesagem de insumos sólidos, visa

a garantia da proporção correta entre o(s) princípio(s) ativo(s), o(s) coadjuvante(s)

técnico(s) e o veículo.

Para este procedimento utilizam-se diversas vidrarias, sendo as mais comuns, em

ordem crescente de precisão: béquer, cálice, proveta e pipeta. Estas podem ainda ser

encontradas na versão de material plástico, úteis para formulações que contenham

substâncias que atacam o vidro, como ácido fluorídrico ou hidróxidos alcalinos muito

concentrados.

Ressalta-se ainda que no caso de líquidos viscosos, como a glicerina, a

trietanolamina e os óleos vegetais, em geral, opta-se pela pesagem ao invés da tomada

de volume, sendo proibido o uso de pipetas.

1.3.4 Mistura Após a tomada dos insumos farmacêuticos em suas devidas proporções, deve-se

misturá-los de forma a obter um medicamento com aspecto o mais homogêneo possível.

No caso de formas farmacêuticas líquidas nas quais os sólidos são livremente

solúveis, ou os líquidos são miscíveis ao veículo utilizado, tem-se uma solução (sistema

homogêneo).

Entende-se por mistura todo processo que visa buscar a dispersão entre partículas

com a maior uniformidade possível. Já por dissolução entende-se como sendo uma

mistura na qual, por exemplo, partículas sólidas se dispersariam intimamente num líquido

de modo a obter-se um sistema homogêneo verdadeiro (dispersão molecular). Bons

exemplos de dispersões moleculares são os casos das ligas metálicas (solução de aço:

carvão e ferro; solução de latão: cobre e zinco) e das pomadas (pomada amarela:

vaselina e lanolina; pomada branca: vaselina e cera branca), sistemas estes que, embora

não sejam líquidos, constituem dispersões moleculares.

Assim, percebe-se que uma dissolução é um processo de mistura, mas nem toda

mistura caracteriza-se por um processo de dissolução, ou seja, por uma dispersão

molecular.

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Para que uma dissolução ocorra, é necessário que soluto e solvente apresentem

afinidades, como, por exemplo, graus de polaridade ou constante dielétrica semelhantes.

De modo que o processo de dissolução é facilitado por estes aspectos físico-químicos.

Já nos casos de sistemas de polaridade muito distintos, o grau de miscibilidade ou

solubilidade será mínimo ou desprezível, e o processo de mistura se caracterizará por

uma dispersão mecânica. Nestes sistemas, tem-se as dispersões grosseiras, cujo

diâmetro da partícula é superior a 0,5 μ , e as dispersões coloidais, que apresentam

dimensões intermediárias entre as soluções e as suspensões (0,01 a 0,5 μ). São

exemplos de misturas não-moleculares: pó anti-séptico, suspensão de leite de magnésia,

loção hidratante, leite, café, entre outras.

Independente do tipo de dispersão, os medicamentos devem possuir, sempre que

possível, o máximo de uniformidade. Para tanto, vários procedimentos farmacotécnicos

são empregados, os quais envolvem uso de coadjuvantes técnicos e de tecnologias

específicas. De modo geral, as partículas sólidas devem ser trituradas e tamisadas antes

de serem misturadas, tanto no preparo de um pó quanto de uma suspensão. Para

misturas entre líquidos não miscíveis (loções e cremes), uma melhor uniformidade pode

ser garantida com o uso adequado de tensoativos ou substâncias anfifílicas.

1.4 COMPONENTES DE FORMULAÇÕES

Uma formulação medicamentosa é composta basicamente por três classes de

componentes: os princípios ativos (fármacos), os coadjuvantes e os veículos, dos quais

da combinação correta depende o sucesso de uma farmacoterapia. Outrossim, não

necessariamente um medicamento será composto pelas três classes, havendo três

possibilidades:

i.FÁRMACO

ii.FÁRMACO + VEÍCULO

iii.FÁRMACO + ADJUVANTES + VEÍCULO

Os fármacos são responsáveis pela ação farmacodinâmica propriamente dita,

enquanto os coadjuvantes atuam na promoção da estabilidade ou biodisponibilidade, bem

como correção de propriedades organolépticas. Já os veículos, em princípio são inertes e

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têm a função básica de veicular o fármaco, ou seja, conduzi-lo pela via de administração

escolhida em sua devida proporção.

1.4.1 Princípios Ativos Os princípios ativos ou fármacos são os elementos-chave responsáveis pela ação

terapêutica de um medicamento alopático ou fitoterápico. São classificados em função de

vários aspectos, como: classe química, classe terapêutica, alvo molecular ou

especificidade.

Quanto à especificidade, existem apenas duas classes: a dos fármacos específicos

e a dos inespecíficos.

Os específicos correspondem à maioria dos mais de sete mil fármacos constantes

no arsenal terapêutico, tais como os analgésicos e antiinflamatórios, os agentes

cardiovasculares, anti-histamínicos, hormônios, agentes antiparasitários diversos,

antineoplásicos etc.

Já os fármacos inespecíficos, em número bastante reduzido, são aqueles que não

atuam seletivamente sobre determinados receptores. A ação farmacodinâmica desta

classe depende apenas de suas propriedades físico-químicas, sendo estes pouco

vulneráveis às modificações estruturais.

Entre os fármacos inespecíficos mais comumente manipulados temos os anti-

sépticos, rubefacientes, vesificantes, adstringentes, emolientes, umectantes, hidratantes,

queratoplásticos, queratolíticos e cáusticos.

Os anti-sépticos podem atuar por mecanismos diversos, tais como poder redox,

pKa (acidez), quelação, alquilação etc.

Os rubefacientes e vesificantes possuem ação irritante que provoca aumento da

circulação local e contribui para dissipar processos inflamatórios.

Os adstringentes causam precipitação de proteínas e, conseqüentemente, auxiliam

no bloqueio da difusão de um processo inflamatório.

Os emolientes atuam na epiderme através da sua hidrofobicidade, impedindo a

desidratação da pele. Da ação de manter os tecidos mais macios ou moles deriva o termo

emoliente. Por outro lado, tecidos mais hidratados viabilizam a dispersão da inflamação

ou mesmo, muitas vezes, processos de absorção.

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Os umectantes são substâncias hidrofílicas, em geral compostos sintéticos

polihidroxilados, que por sua natureza mantêm a pele umedecida, enquanto os

hidratantes possuem características igualmente hidrofílicas. Entretanto, são mais

absorvíveis, dada a sua origem natural (bioquímica), sendo capazes de hidratar os tecidos

em níveis mais profundos, incluso intra e intercelular.

Os queratoplásticos e queratolíticos, por sua vez, não possuem nenhuma relação

com processos inflamatórios, e sim com síntese e lise de proteínas, respectivamente.

Enfim, os agentes cáusticos são agentes corrosivos utilizados com fins

terapêuticos na remoção de verrugas e calosidades.

1.4.2 Adjuvantes Farmacêuticos Os adjuvantes ou coadjuvantes são componentes ou excipientes que integram os

medicamentos com funções diversas.

Dependendo de suas aplicações estes podem ser divididos em coadjuvantes

terapêuticos e coadjuvantes técnicos.

1.4.2.1 Coadjuvantes Terapêuticos

O emprego do termo coadjuvante terapêutico está diretamente ligado às fases

farmacodinâmica e farmacocinética, sendo, principalmente, de competência da

Farmacologia. Neste campo tem-se uma infinidade de associações medicamentosas

entre fármacos “principais” e fármacos “coadjuvantes”, seja visando sinergismo, redução

de efeitos adversos ou aumento da meia-vida. Assim, temos a carbidopa e ácido

clavulânico, que associados à levodopa e penicilina aumentam a meia-vida destes por

inibição metabólica.

A diferença entre o papel terapêutico e técnico do coadjuvante poderia ser

traduzida, de modo simplista, pela influência deste, respectivamente, nos aspectos

farmacológicos e físico-químicos. Entretanto, muitas vezes é impossível definir uma

fronteira entre tais funções.

Alguns exemplos de componentes que poderiam ser considerados como

coadjuvantes terapêuticos são: os queratolítico, os emolientes, os promotores de

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penetração percutânea, os molhantes, os tampões, todos relacionados à eficácia de ação

do fármaco.

Como exemplos temos o ácido salicílico, que atua como coadjuvante terapêutico

em preparações antimicóticas por sua ação queratolítica, removendo tecido necrosado e

viabilizando a ação dos princípios ativos antifúngicos.

Pomadas indicadas em contusões superficiais têm, na inerente ação emoliente de

suas bases lipófilas, funções de veículos e coadjuvantes terapêuticos de fármacos

antiinflamatórios específicos.

Muitos medicamentos de uso tópico poderiam ser inúteis sem os promotores de

penetração percutânea. Estes agentes, em geral, são solventes polares e apróticos, tais

como dimetil sulfóxido (DMSO) e dimetilformamida (DMF), moléculas anfifílicas como

polietilenoglicol, propilenoglicol, etanol, derivados da uréia, tensoativos, ou ainda

compostos apolares como ácido oléico e miristato de isopropilo (Fig. 1).

OHOH

SO

OHálcool laúrico

decilmetilsulfóxidopropilenoglicol

HNN O

O O derivados ciclicos da uréia

C C (CH2)7COOHCH3(CH2)7

H H

ácido oleíco

Fig. 1 – Promotores de absorção percutânea.

Neste contexto, os molhantes e tampões, além de suas funções técnicas, são

muitas vezes imprescindíveis no processo de absorção de fármacos hidrofóbicos ou

impermeáveis, desempenhando, assim, também uma ação coadjuvante terapêutica.

1.4.2.2 Coadjuvantes Técnicos

O uso correto e adequado de coadjuvantes técnicos é de competência direta do

farmacotécnico. Os coadjuvantes técnicos possuem as mais variadas e importantes

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funções, podendo interferir nos aspectos químicos, físicos, físico-químicos e biológicos da

formulação.

Entre os coadjuvantes técnicos que influem nos aspectos químicos destacam-se os

estabilizantes químicos, que atuam reduzindo a susceptibilidade de um ou mais

componentes da formulação a reações químicas diversas.

No que diz respeito aos aspectos físicos estão relacionados à estabilidade física do

medicamento. Os aspectos físico-químicos dizem respeito às interações físico-químicas

envolvidas na estabilidade de um medicamento e marcam a interface entre as duas

classes anteriores. No que diz respeito aos aspectos biológicos temos os coadjuvantes

envolvidos na resistência do medicamento frente à contaminação microbiana e aqueles

envolvidos nas propriedades organolépticas.

I) Estabilizantes químicos Os coadjuvantes técnicos deste grupo desempenham papel direto na estabilidade

química da formulação. A baixa estabilidade química está relacionada a maior reatividade

química de uma substância, ou seja, sua capacidade de se decompor ou de combinar

com outras moléculas gerando outros compostos químicos. A importância de promover a

estabilidade química de uma formulação está no simples fato de que os compostos

gerados podem ser potencialmente tóxicos ou farmacologicamente inativos.

Entre os principais tipos de estabilizantes químicos temos: os antioxidantes,

quelantes, tamponantes, acidificantes e alcalinizantes.

a) Antioxidantes São agentes adicionados para prevenir a oxidação do princípio ativo ou do

medicamento como um todo. Podem ser hidro ou lipossolúveis, naturais ou sintéticos,

bem como orgânicos ou inorgânicos. São exemplos de antioxidantes o ácido ascórbico,

metabissulfito de sódio, sulfito de sódio, tiouréia, BHA, BHT e tocoferol.

b) Quelantes São agentes que complexam com metais (traços contaminantes), evitando que

estes catalisem (acelerem) um processo de oxidação. São exemplos de quelantes o

EDTA, ácido cítrico, ácido tartárico.

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c) Tamponantes São agentes que mantêm o pH em uma faixa estreita ótima de estabilidade. São

ainda importantes quanto ao aspecto fisiológico, processo de solubilização de

determinados fármacos e processo de absorção. Os principais sistemas tampão são:

citrato de sódio/ácido cítrico; fosfatos alcalinos, bicarbonato/gás carbônico etc.

d) Acidificantes Têm a função de baixar o pH para um valor biocompátivel e de maior estabilidade,

especialmente frente à hidrólise. Podem ainda, em medicamentos de uso oral, conferir à

formulação um sabor ácido agradável, sendo nestes casos usualmente denominados

acidulantes. Alguns exemplos de acidificantes de uso farmacotécnico incluem: ácido

cítrico, ácido clorídrico, ácido tartárico, dihidrogenofosfato de sódio.

e) Alcalinizantes Possuem a função de elevar o pH. Como exemplos temos o hidróxido de sódio,

carbonato de sódio, citrato de sódio, amônia, trietanolamina, fosfato disódico.

II) Estabilizantes Físico-químicos Os coadjuvantes técnicos deste grupo exercem mudanças quimicamente

reversíveis na interação entre a fase dispersa (ex: fármaco) e veículo. Destas mudanças

há a estabilização da formulação medicamentosa frente a deteriorações comumente

classificadas como físicas (ex: separação de fases numa emulsão). Entre os processos

físico-químicos envolvidos na estabilização de um medicamento temos a ionização, ou

protonação, a solvatação, alteração da constante dielétrica, redução da tensão interfacial,

efeitos de eletrólitos sobre o potencial zeta. Os principais coadjuvantes envolvidos nesta

classe são: tensoativos (emulsificantes e mollhantes); co-solventes e solventes,

acidulantes, alcalinizantes, eletrólitos, floculantes e coagulantes.

a) Tensoativos, emulsificantes e molhantes Agentes que diminuem a tensão interfacial entre duas fases de polaridades

distintas. Via de regra, possuem uma porção polar e outra apolar, sendo que, dependendo

da característica da parte polar, classificam-se em (Fig.2):

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Lauril sulfato de sódio - LSS

Dodecil

Dodecil benzeno sulfonato de sódio

Monoéster de sorbitanoCloreto de n-dodecil

Octil fenol polietoxiladoLauril mono etanolamida

Fig. 2 – Exemplos de tensoativos aniônicos, catiônicos, anfóteros e não iônicos.

• Aniônicos - quando a parte polar possui carga efetiva negativa;

• Catiônicos - quando a carga é positiva;

• Não-iônicos - quando a parte polar é um grupo hidrofílico, tal como hidroxila

ou amina primária;

• Anfóteros – quando há uma parte polar ionizável positiva e outra negativa,

tal qual aminoácidos.

Já os emulsificantes são tensoativos utilizados na estabilização de emulsões, que

são sistemas constituídos por líquidos imiscíveis (ex: óleo-água). Entre os principais

tensoativos temos: lauril sulfato de sódio (LSS), estearato de sódio, oleato de sódio, alquil

ésteres de sorbitano, ésteres de sorbitano, álcool cetílico, estearatos de polioxietileno.

Por outro lado, entende-se por molhantes os tensoativos utilizados com o intuito de

diminuir a tensão interfacial e superficial num sistema sólido-líquido-gás promovendo o

contato sólido-líquido e o deslocando gás adsorvido.

Estes processos resultam no aumento da molhabilidade da partícula sólida e,

conseqüentemente, favorecem sua dispersão no veículo. São molhantes os tensoativos

sintéticos (LSS, Span®, Tween®) e naturais (lecitina, colesterol, gomas).

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b) Alcalinizantes e acidificantes Podem, além de garantir estabilidade química, promover a estabilidade física por

promoção da dissolução via ionização, ou por interferirem nos estados reológicos de

sistemas poliméricos, via modificações de interações inter e intramoleculares.

c) Eletrólitos, coagulantes e floculantes São coadjuvantes que atuam sobre cargas superficiais residuais de partículas

sólidas ou amorfas, atenuando, evitando ou modificando processos de sedimentação.

Exemplos: complexos e sais metálicos, polímeros hidrofílicos, bem como acidificantes e

alcalinizantes.

III) Estabilizantes físicos As características que diferem estabilizantes físicos de físico-químicos são muito

sutis. Basicamente, a ação de ambos está relacionada a ações tipicamente físico-

químicas. Entretanto, os coadjuvantes aqui classificados como físicos não interferem

diretamente nas propriedades de outro componente.

Entre os estabilizantes físicos temos aqueles relacionados à estabilidade física do

produto em processo, do produto em prateleira e do produto em uso. Entre os

coadjuvantes envolvidos na estabilidade física, propriamente dita, temos os agentes

doadores de consistência (viscosificantes, espessantes e/ou agentes suspensores), os

agentes envolvidos na coesão do pó (aglutinantes) e os agentes de revestimento ou

cobertura (plastificantes, formadores de película, revestimentos entérico e revestimento

de açúcar).

Aqueles envolvidos na estabilização das propriedades físicas durante o processo,

tais como os envolvidos nas propriedades de fluxo de pó (lubrificantes, antiaderentes e

deslizantes), são igualmente importantes para uniformidade do produto final.

Já os desagregantes, assim como os agentes de cobertura, estão envolvidos na

estabilidade do produto durante a administração do medicamento e definem a velocidade

de absorção (biodisponibilidade) do medicamento.

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a) Viscosificantes, agentes suspensores e espessantes São agentes que diminuem a fluidez ou conferem consistência. São úteis no

sentido de aumentar o tempo de sedimentação das suspensões.

O termo viscosificante é atribuído a líquidos viscosos (ex.: glicerina, propilenoglicol,

trietanolamina), enquanto os agentes suspensores são mais associados a polímeros ou

agentes sólidos hidrofílicos empregados em suspensões ou formas semi-sólidas, como

géis. São exemplos de agentes suspensores: carboximetilcelulose (CMC), Carbopol®,

Natrosol®, bentonita, Veegum®, caolin, ágar, goma arábica, goma guar, goma xantana,

goma adraganta. Já o termo espessante é associado mais freqüentemente a agentes

doadores de consistência empregados em cremes e pomadas lipófilas (ex.: parafina,

ceras, álcool estearílico, álcool cetílico, Lanett N® e ácido esteárico).

b) Lubrificante, deslizantes e antiaderentes Melhoram as características reológicas do pó, uniformizando o peso de

comprimidos e cápsulas durante o processo de enchimento. Evitam também avarias no

equipamento, tais como riscos nas punções e matrizes das máquinas de compressão

causadas por fricção. São lubrificantes o estearato de magnésio, o estearato de cálcio,

estearato de zinco, o silicone, a parafina e o polietilenoglicol. Entre os deslizantes mais

utilizados estão a sílica coloidal, amido de milho e talco, e como antiaderentes o estearato

de magnésio e o talco.

c) Aglutinantes São utilizados para garantir a coesão de granulados e comprimidos. São, na

maioria, de natureza polimérica, e sua ação se dá por interações intermoleculares do tipo

ponte de hidrogênio, entre as partículas do pó. Entre os principais aglutinantes temos as

gomas, o ácido algínico, a carboximetilcelulose, a etilcelulose, povidona, gelatina e Nu-

Tab®.

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d) Agentes de cobertura São agentes utilizados para revestir comprimidos ou cápsulas a fim de conferir a

estes proteção adicional contra a decomposição química, ou sabores desagradáveis. A

película de cobertura pode ser de três naturezas distintas: cobertura de açúcar (ex.:

glicose líquida, sacarose), cobertura polimérica (hidroxietilcelulose, hidroxipropilcelulose,

hidroxipropilmetilcelulose, metilcelulose) e revestimentos entéricos (etilcelulose,

acetoftalato de celulose, goma laca 35%).

e) Desagregantes São usados em comprimidos para promover sua desintegração, facilitando a

dispersão e a absorção. Podem atuar por três mecanismos: intumescimento (ex.: celulose

microcristalina, alginato de sódio, croscarmelose e os demais aglutinantes), por formação

de canalículos (ex.: glicose, frutose, lactose, sacarose, maltose) e por efervescência

(bicarbonato de sódio).

IV) Estabilizantes biológicos Basicamente, os estabilizantes biológicos são os coadjuvantes utilizados contra a

proliferação microbiana. Podem ser conservantes antimicrobianos ou antifúngicos.

a) Conservantes antimicrobianos São os agentes que evitam a proliferação de microorganismos em geral (ex.:

Nipagin®, Nipazol®, álcool benzílico, cloreto de cetilpiridínio, cloreto de benzalcônio,

clorobutanol).

b) Conservantes antifúngicos Utilizados na prevenção do crescimento de fungos. Os exemplos incluem:

butilparabeno, etilparabeno, metilparabeno (Nipagin®), propilparabeno (Nipazol®), ácido

benzóico, propionato de sódio e benzoato de sódio.

V) Agentes corretivos Têm a função de modificar as propriedades organolépticas de cor, sabor e aroma.

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a) Corantes Dão cor ao medicamento com a finalidade estética, marcadora ou como parâmetro

de dispersibilidade (ex: amarelo de tartrazina, azul de metileno, urucum).

b) Flavorizantes Agentes que conferem sabor e aroma (ex.: menta, vanilina, essências de abacaxi,

hortelã, tutti-fruti, canela).

c) Edulcorantes Agentes que conferem sabor doce (ex.: xarope, glicose, frutose, maltose, sorbitol,

glicerina e adoçantes, como a sacarina, ciclamato e aspartame)

1.4.3 Veículos Veículos são os agentes carreadores do fármaco. Devem ser inertes e inócuos.

Têm a função de completar a forma de dosagem aumentando o volume, possibilitar a

quantificação da dose certa de fármaco e permitir a administração do mesmo.

1.4.3.1 Veículos em formas líquidas Têm a função de dar volume final ao medicamento e são, em geral, relacionados

às formas farmacêuticas líquidas (ex.: água destilada, etanol, glicerina, óleos e

propilenoglicol).

1.4.3.2 Veículos em formas plásticas

São geralmente denominados bases, sendo que quando lipófilas caracterizam-se

pela mistura de ceras (ex.: cera de abelhas, parafina, álcool cetílico etc.) e óleos (ex.:

óleos vegetais, óleos de silicone e óleo mineral) diversos. Por outro lado, quando

hidrófilas caracterizam-se por sistemas gel, os quais são formados por polímeros

hidrofílicos (tais como derivados de celulose, ácido carboxivinílico e polipeptídeos) e

encerram acima de 90% de água.

1.4.3.3 Veículos em formas sólidas

Enquanto para formas medicamentosas líquidas e plásticas os veículos encerram

proporções majoritárias, em formas sólidas, muitas vezes, o próprio fármaco é o

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componente em maior proporção na formulação. Assim, termos como excipiente e

diluente podem ser associados a veículos em formas sólidas.

I) Excipientes É o conjunto de componentes, que não o(s) principio(s) ativo(s), que compõem a

fórmula. Em geral apresentam, além da função diluente, outras funções agregadas, tais

como a de aglutinantes, desagregantes, edulcorantes etc.

II) Diluentes São componentes cuja função básica é a de complementar o peso de formas

sólidas (ex.: amido, celulose microcristalina e lactose).

1.4.3.4 Veículos em formas gasosas

Os Propelentes teriam a função de veiculo em formas gasosas, pois são agentes

responsáveis pelo desenvolvimento da pressão necessária em um frasco de aerossol,

permitindo a expulsão do produto quando a válvula é acionada. Exemplos incluem CO2 e

CFC´s como diclorofluorometano.

------------------- FIM DO MÓDULO I --------------------